Introducao a Educacao a Distancia_Pedagogia

  • Upload
    jairs13

  • View
    301

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

EDITORA DA UNIvERSIDADE ESTADUAl DE MARINg

Reitor Prof. Dr. Dcio Sperandio Vice-Reitor Prof. Dr. Mrio Luiz Neves de Azevedo Diretor da Eduem Prof. Dr. Ivanor Nunes do Prado Editor-Chefe da Eduem Prof. Dr. Alessandro de Lucca e Braccini

CONSElhO EDITORIAl

Presidente Editor Associado Vice-Editor Associado EditoresCientficos

Prof. Dr. Ivanor Nunes do Prado Prof. Dr. Ulysses Cecato Prof. Dr. Luiz Antonio de Souza Prof. Adson Cristiano Bozzi Ramatis Lima Profa. Dra. Analete Regina Schelbauer Prof. Dr. Antonio Ozai da Silva Prof. Dr. Clves Cabreira Jobim Prof. Dr. Edson Carlos Romualdo Prof. Dr. Eliezer Rodrigues de Souto Prof. Dr. Evaristo Atncio Paredes Prof. Dr. Joo Fbio Bertonha Profa. Dra. Maria Suely Pagliarini Prof. Dr. Oswaldo Curty da Motta Lima Prof. Dr. Reginaldo Benedito Dias Prof. Dr. Ronald Jos Barth Pinto Profa. Dra. Dorotia Ftima Pelissari de Paula Soares Profa. Dra. Terezinha Oliveira Prof. Dr. Valdeni Soliani Franco

EqUIpE TCNICA

ProjetoGrficoeDesign Marcos Kazuyoshi Sassaka Fluxo Editorial Edneire Franciscon Jacob Mnica Tanamati Hundzinski Vania Cristina Scomparin Edilson Damasio ArtesGrficas Luciano Wilian da Silva Marcos Roberto Andreussi Marketing Marcos Cipriano da Silva Comercializao Norberto Pereira da Silva Paulo Bento da Silva Solange Marly Oshima

Formao de ProFessores - ead

Maria Luisa Furlan Costa(ORGANIZADORA)

Introduo educao a distncia

Maring 2009

34

Coleo Formao de professores - EADApoio tcnico: Rosane Gomes Carpanese Normalizao e catalogao: Ivani Baptista CRB - 9/331 Reviso Gramatical: Annie Rose dos Santos Edio e Produo Editorial: Carlos Alexandre Venancio Capas: Jnior Bianchi Reviso Grfica: Eliane Arruda Colaborao: Manuela Sanchez

Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

I61

Introduo educao a distncia/ Maria Luisa Furlan Costa, organizadora. Maring: Eduem, 2009. 80 p. ; 21 cm. (Formao de Professores - EAD; v. 34). ISBN 978-85-7628-168-9 1. Educao a distncia Brasil. 2. Universidade Aberta Brasil. I. Costa, Maria Luisa Furlan, org. CDD 21. ed. 371.35

Copyright 2009 para o autor Todos os direitos reservados. Proibida a reproduo, mesmo parcial, por qualquer processo mecnico, eletrnico, reprogrfico etc., sem a autorizao, por escrito, do autor. Todos os direitos reservados desta edio 2009 para Eduem.

Endereo para correspondncia: Eduem - Editora da Universidade Estadual de Maring Av. Colombo, 5790 - Bloco 40 - Campus Universitrio 87020-900 - Maring - Paran Fone: (0xx44) 3261-4103 / Fax: (0xx44) 3261-4253 http://www.eduem.uem.br / [email protected]

S umrioSobre os autores

> 5 > 7 > 9 > 11

Apresentao da coleo

Apresentao do livro

CApTUlO 1

Polticas pblicas para o ensino superior a distncia e a legislao educacional vigenteMarcos Pires de Almeida / Maria Luisa Furlan Costa

CApTUlO 2

O sistema Universidade Aberta do Brasil: democratizao e interiorizao do ensino superiorMaria Luisa Furlan Costa

> 23

CApTUlO 3

Os cursos superiores a distncia e o sistema de tutoriaJoo Batista Pereira

> 35

CApTUlO 4

As novas tecnologias de informao e comunicao e o sistema de gerenciamento de cursos MoodleErivelto Alves Prudncio / Jairo de Carvalho / Jos Luis Ferreira

> 53

CApTUlO 5

Avaliao da aprendizagem em cursos superiores a distncia e o sistema de gerenciamento MoodleJoo Batista Pereira/ Rossana Costa Giani

> 693

S obre os autoresERIVELTO ALVES PRUDNCIOTcnico do Ncleo de Educao a Distncia (NEAD) da Universidade Estadual de Maring (UEM). Graduado em Geografia (UEM).

JAIRO DE CARVALHOMembro da equipe do Ncleo de Educao a Distncia (NEAD) da Universidade Estadual de Maring (UEM). Professor da Rede Estadual de Ensino (SEED-PR). Graduado em Histria (UEM).

JOO BATISTA PEREIRAProfessor de Metodologia e Tcnicas de Pesquisa da Faculdade Maring. Graduado em Histria (UEM). Mestre em Educao (UEM).

JOS LUIS FERREIRATcnico do Ncleo de Educao a Distncia (NEAD) da Universidade Estadual de Maring (UEM). Especialista em Desenvolvimento de Sistemas para Web (UEM).

MARCOS PIRES DE ALMEIDAGraduado em Histria (UEM). Bacharel em Direito (UEM). Especialista em Direito e Processo Penal (UEM). Mestre em Educao (UEM).

MARIA LUISA FURLAN COSTAProfessora do Departamento de Fundamentos da Educao (DFE) da Universidade Estadual de Maring (UEM). Coordenadora Pedaggica do Ncleo de Educao a Distncia - EAD da Universidade Estadual de Maring (UEM). Mestre em Educao (UEM). Doutoranda em Educao (Unesp/Araraquara).

ROSSANA COSTA GIANIGraduada em Comunicao Social com Habilitao em Jornalismo (Cesumar).

5

A presentao da ColeoA coleo Formao de Professores - EAD teve sua primeira edio publicada em 2005,com33ttulosfinanciadospelaSecretariadeEducaoaDistncia(SEED)do MinistriodaEducao(MEC)paraqueoslivrospudessemserutilizadoscomomaterial didticonoscursosdelicenciaturaofertadosnombitodoProgramadeFormaode Professores(Pr-Licenciatura1).Atiragemdaprimeiraediofoide2500exemplares. Apartirde2008,demosincioaoprocessodeorganizaoepublicaodasegunda ediodacoleo,comoacrscimode12novosttulos.Aconclusodostrabalhos deverocorrersomentenoanode2012,tendoemvistaqueofinanciamentopara estaedioserliberadogradativamente,deacordocomocronogramaestabelecido pelaDiretoriadeEducaoaDistncia(DED)daCoordenaodeAperfeioamentode PessoaldoEnsinoSuperior(CAPES),queresponsvelpeloprogramadenominado UniversidadeAbertadoBrasil(UAB). Aprincpio,seroimpressos695exemplaresdecadattulo,umavezqueoslivros da nova coleo sero utilizados como material didtico para os alunos matriculados noCursodePedagogia,ModalidadedeEducaoaDistncia,ofertadopelaUniversidadeEstadualdeMaring,nombitodoSistemaUAB. Cadalivrodacoleotraz,emseubojo,umobjetodereflexoquefoipensado paraumadisciplinaespecficadocurso,masemnenhumdelesseusorganizadores e autores tiveram a pretenso de dar conta da totalidade das discusses tericas e prticasconstrudashistoricamentenoquesereferemaoscontedosapresentados.O quebuscamos,comcadaumdoslivrospublicados,abrirapossibilidadedaleitura, dareflexoedoaprofundamentodasquestespensadascomofundamentaisparaa formaodoPedagogonaatualidade. Por isso mesmo, esta coleo somente poderia ser construda a partir do esforo coletivo de professores das mais diversas reas e departamentos da Universidade EstadualdeMaring(UEM)edasinstituiesquetmsecolocadocomoparceirasnesse processo. Nestesentido,agradecemossinceramenteaoscolegasdaUEMedasdemaisinstituiesqueorganizaramlivroseouescreveramcaptulosparaosdiversoslivrosdesta coleo. Agradecemos, ainda, administrao central da UEM, que por meio da atuao diretadaReitoriaedediversasPr-Reitoriasnomediuesforosparaqueostrabalhos pudessemserdesenvolvidosdamelhormaneirapossvel.Demodobastanteespecfi7

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

co,destacamosoesforodaReitoriaparaqueosrecursosparaofinanciamentodesta coleopudessemserliberadosemconformidadecomostrmitesburocrticosecom osprazosexguosestabelecidospeloFundoNacionaldeDesenvolvimentodaEducao(FNDE). Internamente enfatizamos, ainda, o envolvimento direto dos professores do Departamento de Fundamentos da Educao (DFE), vinculado ao Centro de Cincias Humanas, Letras e Artes (CCH), que no decorrer dos ltimos anos empreenderam esforosparaqueocursodePedagogia,namodalidadedeeducaoadistncia,pudessesercriadooficialmente,oqueexigiuumrepensardotrabalhoacadmicoeuma modificaosignificativadasistemticadasatividadesdocentes. No tocante ao Ministrio da Educao, ressaltamos o esforo empreendido pela Diretoria da Educao a Distncia (DED) da Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal do Ensino Superior (CAPES) e pela Secretaria de Educao de Educao a Distncia(SEED/MEC),queemparceriacomasInstituiesdeEnsinoSuperior(IES) conseguiramromperbarreirastemporaiseespaciaisparaqueosconvniosparaaliberaodosrecursosfossemassinadoseencaminhadosaosrgoscompetentespara aprovao,tendoemvistaaaodiretaeeficientedeumnmeromuitopequenode pessoasqueintegramaCoordenaoGeraldeSupervisoeFomentoeaCoordenao GeraldeArticulao. EsperamosqueasegundaediodaColeoFormaodeProfessores-EADpossa contribuirparaaformaodosalunosmatriculadosnocursodePedagogia,bemcomo deoutroscursossuperioresadistnciadetodasasinstituiespblicasdeensinosuperiorqueintegrameoupossamintegraremumfuturoprximooSistemaUAB. MariaLuisaFurlanCostaOrganizadora da Coleo

8

A presentao do livroEstelivrointegraaColeoFormaodeProfessores-EADetem,aprincpio,um papelrelevanteacumprir,tendoemvistaqueseconstituinomaterialdidticoinicial utilizadopelosalunosmatriculadosemcursossuperioresadistnciaofertadosnombitodoSistemaUniversidadeAbertadoBrasil(UAB). Em funo disto, este material poder ser utilizado por alunos de diversas InstituiesdeEnsinoSuperior(IES),umavezqueesseprogramadoMinistriodaEducao foicriadocomoobjetivoprimeirodeintegrarasuniversidadespblicasparaodesenvolvimentodeatividadesnamodalidadeadistncia,incluindoaproduodematerial didticoimpressoeaudiovisual. Demodobastanteespecfico,estelivrotemoobjetivodeprovocarumadiscusso sobreaeducaoadistncianoBrasil,comnfaseaostemasvoltadosparaoensino superior.AdefiniodesseobjetivosejustificaporqueolivrofoiestruturadodeformaquepudesseserutilizadocomomaterialdadisciplinaIntroduoEducaoa Distncia,aqualdeverestarpresenteempraticamentetodososcursosdegraduao ofertadosemumamodalidadedistintadoensinopresencial. Neste sentido, a temtica de cada um dos cinco captulos est relacionada com os aspectos polticos, legais e metodolgicos da modalidade de educao a distncia, pormolivrocomoumtodobuscaprovocarodebateacercadasespecificidadesda modalidadedeeducaoadistnciaqueestcompletandoumsculodeexistncia em nosso pas, mas ainda se encontra em fase de implementao e consolidao na maioriadasInstituiesdeEnsinoSuperior(IES),especialmentenoquetangeesfera pblica. Assim,oprimeirocaptulo,escritoporMarcosPiresdeAlmeidaeMariaLuisaFurlanCosta,tratadaspolticaspblicasparaoensinosuperioradistncia,comdestaque paraasaesdesenvolvidaspeloMinistriodaEducaopararegulamentaramodalidadedeeducaoadistncianopas,semperderdevistaosprincpiosdagratuidade edaqualidadedoscursosofertadosemumaformadistintadoensinopresencial. Osegundocaptulo,deautoriadeMariaLuisaFurlanCosta,temcomoobjetomais especficooSistemaUniversidadeAbertadoBrasil(UAB)eoprocessodedemocratizaoeinteriorizaodoEnsinoSuperioraDistncia. Nasequncia,htrscaptulosqueapresentamconsideraesrelativasaosaspectos9

