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Mrcia Andreia Nogueira Ventura
Utilizao teraputica
das clulas estaminais
Universidade Fernando Pessoa
Faculdade Cincias da Sade
Porto, 2014
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
1
Mrcia Andreia Nogueira Ventura
Utilizao teraputica
das clulas estaminais
Universidade Fernando Pessoa
Faculdade Cincias da Sade
Porto, 2014
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
2
Autora:
Mrcia Andreia Nogueira Ventura
Ttulo:
Utilizao teraputica das clulas estaminais
Assinatura:
Trabalho apresentado Universidade Fernando Pessoa
como parte dos requisitos para obteno
do grau de Mestre em Cincias Farmacuticas
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
3
RESUMO
Uma clula estaminal uma clula indiferenciada que possui a capacidade de
dar origem a outras clulas especializadas com diversas funes que esto de acordo
com o tecido ou rgo que representam, permitindo assim uma panplia de
manipulaes e utilidades clnicas. Elas podem classificar-se quanto origem em
clulas estaminais embrionrias e clulas estaminais adultas e quanto potencialidade
em clulas totipotentes, pluripotentes ou multipotentes.
As suas aplicaes teraputicas so variadas, existindo vrios estudos com
resultados positivos e outros que necessitam de uma investigao futura mais profunda,
no entanto estas clulas podem ser utilizadas at mesmo com os novos sistemas
teraputicos. Ao longo da dissertao vo ser explorados temas como a terapia do
cancro, a terapia cardiovascular e a terapia neural bem como algumas futuras apostas
cientficas nestas reas.
Palavras-chave: clulas estaminais, aplicaes teraputicas, terapia
ABSTRACT
A stem cell is an undifferentiated cell that has the ability to give rise to other
specialized cells with different functions that are consistent with the tissue or organ they
represent, thus allowing a range of manipulations and clinical utility. They can be
classified as to the origin in embryonic stem cells and adult stem cells and about the
potential for totipotent, pluripotent or multipotent.
There are many therapeutic applications for these cells and there are several
studies about this potential therapeutic use in the future with positive results and other
that need further investigation in the future, these cells also can be used with the new
therapeutic systems. Throughout the dissertation subjects such as cancer therapy,
cardiovascular therapy and the neural therapy will be operated as well as some future
scientific applications in these areas.
Key words: stem cells, therapeutics applications, therapy
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
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DEDICATRIA E AGRADECIMENTOS
Dedico a todas as pessoas que sempre acreditaram em mim e agradeo a todas
aquelas que de uma forma ou de outra ou at de todas as formas me ajudaram na
realizao desta dissertao pois sem essa ajuda no seria a mesma coisa,
principalmente Professora Doutora Maria Joo Coelho que pacientemente me orientou
em tudo o que precisei, um grande obrigado.
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
5
NDICE
I- INTRODUO ....................................................................................................................... 8
II-CLULAS ESTAMINAIS ........................................................................................................ 9
1-Definio ............................................................................................................................. 9
2-Classificao das clulas estaminais....................................................................................... 11
i. Origem ..................................................................................................................... 11
ii. Potencialidade ........................................................................................................... 13
3-Fontes de clulas estaminais ................................................................................................. 15
4- Diferenciao das clulas estaminais ..................................................................................... 19
i. Diferenciao das clulas estaminais hematopoiticas ..................................................... 19
ii. Diferenciao das clulas estaminais mesenquimais ........................................................ 21
5-Criopreservao .................................................................................................................. 22
i. Bancos de criopreservao ........................................................................................... 22
6- Aplicaes teraputicas ....................................................................................................... 24
i. Terapia do cancro ....................................................................................................... 24
ii. Terapia cardiovascular ................................................................................................ 31
iii. Terapia neural ............................................................................................................ 34
7- Clulas estaminais em Portugal ............................................................................................ 39
III-CONCLUSO ..................................................................................................................... 40
IV-BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................. 41
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
6
NDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Diferentes origens das clulas estaminais........................................................................ 13
Figura 2 - Cordo umbilical, clulas mesenquimais e clulas hematopoiticas .................................... 17
Figura 3 - Fontes de clulas estaminais e adultas ............................................................................ 18
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
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LISTA DE ABREVIATURAS
CD Cluster of differentiation ou grupo de diferenciao
DR Death receptors ou recetores de morte
EpiSC Epiblast stem cells ou Clulas Estaminais do Epiblasto
Ex. - Exemplo
HLA- Antignio Leucocitrio Humano
IFN- Interfero
IPO- Instituto Portugus de Oncologia
iPSCs Induced pluripotent stem cells ou Clulas Estaminais Pluripotentes Induzidas
IPST Instituto Portugus do Sangue e da Transplantao
NK Natural Killer
RET - Rearranged during transfection
SCU Sangue do Cordo Umbilical
TCU Tecido do Cordo Umbilical
TNF Tumor necrosis factor ou fator de necrose tumoral
TRAIL - Tumor Necrosis Factor-Related Apoptosis Induced Ligand
S-TRAIL Secretable Tumor Necrosis Factor-Related Apoptosis Induced Ligand
USSC Unrestricted Somatic Stem Cell ou Clulas Estaminais Somticas No Restritas
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
8
I- INTRODUO
Este trabalho tem como objetivo abordar o tema clulas estaminais relativamente
s suas aplicaes teraputicas na rea do cancro, cardiovascular e neural, sendo trs
grandes reas e com grande importncia. Estas clulas ao longo dos ltimos anos tm
sido vistas como uma teraputica inovadora e promissora para o tratamento de muitas
doenas inclusive doenas auto imunes e outras consideradas incurveis.
Uma clula estaminal uma clula indiferenciada com capacidade de dar origem
a clulas especializadas com varias funes de acordo com o tecido ou rgo que
representam (Shah, 2013), permitindo uma panplia de manipulaes e utilidades
clnicas. Elas podem classificar-se quanto origem em clulas estaminais embrionrias
e clulas estaminais adultas e quanto potencialidade em totipotentes, pluripotentes e
multipotentes.
As principais fontes de clulas estaminais so o sangue do cordo umbilical a
medula ssea, sendo que em Portugal, o primeiro transplante de clulas estaminais do
sangue do cordo umbilical que foram criopreservadas num banco privado portugus,
foi a 19 de Fevereiro de 2007. Esta interveno foi realizada no Instituto Portugus de
Oncologia do Porto (IPO) numa criana de 14 meses com leucemia linfoblstica aguda
e foi muito bem-sucedida salvando-lhe assim a vida (Carvalho, 2007).
Existem 4 bancos de recolha de clulas estaminais que so privados e
autorizados pela Autoridade para os Servios de Sangue e Transplantao:
Crioestaminal, Beb Vida, Criovida e Instituto Valenciano de Fertilidade (Cabo, 2012) e
existe um pblico, a LUSOCORD.
Em relao s aplicaes teraputicas, existem vrios estudos acerca deste
potencial uso teraputico, alguns j realizados e outros ainda em fase de realizao. Ao
longo do desenvolvimento do tema vo ser explorados temas como a terapia do cancro,
cardiovascular e neural bem como a futuros avanos cientficos.
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
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II-CLULAS ESTAMINAIS
1-Definio
A utilizao de clulas estaminais tem gerado um enorme interesse no mundo da
cincia, pois so vistas como tendo um grande potencial para o tratamento de diversas
doenas. Segundo muitos investigadores, as clulas estaminais so a grande promessa
para a cura de doenas consideradas at aos dias de hoje incurveis como Parkinson e
Alzheimer, entre outras (Serro, 2004).
As clulas estaminais so clulas indiferenciadas que do origem a clulas
especializadas com variadas funes de acordo com o tecido ou rgo que representam.
Possuem trs grandes caractersticas:
so pluripotentes, pois do origem a vrias clulas filhas que por sua vez se
diferenciam em vrios tipos celulares especficos sob a influncia do
microambiente em que esto inseridas (Shah, 2013);
tm grande capacidade de proliferao e de diviso;
tm grande capacidade de autorrenovao (Gomes e Pranke, 2008).
As clulas estaminais embrionrias (isoladas diretamente do embrio) possuem
uma grande capacidade de autorrenovao indefinida devido alta expresso da
telomerase, j nas clulas estaminais adultas (isoladas aps o nascimento), a atividade
da telomerase parece ser menor, o que limita a sua capacidade de persistncia a longo
prazo (Shah, 2013). So estas as clulas responsveis pela renovao celular bem como
o crescimento e respetiva reparao dos tecidos desde o nascimento at vida adulta
(Watt e Driskell, 2010).
