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f (x s ,t)= α Z t 0 u(x s ,t 0 )dt 0 + βu(x s ,t), x s u

Métodos de ronFteira Imersa em Mecânica dos Fluidos · Na simulação de problemas uídicos, ... da mecânica dos uidos, tais como a micro uídica, ... Lagrange, como no método

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Métodos de Fronteira Imersa em Mecânica dos Fluidos

Larissa Alves Petri

Fabrício Simeoni de Sousa

Gustavo Carlos Buscaglia

Departamento de Matemática Aplicada e Estatística,

Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação, ICMC/USP.

Av. Trabalhador São-carlense, 400, 13560-970, São Carlos - SP, Brasil.

[email protected], [email protected], [email protected]

Resumo. Na simulação de problemas uídicos, há dois aspectos fundamentais: a repre-

sentação da geometria do domínio e a construção de uma aproximação das equações governantes

que respeite as condições de contorno nas fronteiras. A técnica mais direta de representação

da geometria consiste na geração de uma malha que respeite os contornos, o que implica uma

alta complexidade em casos gerais. Se a malha não se ajusta à geometria o método é chamado

de fronteira imersa (FI) e tem a vantagem óbvia de permitir a utilização de malhas carte-

sianas de fácil construção. Os métodos FI vem ganhando aceitação nos problemas mais atuais

da mecânica dos uidos, tais como a microuídica, a biouídica e a interação do uido com

estruturas exíveis e deformáveis, todos eles envolvendo escoamentos com geometrias complexas

e dinâmicas.

Porém, nos métodos FI aparecem certas complicações na imposição das condições de fron-

teira, especialmente as de Dirichlet. Elas podem ser impostas por meio de forças ctícias ou

de modicações diretas do sistema de equações. Essa última opção tem maior estabilidade

numérica, mas um fenômeno de bloqueio (locking) restringe a sua exibilidade e simplicidade.

Neste trabalho, foi feito o estudo de diversos aspectos dos métodos FI, a partir do qual foi

implementado um método de fronteira imersa paralelo de primeira ordem, utilizando a biblioteca

PETSc. Na sequência, foi implementada uma proposta de melhoria na precisão do método,

baseado na minimização da distância entre a condição de contorno exata e aproximada, no

sentido de mínimos quadrados.

Palavras-chave: método de fronteira imersa, método acoplado, computação paralela.

1 Introdução

O método das fronteiras imersas surgiu no con-

texto da interação uido-estrutura (Peskin, 1972),

em que objetos viscoelásticos incompressíveis (ou

fronteiras elásticas) estão imersos e interagindo

com uidos incompressíveis viscosos. Neste caso,

são utilizadas duas malhas, uma cartesiana xa,

para as variáveis eulerianas, e outra curvilínea mó-

vel, para as variáveis lagrangeanas. A interação

entre as variáveis eulerianas, que representam o

uido, e lagrangeanas, que representam a fronteira

imersa, pode ser modelada por uma aproximação

discreta da função delta de Dirac.

O campo de estudo do método de fronteiras

imersas concentra-se principalmente em escoamen-

tos com fronteiras móveis e ao redor de geometrias

complexas (Peskin, 1972, 2002; Lai and Peskin,

2000). O desenvolvimento de métodos computa-

cionais robustos como alternativa para as técnicas

que utilizam malhas elásticas, ou seja, malhas que

se adaptam ao contorno do sólido que serve como

obstáculo ao escoamento, é o principal objetivo da

comunidade cientíca que estuda esse método.

Quando um uido passa por um objeto, ele

exerce uma força normal (pressão) à superfície do

objeto e, se a superfície do objeto é não-escorrega-

dia, o uido também exerce uma força tangencial

(cisalhamento). Por outro lado, a superfície do

objeto também exerce uma força, de sinal oposto,

no uido, fazendo com que a velocidade do uido

na superfície seja zero. Assim, temos que o uido

`enxerga' o objeto através das forças normais e

tangenciais ao longo da superfície do objeto.

Podemos imaginar então, que se um conjunto

de forças correto for aplicado ao uido, este pode

se comportar como se estivesse passando por um

objeto sólido, ou seja, o efeito de certas condições

de contorno pode ser modelado pela aplicação de

uma força externa, ao invés de se especicar pa-

râmetros para o contorno. Com isso, podemos si-

mular um escoamento que passa por um objeto

utilizando um domínio simples, com uma malha

regular, e impondo forças para caracterizar a fron-

teira do objeto.

Podemos utilizar uma função da forma

f(xs, t) = α

∫ t

0

u(xs, t′)dt′ + βu(xs, t),

em que xs são pontos na superfície do objeto, u é

a velocidade, t é o tempo e α e β são constantes

negativas (Goldstein et al., 1993). Esta função

representa a informação vinda do campo de veloci-

dades, onde o primeiro termo é responsável pela

criação da força que irá diminuir a velocidade do

escoamento na superfície rígida (até que ela seja

nula) e o segundo termo representa a força criada

pelo arrasto de um obstáculo localizado no ponto

xs. A utilização dessa função nos pontos do con-

torno pode ser vista como a aplicação de forças

que `aprendem' a simular a condição de contorno

desejada.

