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Aconteceu neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que
é a semana do cérebro e como foi o evento. Pág.3
Confira os resultados da pesquisa “Você é a favor de uma
nova tentativa de regulamentação da musicoterapia? Por
quê?” e leia os comentários de Lilian Engelmann (que
acompanha estes processos desde 1982 e do coordenador da
comissão de regulamentação, Gildásio Januário, que participa
mensalmente das reuniões do SUAS. Pág.
MUSICOTERAPIA NA SEMANA
NACIONAL DO CÉREBRO
Será que estamos cientes
do que é regulamentar?
JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
M A T É R I A S
MUSICOTERAPIA NA
ESPANHA
Confira a história,
personagens e processos
de regulamentação da
musicoterapia na
Espanha. Pág.
ANTIGA E NOVA
GESTÃO APEMESP
Entrevista com Paulo
Suzuki, vice-presidente
da antiga gestão e Paulo
Bittencourt, primeiro
secretário da Nova
gestão. Entenda as
problemáticas, os
avanços, as novas
perspectivas e
estratégias da
APEMESP. Pág.
1°Edição – São Paulo – Distribuição Gratuita—28 de Abril de 2015
COMISSÕES
APEMESP
As comissões da APEMESP foram
criadas pela nova gestão 2014-2016 a
fim de cumprir com as obrigações que
se encontram no estatuto. Qualquer
pessoa pode se voluntariar a
participar. Conheça cada comissão.
Pág.6
[ESCRITORES] E s p a ç o d e
compartilhamento de conhecimento. Confira:
M ú s i c a s S a g r a d a s e
Religiosidade à luz da
Psicologia Analítica com Ana Maria
Caramujo Pires de Campos. Pág.
Relatos Reais de um
Musicoterapeuta
Seção dedicada a
apresentar histórias,
vivências, opiniões,
sentimentos, atuações
dos musicoterapeutas.
É aberta à
participação de todos
os musicoterapeutas.
Nesta edição temos a
participação da mt
Claudia Trindade,
Pág.
Correspondente Internacional. Rocio Romero,
Argentina, trás informações da musicoterapia em seu país, sua experiência como musicoterapeuta e se apresenta para os colegas do Brasil. Pág.
Primeira Edição - P. 2
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Expediente Coordenação: Denise
Chrysostomo Suzuki
Gerentes de conteúdo: Denise
Chrysostomo Suzuki, Thaís
D’Andrea, Daniel Conceição,
Apemesp e Comissões
Redação e Revisão de texto:
Denise Chrysostomo Suzuki
Revisão gráfica: Daniel
Conceição, Marília Prado e
Ricardo Augusto
Colaboradores: Roger Carrer,
Paulo Bittencourt, Ricardo
Augusto, Paulo Suzuki, Lilian
Engelmann, Rocio Romero, Ana
Maria Caramujo, Gildásio
Januario, Claudia Trindade.
Parceiros: Comissões APEMESP
Arte Gráfica: Leandro Rodrigues
Padin
Contato:
Palavra do Presidente da APEMESP
Documento. Jornal. Registro. Uma voz.... e tantas outras provocações nascem dali, de lá, de acolá
e poderão se frutificar aqui. Mais uma vitória nossa. Recordo de outras edições, de jornais e
folhetins que a Apemesp promovia, e por essas imensas lutas e por sua força, que voltamos.
Assim, nasce e renasce uma voz. E no sentido que nós, musicoterapeutas, conhecemos a força
vocal, a expressão genuína, vem para melhorar a nossa comunicação. Que seja. Uma comunicação livre,
construída por todos que quiserem colaborar, somar, agregar. Sejamos bem vindos, pela construção de uma
musicoterapia que nos atravesse. Aguardando opiniões, sugestões, críticas, auxílios, ideias e tudo mais para
atravessar o nosso olhar, e possibilitar que esse Jornal cumpra sua função. Comunicar/Dialogar.
Saudações Sonoras
André Pereira Lindenberg
Presidente Gestão 2014-2016
Editorial
É com orgulho que apresentamos a primeira edição do jornal da APEMESP.
Um jornal concentra muitas atividades, pessoas, organizações, ideias, necessidades, vontades. O
exercício de compreender todas as intenções, de saber perguntar para melhor conhecer, ver e
rever, abraçar novas ideias, criticar, resumir e compartilhar é muito satisfatório, mesmo que
exaustivo.
Estamos neste momento não só inaugurando um jornal, mas abrindo as portas de uma nova sede
da APEMESP. Nossas colunas foram criadas pensando em atender as necessidades do nosso público [todas as
pessoas que se interessam pela musicoterapia] e as necessidades da APEMESP.
Agradecemos à aprticipação de todos e à nova diretoria que idealizou e fez prosperar esta produção.
Sejam todos muito bem vindos à esta casa!
Um abraço,
Denise Chrysostomo Suzuki
Primeira Edição - P. 3
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
2. Palavra do presidente/Editorial: inauguração do jornal
4. Seguindo os passos da musicoterapia: Semana do cérebro
7. Notícias: Apemesp Cria Comissões
10. Escritores: Músicas Sagradas e Religiosidade à luz da Psicologia Analítica com Ana Maria Caramujo
13. Musicoterapia pelo mundo: Espanha
16. Entrevistas: Antiga Gestão e Nova Gestão
20. Relatos Reais de um musicoterapeuta: Claudia Trindade
22. Pesquisa: Pesquisa sobre a Regulamentação da Musicoterapia
26. Correspondente internacional: Rocio Romero / Argentina
28. Eventos / Passatempo
29. Canal do Leitor e Canal da APEMESP:
NESTA EDIÇÃO
Primeira Edição - P. 4
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO CÉREBRO
Seguindo os
da musicoterapia
Entre os dias 16 e 22 de Março de 2015 aconteceu a Semana do Cérebro (SNC), uma campanha e uma comemoração que ocorre em diversos
lugares do mundo com o objetivo de popularizar o conhecimento das neurociências, promovendo o diálogo entre os pesquisadores e o
público leigo.
A semana do cérebro é
coordenada pelas organizações The Dana
Foundation (1950) e European Dana Alliance for the
Brain (1997), com a função de melhorar a
compreensão em relação à importância da
pesquisa sobre o cérebro e suas funções; acelerar
a descoberta de tratamentos para as perturbações
cerebrais e; desenvolver projetos educacionais
(publicações gratuitas dos recentes avanços).
O primeiro evento da SNC no Brasil aconteceu em
2010 no Rio de Janeiro. Em 2011, a USP de
Ribeirão Preto representou a iniciativa e, a
partir de 2012 o evento se nacionalizou,
sendo oficializado e apoiado pela Sociedade
Brasileira de Neurociências e
Comportamento (SBNeC). Já no ano de
2013 a SNC, com a iniciativa do
musicoterapeuta Luiz Rogério J. Carrer
(que estava em fase de pós-graduação em
educação e saúde na UNIFESP) começou a
ter a participação da
musicoterapia, e já
neste ano de 2015 foi
contemplada com a
colaboração de
diversos
musicoterapeutas.
A proposta da SNC é
que grupos de
interessados
organizem e
apresentem palestras, exposições,
atividades e oficinas durante o período em
escolas, parques, universidades, teatros e
até mesmo shoppings.
Neste ano, a musicoterapia esteve
presente em quatro locais: no Parque
Ibirapuera, na Escola Municipal EMEF
Pereira Carneiro, no Parque Lazzuri em
São Bernardo do Campo e, no NUDEC –
Núcleo de Envelhecimento Cerebral da
Unifesp.
As atividades propostas foram: Integração
sensorial com música e danças circulares;
roda de tambores; Improviso musical
coletivo; construção de instrumentos
musicais PET e orquestra de PETs; e
esclarecimentos gerais sobre a
musicoterapia.
Dentre o público participante estavam
Musicoterapeutas na semana do cérebro
pessoas de todas as idades que ficaram impressionadas com os recursos
terapêuticos da música sobre o qual muitos não sabiam que a
musicoterapia é uma formação de nível superior e uma prática
sistematizada dentro do campo interdisciplinar social, clínico e
acadêmico, comenta Carrer (2015). O critério de participação é
apresentar um projeto simples: Título de atividade; Objetivo; Público alvo;
Descrição da atividade e; Materiais necessários (utilizados). Fique
esperto, em 2016 tem mais!
Primeira Edição - P. 5
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Luiz Rogério J. Carrer
“Gostaria de destacar o impacto da
participação pioneira da
musicoterapia em um evento mundial
e interdisciplinar na Unifesp. As
pontes construídas nesse evento
podem reforçar a abertura de mais
espaço e canais de comunicação para
a musicoterapia na academia, na
clínica médica e na sociedade. O
contato com o público em geral, e
entre profissionais de várias áreas
envolvidas no evento, pode
proporcionar oportunidades para
projetos de pesquisa integrando a
musicoterapia com a neurofisiologia,
a psicobiologia, a psicologia, a
psiquiatria, a educação, dentre
outras”.
Primeira Edição - P. 6
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Propôs atividade de danças circulares na semana do cérebro. A proposta teve como fundamento a estimulação do cérebro através da utilização de diversas memórias (curto prazo, de trabalho e implícita), além da atenção e concentração.
Sabrina de Souza Macedo Formada pela FMU 2007 “Considero a participação da Musicoterapia rica e esclarecedora, tanto para as pessoas que passeavam pelo parque e acabavam se interessando pelas atividades, como para os profissionais e estudantes de neurociências ali presentes. Aqueles que não conheciam a Musicoterapia puderam perceber que a música, além de seu potencial recreativo, pode oferecer muitos estímulos e desafios ao nosso cérebro, se tornando uma ferramenta eficaz na prevenção e reabilitação. O reconhecimento da musicoterapia dentro de outras áreas, como a de neurociências, fortalece e traz cada vez mais credibilidade à nossa formação e profissão. Juntos, temos que trabalhar para que cada vez, mais portas se abram nesse caminho”. Sabrina de Souza Macedo
Saiba Mais: Semana do Cérebro: http://www.semanadocerebro.org/ Semana do Cérebro 2015: https://semanadocerebro.wordpress.com/ Dana Foundation: http://www.dana.org/ European Dana Aliance for the brain: http://www.dana.org/About/EDAB/ Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento: http://www.sbnec.org.br/site/
Primeira Edição - P. 7
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
[NOTÍCIAS]
APEMESP CRIA COMISSÕES DE TRABALHO
Participe você também e Cresça com a musicoterapia
Em Dezembro de 2014 aconteceu a primeira reunião de coordenadores e colaboradores das comissões de trabalho da APEMESP, formada por estudantes e
bacharéis de musicoterapia. Conforme prevê o estatuto (2005) desta associação, a diretoria e seus colaboradores devem promover a formação; facilitar o
intercâmbio; orientar o exercício da profissão; criar cursos de formação; promover eventos; dentre outras funções.
