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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICA REGISTRADO(A) SOB N° ACÓRDÃO i um um m i um m i um um um mi iii *03410065* Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação n° 0043880-14.2009.8.26.0071, da Comarca de Bauru, em que é apelante FABIANA BRAGANÇA ALBANESE TROTTA sendo apelado SECRETARIO MUNICIPAL DA SAÚDE. ACORDAM, em Câmara Reservada ao Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. V. U.", de conformidade com o voto do(a) Relator(a), q u e integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores ZÉLIA MARIA ANTUNES ALVES (Presidente) e ANTÔNIO CELSO AGUILAR CORTEZ. São Paulo, 03 de £e^e*^iro de 2011. ^ EDUARDO BRAGA/ 7 REMIOJL ^

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P O D E R J U D I C I Á R I OTRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICAREGISTRADO(A) SOB N°

A C Ó R D Ã O i u m u m m i u m m i u m u m u m m i i i i*03410065*

Vistos, relatados e discutidos estes autos de

Apelação n° 0043880-14.2009.8.26.0071, da Comarca de

Bauru, em que é apelante FABIANA BRAGANÇA ALBANESE

TROTTA sendo apelado SECRETARIO MUNICIPAL DA SAÚDE.

ACORDAM, em Câmara Reservada ao Meio Ambiente

do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a

seguinte decisão: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. V.

U.", de conformidade com o voto do(a) Relator(a), que

integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dosDesembargadores ZÉLIA MARIA ANTUNES ALVES

(Presidente) e ANTÔNIO CELSO AGUILAR CORTEZ.

São Paulo, 03 de £e^e*^iro de 2011.

^ EDUARDO BRAGA/ 7R E M I O J L ^

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CÂMARA RESERVADA AO MEIO AMBIENTE

V OTO N . 14 . 679

APELAÇÃO (com revisão) N. 990.10.097745-8 / BAURU

(Origem: 071.01.2009.043880-0 - 2a V. Fazenda Pública)

Juíza de l â Inst: Dra. Elaine Cristina Storino Leoni

APELA NTE: FABIANA BRAGANÇA ALBANESE TROTTA

APELADOS: SECRETARIO MUNICIPAL DA SAÚDE

MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO. Impetração

contra eventual ato do Secretário Municipal da Saúde, do

Município de Bauru, que possa advir, com a determinação

de eutanásia do cão de propriedade da impetrante, e queestá infectado com a chamada 'leishmaniose visceral

canina', com base na Portaria Interministerial n. 1426, do

Ministério da Saúde, de 11.7.2008. Ausência de prova pré-

constituída, que indique que referida a utoridade vá

determinar o sacrifício do cão. E nem há prova n os au tos

de que tal acontece sistematicamente no Município de

Bauru. Igualmente, há necessidade de se saber se há

tratamento eficaz que comprove a não evolução da doençaou a sua cura. Impossibilidade, no entanto, de produção de

prova em sede de Mandado de Segurança. Inadequação da

via eleita. Sentença de extinção do processo sem resolução

do mérito mantida. APELAÇÃO NÃO PROVIDA.

APELAÇÃO CÍVEL N. 990.1 0.0977 45-8 / BAURU - (VOTO N. 14.679)1

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CÂMARA RESERVADA AO MEIO AMBIENTE

VISTOS.

Cuida-se de MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO,

impetrado por FABIANA BRAGANÇA ALBANESE TROTTA, contra ato do

SECRETÁRIO MUNICIPAL DA SAÚDE DO MUNICÍPIO DE BAURU,

objetivando o reconhecimento do direito da impetrante, de continuar a

proceder ao tratamento de seu cão com sorologia positiva para

leishmaniose canina, nos termos da literatura médica veterinária atual e,

portanto, afastada a aplicabilidade da Portaria Interministerial n. 1426, de

11.7.2008. Requereu liminar para que dita autoridade se abstenha da

prática de qualquer ato que atente contra a vida do animal de sua

propriedade. Argumenta, em resumo, ser proprietária de um cachorro com

diagnóstico de soropositivo para leishmaniose, sendo que não há

tratamento autorizado pelo Ministério da Saúde e tão-somente a eutanásia

do animal.

