138
João Maria Funzi Chimpolo Doutorando em ciências técnicas Professor Universitário e Consultor de Empresas Mestre em Direcção e Administração de empresas (Cuba – 2003) Engenheiro em licenciaturas da gestão de empresas (Cuba - 2000 ) Coordenador dos caursos Económicos na Universidade de Belas Angola 2007 - 2009 Director de empresa (2005 - Angola) INDICE INTRODUÇÃO................................................................................................................... 1 CAPÍTULO I: DESCRIÇÃO TEÓRICA DA INVESTIGAÇÃO............................................. 7 1.1. REMUNERAÇÃO.................................................................................................... 7 1.1.1 CONCEITO DE REMUNERAÇÃO........................................................................ 8 1.1.2 GERAR RIQUEZA E DISTRIBUIR RIQUEZA....................................................... 8 1.1.3 OS TRÊS COMPONENTES DA REMUNERAÇÃO TOTAL................................... 9 1.1.4. RECOMPENSAS FINANCEIRAS E NÃO-FINANCEIRAS.................................. 9 1.1.5 SALÁRIO NOMINAL E SALÁRIO REAL........................................................... 11 1.1.6. OS TIPOS DE SALÁRIO................................................................................... 13 1.1.7. OS SIGNIFICADOS DO SALÁRIO................................................................... 13 1.1.8. A COMPOSIÇÃO DOS SALÁRIOS................................................................... 14 1.1.9. DESENHO DO SISTEMA DE REMUNERAÇÃO............................................... 15 1.1.10. CRITÉRIOS PARA CONSTRUÇÃO DE UM PLANO DE REMUNERAÇÃO....15 1.1.11. CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO DE SALÁRIOS....................................... 19

João Maria Funzi Chimpolo

Embed Size (px)

DESCRIPTION

No âmbito das normas da Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto e o processo científico em geral, temos a honra de apresentar a monografia intitulada: “Sistema de Recompensas, Uma Abordagem Teórico-Prática – O Caso ENE”; a mesma tem como objectivo: “definir um conjunto de critérios que permitam desenhar um sistema de Recompensas e Punições que satisfaçam de forma óptima tanto os objectivos organizacionais como os objectivos individuais dentro uma Organização e na ENE de forma específica garantindo assim maior motivação dos funcionários e o consequente aumento da produtividade”.As organizações desenvolvem sistemas de recompensas capazes de provocar impacto directo na sua capacidade de atrair, reter ou motivar os funcionários. Por um lado, as recompensas visam incentivar as contribuições das pessoas aos objectivos e à lucratividade da organização. Contudo, por outro lado, as recompensas afectam os custos laborais. Por essa razão, é importante compreender os aspectos básicos do desenho e administração do sistema de recompensas.

Citation preview

Page 1: João Maria Funzi Chimpolo

João Maria Funzi Chimpolo

Doutorando em ciências técnicas

Professor Universitário e Consultor de Empresas

Mestre em Direcção e Administração de empresas (Cuba – 2003)

Engenheiro em licenciaturas da gestão de empresas (Cuba - 2000 )

Coordenador dos caursos Económicos na Universidade de Belas Angola

2007 - 2009

Director de empresa (2005 - Angola)

INDICE

INTRODUÇÃO.........................................................................................1CAPÍTULO I: DESCRIÇÃO TEÓRICA DA INVESTIGAÇÃO....................7

1.1. REMUNERAÇÃO...........................................................................71.1.1 CONCEITO DE REMUNERAÇÃO...............................................81.1.2 GERAR RIQUEZA E DISTRIBUIR RIQUEZA.............................81.1.3 OS TRÊS COMPONENTES DA REMUNERAÇÃO TOTAL.........91.1.4. RECOMPENSAS FINANCEIRAS E NÃO-FINANCEIRAS..........91.1.5 SALÁRIO NOMINAL E SALÁRIO REAL...................................111.1.6. OS TIPOS DE SALÁRIO..........................................................131.1.7. OS SIGNIFICADOS DO SALÁRIO..........................................131.1.8. A COMPOSIÇÃO DOS SALÁRIOS..........................................141.1.9. DESENHO DO SISTEMA DE REMUNERAÇÃO......................151.1.10. CRITÉRIOS PARA CONSTRUÇÃO DE UM PLANO DE REMUNERAÇÃO.................................................................................151.1.11. CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO DE SALÁRIOS...............191.1.11.1 OBJECTIVOS DA ADMINISTRAÇÃO DE SALÁRIOS.........211.1.11.2. O FOCO DA REMUNERAÇÃO...........................................211.1.12. AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE CARGOS....................231.1.12.1. MÉTODOS TRADICIONAIS DE AVALIAÇÃO DE CARGOS............................................................................................................23

Page 2: João Maria Funzi Chimpolo

1.1.12.2. MÉTODO DE ESCALONAMENTO SIMPLES....................241.1.12.3. MÉTODO DE CATEGORIAS PREDETERMINADAS..........251.1.12.5. MÉTODO DE AVALIAÇÃO POR PONTOS........................331.1.13. A ORGANIZAÇÃO SEM CARGOS........................................371.1.14. PESQUISA SALARIAL..........................................................381.1.15. REMUNERAÇÃO POR COMPETÊNCIAS..............................392.2.16. DECORRÊNCIAS DOS SALÁRIOS.......................................401.1.17. POLÍTICA SALARIAL............................................................401.2. PROGRAMA DE INCENTIVOS...................................................411.2.1. RECOMPENSAS......................................................................421.2.2. AS RELAÇÕES DE INTERCÂMBIO.........................................441.2.3. O FOCO DOS INCENTIVOS....................................................451.2.4. NOVOS MÉTODOS EM REMUNERAÇÃO..............................46

1.2.4.1 REMUNERAÇÃO FIXA.......................................................461.2.4.2. REMUNERAÇÃO VARIÁVEL............................................47

1.2.5. PLANO DE BONIFICAÇÃO ANUAL........................................491.2.6. DISTRIBUIÇÃO DE ACÇÕES DA EMPRESA AOS FUNCIONÁRIOS.................................................................................511.2.7. PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS ALCANÇADOS............531.2.8. REMUNERAÇÃO POR COMPETÊNCIA..................................531.2.9. DISTRIBUIÇÃO DO LUCRO AOS COLABORADORES...........551.2.10. COMO DESENHAR UM PLANO DE INCENTIVOS...............551.3. BENEFÍCIOS E SERVIÇOS.........................................................571.3.2. CONCEITO DE BENEFÍCIOS SOCIAIS...................................581.3.3. ORIGENS DOS BENEFÍCIOS..................................................581.3.4. TIPOS DE BENEFÍCIOS SOCIAIS..........................................591.3.4. OBJECTIVOS DOS PLANOS DE BENEFÍCIOS.......................621.3.5. UMA DIFERENTE TIPOLOGIA DE BENEFÍCIOS...................641.3.6. DESENHO DO PLANO DE BENEFÍCIOS................................651.3.6.1. CRITÉRIOS DE DESENHO..................................................651.3.6.2. ASPECTOS ENVOLVIDOS NO DESENHO DO PLANO DE BENEFÍCIOS.......................................................................................661.3.6.3. ETAPAS DO DESENHO DO PLANO DE BENEFÍCIOS.......66

CAPÍTULO II: APLICAÇÃO PRATICA NA EMPRESA E.N.E.............692.1 EMPRESA NACIONAL DE ELECTRICIDADE.............................692.1.1. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL.........................................692. 2. GRANDES DESAFIOS ESTRATÉGICOS DA ENE 2005-2009.702.3.REMUNERAÇÃO NA ENE............................................................722.3.1. RECOMPENSAS FINANCEIRAS E NÃO-FINANCEIRAS........722.3.2. SALÁRIO NOMINAL E SALÁRIO REAL.................................732.3.3. OS TIPOS DE SALÁRIO..........................................................732.3.4. O FOCO DA REMUNERAÇÃO NA ENE..................................742.4. AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE CARGOS..........................742.5. DECORRÊNCIAS DOS SALÁRIOS.............................................762.6. PROGRAMA DE INCENTIVOS NA ENE.....................................762.7. BENEFÍCIOS E SERVIÇOS NA ENE...........................................772.7.1. TIPOS DE BENEFÍCIOS SOCIAIS NA ENE...........................77CONSTASTAÇÃO E VERIFICAÇÃO DOS OBJECTIVOS DEFINIDOS............................................................................................................88

CONCLUSÕES.......................................................................................91

2

Page 3: João Maria Funzi Chimpolo

RECOMENDACÕES~............................................................................92BIBLIOGRAFIA......................................................................................93

INTRODUÇÃO

No âmbito das normas1 da Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto e o

processo científico em geral, temos a honra de apresentar a monografia intitulada:

“Sistema de Recompensas, Uma Abordagem Teórico-Prática – O Caso ENE”; a mesma

tem como objectivo: “definir um conjunto de critérios que permitam desenhar um

sistema de Recompensas e Punições que satisfaçam de forma óptima tanto os objectivos

organizacionais como os objectivos individuais dentro uma Organização e na ENE de

forma específica garantindo assim maior motivação dos funcionários e o consequente

aumento da produtividade”.

As organizações desenvolvem sistemas de recompensas capazes de provocar impacto

directo na sua capacidade de atrair, reter ou motivar os funcionários. Por um lado, as

recompensas visam incentivar as contribuições das pessoas aos objectivos e à

lucratividade da organização. Contudo, por outro lado, as recompensas afectam os custos

laborais. Por essa razão, é importante compreender os aspectos básicos do desenho e

administração do sistema de recompensas.

PROBLEMAS DA INVESTIGAÇÃO

De acordo com Hernandez2 (2002) definir o problema não é senão afinar e estruturar mais

formalmente a ideia de investigação. O problema deve expressar uma relação entre duas ou

mais variáveis. O problema deve estar formulado claramente e sem ambiguidade como

pergunta. A apresentação do problema deve implicar a recolha de dados.

PROBLEMA

1 Regulamento do Trabalho de fim de curso de Licenciatura - Deliberação nº011/ Conselho Científico da FE/UAN/20062 Hernández Sampiere, Roberto; Fernández Collado, Carlos y Baptista Lucio, Pilar (2002) Metodología de la Investigación. México. Litográfica INGRAMEX.

3

Page 4: João Maria Funzi Chimpolo

De que maneira devem ser recompensados e estimulados o pessoal da Empresa Nacional

de Electricidade (ENE) para obter maior produtividade e assegurar uma gestão eficaz dos

recursos a serem aplicados neste sector?

HIPÓTESE :

O Sistema de Recompensas na ENE será óptimo quando a sua implementação motive

o indivíduo a alcançar os objectivos organizacionais e, simultaneamente, estes por

sua vez satisfaçam os objectivos e necessidades individuais, neste sentido será

essencial explorar os modernos métodos de remuneração variáveis.

OBJECTIVO GERAL:

Desenhar um sistema de recompensas efectivo, que motive os funcionários a alcançar

os objectivos organizacionais e simultaneamente satisfaçam as suas necessidades e

objectivos individuais na Empresa Nacional de Electricidade (ENE) e em outras

empresas do sector público ou privado.

.

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS:

1. Descrever um plano de difusão dos critérios de remuneração variável utilizados por

empresas mais competitivas e modernizadas a nível mundial para que os gestores

da ENE, e não só, compreendam e apliquem tais critérios e métodos de modo a

alcançar com maior eficácia os objectivos estratégicos da empresa;

2. Desenhar uma campanha de compreensão e aplicação dos novos conceitos e

critérios de recompensas para que os gestores possam implementar uma nova

cultura organizacional mais competitivas;

VARIÁVEIS E INDICADORES DA INVESTIGAÇÃO:

1) VARIÁVEL INDEPENDENTE :

X. SISTEMA DE RECOMPENSAS

INDICADORES:

X.1. Sistema de Remuneração (remuneração variável):

X.2. Programa de Incentivos:

X.3. Pacotes de Benefícios:

2) VARIAVEL DEPENDENTE:

4

Page 5: João Maria Funzi Chimpolo

Y. MOTIVAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS TENDO EM VISTA O ALCANCE DOS

OBJECTIVOS ORGANIZACIONAIS E SATISFAÇÃO DOS OBJECTIVOS

INDIVIDUAIS

INDICADORES:

Y.1. Produtividade da Empresa (aumento da produção de Energia eléctrica e melhoria

da regularidade do seu fornecimento)

Y.2. Satisfação das necessidades dos Funcionários

Y.3. Competitividade da Empresa

TIPO E NÍVEL DE INVESTIGAÇÃO:

TIPO DE INVESTIGAÇÃO:

Este trabalho de investigação é do tipo básico ou puro, porquanto todos os aspectos são

teorizados e o seu alcance será prático na medida em que seja aplicado na Empresa

Nacional de Electricidade e outras similares.

NÍVEL DE INVESTIGAÇÃO

A investigação a realizar é do Nível descritivo-explicativa, porquanto se descreve novos

conceitos de Sistema de recompensas que inclui o sistema de remuneração, programa de

incentivos e pacote de benefícios e se explica a sua incidência sobre a motivação dos

funcionários tendo em vista o alcance dos objectivos organizacionais e ao mesmo tempo

a satisfação das necessidades individuais

1.3. JUSTIFICAÇÃO E IMPORTÂNCIA DA INVESTIGAÇÃO

JUSTIFICAÇÃO

A actividade organizacional pode ser visualizada como um complicado processo de

conversão de vários recursos através de um sistema integrado capaz de proporcionar saídas

ou resultados. O processo de conversão requer uma combinação óptima de entradas como

esforço humano, tecnologia, matérias-primas, capital, em um conjunto de trabalho para

produzir um resultado desejado. O trabalhador é parte vital e imprescindível dessa

actividade.

5

Page 6: João Maria Funzi Chimpolo

IMPORTÂNCIA

A importância se dá por um lado, em permitir recomendar a aplicação dos novos conceitos

e ideias que estão sendo implementados com sucesso a nível mundial nas economias mais

competitivas; por outro lado, permite plasmar os conhecimentos e experiência ganha na

nossa formação académica e laboral neste tipo de entidades.

MÉTODOS DA INVESTIGAÇÃO

DESCRITIVO

Pois se descreve o Sistema de Recompensa, o Sistema de remuneração, programa de

incentivos e pacote de benefícios bem como o efeito da sua implementação na Empresa

Nacional de Electricidade que constitui a amostra da nossa investigação.

INDUTIVO

Para inferir a informação da amostra à população da investigação e obter conclusões

válidas para a investigação.

DESENHO DA INVESTIGAÇÃO DESENVOLVIDA.

Neste trabalho de investigação, em primeiro lugar foram identificados os problemas, com

base nos quais propusemos as soluções correspondentes através das hipóteses, da mesma

forma os objectivos da investigação foram propostos; estabelecendo uma relação directa

entre estes três elementos metodológicos.

Após o trabalho desenvolvido, confrontamos com os objectivos específicos, o que permitiu

consolidar objectivo geral da investigação. Confrontados os objectivos específicos, foi

possível basear-se nos mesmos para emitir as conclusões parciais da investigação.

As conclusões parciais, constituem o resultado da investigação e são a base para emitir-se a

conclusão geral do trabalho.

Finalmente, estabeleceu-se uma inter-relação entre o objectivo geral e a conclusão geral

para confrontar com a hipótese geral da investigação, com base na descrição metodológica

e teórica.

POPULAÇÃO E AMOSTRA DA INVESTIGAÇÃO

POPULAÇÃO

6

Page 7: João Maria Funzi Chimpolo

A população esteve confinada à população que funciona na Empresa Nacional de

Electricidade e especialistas correspondentes a este ramo do saber (Recursos Humanos).

AMOSTRA

a investigação tomará como amostra a Empresa Nacional de Electricidade (ENE), por ser a

que detém o monopólio da produção intensiva de energia eléctrica para a República de

Angola e não só.

COMPOSIÇAO DA AMOSTRA DA INVESTIGAÇÃO

PESSOAS Entrevista

Inquérito TOTAL

Directores 01 00 01

Funcionarios 09 20 29

Trabalhadores 00 50 50

Docentes Universitários 05 00 05

Especialistas 05 10 15

TOTAL 20 80 100

Fonte: Elaboração própria.

TÉCNICAS DE RECOLHA DE DADOS:

ENTREVISTAS INQUÉRITO ANÁLISE

DOCUMENTAL

Esta técnica se aplicou aos

funcionários directivos da ENE;

docentes universitários e

experimentados profissionais, a

fim de obter informação sobre

todos os aspectos relacionados

com a investigação

Se aplicou aos

trabalhadores das

dependências da ENE,

Docentes Universitários e

Especialistas com o

objectivo de obter

informação sobre os

aspectos relacionados com

a investigação

Esta técnica se aplicou

para analisar os

princípios, normas,

informação bibliográfica

e outros aspectos

relacionados com a

investigação.

7

Page 8: João Maria Funzi Chimpolo

INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOS:

Os instrumentos que foram utilizados na investigação, estão relacionados com as técnicas

antes mencionadas, do seguinte modo:

TÉCNICAS E INSTRUMENTOS UTILIZADOS NA INVESTIGAÇÃO

TÉCNICA INSTRUMENTO

ENTREVISTA GUIA DE ENTREVISTA

INQUÉRITO QUESTIONÁRIO

ANALISE DOCUMENTAL GUIA DE ANÁLISE DOCUMENTAL

TÉCNICAS DE ANÁLISE E PROCESSAMENTO DE DADOS

TÉCNICAS DE ANÁLISE: TÉCNICAS DE PROCESSAMENTO

DE DADOS:

a) Análise documental

b) Indagação

c) Conciliação de dados

d) Tabulação de quadros com

quantidades e percentagens

e) Formulação de gráficos

f) Outras que sejam necessárias.

a) Ordenamento classificação

b) Processamento manual

c) Processo computarizado com Excel

8

Page 9: João Maria Funzi Chimpolo

CAPÍTULO I: DESCRIÇÃO TEÓRICA DA INVESTIGAÇÃO

1.1. REMUNERAÇÃO

Segundo Kianvu Tamo (2008)3 manutenção de recursos humanos consiste na utilização dos

procedimentos que favorecem a consonância entre os anseios de recursos humanos e as

expectativas da organização, afim de estimular o desempenho no trabalho que participa no

alcance dos resultados projectados pela gestão. Estes anseios relativos ao desenvolvimento

pessoal são económicos e psicossociais.

Kianvu Tamu considera ainda que o conjunto de meios e recompensas principalmente a

remuneração, contribui na mobilização e motivação de recursos humanos, e baseando-se

nesta concepção iniciamos a nossa descrição teórica pela remuneração.

Organizações têm sistemas de recompensas para seus membros. Recompensa é uma

retribuição, prémio ou reconhecimento pelos serviços de alguém. A recompensa mais

comum é a remuneração. A remuneração total é o pacote de recompensas quantificáveis

que uma pessoa recebe pelo seu trabalho e é constituída de remuneração básica, incentivos

salariais e benefícios. Existem recompensas financeiras e não-financeiras. As recompensas

financeiras podem ser directas como salário directo, prémios e comissões) ou indirectas

(férias, DSR, gratificações etc.). O salário pode ser nominal ou real. Remuneração é o

processo que envolve todas as formas de pagamento ou de recompensas dadas aos

funcionários e decorrentes do emprego. O salário pode ser por unidade de tempo (mês ou

hora de trabalho), por resultado ou por tarefa. O salário é importante para a pessoa (define

3Kianvu Tamo, Gerir os Recursos Humanos, entre constrangimentos e

alternativas, Capatê – publicações, Lda. 1ª edição 2008

9

Page 10: João Maria Funzi Chimpolo

seu padrão de vida) e para a organização (impacta seus custos) e depende de factores

internos (organizacionais) e externos (ambientais). O desenho do sistema de remuneração

deve levar em conta certos critérios para sua construção. A administração de salários é o

conjunto de normas e procedimentos para estabelecer e/ou manter estruturas salariais

equitativas na organização que tenham equilíbrio interno e externo. O equilíbrio interno é

assegurado pela avaliação e classificação de cargos, enquanto o externo é assegurado por

pesquisas salariais. Os métodos tradicionais de avaliação de cargos são: escalonamento

simples, categorias predeterminadas, comparação por factores e avaliação por pontos. As

decorrências dos salários são os encargos sociais que alavancam os custos do trabalho nas

organizações.

