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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - UEPB CAMPUS I – CAMPINA GRANDE-PB
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
TV DIGITAL NO BRASIL - AS NOVAS POSIBILIDADES DE INTERATIVIDADE
EDIMILSON CAMILO DA SILVA
Campina Grande-PB, dezembro de 2008.
2
EDIMILSON CAMILO DA SILVA
TV DIGITAL NO BRASIL
- AS NOVAS POSSIBILIDADES DE INTERATIVIDADE
Trabalho Acadêmico Orientado (Monografia) apresentado ao Departamento de Comunicação Social da Universidade Estadual da Paraíba, como requisito para a conclusão do curso de Bacharel em Comunicação Social com habilitação em jornalismo.
Orientadora: Profª Dr. Cássia Lobão Assis
3
Campina Grande-PB, Dezembro de 2008.
EDIMILSON CAMILO DA SILVA
TV DIGITAL NO BRASIL - AS NOVAS POSIBILIDADES DE INTERATIVIDADE
Aprovada em 04 de dezembro de 2008
Nota: __________
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________ Profª.Drª. Cássia Lobão Assis
Orientadora
____________________________________________ Prof. Dr. Cidoval Morais de Sousa
1º Examinador
____________________________________________ Prof. Esp. Rômulo Perreira de Azevedo Filho
2º Examinador
4
“A televisão me deixou burro, muito burro demais... Agora todas as coisas que eu faço me parecem iguais... É que a televisão me deixou
5
burro, muito burro demais... E agora eu vivo dentro dessa jaula junto dos animais”. (Arnaldo Antunes/Marcelo Frommer/Toni Belloto)
RESUMO A televisão tem hoje um papel de relevância no cotidiano das pessoas, se apresentando como uma importante ferramenta no desenvolvimento social e cultural. O presente trabalho de pesquisa põe em evidência a situação da televisão digital no Brasil, os acontecimentos que precederam essa fase de mudança e discute algumas das técnicas usadas para a implementação da interatividade nessa nova era da comunicação. Para falar sobre essa interatividade oferecida pela TV Digital Brasileira, buscamos suporte nas Novas Tecnologias da Informação com base em livros especializados sobre o assunto e sites da internet. Atualmente, as inovações implantadas na TV Digital estão cada vez mais voltadas para o usuário, ou seja, o usuário deixa de ser um simples receptor e começa a ter uma participação ao lidar com a máquina, neste caso, com a televisão. Palavras-chave: Interatividade; Televisão; TV Digital;
6
ABSTRACT The television today has a paper of relevance in the daily one of the people, if presenting as an important tool in the social and cultural development. The present work of research puts in evidence the situation of the digital television in Brazil, the events that had preceded this phase of change and argues some of the used techniques for the implementation of the interatividade in this new was of the communication. To speak on this interatividade offered for the Brazilian Digital TV, we search support in the New Technologies of the Information on the basis of books specialized on the subject and sites of the Internet. Currently, the innovations implanted in the Digital TV are each time more directed toward the user, that is, the user leave of being a simple receiver and start to have a participation when dealing with the machine, in this in case that, with the television. Word-key: Interatividade; Television; Digital TV;
7
AGRADECIMENTOS
A professora Cássia Lobão pela orientação segura, pelas críticas oportunas e pelo
interesse demonstrado nas diferentes etapas da elaboração desta monografia.
Aos professores que participaram da Banca Examinadora, por suas ricas críticas e sugestões
para o aprimoramento desta monografia.
Aos meus colegas de classe que me acompanharam durante toda esta jornada de
estudo.
A todos os meus familiares pela compreensão manifestada durante a minha ausência devido à
elaboração deste trabalho, assim como, pelo incentivo e cooperação prestados diante das
dificuldades.
Aos meus pais que se mudaram da Zona Rural para a cidade, para que eu pudesse
estudar e chegar onde estou chegando.
A minha esposa, Maria do Carmo, por compreender a minha ausência devido esse
trabalho e a minha filha Maria Júlia Camilo da Silva.
Agradeço especialmente ao meu irmão Edílson e sua esposa Perpetua, que me
presentearam com um notebook que me ajudou muito na realização desse trabalho.
A todos que colaboraram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho, a
todos vocês, meu muito obrigado.
8
DEDICATÓRIA
A minha mãe, Maria José de Sousa e ao meu pai, João Camilo da Silva, pela lição de
vida, incentivo e apoio sempre demonstrado, sem os quais não teria sentido a minha
existência.
A minha querida esposa Maria do Carmo da Silva que sempre esteve do meu lado nos
momentos mais estressantes e compreendeu que às vezes não lhe dava a atenção necessária
por estar engajado nos estudos para concluir esta pesquisa.
A minha querida e amada filha Maria Júlia Camilo da Silva
Dedico com amor aos meus sobrinhos Valdeir, Vitor, Emerson e Renan, a meus irmãos
Edilson, Edivaldo, Erivan, Adriana e Elizangela. Aos meus avós Manuel Felipe (in memorian)
e Maria Ferreira e a todos os meus tios, para que lhe sirva de estimulo no difícil caminho que é
a vida.
9
HOMENAGEM
A minha Tia Dolores (in memorian)
Um dia a perda, a imensidão da dor...
Hoje a felicidade de te oferecer esta vitória, uma conquista que certamente também é
sua, a partir do seu exemplo em criar as suas duas filhas praticamente sem a ajuda de uma
figura paterna, conseguir educá-las e fazer com que elas sejam pessoas exemplares na
sociedade.
Hoje eu sinto muito a sua falta, mas guardo comigo a lembrança dos seus fortes
incentivos para que eu continuasse com meus estudos...
Eternamente... Saudades.
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TV DIGITAL NO BRASIL
- AS NOVAS POSSIBILIDADES DE INTERATIVIDADE
11
Sumário
Introdução________________________________________________________________ 13
Capítulo I
1. A Informação e Televisão __________________________________________________15
1.1 O Que é Informação? _____________________________________________________16
1.2 A TV no Brasil __________________________________________________________20
1.3 O Futuro do Sistema de Transmissão ________________________________________ 25
Capítulo II
2. O que é TV Digital________________________________________________________29
2.1 Definição_______________________________________________________________29
2.1.1 Alta Definição_________________________________________________________30
2.1.2 Multiprogramação _____________________________________________________ 31
2.2 Processo de Implantação __________________________________________________32
2.3 Aspectos Positivos e Negativos ____________________________________________ 34
Capítulo III
3. O que é Interatividade _____________________________________________________38
3.1 Interação e Interatividade _________________________________________________ 39
3.2 A TV Digital Interativa na Sociedade Informacional____________________________ 41
3.3 A Ginga do Middleware __________________________________________________ 44
3.4 Possíveis Implicações da TV Digital Interativa no Brasil ________________________ 46
3.5 Nova TV Ajudará na Inclusão Digital _______________________________________ 50
3.6 Perspectivas do Novo Sistema______________________________________________ 51
3.7 É Possível?_____________________________________________________________ 52
12
3.8 Custos para Operacionalizar _______________________________________________ 53
3.8.1 Para o Telespectador____________________________________________________ 53
3.8.2 Para as Emissoras______________________________________________________ 54
3.9 Campo para o profissional de Comunicação___________________________________ 54
Capítulo IV
4. Considerações Finais ______________________________________________________56
Referências
5. Referências _____________________________________________________________ 58
Anexos
Anexo 1__________________________________________________________________ 63
Anexo 2__________________________________________________________________ 75
13
Introdução
A televisão sempre ocupou papel de destaque entre os meios de comunicação de
massa, atingindo expressivo número de pessoas em todo o mundo. No Brasil, em apenas 50
anos, a TV se consolidou como o mais popular e mais influente meio de comunicação,
atingindo cerca de 90% dos lares brasileiros. O fascínio que este fantástico meio de
comunicação e entretenimento exerce sobre seus telespectadores já foi objeto de estudo de
vários universitários, mestres e doutores. Porém, no campo tecnológico, muito pouco se viu ou
se ouviu a respeito deste meio tão importante para os comunicadores, principalmente sobre
essa nova realidade, a TV Digital Interativa.
As constantes inovações tecnológicas e a necessidade de uniformização da
comunicação trazida pela globalização fizeram com que a televisão de hoje ficasse
ultrapassada em relação aos demais meios de comunicação. A invenção da internet, além de
trazer uma nova proposta de mídia, possibilitou ao rádio e ao jornal a digitalização de sons e
textos, tornando possível atingir um público consideravelmente maior e com qualidade de
transmissão e recepção infinitamente superior. A televisão, por sua vez, evoluiu com a
tentativa de se fazer uma programação interativa e com a introdução do sistema de TV a cabo.
Muito pouco se compararmos com o que aconteceu com os outros meios e, principalmente,
com o que o futuro nos reserva.
A realidade atual da televisão está sofrendo uma revolução semelhante a sofrida pela
mudança do vinil para o CD e o DVD, principalmente após a implantação da TV Digital em
02 de dezembro de 2007. A produção e a transmissão da televisão estão sendo todas
digitalizadas, trazendo incontáveis benefícios para telespectadores e produtores. Mais ainda,
mudando completamente a relação entre os que assistem TV e os que fazem TV.
A partir da digitalização da televisão é e será possível trabalhar a convergência de
mídias. A televisão passará a ser um aparelho multiuso, onde o telespectador poderá ouvir
música, acessar a internet, fazer compras ou ler as principais notícias do dia. Uma mudança
bastante significativa para um meio de comunicação tão. Para que estas mudanças tenham
êxito, é preciso que os profissionais de comunicação estejam conscientes de seu papel e de sua
importância no processo. É preciso também que sejam conscientes da necessidade de
acompanhar as mudanças e se adaptar a elas, a fim de se garantir no mercado de trabalho.
14
O presente estudo se baseia na linha de pesquisa “Comunicação e novas tecnologias da
Informação”, escolhida no início do processo e visa mostrar como foi à implantação da
tecnologia digital na televisão brasileira e qual será o futuro da TV em relação às novas
possibilidades de interatividade, o que muda para o telespectador, o que é necessário para que
o processo obtenha êxito e como essa mudança pode afetar o profissional de comunicação.
A idéia dessa pesquisa surgiu nas aulas de Novas Tecnologias da Informação
ministradas pelo professor Fernando Millane e depois por Arão Azevedo aqui mesmo no
Curso de Comunicação. Essa idéia foi reforçada após assistir a palestra, aqui no curso de
comunicação, de um professor paraibano que estava participando do processo de implantação
da TV Digital, isso em 2006. Apaixonado por tecnologia, decidi enveredar por essa área da
TV Digital, principalmente pelo campo da interatividade. As dificuldades foram muitas ao
percorrer o caminho para elabora esse trabalho, principalmente por falta de bibliografias
escritas. Nas livrarias locais, só encontramos dois livros que tratam especificamente do tema
TV Digital, um de Edna Brennand e outro de Marcelo Sampaio, editora Érica. A maior parte
do material coletado foi extraído de sites relacionados ao assunto, como o site do Ministério
das Comunicações, da ABERT, do LAVID e da revista INFO On-line alem de outros.
O trabalho está estruturado da seguinte maneira: o capitulo um, traz uma abordagem do
tema Informação e Televisão, dupla indissociável. Neste capitulo também abordamos um
pouco da história da televisão no Brasil desde Assis Chateaubrand até o que se pretende para o
futuro da televisão no Brasil com a chegada da TV Digital Interativa.
No segundo capítulo dois, fazemos uma consideração mais especifica sobre o que é TV
Digital, os sistemas existentes no mundo, o processo de implantação aqui no Brasil, os
aspectos positivos e negativos do sistema adotado pelo governo brasileiro para a TV Digital,
SBTVD. No último capítulo, fazemos uma análise das novas possibilidades de interatividade
na TV Digital brasileira. Também analisamos o impacto da TV Digital na vida social do
telespectador, bem como o novo campo de trabalho que se abre para o profissional de
comunicação que enveredar por essa área de trabalho.
15
Capítulo I
1. A Informação e a Televisão
A televisão é, reconhecidamente, o mais importante e mais popular meio de
comunicação do mundo globalizado. Todos os dias, a televisão atinge milhares de lares
levando informação e entretenimento a pessoas das mais diversas idades, crenças, classes
sociais e formação profissional, influenciando as decisões e estabelecendo as relações de
poder que conduzem a sociedade. Como meio de comunicação, a televisão deve dedicar parte
de sua programação para levar informações e conhecimentos à população, executando, desta
forma, seu papel social.
A informação é a principal matéria-prima dos meios de comunicação. Ela é a base do
conhecimento e interfere diretamente na vida das pessoas formando novas opiniões, mudando
conceitos e formas de comportamento. É a partir da informação que se constrói uma sociedade
crítica, participante e conectada ao mundo globalizado, às inovações tecnológicas e, acima de
tudo, conhecedora dos princípios que a sustentam1.
Para SODRÉ (1981, p.14), “a televisão é uma técnica, um eletrodoméstico, em busca
de necessidades que a legitimem socialmente”. O processo de legitimação deste
eletrodoméstico chamado televisão implica em atender às necessidades de informação do
telespectador. Para isso, a TV deve utilizar com maior freqüência as transmissões que tenham
caráter de utilidade pública, elevando a percepção do valor da televisão como meio de
comunicação para a sociedade.
1 http://www.plenarinho.gov.br/educacao/imagens/a-televisao/a-televisao01.jpg . Disponível em junho de 2008.
16
Como meio de comunicação de massa, a televisão tem como principal função levar ao
telespectador informações que possam norteá-lo nas tomadas de decisões, na sua forma de
comportamento e na condução de seu futuro intelectual. Informação e televisão são, portanto,
interdependentes, ou seja, dependem uma da outra para que seus propósitos sejam atingidos.
Por isso, é fundamental que se entenda o que é informação e qual sua importância para os
meios de comunicação, para depois se falar da TV e de seu futuro.
1.1. O que é informação?
Constantemente se ouve dizer que o mundo vive a chamada era da informação. Há
informações sobre tudo, das mais comuns àquelas que podem mudar um hábito, um conceito
ou até criar uma nova conduta. A informação se tornou uma necessidade para a sobrevivência
do ser humano. Porém, esta necessidade é individual. Para PEREIRA (1997, p. 226), “as
necessidades das pessoas em relação à informação mudam constantemente porque a percepção
é individual e contingente”.
As principais características da chamada era da informação são a quantidade e a
disponibilidade das informações. Todos os dias, uma enorme quantidade de informações é
disponibilizada, embora nem todas sejam aproveitadas ou captadas por não atenderem às
expectativas ou não agregarem valor aos objetivos que são individuais.
No mundo contemporâneo, pode-se obter a informação através de livros, das mídias
escrita, falada e televisionada e da internet. A internet, por exemplo, contabiliza milhões de
informações a cada dia e seu uso está cada vez mais acessível. A informação globalizada afeta
inclusive as decisões das grandes empresas. Nos dias de hoje, a qualidade da decisão, de uma
empresa ou pessoa, está diretamente ligada à informação que ela recebe. Fala-se em
informação o tempo todo. Mas, o que significa a palavra informação?
Segundo o FERREIRA (2001, p. 1109),
[Do lat. informatione.] S. f. Ato ou efeito de informar(-se); Dados acerca de alguém ou de algo; Conhecimento, participação; Comunicação ou notícia trazida ao conhecimento de uma pessoa ou do público; Instrução, direção; Conhecimento amplo e bem fundamentado, resultante da análise e combinação de vários informes; Segundo a teoria da informação (q. v.), medida da redução da incerteza, sobre um determinado estado de coisas, por intermédio de uma mensagem.
Definir informação é um processo bastante difícil. O Dicionário Aurélio, por exemplo,
atribui onze definições para o termo. Muitas vezes, usa-se a distinção entre dados, informação
17
e conhecimento para tentar explicitar um conceito ou uma função para a informação. Porém,
estes conceitos não devem ser separados. DAVENPORT (2001, p.18) explica que:
Informação é um termo que envolve todos os três, além de servir como conexão entre os dados brutos e o conhecimento que se pode eventualmente obter. Também tendemos a exagerar o significado dessas palavras. Durante anos, as pessoas se referiram a dados como informação; agora, vêem-se obrigadas a lançar mão de conhecimento para falar sobre a informação.
As discussões desenvolvidas por Davenport em seu livro Ecologia da Informação
servirão de base para a explicação da diferença entre dados, informação e conhecimento e suas
inter-relações.
Dados são observações sobre o estado do mundo, que podem ser feitas por uma pessoa
ou por uma tecnologia apropriada. São fatos primários, como o nome de um empregado e o
número de horas trabalhadas na semana; as evidências mais básicas de uma investigação; são
os aspectos do fenômeno ou caso estudado que um estudioso pôde captar e registrar.
Correspondem a observações consideradas diretas, ou seja, com relativamente pouca
elaboração ou tratamento. Uma vez coletados, são compreendidos como um reflexo
razoavelmente confiável dos acontecimentos concretos.
Informação é o resultado de uma organização, transformação e/ou análise dos dados,
ou seja, o tratamento de um conjunto de dados de modo a produzir significado. É um conjunto
de fatos organizados de tal forma que adquirem valor adicional, além do fato em si. A
informação é criada definindo-se e organizando o cruzamento de dados. Este processo só é
possível com a mediação humana, já que somente a mente humana é capaz de atribuir
significado aos dados através da interpretação.
Sobre o que é informação, LE COADIC (1996, p.5) afirma:
A informação comporta um elemento de sentido. É um significado transmitido a um ser consciente por meio de uma mensagem inscrita em um suporte espacial-temporal: impressos, sinal elétrico, onda sonora, etc. essa inscrição é feita graças a um sistema de signos (a linguagem), signo este que é um elemento da linguagem que associa um significante a um significado: signo alfabético, palavra, sinal de pontuação.
Le Coadic afirma que ‘a informação é transmitida a um ser consciente por meio de um
suporte que pode ser eletrônico’. Nesse contexto se insere a televisão. A imagem ocupa maior
parte da transmissão de um canal de televisão, porém o que predomina nessas imagens é a
informação, seja ela por meio de um telejornal, uma novela ou uma propaganda. A base do
que se transmite é a informação, ou como se diz na lingüística o significado por trás do
significante.
18
Por fim, conhecimento é um conjunto de argumentos e explicações que interpretam um
conjunto de informações. É a informação mais valiosa. É quando alguém deu à informação um
contexto, um significado, uma interpretação. São conceitos e argumentos lógicos,
essencialmente abstratos que interligam e dão significados a fatos concretos.
A partir das definições dos três termos, podemos dizer que o processo de construção do
conhecimento científico envolve os dados, que representam a "matéria-prima", a partir dos
quais a análise e o cruzamento destes pela mediação humana criam as informações que,
finalmente, são interpretadas para gerar conhecimento.
