19
1 IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas ST7 - Gênero, reestruturação e precarização das relações de trabalho Análise de gênero e precarização do trabalho nas indústrias têxteis e de confecção: um estado da arte (1990 - 2011) Autora: Coimbra, Melissa Gabriela 1 Coautor: Coimbra, Eric Araújo Dias 2 1 Cientista Social formada pela UFSC, especialista em Educação Sociedade e Cultura pela Fundação Universidade Regional de Blumenau FURB e Mestranda em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. 2 Graduado e mestre em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC, graduado em Relações Internacionais pela UNIVALI, especialista em Políticas Públicas pela Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC e doutorando em Sociologia Política pela UFSC.

IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo ...¡lise... · IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas ST7 - Gênero,

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo ...¡lise... · IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas ST7 - Gênero,

1

IV Seminário de Trabalho e Gênero

Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas

ST7 - Gênero, reestruturação e precarização das relações de trabalho

Análise de gênero e precarização do trabalho nas indústrias têxteis e de confecção: um

estado da arte (1990 - 2011)

Autora: Coimbra, Melissa Gabriela 1

Coautor: Coimbra, Eric Araújo Dias 2

1 Cientista Social formada pela UFSC, especialista em Educação Sociedade e Cultura pela Fundação

Universidade Regional de Blumenau – FURB e Mestranda em Sociologia Política pela Universidade Federal de

Santa Catarina - UFSC. 2 Graduado e mestre em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, graduado em Relações

Internacionais pela UNIVALI, especialista em Políticas Públicas pela Universidade do Estado de Santa Catarina

- UDESC e doutorando em Sociologia Política pela UFSC.

Page 2: IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo ...¡lise... · IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas ST7 - Gênero,

2

Análise de gênero e precarização do trabalho nas indústrias têxteis e de confecção: um

estado da arte (1990 - 2011)

“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”

(Simone de Beauvoir)

Resumo

Este artigo analisa 27 trabalhos acadêmicos (dentre dissertações, teses e artigos) que enfocam

a reestruturação produtiva e a precarização do trabalho feminino nas indústrias têxteis e de

confecção no Brasil. O levantamento realizado para a elaboração deste artigo contou com os

bancos de dados da Capes e de revistas eletrônicas no Brasil, entre os anos de 1990 e 2011.

Verificamos através das pesquisas, que a força de trabalho massiva encontrada nas indústrias

têxteis-confeccionistas é predominantemente de mulheres. As mudanças na economia global,

como o processo de financeirização da economia junto com as reformas neoliberais, afetam o

mundo do trabalho, acarretando no processo de reestruturação produtiva. As pesquisas

permitem explicar que, com a intensificação da flexibilização no processo produtivo, ocorreu

o crescimento das terceirizações de mão-de-obra, demandadas pelas indústrias do segmento

têxtil-confeccionista, assim como o aumento do trabalho informal (a domicílio). Verifica-se

também que os salários pagos às trabalhadoras internas (que atuam nas fábricas) são

inferiores aos salários pagos aos homens. O estudo referente à precarização do trabalho na

indústria têxtil-vestuarista, associado à questão de gênero, ganha maior contundência no

momento em que o trabalho feminino constitui-se na “espinha dorsal” da força de trabalho

global.

Palavras-chave: gênero, precarização do trabalho; estado da arte.

1. Introdução

Elaboramos esta pesquisa na forma de “estado da arte”, enfocando a questão de gênero

e a precarização do trabalho nas indústrias têxteis e de confecção. Consideramos este tema

relevante, não apenas para as ciências humanas em geral, mas também para outras áreas do

conhecimento, como a saúde e as ciências sociais aplicadas. Verificamos que inúmeras

pesquisas com esta temática estão sendo realizadas nas universidades brasileiras,

especialmente a partir da década de 1990.

Escolhemos o marco histórico dos anos 1990 por esta ser uma década caracterizada

pelos impactos das políticas internacionais de cunho neoliberal que afetaram o mundo do

trabalho nos países da América Latina, além de outras regiões do globo, acarretando o

processo de reestruturação produtiva. Veremos no decorrer deste artigo, que no Brasil, tais

mudanças de cunho estrutural impactaram de forma torrencial as indústrias do polo têxtil-

vestuarista.

O principal objetivo deste artigo é conhecer o debate acumulado da produção discente

e de artigos científicos elaborados no Brasil sobre a temática em questão, principalmente entre

os anos de 1990 e 2011. Para isso, foi feito um levantamento que contou com os bancos de

dados da base Capes de teses e dissertações e da Electronic Library Online – Scielo, os

principais periódicos científicos no Brasil. As palavras-chave que foram utilizadas para

Page 3: IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo ...¡lise... · IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas ST7 - Gênero,

3

localizar as pesquisas foram: gênero e trabalho; indústria têxtil-vestuarista e trabalho

feminino.

Para atingir a meta da proposta deste artigo, foram estudados 27 trabalhos acadêmicos,

entre dissertações, teses e artigos, de variadas áreas do conhecimento, que priorizam a

temática da precarização do trabalho e problematizam empírica e teoricamente a questão de

gênero e a divisão sexual do trabalho nas indústrias têxteis e de confecção no Brasil. As

metodologias aplicadas nestas pesquisas são de predominância qualitativa, como estudos de

caso, histórias de vida, narrativas e etnografias, com aplicação de entrevistas estruturadas e

semiestruturadas; algumas pesquisas trazem resultados de ordem quantitativa obtidas pelo

RAIS, IBGE, OIT e outros órgãos oficiais.

2. Os impactos da reestruturação produtiva nas indústrias têxteis-confeccionistas

Verificamos neste item de que modo à reestruturação produtiva se faz presente nas

análises das pesquisas científicas escolhidas para a elaboração deste trabalho. Nossa intenção

não é detalhar como ocorre este processo, nem analisá-lo de forma aprofundada, pois seria

preciso um trabalho a parte, mas entender que o processo de reestruturação produtiva decorre

das mudanças estruturais na área política e econômica no plano nacional e internacional e que

impacta substancialmente as relações trabalhistas em geral, inclusive no setor têxtil-

vestuarista.

Estudos realizados de âmbito macrossociológico consideram que as grandes

transformações do mundo do trabalho, ocorridas nos países de capitalismo avançado,

repercutiram nas formas de organização da estrutura produtiva e nas esferas de representação

sindical e política no final dos anos 1970, e em particular, nos anos de 1980. Essas

transformações do capitalismo aconteceram com maior intensidade no Brasil, a partir dos

anos 1990, com o início das políticas definidas pelo Consenso de Washington, desencadeando

processos de desregulamentações em diferentes esferas do mundo do trabalho (ANTUNES,

2006).

A subcontratação tem sido uma das características desse processo. Segundo Araújo e

Amorim (2001), as empresas, em busca de maior flexibilidade produtiva e mudanças nas

relações trabalhistas, têm constantemente feito uso das estratégias de subcontratação e do

aumento crescente do trabalho a domicílio. Para as autoras, o crescimento explosivo de

pequenas e micro empresas faz parte de um processo mundial de informalização e produção

descentralizada, característicos da reestruturação produtiva. A redução dos custos com a

produção e a crescente competitividade entre as empresas são fatores que ajudam a explicar o

componente da flexibilização na produção e nas relações trabalhistas. No entanto, outras

questões de ordem política são importantes para o entendimento deste processo, como a

necessidade de rever as práticas trabalhistas e reduzir o poder dos sindicatos.