Como plano estratégico, foram criadas as seguintes comissões: de mercado de trabalho, publicação, científica, assessoria, site e internet, regulamentação, biblioteca e patrimônio. Elas não só representam um corpo interligado de atuações, mas também serão responsáveis pelo crescimento da profissão com
diversas ações, tais como, mapear musicoterapeutas atuantes; quantificar áreas de atuação; replanejar o modelo de atuação estratégica da APEMESP e;
estruturar projetos.
Conheceremos as comissões, seu histórico, funções e propostas.
COMISSÃO DE INTERCÂMBIO
“O intercâmbio aconteceu como
consequência de ações de outros
setores, agora é hora de focarmos
na realização de um intercâmbio
efetivo.” André Pereira,
coordenador da comissão de intercâmbio.
Esta comissão tem como objetivo promover a
comunicação entre musicoterapeutas no
âmbito nacional, regional e internacional (latino
-americano), favorecendo a troca de
conhecimento.
Seus planos iniciais são promover ações que
facilitem: o intercambio entre as associações;
o contato entre profissionais; a formação de
grupos de pesquisa; a criação de um canal que
recepcione e divulgue a produção científica e;
auxiliar em fóruns trazendo convidados do
exterior.
Iniciam seus primeiros passos através de
conexões pré-existentes e de participação em
grupos de pesquisa e discussão de nível
regional, nacional e internacional.
Atualmente é formada apenas por
musicoterapeutas bacharéis, conta com a
coordenação de André Pereira Lindemberg e
os colaboradores Naomi Mundy; Diná Sigolo;
Ludmila Poyares e Mônica Borges.
Contatos: [email protected];
COMISSÃO DE EVENTOS
Daniel Sodré - Coordenador
Tem por objetivos promover e
oferecer suporte para todos os
eventos da APEMESP (fórum
paulista, paulistano e encontro
estadual) com local, infraestrutura,
coffee break, credenciamento, logística e,
auxiliar no intercâmbio entre musicoterapeutas
do estado através dos eventos culturais e
festivos.
Como proposta inicial a comissão busca
desenvolver um evento festivo para reunir os
musicoterapeutas, a proposta se encontra em
fase de pesquisa sobre qual o formato de
evento seria adequado. Também está em fase
de elaboração de carta de captação de
recursos, buscando parceiros que possam
oferecer local e serviço a um custo reduzido, a
fim de favorecer os associados. Nesta carta
constarão as vantagens e recompensas na
parceria.
A comissão atua em conjunto com as
comissões de Marketing, Divulgação,
Intercâmbio e Publicação.
Formada por seis participantes, dentre
estudantes e bacharéis: é coordenada por
Daniel Sodré e Naomi Mundy. Suas reuniões
acontecem uma vez por semana através de
skype.
Contato: [email protected];
COMISSÃO DE REGULAMENTAÇÃO
Gildásio Januário— Coordenador
Seu objetivo principal é
favorecer os processos de
regulamentação. Suas
estratégias e objetivos iniciais
visam dar continuidade à
participação das reuniões dos fóruns de
trabalhadores do SUAS (Sistema único de
Assistência Social) que acontecem no
Sindicato dos psicólogos,.
Esta comissão já possui um histórico desde
as primeiras iniciativas em regulamentar a
profissão. Desta iniciativa foram
encontradas outras necessidades que viram
não bastar dar entrada na regulamentação,
mas sim seguir passos que facilitassem este
processo. Dentre estas necessidades foram
tomadas medidas como: incluir-se na CBO
(Classificação Brasileira de Ocupações);
participar das reuniões do SUAS (Sistema
único de Assistência Social) e; pensar a
musicoterapia dentro do SUS (Sistema único
de saúde), definindo seus procedimentos e
classificações.
Como parceiros, a comissão considera seus
colegas de fórum do SUAS, contando com
sociólogos, assistentes sociais e, psicólogos.
É coordenada por Gildásio Januário de
Souza e possui colaboração do estudante
Ricardo Augusto.
Contato: [email protected]
Primeira Edição - P. 8
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
COMISSÃO CIENTÍFICA
Roger Carrer -
coordenador
A comissão científica tem
por objetivo estimular
estudos em metodologia
científica interdisciplinar;
auxiliar e incentivar a produção de
material científico para a musicoterapia.
Como estratégia criou encontros mensais
para discutir os principais tópicos sobre
metodologia científica; auxiliar no
desenvolvimento dos trabalhos e projetos
musicoterapêuticos dos membros da
comissão e da Apemesp. Nestes
encontros ocorrem a apresentação e
discussão de artigos científicos,
seminários com temas interdisciplinares e
trabalhos desenvolvidos na clínica e na
academia. Tem parceria com o Espaço
Essência Musical, onde são realizadas as
reuniões e seminários da comissão.
Dentre suas dificuldades constam a baixa
adesão dos musicoterapeutas; falta de
consciência coletiva da classe
musicoterapêutica sobre a importância do
tema pesquisa científica para o
desenvolvimento da musicoterapia, tanto
na clínica, quanto na academia.
Mesmo com a recente criação e com as
dificuldades apresentadas vêm produzindo
resultados que se apresentam ao longo
dos encontros, a partir das discussões
desenvolvidas e dos trabalhos
apresentados.
Dentre os participantes estão estudantes,
profissionais musicoterapeutas e
colaboradores de áreas interdisciplinares
ligadas à musicoterapia.
A comissão terá participação mensal no
jornal divulgando os trabalhos e
publicando materiais de relevância para
desenvolvimento das pesquisas científicas
no contexto da musicoterapia.
Na coordenação temos o musicoterapeuta
Luiz Rogério Carrer e como colaboradores
aqueles que participam das reuniões.
Contato: [email protected]
COMISSÃO PUBLICAÇÃO
Denise Suzuki - coordenadora
O principal objetivo desta
comissão é desenvolver e estruturar canais de publicação oferecendo espaço
para divulgação, comunicação,
informação, pesquisa e demais assuntos correlacionados que sejam vinculados aos
interesses da APEMESP, dos profissionais de musicoterapia e, da musicoterapia; fazer o “polimento” de imagem e texto; coletar
dados estatísticos; auxiliar na coleta de
informações, veracidade e análise de conteúdo; realizar entrevista; organizar o material de pesquisa; agregar escritores;
inovar e promover a classe dos
musicoterapeutas através de um trabalho
sólido.
Atualmente trabalha na criação deste jornal para veiculação de notícias, informativos, entrevistas, publicação científica,
entretenimento e fatos históricos. O jornal
deve atuar em conjunto com as comissões e os interesses levantados, os quais definirão
suas seções.
Como resultado o jornal possui uma
estrutura de entrevistas; realiza reuniões semanalmente; possui participantes
comprometidos e; está em constante expansão de ideias e modos de atuação.
Está desenvolvendo pesquisas e
levantamento de dados estatístico buscando também contribuir com a informação e a
história da musicoterapia.
Dentre os participantes desta comissão estão dois bacharéis, um estudante e um
desenhista, como colaborador externo.
As reuniões são todas via skype, com frequência de uma a duas vezes por semana
e, comunicação diária via whatsaap ou
facebook.
Na coordenação a musicoterapeuta Denise Chrysostomo Suzuki e como colaboradores,
o estudante Daniel Conceição e a
musicoterapeuta Thaís D’Andrea.
Contatos: [email protected]
MERCADO DE TRABALHO
Lusiana Passarini—Coordenadora
O principal objetivo desta comissão é
fortalecer a profissão de
musicoterapeuta nas diversas áreas
e ampliar a visibilidade e reconhecimento da
profissão.
Como foco inicial pretende auxiliar na organização
e alimentação do indicador profissional fazendo um
levantamento dos musicoterapeutas atuantes no
estado de São Paulo e certificar o correto
entendimento sobre a importância da profissão
aos profissionais e instituições de diversas áreas,
como também ao público em geral.
Atualmente realizam o levantamento de dados dos
profissionais formados e atuantes em SP;
buscando informações sobre quais instituições
disponibilizam o curso e; elaborando fichas para a
coleta dos dados profissionais dos
musicoterapeutas atuantes.
A história desta área de atuação da comissão
permeia questões como a atuação no SUS e no
SUAS, onde a musicoterapia começa a ter
visibilidade e aos poucos ganhar espaço. Existem
necessidades emergentes como: definição de um
piso salarial, registro regulamentado do
profissional musicoterapeuta, função e
posicionamento em um contexto multidisciplinar. A
partir disso, viu-se a necessidade de organizar
uma comissão para alinhar esses pontos aos
musicoterapeutas, de modo a auxiliar com
informações e orientações quanto ao mercado de
trabalho, buscar um salário justo e o correto
registro do profissional, de modo a valorizar a
classe como um todo, nas áreas social e de saúde
pública e privada.
Coordenada pela musicoterapeuta Luisiana
Passarini e conta com os colaboradores Daniel
Santana, Marília Prado, Ricardo Augusto e Sabrina
Macedo.
As reuniões são mensais, presenciais ou por vídeo-
conferência onde são discutidas pautas pré-
definidas, metas e prazos.