1.1.1 CONCEITO DE REMUNERAÇÃO

Ninguém trabalha de graça. Como parceiro da organização, cada funcionário está

interessado em investir com trabalho, dedicação e esforço pessoal, com os seus

conhecimentos e habilidades desde que receba uma retribuição adequada. As organizações

estão interessadas em investir em recompensas para as pessoas desde que delas possam

receber contribuições ao alcance dos seus objectivos. Daí decorre o conceito de

remuneração total. A remuneração total de um funcionário é constituída de três

componentes principais, como mostra a figura nº2 a proporção relativa de cada um dos três

componentes varia de uma organização para outra.

Figura nº 2 Os três componentes da remuneração total

RemuneraçãoTotal

BenefíciosIncentivos salariais

Remuneração Básica

Salário mensal ou salário por hora

BónusParticipação nos resultados, etc.

Seguro de vidaSeguro de saúdeRefeições subsidiadas

10

Page 11: João Maria Funzi Chimpolo

1.1.2 GERAR RIQUEZA E DISTRIBUIR RIQUEZA

Segundo Chiavenato (2008)4 a geração de riqueza é um dos objectivos principais das

organizações. E esse objectivo depende de outro: a distribuição da riqueza gerada entre os

parceiros que contribuíram para a sua geração. Um dos aspectos mais importantes da

filosofia de uma organização é o que se relaciona com a política de retribuição e

recompensa dos seus parceiros. As recompensas representam um custo para a organização.

As organizações precisam analisar a relação entre custos e benefícios de seus sistemas de

recompensas. Em outras palavras, os sistemas de recompensas devem trazer algum retorno

à organização, além de incentivar as pessoas a fazer contribuições à organização.

1.1.3 OS TRÊS COMPONENTES DA REMUNERAÇÃO TOTAL

De acordo com Chiavenato5 na maioria das organizações, o principal componente da

remuneração total é a remuneração básica que é o pagamento fixo que o funcionário

recebe de maneira regular na forma de salário mensal ou na forma de salário por hora. A

remuneração básica é representada pelo salário, mensal ou horário. No jargão económico,

salário é a remuneração em dinheiro recebida pelo trabalhador pela venda de sua força de

trabalho. Embora tenha havido trabalhadores assalariados em outros períodos da história,

foi com o advento do capitalismo que o salário se tornou forma dominante de pagamento

da chamada mão-de-obra. O segundo componente da remuneração total são os incentivos

salariais, que são programas desenhados para recompensar os funcionários com bom

desempenho. Os incentivos são concedidos de diversas formas, através de bónus ou

participação nos resultados como recompensas pelos resultados alcançados. O terceiro

componente da remuneração total são os benefícios, quase sempre denominados

remuneração indirecta. Os benefícios são concedidos através de vários programas que

veremos mais adiante.

1.1.4. RECOMPENSAS FINANCEIRAS E NÃO-FINANCEIRAS

4 Idalberto Chiavenato, Gestão de Pessoas,3ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2008

11

Page 12: João Maria Funzi Chimpolo

As recompensas podem ser classificadas como: recompensas financeiras e não-financeiras.

As recompensas financeiras podem ser directas e indirectas. A figura nº3 dá uma ideia

resumida a respeito.

Figura nº3 Os diversos tipos de recompensas

A recompensa financeira directa consiste do pagamento que cada empregado recebe na

forma de salários, bónus, prémios e comissões. O salário representa o elemento mais

importante. O salário é a retribuição em dinheiro ou equivalente paga pelo empregador ao

empregado em função do cargo que este exerce e em função do serviço que presta durante

determinado período de tempo. O salário pode ser directo ou indirecto. O salário directo é

aquele percebido como contraprestação do serviço no cargo ocupado. Pode se referir ao

mês ou a hora trabalhados. Os empregados horistas recebem o correspondente ao número

de horas efectivamente trabalhadas no mês (excluindo o descanso semanal remunerado –

DSR) multiplicado pelo valor do salário por hora. Os empregados mensalistas recebem o

valor do seu salário mensal. O uso do salário horário para o pessoal directo facilita o

cálculo dos custos de produção: enquanto as horas não trabalhadas (DSR e férias) e os

encargos sociais vão para os custos indirectos. Como os mensalistas são definidos como

5 Idem

RecompensasOrganizacion

ais

Não Financeir

as

Financeiras

Indirectas

Directas

Oportunidades de DesenvolvimentoReconhecimento e auto-estimaSegurança no empregoQualidade de vida no trabalhoOrgulho da empresa e do trabalhoPromoçõesLiberdade e autonomia no trabalho

DSR (para horistas)FériasGratificaçõesGorjetasHoras Extras13º SalárioAdicionaisDecorrências financeiras dos benefícios concedidos

Salário DirectoPrémiosComissões

12

Page 13: João Maria Funzi Chimpolo

pessoal indirecto (não relacionados directamente com o processo produtivo), os seus

salários e encargos sociais vão para o orçamento de despesas de organização.

A recompensa financeira indirecta é o salário indirecto decorrente de cláusulas da

convenção colectiva do trabalho e do plano de benefícios e serviços sociais oferecidos pela

organização. O salário indirecto inclui: férias, gratificações, gorjetas, adicionais (de

periculosidade, de insalubridade, adicional nocturno, adicional de tempo de serviço etc.),

participação nos resultados, horas extraordinárias, bem como o correspondente monetário

dos benefícios e serviços sociais oferecidos pela organização (como alimentação

subsidiada, transporte subsidiado, seguro de vida em grupo, etc.). A soma do salário

directo e do salário indirecto constitui a remuneração. Assim, a remuneração abrange todas

as parcelas do salário directo e todas as decorrências do salário indirecto. Em outros

termos, a remuneração constitui tudo quanto o empregado aufere como consequência do

trabalho que realiza em uma organização. A remuneração é género e o salário é espécie.

1.1.5 SALÁRIO NOMINAL E SALÁRIO REAL

Na verdade o salário representa a principal forma de recompensa organizacional. Existe o

salário nominal e o salário real. O salário nominal representa o volume de dinheiro fixado

em contrato individual pelo cargo ocupado. Em uma economia inflacionária, quando o

salário nominal não é actualizado periodicamente, sofre erosão e consequente perda de

poder aquisitivo. O salário real representa a quantidade de bens que o empregado pode

adquirir com o volume de dinheiro que recebe mensal ou semanalmente e corresponde ao

poder aquisitivo. O poder aquisitivo é a quantidade de mercadorias que o pode ser

adquirida com o salário. Assim a mera aquisição do valor real não significa aumento

salarial: o salário nominal é alterado para proporcionar o salário real equivalente em

período anterior. Daí a distinção entre reajustamento do salário (recomposição do salário

real) e aumento real do salário (acréscimo do salário real).

Há também o salário mínimo, que é a menor remuneração permitida por lei para

trabalhadores de um pais ou ramo de actividade económica. Sua fixação significa uma

intervenção do estado no mercado de trabalho, ou – como ocorre em muitos países resulta

de negociações colectivas entre empregados e empregadores. No caso de Angola o salário

mínimo nacional está definido ao equivalente a 100 dólares.

13

Page 14: João Maria Funzi Chimpolo

Assim, segundo Chiavenato6 o salário pode ser considerado sob vários aspectos diferentes:

1. É o pagamento de um trabalho;

2. Constitui uma medida do valor de um indivíduo na organização;

3. Coloca a pessoa em uma hierarquia de status dentro da organização;

4. Define o padrão de vida do colaborador;

5. Representa um investimento para a organização que produz retorno;

Guy Lautier7 considera principais aspectos da remuneração os seguintes:

1. Económico: a remuneração determina-se em função do mercado; é o preço de um

factor de produção e atribui um poder de compra para aquisição de bens e serviços;

2. Psicológico: a organização espera do assalariado um certo tipo de

comportamento; de igual forma o assalariado para com a organização, a

remuneração gera um sistema de realização (teoria de expectação);

3. Sociológico: o trabalho remunerado confere ao indivíduo um certo status

social numa cognição de comparação (teoria de equidade), e um reconhecimento

junto tanto da sociedade como do colectivo de trabalhadores;

4. Político: o nível de remuneração representa uma certa correlação de forças

entre o poder político e as associações sindicais e sócio-profissionais; podemos aqui

exemplificar o caso do salário mínimo nacional, e a indexação do salário8;

5. Legal: Existe uma legislação que regulamenta o trabalho: Lei Geral do

Trabalho9 e outros regulamentos complementares;

6. Ética: o sistema salarial deve basear-se numa ética de justiça social:

remunerar numa ética comutativa, intercambio das vantagens, ou numa óptica

distributiva10; a equidade pode ser considerada do ponto de vista interno ou

externo. Verifica-se que segundo o princípio da justiça contributiva, os indivíduos

que se equivalem em determinados aspectos devem ser tratados de maneira igual e

os que são diferentes devem ser tratados de maneira proporcionalmente diferente.

6 Idalberto Chiavenato, Gestão de Pessoas,3ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2008 7 Guy Lautier, les Remunerátions, Paris, Máxima, 1993, pag 263. 8 Kianvu Tamo, Gerir os Recursos Humanos, entre constrangimentos e alternativas, Capatê – publicações, Lda. 1ª edição 2008,pg. 128.9 Lei nº2/00, de 11 de Fevereiro: Lei Geral do Trabalho (LGT).10 Lei nº2/00, de 11 de Fevereiro: Lei Geral do Trabalho (LGT), op. Cit (Arts. 96º, 103º, 105º, ponto 10 do art. 164º)

14

Page 15: João Maria Funzi Chimpolo

O salário constitui o núcleo das relações de intercâmbio entre as pessoas e as organizações.

Todas as pessoas aplicam seu tempo e esforço nas organizações e, em decorrência,

recebem dinheiro, que representa a troca entre direitos e responsabilidades recíprocos entre

empregado e empregador. A administração salarial é o processo de administrar o programa

de remuneração da organização.

1.1.6. OS TIPOS DE SALÁRIO

Existem três tipos de salário: O salário por unidade de tempo, o salário por resultado e o

salário-tarefa.

1. O salário por unidade de tempo é pago de acordo com o tempo que a pessoa fica a

disposição da empresa e a unidade de tempo pode ser dimensionada em hora,

semana, quinzena ou mês. Por essa razão, as pessoas são denominadas horistas ou

mensalistas. O salário por resultado refere-se à quantidade ou número de peças ou

obras produzidas pela pessoa. Abrange os sistemas de incentivos (comissões ou

percentagens) e prémios de produção (gratificações pela produtividade alcançada

ou pelos negócios efectuados).

2. O salário por tarefa é uma fusão dos dois tipos anteriores: a pessoa está sujeita a

uma jornada de trabalho ao mesmo tempo que o salário é determinado pela

quantidade de peças produzidas.

1.1.7. OS SIGNIFICADOS DO SALÁRIO

O salário é uma contraprestação pelo trabalho de uma pessoa na organização. Em troca do

dinheiro – elemento simbólico e intercambiável – a pessoa empenha parte de si mesma, de

seu esforço e de sua vida, comprometendo-se a uma actividade quotidiana e a um padrão

de desempenho na organização.

Para as pessoas o trabalho é considerando como um meio para atingir um objectivo

intermediário, que é o salário. Segundo a teoria da expectativa, o salário permite alcançar

muitos objectivos finais desejados pelo indivíduo. Na pratica, o salário constitui a fonte de

15

Page 16: João Maria Funzi Chimpolo

renda que proporciona o poder aquisitivo de cada pessoa. E o poder aquisitivo define o

padrão de vida de cada pessoa e a satisfação da sua hierarquia de necessidades individuais.

O contra cheque que o funcionário recebe da organização é o mais importante elemento

para o seu poder de compra. O volume de dinheiro que uma pessoa ganha serve também de

indicador de poder e de prestígio, o que influencia seus sentimento de auto estima. Em

suma, a remuneração afecta as pessoas sob o ponto de vista económico, sociológico e

psicológico.

Para a organização, o salário representa, a um só tempo, um custo e um investimento.

Custo, porque o salário se reflecte no custo do produto ou do serviço final. Investimento

porque representa a aplicação de dinheiro em um factor de produção – o trabalho – como

um meio de agregar valor e obter um retorno a curto ou médio prazo.

A proporção dos salários e respectivos encargos sociais no valor do produto ou do serviço

oferecido pela organização depende do ramo de actividade da organização. Quanto mais

automatizada for a produção (tecnologia de capital intensivo), tanto menor a participação

dos salários nos custos de produção. Por outro lado, quanto maior o índice de manufactura

(tecnologia de mão-de-obra intensiva), maior será a incidência dos salários e encargos nos

custos de produção. Em qualquer dos casos, os salários sempre representam para a

organização um respeitável volume de dinheiro que precisa ser muito bem administrado.

Daí a necessidade de administração dos salários, conclui Chiavenato.

1.1.8. A COMPOSIÇÃO DOS SALÁRIOS

Chiavenato considera que, os salários dependem de vários factores internos

(organizacionais) e externos (ambientais) que os condicionam fortemente. A definição de

salários é complexa e envolve decisões múltiplas, pois os factores internos e externos estão

inter-relacionados e exercem efeitos diferenciados sobre os salários. Esses factores actuam

independente e harmonicamente uns com os outros, no sentido de elevar ou baixar os

salários. Geralmente, as decisões a respeito dos salários são tomadas levando em conta

todo o conjunto dos factores internos e externos, que forma o composto salarial como

mostra a figura nº4

16

Page 17: João Maria Funzi Chimpolo

Figura nº4 O composto salarial

1.1.9. DESENHO DO SISTEMA DE REMUNERAÇÃO

A remuneração é um assunto complicado, pois depende de inúmeros factores. Há uma

variedade de políticas e procedimentos de remuneração. A construção de planos de

remuneração requer certos cuidados pois provoca forte impacto nas pessoas e no

desempenho da organização pelos seus efeitos e consequências. O desenho do sistema

oferece dois desafios principais: de um lado, deve capacitar a organização para alcançar os

seus objectivos estratégicos e, de outro lado, deve ser moldado e ajustado às características

únicas da organização e do ambiente externo que a envolve.

1.1.10. CRITÉRIOS PARA CONSTRUÇÃO DE UM PLANO DE REMUNERAÇÃO

Nove critérios são básicos na construção de um plano de remuneração:

1. Equilíbrio interno versus equilíbrio externo.

O plano de remuneração pode ser concebido como justo dentro de uma organização ou

como justo em relação ao salário de outras organizações do mesmo cargo? A equidade

interna obedece ao princípio da justiça distributiva, que fixa os salários de acordo com as

contribuições ou insumos que os colaboradores trocam com a organização. O salário

Composição dos Salários

Factores externos

(ambientais)

Factores internos

(Organizacionais)

Situação do mercado de trabalhoConjuntura económica (inflação, recessão, custo de vida, etc.)Sindicatos e negociações colectivasLegislação laboralSituação do mercado de clientesConcorrência no mercado

Tipologia dos cargos na organizaçãoPolíticas de RH da organização Política Salarial da organizaçãoDesempenho e capacidade financeira da organizaçãoCompetitividade da organização

17

Page 18: João Maria Funzi Chimpolo

representa o mais importante desses resultados, apesar da importância dos benefícios não

monetários. Dentro dessa perspectiva psicológica as pessoas estão sempre comparando o

que contribuem para a organização com o retorno que dela recebem comparando esta

equação insumo/resultado com a dos colegas dentro e fora da organização, o modelo de

justiça distributiva salienta que as pessoas estarão satisfeitas quando percebe que são pagas

equitativamente em relação aos colegas com trabalho similar. Por outro lado, a equidade

externa obedece ao modelo do mercado de trabalho, fixa os salários conforme as ocupações

similares de outras organizações do mesmo ramo de actividade. A equidade externa alinha

os salários da organização com os do mercado de trabalho. A organização precisa

balancear os dois tipos de equilíbrio para manter consistência em sua estrutura salarial.

2. Remuneração fixa ou remuneração variável.

A remuneração fixa pode ser paga em uma base fixa – através de salários mensais ou por

hora – ou pode variar conforme critérios previamente definidos como metas e lucros da

organização. A maioria das organizações paga seus colaboradores na base de salários

mensais, por isso reduz os riscos tanto para o empregador como para o colaborador. Outras

optam por valores flexíveis para cargos elevados como presidentes e directores (em função

dos resultados operacionais) e vendedores (na base de comissões de vendas).

3. Desempenho ou tempo de casa.

A remuneração pode enfatizar o desempenho e remunerá-lo de acordo com as

contribuições individuais ou grupais ou pode enfatizar o tempo de casa do funcionário na

organização. A remuneração contingencial por desempenho pode adoptar salário por

produção (ganho baseado nas unidades produzidas) e comissões de vendas. Muitas

empresas usam prémios por sugestões de redução de custos, bónus por atendimento

perfeito ao cliente ou pagamento de mérito baseado nas avaliações de desempenho.

Algumas organizações oferecem remuneração contingencial por tempo de casa que

proporciona um salário em função do cargo, acrescido de um valor adicional pelos anos de

trabalho na casa. A progressão de salários também pode ocorrer nas promoções dentro da

organização. Na verdade, a cultura organizacional é que vai definir qual a ênfase a

escolher.

18

Page 19: João Maria Funzi Chimpolo

4. Remuneração do cargo ou remuneração da pessoa.

A compensação pode focalizar como um cargo contribui para os valores da organização ou

como os conhecimentos e competências da pessoa contribuem para o trabalho ou para a

organização. O sistema tradicional privilegia o salário pela contribuição do cargo e não

como o trabalhador o desempenha. Nele, o cargo representa a unidade da análise para a

determinação da estrutura salarial. É o cargo e não o seu ocupante que interessa. A política

salarial baseada nos cargos funciona bem quando os cargos não mudam, a tecnologia é

estável, a rotatividade é baixa os colaboradores recebem treinamento intensivo para

aprender as tarefas, os cargos são padronizados no mercado e as pessoas desejam crescer

através de promoções na carreira. Já o sistema de remuneração baseada nas competências

se baseia nos talentos que as pessoas devem possuir para serem aplicados em uma

variedade de tarefas e situações. A remuneração aumenta na medida em que a pessoa se

torne capaz de desempenhar mais actividades com sucesso. Ao contrário, a remuneração

baseada no individuo é indicada quando a força de trabalho é educada e possui capacidade

e vontade de aprender novas tarefas, a tecnologia e a estrutura organizacional mudam

constantemente, as oportunidades para mobilidade vertical são limitadas, a participação e

espírito de equipa são encorajados na organização e os custos de rotatividade e o

absentismo em termos de perdas de produção são elevados.

5. Igualitarismo ou elitismo.

A remuneração pode incluir o maior número possível de colaboradores sob o mesmo

sistema de remuneração (igualitarismo) ou pode estabelecer diferentes planos conforme os

níveis hierárquicos ou grupos de funcionários (elitismo). No sistema igualitário, todos os

colaboradores participam do mesmo sistema de remuneração e os planos de participação

nos resultados fixam a mesma percentagem para todos os funcionários, do topo até a base

da organização. Já o sistema elitista é utilizado por organizações mais velhas, bem

estabelecidas no mercado e pequena competição. O elitismo reforça a tradicional

hierarquia da organização. A tendência actual se move para os sistemas igualitários que

dão pouca importância aos níveis hierárquicos, proporcionando flexibilidade e encorajando

maior relacionamento entre subordinados e gerentes e maior cooperação entre os

colaboradores.

19

Page 20: João Maria Funzi Chimpolo

6. Remuneração abaixo do mercado ou acima do mercado.

Os funcionários podem ser remunerados em um nível percentual abaixo ou acima do

mercado. Essa escolha afecta os custos da organização e a satisfação dos colaboradores. A

decisão de pagar abaixo do mercado é comum em organizações pequenas, jovens e não

sindicalizadas e que operam em áreas economicamente pouco desenvolvidas e que apre-

sentam elevada proporção de mulheres e minorias em sua força de trabalho. A decisão de

pagar acima do mercado é comum em organizações que procuram reter e motivar seus co-

laboradores e minimizar seus custos de rotatividade e absenteísmo.

7. Prémios monetários ou prémios não-monetários.

O plano de remuneração pode enfatizar colaboradores motivados através de recompensas

monetárias, como salários e prémios salariais, ou pode enfatizar recompensas não-

monetários como trabalhos mais interessantes ou segurança no emprego. Os prémios

monetários são dados em dinheiro e reforçam a responsabilidade e o alcance individual de

objectivos, enquanto os não-monetários reforçam o comprometimento com a organização.

Os prémios monetários predominam nas organizações que actuam em mercados voláteis

com pouca segurança no emprego, que valorizam mais as vendas do que o serviço ao

consumidor, e entre aquelas que acentuam um clima interno competitivo em vez de

comprometimento do colaborador a longo prazo. Os prémios não-monetários são

intangíveis e incluem trabalho interessante e agradável, desafios e reconhecimento público.