A terceirização surge como uma forma mais atual de subcontratação, que se

caracteriza pela transferência para outra parte (pessoa ou empresa contratada) de serviços ou

atividades que antes eram desenvolvidos pela empresa contratante, em suas próprias

instalações. Os contratos, em alguns casos, admitem que a produção ocorra no interior da

Page 4: IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo ...¡lise... · IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas ST7 - Gênero,

4

empresa contratante, mas sem que a terceira parte (seja empresa ou trabalhadores autônomos)

se insira nas condições contratuais e regimentais dos trabalhadores da empresa contratante. 3

Araújo e Amorim (2001) diferenciam subcontratação parcial, em que a empresa

contratante oferece matérias-primas e/ou produtos semimanufaturados necessários à

produção, de subcontratação completa, em que a empresa contratante transfere à

subcontratada a completa fabricação do produto. A subcontratação assimétrica ocorre entre

grandes e pequenas empresas e envolve relações de poder e subordinação desiguais. Já a

subcontratação equivalente ocorre entre empresas de portes semelhantes em que as relações

de poder entre elas também são semelhantes. As autoras enfatizam que no Brasil, existem dois

tipos de terceirização, sendo que um deles está associado à melhoria da qualidade, da

produtividade e da competitividade, na medida em que as tecnologias são transferidas para as

empresas subcontratadas. Já o outro tipo, que tem se expandido de forma generalizada, tem

como objetivo central a redução de custos, transferindo às subcontratadas os gastos e os riscos

da produção e os custos da mão de obra.

Empregada na maioria dos casos como expediente de redução de custos, a

terceirização tem imposto aos trabalhadores relações de empregos instáveis, redução

de salários e benefícios e condições de trabalho degradadas, que tem como

consequência o aumento dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais. Além

disto, ela tem levado ao desalojamento de uma parcela dos/as trabalhadores/as para a

economia informal, submetendo-os/as a condições precárias de trabalho e excluindo-

os/as dos benefícios assegurados por lei e da representação sindical. (ARAÚJO E

AMORIM, 2001, p. 275)

A reestruturação produtiva causou uma reorganização sócioespacial da produção,

levando ao processo de desterritorialização da produção e uma redefinição da divisão

internacional do trabalho e do próprio capital.4 O setor têxtil e de calçados exemplificam tais

tendências, sobretudo no que diz respeito às redefinições da divisão sexual do trabalho. Com

o advento das mudanças em curso, o modelo fordista-taylorista de produção não é o único no

universo do trabalho. Esse modelo cedeu lugar ou mesclou-se com o Toyotismo, também

conhecido como modelo japonês. No lugar da produção em série difundida no modelo

fordista de produção, o toyotismo diferencia-se pela flexibilização da produção; são

experenciadas novas formas de gestão da força de trabalho, que incluem o trabalho

polivalente e o trabalho em equipe. Os CCQS (círculos de controle de qualidade) são práticas

adotadas não apenas no Japão, mas em inúmeros países de capitalismo avançado e em países

periféricos industrializados.

A pesquisa realizada por Jinkings e Amorim (2006, p. 346), sobre a reestruturação

produtiva das indústrias do setor têxtil de fiação e tecelagem de Santa Catarina, constata que

houve uma inserção geral de novas formas de tecnologia, que levaram a significativas

mudanças nas etapas e na organização do sistema produtivo. A automatização do processo

produtivo têxtil ocorreu nas seguintes linhas de produção: a) na malharia, a partir dos teares

circulares automáticos computadorizados, b) no corte de malhas, com as máquinas de

estender e amontoar o tecido para o corte em uma máquina automatizada, c) nas tecelagens de

tecidos lisos, em que são usados teares a jato de ar com componentes microeletrônicos, d) o

sistema CAD/CAM, presente no setor de estilismo, sendo direcionado para a máquina de

corte (por meio desses sistemas também se faz o bordado). A confecção, que corresponde à

3 Ibid, 2001, p.273-274.

4 Ibid, 2006

Page 5: IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo ...¡lise... · IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas ST7 - Gênero,

5

última fase do processo produtivo têxtil, é a atividade menos automatizada desse processo, o

que demanda nesta etapa mais força de trabalho.

Nota-se que determinadas etapas do processo produtivo são mais influenciadas pelo

toyotismo, caracterizadas pela utilização de novas tecnologias e pouca mão de obra,

necessitando menor número de trabalhadoras no processo de produção, já que as máquinas de

tecnologia de ponta substituem o trabalho humano. Por outro lado, outras etapas ainda estão

inseridas na lógica do fordismo, necessitando um amplo número de trabalhadoras para

executarem trabalhos repetitivos. O setor da confecção é um dos mais vinculados à lógica

fordista, pois é um setor pouco automatizado, demandando maior número de trabalhadoras.

A indústria de confecção, por ser um ramo industrial baseado no uso intensivo de

mão de obra, cuja produção se desenvolveu com poucas inovações técnicas,

limitadas à máquina de costura industrial e ao trabalho manual, caracterizou-se

desde seus primórdios pelo uso contínuo de diversas formas de trabalho

subcontratado, principalmente do trabalho a domicílio. (ARAÚJO E AMORIM,

2001, p. 270).

Cabe observar que a costura é uma das principais etapas do processo de produção e o

baixo custo desta mão de obra é um dos fatores de maior importância estratégica das

empresas, pois permite situar a sua localização industrial, assim como a subcontratação e a

terceirização de pessoal. A indústria direciona recurso de transferência de atividades para

outras unidades de produção, sobretudo para trabalhadores no domicílio (LINS, 2000).

Conforme Neves e Pedrosa (2007) a informalidade (que envolve o trabalho a domicílio) é útil

no processo de reestruturação produtiva e se expande cada vez mais (existência de facções e

terceirizações no setor têxtil-vestuarista). As autoras explicam que tais tendências da

informalidade são coerentes com sistema de produção capitalista, porque são pautadas na

precarização e na flexibilização do trabalho feminino. Cabe lembrar que hoje, na cadeia têxtil-

vestuarista brasileira, grande parte das indústrias utilizam-se das duas atividades, as formais e

informais, elas coexistem, porque muitas indústrias terceirizam alguma parte do seu processo

de produção.

Concluímos analisando como os processos de financeirização da economia junto com

as reformas neoliberais afetaram o mundo do trabalho, acarretando no processo de

reestruturação produtiva. Nas palavras de Neves e Pedrosa, em seu artigo “Gênero,

flexibilidade e precarização: o trabalho a domicílio na indústria de confecções” (2007, p.11),

esses processos de mudança “reconfiguraram as relações de gênero no trabalho”. As pesquisas

permitem explicar que com a intensificação da flexibilização no processo produtivo ocorreu o

crescimento das terceirizações de mão-de-obra, demandadas pelas indústrias do segmento

têxtil-confeccionista, assim como o aumento do trabalho informal (a domicílio) realizado,

muitas vezes, por famílias inteiras. Os salários pagos às trabalhadoras internas (que atuam nas

fábricas) tendem a serem inferiores em relação aos salários pagos aos homens.