Novos estudos indicam que at mesmo as clulas maduras podem ser
reprogramadas para se tornarem pluripotentes, estas so designadas de clulas
estaminais pluripotentes induzidas (iPSCs). Elas so formadas a partir de clulas
somticas humanas ou at de ratos e pela expresso forada de fatores de transcrio
definidos, tornam-se em clulas mais primitivas de modo a tornarem-se outra vez
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
10
pluripotentes. As iPSCs possuem boas propriedades de autorrenovao e pluripotncia
tal como as clulas estaminais embrionrias, o que lhes conferem um enorme potencial
para futuras terapias (Bragana, Tavares e Belo, 2010). Um dos estudos realizados com
as clulas iPSCs, foi organizado por um grupo de cientistas da Universidade de
Pittsburgh na Pensilvnia, que utilizaram as iPSCs para criar clulas percursoras
cardacas. Ainda esto longe de fazerem com que um corao humano inteiro bombeie,
no entanto, os resultados deste estudo podem ser usados para que futuramente seja
possvel substituir um pedao de tecido danificado por um ataque cardaco, ou at um
rgo inteiro, nos doentes que possuem uma doena cardaca (Lu et al., 2013).
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
11
2-Classificao das clulas estaminais
i. Origem
As clulas estaminais podem ser classificadas quanto sua origem em clulas
estaminais embrionrias ou clulas estaminais adultas.
As clulas estaminais embrionrias, so isoladas diretamente do embrio na fase
inicial do seu desenvolvimento, sendo retiradas da massa interna do blastocisto que se
forma entre o 4 e 6 dia do desenvolvimento embrionrio e possuem uma grande
capacidade de diferenciao. Podem dar origem a qualquer clula do corpo humano,
sendo consideradas pluripotentes, com a exceo dos tecidos extraembrionrios
(Cabeleira et al., 2010). As suas caractersticas permitem que mesmo aps estarem um
tempo indefinido in vitro podem dar origem a descendncia (Fozard et al., 2011). As
clulas estaminais embrionrias pluripotentes normalmente so isoladas do epiblasto
(tecido derivado do boto embrionrio que futuramente se diferencia para formar as trs
camadas germinais do embrio de onde derivam todos os tecidos e rgos), antes da sua
implantao no tero, no entanto, tambm podem ser isoladas aps a implantao do
blastocisto designando-se de clulas estaminais do epiblasto (EpiSC). As EpiSC no
contribuem para a formao de um embrio, no entanto, so capazes de se
diferenciarem em vrios tipos celulares (Bragana, Tavares e Belo, 2010).
As questes ticas e morais surgem como um dos grandes problemas
relativamente ao uso clnico destas clulas (Correia e Bragana, 2010), com a exceo
da recolha destas a partir de embries e fetos abortados espontaneamente (Serro, 2004).
As clulas estaminais embrionrias possuem uma maior capacidade de diferenciao e
plasticidade que as clulas estaminais adultas e identificam-se e isolam-se mais
facilmente pois existem em maior nmero (Correia e Bragana, 2010).
As clulas estaminais adultas so clulas que se encontram presentes nos rgos
e tecidos fetais e adultos, tendo assim vrias provenincias desde o sangue do cordo
umbilical, placenta, tecido adiposo, medula ssea, sangue perifrico e tecidos maduros.
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
12
Estas clulas so isoladas depois do nascimento e tm como principal funo a
reparao e manuteno dos tecidos e rgos sempre que necessrio (Correia e
Bragana, 2010), so tambm consideradas multipotentes (Bragana, Tavares e Belo,
2010). O seu potencial de diferenciao menor que o das clulas estaminais
embrionrias. Aps a sua diferenciao e atravs de um estado transitrio, ocorre a
formao de uma clula percursora ou progenitora que futuramente dar origem clula
especializada (Correia e Bragana, 2010).
As clulas estaminais adultas encontram-se em estado de repouso por longos
perodos de tempo, mas so ativadas quando estimuladas por hormonas e/ou fatores de
crescimento ou por leses tecidulares (Cruz et al., 2009).
A identificao das clulas estaminais adultas feita de acordo com trs critrios,
os bioqumicos, os histolgicos e os morfolgicos. Em relao ao isolamento e
identificao das clulas estaminais adultas, visto que estas clulas existem em
pequenos nichos celulares no nosso organismo, muitas vezes em pequenas quantidades
e j que algumas so morfologicamente idnticas s clulas adultas especializadas,
torna-se complicado fazer o seu isolamento e identificao. No entanto, elas possuem
protenas e fatores de transcrio especficos (ex: recetores membranares), logo,
utilizam-se essencialmente estes fatores na sua marcao citolgica (Correia e Bragana,
2010).
Quanto s questes ticas e morais, estas clulas levantam menos problemas que
as clulas estaminais embrionrias, visto serem retiradas aps o nascimento e no em
tecidos fetais. So menos propensas formao de tumores, por possurem uma menor
plasticidade e capacidade de proliferao, sendo que o facto de j estarem programadas
para originar clulas diferenciadas tambm se torna numa vantagem. Por outro lado
apresentam tambm algumas desvantagens: menor capacidade de proliferao, podem
conter um maior nmero de erros genticos devido a possveis exposies a agentes
mutagnicos ou erros durante a replicao e so de difcil identificao e isolamento
(Correia e Bragana, 2010). As clulas estaminais adultas podem ser reprogramadas
para voltarem a ser pluripotentes pela transferncia de um ncleo adulto para um
citoplasma de um ocito ou pela fuso com uma clula pluripotente (Watt, Ryan e
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
13
Driskell, 2010).
ii. Potencialidade
As clulas estaminais podem ser classificadas quanto sua potencialidade em
clulas estaminais totipotentes, pluripotentes ou multipotentes, tal como se pode
observar na figura (1).
Figura 1 - Diferentes origens das clulas estaminais (Watt e Driskell, 2010).
Clulas estaminais totipotentes - so clulas que possuem a mxima capacidade
de diferenciao, isto , so clulas capazes de se dividir e produzir todas as clulas do
organismo, estas clulas so as clulas do embrio recm-formado (Souza et al., 2003).
O ovo fertilizado a clula estaminal com maior potencial de diferenciao (Beb Vida,
2010) bem como os blastmeros que so as clulas que constituem a mrula, sendo
tambm estas duas as nicas clulas totipotentes (Bragana, Tavares e Belo, 2010).
Clulas estaminais pluripotentes - tm a capacidade de se diferenciar em clulas
que derivam das diferentes camadas embrionrias que so a mesoderme, (que origina os
msculos, ossos, sangue e sistema urogenital), endoderme (que origina o trato
gastrointestinal e os pulmes) e ectoderme (que origina os tecidos epidermais e sistema
nervoso), estas camadas germinativas provm do boto embrionrio (Bragana, Tavares
e Belo, 2010).
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
14
Estas clulas contm clulas estaminais embrionrias e podem dar origem a
qualquer tipo de clula fetal ou adulta, mas no podem por si prprias desenvolver-se
num organismo fetal ou adulto porque no possuem a capacidade de criar tecido
extraembrionrio, como a placenta. Nos casos em que o tecido constitudo por uma
nica linhagem diferenciada, as clulas estaminais que mantm essa linhagem so
designadas de unipotentes (Watt e Driskell, 2010).
Clulas estaminais multipotentes - so clulas limitadas na sua capacidade de
diferenciao e so designadas de acordo com o rgo do qual provm, originando
exclusivamente as clulas daquele rgo. So clulas que esto presentes no indivduo
adulto (Souza et al., 2003).
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
15
3-Fontes de clulas estaminais
O sangue do cordo umbilical (SCU) representa uma das principais fontes de
clulas estaminais embrionrias pois as clulas estaminais adultas que a residem esto
em menor nmero, logo, torna-se numa fonte muito promissora de clulas na rea da
medicina regenerativa, nos transplantes hematopoiticos e para o tratamento de diversas
doenas de origem hemato-oncolgica. O sangue do cordo umbilical rico nos
seguintes tipos de clulas (Cabeleira et al., 2010):
clulas estaminais hematopoiticas;
clulas progenitoras endoteliais;
clulas estaminais mesenquimais;
clulas USSC (Unrescrited Somatic Stem Cell ou Clulas Estaminais Somticas
No Restritas);
clulas estaminais embrionic-like (Cabeleira et al., 2010).