Apesar da dificuldade de se distinguir os três termos, é importante encontrar uma
definição para nortear o trabalho proposto. Para isso, será adotada a visão de Peter Drucker,
que definiu informação como sendo “dados dotados de relevância e propósito” (Drucker, apud
Davenport, 2001, p.19), sendo os seres humanos os responsáveis por dotá-los de tais atributos.
Este conceito deixa clara a importância do ser humano para o processo da informação.
Informação exige análise, consenso em relação ao seu significado e, necessariamente, a
mediação humana.
Os dados precisam ser analisados para que se tornem informações. A interpretação é
uma exclusividade da mente humana. Transformar dados em informação é uma das funções
sociais dos meios de comunicação e a televisão, como principal meio, deve trabalhar esse
conceito da melhor forma possível a fim de trazer uma contribuição relevante ao crescimento
intelectual dos telespectadores.
A distinção pode ser melhor entendida a partir do quadro seguinte:
Dados, Informação e Conhecimento.
Dados Informação Conhecimento
Simples observações sobre o
estado do mundo
•Facilmente estruturado
•Facilmente obtido por
máquinas
•Freqüentemente
quantificado
•Facilmente transferível
Dados dotados de relevância
e propósito
•Requer unidade de análise
•Exige consenso em relação
ao significado
•Exige necessariamente a
mediação humana
Informação valiosa da mente
humana. Inclui reflexão,
síntese, contexto
•De difícil estruturação
•De difícil captura em
máquinas
•Freqüentemente tácito
•De difícil transferência
Fonte: DAVENPORT, Thomas H. (2001, p.18)
19
Sobre o contexto atual, a era da informação, o mesmo Peter Drucker acrescenta: “hoje,
o recurso realmente controlador, o fator de produção, absolutamente decisivo, não é o capital,
ou a terra, ou a mão-de-obra. É o conhecimento”. (DRUCKER apud PEREIRA, 1997, p. 225)
A informação e o conhecimento nunca foram tão valorizados como atualmente. O
volume de insights que são disponibilizados diariamente é tão grande que, às vezes,
informações que têm grande importância para uma determinada classe, pode passar
desapercebida para outras.
É nesse contexto, que o profissional da comunicação se insere, principalmente agora
com o surgimento da TV Digital. Com o crescimento incontrolável da disponibilidade de
informações e da facilidade de acesso a elas, fica cada vez mais evidente a necessidade do
mercado no que se refere aos profissionais que tenham a habilidade de administrar esse bem
tão valioso, a informação.
Para GATES (1995, p. 101),
Informação é algo que alguém deseja saber, e está disposto a pagar por ela. A informação não é tangível nem mensurável, mas é um produto valioso no mundo contemporâneo porque proporciona poder. O controle da informação é alvo de governos, empresas e pessoas.
Esta afirmação nos remete a uma passagem do filme A.I. – Inteligência Artificial, de
Stanley Kubrick e Steven Spilberg, em que um garoto robô programado para amar sai em
busca de uma fada – a Fada Azul – que o transformaria em humano. Acompanhado de um
robô adulto, sem saber o que fazer num futuro longínquo, o amigo mais velho sugere que eles
procurem o Dr. Know (algo como Dr. Sabe tudo), que tem todas as respostas para todas as
perguntas do mundo. Ao entrarem na “casa” do Dr. Know, uma tela aparece com a cara do
“sabe tudo” e a frase:
- “Mentes famintas, bem vindas ao Dr. Know onde “fast-food” para a mente é servida 24
horas por dia em 40 mil pontos do país! Pergunte ao Dr. Know, não há nada que eu não saiba”.
Empolgado com tanta magia, o garoto pergunta:
- “Diga onde poso encontrar a fada azul?”.
Dr. Know responde:
- “Para perguntar tem que pagar. Duas por cinco, uma é de graça”.
Então, o robô adulto diz para o garoto:
- “Duas perguntas custam cinco Novapratas, e a terceira é por conta da casa. Hoje em dia,
nada custa mais que a informação”, conclui.
20
Este diálogo mostra bem o valor da informação para a sociedade contemporânea. Uma
pessoa bem informada está à frente das demais e quem não souber aproveitar as informações
disponibilizadas para adquirir conhecimento está fadado ao fracasso.
O conceito de informação vem adquirindo um status diferente com o decorrer dos anos.
Passou da informação com significado simples, objetivo e direto ao "culto" contemporâneo
que concedeu à informação, um tratamento científico, teórico, tecnológico e mercadológico.
Esta mudança eleva a importância dos meios de comunicação como propagadores da
informação. No campo da televisão, a conseqüência natural dessa “devoção” à informação é
que o mercado se torne cada vez mais competitivo e segmentado, com os telespectadores
tendo um número cada vez maior de opções, que atenderiam às necessidades específicas de
cada grupo.
A informação é o ingrediente principal da televisão. No telejornal a informação assume
o papel mais importante para o telespectador que espera ser informado sobre os fatos do
cotidiano, na telenovela, a informação assume outro papel, o de entreter o telespectador, mas
mesmo assim a informação é capaz de mudar hábitos, criar novos e mudar comportamentos
sociais que antes pareciam instransponíveis. com a implantação da TV Digital Interativa, a
informação assumirá uma importância ainda maior devido a velocidade da informação e da
participação mais ativa do telespectador nesse processo.
Após definir o termo informação e elucidar sua importância para o estudo da
comunicação e seus diversos meios, é hora de falar, especificamente, da televisão. Sua
história, sua importância e os caminhos que a levaram a ocupar posição tão destacada entre os
meios de comunicação. Agora que é digital, novos horizontes a aguardam como um dos
maiores meios de transmissão de informação.
1.2. A TV no Brasil
A televisão foi criada em julho de 1926, pelo engenheiro escocês John Logie Baird,
trabalhando em seu laboratório de fundo de quintal em Londres. Baird conseguiu transmitir
alguns contornos de imagens em movimento em uma demonstração para a comunidade
científica, assinando depois um contrato com a BBC para transmissões experimentais. Três
anos antes, Baird já havia realizado transmissões através do sistema mecânico baseado no
invento de Paul Nipkow – um disco de ferro com furos eqüidistantes, dispostos em espiral,
21
que ao ser girado dividia a imagem em pequenos pontos e em alta velocidade voltava a formar
a imagem num painel composto de pequenas luzes2.
A pré-estréia da Televisão no Brasil aconteceu no dia 3 de Abril de 1950. Foi com
uma apresentação de Frei José Mojica. No dia 10 de setembro foi transmitido um filme onde
Getúlio Vargas falava sobre seu retorno à vida política. Nas duas ocasiões, as imagens foram
assistidas somente em aparelhos instalados no saguão dos Diários Associados, em São Paulo,
como forma de teste.
A televisão brasileira foi oficialmente inaugurada no dia 18 de setembro de 1950,
através da PRF-3 - TV Tupi de São Paulo – Canal 3. O Brasil foi o quinto país do mundo a ter
televisão, depois dos Estados Unidos, Inglaterra, Holanda e França. Trazida ao país pelo mega
empresário das comunicações, o paraibano, Francisco de Assis Chateaubriant Bandeira de
Melo, a novidade se tornaria o mais importante meio de comunicação de massa do país em
poucos anos. Chateaubriand havia encomendado à RCA os equipamentos para a instalação de
duas emissoras de televisão. A antena foi instalada no edifício do Banco do Estado de São
Paulo.
O programa inaugural foi ao ar às 21:00 horas, com uma hora de atraso, cheio de
problemas técnicos e se chamava “Show na taba”. O programa, apresentado por Homero
Silva, era um verdadeiro show que tinha de tudo: música, humorismo, dança e quadro de
dramaturgia. A direção do show ficou a cargo de Demirval Costa Lima e Cassiano Gabus
Mendes. Durante o programa, o hino oficial da TV, composto especialmente para a ocasião
por Guilherme de Almeida e Marcelo Tupinambá, foi cantado por Lolita Rodrigues e todo o
elenco das associadas.
A estrutura era precária. O programa foi feito com apenas duas câmeras e transmitido
com muitas dificuldades. Os aparelhos eram muito caros no início e poucas pessoas tinham
acesso à programação. Chateaubriant importou 200 aparelhos de TV dos Estados Unidos e
distribuiu para empresários e para os principais lojistas de São Paulo.
Em 15 de outubro do mesmo ano, a TV Tupi realiza a primeira transmissão externa,
apresentando ao vivo o jogo entre São Paulo e Palmeiras. Em 20 de janeiro de 1951, estréia a
TV Tupi – canal 6 no Rio de Janeiro. A TV começava a chegar nos grandes centros do país.
No início, a televisão brasileira utilizava principalmente profissionais vindos do rádio.
Uma vez ou outra, um ator famoso do cinema ou do teatro fazia alguma participação nos
2 Disponível em WWW.tudosobretv.com.br acessado em: 12/jun/2007.
22
programas televisivos. Entre 1951 e 1954, surgiram as primeiras telenovelas brasileiras,
gênero que se consagrou como o mais popular da televisão e que até hoje representa a maior
audiência da TV no Brasil, sendo exportada para vários países do mundo. No início, tudo
vinha do rádio: autores, técnicos, elenco, etc. Tinham poucos capítulos e eram transmitidas ao
vivo, duas vezes por semana, na TV Tupi, em SP.
Na década de 60 cresceu o público televisivo e a programação tornou-se mais popular.
Surgiram os comunicadores de auditório e intensificou-se a transmissão da telenovela que,
com grande aceitação, se transformou no principal produto do veículo, permitindo o início da
sua industrialização. A telenovela aumentou a audiência do público e conseqüentemente
provocou o aumento das verbas publicitárias. Incentivou a utilização da gravação em fitas de
vídeo, para poderem ser vendidas para todo o país. E foi responsável pelas primeiras idéias de
formação de rede de emissoras, com um mesmo produto sendo exibido em diversas cidades.
Através dela, a televisão iniciou sua força de manipulação social e, por essa razão, foi muito
vigiada pela ditadura militar que assumia o governo do país.
Em 1963, com a TV já bastante popular apesar do elevado preço do aparelho, acontece
uma grande novidade no panorama da televisão brasileira: o surgimento da TV Excelsior, que
tirou muitos dos melhores profissionais da TV Tupi, entre eles Carlos Manga e Chico Anysio.
As televisões no Brasil funcionavam de maneira autônoma. Em cada estado do Brasil, a TV
local tinha sua própria programação. A Excelsior chegou com a idéia de fazer uma rede
(network), produzindo programas para todas elas, o que baixaria consideravelmente os custos,
possibilitando à nova emissora remunerar melhor seus funcionários e, com isso, tirar os
melhores profissionais das concorrentes.
A Excelsior foi a primeira a colocar no ar a TV em rede nacional. Porém, não havia
transmissão simultânea. Os programas eram gravados e os “videoteipes” viajavam de um lugar
para outro. A exibição em rede gerou uma grande diferença no aspecto comercial, já que o
custo da produção passou a ser dividido por várias praças.
O dia 26 de abril de 1965 é uma data histórica para a televisão brasileira. Nesta data,
foi inaugurada no Rio de Janeiro, a TV Globo – canal 4, primeira emissora da Rede Globo,
que hoje é a terceira maior rede de televisão do mundo e reúne mais de 100 emissoras
geradoras. A TV Globo foi a responsável por uma outra data marcante na história da televisão
brasileira: 28 de fevereiro de 1969. Neste dia, a televisão brasileira entrou na era da
comunicação via satélite. A primeira imagem transmitida foi a do locutor Hilton Gomes,
23
falando ao vivo de Roma, em frente ao Coliseu através do satélite Intelsat III. Em 1º de
setembro do mesmo ano, estréia o Jornal Nacional, primeiro telejornal transmitido
simultaneamente para todo o território nacional via satélite pela Embratel.
Os anos 70 se consolidaram como a época da maturidade da TV brasileira. O aparelho
foi industrializado e a programação passou a ter melhor nível de produção em razão das novas
conquistas da tecnologia, como a cor e os efeitos eletrônicos.
A primeira transmissão em cores da TV brasileira ocorreu em 19 de fevereiro de 1972,
com imagens da Festa da Uva em Caxias do Sul (RS), em sistema de testes. A televisão em
cores foi oficialmente inaugurada em 31 de março do mesmo ano. A formação de redes via
satélite permitiu a enorme penetração do veículo em todo o território brasileiro. Tal fato
acentuou sua força de influência social, modificando costumes e opiniões. As telenovelas
confirmaram sua preferência popular e começaram a ser exportadas para inúmeros países,
divulgando a televisão brasileira.
Na década de 80, com o término da ditadura militar, a televisão brasileira viu surgir
uma grande variedade de programas jornalísticos (debates, entrevistas, noticiários),
valorizando todas as formas de expressão, inclusive a religiosa. Em agosto de 1981, Silvio
Santos inaugura o SBT (Sistema Brasileiro de Televisão) que se tornaria a segunda maior
emissora de TV do país e principal concorrente do império construído por Roberto Marinho.
Já no fim da década de 80, surgiram também as primeiras TVs a Cabo, as Produtoras
Independentes de Vídeo (que tentavam colocar suas programações no ar por meio das grandes
redes) e começou a expansão do aparelho de vídeo cassete residencial, que iria permitir ao
telespectador algumas opções de programação.
Os anos 90 continuaram trazendo à televisão novidades de expansão, de técnica e de
conteúdo. Novas redes surgiram, o sistema de TV à Cabo aumentou e inúmeras emissoras
independentes foram inauguradas, dirigindo-se a públicos mais específicos. No dia 20 de
outubro de 1990 é inaugurada a MTV Brasil, primeira emissora totalmente dedicada a um
segmento específico. Em 03 de junho de 1991, entra em operação a TVA, primeiro serviço de
televisão por assinatura do país. Na programação surgiram novos comunicadores, foi
incentivada a transmissão esportiva, o jornalismo fortaleceu o seu papel de utilidade pública e
de esclarecimento social e foi introduzida a TV Interativa, modalidade na qual o telespectador,
por telefone, passou a decidir o final da atração exibida. A década foi marcada pela veiculação
da violência em todos os níveis de programas (inclusive na telenovela, que continuou a
24
produção de maior audiência da TV), pela excessiva liberdade de transmissão com total
exploração do sensacionalismo e pela comercialização desenfreada, que transformou o vídeo
brasileiro numa vitrine de ofertas.
Na TV do século 21, destacam-se os reality shows, que mostram pessoas comuns em
situações de risco ou de confinamento em busca de fama e dinheiro. Também há de ser
ressaltada a “poluição mental” causada pela baixaria que toma conta dos programas da
televisão brasileira. Muniz Sodré (1985) em seu livro A Comunicação do Grotesco – Um
ensaio sobre a cultura de massa, define o panorama da TV brasileira como algo grotesco,
bizarro. Para o autor, nada do que vai ao ar é por acaso, a intenção é prender a atenção do
telespectador. O “mau-gosto” é proposital visando à audiência. SODRÉ (1985, p.73) define o
que é grotesco:
O grotesco dos programas da tevê brasileiros se configura como uma disfunção social e artística, de tipo especialíssimo, que poderíamos chamar de grotesco escatológico. Aqui, o ethos é de puro mau-gosto. Por quê? Porque o valor estético da crítica e distanciamento é anulado por uma máscara construída com falsa organicidade contextual. O grotesco (em todos os seus significantes: o feito, o portador de aberração, o deformado, o marginal) é apresentado como signo do excepcional, como um fenômeno desligado da estrutura de nossa sociedade – é visto como o signo do outro.
Mesmo assim, a televisão continua sendo o meio de comunicação mais poderoso e
mais influente. Uma pesquisa recente do IBOPE mostra a importância da televisão como meio
de comunicação no Brasil. O resultado comprova que a TV é a diversão preferida dos
brasileiros nas horas de lazer. Perguntados sobre o que mais gostam de fazer em casa, 54% dos
entrevistados responderam que gostam de assistir à TV, como mostra o quadro abaixo:
O que o brasileiro mais gosta de fazer em casa:
Segunda a Sexta Sábado Domingo
Assistir à TV 54% 50% 53%
Ouvir rádio FM 18% 16% 15%
Ouvir música 12% 11% 10%
Brincar com crianças 8% 8% 8%
Ler livros 8% 5% 5%
Praticar esportes/ginástica 6% 8% 8%
Ler jornais 6% 5% 7%
Ouvir rádio AM 6% 5% 5%
25
Fazer trabalhos manuais 7% 5% 3%
Ler revistas 7% 3% 3%
Jogar videogame 4% 3% 3%
Assistir a vídeos 2% 4% 4%
Fonte: Pesquisa de hábitos e consumo de mídia – OPP – IBOPE – Mar/2007
Em um outro questionário, o IBOPE perguntou qual o meio de comunicação que mais
convence o consumidor. O resultado foi o seguinte: 79% responderam televisão; 6%
responderam jornal; 6% responderam rádio e 3% responderam revista. Quando a pergunta foi
qual o meio que mais chama a atenção, 76% responderam televisão; 11% responderam rádio;
7% jornal e 2% revista. A pesquisa quis saber ainda, qual o meio mais confiável? 72%
responderam televisão; 7% jornal; 4% revista e 4% rádio. Por fim, a pergunta foi qual meio
desperta maior vontade de comprar? O resultado foi 68% para a televisão; 9% para o jornal;
7% para a revista e 7% para o rádio.
Como se vê, todas essas transformações contribuíram para a consolidação da televisão
como principal meio de comunicação do país e indica que a televisão permanecerá, por muito
tempo, como a maior formadora de opinião e de conceitos da nossa sociedade.
1.3. O futuro do sistema de transmissão
Para traçar um paralelo entre a forma atual de se transmitir televisão com o futuro, TV
Digital, serão utilizados especificações técnicas consultadas junto à ABERT3 (Associação
Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão); no livro Televisão digital interativa – reflexões,
sistemas e padrões, de Edna G. de G. Brennand e Guido de Souza Lemos; e em sites
especializados sobre o assunto.
A primeira transmissão de uma imagem à distância ocorreu em 1842, quando
Alexander Bain, conseguiu obter a transmissão telegráfica de uma imagem ao inventar o fac-
símile, hoje conhecido como fax4. Desde o seu surgimento, a televisão transmite imagens e
sons através de ondas eletromagnéticas, cuja freqüência é medida em Hertz. Segundo a
ABERT, a largura da banda (faixa) de transmissão é de 4 Mhz, ou seja, 4 milhões de
3 Disponível em: <www.abert.gov.br> Acesso em: 20/jun/2007. 4 Disponível em: <www.tudosobretv.com.br> Acesso em: 22/jun/2007
26
oscilações por segundo. Somando a banda de vídeo com a de áudio e o sincronismo - sync –
chega-se a um total de 6 Mhz.