3. A Questão de Gênero e a Divisão Sexual do Trabalho

Algumas pesquisas têm como foco especificamente os impactos da reestruturação

produtiva para os trabalhadores, assim como os efeitos sobre a qualificação e os processos de

desqualificação do trabalho, sem problematizar teoricamente as questões de gênero e da

divisão sexual do trabalho. No entanto, a questão de gênero, ainda que não seja o foco central

em todas as pesquisas, está implícita em todos os trabalhos acadêmicos pesquisados, pois o

Page 6: IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo ...¡lise... · IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas ST7 - Gênero,

6

campo permite constatar que a força de trabalho massiva, encontrada nas indústrias têxteis-

confeccionistas no Brasil, é predominantemente de mulheres. Conforme Hirata (1998),

(...) as repercussões da especialização flexível e dos novos modelos de organização e

desenvolvimento industriais não são as mesmas quando se consideram os pontos de

vista dos homens e das mulheres. Da mesma maneira os impactos das

reestruturações produtivas sobre a qualificação – ou sobre a formação profissional –

não tem a mesma extensão, a mesma significação e nem o mesmo alcance segundo

se trate de trabalhadores homens ou mulheres. (HIRATA, 1998, p. 6)

Segundo Hirata e Kergoat (2007), a divisão sexual do trabalho é modulada histórica e

socialmente, tendo como característica a relação do homem com a esfera produtiva, e a das

mulheres, com a esfera reprodutiva. Consequentemente, os homens têm se apropriado de

funções consideradas de maior valor social (como a dos políticos, religiosos, militares, etc.).

Para Hirata e Kergoat, esta divisão social baseia-se no princípio da separação (trabalho de

homem x trabalho de mulher) e no princípio da hierarquização (trabalho de homem vale mais

que trabalho de mulher). Estes princípios correspondem à ideologia naturalista, que rebaixa o

gênero ao sexo biológico. Kergoat (1996) considera as relações sociais de sexo e a divisão

social do trabalho como dados indissociáveis que formam um único sistema.

Relações sociais de sexo e divisão sexual do trabalho são duas proposições

indissociáveis que formam um sistema. A reflexão em termos de relações sociais de

sexo é, ao mesmo tempo, anterior e posterior à reflexão em termos de divisão sexual

do trabalho. Ela é preexistente como noção, mas posterior como problemática. É

preexistente, pois foi uma aquisição do feminismo, por meio da emergência de

categorias de sexo como categorias sociais, de mostrar que os papéis sociais de

homens e mulheres não são produto de um destino biológico, mas que eles são, antes

de tudo, construções sociais que têm uma base material. (KERGOAT, 1996, p.1)

Conforme Bruschini (1993), o debate teórico acerca do trabalho feminino no Brasil

revela de forma gradativa uma maior preocupação e sensibilidade para os fatores culturais e

simbólicos, o que permite explicar a subordinação feminina no espaço de reprodução familiar.

Nos anos 1970, o estudo sobre a mulher e o mundo do trabalho se ateve nas questões de

“segregação salarial”. Os ângulos pelos quais a atividade das mulheres foi percebida

acompanham tendências sobre a análise do trabalho feminino, tal como se expressaram nos

estudos sobre a mulher, enfocando inicialmente as análises macrossociais da participação

feminina no mercado de trabalho, para só mais tarde incorporar a necessária articulação entre

trabalho e família. 5

O debate nos anos 1980 perpassa pela questão da divisão sexual do trabalho, a

presença e a inserção da mulher no mercado de trabalho, assim como a pré-existência “das

relações sociais entre os sexos, presentes em todos os espaços sociais, entre eles a fábrica e a

família”. Como observa Bruscchini, este ponto da análise é defendido por Hirata e Humphrey

e permitem explicar as relações de poder e a dominação masculina nas esferas sociais

diversas. As análises também buscam romper com as velhas dicotomias e buscam articular a

esfera da produção com a da reprodução, assim como as relações sociais entre os gêneros. 6

5 Ibid,p.19

6 Ibid,p.21

Page 7: IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo ...¡lise... · IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas ST7 - Gênero,

7

Hirata observa (2003, p. 18) que houve inúmeras mudanças no mercado de trabalho

desde os anos de 1970, tanto no Brasil como na França. A autora questiona as reais mudanças

na divisão do trabalho entre homens e mulheres, em que o panorama “continua sendo de um

flagrante de injustiça se comparar os salários, as condições de trabalho e de emprego das

mulheres em todo o mundo aos níveis de escolaridade, formação e qualificação que elas

adquiriram nos anos recentes”. Hirata e Kergoat (2003, p. 111) discutem no campo teórico e

empírico a entrada do mercado de trabalho de mulheres em grande escala: há de um lado a

ideia de “repartição do trabalho”, ou seja, o status social entre os sexos são iguais, havendo

conciliação dos papéis. De outro a lado, há a ideia de “relações antagônicas entre os sexos”,

em que as autoras chamam a atenção sobre esta abordagem, na qual se questiona o trabalho e

emprego, trabalho e sem-trabalho - é justamente nesse contexto que surgem reivindicações.

Chies (2010, p. 507) traz alguns questionamentos em relação à entrada em grande

escala das mulheres no campo de trabalho. No decorrer das transformações sociais que

levaram as mulheres ao campo de trabalho assalariado, foram criadas profissões específicas a

elas, ou seja, foram desenvolvidas ocupações que detém uma porcentagem maior de mulheres

e, muitas vezes, são estereotipadas como femininas. Exemplos desse caso podem ser

visualizados em profissões, a princípio, não regulamentadas, que se apresentam como

continuidade da vida doméstica, tais como: bordadeiras, costureiras, babás, etc. Por outro

lado, as transformações sociais aliadas às mudanças no sistema produtivo levaram a

construção de novos espaços, e ambos, homens e mulheres, passaram a ocupar setores e

postos de trabalho antes exclusivos ao mundo masculino. No entanto, conforme estudo

realizado por Neves (2000, p.174), no relatório sobre o Desenvolvimento Humano no Brasil,

(...) as mulheres apresentam 48% da força de trabalho do setor terciário e apenas

20% nos casos da agricultura e da indústria”. Em 16 ocupações do setor formal, elas

comparecem com mais 50%, ressaltando-se alguns deles como verdadeiros

guetos femininos, como: costura, 94%7 , magistério do 1º grau, 90%; secretariado,

89%; telefonia/telegrafia, 86%; enfermagem, 84%; recepção, 81%. (PNUD e IPEA,

1996, p.33).

Segundo dados referentes à indústria têxtil no Brasil, publicados pela Associação

Brasileira da Indústria Têxtil – ABIT em 2012, a soma de trabalhadores (as) que atuam na

cadeia têxtil-vestuarista no Brasil é de 1,7 milhão de empregados (as) diretos e de oito

milhões se adicionarmos os indiretos e efeito de renda; dos quais 75% são de mão de obra

feminina. O setor têxtil-vestuarista, que conta com 30 mil empresas formais, é também: o 2º

maior empregador da indústria de transformação, perdendo apenas para o setor de alimentos e

bebidas; o 2º que mais gera o primeiro emprego; constitui-se como o quarto maior parque

produtivo de confecção do mundo e o quinto maior produtor têxtil do mundo.

Apesar dos dados informados acima, o desenvolvimento econômico de tal indústria de

transformação caminha lado a lado com a precarização do trabalho. O trabalho feminino

ganha força no momento em que se constitui na “espinha dorsal” da força de trabalho global.

