29
Aconteceu neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro e como foi o evento. Pág.3 Confira os resultados da pesquisa “Você é a favor de uma nova tentativa de regulamentação da musicoterapia? Por quê?” e leia os comentários de Lilian Engelmann (que acompanha estes processos desde 1982 e do coordenador da comissão de regulamentação, Gildásio Januário, que participa mensalmente das reuniões do SUAS. Pág. MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO CÉREBRO Será que estamos cientes do que é regulamentar? JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO MATÉRIAS MUSICOTERAPIA NA ESPANHA Confira a história, personagens e processos de regulamentação da musicoterapia na Espanha. Pág. ANTIGA E NOVA GESTÃO APEMESP Entrevista com Paulo Suzuki, vice-presidente da antiga gestão e Paulo Bittencourt, primeiro secretário da Nova gestão. Entenda as problemáticas, os avanços, as novas perspectivas e estratégias da APEMESP. Pág. 1°Edição – São Paulo – Distribuição Gratuita—28 de Abril de 2015 COMISSÕES APEMESP As comissões da APEMESP foram criadas pela nova gestão 2014-2016 a fim de cumprir com as obrigações que se encontram no estatuto. Qualquer pessoa pode se voluntariar a participar. Conheça cada comissão. Pág.6 [ESCRITORES] Espaço de compartilhamento de conhecimento. Confira: Músicas Sagradas e Religiosidade à luz da Psicologia Analítica com Ana Maria Caramujo Pires de Campos. Pág. Relatos Reais de um Musicoterapeuta Seção dedicada a apresentar histórias, vivências, opiniões, sentimentos, atuações dos musicoterapeutas. É aberta à participação de todos os musicoterapeutas. Nesta edição temos a participação da mt Claudia Trindade, Pág. Correspondente Internacional. Rocio Romero, Argenna, trás informações da musicoterapia em seu país, sua experiência como musicoterapeuta e se apresenta para os colegas do Brasil. Pág.

M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

  • Upload
    ngotram

  • View
    217

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Aconteceu neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que

é a semana do cérebro e como foi o evento. Pág.3

Confira os resultados da pesquisa “Você é a favor de uma

nova tentativa de regulamentação da musicoterapia? Por

quê?” e leia os comentários de Lilian Engelmann (que

acompanha estes processos desde 1982 e do coordenador da

comissão de regulamentação, Gildásio Januário, que participa

mensalmente das reuniões do SUAS. Pág.

MUSICOTERAPIA NA SEMANA

NACIONAL DO CÉREBRO

Será que estamos cientes

do que é regulamentar?

JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

M A T É R I A S

MUSICOTERAPIA NA

ESPANHA

Confira a história,

personagens e processos

de regulamentação da

musicoterapia na

Espanha. Pág.

ANTIGA E NOVA

GESTÃO APEMESP

Entrevista com Paulo

Suzuki, vice-presidente

da antiga gestão e Paulo

Bittencourt, primeiro

secretário da Nova

gestão. Entenda as

problemáticas, os

avanços, as novas

perspectivas e

estratégias da

APEMESP. Pág.

1°Edição – São Paulo – Distribuição Gratuita—28 de Abril de 2015

COMISSÕES

APEMESP

As comissões da APEMESP foram

criadas pela nova gestão 2014-2016 a

fim de cumprir com as obrigações que

se encontram no estatuto. Qualquer

pessoa pode se voluntariar a

participar. Conheça cada comissão.

Pág.6

[ESCRITORES] E s p a ç o d e

compartilhamento de conhecimento. Confira:

M ú s i c a s S a g r a d a s e

Religiosidade à luz da

Psicologia Analítica com Ana Maria

Caramujo Pires de Campos. Pág.

Relatos Reais de um

Musicoterapeuta

Seção dedicada a

apresentar histórias,

vivências, opiniões,

sentimentos, atuações

dos musicoterapeutas.

É aberta à

participação de todos

os musicoterapeutas.

Nesta edição temos a

participação da mt

Claudia Trindade,

Pág.

Correspondente Internacional. Rocio Romero,

Argentina, trás informações da musicoterapia em seu país, sua experiência como musicoterapeuta e se apresenta para os colegas do Brasil. Pág.

Page 2: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 2

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Expediente Coordenação: Denise

Chrysostomo Suzuki

Gerentes de conteúdo: Denise

Chrysostomo Suzuki, Thaís

D’Andrea, Daniel Conceição,

Apemesp e Comissões

Redação e Revisão de texto:

Denise Chrysostomo Suzuki

Revisão gráfica: Daniel

Conceição, Marília Prado e

Ricardo Augusto

Colaboradores: Roger Carrer,

Paulo Bittencourt, Ricardo

Augusto, Paulo Suzuki, Lilian

Engelmann, Rocio Romero, Ana

Maria Caramujo, Gildásio

Januario, Claudia Trindade.

Parceiros: Comissões APEMESP

Arte Gráfica: Leandro Rodrigues

Padin

Contato:

[email protected]

Palavra do Presidente da APEMESP

Documento. Jornal. Registro. Uma voz.... e tantas outras provocações nascem dali, de lá, de acolá

e poderão se frutificar aqui. Mais uma vitória nossa. Recordo de outras edições, de jornais e

folhetins que a Apemesp promovia, e por essas imensas lutas e por sua força, que voltamos.

Assim, nasce e renasce uma voz. E no sentido que nós, musicoterapeutas, conhecemos a força

vocal, a expressão genuína, vem para melhorar a nossa comunicação. Que seja. Uma comunicação livre,

construída por todos que quiserem colaborar, somar, agregar. Sejamos bem vindos, pela construção de uma

musicoterapia que nos atravesse. Aguardando opiniões, sugestões, críticas, auxílios, ideias e tudo mais para

atravessar o nosso olhar, e possibilitar que esse Jornal cumpra sua função. Comunicar/Dialogar.

Saudações Sonoras

André Pereira Lindenberg

Presidente Gestão 2014-2016

Editorial

É com orgulho que apresentamos a primeira edição do jornal da APEMESP.

Um jornal concentra muitas atividades, pessoas, organizações, ideias, necessidades, vontades. O

exercício de compreender todas as intenções, de saber perguntar para melhor conhecer, ver e

rever, abraçar novas ideias, criticar, resumir e compartilhar é muito satisfatório, mesmo que

exaustivo.

Estamos neste momento não só inaugurando um jornal, mas abrindo as portas de uma nova sede

da APEMESP. Nossas colunas foram criadas pensando em atender as necessidades do nosso público [todas as

pessoas que se interessam pela musicoterapia] e as necessidades da APEMESP.

Agradecemos à aprticipação de todos e à nova diretoria que idealizou e fez prosperar esta produção.

Sejam todos muito bem vindos à esta casa!

Um abraço,

Denise Chrysostomo Suzuki

Page 3: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 3

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

2. Palavra do presidente/Editorial: inauguração do jornal

4. Seguindo os passos da musicoterapia: Semana do cérebro

7. Notícias: Apemesp Cria Comissões

10. Escritores: Músicas Sagradas e Religiosidade à luz da Psicologia Analítica com Ana Maria Caramujo

13. Musicoterapia pelo mundo: Espanha

16. Entrevistas: Antiga Gestão e Nova Gestão

20. Relatos Reais de um musicoterapeuta: Claudia Trindade

22. Pesquisa: Pesquisa sobre a Regulamentação da Musicoterapia

26. Correspondente internacional: Rocio Romero / Argentina

28. Eventos / Passatempo

29. Canal do Leitor e Canal da APEMESP:

NESTA EDIÇÃO

Page 4: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 4

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO CÉREBRO

Seguindo os

da musicoterapia

Entre os dias 16 e 22 de Março de 2015 aconteceu a Semana do Cérebro (SNC), uma campanha e uma comemoração que ocorre em diversos

lugares do mundo com o objetivo de popularizar o conhecimento das neurociências, promovendo o diálogo entre os pesquisadores e o

público leigo.

A semana do cérebro é

coordenada pelas organizações The Dana

Foundation (1950) e European Dana Alliance for the

Brain (1997), com a função de melhorar a

compreensão em relação à importância da

pesquisa sobre o cérebro e suas funções; acelerar

a descoberta de tratamentos para as perturbações

cerebrais e; desenvolver projetos educacionais

(publicações gratuitas dos recentes avanços).

O primeiro evento da SNC no Brasil aconteceu em

2010 no Rio de Janeiro. Em 2011, a USP de

Ribeirão Preto representou a iniciativa e, a

partir de 2012 o evento se nacionalizou,

sendo oficializado e apoiado pela Sociedade

Brasileira de Neurociências e

Comportamento (SBNeC). Já no ano de

2013 a SNC, com a iniciativa do

musicoterapeuta Luiz Rogério J. Carrer

(que estava em fase de pós-graduação em

educação e saúde na UNIFESP) começou a

ter a participação da

musicoterapia, e já

neste ano de 2015 foi

contemplada com a

colaboração de

diversos

musicoterapeutas.

A proposta da SNC é

que grupos de

interessados

organizem e

apresentem palestras, exposições,

atividades e oficinas durante o período em

escolas, parques, universidades, teatros e

até mesmo shoppings.

Neste ano, a musicoterapia esteve

presente em quatro locais: no Parque

Ibirapuera, na Escola Municipal EMEF

Pereira Carneiro, no Parque Lazzuri em

São Bernardo do Campo e, no NUDEC –

Núcleo de Envelhecimento Cerebral da

Unifesp.

As atividades propostas foram: Integração

sensorial com música e danças circulares;

roda de tambores; Improviso musical

coletivo; construção de instrumentos

musicais PET e orquestra de PETs; e

esclarecimentos gerais sobre a

musicoterapia.

Dentre o público participante estavam

Musicoterapeutas na semana do cérebro

Page 5: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

pessoas de todas as idades que ficaram impressionadas com os recursos

terapêuticos da música sobre o qual muitos não sabiam que a

musicoterapia é uma formação de nível superior e uma prática

sistematizada dentro do campo interdisciplinar social, clínico e

acadêmico, comenta Carrer (2015). O critério de participação é

apresentar um projeto simples: Título de atividade; Objetivo; Público alvo;

Descrição da atividade e; Materiais necessários (utilizados). Fique

esperto, em 2016 tem mais!

