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1 MANUAL DIDÁTICO DE DIREITO TRIBUTÁRIO José Evandro Lacerda Zaranza Filho Advogado. Especialista em Direito Tributário – IBET. Mestre em Direito pela UFRN. Presidente da Comissão de Estudo Tributário da OAB RN. 2013.1

Manual Didatico de Direito Tributa Rio 2013

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MANUAL DIDÁTICO DE DIREITO TRIBUTÁRIO

José Evandro Lacerda Zaranza Filho Advogado. Especialista em Direito Tributário – IBET. Mestre em Direito pela UFRN. Presidente da Comissão de Estudo Tributário da OAB RN.

2013.1

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1. Relação do Direito Financeiro com o Direito Tributário O Estado para que possa concretizar os objetivos (ver Arts. 3O e 4o do Texto Magno) previstos na Constituição necessita exercer atividade financeira, é dizer, os fins estatais necessitam de recurso econômicos, necessita de ingressos para possam ser concretizados. A atividade financeira do Estado, portanto, pode ser conceituada como o “conjunto de ações do Estado para obtenção da receita e a realização dos gastos para atendimento das necessidades públicas.” (TORRES Ricardo Lobo. p. 3.) Tudo aquilo que incumbe ao Estado prestar, por decisão política, inserta em normas jurídicas é tido como necessidades públicas. Exemplos: serviços públicos, intervenção na Economia, exploração de atividades econômicas, etc. A atividade financeira do Estado tem assim natureza instrumental, posto que arrecada para atingir certos objetivos de índole política, econômica ou administrativa. Vincula-se aos princípios e valores jurídicos inseridos na Constituição e é exercida pelos entes políticos, isto é, aqueles que se enquadram na noção de fazenda pública, entendido como o complexo de recursos e obrigações financeiras do Estado criados a partir de diplomas normativos e previstos em orçamento. Não exerce atividade financeira os órgãos da administração indireta dotados de personalidade jurídica de direito privado, tais como a sociedade de economia mista, empresas públicas, fundações e demais entidades mantidas pelo poder público, embora sujeitos ao controle do Tribunal de Contas - CF arts. 70 e 165. Direito financeiro deve ser compreendido em uma dupla dimensão, enquanto direito objetivo e subjetivo, como sistema objetivo deve ser entendido como ordenamento, é dizer, o conjunto de normas e princípios que regulam a atividade financeira do Estado; e como sistema subjetivo, como ciência das finanças, ou seja, o conjunto de proposições sobre a normas de conteúdo financeiro. O direito financeiro justamente por ser o conjunto de normas que disciplina a atividade financeira do Estado relaciona-se com o direito constitucional na medida em que a Constituição reserva parte do seu texto para tratar o assunto, podendo ser denominada como a constituição financeira, disciplinando a arrecadação de recursos monetários e a execução dos gastos públicos, tratando de forma minudente sobre o orçamento, regendo por princípios constitucionais a atividade financeira. A relação com o direito tributário se evidencia na medida em que o tributo configura espécie de ingresso público. Dentre as diversas formas de captar recursos financeiros o tributo ou a arrecadação fiscal representa a principal forma de captação. A Constituição, como se disse, dedica um conjunto de normas para tratar da atividade financeira limitando-a por meio de princípios. Aqui, para fins didático, adotamos a classificação de Ricardo

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Lobo Torres que divide os princípios constitucionais relacionados ao direito financeiro ligando-os aos valores constitucionais: a) da justiça; b) equidade; c) segurança jurídica e d) legitimidade. a) Ligado ao valor Justiça Economicidade: o orçamento deve conter um mínimo de receitas para produzir um máximo de bens

serviços (informa orçamento de controle de contas, também é um princípio orçamentário; Custo/benefício: expressa a adequação entre custo do bem/serviço público e o benefício obtido pelo

cidadão (informa taxas e contribuições); Capacidade contributiva: os tributos devem ser graduados segundo a manifestação exterior de

capacidade econômica do contribuinte; Redistribuição de rendas: visa a diminuição das desigualdades sociais, onde o Estado busca

minimizar as diferenças de rendas entre os cidadãos, também é um princípio orçamentário; Desenvolvimento econômico: orçamento tem por dever desenvolver o pais nacionalmente, também

é um princípio orçamentário; Solidariedade (aposentadoria, auxílio doença, gravidez, morte, etc); Territorialidade: aplica-se aos residentes (estrangeiros) no país; País de destino: a tributação deve ser deixada para o país de consumo dos bens e serviços; País fonte: o contrário do “país destino”, típico para o IR e informa que a tributação deve ser

deixada para o país fonte do rendimento; “Non olet”: não cheira. Permite tributar atividades ilícitas.

“Informativo – STF - Non olet” e atividade ilícita É possível a incidência de tributação sobre valores arrecadados em virtude de atividade ilícita, consoante o art. 118 do CTN (“Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se: I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos”). Com base nessa orientação, a 1ª Turma conheceu parcialmente de habeas corpus e, na parte conhecida, por maioria, denegou a

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ordem. Na espécie, o paciente fora condenado pelo crime previsto no art. 1º, I, da Lei 8.137/1990 (“Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias”) e sustentava a atipicidade de sua conduta, porque inexistiria obrigação tributária derivada da contravenção penal do jogo do bicho (Decreto-Lei 6.259/44, art. 58). O Min. Dias Toffoli, relator, assinalou que a definição legal do fato gerador deveria ser interpretada com abstração da validade jurídica da atividade efetivamente praticada, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Ressaltou que a possibilidade de tributação da renda obtida em razão de conduta ilícita consubstanciar-se-ia no princípio do non olet. Assim, concluiu que o réu praticara sonegação fiscal, porquanto não declarara suas receitas, mesmo que resultantes de ato contravencional. O Min. Luiz Fux aludiu ao caráter sui generis da teoria geral do direito tributário. Acrescentou que seria contraditório o não-pagamento do imposto proveniente de ato ilegal, pois haveria locupletamento da própria torpeza em detrimento do interesse público da satisfação das necessidades coletivas, a qual se daria por meio da exação tributária. Vencido o Min. Marco Aurélio, que concedia a ordem por entender que recolhimento de tributo pressuporia atividade legítima. Precedente citado: HC 77530/RS (DJU de 18.9.98) - HC 94240/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 23.8.2011. (HC-94240)

b) Ligados à equidade Equidade financeira: maximizar, na interpretação, aplicação e legislação do D.F. e D.T. a

individualização do cidadão (todos devem arcar na exata medida); Equidade entre regiões: art. 167, §7°, CF. garantir e promover a igualdade entre regiões no país,

também é um princípio orçamentário; Equidade vertical no federalismo: Gov. federal (política de intervenção e desenvolvimentista);

Estados (adm. da justiça, segurança, saúde e educação primária); e, Municípios (bem estar e necessidade imediatas ao cidadão, serv. locais.), também é um princípio orçamentário;

Equidade entre gerações: não se deve sobrecarregar gerações futuras com empréstimos e despesas

governamentais. Cada geração deve arcar com seu ônus, também é um princípio

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orçamentário. c) Ligados à segurança jurídica Proibição de analogia: a analogia não resultará na cobrança de tributo; Legalidade, também é um princípio orçamentário; Tipicidade tributária: obriga a criação do tipo na legislação tributária, também conhecido como

princípio da determinação do fato gerador; Clareza: determina a organização de entradas e despesas com transparência e fidelidade, também é

um princípio orçamentário; Irretroatividade: a lei não pode atingir fato ocorridos antes de sua vigência (ato jurídico perfeito,

coisa julgada e dir. Adquirido); Anterioridade: o tributo não pode ser criado no mesmo exercício fiscal em que é cobrando, salvo

exceções, também é um princípio orçamentário; Anualidade orçamentária: renovação anual da permissão, autorizada pelo legislativo, para que o

executivo cobre tributos e realize despesas, também é um princípio orçamentário; Proteção da confiança do contribuinte: não pode prejudicar o contribuinte se este agiu na

conformidade das regras então vigentes (art. 100, parágrafo único, CTN); Irreversibilidade do lançamento: impossibilidade do ente fiscal rever seus lançamentos tributários

(art. 145, CTN); Publicidade: divulgação, DO, da lei orçamentária na integra, bem como relatórios de execução (art.

163, §3, CF), também é um princípio orçamentário; Unidade do orçamento: deve haver integração finalística e harmonia entre os diversos documentos

do orçamento, também é um princípio orçamentário; Universalidade do orçamento: deve conter todas as receitas e despesas de qualquer natureza (art.

165,§5, CF), também é um princípio orçamentário; Exclusividade: não deverá conter matérias estranhas ao orçamento (art. 165, §8, CF), também é um

princípio orçamentário;

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Não-afetação da receita: proibição ao legislador de vincular certas receitas a certas despesas (exceção para certos impostos, taxas e contribuições), também é um princípio orçamentário;

Especialidade do orçamento: deve descriminar e especificar créditos e realizações de despesas,

também é um princípio orçamentário; Destinação pública do tributo: deve se destinar exclusivamente às necessidade públicas. d) Ligados à legitimidade Equilíbrio orçamentário: lei anual deve ser equalizada em suas receitas e despesas, não está sujeito

ao controle judicial, posto que há exercícios em que o gasto deverá ser superior à receita prevista para o mesmo exercício;

Igualdade; Devido processo legal; Transparência fiscal: a atividade orçamentária deve se desenvolver com clareza, abertura e

simplicidade; Responsabilidade fiscal: eficiente gerencia de recursos públicos (OCDE); Ponderação; Razoabilidade. Constituição Orçamentária. “...Pode-se, por isso, falar de uma Constituição Orçamentária, que é um dos subsistemas da Constituição Financeira, ao lado das Constituições Tributária e Monetária...A Constituição Orçamentária ‘constitui’ o Estado Orçamentário, que é a particular dimensão do Estado de Direito apoiada nas receitas, especialmente a tributária, como instrumento de realização das despesas. O Estado Orçamentário surge como o próprio Estado Moderno...” (TORRES, Ricardo Lobo).

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Direito Financeiro na CF/1988: Título VI – Tributação e Orçamento (Constituição Tributária) Capítulo II – Das Finanças Públicas. Seção I – Normas Gerais Seção II – Orçamentos A atividade financeira é exercida com base na obtenção de Receita Pública que se consubstancia nas entradas que, integrando-se no patrimônio público sem qualquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo (Aliomar Baleeiro). A receita pública é ingresso público e o tributo é, portanto, espécie de ingresso público, classificado como derivado (em contraposição aos ingressos originários) e compõe receita do tipo ordinária (em contraposição a receita extraordinária). As receitas públicas classificadas em derivadas que são aquelas provenientes da economia privada, não representadas por atuações estatais, é dizer, trata-se de transferência de riqueza gerada por terceiros; e, receitas ordinária são receitas públicas periódicas e compõem de forma permanente ao orçamento do Estado. Orçamento. Conceito. “...Nos estados democráticos, o orçamento é considerado o ato pelo qual o Poder Legislativo prevê e autoriza ao Poder Executivo, por certo período e em pormenor, as despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e de outros fins adotados pela política econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei...” (BALEEIRO, Aliomar) Em breve síntese o orçamento necessita de planejamento que se dá através de normas jurídicas. O Plano Plurianual - PPA é a lei que define as prioridades do Governo pelo período de 4 (quatro) anos. O projeto de lei do PPA deve ser enviado pelo Presidente da República ao Congresso Nacional até o dia 31 de agosto do primeiro ano de seu mandato (4 meses antes do encerramento da sessão legislativa). De acordo com a Constituição Federal, o PPA deve conter as diretrizes, objetivos e metas da administração púbica federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. É lei formal; não vincula o legislativo na feitura da lei orçamentária, entretanto qualquer investimento que ultrapasse o um exercício deve ser previsto no PPA - serve de orientação. A Lei de diretrizes orçamentárias - LDO é a lei anterior a lei orçamentária, que define as metas e prioridades em termos de programas a executar pelo Governo. O projeto de lei da LDO deve ser enviado pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional até o dia 15 de abril de cada ano (8 meses e meio antes do encerramento da sessão legislativa).De acordo com a Constituição Federal, a LDO estabelece as metas e prioridades para o exercício financeiro subseqüente, orienta a elaboração do Orçamento (Lei Orçamentária Anual), dispõe sobre alterações na legislação tributária e estabelece a política de aplicação das agências financeiras de fomento. É simples orientação e não vincula o

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Legislativo - natureza formal. A Constituição determina que o Orçamento deve ser votado e aprovado até o final de cada Legislatura (15 dez de cada ano). Depois de aprovado, o projeto é sancionado e publicado pelo Presidente da República, transformando-se na LOA. A LOA estima as receitas e autoriza as despesas do Governo de acordo com a previsão de arrecadação. Se durante o exercício financeiro houver necessidade de realização de despesas acima do limite que está previsto na Lei, o Poder Executivo submete ao Congresso Nacional um novo projeto de lei solicitando crédito adicional. Compõe-se de um orçamento fiscal e um orçamento de seguridade social. Os projetos de lei de PPAs, LDOs e LOA são de competência do Presidente da República (art. 165, CF).Na hipótese de não votação do orçamento adota-se a prorrogação do orçamento do ano anterior na razão de 1/12 avos das dotações (art. 5 da L. 7.800/89). Exercícios 1. São princípios constitucionais relacionado tanto ao direito financeiro quanto ao orçamento: a) razoabilidade, anterioridade e universalidade do orçamento; b) capacidade contributiva, anterioridade e igualdade; c) publicidade, anualidade do orçamento e universalidade do orçamento; d) anterioridade, anualidade do orçamento e universalidade do orçamento. Resp. C 2. Sobre o Plano Plurianual é correto afirmar, exceto: a) o projetos de lei é de competência do Presidente da República; b) é a lei anterior a lei orçamentária, que define as metas e prioridades em termos de programas a

executar pelo Governo; c) é lei formal; d) deve ser votado e aprovado até o final de cada Legislatura. Resp. B 3. É princípio ligado ao valor constitucional justiça: a) princípio do custo/benefício; b) princípio da equidade entre regiões; c) princípio da ponderação; d) princípio da legalidade. Resp. A

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4. Marque verdadeiro (V) ou falso (F): ( ) o tributo é espécie de ingresso do tipo originário; ( ) o tributo é receita pública do tipo ordinário; ( ) o tributo é receita pública do tipo derivado; ( ) a intervenção do estado na economia é tido como necessidade pública portanto é ação que deve

ser suportada por recursos financeiros como é exemplo o tributo; ( ) exerce atividade financeira os órgãos da administração indireta dotados de personalidade

jurídica de direito privado, tais como a sociedade de economia mista. Resp. F, V, V, V e F 5. O princípio constitucional de direito financeiro que permite tributar atividades ilícitas é: a) capacidade contributiva; b) do não-confisco; c) da legalidade; d) non-olet. Resp. D Bibliografia BALEEIRO, Aliomar. Uma Introdução à Ciência das Finanças.(atualizada por CAMPOS, Dejalma) ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002.

BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Financeiro e Direito Tributário. São Paulo: ed. Saraiva e Edições Celso Bastos.

CAMPOS, Dejalma de. Direito Financeiro e Orçamentário. São Paulo: ed. ATLAS, 2001 e edições seguintes.

CONTI, José Maurício. Direito Financeiro na Constituição de 1988. São Paulo: ed. Oliveira Mendes, 1998.

GOMES, Carlos Roberto de Miranda. Manual de Direito Financeiro e Finanças. 2ed. Brasília Jurídica, 2000.

HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. São Paulo: ed. ATLAS, 1001 e seguintes.

TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 12a ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.

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2. O tributo A definição legal de tributo está prevista no Art. 3O do Código Tributário Nacional – Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966: “Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.” Do conceito legal de Tributo é possível identificar palavras essenciais e necessária ao conceito, quer-se dizer com isso que o conceito legal de Tributo é prolixo, redundante. Assim para fins de conceituação do Tributo necessário é identificar que se trata de prestação pecuniária compulsória, que não constitua sanção de ato ilícito. É importante registrar que o tributo é pago em moeda corrente (de curso forçado) e, portanto, não há pagamento de tributo in natura (bens) ou in labore (em trabalho). Vale aqui o registro de que o STF quando do julgamento da ADInMC no 2.405 admitiu válida norma (lei estadual) estipulando regra própria de quitação do tributo. Com o advento da Lei Complementar no 104/2001, acresceu-se ao CTN o instituto da dação em pagamento em bens imóveis como forma de extinção do crédito tributário, na forma e condições estabelecidas em lei (Art. 156, XI, CTN). Traço marcante no tributo é a compulsoriedade, é dizer, o tributo é devido por força de lei, independendo da vontade do contribuinte. Logo, sendo o tributo uma obrigação ex lege só pode ser cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada, a autoridade administrativa tributária só pode fazer aquilo que a lei permite. O tributo também não pode ser decorrer de prestação que constitua sanção de ato ilícito. É a hipótese de penalidade. Nesse sentido, o STF no RE 94.001/SP, em sua formação plenária, afastou a aplicação de acréscimo tributário da ordem de 200% exigido a título de IPTU relativamente a imóvel urbano edificado de maneira irregular (contrário as normas de postura edilícia). Nada obstante, não se deve confundir com a possibilidade de o Estado tributar a renda originada da exploração de atividade criminoso em face do princípio do on olet, isso porque o fato gerador não é a atividade criminosa e sim o fato de obter renda. Para Vittorio Cassone (2010, p. 45) há outra característica essencial ao conceito de tributo, a caraterística de ser receita pública, conforme restou compreendido no RE 148.754/RJ que teve como Relator o Ministro Francisco Rezek. A natureza jurídica do tributo, portanto, consubstancia em uma obrigação de dar ex lege. A palavra tributo comporta vários entendimentos conforme identificou o prof. Paulo de Barros Carvalho. Há pelo menos seis significações diversas, sendo utilizadas no ramo jurídico: i) de norma

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tributária; ii) tributo como norma, tributo como quantia em dinheiro; iii) tributo como prestação correspondente ao dever jurídico do sujeito passivo; iv) tributo como direito subjetivo de que é titular o sujeito ativo; v) tributo como sinônimo de relação jurídica tributária; e, vi) tributo no sentido fato e relação jurídica. Conceituar tributo é constitucionalmente importante isso porque a atividade de tributação implica afetar a esfera patrimonial privada, já que ocorre a transferência de patrimônio do particular para o público, o que, registre-se, não implicada em descumprimento do princípio constitucional de proteção da propriedade, já que é a Constituição que permite, através de uma estatuto constitucional (Sistema Constitucional Tributário), definindo competência para cada entende instituir determinada espécie de tributo que por sua vez, para se acolmatar ao conceito constitucional, deve atender a específico regime jurídico, sob pena de, uma vez exercitada a competência e criado o tributo fora dos limites traçados constitucionalmente, a exação deixa de ser tributo e pode ser considerada indevida a cobrança. Importante: » O termo tributo representa gênero sendo que as espécies são impostos, taxas e contribuições. » A natureza jurídica específica do tributo ou a identificação da especie tributária se faz pela análise do fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevante a denominação atribuída a obrigação, bem como a destinação legal do produto da arrecadação da obrigação exigida., conforme estabelece o Art. 4o do CTN. É de se observar que a destinação legal do produto da arrecadação com a obrigação, excepcionando o que prescreve o Art. 4o, compõe a natureza jurídica específica das contribuições sociais e parafiscais.

Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:

I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;

II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.

Ponto Relevante A Constituição Federal expressamente vincula a destinação do produto da arrecadação para configurar a espécie tributária como se pode ver no caso dos empréstimo compulsórios, conforme previsto no parágrafo único do Art. 148.

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:

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I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;

II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b".

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

Exercícios 01. Não é compõe o conceito de tributo: a) obrigação legal; b) cobrada mediante atividade plenamente vinculada; c) incide sobre fato jurídico, inclusive ilícitos; d) traduzida em cobrada em pecúnia. Resposta C 02. Assinale V (verdadeiro) ou F (falso): ( ) a renda objeto da atividade do jogo do bicho pode ser tributa; ( ) a instituição de tributo para fazer face as despesas com iluminação pública pode ter sua

arrecadação destinada a esta finalidade; ( ) o fato gerador do tributo e a base de cálculo do tributo definem a espécie tributária; ( ) é possível cobrar tributo não previsto na Constituição; ( ) a norma jurídica pode prever a hipótese de pagamento de tributo em forma de trabalho prestado

ao Poder Público competente, apenas nas hipóteses de inadimplemento do pagamento. Resposta F, V, V, F e F. 03. (OAB/SP 119) A destinação do produto da arrecadação, à luz da Carta Magna de 1988, é a) irrelevante. b) relevante, em se tratando de taxas de poder de polícia. c) relevante, em se tratando de empréstimo compulsório. d) relevante, em se tratando de contribuição de melhoria. Resposta C 04. No sistema tributário brasileiro, é característica essencial dos tributos:

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a) terem sua destinação vinculada à determinada despesa. b) serem decorrentes de um fato lícito, veiculados por meio de lei e cobrados compulsoriamente. c) terem o produto da arrecadação repartido entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. d) a existência de contraprestação direta e imediata ao contribuinte para que possam ser exigidos. Resposta B 05. (OAB/RJ – dez/2003) A natureza jurídica específica do tributo é determinada a) pela sua denominação. b) em razão da destinação legal do produto da arrecadação. c) pelo fato gerador da respectiva obrigação. d) pela lei ordinária que instituir o tributo. Resposta C 06.(OAB/SC – nov 2003) Assinale a alternativa incorreta: a) a natureza jurídica do tributo é determinada por sua denominação, fato gerador e destinação legal do produto da sua arrecadação. b) tributo é toda a prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída por lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. c) a obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador; tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. d) a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizado, expressamente ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Resposta A 07. (OAB SP 132) No que tange à definição legal de tributo, é correto afirmar que é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda, ou cujo valor nela se possa exprimir, a) que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade plenamente vinculada. b) que constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade plenamente vinculada. c) que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei complementar e cobrada mediante atividade plenamente vinculada. d) que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade legislativa.

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Resposta A Bibliografia AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 9a ed. São Paulo: Saraiva, 2003. CASSONE, Vittorio. Direito tributário. 21a ed. São Paulo: Atlas, 2010. TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 12a ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.

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3. Classificação Tributária

A classificação tributária serve para identificar a natureza jurídica das espécies tributárias, de modo a que o operador do direito possa firmar, confirma ou negar a incidência de determinado tributo.

A classificação tributária e a definição da natureza jurídica das espécies tem importância no controle da legalidade tributária exercida pelo contribuinte e pelo próprio Estado, através dos princípios tributários específicos para cada espécie tributária, bem como com o exercício da competência tributária.

Na doutrina encontramos várias classificações tributárias como a bipartida (tributos vinculados e não vinculados) e a pluripartida (tripartidas, quadripartidas, quiquipartidas, etc.).

Na classificação bipartida em tributos vinculados ou não vinculados a uma atuação estatal, temos como principal tributarista defensor, o professor Geraldo Ataliba. Nesta forma de classificação os tributos são selecionados em razão do seu fato gerador estar ou não vinculado a uma determinada atuação estatal. Assim, quando o tributo surge sem vinculação/ligação a qualquer atividade do Estado, diz-se que é um tributo não vinculado. Os impostos são exemplos de tributos cujo surgimento independe de qualquer atuação do Estado, como por exemplo o ICMS em que basta que o particular circule mercadoria com habitualidade para que seja devedor da obrigação tributária. O Estado não está obrigado a prestação de qualquer obrigação para que a obrigação e o crédito de ICMS surja. Já as taxas e contribuições são classificadas como tributos vinculados a uma determinada atuação estatal. É o caso da taxa de coleta de lixo em que para existir o direito do Estado cobrar é necessário a prática do serviço de coleta de lixo, ou seja, o surgimento da obrigação vincula-se ao exercício de determinada atuação por parte do Estado. Já os tributos vinculados se sub-classificam em vinculados imediatamente e mediatamente, é dizer, a referibilidade a uma atuação estatal é sentida pelo particular de forma imediata como no caso da Taxa de Coleta de Lixo ou de forma mediata como pode ser no caso da contribuição de melhoria que tem como fato gerador a realização de obra pública que cause uma valorização imobiliária ao particular cuja atuação só é sentida ao longo do tempo.

Há ainda as classificações pluripartidas tais como: 1) Tripartida: classificação formal que segue a descriminação do Art.145 da Constituição: impostos, taxas e contribuições de melhoria; 2) Quadripartida: impostos, taxas, contribuições e empréstimos compulsórios; e, 3) Quinquipartida: impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais.

A jurisprudência tem adotado a posição quinquipartida que divide os tributos em impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios, contribuições. É o posicionamento manifestado nos RE n. 138.284-CE e RE n. 146.733-SP que tiveram como relatores os Ministros Carlos Velloso e Moreira Alves, respectivamente.

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PONTO RELEVANTE

As taxas são espécies de tributos vinculados imediatamente a uma determinada atuação estatal e estão previstas na Constituição no Art. 145.

TÍTULO VI Da Tributação e do Orçamento

CAPÍTULO I DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

Seção I DOS PRINCÍPIOS GERAIS

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:

...

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;

...

§ 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

As taxas tem como fato gerador a realização de uma determinada atividade estatal de referibilidade imediata, com caráter de poder de polícia (prestação negativa) ou de serviço público (prestação positiva) ou mesmo a simples disponibilidade de tal serviço desde que de uso compulsório.

Taxas

Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas. (Redação dada pelo Ato Complementar nº 34, de 30.1.1967)

A taxa como exercício do poder de polícia está prevista no Art. 78 do CTN, e deve implicar no exercício de fiscalização da atividade do particular de forma individualizada, singular, uti singoli,

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em contraposição a poder de polícia uti universi, que envolve a coletividade geral.

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 28.12.1966)

Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

Já a taxa de serviços tem como fundamento da utilização, pelo particular de forma efetiva ou potencial, de serviços públicos desde que específicos e divisíveis.

Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:

I - utilizados pelo contribuinte:

a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;

b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento;

II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de unidade, ou de necessidades públicas;

III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários.

Art. 80. Para efeito de instituição e cobrança de taxas, consideram-se compreendidas no âmbito das atribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, aquelas que, segundo a Constituição Federal, as Constituições

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dos Estados, as Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios e a legislação com elas compatível, competem a cada uma dessas pessoas de direito público.

Segunda a doutrina a base de cálculo deve refletir a descrição contida na hipótese de incidência da taxa, é dizer, deve refletir o custo da atividade estatal seja de exercício do poder de polícia seja da prestação do serviço.

Serviços públicos sujeitos a taxa são aqueles constitucionalmente indelegáveis.

A taxa não se confunde com os preços públicos ou tarifas que são previstos na Constituição em seu Art. 175. A tarifa ou preço público é facultativo, advém de contratação, como é o caso dos serviços prestados por delegação, seja por regime de concessão ou permissão.

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre:

I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;

II - os direitos dos usuários;

III - política tarifária;

IV - a obrigação de manter serviço adequado.

A 2a Turma do STF no RE 181.475 cujo relator foi o Min. Carlos Velloso entendeu que o Pedágio tem natureza jurídica tributária por encontramos sua previsão no capítulo constitucional que cuida do Sistema Constitucional Tributário, Art. 150, V. Chamamos a atenção para a opinião doutrinária de Celso Antônio Bandeira de Mello que entende que o pedágio ora terá natureza jurídica de taxa ora de tarifa (ver. Natureza Jurídica do pedágio: Taxa? Preço? Revista Trimestral de Direito Público, v. 32/2000. p. 23). Exercícios 01. (OAB/SP 119) A destinação do produto da arrecadação, à luz da Carta Magna de 88 é: a) irrelevante. b) relevante, em se tratando de taxas de poder de polícia. c) relevante, em se tratando de empréstimo compulsório. d) relevante, em se tratando de contribuição de melhoria. Resposta C.

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02. (OAB/SP 123) As taxas: a) somente são espécies de receita originária do Estado como remuneração dos serviços prestados ao Estado. b) somente são cobradas em razão do exercício de poder de polícia efetivo ou posto à disposição da comunidade. c) somente podem ser instituídos pela União, os Estados, o DF e os Municípios, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição. d) terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte. Resposta C Bibliografia ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. São Paulo: Malheiros, 2000. AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 9a ed. São Paulo: Saraiva, 2003. CASSONE, Vittorio. Direito tributário. 21a ed. São Paulo: Atlas, 2010.

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4. Sistema Constitucional Tributário

Na visão de José Eduardo Soares de Melo e Luis Francisco Lippo, sistema corresponde a um “conjunto ordenado de elementos afins, dispostos de maneira coerente e lógica, formando uma totalidade e dentro da qual cada elemento mantém uma relação de interdependência com os demais.” (Cf. José Eduardo Soares de Mello & Luis Francisco Lippo. A não-cumulatividade tributária. São Paulo: Dialética, 1998, p. 17.)

Sistema jurídico é, portanto, um conjunto de normas e fenômenos que regulam um fenômeno da sociedade.

Sistema tributário, por sua vez, pode ser definido como o conjunto de normas e fenômenos que regulam a imposição de tributos, a relação jurídica que ocorre entre sujeitos passivo e ativo da obrigação fiscal. É, então, a base de toda a imposição tributária, pois nele estão os fundamentos que devem orientar o Estado como titular do direito e/ou poder impositivo, e o contribuinte, que tem também direitos contra o fenômeno impositivo. (ELALI, André de Souza Dantas. O federalismo fiscal brasileiro e o sistema tributário nacional. São Paulo: MP Editora, 2005.)

3.1. Limitações ao Poder de Tributar (Princípios Constitucionais Tributários)

Princípio da Legalidade – informar que somente por lei, através do Poder Legislativo, pode o Poder tributante exige criar ou instituir, majorar ou ampliar tributo. Art. 150, I da CF.

Admite exceções, como a MP, decreto quanto a alíquotas no caso de II, IE, IOF e IPI;

A regra é a utilização da espécie normativa Lei Ordinária, salvo com a Constituição expressamente exige Lei Complementar.

A causa do tributo, adverte Jarach (1989), é a lei; no Brasil, tradicionalmente a doutrina tributária, diga-se formalista do direito tributário, capitaneada por Xavier (1978), associou o princípio da legalidade como sinônimo de uma legalidade estrita, o mesmo que tipicidade fechada, princípio da reserva absoluta de lei formal, da determinação legal. A legalidade seria assim a previsão na lei da descrição minuciosa dos elementos formadores do tributo, o mesmo que tipicidade que, por sua vez, seria “um atributo, do fato ou fatos da vida, que exprimiria a sua conformidade com o modelo abstrato descrito na norma e que seria indispensável”, decorrendo da tipicidade os subprincípios da seleção que traduz a escolha pelo legislador dos fatos a serem jurisdicizados tributariamente e a impossibilidade de a tributação se dar com base num conceito geral ou cláusula geral; do numerus clausus, da enumeração taxativa das hipóteses e proibição do emprego da analogia; do exclusivismo que corresponde a obrigação de descrição completa dos elementos do tributo, a privatividade na escolha e suficiência dos elementos selecionados; e da determinação que corresponde à vinculação da aplicação à lei tributária conforme rigorosamente posto, é dizer, limita-se o aplicador à mera

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subsunção do fato ao tipo tributário. O que o legislador faz é tipificar, descrever tipos, e a doutrina, por sua vez, cuidou de investigar se legalidade e tipicidade traduzem a mesma coisa e se a tipicidade é fechada. Para Godói (2008) o tema da legalidade tributária e da tipicidade se relacionam na medida em que o princípio da legalidade decorre do princípio democrático e legitima o dever de pagar tributo com base na ideia de que o povo tributa a si próprio por meio de seus representantes, sendo que a tipicidade “existe para elevar a um grau qualificado a certeza e a segurança jurídica no âmbito do direito tributário.” Zilveti (2009) observa que: “No Direito Tributário, o tipo é de grande relevância para a realização do princípio da legalidade, não só no campo da hermenêutica, mas também na aplicação e na elaboração de normas.” Tipo pode ser entendido como descrição de um dado empírico, retrata a realidade, ou, nas palavras de Larenz (1997), “nele se trata de uma representação do modelo, que é conseguida enfatizando alguns traços particulares observados na realidade e descurados outros, e é utilizada como padrão de comparação.”Torres (2008), ao tratar da tipificação legal defini: “A tipificação se refere à atividade legislativa de formação do tipo, na procura da sua tipicidade, ou seja, consiste no recorte da realidade para a ordenação de dados semelhantes.” Tipificação, portanto, não é o mesmo que princípio da determinação, não é o mesmo que conceito, também não é o mesmo que conceito indeterminado. Tipo distingui-se de outros institutos que permeiam o direito tributário e não se coaduna com a ideia de ser fechado, cerrado, isso conforme se deduz da sua própria complexidade: “O tipo, pela sua própria complexidade, é aberto, não sendo suscetível de definição, mas apenas de descrição.”

Portanto, o tipo e a tipificação legal servem menos do que aquilo que pretende a doutrina formalista do direito tributário. A tipificação deriva do princípio da legalidade e serve à legalidade tributária assim como também dos conceitos indeterminados, das cláusulas gerais, das enumerações exemplificativas, contudo, não quer dizer que tipicidade implique o esgotamento das possibilidades fáticas por parte do legislador:

O caráter tipológico descrito na lei deve ser entendido no sentido dado por LARENZ, que favorece a teleologia, um padrão de comparação a ser seguido. O princípio da tipicidade é um corolário do princípio da legalidade, um princípio de adequação do fato gerador concreto ao abstrato, sem o exagero positivista que a doutrina brasileira insiste em distorcer.

Em matéria tributária, observa Torres (2008), a aplicação da lei tributária se dá por meio de um silogismo, “em que a premissa maior é a hipótese descrita na lei, a premissa menor é o fato a se subsumir na descrição legal e a conclusão, o resultado da inferência.” Nada obstante, adverte o autor, a adequação do fato gerador concreto ao abstrato em direito tributário não se reduz à mera subsunção e pode se dar de três diferente maneiras, é dizer, pela subsunção, pela discricionariedade e pela tipificação.

Não se pode mais conceber o princípio da legalidade em matéria tributária como um princípio

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inflexível desprovido de um diálogo com outros princípios constitucionais tais como o da igualdade, da livre iniciativa e da livre concorrência por exemplo.

A flexibilidade da legalidade tributária é uma realidade não só prevista constitucionalmente, mas também na prática das políticas tributárias e na atuação das edilidades fiscais como também na jurisprudência.

Greco (2008) identifica três fases da legalidade tributária. A primeira, foca-se na atuação do Fisco e a legalidade configura um limite ao exercício da imposição tributária, como também configura uma libertação do contribuinte, é dizer, a lei funciona como um instrumento de proteção ao contribuinte. Na segunda fase, a legalidade perde esse perfil incial, na medida em que o Estado se aprimora no processo legislativo e passa a utilizar a legislação como instrumento de dominação em prol dos interesses estatais, “A lei tributária, hoje em dia, é utilizada mais freqüentemente para impor ônus e restrições ao contribuinte do que para limitar a ação da Administração Fazendária.” Nessa fase, observa-se que a doutrina formalista da tipicidade cerrada foi abandonada na prática pelo Fisco. A terceira fase caracteriza-se pelo princípio da legalidade relaciona-se ao conjunto de valores, solenemente, previstos na Constituição, prestigia-se a sociedade civil e seu objetivos constitucionalizados.

O texto constitucional traz em diversas partes o princípio da legalidade, conforme se vê do Art. 5º, Inciso II, do Art. 37 e do Art. 150, Inciso I, em matéria tributária. Excepciona a legalidade tributária no Art. 153, § 1º quanto à alteração de alíquotas do Imposto de Importação, do Imposto de Exportação, do Imposto sobre Produtos Industrializados e do Imposto sobre Operações Financeiras. Há ainda exceção prevista no Art. 155, § 4º, inciso IV, ao prescrever a autorização de convênios entre Estados para a fixação de alíquotas. Também há previsibilidade no Art. 155, § 2º, Inciso XI, Alínea g, a deliberação a cargo dos Estados quanto à concessão e revogação de isenção, incentivos e benefícios fiscais em matéria de ICMS, o denominado convênio do CONFAZ disciplinado na Lei Complementar n.º 24/75.

Exceções:

Seis tributos podem ter alíquotas modificada por ato do Executivo que pode ser um Decreto, uma Medida Provisória ou ainda uma Portaria Ministerial. Apenas a alíquota pode ser modificada, portanto, não cabe modificação na base de cálculo ou instituição de alíquota. a) IOF: Tributos aduaneiros (tributos extra-fiscais (aqueles que não tem finalidade arrecadatória)) b) IPI: Tributos aduaneiros; c) II: Tributos aduaneiros; d) IE: Tributos aduaneiros; e) Cide/ combustíveis; f) ICMS/ combustíveis.

Princípio da Igualdade (ou isonomia) – consiste na imposição ao legislador de discriminar adequadamente os desiguais, na medida de suas desigualdades e não descriminar os iguais, que devem ter tratamento igualitário. Art. 150, II, da CF.

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O direito enfrenta o problema da equivocidade de significado dos termos linguísticos e, tal equivocidade também permeia o termo igualdade cuja noção está relacionada a outros princípios vinculados ao desenvolvimento ético-social da comunidade, tais como liberdade, justiça, bem comum. Isoladamente igualdade não quer dizer nada, é um termo neutro em termos de conteúdo material. Podemos dizer mesmo que o termo igualdade é fruto ou tem o seu sentido construído na sociedade, donde seu significado implica como regra, uniformidade de tratamento que a desigualdade ou a regra de discriminação configura situação excepcional carecedora de justificação. É um conceito comparativo que exprime a ideia de equilíbrio entre partes; implica a formação de um juízo relacionando indivíduos. Persegue-se a justiça através de um juízo relacional que se faz entre dois ou mais sujeitos em função de um critério, destinado a determinada finalidade; em ultima ratio, o princípio empresta um caráter essencialmente qualitativo ao conteúdo das normas. Tal ato de equiparação, ensina Kaufmann (1999), não é só racional ou não se funda apenas no conhecimento racional, importante reconhecer que o ato de equiparação implica sempre uma decisão, um exercício de poder.