Conforme as palavras de David Harvey (2011, p. 55), o trabalho feminino representa “uma

piscina enorme de força de trabalho para a expansão capitalista”. Cabe lembrar que o aumento

dos efetivos femininos que sucederam o “milagre econômico” brasileiro (1969-1972)

multiplicou-se, principalmente em setores como a construção civil, o transporte coletivo e a

7 Grifo nosso.

Page 8: IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo ...¡lise... · IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas ST7 - Gênero,

8

indústria de transformação. Entretanto, o recrutamento feminino efetuado pelas empresas

representou uma diminuição de custos.

Observamos também, na literatura sobre o tema, que com as inovações tecnológicas e

computadorizadas, propiciadas pela reestruturação industrial, foram abertas novas

oportunidades para cargos de supervisão e chefia para as mulheres, no entanto são poucas as

vagas para tais cargos. Percebemos, todavia, que as demissões em massa, terceirizações,

subcontratações e precarização do trabalho são muito mais intensas e significativas que os

esparsos benefícios que tais inovações no processo de reestruturação produtiva eventualmente

podem oferecer.

4. Panorama geral das Dissertações e Teses

Seguimos as análises da produção discente sobre o tema de forma cronológica, de

modo que possamos analisar como a temática e as suas respectivas análises vão se

transformando com o passar dos anos.

A primeira dissertação localizada (Corder, 1994), investiga os impactos das inovações

tecnológicas sobre as qualificações dos trabalhadores e a eliminação gradativa dos postos de

trabalho por conta das novas tecnologias. No entanto, a pesquisa de Corder não problematiza

a questão de Gênero e da divisão sexual do trabalho.

Morábito (1997) elabora um estudo de caso que busca articular a vida cotidiana de um

grupo de mulheres operárias dentro e fora da fábrica têxtil. O autor enfoca as recentes

mudanças no mundo trabalho, os impactos das novas tecnologias no setor e o início das

práticas de terceirizações.

A pesquisa de Rabelo (1997) é direcionada a um setor de confecção da região de

Criciúma – SC. O autor analisa as principais inovações tecnológicas, junto aos processos de

precarização no setor, como o trabalho polivalente e o início do processo das terceirizações. É

difundida no setor uma “educação para a competitividade”, direcionada às trabalhadoras no

interior da fábrica, assim como uma política antisindical.

Caleffi (2008), doze anos depois, volta à mesma fábrica em que Rabelo realizou a sua

pesquisa na cidade Criciúma – SC. A autora verificou que 95% da força de trabalho encontra-

se terceirizada, em decorrência do processo de reestruturação no setor. Caleffi também

constatou que atualmente os processos de educação difundidos no interior da fábrica

perpassam mais no nível comportamental do que técnico.

Alcântara (1998) elabora um estudo sobre o salário e a qualidade do emprego

feminino na indústria têxtil e de tecelagem da Paraíba. São avaliados aspectos como a função,

a qualificação e os salários das operárias, constatando que há diferenças salariais e de

qualidade do emprego entre homens e mulheres. Tal pesquisa de metodologia qualitativa e

quantitativa traz dados do RAIS do período de 1986-1995, que permite identificar as

disparidades salariais entre os sexos.

A dissertação de Moura (2001) consiste numa análise feita a partir de uma perspectiva

histórica, resgatando o movimento sindical e operário da região. São enfocados diretamente

os impactos da reestruturação produtiva nas indústrias do segmento têxtil-vestuarista em

Franca-SP, a precarização do trabalho feminino, a diminuição dos salários nas fábricas e o

fortalecimento do trabalho domiciliar.

Page 9: IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo ...¡lise... · IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas ST7 - Gênero,

9

As pesquisas de Jinkings (2002) e Amorim (2003) analisam os impactos da

reestruturação produtiva sobre o setor. A primeira pesquisa é feita nas indústrias da região

Norte de SC e segunda na macrorregião de Campinas-SP. Jinkings realiza um trabalho quali-

quantitativo, com entrevistas aos trabalhadores, representantes sindicais e empresariais.

Também são analisados dados econômicos referentes ao perfil e a evolução do setor. Amorim

(2003) elabora uma problematização teórica sobre a questão de gênero e o processo de

terceirização.

As dissertações de Pereira (2004) e Pedrosa (2005) citam a pesquisa de Amorim

(2003) e enfocam o setor têxtil-vestuarista de Divinópolis-MG. Os autores analisam o

desenvolvimento socioeconômico do município e os impactos da reestruturação produtiva no

setor vestuarista. Pedrosa analisa as demissões no setor nos anos de 1980 e 1990, os baixos

níveis de remuneração, a inserção feminina das fábricas no decorrer desta década, assim como

aumento desenfreado do trabalho a domicilio.

Junior (2006) analisa as condições de trabalho e saúde dos trabalhadores na indústria

do vestuário de Colatina-ES. O estudo de método qualitativo utiliza uma amostra aleatória de

entrevistas e questionários com 432 trabalhadores (as), dos quais 66,35% são mulheres. A

pesquisa de Junior não teoriza a categoria gênero, pois o seu aporte teórico centra-se nas

análises de Saúde e Trabalho. Os resultados obtidos mostram que as tarefas fragmentadas e

repetitivas, com ritmos excessivos, prejudicam o trabalhador, assim como a pouca valorização

de seu intelecto. As dores apresentadas pelos trabalhadores foram musculares e lombares,

além de problemas cardiovasculares e LER – lesão por esforço repetitivo. Junior (2006), ao

retomar Dejours, mostra que os efeitos do trabalho sobre a saúde muitas vezes são silenciosos

e não identificados pelos médicos.

Teixeira (2006) elabora um estudo sobre os sentidos do trabalho na vida das

mulheres, a partir da análise dos discursos de estudantes e profissionais do vestuário de

Divinópolis – MG. No campo teórico a autora resgata Haraway e Foucault para analisar que o

discurso não é apenas um instrumento de dominação, mas também de luta política.

Silva (2008) e Freitas (2009) investigam o circuito e a experiência social (trajetórias

sociais e urbanas) de ex-operários (as) de fábricas têxteis, que atualmente atuam em oficinas

de costura em regiões periféricas da cidade de São Paulo. Nesse circuito aparece o fluxo da

migração clandestina boliviana, que com suas famílias e amigos vão à capital paulista em

busca de trabalho.

A primeira tese de doutorado localizada por meio do banco de dados da Capes é a de

Roy (1996). Tal como as primeiras dissertações, trata-se de um estudo que analisa as recentes

mudanças no mundo do trabalho e a questão da qualificação da mão-de-obra na fiação nos

anos de 1990, na cidade de Americana-SP. Roy constatou maior participação das mulheres

nos programas de “qualidade total” das empresas, assim como no gerenciamento de operações

de máquinas “desmasculinizando alguns setores”. De acordo com o autor, essa inserção

gradativa das mulheres nos novos setores pode vir a contribuir com um olhar mais crítico no

processo de trabalho, democratizar as relações de gênero e elevar a escolaridade das

trabalhadoras.

A tese de Nunes (2002) trata do estudo sobre a vida, o trabalho e a saúde de mulheres

que realizam em seus domicílios, de forma simultânea, serviços para a indústria do vestuário e

os afazeres domésticos. Trata-se de um estudo teórico e empírico sobre o trabalho a domicilio

Page 10: IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo ...¡lise... · IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas ST7 - Gênero,

10

que data desde os primórdios da revolução industrial até os dias de hoje, envolvendo a

questão de gênero e relação trabalho/saúde com uma análise ergonômica do trabalho. Em face

aos resultados obtidos, o autor constatou que as condições de vida deste tipo de trabalho

levam ao desgaste e a deterioração da saúde de mulheres que são operárias e donas de casa.

