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Não foi só em Seropédica que o Reuni expandiu a Universidade Rural. Além do câmpus sede, a Universidade também marca presença na cidade de Três Rios, Campos dos Goytacezes e em Nova Iguaçu, onde o Instituto Multidisciplinar consolida a Rural como o espaço com vocação para discutir a região da Baixada Fluminense. O IM nasceu em 2010, depois de cinco anos sem um espaço físico próprio. Na época, as aulas eram oferecidas em escolas da rede municipal da cidade. Hoje, o Instituto Multidisciplinar tem 11 cursos de graduação, 3 mil alunos e cinco pós-graduações. Entre elas, duas são inovadoras: são intercâmpus. Em Seropédica, a expansão deixou a Rural mais heterogênea e multicultural. Em Nova Iguaçu, esse processo criou um câmpus com a sua própria cara. Os programas de extensão são um dos pontos fortes do IM, um câmpus que não abre mão de se relacionar com a comunidade. Professor do Departamento de História, Alexandre Fortes é diretor do IM desde o segundo semestre de 2013 e acompanhou o processo de criação do câmpus: - Havia um movimento forte, há dez anos, para a criação de uma universidade pública na Baixada. No começo dos anos 2000, houve um consórcio que envolvia a Rural, a UFF e a UFRJ, para oferecer alguns cursos aqui em Nova Iguaçu. Por volta de 2005, o governo federal começou com a expansão das federais. Decidiu-se, então, que seria um Instituto Multidisciplinar. Nós só não tínhamos um espaço próprio. Dávamos aula provisoriamente em um colégio municipal. Depois de cinco anos de obras, entramos aqui no prédio no início de 2010. No câmpus Seropédica, o Reuni trouxe novos estudantes para se relacionarem com os antigos. Antes da expansão, haviam 22 cursos. Hoje, em 2015 o câmpus sede tem 40. Mas em Nova Iguaçu, todos são novos. Para Camila Brandão, 19 anos, moradora de Queimados, o melhor de estar em curso, e em um Instituto novo, é poder ajudar a “construí-los”: - A melhor coisa que o IM trouxe para a Baixada foi o acesso à faculdade. Ir para o Centro, Zona Sul é complicado. Na minha turma, 90% das pessoas são daqui. A gente tem uma relação de pertencimento com a Baixada e uma vontade de dar aula para as pessoas daqui. Pelo curso ser novo, a gente tem muita