Uma alternativa ao método de fronteiras imer-

sas clássico é o método de interfaces imersas, que

evita o uso da distribuição delta de Dirac para

denir os termos forçantes (Leveque and Li, 1994;

Lee and Leveque, 2003; Xu and Wang, 2006), ob-

tendo maior ordem de precisão.

Outra opção já explorada é a de impor a con-

dição de contorno por meio de multiplicadores de

Lagrange, como no método de domínios ctícios

(Girault and Glowinski, 1995; Glowinski et al.,

1994, 99). Neste caso, a diculdade é transferida

para a construção do espaço de multiplicadores.

Lew e Buscaglia apresentaram um método de

imposição direta baseado em uma formulação de

Galerkin descontínuo (Lew and Buscaglia, 2008),

que evita o tratamento caso-a-caso simplesmente

trocando a interpolação nas células interceptadas

pelo contorno por uma interpolação descontínua,

evitando assim o fenômeno de bloqueio (locking).

Embora consiga impor fortemente as condições de

contorno e obter precisão ótima, o método neces-

sita de graus de liberdade adicionais.

Recentemente, têm surgido métodos de fron-

teiras imersas que atingem ordem de convergência

superior a um, como os métodos propostos por

Codina and Baiges (2009) e Husain and Floryan

(2008b), nos quais as condições de contorno são

aproximadas de forma a minimizar a diferença en-

tre as condições de contorno exata e aproximada

em determinada norma.

Na seção 4, vamos apresentar um método de

fronteiras imersas de primeira ordem e os resulta-

dos obtidos com este método. A seguir, na seção

5, vamos propor um novo método, baseado na

ideia por trás do método proposto por Codina

and Baiges (2009), onde também serão apresen-

tados um estudo de convergência e os resultados

obtidos.

2 Modelagem do Problema

2.1 Equações governantes e condições de

contorno

Consideremos como modelo as equações para es-

coamentos incompressíveis de uidos newtonianos

em domínios connados, na forma adimensional,

que podem ser escritas como

∂u

∂t+ (u · ∇)u = −∇p+

1Re∇2u, (1)

∇ · u = 0 (2)

onde u denota o campo de velocidades e p o campo

de pressões. Ainda, Re =LV

νé número de Rey-

nolds, L e V são os parâmetros de escala de com-

primento e velocidade, respectivamente, e ν é a

viscosidade cinemática do uido.

As equações (1) e (2) são válidas em um domí-

nio Ω ∈ R2, com condições de contorno de entrada

(Γin), saída (Γout), sobre superfície rígida que res-peita a malha (Γfit) e sobre superfície rígida imer-

sa na malha (γ), dadas por

u = uin, em Γin (3)

σ · n = 0, em Γout (4)

u = 0, em Γfit (5)

u = 0, em γ (6)

onde uin é a velocidade de entrada, σ é o ten-

sor adimensional de Cauchy, que pode ser escrito

como σ = −pII + µ(∇u +∇Tu), sendo µ = ρν o

coeciente de viscosidade dinâmica, e n é o vetor

unitário normal externo à fronteira.

Há vários métodos para resolver as equações

(1)-(2) sujeitas às condições de contorno (3)-(6),

sendo possível classicá-los de maneira geral em

métodos acoplados e segregados. Enquanto mé-

todos acoplados buscam a solução do sistema dis-

cretizado de maneira acoplada (equações de quan-

tidade de movimento mais incompressibilidade),

métodos segregados buscam resolver sistemas me-

nores através da divisão de alguns operadores. Mé-

todos de projeção, por exemplo, conseguem apro-

ximar um desacoplamento entre pressão e veloci-

dade, de forma que os sistemas para estas variáveis

possam ser resolvidos individualmente. Neste tra-

balho, vamos utilizar o método acoplado, descrito

na seção 2.3.

2.2 Discretização espacial e temporal

As equações (1)-(2) serão discretizadas por dife-

renças nitas, tanto no tempo quanto no espaço,

como mostrado a seguir.

A discretização temporal das equações é es-

crita como

un+1 − un

δt+∇(uu)n+θ = −∇pn+1+

1Re∇2un+θ,

(7)

∇ un+1 = 0, (8)

em que o parâmetro θ ∈ [0, 1] permite avaliar os

termos convectivos e difusivos de maneira explícita

(θ = 0), intermediária (0 < θ < 1), ou implícita

(θ = 1).

A discretização espacial das equações (7)-(8)

é realizada em uma malha deslocada (staggered

grid) introduzida primeiramente por Harlow and

Welch (1965). Este tipo de malha é muito uti-

lizado em esquemas de projeção combinados com

o método MAC (Marker-And-Cell) (Harlow and

Welch, 1965), pois além de ser facilmente imple-

mentada, possui várias propriedades atrativas, co-

mo, por exemplo, satisfazer a consevação da massa

exatamente em cada célula de pressão. Como pode-

mos ver na gura 1, a célula bidimensional de uma

malha deslocada possui as componentes da veloci-

dade armazenadas nas faces da célula, enquanto

que as quantidades escalares, como a pressão, são

armazenadas no centro da célula.

a) b)

Figura 1: Exemplos de armazenamento em uma ma-

lha deslocada para os casos: a) bidimensional e b)

tridimensional.