A faixa eletromagnética da transmissão vai de 52 Mhz até 890 Mhz, sendo de 52 a 216
Mhz para as emissoras de VHF destinados aos canais de 2 a 13, sofrendo entre os canais 5 e 6
um intervalo para as freqüências de 88 a 108 Mhz para FM. As emissoras de UHF usam
freqüências de 216 a 800 MHz.
Transmitidas como se caminhassem sempre em linha reta, as ondas de televisão sofrem
reflexos ao rebater em prédios ou morros, daí os constantes e famosos “fantasmas da
imagem”. A transmissão das ondas chega a um raio de 100 km, contando a partir do ponto
onde se encontra o transmissor.
Em todo o mundo, são vários os sistemas de transmissão do sinal da televisão. Há dez
ou vinte anos, não tinha importância a existência de diversas línguas diferentes no mundo e
diferentes sistemas de televisão, todos incompatíveis. A distância era um grande fator de
isolamento. Porém, o mundo globalizado nos levou a uma outra realidade.
Hoje em dia, com satélites ligando todos os países por meio da televisão, com a TV a
cabo e com a Internet disponibilizando informações em texto, vídeo e áudio virtualmente para
qualquer pessoa no mundo, os padrões incompatíveis e as línguas incompreensíveis
começaram a fazer diferença - e se tornaram obstáculos para a comunicação e compreensão.
Essa diversidade de mídias com acessos variados que a globalização proporciona, tem seu lado
negativo, ao se pensar na exposição e na valorização da liberdade de expressão para povos
reprimidos e controlados por governos ditatoriais. A criação de uma rede global de
informação, já possível quando se considera a internet como mídia, abre a perspectiva da
discussão das incompatibilidades entre padrões dos sistemas de transmissão de TV.
Embora o número total tenha diminuído, ainda existem vários sistemas de transmissão
de televisão incompatíveis no mundo. Isto significa que um programa produzido em um país
não pode ser visto automaticamente em outro, sem que seja feita a conversão para o padrão
técnico apropriado.
Hoje em dia, excluindo a HDTV/DTV (TV de alta-definição / TV digital), três
sistemas básicos transmitem os sinais da TV na grande maioria dos países, embora existam
variações significativas entre eles. Há pouco tempo, eram 14 sistemas diferentes, o que
inflacionava e dificultava a realização de produções feitas para exportação como as séries
americanas e as novelas brasileiras. Estes programas eram produzidos em um formato e
27
transformados em outros para atender os países compradores, aumentando custos e
diminuindo a qualidade.
A diferença entre os padrões básicos de transmissão internacional está centralizada em
três fatores:
→ O número de linhas horizontais da imagem;
→ O tamanho do canal de transmissão (a largura da banda eletrônica do sinal);
→ O tipo de modulação - AM ou FM - utilizado para a transmissão de áudio e vídeo.
Historicamente, o número de linhas de resolução usadas na transmissão de TV já
variou entre 405 e 819 linhas. Atualmente, excluindo os sistemas de alta definição, que serão
discutidos mais tarde, o mundo tem hoje dois padrões básicos de número de linhas: 525 e 625.
Embora o número de linhas tenha variado bastante, todos os sistemas de televisão adotaram
um tamanho padrão de imagem de TV. O quadro de vídeo tem a proporção de 4:3 (largura x
altura). Esta relação proporcional entre as medidas de um quadro é chamada pelos americanos
de aspect ratio, em alusão aos antigos cinemas americanos, que tinham a tela quase que
quadrada.
O sistema NTSC tem 525 linhas e 30 quadros por segundo e é utilizado pelos Estados
Unidos, Canadá, Groelândia, México, Cuba, Panamá, Japão, Filipinas, Porto Rico, e partes da
América do Sul. Cada um dos 30 quadros de vídeo são constituídos por 60 campos de vídeo
por segundo, o que significa dizer que o sistema NTSC tem 525 linhas e 60 campos.
O sistema de 60 campos do padrão NTSC se baseia no sistema elétrico utilizado nesses
países, de 60Hz. Nos países onde o sistema elétrico tem ciclos de 50 Hz, foi mais fácil
desenvolver ou adotar sistemas de televisão compatíveis, ou seja, de 50 campos por segundo.
Todos os outros países do mundo utilizam um dos dois outros sistemas: SECAM
(Systèm Électronique pour Couleur Avec Mémoire) ou PAL (Phase Alternating Line), os dois
com 625 linhas e 50 campos por segundo.
O fato de se ter 100 linhas de definição a mais nos sistemas PAL e SECAM acrescenta
significativamente detalhes e clareza à imagem de vídeo. Porém, quando comparamos os 50
campos por segundo com os 60 campos do sistema do NTSC, podemos notar uma ligeira
trepidação na imagem dos aparelhos que recebem sinais PAL e SECAM.
Ainda assim, os 25 quadros por segundo (que correspondem aos 50 campos por
segundo) estão muito próximos do padrão internacional do Cinema, que trabalha com 24
28
quadros por segundo, o que torna mais fácil a conversão de filmes para os sistemas PAL e
SECAM.
Com o sistema NTSC as coisas são mais difíceis. A velocidade de 24 quadros por
segundo deve ser convertida para 30 quadros. Nos filmes, por exemplo, só se consegue esta
conversão escaneando quadros do filme, duas vezes, em intervalos regulares.
A existência de padrões de transmissão de TV diferentes, como já citado, dificulta o
intercâmbio de programação internacional. Um vídeo feito nos Estados Unidos não pode ser
reproduzido na Inglaterra, por exemplo, sem passar por uma transcodificação (conversão
eletrônica de padrões).
Isto já foi um grande problema. Hoje em dia, com a tecnologia digital, o processo de
conversão de um padrão internacional para outro é bastante simples e rápido, desde que se
tenham recursos para arcar com os custos do equipamento profissional. Os televisores e DVD
disponíveis no mercado são capazes de ler vários padrões.
A TV de alta definição trará mudanças significativas para o sistema de transmissão da
televisão. Há pouco tempo, ainda existia a esperança de que quando o mundo adotasse
definitivamente a TV de alta-definição e TV digital, ou HDTV/DTV, os países concordariam
em adotar um único padrão de televisão global. Esta possibilidade parecia realmente próxima,
quando, no final dos anos 80, muitas nações concordaram com o padrão proposto de 1.125
linhas e 60 campos para HDTV / DTV.
Porém, o sonho acabou quando cerca de 200 líderes de várias nações se reuniram em
uma conferência mundial sobre transmissão de TV. Ali, quando se defrontaram com questões
de ordem técnica e política, eles voltaram atrás no acordo inicial.
Os Estados Unidos, o Japão e alguns outros países adotaram o sistema de 1.125 linhas
e 60 campos, enquanto muitos dos países que utilizavam os sistemas PAL e SECAM mudaram
para um sistema de HDTV/DTV com 1.250 linhas e 50 campos. No Brasil, a discussão sobre o
novo sistema de transmissão que acompanhará a implantação da TV digital, promete render
longas conversas. Três padrões disputaram o mercado brasileiro: o americano ATSC, o
japonês ISDB e o europeu DVB. Porem, o governo brasileiro, após muitos testes, discussões e
críticas, implantou um sistema misto denominado de Sistema Brasileiro de Televisão Digital
(SBTVD).
“Com essa decisão, ao invés de simplesmente comprarmos os direitos de uma televisão
digital, decidimos criar o Sistema Brasileiro de Televisão Digital, com características
29
brasileiras, um projeto não apenas para aqueles que podem pagar por um serviço a cabo ou por
satélite”, afirmou, em discurso durante a cerimônia, o ministro das Comunicações, Hélio
Costa.
Condizente com o discurso do ministro Hélio Costa é a afirmação de Edna Brennand e
Guido Lemos (2007, p. 33):
A evolução das técnicas de codificação digital de áudio e vídeo, aliada aos novos esquemas
eficientes de modulação para transmissões digitais, tornam possível o advento da TV digital e
com ela uma vasta gama de novos serviços. A possibilidade de encapsulamento de dados
para a difusão em conjunto com áudio/vídeo de TV abre um leque de diversas alternativas
para a provisão de serviços avançados. As emissoras poderão não somente disponibilizar
uma programação de alta qualidade de imagem e som, mas também a tornar mais atraente,
permitindo aos usuários interagirem com os programas que estão sendo assistidos.
O capítulo seguinte abordará a TV digital, especificando suas características e sua
contribuição para a evolução dos meios de comunicação.
30
Capítulo II
2. O que é TV digital?
Este capítulo mostra como funciona a TV digital, suas principais ferramentas – Alta
definição e Multiprogramação – quais os sistemas disponíveis para a adaptação da tecnologia
no Brasil e o que isso traz de positivo e negativo para os consumidores e produtores de TV.
O processo de transmissão dos sinais da TV digital é um pouco mais complicado que o
da TV analógica. Na nova tecnologia, as ondas que compõem o sinal analógico são
convertidas em linguagem binária (a mesma linguagem empregada pelos computadores). O
sinal que sai de uma câmera de TV analógica é elétrico e contínuo. No sistema digital, os
pontos luminosos que formam a imagem são convertidos em códigos binários - 0 e 1, ou seja,
as imagens e os sons da televisão serão comprimidos em bits, sendo transmitidos como
seqüências numéricas.
A televisão passará a oferecer a interatividade dos computadores com a imagem do
cinema, uma mudança mais significativa que a atribuição de cor aos televisores na década de
70. Dessa maneira, torna-se relevante apresentar um conceitual sobre a tecnologia digital em
televisão, ponto que será abordado adiante.
2.1. Definição
A nomenclatura TV digital vem da sigla DTV que significa Digital Television e é o
nome genérico para qualquer transmissão de TV totalmente digital. Trata-se de um sistema
31
com transmissão, recepção e processamento digitais, onde os programas podem ser exibidos
por meio de equipamentos totalmente digitais ou analógicos aos quais são acopladas unidades
conversoras (Unidade Receptora Decodificadora – URD). A tecnologia digital utiliza a mesma
linguagem dos computadores, possibilitando uma imagem de cinema, som de CD, múltipla
programação e, principalmente, interatividade.
Isto significa que a televisão poderá assumir vários papéis, dependendo da necessidade
do telespectador: poderá ser uma loja, um banco ou um computador, permitindo fazer
compras, ver o saldo bancário, enviar um e-mail, buscar mais informações sobre um programa
específico, escolher ângulos das câmeras, responder a enquetes, interromper um programa
para ver detalhes mais tarde ou gravar até 60 horas de programação sem intervalos comerciais.
Tudo isso estará ao alcance do telespectador com apenas alguns toques no controle remoto5.
Para Corrêa, a Televisão digital trará mudanças radicais na forma de se assistir e fazer
TV:
Pela primeira vez estaremos vendo a construção de uma versão 2.0, uma versão "NT" de um meio de comunicação já existente. O cinema ganhou cor e som, o rádio ganhou qualidade e se tornou portátil, mas nada se compara ao que está surgindo. A relação entre a TV e seus usuários mudará quase que completamente. Não haverá mais telespectadores. Haverá teleusuários, ou teleinteratores talvez6
Atualmente, a maioria da programação veiculada pelas emissoras de televisão aberta já
é produzida com equipamentos de filmagem e armazenamento digitais. No entanto, como os
segmentos de transmissão e de recepção continuam sendo analógicos, os usuários não
percebem esse ganho de qualidade. Por isso, a introdução da tecnologia digital no serviço de
televisão refere-se, no momento, exclusivamente à digitalização desses dois segmentos, o que
garantirá de imediato melhor qualidade de imagem e som para os telespectadores. A
tecnologia digital, entretanto, ao superar diversas restrições da tecnologia analógica, abre
várias outras possibilidades, onde se destacam a alta definição e a multiprogramação,
inovações responsáveis por essa radical mudança no mais influente meio de comunicação de
todos os tempos.
6 KULPAS, Sérgio. FAQ HDTV. Play. São Paulo, número 3, maio/2002, p. 80.
32
2.1.1. Alta definição
O conceito de alta definição (High Definition Television - HDTV) é anterior ao
advento da televisão digital. Trata-se de uma transmissão de TV com imagens de alta
qualidade e som Dolby. Este conceito surgiu na década de 80, com o objetivo de reproduzir na
televisão, qualidade de imagem e de som equivalentes aos do cinema. Para isso, foi
determinado que seria necessário utilizar o dobro da resolução espacial da televisão comum e,
além disso, tornar a tela mais larga (formato widescreen – 16:9).
A resolução espacial da televisão é medida em parte pelo número de linhas horizontais
na imagem, e parte pelo modo como o sinal chega ao aparelho de televisão: todas as linhas ao
mesmo tempo (modo “progressivo”, como nos monitores de computador) ou com intervalo
entre uma e outra linha de imagem (modo “entrelaçado”, como as TV´s de hoje). Assim, a
HDTV utiliza resoluções de 1080 ou 720 linhas horizontais, ambas com formato de tela 16:9.
As telas atuais de TV têm uma proporção de 4:3.
2.1.2. Multiprogramação
Além da tela em formato widescreen e da alta-definição da imagem e som, a nova TV
traz como uma de suas principais novidades a possibilidade de acesso a diversos programas ao
mesmo tempo, a chamada multiprogramação. Ao contrário do que acontece hoje, a tecnologia
digital vai possibilitar que uma mesma emissora transmita mais de um programa, ao mesmo
tempo, no mesmo canal. A opção de escolher qual programa ver naquele horário ficará a cargo
do telespectador. A partir da transformação dos aparelhos das emissoras em digital, pode-se
optar por várias formas de se transmitir a programação. Cada emissora poderá disponibilizar a
seus telespectadores um único programa em alta-definição (HDTV); um programa em alta-
definição e um em baixa definição (o chamado LDTV, ideal para dispositivos de tela pequena
como o telefone celular de terceira geração); um programa em alta-definição e um em
definição padrão (o que usamos atualmente); três programas em definição média (variação
entre o padrão e a HDTV); quatro programas em definição padrão ou quatro programas em
33
definição padrão e um em baixa definição7. Isto fará com que o telespectador não tenha, por
exemplo, que esperar até altas horas da noite para ver o seu programa predileto.
Além disso, a TV digital fará com que os videocassetes sejam substituídos por um
gravador digital de vídeo, que tem a capacidade de armazenar programas em disco rígido sem
perda de qualidade. Para programá-lo, o usuário utiliza-se do mesmo processo para se fazer
uma busca na internet: entra em um guia eletrônico de programação, digita o que procura e
escolhe, no controle remoto, a opção desejada. Não é preciso nem escolher canal ou horário, o
aparelho grava somente o programa selecionado. Significa dizer que além de escolher o que
ver, o telespectador pode escolher, também, quando ver.
A TV digital também oferecerá serviços dos mais diversos possíveis. Da possibilidade
do usuário acessar sua conta no banco a um pedido de pizza, tudo poderá ser feito na tela da
sua TV. Daí pode-se inferir que até mesmo as locadoras de vídeo teriam seu negócio
ameaçado, numa perspectiva de médio e longo prazo, tal como aconteceu com a mudança
tecnológica entre discos de vinil e CD. Com a tecnologia digital, basta ao usuário acessar o
menu de opções, selecionar um filme qualquer que queira assistir, que imediatamente o filme
estará na tela da TV. Hoineff resume bem o que toda essa revolução trará para o usuário:
Uma criança de 10 anos terá dificuldade em entender, hoje, como, até há pouco tempo, um disco só poderia ser ouvido seqüencialmente e com o contato físico da agulha com a superfície de vinil. Da mesma forma, uma criança que nasça hoje, daqui a dez anos não entenderá como um programa de TV tinha que ser visto num determinado horário e com todos os planos escolhidos pela emissora. Quando atingir a maioridade, ela não saberá mais o que no passado significava emissora, muito menos rede de televisão8.
2.2. Processo de implantação
A implantação de um sistema de televisão digital no Brasil passa pela alteração dos
padrões atuais de transmissão e de recepção, implicando na necessidade de se substituírem os
transmissores e as antenas hoje utilizadas pelas emissoras de radiodifusão de sons e imagens,
bem como os aparelhos de televisão instalados nas residências dos telespectadores.
A escolha do padrão mais adequado para as necessidades do Brasil cabe à ANATEL -
Agência Nacional de Telecomunicações, órgão regulador do setor, que possui atribuição legal
para expedir normas e padrões, de acordo com o que estabelece o inciso XIV do art. 19 da Lei
Geral de Telecomunicações. Como primeiro passo, a ANATEL autorizou a realização de
7 GUROVITZ, Hélio. O futuro da TV. EXAME. São Paulo, edição 772, ano 36, número 16, 07/ago/2002. (quinzenal) 8 HOINEFF, Nelson. A agulha e o vinil. Observatório da Imprensa . Seção: Aspas. Acessado em: 26/set/2007.
34
testes com os três sistemas, definindo o canal a ser utilizado e o local de sua realização. Para
estudar o padrão que melhor se encaixaria nas condições do país, foram formados grupos de
trabalho de especialistas e profissionais da área coordenados pela Associação Brasileira das
Emissoras de Rádio e Televisão – ABERT e pela Sociedade de Engenharia de Televisão e
Telecomunicações – SET. Durante os cinco anos de estudos, representantes de 17 redes de
televisão, fabricantes de equipamentos e instituições de pesquisas levantaram dados técnicos
incluindo cenário, estúdios, equipamentos e fatores socioeconômicos, como o custo dos
aparelhos de TV digital e codificadores. Os grupos realizaram os testes na cidade de São
Paulo, em uma região densamente povoada e com topografia complexa. A definição da
metodologia, os testes e os resultados de campo e de laboratório foram acompanhados por
técnicos da própria ANATEL e da Fundação CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento
em Telecomunicações), contratada com essa finalidade.
Os testes realizados no Brasil foram os primeiros no mundo a comparar os três
sistemas de transmissão. Durante meses uma unidade móvel mediu os sinais emitidos pela
antena da TV Cultura em São Paulo. Um laboratório de pesquisa foi montado para realizar
testes comparativos entre os três sinais de padrões diferentes.
