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LIVRO DE RESUMOS

Livro de Resumos I Tradinter

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Page 1: Livro de Resumos I Tradinter

LIVRO DE RESUMOS

Page 2: Livro de Resumos I Tradinter
Page 3: Livro de Resumos I Tradinter

COPYRIGHT 2014 © RAIMUNDA BENEDITA CRISTINA CALDAS, LARISSA FONTINELE DE

ALENCAR & FERNANDO ALVES DA SILVA JÚNIOR (ORG.)

Reservados todos os direitos desta edição. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa dos organizadores.

CAPA: MAURÍCIO FONTINELE DE ALENCAR

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:

FERNANDO ALVES DA SILVA JÚNIOR REVISÃO: OS AUTORES SUPERVISÃO: RAIMUNDA BENEDITA CRISTINA CALDAS

CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) FICHA CATALOGRÁFICA FEITA PELO EDITOR

C145

Caldas, Raimunda Benedita Cristina et al.

Inclusão e preservação de saberes para o bom viver: livro de

resumos do Seminário Tradução e Interculturalidade / Raimunda

Benedita Cristina Caldas, Larissa Fontinele de Alencar, Fernando

Alves da Silva Júnior. Bragança/PA: PPLSA, 2014.

172p. Il. Color.; 14x21

ISBN:

1. Comunidades tradicionais. 2. Educação no Campo. 3. Estudos

Culturais. 4. Estudos linguísticos. 5. Estudos literários. 6.

Estudos terminológicos. 7. Interculturalidade. 8. Linguagem e

Educação. 9. Tradução. 10. Tradução cultural. 11. Título.

CDD 400

CDU 82

Page 4: Livro de Resumos I Tradinter

RAIMUNDA BENEDITA CRISTINA CALDAS; LARISSA FONTINELE DE

ALENCAR; FERNANDO ALVES DA SILVA JÚNIOR (Org.)

Inclusão e preservação de saberes

para o bom viver

Livro de RESUMOS

Seminário Tradução e

Interculturalidade

PPLSA

Bragança/2014

Page 5: Livro de Resumos I Tradinter

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

Carlos Edílson de Almeida Maneschy Reitor

Horacio Schneider

Vice-Reitor

Emmanuel Zagury Tourinho Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BRAGANÇA

Sebastião Rodrigues da Silva Junior Coordenador

Janice Muriel Cunha Vice-Coordenadora

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGENS E SABERES NA AMAZÔNIA

Raimunda Benedita Cristina Caldas Coordenadora

José Guilherme dos Santos Fernandes Vice-Coordenador

PRESIDENTE DA COMISSÃO ORGANIZADORA Profa. Dra. Raimunda Benedita Cristina Caldas

COMISSÃO CIENTÍFICA

Ana Suelly Arruda Câmara Cabral

Beatriz Gama Rodrigues Carmem Lúcia Reis Rodrigues

Esteban Reyes Celedón Flávio Leonel Abreu da Silveira

Frederico Augusto Garcia Fernandes Georgina Negrão Kalife Cordeiro

João de Jesus Paes Loureiro

José Guilherme dos Santos Fernandes Luis Júnior Costa Saraiva

Maria do Perpétuo Socorro Galvão Simões

Nilsa Brito Ribeiro

Paula Tavares Pinto Paiva Pere Petit Penarrocha

Raimunda Cristina Caldas Regina Helena Urias Cabreira Roberta Alexandrina da Silva

Salomão Antonio Mufarrej Hage Sylvia Maria Trusen

Tabita Fernandes da Silva Valéria da Silva Medeiros

Page 6: Livro de Resumos I Tradinter

COMISSÃO ORGANIZADORA

Adriana da Silva Lopes

Aldilene Lopes de Morais Andréia Ribeiro

Daniele Silva Edileuza Amoras Pilletti

Elenilda do Rosário Costa

Elizabeth Conde de Morais

Fernando da Silva Junior

Francisco Pereira de Oliveira

Juciany Soares

Larissa Fontinele Alencar Márcia Saviski Pinho Michelly S. Machado

Natacha Penna Rosana Brito

Viviane Carvalho

MONITORIA

Adriano V. dos Santos Alessandra Nascimento

Ane Caroline Lisboa Anilton Costa

Camilla Rodrigues dos Santos Carmem Ferreira Miranda

Cássia Sueny Sousa da Cunha Cleiton da Costa Ribeiro

Daisy Sousa Santana

Elivelton Elivelton Silva Reis Francinei dos Santos Padilha Francisca Dulciléia da Silva Gleciane da Silva Pantoja Ingrid Clairley Barbosa Ivonete Souza Campelo

Izabelle Dayanne de Morais

Jacqueline Bianca Matos Keila Cristina R. Pacheco Keila de Paula Fernandes

Luciana de Fátima Rosário Luciana de Fátima do Rosário Luis Humberto de O. Junior

Luma Caroline Rabelo Marcia Taynãn Rodrigues

Marclei da Silva Moura Marcos Roberto Costa

Maria Evangelina dos Santos Milena de Paula da Silva Miriane da Luz Soares

Morgana da Silva Perreira Nayara Leão Nunes

Paula Karine de Oliveira Paulo Vitor Ramos Ribeiro

Raiane Miranda Gomes Renata Guimarães Pinheiro

Rosangela da Silva Rosinely Costa Pereira Sigrid Corrêa Fonseca

Silvana Ribeiro Pereira Suellem Fernandes

Tamires Cassia da Silva Sousa Valdinei Ferreira da Costa

Vitor Hugo de Souza Gomes Yara das Chagas Furtado

Page 7: Livro de Resumos I Tradinter

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO Raimunda Benedita Cristina Caldes....................................................... 23

ORALIDADE E INTERCULTURALIDADE

DA IDADE MÉDIA AO SÉCULO XXI: a linguagem do maravilhoso em “um sonho” Elenilda Rosário Costa | Sylvia Trusen.................................................... 25

ELEMENTOS NÃO VERBAIS

como estratégias argumentativas em narrativas orais fantásticas Aline do Socorro dos Santos Araújo........................................................ 26

“MAS COMO É QUE SE VIRA LABISONHO?”: as peculiaridades de um “licântropo” na poética oral da Amazônia oriental Fernando Alves da Silva Júnior.............................................................. 27

NO LABIRINTO DA MEMÓRIA: a oralidade nas narrativas de Quintino de Lira Juliana Patrizia Saldanha de Sousa....................................................... 28

PEDRA DO GURUPI E A ILHA DA IARA: a quarta morada do sebastianismo Sônia Moraes do Nascimento | Fernando Alves da Silva Júnior............... 28

TRADUÇÃO CULTURAL E ESTUDOS TERMINOLÓGICOS

A VARIAÇÃO DO (R) PÓS-VOCÁLICO

Page 8: Livro de Resumos I Tradinter

medial no Norte do Brasil: um estudo geossociolinguístico Fernanda Analena Ferreira Borges da Costa | Abdelhak Razky................ 30

AS ACEPÇÕES DE SANTO no senso comum e no dicionário terminológico Aldilene Lopes de Morais | Roberta Alexandrina da Silva......................... 31

BANQUETE: um estudo sincrônico e diacrônico do termo Andréia da Silva Ribeiro | Raimunda Benedita Cristina Caldas................ 32

TERMINOLOGIA da piscicultura no Pará Josué Leonardo Santos de Souza Lisboa | Abdelhak Razky..................... 32

ESTUDOS LINGUÍSTICOS E INTERCULTURALIDADE I

ANÁLISE FONOLÓGICA descritiva da língua ka’apor Lorram Tyson dos Santos Araújo | Raimunda Benedita Cristina Caldas.. 34

ANTROPONÍMIA COMO EVIDÊNCIA dos contatos culturais no município de Bragança Yara das Chagas Furtado | Tabita Fernandes da Silva............................. 35

TOPÔNIMOS DO TUPI: rastros indígenas na cidade de Castanhal-PA Sara Concepción Chena Centurión | Carmen Lucia Reis Rodrigues......... 36

TRADUÇÃO DOS TERMOS INDÍGENAS em Macunaíma por Curt Mayer-Clason Marco Peixoto | Izabela Guimarães Guerra Leal....................................... 37

EDUCAÇÃO NO CAMPO E INTERCULTURALIDADE

A LINGUAGEM PRESENTE NA ESCOLA

e aquela expressa pelos pescadores e marisqueiras de Bacuriteua-Bragança-Pará Viviane dos Santos Carvalho | Georgina Negrão Kalife Cordeiro............... 38

Page 9: Livro de Resumos I Tradinter

A PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA

na formação de educadores e educadoras das escolas do campo: uma análise do Procampo na Amazônia oriental, Bragança-PA Edileuza Amoras Pilletti | Georgina Kalife Negrão Cordeiro...................... 39

PRÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO

matemática e formação de professores do campo Fabio Colins da Silva | Tadeu Oliver Gonçalves....................................... 40

PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO RURAL, BRAGANÇA PA: desafios e perspectivas Maria Emília de Vasconcelos.................................................................. 41

GÊNERO, IDENTIDADE E INTERCULTURALIDADE

A IDENTIDADE FEMININA sobre o conhecimento das ervas e plantas de uso medicinal em Pimenteiras-PA Antonia Edylane Milomes Salomão......................................................... 43

AS MULHERES E A DITADURA MILITAR NO BRASIL:

representações do gênero em relatos sobre a tortura Rosângela do Socorro Nogueira de Sousa............................................... 44

QUESTÕES SOBRE IDENTIDADE ÉTNICA e autoidentificação Tenetehára: estudo sobre aldeia Turé-Mariquita de Tomé-Açu/PA Michelly Silva Machado.......................................................................... 45

RELIGIOSIDADE, CULTURA E IDENTIDADE: festividade de São Braz, na comunidade quilombola do Jacarequara, em Santa Luzia do Pará Antonio Edson Farias............................................................................. 45

LITERATURA TRADUZIDA NA AMAZÔNIA E TRADUÇÃO CULTURAL

A NOVA POSSIBILIDADE DE TRADUÇÃO: Grand sertão: veredas (2013) Suellen Cordovil da Silva........................................................................ 47

Page 10: Livro de Resumos I Tradinter

A TRADUÇÃO NOS ESTUDOS CULTURAIS:

aspectos teórico-metodológicos Delisa Pinheiro | Joyce Ribeiro................................................................ 48

A TRADUÇÃO POÉTICA em Herberto Helder Rafaella Dias Fernandez | Izabela Guimarães Guerra Leal....................... 49

A TRAPAÇA do Iauaretê Leomir Silva de Carvalho | Sílvio Augusto de Oliveira Holanda................. 50

AS CICATRIZES DE MARIA:

entre dores e rupturas Luciana de Barros Ataide....................................................................... 51

CULTURAS AMAZÔNIDAS PARA ALÉM DOS ESTEREÓTIPOS: o olhar apressado do outro Bene Martins.......................................................................................... 52

“JOGOS INFANTIS”: uma geografia erótica Francisco Pereira Smith Júnior.............................................................. 52

MEMÓRIAS DE TRABALHO

e de vida frente ao projeto Belo Monte-Parte II Elizabete Lemos Vidal............................................................................. 53

PAULO PLÍNIO ABREU e o lugar das vozes poéticas no ensino de literatura da Amazônia Geovane Silva Belo | Sônia Araújo........................................................... 54

ESTUDOS DE LINGUAGEM E INTERCULTURALIDADE I

A VARIAÇÃO DIATÓPICA no dicionário escolar Brayna Conceição dos Santos Cardoso................................................... 56

A VARIAÇÃO PROSÓDICA NO NORTE DO BRASIL: um estudo do português falado em Mocajuba Maria Sebastiana da Silva Costa | Regina Célia Fernandes Cruz.............. 57

DEVIRES KYIKATÊJÊ Juliana do Monte Gester | Sue Rivera Ikeda | Hiran de Moura Possas |

Page 11: Livro de Resumos I Tradinter

Lucivaldo Silva da Costa......................................................................... 58

INFLUÊNCIA DO CONTATO CULTURAL na dinâmica do léxico da flora empregado por índios Tembé da região do Gurupí Eliene Rosa Chaves | Tabita Fernandes da Silva..................................... 59

TERRITÓRIO INDÍGENA: o ensino-aprendizagem mediado pelos saberes e práticas do povo Tembé Lena Cláudia dos Santos Amorim Saraiva.............................................. 60

VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS NA FALA DE BARCARENA/PA:

análise acústica preliminar Gisele Braga Souza | Regina Célia Fernandes Cruz................................. 61

ESTUDOS DE TRADUÇÃO E INTERCULTURALIDADE

A ANTROPOFAGIA NAS TRADUÇÕES de Haroldo de Campos e Herberto Helder Geovanna Marcela da Silva Guimarães | Izabela Guimarães Guerra Leal....................................................................................................... 63

À PROCURA DE MÁRIO Faustino tradutor Thiago André Veríssimo......................................................................... 64

DIÁLOGOS ENTRE BRASIL E INGLATERRA em O Xangô de Baker Street Fernando Henrique Crepaldi Cordeiro................................................... 65

MOTIVAÇÃO E FORMAÇÃO TOPONÍMICAS: um estudo de nomes de lugares de origem indígena

de Curuçá (PARÁ) Ilzaléa Rocha da Silva | Carmen Lúcia Reis Rodrigues............................. 66

ROBERT STOCK: poeta, tradutor e vagabundo Dayana Crystina Barbosa de Almeida.................................................... 66

TOPÔNIMOS DE ORIGEM INDÍGENA de São Domingos do Capim/PA Jeconias Monteiro de Araújo | Carmen Lúcia Reis Rodrigues................... 67

Page 12: Livro de Resumos I Tradinter

ESTUDOS LITERÁRIOS, TRADUÇÃO E INTERCULTURALIDADE

A TRADUÇÃO DA TRADIÇÃO DO BRINQUEDO DE MIRITI: primeiras reflexões Joyce Ribeiro | Lidia Sarges.................................................................... 69

O PROCESSO DE TRADUÇÃO – DA ORALIDADE PARA O ESCRITO,

e o gênero maravilhoso na narrativa transcrita pelos pesquisadores do programa IFNOPAP, “A Cobra Grande” Rayniere Felipe Alvarenga de Sousa | Deyse Carla da Silva Mota | Sylvia Maria Trusen.......................................................................................... 70

O TEXTO ORAL COMO FONTE DE PESQUISA: uma reflexão sobre a “cerâmica icoaraciense” Elizabeth Conde de Morais | Carmen Lucia Reis Rodrigues | Sylvia Maria Trusen................................................................................................... 71

O TRASLADO DAS NARRATIVAS ORAIS À ESCRITA: a tradução e a performance do narrador Myrcéia Carolyne Guimarães da Costa | Sylvia Maria Trusen.................. 72

PLANTAS MEDICINAIS: terminologia e tradução Márcia Saviczki Pinho | Carmem Lúcia Rodrigues Reis........................... 73

ESTUDOS LITERÁRIOS E OUTRAS ARTES

“CACHORRO DOIDO”: uma análise antropológica da homossexualidade

na narrativa curta, de Haroldo Maranhão Rodrigo Maroja Barata | Joel Cardoso..................................................... 75

ARTE E FORMAÇÃO SOCIAL DO INDIVÍDUO: breve contextualização histórico-reflexiva da arte na sociedade contemporânea Joel Cardoso.......................................................................................... 76

ENTRE A PALAVRA E A ESCULTURA: experimentos do ateliê de tradução do NETLLI (URCA-CE) Hyago Átilla Sousa dos Santos | Edson Soares Martins........................... 77

Page 13: Livro de Resumos I Tradinter

ESTRATÉGIAS DE LEITURA: uma experiência local marajoara Jurema do Socorro Pacheco Viegas | Joel Cardoso.................................. 78

MULHERES ENTRE ENFEITES & CAMINHOS:

cartografia de memórias em saberes e estéticas do cotidiano no Marajó das florestas (S. S. da Boa Vista-PA) Ninon Rose Tavares Jardim.................................................................... 79

MÚSICAS EM AULAS DE LÍNGUA MATERNA: composições e/ou interpretações de Vinicius de Moraes, Toquinho e Adriana Calcanhotto em diálogo com outras artes Glayce de Fatima Fernandes da Silva | Ediane Maria Guimarães Monteiro | Joel Cardoso.......................................................................... 80

ESTUDOS CULTURAIS E INTERCULTURALIDADE I

A ATIVIDADE DE CAÇA como momento de interação entre os Tembé do Alto rio Guamá

José Rondinelle Lima Coelho | Felype Mota Moreira............................ 82

A MEMÓRIA DO CONSUMO: aspectos culturais da vila Cearazinho Rafaella Contente Pereira da Costa | Pere Petit Peñarrocha...................... 83

MANDIOCULTURA: estudos etnográficos e a dinâmica social na “Terra do Brasil” Natascha Penna dos Santos | Luis Junior Costa Saraiva......................... 83

O MITO DO ATAÍDE: reflexões preliminares sobre a relação entre meio ambiente e narrativas orais na comunidade de Bacuriteua, Bragança, Pará Luis Junior Costa Saraiva...................................................................... 84

OS RASTROS DA CULTURA INDÍGENA EM CAMETÁ: uma breve discussão metodológica Pâmela Paula Souza Neri | Gilcilene Dias Costa....................................... 85

QUANDO PESQUISADOR E NATIVO SÃO DA “MESMA” CULTURA?

alteridade e família na Amazônia Kirla Korina dos Santos Anderson.......................................................... 86

RESGATE DA CULTURA DA PRODUÇÃO DE PANELAS DE BARRO

Page 14: Livro de Resumos I Tradinter

como fonte de renda sustentável em comunidades rurais

no município de Bragança Délio Saraiva dos Santos........................................................................ 87

UM ENSAIO ETNOGRÁFICO DA EDUCAÇÃO KA’APOR como resistência sociocultural Evilania Bento da Cunha........................................................................ 88

LINGUAGENS DISCURSIVAS E CULTURAIS

ESTUDOS DOS GESTOS dêiticos na linguística Romário Duarte Sanches | Sabine Reiter................................................. 90

LITERATURA E CINEMA: perspectiva intercultural amazônica Cleidiane Maria Pureza Moraes | Tabita Moraes de Castilho | Lilian Pereira Nascimento................................................................................. 92

NOS RASTROS DA AVALIAÇÃO: análise das intervenções do professor de língua portuguesa

em textos escolares Eduarda Otacília Silva Meireles | Fernanda Ramos Correa | Hadson José Gomes de Sousa............................................................................. 93

SABERES LOCAIS EM PRÁTICAS ORAIS: letramentos nas vivências do rio Jepohúba - Breves Marajó-PA Mônica de Jesus dos Anjos Nunes | José Sena Filho | Luiz Guilherme Junior................................................................................... 94

SALAS DE CINEMA, VIDA URBANA E ESPECTADORES: o impacto cultural do cinema no cotidiano bragantino nas décadas de 1960-1990 Ariane Baldez Costa | Pedro Petit Peñarrocha.......................................... 95

ESTUDOS LITERÁRIOS E INTERCULTURALIDADE

A ATUAÇÃO DA PERSONAGEM ÚRSULA IGURÁN BUENDÍA na obra Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez Raimundo Conceição de Araujo de Sousa | Iris de Fátima

Page 15: Livro de Resumos I Tradinter

Lima Barbosa......................................................................................... 96

A BIOGRAFIA de Benedito César Pereira Lidiane Sousa da Silva........................................................................... 97

A INFLUÊNCIA DOS ROMANCES DE CAVALARIA no imaginário da literatura de cordel: o caso de Amadis de Gaula e da História da Princesa da Pedra Fina Thays da Costa Pantoja | Suzy Maria Campelo Rodrigues | George Pellegrini................................................................................................ 98

BATUQUES E UMBANDAS:

entre Bruno de Menezes e o terreiro de Mãe Terezinha, em Bragança/PA Nazareno Araújo Barbosa....................................................................... 98

ENTRE O PROFANO E O SAGRADO: o dilema da santidade Adriana da Silva Lopes | Roberta Alexandrina da Silva............................ 99

LIMIARES LITERÁRIOS DA MARUJADA de São Benedito em Bragança-PA Larissa Fontinele de Alencar.................................................................. 100

MARIA LÚCIA MEDEIROS: trajeto e palavra Aline de Fátima da Silva Lucena | José Guilherme dos Santos Fernandes.............................................................................................. 101

RASTROS DE “CAMÕES” em narrativas orais bragantinas Maria Evangelina Gato dos Santos | Larissa Fontinele de Alencar............ 102

ESTUDOS CULTURAIS E INTERCULTURALIDADE II

ENTRE MÉDICOS E ALIENISTAS: a cruzada contra o álcool em Belém - 1930 à 1950 Amilcar de Souza Martins Sobrinho | Roberta Alexandrina da Silva......... 104

ENTRE O PESQUISADOR E O OBJETO: um exercício de etnografia Carlos Alberto Corrêa Dias Junior.......................................................... 105

Page 16: Livro de Resumos I Tradinter

MEMÓRIAS MIRIENSES:

heranças de gênero entre a cultura indígena ka’apor no Maranhão e cabocla no município de Igarapé-Miri-PARÁ Leidiane Pena Pinheiro | Carlos Alberto Corrêa Dias Junior..................... 106

NO ROMANCE CANDUNGA, DE BRUNO DE MENEZES:

através do contato com a capa, as mãos tocam a história Renan Brigido Nascimento Felix | Francivaldo Alves Nunes..................... 107

ESTUDOS DE LINGUAGEM E INTERCULTURALIDADE II

AS ESTRATÉGIAS DE CONSTRUÇÃO do grau dos nomes e adjetivos no português falado em Taquandeua Keila Cristina Redig Pacheco | Tabita Fernandes da Silva........................ 109

ESTUDOS DA LÍNGUA TEMBÉ: desafios da tradução Tabita Fernandes da Silva...................................................................... 110

O SUJEITO enquanto manifestação gramatical Janúbia Lucas Guague Guimarães | Tabita Fernandes da Silva...............111

UM ESTUDO DA HOMONÍMIA no léxico da fauna e da flora em obras lexicográficas tupi Elivelton Silva Reis | Tabita Fernandes da Silva...................................... 111

COMUNIDADES TRADICIONAIS, SABERES E INTERCULTURALIDADE

A PRODUÇÃO DE SABERES na confecção de panelas de barro na comunidade de São Mateus, Taperaçu Campo, Bragança (PA) Alceny Nunes de Araujo | Fernando Alves da Silva Júnior...................... 113

AH ESSE RIO, QUE É MINHA RUA... - uma semiose fotográfica proposta sob as bases biológicas

da compreensão humana Carolina Maria Mártyres Venturini......................................................... 114

CONCEPÇÕES DE MORADORES DE BRAGANÇA

Page 17: Livro de Resumos I Tradinter

(Pará, Brasil) sobre o caranguejo-uçá Ucides Cordatus

LINNAEUS 1763 (Brachyura, Ucididae) Bruna Patricia Brito Matos | Claúdia Nunes Santos............................... 115

DIALOGANDO SABERES TRADICIONAIS E SABERES CIENTÍFICOS como estratégia para o conhecimento e a preservação da Amazônia Juciclea Ataide da Silva | Bruna Patrícia Brito Matos | Rita de Cássia Oliveira dos Santos................................................................. 116

O SAMBA DE RODA COMO ESTRATÉGIA DE SOBREVIVÊNCIA da comunidade quilombola de Santa Rita da Barreira, São Miguel do Guamá/PA, 2014: um estudo de caso Ana Célia Barbosa Guedes | Danila Guedes Azevedo | Alik Nascimento

de Araújo............................................................................................... 117

OS SABERES DA GENTE DO MAR: o imaginário e as experiências de vida dos pescadores da Vila do Treme, Bragança (PA) Roseli da Silva Cardoso | José Guilherme dos Santos Fernandes............. 118

ENSINO, INCLUSÃO E INTERCULTURALIDADE

MEMÓRIA E RESISTÊNCIA: saberes e práticas educativas em narrativas orais dos moradores da Ilha Grande/Belém-PARÁ Andréa Lima de Souza Cozzi | Giselle Maria Pantoja Ribeiro.................... 121

NARRATIVAS, CARTOGRAFIAS E O “DEVER DA MEMÓRIA” em comunidades afrodescendentes do Rio Capim/PA Adão Souza Borges................................................................................. 122

O XOTE DAS MENINAS” como elemento catalisador no ensino de línguas para surdos Simone de Nazaré Viana Lima | Rita de Nazareth

Souza Bentes......................................................................................... 123

PROJETOS DE LINGUAGENS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: um estudo a partir da teoria pós-crítica em educação Kelry Leão Oliveira | Camila Claide Oliveira de Souza | Gilcilene Dias da Costa................................................................................................. 124

Page 18: Livro de Resumos I Tradinter

ESTUDOS LITERÁRIOS, TRADUÇÃO E INTERCULTURALIDADE

CRÍTICA E TRADUÇÃO na obra de Ana Cristina César Beatriz de Souza Carvalho | Mayara Ribeiro Guimarães......................... 126

O LEITOR-AUTOR E O LEITOR-TRADUTOR em fanfictions – reescritas no meio virtual Fabíola Reis | Izabela Guimarães Guerra Leal........................................ 127

OS BASTIDORES DA TRADUÇÃO

em Ana Cristina Cesar Mayara Ribeiro Guimarães..................................................................... 128

TRADUÇÃO LITERÁRIA: recepção nos suplementos literários letras & artes e arte-literatura Eldinar Lopes......................................................................................... 128

ESTUDOS DE LINGUAGEM E INTERCULTURALIDADE III

ESTUDO LEXICAL DE TERMOS DA CURA usados nos artefatos medicinais na comunidade Caeté em Capanema Suely Cunha de Souza | Raimunda Benedita Cristina Caldas.................. 131

GESTOS DE APONTAR (POINTING): elementos linguísticos e culturais Simone Negrão de Freitas | Romário Duarte Sanches.............................. 132

INFLUÊNCIAS DO CONTATO INTERÉTNICO na toponímia de Tracuateua Maria de Fátima dos Santos Vale | Tabita Fernandes da Silva................. 132

O TRATAMENTO DAS INTERFERÊNCIAS GEOSOCIOLINGUÍSTICAS para a tradução da língua Ka’apor Raimunda Benedita Cristina Caldas....................................................... 133

ESTUDOS DE LINGUAGEM E INTERCULTURALIDADE II

Page 19: Livro de Resumos I Tradinter

A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA a partir do grafismo corporal da cultura indígena Ka’apor Estelita Araújo Barros | Maria Augusta Raposo de Barros Brito............... 135

GÊNERO TEXTUAL ORAL ENTREVISTA DE EMPREGO:

trabalhando a oralidade com os alunos da EJA Gleciane da Silva Pantoja | Camilla da Silva Souza.................................. 136

INFLUÊNCIA DO INTERCÂMBIO CULTURAL com assistentes de ensino de inglês na motivação de alunos de graduação em letras língua inglesa Marcus Alexandre Carvalho de Souza..................................................... 137

NOVAS ALTERNATIVAS DE LEITURA e inclusão na escola Giselle Maria Pantoja Ribeiro | Tatiana Cristina Vasconcelos Maia.......... 138

RELAÇÃO DO ALUNO GRADUANDO COM AS TIC’s no processo de ensino aprendizagem na EAD Antonia Edleuza Alves | Jaed Ríllare Alves de Sousa............................... 139

LÍNGUAS HISPÂNICAS E TRADUÇÃO CULTURAL

LITERATURA E HISTORIA: traços de resistência na literatura paraguaia Carlos Henrique Lopes de Almeida......................................................... 141

O EROTISMO E A FANTASIA DE GIANTES EM: El Insecto de Pablo Neruda e Hable con Ella de Almodóvar Fernanda da Costa Silva | Iris de Fátima Lima Barbosa.......................... 142

O ESTUDO DOS SUBSTANTIVOS DO ESPANHOL:

como reconhecê-los? Rozilda Rodrigues Monteiro | Valéria da Costa Cabral | Carmen Lúcia Rodrigues............................................................................................... 143

TRADUTORES HISPÂNICOS traduzindo para o português Eva Yolanda Taberne Albarenga | Giane da Silva Mariano Lessa.............. 143

Page 20: Livro de Resumos I Tradinter

ENTRE A TERRA, O MANGUE E O MAR: DIALOGANDO COM OS DIVERSOS SABERES DA

PESCA

AS RELAÇÕES GERACIONAIS NA PESCA ARTESANAL na comunidade de Bonifácio-Pará: saberes e juventude Norma Cristina Vieira Costa | Deis Elucy Siqueira.................................. 145

PARTICIPAÇÃO E RELAÇÕES DE PODER no conselho deliberativo da Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu, Bragança/PA Sebastião Rodrigues da Silva Júnior..................................................... 146

PRÁTICAS SOCIOAMBIENTAIS E RELAÇÕES DE GÊNERO em uma comunidade tradicional da Amazônia Darcy de Nazaré Flexa Di Paolo | Deis Elucy Siqueira.............................. 147

“SARDINA É A FARINHA DOS PEIXES”: a importância do conhecimento ecológico local

para o bom viver na Amazônia

Roberta Sá Leitão Barboza.............................................................. 148

TREME:

um nome que conta as origens da comunidade Maria de Lima Gomes | Deis Elucy Siqueira............................................ 149

LINGUAGEM E EDUCAÇÃO: ESTUDOS INTERCULTURAIS

A LINGUAGEM COTIDIANA DOS ALUNOS no processo ensino-aprendizagem representada pela cultura digital Sybelle Rúbia Duarte Sampaio | Cicera Edilene Alves da Silva................ 151

A NEGOCIAÇÃO DE SENTIDOS e a constituição dos papéis sociais em uma aula de leitura no ensino superior Maria da Conceição Azevêdo................................................................... 152

FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA PERSPECTIVA DOS SABERES

culturais para construção da escola bragantina Luciane Silveira Rodrigues | Maria Adriana Leite | Robson de Sousa Feitosa................................................................................................... 153

Page 21: Livro de Resumos I Tradinter

GÊNERO TEXTUAL NA TEORIA E NA PRÁTICA:

uma proposta para orientar a leitura e a produção de sequências didáticas Tânia Maria Moreira | Paulo da Silva Lima.............................................. 154

LINGUAGENS EDUCAM OS PEQUENINOS?

um estudo sobre as dimensões da linguagem em uma unidade de educação infantil, Belém-Pará Kelry Leão Oliveira | Gilcilene Dias da Costa........................................... 155

O PROCESSO FORMATIVO DOCENTE E SUAS INTERFACES com os saberes locais: uma proposta de reorientação curricular em Bragança-PA Maria Adriana Leite | Luciane Silveira Rodrigues..................................... 156

DISCURSO E REPRESENTAÇÃO

DISCURSO FUNDADOR E TERRITÓRIO: as regiões Sul e Sudeste do Pará narradas no plebiscito 2011 Hildete Pereira dos Anjos | Flavia Marinho Lisboa................................... 158

ESTUDO DE SENTENÇAS CONDENATORIAS: interdiscursivade no campo jurídico Suelem Cristina Silva Bezerra................................................................. 159

MST E MÍDIA: o trabalho de produção de imagens Laécio Rocha de Sena | Nilsa Brito Ribeiro.............................................. 159

O DISCURSO PÚBLICO E O PUBLICADO: os conflitos em torno da implantação da UHE de Estreito-MA/TO, na memória dos atingidos e no discurso dos jornais Cícero Pereira da Silva Júnior................................................................ 160

O DISCURSO SOBRE A HERESIA na formação de uma identidade cristã ortodoxa Rosana Brito da Cruz | Roberta Alexandrina da Silva.............................. 161

OS DISCURSOS PRESENTES EM CARTAZES de evento de educação especial Ingrid Fernandes Gomes Pereira Brandão | Mírian Rosa Pereira | Hildete Pereira dos Anjos.................................................................................... 162

Page 22: Livro de Resumos I Tradinter

MESAS REDONDAS

A IMAGEM INTERSIGNIFICANTE na conversão semiótica João de Jesus Paes Loureiro................................................................... 164

A METÁFORA E A SUA TRADUÇÃO na transmissão de conhecimento Maria Teresa Costa Gomes Roberto Cruz................................................ 165

A MORTE VIRGINAL: arte, história e literatura na pintura brasileira do limiar da república Aldrin Moura de Figueiredo.................................................................... 165

PESCA SUSTENTÁVEL: das questões químicas às questões de gênero Marileide Moraes Alves........................................................................... 166

TRADUÇÃO DE NARRATIVAS DE UMA LÍNGUA DE TRADIÇÃO ORAL: algumas questões sobre a atividade tradutória Carmen Lúcia Reis Rodrigues................................................................. 167

TRADUÇÃO OU TRAIÇÃO:

leituras interculturais

Esteban Reyes Celedón....................................................................... 167

Page 23: Livro de Resumos I Tradinter

Apresentação

23

APRESENTAÇÃO Raimunda Benedita Cristina Caldes

Programa de Pós-Graduação em Linguagens e Saberes na

Amazônia, do Campus Universitário de Bragança, da

Universidade Federal do Pará, convida para o evento

denominado I SEMINÁRIO NACIONAL EM TRADUÇÃO E

INTERCULTURALIDADE, que será realizado no período de 08 a 10 de

dezembro de 2014, no Campus Universitário de Bragança, cidade

localizada a 200 quilômetros da cidade de Belém, capital do estado do

Pará, na região nordeste e litorânea da Amazônia brasileira.

O Seminário congrega discussões a respeito das variedades de

discursos e usos de linguagem as convergências de feições de línguas e,

por conseguinte, de culturas nos mais variados modos de relação que

formam na perspectiva regional as interseções de outros modos de se

compreender a legitimar ideologia e identidade amazônicas.

O evento reúne por meio das conferências, mesas redondas, sessões

temáticas e programação artística e cultural pesquisadores que

desenvolvem e apresentam experiências de caráter interdisciplinar e

intercultural. As práticas, por sua vez, redimensionarão os processos

dialógicos e dialéticos nas discussões e proposições acadêmicas e nas

apresentações de amostras interculturais.

OBJETIVOS

Ampliar discussões a partir da tradução e das relações interculturais

advindas das práticas de integração em línguas e intralínguas, as quais

configuram os processos de formação e composição da realidade (pan)

amazônica, bem como divulgar as produções de práticas interculturais

na Amazônia.

O

Page 24: Livro de Resumos I Tradinter

Apresentação

24

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGENS E SABERES NA

AMAZÔNIA

O Programa de Pós-Graduação em Linguagens e Saberes na

Amazônia (PPGLS), na modalidade de curso de mestrado, está

vinculado ao Campus Universitário de Bragança, da Universidade

Federal do Pará, e tem por finalidade a formação continuada e o

fomento da prática investigativa de profissionais portadores de diploma

de nível superior, que sejam capazes de atuar no ensino de graduação e

pós-graduação, na gestão e na intervenção cultural especializada, tendo

como objetivo precípuo estudar, a partir de movimentos endógenos e

exógenos, as diversas representações e práticas que perfizeram e

perfazem as várias configurações das culturas da/na Amazônia,

mediante a compreensão das diferentes formações discursivas, em

diferentes linguagens, e suas correspondentes condições sociais e

históricas de produção.

O PPGLS existe desde 2011, quando realizou sua primeira seleção,

com aprovação de 12 candidatos. O Programa foi aprovado na 122ª

Reunião do CTC, da Capes, com o conceito 3, o que reforça nossa

motivação para alavancar este Programa, daí a necessidade de realizar

eventos, como o II SLINS, que possibilitem maior interação entre

pesquisadores e entre a Academia e a Comunidade em geral, com a

possibilidade de transferência de conhecimentos.

No Programa existe uma área de concentração – Linguagens e

Saberes – e duas linhas de pesquisa: Leitura e Tradução Cultural e

Memória e Saberes Interculturais. Para maiores detalhes acerca do

PPGLS, acesse: pplsa.blogspot.com.br.

Page 25: Livro de Resumos I Tradinter

Oralidade e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

25

ORALIDADE e interculturalidade

Coordenador: Fernando Alves da Silva Junior

DA IDADE MÉDIA AO SÉCULO XXI:

a linguagem do maravilhoso em “um sonho”

Elenilda Rosário COSTA (Bolsista Capes/PPLSA/UFPA)

E-mail: [email protected]

Sylvia TRUSEN (Orientadora)

E-mail: [email protected]

definição atual dada ao maravilhoso é a de que ele supõe o

sobrenatural e que ao longo da narrativa permanecerá

inexplicado de acordo com as leis que regem a nossa realidade

humana. Partindo desta perspectiva, observaremos quanto de

veracidade há nessa lógica sob os olhos do sonho. O sonho, a partir do século IV quando o cristianismo se torna religião e, mais que isso,

ideologia, no Ocidente se torna fenômeno cultural, o qual passa a ser

conhecido em proporções e significados de maior e menor grau em

diversas sociedades humanas. Assim, “Um sonho”, narrativa oral

coletada pelo projeto Imaginário nas Formas Narrativas Orais da

Amazônia Paraense (IFNOPAP) faz parte de uma coletânea de narrativas intitulada Um portal para Bragança e é a partir de sua

análise que seguiremos no desenvolver deste trabalho. Buscamos,

aqui, falar da linguagem do maravilhoso no período medieval e de

como essa linguagem atua e/ou foi traduzida no século atual. Será

que são maiores as semelhanças ou as incongruências? A tradução

desse maravilhoso tem a mesma função/finalidade hoje que no Medievo? Por meio da narrativa citada procuramos entender como se

comporta os ensinamentos deste gênero e como que a narrativa oral

A

Page 26: Livro de Resumos I Tradinter

Oralidade e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

26

atual revela tais características; tudo isso, visto sob a perspectiva do

sonho, pois além de tratar deste aspecto como o próprio título revela, o

maravilhoso nesse âmbito é também riquíssimo na Idade Média. Para

fundamentar esta ideia autores como Le Goff, Lévi-Strauss, Todorov,

Walter Benjamin, Cuche entre outros serão abordados aqui.

Palavras-chave: Maravilhoso. Linguagem. “Um sonho”. Narrativa oral.

ELEMENTOS NÃO VERBAIS

como estratégias argumentativas em narrativas orais fantásticas

Aline do Socorro dos Santos ARAÚJO (UFPA)

E-mail: [email protected]

ste trabalho faz parte de uma pesquisa mais ampla que propõe

investigar estratégias argumentativas em narrativas orais

fantásticas, produzidas por falantes de comunidades rurais. Nesta comunicação apresentamos parte do resultado de análises de

narrativas orais fantásticas produzidas por falantes da comunidade de

Santa Rita do Crauateua localizada na zona rural do município de São

Miguel do Guamá no Nordeste do Pará. Nesta comunicação

analisamos os elementos não verbais empregados como estratégias

argumentativas em narrativas orais fantásticas. A análise mostra que os elementos não verbais, também denominados elementos

paralinguísticos, constituem recursos muito importantes para compor

o jogo argumentativo da narrativa. Nota-se que o falante, ao produzir

uma narrativa fantástica, precisa garantir a persuasão e convencer

seu ouvinte de que a história contada por ele é verídica. Assim é de grande utilidade para o falante, ao narrar um evento fantástico, valer-

se de elementos como gestos, olhares, movimentos corporais, tom de

voz, ritmo diferenciado, modulações na altura da voz, os quais, além

de servirem para cativar e prender o ouvinte na historia narrada,

contribuem para dizer que o fato é verdadeiro e digno de ser aceito

enquanto tal. Para este trabalho foram privilegiadas as manifestações linguísticas da área rural por advirem de pessoas que habitam em um

ambiente propício para o cultivo do imaginário. Para este estudo serão

utilizados como base teórica obras de autores como Koch (2008),

Todorov (2004) e Fernando Tarallo (1986) entre outros. A concepção de

argumentação adotada neste trabalho é a de que todo texto é argumentativo e a de que a argumentação está inscrita na própria

E

Page 27: Livro de Resumos I Tradinter

Oralidade e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

27

língua e que tanto elementos verbais como não verbais participam do

jogo de argumentação levado a efeito num evento comunicativo.

Palavras-chave: Elementos não verbais. Estratégias argumentativas.

Narrativas orais fantásticas.