2.3 Método acoplado

As equações (1)-(2), uma vez discretizadas através

da formulação de diferenças nitas, levam a um

sistema algébrico da seguinte forma[A GD 0

] [Un+1

Pn+1

]=[rn

0

]+[bc

bc

], (9)

onde

A =1δt

II + N− 1Re

L, (10)

II é a matriz identidade; N representa o operador

discreto implícito dos termos não-lineares; L é o

operador laplaciano; G é o operador gradiente e

D é o operador divergente. O vetor rn depende

só de valores conhecidos, assim como o vetor bc,

que contém as contribuições das condições de con-

torno.

Chamamos aqui de método acoplado, ou mo-

nolítico, à resolução do sistema algébrico (9) por

métodos diretos ou iterativos, sem decompor o ve-

tor de incógnitas em incógnitas de pressão e de

velocidade.

Utilizando as equações discretizadas acima,

foi implementado um método de fronteira imersa

de primeira ordem paralelo, utilizando a biblioteca

PETSc, apresentada na seção 3. Este método será

descrito na seção 4.

3 PETSc

PETSc (Portable, Extensible Toolkit for Scientic

Computation) (Balay et al., 2008, 2009) consiste

de um conjunto de bibliotecas que contém roti-

nas para a criação de vetores, matrizes e arrays

distribuídos, sequenciais e paralelos, assim como

bibliotecas para a solução numérica de problemas

lineares e não lineares. Ele ainda possui méto-

dos de avanço temporal e janelas grácas. Para

a comunicação (troca de mensagens) entre os pro-

cessos, quando em paralelo, utiliza-se a biblioteca

MPI (Message-Passing Interface).

Ele é uma ferramenta de fácil utilização, por

ser bem documentado e por fornecer vários códi-

gos de exemplo, que vão de simples resoluções de

sistemas lineares até problemas mais complicados

como a simulação de escoamentos.

O uso do PETSc permite maior exibilidade

da aplicação, pois ele permite que o usuário altere

os parâmetros do programa, como o tipo de re-

solvedor a ser utilizado, o tamanho do problema,

o valor de tolerância do erro, etc, em tempo de

execução. Isto torna fácil a comparação entre di-

ferentes métodos para a solução de um mesmo pro-

blema, sem a necessidade de alterar o código. Isto

nos permitiu testar várias combinações de méto-

dos para solução de sistemas lineares com diferen-

tes pré-condicionadores, tornando possíveis deter-

minar a melhor combinação para o tipo de apli-

cação sendo desenvolvida.

A combinação do método GMRES (Método

dos Resíduos Mínimos Generalizados) com o pré-

condicionador ASM (Método de Schwarz Aditivo)

foi a que produziu os melhores resultados, tanto

em sequencial quanto em paralelo. Portanto, ela

foi usada para a solução numérica dos problemas

apresentados nas seções de resultados.

4 Aproximação de Primeira Ordem

Como um primeiro passo na implementação de

um código, que utiliza a biblioteca PETSc, para a

solução numérica de escoamentos incompressíveis

com fronteira imersa em paralelo foi utilizada uma

aproximação de primeira ordem.

Para tal, consideramos o domínio mostrado

na gura 2.

Figura 2: Representação do domínio B, com uma ma-

lha cartesiana Th. Em amarelo temos as células de Rh

e em verde as células de Qh. O contorno Γh é repre-

sentado em vermelho.

Seja Th a malha denida em B e sejam Qh os

elementos de Th que são cortados pelo contorno Γ(elementos em verde na gura 2), Rh os elementos

de Th que são completamente interiores a Ω (ele-

mentos em amarelo na gura 2) e Sh = Rh ∪ Qhos elementos que têm interseção não nula com Ω.

A aproximação mais simples consiste em re-

solver as equações num domínio Ωh, impondo as

condições de contorno em Γh = ∂Ωh. Neste caso,vamos considerar Ωh = Rh. Isto nos dá uma

aproximação tipo escada do contorno, como repre-

sentado por Γh (em vermelho na gura 2). Como

a distância entre Γh e Γ é de ordem h, temos que

o erro do método numérico será de ordem h.

A denição das equações é feita com base em

uma classicação das células, pertencentes ou não

a Ωh. Nas células pertencentes a Ωh resolvemos as

equações (1) e (2), descritas na seção 2.1. E nas

células não pertencentes a Ωh e que são cortadas

por Γ atribuímos o valor da velocidade no con-

torno. As células que estão completamente fora

do domínio, ou seja, que não pertencem a Ωh nem

são cortadas pelo contorno são ignoradas.

Com isso, montamos o sistema de equações a

ser resolvido. Para a solução do sistema não linear

utilizamos o método de Newton e para a solução

do sistema linear utilizamos o método GMRES,

com pré-condicionador ASM, denidos como a me-

lhor combinação de métodos para esta aplicação,

como visto na seção 3.

Alguns exemplos da aplicação deste método

são apresentados na seção a seguir.

4.1 Resultados

Nesta seção, mostramos o comportamento do mé-

todo proposto em diferentes aplicações de mecânica

dos uidos.