As clulas estaminais hematopoiticas so as que do origem s vrias clulas da
linhagem sangunea que por sua vez se dividem na linhagem linfoide, responsvel pela
formao das clulas do sistema imunitrio (linfcitos T, linfcitos B e linfcitos NK
(Natural Killer)), e a linhagem mieloide que origina as clulas do sistema sanguneo
(moncitos, macrfagos, neutrfilos, basfilos, eosinfilos, eritrcitos, megacaricitos,
plaquetas e clulas dendrticas) (Bragana, Tavares e Belo, 2010). As clulas estaminais
hematopoiticas so muito utilizadas nas transfuses sanguneas em pacientes com
doenas hematolgicas malignas, onde os resultados tm sido muito positivos
(Cabeleira et al., 2010).
Torna-se ento numa grande vantagem o uso das clulas estaminais
hematopoiticas para os tratamentos da talassemia e leucemia (Lim et al., 2013). As
principais fontes destas clulas so a medula ssea, sangue perifrico e o cordo
umbilical (Lim et al., 2013). No entanto, estas principais fontes possuem um uso
limitado em quantidade, bem como outros problemas associados como o nmero
limitado de dadores, imunorreaces, contaminao viral, escassez de dadores
compatveis com o HLA (Antignio Leucocitrio Humano) e efeitos adversos de
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
16
excerto versus hospedeiro, limitando assim o seu uso, logo, torna-se necessrio a
obteno de clulas estaminais hematopoiticas por outras fontes tal como a induo de
clulas estaminais pluripotentes (Lim et al., 2013).
As clulas progenitoras endoteliais so as que originam as clulas endoteliais
que constituem os vasos sanguneos (Cabeleira et al., 2010).
As clulas estaminais mesenquimais diferenciam-se em vrias linhagens tal
como as clulas sseas, cartilagem, clulas musculares e clulas do tecido adiposo.
Alguns estudos sugerem a possibilidade de se diferenciarem tambm em clulas neurais
(Cabeleira et al., 2010).
As USSC so consideradas clulas estaminais mesenquimais primitivas, uma
vez que tambm se podem diferenciar em clulas do tecido adiposo, clulas neurais,
clulas sseas, cartilagem e ainda em clulas sanguneas e do msculo cardaco
(Cabeleira et al., 2010).
As clulas estaminais embrionic-like do origem a clulas caractersticas das trs
linhas germinativas como a ectoderme (clulas neurais), mesoderme (clulas
sanguneas) e endoderme (clulas hepticas) (Cabeleira et al., 2010).
O primeiro transplante de clulas estaminais do SCU foi em 1988 em Paris numa
criana com anemia de Fanconi onde foi utilizada uma amostra de clulas estaminais
compatvel com a criana proveniente de um irmo, a amostra foi criopreservada e
depois transplantada na criana com sucesso. Este procedimento veio aumentar o
interesse nas clulas estaminais retiradas do sangue do cordo umbilical pois contm
clulas em quantidades suficientes para uma futura reconstituio hematopoitica e
imunolgica do doente. O sangue do cordo umbilical hoje considerado uma fonte
vantajosa em alternativa ao transplante de medula ssea (Cabeleira et al., 2010).
J em Portugal, o primeiro transplante com SCU foi realizado em 1994 no IPO
(Instituto Portugus de Oncologia) de Lisboa, para o tratamento de uma criana com
leucemia mieloide crnica (Crioestaminal, 2013). A figura 2 mostra as clulas do cordo
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
17
umbilical.
Figura 2 - Cordo umbilical, clulas mesenquimais e clulas hematopoiticas (The
Stem Cell Source, 2012)
Tambm podem ser obtidas clulas no tecido do cordo umbilical (TCU), que se
encontra entre a pele e os vasos sanguneos, e que rico em clulas estaminais
mesenquimais com propriedades diferentes das clulas do sangue do cordo umbilical
(Crioestaminal, 2013). A principal diferena entre as clulas mesenquimais do cordo
umbilical, relativamente s clulas mesenquimais dos tecidos adultos, o facto das
clulas mesenquimais do cordo umbilical no possurem um Complexo Maior de
Histocompatibilidade completo, visto que os genes do subgrupo II e um gene do
subgrupo I esto ausentes. Isto importante quanto compatibilidade entre o dador e o
recetor para transplantes alognicos, pois a probabilidade de ocorrer uma rejeio do
transplante por parte do recetor muito baixa mesmo no havendo uma
histocompatibilidade completa entre ele e o dador (Bragana, Tavares e Belo, 2010).
O TCU considerado a melhor fonte de obteno das clulas mesenquimais pois
a encontram-se em grande quantidade incluindo o seu grau de imaturidade (Cardoso et
al., 2012).
As clulas mesenquimais tm a capacidade de se autorrenovarem e
diferenciarem em vrias linhagens, incluindo o tendo, a cartilagem, o msculo, o
estroma da medula, o osso e o tecido adiposo. Elas so capazes de modelar a resposta
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
18
imunolgica e podem ser utilizadas em simultneo nos transplantes alognicos de
clulas estaminais hematopoiticas, com o objetivo de reduzirem as complicaes
imunolgicas associadas a este tipo de transplantes, o que aumenta a probabilidade de
sucesso dos mesmos (Cardoso et al., 2012). Outros locais onde podem ser retiradas as
clulas mesenquimais so: medula ssea, msculo, osso trabecular, derme, tecido
adiposo, peristeo, pericito, sangue e membrana sinovial (Tuan, Boland e Tuli, 2003).
As principais fontes de clulas estaminais adultas so a medula ssea, a polpa
dentria, o sangue perifrico, o crebro, a espinal medula, os vasos sanguneos, os
msculos esquelticos, o epitlio da pele e do sistema digestivo, a crnea, a retina, o
fgado e o pncreas, entre outros (Cabeleira et al., 2010). As clulas estaminais adultas
mais estudadas e utilizadas so as clulas estaminais hematopoiticas, mesenquimais,
neurais e epiteliais.
Visto que a cada tipo de tecido corresponde um tipo de clula estaminal adulta e
apesar de muitas j estarem identificadas, futuramente muitas outras iro ser descobertas
. A figura 3 ilustra um breve resumo das fontes de clulas estaminais e adultas.
Figura 3 - Fontes de clulas estaminais e adultas (Bragana, Tavares e Belo, 2010).
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
19
4- Diferenciao das clulas estaminais
As clulas estaminais embrionrias formam-se ao longo da embriognese. Este
processo inicia-se com a formao do zigoto que aps algumas divises celulares da
mrula, torna-se no blastocisto (esfera oca composta por um conjunto de clulas
externas trofoblasto - que formam uma cavidade blastoclio), que apresenta um
conjunto de clulas designadas de boto embrionrio. Aps a formao do blastocisto,
as clulas comeam a perder a potencialidade inicial de se especializarem em qualquer
clula do organismo. O trofoblasto s d origem aos tecidos extra-embrionrios, j o
boto embrionrio d origem ao epiblasto que o percursor do embrio, de onde
surgem as trs camadas embrionrias que so a mesoderme, ectoderme e endoderme
(Bragana, Tavares e Belo, 2010).
Aps o nascimento, as clulas isoladas passam, tal como referido anteriormente,
a designar-se por clulas estaminais adultas. Elas podem dividir-se por dois tipos de
diviso celular: a diviso celular simtrica e a diviso celular assimtrica (Correia e
Bragana, 2010).
Pela diviso celular simtrica so originadas duas clulas filhas com as mesmas
propriedades da clula me. Elas sofrem vrios ciclos de diviso celular at receberem
estmulos pelo microambiente onde esto inseridas para se diferenciarem nas clulas
necessrias ao organismo naquele momento. As clulas filhas deixam de se dividir
simetricamente e passam ento a dividir-se assimetricamente o que leva formao de
clulas mais especializadas. Pensa-se que este fenmeno de passagem de uma diviso
celular simtrica para uma diviso celular assimtrica acontece pela segregao
diferencial das protenas membranares entre as clulas filhas (Correia e Bragana, 2010).
i. Diferenciao das clulas estaminais hematopoiticas
A diferenciao celular o processo que leva expresso fenotpica das
caractersticas pertencentes a uma clula madura in vivo, a partir de uma clula
indiferenciada. Aps a diferenciao, a capacidade de diviso celular diminui (Cruz et
al., 2009).