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No foi s em Seropdica que o Reuni expandiu a Universidade Rural. Alm do cmpus sede, a Universidade tambm marca presena na cidade de Trs Rios, Campos dos Goytacezes e em Nova Iguau, onde o Instituto Multidisciplinar consolida a Rural como o espao com vocao para discutir a regio da Baixada Fluminense. O IM nasceu em 2010, depois de cinco anos sem um espao fsico prprio. Na poca, as aulas eram oferecidas em escolas da rede municipal da cidade. Hoje, o Instituto Multidisciplinar tem 11 cursos de graduao, 3 mil alunos e cinco ps-graduaes. Entre elas, duas so inovadoras: so intercmpus. Em Seropdica, a expanso deixou a Rural mais heterognea e multicultural. Em Nova Iguau, esse processo criou um cmpus com a sua prpria cara. Os programas de extenso so um dos pontos fortes do IM, um cmpus que no abre mo de se relacionar com a comunidade. Professor do Departamento de Histria, Alexandre Fortes diretor do IM desde o segundo semestre de 2013 e acompanhou o processo de criao do cmpus:- Havia um movimento forte, h dez anos, para a criao de uma universidade pblica na Baixada. No comeo dos anos 2000, houve um consrcio que envolvia a Rural, a UFF e a UFRJ, para oferecer alguns cursos aqui em Nova Iguau. Por volta de 2005, o governo federal comeou com a expanso das federais. Decidiu-se, ento, que seria um Instituto Multidisciplinar. Ns s no tnhamos um espao prprio. Dvamos aula provisoriamente em um colgio municipal. Depois de cinco anos de obras, entramos aqui no prdio no incio de 2010.No cmpus Seropdica, o Reuni trouxe novos estudantes para se relacionarem com os antigos. Antes da expanso, haviam 22 cursos. Hoje, em 2015 o cmpus sede tem 40. Mas em Nova Iguau, todos so novos. Para Camila Brando, 19 anos, moradora de Queimados, o melhor de estar em curso, e em um Instituto novo, poder ajudar a constru-los: - A melhor coisa que o IM trouxe para a Baixada foi o acesso faculdade. Ir para o Centro, Zona Sul complicado. Na minha turma, 90% das pessoas so daqui. A gente tem uma relao de pertencimento com a Baixada e uma vontade de dar aula para as pessoas daqui. Pelo curso ser novo, a gente tem muita participao como alunos, sugerindo, por exemplo, aulas de campo. O instituto tem quatro blocos que atendem graduao e o setor administrativo, restaurante universitrio e cursos como de Turismo, Cincias da Computao e Administrao. As ps-graduaes do IM esto esperando as obras de seus prdios ficarem prontas para haver mais conforto. A previso que sejam entregues em abril de 2015. O instituto tem uma grande rea que pode ser usada para expanses futuras. Para o professor Alexandre, h demanda:- O IM tem uma situao peculiar dentro desse quadro da expanso. um cmpus novo, mas muito perto do cmpus original. Essa proximidade ainda difcil porque o sistema de transportes ruim. Por outro lado, o nosso cmpus fora de sede, mas localizado em um ncleo urbano muito maior que o de Seropdica. Ento, h demanda para justificar a expanso do cmpus.Na rea de Pesquisa, o IM atento histria da regio. O Centro de Documentao e Imagem responsvel por fazer preservar documentos antigos, jornais que contam um pouco sobre a Baixada. No laboratrio, o material digitalizado e recuperando, gerando um acervo. Ana Raquel, 20 anos, 3 perodo de Geografia. A principio gostaria de fazer enfermagem, mas por influencia de um bom professor no ensino mdio decidiu entrar para o curso. De Nova Iguau, 20 minutos de nibus do IM, a estudante afirma que a proximidade foi o que pesou na escolha. - Aqui tem bastante integrao com a comunidade, como palestras e os programas de iniciao cientifica, pet, que influenciam na conscientizao, ensino. Mas acho que deveriam ter mais disciplinas, preciso aumentar o tamanho do cmpus e o acesso aqui. Precisamos de um laboratrio de climatogologia e geologia. Aqui, os professores so bem unidos e temos uma relao prxima a eles. No tem muito aquilo de professor estrela. Eles do abertura para a gente. Para o professor Alexandre, a meta para os prximos anos aprofundar o dilogo com os setores da Baixada para planejar de uma forma sustentvel o crescimento do IM. Para dar esses passos futuros, o diretor aponta que assegurar a expanso do terreno, concluir o prdio da ps-graduao e a urbanizao do entorno do prdio so fundamentais para a consolidao do cmpus de Nova Iguau. Fbio Ferreira, 28, est no 4 perodo de Geografia. Como Ana Raquel, Fbio tambm acredita que a relao com os professores, principalmente por eles incentivarem a participao em projetos de extenso, um grande ponto forte do Instituto. Fbio - Antes, em Nova Iguau, as pessoas costumavam sair daqui para estudar em outro lugar. O IM trs uma perspectiva do conhecimento acadmico para a Baixada Fluminense. Isso melhorou bastante a educao na regio. Mas faltam mais cursos, para dialogar com a gente, principalmente da rea de cincias da natureza disse o estudante, que j estudou em Seropdica, onde fazia o curso de Fsica. - Aqui um pouco diferente de l. Com relao s festas, aqui tem menos do que em Seropdica. Como Seropdica dependente da Rural, tudo gira em torno da faculdade. Aqui tem outras faculdades particulares. uma cidade com mais eventos. Aqui, os alunos so mais formais. Acho que em alguns momentos, falta um pouco de formalidade na Rural de Seropdica.

Integrao entre os cmpus- Muitos setores tm dificuldade de entender que a UFRRJ no apenas Seropdica. Ns precisamos de descentralizao administrativa, alm de reforar a integrao acadmica. A gente ir para Seropdica ou algum de Seropdica vir para c para fazer ensino, pesquisa e extenso uma maravilha. Agora, a gente ir e vir para resolver coisas administrativas que podem ser resolvidas de forma descentralizada no faz sentido. Sou a favor da interdepedncia acadmica, mas da autonomia administrativa. Uma conquista para os estudantes foi o nibus intercmpus. Todos os dias, ele sai do IM s 12h e retorna s 17h de Seropdica.