4.1.1 Cavidade com Tampa Deslizante

Um dos casos mais conhecidos da literatura é a

cavidade com tampa deslizante, que será apresen-

tado neste seção. Na gura 3, podemos ver uma

representação do domínio, em que L = 1 e das

condições de contorno, onde Γfit (em amarelo) é

uma superfície rígida e Γin é a condição de desliza-mento da tampa, em que u = 1 e v = 0.

Este teste foi executado em uma malha de

301 × 301, com número de Reynolds 100 e passo

de tempo δt = 0.01. Para a solução do sistema

utilizamos o método GMRES com n = 600 e MGS,

com pré-condicionador ASM, com 16 blocos e sub-

PC ILU em cada bloco. O teste foi efetuado em

um cluster com computadores Intel Xeon E5345

de 2.33GHz, com 16GB de RAM e 8 núcleos de

processamento.

Como condição inicial consideramos a solução

obtida com Re = 10−2, como mostrado na gura

4.a, onde mostramos as linhas de corrente, colo-

Figura 3: Representação esquemática para a cavi-

dade com tampa deslizante, com dimensão L = 1 e

condições de contorno de desizamento da tampa (Γin)

e sobre superfície rígida que respeita a malha (Γfit).

ridas segundo a magnitude da velocidade. Tam-

bém apresentamos as linhas de corrente para o

caso estacionário, com Re = 100, na gura 4.b.

O tempo de processamento até que atingíssemos

o estado estacionário foi de 34764 segundos, uti-

lizando 16 núcleos de processamento.

a) b)

Figura 4: Linhas de corrente coloridas segundo a

magnitude da velocidade a) condição inicial e b)

solução no estado estacionário.

Com base nos resultados apresentados na -

gura 4, podemos ver que o método proposto obteve

bons resultados, o que nos leva a crer que o mé-

todo funciona bem para solucionar numericamente

escoamentos de uidos incompressíveis.

4.2 Escoamento ao Redor de Cilindro Cir-

cular

O primeiro caso 2D é o escoamento ao redor de

um cilindro circular, cujo domínio é mostrado na

gura 5, onde L = 8 e H = 1, e raio do cilindro é

r = 0.1. As condições de contorno são de entrada

de uido (Γin), saída de uido (Γout) e sobre su-

perfície rígida que respeita a malha (Γfit).

Figura 5: Representação esquemática para o escoa-

mento ao redor de um cilindro circular, com dimensões

L = 8, H = 1 e raio do cilindro r = 0.1 e com con-

dições de contorno de entrada de uido (Γin), saída

de uido (Γout) e sobre superfície rígida que respeita

a malha (Γfit).

Para este teste foi utilizada uma malha de

3203 × 403 pontos. Para a solução do sistema li-

near foi utilizado o método GMRES com n = 600e MGS, pré-condicionado pelo método ASM, com

1 bloco e sub-PC LU. Foram considerados vários

números de Reynolds, que denem os casos apre-

sentados a seguir. Todos os casos foram executa-

dos em um cluster com computadores Intel Xeon

E5345 de 2.33GHz, com 16GB de RAM e 8 núcleos

de processamento.

4.2.1 Caso 1: Re = 10−2

Para mostrar o funcionamento do método para

baixo número de Reynolds, executamos o código

com Re = 10−2 e δt = 0.1. Os resultados são

mostrados na gura 6, onde podemos ver a pressão

(6.a), a magnitude da velocidade (6.b) e as linhas

de corrente coloridas segundo a magnitude da ve-

locidade (6.c). Até atingir o estado estacionário, o

código levou 2229 segundos, utilizando 16 núcleos

de processamento.

a)

b)

c)

Figura 6: Resultados para o estado estacionário do

escoamento ao redor de um cilindro circular, com Re =

10−2. a) Pressão; b) Magnitude da velocidade; c)

Linhas de corrente coloridas segundo a magnitude da

velocidade.

Podemos notar que o método proposto foi

capaz de resolver bem um problema com baixo

número de Reynolds. A seguir, vamos mostrar o

funcionamento do método para o caso com número

de Reynolds 100.

4.2.2 Caso 2: Re = 100

Este caso foi executado com Re = 100 e δt = 10−2.

Como condição inicial foi considerada a solução

obtida no estado estacionário do exemplo ante-

rior, com Re = 10−2. A seguir, na gura 7, pode-

mos ver a pressão (7.a), a magnitude da velocidade

(7.b) e as linhas de corrente, coloridas de acordo

com a magnitude da velocidade (7.c). O tempo

de processamento necessário para reduzir o resí-

duo em 4 ordens de grandeza, em 16 núcleos de

processamento, foi de 81172 segundos.

Podemos ver que o método conseguiu obter

bons resultados para este problema, capturando

os vórtices formados atrás do cilindro. Por estes

resultados apresentados, notamos que o método

paralelo é eciente.

a)

b)

c)

Figura 7: Resultados para o escoamento ao redor de

um cilindro circular, com Re = 100. a) Pressão; b)

Magnitude da velocidade; c) Linhas de corrente colo-

ridas segundo a magnitude da velocidade.