Primeira Edição - P. 5

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Luiz Rogério J. Carrer

“Gostaria de destacar o impacto da

participação pioneira da

musicoterapia em um evento mundial

e interdisciplinar na Unifesp. As

pontes construídas nesse evento

podem reforçar a abertura de mais

espaço e canais de comunicação para

a musicoterapia na academia, na

clínica médica e na sociedade. O

contato com o público em geral, e

entre profissionais de várias áreas

envolvidas no evento, pode

proporcionar oportunidades para

projetos de pesquisa integrando a

musicoterapia com a neurofisiologia,

a psicobiologia, a psicologia, a

psiquiatria, a educação, dentre

outras”.

Page 6: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 6

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Propôs atividade de danças circulares na semana do cérebro. A proposta teve como fundamento a estimulação do cérebro através da utilização de diversas memórias (curto prazo, de trabalho e implícita), além da atenção e concentração.

Sabrina de Souza Macedo Formada pela FMU 2007 “Considero a participação da Musicoterapia rica e esclarecedora, tanto para as pessoas que passeavam pelo parque e acabavam se interessando pelas atividades, como para os profissionais e estudantes de neurociências ali presentes. Aqueles que não conheciam a Musicoterapia puderam perceber que a música, além de seu potencial recreativo, pode oferecer muitos estímulos e desafios ao nosso cérebro, se tornando uma ferramenta eficaz na prevenção e reabilitação. O reconhecimento da musicoterapia dentro de outras áreas, como a de neurociências, fortalece e traz cada vez mais credibilidade à nossa formação e profissão. Juntos, temos que trabalhar para que cada vez, mais portas se abram nesse caminho”. Sabrina de Souza Macedo

Saiba Mais: Semana do Cérebro: http://www.semanadocerebro.org/ Semana do Cérebro 2015: https://semanadocerebro.wordpress.com/ Dana Foundation: http://www.dana.org/ European Dana Aliance for the brain: http://www.dana.org/About/EDAB/ Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento: http://www.sbnec.org.br/site/

Page 7: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 7

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

[NOTÍCIAS]

APEMESP CRIA COMISSÕES DE TRABALHO

Participe você também e Cresça com a musicoterapia

Em Dezembro de 2014 aconteceu a primeira reunião de coordenadores e colaboradores das comissões de trabalho da APEMESP, formada por estudantes e

bacharéis de musicoterapia. Conforme prevê o estatuto (2005) desta associação, a diretoria e seus colaboradores devem promover a formação; facilitar o

intercâmbio; orientar o exercício da profissão; criar cursos de formação; promover eventos; dentre outras funções.

Como plano estratégico, foram criadas as seguintes comissões: de mercado de trabalho, publicação, científica, assessoria, site e internet, regulamentação, biblioteca e patrimônio. Elas não só representam um corpo interligado de atuações, mas também serão responsáveis pelo crescimento da profissão com

diversas ações, tais como, mapear musicoterapeutas atuantes; quantificar áreas de atuação; replanejar o modelo de atuação estratégica da APEMESP e;

estruturar projetos.

Conheceremos as comissões, seu histórico, funções e propostas.

COMISSÃO DE INTERCÂMBIO

“O intercâmbio aconteceu como

consequência de ações de outros

setores, agora é hora de focarmos

na realização de um intercâmbio

efetivo.” André Pereira,

coordenador da comissão de intercâmbio.

Esta comissão tem como objetivo promover a

comunicação entre musicoterapeutas no

âmbito nacional, regional e internacional (latino

-americano), favorecendo a troca de

conhecimento.

Seus planos iniciais são promover ações que

facilitem: o intercambio entre as associações;

o contato entre profissionais; a formação de

grupos de pesquisa; a criação de um canal que

recepcione e divulgue a produção científica e;

auxiliar em fóruns trazendo convidados do

exterior.

Iniciam seus primeiros passos através de

conexões pré-existentes e de participação em

grupos de pesquisa e discussão de nível

regional, nacional e internacional.

Atualmente é formada apenas por

musicoterapeutas bacharéis, conta com a

coordenação de André Pereira Lindemberg e

os colaboradores Naomi Mundy; Diná Sigolo;

Ludmila Poyares e Mônica Borges.

Contatos: [email protected];

[email protected]

COMISSÃO DE EVENTOS

Daniel Sodré - Coordenador

Tem por objetivos promover e

oferecer suporte para todos os

eventos da APEMESP (fórum

paulista, paulistano e encontro

estadual) com local, infraestrutura,

coffee break, credenciamento, logística e,

auxiliar no intercâmbio entre musicoterapeutas

do estado através dos eventos culturais e

festivos.

Como proposta inicial a comissão busca

desenvolver um evento festivo para reunir os

musicoterapeutas, a proposta se encontra em

fase de pesquisa sobre qual o formato de

evento seria adequado. Também está em fase

de elaboração de carta de captação de

recursos, buscando parceiros que possam

oferecer local e serviço a um custo reduzido, a

fim de favorecer os associados. Nesta carta

constarão as vantagens e recompensas na

parceria.

A comissão atua em conjunto com as

comissões de Marketing, Divulgação,

Intercâmbio e Publicação.

Formada por seis participantes, dentre

estudantes e bacharéis: é coordenada por

Daniel Sodré e Naomi Mundy. Suas reuniões

acontecem uma vez por semana através de

skype.

Contato: [email protected];

COMISSÃO DE REGULAMENTAÇÃO

Gildásio Januário— Coordenador

Seu objetivo principal é

favorecer os processos de

regulamentação. Suas

estratégias e objetivos iniciais

visam dar continuidade à

participação das reuniões dos fóruns de

trabalhadores do SUAS (Sistema único de

Assistência Social) que acontecem no

Sindicato dos psicólogos,.

Esta comissão já possui um histórico desde

as primeiras iniciativas em regulamentar a

profissão. Desta iniciativa foram

encontradas outras necessidades que viram

não bastar dar entrada na regulamentação,

mas sim seguir passos que facilitassem este

processo. Dentre estas necessidades foram

tomadas medidas como: incluir-se na CBO

(Classificação Brasileira de Ocupações);

participar das reuniões do SUAS (Sistema

único de Assistência Social) e; pensar a

musicoterapia dentro do SUS (Sistema único

de saúde), definindo seus procedimentos e

classificações.

Como parceiros, a comissão considera seus

colegas de fórum do SUAS, contando com

sociólogos, assistentes sociais e, psicólogos.

É coordenada por Gildásio Januário de

Souza e possui colaboração do estudante

Ricardo Augusto.

Contato: [email protected]

Page 8: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 8

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

COMISSÃO CIENTÍFICA

Roger Carrer -

coordenador

A comissão científica tem

por objetivo estimular

estudos em metodologia

científica interdisciplinar;

auxiliar e incentivar a produção de

material científico para a musicoterapia.

Como estratégia criou encontros mensais

para discutir os principais tópicos sobre

metodologia científica; auxiliar no

desenvolvimento dos trabalhos e projetos

musicoterapêuticos dos membros da

comissão e da Apemesp. Nestes

encontros ocorrem a apresentação e

discussão de artigos científicos,

seminários com temas interdisciplinares e

trabalhos desenvolvidos na clínica e na

academia. Tem parceria com o Espaço

Essência Musical, onde são realizadas as

reuniões e seminários da comissão.

Dentre suas dificuldades constam a baixa

adesão dos musicoterapeutas; falta de

consciência coletiva da classe

musicoterapêutica sobre a importância do

tema pesquisa científica para o

desenvolvimento da musicoterapia, tanto

na clínica, quanto na academia.

Mesmo com a recente criação e com as

dificuldades apresentadas vêm produzindo

resultados que se apresentam ao longo

dos encontros, a partir das discussões

desenvolvidas e dos trabalhos

apresentados.

Dentre os participantes estão estudantes,

profissionais musicoterapeutas e

colaboradores de áreas interdisciplinares

ligadas à musicoterapia.

A comissão terá participação mensal no

jornal divulgando os trabalhos e

publicando materiais de relevância para

desenvolvimento das pesquisas científicas

no contexto da musicoterapia.

Na coordenação temos o musicoterapeuta

Luiz Rogério Carrer e como colaboradores

aqueles que participam das reuniões.

Contato: [email protected]

COMISSÃO PUBLICAÇÃO

Denise Suzuki - coordenadora

O principal objetivo desta

comissão é desenvolver e estruturar canais de publicação oferecendo espaço

para divulgação, comunicação,

informação, pesquisa e demais assuntos correlacionados que sejam vinculados aos

interesses da APEMESP, dos profissionais de musicoterapia e, da musicoterapia; fazer o “polimento” de imagem e texto; coletar

dados estatísticos; auxiliar na coleta de

informações, veracidade e análise de conteúdo; realizar entrevista; organizar o material de pesquisa; agregar escritores;

inovar e promover a classe dos

musicoterapeutas através de um trabalho

sólido.

Atualmente trabalha na criação deste jornal para veiculação de notícias, informativos, entrevistas, publicação científica,

entretenimento e fatos históricos. O jornal

deve atuar em conjunto com as comissões e os interesses levantados, os quais definirão

suas seções.

Como resultado o jornal possui uma

estrutura de entrevistas; realiza reuniões semanalmente; possui participantes

comprometidos e; está em constante expansão de ideias e modos de atuação.

Está desenvolvendo pesquisas e

levantamento de dados estatístico buscando também contribuir com a informação e a

história da musicoterapia.

Dentre os participantes desta comissão estão dois bacharéis, um estudante e um

desenhista, como colaborador externo.

As reuniões são todas via skype, com frequência de uma a duas vezes por semana

e, comunicação diária via whatsaap ou

facebook.

Na coordenação a musicoterapeuta Denise Chrysostomo Suzuki e como colaboradores,

o estudante Daniel Conceição e a

musicoterapeuta Thaís D’Andrea.

Contatos: [email protected]

MERCADO DE TRABALHO

Lusiana Passarini—Coordenadora

O principal objetivo desta comissão é

fortalecer a profissão de

musicoterapeuta nas diversas áreas

e ampliar a visibilidade e reconhecimento da

profissão.

Como foco inicial pretende auxiliar na organização

e alimentação do indicador profissional fazendo um

levantamento dos musicoterapeutas atuantes no

estado de São Paulo e certificar o correto

entendimento sobre a importância da profissão

aos profissionais e instituições de diversas áreas,

como também ao público em geral.

Atualmente realizam o levantamento de dados dos

profissionais formados e atuantes em SP;

buscando informações sobre quais instituições

disponibilizam o curso e; elaborando fichas para a

coleta dos dados profissionais dos

musicoterapeutas atuantes.