Certos prémios não-monetários podem ser transformados em dinheiro no futuro (como

aquisição de acções da companhia ou planos de aposentadoria).

8. Remuneração aberta ou remuneração confidencial.

Os colaboradores podem ter acesso aberto à informação sobre a remuneração de outros

colegas e como as decisões salariais são tomadas (remuneração aberta) ou esse co-

nhecimento é evitado entre os funcionários (remuneração confidencial). As organizações

variam quanto à maneira como comunicam os níveis de remuneração aos seus colabora-

dores. O salário aberto tem duas vantagens sobre o salário confidencializado: quando os

20

Page 21: João Maria Funzi Chimpolo

salários são secretos as pessoas se sentem mais sub-recompensadas do que realmente são e

os gerentes precisam se cercar de cuidados para não haver vazamentos nas informações. Já

o salário aberto força os gerentes a defenderem publicamente suas decisões, o custo de uma

decisão errada é maior e leva os gerentes a serem menos inovadores. A remuneração aberta

é mais bem-sucedida nas organizações com grande envolvimento dos funcionários e com

uma cultura igualitária que promove confiança e comprometimento.

9. Centralização ou descentralização das decisões salariais.

As decisões sobre remuneração podem ser controladas em um órgão central ou podem ser

delegadas aos gerentes das unidades organizacionais. No sistema centralizado, as decisões

são tomadas e controladas geralmente no DRH. No sistema descentralizado, as decisões

são delegadas aos gerentes de linha. A centralização é apropriada quando a organização

considera prudente atribuir a responsabilidade a especialistas pelos registos e controles,

pesquisas salariais e administração de benefícios para enfrentar desafios legais e

trabalhistas.

Equilíbrio Interno Equilíbrio Externo

Remuneração Fixa Remuneração Variável

Ênfase no Desempenho Ênfase no Tempo de Casa

Remuneração do Cargo Remuneração da Pessoa

Igualitarismo Elitismo

Remuneração Abaixo do

Mercado

Remuneração Acima do

Mercado

Prémios Monetários Prémios não-monetários

Remuneração Aberta Remuneração Confidencial

Decisões Centralizadas Decisões Descentralizadas

Figura nº5 Os critérios para definir a construção de um plano de remuneração.

1.1.11. CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO DE SALÁRIOS

Administração de salários é o conjunto de normas e procedimentos utilizados para

21

Page 22: João Maria Funzi Chimpolo

estabelecer e/ou manter estruturas de salários equitativas e justas na organização. Como a

organização é um conjunto integrado de cargos em diferentes níveis hierárquicos e em

diferentes sectores de actividades, a administração salarial é um assunto que envolve a

organização como um todo e que repercute em todos os seus níveis e sectores. Uma

estrutura salarial é um conjunto de faixas salariais relacionado com os diferentes cargos

existentes na organização. Para estabelecer e manter estruturas salariais equitativas e justas,

torna-se necessário estabelecer duas formas de equilíbrio, a saber:

1. Equilíbrio interno. Ou seja, consistência interna entre os salários em relação aos

cargos da própria organização. O equilíbrio interno exige uma estrutura salarial justa e

bem doseada.

2. Equilíbrio externo. Ou seja, consistência externa dos salários em relação aos mesmos

cargos de outras organizações que actuam no mercado de trabalho. O equilíbrio

externo exige uma estrutura salarial compatível com o mercado.

O equilíbrio interno é alcançado por meio de informações obtidas através da avaliação e

classificação de cargos, que geralmente são baseadas em um programa prévio de descrição

e análise de cargos. O equilíbrio externo é alcançado por meio de informações externas

obtidas através de pesquisas de salários. Com essas informações internas e externas, a

organização pode traçar sua política salarial - como parte de sua política de RH - para

normalizar os procedimentos a respeito da remuneração do pessoal. A política salarial

constitui um aspecto particular e específico das políticas de RH da organização.

Figura nº6 Os fundamentos da administração de salários.

22

Page 23: João Maria Funzi Chimpolo

1.1.11.1 OBJECTIVOS DA ADMINISTRAÇÃO DE SALÁRIOS

O sistema de remuneração deve ser desenhado para atingir vários objectivos:

1. Atrair e reter talentos na organização.

2. Motivação e obtenção de engajamento comprometimento do pessoal.

3. Aumento da produtividade e qualidade no trabalho.

4. Controle de custos laborais.

5. Tratamento justo e equitativo às pessoas.

6. Cumprimento da legislação trabalhista.

7. Ajudar no alcance dos objectivos organizacionais.

8. Proporcionar um ambiente amigável e impulsionador de trabalho.

Alguns sistemas privilegiam algum ou alguns destes objectivos em detrimento de outros.

1.1.11.2. O FOCO DA REMUNERAÇÃO

De acordo com Chiavenato11, entre tantas definições, provavelmente a mais ampla é

estabelecer qual é O foco da remuneração: ela deve ser baseada nos cargos ou nas

competências individuais? Cada vez mais as organizações estão migrando do foco nos

cargos para o foco nas competências conforme figura nº7.

Remuneração

Baseados em cargos:Baseado em competências:

Pagar de acordo com a

avaliação do cargo ocupadoObjectivo primário

Pagar de acordo com a

avaliação das competências

individuais ou grupais

11 Idalberto Chiavenato, gestão de pessoas: novo papel dos recursos humanos nas organizações,3ª edição, Rio de Janeiro, Elsevier, 2008

23

Page 24: João Maria Funzi Chimpolo

Justiça equitativa e

manutenção do equilíbrio

interno e externo dos salários

Objectivo final

Justiça equitativa e dinâmica

do equilíbrio interno e

externo da remuneração

Adequação da remuneração

ao cargo ocupadoEficiência

Adequação da remuneração

às competências individuais

ou grupais

Percepção dos ocupantes

quanto à adequação de sua

remuneração em relação ao

cargo ocupado

Eficácia

Percepção das pessoas

quanto ao impulso dado pelos

incentivos a melhor aplicação

das competências individuais

ou grupais

Cargos adequadamente

remuneradosIndicador

Competências adequadamente

remuneradas

Desempenho da força de

trabalho/custos de

remuneração

Retorno sobre o

investimento

Contribuição individual ou

grupal/custos do programa de

remuneração

Figura nº7 Remuneração baseada no cargo X remuneração baseada nas competências

1.1.12. AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE CARGOS

Para assegurar o equilíbrio interno dos salários, a administração salarial utiliza a avaliação

e classificação dos cargos. Ambas representam esquemas tradicionais para cotejar os

cargos e perfilá-los na estrutura de salários da organização. A avaliação de cargos é o

processo através do qual se aplicam critérios de comparação dos cargos para se conseguir

uma vaio ração relativa interna dos salários dos diversos cargos. A classificação de cargos

é o processo de comparar o valor relativo dos cargos, a fim de colocá-los em uma

hierarquia de classes que podem ser utilizadas como base para a estrutura de salários. A

avaliação e classificação de cargos constituem as técnicas tradicionais para definir uma

estrutura de salários com base em uma comparação sistemática e consistente. Enquanto a

avaliação de cargos busca fixar o valor relativo de cada cargo dentro da organização, a

classificação arruma os salários dos cargos em uma estrutura integrada e coesa, com as res-

24

Page 25: João Maria Funzi Chimpolo

pectivas faixas salariais em ordem gradativa de valores. A ideia subjacente é proporcionar

uma distribuição equitativa dos salários dentro da organização para eliminar qualquer tipo

de arbitrariedade.

1.1.12.1. MÉTODOS TRADICIONAIS DE AVALIAÇÃO DE CARGOS

A avaliação de cargos visa a obtenção de dados que permitirão uma conclusão acerca do

valor interno relativo de cada cargo na organização, indicando as diferenças essenciais

entre os cargos do ponto de vista quantitativo ou qualitativo. A avaliação de cargos pode

ser complementada por outros procedimentos, como negociações com sindicatos, pesquisas

de mercado de salários etc.

Os métodos de avaliação de cargos buscam obter informação sobre os cargos a partir da

descrição e análise de cargos para permitir decisões comparativas entre eles. A avaliação

enfatiza a natureza e o conteúdo dos cargos e não as características das pessoas que os

ocupam. Para tanto, a avaliação de cargos fundamenta-se nas informações oferecidas pela

descrição e análise de cargos sobre o que o ocupante faz, quando faz, como faz, onde faz e

por que faz.

Existem vários métodos de avaliação de cargos e todos eles são eminentemente

comparativos: comparam os cargos entre si ou comparam os cargos com alguns critérios

(categorias ou factores de avaliação) tomados como base de referência. Os métodos de

avaliação de cargos podem ser divididos em três grupos, conforme a Figura nº8.

Comparação

Simples

Comparação

Não-quantitativa

Comparação

Quantitativa

Cargo como

um todo

Cargo como

um todo

Partes do cargo ou

Factores de avaliação

Cargo versus cargo

Cargo versus escala

Escalonamento de cargos

Categorias

predeterminadas

Comparação por

factores

Avaliação por pontos

Figura nº8 Sistema de avaliação e comparação de cargos

25

Page 26: João Maria Funzi Chimpolo

Abordaremos quatro principais métodos de avaliação de cargos: escalonamento,

categorias predeterminadas, comparação por factores e avaliação por pontos.

1.1.12.2. MÉTODO DE ESCALONAMENTO SIMPLES

O método de avaliação de cargos por escalonamento simples ou por comparação simples

(job Ranking) consiste em dispor os cargos em um rol (crescente ou decrescente) em

relação a um critério escolhido que funciona como padrão de comparação. Na prática,

trata-se de uma comparação cargo a cargo pelo fato de que cada cargo é comparado com os

demais em função do critério escolhido como base de referência (como complexidade,

responsabilidade, importância etc.). É um método rudimentar. A comparação entre os

cargos é global e sintética, superficial e sem considerar nenhuma análise mais profunda.

1. O primeiro passo para a utilização do método é a descrição e análise de cargos.

Qualquer que seja o método de análise, a informação sobre os cargos deve ser

montada e registada em um formato padronizado e ajustado ao critério a adoptar, para

facilitar a avaliação dos cargos.

2. O segundo passo é a definição do critério de comparação. A seguir, definem-se os

limites superiores (Ls) e inferior (Li) com que o critério escolhido se apresenta na

organização. Se o critério for complexidade, os limites deverão indicar qual o cargo

mais complexo (limite superior) e o cargo menos complexo (limite inferior) dentro da

organização.

3. O terceiro passo é a comparação dos cargos com o critério escolhido e o seu

escalonamento em um rol (ordem crescente ou decrescente) em relação ao critério. O

rol constitui a própria classificação dos cargos.

Muitas organizações preferem substituir o critério de comparação por cargos de referência

(benchmarks jobs). A organização escolhe os cargos de referência que possuam um

determinado teor conhecido do critério escolhido. Cada cargo é comparado não com o

26

Page 27: João Maria Funzi Chimpolo

critério escolhido, mas com os cargos de referência que possuam determinado volume do

critério. A partir daí, faz-se o escalonamento: coloca-se ao longo da curva ou da recta de

salários os cargos de referência e se compara os demais cargos com eles, para definir o

escalonamento dos cargos.

1.1.12.3. MÉTODO DE CATEGORIAS PREDETERMINADAS

O método de categorias predeterminadas (job Classification) é uma variação do método do

escalonamento simples. Na verdade, poderia ser denominado método de escalonamento

simultâneo, pois requer a divisão e separação dos cargos em categorias predeterminadas,

como cargos mensalistas e cargos horistas, por exemplo. Em muitas organizações, os

cargos são separados em três categorias predeterminadas: cargos não-qualificados, cargos

qualificados e cargos especializados. Após a determinação das categorias predeterminadas,

aplica-se o método do escalonamento simples a cada uma delas, independentemente, como

mostra a Figura nº9.

Cada categoria predeterminada apresenta o seu limite inferior e limite superior, podendo

haver uma superposição entre elas. Essa superposição faz com que os salários dos limites

inferiores da categoria mais avançada sejam menores do que os salários dos limites

superiores da categoria anterior.

27

Page 28: João Maria Funzi Chimpolo

Figura nº9 Método de avaliação de cargos pelo escalonamento

Muitas organizações preferem trabalhar com cargos de referência (benchmarks jobs) em

cada uma das categorias predeterminadas para facilitar o processo comparativo e

classificação dos cargos.

CATEGORIZAÇÃO DE CARGOS

Há muitas variações do método de categorias predeterminadas. Pode-se categorizar os

cargos em grupos, que são chamados classes (quando contém cargos similares) ou graus

(quando contém cargos diferentes, mas similares em dificuldade). O governo federal

americano tem um sistema de administração de salários composto de 10 GS (General

Schedule), isto é, 10 classes ou categorias genéricas. Os cargos são classificados

(posicionados em categorias) de acordo com um sistema federal de classificação de oito

factores de escalonamento:

1. Dificuldade e variedade do trabalho

2. Supervisão recebida e exercida das categorias predeterminadas para facilitar o pro-

cesso comparativo e classificatório dos cargos.

3. Julgamento exercido

Salários(AKZ)

(Li) Critério de

(Ls)

escalonamento

28

Page 29: João Maria Funzi Chimpolo

4. Originalidade requerida

5. Natureza e propósito das relações interpessoais de trabalho

6. Responsabilidade

7. Experiência

8. Conhecimento requerido

Com base nesses factores de escalonamento foi elaborada uma grade de descrição que

permite à comissão de avaliação rever todas as descrições de cargos e aloca-los na classe

ou categoria apropriada.

Figura nº10 Método de avaliação de cargos por categorias predeterminadas

VANTAGENS DA CLASSIFICAÇÃO POR CATEGORIA

O método de classificação permite agrupar um grande número de cargos em algumas

29

Salários(AKZ)

Critério de

(Ls)

escalonamento

(Ls)

(Ls)

(Li)(Li)Esforço físicoConcentração visual ou mentalDestrezas ou habilidades físicasCompleição física

Page 30: João Maria Funzi Chimpolo

classes ou categorias para que sejam tratadas de maneira uniforme e padronizada. O

governo federal americano chegou à conclusão de que a utilização de métodos

quantitativos pode custar muito mais do que as vantagens que poderiam trazer. A

desvantagem do método é que se torna difícil descrever exactamente cada classe ou

categoria, o que exige forte dose de julgamento para a utilização do método.

1.1.12.4. MÉTODO DE COMPARAÇÃO POR FACTORES

Trata-se do refinamento do método de escalonamento. Se o escalonamento proporciona

uma comparação do cargo com outros cargos, o método de comparação por factores

proporciona várias comparações com cada um dos factores de comparação. O método de

comparação por factores (Factor Comparison) é uma técnica analítica pela qual os cargos

são avaliados e comparados através de factores de avaliação de cargos. Os factores de

avaliação de cargos podem ser denominados factores de especificações.

O método de comparação por factores foi criado por Eugene Benge12 e exige uma

sequência de etapas, a saber:

1. Informação a respeito dos cargos. O método requer uma cuidadosa e completa

análise dos cargos a serem avaliados para desenvolver as especificações dos cargos

em termos de factores de avaliação.

2. Escolha dos factores de avaliação. Os factores de avaliação derivam das

especificações dos cargos. Em geral, o método de comparação por factores utiliza

cinco factores de avaliação, a saber:

a. Requisitos mentais

b. Requisitos físicos

c. Habilidades requeridas

d. Responsabilidade

e. Condições de trabalho

A Figura nº11 mostra os factores de avaliação do método13.

Requisitos Significa a posse e ou capacitação activa de:

12 Eugene J. Benge, S.H. Burk & E..N. Bay. Manual of Job Evaluation. New York, Harper & Row, 1941.13 Fonte: Jay L .Otis & Richard H. Leukart. Job Evaluation: A Basis for Sound Wage Administration. Englewood Cliffs, NJ, Prentice Hall, 1983 Pag. 181

30

Page 31: João Maria Funzi Chimpolo

Mentais

Traços mentais (inerentes) como inteligência, memória raciocínio, expressão

verbal, relacionamento interpessoal e imaginação

Educação geral (adquirida) como gramática, aritmética, informação geral

Conhecimento especializado (adquirido) como química, engenharia, etc.

Requisitos

Físicos

Esforço físico como andar, carregar, escrever, etc. exercido e a continuidade

do esforço

Condições físicas: idade, sexo, altura, peso, força e capacidade visual

Habilidade

(adquirida) Coordenação muscular com movimentos repetitivos, habilidade

manual na operação de máquinas, montagem, etc.

(adquirida) Conhecimento específico do trabalho necessário para a

coordenação muscular apenas adquirido pelo desempenho e experiencia no

trabalho (não confundir com educação geral nem conhecimento

especializado)

Responsabilidade

Por matérias-primas, materiais e maquinas e equipamentos

Por dinheiro ou papeis de valor

Por lucros ou perdas, economia ou métodos de melhoria

Por contacto com o público

Por registos

Por supervisão: complexidade de supervisão dado o número de

subordinados (planejar, dirigir, coordenar, instruir, controlar e aprovar são

tipos de supervisão); Grau de supervisão recebida

Condições de

Trabalho

Influencias ambientais: atmosfera, ventilação, iluminação, barulho, etc.

Riscos do trabalho ou do ambiente

Horas de actividade

3. Selecção dos cargos de referência. A comissão de avaliação deve escolher um certo

Figura nº11 Definição dos cinco factores de avaliação usados no método de comparação

por factores

número (15 a 25) de cargos de referência (benchmarks jobs) para servirem como pontos de

apoio para a avaliação. Esses cargos-chave deverão ser representativos da população de

31

Page 32: João Maria Funzi Chimpolo

cargos da organização e devem receber um número de pontos capaz de cobrir toda a

amplitude dos cargos a serem avaliados. Os cargos de referência são cargos com

determinados e conhecidos valores dos factores de avaliação e que servem para facilitar as

comparações com os demais cargos da organização.

4. Avaliação dos cargos de referência. Cada cargo de referência deve ser escalonado

através de cada um dos cinco factores de avaliação, em função da descrição e das

especificações dos cargos. Cada membro da comissão de avaliação faz o

escalonamento individualmente. A seguir, a comissão se reúne para obter consenso

em relação aos escalonamentos feitos. O resultado do processo é uma tabela que

indica a posição de cada cargo de referência nos cinco factores de avaliação, como

mostra a Figura 9.13. O valor 1 é o mais alto enquanto o valor 4 é o mais baixo.

5. Distribuição de pesos salariais para os factores de avaliação. Os avaliadores

dividem o salário actual de cada cargo de referência entre os cinco factores de

avaliação. Se o menor salário por hora pago na organização for de Kz1,00, os

avaliadores podem distribuir esse salário da seguinte maneira:

Figura nº12

Os factores de avaliação agora são alinhados em função dos salários atribuídos a cada um

deles.

Requisitos mentais 0,08 0,36

Requisitos físicos 0,54 2,20

Habilidades requerida0,10 0,42

Responsabilidade 0,07 0,28

Condições de trabalho 021 1,00

Total 1 4,26

32

Page 33: João Maria Funzi Chimpolo

Com isso, cada factor passa a ter um valor em dinheiro, isto é, em Kwanzas.

6. Construção da escala de comparação de cargos. Após identificar e avaliar os

cargos de referência através dos factores de avaliação, o passo seguinte é a

construção da escala de comparação de cargos.

7. Aplicação da escala de comparação de cargos (e factores). Todos os demais

cargos podem ser avaliados, factor por factor, através da escala de comparação. O

avaliador deverá decidir se os requisitos mentais do cargo de montador podem ser

comparáveis aos do guarda de segurança ou do motorista de empilhadora, ou ainda

enquadrá-lo entre o operador de prensa e o soldador. Da mesma forma deverá

proceder com os demais factores de avaliação, coloca os cargos, factor por factor. A

seguir, acumular os valores salariais de cada cargo na coluna da esquerda.

Há muitas variações deste método. Podem-se converter os valores da

escala de comparação em Kwanzas (Kz) ou multiplicar os seus valores

por 100 ou por algum coeficiente de actualização, para que o sistema

não fique desactualizado com o decorrer do tempo.

Requisitos

Mentais

Requisitos

FísicosHabilidades

Responsa-

bilidades

Condições de

Trabalho

Técnico de

Manutenção1 4 1 1 2

Motorista3 1 3 4 4

Operador

diesel2 3 2 2 3

Guarda

Segurança4 2 4 3 1

Figura nº13. Valores dos factores de avaliação dos cargos de referência.