4.2.3 Escoamento em um degrau

O segundo caso teste escolhido foi o do escoa-

mento em um degrau. O domínio utilizado está

representado na gura 8, onde hi = 1 é a altura

do canal de entrada de uido, hs = 1 é a altura

do degrau, L1 = 5 é o comprimento do canal de

entrada, L2 = 80 é o comprimento do canal de-

pois do degrau e H = 2 é a altura total do canal

(H = hi + hs). As condições de contorno são de

entrada de uido (Γin), saída de uido (Γout) e so-bre superfície rígida que respeita a malha (Γfit).

Figura 8: Representação esquemática para o escoa-

mento em um degrau, com dimensões hi = 1, hs = 1,

L1 = 5, L2 = 80 e H = 2 e com condições de contorno

de entrada de uido (Γin), saida de uido (Γout) e

sobre superfície rígida que respeita a malha (Γfit).

A aplicação foi executada em uma malha de

4251× 101, utilizando dois números de Reynolds,

que denem os casos abaixo. O método para so-

lução do sistema linear utilizado foi GMRES com

n = 600 e MGS, com pré-condicionador ASM, com

32 blocos e sub-PC LU em cada bloco. O teste foi

efetuado em um cluster com computadores Intel

Xeon E5345 de 2.33GHz, com 16GB de RAM e 8

núcleos de processamento.

4.2.4 Caso 1: Re = 10−2

Assim como nos outros exemplos, resolvemos o

problema com Re = 10−2 e δt = 0.1, até atingir oestado estacionário. O tempo computacional, uti-

lizando 16 núcleos de processamento, foi de 650.2

segundos. O resultado obtidos é apresentado na -

gura 9, em que são mostradas as linhas de corrente

coloridas segundo a magnitude da velocidade.

Novamente, podemos ver que o método fun-

ciona bem para escoamentos incompressíveis com

baixo número de Reynolds.

Esta solução foi utilizada como condição ini-

cial para o caso apresentado a seguir.

Figura 9: Linhas de corrente coloridas segundo a

magnitude da velocidade para o estado estacionário

do escoamento em um degrau, com Re = 10−2.

4.2.5 Caso 2: Re = 100

Para o segundo caso consideramos Re = 100 e

δt = 0.01. O tempo computacional gasto para

reduzir o resíduo do método de Newton em 5 or-

dens de grandeza, utilizando 16 núcleos de pro-

cessamento, foi de 147355.5 segundos. Na gura

10, apresentamos as linhas de corrente coloridas

segundo a magnitude da velocidade.

Figura 10: Linhas de corrente coloridas segundo a

magnitude da velocidade para o escoamento em um

degrau, com Re = 100.

Podemos concluir que os resultados para este

caso foram satisfatórios, resolvendo o problema em

paralelo e com baixo tempo computacional.

4.2.6 Escoamento em um canal com obs-

táculo em forma de c

Esta aplicação do código em duas dimensões foi

feita em um canal que contém um obstáculo em

forma de c, como mostrado na gura 11, onde

L = 6 e H = 1. As condições de contorno são

de entrada de uido (Γin), saída de uido (Γout) esobre superfície rígida que respeita a malha (Γfit).

Figura 11: Representação esquemática para o escoa-

mento em um canal com obstáculo em forma de c,

com dimensões L = 6, H = 1 e tamanho característico

do obstáculo l = 0.2 e com condições de contorno de

entrada de uido (Γin), saída de uido (Γout) e sobre

superfície rígida que respeita a malha (Γfit).

Para esta aplicação, foi utilizada uma malha

de 501 × 101 e foram considerados dois números

de Reynolds, Re = 10−2 e Re = 20. Os dois casosforam executados em um cluster com computa-

dores Intel Xeon E5345 de 2.33GHz com 16GB de

RAM e com 8 núcleos de processamento.

Caso 1: Re = 0.002

Neste caso, utilizamos um passo de tempo

δt = 0.1 e o código foi executado até atingir o es-

tado estacionário. O tempo computacional gasto

foi de 47.98 segundos. Na gura 12 são mostradas

a) a pressão, b) a magnitude da velocidade e c) as

linhas de corrente, coloridas segundo a magnitude

da velocidade.

a)

b)

c)

Figura 12: Resultados para o canal com obstáculo

em forma de c, com Re = 10−2 e t = 10. a) Pressão;

b) Magnitude da velocidade; c) Linhas de corrente

coloridas segundo a magnitude da velocidade.

A solução obtida para este caso foi utilizada

como condição inicial para o caso apresentado a

seguir.

Caso 2: Re = 20

Para o caso Re = 20 foi utilizado um passo

de tempo δt = 0.01 e foram executados 1000 pas-

sos de tempo, até que o resíduo das equações re-

duzisse 10 ordens de grandeza. O tempo computa-

cional gasto foi de 4013.43 segundos. Na gura 13

são apresentados os resultados obtidos no último

passo de tempo.

a)

b)

c)

Figura 13: Resultados para o canal com obstáculo

em forma de c, com Re = 20 e t = 1000. a) Pressão;

b) Magnitude da velocidade; c) Linhas de corrente

coloridas segundo a magnitude da velocidade.

Podemos notar, pelos resultados apresenta-

dos, que o método proposto consegue resolver as

equações que descrevem escoamentos de uidos in-

compressíveis em paralelo e com baixo tempo com-

putacional.

