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0 INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE CURSO: PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO INFANTIL A PERCEPÇÃO A FLOR DA PELE: O RECONHECIMENTO DO ALUNO DISLÉXICO PELO EDUCADOR AUTORA: ROSELENE NARDI ORIENTADORA: PROFA. MARINA SILVEIRA LOPES ALTA FLORESTA/2010

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20140227164056.pdf · neuroanatomia, interessou-se em estudar os distúrbios de aprendizagem,

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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE

CURSO: PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO INFANTIL

A PERCEPÇÃO A FLOR DA PELE: O RECONHECIMENTO DO ALUNO

DISLÉXICO PELO EDUCADOR

AUTORA: ROSELENE NARDI

ORIENTADORA: PROFA. MARINA SILVEIRA LOPES

ALTA FLORESTA/2010

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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE

CURSO: PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO INFANTIL

A PERCEPÇÃO A FLOR DA PELE: O RECONHECIMENTO DO ALUNO

DISLÉXICO PELO EDUCADOR

AUTORA: ROSELENE NARDI

ORIENTADORA: PROFA.Msc. MARINA SILVEIRA LOPES

“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialista em Psicopedagogia com Ênfase em Educação Infantil.”

ALTA FLORESTA/MT

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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE

CURSO: PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO INFANTIL

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________

__________________________________________

__________________________________________

PROFA. Msc. MARINA SILVEIRA LOPES

ORIENTADORA

3

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por me dar saúde, força de vontade e oportunidade de

estudar.

Aos meus familiares que me incentivaram e deram forças nas horas mais

precisas.

Aos professores do curso de psicopedagogia pelo conhecimento transmitido,

em especial a professora Marina Silveira Lopes, pela paciência e dedicação, nos

momentos de “pedido de socorro” para a finalização desse trabalho.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste

estudo, incluindo o professor Ilso Fernandes do Carmo que me orientou

anteriormente.

4

DEDICATÓRIA

Ao meu esposo e meu filho que sempre me

apoiaram nesta caminhada e a todos que

acreditaram em meu trabalho, ajudando-me a

alcançar o objetivo tão almejado.

5

RESUMO

A dislexia é um distúrbio de aprendizagem de origem hereditária, genética e

neurológica, caracterizada pela dificuldade na leitura e na escrita. O disléxico

apresenta problemas para a codificação e decodificação das palavras, o que o

impede de realizar uma leitura fluente e compreensível. Na escrita ocorrem muitos

erros ortográficos, tornando o texto ilegível. Este estudo pretende levar aos docentes

um conhecimento mais amplo da dislexia, esclarecendo as causas, as

características, o diagnóstico e a intervenção pedagógica adequada, propondo

métodos alternativos para superar as dificuldades de aprendizagem ocasionadas

pela dislexia, lembrando que a falta de conhecimento do docente em reconhecer e

identificá-la, tem excluído um número considerável de crianças anualmente do

processo de escolarização.

Palavras-chave: Dislexia; Leitura; Escrita; Dificuldade de Aprendizagem.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 08

2 DISLEXIA: HISTÓRIA, CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS E

INTERVENÇÕES.................................................................................................10

2.1. HISTÓRIA DA DISLEXIA .......................................................................... 10

2.1.1 O QUE É DISLEXIA? ....................................................................... 11

2.1.2 CARACTERÍSTICA DA DISLEXIA .................................................... 14

2.1.3 CAUSAS DA DISLEXIA ..................................................................... 17

2.1.4 COMO DIAGNOSTICAR A DISLEXIA ............................................... 17

2.3. AS CONSEQUENCIAS DA DISLEXIA PARA A VIDA DO ALUNO ......... 18

2.4. A INTERVENCÃO PEDAGÓGICA NA DISLEXIA .................................... 20

3 A FAMÍLIA DO DISLÉXICO .............................................................................. 25

4 O EDUCADOR: UM AGENTE FUNDAMENTAL NO COTIDIANO

DO ALUNO DISLÉXICO ................................................................................... 27

CONCLUSÃO........................................................................................................ 28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................30

7

Tabela 1 – Características dos disléxicos de acordo com a faixa etária.

8

1 INTRODUÇÃO

A prática docente é processo de ação e reflexão cooperativas, portanto,

mudanças propostas externas expropriam o professor de suas funções, ou seja,

alterações impostas podem contribuir para que a mentalidade profissional do

docente se desenvolva de modo inconsciente, oportunizando a interiorização da

lógica do controle técnico como natural. Embora o conhecimento do poder - exercido

pelo cotidiano - seja necessário para ultrapassar os limites do existir, faz-se

imprescindível tornar-se crítico e consciente das possibilidades, a fim de planejar e

atuar na direção desejada.

À medida que a identidade social é definida cada vez mais pela instituição

escolar, conclui-se que é necessária uma formação eficiente do professor como

forma de evitar estigmas e rótulos que acompanham crianças que passam por

dificuldades.

Para que possa entender as dificuldades de uma criança, é necessário que o

professor esteja em constante busca e aperfeiçoamento, consciente da

responsabilidade de passar ao aluno confiança e credibilidade.

Quando o professor percebe algum tipo de dificuldade no aluno, ele precisa

ter consciência de que ela certamente irá interferir na aquisição do processo de

conhecimento e aprendizagem desse discente.

A dislexia é um distúrbio que interfere diretamente no aprendizado, gerando

uma grande dificuldade para aluno no âmbito escolar e interpessoal. Assim,

pretendemos com este estudo levar aos docentes um conhecimento mais amplo da

mesma, esclarecendo as causas, as características, o diagnóstico e a intervenção

pedagógica adequada, propondo métodos alternativos para superar as dificuldades

de aprendizagem ocasionadas pela dislexia, lembrando que a falta de conhecimento

do docente em reconhecer e identificá-la, tem excluído um número considerável de

crianças anualmente do processo de escolarização, uma vez que a leitura e a escrita

são os mediadores do ensino na grande maioria das escolas.