Cargos de

Referência

Salário-

hora

Requisitos

Mentais

Requisitos

FísicosHabilidades

Responsa-

bilidades

Condições de

Trabalho

Técnico de Kz9,8 1 4 1 1 2

33

Page 34: João Maria Funzi Chimpolo

Manutenção 4,00 0,40 3,00 2,00 0,40

MotoristaKz5,6

3

1,40

1

2,00

3

1,80

4

0,20

4

0,20

Operador

dieselKz6,00

2

1,60

3

1,30

2

2,00

2

0,80

3

0,30

Guarda

SegurançaKz4,00

4

1,2

2

1,40

4

0,40

3

0,40

1

0,60

Figura nº14. Valores dos factores de avaliação dos cargos de referência

Requisitos

Mentais

Requisitos

FísicosHabilidades

Responsa-

bilidades

Condições de

Trabalho

0,20 T. manut Segurança Motorista Motorista

0,40 Segurança Ope diesel

0,60 T. manut

0,80

1,00 Segurança Ope diesel Ope diesel

1,20 Motorista Segurança Segurança

1,40 Ope diesel

1,60

1,80 Motorista

2,00 Motorista Ope diesel T. manut

2,20

2,40

2,60

2,80

3,00

3,20 T. manut

3,40

3,60

3,80

4,00 T. manut

4,20

34

Page 35: João Maria Funzi Chimpolo

4,40

Figura nº15 Escala de comparação de cargos

VANTAGENS DA COMPARAÇÃO POR FATORES

É um método quantificável, sistemático e relativamente acurado e cuja sequência é lógica,

fazendo a calibração dos cargos em escalonamento ou classificação. As desvantagens vão

por conta de sua complexidade e pelo fato de utilizar poucos factores para a comparação

dos cargos.

1.1.12.5. MÉTODO DE AVALIAÇÃO POR PONTOS

O método de avaliação por pontos ou método de avaliação por factores e pontos (point

rating) foi criado por Merrill Lott14 e tornou-se o método de avaliação de cargos mais

utilizado no mundo. Sua técnica é analítica, pois os cargos são comparados através de

factores de avaliação com valores em pontos. Também é uma técnica quantitativa, pois são

atribuídos valores numéricos (pontos) para cada aspecto do cargo e um valor total é obtido

para cada cargo pela soma dos valores numéricos obtidos. O método utiliza as seguintes

etapas:

1. Elaboração das descrições e análises dos cargos a serem avaliados. É o primeiro

passo para a avaliação de cargos.

2. Escolha dos factores de avaliação. Os factores de avaliação de cargos funcionam

como critérios de comparação e avaliação dos cargos. Deve-se utilizar poucos

factores capazes de permitir a comparação e avaliação de todos os cargos. Para

tanto, os factores escolhidos deverão ter duas características: universalidade (esta-

rem presentes em todos os cargos a avaliar) e variabilidade (apresentarem

diferentes valores em cada cargo).

3. Definição dos factores de avaliação. Cada factor de avaliação deve ter um

significado preciso para servir como um instrumento acurado de medida dos

cargos.

4. Graduação dos factores de avaliação. Cada factor de avaliação deve ser

desdobrado em graus de variação. Em geral, são utilizados quatro ou seis graus

para cada factor e seus possíveis valores. A construção do instrumento de medida é

vital para o sucesso da avaliação de cargos.

14 Merril R. Lott,. Wage Scales and Job evaluation. New York, Roland press, 1929.

35

Page 36: João Maria Funzi Chimpolo

Figura nº16 Os grupos de factores de avaliação de cargos

5. Ponderação dos factores de avaliação. Ponderar significa atribuir a importância

relativa de cada um dos factores no processo avaliativo. A ponderação serve para

atribuir a cada factor o seu peso relativo nas comparações entre os cargos. Em

geral, a ponderação é feita através de percentagens do valor global. Assim, a soma

da participação dos factores de avaliação deve ser igual a 100 no seu conjunto.

6. Atribuição de pontos aos graus dos factores de avaliação. A partir da

ponderação dos factores de avaliação define a base para a armação da escala de

pontos para cada factor. O grau A é geralmente igual ao valor da ponderação de-

mais graus (B, C, D etc.) são definidos em uma progressão arbitrária, que pode ser

aritmética, geométrica ou mista.

A partir daí, monta-se o manual de avaliação de cargos que deve conter todos os factores

de avaliação definidos, seus graus de variação e respectivos pontos. O manual de avaliação

funciona como o conjunto de todas as escalas de pontos para o avaliador utilizar no

Factoresde

Especificações

Responsabilidade por

RequisitosFísicos

Supervisão de pessoasMaterial, equipamento ou ferramentasDinheiro, títulos ou documentosContactos internos ou externos

Esforço físicoConcentração visual ou mentalDestrezas ou habilidades físicasCompleição física

Condiçõesde trabalho

Requisitos Mentais

Habilidades mentais requeridasInstrução necessáriaExperiencia anteriorAptidões

Ambiente físico de trabalhoRisco de acidentes

36

Page 37: João Maria Funzi Chimpolo

processo de avaliação dos cargos.

A etapa seguinte é a avaliação dos cargos, ou seja, a atribuição de pontos a cada cargo, de

acordo com os factores de avaliação. Para isso, utiliza-se uma tabela de dupla entrada para

atribuir a cada cargo o valor em pontos de cada factor. Nas duas colunas da direita, soma-

se o número obtido de pontos e coloca-se ao lado o salário pago actualmente aos ocupantes

do cargo.

Com o total de pontos e o salário actualmente pago aos ocupantes de cada cargo, pode-se

adoptar duas alternativas. A primeira alternativa é plotar um gráfico de distribuição das

frequências de pontos (variável x) e de salários (variável y) para estabelecer a correlação

entre ambas as variáveis.

Outra alternativa é tomar as duas últimas colunas da direita da tabela de dupla entrada para

avaliação de cargos e aplicar o método dos mínimos quadrados. Para obter uma parábola

(curva salarial), tal método utiliza a equação: yc = a + bc + cx2, onde yc é o salário

corrigido. Para gerar uma recta salarial, o método dos mínimos quadrados utiliza a equa-

ção: yc= a + bx. Em ambas essas equações, a, b e c representam os parâmetros, enquanto x

e yc representam as variáveis dos cargos avaliados, respectivamente os pontos e os salários

pagos. O parâmetro a define a posição inicial da curva ou recta salarial; o parâmetro b

define a inclinação da linha de tendência e o parâmetro c é responsável pela curvatura da

linha de tendência. Os valores dos parâmetros a, b e c são calculados da seguinte forma:

37

Page 38: João Maria Funzi Chimpolo

Figura nº17 Exemplo de definição de um factor de avaliação e seus graus.

1.1.13. A ORGANIZAÇÃO SEM CARGOS

A avaliação de cargos especifica o valor relativo de cada cargo para a organização. O

processo de avaliação de cargos é contingente, pois depende de uma completa análise e

descrição dos cargos que lhe serve de base. Sem essa base de dados, a avaliação de cargos

torna-se um processo subjectivo de determinar quanto se deve remunerar cada posição. A

questão que paira no ar é: o processo de avaliação de cargos para definição de salários

pode tornar-se precário e obsoleto? Parece que sim.

Com as mudanças que estão ocorrendo nas organizações em decorrência das demandas

ambientais, a tradicional avaliação de cargos tende a desaparecer. Em vez de se basear no

processo de análise e descrições de cargos, a avaliação de cargos tende a mudar de foco.

Em vez de focalizar os cargos em si, ela tende a focalizar as pessoas que os ocupam. Há

uma nova tendência no sentido de repensar como as pessoas devem ser recompensadas.

INSTRUÇÃO NECESSÁRIAEste factor considera o grau de instrução exigido para o desempenho adequado do cargo. Deve-se considerar a instrução aplicável ao cargo e não no nível de educação da pessoa que actualmente o ocupaGrauDescriçãoPontosAO cargo requer que o ocupante saiba ler e escrever ou tenha apenas o curso de alfabetização15BO cargo requer nível de instrução correspondente ao curso primário30CO cargo requer curso ginasial ou equivalente ao primeiro ciclo45DO cargo requer curso médio ou equivalente ao 2º ciclo60EO cargo requer curso superior completo ou equivalente75

38

Page 39: João Maria Funzi Chimpolo

Em vez de focalizar o valor relativo do cargo para a organização, o novo processo se

preocupa com o valor que cada pessoa agrega a organização. Com isso, as pessoas são

remuneradas de acordo com sua contribuição através de habilidades, conhecimentos e

competências que elas oferecem para a organização. Quanto mais as pessoas possuem

essas competências, tanto melhor elas serão remuneradas. Assim, os sistemas de

pagamento estão se movendo da abordagem tradicional de pagar conforme o cargo para

uma nova abordagem em que cada pessoa se torna o foco principal do sistema. Pagar as

pessoas de acordo com o valor que elas agregam a organização: isso é consistente com o

que discutimos até agora. As competências solicitadas às pessoas devem ser detalhadas no

panejamento estratégico de RH, para que a organização possa remunerar aquelas "coisas"

que a ajudam a atingir seus objectivos. Ao saber que a organização recompensa essas com-

potências e não os factores de avaliação, as pessoas têm condições de melhor administrar o

seu desempenho e sua carreira. O desempenho que conduz às recompensas que cada

pessoa recebe e elas ficam sabendo exactamente o que precisam fazer para ganhar mais.

Desta maneira, os processos tradicionais de avaliação de cargos estão cedendo lugar para

um foco centrado na nova definição da força de trabalho. É o pagamento equitativo na base

das contribuições que as pessoas realmente prestam à organização. Agora fala-se em

remuneração por competências.

1.1.14. PESQUISA SALARIAL

Os salários devem obedecer a um duplo equilíbrio interno e externo. Em outros termos,

deve haver compatibilidade de salários dentro da organização (equilíbrio interno) e dentro

do mercado (equilíbrio externo). O equilíbrio interno é garantido pela avaliação e

classificação de cargos, como acabamos de ver. O equilíbrio externo é obtido por meio de

pesquisas salariais para verificar o que o mercado de trabalho está pagando. A pesquisa

salarial se baseia em amostras de cargos que representam os demais cargos da organização

e em amostras de empresas que representam o mercado de trabalho.

Para não precisar trocar informações a respeito de todos os cargos, torna-se necessário

seleccionar os cargos de referência ou cargos amostrais (benchmarks jobs). Os cargos de

referência devem possuir três características, a saber:

1. Devem representar os vários pontos da curva ou recta salarial da

39

Page 40: João Maria Funzi Chimpolo

organização.

2. Devem representar os vários sectores de actividade da organização.

3. Devem ser facilmente identificáveis no mercado.

Da mesma forma, para não precisar trocar informações com todas as empresas do mercado,

torna-se necessário seleccionar as empresas amostrais. Os critérios para selecção das

empresas amostrais são:

1. Localização geográfica. Empresas que operam na mesma área territorial da

organização.

2. Ramo de actividade. Empresas que actuam no mesmo ramo de negócio da

organização.

3. Tamanho. Ou seja, empresas do mesmo tamanho ou características da

organização.

4. Política salarial. Ou seja, empresas cuja política salarial (mais ousada ou mais

conservadora) seja interessante para a organização.

A seguir, monta-se um questionário de pesquisa salarial, contendo os cargos amostrais e

suas respectivas descrições e análises (para melhor comparabilidade dos cargos de uma

empresa para outra) e um espaço, onde se colocam os salários individuais que a empresa

pesquisada está pagando. Outras informações básicas são colectadas no questionário, como

a data de dissídio colectivo ou de reajustes salariais, benefícios concedidos (e sua trans-

formação em reais) etc.

Importa referir que em países com um nível de desenvolvimento mais elevado, existem

publicações regulares em jornais de uma tabela geral de resultados de pesquisas salariais

colectados em pelo menos 100 empresas, por uma agência especializada, classificando-as

em pequenas, médias e grandes empresas e em diferentes ramos de actividade (como

alimentício, eléctrico e electrónico, financeiras, metalúrgico, têxtil, construção civil,

químico etc) com o apoio de associações relacionadas como é o caso da Agencia Arthur

Anderssem para o diário folha de São Paulo (Brasil).

1.1.15. REMUNERAÇÃO POR COMPETÊNCIAS

40

Page 41: João Maria Funzi Chimpolo

Muitas organizações estão migrando da avaliação e classificação dos cargos para um

sistema baseado nas competências e não mais em factores de avaliação. No fundo, a

remuneração por competências utiliza a mesma metodologia da tradicional administração

de salários substituindo os factores de avaliação por competências individuais. O primeiro

passo está no mapeamento das competências para alinhar devidamente as competências

individuais com as competências funcionais e organizacionais.

O segundo passo é definir uma hierarquia de competências: as competências

organizacionais (core competences) e as competências funcionais de cada área da

organização (marketing, finanças, GP, produção/operações) de modo que estas forneçam

as bases para aquelas. No terceiro passo, tratar das competências gerenciais necessárias

para que a GP possa ser praticada pelos gerentes como gestores de pessoas. Em quarto

lugar, ponderar as competências individuais da mesma maneira como tratamos os factores

de avaliação de cargos. A partir daí, o tratamento das competências segue o mesmo ca-

minho da avaliação e classificação de cargos15.

2.2.16. DECORRÊNCIAS DOS SALÁRIOS

Sobre os salários pesam os encargos sociais. Para cada Kwanza pago de salário, a

organização precisa recolher os encargos sociais correspondentes ao governo. Encargos

sociais são o conjunto de obrigações trabalhistas que devem ser pagas pelas empresas

mensal ou anualmente, além do salário do empregado.

Há um forte desejo da sociedade de reduzir os encargos sociais, como forma de garantir

mais empregos formais na economia e tornar esses custos mais compatíveis com o que

existe no exterior. Além do mais, o retorno que tanto a organização como o cidadão obtém

dos impostos pagos no país é simplesmente ridículo.

1.1.17. POLÍTICA SALARIAL

Segundo Chiavenato política salarial é o conjunto de decisões organizacionais tomadas a

respeito de assuntos relacionados com a remuneração e benefícios concedidos aos

colaboradores.

O objectivo principal da remuneração é criar um sistema de recompensas que seja

15 Idalberto Chiavenato, Gestão de Pessoas,3ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2008

41

Page 42: João Maria Funzi Chimpolo

equitativo tanto para a organização como para os funcionários. Uma política salarial deve

atender simultaneamente a sete critérios para ser eficaz16:

1. Adequada. A compensação deve distanciar-se dos padrões mínimos estabelecidos

pelo governo ou pelo acordo sindical.

2. Equitativa. Cada pessoa deve ser paga proporcionalmente de acordo com seu

esforço, habilidades e capacitação profissional.

3. Balanceada. Salário, benefícios e outras recompensas devem proporcionar um

pacote total de recompensas que seja razoável.

4. Eficácia quanto a custos. Os salários não podem ser excessivos, em função do que

a organização pode pagar.

5. Segura. os salários devem ser suficientes para ajudar os empregados a sentirem-se

seguros e ajudá-los a satisfazer as suas necessidades básicas.

6. Incentivadora. Os salários devem motivar eficazmente o trabalho produtivo.

7. Aceitável para os empregados. As pessoas devem compreender o sistema de

salários e sentir que ele representa um sistema razoável para eles e também para a

organização.

1.2. PROGRAMA DE INCENTIVOS

Não basta remunerar as pessoas pelo seu tempo dedicado à organização. Isso é necessário,

mas insuficiente. É preciso incentivá-las continuamente a fazerem o melhor possível, a

ultrapassarem o desempenho actual e a alcançarem metas e resultados desafiantes

formulados para o futuro. A remuneração fixa funciona geralmente como factor higiénico e

insatisfatório e não consegue motivar as pessoas para a superação de metas e objectivos ou

para a melhoria contínua das actividades. Na verdade, a remuneração fixa foi um produto

do início do século XX para compensar o trabalho rotineiro e repetitivo dos funcionários

em uma época de estabilidade e de permanência. Era uma época em que tudo se repetia

indefinidamente. O mundo mudou. E as organizações também. Hoje, a maior parte das

organizações bem-sucedidas está migrando rapidamente para programas de remuneração

flexível e variável capazes de motivar, incentivar e mexer com o brio das pessoas. Os

16 Thomas Patton. Pay. New Yorque, Free Press, 1977

42

Page 43: João Maria Funzi Chimpolo

programas de incentivos estão em alta.

1.2.1. RECOMPENSAS

Para funcionar dentro de certos padrões de operação, as organizações dispõem de um

sistema de recompensas (isto é, de incentivos e aliciantes para estimular certos tipos de

comportamento desejados pela organização).

De acordo com Chiavenato17 o sistema de recompensas inclui o pacote total de benefícios

que a organização coloca à disposição de seus membros, bem como os mecanismos e pro-

cedimentos pelos quais estes benefícios são distribuídos. Não apenas salários, férias,

prémios, promoções para posições mais elevadas (com maiores salários e benefícios) são

considerados, mas também outras recompensas menos visíveis como garantia de segurança

no emprego, transferências laterais para posições mais desafiantes ou para posições que

levem a um crescimento, a um desenvolvimento adicional e a várias formas de

reconhecimento por um desempenho excelente (Raymond E. Miles 1975)18.

Segundo Peter Clark e James Wilson19 as recompensas organizacionais são

oferecidas para reforçar actividades que produzam os seguintes efeitos:

1. Aumentem a consciência e a responsabilidade do indivíduo e da equipe dentro

da organização. Isto é, que incentivem a consciência da missão organizacional e

o espírito de visão de futuro na empresa.

2. Ampliem a interdependência do indivíduo para com a equipe e da equipe para

com toda a organização. Em outras palavras, incentivem o espírito de equipa e

o trabalho em conjunto.

3. Ajudem a enfatizar a constante criação de valor dentro da organização. Em

outras palavras, incentivem as acções que agreguem valor à organização, ao

cliente e às próprias pessoas. O desempenho excelente deve ser premiado.

Para Douglas McGregor (1971)20 maioria das organizações adopta vários tipos

17 Idalberto Chiavenato, Gestão de Pessoas, 3ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2008, pg. 31218 Raymond E. Miles. Theories of management: Implications for organizational Behavior and development. Toquio, McGraw-Hill Kogakusha, 1975, pg. 129.19 Peter B. Clark & James Q. Wilson. “Incentive systems: a Theory of organizations”, Administrative Science Quarterly, vol. 6, nº2, Setembro de 1961, pg. 134-13520 Douglas McGregor, O lado humano das empresas, in Yolanda Ferreira Balcão e Laerte Leite. Cordeiro (orgs). O comportamento humano na empresa, Rio, Fundação

43

Page 44: João Maria Funzi Chimpolo

de recompensas financeiras:

1. Recompensas relacionadas com objectivos de realização empresarial – como

o lucro ou o prejuízo. A participação nos resultados anuais ou semestrais é

um exemplo desse critério. Embora ainda limitadas a certos níveis, como

directores e gerentes, esse critério encerra potencialmente um forte impacto

motivacional.

2. Recompensas vinculadas ao tempo de serviço do funcionário e que são

concedidas automaticamente em certos intervalos, como 5 ou 10 anos, desde

que o funcionário não tenha tido um desempenho insatisfatório. Os chamados

quinquénios ou decénios são exemplos desse critério. Tais incentivos são

relativamente pequenos e buscam principalmente manter o equilíbrio salarial.

3. Recompensas relacionadas com o desempenho claramente excepcional. Essas

recompensas exigem apenas diferenciação no desempenho e melhorias

salariais com valor motivacional. É o aumento por mérito.

4. Recompensas relacionadas com resultados departamentais, divisionais ou

mesmo globais, objectivamente quantificáveis. Podem ser compartilhadas

dentro do grupo, em termos de igual percentagem com relação à base salarial de

cada pessoa. É a chamada remuneração variável.

Os quatro tipos de recompensas são concedidos - separada ou conjuntamente - como

retribuição pelo alcance de um ou vários objectivos organizacionais: fabricar determinado

produto, proporcionar um determinado tipo de serviço, alcançar determinado índice de

produtividade, aumentar as vendas de produtos/serviços, elevar a margem de lucro

operacional, cobrir e conquistar maior número de clientes, aumentar satisfação dos clientes

ou melhorar a imagem da organização

O sistema de recompensas deve basear-se nos seguintes aspectos de acordo com

Getúlio Vargas, instituto de documentação, 1971, pag. 45

44

Page 45: João Maria Funzi Chimpolo

Chiavenato (2008)21:

1. Realimentação (retroacção): deve contribuir como reforço positivo do

comportamento desejado. A realimentação deve reforçar, fortalecer e

incrementar o desempenho excelente.