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
20
As clulas estaminais hematopoiticas tm grande importncia pois daro
origem s duas principais linhagens hematopoiticas (linhagem linfoide e linhagem
mieloide). Estas clulas encontram-se em fase de repouso na medula ssea e na
superfcie trabecular do osso onde esto em constante movimento, por exemplo, passam
do seu compartimento no fmur para o seu compartimento na tbia, o que permite que
elas se mantenham em vrios locais do corpo. O fgado e o bao tambm contm estas
clulas no entanto, em condies normais que levam hematopoiese, s ocorre uma
diferenciao limitada das clulas hematopoiticas. A ocorrncia de estmulos para
induzir a hematopoiese, que no se limita s ao sistema hematopoitico, pode aumentar
a formao de clulas sanguneas, indicando que estes rgos so capazes de ativar
nichos facultativos que ajudam a manuteno das clulas estaminais hematopoiticas e a
hematopoiese durante muito tempo. Por exemplo, uma leso na pele pode levar
formao de novos folculos capilares e depois preenchidos por clulas estaminais
(Bragana, Tavares e Belo, 2010).
Sob estmulos especficos como as leses do tecido, as clulas estaminais
hematopoiticas passam do estado de repouso para o estado ativo na medula ssea pois
controlado por uma rede complexa de fatores de crescimento e de citocinas,
procedendo sua especializao. Existem sinais de que estas clulas podem participar
na regenerao dos tecidos perifricos (foram localizadas noutros rgos como na pele,
no msculo, nos pulmes, no bao, no fgado, nos tecidos do sistema nervoso e
gastrointestinal), estimulando assim o sistema imunolgico, quer por fuso celular
adquirindo depois propriedades das clulas com as quais se fundem, quer por
transdiferenciao (Bragana, Tavares e Belo, 2010) (processo em que uma clula j
diferenciada induzida a transformar-se num outro tipo de clula) (Mezey et al., 2003)
em clulas envolvidas na reparao dos tecidos danificados, embora este ltimo
mecanismo no esteja totalmente comprovado (Bragana, Tavares e Belo, 2010).
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
21
ii. Diferenciao das clulas estaminais mesenquimais
As clulas mesenquimais podem ser isoladas de diversas fontes como nos
tecidos conjuntivos da grande maioria dos rgos, sendo mais utilizadas para fins
teraputicos as que so retiradas da medula ssea e do sangue do cordo umbilical, que
apesar de serem morfologicamente semelhantes, so funcionalmente diferentes
(Bragana, Tavares e Belo, 2010).
Estas clulas podem ser facilmente obtidas em cultura e j foram demonstradas
as suas capacidades anti-inflamatrias e imunomodeladoras, estando por isso a serem
testadas para o tratamento de doenas inflamatrias autoimunes. Tm tambm um efeito
benfico sobre a regenerao de rgos pois promovem um ambiente adequado a esse
processo. Criando condies especficas no meio de cultura, elas podem transformar-se
em vrios tipos celulares como cardiomicitos, clulas neuronais, clulas pulmonares
entre outras. Esta propriedade confere-lhes um grande potencial para o tratamento de
diversas doenas, no entanto as suas propriedades de diferenciao in vivo ainda no
esto demonstradas, podendo tambm serem transplantadas de maneira autloga
(Bragana, Tavares e Belo, 2010).
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
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5-Criopreservao
A criopreservao uma tcnica de conservao das clulas estaminais a
temperaturas muito baixas (-196C). Aps este procedimento, as clulas podem ser
utilizadas a qualquer momento e em qualquer lado sem que percam a sua viabilidade
(Crioestaminal, 2013).
Segundo um estudo realizado na Tailndia, aps a criopreservao de embries
humanos durante dezoito anos, a pluripotncia no foi afetada. Os embries mantiveram
a sua pluripotncia semelhante aos embries frescos mesmo aps todos aqueles anos
(Pruksananonda et al., 2012).
O principal motivo de rejeio das amostras a contaminao microbiolgica,
pois em doentes imunocomprometidos o transplante torna-se num risco, sendo o
momento de colheita o perodo mais crtico. Uma boa alternativa a profilaxia
antibitica aquando da realizao do transplante para a preveno de futuras
complicaes clnicas. Para minimizar o risco de contaminao das amostras de sangue
do cordo umbilical e tecido do cordo umbilical torna-se muito importante a
desinfeo do local da puno com iodopovidona e de seguida com lcool, aguardando
alguns segundos antes da realizao da puno para permitir a atuao dos desinfetantes.
Em alternativa a este processo existe um segundo processo de desinfeo cutnea que
passa pelo uso de uma soluo de base alcolica com 2% de cloroexidina. Acima de
tudo a recolha das clulas estaminais deve ser feita em condies asspticas e o
operador deve tambm contribuir para isso, atuando com cuidado e profissionalismo
(Cardoso et al., 2012).
i. Bancos de criopreservao
Em Portugal existem apenas 4 bancos privados de recolha de clulas estaminais
autorizados pela Autoridade para os Servios de Sangue e Transplantao, o que
significa que preenchem os requisitos da lei n12/2009 de 26 de Maro. So eles a
Crioestaminal, a Beb Vida, a Criovida e o Instituto Valenciano de Fertilidade (Cabo,
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
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2012).
Existe tambm um banco pblico para a recolha de clulas estaminais em
Portugal, a LUSOCORD, que j esteve encerrado pois segundo Hlder Trindade, o
presidente do Instituto Portugus do Sangue e da Transplantao (IPST), o
encerramento deveu-se a motivos de irregularidades na recolha, transporte e
conservao das clulas estaminais, contudo estas irregularidades foram corrigidas
para permitir a sua reabertura (Veludo, 2012). A LUSOCORD foi reaberta para recolher
clulas estaminais por enquanto s no Hospital de S. Joo no Porto (Rosa, 2014).
A lei n12/2009 de 26 de Maro estabelece o regime jurdico da qualidade e
segurana relativa ddiva, colheita, anlise, processamento, preservao,
armazenamento, distribuio e aplicao de tecidos e clulas de origem humana (Lei
12/2009).
No geral, para permitir a recolha das clulas estaminais por um banco, procede-
se ao ato de inscrio, o consentimento informado, uma entrevista feita me e por fim
o envio do kit de colheita. Este processo acompanhado por uma equipa de psiclogos
para esclarecimento de todas as dvidas que possam surgir (Sequeiros e Neves, 2012).
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
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6- Aplicaes teraputicas
As clulas estaminais mesenquimais possuem a capacidade de se transformar em
vrios tipos de clulas, e podem ser cultivadas e manipuladas in vitro com alguma
facilidade, esta caracterstica levou a que se gerasse um grande interesse na sua
utilizao como agentes teraputicos para o tratamento de muitas doenas. Elas podem
ser isoladas a partir da medula ssea, do tecido adiposo e do sangue do cordo umbilical,
e possuem a capacidade de autorrenovao e diferenciao em linhagens
mesenquimatosas osteocticas, condrocticas e adipognicas (Shah, 2012).
Alguns estudos demonstraram que as clulas mesenquimais migram do stio
onde esto alojadas, atravs do endotlio para os locais da leso, isquemia e
microambientes tumorais, no entanto, ainda no so completamente conhecidos os
mecanismos pelo qual isso acontece, porm esses estudos mostraram que esta migrao
depende dos diferentes pares de citocinas / recetores (Shah, 2012).
i. Terapia do cancro
Uma clula estaminal tumoral uma clula que est presente no tumor e que
possui como caractersticas principais a capacidade de autorrenovao e de formar
vrias linhagens de clulas cancergenas heterogneas que fazem parte do tumor. A
clula estaminal tumoral passa por uma diviso assimtrica para a formao de duas
clulas filhas idnticas ou ento forma uma clula filha e uma clula progenitora
diferenciada, provocando assim o aumento do tumor (Han et al., 2013). A transio
epitelial-mesenquimal um mecanismo que gera clulas estaminais tumorais com um
fentipo mais hostil e com a capacidade de gerar metstases (Alison, Lim e Nicholson,
2011).