Contato: [email protected]
SITE, INTERNET E DIVULGAÇÃO
“É fundamental trabalhar a imagem da Musicoterapia e da Apemesp” Ricardo Augusto (coordenador)
O objetivo desta comissão é divulgar as ações da
Apemesp, interagir, integrar e divulgar ações de outras
instituições parceiras ou não, nas redes sociais e site. Publica e compartilha textos (autorais e de terceiros), agenda, chamadas, comunicados e inscrições.
As Comissões Site, Internet, Divulgação, Assessoria e
Marketing são instrumentos poderosos para por a MT Paulista em evidência à sociedade. Com seu papel de difusão de conteúdo e ações, estas comissões necessitam de colaboradores com muita
gana de exercer a função de levar a MT aos quatro cantos do
Estado de São Paulo. As frentes são das mais diversas. Além dos próprios veículos como Site, page do Facebook e Twitter da
Associação, nos bastidores, onde se produz toda sorte de edição de imagem, vídeo e texto, as pessoas que se dedicam a esse trabalho visam que haja objetividade na comunicação.
Primeira Edição - P. 9
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Com esse intuito, faz-se abertura de convite a especialistas em
Publicidade, Comunicação, Ciências Sociais, para somar forças com o corpo de colaboradores que buscam dedicar-se a publicar
regularmente fatos da Musicoterapia. Essas Comissões contam com o apoio do coordenador Ricardo
Augusto, junto aos colaboradores Daniel Sodré, Kezia Paz e Allan
Oliveira. Já houve testemunho da Comissão com resultados positivos na atual política de Marketing da Associação. Houve o aumento do envolvimento de pessoas com a page da Apemesp (em curtidas,
compartilhamentos e comentários) e no site houve comentários em posts. Hoje contamos com quase 600 curtidas no Facebook. Esse caso
de avanço pode ser depreendido significativamente pelo relato do
presidente da Apemesp, André Lindenberg. Ele esteve no Enpemt de
2014, em Brasília, onde outras Associações do Brasil elogiaram o
desempenho da Apemesp no Facebook. "Todo dia há algo sendo
publicado", relata o presidente como expressões de reconhecimento
do trabalho realizado. As demais Comissões da Apemesp possuem demandas que são canalizadas aos meios oficiais digitais de comunicação da Apemesp
para acesso ao público. Salienta-se em especial o papel da Comissão
Publicação, a mantenedora do JoMESP, editorial jornalístico que foi criado para divulgação da força tarefa dos MTs, estudantes de
musicoterapia e interessados no desenvolver da Musicoterapia.
Contato: [email protected]
COMISSÕES EM PROCESSO DE FORMAÇÃO
Comissão de Patrimônio
Busca oferecer à APEMESP e seus associados o tratamento adequado para os bens materiais desta associação, atuando na organização, catalogação e zelando por
este bem.
Na história os patrimônios da APEMESP foram perdidos devido à falta de sede e outras dificuldades, a comissão encontra-se em fase de estruturação de suas
estratégias.
É coordenada por André Pereira Lindenberg e ainda não possui colaboradores.
Comissão de Biblioteca
Tem como missão catalogar e organizar um acervo físico e digital de obras da musicoterapia.
Atualmente é coordenada por André Pereira Lindenberg e possui colaboração de Denise Chrysostomo Suzuki e Fernanda Simião Kali fe
SEJA UM COLABORADOR, escreva para: [email protected]
Primeira Edição - P. 10
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCRITORES
Músicas Sagradas e Religiosidade à luz da Psicologia Analítica
Por: Ana Maria Caramujo Pires de Campos
Como disse Carl Gustav Jung, (apud JAFFÉ, 1979 )
“Invocado ou não Deus está presente”
O homem, desde os primórdios, ao perceber-se mortal, frente à
possibilidade do infinito , se pergunta: De onde vim? Para onde
vou? Qual o significado da vida?
As respostas para essas perguntas estão necessariamente fora do
campo cognitivo racional entrando, portanto, na área psíquica do
pensamento religioso.
Religiosidade aqui é compreendida como a experiência de conexão
do ego com o Todo significativo. É experimentar uma conexão do
ego com aquilo que o sujeito entende como Maior do que si mesmo.
É a ligação com a divindade. Refere-se à conexão Ego-Self –
conexão do ego com a imagem de Deus representada
psiquicamente pelo Self.
Religiosidade para Jung
Jung, ([1916], 1991), em seu artigo original, publicado sob o título
de “Fatores Determinantes do Comportamento Humano” (em:
Harward - 300ª Conferência de Artes e Ciências) refere-se à
hipótese da existência de um instinto religioso. Ele fala que os
fatores psíquicos que determinam o comportamento humano são,
sobretudo, os instintos enquanto forças motivadoras do processo
psíquico.
Assim, ele define como instintos: a fome, o
sexo, a ação, a reflexão e a criatividade. E
estes têm a mesma origem, a mesma força
determinante. Um instinto não é produto
secundário da repressão do outro.
A reflexão é o instinto cultural por
excelência, e sua força se revela na maneira
como a cultura se afirma em face da
Para Jung, o instinto
religioso está
diretamente relacionado
ao instinto de reflexão.
Reflexio em latim significa
curvar-se, inclinar-se
para trás, voltar-se para
dentro, em busca do
significado último da
existência e das causas
primeiras.
natureza (Jung, [1916] 1991).
O instinto religioso, na abordagem junguiana,
explica a necessidade que todo indivíduo tem
de compreender os eventos da vida e de
atribuir-lhes significado, assim como à
própria vida e à própria existência.
Para Jung a representação psíquica de Deus
– não o Deus Ele mesmo, mas apenas a sua
imagem – corresponde ao Self.
[...] Por isso, ao tratar, dessas
realidades metafísicas, faço-o
plenamente consciente de que
estou me movendo no mundo
das imagens e de que
nenhuma das minhas reflexões
toca o inefável (Jung, 2011,
[1939 ])
M ETODOLOGI A
Algumas músicas sagradas foram aplicadas após
calatonia, um relaxamento nos pés, que auxilia a
atenção na escuta. Dentre os participantes estavam
seis ateus.
As músicas sagradas escolhidas foram: um
trecho do Alcorão; um Mantra Tibetano; Sim
Shalon do Judaísmo; um ponto de Oxalá; e um
Canto Gregoriano.
O objetivo desse estudo foi investigar se a escuta
atenta dessas músicas após a calatonia promoviam
imagens mentais que trouxessem temas, conteúdos
religiosos (Caramujo, 2012).
Primeira Edição - P. 11
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Procedimento:
Cinco sessões: 1. Aplicação da calatonia, seguida da
escuta da música em cada sessão uma música sagrada
de diferentes culturas; 2. Realizaram um desenho livre,
que representasse a experiência musical (numa folha de
papel A4) 3. Responderam um questionário semi-
estruturado, (TRIVIÑOS, 1987).
Imagens
Arquétipos são campos de possibilidades de expressão de imagens em torno de
um significado; tais imagens não são apenas visuais, mas decorrentes da
experiência de qualquer outra fonte sensorial, como som, cheiro, paladar ou tato
(JUNG, 2011 , [1955]).
Merrit, (1996), fala o quanto o indivíduo estimulado pela música pode sentir,
perceber e viver uma experiência rica no seu “real” mundo interior.
Considerando-se que produzir imagens é a atividade natural e
espontânea da psique, segundo Jung, ([1916]1991), o objetivo desse
trabalho foi o de determinar se seria possível estimular tal produção
de imagens com a escuta de músicas sagradas.
Método Clínico-Qualitativo (Turato, 2003)
Perfil da amostra: 6 ateus, adultos, voluntários (4 homens e 2 mulheres); Idade: 28 a 65 anos (idade
produtiva – Instituto brasileiro de geografia e estatística – IBGE 2000); Gênero: masculino e
feminino; Naturalidade: brasileiros; Procedência: São Paulo; Nível Sócio Econômico: classe média
alta; Instrução: superior.
Critério de Inclusão: Ser ateu – Não crer em Deus ou em nenhuma divindade, nem frequentar
qualquer instituição religiosa. O Inventário de Religiosidade MOSCHELLA-LARSON (ML), Gonçalves
(2000). Foi aplicado antes das cinco sessões para selecionar os ateus. Esse Inventário de
Religiosidade foi descrito por Gonçalves (2000). A validação dos referidos questionários para
aplicação na população brasileira foi realizada pela Profa. Dra. Márcia Gonçalves (Unicamp), Prof. Dr.
Marcos Ferraz (Unifesp), e pelo Prof. Dr. Joel Giglio (Unicamp).
Critérios de Exclusão: 1. ter traços ou tendência à psicose, depressão ou qualquer doença mental
medido pelo Mini International Neuropsychiatric Interview - inventário de avaliação da saúde
mental, (M.I.N.I.); 2. músicos profissionais.
Primeira Edição - P. 12
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Diversas qualidades da música contribuem para o
potencial de criação de imagem :
Ela é um veículo não-verbal que evoca sentimentos.
Nessa condição, pode influenciar, inconscientemente, os
ouvintes a terem uma sensação mais imediata de si mesmos.
Esse potencial para estimular os sentimentos ocorre quando
a música ativa o mesencéfalo, sede das respostas
emocionais.
A rota costumeira através do lado esquerdo do cérebro, para
processar verbal e logicamente, é desviada pela música, ao
tomar uma rota mais direta para as emoções (BUSH, 2003).
Nesse estudo, a hipótese foi a de que as músicas facilitam
esse diálogo, pois se na consciência o ateu vive a certeza da
inexistência de Deus, ainda assim, no seu inconsciente deve
viver a experiência de ligação com o seu Self, significando
aqui um princípio organizador psíquico maior que o ego e que
tradicionalmente se manifesta por imagens de deuses .
CONCLUI-SE...
Todas as músicas promoveram imagens religiosas;
Parece que esse resultado mostra que não é apenas a
interferência cultural que influenciou na escuta dessas
músicas;
Uma das hipóteses é que estas músicas parecem ter sido
efetivas na ativação do que Jung chama de instinto religioso.
