Universidade de Bras´ ılia Faculdade de Economia, Administra¸c˜ ao e Contabilidade Departamento de Administra¸c˜ ao Yuri Sampaio Maluf Mercado Brasileiro de fundos ETFs: Evidˆ encias Emp´ ıricas de Arbitragem. Bras´ ılia 2011

Mercado Brasileiro de fundos ETFs: Evidências Empíricas de … · 2011. 11. 9. · Yuri Sampaio Maluf Mercado Brasileiro de fundos ETFs: Evid^encias Emp ricas de Arbitragem. Monogra

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Universidade de Brasılia

Faculdade de Economia, Administracao e Contabilidade

Departamento de Administracao

Yuri Sampaio Maluf

Mercado Brasileiro de fundos ETFs: Evidencias Empıricasde Arbitragem.

Brasılia2011

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Yuri Sampaio Maluf

Mercado Brasileiro de fundos ETFs: Evidencias Empıricasde Arbitragem.

Monografia apresentado ao Departamento de

Administracao da Universidade de Brasılia

como requisito parcial para obtencao do tıtulo

de Bacharel em Administracao.

Brasılia2011

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FICHA CATALOGR´FICA

Maluf, Yuri SampaioMercado Brasileiro de fundos ETFs: Evidencias Empıricas de Arbitragem. / . –

Brasılia, 2011. 58 p.

Trabalho de Formatura — Graduacao em Administracao da Universidade deBrasılia.

Professor orientador Mse. Pedro Henrique Melo Albuquerque, Departamentode Administracao.

1. Metodos Quantitativos. 2. Financas. I. Maluf, Yuri II. Universidade deBrasılia. Departamento de Administracao. Departamento de Administracao. II. t.

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A Comissao Examinadora, abaixo identificada, aprova o Trabalho de Conclusao do Curso

de Administracao da Universidade de Brasılia sob o tıtulo“Mercado Brasileiro de fundos ETFs:

Evidencias Empıricas de Arbitragem”, defendida por Yuri Sampaio Maluf e aprovada em Julho

de 2011, em Brasılia, Distrito Federal, pela banca examinadora constituıda pelos professores:

Prof. MSc. Pedro Henrique Melo AlbuquerqueDepartamento de Administracao - UnB

Orientador

Prof. Dr. Otavio Ribeiro de MedeirosDepartamento de Contabilidade - UnB

Prof. Dr. Jose Caneiro da Cunha Oliveira NetoDepartamento de Administracao - UnB

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AGRADECIMENTOS

Agradeco ao professor e orientador Me. Pedro Henrique Melo Albuquerque pela

imensa ajuda e conhecimentos transmitidos, sem os quais nao seria possıvel a construcao do

trabalho. A toda equipe de professores da disciplina Estagio Supervisionado, que sempre se

mostraram dispostos a ajudar e tirar duvidas dos alunos, em especial a professora Kesia e

Vanessa. Adicionalmente a toda minha famılia, pelo incentivo e suporte.

Muito obrigado a todos voces!

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“A rapadura e doce, mas nao e mole nao”

Autor desconhecido

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RESUMO

Esta monografia investiga a possibilidade de arbitragem a partir dos descontos entre osvalores das cotas dos fundos ETFs transacionadas e seu valor fundamental, com dados de altafrequencia entre os anos de 2009 e 2010. O trabalho tem como objeto de estudo o mercadobrasileiro com o fundo iShare Ibovespa. Primeiramente e empregada uma analise das series doETF e o Ibovespa, seguido de simulacoes de estrategias que contemplem os descontos entre asseries dos ativos, tanto sem como tambem com custos de transacao. A fim de evitar efeitos deData-Snooping nos resultados das operacoes, foi usado a tecnica de Bootstrap (WHITE; SUL-

LIVAN; TIMMERMANN, 1999). No primeiro momento a estrategia alcanca retornos de 213%.No segundo, verifica-se que apesar da introducao dos custos operacionais reduzirem substan-cialmente os ganhos, ainda superam o mercado. Entretanto, os resultados apurados atravesdo processo de reamostragem, nao apontam para retornos excedentes, sendo atribuıdos aofenomeno de Data-Snooping.

Palavras Chaves: ETF; Arbitragem; Eficiencia de Mercado; Data-Snooping

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LISTA DE FIGURAS

4.1 Serie ETF x Ibovespa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

4.2 Criterio de Schwarz com Lags 1 a 7 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

4.3 Evolucao dos Retornos Acumulados e Excesso Retorno Estrategia sem Custos . 44

4.4 Evolucao dos Retornos Acumulados e Excesso Retorno da Estrategia com Custos 45

4.5 Histograma Excesso Retorno por Operacao, sem Custos . . . . . . . . . . . . 46

4.6 Histograma Excesso Retorno por Operacao, com Custos . . . . . . . . . . . . 47

I.1 Retornos dos Ativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

I.2 Excesso Retorno Estrategia por Operacao sem Custos . . . . . . . . . . . . . 58

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LISTA DE TABELAS

4.1 Regressao Excesso Volatilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

4.2 Teste Engle-Granger de cointegracao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

4.3 Regressao de Longo e Curto Prazo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

4.4 Vetores Auto Regressivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

4.5 Teste de Granger H0: Ibovespa nao causa ETF . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

4.6 Teste de Granger H0: ETF nao causa Ibovespa . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

4.7 Teste Johansen estatıstica Traco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

4.8 VECM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

4.9 Simulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

4.10 Estatıstica Exploratoria da Estrategia sem Custos . . . . . . . . . . . . . . . . 44

4.11 Simulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

4.12 Estatıstica Exploratoria da Estrategia com Custos . . . . . . . . . . . . . . . 45

4.13 Distribuicao Empırica do Excesso de Ganho da Estrategia sem Custo . . . . . 46

4.14 Distribuicao Empırica do Excesso de Ganho da Estrategia sem Custo . . . . . 47

I.1 Tabela:2 Teste de Raiz Unitaria ln(Ibovespa) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

I.2 Tabela:2 Teste de Raiz Unitaria ln(ETF) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

I.3 Tabela:4 Teste de Raiz Unitaria D ln(Ibovespa) . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

I.4 Tabela:5 Teste de Raiz Unitaria D ln(ETF) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

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LISTA DE ABREVIATURAS

NAV Net Asset Value

ICON Indice de Consumo

IMOB Indice Imobiliario

SMLL Indice Small Caps

FV Funcao Verossimilhanca

EMV Estimador de Maxima Verossimilhanca

HME Hipotese de Mercado Eficiente

ETF Exchange Traded Funds

ANBIMA Associacao Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais

CVM Comissao de Valores Mobiliarios

MSCI Morgan Stanley Capital International

DJIST Dow-Jones Istambul

DAX Deutscher Aktien Index

FTSE Financial Times Stock Exchange

CAC Cotation Assistee en Continu

SP Standart and Poors

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SUMARIO

1 Introducao 12

1.1 Formulacao do Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

1.2 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

1.3 Objetivo Especıfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

1.4 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

2 Referencial Teorico 17

2.1 Exchange Traded Funds . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

2.2 O Modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3 Metodologia 24

3.1 Tipo e descricao geral da pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

3.2 Caracterizacao da organizacao, setor ou area do objeto de estudo . . . . . . . 24

3.3 Populacao e Amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3.4 Instrumento de Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3.5 Procedimentos de coleta e de analise de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

3.5.1 Excesso de Volatilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

3.5.2 Estacionariedade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

3.5.3 Cointegracao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3.5.4 Maxima Verossimilhanca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

3.5.5 Vetores Auto Regressivo - VAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

3.5.6 Teste de Casualidade de Granger . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

3.5.7 VECM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

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3.5.8 Simulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

3.5.9 Bootstrap . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

4 Resultados Empıricos 38

4.1 Analise das Regressoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

4.1.1 Excesso Volatilidade e Estacionariedade . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

4.1.2 Co-integracao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

4.1.3 VAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

4.1.4 Casualidade de Granger . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

4.1.5 VECM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

4.2 Simulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

4.3 Bootstrap . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

5 Conclusao 49

Anexos 51

A 51

A.1 Excesso Volatilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

Referencias Bibliograficas 52

Apendices 56

I 56

I.1 Estacionariedade das Series . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

I.2 Retornos das Series . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

I.3 Retornos das Operacoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

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12

1 INTRODUCAO

A modalidade de investimento ETFs (Exchange Traded Funds) e resultado dos avancos

tecnologicos nos produtos dos mercados de capitais (GASTINEAU, 2001). Surge em 1990, na

bolsa do Canada (Toronto Stock Exchange), como nova categoria de fundos de ındices. Logo

em seguida, em 1993, foi introduzida nos Estados Unidos com a funcao de replicar o ındice

S&P 500 (Standard and Poor’s) (GUEDJ; HUANG, 2009). No Brasil, o primeiro ETF foi criado

em 2004 com o objetivo de reproduzir a rentabilidade do ındice IBrX-50 (FARIAS, 2009). A

diligencia dos fundos de ındice, portanto, e buscar as rentabilidades correspondentes a algum

ındice de referencia. Entretanto, diferentemente de fundos de ındices convencionais, as cotas

dos ETFs sao negociadas em bolsas de valores (POTERBA; SHOVEN, 2002).

Essa caracterıstica permite a existencia de desacoplamento entre o valor da cota e seu

valor fundamental. Estrategias de operacao que incorporem essas diferencas sao passiveis de

gerar informacoes preditivas nos retornos futuros de fundos ETFs. Contudo, essa condicao

entra em conflito com a suposicao de um mercado eficiente pois, em ultima instancia, os

custos de transacoes superariam as esperancas de rendimentos anormais, o que inviabilizaria

tais estrategias (CHERRY, 2004).

A concepcao da hipotese de eficiencia (HME) nos mercados financeiros e o elemento

central de sustentacao da moderna teoria de financas. Em consonancia com esta hipotese, os

precos dos ativos sao determinados mediante os reflexos do conjunto de informacoes disponıveis

publicamente a todos os investidores dos mercados. Por conseguinte, os precos dos ativos

convergem para seu valor fundamental, o que elimina a possibilidade de arbitragem ao encontrar

ativos super ou subvalorizados (ROSS; WESTERFIELD; JORDAN, 2008). Segundo Damodaran

(2009), essa eficiencia de mercado nao implica necessariamente que os precos dos ativos

permanecam estaticos em seus respectivos valores reais, mas que essas oscilacoes se configurem

apenas como meros passeios aleatorios.

Eugene Fama, em seu artigo intitulado como Efficient Capital Markets: A Review of The-

ory and Empirical Work, desenvolve alguns conceitos que alicercaram as ideias a respeito das

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13

eficiencias de mercado. Dentre esses conceitos, Fama (1970) discorre a respeito da identifi-

cacao de tres nıveis de eficiencia: no tipo fraca, os precos dos ativos ja compreendem todos

os valores precedentes. Deste modo, nenhuma tecnica que utiliza os valores passados, como

analise grafica, pode ser util na previsao de precos futuros e por consequencia na geracao

de ganhos consistentes acima das de mercado (TORRES; BONOMO; FERNANDES, 2002). No

segundo tipo, semi-forte, os precos dos ativos nao apenas contem os valores historicos, bem

como descontam todas as informacoes publicas, como demonstrativos financeiros e notıcias

veiculadas pelos meios de comunicacoes. No ultimo tipo, forte, os precos remetem tanto as

informacoes publicas quanto as privadas, o que impossibilita a chance de encontrar sistemati-

camente ativos subvalorizados.