Já nas duas outras teses localizadas, Lima (2009) e Guiraldelli (2010), percebemos um

salto nas análises, pois trata diretamente da intensidade dos impactos da reestruturação

produtiva no setor têxtil-vestuarista, que tem como característica a massiva terceirização de

mão-de-obra e a presença marcante do trabalho feminino no mercado da informalidade. A

escolaridade dessas trabalhadoras é de no máximo até o do Ensino Médio (esta constatação

aparece de forma homogênea no resultado das pesquisas).

A pesquisa de Lima (2009), intitulada “As faces da subcontratação do trabalho: um

estudo com as trabalhadoras e trabalhadores da confecção de roupas de Cianorte-PR e

região”, problematiza as terceirizações nas facções e constata que o processo de

reestruturação produtiva flexibilizou e modernizou o setor de confecções na região, ao mesmo

tempo em que intensificou a precarização do trabalho, especificamente o de mulheres, por

meio de estratégias de novas formas de organização que mantiveram formas antigas de

trabalho.

Guiraldelli (2010) trabalha com histórias de vida e analisa quais as estratégias de

sobrevivência de mulheres que atuam no espaço domiciliar. O autor analisa teoricamente a

questão de gênero e a divisão sexual do trabalho no contexto da reestruturação produtiva à luz

de autoras como Hirata, Kergoat, Sorj e Nogueira. Guiraldelli analisa também os impactos da

reestruturação produtiva para as trabalhadoras formais e informais da indústria de confecção

de Divinópolis – MG. São analisadas as estratégias de sobrevivência das trabalhadoras frente

a precarização das relações de trabalho. Guiraldelli cita as pesquisas de Amorim (2003); Lima

(2009); Pereira (2004) e Pedrosa (2005). Os dois últimos realizaram suas pesquisas também

em indústrias de Divinópolis – MG.

5. Panorama geral dos Artigos

O artigo de Abreu (1993) problematiza a desqualificação do trabalho como

consequência do processo de modernização industrial, enfocando a questão de gênero na

divisão do trabalho sobre ocupações ditas qualificadas e não qualificadas. A autora pesquisa

três diferentes situações de trabalho na indústria de confecções do Brasil: costureiras a

domicílio, operárias fabris e assalariadas em uma pequena empresa de confecção de roupa

feminina. A autora conclui que apesar das diferenças no processo de trabalho e na estrutura de

qualificações que as três situações apresentam, a atomização (extrema personalização das

relações) aparece nitidamente nos três casos, impedindo a construção de movimentos

coletivos e organizados para a solução de conflitos.

Gazzona (1997) elabora um artigo sobre uma indústria de grande porte do setor de

vestuário no Estado do Rio Grande do Sul. A autora analisa as mudanças na indústria no que

tange as suas formas de ocupação, controle e qualificação da mão de obra feminina. O

recebimento de baixos salários e a baixa escolaridade são comuns entre as trabalhadoras. A

precarização é intensificada com a organização do trabalho baseada no parcelamento de

tarefas. No entanto, a utilização de novas formas de gestão de mão de obra e as novas

tecnologias na área de microeletrônica tem contribuído para a abertura de novas

oportunidades de treinamento e contratação para algumas mulheres.

Page 11: IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo ...¡lise... · IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas ST7 - Gênero,

11

O artigo de Holzmann (2000) versa sobre as condições da mão de obra feminina frente

às inovações tecnológicas. A autora destaca a importância do movimento feminista na luta

pela emancipação da mulher nas últimas décadas e dos grandes avanços já conquistados no

sentido de desmistificar a suposta “essência feminina” e a naturalização da condição de

subordinação da mulher em relação ao homem. Holzmann lembra que a classe operária tem

dois sexos e embora ambos sejam oprimidos e explorados pelo capital, esta relação de

opressão e exploração não ocorre indistintamente. Para a autora, a classe trabalhadora não

deve ser vista como um todo homogêneo, mas como um coletivo formado por uma

multiplicidade racial, étnica, cultural, de gênero, de nacionalidade, de condição legal. A

compreensão desta multiplicidade é importante para explicitar as estratégias do capital em

explorar o trabalho.

Brito (2000) faz uma análise das condições de saúde dos (as) trabalhadores (as) no

contexto da reestruturação produtiva, considerando a divisão sexual do trabalho e as relações

de gênero. A autora adota o paradigma da transversalidade e analisa as condições do trabalho

feminino nas empresas multinacionais nos países pobres e emergentes. Verifica-se o aumento

crescente do trabalho feminino precarizado nas empresas multinacionais que se instalam em

locais onde o custo da produção é menor. O mesmo processo ocorre no setor informal, seja

em modalidades baseadas em contratos temporários, seja em outros regimes atípicos. Por fim,

a autora utiliza exemplos de extensas jornadas de trabalho feminino empregados na indústria

e no setor da educação.

Araújo e Amorim (2001) discutem as redes de subcontratação e os novos usos do

trabalho a domicílio, tendo como base o processo de reestruturação no setor de confecções

iniciado nos anos 1990 e seus impactos sobre as condições de trabalho e a saúde das

trabalhadoras. As autoras realizam suas pesquisas na região de Campinas-SP, onde foram

pesquisadas empresas de confecção de médio e pequeno porte. Além destas empresas, elas

pesquisam uma ampla rede de subcontratação, cuja característica é o trabalho a domicílio. A

força de trabalho tradicionalmente subcontratada é feminina, além disso, as mulheres ocupam

posições inferiores e mais vulneráveis na cadeia produtiva. Araújo e Amorim demonstram

que o trabalho a domicílio constitui-se num instrumento central de aumento de produtividade

a baixos custos e funciona como estratégia para enfrentar a concorrência entre as grandes

empresas do setor têxtil-vestuarista.

Foram localizados dois artigos de Leite (2004). “Tecendo a precarização: trabalho a

domicilio e estratégias sindicais na indústria de confecção em São Paulo”, trata-se de um

estudo sobre as transformações das relações sociais e de trabalho no contexto da

reestruturação produtiva. O processo acirrado das terceirizações, envolvendo as antigas

formas de trabalho, agora revitalizadas no contexto de acumulação do capital, atinge mais

mulheres do que homens, dificultando a ação dos sindicatos. Trata-se de um estudo de caso

em algumas empresas de confecção em SP e um panorama quali-quantitativo sobre o setor no

Brasil. Outro artigo de Leite (2009), “As bordadeiras de Ibitinga: trabalho a domicilio e

prática sindical”, trata de um estudo com uma abordagem histórica sobre a cidade de Ibitinga,

interior de SP, e a indústria de confecção de bordados. O destaque da pesquisa é o papel do

sindicato na luta por melhores condições de trabalho e pelo registro em carteira das

trabalhadoras.

Neves e Pedrosa (2007) enfocam a influência do processo de reestruturação produtiva

nas relações de gênero e trabalho. O artigo destaca a entrada cada vez mais intensa da mão de

Page 12: IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo ...¡lise... · IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas ST7 - Gênero,

12

obra feminina no mercado de trabalho e suas consequências para a esfera produtiva, a vida

privada e social. As autoras constatam que a dinâmica flexível, enquanto componente da

reestruturação produtiva, têm provocado a ampliação do trabalho informal. O objetivo do

artigo é analisar o trabalho a domicílio realizado por mulheres para a indústria de confecção

numa cidade de porte médio em Minas Gerais. São discutidos os problemas da precarização

do trabalho em consequência da desregulamentação do trabalho e da perda de direitos sociais.