Os questionamentos para identificar um aluno disléxico precisam ser

pontuais e certeiros, para que o profissional da educação tenha condições para dar

suporte à família. Assim, sendo diante da dificuldade de muitos docentes em

reconhecer os sintomas apresentados pelos disléxicos, sentimos a necessidade de

9

compreender melhor as características, as causas e o diagnóstico da dislexia, para

que seja feita a intervenção pedagógica correta nestes casos.

Há necessidade de tal identificação para amenizar as dificuldades de

aprendizagem ocasionadas por ela, priorizando alguns itens específicos como:

• Identificar as características mais comuns da dislexia;

• Analisar as causas que ocasionam a dislexia;

• Diagnosticar a dislexia e as dificuldades de aprendizagem oriundas da

mesma;

• Conhecer os métodos adequados para trabalhar com disléxicos.

O presente trabalho será dividido em quatro partes, sendo que na primeira

teremos a introdução, na segunda parte veremos o desenvolvimento do trabalho,

com a fundamentação teórica deste estudo, onde faremos a abordagem das obras

literárias referentes ao tema proposto, no intuito de analisar e reconhecer as

características, o diagnóstico e a intervenção pedagógica adequada para ser

utilizada com alunos que apresentam dislexia, colocando o professor como agente

fundamental no processo de ensino, analisando também a importância da família

nestes casos. Na terceira parte será apresentada a conclusão sobre o problema

abordado.

10

2. DISLEXIA: HISTÓRIA, CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS E INTERVENÇÕES

Frequentemente vemos casos de reprovações e abandono escolar na vida

desses discentes que apresentam algum tipo de dificuldade, distúrbio ou problema

de aprendizagem.

A dislexia muitas vezes passa despercebida pelo crivo da família e dos

professores, o que gera certa deficiência no aprendizado até o seu diagnóstico.

De acordo com FUNAYAMA (2005), dificuldade de aprendizagem é um termo

usado para conceituar crianças que não apresentam um rendimento escolar

satisfatório, que tem problemas na aquisição de habilidades psicomotoras e

psicossociais, deficiência sensorial, retardamento mental e transtornos emocionais,

que agravam o desenvolvimento da fala, da leitura, da escrita e da matemática.

Todas as crianças, na trajetória normal do seu desenvolvimento, adquirem a

linguagem humana. O processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem é

uma experiência sociocultural, acontece de forma gradual e por meio de um adulto.

OLIVEIRA (2002) nos diz que a linguagem é a capacidade que todos temos

para aprender, compreender, armazenar, produzir e transmitir pelo uso da fala e da

escrita, é um atributo universal e especifico do ser humano.

2.1 HISTÓRIA DA DISLEXIA

NICO (2010) nos narra que a história da dislexia começou em 1917, quando

James Hinshelwood realizou uma pesquisa com adultos afásicos1, publicando sua

monografia onde abordou a Cegueira Verbal Congênita.

Em seu trabalho de observação ele encontrou adultos com distúrbios próprios

da idade infantil e acreditou que os problemas da dislexia eram orgânicos e

hereditários. Durante o período de investigação e estudos encontrou mais meninos

do que meninas que apresentavam o distúrbio.

Os oftalmologistas americanos foram os primeiros profissionais a contribuírem

para o reconhecimento da dislexia, de acordo com os mesmos, a dificuldade não 1 Pessoas que apresentam uma alteração de linguagem ocasionada por lesão cerebral que impossibilita a compreensão da fala e da escrita.

11

estava nos olhos, mas sim no funcionamento das áreas da linguagem do cérebro, e

argumentavam dizendo “não são os olhos que lêem, mas o cérebro”. (NICO,2010).

No início do século XX, os distúrbios específicos de linguagem ainda eram

pouco estudados e conhecidos de psicólogos e educadores. Por outro lado, a

medicina, defendida pela classe médica, desconhecia o problema apresentado

poralunos em sala de aula e consequentemente dificultava o tratamento destas

crianças.

Em 1925, pelas pesquisas realizadas para saber as causas do

encaminhamento de crianças para unidades de saúde mental, ficou constatado que

a dificuldade de ler e escrever era a causa principal.

Após o resultado da pesquisa de Samuel Orton, formado em psiquiatria e

neuroanatomia, interessou-se em estudar os distúrbios de aprendizagem, propondo

vários procedimentos para melhorar a vida do disléxico.

2.1.1. O QUE É DISLEXIA?

A dislexia, como dificuldade de aprendizagem, é verificada na educação

escolar, é um distúrbio de leitura e de escrita que ocorre na educação infantil e no

ensino fundamental, em geral, a criança tem dificuldade em aprender a ler e

escrever, especialmente em escrever corretamente sem erros de ortografia.

OLIVEIRA (2007) afirma que a dislexia é o distúrbio ou transtorno de

aprendizagem identificado mais frequentemente nas salas de aula, sendo

responsável por 15% da reprovação escolar.

Segundo SANA (2005) a dislexia é uma dificuldade de aprendizagem,

caracterizada pela incapacidade da criança em ler com a mesma facilidade de

outras crianças da mesma idade e mesmo nível escolar. Ao contrário do que muitos

pensam, a inteligência dos disléxicos varia do médio para o superior, sua saúde e

seus órgãos sensoriais estão em perfeitas condições, possuindo todas as

motivações e incentivos necessários para o aprendizado, porém a sua leitura

acontece num ritmo mais lento do que as outras crianças.