Varios sao os trabalhos que estudam algumas anomalias que sao inconsistentes com essa

hipotese. Bondt e Richard (1985) apontam para as possibilidades de ganhos adicionais sis-

tematicos atraves de carteiras perdedoras, ou seja, carteiras que obtem os piores desempenhos

nos anos anteriores apresentam ganhos superiores as medias de mercado para os anos subse-

quentes. Estudos de Basu (1983) e Jaffe, Keim e Westerfield (1989) indicam tambem para

possibilidade de obter retornos acima da media atraves de observacoes de multiplos como

P/L.1

A essencia da formacao de estrategias esta nas mas precificacoes dos ativos, em outras

palavras, no afastamento de seu valor real. De acordo com Dimson e Mussavian (2000)

as mudancas nos precos se dao de forma randomica e com sucessivos retornos serialmente

independentes. Todavia, autores como DeLong et al. (1990) e Bohl e Siklos (2004) defendem

que no curto prazo ha presenca de correlacoes seriais positivas nos precos dos ativos.

As falhas nas precificacoes, aliadas aos movimentos de precos correlacionados, oferecem

margem para predizer alguns ensaios de oscilacoes de precos nos mercados. Nesse contexto,

fundos referenciados livremente transacionados nas bolsas de valores, conhecidos como ETFs,

oferecem boas oportunidades de testar hipoteses a respeito de possibilidades de arbitragem,

pois estas chances podem ser geradas por eventuais desacoplamentos das cotas dos ETFs em

relacao ao seu valor fundamental (CHERRY, 2004).

Poucos sao os estudos, no Brasil, acerca dos ETFs. O presente trabalho pretende, por

conseguinte, averiguar a existencia de predicao de retornos dos ETFs no mercado brasileiro,

a partir de estrategias de negociacao que se utilizam das mudancas intertemporais nos de-

scontos e se permitem assim alcancar ganhos consistentes, apesar da ocorrencia de custos de

transacoes. Para tal verificacao, sera usado o fundo ETF, conhecido como iShare Ibovespa, o

1O ındice P/L e valor do quociente entre o preco da acao e lucro da empresa.

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14

qual tem como benchmark o principal ındice do mercado acionario brasileiro.

1.1 Formulacao do Problema

A pujanca dos paıses emergentes, verificada nos ultimos anos, frente aos mercados ditos

desenvolvidos trouxe grande integracao nos mercados internacionais. As oportunidades veri-

ficadas nos mercados emergentes conduziram a entrada de recursos financeiros nestes paıses.

Este fato tem potencializado uma maior circulacao de capitais entre as nacoes. Assim, paıses

como o Brasil, inseriram-se de forma mais enfatica e precisa no que diz respeito a sincronizacao

nos movimentos do mercado de capitais mundial (LAMOUNIER; NOGEURIA, 2007).

O ingresso de maiores volumes financeiros no mercado brasileiro nao se restringiu aos

investidores externos, mas tambem permitiu a participacao de investidores nacionais. Houve,

apesar de tımida, uma popularizacao do mercado de acoes no Brasil. Segundo BMFBovespa

(2009), o numero de investidores foi cerca de 575 mil o que representou aproximadamente

0,25% da populacao, entretanto este numero apresenta evolucoes consistentes ao longo dos

anos.

Diante disto, surgem os fundos ETFs como uma alternativa barata de ingresso aos merca-

dos de capitais. Eles oferecem varias vantagens em relacao aos fundos passivos convencionais,

porem nao somente aos investidores, pessoas fısicas, mas tambem as empresas, de qualquer

porte, que queiram investir seu dinheiro ou ate mesmo fazer hedge de suas carteiras, de forma

a vista. Como explicitado anteriormente, o primeiro ETF criado no Brasil foi em 2004, fundado

para replicar o ındice IBrX-50, entretanto, no mercado norte americano esse instrumento ja

esta disponıvel desde os anos 90. Os ETFs sao, portanto, instrumentos recentes ao mercado

brasileiro, pouco ainda explorados em termos de pesquisa.

Sao escassos os estudos acerca do tema, de maneira que ainda nao se conhecem bem as

implicacoes de seu ingresso no mercado acionario brasileiro. Dessa forma, este trabalho busca

contribuir para a resposta da dinamica de suas precificacoes. Em especial, esta pesquisa visa

esclarecer sobre as falhas de precificacao, no curto prazo, ou seja, os possıveis desvios em

relacao ao seu valor fundamental e as possibilidades de arbitragem caso de fato estas falhas

venham a ocorrer.

A arbitragem e investigada a partir da configuracao de estrategias que captam os desvios

temporais entre o valor da cota transacionada e o valor lıquido de sua carteira, NAV. Essa

estrategia de operacao e avaliada sem e tambem com custos de transacoes. No entanto, deve

ser aferida a possibilidade de amostrar uma serie temporal que conduza a resultados positivos

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15

porem frutos do acaso somente, o que poderia sugerir um falso diagnostico dos resultados.

Em consonancia com White, Sullivan e Timmermann (1999), este fenomeno e conhecido com

Data-Snooping e sera tratado com maiores detalhes em capıtulos subsequentes.

Dentro deste contexto, pretende-se com esta monografia jogar luz sobre a seguinte per-

gunta: o mercado de ETF no Brasil e eficiente, ou seja, ha razoes para crer que e possıvel

seguir uma estrategia que forneca rendimentos inconsistentes com os do mercado?

1.2 Objetivo Geral

O presente trabalho tem como objetivo geral averiguar a relacao e o comportamento en-

tre as series temporais dos precos das cotas do fundo ETF iShare Ibovespa, sobre o codigo

BOVA11, e o valor do seu respectivo ındice de referencia, o Ibovespa. Visa verificar se o com-

portamento das series supracitadas permite aberturas de oportunidade para realizar transacoes

financeiramente e economicamente vantajosas. Este objetivo em ultima instancia investiga a

eficiencia do mercado brasileiro de fundos ETFs.

1.3 Objetivo Especıfico

A fim de analisar as possibilidades de lucros anormais por meio do estudo do comporta-

mento das series e de suas caracterısticas e necessario conhecer quais circunstancias o mercado

de ETF permitiria obter ganhos acima das medias de mercado. Em caso afirmativo, quais se-

riam as estrategias e suas implicacoes no que concerne a estrategias que incorporem tais

condicoes.

Desta maneira, tem-se como objetivos especıficos averiguar primeiramente a volatilidade

dos mercados de ETF e do seu ındice de Benchmark, o Ibovespa, assim como seu nıvel de

integracao, para checar os desvios em relacao ao valor fundamental de seus ativos.

Outro objetivo particular, concentra-se em estimar quais parametros otimos de estrategias

poderiam tirar proveito dos desvios das cotas do ETFs transacionados, em relacao ao seu valor

fundamental (NAV). Uma vez estimados, examinam-se quais seriam os ganhos financeiros e

economicos maximizados que esta estrategia permitiria alcancar.

Por ultimo, sera investigado se a performance da estrategia nao se configura como um

produto do mero acaso, uma vez que so e baseada em um unico processo gerador de dados.

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16

1.4 Justificativa

Poucos sao os estudos que abordam sobre o tema dentro do contexto do mercado brasileiro.

Os estudos sobre os ETFs fora do Brasil apontam, de forma geral, para convergencias nos

precos de suas cotas para seu valor fundamental. Ha outros estudos que mostram algumas

falhas nas precificacoes destes ativos quando o ındice Benchmark ao qual o fundo esta lastreado

nao e cotado paralelamente, ou sofre de pequenos intervalos de intersecao devido as diferencas

nos fusos horarios entre os mercados.

Esta pesquisa e relevante para dar maiores entendimentos sobre a dinamica do mercado

acionario brasileiro e os comportamentos de seus ativos. Assim, atraves desta pesquisa, sera

possıvel entender melhor a eficiencia deste mercado. Ademais, os resultados podem servir

de insumo para os investidores interessados em aplicar seus recursos nesta especie de ativo.

Outros possıveis contemplados com a realizacao desta pesquisa sao os desenvolvedores de

algoritmos de negociacao em bolsas de valores.

Em resumo, este trabalho alem de oferecer informacoes a diversos publicos, podera servir

de insumo para futuras pesquisas na area, sobretudo no que diz respeito ao mercado brasileiro

de fundos ETF (Exchange Traded Funds) o qual necessita de maiores estudos.

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17

2 REFERENCIAL TEORICO

Muitas sao as pesquisas sobre ETFs, apesar de sua recem introducao nos mercados interna-

cionais. Os estudos apontam para varias questoes como a eficiencia e estrutura de aprecamento

de fundos indexados; oportunidades de arbitragem; suas performances em relacao aos fundos

convencionais; a exposicao ao risco atraves de ETFs de ındices internacionais; a liquidez dos

mercados aos quais o fundo esta atrelado, dentre outras. Entretanto, no Brasil, os estudos

que abordam este instrumento sao escassos.

Nos mercados internacionais, trabalhos como de Jares e Lavin (2004) com ETFs de ındices

asiaticos (Japao e Hong-Kong) e suas cotas negociadas no mercado norte-americano apontam

para super reacoes entre descontos defasados e contemporaneos com os retornos futuros das

cotas do fundo, devido a falta de intersecao entre os mercados. Esses resultados indicam

tambem para a possibilidade de estrategias de operacao que incorporem tais falhas.

Adicionalmente, no mercado asiatico, Lin, Chan e Hsu (2005) exploram os descontos e as

performances do fundo ETFs em Taiwan (TTT). Dentre varios aspectos, o estudo indica para

uma relacao muito estreita entre o fundo e seu Benchmark. Outro ponto e o valor absoluto

das mas precificacoes. Os resultados apontam para uma incapacidade de ganhos economicos,

arbitragem, a partir dos desvios em relacao ao seu valor fundamental e uma eficiencia no

mercado de ETF. Ainda no mercado de Taiwan, Wang, Liau e Yang (2009) analisaram a

relacao entre Spot Market e as cotas dos fundos e mostram que apesar de ser minoria alguns

fundos apresentam uma relacao de causalidade de Granger, bidirecional com seu respectivo

ındice.

Dolvin (2009) e Marshall, Nguyen e Visaltanachoti (2010) examinaram margens de ar-

bitragem com ETFs do ındice S&P500, SPY e IVV. Os resultados apontados pelos autores

indicam para oportunidades, especialmente em perıodos de volatilidade. Alem disso, os fundos

ETFs sugerem capacidade de sinal no mercado futuro. Hasbrouck (2003) conclui que mesmo

com a insercao dos ETFs sua capacidade preditiva do valor fundamental, NAV (Net Asset

Value) e muito modesta ou nao significante, se comparada aos contratos futuros.

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Simon e Sternberg (2005) indicam tambem para super reacoes nos ETFs de ındices eu-

ropeus (DAX, FTSE e CAC) negociados nos Estados Unidos. Apos o fechamento dos mercados

na Europa, o movimento dos ativos oferece margem de predicao do NAV nos perıodos subse-

quentes. Engle e Sarkar (2002) expoem tambem que os precos dos ETFs europeus cotados

no mercado norte americano frequentemente desviam em relacao ao seu valor fundamental

devido aos horarios das negociacoes em ambos os continentes.