A história desta área de atuação da comissão

permeia questões como a atuação no SUS e no

SUAS, onde a musicoterapia começa a ter

visibilidade e aos poucos ganhar espaço. Existem

necessidades emergentes como: definição de um

piso salarial, registro regulamentado do

profissional musicoterapeuta, função e

posicionamento em um contexto multidisciplinar. A

partir disso, viu-se a necessidade de organizar

uma comissão para alinhar esses pontos aos

musicoterapeutas, de modo a auxiliar com

informações e orientações quanto ao mercado de

trabalho, buscar um salário justo e o correto

registro do profissional, de modo a valorizar a

classe como um todo, nas áreas social e de saúde

pública e privada.

Coordenada pela musicoterapeuta Luisiana

Passarini e conta com os colaboradores Daniel

Santana, Marília Prado, Ricardo Augusto e Sabrina

Macedo.

As reuniões são mensais, presenciais ou por vídeo-

conferência onde são discutidas pautas pré-

definidas, metas e prazos.

Contato: [email protected]

Page 9: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

SITE, INTERNET E DIVULGAÇÃO

“É fundamental trabalhar a imagem da Musicoterapia e da Apemesp” Ricardo Augusto (coordenador)

O objetivo desta comissão é divulgar as ações da

Apemesp, interagir, integrar e divulgar ações de outras

instituições parceiras ou não, nas redes sociais e site. Publica e compartilha textos (autorais e de terceiros), agenda, chamadas, comunicados e inscrições.

As Comissões Site, Internet, Divulgação, Assessoria e

Marketing são instrumentos poderosos para por a MT Paulista em evidência à sociedade. Com seu papel de difusão de conteúdo e ações, estas comissões necessitam de colaboradores com muita

gana de exercer a função de levar a MT aos quatro cantos do

Estado de São Paulo. As frentes são das mais diversas. Além dos próprios veículos como Site, page do Facebook e Twitter da

Associação, nos bastidores, onde se produz toda sorte de edição de imagem, vídeo e texto, as pessoas que se dedicam a esse trabalho visam que haja objetividade na comunicação.

Primeira Edição - P. 9

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Com esse intuito, faz-se abertura de convite a especialistas em

Publicidade, Comunicação, Ciências Sociais, para somar forças com o corpo de colaboradores que buscam dedicar-se a publicar

regularmente fatos da Musicoterapia. Essas Comissões contam com o apoio do coordenador Ricardo

Augusto, junto aos colaboradores Daniel Sodré, Kezia Paz e Allan

Oliveira. Já houve testemunho da Comissão com resultados positivos na atual política de Marketing da Associação. Houve o aumento do envolvimento de pessoas com a page da Apemesp (em curtidas,

compartilhamentos e comentários) e no site houve comentários em posts. Hoje contamos com quase 600 curtidas no Facebook. Esse caso

de avanço pode ser depreendido significativamente pelo relato do

presidente da Apemesp, André Lindenberg. Ele esteve no Enpemt de

2014, em Brasília, onde outras Associações do Brasil elogiaram o

desempenho da Apemesp no Facebook. "Todo dia há algo sendo

publicado", relata o presidente como expressões de reconhecimento

do trabalho realizado. As demais Comissões da Apemesp possuem demandas que são canalizadas aos meios oficiais digitais de comunicação da Apemesp

para acesso ao público. Salienta-se em especial o papel da Comissão

Publicação, a mantenedora do JoMESP, editorial jornalístico que foi criado para divulgação da força tarefa dos MTs, estudantes de

musicoterapia e interessados no desenvolver da Musicoterapia.

Contato: [email protected]

COMISSÕES EM PROCESSO DE FORMAÇÃO

Comissão de Patrimônio

Busca oferecer à APEMESP e seus associados o tratamento adequado para os bens materiais desta associação, atuando na organização, catalogação e zelando por

este bem.

Na história os patrimônios da APEMESP foram perdidos devido à falta de sede e outras dificuldades, a comissão encontra-se em fase de estruturação de suas

estratégias.

É coordenada por André Pereira Lindenberg e ainda não possui colaboradores.

Comissão de Biblioteca

Tem como missão catalogar e organizar um acervo físico e digital de obras da musicoterapia.

Atualmente é coordenada por André Pereira Lindenberg e possui colaboração de Denise Chrysostomo Suzuki e Fernanda Simião Kali fe

SEJA UM COLABORADOR, escreva para: [email protected]

Page 10: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 10

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

ESCRITORES

Músicas Sagradas e Religiosidade à luz da Psicologia Analítica

Por: Ana Maria Caramujo Pires de Campos

Como disse Carl Gustav Jung, (apud JAFFÉ, 1979 )

“Invocado ou não Deus está presente”

O homem, desde os primórdios, ao perceber-se mortal, frente à

possibilidade do infinito , se pergunta: De onde vim? Para onde

vou? Qual o significado da vida?

As respostas para essas perguntas estão necessariamente fora do

campo cognitivo racional entrando, portanto, na área psíquica do

pensamento religioso.

Religiosidade aqui é compreendida como a experiência de conexão

do ego com o Todo significativo. É experimentar uma conexão do

ego com aquilo que o sujeito entende como Maior do que si mesmo.

É a ligação com a divindade. Refere-se à conexão Ego-Self –

conexão do ego com a imagem de Deus representada

psiquicamente pelo Self.

Religiosidade para Jung

Jung, ([1916], 1991), em seu artigo original, publicado sob o título

de “Fatores Determinantes do Comportamento Humano” (em:

Harward - 300ª Conferência de Artes e Ciências) refere-se à

hipótese da existência de um instinto religioso. Ele fala que os

fatores psíquicos que determinam o comportamento humano são,

sobretudo, os instintos enquanto forças motivadoras do processo

psíquico.

Assim, ele define como instintos: a fome, o

sexo, a ação, a reflexão e a criatividade. E

estes têm a mesma origem, a mesma força

determinante. Um instinto não é produto

secundário da repressão do outro.

A reflexão é o instinto cultural por

excelência, e sua força se revela na maneira

como a cultura se afirma em face da

Para Jung, o instinto

religioso está

diretamente relacionado

ao instinto de reflexão.

Reflexio em latim significa

curvar-se, inclinar-se

para trás, voltar-se para

dentro, em busca do

significado último da

existência e das causas

primeiras.

natureza (Jung, [1916] 1991).

O instinto religioso, na abordagem junguiana,

explica a necessidade que todo indivíduo tem

de compreender os eventos da vida e de

atribuir-lhes significado, assim como à

própria vida e à própria existência.

Para Jung a representação psíquica de Deus

– não o Deus Ele mesmo, mas apenas a sua

imagem – corresponde ao Self.

[...] Por isso, ao tratar, dessas

realidades metafísicas, faço-o

plenamente consciente de que

estou me movendo no mundo

das imagens e de que

nenhuma das minhas reflexões

toca o inefável (Jung, 2011,

[1939 ])

Page 11: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

M ETODOLOGI A

Algumas músicas sagradas foram aplicadas após

calatonia, um relaxamento nos pés, que auxilia a

atenção na escuta. Dentre os participantes estavam

seis ateus.

As músicas sagradas escolhidas foram: um

trecho do Alcorão; um Mantra Tibetano; Sim

Shalon do Judaísmo; um ponto de Oxalá; e um

Canto Gregoriano.

O objetivo desse estudo foi investigar se a escuta

atenta dessas músicas após a calatonia promoviam

imagens mentais que trouxessem temas, conteúdos

religiosos (Caramujo, 2012).

Primeira Edição - P. 11

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Procedimento:

Cinco sessões: 1. Aplicação da calatonia, seguida da

escuta da música em cada sessão uma música sagrada

de diferentes culturas; 2. Realizaram um desenho livre,

que representasse a experiência musical (numa folha de

papel A4) 3. Responderam um questionário semi-

estruturado, (TRIVIÑOS, 1987).

Imagens

Arquétipos são campos de possibilidades de expressão de imagens em torno de

um significado; tais imagens não são apenas visuais, mas decorrentes da

experiência de qualquer outra fonte sensorial, como som, cheiro, paladar ou tato

(JUNG, 2011 , [1955]).

Merrit, (1996), fala o quanto o indivíduo estimulado pela música pode sentir,

perceber e viver uma experiência rica no seu “real” mundo interior.

Considerando-se que produzir imagens é a atividade natural e

espontânea da psique, segundo Jung, ([1916]1991), o objetivo desse

trabalho foi o de determinar se seria possível estimular tal produção

de imagens com a escuta de músicas sagradas.

Método Clínico-Qualitativo (Turato, 2003)

Perfil da amostra: 6 ateus, adultos, voluntários (4 homens e 2 mulheres); Idade: 28 a 65 anos (idade

produtiva – Instituto brasileiro de geografia e estatística – IBGE 2000); Gênero: masculino e

feminino; Naturalidade: brasileiros; Procedência: São Paulo; Nível Sócio Econômico: classe média

alta; Instrução: superior.

Critério de Inclusão: Ser ateu – Não crer em Deus ou em nenhuma divindade, nem frequentar

qualquer instituição religiosa. O Inventário de Religiosidade MOSCHELLA-LARSON (ML), Gonçalves

(2000). Foi aplicado antes das cinco sessões para selecionar os ateus. Esse Inventário de

Religiosidade foi descrito por Gonçalves (2000). A validação dos referidos questionários para

aplicação na população brasileira foi realizada pela Profa. Dra. Márcia Gonçalves (Unicamp), Prof. Dr.

Marcos Ferraz (Unifesp), e pelo Prof. Dr. Joel Giglio (Unicamp).

Critérios de Exclusão: 1. ter traços ou tendência à psicose, depressão ou qualquer doença mental

medido pelo Mini International Neuropsychiatric Interview - inventário de avaliação da saúde

mental, (M.I.N.I.); 2. músicos profissionais.

Page 12: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 12

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Diversas qualidades da música contribuem para o

potencial de criação de imagem :

Ela é um veículo não-verbal que evoca sentimentos.

Nessa condição, pode influenciar, inconscientemente, os

ouvintes a terem uma sensação mais imediata de si mesmos.

Esse potencial para estimular os sentimentos ocorre quando

a música ativa o mesencéfalo, sede das respostas

emocionais.

A rota costumeira através do lado esquerdo do cérebro, para

processar verbal e logicamente, é desviada pela música, ao

tomar uma rota mais direta para as emoções (BUSH, 2003).