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

metodolgicosessenciaisparaaofertadoscursossuperioresadistncia,comooSistemadeTutoria,osAmbientesVirtuaisdeAprendizagemeaAvaliaodaAprendizagem. Anossover,impossvelgarantiraqualidadedoscursosofertadosnamodalidadea distnciaseessestrsaspectosnoforemdevidamentetrabalhados. Nocaptulo3,deautoriadeJooBatistaPereira,oSistemadeTutoriaobjetode reflexoeanlisecrtica,especialmenteemrelaodistinoentreaaodotutor presencialeadotutoradistncianoscursossuperioresqueintegramoSistemaUniversidadeAbertadoBrasil. Emseguida,EriveltoAlvesPrudncio,JairodeCarvalhoeJosLuisFerreira,no captulointituladoAsNovasTecnologiasdeInformaoeComunicaoeoSistemade GerenciamentodeCursosMoodle,salientamaimportnciadasferramentasdecomunicao e interao disponveis no Moodle e discorrem sobre aspectos relevantes do processodedesenvolvimentodasTecnologiasdeInformaoeComunicao(TICs) paraaimplementaodeprojetosdecursosadistncia. No captulo 5, Joo Batista Pereira e Rossana Costa Giani procuram apresentar as possibilidades existentes, no momento atual, para a avaliao on-line, considerando asferramentasdisponveisnosambientesvirtuaisdeaprendizagem(AVAs),comnfase aoSistemadeGerenciamentodeCursosMoodle. Esperamosqueestelivropossacumpriropropsitodeprovocarodebatesobre temticas relacionadas modalidade de educao a distncia no Brasil, bem como almejamosquepossainstigarodesenvolvimentodeestudosepesquisasreferentesao objetotratadoemcadacaptulo.Nossodesejomaiorqueestelivropossacontribuir efetivamenteparaaformaodosalunosmatriculadosnoscursossuperioresadistnciadasmaisdiversasInstituiesdeEnsinoSuperiordonossopas. MariaLuisaFurlanCostaOrganizadora do Livro

10

1

Polticas pblicas para o ensino superior a distncia e a legislao educacional vigenteMarcos Pires de Almeida / Maria Luisa Furlan Costa

INTRODUO Oobjetivodopresentecaptuloapresentarumadiscussosobreaspolticaspblicasparaoensinosuperioradistncia,tomandocomopontodepartidaaaprovao daLeideDiretrizesdaEducaoNacional(LDB)Lein09.394/96que,porsuavez, desencadeouoprocessodereconhecimentodaeducaoadistncia(EAD)noBrasil epassouaexigirumadefiniodepolticaseestratgiasparasuaimplementaoe consolidaonointeriordasInstituiesdeEnsinoSuperior(IES)dopas. Adiscussopartedoprincpiodequeacompreensodaspolticaspblicasparao ensino superior passa, necessariamente, por uma reviso das aes desencadeadas nos ltimosanospeloMinistriodaEducao(MEC),pormeiodaSecretariadeEducao aDistncia(SEED),parademocratizareinteriorizaraofertadecursossuperiores. Nestesentido,destacamosalgumasquestesessenciaisparaacompreensodas polticaseaesimplementadaspeloMECapartirde1996que,emconjunto,podem nos dar elementos para traar um panorama atual do processo de implementao da modalidadedeeducaoadistncianoensinosuperiorbrasileiro. Vale ressaltar que essas questes no foram escolhidas aleatoriamente, mas sim emfunodaimportnciaquecadaumadelasteveemumdeterminadomomento e,ainda,pelarepercussoepelosresultadosquealcanaramjuntosInstituiesde EnsinoSuperior. EntreasquestesdestacadasestootratamentodadomodalidadedeEADnalegislaoeducacionalvigenteeacriaodaSecretariadeEducaoaDistncia(SEED) naestruturadoMinistriodaEducaoque,decertaforma,representammarcoshistricossignificativosparaoprocessodeoficializaodaEADnoBrasil.Essesmarcos11

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

contriburam,inclusive,paraoestabelecimentodasbaseslegaisparaacriaodoSistemaUniversidadeAbertadoBrasil,queserobjetodereflexodoprximocaptulo destelivro. A MODAlIDADE DE EDUCAO A DISTNCIA NO CONTEXTO DAS pOlITICAS pBlICAS pARA O ENSINO SUpERIOR NO BRASIl Aperguntaquenopodeficarsemrespostaemumdebateacercadaspolticas pblicasparaoensinosuperioradistncianoBrasil,comcerteza,seexisteanecessidadeprementedeaumentaronmerodevagasnoensinosuperiortendoemvista ograndenmerodeInstituiesdeEnsinoSuperior,pblicaseprivadas,existentes nopasouqueaguardamautorizaodoMinistriodaEducaoparainiciarassuas atividadespedaggicas. Arespostaaessaquestopoderiaserbuscadaemdiversosdocumentospublicados nosltimosanos,masaquifazemosrefernciaaumtextoparadiscussoqueintegra umconjuntodemateriaisdivulgadospeloInstitutoNacionaldeEstudosePesquisas Educacionais(INEP),queobjetivoucriarumespaoparaodebatedeideias,propostasedesafiosvisandosquestesdeacesso,permanncia,equidadeequalidadena educao. Nessembito,otextointituladoEducao Superior: democratizando o acesso, publicadoem2004combasenosdadosdoCensodaEducaoSuperiorde2002, objetivoudiscutir,naquelemomento,atquepontoasprojeesdeexpandibilidade dosistemaeducacionalbrasileiropoderiamatingirasmetasdematricular30%dapopulaonafaixaetriade18a24anosatoanode2010,comointuitodeatingiras expectativascriadascomoPlanoNacionaldeEducao(Lein010.172/01). Otextosupracitadoelencaumasriedefatoresquesecolocamcomoentravespara aexpansodonmerodevagasnoensinosuperiorpblico,almdeapresentardados estatsticosquemostramoprocessodeprivatizaodosistemaeducacionalbrasileiro, particularmentenoquetangeaoensinosuperior. Umasoluoimediataetalvezpaliativaapontadapelodocumento,em2004,para aexpansodevagaspelasInstituiesFederaisdeEnsino(IFES)foiaofertadecursos noperodonoturno,emdeterminadasregiesdoBrasilnasquaisfoidemonstrado queonmerodealunosmatriculadosnoscursosdiurnostrsvezesmaiorqueo nmerodealunosdoscursosdegraduaonoturno(BRASIL,2004b,p.13),conformepodemosvisualizarnoQuadro1,quedemonstraopercentualdevagasdasIFES porregioeturno.

12

quadro 1 percentual de vagas nos cursos de graduao das IFES, por regio e turnoRegio Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste BrasilFonte: MEC/Inep/Deaes (2004).

Diurno (%) 83,8 76,8 75,9 72,3 63,9 75,2

Noturno (%) 16,2 23,2 24,1 27,7 36,1 24,8

polticas pblicas para o ensino superior a distncia e a legislao educacional vigente

O documento ainda ressalta que nas instituies estaduais a situao era semelhante, embora a participao noturna fosse proporcionalmente maior do que nas instituies federais, como indica o Quadro 2, abaixo:quadro 2 vagas nas IES estaduais, por turnoTurno Diurno Noturno TotalFonte: MEC/Inep/Deaes (2004).

vagas 79.362 52.908 132.270

porcentagem (%) 60 40 100

Diantedosdadosapresentados,oprpriodocumentoconcluiqueoaumentodo nmerodevagasnoperododanoitefundamentalparaaexpansodonmerode vagasnasinstituiespblicas,masaomesmotemporeconhecequeesseaumento, porsis,claramenteinsuficienteparaatingirasmetasdeexpandibilidadepropostas em documentos nacionais e, tambm, para alar o Brasil em situao de similaridade nocenriointernacional. OprpriodocumentoapontaasituaodesfavorveldoBrasilquandosecomparamosndicesdaquicomosdasnaeslatino-americanas,poisrevelaquemesmose triplicssemososnmerosdosuniversitriosbrasileiros,teramosaindaassimndices menoresdoqueosdaArgentinaedoChile(BRASIL,2004b,p.8). Outro dado focalizado pelo documento com relao ao cenrio internacional queoBrasilestentreospasescomaeducaosuperiormaisprivatizadadoplaneta, exatamenteaocontrriodoqueacontecenagrandemaioriadasnaesdesenvolvidas, ondeosndicesdeparticipaodosetorpblicosuperam70%.13

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

Diantedessequadroqueacreditamosnaimportnciadeseanalisar,deformacrtica,ocrescimentoincontestveleasaesparaaoficializaodaeducaoadistncia noBrasil,maisespecificamentenoqueserefereaoensinosuperior,tendoemvista queessamodalidadeseinserenobojodeumprocessoqueestemandamentoeque visaexpansoeinteriorizaodoensinosuperiornaesferapblica. Emrelaosaesestataisparaexpansodaofertadevagasnamodalidadeadistncia,merecenfaseosmecanismoslegaisadotadosparaharmonizaranecessidade decrescimentocomumalegislaocoerentequeoutorgueEADomesmostatus doensinopresencial. Tendosidorelegadapordcadasaumasituaodeinformalidade,evoltadapara oschamadoscursoslivres,apartirde1996comaLDBoEstadopassaadarosuporte legalEAD;contudo,paraquenohouvessediscriminaoquantoformaopresencialeadistncia,oArt.80daLDBnecessitavaderegulamentao.Primeiramentepor meio do Decreto n02.494/98e,depois,comoDecreton05.622/05,publicadoem19 dedezembrode2005,quebuscouregulamentaroArt.80daLDB,oscursosadistncia puderamobteramesmavalidadedoscursospresenciais.Art.5-Osdiplomasecertificadosdecursoseprogramasadistncia,expedidosporinstituiescredenciadaseregistradosnaformadalei,terovalidade nacional. Pargrafo nico. A emisso e registro de diplomas de cursos e programas a distncia devero ser realizados conforme legislao educacional pertinente (BRASIL,2006).

Esseartigomerecerealceporquedeformainequvocagaranteaosestudanteso suportelegalparafrequentarumcursoadistnciasemoreceiodeserdiscriminado. Setiverseudiplomaquestionadoporqualquerinstituio,seuportadorpoderexigir orespeitoaosseusdireitoslegalmenteassegurados. Nodemaislembrarmosqueosdiplomasexpedidospelasinstituiesnopodemfazerqualquerreferncianosentidodequeocursofoirealizadonamodalidade adistncia. A EAD E A lEgISlAO EDUCACIONAl vIgENTE DeacordocomoArt.80daLDB,oPoderPblicodeveincentivarodesenvolvimentoeaveiculaodeprogramasdeensinoadistnciaemtodososnveisemodalidades de ensino, bem como de educao continuada. Ainda no mesmo artigo, existe um pargrafoqueapontaparaanecessidadedeumtratamentodiferenciadoparaaEAD noquetangeaoscustosdetransmissoemcanaisderadiodifusosonoraedesonse imagens,assimcomoareservadeumtempomnimo,semnusparaoPoderPblico, pelosconcessionriosdecanaiscomerciais.14

A transcrio, na ntegra, do Art. 80 da Lei de Diretrizes de Bases da Educao Nacionalimportanteparaquetenhamosclarezadequeapresenadamodalidade deEADnaLein09.394/96(BRASIL,2001)opontodepartidadoprocessodeoficializaoquegerouanecessidadedenormatizaraentradadessamodalidadenosistema educacionalvigente.OPoderPblicoincentivarodesenvolvimentoeaveiculaodeprogramasde ensinoadistncia,emtodososnveisemodalidadesdeensino,edeeducao continuada. 1.Aeducaoadistncia,organizadacomaberturaeregimeespeciais,ser oferecidaporinstituiesespecificamentecredenciadaspelaUnio. 2.AUnioregulamentarosrequisitosparaarealizaodeexameseregistro dediplomasrelativosacursosdeeducaoadistncia. 3.Asnormasparaproduo,controleeavaliaodeprogramasdeeducao a distncia e a autorizao para sua implementao, cabero aos respectivos sistemasdeensino,podendohavercooperaoeintegraoentreosdiferentes sistemas. 4.Aeducaoadistnciagozardetratamentodiferenciado,queincluir: I - custos de transmisso reduzidos em canais comerciais de radiodifuso sonoraedesonseimagens; II-concessodecanaiscomfinalidadesexclusivamenteeducativas; III-reservadetempomnimo,semnusparaoPoderPblico,pelosconcessionriosdecanaiscomerciais.

polticas pblicas para o ensino superior a distncia e a legislao educacional vigente

Assim,comaLein09.394/96aEADdeixadeterumcarteremergencialesupletivo, adquirindoreconhecimentolegalemumasriededocumentosqueprocuramdefinir critriosenormasparaacriaodecursoseprogramasdeEADpelasinstituiesde ensino.DoisanosapsapromulgaodaLeideDiretrizeseBasesdaEducaoNacional(Lein09.394/96),foipublicadonoDirioOficialdaUniooDecreton02.494/98, queposteriormentefoirevogadopeloDecreton05.622/05. ODecreton02.494/98vinculavaaofertadecursosnamodalidadedeeducaoa distnciautilizaodediferentessuportesquetornavamquasequeobrigatrioo usodasTecnologiasdeInformaoeComunicao(TICs)paraodesenvolvimento dasatividadespedaggicas.EssaquestoestpresentenoArt.1doreferidodecreto, em que se tem uma proposio que caracteriza a educao a distncia como uma formadeensinoquepossibilitaaautoaprendizagem,comamediaoderecursos didticossistematicamenteorganizados,apresentadosemdiferentessuportesdeinformao, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios decomunicao(BRASIL,1998). No ano de 2005, o Decreto n02.494/98foirevogadopeloDecreton05.622/2005, quecomtrintaeseteartigosvisaaregulamentaroArt.80daLein0 9394/96,particularmentenotocanteaocredenciamentodeinstituiespblicaseprivadasparaaoferta decursoseprogramasnamodalidadeadistncia,paraaeducaobsicadejovens eadultos,educaoprofissionaltcnicaeeducaosuperior.Nocasodoensinosu15