De acordo com MARTINS (2007)

A dislexia é a incapacidade parcial de a criança ler compreendendo o que se lê, apesar da inteligência normal, audição ou visão normal e de serem oriundas de lares adequados, isto é, que não passem

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privação de ordem doméstica ou cultural. Encontramos disléxicos em famílias ricas e pobres. Enquanto as famílias ricas podem levar os filhos a um psicólogo, neurologista ou psicopedagogo, uma criança, de família pobre, estudando em escola pública, tende a asseverar a dificuldade, persistir com o transtorno de linguagem na fase adulta. (MARTINS, 2007, http://www.eduquenet.net/dislexiaclsmedia.htm. Acesso em: 3 out, 2007).

O mesmo complementa “entre as dificuldades de aprendizagem relacionadas

à linguagem, a dislexia é a de maior incidência e merece toda atenção por parte dos

gestores de política educacional” (MARTINS 2007,

http://www.eduquenet.net/dislexiaclsmedia.htm. Acesso em: 3 out, 2007).

ARAGUAIA (2010) assegura que a dislexia é um transtorno genético e

hereditário. Esse distúrbio muitas vezes é confundido com preguiça, uma vez que

ela é caracterizada pela dificuldade do aluno em ler e escrever corretamente, pela

impossibilidade de compreender um texto, sendo que ao escrever pode trocar,

inverter, omitir ou acrescentar letras ou até mesmo palavras dentro de um texto,

lembrando que também não apresenta boa coordenação motora ao desenvolver

atividades de escrita.

Segundo o site www.dislexia.org.br (2010) específico sobre o tema contradiz

o quê muitos acreditam ser verdadeiro, colocando que a dislexia não resulta da má

alfabetização, nem de falta de atenção, de desmotivação, condições sociais e

econômicas e o que é pior, de baixo nível de inteligência, mas é ocasionada por

problemas genéticos e hereditários, e finaliza dizendo que “o maior erro que se pode

fazer com os disléxicos é querer que eles escrevam como todo mundo”.

De acordo com SAMPAIO (2009), a dislexia é um distúrbio na leitura e que

afeta a escrita, geralmente detectado na alfabetização, quando a criança inicia o

processo de leitura de textos. O problema se agrava, ficando em evidência quando o

aluno tenta soletrar as letras sem sucesso.

Mas a autora nos alerta dizendo que se a criança portadora de dislexia estiver

diante de pais e professores que tenham algum conhecimento do assunto, poderá

ter seu problema detectado mais precocemente, por meio de algumas

características que poderá apresentar desde pequena, amenizando dessa forma

problemas de aprendizagem que futuramente acontecerão no ambiente escolar,

evitando o sentimento de inferioridade perante os outros.

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OLIVEIRA (2000, p.209-210) concorda com o que SAMPAIO (2009) defende,

e argumenta que a

dislexia geralmente só é diagnosticada quando a criança começa a aprender a ler e escrever. Entretanto, os sinais e sintomas disléxicos já estão presentes a partir dos 11, 12 meses, quando a criança começa o aprendizado da fala. Neste caso a criança demora um pouco mais para começar a falar; tem dificuldade para seqüenciar as sílabas dentro da palavra; apresenta dificuldade para memorizar números, nomes de cores e de ordens mais complexas. Ao começar a fase escolar a criança disléxica tem dificuldade para identificar as letras. A criança disléxica tem um rendimento escolar abaixo daquele das crianças normais. Quanto mais acentuada a dislexia pior é o rendimento. O rendimento piora a medida que aparecem os sintomas emocionais negativos de inferioridade pelo fato de o indivíduo ser disléxico. Uma coisa piora a outra e o disléxico se torna cada vez mais disléxico. A criança disléxica se transforma no adulto disléxico.

Ao analisarmos a colocação dos vários teóricos, percebemos que a criança

disléxica, não apresenta a mesma facilidade de outras crianças da mesma faixa

etária e nível escolar. “A criança disléxica aprende as letras e os significados delas,

mas não consegue juntá-las nas palavras; e quando consegue, não há compreensão

da leitura”. (SANA, 2005, p. 32).

A criança precisa, primeiro aprender a ler para depois escrever, pois há

sempre a relação entre a palavra escrita e o som, sendo que o ato de escrever

envolve a colocação correta das palavras ou idéias no papel.

Sendo a dislexia um distúrbio na leitura, consequentemente, afetará a escrita

que normalmente é detectado a partir da alfabetização, período em que a criança

inicia o processo de leitura de texto, que é um processo de compreensão

abrangente e adquirido em longo prazo, portanto, nesse sentido, a dificuldade na

leitura significa que a criança acumulou essas deficiências em seu processo de

alfabetização.

Para SANA (2005, p.43) a dislexia é incurável assim quanto mais cedo for

diagnosticada, melhor para a criança, assim as conseqüências serão menores,

complementa que

A criança disléxica ao receber o tratamento adequado aprenderá a superar as barreiras e se sobressair pessoal e profissionalmente. Prova disso são muitos os disléxicos que tiveram grande sucesso profissional como o físico Albert Einstein, o gênio renascentista Leonardo da Vinci, o autor da teoria do evolucionismo Charles Darwin, o pintor espanhol Pablo Picasso, os atores Tom Cruise, Robin Williams, Whoppi Goldeberg e o atleta Dan O’Brien. (SANA, 2005, p. 43).

14

Por desconhecimento das características que detectam a dislexia, muitos

casos ainda passam despercebidos nas salas de aula, infelizmente, ainda vemos

crianças Inteligentíssimas e que aparentam ser péssimos alunos, devido a uma

interpretação feita erroneamente, quando na verdade esses alunos necessitam de

apoio e paciência devido à falta de confiança e a inferioridade que sentem perante

os amigos.

As autoras SMITH e STRICK (2001) ainda nos dizem que as crianças com

dificuldades de aprendizagem, podem ser brilhantes, criativas e talentosas em

outras áreas, mas em nossa sociedade, onde se valoriza muito o desempenho

escolar, estas crianças sentem-se fracassadas, frequentemente se comparando com

as crianças que apresentam um melhor desenvolvimento cognitivo, criando assim

um bloqueio cada vez mais acentuado no seu processo de aprendizagem.