Nesse estudo, a hipótese foi a de que as músicas facilitam

esse diálogo, pois se na consciência o ateu vive a certeza da

inexistência de Deus, ainda assim, no seu inconsciente deve

viver a experiência de ligação com o seu Self, significando

aqui um princípio organizador psíquico maior que o ego e que

tradicionalmente se manifesta por imagens de deuses .

CONCLUI-SE...

Todas as músicas promoveram imagens religiosas;

Parece que esse resultado mostra que não é apenas a

interferência cultural que influenciou na escuta dessas

músicas;

Uma das hipóteses é que estas músicas parecem ter sido

efetivas na ativação do que Jung chama de instinto religioso.

Isso pode ter ocorrido por causa dos arquétipos sonoros

(BONNY, 1978; BRUSCIA, 2000; BENENZON, 2008);

O fator comum nas músicas é que são cantadas em diferentes

línguas, portanto não reconhecidas pelos sujeitos;

Tais estruturas musicais funcionam como os mantras – dispensam a

compreensão do texto - conduzem ao diálogo criativo do ego com o Self;

Todas as músicas promoveram temas e imagens mentais de conteúdos religiosos.

Estamos aqui propondo que tais imagens pertencem ao campo do arquétipo do

significado, o Self, funcionando como uma provável atuação do instinto religioso,

de acordo com Jung ([1939], 1988);

Os seis sujeitos expressaram em todas as sessões a sensação de relaxamento,

tranquilidade e apaziguamento, mesmo quando não gostaram da música (a

calatonia parece ter ajudado a aceitar);

Por ser um estudo clínico-qualitativo não é possível fazer generalizações, mas

pode ser um ponto de partida para novas pesquisas.

ANA MARIA CARAMUJO PIRES DE CAMPOS

Docente nos Cursos de Graduação (2010) e Pós-Graduação (2007) de Musicoterapia da FMU Mestre em Psicologia Médica e Psiquiatria pela Faculdade de Ciências Médicas da

Universidade Estadual de Campinas - Unicamp (2012)

Magíster no Modelo Benenzon (2010) Especialista em Musicoterapia nos Serviços de Saúde (2002) Especialista em Psicologia Clínica pelo Conselho Regional de Psicologia (2000)

Psicóloga IUP (1983)

Integrante do Grupo Acordeões em Sintonia (1996)

Page 13: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 13

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Musicoterapia Pelo

Espanha

Algumas perguntas rodeiam os musicoterapeutas constantemente: Como a musicoterapia está atualmente se desenvolvendo no campo acadêmico

e profissional ao redor do mundo? Qual é o status dos profissionais de musicoterapia? Quais são as suas perspectivas e desafios para o futuro?

Pensando em todas essas questões, iniciamos aqui, um fragmento de tempo para refletir essas questões, estudar um passado não tão distante e

expandir ideias, ao pesquisar sobre a musicoterapia pelo mundo e sua trajetória.

Para esta edição, o tema é: Musicoterapia na Espanha.

O aumento do interesse sobre o

campo da Musicoterapia na Espanha é

bem expressivo. São datados estudos de

mais de 40 anos e grandes esforços

para incorporar a Musicoterapia nos

campos acadêmico e profissional.

Historicamente, as primeiras

referências sobre o uso científico de

Musicoterapia na Espanha ocorrem a

partir do século XVIII (Poch, 1970). Em

1744 A.J. Rodríguez estabeleceu as

bases de uma teoria científica da

Musicoterapia em sua obra "Medical

Critical Arena". Faz-se necessário citar

os médicos F.J. Cid (1787) que estudou

12 casos de Tarantismo e as

propriedades curativas da música e B.

Piñera y Siles (1787) que tratou e curou

um caso de Tarantismo com música, no

Hospital San Carlos, em Madrid.

Além disso, no século XIX, F. Vidal y

Careta publicou uma tese de doutorado

em farmacologia sobre a relação entre música e medicina

(Universidade de Barcelona, 1882).

Em 1920, Dr. Candela Ardid

publicou o livro "A música

como um meio curativo

das doenças nervosas:

Algumas considerações

sobre Musicoterapia",

onde explica os efeitos

terapêuticos da música

utilizada em seus

tratamentos.

Este livro significou um marco na história da

Musicoterapia na Espanha, e mostrou um interesse na

disciplina a partir da convicção de sua utilidade.

Progressivamente esta convicção foi prorrogada atingindo

seu auge na década dos anos 60, com as dissertações de

profissionais como Dra. Serafina Poch Blasco "A influência da

música sobre a criança" (Universidade de Barcelona, 1964) e

"Musica e terapia para crianças autistas". (Universidad

Complutense, 1972).

Essas pesquisas contribuíram para a

fundação de uma profissão científica e a difusão

da Musicoterapia na Espanha. Neste ponto,

também começou o esforço para divulgar a

Musicoterapia como uma disciplina terapêutica

no ensino e centros de pesquisa.

Assim, de 1970 a 1975, a Dra. Serafina Poch

estava encarregada de um projeto de pesquisa

em Musicoterapia, que foi realizado no Instituto

Espanhol de Musicologia, do Conselho Superior de

Pesquisa Científica, em Barcelona.

Na década de 70, na Espanha, havia uma

grande quantidade de educadores, professores,

músicos, psicólogos, etc., que incluíam

Musicoterapia em sua prática profissional: Dra. S.

Poch, Mª Natividad García Martín de Vidales,

Paloma Camacho, M. Anjo Acebedo, dentre outros.

Ao mesmo tempo, e em nível internacional,

vários eventos aconteceram que representaram

o desabrochar de Musicoterapia. Dra. S. Poch,

representou a Espanha no Primeiro e no Segundo

Congresso Mundial de Musicoterapia (Paris, 1974;

Page 14: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Buenos Aires, 1976). Em 1979, o Primeiro

Simpósio Nacional de Musicoterapia foi

comemorado, o que deu um caráter oficial à

Asociación Espanhola de Musicoterapia (AEMT).

O objetivo do AEMT, criada pela Dra. S. Poch e

Prof. Joan Obiols Vié, era promover o uso da

musicoterapia no tratamento de pacientes, bem

como, promover a musicoterapia prática e

pesquisa no campo educativo.

Também em 1979, o AEMT e a Cátedra de

Psiquiatria da Universidade Complutense (Madrid)

organizou o IIº Simpósio Nacional de

Musicoterapia. Além disso, a seção espanhola da

Sociedade Internacional de Educação Musical

(ISME- Espanha) criou um grupo de estudo para

Musicoterapia que levaria para a organização de

cursos de aperfeiçoamento e atividades.

Na década de 80, o esforço para promover e

disseminar o uso da musicoterapia na Espanha

continua com a criação de associações, cursos e

simpósios.

No início dos anos 90, houve uma grande

proliferação de seminários de musicoterapia,

oficinas e cursos em nível acadêmico com

programas estabelecidos em universidades e em

áreas afins. Estes seminários iniciais resultaram,

em alguns casos, na criação de programas

específicos de formação em Musicoterapia dentro

do sistema universitário e em institutos privados.

Ao mesmo tempo, diferentes associações de

Musicoterapia foram constituídas em todo o país,

com o objetivo de unir esforços e compartilhar

experiências entre os profissionais.

Mais tarde seriam colhidos frutos como, por

exemplo, o desenvolvimento científico de

Musicoterapia que foi apoiado pelo Fundo de Pesquisa

em Saúde, com a concessão que foi dada ao Dr.

Manchola e Patxi Del Campo para a investigação do

uso de Vibroacústica com pacientes com doença de

Parkinson (1994).

Em 2001, foi realizado o Iº Congresso

Internacional de Musicoterapia em Doenças

Neurodegenerativas, em Vitoria-Gasteiz, na província

de Álava. Este congresso foi coordenado por Patxi

Del Campo e organizada pela Fundación la Caixa

Instituto Música, Arte y Proceso.

PRESENTE E FUTURO DA MUSICOTERAPIA NA

ESPANHA

Atualmente na Espanha, existem 22

associações de musicoterapia, dez das quais são

membros da European Music Therapy

Confederation EMTC (http://emtc-eu.com/member

-associations).Na Espanha, assim como no Brasil, a

profissão de musicoterapia não é reconhecida e, os

musicoterapeutas têm dificuldades para integrar-

se profissionalmente. Além disso, como os limites

de sua competência não estão definidos, algumas

pessoas trabalham com terapia e música sem ser

devidamente treinados.

Para ajudar na tentativa de regulamentar a

profissão de musicoterapeuta, em 2007, a

“Asociación Española de Profesionales

Musicoterapeutas“ (AEMP) foi criada. É uma

associação sindical, sem taxa de adesão,

registrada no Ministério do Trabalho e da

Segurança Social. Os principais objetivos desta

associação são a regulamentação da profissão,

dos aspectos acadêmicos, da ética e pesquisa

de musicoterapia na Espanha.

Hoje em dia, são poucos os

musicoterapeutas na Espanha que trabalham

em organizações públicas ou que fazem parte

de projetos de pesquisa. A maioria deles

trabalha em instituições privadas,

especialmente em educação especial, geriatria,

reabilitação neurológica, medicina e psiquiatria.

A musicoterapia na Espanha é influenciada por

métodos e práticas internacionais. Portanto,

uma variedade de modelos e técnicas são

adotadas por musicoterapeutas espanhóis, que

são adaptadas às diversas realidades culturais.

A situação atual da Musicoterapia na

Espanha faz com que os musicoterapeutas

profissionais enfrentem alguns desafios

importantes para o futuro, pois apresenta:

1. Cursos de formação oferecidos em

universidades de pós-graduação / mestrado

não reconhecidos pelo Ministério da Educação.

2. A falta de uma descrição específica do

âmbito da prática do musicoterapeuta

profissional que facilitaria a inclusão de

pessoas no mercado de trabalho que não

tiveram treinamento adequado em

musicoterapia, mas chamam a si mesmos de

musicoterapeutas e são contratados como tal.

Primeira Edição - P. 14

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Figura 1"Cantor espanhol", quadro de 1860

Page 15: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 15

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Com o objetivo de conseguir o apoio e

reconhecimento da profissão de musicoterapia

na Espanha, são feitos vários esforços:

Para incentivar a investigação em Musicoterapia

nas áreas de educação e saúde. Um aumento de

teses de doutorado nesta área se faz necessário

e, enfatizar a importância de unir a classe

profissional, a fim de apresentar-se como uma

força unificada para o bem da profissão.

Estabelecer normas claras e de qualidade para os

cursos de formação e promover a sua presença

no sistema universitário, sendo parte do Espaço

Europeu de Ensino Superior, poder ajudar na

realização de um reconhecimento oficial da

profissão por parte do Governo e das autoridades

competentes.