4.3 Simulação em Microcanais

Neste teste numérico, vamos aplicar a formulação

mais ecaz obtida na seção 3 em uma simulação

tridimensional de microcanais com Re << 1. Estasimulação será denida em um microcanal con-

forme descrito na gura 14. As condições de con-

torno são de entrada (azul (Γin)), saída (vermelho

(Γout)) e sobre superfície rígida que respeita a ma-

lha (amarelo (Γfit)). Este problema foi resolvido

em uma malha com 3,715,632 células e aproxi-

madamente 15,000,000 incógnitas.

Figura 14: Representação do microcanal utilizado

para a simulação 3D, com comprimento L = 14,

largura H = 6 e altura Z = 1.5 e com condições de

contorno de entrada de uido (azul (Γin)), saída de

uido (vermelho (Γout)) e sobre superfície rígida.que

respeita a malha (amarelo (Γfit)).

Para esta simulação, utilizamos Re = 10−4.

Este teste foi efetuado utilizando um cluster com

computadores Intel Xeon E5430 de 2.66GHz com

64GB de RAM com 8 núcleos de processamento.

Na gura 15 podemos ver tas de corrente co-

loridas segundo a magnitude da velocidade. Para

reduzir o resíduo do método de Newton em 10 or-

dens de grandeza foram necessários 2 passos de

tempo, gastando 41742.1 segundos.

Figura 15: Fitas de corrente coloridas segundo a mag-

nitude da velocidade para o microcanal 3D.

Os resultados apresentados acima mostram

que, para a solução numérica de escoamentos in-

compressíveis em microcanais a baixo Re, o mé-

todo proposto consegue resolver muito bem o pro-

blema, em paralelo, com baixo tempo de processa-

mento, utilizando ferramentas da biblioteca PETSc

(Balay et al. (2008, 2009)).

4.3.1 Escoamento em um canal 3D com es-

feras na seção central

Este exemplo numérico 3D é a representação de

um canal com esferas na seção central, como mos-

trado na gura 16. Em azul temos a entrada de

uido, em verde temos a saída de uido, em ama-

relo temos as paredes do canal e em vermelho as

esferas.

Figura 16: Representação do canal com esferas na

seção central, com comprimento do canal L = 3,

largura H = 1 e altura Z = 1 e com condições de

contorno de entrada de uido (azul (Γin)), de saída

de uido (verde (Γout)) e sobre superfície rígida que

respeita a malha (canal em amarelo e esferas em ver-

melho (Γfit)).

Para esta simulação foram utilizadas 1,871,188

células e quase 7.5 milhões de incógnitas. O código

foi executado em um cluster com computadores

Intel Xeon E5430 de 2.66GHz com 64GB de RAM

e com 8 núcleos de processamento. Foram consid-

erados dois números de Reynolds, que denem os

casos apresentados a seguir.

4.3.2 Caso 1: Re = 10−2

Primeiramente, apresentamos um resultado com

baixo Re. Para este caso, utilizamos o método

GMRES com n = 600 e MGS, com pré-condicionador

ASM com 32 blocos, com sub-PC ILU em cada

bloco.

Consideramos δt = 0.1 e executamos 10 pas-

sos de tempo, até atingir o estado estacionário. O

tempo computacional gasto foi de 29592.7 segun-

dos, utilizando 16 núcleos de processamento. Na

gura 17 são apresentadas as linhas de corrente,

coloridas segundo a magnitude da velocidade.

Figura 17: Linhas de corrente para Re = 10−2, colo-

ridas segundo a magnitude da velocidade para o canal

com esferas.

Novamente, os resultados mostram que a com-

binação do método GMRES (com n = 600 e MGS)

com o PC ASM (com 32 blocos e sub-PC ILU em

cada bloco) funciona muito bem para casos com

baixo número de Reynolds, resolvendo o problema

em paralelo e com baixo tempo computacional.

4.3.3 Caso 2: Re = 100

O segundo caso mostra o funcionamento do código

para problemas com número de Reynolds maior.

Neste caso também foi utilizado o método GM-

RES com n = 600 e ortogonalização de Gram-

Schmidt modicada, pré-condicionado por ASM,

com 32 blocos e sub-PC ILU em cada bloco.

Consideramos a solução obtida no caso ante-

rior, com Re = 10−2, como a condição inicial para

este problema e tomamos δt = 0.01. O tempo de

processamento para reduzir o resíduo do método

de Newton em 5 ordens de grandeza foi de 356571

segundos, utilizando 16 núcleos de processamento.

Apresentamos as linhas de corrente coloridas se-

gundo a magnitude da velocidade na gura 18.

Figura 18: Linhas de corrente para Re = 100, colori-

das segundo a magnitude da velocidade para o canal

com esferas.

Podemos notar que os resolvedores utilizados

foram capazes de resolver o problema eciente-

mente, com Re = 100.Podemos notar, pelos resultados apresenta-

dos anteriormente, que o código foi capaz de re-

solver diferentes problemas que envolvem escoa-

mentos incompressíveis, com fronteira imersa, em

paralelo e com baixo tempo computacional.

Na seção 5 apresentaremos a extensão do mé-

todo de Codina and Baiges (2009) para o caso de

diferenças nitas.