Paralelo a sociedade, que busca cada vez mais o êxito profissional e a

competência a qualquer custo, a escola também segue esta concepção. Aqueles

que não conseguem responder às exigências da instituição podem sofrer com um

problema de aprendizagem. A busca incansável e imediata pela perfeição leva à

rotulação daqueles que não se encaixam nos parâmetros impostos.

2.1.2. CARACTERÍSTICAS DA DISLEXIA

É importante que se conheça um pouco, dos muitos sinais que podem

identificar uma criança com dislexia, uma vez que eles persistem, por um período de

no mínino, um ano a um ano e meio, após iniciada a alfabetização.

OLIVEIRA (2007), aponta algumas características da dislexia encontradas em

crianças de acordo com a idade escolar:

Na pré escola e pré alfabetização:

• Aquisição tardia da fala;

• Pronúncia constantemente errada de algumas sílabas;

• Crescimento lento do vocabulário;

• Problemas em seguir rotinas;

• Dificuldade em aprender cores, números e seu próprio nome;

15

• Falta de habilidade para tarefas motoras finas (abotoar camisa, amarrar

cadarço do tênis);

• Não consegue narrar a sequêencia correta de uma história conhecida;

• Não memoriza nomes e símbolos;

• Apresenta dificuldade para pegar uma bola.

Na alfabetização apresentam as seguintes dificuldades:

• Na fala;

• Para aprender o alfabeto:

• Na execução motora de letras e números;

• Na motricidade fina e do esquema corporal;

• Separar e seqüenciar sons;

• Habilidades auditivas – rimas;

• Discriminar fonemas de sons semelhantes: t/d; g/j; p/b;

• Diferenciação de letras com orientação espacial: d/b; d/p; n/u; m/u;

• Pequenas diferenças gráficas: e/a; j/i; n/m; u/v;

• Orientação temporal (ontem, hoje, amanhã, dias da semana, meses do

ano);

• Orientação espacial (lateralidade difusa, confunde esquerda e direita,

embaixo, em cima);

• Execução de letra cursiva.

Após o período de alfabetização SANA (2005), explícita as características dos

disléxicos, salientando que de acordo com a faixa etária elas vão se diferenciando

em alguns aspectos.

16

Tabela 1: Características dos disléxicos de acordo com a faixa etária

EM TORNO

DE 8 ANOS

DE IDADE

Quando escrevem fazem inversões, trocas, repetições e omissões de letras, sílabas e até palavras; Apresentam dificuldade e pavor à leitura e soletram bastante;

Confundem letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço: b/d, b/p, d/b, d/q, n/u, w/m, a/e; Confusão entre letras que possuem um ponto de articulação comum, e cujos sons são acusticamente próximos: d/t, j/x, c/g, v/f; Inversão de números. Exemplo: 15 por 51 e também de sílabas ou palavras: em/me, sol/los, som/mos, sal/las, pal/pla; Apresentam dificuldade na lateralidade (direita e esquerda) e na coordenação motora; Tentam identificar o sentido da palavra pela letra inicial. Exemplo: boneca, falam qualquer palavra que inicie com a palavra b ou com a sílaba bo; Fazem tanto esforço para ler que ao final nem sabem o que foi lido; Ficam tristes e apáticas sem motivo aparente.

DOS 8 AOS

12 ANOS

DE IDADE

Ainda apresentam dificuldade para ler em algumas vezes ainda soletram, costumam pular linhas ou perder-se durante a leitura; Ao escrever omitem letras; Ainda confundem direito e esquerdo (lateralidade); Demoram mais do que a maioria das crianças para escrever, as letras são mal traçadas, podendo até serem ilegíveis; Confundem b por d; Continuam fugindo da leitura e da escrita; São inseguros e tem baixa auto-estima.

ACIMA DOS

12 ANOS

Na leitura oral fazem distorções, substituições ou omissões de letras, são lentos e apresentam dificuldades na compreensão, além de não terem o hábito de leitura; Tem dificuldades para pronunciar palavras longas; Demoram para copiar; Apresentam dificuldade para produzirem textos; Tem dificuldades para entender instruções.

Fonte: Sana (2005).

Ao analisarmos a tabela acima percebemos que algumas características

persistem pelas diversas faixas etárias, agravando as dificuldades de aprendizagem.

Ao fazer uma análise mais criteriosa das mesmas, poderemos detectar uma

possível dislexia, SMITH e STRICK (2001) reforçam que as dificuldades de

17

aprendizagem dos alunos podem melhorar acentuadamente, se os professores

tiverem uma formação adequada e conhecimentos condizentes com os problemas

existentes, trabalhando atividades diferenciadas que possam ir de encontro às

dificuldades encontradas, estimulando o desenvolvimento cognitivo dos alunos,

fazendo a intervenção, objetivando a aprendizagem na vida atual e futura da criança,

de acordo com o mundo social a que ela pertence.

2.1.3. CAUSAS DA DISLEXIA

Segundo os teóricos pesquisados, a dislexia tem suas causa em fatores

genéticos e hereditários. De acordo com SANA (2005) os estudos apontam o fator

genético (até a 3ª geração) como a principal causa da dislexia. O alto índice de

disléxicos em uma mesma família conduz a plausibilidade dessa teoria.

SANA (2005) assegura que a dislexia acorre mais frequentemente com

pessoas do sexo masculino. Segundo a associação Brasileira de Dislexia (ABD)

cerca de 10% a 15% da população do Brasil é disléxica. Entre estes, 76% são do

sexo masculino e 24% do sexo feminino, ou seja, uma mulher disléxica para cada

três homens portadores de dislexia.