Isso pode ter ocorrido por causa dos arquétipos sonoros
(BONNY, 1978; BRUSCIA, 2000; BENENZON, 2008);
O fator comum nas músicas é que são cantadas em diferentes
línguas, portanto não reconhecidas pelos sujeitos;
Tais estruturas musicais funcionam como os mantras – dispensam a
compreensão do texto - conduzem ao diálogo criativo do ego com o Self;
Todas as músicas promoveram temas e imagens mentais de conteúdos religiosos.
Estamos aqui propondo que tais imagens pertencem ao campo do arquétipo do
significado, o Self, funcionando como uma provável atuação do instinto religioso,
de acordo com Jung ([1939], 1988);
Os seis sujeitos expressaram em todas as sessões a sensação de relaxamento,
tranquilidade e apaziguamento, mesmo quando não gostaram da música (a
calatonia parece ter ajudado a aceitar);
Por ser um estudo clínico-qualitativo não é possível fazer generalizações, mas
pode ser um ponto de partida para novas pesquisas.
ANA MARIA CARAMUJO PIRES DE CAMPOS
Docente nos Cursos de Graduação (2010) e Pós-Graduação (2007) de Musicoterapia da FMU Mestre em Psicologia Médica e Psiquiatria pela Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade Estadual de Campinas - Unicamp (2012)
Magíster no Modelo Benenzon (2010) Especialista em Musicoterapia nos Serviços de Saúde (2002) Especialista em Psicologia Clínica pelo Conselho Regional de Psicologia (2000)
Psicóloga IUP (1983)
Integrante do Grupo Acordeões em Sintonia (1996)
Primeira Edição - P. 13
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Musicoterapia Pelo
Espanha
Algumas perguntas rodeiam os musicoterapeutas constantemente: Como a musicoterapia está atualmente se desenvolvendo no campo acadêmico
e profissional ao redor do mundo? Qual é o status dos profissionais de musicoterapia? Quais são as suas perspectivas e desafios para o futuro?
Pensando em todas essas questões, iniciamos aqui, um fragmento de tempo para refletir essas questões, estudar um passado não tão distante e
expandir ideias, ao pesquisar sobre a musicoterapia pelo mundo e sua trajetória.
Para esta edição, o tema é: Musicoterapia na Espanha.
O aumento do interesse sobre o
campo da Musicoterapia na Espanha é
bem expressivo. São datados estudos de
mais de 40 anos e grandes esforços
para incorporar a Musicoterapia nos
campos acadêmico e profissional.
Historicamente, as primeiras
referências sobre o uso científico de
Musicoterapia na Espanha ocorrem a
partir do século XVIII (Poch, 1970). Em
1744 A.J. Rodríguez estabeleceu as
bases de uma teoria científica da
Musicoterapia em sua obra "Medical
Critical Arena". Faz-se necessário citar
os médicos F.J. Cid (1787) que estudou
12 casos de Tarantismo e as
propriedades curativas da música e B.
Piñera y Siles (1787) que tratou e curou
um caso de Tarantismo com música, no
Hospital San Carlos, em Madrid.
Além disso, no século XIX, F. Vidal y
Careta publicou uma tese de doutorado
em farmacologia sobre a relação entre música e medicina
(Universidade de Barcelona, 1882).
Em 1920, Dr. Candela Ardid
publicou o livro "A música
como um meio curativo
das doenças nervosas:
Algumas considerações
sobre Musicoterapia",
onde explica os efeitos
terapêuticos da música
utilizada em seus
tratamentos.
Este livro significou um marco na história da
Musicoterapia na Espanha, e mostrou um interesse na
disciplina a partir da convicção de sua utilidade.
Progressivamente esta convicção foi prorrogada atingindo
seu auge na década dos anos 60, com as dissertações de
profissionais como Dra. Serafina Poch Blasco "A influência da
música sobre a criança" (Universidade de Barcelona, 1964) e
"Musica e terapia para crianças autistas". (Universidad
Complutense, 1972).
Essas pesquisas contribuíram para a
fundação de uma profissão científica e a difusão
da Musicoterapia na Espanha. Neste ponto,
também começou o esforço para divulgar a
Musicoterapia como uma disciplina terapêutica
no ensino e centros de pesquisa.
Assim, de 1970 a 1975, a Dra. Serafina Poch
estava encarregada de um projeto de pesquisa
em Musicoterapia, que foi realizado no Instituto
Espanhol de Musicologia, do Conselho Superior de
Pesquisa Científica, em Barcelona.
Na década de 70, na Espanha, havia uma
grande quantidade de educadores, professores,
músicos, psicólogos, etc., que incluíam
Musicoterapia em sua prática profissional: Dra. S.
Poch, Mª Natividad García Martín de Vidales,
Paloma Camacho, M. Anjo Acebedo, dentre outros.
Ao mesmo tempo, e em nível internacional,
vários eventos aconteceram que representaram
o desabrochar de Musicoterapia. Dra. S. Poch,
representou a Espanha no Primeiro e no Segundo
Congresso Mundial de Musicoterapia (Paris, 1974;
Buenos Aires, 1976). Em 1979, o Primeiro
Simpósio Nacional de Musicoterapia foi
comemorado, o que deu um caráter oficial à
Asociación Espanhola de Musicoterapia (AEMT).
O objetivo do AEMT, criada pela Dra. S. Poch e
Prof. Joan Obiols Vié, era promover o uso da
musicoterapia no tratamento de pacientes, bem
como, promover a musicoterapia prática e
pesquisa no campo educativo.
Também em 1979, o AEMT e a Cátedra de
Psiquiatria da Universidade Complutense (Madrid)
organizou o IIº Simpósio Nacional de
Musicoterapia. Além disso, a seção espanhola da
Sociedade Internacional de Educação Musical
(ISME- Espanha) criou um grupo de estudo para
Musicoterapia que levaria para a organização de
cursos de aperfeiçoamento e atividades.
Na década de 80, o esforço para promover e
disseminar o uso da musicoterapia na Espanha
continua com a criação de associações, cursos e
simpósios.
No início dos anos 90, houve uma grande
proliferação de seminários de musicoterapia,
oficinas e cursos em nível acadêmico com
programas estabelecidos em universidades e em
áreas afins. Estes seminários iniciais resultaram,
em alguns casos, na criação de programas
específicos de formação em Musicoterapia dentro
do sistema universitário e em institutos privados.
Ao mesmo tempo, diferentes associações de
Musicoterapia foram constituídas em todo o país,
com o objetivo de unir esforços e compartilhar
experiências entre os profissionais.
Mais tarde seriam colhidos frutos como, por
exemplo, o desenvolvimento científico de
Musicoterapia que foi apoiado pelo Fundo de Pesquisa
em Saúde, com a concessão que foi dada ao Dr.
Manchola e Patxi Del Campo para a investigação do
uso de Vibroacústica com pacientes com doença de
Parkinson (1994).
Em 2001, foi realizado o Iº Congresso
Internacional de Musicoterapia em Doenças
Neurodegenerativas, em Vitoria-Gasteiz, na província
de Álava. Este congresso foi coordenado por Patxi
Del Campo e organizada pela Fundación la Caixa
Instituto Música, Arte y Proceso.
PRESENTE E FUTURO DA MUSICOTERAPIA NA
ESPANHA
Atualmente na Espanha, existem 22
associações de musicoterapia, dez das quais são
membros da European Music Therapy
Confederation EMTC (http://emtc-eu.com/member
-associations).Na Espanha, assim como no Brasil, a
profissão de musicoterapia não é reconhecida e, os
musicoterapeutas têm dificuldades para integrar-
se profissionalmente. Além disso, como os limites
de sua competência não estão definidos, algumas
pessoas trabalham com terapia e música sem ser
devidamente treinados.
Para ajudar na tentativa de regulamentar a
profissão de musicoterapeuta, em 2007, a
“Asociación Española de Profesionales
Musicoterapeutas“ (AEMP) foi criada. É uma
associação sindical, sem taxa de adesão,
registrada no Ministério do Trabalho e da
Segurança Social. Os principais objetivos desta
associação são a regulamentação da profissão,
dos aspectos acadêmicos, da ética e pesquisa
de musicoterapia na Espanha.
Hoje em dia, são poucos os
musicoterapeutas na Espanha que trabalham
em organizações públicas ou que fazem parte
de projetos de pesquisa. A maioria deles
trabalha em instituições privadas,
especialmente em educação especial, geriatria,
reabilitação neurológica, medicina e psiquiatria.
A musicoterapia na Espanha é influenciada por
métodos e práticas internacionais. Portanto,
uma variedade de modelos e técnicas são
adotadas por musicoterapeutas espanhóis, que
são adaptadas às diversas realidades culturais.
A situação atual da Musicoterapia na
Espanha faz com que os musicoterapeutas
profissionais enfrentem alguns desafios
importantes para o futuro, pois apresenta:
1. Cursos de formação oferecidos em
universidades de pós-graduação / mestrado
não reconhecidos pelo Ministério da Educação.
2. A falta de uma descrição específica do
âmbito da prática do musicoterapeuta
profissional que facilitaria a inclusão de
pessoas no mercado de trabalho que não
tiveram treinamento adequado em
musicoterapia, mas chamam a si mesmos de
musicoterapeutas e são contratados como tal.
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Figura 1"Cantor espanhol", quadro de 1860
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Com o objetivo de conseguir o apoio e
reconhecimento da profissão de musicoterapia
na Espanha, são feitos vários esforços:
Para incentivar a investigação em Musicoterapia
nas áreas de educação e saúde. Um aumento de
teses de doutorado nesta área se faz necessário
e, enfatizar a importância de unir a classe
profissional, a fim de apresentar-se como uma
força unificada para o bem da profissão.
Estabelecer normas claras e de qualidade para os
cursos de formação e promover a sua presença
no sistema universitário, sendo parte do Espaço
Europeu de Ensino Superior, poder ajudar na
realização de um reconhecimento oficial da
profissão por parte do Governo e das autoridades
competentes.
Referências: http://emtc-eu.com/country-reports/spain/ .Informações traduzidas e editadas pela redação.
