48
Márcia Andreia Nogueira Ventura Utilização terapêutica das células estaminais Universidade Fernando Pessoa Faculdade Ciências da Saúde Porto, 2014

Márcia Andreia Nogueira Ventura - bdigital.ufp.ptbdigital.ufp.pt/bitstream/10284/4411/1/PPG_23953.pdf · As questões éticas e morais surgem como um dos grandes problemas relativamente

Embed Size (px)

Citation preview

  • Mrcia Andreia Nogueira Ventura

    Utilizao teraputica

    das clulas estaminais

    Universidade Fernando Pessoa

    Faculdade Cincias da Sade

    Porto, 2014

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    1

    Mrcia Andreia Nogueira Ventura

    Utilizao teraputica

    das clulas estaminais

    Universidade Fernando Pessoa

    Faculdade Cincias da Sade

    Porto, 2014

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    2

    Autora:

    Mrcia Andreia Nogueira Ventura

    Ttulo:

    Utilizao teraputica das clulas estaminais

    Assinatura:

    Trabalho apresentado Universidade Fernando Pessoa

    como parte dos requisitos para obteno

    do grau de Mestre em Cincias Farmacuticas

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    3

    RESUMO

    Uma clula estaminal uma clula indiferenciada que possui a capacidade de

    dar origem a outras clulas especializadas com diversas funes que esto de acordo

    com o tecido ou rgo que representam, permitindo assim uma panplia de

    manipulaes e utilidades clnicas. Elas podem classificar-se quanto origem em

    clulas estaminais embrionrias e clulas estaminais adultas e quanto potencialidade

    em clulas totipotentes, pluripotentes ou multipotentes.

    As suas aplicaes teraputicas so variadas, existindo vrios estudos com

    resultados positivos e outros que necessitam de uma investigao futura mais profunda,

    no entanto estas clulas podem ser utilizadas at mesmo com os novos sistemas

    teraputicos. Ao longo da dissertao vo ser explorados temas como a terapia do

    cancro, a terapia cardiovascular e a terapia neural bem como algumas futuras apostas

    cientficas nestas reas.

    Palavras-chave: clulas estaminais, aplicaes teraputicas, terapia

    ABSTRACT

    A stem cell is an undifferentiated cell that has the ability to give rise to other

    specialized cells with different functions that are consistent with the tissue or organ they

    represent, thus allowing a range of manipulations and clinical utility. They can be

    classified as to the origin in embryonic stem cells and adult stem cells and about the

    potential for totipotent, pluripotent or multipotent.

    There are many therapeutic applications for these cells and there are several

    studies about this potential therapeutic use in the future with positive results and other

    that need further investigation in the future, these cells also can be used with the new

    therapeutic systems. Throughout the dissertation subjects such as cancer therapy,

    cardiovascular therapy and the neural therapy will be operated as well as some future

    scientific applications in these areas.

    Key words: stem cells, therapeutics applications, therapy

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    4

    DEDICATRIA E AGRADECIMENTOS

    Dedico a todas as pessoas que sempre acreditaram em mim e agradeo a todas

    aquelas que de uma forma ou de outra ou at de todas as formas me ajudaram na

    realizao desta dissertao pois sem essa ajuda no seria a mesma coisa,

    principalmente Professora Doutora Maria Joo Coelho que pacientemente me orientou

    em tudo o que precisei, um grande obrigado.

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    5

    NDICE

    I- INTRODUO ....................................................................................................................... 8

    II-CLULAS ESTAMINAIS ........................................................................................................ 9

    1-Definio ............................................................................................................................. 9

    2-Classificao das clulas estaminais....................................................................................... 11

    i. Origem ..................................................................................................................... 11

    ii. Potencialidade ........................................................................................................... 13

    3-Fontes de clulas estaminais ................................................................................................. 15

    4- Diferenciao das clulas estaminais ..................................................................................... 19

    i. Diferenciao das clulas estaminais hematopoiticas ..................................................... 19

    ii. Diferenciao das clulas estaminais mesenquimais ........................................................ 21

    5-Criopreservao .................................................................................................................. 22

    i. Bancos de criopreservao ........................................................................................... 22

    6- Aplicaes teraputicas ....................................................................................................... 24

    i. Terapia do cancro ....................................................................................................... 24

    ii. Terapia cardiovascular ................................................................................................ 31

    iii. Terapia neural ............................................................................................................ 34