2.1.4. COMO DIAGNOSTICAR A DISLEXIA

É interessante que se análise o desempenho cognitivo e comportamental das

crianças, antes mesmo delas entrarem na escola os pais já podem estar fazendo

estas observações e levar ao conhecimento do professor. Estes comportamentos,

quando muito diferentes dos outros, nos pedem uma atenção especial no sentido de

analisar como ocorre a aquisição motora e a linguagem, que devem ser observados

cautelosamente, pois são indicativos que estarão ajudando a detectar precocemente

futuras dificuldades de aprendizagem, que poderão vir a ocorrer em crianças com

idade escolar.

É importante lembrar que os sintomas da dislexia, antes de um diagnóstico

multidisciplinar, só indicam um distúrbio de aprendizagem, ainda não confirmam a

dislexia.

A partir do momento que a criança apresentar dificuldades na aprendizagem,

18

seguida por algumas das características da dislexia, ela deverá ser encaminhada,

primeiramente para um profissional com especialização em psicopedagogia, para

que possam ser colhidos os dados com os pais e com a escola a respeito da

mesma, a fim de realizar uma avaliação criteriosa, na presença de profissionais

especializados na área, ou seja, uma equipe multidisciplinar, formada por psicólogo,

neurologista, fonoaudiólogo e psicopedagogo, que irão analisar o paciente e dar o

diagnóstico final.

A equipe multidisciplinar fará todas as avaliações possíveis, empregando uma

série de testes e observações, verificar-se-á todas as possibilidades e o conjunto de

manifestações das dificuldades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de

dislexia.

Uma vez diagnosticada a dislexia, é necessário levar em consideração o

potencial e as particularidades individuais do aluno, para que o profissional possa

utilizar métodos alternativos e eficazes, visando o desenvolvimento do mesmo.

2.2. AS CONSEQUÊNCIAS DA DISLEXIA PARA A VIDA DO ALUNO

Antes do ingresso na vida escolar a criança disléxica se mostra como todas

as outras: alegre, participativa, com curiosidade para o desconhecido, para o novo,

mas a partir do momento que tem contato com as primeiras letras começa a revelar

uma dificuldade desconhecida até então, é neste momento então que a autoestima

começa a desaparecer dando lugar a um sentimento de incapacidade, insegurança

e inferioridade perante os outros, uma vez que não consegue acompanhar as tarefas

de leitura e escrita.

Sobre a autoestima, IÇAMI TIBA (1996, p. 186-187) coloca que

A auto-estima é o sentimento que faz com que a pessoa goste de si mesma, aprecie o que faz e aprove suas atitudes. Trata-se de um dos mais importantes ingredientes do nosso comportamento – é um item fundamental para estabelecer a disciplina. A auto-estima pode ser essencial ou fundamental. A auto-estima essencial é gratuita. É a que recebemos dos nossos pais assim que nascemos simplesmente porque nascemos, porque somos seus filhos. Em teoria todos nós temos essa auto-estima essencial, supondo-se que nossos pais sejam normais.(...) A auto-estima fundamental é conquistada quando somos bem-sucedidos e quando apreciamos algo que realizamos. Se essa realização é produto da nossa capacidade, portanto da nossa pessoa, sem depender de terceiros, nem dos nossos pais, ela alimenta a aprovação de nós mesmos e nossa íntima (e saudável!) vaidade pessoal.

19

Assim como a inteligência não aparece pronta nem permanece imutável no

aluno, a autoestima evolui ao longo do desenvolvimento, para isso se concretizar é

preciso que a família e a escola cultivem os princípios básicos de educação e

socialização no aluno, instigando-o a usar todas as habilidades e capacidades

lógicas do ser humano. A falta de autoestima nos alunos inviabiliza a capacidade

que a criança tem de aprender, de acreditar e ter consciência de que pode apropriar-

se do conhecimento.

SANA (2005) elenca as primeiras consequências apresentadas por uma

criança portadora de dislexia:

• Se sentem infelizes;

• Resistência em ir à escola e fazer as tarefas;

• Quando cobradas ficam tensas e irritadas;

• A aquisição da leitura e da ortografia são afetadas;

• Devido à ausência de leitura sua escrita se torna pobre e mal

construída;

• Não compreendem os enunciados da matemática;

• Ficam defasados nas outras áreas devido à falta de leitura;

• Sua auto estima fica abalada quando percebe que não consegue o

mesmo desempenho dos colegas de classe;

• São rotulados pelos colegas como preguiçosos;

• Frequentemente são reprovados;

• Podem tornar-se retraídos e apresentar sintomas de medo;

• Os fracassos escolares repetidos com freqüência, as cobranças e os

conflitos internos podem levar a distúrbios de conduta (agressividade e

até delinquência), por não entenderem o que acontece com si próprio.

2.3. A INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA DISLEXIA

É extremamente importante que a criança disléxica seja ensinada por

professores capacitados, que tenham qualificação para ensiná-la, pois um

20

profissional desqualificado pode agravar o problema de dislexia do aluno.

A criança disléxica precisa receber apoio e ser atendida com paciência pelos

pais, familiares, amigos e professores, para elevar sua autoconfiança e

consequentemente gerar uma melhora significativa no seu comportamento e

aprendizado.

Na intervenção pedagógica é preciso que se trabalhe com as capacidades e

não com as dificuldades do aluno, para superar a ansiedade e o sentimento de

inferioridade que atingem os disléxicos. Após diagnosticada, o professor deverá usar

diferentes estratégias e métodos de ensino, lembrando que é a escola quem precisa

se adaptar ao aluno e não este a escola. O sistema escolar deve se moldar ao

problema, buscando estratégias que objetive o processo de ensino aprendizagem

destas crianças.