Referências: http://emtc-eu.com/country-reports/spain/ .Informações traduzidas e editadas pela redação.

Page 16: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 16

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Entrevistas

Na linha do tempo – Gestão 2012-2014

Entrevista com Paulo Suzuki (vice-presidente da Antiga Gestão)

P: Quais foram os problemas enfrentados no

período?

R: Um dos maiores problemas enfrentados no

período foi falta de adesão e colaboração dos associados. Também enfrentamos uma crise

f i n a n c e i r a ; p r o b l e m a s c o m a

documentação (legal/ata, fiscal); faltava uma conta corrente de pessoa jurídica, que dificultava a cobrança, e a emissão de

carteirinha. Iniciamos o uso do boleto bancário,

porém o custo x a falta de pagamento, inviabilizaram a continuidade deste processo.

P: Qual foi o legado da gestão anterior? R: Os aspectos mais importantes foram a

atualização do estatuto; a iniciativa do Indicador

profissional; o prontuário digital dos documentos

dos associados .

P: Qual foi o foco da atuação?

R: O SUAS (Sistema único de assistência social)

necessitava de apoio da comunidade dos musicoterapeutas com a participação em fóruns,

mas houveram poucas adesões. A então

presidente Lilian Engelmann Coelho se comprometeu a participar regularmente destes

encontros. Eu fique responsável pela secretaria,

trabalhando na organização. Implementamos o i n d i c a d o r p ro f i s s i o n a l ( a i n d a e m

desenvolvimento) através de um provedor americano. Desenvolvemos o prontuário digital

com os documentos dos associados. Criamos um novo site. E estabelecemos novos canais de

comunicação com os associados tais como: fan Page no facebook e twiter. Com estas inovações

ampliamos a comunicação, melhoramos a

convivência e a informatização dos processos com os associados. Também regularizamos a situação legal/fiscal abrindo uma conta jurídica.

P: Quais foram os planos desta diretoria,

conseguiram cumprir as metas?

R: Bem sucedido: Desenvolvemos o planejado, mas o resultado ainda não foi o ideal. O SUAS atingiu mais de 100% das metas. Também

tivemos sucesso para preparar o prontuário

digital (processo muito trabalhoso devido o escaneamento, a padronização, a criação de

infraestrutura e revisão).

Mal sucedido: Procedimento de cobrança via

boleto; não conseguimos melhorar a infraestrutura para envio de carteirinha em

três dias, principalmente pela falta de

colaboradores com tempo, interesse e comprometimento.

P: Continua com algum tipo de atuação na

APEMESP?

R: Ofereço consultoria para a nova diretoria.

P: Como foi a atuação da diretoria em

relação a patr imônio, biblioteca, regulamentação, mercado de trabalho,

pub l icação , c iênc ia e e ven tos ?

R: Patrimônio: Não tínhamos sede social, nem verba ou patrocínio, inclusive a APEMESP teve sede social independente (alugada) apenas uma

vez, que continha uma pequena biblioteca;

O especialista em musicoterapia Paulo Suzuki (59) é um personagem que não só participou da gestão 2012-2014, mas tem acompanhado as diretorias da APEMESP ao longo de dez anos. Nesta entrevista realizada em Março/2015 podemos visualizar um panorama da antiga gestão e da APEMESP ao longo destes anos.

“Enfrentamos uma séria crise econômica e documental, mas conquistamos o SUAS e a criação do prontuário digital de

associados” (Paulo Suzuki, 59)

APEMESP Gestão 2012-2014

Mt Lilian Engelmann Coelho, Presidente Mt Esp Paulo Roberto Suzuki, Vice-Presidente

Mt Marília Prado de Oliveira, 2ª Vice-Presidente

Mt Marcos Lopes, Secretário

Mt Andreza Rego, Tesoureira | Mt Tatiana Barbosa, Tesoureira Mt Roberta Helena, Conselheira | Mt Roberta Nagai, Conselheira Mt Gisele Furusava , Consultoria | Mt Mariana Hoffer, Consultoria

Page 17: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

equipamento de áudio

visual; ins trumentos musicais, dentre outras coisas. Tal patrimônio

diante da desorganização,

da falta de colaboração (principalmente devido ao

tempo das pessoas, que necessitavam trabalhar e

muitas vezes não podiam se dedicar de modo

integral, pois trabalhavam em outros serviços e

usavam seu pouco tempo para fazer alguma coisa), não havendo sede, o patrimônio pesava enquanto

volume material, indo, por exemplo, para casas de pessoas. Parte do patrimônio perdido, hoje não

teria mais valor, tal como o retroprojetor. Um dos

patrimônios que nos restou e que considero de estrema importância é a máquina de plastificação de carteirinhas, que doei para a APEMESP no ano de minha gestão. Visto essas dificuldades,

principalmente em relação à falta de sede

(espaço), é muito importante que o material a d m i n i s t r a t i v o s e j a d i g i t a l i z a d o .

Biblioteca: Não houve atuação. Sugiro também que o material seja digitalizado e percebo que deve

haver muita dedicação para este trabalho tal como a criação de um banco de dados, filtragem de

materiais com rigor institucional, catálogos,

protocolos e assim por adiante.

Regulamentação: Em nossa atuação observamos

que ainda está um pouco distante de se efetivar, mas sempre colaboramos com o processo, seja

com auxilio financeiro para representação em

Brasília, seja através da colaboração no SUAS, indicador profissional, trabalho, reuniões da UBAM,

CBO e disciplinamento.

Mercado de trabalho: Atuamos favorecendo o

indicador profissional (guia/lista/banco de dados

Primeira Edição - P. 17

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

de todos os musicoterapeutas do estado SP). Tal

processo envolve questões como, de que forma catalogar o profissional e, cuidado com perigos em relação ao acesso mal intencionado, também

é necessário estudos sobre taxonomia /

qualidades/ categorias. Já existe um estudo sobre indicadores e que estão nos arquivos da

APEMESP. Este projeto já existe há algum tempo, antes de nossa gestão, passou a ser um projeto físico há dois anos (com verba, contratação de

provedor americano, teste de catalogação), tal

estrutura foi apresentada em 2013. Atualmente está parado, porém basta apenas cadastrar, ler

e rever o projeto, transmitir o contexto. Provavelmente deve requerer minha colaboração

e a de Gisele Furusawa e, certamente estaremos

Lilian Engelmann—Presidente da gestão 2012-2014

disponíveis para transmitir. Para reativação do

indicador é importante que os participantes

tenham envolvimento com a internet e o processo de profissional de mercado de

trabalho.

Publicação: Atuamos somente através internet

(pelo site), facebook e twiter.

Científica: Não foi produtiva, nos ocupamos em bus car e reunir mus ico terapeu tas

internacionais, interestaduais, divulgando

atuações e opiniões sempre nos fóruns e

hotsite e, participamos de todos os eventos importantes (empent, clam, simpósio), a APEMESP apoiava dando ajuda de custo da

v i a g e n s e e s t a d i a .

P: Quais foram as recomendações para a

próxima diretoria?

R: Trocar de banco devido problemas com

boletos; dar continuidade na atuação do SUAS (junto ao qual criamos uma cadeira/identidade

social e profissional) e; passar a experiência administrativa quando houver a troca de

g e s t ã o .

P: Quer acrescentar alguma informação?

R: É importante ressaltar que os membros da

diretoria, bem como os colaboradores devem

estar dispostos a sacrificar um tempo para a

APEMESP.

Contato: Paulo Suzuki pelo email

[email protected]

Page 18: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 18

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Entrevistas

Princípios da Nova Gestão

P: Como você poderia resumir os princípios

n o r te a d or es d a n o va g e s tã o ?

R: Os princípios norteadores se resumem e se explicam a partir da palavra-dispositivo ATRAVEZ,

que foi escolhida de forma conjunta pela chapa APEMESP 2014-2016, atual diretoria deste biênio. O

nome escolhido funciona como um disparador de

sentidos, e não de significados, não só nas conduções do trabalho da nova diretoria da APEMESP 2014-2016, mas também em seus efeitos

e desdobramentos em relação aos próprios

caminhos da Musicoterapia e de seus profissionais.

P : P or que ATR AVE Z com (Z)?

R: ATRAVEZ é uma palavra inventada que não designa uma preposição, mas sim muitas proposições, ideias e sentidos. Foi um meio criativo

que encontramos para AGENCIAR e compreender

as MUITAS POSSIBILIDADES e DESEJOS que envolvem a profissão e seus desdobramentos. Pensamos que a vida é ATRAVESSADA por muitas

coisas e assim coletivamente pensamos que tal nome pode acolher os múltiplos sentidos. A palavra

propõe sentidos tais como: atravessar, através, possibilidades, novas rotas, ideia de passagem,

ressoar, ponte.

R: O porquê de uma diretoria escolher um

nome para acompanhar a sua gestão?

P: A ideia é que a palavra ao longo da caminhada nos dê um sentido, enquanto diretoria e que este sentido agregue muito outros, tais como funções e

finalidades dentro de nosso contexto de trabalho e

expansão da musicoterapia. É o que temos percebido com as COMISSÕES se estruturando e

aglutinando possibilidades ao longo dos trabalhos. A nova gestão se propõe a fazer chamados e

permitir ressoar as muitas vozes deste corpo coletivo, assim gerando uma marca coletiva num

determinado tempo-espaço. Por isso a escolha de um arco de violino que

literalmente atravessa a palavra, e faz vibrar as

intensidades mais sutis de um corpo que ora

deseja expandir. Corpo este que é composto por cada um de nós. Diante disso a nova diretoria se propõe e se abre a um espaço de diálogo, de in te ração , co-c riaçã o e co-ges tã o .

P: De qual forma, com a sua formação, você

auxiliou na construção destes princípios?

R: Procurei trazer a minha experiência

musicoterapeutica nos estudos sobre escuta e

também sobre os estudos de mobilização e participação política sobre os conceitos

contidos no que denominam-se Novos Movimentos Sociais, que são formas de atuação que não excluem os desejos e subjetividades nos

processos de participação e interação sócio-

política, mas os pensam a partir destes sujeitos implicados num processo em constante

transformação. Parte também, dos meus conhecimentos e experiências em grupos que

estudam processos micropolíticos a partir da Filosofia da Diferença

.

P: Quem são os autores de base destes

princípios?