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Entrevistas
Na linha do tempo – Gestão 2012-2014
Entrevista com Paulo Suzuki (vice-presidente da Antiga Gestão)
P: Quais foram os problemas enfrentados no
período?
R: Um dos maiores problemas enfrentados no
período foi falta de adesão e colaboração dos associados. Também enfrentamos uma crise
f i n a n c e i r a ; p r o b l e m a s c o m a
documentação (legal/ata, fiscal); faltava uma conta corrente de pessoa jurídica, que dificultava a cobrança, e a emissão de
carteirinha. Iniciamos o uso do boleto bancário,
porém o custo x a falta de pagamento, inviabilizaram a continuidade deste processo.
P: Qual foi o legado da gestão anterior? R: Os aspectos mais importantes foram a
atualização do estatuto; a iniciativa do Indicador
profissional; o prontuário digital dos documentos
dos associados .
P: Qual foi o foco da atuação?
R: O SUAS (Sistema único de assistência social)
necessitava de apoio da comunidade dos musicoterapeutas com a participação em fóruns,
mas houveram poucas adesões. A então
presidente Lilian Engelmann Coelho se comprometeu a participar regularmente destes
encontros. Eu fique responsável pela secretaria,
trabalhando na organização. Implementamos o i n d i c a d o r p ro f i s s i o n a l ( a i n d a e m
desenvolvimento) através de um provedor americano. Desenvolvemos o prontuário digital
com os documentos dos associados. Criamos um novo site. E estabelecemos novos canais de
comunicação com os associados tais como: fan Page no facebook e twiter. Com estas inovações
ampliamos a comunicação, melhoramos a
convivência e a informatização dos processos com os associados. Também regularizamos a situação legal/fiscal abrindo uma conta jurídica.
P: Quais foram os planos desta diretoria,
conseguiram cumprir as metas?
R: Bem sucedido: Desenvolvemos o planejado, mas o resultado ainda não foi o ideal. O SUAS atingiu mais de 100% das metas. Também
tivemos sucesso para preparar o prontuário
digital (processo muito trabalhoso devido o escaneamento, a padronização, a criação de
infraestrutura e revisão).
Mal sucedido: Procedimento de cobrança via
boleto; não conseguimos melhorar a infraestrutura para envio de carteirinha em
três dias, principalmente pela falta de
colaboradores com tempo, interesse e comprometimento.
P: Continua com algum tipo de atuação na
APEMESP?
R: Ofereço consultoria para a nova diretoria.
P: Como foi a atuação da diretoria em
relação a patr imônio, biblioteca, regulamentação, mercado de trabalho,
pub l icação , c iênc ia e e ven tos ?
R: Patrimônio: Não tínhamos sede social, nem verba ou patrocínio, inclusive a APEMESP teve sede social independente (alugada) apenas uma
vez, que continha uma pequena biblioteca;
O especialista em musicoterapia Paulo Suzuki (59) é um personagem que não só participou da gestão 2012-2014, mas tem acompanhado as diretorias da APEMESP ao longo de dez anos. Nesta entrevista realizada em Março/2015 podemos visualizar um panorama da antiga gestão e da APEMESP ao longo destes anos.
“Enfrentamos uma séria crise econômica e documental, mas conquistamos o SUAS e a criação do prontuário digital de
associados” (Paulo Suzuki, 59)
APEMESP Gestão 2012-2014
Mt Lilian Engelmann Coelho, Presidente Mt Esp Paulo Roberto Suzuki, Vice-Presidente
Mt Marília Prado de Oliveira, 2ª Vice-Presidente
Mt Marcos Lopes, Secretário
Mt Andreza Rego, Tesoureira | Mt Tatiana Barbosa, Tesoureira Mt Roberta Helena, Conselheira | Mt Roberta Nagai, Conselheira Mt Gisele Furusava , Consultoria | Mt Mariana Hoffer, Consultoria
equipamento de áudio
visual; ins trumentos musicais, dentre outras coisas. Tal patrimônio
diante da desorganização,
da falta de colaboração (principalmente devido ao
tempo das pessoas, que necessitavam trabalhar e
muitas vezes não podiam se dedicar de modo
integral, pois trabalhavam em outros serviços e
usavam seu pouco tempo para fazer alguma coisa), não havendo sede, o patrimônio pesava enquanto
volume material, indo, por exemplo, para casas de pessoas. Parte do patrimônio perdido, hoje não
teria mais valor, tal como o retroprojetor. Um dos
patrimônios que nos restou e que considero de estrema importância é a máquina de plastificação de carteirinhas, que doei para a APEMESP no ano de minha gestão. Visto essas dificuldades,
principalmente em relação à falta de sede
(espaço), é muito importante que o material a d m i n i s t r a t i v o s e j a d i g i t a l i z a d o .
Biblioteca: Não houve atuação. Sugiro também que o material seja digitalizado e percebo que deve
haver muita dedicação para este trabalho tal como a criação de um banco de dados, filtragem de
materiais com rigor institucional, catálogos,
protocolos e assim por adiante.
Regulamentação: Em nossa atuação observamos
que ainda está um pouco distante de se efetivar, mas sempre colaboramos com o processo, seja
com auxilio financeiro para representação em
Brasília, seja através da colaboração no SUAS, indicador profissional, trabalho, reuniões da UBAM,
CBO e disciplinamento.
Mercado de trabalho: Atuamos favorecendo o
indicador profissional (guia/lista/banco de dados
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de todos os musicoterapeutas do estado SP). Tal
processo envolve questões como, de que forma catalogar o profissional e, cuidado com perigos em relação ao acesso mal intencionado, também
é necessário estudos sobre taxonomia /
qualidades/ categorias. Já existe um estudo sobre indicadores e que estão nos arquivos da
APEMESP. Este projeto já existe há algum tempo, antes de nossa gestão, passou a ser um projeto físico há dois anos (com verba, contratação de
provedor americano, teste de catalogação), tal
estrutura foi apresentada em 2013. Atualmente está parado, porém basta apenas cadastrar, ler
e rever o projeto, transmitir o contexto. Provavelmente deve requerer minha colaboração
e a de Gisele Furusawa e, certamente estaremos
Lilian Engelmann—Presidente da gestão 2012-2014
disponíveis para transmitir. Para reativação do
indicador é importante que os participantes
tenham envolvimento com a internet e o processo de profissional de mercado de
trabalho.
Publicação: Atuamos somente através internet
(pelo site), facebook e twiter.
Científica: Não foi produtiva, nos ocupamos em bus car e reunir mus ico terapeu tas
internacionais, interestaduais, divulgando
atuações e opiniões sempre nos fóruns e
hotsite e, participamos de todos os eventos importantes (empent, clam, simpósio), a APEMESP apoiava dando ajuda de custo da
v i a g e n s e e s t a d i a .
P: Quais foram as recomendações para a
próxima diretoria?
R: Trocar de banco devido problemas com
boletos; dar continuidade na atuação do SUAS (junto ao qual criamos uma cadeira/identidade
social e profissional) e; passar a experiência administrativa quando houver a troca de
g e s t ã o .
P: Quer acrescentar alguma informação?
R: É importante ressaltar que os membros da
diretoria, bem como os colaboradores devem
estar dispostos a sacrificar um tempo para a
APEMESP.
Contato: Paulo Suzuki pelo email
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Entrevistas
Princípios da Nova Gestão
P: Como você poderia resumir os princípios
n o r te a d or es d a n o va g e s tã o ?
R: Os princípios norteadores se resumem e se explicam a partir da palavra-dispositivo ATRAVEZ,
que foi escolhida de forma conjunta pela chapa APEMESP 2014-2016, atual diretoria deste biênio. O
nome escolhido funciona como um disparador de
sentidos, e não de significados, não só nas conduções do trabalho da nova diretoria da APEMESP 2014-2016, mas também em seus efeitos
e desdobramentos em relação aos próprios
caminhos da Musicoterapia e de seus profissionais.
P : P or que ATR AVE Z com (Z)?
R: ATRAVEZ é uma palavra inventada que não designa uma preposição, mas sim muitas proposições, ideias e sentidos. Foi um meio criativo
que encontramos para AGENCIAR e compreender
as MUITAS POSSIBILIDADES e DESEJOS que envolvem a profissão e seus desdobramentos. Pensamos que a vida é ATRAVESSADA por muitas
coisas e assim coletivamente pensamos que tal nome pode acolher os múltiplos sentidos. A palavra
propõe sentidos tais como: atravessar, através, possibilidades, novas rotas, ideia de passagem,
ressoar, ponte.
R: O porquê de uma diretoria escolher um
nome para acompanhar a sua gestão?
P: A ideia é que a palavra ao longo da caminhada nos dê um sentido, enquanto diretoria e que este sentido agregue muito outros, tais como funções e
finalidades dentro de nosso contexto de trabalho e
expansão da musicoterapia. É o que temos percebido com as COMISSÕES se estruturando e
aglutinando possibilidades ao longo dos trabalhos. A nova gestão se propõe a fazer chamados e
permitir ressoar as muitas vozes deste corpo coletivo, assim gerando uma marca coletiva num
determinado tempo-espaço. Por isso a escolha de um arco de violino que
literalmente atravessa a palavra, e faz vibrar as
intensidades mais sutis de um corpo que ora
deseja expandir. Corpo este que é composto por cada um de nós. Diante disso a nova diretoria se propõe e se abre a um espaço de diálogo, de in te ração , co-c riaçã o e co-ges tã o .
P: De qual forma, com a sua formação, você
auxiliou na construção destes princípios?
R: Procurei trazer a minha experiência
musicoterapeutica nos estudos sobre escuta e
também sobre os estudos de mobilização e participação política sobre os conceitos
contidos no que denominam-se Novos Movimentos Sociais, que são formas de atuação que não excluem os desejos e subjetividades nos
processos de participação e interação sócio-
política, mas os pensam a partir destes sujeitos implicados num processo em constante
transformação. Parte também, dos meus conhecimentos e experiências em grupos que
estudam processos micropolíticos a partir da Filosofia da Diferença
.
P: Quem são os autores de base destes
princípios?