2. Relacionar as recompensas oferecidas com os resultados alcançados.

O sistema de recompensas deve levar em conta o conceito de reforço positivo de Skinner:

todo comportamento é determinado pelas suas consequências. O reforço positivo se

fundamenta em dois princípios básicos:

1. As pessoas procuram desempenhar suas actividades da maneira pela qual obtêm

maiores recompensas ou benefícios.

2. As recompensas obtidas actuam no sentido de reforçar, cada vez mais, a melhoria do

desempenho.

O reforço positivo é orientado para os resultados desejados. A teoria do reforço positivo

considera que as pessoas se comportam por uma das duas razões:

1. Porque um tipo ou nível de desempenho é consistentemente recompensado.

2. Porque um padrão de desempenho específico já foi recompensado, de maneira que

ele será repetido na expectativa de que a recompensa se repita.

1.2.2. AS RELAÇÕES DE INTERCÂMBIO

A recompensa ou incentivo é alguma gratificação tangível ou intangível, em troca da qual

as pessoas se tornam membros da organização (decisão de participar) e, uma vez na

organização, contribuem com tempo, esforço ou outros recursos pessoais (decisão de

desempenhar). Toda organização precisa cuidar da balança dos incentivos-contribuições.' E

o que significa essa balança? Ela significa que as pessoas e as organizações estão

engajadas em um sistema de relações de intercâmbio: as pessoas fazem contribuições à

organização e dela recebem incentivos ou induzimentos. Assim:

21 Idalberto Chiavenato, Gestão de Pessoas, 3ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2008, pag. 313-314

45

Page 46: João Maria Funzi Chimpolo

1. Para as pessoas, as contribuições que elas fazem à organização representam

investimentos pessoais que devem proporcionar certos retornos na forma de

incentivos ou recompensas.

2. Para a organização, os incentivos representam investimentos que também devem

proporcionar retornos na forma de contribuições das pessoas.

A organização precisa manter a balança dos incentivos-contribuições suficientemente

equilibrada. Cada pessoa faz contribuições à organização (na forma de trabalho, dedicação,

esforço, tempo etc.) na medida em que recebe induzimentos ou incentivos em troca (na

forma de salários, benefícios, reconhecimento, promoções, prémios etc.). Assim, as

pessoas estão dispostas a arcar com certos custos pessoais para obter certos retornos ou

benefícios da organização. Também as organizações estão dispostas a arcar com certos

custos para obter certos retornos ou contribuições das pessoas. Nesse permanente

intercâmbio, cada uma das partes faz investimentos para obter retornos da outra,

comparando custos e benefícios e decidindo o melhor caminho. E as organizações estão

partindo para novas formas de remuneração que tragam retornos em termos de de-

sempenho excelente e alcance de objectivos e resultados organizacionais.

1.2.3. O FOCO DOS INCENTIVOS

O que se pretende com os incentivos? Quase sempre incentivar alcance de objectivos e

entrega de resultados. E o foco pode estar no desempenho do cargo ou na oferta de

competências individuais. A Figura nº18 mostra as alternativas.

A forte tendência actual é migrar para a construção de competências capazes de alicerçar a

competitividade organizacional.

Incentivos

Baseados em cargos:Baseado em competências:

Incentivar o bom desempenho

no cargo ocupadoObjectivo primário

Incentivar a boa aplicação

das competências individuais

ou grupais

46

Page 47: João Maria Funzi Chimpolo

Cargos bem desempenhados

pelos seus ocupantesObjectivo final

Competências bem utilizadas

e aplicação ao negócio da

organização

Adequação dos incentivos ao

melhor desempenho dos

cargos

Eficiência

Adequação dos objectivos à

aplicação das competências

individuais ou grupais

Percepção dos ocupantes

quanto ao impulso dados

pelos incentivos ao melhor

desempenho no cargo

Eficácia

Percepção das pessoas

quanto ao impulso dado pelos

incentivos a melhor aplicação

das competências individuais

ou grupais

Cargos adequadamente

remuneradosIndicador

Competências adequadamente

incentivadas

Melhora do desempenho da

força de trabalho

Retorno sobre o

investimento

Aumento da contribuição

individual ou grupal/custos

do programa de incentivo

Figura nº18 Incentivos baseados no cargo x incentivos baseados em competências.

1.2.4. NOVOS MÉTODOS EM REMUNERAÇÃO

1.2.4.1 REMUNERAÇÃO FIXA

A remuneração fixa ainda predomina na maior parte das organizações. Ela privilegia a

homogeneização e padronização dos salários, facilita a obtenção de equilíbrio interno e

externo dos salários, permite o controle centralizado por um órgão de administração

salarial, proporciona uma base lógica para a distribuição dos salários e focaliza a

actividade quotidiana e rotineira das pessoas em função do tempo (horário de trabalho) que

elas estão à disposição da organização. Contudo, a remuneração fixa e estável não

consegue motivar as pessoas. Ela funciona como mero factor higiénico e não incentiva a

aceitação de riscos e de responsabilidades.

47

Page 48: João Maria Funzi Chimpolo

PRÓS E CONTRAS DA REMUNERAÇÃO FIXA

Prós:

1. Facilita o equilíbrio interno (consistência dos salários dentro da organização) e o

equilíbrio externo (consistência dos salários da organização com os do mercado).

2. Homogeneíza e padroniza os salários dentro da organização.

3. Facilita a administração dos salários e o seu controle centralizado.

4. Permite uma base lógica e racional para a distribuição dos salários.

5. Focaliza a execução rotineira das tarefas e a busca da eficiência.

6. Afecta directamente os custos fixos da organização.

Contras:

1. Não apresenta motivação intrínseca: funciona apenas como factor higiénico.

2. Não incentiva o espírito empreendedor, nem a aceitação de riscos e maiores

responsabilidades.

3. Funciona como elemento de conservação da rotina e do status quo.

4. Remunera as pessoas em função do tempo disponibilizado no horário de trabalho

ou pelas competências oferecidas e não pelo desempenho ou pelo alcance de metas

ou resultados.

1.2.4.2. REMUNERAÇÃO VARIÁVEL

Nas últimas décadas, as empresas americanas e europeias deixaram de lado a remuneração

fixa e fizeram descolar uma tendência que está ganhando espaço: remunerar as pessoas

pelos resultados alcançados. Os resultados não são apropriados pela organização, mas

rateados entre a organização e as pessoas que ajudaram a alcançá-los. Trata-se de uma

parceria que funciona nas duas vertentes, no lucro ou no prejuízo. O colaborador ganha

mais se a organização ganhar, ganha menos se a organização ganhar menos e nada ganha a

mais se a organização nada ganhar.

Remuneração variável é a parcela da remuneração total creditada periodicamente -

trimestral, semestral ou anualmente - a favor do colaborador. Em geral, é de carácter

selectivo e depende dos resultados estabelecidos pela empresa - seja na área, no

departamento ou no trabalho - em um determinado período através do trabalho da equipe

ou do colaborador considerado isoladamente.

48

Page 49: João Maria Funzi Chimpolo

PRÓS E CONTRAS REMUNERAÇÃO FLEXÍVEL

Prós:

1. Ajusta a remuneração às diferenças individuais das pessoas, ao seu desempenho

e ao alcance de metas e resultados.

2. Funciona como motivação intrínseca, ou seja, como factor motivacional, dando

ênfase à auto-realização pessoal.

3. Premia o bom desempenho e incentiva o desempenho excepcional.

4. Focaliza os resultados e o alcance de objectivos.

5. Permite uma auto-avaliação de cada pessoa, pois funciona como retroacção.

6. Estabelece uma remuneração adicional e contingencial.

7. Não produz impacto sobre os custos fixos da organização.

Contras:

1. Requer uma certa "des-administração" salarial.

2. Altera as estruturas salariais lógicas e rigidamentete estabelecidas, instalando a

contingência em função do desempenho.

3. Quebra a isonomia dos ganhos dentro da organização.

4. Reduz o controlo centralizado dos salários.

5. Pode provocar queixas dos funcionários nãobeneficiados e possíveis pressões

sindicais.

Uma das vantagens da remuneração variável é a flexibilidade. Se a empresa está no

vermelho, pode mirar como alvo principal o lucro. Caso precise ganhar espaço da

concorrência, elege a participação no mercado como a sua principal meta. Os principais

modelos de remuneração variável são: planos de bonificação anual, distribuição de acções

da empresa aos funcionários, opção de compra de acções da companhia, participação nos

resultados alcançados, remuneração por competência e distribuição do lucro aos

funcionários.

49

Page 50: João Maria Funzi Chimpolo

Alinhar remuneração variável com a conquista dos

resultados

Avaliar o desempenho a uma base quantitativa

Atrelar a remuneração variável ao

desempenho no nível individual e

colectivo

Garantir o foco na criação de valor no

longo prazo, recompensando ao

mesmo tempo metas tangíveis de longo prazo

Figura nº19 O Plano tradicional de Bónus

De acordo com Bob Nelson22 os pontos fortes do incentivo em dinheiro são os seguintes:

o São desejados

o É fácil administra-los e controla-los

o Todos o compreendem

o Podem servir como um estímulo extra num programa de longo prazo

Por outro lado, o mesmo consultor (Bob Nelson) aponta como pontos fracos os seguintes:

o Não têm valor de troféu (ou seja não duram)

o Não são inusitados

o Não podem ser ampliados

o Tendem a tornar-se uma expectativa permanente dos funcionários

1.2.5. PLANO DE BONIFICAÇÃO ANUAL

O plano de bonificação anual é um exemplo da remuneração variável. Trata-se de um

valor monetário oferecido ao final de cada ano a determinados funcionários em função da

22 Bob Nelson (2007), 1001 maneiras de premiar seus colaboradores, Rio de Janeiro, pag. 116.

50

Page 51: João Maria Funzi Chimpolo

sua contribuição ao desempenho da empresa. O desempenho deve ser medido através de

certos critérios, como lucratividade alcançada, aumento da participação no mercado,

melhoria da produtividade etc.

Existem dois tipos de planos de bonificação anual:

1. Plano tradicional de metas definidas: baseia-se em metas orçadas e definidas com

teto e piso para pagamento de bónus. A meta de bónus é o alcance do objectivo

predeterminado. Com isso, o baixo desempenho não é penalizado e o desempenho

excelente não é recompensado, pois o plano define um valor definido e limitado,

conforme a Figura nº20.

Figura nº20 O Plano tradicional de Bómus

2. Plano de bónus flexível EVA: baseia-se também em metas flexíveis que não

possuem piso ou teto para pagamento de bónus. EVA (Economic Value Added) é

um modelo de gestão e de remuneração por incentivos que cria um novo

direccionamento na empresa. Trata-se de uma gestão baseada em valor e sua

metodologia é universal e reconhecida pelo mercado de acções. Seu objectivo é

maximizar o valor criado pela empresa através da mudança da cultura corporativa

para que os gerentes pensem, ajam e sejam recompensados como se fossem

accionistas da empresa. O EVA envolve e alinha os processos de decisão, avaliação

80% 100% 120%

Lucro Orçado

Meta de

BónusÓptima

performanceNão

recompensada

Má performance

Não penalizada

51

Page 52: João Maria Funzi Chimpolo

do desempenho e remuneração para que os gerentes analisem as fontes de valor e

possam direccionar a definição de metas e objectivos da empresa. Visa transformar

o gerente em um co-proprietário da empresa.

O plano de bónus EVA apresenta três aspectos interessantes:

1. Se a meta de desempenho é alcançada, o executivo ganha a meta de bónus.

2. Se o executivo não alcança a meta de desempenho, ela passa para o banco de bónus

negativo. Fica com um saldo devedor para o próximo ano.

3. Se o executivo ultrapassa a meta de desempenho, o excedente passa para o banco

de bónus positivo. Fica com um saldo credor que pode receber no médio e longo

prazo.

Figura nº21 O plano de bónus EVA 23

1.2.6. DISTRIBUIÇÃO DE ACÇÕES DA EMPRESA AOS FUNCIONÁRIOS

23Extraído de: Idalberto Chiavenato, Gestão de Pessoas, 3ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2008, pag. 321

Superação da Meta

de Desempenho

Meta deDesempen

ho

Meta de

Bónus

Banco de bónusPositivo

Banco de Bónus

negativo

52

Page 53: João Maria Funzi Chimpolo

A distribuição gratuita de acções da empresa a determinados funcionários, como forma de

compensação, é outra maneira de se fazer remuneração flexível. Aqui, o dinheiro do bónus

é substituído por papéis da companhia.

OPÇÃO DE COMPRA DE ACÇÕES DA COMPANHIA

Muitas empresas a nível internacional estão a proporcionar uma forma diferente de

remuneração variável, através da oferta de acções que são vendidas (por preço subsidiado)

ou transferidas aos seus colaboradores, conforme determinadas regras. O objectivo é fazer

com que o colaborador - o principal parceiro - torne-se também accionista da organização

por sua própria conta, mas com a ajuda da organização.

Figura nº22 Composição da participação nos lucros e nos resultados.

Segundo Chiavenato (2008)24 a participação accionaria de colaboradores é um poderoso

instrumento para as empresas que pretendem sobreviver em um mundo cada vez mais

competitivo. A concessão ou venda de acções aos colaboradores é geralmente feita dentro

de programas de longo prazo e serve não apenas para motivar o colaborador, mas

principalmente para dar a ele uma segurança maior no futuro. É o caso do Bradesco

24 Idalberto Chiavenato, Gestão de Pessoas, 3ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2008, pag. 330

Lucro ou resultado

Valor disponível

10% Metas sectoriais

(30%)Alvos

operacionais

Metas corporativas

(70%)Alvos

estratégicos

Prémioproporcional

ao salárionominal

PrémioProporcional

ao salário nominal

53

Page 54: João Maria Funzi Chimpolo

(empresa brasileira), que dá aos seus principais executivos vários lotes de acções ao longo

dos anos. Essas acções só podem ser vendidas quando o executivo se aposenta, o que lhe

garante um invejável adicional financeiro. Contudo, a extensão do benefício a todos os

níveis dentro da empresa é um ponto polémico. Para muitos especialistas, a concessão da

participação accionaria é inócua para os níveis operacionais. Nesses níveis, talvez seja

melhor associar ganhos de produtividade ou qualidade à concessão de prémios

efectivamente em dinheiro.

1.2.7. PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS ALCANÇADOS

É um outro modelo de remuneração flexível relacionado com o desempenho do

colaborador no alcance de metas e resultados estabelecidos para um determinado período

de tempo. A participação nos resultados significa uma percentagem o fatia de valor com

que cada pessoa participa do resultados da empresa ou do departamento que ajudou a

atingir por meio do seu trabalho pessoa, ou em equipa.

No entanto, para funcionar os programas de recompensas e incentivos precisam do

comprometimento das pessoas. Quase sempre as empresas cometem alguns erros: pôr

em prática esses programas sem uma previa campanha de divulgação, participação e

de compromisso. Em outras palavras, sem haver permitido aos participantes do programa

o acesso às cifras financeiras e à necessária qualificação profissional e nem haver

proporcionado as condições de exercer sua influência particular sobre o novo sistema. A

participação e a oportunidade de desempenhar um papel influente são os aspectos mais

importantes. Também são importante o autocontrole da avaliação e a redução da burocracia

e da supervisão directa. Através do pagamento dos incentivos se avalia se a pessoa fez uso

correcto das ferramentas e da liberdade a ela confiadas. O dinheiro é um excelente modo

de expressar o reconhecimento pela ajuda prestada. Funciona como uma verdadeira

fonte de retroacção.

1.2.8. REMUNERAÇÃO POR COMPETÊNCIA

Ainda de acordo com Chiavenato (2008)25 a remuneração por competência recebe vários

nomes: remuneração por habilidade ou por qualificação profissional. É uma forma de

25 Idalberto Chiavenato, Gestão de Pessoas, 3ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2008, pag. 330

54

Page 55: João Maria Funzi Chimpolo

remuneração relacionada com o grau de informação e o nível de capacitação de cada

pessoa. O sistema premia certas habilidades técnicas ou comportamentais do funcionário.

O foco principal passa a ser a pessoa e não mais o cargo. Isso significa que a remuneração

não está relacionada com as exigências do cargo, mas com as qualificações de quem

desempenha as tarefas. O colaborador polivalente leva a melhor. Por competência, as

empresas entendem vários atributos, como capacidade técnica, personalidade, criati-

vidade, inovação e conhecimento. Na remuneração por competência, os funcionários

que ocupam o mesmo cargo podem receber salários diferentes conforme a

competência de cada um. O objectivo é remunerar de maneira personalizada cada

funcionário, de acordo com a sua competência pessoal. Três passos são necessários:

1. O primeiro passo é a discussão do gerente com cada colaborador a respeito das

competências necessárias para o trabalho, os seus pontos individuais fortes e fracos. Essa

primeira abordagem não tem nenhum carácter repressivo ou impositivo. Seu objectivo é

localizar e sanar os pontos fracos.

Figura nº23. O mecanismo da participação.

2. O segundo passo é a programação conjunta entre gerente e colaborador, do

Metas e resultad

os a alcançar

Alcançadas

Não alcançad

as

Participação desabilitatada

Distribuição da

participação nos lucros

Não há distribuição da PLR

Houve Lucro?

Não

Sim

55

Page 56: João Maria Funzi Chimpolo

programa do treinamento necessário que deve necessariamente integrar o processo.

Cada colaborador torna-se o responsável pelo seu auto desenvolvimento e

qualificação profissional. A motivação vem a reboque, pois cada colaborador

sente-se envolvido, responsável, esforça-se mais e colabora mais com a empresa.

3. O terceiro passo é a remuneração personalizada. Para o vice-presidente de RH por

exemplo, a remuneração por competência focaliza a pessoa e não o cargo. É um

pagamento mais coerente com a contribuição de cada indivíduo aos objectivos e

resultados da empresa.

A remuneração por competência surgiu da necessidade de diferenciar empregados com

habilitações diversas. Como as organizações passaram a exigir das pessoas mais autonomia

e responsabilidade e com a extinção de níveis intermediários e de cargos, pessoas com

habilitações desiguais acabaram ficando no mesmo nível hierárquico. O novo conceito

resgata as diferenças: as pessoas ganham pelo que sabem e pela colaboração no sucesso da

empresa.

Na verdade, a remuneração por competência é uma maneira subtil de remunerar de acordo

com a contribuição pessoal de cada colaborador à organização e incentivar a participação e

envolvimento das pessoas na condução dos negócios da empresa.

1.2.9. DISTRIBUIÇÃO DO LUCRO AOS COLABORADORES

A participação nos lucros é um sistema pelo qual uma organização distribui anualmente

entre seus colaboradores uma certa proporção de seus lucros. Trata-se de uma forma de

remuneração variável. A intenção é estimular essa prática a partir da negociação em

convenção ou acordo colectivo ou por intermédio de comissão escolhida pelas partes, dela

integrando necessariamente um representante do sindicato. A partir daí, as empresas

passaram a implantar programas de participação nos lucros e resultados para atender à

imposição legal. A participação nos lucros e resultados não é tema novo no país.

1.2.10. COMO DESENHAR UM PLANO DE INCENTIVOS

Segundo Gary Dessler26 o desenho de um plano de incentivos deve levar em consideração

alguns aspectos fundamentais. Em primeiro lugar, deve-se considerar que um plano sa-

larial funciona melhor do que um plano de incentivos, nas seguintes condições:

26 Garry Dessler. Human Resourse Mabagement. Upper Saddler River, NJ, Prentice Hall, 1997, p. 488.

56

Page 57: João Maria Funzi Chimpolo

1. Quando as unidades de resultados são difíceis de distinguir ou de medir, os

aumentos salariais são mais apropriados.

2. Quando os funcionários não podem controlar os resultados (como em linhas de

montagens em máquinas), a remuneração baseada no tempo é mais apropriada.

3. Quando as demoras no trabalho são frequentes devido ao controle humano, torna-

se impraticável pagar aos funcionários conforme o seu resultado.

4. Muitos planos de incentivos privilegiam a quantidade em detrimento da qualidade

dos resultados. Quando a qualidade é fundamental, o salário baseado no tempo é

mais apropriado.

5. A implantação de um plano de incentivo requer um investimento em

processamento de dados e na metodologia para analisar os custos laborais. Se não

há um controle detalhado de custos porque as condições competitivas não o

exigem, é melhor não instalar um plano de incentivos.

De acordo com David Belcher27 um plano de incentivos é interessante quando:

1. As unidades de resultados podem ser facilmente medidas.

2. Existe uma clara relação entre o esforço dos colaboradores e a quantidade de

resultados alcançados.