“MAS COMO É QUE SE VIRA LABISONHO?”:

as peculiaridades de um “licântropo” na poética oral da Amazônia

oriental

Fernando Alves da SILVA JÚNIOR (UFPA) E-mail: [email protected]

om base na coleta de narrativas orais de cunho sobrehumano

durante a pesquisa de campo realizada na comunidade

Taperaçu Campo (Bragança, PA), observou-se um grande

número de narrativas que cuidam da metamorfose de pessoas em porco, ou seja, em “labisonho”, tendo como base essa transformação, o

objetivo desse estudo é enfatizar a alteridade nas narrativas de

metamorfose animal. Utiliza-se o termo sobrehumano para não sugerir

uma visão positivista ao reforçar a oposição entre natureza e cultura

suscitada pelo conceito de sobrenatural (BRELICH, 1983). Destaca-se

neste trabalho a duplicidade de alguns indivíduos desta localidade por conta do perspectivismo ameríndio de Viveiros de Castro (2008, 2011)

asseverar que existem modos de perceber o mundo que se diferem

entre os diversos seres, isso implica dizer que em um encontro de

subjetividades, ou seja, quando duas espécies se encontram na mata,

cada uma enxergará a outra a partir de seu ponto de vista. Viveiros de Castro explica que no contato de um indígena com um porco do mato

(caititu), o humano terá apenas um ponto de vista acerca desse

encontro, que ele se deu com um animal, não obstante, o encontro se

deu com dois, por isso pode-se considerar o ponto de vista do caititu e,

para este, o animal é o indígena, não ele. Como os encontros são, via

de regra, agressivos, e nesse exemplo, o indígena certamente tentará matar o porco, o caititu que ver a si mesmo como humano, enxergará

seu algoz como um jaguar, pois as onças caçam e matam os humanos,

na mesma medida em que se alimentam de caititus. Em vista do

exposto, a humanidade é sempre uma conquista, uma vez que todos

se enxergam como humanos, é dentro deste edifício conceitual construído por Viveiros de Castro que se pretende discutir a presença

deste labisonho na poética oral desta comunidade pertencente a

C

Page 28: Livro de Resumos I Tradinter

Oralidade e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

28

Reserva Extrativista Marinha Caeté-Taperaçu, (Bragança, PA),

enfatizando, sobremodo, a discussão de alteridade nas histórias de

metamorfose.

Palavras-chave: Labisonho. Poética oral. Perspectivismo Ameríndio.

Taperaçu Campo.

NO LABIRINTO DA MEMÓRIA:

a oralidade nas narrativas de Quintino de Lira

Juliana Patrizia Saldanha de SOUSA (UNAMA) E-mail: [email protected]

ntre os anos de 1981 a 1985 explode um conflito agrário no

Nordeste Paraense envolvendo diretamente o município de

Santa luzia do Pará. Na liderança dos colonos, neste conflito,

destacou-se Armando Quintino de Lira, que buscava liberar as terras para o colono ter a oportunidade para o trabalho. Sem solução para a

questão agrária, eles articulam-se e buscam outro meio de fazer

“justiça”, utilizando a força armada. Neste trabalho pretendo

investigar as narrativas orais relativas as ações do Quintino, enquanto

agia como Gatilheiro. Será necessário a utilização de entrevistas e

tendo como instrumento relevante, para que a pesquisa se realize, a memória dos cidadãos residentes em Santa Luzia do Pará. Busco

resgatá-las e catalogá-las numa perspectiva de construção de um

acervo como parte da história do município de Santa Luzia do Pará. A

caminhada metodológica terá como base o uso de pesquisa qualitativa

e envolverá, além de pesquisas documentais e bibliográficas, a pesquisa de campo, promovendo entrevistas com cidadãos que

atuaram com Quintino no conflito e/ou foram testemunhas desse fato

histórico e cultural para os luzienses. Busca-se compreender a grande

influência causada pelas ações do Gatilheiro na sociedade Luziense.

Palavras-chave: Quintino. Conflito agrário. Memória. Narrativas orais.

PEDRA DO GURUPI E A ILHA DA IARA:

a quarta morada do sebastianismo

Sônia Moraes do NASCIMENTO (UFPA) E-mail: [email protected]

Fernando Alves da SILVA JÚNIOR (UFPA)

E

Page 29: Livro de Resumos I Tradinter

Oralidade e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

29

E-mail: [email protected]

presente trabalho visa apresentar uma breve descrição da

presença do sebastianismo na cidade de Viseu-PA,

especificamente na Pedra do Gurupi e na Ilha da Iara, dois

espaços que podem ser considerados místicos. A pesquisa tem por base as narrativas orais de moradores e pescadores locais. Acerca das

figuras sobrenaturais, analisou-se as narrativas a partir dos estudos

realizados por Heraldo Maués, que os denomina simplesmente como

“encantados” (...) “aqueles que se apresentam sob forma de animais

aquáticos, nos rios e igarapés Oiara, estes sob forma humana, no Mangal ou Caruana os que incorporam nos pajés” (MAUÉS, 1995, p.

190). A pesquisa inicial vislumbrou estas entidades a fim de entender

os eventos que ocorriam entre a pedra e a ilha, e as manifestações que

ainda ocorrem, como descrito por Cascudo (2010, p. 229), de que

neste local “é crença, entre os povos (...) [que] nas noites de luar, ouve-

se distintamente, lá embaixo, um rumor de vozes humanas e de repiques de sinos”, crença esta confirmada pelos narradores, de que

este lugar é o reino de “bastião”. Sendo assim, Maués considera três

locais como morada deste soberano português, “a primeira delas é a

ilha de Maiandeua, no município de Maracanã, onde se situam a praia

e o lago da princesa, que é a filha do rei (...). A segunda é a ilha de

Fortaleza, no município de São João de Pirabas, onde existe a ‘pedra do rei Sabá’ e o ‘coração da princesa’ (...) O mesmo acontece com a

ilha dos Lençóis, no litoral do Maranhão, esta é a terceira morada do

rei Sebastião” (MAUÉS, 2005, p. 264). Tendo em vista a forte crença

de que a Pedra do Gurupi e a Ilha da Iara trocavam de lugar até serem

“benzidas” por um padre, e que ainda há relatos de pescadores e curandeiros de Viseu afirmando a presença do rei Sebastião nesses

espaços, sendo que a ilha pertence à filha do rei encoberto e a pedra o

seu lócus privilegiado de aparição, neste trabalho defende-se que a

Pedra do Gurupi e a Ilha da Iara corresponde à quarta morado do Rei

Sebastião.

Palavras-chave: Sebastianismo. Quarta Morada. Pedra do Gurupi. Ilha da Iara.

O

Page 30: Livro de Resumos I Tradinter

Tradução cultural e estudos terminológicos

I Seminário Tradução e Interculturalidade

30

TRADUÇÃO CULTURAL e estudos terminológicos

Coordenador: Elias Maurício da Silva Rodrigues

A VARIAÇÃO DO (R) PÓS-VOCÁLICO

medial no Norte do Brasil: um estudo geossociolinguístico

Fernanda Analena Ferreira Borges da COSTA (PPGL/UFPA)

E-mail: [email protected]

Abdelhak RAZKY (Orientador)

E-mail: [email protected]

ste -vocálico medial na

região Norte do Brasil, com foco em 18 (dezoito) localidades

distribuídas estrategicamente pela região, determinadas pelo

Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB); excetuando cidades capitais.

Configura-se, portanto, em um estudo Geolinguístico, representado inicialmente por Gilliéron (1915), na França, e por Aguilera (1998) e

Cardoso (2014) no Brasil, entre outros, atrelado a uma análise de cunho variacionista, ou seja, uma abordagem laboviana dos dados. O

objetivo está em verificar qual(s) variante(s) da variável (r)

apresenta(m) maior ocorrência na fala dessa Região, bem como

pontuar a influência de variáveis linguísticas e sociais na realização dos róticos em contexto interno, para posterior documentação dos

dados em cartas linguísticas que demonstrem a distribuição diatópica

das variantes identificadas. A análise é desenvolvida a partir de 4.608

ocorrências de (r) pós-vocálico medial, no entanto, até o momento foi verificada a metade desse corpus equivalente a 9 (nove) localidades do

Pará, proveniente da fala de 72 informantes (36 informantes até o momento) estratificados por meio de variáveis sociais: sexo e faixa

etária, e variáveis linguísticas dependentes e independentes. Para

E

Page 31: Livro de Resumos I Tradinter

Tradução cultural e estudos terminológicos

I Seminário Tradução e Interculturalidade

31

codificar, processar e analisar os dados utiliza-se o programa estatístico GOLVARB X. A título de resultados parciais, esta pesquisa

também encontra a fricativa glotal surda/sonora (aspirada) [/] como

a mais empregada por todos os falantes, seguida do zero fonético []. Palavras-chave: Sociolinguística. Variável. Variantes. Geolinguística.

AS ACEPÇÕES DE SANTO no senso comum e no dicionário terminológico

Aldilene Lopes de MORAIS (PPLSA/Bolsista Capes)

E-mail: [email protected]

Roberta Alexandrina da SILVA (orientadora)

E-mail: [email protected]

presente trabalho tem como meta fazer uma investigação do

termo santo. Vislumbrando-o com uma palavra que não faz

parte do léxico geral da língua, mas como um elemento que

está inserido dentro das línguas de especialidade. Assim, será imprescindível entendermos como a terminologia estuda o

comportamento dos termos dentro das línguas de especialidade. Para

essas ponderações teremos como aporte teórico Krieger e Finatto. As

autoras explicam-nos que o termo está atrelado às línguas técnicas,

ou seja, as línguas de especialidade. Nesta perspectiva, estudaremos

como se dá o processo de tradução do termo para as inúmeras situações comunicacionais que ele está inserido. A tradução é feita

quando há uma mudança de significado de um campo para outro.

Quando há uma troca cultural ocorre um processo de significação de

determinados aspectos de uma cultura para outra. Veremos que a

tradução não se dá apenas entre línguas, mas esse processo acontece entre culturas diferentes. Peter Burke, assim como Krieger e Finatto

nos darão suporte teórico para esse diálogo. Nossa pesquisa se detém

em pesquisas em dicionários e também em teóricos que argumentam

sobre o termo santo nas religiões cristãs, assim como em outras

religiões. Krieger e Finatto (2004). Peter Burke e Hsia (2009), Luigi

Moraldi (1999) e Mircea Elidade (2010) serão os principais teóricos que servirão como base para nossa pesquisa.

Palavras-chave: Terminologia. Santo. Língua de Especialidade.

O

Page 32: Livro de Resumos I Tradinter

Tradução cultural e estudos terminológicos

I Seminário Tradução e Interculturalidade

32

BANQUETE:

um estudo sincrônico e diacrônico do termo

Andréia da Silva RIBEIRO (Bolsista do PPLSA/UFPA)

E-mail: [email protected] Raimunda Benedita Cristina CALDAS (Orientadora)

E-mail: [email protected]

presente estudo discute pontos específicos do termo ‘banquete’

no campo da Terminologia. A análise voltada à investigação desse termo de especialidade toma-o como elemento linguístico

constituído socialmente, e, portanto, passível de ressignificação.

Objetivou-se lançar uma abordagem em torno do conceito de diacronia

e sincronia para análise do termo técnico da culinária, cuja

metodologia empregada envolve a pesquisa bibliográfica em textos que

discutem o léxico de especialidade. O arcabouço teórico contempla os estudos das autoras Krieger e Finatto (2004), Biderman (1996),

Faulstich (1998) e Bastarrica (1999). Portanto, o termo “banquete”

representa o objeto de estudo em perspectiva etimológica, sincrônica e

diacrônica. Assoma-se o estudo de Bettencourt (2001) com

contribuições a respeito da definição de banquete. Nesta perspectiva,

estabelece relações com a área da tradução – para compreender a representação e motivação na tradução dos termos técnico-científicos.

Do mesmo modo, dialoga com SOBRAL (2008) a respeito da prática

tradutória e com textos literários que tratam sobre o termo em

questão. Corroboram para esta análise alguns exemplares de textos

consagrados, a saber: O Banquete de Platão, O Banquete em Rabelais de Mikhail Bakhtin e textos bíblicos, com os quais verificam-se

mudanças de perspectiva do termo, da nomeação de assento para

designar uma refeição celebrativa.

Palavras-chave: Linguagem. Tradução. Termo de especialidade.

Banquete.

TERMINOLOGIA

da piscicultura no Pará

Josué Leonardo Santos de Souza LISBOA (UFPA) E-mail: [email protected]

Abdelhak RAZKY (Orientador)

O

Page 33: Livro de Resumos I Tradinter

Tradução cultural e estudos terminológicos

I Seminário Tradução e Interculturalidade

33

E-mail: [email protected]

presente trabalho consiste na elaboração do glossário da

terminologia da piscicultura, ramo da aquicultura, de cultivo

de peixes, nos municípios de Belém, Castanhal, Peixe-Boi e

Igarapé-Açu, no Estado do Pará. O corpus denominado PisciTerm é constituído de entrevistas com piscicultores, técnicos, engenheiros da

pesca, professores especialistas, estudantes e trabalhadores braçais

do dia a dia das fazendas, laboratórios e estações de piscicultura.

Assim sendo, o objeto de estudo é o léxico especializado e as variantes

terminológicas linguísticas e de registro pertencentes à piscicultura, delimitadas em três campos semânticos: reprodução induzida,

engorda e comercialização. Têm-se, como ferramenta de auxílio para o

levantamento, a análise, edição, a organização e distribuição dos verbetes, os programas computacionais WordSmith Tools (versão 5.0) e

Lexique Pro (versão 3.3.1.). A pesquisa está ancorada nos

procedimentos teórico-metodológicos da socioterminologia

estabelecidos por Gaudin (1993) e Faulstich (1995, 2001, 2010). O objetivo é documentar, a linguagem técnica e as variantes orais dessa

área do conhecimento humano, em expansão no mundo, no Brasil e

no Pará, de grande relevância ambiental, econômica, nutricional e

social, tornando-se uma importante ferramenta tanto para os

profissionais da área, quanto para os demais profissionais, e a para todos os interessados pela terminologia da piscicultura.

Palavras-chave: Socioterminologia. Glossário. Piscicultura.

O

Page 34: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos linguísticos e interculturalidade I

I Seminário Tradução e Interculturalidade

34

ESTUDOS LINGUÍSTICOS e interculturalidade I Coordenadora: Sara Concepción Chena Centurión

ANÁLISE FONOLÓGICA

descritiva da língua ka’apor

Lorram Tyson dos Santos ARAÚJO (UFPA)

E-mail: [email protected]

Raimunda Benedita Cristina Caldas (Orientadora)

E-mail: [email protected]

presente trabalho disserta sobre estudo linguístico do Ka’apor,

língua indígena que, descoberta por volta de 1930, integra um

conjunto de oito línguas do ramo VIII da família Tupí-Guaraní,

falada na região noroeste do estado do Maranhão e nordeste do Pará

por cerca de mais de 600 falantes, distribuídos em quatro aldeias indígenas. Os estudos concernentes à língua ka’apor apresentam

relativa atualidade, contudo, compõem considerável material de

estudo acerca de fundamentos estruturais da mesma, além de estudos

respeitantes a questões etnohistóricas. Nesse sentido, objetivamos, à

luz dos campos fonético-fonológico e morfossintático da língua, tecer

análise descritiva de aspectos linguísticos que caracterizam a língua Ka’apor, por meio de sistemas que a norteiam e que lhe conferem uma

gramática interna e em descobrimento. Desse modo, debruçamo-nos,

mais especificamente, neste labor sobre aspectos como: representação

fonético-fonológica (fonemas, alofones, segmentos vocálicos e

consonantais) padrão silábico, acentuação tônica, dentre outros. A pesquisa, em fase preliminar de estudo, confere caráter de ordem

bibliográfica e pretende colaborar com a literatura em torno da língua

em análise, tendo em vista a necessidade de ampliação dos estudos

O

Page 35: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos linguísticos e interculturalidade I

I Seminário Tradução e Interculturalidade

35

de tal língua com o propósito de melhoramento do ensino do ka’apor

nas escolas de suas aldeias; de registro da referente língua, por meio

da escrita, dentre outros aspectos; para tanto amparamo-nos nos

estudos de KAKUMASU (1986), KAKUMASU & KAKUMASU (1988,

1990), CALDAS (2001, 2004, 2010), SILVA (2001, 2001), CORRÊA DA

SILVA (1997), RODRIGUES (1986), RIBEIRO (1996), bem como de outros pesquisadores, que discorrem pesquisas de inúmeras ordens

sobre a língua em estudo.

Palavras-chave: análise linguística; fonética e fonologia; Ka’apor.

ANTROPONÍMIA COMO EVIDÊNCIA

dos contatos culturais no município de Bragança

Yara das Chagas FURTADO (UFPA)

E-mail: [email protected]

Tabita Fernandes da Silva, (Orientador) E-mail: [email protected]

presente trabalho busca apresentar evidências dos contatos

culturais no município de Bragança por meio do estudo de

antropônímos encontrados em registros oficiais de óbitos e de

nascimento que datam do período de 1826 a 1846. Bragança e regiões circunvizinhas, no passado, foram espaços onde entrecruzaram

europeus, indígenas e africanos, fato que é conhecido pelos registros

históricos e documentos antigos disponíveis em Bragança.

Encontramos na antroponímia a possibilidade de identificar mais

evidências do contato entre as três matrizes que formam a sociedade brasileira na região do Caeté em registros oficiais e verificar, nesses

registros, de que modo o influxo entre povos distintos exerceu

influência na escolha dos nomes de pessoas da localidade, bem como

nas escolhas dos modos pelos quais as pessoas eram nomeadas. Este

trabalho tem como fundamento teórico principalmente os trabalhos de

Dick (1986) e Carvalinhos (2007). A antroponímia tem sua origem na metade do século XIX e é um dos ramos da Onomástica, que estuda

especificamente os nomes próprios de pessoas, sejam prenomes ou

alcunhas de família, explicando sua origem e evolução e variação em

função de local, época e costumes ,tem fortes ligações com a história e

a geografia, e considera que, no antropônimo, ficam registradas atitudes e posturas sociais de um povo, suas crenças, profissões,

região de origem (Carvalhinhos, 2007). Embora este trabalho

O

Page 36: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos linguísticos e interculturalidade I

I Seminário Tradução e Interculturalidade

36

apresente apenas resultados parciais uma vez que a pesquisa ainda

está em andamento, os resultados obtidos até então mostram a

importância de se identificar o indivíduo por meio da condição e do

papel social deste no momento de registrar o advento de seu

nascimento ou de sua morte.

Palavras-chave: Antroponímia. Contatos culturais. Sociedade bragantina.

TOPÔNIMOS DO TUPI:

rastros indígenas na cidade de Castanhal-PA

Sara Concepción Chena CENTURIÓN (PPGLSA/UFPA)

E-mail: [email protected]

Carmen Lucia Reis RODRIGUES (Orientadora)

E-mail: [email protected]

ste trabalho pretende evidenciar as marcas identitárias

deixadas pelos indígenas e materializadas nos topônimos de origem Tupi na cidade de Castanhal (zona urbana). Para

alcançar esse objetivo e trazer à luz da demonstração que os

topônimos são marcas e fazem parte da memória do castanhalense foi

necessário o levantamento da parte histórica da construção da estrada de ferro Belém-Bragança, assim como, da fundação da cidade de

Castanhal. Além dos dados históricos também recorremos a recursos

como cartas geográficas desta cidade dos anos (1990; 1998; 2014),

bem como pesquisadores como Dick (1990, 1999, 2007); Carvalinhos

(2002; 2008); Cunha (1992); Cruz (1955), Gagnebin (2006), Orlandi

(1997, 2008), entre outros. Elementos toponímicos como Ibirapuera, Curuçá, Capanema, Tangarás e Sucupira, dentre outros quando

analisados minuciosamente evidenciam parte da história, elementos

motivadores e significados que nos levam a entender que estão

registrados na memória dos citadinos desta cidade marcas indígenas.

Um dado importante conseguimos alcançar, de que, se em um primeiro momento não nos aparece o elemento motivacional indígena,

num segundo o elemento principal de motivação é sem dúvida a língua Tupi. Outro ponto que constatamos é a ocorrência em maior

porcentagem de topônimos de natureza física, em ordem decrescente

temos os fitotopônios, os zootopônimos e dos hidrotopônimos. Palavras-chave: Onomástica. Topônimos. Castanhal. Tupi.

E

Page 37: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos linguísticos e interculturalidade I

I Seminário Tradução e Interculturalidade

37

TRADUÇÃO DOS TERMOS INDÍGENAS

em Macunaíma por Curt Mayer-Clason

Marco PEIXOTO (UFPA/Bolsista PIBIC)

E-mail: [email protected] Izabela Guimarães Guerra LEAL (Orientadora)

E-mail: [email protected]

presente pesquisa tem como interesse principal a reflexão a

respeito da tradução para o alemão do clássico modernista brasileiro Macunaíma – o herói sem nenhum carácter (1928.), de

Mario de Andrade. A tradução aqui mencionada é de Curt Meyer-

Clason, responsável pela tradução para a língua alemã de grandes obras da literatura brasileira, como Grande Sertão: Veredas, de

Guimarães Rosa. A pesquisa tem como foco a tradução dos termos

indígenas empregados por Mario de Andrade. É igualmente importante

ressaltar a relação desses vocábulos com o tempo histórico e artístico em que Mario de Andrade lançava sua obra, avaliando o quanto ela foi

essencial para o envolvimento da literatura com o país. É importante

investigar se o tradutor foi capaz de manter o elemento intertextual da

obra original, cuja relação se dá pelo entrelaçamento do português

regular com os termos e as narrativas indígenas que o herói Macunaíma introduz, numa manifestação que evoca a pluralidade

linguística e a diversidade cultural, acarretando uma estrutura

narrativa singular. Para isso, será exposto um levantamento dos termos indígenas na em Macunaíma e levanta os questionamento

quanto a tradução desses mesmos para o alemão, ressaltado aqueles

que forem considerados de maior relevância pra construção do sentido da obra. Mais que uma simples representação do momento artístico

em que se insere, a obra se estrutura de forma complexa, revelando

relações de intertextualidade e apontando para uma dimensão de

recriação artística.

Palavras-chave: Tradução. Intertextualidade. Macunaíma.

A

Page 38: Livro de Resumos I Tradinter

Educação no campo e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

38

Educação no Campo e interculturalidade

Coordenadora: Edileuza Amoras Pilletti

A LINGUAGEM PRESENTE NA ESCOLA e aquela expressa pelos pescadores e marisqueiras de Bacuriteua-

Bragança-Pará

Viviane dos Santos CARVALHO (PPLSA/UFPA, Bolsista PAC/UNEB)

E-mail: [email protected]

Georgina Negrão Kalife CORDEIRO (Orientadora)

E-mail: [email protected]

urante muito tempo, a linguagem que prevaleceu na escola

ocidental moderna foi a acadêmica, científica, de uma ciência linear, racional, fragmentada, homogênea, ligada à lógica dos

colonizadores; portanto, que deslegitima os conhecimentos e saberes

dos camponeses, em especial dos pescadores e marisqueiras. Estamos

em processo inicial de um estudo de caso da escola do campo

Raimundo Martins Filho, situada na comunidade Vila de Bacuriteua,

no município de Bragança, Nordeste do Pará, cujos (as) discentes são filhos (as) de pescadores e marisqueiras, na sua quase totalidade.

Pretendemos, através dessa pesquisa, com viés etnográfico e da

utilização de aspectos da história oral, perceber se os saberes e fazeres

dos pescadores e das marisqueiras estão inseridos na prática

pedagógica da referida escola; além da tentativa de contribuirmos para a valorização da identidade desses grupos pela instituição escolar

estudada. Utilizaremos as técnicas da observação participante,

entrevista e análise de documentos. Nesta produção escrita, propomos

reflexões em torno da conexão da linguagem, seu sentidos e

D

Page 39: Livro de Resumos I Tradinter

Educação no campo e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

39

importância, com questões culturais e os conhecimentos da natureza,

do trabalho, da vivência dos pescadores e marisqueiras; bem como,

um estudo sobre a presença da escola no contexto sociocultural

desses pescadores e marisqueiras, como um espaço de socialização de

conhecimentos e formação de identidades. Para tanto, lançamos mãos

de alguns autores: Kristeva (1969), Hoijer (1974) e Todorov (1996), que abordam sobre a linguagem; Lévi- Strauss (1997), Cuche (1999), Bosi

(1992) as questões de cultura; Arroyo (2012), Munarim (2009),

Fernandes (2006), Freire (2005) educação do campo; Oliveira (1993),

que se refere à linguagem e ao processo de socialização e

aprendizagem; Bourdieu (2007), que expõe sobre as relações de poder sociais e a aprendizagem da linguagem; Hall (2005) sobre questões de

identidade; entre outros. A partir desse trabalho, pensamos em

contribuir para desmistificar a legitimação de alguns saberes, fazeres e

linguagens veiculados pela escola como únicos verdadeiros e de

relevância.

Palavras-chave: Linguagem. Saberes. Escola. Pescadores. Marisqueiras.

A PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA

na formação de educadores e educadoras das escolas do campo:

uma análise do Procampo na Amazônia oriental, Bragança-PA

Edileuza Amoras PILLETTI (IFPA/PPLSA)

E-mail: [email protected]

Georgina Kalife Negrão CORDEIRO (Orientadora)

E-mail: [email protected]

ste estudo tem como foco o Programa de Apoio à Formação

Superior em Licenciatura em Educação do Campo (Procampo)

que oferta formação acadêmica ancorada na Pedagogia da

Alternância, uma proposta pedagógica que surgiu na França, em

1935, num vilarejo chamado Lot-et-Garone, que tem como pressupostos a formação integral do jovem ou adulto que vive no

campo, aliando o conhecimento tradicional ao científico. O educando

vive um período na escola e outro em sua comunidade de origem. Na

Pedagogia da Alternância, na escola, os educandos estudam segundo

um ritmo de alternância, havendo dois tempos de estudo: o Tempo Escola e Tempo Comunidade, que se alternam entre os Períodos

letivos. A partir disso, a pesquisa teve como objetivo central analisar

E

Page 40: Livro de Resumos I Tradinter

Educação no campo e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

40

como se materializa a formação dos/as educadores/as do campo,

formandos do curso de LPEC em Bragança, no Nordeste Paraense no

decorrer do Tempo Comunidade. Os demais objetivos buscou-se,

numa perspectiva geral, refletir sobre a concepção e os princípios

pedagógicos que norteiam Programa de Apoio à Formação Superior em

Licenciatura em Educação do Campo (Procampo) no âmbito do IFPA, considerando o lugar de onde se fala, isto é, de uma instituição

centenária que tem suas bases alicerçadas na educação profissional,

na qual a experiência com a Educação Superior é muito recente.

Pretende-se também constatar os desafios enfrentados e as estratégias

utilizadas pelos sujeitos envolvidos na execução da referida licenciatura. Para esta pesquisa, propus como metodologia de estudo a

Pesquisa Qualitativa por meio de um Estudo de Caso. Os dados

iniciais foram obtidos através de observação direta e participante. A

análise documental foi a nossa fonte primordial para obtenção dos

dados da pesquisa, leitura dos documentos da instituição referentes a

matricula dos educando e análise do Projeto Político Pedagógico da LPEC. Como resultado, este trabalho sinaliza que o PROCAMPO gerou

novos conhecimentos que ao serem confrontados com o currículo em

vigência aponta sua inadequação. O trabalho também assinala as

dificuldades e limites de ordem estrutural que, de certo modo,

comprometeu a dimensão pedagógica da referida formação.

Palavras-chave: Educação do Campo. Pedagogia da Alternância. Formação de Professores.

PRÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO

matemática e formação de professores do campo

Fabio Colins da SILVA (PPGECM/UFPA)

E-mail: [email protected]

Tadeu Oliver GONÇALVES (Orientador)

E-mail: [email protected]

ste artigo tem como objetivo apresentar e discutir as práticas de

professores alfabetizadores das escolas do campo. As práticas

docentes que tratamos nesse texto voltam-se ao processo de

alfabetização matemática. O que chamamos de alfabetização

matemática são as práticas de leitura e escrita nas quais as crianças se envolvem no contexto escolar e extraescolar e que precisam

mobilizar conhecimentos associados à quantificação, às operações

E

Page 41: Livro de Resumos I Tradinter

Educação no campo e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

41

aritméticas, à movimentação e orientação no espaço e à leitura de

gráficos, relacionados com a resolução de situações problemas. Esse

estudo é parte resultante da pesquisa de mestrado do Programa de

Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática da

Universidade Federal do Pará ofertado pelo Instituto de Educação

Matemática e Científica. Os sujeitos dessa pesquisa são dois professores alfabetizadores do campo que ensinam matemática nos

anos iniciais do ensino fundamental e que integram o Programa Federal de Formação Continuada de Professores Alfabetizadores, Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). Para fundamentar

as discussões sobre Alfabetização Matemática utilizamos as pesquisas

de Fonseca (2004) e Danyluk (1989), sobre Educação do Campo consideramos as produções de Antunes-Rocha e Hage (2010) e Arroyo

(2011). O material selecionado para apresentação e discussão são as

sequências didáticas construídas e aplicadas pelos professores

alfabetizadores em turmas multisséries das escolas do campo. Os

dados coletados possibilitou-nos apontar conhecimentos matemáticos

que foram mobilizados pelos professores no processo de alfabetização matemática.

Palavras-chave: Alfabetização Matemática. Formação de Professores.

Educação do Campo.

PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO RURAL, BRAGANÇA PA:

desafios e perspectivas

Maria Emília de VASCONCELOS (SEMED/UFPA)

E-mail: [email protected]

ste trabalho é fruto de um estudo de caso do Programa Brasil

Alfabetizado Rural, em Bragança PA, o qual tem como foco

alfabetizar jovens de 15 anos em diante, com o interesse de

encaminhá-los já alfabetizados a 1º etapa da Educação de Jovens e

Adultos afim de superar o analfabetismo no município ora citado. Ademais, faremos uma reflexão sobre os desafios e dificuldades

encontrados, bem como os aspectos conceituais, filosóficos e

operacionais do mesmo que se baseia no método de Paulo Freire, para

fazer uma análise do perfil dos perfil dos alfabetizadores e

alfabetizandos que compõem as 32 turmas envolvidas nesta iniciativa.

Para tal, essa servirá como exemplo de transformação educacional na vida de 840 alfabetizandos que tiveram a oportunidade de resgatar o

E

Page 42: Livro de Resumos I Tradinter

Educação no campo e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

42

estudo perdido por vários motivos dentro de uma educação

transformadora. Vale destacar ainda, que nosso objetivo é

acompanhar 36 turmas rurais locadas em escolas, igrejas, centros

comunitários, associações residências e até casa de farinha. Com a

média de 15 alunos por turma, sendo na sua maioria mulheres. Nosso

desafio é durante o desenvolvimento do Programa, verificarmos os pontos positivos e negativos detectados na aplicabilidade tais como:

material didático, seleção e qualificação dos alfabetizadores e

coordenadores, desempenho dos alfabetizadores, dificuldades de

formar o quantitativo de matriculas, rejeição por parte do público alvo,

alta taxa de evasão, falta de ações voltadas para a cidadania, alto índice de repetência e a baixa taxa de continuidade dos estudos. E

como poderemos colaborar com sugestões de alterações para reverter

este quadro e executar com perspectivas de pleno sucesso o processo

de alfabetização.

Palavras-chave: Brasil Alfabetizado. Alfabetizar. Rural. Desafio.

Perspectivas.

Page 43: Livro de Resumos I Tradinter

Gênero, identidade e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

43

GÊNERO, IDENTIDADE e Interculturalidade

Coordenadora: Camilla da Silva Souza

A IDENTIDADE FEMININA

sobre o conhecimento das ervas e plantas de uso medicinal em Pimenteiras-PA

Antonia Edylane Milomes SALOMÃO (PPLSA/UFPA)

E-mail: [email protected]

sta pesquisa tem como eixo central indagar sobre a identidade feminina no processo de transmissão do conhecimento

relacionado às plantas e ervas de uso medicinal tendo como

exemplo a comunidade Quilombola de Pimenteiras. Porque é incomum

a presença do homem nesse campo de conhecimento? A construção do

conhecimento relacionado às plantas medicinais é predominantemente oral e, na grande maioria de saber feminino repassado entre as

gerações e partilhado entre as mulheres. Como exemplo para esta

pesquisa será tomados alguns dados transcritos do falar de uma

moradora da comunidade Quilombola da Pimenteira que resguarda

um conhecimento particular no campo das plantas e ervas de uso

medicinal, repassado entre as gerações femininas de sua família. Alguns autores serão basilares na pesquisa desse trabalho como Pedro

Paulo A. FUNARI (2003), Joan SCOTT (1990), José Rivair MACEDO

(1999), Vicente Junior SABINO (2002). O objeto deste estudo são as

pesquisas no campo da identidade de gênero no decurso da história

feminina. Com base nesta investigação o trabalho em questão proporciona como resultado a compreensão da relação feminina com

as plantas e ervas medicinal, observando que este saber não foi

marcado de forma positiva na distinção dos gêneros. A presença da

E

Page 44: Livro de Resumos I Tradinter

Gênero, identidade e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

44

identidade feminina no domínio do saber sobre as ervas, em certo

período histórico foi marcado como ato de punição e morte na

fogueira.

Palavras-chave: Gênero. Identidade Feminina. Ervas Medicinais.

AS MULHERES E A DITADURA MILITAR NO BRASIL:

representações do gênero em relatos sobre a tortura

Rosângela do Socorro Nogueira de SOUSA (UFPA)

E-mail: [email protected]

sta Comunicação versará sobre a representação da figura

feminina militante nos relatos proferidos por mulheres presas

entre o fim dos anos 60 e início dos anos 70, no contexto da

ditadura militar. Para tanto, toma-se como arcabouço teórico o

Sistema de Valoração, desenvolvido por Martin & White (2005, 2008), que, segundo Vian Jr (2009, p. 113) “...caracteriza-se como um

sistema interpessoal no nível da semântica do discurso...”, e a noção

de discurso na perspectiva da Análise do Discurso, além da concepção

de ideologia como “conjunto de práticas” cuja a materialidade é a

própria linguagem (MUSSALIM, 2001) com vistas às relações de tensão

presentes nesses relatos como manifestação de práticas que reproduzem relações sociais, históricas e ideológicas enunciadas por

um indivíduo que, interpelado pela ideologia, constitui-se como sujeito

do dizer de um lugar discursivo determinado. São analisados 5

excertos, veiculados no livro “Direito à memória e à verdade: Luta,

substantivo feminino”, de Tatiana Merlino, nos quais as sobreviventes descrevem as torturas sofridas. O livro foi lançado como parte das

celebrações do mês internacional da mulher, em 2010, e apresenta o

registro de vida e morte de 45 mulheres brasileiras engajadas na luta

contra a ditadura e o testemunho de 27 sobreviventes. Os relatos

serão analisados, visando desnudar como os recursos linguísticos

materializam os posicionamentos divergentes sobre o mesmo tema, no caso, a representação da figura da mulher no contexto da ditadura

militar, construindo personas discursivas e valorações negativas ou

positivas sobre essas mulheres de acordo com as formações

discursivas de onde se originam. As valorações sobre a mulher

presentes nos relatos ocorrem, em grande parte, dentro dos subsistemas de Julgamento e Apreciação e o modo de se relacionar

com as proposições, no subsistema de Comprometimento, concretiza-

E

Page 45: Livro de Resumos I Tradinter

Gênero, identidade e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

45

se por meio ora da Monoglossia, em que não ocorre negociação de

sentidos, ora da Heteroglossia, com os recursos de Distanciamento,

como forma de negação do discurso do outro.

Palavras-chave: Discurso. Ideologia. Valoração. Mulher. Ditadura

Militar.

QUESTÕES SOBRE IDENTIDADE ÉTNICA

e autoidentificação Tenetehára: estudo sobre aldeia Turé-

Mariquita de Tomé-Açu/PA

Michelly Silva MACHADO (Bolsista CAPES-PPLSA/UFPA)

E-mail: [email protected]

história das etnias indígenas do Brasil é marcada por um

processo de negação e segregação das identidades. No cenário

Amazônico, as etnias indígenas resistem às segregações sociais existentes e estabelecem as mais variadas formas de preservar suas

culturas e legitimar suas identidades étnicas. Nesse contexto,

apresenta-se um estudo sobre a Aldeia Turé-Mariquita, etnia Tembé,

que faz parte da nação Tenetehára e está localizada na cidade de

Tomé-Açu no estado do Pará. Trata-se de um grupo que possui mais

de 400 anos de contato e sofreu ao longo da história com repressões violentas; campanha de caça escravos; epidemias; diminuição de seu

espaço; mão-de-obra estigmatizada; e a disputa de terras com

fazendeiros, madeireiros e colônias de imigrantes. Atualmente, o grupo

perdeu quase totalmente suas características étnicas, são

estigmatizados como “índios remanescentes” ou “misturados” e que procuram, após esse processo, garantir a integridade de suas terras,

revitalizar sua cultura e legitimar ou reafirmar sua identidade étnica.

Desse modo, desvelam-se reflexões sobre a questão indígena no

contexto da pós-modernidade, uma vez que, o grupo observado não é

entendido como seres estáticos sem transformações e adaptações no

tempo e no espaço. Para isso, dialoga-se com autores como: Ribeiro (1957), Burke (2008), Chartier (1990), Hall (2008) e Gomes (2002).

Palavras-chave: Etnia Tembé. Identidade. Legitimação étnica.

Resistência indígena.

RELIGIOSIDADE, CULTURA E IDENTIDADE:

A

Page 46: Livro de Resumos I Tradinter

Gênero, identidade e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

46

festividade de São Braz, na comunidade quilombola do

Jacarequara, em Santa Luzia do Pará

Antonio Edson FARIAS (SEDUC-PA)

E-mail: [email protected]

ste trabalho busca entender as representações da religiosidade,

cultura e identidade na comunidade quilombola Jacarequara,

em Santa Luzia do Pará, ao longo da sua história mas

principalmente durante a Festividade de São Brás, levando em

consideração a representação cultural e religiosa, as quais são defendidas por autores como Peter Burke, José Guilherme dos Santos

Fernandes, Vicente Salles, Edna Maria Ramos de Castro, Raymundo

Heraldo Maués, entre outros. A pesquisa analisa a Festividade a partir

das diversas facetas da mesma, a saber: A Festividade se inicia pela

MATANÇA, que é o ato de abater os animais doados a São Brás; A

MORDOMAGEM são os membros da Festividade, que logo após a ladainha podem ser escolhidos para serem JUÍZES ou PRESIDENTE

da Festividade do ano seguinte; A COMILANÇA, é o jantar que é

servido indiscriminadamente a todos os presentes; A PROCISSÃO e a

LADAINHA em latim caboclo são o auge religioso da Festividade e dá-

se no horário das 06 da tarde, logo após a ladainha é feito o sorteio

entre os MORDOMOS para a escolha do próximo Presidente, que ficará à frente dos preparos da Festividade para o ano seguinte,

encerrando assim a parte religiosa da festividade. Na sequência, temos

a festa de aparelhagem. Analisaremos, ainda, as tensões durante o

desenrolar da Festividade, voltados tanto para o religioso quanto pela

festa de aparelhagem. Palavras-chaves: Religiosidade. Identidade. Quilombola. São Brás.