R: Citarei um trecho de Deleuze e Guattari

(1997) mencionado no artigo Escuta e Análise Musicoterapêutica de Lilian M. Engelmann

Paulo Ricardo Bittencourt (33) é o atual primeiro secretário da APEMESP. Graduado em Musicoterapia pela Faculdade

Paulista de Artes (2007), especialista em Teorias e Técnicas para Cuidados integrativos pela UNIFESP (2009), especialista em Psicologia Política, Políticas Públicas e Movimentos Sociais pela USP –EACH (2011) e Mestre em Ciências com ênfase

em Mudança Social e Participação Política pela USP-EACH (2014 )

“Quando decidimos ser chapa para o biênio 2014-2016, havia um sentimento geral que a Diretoria teria que se abrir para novos caminhos e possibilidades. Precisávamos atravessar e sermos atravessados por novos modos de gerir, interagir e

inventar novos caminhos para a musicoterapia.” (Paulo Bittencourt, 33)

No ano de 2014 foi eleita a nova diretoria. Entrevistamos o primeiro secretário Paulo Bittencourt, que auxiliou na

construção dos princípios desta gestão junto à sociologia

Page 19: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 19

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Coelho, sobre o qual podemos pensar uma musicoterapia que inventa trajetos, criando

sempre novas possibilidades:

Neste sentido a Filosofia da Diferença não busca

um único pressuposto ou um único caminho

possível, mas sim itinerários como nos aponta a

citação. Sendo assim, tal pensamento se expressa

numa capacidade “desejante" do homem em

formular problemas que dizem respeito a sua

época e espaços de pertença; e assim traçar os

planos, dar saltos que sacudam a ordem vigente e

linear do pensamento.

A Filosofia da Diferença desta forma se

preocupa muito mais com os processos de criação

singulares e heterogêneos que criam maneiras

múltiplas e distintas de se relacionar com a vida,

fazendo emergir realmente um pensamento

nômade, que é da ordem da experiência e, da

composição (que se dá nos trajetos que se criam)

num caminhar sem rotas e direções definidas; é

um caminhar que se dá por saltos e movimentos,

P: Sobre quais aspectos as propostas/

princípios se fizeram necessários?

R: Chegamos à conclusão que o desejo dos Musicoterapeutas precisava ser escutado e não

somente como demanda, mas como matéria de composição, que os convocasse para estarem

juntos neste processo que é potente e transformador para cada um. O desejo não

funciona por cobranças e sim por vontade de

potência. Diante disso a nova diretoria se propôs a

abrir um espaço de diálogo, interação, co-criação e co-gestão. Este é um processo em construção, sobre o qual estamos criando ferramentas para que seja efetivo.

P: Quais foram as estratégias criadas e

atividades desenvolvidas com base nestes

princípios?

R: Iniciarei com uma citação de Marc Buchana

(2007):

A nova diretoria da APEMESP (2014-2016),

começou a pensar em estratégias que criem um

“Dentre as várias musicoterapias (Costa, 1989) há uma que se desloca nos fluxos da escuta da vida inventando trajetos, uma musicoterapia nômade: o território do nômade são seus trajetos, ele vai de um ponto ao outro sem ignorá-los; entretanto, abandona-os porque a vida é um intermezzo , o pensamento nômade não está vinculado a um território mas a um itinerário (Deleuze e Guattari, 1997).” - Escuta e Análise Musicoterapêutica

espaço de diálogo, interação, co-criação e co-

gestão. Queremos interagir, nos contagiar, e

acreditamos que isso não acontece a partir de

um grupo eleito e sim através da trama de

relações, desejos, intenções, ideias, criações e

discussões.

Tivemos a iniciativa de criar o grupo ATRAVEZ no

facebook. O objetivo deste grupo é criar

agenciamentos, isto é, conexões, e assim

compreender as muitas possibilidades e desejos

que envolvem a profissão, a universidade, as

instituições, os alunos e profissionais envolvidos.

O Grupo tem como objetivo, criar um espaço que

seja inventivo, de troca de experiências,

sugestões, ideias, ajuntamentos, festas, dicas

sonoro-musicais, intervenções grupais, ações

realizadas em comunidade, conversações,

propostas de projetos, ações que contribuam com

a APEMESP e com a profissão.

Veja grupo no facebook: ATRAVEZ -

“Musicoterapia – fluxo que inventa trajetos”

l ink: https ://www. facebook.com/groups/

atravezmt

P: Existe algum direcionamento para este

grupo?

R: A APEMESP tem investido para que as interações se propaguem e criem muitos caminhos e interações para a associação e profissão, porém temos que ter clareza que tudo

é efeito da interação e dos desejos que vão se

produzindo entre nós.

P: Existem projetos futuros em relação à

proposta?

R: Na verdade todas as comissões e interações que têm sido construídas pela APEMESP fazem

expandir estes processos de interação e

acreditamos que ao longo da caminhada haverá melhor interação e conquista destes espaços de conversações entre nós.

P: Atualmente enfrentam dificuldades?

R; Dificuldades sempre existirão, pois não acreditamos numa finalidade idealizada e sim um

sentido e movimento que crie uma expansão da

área e de seus desdobramentos e cada um de nós faz parte deste processo, independente dos

cargos que ocupamos num determinado momento da APEMESP. Penso que a APEMESP

deseja expandir e se ramificar para que ao fim deste biênio tenhamos uma potência de muitos

que poderá construir e ampliar muitas possibilidades e não ficarmos presos a ideia de

CHAPA ÚNICA que pode se tornar um peso e

retrocesso para a área.

Contato pelo email: [email protected]

cel. (11) 9-8344-4280

“Diamantes não brilham por que os átomos que

os constituem brilham, mas devido ao modo

como estes átomos se agrupam em um

determinado padrão. O mais importante é

frequentemente o padrão e não as partes, e

isto também acontece com as pessoas”.

Marc Buchana (2007), em O átomo social.

Da esquerda para a direita: Gildásio Januário (2º Tesoureiro), André Lindenberg (Presidente), Melina

Charlila (2º Secretária), Paulo Bittencourt (1º Secretário), Marília Oliveira (2ª Vice-Presidente),

Raphael Soares (1º Tesoureiro) e Ricardo Augusto

(2º Vice-Presidente)

Denise Suzuki, Conselheira Fiscal

Page 20: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 20

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Após tentar dois outros cursos universitários,

encontrei na Musicoterapia o lugar onde está meu

coração. O aprendizado é vasto, disciplinas,

práticas e técnicas. Após os estágios descobri que

a psiquiatria era a área que gostaria de me

aprimorar.

Entrar no ramo da Musicoterapia foi um

caminho a ser traçado, com paciência e

planejamento. Mesmo depois de me formar, não foi

fácil encontrar um trabalho remunerado, mas hoje

entendo que o que faltava era a certeza do

caminho percorrer.

Decidi então estudar Psicanálise no CEP

(Centro de Estudos Psicanalíticos). Fiz o curso no

núcleo de Psicoses, onde era necessária uma

carga horária de estágio no Hospital São João de

Deus. No início dos estágios, a direção do Hospital

soube da minha formação de Musicoterapia e me

ofereceram o cargo. Estou lá há três anos e faço

parte da equipe técnica, atendendo nas alas de

Psiquiatria e Dependência Química.

A equipe técnica recebe por horas trabalhadas

da mesma forma e valor. Reuniões

multidisciplinares são realizadas semanalmente, o

que favorece muito o atendimento. No início a

adaptação foi difícil, aliás, sempre ouvimos falar

que a prática não é tão certa quanto a teoria, e os

afetos que nos atravessam não vem com bula de

prevenções ou sintomas colaterais. Musicoterapia

é novidade, raramente entendem nossa função,

escuta e dinâmica, explicar é necessário.

Por isso faz-se imprescindível supervisão e

análise constante, raramente tive feedback e

direcionamento de profissionais de outras áreas

sobre minha conduta, o que é compreensível. Os

maiores retornos vêm das famílias ou dos

próprios clientes.

Há diversas questões burocráticas e

estruturais que dificultam nossa atuação. Mas

acredito que a adaptação faz-se necessária,

como o mercado é difícil, nosso reconhecimento

é conquistado aos poucos.

Relatos Reais de um Musicoterapeuta

Claudia Trindade, musicoterapeuta desde 2007, formada

pela Faculdade Paulista de Artes

“A faculdade de Musicoterapia foi uma descoberta que me

atravessou e mudou completamente minha vida.”

Congresso Ocupa Nise, Hotel da Loucura, Rio de Janeiro. Esse evento é organizado pelo

Médico Victor Podeus, que reúne diversos profissionais da arte e medicina para

discutirmos melhoras e inovações no tratamento psiquiátrico. Acontece anualmente, essa

edição foi ano passado, setembro de 2014

Page 21: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 21

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Deixar de lado o atendimento em algum lugar

por conta da falta de estrutura nos condenaria a

não atuar. Eu nunca encontrei um espaço

considerado Ideal para atendimento, como em

nossas idealizações de estudantes.

Atualmente, os grupos que atendo são

realizados nas quatro alas da Casa de Saúde. Os

atendimentos são semanais e em grupo, com

duração média de uma hora.

No início os atendimentos eram feitos na sala

de TV com as portas fechadas, porém entendi que

limitava muito a quantidade. A média de

permanência do grupo varia entre trinta minutos,

pois é comum saírem para medicação, visita, e

outros atendimentos (isso não está nos livros).

Experimentei então com as portas abertas, a fim de

tornar possível a participação total de alguns

clientes, e participação parcial de outros, que

podem observar e se encorajar para participar do

grupo.

A rotatividade de clientes no grupo é grande, e

dificilmente há um desligamento através de um

processo, de começo, meio e fim, mistura-se, pois

há sempre uma expressão nova a ser acolhida. Por

isso o foco é na expressão musical livre, quando a

escuta do grupo está muito prejudicada, é

necessário intervir, criar formas de imitação

e repetição. Há também grupos de escuta

receptiva para dialogarmos sobre lembranças

e possíveis significados da mensagem e poesia

das canções.

Promovemos também encontros com

canções pré-escolhidas, com playback, e

poesias, como em Saraus, é sempre muito

rico. Ser por um momento o orador pode

promover organização da fala, expressão e

escuta, há também grupos onde a expressão

plástica é permitida, porém, com muita

cautela, pois o hospital não pode ter as

paredes pintadas por giz de cera nem tinta

plástica, por mim seriam.