O relatório final do grupo ABERT/SET trata estritamente dos aspectos técnicos dos
três sistemas e conclui que o sistema ISDB-T, empregado pelos padrões europeu e japonês, é
tecnicamente superior e mais adequado às condições brasileiras que o sistema 8VSB utilizado
pelo padrão americano. Para decidir entre os padrões europeu e japonês, o relatório conclui
que seriam ainda necessários testes adicionais e complementares, além da consideração de
aspectos de mercado. Os autores do relatório disseram ainda, que:
Apesar da superioridade técnica e de flexibilidade do sistema ISDB-T, há necessidade de
serem considerados outros aspectos, tais como, o impacto que a adoção de cada sistema terá
sobre a indústria nacional, as condições e facilidades de implementação de cada sistema, os
prazos para sua disponibilidade comercial, o preço dos receptores para o consumidor, a
expectativa de queda desses preços, de modo a possibilitar o acesso mais rápido a todas as
camadas da população:
Com a finalidade de garantir a escolha adequada e de acabar com as especulações em torno da escolha do sistema de TV digital a ser adotado no país, a Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão e Telecomunicações (SET) propôs ao mercado a criação do Projeto Piloto Brasil de TV Digital, que envolve a criação de uma emissora de TV que promova
35
testes de campo do modelo digital de TV aberta, baseado em associações semelhantes já criadas nos Estados Unidos, Japão e Inglaterra.9
Roberto Franco, vice-presidente da SET, disse em entrevista ao site da Laboris
Consultoria que a idéia é viabilizar todos os testes técnicos e mercadológicos de forma a diluir
os investimentos para emissoras, fabricantes de eletroeletrônicos, desenvolvedores de
conteúdo e agências de publicidade. O projeto foi apresentado para todos os setores
envolvidos no segmento de TV digital e prevê a criação de uma entidade sem fins lucrativos
que vai gerenciar a operação da emissora de teste. Ainda segundo Franco, a entidade vai
esperar a definição da ANATEL sobre o padrão tecnológico a ser adotado no Brasil para, em
seguida, montar a infra-estrutura da emissora, na cidade de São Paulo10.
A intenção da SET era começar a trabalhar com a emissora teste até o final do primeiro
semestre de 2002. No entanto, a ANATEL – que havia se comprometido a divulgar o padrão
tecnológico até o final de julho – adiou mais uma vez a decisão por entender que o momento
não era adequado, uma vez que o país vivia período de eleição.
A estimativa da SET é que a emissora tenha gastos anuais de cerca de R$ 2 milhões, já
contando com a isenção de impostos e com o empréstimo de equipamentos prometido por
alguns fabricantes. A idéia é fazer transmissões em alta potência para toda a cidade de São
Paulo, podendo também instalar televisores em lugares públicos para demonstração dos
serviços que serão possíveis na era digital.
Para o vice-presidente do Grupo SET, Roberto Franco, a emissora teste vai ter
condições de oferecer ao mercado todo tipo de aplicação para avaliar a receptividade do
público. “É ele quem vai orientar as estratégias de mercado de cada emissora”, afirmou.
A revolução que a TV digital promete trazer para o mercado brasileiro parece ser maior
que a inserção da cor na programação, em 1972, na transmissão da festa da uva em Caxias do
Sul. Com a diferença de que o brasileiro não vai esperar 20 anos para assistir a uma TV com
melhor qualidade. Em pouco tempo, será possível escolher – o que é melhor – o que se irá
assistir.
9 Relatório Final do grupo SET/ABERT. Disponível em: <www.anatel.gov.br> Acesso em: 18/jul/2007. 10 Disponível em: <www.laboris.com.br> Acesso em: 25/jul/2007.
36
2.3. Aspectos positivos e negativos
A maioria das pessoas tem aversão a mudanças. Toda mudança traz realizações e
transtornos. Assim sendo, a mudança do sistema de transmissão da televisão também tem seus
problemas e devem ser considerados a fim de preparar a população para a mudança inevitável.
A implantação de um sistema de televisão digital no Brasil passa pela alteração dos padrões
atuais de transmissão e de recepção, o que gera a necessidade de se substituir os transmissores
e as antenas hoje utilizadas pelas emissoras de radiodifusão de sons e imagens, assim como os
aparelhos de televisão instalados nas residências dos telespectadores.
Este talvez seja o problema mais iminente de todo o processo de implantação da TV
digital no Brasil. A desigualdade social existente no país impossibilita, à grande maioria da
população, ter acesso às novas tecnologias e de renovar seus eletrodomésticos. A fase de
transição de um sistema para outro não será fácil visto que além das emissoras, os
telespectadores também terão custos elevados para se adaptarem ao novo sistema.
Alguns fabricantes de aparelhos demonstraram preocupação com a decisão sobre o
sistema a ser adotado, pois temiam que fosse escolhido um sistema que privilegiasse a alta
definição, o que inviabilizaria o pleno acesso dos telespectadores à tecnologia digital, devido
ao alto custo dos receptores. Segundo matéria publicada na revista EXAME11, 90% do
mercado de televisão no Brasil é de aparelhos de tela pequena, mais baratos e vendidos à
prestação. A TV de alta definição trabalha, além da tecnologia mais avançada, com aparelhos
de dimensões maiores. A preocupação dos fabricantes era garantir que a decisão sobre o
sistema adotado assegurasse aos consumidores adquirirem receptores digitais da mesma forma
que hoje adquirem os analógicos, com ampla possibilidade de escolha de modelos e
fabricantes.
Outra preocupação era a forma com que os telespectadores receberiam o sinal digital.
Os fabricantes queriam garantias de que os aparelhos digitais recebessem livremente o sinal
digital, sem que seus usuários tivessem que pagar taxas ou mensalidades mesmo durante o
processo de transição com se faz hoje com o sistema analógico.
A favor da tecnologia digital estão todos os recursos que foram colocados no item
anterior. Imagem e som de cinema, possibilidade de interação, diversidade de uso e a
11 GUROVITZ, Hélio. O futuro da TV. EXAME. São Paulo, edição 772, ano 36, número 16, 07/ago/2002, (quinzenal).
37
multiprogramação, que já promovem e promoverá grandes mudanças na relação telespectador
x televisão. Porém, estas facilidades nem sempre são vistas com bons olhos.
Uma recente pesquisa realizada na Inglaterra, país onde a TV digital está mais
avançada atingindo mais de 40% das residências, constata que 62% das pessoas não utilizam
os recursos de interatividade da TV digital. Segundo o presidente mundial da Intel, Craig
Barret disse à mesma revista EXAME, “o público decidiu que TV é para entretenimento.
Quando quer interagir, vai ao PC”. Outro dado interessante da matéria diz que mesmo na
Dinamarca o usuário leva em média seis meses para perceber que sua TV é interativa.
Estas constatações deixam claro que a dificuldade do telespectador não é só financeira,
mas também de hábito. Estes dois pontos colocados tornam inevitáveis as comparações com o
surgimento do CD, que servirá de base para a resposta da pergunta central deste trabalho que
é: A TV convencional, como a que temos em casa, vai acabar?
Vimos que a mudança implicará na substituição dos aparelhos existentes por outros
decodificados e adaptados à nova tecnologia. Porém a resposta não é assim tão óbvia quando
se pensa o caso do Brasil. A desigualdade social e o acesso à tecnologia restrito a uma
pequena parcela da população pode atrapalhar os planos das empresas deste segmento.
Voltemos ao caso dos CD´s. O disco de vinil deixou de ser produzido comercialmente há mais
de dez anos e a fita K-7 há quase dez anos. No entanto, grande parte da população ainda não
tem aparelho de som que toque o CD.
Não há como obrigar uma pessoa a adotar um sistema sem que esta tenha condições
para tal. Neste aspecto, televisão e CD são totalmente distintos. No caso do CD, mesmo na
época do disco de vinil, o indivíduo tinha que disponibilizar um valor para adquirir o disco.
Pagava-se e paga-se hoje para ter o aparelho de som e o disco de determinado artista. Na
televisão isso não acontece. Compra-se apenas o aparelho de TV. Os programas chegam às
casas sem que o telespectador tenha que pagar por isso. O telespectador que não puder migrar
para o novo sistema perderá o direito de ter o lazer da televisão e isso pode ser considerada
uma forma injusta de exclusão.
Regulamentar esta transição de forma a dar condições a todos os usuários da televisão
de se adaptarem ao novo sistema e não cometer injustiças é tarefa da ANATEL e do governo
federal em parceria com os governos estaduais e municipais. Durante debate no Congresso
ABTA 2002, cujo tema foi “Um Novo Modelo”, o superintendente de Serviços de
Comunicação de Massa da Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL, Ara Apkar
38
Minassian, disse que a viabilização da TV digital brasileira passa obrigatoriamente pela
disponibilização de um conversor do sinal de baixo custo, para acesso das classes sociais C, D
e E12. Inicialmente, quando a TV Digital foi lançada em São Paulo, um conversor custava
cerca de R$ 900,00, hoje em São Paulo o telespectador já pode achar conversores simples a
partir de R$ 199,00. O conversor permite, ao ser conectado ao aparelho de TV em uso
atualmente, de padrão analógico, a transformação do sinal analógico em digital. Estas questões
sendo respeitadas e a tecnologia estando ao alcance de todos, não há dúvidas quanto à
qualidade superior do novo sistema e quanto à efetiva substituição do modelo atual pelo
digital.
Outro desafio para a TV digital é encontrar uma forma de não prejudicar seus
anunciantes. A tecnologia digital transfere o poder de escolha da programação ao
telespectador. Além de poder ver o que quiser, na hora que quiser, o telespectador poderá
escolher como assistir aos seus programas favoritos. Isso quer dizer que o intervalo comercial
que temos hoje passará a ser opcional. O telespectador só verá a propaganda se quiser. Os
“vídeos-cassete” da era digital são capazes de armazenar até 60 horas de programação em
disco rígido e, como a transmissão é em código binário, com um simples toque no controle
remoto pode-se excluir os comerciais da gravação final. Isto pode fazer com que o
faturamento das emissoras caia consideravelmente, uma vez que os anúncios representam a
principal receita das emissoras de TV em todo o mundo.
Mais uma vez se percebe as dificuldades que a mudança traz, principalmente quando a
mudança afeta toda uma sociedade. Mas vários estudos já foram feitos pelas autoridades
competentes e os técnicos responsáveis pela implantação do Sistema Brasileiro de Televisão
Digital considerando todos os aspectos, positivos e negativos aqui colocados, para que não
haja prejuízo para nenhuma das partes.
12 Disponível em: <www.anatel.gov.br> Acesso em: 20/out/2007
39
Capítulo III
3. O Que é Interatividade?
O vocábulo interatividade tem diversos significados, dependendo de onde ele esteja
inserido. Para o nosso trabalho de pesquisa, vamos usar a palavra interatividade com o sentido
extraído do Dicionário Houaisess da Língua Portuguesa, página 1632:
Interatividade s.f. 1 qualidade de interativo. 2. capacidade de um sistema de comunicação ou equipamento de possibilitar interação. 2.1 INF ato ou faculdade de diálogo intercambiável entre o usuário de um sistema e a maquina, mediante um terminal equipado de tela de visualização.
Tendo como base o significado 2 e 2.1 de interatividade definido por Houasiss,
podemos dizer que interatividade não é algo novo na televisão brasileira, pois em 8 de abril de
1992 o programa Você Decide da Rede Globo dá o primeiro passo rumo a interatividade na
TV Brasileira. Neste programa, o telespectador escolhia, através do telefone, o final que seria
dado à história dramatizada por atores na tela. O formato fez tanto sucesso que foi vendido
para mais de trinta países, incluindo a BBC de Londres. Em 24 de agosto de 1999, a mesma
Rede Globo lança o canal Globo Internacional que oferece programas da emissora 24 horas
por dia, em português, aos assinantes em diversos países.
Com a chegada da TV Digital ao Brasil em 2 de dezembro de 2007, o seu grande
atrativo são as novas possibilidades de interação entre telespectador e máquina. Mais do que
qualidade, quantidade ou portabilidade é a possibilidade de interagir que modificará a maneira
como o usuário assiste à televisão. A rigor, assistir, neste caso, vai se tornar, um dia, um verbo
40
transitivo direto também. Em entrevista ao portal http://www.rnp.br o professor Carlos
Ferraz13 identificou três maneiras de interagir: local, one-way e plena.
Local é quando algo chega ao receptor e o usuário interage com seu próprio
equipamento, sem enviar nada de volta para o emissor. Por exemplo, se durante um jogo de
futebol o espectador tem a opção de ver as estatísticas da partida. Estas estatísticas são
enviadas o tempo inteiro para seu aparelho receptor sem que o usuário as solicite, mas ele só
vê aquilo que ele seleciona. Outro exemplo são as filmagens com várias câmeras, permitindo
ao espectador selecionar o ângulo que deseja ver a cena.
One-way é quando o espectador envia algo para o emissor, mas sem receber resposta.
Por exemplo, nas votações e enquetes. Em bom português, é a comunicação de mão única. No
exemplo dado por Ferraz, em vez de o espectador telefonar, acessar um site ou mandar um
torpedo pra dizer quem deve sair do Big Brother, ele pressiona um botão em seu controle
remoto para dar seu voto.
Por último, a interatividade plena é aquela com canal de retorno e que é tão mais
comum na Internet. É o caso de chats e de algumas aplicações multimídia que agora chega a
TV Digital Brasileira.
O termo “interatividade” surgiu, de acordo com Silva (2000, pp.84-87) , no contexto
das críticas aos meios e tecnologias de comunicação unidirecionais, que teve início da década
de 70, e hoje está em pleno uso. Entretanto, alguns o utilizam como sinônimo de interação,
outros como um caso específico de interação, a interação digital. Para outros, ainda,
interatividade significa simplesmente uma “troca”, um conceito muito superficial para todo o
campo de significação que abrange. Num primeiro momento é necessário, portanto,
compararmos e/ou distinguirmos interatividade de interação.
3.1 Interação e interatividade.
Interação é um conceito bem mais antigo que interatividade e utilizado nas mais
variadas ciências como “as relações e influências mútuas entre dois ou mais fatores, entes, etc.
Isto é, cada fator altera o outro, a si próprio e também a relação existente entre eles” (PRIMO
E CASSOL, 1999) . No âmbito das comunicações, essas relações e influências podem se dar
de diversas maneiras, seja na forma de difusão unilateral, como é o caso da TV e da imprensa,
13 Disponível em <http://www.rnp.br> Acesso em: 20 de outubro de 08.
41
seja na forma de diálogo ou reciprocidade, como é caso da troca de correspondência, postal ou
eletrônica. Em ambos os casos temos uma situação em que a mensagem não pode ser alterada
em tempo real, o que faz com que a relação seja linear e o sistema fechado, mas que assim
mesmo permite, segundo Lévy (1999,p.79) , que o destinatário decodifique, interprete,
participe, mobilize seu sistema nervoso de muitas maneiras e sempre de forma diferente de
outro destinatário, diferente inclusive de si mesmo em momentos distintos, (re)apropriando e
(re)combinando as mensagens veiculadas.
O computador, em especial as redes de comunicação e os CD-Roms disponibilizam
informações de forma não seqüencial, o que permite que o acesso a elas seja aleatório.
Configurando-se num espaço aberto para conexões possíveis, de acordo com Silva (2000,
p.137) , essa tecnologia permite ampla liberdade para “navegar”, fazer permutas ou conexões
em tempo real, podendo o usuário transitar de um ponto a outro instantaneamente, sem
necessidade de passar por pontos intermediários, de seguir trajetórias predefinidas. O caminho
a ser trilhado e as conexões a serem estabelecidas são definidos pelo usuário. Essa dimensão
criativa e libertária é possibilitada pelo fato de que essas tecnologias utilizam como estrutura
básica a hipertextualidade, o que supõe potencialidade e permutabilidade, ou seja, grande
quantidade de informações instantâneas e total liberdade para combiná-las, o que leva o leitor
interativo a:
“Produzir narrativas possíveis. Dependendo do que ele fizer acontecer, novos eventos ou combinações podem ser desencadeados. Então, ele mesmo não sabe o que vai acontecer. Depende da conexão que fizer a cada momento, depende do acaso” (Silva, 1998, p.34) .
Dessa forma, constitui-se um ambiente não de emissão, mas de implicação, de
interpenetração, de atuação, de intervenção, de modo que o usuário não pode mais ser visto
como mero receptor, à medida que não se contenta mais em assistir o que se passa na tela. Ele
imbrica-se com, conjuga-se a ela, define o que se passa, passa a fazer parte da ação. Assim, o
usuário tem também a possibilidade de interromper o processo.
Isso é o oposto de alternabilidade, onde os participantes alternam-se em suas ações: um
participante deve esperar que o outro termine sua ação para que possa atuar. Como o processo
interativo deve ser mútuo e simultâneo, cada participante deve ter a possibilidade de atuar
quando bem entender. Esse modelo de interação estaria mais para uma conversa do que para
uma palestra. Porém, a interruptabilidade deve ser mais inteligente do que simplesmente
trancar o fluxo de uma troca de informações. (Primo e Cassol, 1999, p. 55)
Dessa forma há uma superação das tradicionais relações interativas lineares. Não há mais separação entre emissor e receptor. Todo emissor é potencialmente um receptor e todo
42
receptor é potencialmente um emissor, ambos produzem conjuntamente, codificam e decodificam ao mesmo tempo, o que permite que as diversidades se expressem, sem o crivo de um centro emissor.
Entretanto, apesar dessa potencialidade das tecnologias hipertextuais, nem tudo o que
está disponível hoje na Internet ou na TV Digital apresenta essas características. Muitos sites
têm se apresentado como cópia de textos impressos, disponibilizando poucas ou nenhuma
conexão, permitindo ao usuário apenas fazer uma leitura linear do que está ali disponível, o
mesmo fato se repete inicialmente na TV Digital, onde o usuário ainda é bem limitado quanto
a interatividade. Com isso o processo é interrompido, a dimensão criativa e libertária é
bloqueada e a interatividade não se instaura como ela se propõe.
Portanto, interatividade vai além de interação digital. Para SILVA (1998, p.29) , a
interatividade está na “disposição ou predisposição para mais interação, para uma hiper-
interação, para bidirecionalidade - fusão emissão-recepção -, para participação e intervenção”.
Não é apenas um ato, uma ação, e sim um processo, inclusive instável, uma abertura para mais
e mais comunicação, mais e mais trocas, mais e mais participação.
Enquanto interação nos leva a uma atualização, a um acontecimento, interatividade nos
leva a uma virtualização, a um estado de potência, à abertura de um campo problemático.
Interatividade é a disponibilização consciente de um mais comunicacional de modo expressivamente complexo, ao mesmo tempo atentando para as interações existentes e promovendo mais e melhores interações – seja entre usuário e tecnologias digitais ou analógicas, seja nas relações “presenciais” ou “virtuais” entre seres humanos. (Silva, 2000, p.20)
Temos, portanto, um movimento entre interatividade e interação, onde não são os
momentos de interação em si, os fatos isolados que devem ser considerados, e sim a relação
desses fatos com o campo de possibilidades de onde eles emergem e que permitem que
apareçam e desapareçam, num devir constante. Essa potencialização, essa abertura a um “mais
comunicacional” extrapola o âmbito das TICs, podendo e devendo ocorrer em todas as formas
de relação, sejam elas presenciais ou não, estejam elas utilizando tecnologias hipertextuais ou
não.