Nos ltimos anos tm dado grande importncia s protenas de identificao das
clulas estaminais cancergenas pois estas regulam os seus vrios fentipos e, devido a
um grande conhecimento sobre essas protenas, a manipulao farmacolgica torna-se
num importante investimento no futuro (Lasorella, Benezra e Lavarone, 2014).
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
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As clulas estaminais tumorais possuem como caractersticas principais:
autorrenovao - aps serem transplantadas, renovam-se indefinidamente;
diferenciao - capacidade de originar clulas filhas tumorais por diviso celular
simtrica, tambm geram grandes populaes de clulas no tumorais por
diviso celular assimtrica;
tumorigenicidade - quando transplantadas em animais, mesmo em pequenas
quantidades, estas clulas podem formar tumores, j as clulas estaminais
normais no conseguem;
marcadores de superfcie especficos podem ser diferenciadas das clulas
estaminais normais por conterem marcadores especficos como por exemplo o
CD133, CD24 e CD44 (Han et al., 2013).
As clulas estaminais tumorais e as clulas estaminais normais possuem
semelhanas em alguns aspetos tais como na capacidade de autorrenovao, capacidade
de originar descendncia especializada, expresso de marcadores de superfcie
especficos, oncogenes, utilizao das vias de sinalizao comuns, importncia dos seus
nichos e atividade tumoral. Foram realizados alguns ensaios in vitro para identificar as
clulas estaminais tumorais, como por exemplo: ensaio do corante de excluso Hoechst,
ensaio da deteo de marcadores de superfcie, entre outros (Han et al., 2013).
As clulas estaminais de cancro ou tumorais, isoladas a partir de leucemias
mieloides agudas, apresentam marcadores de superfcie distintos das restantes clulas
tumorais e encontram-se em pequenas quantidades nos pacientes afetados. Supe-se que
as clulas leucmicas estaminais resultam da transformao de clulas estaminais
hematopoiticas em clulas malignas. So resistentes quimioterapia e radioterapia, o
que explica a recorrncia do cancro bem como a formao das suas metstases
(Bragana, Tavares e Belo, 2010), por isso se diz que um paciente com cancro, mesmo
aps uma resposta positiva ao tratamento, no dever ser considerado completamente
curado (Clevers, 2011).
A radioterapia e a quimioterapia ajudam a diminuir os tumores pois matam as
clulas tumorais ativas, no entanto, no eliminam as clulas estaminais tumorais em
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
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repouso (Han et al., 2013). Estas clulas mantm-se nos locais metastticos at serem
ativadas pelos sinais enviados pelo microambiente onde esto inseridas (Cruz et al.,
2009). Elas podem tambm ir para locais distantes e serem ento responsveis pelas
metstases e recidivas que podem aparecer anos aps o tratamento do primeiro cancro
(Clevers, 2011). Estes tratamentos levam toxicidade sistmica ou local, tornando-se
ento necessrio a criao de novos tratamentos que visam eliminar as clulas
estaminais tumorais e no as clulas normais, aumentando assim a taxa de
sobrevivncia e o tempo de vida do paciente (Han et al., 2013).
Foram tambm identificadas outras clulas estaminais de cancro em tumores
slidos, como por exemplo no cancro da mama. Supe-se ento que a grande parte das
clulas num tumor teriam um potencial de proliferao limitado mas apesar da
populao de clulas estaminais de cancro ser pequena, estas possuem capacidade de
autorrenovao e de proliferao (Bragana, Tavares e Belo, 2010). As clulas
estaminais de cancro so responsveis pela iniciao e desenvolvimento do tumor,
metstases e resistncia teraputica (Han et al., 2013). Assim sendo, o cancro uma
doena que envolve a desregulao da autorrenovao das clulas estaminais normais
por mutaes oncognicas e outros defeitos genticos e epigenticos (Bragana, Tavares
e Belo, 2010), desregulao da proliferao da apoptose e falha dos mecanismos
reguladores da diferenciao celular. Existe uma relao inversa entre a capacidade de
diferenciao e o grau de malignidade, o que torna vlida a ideia da aplicao de
medidas teraputicas que levam as clulas tumorais a diferenciarem-se (Cruz et al.,
2009).
O que se tem feito procurar identificar os marcadores de superfcie celular
especficos das clulas estaminais de cancro, de modo a permitir o seu isolamento e
expanso em cultura. Assim, torna-se possvel um estudo aprofundado das diferenas
das vias de sinalizao entre as clulas estaminais tumorais e normais, levando
formulao de frmacos que tm como alvo a destruio seletiva das clulas tumorais
sem afetar as normais, esta situao representa um avano importante para terapias
anticancergenas adaptadas s necessidades especficas de cada paciente (Bragana,
Tavares e Belo, 2010).
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
27
As clulas estaminais mesenquimais possuem um futuro promissor como
agentes anticancergenos pois possuem propriedades migratrias, o que lhes permite
serem usadas como veculos de distribuio de frmacos no tratamento de tumores
isolados ou de metstases nos diferentes tipos de cancro. Nos ltimos anos tm vindo a
ser detetados precocemente alguns tipos de cancro, o que, combinado com o
desenvolvimento de alguns frmacos especficos para o tratamento, aumentou a taxa de
sobrevivncia dos doentes. No entanto, o curto tempo de semivida de alguns frmacos e
a sua distribuio limitada em alguns tipos de tumor juntamente com os seus efeitos
txicos sobre as clulas no tumorais, impedem a cura (Shah, 2012).
Quanto ao transplante de clulas estaminais hematopoticas, existem duas
aplicaes das clulas estaminais mesenquimais. A primeira refere-se a uma melhoria do
enxerto com clulas estaminais e a acelerao da reconstituio hematopotica com
base na capacidade de suporte da hematopoiese. A segunda refere-se ao tratamento da
doena enxerto-versus-hospedeiro, tendo como base a capacidade imunomoduladora
destas clulas (Ozawa et al., 2008), pois elas atravs da secreo de fatores solveis
(como por exemplo fatores de crescimento, prostaglandinas e atravs de interaes
diretas do sistema imunolgico), elas vo suprimir a atividade das clulas T citotxicas,
das clulas B e das clulas NK (Natural Killers), obtendo por isso propriedades
imunomoduladoras e anti-inflamatrias (Bragana, Tavares e Belo, 2010). Quanto
capacidade imunossupressora, o xido ntrico est envolvido na supresso mediada
pelas clulas estaminais mesenquimais na proliferao de clulas T. As clulas
estaminais mesenquimais podem ser utilizadas para combater tumores metastticos e
para distribuir molculas anti-tumorais no local alvo. Por fim, podem tambm servir
como veculo celular na terapia gnica (Ozawa et al., 2008).
As clulas estaminais mesenquimais no modificadas tm demonstrado efeitos
anti-tumorais in vitro e nos diferentes modelos de ratos com cancro. Isto deve-se aos
fatores libertados por elas que por sua vez possuem propriedades anti-tumorais,
reduzindo assim a proliferao do glioma, melanoma, cancro do pulmo, hepatoma, e
clulas do cancro da mama (Shah, 2012).
As interleucinas, (citocinas que regulam as respostas inflamatrias e imunitrias),
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
28
possuem efeitos anti-tumorais atravs de efeitos tumoricidas diretos ou atravs da
modulao positiva do sistema imunitrio (Shah, 2012). Foram utilizadas de forma
eficiente para serem distribudas pelas clulas estaminais com a finalidade de vigiar o
sistema imunitrio anti-cancro (Shah, 2013) pela ativao de linfcitos citotxicos e dos
linfcitos NK (Shah, 2012).
Os linfcitos NK so uma fonte promissora de linfcitos para a imunoterapia
antitumoral, eles fazem parte do sistema imunitrio inato e possuem uma grande
atividade antitumoral sem necessidade de correspondncia ao HLA (Antignio
Leucocitrio Humano) e sem exposio prvia ao antignio. As clulas NK produzidas a
partir de clulas estaminais pluripotentes podem proporcionar uma fonte ilimitada de
linfcitos. Utilizou-se um sistema de cultura em duas fases para produzir as clulas NK
a partir de clulas estaminais embrionrias e de iPSCs (clulas estaminais pluripotentes
induzidas) na ausncia de separao de clulas e sem necessidade de clulas
xenognicas do estroma. Estes mtodos podem ser usados para produzir linhas celulares
com clulas NK funcionais em quantidades suficientes para tratar um paciente (Knorr et
al., 2013).