Prevalece na doutrina nacional e estrangeira atualmente duas grandes discussões envolvendo o tema da igualdade, é dizer, a discussão quanto as ações afirmativas em torno do princípio da igualdade e a dificuldade prática principalmente em saber quais discriminações são suportadas pela ordem jurídica, máxime diante do caso concreto conforme identifica Ferraz (2005).

Em suma, o sentido que a doutrina empresta ao princípio da igualdade implica na formação de um juízo de comparação entre situações tendo como aporte um critério de justificação, um ideal de justiça.

A doutrina costuma reconhecer principalmente duas dimensões do princípio da igualdade, é dizer, igualdade formal e a material. Ferraz Júnior (1989) ao tratar de ambas as dimensões pontua:

A igualdade, pois, como conteúdo axiológico de direito, deve ser tomada, num sentido negativo, como direito de não ser discriminado, cujo conteúdo é o dever (do Estado e dos demais concidadãos) de omitir discriminações. Num sentido positivo é também um direito ao máximo de condições e oportunidades de participação nos benefícios, cujo conteúdo é o dever (do Estado e dos demais concidadãos) de agir de modo a propiciá-los.

O princípio da igualdade na Constituição de 1988 tem função de limite à competência tributária, restringindo, inicialmente, a discriminação em função de categoria profissional e função exercida pelo contribuinte:

Seção II

DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos

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Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

[...]

II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.

Sem sobra de dúvida que a igualdade em matéria tributária, em verdade, configura especialização do princípio da igualdade em sua acepção geral, mas que diante da realidade fiscal brasileira não é desnecessária, haja vista que, mesmo em face de uma Constituição prolixa, nosso sistema tributário é permeado de desigualdades, favorecendo sempre aqueles contribuintes que demonstram maior capacidade econômica.

Reconhece a doutrina que o referido Art. 150, Inciso II, consubstancia o princípio da neutralidade tributária, vale dizer, que o ônus tributário seja economicamente neutro, que não favoreça a uns contribuintes em detrimento de outros nas mesmas condições fáticas, requisito essencial ao exercício da livre concorrência ‘que impede que este tipo de “intervenção econômica’ do Estado cause desequilíbrios concorrenciais.”

Não é demais lembrar que funcionando o princípio da igualdade e seus desdobramentos, como limite ao poder de tributar, situações de discriminação não autorizadas constitucionalmente e que elevem o gravame fiscal implicarão ofensa ao direito fundamental de propriedade do contribuinte, situação confiscatória, além de possíveis reflexos em outros valores protegidos pela constituição quais sejam; da livre concorrência e livre iniciativa.

Vê-se ainda desdobramento do princípio da igualdade em matéria tributária no Inciso I do Art. 151 da Constituição quanto ao dever de instituição do tributo de maneira uniforme no território brasileiro, não se permitindo também, conforme prescreve o Art. 152, caput, estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino. Os referidos dispositivos têm como destinatários os entes políticos e a necessidade de se estabelecer isonomia nas relações entre os entes federativos (proteção ao pacto federativo) de modo a evitar privilégios de uns em relação a outros, mas também, a uniformidade geográfica fiscal atende aos contribuintes, ou seja, igualdade de gravame fiscal, evitando a denominada guerra fiscal e permitindo apenas discriminações tributárias no intuito de concretizar o objetivo constitucional da república em garantir o desenvolvimento nacional e erradicar a pobreza e a marginalização, e, também, reduzir as desigualdades sociais e regionais (Art. 3º, I e II, CF):

Art. 151. É vedado à União:

I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a

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concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;

[...]

Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.

No âmbito das espécies tributárias do tipo contribuições sociais para a seguridade social, cuja competência tributária da União é prevista no Art. 195, a Emenda Constitucional n.º 20/1998, incluiu o § 9º ao referido artigo, cuja redação foi recentemente modificada pela Emenda Constitucional n.º 47/2005, em que se prevê hipótese de discriminação e, portanto, exceção à regra geral da igualdade, ou seja, universalidade e uniformidade na imposição tributária. A referida regra tem implicação extrafiscal relacionando-se à capacidade contributiva, permitindo-se que tribute-se em maior peso determinada atividade econômica, a utilização mais intensiva de mão-de-obra, o porte da empresa contribuinte ou da condição estrutural do mercado de trabalho:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

[...]

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral

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de previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

III - sobre a receita de concursos de prognósticos.

IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

[...]

§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho.

As alterações advindas no § 9º do Art. 195, seguramente, a depender de sua concretização pelo legislador, terão forte impacto no princípio da igualdade, no princípio da livre concorrência e da livre iniciativa exigindo lançar mão da ponderação e proporcionalidade posto que a diferenciação não poderá atingir o núcleo de tais princípios, necessitando, ainda, realizar a exata correlação com a dimensão material da igualdade, é dizer, identificar se no caso concreto é atingível a igualdade de resultados que se espera do sistema tributário, ou seja, que guarde características de neutralidade.

De importância significativa para a ordem econômica é a inclusão do dispositivo constitucional, trazida pela Emenda Constitucional n.º 42/2003, do Art. 146-A que preve a possibilidade do Estado intervir na economia por meio de normas tributárias de modo a evitar desequilíbrios na concorrência:

Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo.

Sem sobra de dúvidas que tal preocupação que levou à alteração constitucional é fruto do impacto desequilibrado da tributação e os reflexos que tais discriminações geram na economia e desenvolvimento da sociedade, dada a importância do custo tributário na formação dos preços dos bens e serviços.

Princípio da Irretroatividade – proíbe a cobrança de tributos sobre situações pretéritas. Art. 150, III, “a”, CF.

Princípio da Anterioridade (ou da não-surpresa do contribuinte) – implica permitir ao

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contribuinte ter o conhecimento prévio da instituição ou majoração de tributo, de modo a que possa planejar suas atividade econômicas para assumir o novo ônus tributário. Art. 150, III, “b”, CF.

Princípio da Anterioridade Qualificada - Inovação trazida pela EC n. 42/2003 que acresceu a alínea III do art. 150 da CF, proibindo a cobrança de tributo no mesmo exercício e em prazo inferior a 90 dias, ou seja, o tributo para ser cobrado validamente deve ser instituído até 90 dias antes do início do próximo exercício.

Princípio da Anterioridade Nonagesima - art. 195, § 4º, da CF/88 para as contribuições sociais.

Ponto Relevante

Majoração de alíquota de IPI e princípio da anterioridade nonagesimal - 1 O Plenário deferiu pedido de medida liminar em ação direta de inconstitucionalidade, ajuizada pelo partido político Democratas - DEM, para suspender o art. 16 do Decreto 7.567/2011, que confere vigência imediata à alteração da Tabela de Incidência do IPI - TIPI, na qual se majoraram alíquotas sobre operações envolvendo veículos automotores (“Art. 16. Esse Decreto entra em vigor na data de sua publicação”). Consignou-se que a reforma tributária promovida pelo constituinte derivado, com a promulgação da Emenda Constitucional 42/2003, alargara o âmbito de proteção dos contribuintes e estabelecera nova restrição ao poder de tributar da União, dos Estados-membros e dos Municípios. Aduziu-se que fora acrescentada a alínea c ao inciso III do art. 150 da CF, com ampliação da incidência do princípio da anterioridade nonagesimal, antes restrita à cobrança das contribuições sociais (CF, art. 195, § 6º). No tocante ao IPI, o tratamento teria sido singular. Na redação conferida ao art. 150, § 1º, da CF, continuara o imposto excepcionado da incidência do princípio da anterioridade anual, mas não da anterioridade nonagesimal. [“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: ... III - cobrar tributos: ... b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; ... § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos

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previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. ... Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: ... IV - produtos industrializados; ... § 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V”]. ADI 4661 MC/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 20.10.2011. (ADI-4661) Majoração de alíquota de IPI e princípio da anterioridade nonagesimal - 2 Asseverou-se que o princípio da anterioridade representaria garantia constitucional estabelecida em favor do contribuinte perante o Poder Público, norma voltada a preservar a segurança e a possibilitar um mínimo de previsibilidade às relações jurídico-tributárias. Mencionou-se que o referido princípio destinar-se-ia a assegurar o transcurso de lapso temporal razoável a fim de que o contribuinte pudesse elaborar novo planejamento e adequar-se à realidade tributária mais gravosa. Assim, o art. 16 do Decreto 7.567/2011, ao prever a imediata entrada em vigor de norma que implicara aumento da alíquota de IPI contrariara o art. 150, III, c, da CF. Deste modo, a possibilidade de acréscimo da alíquota do IPI mediante ato do Poder Executivo, em exceção ao princípio da legalidade (CF, art. 153, § 1º), não afastaria a necessidade de observância ao postulado da anterioridade nonagesimal. Por revelar garantia do contribuinte contra o poder de tributar, esse princípio somente poderia ser mitigado mediante disposição constitucional expressa, o que não ocorreria em relação ao IPI. ADI 4661 MC/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 20.10.2011. (ADI-4661) Majoração de alíquota de IPI e princípio da anterioridade nonagesimal - 3 Reputou-se que a Constituição deveria ser interpretada de forma sistemática. Dessa maneira, o permissivo por meio do qual se autorizaria o uso de ato infralegal para a modificação da alíquota não conferiria ao Executivo poderes mais amplos do que os atribuídos ao Congresso Nacional, até mesmo porque, nos

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termos do art. 153, § 1º, da CF, os poderes seriam exercidos nas condições e limites estabelecidos em lei. Apesar do inegável aspecto extrafiscal do IPI, a atividade do contribuinte seria desenvolvida levando em conta a tributação existente em dado momento, motivo pelo qual a majoração do tributo, ainda mais quando poderia efetivar-se em até trinta pontos percentuais, deveria obedecer aos postulados da segurança jurídica e da não-surpresa. Os Ministros Gilmar Mendes, Celso de Mello e Cezar Peluso, Presidente, destacaram que o princípio da anterioridade nonagesimal constituiria direito fundamental deslocado do art. 5º da CF, destinado a salvaguardar o contribuinte do arbítrio destrutivo ou dos excessos gravosos do Estado. Dessa forma, nem mesmo o Poder Constituinte derivado poderia mutilá-lo e, muito menos, extingui-lo. Por fim, deliberou-se conferir efeitos ex tunc à medida liminar. Vencido, nesta parte, o relator, que atribuía efeitos ex nunc à decisão. ADI 4661 MC/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 20.10.2011. (ADI-4661)

Princípio do Não-confisco – proíbe a instituição de tributo com a finalidade desapossar o sujeito passivo de seu patrimônio em proveito do Estado, ou destruir sua fonte geradora – art. 150, IV, CF.

Princípio da Liberdade de Tráfego – veda a fixação ou criação de tributo que importe em limitar o trafego de pessoas e mercadorias entre Estado e Município – art. 150, V, CF.

Princípio da Competência – informa a necessidade de cada ente exercer sua competência tributária, impedindo o exercício da competência por terceiro – art. 150, §6 e art. 151, III, CF.

Princípio da Uniformidade – proíbe a criação de distinções de conteúdo tributário, em relação a União, Estados, Municípios e DF, privilegiando uns em detrimento de outros, salvo os expressamente previstos na CF (ex. incentivos fiscais ao N e NE – art. 151, I, CF.

Princípio da Isonomia entre os entes políticos constitucionais – estabelece que não deve haver superioridade ou hierarquia entre as unidades federativas, nem entre elas e a União – art. 151, II, CF.

Princípio da não-discriminação tributária em razão da procedência ou do destino do bem –

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veda a utilização de alíquotas, base de cálculo ou qualquer outra mecanismo tributário que implique benefício ou prejuízo a economia de determinado ente político – art. 152, CF.

Princípio da Capacidade Contributiva – exige que a instituição e cobrança de tributos deve respeitar a manifestação de capacidade econômica de cada contribuinte, ou seja, manifestações exteriores objetivas de riqueza – art. 145, §1, CF.

Princípio da Proporcionalidade – a regra jurídica tributária para ser aplicada deve ser proporcional aos fins que pretende alcançar, devendo estar em sintonia com os objetivos constitucionais.

Princípio da Liberdade Fiscal - estabelece a garantia de liberdade ao contribuinte que recolher o tributo que deve – art.3, I, e caput do art. 5, CF.

Princípio da Transparência Fiscal – determina que o ente político tributante deve exercer sua atividade tributária de forma clara, informando o contribuinte e aptando sempre pela via mais simplificada – art. 5, caput, art. 37, caput, CF.

Princípio da intributabilidade do mínimo existencial – proíbe a utilização de tributo que implique na impossibilidade de o contribuinte viver de forma digna, que implique na impossibilidade de acesso a condições materiais mínimas indispensável à habitação, vestuário, saúde, alimentação, educação. – art. 1, III, CF.

Princípio da Solidariedade Fiscal – prevê o dever de o contribuinte ser solidário para com o Estado e seus objetivos constitucionais, posto que o tributo tem enorme participação para a consecução e implemento dos interesse sociais dispostos na CF – art. 3; art. 194, CF.

3.2. Imunidades constitucionais

São definidas como hipóteses de não-incidência tributária qualificadas pela Constituição Federal.

Liberdade de tráfego – art. 150, V;

Imunidade recíproca – art. 150, VI, a;

Imunidade de Templos – art. 150, VI, b;

Impunidade Partidos Políticos e Fundações – art. 150, VI, c;

Imunidade de Entidades Sindicais de Trabalhadores – art. 150, VI, c, §4;

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Imunidade de Instituições de Educação ou assistência social – art. 150, VI, c, e §4;

Imunidade de Jornais e Periódicos – art. 150, VI, d;

Ponto Relevante

O juízo da 22ª Vara Federal de São Paulo, garantiu a importação do aparelho Kindle, sem o pagamento de tributos, estendendo a vedação da tributação sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão, também aos leitores digitais de livros disponível, sob o argumento de a Constituição garantir a liberdade de expressão e o direito à educação e a cultura e, por isso, os novos mecanismos de divulgação de informação, como o Kindle, também devem ter direito à imunidade. Nada obstante, Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar RE 330.817 entendeu não ser extensível a imunidade do papel ao CD porque a imunidade prevista na Constituição Federal só fala do papel. De forma sintetica, com esse entendimento o Ministro deu provimento a um Recurso Extraordinário do governo do Rio de Janeiro contra acórdão da Justiça fluminense que imunizou a Editora Elfez Edição Comércio e Serviços, que publica a Enciclopédia Jurídica Soibelman, de pagar ICMS sobre a venda de CDs. A decisão monocrática do ministro foi publicada no início de março. Antes de Toffoli, os ministros Joaquim Barbosa, Eros Grau e Cezar Peluso já haviam votado monocraticamente contra a imunidade a conteúdos eletrônicos. O Dicionário Aurélio já tinha amargado a mesma postura da corte em novembro do ano passado. É de se registrar que álbuns de figurinhas são imunes de tributação (RE 179893 SP).

Jurisprudência

“Imunidade. As Entidades de Educação e Assistencia Social são imunes do pagamento do IOF, incidente sobre suas aplicações financeiras, nos termos do artigo 150, VI “c” desde que não haja questionamento acerca do preenchimento dos requisitos. Inaplicabilidade do artigo 12, § 1º da Lei n. 9.532/97. Precedentes (AI 746.089, RE 241.090, 249.980, RE 232.080, RE 198.828).”

“Imunidade. As Entidades de Educação e Assistencia Social são imunes do pagamento do IR, incidente sobre suas aplicações financeiras, nos termos do artigo 150, VI “c”, desde que não haja questionamento acerca do preenchimento dos requisitos. Precedentes (ADI 1.802 (liminar deferida), RE 595.069, RE 424.506, 460.257, AI 673.593, RE 601.555, RE 588.599, RE 543.701, RE 539.899).” “Imunidade Recíproca. Taxas. As taxas devem ter como fato gerador serviços públicos específicos e divisíveis,

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prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição. Impossibilidade de extensão da imunidade recíproca prevista no artigo 150, VI da CF/88 às taxas cobradas pela prestação de serviço público. Precedentes (RE 496.209, AI 458.856 RE 424.227, RE 407.099, RE 354.897, 356.122 E 398.630, RE 364.202).”

OBSERVAÇÃO: Exceto quando a taxa tiver caráter universal, nos termos da distinção feita pelo STF, no RE 206.777 e RE 256.588. Caráter universal é quando é prestados a todos ou posto a disposição de todos de forma potencial.

“Imunidade. Entidades de Assistência Social sem fins lucrativos. Art. 150, VI, “c”. Entidades fechadas de previdência social privada. Contribuição dos beneficiários. A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “c” da CF somente alcança as entidades fechadas de previdência social quando não houver contribuição dos seus beneficiários. Súmula 730/STF. Precedentes: RE 202.700; RE 235.003; AgRg no RE 222.631; AI 289.176; AgRg no AI 323.514; RE 246.886; RE 360.500; RE 259.756”

“RE N. 562.351-RS RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI Ementa: CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 150, VI, C, DA CARTA FEDERAL. NECESSIDADE DE REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 279 DO STF. ART. 150, VI, B, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ABRANGÊNCIA DO TERMO “TEMPLOS DE QUALQUER CULTO”. MAÇONARIA. NÃO CONFIGURAÇÃO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO EM PARTE E, NO QUE CONHECIDO, DES-PROVIDO. I - O reconhecimento da imunidade tributária prevista no art. 150, VI, c, da Constituição Federal exige o cumprimento dos requisitos estabelecidos em lei. II - Assim, para se chegar-se à conclusão se o recorrente atende aos requisitos da lei para fazer jus à imunidade prevista neste dispositivo, necessário seria o reexame do conjunto fático-probatório constante dos autos. Incide, na espécie, o teor da Súmula 279 do STF. Precedentes. III - A imunidade tributária conferida pelo art. 150, VI, b, é

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restrita aos templos de qualquer culto religioso, não se aplicando à maçonaria, em cujas lojas não se professa qualquer religião. IV - Recurso extraordinário parcialmente conhecido, e desprovido na parte conhecida.”

Outras hipóteses constitucionais de imunidades

1) art. 5, XXXIV – direito de petição e certidão;

2) art.149, §2, I – contribuições e receitas de exportação;

3) art. 153, §3, III – industrialização para o exterior;

4) art. 153, §4, II – pequenas propriedade rurais;

5) art. 155, §2, X, a – mercadorias para o exterior;

6) art. 155, §2, X, b – operações interestaduais de energia;

7) art. 155, §2, X, d – serviços de comunicação gratuita;

8) art. 153, §5 – outro como ativo financeiro ou cambial;

9) art. 155, §3 – operações com ICMS;

10) art. 156, II – transmissão de direitos reais de garantia (penhor, etc);

11) art. 156, §2, I – transmissão de bens a pessoa jurídica;

12) art. 184, §5 – desapropriação para reforma agrária;

13) art. 195, II – regime geral da providência social;

14) art. 195, §7 – entidade beneficentes de assistência social. Exercícios 1. A imunidade constitucional que veda a cobrança de impostos sobre o patrimônio, a renda e serviços dos partidos políticos subordina-se a requisitos. Assinale a resposta correta: a) Os partidos não distribuam qualquer parcela do seu patrimônio ou de suas rendas a qualquer título; b) Apliquem integralmente no País os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; c) Mantenham escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão; d) Todas as respostas acima estão corretas. Resposta D 2. Com relação ao tema das limitações ao poder de tributar, julgue os itens subseqüentes.