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

perior,odecretoabrangecinconveis,sendooscursossequenciais,degraduao,de especializao,demestradoededoutorado. OArt.1dessedecretocaracterizaaEADcomoumamodalidadeeducacionalna qualamediaodidtico-pedaggicanosprocessosdeensinoeaprendizagemocorre comautilizaodemeiosetecnologiasdeinformaoecomunicao,comestudantes eprofessoresdesenvolvendoatividadeseducativasemlugareseoutemposdiversos. Umasriededocumentosfoiaprovadanosltimosanoscomointuitoderegulamentaramodalidadedeeducaoadistncianoensinosuperior,enapginavirtual do Ministrio da Educao existem links de acesso a todos os documentos consideradosrelevantesparaacompreensodosaspectoslegaisdaEADnoBrasil. Pelasuasprpriascaractersticas,aEADtornou-seumdesafiolegislativo.Dinmica, com um crescimento explosivo e em um pas de dimenses continentais, uma forte regulamentaosefeznecessriaparaevitarumaexplosodeofertadecursossem qualidade. Comumcrescimentode270%nonmerodematrculasnoscursosdeformaode professoresnamodalidadeadistnciacontraumaumentode17%dosmatriculados nos cursos presenciais1,aEADvaisefirmandocomoalternativaparaademocratizao doacessoaoensinosuperioreconcomitantementeexigindodoMECaeseateno redobrada.Assim,nocompassodasnecessidadesquevoseapresentando,aregulamentaodaEADvaisendoconstruda;porissoimportantemantermo-nosatualizadossobrealegislaoqueregulamentaaEducaoaDistncia,acompanhandoas alteraesrelativasaoassunto. H temas que, embora disciplinados na legislao, so frutos de debates e controvrsia.Aofertadecursosporinstituiesestrangeirasemterritrionacionalede cursosnacionaisemoutrospasesaqueceodebateacercadoslimitesterritoriaisda EAD.BastautilizarasferramentasdebuscanaInternetparaconstatarmosapresena dediversoscursosinternacionaissendooferecidosaopblicobrasileiroedesenhados exclusivamenteparaeste.Estamosdiantedeumnovoconceitodeespaoterritorial. Muitosbrasileirosquetrabalhamemvriaspartesdomundopodemserbeneficiados porcursosdegraduaoadistncia,mastalsituaoaindacarecedemuitodebatee regulamentao. Segenreich(2004,p.13),citandoapreocupaodeumgrupodepesquisadores, pontuaquesetratadeimpedirainvasodepacotesnacionaiseprincipalmenteinternacionais,totalmentedesvinculadosdarealidadeeducacionalbrasileira.Talinvaso

1 Folha de So Paulo, Caderno Cotidiano de 04.11.2008.

16

seriafrutodaresistnciadosistemaaincorporarprojetosnacionaisdequalidade. Resumindo, o terreno frtil para discusses e o Estado deve estar atento para evitaroexcessoouaausnciaderegulamentao,porqueoprocessodeimplementao damodalidadedeEADnoensinosuperiordinmicoeprecisaharmonizar-secoma realidade,comomomentohistricodosatoressociaisenvolvidos. A CRIAO DA SECRETARIA ESpECIAl DE EDUCAO A DISTNCIA (SEED/MEC) Podemosafirmar,semmedodeerrar,queatapromulgaodaLein09.394/96eda criaodaSecretariaEspecialdeEducaoaDistncia(SEED),vinculadaaoMinistrio daEducao(MEC),emmeadosdadcadade1990,aEducaoaDistnciaeravista, comumente, como um paliativo utilizado para atender, em determinados momentos, demandasespecficasqueseconstituam,geralmente,deestudantesexcludosdosistemaregulardeensino. ASEEDfoicriada,em1996,comamissodeatuarcomoagentedeinovaodos processos de ensino-aprendizagem, fomentando a incorporao das Tecnologias de Informao e Comunicao (TICs)edaeducaoadistnciaaosmtodosdidticopedaggicosdasescolaspblicas. EntreosobjetivosiniciaisdaSEED,destacamososqueseguem:(a)formular,fomentareimplementarpolticaseprogramasdeeducaoadistncia(EAD),visando universalizaoedemocratizaodoacessoinformao,aoconhecimentoe educao;(b)fomentarapesquisaeainovaoemtecnologiaseducacionaispormeio deaplicaesdeTICsaosprocessosdidtico-pedaggicos;(c)desenvolver,produzire disseminarcontedos,programaseferramentasparaaformaoinicialecontinuada adistncia;(d)difundirousodasTICsnoensinopblico,estimulandoodomniodas novaslinguagensdeinformaoecomunicaojuntoaoseducadoresealunosdas escolaspblicas;(e)melhoraraqualidadedaeducao. Noanode2004,medianteoDecreton05.159(BRASIL,2004a),asfunesemetas daSEEDforamredefinidaseessasecretariapassouaexerceraesnorteadoras,redistributivas,supletivasecoordenadorasentreasinstnciaseducacionaisenvolvidasna modalidadedeeducaoadistncia. Atualmente,aSEEDcompeaestruturaorganizacionaldoMinistriodaEducao esuascompetnciasconstamnoArt.26doDecreton06.320,de20dedezembrode 2007(BRASIL,2007a),asquaisrelacionamosaseguir:Formular,propor,planejar,avaliaresupervisionarpolticaseprogramasde educaoadistncia,visandouniversalizaoedemocratizaodoacesso informao,aoconhecimentoeeducao,emtodososnveisemodalidades deensino;

polticas pblicas para o ensino superior a distncia e a legislao educacional vigente

17

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

Criar,desenvolverefomentaraproduodecontedos,programaseferramentasparaaformaoinicialecontinuadanamodalidadeadistncia; Prospectaredesenvolvermetodologiasetecnologiaseducacionaisqueutilizamtecnologiaseinformaoecomunicaonoaprimoramentodosprocessoseducacionaiseprocessosespecficosdeensinoeaprendizagem; Proverinfra-estruturadetecnologiadeinformaoecomunicaosinstituies pblicas de ensino, paralelamente implantao de poltica de formao inicial e continuada para o uso harmnico dessas tecnologias na educao; Articular-se com os demais rgos do Ministrio, com as Secretarias de Educao dos Estados, dos Municpios e do Distrito Federal, com as redes de telecomunicaopblicaseprivadas,ecomasassociaesdeclasse,parao aperfeioamentodoprocessodeeducaoadistncia; Promoveredisseminarestudossobreamodalidadedeeducaoadistncia; Incentivaramelhoriadopadrodequalidadedaeducaoadistnciaem todososnveisemodalidades; Planejar,coordenaresupervisionaraexecuodeprogramasdecapacitao,orientaoeapoioaprofessoresnareadeeducaoadistncia; PromovercooperaotcnicaefinanceiraentreaUnio,Estados,Distrito FederaleMunicpioseorganismosnacionais,estrangeiroseinternacionais, paraodesenvolvimentodeprogramasdeeducaoadistncia;e Prestar assessoramento na definio e implementao de polticas, objetivando a democratizao do acesso e o desenvolvimento da modalidade de educaoadistncia.

ParaNiskier(2000),acriaodaSecretariaeaLein0 9394/96foramasprimeiras manifestaesoficiaisdeapreoEADe,consequentemente,apartirdesuacriaoqueassistimosaumamultiplicaodosprogramasdeEADnoBrasil. CONSIDERAES FINAIS Historicamente,oDireitopareceestarsempreemdescompassofrentesinovaestecnolgicasesociais.comumouvirmosquenossasleisestoultrapassadas ouquehumexcessodenormas. OfilsofoejuristaitalianoNorbertoBobbio(1991,p.37),discorrendoacerca das normas jurdicas, assinala: os juristas queixam-se que so muitas; mas assim mesmo criam-se novas, e no se pode deixar de cri-las para satisfazer as necessidadesdasemprevariadaeintrincadavidasocial. Aspolticaspblicasealegislaosoconstrudasapartirdasnecessidadesmateriais,oquepodemosconstatardeformabastanteprticaporintermdiodasseguintesindagaes:Humadcadaatrs,comopoderiaolegisladorpensaremcrimesdigitais?Ecomopodeignorarhojeessanovarealidade,naqualastransaes eletrnicasfazempartedonossocotidiano?Assim,olegisladordeveestaratento dinmicasocial,observandoaslacunaslegaiselegislandopordemanda,porm aguardandocertoamadurecimentodessasdemandas. Naeducao,aspolticaspblicasealegislaoandamdemosdadas.No18

possvelaoEstadoorganizaraestruturaeducacionalsemumalegislaoquedeterminesuasdiretrizes. ALDBeoDecreton0 5.622/05configuram-secomoaexpressonormativade novasnecessidadesqueseapresentarameforamconstrudashistoricamente.Nesse mbito,doensinoporcorrespondnciaaosprojetosdesenvolvidosemambientes virtuaisdeaprendizagem,umlongocaminhofoipercorrido. Acreditamosterdeixadoclaro,nodecorrerdestecaptulo,queamodalidadede educaoadistnciapodecontribuir,demodobastantesignificativo,paraoprocessodedemocratizaoeinteriorizaodoensinosuperiorpblicobrasileiro. Buscamosenfatizar,contudo,queamodalidadedeeducaoadistnciasomente podercumpriroseupapelsocialseosprogramas,osprojetoseoscursosofertados adistnciaforemdesenvolvidoscombasenosprincipiosqueestopresentesnaLei deDiretrizeseBasesdaEducaoNacional(Lein09.394/96). Neste sentido, pertinente a assertiva de Lobo Neto (2000) que expressa, de modoclaroeconciso,emquecondiesaEADpodeseconverteremumaalternativa vivel para a democratizao do ensino:AEADdequetrataaLDBamesmaeducaodequesempretratamose quesempreconcebemoscomodireitopreliminardecidadania,deverprioritriodoEstadodemocrtico,polticapblicabsicaeobrigatriaparaao de qualquer nvel de governo, contedo e forma do exerccio profissional deeducadores.precisotermuitaclarezasobreascondiesdeseraEAD umaalternativadedemocratizaodoensino.Asquesteseducacionaisno seresolvempelasimplesaplicaotcnicaetecnocrticadeumsofisticado sistemadecomunicao,numprocessodemodernizaocosmtica.No nosservecomoaningumservequalquertipodeeducaodistncia.A razosimpleseobjetiva:nonosservecomoaningumservequalquer tipodeeducao(LOBONETO,2000,p.11).

polticas pblicas para o ensino superior a distncia e a legislao educacional vigente

Omesmoautorinsistenofatodequeaeducaoadistnciadeverserconsideradanotododaeducaoe,portanto,vinculadaaocontextohistrico,polticoe social.SomentedessamaneiraqueaEADpodersercompreendidacomoestratgiadeampliaodaspossibilidadesdeacessoeducaodequalidade,direitodo cidadoedeverdoEstadoedasociedade.

19

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

Referncias BOBBIO,N.Teoria do ordenamento jurdico.Braslia,DF:UniversidadedeBraslia, 1991. BRASIL.Leino9.394/96,de20dedezembrode1996.LeideDiretrizeseBasesda EducaoNacional.Dirio Oficial da Unio,Braslia,DF,1996.Disponvelem: Acesso em: 3fev.2001. BRASIL.Decreto no 2.494/98, de 10 de fevereiro de 1998.AlteraoartigodaLein 9.394(referenteensinodistncia)(revogadopeloDecreton5.622).Braslia,DF: PresidnciadaRepblica,1998. Disponvelem:.Acesso em:2ago.2000. BRASIL.CongressoNacional.Plano Nacional de Educao (PNE):Leino 10.172/2001.Braslia,DF,2001. BRASIL.MinistriodaEducao.Decreto no 5.159/2004.Aprovaaestrutura regimentaleoquadrodemonstrativodoscargosemcomissoedasfunes gratificadasdoMinistriodaEducaoedoutrasprovidncias.Braslia,DF,2004a. Disponvelem:.Acessoem:11nov.2004. BRASIL.MinistriodaEducao.Relatrio final da Comisso Assessora para Educao Superior a Distncia (Portaria Ministerial No 335/2002). Braslia, DF: MEC,2002.Disponvelem:.Acessoem:3mar.2003. BRASIL.MinistriodaEducao.Decreto no 5.622/2005, de 19 de dezembro de 2005.Regulamentaoart.80daLein9394de20dedezembrode1996,que estabeleceasdiretrizesebasesdaeducaonacional.Braslia,DF:Presidnciada Repblica,2005a.Disponvelem:.Acessoem:6jun.2006. BRASIL.MinistriodaEducao.Documento de recomendaes:aesestratgicas emeducaoadistnciaemmbitonacional.Braslia,DF,2005b.Disponvelem: .Acessoem:12dez.2005.20

BRASIL.MinistriodaEducao.Decreto no 5.800/2006. Dispe sobre o sistema UniversidadeAbertadoBrasil.Braslia,DF:MEC,2006.Disponvelem:.Acessoem:9ago.2006. BRASIL.MinistriodaEducao.Decreto no 6.320/2007.Aprovaaestrutura regimentaleoquadrodemonstrativodoscargosemcomissoedasfunes gratificadasdoMinistriodaEducaoedoutrasprovidncias.Braslia,DF:MEC, 2007a.Disponvelem:.Acessoem:6out.2008. BRASIL.MinistriodaEducao.Referenciais de qualidade para a educao superior a distncia.Braslia,DF:MEC,2007b.Disponvelem:.Acessoem:12set.2007. BRASIL.InstitutoNacionaldeEstudosePesquisasEducacionaisAnsioTeixeira. Educao Superior: democratizandooacesso.OrganizaodeEliezerPacheco, DilvoI.Ristoff.Braslia,DF:INEP,2004b.(Sriedocumental.Textosparadiscusso). LOBONETO,Francisco,J.S.Educao a distncia: regulamentao.Braslia,DF: Plano,2000. NISKIER,A.Educao a distncia:atecnologiadaesperana.SoPaulo:Loyola, 2000. SEGENREICH,S.C.D.PolticasdeEADeseuimpactonoEnsinoSuperiorBrasileiro. In:CONGRESOVIRTUALLATINOAMERICANODEEDUCACINADISTANCIA,1., BuenosAires.AnaisBuenosAires:LatinEduca,2004.Disponvelem:.Acessoem:6dez.2007.p.1-15.

polticas pblicas para o ensino superior a distncia e a legislao educacional vigente

Proposta de Atividade Proposta de Atividade1) presente,naformadeumtextodescritivo/dissertativo,aspectosconsideradosessenciais A para a implementao de cursos superiores na modalidade de educao a distncia no Brasil,destacandonalegislaoeducacionalosdocumentosquepropiciaramalegalidade dosdiplomasexpedidospelasInstituiesdeEnsinoSuperior.