Dentre os problemas relacionados à precarização do trabalho, são apontados: flexibilização do

contrato de trabalho, das condições de trabalho, da jornada de trabalho e uma extensão entre o

espaço privado/doméstico e o espaço econômico/produtivo.

O artigo de Polizelli e Leite (2010) tem como foco o problema da lombalgia no

cotidiano das trabalhadoras das indústrias têxteis da cidade de Blumenau-SC. O artigo contou

com pesquisas qualitativas de três trabalhadoras do setor têxtil. Com base nos dados obtidos,

as autoras chegaram a duas categorias interpretativas: a dor lombar sob o aspecto da

normalidade e a dor sentida. Neste artigo, são verificados os conflitos envolvendo as

trabalhadoras sob o prisma da dor normal e da dor sentida. A primeira faz parte do dia-a-dia

do trabalho, sem maiores problemas, a segunda trás sofrimentos e angústias. As autoras

concluem constatando que a dor reflete o contexto cultural da região, em que as trabalhadoras

em questão se esforçam para dar continuidade a seus trabalhos como se nenhuma dor existisse

(não se permite o direito de ficar doente). Segundo a expressão de uma trabalhadora, “é

preciso relevar”.

6. Análise quantitativa das teses, dissertações e artigos

As regiões do Brasil em que foram realizadas as pesquisas foram basicamente Sudeste,

que representou o campo da maior parte dos trabalhos, e Sul, cujo destaque é Santa Catarina.

Em São Paulo, as pesquisas ocorreram na capital (a maior parte) e nas cidades de Franca,

Campinas e Ibitinga. Em Minas Gerais, as pesquisas ocorreram na cidade de Divinópolis. No

Espírito Santo, uma pesquisa foi realizada na cidade de Colatina. Em Santa Catarina,

ocorreram pesquisas em Criciúma e nas regiões do Vale do Itajaí e Norte Catarinense. No

Paraná foi realizada uma pesquisa em Cianorte. No Estado do Rio Grande do Sul foram

realizadas duas pesquisas. Na região Nordeste foi realizada apenas uma pesquisa no Estado da

Paraíba.

No banco de dados de domínio público, Scientific Eletronic Library on line - Scielog,

foram encontrados artigos das seguintes revistas: Sociedade e Estado, Sociologias, Educação

& Sociedade, Cadernos Pagu, Trabalho, Educação e Saúde, Cadernos de Saúde Pública,

Saúde e Sociedade, Estudos Feministas.

Na elaboração desta pesquisa, foram localizados e estudados 4 teses de doutorado

(15%), 14 dissertações de mestrado (52%) e 9 artigos (33%), totalizando 27 trabalhos

acadêmicos, conforme mostra o gráfico abaixo.

Page 13: IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo ...¡lise... · IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas ST7 - Gênero,

13

Considerando as datas de publicação dos artigos, teses e dissertações, os anos de 1997,

2002 e 2009, foram os que obtiveram maior número de trabalhos publicados (três cada).

Em relação às áreas do conhecimento, elaboramos um levantamento considerando os

artigos, teses e dissertações, e constatamos que a área que constitui maior número de trabalhos

acadêmicos é a de Sociologia, representando nove trabalhos (30% do total), seguido pela área

de Educação e Saúde, com cinco trabalhos (16%) cada.

15%

52%

33%

Gráfico 01 - Trabalhos Científicos por Tipo de Produção

Tese Dissertação Artigo

1997, 2002,2009

1998,2000,2004, 2006,2008, 2010

1993, 1994,1996, 2003,2005, 2007

3 2

1

Gráfico 02 - Número de Teses, Dissertações e Artigos Produzidos por Ano

0

5

10

Gráfico 03 - Trabalhos Científicos por Área de Conhecimento

Page 14: IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo ...¡lise... · IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas ST7 - Gênero,

14

Verificamos que o maior número de Teses e Dissertações tem sua procedência na

UNICAMP (quatro trabalhos), seguido pela UFSC (três trabalhos), UFMG, USP, UFSCAR e

UFPB (dois trabalhos) e as demais instituições, UFES, PUC-Minas, UNESP-Franca, com um

trabalho cada.

As palavras-chave mais citadas dentre teses e dissertações foram: Indústria Têxtil e

Trabalho (cinco citações cada), gênero (quatro citações), Indústria, Vestuário, Trabalhadores

Têxteis, Trabalho Feminino (três citações cada).

7. Conclusão

Constatamos que a temática em questão não se apresenta como prioridade de pesquisa

em apenas uma área de conhecimento, ao contrário, está presente no campo da Saúde,

Educação, Engenharia de Produção e nas principais áreas das Ciências Sociais e Humanas.

Esta pesquisa nos permitiu verificar que houve, com o passar dos anos, uma transformação do

debate sobre o trabalho feminino no setor têxtil-confeccionista. Para facilitar a compreensão

destas transformações, resolvemos dividir os trabalhos acadêmicos (teses, dissertações e

artigos) em dois grandes grupos, os da década de 1990 e os da década de 2000.

UNICAMP UFSC UFMG, USP,UFSCAR, UFPB

UFES, PUC-Minas, UNESP-

Franca

4 3

2 1

Gráfico 04 - Número de Teses e Dissertações por Instituições de Ensino

Indústria têxtil,Trabalho

Gênero Indústria,Vestuário,

TrabalhadoresTexteis, Trabalho

Feminino

Indústria deConfecções,

Saúde, Indústriado Vestuário

5 4

3 2

Gráfico 05 - Relação de Palavras-chave mais citadas em Teses e Dissertações

Page 15: IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo ...¡lise... · IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas ST7 - Gênero,

15

As pesquisas que datam a década de 1990 têm como foco os impactos das inovações

tecnológicas sobre as qualificações das trabalhadoras, a eliminação dos postos de trabalho e as

mudanças no mundo do trabalho por conta da crise do setor têxtil-vestuarista no Brasil, os

impactos das novas tecnologias no setor e o início das práticas de terceirizações. Os processos

de qualificação versus desqualificação da força de trabalho estão presentes em praticamente

todas as pesquisas realizadas nos anos de 1990, assim como os impactos das novas formas de

gestão do trabalho nas empresas, que tendem a “desmasculinizar” determinados setores.

Alguns autores viram com certo otimismo a constatação da ampliação da participação

das mulheres nos programas de “qualidade total” das empresas, assim como a ampliação da

presença feminina no gerenciamento de operações de máquinas, “desmasculinizando alguns

setores”. Para Roy (1996), essa inserção gradativa das mulheres nos novos setores poderia vir

a contribuir com um olhar mais crítico no processo de trabalho, assim como democratizar as

relações de gênero e elevar a escolaridade das trabalhadoras. No entanto, as pesquisas

subsequentes constataram a escolaridade baixa das trabalhadoras, tanto formais, quanto

informais.

Já nas pesquisas que datam da década de 2000, há uma mudança no foco das análises:

elas enfatizam os processos de terceirizações de mão de obra e a intensificação do trabalho a

domicílio8. Se nos anos de 1990 a reestruturação produtiva afetava mais os processos de

modernização das fábricas, e consequentemente, a qualificação das trabalhadoras, nos anos

2000, a intensificação da reestruturação industrial reflete de forma impactante nas

terceirizações e na desterritorialização das fábricas têxteis-vestuaristas.