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I. De acordo com a atual jurisprudência do STF, a imunidade tributária recíproca abrange as hipóteses em que a pessoa jurídica de direito público interno é contribuinte de fato. II. As imunidades constitucionais são consideradas objetivas quando exigem, para sua fruição, a comprovação de que os bens, rendas ou serviços estão afetados às finalidades essenciais da entidade. III. Existem imunidades tributárias implícitas na Constituição. IV. A condição legal à fruição concreta da imunidade tributária pode ser veiculada por meio de lei ordinária federal. Estão certos apenas os itens: a) I e II. b) I e III. c) I e IV. d) II e III. Resposta D 3. Com relação ao princípio constitucional da irretroatividade tributária, assinale a opção correta. a) A administração tributária pode rever a qualquer tempo os seus atos administrativos de lançamento tributário, nos casos de fraude fiscal. b) A Lei tributária nova não poderá alcançar fatos geradores ocorridos antes de sua vigência, salvo no que disser respeito a obrigações acessórias. c) A alteração de critério jurídico que embasou resposta individual a consulta jurídico-tributária proferida pelo órgão competente da administração tributária só poderá ser aplicada em relação a fatos geradores posteriores à sua publicação em Diário Oficial. d) A administração tributária pode rever lançamento tributário com base em erro de fato, como no caso de reclassificação de mercadorias para fins de incidência do imposto de importação. Resposta A 4. (OAB SP 125) Para todos os tributos, é correto afirmar que: a) sua alíquota deve ser fixada por lei. b) não podem ser cobrados em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. c) não podem incidir sobre templos de qualquer culto. d) não podem ser cobrados no mesmo exercício em que tenha sido publicada a lei que os tenha instituído ou aumentado. Resposta B 5. (OAB 2 fase – 2004) De acordo com a recente alteração trazida pela EC 42/2003, é vedada a cobrança de tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os

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instituiu ou aumentou, observado ainda o prazo mínimo de 90 dias para que se dê a publicação. A exigência do lapso temporal da noventena, entretanto, não se aplica ao: a) imposto sobre circulação de mercadorias de comunicação e de serviços de transporte interestadual e intermunicipal. b) imposto sobre a transmissão causa mortis ou por doação de bens e direitos a eles relativos. c) imposto de renda. d) imposto sobre a transmissão onerosa de bens imóveis. Resposta C 6. (OAB SP 126) É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: a) instituir impostos sobre a renda das entidades sindicais de trabalhadores e empresariais que atendam aos requisitos da lei complementar. b) instituir impostos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, ressalvada a incidência dos impostos aduaneiros, do IPI, do IOF, e PIS/COFINS-importação. c) cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. d) instituir tributos sobre templos de qualquer culto. Resposta C 7. (OAB/CESPE 2006.1) Acerca das limitações ao poder de tributar, assinale a opção incorreta. a) as matérias atinentes às obrigações tributárias acessórias, como a emissão de notas fiscais, não estão sujeitas à reserva legal, podendo ser tratadas por atos infra legais. b) o imposto sobre produtos industrializados somente poderá ser cobrado após o transcurso de 90 dias da data da publicação da lei que houver majorado sua alíquota. c) em decorrência do princípio da capacidade contributiva, a lei não poderá estabelecer alíquotas progressivas para o imposto sobre transmissão inter vivos de bens imóveis (ITBI) com base no calor venal do imóvel. d) empresas públicas prestadoras de serviços públicos de prestação obrigatória pelo Estado não gozam de imunidade tributária recíproca, devendo pagar impostos sobre seus patrimônios, rendas e serviços, mesmo que estes estejam vinculados às suas finalidade essenciais. Resposta D 8. (OAB SP 112) O princípio da imunidade recíproca a) existe para preservar o princípio federativo, prevenindo atritos entre as entidades políticas, decorrentes de relações jurídicas de natureza tributária. b) aplica-se apenas a impostos, dispensando a entidade imune das obrigações acessórias. c) aplica-se aos tributos das entidades políticas componentes da federação brasileira, bem como em relação à renda, ao patrimônio ou serviços das autarquias e das fundações mantidas pelo Poder

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Público. d) impede a tributação, através de impostos, de rendas, patrimônios ou serviços das entidades políticas, bem como de suas autarquias e fundações, sendo que, em relação a estas últimas, desde que direta e exclusivamente vinculados às suas finalidades essenciais. Resposta A 9. (OAB SP 113) A União Federal poderá efetuar a cobrança, sem necessidade de observar o princípio da anterioridade, dos impostos sobre a) importação de produtos estrangeiros (II) e propriedade territorial rural (ITR). b) Produtos industrializados (IPI) e renda e proventos de qualquer natureza (IR). c) importação de produtos estrangeiros (II) e produtos industrializados (IPI). d) renda e proventos de qualquer natureza (IR) e propriedade territorial rural (ITR). Resposta C 10. (OAB 113) É matéria excluída do princípio da reserva legal: a) a definição do fato gerador do tributo. b) a fixação da alíquota e da base de cálculo do tributo. c) a concessão de isenções e anistias. d) a definição da data de pagamento do tributo. Reposta D 11. (OAB 114) A União Federal institui Imposto de importação com alíquotas menores para as mercadorias importadas por uns Estados, em relação a outros, sob a alegação de que aqueles Estados são mais pobres e os demais, ricos. Essa diferenciação é a) legítima, pois a União Federal tem o poder para instituir tributos diferenciados em relação ao Estado. b) legítima, pois compete à União Federal a política de desenvolvimento dos Estados mais pobres. c) ilegítima, pois a União Federal não pode instituir tributos que não sejam uniformes em todo o território nacional. d) ilegítima, pois a diferença de riqueza não está prevista como suporte para essa diferença de tributos em relação aos Estados. Resposta B 12. (OAB 115) O princípio da anterioridade, segundo o qual é vedado o aumento da carga tributária no mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada a lei majorativa, aplica-se a) a todos os tributos, inclusive contribuições sociais. b) às taxas e impostos, ressalvadas apenas as exceções constitucionalmente previstas. c) apenas às taxas.

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d) apenas aos impostos. Reposta B 13. (OAB CESPE 2007.I) Um navio cargueiro, em trânsito para a Argentina, atracou em porto brasileiro com três lotes de automóveis com as características a segui: lote 1 – automóveis fabricados nos EUA para serem vendidos no Brasil. Lote 2 – automóveis fabricados no Brasil, reimportados para a realização de reparos em razão de defeitos técnicos. Lote 3 – automóveis em trânsito, para serem vendidos na Argentina. Com relação ao II, assinale a opção correta, tendo como referência inicial a situação hipotética acima apresentada. a) incide o imposto apenas nos lotes 1 e 2. b) incide o imposto apenas no lote 3. c) o imposto tem caráter marcadamente fiscal. d) a alteração das alíquotas do II não se sujeitam aos princípios constitucionais tributários da legalidade e da anterioridade. Resposta D 14. (OAB/SP 122) Imunidade: a) abrange o patrimônio, renda ou serviços das Organizações das Sociedades Civis de Interesse Público (OSCIP); b) abrange s empresas públicas exploradoras de atividades econômica nos termos do §1.o do Art. 173 da Magna Carta; c) pode ser alterada por lei complementar; d) impede a incidência de impostos sobre o patrimônio, a renda ou serviços das instituições de assistência social, atendidos os requisitos da lei. Resposta D 15. (OAB RJ – dez/2003) Não estão abrangidos pela imunidade recíproca: a) o patrimônio, a renda e os serviços das empresas públicas; b) o patrimônio e a renda das fundações instituídas e mantidas pelo poder público, vinculados às suas atividades essenciais; c) os templos de qualquer culto; d) os livros, jornais e periódicos. Resposta A Bibliografia

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4. Fontes do Direito Tributário: espécies legislativas

O processo legislativo é previsto na Constituição Federal Brasileira em seu Art. 59, vejamos:

Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legislativos; VII – resoluções. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.

Emenda à Constituição

A Constituição não pode ser alterada, mesmo que por Emenda, quanto a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes; os direitos e garantias individuais (parágrafo 4 do art. 60, CF). Instrumento de reforma da Constituição Caso COSIP Caso Contribuições Sociais Lei Complementar Normas de abrangência nacional que necessitam de quorum privilegiado para aprovação no Congresso Nacional. Importância fundamental no Direito tributário posto que tem por função a unidade da nação em tema fiscal. Há ainda a possibilidade instituição de tributo por meio de Lei Complementar como é hipóteses das contribuições especiais e do imposto de competência residual. Caso do art.146 da CF. O CTN foi recepcionado pela Constituição como Lei Complementar.

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Ponto Relevante

Súmula Vinculante nº 08, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que os prazos de decadência e prescrição das contribuições previdenciárias (do tipo INSS, SESI, SAT, etc.) são de 5 anos e não de 10 como preconizado na lei ordinária 8.212/1991. A matérial deve ser disciplinado por Lei Complementar, no caso vale o CTN.

Lei Ordinária Aprovação mais simples no Congresso Nacional. Instrumento da manifestação da competência tributária.

CTN - Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades.

Lei Delegada Elaboradas pelo Presidente da República por delegação do Congresso Nacional que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício Pouca utilização prática e há autores que sustenta a impossibilidade em matéria tributária (ADIN 3462) - matéria reservada à lei.

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Medida Provisória Espécie preferida dos chefes do Poder Executivo. “As Medidas Provisória configuram espécies normativas de natureza infraconstitucional, dotadas de força e eficácia legais. Não se confundem, porém, com a lei, embora transitoriamente se achem investias de igual autoridade. A cláusula ‘com força de lei’ empresta às medidas provisórias o sentido de equivalência constitucional com as leis.” (ADI 221-MC, voto do Min. Celso de Mello, DJ 22/10/93) “O que justifica a edição dessa espécie normativa, com força de lei, em nosso direito constitucional, é a existência de um estado de necessidade, que impõe ao Poder Público a adoção imediata de providências, de caráter legislativo, inalcançáveis segundo as regras ordinárias de legiferação, em face do próprio periculum in mora que fatalmente decorreria do atraso na concretização da prestação legislativa. (...) É inquestionável que as medidas provisórias traduzem, no plano da organização do Estado e na esfera das relações institucionais entre os Poderes Executivo e Legislativo, um instrumento de uso excepcional. A emanação desses atos, pelo Presidente da República, configura momentânea derrogação ao princípio constitucional da separação dos poderes.” (ADI 221-MC, voto do Min. Celso de Mello, DJ 22/10/93)

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº. 32, de 2001) Hipótese de restrição uso de MP em matéria tributária § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I (IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO), II (IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO), IV (IPI), V (IOF), e 154, II (IMPOSTOS EXTRAORDINÁRIOS), só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.(Incluído pela Emenda Constitucional nº. 32, de 2001)

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Ponto Relevante Matéria sujeita à espécie legislativa LC não admitem serem legisladas por MP. É possível a edição de medidas provisórias em matéria tributária, desde que para temas de lei ordinária, mas se a MP criar ou aumentar imposto, só podendo ser exigido no exercício (ano) seguinte ao da conversão da MP em lei. Se a MP tratar de outra espécie tributária (Ex.: taxa,), a anterioridade conta da edição da medida provisória. Decreto Legislativo Tem importância para o Direito Financeiro e, portanto, para o Tributário na medida em que resolve de forma definitiva acerca de tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio (art. 59, IV, c/c art. 49, I, da CF). Resolução Grande importância para o Direito Financeiro e Tributário.

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: ... X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; ... XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº. 42, de 19.12.2003)

Tratados e Convenções Internacionais Para ser observado necessita que o Brasil seja signatário e que seja aprovado pelo Congresso Nacional através de Decreto Legislativo. Têm status de Emenda Constitucional quando tratar sobre direitos humanos do contribuinte.

“Art. 5o, da Constituição § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos

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humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.” (Incluído pela Emenda Constitucional nº. 45, de 2004) CTN “Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.”

Ponto Relevante Isenção heterônoma O art. 151, III, da CF/88 afirma ser regra geral a regra de que é competente para isentar a mesma pessoa que é competente para instituir o tributo (isenção autonômica). Ao lado desta regra geral, existem, em nosso ordenamento, dois casos (e somente eles) nos quais isenções podem ser concedidas por pessoa política de direito público interno diversa da competente para instituir o tributo. Essa modalidade de isenção é, por isso, denominada de isenção heterônoma. A União pode (a rigor deve, pois o comando constitucional nos dois casos é incisivo: “cabe à lei complementar”) isentar do ICMS e do ISS a exportação de produtos e serviços para o exterior. Cabe observar que, após a EC nº 42/03, a hipótese de isenção heterônoma prevista no art. 155, § 2º, XII, “e”, concernente ao ICMS, restou inteiramente esvaziada de conteúdo. Isso porque, antes da EC nº 42/03, havia imunidade do ICMS apenas na exportação de produtos industrializados (CF, art. 155, § 2º, X, “a”). Os demais produtos e serviços poderiam ser abrangidos por isenção (heterônoma) prevista em lei complementar nacional, conforme previsto no art. 155, § 2º, XII, “e”, CF/88. Ocorre que a EC nº 42/03 alterou o art. 155, §2º, X, “a”, de modo que a imunidade do ICMS da exportação passou a abranger todas as mercadorias (e não apenas produtos industrializados) destinadas ao exterior e todos os serviços prestados a destinatário no exterior. A EC nº 42/03, por um lapso, não revogou o art. 155, § 2º, XII, “e”, mas como esse dispositivo dá à lei complementar a atribuição de “excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no art. 155, § 2º, X, “a”, e como após a EC nº 42/03, o art. 155, §2º, X, “a” confere imunidade de ICMS à exportação de todas as mercadorias e serviços, a lei complementar simplesmente não terá nenhum “outro produto ou serviço” para isentar, ou seja, o art. 155, §2º, XII, “e”, encontra-se, atualmente, sem objeto. Pelo mesmo motivo, restou sem objeto o art. 3º, II da Lei Complementar nº 87/96, o qual havia implementado a isenção heterônoma

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prevista no art. 155, §2º, XII, “e”. Por último cabe registrar que a isenção heterônoma do ISS na exportação de serviços, prevista no art. 156, §3º, II da CF/88 foi, enfim, implementada pela Lei Complementar nº 116/03, que a prevê em seu art. 2º, I. É estranho o posicionamento da ESAF sobre o tema, como pode ser visto na questão da prova de Direito Tributário do concurso para Auditor Fiscal da Receita Federal, cujo gabarito (letra B) considerou proibida a concessão de isenção heterônoma.Trata-se, data venia, de isenção heterônoma. Há na Constituição outra hipótese de isenção heterônoma envolvendo o ICMS, conforme previsto no art 155, parágrafo 2º, XII, “e”. Entretanto esse assunto ganhou nova repercussão com a edição da EC nº 42/03 que alterou o art. 155, parágrafo 2º, X, “a”, de modo que a imunidade do ICMS da exportação passou a abranger todas as mercadorias (e não apenas produtos industrializados) destinadas ao exterior e todos os serviços prestados a destinatário no exterior. Na questão a abaixo o gabarito indica como alternativa correta a letra B, nada obstante, a questão na segunda alternativa não é verdadeira. Não vejo proibição na Constituição para as isenções heterônomas, nada obstante a EC 42/03 tenha esvaziado o instituto. (ESAF/AFRF-TA/2005) Considerando o tema isenção tributária, julgue os itens a seguir e marque V para as assertivas verdadeiras e F para as falsas. ( ) Se concedida com prazo determinado e sob condições não pode ser revogada. ( ) Com o advento da Constituição de 1988, a concessão de isenção heterotópica passou a ser proibida (art. 151, III, CF/88) ( ) Por ser a isenção nada mais que o reverso da tributação, a lei isentiva só entra em vigor no exercício financeiro seguinte ao em que instituída. ( ) Segunda a letra do CTN, a isenção constitui mera dispensa legal do pagamento do tributo. a) VFFV b) VVFV c) VFVF d) FVFV e) VFFF Convênio do CONFAZ Tem fundamento constitucional no parágrafo 6 do art.150 c/c alínea “g”, inciso XII do art.155. No plano infra-constitucional é prevista na Lei Complementar 24/75.

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Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) § 6º. Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no artigo 155, § 2º, XII, g. (Redação dada ao parágrafo pela Emenda Constitucional nº. 03/93) Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (...) XII - cabe à lei complementar: (...) g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.

Decreto regulamentar São normas complementares editadas pelo Poder Executivo, tendo por objetivo permitir a aplicação da Lei, regulando a forma e o modo como será exercido os direitos e deveres definidos na Lei, sendo vedado a alteração, ampliação ou supressão de direitos e deveres. Exercícios 1. (OAB SP 116) A partir da promulgação da EC 32/01, as medidas provisórias a) não podem instituir ou majorar tributos, em nenhuma hipótese. b) podem instituir impostos ou aumentar alíquotas previstas em lei, desde que a respectiva cobrança só tenha lugar no exercício seguinte ao da conversão em lei. c) podem instituir ou majorar impostos, desde que a respectiva cobrança tenha lugar apenas no exercício seguinte ao da sua edição e que seja convertida em lei no prazo máximo de 60 dias. d) podem aumentar a alíquota de quaisquer impostos ou contribuições, para serem cobrados imediatamente, excluindo-se apenas os impostos de competência dos Estados. Resposta B

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02. (OAB SP 115) A LC é exigida para a) majoração de tributo. b) criação de contribuição de intervenção no domínio econômico. c) revogação de isenção. d) instituição de empréstimos compulsórios. Resposta D 03. (OAB SP 118) Com relação aos impostos discriminados na CF, precisam ser necessariamente disciplinados por LC a) o fato gerador, a base de cálculo e o prazo de recolhimento do tributo. b) o fato gerador, a definição de contribuinte e o prazo de recolhimento do tributo. c) a definição de contribuinte, o fato gerador e base de cálculo do tributo. d) o aumento de alíquota, o prazo de recolhimento e a base de cálculo do tributo. Resposta C 04. (OAB AL/BA/CE/PE/PB/PI/SE/RN – 2 – 2004) Havendo necessidade de alteração de disposições previstas no Código Tributário Nacional, é correto afirmar que deverão ser veiculadas por meio de: a) lei ordinária. b) lei complementar. c) Emenda constitucional. d) Decreto legislativo. Resposta B 05. (OAB SP 111) Está sujeita à disciplina específica por meio de lei complementar a a) concessão de isenção de pagamento dos impostos de competência da União Federal. b) instituição, pela União Federal, de impostos não discriminados na Constituição Federal. c) majoração de alíquota das contribuições para o financiamento da seguridade social previstas no art. 195 da CF. d) instituição de taxas baseadas no poder de polícia. Resposta B Bibliografia AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 9a ed. São Paulo: Saraiva, 2003. CASSONE, Vittorio. Direito tributário. 21a ed. São Paulo: Atlas, 2010.