A comunicação entre o professor e os pais de um aluno com dislexia é

fundamental para o processo de aprendizagem e o sucesso da criança. O aluno, os

pais e o professor, em conjunto, devem delinear um programa que estabeleça

objetivos razoáveis, formas de atingir esses objetivos e idéias a serem implantadas

nesse sentido.

No material do curso normal superior (2007) FAEL (FACULDADE

EDUCACIONAL DA LAPA), encontramos orientações para trabalhar com crianças

portadores de dislexia, lembrando que o método de alfabetização recomendado para

estes casos é o fonético, aquele em que o aluno é levado a associar à letra ao som

que ela representa para juntar com as letras que representam as vogais, formar

sílabas e depois palavras.

A maioria dos tratamentos indicados para disléxicos enfatiza a assimilação de

fonemas, que visa ao desenvolvimento do vocabulário e a fluência da leitura, por

meio do reconhecimento de sons, sílabas, palavras e por fim frases.

Sabemos que os disléxicos aprendem em um ritmo diferente dos não

disléxicos, portanto, não podemos pressioná-los para que ajam com rapidez ou

invistam em alguma competição com os colegas.

Vejamos algumas orientações sobre como trabalhar com crianças disléxicas

citadas por SAMPAIO (2009) e FAEL (2007):

21

• Importante a leitura em voz alta e na presença de um adulto para que

ele possa corrigi-la sem desmotivá-la;

• Dar a entender ao disléxico que seu problema é conhecido;

• Encorajá-lo a perguntar em caso de dúvida;

• É recomendável que sente perto do professor;

• Destacar os aspectos positivos em seus trabalhos;

• Evitar que tenha que ler em público;

• Em situações necessárias, oportunizar que ele prepare a leitura em

casa;

• Nunca ridicularizá-lo;

• É necessário fixar fonemas – repetição;

• Leitura inicial de nível simples, aumentando gradativamente a

complexidade;

• Entender que a distração faz parte do processo;

• Permitir o uso de calculadora e gravador;

• Usar materiais que permitam visualizações (gráficos, figuras,

ilustrações) para acompanhar o texto impresso;

• Evitar a cópia de textos longos do quadro-de-giz, dando-lhe uma

fotocópia;

• Na avaliação escolar dar mais ênfase a avaliações orais;

• Evitar a utilização de testes de múltipla escolha;

• Valorizar sempre o trabalho pelo seu conteúdo e não pelos erros de

escrita;

• Oportunizar um local tranqüilo ou sala individual para fazer testes ou

avaliações;

• Evitar o uso de caneta vermelha na correção de cadernos e provas;

• Reforçar a aprendizagem visual com o uso de letras em alto relevo,

com diferentes texturas e cores, fazendo que o aluno percorra o

contorno das letras com os dedos para que aprenda a diferenciar a

forma das letras;

• Orientar o aluno para que escreva em linhas alternadas, para que tanto

ele quanto o professor possa entender o que escreveu;

22

• Jamais critique negativamente seus erros, procure mostrar onde errou,

mas não exagere nas inúmeras correções, isto pode desmotivá-lo.

Procure mostrar os erros mais relevantes.

OLIVEIRA (2000) nos aponta algumas intervenções pedagógicas de acordo

com cada dificuldade específica da dislexia:

a) Discriminação de vogais, de grafia similar e de letras de sons próximos

A discriminação das vogais, de grafia similar e de letras de sons próximos

ocorre com bastante freqüência, sendo que o professor pode se utilizar dos

seguintes meios para amenizar o problema:

• Mostrar a criança um modelo de cada vogal, com um desenho cujo

som representa a vogal estudada;

• Desenhar de forma desordenada em duas colunas e pedir aos alunos

que liguem os objetos que terminam com o mesmo som;

• Apresentar palavras omitindo uma vogal, fazer a leitura da mesma para

que a criança complete com a vogal correspondente;

• Trabalhar várias vezes com o mesmo grupo de letras com a vogal

omitida, mostrando ao aluno as inúmeras palavras que podem ser

formadas mudando a vogal;

• Mostrar uma palavra omitindo a vogal final e pedir que a criança

coloque uma vogal que forme uma palavra significativa, em seguida

perguntar se pode mudar a vogal formando novas palavras;

• Apresentar pares de palavras nas quais o seu significado se altera

mudando uma vogal;

• Mostrar palavras com duas ou mais vogais suprimidas e pedir que ele

as complete espontaneamente.

b) Discriminação de letras que se confundem.

• Apresentar uma letra modelo e com auxílio de massa de modelar pedir

23

que a criança reproduza a letra mostrada;

• Mostrar ao aluno uma letra e pedir que ele faça um círculo em torno

das palavras que começam com a letra estudada;

• Apresentar a letra que está sendo estudada juntamente com outras de

grafia similar, pedindo que pinte somente a letra em estudo.

c) Discriminação de b – d; p – q.

• O professor apresenta à criança as letras em alto relevo, pedir que ela trace

com o dedo e depois as reconheça com os olhos fechados;

• Em uma folha escrever de forma desordenada e com lápis preto as letras “b”

e “d”. Em seguida dar dois lápis de cores diferentes e pedir que trace as letras

“b” de uma cor e as letras “d” de outra cor;

• Ajudar a criança a desenhar no ar e pronunciar com os olhos fechados.

Depois pedir que faça o exercício sozinha;

• Mostrar um parágrafo de um texto de revista ou jornal, mesmo que ela não

saiba ler, e pedir que marquem com um círculo vermelho todas das letras “d”

e com um círculo azul todas as letras “b” que aparecem no texto;

• O educador apresenta duas letras modelo e pede ao aluno que mostre com o

dedo aquela que corresponde á letra inicial da palavra que ele irá pronunciar;

exemplo: b – d (balde, dedo) p –q (pato, quilo).

d) Discriminação de b-p; x-j; d-t; c-g; m-p-b.