5 Aproximação de Maior Ordem

Nos últimos anos vem crescendo as pesquisas no

intuito de aumentar a ordem de convergência dos

métodos de fronteira imersa, já que, na prática,

a maioria deles consegue apenas convergência de

primeira ordem. Neste contexto, podemos citar o

método proposto por Codina and Baiges (2009),

no qual as condições de contorno, em especial as

de Dirichlet, são impostas de forma a minimizar

a distância entre as condições de contorno exata e

aproximada no sentido de mínimos quadrados.

O método de Codina and Baiges (2009) foi

proposto no contexto do método dos elementos

nitos, no qual é feita uma decomposição no es-

paço de velocidades nos elementos cortados pelo

contorno. Isto pode ser visto como uma imposição

das condições de contorno nos graus de liberdade

dos nós externos dos elementos cortados pelo con-

torno, de forma que a distância entre a velocidade

calculada em Γ e a velocidade exata em Γ seja

mínima na norma L2(Γ).Neste trabalho, vamos utilizar a ideia básica

por trás deste método, isto é, aproximar as condi-

ções de contorno no sentido de mínimos quadra-

dos, aplicando-a no contexto de diferenças ni-

tas, utilizando malha deslocada (staggered grid)

e solução do sistema acoplado.

Para isso, vamos considerar o domínio da -

gura 2. Queremos minimizar o erro cometido na

imposição da velocidade no contorno, ou seja, que-

remos que a distância entre a velocidade aproxi-

mada no contorno u e a velocidade exata no con-

torno u seja mínima.

Para denir a localização do contorno Γ foi

utilizada uma função implícita φ, tal que φ = 0em Γ (em vermelho na gura 19), φ > 0 em Ω (em

amarelo na gura 19) e φ < 0 fora de Ω (em azul

na gura 19).

Figura 19: Representação do domínio por uma

função implícita. A linha vermelha mostra onde

φ = 0, a área amarela mostra onde φ > 0 e a área

azul mostra onde φ < 0.

Primeiramente, vamos considerar o caso em

que apenas uma aresta é cortada pelo contorno,

no caso, a aresta AB da gura 20.

Figura 20: Elemento do domínio cortado pelo con-

torno, em que A e B são os vértices do elemento e x é

o ponto onde o contorno Γ corta a aresta do elemento.

Com base no valor da função implícita, vamos

denir uma interpolação, que denirá uma equa-

ção para a velocidade aproximada no contorno.

Com isso, vamos denir o seguinte funcional

J(u) = ‖u− u‖2 = (u− u)2

=(uAφB − uBφAφB − φA

− u)2

,

onde as letras A e B representam os valores em

um nó externo e um nó interno ao domínio, res-

pectivamente.

Queremos o mínimo do funcional, ou seja,

queremos que∂J(u)∂uA

= 0. Isto nos dá então

∂J(u)∂uA

= 2(uAφB − uBφAφB − φA

− u)(

φBφB − φA

)= 0.

Considerando que φA 6= 0 e φB 6= 0, temos que

uAφBφB − φA

− uBφAφB − φA

− u = 0.

Logo, temos uma equação para uA

uA =(

uBφAφB − φA

+ u

)(φB − φAφB

).

Esta equação representa a imposição da con-

dição de contorno de Dirichlet em Γ, quando ape-

nas uma aresta é cortada por Γ.Para o caso geral, em que mais arestas são

cortadas pelo contorno, vamos considerar o fun-

cional como sendo a soma das parcelas equiva-

lentes a cada aresta. Logo, não teremos uma equa-

ção que dene unicamente as velocidades no con-

torno. Porém, podemos minimizar a equação no

sentido de mínimos quadrados, tornando o pro-

blema bem denido e fazendo com que a condição

de contorno esteja o mais próximo possível da con-

dição exata.

Temos assim, uma equação para cada elemen-

to cortado pelo contorno, representando a imposi-

ção das condições de contorno. Além disso, temos

as equações de quantidade de movimento e de in-

compressibilidade para os elementos interiores ao

domínio, como visto na seção 2.1. Isto nos dá

um sistema, no qual as equações que representam

as condições de contorno de Dirichlet para a ve-

locidade são resolvidas utilizando-se o método dos

mínimos quadrados.

A seguir, apresentamos os resultados obtidos

com a utilização do método proposto acima.

5.1 Testes Numéricos

Nesta seção, são apresentados testes numéricos,

nos quais comparamos a solução obtida com o mé-

todo proposto com a solução exata, em uma e duas

dimensões, mostrando a convergência do método.

Também são apresentados resultados da utilização

do método em exemplos 2D.

5.1.1 Equação do Calor - 1D

O primeiro teste considerado foi a solução da equa-

ção do calor em uma dimensão. A equação do

calor é dada por−∇2u = 1 em Ωu = 0 em Γ,

onde Ω = (0, π) é o domínio em que está denida

a equação do calor, o contorno Γ passa sobre o

ponto xΓ = π e B = (0, 4) é domínio que contém

Ω, como mostrado na gura 21.

Figura 21: Representação do domínio B = (0, 4),

onde xΓ = π e Ω = (0, π).