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5. Competência tributária É a aptidão para criar, in abstracto, tributos. (...) o poder de tributar (competência tributária) consiste na faculdade de exigir tributos (ou estabelecer isenções), ou seja, no poder de sancionar “normas jurídicas das quais deriva ou pode derivar, a cargo de determinados indivíduos ou categorias de indivíduos, a obrigação de pagar um imposto ou de registrar um limite tributário. É, em suma, o poder de gravar” (Giuliani Fonrouge). Partilha de competência e partilha de arrecadação. Princípios jurídicos que regem a Competência Tributária Privatividade

A competência tributaria é atribuída a cada ente público de maneira privatística, ou seja, só determinada pessoa política que pode manifestá-la, ficando vedada a outra pessoa a instituição de tributo de competência alheia.

Indelegabilidade

É indelegável, ou seja, a pessoa política detentora de competência tributária não pode repassar tal atribuição a outra.

Incaducabilidade

Perdura no tempo mesmo que não seja exercitada. Não caduca.

Inalterabilidade

Não pode ser alterada ou redimencionada pela pessoa política que a detém.

Irrenunciabilidade

Não pode ser renunciada, podendo a pessoa política optar por não exercê-la.

Facultatividade

Cabe a pessoa política competente a faculdade de escolher o momento para exercer a competência criando na lei o tributo.

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Exercício da Competência Tributária A competência constitucional tributária consiste na atribuição ou faculdade dada a determinado ente estatal (ente tributante) de legislar no sentido de instituir o tributo. É uma capacidade legislativa. Por decorrência do princípio da legalidade (art. 150, I, CF) a competência tributária é exercida por meio de lei e, uma vez manifestada, o ente tributante passa a exercer a capacidade tributaria ativa (de arrecadar). O exercício da competência tributária sofre a ação de outras regras, também de competência, que restringem e delimitam a criação do tributo e a arrecadação, denominada limitações ao poder de tributar (Princípios constitucional tributários e imunidades tributárias). Classificação Competência privativa - é entendida a atribuição dada a cada uma das pessoa políticas de instituir o tributo, atribuição esta dada pela constituição de forma imutável, só exercitável por determinada pessoa política.

União – art. 149, art.153, I a VII e art. 195, CF; Estados – art. 155, I a III, CF;

Municípios – art.156, I a III, art. 149-A CF; Distrito Federal – arts. 147, 149-A e 155, CF.

Competência residual - aquela exercida pela União atinente aos outros impostos que podem ser instituído sobre determinadas situações.

Impostos residuais - art. 154, I, CF; Contribuições residuais – art. 195, §4, CF.

Competência comum – competência tributária que pode ser exercida por todos os entes políticos.

Taxas; Contribuição de melhoria; e,

Contribuições previdenciárias (§ único do art. 149, CF).

Competência extraordinaria – competência exercitada diante de situações excepcionais definidas na Constituição.

art. 148, CF - empréstimos compulsórios

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art.154, II - impostos extraordinários

Espécie Tributária Dispositivo Constitucional Competência impostos Arts. 145, 147, 153, 154, 155 e

156. Privativa: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Cumulativa: União em relação aos Territórios e o Distrito Federal em relação aos tributos municipais. Extraordinária: União na hipótese de guerra ou na iminência. Residual: União.

Taxa Art. 145 Comum: União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Contribuição de melhoria Art. 145 Comum: União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Empréstimo compulsório Art. 148 Privativa: União. Contribuição social Art. 149 e Art. 195 Privativa: União.

Residual: União. Contribuições Especiais Art. 149 Privativa: União. COSIP – Contribuição de Iluminação Pública

Art. 149-A Privativa: Municípios. Cumulativa: União em relação só territórios e o Distrito Federal.

Competência tributária e tributos vinculados A Constituição em matéria de competência tributária em relação as espécies taxa e contribuição de melhoria adotou dois critério para designar a competência, quais sejam, o critério material (fato gerador) e o critério territorial. Busca-se evitar usurpação de competência pelas pessoas políticas no ato de instituir o tributo. Para determinada pessoa política instituir uma taxa ou contribuição de melhoria é necessário: a) possuir competência administrativa para a realização da atuação estatal; b) ter regulado, por meio de uma lei, a atuação estatal objeto do tributo; c) ter realmente atuado ou, no caso das taxas de serviço e de poder de polícia, estiver em condições

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materiais de fazê-lo, assim que recolhido o gravame. Inserir jurisprudência relativa a TAXA do MP do RN. Para ser legítima a cobrança de um tributo vinculado tem que o ente público demonstrar ter a competência administrativa para realizar a atuação pública ensejadora do tributo; portanto, há duas relações jurídicas, uma de direito administrativo, que obriga a pessoa política a atuação estatal e outra jurídica tributária ligada a hipótese de incidência. Exercícios 01. (OAB SP 125) As taxas: a) são tributos compreendidos na competência residual. b) não poderão ter base de cálculo própria de impostos. c) são cobrados em decorrência da valorização do imóvel em razão de obras públicas. d) são tributos cobrados dos presidiários, em razão da atuação da polícia. Resposta B 02. (OAB/CESPE 2006.III) Segundo a Constituição Federal, o DF não tem competência para a) tributar o transporte intermunicipal de pessoas. b) tributar os serviços de qualquer natureza. c) criar contribuições previdenciárias a serem cobradas dos empregados do setor privado. d) criar contribuições destinada à iluminação pública. Resposta C 03. (OAB SP 113) Por competência tributária residual entende-se a) a faculdade de os Estados, o DF e os Municípios também instituírem taxas e contribuições de melhoria. b) a faculdade da União de instituir, mediante LC, empréstimos compulsórios e, mediante lei ordinária, impostos extraordinários. c) a faculdade de os Estados, o DF e os Municípios também instituírem taxas e contribuições sociais, cobradas de seus servidores para o custeio, em benefício destes, de sistema de previdência e de assistência social. d) a faculdade da União de instituir, mediante LC, impostos não expressamente previstos em sua competência tributária, desde que não-cumulativos e que tenham base de cálculo e fatos geradores diversos daqueles já descriminados pela Constituição Federal. Resposta D 04. (OAB/CESPE 2006.III) Além dos impostos, a CF permite à União cobrar as chamadas contribuições sociais. Entretanto, não é permitido à União cobrar contribuição a) sobre o lucro das empresas. b) destinada à iluminação pública. c) sobre o faturamento das empresas. d) sobre a receita de concursos de prognósticos.

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Resposta B 05. (OAB/CESPE 2007.I) A União instituiu certo tributo federal e atribuiu a uma autarquia a função de arrecadar e fiscalizar o mencionado tributo. Tendo como referência inicial a situação acima apresentada, assinale a opção correta acerca da competência tributária. a) em havendo discussão judicial acerca do tributo instituído, a autarquia não será beneficiada pelas garantias e privilégios processuais atribuídos à União. b) a atribuição das funções de arrecadar e fiscalizar o tributo instituído pela União poderia ter sido conferida a pessoa jurídica de direito privado. c) é lícito que a União revogue, a qualquer tempo e por ato unilateral, as atribuições conferidas à autarquia. d) a situação apresentada constitui hipótese de delegação da competência tributária da União. Resposta B e C. Bibliografia AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 9a ed. São Paulo: Saraiva, 2003. CASSONE, Vittorio. Direito tributário. 21a ed. São Paulo: Atlas, 2010. TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 12a ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.

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6. Relação jurídica tributária Relação é o liame, o vinculo que se estabelece entre duas ou mais pessoas. Para fins didáticos podemos classificar as relação em não jurídicas e jurídicas. As relações não jurídicas são todas aquelas em que o vinculo que se estabelece entre as pessoa não é disciplinado por norma jurídica, como podem ser exemplo a relação de amizade, a relação moral, a relação religiosa, etc. Já as relações jurídicas caracterizam-se em face do vinculo que se estabelece entre as partes relacionadas, ser previsto em norma jurídica, como por exemplo o contrato de compra e venda disciplinado pelo Código Civil, a prestação de serviços destinada ao consumidor final que é disciplinada pelo Código de Defesa do Consumidor, as contratações com o poder público que são disciplinadas pela Lei de Licitações, etc.

Já a relação jurídico-tributária é o liame que se estabelece entre o Estado fiscal e o contribuinte de conteúdo tributário. Essa relação pode estabelecer uma série de vínculos que podem se consubstanciar em obrigações de dar (pagar determinada quantia em dinheiro = tributo), ou em obrigações de fazer ou não-fazer (tais como de emitir nota fiscal, de não embaraçar a fiscalização, de escriturar livros fiscais, etc.). A relação jurídico-tributária é tratada no CTN no âmbito da obrigação tributária prevista no seu Art. 113. Antes porém, cumpre registrar os elementos que compõem a relação jurídico-tributária que se traduz na própria obrigação (dar, fazer ou não fazer) devida ao Poder Público (sujeito ativo) pelo particular (sujeito passivo).

Obrigação tributária que é a relação jurídica, designada pelo vínculo que adstringe o devedor a uma prestação em proveito do credor, que, por sua vez, tem o direito de exigir essa prestação que pode assumir a forma de um dar, fazer ou não fazer de conteúdo tributário, divide-se em obrigação tributária principal ou acessória. Concepção de Paulo de Barros Carvalho: obrigação tributária principal e deveres instrumentais.

Obrigação Tributária

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.

§ 2º A obrigação acessória decorrente da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.

Nada obstante, para que surja a obrigação tributária, antes é necessário verificar a ocorrência do fato gerador, é dizer, a ocorrência de determinada situação prevista em lei que faz surgir a obrigação tributária, cuja previsão no CTN está no Art. 114.

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CAPÍTULO II

Fato Gerador

Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.

Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.

A doutrina costuma criticar a expressão fato gerador adotada pelo CTN e também pela Constituição que trata de maneira indistinta a circunstância abstrata definida pelo legislador e o fato concreto. A doutrina denomina de hipótese de incidência ou hipótese tributária a circunstância abstrata prevista em lei tributária e denomina de fato imponível ou fato jurídico tributário o fato concreto, a realização no mundo fenomênico.

O fato, portanto, é base para a tributação, portanto, a tributação não carece de um ato ou negocio jurídico, o que quer dizer que o elemento volitivo no direito tributário não tem importância, a obrigação é ex lege.

Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos:

I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios;

II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.

Isso é o que está previsto no supra citado Art. 116, inciso II do CTN. O que o CTN quer dizer é que verificada a situação jurídica, ou seja, aperfeiçoado negocio jurídico tens o nascimento da obrigação, conforme se vê no cotidiano com relação ao imposto de transmissão de bens imóveis. Duas pessoa pode realizar negocio jurídico de compra e venda de imóvel, nada obstante, o comprador só se torna proprietário do imóvel com a transcrição do registro imobiliário competente e é nesse momento que surge o tributo, muito embora já se tenha tido antes o negocio jurídico que ensejou a transmissão da propriedade que só foi levada a registro posteriormente. Quando aperfeiçoado o negócio jurídico é que surge o ITIV.

Exercícios 01. (OAB SP 133) Quanto ao fato imponível (ou fato gerador) da obrigação tributária é um negócio jurídico sob a condição suspensiva, considera-se nascida a obrigação: a) desde o momento em que se verifica a condição.

b) desde o momento da celebração do negócio, salvo disposição de lei em contrário. c) desde o momento da celebração do negócio, salvo disposição expressa avençada entre as partes negociantes.

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d) desde o momento em que o fisco tiver conhecimento da celebração do negócio.

Resposta A

02. (OAB/SP 123) A obrigação tributária principal:

a) é o vinculo jurídico que nasce com a ocorrência do fato gerador e somente tem por objeto o pagamento, pelo contribuinte, de uma prestação, o tributo, ao Estado.

b) compreende, além do tributo, a penalidade pecuniária. c) é um vinculo jurídico que nasce com o lançamento válido.

d) pode ser afetada por circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade.

Resposta C

03. (OAB CESPE 2007.II) A Nuporanga Industria e Comércio de Alimentos Ltda. atua no ramo de venda de produtos alimentícios e, pela natureza de sua atividade, deve cumprir várias obrigações tributárias, tais como prestar declarações ao fisco, emitir nota fiscal, recolher o imposto sobre circulação de mercadorias (ICMS) e, eventualmente, pagar penalidades pecuniárias.

Considerando a situação hipotética acima e as normas atinentes à obrigação tributária, assinale a opção correta.

a) a obrigação de empresas, com a Nuporanga, de pagar eventuais penalidades pecuniárias constitui obrigação tributária principal.

b) a obrigação tributária acessória é dependente da obrigação tributária principal. c) Segundo o CTN, as obrigações tributárias, principal e acessória, decorrem da lei em sentido estrito. d) a obrigação da Nuporanga de recolher o ICMS constitui obrigação tributária acessória.

Resposta A Bibliografia CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário, 19. ed., São Paulo, Saraiva, 2007.

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7. Hipótese de Incidência Tributária O Fato gerador, ou fato gerador abstrato é justamente a hipótese de incidência tributária, na linguagem legal significa,

CAPÍTULO II

Fato Gerador

Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.

Paulo de Barros Carvalho desenvolveu estudo que tem como importância ser um método de identificação do fenômeno jurídico-tributário, é dizer, delimitar âmbito de incidência do fato gerador abstrato, descrevendo pormenorizadamente a exigência prevista na lei tributária. Assim o autor denomina de Regra Matriz de Incidência Tributária a descrição hipotética de determinada situação prevista na lei tributária que é formada de uma estrutura lógica de uma juízo hipotético, o antecedente da norma ou hipótese, que é ligada a uma consequência jurídica. O fato gerador abstrato com isso é dotado de elementos (critérios) situados no antecedente, a saber: critério material, critério temporal e critério espacial; e, elementos (critérios) no consequente, a saber: critério pessoal e quantitativo. Com isso Paulo de Barros Carvalho pretende dar a dimensão exata ao princípio da legalidade inserido no Art. 97 do CTN,

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:

I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;

II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;

III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo;

IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;

V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;

VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades.

O antecedente do fato gerador abstrato (situação prevista na Lei tributária) existe a descrição do fato abstrato, é o chamado critério material identificável como sendo a conduta praticada. O critério material é composto por um verbo acompanhado de um complemento, passível de identificação no tempo, critério temporal, quando o fato deve ocorrer, e, o local onde o fato deve acontecer, critério espacial. No consequente do fato gerador abstrato identifica-se o critério pessoal, quem praticou o fato jurídico tributário (sujeito passivo) e quem é credor da obrigação originada com a prática do fato jurídico tributário (sujeito ativo), bem como identifica-se o critério quantitativo composto pela base de cálculo que consiste em uma dimensão que exprime economicamente o fato jurídico praticado e a alíquota aplicável sobre a base de cálculo.

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Critério material: é a descrição, na lei, do fato ou conjunto de fatos que dão surgimento ao fato jurídico tributário. Sáinz de Bujanda (p.845) identifica cinco casos capazes de revestir o critério temporal: a) um acontecimento material ou fenômeno de consistência econômica, descrito pelas normas tributárias e transformados, consequentemente, em figuras jurídicas dotadas de tratamento determinado pelo ordenamento positivo; b) um ato ou negocio jurídico, tipificado pelo Direito privado ou por outro setor do ordenamento positivado e transformado em fato imponível por força da lei tributária; c) o estado, situação ou qualidade da pessoa; d) a atividade de uma pessoa compreendida dentro do marco de uma atividade especificamente jurídica; e, e) a mera titularidade de certo tipo de direitos sobre bens ou coisas, sem que a ela se adicione ato jurídico algum do titular.

Critério temporal: determina a partir de qual momento a obrigação se considera constituída. Há os fatos geradores instantâneos e se produz em uma espaço de tempo breve, ao contrário dos fatos geradores pendentes que dependem do tempo, do decurso do tempo e a comparação de situações para ocorrer o surgimento da obrigação tributária.

Critério espacial: traduz os limites territoriais de exercício da competência tributária de cada ente federativo. O CTN expressamente trata do critério especial na hipótese do imposto de renda que permite a União de exigir o cumprimento da obrigação tributária inclusive em relação a fato ocorridos no exterior do Brasil (Art. 43, §2o).

Critério quantitativo: formado por dois elementos numéricos: a base de cálculo e a alíquota. A base de cálculo é desdobramento do critério material, é dizer, dimensiona economicamente a conduta prevista na lei tributária, muito embora seja possível a utilização de base de cálculo presumida (nada obstante, deve ser uma base de cálculo aproximada). Tem por função confirmar e afirmar o critério material, posto está vinculada com o arquétipo constitucional da espécie tributária. A base de cálculo dos tributos vinculados deve refletir o critério material, no caso da contribuição de melhoria deve ter como limite total o valor da obra pública e como limite individual a valorização imobiliária, já as taxas deve medir o serviço prestado ou a atividade estatal.

Constituição Federal

TÍTULO VI Da Tributação e do Orçamento

CAPÍTULO I DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

Seção I DOS PRINCÍPIOS GERAIS

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:

I - impostos;

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;

III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

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§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

§ 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

Código Tributário Nacional

TÍTULO IV

Taxas

Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas. (Vide Ato Complementar nº 34, de 30.1.1967)

Decreto nº 4.176, de 28 de Março de 2002

Estabelece normas e diretrizes para a elaboração, a redação, a alteração, a consolidação e o encaminhamento ao Presidente da República de projetos de atos normativos de competência dos órgãos do Poder Executivo Federal, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea a, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei Complementar no 95, de 26 de fevereiro de 1998, DECRETA:

Objeto e Âmbito de Aplicação

Art. 1o Este Decreto estabelece normas e diretrizes para a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação de atos normativos a serem encaminhados ao Presidente da República pelos Ministérios e órgãos da estrutura da Presidência da República.

Parágrafo único. Consideram-se atos normativos para efeitos deste Decreto as leis, as medidas provisórias e os decretos.

Art. 14. No projeto de lei ou de medida provisória que institua ou majore taxa, o valor do tributo deverá ser proporcional ao custo do serviço público prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

SÚMULA VINCULANTE STF Nº 29 É CONSTITUCIONAL A ADOÇÃO, NO CÁLCULO DO VALOR DE TAXA, DE UM OU MAIS ELEMENTOS DA BASE DE CÁLCULO PRÓPRIA DE DETERMINADO IMPOSTO, DESDE QUE NÃO HAJA INTEGRAL IDENTIDADE ENTRE UMA BASE E OUTRA.

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Já a alíquota é um percentual que incide sobre a base de cálculo contudo há as alíquotas fixas, quando a base de cálculo não se expressa por um valor (taxas judiciárias). As alíquotas podem ser proporcionais (mantém-se conforme se mantém a base de cálculo), progressivas (cresce a media que a base de cálculo cresce) e regressivas (diminui a alíquota a medida que a base de cálculo cresce).