• Apresentar diferentes desenhos e pedir à criança que agrupe de acordo com

o som inicial de cada palavra. Inicialmente se começa com desenhos que

tenham dois tipos de sons iniciais, por exemplo, “d” e “t”, e ir aumentando

gradativamente;

• Colocar duas letras em estudo acompanhadas de desenhos cujos nomes

começam com o som correspondente a essas letras. Em seguida pronunciar

palavras que comecem com esses sons e pedir à criança que lhe indique a

letra correspondente à palavra pronunciada;

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• Utilizar revistas velhas que tenham figuras e pedir que a criança recorte o que

lhe interessar, em seguida pedir que agrupe, colando em uma cartolina, de

acordo com o seu som inicial;

• Pronunciar duas palavras, sendo que uma começa com o som da letra em

estudo e pedir que o aluno reconheça esse som.

Podemos afirmar que o uso de tecnologias apropriadas aliadas a uma

mediação eficaz do educador, contribui para o processo de reconstrução da

autoestima de crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem. O processo

de ensinar tem influência com a maneira como o professor se relaciona com seus

alunos, sendo um fator importante no processo de aprendizagem dos alunos, ou no

fracasso escolar deles.

Assim sendo, o professor que se envolve afetivamente com o seu aluno se

comprometerá mais com seu trabalho, buscando um melhor aperfeiçoamento, para

que consiga resolver situações difíceis, tanto de aprendizagem, como de

comportamento. A afetividade no ambiente escolar contribui para o processo ensino

aprendizagem por estabelecer uma relação de troca entre o aluno e o professor.

25

3 A FAMÍLIA DO DISLÉXICO

Os pais de filhos disléxicos devem reconhecer o que o mesmo é capaz de

realizar e elogiar suas capacidades.

De acordo com FUNAYAMA (2005) desde o século passado, sabendo que as

dificuldades de aprendizagem e de comportamento crescem assustadoramente nas

escolas, muitos pesquisadores têm direcionado as suas pesquisas para este tema,

enfocando a importância da família na aprendizagem escolar. Os resultados obtidos

deixam claro que a família tem uma influência muito grande no desempenho escolar

dos filhos, podendo intervir no sentido de motivar os alunos para freqüentarem a

escola, bem como auxiliá-los no desenvolvimento de suas competências e

habilidades, por meio de um relacionamento amigável com os colegas e

professores.

Os pais precisam envolver-se com os filhos e com a escola, tendo o

conhecimento das dificuldades de aprendizagem enfrentadas pelas crianças, para

poder ajudá-las, visando um desenvolvimento global, onde esteja incluída e

educação escolar, a social e a educação intelectual do aluno.

SMITH e STRICK (2001) também nos dizem ser extremamente importante

que os pais de crianças com dificuldades de aprendizagem se aliem à escola, para

que possam trabalhar um plano de desenvolvimento apropriado, voltado para estes

alunos, no intuito de garantir as necessidades educacionais de seus filhos.

FUNAYAMA (2005) nos diz que existem pais que infantilizam a criança e o

problema, não se preocupando com as dificuldades dos filhos. Acreditando que com

o passar dos anos o problema se resolverá automaticamente, e só procuram ajuda

especializada, quando a situação se agrava devido ao comportamento desses

alunos e o nível de conhecimento e aprendizagem dos mesmos se apresentarem

num nível muito abaixo do esperado, podendo ser obrigados a repetir o ano letivo.

Os pais precisam se conscientizar, que se a criança tem dificuldades para

realizar suas tarefas e precisa da ajuda ou da confirmação de outras pessoas e, se

junto a isso apresentar algum problema de relacionamento com os colegas, é

necessário que procurem ajuda, para que sejam analisados os motivos que levam a

este comportamento e assim evitar futuros problemas educacionais dos filhos.

As crianças que apresentam este quadro deverão ser tratadas, tanto pelos

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pais como pelos profissionais da educação, com métodos e avaliações diferenciadas

e alternativas.

É muito importante que os pais estabeleçam uma rotina diária com a criança

disléxica, por meio de leituras, incentivando, elogiando, fazendo com que se sinta

seguro e com sua autoestima elevada, o que certamente facilitará o caminho do seu

crescimento.

Os pais precisam ser orientados no sentido de reconhecerem as dificuldades

educacionais dos filhos, para agirem da forma correta, pois,

Infelizmente, quanto mais tempo uma dificuldade de aprendizagem permanece sem reconhecimento, mais provável é que os problemas de um aluno comecem a aumentar. A frustração e o embaraço por causa do fraco desempenho começam a destruir a motivação e autoconfiança da criança. As expectativas são reduzidas, e o entusiasmo pela educação é perdido. Por isso, é extremamente importante que os pais que se preocupam com o progresso dos filhos na escola ajam de forma imediata para uma investigação. (SMITH; STRICK, 2001, p. 63-64)

A citação mostra que não podemos esperar. Essa espera induz à alegação de

que a criança não tem idade suficiente e que ao crescer seus problemas serão

resolvidos automaticamente. Comete-se um erro grave quando se pensa que a

aprendizagem começa na idade escolar, a verdade é que antes de entrar na escola,

a criança já desenvolve hipóteses e tem certo conhecimento sobre o mundo.

Sabemos que a influência familiar é fator determinante e decisivo na

aprendizagem dos alunos. Os pais ausentes, que nunca se interessam pelo dia-a-

dia dos filhos, tanto no âmbito escolar como social, expõe estas crianças a

conviverem com sentimentos de desvalorização e carência afetiva, gerando

desconfiança, insegurança, improdutividade e desinteresse, e automática e

inconscientemente deixando marcas profundas nestes alunos, que futuramente

terão sérios obstáculos para aquisição da aprendizagem escolar.