3. Os cargos são padronizados, o fluxo de trabalho é regular e não há demora na

aferição dos resultados.

4. A qualidade é menos importante do que a quantidade, ou, quando a qualidade é

importante, ela é facilmente medida e controlada.

5. As condições de competição impõem que as unidades de custos sejam precisas e

conhecidas.

Segundo Robert Opsahl & Marvin Dunnette28 a implantação de um plano de incentivos

requer os seguintes cuidados:

1. Assegurar que esforços e recompensas são directamente relacionados. O plano de

incentivo deve recompensar as pessoas na proporção directa de sua produtividade

27 David Belcher. Compensation Administration. Englewood Clifs, NJ, Prentice Hall, 1973, p. 309-310 28 Robert Opsahl & Marvin Dunnette. “The Role of Finantial Compensation in Industrial Motivation”. Psychological Bulletin, vol. 66, 1966, p. 94-118

57

Page 58: João Maria Funzi Chimpolo

maior. Os colaboradores devem perceber que eles podem desempenhar as tarefas

solicitadas. Os padrões devem ser tangíveis e a organização deve proporcionar as

ferramentas necessárias, orientação, treinamento e liderança.

2. Fazer o plano compreensível e facilmente calculável pelos colaboradores. As

pessoas devem ser aptas a calcular facilmente as recompensas que deverão receber

pelos vários níveis de esforço.

3. Formular padrões eficazes. Os padrões devem ser vistos como justos pelos

colaboradores. Devem ser suficientemente altos, mas possíveis, com uma chance de

50% de sucesso. Os objectivos devem ser claros e específicos.

4. Garantir os padrões. Os padrões devem ser vistos como um contrato com os

colaboradores. Quando o plano funcionar não se deve reduzir o tamanho do

incentivo em nenhum sentido.

5. Garantir padrão de base horário. O pessoal de fábrica (horistas) trabalha melhor

com padrões relacionados com sua base horária de salário.

6. Proporcionar apoio ao plano. A organização e os dirigentes devem dar o maior

suporte possível ao plano. Antes e durante a sua vigência o plano deve receber total

apoio de todos os dirigentes e gerentes.

1.3. BENEFÍCIOS E SERVIÇOS

1.3.1. ALGUMAS DEFINIÇÕES DE BENEFÍCIOS

Segundo Gary Dessler29 Benefícios constituem pagamentos financeiros indirectos

oferecidos aos funcionários. Incluem saúde e segurança, férias, pensões, planos de

educação, descontos em produtos da companhia, etc.

Idalberto Chiavenato30 define que Benefícios sociais são as facilidades,

conveniências, vantagens e servimos sociais que as empresas oferecem aos seus

empregados, no sentido de poupar-lhes esforços e preocupações. Constituem a

chamada remuneração indirecta concedida a todos os empregados, como uma

condições de emprego, independente do cargo ocupado, em conjunto com a

chamada remuneração directa que é o salário específico para o cargo ocupado, em

29 Garry Dessler. Human Resourse Mabagement. Upper Saddler River, NJ, Prentice Hall, 1997, p. 503.30 Idalberto Chiavenato. Gerenciando Pessoas: O passo decisivo para a Administração participativa. São Paulo, Makron Books 1997, p. 236.

58

Page 59: João Maria Funzi Chimpolo

função da avaliação do cargo ou do desempenho do ocupante.

A remuneração não visa apenas recompensar os colaboradores pelo seu trabalho e

dedicação, mas tornar a sua vida mais fácil e agradável. Uma das maneiras de facilitar a

vida dos colaboradores é oferecer-lhes benefícios e serviços que, se a organização não o

fizesse, teriam de ser comprados no mercado com o salário recebido. Os benefícios e

serviços aos colaboradores são formas indirectas da compensação total. O salário pago em

relação ao cargo ocupado representa apenas uma parcela do pacote de recompensas que as

organizações oferecem ao seu pessoal. Considerável parte da remuneração é feita pela

oferta de benefícios e serviços sociais aos colaboradores. Além disso, a oferta de

benefícios e serviços prestados pela organização aos seus colaboradores influencia

poderosamente o grau de qualidade de vida na organização.

1.3.2. CONCEITO DE BENEFÍCIOS SOCIAIS

Segundo Chiavenato (2008)31 benefícios são certas regalias e vantagens concedidas pelas

organizações, a título de pagamento adicional dos salários à totalidade ou a parte de seus

funcionários. Constituem geralmente um pacote de benefícios e serviços que faz parte

integrante da remuneração do pessoal. Os benefícios e serviços sociais' incluem uma

variedade de facilidades e vantagens oferecidas pela organização, como assistência médi-

co-hospitalar, seguro de vida, alimentação subsidiada, transporte, pagameríto de tempo

não trabalhado, planos de pensão ou aposentadoria etc. No caso de pessoal de nível mais

elevado, chegam a incluir fornecimento de automóvel (desde o leasing de veículo até o

pagamento de todas as despesas, inclusive motorista), casa, escola para os filhos, clube

para toda a família, passagens e estadas no período de férias, cartões de crédito e planos

especiais de saúde e seguro de vida. Na verdade, os benefícios além do seu aspecto

pecuniário ou financeiro servem para livrar os funcionários de uma série de transtornos,

como a busca de meios de transporte até a companhia ou a procura de restaurantes onde

se alimentar no intervalo das refeições.

Os benefícios sociais estão intimamente relacionados com aspectos da responsabilidade

social da organização.

1.3.3. ORIGENS DOS BENEFÍCIOS 31 Idalberto Chiavenato, Gestão de Pessoas, 3ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2008, pag. 340

59

Page 60: João Maria Funzi Chimpolo

No passado, os benefícios estavam fortemente atrelados ao paternalismo existente nas

organizações. Hoje, os benefícios fazem parte dos atractivos com que as organizações

retêm seus talentos.

De acordo com Chiavenato (1997)32 As origens e o desenvolvimento dos planos de be-

nefícios sociais se devem às seguintes causas:

1. Competição entre as organizações na disputa de talentos humanos, seja para atraí-los

ou para mantê-los.

2. Uma nova atitude das pessoas quanto aos benefícios sociais.

3. Exigências dos sindicatos e dos contratos colectivos de trabalho.

4. Exigências da legislação laboral e previdenciária.

5. Impostos atribuídos às organizações, que passaram a representar meios lícitos de

deduções de suas obrigações tributárias.

6. Necessidade de contribuir para o bem-estar dos colaboradores e da comunidade.

Os planos de benefícios sociais foram inicialmente orientados por uma perspectiva

paternalista e unilateral justificada pela preocupação de reter pessoal e reduzir a

rotatividade, principalmente nas organizações cuja actividade é desenvolvida em condições

rudes e adversas. Rapidamente, a iniciativa se espalhou aos demais tipos de organizações.

Hoje, os planos de benefícios são intensamente avaliados e discutidos quanto aos seus

propósitos, custos e valores, responsabilidade pela gestão, critérios de avaliação etc.

1.3.4. TIPOS DE BENEFÍCIOS SOCIAIS

Há uma variedade de benefícios sociais, o que dificulta, até certo ponto, a sua classificação

adequada. De um modo geral, os benefícios sociais podem ser classificados quanto à sua

exigibilidade legal, quanto à sua natureza e quanto aos seus objectivos. Vejamos cada uma

dessas classificações na visão de Chiavenato (2004)33.

1. Quanto à sua exigibilidade legal

Os planos de benefícios podem ser classificados em legais ou espontâneos, conforme a

32 Idalberto Chiavenato. Gerenciando Pessoas: O passo decisivo para a Administração participativa. São Paulo, Makron Books 1997, p. 237.33 Idalberto Chiavenato. Recursos Humanos: O Capital Humano nas Organizações São Paulo, editora Atlas, 2004, p. 414.

60

Page 61: João Maria Funzi Chimpolo

sua exigibilidade legal.

Benefícios legais. São os benefícios exigidos pela legislação trabalhista ou

previdenciária, ou ainda por convenção colectiva entre sindicatos. Os principais

benefícios legais são:

Férias

13º salário

Aposentadoria

Seguro de acidentes do trabalho

Auxílio doença

Salário família

Salário maternidade

etc.

Alguns desses benefícios são pagos pela organização, enquanto outros são pagos pelos

órgãos previdenciários.

Benefícios espontâneos. São os benefícios concedidos por mera liberalidade das

empresas, já que não são exigidos por lei, nem por negociação colectiva. São também

chamados benefícios marginais (ringe benefits) ou benefícios voluntários. Incluem:

Gratificações

Refeições subsidiadas

Transporte subsidiado

Seguro de vida em grupo

Empréstimos aos funcionários

Assistência médico-hospitalar diferenciada mediante convénio

Complementação de aposentadoria ou planos de segurança social

etc.

2. Quanto à sua natureza

Os planos de benefícios podem ser classificados em monetários ou não-monetários,

conforme sua natureza.

Benefícios monetários. São os benefícios concedidos em dinheiro, geralmente através

61

Page 62: João Maria Funzi Chimpolo

da folha de pagamento e gerando encargos sociais deles decorrentes. Os principais

benefícios financeiros são:

Férias

13º Salário

Gratificações

Complementação do salário nos afastam tos prolongados por doença

etc.

Benefícios não-monetários. São os benefícios financeiros oferecidos na forma de

serviços vantagens ou facilidades para os usuários, como:

Refeitório

Assistência médico-hospitalar

Assistência odontológica

Serviço social e aconselhamento

Clube ou grémio

Transporte de casa para a empresa e vice-versa

Horário móvel ou flexível

Etc.

3. Quanto aos seus objectivos

Os planos de benefícios podem ser classificado assistenciais, recreativos e supletivos,

quanto a seus objectivos.

Benefícios assistenciais. São os benefícios que visam a prover o funcionário e sua

família de certas condições de segurança e previdência em casos de imprevistos ou

emergências, muitas vezes, fora de seu controle ou de sua vontade. Incluem:

Assistência médico-hospitalar

Assistência odontológica

Assistência financeira através de empréstimos

Serviço social

Complementação da aposentadoria ou planos de previdência social

Complementação do salário, em afastamentos prolongados por doença

Seguro de vida em grupo ou de acidente pessoais

Creche para filhos de funcionários

62

Page 63: João Maria Funzi Chimpolo

etc.

Benefícios recreativos. São os serviços e benefícios que visam a proporcionar ao

funcionário condições físicas e psicológicas de repouso, diversão, recreação, higiene

mental ou lazer. Em alguns casos, esses benefícios se estendem também à família do

funcionário. Incluem:

Grémio ou clube

Áreas de lazer nos intervalos de trabalho

Música ambiente

Actividades desportivas e comunitárias

Passeios e excursões programadas

etc.

Algumas actividades recreativas envolvem também objectivos sociais, como as

festividades e congraçamentos, visando ao fortalecimento da organização informal.

Planos supletivos. São serviços e benefícios que visam proporcionar aos funcionários

certas facilidades, conveniências e utilidades para melhorar sua qualidade de vida.

Incluem:

Transporte

Restaurante no local de trabalho

Estacionamento privativo

Horário móvel de trabalho

Cooperativa de géneros alimentícios ou convénio com supermercados

Agência bancária no local de trabalho

Etc.

1.3.4. OBJECTIVOS DOS PLANOS DE BENEFÍCIOS

Na visão de Chiavenato34 Cada organização define o seu plano de benefícios para atender

às necessidades dos seus funcionários. Geralmente, o plano de benefícios é composto de

um pacote de benefícios adequado ao perfil dos funcionários e das suas actividades. Os

benefícios e serviços oferecidos aos colaboradores visam a satisfazer vários objectivos

34 Idalberto Chiavenato, gerenciando pessoas, op cit., p. 422

63

Page 64: João Maria Funzi Chimpolo

individuais, económicos e sociais, a saber:

1. Objectivos individuais

Os benefícios procuram atender às necessidades individuais das pessoas, proporcionando

uma vida pessoal, familiar e de trabalho mais tranquila e produtiva. Visam proporcionar

condições para que cada pessoa possa desligar-se das preocupações quotidianas e

concentrar-se nas actividades do trabalho para satisfazer necessidades mais elevadas. Nesse

sentido, o plano de benefícios é oferecido para atender a um leque diferenciado de

necessidades dos funcionários. Dentro dessa concepção de atendimento das necessidades

humanas, os serviços e benefícios sociais deveriam constituir um esquema integrado capaz

de satisfazer os factores higiénicos (insatisfacientes) e alguns dos factores motivacionais

(satisfacientes).

2. Objectivos económicos

Os benefícios devem funcionar como um elemento de atracção e de retenção de pessoal.

Neste sentido. Os benefícios visam a:

Reduzir a fadiga física e psicológica das pessoas.

Apoiar o recrutamento de pessoal e atrair candidatos.

Reduzir a rotatividade do pessoal e fixar as pessoas na empresa.

Reduzir o absenteísmo.

Melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Minimizar o custo das horas trabalhadas.

3. Objectivos sociais

Os benefícios procuram preencher deficiências, lacunas ou carências da previdência social,

do sistema educacional e dos demais serviços prestados pelo governo ou pela comunidade,

como transporte, segurança etc.

Para atender a um ou mais desses objectivos, cada organização desenha e planeja o seu

plano específico de benefícios. De um modo geral, os planos de benefícios sociais são

planejados e desenhados para ajudar o funcionário em três diferentes áreas de sua vida:

a. No cargo. Envolvendo gratificações, prémios de produção, seguro de vida etc.

b. Fora do cargo, mas dentro da organização. Envolvendo refeitório, cantina, lazer,

64

Page 65: João Maria Funzi Chimpolo

transporte etc.

c. Fora da organização, na comunidade. Envolvendo recreação, actividades

desportivas e comunitárias etc.

Enquanto o salário está relacionado com o cargo, os benefícios estão relacionados com

o fato da pessoa ser funcionária da organização.

1.3.5. UMA DIFERENTE TIPOLOGIA DE BENEFÍCIOS

Dessler35 questiona o assunto e apresenta a seguinte tipologia de benefícios:

1) Pagamento de tempo não-trabalhado: envolvendo pagamentos suplementares

como férias e dias não-trabalhados (feriados e afastamentos prolongados por

doença), seguro desemprego.

2) Benefícios relacionados com seguros:

Seguro de vida em grupo

Planos de assistência médico-hospitalar gratuita ou subsidiada

Assistência médico-hospitalar a acidentados ou seus dependentes

Seguro médico-hospitalar para doenças prolongadas e casos de gravidez

Programas internos de saúde e bem-estar

3) Benefícios relacionados com aposentadoria:

Planos de segurança social

Planos de pensão ou de complementação de aposentadoria

4) Benefícios de serviços aos empregados:

Planos de assistência ao funcionário

Cooperativas de crédito e de financiamento

Serviço social e de aconselhamento

Clubes ou grémios

Refeitórios, incluindo programas de dieta e consultoria alimentar

Serviço relacionados com o trabalho, como creches, refeitórios, cantinas, transporte

subsidiado, assistência aos idosos, subsídios à educação etc.

35 Garry Dessler. Human Resourse Management. Upper Saddler River, NJ, Prentice Hall, 2000, pag 504.

65

Page 66: João Maria Funzi Chimpolo

5) Benefícios flexíveis:

Consiste em um programa básico de cobertura com vários benefícios ao redor dele. O

programa básico é fixo e representa a protecção que não pode ser mudada, enquanto os

demais benefícios são flexíveis e opcionais, dependendo da necessidade de utilização de

cada pessoa. Se a pessoa não utilizar os benefícios flexíveis, eles serão acumulados em sua

conta pessoal, para gasta-los em situações contingenciais A quantidade de benefícios

flexíveis pode variar de um ano para outro.

1.3.6. DESENHO DO PLANO DE BENEFÍCIOS

Cada organização oferece um plano de benefícios que é desenhado de acordo com critérios

próprios e específicos. Na grande maioria das organizações, a definição da política de

benefícios tem sido unilateral, já que as reivindicações dos funcionários quase sempre se

situam na área de salários. A tendência aponta para uma evolução na direcção da satisfação

das necessidades sociais, de auto-estima e de auto-realização. Para tanto, as organizações

precisam preparar-se para atender a essa futura demanda.

1.3.6.1. CRITÉRIOS DE DESENHO

O desenho de um plano de benefícios sociais deve levar em conta dois critérios

importantes: o princípio do retorno do investimento e o princípio da mútua

responsabilidade.

1) O princípio do retorno do investimento salienta que todo benefício deve ser

concedido aos funcionários desde que traga algum retorno à organização. Esse

retorno pode ser avaliado em termos de aumento da produtividade, elevação do

moral, melhoria da qualidade, retenção de talentos ou qualquer outro indicador. Em

uma economia de livre iniciativa, a organização também deve se beneficiar de todo

benefício oferecido ao pessoal. Isso significa que todo benefício deve trazer alguma

contribuição à organização, no sentido de compensá-lo ou reduzi-lo, trazendo

algum retorno.

2) O princípio da mútua responsabilidade salienta que o custeio dos benefícios

sociais deve ser compartilhado entre a organização e os funcionários beneficiados.

66

Page 67: João Maria Funzi Chimpolo

Ou, pelo menos, a concessão de um benefício deve repousar na solidariedade das

partes envolvidas. A mútua responsabilidade é característica das pessoas que

cooperam entre si para promover um propósito de interesse comum. Alguns pacotes

de benefícios são totalmente pagos pela organização, como o serviço social, o

pagamento de horas não-trabalhadas etc. Outros são rateados, isto é, são pagos em

proporções, que variam, entre a organização e o funcionário como refeições,

transporte, assistência educacional etc. Outros, ainda, são pagos totalmente pelos

funcionários, como seguro de vida em grupo, cooperativa de consumo ou convénio

com supermercados etc.

1.3.6.2. ASPECTOS ENVOLVIDOS NO DESENHO DO PLANO DE BENEFÍCIOS

Segundo Claudia Deutsch36 a tomada de decisões sobre benefícios e serviços sociais deve

considerar os seguintes aspectos:

1. Os programas de benefícios legais precisam estar interligados com as contribuições

previdenciárias.

2. Há pouca evidência de que os benefícios e serviços realmente motivam um melhor

desempenho.

3. Os benefícios não aumentam necessariamente a motivação das pessoas, pois

funcionam como factores higiénicos.

4. Muitos funcionários visualizam os benefícios como mera perfumaria.

5. Os sindicatos, concorrentes e as tendências do mercado pressionam continuamente

para aumentar os benefícios espontâneos.

6. Os custos dos benefícios tendem a crescer fortemente

1.3.6.3. ETAPAS DO DESENHO DO PLANO DE BENEFÍCIOS

As etapas do desenho do plano de benefícios segundo Jonh Ivancevich37 são as seguintes:

A. Estabelecer objectivos e a estratégia de benefícios. Existem três tipos de

estratégias de benefícios

36 Claudia H. Deutsch, “Managing the Multimedia Benefits Kit”, New York Times, section 3, 14 de Outubro de 1990, pag. 2537 Jonh M. Ivancevich, Human Resource Management, pag. 406-407

67

Page 68: João Maria Funzi Chimpolo

a. Estratégia de pacificação. Oferecer os benefícios que os funcionários

desejam em função de suas expectativas.

b. Estratégia comparativa de benefícios. Proporcionar programas similares

aos programas existentes no mercado.

c. Estratégia de benefícios mínimos. Oferecer os benefícios legais e apenas

os benefícios espontâneos de menor custo. Essas decisões dependem dos

objectivos que a organização pretende alcançar com os benefícios. Antes

de concentrar-se nos custos, a organização deve fixar os objectivos que

pretende atingir com o plano de benefícios. Se ela pretende criar um

contexto de trabalho extremamente atraente ou apenas atender às exi-

gências legais são aspectos que devem ser levados em conta como

critérios básicos.

B. Envolver todos os participantes e sindicatos. Escolhidos os objectivos e a

estratégia, o passo seguinte é pesquisar e saber o que os funcionários realmente

desejam e necessitam. Isso requer ampla consulta e participação. Algumas

organizações fazem pesquisas internas, enquanto outras criam equipes de

funcionários para consultar, desenhar e sugerir planos de benefícios.

C. Comunicar os benefícios. Um poderoso método para melhorar a eficácia dos

benefícios é desenvolver um amplo programa de comunicação. Para que os

benefícios afectem a satisfação das pessoas é necessário que elas compreendam

perfeitamente o plano e suas condições. Meios de comunicação, como boletins,

brochuras, relatórios anuais, avaliação dos funcionários, relatórios de custos,

devem ser intensamente utilizados.