Leandro Marlon estudante d 7 perqd0 de Jrnaio n cmpus Serpdica, mas conhece bem a histri do IM. Mrador de Nova Iguau, Leandro se formu em Historia em 2010 no ano em que o instituto foi entregue. Apenas no final da sua graduao, as aulas foram para o cmpus. Antes estudava no colgio municipal ... . Leandro participava do movimento estudantil que lutava pela entrega das obras.

- quando a gente pensa em educao no Brasil, a gente tem uma maneira meio nas coxas de fazer as coisas. Na educao, temos problemas de infraestrutura. Na escola que dou aula, falta recursos do estado. A gente tem o problema de falta de investimento. Eu estagiei em uma escola com uma estrutura muito boa. O IM, o pessoal da Histria e Pedagogia, no formavam apenas professores. Mesmo sendo licenciatura, eles queriam formam bachereis. Tinha uma professora que sempre falava: se voc um bom historiador, voc ser um boa professor porque voc saber como montar uma aula para o aluno se interessar. Acredito tem muito a melhorar. Os alunos da minha poca, que no tinham "casa", um cmpus para chamar de nosso, apredemos no tendo as coisas.

Vai ter uma disciplina do curso de Histria agora que a Histria da Baixada Fluminense, com uso de documentos antigos em sala de aula. Eu nunca tive isso na minha graduao e pretendo ir para essas aulas. Tem professor que fala que entra na sala para dar matria e o aluno no presta ateno. Eu entro conversando com eles. Eu acredito que o IM com a multidisciplinaridade. Nas aulas, uso coisas da matemtica para explicar revoluo industrial e explico um pouco ingls quando vemos cartazes da segunda guerra mundial. Acredito que a gente tem que romper com essa caixa que "uma matria est aqui, outra est ali".

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Na minha poca de IM, tinhamos um problemas que parecia que no ramos da Rural. Mas poucas vezes houve coisas para integrar os dois cmpus. Vejo mais vontade nos alunos do que na administrao superior de integrar. Eu acho que a integrao falha. O que acontece em Nova Iguau e Trs Rios no chega em Seropdica, mas eu no sinto muito boa vontade na admistrao de estreitar esse laos. A ideia de que o IM deveria ser a Universidade Fed. da Baixada Fluminense nunca foi para frente porque os alunos sempre se sentiram Rural. Lutamos por coisas particulares, mas quando temos assuntos em comuns nos integramos. Uma coisa boa um representante de cada pr-reitoria no IM. Na poca do movimento estudantil,

Somos os filhos rebeldes que chegamos para mudar a casa. Mudar a caracterstica agrria. E isso leva tempo, porque tem muito pensamento conservador. Acho que isso importante para o "flego" universitrio.

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Eu acho uma vergonha uma Universidade do tamanho da Rural ser to reduzida. uma relao distante. Na minha poca, a administrao no conseguia fazer uma verdadeira extenso. Do ponto de vista da educao, um pr-vestibular em Nova Iguau.

Os alunos reclamam muita da extenso, mas os grupos temticos tem que olhar para as comunidades tambm, alm dos alunosda comunidade. Na universidade, temos a mania de nos isolarmos das pessoas de fora, mas "ele" vo entrar na universidade e a gente vai ter que desconstruir. Sempre falo: "a gente est aqui, em um local que produz conhecimento, ento vamos sair e encontrar as pessoas. Ns vamos ouvir, aprender algumas coisas e passar outras. Eu encaro a extenso nesse sentido e a Rural muito insuficiente.

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diferente em dois pontos. A cultura acadmica enquanto no tnhamos um cmpus era um muito belicosa, de brigar por melhorias, por condies que no tinhamos. Isso foi muito bom para aquele universo de alunos e para a histria inicial do IM. Eu penso que a gente caminhou muito para uma coisa mais madura. O envolvimento com as necessidades e as demandas enriqueceu aquela galera. Em seropdica, eu vejo os estudantes do meu curso inquietos com as faltas de equipamentos e laboratrios. Mas eu sinto que estamos um pouco acuados, sem saber como cobrar. Quando eu estava me formando, os estudantes que estavam entrando achando no IM tudo lindo. Mas a gente falava que ainda precisava fazer rua, precisava fazer outras coisas. E eu falava que a gente quer mais, que temos que pensar na expanso do IM. Eu acho muito vlido a cultura poltica na universidade. Em seropdica, temos muito isso, muitos grupos defendendo n coisas, mas as coisas acabam meio separadas. "Aqui luta quem defende A, aqui luta quem defende B." Falta uma unidade e pedir as coisas por uma "ordem de urgncia". s vezes muito vontade, para poucar ao.