Para a educação, a compreensão desse conceito é de fundamental importância, uma vez
que a relação pedagógica é uma relação entre seres humanos. Logo, a todos os sujeitos da
educação deve ser oferecida essa possibilidade. Com isso, transformam-se os papéis
desempenhados por professores e alunos em sala de aula. Essa mesma possibilidade de
interação se repete em meios eletrônicos como a TV Digital. Em São Paulo, capital, o governo
faz uso das possibilidades de interação da TV Digital para interagir com os alunos do Tele
43
Curso 2000 da Fundação Roberto Marinho. Mesmo antes da TV Digital, os alunos do Tele
Curso 2000 já interagiam com os produtores do programa por carta e e-mail, hoje essa
interação se dá pela tela da TV Digital.
3.2 A TV Digital Interativa na Sociedade Informacional
Para diversos observadores e teóricos, entre eles ROSNAY (1998) e LOJKINE (1999),
hoje se presencia a chamada revolução informacional, que, partindo da retroalimentação e da
sinergia de uma série de tecnologias, constituíram o que CASTELLS (1999) chama de a era da
informação e do conhecimento. Este período conjuntural como pode ser visto logo abaixo,
também é conhecido como terceira revolução informacional, que nasce sob embasamento do
termo tecnologia da informação.
Neste contexto, cabe salientar que de acordo com as modernas teorias, esse fenômeno
citado acima, ou terceira revolução industrial se inicia no final dos anos setenta através de uma
crise econômica mundial baseada nas tecnologias da informação e comunicação. A partir
desse ponto se inicia um processo de mudanças econômicas, políticas e sociais que desemboca
na chamada sociedade da informação, onde têm papel destacado os meios de comunicação,
que para adaptarem-se a esse novo modelo de desenvolvimento e crescimento, têm sofrido
alterações importantes como, por exemplo, a transição para a era digital.
Toda essa conjuntura nasce e se movimenta em torno da tecnologia, uma vez que para
explicar as mudanças e diferenças nos padrões e difusão das tecnologias de informação, surge,
no final da década de 80, o termo "tecnologia da informação" que incorpora em seu conceito a
idéia de envolvimento de um conjunto de áreas: informática, telecomunicações,
comunicações, ciências da computação, engenharia de sistemas e de software. Para
CASTELLS (1999), ‘as tecnologias de informação fazem parte de um conjunto convergente
de tecnologias em microeletrônica, telecomunicações, radiodifusão entre outras que usam de
conhecimentos científicos para especificar as coisas de maneira reproduzível’.
Para exemplificar essa situação, temos o fenômeno da convergência tecnológica, e
particularmente a transição da TV analógica para a TV Digital Interativa, que consiste na
possibilidade de uma televisão digital terrestre com canal de retorno que viabilize além da
convergência de telefone, televisão e Internet, ou TV a cabo e Internet em um só aparelho, a
interatividade entre receptor, aparelho e programação. Devido a essa junção, e às possíveis
44
conseqüências políticas e culturais destes meios na sociedade, as produções comunicacionais
que se adaptam a cada um dos meios citados, considerando linguagem, público e alcance,
deverão repensar e discutir sua postura diante da tendência atual, a fim de trabalhar novas
propostas de conteúdo para os novos meios tendo em vista os públicos atingidos por estes.
Deve-se salientar, no entanto que dentro dessa revolução informacional encontram-se
dois fenômenos similares em magnitude, porém distintos em sua essência: mundialização e
globalização. De acordo com VILCHES (2001) a mundialização é um fenômeno cultural que
surgiu da industrialização e que rompeu com as tradições obrigando a sociedade a uma rápida
transformação ou a uma desaparição segura de características culturais heterogêneas.
Conceituação similar é feita por LATOUCHE (1994) ao estudar o que ele chama de
ocidentalização do mundo, que afirma existir atualmente uma massificação da cultura
ocidental sobre as orientais.
Globalização por sua vez para VILCHES (2001) significa que as atividades industriais
e econômicas se desenvolvem em escala global e não regional, ou seja, a globalização tem
fundo econômico e expressa certo grau de reciprocidade e interdependência das atividades
repartidas nas diversas áreas internacionais. É interessante que ao se observar às características
da globalização no que diz respeito à informação e a comunicação, percebe-se, em primeiro
lugar, que a emergência dos conglomerados dos multimídias internacionais são chaves para a
difusão da informação. Em segundo lugar, que as novas tecnologias da informação, desde os
satélites ao cabo, da microeletrônica à digitalização, têm um impacto social de efeitos até
agora impossíveis de predizer em toda sua magnitude.
Com proposta similar à da Comissão Européia, em 2000 é lançado o Livro Verde sobre
a Sociedade da Informação no Brasil (TAKAHASHI, 2000), que apresenta entre suas metas de
implementação do Programa Sociedade da Informação e propostas de aplicações de
Tecnologia da Informação, considerações sobre a convergência com telecomunicações, a
implantação da TV Digital e as preocupações com novos modelos de negócios advindos dessa
transição para a digitalização, termo este que segundo BUSTAMANTE E MONZONCILLO
(1999) há de ser entendida como uma evolução técnica que vem catalisar os processos
anteriores, incentivar suas tendências, extremar e acelerar seus processos.
Tais encaminhamentos ocorrem devido ao surgimento e desenvolvimento crescente e
contínuo da internet, e, nos últimos anos, devido a uma convergência acelerada das
telecomunicações e da comunicação permeadas pela informação. Esse fenômeno
45
aparentemente recente já havia sido estudado anteriormente de maneira quase profética através
de um relatório encomendado pelo governo Francês em 1978 em que a convergência recebe o
nome de telemática. Tal conceito foi também estudado mais recentemente por DIZARD
(1998) que o denomina de "nova mídia".
VILCHES (2001) afirma que começam a desaparecer as diferenças entre os meios
tecnológicos (televisão, computador, rádio, telefone) ao mesmo tempo em que a diversificação
de empresas tende a disseminação acelerada pelas alianças entre o setor público e privado.
Vive-se deste modo frente a inovações de corporações das telecomunicações, da informática e
da indústria do entretenimento, ou seja, surge terreno fértil para o desenvolvimento de meios
convergentes. O mesmo autor, em 2003 afirma que atualmente a necessidade de estudar a
convergência não se limita mais apenas ao âmbito tecnológico, está em andamento também
uma convergência de conteúdos, tendo em vista a era digital e o surgimento de meios híbridos
como a TV Digital Interativa.
A convergência tecnológica da internet com outros meios (TV, rádio e telefones de
última geração) assegura a entrada dos consumidores em uma fase de globalização telemática,
onde a principal característica é a convivência interativa do telespectador com meios e
conteúdos convergentes. Em outras palavras, é possível dizer que os computadores, a
convergência tecnológica e a migração para a era digital tornam possível a teoria pós-
moderna, ou ainda, dá lugar ao surgimento uma nova forma de televisão, bidirecional, que
possibilitará ao telespectador conforme afirma JOLY (2003) o que MATUCK (1995) chama
de "interação horizontal e interindividual".
3.3 A Ginga do Middleware
A TV Digital ainda é uma incógnita. Poucos telespectadores sabem como realmente ela
irá funcionar e menos ainda entendem sua tecnologia. Afinal, o que é e qual a utilidade do
middleware? De uma maneira clara, Edna Brennand e Guido Lemos (2007, p.99) definem-no
como:
Middleware é um neologismo criado para designar camadas de software que não constituem diretamente aplicações, mas que facilitam o uso de ambientes ricos em tecnologia da informação. A camada do Middleware concentra serviços como identificação, autenticação, autorização, diretórios e outras ferramentas de segurança. No contexto da TV digital, o middleware vem a ser o software que controla suas principais facilidades (grade de programação, menus de opção), inclusive a possibilidade de execução de aplicações, dando suporte à interatividade.
46
Todos os padrões de TV Digital existentes pelo mundo possuem um middleware
específico. Para que possa existir a compatibilidade entre os middlewares desenvolvidos e
assim permitir que aplicações de diferentes padrões possam ser executadas em middleware
divergente do seu sistema de origem, surge a necessidade de se criar uma especificação
comum para sistemas de TV Digital, designado GEM – Globally Executable MHP6 (SOUZA,
LEITE E BATISTA, 2007, online). Pois, conforme Montez e Becker:
A comunidade que desenvolve as tecnologias para TV Digital percebeu, há algum tempo, que provedores de serviços não teriam sucesso comercial se tivessem que desenvolver serviços interativos que não fossem portáteis em set top boxes de diferentes fabricantes. (MONTEZ E BECKER, 2004, p. 131)
Como foi visto no parágrafo acima, é necessária a definição de um middleware para o
modelo de TV Digital adotado por um determinado país. No caso do Sistema Brasileiro de TV
Digital, o padrão adotado foi o Ginga. A arquitetura do Ginga é formado por dois subsistemas
principais: Ginga-NCL e Ginga-J, uma vez que esses são responsáveis, respectivamente, pelas
aplicações de apresentação baseadas em documentos hipermídia escritos em linguagem NCL
(Nested Context Languagem) e para prover uma infra-estrutura de execução de aplicações
baseadas na linguagem Java, que segue o preceito adotado pelo GEM, com facilidades
especificamente voltadas para o ambiente de TV Digital.
Baseado nos estudos de Soares, Rodrigues e Moreno (2007, online) Ginga-NCL é um
subsistema lógico do Sistema Ginga responsável pelo processamento de documentos NCL. É
formado por um decodificador de conteúdo declarativo chamado Maestro e contém a
linguagem XHTML. O foco da linguagem declarativa NCL é mais amplo do que o oferecido
pela XHTML, porém não a substitui, mas embute documentos baseados em XHTML, já que
este último é uma linguagem baseada em mídias, o que significa que a sua estrutura é definida
pelos relacionamentos entre objetos XHTML que estão embutidos no conteúdo das mídias do
objeto, sendo classificada como uma linguagem de marcação.
Como a NCL tem uma separação mais determinada entre o conteúdo e a estrutura, ela
não define nenhuma mídia em si. Ao contrário, ela define a interseção que prende as mídias
em apresentações multimídia. Fazendo com que um documento NCL apenas defina como os
objetos de mídia são estruturados e relacionados no tempo e espaço. Ela não restringe ou
prescreve os tipos de conteúdo dos objetos midiáticos, podendo, dessa forma, ter objetos de
imagem (GIF, JPEG etc.), de vídeo (MPEG, MOV etc.), de áudio (MP3, WMA etc.), de texto
(TXT, PDF etc.), de execução (Xlet, Lua, etc.), entre outros, como objetos de mídia NCL.
47
O Ginga-J é a parte procedural do Sistema do middleware Ginga. De acordo com
Souza et. al. (2007, online), o componente indispensável deste aplicativo é o mecanismo de
execução do conteúdo procedural, também conhecidas como Xlets, que tem por base uma
Máquina Virtual Java.
Ginga-J especifica um conjunto de APIs (Aplication Program Interface) que permitem
o desenvolvimento de aplicações avançadas para serem usadas na TV Digital, incluindo as
APIs de integração com dispositivos externos (telefones celulares, PDAs, etc.), APIs de envio
de mensagens assíncronas – pois vários telespectadores podem interagir com a plataforma
Ginga, simultaneamente, através da existência de um canal de retorno (conexão com a Internet
ou controle remoto, por exemplo).
Dessa forma, o Ginga configura-se como o middleware que possibilita o
desenvolvimento de aplicações interativas para o Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre
(ISDTV-T). Além da novidade do set top boxes a TV Digital oferece mudanças na qualidade
da imagem e do som. Mas vale lembrar, que alguns aparelhos de TV Digital já oferecem
internamente um receptor, dispensando o uso do set top box. Porém, o auxílio dessas
“caixinhas decodificadoras” se torna essencial no atual contexto da era digital aqui no Brasil,
porque a televisão digitalizada possui preços elevados, inviabilizando o comércio em larga
escala. Por isso, “os set top boxes são adotados como dispositivos intermediários entre o sinal
analógico e o digital” (MONTEZ E BECKER, 2004, p.114).
A transmissão digital no Brasil, em seu início, tem como foco som (surround 5.1) e
imagens digitais (HDTV). Mas será possível assistir à TV em dispositivos portáteis, assim que
colocados à venda no mercado como os que a AOC já sisponibiliza. Depois, com o passar do
tempo, a interatividade deve ganhar força e dessa forma novos programas serão
desenvolvidos.
3.4 Possíveis implicações da implantação da TV Digital interativa
no Brasil
Diante do exposto até o momento é correto afirmar que a introdução das novas
tecnologias em geral, da convergência tecnológica, e, da implantação da TV digital em
particular, é aparentemente um fato irreversível. Cabe salientar, no entanto, que um estudo
como este não deve desconsiderar que normalmente tais processos são conduzidos pela lógica
48
de mercado, das grandes empresas transacionais e baseado em avanços científicos e
tecnológicos, desconsiderando muitas vezes as complexidades e implicações que tais
processos acarretam à sociedade.
De acordo com WOODARD (1994), a convergência tecnológica trará consigo
mudanças significativas para a televisão devido à mídia interativa. A idéia padronizada que se
tem é que a TV será incorporada à mídia interativa não sendo mais vista como um meio
isolado. Contudo, antes de adentrar em conceituações acerca da TV digital cabe salientar que
na verdade muitos fatores neste processo não são tão inovadores assim, tanto interatividade
(na arte e na Internet, por exemplo) como TV digital (por cabo e/ou satélite como Sky e
DirectTV) já existem em meio à nossa sociedade, a inovação é justamente a junção dos
conceitos em um processo convergente de tecnologia e conteúdo.
Para exemplificar o exposto pode-se citar a afirmação de TOME (2003) de que um
sistema de televisão é composto de três segmentos: produção de conteúdo (estúdio),
transmissão entre emissora e usuário, e o receptor do usuário. Tendo em vista que muitos
estúdios de produção já são digitais e na recepção também existem funções digitais (embora
limitadas), o que se entende por digitalização e vem sendo alvo de estudos e discussões
atualmente é necessariamente a transmissão do sinal aberto (terrestre) de televisão no Brasil.
De acordo com o contexto acima, TV digital ou TV de alta definição (HDTV) trata-se de um
sistema de radiodifusão televisiva que transmite sinais digitais em lugar dos atuais sinais
analógicos. Uma das principais características da mesma diz respeito à sua eficiência,
resolução da imagem e possibilidades de serviços interativos oferecidos junto ao sinal, o que
caracteriza então a TV interativa.
De acordo com ALBOMOZ et alii (1999), em termos gerais, a transmissão digital de
sinais de televisão com suas possibilidades de interatividade e "em conseqüência de oferta de
serviços e de mercado e rentabilidades" (BUSTAMANTE, 1999,p.27) implica uma série de
características diferenciadas que possibilitará reduzir custos de equipamentos de transmissão e
seus suportes, incrementar o número de programas, serviços e sinais disponíveis, melhorar e
graduar a qualidade de transmissão e facilitar a convergência entre o audiovisual, as
telecomunicações e a informática, além de permitir ao telespectador de certa forma interagir
com a produção do que é transmitido.
Vale ressaltar, no entanto, que até o momento somente o Brasil e a China (que também
optou por desenvolver seu próprio padrão) testaram os três padrões disponíveis no mercado.
49
Outros pontos que merecem destaque na conceituação sobre TV digital são os esclarecimentos
de ZUFFO (2003, p.3) que afirma:
Dada à complexidade da questão da TV digital é fundamental a correta diferenciação entre Modelo, Sistema e Padrão digital. O modelo de TV digital incorpora a visão de longo prazo e o conjunto de políticas públicas. (...) O sistema de TV digital é o conjunto de toda a infra-estrutura e atores (concessionárias, redes, produtoras, empresas de serviços, ONGs, indústrias de conteúdo e de eletroeletrônicos). O Padrão de TV digital é o conjunto de definições e especificações técnicas necessárias para a correta implementação e implantação do Sistema a partir do Modelo definido.
Os encaminhamentos sobre a implantação da TV digital no Brasil vêm acontecendo
desde 1998, quando uma comissão formada pela SET (Sociedade de Engenharia de
Televisão), CPqD (Centro de Desenvolvimento e Pesquisa em Telecomunicações), ABERT
(Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) e Universidade Mackenzie
realizaram testes entre os padrões (Americano ATSC de 1993, o europeu DVB de 1993 e o
Japonês ISDB de 1999) que indicavam o padrão Japonês mais apto ao país. A definição do
padrão a ser adotada que estava prevista para setembro de 2000 foi prorrogada e tal decisão
deixada para o governo advindo das eleições de 2002 (HERNANDEZ e POSTOLSKI, 2003),
fato que só veio se concretizar em dois de dezembro de 2007, quase dez anos após as
primeiras discussões.
Com a mudança no quadro governamental nas eleições de 2002, várias alterações
foram introduzidas neste contexto pelo novo Ministro de Comunicação através do Projeto de
Decreto que cria o Grupo Executivo do Projeto de TV Digital - GET, da Exposição de
Motivos da Política de TV Digital e do Anexo à Exposição de Motivos, culminando com a não
adoção de um dos padrões disponíveis no mercado e proposta de desenvolvimento de um
padrão brasileiro de TV digital com características muito particulares como algumas descritas
abaixo:
� Oferecer novas ferramentas tecnológicas de comunicação para serem utilizadas em
políticas públicas de inclusão social e digital;
� Oferecer total interatividade, ao menor custo de produção de equipamentos, programas
e serviços por parte dos investidores, e de uso e acesso por parte dos consumidores;
� Ser aberta, livre e gratuita para o usuário final, quando na modalidade exclusiva de
difusão;
� Proporcionar ao povo educação, cultura e entretenimento;
� Contribuir para garantir a universalidade do idioma, a integração nacional e o exercício
da cidadania.
50
Cabe salientar, no entanto, que aparentemente a grande inovação da proposta do
governo Brasileiro está relacionado ao fato de pensar a TV digital dotada de total
interatividade como uma ferramenta para combater a exclusão digital e conseqüentemente
desigualdade social. Tal proposta vem sendo questionada por alguns pesquisadores e a
proposta de uso para inclusão social é apontada como inviável no documento de autoria do
Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (2003) enviado ao Ministério das
Comunicações por ocasião do debate público sobre as propostas de Política de TV digital.