R: Citarei um trecho de Deleuze e Guattari
(1997) mencionado no artigo Escuta e Análise Musicoterapêutica de Lilian M. Engelmann
Paulo Ricardo Bittencourt (33) é o atual primeiro secretário da APEMESP. Graduado em Musicoterapia pela Faculdade
Paulista de Artes (2007), especialista em Teorias e Técnicas para Cuidados integrativos pela UNIFESP (2009), especialista em Psicologia Política, Políticas Públicas e Movimentos Sociais pela USP –EACH (2011) e Mestre em Ciências com ênfase
em Mudança Social e Participação Política pela USP-EACH (2014 )
“Quando decidimos ser chapa para o biênio 2014-2016, havia um sentimento geral que a Diretoria teria que se abrir para novos caminhos e possibilidades. Precisávamos atravessar e sermos atravessados por novos modos de gerir, interagir e
inventar novos caminhos para a musicoterapia.” (Paulo Bittencourt, 33)
No ano de 2014 foi eleita a nova diretoria. Entrevistamos o primeiro secretário Paulo Bittencourt, que auxiliou na
construção dos princípios desta gestão junto à sociologia
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Coelho, sobre o qual podemos pensar uma musicoterapia que inventa trajetos, criando
sempre novas possibilidades:
Neste sentido a Filosofia da Diferença não busca
um único pressuposto ou um único caminho
possível, mas sim itinerários como nos aponta a
citação. Sendo assim, tal pensamento se expressa
numa capacidade “desejante" do homem em
formular problemas que dizem respeito a sua
época e espaços de pertença; e assim traçar os
planos, dar saltos que sacudam a ordem vigente e
linear do pensamento.
A Filosofia da Diferença desta forma se
preocupa muito mais com os processos de criação
singulares e heterogêneos que criam maneiras
múltiplas e distintas de se relacionar com a vida,
fazendo emergir realmente um pensamento
nômade, que é da ordem da experiência e, da
composição (que se dá nos trajetos que se criam)
num caminhar sem rotas e direções definidas; é
um caminhar que se dá por saltos e movimentos,
P: Sobre quais aspectos as propostas/
princípios se fizeram necessários?
R: Chegamos à conclusão que o desejo dos Musicoterapeutas precisava ser escutado e não
somente como demanda, mas como matéria de composição, que os convocasse para estarem
juntos neste processo que é potente e transformador para cada um. O desejo não
funciona por cobranças e sim por vontade de
potência. Diante disso a nova diretoria se propôs a
abrir um espaço de diálogo, interação, co-criação e co-gestão. Este é um processo em construção, sobre o qual estamos criando ferramentas para que seja efetivo.
P: Quais foram as estratégias criadas e
atividades desenvolvidas com base nestes
princípios?
R: Iniciarei com uma citação de Marc Buchana
(2007):
A nova diretoria da APEMESP (2014-2016),
começou a pensar em estratégias que criem um
“Dentre as várias musicoterapias (Costa, 1989) há uma que se desloca nos fluxos da escuta da vida inventando trajetos, uma musicoterapia nômade: o território do nômade são seus trajetos, ele vai de um ponto ao outro sem ignorá-los; entretanto, abandona-os porque a vida é um intermezzo , o pensamento nômade não está vinculado a um território mas a um itinerário (Deleuze e Guattari, 1997).” - Escuta e Análise Musicoterapêutica
espaço de diálogo, interação, co-criação e co-
gestão. Queremos interagir, nos contagiar, e
acreditamos que isso não acontece a partir de
um grupo eleito e sim através da trama de
relações, desejos, intenções, ideias, criações e
discussões.
Tivemos a iniciativa de criar o grupo ATRAVEZ no
facebook. O objetivo deste grupo é criar
agenciamentos, isto é, conexões, e assim
compreender as muitas possibilidades e desejos
que envolvem a profissão, a universidade, as
instituições, os alunos e profissionais envolvidos.
O Grupo tem como objetivo, criar um espaço que
seja inventivo, de troca de experiências,
sugestões, ideias, ajuntamentos, festas, dicas
sonoro-musicais, intervenções grupais, ações
realizadas em comunidade, conversações,
propostas de projetos, ações que contribuam com
a APEMESP e com a profissão.
Veja grupo no facebook: ATRAVEZ -
“Musicoterapia – fluxo que inventa trajetos”
l ink: https ://www. facebook.com/groups/
atravezmt
P: Existe algum direcionamento para este
grupo?
R: A APEMESP tem investido para que as interações se propaguem e criem muitos caminhos e interações para a associação e profissão, porém temos que ter clareza que tudo
é efeito da interação e dos desejos que vão se
produzindo entre nós.
P: Existem projetos futuros em relação à
proposta?
R: Na verdade todas as comissões e interações que têm sido construídas pela APEMESP fazem
expandir estes processos de interação e
acreditamos que ao longo da caminhada haverá melhor interação e conquista destes espaços de conversações entre nós.
P: Atualmente enfrentam dificuldades?
R; Dificuldades sempre existirão, pois não acreditamos numa finalidade idealizada e sim um
sentido e movimento que crie uma expansão da
área e de seus desdobramentos e cada um de nós faz parte deste processo, independente dos
cargos que ocupamos num determinado momento da APEMESP. Penso que a APEMESP
deseja expandir e se ramificar para que ao fim deste biênio tenhamos uma potência de muitos
que poderá construir e ampliar muitas possibilidades e não ficarmos presos a ideia de
CHAPA ÚNICA que pode se tornar um peso e
retrocesso para a área.
Contato pelo email: [email protected]
cel. (11) 9-8344-4280
“Diamantes não brilham por que os átomos que
os constituem brilham, mas devido ao modo
como estes átomos se agrupam em um
determinado padrão. O mais importante é
frequentemente o padrão e não as partes, e
isto também acontece com as pessoas”.
Marc Buchana (2007), em O átomo social.
Da esquerda para a direita: Gildásio Januário (2º Tesoureiro), André Lindenberg (Presidente), Melina
Charlila (2º Secretária), Paulo Bittencourt (1º Secretário), Marília Oliveira (2ª Vice-Presidente),
Raphael Soares (1º Tesoureiro) e Ricardo Augusto
(2º Vice-Presidente)
Denise Suzuki, Conselheira Fiscal
Primeira Edição - P. 20
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Após tentar dois outros cursos universitários,
encontrei na Musicoterapia o lugar onde está meu
coração. O aprendizado é vasto, disciplinas,
práticas e técnicas. Após os estágios descobri que
a psiquiatria era a área que gostaria de me
aprimorar.
Entrar no ramo da Musicoterapia foi um
caminho a ser traçado, com paciência e
planejamento. Mesmo depois de me formar, não foi
fácil encontrar um trabalho remunerado, mas hoje
entendo que o que faltava era a certeza do
caminho percorrer.
Decidi então estudar Psicanálise no CEP
(Centro de Estudos Psicanalíticos). Fiz o curso no
núcleo de Psicoses, onde era necessária uma
carga horária de estágio no Hospital São João de
Deus. No início dos estágios, a direção do Hospital
soube da minha formação de Musicoterapia e me
ofereceram o cargo. Estou lá há três anos e faço
parte da equipe técnica, atendendo nas alas de
Psiquiatria e Dependência Química.
A equipe técnica recebe por horas trabalhadas
da mesma forma e valor. Reuniões
multidisciplinares são realizadas semanalmente, o
que favorece muito o atendimento. No início a
adaptação foi difícil, aliás, sempre ouvimos falar
que a prática não é tão certa quanto a teoria, e os
afetos que nos atravessam não vem com bula de
prevenções ou sintomas colaterais. Musicoterapia
é novidade, raramente entendem nossa função,
escuta e dinâmica, explicar é necessário.
Por isso faz-se imprescindível supervisão e
análise constante, raramente tive feedback e
direcionamento de profissionais de outras áreas
sobre minha conduta, o que é compreensível. Os
maiores retornos vêm das famílias ou dos
próprios clientes.
Há diversas questões burocráticas e
estruturais que dificultam nossa atuação. Mas
acredito que a adaptação faz-se necessária,
como o mercado é difícil, nosso reconhecimento
é conquistado aos poucos.
Relatos Reais de um Musicoterapeuta
Claudia Trindade, musicoterapeuta desde 2007, formada
pela Faculdade Paulista de Artes
“A faculdade de Musicoterapia foi uma descoberta que me
atravessou e mudou completamente minha vida.”
Congresso Ocupa Nise, Hotel da Loucura, Rio de Janeiro. Esse evento é organizado pelo
Médico Victor Podeus, que reúne diversos profissionais da arte e medicina para
discutirmos melhoras e inovações no tratamento psiquiátrico. Acontece anualmente, essa
edição foi ano passado, setembro de 2014
Primeira Edição - P. 21
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Deixar de lado o atendimento em algum lugar
por conta da falta de estrutura nos condenaria a
não atuar. Eu nunca encontrei um espaço
considerado Ideal para atendimento, como em
nossas idealizações de estudantes.
Atualmente, os grupos que atendo são
realizados nas quatro alas da Casa de Saúde. Os
atendimentos são semanais e em grupo, com
duração média de uma hora.
No início os atendimentos eram feitos na sala
de TV com as portas fechadas, porém entendi que
limitava muito a quantidade. A média de
permanência do grupo varia entre trinta minutos,
pois é comum saírem para medicação, visita, e
outros atendimentos (isso não está nos livros).
Experimentei então com as portas abertas, a fim de
tornar possível a participação total de alguns
clientes, e participação parcial de outros, que
podem observar e se encorajar para participar do
grupo.
A rotatividade de clientes no grupo é grande, e
dificilmente há um desligamento através de um
processo, de começo, meio e fim, mistura-se, pois
há sempre uma expressão nova a ser acolhida. Por
isso o foco é na expressão musical livre, quando a
escuta do grupo está muito prejudicada, é
necessário intervir, criar formas de imitação
e repetição. Há também grupos de escuta
receptiva para dialogarmos sobre lembranças
e possíveis significados da mensagem e poesia
das canções.