D. Monitorar os custos. Os benefícios devem ser administrados correctamente. O

monitoramento requer acompanhamento e constante avaliação do desempenho e

dos custos envolvidos. Comparar continuamente os custos e benefícios é

indispensável. Os seguintes aspectos devem ser avaliados e ponderados:

a. Custo total dos benefícios mensal e anualmente para todos os

funcionários.

b. Custo mensal e anual por funcionário.

c. Percentagem da folha de pagamento, mensal e anual.

68

Page 69: João Maria Funzi Chimpolo

d. Custo por funcionário, por hora.

e. Participação da organização e do funcionário no programa.

f. Retorno do investimento para a organização e para o funcionário

Figura nº24 A influência dos processos de recompensar talentos sobre os demais processos

Factoresde

Especificações

Processos de

aplicar talentos

Processos de

desenvolver talentos

Processos de

manterTalentos

Processos de

agregartalentos

Processos de

monitorar

Talentos

Maior atractividadeMelhor perfilMelhor qualidadeMelhor precisão

Tempo de adaptaçãoMelhor adequaçãoMelhor desempenhoMelhor adaptação

Melhores incentivosMenor custoMelhores resultadosMelhor aprendizagemMaior crescimentoMaior satisfação

Maior adaptabilidadeMaoir permanênciaFidelizaçãoMelhor climaMaior satisfação

69

Page 70: João Maria Funzi Chimpolo

CAPÍTULO II: APLICAÇÃO PRATICA NA EMPRESA E.N.E

2.1 EMPRESA NACIONAL DE ELECTRICIDADE

A ENE-E.P. é uma empresa de interesse público, de grande dimensão, dotada de

personalidade jurídica e de autonomia de gestão administrativa, financeira e patrimonial e

rege-se pelo Estatuto Orgânico aprovado através do Decreto nº 29/98 de 4 de Setembro,

pelas normas complementares e pela legislação aplicável às empresas públicas.

VISÃO

Consolidar e liderar o mercado eléctrico nacional e tornar a empresa numa das mais

competitivas a nível regional.

MISSÃO

Produzir, transportar, distribuir e comercializar energia eléctrica com os padrões

internacionais de qualidade e fiabilidade de acordo com os princípios básicos de

sustentabilidade técnico-económica, financeira, social e ecológica e a satisfação dos

interesses dos clientes e accionistas.

VALORES EMPRESARIAS

Criatividade, Inovação, Integridade, Espírito de equipa, contínuo desenvolvimento

recursos humano, satisfação do cliente e responsabilidade social.

Para desenvolvimento destas actividades, dispõem de recursos materiais, financeiros e

humanos que são obtidos, aplicados e transformados de acordo com as normas aplicáveis

no sector.

2.1.1. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

70

Page 71: João Maria Funzi Chimpolo

Figura nº1 Estrutura organizacional da ENE

2005 2006

Total Empregados 4.428,0 4.250,0 -4,0

Empregados no Activo 3.596,0 3.440,0 -4,3

2. 2. GRANDES DESAFIOS ESTRATÉGICOS DA ENE 2005-20093 8

38 Fonte: Site Oficial da ENE, EP WWW.ENE.COM.AO.

71

Page 72: João Maria Funzi Chimpolo

A partir da definição do novo elemento de Visão, foram definidos a missão, os objectivos

estratégicos e a estratégia empresarial. Devido a escassez de recursos e das prioridades

definidas para o quinquénio 2005 – 2009 tendo como elementos de base o Programa de

Acção do Governo e a Estratégia de Desenvolvimento do Sector Eléctrico de Angola,

foram identificados seis (6) objectivos estratégicos, que se resumem nos seguintes:

Reorganizar e reestruturar a empresa;

Criar uma nova cultura empresarial;

Reabilitar e expandir as infra-estruturas;

Melhorar os serviços de comercialização e marketing;

Reorganizar a função Recursos Humanos;

Garantir a estabilidade financeira da empresa.

Conclui-se assim, que a empresa enfrentará os seguintes grandes desafios:  

Aumentar a oferta de energia de modo a cobrir a crescente procura;

Fornecer serviços com qualidade e fiabilidade aceitáveis quando comparados com

padrões internacionais;

Interligar o sistema eléctrico nacional e regional (SADC);

Melhorar a imagem da empresa junto dos clientes e fornecedores;

Descentralizar e delegar poderes e autoridade;

Celebrar o Contrato Programa com o Governo; Satisfazer os interesses do cliente e

ter o cliente no foco das atenções;

Aumentar o acesso de electricidade as populações;

Criar condições para que a empresa se torne financeiramente autónoma;     

Valorizar os quadros;

Ao analisarmos os desafios da ENE para o quinquénio identificamos o aumento da oferta

de energia de modo a cobrir a crescente procura, fornecer serviços com qualidade e

fiabilidade aceitáveis quando comparados com os padrões internacionais, aumentar o

acesso de electricidade às populações e por fim valorizar os quadros. Desafio este que vai

de encontro com o objectivo da presente investigação a qual um desenvolvimento teórico

baseado em três subtemas, nomeadamente: Remuneração, Programa de incentivos e pacote

de benefícios e serviços.

72

Page 73: João Maria Funzi Chimpolo

2.3.REMUNERAÇÃO NA ENE

O salário na ENE obedece à vários critérios, ou seja, existe uma tabela bastante complexa

pois abrange o pessoal de saúde, pessoal hoteleiro, pessoal administrativo, operários,

pessoal de topo, etc.

Na ENE a remuneração e constituída por:

1. Remuneração básica

Salário mensal (para o pessoal administrativo) e;

Salário por Hora (para o pessoal operacional);

2. Incentivos salariais

O trabalhador que obtenha por três vezes consecutivas pontuação máxima (na

avaliação do desempenho) é-lhe atribuído um prémio igual ao salário do último

mês, ao período correspondente a avaliação39;

O trabalhador que atinja o limite máximo estabelecido num determinado posto

de trabalho e que obtenha consecutivamente nos três anos seguintes a

classificação de suficiente tem direito a uma compensação salarial de 10% do

salário base40.

3. Benefícios sociais

Assistência médica comparticipada na clínica da ENE

Alimentação para o pessoal operacional

2.3.1. RECOMPENSAS FINANCEIRAS E NÃO-FINANCEIRAS

Em termos de recompensas financeiras directa a ENE considera:

1. O salário directo

2. Prémios

3. Comissões

Quanto à recompensas financeiras indirectas;

1. Descanso Semanal remunerado (para horistas)

2. Férias

3. Gratificações39 Norma da Avaliação do desempenho (art. 9º, ponto 3)40 Norma da Avaliação do desempenho (art. 9º, ponto 4)

73

Page 74: João Maria Funzi Chimpolo

4. Horas Extras

5. 13º Salário

6. Adicionais

7. Decorrências financeiras dos benefícios concedidos (como cabaz de natal, carang

(actualmente fora de uso)).

Quanto às recompensas não financeiras a ENE tem em vista a melhoria dos itens seguintes:

1. Oportunidades de Desenvolvimento

2. Reconhecimento e auto-estima

3. Segurança no emprego

4. Qualidade de vida no trabalho

5. Orgulho da empresa e do trabalho

6. Promoções

7. Liberdade e autonomia no trabalho

2.3.2. SALÁRIO NOMINAL E SALÁRIO REAL

Quanto a este item a empresa tem actualizado com regularidade trimestral os salários em

função das taxas de inflação, mantendo assim o salário real. Outrossim, o salário mínimo

nacional está fixado em AKZ 9.000,00.

2.3.3. OS TIPOS DE SALÁRIO

Existem três tipos de salário: O salário por unidade de tempo, o salário por resultado e o

salário-tarefa.

O salário por unidade de tempo é pago de acordo com o tempo que a pessoa fica a

disposição da empresa e a unidade de tempo pode ser dimensionada em hora, semana,

quinzena ou mês. Por essa razão, as pessoas são denominadas horistas ou mensalistas. -

Este é o tipo adoptado pela ENE onde os operários ganham no final de cada mês o

correspondente ao número de horas que permanece no local de trabalho.

74

Page 75: João Maria Funzi Chimpolo

2.3.4. O FOCO DA REMUNERAÇÃO NA ENE

Na ENE a remuneração é nitidamente baseada mais nos cargos do que nas competências

individuais.

2.4. AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE CARGOS

Observando a descrição da tabela dos técnicos médios e superiores da ENE podemos

constatar nitidamente que, a empresa adoptou o método das categorias pré-determinadas.

Descrição da tabela dos técnicos médios

Grupos Descrição

I

Técnicos médios especialistas com mais de 12

anos de experiencia profissional e com resultado

da avaliação de desempenho positivo.

II

Técnicos médios com mais de 10 anos de

experiencia profissional e com resultado da

avaliação de desempenho positivo e técnicos

médios equiparados com mais de 12 anos de

experiência profissional e com resultado da

avaliação de desempenho positivo.

III

Técnicos médios com mais de 8 anos de experiencia

profissional e com resultado da avaliação de

desempenho positivo e técnicos médios equiparados

com mais de 10 anos de experiência profissional e

com resultado da avaliação de desempenho

positivo.

IV Técnicos médios com mais de 6 anos de experiencia

profissional e com resultado da avaliação de

desempenho positivo e técnicos médios equiparados

75

Page 76: João Maria Funzi Chimpolo

com mais de 8 anos de experiência profissional e

com resultado da avaliação de desempenho

positivo.

V

Técnicos médios com mais de 3 anos de experiencia

profissional e com resultado da avaliação de

desempenho positivo e técnicos médios equiparados

com mais de 6 anos de experiência profissional e

com resultado da avaliação de desempenho

positivo.

VI

Técnicos médios estagiários e equiparados com pelo

menos 2 anos de experiencia profissional e com o

resultado da avaliação de desempenho positivo.

VI

Técnicos médios especialistas com mais de 12 anos

de experiencia profissional e com resultado da

avaliação de desempenho positivo.

Descrição da tabela dos Técnicos Superiores

Grupos Descrição

Bacharéis

VIIIEstagiário recem formado sem experiencia

profissional

VII Apos cumprimento de 6 meses ou 1 ano de estagio

VI

.apos 3 anos de experiencia profissional

comprovada com resultado de avaliação de

desempenho positivo no grupo anterior

Licenciados

VIEstagiário recém-formado sem experiencia

profissional

76

Page 77: João Maria Funzi Chimpolo

V Após cumprir 6 meses ou 1 ano de estágio

IV

Após 3 anos de experiencia profissional

comprovada com resultado de avaliação positiva no

grupo anterior

III

Após 3 anos de experiência comprovada. Neste

grupo enquadram-se também especialistas e mestres

após conclusão do curso

IIEspecialistas, mestres e assessores com experiencia

reconhecida

I Doutorados

2.5. DECORRÊNCIAS DOS SALÁRIOS

Sobre os salários pesam os encargos sociais. Para cada Kwanza pago de salário, a

organização precisa recolher os encargos sociais correspondentes ao governo. No caso da

ENE temos:

INSS

IRT

2.6. PROGRAMA DE INCENTIVOS NA ENE

A ENE possui um sistema de bonificação baseado numa norma de avaliação de

desempenho que prevê os incentivos seguintes:

O trabalhador que obtenha a classificação de suficiente poderá ser promovido

desde que haja vaga e possua outros requisitos estabelecidos. (ex.: tempo de

permanência no posto de trabalho anterior;

77

Page 78: João Maria Funzi Chimpolo

O trabalhador que obtenha por três vezes consecutivas pontuação máxima (na

avaliação do desempenho) é-lhe atribuído um prémio igual ao salário do último

mês, ao período correspondente a avaliação41

O trabalhador que atinja o limite máximo estabelecido num determinado posto de

trabalho e que obtenha consecutivamente nos três anos seguintes a classificação de

suficiente tem direito a uma compensação salarial de 10% do salário base42,

Asalário base é acrescido os subsídios de anuidade, subsídio de electricidade,

subsídio de transporte, subsídio de isolamento, subsídio de diuturnidade, poluição

sonora, de risco, e de falha.

No que aos benefícios diz respeito temos a citar a assistência médica que tem a

comparticipação dos da empresa, a possibilidade de concessão de bolsas de estudo,

o acesso ao crédito bancário, etc.

A NE, EP tem regulamentado o subsídio de anuidade43 com o objectivo de

estimular todos os trabalhadores pelo tempo de permanência em serviço na empresa

de acordo com a fórmula A=N*1,2/100*Sb

2.7. BENEFÍCIOS E SERVIÇOS NA ENE

2.7.1. TIPOS DE BENEFÍCIOS SOCIAIS NA ENE

1. Quanto à sua exigibilidade legal

Os planos de benefícios podem ser classificados em legais ou espontâneos, conforme a

sua exigibilidade legal.

Benefícios legais na ENE:

Férias

13º salário

Aposentadoria

41 Norma da Avaliação do desempenho (art. 9º, ponto 3)42 Norma da Avaliação do desempenho (art. 9º, ponto 4)43 Despacho nº05/93 de 04/03/93

78

Page 79: João Maria Funzi Chimpolo

Seguro de acidentes do trabalho

Auxílio doença

Salário família

Salário maternidade

Benefícios espontâneos na ENE.

Refeições para o pessoal operacional

Refeição subsidiada

Transporte subsidiado

Empréstimos aos funcionários

Assistência médico-hospitalar diferenciada

Cofre de previdência Social

2. Quanto à sua natureza

Benefícios monetários na ENE:

Férias

13º Salário

Complementação do salário nos afastamentos prolongados por doença

Benefícios não-monetários na ENE. São os benefícios financeiros oferecidos na

forma de serviços vantagens ou facilidades para os usuários, como:

Refeitório para Operários

Assistência médico-hospitalar

Serviço social e aconselhamento

Clube desportivo (natação e andebol)

Transporte de casa para a empresa e vice-versa

Horário móvel ou flexível

3. Quanto aos seus objectivos

Benefícios assistenciais na ENE:

Assistência médico-hospitalar

Assistência financeira através de empréstimos

Serviço social

79

Page 80: João Maria Funzi Chimpolo

Complementação da aposentadoria ou planos de previdência social

Complementação do salário, em afastamentos prolongados por doença

Seguro de vida em grupo ou de acidente pessoais

Benefícios recreativos na ENE:

Clube desportivo

Passeios e excursões programadas

Planos supletivos na ENE:

Transporte

Estacionamento privativo

Horário móvel de trabalho

Cooperativa de géneros alimentícios ou convénio com supermercados (fora de uso)

Agência bancária no local de trabalho

APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETACÃO DA ENTREVISTA

REALIZADA

A entrevista se realizou ao seguinte pessoal:

PESSOAS Entrevista

Directores 01

Funcionarios 09

Trabalhadores 00

Docentes Universitários 05

Especialistas 05

TOTAL 20

Fonte: Elaboracão própria.

PERGUNTA 1:

80

Page 81: João Maria Funzi Chimpolo

Tem conhecimento de como funciona o sistema de recompensas a nível das grandes

empresas públicas angolanas?

ANÁLISE:

QUADRO NR 01

ALTERNATIVAS QUANT %

É muito incentivador e atractivo 00 80

É Bom 00 00

Regular 04 20

Pouco atractivo e pouco motivador 16 80

Nao sabe – Nao responde 00 00

TOTAL 20 100

Fonte: Entrevista realizada pelo Autor.

INTERPRETAÇÃO:

Os entrevistados em um 80% dizem que o sistema de recompensas actualmente em uso

nas Empresas Públicas é pouco atractivo e pouco motivador; enquanto que 20% ser

regular.

Entenda-se que um sistema de recompensas que é visto como pouco motivador e pouco

atractivo pode comprometer em grande medida o alcance dos resultados desafiadores.

PERGUNTA 2:

Acredita que é possível implementar um sistema de recompensa variável mais virado

para o desempenho do funcionário e suas competências do que o sistema actual?

ANÁLISE:

QUADRO NR 02

ALTERNATIVAS QUANT %

Não é possível, são outras realidades 02 10

Pode ser 08 40

81

Page 82: João Maria Funzi Chimpolo

Sim é possível, e de certo modo já temos

utilizado

10 50

Não responde 00 00

TOTAL 20 100

Fonte: Entrevista realizada pelo Autor.

INTERPRETAÇÃO:

Dos entrevistados 10% dizem que não é possível implementar um sistema de recompensas

variável. 40% diz que pode ser, é uma questão de analisar o melhor caminho. 50% diz que

é possível e que de certo modo as empresas têm utilizado este método.

PERGUNTA 3:

De que maneira os sistemas de remuneração podem, numa empresa como a ENE

alcançar maior motivação para os funcionários e por conseguinte também maior

produtividade?

ANÁLISE:

QUADRO NR 03

ALTERNATIVAS QUANT %

Remuneração fixa 00 00

Remuneração variável de acordo com o desempenho 10 10

Combinação de Ambos 10 10

TOTAL 20 100

Fonte: Entrevista realizada pelo Autor.

INTERPRETAÇÃO:

Dos entrevistados, 50% diz que o melhor sistema é o variável e do mesmo modo 50%

afirma que o melhor é uma combinação dos dois sistemas.

PERGUNTA 4

Como aplicar sistemas de recompensas mais flexíveis em função do desempenho numa

empresa como a ENE?

ANÁLISE:

QUADRO NR 04

82

Page 83: João Maria Funzi Chimpolo

ALTERNATIVAS QUANT %

Faseadamente 20 100

De uma só vez 00 00

TOTAL 20 100

Fonte: Entrevista realizada pelo Autor.

INTERPRETAÇÃO:

Há unanimidade de que a entrevista deve ser realizada de forma faseada para evitar maus

entendidos e permitir a correcção atempada de erros ao implementar o sistema

PERGUNTA 5:

Os métodos de recompensa variáveis implicam uma expectativa permanente por parte dos

funcionários, deste ponto de vista, como os gestores devem encarar isto?

ANÁLISE:

QUADRO NR 05

ALTERNATIVAS QUANT %

Com sentido de justiça 00 00

Com rigor na avaliação 00 00

Todas as anteriores são válidas. 20 100

TOTAL 20 100

Fonte: Entrevista realizada pelo Autor.

INTERPRETAÇÃO:

Um sistema de remuneração variável exige sentido de justiça ao determinar quem merece

mais e rigor na atribuição dos benefícios pois se não se respeitar estes princípios o sistema

não motiva e passa a ser uma fonte de conflitos.

PERGUNTA 6:

É possível que um sistema de recompensas mais variável de acordo com os resultados

facilitem a gestão da empresa ENE e possibilite atingir os resultados preconizados mais

rapidamente?

83

Page 84: João Maria Funzi Chimpolo

ANÁLISE:

QUADRO NR 06

ALTERNATIVAS QUANT %

Sim, totalmente de acordo 20 100

Sim, pode ser. 00 00

Não é possível 00 00

TOTAL 20 100

Fonte: Entrevista realizada pelo Autor.

INTERPRETAÇÃO:

Dos entrevistados 100% afirma que sim o sistema de recompensas variável facilita a gestão

da empresa e possibilita atingir os resultados preconizados mais rapidamente.

PERGUNTA 7:

Como ou em que níveis poderia ser implementado esse sistema na ENE?

ANÁLISE:

QUADRO NR 07

ALTERNATIVAS QUANT %

Apenas nos altos níveis de Direcção 00 00

Até aos níveis intermédios. 00 00

A todos os níveis 20 20

TOTAL 20 100

Fonte: Entrevista realizada pelo Autor.

INTERPRETAÇÃO:

Dos entrevistados 100% acredita que o sistema variável será mais eficaz se estender-se a

todos os funcionários da empresa pois assim os executores no terreno se sentiram

motivados a colaborar para que os resultados sejam alcançados.

APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DO INQUÉRITO

REALIZADO

84

Page 85: João Maria Funzi Chimpolo

O inquérito realizou-se ao quadro de funcionários e trabalhadores

seguinte:

PESSOAS

Inquérito

Directores 00

Funcionários 20

Trabalhadores 50

Docentes Universitários 00

Especialistas 10

TOTAL 80

Fonte: Elaboração própria.

PERGUNTA 1:

Acredita que os funcionários da ENE são adequadamente recompensados pelas funções

ou tarefas que desempenham?

ANÁLISE:

QUADRO NR 01

ALTERNATIVAS QUANT %

Sim 00 00

Pode ser 06 7,5

Não 74 92,5

TOTAL 80 100

Fonte: Inquérito realizado pelo Autor.