    7- Clulas estaminais em Portugal ............................................................................................ 39

    III-CONCLUSO ..................................................................................................................... 40

    IV-BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................. 41

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    6

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1 - Diferentes origens das clulas estaminais........................................................................ 13

    Figura 2 - Cordo umbilical, clulas mesenquimais e clulas hematopoiticas .................................... 17

    Figura 3 - Fontes de clulas estaminais e adultas ............................................................................ 18

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    7

    LISTA DE ABREVIATURAS

    CD Cluster of differentiation ou grupo de diferenciao

    DR Death receptors ou recetores de morte

    EpiSC Epiblast stem cells ou Clulas Estaminais do Epiblasto

    Ex. - Exemplo

    HLA- Antignio Leucocitrio Humano

    IFN- Interfero

    IPO- Instituto Portugus de Oncologia

    iPSCs Induced pluripotent stem cells ou Clulas Estaminais Pluripotentes Induzidas

    IPST Instituto Portugus do Sangue e da Transplantao

    NK Natural Killer

    RET - Rearranged during transfection

    SCU Sangue do Cordo Umbilical

    TCU Tecido do Cordo Umbilical

    TNF Tumor necrosis factor ou fator de necrose tumoral

    TRAIL - Tumor Necrosis Factor-Related Apoptosis Induced Ligand

    S-TRAIL Secretable Tumor Necrosis Factor-Related Apoptosis Induced Ligand

    USSC Unrestricted Somatic Stem Cell ou Clulas Estaminais Somticas No Restritas

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    8

    I- INTRODUO

    Este trabalho tem como objetivo abordar o tema clulas estaminais relativamente

    s suas aplicaes teraputicas na rea do cancro, cardiovascular e neural, sendo trs

    grandes reas e com grande importncia. Estas clulas ao longo dos ltimos anos tm

    sido vistas como uma teraputica inovadora e promissora para o tratamento de muitas

    doenas inclusive doenas auto imunes e outras consideradas incurveis.

    Uma clula estaminal uma clula indiferenciada com capacidade de dar origem

    a clulas especializadas com varias funes de acordo com o tecido ou rgo que

    representam (Shah, 2013), permitindo uma panplia de manipulaes e utilidades

    clnicas. Elas podem classificar-se quanto origem em clulas estaminais embrionrias

    e clulas estaminais adultas e quanto potencialidade em totipotentes, pluripotentes e

    multipotentes.

    As principais fontes de clulas estaminais so o sangue do cordo umbilical a

    medula ssea, sendo que em Portugal, o primeiro transplante de clulas estaminais do

    sangue do cordo umbilical que foram criopreservadas num banco privado portugus,

    foi a 19 de Fevereiro de 2007. Esta interveno foi realizada no Instituto Portugus de

    Oncologia do Porto (IPO) numa criana de 14 meses com leucemia linfoblstica aguda

    e foi muito bem-sucedida salvando-lhe assim a vida (Carvalho, 2007).

    Existem 4 bancos de recolha de clulas estaminais que so privados e

    autorizados pela Autoridade para os Servios de Sangue e Transplantao:

    Crioestaminal, Beb Vida, Criovida e Instituto Valenciano de Fertilidade (Cabo, 2012) e

    existe um pblico, a LUSOCORD.

    Em relao s aplicaes teraputicas, existem vrios estudos acerca deste

    potencial uso teraputico, alguns j realizados e outros ainda em fase de realizao. Ao

    longo do desenvolvimento do tema vo ser explorados temas como a terapia do cancro,

    cardiovascular e neural bem como a futuros avanos cientficos.

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    9

    II-CLULAS ESTAMINAIS

    1-Definio

    A utilizao de clulas estaminais tem gerado um enorme interesse no mundo da

    cincia, pois so vistas como tendo um grande potencial para o tratamento de diversas

    doenas. Segundo muitos investigadores, as clulas estaminais so a grande promessa

    para a cura de doenas consideradas at aos dias de hoje incurveis como Parkinson e

    Alzheimer, entre outras (Serro, 2004).

    As clulas estaminais so clulas indiferenciadas que do origem a clulas

    especializadas com variadas funes de acordo com o tecido ou rgo que representam.

    Possuem trs grandes caractersticas:

    so pluripotentes, pois do origem a vrias clulas filhas que por sua vez se

    diferenciam em vrios tipos celulares especficos sob a influncia do

    microambiente em que esto inseridas (Shah, 2013);

    tm grande capacidade de proliferao e de diviso;

    tm grande capacidade de autorrenovao (Gomes e Pranke, 2008).