O advento da convergência tecnológica e a implantação da TV digital colocarão
certamente novas questões, que demandarão também o aperfeiçoamento das matrizes teóricas
vigentes. Um questionamento, por exemplo, é sobre como será o comportamento das pessoas
frente à televisão interativa, quando já habituadas à passividade ou pseudo-interação da
televisão atual. Embora a TV Digital já esteja instalada em cinco capitais brasileiras, ainda são
relevante os questionamentos acerca do sistema e padrão adotados, do modelo de negócios e
de como serão as produções comunicacionais para os meios digitais, e quais os reflexos
políticos e culturais destes na sociedade, sendo estes os principais questionamentos que
levantamos no presente trabalho.
Acerca da Interatividade na televisão, STANDKE (2002), afirma que há algum tempo
as emissoras têm buscado interagir com o telespectador. Alguns exemplos são os programas
em que você decide o final ou elimina quem participa, onde perguntas são respondidas pela
internet ou frases que aparecem nos programas de domingo.
Sobre as possibilidades interativas na televisão, VILCHES (2003, p.237) afirma que a
interatividade afeta também a informação e a comunicação em suas modalidades estruturais
como o consumo e a programação. Para o autor, trata-se de um diálogo entre uma pessoa e
uma máquina, onde informação, programa e produto aprecem como interfaces da TV Digital
interativa.
De acordo com SABATINNI (2000), TV interativa não é um conceito novo, em muitos
países europeus, começou com o videotexto e o teletexto, embora o videotexto não seja
totalmente interativo. Outro sistema surgido é a Web-TV que também não é totalmente
interativo, pois embora agregue dois aparelhos, TV e internet, os mesmos não são usados
simultaneamente, ou se assiste TV ou se navega na internet. Um bom exemplo no Brasil é o
softwer MegaCubo que permite ao internauta assistir mais de 500 canais pela internet.
51
A TV interativa propriamente dita é uma tecnologia que integra o acesso à Internet e a
recepção de canais de vídeo, uma interface combinada de Internet/TV/telefone ou Internet e
TV a cabo, no mesmo aparelho o que permite inclusive, no segundo caso, dispensar a linha
telefônica. Já está em estudos a transmissão de dados para a interatividade pela rede elétrica na
cidade de Barreirinhas estado do Maranhão14. O autor salienta que para este novo meio
convergente não existem limites conhecidos.
O ponto central desse capítulo situa-se justamente nas transformações sociais advindas
da implantação da Televisão Digital dotada de interatividade, pois, se os meios passam a ter
em suas características a capacidade de ação mútua com o receptor, os processos
comunicacionais e, portanto os comunicólogos devem adaptar-se a essa nova realidade, uma
vez que, em breve, não saberemos dizer se uma televisão é uma televisão, se é um computador
ou se o sistema telefônico existe somente para transportar o som através do espaço,
interconectando à distância, duas pessoas que não se vêem.
Frente aos adventos da TV Digital interativa, surge o questionamento central do nosso
trabalho sobre como deve proceder a sociedade frente às implicações políticas, culturais e
sociais dos novos meios como a TV digital interativa e como a comunicação deve adequar sua
produção para a convergência tecnológica tendo em vista que uma mesma mensagem deve
satisfazer diferentes características dos meios convergentes entre os quais alguns são passivos,
outros reativos e outros interativos, ou seja, possivelmente serão necessários novos modelos de
conteúdos para a TV Digital.
Em resumo, as novas redes estão desenhando um mundo baseado em comunidades
informacionais, que enlaçam governos, instituições e empresas, alterando os velhos vínculos
determinados pela proximidade e obrigando os espaços globais, porém restritos de
simultaneidade, a adaptações emergenciais. Nessa sociedade informacional, surgem novos
meios nascidos da convergência tecnológica e que exigirão novos formatos, novos conteúdos,
adaptação dos comunicólogos para os formatos comunicacionais específicos e surgidos
especificamente para os meios convergentes, em particular a TV Digital Interativa. Somado a
isso, tais meios convergentes trarão implicações econômicas, políticas e principalmente
culturais para a sociedade onde estiverem inseridos.
14 http://info.abril.com.br/aberto/infonews/092008/01092008-33.shl Disponível em: 20 de outubro de 2008.
52
3.5 Nova TV ajudará na inclusão digital
Quando a TV Digital Interativa foi implantada em 2 de dezembro de 2007, os
conversores custavam entre R$ 500,00 e R$ 1000,00. mas com o passar do tempo e os
incentivos do governo, o preço baixou e as pessoas das classes C, D e E já tem acesso a
conversores que custam entre R$ 199,00 sem o GINCA, solftwer que permite interatividade e
R$ 299,00 com GINGA. (Ver o item 3.3 A Ginga do Middleware).
Segundo o professor de engenharia elétrica da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo
Queiroz15, que fez palestra sobre as especificações técnicas do novo sistema, a maior
finalidade da TV digital é promover a inclusão digital. “O adaptador da TV digital é, na
verdade, um computadorzinho pouco sofisticado, mas é um computadorzinho. Então, para
aquele pessoal das classes C, D e E, que não tem condição nenhuma de ter um computador,
teria essa TV digital”, disse Queiroz. Ele se refere às possibilidades de criar mecanismos de
interatividade com o novo sistema, por meio da televisão.
“É uma porta dos fundos para conseguir colocar computador em casa, mesmo não
sendo um computador normal, é uma TV que pode fazer ´meio-computador´”, afirmou o
professor. Para ele, as classes A e B não terão interesse na TV digital, pois boa parte delas já a
tem por meio das televisões a cabo e computadores com acesso à internet.
Uma das particularidades do sistema de TV digital brasileiro é que essa interatividade
será possível graças ao software Ginga, desenvolvido no Brasil. Nos modelos atuais de
conversores digitais, porém, ele ainda não pode ser encontrado.
“O grande problema é que, quanto mais conversores saírem sem Ginga, diminui o
mercado para os conversores com Ginga. Logo, os que tiverem ficarão mais caros”, prevê o
professor Queiroz. De acordo com Queiroz, esse é outro fator que pode atrapalhar a idéia de
inclusão digital por meio do novo sistema de TV.
Para exemplificar tecnicamente a mudança que a TV digital traz para a sociedade, o
professor fez três analogias: a mudança do vinil para o CD – que acabou com os ruídos nas
músicas –, do VHS para o DVD, que melhorou a qualidade da imagem, e do celular analógico
para o celular digital, que ampliou as possibilidades de interação – com o modelo analógico,
15 http://info.abril.com.br/aberto/infonews/122007/04122007-2.shl disponível em 25 de outubro de 2008.
53
não era possível, por exemplo, a troca de mensagens SMS, ferramenta comum a quase todos
os modelos disponíveis.
Apesar de toda a interatividade possível, o professor Carlos Ferraz16 não acredita que a
TV digital substitua o computador pessoal. Ele diz que o usuário encara televisor e
computador de maneiras diferentes. Em resumo, a TV digital pode usar a rede IP e levar o
espectador a usar recursos típicos de Internet (como o chat do exemplo acima), mas as
experiências de navegar pela Internet e de assistir a um programa televisionado são diferentes.
Sob uma perspectiva antropológica, a primeira é uma experiência solitária (o usuário e o
computador), enquanto a segunda tende a ser mais social (a família e a TV). Pelo menos por
enquanto.
3.6 Perspectivas do novo sistema
Focalizemos agora nossa atenção nos segmentos envolvidos na produção e recepção da
televisão no Brasil deve se comportar durante o processo de transição. Para isso, será feita
uma avaliação dos custos que essa transição irá gerar, da possibilidade dos consumidores
aderirem à nova tecnologia e como ficará o profissional de comunicação neste contexto de
mudanças.
A maioria destes dados são subjetivos, uma vez que não há base para que se afirme
situação futura da TV Digital, visto que até agora só está implantada em cinco capitais ( São
Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba). Corrêa resume bem a
dificuldade de se chegar a dados concretos quando se fala de uma possibilidade futura:
A TV digital está em gestação, e a todo momento lemos sobre o sucesso iminente e/ou o fracasso possível, sobre como nada vai mudar na publicidade, ou sobre como tudo vai mudar sim senhor, porque as relações serão outras. O fato é que muitos estão pensando no quando fazer, e em fazer bonito, e (novamente) se esquecendo do "como fazer" e do "pra quem fazer17.
Enquanto não há muitos estudos sobre o futuro da TV Digital no Brasil. Os estudos
preliminares mostram que é de fundamental importância observar o “como fazer” e o “pra
quem fazer” para se obter sucesso nesta empreitada. No Brasil, mesmo com as características
que lhe são peculiares, espera-se uma mudança demorada, que leve em consideração o público
16 Disponível em <http://www.rnp.br> Acesso em: 20 de outubro de 08. 17 CORRÊA, André. Como fazer TV digital. Gazeta Mercantil . Caderno Finanças e Negócios. Belo Horizonte, 01/abr/2002, p. 34
54
a ser atingido e traga melhores oportunidades para os profissionais da área de comunicação. A
seguir, serão apresentados os argumentos utilizados por estudiosos do tema e levantadas às
discussões que ainda carecem de respostas.
3.7 É possível?
A primeira pergunta que vem à tona quando a discussão passa para o lado das
perspectivas é se a efetiva implantação da televisão digital no Brasil é realmente possível. Para
responder a esta pergunta é preciso, mais uma vez, avaliar a adequação da tecnologia digital às
dificuldades técnicas do país.
As emissoras brasileiras têm excelentes estruturas, produzem uma programação de
qualidade, se comparada às emissoras de outros países, e trabalham com equipamentos
bastante avançados. Algumas delas já promoveram testes de transmissão digital, e já estão se
preparando para a adequação de seus profissionais e equipamentos às novas técnicas de
funcionamento.
Porém, a possibilidade de toda a população ter acesso ao sinal digital em 10 anos,
como prevêem os especialistas, dependerá da forma como a transição será feita. Se forem
respeitadas as diferenças, principalmente as sociais, e houver garantia de que o telespectador
será o maior beneficiado, a possibilidade de se ter uma televisão moderna, com milhares de
recursos e transmissão digital é perfeitamente viável.
3.8 Custos para operacionalizar
A efetivação do sistema digital para a transmissão da televisão no Brasil demandará
grandes investimentos tanto para as emissoras como para os telespectadores. Segundo
Hoineff18, “A definição do padrão digital é um negócio em torno de US$ 10 bilhões. Isso,
computando apenas o que será gasto para reequipar as emissoras e os receptores domésticos de
TV”. Na maioria dos casos, as emissoras terão que substituir todos os equipamentos de
gravação, edição e transmissão de imagens. Os telespectadores terão, pelo menos, a opção de
num primeiro momento adquirir apenas um conversor que lhe dará acesso ao sinal digital.
18 HOINEFF, Nelson. A agulha e o vinil. Observatório da Imprensa . Seção: Aspas. Acessado em: 26/set/2002.
55
Entretanto, a qualidade da imagem e algumas possibilidades interativas não estarão à
disposição do mesmo devido à incapacidade técnica do aparelho de TV convencional.
3.8.1. Para o Telespectador
Para que o telespectador tenha acesso aos novos recursos disponibilizados pela TV
Digital Interativa, ele tem que pelo menos comprar um conversor que ofereça suporte a
interatividade. Em São Paulo já é possível adquirir conversores a partir de R$ 199,00 segundo
informações do próprio Ministério das Comunicações. Só que esse tipo de conversor não dá
suporte a interatividade. Os conversores que oferecem interatividade custam em média R$
299,00, esse é o tipo de conversor que o ministro das comunicações Hélio Costa incentiva
comprar19.
O telespectador que quiser mais qualidade de imagem e desfrutar melhor os recursos
da TV Digital deve desembolsar um pouco mais de Reais e comprar uma TV de LCD que hoje
no mercado já pode ser encontrada por pouco mais de mil reais os modelos mais simples.
3.8.2. Para as emissoras
De acordo com os estudos já feitos sobre o tema, os custos da nova tecnologia para as
emissoras serão exorbitantes e nem elas conseguem fazer um cálculo aproximado. Além dos
equipamentos de transmissão, edição e captação de imagens, as emissoras terão que investir
em cursos e treinamentos para os funcionários e ainda dispor de um número maior de
profissionais, para produzir maior quantidade de programas, a fim de aproveitar todos os
recursos que a nova TV disponibiliza.
Além disso, as emissoras terão que desenvolver grupos de estudo para discutir novas
formas de atender aos anunciantes, que não terão mais garantias de visibilidade de seu
produto, uma vez que os programas não terão horários fixos e o telespectador é quem optará
por assistir ou não os comerciais.
19 http://www.mc.gov.br/ disponível em 4 de novembro de 2008.
56
Na Paraíba, a previsão é que a TV Digital chegue a João Pessoa durante o ano de 2009.
Para saber como anda o processo de adaptação, entramos em contato com o Sistema Correio
de Comunicação e com o Sistema Paraíba de Televisão, mas até o momento de conclusão
desse trabalho não obtivemos respostas. Nos sites dos dois sistemas consultados também não
oferece informações sobre a TV Digital.
3.9 Campo para o profissional de comunicação
Até agora, muito se falou nas mudanças tecnológicas. Porém, para que a nova
tecnologia atinja seus propósitos é preciso que os profissionais envolvidos estejam em sintonia
com o processo de mudança, a fim de otimizar os serviços e dar condições aos consumidores
de utilizar todos os recursos que esta tecnologia pode proporcionar.
HOINEFF (2001; p. 174), afirma que:
A revolução digital traz em seu bojo a ampliação radical da idéia de uma televisão que em nada se pareça com a que conhecemos até agora. Em muito pouco tempo, em questão de uma década ou menos, a televisão já não transmitirá em tempo real, exceto em alguns casos – quando o jornalismo, em particular, o exija. A televisão não mais organizará o tempo do telespectador. O seu tempo é que irá organizar a programação que ele quer ver.
Daí pode-se inferir que o profissional de comunicação, principal responsável pela
programação da televisão atual, terá papel ainda mais relevante neste contexto de mudanças
que já começou. As emissoras têm pouco tempo para se adaptar e esta mudança inclui os
profissionais que atuam na produção, redação e execução técnica dos programas.
Daqui para frente, as estratégias de comunicação, os planos de mídia, a medição de
audiência e a produção de programas na televisão serão bem diferentes. A segmentação será
ainda maior fazendo com que a comunicação ganhe força, uma vez que mais opções
significam maior poder de escolha e, quanto maior a possibilidade de escolha, mais
investimentos em comunicação são necessários, a fim de estabelecer uma imagem positiva
aliada à qualidade do produto oferecido, conquistando assim, mais clientes para o seu negócio.
Outro fator relevante que a segmentação intensa traz para os profissionais de comunicação é o
fato de surgirem novos postos de trabalho, já que a produção de programas será muito maior
não só pelo aumento da concorrência, mas também como forma de aproveitar os recursos que
a tecnologia digital oferece.
57
Pensando em todas estas mudanças que a TV digital promoverá nas emissoras de TV
de todo o país até 2010, pode-se vislumbrar um cenário bastante promissor para os
profissionais da comunicação que estão acompanhando os avanços da tecnologia.
Com a teórica transferência do comando da programação ao telespectador aumenta a
importância de se ter profissionais de comunicação estrategistas, que consigam desenvolver
ações que mantenham os níveis de audiência.
A interatividade é outro ponto importante. A TV interativa exige habilidade dos
profissionais que a fazem para convencer os telespectadores a tomarem decisões, fazerem
escolhas e otimizar esta relação que em países mais desenvolvidos, onde a TV digital já está
funcionando, ainda não trouxe resultados satisfatórios.
Por fim, a possibilidade de uma mesma emissora transmitir, ao mesmo tempo, até
cinco programas diferentes, vai exigir um número maior de equipes que trabalharão na
produção destes programas. Logo, serão novas vagas que se abrirão para os profissionais de
comunicação, que deverão estar em contato constante com as inovações tecnológicas e com o
processo de produção de televisão. Alguns profissionais da Paraíba, a exemplo dos
pesquisadores do LAVID – Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital da Universidade
Federal da Paraíba (http://www.lavid.ufpb.br/equipe.html) que inclusive, desenvolveram
softwares relacionados à implantação da TV Digital no Brasil.
Assim, quem se preparar vai decolar com a TV Digital interativa, caso contrario pode
está fadado ao futuro da TV Analógica.
58
Capítulo IV
4. Considerações finais
A televisão no Brasil, além de ter importância relevante no setor econômico, é também
de grande importância do ponto de vista social, uma vez que atinge cerca de 85% dos lares
brasileiros, segundo dados divulgados pelo IBGE em 2007, se consolidando como o mais
importante, senão o único, meio de acesso à informação de grande parte da população
brasileira. O Brasil lidera o mercado de aparelhos de televisão na América Latina com cerca
de 50 milhões de aparelhos de TV instalados. Todo este sucesso, (só em 2000, foram
consumidos 5 milhões de televisores) pode ser explicado pelo fato do serviço de televisão no
Brasil ser prestado gratuitamente, possibilitando ao telespectador acesso a informação e
entretenimento. Nos últimos anos, a televisão se consolidou como o mais importante meio de
comunicação do país justamente por essa característica.
A introdução da tecnologia digital na televisão é considerada revolucionária por não se
comparar a nenhuma outra mudança vivida pela televisão. Trata-se de uma mudança de
paradigma. A decisão tomada pelo governo brasileiro é, portanto, muito crítica, pois no futuro
próximo, essa tecnologia irá transformar drasticamente as relações entre os usuários e as
emissoras de televisão aberta e os serviços hoje prestados por esse fantástico meio de
comunicação. Além disso, a tecnologia digital poderá alterar a forma como são organizadas e
59
gerenciadas as empresas do setor e até conformar novos padrões de concorrência tanto no
setor de radiodifusão como na indústria de equipamentos.
É de fundamental importância que todas estas questões sejam avaliadas para que
possamos ter uma televisão mais moderna, com maiores opções de programação e que cumpra
seu papel social tão importante no nosso país. Se tudo isso acontecer, a TV digital será um
grande sucesso e abrirá caminhos para que as inovações façam parte do nosso dia-a-dia
guiados por uma tecnologia que não sabemos até onde pode nos levar.
Assim que a TV Digital alcançar todo o Brasil, em meados de 2013 (CARPANEZ e
BUENO, 2007, online), será possível fazer novos projetos que busquem novas formas de
interatividade. Ressaltando que é essa característica que faz o diferencial no Sistema Brasileiro
de Televisão Digital e que é através dela que se pretende diminuir a exclusão social.