INTERPRETAÇÃO:

Dos inquiridos nenhum responde que sim são remunerados adequadamente. 7,5% diz que

são mais ou menos remunerados de acordo com as funções ou tarefas que desempenham

enquanto que 92,5 % afirma que não são adequadamente recompensados pelas funções e

tarefas que desempenham.

85

Page 86: João Maria Funzi Chimpolo

O nível de insatisfação relativamente ao salário que se ganha não é muito alto, é

extremamente preocupante que mais de 90% dos funcionário esteja insatisfeito e isto

requer uma pronta correcção por parte dos gestores da ENE, por forma a elevar a

motivação dos trabalhadores e assim aumentar a produtividade.

PERGUNTA 2:

Do seu ponto de vista actualmente a ENE paga um salário razoável em comparação

com outras empresas análogas?

ANÁLISE:

QUADRO NR 02

ALTERNATIVAS QUANT %

Sim 29 36,25

Pode ser 14 17,5

Não 37 46,25

TOTAL 80 100.00

Fonte: Inquérito realizado pelo Autor.

INTERPRETAÇÃO:

Dos inquiridos 36,25% acha que sim, o salário é razoável em comparação com as outras

empresas análogas, 17,5% diz que o salário é mais ou menos razoável enquanto que 46%

diz categoricamente não ganha bem comparado com as outras empresas.

Podemos concluir que a ENE no que diz respeito ao equilíbrio externo encontra-se um

pouco abaixo do nível médio do mercado em termos de capacidade de atracção de novos

quadros, tendo em vista a prossecução dos objectivos estratégicos da empresa é importante

que este equilíbrio seja alcançado.

.

PERGUNTA 3:

Considera que se o salário fosse pago exclusivamente de acordo com o desempenho o

motivaria a trabalhar mais?

86

Page 87: João Maria Funzi Chimpolo

ANÁLISE:

QUADRO NR 03

ALTERNATIVAS QUANT %

Sim 63 78,75

Pode ser 06 7,5

Não 11 13,75

TOTAL 80 100.00

Fonte: Inquérito realizado pelo Autor.

INTERPRETAÇÃO:

Dos inquiridos, 78,75% considera que se fossem recompensado exclusivamente acordo

com o desempenho estaria mais motivado a trabalhar, 7,5% diz pode ser, enquanto que

13,75% diz não.

A grande maioria considera que se fosse exclusivamente recompensado de acordo com o

sem desempenho estaria mais motivado, conclui-se aqui, que a recompensa pelo

desempenho pode ser uma forte e excelente ferramenta a ser melhor explorada para a

motivação dos funcionários e o consequente aumento da produtividade, não querendo isto

dizer que seja a única ferramenta.

PERGUNTA 4:

Considera que se o salário fosse pago exclusivamente de acordo com o tempo de

trabalho o motivaria a trabalhar mais?

ANÁLISE:

QUADRO NR 04

ALTERNATIVAS QUANT %

Sim 37 46,25

Pode ser 12 15

Não 31 38,75

TOTAL 80 100

87

Page 88: João Maria Funzi Chimpolo

Fonte: Inquérito realizado pelo Autor.

INTERPRETAÇÃO:

46,25% dos inquiridos diz que sim sentir-se-ia mais motivado se ganhasse pelo tempo de

trabalho, 7,5% diz que pode ser enquanto que 38% diz que não.

Podemos interpretar que os funcionários apreciam que a empresa reconheça e recompense

os anos dedicados ao trabalho na empresa e que é um forte elemento tendo em vista a

manutenção dos funcionários na empresa e o do próprio equilíbrio interno.

PERGUNTA 5:

A sociedade angolana esta cada vez mais exigente relativamente a quantidade e qualidade

da energia eléctrica. Entende que será benéfico para a empresa e consumidores finais se

optar-se por um sistema de remuneração mais variável, ou seja, em função do desempenho

ou resultados de cada um?

QUADRO NR 05

ALTERNATIVAS QUANT %

Sim 34 42,5

Pode ser 29 36,25

Não 17 21,25

TOTAL 80 100

Fonte: Inquérito realizado pelo Autor.

INTERPRETAÇÃO:

Dos inquiridos 42,5% diz que sim seria benéfico para a empresa e para os consumidores

finais que se optasse por um sistema mais em função do desempenho, 36,25% diz que

poder enquanto que 21,25% diz que não

88

Page 89: João Maria Funzi Chimpolo

Podemos interpretar que a maior parte dos funcionários reconhecem que todos acabam por

ganhar com esse sistema e de uma maneira geral seria benéfico para a empresa, para os

consumidores finais e para a sociedade como um todo.

PERGUNTA 6:

Acredita que os seus colegas ganham mais porque se empenham mais do que você?

ANÁLISE:

QUADRO NR 06

ALTERNATIVAS QUANT %

Sim 3 3,75

Pode ser 6 7,5

Não 71 88,75

TOTAL 80 100

Fonte: Inquérito realizado pelo Autor.

INTERPRETAÇÃO:

3,75% dos inquiridos dizem que sim acredita que os seus colegas ganham mais porque se

empenham mais do que eles, 7,5% têm duvidas com relação ao assunto enquanto que

88,75% afirma categoricamente que não.

Os dados indicam os funcionários pensam que o desempenho muitas vezes não é tido em

conta na hora da recompensa, depreende-se daqui que o sistema de avaliação do

desempenho não é suficientemente rigoroso, pelo que, deve ser corrigido.

CONSTASTAÇÃO E VERIFICAÇÃO DOS OBJECTIVOS DEFINIDOS

OBJECTIVO DEFINIDO

Os objectivos são os propósitos ou fins essências que se pretendem alcançar para se chegar

a missão a que nos propusemos no marco da estratégia de trabalho levada a cabo, neste

sentido o objectivo geral da investigação foi: Desenhar um sistema de recompensas

efectivo, que motive os funcionários a alcançar os objectivos organizacionais e,

89

Page 90: João Maria Funzi Chimpolo

simultaneamente a satisfação das suas necessidades e objectivos individuais na ENE e em

outras empresas análogas do sector público ou privado.

RESULTADOS OBTIDOS

O facto de se ter identificado a problemática da ENE e se ter proposto um sistema de

recompensas óptimo e que contribua para a produtividade e maior qualidade do produto

fornecido (Energia Eléctrica) significa que estamos a propiciar uma melhoria na

competitividade deste tipo de empresas do sector público e privado pois assim atrai e

mantém os melhores quadros do mercado na empresa.

Na descrição teórica realizou-se um estudo analítico dos diferentes aspectos do sistema de

recompensas e identificou-se práticas na ENE como: Sistema de Remuneração, Programa

de Incentivos e pacote de Benefícios e serviços incluindo nuances da remuneração variável

como factor de motivação para o aumento da produtividade e outros aspectos relacionados.

CONSTASTAÇÃO E VERIFICAÇÃO

De acordo com os resultados obtidos, constatou-se que o objectivo resultou congruente

com a realidade e futuro da empresa, portanto é um facto verificável no contexto do

trabalho levado a cabo.

Um sistema de recompensas efectivo inclui diversos aspectos e várias variantes e tipologia

de remuneração na atribuiu-se alguma ênfase o método variável que constatou-se

contribuir em grande medida para o aumento da produtividade e, torna assim a empresa

ENE mais competitiva no mercado, que torna possível atingir os grandes objectivos da

organização e a atracção de novos talentos e a manutenção dos já existentes.

CONSTASTAÇÃO E VERIFICAÇÃO DAS HIPÓTESES FORMULADAS

HIPOTESE FORMULADA

As hipóteses são guias da investigação. Indicam o que se esta a buscar ou a tratar de provar

e se definem como tentativa de explicação da investigação “O Sistema de Recompensas na

90

Page 91: João Maria Funzi Chimpolo

ENE será óptimo quando a sua implementação motive o indivíduo a alcançar os objectivos

organizacionais e, simultaneamente, estes por sua vez satisfaçam os objectivos e

necessidades individuais, neste sentido será essencial explorar os modernos métodos de

remuneração variáveis”

.

RESULTADOS OBTIDOS

No marco teórico desta investigação tratou-se dos tipos, métodos, critérios, formas e

componentes de um sistema de recompensas e todas as ferramentas para se lograr um

sistema de recompensas equilibrado que vá de encontro com os objectivos organizacionais

e tenham em vista os anseios dos funcionários. Também os directores, gestores e

funcionários entrevistados, bem como os trabalhadores, especialistas e docentes inquiridos

respondem que O Sistema de Recompensas na ENE será óptimo quando a sua

implementação motive o indivíduo a alcançar os objectivos organizacionais e,

simultaneamente, estes por sua vez satisfaçam os objectivos e necessidades individuais,

neste sentido será essencial explorar os modernos métodos de remuneração variáveis

CONSTASTAÇÃO E VERIFICAÇÃO

O processo de contrastação das hipóteses da investigação foi levado a cabo com base nos

objectivos propostos e cumpridos no processo e cumpridos no processo de

desenvolvimento do trabalho.

No marco teórico da investigação foi definido que o sistema de recompensas óptimo tem

relação directa com a motivação dos indivíduos para o aumento de produtividade e por

conseguinte a lucratividade da empresa.

O modelo de investigação por objectivos consistiu em partir do objectivo geral da

investigação o mesmo que foi comparado com os objectivos específicos que nos levarão a

determinar as conclusões parciais deste trabalho para logo derivar a conclusão final, a

mesma que resultou concordante a 98% com a hipótese formulada; portanto, se considera

aceite a hipótese do investigador.

91

Page 92: João Maria Funzi Chimpolo

CONCLUSÕES

O desenho de um sistema de recompensas óptimo deve ter em conta diversos critérios que

devem estar bem equilibrados entre si e coerentes com os objectivos e cultura

organizacional que se pretendam atingir e para tal não devem descurar do equilíbrio interno

e externo.

CONCLUSÕES PARCIAS:

1. Os pacotes de recompensas incluem remuneração básica, incentivos salariais e

benefícios. A ENE, efectivamente inclui no seu pacote de recompensas todos estes

itens da remuneração total e os mantém sob gestão permanente, entretanto essa gestão

do sistema não tem acompanhado com rigor a evolução do mercado;

2. O sistema de remuneração na ENE leva em conta a maior parte dos critérios padrões

para o desenho do seu sistema, mas por outro lado tem limitações sérias devido a

natureza dos preços que pratica que não cobrem os custos de produção o que afecta a

margem de manobra dos seus gestores em termos de recompensa.

3. A nível da ENE existe algum equilíbrio interno assegurado por uma balanceada

classificação de cargos e a implementação de alguns subsídios como é exemplo o

subsídio de Anuidade.

4. O sistema de recompensas na ENE tem em conta que não basta a remuneração fixa e,

portanto possui um programa de incentivos devidamente regulamentado mas que

devem ser mais atractivos tendo em vista a competitividade da empresa.

5. O sistema de recompensas na ENE não visa apenas recompensar os funcionários, mas

tornar a sua vida mais fácil e tendo em conta este objectivo a ENE tem implementado

um pacote de benefícios e serviços que inclui assistência medica e medicamentosa,

subsídios de transporte, de alimentação, etc.

92

Page 93: João Maria Funzi Chimpolo

RECOMENDACÕES~

RECOMENDAÇÃO GERAL:

A ENE tem objectivos estratégicos ambiciosos e como tal necessita de funcionários mais

empenhados a atingir esses objectivos e o melhor caminho para se chegar a isso é

essencialmente uma gestão ou desenho do sistema de recompensas mais virado para o

desempenho do funcionário ou para os resultados apresentados em cada período, ou seja,

uma remuneração mais variável ou flexível.

RECOMENDACÕES PARCIAIS:

1. O equilíbrio externo deve ser um elemento a ter em conta pois constitui um factor

preponderante para a atracção de novos talentos e a sua não manutenção pode tornar

vulnerável a ENE quanto a fuga dos seus mais competentes quadros para a

concorrência. Portanto, recomenda-se pesquisas salariais trimestrais, nas quais devem

ser comparados os cargos de referência para que se tenha uma ideia do

posicionamento da empresa no mercado e se possam tomar medidas correctivas para o

melhor posicionamento possível da empresa perante o mercado;

2. No que ao equilíbrio interno diz respeito recomenda-se inquéritos de clima

organizacional nos quais os aspectos motivacionais podem ser abordados, e em

função dos resultados podem-se por em marcha planos de acção correctivos dos

pontos fracos encontrados. Pode-se ainda recorrer aos métodos indirectos colhendo

indícios mais ligados ao sistema de recompensas como a Taxa de Rotação de Pessoal

que, se aumentar substancialmente traduzirá não só pressão no mercado, como

vulnerabilidade dos funcionários, por falta de motivação, salário baixo, etc.

93

Page 94: João Maria Funzi Chimpolo

BIBLIOGRAFIA

1. Hernández Sampiere, Roberto; Fernández Collado, Carlos y Baptista Lucio, Pilar

(2002) Metodología de la Investigación. México. Litográfica INGRAMEX.

2. Kianvu Tamo, Gerir os Recursos Humanos, entre constrangimentos e alternativas,

Capatê – publicações, Lda. 1ª edição 2008

3. Idalberto Chiavenato, Gestão de Pessoas,3ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2008

4. Guy Lautier, les Remunerátions, Paris, Máxima, 1993

5. Eugene J. Benge, S.H. Burk & E..N. Bay. Manual of Job Evaluation. New York,

Harper & Row, 1941.

6. Jay L .Otis & Richard H. Leukart. Job Evaluation: A Basis for Sound Wage

Administration. Englewood Cliffs, NJ, Prentice Hall, 1983

7. Merril R. Lott,. Wage Scales and Job evaluation. New York, Roland press, 1929

8. Thomas Patton. Pay. New Yorque, Free Press, 1977

9. Raymond E. Miles. Theories of management: Implications for organizational

Behavior and development. Toquio, McGraw-Hill Kogakusha, 1975

10. Peter B. Clark & James Q. Wilson. “Incentive systems: a Theory of organizations”,

Administrative Science Quarterly, vol. 6, nº2, Setembro de 1961

11. Douglas McGregor, O lado humano das empresas, in Yolanda Ferreira Balcão e

Laerte Leite. Cordeiro (orgs). O comportamento humano na empresa, Rio,

Fundação Getúlio Vargas, instituto de documentação, 1971

12. Bob Nelson (2007), 1001 maneiras de premiar seus colaboradores, Rio de Janeiro

13. Garry Dessler. Human Resourse Mabagement. Upper Saddler River, NJ, Prentice

Hall, 1997

94

Page 95: João Maria Funzi Chimpolo

14. David Belcher. Compensation Administration. Englewood Clifs, NJ, Prentice Hall,

1973

15. Robert Opsahl & Marvin Dunnette. “The Role of Finantial Compensation in

Industrial Motivation”. Psychological Bulletin, vol. 66, 1966

16. Idalberto Chiavenato. Gerenciando Pessoas: O passo decisivo para a Administração

participativa. São Paulo, Makron Books 1997

17. Idalberto Chiavenato. Recursos Humanos: O Capital Humano nas Organizações

São Paulo, editora Atlas, 2004

18. Claudia H. Deutsch, “Managing the Multimedia Benefits Kit”, New York Times,

section 3, 14 de Outubro de 1990

19. Jonh M. Ivancevich, Human Resource Manage

95

Page 96: João Maria Funzi Chimpolo

INDICE

INTRODUÇÃO.........................................................................................1CAPÍTULO I: DESCRIÇÃO TEÓRICA DA INVESTIGAÇÃO....................7

1.1. REMUNERAÇÃO...........................................................................71.1.1 CONCEITO DE REMUNERAÇÃO...............................................81.1.2 GERAR RIQUEZA E DISTRIBUIR RIQUEZA.............................81.1.3 OS TRÊS COMPONENTES DA REMUNERAÇÃO TOTAL.........91.1.4. RECOMPENSAS FINANCEIRAS E NÃO-FINANCEIRAS..........91.1.5 SALÁRIO NOMINAL E SALÁRIO REAL...................................111.1.6. OS TIPOS DE SALÁRIO..........................................................131.1.7. OS SIGNIFICADOS DO SALÁRIO..........................................131.1.8. A COMPOSIÇÃO DOS SALÁRIOS..........................................141.1.9. DESENHO DO SISTEMA DE REMUNERAÇÃO......................151.1.10. CRITÉRIOS PARA CONSTRUÇÃO DE UM PLANO DE REMUNERAÇÃO.................................................................................151.1.11. CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO DE SALÁRIOS...............191.1.11.1 OBJECTIVOS DA ADMINISTRAÇÃO DE SALÁRIOS.........211.1.11.2. O FOCO DA REMUNERAÇÃO...........................................211.1.12. AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE CARGOS....................231.1.12.1. MÉTODOS TRADICIONAIS DE AVALIAÇÃO DE CARGOS............................................................................................................231.1.12.2. MÉTODO DE ESCALONAMENTO SIMPLES....................241.1.12.3. MÉTODO DE CATEGORIAS PREDETERMINADAS..........251.1.12.5. MÉTODO DE AVALIAÇÃO POR PONTOS........................331.1.13. A ORGANIZAÇÃO SEM CARGOS........................................371.1.14. PESQUISA SALARIAL..........................................................381.1.15. REMUNERAÇÃO POR COMPETÊNCIAS..............................392.2.16. DECORRÊNCIAS DOS SALÁRIOS.......................................401.1.17. POLÍTICA SALARIAL............................................................401.2. PROGRAMA DE INCENTIVOS...................................................411.2.1. RECOMPENSAS......................................................................421.2.2. AS RELAÇÕES DE INTERCÂMBIO.........................................441.2.3. O FOCO DOS INCENTIVOS....................................................451.2.4. NOVOS MÉTODOS EM REMUNERAÇÃO..............................46

1.2.4.1 REMUNERAÇÃO FIXA.......................................................461.2.4.2. REMUNERAÇÃO VARIÁVEL............................................47

1.2.5. PLANO DE BONIFICAÇÃO ANUAL........................................491.2.6. DISTRIBUIÇÃO DE ACÇÕES DA EMPRESA AOS FUNCIONÁRIOS.................................................................................511.2.7. PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS ALCANÇADOS............531.2.8. REMUNERAÇÃO POR COMPETÊNCIA..................................531.2.9. DISTRIBUIÇÃO DO LUCRO AOS COLABORADORES...........551.2.10. COMO DESENHAR UM PLANO DE INCENTIVOS...............551.3. BENEFÍCIOS E SERVIÇOS.........................................................571.3.2. CONCEITO DE BENEFÍCIOS SOCIAIS...................................581.3.3. ORIGENS DOS BENEFÍCIOS..................................................581.3.4. TIPOS DE BENEFÍCIOS SOCIAIS..........................................591.3.4. OBJECTIVOS DOS PLANOS DE BENEFÍCIOS.......................621.3.5. UMA DIFERENTE TIPOLOGIA DE BENEFÍCIOS...................64

96

Page 97: João Maria Funzi Chimpolo

1.3.6. DESENHO DO PLANO DE BENEFÍCIOS................................651.3.6.1. CRITÉRIOS DE DESENHO..................................................651.3.6.2. ASPECTOS ENVOLVIDOS NO DESENHO DO PLANO DE BENEFÍCIOS.......................................................................................661.3.6.3. ETAPAS DO DESENHO DO PLANO DE BENEFÍCIOS.......66

CAPÍTULO II: APLICAÇÃO PRATICA NA EMPRESA E.N.E.............692.1 EMPRESA NACIONAL DE ELECTRICIDADE.............................692.1.1. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL.........................................692. 2. GRANDES DESAFIOS ESTRATÉGICOS DA ENE 2005-2009.702.3.REMUNERAÇÃO NA ENE............................................................722.3.1. RECOMPENSAS FINANCEIRAS E NÃO-FINANCEIRAS........722.3.2. SALÁRIO NOMINAL E SALÁRIO REAL.................................732.3.3. OS TIPOS DE SALÁRIO..........................................................732.3.4. O FOCO DA REMUNERAÇÃO NA ENE..................................742.4. AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE CARGOS..........................742.5. DECORRÊNCIAS DOS SALÁRIOS.............................................762.6. PROGRAMA DE INCENTIVOS NA ENE.....................................762.7. BENEFÍCIOS E SERVIÇOS NA ENE...........................................772.7.1. TIPOS DE BENEFÍCIOS SOCIAIS NA ENE...........................77CONSTASTAÇÃO E VERIFICAÇÃO DOS OBJECTIVOS DEFINIDOS............................................................................................................88

CONCLUSÕES.......................................................................................91RECOMENDACÕES~............................................................................92BIBLIOGRAFIA......................................................................................93

97