Kayali (2007) aponta para inviabilidade de arbitragem no mercado turco como ETF in-

dexado ao DJIST (Dow Jones Istanbul). No mercado da Oceania Gallagher e Segara (2004)

examinaram a performance dos ETFs e indicam para um estreito ajuste entre os descontos e o

NAV e eventuais desacoplamentos desaparecem rapidamente, o que de acordo com os autores

implica um mercado eficiente no ETF australiano.

Cherry (2004) investiga o excesso de volatilidade dos ETFs e seus determinantes. Ademais,

o estudo demonstra que este excesso implica uma alta correlacao entre os descontos defasados

e os retornos futuros. Assim, estrategias que incorporem tais caracterısticas estao passıveis de

gerar retornos anormais. Porem, estas taticas devem ser pouco rentaveis em mercados com

grande volume, alta variacao nos descontos e para ındices internacionais.

No Brasil Farias (2009) examina a influencia do ETF PIBB, na liquidez do seu respectivo

ındice. O estudo conclui, entretanto, que nao ha evidencias para a sua elevacao. Yang, J.

e Wang (2010) examina a previsibilidade nos retornos de 18 ETFs de ındices internacionais,

incluindo o Brasil. Os autores sugerem que ao levar em conta os efeitos de Data-Snooping a

previsao diaria do ETF de ativos brasileiros (MSCI Brazil) e ganhos nao sao factıveis.

Embora haja varios estudos a respeito dos ETFs, muito ainda precisa ser averiguado, so-

bretudo nos mercados emergentes, como o brasileiro, em que estes instrumentos sao mais

recentes. Desta maneira, este texto contribuira para o desenvolvimento do tema, atraves da

abordagem de analise das relacoes entre as series do ETF e do NAV, que permitam criar estrate-

gias que captem falhas momentaneas, e averiguar se abrem margem para ganhos excedentes,

contrastando com a HME.

2.1 Exchange Traded Funds

Os ETFs combinam caracterısticas dos fundos mutuos e os de acoes. O objetivo primordial

de todos ETFs, do mesmo modo como os fundos de ındices, e oferecer a mesma rentabilidade

de um determinado ındice atraves de uma estrategia passiva de investimento. Porem, difer-

entemente de fundos convencionais, os ETFs dispoem da mesma flexibilizacao de negociacoes

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de uma acao, pois suas cotas sao transacionadas livremente no mercado secundario durante

todo o horario do pregao das bolsas (GASTINEAU, 2001). Alem disso, no Brasil, as cotas destes

fundos e o de acoes sao resgatadas em D1 + 0 e as liquidacoes realizadas em D + 3. Em

contra partida, os fundos mutuos estao sujeitos a D+ 1 e D+ 4 respectivamente (INSTRUcaO

NORMATIVA CVM, 2002)

Assim, o investidor em ETF tem a possibilidade de recriar um portfolio diversificado, igual

ao ındice, com apenas um ativo. Este fato, implica, ao investidor, diretamente duas vantagens:

1. A primeira e a reducao de custos, uma vez que nao ha necessidade de aquisicao a vista

das acoes nas mesmas proporcoes do ındice ao qual o fundo esta atrelado.

2. A segunda e a velocidade de aquisicao, pois oferece a possibilidade de adquirir um ındice,

a vista, com apenas uma transacao (ROMPOTIS, 2005)

Os investidores de fundos mutuos incorrem em custos mais elevados que os fundos ETFs.

De acordo com Wild (2007), no mercado norte americano os fundos convencionais cobram

uma taxa de administracao em torno de 1,67% ao ano, em contra partida, os fundos ETFs

cobram taxas de administracao bem inferiores, cerca de 0,2% ao ano. Todavia, eles incorrem

em custos de corretagem e custodia, uma vez que sao transacionados como acoes. No Brasil,

a taxa cobrada pelo fundo iShare Ibovespa e de 0,54%2, enquanto, as taxas medias dos fundos

brasileiros de acoes, em 2010, situaram em 2,20% (ANBIMA, 2011).

Outra caracterıstica peculiar das cotas de fundos ETFs e a possibilidade de efetuar ganhos

com as quedas nos precos dos ativos do fundo. Este processo e feito por meio de tomada de

emprestimo de cotas, conhecidos por operacoes shortposition. Assim, ha a possibilidade, tam-

bem, dos agentes realizarem hedge a vista de suas carteiras atraves dos ETFs. Os tomadores

dos emprestimos, por sua vez, pagam juros aos cotistas, o que representa outra forma de

incrementar o retorno do investimento. Desta modo, os ETFs apresentam maior dinamismo

em relacao aos fundos convencionais (WILD, 2007).

O montante de todas as cotas do fundo, transacionadas, nao refletem necessariamente

o valor de seu patrimonio lıquido. Existe um desconto entre o valor do ativo liquido (Net

Asset Value - NAV) e o valor total das cotas que o compoem. Entanto, em circunstancias

normais, os retornos do NAV sao os mesmos das cotas. Mediante sua natureza, os ETFs

podem apresentar algumas desvantagens. O desempenho deles, por exemplo, podem nao

refletir inteiramente o desempenho do ındice. A presenca de um mercado secundario de cotas,

1A letra D refere-se ao dia em questao.2Disponıvel em <http://br.iShares.com>. Acessado em 14 de Marco de 2011.

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com forcas compradoras e vendedoras, permite provocar desacoplamentos em relacao ao NAV,

o que significa mudancas momentaneas nos descontos. Outro risco, salientado por Rompotis

(2007), ao qual ETFs estao sujeitos e quanto ao efeito do spread entre o preco dos pedidos de

compra e venda (Bid-Ask). Esses efeitos, contudo, nao ocorrem de forma direta nos fundos

de acoes convencionais (AGAPOVA, 2009).

Mediante essas caracterısticas dos fundos ETFs, e possıvel averiguar a possibilidade de

realizacao de arbitragem. Em condicoes normais ha um equilıbrio nos descontos entre os valores

das cotas e o NAV. No entanto, perturbacoes nesta estabilidade podem oferecer oportunidades

de predizer movimentos de precos. Essa possibilidade permitiria a formacao de estrategias de

operacoes com a realizacao de ganhos sistematicos, o que seria inconsistente com as hipoteses

de eficiencia de mercado, (CHERRY, 2004).

2.2 O Modelo

A HME implica que os precos das cotas dos fundos ETFs, a princıpio, devem estar in-

timamente correlacionados com o seu valor liquido (NAV). Pois o valor total dos ativos do

fundo deve refletir nos valores negociados na bolsa, deduzido os custos de transacoes (DOLVIN,

2009). Em um mercado em equilıbrio os retornos do fundo ETF sao iguais ao ındice ao

qual esta vinculado. Caso contrario, como exposto anteriormente, o desequilıbrio nos precos

provocaria oportunidades de realizacoes de arbitragem no mercado.

Os descontos sao calculados como as diferencas entre o ln do valor da cota do fundo

ETF, negociado no mercado, e seu respectivo valor lıquido. No instante de tempo t a variavel

desconto/premio, dt e definida por,

dt = ln[

PtNAVt

],

dt = ln [Pt]− ln [NAVt] .

(2.1)

Os fundos que trabalham com descontos, ou seja, um desagio, assumem dt < 0, inversa-

mente, havera um agio ou premio, dt > 0. Grandes descontos, portanto, referem-se a valores

altos de dt , porem em termos absolutos.

As operacoes de arbitragem podem ser realizadas quando o valor do desconto entre os

valores do NAV e do ETF, segundo a metodologia apresentada, for muito grande, o que

permite solicitar um resgate com lucro. Porem, esta especie de transacao incorre em alguns

inconvenientes em relacao ao tempo de operacao e ao mecanismo de resgate. De acordo com

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o regulamento do fundo iShare, as cotas sao entregues em lotes mınimos e com pelo menos

95% do seu valor em ativos na proporcao do ındice. O agente por sua vez deve vender estes

ativos no mercado a vista a fim de reaver o capital investido. Os ganhos podem ser auferidos

tambem na direcao oposta, por meio da criacao de cotas, entretanto ha a necessidade de um

agio. Oportunidades viaveis de realizacoes de tais operacoes exigiriam um grande desagio ou

agio respectivamente, para superar os custos (DOLVIN, 2009).

Uma estrategia alternativa a solicitar o resgate junto ao fundo e a realizacao de compra

e venda de cotas do fundo segundo seus descontos em relacao ao NAV. Na hipotese de haver

um equilıbrio constante no desconto entre as series, desvios em relacao a esta estabilidade

provocariam possıveis margens de operacoes. A estrategia, portanto resumiria-se na compra

de ETF no momento em que o valor da cota estiver bem abaixo do nıvel de equilıbrio e vender

em um segundo instante quando restaurar o equilıbrio. Esta mesma operacao pode ser feita

no sentido inverso, com posicao vendida.

O fenomeno do desequilıbrio da estabilidade do desconto e uma falha de mercado expli-

cada pela ma precificacao do ativo em dado perıodo do tempo. O desacoplamento entre valor

negociado de qualquer ativo e seu valor fundamental ocorre em funcao das auto-correlacoes

positivas. Esta retroalimentacao positiva pode ser devida a estrategias de negociacoes baseadas

na movimentacao dos precos, como a compra nas subidas e venda em movimentos de quedas

nos precos, conhecidos como buscadores de tendencia. Outra possibilidade, para este acon-

tecimento, e a utilizacao de ordem de Stop-Loss. Do mesmo modo, este fenomeno pode gerar

efeitos inesperados nos precos de mercado, o que oferece em um segundo momento, pressoes

corretivas no sentido do seu valor real (DELONG et al., 1990)

A presenca destas auto-correlacoes positivas, super reacoes em relacao os valor real, implica

que as variancias relativas ao ETF sejam maiores do que o seu NAV. A razao empırica para isto

se fundamenta na expectativa do mercado de ETF ser preponderantemente transacionado entre

investidores individuais, os quais sao menos sofisticados, menos informados e perseguidores de

tendencias (CHERRY, 2004).

As restauracoes da estabilidade entre os valores da cota do ETF e o NAV dependem

intrinsecamente dos movimentos destes ativos. O mecanismo de correcao do desequilıbrio

pode ser feito mediante deslocamento unilateral ou bilateral. Correcoes unilaterais significam

que apenas um dos ativos ira efetuar o movimento de correcao, em casos de grandes desagios

ou o preco do ETF cresce ou o valor do NAV decresce a fim de restabelecer o desconto

de equilıbrio. A outra possibilidade e o deslocamento de ambos os ativos no sentido da

estabilidade. Contudo, de acordo com Cherry (2004) para que a estrategia de operacao com

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ETF, o qual se utilize de desequilıbrios nos descontos, seja atrativa, o principal movimento de

correcao deve ser por meio do ETF e nao do NAV.

Em um mercado eficiente, o valor do desconto permanece estavel, ao longo do tempo,

o que gera retornos iguais entre o NAV e o fundo ETF, tendo desvios meramente randomi-

cos. Desta maneira, nao ha informacoes preditivas nos descontos que possam levar a ganhos

anormais. O retorno da cota do ETF pode ser decomposto em,

RETFt = RNAV

t + ∆dt, (2.2)

E[RETF

]= E

[RNAV

]+ E [∆dt,t−1] , (2.3)

em que E[X] e o operador esperanca e ∆dt,t−1 e dt − dt−1. A condicao de equilıbrio, porem

implica que E [∆dt] = 0. Logo da Eq(2.3) obtem-se

E[RETF

]= E

[RNAV

](2.4)

Entretanto, ao decompor E [∆dt,], e possıvel rearranjar a relacao da Eq(2.3) da seguinte

maneira,

E[RETF

]= E

[RNAV

]+E [dt] −E [dt−1] , (2.5)

= E[RNAV

]+E [dt] −dt−1, (2.6)

onde E[dt−1] = dt−1 , pois o valor de seu desconto no perıodo t ja e conhecido. Essa formulacao

deixa claro que oscilacoes nos descontos passados concebem retornos diferentes entre o ETF

e o NAV. Tudo o mais constante, acrescimo no valor de dt−1 leva a diminuicao no RETF ou,

de forma inversa, gera aumento no RNAV . Segundo Pontiff (1997), a condicao necessaria

para que os RETF sejam mais correlacionados com os descontos ao longo do tempo e que a

volatilidade do RETF deva ser maior do que RNAV . Desta forma, utilizando a variancia como

uma proxy da volatilidade, se,

Var(RETF

)> Var

(RNAV

), (2.7)

entao,Cov

(∆dt, R

NAV)

Var (∆dt)> −1

2. (2.8)

Sendo Cov[X, Y ] a covariancia e Var[X] a variancia. Essa relacao pode ser vista no anexo. A

Eq(2.8) propoe que o ETF com excesso de volatilidade e mais correlacionado com os descontos

precedentes, quando comparado ao NAV. A diferenca entre RETF e RNAV e representada por

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∆dt. Caso, em media, o RNAV decresca menos da metade do ∆dt, por consequencia o RETF

crescera mais da metade do ∆dt o que propoe que o RETF e mais volatil do que o RNAV . A

interpretacao da Eq(2.8) pode ser depreendida pela regressao RNAVt contra ∆dt.

Deste modo, ha uma relacao existente entre os descontos defasados e os movimentos de

estabilizacao do equilıbrio atraves do NAV e do ETF. Portanto, caso os descontos antecedentes

oferecam informacoes preditivas dos retornos do ETF, a estrategia que leve em conta estes

descontos, estarao passıveis de obter ganhos anormais consistentes. A condicao de obter

vantagens mediante esta caracterıstica, todavia, choca-se frontalmente com a HME, o que

sugere certa assimetria de informacao.

Outro ponto fundamental e a analise da velocidade de convergencia para o equilıbrio entre

as series. Na medida em que os movimentos de correcoes sao mais lentos, maiores sao as

oportunidades de captar estes desequilıbrios e por consequencia usufruı-los. Uma forma de

checar se os descontos precedentes e a velocidade de correcao dos desequilıbrios oferecem

oportunidades factıveis e por meio de uma simulacao. A adocao desta tecnica pode sugerir

valores otimos no grau de desacoplamento entre as series ETF e NAV que permita tirar proveito

em operacoes de mercado.

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3 METODOLOGIA

3.1 Tipo e descricao geral da pesquisa

O trabalho em questao, pela sua proposta e objeto de estudo, e de natureza quantitativa.

Quanto ao seu tipo, pode ser classificado como uma pesquisa de carater exploratorio. Para

isto serao utilizadas variaveis de natureza quantitativa, uma vez que ira ser empregado os

valores dos precos de fechamentos das cotas do fundo ETF iShare Ibovespa. Para conduzir a

pesquisa serao usados dados de fontes secundarias.

3.2 Caracterizacao da organizacao, setor ou area do ob-jeto de estudo

O objeto de estudo do trabalho e o fundo ETF iShare Ibovespa, o qual tem suas cotas

negociadas na Bovespa, de forma similar a uma acao. O fundo tem como gestora a empresa

BlackRock, o qual atua em mais de 60 paıses e que de acordo com ela, administra cerca de

3, 5 Trilhoes de dolares em ativos.

No Brasil, o iShare possui 6 tipos de fundos ETFs, cada um dos quais replica um deter-

minado ındice financeiro, como o ICON, IMOB e SMLL. As negociacoes das cotas do iShare

Ibovespa ,na bolsa de valores, se iniciaram no dia 28/11/2008 e desde entao tem crescido o

volume financeiro e o de negociacoes consistentemente, o que lhe confere uma grande liquidez.

Fato este importante, uma vez que sao negociadas no mesmo mercado das acoes. Igualmente

a todos os ativos, suas cotas possuem codigos a fim de padronizar e gerar identificacoes unicas

para cada ativo especıfico. Por sua vez as cotas do iShare Ibovespa sao negociadas sobre o

codigo BOVA11.

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3.3 Populacao e Amostra

A pesquisa fundamenta-se a partir da analise do comportamento de uma serie temporal,

mais especificadamente nas cotacoes dos precos das cotas do fundo ETF, disponıveis sobre

o codigo BOVA11, bem como tambem as pontuacoes do ındice Ibovespa. A dimensao da

populacao em estudo e infinita, ou seja, nao e possıvel por definicao, coletar todo o universo

de dados. A observacao e feita por meio da retirada de uma amostra especıfica, que com-

preende um intervalo de tempo preciso e observada com uma frequencia tambem particular e

determinada.

A amostra utilizada para gerar os resultados foi extraıda do banco de dados do grupo

CMA (Consultoria, Metodos, Assessoria e Mercantil S/A). Foram coletadas cerca de 26400

observacoes. A serie historica mostram os valores de fechamento das cotas do ETF e do

Ibovespa, na frequencia de 5 minutos. O perıodo compreende desde o dia 04/05/2009 a

05/08/2010 durante todo o horario de abertura do pregao, nao incluindo, no entanto, as

cotacoes do After-Market. Os eventuais missing values originarios da base do CMA, foram

interpolados de forma linear afim de dispor a serie de modo contınuo.

Com tal configuracao da amostragem feita, as propriedades assintoticas dos estimadores

utilizados e descritos posteriormente permitem aferir resultados com maiores precisoes. Desta

forma, as analises dos resultados terao maiores consistencias, o que permite oferecer melhor

qualidade e robusteza a pesquisa.

3.4 Instrumento de Pesquisa

Afim de atingir o objetivo proposto, serao aplicados modelos quantitativos de analise. Para

uma melhor compreensao, pode-se dividi-lo em tres grandes etapas descritas a seguir:

1. Analise Econometrica.

(a) Excesso de Volatilidade do fundo.

(b) Estacionariedade das series.

(c) Co-integracao entre ETF e o NAV.

(d) Maxima Verossimilhanca.

(e) Vetores Auto-Regressivos (VAR).

(f) Causalidade de Granger

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(g) Vector Error Correction Model (VECM).

2. Simulacao.

(a) Otimizacao dos parametros de estrategia sem custo.

(b) Otimizacao dos parametros de estrategia com custo.

3. Bootstrap.

(a) Reamostragem da serie e avaliacao dos desempenhos da estrategia sem custo.

(b) Reamostragem da serie e avaliacao dos desempenhos da estrategia com custo.

A linha de desenvolvimento da metodologia segue a apreciacao da perspectiva de aderencia

entre os ativos e suas margens de operacao. Apos isto, examina-se quais parametros de

estrategia conseguiriam gozar de ganhos anormais a partir destes desacoplamentos. Por ultimo,

ha uma investigacao se tais estrategias nao sofrem influencia do fenomeno de Data-Snooping.

O funcionamento das tecnicas empregadas serao explicitados com maiores detalhes na

secao subsequente.

3.5 Procedimentos de coleta e de analise de dados

Os dados necessarios a confeccao da pesquisa, como explicitado anteriormente, sao os

precos de fechamento das cotas. Apos coletados na base de dados, a amostra sera transformada

objetivando acomodar a serie de forma estacionaria.

Afim de dispor os dados de modo contınuo, os eventuais missing values originarios da base

do CMA, foram interpolados de forma linear da seguinte maneira:

PETFt =

PETFt−1 + PETF

t+1

2(3.1)

Os calculos de cada modelo econometrico sera estimado a partir do auxılio programa

Eviews 7 e R, ja a simulacao e o Bootstrap serao programados usando a linguagem de pro-

gramacao C# e R respectivamente.

3.5.1 Excesso de Volatilidade

Como citado antes, e de suma importancia para a estrategia de operacao analisar a difer-

enca entre as variancias das series. Para que o ETF esteja mais correlacionado com os de-

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scontos passados e necessario verificar se σ2ETF > σ2

NAV . Por meio da regressao,

RNAVt = β∆dt + ut, (3.2)

onde ut ∼ N(0, σ2NAV )1, e possıvel averiguar esta relacao entre as variancias. A interpretacao

do coeficiente, portanto, e um desdobramento logico da Eq. 2.8 supracitada. Caso o coe-

ficiente da regressao apresente um β > −1/2, a correlacao entre os RETF e os descontos

defasados sera maior do que com o RNAV .

3.5.2 Estacionariedade

Ao iniciar a analise das regressoes entre as series temporais do ETF e NAV e fundamental

que as series sejam, pelo menos fracamente estacionarias. Pois caso contrario, havera a

possibilidade de ocorrer uma regressao espuria, ou seja, regressoes que nao fazem sentido do

ponto de vista financeiro, mas e captada em termo de significancia estatıstica.

Os valores das cotas do ETF e do NAV, assim como muitos ativos financeiros, nao sao

estacionarios. Deste modo, a fim de trabalhar com variaveis estacionarias e necessario trans-

formar tais valores. Uma maneira de tentar obter estacionariedade e atraves da utilizacao de

seus respectivos retornos RETF e RNAV . Estas novas variaveis do ETF e NAV sao dadas a

partir da seguinte expressao,

RETFt = ln

[PETFt

PETFt−1

]= ∆ln

(PETFt

), (3.3)

RNAVt = ln

[PNAVt

PNAVt

]= ∆ln (NAVt) , (3.4)

em que PETFt e PNAV

t sao os valores do preco da cota transacionada no mercado secundario

e seu valor lıquido respectivamente. Os valores dos dividendos e juros sobre capital proprio

nao sao incorporados, uma vez que os proventos sao reinvestidos no fundo (REGULAMENTO

ISHARE IBOVESPA, 2009). O indexador t explicita o perıodo de tempo correspondente ao valor

da variavel.

Apos transformar a serie dos precos dos ativos para seus respectivos retornos, faz-se ainda

necessario realizar um teste estatıstico de existencia de estacionariedade das series temporais.

Sera utilizado para este proposito, o teste de raiz unitaria, conhecido como teste de Dickey-

Fuller. De acordo com Gujarati (2006), o ponto inicial para a realizacao deste teste e a analise

1O termo refere-se a distribuicao gaussiana com os parametros media e variancia 0 e σ2NAV , respectiva-

mente.

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da regressao subsequente,

Xt = ρXt−1 + ut,−1 ≤ ρ ≤ 1 (3.5)

o qual ut e um ruıdo branco. A hipotese nula H0 associada ao teste e ρ = 1 contra H1 : ρ 6= 1.

Nesta hipotese, o teste indica presenca de estacionariedade.

Apesar da possibilidade de formacao de uma regressao espuria, quando as variaveis do

modelo nao sao estacionarias, sua combinacao linear pode apresentar tal caracterıstica, nesse

caso, e dito que as series sao co-integradas.

3.5.3 Cointegracao

Duas ou mais series sao co-integradas se elas mutualmente apresentam comportamentos

similares em suas flutuacoes ao longo do tempo. Segundo Koop (2009) nao ha problemas

associado a regressoes espurias quando suas series sao co-integradas, pois ha uma relacao de

equilıbrio entre elas. Assim, e possıvel recorrer a regressoes com ambas series nao estacionarias,

sem incorrer em problemas de regressao espuria. No entanto, os parametros desta regressao

darao a relacao de longo prazo entre elas.

Em consonancia com Brooks (2008), para verificar a existencia de co-integracao entre as

series e necessario checar se ambas as series possuem o mesmo nıvel de integracao e se os

resıduos da regressao, entre as variaveis, sao estacionarios I(0), ou seja integracao igual a zero.

Atraves do teste de raiz unitaria, semelhante ao citado anteriormente, conhecido como Engle-

Granger, e possıvel averiguar tal relacao. Porem, os valores crıticos do teste sao diferentes. O

teste, para uma defasagem, parte da seguinte regressao,

ut = ψut−1 + vt, (3.6)

onde o termo de erros vt e iid2. O fato de haver co-integracao entre as series, em outras

palavras, existencia de uma relacao de equilıbrio de longo prazo, nao implica ocorrencia tambem

no curto prazo. Logo, e possıvel surgir alguns desequilıbrios entre elas no curto prazo.

Desta maneira, e plausıvel usar ut como um “erro de equilıbrio”. Este termo e empregado

como um mecanismo de correcao de erro para combinar o comportamento de curto com o de

longo prazo (GUJARATI, 2006)

A relacao de longo prazo, por consequencia, e dada pelo equilıbrio entre os valores do ETF

2O termo e designado para se referir a distribuicoes em que a variavel aleatoria e identicamente e indepen-dentemente distribuıda.

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e do NAV. Esta relacao pode ser verificada por meio da equacao,

ln(PETFt

)= α + βln

(PNAVt

)+ ut, (3.7)

isolando o erro tem-se,

ut = ln(PETFt

)− βln

(PNAVt

)− α. (3.8)

Caso o erro apresente estacionariedade pode-se verificar a existencia de co-integracao entre

o ETF e o NAV. O parametro β e α indicam o valor do desconto medio entre as series.

Por conseguinte, para averiguar a relacao de curto prazo entre os retornos do ETF e do

NAV, faz-se necessario embutir o termo de correcao de erro. A relacao de curto prazo entre

as series apresenta a seguinte estrutura:

RETFt = ω + ζRNAV

t + ϕ[lnPETF

t−1 − βlnPNAVt−1 − α

]+ εt,

RETFt = ω + ζRNAV

t + ϕut−1 + εt.

(3.9)

O retorno do ETF e a variavel endogena, que em condicoes de equilıbrio, vao convergir

bem proximos aos retornos NAV, o qual e a variavel exogena, pois nao contera descontos fora

da condicao de equilıbrio, implicando ut−1 = 0.

O parametro ϕ indica a velocidade de convergencia para o equilıbrio entre as series. Me-

diante este parametro, e possıvel obter maior aproveitamento na estrategia de operacoes com

ETF. Ja o parametro ζ sinaliza a relacao de curto prazo entre os valores do ETF e NAV.

3.5.4 Maxima Verossimilhanca

Os valores dos parametros das regressoes das series co-integradas, como a taxa de con-

vergencia ϕ, relacao de curto-prazo ζ, bem como as de longo prazo β e α, sao essenciais

para a analise e avaliacao dos modelos. A fim de aferir os modelos supracitados torna-se

essencial obter as estimativas dos valores dos parametros e suas faixas de confianca, uma vez

que so ha a disposicao dos valores amostrais. O processo de estimacao dos parametros do

modelo apresentado sera feita por meio da metodologia conhecida como estimadores maxima

verossimilhanca (EMV).

O processo de estimacao por meio da maxima verossimilhanca possui propriedade estatıs-

ticas fortes. Segundo Hines, Montgomery e Borror (2006), este estimador e consistente, isto e,

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na medida em que o tamanho da amostra aumenta ilimitadamente a variancia do erro amostral

e o vies tendem a zero, igualando as estimativas aos parametros populacionais. O metodo

consiste, assim, na busca do conjunto de valores para os parametros dos modelos nos quais

maximizem suas probabilidades de ocorrencia. Para isso, e gerado a funcao de verossimilhanca

(FV),

f(ε1, ε2...εT |Θ) = f(ε1|Θ)f(ε2|Θ)...f(εT |Θ) =T∏t=1

f(εt|Θ),

onde Θ e o vetor de valores dos parametros e T e o tamanho da serie e εt e iid. Observa-se

que FV e funcao apenas de seus parametros. Na pratica, e mais conveniente trabalhar com

somatorio ao inves de produto, para isso dispoem a FV da seguinte maneira,

ln (f(ε1|Θ)f(ε2|Θ)...f(εT |Θ)) =T∑t=1

ln f(εt|Θ),

no qual a expressao acima e conhecida como logFV.

A estimacao compreende, portanto, em localizar os valores do espaco parametrico, Θ, que

maximize o valor de FV . A funcao usada na inferencia, entretanto, e logFV , pois como ela

e monotona crescente, uma vez otimizado logFV por consequencia tambem o fara para FV,

sem incorrer em prejuızo.

Nao basta para a analise somente a estimativa dos valores pontuais, deve-se tambem

inferir a respeito dos intervalos de confianca. Roussas (2003) destaca que os estimadores

de maxima verossimilhanca sao assintoticamente normalmente distribuıdos e nao viesados.

Especificadamente, para T suficientemente grande, o EMV tem variancia que se aproximam

do limite inferior de Cramer-Rao, ou seja, variancia mınima. Mais formalmente, tem-se para

um determinado parametro θ,

limt→∞

√t(θ − tθ) d→ N(0, σ2

θ),

onde σ2θ = 1/I(θ), I(θ) = Eθ

[∂∂θlogf(X; θ)

]2e X e a variavel aleatoria. Desta maneira,

θ ∼ N(θ, σ2θ/n). A partir deste ponto, e possıvel utilizar desta caracterıstica para estabelecer

faixas aproximadas para as estimacoes dos parametros. Assim, o intervalo de confianca de

100(1− α)% para θ e obtido por,

θ − Zα2

√V ar[θ] ≤ θ ≤ θ + Zα

2

√V ar[θ],

em que Z e o quantil da normal com p = α2

o qual pode ser interpretado como numero

de desvios padroes e α e o nıvel de confianca. Somente apos estimado as faixas de confiancas

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sera possıvel testar a hipotese de que os parametros sao diferentes de zero. O que se procura,

em verdade com isto, e averiguar se as variaveis exogenas apresentam, de fato, influencia no

comportamento da endogena, descrita pelo modelo.

3.5.5 Vetores Auto Regressivo - VAR

Em consonancia com o modelo VAR, popularizado por Sims (1980), as variaveis sao

dispostas em funcao de seus valores e das outras variaveis incluıdas do modelo de forma

defasada, ou seja, todas as variaveis sao endogenas. Para cada equacao ha o mesmo numero

de variaveis, expressas de forma linear e com a mesma ordem de lags. O modelo VAR e

estimado pelo metodo dos mınimos quadrados ordinarios (MQO), (KOOP, 2009). Assim, o

modelo para duas variaveis RETF e RNAV , e expresso da seguinte maneira,

RETFt =

k∑i=1

φ1iRETFt−i +

k∑i=1

ω1iRNAVt−i + uETFt ,

RNAVt =

k∑i=1

φ2iRNAVt−i +

k∑i=1

ω2iRETFt−i + uNAVt ,

(3.10)

onde RETFt e RNAV

t sao os retornos do fundo ETF e o retorno do Ibovespa respectivamente.

Os coeficientes φ e ω sao os parametros estimados pelo modelo. Os uETFt uNAVt , dentro da

metodologia VAR, sao os termos de erros estocasticos N(0, σ2), denominados impulsos ou

choques (GUJARATI, 2006).

Para selecionar o numero otimo de defasagens e aplicado a tecnica de criterio de infor-

macao. Optou-se, neste trabalho, utilizar da estatıstica de Schwartz (BIC), visto que apesar de

sua ineficiencia o criterio e consistente, (BROOKS, 2008). O criterio e computado da seguinte

forma,

BIC(n) = ln(|Σu|) +ln(T )nK2

T, (3.11)

onde Σu e a matriz de covariancia, T o tamanho da realizacao, K a ordem do sistema e n

numero de lags. Assim, o menor valor do criterio indica o melhor numero de lags.

3.5.6 Teste de Casualidade de Granger

Para investigar a relacao de casualidade entre o ETF e o Ibovespa, faz-se importante

utilizar o teste de Granger. O teste tem a estrutura equivalente ao VAR e pressupoe que

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as absorcao das informacoes do modelo estao embutidos apenas nos valores passados dessas

variaveis. (GRANGER, 1969) usa o teste de hipotese conjunto para os parametros do modelo

com cada variavel. Deste modo, o teste parte do seguinte VAR,

RETFt =

m∑i=1

ηiRETFt−i +

m∑i=1

κiRNAVt−i + uETFt ,

RNAVt =

m∑i=1

φiRNAVt−i +

m∑i=1

ωiRETFt−i + uNAVt ,

(3.12)

sendo que os ut nao sao correlacionados, η, κ, φ e ω sao parametros estimados.

A tecnica testa a hipotese nula conjunta para∑κi = 0 e

∑ωi = 0. O teste indica

nao somente a casualidade bem como sua direcao. Caso∑

i κ = 0 e∑ωi 6= 0 ha uma

casualidade unidirecional em que ETF causa NAV no caso inverso tem-se o sentido contrario.

A causa bilateral ocorrera se∑κi 6= 0 e

∑ωi 6= 0 caso em que eles mutualmente se causam

(GUJARATI, 2006).

O termo “causar” no contexto do teste de Granger implica que os valores defasados de

uma variavel oferecem informacoes significativas, sendo os lags da variavel exogena uteis para

prever os valores da endogena (BUENO, 2008).

3.5.7 VECM

De acordo com a metodologia do VAR, para evitar regressoes espuricas, todas as variaveis

devem ser estacionarias, entretanto, Engle e Sarkar (2002) argumenta que caso algumas series

apresentem co-integracao e necessario utilizar o modelo de vetores de correcao de erro. Assim,

o VECM expressa as variaveis nao somente como dependentes dos seus retornos passados

(VAR), bem como os efeitos dos desequilıbrios entre elas (DOLADO; GONZALO; MARMOL, 2001).

Dentro desse contexto, para averiguar a existencia de series co-integradas, na estrutura do

modelo, e plausıvel usar o teste de Johansen (1991). O teste e uma generalizacao multivariada

do teste de raiz unitaria e tem como ponto de partida um VAR com h defasagem e com as

variaveis I(1), organizados da seguinte maneira, (ALEXANDER, 2008),

Pt =h∑i=1

βiPt−i + vt, (3.13)

onde Pt e o vetor dos precos dos ativos, βi e a matriz dos coeficientes do modelo e vt e o

vetor dos choques.

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A partir da Eq(2.1) e possıvel transformar em um modelo VECM, da seguinte forma,

Rt = ΠPt−h +h∑j=1

ΓjRt−j+1 + vt, (3.14)

em que a matriz Π =∑h

i=1 βi − I, Γj =∑j

i=1 βi − I e I e a matriz identidade.

O teste de co-integracao centra sua analise no rank da matriz Π, o qual seus elementos sao

os coeficientes de longo prazo, (HANSSENS; PARSON; SCHULTZ, 2008). Segundo a abordagem

de Johansen (1988) a verificacao de co-integracao pode ser realizada atraves da seguinte

estatıstica,

λmax = −T ln(1− λr+1), (3.15)

sendo r o numero de vetores co-integrados e λ o valor estimado dos auto-valores da matriz

Π. O teste tem como hipotese nula o numero de vetores co-integrado igual a r contra a

existencia de r + 1. Johansen e Juselius (1990) apontam que os valores crıticos do teste nao

possuem distribuicoes usuais, sendo seus valores calculados por meio de simulacoes. Devido

sua caracterıstica, o teste e feito de forma sequencial com H0 : r = 0 a H0 : r = m− 1 onde

m e o numero de variaveis do modelo.

A matriz Π e dada atraves do produto de duas outras matrizes,

Π = αβT

onde α e β tem dimensoes (h × r) e T corresponde a transposta da matriz. O presente

estudo contempla, portanto, somente duas series, de maneira que a unica possibilidade de

configuracao e,

Π =

[α11

α21

] [β11 β21

].

A matriz β prove os vetores de co-integracao e a matriz α fornece os coeficientes das veloci-

dades de ajustamento, (BROOKS, 2008).

3.5.8 Simulacao

A formulacao e montagem da estrategia mencionada, que busca superar os retornos me-

dios de mercado, captadas pelo grau de desacoplamento entre as series ETF e NAV, sera

diagnosticada por meio de simulacao. Deste modo, pode-se averiguar se sua capacidade de

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gerar lucros sao factıveis e consistentes ao longo do tempo. O trabalho em questao utilizou

desta tecnica, para testar a estrategia nao somente no que tange a possibilidade de ganhos,

bem como tambem os pontos otimos de entrada e saıda, que maximizam os retornos. Para

que o retorno oferecido pela operacao apresente de fato uma estrategia vencedora ela deve

nao apenas gerar proventos a cima de mercado, mas tambem superar os custos de transacoes.

Todavia, a presenca de retorno excedente pos custos, como mencionado, vai totalmente de

encontro a hipotese de eficiencia do mercado.

A estrategia em questao e configurada a partir dos desvios dos descontos medios entre

o valor das cotas do ETF, transacionadas na bolsa de valores, e seu valor fundamental ao

longo das negociacoes no pregao. A medida que os descontos se estendem em determinado

ponto no tempo, havera forcas corretivas em um segundo momento, de ambos os lados, a

fim de reestabelecer o equilıbrio. O movimento de estabilizacao de interesse, empregado pela

estrategia, e o ETF pois, se ele e o principal agente corretivo, logo seus desvios em relacao ao

desconto medio guiam as oportunidades de operacoes de compra e venda de ETF.

A simulacao contempla, portanto, a analise desta estrategia. O primeiro instante, concerne

na verificacao da hipotese da estrategia superar o mercado. Ja em um segundo instante, afere o

grau de sua eficiencia diagnosticada no valor maximo de seu retorno. Esta estrategia e expressa

por meio de uma funcao chamada, funcao estrategia E(dt), proposta por Cherry (2004), que

consiste em oferecer as regras formais de operacao, no qual o agente devera comprar, manter

em carteira ou vender o ativo.

Considere, assim, σd o desvio-padrao dos descontos e d o valor do desconto medio entre

ETF e NAV. Os parametros de entrada e de saıda das operacoes sao definidos mediante o grau

de desvios padroes em relacao a sua media. Desta forma, a funcao estrategia E(t) e definida

como,

E(dt) =

1, se dt−1 ≤ d+Bσd

1, se dt−1 ≤ d+ Aσd e E(dt−1) = 1

0, caso contrario

Os retorno F no perıodo t sao calculados da seguinte maneira,

F [E(dt)] = (1 +RETFt+1 )E(dt) + [1− E(dt−1)],

em que a imagem E(dt) = 1 representa o ativo ETF em carteira e E(dt) = 0 caso contrario.

Dada a funcao estrategia E(dt) a simulacao tem o objetivo de indicar os pontos “A” e “B”

otimos, que fornecam o maior retorno total, alem de algumas estatısticas dos ganhos. A fim

de operacionalizar a geracao desses resultados, o processo de simulacao obedeceu os seguintes

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passos:

1. Estabelecer um valor aleatorio uniforme para A e B.

2. Gerar os valores da funcao estrategia.

3. Extrair os valores dos retornos totais.

O valor do retorno total e computado pela seguinte forma,

T∏t=1

F [E(dt)] =T∏t=1

{(1 +RETF

t+1 )E(dt) + [1− E(dt)]}.

Em outras palavras, e feita a capitalizacao na frequencia de 5 em 5 minutos de negociacao.

Quando nao se opera com o fundo ETF, o juros ganho e zero e em contra partida, quando

realiza a estrategia e computado o retorno da operacao.

3.5.9 Bootstrap

Nao obstante, os valores encontrados pela simulacao remetem a performances absolutas,

pontuais e nao oferecem faixas de confianca para inferencia a respeito de seus desempenhos.

De acordo com White, Sullivan e Timmermann (1999) o problema surge pelo fato da estrategia

basear-se em apenas uma unica realizacao do processo estocastico dos movimentos dos ativos

ETF e NAV. Deste modo, e possıvel captar uma estrategia qualquer que a priori sugere uma

capacidade preditiva superior, quando na verdade e produto do mero acaso, conhecido como

Data-Snooping.

A fim de evitar este problema, sera utilizado a tecnica de reamostragem, conhecidas como

Bootstrap, o qual permite estabelecer distribuicoes empıricas dos resultados da estrategia por

meio de realizacoes alternativas dos ativos. Esta metodologia e importante para construir

faixas de confianca no intuito de averiguar se as performances explicitadas, na simulacao da

estrategia, sao de fato diferentes dos ganhos medios do mercado.

O modo usual da tecnica de Bootstrap, e atraves de reamostragem sucessivas, para a

geracao da funcao de distribuicao de probabilidades empıricas. Entretanto, este procedimento

considera os elementos da amostra iid, o que segundo Brooks (2008) nao sao tıpicos em

realizacoes provenientes de series de ativos no mercado financeiro. Para contornar tal situacao

e empregado o procedimento de reamostragem atraves de blocos nao sobrepostos.

O Bootstrap em blocos e utilizado sobre tudo em series temporais, a fim de construir

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amostras de blocos, com reposicao, de forma independentes e que concomitantemente con-

servem a dependencia das realizacoes dentro deles. No entanto, a qualidade da tecnica e

influenciada pela escolha do tamanho dos blocos. Na medida em que aumenta o numero de

blocos, maior e a amostra e menor a preservacao da dependencia da serie, no sentido con-

trario, tem-se o efeito inverso. Para dimensionar os blocos de forma a maximizar sua eficiencia,

trabalhos como de Hall, Horowitz e Jing (1995) descrevem condicoes e regras para a escolha

otima. Logo, na pretensao de estimar a distribuicao dos ganhos, a dimensao dos blocos(l)

deve seguir l ≈ T14 , em que T e o tamanho da amostra.

Neste contexto, a tecnica de geracao de amostra atende os seguintes procedimentos,

seja S = {Xi : i = 1, ...n} a serie original, o k-esimo bloco e formado pelo seguinte vetor

Bk = {Xw, ...Xw+l−1} em que w = Tl× k, l e o tamanho do bloco e T o tamanho da

amostra original. Apos constituıdos h blocos, e selecionado os blocos de forma aleatoria, com

reposicao, de maneira a gerar uma serie alternativa

S∗ ={B1j ,B2

j ...Bhj}

={X1w...X

1w+l−1, X

2w...X

2w+l−1, ..., X

hw...X

hw+l−1

}onde j e um valor aleatorio entre 1 e h.

A partir disso, o parametro λ, proveniente da distribuicao desconhecida, e estimado por

ν(S) = λ, o qual S e a serie original. Contudo, a priori nao ha indicadores de quao preciso e o

estimador ν. A fim de aferir o erro-padrao de λ e realizado estimativas das series reamostradas

ν(S∗b ) = λ∗b , onde b e a b-esima replicacao Bootstrap. De acordo com Efron e Tibshirani

(2000), o estimador Bootstrap do erro-padrao, se(λ), e calculado como

seB =

{B∑b=1

[λ∗b − λ∗(·)]2/(B − 1)

} 12

. (3.16)

Em que Dado λ∗(·) =∑B

b=1 λ∗/B e B e o numero de amostras Bootstrap. No presente

trabalho, o parametro λ, media dos excessos de retornos com a estrategia, e estimado da

seguinte forma,

ν(S) = T−1T∑

dt=1

{F(dt)−RNAV

t+1

}= λ.

(3.17)

A tecnica Bootstrap pode tambem ser utilizada na construcao de intervalos de confiancas.

Uma metodologia possıvel para isto, e constituıda atraves dos percentis extraıdos das repli-

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cacoes λ∗. Segundo Davison e Hinkley (2009) nenhuma transformacao e necessaria para a

utilizacao deste metodo. Assim, os quantis podem ser diretamente observados no histograma

Bootstrap. As faixas de confianca sao calculadas por meio da funcao cumulativa G de λ∗.

Dado isto, ao nıvel de confianca de 1− 2α, e definida a banda inferior, α, e a superior, 1−α,

dos percentis de G (EFRON; TIBSHIRANI, 2000), ou seja,[λinf , λsup

]=[G−1(α), G−1(1− α)

],

onde a inversa, G−1(α) = λ∗(α), e o α-esimo percentil da distribuicao Bootstrap. Logo,

pode-se escrever o intervalo de confianca como,

[λinf , λsup

]=[λ∗(α), λ∗(1−α)

].

(3.18)

Desta maneira, o Bootstrap permite estabelecer estimativas dos intervalos de confianca

para as medias das profusoes dos retornos da estrategia, λ. Por conseguinte, e possıvel apurar

se as operacoes concebem oportunidades factıveis de superar o mercado, sem incorrer em

Data-Snooping.

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4 RESULTADOS EMPIRICOS

4.1 Analise das Regressoes

4.1.1 Excesso Volatilidade e Estacionariedade

O fundos ETF iShare, objeto de analise desde trabalho, em ultima instancia como exposto,

replica o Ibovespa, principal ındice do mercado acionario brasileiro. A partir da figura 4.1, e

possıvel verificar tal relacao, em que expoem a evolucao da serie historica de ambos os ativos.

Esse comportamento e seus possıveis desdobramentos conferem o ponto de partida da analise.

Para viabilizar a estrategia, que leve em conta esta caracterıstica, e fundamental que as

cotas de BOVA11 seja mais volatil que o NAV. Com o intuito de atender a tal preceito, foi

empregado a regressao, RNAVt = β∆dt + ut. No Output da tabela 1 nota-se, de fato, que

o coeficiente β ≥ −12. Como elucidado, isto implica em um excesso de volatilidade do ETF

perante o NAV.

Os p-valores acompanhados de (*) indica um alto nıvel de significancia, uma vez que e da

ordem menor que 10−3. As figuras das series dos retornos de ambos os ativos estao dispostos

no apendice.

Coeficiente Erro Padrao Estatıstica-z p-Valorβ −8.02× 10−5 1.38× 10−5 -5.795 0.000*

LogFV 131614.4 Criterio Info Akaike(AIC) -10.12442

Tabela 4.1: Regressao Excesso Volatilidade

Para empregar as regressoes faz-se necessario utilizar de series estacionarias, sob pena de

incorrer nas regressoes espuricas. Para isso, foi checado a existencia de raiz unitaria das series

dos logarıtimos neperianos dos valores do ETF e NAV. A hipotese nula, de haver raiz unitaria,

nao foi rejeitada para as duas series, os p-valores ficaram com 0.3182 e 0.3010 respectivamente.

Os valores das estatısticas foram aredondados ate a quarta casa decimal.

Tomando a primeira diferenca, os retornos das series supracitadas tem a hipotese nula para

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Figura 4.1: Serie ETF x Ibovespa

ambas rejeitadas, sobre um nıvel de significancia de 1%. As tabelas dos testes de Dick-Fuller

para o ETF e NAV e seus respectivos retornos encontram-se no apendice.

4.1.2 Co-integracao

A primeira condicao de existencia de co-integracao entre as series e de possuırem o mesmo

estado de integracao. No presente caso, foram identificados os mesmos nıveis I(1). Assim,

para checar a existencia desse estadp, resta testar a estacionariedade dos resıduos da Eq.3.7.

Contudo, os valores crıticos empregados no teste de Dickey-Fuller nao sao apropriados para

testar a hipotese de estacionariedade dos resıduos. Diante disso, e empregado o teste de Engle-

Granger, com apenas um lag, para o exame de existencia de co-integracao. A suposicao nula

da nao ocorrencia de raiz unitaria pode ser rejeita com um p-Valor de 0.0001 como mostra a

tabela 4.2.

Engle-Granger test Valor p-ValorEstatıstica-τ -55.9527 0.000*

Tabela 4.2: Teste Engle-Granger de cointegracao

A partir da evidencia de co-integracao entre os ativos ETF e NAV, e indispensavel seu

uso como termo de correcao de erro. Assim, possıveis desacoplamentos entre as series, em

determinado instante, sofrem pressoes corretivas a fim de estabelecer a relacao de equilıbrio

de longo prazo, demonstrada na figura 4.1.

Com o intuito de analisar a relacao de curto prazo entre as series foi empregado a regressao

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da Eq.3.9, com a utilizacao dos estimadores EMV. De acordo com a tabela 4.7 todos os

coeficientes foram estatisticamente significativos, ao nıvel de 5%.

Coeficiente Erro Padrao Estatıstica-z p-Valor

ζ 0.6789 0.0021 323.1376 0.000*ϕ -0.0046 2.99× 10−5 -154.6499 0.000*ω 1.84× 10−5 8.57× 10−6 2.1445 0.032β 0.9857 4.39× 10−5 22449.60 0.000*α 0.0514 0.0002 284.6514 0.000*σ2 1.86× 10−6 3.63× 10−9 511.9989 0.000*

LogFV 134611.3 Criterio Info(AIC) -10.3548

Tabela 4.3: Regressao de Longo e Curto Prazo

Como esperado, o coeficiente ϕ e negativo o que indica que descontos acima do equilıbrio

de longo prazo, ut−1 < 0, exercem influencia positivas nos retornos no tempo t. Todavia,

pequenos desagios ou ut−1 > 0 implicam perdas de mercado do ETF, no tempo subsequente

t. Alem disso, o parametro ϕ mostra tambem a velocidade de convergencia para o equilıbrio.

O coeficiente ζ descreve a relacao de curto prazo, no qual mostra um retorno marginal em

relacao ao Ibovespa de apenas 0.67. No longo prazo, as series apresentam um equilıbrio muito

estreito, descrito pelo coeficiente β de aproximadamente 0.98.

Ainda assim, espera-se que este parametro seja igual a 1. Para checar isto, basta tomar

os valores dos erros amostrais para criar o intervalo de confianca do parametro β. Por meio

da tabela 4.7 pode-se inferir, a nıvel de 95%, que β nao e diferente de 1, logo confere ao

parametro α representar o desconto medio entre os ativos.

4.1.3 VAR

A estrutura do sistema de equacoes, apresentada na secao Metodologia, e configurada

pelos retornos do ETF e do Ibovespa como as variaveis em estudo. Porem, para definir a

dimensao dos lags, e calculado o criterio de informacao Schwarz, explicitado naquela mesma

secao. O grafico a seguir mostra os valores da estatıstica BIC em funcao do numeros de

defasagens.

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Figura 4.2: Criterio de Schwarz com Lags 1 a 7

Observa-se que o numero otimo sugerido pelo criterio e 3, pois e o menor valor apresen-

tado. A partir destes dados, o modelo dispoe de um total de 12 parametros. A disposicao dos

coeficientes dos vetores auto-regressivos estao dispostos a baixo.

Coeficiente Erro Padrao Estatıstica-t p-Valor

Retorno ETF

RETFt−1 -0.1943 0.0075 -25.8138 0.000*

RETFt−2 -0.1742 0.0077 -22.4105 0.000*

RETFt−3 -0.1108 0.0074 -14.8851 0.000*

RNAVt−1 0.3948 0.0083 47.2589 0.000*

RNAVt−2 0.1496 0.0086 17.2603 0.000*

RNAVt−3 0.1258 0.0084 14.8540 0.000*

Retorno Ibovespa

RETFt−1 0.1828 0.0068 26.8593 0.000*

RETFt−2 0.0856 0.0070 12.1806 0.000*

RETFt−3 0.0582 0.0067 8.6383 0.000*

RNAVt−1 -0.0041 0.0075 -0.5516 5.812× 10−1

RNAVt−2 -0.1281 0.0078 -16.3482 0.000*

RNAVt−3 -0.0515 0.0076 -6.7322 0.000*

Tabela 4.4: Vetores Auto Regressivos

O unico valor nao significativo estatisticamente e o parametro do RNAVt−1 . Como esperado

os valores defasados da mesma variavel sao negativos e o da outra sao positivos. Entretanto,

ainda nao se conhece o sentido de influencia desta relacao, o que torna necessario um teste

de casualidade.

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4.1.4 Casualidade de Granger

Com o objetivo de verificar a relacao entre as duas variaveis, foi realizado o teste de

causalidade de Granger, com 3 defasagens. A hipotese nula do teste de causalidade de Granger

e a ausencia de causalidade entre as variaveis. Desta maneira, a primeira hipotese e que o

retorno do Ibovespa nao causa retornos no ETF contra a hipotese alternativa de causalidade.

A tabela subsequente testa essa hipotese nula.

Teste F gl-1 gl-2 p-Valor782.0442 3 52782 0.000*

Tabela 4.5: Teste de Granger H0: Ibovespa nao causa ETF

O teste sugere uma relacao, no sentido de Granger, em que valores defasado de Ibovespa

auxilia na previsao do ETF. Seguindo esta mesma metodologia, a tabela a baixo executa o

teste com a hipotese nula, a nao causalidade do ETF sobre o Ibovespa.

Teste F gl-1 gl-2 p-Valor251.7551 3 52782 0.000*

Tabela 4.6: Teste de Granger H0: ETF nao causa Ibovespa

Do mesmo modo como na primeira tabela, a hipotese nula e rejeitada em detrimento

da relacao entre as variaveis, sendo o ETF util nas previsoes dos retornos do Ibovespa. O

resultados de ambas as tabelas leva a uma relacao bidirecional entre as series, logo ambas

contem informacoes para projecao de seus movimentos futuros.

4.1.5 VECM

O sistema autoregressivo, entre as series Ibovespa e ETF, pode apresentar co-integracao,

assim, da mesma forma como os modelos univariados, e necessario embutir um fator de cor-

recao. A utilizacao do modelo VECM, portanto, preenche tal lacuna para o caso multivariado.

A fim de investigar tais integracoes e empregado a metodologia de Johansen (1988), conforme

discutido na secao de Metodologia. A tabela a seguir ilustra o resultados de desse teste.

Teste 10% 5% 1%

r ≤ 1 3.68 6.50 8.18 11.65r = 0 2190.42 12.91 14.90 19.19

Tabela 4.7: Teste Johansen estatıstica Traco

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O teste mostra co-integracao entre as series ETF e Ibovespa e como so existem elas, logo

o teste para em r = 1. O teste em r = 0 ficou bem a frente dos valores crıticos, porem para

r = 1 o valor situou abaixo, o que consequentemente indica co-integracao entre a unica opcao

possıvel. Os auto-valores da matriz Π ficou com 7.97 × 102 e 1.40 × 104. A estimacao do

VECM apresenta os seguintes resultados.

Coeficiente Erro Padrao Estatıstica-t p-Valor

Retorno ETF

Constante 0.1415 7.57× 10−3 18.69 0.000∗RETFt−1 −0.2435 7.69× 10−3 −31.65 0.000∗

RETFt−2 −0.2353 8.15× 10−3 −28.86 0.000∗

PETFt−3 −0.1686 6.10× 10−3 −27.62 0.000∗RNAVt−1 4.31× 10−4 8.48× 10−6 50.80 0.000∗

RNAVt−2 2.12× 10−4 9.03× 10−6 23.51 0.000∗

PNAVt−3 1.650× 10−4 5.98× 10−6 27.60 0.000∗

Retorno Ibovespa

Constante −51.7801 6.8683 −7.54 0.000∗RETFt−1 193.7020 6.6766 27.76 0.000∗

RETFt−2 113.6466 7.3969 15.36 0.000∗

PETFt−3 79.4191 5.5366 14.34 0.000∗RNAVt−1 0.0180 7.6× 10−3 −2.35 0.000∗

RNAVt−2 −0.1529 8.1× 10−3 −18.67 0.000∗

PNAVt−3 −0.0779 5.4× 10−3 −14.37 0.000∗

Tabela 4.8: VECM

Exatamente como ocorreu na estimacao do VAR, o coeficiente de RNAVt−1 se diferenciou

dos demais parametros. O nıvel contudo, foi significativo somente acima de 5% de confianca.

Os sinais dos parametros se comportaram da mesma forma como os do modelo VAR, inclusive

para os precos dos ativos em ambas as equacoes.

4.2 Simulacao

Apos verificada a relacao entre as series, faz-se indispensavel analisar as possıveis ocor-

rencias de ganhos com a estrategia de captacao de descontos defasados. A simulacao foi

empregada para estimar os pontos otimos, no qual conceba o maior retorno para a estrate-

gia. A partir desta tecnica, foi utilizada uma amostra de tamanho 1000 para quantificar os

valores dos parametros A e B. Inicialmente, sem considerar os custos de transacoes, pode-se

depreender da tabela 4.9 que a estrategia com ETF superou fortemente o ındice do qual ele

esta lastreado, com 213% de rentabilidade, frente 40, 5% do mercado.

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N Simulacoes Retorno Max1000 3.13

A B-0.1752 -0.2960

Tabela 4.9: Simulacao

((a)) Ibovespa Vs Estrategia ((b)) Excesso Retorno

Figura 4.3: Evolucao dos Retornos Acumulados e Excesso Retorno Estrategia sem Custos

As figuras 4.3 podem dar uma ideia inicial da evolucao dos ganhos em relacao ao mercado.

Percebe-se desde o comeco que a estrategia supera consistentemente o mercado, apesar das

primeiras 2000 observacoes oscilar entre ganhos e perdas. O retorno medio por operacao,

a cada 5 minutos, foi de 4.4 × 10−3% o que oferece um ganho medio a cima de mercado

(excesso) de aproximadamente 3.11× 10−3%.

λ Media Geometrica σGanho Operacao 4.4× 10−3% 4.3× 10−3% 12× 10−4

Ganho Mercado 1.3× 10−3% 1.2× 10−3% 15.12× 10−4

Ganho Excesso 3.11× 10−3% 3.1× 10−3% 18.45× 10−4

Tabela 4.10: Estatıstica Exploratoria da Estrategia sem Custos

Apesar dos fortes ganhos oferecidos pela estrategia otimizada, os resultados nao refletem

com veemencia a realidade, visto que nao contemplam os custos de transacao. De acordo

com o sıtio eletronico da Bovespa os custos operacionais (emulamentos e liquidacao) para

day-trade sao de 0.025%. Os custos de corretagem, cobrados pela corretoras, e a custodia

foram desconsiderados, posto que tem a faculdade de ser um custo fixo. Os impostos so

incidem em caso de ganho de capital, ou seja, so havera despesas com tributo quando houver

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((a)) Ibovespa Vs Estrategia ((b)) Excesso

Figura 4.4: Evolucao dos Retornos Acumulados e Excesso Retorno da Estrategia com Custos

lucro com a estrategia ou sobre a corretagem (ISS1).

Para a otimizacao da estrategia, com custos de 0.025% por operacao, foi realizada tambem

uma simulacao de 1000. A partir da insercao de despesas, os valores de A e B tornaram-se

menos estreitos pois, pequenos desvios antes rentaveis, passam a ser cobertos pelos custos.

N Simulacoes Retorno Max1000 1.7585

A B0.2854 -0.3411

Tabela 4.11: Simulacao

Como esperado, a rentabilidade da estrategia cai substancialmente para 76%. O reflexo

da adicao de custo pode ser visto por meio da figura 4.4. Pode-se observar que mesmo com

a introducao de custos de operacao a estrategia se mostra vencedora ao superar o mercado

em aproximadamente 40%, no perıodo. No entanto, esta tatica so aufere ganhos a partir de

10000 observacoes. Este e outros resultados podem ser conferidos na tabela 4.12.

λ Med Geo σGanho Operacao 0.22x10−4% 0.21x10−4 11x10−4

Ganho Excesso 0.0931x10−4% 0.13x10−4 17x10−4

Tabela 4.12: Estatıstica Exploratoria da Estrategia com Custos

1 Imposto sobre servicos de qualquer natureza

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4.3 Bootstrap

A apreciacao dos resultados da simulacao compreendeu apenas a uma unica realizacao

do processo gerador de dados, o que pode trazer prejuızos para a analise, como o ja citado

Data-Snooping. Por meio da tecnica do Bootstrap, foi estimada a distribuicao empırica da

rentabilidade da estrategia, λ, para as operacoes sem e com custos transacoes. Por meio da

amostra de 26400 observacoes, foram geradas 1000 series alternativas, com 2200 blocos de

tamanho 12 cada. As analises seguintes, entretanto, se diferiram no que tange os resultados

das estrategias de transacoes para ambas situacoes.

Primeiramente, para operacoes sem custo, os ganhos medios excedentes das realizacoes

ficaram, em torno de 2.05 × 10−3%, contrastando com 3.11 × 10−3% da serie original. O

histograma Bootstrap, faz alusao as estimativas de λ, o qual foi criado a partir do processo

de reamostragem das 1000 series alternativas. A figura 4.5 demonstra a distribuicao, λ∗, dos

proventos medios produzidos pela estrategia. Os resultados apresentados proferi, por conse-

quencia, um afastamento dos efeitos Data-Snooping.

Figura 4.5: Histograma Excesso Retorno por Operacao, sem Custos

λ∗(·) Mediana Erro Padrao Curtose Skewness

Ganho Excesso (λ∗) 2.05× 10−3% 2.055× 10−3% 2.31× 10−11 -0.0538 -0.0425

Tabela 4.13: Distribuicao Empırica do Excesso de Ganho da Estrategia sem Custo

O erro-padrao, seB, como pode ser observado na tabela 4.13, foi de 2.31× 10−11, o que

propoe uma boa margem de seguranca. O parametro λ encontra-se assim, dentro do seguinte

intervalo de confianca, disposto igualmente nas faixas tracejadas na figura 4.5,

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[λinf ; λsup

]= [0.78× 10−5; 3.36× 10−5] .

Portanto, de acordo com o faixa de confianca posta a cima, para um nıvel de confianca

de 95%, a hipotese da estrategia superar o mercado pode ser aceita. Os resultados endossao,

desta maneira, os encontrados na primeira simulacao. Assim, sem a insercao de custos, a

estrategia F(dt) permite obter ganhos anormais.

Por ultimo, a exploracao dos efeitos dos custos de transacoes, mostram-se divergentes

em relacao as operacoes livre de tais despesas. Remetendo-se a equacao 3.17, o histograma

4.6 abaixo mostra a distribuicao empırica dos retornos com a estrategia. Com a mesma

configuracao de amostra e blocos, o excesso de ganho por operacao λ∗(·) ficou em −1.44 ×10−3%, como mostra a tabela 4.14

Figura 4.6: Histograma Excesso Retorno por Operacao, com Custos

λ∗(·) Mediana Erro Padrao Curtose Skewness

Ganho Excesso (λ∗) −1.44× 10−3% −1.49× 10−3% 9.44× 10−4% 0.0079 0.1214

Tabela 4.14: Distribuicao Empırica do Excesso de Ganho da Estrategia sem Custo

Apos fornecer os insumos para o teste de hipotese, para o mesmo nıvel anterior, e con-

struıdo a faixa de confianca. A partir da tecnica dos percentis, foi gerado o seguinte intervalo,

[λinf ; λsup

]= [−2.93× 10−5; 0.071× 10−5] .

Apear da aparente superacao do mercado demonstrado na simulacao com custos opera-

cionais, os resultados provenientes do Bootstrap indica para efeitos de Data-Snooping na

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estrategia. Por ilacao, pode-se observar que a hipotese nula de estrategia vencedora e refu-

tada. Em suma, contornado o problema de Data-Snooping, nao ha evidencias que levem estas

operacoes a um posto de estrategia vencedora.

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5 CONCLUSAO

O presente estudo analisou o comportamento da serie do fundo ETF iShare Ibovespa.

Abordou tambem, as caracterısticas desta especie de investimento bem como o mecanismo de

arbitragem. O perıodo de analise compreendeu os anos de 2009 e 2010, com um total de 26400

observacoes. Alem disso, foi examinada estrategias que incorporasse possıveis falhas momen-

taneas nas precificacoes das cotas do fundo. Para contornar os efeitos de Data-Snooping foi

aplicada tambem o uso da tecnica de reamotragem conhecido como Bootstrap.

Os resultados mostram que de fato as cotas do fundo sao mais volateis que seu ativo

Benchmark. Como visto, este e o ponto inicial para a possibilidade de implementar a estrategia

que leve em conta os descontos defasados entre os ativos. No longo prazo, assim como

esperado, as series se mostraram acopladas e fortemente co-integradas. No curto prazo, o

parametro φ da equacao 3.9 sugere boa margem de operacao, uma vez que mede a taxa de

velocidade de retorno ao equilıbrio de longo prazo.

A simulacao da estrategia sinalizou para ganhos anormais tanto sem como tambem com

custos operacionais com retornos excedentes de aproximadamente 176% e 36% respectiva-

mente. As profusoes dos resultados, entretanto, sao brutos restando ainda incindir os impostos

sobre ganhos de capital.

Embora os resultados apresentados pela simulacao serem promissores, a estimacao das

distribuicoes empıricas do excesso de retorno, por operacao, nao apontaram para as mesmas

conclusoes. A divergencia dos resultados podem ser depreendidas a partir das faixas de confi-

anca da media de retorno. A estrategia, sem insercao de custo, apresentou indıcios de ganhos

reais. No entanto, ao considerar os custo operacionais, o estimador Bootstrap contradiz a

hipotese de retornos anormais.

Apos a realizacoes dos estudos e possıvel constatar que a estrategia baseada nos descontos

defasados do fundo iShare nao e capaz de superar o mercado. As performances preliminares

geradas pela simulacao podem ser creditadas no mero acaso, posto que, a reproducao do

processo gerador de dados apontaram para efeitos de Data-Snooping. Assim esta tecnica

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fracassa perante a estrategia“buy and hold”(comprar e segurar). Os resultados, portanto, nao

sao capazes de refutar a hipotese de eficiencia de mercado (HME).

Muitas ainda sao as possibilidade de pesquisas futuras com os fundos ETFs, no mercado

brasileiro. Dentre varios aspectos, faz-se importante para melhores entendimentos, investigar

o contagio de volatilidade por outros ativos e checar possıveis efeitos Lead-Lag entre iShare

Ibovespa e o ındice Dow-Jones ou seus contratos futuros. Outra possibilidade e o uso de

cadeias Markovianas nas series dos descontos, para previsibilidade de retornos, ou estudos

similares a esses com outros fundos. Os ETFs no mercado brasileiro merecem assim, estudos

mais aprofundados.

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Anexo A

A.1 Excesso Volatilidade

Dado que RETFt = RNAV

t + ∆dt, entao a variancia pode ser decomposta da seguinte

forma,

Var(RETFt ) = Var(RNAV

t ) + Var(∆dt) + 2Cov(RNAVt ,∆dt).

Se

Var(RETFt )− Var(RNAV

t ) > 0,

entao,

Var(∆dt) + 2Cov(RNAVt ,∆dt) > 0.

Logo,Cov(RNAV

t ,∆dt)

Var(∆dt)> −1

2.

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Apendice I

I.1 Estacionariedade das Series

Estatıstica-t p-Valor

Dickey-Fuller test -1.9309 0.3182

Teste Significancia Nıvel 1% -3.4304Nıvel 5% -2.8615Nıvel 10% -2.5668

Tabela I.1: Tabela:2 Teste de Raiz Unitaria ln(Ibovespa)

Estatıstica-t p-Valor

Dickey-Fuller test -1.9686 0.3010

Teste Significancia Nıvel 1% -3.4304Nıvel 5% -2.8615Nıvel 10% -2.5668

Tabela I.2: Tabela:2 Teste de Raiz Unitaria ln(ETF)

Estatıstica-t p-Valor

Dickey-Fuller test -112.3193 0.000*

Teste Significancia Nıvel 1% -3.4304Nıvel 5% -2.8615Nıvel 10% -2.5668

Tabela I.3: Tabela:4 Teste de Raiz Unitaria D ln(Ibovespa)

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Estatıstica-t p-Valor

Dickey-Fuller test -145.6250 0.000*

Teste Significancia Nıvel 1% -3.4304Nıvel 5% -2.8615Nıvel 10% -2.5668

Tabela I.4: Tabela:5 Teste de Raiz Unitaria D ln(ETF)

I.2 Retornos das Series

((a)) Retorno Ibovespa ((b)) Retorno ETF

Figura I.1: Retornos dos Ativos

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I.3 Retornos das Operacoes

((a)) Excesso Retorno sem Custo ((b)) Excesso Retorno com Custo

Figura I.2: Excesso Retorno Estrategia por Operacao sem Custos