As clulas estaminais mesenquimais tambm so utilizadas na distribuio do
interfero (IFN-) para inibir o crescimento do tumor e tem realmente demonstrado
ter efeitos anti-proliferativos e pr-apoptticos. No entanto, a sua eficcia teraputica in
vivo tem sido limitada devido toxicidade associada pela administrao sistmica (Shah,
2012). As clulas estaminais mesenquimais provenientes da medula ssea que segregam
IFN- obtiveram bons resultados na diminuio de tumores como o melanoma, cancro
da mama e metstases pulmonares (Shah, 2013).
Existem mecanismos de ativao de pr-frmacos que converte os pr-frmacos
no txicos em antimetabolitos txicos, estes mecanismos esto direcionados para a
morte seletiva das clulas tumorais. A ativao de pr-frmacos que no so txicos
para as clulas estaminais mesenquimais, so as apropriadas para eliminar o tumor e
para o uso como "bombas" farmacolgicas (Shah, 2012).
Os vrus oncolticos so vrus naturais ou geneticamente modificados que aps
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
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infetarem o hospedeiro, replicam-se seletivamente, levando as clulas tumorais morte
mas preservando as clulas normais (Shah, 2012). As terapias para o cancro utilizando
os vrus oncolticos, baseiam-se na utilizao de vrus seletivos para o tumor com
capacidade replicativa, mas com uma toxicidade limitada (Shobana, Samal e
Elankumaran, 2013). A administrao sistmica de vrus oncolticos muitas vezes
ineficaz em parte devido sua eliminao pelos mecanismos de defesa do organismo,
da a necessidade de utilizar as clulas estaminais mesenquimais como clulas
hospedeiras para a replicao, transporte e libertao no local a qual se destina, de modo
a proteger o vrus das defesas do organismo e direcion-los para os tumores (Shah,
2012).
A angiognese tumoral um meio do tumor crescer e obter as suas necessidades
energticas por meio de uma rede de vasos sanguneos. A destruio dessa rede
importante para limitar o crescimento do tumor (Weis e Cheresh, 2011). As clulas
estaminais mesenquimais tm sido utilizadas para distribuir molculas anti-
angiognicas, que por si s levam normalizao vascular aumentando assim a resposta
imune anti-tumoral e a expresso de agentes anti-angiognicos (Shah, 2012).
Existe uma nova abordagem para a eliminao de clulas tumorais que a
distribuio de protenas pr-apoptticas atravs de clulas estaminais. Temos o
exemplo do TRAIL (tumor necrosis factor-related apoptosis induced ligand) (Shah,
2012), que um membro endgeno pertencente famlia do ligando TNF (tumor
necrosis factor)). Esta molcula liga-se ao seu domnio de morte que contm os
receptores DR4 e DR5 (death receptors) (Shah, 2013), induzindo a apoptose atravs da
ativao de caspases, preferencialmente nas clulas cancergenas, no afetando a
maioria dos outros tipos de clulas. Atravs de um estudo usando clulas malignas do
glioma humano, foi demonstrado que a juno das clulas estaminais mesenquimais
com o S-TRAIL (secretable tumor necrosis factor-related apoptosis induced ligand) que
uma protena recombinante, migrou em grande escala para os tumores no crebro e
possui grandes efeitos anti-tumorais in vivo. Isto demonstra a eficcia teraputica de S-
TRAIL e o potencial das clulas estaminais mesenquimais para serem utilizadas como
veculos de distribuio tendo como alvo as clulas estaminais do glioblastoma (Shah,
2012).
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
30
Quanto aos antagonistas dos fatores de crescimento, existe um nmero limitado
que podem ser expressos nas clulas estaminais e libertados no meio extracelular. No
entanto, aps programar as clulas estaminais mesenquimais para expressarem
determinados antagonistas dos fatores de crescimento tumoral, foi demonstrado um
efeito anti-metastsico devido inibio da angiognese e linfoangiognese nos tecidos
tumorais (Shah, 2012).
Estes tratamentos podem no ser completamente eficazes, mas uma boa
alternativa ser abranger vrios alvos teraputicos distintos de modo a erradicar
completamente os diferentes tipos de tumor (Shah, 2012).
Nos ltimos anos, os novos sistemas teraputicos tm captado a ateno dos
investigadores e as clulas estaminais mesenquimais tm sido vistas com grande
potencial para serem utilizadas como um veculo de entrega para a terapia gentica do
cancro (Hu et al., 2010), pois possuem como principais vantagens o facto de serem
fceis de isolar e expandir, possuem uma boa capacidade de escape ao sistema
imunitrio, tm um grande tropismo para os tumores e suas metstases seguindo a via
sistmica e podem aguentar a amplificao dos vrus oncolticos (Dwyer e Kerin, 2010).
A tecnologia do encapsulamento de clulas refere-se introduo das clulas no
interior de membranas semipermeveis e biocompatveis. A vantagem desta
encapsulao que permite a distribuio de molculas durante um longo perodo de
tempo pois as clulas libertam as molculas de forma contnua, dando origem a boas
concentraes fisiolgicas quando comparado com a encapsulao de protenas (Shah,
2013).
O encapsulamento das clulas estaminais mesenquimais um bom mtodo para
a distribuio localizada de frmacos. Foram utilizados hidrogis biodegradveis e
matrizes extracelulares sintticas devido sua capacidade em fornecer um ambiente
fisiolgico, o que promove a sobrevivncia celular e previne a resposta imune,
permitindo uma fcil transplantao in vivo e reteno celular. Existem vrios
biomateriais que podem ser utilizados para a encapsulao, tais como o alginato,
agarose (Shah, 2012), cido hialurnico entre outros polmeros. A encapsulao de
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
31
clulas estaminais terapeuticamente modificadas em hidrogis proporciona uma barreira
fsica para proteger as clulas das agresses externas melhorando a eficcia da
teraputica das clulas transplantadas nos diferentes tipos de cancro (Shah, 2013).
As terapias baseadas nas clulas estaminais mesenquimais necessitam de ser
monitorizadas de modo a aumentar a eficcia da teraputica (Shah, 2012).
ii. Terapia cardiovascular
Na terapia cardiovascular, as clulas estaminais tm tido um grande interesse
teraputico pela sua grande capacidade de diferenciao em clulas especficas (Lopes
et al., 2013). O msculo cardaco possui uma capacidade de regenerao limitada, por
isso tm sido estudadas tcnicas recorrendo a clulas estaminais adultas retiradas do
prprio paciente como por exemplo da medula ssea ou do tecido adiposo (Cabeleira et
al., 2010).
As clulas estaminais mesenquimais podem ser obtidas de diversas fontes e
possuem como caractersticas uma boa disponibilidade, viabilidade, plasticidade, sendo
capazes de expressar fentipos similares aos cardiomicitos, em meios mais especficos
de diferenciao (Carvalho et al., 2012).
Foi realizado um estudo que comparou trs protocolos distintos de induo da
diferenciao das clulas estaminais mesenquimais com o objetivo de escolher um
mtodo vivel para a diferenciao do maior nmero de clulas funcionais que
expressem o fentipo cardiomiognico. Nos trs protolocos utilizados observou-se a
formao da protena alfa-actinina sarcomrica no citoesqueleto celular, a expresso do
marcador de superfcie conexina 43 na membrana nuclear e citoplasmtica e formao
das junes de gap, necessrias para a propagao do impulso eltrico no miocrdio, no
entanto, em nenhum protocolo foi observada a contrao espontnea das clulas
submetidas diferenciao cardiognica (Carvalho et al., 2012).
As clulas estaminais mesenquimais so consideradas clulas promissoras
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
32
devido s suas caractersticas intrnsecas. Possuem um potencial imunomodulador, com
ao anti-inflamatria e antiapopttica, o que fundamental para tratar os mecanismos
patolgicos envolvidos nas doenas que afetam o sistema cardiovascular e possuem
tambm um potencial de transdiferenciao em cardiomicitos (Lopes et al., 2013).
Um estudo feito por Dai e colaboradores (2007), mostrou num modelo de rato
que a injeo de um meio contendo fatores celulares produzidos por clulas estaminais
mesenquimais, levava regenerao do miocrdio numa situao ps-enfarte, embora
houvesse uma regenerao menos marcada do que quando acompanhada pela injeo
das prprias clulas mesenquimais. Aps um enfarte do miocrdio, torna-se complicado
para as clulas estaminais mesenquimais sobreviverem no ambiente que l existe, o que
leva morte precoce de muitas das que l so aplicadas. No entanto, alguns estudos
mostraram que o pr-condicionamento isqumico das clulas pode ajudar a melhorar
esta situao, melhorando assim o tratamento (Lopes et al., 2013).