Critério Pessoal – sujeito ativo: é o titula da capacidade tributária ativa, é dizer, é o ente público que tem competência constitucional tributária para instituir o tributo.

CAPÍTULO III

Sujeito Ativo

Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento.

Nada obstante, a regra do Art.119, há a possibilidade do deslocamento e o sujeito ativo ser diferente da pessoa jurídica de direito público titular da competência, é dizer, de pessoas que não se revestem de natureza pública o que se convencionou chamar na doutrina de parafiscalidade e tem como exemplos os sindicatos (contribuição sindical), Sistema “S”, CREA.

Art. 217. As disposições desta Lei, notadamente as dos arts 17, 74, § 2º e 77, parágrafo único, bem como a do art. 54 da Lei 5.025, de 10 de junho de 1966, não excluem a incidência e a exigibilidade: (Incluído pelo Decreto-lei nº 27, de 14.11.1966)

I - da "contribuição sindical", denominação que passa a ter o imposto sindical de que tratam os arts 578 e seguintes, da Consolidação das Leis do Trabalho, sem prejuízo do disposto no art. 16 da Lei 4.589, de 11 de dezembro de 1964; (Incluído pelo Decreto-lei nº 27, de 14.11.1966)

II - das denominadas "quotas de previdência" a que aludem os arts 71 e 74 da Lei 3.807, de 26 de agosto de 1960 com as alterações determinadas pelo art. 34 da Lei 4.863, de 29 de novembro de 1965, que integram a contribuição da União para a previdência social, de que trata o art. 157, item XVI, da Constituição Federal; (Incluído pelo Decreto-lei nº 27, de 14.11.1966) (Vide Ato Complementar nº 27, de 08.12.1966)

III - da contribuição destinada a constituir o "Fundo de Assistência" e "Previdência do Trabalhador Rural", de que trata o art. 158 da Lei 4.214, de 2 de março de 1963; (Incluído pelo Decreto-lei nº 27, de 14.11.1966)

IV - da contribuição destinada ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, criada pelo art. 2º da Lei 5.107, de 13 de setembro de 1966; (Incluído pelo Decreto-lei nº 27, de 14.11.1966)

V - das contribuições enumeradas no § 2º do art. 34 da Lei 4.863, de 29 de novembro de 1965, com as alterações decorrentes do disposto nos arts 22 e 23 da Lei 5.107, de 13 de setembro de 1966, e outras de fins sociais criadas por lei. (Incluído pelo Decreto-lei nº 27, de 14.11.1966)

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Critério pessoal – sujeito passivo: é aquele que se encontra na relação jurídico tributária na qualidade de devedor de uma determina obrigação tributária. Segundo o CTN o sujeito passivo pode ser o contribuinte, aquele que pratica o ato gerador, ou o responsável, aquele se reveste da condição de contribuinte. Na lição de Ricardo Lobo Torres (2002, p. 228) o contribuinte tem o débito que é o dever de prestação e a responsabilidade, isto é, a sujeição do seu patrimônio ao credor, enquanto o responsável tem a responsabilidade sem ter o débito, pois ele paga o tributo por conta do contribuinte.

CAPÍTULO IV

Sujeito Passivo

SEÇÃO I

Disposições Gerais

Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.

Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:

I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador;

II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.

Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto.

Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes.

8. Capacidade Tributária

É a capacidade de agir em matéria tributária, é dizer, a possibilidade jurídica de o sujeito perazer a condição legal de ser devedor de obrigação tributária. Não é o mesmo que capacidade de direito previsto na legislação civil.

SEÇÃO III

Capacidade Tributária

Art. 126. A capacidade tributária passiva independe:

I - da capacidade civil das pessoas naturais;

II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios;

III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica ou profissional.

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9. Domicílio tributário Local em que o sujeito passivo desenvolve sua atividade econômica suscetíveis de incidência tributária. O domicílio tributário é importante uma vez que as comunicações ou notificações dirigidas pelo Fisco deve seguir para o domicílio do contribuinte, sendo que o isco ederal e via de regra o isco em geral reputa feitas as intimações fiscais por via postal na data do recebimento da correspondência no domicílio tributário do contribuinte.

SEÇÃO IV

Domicílio Tributário

Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considera-se como tal:

I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade;

II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento;

III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no território da entidade tributante.

§ 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos deste artigo, considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação.

§ 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior.

"Na execução fiscal é válida a citação postal entregue no domicílio correto do devedor, mesmo que recebida por terceiros"(REsp 989.777/RJ, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe de 18.8.2008).

10. Solidariedade Tributária

É a ocorrência de mais de um credor, ou mais de um devedor na mesma relação obrigacional, cada qual com direitos e obrigações em relação a dívida toda. 1) as pessoas tenham interesse comum na situação que constitua o FJT da obrigação principal (co-proprietário de imóvel em relação ao IPTU); 2) a lei expressamente designe pessoas obrigadas (sócio-administrador). A solidariedade passiva não comporta benefício de ordem. Tem como efeitos: a) pagamento efetuado por um aproveita a todos; b) isenção ou remissão

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exonera todos, salvo se concedida pessoalmente a um dos devedores, remanescendo o quinhão de cada qual dos restantes não agraciados.

SEÇÃO II

Solidariedade

Art. 124. São solidariamente obrigadas:

I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal;

II - as pessoas expressamente designadas por lei.

Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem.

Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da solidariedade:

I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais;

II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo;

III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica aos demais.

11. Sujeição Passiva. Contribuinte (stricto sensu) - aquele que realiza ou tem proveito econômico com o fato jurídico tributário. Responsável - é aquele que recebe o dever de pagar o tributo. 1)transferência a) sucessão (art. 129); a.1. Imobiliária (art. 130) - responsabiliza por todas as dívidas anteriores a sucessão, independente a data de constituição do crédito, relativamente a tributos cujo FJT seja a propriedade, domínio útil ou posse de bens imóveis - deve ter a prova de quitação para se livrar- STJ (Resp 166.975) livra na hipótese de arrematação em hasta pública; a.2. Empresarial (arts. 132 e 133) - a PJ resultante da fusão, cisão, transformação ou incorporação é responsável pelo tributos até a data do ato - STJ (Resp 108.873) exclui a responsabilidade em locação - Lei de Recuperação Judicial LC 118; a.3. Pessoal (art.131) - Sucessão pessoal - até a partilha o espólio será responsável - após os novos contribuintes stricto sensu. b) terceiro (art. 134) - só ocorre nesse caso na impossibilidade de exigir o cumprimento da obrigação principal pelo devedor principal (contribuinte) e tendo o responsável se omitido qual a ato que devia praticar relacionado ao FJT da obrigação tributária. É solidariedade subsidiária. Só se aplica, em matéria de penalidade, as de caráter moratório.

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c) infração (arts. 135 a 138) - A responsabilidade é pessoal do agente. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea. Não se caracteriza na hipótese de mera inadimplência tributária. STJ tem entendido caracterizar na hipótese de dissolução irregular da sociedade. O STF reconheceu a inconstitucionalidade do Art.13 da Lei n. 8.620/93 que estipula hipótese de responsabilidade tributária para sócio cotista mediante lei ordinária:

“RE N. 562.276-PR RELATORA: MIN. ELLEN GRACIE DIREITO TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. ART 146, III, DA CF. ART. 135, III, DO CTN. SÓCIOS DE SOCIEDADE LIMITADA. ART. 13 DA LEI 8.620/93. INCONSTITUCIONALIDADES FORMAL E MATERIAL. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DA DECISÃO PELOS DEMAIS TRIBUNAIS. 1.Todas as espécies tributárias, entre as quais as contribuições de seguridade social, estão sujeitas às normas gerais de direito tributário. 2.O Código Tributário Nacional estabelece algumas regras matrizes de responsabilidade tributária, como a do art. 135, III, bem como diretrizes para que o legislador de cada ente político estabeleça outras regras específicas de responsabilidade tributária relativamente aos tributos da sua competência, conforme seu art. 128. 3.O preceito do art. 124, II, no sentido de que são solidariamente obrigadas “as pessoas expressamente designadas por lei”, não autoriza o legislador a criar novos casos de responsabilidade tributária sem a observância dos requisitos exigidos pelo art. 128 do CTN, tampouco a desconsiderar as regras matrizes de responsabilidade de terceiros estabelecidas em caráter geral pelos arts.. 134 e 135 do mesmo diploma. A previsão legal de solidariedade entre devedores – de modo que o pagamento efetuado por um aproveite aos demais, que a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, também lhes tenha efeitos comuns e que a isenção ou remissão de crédito exonere a todos os obrigados quando não seja pessoal (art. 125 do CTN) – pressupõe que a própria condição de devedor tenha sido estabelecida validamente. 4.A responsabilidade tributária pressupõe duas normas autônomas: a regra matriz de incidência tributária e a regra matriz de responsabilidade tributária, cada uma com seu pressuposto de fato e seus sujeitos próprios. A referência ao responsável enquanto terceiro (dritter Persone, terzo ou tercero) evidencia que não participa da relação contributiva, mas de uma relação específica de responsabilidade tributária, inconfundível com aquela. O “terceiro” só pode ser chamado responsabilizado na hipótese de descumprimento de deveres próprios de colaboração para com a Administração Tributária, estabelecidos, ainda que a contrario sensu, na regra matriz de responsabilidade tributária, e desde que tenha contribuído para a situação de inadimplemento pelo contribuinte. 5.O art. 135, III, do CTN responsabiliza apenas aqueles que estejam na direção, gerência ou representação da pessoa jurídica e tão-somente quando pratiquem atos com excesso de poder ou infração à lei, contrato social ou estatutos. Desse modo, apenas o sócio com poderes de gestão ou representação da sociedade é que pode ser responsabilizado, o que resguarda a pessoalidade entre o ilícito (mal gestão ou representação) e a conseqüência de ter de responder pelo tributo devido pela sociedade. 6.O art. 13 da Lei 8.620/93 não se limitou a repetir ou detalhar a regra de responsabilidade constante do art. 135 do CTN, tampouco cuidou de uma nova hipótese específica e distinta. Ao vincular à simples condição de sócio

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a obrigação de responder solidariamente pelos débitos da sociedade limitada perante a Seguridade Social, tratou a mesma situação genérica regulada pelo art. 135, III, do CTN, mas de modo diverso, incorrendo em inconstitucionalidade por violação ao art. 146, III, da CF. 7.O art. 13 da Lei 8.620/93 também se reveste de inconstitucionalidade material, porquanto não é dado ao legislador estabelecer confusão entre os patrimônios das pessoas física e jurídica, o que, além de impor desconsideração ex lege e objetiva da personalidade jurídica, descaracterizando as sociedades limitadas, implica irrazoabilidade e inibe a iniciativa privada, afrontando os arts. 5º, XIII, e 170, parágrafo único, da Constituição. 8.Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 13 da Lei 8..620/93 na parte em que determinou que os sócios das empresas por cotas de responsabilidade limitada responderiam solidariamente, com seus bens pessoais, pelos débitos junto à Seguridade Social. 9.Recurso extraordinário da União desprovido. 10.Aos recursos sobrestados, que aguardavam a análise da matéria por este STF, aplica-se o art. 543-B, § 3º, do CPC.”

2) substituição; a) regressiva; b) progressiva. Bibliografia BUJANDA, Fernando Sáinz de. Analisis Juridico del Hecho Imponible. Revista de Derecho

Financiero y de Hancienda Pública. n. 60. Madrid: Derecho Financiero, 1966. CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário, 19. ed., São Paulo, Saraiva, 2007. TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 9O ed. Rio de Janeiro: Renovar,

2002. Exercícios 01. Na solidariedade tributária, a isenção ou remissão outorgada pessoalmente a um dos obrigados: (A) exclui totalmente o crédito tributário, pois aproveita a todos. (B) não exonera os demais, ficando mantida a solidariedade quanto ao saldo. (C) exonera a todos, desde que incidente sobre bens imóveis. (D) exclui o crédito tributário, desde que não seja resultado de multa. Resp C

02. (OAB/SC/2003) Assinale a alternativa INCORRETA: a) a pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelo tributos devidos até a data do ato, pela pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas.

b) Os pais, no casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelos filhos menores (tributos derivados), respondem solidariamente nos atos em que intervirem ou pelas

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omissões de forem responsáveis.

c)O sucessor e o cônjuge meeiro são pessoalmente responsáveis pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada essa responsabilidade ao montante do quinhão, do legado ou da meação. d) Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infração da legislação tributária depende da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.

Resp D

3. (OAB/SP/2004) O sujeito passivo da obrigação tributária principal:

a) denomina-se contribuinte, quando vinculado a seu fato gerador, ou responsável, quando a lei, de modo expresso, atribuir a responsabilidade pelo crédito a terceira pessoa, desvinculada do fato gerador. b) poderá eleger seu domicílio, na forma da legislação aplicável, facultando à autoridade administração recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização.

c)tem, necessariamente, sua responsabilidade surgida no momento do fato gerador da obrigação tributária.

d) será aquele indicado nas convenções particulares, relativas à responsabilidade tributária, nos casos em que a lei apontar mais de uma pessoa solidariamente responsável pelo pagamento do tributo. di)

Resp B

4. (OAB/SC/2003) Assinale a alternativa CORRETA: A parafiscalidade consiste: a) na utilização do tributo como instrumento e proteção da indústria nacional e não como instrumento de arrecadação de recursos financeiros para o tesouro público. b) na transferência, pela pessoa de direito público competente, da titularidade de tributo à pessoa diversa do Estado, a fim de que passe a dispor da arrecadação em benefício de suas próprias finalidades.

c) no repasse de recursos financeiros à Fazenda Pública, independentemente de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte.

d) na impossibilidade do contribuinte de direito repetir tributo suportado pelo contribuinte de fato, exceto prove haver assumido o referido encargo, ou no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-lo.

Resp B

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5. (OAB/SP/116) A pessoa física tem capacidade tributária passiva a) somente a partir dos 16 anos de idade.

b) independentemente da idade, se civilmente capaz. c) independentemente da idade e de capacidade.

d) somente quando maior de 21 anos e civilmente capaz. Resp C

6. (OAB/SP 122) O Lanificio Bahia Ltda. foi incorporado pelo Lanifício Santana S/A, em 15.04.2001. Posteriormente, o fisco federal levantou crédito tributário da responsabilidade do Lanifício Bahia Ltda., anterior à data da incorporação. Esse crédito tributário

a) deve ser cobrado do Lanifício Santana S/A. b) não mais pode ser cobrado.

c) deve ser cobrado somente dos antigos sócios do Lanifício Bahia Ltda. d) deve ser cobrado, sem que haja, entretanto, imposição de qualquer penalidade.

Resp A

7. (OAB CESPE 2007.I) Carlos, administrador do supermercado Boas Compras, deixou de recolher vários tributos da referida pessoa jurídica, que passa por severas privações financeiras. Tendo como referência inicial a situação hipotética acima, assinale a opção correta acerca da obrigação tributária.

a) a capacidade tributária passiva do referido supermercado Boas Compras não depende de sua regular constituição.

b) Carlos e o supermercado Boas Compras são solidariamente responsáveis pelo pagamento dos tributos devidos.

c) O dever de recolher os tributos devidos pelo supermercado Boas Compras constitui uma obrigação tributária acessória. d) Carlos, na condição de administrador do supermercado Boas Compras, é pessoalmente responsável pelos créditos correspondentes a obrigação tributária decorrente de quaisquer de seus atos.

Resp A

8. (OAB/SP 122) Quando o fato gerador for situação jurídica de natureza condicional, a respectiva obrigação tributária surgirá a partir do momento

a) do implemento da condição resolutiva, ou da celebração do negócio jurídico, se suspensiva a condição.

b) da prática do ato jurídico, se suspensiva a condição. c) do implemento da condição suspensiva.

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d) da publicação da lei que define como fato gerador essa situação jurídica.

Resp C

9. (OAB/SP 125) Sobre a responsabilidade por infração à lei tributária, é correto afirmar:

a) o pagamento do tributo elide a imposição da multa punitiva, desde que efetuado antes do início da execução fiscal.

b) salvo disposição de lei em contrário, independente da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.

c) o inventariante responde pelas multas punitivas devidas pelo espólio. d) os diretores, gerentes ou representante de pessoa jurídica de direito privado respondem, pessoalmente, quanto às infrações, ainda que não decorram de atos para os quais tenham concorrido.

Resp B

12. Denúncia Espontânea Trata-se de instituto de direito tributário que prevê espécie de sanção premial para aquele contribuinte que diante da verificação de que praticou algum ilícito tributário, confessa o ilícito pratica, em uma espécie de arrependimento eficaz.

Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração.

Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. TRIBUTÁRIO – DENÚNCIA ESPONTÂNEA – OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA – ENTREGA DE DECLARAÇÕES DE IR – MULTA MORATÓRIA – CABIMENTO – I - Incide a multa de mora na entrega extemporânea de declarações de ir ao fisco, não valendo, para as obrigações tributárias acessórias, a regra do artigo 138 do CTN. II - Apelação e remessa oficial providas. (TRF 3ª R. – AC 1999.61.06.001958-7 – (724863) – 3ª T. – Relª Desª Fed. Cecília Marcondes – DJU 29.03.2006 – p. 340) TRIBUTÁRIO – EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL – DENÚNCIA ESPONTÂNEA – OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA –

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INCIDÊNCIA DA MULTA DO ARTIGO 88 DA LEI Nº 8.981/91 – 1. O entendimento adotado pelo MM. Juízo a quo está em consonância com a jurisprudência desta turma no sentido de não submeter a sentença ao duplo grau de jurisdição obrigatório, se o valor discutido não ultrapassar 60 (sessenta) salários mínimos, conforme o § 2º do artigo 475 do Código de Processo Civil, introduzido pela Lei nº 10.352/2001. 2. O atraso na apresentação de declaração de renda constitui infração de natureza formal e não permite o reconhecimento da denúncia espontânea, conforme o previsto no art. 138, do Código Tributário Nacional, devendo ser aplicada a multa do art. 88 da Lei 8.981/91. 3. Apelação provida. (TRF 3ª R. – AC 2001.61.82.016654-0 – (966614) – 3ª T. – Rel. Des. Fed. Márcio Moraes – DJU 08.02.2006 – p. 156)

Para que o contribuinte perca a espontaneidade é necessário:

1) notificação do processo de fiscalização;

2) que o objeto da fiscalização seja o mesmo da denúncia espontânea.

O CTN silencia quanto ao tipo de infração tributária sujeita a denúncia espontânea: principal e acessórias. Está se descumprindo o art. 113 do CTN ?.

A multa de mora, por que punitiva também deveria estar sujeita a dispensa no caso de denúncia espontânea, contudo a jurisprudência não autoriza a redução.

A Jurisprudência não admite a utilização do instituto da denúncia espontânea com o parcelamento. Só admitido no caso do pagamento integral do valor do crédito denunciado. O corre que para fins penais é admitido o parcelamento mesmo o art. 34 da Lei n. 4.729/95, prescrevendo que “o pagamento extingue a punibilidade”. OU seja, o pagamento para fins penais admite a modalidade do parcelamento que não é admitida para fins de utilização da denúncia espontânea.