E

Page 47: Livro de Resumos I Tradinter

Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural

I Seminário Tradução e Interculturalidade

47

LITERATURA TRADUZIDA na Amazônia e

tradução cultural Coordenadores: Francisco Pereira Smith Júnior

e Elizabete Lemos Vidal

A NOVA POSSIBILIDADE DE TRADUÇÃO: Grand sertão: veredas (2013)

Suellen Cordovil da SILVA (UNIFESSPA)

E-mail: [email protected]

esta comunicação propõe-se apresentar trechos da nova tradução americana de Grande sertão: veredas (1965) com o

título Grand sertão: veredas (2013) realizada por Felipe

Martinez. Tem-se como objetivo geral analizar alguns trechos da nova tradução de Grande sertão: veredas. Felipe W. Martinez afirma que o

problema da última tradução de 1963 foi a falta da experiência de

tradução para o inglês, pois Harriet de Onís traduzia outras obras para a língua espanhola. Martinez considera que a tradução The devil to pay in thebacklands passou por simplificações. O novo tradutor

decidiu utilizar novas estratégias para a tradução de Grande sertão:

veredas, por exemplo, manter os neologismos, a sintaxe e a pontuação

do original. Martinez descreve que os neologismos para o inglês são

reinventados nessa nova tradução, diferentemente da tradução de

1963 que omitia e incluía palavras formais no lugar de recriar os neologismos para a língua inglesa. No caso da sintaxe, o novo tradutor

afirma que tentou ser fiel ao original, pois os leitores americanos

teriam que se adaptar às estruturas de significação da língua

portuguesa. A pontuação permanece inalterada nessa nova tradução,

N

Page 48: Livro de Resumos I Tradinter

Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural

I Seminário Tradução e Interculturalidade

48

pois, para Martinez, muitos tradutores são relutantes em lidar com as

palavras de Guimarães Rosa. Para o novo tradutor esse método

garante a conclusão da tradução. Essa tradução foi de uma parte do original, numa tentativa de recriar Grande sertão: veredas. Elaborou-

se um esquema com alguns trechos do original, da tradução de 1963 e

de 2013, que esses novos trechos traduzidos estavam próximos ao parâmetros do original como, por exemplo a sonoridade, a sintaxe e a

pontuação. As escolhas tradutórias comparadas demonstraram que as

características do original podem ser transpostas para língua inglesa.

Ele afirma que não permite “clichês”, pois Guimarães Rosa gostaria de

chamar a atenção do leitor americano. Nessa nova tradução, Martinez

tenta demonstrar o “não lugar comum” proposto por Guimarães Rosa. O tradutor alega que estudou o português por apenas um ano e

mescla a sintaxe do original com o inglês gradativamente. Palavras-chave: Grand sertão: veredas.Tradução. Recepção americana.

A TRADUÇÃO NOS ESTUDOS CULTURAIS: aspectos teórico-metodológicos

Delisa PINHEIRO (UFPA)

E-mail: [email protected]

Joyce RIBEIRO (Orientadora) E-mail: [email protected]

stamos desenvolvendo a pesquisa intitulada O brinquedo de miriti no município de Abaetetuba: a tradução da tradição de um artefato pedagógico-cultural por meio das intersecções de gênero

e sexualidade/Prodoutor2013. Etnografamos dois ateliês de produção

do município de Abaetetuba/PA, no decurso de 10 meses. Entre os objetivos de pesquisa está a reflexão sobre o processo de tradução da

tradição deste artefato pedagógico-cultural, que tem ocorrido na

justaposição entre os significados da cultura ribeirinha e os da cultura

globalizada. Neste artigo, vamos apresentar o aporte teórico-

metodológico sobre tradução cultural que tem orientado a pesquisa. Acionamos a noção de tradução cultural em dois sentidos: como

ferramenta metodológica da etnografia pós-moderna (CLIFFORD,

1998), e como ferramenta analítica, do modo como manuseada pelos

Estudos Culturais desconstrutivos (BHABHA, 1998). No primeiro caso,

a tradução é uma atividade de pesquisa, ou seja, a prática do

pesquisador/a quando interpreta as informações produzidas no

E

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Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural

I Seminário Tradução e Interculturalidade

49

trabalho de campo transformando-as em texto escrito. No segundo, é

uma prática humana, que se manifesta quando homens e mulheres

habitam os interstícios culturais. Desse modo, concluímos que nos

dois casos, a tradução cultural se materializa em meio a conflitos:

como atividade de pesquisa impõe ao pesquisador decidir sobre a

forma de registro das informações: se traduz garantindo a fluência e a inteligibilidade do leitor, apagando as particularidades da experiência,

ou se mantém a intenção e o sentido original do texto com suas

particularidades, possibilitando ao leitor perceber o foco do problema

de pesquisa e o caminho escolhido pelo pesquisador-tradutor. Ao final, ao traduzir o pesquisador inventa relatos parciais sobre certa cultura,

pois aciona a noção de objetividade e verdade contingentes. Como ação humana a tradução cultural é uma prática produzida como efeito

do encontro cultural, logo, em meio a conflitos e tensões que não terão

solução. Tais práticas tradutórias expressam a natureza múltipla e

conflitiva dos significados, bem como a abertura, a hibridez, e a

dinamicidade produzida pelos jogos de poder, pela diferença e pela alteridade.

Palavras-chave: Tradução cultural. Estudos Culturais. Cultura

tradutória.

A TRADUÇÃO POÉTICA em Herberto Helder

Rafaella Dias FERNANDEZ (Bolsista CAPES/PPGL/UFPA)

E-mail: [email protected]

Izabela Guimarães Guerra LEAL (Orientadora)

E-mail: [email protected]

erberto Helder em seus livros sobre apropriações realizadas de

outros poetas não utiliza o termo tradução, e sim “poemas

mudados para português”. Esta forma peculiar de definir o

trabalho tradutório já aponta para o gesto de traduzir como um ato de criação literária. O tradutor não transporta para a sua língua a obra

estrangeira, ele cria uma nova obra, diferente daquela que lhe deu

origem. Na poética herbertiana, a criação assume lugar de destaque, e

a atividade de criar está totalmente relacionada a violência. Para o

poeta, a escrita é algo muito corporal, há a presença dos órgãos, dos

fluxos vitais, o corpo passa a ser pensado em partes, como potência viva, isso possibilita ao poeta o vazio da forma, o espaço para novas

H

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Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural

I Seminário Tradução e Interculturalidade

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formas e significados. Nessa deformação do corpo há uma violência

essencial para a construção de novos sentidos poéticos. Com isto, o

objetivo deste trabalho será refletir sobre a tradução literária na obra

poética herbertiana e como a violência assume lugar de destaque

nesse processo criador. Analisaremos três poemas traduzidos por

Herberto Helder em que é nítido o trabalho de criação poética e em que percebemos a presença marcante da violência, da deformação do

corpo e da palavra poética.

Palavras-chave: Tradução. Criação. Violência. Poética.

A TRAPAÇA

do Iauaretê

Leomir Silva de CARVALHO (Mestre/UFPA/bolsista CAPES)

E-mail: [email protected]

Sílvio Augusto de Oliveira HOLANDA (Orientador) E-mail: [email protected]

sta comunicação versa sobre a linguagem do conto “Meu tio

Iauaretê” (1961) de João Guimarães Rosa em sua realização

transgressora. Barthes (1978) identifica a linguagem ao poder

afirmando que nela as estruturas de opressão se reproduzem e se mantêm. O poeta, para o pensador francês, é um dos únicos sujeitos

capazes estabelecer uma relação criativa com a linguagem passível de

suspender sua fixidez mesmo que por um breve momento, a esse ato Barthes chama de trapaça. Portanto, analisa-se no conto de

Guimarães Rosa como o autor brasileiro “trapaceou” ao contar a

estória de um matador de onças em “Meu tio Iauaretê”. Ao lado disso, traça-se um paralelo entre a tradução criativa, como a compreende

Haroldo de Campos no ensaio “A palavra vermelha de Hoelderlin”

(1977), e a fala do matador de onças. Sob esse aspecto, a tradução é

uma maneira chave de desdobrar a palavra em seu potencial estético

e, portanto, visa escavar um outro lugar na própria linguagem distante das determinações do poder. Assim, utilizando-se do conto de

Guimarães Rosa, analisa-se como a linguagem do onceiro encena ou

faz-se metáfora da tradução criativa que, em seu contato com o outro,

se aproxima cada vez mais de si mesmo, traçando um percurso repleto

de pontos brancos e de camadas sobrepostas, que, constantemente,

busca em si um lugar fora da autoridade e da repetição. Palavras-chave: “Meu tio Iauaretê”. Trapaça. Linguagem.

E

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Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural

I Seminário Tradução e Interculturalidade

51

AS CICATRIZES DE MARIA:

entre dores e rupturas

Luciana de Barros ATAIDE (PUC/MG) E-mail: [email protected]

onsiderando com Beth Brait, Antonio Candido e outros teóricos

que mostram como a personagem de uma narrativa encena a

linguagem, construindo assim a verossimilhança que a sustenta, objetiva-se mostrar como o conto As cicatrizes do amor, de

Paulina Chiziane teatraliza tal processo. Para isso, será

problematizado o deslocamento da personagem Maria através de uma

abordagem entre a tradição moçambicana e os valores da

modernidade no espaço africano, usando, nessa produção, um tom

memorialista. Cabe então lembrar que, ao caracterizar a construção da personagem, Renata Pallotini (1989) mostra como esse trabalho

pode tornar essa figura ficcional verossimilhante. Tal consideração a

autora o faz ao afirmar que a criação de um personagem requer o

trabalho de um desenho de esquema do ser humano, atribuindo a

esse ato criativo características e cores que produzirão um efeito de

verdade, claro, uma verdade ficcional. Assim, entendendo a personagem como essa unidade, nota-se que o artigo apresenta uma

análise do processo de construção desse ser verbal, dando-lhe sentido

que, por vezes, chega a confundir o leitor quanto aos limites que

separam a ficção da realidade. Para que o tom memorialístico seja

desenvolvido nesse estudo, será imprescindível que se recorra a

Halbwachs (2006) para uma abordagem acerca da construção da memória individual, associando-a à memória coletiva, uma vez que

para evocar o passado há a necessidade de se recorrer a lembranças

exteriores ao ser para que assim ele possa ser transportado a outros

pontos de referência determinados pela sociedade. A análise do conto

de Paulina Chiziane sob essa perspectiva mostra que a literatura tem como uma de suas funções a representação do real e é exatamente a

manipulação técnica da linguagem que vai determinar a classificação

de uma obra como literária ou não.

Palavras-chave: Personagem. Verossimilhança. Deslocamento.

Tradição. Memória.

C

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Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural

I Seminário Tradução e Interculturalidade

52

CULTURAS AMAZÔNIDAS PARA ALÉM DOS ESTEREÓTIPOS:

o olhar apressado do outro

Bene MARTINS (UFPA)

E-mail: [email protected]

m todo panorama de estereótipos populares e eruditos

construídos sobre a Amazônia, permanece uma gama de

conceitos impregnados daquela visão exagerada, resultante de

impressões e olhares apressados, sobretudo de viajantes que por aqui

passaram algum tempo e saíram difundindo o que para eles era a tônica das culturas amazônidas. Alguns dos relatos de viagens mais

conhecidos são os de Luiz e Elizabeth C. Agassiz, Francisco José de L.

e Almeida, Henry Walter Bates, Carlos Maria de la Condamine e o de Mário de Andrade com seu livro O turista aprendiz. Mário, em sua

viagem, embarca na atmosfera do povo ribeirinho, dá asas à

imaginação e divaga, tentando, naturalmente, fugir das estereotipias estrangeiras ou dos olhares opressores que os brasileiros poderosos

tinham sobre os destituídos da sorte, relegados apenas às benesses da

mãe-natureza. Este texto investiga o modo como as imagens

estereotipadas sobre as culturas dos povos amazônidas foram

construídas, demonstra o local de enunciação dos responsáveis pela

elaboração das “imagens-conceitos” e identifica algumas estratégias desenvolvidas pelos habitantes da região, para se manifestarem enquanto sujeitos produtores de expressões culturais. No corpus do

trabalho: fragmentos retirados de relatos de viagens; do romance O inferno verde de Alberto Rangel; de narrativas orais populares e dos

romances O relato de um certo oriente, de Milton Hatoum e A terceira margem, de Benedito Monteiro. Estes para ilustrar a complexa troca

intercultural entre os povos, e o convívio, nem sempre harmonioso,

entre as culturas, dada a impossibilidade de uma apreensão total das particularidades que cada cultura mantém.

Palavras-chave: Culturas amazônidas. Estereótipos. Enunciação.

“JOGOS INFANTIS”: uma geografia erótica

Francisco Pereira SMITH JÚNIOR (UFPA)

E-mail: [email protected]

E

Page 53: Livro de Resumos I Tradinter

Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural

I Seminário Tradução e Interculturalidade

53

presente artigo apresenta a obra jogos infantis de Haroldo

Maranhão como um texto dotado de uma linguagem ousada no

limiar de uma discussão dialética a respeito de sexo. O estudo

propõe uma analise da forma como os narradores tratam da

sexualidade nos quinze contos da obra. O humor e a ironia exercitam

com dinamismo e simplicidade a linguagem do texto e tentam filtrar os fatos sexuais das narrativas, de maneira que possam explicar a

sexualidade com senso de humor e interprete o cotidiano com mais

naturalidade, típica proposta pelos escritores do Modernismo

Brasileiro. A obra Jogos Infantis faz parte daqueles textos da literatura

que se destaca pela sua específica linguagem “lúdica”. Repleta de expressões que criam imagens que “brincam” com o imaginário do

leitor, utiliza uma linguagem que proporciona dinamismo e

simplicidade, no qual há um jogo das imagens (ou entrelaçamento) do

mundo ficcional com as imagens do mundo real. Faz o mundo

ficcional ser integrado à estrutura de realidade pela experiência crítica

do leitor e pela funcionalidade intertextual que a obra provoca. Percebe-se que o escritor procura tecer relações impensadas, que

multiplica imagens e se dá por gestos sensíveis, estabelecendo novos

campos de consistência e sentido. Em Jogos Infantis há um jogo que

reorganiza o valor do signo, combinando ideais que possibilitam uma

inversão na estrutura literal de certas construções lexicais.

Palavras-chave: narrativa, sexualidade, infância, metáfora.

MEMÓRIAS DE TRABALHO

e de vida frente ao projeto Belo Monte-Parte II

Elizabete Lemos VIDAL (UFPA)

E-mail: [email protected]

s mudanças que se intensificam como consequência dos

impactos causados pela construção do Complexo Hidrelétrico do

Xingu revelam-se em relatos dos moradores das áreas atingidas pela construção da barragem do Complexo Hidrelétrico do Xingu

que está sendo construída na Volta Grande do Rio Xingu, no

município de Vitória do Xingu/Pa, região da Transamazônica, Norte do

Brasil, começando com uma grande obra de barramento e um

vertedouro onde a água terá sua passagem controlada. Com esse barramento, a Volta Grande do Rio Xingu foi atingida diretamente,

seja com alagamento, seja pela seca do rio. Centenas de pessoas já

O

A

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Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural

I Seminário Tradução e Interculturalidade

54

abandonaram suas casas e estão recomeçando a vida em outro lugar.

Tomando como elemento indicativo a coleta de narrativas das quais

emerge a memória coletiva das famílias que moram e trabalham

nessas comunidades ribeirinhas, este trabalho de pesquisa registra as

práticas de trabalho, o modo de vida, a relação cotidiana com o rio,

bem como a gestão e uso dos recursos naturais de famílias localizadas no entorno da Volta Grande do Rio Xingu. O processo de deslocamento

a que são submetidos os atingidos pela barragem identificam a noção

de território, no que se refere ao espaço dominado por algum tipo de

poder, que vincula questões de ordem política e social. Trata-se,

portanto, de um método dialético que busca compreender a decomposição do espaço na destruição da estrutura social e da

memória coletiva de um grupo. Essa dialética pode ser identificada em

diferentes vozes discursivas de moradores das áreas ribeirinhas da

Volta Grande do Xingu, cujo perímetro compreende 05 comunidades:

Arroz Cru I, Arroz Cru II, Paratizão, Santa Luzia e Itaboca.

Palavras-chave: Narrativa. Oralidade. Memória. Belo Monte.

PAULO PLÍNIO ABREU

e o lugar das vozes poéticas no ensino de literatura da Amazônia

Geovane Silva BELO (DOUTORANDO EM EDUCAÇÃO\UFPA) E-mail: [email protected]

Sônia ARAÚJO (Orientadora)

E-mail: [email protected]

aulo Plínio Abreu começou na literatura paraense entre os anos de 1940 e 1950. Publicou seus primeiros poemas no Suplemento

Arte-Literatura, do Jornal Folha do Norte e nas revistas

“Novidade” e “Terra Imatura”. O poeta apresentou uma visão

sensivelmente simbólica do mundo e imprimiu em seus versos as

aflições de quem vive o combate entre o pensamento e a palavra

(im)passível de tradução. O objeto de sua indagação era o enigma do verbo como signo precário, por isso poetizou, alheio aos temas

regionalistas, as conturbações da vida dividida entre o ser poeta e o

ser ente. Paulo Plínio buscava transfigurar a linguagem e revesti-la de

uma força simbólica perturbadoramente humana. Sua leitura de

mundo é sempre incomodada com a inutilidade da palavra, assim foge do verso comum. Reconhecida a potencialidade de sua escrita, sua

universalidade temática, notamos a invisibilizadade de sua obra no

P

Page 55: Livro de Resumos I Tradinter

Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural

I Seminário Tradução e Interculturalidade

55

Ensino de Literatura da Amazônia. No encalço dessa leitura, extraímos

a questão: que proveitos haveria para a Educação de Jovens do

Ensino Médio, caso a poesia do autor estivesse mais presente nas

práticas docentes? Este artigo pretende propor um debate sobre o

lugar que as vozes literárias da Amazônia ocupam. Traz uma proposta

dialógica de análise sobre a poética de Plínio, apresenta algumas interferências temáticas em seus textos e questiona o reducionismo e

o ocultamento da Leitura de Literatura no Ensino de Literatura. O

leitor de literatura tem a chave da sensibilidade e da apreensão

estética. A arte literária é uma voz discursiva, força constituidora de

um significado individual e coletivo com o qual o leitor estabelece uma relação cultural. Desse modo, o professor deve ativar o convite à

experimentação e, por consequência, à reflexão participativa. A ação

dialógica do docente é a conexão do aluno com o senso poético, por

isso precisa ser uma oferta fascinante e libertadora, porque faz o

jovem imergir no enigma da palavra à espera de tradução, como nos

aponta Paulo Plínio Abreu. Palavras-chave: Paulo Plínio Abreu. Literatura da Amazônia.

Educação.

Page 56: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de linguagem e interculturalidade I

I Seminário Tradução e Interculturalidade

56

ESTUDOS DE LINGUAGEM e Interculturalidade I

Coordenadora: Maria Risolêta Julião

A VARIAÇÃO DIATÓPICA

no dicionário escolar

Brayna Conceição dos Santos CARDOSO (PPGL/UFPA)

E-mail: [email protected]

presente trabalho intitulado A variação diatópica no

dicionário escolar tem como objetivo principal analisar o tratamento da variação diatópica nos dicionários escolares dos

acervos 3 e 4, selecionados na última edição do Programa Nacional do

Livro Didático (PNLD/2012). Para a realização desta pesquisa

selecionamos uma amostra representativa de quatro dicionários, a saber: Caldas Aulete Minidicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, Dicionário Escolar Aurélio Júnior da Língua Portuguesa, Dicionário Houaiss Conciso e Dicionário da Língua Portuguesa Evanildo Bechara, através destes dicionários verificamos como a variação

diatópica é apresentada nas estruturas megaestruturais,

macroestruturais e microestruturais. Também, elaboramos um

questionário aplicado a professores e alunos de escolas públicas e

particulares, a fim de verificar suas atitudes acerca do uso dos dicionários em sala de aula, tendo como finalidade saber se o

dicionário é utilizado; como é utilizado; em que situações faz-se o uso;

as atitudes do usuário; se os verbetes que constam nas obras

representam a realidade sociocultural dos usuários e seus anseios

inerentes a esta temática. A pesquisa aqui delineada adota como

pressupostos teóricos as contribuições advindas dos estudos em Metalexicografia (Lexicografia Teórica) e Geografia Linguística, ciências

O

Page 57: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de linguagem e interculturalidade I

I Seminário Tradução e Interculturalidade

57

estas que nos fornecem suporte para avaliar e refletir como os

lexicógrafos inserem a variação linguística em um importante

instrumento didático, o dicionário escolar, que deve ter como função

principal registrar a língua em uso, representando o repertório

linguístico e sociocultural de seu usuário.

Palavras-chave: Dicionário Escolar. Metalexicografia. Variação Diatópica.

A VARIAÇÃO PROSÓDICA NO NORTE DO BRASIL:

um estudo do português falado em Mocajuba

Maria Sebastiana da Silva COSTA (PPGL/UFPA)

E-mail: [email protected]

Regina Célia Fernandes CRUZ (CNPq/UFPA)

E-mail: [email protected]

ste trabalho apresenta os primeiros resultados obtidos com os dados do corpus formado, em nível de Dissertação de Mestrado

(COSTA, em andamento), para a variedade linguística do

português de Mocajuba (PA), vinculado ao projeto Atlas Prosódico

Multimédia do Norte do Brasil (AMPER-Norte). Objetiva-se caracterizar

a variação prosódica dialetal do português falado em Mocajuba (PA). Analisam-se aqui os dados relativos aos informantes do sexo feminino,

nível Médio de escolaridade (BF53) e nível superior (BF55). Para o

presente estudo consideram-se apenas os dados fornecidos para as

frases com sintagmas nominais simples contendo 10 vogais, a saber:

O pássaro gosta do pássaro (pwp), O Renato gosta do Renato (twk) e O

bisavô gosta do bisavô (kwk). Todas as frases foram analisadas nas duas modalidades (declarativa e interrogativa total) investigadas pelo

projeto AMPER. A análise acústica foi feita a partir das medidas

acústicas das vogais de 36 enunciados, 18 de cada sexo, que sofreu

seis etapas de tratamento: a) codificação e; b) Isolamento das

repetições em arquivos de áudios individuais c) segmentação fonética no programa PRAAT 5.0; d) aplicação do script praat; e) seleção das

três melhores repetições e; f) aplicação da interface Matlab para se

obter as médias dos parâmetros das três melhores repetições.

Analisaram-se particularmente os parâmetros acústicos de frequência

fundamental (semitons), duração (ms) e intensidade (dB). Os

resultados mostraram que F0 é um parâmetro relevante na distinção das duas modalidades alvo, pois nos dados de ambos os sexos

E

Page 58: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de linguagem e interculturalidade I

I Seminário Tradução e Interculturalidade

58

observou-se um movimento de pinça na sílaba tônica do vocábulo

ocupando o núcleo do sintagma nominal final, resultado de um

movimento descendente das declarativas e ascendentes para as

interrogativas. Nestas mesmas sílabas, a duração registrou uma

variação proporcionalmente inversa e significativa considerando tanto

a diferença de escolaridade quanto o acento. A intensidade não foi um parâmetro acústico significativo.

Palavras-chave: Prosódia. Acústica. AMPER.

DEVIRES KYIKATÊJÊ

Juliana do Monte GESTER (Bolsista/UNIFESSPA)

E-mail: [email protected]

Sue Rivera IKEDA (Bolsista/UNIFESSPA)

E-mail: [email protected]

Hiran de Moura POSSAS (Orientador) E-mail: [email protected]

Lucivaldo Silva da COSTA (Orientador)

E-mail: [email protected]

rata-se, aqui, de um projeto que tem por objeto de estudo a

língua Kyikatêjê. Com o apoio da comunidade indígena Kyikatêjê, liderada pelo cacique Zeca Gavião Kyikatejê, estamos

realizando filmagens, gravações e entrevistas com pessoas da aldeia,

entre eles o diretor da escola local, moradores e professores. Temos

por objetivo o mapeamento de aspectos da língua, como o alfabeto e a

escrita, através de textos e conversas contendo narrativas, histórias, lendas e fatos do dia-a-dia, bem como a descrição de processos como a

confecção de objetos, rituais de caça e preparação para jogos.

Transitando por essas realidades, pretendemos elaborar oficinas e

material didático com apoio dos professores e falantes nativos da

língua, com a finalidade de trabalhar o sistema fonético e fonológico

da língua e identificar/marcar tempos verbais e partículas que diferem a língua Kyikatêjê da língua Portuguesa e dessa forma, contribuir para

uma cartografia social da comunidade cuja essência não se prende em

dados meramente geográficos, mas destaca as vivências, memórias e

interpretações dessa bagagem cultural pela ótica dos habitantes da

aldeia, o que acaba por nos tornar sensíveis a esse universo de simbologias por trás de sua história, valorizando e, principalmente,

incentivando uma participação mais ativa dos indivíduos pelas suas

T

Page 59: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de linguagem e interculturalidade I

I Seminário Tradução e Interculturalidade

59

motivações e sensações. Roque Laraia (2001), nos diz que o patrimônio

cultural de um povo se adquire com os esforços de toda a comunidade

e tendo em vista que muitas línguas indígenas encontram-se

ameaçadas de extinção, principalmente a língua Kyikatejê que não

possui qualquer tipo de documentação, torna-se essencial a ação

conjunta para propiciar as inovações e invenções. Dessa forma, as Mito-poéticas Kyikatêjê surgem não só como produto de pesquisa e

investigação, mas como meio de colaborar com a continuação cultural

desse povo.

Palavras-chave: Língua Kyikatêjê. Devir. Cartografia.

INFLUÊNCIA DO CONTATO CULTURAL

na dinâmica do léxico da flora empregado por índios Tembé da

região do Gurupí

Eliene Rosa CHAVES (Bolsista da CAPES/UFPA) E-mail: [email protected]

Tabita Fernandes da SILVA (Orientadora)

E-mail: [email protected]

presente estudo visa contribuir para o conhecimento da

dinâmica do léxico de itens da flora da língua Tembé registrada por Max Boudin (1966). Este estudo faz parte de meu projeto

de dissertação de Mestrado intitulado DENOMINAÇÕES DA FAUNA E DA FLORA NOS REGISTROS DE MAX BOUDIN: PERDA, CONSERVAÇÃO E RESSIGNIFICAÇÃO DESSAS DENOMINAÇÕES POR ÍNDIOS TEMBÉ DA REGIÃO DO GURUPÍ em andamento no Campus Universitário de

Bragança, estado do Pará. O estudo apresenta parte do levantamento do léxico da flora, encontradas nos registros de BOUDIN (1966),

publicada há quase 50 anos, em comparação com as atuais

denominações empregadas por falantes nativos Tembé, na aldeia

Tekohaw e tem como objetivo verificar a dinâmica desse léxico e seus

resultados como perda, conservação e ressignificação dessas denominações atuais. A pesquisa se justifica pela situação de extremo

contato interétnico vivenciada por esses índios na atualidade, ao

mesmo tempo, em que vive uma situação de bilinguismo que tem

favorecido o uso do português. Interessa saber como, nesse contexto,

os índios Tembé da atualidade denominam itens da flora, elementos

tão intrinsecamente ligados a práticas de sobrevivência como, por exemplo, a produção da farinha e de que modo resultados como perda,

O

Page 60: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de linguagem e interculturalidade I

I Seminário Tradução e Interculturalidade

60

manutenção, empréstimo e adaptação desses elementos linguísticos

podem indicar os processos de tradução e ressignificação da nova

situação experimentada por esses índios. Tomamos como parâmetros

nesta pesquisa obras lexicográficos e descrições linguísticas

disponíveis sobre os Tembé tais como BOUDIN (1966), GOMES (2002),

ZANNONI (1992) E WAGLEY & GALVÃO (1966), SILVA (2010) e outros. A verificação desse léxico empregado pelos índios Tembé do Gurupí

visa trazer mais contribuição para o conhecimento da dinâmica do

léxico ao longo do tempo em contextos de intenso contato cultural

como é a situação vivenciada pelos índios Tembé da referida região. O

estudo vincula-se aos princípios teóricos da Lingüística do Contato da Socioterminologia e da Lexicologia.

Palavras-chave: Dinâmica léxica. Flora. Língua Tembé. Contatos

Culturais.

TERRITÓRIO INDÍGENA: o ensino-aprendizagem mediado pelos saberes e práticas do povo

Tembé

Lena Cláudia dos Santos Amorim SARAIVA (SEMED/BRAGANÇA-PA)

E-mail: [email protected]

pesquisa está em andamento e tem o propósito de discutir

como se constrói o conhecimento da criança indígena, nas

aldeias Sede e Cajueiro, situadas na Terra Indígena Alto rio

Guamá. Apresenta as práticas cotidianas que viabilizam a

aprendizagem da criança em território indígena. Nesse contexto o saber da criança é construído pela oralidade, tendo como suporte as

brincadeiras, a prática cotidiana e o ambiente que a cerca. Mediante

essa realidade cabe registrar como esse conhecimento é repassado,

visto que as crianças estão sempre presentes na ação cotidiana. Com

isso a situação a ser investigada neste espaço se faz a partir do olhar

da criança Tembé como percebe o universo de conhecimento e aprendizado de seu povo. Ainda nesta dinâmica, espera-se identificar

como a criança entende as expressões culturais como a pintura

corporal, dança, canto e a língua materna, considerados processos

identitários do grupo. Este trabalho tenta analisar como o

conhecimento tradicional da criança Tembé, em consonância com as diversas realidade sociais e culturais, são significativos para a

identidade da criança neste contexto, pois é necessário entender

A

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Estudos de linguagem e interculturalidade I

I Seminário Tradução e Interculturalidade

61

questionamentos centrais como: Qual a função social da criança

Tembé? Como é constituído o conhecimento da criança em relação a

sua identidade? A pesquisa utiliza o método etnográfico, e ainda como

suporte a observação participante, entrevistas semi-estruturada e

registro audiovisual. Os sujeitos envolvidos foram as crianças,

professores indígenas, pajés, os idosos que são responsáveis pela continuidade e repasse da cultura. Diante dessa vivência cotidiana a

criança Tembé vivencia momentos relevantes de aprendizagem,

configurados desde o nascimento até a fase adulta, como o ritual do

bebê, a festa do mingau, a festa da moça (Wyrau haw) entre outros.

Palavras-chave: Saberes Tradicionais. Aprendizagem. Criança Tembé.

VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS NA FALA DE BARCARENA/PA:

análise acústica preliminar

Gisele Braga SOUZA (PPGL/UFPA/CAPES) E-mail: [email protected]

Regina Célia Fernandes CRUZ (Orientadora)

E-mail: [email protected]

presente estudo visa caracterizar acusticamente as vogais

médias pretônicas da variedade linguística falada no município de Barcarena/PA. Esta pesquisa é vinculada ao projeto Norte

Vogais, que é integrante do Diretório Nacional PROBRAVO. O corpus

total é composto por amostras de fala de 18 (dezoito) informantes

nativos de Barcarena/PA, estratificados socialmente em sexo

(masculino e feminino), faixa etária (15 a 25 anos; 26 a 45 anos; e

acima de 45 anos) e nível de escolaridade (fundamental, médio e superior). Neste trabalho, serão apontados, especificamente, os

resultados obtidos por meio da análise da terceira faixa etária

investigada (acima de 45 anos), formada por 6 (seis) informantes, os

quais foram gravados em situação de fala lida. Os dados foram

coletados a partir da leitura de um texto sobre futebol, por meio do qual os informantes selecionados produziram 53 (cinquenta e três)

vocábulos contendo as vogais médias em posição pretônica. A seleção

de tais vocábulos considerou os fatores favorecedores da variação das

médias pretônicas apontados nos estudos sociolinguísticos

empreendidos pelo projeto Norte Vogais. No tratamento dos dados,

foram tomadas medidas de média e desvio padrão de F1 e F2 (Hz) das vogais alvo. Diante da análise acústica preliminar, observou-se que,

O

Page 62: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de linguagem e interculturalidade I

I Seminário Tradução e Interculturalidade

62

na fala de Barcarena/PA, as variantes médias abertas (anterior e

posterior) apresentam um espaço acústico bastante definido. Em

contrapartida, as variantes médias fechadas e as altas possuem maior

proximidade, indicando, dessa forma, um maior grau de variação

linguística.

Palavras-chave: Vogais médias pretônicas. Análise acústica. Variação linguística.

Page 63: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de tradução e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

63

ESTUDOS DE TRADUÇÃO e Interculturalidade

Coordenadora: Carmen Lúcia Reis Rodrigues

A ANTROPOFAGIA NAS TRADUÇÕES

de Haroldo de Campos e Herberto Helder

Geovanna Marcela da Silva GUIMARÃES (UFPA)

E-mail: [email protected]

Izabela Guimarães Guerra LEAL (Orientadora)

E-mail: [email protected]

antropofagia é uma marca cultural dos povos da América

Latina, tanto os de origem primitiva quanto os de origem

moderna, mais precisamente como manifesto de identidade

nacional. O objetivo deste trabalho é discutir como a antropofagia

ressoa como discurso crítico e poético nas traduções de Haroldo de Campos, poeta brasileiro, e de Herberto Helder, poeta português,

mostrando como a antropofagia, na contemporaneidade, é tomada no

sentido de desconstrução e (re)valorização cultural. É importante

ressaltar que a noção de antropofagia em Herberto Helder é um

processo de criação poética, ao nível do texto e da linguagem,

extremamente latente e concreto, enquanto que em Haroldo de Campos ela se apresenta com um caráter muito mais conceitual e

reflexivo. Para exemplificar de que maneira isso ocorre, tomaremos

como objeto de análise as traduções de poemas indígenas feitas por

Herberto Helder e a discussão da antropofagia como desconstrução e

apropriação do legado cultural estrangeiro defendida por Haroldo de Campos. Para isso, a antropofagia será concebida, em termos poéticos,

como uma forma de apropriação violenta da tradição, no sentido de

que ela irá encenar uma desconstrução do cânone universal.

A

Page 64: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de tradução e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

64

Palavras-chave: Haroldo de Campos. Herberto Helder. Antropofagia.

Tradução.

À PROCURA DE MÁRIO

Faustino tradutor

Thiago André VERÍSSIMO (Bolsista CAPES/UFSC)

E-mail: [email protected]

s décadas de 1940 e 1950 são significativas quanto ao processo de difusão cultural nos jornais brasileiros, com destaque para

atuações de escritores, poetas e literatos nos diversos periódicos

dessa época, o que fez do jornal um ambiente moderno e criativo em

prol da cultura e da literatura. Em Belém, nesse período, há dois

jornais que contribuem para o movimento cultural na cidade

paraense, por meio dos respectivos suplementos literários: Arte Literatura, da Folha do Norte e Arte e Literatura, de A Província do Pará. Nesse ambiente, Mário Faustino (1930-19620) inicia a vida

literária publicando crônicas em jornais e, sobretudo, atua como

tradutor de textos poéticos. A confluência dessas traduções em jornais

paraenses constituiu o nosso trabalho intitulado À procura de Mário

Faustino Tradutor, o que engloba, primeiro, o mapeamento das traduções do texto poético realizadas na sua primeira juventude, com

a publicação de poesia e prosa de autores como: Bernard Shaw, Pablo

Neruda, Gabriela Mistral, Walt Whitman, Miguel Unamuno, Henri Michaux, Paul Éluard, Simonov (publicados n’A Província) e Alfonsina

Storni, Rafael Alberti, Juan Ramón Jiménez, T.S. Eliot, Rainer Maria Rilke, James Joyce (publicados na Folha do Norte). Nesse sentido, esta

comunicação pretende mapear o percurso de formação de Mário Faustino enquanto tradutor, a partir de suas contribuições

tradutórias para os jornais paraenses até chegar às traduções

publicadas na página Poesia Experiência, do Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro, nos anos de 1956 a 1959. Para

tanto, apresentaremos o “projeto” de tradução de Mário Faustino nos

suplementos culturais dos referidos jornais brasileiros, pensando na ideia de tradução como processo de formação cultural.

Palavras-chave: Mário Faustino. Tradução-formação. Tradução e

jornal. Tradução do texto poético.

A

Page 65: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de tradução e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

65

DIÁLOGOS ENTRE BRASIL E INGLATERRA

em O Xangô de Baker Street

Fernando Henrique Crepaldi CORDEIRO (UFPA)

E-mail: [email protected]

sta comunicação pretende realizar uma leitura do romance O Xangô de Baker Street, de Jô Soares, obra que relata as

aventuras de Sherlock Holmes, célebre detetive inglês, em

terras brasileiras, promovendo uma releitura do personagem criado

por Arthur Conan Doyle. Tendo em vista essa particularidade nossa

apresentação terá essencialmente dois eixos: por um lado, buscará indicar as relações entre essa obra e o gênero policial; por outro,

enfocará as tensões que surgem do contraponto entre as duas

culturas, a inglesa, representada por Holmes e Watson, e a brasileira,

na qual ambos são submergidos. Se a presença do personagem criado

por Arthur Conan Doyle implica um reconhecimento quase que pré-

textual do gênero, um dos desvios quanto a essa forma se refere à apresentação de uma investigação que não se restringe a ser apenas

um meio de se resolver o enigma. Na obra de Jô Soares, tão ou mais

importante do que a revelação do assassino, é a tensão que se

estabelece entre o racionalismo e a frieza – tipicamente inglesas, e

mais típicas ainda de Sherlock Holmes – e a cordialidade brasileira. A paródia ao cânone sherlockiano surge, principalmente, da necessidade

de adequação de Holmes ao contexto brasileiro, pois o seu

deslocamento espacial (deixando a Inglaterra e vindo ao Brasil)

acarreta um deslocamento, digamos, cultural. O detetive inglês

encontra-se em um ambiente em que suas habilidades, em especial,

sua racionalidade e sua frieza, são postas em xeque. Pode-se dizer que é como se o Brasil constituísse, para Holmes, uma espécie de “mundo

pelo avesso”, um lugar onde a inteligência privilegiada dessa “super-

máquina de raciocínio” não consegue impor ordem ao caos imperante.

Do confronto entre esses dois modos de pensar o mundo surge,

constantemente, o cômico, que se infiltra e contamina toda a narrativa, apresentando-se como um dos elementos que distanciam a

obra de Jô Soares dos romances policiais mais tradicionais, marcados

pela “seriedade”, pelo rigor e pela objetividade. Esse entrelaçar do sério

com o cômico, por sua vez, remete-nos ao modo carnavalizado pelo

qual a narrativa se constrói.

Palavras-chave: Sherlock Holmes. Gênero policial. Brasil. Inglaterra. Paródia.

E

Page 66: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de tradução e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

66

MOTIVAÇÃO E FORMAÇÃO TOPONÍMICAS:

um estudo de nomes de lugares de origem indígena de Curuçá

(PARÁ)

Ilzaléa Rocha da SILVA (SEMED)

E-mail: [email protected]

Carmen Lúcia Reis RODRIGUES (UFPA)

E-mail: [email protected]

ste trabalho integra parte de uma pesquisa mais ampla

apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso, intitulado

“Uma Pesquisa Toponímica no Município de Curuçá/PA:

Topônimos de Origem Indígena”. Nesta comunicação, tem-se como

intuito realizar uma abordagem a respeito da motivação de

determinados topônimos de origem indígena de Curuçá, município situado à região Nordeste do Estado do Pará. Para tanto, discutiremos

o significado – nem sempre evidente – de determinados topônimos, por

meio de sua possível estrutura morfológica, conforme as explicações

etimológicas de autores como Cunha (1997), Tibiriçá (1984, 1985) e

Sampaio (1987), por exemplo. Sendo assim, esse estudo partirá,

sobretudo, da análise da estrutura e formação do topônimo, a fim de se ter uma tradução mais precisa das formas investigadas. O estudo

da motivação e formação dos nomes de lugares analisados levará em

consideração também as características físicas e culturais de Curuçá.

Os dados considerados na pesquisa fazem parte do mapa do

município de Curuçá/PA, e serão explorados, neste trabalho, de acordo com os princípios metodológicos propostos por Dick (1975,

1990, 1999). A exemplo do que será tratado nesta comunicação, foram identificados os topônimos Itajuba e Itarumã, onde há a sequência

fonológica Ita. No entanto, é possível perceber que a presença de Ita

nos dois topônimos é apenas uma coincidência fônica, pois, em Itajuba, tem-se as formas Ita ‘pedra’ + juba ‘amarelo’ (CUNHA, 1997);

enquanto que, em Itarumã, tem-se as formas I ‘água’, ‘rio’ + tarumã ‘planta da família das verbenáceas’ (CUNHA, op. cit., p. 757).

Palavras-chave: Topônimos indígenas. Motivação toponímica.

Morfema. Curuçá-PA.