21

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

Anotaes

22

2

O sistema Universidade Aberta do Brasil: democratizao e interiorizao do ensino superiorMaria Luisa Furlan Costa

INTRODUO Vocs conheceram, no captulo anterior, as polticas pblicas para o ensino superioradistncianoBrasil,bemcomotiveramoportunidadedeverificarque umasriededocumentosforamaprovados,apartirde1996,pararegulamentara modalidadedeeducaoadistnciaemnossopas. Valelembrarqueocrescimentodaofertadecursossuperioresadistnciaem nossopastemcomomarcoapromulgaodaLeideDiretrizesdeBasesdaEducaoNacional(Lein09.394/96),quenoArt.80tratademodoparticulardaoferta daEAD.NesseartigoestexplicitadoqueoPoderPblicoincentivarodesenvolvimentoeaveiculaodeprogramasdeensinodistncia,emtodososnveise modalidadesdeensino,edeeducaocontinuada(BRASIL,1996).esseartigo que abriu perspectivas para a definio de um arcabouo legal que permitiu a constituio e oficializao de programas e cursos ofertados na modalidade de educaoadistncia. Visualizar o panorama das polticas pblicas e conhecer a legislao educacionalquenormatizaaofertadecursossuperioresadistncia,anossover,de fundamentalimportnciaparatermospresentequeexiste,porpartedoMinistrio daEducao(MEC),umapreocupaoconstantecomalegalidadedosdiplomas expedidospelasuniversidadesbrasileirase,tambm,comaqualidadedoscursos ofertadospormeiodeprogramascoordenadospelosrgosdaesferafederal. Nestesentidoqueprocuramosapresentar,nestecaptulo,oprogramagover23

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

namental denominado Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), institudo pelo Decreto n05.800,de28dejunhode2006,quebuscaarticularasinstituies pblicasjexistentes,possibilitandolevarensinosuperiorpblicodequalidade aos municpios brasileiros que no possuem cursos de formao superior ou cujoscursosofertadosnososuficientesparaatenderdemandadeumadeterminadaregio. O SISTEMA UNIvERSIDADE ABERTA DO BRASIl Atualmente,oSistemaUABseconstituiemumprogramadaDiretoriadeEducaoaDistncia(DED)daCoordenaodeAperfeioamentodePessoaldoEnsinoSuperior(CAPES),comparceriadaSecretariadeEducaoaDistncia(SEED) do Ministrio da Educao (MEC). A UAB tem como prioridade a formao e a capacitao inicial e continuada de professores para a educao bsica, com a utilizaodemetodologiasdaeducaoadistncia. AexpressoSistemaUniversidadeAbertadoBrasiladenominaorepresentativagenricaparaaredenacionalexperimentalvoltadaparaapesquisaeparaa educaosuperiorformadapeloconjuntodeinstituiespblicasdeensinosuperior,emarticulaoeintegraocomoconjuntodepolosmunicipaisdeapoio presencial.Nosetrata,portanto,dacriaodeumanovainstituioeducacional, massimdaconstituiodeconsrciospblicosquepropiciemocompartilhamentodasexperinciasisoladas,sejamelasmarcadaspeloxitoouentonasocializaodasdificuldadesenfrentadas. Essa questo destacada na apresentao da Universidade Aberta do Brasil presentenapginavirtualdoMEC,naqualhumadefiniosucintaquerefora aideiadeumprojetocriadopeloMinistriodaEducaonombitodoFrum das Estatais1pelaEducaoparaaarticulaoeintegraoexperimentaldeum sistemanacionaldeeducaosuperioradistncia. NoprojetodecriaodaUniversidadeAbertadoBrasil,elaboradopeloFrum das Estatais, esto claramente definidas as responsabilidades das universidades e dosmunicpiosquevieremafazerpartedoconsrcioparaaofertadecursos superioresadistncia.

1 O Frum das Estatais pela Educao, institudo em 21 de setembro de 2004, tem a coordenao geral do Ministro Chefe da Casa Civil, a coordenao executiva do Ministro de Estado da Educao e a participao efetiva e estratgica das Empresas Estatais brasileiras, como o Banco do Brasil, a Caixa Econmica Federal e a Petrobras, por exemplo.

24

O sistema Universidade Aberta do Brasil: democratizao e interiorizao do ensino superior

sUniversidadesPblicascabe,especificamente,oferecercorpodocentequalificado,responsvelpelaformulaodosprojetospedaggicosedosrecursosdidticosassociadosaoscursoseprogramaspropostos,bemcomoaresponsabilidadepelosprocessosavaliativos,aexpediodediplomasecertificadoseosatendimentostutoriaisa distncia.Emparticular,caberiasinstituiesassociadasadiscussoeadefiniodo planejamentocurricularepedaggico,apreparaoderoteirosdecursos,aproduo audiovisual,textosdeacompanhamentoeaavaliaodoalunoedocurso. Aos municpios compete, especialmente, oferecer a infraestrutura local do polo deapoiopresencial,incluindoaofertadeespaofsicoadequado,osatendimentos via tutores e laboratrios presenciais em sintonia com as diretrizes das instituies proponentesdoscursoseprogramas.Almdisso,localiza-senonvelmunicipalou metropolitano a oportunidade da formao de redes comunitrias para educao e pesquisaqueintegremescolasemrededecomunicaoprprias,atravsdemodelos tecnolgicosinovadoresquepermitamsuaauto-sustentaoemlongoprazo. AparceriaentreoGovernoFederal,asInstituiesdeEnsinoSuperioreosMunicpiosessencialparaqueosobjetivosdoSistemaUABpossamseratingidos,dentre osquaisdestacamoscinco: a)oferecer,prioritariamente,cursosdelicenciaturaedeformaoinicialecontinuadadeprofessoresdaeducaobsica; b)ampliaroacessoeducaosuperiorpblica; c)reduzir as desigualdades de oferta de ensino superior entre as diferentes regiesdopas; d)estabeleceramplosistemanacionaldeeducaosuperioradistncia;e e)fomentarodesenvolvimentoinstitucionalparaamodalidadedeeducaoa distncia,bemcomoapesquisaemmetodologiasinovadorasdeensinosuperiorapoiadasemtecnologiasdeinformaoecomunicao. SegundoMota,ChavesFilhoeCassiano(2006),aUABprevaofertadeeducao25

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

superiorcombasenaadooefomentodamodalidadeadistncia,oqueconfere frteispotencialidadesparaessenovoprojetodoMinistriodaEducao.Pormeio dessesistema,oMECpretendeatendersdemandasreprimidasporensinosuperior no pas, contribuindo para o enfrentamento de um cenrio nacional de assimetrias educacionaisemtodososnveisdeensino.Daaimportnciadesetraarpolticas pblicasquevisemalevaraformaoemnvelsuperiorgratuitaedequalidadepara asmaisdiversasregiesdopas. Na concepo dos autores supracitados, a perspectiva do trabalho com educao adistnciadeverirmuitoalmdadimensometodolgicaoudemeraaplicao datecnologia,constituindo-setambmdeumsistemadeeducaoadistnciacapaz de enfrentar os desafios dos baixos nveis de atendimento na educao superior, dacontraodaofertanosgrandescentrosenaslimitaesdomodelovigentede financiamento.EmfunodistoqueoprojetoUABsurgedacoflunciadediversos fatores,comoamaterializaodeambientesemetodologiaseducacionaisinovadoras,baseadosnosavanosdosrecursostecnolgicosdeinformaoecomunicao,o arcabouolegalvoltadoparaareadeeducaoadistnciaeaesdefomentovoltadasparaaeducaoadistncia,desenvolvidaspeloMinistriodaEducao,esferas educacionaiseempresasestatais. AprimeiraaovoltadaparaaofertaeducacionalnombitodaUABaimplantaodoprojeto-pilotodocursodegraduaoemAdministrao,emparceriacomo BancodoBrasiledemaisbancosestatais.Esseprojetocontacomaparticipaode universidadesfederaiseestaduaisqueiniciaram,nosegundosemestrede2006,o trabalhopedaggicocomosalunosselecionadosemumprocessoseletivoprprio, comaberturade10.000vagasofertadasparaasmaisdiversasregiesdopas.Desse processo seletivo somente poderiam participar funcionrios do Banco do Brasil e funcionriospblicosdaesferafederal,estadualoumunicipal. O curso de Administrao na modalidade de educao a distncia vem sendo ofertado por dezoito instituies federais e sete universidades estaduais. Em cada unidadedafederao,asuniversidadesdefinirampreviamenteoslocaisdospolos regionaisesuainfraestruturaparaatendimentoaosestudantesparaosmomentos presenciais.Oestudanteacompanhadoporumprocessodetutoriaquepermiteo monitoramentodiretododesempenhoedofluxodeatividades,facilitandoainteratividadeeaidentificaodepossveisdificuldadesdeaprendizagem. Apartirdessaprimeiraexperincia,aseleodasInstituiesPblicasdeEnsino Superiorpassouaserrealizadapormeiodeeditaispblicos,osquaisseconstituem deduaspartesdistintas.Aprimeiradestina-seaosmunicpiosquesecolocamcomo proponentesdepolosdeapoiopresencial,comprometendo-secomaorganizaoe

26

sustentabilidadedaestruturanecessriaparaaofertadecursossuperioresadistncia.Asegundapartedoeditaldirigidasinstituiesqueapresentamprojetosde cursosquesoavaliadosporespecialistasindicadospeloMEC. AimportnciadesseprogramapodeserdemonstradacomosnmerosdivulgadospeloMECcomrelaoaoseditaispublicadosem2005e2006.Oprimeirofoi publicadoemdezembrode2005,comexpressivaquantidadedepropostasdepolos ecursos.Aofindaroprazoparaoenviodepropostasdecursos,foiinstaladaumacomissodeespecialistasparaavaliarosprojetosapresentados.Otrabalhodacomisso resultou na seleo de 292 polos, com presena em todos os estados brasileiros, e de49instituiesdeensinosuperior,sendo39universidadesfederaise10Centros FederaisdeEducaoTecnolgica(CEFETS). Osegundoeditalfoipublicadoemdezembrode2006,cominscriesatmaiode 2007.Anicadiferenaemrelaoaoprimeiroeditalfoiainclusodapossibilidade depropostasdecursosporuniversidadesestaduais.Ostrabalhosdeavaliaoforam finalizadosemmaiode2008,comaseleode269polosdeapoiopresencialeum total de 207 novos cursos na rea de formao de professores, sendo 159 cursos delicenciatura,47cursosdeespecializaoeumcursodeaperfeioamento.Esses cursosseroofertadospor34universidadesfederais,15universidadesestaduaise 09CEFETS.Osdadosapresentadosindicamqueapartirde2008deveriamestarem funcionamento,nascincoregiesdoBrasil,561polosdeapoiopresencial. Onmeroexpressivodeinstituiesquesepropuseramaofertarcursossuperioresnamodalidadeadistncia,vinculadosaoSistemaUniversidadeAbertadoBrasil, pode ser indicativo de que mudanas significativas devem ocorrer, em um futuro prximo,nointeriordasuniversidadesbrasileiras,especialmentenoqueserefere incorporaodasnovastecnologiasdeinformaoecomunicaoaoprocessode ensino-aprendizagem. NaperspectivadeChavesFilho(2007,p.86),ofrtilterrenonoqualselanam assementesdoProjetoUABpropiciarrevisodenossoparadigmaeducacional,em termosdamodernizao,gestodemocrticaefinanciamento.Essarevisodever provocar,conformeoautor,desdobramentosparaamelhoriadaqualidadedaeducao, tanto na incorporao de tecnologias e metodologias inovadoras ao ensino presencial quanto no sentido de promover educao a distncia com liberdade e flexibilidade. Destarte,noformatotraadoparaoSistemaUniversidadeAbertadoBrasil,aqualidade dos cursos ofertados est estreitamente relacionada com a estrutura fsica dos polosdeapoiopresencial.Assim,nasegundapartedestecaptulofaremosumaexposio mais detalhada da estrutura fsica do polo de apoio presencial e dos recursos

O sistema Universidade Aberta do Brasil: democratizao e interiorizao do ensino superior