A equipe técnica está sempre disposta a

atuar junto ao grupo de musicoterapia, grupos

com terapeutas ocupacionais, psicólogos e

educadores físicos são frequentes e permitem

melhor avaliação dos clientes. Eu faria tudo de

novo, e tenho grandes ambições quanto minha

carreira, no sentido acadêmico e prático.

“Todos os dias em minha

atuação vivencio algo que

exige aprimoramento e

reinvenção das intervenções

que utilizo. Sou grata à

formação, mestres, grade

curricular, e sei que estamos

rumo a grandes conquistas.”

Contatos: Email

[email protected]

Fone - 97978 0537

Hospital São João de Deus, onde trabalhada atualmente

Page 22: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 22

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Será que estamos cientes do que é regulamentar?

No dia 17 de Março foi lançada a pesquisa “Você

é a favor de uma nova tentativa de

regulamentação da musicoterapia? Por

quê?”. Quarenta e sete pessoas participaram,

em sua maioria musicoterapeutas e estudantes

de musicoterapia. Dentre as opções “sim”,

“não” e “não sei”, obtivemos quarenta e um

votos a favor, dois contra e, quatro indecisos

(não sei).

Dentre as justificativas, os que votaram “sim”

demonstraram entender se é importante ou não

regulamentar e não se devemos tentar

novamen te. Um nova ten ta ti va de

regulamentação nos leva, imediatamente, a

refletir sobre o que aconteceu com as

primeiras iniciativas, por que falharam?

No entanto, a quantidade de respostas a favor

de uma nova tentativa pode ter desencadeado

um novo movimento em prol da regulamentação.

Mas para isso é necessário estarmos cientes do

que é regulamentar, conhecer a história da

Palavras do coordenador da

comissão de regulamentação da

APEMESP

O resultado desta pesquisa, reflete a nossa

história e a nossa categoria. O pensamento de

regulamentação da profissão não é de agora,

desde 1982 foram encaminhados projetos com o

objetivo de regulamentar a nossa categoria,

porém foram vetados. Por quê? Todos nós

sabemos os motivos destes vetos? É importante

regulamentação da musicoterapia e o

momento atual.

Confira a seguir, algumas respostas da

pesquisa e os comentários e dicas do

c o o rd e na d o r d a co mis s ão de

regulamentação da APEMESP, Gildásio

Januário de Souza e da profa. Lilian

Engelmann Coelho, que também acompanha

os processos de regulamanetação e foi

responsável por diversas iniciativas na

história da musicoterapia.

SIM! SOU A FAVOR

Para conseguir um maior campo para atuarmos; maior reconhecimento; a validade dos

efeitos da musicoterapia e o acesso a todos; necessidade de definir direitos e deveres

do profissional; impedir que profissionais não qualificados exerçam a profissão;

abertura de concursos públicos e órgãos de base; credibilidade; por que ouvir música

faz bem para as pessoas; para conseguir mais respeito das outras classes de

profissionais da saúde; o musicoterapeuta ainda é inseguro submetendo - se muitas

vezes a situações de exploração.

NÃO SEI! A maioria dos participantes que

votaram “não sei” não justificaram sua resposta,

houve um questionamento sobre qual seria a

proposta e também afirmações como: antes

deveríamos ter um conselho de classe e um

sindicato para depois irmos para Brasília

batalhar a regulamentação.

NÃO! SOU CONTRA! Primeiro temos que nos organizar enquanto classe, fazer o nosso discurso

unificado em âmbito nacional e, conscientizar sobre a importância de um órgão representante de

classe. Quando toda essa estrutura estiver funcionando independentemente da regulamentação, aí

será o momento certo; porque a regulamentação deveria ser um projeto para ser elaborado depois

que concretizarmos as conquistas atuais; temos muitas coisas básicas para fazer ainda. Só quando

estivermos registrados nas estruturas municipais e estaduais poderemos ser reconhecidos pela

União. Esse movimento demanda ação prática, temos que ir às prefeituras, ficar na fila e lutar, até

conseguir. É uma pena, mas ainda "queremos que alguém nos dê algo", sem fazer nossa parte.

Page 23: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 23

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

que se diga Não! Sou contra uma nova tentativa

de regulamentação! Pois, para conseguirmos, é

indispensável que tenhamos Visibilidade Social,

ou seja, estarmos inseridos, participando e

discutindo de forma organizada nos fóruns de

discussão sobre a temática.

Por exemplo, o fórum do Sistema da Saúde e do

Sistema Único da Assistência Social, é uma

conquista recente da nossa categoria, passo

importante para os Musicoterapeutas do

território nacional, pois contribue para qualificar

as práticas que são realizadas pelos

musicoterapeutas e ao mesmo tempo o aumento

da visibilidade da área nestes sistemas.

Você sabia que em 2009, foi criado um Grupo de

Trabalho com Musicoterapeutas de vários

Estados para construir um documento que foi

encaminhado ao Conselho Nacional de

Assistência Social (CNAS), com o objetivo de

incluir a Musicoterapia no Sistema Único da

Assistência Social (SUAS)?

Em 2011 com Resolução n° 17 de 20 de Junho

de 2011, do Conselho Nacional de Assistência

Social, temos o RECONHECIMENTO da

Musicoterapia no Sistema Único da

Assistência Social, de acordo com o Artigo 3º

vemos as categorias de profissionais de nível

superior, que poderão atender as

especificidades dos serviços socioassistenciais,

são eles: Antropólogo; Economista Doméstico;

Pedagogo; Sociólogo; Terapeuta Ocupacional e

MUSICOTERAPEUTA.

A partir de então a musicoterapia não só em São

Paulo, mas em outros Estados, têm participado

dos Fóruns Estaduais dos Trabalhadores e

Trabalhadoras do Sistema Único da

Assistência Social (FETSUAS) em seus estados

e também do Fórum Nacional dos Trabalhadores

e Trabalhadoras do Sistema Único da

Assistência Social (FNTSUAS). Estes fóruns

são espaços importantes de lutas e discussão

em torno do SUAS e também o fortalecimento da

Musicoterapia nestes espaços enquanto área de

trabalho, apesar da sua não regulamentação.

Em São Paulo, a APEMESP tem participado da

Coordenação do Fórum Estadual dos

Trabalhadores e Trabalhadoras do Sistema Único

da Assistência Social do Estado de São Paulo

(FETSUAS/SP), desde o seu início, estas reuniões

acontecem uma vez por mês (segundo sábado de

cada mês), na sede do Sindicato dos Psicólogos

do Estado de São Paulo – SINPSI, na Rua

Aimbere, 2.053, Perdizes, São Paulo. O fórum

realiza anualmente Encontros Estaduais para

discussão de assuntos relacionados aos

Trabalhadores do SUAS.

Neste ano de 2015 acontecerão dois encontros

anuais, e também Rodas de Debates, com

possibilidades de ampliar o debate em torno do

tema (SUAS). Fique atento à divulgação destes

eventos no site e na página do facebook da

APEMESP.

É de extrema importância a participação dos

musicoterapeutas trabalhadores e também de

outros musicoterapeutas interessados nesta

DICAS: Para os que então votaram SIM, que venha uma nova força para um novo projeto. Mas que primeiro façamos o empoderamento

da própria profissão conhecendo a própria trajetória (bibliografia):

PROJETO DE LEI Nº 4.410, DE 2001

a. http://www.camara.gov.br/sileg/integras/18809.pdf

b. http://legis.senado.gov.br/diarios/BuscaPaginasDiario?codDiario=411&seqPaginaInicial=42&seqPaginaFinal=42

c. http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2007/09/18/ce-aprova-regulamentacao-da-profissao-de-musicoterapeuta

d. http://www.ufg.br/n/56672-regulamentado-exercicio-da-profissao-de-musicoterapeuta

e. http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/2747

f. http://www.senado.gov.br/atividade/materia/getPDF.asp?t=38979&tp=1

É importante que se diga NÃO! SOU CONTRA UMA NOVA TENTATIVA DE REGULAMENTAÇÃO!

Page 24: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 24

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

temática, nestes espaços de discussão e

mobilização. A efetiva participação contribui

para o fortalecimento e a efetivação desta

política pública da Assistência Social. Como diz

uma frase do senso comum: “Quem não é

visto, não é lembrado”.

Não podemos nos esquecer de duas outras

conquistas importantes para a categoria. A

primeira, a inclusão de Musicoterapeuta no

Código Brasileiro de Ocupação – CBO 2263-

05 e a segunda, a inclusão de procedimentos de

Musicoterapia no Sistema Único de Saúde –

SUS.

Palavra e Dica da Musicoterapeuta Lilian

Engelmann

Sou contra uma nova tentativa de

regulamentação na atualidade porque considero

a complexidade do assunto nos seus múltiplos

aspectos: histórico, social, político, trabalhista e

da classe profissional e, em particular, o

momento político brasileiro.

Entretanto, como descreveu com propriedade o

coordenador da comissão de

regulamentação da APEMESP, o

musicoterapeuta Gildásio Souza,

precisamos do empoderamento do que já temos.

Em específico, para os musicoterapeutas do

estado de São Paulo, uma nova pergunta se

apresenta: Como estão as articulações das

nossas ações como profissão nas esferas:

pública (municipal e estado) e privada?

Já concretizamos o Código Brasileiro de

Ocupação (CBO)?

Os musicoterapeutas de SP estão cadastrados

nas prefeituras? Não.

A CBO nova já foi registrada nas prefeituras de

SP? Não.

Se todos os musicoterapeutas de SP estivessem

DICAS DE LEITURA

Professora e Musicoterapeuta Clotilde Espindola Leinig de 95 anos – Uma carta aos senadores antes de falecer.

http://www.senado.gov.br/atividade/plenario/sessao/disc/getTexto.asp?s=068.3.53.O&disc=194/2/S

Artigos –

a. GODOY D. A. Musicoterapia, profissão e reconhecimento: uma questão de identidade, no contexto social brasileiro Revista Brasi leira de Musicoterapia

Ano XVI n° 16 ANO 2014. p. 6-25.)

b. SANTOS M.S. RIBEIRO PEDRO, R. M. L. Musicoterapia em Ação: Primeiros Movimentos da Invenção de uma Profissão. Revista Brasile ira de

Musicoterapia, ano XI, no 9, 2009.

Monografias -

a. BERGAMINI M.G. Regulamentação profissional do Musicoterapeuta -Revendo o Projeto de Lei no 4.827/2001. - Faculdades Metropolitanas Unidas 2010.

b. FREIRE M. H. A regulamentação profissional do Musicoterapeuta.Universidade de Ribeirão Preto Departamento de Música – Curso de Graduação em

Musicoterapia,

c. JOUCOSKI A. A Regulamentação da Profissão do Musicoterapeuta- Faculdade de Artes do Paraná – Curitiba, 2004.