ROBERT STOCK:

E

Page 67: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de tradução e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

67

poeta, tradutor e vagabundo

Dayana Crystina Barbosa de ALMEIDA (UNIFESSPA)

E-mail: [email protected]

poeta norte-americano, chamado simplesmente de Robert Stock, viajou para Brasil, embarcou em um navio na região sul

e acabou aportando, primeiramente, em São Luís do Maranhão

e, posteriormente, em Belém. Quando já estava morando na capital

paraense Stock descobre rapidamente a Revista Norte e entra em

contato com o jovem Benedito Nunes. Robert Stock mostrou ao próprio Benedito Nunes, e aos poetas Mário Faustino e a Max Martins

uma nova modalidade de “vida literária”, pois “o regime de dedicação

exclusiva à poesia a que se entregava. O norte-americano circulou

intensamente entre poetas e escritores, na década de 1950, em Belém.

Dessa circulação podemos destacar a relação que surgiu entre Stock,

Benedito Nunes, Mário Faustino, Max Martins e Drummond. Esta relação ocorreu por meio da tradução, pois Stock traduz literaturas do

inglês para o português para Nunes, Faustino e Martins. Faustino, por

sua vez traduz Stock inglês para o português e Stock faz o caminho

inverso com Drummond. Objetiva-se, nesta pesquisa, analisar

brevemente as relações de Robert Stock com os escritores brasileiros:

Benedito Nunes, Mário Faustino, Max Martins e Carlos Drummond. A relação de Robert Stock com os brasileiros será analisada pelo viés da

leitura, da Recepção e circulação de textos.

Palavras-chave: Robert Stock. Tradução. Poesia. Língua Inglesa.

TOPÔNIMOS DE ORIGEM INDÍGENA

de São Domingos do Capim/PA

Jeconias Monteiro de ARAÚJO (UFPA)

E-mail: [email protected]

Carmen Lúcia Reis RODRIGUES (Orientadora) E-mail: [email protected]

Onomástica é a parte da linguística que estuda os nomes

próprios, divide-se em: Antroponímia, estudos dos nomes de

pessoas (antropônimos) e Toponímia, estudos dos nomes de lugares (topônimos). À luz da toponímia, o objetivo geral deste

trabalho é fazer uma análise dos topônimos de origem indígena

O

A

Page 68: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de tradução e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

68

encontrados nos nomes das comunidades ribeirinhas, rios e igarapés

do Município de São Domingos do Capim/Pa. Como objetivos

específicos, buscamos: a) analisar a estrutura morfológica dos

topônimos, observando o processo de formação; b) verificar a

etimologia dos topônimos e classificá-los de acordo com a taxonomia

proposta por Dick (1990) e c) verificar os tipos de topônimos predominantes no Município, conforme os modelos taxonômicos de

Dick (1990). A realização desta pesquisa obedeceu a quatro etapas: a)

pesquisa bibliográfica; b) coleta de dados; c) organização dos dados e

d) análise dos dados. O referencial teórico amparou-se em Andrade

(2010), Dick (1990), Sampaio (1987), Tibiriçá (1984) e outros. Os resultados obtidos revelaram que existe uma relação de significação

entre o topônimo e os aspectos físicos e psicológicos presentes nos

lugares nomeados, o que apresenta um novo olhar em relação aos

estudos realizados sobre signo linguístico, processos de formação de

palavras, marcados pelo choque do tupi com o português etc.

Palavras-chave: Topônimos. Estrutura morfológica. Significação. Tupi. São Domingos do Capim.

Page 69: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos literários, tradução e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

69

ESTUDOS LITERÁRIOS, tradução e interculturalidade

Coordenadora: Sylvia Maria Trusen

A TRADUÇÃO DA TRADIÇÃO DO BRINQUEDO DE MIRITI:

primeiras reflexões

Joyce RIBEIRO (UFPA)

E-mail: [email protected]

Lidia SARGES (Bolsista Prodoutor/UFPA)

E-mail: [email protected]

m dos objetivos da pesquisa intitulada O brinquedo de miriti no município de Abaetetuba: a tradução da tradição de um artefato pedagógico-cultural por meio das intersecções de gênero e

sexualidade/Prodoutor2013, é analisar as práticas de tradução

cultural de artesãos e artesãs que produzem o famoso artesanato. A pesquisa foi orientada pelo modus operandi da etnografia pós-moderna

(Clifford, 1998), com uma experiência de campo de dez meses em dois ateliês de produção; produzimos informações por meio da observação do faladopensadovivido (Certeau, 1984), e de conversações com os

interlocutores e interlocutoras. Para refletir as práticas de tradução

cultural consideramos o encontro da cultura do passado, a tradição, e

a cultura do presente, a cultura globalizada. Assim, a bicentenária

tradição (Hobsbawn, 1984) do brinquedo de miriti representa o município como “a capital mundial do brinquedo de miriti”, produz

identidades culturais e em certa medida “impõe” os temas dos

brinquedos, homogeneizando-os, e garantindo sua própria

sobrevivência. Porém, o encontro dos significados da tradição com os

significados da cultura globalizada promove um curto-circuito cultural (Bhabha, 1998) cujo efeito é a tradução do brinquedo de miriti. O

U

Page 70: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos literários, tradução e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

70

processo de tradução é marcado pela intersecção com outros fatores,

entre os quais, as demandas do Círio de Nazaré, as “modernizações”

estéticas orientadas pelo SEBRAE, e ainda, as demandas da diferença,

mais precisamente as de gênero e de sexualidade, haja vista que nos

ateliês a produção é generificada. Artesãos e artesãs não são caboclos

ingênuos que traduzem o brinquedo de miriti levados unicamente por suas preferências pessoais e visão de mundo simples. Contrariamente,

são sujeitos afetados por uma miríade de significados que eclodem de

múltiplos espaços e tempos, como a tradição, a cultura globalizada, o

SEBRAE e a diferença, sendo subjetivados por eles. Assim, a tradução

do brinquedo de miriti se expressa tanto nos brinquedos com temas considerados tradicionais – aqueles que representam o cotidiano da

vida ribeirinha −, quanto nos brinquedos com temas midiáticos, já que

ambos são marcados por hibridações estéticas que só são possíveis

nos jogos de poder, que a muitas posições de sujeito por meio da

aceitação, contestação, negociação, enfim, pela tradução da tradição

do brinquedo de miriti. Palavras-chave: Tradição. Brinquedo de miriti. Tradução cultural.

O PROCESSO DE TRADUÇÃO – DA ORALIDADE PARA O ESCRITO,

e o gênero maravilhoso na narrativa transcrita pelos

pesquisadores do programa IFNOPAP, “A Cobra Grande”

Rayniere Felipe Alvarenga de SOUSA (UFPA)

E-mail: [email protected]

Deyse Carla da Silva MOTA (UFPA)

E-mail: [email protected] Sylvia Maria TRUSEN (Orientadora)

E-mail: [email protected]

presente trabalho tem por objetivo realizar uma análise da

narrativa coletada e transcrita pelos pesquisadores do

Programa IFNOPAP – o Imaginário nas Formas Narrativas Orais Populares da Amazônia Paraense, “O mistério da Cobra Grande” (que

exibe o animal habitante das profundezas dos rios amazônicos), nosso

objeto de pesquisa, fomentando e estabelecendo uma compreensão da

natureza das narrativas amazônicas – com a finalidade de divulgar e

revisar as teorias sobre o gênero maravilhoso. A pesquisa realizada ratifica a forte ligação e relevância da narrativa “O mistério da Cobra

Grande” com o gênero maravilhoso. Efetivamente, o conto integra-se à

O

Page 71: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos literários, tradução e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

71

produção no plano do imaginário das narrativas míticas, Propõe-se,

assim, a partir da leitura de PROPP (Morfologia do conto maravilhoso e

o Raízes históricas do conto maravilhoso) articular a narrativa ao

gênero que Todorov distinguiu do fantástico e do estranho. Outrossim,

considerando-se que a narrativa foi transcrita do oral para o escrito,

almeja-se refletir acerca da passagem entre esses dois registros, o oral e o escrito. O fundamento teórico que deverá, portanto, orientar a

pesquisa provém dos estudos literários e das teorias da referida

temática. Deste modo, o trabalho efetivou-se com a leitura analítica da

narrativa do Programa IFNOPAP, em conjunto com os estudos de

Todorov (1975), Vladimir PROPP, Jakobson e Jorge Larrosa. Palavras-chave: IFNOPAP. “O mistério da Cobra Grande”. Gênero

maravilhoso.

O TEXTO ORAL COMO FONTE DE PESQUISA:

uma reflexão sobre a “cerâmica icoaraciense”

Elizabeth Conde de MORAIS (PPLSA/UFPA)

E-mail: [email protected]

Carmen Lucia Reis RODRIGUES (Orientadora)

E-mail: [email protected]

Sylvia Maria TRUSEN (Orientadora) E-mail: [email protected]

presente trabalho visa refletir sobre a utilização do texto oral

como fonte de pesquisa, ao disponibilizar os recursos

linguísticos, e possibilita compreender a criação do contexto de uso dos termos que caracterizam a prática da produção/ criação da

“Cerâmica Icoaraciense”. Essa prática se faz presente na cidade de

Belém, no estado do Pará, distrito industrial de Icoaraci, na região

chamada de Paracuri, onde os artesãos e artesãs criam peças, que

merecem destaque pelo seu valor expressivo. O texto, colhido na fala,

é o ponto de partida para o processo de sistematização da investigação. O artigo é resultado do Seminário interdisciplinar

Tradução e Transcrição: estudo de um caso. Esta investigação faz parte do projeto de pesquisa Aspectos Semântico – Discursivos dos termos da Cerâmica Icoaraciense, vinculado ao curso de Pós-

graduação Linguagens e Saberes na Amazônia. Cujo objetivo é

selecionar a partir dos discursos dos artesãos e artesãs, no plano da oralidade, os termos que caracterizam a prática da confecção da

O

Page 72: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos literários, tradução e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

72

Cerâmica, através dos textos colhidos, junto aos informantes

denominados de artesãos, no qual, expõem as suas concepções

ideológicas. Para fundamentar essa atividade são usadas as leituras:

para delimitar sobre o tema discurso (FOUCAULT, 2013); a respeito da

Terminologia (KRIEGER & FINATTO, 2004) e (AUBERT, 2001); sobre a

Tradução Cultural (BURKE, 2009) e (VAN SETERS, 2008); no que diz respeito do processo de Tradução (BERMAN, 2013), (JAKOBON, 1995),

(LARROSA, 1996), (LAGES, 2002). O processo de translado do texto

oral para o texto escrito é visto como um ato de tradução e assume

uma importância fundamental, durante o processo de aquisição dos

dados para análise, e oportuniza ver as características próprias do fazer do artesão.

Palavras-chave: Tradução. Terminologia. Cerâmica Icoaraciense.

O TRASLADO DAS NARRATIVAS ORAIS À ESCRITA:

a tradução e a performance do narrador

Myrcéia Carolyne Guimarães da COSTA (PPLSA/UFPA)

E-mail: [email protected]

Sylvia Maria TRUSEN (Orientadora)

E-mail: [email protected]

este trabalho é feito um estudo de tradução, transcrição e

performance narrativa. Esta tradução dá-se na passagem do

âmbito do oral para o do escrito, cujo objeto de estudo é uma

narrativa oral em torno do Ataíde, ente mitológico dos manguezais,

colhida em Taperaçu/Bragança, Pará. A finalidade deste trabalho é discorrer sobre as teorias acerca dos estudos de tradução, além de

apresentar problemas que advêm dela, especialmente quanto às duas

modalidades da língua: oral e escrita. Traduzir não se reduz somente à

transposição de uma língua estrangeira para a língua materna.

Entendemos tradução como um trabalho que suplanta a esfera das

palavras, abraçando o homem e sua cultura, visto que, estudar tradução compreende analisar os problemas de recepção, o modo

como certas culturas, grupos ou indivíduos leem a cultura do outro. A

base teórica que fundamenta a tradução centra-se nas teorias

tradutórias de Walter Benjamin, Jorge Larrosa, Sabine Gorovitz,

Antoine Berman, Peter Burke e Roman Jakobson. No que diz respeito às narrativas orais, o trabalho é balizado nas leituras de Junia Zaidan

e Barbara Reeves (que cita Paul Thompson) para fundamentar o ato de

N

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Estudos literários, tradução e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

73

transcrever/traduzir a voz do narrador em material escrito para o

pesquisador. Em relação à performance, as teorias de Paul Zumthor,

direciona as análises desta pesquisa. Assim, o trabalho de transcrever

uma narrativa oral perpassa pela ação de traduzir, pois trata-se de

uma tradução intralingual (segundo Jakobson, 1995) em que existe a

passagem entre signos verbais no interior da mesma língua, no caso deste trabalho, do campo do oral para o campo do escrito.

Palavras-chave: Narrativa Oral. Escrita. Performance. Tradução.

PLANTAS MEDICINAIS: terminologia e tradução

Márcia Saviczki PINHO (PPLSA/UFPA)

E-mail: [email protected]

Carmem Lúcia Rodrigues REIS (Orientadora)

E-mail: [email protected]

termo plantas medicinais já nos alude sua significação, devido

nossa cultura ainda preservar muitos traços tradicionais. Na

literatura botânica, há uma grande gama de autores que

procuraram defini-la. Para Campelo e Ramalho (1989) “Planta

medicinal é aquela que contém um ou mais princípio ativo que lhe confere atividades terapêuticas”. Este trabalho, a ser desenvolvido no

âmbito da Terminologia e Tradução, tem por finalidade – a partir de uma amostra de corpus de pesquisa do projeto “Saberes que curam:

uma incursão sobre a tradução dos nomes de plantas da comunidade

da Vila-que-era (PA)” – traduzir os conhecimentos tradicionais, em

relação ao poder de cura, por meio do estudo do léxico específico das plantas medicinais nos falares populares de Vila-que-era. A

Terminologia é um ramo de estudos da linguística voltada ao estudo

dos termos específicos de uma área também específica (KRIEGER;

FINATTO, 2004). A Tradução refere-se ao transporte e à

ressignificação de um texto, ou termos específicos de uma língua ou cultura de partida para outra de chegada (LARROSSA, 1996). A

terminologia, neste trabalho, tem como meta embasar o estudo dos

termos específicos, neste caso, sobre as plantas medicinais e a

Tradução permitirá compreender a atribuição da finalidade a um dado

termo, no âmbito da cura. Portanto, o foco deste trabalho é o estudo

dos termos das plantas medicinais a partir de aportes teóricos e metodológicos da Terminologia e da Tradução. Para a constituição

O

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Estudos literários, tradução e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

74

desse corpus foram selecionadas duas informantes visitadas e

entrevistadas no período do segundo semestre de 2013 ao primeiro

semestre de 2014. Os dados foram coletados através de equipamentos

audiovisuais, e transcritos segundo Fávero (1999), com o auxílio dos

programas Toolbox e Listen N Write. A pesquisa revelou, por meio do

material coletado, até o presente momento, que as plantas medicinais são utilizadas na comunidade para curarem os malefícios tanto do

corpo, como da alma.

Palavras-chave: Terminologia. Tradução. Plantas Medicinais.

Conhecimentos tradicionais. Vila-que-era (PA).

Page 75: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos literários e outras artes

I Seminário Tradução e Interculturalidade

75

ESTUDOS LITERÁRIOS e outras artes

Coordenador: Joel Cardoso

“CACHORRO DOIDO”:

uma análise antropológica da homossexualidade na narrativa curta, de Haroldo Maranhão

Rodrigo Maroja Barata (ICA/UFPA)

Joel Cardoso (ICA/UFPA)

E-mail: [email protected]

omando como ponto de partida o registro do texto literário, o

presente artigo visa analisar, interdisciplinarmente, o

comportamento homossexual explícito e contundente, na

narrativa “Cachorro Doido”, um conto de Haroldo Maranhão (escritor paraense, nascido em Belém, em 1927, e que faleceu em 2004, no Rio

de Janeiro). Para as reflexões que tecemos sobre esta narrativa, parte do livro Jogos Infantis, publicado pela Editora Francisco Alves (Rio de

Janeiro), no ano de 1986, levamos em conta os enfoques teóricos

propostos pela Antropologia Social (prioritariamente) e, ainda,

perpassamos pelas lentes elucidativas da Psicanálise e da Filosofia. Entre outras referências, pautando-nos nestas três áreas do

conhecimento, tomando como referências teóricas, respectivamente,

autores como Peter Fry (homossexualidade do ponto de vista das

Ciências Sociais), Maria Rita Khel (homoafetividade, agora sob as

lentes da Psicanálise) e Michel Foucault (com sua teoria da anátomo-

política disciplinar e da biopolítica normativa do corpo humano). O conto, cuja trama passa-se, em grande parte, num colégio, em Belém,

do Pará, depois na casa de um dos personagens, traz, como

T

Page 76: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos literários e outras artes

I Seminário Tradução e Interculturalidade

76

protagonistas, as personagens Carlão e Luizinho, colegas de classe, os

quais exteriorizam com seus comportamentos características

padronizadas e nada relativistas em relação às questões de

sexualidade e de poder. Propomo-nos, no artigo, investigar a sanha

classificatória dos homens sobre outros homens e as variantes

relacionais entre indivíduos e a homossexualidade. Palavras-chave: Homossexualidade. Antropologia. Literatura. Haroldo

Maranhão.

ARTE E FORMAÇÃO SOCIAL DO INDIVÍDUO: breve contextualização histórico-reflexiva da arte na sociedade

contemporânea

Joel CARDOSO (ICA/UFPA)

E-mail: [email protected]

artigo versa sobre a utilização da Arte como instrumento de

inclusão social. A arte apresenta um contexto muito amplo e,

em nosso trabalho, não privilegiamos uma modalidade artística

específica. Ao contrário, dentre as diversas possibilidades de abordar o

aproveitamento do universo da arte como processos de inclusão social,

optamos por fazer um breve passeio pela História da Arte, desde os primórdios, e, a partir daí, chegarmos ao contexto contemporâneo. Perpassamos pela História social da Arte, refletindo sobre a arte em

seu percurso desde a Antiguidade até a Modernidade, mostrando,

ainda, a arte como expressão da cultura de um povo, em suas

manifestações expressas pelos costumes, crenças e pela religiosidade.

Nesse sentido, a arte se apresenta como importante suporte para as manifestações sociais, configurando-se, ora como arte, ora como

mercadoria, gerando renda. A seguir, fazemos um passeio pelas

academias de Arte na História, bem como sobre o ensino da Educação

artística em nosso país. A arte tem gerado inúmeros projetos sociais,

constituindo-se, na Educação, como ferramenta facilitadora tanto na sala de aula, como fora dela. Procuramos fazer, a priori, uma

exposição em que a arte foi vista, como um painel resumido,

mostrando como, nos diferentes momentos, tanto a sua manifestação

espontânea, como a sua mercantilização foram importantes. Por fim,

falamos sobre a expansão e influência da arte através das novas

mídias (cinema, música, TV, publicidade etc.). Em decorrência do alto

O

Page 77: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos literários e outras artes

I Seminário Tradução e Interculturalidade

77

alcance dessas mídias, hoje, a arte pode se constituir como

facilitadora no desenvolvimento social.

Palavras-chave: Arte & Educação. Inclusão social. Ensino de arte.

ENTRE A PALAVRA E A ESCULTURA: experimentos do ateliê de tradução do NETLLI (URCA-CE)

Hyago Átilla Sousa dos SANTOS (Bolsista/URCA-CE)

E-mail: [email protected]

Edson Soares MARTINS (Orientador) E-mail: [email protected]

trabalho pretende apresentar uma reflexão sobre o arco

compreendido entre a produção e o produto, no caso específico

da tradução de Art, Religion and Symbolic Beliefs in

Traditional African Context: A Case for Sculpture, do autor nigeriano Benedict Orhioghene Akpomuvie, levada a cabo dentro das

atividades do Ateliê de Tradução do Núcleo de Estudos de Teorias

Linguísticas e Literárias (NETLLI), grupo de pesquisa da base do

Diretório Nacional dos Grupos de Pesquisa do CNPq. A tradução foi

feita pelos pesquisadores do Netlli, utilizando a metodologia de

trabalho desenvolvida no âmbito do Ateliê de Tradução. Pretende-se descrever as diretrizes de tal metodologia, refletir sobre suas

possibilidades e limites, além de proporcionar as condições de partilha

dos resultados. No caso em tela, constituiu-se um desafio peculiar

para o trabalho o fato de a temática do texto alvo estar impregnada da

terminologia própria de um segundo idioma, o iorubá, com o qual se nomearam as divindades representadas nos artefatos ritualísticos

sagrados estudados pelo autor, no texto em inglês, além de ser

necessário lidar com as transformações do iorubá em seu uso

concorrente com o português falado nos terreiros de candomblé no

Brasil. O fenômeno do abrasileiramento da onomástica sagrada iorubá

para um público leitor de português brasileiro exigiu a compreensão do espaço de interculturalidade historicamente constituído pelo

contato singular entre os povos em questão. O resultado desta

experiência foi publicado em formato de livro eletrônico em PDF, com

indexação padrão internacional (ISBN), nos moldes do trabalho feito

pelo Ateliê de Editoração do Netlli, que é outro equipamento cultural auxiliar do grupo de pesquisa.

Palavras-chave: Iorubá. Tradução Coletiva. Interculturalidade.

O

Page 78: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos literários e outras artes

I Seminário Tradução e Interculturalidade

78

ESTRATÉGIAS DE LEITURA:

uma experiência local marajoara

Jurema do Socorro Pacheco VIEGAS (PPGArtes/ICA/UFPA) E-mail: [email protected]

Joel CARDOSO (Orientador)

E-mail: [email protected]

leitura, alicerce para o ensino-aprendizagem da Língua Materna, tanto em relação seu aspecto discursivo oral, quanto

escrito, abarca uma diversidade textual mais ampla, pautada

em proposição de metodologias contemporâneas, que busquem dar

suporte ao aluno e, ao mesmo tempo, extrair dos textos um

conhecimento mais abrangente, não somente no que diz respeito à

abordagem linguística, mas, também, no que tange à aquisição de leitura, à inserção de diferentes temas atuais (ética, meio ambiente,

cultura, identidade, diversidade, etc.). A leitura, nosso ponto de

partida, passa a ser elemento motivador de novas práticas pedagógicas

em sala de aula, em qualquer nível ou área de ensino e exerce papel

fundamental na formação do educando, considerando aspectos

linguístico, cognitivos, emocionais e culturais. Na prática enunciativa, podemos desenvolver reflexões e buscar respostas para diversas

questões que nos afligem na contemporaneidade. O ensino da leitura,

no mundo atual, deve desenvolver-se com base nas várias estratégias:

contação de histórias, recitação de poesia, apresentação de peças

teatrais, música, dança, etc., a partir de aspetos interdisciplinares e intertextuais, desde os primeiros anos da vida escolar. Já há alguns

anos, estamos pesquisando e desenvolvendo a temática da leitura.

Estas duas vertentes pedagógicas proporcionam possibilidades aos

alunos de observar aspectos relacionados à recepção e à efetivação de

leitura. Para dar suporte à pesquisa, utilizamos algumas obras que versam sobre o assunto, entre elas, Estratégias de Leitura, de Isabel Solé; Oficina de Leitura, de Ângela Kleiman; Intertextualidade, de Maria

Zilda Cury; As Condições sociais de leitura, de Magda Soares.

Apoiamo-nos, também, em pesquisas de campo, por meio de

entrevistas com alunos dos Ensinos Fundamental e Médio e, ainda,

com professores alfabetizadores que, hoje, atuam a partir do quinto

ano do Ensino Fundamental, até o Ensino Médio, na escola Tancredo Neves, em Melgaço, no Marajó das Florestas. Acreditamos que o

A

Page 79: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos literários e outras artes

I Seminário Tradução e Interculturalidade

79

resultado do trabalho em pauta pode ser referência para professores e

estudiosos da leitura, uma vez que buscamos despertar e amadurecer

em nossos alunos o gosto pela leitura, bem como os valores sociais

que estão se perdendo no mundo hodierno.

Palavras-chave: Leitura. Intertextualidade. Interdisciplinaridade.

MULHERES ENTRE ENFEITES & CAMINHOS:

cartografia de memórias em saberes e estéticas do cotidiano no

Marajó das florestas (S. S. da Boa Vista-PA)

Ninon Rose Tavares JARDIM (UEPA/GECA/CUIA)

E-mail: [email protected]

esta pesquisa apresento uma cartografia do saber-fazer com

fibras de jupati, tecido por mulheres dos rios Chaves, Pirarara,

Seringueiro, Urucuzal e da Vila de Nazaré, no município de São Sebastião da Boa Vista, no Marajó das Florestas-Pa. A problemática

que orientou a investigação foi analisar como essas mulheres da

floresta marajoara constroem o saber-fazer na criatividade artística de

tecer fibras? Quais os significados dessa arte em suas vidas? Como

suas Obras dialogam com a tradição e o contemporâneo? De que modo

essa arte vem se (res)significando ao longo do tempo? Seguindo orientações teóricas dos Estudos Culturais e do Pensamento Pós-

Colonial em conexões com o campo da Arte e por meio da metodologia

da História Oral, procurei etnografar a paisagem física, humana e

cultural de uma comunidade rural amazônica; captar a estética

elaborada no cotidiano, os sentidos do saber-fazer gestados na feitura de Enfeites e Caminhos entre formas e coloridos. Neste enredo, analiso

o processo produtivo e criativo durante o fazer em fibra na relação com

os tempos do viver marajoara; discuto como essa arte é absorvida pelo

mercado; trago à cena a arte em fibra do jupati no diálogo com

questões conceituais do campo da arte, relacionando tradição e

modernidade, culto e popular, arte, vida e estética do cotidiano, entrelaçados aos olhares das mulheres sobre sua Obra e os

significados simbólicos, estéticos e formais. No modo de alinhavar

Enfeites e Caminhos, busco aproximações com memórias indígenas e

heranças históricas; analiso a morfologia da tessitura, as relações

cromáticas, as funções que essa arte tem na vida dessas mulheres e as significações icônicas, indiciais e simbólicas das composições

artísticas. Mergulhada nesse universo, descubro que o saber-fazer em

N

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Estudos literários e outras artes

I Seminário Tradução e Interculturalidade

80

fibras está articulado a cosmologias e ecossistemas estéticos; a arte

em fibras é conhecimento e meio de vida; as Obras expressam

sentimento de prazer, de gostar de tecer, incitando transgressões de

códigos cosmológicos locais; fortalecem laços familiares, ligam

gerações pela tradição do tecer, estabelecem encontros familiares,

momentos de intimidade, cumplicidade, aprendizagem, disputas, conquistas entre mães, filhas e irmãs; (re)afirmam identidades,

autoridades artísticas, estabelecendo códigos de respeito e hierarquias

no reconhecimento acerca da qualidade do tecer.

Palavras-chave: Arte. Estética do Cotidiano. Memória. Identidade.

MÚSICAS EM AULAS DE LÍNGUA MATERNA:

composições e/ou interpretações de Vinicius de Moraes, Toquinho

e Adriana Calcanhotto em diálogo com outras artes

Glayce de Fatima Fernandes da SILVA (UFPA) E-mail: [email protected]

Ediane Maria Guimarães MONTEIRO (UFPA)

E-mail: [email protected]

Joel CARDOSO (Orientador)

E-mail: [email protected]

ste trabalho tem por desígnio contribuir para o aperfeiçoamento

da prática dos professores de Português, mas não ambiciona

abarcar as vastas possibilidades de fazê-lo, apenas apresenta

algumas sugestões de atividades referentes à música, tendo em vista

que abraçou como tema “Música em aulas de Língua Materna: composições e/ou interpretações de Vinicius de Moraes, Toquinho e

Adriana Calcanhotto em diálogo com outras artes”. A linha central

deste estudo consiste em contemplar a música em aulas de Língua

Materna, tendo como objeto de estudo a música como subsídio

metodológico no processo de ensino-aprendizagem de Língua Materna.

Desse modo, definiu-se o objetivo geral: Apontar e descrever como a música pode ser utilizada como subsídio metodológico no processo de

ensino-aprendizagem de Língua Materna. Em vista desse objetivo,

definiram-se questões mais específicas, tais como: Delinear conceitos

sobre música enquanto modalidade artística; Definir as relações

intersemióticas que se estabelecem entre as diversas modalidades artísticas; Assinalar como as aulas de Língua Materna podem

ultrapassar as fronteiras gramaticais; Propor leituras interpretativas e

E

Page 81: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos literários e outras artes

I Seminário Tradução e Interculturalidade

81

metodologias intersemióticas para o ensino-aprendizagem de Língua

Materna, tomando a música como ponto de partida para o diálogo com

outras artes. Este estudo foi desenvolvido a partir do cunho

qualitativo, definindo-se como pesquisa bibliográfica. Em vista dos

anseios deste estudo, fez-se necessário apresentar alguns

desdobramentos conceituais sobre: semiótica; artes; a linguagem intersemiótica entre as artes; a arte musical; e aulas para além das

fronteiras gramaticais. Assim, aponta-se a relevância deste trabalho

em virtude de demonstrar música para contribuir para a ampliação do

horizonte de leitura dos alunos de Português, a partir do seu diálogo

com outras artes. Palavras-chave: Língua Materna. Música. Artes. Intersemiótica.

Page 82: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos culturais e interculturalidade I

I Seminário Tradução e Interculturalidade

82

ESTUDOS CULTURAIS e Interculturalidade I

Coordenador: Luís Junior Costa Saraiva

A ATIVIDADE DE CAÇA

como momento de interação entre os Tembé do Alto rio Guamá

José Rondinelle Lima COELHO (PPGAS/UFAM, SEDUC-PA)

E-mail: [email protected]

Felype Mota MOREIRA (UFPA)

E-mail: [email protected]

reflexão feita a seguir é resultado de pesquisas realizadas na

Terra Indígena Alto Rio Guamá, na aldeia Sede, mais

especificamente, em caçadas junto ao povo Tembé Tenetehara

no de 2013. As ponderações que proponho podem ser entendidas

como um esforço de compreender o papel da atividade de caça na cosmologia do grupo em questão. Por isso busquei analisar a dinâmica

de caça e regras para a manutenção da segurança do caçador no

espaço do mato, assim como o processo de produção do corpo e

adoecimento. Busquei fazê-los a luz de Viveiros de Castro para o

entendimento das dinâmicas presentes nas relações de uma sociedade

ameríndia, assim como Garnelo para pensar as categorias ligadas a saúde e doença. Some-se a esses, clássicos como Wagley e Galvão

(1961), Gomes (1977) e Zanonni (1999) para uma análise da história,

versões de mitos e organização social, dados recolhidos por esses

autores em diferentes momentos da trajetória dos Tenetehara. E assim

verifiquei que a atividade de caça é um momento xamanístico, que possui relevância para a manutenção de um mundo onde a

(cosmo)lógica Tembé aparece em cada momento da caçada, seja no

preparo das armas, armadilhas, moquém, nas andanças, construção

A

Page 83: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos culturais e interculturalidade I

I Seminário Tradução e Interculturalidade

83

do mutá e até nos momentos que antecedem e sucedem essa

atividade, pois o cuidado com os parentes deve ser uma constante,

evitando com isso conflitos e possíveis adoecimentos.

Palavras-chave: Caçada. Corpo. Tembé. Adoecimento.

A MEMÓRIA DO CONSUMO:

aspectos culturais da vila Cearazinho

Rafaella Contente Pereira da COSTA (PPLSA/Bolsista CAPES/UFPA)

E-mail: [email protected] Pere Petit PEÑARROCHA (Orientador)

E-mail: [email protected]

presente artigo busca compreender as percepções sobre o

consumo de bens materiais e simbólicos em diferentes

momentos da história de uma vila localizada no município de Bragança no estado do Pará, a Vila Cearazinho, fazendo uma análise

cultural de aspectos do comportamento. Neste sentido, as memórias

possibilitam o entendimento do conteúdo simbólico da ação do

consumo e de como esses sujeitos percebem o mercado ao longo de

suas trajetórias, que possuem características de formações sociais que

se transformaram com o tempo. Usou-se a história oral como fonte de pesquisa, por está vinculada à memória, que é uma ocorrência nos

sujeitos. Desta forma, as narrativas se apresentam como uma fonte

que pode nos dizer, e muito, sobre aspectos do passado e também do

presente, pois desvela saberes transformados a partir dos significados

atribuídos ao consumo. A história do consumo revela como os moradores do Cearazinho percebem a si e o outro, a partir dos valores

conferidos aos elementos da estrutura social que constituem tanto o

espaço da vila quanto os ambientes externos, das relações de poder

existentes, por meio da afirmação de identidades e de como se

posicionam no processo de ressignificação do consumo, que atribui

certas organizações do cotidiano em momentos históricos diversos. Palavras-chave: Consumo. Memória. Cearazinho.

MANDIOCULTURA:

estudos etnográficos e a dinâmica social na “Terra do Brasil”

Natascha Penna dos SANTOS (PPLSA/UFPA)

O

Page 84: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos culturais e interculturalidade I

I Seminário Tradução e Interculturalidade

84

E-mail: [email protected]

Luis Junior Costa SARAIVA (Orientador)

E-mail: [email protected]

etnografia como tradução se propõe a vivenciar experiências. A

descrição resultante do trabalho de campo reporta-nos a uma (trans)formação. A descrição citada sobre o uso da mandioca

que provoca curiosidade pela forma rudimentar do preparo da farinha

e da referência sobre a importância que o alimento tem para a

comunidade da “nova terra”. Foram citadas relações histórico-sociais

entre grupos diferentes, fazendo referência de como cada uma delas descreve o uso da mandioca, mostrando que não se trata só de cuidar

de uma planta que alimenta, mas a importância da farinha na vida

das pessoas apontando os impactos na memória e história de cada

grupo. Para a construção deste trabalho, foram usadas fontes

documentais históricas acessadas via internet, bem como livros e, a

contribuição para os estudos etnográficos foi pensada a partir da análise dessas fontes. O que se pretendeu com esse trabalho foi

instigar a reflexão a cerca dos estudos culturais e suas possibilidades

de relação com a antropologia e os estudos etnográficos. Existe

possibilidade de tradução? Como propor um estudo etnográfico

definitivo sobre a questão levantada? Não há uma única resposta, o

que se tem como o título nos chama atenção é uma cultura da mandioca ou a mandiocultura sendo demonstrada como descrição

histórica levando o leitor a pensar na construção de uma identidade

local bragantina a partir das diversas formas de intersecção entre as

realidades e categorias sociais, o estrangeiro, o índio, o agricultor, a

mulher, e o cultivo da mandioca proporcionando conhecimento para as ciências sociais na medida em que tenta fazer uma observação

dessas dinâmicas.

Palavras-chaves: Tradução. Experiência. Etnografia. História.

O MITO DO ATAÍDE: reflexões preliminares sobre a relação entre meio ambiente e

narrativas orais na comunidade de Bacuriteua, Bragança, Pará

Luis Junior Costa SARAIVA (UFPA)

E-mail: [email protected]

A

Page 85: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos culturais e interculturalidade I

I Seminário Tradução e Interculturalidade

85

presente comunicação busca refletir sobre o conjunto de

narrativas orais coletadas na comunidade de Bacuriteua, umas

das comunidades pertencentes a Reserva Extrativista Marinha

do Caeté Taperaçu, a qual localiza-se próxima a Bragança-Pará. Nosso

objetivo e refletir sobre os mitos que surgem nas narrativas orais e a

relação entre mitos e meio ambiente. Levando em conta o fato de que os moradores da referida comunidade vivem da pesca e da extração do

caranguejo, a relação deste com a natureza é algo importe de ser

abordado a partir dos mitos. A metodologia aplicada na presente

pesquisa é de cunho antropológico, dentro de uma perspectiva do

estudo do imaginário e das representações sociais. A partir do trabalho de campo junto a comunidade, foi possível realizar a coleta

de narrativas orais sobre os mitos com pessoas que narram essas

histórias nesse contexto social. Nosso objetivo foi construir um diálogo

com a comunidade envolvida partindo das realidades vividas em

relação aos mitos narrados por esses diversos atores sociais, dando

destaque para o mito do Ataíde. Um primeiro elemento importante, possível de destacar nas narrativas dos moradores da referida

comunidade, é a forma como o mito está relacionado a preservação

ambiental, pois como alguns dos entrevistados já definem em seus

relatos orais, o Ataíde é o “Dono do Manguezal”, o que nos apresenta a

importância social desse mito no espaço da comunidade e da sua

relação com a natureza. Palavras-chave: Mito. Ataíde. Bacuriteua. Meio ambiente. Oralidade.

OS RASTROS DA CULTURA INDÍGENA EM CAMETÁ:

uma breve discussão metodológica

Pâmela Paula Souza NERI (PPGEDUC/UFPA/bolsista CAPES)

E-mail: [email protected]

Gilcilene Dias COSTA (Orientadora)

E-mail: [email protected]

presente trabalho pretende apresentar o projeto de pesquisa

que tem como objetivo traçar uma análise sobre o processo de

silenciamento da cultura indígena no município de Cametá,

seguindo os rastros do que chamamos de trilha indígena, as

localidades da Aldeia-Cujarió-Pacajá-Cametá-Tapera. A pesquisa toma como base a cronística de Pero de Magalhães Gândavo para viabilizar

a discussão sobre a construção da representação da cultura indígena

A

O

Page 86: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos culturais e interculturalidade I

I Seminário Tradução e Interculturalidade

86

dada pela visão do colonizador. A proposta consiste em voltar quando

necessário para a literatura produzida na época, como forma de

perceber pela vertente pós-colonial como a representação indígena foi

constituída na historiografia brasileira. Desse modo, tomaremos como

base na pesquisa de Pós-graduação do Mestrado de Educação e

Cultura da UFPA três vertentes de problematização, a saber: os estudos pós-coloniais, que fomentarão os discursos sobre a crítica à

colonização dos saberes indígenas na historiografia brasileira. Em segundo lugar, partiremos para o estudo sobre o processo de memória-esquecimento da cultura indígena no município de Cametá, buscando

entender, num terceiro movimento, por meio do pensamento da alteridade, o movimento de afirmação e negação do outro em nossa

cultura, interligando os elementos diacrônicos e sincrônicos da experiência no contexto histórico atual. Para essa primeira discussão

apresentada, levantaremos os principais conceitos do pós-colonialismo

que serão usados como arcabouço metodológico durante a pesquisa,

perpassando pela contribuição da genealogia do sujeito e

consequentemente da narrativa autobiográfica para a construção metodológica da investigação.

Palavras-chave: Crônicas de viagem. Memória-esquecimento. Pós-

colonialismo.

QUANDO PESQUISADOR E NATIVO SÃO DA “MESMA” CULTURA? alteridade e família na Amazônia

Kirla Korina dos Santos ANDERSON (IFPA/Campus Tucuruí)

E-mail: [email protected]

objetivo principal do trabalho consiste em contribuir para a

reflexão sobre interculturalidade na Amazônia, tendo como

ênfase a construção do “outro”, no contexto das relações de

família. Para isso, parte da ideia de que a socialização consiste num

processo de interação social, que engloba os mais diversos aspectos da

vida em sociedade (família, escola, grupos de amigos) e que acompanha toda a vida do indivíduo, para além do ideal de

transmissão cultural. A pesquisa foi realizada entre famílias de

camadas médias urbanas, na cidade de Belém/PA, e contou com

pesquisa bibliográfica sobre família, socialização e camadas sociais;

entrevistas com onze pessoas de diferentes posicionamentos na família, além de observações. Referida emicamente como educação

O

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Estudos culturais e interculturalidade I

I Seminário Tradução e Interculturalidade

87

e/ou criação, a socialização faz parte de um conjunto de idealizações

que as famílias constroem, geralmente demarcadas por ideais de certo

e errado e bem e mal, no qual a família é tratada como local de

aprendizado das relações sociais, embora com especificações em cada

contexto familiar. A antropologia, em seus esforços de entendimento

das diferenças entre as relações sociais, dedicou grande destaque à noção de alteridade, de estar com o outro (muitas vezes, tida através

do estudo de sociedades “nativas”, “exóticas”, ou seja, de uma

realidade diferente da do pesquisador). A leitura de autores como

Clifford Geertz, Marcell Mauss, Roberto Cardoso de Oliveira e Roberto

DaMatta, mostra a necessidade de se relativizar as experiências nativas, que estão sendo observadas e compreendê-las no contexto em

que são produzidas. Neste sentido, vale ressaltar que cada família

apresenta a sua especificidade, ou melhor, é como se cada casa fosse

um caso, por isso a diversidade de formas de pensar e sentir a

socialização na família. Ao falar de sua socialização, os entrevistados

procuram fazer isso ao comparar o tratamento que tiveram em relação à infância dos pais, ou a sua em relação aos seus filhos. Assim, a

categoria “outro” que se investiga envolve a consideração sobre o modo

de vida do grupo pesquisado, com ênfase para a maneira como

construímos um espaço relacional, em que a cultura opera como uma

lente através da qual enxergamos, classificamos e tratamos o outro.