A r. sentença de fls. 127/128, cujo relatório se adota,

reconhecendo a inadequação da via escolhida, resultando a carência da

ação por falta de interesse de agir, JULGOU EXTINTO O PROCESSO SEM

RESOLUÇÃO DO MÉRITO, com base no a rtigo 267 , V I, do CPC.

APELAÇÃO CÍVEL N. 990.10.097745-8 / BÃURt)'- (VOTO N. 14.679)2

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Inconformada, APELOU a impetrante FABIANA BRAGANÇA

ALBANESE TROTTA, alegando que a r. sentença não acertou em afirmar

que não houve demonstração da ilegalidade da portaria. É manifesto o

abuso de poder trazido pela portaria mencionada, proibindo o tratamento de

animais infectados com o protozoário leishmaniose. É manifesta, também, a

violação a um direito líquido e certo que uma pessoa possui em tratar seu

animal. Que foi demonstrado pelos documentos acostados que a opção do

poder público em sacrificar os animais doentes não possui qualquer eficácia.

É patente que tal medida é paliativa, pois o número de animais e pessoas

infectadas só tem aumentado ao longo do tempo, pois a política pública que

surte efeito ainda não foi tomada. Foi salientado que o combate efetivo

deve ser no mosquito transmissor e, quanto a este, nada é feito pela

Municipalidade de Bauru. Que, enquanto não for tratada a causa, o

problema não acabará. Mais uma vez ressalte-se que o cão é uma vítima da

falta de interesse do poder público em adotar medidas suficientes no

combate a essa doença. AFIRMA que o fundamento da r. sentença não

possui guarida, pois o direito de uma pessoa tratar seu animal existe e está

protegido pela CF. Sua extensão também é real, haja vista os protocolos de

tratamento estudados e existentes, aplicáveis a todos os cães e delimitados

pelo profissional que realiza o tratamento, de acordo com a evolução do

animal, mostrando-se totalmente apto a ser exercido, pois já o era, antes

do ano de 2008, quando tal portaria foi expedida. Que há violação ao direito

do animal em ser tratado e de seu dono, em proceder ao tratamento.

Insiste que tal portaria é inconstitucional. Pediu pela concessão da ordem

liminarmente e provimento ao recurso para declarar a/írrspnstitucionalidade

da Portaria 1426, do Ministério da Saúde, possibilitando / o tratam ento

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canino, enfrentando a violação à CF (artigo l e , inciso III e artigo 225, VII)

que prequestiona para fins de interposição de Recurso Extraordinário (fls.

130/139). Houve preparo (fls. 140).

O apelo foi recebido no efeito devolutivo - (fls. 141).

Foram apresentadas contrarrazões - (fls. 145 /152). Há

manifestação do representante do Ministério Público em primeira Instância,

no sentido de que não se justifica, no caso, a intervenção do Ministério

Público - (fls. 155/158).

Nesta Instância, a Douta Procuradoria de Justiça opinou pela

manutenção da r. sentença - (fls. 163/164).

O recurso foi distribuído ao Eminente Desembargador JOSÉ

HABICE, integrante da E. Sexta Câmara de Direito Público deste Sodalício,

que, declinando da competência recursal, determinou o encaminhamento

dos autos a esta E. Câmara Reservada ao Meio Ambiente - (fls. 166 /168).

Foi redistribuído o fe ito, po rtanto, a este Relator - (fls. 171).

É O RELATÓRIO.

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Decidiu a r. sentença recorrida: "... É uma síntese necessária".

"DEC IDO". "Não obstante já haver sido extinto um alvará judicial

ajuizado pela mesma parte e com o mesmo pedido, o presente

procedimento também comporta extinção, posto que não permite

qualquer d ilação probatória." "Ensina Hely Lopes Meirelles que direito

líquido e certo é o que se apresenta manifesto na sua existência,

delimitado na sua extensão e apto a ser exercido no momento da

impetração (cf. Mandado de Segurança, Malheiros, 28 a ed., p . 36/37).""No caso em exame, a documentação apresentada não comprova a

ilegalidade afirmada na petição inicial, até porque embasada em Portaria

Interministerial do Ministério da Saúde." "Deste modo, para decisão a

respeito da questão submetida à apreciação judicial, há necessidade de

produção de prova pericial (para inclusive se averiguar o resultado do

tratamento ministrado ao animal) que somente tem lugar em

procedimento comum (processo de conhecimento) e não no rito

especialíssimo da ação mandamental, que é reservada para os casos em

que há prova documental da prática do ato ilegal, violador de direito

líquido e certo." "Ante o exposto, reconheço a inadequação da via

escolhida, resultando a carência da ação por falta de interesse de agir, e

julgo extinto o processo, sem resolução do mérito, com base no artigo

267, V I, do CPC." ".. .". - (fls. 127/128).