    As clulas estaminais embrionrias (isoladas diretamente do embrio) possuem

    uma grande capacidade de autorrenovao indefinida devido alta expresso da

    telomerase, j nas clulas estaminais adultas (isoladas aps o nascimento), a atividade

    da telomerase parece ser menor, o que limita a sua capacidade de persistncia a longo

    prazo (Shah, 2013). So estas as clulas responsveis pela renovao celular bem como

    o crescimento e respetiva reparao dos tecidos desde o nascimento at vida adulta

    (Watt e Driskell, 2010).

    Novos estudos indicam que at mesmo as clulas maduras podem ser

    reprogramadas para se tornarem pluripotentes, estas so designadas de clulas

    estaminais pluripotentes induzidas (iPSCs). Elas so formadas a partir de clulas

    somticas humanas ou at de ratos e pela expresso forada de fatores de transcrio

    definidos, tornam-se em clulas mais primitivas de modo a tornarem-se outra vez

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    10

    pluripotentes. As iPSCs possuem boas propriedades de autorrenovao e pluripotncia

    tal como as clulas estaminais embrionrias, o que lhes conferem um enorme potencial

    para futuras terapias (Bragana, Tavares e Belo, 2010). Um dos estudos realizados com

    as clulas iPSCs, foi organizado por um grupo de cientistas da Universidade de

    Pittsburgh na Pensilvnia, que utilizaram as iPSCs para criar clulas percursoras

    cardacas. Ainda esto longe de fazerem com que um corao humano inteiro bombeie,

    no entanto, os resultados deste estudo podem ser usados para que futuramente seja

    possvel substituir um pedao de tecido danificado por um ataque cardaco, ou at um

    rgo inteiro, nos doentes que possuem uma doena cardaca (Lu et al., 2013).

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    11

    2-Classificao das clulas estaminais

    i. Origem

    As clulas estaminais podem ser classificadas quanto sua origem em clulas

    estaminais embrionrias ou clulas estaminais adultas.

    As clulas estaminais embrionrias, so isoladas diretamente do embrio na fase

    inicial do seu desenvolvimento, sendo retiradas da massa interna do blastocisto que se

    forma entre o 4 e 6 dia do desenvolvimento embrionrio e possuem uma grande

    capacidade de diferenciao. Podem dar origem a qualquer clula do corpo humano,

    sendo consideradas pluripotentes, com a exceo dos tecidos extraembrionrios

    (Cabeleira et al., 2010). As suas caractersticas permitem que mesmo aps estarem um

    tempo indefinido in vitro podem dar origem a descendncia (Fozard et al., 2011). As

    clulas estaminais embrionrias pluripotentes normalmente so isoladas do epiblasto

    (tecido derivado do boto embrionrio que futuramente se diferencia para formar as trs

    camadas germinais do embrio de onde derivam todos os tecidos e rgos), antes da sua

    implantao no tero, no entanto, tambm podem ser isoladas aps a implantao do

    blastocisto designando-se de clulas estaminais do epiblasto (EpiSC). As EpiSC no

    contribuem para a formao de um embrio, no entanto, so capazes de se

    diferenciarem em vrios tipos celulares (Bragana, Tavares e Belo, 2010).

    As questes ticas e morais surgem como um dos grandes problemas

    relativamente ao uso clnico destas clulas (Correia e Bragana, 2010), com a exceo

    da recolha destas a partir de embries e fetos abortados espontaneamente (Serro, 2004).

    As clulas estaminais embrionrias possuem uma maior capacidade de diferenciao e

    plasticidade que as clulas estaminais adultas e identificam-se e isolam-se mais

    facilmente pois existem em maior nmero (Correia e Bragana, 2010).

    As clulas estaminais adultas so clulas que se encontram presentes nos rgos

    e tecidos fetais e adultos, tendo assim vrias provenincias desde o sangue do cordo

    umbilical, placenta, tecido adiposo, medula ssea, sangue perifrico e tecidos maduros.

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    12

    Estas clulas so isoladas depois do nascimento e tm como principal funo a

    reparao e manuteno dos tecidos e rgos sempre que necessrio (Correia e

    Bragana, 2010), so tambm consideradas multipotentes (Bragana, Tavares e Belo,

    2010). O seu potencial de diferenciao menor que o das clulas estaminais

    embrionrias. Aps a sua diferenciao e atravs de um estado transitrio, ocorre a

    formao de uma clula percursora ou progenitora que futuramente dar origem clula

    especializada (Correia e Bragana, 2010).