Portanto, a socialização é um processo relacional, em que o outro aparece como um espelho, que reflete a rede de relações a que o

indivíduo está submetido, o que serve de reflexão para minha

pergunta central nesta análise.

Palavras-chave: Socialização. Alteridade. Antropologia.

RESGATE DA CULTURA DA PRODUÇÃO DE PANELAS DE BARRO

como fonte de renda sustentável em comunidades rurais no

município de Bragança

Délio Saraiva dos SANTOS (UNINTER) E-mail: [email protected]

o passado produzir panelas de barro era um requisito da “boa

dona de casa”, já que acesso a materiais metálicos e outros do

gênero eram de difícil acesso até meados do século XX. Esse processo produtivo ainda hoje é muito recorrente em alguns

municípios do estado do Pará, porém de forma isolada este saber

N

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Estudos culturais e interculturalidade I

I Seminário Tradução e Interculturalidade

88

silenciosamente está desaparecendo, já que está guardado nas mãos

de poucas senhoras, que mesmo não tendo apenas como função uso

doméstico, mas também como produto de comercialização ou troca é

ainda pouco explorado como negócio. Em 2003 com a parceria do

SEBRAE-PA, iniciamos um processo de investigação e aperfeiçoamento

de métodos e criação de equipamentos com o objetivo de através de uma produção comercial e sistemática fortalecer a cultura e manter a

tradição da fabricação ceramista através da comercialização de

panelas de barro. Esta tradição ceramista aos poucos vem

desparecendo em virtude do não reconhecimento pelas novas gerações

da importância desta produção para as gerações futuras. Buscamos através deste processo a consolidação do legado deixado pelos

antecessores que aqui estiveram, incentivando, divulgando,

visibilizando e mantendo esta produção que vai além da simples

comercialização, tornando-se fonte de orgulho de uma tradição rica e

expressiva da cultura local.

Palavras-chave: Regate. Inovação. Comércio.

UM ENSAIO ETNOGRÁFICO DA EDUCAÇÃO KA’APOR

como resistência sociocultural

Evilania Bento da CUNHA, (PPGLS/UFPA/UNIFAP) E-mail: [email protected]/[email protected]

José Guilherme dos Santos FERNANDES (Orientador)

E-mail: [email protected]

artigo aqui apresentado é resultado dos estudos da pesquisa de mestrado no Programa Linguagem e Saberes na Amazônia

durante disciplinas cursadas para obtenção de créditos, com

projeto intitulado A (RE)SIGNIFICAÇÃO DO LUGAR E AS NOVAS

TERRITORIALIDADES DOS KA’APOR NAS ALDEIAS XIÉ PYHÚN

RENDA, PARAKUY RENDA E TURIZINHO. Far-se-á um recorte do

Projeto de Educação Ka’apor a partir do olhar da pesquisadora e de sua experiência como educadora formadora na Educação Escolar

Indígena dando ênfase à avaliação diagnóstica realizada no ano de

2012, do qual originou esse projeto de pesquisa. De acordo com o

Parecer Interdisciplinar Preliminar resultante da avaliação

diagnóstica, o projeto de escolarização dos povos indígenas no Brasil trás consigo métodos ou formas de mensurar, ou não, o processo de

aprendizagem das habilidades apresentadas no decorrer das

O

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Estudos culturais e interculturalidade I

I Seminário Tradução e Interculturalidade

89

atividades impostas, desconsiderando os inúmeros espaços próprios

da educação ou desenvolvimento das pedagogias indígenas,

restringindo os espaços de aprendizado ao confinamento da escola.

Essa perspectiva orientou os sujeitos e instituições que até o presente

momento vêm “ensinando” nas escolas da Terra Indígena Alto Turiaçu.

Juntamente com esse modelo e estrutura externa ao mundo do povo indígena chegam práticas, valores, metodologias de ensino e avaliação

do ensino-aprendizado aos moldes da educação escolar que não

conseguem ser eficientes. A avaliação teve como objetivos desenvolver

atividades pedagógicas interdisciplinar com práticas do mundo

kamará (não indígena) e ka’apor e fazer um levantamento da história de vida escolar dos educandos. Neste trabalho pretende-se apresentar

um relato etnográfico das aulas do componente curricular História e

Geografia. A metodologia adotada foi pesquisa documental do material

didático utilizado para a avaliação e construção de material

proveniente das aulas, além de consulta aos documentos técnicos

elaborados pelos professores formadores. Palavras-chave: Ka’apor. Educação Escolar Indígena. Avaliação.

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Linguagens discursivas e culturais

I Seminário Tradução e Interculturalidade

90

LINGUAGENS DISCURSIVAS e culturais

Coordenadores: José Sena da Silva Filho

e Hadson José Gomes de Sousa

ESTUDOS DOS GESTOS

dêiticos na linguística

Romário Duarte SANCHES (Bolsista CAPES/UFPA)

E-mail: [email protected]

Sabine REITER (Orientadora)

E-mail: [email protected]

ste presente trabalho objetiva explicitar a relevância dos

estudos dos gestos, em especial os gestos dêiticos, na ciência da

linguagem. Como pressupostos teóricos utilizamos Kendon

(1972; 2004), McNeil (1992; 2005) e Streeck (2009). Estes autores

tratam da relação dos gestos com a fala, dos gestos como linguagem, e

inferem discussões dos aspectos linguísticos e cognitivos, além de sistematizarem e classificarem os gestos em tipos. Haviland (2000)

também serviu de base teórico-metodológica, já que suas pesquisas

tratam especificamente de um dos tipos gestuais, o uso do gesto

dêitico. Os pressupostos metodológicos seguem, em partes, os

métodos adotados pela etnografia e pela antropologia visual. Também foram adotados alguns procedimentos no tratamento dos dados. Como

se trata de um estudo experimental utilizamos apenas uma gravação

audiovisual que contempla uma narrativa oral de um morador

residente na Ilha de Santana, localizada no município de Santana -

AP, Brasil. Esta narrativa compõe o corpus de dados do Grupo de

Pesquisa Núcleo de Fotografias Contemporâneas (NUFOC) da Universidade Federal do Amapá. A pesquisa nos mostrou que os

E

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Linguagens discursivas e culturais

I Seminário Tradução e Interculturalidade

91

gestos dêiticos são visualizados na interação comunicativa do sujeito

durante a narrativa, e nos leva a compreender que tanto os gestos

quanto a fala estão intrinsecamente ligados. Deste modo, inferimos

que os gestos dêiticos também precisam ser compreendidos como

categorias linguísticas de análises plausíveis.

Palavras-chave: Linguística. Gestos dêiticos. Fala.

INSTITUIÇÃO E CONSTITUIÇÃO

da identidade do sujeito professor

Hadson José Gomes de SOUSA (UFPA)

E-mail: [email protected]

o esforço de discutir sobre concepções/percepções acerca de

tessituras identitárias é que nasce esse trabalho. Para tanto,

nos dedicaremos a refletir, ancorados em Geraldi (2010a), sobre duas possibilidades de construção da identidade. A saber, os processos de instituição e constituição do ser, expressões-chave caras a

este estudo; que implicam pensar duas possibilidades de relação. Em

seguida queremos defender/discutir a partir de uma perspectiva di-

alógica, a identidade concebida como construto resultante da relação

com a(s) alteridade(s) – relação Eu-Tu. A relação com a Outridade, com o absolutamente Outro, interrelação, enceta a constituição da

identidade, portanto. Identidade que é construída num movimento em

que a diferença identifica (GERALDI, 2010b; LÉVINAS, 1988, 2004).

Por essa via, rechaça-se o ser ensimesmado e a identidade cartesiana

solipsista. Após esse percurso, intuímos verticalizar essa discussão

para analisar concepções de identidades que circulam socialmente e são delegadas ao sujeito professor. Tomaremos como objeto de análise charges veiculadas em espaços virtuais de interação (Facebook e

WhatsApp). Num exercício crítico de refutar modelos

homogeneizadores e padronizadores, de instituição, que eliminam o

foco interacional-dialógico, logo não contemplam a identidade como

um “(...) processo de constituição ao longo da vida”. (GERALDI, 2010a). Que no caso do professor se constitui na relação triádica:

professor(es), aluno(s) e objeto(s) de ensino, dentro dos espaços de

interação em que esse profissional atua; a sala de aula, no caso. Por

conseguinte, percebemos que essas identidades impostas comportam

discursos que circulam e tornaram-se senso comum e tentam inolucar

N

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Linguagens discursivas e culturais

I Seminário Tradução e Interculturalidade

92

e perpetrar sentidos que pauperizam a imagem social do sujeito

professor.

Palavras-chave: Sujeito professor. Instituição. Constituição.

Identidade.

LITERATURA E CINEMA:

perspectiva intercultural amazônica

Cleidiane Maria Pureza MORAES (UFPA)

E-mail: [email protected] Tabita Moraes de CASTILHO (GEPEM/UFPA)

E-mail: [email protected]

Lilian Pereira NASCIMENTO (Orientadora)

E-mail: [email protected]

ste trabalho tem por objetivo mostrar a literatura e o cinema em uma perspectiva intercultural amazônica onde aborda diferente

e diferenças culturais pelo meio de uma diversidade de valores,

conhecimentos e costumes que fazem parte da realidade Amazônica.

Nos últimos anos a Amazônia tem sido assunto de relatórios,

documentos, poemas, contos, ensaios, romances, literatura em geral e

na modernidade a arte cinematográfica. E cada vez que alguém a descreve a partir de seu olhar e sua cultura, ela passa a ser narrada

pelo mistério que rodeia a essência natural de cada morador, e este

real torna-se conhecimento de outra cultura distinta da sua e faz com

que o imaginário dessas pessoas o usufrua desses saberes regionais

amazônicos. As culturas amazônicas estão rígidas por uma filosofia chamada pespectivismo, isto é, a noção de que o mundo esta habitado

por uma classe diferente, humana e não humanos que aprendem a

realidade de diferentes pontos de vistas e dentre esses a natureza

perspectivista das cosmologias amazônicas e as fronteiras fluidas

entre as culturas mestiças e indígenas que o cerca. E neste

intercambio de diferentes culturas temos como metodologia a literatura e o cinema que contribuem positivamente na

interculturalidade de um povo. A literatura se revela como uma área

do conhecimento humano que promove facilmente essa parceria,

principalmente quando conjugamos com outras formas artísticas

como é o caso do cinema, o qual se revela como forma de conhecimento, ou seja, o cinema é o interlocutor dessas questões

interculturais de um povo, tal como a obra “Iracema” de Jose de

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Linguagens discursivas e culturais

I Seminário Tradução e Interculturalidade

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Alencar, que retrata tanto nos textos quanto no filme Iracema Uma

Transa amazônica de Jorge Bodansky e Orlando Senna, dilemas

comuns da cultura de um povo, é justamente essa realidade

apresentada nesta obra que a torna mais cativante ao leitor, pois não

se trata da historia de um super herói que faz atos incríveis de modo

fantasioso e sim de uma realidade regional vividas por pessoas que são heróis de suas próprias historias. Com isso, este estudo nos fez

perceber que literatura e cinema são parcerias de conhecimento

intercultural.

Palavras-chave: Amazônia. Cinema. Cultura. Literatura.

NOS RASTROS DA AVALIAÇÃO:

análise das intervenções do professor de língua portuguesa em

textos escolares

Eduarda Otacília Silva MEIRELES (UFPA) E-mail: [email protected]

Fernanda Ramos CORREA (UFPA)

E-mail: [email protected]

Hadson José Gomes de SOUSA (Orientador)

E-mail: [email protected]

om este trabalho objetivamos analisar as concepções que

perpassam o ato de avaliar em Língua Portuguesa,

especificamente avaliação de textos escolares, produzidos por

alunos do 8º ano do ensino fundamental, do Centro Educacional

Sagrada Família, localizado na cidade de Curuçá-PÁ. Com base nos rastros deixados pelo professor no processo de correção, analisaremos

e interpretaremos com base nas teorias que discutem sobre avaliação

escolar e textual o que é priorizado pelo professor ao intervir nos

textos produzidos em sala de aula e de que maneira essa avaliação

pode contribuir para a construção do conhecimento pertinente a

produção textual dos alunos. Para essa análise, utilizaremos como aporte teórico, dentre outros autores, as discussões sobre avaliação

em língua materna tecidas por Suassuna & Marcuschi (2007). Segundo Suassuna (in Suassuna & Marcuschi, 2007, p.11) “Uma das

principais dimensões da avaliação é a de promover a construção do

conhecimento.” Assim, refletiremos se as marcas deixadas pelo

professor, nos textos dos alunos, servem de suporte para a retextualização e construção do conhecimento, tanto pelo aluno

C

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Linguagens discursivas e culturais

I Seminário Tradução e Interculturalidade

94

quanto pelo professor. Ou seja, se há ensino-aprendizagem nesse

processo. Daí, chegaremos à discussão da(s) concepção(ões) de

avaliação que prevalece(m) e/ou predomina(m) em cada ato avaliativo.

Assim, tentaremos demarcar as concepções de texto que são levadas

em consideração pelo professor nesse processo.

Palavras-chave: Avaliação. Língua Portuguesa. Produção Textual.

SABERES LOCAIS EM PRÁTICAS ORAIS:

letramentos nas vivências do rio Jepohúba - Breves Marajó-PA

Mônica de Jesus dos Anjos NUNES (UFPA/PARFOR)

E-mail: [email protected]

José SENA FILHO (Orientador)

E-mail: [email protected]

Luiz GUILHERME JUNIOR (Co-Orientador)

E-mail: [email protected]

presente trabalho é resultado de uma pesquisa sobre

narrativas orais e saberes dos ribeirinhos do Rio Jepohúba no

Município de Breves, onde os contos transcritos e reescritos

foram aplicados em um projeto de leitura e escrita na Escola

Margarida Azevedo Nêmer, no Município de Breves – Pará, Marajó, com alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental. O mesmo foi

elaborado e desenvolvido por causa da necessidade em atrair os

alunos das referidas séries para o mundo da leitura e escrita, visto

que o rendimento na sala de aula estava comprometido. O projeto foi

aplicado, com base na perspectiva enunciativa de Mikhail Bakhtin e de Letramentos conforme orienta Roxane Rojo, além de outros autores

da área, levando em consideração os saberes ribeirinhos como prática

de leitura e escrita integrada ao seu meio social, no intento de que

cada criança também usasse sua vivencia diária e em família como

ferramenta de ensino e aprendizagem para uma alfabetização de

qualidade, tornando assim a realidade escolar uma significação diferenciada para o discente. O resultado foram alunos leitores,

capazes de criar e recriar o próprio saber e o projeto que deveria

apenas coletar dados para a construção do trabalho de conclusão de

curso, se tornou parte do Projeto Politico Pedagógico da escola e foi

estendido para as escolas ribeirinhas, onde as narrativas foram gravadas, sendo desenvolvido em todos os turnos nas escolas,

tornando alunos capazes de ler e criar seus próprios textos.

O

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Linguagens discursivas e culturais

I Seminário Tradução e Interculturalidade

95

Palavras-chave: Narrativas orais. Ribeirinhos. Letramentos.

SALAS DE CINEMA, VIDA URBANA E ESPECTADORES:

o impacto cultural do cinema no cotidiano bragantino nas

décadas de 1960-1990

Ariane Baldez COSTA (PPLSA)

E-mail: [email protected]

Pedro Petit PEÑARROCHA (Orientador)

E-mail: [email protected]

trabalho visa estudar por meio das narrativas orais daqueles

que frequentaram as salas de cinema em Bragança, o impacto

cultural do cinema no cotidiano bragantino durante os anos de

1960-1990. Mediante a isto, procuramos também discutir aspectos no

que diz respeito à importância da experiência com o cinema na vida sociocultural local, procurando entender como essa experiência era

vivenciada e como ocorria a recepção da sétima arte. O cinema se

instala na rotina dos moradores do município de Bragança, aliás, pelo

menos de uma parte dela, ainda que não fosse de forma linear (pois

entre seus altos e baixos, as salas de cinema foram sobrevivendo)

permanecendo assim na vida social dos bragantinos, atravessando gerações e gerações durante aproximadamente oito décadas,

destacando o Cine Olímpia como a mais popular e frequentada sala de

cinema da cidade. Dessa forma, o estudo permeia o universo da

memória o qual privilegia os mais diversos conjuntos de experiências,

prazeres e práticas sociais voltadas para as exibições cinematográficas. Seu desenvolvimento inicia a partir de uma

abordagem interdisciplinar, a qual dialoga com os diversos campos de

conhecimento, como a história oral, a antropologia, da sociologia, a

história etc., enveredando por uma metodologia de pesquisa de campo

e bibliográfica, tendo como apoio teórico Verena Alberti (2005) no âmbito das fontes orais, Maurice Halbwachs (2006) com suas considerações sobre a memória, Jean-Claude Bernardet (2006) e (2009)

em um panorama sobre a história do cinema nacional e mundial,

Leôncio SIQUEIRA (2208) e Benedito Cezar Pereira (1963) em um

estudo historiográfico local e Graeme Turner (1997) com sua teoria do

cinema como prática social.

Palavras-chave: Cine Olímpia. Bragança. Espectadores. Cinema. Impacto cultural.

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Estudos literários e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

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ESTUDOS LITERÁRIOS e Interculturalidade

Coordenadora: Larissa Fontinele de Alencar

A ATUAÇÃO DA PERSONAGEM ÚRSULA IGURÁN BUENDÍA

na obra Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez

Raimundo Conceição de Araujo de SOUSA (UFPA)

E-mail: [email protected]

Iris de Fátima Lima BARBOSA (Orientadora)

E-mail: [email protected]

Literatura Hispano-americana por apresentar uma diversidade

de temas, sejam eles em relação ao contexto local, seja aos

elementos universais que afligem o gênero humano, e essa

pluralidade faz com que o conjunto de obras, principalmente as

produzidas a partir dos anos cinquenta do século vinte colocaram a América Latina em destaque no cenário literário mundial. Neste artigo,

apresentaremos uma análise sobre algumas características presentes no romance Cem anos de solidão, do escritor Gabriel García Márquez,

e que são os fios condutores que irão direcionar este trabalho.

Primeiro será discutido o Boom Latino-americano e a relação que

Gabriel García Márquez tem com esta definição, posteriormente, e do mesmo modo, destacaremos o Realismo Mágico e sua analogia com a

obra estudada. Apresentaremos de maneira sucinta uma biografia do

escritor e um comentário sobre o romance em questão. Com estas

informações e com fundamentações teóricas de crítica e teoria literária

entraremos no ponto principal que é a construção e atuação da

personagem, para isso escolhemos a matriarca Úrsula Iguarán Buendía. Para desenvolvimento deste usamos como fundamentação teórica as obras Literatura e Sociedade, de Antonio Candido; A

A

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Estudos literários e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

97

personagem, de Beth Brait, El Boom em perspectiva, de Ángel Rama;

Historia da literatura Hispanoamericana, de Bella Josef; Antologia crítica de la Literatura Hispanoamericana, de John O’Kuinghttons

Rodríguez.

Palavras-chave: Realismo Mágico. Boom Latino-americano. Cem anos

de solidão. Úrsula Iguarán Buendía.

A BIOGRAFIA

de Benedito César Pereira

Lidiane Sousa da SILVA (UFPA)

E-mail: [email protected]

presente trabalho objetiva mostrar a biografia do poeta,

político, bragantino, chamado Benedito César Pereira, este é

um dos capítulos de meu TCC, que intitulou-se “Maní de

Urutá: A Lenda Bragantina de Benedito César Pereira” a sua elaboração só foi possível com os relatos de seus familiares e amigos e

por meio da oralidade consegui elaborar a biografia do mesmo, já que

quase nada encontramos impresso que mencione este autor que muito

ajudou na construção histórica cultural de Bragança. Nome

importante do cenário político e poético de Bragança, dentre seus

escritos destacam-se “Sinopse da História de Bragança” (1963), “Maní de Urutá” (1958), obras que o tornaram conhecido entre os escritores

bragantinos, mas que poucos tiveram o privilégio de tais leituras, pois

as mesmas são de difícil acesso. E dos poucos exemplares do poema

“Maní de Urutá” saiu de Bragança na I Jornada Paraense de Folclore,

onde o próprio autor presenteou os participantes do evento e grande parte deste público era de outras regiões do estado. “Os ‘causos’

contados durante o dia e na festa: mitos, estórias, lendas, narrativas

antigas, perdidas no tempo, transmitidas de uma geração à outra sem

que ninguém se lembre de um autor ou de uma origem” (BRANDÃO,

1984, p. 20). Objetivando que os relatos da família e amigos do autor

não se perdessem no tempo e não ficasse somente no plano da oralidade e a cada nova informação o encanto crescia em transformar

esses relatos em texto escrito. “Uma ou muitas pessoas juntando suas

lembranças conseguem descrever com muita exatidão fatos ou objetos

que vivenciaram” (HALBWACHS, 2006, p. 31). Para fundamentar esse

estudo e enriquecer os relatos são usadas as leituras: (MOISÉS, 2004); (LARAIA, 1997); (ROSÁRIO, 1999); (LÉLIS. 1999); (COUTO, 2000).

O

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Estudos literários e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

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Palavras-chave: Bragança. Benedito César Pereira. Cultura.

A INFLUÊNCIA DOS ROMANCES DE CAVALARIA

no imaginário da literatura de cordel: o caso de Amadis de Gaula

e da História da Princesa da Pedra Fina

Thays da Costa PANTOJA (UFPA)

E-mail: [email protected]

Suzy Maria Campelo RODRIGUES (UFPA)

E-mail: [email protected] George PELLEGRINI (Orientador)

E-mail: [email protected]

s romances de cavalaria encheram de encantamento e fantasia

o imaginário ibérico do final da Idade Média e do início do

Renascimento. Nelas, os heróis saem em busca de aventuras, dispostos a lutar contra qualquer tipo de inimigo. O âmbito onde o

cavaleiro está imerso é totalmente fantástico; sempre vence a gigantes

e a seres monstruosos; castelos, encantamentos e coisas

sobrenaturais aparecem constantemente no mundo novelesco de

cavaleiros andantes. Serviu de inspiração para que Cervantes

escrevesse o mais famoso romance de todos os tempos: Don Quixote de La Mancha. Das páginas dos romances de cavalaria saíram muitos

dos nomes com que os conquistadores batizaram vários lugares da

América recém-descoberta. A nossa literatura de cordel traz muito do

imaginário percebido nos romances de cavalaria. O universo

maravilhoso de princesas, dragões e cavaleiros andantes foi transportado para o sertão. Este trabalho tem o objetivo de, através do comparatismo literário, fazer uma análise do cordel A princesa da Pedra Fina, de Leandro Gomes de Barros e do romance de cavalaria El Amadis de Gaula, anônimo, levando em consideração as principais

características e outros aspectos irrelevantes relacionados com o

gênero novelas de cavalarias. O principal motivo de focalizar este

gênero é familiarizar os demais com gêneros poucos conhecidos, mas, que são pertinentes para a sua formação.

Palavras-chave: Cordel. Romances de cavalaria. Amadis de Gaula.

Literatura Comparada.

BATUQUES E UMBANDAS:

O

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Estudos literários e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

99

entre Bruno de Menezes e o terreiro de Mãe Terezinha, em

Bragança/PA

Nazareno Araújo BARBOSA (UFPA)

E-mail: [email protected]

este estudo abordaremos a relação cultural e literária entre as

práticas afro-religiosas e o texto “Batuque” de Bruno de

Menezes, escritor paraense. Serão investigadas, principalmente,

as práticas umbandistas, na cidade de Bragança, Nordeste do Pará,

mais especificamente, o Terreiro da Mãe Terezinha. Preocupamo-nos com os aspectos sociais e históricos desta prática afro-religiosa, nossa

análise se volta para como ela surge na cidade de Bragança, e quais os

eventos históricos a ela relacionados desde seu aparecimento até o

início do século XXI. Dentro do contexto cultural atual encontramos

diferentes possibilidades de expressões de religiosidade, cada uma

delas permite ao homem moderno se relacionar de formas diversas com o mundo sobrenatural, sagrado e religioso. Algumas religiões

sofrem preconceitos por parte da sociedade, pelo fato e

reconhecimento da falta de informação sobre religiosidades e cultos

afro-brasileiros. Diante desses aspectos, pretendemos relacionar comparativamente com a obra Batuque, de Bruno de Menezes,

utilizando o poema de mesmo título como forma de símbolo ao batuque que é feito no terreiro de umbanda de Mãe Terezinha.

Portanto, este estudo, ainda preliminar, pretende traçar pontos de

intersecção entre os estudos culturais e os literários, como forma de

construção social sobre as práticas afro-religiosas traduzidas

culturalmente para o texto ficcional e metafórico de Bruno de

Menezes. Palavras-chave: Mãe Terezinha. Bruno de Menezes. Práticas afro-

religiosas. Literário.

ENTRE O PROFANO E O SAGRADO: o dilema da santidade

Adriana da Silva LOPES (Bolsista CAPES/PPLSA)

E-mail: [email protected]

Roberta Alexandrina da SILVA (Orientadora)

E-mail: [email protected]

N

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Estudos literários e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

100

ste trabalho irá realizar uma investigação sobre dois termos

específicos da área religiosa: o sagrado e o profano. O objetivo

deste trabalho é realizar um estudo de caso desses dois termos,

a investigação irá se concentrar na análise da etimologia, nas

definições encontradas em diferentes dicionários, o uso dessas

palavras em diversos contextos e na visão de teóricos da área religiosa. O estudo possui aportes teóricos das áreas de Terminologia, Tradução

e Discurso, para assim, compreendermos a linguagem religiosa, o

transporte dos termos sagrado e profano da área religiosa para outras

áreas do conhecimento e entender como o discurso religioso influencia

na concepção dos cristãos sobre tais termos. Faz-se necessário atentar para a origem desses termos e como os dicionários os definem. A

Bíblia Sagrada é outro recurso utilizado na pesquisa, verificaremos

como os termos “sagrado” e “profano” são empregados em um livro de

cunho altamente religioso. Textos jornalísticos também servirão de

contribuição nesse trabalho, notaremos, em um ambiente informativo,

os contextos que os termos “sagrado” e “profano” integram e as associações à eles dadas. Oferecerá embasamento teórico neste estudo

autores como Ieda Maria Alves, Maria da Graça Krieger, Maria José

Finatto, Adail Sobral e Eni Orlandi.

Palavras-chave: Terminologia. Tradução. Discurso. Sagrado. Profano.

LIMIARES LITERÁRIOS DA MARUJADA

de São Benedito em Bragança-PA

Larissa Fontinele de ALENCAR (SEDUC/UFPA)

E-mail: [email protected]

proposta deste estudo é apresentar alguns pontos limiares

entres os conceitos que abrangem Cultura e Literatura,

evidenciando rastros silenciados de memória afrodescendente

no contexto histórico-antropológico da Marujada de São Benedito de

Bragança/Pará, mas que permanecem no texto literário, mais precisamente, a obra de Lindanor Celina, Menina que vem de Itaiara.

Inicialmente, propomos uma investigação da manifestação cultural de

louvação a São Benedito. Para em seguida, observamos pontos de

intersecção entre aspectos culturais e literários que direcionam para

uma problemática que determina o rastro de memória silenciado.

Assim, para compor o tópico teórico-metodológico, observamos a noção de memória, esquecimento e silêncio a partir do olhar de

E

A

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Estudos literários e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

101

estudiosos de diferentes áreas do conhecimento, mas que convergem

para esclarecer mais precisamente o conceito de “rastro”, como

Ricoeur (2007), Gagnebin (2006), Assman (2011), Benjamim (1987),

Ginzburg (2012), Pollak (1989), dentre outros, que tracejam o percurso

para entender o rastro silenciado tanto na manifestação cultural,

quanto no texto literário. Partindo desses pressupostos, relacionamos rastros da memória com a cultura originária dos negros; são códigos

embrionários da cultura da Marujada que também surgem nas

narrativas literárias. E, por isso, são essenciais para a compreensão do texto de Lindanor Celina, Menina que vem de Itaiara. Ressaltamos

que os rastros silenciados foram observados com a proposição de

ponderar a transição de silenciamento dos rastros da memória cultural para o código ficcional. Portanto, o principal objetivo deste

estudo é verificar como os rastros da memória transitam do código

cultural para a narrativa literária através do viés do silenciamento.

Palavras-chave: Memória. Rastro. Silêncio. Marujada de São Benedito.

MARIA LÚCIA MEDEIROS:

trajeto e palavra

Aline de Fátima da Silva LUCENA (PPLSA/UFPA)

E-mail: [email protected] José Guilherme dos Santos FERNANDES (Orientador)

E-mail: [email protected]

ste trabalho tem por objetivos estudar a ficção autobiográfica de

Maria Lúcia Medeiros, pelo viés da memória, entrelaçando a

tênue fronteira entre ficção e realidade; pretende-se ainda estabelecer relações entre o texto da escritora, suas memórias e vozes

de entrevistados sobre a sua poética, considerando o estudo e análise de sua obra Quarto de Hora (1994). Nesta abordagem, procuraremos

verificar como se intercruzam o texto literário, as vivências e memórias

de Maria Lúcia e a versão dos entrevistados acerca de sua obra. Maria Lúcia produz seus textos ancorados nas próprias reminiscências e por

meio das lembranças constrói uma obra rica e pungente. Em se

tratando da prosa literária de Maria Lúcia, como o acessar da

memória revela ou encobre vinculações entre o vivido e o imaginado?

Como a restauração do passado deixa entrever o autobiográfico no

literário? A autora é memória de sua obra e sua obra memória de sua autora ou vida e obra não guardam os rastros uma da outra? Vários

E

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Estudos literários e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

102

são os momentos em que se verifica na obra de Maria Lúcia o

fomentar da questão. Não só as suas personagens lembram, recordam,

restauram; também a autora o faz, transfigurando a experiência vivida

em arte, por meio de recursos vários que asseguram o ambíguo lusco-

fusco entre autobiografia e ficção. O procedimento metodológico está

pautado em descrever as bases diferenciais de uma escrita que congrega elementos reais e criação ficcional. Com base na leitura dos

textos – literários e não literários – de Maria Lúcia Medeiros (contos,

depoimentos) investigaremos como Maria Lúcia representa em sua

escrita elementos reais que são transfigurados para a esfera da ficção

por meio de uma leitura interpretativa da vida e obra da escritora. O estudo pretende, nesse sentido, traçar uma linha de leitura da obra da

escritora seguindo uma perspectiva autobiográfica e memorialística,

segundo a qual procura-se entender a sua obra literária como espaço

onde se espelha a vida da própria escritora e a fragmentação do

sujeito, típica do mundo contemporâneo.

Palavras-chave: Maria Lúcia. Memória. Ficção. Autobiografia.

RASTROS DE “CAMÕES”

em narrativas orais bragantinas

Maria Evangelina Gato dos SANTOS (UFPA) E-mail: [email protected]

Larissa Fontinele de ALENCAR (Orientadora)

E-mail: [email protected]

presente estudo visa apresentar uma pesquisa preliminar que consiste na coleta de narrativas orais que tematizam peripécias

feitas por uma personagem denominada de Camões, são

narrativas orais recorrentes entre idosos que vivem na região

bragantina, nordeste paraense. Por ter uma diversidade dessas

narrativas presentes nos contares populares da região, surge a

necessidade de averiguar como se dá a construção do personagem, para assim, partimos para uma análise literária que esboce traços e

rastros de Camões nas narrativas orais. Como pressuposto teórico,

tomaremos como base: Walter Benjamin (1985), Ecléa Bosi (2003) e

Paul Thompson (1992), dentre outros teóricos. Quanto aos dados,

foram observadas cerca de dez narrativas orais coletadas entre pessoas idosas moradoras de Bragança-PA e arredores. É válido

ressaltar, que a pesquisa está em andamento, mas já constatamos que

O

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Estudos literários e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

103

se trata de narrativas curtas que relatam as aventuras e anedotas de

Camões, um senhor esperto, sábio e corajoso que realiza quase todas

as ações dentro da narrativa, ou seja, é o personagem principal.

Assim, inicialmente analisaremos como ocorreu o contato dos

narradores com as narrativas de Camões; posteriormente

observaremos qual a sua relevância ou significado no contexto social da região bragantina e a sua disseminação a partir da influência, de

certa maneira, do mito camoniano português. Desse modo, o estudo

também tem como foco traçar o percurso narrativo da personagem e

considerar possíveis influências da literatura de cordel nordestina com

o escritor português Luís Vaz de Camões. Palavras-chaves: Narrativas orais. Camões. Personagem.

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Estudos culturais e interculturalidade II

I Seminário Tradução e Interculturalidade

104

ESTUDOS CULTURAIS e Interculturalidade II

Coordenador: Carlos Alberto Corrêa Dias Júnior

ENTRE MÉDICOS E ALIENISTAS:

a cruzada contra o álcool em Belém - 1930 à 1950

Amilcar de Souza Martins SOBRINHO (PPLSA/UFPA)

E-mail: [email protected]

Roberta Alexandrina da SILVA (Orientadora)

E-mail: [email protected]

medicina no Brasil a partir do século XIX começou a ganhar

espaço, uma vez que nesse período surgiram várias sociedades

médicas e faculdades de medicina, que produziram um corpus

de saber que esteve a serviço do Estado com a intenção de moldar os

comportamentos da população na tentativa de promover a higienização social. O conhecimento médico organizou os mais

variados discursos que, de certa forma, atingiram as mais variadas

esferas da vida cotidiana de homens e mulheres, incidentes sobre

questões como sexualidade, habitação, lazer, espaço de trabalho,

educação e loucura. Dentro desse contexto, a bebida alcoólica era um

dos focos de atenção da sociedade capitalista, que passava a ser um prazer do qual deveria ser regulado, já que o uso desregrado colocava

em “xeque” a moral burguesa. Para isso, foi preciso a elaboração de

um corpus teórico que colocasse a bebida alcoólica no grupo das

substâncias que comprometiam, não somente o bem estar social, mas

sobretudo, o organismo do individuo. A instituição médica alinhada a ideia de controle social resolveu então fomentar uma batalha contra o

álcool, se valendo muita das vezes, do discurso de uma ciência neutra,

símbolo do progresso da civilização, onde os médicos adquiriam o

A

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Estudos culturais e interculturalidade II

I Seminário Tradução e Interculturalidade

105

direito de intervir na vida da população no sentido se purificá-las do

cancro social que era a bebida. A ordem médica foi constituída de

saberes e poderes que a colocava numa condição de interloucutora

entre o Estado e a Sociedade, cooperando para o desenvolvimento de

uma lógica trabalhista, disciplinadora e moralizante. Em Belém, esse

papel foi constituído por médicos, intelectuais, geneticistas e, principalmente, a consolidação de instituições médicas como o

Hospício Juliano Morreira, a Santa Casa de Misericórdia e a Sociedade

Médico-Cirúrgica. O Estado firmou uma espécie de parceria com as

instituições médicas, pois através do pensamento dos esculápios,

chancelaria sua proposta de intervenção das massas, o que demonstra que o “progresso da nação” passaria também pelas mentes e mãos dos

médicos. Esses, instituídos de poderes e com o papel de curar a

sociedade da nocividade do álcool, tiveram em seus discursos o

pensamento norteador de uma campanha anti alcoólica na primeira

metade do século XX.

Palavras-chave: Medicina. Controle. Álcool.

ENTRE O PESQUISADOR E O OBJETO:

um exercício de etnografia

Carlos Alberto Corrêa DIAS JUNIOR (PPGSA/UFPA) E-mail: [email protected]

rata-se de um texto que reflete sobre a relação entre pesquisador

e objeto na produção de uma etnografia. Busca-se, mais

especificamente, uma compreensão nas diversas metodologias etnográficas de uma melhor abordagem para o trabalho a ser realizado

na Feira Municipal de Cametá, levando em consideração diversos

aspectos da própria pesquisa e do pesquisador e tomando por base o

projeto Falas da Feira: narrativa, trabalho e cultura na feira Municipal

de Cametá-Pará. Tomada como uma questão imprescindível para o

início do trabalho de campo, esta reflexão debate os métodos utilizados desde o evolucionismo cultural até o estruturalismo de Lévi-

Strauss e, também, a hermenêutica de Geertz. Ainda num plano de

discussão de abordagem e escrita recorre-se a James Clifford para

discutir os parâmetros da própria escrita etnográfica levando em

consideração que parte do objeto é de caráter imaterial, como as narrativas e as falas produzidas pelos “nativos”. Entendida como uma

tarefa primeiramente reflexiva, a etnografia deve ser pensada nos seus

T

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Estudos culturais e interculturalidade II

I Seminário Tradução e Interculturalidade

106

mais intensos meandros e a relação entre pesquisador X objeto se

torna salutar, levando em consideração o “estar lá”, o “estar aqui”,

mas, no caso do projeto, o “estranhamento”, e a “familiaridade”.

Discute-se também a limiaridade do termo “nativo” e a “coautoria” no

processo de construção desta etnografia.

Palavras-chave: Etnografia. Trabalho de campo. Feira municipal de Cametá.

MEMÓRIAS MIRIENSES:

heranças de gênero entre a cultura indígena ka’apor no Maranhão e cabocla no município de Igarapé-Miri-PARÁ

Leidiane Pena PINHEIRO (UFPA)

E-mail: [email protected]

Carlos Alberto Corrêa DIAS JUNIOR (Orientador)

E-mail: [email protected]

om a globalização as mulheres passaram a desempenhar um

papel de protagonistas nos processos de desenvolvimento

social, econômico e político. Na verdade, esse papel só passou a

ser um pouco mais reconhecido e valorizado, pois desde sempre cabe

à mulher a responsabilidade de transmitir os princípios morais, culturais e religiosos para seus familiares e para a comunidade onde

vivem. O presente trabalho tem como objetivo o estudo do discurso e

da memória a partir de narrativas orais das mulheres caboclas do

interior do município de Igarapé-Miri no estado da Pará e das

mulheres da aldeia Indígena Ka’apor no estado do Maranhão. Discutem-se, em linhas gerais, a problematização da suposta

linearidade nas narrativas enunciativas e discursivas dessa e sua

posição hierárquica junto ao seu grupo social e se as marcas

enunciativas e discursivas (caso haja) provem de uma condição

histórica? Ou é coisa do momento presente. Aborda-se também o

papel da memória enquanto resultado do entrelaçamento das experiências cotidianas e a importância do lugar na construção do

sujeito social, a partir das informações analisadas nos discursos das

informantes em suas narrativas. O trabalho foi executado a partir da

analise do discurso e a transcrição das narrações das informantes de

Igarapé-Miri e ka’apor foram feitas seguindo as instruções de transcrição do projeto Rota do mito. É percebível que ao longo do

discurso de nossas informantes há a busca pelo poder discursivo e é

C

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Estudos culturais e interculturalidade II

I Seminário Tradução e Interculturalidade

107

esse poder simbólico que permite a contínua reprodução do discurso.

Desse modo ao analisarmos a linearidade nas narrativas discursivas

dessas mulheres podemos afirmar que existem marcas enunciativas

sim, mesmo que algumas indeléveis, essas mulheres conseguiram

galgar uma determinada posição hierárquica junto a suas

comunidades mesmo mediante ha situações adversas encontradas por nossas informantes. As mulheres ao longo de sua evolução cultural

aprenderam a inovar na reorganização dos espaços físicos, sociais,

culturais e intelectuais. E o mais importante aprendeu a inovar

libertariamente, expandindo o campo das possibilidades

interpretativas, alvitrando múltiplos temas de investigação, legislando novas problematizações, agrupando inúmeros sujeitos sociais,

construindo novas formas de pensar, viver e perpassar seus

conhecimentos culturais independentemente de sua etnia.