27

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

humanosquedevemseresponsabilizar,pormeiodeumtrabalhocolaborativo,pelas atividades presenciais desenvolvidas pelos alunos matriculados em cursos superiores adistncia. pOlO DE ApOIO pRESENCIAl: BRAO OpERACIONAl DAS INSTITUIES DE ENSINO SUpERIOR OPolodeApoioPresencialdefinidocomoaestruturanecessriaparaaexecuo descentralizada de algumas das funes didtico-administrativas de curso, rede ousistemadeeducaoadistncia.Issosignifica,fundamentalmente,umlocalsituadonoMunicpioondesedesenvolvemoscursosadistncia,cominfraestruturapara atendertantoasnecessidadesdasinstituiesdeensinoofertantesdoscursos,quanto snecessidadesdosestudantes.Nessecontexto,deresponsabilidadedoMunicpio adequaremanteroPolocomtodasascondiesnecessriasparaoseuplenofuncionamento.Porconseguinte,oPoloservecomorefernciaaosestudantes;nesselocal devem ser oferecidas condies de acesso aos meios modernos de informao e comunicao,bemcomoatendimentopedaggico,administrativoecognitivonecessrio aodesenvolvimentodocurso. Zuin (2006) assevera que os polos de apoio presencial podem ser identificados comoelementoscruciaisparaodesenvolvimentodoprocessoeducacional/formativo adistncia.Noslocaisescolhidoscomopolos,osestudantesdoscursossuperioresa distnciateroacessoabibliotecas,seroatendidospelostutores,assistirosaulase teroasuadisposioumlaboratriodeinformticacomrecursostecnolgicos,interligadosInternet,quelhespossibilitaroestudarosmdulosdosrespectivoscursos naformadeartigoseapostilason-line,porexemplo.Almdetaisrecursos,ospolos tambmcontarocomsalasparaasecretariaacadmica,paraacoordenaodopolo, para os tutores, alm de possurem uma sala de professores e reunies, uma sala de aulapresencialtpicaeumasaladevideoconferncia. Emsntese,oPoloobraooperacionaldaInstituiodeEnsinoSuperiorna cidadedoestudanteoumaisprximadele,ondeacontecemosencontrospresenciais, o acompanhamento e a orientao para os estudos, as prticas laboratoriais e as avaliaespresenciais.Estudoscomprovamqueopolodeapoiopresencialpropiciaas condiesparaapermannciadoalunonocurso,criandoumvnculomaisprximo com a Universidade, valorizando a expanso, a interiorizao e a regionalizao da ofertadeeducaosuperiorpblicaegratuita. Neste sentido, o polo de apoio presencial poder constituir-se, em curto prazo, em umcentrodeintegraoedesenvolvimentoregionaledegeraodeempregos.Logo, crucialqueopolosejabemprojetadoparaatendertantosnecessidadesdasinstitui-

28

esdeensinosuperiorquantosnecessidadesdosestudantes,permitindoquetodos osalunostenhamacessoaosmeiosmodernosdeinformaoecomunicao. Respeitando as especificidades de cada municpio, o Ministrio da Educao recomendaqueospolosdeapoiopresencialtenhamumaestruturafsicabsicaparao desenvolvimentodasatividadespresenciais,contendoumasalaparaaSecretariaAcadmica,umaSalaparaaCoordenaodoPolo,umasalaparaosTutoresPresenciais, umasaladeProfessoreseReunies,umasaladeAulaPresencialTpica,umLaboratriodeInformtica,umaSaladeVideoconfernciaeumaBiblioteca. Costa(2007),aoapresentarmodelosparaaeducaosuperioradistncianosetor pblico,destacaaimportnciadolaboratriodeinformtica,queassume,noprojeto UAB,duasfunesessenciais,tendoemvistaquedeveseconstituiremlocaldeatendimentodotutoretambmemumespaodeinclusodigital.Olaboratriodeinformticadesempenhapapelessencialnoscursosadistnciaeprecisaestarequipadocomcomputadoresemrede,comacessoInternet debandalarga,deformaquepermita,deumlado,comauxliodeumambiente virtualdeaprendizagemprojetadoparaocurso,ainteraodoestudantecom colegas,docentes,coordenadordecursoecomosresponsveispelosistema degerenciamentoacadmicoeadministrativodocurso,edeoutro,queoestudantepossarealizarsuastarefasacadmicas.Paraatendersmltiplasatividades,importanteaexistnciademaisdeumaunidadeparaolaboratrio.Pois, almdeservirdeespaopedaggicoparaarealizaodetutoriaspresenciais, olaboratriodeveserdelivreacesso,parapermitirqueosestudantespossam consultarlivrementeaInternet,enfimserumespaodepromoodeincluso digital.Portanto,paraqueissoocorra,necessriaacompatibilidadeentrea quantidadedeequipamentoseonmerodealunosatendidos,respeitandoas particularidadesdocursoedolocaldoplo,comvistasagarantiadepadres dequalidadenoacessoaosequipamentos(COSTA,2007,p.4).

O sistema Universidade Aberta do Brasil: democratizao e interiorizao do ensino superior

Valeressaltar,ainda,quetantoolaboratriodeinformticaquantoaestruturado polocomoumtododeveroseradequadosquantidadedecursosofertadoseassuas especificidades.Emsetratando,porexemplo,decursosqueexigemprticaslaboratoriais,comoFsica,QumicaeCinciasBiolgicas,opolodeapoiopresencialdever contar com espaos destinados para o desenvolvimento de prticas laboratoriais, conforme as recomendaes do documento intitulado Referenciais de Qualidade para a Educao Superior a Distncia.Poroutrolado,diversasreasdoconhecimentocientficosofortementebaseadasematividadesexperimentais.Paracursosdessasreas,asexperinciaslaboratoriaisconfiguram-secomoessenciaisparaagarantiadequalidadenoprocessodeensino-aprendizagem.Portanto,asinstituiesdeensinoquevenham a ministrar cursos dessa natureza devero possuir laboratrios de ensino nos plosdeapoiopresencial.Osinsumosparaasatividadesnoslaboratriosde ensinodeveroserespecificadosdeformaclaranoprojetodocurso(BRASIL, 2007,p.28-29).

29

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

No mesmo documento est explicitado o papel desempenhado pelos polos de apoiopresencial,comnfasenaimportnciadeseterumhorriodefuncionamento bastantediversificadoparaincluirosestudantestrabalhadores.Essaunidade,portanto,desempenhapapeldegrandeimportnciaparaosistemadeeducaoadistncia.Suainstalaoauxiliaodesenvolvimentodocursoefuncionacomoumpontoderefernciafundamentalparaoestudante.Os plosdevempossuirhorriosdeatendimentodiversificados,principalmente para incluir estudantes trabalhadores, com horrio disponvel reduzido e devem,sepossvel,funcionardurantetodososdiasteisdasemana,incluindo sbado,nostrsturnos.Deve-seressaltarque,pormeiodaimplantaodos plos,asinstituiesdeensinopoderoviabilizaraexpanso,interiorizao eregionalizaodaofertadeeducaonoPas.[...]Assim,osplosdeapoio presencialdevemcontarcomestruturasessenciais,cujafinalidadeassegurar a qualidade dos contedos ofertados por meio da disponibilizao aos estudantesdematerialparapesquisaerecursosdidticosparaaulasprticas edelaboratrio,emfunodareadeconhecimentoabrangidapeloscursos (BRASIL,2007,p.26).

Almdaestruturafsicaadequada,imprescindvelquecadapolodeapoiopresencialpossacontarcomotrabalhointegradodepessoascapazesdeexercerasfunes elencadasaseguir: Coordenador de Polo de apoio Presencial: responsvel pela parte administrativaegestoacadmica; Tcnico em informtica:responsvelpelamanutenoeassistnciaaosequipamentosdeinformtica; Bibliotecrio: responsvel pela organizao, armazenamento e divulgao o acervo,visandoaotimizarousodomaterialbibliogrficoeproporcionarserviosbibliogrficosedeinformao; Auxiliar para Secretaria:responsvelpelosserviosgeraisdesecretaria; Tutor Presencial:profissionalqueatuanasmediaespedaggicas,geralmentefacilitandoaaprendizagemdosestudantes.Seupapelimportantenossistemas de EAD, sendo o principal responsvel pelo processo de acompanhamento econtroledoensino-aprendizagem.Arecomendaoquesetenhaumtutor presencialparacadagrupode25alunos. Queremosdestacar,comoriscodaredundncia,queaexistnciadeumpolode apoiopresencialdefundamentalimportnciaparaoxitodoscursosoferecidospela EAD.Essepolodevecontar,conformedemonstradopelosdocumentosemanadosdo MEC/UAB,comtodaainfraestruturaerecursoshumanosnecessriosaodesenvolvimentodostrabalhos.Cabeaindasalientarque,emfunodooSistemaUABfuncionar30

emformadeconsrcio,deresponsabilidadedosmunicpiosprovidenciaremaestruturafsicaehumanadospolos. Assim,opolodeapoiopresencialsomentepoderseconstituircomoumbrao operacionaldasinstituiesqueofertamcursossuperioresadistnciaemumdeterminadomunicpioseatender,defato,osparmetrosdequalidadeestabelecidosna legislaoeducacionalvigente. CONSIDERAES FINAIS AapresentaosistematizadaecontextualizadadoSistemaUniversidadeAbertado Brasilindicaqueesseprogramapodecontribuirparaoprocessodedemocratizao einteriorizaodoensinosuperiorpblico,tendoemvistaaadesodeumnmerosignificativodeinstituiespblicasque,porteremsidocontempladasemeditais abertospeloMinistriodaEducao,fazempartedeumaespciedeconsrciopblicoquetemcomoprincipalobjetivooaumentodonmerodevagasnasinstituies pblicas,tantoparaoscursosdegraduaoquantoparaoscursosdeps-graduao lato sensu. Devemosressaltar,contudo,quenecessrioumacompanhamentoconstantedo MEC para a garantia da qualidade dos cursos ofertados, sem perder de vista que a educao a distncia pode contribuir para o processo de democratizao do saber, especialmentenoquedizrespeitoaoprojetoparaainteriorizaodoensinosuperior brasileiro. NoprojetodeconsecuodoSistemaUABestexplcitoquetodooprocessodever ser acompanhado pelo MEC, desde a construo dos polos de apoio presencial ataelaboraodocontedoprogramticodoscursos.Maisdoqueisto,salienta-sea necessidadedeumaavaliaoconstanteparaverificarseospolosdeapoiopresencial eoscursossuperioresofertadosnamodalidadedeeducaoadistnciaatendem,de fato,osmesmospadresdequalidadedoscursosregulares. Parafinalizar,interessanteobservarmosaformacomoTelmaMariaCruz(2007) procurachamaratenoparaanecessidadedeumaavaliaocriteriosadoSistema UniversidadeAbertadoBrasil.Aseuver,aUABtemmuitosmritos,comooidealde expanso, a interiorizao e a incluso dos estratos sociais historicamente desfavorecidos.Todavia,apressaematingirpercentuaisquerepresentamumareduodesses nmeros,semaomenosaguardarosresultadosparciaisdosegressosdoProjetoPiloto,podecausartemor. Cruz(2007)enfatizaqueimportantequeasuniversidadesqueaderiramaoSistemaUniversidadeAbertadoBrasil,visandotambminjeoderecursoseatualizaodopolodecomunicaesemmdias,fiquematentasparaquenosearrependam

O sistema Universidade Aberta do Brasil: democratizao e interiorizao do ensino superior

31

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

deterinseridoseuhistricodequalidadeemumasituaonomnimodefragilidade, diantedosambiciososnmerosdeatendimento,pretendidosacurtoprazo,pelaSecretariadeEducaoaDistncia(SEED)doMinistriodaEducao(MEC). Nesseaspectoquereside,anossover,aimportnciadeestudosepesquisasque buscamanalisarapropostadecriaodoSistemaUniversidadeAbertadoBrasil,bem comoverificar,in loco, a forma como os cursos superiores esto sendo ofertados nos polosdeapoiopresencial.Oqueesperamosqueodesenvolvimentodeestudose pesquisaspossamindicarproposiesparaqueasdistoresobservadassejamrapidamentecorrigidase,ainda,queosaspectospositivosvenhamcontribuirparauma revisocriteriosadoscursoseprogramasofertadosnamodalidadedeeducaoadistncia. Maisdoqueisto,essencialqueoSistemaUniversidadeAbertaseconstitua,de fato,emumprogramagovernamentalquepossatersuaexistnciaeseufinanciamento garantidodeformapermanente,considerandoquemuitasvezesosprogramaspblicos institudos em um determinado momento so extintos, sem uma avaliao prvia, emfunodemudanasnaestruturadogovernofederal,estadualoumunicipal.

Referncias

BRASIL.Leino9.394/96,de20dedezembrode1996.LeideDiretrizeseBasesda EducaoNacional.Dirio Oficial da Unio,Braslia,DF,1996.Disponvelem: .Acessoem: 3fev.2001. BRASIL.MinistriodaEducao.Referenciais de qualidade para a Educao Superior a distncia. Braslia,DF:MEC,2007.Disponvelem:.Acessoem:6jul.2008. BRASIL.MinistriodaEducao.Decreto no 5.800/2006. Dispe sobre o sistema UniversidadeAbertadoBrasil.Braslia,DF:MEC,2006.Disponvelem:.Acessoem:9ago.2006. CHAVESFILHO,Hlio.AUniversidadeAbertadoBrasil:estratgiaparaaformao superiornamodalidadedeEAD.Revista Fonte,BeloHorizonte,n.6,p.85-91,jan./ jun.2007.32

COSTA,JosCelsoda.ModelosdeEducaosuperioradistnciaeaimplementao daUniversidadeAbertadoBrasil. Revista Brasileira de Informtica na Educao, Florianpolis,v.15,n.2,p.9-16,maio/ago.2007.Disponvelem:.Acessoem:12ago.2008. CRUZ,TelmaMaria.Universidade Aberta do Brasil: implementaeseprevises. 2007.Dissertao(Mestrado)-UniversidadedeBraslia,Brasilia,DF,2007. MOTA,Ronaldo;CHAVESFILHO,Hlio;CASSIANO,WebsterSpiguel.Universidade AbertadoBrasil:democratizaodoacessoeducaosuperiorpelaredepblicade educaoadistncia.In:BRASIL.MinistriodaEducao.Desafios da Educao a distncia na formao de professores. Braslia,DF:SEED/MEC,2006. ZUIN,AntonioA.S.EducaoadistnciaouEducaodistante?:oprograma UniversidadeAbertadoBrasil,otutoreoprofessorvirtual.Educ. Soc., Campinas, v.27,n.96,p.935-954,out.2006.Edioespecial.