27

4 O EDUCADOR: UM AGENTE FUNDAMENTAL NO COTIDIANO DO ALUNO

DISLÉXICO

Ensinar crianças com dificuldades de aprendizagem requer, por parte do

professor, uma investigação de como a criança aprende.

Os profissionais da educação precisam informar-se sobre os sintomas da

dislexia, como desatenção e dispersão; dificuldade para copiar; problemas na

coordenação motora fina; desorganização geral; dificuldades visuais e para

manusear mapas, dicionários e listas telefônicas; e confusão entre direita e

esquerda.

Muitos professores quando recebem um aluno disléxico nas suas salas de

aula, centram-se instintivamente na causa das dificuldades de leitura que este

apresenta, mas é importante que se avalie as qualidades e as competências

individuais de cada criança, analisando as necessidades de cada um.

CHALITA (2001) assegura que existem alunos com mais facilidades do que

outros para aprender. É preciso que o professor se disponha a conhecê-los mais

profundamente e observe mais de perto qual a dificuldade de cada um,

proporcionando ao mesmo o auxílio necessário para a absorção do conhecimento.

Por outro lado, há professores sem o mínimo de preparação, que forçam

estes alunos com dificuldades a se exporem de forma a inibi-los e desvalorizá-los

diante dos outros, sem nenhum constrangimento ou sentimento humano, ou

qualquer ideal que priorize o ensino aprendizagem.

Sabe-se que a dificuldade de aprendizagem é a incapacidade do discente de

aprender e de ser autor do seu próprio processo de construção do conhecimento, é

preciso que o professor combine atividades específicas individualizadas para estes

alunos, objetivando superar, ou pelo menos amenizar as fragilidades e carências

destes alunos.

É necessário que se estabeleçam relações construtivas entre professores e

alunos, quando existe o domínio teórico dos conteúdos a serem ensinados e a

competência técnica exigida pelas ações pedagógicas, todos os alunos se mostram

capazes de aprender, pois suas potencialidades passam a ser exploradas, e todos

os professores tornam-se capazes de ensinar, assumindo assim, de fato o seu papel

enquanto educadores.

28

CONCLUSÃO

O contato com a família pode trazer informações sobre fatores que interferem

na aprendizagem e apontar os caminhos mais adequados para ajudar a criança,

tornando possível orientar os pais para que compreendam a enorme influência das

relações familiares no desenvolvimento escolar dos seus filhos.

As relações familiares exercem um papel ordenador para a vida da criança.

Se ela for criada num clima de aceitação e afeto terá a liberdade de crescer, de

tentar e de fracassar, e então tentar novamente, sem precisar provar o seu valor ou

se defender. Educada desta maneira, ela terá oportunidades para adquirir confiança

naqueles que a educam, e ao crescer, certamente, estará em melhores condições

para desenvolver sua própria capacidade. Em contrapartida, uma criança, cujas

falhas são notadas e seus méritos sempre ignorados, estará em constante alerta,

com medo de fracassar aos olhos dos outros, com baixa autoestima, o que impede o

seu aprendizado uma vez que ninguém consegue progredir quando se alimenta do

fracasso.

Os pais e professores de alunos disléxicos precisam saber que esse

diagnóstico não significa que a criança seja incapaz de aprender, muito pelo

contrário, não podemos esquecer que existem vários disléxicos conhecidos

mundialmente pelo seu talento, basta lhe dar apoio e oportunidade para se

manifestarem em suas habilidades.

É necessário que os pais se envolvam com o aprendizado dos filhos, apesar

de existirem sentimentos de frustrações e insucessos, a família precisa ser

persistente e continuar a lutar pelo sucesso, que com certeza virá.

Os professores precisam observar seus alunos e procurar detectar padrões

de leitura compatíveis com a dislexia, lembrando que antes de ser diagnóstica por

uma equipe multidisciplinar ela é considerada apenas uma dificuldade de

aprendizagem. Portanto, é interessante que conheçam o histórico clínico, social e

familiar de seus alunos, e se suspeitarem da existência de qualquer dificuldade de

aprendizagem deverão encaminhar a criança a profissionais especializados, pois só

eles poderão confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia.

A intervenção pedagógica precoce e feita de maneira correta evita danos na

auto-estima da criança, uma vez que o seu sofrimento aumenta gradativamente de

29

acordo com o tempo que fica exposta ao insucesso, lembrando que a intervenção

nestes casos, deve estar centrada nas competências e capacidades do aluno e não

nas suas dificuldades e pontos fracos, uma vez que o portador de dislexia apresenta

um padrão de aprendizagem mais lento, e que precisa ser levado em consideração

no seu processo de aprendizagem.

O professor conhecedor e sensível a esta realidade sabe que as crianças

disléxicas precisam estar rodeadas de atividades interessantes e que incentivem o

seu ponto forte, criando um ambiente positivo para todos os alunos, onde os que

apresentam maiores facilidades de aprender, poderão interagir ajudando os outros

durante as atividades em sala de aula, e o professor poderá avaliar as competências

e as qualidades especiais de uma criança disléxica através da interação que ela

estabelece com os outros.

Também é necessário que o professor se auto-avalie, não deixando que as

influências sociais interfiram na sua maneira de tratar os alunos e no modo como

exerce seu papel de educador. Os professores, jamais, em hipótese alguma,

deverão privilegiar determinados alunos em razão da posição social ou cultural da

família.

O professor deve estar em constante aprendizado, procurando atualizar-se e

inovando, buscando alternativas para melhorar seu aprendizado e automaticamente

o desempenho escolar do aluno.

Vale ressaltar, que quando se trabalha com uma criança disléxica é

importante nunca subestimar o que ela é capaz de fazer. As crianças com dislexia

são alunos competentes que necessitam estar inseridos num ambiente de

aprendizagem que os incentivem a explorar suas potencialidades e qualidades

individuais.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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