Palavras-chave: Discurso. Memória. Narrativas Orais. Mulheres

Miriense e Mulheres ka’apor.

NO ROMANCE CANDUNGA, DE BRUNO DE MENEZES:

através do contato com a capa, as mãos tocam a história

Renan Brigido Nascimento FELIX (PPHIST/UFPA)

E-mail: [email protected] Francivaldo Alves NUNES (Orientador)

E-mail: [email protected]

a maioria das propostas que se voltam à análise literária, o

texto sem dúvida é o referencial principal às relações constituídas. Entretanto, existem outras possibilidades que não

podem ser descartadas, pois permitem aprofundar as reflexões. Nesse

sentido, a objetivo da presente comunicação é levantado com a

seguinte indagação: Como construir um exercício de reflexão, que leve

em consideração a importância de uma imagem? Assim, observando a

imagem que a primeira edição lançada em 1954, do romance Candunga de Bruno de Menezes, apresentou no frontispício da obra,

propõe-se um diálogo que estabeleça conexões entre imagem, história

e literatura produzida na Amazônia. Para isso, utilizaram-se os

pressupostos de Peter Burke e Paul Ricoeur que entendem a

importância que objetos como: pinturas, moedas, caricaturas, desenhos, tapeçarias entre outros estabelecem a compreensão do

passado. Com isso, dois importantes conceitos tornaram-se

N

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Estudos culturais e interculturalidade II

I Seminário Tradução e Interculturalidade

108

fundamentais: o de narrativa visual e a representação que produções

visuais adquirem frente ao debate que considere a importância

atribuída tanto no momento em que foram dadas conhecer como

frente às marcas que a passagem do tempo lhe conferiram. Em

consequência disto, buscou-se estabelecer diálogos com a imagem que

compôs a primeira edição do romance Candunga, vale destacar o subtítulo que acompanhou a obra em sua trajetória, para que se

perceba o objetivo principal ao qual se destinou: “Cenas das Migrações

Nordestinas na Zona Bragantina”, apresentando como chamada de

capa o trem da Estrada de Ferro Bragança (EFB) atrelada a três

vagões, a qual foi retratada em movimento cruzando ao meio um dado espaço. Assim, colocou-se em debate que a imagem produz uma gama

de sentidos, em que pese a visibilidade para algo comum aos sujeitos

que leram a obra na ocasião em que veio a público, associado a

importância que ganhou no interior da narrativa. Possibilitando que

através do uso da imagem articulações sejam feita entre literatura e

história, dada à importância que a linha férrea teve para as cidades de Bragança e Belém.

Palavras-chave: Imagem. Literatura. História. Narrativa visual.

Representação.

Page 109: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de linguagem e interculturalidade II

I Seminário Tradução e Interculturalidade

109

ESTUDOS DE LINGUAGEM e Interculturalidade II

Coordenadora: Tabita Fernandes da Silva

AS ESTRATÉGIAS DE CONSTRUÇÃO

do grau dos nomes e adjetivos no português falado em Taquandeua

Keila Cristina Redig PACHECO (UFPA)

E-mail: [email protected]

Tabita Fernandes da SILVA (Orientadora)

E-mail: [email protected]

ste trabalho apresenta resultados parciais de uma pesquisa que

se encontra em andamento a respeito das estratégias de

expressão do grau aumentativo no português falado. O estudo

visa verificar que estratégias de grau são empregadas pelo falante, efetivamente, no cotidiano, para expressar as noções de grau

aumentativo nos nomes, além de investigar se tais estratégias são

contempladas em gramáticas tradicionais como as de Azeredo (2010),

Bechara (2009), Castilho (2012), Cunha e Cintra (1985). Quanto aos

dados analisados, estes foram obtidos em pesquisa de campo com os

falantes da comunidade de Taquandeua, pertencente ao município de Bragança, no estado do Pará. O trabalho fundamenta-se, teoricamente

em autores como Basílio (2003; 2004) e Assunção Júnior (1986). Não

obstante a pesquisa esteja inconclusa, é possível observar que há

importantes estratégias para a expressão do grau que não são

contempladas nas gramáticas analisadas. Este estudo visa contribuir com mais dados para um tratamento da noção de grau que seja mais

próximo da realidade da língua falada. Para tanto, pretende-se estudar

a língua falada como objeto de pesquisa colocada em situações

E

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Estudos de linguagem e interculturalidade II

I Seminário Tradução e Interculturalidade

110

naturais de comunicação, tendo como propósito analisar a língua

falada tal como é usada pela comunidade, visando investigar os modos

pelos quais os informantes estabelecem a formação do grau nos nomes

e adjetivos. O trabalho está sendo desenvolvido a partir da pesquisa

sociolinguística, de natureza quali-quantitativa na comunidade de

Taquandeua. Contudo, este trabalho contribuirá como fonte para novos dados a pesquisa cientifica, provocando discussões acerca das

construções morfologia do grau em contrapartida vista pelas

gramáticas, uma vez que esta pesquisa se motiva observar as

estratégias de grau realizadas no uso cotidiano dos falantes.

Palavras-chave: Grau aumentativo. Português falado. Gramática tradicional.

ESTUDOS DA LÍNGUA TEMBÉ:

desafios da tradução

Tabita Fernandes da SILVA (UFPA)

E-mail: [email protected]

Tembé é uma língua pertencente ao subramo IV da família

Tupí-Guaraní, do tronco Tupí (RODRIGUES, 1984-1985; 1986;

1999). É falada atualmente por índios Tembé que vivem na região do Gurupí, na divisa Pará/Maranhão, os quais vivenciam uma

situação de contato com desde os registros mais antigos da língua

Tembé foram produzidos por Nimuendaju (1914/1915), Hurley (1931)

e Rice (1934). Atualmente já é possível contar com dicionários, artigos,

dissertações e teses, os quais indicam como a língua conta com uma documentação representativa. Os índios Tembé são bilíngues e

vivenciam uma forte situação de contato com os falantes do português

e de outras línguas indígenas. Nesta comunicação apresento algumas

experiências de estudo com a língua Tembé e tomo tais experiências

como ilustrativas de certos desafios que se impõem à tarefa da

tradução em contexto intercultural. O enfoque dado à tradução, neste trabalho, leva em consideração o pensamento de Berman (2007) e

Schleiermacher (2000), entre outros. Também consideramos os

princípios da Sociolinguística Variacionista (Labov, 1972) bastante

relevantes para orientar uma tarefa de tradução que questione a

noção de equivalência linguística. As experiências de pesquisa de campo com o povo Tembé ocorreram na aldeia Tekoháw e datam do

período compreendido entre 2006 a 2010.

O

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Estudos de linguagem e interculturalidade II

I Seminário Tradução e Interculturalidade

111

Palavras-chave: Língua Tembé. Contexto intercultural. Desafios da

tradução.

O SUJEITO

enquanto manifestação gramatical

Janúbia Lucas Guague GUIMARÃES (UFPA)

E-mail: [email protected]

Tabita Fernandes da SILVA (Orientadora)

E-mail: [email protected]

ste trabalho consiste num estudo voltado para as formas de

realização do sujeito gramatical da língua portuguesa em

narrativas orais, verificando como tais realizações são tratadas

e conceituadas em quatro gramáticas da língua portuguesa, a saber:

Celso Cunha & Lindley Cintra (2008), Evanildo Bechara (2009), José Carlos de Azeredo (2011), Ataliba de Castilho (2012). O trabalho

objetiva conferir se as realizações do sujeito gramatical, do modo como

se manifestam em textos orais do cotidiano, são contempladas nas

gramáticas referidas e como esse processo se dá entre eles. Este

estudo fundamenta-se teoricamente nas obras de Mateus (2003),

Pontes (1987) e Mioto (2004). Além disso, o estudo aqui proposto visa trazer mais contribuição para a reflexão sobre a importância do estudo

de fenômenos gramaticais em textos orais conforme os usos próprios

do cotidiano, bem como investigar como o sujeito gramatical se

manifesta nesses textos, buscando obter uma visão geral da

complexidade deste componente gramatical. Os dados que serão objeto desta análise foram extraídos de textos orais coletados junto a

falantes da comunidade de Taquandeua, uma vila pertencente ao

município de Bragança, no estado do Pará. Por ser uma pesquisa em

andamento, este estudo ainda não traz resultados conclusivos,

apresenta apenas resultados parciais.

Palavras-chave: Sujeito gramatical. Narrativas orais. Gramáticas da língua portuguesa.

UM ESTUDO DA HOMONÍMIA

no léxico da fauna e da flora em obras lexicográficas tupi

Elivelton Silva REIS (UFPA)

E

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Estudos de linguagem e interculturalidade II

I Seminário Tradução e Interculturalidade

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E-mail: [email protected]

Tabita Fernandes da SILVA (Orientadora)

E-mail: [email protected]

presente trabalho consiste num estudo sobre a homonímia

entre nomes de plantas e de animais em obras lexicográficas sobre o Tupí. Este estudo faz parte de uma pesquisa mais

abrangente sobre o registro da fauna e da flora em obras lexicográficas

da língua Tupí. O trabalho fundamenta-se, principalmente, em obras

como as de Biderman (1981), Vilela (1994), Krieger e Finato, (2004)

para o tratamento do léxico e nos estudos de Ullmann (1977) e Bechara (1999) entre outros, para o entendimento da homonímia,

além de Noll e Dietrich (2010) para discussão acerca do Tupi e do

Português no Brasil. Atentando também na reflexão a respeito da

contribuição desses registros para o conhecimento da realidade física

do Brasil da época. Os dados seguem uma metodologia de contagem

geral dos itens lexicais existente em cada obra, desses itens está sendo feito a análise dos itens que coincidem entre as especialidades de flora

e fauna. Os dados analisados nesta pesquisa foram extraídos de

quatro obras lexicográficas: TIBIRIÇÁ (1984), LEMOS (1951),

SAMPAIO (1901), AYROSA (1934). O estudo busca discutir possíveis

razões para a existência da homonímia entre nomes de animais e

plantas nos registros do Tupí conforme são encontrados nas obras lexicográficas referidas. A pesquisa que estamos desenvolvendo ainda

não está concluída e, por essa razão, apresenta apenas resultados

parciais.

Palavras-chave: Nomes de plantas. Nomes de animais Homonímia.

Língua Tupí.

O

Page 113: Livro de Resumos I Tradinter

Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

113

COMUNIDADES TRADICIONAIS, saberes e Interculturalidade

Coordenadores: Francisco Pereira de Oliveira

e José de Moraes Sousa

A PRODUÇÃO DE SABERES

na confecção de panelas de barro na comunidade de São Mateus,

Taperaçu Campo, Bragança (PA)

Alceny Nunes de ARAUJO (UVA)

E-mail: [email protected]

Fernando Alves da SILVA JÚNIOR (SEDUC/UFPA)

E-mail: [email protected]

comunidade de São Mateus, subdivisão da comunidade

Taperaçu Campo, pertencente à Reserva Extrativista Marinha

Caeté-Taperaçu, é uma área rica em matéria-prima para a

confecção de cerâmica, especialmente o tijolo e, em menor escala, os

utensílios domésticos, como panelas de barro. Na pesquisa pretende-se discutir o modo em que os saberes são construídos em torno da

confecção das panelas de barro que, por um lado, apresentam-se

como fonte de renda familiar e, por outro, como uma forma de

transmissão de conhecimento por meio do seu processo de fabricação.

As primeiras visitas à “Cerâmica de Panela de Barro São Mateus” revelaram que é no manuseio e no falar que se dá o aprendizado pela

argila cujo grupo humano envolvido com a produção de cerâmica e de

saberes engloba três gerações (avós, filhos e netos). A produção

consiste, primordialmente, na extração e/ou na compra da argila,

seguida da modelagem em torno manual, colocadas para secar em

prateleira e, por fim são queimadas, tingidas e postas à venda no próprio “ateliê”. A modelação das panelas de barro da comunidade é

A

Page 114: Livro de Resumos I Tradinter

Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

114

um ofício que se espraia para além das olarias e atinge a escola local

de educação infantil “Maria Olinda Oliveira Silva” por meio dos

programas “Escola de Portas Abertas” e “Mais Educação”. É pensando

nessa relação de se produzir conhecimento por meio do barro que

espreitamos nosso objeto de pesquisa.

Palavras-chave: Produção de Saberes. São Mateus. Panela de Barro.

AH ESSE RIO, QUE É MINHA RUA...

- uma semiose fotográfica proposta sob as bases biológicas da

compreensão humana

Carolina Maria Mártyres VENTURINI (UFPA)

E-mail: [email protected]

arcas prenunciaram o século XXI: a era dos direitos do

Planeta Terra e de tudo o que ele e o seu entorno contenham; uma humanidade informacional; a era da cidadania; a clareza

dos direitos e deveres de cada um para com a sociedade; sempre

buscando suprir necessidades materiais e imateriais dos humanos, ao

usufruir(-se) como/da natureza, tendo consciência de si e do mundo.

Este estudo, além da produção de conhecimento, de uma natureza de

campo prático, e da interligação de ambos, busca perspectivas que possibilitem novas maneiras de se perceber o mundo, de se perceber a

Amazônia, sempre alvo de debates sobre a sua preservação ambiental,

porém distantes de sua realidade pluralizada. Assim, esta proposição

intenciona um olhar para o mundo particular desta semiosfera quanto

à sua sustentabilidade cultural, e, com isto, abrir possibilidades de contribuições teórico-metodológicas para as ciências humanas e

sociais, especificamente no que tange o uso da imagem fotográfica

como ferramenta para as pesquisas em suas relações semiológicas

imagem-identidade-imaginário. A pretensão em se debruçar para o

fazer/pensar relações do cotidiano e da cultura Amazônida com seus

rios por meio de olhares imagéticos, buscará interligar fragmentos capturados das ações humanas neste citado espaço, utilizando a

fotografia como instrumento maior, revelador de um real e, por seu

intermédio na linguagem, captar, expor, e ressignificar sentidos aos

rios no cotidiano Amazônida, com foco na sua população ribierinha.

As reflexões propostas instigam a tessitura (poiésis) de uma rede metodológica capaz de capturar fugidias percepções de contextos

contemporâneos entre o homem/ribeirinho, o mundo/Amazônia, as

M

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Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

115

imagens e linguagens expressas no fazer de sua arte/vida (em suas

luzes, cores, formas, texturas, olhares e sensações). Tal rede vai além

de um mero clique do ato fotográfico: cria representações, percepções,

permite um repensar as relações culturais cotidianas, posto que,

observar o que se vive e o que se conota, pode ser entendido como um

‘linguagear’, um fluir dos processos de evolução enquanto seres que existem na produção de si mesmos (autopoiesis).

Palavras-chave: Ribeirinhos Amazônidas. Semiose Fotográfica.

Sustentabilidade Cultural. Ecologia.

CONCEPÇÕES DE MORADORES DE BRAGANÇA

(Pará, Brasil) sobre o caranguejo-uçá Ucides Cordatus LINNAEUS

1763 (Brachyura, Ucididae)

Bruna Patricia Brito MATOS (UFPA)

E-mail: [email protected] Claúdia Nunes SANTOS (Orientadora)

E-mail: [email protected]

m Bragança, como ao longo dos manguezais Brasileiros, a

captura do caranguejo-uçá é considerada a atividade

extrativista mais antiga e importante, para auto-consumo ou comercialização. Apesar disso, os conhecimentos dos consumidores

bragantinos sobre esta espécie não foram sistematizados. Portanto, as

concepções de moradores da área urbana deste município sobre o Ucides cordatus foram investigadas. Através de amostragem aleatória

simples e questionário estruturado com perguntas abertas, foram

entrevistados 154 profissionais de diversas atividades, de ambos os sexos, com escolaridade variada e idade entre 14 a 86 anos. Mas de

30% das respostas para “o que é o caranguejo-uçá?” foram alocadas

na categoria consensual cujo núcleo de sentido é “não sei”. As demais

respostas ficaram distribuídas em 13 categorias, que incluem

concepções utilitárias (“caranguejo comestível”, “caranguejo da feira”, “mina”, “marisco”), amistosas (“bichinho”), relacionada a aspectos

morfológicos (“vermelhinho”). Outras setes categorias o definem como

um animal, de forma vaga (“ser vivo”, “animal”, “espécie da região

bragantina”), aproximadas da classificação zoológica (“artrópode”,

“crustáceo”) e algumas bem distantes (“molusco”, “réptil”). No

Conhecimento Ecológico Local (CEL) aqui verificado, “caranguejo-uçá” não parece ser um etnotaxon local, além de separar machos e fêmeas

E

Page 116: Livro de Resumos I Tradinter

Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

116

em espécies diferentes (“caranguejo do mangue”/ “cangurua”,

respectivamente). Notou-se que a percepção predominante é de

indiferença ou utilidade (renda e alimentação). E ainda que a

percepção preservacionista deve-se mais á relação homem-manguezal

do que homem-caranguejo. O defeso é entendido por esses cidadãos

como instrumento legal para o controle das atividades de alguns atores da cadeia produtiva (coletores, vendedores), sem estendê-lo aos consumidores. O valor cultural atribuído a Ucides cordatus parece ser

maior como alimento/renda, do que como elemento da fauna. Estudos

que aprofundem as representações sociais a ele articulados são

necessários. A significação faunística-ecológica deste caranguejo,

através de intervenções no ensino de zoologia e inserção deste como elemento simbólico no calendário cultural, deve ser pensada pelos

programas de preservação da espécie.

Palavras-chave: Percepção. Etnozoologia. Caranguejo-uçá. Bragança.

DIALOGANDO SABERES TRADICIONAIS E SABERES CIENTÍFICOS

como estratégia para o conhecimento e a preservação da

Amazônia

Juciclea Ataide da SILVA (Bolsista PIBEX/UFPA)

E-mail: [email protected] Bruna Patrícia Brito MATOS (UFPA)

E-mail: [email protected]

Rita de Cássia Oliveira dos SANTOS (Orientadora)

E-mail: [email protected]

Ensino de Ciências é essencial na construção do espírito crítico e na percepção da natureza como um fator dinâmico que

interage com a sociedade e o meio. O livro didático ainda é o

recurso mais utilizado nas aulas de ciências, mas para a região Norte

tem deixado a desejar em relação à contextualização, pois a maioria

desconsideram os conhecimentos tradicionais e a cultura dos alunos visto que estão inseridos em uma área cercada por biodiversidade a

ser conhecida para ser preservada. Realizar exposições itinerantes de

zoologia com exemplares da fauna amazônica, em escolas públicas é

essencial, pois proporciona espaços coletivos de aprendizagem e troca

de conhecimentos. Diante disso, o presente trabalho se propôs a

realizar exposições itinerantes voltadas para o ensino de zoologia com o objetivo de contribuir com o conhecimento da fauna Amazônica

O

Page 117: Livro de Resumos I Tradinter

Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

117

valorizando os conhecimentos tradicionais de alunos da educação básica de Bragança-PA. Na Coleção de Zoologia do Campus de

Bragança, UFPA, foram selecionados representantes de vários grupos

zoológicos endêmicos, construídos cenários relacionados aos

ecossistemas em que estes ocorrem e expostos nas escolas para

aproximadamente 900 alunos. Foram aplicados dois questionários, um pré e outro pós-exposição, para os alunos do 4º e 5º/9, com oito

questões cada, voltadas para aspectos morfológicos dos animais. Estes

instrumentos visaram analisar os impactos da exposição através da

comparação do conhecimento prévio e o nível de assimilação de

conhecimento por parte dos alunos a respeito da taxonomia,

biogeografia e ecologia dos animais após a exposição. Dos resultados da análise dos questionários com alunos do 4º/9; 36,9 % acertaram as

oito questões antes da exposição e 50,5% depois, dos alunos do 5º/9;

a porcentagem de acerto foi de 36,7% antes da exposição e 57,9%

depois, evidenciando a importância das exposições zoológicas para a

troca de conhecimentos cotidiano. Alunos do 4º/9 ao serem questionados sobre os caranguejos pertencerem ou não à Metazoa,

28,6% afirmaram que sim antes da exposição e 86,6% responderam

que sim somente após a exposição, mostrando que apesar do contato

direto com esses animais, por serem, filhos de “catadores de

caranguejos”, conhecem mais os animais de outras regiões, do que

animais da Amazônia, mostrando a importância da contextualização no ensino de Ciências.

Palavras-chave: Zoologia. Interdisciplinaridade. Conhecimento

tradicional.

O SAMBA DE RODA COMO ESTRATÉGIA DE SOBREVIVÊNCIA da comunidade quilombola de Santa Rita da Barreira, São Miguel

do Guamá/PA, 2014: um estudo de caso

Ana Célia Barbosa GUEDES (UFPA)

E-mail: [email protected] Danila Guedes AZEVEDO (UEPA)

E-mail: [email protected]

Alik Nascimento de ARAÚJO (Orientadora)

E-mail: [email protected]

Page 118: Livro de Resumos I Tradinter

Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

118

presente resumo tem por objetivo, compreender o samba de roda como estratégia de sobrevivência e de identificação

cultural da comunidade Santa Rita da Barreira, situada no

município de São Miguel do Guamá/PA. A metodologia utilizada é um

estudo de caso dessa comunidade. Durante a pesquisa foi feito uma

investigação bibliográfica sobre a temática, pesquisa de campo,

aplicação de questionários, análise de narrativas e de cantigas compostas pelos moradores. Os dados foram coletados no período de

agosto a outubro de 2014. A cultura africana tem sua expressão na

música popular brasileira, a partir de diversos elementos. Assim,

desde o início da colonização brasileira se tem notícia das músicas

cantadas pelos negros em diferentes locais, que chegando a essas terras, foram ressignificada a outras culturas, tais como portuguesa e

indígena, formando uma musicalidade compreendida como afro-

brasileira. Dentro da cultura afro-brasileira e africana, a musicalidade

ocupa um lugar de protagonista em festas, reuniões, rituais, no

conforto de suas dores, no código de possíveis fugas, distrair seus

donos, assim como na própria afirmação de sua identidade. Esse costume sobrevive até os dias atuais, principalmente nas

comunidades tradicionais, como por exemplo, na comunidade

quilombola em que esta pesquisa foi elaborada, em especial entre os

moradores mais idosos, já que estes assume uma função social

importante de lembrar e contar para os mais jovens a sua história. Após seu reconhecimento como comunidade quilombola (ITERPA,

2002) pelo Estado brasileiro, este costume reforçou-se ainda mais,

pois atingiu também a população mais jovem do local. Assim, o Samba

de Roda passou a ter um papel fundamental de identidade, estratégia

de sobrevivência e construção simbólica para esta comunidade, haja

vista que antes desse reconhecimento a maioria da população não se interessava nesse estilo musical, hoje muitos deles que ali vivem

procuram a matriarca, dona Raimunda, para aprenderem a cantar e dançar samba. Lá o samba de roda, além de ter se tornado elemento

de identificação cultural, é também algo espontâneo.

Palavras-chave: Samba de roda. Quilombo. Identidade. Sobrevivência.

OS SABERES DA GENTE DO MAR:

o imaginário e as experiências de vida dos pescadores da Vila do

Treme, Bragança (PA)

Roseli da Silva CARDOSO (PPLSA/UFPA)

O

Page 119: Livro de Resumos I Tradinter

Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

119

E-mail: [email protected]

José Guilherme dos Santos FERNANDES (Orientador)

E-mail: [email protected]

este estudo apresento as análises das narrativas orais dos

pescadores da vila do Treme-Bragança (PA), constituídas a partir de depoimentos das experiências de vida e narrativas

míticas dos pescadores, coletadas na comunidade durante a realização

da pesquisa de campo com técnicas e procedimentos metodológicos da

história oral com base etnográfica, considerando a presença do

pesquisador, mesmo que em curto espaço de tempo, no local da pesquisa. O objetivo central é compreender a formação de identidades

dos pescadores da referida vila por meio do seu ponto de vista, ou

melhor, priorizando os saberes tradicionais repassados de geração a

geração no contexto social desta prática milenar, a pesca artesanal. As

reflexões apresentadas estão fundamentadas nos estudos sobre a

memória no percurso das reminiscências dos pescadores (HALBWACHS, 2004; LE GOFF, 1996; RICOEUR, 2007; SARLO,

2007). Abordarei sobre importância das fontes orais na geração de

dados por informarem mais do que simples acontecimentos, não

somente fatos, mas o significado destes para quem os vivenciou e os

reconta (PORTELLI, 2001; ALBERT, 2005; THOMPSON, 2002). No que

concerne as narrativas míticas, pressupõe-se que o narrado e o vivido pelos pescadores, na medida que se constituem de elementos que

representam o comportamento desses sujeitos, são a expressão do seu

próprio modo de vida e sua representação da realidade (GREIMAS,

2001; ELIADE, 1976; BARTHES, 2011; GENETTE, 1985). A pesquisa

na comunidade da vila do Treme permitiu a elaboração de um conjunto de informações sócio-histórica que não pode ser considerada

em toda sua complexidade, porém, mediante as informações

apresentadas neste estudo temos a possibilidade de estabelecer

algumas considerações basilares sobre a importância das narrativas e

da história oral para os pescadores artesanais, tais como: a

perpetuação dos saberes passados de pai para filho, a manutenção da tradição dos pescadores, a simbologia mítica discursiva como

representação da realidade, a variedade discursiva como constructo

social (BOURDIEU, 1998), a formação ambígua e ambivalente da

identidade dos pescadores (BAUMAN, 2005). Este estudo pretende

contribuir para a valorização e legitimação dos saberes tradicionais no âmbito acadêmico e ampliar o conhecimento acerca da pesca artesanal

na região amazônica.

N

Page 120: Livro de Resumos I Tradinter

Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

120

Palavras-chave: Narrativa. História oral. Memória. Identidade.

Pescadores artesanais.

Page 121: Livro de Resumos I Tradinter

Ensino, inclusão e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

121

ENSINO, INCLUSÃO e Interculturalidade

Coordenadora: Joana D’Arc de Vasconcelos Neves

MEMÓRIA E RESISTÊNCIA:

saberes e práticas educativas em narrativas orais dos moradores da Ilha Grande/Belém-PARÁ

Andréa Lima de Souza COZZI (PPGED-UEPA)

E-mail [email protected]

Giselle Maria Pantoja RIBEIRO (UFPA)

E-mail: [email protected]

artigo Memória e Resistência: saberes e práticas educativas em

narrativas orais dos moradores da ilha grande/Belém-Pará,

objetiva ligar a humanidade com a sua origem e não deixá-la

esquecer do que insiste em ser anunciado: “no princípio era o verbo”. Dentro desta perspectiva, o verbo pode ser entendido como palavra: “e

o verbo se fez carne, e habitou entre nós”, a palavra enlaça a

humanidade formando a sua voz, a palavra que enlaça a carne e que

chega até nós. Assim compreendido, será possível acreditar na força

adquirida pelo sujeito que se permite ouvir e contar histórias de um

modo novo, com uma linguagem própria que aciona em quem ouve reverberações, talvez esquecidas, talvez guardadas, talvez

atormentadas, talvez torturadas por forças externas. A passagem para

esse entendimento se efetivará ao fazermos a interface entre as

reflexões de multiculturalismo crítico trazido por Peter McLaren e

Interculturalidade de Caterine Walsh, e, ainda, os diálogos críticos propostos por Regina Zilberman e Ezequiel Theodoro no livro:

Literatura e pedagogia: ponto e contraponto (2008) e os saberes e

prática educativas presentes no cotidiano da comunidade ribeirinha

O

Page 122: Livro de Resumos I Tradinter

Ensino, inclusão e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

122

que vive as margens do Rio São Benedito na Ilha Grande/Belém-PA. O

referido relato fará o recorte dos saberes apresentados pelas vozes dos

narradores e a necessidade do dialogo da escola com tais saberes e

práticas educativas locais, trazendo como base o multiculturalismo

crítico como possibilidade epistemológica para o estudo da educação e

cultura e a compreensão da complexidade da educação na Amazônia, que envolve a reorientação curricular demandas da contextualização

do real, das problemáticas percebidas e vividas pelos sujeitos, a

reorganização do calendário escolar de acordo com as demandas de

cada grupo, outros tempos e espaços, modos de ensinar e de avaliar, a

busca de referenciais epistemológicos além da seleção dos conteúdos escolares estéreis da vida que os cercam, de historicidade, da

indissociável relação entre escola e vida.

Palavras-chave Multiculturalismo crítico. Currículo. História Oral.

Literatura Oral.

NARRATIVAS, CARTOGRAFIAS E O “DEVER DA MEMÓRIA”

em comunidades afrodescendentes do Rio Capim/PA

Adão Souza BORGES (PPLSA/UFPA)

E-mail: [email protected]

presente trabalho objetiva discutir a relação entre as

narrativas e as memórias de narradores e narradoras

afrodescendentes do Engenho Calixto e da Aproaga, os quais

articulam nas suas falas repertórios de bens materiais e imateriais,

que remontam o período da escravidão, engendrando, assim, patrimônios capazes de legitimar suas identidades quilombolas e

garantir direitos amparados na Constituição Federal. As referidas narrativas fazem parte do corpus de dois trabalhos já concluídos: (i)

dissertação de mestrado de nossa autoria, denominada “Narrativas de

Remanescentes de Quilombo: divergências e convergências na

construção da identidade negra no Engenho do Calixto, em Aurora (PA)”, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Linguagens e

Saberes da Amazônia, da Universidade Federal do Pará (2014);

(ii)“Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia: povo do Aproaga –

São Domingos do Capim (2008)”, coordenado pelo pesquisador Alfredo

Wagner. Nessas narrativas, os sujeitos-narradores articulam-se a

partir de suas lembranças e colocam em prática o “dever da memória” a partir da prática da narração e da preservação, em seus domicílios,

O

Page 123: Livro de Resumos I Tradinter

Ensino, inclusão e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

123

de bens materiais, espaços sagrados e o resguardo dos bens coletivos,

herdados de seus antepassados. Como viés teórico-metodológico,

utilizamos os aportes da história oral e do debate teórico sobre a

memória, bem como a teoria da Antropologia da Memória,de Jöel

Candau.

Palavras-chave: Aproaga. Dever da memória. Engenho do Calixto. Narrativas. Patrimônio.

O XOTE DAS MENINAS”

como elemento catalisador no ensino de línguas para surdos

Simone de Nazaré Viana LIMA (SEDUC-PA)

E-mail: [email protected]

Rita de Nazareth Souza BENTES (SEDUC-PA/UEPA)

E-mail: [email protected]

letra de música “O Xote das meninas”, de Luiz Gonzaga e Zé

Dantas (1953), foi trabalhada em uma das práticas escolares

como elemento catalisador à luz das ideias de Signorini (2006),

com a perspectiva teórico-metodológica de conceber essa letra como

entrada didática favorável à emersão de outros gêneros discursivos,

constituindo-se desse modo o objeto deste trabalho. Essa pratica foi realizada no mês de junho de 2013, com alunos surdos que

frequentam o Atendimento Educacional Especializado-AEE no contra

turno, na Unidade Especializada Educacional Prof. Astério de

Campos- UEES. E, como objetivo principal transformar este clássico

da música popular brasileira numa narrativa visual, acessível a esses alunos surdos. O método foi baseado na pedagogia visual (Souza

Campelo, 2008), utilizando-se de imagens do Google para ilustrar a

realidade retratada na música, além da leitura da letra impressa em

português, tendo a Língua Brasileira de Sinais-Libras, como elemento

de interação e instrução. Nesse processo foram escolhidos quatro

alunos que fotografados quadro a quadro, reconstituíram o sentido do texto com imagens e gravações. As imagens selecionadas foram

usadas para a produção do vídeo por meio do Programa Windows

Movie Maker. Os instrumentos didáticos mobilizados pelos professores

foram: o texto impresso, apresentação de imagens no PowerPoint,

programa Movie Maker, câmera fotográfica Sony. Na leitura dialogada ocorreu o debate sobre questões da juventude, como: namoro na

adolescência, o estar apaixonado, bem como: expressões idiomáticas e

A

Page 124: Livro de Resumos I Tradinter

Ensino, inclusão e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

124

aspectos da geografia mencionados na música. Esta atividade

mobilizou a troca de saberes de culturas diferentes entre os surdos e

os não surdos sobre a aprendizagem da Língua Portuguesa (L2) e da

Libras (L1) e sobre o exercício e a análise de expressão corporal e facial

como formas de interação verbal e não-verbal. A etapa seguinte foi

apresentar a letra estudada a outros alunos sem realizar a interpretação em Libras e em seguida o vídeo produzido. Os demais

alunos surdos conseguiram também envolver-se e compreender a

temática constitutiva na letra da música “Xote das Meninas” exposta

através da história, recontada no vídeo, e demonstraram isso por meio

de uma sequencia de imagens e da explicação em língua de sinais. O trabalho desenvolvido foi possível devido ao modo diferente de ensinar

a esses alunos surdos, como aos professores não surdos,

considerando que produções culturais e a língua de sinais são

fundamentais e diferenciadores no processo ensino e aprendizagem de

uma escola que respeite as diferenças culturais presentes.

Palavras-chave: Educação de Surdos. Língua de Sinais. Pedagogia Visual.

PROJETOS DE LINGUAGENS NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

um estudo a partir da teoria pós-crítica em educação

Kelry Leão OLIVEIRA (PPGED/UFPA)

E-mail: [email protected]

Camila Claide Oliveira de SOUZA (PPGED/UFPA)

E-mail: [email protected]

Gilcilene Dias da COSTA (Orientadora) E-mail: [email protected]

trabalho a qual nos propomos a desenvolver, trata-se de uma

pesquisa que vem sendo realizada neste primeiro ano de curso

do mestrado em educação, motivado pela disciplina Educação

Brasileira, que nos oportunizou investigar como a educação estava sendo pensada no cenário brasileiro. Isso nos levou a curiosidade de

entender como o campo da educação infantil está sendo pensado em

nosso país a partir dos pensamentos da vertente pós-crítica em

educação. Dessa forma, escolhemos como objeto de estudo, a análise

dos projetos de linguagens de uma unidade de educação infantil de Belém-Pará, com objetivo de entender, como vem sendo construídos os

projetos pedagógicos nas Unidades de Educação Infantil, analisando

O

Page 125: Livro de Resumos I Tradinter

Ensino, inclusão e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

125

se as formações pedagógicas têm contribuídos para o aperfeiçoamento

deste trabalho e se na prática dos professores tem inovado e

dinamizando o ensino. Dessa forma, buscamos verificar como o

currículo vem sendo dinamizado nesta perspectiva, analisando se tem

se pensado no respeito e reconhecimento das identidades e das

diferenças dos sujeitos do espaço. Isso nos levou a realizar uma pesquisa teórica, utilizando autores que discutem a pós-modernidade

em educação como SILVA (2001); CORAZZA (2001); COSTA (2013) e

outros e em articulação destes estudos passamos para a pesquisa de

campo. Este trabalho vem se modificando ao longo do curso de acordo

com os dados coletados, por meio de uma abordagem qualitativa, com entrevistas semiestruturadas e observação em lócus de pesquisa,

trata-se de uma pesquisa em andamento que pretende contribuir com

os nossos trabalhos de conclusão de curso do mestrado, que envolvem

as dimensões das linguagens e os estudos pós-críticos em educação,

no que tange a diferença no campo educacional. Portanto, os

resultados ainda são preliminares, mas já podemos dizer que a Unidade vem desenvolvendo projetos de linguagens como

impulsionadores em suas práticas pedagógicas e no trabalho

curricular, que as formações pedagógicas acontecem e que estes

professores são atuantes na dinâmica das formações, porém é uma

trabalho que ainda deixa dúvidas, receios e angustias nos professores,

mas que porém tem promovido um ensino dinâmico e diferencial em relação ao que vinha sendo pensado no espaço anteriormente. Ainda

temos a curiosidade de descobrir com a pesquisa se o ensino

dinamizado leva em consideração o contexto sociocultural dos

indivíduos e se respeita a identidade e a diferença das crianças na

ressignificação de seus conhecimentos, que são metas e desejos ainda a serem respondidos com o andamento da pesquisa de campo.

Palavras-chave: Projetos de Linguagens. Educação Infantil. Pós-

Crítica. Identidade. Diferença.

Page 126: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos literários, tradução e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

126

ESTUDOS LITERÁRIOS, tradução e interculturalidade

Coordenadora: Mayara Ribeiro Guimarães

CRÍTICA E TRADUÇÃO

na obra de Ana Cristina César

Beatriz de Souza CARVALHO (Bolsista PIBIC/UFPA)

E-mail: [email protected]

Mayara Ribeiro GUIMARÃES (Orientadora)

E-mail: [email protected]

sta comunicação visa apresentar ao público o plano de trabalho

desenvolvido por mim em torno da relação entre a poesia de

Ana Cristina Cesar e sua prática de tradução, sob o ponto de

vista da tradução como crítica e do tradutor como (re)criador,

promovido pela teoria concretista dos irmão Campos, em que medida por trás da tradução de vozes estrangeiras desenvolve-se uma dicção

poética própria e, ainda, em que medida o gesto tradutório, para Ana

Cristina, é uma continuação ou um ponto de partida da escrita

poética. A partir daí, identificarei como a prática tradutória interfere

em sua produção literária e também em âmbito nacional, ao promover

a ampliação da atividade crítica, ensaística e literária, consequentemente causando uma renovação de seu cenário cultural.

Buscarei mostrar como a pesquisa será norteada pelo estudo de

reflexões de Ana Cristina César sobre tradução de prosa e poesia

modernas em ensaios críticos em que a poeta comenta a tarefa

tradutória, como nos ensaios “Pensamentos Sublimes Sobre o Ato de Traduzir”, “O ritmo e a tradução da prosa”, sobre traduções de

Machado de Assis para o Inglês e ainda “Bastidores da Tradução” e

“Traduzindo o Poema Curto”, além da a sua tradução anotada do

E

Page 127: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos literários, tradução e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

127

conto “Bliss” de Katherine Mansfield e as suas notas, propriamente

ditas, por meio das quais Ana Cristina obteve seu grau de mestre na

Universidade de Essex. O eixo teórico-metodológico estará situado em

teóricos de tradução como Walter Benjamin, Antoine Berman, Haroldo

de Campos e outros autores para quem a autêntica tradução não

segue a linha de imagem-cópia, e sim entendendo o exercício tradutório como gesto de construção literária. E assim, por meio desta

pesquisa que ainda está em andamento, busco ampliar os estudos de

sua obra literária e investigar os problemas levantados pela própria

Ana Cristina Cesar em seus ensaios.

Palavras-chave: Ana Cristina César. Tradução. Criação Poética.

O LEITOR-AUTOR E O LEITOR-TRADUTOR

em fanfictions – reescritas no meio virtual

Fabíola REIS (PPGL/UFPA) E-mail: [email protected]

Izabela Guimarães Guerra LEAL (Orientadora)

E-mail: [email protected]

ste trabalho tem como objetivo apresentar questões

relacionadas à autoria, tradução e à forma de apropriação de personagens de outros autores pelos leitores-autores de

fanfictions, histórias reescritas por fãs. O leitor-autor é aquele que,

dentro de uma comunidade de fãs como Harry Potter, Crepúsculo ou

Senhor dos Anéis, faz uso de personagens de outros autores para criar

a própria história e publicá-la na Internet, interagindo com outros

leitores. O leitor-tradutor traduz as histórias do leitor-autor, novamente reescrevendo-a. Esta pesquisa apresenta de que forma

acontece essa apropriação das personagens e como se dá o processo

de reescrita e a interação entre leitores, autores e tradutores nesse

meio. Entende-se que tradução é uma forma de reescrita e essa prática é, como afirma Lefevere em Tradução, Reescrita e Manipulação da Fama Literária (2007), algo que sempre existiu em nosso meio e

que vai além do que simplesmente corrigir ou modificar uma frase, pois envolve a inserção de ideologia, crítica e cultura do reescritor no

novo texto. É importante observar que a tradução de histórias de fãs é

uma atividade muito recente e bastante comum entre jovens sem

formação alguma na área, e que, no entanto, se disponibilizam a

E

Page 128: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos literários, tradução e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

128

traduzir, sem custo algum, ficções de outros fãs para a língua

portuguesa. Palavras-chave: Fanfiction. Autoria. Tradução. Reescrita.