O sistema Universidade Aberta do Brasil: democratizao e interiorizao do ensino superior

Proposta de Atividade1) Otextofazumaapresentaosistematizadaecontextualizadadoprogramadenominado UniversidadeAbertadoBrasil(UAB).Apartirdaleiturainicial,vocdeverrealizaruma pesquisanossitesdebuscadaInternet,emlivroseperidicosquetratamdessaquesto. Apresenteoresultadodesuapesquisaemumtextodescritivo/dissertativoemquevoc pode confirmar ou refutar a ideia de que a UAB pode contribuir para o processo de democratizaoeinteriorizaodoensinosuperiornoBrasil.

Anotaes

33

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

34

3

Os cursos superiores a distncia e o sistema de tutoriaJoo Batista Pereira

INTRODUO Nestecaptulo,procuramoselaborarumadiscussosobreoqueseesperadeum alunodoEnsinoSuperior.TambmserodiscutidasafunodoTutoreaatividadede tutorianaEducaoaDistncia(EAD).Julgamosessasdiscussesnecessrias,poispodero trazer informaes aos alunos do ensino superior sobre como melhor aproveitar essa etapa de sua formao educacional e, alm disso, por ser a EAD ainda recente, necessriotrazersubsdiosquepossamauxiliarosenvolvidosnessamodalidadede ensino. Entretanto, antes de adentrarmos ao objetivo deste, torna-se necessria uma breve anlise relativa ao funcionamento do sistema educacional brasileiro e do conceito de educao. A forma como se organiza o nosso sistema educacional tem sua matriz conceitual na Revoluo Francesa, no Relatrio Condorcet. Cabe salientar que Condorcet foinomeado,nofinaldosculoXVIII,PresidentedoComitdeInstruoPblicada AssembliaLegislativaFrancesa,eelaborouorelatrioquelevaseunome.Emborano aplicadonaquelemomento,poisaFranaseencontravaemguerraiminente,esserelatrioserviudebaseparaaimplantaodaEscolaPblicanaquelepasnosculoXIX. Condorcet,queviveuemummundoemtransformao,advogouemseurelatrio umaescolapblica,universal,nica,laica,gratuita,paraambosossexos,emtodosos seusnveis.Obem-estarcoletivoseriagarantidopelodesenvolvimentodaspotencialidadesdecadaum,independentedaclassesocialaquepertencesseoindivduo.Ao Estadocaberiaprovermeiosnocaso,aescolaparaqueessestalentospudessemse desenvolver.ConvmressaltarqueomodelopropostoporCondorceterapiramidal: nabaseasescolasprimrias,aseguirassecundrias,Institutos,LiceuseSociedadeNacionaldasCinciasedasArtes.Somenteoprimeironveldeensino(escolaprimria),35

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

naquelemomento,serialevadototalidadedoscidados.Auniversalizaodosoutros nveisiriamsedargradativamente,quandooEstadotivessecondiesparatanto. TambmcabedestacarqueaessnciadoRelatrioCondorcettransfereparaadesigualdadedetalentosasdesigualdadesdefortunas.escolacaberiaafunodetornariguaisosdiferentes.Ouseja,independentementedeclassesocial,oalunoteriaa oportunidadededesenvolverseustalentos.Essadiferenaseriaanicanatural,e aceitvelemumasociedadedemocrtica(BOTO,2003). Sefizermosumabrevereflexo,notaremosassemelhanasentreomodelopropostoporCondorceteobrasileiro.Emboracomalgumasdiferenasdenomenclaturaede nmerodenveis,nossosistemaeducacionaltambmtemumaestruturapiramidal,na qualoacessoaosnveisposterioresdeensinonotadamenteoensinosuperiorpblicoaindadefinidopelaquestodostalentos.Auniversalizaodosensinosmdio efundamentalpblicosseencontraemcursonoBrasil.Nocasodoensinosuperior pblico,onmerodecandidatossupera,emmuito,asvagasoferecidasnoscursos. Oexamevestibular,critriodeseleo,nadamaisdoqueaaferiodostalentos educacionaisdosalunosqueneleseinscrevem.Emborapossanosparecernatural,a metodologiadeacessoaoensinosuperiorpblicoexcludente,jquenoofereceo nmerodevagassuficientesparaatenderdemanda. Visandoexpansopblicadaeducaosuperior,considerandoosprocessosde democratizaoeacesso(BRASIL,2008a),noanode2006foicriadooSistemaUniversidade Aberta do Brasil (UAB). Esse programa do Ministrio de Educao j foi apresentadosucintamentenosegundocaptulodestelivro. Valelembrar,porm,quealmdaexpanso,osistemaUABvisainteriorizaoda ofertadecursosemnvelsuperior.Ousodenovastecnologias,comoaredemundial decomputadoreseacomunicaoporsatliteefibratica,permitequeasmaisdiversasregiesdopassejamatendidasporessamodalidadedeensino. Fazerusodessastecnologias,semqueasmesmassetornemofim,masomeiopelo qualoensinosuperiorpblicodequalidadechegueaparcelascadavezmaioresda populao,ograndedesafioquesecolocaparaaEAD. EDUCAO E ENSINO SUpERIOR JosCarlosLibneo(2001,p.3)apontaqueumdosfenmenosmaissignificativos dos processos sociais contemporneos a ampliao do conceito de educao e a diversificaodasatividadeseducativas[...]. EmboraLibneodividaaeducaoemformal,no-formal,einformal,outrosautoresefetuamessadivisoapenasemformaleno-formal(COSTA;MENEZESapudROSSI;RODRIGUES;NEVES,2005).Semquereraprofundaressadiscusso,adotaremosa

36

divisoefetuadaporCostaeMenezes(apudROSSI;RODRIGUES;NEVES,2005)para asdiscussesqueseseguem. Aeducaoumadasatividadesquemaiscaracterizaoserhumano.Desdeque nascemos, somos educados:Aprincpio,pelosnossospaisefamiliaresmaisprximos,posteriormente,pelos meios de comunicao de massas (rdio, televiso, jornais, revistas etc.), pelaspessoascomasquaisconvivemos,enfim,pelasociedade(apudROSSI; RODRIGUES;NEVES,2005,p.30).

Os cursos superiores a distncia e o sistema de tutoria

Osautoresemtelaclassificamessaformadeeducao,no-sistematizada,como informal. Quantoeducaoformal,:[...]aquelaqueocorrenombitodasinstituiesescolares,distinguindo-seda informalemrazodesuasistematizao.Ouseja,nasescolas,utiliza-seummtodo(pedaggico)paraatingirobjetivospreviamentetraados:executa-seum planodeestudosanteriormenteelaborado(apudROSSI;RODRIGUES;NEVES, 2005,p.30).

Apsessasconsideraes,necessrioqueentendamosoquesepretendecom aeducaoformalporque,sedesvelarmosparaqueseeduca,poderemosteruma noomelhordoqueseobjetivacomaeducaoe,porconseguinte,comoensino superior. DermevalSavianipostulaquetrabalhoeaeducaosoatividadesespecificamentehumanas.Ohomemeduca,eseeduca,desdeasuaorigeme,aomesmo tempo,necessitatransformaromeioemqueviveatravsdotrabalho,paraproduzir asuasubsistncia(SAVIANI,2007).Noquetangeeducaoformal,humadicotomia entre as finalidades educacionais: educa-se para o trabalho (homo faber), ouparaqueoindivduopossaentender(esuperar)omundoqueorodeia(homo sapiens)? Adivisoentreeducaoetrabalhodeu-secomaorigemdapropriedadeprivada, porquedessemomentoemdianteseriapossvelaosproprietriossobreviversem trabalhar.NaGrciaAntiga,porexemplo,iamparaaescolaaquelesquetinhamtempolivre,havendoadiferenciaoentreescolaetrabalhoesteltimoeraefetuado pelosescravos(SAVIANI,2007). Com o advento da Revoluo Industrial, a separao entre instruo e trabalho foipostaemquesto.Nesseponto,aescolaseaproximoudoprocessoprodutivo.A separao entre trabalho produtivo e intelectual, existente at ento, foi substituda porumensinovoltadosatividadesmanuais,emcontrapontoaumvoltadopara37

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

asprofissesintelectuais(SAVIANI,2007).Sobesseprisma,porumladooensino entendidocomoinstruoteriacomofinalidadeapreparaointelectual.Poroutro, anovaformadetrabalhooriundadamecanizaodaproduonecessitavaqueo trabalhadorconhecesseapenasrudimentoseducacionais.Ouseja,nosenegava a necessidade de escolarizao dos trabalhadores, porm, uma escolarizao mnima1. NoBrasil,aLeideDiretrizeseBasesdaEducaoLDB,Lein0 9394/96ao conceituar a educao, tambm define a sua finalidade:Art.1.Aeducaoabrangeosprocessosformativosquesedesenvolvem na vida familiar, na convivncia humana, no trabalho, nas instituies de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizaes da sociedade civilenasmanifestaesculturais. 1.EstaLeidisciplinaaeducaoescolar,quesedesenvolve,predominantemente,pormeiodoensino,eminstituiesprprias. 2.Aeducaoescolardevervincular-seaomundodotrabalhoeprticasocial(BRASIL,2008).

Notamos que a Lei em questo conceitua a educao como sendo formal e informal;equeaeducaoescolar(formal)deveestarligadaaomundodotrabalhoeprticasocial.Ouseja,oscontedosescolaresdevemestaremsintonia comastransformaesqueocorremnomundodotrabalhoe,aomesmotempo, permitirentendercomoasociedadefunciona,paraqueoalunopossaserumator social. Quandotratadaeducaosuperior,amesmaLeiesclarecesuasfinalidades:Art.43.Aeducaosuperiortemporfinalidade: I - estimular a criao cultural e o desenvolvimento do esprito cientfico e dopensamentoreflexivo; II - formar diplomados nas diferentes reas de conhecimento, aptos para a insero em setores profissionais e para a participao no desenvolvimento dasociedadebrasileira,ecolaborarnasuaformaocontnua; III-incentivarotrabalhodepesquisaeinvestigaocientfica,visandoo desenvolvimentodacinciaedatecnologiaedacriaoedifusodacultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em quevive; IV-promoveradivulgaodeconhecimentosculturais,cientficosetcnicosqueconstituempatrimniodahumanidadeecomunicarosaberatravs doensino,depublicaesoudeoutrasformasdecomunicao; V - suscitar o desejo permanente de aperfeioamento cultural e profissional

1 Adam Smith (1723-1790), fundador da Escola de Economia Liberal Clssica, discutiu a educao em sua mais conhecida obra (A riqueza das naes). Nessa, afirmou que a educao das pessoas comuns deveria contemplar apenas rudimentos educacionais (ler, escrever e contar). H, na obra em questo, uma concepo do que deveria ser a educao das pessoas comuns. Cf. Smith (1983).

38

epossibilitaracorrespondenteconcretizao,integrandoosconhecimentos que vo sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora doconhecimentodecadagerao; VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particularosnacionaiseregionais,prestarserviosespecializadoscomunidadeeestabelecercomestaumarelaodereciprocidade; VII-promoveraextenso,abertaparticipaodapopulao,visando difusodasconquistasebenefciosresultantesdacriaoculturaledapesquisacientficaetecnolgicageradasnainstituio(BRASIL,2008).

Os cursos superiores a distncia e o sistema de tutoria

AtravsdaleituradoartigosupracitadopossvelconstatarmosqueoLegislador,namedidaemquecontemplouaformaocientficaculturaleainserodos diplomados nas respectivas atividades profissionais, procurou suplantar a dicotomiaentreapreparaointelectualeparaotrabalho. Logo,segundoaLeiempauta,oqueseesperadeumalunograduadoemum cursosuperiorqueestetenhaumavisoampla,aomesmotempoemquedeve entenderasociedadeemqueviveeparaissodeveestarmuniciadodacrtica aosseusfundamentos(formaointelectual),tambmdeveestarpreparadopara sua insero profissional. Para tanto deve, ao longo do seu curso, entender os fundamentos tericos da rea em que vai atuar, e no apenas os rudimentos educacionais.Quantomaisconhecimentoentendidoaquicomoacumulaode sabereseinformaesemaiscapacidadecrtico-reflexivaumalunodoensino superioradquiriraolongodesuavidaacadmica,melhoreleser,tantocomo cidado,quantocomoprofissional. O AlUNO E O ENSINO SUpERIOR Sevocconversarcomalgumquejcursouoensinosuperior,eperguntar qualfoisuareaonoinciodocurso,provavelmenteouvirrelatoscomo:era tudodiferentedoquetinhavistoatento,ouentotivevontadedeabandonar ocursonoincio.Talreao,muitasvezes,podeocorrerpelafaltadeinformaes por parte do ingressante que, na maioria das vezes, vem de uma cultura escolarcolegial.Oensinosuperiordemandaoutrasatitudesporpartedoaluno. JoolvaroRuizalertaque:[...]muitacoisamudouemcomparaoquilocomque(oaluno)estavaacostumadoemseuscursosdeprimeiroesegundograus.Equemnosoubercompreender devidamente o esprito da nova situao para adaptar-se ativa e produtivamenteaelaperderapreciosaoportunidadedeintegrar-sedesdeoincio noritmodestanovaetapadeascensonosaber,quesechamavidauniversitria (RUIZ,2006,p.19).

Omesmoautorapresentaoqueseriamessasmudanas:noscursosmdioefunda39

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

mental,oalunotemquecumprirumhorriofixo;noensinosuperior,oalunoqueno chegaratempopodeassistirsaulasseguintes,epodeseausentar,casohajanecessidade,antesdeseutrmino.Noscursosmdioefundamentalhuniformes,oqueno ocorrenauniversidade.Nocolgiooalunoleva,diariamente,tarefas,oquetambm noocorrenoensinosuperior.Noscolgios,diretoresesupervisoresdoordense fiscalizam; na universidade os alunos recebem orientaes, podendo cumpri-las ou no,poissotratadoscomoadultos(RUIZ,2006). Poderamos,soboriscodoreducionismo,resumiroquefoidiscutidoporRuiz emapenasumapalavra:liberdade.Todavia,aessaliberdadequeoensinosuperior proporcionadevehaveradevidacorrespondncia,porpartedoaluno,daresponsabilidade.Emoutraspalavras,oalunodeveconstruirumaautodisciplinanaconduo deseusestudos. ValepontuarqueaobradeRuizfoielaboradavisandoaoalunodoensinopresencial. Destarte, os ensinamentos nela contidos servem, notadamente, aos alunos da EAD.Vejamosporqu. AEADtemespecificidades.Porserumamodalidadedeeducaonaqualnosefaz necessriooalunoestar,diariamente,emsaladeaula,cabeaesteprogramarosseus estudos.Ouseja,oalunodaEADtemmaisliberdadedoqueodopresencial.Noobstante essa liberdade, como j adiantamos, deve vir acompanhada da responsabilidade, daautodisciplina.Sugerimos,portanto,queseestabeleaumcronogramadeestudos, atravsdoqualsepossamvisualizarasatividadesquedevemserefetuadas,equando realiz-las. Noentanto,paraqueocronogramasejacumprido,necessrioqueseencontre tempoparaestudar.Paraqueseencontreotempo,necessriaareorganizaode nossasvidas.MaisumavezrecorremosaRuiz(2006,p.22),queenfatizaqueseprocurarmos,otempoaparece.Elembremosdequemeiahorapordiarepresentatrs horasemeiaporsemana,quinzehoraspormsecentoeoitentahorasporano. Outrosautoresdiscutemaquestodaorganizaodosestudos,especificamente paraosalunosdaEAD.MathiasGonzlez,emsuaobraFundamentos da Tutoria em Educao a Distncia,assinalaque,quantoquestotempo,deve-se:Incentivarosalunosparaquedistribuamotempodisponvelparasuasatividadesinstrucionais,reservandodeterminadohorrioparaler,estudar,pesquisar erealizarastarefasdocurso. Orientarosalunosausarastcnicasderesumoefichamentodomaterialaser estudado.[...]Planejarcomcadaalunoseuesquemadeestudo,orientando-o sobreotempoideal,ametodologiaeastcnicasmaisindicadasparaaprender (GONZALEZ,2005,p.48).

40

Ainda sobre os alunos da EAD, Pallof e Pratt2(2004)demonstramqueestesdeveriam:i)teracessoaumcomputadoreconexodealtavelocidadeesaberus-los;ii) teramenteabertaecapacidadedecompartilharexperinciaspessoais;iii)no sesentirprejudicadopelaausnciadesinaisauditivosouvisuaisnoprocesso decomunicao;iv)terautomotivaoeautodisciplina;v)dedicarquantidade significativadeseutemposemanalaseusestudosenoverocursocomoa maneiramaisleveefcildeobtercrditosdeumdiploma;vi)sabertrabalhar deformacooperativa;vii)tercapacidadedepensarcriticamente;viii)acreditar queaaprendizagemdealtaqualidadepodeaconteceremqualquerlugarea qualquertempo(apudARRIADA;LANZARINI,2008).

Os cursos superiores a distncia e o sistema de tutoria

Comonotamos,asorientaesdeGonzlez(2005)eArriadaeLanzarini(2008) paraoalunodaEADnodiferemdasdeRuiz(2006)paraodoensinopresencial. necessrioqueambostenhamumaorganizaodesuavidaacadmicaequereservem tempoparaosseusestudos. Achadoessetempo,devemosutiliz-loomaisracionalmentepossvel.Emcadadia, noshorriosencontradosparatal,deve-seterumcompromissoparaconsigomesmo: estudar.aconselhvelquesetenha,emcasa,umlocalagradvel,bemiluminado, silencioso,comumamesapararealizarosestudos.Casoissonosejapossvel,sugerimosautilizaodebibliotecasparatalfinalidade.Sabemosque,deincio,nofcil estabelecerarotinaoraproposta.Cabe,porconseguinte,perseverar. Aposturaqueseesperadeumalunodoensinosuperiorqueelesejaumsujeito ativonaconstruodeseuprprioconhecimento.Oaluno,nessenveldeensino, deveutilizaroprofessore,nocasodaEAD,ostutoresparasanardvidasque surgiremaolongodeseusestudos,receberorientaessobreleiturasaseremefetuadasenoparaouvir,passivamente,explicaes.Paratanto,necessrioestudar.Para estudar,necessrioseorganizareencontrartempoparatal. Afinal, devemos considerar que pelo sistema educacional (piramidal) brasileiro, aeducaosuperioroltimonvelregulardeestudos.Logo,apsaconclusodo curso,passamosdopatamaralunoparaodeprofissionaldareaemquenosgraduamos.Assim,saindodosensocomum,ograduadoteraresponsabilidadedeoferecer respostas aos problemas que lhes vo surgir. Portanto, sugerimos que aproveite ao mximoosanosquepassarnauniversidade. TUTOR E TUTORIA UmadascaractersticasdaEAD,comojapontamos,ano-obrigatoriedadedo

2 PALLOF, Rena; PRATT, Keith. O aluno virtual. Porto Alegre: Artes Mdicas, 2004.

41

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

aluno frequentar, diariamente, as aulas. Para que esse aluno possa ter um suporte paraodesenvolvimentodesuasatividades,aUABprevacriaodePolosdeApoio Presencial. QuantosatividadesqueoPolodevedesenvolver,oportaldeinformaesdaUAB na rede mundial de computadores esclarece:[...]oPloservecomorefernciaaosestudantes.Aquisooferecidascondies de acesso aos meios modernos de informao e comunicao bem como atendimentopedaggico,administrativoecognitivonecessrioaodesenvolvimentodoprocessoensino-aprendizagem.Emsntese,oPloobraooperacionaldaInstituiodeEnsinoSuperiornacidadedoestudanteoumaisprximadeleondeacontece(sic)osencontrospresenciais,oacompanhamentoe orientao para os estudos, as prticas laboratoriais e as avaliaes presenciais (BRASIL,2008b).

Como podemos observar, os polos so essenciais para o funcionamento da EAD, poisporestaremmaisprximosaosalunos,serooportoseguronoqualosmesmos encontrarooapoioquenecessitamduranteasuavidaacadmica.Paraatingirtalfinalidade,dispemdeumaequipe[...]compostapeloCoordenadordePlo,secretrio, tcnicoeminformtica,bibliotecrio,tutorpresencial[...](BRASIL,2008c). Quanto ao atendimento administrativo, o aluno ter nos polos o elo de contato comainstituioaeleconveniada.Tramitaodedocumentos(comoatestadosmdicos),encaminhamentodeAtividadesAcadmicasComplementares(AAC),solicitao dedocumentosjuntoinstituio(comohistricoescolar,porexemplo),entreoutros trmitesadministrativospoderoserencaminhadospelospolos. Quantoquestotecnolgica,ospolosdevemestarequipadoscomlaboratrios paraodesenvolvimentodosexperimentosprticosexistentesemalgunscursos(Fsica,Biologia,Qumica,entreoutros).Tambmhaverlaboratriosdeinformtica,nos quaisoalunoteraoportunidadedeacessarosAmbientesVirtuaisdeAprendizagem (Moodle,e-proinfo,Teleduc,dependendodaescolhadaInstituioconveniada),via Internetdebandalarga. Aindahasquestespedaggicas.ParaoatendimentoaoalunodaEAD,aUAB previuduasformasdetutoria:presencialeadistncia. Noentanto,antesdeadentrarmosaessadiscussonecessrioesclarecer:oque vemaserumtutor?MachadoeMachado(2004)explicitamque:AtutoriacomomtodonasceunosculoXVnauniversidade,ondefoiusada comoorientaodecarterreligiosoaosestudantes,comoobjetivodeinfundir afeacondutamoral.Posteriormente,nosculoXX,otutorassumiuopapel deorientadoreacompanhantedostrabalhosacadmicos,ecomestemesmo

42

sentidoqueincorporouaosatuaisprogramasdeeducaoadistncia(S3 apud MACHADO;MACHADO,2004).

Os cursos superiores a distncia e o sistema de tutoria

Eaindaque:Aidiadeguiaaqueaparececommaiorforanadefiniodatarefadotutor.Podemosdefinirtutorcomooguia,protetoroudefensordealgumem qualqueraspecto,enquantooprofessoralgumqueensinaqualquercoisa (LITWIN4apudMACHADO;MACHADO,2004).

Asmesmasautorasressaltamqueoconceitoacimadoqueseriaumtutorestavaligadoconcepo(jultrapassada)dequeensinareratransmitircontedos.Nessapoca:Naperspectivatradicionaldaeducaoadistncia,eracomumsustentaraidia dequeotutordirigia,orientava,apoiavaaaprendizagemdosalunos,masno ensinava.Assumiu-seanoodequeeramosmateriaisqueensinavameolugar dotutorpassouaserodeumacompanhantefuncionalparaosistema.O lugardoensinoassimdefinidoficavaacargodosmateriais,pacotesauto-suficientessequenciadosepautados,quefinalizavacomumaavaliaosemelhante emsuaconcepodeensino(LITWIN5apudMACHADO;MACHADO,2004).

NaatualfasedaEAD,Gonzlesafirma:[...]opapeldotutorextrapolaoslimitesconceituais,impostosnasuanomenclatura,jqueele,emsuamissoprecpua,educadorcomoosdemaisenvolvidosnoprocessodegesto,acompanhamentoeavaliaodosprogramas. Otutortnuefiodeligaoentreosextremosdosistemainstituio-aluno (GONZALEZ,2005,p.80).

Moraescorroboracomessanovavisodoqueseriaumtutor:Otermotutoriautilizadolargamentenabibliografiadeeducaoadistncia referindo-seaosujeitoqueatuanamediaodoprocessoensino-aprendizagem (MORAES6apudARRIADA;LANZARINI,2008).

Comopodemosconstatar,atualmentehouveumaressignificaodopapeldotutor:avisoquedelesetemadeumeducador,enoapenasdeumguia. JulgamosrelevanteapresentarumareflexoelaboradaporReginaBarrosLeal:Nanossaconcepo,aindapreliminarporquantonoseterumaexperincia

3 S, Iranita M. A. Educao a distncia: processo contnuo de incluso social. Fortaleza: C.E.C., 1998. 4 LITWIN, Edith (Org). Educao a distncia: temas para debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre, Artmed, 2001. 5 Idem. Ibidem. 6 MORAES, Marialice. A monitoria como servio de apoio ao aluno na educao a distncia. 2004. 223 f. Tese (Doutorado)-Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianpolis, 2004.

43

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

consolidada em EAD, compreendemos o papel do Tutor enquanto uma categoriaacadmica,baseadanocompromissocomaformaodealunosque pensemesejamcapazesdediscutireelaborarconhecimento.UmTutoreducador,quetenhapercorridoumcaminhoqueoleveaopensarlivre,descarnadodepreceitostecnolgicosqueobtusamasmentescriativas.UmTutorque compreendaopapeldauniversidade,numcontextoadistncia,comolocus dodebate,dacriao,quesepermitadesconstruirereconstruirsignificados nasuaaoformativaenaconstruodosabercientfico.Umtutor/educador capazdeseindignarcomavulgaridadedepropostasalienantes;capazdeelaborarumcontra-discursoideolgico;quesobretudo,sejaabertomudanas, aos novos paradigmas tecnolgicos. Enfim, um profissional com condies deaprenderaaprendercomcompetnciaparafazerdaeducaoadistncia, um espao de virtualidade criativa, potica, formativa e comprometidos com a formaodealunoscrticosesujeitospensantes(LEAL,2005,p.1-2).

Parafinalizaradiscussodestetpico,necessriorememorarmosoqueseespera deumalunoquetenhacursadooensinosuperior:quetenhaautonomiaecapacidadecrtica-reflexiva.Talconstataosefazimprescindvelporqueotutorquefara mediaopedaggicacomessealuno.Paratanto,cabeaesteproporcionaraosalunos o desenvolvimento de sua autonomia, de serem sujeitos pensantes, de poderem ler o mundoeasimesmoscomoprodutosdasociedadenaqualestinseridoocursoem queestosegraduando.Dessamaneira,otutorestarcolaborandoparaqueaEAD alcanceosobjetivoseducacionaisesperadosnoensinosuperior. Por ser a EAD uma modalidade de ensino recente em nosso pas, no h ainda atribuiesconsolidadasparaasdiferentesmodalidadesdetutoria. OsistemaUABdesignaafunodotutorpresencialdaseguinteforma:orientador acadmicocomformaosuperioradequadaqueresponsvelpeloatendimentodos estudantesnoPolo,acompanhandoeorientando-osemtodasasatividadesqueenvolvemoprocessoensino-aprendizagem(BRASIL,2008d). E o tutor a distncia como: orientador acadmico com formao superior adequada que responsvel pelo atendimento pedaggico aos estudantes atravs dos meiostecnolgicosdecomunicao(e-mail,fruns,teleconferncias,telefone,etc.) (BRASIL,2008d). Observamosqueambossodesignadoscomoorientadoresacadmicos,sendoque adiferenaestabelecidaadequeotutorpresencialatendeaosalunosnopolo,enquantoqueoadistnciarealizaesseatendimentoviameiostecnolgicos. O Tutor presencial Paraquepossamosdelinearquaisasatividadescabemaotutorpresenciala discussosobreotutoradistnciaocorreraseguirprecisoquerelembremos, sucintamente, a discusso efetuada anteriormente. Atualmente, o tutor detm a

44

funodeeducador,enomaisdeguia.Comotal,necessitaatendersnecessidadesdoaluno. Sobreessasnecessidades,ArriadaeLanzariniexpem:ConformeapontamRenaePalloff,oalunoadistnciaprecisa,emessncia,de todososserviosquesooferecidosaoalunopresencial.Contudo,deve-se prestarespecialatenoaoutrasnecessidadesequestescriadaspelotrabalhoadistncia,taiscomoasensaodeisolamentoeproblemaspotenciaisno acessoaosrecursos(apudARRIADA;LANZARINI,2008,p.82).

Os cursos superiores a distncia e o sistema de tutoria

AafirmaodequeoalunodaEADtemasmesmasnecessidadesdaqueledoensino presencial nos permite inferir, partindo da prtica docente em sala de aula e da experinciaacumuladadoNcleodeEducaoaDistnciadaUniversidadeEstadual deMaring,quaispoderiamserasatribuiesdotutorpresencial. Por estar em contato direto com os alunos, o tutor presencial deve, tambm, se ater srelaeshumanas,como: a) Fomentar uma relao pautada em valores humanos: o tutor deve nortear suasaesporvalorescomorespeitodiversidadehumana.Nenhumserhumanoigualaoutro,ecabeaotutorproporcionarcondiesparaquehaja umambientecordialentreosseusalunosevitando,assim,queatitudescomo preconceitoeintolernciaafloremnogrupo. b) Proporcionar coeso ao grupo: naEAD,ogrupodealunosqueotutoratendepodesercomparadoaosdeumasaladeauladoensinopresencial.Otutor presencial deve procurar estimular que seus alunos se conheam; que troquemtelefoneseendereoseletrnicosparaquepossamsecomunicar.Enfim, quetenhamumsentimentodepertencimentoaumgrupoquetemobjetivos claramentedefinidos.AlmdeamenizarasensaodeisolamentoqueumalunodaEADpodesentir,podehaveratividadesduranteocursoquenecessitem serdesenvolvidasemequipes. c) Estimular aos alunos: asdificuldadesdocotidiano,osproblemasqueaparecemnavidadecadaumpodemlevaraoalunoaficardesmotivado.Essefato pode,emsituaesextremadas,geraraevasodocursoe,porconseguinte, prejudicaroaluno.Otutorpresencialdeveser,antesdetudo,umbomouvinte. svezes,algunsminutosdeatenoaalgumqueestcomproblemaspode significarmuitoaesse. Quantosquestespedaggicas: a) Conhecer o projeto de curso: nesse projeto, se encontram explicitadas importantesinformaes,como:osobjetivosdocurso,alinhapedaggicaseguida,as45

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

b)

c)

d)

e)

f)

ementasdasdisciplinasqueoalunocursar,operfildesejadodoegresso,entre outros.Entendemosqueessasinformaessonecessriasaostutores,porque auxiliamtantoporsabermaissobreocursoemquetrabalhaquantoparasanar eventuaisdvidasqueosalunospossamter. Auxiliar aos alunos na organizao de seus estudos: como j discutimos, necessrioqueoalunodoensinosuperiorreorganizesuavidaparaencontrar tempoparaseusestudos.Sugerimosquenoinciodocursosejatrabalhadaessa questo,poisassimoalunopoderaproveitarmelhorasuavidaacadmica. Conhecimento e domnio do contedo que ser trabalhado: de suma importnciaqueotutorconheatodoomaterial(impressoeemmeiodigital, comovdeo-aulas),eoscontedosqueserodiscutidosna(s)disciplina(s)em que atuar antes do incio das aulas. Dessa maneira, podero ser detectadas possveis dificuldades em algum ponto que ser trabalhado, e haver tempo parasan-las. Realizar a mediao pedaggica com os alunos: no podemos deixar de teremmentequeoalunoquecursaoensinosuperiornecessitadesenvolvera capacidadedeproduziroseuprprioconhecimento.Logo,cabeaotutorsanar dvidasquantoaoscontedosquepossamsurgir.Todavia,maisdoquealgum queensina,otutordeveorientareindicarleituraseauxiliarosalunosnareflexosobreaquiloqueestudaram. Acessar, periodicamente, o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA): o AVAumaferramentaquefacilitaainteraocomoalunodaEAD.necessrio, portanto,queotutorcrieumarotinadeacessoaomesmo,eatendassolicitaesdosalunosalipostadas. Aplicar e corrigir provas e atividades dos alunos: geralmenteotutorpresencial o responsvel pela aplicao das provas aos alunos, sob superviso dos docentesdaIES.Emdiaspr-agendados,estesdirigem-seaopolopararealizar essaatividade.Depossedeumroteirodecorreoelaboradopeloprofessorda disciplina, o tutor presencial faz a correo desse material e envia as notas para aSecretariadoCurso.Tambmotutorpresencial,normalmente,oresponsvelpelacorreodetrabalhosentreguesnospolos.

O Tutor a Distncia A literatura consultada para a elaborao deste captulo no tem delineada a diferenaentreasatividadesdotutorpresencialeadotutoradistncia.Entendemosque asatividadesjdescritasparaoprimeirodevem,tambm,seratribudasaosegundo. Entretanto,comojsalientamos,adiferenaqueosistemaUABapontaentreo46

tutorpresencialeoadistncia omeioutilizadoparaatenderosalunos.Anossover, casoesseaspectonosejadevidamentecompreendido,podehavercertaconfuso acercadasatividadesdecadaum. Comootutorqueatuanospolostemaoportunidadedeencontrospresenciais comosalunos,entendemosqueficamaisfacilitadooestabelecimentodevnculos. Poressarazoarrolamos,naseoanterior,atividadesrelativasconvivnciahumana comoatribuiodotutorpresencial. Noqueremospostularcomissoqueotutoradistncianodevaseateraessasrelaes,masquemaisdifcilestabeleceressesvnculosatravsdemeiostecnolgicos. Atrocademensagensviacorreioeletrnico,asparticipaesemsalasdediscusses,as postagensemfruns,almdeseremescritas,ficamdocumentadas,oquepodegerar certoformalismodeambasaspartes.Essacaractersticapodeprejudicaracriaode vnculosmaisprximosentreosalunoseotutoradistncia. H, tambm, outro fator a ser levado em conta. Geralmente o tutor a distncia encontra-selotadonasededainstituioresponsvelpelocurso.Logo,temacesso bibliotecadamesma,bemcomoaoprofessorresponsvelpeladisciplinanaqual trabalha.Dessamaneira,ficamaisfacilitadoaotutoradistnciasanarasdvidasdos alunosnoquetangeaoscontedos. SugerimosqueoscoordenadoreslevememcontaessesfatoresquandodadiscussodoprojetoeimplantaodecursosnamodalidadeEAD.Dessamaneira,podero definircomclarezaasatribuiesdecadamododetutoria,permitindoqueostrabalhosdeambosostutoressecomplementem. CONSIDERAES FINAIS Quando recebemos o convite para a elaborao deste captulo, dois sentimentos afloraram:odesatisfao,porpoderlevaraumpblicomaiorumpoucosobreas questes que temos discutido e vivenciado, e o receio pela discusso sobre a EAD aindaestaremseunascedouro. Quando pensamos como se organizaria a discusso aqui contida, no pudemos deixardetentarproporcionarumavisoholsticadoprocessoeducacional.Emnossoentendimento,discutiraEADpelaEADseriaumaformadereducionismo.Essa apenasumamodalidadedeensinoque,porsuavez,fazpartedoSistemaNacionalde Ensino.Sendoassim,elaboramosumabrevediscussorelativaorigemdosistema educacionalbrasileiro,cujabaseconceitualremontaaorelatrioCondorcet.Asprincipaiscaractersticasdosistemadeensinocontidasnesserelatriosoasdeserpiramidalecujoacessoaosnveisposterioresssedariamquelesquetivessemtalentos. OSistemaEducacionalBrasileirofortementeinfluenciadoporesserelatrio.

Os cursos superiores a distncia e o sistema de tutoria

47

INTRODUO EDUCAO A DISTNCIA

TaldiscussofoiaquiinseridaparaquepossamoscompreenderqueoGoverno Federal,atravsdaexpansodoensinosuperiorpbliconasmodalidadespresenciaiseadistnciatemprocuradominimizaressalgicaexcludentedeacessoaesse nveldeensino. Emseguida,conceituamosaeducaocomoformaleinformal.Esseentendimentosefaznecessrio,poisofenmenoeducacionalnoocorresomentenasalade aula. Cada sociedade, historicamente, tem buscado formar o homem demandado pelamesma.Paratanto,asdiferentesinstituiessociais(famlia,sociedadeetc.)colaboramnesseprocesso.Paraesclarecermaisacercadatrajetriahistricadaeducao,utilizamosumartigodoProfessorDermevalSaviani.Taldiscussofoiarrolada aquiporquejulgamosnecessrioentenderessatrajetria.Assim,poderemosteruma maiorclarezadecomoocorreuaseparaoentreeducaoentendidacomoinstruoeeducaocomopreparaoparaotrabalho.Salientamosque,dentrodos limites deste captulo, no foi possvel elaborar uma discusso referente ao processo histricodaeducaobrasileira.Somentediscutimosalgunsconceitoscontidosna recenteLDB. ALeideDiretrizeseBasesdaEducaoLeino9394/96tentourompercoma dicotomia educao para a instruo versus educao para o trabalho, apontada no mencionadotrabalhodoProfessorSaviani. Asdiscussesataquiapontadasobjetivavamqueentendssemosoqueseespera deumalunoquecurseoensinosuperior:quesejaumsujeitoativonaconstruode seuprprioconhecimento,equepossuaumacapacidadecrtico-reflexiva.Paraisso, deverdesenvolverosentimentodeautonomiacomrelaoaoprofessore/oututor, bemcomofomentaraautodisciplina.Algumasorientaesnosentidodeorganizao dosestudosporpartedosalunostambmforamsugeridas. Emseguida,discutimosasquestesenvolvendootutoreaatividadedetutoria. Foi possvel concluirmos que o tutor, atualmente, considerado um educador, e nomaisumguia.Talconstataoestrelacionadaaoconceitodoqueseespera doalunodoensinosuperior.Comoatingiraautonomiaseoalunoaceita,passivamente,asexplicaesdeouvido?Logo,otutorseraquelequeacompanhar,que indicarleituras,quefaramediaopedaggicacomoaluno,emumarelaode dilogo,paraqueoalunoconsigaentenderenoapenasdecoraroscontedos trabalhados. Queremossalientaroqueparecebvio:oalunodaEADcursaoensinosuperior. Comotal,receberumdiplomaquenadadiferedosalunosdopresencial.Assim,o queseesperaquenohajadiferenasentreosegressosdaEADeosquecursaram seusestudospresencialmente.

48

Finalmente, arrolamos as atividades que caberiam aos tutores (presenciais e a distncia).Indicamosasatividadesqueacreditamosqueotutorpresencialpodedesenvolver.Entretanto,porestarmaisprximodoaluno,julgamosqueotutordevese atermaissrelaescomosalunos. Entendemosqueotutoradistncia,quepodeestarprximodabibliotecadaIES edoprofessordadisciplina,preferencialmentedeveseatersatividadesdecontedo,semperderdevistaasoutrasaquidescritas. Sabemosqueadelimitaosobreasatribuiesdostutorespodeserumaousadia. Mas,parafraseandoFernandoPessoa,ousarpreciso.Emummomentoemquea EADestseconsolidandoeexpandindonecessriofazeradiscussoavanar. Esperamosteralcanadoonossoobjetivo.

Os cursos superiores a distncia e o sistema de tutoria

Referncias

ARRIADA,MnicaCarapeos;LANZARINI,JoiceNunes.Gesto da seleo de tutores:desafiosesolues.SantaCruzdoSul: UniversidadedeSantaCruzdoSul, [2008].Disponvelem:.Acessoem:6jul.2008. BOTO,Carlota.NaRevoluoFrancesa,osprincpiosdemocrticosdaescolapblica, laicaegratuita:orelatriodeCondorcet.Educao e Sociedade, Campinas,SP,v. 24,n.84,p.735-762,set.2003. Disponvelem:.Acesso em: 8 jan.