Teses

a. SANTOS M.S. Contemporaneidades e Produção de Conhecimento: AInvenção da Profissão de Musicoterapeuta, Doutorado em Psicossociologia e

Ecologia Social – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Psicologia, Programa EICOS, 2011 .

Page 25: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 25

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

cadastrados nas suas prefeituras já teríamos

uma grande força estadual e uma visibilidade

nacional.

Os musicoterapeutas do setor privado de SP

utilizam a nota fiscal eletrônica com o código da

musicoterapia? Não.

Os consultórios de musicoterapia de SP estão

r e g i s t r a d o s n o C N E S ? N ã o .

CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimento da

Saúde – quando o musicoterapeuta está

registrado neste sistema (registro feito pela

prefeitura) a visualidade da profissão se amplia

porque atinge as três estâncias (municipal,

estadual e federal).

Os musicoterapeutas de SP atendem planos

médicos utilizando a nota fiscal eletrônica? Não.

Com a CBO podemos ser cadastrado nos planos

médicos e ampliar a visibilidade da profissão e a

atuação no mercado de trabalho.

Se você tem interesse em

participar ou dúvidas, a comissão

responsável por tratar dos

assuntos relacionados ao SUAS e

ao SUS é a comissão

Regulamentação da Profissão.

Entre em contato no email:

[email protected]

Links

Resoluçã o 17, CNAS.

http://www.coffito.org.br/site/files/noticiãs/2014/PDFsNoticiãs/CNAS_2011_-_017_-_20_06_2011.pdf

Blog FETSUAS/SP.

http://fetsuãssp.blogspot.com

UBAM

http://www.musicoterãpiã.mus.br/

Page 26: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 26

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Nome: Rocio Romero

País: Argentina

Cidade: Buenos Aires

Formação: Licenciatura em Musicoterapia

Universidade: Buenos Aires (UBA)

Contato: [email protected]

Olá amigos do Brasil !

Vou contar um pouco sobre a minha história na

musicoterapia e sobre a musicoterapia em

Buenos Aires.

Eu trabalho como musicoterapeuta, musicista,

produtora musical e atriz. Dentro da

musicoterapia aprofundei no trabalho com

psicose (adultos) num processo de reabilitação

psicossocial; com idosos em processos de

promoção da saúde com a abordagem humanista

existencial e, com crianças afásicas ou que não

desenvolveram a linguagem ainda.

Há quatro anos eu tive minha primeira prática

profissional com psicose, nesse momento eu

percebia que a musicoterapia habilitava

possibilidades de interação subjetiva através da

música e o vínculo terapêutico, desenvolvi meu

TCC sobre essa questão. Continuei trabalhando

também com idosos utilizando a música como

facilitador da construção da identidade

narrativa das pessoas, as canções como

facilitadoras de uma ressignificação do

próprio presente e, a música como

experiência de grooving e musicking que

conecta com as emoções e o próprio corpo. Nos

últimos dois anos, trabalhei com “Audiologia e

Linguagem” num centro educativo e terapêutico

pra crianças com diferentes tipos de

dificuldades como linguagem, autismo, TGD,

deficiência auditiva, hipoacusia e mutismo

seletivo. Eu trabalhava com o som pra ajudar na

construção dos limites do próprio corpo, e as

possibilidades de se reconhecerem através de

sua própria voz, estimular a produção sonora,

ajudando a organizá-la e, estimulando a

expressão de emoções e a possibilidade de

reconhecerem o que eles queriam ou não

queriam para suas vidas, quer dizer, trabalhava

sobre a possibilidade de escolher.

Terminei meus estudos em 2012 e durante dois

anos fiz uma investigação para defender minha

tese em Julho deste ano.

Durante o tempo que estudei musicoterapia na

UBA eu sempre pensei muito nessa dificuldade

de nossa disciplina de traduzir em palavras os

alcances dos processos que acontecem com a

terapia.

Nesse ano comecei a fazer um tour no Brasil

com meu grupo de dixie e jazz tradicional, e

depois, decidi ficar mais dois meses. É

interessante porque a situação do estrangeiro

te faz olhar o mundo desnaturalizando algumas

coisas. Até agora foi muito interessante o que eu

aprendi sobre a cultura brasileira, diversa e

complexa. Adoraria conhecer abordagens de

musicoterapia daqui, adoraria ter a

oportunidade de ampliar a maneira de ver minha

disciplina. Acho que é preciso fomentar espaços

onde seja possível compartilhar nosso trabalho e

nossas experiências.

Na Argentina existem muitos projetos de

musicoterapia, tais como: grupo ICMUS

com Patricia Pellizari; musicoterapia

comunitária em presídios; musicoterapia

e investigação neurológica sob a

coordenação de Viviana Sanchez em um

“Durante o tempo que estudei musicoterapia na UBA eu sempre pensei muito nessa dificuldade da

nossa disciplina ,de traduzir em palavras os alcances dos processos

que acontecem com a terapia.“

Page 27: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 27

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

hospital da capital; grupo ADIM e a abordagem

plurimodal com Diego Schapira; Musicoterapia e

Terceira idade, sob a coordenação de Marcos

Vidret e Natalia Alvarez e; musicoterapia e

terapia vibroacústica com tigelas sonoras com

Jorge Zain, musicoterapia pré-natal com Gabriel

Federico e o projeto mamo sounds; reabilitação

psicossocial em neuropsiquiatria com Carlos

Butera, Andrea Coluccio e Laura Rossi. Esses

são somente alguns dos projetos que eu conheço

lá, mas é uma disciplina que esta crescendo

muito e cada vez aparecem mais trabalhos de

musicoterapeutas ampliado as possibilidades de

intervenção da musicoterapia.

Atualmente na Argentina existem algumas

provinciais que tem lei de exercício profissional

(Neuquen, Rio negro, Chaco, Tierra del fuego y

Buenos aires). Estamos em processo de

regulamentação, mas não temos ainda lei

nacional, isso faz com que nossa possibilidade de

procurar melhores condições de trabalho seja

mais difícil. Também não estamos no registro

nacional de prestadores (Plano médico

obrigatório) que faria com que nós tivéssemos

mais oportunidades de emprego.

Em contrapartida estamos nos organizando e

tendo reuniões. No ano passado já foi

apresentado o projeto de lei nacional. Temos

muitas associações, e existe a ASAM que é a

associação nacional.

As universidades que possuem o curso de

musicoterapia são: Universidad de Buenos Aires;

Universidad Abierta Interamericana; Universidad

del Salvador; Universidad Maimónides e, me

parece que também existem outras no país.

Existem cursos gratuitos de musicoterapia como

o de extensão na Universidad de Buenos Aires e,

também existe um curso no hospital

neuropsiquiátrico Moyano que é muito bom,

sobre musicoterapia clínica. Há alguns anos

estão abertas as concorrências em

musicoterapia no Hospital Rivadavia.Em abril

estou voltando para Argentina por alguns meses,

e tenho vontade de voltar na segunda metade do

ano.

Esta carta foi criada a partir de uma entrevista, sendo traduzida e editada pela redação.

“Quero dizer aos colegas

musicoterapeutas do

Brasil que estou

disponível e interessada

em conhecê-los. “ DESCONTOS DE 10 A 15% PARA ASSOCIADOS

Rua João Moura, 1014 Pinheiros - São Paulo / SP TEL.: (11) 3891 1124 [email protected]

http://tamboreszebenedito.com

Page 28: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 28

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

ABRIL 1) FNTSuas (Fórum Nacional da Trabalhadoras e

Trabalhadores do Sistema Único da Assistência Social) 17/04 – dia todo – Reunião Coordenação Executiva 14 a 16/04 – Reunião Ordinária do CNAS (Conselho Nacional da Assistência Social) Brasília, DF – (www.fntsuas.blogspot.com.br) Seminário Nacional do FNTSuas (Fórum Nacional da Trabalhadoras e Trabalhadores do Sistema Único da Assistência Social) 10 e 11/04 Curitiba, PR – (www.fntsuas.blogspot.com.br)

2) 14º Encontro Estadual do FETSuas-SP 25/04 Sorocaba ou ABC, SP (mais informações em breve)

3) World Congress on Brain, Behavior and Emotions 29/04 a 02/05 Porto Alegre, RS – (www.braincongress2015.com)

ABRIL/MAIO

MAIO 1) FNTSuas (Fórum Nacional da Trabalhadoras e

Trabalhadores do Sistema Único da Assistência Social) 15/05 – manhã – Reunião Coordenação Executiva 15/05 – tarde, 16/05 – dia todo – Reunião Coordenação Nacional 12 a 14/05 – Reunião Ordinária do CNAS (Conselho Nacional da Assistência Social) Brasília, DF – (www.fntsuas.blogspot.com.br)

2) Reunião da Coordenação do FETSuas-SP (Sindicato dos Psicólogos no Estado de SP) 09/05, das 14h às 18h Rua Aimberê, 2053, Perdizes, São Paulo, 01258-020 (próximo ao metrô Vila Madalena)

3) X Congresso Brasileiro de Psicanálise das Configurações Vinculares VIII Encontro Paulista de Saúde Mental XII Jornada da Spagesp 21/05 a 24/05 Serra Negra, SP, Radio Hotel – (www.nesme.com.br/?page_id=1286)

Page 29: M ATÉ RIAS MUSICOTERAPIA NA SEMANA NACIONAL DO … neste ano a quarta Semana do Cérebro com a Participação de diversos musicoterapeutas. Conheça o que é a semana do cérebro

Primeira Edição - P. 29

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Redação: envie sugestões, comentários, críticas e dúvidas.

Colaboração: Escreva para a gente se deseja participar do jornal.

Email: [email protected]

FALE CONOSCO:

SITE: www.apemesp.com

FACEBOOK: https://www.facebook.com/apemesp

Se procura um musicoterapeuta: //www.apemesp.com/ >

Consulte um Mt

Para associar-se: http://www.apemesp.com/ > Associe-se

Atualização de dados cadastrais; alteração de categoria (de estudante para bacharel/

especialista): [email protected].

Pagamento de anuidades, consultas sobre

pendências: [email protected].

Solicitação de 2ª via de

carteirinha: [email protected]

Outros assuntos: http://www.apemesp.com/ > Contato

REALIZAÇÃO

Associação de Profissionais e Estudantes de Musicoterapia do Estado de

São Paulo