OS BASTIDORES DA TRADUÇÃO em Ana Cristina Cesar

Mayara Ribeiro GUIMARÃES (UFPA)

E-mail: [email protected]

ntendendo o exercício de tradução literária como prática autônoma, com normas próprias, que converte o tradutor ao

status de autor do texto traduzido, perfazendo-se no domínio de

um crime que desencaminha a linguagem, estudar a experiência

tradutória de Ana Cristina César, que passa pela tradução de poesia e

ficção, envolve também o estudo de suas considerações teórico-críticas sobre o ato tradutório, registradas em ensaios, cartas, notas e nas

próprias traduções. No caso particular de Ana C., por trás da tradução

de vozes estrangeiras está também a reflexão sobre uma tradição

literária e sobre uma dicção poética própria, pensando a tradução

enquanto experiência de reflexão - nem impressão, nem metodologia,

nas palavras de Antoine Berman - na qual o ato de reflexão sobre si mesma é inseparável do próprio exercício tradutório. Para Berman,

tradução e crítica, na modernidade literária, tornaram-se

consubstanciais ao ato de escrever, de natureza “intersticial” (Berman,

19 p. 31), conferindo à tradução uma experiência plural. Nesta

comunicação buscarei investigar em que medida o gesto tradutório,

para Ana C., é uma continuação, ou um ponto de partida, da escrita poética, o que nos leva a uma ponderação ancorada nos paratextos

escritos pela poeta paralelamente à tradução do conto “Bliss”, de

Katherine Mansfield, contista neozelandesa do início do século XX.

Palavras-chave: Tradução literária. Ana Cristina Cesar. Crítica

literária. Poesia.

TRADUÇÃO LITERÁRIA:

recepção nos suplementos literários letras & artes e arte-

literatura

Eldinar LOPES (UFPA)

E

Page 129: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos literários, tradução e interculturalidade

I Seminário Tradução e Interculturalidade

129

E-mail: [email protected]

década de 1940 foi muito importante para a divulgação do

universo artístico em geral. Primeiro porque se presenciou uma

ampla abertura à literatura estrangeira, principalmente as da

América Latina e as da Europa, em virtude de um contexto político e social de pós-guerra no qual influenciou diretamente os domínios

literários. Segundo, em virtude da criação dos suplementos literários,

que foram cadernos especialmente dedicados a publicar tudo o que

envolvia o universo das Artes, isto é, eram cadernos culturais

vinculados a algum jornal, cujo corpo ia-se formando a partir das publicações de textos ensaísticos e filosóficos, das divulgações de

algum evento ou lançamento que diz respeito ao literário, das

publicações de contos poemas traduzidos. A necessidade de

proporcionar o diálogo com outros escritores e pensadores

estrangeiros influenciou diretamente na mentalidade e na cultura

nacional, resultando assim, não somente na tentativa de mostrar que a plêiade intelectual brasileira estava em pé de igualdade com os

escritores que foram traduzidos, mas na necessidade de se pensar a

formação intelectual a partir do contato e abertura com o outro. Esse

trabalho, portanto, se debruçará em discutir o papel da tradução nos

anos compreendidos de 1946 a 1951, a partir do levantamento das

traduções de textos literários que foram publicados nos suplementos Arte-Literatura, do jornal paraense Folha do Norte, e Letras & Artes,

do jornal carioca A Manhã.

Palavras-chave: Tradução. Pós-guerra. Suplemento.

A

Page 130: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de linguagem e interculturalidade III

I Seminário Tradução e Interculturalidade

130

ESTUDOS DE LINGUAGEM e Interculturalidade III

Coordenadora: Eliete de Jesus Bararuá Solano

AS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS

no português falado em Bragança (PA): análise acústica

Carlos Nédson Silva CAVALCANTE (PPGL/UFPA)

E-mail: [email protected]

Regina Célia Fernandes CRUZ (Orientadora)

E-mail: [email protected]

ste trabalho apresenta a pesquisa As Vogais Médias Pretônicas

no Português Falado em Bragança (PA): Análise acústica. Seu

principal objetivo é caracterizar acusticamente as vogais orais

átonas, especificamente as vogais médias, em posição pretônica, desta variedade falada na Amazônia Paraense. O corpus é constituído de

amostras de fala de 18 informantes nativos de Bragança (PA) estratificadamente distribuídos por faixa etária, sexo e escolaridade,

que foram gravados em dois tipos de protocolo: a) teste de projeção de

imagens e b) fala lida. Para a composição dos instrumentos de coleta

de dados, foram selecionados 74 vocábulos de maior frequência de ocorrência nos corpora sociolinguísticos já existentes sobre as

variedades linguísticas estudadas do Pará. Os dados foram segmentados em seis níveis no programa PRAAT e estão sendo

tomadas as medidas de média e desvio padrão de F1e F2 (Hz) das

vogais médias alvo na posição pretônica. Além da análise no PRAAT,

se se prevê igualmente o uso do software R para tratamento estatístico

a ser analisado. São também previstas medidas das vogais tônicas destes 74 vocábulos com o objetivo de apresentação de um espaço vocálico de referência. Conforme o corpus já analisado, que

E

Page 131: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de linguagem e interculturalidade III

I Seminário Tradução e Interculturalidade

131

compreendem 324 ocorrências das vogais médias pretônicas,

observou-se que a tendência dos falantes do dialeto de Bragança(PA) é

pela realização da manutenção e que as ocorrências das vogais altas

não são referentes às vogais subjacentes, mas resultado de variação

das vogais médias em posição pretônica.

Palavras-chave: Vogais médias. Vogais pretônicas. Análise acústica.

ESTUDO LEXICAL DE TERMOS DA CURA

usados nos artefatos medicinais na comunidade Caeté em

Capanema

Suely Cunha de SOUZA (UFPA/Bolsista PIBIC/CNPq)

E-mail: [email protected]

Raimunda Benedita Cristina CALDAS (Orientadora)

E-mail: [email protected]

estudo lexical de termos da cura usados nos artefatos

medicinais na Comunidade Caeté em Capanema integra a

pesquisa socioterminológica, cuja abordagem teórica tipológico-

funcionalista procura mostrar de que maneira as culturas estabelecem

por meio da língua o saber tradicional, fazendo uso dos recursos de

que dispõem. A constatação de que o ato da comunicação entre indivíduos promove o estabelecimento e desenvolvimento de saberes

reforça o papel que a língua tem de promover a circulação do

conhecimento dentro de uma comunidade. Por esse motivo, o estudo

objetiva levantar o léxico relativo aos termos de práticas de cura com

partes de plantas e animais utilizadas na confecção de artefatos medicinais na Comunidade Caeté, em Capanema. A composição das

fichas terminológicas reúne o registro de termos de práticas utilizadas

na medicina caseira, a fim de divulgar o saber tradicional de

comunidades do Caeté no que respeita à utilização de artefatos

culturais nas atividades cotidianas nessa comunidade. A investigação

segue orientação de estudos de Lexicologia e Terminologia (KRIEGER & FINATTO, 2004; BIDERMAN, 2001), e da Socioterminologia

(FAULSTICH, 2000, 2002, 2004 e 2006) de cuja constituição foi

possível reunir material socioterminográfico sobre mais de 100

entradas de práticas culturais na região do Caeté.

Palavras-chave: Práticas de cura. Termos da medicina caseira. Comunidade Caeté.

O

Page 132: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de linguagem e interculturalidade III

I Seminário Tradução e Interculturalidade

132

GESTOS DE APONTAR (POINTING):

elementos linguísticos e culturais

Simone Negrão de FREITAS (UFPA)

E-mail: [email protected] Romário Duarte SANCHES (Bolsista CAPES/UFPA)

E-mail: [email protected]

ste estudo pretende revisar a pesquisa realizada por B.

Haviland (2000) sobre o uso dos gestos em comunidades aborígenes (Austrália) e ameríndias (México) e refletir sobre a

importância do componente gestual como parte do funcionamento da

linguagem. O objetivo de Haviland (2000) foi detectar que os gestos de

apontar (pointing) são elementos relevantes tanto para uma análise

linguística como também cultural das comunidades investigadas. E

que tais gestos estão presentes em toda sociedade, seja ela ocidental ou oriental. Em suas pesquisas, Haviland (2000) mostra como os

falantes nativos de Guugu Yimithirr (GY), por meio de narrativas orais,

se utilizam dos gestos para se localizarem no espaço (‘oriented’

gestures), e também como forma de representação e manipulação do estado de coisas. Deste modo, Haviland (2000) tem como aparato

teórico e metodológico os estudos de McNeil (1995; 2002); Kendon (2005) e entre outros autores que tratam gesto e fala como

componentes inseparáveis. Assim, de acordo com Haviland (2000),

apontar é uma forma por meio da qual as pessoas dispõem seu

conhecimento sobre o espaço, usando um gesto para indicar: um

lugar, uma coisa num lugar e algo que se move de um lugar para

outro. O autor considera também que todos os espaços representados por gestos podem ser construções complexas do conhecimento que é

ao mesmo tempo geográfico, social e cultural.

Palavras-chave: Gestos. Linguagem. Cultura.

INFLUÊNCIAS DO CONTATO INTERÉTNICO

na toponímia de Tracuateua

Maria de Fátima dos Santos VALE (UFPA)

E-mail: [email protected]

Tabita Fernandes da SILVA (Orientadora) E-mail: [email protected]

E

Page 133: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de linguagem e interculturalidade III

I Seminário Tradução e Interculturalidade

133

ste trabalho ainda em fase inicial apresenta um estudo acerca

da influência do contato no léxico da Toponímia de Tracuateua

(PA). Apesar de emancipado, Tracuateua ainda mantém suas

raízes na cultura bragantina. Por isso, trabalhamos com a hipótese

primeira de que algumas comunidades teriam se formado a partir das rotas de indígenas e quilombolas fugidos da cidade de Bragança (PA).

A pesquisa em curso objetiva também encontrar explicações para o

fato de tantos povoados terem recebido denominações religiosas.

Quanto a essa questão, a investigação deve mostrar se essas

denominações seriam, de fato, os nomes originais ou se representam o anúncio preocupante da extinção do léxico nativo. Outro fator a ser abordado implicará sobre a contribuição toponímica dos cassacos

nordestinos e dos ciganos que se instalaram em Tracuateua à época

da construção da estrada de ferro Belém-Bragança e da instalação do

campo de sementes da EMBRAPA. Que destino tiveram esses povos?

Onde deixaram suas marcas? Qual o significado para a população atual? Responder estas questões é ter o privilégio do resgate de um

grande legado para a história de Tracuateua. Diante dessas premissas

acreditamos que somente uma pesquisa investigativa de procedimento

histórico-comparativo poderá dar conta da presença de resquícios do

léxico primitivo e da influência sofrida pelos falantes e seus

respectivos topônimos. Contudo, trata-se de uma novidade que entusiasma, mas altamente desafiadora.

Palavras-chave: Indígenas. Quilombolas. Investigação. Tracuateua.

Topônimos.

O TRATAMENTO DAS INTERFERÊNCIAS GEOSOCIOLINGUÍSTICAS para a tradução da língua Ka’apor

Raimunda Benedita Cristina Caldas (PPLSA/UFPA)

E-mail: [email protected]

Ka’apór é uma língua da Família Tupí-Guaraní, pertencente ao

mesmo ramo do Guajá, Wayampí, Wayampipukú, Emérillon,

Zo’é, Anambé de Ehrenreich, Awré e Awrá e Takunhapé

(RODRIGUES, 1984-1985; RODRIGUES e CABRAL, 2002;

RODRIGUES, 2005). É falada por indígenas da Terra Indígena (T.I.)

Alto Turiaçu, no noroeste do Maranhão. A configuração da T.I. da qual pertencem os Ka’apor também é constituída por uma aldeia Guajá e

E

O

Page 134: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de linguagem e interculturalidade III

I Seminário Tradução e Interculturalidade

134

uma Timbira ao lado das doze aldeias ka’apor. A língua apresenta

como panorama sociolinguístico dois grupos dialetais de natureza

diatópica bastante evidente, além da diversidade de ordem diafásica,

diageracional, diastrática e diassexual, observados com base na

Dialetologia pluridimensional e relacional, por Thun e Radtke (1996) e

por Thun (1996, 1998a, 1998b, 2000a, 2000b). Nesta comunicação disponho resultados de levantamentos sociolinguísticos realizados durante o curso de Formação Básica Ka’apor, do Projeto Ka’a Namõ Jajunu’e Ha Katu, os quais servem como parâmetros para a descrição

dialetológica dos Ka’apor. Os dados constituem-se como contribuições

para a educação básica e formação de professores, assim como para

os estudos sociogeolinguísticos, em execução pelo projeto Atlas Sonoro das Línguas Indígenas do Brasil (Cabral e Razky 2013), com vistas aos

avanços das investigações na área dos estudos histórico-comparativos,

especialmente, no que se refere ao aspecto da constituição interna do

subramo III, da Família Tupí-Guaraní, do qual pertence o Ka’apor (cf.

Rodrigues 1985; Rodrigues e Cabral 2002).

Palavras-chave: Língua Ka’apór. Interferências Geosociolinguísticas. Tradução.

Page 135: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de linguagem e interculturalidade II

I Seminário Tradução e Interculturalidade

135

ESTUDOS DE LINGUAGEM e Interculturalidade II

Coordenadores: Jair Cecim da Silva

e Ewerton Gleison Lopes Branco

A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

a partir do grafismo corporal da cultura indígena Ka’apor

Estelita Araújo BARROS (UFPA/SEDUC)

E-mail: [email protected]

Maria Augusta Raposo de Barros BRITO (UFPA-Bragança)

E-mail: [email protected]

pesquisa foi realizada com os alunos da etnia ka’apor do 6º ao

9º ano durante as alternâncias de estudo que ocorreram em

dois Polos de Ensino: Aldeia Xiépihurenda, município de Centro

Novo e Aldeia Jupu’y Renda, município de Maranhãozinho. Por meio

da observação participante, no decorrer das aulas do componente

curricular da Etnomatemática. O processo de escolarização compõe-se de uma equipe de educadores formadores em um projeto de Educação

Escolar Indígena, Aprendendo com a Floresta, visando o avanço da

escolaridade de indígenas da etnia ka’apor, no estado do Maranhão. A

experiência é fundamentada na pedagogia de alternância, que consiste

em um sistema de ensino alternado sendo que o mesmo busca adequar-se a essa pedagogia respeitando o tempo e a cultura de cada

povo inserido no mesmo. E durante essa experiência de ensino e

aprendizagem, observou-se a desenvoltura e o conhecimento

matemático dos alunos, os quais os aplicam de acordo com a cultura e

a dinâmica do cotidiano de suas aldeias. O desenvolvimento desse

trabalho nos levou a pensar em uma proposta de ensino-aprendizado que pudesse fazer com que os alunos tivessem uma visão da educação

A

Page 136: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de linguagem e interculturalidade II

I Seminário Tradução e Interculturalidade

136

matemática sendo aplicada em seu dia a dia, assim como a arte do

grafismo corporal que possui uma conceituação geométrica em seus

traços. Valorizando o conhecimento matemático do aluno, sua forma

de subsistência, sua vida sociocultural, seu contexto cultural e seus

saberes. Com a realização da pesquisa constatou-se que é possível um

diálogo entre os saberes culturais do povo Ka’apor e os assuntos matemáticos vistos por uma ótica mais ampliada da visão em sala de

aula.

Palavras-chave: Educação escolar indígena. Etnomatemática.

Grafismo corporal. Educação matemática Ka’apor. Saberes Ka’apor.

GÊNERO TEXTUAL ORAL ENTREVISTA DE EMPREGO:

trabalhando a oralidade com os alunos da EJA

Gleciane da Silva PANTOJA (UFPA)

E-mail: [email protected] Camilla da Silva SOUZA (Orientadora)

E-mail: [email protected]

presente trabalho apresenta uma proposta didática acerca do

gênero textual oral “entrevista de emprego” voltada para o

desenvolvimento de habilidades e competências orais dos alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Júlia Quadros

Peinado, localizada no município de Bragança-PA. A referente

proposta foi construída a partir da observação do cotidiano escolar da

turma da quarta etapa, de Educação de Jovens e Adultos (E.J.A.) e de

um questionário aplicado à professora da turma. Assim, os dados apreendidos da realidade escolar da turma de E.J.A. revelaram

algumas dificuldades em torno da expressão oral (postura, elementos

prosódicos, expressividade facial) desses alunos. Logo, o gênero oral

“entrevista de emprego” apresenta-se como uma forma de trabalhar o

oral de maneira sistematizada, propondo atividades sequencias de

práticas da oralidade como: a linguagem formal, os “meios cinésicos” e os “meios para-linguísticos” (Dolz e Schneuwly, 2004). Dessa forma,

objetiva-se contribuir para o processo de ensino-aprendizagem, no

qual, os alunos possam desenvolver individualmente sua expressão

oral formal pública, características próprias do gênero “entrevista de

emprego”. Para fundamentar este trabalho, ou seja, para respaldar a importância de se trabalhar com a oralidade de forma sistemática a

partir dos gêneros textuais traz-se as contribuições de Leonor Fávero

O

Page 137: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de linguagem e interculturalidade II

I Seminário Tradução e Interculturalidade

137

(2000), Roxane Rojo (2001) e Sandoval Gomes-Santos (2012). Sendo

assim, nossa proposta prevê um ensino que contemple não somente

as práticas escolares, mas, as práticas sociais que vão além dos muros

da escola. Pois, os alunos de E.J.A. buscam um preparo voltado para

o mercado de trabalho, para o exercício de sua cidadania e a escola

deve propiciar múltiplos letramentos, no qual, os discentes possam estar inseridos em diversas situações comunicativas, de forma

dinâmica.

Palavras-chave: Oralidade. Proposta didática. Entrevista de emprego.

INFLUÊNCIA DO INTERCÂMBIO CULTURAL

com assistentes de ensino de inglês na motivação de alunos de

graduação em letras língua inglesa

Marcus Alexandre Carvalho de SOUZA (ILLA/UNIFESSPA)

E-mail: [email protected]

aprendizagem de uma língua estrangeira não envolve apenas o

conhecimento de estruturas e funções da língua, mas envolve

também aspectos culturais, já que não se pode aprender uma

língua estrangeira sem conhecer a cultura e modos de agir, pensar e

ser de falantes daquela língua-cultura. Aspectos socioculturais podem estar presentes entre os fatores que motivam ou que desmotivam os

aprendentes no seu processo de aprendizagem de uma língua

estrangeira, sendo a motivação um aspecto muito importante quando

se trata desse tipo de aprendizagem. Este trabalho tem por objetivo

apresentar aspectos socioculturais da motivação para a aprendizagem de alunos do curso de Letras Língua Inglesa, trabalhando em

específico com as menções feitas em relação ao intercâmbio cultural

realizado por meio da vinda de Assistentes de Ensino de Inglês (English Teaching Assistants – ETAs) da Comissão Fulbright ao

Campus de Bragança da Universidade Federal do Pará. Os dados

desta pesquisa estão inseridos em uma pesquisa maior, intitulada “Percepções dos alunos sobre sua própria (des)motivação: estudo

comparativo em turmas dos cursos extensivo e intensivo de

licenciatura em Letras Língua Inglesa”. Os participantes da pesquisa,

em geral, percebem como aspecto primordial a proficiência adquirida

na língua inglesa, não se atentando para a importância dos aspectos

socioculturais que a presença dos ETAs trouxe para o curso.

A

Page 138: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de linguagem e interculturalidade II

I Seminário Tradução e Interculturalidade

138

Palavras-chave: Motivação. Aspectos Socioculturais. Aprendizagem de

Língua Inglesa.

NOVAS ALTERNATIVAS DE LEITURA

e inclusão na escola

Giselle Maria Pantoja Ribeiro (UFPA)

E-mail: [email protected]

Tatiana Cristina Vasconcelos Maia (GELPEA/UEPA)

E-mail: [email protected]

ste artigo propõe reflexões sobre o multiculturalismo crítico e o

multiletramento, como práticas inclusivas necessárias na

escola e na sociedade. Durante muito tempo nas escolas o

ensino da leitura se manteve em linha reta, linearmente sendo

exercido e assim, se dava predominante a valorização de uma cultura dominante sobre a outra minoritária. E ocorria de se pensar em uma

única forma de ensinar as crianças o caminho para se chegar à leitura

e à escrita. (Ensinar o que às crianças? A leitura através da escrita?).

O cenário agora pede mudança e ocorre a ampliação do entendimento

do ato de leitura para se chegar a escrita. É nessa atmosfera que as

reflexões aqui propostas se firmaram com o enfoque dado às outras formas de linguagens cabíveis nos espaços escolares, outras práticas

de ensino da leitura que favorecem a construção do conhecimento

mais amplo, pois a linguagem está voltada para as atividades

cotidianas, ampliando enormemente o entendimento, desta maneira o

trabalho com o multiletramento pautado no multiculturalismo crítico, enriquece as práticas escolares, a partir do momento que traz para

escola o debate sobre as diferentes culturas e variadas formas de

linguagens que podem ser trabalhadas, e desta forma, entender o ato

de leitura não apenas como uma simples tarefa de juntar letras,

formando sons para as coisas nominadas, já estabelecidas pelo

sistema escolar, mas trazer para ela um diálogo amplo e dinâmico. Está pesquisa tem caráter qualitativo e nela foram traçados os

seguintes procedimentos: observações, anotações no diário de campo,

entrevistas, analises e leituras teóricas para comparação ou

constatação do que se pretende. Neste artigo, trabalhamos os itens

relacionados ao tema: A leitura multicultural de Paulo Freire, Multiculturalismo e a crítica pós-moderna, Letramento como práxis:

desafios apontados, (Multi) letramento e cultura: de que educação

E

Page 139: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de linguagem e interculturalidade II

I Seminário Tradução e Interculturalidade

139

estamos falando? Alfabetização, multiletramento e surdez, “Uma

história da leitura” à luz de Alberto Manguel, alcançando ainda as

noções de Suzana Vargas em seu livro “Leitura: uma aprendizagem de

prazer”, Roland Barthes “O prazer do texto”, Regina Zilberman

“Literatura e pedagogia”, concluindo com as análises e as

aproximações conclusivas. Palavras-chave: Cultura. Multiculturalismo. Multiletramento. Leitura.

Ensino.

RELAÇÃO DO ALUNO GRADUANDO COM AS TIC’s no processo de ensino aprendizagem na EAD

Antonia Edleuza ALVES (SEDUC)

E-mail: [email protected]

Jaed Ríllare Alves de SOUSA (UFPA)

E-mail: [email protected]

presente estudo tem como tema “Relação do aluno graduando

com as TICs no processo de ensino aprendizagem na EaD”. A

educação a distância é um dos mais promissores campos da

educação na sociedade moderna, pois pelas suas propostas de

universalizar o ensino procura atender as demandas educacionais da sociedade moderna. É, ainda, o processo em que o ensino ocorre por

meio de ambientes virtuais de aprendizagens vinculados às

tecnologias de informação e comunicação e facilita a inserção do aluno

no mundo globalizado. Esta pesquisa tem como objetivo analisar a

relação do aluno graduando com as tecnologias de informação e comunicação no processo de ensino aprendizagem na da educação a

distancia. Para o desenvolvimento desta pesquisa foi realizada uma

pesquisa exploratória e descritiva com o uso de questionários que

foram aplicados aos alunos graduandos dos cursos de Pedagogia da

Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Biologia do Instituto

Federal do Pará (IFPA) e Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará (UFPA) pertencentes ao Plano Nacional de Formação de

Professores do Estado do Pará - Parfor/Pa, haja vista que 20% por

cento da carga horária da cada disciplina devem ser cumpridas por

meio da educação a distância. O questionário aplicado contém

perguntas abertas e fechadas aplicadas a 53 alunos dos cursos citados totalizando 10 questões referentes ao tema apresentado. Os

resultados apresentados mostram que os alunos sabem da

O

Page 140: Livro de Resumos I Tradinter

Estudos de linguagem e interculturalidade II

I Seminário Tradução e Interculturalidade

140

importância das tecnologias no processo de ensino aprendizagem, mas

uma parte significativa dos graduandos não tem acesso à internet com

frequência. Muitos apresentam dificuldades para realizar as atividades

online que correspondem a 20% do total da carga horária de cada

disciplina. Percebe-se ainda que uma das dificuldades enfrentadas

pelos alunos, é justamente a falta do domínio das ferramentas dos ambientes virtuais de aprendizagem oferecidas para a interação entre

o professor e o aluno. Isso se justifica, justamente, porque o AVA

disponibiliza variadas ferramentas e o aluno ainda se sente inibido em

usá-las. Muitas vezes usa penas as ferramentas mais comuns, como

e-mail, material impresso e telefone. Sendo assim, pode-se dizer que o ensino na EaD trouxe inúmeros benefícios de muita valia para a

sociedade e nesse contexto merecem destaque dois fatores

importantíssimos para o aperfeiçoamento e a qualidade do ensino a

distancia, que são o papel desempenhado pelo professor/tutor e a

comunicação dialógica dos envolvidos nesse processo de ensino.

Palavras-chave: EaD. Tecnologia. Ensino.

Page 141: Livro de Resumos I Tradinter

Línguas hispânicas e tradução cultural

I Seminário Tradução e Interculturalidade

141

LÍNGUAS HISPÂNICAS e Tradução Cultural

Coordenador: Carlos Henrique Lopes de Almeida

LITERATURA E HISTORIA:

traços de resistência na literatura paraguaia

Carlos Henrique Lopes de ALMEIDA (UFPA)

E-mail: [email protected]

ste estudo tem como proposta a análise e discussão de traços

de resistência presentes em algumas das principais obras do autor paraguaio Augusto Roa Bastos. O corpus selecionado

apresenta narrativas cujas representações destacam alguns dos fatos

históricos responsáveis por importantes mudanças na configuração

política, econômica e social do país mediterrâneo. As temáticas

contemplam os primeiros contatos do Velho Mundo como as novas terras conquistadas, duas grandes guerras contra países vizinhos, a

Grande Guerra em 1864-1870 e a Guerra do Chaco 1932-1935,

ambos episódios promoveram a reconfiguração de um cenário que

indicava ser promissor. Outro traço cultural que vale destacar refere-

se à diglossia da nação Paraguaia, pois além de significar a chave para

a consolidação de um nacionalismo pautado na cultura Guaraní, também funcionou como um artifício literário utilizado por Roa Bastos

na tessitura de seus romances. O entrecruzamento da história e da

ficção oferecerá um espaço de reflexão e discussão sobre a identidade

a partir das releituras do passado existentes no universo literário das

obras roabastianas. A análise será realizada a partir dos conceitos de Identidade Cultural, Alteridade e Resistência, propostos por Homi

Bhabha (2011), Stuart Hall (2002), Bosi (2002) Thomas Bonicci (2009),

Mentom (1993) e White (2003).

E

Page 142: Livro de Resumos I Tradinter

Línguas hispânicas e tradução cultural

I Seminário Tradução e Interculturalidade

142

Palavras-chave: Identidade. Resistência. Literatura. Alteridade.

O EROTISMO E A FANTASIA DE GIANTES EM:

El Insecto de Pablo Neruda e Hable con Ella de Almodóvar

Fernanda da Costa Silva (UFPA)

E-mail: [email protected]

Iris de Fátima Lima BARBOSA (Orientadora)

E-mail: í[email protected]

icardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto nasceu na cidade de Parral

– Chile em 12 de julho de 1904 e faleceu em Santiago do Chile

em 23 de setembro de 1973, tinha por pseudônimo o nome

Pablo Neruda, inspirado no escritor checo Jan Neruda. Foi poeta,

político, escritor e diplomático, consagrando-se como um ativista

político. Considerado um dos maiores poetas Chilenos, assim como um dos nomes mais renomados da literatura contemporânea, em suas

obras podemos observar várias faces do escritor, que se entrelaçam

entre momentos de lirismo, angústia, amor, política, erotismo, entre

outros. Vale ressaltar que para este trabalho buscamos analisar o poema El Insecto de Pablo Neruda, subsidiado por considerações a

cerca do erotismo de estudiosos como: Ronaldo Vainfas, Lúcia Castello Branco, Milla Balleiro de Sá Adami, buscando analogias entre o poema

e a fantasia ou fetiche de Giantess, em que a pessoa fantasia ser de

uma estatura pequena para ficar à mercê dos caprichos de um (a) gigante (a). E neste desenrolar, unimos o poema com o filme Hable con Ella de Pedro Almodóvar que vem retratar também o fetiche em sua

película, onde uma das supostas cenas, um casal se encontra em seu quarto, e o homem seguindo a fantasia de Giantess, se torna o

pequeno ser que se dispõe a satisfazer todos os desejos de sua amada.

O mesmo acontece no poema, pois o amante se revela como um

inseto, em que irá percorrer, ou melhor, irá passear pelo corpo de sua

amante. Fascínio é uma entre as catarses oferecidas entre estas duas

obras, as quais escolhemos para analisar e mostrar uma pequena porção da literatura Hispano-Americana em analogia com a sétima

arte.

Palavras-chave: El Insecto. Pablo Neruda. Hable com Ella. Pedro

Almodóvar. Fantasia de Giantess.

R

Page 143: Livro de Resumos I Tradinter

Línguas hispânicas e tradução cultural

I Seminário Tradução e Interculturalidade

143

O ESTUDO DOS SUBSTANTIVOS DO ESPANHOL:

como reconhecê-los?

Rozilda Rodrigues MONTEIRO (UFPA)

E-mail: [email protected]

Valéria da Costa CABRAL (UFPA) E-mail: [email protected]

Carmen Lúcia RODRIGUES (Orientadora)

E-mail: [email protected]

ste trabalho tem como principal objetivo apresentar as características da classe de palavras substantivo do espanhol –

a segunda língua mais falada no mundo – a partir do ponto de

vista tradicional e a partir dos critérios semântico, morfológico e

sintático, em contraste com os substantivos do português, uma língua

muito próxima do espanhol, tanto geograficamente como

geneticamente, já que as duas possuem a mesma origem, o Latim. Inicialmente, serão apresentadas as definições mais tradicionais, tanto

em relação ao substantivo em espanhol como em português.

Posteriormente, trataremos da classificação e formação do substantivo

em espanhol, com suas flexões de gênero, número e grau, e

enfocaremos sua função do ponto de vista sintático. Para tanto, serão

apontados exemplos para uma melhor compreensão do referido objeto de estudo. A partir da identificação de características morfológicas e

sintáticas do substantivo em espanhol, mostraremos que o critério

semântico por si só não é suficiente para diferenciar o substantivo das

demais classes de palavras, sendo necessário aplicar critérios formais

para o reconhecimento dessa classe de palavra. Portanto, veremos que a definição tradicional de substantivo apoiada exclusivamente em

critérios semânticos deixa lacunas em seu aprendizado, tanto por

parte de quem aprende o espanhol como primeira língua como por

parte de quem o aprende como segunda língua.

Palavras-chave: Espanhol. Substantivo. Semântico. Morfológico.

Sintático.

TRADUTORES HISPÂNICOS

traduzindo para o português

Eva Yolanda Taberne ALBARENGA (UNILA)

E-mail: [email protected]

E

Page 144: Livro de Resumos I Tradinter

Línguas hispânicas e tradução cultural

I Seminário Tradução e Interculturalidade

144

Giane da Silva Mariano LESSA (Orientadora)

E-mail: [email protected]

tradução inversa (TI), conhecida no Brasil como “versão”, que

implica traduzir um texto escrito na língua materna do tradutor

para uma língua estrangeira, é uma prática ainda polêmica e criticada por vários teóricos de finais do século XX. Por um lado, essa

prática é defendida em alguns estudos recentes, mas ignorada em boa

parte dos trabalhos acadêmicos da área, que ao falar em tradução

pressupõem que esta sempre está sendo feita da língua estrangeira

para a língua materna do tradutor. No entanto, há tradutores a realizam profissionalmente. No contexto brasileiro, alguns tradutores

hispânicos traduzem diferentes tipos de textos (jurídicos, literários,

científicos, legendas e roteiros de filmes, entre outros) do espanhol

para o português. É com esse perfil de sujeitos que trabalharemos,

com o objetivo de analisar as representações sobre a tradução inversa

que emergem dos seus discursos, em seus comentários sobre os seguintes tópicos: as diferenças entre traduzir de forma inversa e

traduzir de forma direta (para a sua língua materna); as dificuldades

que enfrentam traduzindo para uma língua estrangeira; as diferenças

de traduzir determinados tipos de textos; as estratégias utilizadas; as

aptidões necessárias para realizar a TI e as particularidades do par

linguístico espanhol/português. Tomando como base a teoria das representações, abordada a partir de uma visão construcionista.

Analisar-se-á até que ponto a crença que diz respeito ao falante nativo

como superior ao falante não nativo na sua competência tradutória é

retomada/reafirmada/discutida nos discursos dos tradutores

entrevistados. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de abordagem interpretativista. Os dados foram gerados a partir de um questionário

escrito, que tinha por objetivo delimitar o perfil dos participantes e

uma entrevista oral, com perguntas semiestruturadas, realizada via

Skype. O presente artigo apresentará os resultados da pesquisa que

está sendo realizada para o desenvolvimento do TCC, ainda em

andamento. Palavras-chave: Direcionalidade. Tradução inversa. Representações.

Par linguístico português/espanhol. Estudos latino-americanos.

A

Page 145: Livro de Resumos I Tradinter

Entre a terra, o mangue e o mar: dialogando com os diversos saberes da pesca

I Seminário Tradução e Interculturalidade

145

ENTRE A TERRA, O MANGUE e o mar: dialogando com os

diversos saberes da pesca Coordenadora: Deis Elucy Siqueira

AS RELAÇÕES GERACIONAIS NA PESCA ARTESANAL

na comunidade de Bonifácio-Pará: saberes e juventude

Norma Cristina Vieira COSTA (PPBA/UFPA)

E-mail: [email protected]

Deis Elucy SIQUEIRA (Orientadora) E-mail: [email protected]

rata-se de visibilizar as relações geracionais a partir dos saberes

ecológicos pesqueiros locais que as constituem na comunidade

de Bonifácio, em Bragança-Pará. Este trabalho apresenta parte dos resultados de pesquisa de tese desenvolvido no grupo de pesquisa

ESAC-Estudos Socioambientais Costeiros/ Programa de PG em Biologia Ambiental-Universidade Federal do Pará, Campus de

Bragança. O texto ancora-se em entrevistas parcialmente

estruturadas, observação participativa e grupos focais com os

membros das famílias pescadoras e moradoras da comunidade de Bonifácio. Identificou-se que na comunidade de Bonifácio as relações

de parentesco são fundamentais na formação dos mais jovens,

especialmente na formação daqueles que estão iniciando a atividade

de pesca. É através destas relações que se constroem os primeiros

conhecimentos ecológicos locais. O pai, a mãe e os parceiros de pesca

obtiveram um lugar de destaque na formação do pescador e da pescadora da comunidade de Bonifácio. Aqui, os (as) jovens são

inseridos socialmente na atividade de pesca. Ainda que não ocorra

T

Page 146: Livro de Resumos I Tradinter

Entre a terra, o mangue e o mar: dialogando com os diversos saberes da pesca

I Seminário Tradução e Interculturalidade

146

uma inserção forçada, a introdução se inicia desde muito cedo, ainda

na infância e se concretiza de modo geral na juventude, quando os

pescadores e as pescadoras, sobretudo os primeiros, integram os

grupos pesqueiros inter familiares. Também é na juventude que os

saberes da pesca apreendidos no dia-a-dia se evidenciam. Os jovens se

casam por volta de 20 a 22 anos e são considerados adultos a partir daí, ainda que a passagem de crianças para jovem ocorra mais ou

menos por volta de 15 anos, conforme o Estatuto. Adolescência. De

qualquer maneira, ainda que não seja marcada tão forte por ruptura e

crise de identidade, a juventude é uma fase que pode ser considerada

intermediária entre a infância e a vida adulta (antes do casamento).Esse modelo de vida, representada em grande medida

pelos vários aspectos socioculturais de uma comunidade tradicional,

transita pelos diferentes, porém relacionados, campos de ação

humana. Dentre eles merecem destaque as relações de gênero no

processo de socialização dos conhecimentos pesqueiros. As mulheres,

jovens pescadoras aprendizes, longe de ter as mesmas oportunidades e ensinamentos dos homens, aprendem prioritariamente a lida com o

pescado (limpar, eviscerar, retalhar, salgar) em grande medida para

fins domésticos/autoconsumo. Aos homens, jovens pescadores

aprendizes, a socialização dos conhecimentos pesqueiros calca-se em

direção a profissionalização no setor.

Palavras-chave: Relações geracionais. Pesca Artesanal. Saberes Locais. Juventude.

PARTICIPAÇÃO E RELAÇÕES DE PODER

no conselho deliberativo da Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu, Bragança/PA

Sebastião Rodrigues da SILVA JÚNIOR (UFPA)

E-mail: [email protected]

presente estudo se refere a pesquisa realizada na Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu, criada em 2005,

localizada no município de Bragança, região nordeste do estado

do Pará, Amazônia, Brasil, a mesma dispõe de uma área de 42 mil

hectares, envolvendo uma população de cerca de 40 mil pessoas. O

objetivo foi analisar o Conselho Deliberativo da Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu, enquanto instrumento de participação e

de poder, verificando se o mesmo contribui para a mudança nas

O

Page 147: Livro de Resumos I Tradinter

Entre a terra, o mangue e o mar: dialogando com os diversos saberes da pesca

I Seminário Tradução e Interculturalidade

147

relações de poder entre os agentes técnicos e a população tradicional

no que diz respeito à gestão desta Unidade de Conservação. O

trabalho foi elaborado a partir de uma abordagem qualitativa,

utilizando-se de um formulário padronizado, entrevistas semi-

estruturadas e informais, bem como observação participante. Conclui-

se que não obstante os conflitos, expostos ou latentes, as disputas entre vários conselheiros, as divergências entre as instituições

participantes, este se configurou como: um espaço aberto ao debate e

proposições; possibilitou a ampliação da participação das populações

tradicionais nos processos decisórios, ainda que em pequena

abrangência. Considera-se que o mesmo foi um espaço fundamental para o processo de democratização das relações entre a sociedade

local e as comunidades que vivem dos recursos que a Reserva

Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu oferece.

PRÁTICAS SOCIOAMBIENTAIS E RELAÇÕES DE GÊNERO em uma comunidade tradicional da Amazônia

Darcy de Nazaré Flexa DI PAOLO (PPGBA/UFPA)

E-mail: [email protected]

Deis Elucy SIQUEIRA (Orientadora)

E-mail: [email protected]

presente resumo enfoca um pouco da Tese de Doutorado

vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia

Ambiental (PPGBA)/UFPA, Campus de Bragança, orientada

pela profa. Dra. Deis Siqueira, sob o título Práticas socioambientais e relações de gênero em uma comunidade tradicional da

Amazônia. Está sendo desenvolvida na comunidade

Cajueiro/nordeste paraense, a 18 km da cidade de Bragança, onde

moram 120 famílias, compreendendo aproximadamente 500

moradores. Os campos constituem a principal característica

ambiental, campos estes que se apresentam cheios no período chuvoso e secos em períodos que não chove. Visando identificar as

principais formas de vida da comunidade, mais especificamente no

que se refere à relação dos moradores com o meio ambiente, o estudo

tem como objetivo identificar e analisar as principais atividades

extrativistas geradoras de renda e aquelas destinadas ao autoconsumo, em sua articulação com os ciclos produtivos dos

recursos naturais utilizados e os arranjos familiares que são

O

Page 148: Livro de Resumos I Tradinter

Entre a terra, o mangue e o mar: dialogando com os diversos saberes da pesca

I Seminário Tradução e Interculturalidade

148

construídos Tem como hipótese norteadora: as atividades produtivas

socioambientais se organizam não apenas, mas significativamente, de

acordo com o movimento produtivo e reprodutivo dos recursos

naturais utilizados, as quais implicam em diferentes arranjos das

famílias, ancorados estes, por sua vez, na divisão sexual do trabalho. Além da observação in loco e da pesquisa participante estão sendo

desenvolvidos também grupos focais como metodologia básica. Neste

contexto, tem-se verificado que a atividade econômica principal é a

agricultura, com destaque para a mandioca, com a qual é produzida,

sobretudo, tanto a farinha d’agua quanto a de tapioca. Além da

agricultura, destaca-se a pesca, com vários tipos de peixe e de

camarão e também o caranguejo. A pecuária é exclusivamente para o tratamento da terra, com dizem os moradores locais “para estrumar a

terra”, devido, sobretudo, as plantações de mandioca. Portanto, com

relação a atividades econômicas, destacam-se, sobretudo: agricultores,

pescadores, e tiradores de caranguejo, porém, mesmo tendo uma

dessas atividades com principal, todos se envolvem de alguma forma com cada uma delas, isto, de acordo com as respectivas épocas do

ano, as quais correspondem também aos ciclos produtivos e

reprodutivos dos recursos naturais existentes. Tendo presente que a

apropriação dos recursos da natureza não ocorre fora do contexto dos

valores humanos, o presente estudo visa contribuir como mais um

produto acadêmico-científico direcionado a esta temática, fruto de estudos que estão sendo desenvolvidos pelo grupo de Estudos

Socioambientais Costeiros (ESAC)/UFPA/Campus de Bragança.