Na década de 2000 aparecem pesquisas sobre as condições de trabalho e saúde das

trabalhadoras, como as pesquisas de Nunes (2002) e Junior (2006), que analisam o processo

de deterioração da saúde das trabalhadoras por conta da dupla jornada e das condições

insalubres de trabalho, Brito (2000), que faz uma análise das condições de saúde dos (as)

trabalhadores (as) no contexto da reestruturação produtiva, considerando a divisão sexual do

trabalho e as relações de gênero, Polizelli e Leite (2010), que em seu artigo, pesquisam a

lombalgia, uma doença que se faz presente no cotidiano das trabalhadoras das indústrias

têxteis da cidade de Blumenau-SC.

Além da temática envolvendo a saúde das trabalhadoras, aparecem neste período

pesquisas que enfocam a questão da migração, como as de Silva (2008) e Freitas (2009), que

investigam o circuito e a experiência social das trajetórias sociais e urbanas de ex-operários

(as) de fábricas têxteis, atuando em oficinas de costura, em regiões periféricas da cidade de

São Paulo, que recebe muitos imigrantes bolivianos.

Costa e Rocha (2009), em sua pesquisa sobre o panorama da cadeia produtiva têxtil e

de confecções, constataram a existência de polos regionais de produção. Os principais estão

divididos por região. Na região Sudeste e também nacionalmente São Paulo está em primeiro

lugar, destacando-se como o mais importante centro produtor, o maior centro intelectual e

financeiro do setor, concentrando os ativos intangíveis, moda, marketing e o controle das

atividades produtivas nacionais. Rio de Janeiro vem a seguir, com destaque a cidade de Nova

Friburgo (não foram localizadas pesquisas nesta cidade).

8 Este dado aparece em praticamente todas as pesquisas da década de 2000.

Page 16: IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo ...¡lise... · IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas ST7 - Gênero,

16

Na região Sul, destaca-se o Estado de Santa Catarina, especificamente o Vale do Itajaí

e Norte Catarinense. Dentre as cidades catarinenses, a principal é Blumenau, que conta com

um dos polos têxteis mais avançados na distribuição regional da produção e do consumo. 9

No Nordeste, o destaque é o Estado do Ceará, cujo processo de deslocamento regional

das grandes empresas, motivadas por incentivos fiscais, obras de infraestrutura oferecidas

pelo governo estadual e a presença de mão de obra de baixo custo, relacionada a baixos

índices de sindicalização, têm acontecido de forma crescente. Todos estes fatores fazem com

que o Estado e a região Nordeste do Brasil aumentem a sua participação produtiva no cenário

nacional.10

Mediante o cenário da cadeia têxtil-vestuarista, verificamos que ainda são poucas

e incipientes as pesquisas sobre o setor e as trabalhadoras na região do nordeste do Brasil,

tendo em vista o deslocamento e a abertura de filiais têxteis-confeccionistas nesta região.

Mediante as discussões teóricas presentes, podemos analisar que vivenciamos hoje

uma crise da sociedade salarial, o enfraquecimento dos sindicatos e a intensificação da

precarização do trabalho feminino. Nas palavras de Leite (2004, p. 241), “É neste contexto

que se multiplicam novas e velhas formas de trabalho que, ao invés de marginais ao

desenvolvimento econômico, se mostram altamente funcionais, como o trabalho temporário,

em domicílio, part time, etc”. O que parece em voga é que o processo de intensificação da

acumulação capitalista sobrevive à custa da classe que vive do trabalho, utilizando

mecanismos de controle estatais, jurídicos e morais a fim de solapar cada vez mais as

possíveis contestações de um mundo do trabalho, cada vez mais precarizado. Relembrando

Sennett (1999, p.10), no capitalismo flexível, “pede-se aos trabalhadores que sejam ágeis,

estejam abertos a mudanças em curto prazo, assumam riscos continuamente, dependam cada

vez menos de leis e procedimentos formais”. É nessa lógica que mulheres trabalhadoras e

famílias inteiras encontram-se em situação de risco e insegurança social no modelo de

produção capitalista.

8. Referências Bibliográficas:

ABREU, Alice Rangel de Paiva. Trabalho e Qualificação na Indústria de Confecção. Rev.

Estudos Feministas. N. 2/93, 1993. P 293- 305.

ALCANTÂRA, Débora G. Salário e Qualidade do Emprego Feminino na Indústria Têxtil

e Tecelagem do Algodão na Paraíba. 1998. 116f. Dissertação de Mestrado (Mestrado em

Economia) – UFPB, 1998.

ARAÚJO, Angela Maria Carneiro e AMORIM, Elaine Regina Aguiar. Redes de

subcontratação e trabalho a domicílio na indústria de confecção: um estudo na região de

Campinas. Cad. Pagu [online]. 2001, n.17-18, p.

AMORIM, Elaine Regina Aguiar. No Limite da Precarização? Terceirização e Trabalho

Feminino na Indústria de Confecção. 2003. 222 f. Dissertação de Mestrado. (Mestrado em

Sociologia) UNICAMP, 2003.

ANTUNES, Ricardo (ORG). A Era da Informatização e da Época da Informalização:

riqueza e miséria do trabalho no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2006, 528 p.

9 Ibid, 2009.

10 Ibid,2009.

Page 17: IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo ...¡lise... · IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas ST7 - Gênero,

17

BRITO, Jussara Cruz de. Enfoque de gênero e relação saúde/trabalho no contexto de

reestruturação produtiva e precarização do trabalho. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro,

v. 16, n. 1, jan. 2000 .

BRUSCHINI, Cristina. Trabalho Feminino: Trajetória de um tema, perspectivas para o

futuro. Revista de Estudos Feministas. N. 1/94 Rio de Janeiro 20/21 de maio de 1993.

CALEFFI, Marta Vilma. Reestruturação na Indústria do Vestuário e as implicações para

a qualificação dos trabalhadores. 2008. 149 f. Dissertação de Mestrado (Mestrado em

Educação) – UFSC, 2008.

CARVALHO, Júnior L. C. CÁRIO, Silvio A. e SEABRA, Fernando. Pólos Industriais do

Sul do Brasil: experiências de competitividade e empreendedorismo. Luiz Carvalho

Júnior (org.). Centro Socioeconômico – CSE. Universidade Federal de Santa Catarina –

UFSC. Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária FAPEU. Florianópolis:

[s.n], 2007. 202 p.

CHIES, Paula Viviane. Identidade de gênero e identidade profissional no campo de

trabalho. Estudos feministas. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Filosofia e

Ciências Humanas. Centro de Comunicação e Expressão. Vol. 18 N.2 (maio-agosto – 2010) –

Florianópolis – SC.

CORDER, Maria Solange. Indústria Têxtil: inovações tecnológicas e impactos sobre as

qualificações dos trabalhadores. 1994. 136 ff. Dissertação de Mestrado. (Mestrado em

Política Científica e Tecnológica) – UNICAMP -1994.

COSTA, Ana Cristina Rodrigues e ROCHA, Érico Rial Pinto. Panorama da Cadeia

Produtiva Têxtil e de Confecções e a questão da Inovação. BNDES Setorial, Rio de

Janeiro, n. 29, p. 159-202, mar. 2009.