Os vrios estudos realizados sugerem que a terapia celular apresenta bons nveis
de segurana e viabilidade. Ensaios, como por exemplo o ADVANCE, comparam as
diferentes doses de clulas estaminais mesenquimais da linhagem adiposa com o efeito
placebo. Tambm existem ensaios que focam o pr-tratamento das clulas injetadas pelo
pr-condicionamento isqumico ou por diferentes meios de cultura. Noutros estudos, os
doentes com cardiopatia isqumica crnica foram submetidos a uma injeo
intramiocrdica de clulas estaminais mesenquimais pr-tratadas com melatonina, pois
h dados que demonstram que o pr-tratamento com este composto aumenta a
sobrevivncia, a atividade parcrina e a eficcia teraputica das clulas estaminais
mesenquimais em modelos realizados com ratos (Lopes et al., 2013).
A modificao gentica das clulas estaminais mesenquimais tambm possui um
grande potencial no sentido de as fazer sobre expressar determinados fatores que
aumentam a sua migrao para o rgo de origem, diferenciao na linhagem cardaca
ou eficcia dos efeitos parcrinos, mas fundamental garantir a segurana da tcnica,
pois a introduo de alteraes genticas pode levar acumulao futura de erros no
cdigo gentico. No entanto resultados de vrios estudos j realizados e outros ainda em
realizao, demonstram que a terapia celular apresenta nveis de segurana e viabilidade
fiveis (Lopes et al., 2013).
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
33
A medula ssea a fonte mais procurada para a obteno de clulas estaminais
para a reparao miocrdica, esta contm clulas estaminais hematopoiticas, clulas
progenitoras adultas multipotenciais e clulas estaminais mesenquimais. O
procedimento passa pela anestesia, depois procede-se aspirao da medula ssea, as
clulas retiradas so isoladas nas sub-populaes desejadas e de seguida so
administradas no corao sem haver uma expanso ex-vivo. As expanses so feitas
quando algumas sub-populaes de clulas demonstram serem mais vantajosas em
relao a outras (Gonalves, 2008). As clulas estaminais do SCU tambm so uma boa
fonte neste contexto, pois possuem potencial cardiomiognico, tal como o demonstrado
em modelos animais, em que estas clulas contribuem para a angiognese, melhorando
ento a funo cardaca (Cabeleira et al., 2010).
A aplicao das clulas estaminais do cordo umbilical pode ser feita atravs da
infuso direta no miocrdio, na circulao sangunea ou nas coronrias. Ocorre uma
migrao seletiva das clulas estaminais para o tecido danificado, observando-se um
aumento da densidade de capilares no local, diminuio da rea do enfarte e melhoria da
funo cardaca, at na ausncia de miognese. Existem algumas hipteses acerca dos
mecanismos de regenerao cardaca:
produo de fatores de crescimento angiognicos, devido hipxia tecidular,
observando-se in vivo e in vitro a formao de novos vasos sanguneos, bem
como a migrao de clulas estaminais endgenas do corao, sendo este
considerado o mecanismo principal;
as clulas estaminais do SCU diferenciam-se em cardiomicitos, o que no seria
suficiente para a recuperao da funo cardaca;
por ltimo, a capacidade de modelao da inflamao que se obtm pelo
controlo da expresso de molculas que pertencem cadeia da resposta
inflamatria (Cabeleira et al., 2010).
Estudos efetuados em animais, verificaram que as clulas estaminais do SCU
contribuem para a regresso dos efeitos de isqumia dos membros. Em pacientes com a
doena de Buerger, os resultados sugeriram uma melhoria significativa da circulao
sangunea perifrica e da cicatrizao de leses do epitlio (Cabeleira et al., 2010).
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
34
As clulas progenitoras que se encontram na circulao sangunea perifrica
tambm podem ser utilizadas na reparao do miocrdio ou na terapia angiognica da
doena vascular perifrica. H um isolamento das clulas a partir das clulas
mononucleares sanguneas, que so depois cultivadas ex-vivo num meio de cultura
especfico para as clulas endoteliais e por fim alguns dias depois so injetadas no
corao (Gonalves, 2008).
Para alm das clulas estaminais do SCU existem clulas que podero ser boas
alternativas, como por exemplo as clulas estaminais pluripotenciais derivadas do tecido
adiposo, pequenas subpopulaes de clulas pluripotenciais da medula ssea e do
msculo-esqueltico, clulas estaminais somticas e clulas progenitoras que residem
no corao (Gonalves, 2008).
Segundo Nascimento e colaboradores (2014), as clulas estaminais
mesenquimais derivadas do tecido do cordo umbilical humano preservam a funo
cardaca aps um transplante intramiocrdico como demonstrado num estudo realizado
em murinos com enfarte do miocrdio. Os efeitos cardioprotetores destas clulas foram
atribudos a mecanismos parcrinos que aumentam a angiognese, limitam a amplitude
da apoptose, aumentam a proliferao e ativam um conjunto de clulas cardacas
progenitoras adultas que residem no corao do murino. Com estes resultados, as
clulas estaminais mesenquimais derivadas do tecido do cordo umbilical humano
devem ento ser consideradas como uma boa alternativa para a criao de novas
abordagens teraputicas no tratamento do enfarte do miocrdio (Nascimento et al.,
2014).
iii. Terapia neural
A ideia de que o crebro no possui capacidade para se regenerar alterou-se nos
ltimos anos com a descoberta de nichos de clulas estaminais neurais com a
capacidade de gerar novos neurnios no crebro. Recorrendo a clulas estaminais,
tornou-se ento possvel pensar em novas estratgias neuroprotetoras, que podem
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
35
prevenir a morte neuronal resultante da agresso ao crebro, bem como o
desenvolvimento de tcnicas reparadoras do tecido nervoso que foi previamente afetado
(Malva e Bernardino, 2010).
Segundo Malva e Bernardino (2010), no sistema nervoso existem as clulas
estaminais neurais e as clulas progenitoras com proliferao contnua em nichos
especficos, o que permite a produo das clulas do sistema nervoso que
posteriormente se iro colocar nos respetivos circuitos neurais para realizarem a sua
funo. ento de grande importncia entender o desenvolvimento, diferenciao e
migrao das clulas imaturas, obtendo assim um processo de substituio de neurnios
mortos pelas novas clulas e a sua integrao funcional no crebro (Malva e Bernardino,
2010).
Existem dados que demonstram que as clulas ependimrias so clulas
estaminais neurais, do origem a clulas com rpida proliferao que produzem
neurnios e depois migram para o bolbo olfativo. Em resposta leso medular, a
proliferao das clulas ependimrias aumenta para produzir clulas que se diferenciam
em astrcitos e que depois migram, participando tambm na formao da cicatriz,
havendo ento uma identificao de um novo processo que acontece aquando de uma
leso no sistema nervoso central (Johansson et al., 1999).
A neurognese pode tambm ser estimulada em resposta agresso cerebral,
criando-se na zona lesionada um ambiente que permite que a neurognese acontea, o
que estimula a produo de novas clulas neurais e facilita a migrao de clulas
progenitoras para as zonas da leso. Esta neurognese funciona como um processo com
um grande potencial reparador do crebro (Malva e Bernardino, 2010).
As clulas estaminais do SCU demostraram em vrios estudos, poderem-se
diferenciar in vitro e utilizando marcadores especficos, em neurnios e
oligodendrcitos. Foi exposto o caso de uma senhora paraplgica que aps
transplantada com clulas do SCU, recuperou uma parte da perceo sensorial e da
mobilidade dos membros inferiores. Em estudos com animais, o tratamento endovenoso
com clulas estaminais do SCU, demonstraram atrasar a progresso de doenas como o
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
36
Parkinson e Alzheimer e at mesmo o aparecimento dos sintomas caractersticos das
doenas, no entanto ainda no so conhecidos os mecanismos moleculares atravs do
qual essa regenerao acontece. No entanto, estes resultados animadores obtidos com
modelos animais, s vm favorecer o estudo em humanos (Cabeleira et al, 2010).