Palavras-chave: Extrativismo. Socioambiental. Relações de gênero.

Amazônia.

“SARDINA É A FARINHA DOS PEIXES”:

a importância do conhecimento ecológico local para o bom viver

na Amazônia

Roberta Sá Leitão BARBOZA (FEPESCA/ESAC/UFPA) E-mail: [email protected]

valorização do saber local sobre a natureza pelos cientistas é

relativamente recente. O conjunto de saberes e práticas a

respeito do mundo natural e sobrenatural é conhecido como

conhecimento ecológico local (CEL). Caracterizam-se como conhecimentos intimamente relacionados à natureza, utilizados no

A

Page 149: Livro de Resumos I Tradinter

Entre a terra, o mangue e o mar: dialogando com os diversos saberes da pesca

I Seminário Tradução e Interculturalidade

149

cotidiano de povos tradicionais, adquiridos através de observações

extensivas de uma área ou de uma espécie, e transmitidos

especialmente por via oral, de geração em geração de modo informal.

Hoje, o entendimento do CEL pela ciência passou a ganhar espaço na

conservação e manejo dos recursos naturais, constituindo-se um

importante desafio. Nesse contexto, foi realizado um estudo acerca do CEL de pescadores artesanais das vilas dos Pescadores e vila

Bonifácio, Bragança (Pará), sobre a ecologia alimentar de alguns

peixes. Verificou-se similaridade nos relatos sobre o conhecimento do

hábito alimentar dos peixes fornecidos pelos pescadores e das

informações disponíveis na literatura cientifica. De acordo com os pescadores, a dieta alimentar dos peixes esteve baseada

principalmente no consumo de sardinha e camarão. A partir da

riqueza constatada no conhecimento dos pescadores sobre a ecologia

trófica de peixes, sugere-se que estes saberes sejam empregados no

manejo dos recursos pesqueiros no nordeste do Pará, contribuindo

para o bom viver dessas pessoas. Palavras-chave: Conhecimento Ecológico Local. Pescadores artesanais.

Peixes.

TREME:

um nome que conta as origens da comunidade

Maria de Lima GOMES (FACED/ESAC/UFPA)

E-mail: [email protected]

Deis Elucy SIQUEIRA (Orientadora)

E-mail: [email protected]

ste estudo é um dos resultados da investigação realizada na

Vila do Treme, em Bragança, PA, no período de agosto de 2011

a janeiro de 2013. Teve como objetivo obter informações sobre o

início da ocupação do lugar. Por meio da memória dos mais antigos

identificados foram entrevistados nove (9) moradores da comunidade do Treme com faixa etária entre 80 a 97 anos. Pelo efeito bola de neve,

usou-se a entrevista semi-estruturada e não estruturada, como

instrumento de coleta de dados. A Comunidade data do início do

século XX, sendo os primeiros moradores oriundos de comunidades

próximas. O lugar foi escolhido pela proximidade do rio Caeté, o que facilitava a atividade ocupacional: a pesca. Seis, são os grupos

familiares que deram origem a população da comunidade, que recebeu

E

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Entre a terra, o mangue e o mar: dialogando com os diversos saberes da pesca

I Seminário Tradução e Interculturalidade

150

o nome de Treme, em função de um lago que apresenta o fenômeno

natura, mas incomum em região tropical, que é o tremular da terra ao

se pisar nas águas do lago. A valorização da memória dos moradores

mais antigos, que não tem um registro histórico, é uma forma de

obtenção de informações que levam a compreensão do passado, das

tradições para guarda-las, ao mesmo tempo em que possibilita a percepção de mudanças para o futuro. Este trabalho apresenta parte

dos resultados de pesquisa desenvolvido no grupo de pesquisa ESAC-

Estudos Socioambientais Costeiros/Programa de PG em Biologia Ambiental-Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança.

Palavras-chave: Memória. Comunidade. Idosos.

Page 151: Livro de Resumos I Tradinter

Linguagem e educação: estudos interculturais

I Seminário Tradução e Interculturalidade

151

LINGUAGEM E EDUCAÇÃO: estudos interculturais

Coordenadora: Maria da Conceição Azevedo

A LINGUAGEM COTIDIANA DOS ALUNOS

no processo ensino-aprendizagem representada pela cultura digital

Sybelle Rúbia Duarte SAMPAIO (Bolsista/Supervisora

PIBID/CAPES/URCA)

E-mail: [email protected]

Cicera Edilene Alves da SILVA (Bolsista PIBID/CAPES/URCA) E-mail: [email protected]

realidade transformada das escolas, das relações sociais e dos

diferentes contextos escolares, exige uma adaptação maior ao

ensino contextualizado com as comunidades dos educandos. Não há como fragmentar a linguagem em processo conteudístico, sem

considerar o papel da instituição na vida efetiva dos alunos. Nesse

ponto, faz-se viável aproximar os saberes das situações reais e

específicas, bem como desconsiderar a filosofia unificadora comum a

muitas escolas de ensino médio. A construção da identidade docente

em confronto com essas mutações exige maior aproximação com essa realidade contextual. Por isso o PIBID (Programa Institucional de

Bolsa de Iniciação à Docência) propicia ao graduando um contato

maior com esse trabalho. Concomitantemente, tencionamos analisar

os avanços possíveis nessa interação profissional e de formações:

docente e discente. A fim de encontrar alternativas de ações que promovam uma constante reflexão em torno da atuação docente

versus desenvolvimento da aprendizagem dos alunos através de uma

linguagem comum e compreendida socialmente. O que faz da escola

A

Page 152: Livro de Resumos I Tradinter

Linguagem e educação: estudos interculturais

I Seminário Tradução e Interculturalidade

152

viva são os alunos, professores, pais, funcionários que interagem com

ela em diferentes linguagens. Essas esferas socializam-se no contexto

que elas próprias criam e recriam. E através do poder da palavra se

revelam, expõem seus pontos de vista, aparelharam-se. Essa escola

deve ser um lugar de ascensão e conexão de todos os participantes, na

construção da cidadania. O trabalho proposto pelo PIBID objetiva formar pessoas e influenciar a estruturação da escola de maneira

dinâmica e que estimule os alunos a manifestarem-se nos diversos

domínios culturais. Na nossa perspectiva ainda há muitos paradigmas

que precisam ser quebrados para fazer do ensino um processo eficaz

em maior escala. Desfragmentar o currículo, tornando-o flexível, reflexivo, vivo e pensado coletivamente, para formar a identidade da

instituição, acompanhando o desenvolvimento local e reprogramado a

partir do contexto da realidade da instituição. Pretendemos dispor da

linguagem cotidiana e local dos alunos do ensino médio em contato

com os alunos da universidade e futuros docentes, para utilizarmos a

cultura digital através de blogs interativos, redimensionarmos a prática pedagógica que ative os mecanismos de entendimento do ser e

fazer dos discentes, induzindo, portanto, transformações nos moldes

de uma escola ressignificada.

Palavras-chave: Ensino. Linguagem. Contextualização. PIBID.

A NEGOCIAÇÃO DE SENTIDOS

e a constituição dos papéis sociais em uma aula de leitura no

ensino superior

Maria da Conceição AZEVÊDO (Doutoranda em Educação/USP) E-mail: [email protected]

esta comunicação, trazemos à discussão um estudo em que

analisamos o funcionamento discursivo de uma interação em

sala de aula, enfocando os modos como a professora e os

alunos, por meio de comportamentos verbais e não verbais, interagem reciprocamente para dar acabamento a uma interação singular, na

qual os sentidos não estão dados, mas vão sendo construídos

conjuntamente. Intentamos examinar de que maneira os padrões

interacionais nos permitem observar a distribuição dos papéis sociais

entre os participantes e as funções dos atos de linguagem praticados na cena didática, em termos de uma configuração discursiva que

deriva das particularidades de um ambiente de ensino institucional.

N

Page 153: Livro de Resumos I Tradinter

Linguagem e educação: estudos interculturais

I Seminário Tradução e Interculturalidade

153

Os dados considerados na análise originaram-se de um recorte do corpus de nossa pesquisa de Mestrado, em que foram registradas em

vídeo as aulas da disciplina “Produção e Compreensão de Textos II”,

ministradas para uma turma do segundo período do Curso de Letras

da Universidade Federal do Pará, no Campus de Bragança/PA.

Selecionamos para análise um episódio didático em que a professora faz a correção de um exercício de compreensão textual. Tomando como

pressuposto a concepção da natureza interacional e dialógica da

linguagem (BAKHTIN, 2003, 1988), fundamentamos nossa análise em

dois eixos temáticos: estudos que tematizam a organização das

interações e a constituição das práticas discursivas em situações de

ensino e aprendizagem (MEHAN, 1979; MORTIMER & SCOTT, 2002; GERALDI, 1997); reflexões sobre os exercícios de compreensão textual

(MARCUSCHI, 1996, 2001). O estudo nos permitiu constatar que: i) a

organização das trocas discursivas entre a professora e os alunos é

determinada, em grande medida, pelo formato do exercício, que

conduz à negociação de sentidos em função das instruções contidas nas questões propostas; ii) a constituição das interações em situações

de sala de aula demanda dos sujeitos a assunção de papéis

convencionados institucionalmente, o que pode conduzir a uma

inversão dos papéis dos participantes e das funções dos atos de

linguagem.

Palavras-chave: Padrões de interação. Dialogismo. Ensino superior. Aula de leitura.

FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA PERSPECTIVA DOS SABERES

culturais para construção da escola bragantina

Luciane Silveira RODRIGUES (SEMED/BRAGANÇA-PA)

E-mail: [email protected]

Maria Adriana LEITE (UFPA)

E-mail: [email protected]

Robson de Sousa FEITOSA (Orientador) E-mail: [email protected]

Secretaria Municipal de Educação de Bragança-PA lançou em

2013 seu projeto de educação objetivando a construção coletiva da Escola Bragantina. Este projeto traz um Programa de

Formação Continuada que visa identificar os elementos que caracterizam a comunidade bragantina e faze-los adentrar e

A

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Linguagem e educação: estudos interculturais

I Seminário Tradução e Interculturalidade

154

transformar os currículos das escolas que compõe esta rede de ensino,

dando voz e vez aos saberes e fazeres locais. Ocorre no chão da escola,

através de ações como Jornada Pedagógica e circuitos de diálogos intitulado de Caravana Pedagógica (CP), que é objeto de estudo deste

artigo. Ao nos questionarmos se nossa escola está pronta para nossos

alunos reais, nos deparamos com o desafio: uma proposta de formação que promova a reflexão-ação-reflexão dos docentes em rede

objetivando reafirmá-los como protagonistas de sua história, sem

negar a participação dos sujeitos envolvidos neste processo. Pensado

no formato de construção coletiva, as CP’s constituem-se em um

processo de acompanhamento periódico, cujo objetivo é estabelecer

um contato com o corpo escolar e auxiliar em seus projetos. Estas propõem abrir caminhos para processo de libertação do sujeito

oprimido (professor, alunos, comunidade) que, diante de uma

realidade repressora (sistema, currículo, configurações sociais,

formação) vê-se diminuído em seu direito de protagonista de um

tempo, espaço, de uma história. As CP’s são planejadas a partir dos projetos e dados referentes ao que escola vem construindo nos últimos

anos como: o IDB, dados estatísticos, programa federais, PPP, etc. Não

nos propomos a levar formulas ou modelos. O princípio é partir de

uma conversa inicial com os professores sobre suas práticas, o que

possibilita partimos do olhar do professor, para só então construir

com eles a reflexão teórica para orientação de suas atividades. O presente trabalho está sendo desenvolvidos através de análise dos

discursos dos professores, com entrevistas e gravações sobre os

relatos das visitações em comunidade. A diversidade encontrada nas

escolas reafirma que o conhecimento não é uma “caixinha fechada” ou

que tenha forma unilateral, ou ainda com a construção feita de cima

para baixo em que umas poucas pessoas mandam e umas muitas pessoas procuram acatar, os saberes presentes nos diversos espaços

que são abordados em cada comunidade nos leva a ver a escola como

um espaço privilegiado levando-nos a acreditar em uma educação de

qualidade e para todos.

Palavras-chave: Saberes. Caravana pedagógica. Escola bragantina.

GÊNERO TEXTUAL NA TEORIA E NA PRÁTICA:

uma proposta para orientar a leitura e a produção de sequências

didáticas

Tânia Maria MOREIRA (UNIFESSPA)

Page 155: Livro de Resumos I Tradinter

Linguagem e educação: estudos interculturais

I Seminário Tradução e Interculturalidade

155

E-mail: [email protected]

Paulo da Silva LIMA (UNIFESSPA/PIBEX)

E-mail: [email protected]

ste trabalho aborda questões teóricas relativas ao estudo de

gênero textual e da abordagem sequência didática como subsídio ao ensino de Língua Materna e Estrangeira. O ponto

de partida desta experiência reside na necessidade de explorar e

construir sequências didáticas, voltadas ao desenvolvimento de ações

práticas em escolas da rede pública de Marabá, PA, que estão vinculas

ao projeto de pesquisa e extensão em desenvolvimento na UNIFESSPA, “Gêneros textuais no ensino: da Educação Básica ao Ensino Superior”.

O nosso objetivo nesta comunicação é apresentar uma abordagem em

experimentação, voltada ao estudo e à construção de sequências

didáticas que demonstrem relação entre teoria e prática. Na

construção dessa abordagem, adotamos como referência teórica os

estudos de Machado et al. (2004), Marcuschi (2005; 2007) e Dolz et al. (2010). Tal abordagem consiste na proposição de algumas perguntas

que podem servir como um roteiro na realização de observação de

propostas de ensino voltadas para o trabalho com gêneros textuais. A

primeira aplicação dessa abordagem ocorreu em oficinas de leitura e

produção de sequências didática envolvendo os gêneros notícia e

resumo, assim como em oficinas de produção de artigos de opinião. Acreditamos que o uso dessa abordagem pode contribuir no

desenvolvimento de competências linguísticas e discursivas de alunos

em formação na área de Letras e contribuir para o desenvolvimento da

consciência crítica quanto ao estudo e à produção de atividades

didáticas envolvendo diferentes gêneros textuais. Palavras-chave: Gêneros textuais. Sequência didática. Leitura e

produção de textos.

QUE LINGUAGENS EDUCAM OS PEQUENINOS?

um estudo sobre as dimensões da linguagem em uma unidade de educação infantil, Belém-Pará

Kelry Leão OLIVEIRA (PPGED/UFPA)

E-mail: [email protected]

Gilcilene Dias da COSTA (Orientadora) E-mail: [email protected]

E

Page 156: Livro de Resumos I Tradinter

Linguagem e educação: estudos interculturais

I Seminário Tradução e Interculturalidade

156

ste trabalho visa apresentar elementos iniciais de uma pesquisa

de Mestrado em Educação, cujo objetivo consiste em analisar

as dimensões das linguagens artística e musical na educação

infantil tendo como lócus uma Unidade de Educação Infantil no

município de Belém-PA e como aporte teórico os estudos pós-

estruturalistas sobre linguagem, diferença, currículo, educação. A pesquisa surgiu de inquietações que se deram durante a graduação e

que se estenderam para o campo profissional com a minha entrada

nesta instituição de ensino a qual estou me propondo investigar, por

conta da escassa discussão acerca da linguagem que leva a

dificuldade dos professores em saber utilizar suas dimensões em práticas diárias como mecanismo de construção/ressignificação do

conhecimento. Dessa forma, buscamos investigar os modos como a

linguagem está sendo trabalhada na educação infantil, analisando

como as crianças estão se desenvolvendo a partir dessa proposta de

ensino e se o contexto sociocultural dessas crianças vem sendo levado

em consideração nessa dinâmica de construção do conhecimento. Como proposta deste trabalho, optamos por apresentar num primeiro

momento uma discussão teórica sobre linguagem a partir de uma

perspectiva pós-estruturalista apoiada em autores como CORAZZA

(2001); COSTA (2011 e 2013); SILVA (2001), e da “perspectiva do

cotidiano” fundamentada nas ideias de Michel de Certeau (2014), com

aproximações a serem feitas ao campo da educação. Por se tratar de uma pesquisa em andamento, os dados obtidos ainda são

preliminares, porém, é possível apontar, no tocante aos estudos da

linguagem, o seu caráter instável e difuso no meio social, bem como

no tocante ao cotidiano escolar que os professores vem desenvolvendo

um trabalho experimental no município de Belém, com uma metodologia de ensino que ainda está em processo de aprovação pela

secretaria de educação do município, e que por ser nova gera muitas

dúvidas em relação às formas de realizar as práticas pedagógicas, mas

que ao mesmo tempo sinaliza ações satisfatórias para a formação

destas crianças.

Palavras-chave: Linguagem. Educação Infantil. Pós-Estruturalismo. Cotidiano.

O PROCESSO FORMATIVO DOCENTE E SUAS INTERFACES

com os saberes locais: uma proposta de reorientação curricular em Bragança-PA

E

Page 157: Livro de Resumos I Tradinter

Linguagem e educação: estudos interculturais

I Seminário Tradução e Interculturalidade

157

Maria Adriana LEITE (UFPA)

E-mail: [email protected]

Luciane Silveira RODRIGUES (UFPA)

E-mail: [email protected]

s reflexões apresentadas neste artigo são parte do processo de acompanhamento da proposta de formação continuada de

professores da Secretaria Municipal de Educação-Bragança-PA

(SEMED-Bragança-PA), iniciada no ano de 2013. A proposta consiste

num plano de formação continuada para os professores,

coordenadores e gestores da rede municipal de ensino, que tem como objetivo construir coletivamente as bases para elaboração de uma

Política Curricular que afirmem as diretrizes da “Escola Bragantina”.

Nosso objetivo é perceber como o processo de formação continuada

chega ao chão da escola tornando-se elemento capaz de contribuir

para a prática da reflexão pedagógica, que promova a transformação da práxis do professor. Entendemos que o processo de formação

continuada de professores precisa dar conta de promover a constante reflexão de sua práxis, partindo do olhar sobre a diversidade cultural,

em que a escola encontra-se inserida. Nosso trabalho é resultado do

acompanhamento da implementação da proposta de construção da

escola bragantina através das Jornadas pedagógicas 2013/2014, as

exposições das escolas no Museu pedagógico e as Caravanas pedagógicas. O presente trabalho está estruturado três momentos

sendo o primeiro explanando como se deu a implementação da

proposta de construção da escola bragantina em 2013 feita através da

formação de multiplicadores, no segundo momento temos ampliação

da proposta com os círculos de diálogos por área de conhecimento que

teve por objetivo aproximar o professor da reflexão críticas sobre os conteúdos escolares e suas relações com o complexo temático, e por

fim no terceiro momento apresentamos uma reflexão a partir das

análises das avaliações feitas pelos professores municipais ao final da

Jornada Pedagógica em 2014.

Palavras-chave: Formação Docente. Currículo Contextualizado. Complexo Temático.

A

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Discurso e representação

I Seminário Tradução e Interculturalidade

158

DISCURSO e representação

Coordenadora: Nilsa Brito Ribeiro

DISCURSO FUNDADOR E TERRITÓRIO:

as regiões Sul e Sudeste do Pará narradas no plebiscito 2011

Hildete Pereira dos ANJOS (UNIFESSPA)

E-mail: [email protected]

Flavia Marinho LISBOA (UNIFESSPA)

E-mail: [email protected]

trabalho tem como objeto os indícios de enunciados relativos à

produção de um discurso fundador nos documentos relativos

ao Plebiscito ocorrido no Pará em 2011, que consultou a

população paraense acerca da criação de dois novos estados a saber,

Carajás e Tapajós. Para efeito deste trabalho, será analisado apenas o material relativo à campanha do estado de Carajás, coletado para

pesquisa de mestrado de uma das autoras, à luz de conceitos como

discurso fundador, identidade e território. A noção de discurso

fundador, retirada de Orlandi e Chauí, implica na convergência, a

partir de formações discursivas e ideológicas diversas, para uma

narrativa coerente que, pelo movimento de ser retomada e reforçada ao longo do tempo cria uma identidade territorial. O conceito de

território se ampara em Santos, entendido como espaço humano

produzido pelo uso, no empenho da produção da existência. O objetivo

da pesquisa é articular os indícios que aparecem na forma de marcas

discursivas, nos diversos suportes e gêneros discursivos, que apontem para tal convergência. Quanto à identidade o trabalho se ampara em

Hall, entendendo que a produção de sentidos acerca da região,

expressa em imagens, memórias, definições cria nexos e aponta para

O

Page 159: Livro de Resumos I Tradinter

Discurso e representação

I Seminário Tradução e Interculturalidade

159

construções identitárias. O material que deverá compor o corpus

analítico consta de vinhetas de rádio, notícias de jornal, panfletos e entrevistas. O percurso metodológico implica em recortar o corpus a

partir de marcas que apontam para uma identidade regional. Como

resultados, espera-se apontar as formações discursivas e ideológicas

de base dessa produção identitária e seus pontos de convergência.

Palavras-chave: Análise de Discurso. Formação discursiva. Território. Identidade.

ESTUDO DE SENTENÇAS CONDENATORIAS:

interdiscursivade no campo jurídico

Suelem Cristina Silva BEZERRA (UFPA)

E-mail: [email protected]

presente pesquisa se insere na esfera dos estudos que vem se

desenvolvendo a partir da relação linguagem e trabalho e tem como objeto a análise do trabalho desenvolvido pelo juiz, por

meio da linguagem, no domínio das relações interdiscursivas no

campo jurídico, tendo como referência o processo de fixação da pena. Nesse sentido, a mesma tem como corpus a sentença penal

condenatória a pena privativa de liberdade que se realiza como um ato

jurisdicional, materializado em um discurso jurídico que legitima a supressão de um direito, por meio de práticas discursivas que lhes são

próprias, e no qual é possível identificar a coexistência de saberes de

campos discursivos diversos. Objetiva-se, portanto, identificar e

analisar, à luz da teoria da Análise do Discurso, que relações

interdiscursivas são estabelecidas no cruzamento entre saberes no campo jurídico ao se valorar as circunstâncias judiciais descritas no

art. 59, do Código Penal Brasileiro. Desta feita, a análise centrar-se-á

no processo de fixação da pena-base, destacando-se, especificamente,

as circunstâncias judiciais relativas à “personalidade do agente” e à

“conduta social”, entendendo, sobretudo, que a linguagem é o meio

pelo qual são construídos e fundados sentidos e efeitos de sentido gerados no cruzamento de saberes no campo jurídico, consequentes

da realização do trabalho do juiz.

Palavras-chave: Sentença penal. Prática discursiva. Interdiscurso.

MST E MÍDIA:

A

Page 160: Livro de Resumos I Tradinter

Discurso e representação

I Seminário Tradução e Interculturalidade

160

o trabalho de produção de imagens

Laécio Rocha de SENA (UNIFESSPA)

E-mail: [email protected]

Nilsa Brito RIBEIRO (UNIFESSPA)

E-mail: [email protected]

este trabalho objetivamos analisar o jogo de representações do

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra/MST presente

em três reportagens publicadas no ano de 1996, em dois

jornais de Marabá-PA, com circulação regional – O Correio do Tocantins e Opinião. As nossas análises, elucidadas à luz de estudos

de discursos, produz o movimento de aproximação do sujeito que

enuncia, através do funcionamento do discurso, identificando indícios

ou marcas linguísticas que, situadas na história, anunciam o trabalho

ideológico da mídia em direção à construção de imagens do MST numa

tensa relação com outros discursos que participam das forças políticas em contraposição a este movimento social. Nossas análises nos levam

a postular que o discurso da imprensa, sob o manto da neutralidade e

da informação, não só noticia fatos, mas também inscreve sua posição

ideológica face ao que enuncia. Assim, os sentidos de criminalização a

que os jornais recorrem no jogo de construção de imagens possuem

filiações políticas e ideológicas ao discurso do latifúndio na região. Ao produzir imagens do MST, a mídia produz também sua autoimagem e

a imagem de outros discursos que estão no embate político e

discursivo, constituindo, assim, uma tríade discursiva entre MST,

Estado e Proprietário de terra na região de Marabá-PA.

Palavras-chave: Discurso. MST. Mídia.

O DISCURSO PÚBLICO E O PUBLICADO:

os conflitos em torno da implantação da UHE de Estreito-MA/TO,

na memória dos atingidos e no discurso dos jornais

Cícero Pereira da Silva Júnior (UFPA/SEDUC)

E-mail: [email protected]

escopo deste trabalho encontra-se em entender de que

maneira as mídias impressas acompanharam as tensões entre os atingidos pela Usina Hidrelétrica de Estreito-MA e os

representantes do consórcio responsável por sua construção, bem

N

O

Page 161: Livro de Resumos I Tradinter

Discurso e representação

I Seminário Tradução e Interculturalidade

161

como as relações de forças que emergiram em torno do

empreendimento a partir do momento em que atores políticos, sociais

e econômicos compostos por associações, elites políticas locais,

movimentos sociais e ribeirinhos, passaram a definir suas posições

estratégias em relação a ele. O esforço concentrar-se-á em entender, a

partir do cruzamento das informações contidas nas matérias com a memória dos atingidos que se organizaram contra o empreendimento,

os efeitos de poder e verdade, suscitados pelos debates que encontraram solo discursivo bastante fértil nas páginas impressas. O

recorte documental teve como base o jornal “O Progresso” (2005-

2011), de circulação diária, editado em Imperatriz-MA, que assumiu

posição favorável à construção da barragem e direcionou as notícias de forma a criar um discurso bastante homogêneo em que as elites

políticas locais e os grupos ligados às atividades comerciais de

Imperatriz e região obtiveram visibilidade hegemônica e deixaram em

um plano secundário as vozes dos movimentos sociais que se

antepuseram à construção do empreendimento.

Palavras-chave: UHE de Estreito. Conflitos. Memória. Discurso. Poder.

O DISCURSO SOBRE A HERESIA

na formação de uma identidade cristã ortodoxa

Rosana Brito da CRUZ (PPLSA)

E-mail: [email protected]

Roberta Alexandrina da SILVA (Orientadora)

E-mail: [email protected]

sta comunicação é resultado da defesa de monografia realizada na Universidade Federal do Pará sob a orientação do Prof. Msc. Thiago de Azevedo Porto cujo título foi “Eusébio de Cesaréia e a

História Eclesiástica: um discurso identitário acerca da ortodoxia via alteridade das heresias” (2013). Com o objetivo de verificar os

processos formadores da identidade cristã no século IV, através do contexto de escrita da obra História Eclesiástica do bispo Eusébio de

Cesaréia, pois os textos escritos nesse momento possuíam grande importância para propagar ideais de autores sobre as diversas

controvérsias religiosas e políticas que estavam em efervescência

naquele cenário (séc. IV). Essa obra foi o ponto de partida para

elaboração deste artigo, no qual será analisado mais precisamente um

aspecto da obra, no que concerne a analise de um discurso formador

E

Page 162: Livro de Resumos I Tradinter

Discurso e representação

I Seminário Tradução e Interculturalidade

162

de identidade que se dá através da afirmação da ortodoxia pela

alteridade das heresias, buscando consolidar sua legitimidade

religiosa. Trata-se, portanto de perceber, os modos através dos quais

se problematiza a formação de uma identidade cristã ortodoxa nos

primeiros séculos do cristianismo, destacando-se ainda as relações e

cruzamentos entre os diversos cristianismos da época, com formas sociais e culturais que constituem o repertório de nossa tradição e

nosso universo cultural hoje.

Palavras-chave: Heresia. Ortodoxia. Identidade.

OS DISCURSOS PRESENTES EM CARTAZES

de evento de educação especial

Ingrid Fernandes Gomes Pereira BRANDÃO

(GEDPPD/ICH/UNIFESSPA)

E-mail: [email protected] Mírian Rosa PEREIRA (GEDPPD/ICH/UNIFESSPA)

E-mail: [email protected]

Hildete Pereira dos ANJOS (Orientadora)

E-mail: [email protected]

este artigo, as autoras propõem uma análise do discurso não verbal presente nos cartazes produzidos pelo Núcleo de

Educação Especial vinculado à Faculdade de Educação da

Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), com o

propósito de divulgar a primeira e sexta Jornada de Educação Especial

e Inclusão. Os eventos acadêmicos analisados constituem o primeiro e o mais recente, de uma série de seis eventos. O objetivo é analisar

como os discursos sobre deficiência aparecem nesses cartazes, sob a

ótica dos pressupostos teóricos da Análise de Discurso de origem

francesa (AD); neles, são investigados os efeitos de sentido produzidos

nos possíveis interlocutores, que ocupam lugares determinados na

estrutura de formação social que lhes é comum, tendo o jogo simbólico da imagem como operador da memória, formulado por Michel Pêcheux

e também as condições históricas de produção das formações

discursivas que determinam o que pode e deve ser dito, conforme Orlandi. Os resultados evidenciados pela análise, consideraram a

capacidade de abrigar discursos em uma relação de

complementaridade e contradição nas imagens que forjaram a construção das marcas discursivas em cada momento do contexto

N

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Discurso e representação

I Seminário Tradução e Interculturalidade

163

histórico alusivo ao evento, que conduziu as discussões sobre

educação e inclusão educacional no âmbito acadêmico da região Sul e

Sudeste do Pará.

Palavras-chave: Discurso Não Verbal. Efeito de Sentidos. Deficiência.

Page 164: Livro de Resumos I Tradinter

Mesas redondas

I Seminário Tradução e Interculturalidade

164

MESAS REDONDAS

A IMAGEM INTERSIGNIFICANTE

na conversão semiótica

João de Jesus Paes LOUREIRO (UFPA-ILC)

homem vive a remoldar de significações a vida. A fazer emergir

sentidos no mundo em um processo de criação e reordenação

continuada de símbolos intercorrente com a cultura. Vai

redimensionando sua relação com a realidade num livre jogo com as

situações e tensões culturais em que está situado. O homem cria, renova, interfere, transforma, reformula, sumariza ou alarga sua

compreensão das coisas, suas ideias, através do que vai dando sentido

à sua existência. A diversidade dinâmica real e simbólica de suas

relações com a realidade exige uma compreensão também dinâmica e

diversa dessas relações. Diferentemente da moldagem da matéria às necessidades de uso, que exige uma ação prática e material, o

ajustamento dos objetos a novas necessidades de fruição intelectual

obriga a ressignificação desses objetos no ato sua recepção, por um

movimento não visível, mas mental. Esse ajustamento se dá pela re-

hierarquização de seu significado simbólico, quando ocorre uma

alteração na hierarquia das funções neles contidas, modificando a posição da dominante. A função dominante representa, em cada

momento dessa relação, aquilo que define o sentido cultural e emotivo

do jogo intercorrente entre o homem e a realidade. E é justamente o

momento complexo dessa transfiguração simbólica, que altera a

recepção conceitual e prática dos objetos em sua qualidade e joga com a mobilidade de seu lugar na cultura, que denomino de conversão semiótica.

O

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Mesas redondas

I Seminário Tradução e Interculturalidade

165

A METÁFORA E A SUA TRADUÇÃO

na transmissão de conhecimento

Maria Teresa Costa Gomes Roberto CRUZ (UA-Portugal)

metáfora tem sido objeto de estudo em variados contextos de uso, visto permear a comunicação humana e refletir-se em toda

a sua experiência; desde a mais quotidiana à mais exclusiva e

especializada. A metáfora estrutura a própria forma de pensar e

constitui um traço forte dos contextos de tempo e de cultura de quem

comunica e, por esse motivo, é discutida como elemento de representação conceptual nos textos literários, na educação e na

ciência e tecnologia. Todas as culturas têm Metáfora mas cada cultura

detém as suas referências metafóricas e constrói o seu discurso com

base no seu referencial rico e identitário. Esta intervenção procura

discutir os desafios e condicionalismos associados à tradução da

metáfora, enquanto portadora de conhecimento, e questionar estratégias tradutológicas atualmente em uso ou a considerar.

Tomamos a Ecologia Linguística como premissa enquadradora e

abordamos a tradução da metáfora como ação essencial, complexa e

tendente à diversidade.

Palavras-chave: Tradução da metáfora. Transmissão de conhecimento.

Ecologia Linguística.

A MORTE VIRGINAL:

arte, história e literatura na pintura brasileira do limiar da

república

Aldrin Moura de FIGUEIREDO (UFPA/CMA/CNPQ)

m 1788, Bernardin de Saint-Pierre publicou o romance Paul et Virginie, alcançando fama quase imediata e sendo traduzido

para diversas línguas, do inglês ao russo, tornando-se um modelo beletrista, passando a pertencer ao domínio público

internacional e a ser referido como clássico da literatura universal.

Escrito no final do século XVIII, o romance traduziu uma máxima da

ilustração francesa: defendia uma sociedade ideal, onde a felicidade

dependeria do respeito aos direitos humanos. Saint-Pierre utilizou os

conceitos de Jean-Jacques Rousseau, pleiteando uma educação do homem natural longe da civilização, no enriquecimento de seu caráter

A

E

Page 166: Livro de Resumos I Tradinter

Mesas redondas

I Seminário Tradução e Interculturalidade

166

com noções de honestidade e moralismo. O romance relata a história

de duas crianças criadas em comum, como irmão e irmã no esplendor

natural do cenário tropical de uma ilha do Oceano Índico. Na

adolescência, surgem sentimentos românticos entre os dois

personagens, mas a mãe de Virgínia, percebendo o envolvimento,

decide mantê-los longe e a envia para estudar na França. Vários anos mais tarde, Virgínia anuncia o seu regresso à Ilha Maurício, mas o

navio que a traz de volta passa por uma tempestade e naufraga nas

rochas, sob o olhar de desespero de Paulo. Não demora muito para ele

sucumbir à dor da sua perda. Essa história é publicada no Brasil em

1811, pela Imprensa Régia no Rio de Janeiro, seguida de muitas edições posteriores. A imagem do casal apaixonado e de Virginia morta

se transformou num emblema do romantismo oitocentista, chegando

ao século XX, com uma importante narrativa construída pela arte

brasileira, a partir da obra do pintor fluminense Antonio Parreiras. Na tela, A morte de Virgínia, de 1905, adquirida pelo governo do Pará,

Parreiras revolve um vasto e eloquente repertório cognitivo sobre as representações da mulher e do amor na sociedade ocidental lido a

partir dos registros simbólicos da sociedade brasileira do limiar do

século XX, compondo uma narrativa visual que entrecruzava signos

literários, representações de gênero, matéria de erudição, recepção

crítica entre Paris, Niterói e Belém do Pará num largo espaço de tempo

entre a segunda metade do século XVIII e a primeira década do século XX.

PESCA SUSTENTÁVEL:

das questões química às questões de gênero

Marileide Moraes ALVES (UFPA/Campus Bragança)

elato da aplicação de resultado de pesquisa desenvolvida em

laboratório da Faculdade de Engenharia de Pesca da UFPA

junto a um grupo de mulheres pescadoras da comunidade do Castelo (Bragança-PA). A experiência comprova que é possível utilizar

a ciência e tecnologia empregadas e desenvolvidas por pesquisadores

da academia como ferramenta para incrementar a qualidade de vida

das comunidades no entorno da universidade. A pesquisa levou às

mulheres do Castelo a técnica de curtimento de pele de peixe (couro),

a qual envolve conhecimentos de química. A utilização da técnica de curtimento e dedicação às atividades que empregam o couro, neste

R

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Mesas redondas

I Seminário Tradução e Interculturalidade

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contexto, envolvem aspectos da socioeconomia, conhecimentos

tradicionais e sustentabilidade.

TRADUÇÃO DE NARRATIVAS DE UMA LÍNGUA DE TRADIÇÃO

ORAL: algumas questões sobre a atividade tradutória

Carmen Lúcia Reis RODRIGUES (UFPA/Campus de Castanhal)

E-mail: [email protected]

iscutiremos, neste trabalho, alguns aspectos relativos ao ato

tradutório no momento da transcrição e tradução de narrativas

orais xipaya. O Xipaya está classificado na família linguística

Juruna (do grupo Tupi), e, assim como as demais línguas indígenas

brasileiras, é uma língua de tradição oral. Note-se que, mesmo sendo

considerada em perigo de extinção, essa língua ainda faz parte da memória da falante nativa mais velha da etnia xipaya. Interessa-nos,

nesta comunicação, explorar por meio de exemplos algumas questões

linguísticas apontadas por Yakobson (1995), que vêm à tona durante o

processo tradutório envolvendo, em geral, duas línguas distintas. Os

exemplos serão apresentados por meio de fragmentos de narrativas

xipaya – registradas pela autora desta comunicação e traduzidas para o português – que fazem parte de nosso corpus de pesquisa. Nesse

estudo, concordamos com a visão do tradutor literário José Paulo

Paes, ao afirmar que a tradução “é a busca de uma aproximação com

o original”, já que esta “não é equivalente ao texto original” (cf.

NÓBREGA; GIANI, 1988, p.53). Essa concepção de tradução coaduna-

se com o pensamento de Walter Benjamim, pois este considera a impossibilidade de haver uma tradução quando esta busca,

essencialmente, a semelhança com o original (cf. LAGES, 2008, p. 70;

FURLAN, 1996, p. 100).

Palavras-chave: Narrativas Xipaya. Atividade tradutória. Aspectos

Linguísticos. Concepção de tradução.

TRADUÇÃO OU TRAIÇÃO:

leituras interculturais

Esteban Reyes CELEDÓN (UFAM) E-mail: [email protected]

D

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Mesas redondas

I Seminário Tradução e Interculturalidade

168

e bem uma língua pode ser definida como um código de

comunicação de um grupo social, ela também é uma das

manifestações da cultura desse grupo (ou povo). Aprender uma

língua, ter proficiência nela, usa-la é, de certa forma, aprender, viver,

participar de uma cultura. Já quando queremos expressar o dito ou escrito de uma língua em outra língua, recorremos à tradução. Sendo

assim, traduzir seria o ato de transpor os códigos de comunicação de

um grupo social/cultural para outro grupo social/cultural. Quando

estes grupos são próximos, no caso dos espanhóis e os portugueses,

geralmente possuem manifestações, senão semelhantes, ao menos equivalentes, com o qual o exercício da tradução tem muitas

possibilidades de ser eficaz. Porém, quando queremos fazer a

transposição de códigos de grupos sociais/culturais distantes, por

exemplo, entre uma língua moderna europeia, no caso o português, e

uma língua indígena do Brasil, a tarefa complica-se. Nesta

oportunidade, propomos evidenciar alguns problemas que se presentam ao trilhar esse caminho das transposições de um código

para outro, tomando como referência experiências vivenciadas no

interior do estado da Amazônia.

S

Page 169: Livro de Resumos I Tradinter

Organização:

Apoio:

Programa de Pós-Graduação em

Linguagens e Saberes na Amazônia PPLSA/UFPA