    As clulas estaminais adultas encontram-se em estado de repouso por longos

    perodos de tempo, mas so ativadas quando estimuladas por hormonas e/ou fatores de

    crescimento ou por leses tecidulares (Cruz et al., 2009).

    A identificao das clulas estaminais adultas feita de acordo com trs critrios,

    os bioqumicos, os histolgicos e os morfolgicos. Em relao ao isolamento e

    identificao das clulas estaminais adultas, visto que estas clulas existem em

    pequenos nichos celulares no nosso organismo, muitas vezes em pequenas quantidades

    e j que algumas so morfologicamente idnticas s clulas adultas especializadas,

    torna-se complicado fazer o seu isolamento e identificao. No entanto, elas possuem

    protenas e fatores de transcrio especficos (ex: recetores membranares), logo,

    utilizam-se essencialmente estes fatores na sua marcao citolgica (Correia e Bragana,

    2010).

    Quanto s questes ticas e morais, estas clulas levantam menos problemas que

    as clulas estaminais embrionrias, visto serem retiradas aps o nascimento e no em

    tecidos fetais. So menos propensas formao de tumores, por possurem uma menor

    plasticidade e capacidade de proliferao, sendo que o facto de j estarem programadas

    para originar clulas diferenciadas tambm se torna numa vantagem. Por outro lado

    apresentam tambm algumas desvantagens: menor capacidade de proliferao, podem

    conter um maior nmero de erros genticos devido a possveis exposies a agentes

    mutagnicos ou erros durante a replicao e so de difcil identificao e isolamento

    (Correia e Bragana, 2010). As clulas estaminais adultas podem ser reprogramadas

    para voltarem a ser pluripotentes pela transferncia de um ncleo adulto para um

    citoplasma de um ocito ou pela fuso com uma clula pluripotente (Watt, Ryan e

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    13

    Driskell, 2010).

    ii. Potencialidade

    As clulas estaminais podem ser classificadas quanto sua potencialidade em

    clulas estaminais totipotentes, pluripotentes ou multipotentes, tal como se pode

    observar na figura (1).

    Figura 1 - Diferentes origens das clulas estaminais (Watt e Driskell, 2010).

    Clulas estaminais totipotentes - so clulas que possuem a mxima capacidade

    de diferenciao, isto , so clulas capazes de se dividir e produzir todas as clulas do

    organismo, estas clulas so as clulas do embrio recm-formado (Souza et al., 2003).

    O ovo fertilizado a clula estaminal com maior potencial de diferenciao (Beb Vida,

    2010) bem como os blastmeros que so as clulas que constituem a mrula, sendo

    tambm estas duas as nicas clulas totipotentes (Bragana, Tavares e Belo, 2010).

    Clulas estaminais pluripotentes - tm a capacidade de se diferenciar em clulas

    que derivam das diferentes camadas embrionrias que so a mesoderme, (que origina os

    msculos, ossos, sangue e sistema urogenital), endoderme (que origina o trato

    gastrointestinal e os pulmes) e ectoderme (que origina os tecidos epidermais e sistema

    nervoso), estas camadas germinativas provm do boto embrionrio (Bragana, Tavares

    e Belo, 2010).

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    14

    Estas clulas contm clulas estaminais embrionrias e podem dar origem a

    qualquer tipo de clula fetal ou adulta, mas no podem por si prprias desenvolver-se

    num organismo fetal ou adulto porque no possuem a capacidade de criar tecido

    extraembrionrio, como a placenta. Nos casos em que o tecido constitudo por uma

    nica linhagem diferenciada, as clulas estaminais que mantm essa linhagem so

    designadas de unipotentes (Watt e Driskell, 2010).

    Clulas estaminais multipotentes - so clulas limitadas na sua capacidade de

    diferenciao e so designadas de acordo com o rgo do qual provm, originando

    exclusivamente as clulas daquele rgo. So clulas que esto presentes no indivduo

    adulto (Souza et al., 2003).