Mantém-se a r. sentença, inclusive com fulcro no artigo 252

do Regulamento Interno do TJSP.

De qualquer maneira, a impetração se insurge contra eventual

ato do Secretário Municipal da Saúde do Município de^Bátoru, já que

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preventivo o Mandado de Segurança ora impetrado, com a determinação de

eutanásia do cão de propriedade da impetrante, infectado com a chamada

'leishmaniose visceral canina', com base na Portaria Interm inisterial n. 1426,

do Ministério da Saúde, de 11.7.2008 e publicada em 14.10.2008, no Diário

Oficial da União n. 133. Mas nada há nos autos que comprove, ou pelo

menos indiciariamente, que indique que o Secretário Municipal da Saúde do

Município de Bauru vá determinar o sacrifício do cão da impetrante. Não há

prova alguma nos autos no sentido de que tal acontece sistematicamente

no Município de Bauru, ou seja, o sacrifício de cães infectados com a aludida

doença.

É de se lembrar, com a devida vênia, que em sede de

Mandado de Segurança, a prova do alegado deve vir pré-constituída.

Igualm ente, para que tenha sucesso o Mandado de Segurança

PREVENTIVO, há necessidade de o ato impugnado exista, embora ainda não

tenha gerado e feitos (TFR-Pleno, MS 114.369-DF, re i. M in. Pedro Acio li, j .

18.12.86, não conheceram do mandado, v.u., DJU 26.3.87, p. 5014). Ou

ainda, "Para viabilizar o mandado de segurança preventivo, é necessária a

ocorrência de situação concreta e objetiva indicativa de iminente lesão a

direito líquido e certo"- (TFR-5â Turm a, AMS 112.033-SP, Rei. M in. Torreão

Braz, j . 22.6.88, v.u ., uapud" Boi. do TRF 158/23).

Neste particular, conforme lembrou o d. Promotor designado,

Dr. André Luiz Marcassa, "... O caráter preventivo do Mandado de

Segurança, por sua vez, depende da efetiva prova da motificação da

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autoridade sanitária para que, só então, se possa afirmar da possibilidade

de atos concretos da Administração. Competia à impetrante trazer a prova

da referida ciência adm inistrativa, pelo p rofissional habilitado. Não basta a

declaração de que o animal é portador da doenç a, cf. se verifica às ffs. 18."

- (fls. 164). E ainda, do mesmo parecer, que se ado ta: "... Não bastasse, a

discussão sobre a adequação científica da medida trazida é tema

controvertido e isso prova o material teórico acostado ao 'mandamus', o que

justifica a d ecisão proferida que, por sinal, aponta ser viável ação de

conhecim ento para averiguar a eficácia de possível tratamento do mal."

"Vale dizer, a inadequação do Mandado de Segurança, com sua extinção

sem resolução do mérito, não coloca em risco a existência do animal

doméstico. Esta poderá ser preservada por meio de uma ação de

conhecimento cujo pedido principal seja o de declarar a Municipalidade a

abster-se de rea lizá-lo, ou exigi-lo, com pedido de tutela antecipada para se

deferir a prática de tratamento eficaz que comprove a não evolução da

doença ou a sua cura", " . . / " -( f ls . 164).

Registre-se, de outra parte, que o objetivo do presente

Mandado de Segurança não é tornar ineficazes as medidas previstas na

Portaria Interministerial n. 1426, do Ministério da Saúde, de 11.7.2008, ou a

declaração de sua inconstitucionalidade. Primeiro, porque está explícito na

inicial que a impetração se volta contra ato do Secretário Municipal da

Saúde, do Município de Bauru e, segundo, porque esta não é a sede para se

declarar inconstitucional a referida po rtaria, emanada de ente Federal.

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Em sendo assim, não há afronta aos dispositivos legais e

constitucionais citados pela apelante.

Impõe-se, assim, o não provimento do apelo.

ISTO POSTO, NEGA-SE ENTO AO APELO.

EDUARDO BRAGA

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