É necessário que se comece a trabalhar o assunto dentro das universidades, que se
incentive a produção de mais projetos desenvolvendo novas formas de interatividade. E ao
profissional de comunicação que pensem acerca da necessidade das produções
comunicacionais com os meios convergentes.
Portanto, quando a TV Digital Interativa estiver disponível em todo o país, e seus
custos já estiverem acessíveis às camadas mais carentes, a política nacional empregada na
difusão da interatividade (diferencial brasileiro aos outros sistemas digitais existentes)
promova a inclusão social e uma verdadeira participação democrática. Para que o seu discurso
de prosperidade e autonomia não se redunde em seu efeito contrário.
60
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65
ANEXO 1
66
Glossário
1. Quando começou a TV Digital?
No dia 2/12/2007, a televisão brasileira deu o primeiro passo para uma nova era: a das Transmissões
Terrestres Digitais na grande São Paulo, que passou a receber as primeiras imagens de TV Digital no Brasil (Ver
Obs. 1). A Fig. 1 mostra essa data em uma tela plana 16:9 e com barras coloridas (Color Bars) que é um sinal de
teste muito usado pela engenharia de TV. Quem está preparado para essa revolução tecnológica? O que precisa
ser feito para usufruir dessa nova mídia que vai alterar a rotina de todos?
Figura 1 – Tela plana 16:9 mostra a data de inauguração da TV Digital no Brasil.
Economicamente, socialmente, cientificamente, politicamente, tecnologicamente, comercialmente e
qualquer outro advérbio terminado em “MENTE” será afetado por essa nova forma de VER TV. A TV analógica
persiste desde as experiências com o disco de Nipkov (Ver Obs. 2), considerado por muitos como o inventor da
TV; a única novidade foi a introdução das cores, na década de 1950 nos EUA; no Brasil elas chegaram em 1972,
no dia 19 de fevereiro com a transmissão da FESTA DA UVA diretamente de Caxias do Sul; eram somente 500
televisores coloridos recebendo a transmissão.
2. O que é a TV analógica?
Tecnicamente falando, e de maneira simplificada, podemos dizer que a TV analógica forma a imagem e
o som de modo contínuo. Por isso vemos hoje imagens com contornos borrados (principalmente nas partes
coloridas), chuviscos provocados por interferências (secadores de cabelo, liquidificadores, motores de carros /
motos de modelos mais antigos com ignição convencional, são exemplos bem conhecidos de todos), fantasmas,
ruídos, distorções na cor da pele das pessoas, dificuldade para ler textos e números pequenos e, além de tudo,
ouvir um som pobre, que às vezes até vem em estéreo. Mas quando falamos em TV analógica estamos nos
referindo somente à transmissão, porque nos estúdios, praticamente todas as Emissoras já usam o formato digital.
O telespectador é passivo (não interage com a mídia) e para assisti-la é necessário estar dentro de uma sala na
hora que o programa vai começar.
3. O que muda com a TV Digital?
A TV Digital transforma cada minúsculo elemento da cena e do som em um número binário formado
somente por zeros (0) e uns(1); é a mesma linguagem tecnológica dos computadores. E o que ela trás de
diferencial para o telespectador? O primeiro grande impacto é a ALTA DEFINIÇÃO (Ver Obs. 3), que aparece
67
na mídia com as siglas HD (High Definition - Alta Definição) ou HDTV (High Definition Television - Televisão
de Alta Definição) em inglês. Alta Definição significa ver mais detalhes na imagem (como nos cinemas, por
exemplo). A introdução da HDTV será gradual, (mas as transmissões já vão iniciar no formato digital com
resolução comum conhecida como SD de Standard Definition). O telespectador vai sentir a diferença, porque as
distorções da TV analógica já citadas desaparecerão, ou seja, teremos uma imagem limpa e ainda um som com
qualidade dos atuais CDs. Ouvir som Surround 5.1 – É um som com 6 caixas acústicas, realce dos graves,
conhecido na mídia como som de Home Theater. Esse som somente será usado com HDTV. Tela no formato
16:9. Esse número é a relação entre Largura e Altura da tela; às vezes é chamada de “tela de cinema” ou “tela
larga”. Esse formato permite ver mais áreas das cenas do que a TV tradicional analógica, cuja relação é 4:3 (tela
quase quadrada). Essa característica, em coberturas esportivas, nos trás a sensação de estarmos assistindo o
evento no local onde ele acontece. Os analistas técnicos terão de ter mais cuidados nos seus comentários, porque
estaremos com mais informações na tela (Ver Obs. 4). Mobilidade e Portabilidade são características que vão
acabar com a angústia de chegar rapidinho em casa para não perder “Aquele Programa”. O nosso sistema de TV
Digital permite que os programas possam ser vistos dentro de ônibus, carros, barcos, aviões, Lap tops, em
celulares com os telespectadores em movimento, nos desk tops dos escritórios, ou até com receptores de bolso.
Multiprogramação - É uma alternativa para a Alta Definição, que permite ver programas diferentes no mesmo
canal, ou ver o mesmo programa com vários ângulos/posições diferentes (muito bom para esportes em geral).
Poderá reduzir conflitos em casa: Um vê Novela, Outro vê Notícias, o Terceiro vê Esportes e o Quarto vê
Desenhos. Esse recurso é configurável e a Emissora poderá diminuir o número de canais aumentando a
resolução; por exemplo, dois programas com resolução maior que o SD, mas menor que o HD. Para usar esse
recurso, precisa ter um aparelho para cada programa, até porque o Áudio vem embutido no vídeo do programa
Interatividade permite fazer compras pela TV sem ter que usar telefone, votar em pesquisas, consultar o
guia de programação das emissoras e outros serviços que vão aparecer à medida que a TV Digital for se
consolidando em todo país
4. O que preciso fazer para assistir a TV Digital?
Essa resposta vai depender dos desejos e das facilidades técnicas que cada um tem hoje no seu endereço
residencial/profissional. As primeiras transmissões digitais, na cidade de São Paulo, serão feitas na faixa de UHF.
Logo, aA primeira providência é verificar se nos seus endereços é possível receber imagem de TV em UHF
(Ultra High Frequency - Freqüência ultra-alta), usando ANTENA INTERNA. Elas são pequenas e diferentes das
normalmente vistas em instalações de Antenas Coletivas. A Fig.2 mostra uma só como referência. Se não for
possível, será necessário instalar uma ANTENA EXTERNA de UHF. Existem muitos modelos. A Fig.3 mostra
um entre vários disponíveis.
Se você mora em condomínio, é importante consultar um profissional da área, uma vez que é essencial
que o sistema de antena coletiva esteja em boas condições de captar, processar e distribuir os canais de UHF.
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Fig.2 - Uma antena interna de
UHF
Fig.3 - Uma antena externa de
UHF
Resolvido o problema da antena de UHF, é preciso conhecer outro produto chamado de conversor digital
(Set-top-box, Caixinha conversora etc); a indústria criará outros nomes para ele, mais fortes em termos de
marketing. Para que serve esse dispositivo? Basicamente ele executa três funções: 1 - Converte a TV Digital em
TV analógica para os atuais televisores analógicos ou as telas de LCD e Plasma já à venda. A indústria já colocou
no mercado televisores de LCD e plasma com conversor digital embutido. 2- Permite Interatividade. 3 - Permite
funções adicionais como, por exemplo, usar um disco rígido chamado PVR (Personal Vídeo Recorder – Ele
substitui os atuais Videocassete, mas com qualidade digital) para gravar programas. ATENÇÃO: comercializar
programas gravados diretamente DO AR continua sendo crime. A indústria oferecerá vários tipos de conversores
digitaisoxs, desde o mais simples (popularmente chamado de zapper - nome originado do jogo Nintendo.
CUIDADO! Verifique se ele permite receber HDTV), que só atende ao item 1 acima, até o mais sofisticado que
atende a todos os três. Veja na Fig.4 um conversor digital.
Fig. 4 Um Conversor digital com seu controle remoto.
5. Falta alguma coisa mais?
SIM. Agora podemos comparar o que temos com o que desejamos assistir, para decidir sobre
investimento.
1 - Temos um aparelho de TV Digital Integrado, com conversor digital Completo e sintonizador de canais
embutidos. Nessa situação não é necessário comprar nada; é só ligar o cabo da antena de UHF no televisor,
escolher o programa e deliciar-se com a nova mídia;
2 - Temos um aparelho de TV Digital sem sintonizador (normalmente é chamado de Monitor, como nos
Microcomputadores, por exemplo, ou como se usa a TV atualmente com o reprodutor de DVDs externo. Nesse
caso temos que comprar um conversor digital; o modelo vai depender do que se deseja obter da TV Digital. Quer
gravar e fazer Interatividade? Usa o Completo. Só quer ver? Usa o modelo básico. A nossa indústria vai oferecer
muitas outras opções intermediárias.
3 - Temos um Televisor analógico.
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A situação é semelhante ao item 2 anterior. Será necessário adquirir um conversor digital, cujo modelo vai
depender do que o usuário deseja. A diferença é que a qualidade da imagem e do som vai ser definida pelo
televisor analógico, mas a imagem será boa, clara e livre de fantasmas e/ou ruídos; e o som vai parecer CD. Bem,
com essas informações há duas alternativas para escolher:
1 – Preparar o seu endereço social e profissional para receber essa nova mídia, ou
2 – Pedir ao vizinho para assistir no endereço dele.
6. seg: É a tecnologia de transmissão digital de TV para aparelhos portáteis e móveis com áudio, vídeo e dados.
Os dispositivos 1-seg são capazes de decodificar exclusivamente informações de áudio, vídeo, dados etc.,
contidas no segmento central.São treze segmentos no total. Este segmento central pode ser submetido ao processo
de entrelaçamento de freqüência sem o envolvimento das demais porções do espectro de radiodifusão. Esse tipo
de configuração permite a criação de um serviço portátil (1-segmento), que consiste em uma das camadas do
serviço de televisão. Esta tecnologia possibilita que seja transmitido um sinal de TV para dispositivos móveis
mesmo em movimento, sem interferências e perda da qualidade do sinal.
7. 4:3: Ver relação de aspecto.
8. 16:9: Ver relação de aspecto.
9. AAC: A sigla AAC significa advanced audio coding, também conhecido como MPEG-2 part 7 ou MPEG-4
part 3, sendo esta última a adotada pelo padrão Brasileiro de TV digital. O AAC é um formato de áudio, que
recorre a compressão com perda de dados. O AAC foi projetado como um codec de desempenho melhor em
relação ao MP3, sendo promovido como seu sucessor para codificação de áudio em taxas de bits médias a altas.
O AAC possui ferramentas que otimizam a utilização de banda chamadados Spectral Banda Replication (SBR) e
Parametric Stereo (PS). Quando o SBR é utilizado, o AAC passa a ser chamado de HE-ACC v.1 onde a sigla HE
significa High Efficiency (alta eficiência). A ferramenta PS permite que o áudio estéreo possa ser transmitido
com uma baixa taxa de bits, sendo útil para as transmissões no serviço 1-seg que possui uma banda de
transmissão disponível limitada por utilizar apenas um dos 13 segmentos.
10. Ângulo de visão: Quanto maior for o ângulo de visão, maior a possibilidade de posicionamento lateral para
assistir televisão sem a perda de qualidade. Sendo assim, é necessário que antes de adquirir um televisor, o
consumidor avalie o ambiente onde será instalada de forma a garantir que o posicionamento dos telespectadores
atenda ao ângulo de visão proporcionado pelo televisor.
11. Aspect ratio: Ver relação de aspecto.
13. AVC: Ver H.264.
14. Brilho: Quanto maior o brilho de um televisor, maior será quantidade de luz emitida e melhor será a
qualidade da imagem, principalmente em ambientes com maior iluminação. A quantidade de brilho é medida
através do número de candelas (unidade de medida de intensidade de luz) por metro quadrado.
15. Canal de retorno: Possibilita o tráfego de informações entre o telespectador e a emissora de TV. Essa
comunicação pode acontecer por diferentes tecnologias, como por exemplo, a Internet, o telefone fixo ou a rede
de telefonia celular.
16. Canal virtual: É a função que dispensa a necessidade de decorar novos números dos canais digitais uma vez
que estes números serão os mesmos já existentes nos canais analógicos. Os números dos canais, tanto em VHF
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quanto em UHF, podem variar de acordo com a região do país. Sendo assim, a função de canal virtual permite
que a numeração dos canais locais seja disponibilizada ao telespectador de forma automática.
17. Compressão: Um método eletrônico para redução do número de bits requeridos para armazenar ou transmitir
dados dentro de um determinado tempo ou um espaço definido. A indústria de vídeo utiliza diversos tipos de
métodos de compressão, porém o método adotado para DTV é o MPEG-4. Para a compressão de áudio, o método
de compressão adotado para DTV é o AAC.
18. Canal de interatividade: É o mecanismo de comunicação que fornece conexão entre o receptor e um
servidor remoto.
19. Conexões multimídia: São as conexões através das interfaces USB, Firewire e ethernet. São utilizadas de
diversas formas, como por exemplo: atualização do conversor, visualização de fotos no televisor e instalação de
aplicações interativas via USB, transferência de vídeos e imagens via Firewire e conexão aos dispositivos para o
canal de interatividade através da porta ethernet.
20. Conversor ISDB ou Conversor Digital ISDB: É o componente que converte o sinal da TV Digital para
exibição das imagens no televisor, conhecido em inglês como “set-top box”. O conversor pode ser vendido
separadamente no formato de conversor “Set Top Box” ou estar incorporado (integrado) ao televisor. O
Conversor pode oferecer diversos tipos de saídas, dentre eles: HDMI, Vídeo Componente, S-Video ou Vídeo
Composto, além de saídas de áudio analógicas e digitais.
21. Conversor Digital ISDB – HD: É todo conversor digital ISDB que possui saída de sinal em “Alta Definição
- HD”.
22. Definição: É o nível de detalhamento que a imagem pode possuir, esta é medida em número de linhas
horizontais, padronizada no sistema ISDB em 480, 720 e 1080 linhas.
23. Definição do Televisor: É o menor elemento de imagem (detalhe mais fino) que o Televisor ou monitor de
TV foi projetado para exibir. Resolução é a quantidade desses elementos nas direções vertical e horizontal do
Televisor/Monitor. Quando se diz que o Televisor é Full HD 1920 x 1080, significa que ele pode mostrar 1920
pixels na direção horizontal e 1080 na vertical, dando um total de 2073600 (1920x1080) Pixels em toda tela.
Caso a definição do sinal recebido seja diferente (maior ou menor) do que a definição nativa do
Televisor/monitor de TV, este será ajustado automaticamente para a sua definição nativa (Ver
Downconverter/Upconverter). No nosso sistema ISDB a Resolução na direção vertical está padronizada em 480,
720 e 1080 linhas.
24. Dolby digital: É um formato de compressão de dados de áudio, e que permite armazenar áudio em múltiplos
canais independentes. O Dolby digital 5.1 é o mais comum e define o sistema surround típico, formado por cinco
caixas acústicas, sendo uma caixa central, 2 caixas frontais e 2 caixas traseiras, além do subwoofer.
25. Downconvert: Quando um televisor recebe um sinal cuja definição é superior à sua, ele é automaticamente
ajustado, reduzindo a definição original do sinal.
26. DTS: A sigla para “Digital Theater Systems”. É uma família formatos de áudio em múltiplos canais, isto é,
fontes de som independentes entre si. O formato permite a reprodução de áudio surround e pode ser utilizado em
cinemas ou aplicações caseiras, como DVDs e Laserdisks.
27. DVI: A conexão DVI significa Digital Visual Interface sendo um padrão de interface de vídeo criado para
melhorar a qualidade dos dispositivos de vídeos digitais, como monitores LCD e projetores digitais. Esse padrão
71
foi criado por um consórcio de indústrias, o Digital Display Working Group (DDWG). Inicialmente esse padrão
foi projetado para transportar dados digitais não comprimidos para o vídeo. Ele é parcialmente compatível com o
padrão High-Definition Multimedia Interface (HDMI) no modo digital (DVI-D).
28. Entradas RF: A entrada RF é utilizada para a conexão da antena, interna ou externa, que permitirá a
recepção do sinal de TV digital.
29. EPG: É a funcionalidade que os conversores digitais e os televisores integrados podem possuir e que permite
aos telespectadores a visualização das informações sobre os programas nos canais de TV digital.
30. Espectro de Freqüência: É o intervalo de todas as freqüências de VHF, UHF e SHF. A sua divisão
geralmente segue acordos internacionais, que determinam que tipos de serviços serão utilizados em quais canais.
No Brasil seu uso é regulado pela ANATEL.
31. Firewire: Também conhecido como, IEEE 1394 é uma interface serial para computadores pessoais e
aparelhos digitais de áudio e vídeo que oferece comunicação em alta velocidade e serviços de dados em tempo
real. Uma utilidade possível para este tipo de interface é a gravação de vídeos exibidos na televisão em um
computador.
32. Formato da Imagem (4:3 / 16:9): Esses números representam a proporção entre largura e altura da tela;
Toda transmissão em HDTV será no formato 16:9 que é muito parecido com os filmes feitos em películas
(analógicos).
33. Formatos de compressão de áudio: Os formatos previstos de compressão de áudio na TV Digital são:
MPEG-4 AAC LC multicanal 5.1 e níveis inferiores, MPEG-4 HE-AAC estéreo.
34. Formatos de compressão de vídeo: O formato previsto de compressão de vídeo na TV Digital é o H.264,
também conhecido como MPEG-4 part.10.
35. Frequência: As ondas eletromagnéticas transmitem muitos tipos de sinais, entre eles o sinal de televisão.
Estas ondas se propagam oscilando, e a freqüência em que elas oscilam é uma de suas principais características.
A freqüência é quantificada pela unidade Hertz (Hz), que significa ciclos por segundo.
36. Full-seg: É a tecnologia de transmissão digital de TV para aparelhos fixos com áudio, vídeo e dados. Esta
tecnologia possibilita que seja transmitido um sinal Full HD e áudio com até seis canais. Neste tipo de
transmissão, será possível a implementação de aplicações interativas de alta complexidade. A classificação full-
seg é aplicada aos conversores digitais, também conhecidos por set-top box, e aos receptores de 13 segmentos
integrados com tela de exibição, mas não exclusivos a estes. Este tipo de receptor é capaz de receber e
decodificar sinais de televisão digital terrestre de alta definição e, a critério do fabricante, também receber e
decodificar informações aplicadas aos serviços direcionados aos receptores portáteis, definidos como 1-seg.