A doena de Parkinson uma doena neurodegenerativa, que resulta da perda
dos neurnios produtores da dopamina presentes na substncia negra, sendo
caracterizada por sintomas motores caractersticos tais como o tremor, a rigidez, a
bradicinesia e a instabilidade postural. O tratamento clssico passa pela administrao
de levodopa, cirurgia da leso neural e estimulao profunda do crebro, embora estes
procedimentos tenham sido eficazes na melhoria dos sintomas, o transplante dos
neurnios produtores de dopamina ou de clulas estaminais neurais tornou-se numa boa
alternativa para o tratamento desta doena. De entre os vrios tipos de clulas
estaminais, as iPSCs so as consideradas com maior potencialidade para este tipo de
terapia, no entanto possuem alguns inconvenientes tal como a necessidade do recurso a
embries humanos e a possibilidade de haver rejeio pelo sistema imunolgico do
paciente (Chen et al., 2011).
Essa rejeio dificulta a aplicao das iPSCs ao nvel do tratamento clnico bem
como a dificuldade na obteno de neurnios produtores de dopamina, no entanto, estas
clulas possuem um grande potencial para o estudo da patogenia da doena de
Parkinson e so tambm uma boa fonte de terapia de substituio. Yamanaka e
colaboradores (2006, 2007) foram os primeiros a conseguir induzir clulas iPSCs
atravs da reprogramao de fibroblastos embrionrios e adultos de rato, com quatro
fatores de transcrio, (Oct4, Sox2, Klf4 e c- Myc) sob condies de cultura das clulas
estaminais embrionrias. Apesar desta descoberta, ainda no se sabe se estes quatro
fatores conseguiro formar clulas pluripotentes a partir de clulas somticas humanas
uma vez que a utilizao do fator c-Myc pode no ser adequada em aplicaes clnicas e
pode ser necessrio ambientes de cultura especficos (Takahashi e Yamanaka, 2006;
Okita, Ichisaka e Yamanaka, 2007). Estudos realizados em animais demonstraram que
as clulas iPSCs derivadas dos fibroblastos poderiam ser transplantadas no interior do
sistema nervoso central e melhorar os sintomas motores num dos modelos utilizados
para a doena de Parkinson. As clulas iPSCs especficas do paciente podem ser
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reprogramadas e posteriormente diferenciadas em neurnios dopaminrgicos, o que
proporciona um bom modelo in vitro para a patologia da doena, rastreio de drogas e
terapia com clulas estaminais personalizada. So necessrios realizar estudos futuros
quanto transformao celular e aos processos de reprogramao para criar as clulas
iPSCs de doenas especficas para poderem ser utilizadas na medicina personalizada de
regenerao nos pacientes com a doena de Parkinson, revelando assim mecanismos de
reprogramao detalhados (Chen et al., 2011).
A doena de Alzheimer tambm uma doena neurolgica degenerativa cuja
perda de memria o sintoma mais caracterstico, embora tambm existam outros
sintomas como depresso, perda de inibio, delrios, agitao, ansiedade e
agressividade. Atualmente no existe nenhum tratamento atravs do qual os sintomas
comportamentais sejam tratados e os mais benficos so especficos de um determinado
sintoma (Shruster e Offen, 2014).
A terapia com clulas estaminais neurais poder funcionar como um tratamento,
havendo potencial para substituir os atuais frmacos utilizados, ou at mesmo como
uma futura cura futura para o Alzheimer. Estudos sobre as clulas iPSCs tm
demonstrado bons resultados embora o essencial e o mais difcil de controlar seja a
diferenciao celular. Para o desenvolvimento deste tipo de terapia, existem ainda
alguns obstculos incluindo questes ticas e tcnicas no controlo da diferenciao
celular, da terem sido estudados novos mtodos para ajudar a controlar e a
compreender a diferenciao das clulas estaminais neurais, tal como juntar os sinais
solveis (fatores de crescimento ou insulina), com os padres da protena presentes na
matriz extracelular, qualidades micro ambientais in vivo, e substratos de crescimento
convencionais (Liu e Larson, 2014).
O professor Daniel Offen e o Dr. Adi Shruster da Universidade de Tel Aviv
Scackler School of Medicine descobriram que ao restabelecer uma populao de novas
clulas na parte do crebro que est associada ao comportamento, alguns dos sintomas
da doena de Alzheimer diminuem significativamente ou at se invertem
completamente. O estudo teve ratos como modelos, proporcionando um alvo promissor
para os sintomas da doena em seres humanos. O estudo baseia-se na introduo de
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
38
clulas estaminais no tecido cerebral de ratos com sintomas da doena de Alzheimer. O
gene (Wnt3a) foi introduzido na parte do crebro que controla o comportamento, para
testar a formao de genes que produzem as novas clulas do crebro. O aumento da
produo de clulas estaminais numa determinada rea do crebro teve um efeito
benfico sobre os dfices comportamentais da doena de Alzheimer. Entretanto, a
investigao passou para a rea do crebro que controla a memria, esperando-se
resultados semelhantes (Shruster e Offen, 2014).
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
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7- Clulas estaminais em Portugal
Em Portugal existe alguma investigao em relao s clulas estaminais, visto
este tema ter ganho uma grande importncia ao longo dos anos. Existem algumas
evolues sobre este assunto tal como as notcias abaixo descritas.
Um grupo de investigadores do Instituto de Medicina Molecular da Faculdade
de Medicina de Lisboa, identificaram uma protena presente nas clulas estaminais
hematopoiticas designada de RET (Rearranged During Transfection), a ativao desta
protena melhora a sobrevivncia das clulas estaminais hematopoiticas, a sua
expanso e a eficincia in vivo do transplante, contribuindo assim para o xito dos
transplantes nos doentes com leucemia ou linfomas. Este estudo tambm nos mostra que
os fatores neurotrficos so os novos componentes presentes do microambiente das
clulas estaminais hematopoiticas, revelando que as clulas estaminais
hematopoiticas e os neurnios so reguladas por sinais semelhantes (Fonseca-Pereira et
al., 2014).
Recentemente (fevereiro de 2014), a Crioestaminal registou uma patente
internacional para uma nova aplicao de clulas estaminais do cordo umbilical, na
regenerao do tecido cardaco aps enfarte do miocrdio. Esta patente resultou de uma
investigao que permitiu que as clulas estaminais fossem injetadas diretamente no
msculo cardaco, para que este, aps um enfarte, seja capaz de cicatrizar mais depressa
e regenerar as suas funes. A metodologia passou pela utilizao de clulas estaminais
hematopoiticas em conjunto com um lpido bioativo (cido lisofosfatdico), conjugadas
num gel necessrio para as clulas manterem a sua estabilidade, permitindo-lhes
aumentar a sua sobrevivncia fora do seu ambiente natural. A investigao decorreu em
modelos animais, sendo ainda cedo para uma futura utilizao em humanos. A
Crioestaminal aponta o ano 2015 para a realizao de ensaios clnicos testando assim a
segurana e eficcia em humanos desta tcnica, bem como de outra patente, centrada
nas clulas estaminais do cordo umbilical desenvolvida para a cicatrizao de feridas
relacionadas com o p diabtico, registada em 2012 (Anon, 2014).
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
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III-CONCLUSO
Sabe-se que existe nos ltimos anos um estudo intensivo no sentido de criar
teraputicas inovadoras com as clulas estaminais, trazendo esperana e at cura para
muitas doenas. Estas clulas tm uma vasta aplicao clnica, no entanto ainda
necessrio continuar com os ensaios e estudos de modo a tornar vlidos alguns dos seus
resultados na prtica clnica.
Quanto s aplicaes teraputicas existe uma grande lista de alternativas onde
alguns resultados so positivos como aquelas que esto expostas ao longo da dissertao,
incluindo outras que esto ainda em fase de estudo e muitas outras aplicaes
teraputicas que no foram faladas.
Em Portugal no existe muita investigao acerca deste tema, no entanto a
Crioestaminal, que um banco privado de criopreservao em Portugal, tem apostado
na divulgao, investigao e conhecimento das clulas estaminais, contribuindo assim
para colocar Portugal num local onde se pode desenvolver terapias celulares eficazes.
Este banco tem tambm alguns projetos em seguimento bem como parcerias com
instituies importantes nesta rea.
A recolha de clulas estaminais um processo simples que poder ser muito til
no futuro, por isso proceda recolha das clulas estaminais no momento do parto e
guarde num banco sua escolha.
Aplicaes teraputicas das clulas estaminais
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