13. Lançamento Tributário Ocorrido o fato gerador do tributo, requer a lei tributária a realização de determinado ato jurídico, documento escrito em que se descreve o fato jurídico praticado, adequando-o a determinado dispositivo de lei que prevê determina hipótese tributária, identificando o sujeito ativo e o passivo, intimando este último a recolher determinado valor correspondente a aplicação de determinada alíquota sobre determinada base de cálculo, devendo ser pago em determinado prazo descrito na lei ou no próprio ato de lançamento, sob pena de ser cobrando de forma constritiva. Previsão legal no Art. 142 do CTN:

Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do

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fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.

Principais efeitos * Declara a ocorrência do fato jurídico tributário; * Formaliza a obrigação tributária; * Torna o crédito tributário exigível; * Instaura o processo administrativo tributário de discussão acerca da imposição tributária; * O lançamento reporta-se a época do fato jurídico tributário, aplicando-se a lei da época ainda que

posteriormente alterada; e, * O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de

impugnação do sujeito passivo; recurso de ofício ou iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149 do CTN.

Autoridade administrativa, para fins da Receita Federal do Brasil, é aquele servidor público especialmente concursado para tal finalidade de acordo como previsto na Lei n.º 10.593/2002.

Art. 5º Fica criada a Carreira de Auditoria da Receita Federal do Brasil, composta pelos cargos de nível superior de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil e de Analista-Tributário da Receita Federal do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007)

Art. 6º São atribuições dos ocupantes do cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil: (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007)

I - no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo: (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007)

a) constituir, mediante lançamento, o crédito

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tributário e de contribuições; (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007)

b) elaborar e proferir decisões ou delas participar em processo administrativo-fiscal, bem como em processos de consulta, restituição ou compensação de tributos e contribuições e de reconhecimento de benefícios fiscais; (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007)

c) executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos definidos na legislação específica, inclusive os relacionados com o controle aduaneiro, apreensão de mercadorias, livros, documentos, materiais, equipamentos e assemelhados; (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007)

d) examinar a contabilidade de sociedades empresariais, empresários, órgãos, entidades, fundos e demais contribuintes, não se lhes aplicando as restrições previstas nos arts. 1.190 a 1.192 do Código Civil e observado o disposto no art. 1.193 do mesmo diploma legal; (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007)

e) proceder à orientação do sujeito passivo no tocante à interpretação da legislação tributária; (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007)

f) supervisionar as demais atividades de orientação ao contribuinte; (Incluída pela Lei nº 11.457, de 2007)

O lançamento tributário tem natureza declaratória da relação jurídico tributária, segundo o Art. 143 do CTN. O lançamento deve se reportar da data de ocorrência do fato jurídico tributário, conforme prescreve o Art. 144 do CTN. Segundo a jurisprudência do STJ publicização, é dizer, a notificação do ato de lançamento ao

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contribuinte é condição de validade do ato (Resp 666.743 e Resp 676.516). Entretanto, a jurisprudência do STJ vem se posicionando no sentido de que, no caso do IPTU, a remessa do carnê de pagamento do tributo ao contribuinte é suficiente para a notificação do lançamento tributário (AGA 469.086/GO, 2ª T., Min. Franciulli Netto, DJ de 08.09.2003; REsp 86.372/RS, 2ª T., Min. João Otávio de Noronha, DJ de 25.10.2004; RESP 645.739/RS, 1ª T. Min. Luiz Fux, DJ de 21.03.2005; REsp 678.558/PR, 1ª T. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 27.03.2006; REsp 707699/PR, 2ª T., Min. Castro Meira, DJ de 30.08.2007). Discussão atual

RE 608426 PR

Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA

Julgamento: 04/10/2011

Órgão Julgador: Segunda Turma

Publicação: DJe-204 DIVULG 21-10-2011 PUBLIC 24-10-2011 EMENT VOL-02613-02 PP-00356

Parte(s):

MIN. JOAQUIM BARBOSA UNIÃO BS COLWAY PNEUS LTDA

Ementa Ementa: AGRAVO REGIMENTAL. TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. AUSÊNCIA DE CORRETA CARACTERIZAÇÃO JURÍDICA POR ERRO DA AUTORIDADE FISCAL. VIOLAÇÃO DO CONTRADITÓRIO, DA AMPLA DEFESA E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. INEXISTÊNCIA NO CASO CONCRETO. Os princípios do contraditório e da ampla defesa aplicam-se plenamente à constituição do crédito tributário em desfavor de qualquer espécie de sujeito passivo, irrelevante sua nomenclatura legal (contribuintes, responsáveis, substitutos, devedores solidários etc). Porém, no caso em exame, houve oportunidade de impugnação integral da constituição do crédito tributário, não obstante os lapsos de linguagem da autoridade fiscal. Assim, embora o acórdão recorrido tenha errado ao afirmar ser o responsável tributário estranho ao processo administrativo (motivação e fundamentação são requisitos de validade de qualquer ato administrativo plenamente vinculado), bem como ao concluir ser possível redirecionar ao responsável tributário a ação de execução fiscal, independentemente de ele ter figurado no processo administrativo ou da inserção de seu nome na certidão de dívida ativa (Fls. 853), o lapso resume-se à declaração lateral (obiter dictum) completamente irrelevante ao desate do litígio. Agravo regimental ao qual se nega provimento.

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Espécies de Lançamento Tributário Lançamento de ofício (Art. 149, CTN) – Dispensa participação do sujeito passivo. ex. IPTU, Contribuição de Melhoria, Contribuições Corporativas, Taxas, IPVA, etc. Lançamento por declaração (Art. 147, CTN) – Ocorre participação do sujeito passivo, entretanto a iniciativa é do fisco. ex. Impos. de Importação, Impos. de Exportação, ITR. Lançamento por homologação (Art. 150, CTN) – O sujeito passivo formaliza o crédito e antecipa o pagamento do crédito tributário que poderá ser confirmado pelo fisco no prazo de 5 anos, seja de forma tática seja de forma expressa, discordando do valor apurado do crédito tributário antecipado pelo contribuinte, o fisco lança de ofício. ex. ICMS, ISS, Contribuições Sociais (PIS e Cofins), etc. 14. Crédito Tributário Após o lançamento tributário a obrigação tributária resta quantificada, tem-se o crédito tributário e o sujeito ativo já pode exigir do sujeito passivo o pagamento do tributo, podendo cobrá-lo ou compelindo-o ao pagamento. Crédito tributário é, portanto, a obrigação tributária tornada líquida e certa, portanto exigível, como decorrência do lançamento.

TÍTULO III

Crédito Tributário

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta.

Art. 140. As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem.

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Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias.

14.1. Suspensão do Crédito Tributário Prevê o Código Tributário Nacional determinada situações que o crédito não pode ser exigido do sujeito passivo. Há ainda a previsão de outras hipóteses de suspensão do crédito tributário previstas para a tributação aduaneira, conforme previsto no Decreto-lei n.º 37/1966. Em concurso, sendo o caso de arguição da tributação aduaneira, optar pela interpretação literal do decreto-lei.

CAPÍTULO III

Suspensão do Crédito Tributário

SEÇÃO I

Disposições Gerais

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:

I – moratória;

A moratório consiste na prorrogação do prazo de vencimento para pagamento da dívida tributária, podendo ser concedida em caráter geral ou de caráter individual, quando expressamente autorizado por lei.

O art. 153 traz os requisitos para concessão da moratória. É essencial a figura do prazo na moratória posto que não pode existir moratória por período indeterminado.

O art. 152 do CTN classifica a moratória em dois tipos distintos: a) moratória geral: aquela diretamente concedida pela lei, não sendo necessário, para sua fruição, reconhecimento por ato de autoridade administrativa. O Código, divide, ainda, a moratória em

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caráter geral em dois subtipos: a.1) autonômica (art. 152, I, “a”): evidentemente a regra geral. Trata-se da moratória

concedida por lei da pessoa política competente para a instituição do tributo a que o favor se refere. a.2) heterônoma (art. 152, I, “b”): o CTN prevê a possibilidade de a União (e somente a

União) conceder moratória de tributos da competência dos estados e DF ou dos municípios. Não há jurisprudência informando se essa modalidade de moratório foi recepcionada pela Constituição de 1988. b) moratória individual: o CTN denomina moratória individual aquela concedida, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada por lei. Ver Art. 155 do CTN. Não há jurisprudência atestando a constitucionalidade do dispositivo diante do princípio da igualdade tributária.

II - o depósito do seu montante integral;

A condição para a realização do depósito é a existência de processo (litígio) seja administrativo seja judicial, relativamente ao crédito tributário. Direito subjetivo do contribuinte – Resp 196.235/RJ. Súmula 112 do STJ estabelece que “o depósito somente suspende a exigibilidade do crédito se for integral e em dinheiro”.

III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo;

No âmbito federal, o PAF é disciplinado pelo Decreto nº 70.235/72, recepcionado pela CF/88 com força de lei ordinária.

O sujeito passivo tem o direito de recorrer ao Judiciário com a conclusão do PAF, isso na hipótese de decisão administrativa final ser procedente total ou parcialmente, não há “coisa julgada administrativa” em sentido próprio. Caso opte, antes de concluído o PAF, pela via judicial, tal desistência, tida como tácita, do processo administrativo, torna o crédito tributário imediatamente exigível, caso não exista outra hipótese de suspensão, liminar ou depósito.

IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.

V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)

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VI – o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)

Consiste na prorrogação do prazo de pagamento do crédito tributário em duas ou mais prestações. É tido como espécie de moratória (Resp 639.362). A doutrina diverge principalmente após o advento da LC nº 104/2001, que passou a prever o parcelamento como outra espécie de suspensão do crédito tributário, modalidade autônoma de suspensão da exigibilidade do crédito tributário. O parcelamento é tratado no art. 155-A do CTN.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela conseqüentes.

Ponto relevante - I Art. 161, § 2º do CTN, prescreve acerca da hipótese de consulta fiscal que se formulada dentro do prazo legal para pagamento do crédito, não ocorre a mora do sujeito passivo. Não havendo mora não há que se falar em exigibilidade do crédito tributário, nada obstante, essa situação de suspensão não está tipificada dentre aquelas situações do Art. 151. Ponto Relevante – II Dentre as hipóteses de suspensão do crédito, há situações não enumeradas pelo Código Tributário Nacional e que a jurisprudência do STJ reconhece como hipótese de suspensão do crédito tributário, como é exemplo, a situação em que empresa pública devedora de crédito tributário, pode suspender crédito tributário objeto inclusive de execução fiscal, caso discuta judicialmente a imposição fiscal.

Superior Tribunal de Justiça. 1ª Turma REsp 1115458 / BA Ementa TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL. FAZENDA MUNICIPAL. IMPOSSIBILIDADE DE PENHORA. ARTIGO 206, DO CTN. CERTIDÃO POSITIVA DÉBITO COM EFEITOS NEGATIVOS. EXPEDIÇÃO. ADMISSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. A ação anulatória de crédito fiscal proposta pela Fazenda Municipal prescinde de depósito e garantia. 2. É que resta cediço na C. Corte que: ?TRIBUTÁRIO.

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EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA MUNICIPAL. AÇÃO ANULATÓRIA. DEPÓSITO. SUSPENSÃO. EXIGIBILIDADE. 1. Proposta ação anulatória pela Fazenda municipal, "está o crédito tributário com a sua exigibilidade suspensa, porquanto as garantias que cercam o crédito devido pelo ente público são de ordem tal que prescindem de atos assecuratórios da eficácia do provimento futuro", sobressaindo o direito de ser obtida certidão positiva com efeitos de negativa (REsp n. 601.313/RS, relator Ministro CASTRO MEIRA, DJ de 20.9.2004). 2. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, improvido.? (REsp 497923/SC, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/05/2006, DJ 02/08/2006, p. 252). 3. A excepcionalidade quanto às prerrogativas da Fazenda Pública federal, estadual ou municipal, mormente a impossibilidade de penhora de seus bens, revela a interpretação de que seja em execução embargada, seja em ação anulatória, pelo Município, independentemente da prestação de garantia, é cabível a expedição da Certidão Positiva de Débitos com Efeitos Negativos. (Precedentes: Ag 1.150.803/PR, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ. 05.08.2009; REsp 1.074.253/MG, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, DJ. 10.03.2009; REsp 601.313/RS, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 20.9.2004; REsp 381.459/SC, Rel. Min. HUMBERTO GOMES DE BARROS, DJ de 17.11.03; REsp 443.024/RS, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de 02.12.02; REsp 376.341/SC, Rel. Min. GARCIA VIEIRA, DJU de 21.10.02) 4. Recurso especial desprovido.

14.2. Extinção do Crédito Tributário O CTN estabelece, no art. 156, lista exaustiva ou taxativa (numerus clausus) de hipóteses em que o crédito tributário pode ser extinto. Desta forma, outra hipóteses de extinção de obrigações civis não se aplicam à matéria tributária como a novação ou confusão.

CAPÍTULO IV

Extinção do Crédito Tributário

SEÇÃO I

Modalidades de Extinção

Art. 156. Extinguem o crédito tributário:

I - o pagamento;

Forma natural e usual de extinção do crédito tributário que decorre do cumprimento da obrigação de dar determinada quantia em dinheiro ao sujeito ativo. Não se presume o pagamento no Direito

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Tributário (Art. 158, I, CTN). O local do pagamento é definido no Art.159 e é matéria que não está sujeita ao princípio da reserva legal. Caso a legislação não disponha a respeito o pagamento deve se dar na repartição pública do domicílio do sujeito passivo que na hipótese de omissão deve se dar em até 30 dias da data de notificação do lançamento (art. 160, CTN). O parágrafo único é de constitucionalidade duvidosa pois permite a possibilidade da legislação conceder descontos na hipótese de antecipação do pagamento do crédito. Por se tratar de benefício fiscal, o assunto deve ser tratado por lei ao teor do que prescreve o Art. 97, II, CTN.

II - a compensação;

III - a transação;

A transação consiste em acordo realizado entre o sujeito ativo (credor) e o sujeito passivo (devedor) tendo como condição específica em matéria tributária a existência prévia de um litígio que se pretende terminar. Difere, portanto, da transação civil (art. 840, CC) posto que nessa a transação pode ser realizada para prevenir ou terminar um litígio. É prevista no art. 171, CTN. A condições da transação deverão estar disciplinadas em lei (art. 97, VI, CTN).

IV – remissão;

Constitui hipótese de dispensa legal do pagamento do crédito tributário que já foi constituído, autorizado por lei específica conforme prescreve o art. 150, parágrafo 6, da CF.

Tem as condições para a sua concessão prescritas no art. 172 do CTN. A remissão é prevista em lei específica, mas concedida por meio de despacho

Diferencia-se da anistia posto que esta é o perdão das infrações, já a remissão refere-se ao crédito tributário. A anistia atua antes da constituição do crédito, antes, portanto, do lançamento, excluindo, impedido a constituição.

V - a prescrição e a decadência;

Decadência tributária é a perda do prazo que a autoridade tributária possui para lançar o crédito tributário. Está prevista no Art. 173 (Lançamento de ofício e por declaração) e no parágrafo 4 do Art.150 (lançamento por homologação).

O exemplo prático de contagem do prazo pelo Art. 173 pode ser: O fato jurídico tributário do IPTU ocorrido no ano de 2000, pode ser lançado no exercício seguinte, 1 de janeiro de 2001, fluindo até 31 de dezembro de 2005, decaindo no dia 1 de janeiro de 2006.

Costumeiramente entende-se que o prazo decadencial não se suspende ou interrompe, conforme estuda no Direito Civil, contudo, no Direito Tributário, o Art. 173, II, CTN, prevê hipótese de interrupção do prazo na hipótese de ocorrer um lançamento nulo (por autoridade incompetente), assim sobrevindo decisão declarando a nulidade, a partir de então inicia novo prazo decadencial.

Disciplina a CF em seu art.146, caber a Lei Complementar estabelecer normas gerais sobre obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários, no caso essa norma é o CTN, nada obstante, para fins de concurso, é necessário observar que o art. 45 da Lei 8.212/91 prevê o

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prazo de 10 anos para lançamento de contribuições sociais.

Lançamento por homologação Ocorrência do fato gerador (art. 150, §4, CTN)

Outros tipos de ofício ou por declaração Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. – art. 173, II, CTN.

Notificação de medida preparatória do lançamento antes de iniciado a decadência

Data da notificação – art.173, § único, CTN.

Prescrição tributária ocorre contra a Fazenda Pública e é a perda do prazo de 5 anos para exercitar ação de execução fiscal, em relação aos créditos tributários já definitiva constituídos e não pagos pelo sujeito passivo. O prazo de contagem inicia da data de constituição definitiva do crédito e o instituto é previsto no Art. 174 do CTN.

A contagem do prazo da prescrição tributária pode ser suspensa ou interrompida conforme as hipóteses definidas no CTN. Há ainda a Lei 6.830/90 (Lei de Execuções Fiscais) que prevê ainda a hipótese de suspensão do prazo prescricional por 180 dias com a inscrição em dívida ativa, art. 2, parágrafo 3. Também a Lei 8.212/91, prevê prazo de 10 anos diferente do CTN para a contagem da prescrição relativamente as contribuições sociais (art. 46).

VI - a conversão de depósito em renda;

VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;

VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;

IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;

X - a decisão judicial passada em julgado.

XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)

A dação em pagamento consiste em o credor receber algo diverso da prestação que é devida (art. 356, CC). No caso do CTN a previsão é de dar imóvel em substituição a quantia em dinheiro referente ao tributo. Trata-se de um procedimento administrativo e não judicial (é diferente da adjudicação no processo de execução), devendo a dação ser um ato voluntário do contribuinte devedor.

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Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos artigos 144 e 149.

14.3. Exclusão do Crédito Tributário Consiste no impedimento legal para a Fazenda Publica constituir o crédito tributário pelo lançamento tributário. Desta forma, é exclusão quando o benefício é concedido antes do lançamento tributário, como é exemplo a isenção e a anistia, após o lançamento configura hipótese de remissão.

CAPÍTULO V

Exclusão de Crédito Tributário

SEÇÃO I

Disposições Gerais

Art. 175. Excluem o crédito tributário:

I - a isenção;

Segundo o CTN, a isenção é hipótese de dispensa legal do pagamento de tributo devido, é dizer, surge a obrigação tributária em face da prática do fato jurídico tributário e, logo após, a norma que estipula a isenção dispensa o pagamento do tributo.

Parte da doutrina critica essa definição legal de isenção prevista no CTN, para defender que a norma de isenção tributária funciona no campo normativo, mutilando algum dos critérios da hipótese de incidência.

A isenção é disciplinada no art. 176 do CTN.

A jurisprudência afasta da isenção a aplicação do Princípio da Anterioridade Tributária na hipótese de sua revogação, partindo da ideia que o princípio busca evitar a surpresa do contribuinte com nova situação que institui ou majora o tributo o que não aconteceria com a revogação da isenção posto que já de conhecimento do contribuinte (RMS 13.947/SP – Súmula STF 615).

II - a anistia.