Promovemos também encontros com
canções pré-escolhidas, com playback, e
poesias, como em Saraus, é sempre muito
rico. Ser por um momento o orador pode
promover organização da fala, expressão e
escuta, há também grupos onde a expressão
plástica é permitida, porém, com muita
cautela, pois o hospital não pode ter as
paredes pintadas por giz de cera nem tinta
plástica, por mim seriam.
A equipe técnica está sempre disposta a
atuar junto ao grupo de musicoterapia, grupos
com terapeutas ocupacionais, psicólogos e
educadores físicos são frequentes e permitem
melhor avaliação dos clientes. Eu faria tudo de
novo, e tenho grandes ambições quanto minha
carreira, no sentido acadêmico e prático.
“Todos os dias em minha
atuação vivencio algo que
exige aprimoramento e
reinvenção das intervenções
que utilizo. Sou grata à
formação, mestres, grade
curricular, e sei que estamos
rumo a grandes conquistas.”
Contatos: Email
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Hospital São João de Deus, onde trabalhada atualmente
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Será que estamos cientes do que é regulamentar?
No dia 17 de Março foi lançada a pesquisa “Você
é a favor de uma nova tentativa de
regulamentação da musicoterapia? Por
quê?”. Quarenta e sete pessoas participaram,
em sua maioria musicoterapeutas e estudantes
de musicoterapia. Dentre as opções “sim”,
“não” e “não sei”, obtivemos quarenta e um
votos a favor, dois contra e, quatro indecisos
(não sei).
Dentre as justificativas, os que votaram “sim”
demonstraram entender se é importante ou não
regulamentar e não se devemos tentar
novamen te. Um nova ten ta ti va de
regulamentação nos leva, imediatamente, a
refletir sobre o que aconteceu com as
primeiras iniciativas, por que falharam?
No entanto, a quantidade de respostas a favor
de uma nova tentativa pode ter desencadeado
um novo movimento em prol da regulamentação.
Mas para isso é necessário estarmos cientes do
que é regulamentar, conhecer a história da
Palavras do coordenador da
comissão de regulamentação da
APEMESP
O resultado desta pesquisa, reflete a nossa
história e a nossa categoria. O pensamento de
regulamentação da profissão não é de agora,
desde 1982 foram encaminhados projetos com o
objetivo de regulamentar a nossa categoria,
porém foram vetados. Por quê? Todos nós
sabemos os motivos destes vetos? É importante
regulamentação da musicoterapia e o
momento atual.
Confira a seguir, algumas respostas da
pesquisa e os comentários e dicas do
c o o rd e na d o r d a co mis s ão de
regulamentação da APEMESP, Gildásio
Januário de Souza e da profa. Lilian
Engelmann Coelho, que também acompanha
os processos de regulamanetação e foi
responsável por diversas iniciativas na
história da musicoterapia.
SIM! SOU A FAVOR
Para conseguir um maior campo para atuarmos; maior reconhecimento; a validade dos
efeitos da musicoterapia e o acesso a todos; necessidade de definir direitos e deveres
do profissional; impedir que profissionais não qualificados exerçam a profissão;
abertura de concursos públicos e órgãos de base; credibilidade; por que ouvir música
faz bem para as pessoas; para conseguir mais respeito das outras classes de
profissionais da saúde; o musicoterapeuta ainda é inseguro submetendo - se muitas
vezes a situações de exploração.
NÃO SEI! A maioria dos participantes que
votaram “não sei” não justificaram sua resposta,
houve um questionamento sobre qual seria a
proposta e também afirmações como: antes
deveríamos ter um conselho de classe e um
sindicato para depois irmos para Brasília
batalhar a regulamentação.
NÃO! SOU CONTRA! Primeiro temos que nos organizar enquanto classe, fazer o nosso discurso
unificado em âmbito nacional e, conscientizar sobre a importância de um órgão representante de
classe. Quando toda essa estrutura estiver funcionando independentemente da regulamentação, aí
será o momento certo; porque a regulamentação deveria ser um projeto para ser elaborado depois
que concretizarmos as conquistas atuais; temos muitas coisas básicas para fazer ainda. Só quando
estivermos registrados nas estruturas municipais e estaduais poderemos ser reconhecidos pela
União. Esse movimento demanda ação prática, temos que ir às prefeituras, ficar na fila e lutar, até
conseguir. É uma pena, mas ainda "queremos que alguém nos dê algo", sem fazer nossa parte.
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que se diga Não! Sou contra uma nova tentativa
de regulamentação! Pois, para conseguirmos, é
indispensável que tenhamos Visibilidade Social,
ou seja, estarmos inseridos, participando e
discutindo de forma organizada nos fóruns de
discussão sobre a temática.
Por exemplo, o fórum do Sistema da Saúde e do
Sistema Único da Assistência Social, é uma
conquista recente da nossa categoria, passo
importante para os Musicoterapeutas do
território nacional, pois contribue para qualificar
as práticas que são realizadas pelos
musicoterapeutas e ao mesmo tempo o aumento
da visibilidade da área nestes sistemas.
Você sabia que em 2009, foi criado um Grupo de
Trabalho com Musicoterapeutas de vários
Estados para construir um documento que foi
encaminhado ao Conselho Nacional de
Assistência Social (CNAS), com o objetivo de
incluir a Musicoterapia no Sistema Único da
Assistência Social (SUAS)?
Em 2011 com Resolução n° 17 de 20 de Junho
de 2011, do Conselho Nacional de Assistência
Social, temos o RECONHECIMENTO da
Musicoterapia no Sistema Único da
Assistência Social, de acordo com o Artigo 3º
vemos as categorias de profissionais de nível
superior, que poderão atender as
especificidades dos serviços socioassistenciais,
são eles: Antropólogo; Economista Doméstico;
Pedagogo; Sociólogo; Terapeuta Ocupacional e
MUSICOTERAPEUTA.
A partir de então a musicoterapia não só em São
Paulo, mas em outros Estados, têm participado
dos Fóruns Estaduais dos Trabalhadores e
Trabalhadoras do Sistema Único da
Assistência Social (FETSUAS) em seus estados
e também do Fórum Nacional dos Trabalhadores
e Trabalhadoras do Sistema Único da
Assistência Social (FNTSUAS). Estes fóruns
são espaços importantes de lutas e discussão
em torno do SUAS e também o fortalecimento da
Musicoterapia nestes espaços enquanto área de
trabalho, apesar da sua não regulamentação.
Em São Paulo, a APEMESP tem participado da
Coordenação do Fórum Estadual dos
Trabalhadores e Trabalhadoras do Sistema Único
da Assistência Social do Estado de São Paulo
(FETSUAS/SP), desde o seu início, estas reuniões
acontecem uma vez por mês (segundo sábado de
cada mês), na sede do Sindicato dos Psicólogos
do Estado de São Paulo – SINPSI, na Rua
Aimbere, 2.053, Perdizes, São Paulo. O fórum
realiza anualmente Encontros Estaduais para
discussão de assuntos relacionados aos
Trabalhadores do SUAS.
Neste ano de 2015 acontecerão dois encontros
anuais, e também Rodas de Debates, com
possibilidades de ampliar o debate em torno do
tema (SUAS). Fique atento à divulgação destes
eventos no site e na página do facebook da
APEMESP.
É de extrema importância a participação dos
musicoterapeutas trabalhadores e também de
outros musicoterapeutas interessados nesta
DICAS: Para os que então votaram SIM, que venha uma nova força para um novo projeto. Mas que primeiro façamos o empoderamento
da própria profissão conhecendo a própria trajetória (bibliografia):
PROJETO DE LEI Nº 4.410, DE 2001
a. http://www.camara.gov.br/sileg/integras/18809.pdf
b. http://legis.senado.gov.br/diarios/BuscaPaginasDiario?codDiario=411&seqPaginaInicial=42&seqPaginaFinal=42
c. http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2007/09/18/ce-aprova-regulamentacao-da-profissao-de-musicoterapeuta
d. http://www.ufg.br/n/56672-regulamentado-exercicio-da-profissao-de-musicoterapeuta
e. http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/2747
f. http://www.senado.gov.br/atividade/materia/getPDF.asp?t=38979&tp=1
É importante que se diga NÃO! SOU CONTRA UMA NOVA TENTATIVA DE REGULAMENTAÇÃO!
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temática, nestes espaços de discussão e
mobilização. A efetiva participação contribui
para o fortalecimento e a efetivação desta
política pública da Assistência Social. Como diz
uma frase do senso comum: “Quem não é
visto, não é lembrado”.
Não podemos nos esquecer de duas outras
conquistas importantes para a categoria. A
primeira, a inclusão de Musicoterapeuta no
Código Brasileiro de Ocupação – CBO 2263-
05 e a segunda, a inclusão de procedimentos de
Musicoterapia no Sistema Único de Saúde –
SUS.
Palavra e Dica da Musicoterapeuta Lilian
Engelmann
Sou contra uma nova tentativa de
regulamentação na atualidade porque considero
a complexidade do assunto nos seus múltiplos
aspectos: histórico, social, político, trabalhista e
da classe profissional e, em particular, o
momento político brasileiro.
Entretanto, como descreveu com propriedade o
coordenador da comissão de
regulamentação da APEMESP, o
musicoterapeuta Gildásio Souza,
precisamos do empoderamento do que já temos.
Em específico, para os musicoterapeutas do
estado de São Paulo, uma nova pergunta se
apresenta: Como estão as articulações das
nossas ações como profissão nas esferas:
pública (municipal e estado) e privada?
Já concretizamos o Código Brasileiro de
Ocupação (CBO)?
Os musicoterapeutas de SP estão cadastrados
nas prefeituras? Não.
A CBO nova já foi registrada nas prefeituras de
SP? Não.
