baiana

Por davi carneiroFoto solange rossini

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BaHIa No coração

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entrevistar com exclusividade uma das atrizes mais bem-sucedidas, requisitadas, competentes (e lindas!) da atualidade é uma responsabilidade e tanto. uma missão, muitas das vezes, espinhosa, capaz de deixar muitos jornalistas ansiosos e inibidos. Mas quando essa entrevista é feita de maneira extremamente descontraída – com o privilégio de ficar mais de duas horas batendo papo de forma particular cara a cara com a musa – a tarefa deixa de ser uma responsabilidade para se tornar um imenso prazer. assim foi a nossa conversa com a

talentosa Mariana Ximenes. a atriz – que veio rever amigos e fazer homenagem à Iemanjá – concordou em nos encontrar no charmoso armazém de época, um dos antiquários mais sofisticados de Salvador, no bairro do rio Vermelho. entre as obras de arte e antiguidades, Mariana estava totalmente à vontade: vestia uma blusinha bem leve, fitinha do Senhor do Bonfim amarrada no pulso, cabelos bem curtinhos, sem maquiagem (quem disse que ela precisa disso para

estar estonteantemente linda?) e nos recebeu esbanjando simpatia

e gentileza.

“Vim a passeio e não poderia dar uma entrevista exclusiva sem avisar à minha assessora”, afirmou. “Mas quando soube que era para falar sobre a Bahia topei na hora”, revela a atriz, que recebeu o título de cidadã Soteropolitana na época em que gravava o filme quincas Berro d’água. “tenho obrigação de falar bem desta terra.”

“eu sou realmente apaixonada pela Bahia. Nasci em São Paulo, moro no rio por causa do trabalho, mas boa parte do meu coração é baiano. tenho uma relação de amor com essa terra”, disse ela, com um certo ar de fascínio. “Morei quatro meses em Salvador, estive em Moreré, Boipeba, Itacaré, trancoso, São Félix e cachoeira. Visitei a chapada, mergulhei na Gruta azul, fui para arembepe, Praia do Forte, Buraquinho e canudos”, lista. Foi com essa declaração (e com esta lista de cidades visitadas de fazer inveja a muitos filhos da terra) que começamos o nosso bate-papo. Mariana nos conta que conheceu a Bahia através das músicas de dorival caymmi e dos livros de Jorge amado. “essa foi a combinação perfeita, que me mostrou o que há de mais autêntico. Por isso – apesar de adorar os pontos turísticos que são cartões-postais inesquecíveis – eu sou apaixonada pelos cantinhos mais remotos e verdadeiros”, conta Mariana, que tem ainda uma afilhada baiana, filha de uma amiga.

“um roteiro que eu adorava era pegar o plano inclinado no trapiche e subir pro Santo antônio. acho linda a cruz do Pascal, ficar ali papeando num final de tarde,

comendo manjubinha. adoro também ir à ribeira, ao

Bonfim, ao Museu de arte Moderna e à casa de

Pierre Verger”, conclui.

relação de aMor

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MINHa cIdade MAriAnA xiMenes

Nos quatro meses em que morou na capital baiana para as filmagens de quincas Berro d’água, a atriz foi a uma mãe de santo, jogou os búzios e descobriu seu orixá: é filha de Iemanjá. “dessa vez, vim a Salvador especialmente no dia 2 de fevereiro, dia de Iemanjá, para dar um mergulho, jogar flores e presentear a rainha do Mar. eu não queria pedir nada, mas somente agradecer o ano maravilhoso que tive.”

enquanto conversávamos, um convidado chega e interrompe o bate-papo. era o ceramista osmundo teixeira, santeiro baiano reconhecido internacionalmente pela sofisticação de suas obras. ele carregava duas imensas Iemanjás, de sua autoria, a pedido da atriz. “Vi um orixá do osmundo e fiquei louca. então pedi para conhecê-lo pessoalmente. quero levar uma Iemanjá de um metro e meio para colocar no terraço da minha casa”, diz Mariana. “Será uma forma de estar perto do axé da Bahia”, complementa.

Sob a proteção de sua orixá, Mariana passou a temporada soteropolitana movida a culinária baiana. “adoro comer e isso aqui é um prato cheio para gulosos como eu. adoro acarajé, feijão-de-corda e abará. comi um caruru na casa do Frank Menezes, que é um ator maravilhoso, provei uma feijoada na casa do luiz Miranda e da sua mãe, que são meus amores, minha família aqui.”

Filhade Iemanjá

encerrado o nosso bate-papo, era o momento de me despedir da mariana. enquanto lhe agradecia a gentileza, Osmundo interrompe novamente: “Precisa agradecer não, menino. toda pessoa talentosíssima é assim ‘de graça’: simples, zelosa e solícita”. diante dessa sábia conclusão, só me restou concordar e desejar uma boa viagem para aquela menina simpática, paulistana de nascença e carioca por profissão, mas que se revelou, no coração, uma autêntica baiana.

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