Consiste no perdão legal de dívidas tributárias de natureza sancionatória, de infrações tributárias. Assim, pela anistia a Fazenda Pública resta impedida de lançar o crédito tributário relativo a penalidade. A conduta não deixa de ser tida como infração à legislação, apenas o crédito é que é perdoado.

A anistia é disciplinada pelo art. 180, CTN.

Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o

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cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela conseqüente.

15. Repetição do Indébito Tributário Trata-se do direito previsto no art. 165 do CTN, do sujeito passivo requerer administrativa ou judicialmente, a restituição do crédito tributário que pagou indevidamente. O art. 166 do CTN não permite a restituição tributária àquele sujeito passivo que repassou o encargo do tributo recolhido indevidamente. Ponto Relevante

Prazo para repetição ou compensação de indébito tributário e art. 4º da LC 118/2005 É inconstitucional o art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 [“Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei. Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional”; CTN: “Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados”]. Esse o consenso do Plenário que, em conclusão de julgamento, desproveu, por maioria, recurso extraordinário interposto de decisão que reputara inconstitucional o citado preceito — v. Informativo 585. Prevaleceu o voto proferido pela Min. Ellen Gracie, relatora, que, em suma, assentara a ofensa ao princípio da segurança jurídica — nos seus conteúdos de proteção da confiança e de acesso à Justiça, com suporte implícito e expresso nos artigos 1º e 5º, XXXV, da CF — e considerara válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005. Os Ministros Celso de Mello e Luiz Fux, por sua vez, dissentiram apenas no tocante ao art. 3º da LC 118/2005 e afirmaram que ele seria aplicável aos próprios fatos (pagamento indevido) ocorridos após o término do período de vacatio legis. Vencidos os Ministros Marco Aurélio, Dias Toffoli, Cármen

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Lúcia e Gilmar Mendes, que davam provimento ao recurso. RE 566621/RS, rel. Min. Ellen Gracie, 4.8.2011. (RE-566621)

16. Administração Tributária

Trata-se dos órgãos incumbidos de aplicar a legislação tributária, tendo como principais atividades a fiscalização, arrecadação e cobrança (judicial ou administrativa) dos tributos.

Previsão no art. 37, XVIII, CF que conferiu à administração fazendária precedência, dentro de sua área de atuação, sobre os demais setores administrativos.

A EC 42/03 incluiu o inciso XXII ao art. 37 da CF o status de atividade essencial ao funcionamento do Estado, determinando prioridade de recursos as suas atividades, cabendo ao Senado Federal avaliar periodicamente seu desempenho. 17. Fiscalização

Atividade que consiste na pesquisa e identificação dos fato geradores quanto ao cumprimento dos deveres fiscais podendo ser exercida contra todas as pessoas, natural ou jurídica, contribuinte ou não, isenta ou imune.

Pode auxiliar-se de força policial para a execução de atos materiais.

Contra a administração fiscal não prevalece o sigilo comercial, ou seja, o direito de examinar livros contábeis, mercadorias e demais documentos comerciais.

Deve de informar ao fisco acerca de bens, negócios e atividades de terceiros, segundo previsão legal, escrivães, serventuários até o limite do sigilo profissional (art.197, CTN).

Dever de sigilo fiscal, ou seja de não informar ou não divulgar informações fiscais (art.198, CTN).

Possibilidade de firmar convênios de cooperação para mútua assistência nas ações fiscais, quanto a informações no interesse da arrecadação inclusive com Estados estrangeiros. 18. Garantias do Crédito Tributário

A totalidade dos bens do sujeito passivo responde pelo pagamento do crédito tributário, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalinabilidade ou impenhorabilidade, salvo os caso em que a lei assim declare de forma absoluta (art. 184 do CTN).

Presunção fraudulenta na alienação de bens de sujeito passivo com débito tributário regularmente inscrito em dívida ativa(art. 186, CTN).

Declaração de indisponibilidade de bens do sujeito passivo quando este, citado em execução fiscal, deixa de nomear bens à penhora e na hipótese de outros bens não serem encontrados (art.185-A, CTN).

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O ministro Luiz Fux, do STJ, em julgamento no Tribunal afirmou em voto que "a lei especial prevalece sobre a lei geral e que a Súmula 375 do STJ não se aplica às execuções fiscais". A súmula citada diz que "o reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente". Segundo ministro, isso é válido para as demandas cíveis, reguladas pelo Código Civil e pelo Código de Processo Civil. Já a fraude à execução fiscal é tratada pelo artigo 185 do CTN e, "Os precedentes que levaram à edição da Súmula 375 não foram exarados em processos tributários", disse ele.

Proibição do sujeito passivo com débito de contratar com órgão público (art. 193, CTN). 19. Preferências do Crédito Tributário

O crédito tributário tem preferência sobre outros crédito a exceção dos trabalhista e de acidente de trabalho (art. 186, CTN).

O crédito tributário não está sujeito ao concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, etc. (art. 187, CTN).

São extraconcursais os créditos originados de fato geradores ocorridos no curso do processo falimentar (art.188, CTN).

Preferência pelo pagamento aos créditos vencidos ou vincendos a cargo da PJ exigíveis no curso da liquidação (art. 190, CTN).

A concessão de recuperação judicial depende de apresentação de certidão de quitação de tributos (art. 191-A, CTN).

Impossibilidade de sentença de partilha ou adjudicação em procedimento sucessório, sem prova da quitação dos tributos relativo aos bens e rendas do espólio (art.193, CTN).

20. Dívida Ativa

O crédito tributário necessita ser inscrito em dívida ativa para ser executado judicialmente.

Da inscrição em dívida extrai-se título de crédito extrajudicial apto a subsidiar a execução fiscal – é o título da dívida pública.

A inscrição regularmente inscrita goza de presunção de certeza e liquidez tendo efeito de prova pré-constituída (art. 204, CTN).

As falhas no termo de inscrição em dívida podem ser sanadas até decisão de primeira instância (art. 203, CTN).

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21. Certidão Tributária

A certidão negativa de tributos pode ser exigida para a prática de determinados atos pelo contribuinte (art. 205, CTN).

A Lei 7711/88, prevê hipóteses de exigência de certidão negativa para a prática: 1)transferência de domicílio para o exterior; 2) licitação pública; 3) registro e arquivamento de contrato social, exceto por ME/EPP; 4) operações de empréstimo e financiamento com instituições financeiras, exceto para pagar saldar dívidas públicas, etc.

A certidão positiva com efeito de negativa tem o mesmo efeito da certidão negativa (art.206, CTN).

22. Sigilo Bancário Segundo prescreve o Art. 197, inciso II, do CTN, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros, os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras. Nada obstante, o STF tem se manifestado de forma diversa:

Quebra de sigilo bancário pela Receita Federal - 1 O Plenário, por maioria, proveu recurso extraordinário para afastar a possibilidade de a Receita Federal ter acesso direto a dados bancários da empresa recorrente. Na espécie, questionavam-se disposições legais que autorizariam a requisição e a utilização de informações bancárias pela referida entidade, diretamente às instituições financeiras, para instauração e instrução de processo administrativo fiscal (LC 105/2001, regulamentada pelo Decreto 3.724/2001). Inicialmente, salientou-se que a República Federativa do Brasil teria como fundamento a dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III) e que a vida gregária pressuporia a segurança e a estabilidade, mas não a surpresa. Enfatizou-se, também, figurar no rol das garantias constitucionais a inviolabilidade do sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas (art. 5º, XII), bem como o acesso ao Poder Judiciário visando a afastar lesão ou ameaça de lesão a direito (art. 5º, XXXV). Aduziu-se, em seguida, que a regra seria assegurar a privacidade das correspondências, das comunicações telegráficas, de dados e telefônicas, sendo possível a mitigação por ordem judicial, para fins de investigação criminal ou de instrução processual penal. Observou-se que o motivo seria o de resguardar o cidadão de atos extravagantes que pudessem, de alguma forma, alcançá-lo na dignidade, de modo que o afastamento do sigilo apenas seria permitido mediante ato de órgão eqüidistante (Estado-juiz). Assinalou-se que idêntica premissa poderia

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ser assentada relativamente às comissões parlamentares de inquérito, consoante já afirmado pela jurisprudência do STF.

RE 389808/PR, rel. Min. Marco Aurélio, 15.12.2010. (RE-389808)

Quebra de sigilo bancário pela Receita Federal - 2

Asseverou-se que, na situação em apreço, estariam envolvidas questões referentes: 1) à supremacia da Constituição, tendo em conta que ato normativo abstrato autônomo haveria de respeitar o que nela se contém; 2) ao primado do Judiciário, porquanto não se poderia transferir a sua atuação, reservada com exclusividade por cláusula constitucional, a outros órgãos, sejam da Administração federal, estadual ou municipal e 3) à prerrogativa de foro, haja vista que seu detentor somente poderia ter o sigilo afastado ante a atuação fundamentada do órgão judiciário competente. Destacou-se, ademais, que a decretação da quebra do sigilo bancário não poderia converter-se em instrumento de indiscriminada e ordinária devassa da vida financeira das pessoas em geral e que inexistiria embaraço resultante do controle judicial prévio de tais pedidos. Reputou-se, assim, que os dispositivos legais atinentes ao sigilo de dados bancários mereceriam sempre interpretação harmônica com a Constituição. O Min. Marco Aurélio, relator, conferiu à legislação de regência interpretação conforme à Constituição, tendo como conflitante com esta a que implique afastamento do sigilo bancário do cidadão, pessoa natural ou jurídica, sem ordem emanada do Judiciário.

RE 389808/PR, rel. Min. Marco Aurélio, 15.12.2010. (RE-389808)

Quebra de sigilo bancário pela Receita Federal - 3

Vencidos os Ministros Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Ayres Britto e Ellen Gracie que, ao reiterar os votos proferidos no julgamento da AC 33 MC/PR (v. Informativo 610), desproviam o recurso extraordinário. Consignavam que, no caso, não se trataria de quebra de sigilo ou da privacidade, mas sim de transferência de dados sigilosos de um órgão, que tem o dever de sigilo, para outro, o qual deverá manter essa mesma obrigação, sob pena de responsabilização na hipótese de eventual divulgação desses dados. Indagavam que, se a Receita Federal teria acesso à declaração do patrimônio total de bens dos contribuintes, conjunto maior, qual seria a razão de negá-lo quanto à atividade econômica, à movimentação bancária, que seria um conjunto

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menor. Concluíam, tendo em conta o que previsto no art. 145, § 1º, da CF (“Art. 145. ... § 1º ..., facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.”), que a lei que normatizara a aludida transferência respeitaria os direitos e garantias fundamentais.

RE 389808/PR, rel. Min. Marco Aurélio, 15.12.2010. (RE-389808) fonte: tributario.net

22. Vigência da Legislação Tributária Vigência é a aptidão que a norma tem para incidir; produzir efeitos. Vacacio legis – período de tempo entre a publicação da lei e o início da vigência. Regras Gerais (art.101, CTN) LICC – Lei de Introdução ao Código Civil - Decreto-lei n. 4.657/42 – caráter supletivo - LC 95/98 CTN – por ser norma específica prepondera sobre a LICC que é aplicada no silêncio daquela. Vigência no Espaço A regra é lei tributária vigora dentro do território do ente tributante que edita a norma. Lei Federal tem amplitude em todo o território nacional; já a lei do ente político somente no respectivo território. Extraterritorialidade da legislação (art.102 do CTN) – pouco usual, informa a possibilidade de, por convênio ou normas gerais de tributação, leis tributárias de um ente político, vigerem sobre outro.

Exemplo comum utilizado na doutrina é no caso de desmembramento de de Município em que a legislação tributário do Município desmembrado vige até que se tenha legislação próprio do novo município.

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A leis tributárias nacionais aplicam a brasileiros no exterior – dupla tributação – tratados de reciprocidade – leis internas permitindo a compensação. Vigência no Tempo Vigência é a aptidão para incidir. Principais Regras para os atos normativos do tipo norma complementares tributárias.

No sistema tributário brasileiro, uma lei que institui ou aumenta tributo, pode viger imediatamente, caso assim tenha previsão na própria lei de instituição, entretanto, não pode produzir efeitos imediatos se estiver sujeita ao princípio da anterioridade tributária (qualificada ou nonagesimal).

Lei – após 45 dias – art. 1 da LICC ou o que a Constituição ou a lei especificar; Atos normativos – na publicação, salvo disposição em contrário (art.103, I, CTN); Decisões com eficácia normativa – 30 dias após a publicação salvo disposição em contrário (art. 103, II, CTN); Convênio – na data em que dispuser, salvo disposição em contrário (art.103, III, CF). Correção de lei em data posterior a publicação, reinicia o prazo de vigência por considerar-se nova lei (art.1, § § § 3 e 4, LICC). A vigência de uma lei pode ter prazo final previamente determinado, quando expresso na própria norma (vigência temporária). Em regra vigora até ser revogada: a)revogação expressa prevista em outra norma, dita revogadora; b) revogação implícita quando nova norma dispões sobre assunto já disciplinado em norma

anterior, tratando inteiramente da matéria ou dispondo de forma contrária e se tornando incompatível com anterior (ver art. 90 da LC 95/98 - exige a indicação expressa do dispositivo revogado pela lei revogadora).

A doutrina e jurisprudência entendem estar revogado o Art. 104, inciso I e II, do CTN. Já o inciso III do Art.104, traz regra especial para isenções referente a impostos sobre o patrimônio (IPTU, ITR, IPVA) ou renda, autorizando vigorar no primeiro dia do exercício seguinte, norma que

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extingue ou reduz isenção, salvo se a referida norma estipular norma mais benéfica ao contribuinte. Nada obstante, o STF tem o entendimento de que revogação de isenção se sujeita ao princípio da anterioridade e pode viger imediatamente a publicação – RE 204.062. Repristinação só ocorre se expressamente prevista (art. 2, LICC). 23. Aplicação da Legislação Tributária Aplicação imediata ao fatos geradores futuros e pendentes (art.106, CTN).

IR é fato jurídico pedente - lei modificada no curso do ano não vale para cobrança de IR do mesmo ano.

Possibilidade de retroação da lei tributária, desde que não implique majoração ou criação de tributo. Leis interpretativas – retroagem exceto para ensejar punição pelo descumprimento da norma interpretanda (art. 3º da Lei Complementar nº 118, de 09.02.2005, DOU 09.02.2005 - Ed. Extra.). Retroatividade benigna em matéria de infrações - havendo conflito na aplicação do inc. I ou II do art. 106, deve ser aplicado o art. 112 - in dubio pro reo.

O STF já manifestou entendimento de que o Art.106, inciso II, ao prescreve sobre ato não definitivamente julgado, permiti o contribuinte pleitear a aplicação de penalidade menos severa enquanto existir possibilidade de utilização de ação judicial para atacar o ato punitivo.

24. Interpretação e Integração do Direito Tributário

É o ato de buscar o sentido e alcance de determinado objeto, posto a apreciação. Interpretar é descobrir o sentido e alcance da norma, procurando a significação dos conceitos jurídicos (Maria Helena Diniz). Subsunção é ato de aplicação do direito, na medida em que busca-se adequar a norma abstrata ao caso concreto, construindo um norma individual e concreta.

Considerações:

− Não há técnica interpretativa mais correta;

− São aplicadas de forma simultânea;

− Não deve existir interpretação com a utilização de apenas uma técnica.

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− As técnicas servem como processo interpretativo em que o interprete tem por função utilizar estas ferramentas de modo a encontrar o sentido e alcance da norma e reconhecê-la como aplicável a determinado caso concreto.

Métodos de interpretação.

a) Interpretação Gramatical (literal, sintática ou filogógica) - Funda-se em regras de gramática (sintática e semântica) e lingüística, com o objetivo de obter da linguagem jurídica seu sentido literal, ou seja, o significado das palavras.

Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre:

I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;

II - outorga de isenção;

III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.

b) Interpretação Lógica - Busca aplicar a norma jurídica através de instrumentos do raciocínio lógico, identificado períodos de lei e combinando-se entre si, de modo a atingir a compatibilidade.

Método indutivo consiste no raciocínio em que partindo de casos particulares se chega a uma conclusão geral.

Método dedutivo consiste no raciocínio em que partindo de um caso geral se chega a um particular.

c) Interpretação Sistemática - Entende-se por interpretação sistemática aquela em que o interprete visando interpretar determinada norma jurídica o face inserido-se no sistema legal, ou seja, confrontando a interpretação da norma dentro do ordenamento jurídico, que culminará na compatibilização da norma que se pretende interpretar com a norma-origem do sistema que é a Constituição.

1) na norma jurídica deve ser entendida em seu conjunto, ou seja, levando em consideração, todo o conjunto de norma inseridas no texto legal;

2) os artigos não devem ser interpretado isoladamente, como também os incisos, as alíneas e parágrafo. Devem ser visto no conjunto;

3) respeito a hierarquia da normas,a coesão e unidade do sistema.

d) Interpretação Teleológica - Modalidade interpretativa que visa atingir os fins ou objetivos pretendidos pela determinação legal.

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e) Interpretação Histórica - Técnica de interpretação que visa investigar os antecedentes da norma, ou seja, o momento histórico em que a norma jurídica foi originada de modo a identifica o interesse que se pretendia tutelar.

Tipos de Interpretação:interpretação quanto aos efeitos

A) Interpretação Especificadora - Modalidade de interpretação meramente declarativa em que o intérprete se limita, no de interpretar, apenas em declarar o sentido da norma, de modo a não ampliá-la ou restringi-la. Confunde-se com a interpretação literal e consiste no trabalho normal e de rotina com o objetivo de obter o sentido e alcance da norma jurídica.

B) Interpretação Restritiva - Modalidade interpretativa em que o interprete em seu trabalho de exegese restringe o sentido e alcance da norma jurídica. Art. 111, incisos I a III do CTN.

C) Interpretação Extensiva - Modalidade interpretativa em que o interprete em seu trabalho de exegese amplia o sentido e alcance da norma jurídica a partir de seu texto literal. Efeito que advém da interpretação teleológica e sistemática.

Interpretação Benigna

Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:

I - à capitulação legal do fato;

II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos;

III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;

IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.

Meios de Integração

Lacuna do Direito;

Construção de norma para caso concreto.

CTN

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Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada:

I - a analogia;

Meio de integração em que se aplica o direito através da passagem de um caso particular para outro caso particular, desde que se trate de situações semelhantes em termos característicos.

Art. 108, CTN

§ 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei.

II - os princípios gerais de direito tributário;

Normas jurídicas que servem de fundamentação do sistema jurídico, influenciando a criação de outras normas, como também os valores objetivados pelo ordenamento jurídico.

Controvérsia doutrinário quanto a identificação destes princípios.

Supremacia do interesse público;

Indisponibilidade do interesse público;

Princípio da legalidade, etc.

III - os princípios gerais de direito público;

IV - a eqüidade.

Na ausência de norma positiva surge, como espécie de intuição, o recurso da eqüidade, utilizada apenas ao caso concreto, em que o direito é aplicado segundo exigências e critério de justiça enquanto igualdade proporcional.

Art. 108, CTN

§ 2º O emprego da eqüidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido.