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U NIVERSIDADE F EDERAL DE G OIÁS E SCOLA DE E NGENHARIA E LÉTRICA PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA ELÉTRICA E DE COMPUTAÇÃO Método Alternativo de Controle Vetorial Usando Processador Digital de Sinais Asley Stecca Steindorff Orientador: Prof. Dr. José Wilson Lima Nerys Goiânia, 21 de Fevereiro de 2003

Método Alternativo de Controle Vetorial Usando Processador ...jwilson/pdf/Asley.pdf · ASLEY STECCA STEINDORFF MÉTODO ALTERNATIVO DE CONTROLE VETORIAL USANDO PROCESSADOR DIGITAL

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U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E G O I Á S E S C O L A D E E N G E N H A R I A E L É T R I C A

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA ELÉTRICA E DE COMPUTAÇÃO

Método Alternativo de Controle Vetorial Usando Processador Digital de Sinais

Asley Stecca Steindorff

Orientador: Prof. Dr. José Wilson Lima Nerys

Goiânia, 21 de Fevereiro de 2003

ASLEY STECCA STEINDORFF

MÉTODO ALTERNATIVO DE CONTROLE VETORIAL USANDO PROCESSADOR DIGITAL DE

SINAIS

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia Elétrica e de Computação da Escola de Engenharia Eletrica da Universidade Federal de Goiás, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia Elétrica Área de Concentração: Engenharia Elétrica Linha de Pesquisa: Automação de Processos

BANCA EXAMINADORA: José Wilson Lima Nerys, PhD (UFG) – Orientador Darizon Alves de Andrade, PhD (UFU) Enes Gonçalves Marra, Dr. (UFG)

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

(GPT/BC/UFG)

Steindorff, Asley Stecca S821m Método alternativo de controle vetorial usando processador digital de sinais / Asley Stecca Steindorff. - Goiânia, 2003. 90 f. : il., grafs. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal Goiás, Escola de Engenharia Elétrica, 2003. Bibliografia: f. 75-76 Inclui anexos 1. Processador digital de sinais 2. Motores elétri- cos de indução 3. Controle vetorial (Engenharia) I. Universidade Federal de Goiás. Escola de Engenharia Elétrica II. Título. CDU: 004.383.3:621.313.333

1

SUMÁRIO

SUMÁRIO............................................................................................................................ 1

LISTA DE FIGURAS.......................................................................................................... 3

LISTA DE TABELAS......................................................................................................... 5

LISTA DE ABREVIATURAS............................................................................................ 6

AGRADECIMENTOS ........................................................................................................ 8

ABSTRACT ......................................................................................................................... 9

RESUMO............................................................................................................................ 10

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 11

CAPÍTULO 2 CONTROLE VETORIAL TRADICIONAL......................................... 14 2.1 PRINCÍPIOS DE CONTROLE VETORIAL ................................................................... 14

2.1.1 A Máquina CC............................................................................................. 14 2.1.2 Desacoplamento de Fluxos na Máquina de Indução .................................. 16

2.2 MODELO DINÂMICO DA MÁQUINA DE INDUÇÃO .................................................. 19 2.2.1 Referência no Fluxo de Rotor...................................................................... 20 2.2.2 Referência no Fluxo de Estator ................................................................... 21 2.2.3 Referência no Fluxo de Entreferro.............................................................. 21 2.2.4 Modelo em Fluxo Arbitrário........................................................................ 22 2.2.5 Desacoplamento dos Modelos em Fluxo..................................................... 23

2.3 O CONTROLE VETORIAL INDIRETO....................................................................... 24 2.3.1 Orientação no Fluxo de Rotor..................................................................... 25 2.3.2 Orientação no Fluxo de Estator .................................................................. 27 2.3.3 Orientação no Fluxo de Entreferro ............................................................. 28 2.3.4 Controlador Universal Indireto .................................................................. 30

2.4 O CONTROLE VETORIAL DIRETO.......................................................................... 31 2.4.1 Orientação no Fluxo de Rotor..................................................................... 32 2.4.2 Orientação no Fluxo de Estator .................................................................. 33 2.4.3 Orientação no Fluxo de Entreferro ............................................................. 34 2.4.4 Controlador Universal Direto..................................................................... 35

2.5 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 35

CAPÍTULO 3 CONTROLE VETORIAL ALTERNATIVO ........................................ 36

3.1 BOBINAS ACOPLADAS .......................................................................................... 36 3.2 TRIÂNGULO DE FLUXO DE ROTOR ........................................................................ 39 3.3 CONDIÇÕES PARA OBTENÇÃO DE TRANSIÇÃO RÁPIDA DE CONJUGADO ............... 40 3.4 FORMA HÍBRIDA (ANALÓGICA E DIGITAL) DO CONTROLE VETORIAL ALTERNATIVO .................................................................................................................. 42 3.5 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 44

CAPÍTULO 4 DIGITALIZAÇÃO DO CONTROLE VETORIAL ALTERNATIVO............................................................................................................................................. 45

2

4.1 ORGANIZAÇÃO DO ALGORITMO............................................................................ 45 4.2 CONDICIONAMENTO E AQUISIÇÃO DE DADOS ...................................................... 47 4.3 PROCESSAMENTO DE AMPLITUDE, FREQÜÊNCIA E FASE ...................................... 48

4.3.1 Declaração das constantes da máquina...................................................... 49 4.3.2 Determinação da Constante de Tempo do Rotor (τr).................................. 50 4.3.3 Discriminação dos Blocos de Controle ....................................................... 51

4.4 GERAÇÃO DO SINAL DE REFERÊNCIA DE CORRENTE ............................................ 54 4.5 CONTROLADOR DE CORRENTE.............................................................................. 55 4.6 GERAÇÃO DE SINAL PWM ................................................................................... 56 4.7 DRIVER DE ACIONAMENTO DO INVERSOR ............................................................. 56 4.8 CONVERSOR PWM ............................................................................................... 57 4.9 TEMPO TOTAL DE PROCESSAMENTO..................................................................... 58 4.10 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 59

CAPÍTULO 5 RESULTADOS DE SIMULAÇÃO E EXPERIMENTAIS .................. 60 5.1 ACELERAÇÃO E DESACELERAÇÃO DA MÁQUINA.................................................. 60 5.2 RESULTADOS COM INVERSÃO DE VELOCIDADE .................................................... 65 5.3 OPERAÇÃO DESSINTONIZADA............................................................................... 69 5.4 RESULTADOS PARA OPERAÇÃO SEM ORIENTAÇÃO DE FLUXO (CONTROLE ESCALAR)......................................................................................................................... 71 5.5 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 72

CAPÍTULO 6 CONCLUSÃO GERAL ........................................................................... 73

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ........................................................................... 75

ANEXO A........................................................................................................................... 77

ANEXO B ........................................................................................................................... 78

ANEXO C........................................................................................................................... 83

3

LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 - Orientação da fmm de Armadura e Campo ..................................................... 14

Figura 2.2 – Caminhos magnéticos na máquina de corrente contínua ................................ 16

Figura 2.3 - Disposição do vetor de fluxo de rotor.............................................................. 17

Figura 2.4 - Disposição do vetor de fluxo do rotor orientado com eixo 'd' ......................... 18

Figura 2.5 - Estrutura básica do controle vetorial indireto .................................................. 25

Figura 2.6 - Controlador vetorial indireto para orientação no fluxo de rotor...................... 26

Figura 2.7 – Controlador vetorial indireto com orientação no fluxo de estator .................. 27

Figura 2.8 – Controlador vetorial indireto com orientação no fluxo de entreferro ............ 29

Figura 2.9 – Controlador universal indireto ........................................................................ 30

Figura 2.10 – Estrutura do acionamento vetorial direto ...................................................... 32

Figura 2.11 – Controlador vetorial direto para orientação fluxo de rotor ........................... 33

Figura 2.12 – Controlador vetorial direto com circuito desacoplador................................. 34

Figura 3.1 – Bobinas acopladas com secundário curto-circuitado ...................................... 36

Figura 3.2 – Variação em degrau da corrente do primário, (b) corrente no secundário, (c) fluxo no secundário ..................................................................................................... 38

Figura 3.3 – Triângulo do Fluxo concatenado de rotor para duas condições de carga ....... 39

Figura 3.4 – Sistema de Controle Vetorial Alternativo Híbrido.......................................... 42

Figura 3.5 – Bloco de EPROMs para a geração das correntes de referência ...................... 43

Figura 3.6 – Leitura da EPROM na transição de uma situação de regime permanente para outra............................................................................................................................. 43

Figura 3.7 – Bloco gerador de PWM e controlador de corrente.......................................... 44

Figura 4.1 - Estrutura do Algoritmo implementado ............................................................ 46

Figura 4.2 - Representação para números em formato 1.15................................................ 47

Figura 4.3 – Sistema para Medição da Constante de Tempo do Rotor (τr)......................... 50

Figura 4.4 - Fluxograma do cálculo da raiz quadrada ......................................................... 52

Figura 4.5 – Fluxograma do Cálculo da Fase...................................................................... 52

Figura 4.6 - Fluxograma do Cálculo da Freqüência de Escorregamento ............................ 53

Figura 4.7 - Fluxograma do cálculo da velocidade síncrona............................................... 53

Figura 4.8 - Fluxograma para cálculo das correntes de referência...................................... 55

Figura 4.9 - Fluxograma do Controlador de Corrente ......................................................... 56

Figura 4.10 – Sistema de Controle Vetorial Alternativo Digitalizado ................................ 57

4

Figura 4.11 – Tempo de Processamento do Sistema. Traço Superior: Pulso do PWMSYNC. Traço Inferior: Pulso Mostrando o Tempo de Processamento.............. 58

Figura 5.1 – Variação de Velocidade de 0 a 600 rpm. Traço Superior: (a) e (b) Referência

de Velocidade. Traço Central: (a) e (b) Velocidade Real da Máquina. Traço Inferior: (a) Corrente do Estator (Ia), (b) Corrente iqs ............................................................... 61

Figura 5.2 - Variação de Velocidade de 600rpm a 0rpm. Traço Superior: (a) e (b) Referência de Velocidade. Traço Central: (a) e (b) Velocidade Real da Máquina. Traço Inferior: (a)Corrente de Estator (Ia) e (b) Corrente iqs ...................................... 61

Figura 5.3 - Variação de Velocidade de 0 rpm a 600 rpm no Sistema Simulado. (a) Referência de Velocidade. (b) Velocidade Real da Máquina. (c)Corrente de Estator (ias). (d) Corrente iqs ..................................................................................................... 62

Figura 5.4 - Variação de Velocidade de 600 rpm a 0 rpm no Sistema Simulado. (a) Referência de Velocidade. (b) Velocidade Real da Máquina. (c)Corrente de Estator (ias). (d) Corrente iqs ..................................................................................................... 63

Figura 5.5 -Variação de Velocidade de 0 rpm a 300 rpm. Traço Superior: (a) e (b) Referência de Velocidade. Traço Central: (a) e (b) Velocidade Real da Máquina. Traço Inferior: (a)Corrente de Estator (Ia) (b) Corrente iqs......................................... 64

Figura 5.6 - Variação de Velocidade de 300 rpm a 0 rpm. Traço Superior: (a) e (b) Referência de Velocidade. Traço Central: (a) e (b) Velocidade Real da Máquina. Traço Inferior: (a)Corrente de Estator (Ia) e (b) Corrente iqs ...................................... 64

Figura 5.7 – Variação de Velocidade de -600rpm a 600rpm com Referência Quadrada. Traço Superior: Referência de Velocidade. Traço Central: Velocidade Real da Máquina. Traço Inferior: Corrente de Estator ............................................................. 66

Figura 5.8 - Variação de Velocidade de -600rpm a 600rpm com Referência Quadrada. Traço Superior: Referência de Velocidade. Traço Central: Velocidade Real da Máquina. Traço Inferior: Corrente iqs.......................................................................... 66

Figura 5.9 - Variação de Velocidade de –600rpm a 600rpm no Sistema Simulado. (a) Referência de Velocidade. (b) Velocidade Real da Máquina. (c)Corrente de Estator (ias). (d) Corrente iqs ..................................................................................................... 67

Figura 5.10 – Variação de Velocidade de -600rpm a 600rpm com Referência Triangular. Traço Superior: Referência de Velocidade. Traço Central: Velocidade Real da Máquina. Traço Inferior: Corrente de Estator ............................................................. 67

Figura 5.11 - Variação de Velocidade de -600rpm a 600rpm com Referência Senoidal. Traço Superior: Referência de Velocidade. Traço Central: Velocidade Real da Máquina. Traço Inferior: Corrente de Estator ............................................................. 68

Figura 5.12 – Resultado Simulado de Variação de Velocidade de –600 a 600 rpm seguindo uma referência (a) triangular e (b) senoidal ................................................................ 68

Figura 5.13 – Variação de Velocidade de –600rpm a 600rpm com Referência Quadrada e constante de tempo (τr) 120% do valor real (156ms).................................................. 69

Figura 5.14 – Variação de Velocidade de –600rpm a 600rpm com Referência Quadrada e constante de tempo (τr) 140% do valor real (182ms).................................................. 69

5

Figura 5.15 – Variação de Velocidade de –600rpm a 600rpm com Referência Quadrada e constante de tempo (τr) 80% do valor real (104ms).................................................... 70

Figura 5.16 – Variação de Velocidade de –600rpm a 600rpm com Referência Quadrada e constante de tempo (τr) 60% do valor real (78ms)...................................................... 70

Figura 5.17 – Variação de Velocidade de –600rpm a 600rpm com Referência Triangular sem Orientação de Fluxo (Controle Escalar)............................................................... 72

Figura 5.18 - Variação de Velocidade de 600rpm a 0rpm e de 0 a 600rpm sem Orientação de Fluxo (Controle Escalar)......................................................................................... 72

LISTA DE TABELAS Tabela 1- Valores da relação de espiras para os fluxos da máquina ................................... 22

6

LISTA DE ABREVIATURAS CC Corrente Contínua

CA Corrente Alternada

Ia Corrente de Armadura

If Corrente de Campo

fmm Força Magneto Motriz

ωr Velocidade angular do rotor

ωs Velocidade angular síncrona

ωsl Velocidade angular de escorregamento

E Tensão Induzida

k Constante de Proporcionalidade

Φ Fluxo Concatenado

Te Conjugado Eletromagnético

iqs Componente da corrente de estator no eixo de quadratura

ids Componente da corrente de estator no eixo direto

is Corrente de Estator

iqr Componente da corrente de rotor no eixo de quadratura

idr Componente da corrente de rotor no eixo direto

ir Corrente de Rotor

Ψdr Componente do Fluxo de Rotor no eixo direto

Ψqr Componente do Fluxo de Rotor no eixo de quadratura

Ψr Fluxo de Rotor

Ψds Componente do Fluxo de Estator no eixo direto

Ψqs Componente do Fluxo de Estator no eixo de quadratura

Ψs Fluxo de Estator

Ψr Fluxo de Rotor

ξ ângulo de defasagem da corrente de estator e fluxo de rotor.

Lm Indutância de Magnetização do Motor

Ls Indutância própria de Estator

Lr Indutância própria de Rotor

Lls Indutância Mútua de Estator

7

Llr Indutância Mútua de Rotor

d Eixo Direto

q Eixo de Quadratura

vds Tensão de Eixo Direto no Estator

vdr Tensão de Eixo Direto no Rotor

vqr Tensão de Eixo de Quadratura no Rotor

vqs Tensão de Eixo de Quadratura no Estator

Rs Resistência de Estator

P Número de pólos do motor

τr Constante de Tempo do Rotor

τrl Constante de Tempo de Dispersão

σ Fator de Dispersão

σa Fator de Dispersão Arbitrário

a Relação de Espiras

M Indutância de magnetização

PWM Modulação por Largura de Pulso

DSP Processador Digital de Sinais

8

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que de uma maneira ou outra contribuiram para o sucesso

deste trabalho, em especial:

Ao meu orientador José Wilson pela paciência e bom humor em suas

orientações durante o trabalho.

Minha família, em especial minha mãe, pela paciência, apoio e conselhos

sábios nas maiores dificuldades.

A minha namorada Fernanda, pela paciência e tranqüilidade.

A equipe médica da Unidade de Transplante do Hospital Araújo Jorge que me

acompanhou durante o Transplante de Medula Óssea, ao qual fui submetido durante a

execução deste trabalho.

Aos professores do Grupo PEQ pelo apoio e orientação durante o trabalho.

Aos colegas do curso de mestrado, pelo apoio e discussões durante a

execução dos trabalhos, principalmente dos amigos Antônio Marcos e Wanir.

À Fundação de Apoio à Pesquisa (FUNAPE) e Coordenação de Apoio à

Pesquisa (CAPES) pelo apoio financeiro.

9

ABSTRACT

This work presents a digital implementation of a vector control system for

induction motors that is called of alternative system because it does not make use of matrix

transformations from a 3-phase to a 2-phase reference system (Clark and Park

transformations), which are necessary for the standard vector control methods.

An overview of some vector control methods is presented for comparison with the

alternative system, concerning the mathematical development, since the alternative method

basically consists in obtaining the three main variables for the vector control system:

magnitude, frequency and phase of the stator current vector from the flux and torque

components of the stator current, and without need of the absolute position of the rotor flux

vector.

A hybrid implementation of the alternative vector control system, which contains

analog and digital parts, is presented as a model for the digital implementation.

The Digital Signal Processor (DSP) ADMC 401 by Analog Devices is used here for

the digital implementation. It replaces the control and the PWM generating blocks of the

hybrid system. The implemented algorithm is shown in details in the appropriate section.

Some experimental results are presented for the implemented system including

results for starting, stopping and direction reversing tests, with different signals for the

reference speed.

Some experimental results from a comercial vector control system are also

presented for comparison with the alternative vector control system.

10

RESUMO

Este trabalho apresenta uma implementação totalmente digitalizada de um

sistema de controle vetorial denominado de alternativo, pois não necessita da utilização das

matrizes de transformação do sistema de 3 eixos para 2 eixos (transformadas de Clark e

Park), necessárias aos métodos tradicionais de controle vetorial.

Um estudo dos vários sistemas de controle vetorial é apresentado para uma

comparação da simplicidade matemática do sistema alternativo, visto que o mesmo

consiste basicamente do cálculo direto das três grandezas fundamentais para o controle

vetorial: amplitude, freqüência e fase do vetor corrente de estator, a partir das componentes

de fluxo e conjugado da corrente de estator, e sem a necessidade da posição absoluta do

vetor de fluxo de rotor.

Um sistema de controle vetorial alternativo híbrido, que utiliza partes

analógicas e digitais na implementação, é apresentado como modelo para a implementação

totalmente digitalizada.

Para a digitalização foi utilizado o Processador Digital de Sinais ADMC401

da Analog Devices, que substituiu toda a parte de controle do sistema híbrido, gerando os

sinais PWM para o conversor de potência. O algoritmo implementado é apresentado

detalhadamente em todos os seus blocos.

São apresentados alguns resultados experimentais do sistema implementado,

tais como resultados de partida, parada e inversão no sentido de rotação, com vários sinais

de referência de velocidade.

11

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

Desde o advento da revolução industrial no final do século 19, o homem tem a

necessidade do uso das máquinas, inicialmente a vapor e controladas por peças mecânicas

ou mesmo por pessoas. Com o início da produção em série no início do século 20 com o

aumento da utilização da eletricidade e a produção cada vez maior para satisfazer os

mercados, percebeu-se a necessidade de controle automático dos sistemas industriais.

Os motores CC tem dominado o campo dos acionamentos com variação de

velocidade de máquinas elétricas, onde os conversores rotativos são utilizados, nas mais

várias aplicações. Há 50 anos atrás, os conversores rotativos eram substituídos por

equipamentos estáticos, tubos de descarga cheios de gás (thyratrons), conversores de arco

de mercúrio ou amplificadores magnéticos, mas o motor CC permaneceu o padrão em

acionamento de motores. Sempre que o sistema necessitava de grandes variações de

velocidade, paradas, operação nos quatro quadrantes ou curvas de conjugado e velocidade

suaves.

As máquinas CC possuem várias características que limitam sua utilização, e a

principal delas é o comutador. Peça esta que limita a potência e velocidade das máquinas e

necessita de manutenção constante, produz faiscamento, não sendo possível sua utilização

em ambientes explosivos. Outra característica é o volume dos motores CC bastante

expressivos se comparado com uma máquina CA.

Desde o aparecimento do transistor em 1948 e do tiristor em 1957, ainda foi

necessário um longo período até que estes dispositivos pudessem suprir potência

suficiente, e ter um chaveamento rápido e eficiente. Mas mesmo tendo atingido um grau

razoável de eficiência, estando disponíveis a um baixo custo, ainda não era possível obter

variações de velocidade rápida e com conjugado constante.

Mas a máquina CC separadamente excitada, possui uma estrutura de controle

bastante simples baseada na ortogonalidade dos eixos associados ao fluxo de campo e a

força magnetomotriz de armadura. Devido às características construtivas, estes eixos

conjugado e fluxo estão desacoplados, facilitando projetos de acionamento com alto

12

desempenho dinâmico, através do controle da corrente de armadura. Na máquina CA, esta

ortogonalidade não existe diretamente tornando as interações dinâmicas bastante

complexas, ou seja, o fluxo e a fmm não são estacionários e movem-se com diferentes

velocidades, formando vários ângulos que dependem do estado dinâmico da máquina.

A partir disso vários esquemas de controle foram propostos baseados em

modelos de regime permanente da máquina, mas nenhum deles se compara ao desempenho

dinâmico da máquina CC. Até que Hasse em 1969 propôs uma nova metodologia baseada

em seu modelo vetorial, usando vetores espaciais para a modelagem da máquina AC, mas

somente em 1972, Blaschke [8] utilizando-se de conceitos matemáticos e muita intuição

conseguiu formular uma teoria geral sobre o comportamento dinâmico da máquina de

indução, mostrando como desacoplar esta planta de controle e aproximando o

comportamento dinâmico da máquina CA ao de uma máquina CC separadamente excitada.

Mesmo assim durante toda a década de 70, estas técnicas de controle vetorial

foram utilizadas somente como exercício acadêmico, pois a mesma necessita de um

complexo processamento de sinais, inviáveis economicamente no meio industrial da época

e de baixa qualidade quando utilizados métodos analógicos para sua solução.

No início da década de 80 quando os primeiros microcontroladores digitais

tornaram-se acessíveis, a implementação das complexas funções necessárias para o

controle foram implementadas, e as necessidades de hardware diminuídas, criou-se então

uma grande expectativa ao desenvolvimento destas técnicas, principalmente devido à

continuidade de desenvolvimento dos microcontroladores, e a partir disso somente a

criatividade e desenvolvimento técnico dos engenheiros tornava-se barreira para um

completo desenvolvimento das técnicas de acionamento de máquinas CA.

A maioria dos trabalhos de controle vetorial utiliza-se da posição absoluta do

vetor de fluxo de referência para utilização das técnicas de controle vetorial, e a

determinação desta posição absoluta torna-se o grande problema dos sistemas de controle

vetorial, chamados neste trabalho de “tradicionais”.

O início da solução deste problema foi feito por Andrade [2], [4], que faz uso

somente da posição relativa, entre a corrente de estator e o fluxo de rotor (usado como

referência), mas somente para dois pontos de operação fixos. E então Nerys [1], [3],

implementou esta mesma técnica para qualquer ponto de operação do motor. Esta técnica

utilizada por Andrade e Nerys é que são chamados de controle vetorial “alternativo”.

13

O objetivo deste trabalho é digitalizar a implementação efetuada por Nerys em

[1], utilizando para isso o processador digital de sinais (DSP) ADMC401 da Analog

Devices, e um conversor de 6 chaves.

No capítulo 2 são apresentados os princípios básicos de um sistema de

controle vetorial, os esquemas e diferenças básicas dos métodos direto e indireto, e um

apanhado das equações e esquemas para todos os eixos de referência que podem ser

utilizados [9].

O capítulo 3 apresenta os princípios básicos da técnica de controle vetorial

alternativo, as equações desenvolvidas por Andrade [2] e Nerys [1], e ainda a descrição do

sistema chamado híbrido, desenvolvido por Nerys em [1], que é o principal foco deste

trabalho.

O capítulo 4 mostra a digitalização do sistema de controle vetorial alternativo,

mostrando as características do hardware utilizado, o algoritmo implementado e as

principais dificuldades para determinação de alguns parâmetros do sistema digitalizado.

No capítulo 5 são mostrados os resultados experimentais e simulados obtidos

com o sistema digitalizado. São apresentados resultados de partida, parada e inversão de

velocidade. Foram obtidos ainda resultados seguindo sinais de referência triangular,

quadrada senoidal. Alguns resultados sem orientação de fluxo (controle escalar) foram

apresentados para uma comparação com o controle vetorial. Os resultados de simulação

foram obtidos num software desenvolvido em Matlab Simulink.

E no capítulo 6 são apresentadas as conclusões, discussões dos resultados

obtidos e sugestões para trabalhos futuros.

O Anexo A mostra os dados do motor e resultados de ensaios, no Anexo B um

artigo apresentado ao 6º Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência (COBEP), e no

Anexo C o código Assembly do sistema implementado.

14

CAPÍTULO 2

CONTROLE VETORIAL TRADICIONAL

2.1 PRINCÍPIOS DE CONTROLE VETORIAL

2.1.1 A MÁQUINA CC

Para conhecer as principais técnicas de controle vetorial para motor de

indução é necessária uma pequena revisão de como é realizado o controle do conjugado na

máquina de corrente contínua. Este paralelo é necessário, pois o controle vetorial é

bastante parecido com o controle da máquina de corrente contínua separadamente excitada.

A máquina CC consiste em um campo estacionário, produzido por uma

excitação fixa nas bobinas do estator ou com imãs permanentes, chamada de campo e uma

armadura rotativa, cujos enrolamentos são alimentados através do comutador e suas

escovas. A estrutura básica da máquina CC é mostrada na Figura 2.1. Estas duas

características mantém o fluxo e a fmm de armadura perpendiculares, fazendo com que

estas duas variáveis da máquina tornem-se independentes entre si, exceto por efeitos não

lineares.

ω

Conjugado

fmm de Armadura ( Ia )

Campo ( If )

Ia

Ia

. . .

. . .

. . .

+ +

+ +

+ + +

+ +

If

Figura 2.1 - Orientação da fmm de Armadura e Campo

15

Devido a estas duas características as equações básicas da máquina CC são:

rkE ω⋅Φ⋅= (2.1)

ae IkT ⋅Φ⋅= (2.2)

onde:

ωr :velocidade do rotor em rad/s

k : constante de proporcionalidade que depende da construção da máquina

Φ : Fluxo produzido pela corrente de campo concatenado com o dos

enrolamentos da armadura.

Assim, a variação de velocidade na máquina CC normalmente é obtida

mantendo-se o campo fixo e variando-se a tensão de armadura. Esta solução não produz

um controle total de velocidade, pois com variações na carga, a corrente varia modificando

a queda de tensão na resistência de armadura, aumentando ou diminuindo a velocidade

conforme a variação da carga. Assim, para um efetivo controle de velocidade e uma boa

resposta dinâmica da máquina o controle da corrente de armadura soluciona estes

problemas, como pode ser observado na equação (2.2), onde o conjugado é diretamente

proporcional a corrente de armadura (Ia).

Assim pode-se resumir nos itens abaixo as condições necessárias para que o

controle de conjugado apresente resposta rápida, que são:

1. um controle da corrente de armadura independente dos efeitos da

resistência dos enrolamentos da armadura, da indutância de dispersão e da

tensão induzida;

2. um controle independente do valor do campo;

3. um controle independente e espacialmente ortogonal entre o eixo do fluxo

e da fmm de armadura, evitando qualquer interação entre a fmm de

armadura e o fluxo.

Obedecendo a estas três condições em todos os instantes de tempo, obtém-se

uma resposta de conjugado rápida e diretamente proporcional à variação da corrente de

16

armadura. A rapidez ocorre devido à indutância dos enrolamentos de armadura ser bem

menor que a indutância dos enrolamentos de campo, devido a aspectos construtivos da

máquina CC, como pode ser visto na Figura 2.2. O caminho magnético do fluxo produzido

pela fmm de armadura tem um entreferro maior que o entreferro associado ao caminho

magnético do fluxo de campo. Conseqüentemente a indutância associada aos enrolamentos

de armadura é menor.

Br

ℑr

• •

ω

N S

Figura 2.2 – Caminhos magnéticos na máquina de corrente contínua

2.1.2 DESACOPLAMENTO DE FLUXOS NA MÁQUINA DE INDUÇÃO

O excelente desempenho dinâmico do motor de corrente contínua

separadamente excitado foi o ponto de partida para os métodos vetoriais aplicados aos

motores de indução. Esse excelente desempenho dinâmico deve-se ao desacoplamento

entre fluxo e fmm de armadura (responsável pelo conjugado). Portanto, para que o motor

de indução responda com o mesmo desempenho dinâmico do motor de corrente contínua é

essencial o desacoplamento entre a componente de fluxo e a componente de conjugado.

Como será visto posteriormente, esse desacoplamento já existe em regime permanente

entre o fluxo de rotor e a corrente de rotor, ambos originados da fmm de estator. O controle

vetorial consiste na imposição do vetor fmm de estator de tal modo que os vetores fluxo de

rotor e corrente de rotor permaneçam perpendiculares tanto em regime permanente quanto

em regime transitório.

17

Para o desacoplamento entre conjugado e fluxo o ponto inicial de análise deve

ser o modelo do motor de indução em um sistema dq fixo ao campo girante da máquina

(sistema de referência síncrono). Nesta situação as variáveis senoidais aparecem como

quantidades contínuas e as correntes de estator podem ser expressas pelas suas

componentes de eixo direto e de eixo em quadratura, como mostrado numa antecipação às

definições dos vetores espaciais, na Figura 2.3.

ir

idr

eixo estacionário

eixo síncrono

q

d

ξ

is

ids

iqs

ψdr

ψqr

ψr

iqr

Figura 2.3 - Disposição do vetor de fluxo de rotor

Neste modelo pode-se escrever a seguinte equação de conjugado para o motor

[15]:

( dsqrqsdrr

me ii

LLPT Ψ−Ψ−=

223 ) (2.3)

onde:

Ψdr : Componente do Fluxo de Rotor no eixo direto

Ψqr : Componente do Fluxo de Rotor no eixo de quadratura

idr : Componente do eixo direto da corrente de Rotor

iqr : Componente do eixo de quadratura da corrente de Rotor

Lm : Indutância de magnetização de entreferro

Lr : Indutância própria de rotor

P : Número de pólos do motor

18

A Figura 2.3 mostra as componentes de corrente de estator e fluxo de rotor

para uma situação genérica de operação, onde se pode ver claramente o acoplamento entre

conjugado e fluxo.

O problema do controle vetorial consiste em como desacoplar as correntes do

eixo de quadratura das correntes do eixo direto, ou seja, em como torná-las análogas às

correntes de campo e de armadura da máquina de corrente contínua.

eixo síncrono

ir

ψr = ψdr

ψqr = 0

eixo estacionário

q

d ξ

is

ids

iqs

ψr

Figura 2.4 - Disposição do vetor de fluxo do rotor orientado com eixo 'd'

A Figura 2.4 mostra como solução, o alinhamento do fluxo de rotor com o

eixo direto do sistema de referência síncrono, a qual é suficiente para simplificar a

expressão de conjugado dada na equação (2.3). Assim, alinha-se a componente ‘q’ da

corrente de estator com a corrente de rotor e a componente ‘d’ da corrente de estator com o

fluxo de rotor. Percebe-se ainda que a componente ‘q’ do fluxo de rotor é zero,

simplificando a expressão (2.3), como mostrado abaixo:

( ) qsdsqsdre iiKiPT ⋅⋅=Ψ−=22

3 (2.4)

A partir desta orientação, uma analogia com as equações da máquina CC pode

ser observada, onde as correntes ids e iqs podem ser comparadas às correntes If e Ia da

máquina de corrente contínua, obtendo assim o desacoplamento na máquina de indução, ou

seja, pode-se controlar o conjugado através de iqs, mantendo-se constante o fluxo através de

ids.

19

2.2 MODELO DINÂMICO DA MÁQUINA DE INDUÇÃO

Para implementação do controle vetorial, uma modelagem da máquina de

indução deve ser efetuada. Faz-se uso neste trabalho, do modelo d-q do motor de indução

no eixo de referência síncrono como deduzido em [15], e mostrado abaixo seus resultados.

As equações de tensão do circuito do estator:

dssqs

qssqs

qssds

dssds

dtd

iRv

dtd

iRv

ψωψ

ψωψ

++=

−+= (2.5)

As equações de tensão do circuito do rotor:

drslqr

qrrqr

qrsldr

drrdr

dtd

iRv

dtd

iRv

ψωψ

ψωψ

++=

−+= (2.6)

onde ωsl = ωs - ωr; e as equações de fluxo concatenados pelas bobinas de

estator e rotor apresentados nas expressões (2.5) e (2.6) são:

drmdssds iLiL +=ψ (2.7)

qrmqssqs iLiL +=ψ (2.8)

dsmdrrdrlrdgdr iLiLiL +=+=ψψ (2.9)

qsmqrrqrlrqgqr iLiLiL +=+=ψψ (2.10)

A equação do conjugado total produzido pela máquina (conjugado

eletromagnético):

20

( drqrqrdre iiPT ψψ −−=22

3 ) (2.11)

onde P é o número de pólos.

A equação mecânica do sistema é:

Lrr

e TP

Bdt

dP

JT +⋅+⋅=ω 22

ω (2.12)

onde TL é conjugado de carga do sistema.

A partir do modelo da máquina, precisa-se definir estruturas adequadas para a

alimentação em corrente (normalmente utilizadas em sistemas de controle vetorial), que

representem a dinâmica entre fluxo controlado e corrente de estator.

Pode-se utilizar como referência qualquer um dos fluxos da máquina – rotor,

estator ou mútuo – um modelo para cada fluxo de referência deve ser definido.

2.2.1 REFERÊNCIA NO FLUXO DE ROTOR

Para obter-se o modelo em fluxo com referência no fluxo de rotor, utiliza-se a

equação (2.6). Como a tensão nas barras do rotor do motor em gaiola é zero, vdr = vqr = 0, e

eliminando as correntes do rotor a partir das equações de fluxo (2.9) e (2.10), já que as

mesmas são inacessíveis como variáveis de controle, obtém-se o modelo para fluxo de

rotor mostrado em (2.12):

01001

1

1

=

−+

ds

qs

r

m

dr

qr

rsl

slr

dr

qr

iiL

dtd

τψψ

τω

ωτ

ψψ

(2.12)

onde r

rr R

L=τ é a constante de tempo do rotor.

21

2.2.2 REFERÊNCIA NO FLUXO DE ESTATOR

Para obter-se o modelo do motor de indução para referencial no fluxo de

estator é necessário substituir o fluxo de rotor pelo fluxo de estator na equação (2.6), para

isso substitui-se as equações (2.9) e (2.10), isolados idr e iqr em (2.7) e (2.8). Então

substitui-se os fluxos de rotor obtidos no modelo de rotor da equação (2.12), tem-se o

modelo para o fluxo de estator dado abaixo:

01

1

1

1

=

+−

+−

−+

ds

qs

rslr

slrr

r

s

ds

qs

rsl

slr

ds

qs

ii

dtd

dtd

Ldtd

τσωτσ

ωτστσ

τψψ

τω

ωτ

ψψ

(2.13)

onde sr

msr

LLLLL 2−

=σ é o fator de dispersão.

2.2.3 REFERÊNCIA NO FLUXO DE ENTREFERRO

Para o referencial no fluxo de entreferro procede-se da mesma forma, obtendo

o fluxo de rotor a partir da substituição da segunda parte de (2.9) e (2.10), isolados iqr e idr,

na primeira parte de (2.9) e (2.10). Substitui-se então os fluxos de rotor no modelo de fluxo

de rotor da equação (2.12) obtendo:

01

1

1

1

=

+−

+−

−+

ds

qs

rlslrl

slrlrl

r

m

dg

qg

rsl

slr

dg

qg

ii

dtd

dtd

Ldtd

τωτ

ωττ

τψψ

τω

ωτ

ψψ

(2.14)

onde r

lrrl R

L=τ .

22

2.2.4 MODELO EM FLUXO ARBITRÁRIO

Este modelo para a máquina de indução foi desenvolvido por De Donker e

Novonty em 1988 [5], com o objetivo de obter em um mesmo controlador o

desacoplamento entre conjugado e fluxo para qualquer um dos vetores de fluxo,

promovendo um alto grau de generalização nos modelos.

Para isso deve-se obter um modelo genérico da máquina de indução, que tenha

como referência um fluxo arbitrário. Essa generalização é obtida através das equações de

fluxo da máquina, inserindo uma constante ‘a’, chamada por ele de relação de espiras, que

multiplica diretamente o fluxo do rotor e modifica proporcionalmente todas as outras

grandezas do motor.

Assim de acordo com [5], o modelo em fluxo arbitrário é dado por:

01

1

1

1

=

+−

+−

−+

ds

qs

raslra

slrara

r

m

da

qa

rsl

slr

da

qa

ii

dtd

dtd

aLdtd

τσωτσ

ωτστσ

τψψ

τω

ωτ

ψψ

(2.15)

onde r

mra aL

LaL −=σ é o fator de dispersão arbitrário.

Para obter os modelos para cada um dos fluxos deve-se utilizar o valor

adequado da constante ‘a’ conforme mostra a. Tabela 1.

Tabela 1- Valores da relação de espiras para os fluxos da máquina

Relação de Espiras aψ Fluxo selecionado

r

m

LL

a = 'rψ Fluxo de rotor

1=a mψ Fluxo de entreferro

m

s

LL

a = sψ Fluxo de estator

23

2.2.5 DESACOPLAMENTO DOS MODELOS EM FLUXO

Para a implementação de qualquer uma das técnicas de controle vetorial, é

necessário que exista um desacoplamento entre conjugado e fluxo da máquina obtido com

o alinhamento da componente ‘d’ do fluxo orientado. Com isto os modelos da máquina

obtidos anteriormente para os fluxos de rotor, estator e de entreferro, devem ser

modificados inserindo esta condição. Assim obtém-se as equações para implementação do

controlador. Executando o alinhamento do eixo d a componente q dos fluxos tornam-se

zero. A partir desta condição aplicadas às equações (2.12) a (2.14) obtém-se os modelos

desacoplados mostrados nas equações (2.16), (2.17) e (2.18) para os fluxos de rotor, estator

e de entreferro, respectivamente:

0

01

=−

=−+

qsr

mdrsl

dsr

mdr

r

dr

iL

iL

dtd

τψω

τψ

τψ

(2.16)

01

0

=

++−−+

=

++−

dtdi

iiL

dtd

idt

dii

L

dsrdsqsslr

r

sds

r

ds

dsslrqs

rqsr

sdssl

στωττ

ψτ

ψ

ωστσττ

ψω

(2.17)

0

01

=

++−

=

++−−+

dsslrlqs

rlqsr

mdgsl

dsrldsqsslrl

r

mdg

r

dg

idt

dii

L

dtdi

iiL

dtd

ωτττ

ψω

τωττ

ψτ

ψ

(2.18)

24

2.3 O CONTROLE VETORIAL INDIRETO

O método indireto de controle vetorial tem como característica principal não

apresentar a realimentação do vetor de fluxo. Ele se utiliza de um modelo desacoplado da

máquina de indução para gerar as variáveis de controle necessárias à obtenção do

desacoplamento, e assim não existe informação real do vetor fluxo controlado. Por isso, o

método indireto é bastante dependente de um perfeito ajuste entre os parâmetros da

máquina e os usados na malha de controle. Assim, variações de temperatura, a saturação e

o efeito pelicular podem fazer com que os parâmetros da máquina apresentem variações,

fazendo com que o controle não tenha um bom desempenho. Neste método a constante de

tempo do rotor (τr) é um ponto crítico que reduz sua robustez.

As influências da saturação e do efeito pelicular podem ser amenizadas por

uma modelagem mais cuidadosa da máquina, que leve em conta a não linearidade

magnética dos materiais. A previsão da variação da resistência é um problema para este

método. Para solução deste problema utiliza-se algoritmos de estimação, onde se encontra

a maior dificuldade de implementação do método indireto, a estimação de parâmetros. Para

elaboração destes algoritmos são utilizados vários métodos como lógica fuzzy, redes

neurais artificiais, dentre outros [9].

Este método baseia-se inteiramente na relação de escorregamento da máquina

obtida a partir da equação (2.16), conforme mostrada abaixo:

ds

qsrsl i

i=τω ∴

ds

qs

rsl i

ω1

= (2.19)

O método indireto utiliza-se do fato desta relação ser uma condição necessária

e suficiente para produzir a orientação do campo, ou seja, se a relação de escorregamento é

satisfeita, ids está alinhada com o fluxo de rotor [7]. Por isso sua grande dependência de

uma boa determinação dos parâmetros da máquina, já que τr depende diretamente da

resistência e da indutância de rotor, e tem sido objeto de vários estudos, para sua correta

determinação e/ou estimação, antes e durante a operação do sistema.

25

Um sistema genérico de controle vetorial indireto é apresentado na Figura 2.5,

onde o bloco CVI pode ser substituído por um controlador orientado em qualquer um dos

fluxos da máquina, como mostrados a seguir.

+

- +

dq/abc - +

-

+ +

Figura 2.5 - Estrutura básica do controle vetorial indireto

2.3.1 ORIENTAÇÃO NO FLUXO DE ROTOR

O controlador vetorial indireto com orientação no fluxo de rotor é obtido

manipulando-se a equação (2.16), considerando-se as condições essenciais do controle

vetorial, o fluxo no eixo q é zero (ψqs = 0) e no eixo d é constante (ψds = cte). Assim

obtém-se:

m

rds L

i*

* ψ= (2.20)

*

**

r

qs

r

msl

iLψτ

ω = (2.21)

26

A partir da equação de conjugado e das condições de desacoplamento de fluxo

obtém-se a componente da corrente no eixo ‘q’:

*

** 2

32

r

e

m

rqs

TLL

Pi

ψ= (2.22)

Com as equações (2.20) a (2.22) obtém-se o controlador vetorial indireto com

orientação no fluxo de rotor, mostrado na Figura 2.6 na forma de diagrama de blocos.

Figura 2.6 - Controlador vetorial indireto para orientação no fluxo de rotor

A estrutura deste controlador é bastante simples mostrando sua preferência aos

demais fluxos controlados, como pode ser verificado observando as estruturas orientadas

nos fluxos de estator e entreferro. Os parâmetros da máquina, presentes no controlador,

podem em situações reais, sofrer variações devido a mudanças de temperatura, saturação,

efeito pelicular, etc. Entre os parâmetros que variam no motor a constante de tempo de

rotor é a mais sensível e interfere diretamente na resposta do controlador, por isso alguns

algoritmos de estimação de parâmetros são utilizados para melhorar a resposta do

controlador.

27

2.3.2 ORIENTAÇÃO NO FLUXO DE ESTATOR

Da mesma forma que a efetuada para o fluxo de rotor, manipulando a equação

(2.17) obtém-se as componentes ids*, ωsl

* e iqs*, para o fluxo de estator, mostradas abaixo:

dtd

iL

ir

qsrsls

s

dsστ

στωψ

+

+=

1

**

* (2.23)

*

*

*1

dsrss

r

qsr

sli

L

idtd

στψτ

στω

+

= (2.24)

*

** 2

32

s

eqs

TP

= (2.25)

A partir das equações (2.23) a (2.25) dadas acima, pode-se obter o diagrama

de blocos para orientação no fluxo de estator, como apresentado na Figura 2.7.

Figura 2.7 – Controlador vetorial indireto com orientação no fluxo de estator

Uma das desvantagens desta estrutura é a necessidade de derivar a

componente do eixo ‘q’ da corrente na obtenção do escorregamento. Isto pode acarretar

28

valores elevados de escorregamento para ajustes do ângulo de orientação, durante

transitórios de conjugado. Assim estes valores de escorregamento não podem ser obtidos,

mas se a taxa de variação do conjugado for compatível com os limites impostos ao

inversor, a máquina responde de forma rápida a variações em degrau de sua referência.

Pode-se observar que existe um acoplamento entre os eixos diretos e de

quadratura no controlador, ou seja, a estrutura não apresenta um desacoplamento total entre

os eixos d e q, como existe na orientação pelo fluxo de rotor. Este acoplamento é devido às

indutâncias de dispersão de estator e de rotor existentes no modelo em fluxo para o estator

(bloco στr da Figura 2.7).

2.3.3 ORIENTAÇÃO NO FLUXO DE ENTREFERRO

Repetindo o procedimento adotado para o fluxo de estator, manipulando a

equação (2.18), obtém-se as variáveis de controle ids*, ωsl

* e iqs*, para o fluxo de entreferro

como mostrado abaixo:

dtd

iL

irl

qsrlslm

m

ds

τ

τωψ

+

+=

1

**

* (2.26)

*

*

*1

dsrlmm

r

qsrl

sl

iL

idtd

⋅−

+

=τψ

τ

τω (2.27)

*

** 2

32

s

eqs

TP

= (2.28)

A partir das equações (2.26) a (2.28) mostradas acima, pode-se obter uma

representação em diagrama de blocos para o controle vetorial indireto com orientação no

fluxo de entreferro, como mostrado na Figura 2.8.

29

Figura 2.8 – Controlador vetorial indireto com orientação no fluxo de entreferro

A orientação no fluxo de entreferro, apresenta as mesmas características da

orientação no estator, ou seja, necessita de diferenciação da corrente em quadratura para o

cálculo do escorregamento e o acoplamento inerente entre conjugado e fluxo em sua

estrutura.

Nestes dois esquemas de orientação, segundo fluxo de estator e de entreferro,

a relação entre conjugado e freqüência de escorregamento é não linear, fazendo com que

um limite teórico de conjugado em regime permanente exista para operação com fluxo

constante. Mas esse limite é muitas vezes superior ao limite nominal da máquina, portanto

não apresenta problemas em uma situação de implementação prática.

30

2.3.4 CONTROLADOR UNIVERSAL INDIRETO

O controlador universal indireto é obtido da mesma forma que os demais já

citados a partir da equação (2.15), e aplicando as condições de desacoplamento (ψqa =0 e

ψda = cte) e isolando as variáveis de controle ids*, iqs

* e ωsl*, tem-se as equações abaixo:

**

*

*

1

dsama

qsrar

m

sl iaL

idtdaL

⋅−

+

=σψ

τστ

ω (2.29)

+

+=

dtdaL

iaLi

ram

qsslramads

τσ

ωτσψ

1

**** (2.30)

*

** 2

32

a

eqs

TP

= (2.31)

Com estas equações obtém-se a representação em diagrama de blocos para o

controle vetorial universal indireto, mostrado na Figura 2.9. Este controlador abrange em

uma só estrutura todas as outras possibilidades de orientação de fluxo, variando a constante

‘a’ da Tabela 1.

Figura 2.9 – Controlador universal indireto

31

2.4 O CONTROLE VETORIAL DIRETO

Os métodos diretos de controle vetorial apresentam uma malha fechada de

regulação de fluxo, e portanto se caracterizam pela necessidade de medição ou estimação

das componentes ortogonais do vetor fluxo, ou seja, módulo e fase do vetor. Nesse tipo de

estrutura a aquisição do vetor fluxo é de fundamental importância, sendo este o maior

problema, existindo várias formas para obtenção do fluxo. Ele pode ser estimado ou

diretamente medido utilizando algumas técnicas de medição dentre as mais utilizadas

podemos citar: sensores de efeito hall, bobinas exploradoras, estimadores de fluxo,

observadores de fluxo, entre outras [9],[10].

Os sensores de efeito hall apresentam dificuldades de instalação, pois

necessitam máquinas especiais, além disso os sensores devem ser colocados

ortogonalmente na superfície do estator apresentando sinais altamente distorcidos causados

pelo efeito das ranhuras do motor. Outra desvantagem é de apresentarem mau desempenho

em condições de excesso de vibração e de temperatura, e uma de suas vantagens é

apresentar bom desempenho em baixas velocidades.

As bobinas exploradoras apresentam menor dificuldade de instalação e

eliminam o efeito das ranhuras do rotor, mas também necessitam de máquinas especiais

para sua instalação. Sua principal desvantagem é a necessidade de se conhecer os

parâmetros da máquina para síntese do vetor fluxo, por isso não são eficazes em baixas

velocidades.

As dificuldades apresentadas pelo uso de sensores para medição direta,

principalmente para a instalação, fez com que essa solução fosse logo descartada, e

estratégias alternativas baseadas em técnicas de controle moderno, como estimadores e

observadores de fluxo modelados em corrente ou em tensão, sejam os métodos mais

usados.

Os estimadores de fluxo fazem uso basicamente das quantidades terminais da

máquina como tensão, corrente e velocidade para, a partir do modelo da máquina estimar

as componentes de fluxo, mas não apresentam mecanismos para compensação de erro de

predição. Por isso tem grande sensibilidade à variação paramétrica, e assim não são

eficientes em baixas velocidades.

32

Os observadores de fluxo podem ser ditos como estimadores em malha

fechada, ou seja, possuem mecanismos para compensação de erro de predição, mesmo

assim ainda apresentam problemas em baixas velocidades.

Como pode-se observar o controlador vetorial direto não depende da relação

de escorregamento da máquina mas sim da qualidade da medição da posição dos fluxos

orientados.

A estrutura básica do acionamento vetorial direto é mostrado na Figura 2.10,

e da mesma maneira que no método indireto, o bloco CVD pode ser substituído por

qualquer um do esquemas dados para cada um dos fluxo controlados. O bloco estimador

pode ser considerado qualquer um dos métodos de medição do fluxo.

+ -

+ - dq/abc

+ -

Figura 2.10 – Estrutura do acionamento vetorial direto

2.4.1 ORIENTAÇÃO NO FLUXO DE ROTOR

A estrutura básica do controlador vetorial direto com orientação no fluxo de

rotor, é apresentado na Figura 2.11.

33

Figura 2.11 – Controlador vetorial direto para orientação fluxo de rotor

Pode-se observar nesta estrutura a não dependência da resistência do rotor,

que é o parâmetro que mais influencia no desempenho do controlador vetorial indireto.

Mas os estimadores ou observadores de fluxo usados no processo de aquisição do fluxo são

baseados em modelos da máquina, logo esta aquisição depende dos parâmetros da

máquina.

Mesmo esquemas que adotam como solução a medição direta do fluxo

também são dependentes dos parâmetros da máquina, isso porque somente o fluxo de

entreferro está disponível para medição, através dos sensores, e então estes valores

medidos são convertidos nas variáveis de rotor.

2.4.2 ORIENTAÇÃO NO FLUXO DE ESTATOR

Para o modelo orientado no fluxo de estator, o desacoplamento não é direto,

como pode ser observado no modelo desacoplado apresentado na equação (2.17). Assim

variações na corrente do eixo em quadratura poderão causar oscilações no fluxo,

prejudicando a resposta dinâmica do controlador.

Para a solução deste problema um bloco desacoplador deve ser inserido no

sistema, como mostrado na Figura 2.12, que representa o controlador vetorial direto com

orientação no fluxo de estator.

34

Figura 2.12 – Controlador vetorial direto com circuito desacoplador

O bloco desacoplador pode ser deduzido a partir da resposta de eixo direto do

diagrama de blocos da Figura 2.12, que é dado por:

( ) dqssds isGi +−= ψψ ** )( (2.32)

onde G(s) é a função de transferência do controlador de fluxo.

A equação do desacoplador é obtida aplicando as condições de

desacoplamento a equação (2.32), e considerando os valores de escorregamento de regime,

evitando assim o cálculo de algumas derivadas e afetando muito pouco a resposta do

sistema.[9]. A equação simplificado do desacoplador é então:

( )*

2*

dsss

qssdq iL

iLi

αψ

α

−= (2.33)

2.4.3 ORIENTAÇÃO NO FLUXO DE ENTREFERRO

O controlador vetorial com orientação no fluxo de entreferro pode ser obtido

de forma totalmente análoga ao com orientação no fluxo de estator apresentando também

os mesmos problemas de desacoplamento, que pode ser observado na expressão (2.18). A

estrutura do controlador com orientação no fluxo de entreferro é a mesma para o fluxo de

estator mostrado na Figura 2.12, substituindo-se os sub-índices s por m.

35

O circuito desacoplador também é obtido da mesma forma, e fazendo as

mesmas simplificações, assim tem-se para orientação no fluxo de estator a seguinte

equação:

=*

2*

dsmr

lrm

qsmr

lr

dq

iLLL

iLLL

(2.34)

2.4.4 CONTROLADOR UNIVERSAL DIRETO

Da mesma forma, que no controle vetorial indireto, todas as estruturas

apresentadas aqui podem ser generalizadas, no controlador universal direto.

O esquema do controlador também é o mesmo do controlador para o fluxo de

estator, fazendo as respectivas adaptações dos sub-índices, e a determinação do circuito do

desacoplador, parte do mesmo princípio, a partir do modelo generalizado deduzido

anteriormente, e consirando as mesmas simplificações. Assim a equação do bloco

desacoplador para o controlador vetorial universal direto e dada abaixo:

( )*

2*

dsama

qsamdq iaL

iaLi

σψ

σ

−= (2.35)

Os valores de σa e τr são os mesmos deduzidos anteriormente, e os valores de

‘a’ são os mesmos dados na Tabela 1. Pode-se observar que para orientação em fluxo no

rotor o valor de idq é zero, mostrando o desacoplamento para esta estrutura.

2.5 CONCLUSÃO

Neste capítulo foram apresentados os princípios básicos do controle vetorial

bem como seus principais métodos, método direto e indireto. São apresentados ainda as

equações e esquemas dos controladores clássicos para os vários eixos de referências:

estator, rotor, entreferro e arbitrário. No capítulo seguinte será apresentado o sistema de

controle vetorial alternativo.

36

CAPÍTULO 3

CONTROLE VETORIAL ALTERNATIVO

3.1 BOBINAS ACOPLADAS

Uma analogia ao motor de indução pode ser feita, para uma melhor

compreensão da resposta do motor de indução, com um par de bobinas acopladas [2], ou

seja, um transformador com igual número de espiras no primário e no secundário, com o

secundário curto circuitado. Esta analogia é possível pois o motor de indução utiliza-se do

mesmo princípio de um transformador, a indução magnética, a grande diferença é que no

transformador o secundário é fixo e no motor de indução ele esta livre para girar,

produzindo um conjugado. Curto circuita-se o secundário do transformador para uma

melhor comparação, visto que no motor de indução as barras do rotor estão curto

circuitadas.

Figura 3.1 – Bobinas acopladas com secundário curto-circuitado

Como observa-se na equação (2.11) o conjugado no motor de indução é

proporcional ao produto da corrente de rotor e o fluxo de rotor, a resposta de conjugado

depende do comportamento dessas duas variáveis do rotor em condições transitórias.

Analisando o sistema do transformador tem-se as tensões do primário e secundário e os

fluxos do sistema, mostrados abaixo:

37

dtdi

Mdtdi

LiRv 211111 ++= (3.1)

dtdi

Mdtdi

LiRv 122222 0 ++== (3.2)

2111 MiiL +=ψ (3.3)

1222 MiiL +=ψ (3.4)

onde L1 e L2 são as indutâncias próprias do primário e do secundário, R1 e R2

são as resistências do primário e do secundário e M é a indutância de magnetização.

Aplicando a transformada de Laplace à equação de tensão do secundário tem-se:

)(1

)( 122

2 sIs

sLMsI

+

−=τ

(3.5)

onde τ2 = L2/R2 é a constante de tempo do secundário. Se a corrente no

primário varia em um degrau de 0 até I, a transformada de Laplace dela é I1(s) = I/s, assim

a corrente resultante no secundário no domínio do tempo é dado por:

2/

22 )( τtIe

LMti −−= (3.6)

Para uma variação em degrau na corrente do primário o fluxo do secundário

no domínio do tempo é dado por:

[ ]2/2 1)( τψ teMIt −−= (3.7)

A partir das equações (3.6) e (3.7) pode-se perceber facilmente a resposta da

corrente e do fluxo no secundário, em t = 0+ a corrente no secundário será igual à

constante da equação (3.6) e o fluxo se mantém igual a zero, como pode ser visto na Figura

3.2.

38

Figura 3.2 – (a) variação em degrau da corrente do primário, (b) corrente no secundário, (c) fluxo no secundário

A mesma situação ocorre no rotor da máquina de indução em gaiola para uma

variação em degrau na amplitude da corrente de estator. Então a análise para as bobinas

acopladas pode ser aplicada para o motor de indução e constitui uma fundamentação para a

possibilidade de uma rápida resposta de conjugado no motor de indução.

Pode-se então concluir que não é possível obter uma rápida variação de

conjugado variando-se o fluxo do rotor. Por outro lado, a corrente de rotor responde

rapidamente a uma variação súbita da corrente de estator. Assim, a resposta em conjugado

também pode ser rápida, desde que seja mantido constante o fluxo de rotor. Para estas

rápidas variações, além de manter o fluxo de rotor constante, assume-se que os vetores de

fluxo de rotor e da corrente de rotor se mantenham ortogonais. Esta ortogonalidade é

importante para manter o fluxo de rotor e a corrente de rotor magneticamente

desacoplados, assim quaisquer variações na corrente do rotor não são afetadas pelo fluxo

de rotor. Com esta ortogonalidade assumida, o conjugado do motor de indução torna-se

similar ao conjugado da máquina CC, onde a corrente de armadura é mantida ortogonal ao

vetor de fluxo pela ação das escovas.

39

3.2 TRIÂNGULO DE FLUXO DE ROTOR

Em condições de regime permanente o fluxo de rotor permanece alinhado com

o eixo ‘d’ do sistema de referência síncrono, mantendo-se assim até que uma variação de

carga, ou da corrente de controle da máquina provoque alguma alteração nestas condições.

Como observado na Figura 3.3, para duas condições de cargas diferentes, a

corrente de estator e o fluxo de rotor estão sempre defasados de um ângulo ξ, que a partir

da expressão (2.19), pode ser mostrado que:

)( rslarctg τωξ = (3.8)

d

q

ids

δ

ξ2 ξ1

2smiLr

2rr iLr

1smiLr

1rr iLr

rψr

2

1

Figura 3.3 – Triângulo do Fluxo concatenado de rotor para duas condições de carga

Independente da estratégia de controle adotada e da condição de carga, os

vetores de fluxo de rotor e corrente de rotor são sempre ortogonais em regime permanente

e a posição relativa ξ entre o vetor corrente de estator e ovetor fluxo de rotor é a

informação de ângulo essencial no controle vetorial. Para o controle vetorial “tradicional”

esse ângulo ξ é adicionado ao ângulo θs (ângulo de defasagem entre o eixo de referência

estacionário e o eixo de referência síncrono), para gerar a posição absoluta do vetor

corrente de estator e proceder às transformações matriciais necessárias. No controle

vetorial alternativo o ângulo ξ é controlado diretamente, não havendo necessidade de gerar

a posição absoluta do vetor corrente de estator.

40

Um controle em tempo real do ângulo ξ, mantém os vetores de fluxo de rotor e

corrente de rotor sempre ortogonais e o fluxo de rotor pode ser mantido constante,

condições essenciais para o desacoplamento da máquina de indução.

Logo, variando simultaneamente a amplitude Is, a velocidade síncrona ωs e a

posição relativa ξ do vetor de corrente do estator, através de expressões pré-definidas,

mostradas mais adiante, mantém-se um fluxo constante enquanto varia-se rapidamente a

corrente de rotor, e conseqüentemente o conjugado eletromagnético.

Estes princípios acima descritos compõem os princípios básicos do controle

vetorial “alternativo”, proposto inicialmente por [2], e ilustrado na Figura 3.3.

3.3 CONDIÇÕES PARA OBTENÇÃO DE TRANSIÇÃO RÁPIDA DE

CONJUGADO

Para uma variação rápida de conjugado, algumas condições devem ser

obedecidas conforme já citado anteriormente; a Figura 3.3 mostra a variação dos vetores

em regime permanente de uma máquina de indução para duas condições de carga

diferentes. O ponto 1 é definido pela freqüência de escorregamento ωsl1 e magnitude Is1, o

que resulta num conjugado T1; o ponto de operação 2 é definido pela freqüência de

escorregamento ωsl2 e pela magnitude Is2, o que resulta num conjugado T2. Supondo-se que

os pontos de operação 1 e 2 estão relacionados, em conjugado, pelo fator k, ou seja, T2 =

kT1, as condições necessárias para a transição de 1 para 2, sem oscilações, são dadas em [2]

e repetidas nas equações (3.9) a (3.11).

(a) A freqüência da fmm de estator deve variar de forma tal que a freqüência

de escorregamento obedeça a seguinte expressão:

12 slsl kωω = (3.9)

(b) A amplitude da corrente de estator deve variar na seguinte proporção:

41

21

21

1

2

)(1

)(1

rsl

rsl

s

s kII

τω

τω

+

+= (3.10)

(c) E a fase da fmm do estator deve variar de acordo com a expressão:

)()( 1112 rslrsl tanarcktanarc τωτωξξδ −=−= (3.11)

As condições acima foram utilizadas em um sistema em malha aberta para

comprovar a validade do método alternativo de controle vetorial. Naquele experimento

somente dois pontos de operação da máquina foram utilizados, calculando previamente os

valores de amplitude, freqüência e fase para as duas condições de conjugado. O

experimento foi realizado com velocidade zero, e variando o conjugado aplicado no eixo e

ao mesmo tempo variando, a amplitude, freqüência e fase para o novo ponto de operação,

mantendo o eixo da máquina em velocidade zero, como esperado.

As equações (3.9) a (3.11) são validas somente para o sistema em malha

aberta, mas em [1], o equacionamento para o sistema em malha fechada é proposto,

variando as três variáveis de controle, amplitude, freqüência e fase, através das correntes

de estator ids e iqs, descritas abaixo:

22qsdss iiI += (3.12)

ds

qs

rsl i

ω1

= (3.13)

ds

qs

ii

tanarc=ξ (3.14)

Assim, mantendo-se a componente de fluxo da corrente de estator ids

constante, uma variação brusca na componente de conjugado iqs, resulta em mudança

brusca na amplitude, na freqüência de escorregamento e na fase da corrente de estator, ou

seja, as condições do estator podem ser descritas em termos das variáveis Is, ωsl e ξ, que

podem ser obtidos diretamente de ids e iqs, como mostram as equações (3.12) a (3.14).

42

3.4 FORMA HÍBRIDA (ANALÓGICA E DIGITAL) DO CONTROLE

VETORIAL ALTERNATIVO

O sistema de controle vetorial alternativo, implementado em [1], é aqui

chamado de forma híbrida de controle vetorial alternativo, pois sua implementação foi

executada com a utilização de vários módulos, digitais e analógicos, como mostrado na

Figura 3.4.

Figura 3.4 – Sistema de Controle Vetorial Alternativo Híbrido

O bloco µP é a unidade de processamento implementada com um PC e uma

placa de aquisição de dados, onde as variáveis Is, ωs e ξ são atualizadas e enviadas ao bloco

de EPROM’s, que gera as correntes de referência através de senóides armazenadas em

2048 endereços de uma EPROM. As variáveis Is, ωs e ξ eram utilizadas na geração destas

correntes de referência onde ωs determina a freqüência de leitura dos dados na memória,

determinando assim a freqüência síncrona da máquina, ξ determina o ponto de leitura da

senóide, variando portanto a fase da corrente de referência e o sinal Is através de conversor

digital-analógico determina a amplitude da corrente, como mostrado na Figura 3.5.

43

16-bit

Is

ξ

ωs

8-bit

8-bit

8-bit 12-bit

12-bit

AD/

AD/

AD/

+

+

+

clockf

*bsi

*csi

*asiDownUp/

CountefV /

204832

EPROM

EPROM

EPROM

204831

Buffer15bit

Figura 3.5 – Bloco de EPROMs para a geração das correntes de referência

0 256 512 768 1024 1280 1536 1792 2048-1

-0.5

0

0.5

1

address

mem

ory

data

1R2R

A∆1 2

1sI2sI

time

2

111 sIR ∗

22 sIR ∗

(b) (a)

Figura 3.6 – Leitura da EPROM na transição de uma situação de regime permanente

para outra

A Figura 3.6 mostra a variação obtida no sinal de saída do bloco de EPROM’s,

para uma variação brusca de iqs, variando ao mesmo tempo amplitude, freqüência e fase da

corrente de referência. Vale lembrar que o processamento deve ser em tempo real, ou seja,

no menor tempo possível para que o sistema responda da maneira desejada. No sistema

implementado o tempo de processamento é de aproximadamente 50µs.

Tem-se ainda no sistema o bloco gerador de PWM e controlador de corrente,

como descrito na Figura 3.7, gerando um sinal modulado para as chaves do conversor que

completam o sistema de controle vetorial alternativo híbrido.

44

Figura 3.7 – Bloco gerador de PWM e controlador de corrente

3.5 CONCLUSÃO

Neste capítulo é apresentado um breve resumo do controle vetorial alternativo

desde sua primeira implementação. São apresentadas as principais equações das duas

implementações e uma visão da estrutura híbrida a ser digitalizada. O próximo capítulo

trata da digitalização e hardware utilizado na implementação do sistema.

45

CAPÍTULO 4

DIGITALIZAÇÃO DO CONTROLE VETORIAL ALTERNATIVO

Para a digitalização do sistema de controle vetorial alternativo implementado

em [1], utilizaremos o kit de desenvolvimento do ADMC401 da Analog Devices que é um

Processador Digital de Sinais (DSP) especialmente desenvolvido para o controle de

motores, com processamento de 26 MIPS em 16 bits em ponto fixo, conversor A/D de 8

canais em 12 bits, conversor D/A de 8 canais em 12 bits, saída PWM trifásica, 2 portas

seriais e 12 pinos de I/O de propósito geral, e uma interface para encoder de três canais,

entre outras características [16], [17], [19].

4.1 ORGANIZAÇÃO DO ALGORITMO

O desenvolvimento do algoritmo foi dividido em 5 partes principais, para um

melhor entendimento da completa operação do sistema. Essas partes foram chamadas de

unidade de aquisição de dados, unidade de processamento de amplitude freqüência e fase,

unidade de geração do sinal de referência de corrente, unidade do controlador de corrente e

unidade de geração dos sinais PWM, que serão detalhadas adiante.

Todas as operações são seqüenciais e obrigatórias, não possuindo partes do

algoritmo que são executadas conforme alguma condição do sistema.

Todo o algoritmo mostrado na Figura 4.1 inicia sua execução pelo pulso de

PWMSYNC, todo o programa a ser executado fica dentro da rotina desta interrupção. Isso

ocorre devido a uma característica própria do DSP, evitando assim que o processo seja

interrompido por outra operação do processador, e que sinais com freqüência maior que a

freqüência de chaveamento do conversor sejam amostrados durante a conversão, já que a

conversão dos conversores A/D é iniciada com o mesmo pulso. Essa interrupção ocorre

duas vezes a cada período de PWM, isto é a cada 50µs, visto que, é utilizada uma

freqüência de chaveamento de 10kHz [18].

46

22qsds ii +

ds

qs

ii

arctg

ds

qs

r ii

τ1

∫ sω

Início

Inicializa as constantes e variáveis de entrada

Inicializa as subrotinas

de programa

NÃO Loop de Espera

Aguarda interrupção

SIM

Lê velocidade (ωr) e correntes (Ia, Ib, Ic) Aquisição de Dados

Calcula valor de iqs PI no sinal de ωr

Calcula valor de Is

Processamento de Amplitude, Freqüência e Fase Calcula valor de ξ

Calcula valor de ωsl

Calcula valor de ωs

ωsl +ωr

Calcula valor de θ

Geração do Sinal de Referência de Corrente

Calcula as senóides de referência (Ia

*, Ib*, Ic

*)

Calcula as senóides de saída (Ia, Ib, Ic)

Controlador de Corrente

Atualiza saídas PWM Geração do Sinal PWM

Figura 4.1 - Estrutura do Algoritmo implementado

47

Quando iniciado o processo, o DSP inicializa todas as constantes e variáveis

do sistema, desabilita todas as interrupções pendentes no processador e entra no loop

principal do programa, que não faz nada, apenas aguarda a execução da interrupção

PWMSYNC.

4.2 CONDICIONAMENTO E AQUISIÇÃO DE DADOS

Como todo o processamento do sistema está implementado em software, todas

as variáveis devem ser condicionadas para utilização no DSP. O ADMC401 é um

processador digital de sinais especialmente desenvolvido para obter-se alto desempenho no

controle de máquinas elétricas, que opera em 16 bits e aritmética de ponto fixo.

O ADMC401 tem como sistema de numeração padrão, o formato 1.15 (um

ponto quinze) para suas variáveis, utilizando a aritmética de complemento de dois,

consegue representar números que variam de –1 a 1 – 2–15. Mas outros formatos também

podem ser utilizados, desde operações não sinalizadas a formatos que representam

variáveis maiores como, 3.13, 5.11 e etc. Mas um cuidado especial deve ser tomado pelo

programador quando da utilização de formatos de variáveis diferentes.

O formato 1.15 apresenta a vantagem de transformar todas as variáveis do

sistema em pu, e a partir daí processá-las da maneira necessária. Neste formato o 1 mostra

o sinal do número, sendo este o bit mais significativo (MSB), e os outros quinze bits

representam o tamanho do número, representando assim números variando de

–1 a 1 – 2–15. A Figura 4.2 mostra alguns exemplos de números e sua representação em

formato 1.15.

Número em 1.15 Equivalente Decimal 0x0001 0,000031 0x7FFF 0,999969 0xFFFF –0,000031 0x8000 –1,000000 -20 2-1 2-2 2-3 2-4 2-5 2-6 2-7 2-8 2-9 2-10 2-11 2-12 2-13 2-14 2-15

Figura 4.2 - Representação para números em formato 1.15

48

Para um condicionamento dos valores no DSP é necessário definir valores de

base para as variáveis utilizadas no programa.

Para que não ocorra nenhum valor fora de escala, utiliza-se somente 75% da

escala dos conversores A/D, assim como sua entrada varia de –2 a 2 V, as variáveis de

corrente e velocidade estarão com seus valores nominais com 1,5 V na entrada dos

conversores.

Para corrente foi utilizado o valor de base de 10 A, que gera na saída do sensor

de efeito hall a tensão de 1,5 V. Para a velocidade, 1800 rpm ou 377 rad/s que é a

velocidade nominal do campo girante do motor utilizado, o sensor de velocidade produz

um sinal de 1,5 V na velocidade nominal do campo girante (ωs).

4.3 PROCESSAMENTO DE AMPLITUDE, FREQÜÊNCIA E FASE

O processamento das variáveis Is, ωsl e ξ (amplitude, freqüência de

escorregamento e fase), foram efetuados conforme as equações (3.12), (3.13) e (3.14)

respectivamente.

Pode-se observar que todas as equações utilizam uma relação de ids e iqs, e

sabe-se que para obtermos uma variação rápida de conjugado a corrente de eixo direto (ids)

deve se manter constante, variando-se somente a corrente do eixo de quadratura (iqs). A

corrente ids é a corrente de magnetização da máquina, e iqs é responsável pela variação do

conjugado, assim, como queremos variar somente o conjugado e manter o campo

constante, a corrente ids é mantida fixa e varia-se iqs conforme o necessário.

Como o valor de ids é constante durante todo o processo utiliza-se o valor de ids

fixo, assim no ADMC401, o valor de ids é declarado como constante. Mas nas três

equações básicas do controle ele não aparece diretamente, na equação (3.12) aparece ao

quadrado e nas outras no denominador. Como o valor de ids é constante há uma redução no

tempo de processamento evitando assim duas divisões.

49

4.3.1 DECLARAÇÃO DAS CONSTANTES DA MÁQUINA

A corrente de magnetização de nossa máquina é ids = 2,7 A, convertendo este

valor para o valor em pu temos:

puids 2863,010175,027,2 =××=

Convertendo para o formato 1.15 em hexadecimal tem-se:

hpui hds 24A522863,0 15 →×=

Para utilização nas equações do sistema de controle vetorial alternativo não

precisamos de ids, mas sim de e i , assim para i tem-se: 2dsi 1−

ds2ds

puids 2863,0= ∴ i puds 0819,02 =

Convertendo para o formato 1.15 em hexadecimal tem-se:

hi hds 0A7D20819,0 152 →×=

E para i tem-se: 1−ds

puids 2863,0= ∴ puids

4928,31=

Pode-se observar que o valor de é maior que 1, logo a representação em

formato 1.15 não é suficiente para representar números deste tamanho, assim outro formato

é necessário para esta variável. Utiliza-se o formato 4.12 que pode representar valores de

–7 a 7 – 2

1−dsi

–12, assim tem-se:

50

hi

h

ds37E224928,31 12 →×=

Utiliza-se assim duas constantes para os valores de e 1/i2dsi ds.

4.3.2 DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE DE TEMPO DO ROTOR (τR)

Outra constante necessária ao processamento é o valor de τr. Este valor é

obtido usando uma mola e um braço perpendicular ao eixo do motor como mostrado na

Figura 4.3. O sistema braço-mola é utilizado para determinação do ponto de conjugado

máximo do motor.

MIT

Figura 4.3 – Sistema para Medição da Constante de Tempo do Rotor (τr)

O ponto de conjugado máximo é obtido mantendo-se a corrente constante

controlada via DSP, de maneira a obter a corrente de magnetização desejada no ponto de

máximo conjugado. Varia-se a freqüência do campo girante ωs até que a mola apresente

seu maior alongamento, sendo este o ponto de máximo conjugado do motor.

Neste trabalho obteve-se o máximo alongamento da mola a 1,22Hz, assim

através da equação (4.1) obtém-se uma constante de tempo de rotor de 130ms.

slr f⋅=

πτ

21 (4.1)

51

Como valor de base de tempo é utilizado o valor de velocidade de 377 rad/s.

Assim transformando o valor de τr para uma freqüência em rad/s tem-se:

307,4821=× π

τ r

rad/s

Em pu tem-se:

pur 0961,0377

307,4875,01 =×=−τ

Passando para hexadecimal:

hhr 0C4D20961,0 151 →×=−τ

4.3.3 DISCRIMINAÇÃO DOS BLOCOS DE CONTROLE

O cálculo da amplitude da corrente de referência (Is ) utiliza a equação (3.12).

A implementação desta equação necessita de uma rotina de raiz quadrada e um quadrado

visto que é uma constante. O fluxograma desta rotina é mostrado na Figura 4.4. 2dsi

O bloco “Calcula raiz quadrada” utiliza uma rotina do application notes do

fabricante, assim ele necessita de algumas transformações de variáveis visto que a rotina

utiliza um formato de entrada 16.16 sem sinal, ou seja, ela pode executar a raiz quadrada

para valores de 0 a 65535, e sua saída é um número no formato 8.8, assim é necessário os

blocos de transformação de variáveis antes e depois da raiz quadrada.

52

Lê valor de iqs

Lê valor de 2dsi

Calcula i e soma i 2qs

2ds

Transforma valor em formato 16.16

Calcula raiz quadrada

Transforma valor em formato 1.15

Guarda valor na variável raiz

Calcula valor de Is 22

qsds ii +

Figura 4.4 - Fluxograma do cálculo da raiz quadrada

O cálculo da fase (ξ) é feito através da equação (3.13). Para implementação

deste bloco é necessário o cálculo do arcotangente e um produto. O fluxograma deste bloco

é mostrado na Figura 4.5.

ds

qs

ii

arctg

1−dsi

1−⋅ dsqs i

Guarda valor na variável Tan_1

Guarda valor na variável razao

Calcula arcotangente

Transforma valor em formato 16.16

Calcula i

Lê valor de

Lê valor de iqs

Calcula valor de ξ

Figura 4.5 – Fluxograma do Cálculo da Fase

53

Para a execução do arcotangente também utiliza-se uma rotina já

implementada pelo fabricante em seu application notes[18], e da mesma forma que na raiz

quadrada esta rotina necessita de algumas transformações de variáveis, uma vez que sua

entrada é no formato 16.16 com sinal, ou seja, o primeiro bit da parte inteira representa o

sinal. Já no sinal de saída nenhuma transformação é necessária visto que sua saída já se

encontra no formato 1.15.

Para o cálculo da freqüência de escorregamento (ωsl) aplica-se a equação

(3.14). Nesta parte, é necessário somente um produto, como observado na Figura 4.6.

Lê valor de razao

Lê valor de τ 1−r

Calcula razao 1−⋅ rτ

Guarda valor na variável ωsl

Calcula valor de ωsl

ds

qs

r ii

τ1

Figura 4.6 - Fluxograma do Cálculo da Freqüência de Escorregamento

A partir do valor de ωsl calculado é necessário calcular agora a velocidade

síncrona da máquina somando a velocidade real lida através do conversor analógico para

digital, como mostrado na Figura 4.7.

Calcula ωsl +ωr

Lê valor de ωr

Lê valor de ωsl

Guarda valor na variável ωs

Calcula valor de ωs ωsl +ωr

Figura 4.7 - Fluxograma do cálculo da velocidade síncrona

Ao final destas etapas todas as variáveis de controle já foram calculadas e

armazenadas para o cálculo das correntes de referência.

54

4.4 GERAÇÃO DO SINAL DE REFERÊNCIA DE CORRENTE

O sinal de referência de corrente é calculado em cada ciclo, utilizando o

cálculo da senóide disponível nos applications notes do fabricante [18].

Aqui aparece a maior diferença do sistema híbrido ao digitalizado: como

citado anteriormente, os sinais de referência da corrente no sistema híbrido foram obtidos a

partir de senóides previamente gravadas em EPROM’s onde se varia a freqüência e o ponto

de leitura, para uma variação de freqüência e fase da onda de referência. No presente

projeto optou-se pelo cálculo da senóide de referência, utilizando-se os valores de

amplitude, freqüência e fase previamente calculados. Isso foi implementado no sistema

híbrido para diminuir o tempo de processamento do sistema, o que não é problema no

presente projeto, devido à alta velocidade de processamento do DSP.

Para o cálculo das senóides é necessário possuir o valor do ângulo θ que é

obtido através da integral de ωs. A integral foi efetuada através da regra dos trapézios como

mostrado na equação 4.2.

amostsants

antatual T⋅++=

2ωω

θθ (4.2)

onde: θ é a posição instantânea da referência síncrona em relação a referência

estacionária, e Tamost é o tempo de amostragem do sistema.

Com o valor de θ calculado pode-se obter o valor das correntes de referência.

A seqüência de operações é descrita na Figura 4.8.

A operação descrita na Figura 4.8 é repetida para as fases B e C com a

diferença que uma constante 2π/3 é subtraída da soma de θ + ξ, na fase B e somada na fase

C, e o valores obtidos são guardados nas variáveis VrefB e VrefC, respectivamente. Esses

valores são somados e subtraídos para produzir o defasamento entre as fases.

55

Lê valor de theta

Lê valor de Tan_1

Calcula theta +Tan_1

Lê valor de raiz

Calcula seno × raiz

Calcula seno

Guarda valor na variável VrefA

Calcula as senóides de

referência (Ia*, Ib

*, Ic*)

Figura 4.8 - Fluxograma para cálculo das correntes de referência

O cálculo do seno também é efetuado através de uma rotina já implementada

no application notes [18] e como o formato de entrada e saída de suas variáveis é o 1.15

nenhuma transformação de formatos é necessária.

4.5 CONTROLADOR DE CORRENTE

A implementação do controlador de corrente também utiliza-se do controlador

PI disponível no application notes do fabricante [18], bastando colocar o erro do sinal

como entrada e definir os valores das constantes de kp e ki do controlador, calculando-as

conforme orientado no mesmo.

Da mesma maneira que na obtenção das correntes de referência, a seqüência

da Figura 4.9 é executada para cada uma das fases.

56

Calcula PI

Lê valor de referência (I*)

Lê valor real (I)

Calcula erro (I* - I)

Guarda valor na variável ixm

Calcula as senóides de saída (Ia, Ib, Ic)

Figura 4.9 - Fluxograma do Controlador de Corrente

4.6 GERAÇÃO DE SINAL PWM

Para a modulação dos sinais foi utilizada a técnica de Modulação por Largura

de Pulsos (PWM - Pulse Width Modulation), é utilizada uma freqüência de chaveamento

de 10 kHz, freqüência esta definida por software no arquivo ‘main.h’, arquivo este que

guarda algumas configurações básicas do processador. A técnica de modulação utilizada

foi a modulação senoidal.

Esta parte do algoritmo não necessita de nenhuma implementação especial,

visto que a unidade de PWM é independente e uma vez configurada corretamente é

necessário somente uma instrução durante a interrupção PWMSYNC para atualizar os

registradores de saída.

Assim o bloco “Atualiza saídas PWM” é simplesmente uma instrução com os

novos valores dos registradores da unidade de PWM.

4.7 DRIVER DE ACIONAMENTO DO INVERSOR

O driver utilizado é o ‘SKHI 22 A H4’ da Semikron; este driver aciona duas

chaves de um mesmo braço do inversor, e assim são necessários 3 drivers para

acionamento do conversor trifásico. Um pequeno circuito é necessário entre o DSP e o

57

conversor, pois a alimentação deste driver é em 15 V e as saídas PWM do DSP são em 5

V, para isso foi utilizado dois CIs IR2130, que faz essa conversão de tensão.

4.8 CONVERSOR PWM

O conversor utilizado possui três chaves IGBTs ‘SKM 75 GB 123 D’ da

Semikron, um link CC de 540V com 4 capacitores de 4700µF/400V, ligados dois em série

e paralelo, a potência total do conversor é de 11 kW. O conjunto driver/conversor foi

adquirido montado junto a Semikron do Brasil.

ωr ωr

Tacômetro

ia

ic

ib

CL

BL CH

BH AL

AH

ia ib ic

MIT

ConversorPWM

Conversor PWM

DSP ADMC401

Figura 4.10 – Sistema de Controle Vetorial Alternativo Digitalizado

Comparando o diagrama de bloco do sistema digitalizado, mostrado na Figura

4.10, com o diagrama de blocos do sistema híbrido, mostrado na Figura 3.4, percebe-se

uma grande diminuição no tamanho do sistema, já que o DSP substitui todos os blocos de

controle, desde o cálculo dos sinais de referência a geração dos sinais PWM.

Uma outra observação importante é que o sistema híbrido fez uso de dois

conversores, denominados de “mestre” e “escravo”, de modo que cada fase pudesse ser

controlada de forma totalmente independente. No presente projeto apresenta-se a situação

mais realista de apenas um conversor.

58

4.9 TEMPO TOTAL DE PROCESSAMENTO

O tempo total de processamento das operações é apresentado na Figura 4.1

elas são efetuados em aproximadamente 23,6µs, como pode ser observado na Figura 4.11.

Esta figura foi obtida setando uma das portas de propósito geral do DSP no início da

interrupção PWMSYNC, sendo a primeira instrução executada e resetando no final do

processo, como última instrução antes de retornar da interrupção.

23,6µs

Figura 4.11 – Tempo de Processamento do Sistema. Traço Superior: Pulso do PWMSYNC. Traço Inferior: Pulso Mostrando o Tempo de Processamento

Como pode-se observar no traço inferior da Figura 4.11, o tempo em que este

está alto representa o tempo de processamento do sistema. O traço superior mostra o pulso

de PWMSYNC que ocorre a cada 50µs e controla o início de operação de todas as funções

necessárias. Esse tempo de 50µs é o tempo de amostragem adotado. Um tempo de

amostragem de 25µs foi testado, porém o sistema não executava a função de parada do

sistema via computador. O tempo bastante curto de processamento se deve principalmente

ao processamento paralelo do sistema, visto que quando se inicia a interrupção, o

processador continua suas operações, e ao mesmo tempo faz-se a conversão nos

conversores Analógico/Digital, envia dados aos conversores Digital/Analógico, e monitora

as saídas PWM.

59

4.10 CONCLUSÃO

Foram apresentados neste capítulo as principais características do sistema

digitalizado, a estrutura do DSP, o algoritmo implementado e a estrutura de hardware

utilizado. No próximo capítulo são apresentados os resultados experimentais e de

simulação obtidos.

60

CAPÍTULO 5

RESULTADOS DE SIMULAÇÃO E EXPERIMENTAIS

Neste capítulo serão apresentados os resultados experimentais e de simulação

do sistema implementado. Os resultados de simulação são apresentados para uma

verificação da resposta esperada no sistema real. Todos os resultados foram obtidos com o

sistema sem carga. Abaixo são apresentados os resultados de partida e parada da máquina,

inversão de velocidade com as referências quadrada, triangular e senoidal. Uma resposta

utilizando o controle escalar, sem controle de fase, é apresentada para mostrar a diferença

do sistema de controle. Os resultados de simulação foram obtidos em um sistema

implementado no Matlab Simulink®. Os resultados experimentais foram obtidos com o

osciloscópio TDS460A da Tektronix.

5.1 ACELERAÇÃO E DESACELERAÇÃO DA MÁQUINA

Primeiramente apresenta-se os resultados de aceleração de 0 rpm até a

velocidade de referência. A Figura 5.1 mostra a variação de 0 rpm a 600 rpm. Em (a) é

apresentado a corrente de estator, e pode ser observado que no período de velocidade zero

a corrente possui uma freqüência bem baixa. A corrente deveria se manter contínua quando

o motor está com velocidade zero e sem carga, como observado nos resultados de

simulação da Figura 5.3. Isso ocorre devido a um ajuste no sinal de referência, que devido

ao gerador de funções usado nos experimentos não possui um ajuste fino da tensão, e assim

uma pequena tensão da ordem de poucos milivolts ainda faz o motor girar com velocidades

bem baixas.

Em (b) é apresentada a corrente iqs que se mantém saturada até o motor obter

uma velocidade bem próxima à velocidade de referência. A componente de conjugado (iqs)

sendo constante durante o período de aceleração garante um conjugado de aceleração

constante e, conseqüentemente um perfil de variação de velocidade retilíneo. A não

linearidade do perfil de velocidade nessa situação pode indicar parâmetro incorreto.

61

Observa-se ainda, nas Figura 5.1 (a) e (b) que a resposta à solicitação de

variação de velocidade é imediata, o que é esperado de um sistema de controle vetorial.

13,2A/div

3,3A/div

Referência de Velocidade

Referência de Velocidade 600rpm

Velocidade Real

Velocidade Real

Corrente na Máquina

Corrente iqs

Figura 5.1 – Referência de

Tra

600rpm

Figura 5.2 - VReferência de

Tra

A Fig

Em (a) é apresent

contínua, visto qu

(a) (b)

Variação de Velocidade de 0 a 600 rpm. Traço Superior: (a) e (b) Velocidade. Traço Central: (a) e (b) Velocidade Real da Máquina. ço Inferior: (a) Corrente do Estator (Ia), (b) Corrente iqs

13,2A/div

3,3A/div

Referência de Velocidade

Velocidade Real

Corrente iqs

Referência de Velocidade

Velocidade Real

Corrente na Máquina

(a) (b)

ariação de Velocidade de 600rpm a 0rpm. Traço Superior: (a) e (b) Velocidade. Traço Central: (a) e (b) Velocidade Real da Máquina. ço Inferior: (a)Corrente de Estator (Ia) e (b) Corrente iqs

ura 5.2 apresenta os resultados para uma variação de 600 rpm a 0 rpm.

ada a corrente da máquina, que após a parada do motor deveria se manter

e o motor não possui carga, mas o resultado apresenta uma freqüência

62

baixa como citado anteriormente. Em (b) é apresentada a corrente iqs, mostrando que ela

satura e se mantém em seu valor máximo até bem próximo da velocidade zero.

Observa-se do sinal de velocidade real, que a redução de velocidade ocorre de

forma retilínea, como esperado de um processo com conjugado constante, e que a etapa

final da desaceleração não apresenta qualquer oscilação, indicando que o sistema de

controle atende às exigências de resposta rápida e sem oscilações.

O conjugado de aceleração está em torno de 3,5 Nm, sendo o conjugado

nominal da máquina de 11,5 Nm. Optou-se por um valor reduzido de conjugado para

compensar a falta de inércia adicional no motor, já que os ensaios são em uma máquina de

3cv operando a vazio. Assim, para obter-se uma resposta de aceleração linear e sem

oscilações, como se espera de um sistema de controle vetorial, um ajuste dos controladores

de velocidade e de corrente foi feito. Para alguns valores de Kp e Ki nos controladores

obtém-se valores de conjugado de aceleração bem maiores, mas o sistema torna-se instável

a velocidades baixas e ocorre um sobre-sinal quando utilizado na inversão do sentido de

rotação.

(a) (b) (c) (d)

Figura 5.3 - Variação de Velocidade de 0 rpm a 600 rpm no Sistema Simulado. (a) Referência de Velocidade. (b) Velocidade Real da Máquina.

(c)Corrente de Estator (ias). (d) Corrente iqs

63

(a) (b) (c) (d)

Figura 5.4 - Variação de Velocidade de 600 rpm a 0 rpm no Sistema Simulado. (a) Referência de Velocidade. (b) Velocidade Real da Máquina.

(c)Corrente de Estator (ias). (d) Corrente iqs

Na Figura 5.3 e Figura 5.4 são apresentados resultados de simulação para uma

variação de velocidade de 0 rpm a 600 rpm e de 600 rpm a 0 rpm respectivamente. Em (a)

aparece a velocidade de referência, em (b) a velocidade real do motor, em (c) a corrente de

estator e em (d) a corrente iqs. Observa-se na corrente de estator que a mesma mantém-se

contínua no período de velocidade zero, que é o resultado esperado. Observa-se ainda na

corrente iqs, que ela se mantém no valor zero em todo o período de velocidade constante. A

corrente iqs satura no momento de variação de velocidade e volta ao valor zero quando

atinge a velocidade de regime.

64

Referência de Velocidade

Referência de Velocidade 300rpm

Velocidade Real

Velocidade Real

Corrente na Máquina

13,2A/div Corrente iqs

3,3A/div

(a) (b)

Figura 5.5 -Variação de Velocidade de 0 rpm a 300 rpm. Traço Superior: (a) e (b) Referência de Velocidade. Traço Central: (a) e (b) Velocidade Real da Máquina.

Traço Inferior: (a)Corrente de Estator (Ia) (b) Corrente iqs

13,2A/div

3,3A/div

Referência de Velocidade

Velocidade Real

Corrente iqs Corrente na Máquina

Velocidade Real

Referência de Velocidade 300rpm

Figura 5.6 - Variação de Velocidade de 300 rpm a 0 rpm. Traço Superior: (a) e (b) Referência de Velocidade. Traço Central: (a) e (b) Velocidade Real da Máquina.

Traço Inferior: (a)Corrente de Estator (Ia) e (b) Corrente iqs

(a) (b)

Na Figura 5.5 e Figura 5.6 os resultados mostram uma variação de velocidade

de 0 rpm a 300 rpm e de 300 rpm a 0 rpm, respectivamente. Como nos resultados

anteriores apresenta-se em (a) a corrente de estator e em (b) a corrente iqs. Aqui também

aparece o problema do ajuste para velocidade zero, como pode ser visto nas correntes de

estator, que apresentam uma pequena variação, por estarem em uma freqüência bem baixa.

O sinal de velocidade real indica novamente, como no caso anterior, que o

conjugado de aceleração e o conjugado de desaceleração são constantes, como esperado do

65

controle vetorial. Verifica-se ainda que não há oscilações há etapa final de variação de

velocidade.

Os valores de iqs mostrados foram obtidos da saída analógica do DSP, a qual

possui um offset de 2,5 V, pois ela varia de 0 a 5 V. Assim, quando iqs é nulo sua saída no

osciloscópio é de 2,5 V. Para a velocidade zero o valor de iqs se mantém em zero, como

esperado, já com o aumento da velocidade um valor de iqs aparece nos resultados isto se

deve em parte a uma compensação do atrito da máquina. Por outro lado, o valor observado

está acima do esperado, o que pode indicar ajuste inadequado em algum dos parâmetros do

sistema de controle.

Observa-se nos resultados acima alguns ruídos principalmente no sinal de

velocidade do motor. Estes ruídos se devem a uma interferência produzida pelo

chaveamento do conversor. Estes foram bastante amenizados após a inserção de

capacitores de desacoplamento nas fontes, utilização de cabos blindados nos sinais de

corrente e velocidade e distanciamento do motor do sistema de controle e medição.

5.2 RESULTADOS COM INVERSÃO DE VELOCIDADE

São apresentados nesta seção os resultados de inversão no sentido de rotação

da máquina. Para estes ensaios foram utilizados como sinais de referência de velocidade

uma onda quadrada, uma onda senoidal e uma onda triangular, com freqüência de 0,5 Hz.

A Figura 5.7 e Figura 5.8 apresentam uma variação de velocidade de –600

rpm a 600 rpm com uma referência quadrada. Na Figura 5.7 o traço inferior mostra a

corrente de estator da máquina e na Figura 5.8 o traço inferior mostra a corrente iqs.

Observa-se que com uma solicitação de inversão de velocidade, a resposta de velocidade

do motor também tem um perfil retilíneo, como esperado de um sistema de controle

vetorial.

A Figura 5.9 apresenta o resultado de simulação para uma variação de –600

rpm a 600 rpm com uma referência quadrada.

66

m

Figura 5.7 – Variação de Velocidade de -600rpQuadrada. Traço Superior: Referência de Velocid

Real da Máquina. Traço Inferior: C

Figura 5.8 - Variação de Velocidade de -600rpm a 6Traço Superior: Referência de Velocidade. Traç

Máquina. Traço Inferior: C

1200rp

3,3A/div

m a 600rpm com Referência ade. Traço Central: Velocidade orrente de Estator

m

1200rp

13,2A/div

00rpm com Referência Quadrada. o Central: Velocidade Real da orrente iqs

67

(a) (b) (c) (d)

Figura 5.9 - Variação de Velocidade de –600rpm a 600rpm no Sistema Simulado. (a) Referência de Velocidade. (b) Velocidade Real da Máquina.

(c)Corrente de Estator (ias). (d) Corrente iqs

3,3A/div

Figura 5.10 – Variação de Velocidade de -600rpm a 600rpm com Referência Triangular. Traço Superior: Referência de Velocidade. Traço Central: Velocidade

Real da Máquina. Traço Inferior: Corrente de Estator

A Figura 5.10 apresenta uma variação de velocidade de –600 rpm a 600 rpm.

Seguindo a referência da onda triangular, observa-se que a velocidade real acompanha

fielmente o sinal de referência. A Figura 5.11 mostra a mesma variação de velocidade

68

agora seguindo uma onda senoidal como referência. A velocidade real acompanha o sinal

de referência.

3,3A/div

Figura 5.11 - Variação de Velocidade de -600rpm a 600rpm com Referência Senoidal. Traço Superior: Referência de Velocidade. Traço Central: Velocidade Real da

Máquina. Traço Inferior: Corrente de Estator

Como pode ser observado no sinal de corrente e de velocidade a transição pelo

zero acontece de forma suave e sem qualquer oscilação ou variação na velocidade, e uma

inversão na fase da corrente pode ser observada no respectivo sinal. Os resultados

esperados são apresentados na Figura 5.12 que apresenta os resultados de simulação para

uma referência triangular e senoidal.

Figura 5.12 – Reseg

(a) (b)

sultado Simulado de Variação de Velocidade de –600 a 600 rpm uindo uma referência (a) triangular e (b) senoidal

69

5.3 OPERAÇÃO DESSINTONIZADA

O que aqui é denominado de operação dessintonizada são resultados variando-

se a constante de tempo do rotor (τr), que em uma aplicação continuada normalmente

ocorre devido ao aquecimento da máquina e variações da temperatura ambiente, que

podem modificar o valor da resistência de rotor.

3,3A/div

Figura 5.13 – Variação de Velocidade de –600rpm a 600rpm com Referência Quadrada e constante de tempo (τr) 120% do valor real (156ms)

3,3A/div

Figura 5.14 – Variação de Velocidade de –600rpm a 600rpm com Referência Quadrada e constante de tempo (τr) 140% do valor real (182ms)

70

3,3A/div

Figura 5.15 – Variação de Velocidade de –600rpm a 600rpm com Referência Quadrada e constante de tempo (τr) 80% do valor real (104ms)

3,3A/div

Figura 5.16 – Variação de Velocidade de –600rpm a 600rpm com Referência Quadrada e constante de tempo (τr) 60% do valor real (78ms)

Os resultados foram obtidos variando o valor da constante de tempo do rotor

(τr) de 130ms. Assim foram obtidos resultados para τr igual a 120% (156 ms), 140%

(182 ms), 80%(104 ms) e 60%(78 ms) do valor nominal da constante de tempo, que podem

ser observados da Figura 5.13 a Figura 5.16, respectivamente. Para um valor de constante

71

de tempo acima do valor nominal (130 ms) observa-se que a resposta apresenta um

aumento da curvatura no sinal de velocidade.

5.4 RESULTADOS PARA OPERAÇÃO SEM ORIENTAÇÃO DE FLUXO

(CONTROLE ESCALAR)

Na presente seção apresenta-se alguns resultados sem o orientação de fluxo,

ou seja, um sistema de controle escalar. Para isso no bloco de cálculo da fase substitui-se o

valor calculado por zero, e assim durante o sistema de controle sempre é somado ao valor

da fase zero, ou seja nenhum controle na fase é feito.

Observa-se claramente na velocidade real da Figura 5.17 uma oscilação no

pico da onda triangular, quando o motor passa a diminuir a velocidade. Outra característica

bastante visível é o atraso na resposta de velocidade como pode ser visto na Figura 5.17,

onde aparecem as linhas pontilhadas na horizontal, inseridas para melhor visualização do

atraso.

A Figura 5.18 apresenta uma partida e uma parada do motor, observa-se

também um atraso na resposta de velocidade e uma pequena oscilação, melhor observado

na parada do motor.

72

3,3A/div

Figura 5.17 – Variação de Velocidade de –600rpm a 600rpm com Referência Triangular sem Orientação de Fluxo (Controle Escalar)

3,3A/div

Figura 5.18 - Variação de Velocidade de 600rpm a 0rpm e de 0 a 600rpm sem Orientação de Fluxo (Controle Escalar)

5.5 CONCLUSÃO

Neste capítulo foram apresentados os resultados experimentais e simulados

para a partida, parada e inversão de velocidade, esta inversão com referências quadrada,

senoidal e triangular.

73

CAPÍTULO 6

CONCLUSÃO GERAL

Para o desenvolvimento deste trabalho tomamos como objetivo principal a

implementação do sistema de controle vetorial alternativo, utilizando para isso um

Processador Digital de Sinais (DSP), que hoje é amplamente utilizado nas mais variadas

áreas da Engenharia Elétrica, quando o problema envolve processamento de sinais em alta

velocidade.

A utilização do DSP é necessária para uma diminuição do hardware necessário

para implementação; assim, todas as operações de controle foram executadas internamente

e implementadas por software. Esta implementação totalmente digital necessita de um bom

dimensionamento das variáveis do sistema, principalmente no ADMC401 que trabalha

com aritmética em ponto fixo. Vários problemas e dificuldades foram encontrados para

este correto dimensionamento, pela falta de conhecimento anterior deste tipo de sistema na

UFG.

Os resultados de aceleração, parada e inversão de velocidade mostram a

eficácia do sistema produzindo uma resposta de velocidade linear e sem oscilações. Os

resultados de variação seguindo uma referência triangular e senoidal mostram a boa

resposta dinâmica do sistema com uma referência que varia continuamente. Os resultados

com controle escalar (sem controle de fase) mostram a importância desta parte do controle

no sistema.

Os resultados obtidos podem ser melhorados com um ajuste mais preciso dos

controladores de corrente e velocidade, melhorando o conjugado da máquina, que apesar

de uma resposta de velocidade linear, o conjugado ainda se mostra pequeno se comparado

ao conjugado nominal do motor. Este conjugado de aceleração foi mantido pequeno com

estes ajustes nos controladores devido à pequena inércia do motor.

Este sistema aqui implementado pode ser melhorado com a utilização de um

encoder digital para obter o sinal de velocidade. Para o sinal de velocidade o encoder não

foi utilizado devido a um atraso na entrega pelo fornecedor fazendo com este estivesse

disponível somente quando alguns resultados já estavam sendo obtidos com o tacômetro

analógico utilizado.

74

Como trabalho futuro sugere-se o desenvolvimento de um estimador de

velocidade substituindo a malha física de realimentação de velocidade, obtendo o que se

encontra no mercado como controle vetorial sem sensor de velocidade ou “sensorless”. E

ainda a realização de testes dinâmicos com carga.

75

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1. J.W.L. Nerys, "An Alternative Implementation of Vector Control for Induction Motors," PhD Thesis, Department of Electronic and Electrical Engineering, The University of Leeds, Leeds, UK, October, 1999.

2. D. A. de Andrade, "Dynamic Control of Inverter-Fed Cage Induction Motors," Ph.D. Thesis, Department of Electronic and Electrical Engineering, The University of Leeds, April 1994.

3. J.W.L. Nerys, A. Hughes and J. Corda, “Alternative Implementation of Vector Control for Induction Motor and its Experimental Evaluation,” IEE Proc.-Eletr. Power Appl. Vol. 147, No. 1, January 2000.

4. A. Hughes, J. Corda, and D.A. Andrade, "Vector Control of Cage Induction Motors: a Physical Insight", IEE Proc. – Electr. Power Appl., vol 143, n.1, Jan 1996, pp. 59-68.

5. R. W. De Doncker and D. W. Novotny, “The Universal Field Oriented Controller,” IEEE Trans. on Ind. Appl., vol. 30, n. 1, Jan/Feb 1994, pp. 92-99.

6. N. Mohan, “Physical Understanding of Vector-Control for Induction Motors Drivers”, Fourteenth Annual Applied Power Eletronics Conference, Texas USA, March 1999.

7. D. W. Novotny and T.A Lipo, “Vector Control and Dynamics of AC Drives”, Clarendon Press, Oxford, 1996.

8. F. Blaschke, “The Principle of Field Orientation as Applied to the New TRANSVECKTOR Closed-Loop Control System for Rotanting-Field Machines”, Siemens Review XXXIX, n.5 1972, pp 217-20.

9. E. B. Vuono, “Uma Contribuição ao Estudo de Controle de Alto Desempenho de Motores de Indução Trifásicos”, Dissertação de Mestrado, Unicamp, Brasil, Janeiro de 1997.

10. Hérnandes, J. R., “Implementação Digital Utilizando DSP do Controle por Orientação do Fluxo do Rotor: Métodos Direto e Indireto”, Dissertação de Mestrado, Unicamp, Brasil, Maio de 1999.

11. J.W.L. Nerys and A.S. Steindorff, “Dynamic Performance of Induction Motors driven by Alternative Method of Vector Control”, 6th Brazilian Power Electronics Conference, Florianópolis, SC – Brazil, November 2001, Vol. 2, pp. 816-820.

12. R. Gabriel, W. Leonard ande C. J. Nordby, “Field-Oriented Control of Standard AC Motor Using Microprocessors”, IEEE Trans. On Ind. Appl., vol IA-16, nº 2, Mar-Apr 1980, pp186-92.

76

13. W. Leonard, “Field-Orientation for Controlling ac-machines – principles and applications – A Tutorial,” Proc. 3rd Conf. In Power Electronics and Variable – Speed Drives, London, 1988, pp. 277-82.

14. P. Krause, “Method of Multiple Reference Frames Applied to the Analysis of Symmetrical Induction Machinery,” IEEE Trans. On Power Apparatus and Systems, PAS-87, nº 1, Jan 1968, pp. 218-27.

15. P. C. Krause and C. H. Thomas, “Analysis of Electric Machinery” McGraw Hill Book Company, 1986.

16. ADSP-2100 Family User’s Manual, Analog Devices, Third Edition, September 1995.

17. ADSP-2100 - Assembler Tools & Simulator Manual, Analog Devices, Second Edition, November 1994.

18. Motor Control Embedded DSP Solutions – Application Notes ADMC401, Analog Devices, 2000.

19. Single-Chip, DSP-Based High Performance Motor Controller – Datasheets ADMC401, Analog Devices, 2000.

77

ANEXO A

Dados do Motor de Indução

A.1. Dados de Placa

Tensão Nominal: 220V/380V

Freqüência: 60 Hz

Potência: 3cv

Velocidade Nominal: 1730rpm

Corrente Nominal: 8,7A/5,04A

Momento de Inércia: 0,00673 kgm2

Fator de Potência: 0,8

Rendimento: 83%

A.2. Dados obtidos dos ensaios a Ensaio a Vazio e com Rotor Bloqueado

Resistência de Estator: 2,45Ω

Resistência de Rotor: 1,7Ω

Indutância de Magnetização: 203,37mH

Indutância de Estator: 207,34mH

Indutância de Rotor: 221mH

78

ANEXO B Cópia do Artigo apresentado ao 6º COBEP – Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência

79

80

81

82

83

ANEXO C Código Fonte em Assembler do Programa Implementado (Arquivo Main.dsp) .MODULE/RAM/SEG=USER_PM1/ABS=0x60 Main_Test; ********************************************************************* * * * Aplicação: Sistema de Controle Vetorial Alternativo * * * * Arquivo: main.dsp * * * * Descrição: Sistema de Controle Vetorial Alternativo Digitalizado * * * * * * * * Author : Asley Stecca Steindorff * * Version : 1.0 * * Date : Fevereiro 2003 * * Modification History: Versão Final * * * * Grupo PEQ * * Universidade Federal de Goiás * ********************************************************************* ********************************************************************* * Include General System Parameters and Libraries * ********************************************************************* #include <main.h>; #include <pwm401.h>; #include <dac401.h>; #include <adc401.h>; #include <trigono.h>; #include <mathfun.h>; #include <pi.h>; #include <ir_reset.h>; #include <lowpass.h>; ******************** *********************************************** Routines Defined in Trigonometrics functions ******************************************************************** ******************************************************************** Constants Defined ******************************************************************** .CONST wr = 0x3000; .CONST TwoPiOverThree = 0xffff/3; .CONST T_tau = 0x075f; .CONST inv_id = 0x4f03; .CONST ids_2 = 0x053f; .CONST tsp = 0x0117;

84

********************************************************************* Local Variables ********************************************************************* .VAR/DM/RAM/SEG=USER_DM1 ws; .INIT ws : 0x0000; .VAR/DM/RAM/SEG=USER_DM1 ws_ant; .INIT ws_ant : 0x0000; .VAR/DM/RAM/SEG=USER_DM1 wrm; .INIT wrm : 0x0000; .VAR/DM/RAM/SEG=USER_DM1 iqs; .INIT iqs : 0x0000; .VAR/DM/RAM/SEG=USER_DM1 wsl; .INIT wsl : 0x0000; .VAR/DM/RAM/SEG=USER_DM1 wrr; .INIT wrr : 0x0000; .VAR/DM/RAM/SEG=USER_DM1 razao; .INIT razao : 0x0000; .VAR/DM/RAM/SEG=USER_DM1 Theta; .INIT Theta : 0x0000; .VAR/DM/RAM/SEG=USER_DM1 raiz; .INIT raiz : 0x0000; .VAR/DM/RAM/SEG=USER_DM1 Tan_1; .INIT Tan_1 : 0x0000; .VAR/DM/RAM/SEG=USER_DM1 iam; .INIT iam: 0x0000; .VAR/DM/RAM/SEG=USER_DM1 ibm; .INIT ibm: 0x0000; .VAR/DM/RAM/SEG=USER_DM1 icm; .INIT icm: 0x0000; .VAR/DM/RAM/SEG=USER_DM1 AD_IN; .INIT AD_IN : 0x2000; .VAR/DM/RAM/SEG=USER_DM1 erro; .INIT erro : 0x0000; .VAR/DM/RAM/SEG=USER_DM1 VrefA; .VAR/DM/RAM/SEG=USER_DM1 VrefB; .VAR/DM/RAM/SEG=USER_DM1 VrefC; .INIT VrefA : 0x0000; .INIT VrefB : 0x0000; .INIT VrefC : 0x0000; ------------------- for 16 bit PI controller ------------------------ #define PI_SF160 0

85

.VAR/RAM/PM/CIRC/SEG=USER_PM1 PI_Coef160[3];

.INIT PI_Coef160: 0xcdea00, 0x7fff00, 0x2c8500; .VAR/RAM/DM/CIRC/SEG=USER_DM1 PI_Delay160[2]; .INIT PI_Delay160: 0x0000, 0x0000; ------------------- for 16 bit PI controller (ia)-------------------- #define PI_SF161 0 .VAR/RAM/PM/CIRC/SEG=USER_PM1 PI_Coef161[3]; .INIT PI_Coef161: 0xa86c00, 0x7fff00, 0x1af200; .VAR/RAM/DM/CIRC/SEG=USER_DM1 PI_Delay161[2]; .INIT PI_Delay161: 0x0000, 0x0000; ------------------- for 16 bit PI controller (ib)-------------------- #define PI_SF162 0 .VAR/RAM/PM/CIRC/SEG=USER_PM2 PI_Coef162[3]; .INIT PI_Coef162: 0xa86c00, 0x7fff00, 0x1af200; .VAR/RAM/DM/CIRC/SEG=USER_DM2 PI_Delay162[2]; .INIT PI_Delay162: 0x0000, 0x0000; ------------------- for 16 bit PI controller (ic)-------------------- #define PI_SF16 0 .VAR/RAM/PM/CIRC/SEG=USER_PM2 PI_Coef16[3]; .INIT PI_Coef16: 0xa86c00, 0x7fff00, 0x1af200; .VAR/RAM/DM/CIRC/SEG=USER_DM2 PI_Delay16[2]; .INIT PI_Delay16: 0x0000, 0x0000; ------------------- for 16 bit precision lowpass filter ------------- .VAR/RAM/PM/CIRC/SEG=USER_PM1 Filter_1st_Coef[1*3]; .INIT Filter_1st_Coef: 0x01fa00, 0x01fa00, 0x7c0a00; .VAR/RAM/DM/CIRC/SEG=USER_DM1 Filter_1st_Delay[1*2]; .INIT Filter_1st_Delay: 0x0000, 0x0000; *********************************************************************** Start of program code *********************************************************************** Startup: IR_reset_PIO3; PWM_Init(PWMSYNC_ISR, PWMTRIP_ISR);

set_Bit_DM(MODECTRL,6); IFC = 0x80; ay0 = 0x200; ar = IMASK; ar = ar or ay0; IMASK = ar; ADC_Init; DAC_Init;

86

INIT_PI16(PI_Delay160, 0x0000); INIT_PI16(PI_Delay161, 0x0000); INIT_PI16(PI_Delay162, 0x0000); INIT_PI16(PI_Delay16, 0x0000); MainLoop: nop; jump MainLoop; rts; ********************************************************************* PWM Interrupt Service Routine ********************************************************************* PWMSYNC_ISR: AR = 0xfff; DM(PIODIR) = AR; AR = 0x001; DM(PIODATA) = AR; Set_DAG_registers_for_trigonometric; Set_DAG_registers_for_math_function; DAC_Pause; ADC_Read(ADC0,Offset_0to3); dm(iam) = ar; ADC_Read(ADC1,Offset_0to3); dm(ibm) = ar; ADC_Read(ADC2,Offset_0to3); dm(icm) = ar; ADC_Read(ADC4,Offset_4to7); dm(wrr) = ar; ADC_Read(ADC5,Offset_4to7); ay0 = 0x0a40; ar = ar - ay0; dm(wrm) = ar; ********************************************************************** PI para iqs ********************************************************************** ax0 = dm(wrr); ay0 = dm(wrm); ena AR_SAT; ar = ax0 - ay0; dis AR_SAT; my0 = 0xffff; mr = ar * my0 (SU); if MV SAT mr; ar = mr1; mr = ar * my0 (SU); if MV SAT mr;

87

ar = mr1; mr = ar * my0 (SU); if MV SAT mr; ar = mr1; mr = ar * my0 (SU); if MV SAT mr; ar = mr1; mr = ar * my0 (SU); if MV SAT mr; ar = mr1; dm(erro) = ar; Pi16(PI_Delay160, PI_Coef160, PI_SF160);

dm(iqs) = sr1; *********************************************************************** Cálculo da Raiz Quadrada *********************************************************************** mr = 0; mx0 = dm(iqs); mr1 = ids_2; mr = mr + mx0 * mx0 (SS); sr = lshift mr1 by 1 (lo); Square_Root(sr1,sr0); sr = lshift sr1 by 7 (hi); DM(raiz)=sr1; *********************************************************************** Cálculo do Arco Tangente *********************************************************************** mr = 0; mx0 = dm(iqs); my0 = inv_id; mr = mx0 * my0 (ss); dm(razao) = mr1; ay0 = 0x8000; af = mr1 and ay0; ar = abs mr1; sr = lshift ar by 4 (lo); ar = sr1 or af; sr1 = ar; Atan(sr1,sr0); DM(Tan_1) = AR; *********************************************************************** Cálculo do escorregamento *********************************************************************** mr = 0; mx1 = dm(razao); my1 = T_tau; mr = mx1 * my1 (ss); dm(wsl) = mr1; ********************************************************************** Cálculo da velocidade síncrona **********************************************************************

88

ax0 = dm(ws); dm(ws_ant) = ax0; ay1 = dm(wrm); ax1 = dm(wsl); ena AR_SAT; ar = ax1 + ay1; dis AR_SAT; dm(ws) = ar; ********************************************************************** Cálculo do ângulo Theta ********************************************************************** mr = 0; ay0 = dm(ws_ant); ar = ar + ay0; my1 = 0x4000; mr = ar * my1 (ss); mx0 = mr1; my0 = tsp; mr = 0; mr = mx0 * my0 (ss); ay1 = dm(theta); ax1 = mr1; ar = ax1 + ay1; dm(theta) = ar; ar = dm(iqs); my1 = 0x6666; mr = ar * my1 (ss); dm(iqs) = mr1; ********************************************************************** Cálculo das senóides ********************************************************************** mr = 0; ax0 = dm(Theta); ay0 = dm(Tan_1); ar = ax0 + ay0; sin(ar); my0 = dm(raiz); mr = ar * my0 (ss); dm(VrefA) = mr1; ax0 = dm(Theta); ay0 = dm(Tan_1); ar = ax0 + ay0; ay1 = TwoPioverThree; ar = ar - ay1; sin(ar); mr = ar * my0 (SS); dm(VrefB) = mr1; ax0 = dm(Theta); ay0 = dm(Tan_1); ar = ax0 + ay0; ay1 = TwoPioverThree; ar = ar + ay1;

89

sin(ar); mr = ar * my0 (SS); dm(VrefC) = mr1; ********************************************************************** PI para ia ********************************************************************** ax0 = dm(VrefA); ay0 = dm(iam); ena AR_SAT; ar = ax0 - ay0; dis AR_SAT; Pi16(PI_Delay161, PI_Coef161, PI_SF161);

dm(iam) = sr1; ********************************************************************* PI para ib ********************************************************************* ax0 = dm(VrefB); ay0 = dm(ibm); ena AR_SAT; ar = ax0 - ay0; dis AR_SAT; Pi16(PI_Delay162, PI_Coef162, PI_SF162);

dm(ibm) = sr1; ********************************************************************** PI para ic ********************************************************************** ax0 = dm(VrefC); ay0 = dm(icm); ena AR_SAT; ar = ax0 - ay0; dis AR_SAT; Pi16(PI_Delay16, PI_Coef16, PI_SF16);

dm(icm) = sr1; ********************************************************************** Atualiza saídas PWM ********************************************************************** DAC_Resume; ax0 = DM(iam); ax1 = DM(ibm); ay0 = DM(icm); PWM_update_demanded_Voltage(ax0,ax1,ay0); my0 = DM(iam); DAC_Put(1, my0); my0 = DM(ibm); DAC_Put(2, my0); my0 = DM(icm); DAC_Put(3, my0); my1 = dm(Theta); DAC_Put(4,my1); my0 = DM(VrefA); DAC_Put(5, my0); my0 = DM(VrefB); DAC_Put(6, my0); my0 = DM(VrefC); DAC_Put(7, my0);

90

my0 = DM(iqs); DAC_Put(8, my0); DAC_Update; AR = 0x00; DM(PIODATA) = AR; rti; *********************************************************************** PWM Trip Interrupt Service Routine *********************************************************************** PWMTRIP_ISR: Test_Bit_DM(SYSSTAT,0); If_Set_Jump(RESTART_PWM); CNTR = H#3FF ; DO Wait0 UNTIL CE; Wait0: NOP; Test_Bit_DM(SYSSTAT,0); If_Set_Jump(RESTART_PWM); DIS SEC_REG; rti; *********************************************************************** After a shutdown - restart the PWM. *********************************************************************** RESTART_PWM: cntr = H#3FF ; do Wait20 until ce; Wait20: NOP; IFC = 0X80; PWM_Init(PWMSYNC_ISR, PWMTRIP_ISR); rti; .ENDMOD;