O programa foi executado utilizando malhas

com 10, 20, 40, 80, 160, 320 e 640 pontos, compa-

rando-se com a solução exata do problema, dada

por

U = −12

(x2 − xΓx) = −12

(x2 − πx),

e calculando-se o erro nas normas L2 e L∞. O

gráco mostrando o decaimento do erro com o re-

namento da malha, em escala logarítmica, é mos-

trado na gura 22. Podemos observar que con-

seguimos obter convergência de ordem h2 (linha

tracejada).

Figura 22: Decaimento do erro com o renamento

da malha para a solução da equação do calor, em

escala logarítmica.

A seguir, apresentamos os resultados do mé-

todo proposto em um teste numérico 2D.

5.1.2 Equação de Poisson - 2D

No segundo teste numérico, consideramos a equa-

ção de Poisson 2D, dada por−∇2u = f em Ωu = 0 em Γ,

onde Ω =(−π

2,π

2

)×(−π

2,π

2

)é o domínio em

que está denida a equação e Γ é o contorno.

Para este caso foram consideradas as seguintes

malhas: 11×11, 21×21, 31×31, 41×41, 61×61,81 × 81, 101 × 101 e 121 × 121. O programa

foi executado, utilizando as diferentes malhas, e a

solução obtida foi comparada com a solução exata.

Foi considerado o termo fonte

f(x, y) = 2 cos(x) cos(y),

cuja solução exata é

U(x, y) = cos(x) cos(y).

O gráco do decaimento do erro em função

de h é mostrado na gura 23.

Figura 23: Decaimento do erro com a redução do

tamanho h, em escala log× log.

Da gura 23, podemos observar novamente

que conseguimos obter convergência de ordem h2

(linha tracejada). Isto mostra que foi possível me-

lhorar a ordem da aproximação, podendo atingir

convergência de ordem 2.

Na seção a seguir, vamos apresentar alguns

exemplos em que foi utilizado o método proposto

para a solução numérica de escoamentos incom-

pressíveis.

5.2 Resultados

Nesta seção, vamos apresentar simulações numéri-

cas de escoamentos de uidos incompressíveis uti-

lizando o método proposto e comparando os re-

sultados obtidos com resultados da literatura de

mecânica do uidos.

5.2.1 Cavidade com Tampa Deslizante

Compramos os resultados obtidos com o método

melhorado com os resultados obtidos por Ghia

et al. (1982).

Podemos ver uma representação do domínio

na gura 24, em que L = 1 e das condições de con-

torno, onde γ (em amarelo) é uma superfície rígida

imersa na malha e Γin é a condição de desliza-

mento da tampa, em que u = 1 e v = 0.

Figura 24: Representação esquemática para a cavi-

dade com tampa deslizante, com dimensão L = 1 e

condições de contorno de deslizamento da tampa (Γin)

e sobre superfície rígida imersa na malha (γ).

O teste foi efetuado com Re = 100, δt = 0.01,em uma malha de 301× 301. O código foi execu-

tado em um cluster com computadores Intel Xeon

E5345 de 2.33GHz, com 16GB de RAM e 8 núcleos

de processamento.

Também consideramos como condição inicial

a solução obtida com Re = 10−2. A condição ini-

cial e a solução no estado estacionário são apre-

sentadas na gura 25. O tempo de processamento

foi de 61234.2 segundos, onde o resíduo do método

de Newton reduziu em 10 ordens de grandeza.

a) b)

Figura 25: Linhas de corrente coloridas segundo a

magnitude da velocidade para a cavidade com tampa

deslizante para Re = 100 a) condição inicial e b)

solução no estado estacionário.

Podemos ainda, na gura 26, ver o perl da

velocidade u ao longo da linha vertical que passa

pelo centro do domínio e, na gura 27, o perl

da velocidade v ao longo da linha horizontal que

passa pelo centro do domínio, ambas comparadas

com os resultados obtidos por Ghia et al. (1982).

Podemos ver que a solução obtida se apro-

xima bastante da solução obtida por Ghia et al.

(1982), o nos leva a concluir que o método melho-

rado proposto também consegue resolver numeri-

camente as equações que descrevem escoamentos

de uidos incompressíveis.

6 Conclusões

Podemos notar, através dos resultados apresenta-

dos nas seções 4.1 e 5.2, que foi possível imple-

mentar um código para resolver numericamente

as equações que descrevem escoamentos incom-

pressíveis com fronteira imersa, utilizando a bi-

blioteca PETSc, de forma a obter bons resultados

Figura 26: Perl da velocidade u ao longo da linha

vertical que passa pelo centro do domínio comparada

com o resultado obtido por Ghia et al. (1982).

Figura 27: Perl da velocidade v ao longo da linha

horizontal que passa pelo centro do domínio com-

parada com o resultado obtido por Ghia et al. (1982).

em paralelo e com baixo tempo de processamento.

Além disso, na seção 5.1, mostramos que a

extensão do método de Codina and Baiges (2009)

para diferenças nitas conseguiu atingir segunda

ordem de precisão na aproximação das condições

de contorno.

Isto nos leva a concluir que é possível imple-

mentar um código paralelo para a solução numérica

de escoamentos de uidos viscosos incompressíveis

com fronteira imersa que produza bons resultados

com pouco tempo de processamento.

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