37. H.264: O H.264 é um padrão para compressão de vídeo, também conhecido como MPEG-4 Part 10 ou AVC
(Advanced Video Coding) e adotado no sistema Brasileiro de TV digital. O padrão foi desenvolvido pelo órgão
mundial de telecomunicações chamado ITU-T Video Coding Experts Group (VCEG) em conjunto com a
ISO/IEC MPEG que formaram uma parceria conhecida por joint video team (JVT). A versão final deste padrão
foi formalmente chamada por ISO/IEC 14496-10.
38. HDMI: HDMI (High Definition Multimedia Interface – Interface multimídia para Alta definição, em inglês)
é um tipo de conexão que futuramente vai ser o padrão para reprodução áudio visual, devido a sua tecnologia que
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permite juntar as informações digitais de imagem e som para serem transmitidas sem perda de dados. É a melhor
solução no caso de alta definição. Já está disponível em alguns DVD players, de alta definição e Televisores.
39. HDTV: É a sigla para o termo em inglês high-definition television é um sistema de transmissão televisiva
com uma resolução de tela significativamente superior ao dos formatos tradicionais (NTSC, SECAM, PAL).
Com exceção de formatos analógicos adotados na Europa e Japão, o HDTV é transmitido digitalmente e por isso
sua implementação geralmente coincide com a introdução da televisão digital (DTV). Apesar de vários padrões
de televisão de alta definição terem sidos propostos ou implementados, os padrões HDTV atuais são definidos
pelo ITU-R BT.709 como 1080i (interlaced), 1080p (progressive) utilizando uma proporção de tela de 16:9. O
termo "alta definição" pode se referir à própria especificação da resolução ou mais genericamente ao meio (ou
mídia) capaz de tal definição, como filme fotográfico ou o próprio aparelho de televisão.
40. Interlaced Scan (i) (imagem entrelaçada): Embora as imagens que vemos nos televisores aparentem estar
preenchendo toda a tela de uma só vez, estas, são formadas em linhas. A imagem é chamada de entrelaçada
porque são exibidas primeiramente todas as linhas impares, como 1,3,5,7, etc, e, somente após o preenchimento
de toda da tela com estas linhas, é que é iniciada a reprodução das linhas pares, 2,4,6,8, etc. A grande maioria dos
televisores de cinescópio disponíveis no mercado utiliza esta tecnologia.
41. IEEE1394: ver FireWire.
42. ISDB-TB (Integrated Services Digital Broadcasting – Terrestrial): É a sigla do sistema de TV Digital
Terrestre Brasileiro. Foi desenvolvido no Japão e o Brasil adotou com algumas alterações.
43. Letter box: É o método que permite apresentar imagens widescreen em um televisor padrão com relação de
aspecto 4:3. Com o intuito de preservar a relação de aspecto original do conteúdo de vídeo, a imagem é
redefinida no televisor sem que seja inserida nenhuma distorção da imagem. Assim, é possível que a imagem se
ajuste horizontalmente ao monitor. Porém, uma vez que esta imagem não irá preencher verticalmente toda a tela,
as barras horizontais são utilizadas acima e abaixo da imagem de forma a preencher o espaço não preenchido.
44. Looptrough: É a conexão de saída de antena para a TV.
45. Luminância: Uma medida da intensidade de uma fonte de luz, também utilizada como sinônimo de brilho.
46. Modem: Um equipamento que tem como função modular os sinais que são transmitidos e demodular os
sinais que são recebidos.
47. Modulação: É um processo de empacotamento da informação. Quando se faz uma transmissão, o sinal pode
sofrer uma série de interferências e degradações. A modulação é responsável pela “proteção” do sinal, de modo
que a informação originalmente transmitida possa ser reconstituída da maneira mais fiel possível.
48. MPEG-2: MPEG-2 é o padrão mais antigo de compressão de dados digitais de áudio e vídeo. Não é utilizado
no sistema Brasileiro de TV digital.
49. MPEG-4 Part 10: Ver H.264.
50. Multiprogramação: A multiprogramação é a possibilidade de o telespectador ter acesso a mais de um
programa de televisão no mesmo canal. NTSC: A sigla NTSC significa national television standards committee.
O NTSC é o sistema padrão de cores utilizado para televisão nos USA.
51. OFDM: É a sigla para o termo em inglês de “Orthogonal Frequency Division Multiplexing”. É um sistema de
modulação utilizado no ISDB-T no qual o canal de 6 MHz designado para TV Digital é dividido em milhares de
73
portadoras ortogonais entre si. Sua principal vantagem é a robustez ao ruído causado por interferências de multi-
percurso.
52. PAL-M: PAL-M é o sistema analógico de televisão em cores utilizado pelo Brasil. A sigla P.A.L. é a
abreviatura de Phase Alternate Line. O PAL-M foi a solução encontrada na época da adoção do sistema de cor
para que, desta forma, as transmissões em cores pudessem ser recebidas pelos aparelhos em preto-e-branco sem a
necessidade de adaptadores, e vice-versa. Atualmente a maioria dos monitores e televisores faz a detecção
automática do tipo de sistema de vídeo (PAL ou NTSC).
53. PS: É a abreviatura para parametric stereo. É uma ferramenta da codificação AAC que permite uma redução
nas taxas de bits utilizadas para a transmissão do áudio estéreo.
54. Pillar box: São barras laterais utilizadas como recurso para que imagens com relação de aspecto 4:3 possam
ser exibidas em um televisor cuja relação de aspecto de tela seja 16:9 ou widescreen. Com o intuito de preservar a
relação de aspecto original do conteúdo de vídeo, a imagem é redefinida no televisor sem que seja inserida
nenhuma distorção da imagem. Assim, é possível que a imagem se ajuste a altura do monitor. Porém, uma vez
que esta imagem não irá preencher horizontalmente toda a tela, as barras laterais são utilizadas do lado esquerdo
e direito da imagem de forma a preencher o espaço lateral não preenchido.
55. Pixel: Pixel é a aglutinação de picture element, sendo que picture do inglês é abreviado por pix. O pixel é o
menor ponto em uma imagem, possui 3 pontos de cores (vermelho, verde e azul) e assim consegue reproduzir
256 tonalidades de cores (equivalente a 8 bits), a combinação de muitos pixeis gera uma imagem e quanto maior
o número deles, mais definida é a imagem. O pixel está diretamente ligado à definição, quando falamos 1024 x
768, nada mais é do que o número horizontal de pixeis versus o número vertical deles em uma linha
perpendicular à altura da tela, e que essa definição gera uma imagem de 786432 mil pixeis. (1024 x 768).
56. Progressive Scan (p) (imagem progressiva): Alguns televisores ou geradores de imagem possuem um
sistema de processamento de sinal chamado Progressive Scan. Neste caso, ao contrário do sistema entrelaçado,
cada quadro de imagem é formado seqüencialmente, gerando melhoria considerável na qualidade subjetiva da
imagem. Grande parte das Tv’s de LCD e Plasma disponíveis no mercado já incorporam esta tecnologia.
57. RCA: Ver vídeo composto.
58. Receptor: Ver conversor digital.
59. Relação de aspecto: A relação de aspecto define a relação entre a largura e a altura da imagem apresentada
na tela dos televisores, cinemas, dispositivos portáteis e móveis. A relação de aspecto padronizada para o sistema
de televisão analógico Brasileiro é de 4:3, ou seja, quatro unidades na largura X três unidades na altura. Essa
proporção foi escolhida durante os primeiros anos da televisão, quando a maioria dos filmes utilizava este
formato. Na televisão digital terrestre Brasileira, a inovadora proporção 16:9, também conhecida como
widescreen, é disponibilizada, assim como a proporção 4:3 continua mantida para exibição de mídias anteriores.
Relação de aspecto é o mesmo que formato da imagem.
60. Resolução: Ver definição.
61. Set-Top Box: Ver conversor digital.
62. S/PDIF: Esta conexão permite o tráfego do sinal de áudio dos conversores digitais para o televisor e home
theaters de forma digital, preservando sua qualidade. A conexão S/PDIF pode ser realizada com a utilização de
um cabo ótico ou coaxial.
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63. S-Video: S-Video ou Separated Vídeo, oferece melhor qualidade (subjetiva na primeira geração), de imagem
do que vídeo composto. São três fios usados que percorrem pelo interior de um único cabo: um para transmitir a
imagem em preto-e-branco, outro para transmitir as informações de cor e um terceiro que é o terra. Lembrar que
esse formato é inferior ao Vídeo Componente (Component Vídeo).
64. Surround: É um conceito que tem como objetivo trazer um ambiente mais realístico de áudio, aumentando a
sensação de imersão do telespectador no ambiente da cena. A maneira mais comum de implementação do
surround é a utilização de múltiplos canais de áudio, como o 5.1. O áudio surround será mais uma das
possibilidades oferecidas pela TV Digital.
65. Taxa de bits: É a quantidade de bits por segundo transmitida ou recebida por um determinado equipamento.
No mundo digital a informação é transmitida através de bits, portanto quanto maior a taxa de bits melhor a
qualidade de áudio e vídeo.
66. Taxa de contraste: Quanto maior a taxa de contraste de um televisor, maior é a capacidade deste televisor de
exibir a graduações de cores. A taxa de contraste determina a quantidade de graduações existentes do branco até
o preto em uma imagem. Quanto mais contraste tiver o televisor, melhor será a imagem.
67. Televisor Analógico: É todo televisor que possui um sintonizador interno que permita receber as
transmissões analógicas más não recebe transmissões digitais, necessitando para isso de um Conversor Digital
(set-top box).
68. Televisor Digital: É todo televisor que possui um sintonizador interno que permita receber as transmissões
digitais sem necessidade, por exemplo, de um Conversor Digital. Esse televisor pode receber também
transmissões analógicas.
69. Televisor “HD Ready”: É o televisor que possui sintonizador analógico, mas é capaz de reproduzir imagens
com definição de 720 ou 1080 linhas horizontais. Com um conversor digital ISDB poderá exibir imagens de alta
definição transmitidas pelas emissoras de TV Digital no Brasil.
70. Televisor HDTV (High Definition TV) – TV de alta definição: São os televisores capazes de reproduzir
imagens com definição de 720 ou 1080 linhas horizontais. Os modelos cuja definição nativa é de 1.080 linhas, se
possuírem a função progressive scan, podendo exibir imagens com 1080 linhas de definição horizontal
progressiva (1080p), são conhecidos como FULL HD. Quando utilizados em fontes de sinal 1080i (Ex:
transmissões em HD) ou 1080p (Ex: DVD de alta definição), estes televisores podem exibir a melhor definição
disponível em Alta definição.
71. Televisor ISDB Integrado (Conversor digital integrado): Independente de sua tecnologia (CRT, Plasma,
LCD ou Projeção), é aquele que possui o conversor digital integrado. Isso significa que estes aparelhos podem
receber sinais de TV Digital no padrão ISDB (padrão de TV Digital de alta definição adotado no Brasil),
diretamente da antena, sem a necessidade de outro equipamento para converter o sinal (conversor).
72. Televisor SDTV (Standard Definition TV): São os televisores que têm definição nativa de 480 linhas
horizontais. A maior parte dos televisores presentes no mercado pode reproduzir sinais com 480 linhas
entrelaçadas (480i), com transmissão digital a qualidade de imagem que estes televisores será a mesma que eles
apresentam quando conectados a um DVD. Quando possuem a função “progressive scan” esses televisores
podem reproduzir 480 linhas progressivas (480p) gerando uma imagem ainda melhor. O conceito SDTV tem
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relação com a qualidade de imagem e não com o fato do produto ser digital ou analógico. Um produto SDTV
pode ter um sintonizador digital.
73. Tensão de alimentação: A tensão de alimentação necessária para o correto funcionamento do televisor
integrado ou do conversor digital no país é: 100/220 Volts –60Hz. Transmissão terrestre: Transmitido por ondas
de radiofreqüência os sinais, analógicos ou digitais são transmitidos pelo ar a partir de antenas Terrestres (ao
contrário de satélites que ficam no espaço) e necessitam de antenas e receptores apropriados para a sua recepção
74. TV aberta: É um sistema que emite livremente, sem encargos e taxas, sinais de TV com conteúdo áudio
visual, bastando simplesmente que os usuários tenham um receptor de TV, com antena adequada, para que
tenham a acesso a esse conteúdo.
75. TV Analógica – Transmissão (sinal aberto): É o sinal de TV terrestre que varia continuamente no tempo
para representar as imagens e os sons. É semelhante ao cinema de película e a fotografia analógica que usa filme.
A principal desvantagem da tecnologia analógica é o ruído que degrada a qualidade da imagem e do som. (é
transmitido de forma analógica). É comum ocorrer perda da qualidade no processo de transmissão/recepção,
ocasionando ruídos e interferências na imagem recebida.
76. TV a cabo: É um sistema que distribui conteúdo áudio-visual para os domicílios via cabos. Normalmente tem
um número significativo de canais disponibilizados. É um serviço pago.
77. TV de projeção: Funciona igual a um projetor, porém essa imagem é gerada invertida e é projetada na parte
de traz da tela do televisor, assim vemos a imagem não mais invertida do outro lado. Nos projetores uma luz
muito forte passa por espelhos que filtram essa luz em 3 cores que se unem e são projetadas para formarem a
imagem. Estão saindo de linha.
78. TV de tubo (CRT): CRT é um acrônimo para a expressão inglesa cathode ray tube, que em português
significa "tubo de raios catódicos", também conhecido como Cinescópio. Dentro da sua TV existe esse tubo de
raios catódicos onde encontramos duas placas, uma positiva e outra negativa. Quando a tensão entre essas duas
placas é muito alta gera elétrons, e quando esses atingem a placa positiva a diferença de energia gera um feixe de
luz que atravessa o tubo e para na parte de traz do vidro da televisão formando a imagem.
79. TV Interativa: A televisão interativa é uma forma de televisão onde a participação do usuário pode afetar
diretamente o conteúdo que já se encontra disponível ou será transmitido.
80. TV ISDB Digital – Transmissão (sinal aberto): É o sinal de TV terrestre que é transmitido de forma digital.
O grande benefício deste sistema é que não há perda da qualidade no processo de transmissão. A imagem e o
áudio permanecem 100% com a qualidade do sinal original, eliminando os ruídos e as interferências
característicos do sistema analógico.
81. TV LCD: A TV de LCD gera imagens através de um feixe de luz que passa por pequenas células que contém
um cristal líquido (daí o nome Liquid Crystal Display), que são controlados por uma corrente elétrica e assim
geram as 3 cores de luz básicas para se formar imagens, vermelho, verde e azul (RGB).
82. TV móvel: Permite a captação dos sinais de TV em dispositivos em movimento: ônibus, trens, metrô, carros,
barcos etc.
83. TV portátil: Permite a recepção em equipamentos portáteis em qualquer localidade, através de telefones
celulares, televisores de mão ou computadores equipados com receptor de TV. É possível receber os sinais de TV
nestes aparelhos estando parado ou em movimento. TV Plasma: No painel de plasma encontramos pequeninas
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células que contém uma mistura de gazes, quando uma corrente elétrica passa por essas células excita o gás que
passa para o estado plasma e gera luz.
84. TV via Satélite: Com o avanço da tecnologia foi possível receber o sinal diretamente via satélite nos
domicílios. Um satélite recebe a transmissão de outros satélites ou de uma central terrestre, esse satélite
retransmite para as casas que tem de possuir uma antena específica e deve ser apontada para o satélite que está no
espaço, também é um serviço pago.
85. UHF: É a sigla para o termo em inglês Ultra High Frequency, que significa Freqüência Ultra Alta. Designa a
faixa de freqüências que vai de 300 MHz até 3 GHz.
86. Upconvert: Quando um televisor recebe um sinal cuja definição é inferior à sua definição nativa, este é
automaticamente ajustado para a definição nativa. Por exemplo: se o sinal tiver 480 linhas e o TV tiver definição
nativa de 1080 linhas este acrescentará linhas intermediárias e exibirá 1080 linhas.
87. VHF: É a sigla para o termo em inglês Very High Frequency, que significa Frequência Muito Alta. Designa a
faixa de freqüências que vai de 30 MHz até 300 MHz.
88. Vídeo composto: Composite ou Composto, nesse padrão, o sinal de vídeo é transmitido em apenas um fio,
misturando informações de imagem (Brilho e Cor) e cor no mesmo sinal. É por este motivo que este padrão tem
qualidade ruim de imagem para transmissões de vídeo usando cabo; é um dos tipos mais populares de conexão de
vídeo e utiliza conector RCA (“Radio Corporation of America", empresa que introduziu esse tipo de conector no
mercado em meados dos anos 40), a informação percorre por um fio interno, depois vem blindagem e em seguida
o isolamento de borracha.
89. Vídeo Componente: Para transmissões de imagem (Brilho e Cores) é necessário que informações sobre esses
atributos cheguem ao aparelho em que vai ocorrer a reprodução. Para isso temos em muitos casos várias opções,
o vídeo componente é mais uma dessas opções onde são usados três conectores, chamados Y (conector verde), Pb
(ou Cb ou ainda B-Y, conector azul) e Pr (ou Cr ou ainda R-Y, conector vermelho). No conector Y são
transmitidas as informações de vídeo (imagem preto-e-branco - Brilho) enquanto nos outros dois conectores são
transmitidas as informações de cor. Assim é reproduzida uma imagem superior as que se conseguiria usando
outras conexões como S-Video e vídeo composto (composite RCA).
90. Vídeo RGB: O modelo de cores RGB é um modelo aditivo no qual o vermelho, o verde e o azul (usados em
modelos aditivos de luzes) são combinados de várias maneiras para reproduzir outras cores. O nome do modelo e
a abreviação RGB vêm das três cores primárias: vermelho, verde e azul (Red, Green e Blue, em inglês), e só foi
possível devido ao desenvolvimento tecnológico de tubos de raios catódicos – com os quais foi possível fazer o
display de cores ao invés de uma fosforescência monocromática (incluindo a escala de cinza), como no filme
preto e branco e nas imagens de televisão antigas.
91. Vídeo Y, Pb, Pr: Disponíveis no mercado, os cabos e conexões HDTV-Componente são também conhecidos
pela sigla Y/Pb/Pr. Esta identificação é referente aos sinais B-Y (Pb) e R-Y (Pr) que neles são trafegados
individualmente em cada cabo. A combinação dos três sinais (Y/Pb/Pr) provê toda informação necessária para a
correta formação da imagem. Nos equipamentos de vídeo existentes no mercado, estes 3 sinais componentes
referem-se a: Luminância (Y) – para Brilho, e os dois sinais de crominância (Pb – Azul) e (Pr – Vermelho) – para
cor. O verde, que não aparece é recuperado eletronicamente dentro do Televisor”.
92. Widescreen: Ver relação de aspecto. Extraído do site www.forumsbtvd.org.br em 28 de setembro de 2008.
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ANEXO 2