Associação Brasileira da Indústria Têxtil - ABIT. Dados gerais do setor atualizados em

2012, referentes ao ano de 2011. Disponível em:

http://www.abit.org.br/site/navegacao.asp?id_menu=1&id_sub=4&idioma=PT. Acesso em

30/08/2012.

FREITAS, Patrícia Tavares. Imigração e Experiência Social: o circuito de subcontratação

transnacional de força de trabalho boliviana para o abastecimento de oficinas de costura

na cidade de São Paulo. 2009. 289f. Dissertação de Mestrado. (Mestrado em Sociologia) –

UNICAMP, 2009.

GAZZONA, Raquel da Silva. Trabalho feminino na indústria do vestuário. Educ. Soc.,

Campinas, v. 18, n. 61, dez. 1997 .

GUIMARÃES, Nadya Araújo e CASTRO. Crise Reestruturação e Trabalho Industrial. In

Guimarães. Caminhos Cruzados: Estratégias de Empresas e Trajetórias de Trabalhadores. São

Paulo: USP, Curso de Pós-Graduação em Sociologia: Ed. 34, 2004, p. 408.

GUIRALDELLI, Reginaldo. Mulheres que Tecem a Vida: trabalho e gênero em tempos

precarizados. 2010. 211 f. Tese de Doutorado (Doutorado em Serviço Social) – UNESP,

2010.

HARVEY, David. O Enigma do Capital e as Crises do Capitalismo. São Paulo, SP:

Boitempo, 2011.

HOLZMANN, Lorena. Notas sobre as condições da mão-de-obra feminina frente às

inovações tecnológicas. Sociologias, Porto Alegre, n. 4, dez. 2000 .

Page 18: IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo ...¡lise... · IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas ST7 - Gênero,

18

KERGOAT, Danièle. Relações Sociais de Sexo e Divisão sexual do Trabalho. Revista

Gênero e Saúde. Ed. Artes Médicas, 1996.

HIRATA, Helena. As novas fronteiras da desigualdade: homens e mulheres no mercado de

trabalho. Maruani e Hirata (Orgs.) São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2003.

________, Helena e KERGOAT. A divisão sexual do trabalho revisitada. In: Hirata e

Maruani (orgs.). As novas fronteiras da desigualdade: homens e mulheres no mercado de

trabalho. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2003. Pg. 111 a 123.

________, Helena e KERGOAT. Novas Configurações da Divisão Sexual do Trabalho.

Cadernos de Pesquisa, vol. 37, n. 132, p. 595-609, set/dez. 2007.

________, Helena. Reestruturação produtiva, trabalho e relações de gênero. Revista

Latinoamericana de Estudos do Trabalho, São Paulo, ano 4, n.7, p.5-27, 1998.

JINKINGS, Isabella. Reestruturação Produtiva e Emprego na Indústria Têxtil

Catarinense. 2002. 112f. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Sociologia Política) –

UFSC, 2002.

JÚNIOR, António Carlos Garcia. Condições de Trabalho e Saúde dos Trabalhadores na

Indústria do Vestuário em Colatina – ES. 2006. 130f. Dissertação de Mestrado (Mestrado

em Saúde Coletiva) – UFES, 2006.

_________, Isabella & AMORIN, Elaine Regina Aguiar. Produção e Desregulamentação

na Indústria Têxtil e Confecção. In Antunes, Ricardo (Org). Riqueza e Miséria do Trabalho

no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2006, p. 337 – 385.

LEITE, Márcia de Paula. Tecendo a precarização: gênero, trabalho e emprego na

indústria de confecções de São Paulo. Rev. Trabalho, Educação e Saúde, 2(1): 239-265,

2004.

______, Marcia de Paula. As bordadeiras de Ibitinga: trabalho a domicílio e prática

sindical. Cad. Pagu, Campinas, n. 32, jun. 2009 .

LINS, Hoyêdo Nunes. Têxteis Catarinenses anos 90. Atualidade Econômica. Universidade

Federal de Santa Catarina. Centro Socioeconômico – Departamento de Ciências Econômicas

Florianópolis: Ed. da UFSC, 2000.

LIMA, Ângela Maria de Sousa. As faces da subcontratação do trabalho: um estudo com

trabalhadoras e trabalhadores da confecção de roupas de Cianorte e região. 2009. 357f.

Tese (Doutorado em Ciências Sociais) - UNICAMP, 2009.

MORÁBITO, Fabiana Januskeivictz. Mulher, trabalho e família: um estudo de caso entre

operárias têxteis. 1997. 160f. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Sociologia) –

UFSCAR, 1997.

MOURA, Lívia Marinho. Dos Pés à Cabeça: a reestruturação produtiva e a atuação das

mulheres nas indústrias do município de Franca/SP. 2001. 119f. Dissertação de Mestrado.

(Mestrado em Serviço Social) – UNESP, 2001.

NEVES, Magda de Almeida. Reestruturação produtiva, qualificação e relações de gênero.

In Rocha, Maria Isabel Baltar (org.). Trabalho e Gênero: Mudanças, Permanências e Desafios.

Campinas: ABEP, NEPO/UNICAMP e CEDEPLAR/UFMG/São Paulo: Ed. 34, 2000. 384 p.

Page 19: IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo ...¡lise... · IV Seminário de Trabalho e Gênero Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas ST7 - Gênero,

19

________, Magda de Almeida e PEDROSA, Célia Maria. Gênero, flexibilidade e

precarização: o trabalho a domicílio na indústria de confecções. Soc. estado. [online]. 2007,

vol.22, n.1, pp. 11-34.

NUNES, Geraldo Filho. 2002. Vida, trabalho e saúde: costureiras a domicílio. Tese de

Doutorado, São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

PEREIRA, Rosângela Maria. Pedagogia do lar/oficina. 2004. 218f. Dissertação (Mestrado

em Educação) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2004.

PEDROSA, Célia Maria. Limites e potencialidades do desenvolvimento local: a indústria

da confecção de Divinópolis. 2005. 177f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) -

Pontifícia Universidade Católica, Belo Horizonte, 2005.

POLIZELLI, Karine Muniz e LEITE, Silvana Nair. Quem sente é a gente, mas é preciso

relevar: a lombalgia na vida das trabalhadoras do setor têxtil de Blumenau - Saúde e

Soc. [online]. 2010, vol.19, n.2, pp.

RABELO, Giani. Trabalho Arcaico no Moderno Mundo da Moda. 1997. Dissertação de

Mestrado. (Mestrado em Educação) - UFSC,1997.

ROY, Lise. A qualificação feminina na indústria têxtil. 1996. 244 f. Tese de Doutorado.

UFSCAR, 1996.

SENNET, Richard. A Corrosão do Caráter: consequências pessoais do trabalho no novo

capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1999.

SILVA, Carlos Freire. Trabalho Informal e Redes de Subcontratação: Dinâmicas

Urbanas da Indústria de Confecções em São Paulo. 2008. 147f. Dissertação de Mestrado.

(Mestrado em Sociologia) – USP, 2008.

TEIXEIRA, Cíntia Maria. Os sentidos do trabalho e do curso profissionalizante na vida

das mulheres: análise do discurso de estudantes e profissionais do setor de vestuário de

Divinópolis/MG. 2006. Dissertação de Mestrado. (Mestrado em Psicologia) – UFMG, 2006.