Se todos os musicoterapeutas de SP estivessem
DICAS DE LEITURA
Professora e Musicoterapeuta Clotilde Espindola Leinig de 95 anos – Uma carta aos senadores antes de falecer.
http://www.senado.gov.br/atividade/plenario/sessao/disc/getTexto.asp?s=068.3.53.O&disc=194/2/S
Artigos –
a. GODOY D. A. Musicoterapia, profissão e reconhecimento: uma questão de identidade, no contexto social brasileiro Revista Brasi leira de Musicoterapia
Ano XVI n° 16 ANO 2014. p. 6-25.)
b. SANTOS M.S. RIBEIRO PEDRO, R. M. L. Musicoterapia em Ação: Primeiros Movimentos da Invenção de uma Profissão. Revista Brasile ira de
Musicoterapia, ano XI, no 9, 2009.
Monografias -
a. BERGAMINI M.G. Regulamentação profissional do Musicoterapeuta -Revendo o Projeto de Lei no 4.827/2001. - Faculdades Metropolitanas Unidas 2010.
b. FREIRE M. H. A regulamentação profissional do Musicoterapeuta.Universidade de Ribeirão Preto Departamento de Música – Curso de Graduação em
Musicoterapia,
c. JOUCOSKI A. A Regulamentação da Profissão do Musicoterapeuta- Faculdade de Artes do Paraná – Curitiba, 2004.
Teses
a. SANTOS M.S. Contemporaneidades e Produção de Conhecimento: AInvenção da Profissão de Musicoterapeuta, Doutorado em Psicossociologia e
Ecologia Social – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Psicologia, Programa EICOS, 2011 .
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cadastrados nas suas prefeituras já teríamos
uma grande força estadual e uma visibilidade
nacional.
Os musicoterapeutas do setor privado de SP
utilizam a nota fiscal eletrônica com o código da
musicoterapia? Não.
Os consultórios de musicoterapia de SP estão
r e g i s t r a d o s n o C N E S ? N ã o .
CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimento da
Saúde – quando o musicoterapeuta está
registrado neste sistema (registro feito pela
prefeitura) a visualidade da profissão se amplia
porque atinge as três estâncias (municipal,
estadual e federal).
Os musicoterapeutas de SP atendem planos
médicos utilizando a nota fiscal eletrônica? Não.
Com a CBO podemos ser cadastrado nos planos
médicos e ampliar a visibilidade da profissão e a
atuação no mercado de trabalho.
Se você tem interesse em
participar ou dúvidas, a comissão
responsável por tratar dos
assuntos relacionados ao SUAS e
ao SUS é a comissão
Regulamentação da Profissão.
Entre em contato no email:
Links
Resoluçã o 17, CNAS.
http://www.coffito.org.br/site/files/noticiãs/2014/PDFsNoticiãs/CNAS_2011_-_017_-_20_06_2011.pdf
Blog FETSUAS/SP.
http://fetsuãssp.blogspot.com
UBAM
http://www.musicoterãpiã.mus.br/
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Nome: Rocio Romero
País: Argentina
Cidade: Buenos Aires
Formação: Licenciatura em Musicoterapia
Universidade: Buenos Aires (UBA)
Contato: [email protected]
Olá amigos do Brasil !
Vou contar um pouco sobre a minha história na
musicoterapia e sobre a musicoterapia em
Buenos Aires.
Eu trabalho como musicoterapeuta, musicista,
produtora musical e atriz. Dentro da
musicoterapia aprofundei no trabalho com
psicose (adultos) num processo de reabilitação
psicossocial; com idosos em processos de
promoção da saúde com a abordagem humanista
existencial e, com crianças afásicas ou que não
desenvolveram a linguagem ainda.
Há quatro anos eu tive minha primeira prática
profissional com psicose, nesse momento eu
percebia que a musicoterapia habilitava
possibilidades de interação subjetiva através da
música e o vínculo terapêutico, desenvolvi meu
TCC sobre essa questão. Continuei trabalhando
também com idosos utilizando a música como
facilitador da construção da identidade
narrativa das pessoas, as canções como
facilitadoras de uma ressignificação do
próprio presente e, a música como
experiência de grooving e musicking que
conecta com as emoções e o próprio corpo. Nos
últimos dois anos, trabalhei com “Audiologia e
Linguagem” num centro educativo e terapêutico
pra crianças com diferentes tipos de
dificuldades como linguagem, autismo, TGD,
deficiência auditiva, hipoacusia e mutismo
seletivo. Eu trabalhava com o som pra ajudar na
construção dos limites do próprio corpo, e as
possibilidades de se reconhecerem através de
sua própria voz, estimular a produção sonora,
ajudando a organizá-la e, estimulando a
expressão de emoções e a possibilidade de
reconhecerem o que eles queriam ou não
queriam para suas vidas, quer dizer, trabalhava
sobre a possibilidade de escolher.
Terminei meus estudos em 2012 e durante dois
anos fiz uma investigação para defender minha
tese em Julho deste ano.
Durante o tempo que estudei musicoterapia na
UBA eu sempre pensei muito nessa dificuldade
de nossa disciplina de traduzir em palavras os
alcances dos processos que acontecem com a
terapia.
Nesse ano comecei a fazer um tour no Brasil
com meu grupo de dixie e jazz tradicional, e
depois, decidi ficar mais dois meses. É
interessante porque a situação do estrangeiro
te faz olhar o mundo desnaturalizando algumas
coisas. Até agora foi muito interessante o que eu
aprendi sobre a cultura brasileira, diversa e
complexa. Adoraria conhecer abordagens de
musicoterapia daqui, adoraria ter a
oportunidade de ampliar a maneira de ver minha
disciplina. Acho que é preciso fomentar espaços
onde seja possível compartilhar nosso trabalho e
nossas experiências.
Na Argentina existem muitos projetos de
musicoterapia, tais como: grupo ICMUS
com Patricia Pellizari; musicoterapia
comunitária em presídios; musicoterapia
e investigação neurológica sob a
coordenação de Viviana Sanchez em um
“Durante o tempo que estudei musicoterapia na UBA eu sempre pensei muito nessa dificuldade da
nossa disciplina ,de traduzir em palavras os alcances dos processos
que acontecem com a terapia.“
Primeira Edição - P. 27
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hospital da capital; grupo ADIM e a abordagem
plurimodal com Diego Schapira; Musicoterapia e
Terceira idade, sob a coordenação de Marcos
Vidret e Natalia Alvarez e; musicoterapia e
terapia vibroacústica com tigelas sonoras com
Jorge Zain, musicoterapia pré-natal com Gabriel
Federico e o projeto mamo sounds; reabilitação
psicossocial em neuropsiquiatria com Carlos
Butera, Andrea Coluccio e Laura Rossi. Esses
são somente alguns dos projetos que eu conheço
lá, mas é uma disciplina que esta crescendo
muito e cada vez aparecem mais trabalhos de
musicoterapeutas ampliado as possibilidades de
intervenção da musicoterapia.
Atualmente na Argentina existem algumas
provinciais que tem lei de exercício profissional
(Neuquen, Rio negro, Chaco, Tierra del fuego y
Buenos aires). Estamos em processo de
regulamentação, mas não temos ainda lei
nacional, isso faz com que nossa possibilidade de
procurar melhores condições de trabalho seja
mais difícil. Também não estamos no registro
nacional de prestadores (Plano médico
obrigatório) que faria com que nós tivéssemos
mais oportunidades de emprego.
Em contrapartida estamos nos organizando e
tendo reuniões. No ano passado já foi
apresentado o projeto de lei nacional. Temos
muitas associações, e existe a ASAM que é a
associação nacional.
As universidades que possuem o curso de
musicoterapia são: Universidad de Buenos Aires;
Universidad Abierta Interamericana; Universidad
del Salvador; Universidad Maimónides e, me
parece que também existem outras no país.
Existem cursos gratuitos de musicoterapia como
o de extensão na Universidad de Buenos Aires e,
também existe um curso no hospital
neuropsiquiátrico Moyano que é muito bom,
sobre musicoterapia clínica. Há alguns anos
estão abertas as concorrências em
musicoterapia no Hospital Rivadavia.Em abril
estou voltando para Argentina por alguns meses,
e tenho vontade de voltar na segunda metade do
ano.
Esta carta foi criada a partir de uma entrevista, sendo traduzida e editada pela redação.
“Quero dizer aos colegas
musicoterapeutas do
Brasil que estou
disponível e interessada
em conhecê-los. “ DESCONTOS DE 10 A 15% PARA ASSOCIADOS
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ABRIL 1) FNTSuas (Fórum Nacional da Trabalhadoras e
Trabalhadores do Sistema Único da Assistência Social) 17/04 – dia todo – Reunião Coordenação Executiva 14 a 16/04 – Reunião Ordinária do CNAS (Conselho Nacional da Assistência Social) Brasília, DF – (www.fntsuas.blogspot.com.br) Seminário Nacional do FNTSuas (Fórum Nacional da Trabalhadoras e Trabalhadores do Sistema Único da Assistência Social) 10 e 11/04 Curitiba, PR – (www.fntsuas.blogspot.com.br)
2) 14º Encontro Estadual do FETSuas-SP 25/04 Sorocaba ou ABC, SP (mais informações em breve)
3) World Congress on Brain, Behavior and Emotions 29/04 a 02/05 Porto Alegre, RS – (www.braincongress2015.com)
ABRIL/MAIO
MAIO 1) FNTSuas (Fórum Nacional da Trabalhadoras e
Trabalhadores do Sistema Único da Assistência Social) 15/05 – manhã – Reunião Coordenação Executiva 15/05 – tarde, 16/05 – dia todo – Reunião Coordenação Nacional 12 a 14/05 – Reunião Ordinária do CNAS (Conselho Nacional da Assistência Social) Brasília, DF – (www.fntsuas.blogspot.com.br)
2) Reunião da Coordenação do FETSuas-SP (Sindicato dos Psicólogos no Estado de SP) 09/05, das 14h às 18h Rua Aimberê, 2053, Perdizes, São Paulo, 01258-020 (próximo ao metrô Vila Madalena)
3) X Congresso Brasileiro de Psicanálise das Configurações Vinculares VIII Encontro Paulista de Saúde Mental XII Jornada da Spagesp 21/05 a 24/05 Serra Negra, SP, Radio Hotel – (www.nesme.com.br/?page_id=1286)
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Redação: envie sugestões, comentários, críticas e dúvidas.
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São Paulo