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    15

    3-Fontes de clulas estaminais

    O sangue do cordo umbilical (SCU) representa uma das principais fontes de

    clulas estaminais embrionrias pois as clulas estaminais adultas que a residem esto

    em menor nmero, logo, torna-se numa fonte muito promissora de clulas na rea da

    medicina regenerativa, nos transplantes hematopoiticos e para o tratamento de diversas

    doenas de origem hemato-oncolgica. O sangue do cordo umbilical rico nos

    seguintes tipos de clulas (Cabeleira et al., 2010):

    clulas estaminais hematopoiticas;

    clulas progenitoras endoteliais;

    clulas estaminais mesenquimais;

    clulas USSC (Unrescrited Somatic Stem Cell ou Clulas Estaminais Somticas

    No Restritas);

    clulas estaminais embrionic-like (Cabeleira et al., 2010).

    As clulas estaminais hematopoiticas so as que do origem s vrias clulas da

    linhagem sangunea que por sua vez se dividem na linhagem linfoide, responsvel pela

    formao das clulas do sistema imunitrio (linfcitos T, linfcitos B e linfcitos NK

    (Natural Killer)), e a linhagem mieloide que origina as clulas do sistema sanguneo

    (moncitos, macrfagos, neutrfilos, basfilos, eosinfilos, eritrcitos, megacaricitos,

    plaquetas e clulas dendrticas) (Bragana, Tavares e Belo, 2010). As clulas estaminais

    hematopoiticas so muito utilizadas nas transfuses sanguneas em pacientes com

    doenas hematolgicas malignas, onde os resultados tm sido muito positivos

    (Cabeleira et al., 2010).

    Torna-se ento numa grande vantagem o uso das clulas estaminais

    hematopoiticas para os tratamentos da talassemia e leucemia (Lim et al., 2013). As

    principais fontes destas clulas so a medula ssea, sangue perifrico e o cordo

    umbilical (Lim et al., 2013). No entanto, estas principais fontes possuem um uso

    limitado em quantidade, bem como outros problemas associados como o nmero

    limitado de dadores, imunorreaces, contaminao viral, escassez de dadores

    compatveis com o HLA (Antignio Leucocitrio Humano) e efeitos adversos de

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    16

    excerto versus hospedeiro, limitando assim o seu uso, logo, torna-se necessrio a

    obteno de clulas estaminais hematopoiticas por outras fontes tal como a induo de

    clulas estaminais pluripotentes (Lim et al., 2013).

    As clulas progenitoras endoteliais so as que originam as clulas endoteliais

    que constituem os vasos sanguneos (Cabeleira et al., 2010).

    As clulas estaminais mesenquimais diferenciam-se em vrias linhagens tal

    como as clulas sseas, cartilagem, clulas musculares e clulas do tecido adiposo.

    Alguns estudos sugerem a possibilidade de se diferenciarem tambm em clulas neurais

    (Cabeleira et al., 2010).

    As USSC so consideradas clulas estaminais mesenquimais primitivas, uma

    vez que tambm se podem diferenciar em clulas do tecido adiposo, clulas neurais,

    clulas sseas, cartilagem e ainda em clulas sanguneas e do msculo cardaco

    (Cabeleira et al., 2010).

    As clulas estaminais embrionic-like do origem a clulas caractersticas das trs

    linhas germinativas como a ectoderme (clulas neurais), mesoderme (clulas

    sanguneas) e endoderme (clulas hepticas) (Cabeleira et al., 2010).

    O primeiro transplante de clulas estaminais do SCU foi em 1988 em Paris numa

    criana com anemia de Fanconi onde foi utilizada uma amostra de clulas estaminais

    compatvel com a criana proveniente de um irmo, a amostra foi criopreservada e

    depois transplantada na criana com sucesso. Este procedimento veio aumentar o

    interesse nas clulas estaminais retiradas do sangue do cordo umbilical pois contm

    clulas em quantidades suficientes para uma futura reconstituio hematopoitica e

    imunolgica do doente. O sangue do cordo umbilical hoje considerado uma fonte

    vantajosa em alternativa ao transplante de medula ssea (Cabeleira et al., 2010).

    J em Portugal, o primeiro transplante com SCU foi realizado em 1994 no IPO

    (Instituto Portugus de Oncologia) de Lisboa, para o tratamento de uma criana com

    leucemia mieloide crnica (Crioestaminal, 2013). A figura 2 mostra as clulas do cordo

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    17

    umbilical.

    Figura 2 - Cordo umbilical, clulas mesenquimais e clulas hematopoiticas (The

    Stem Cell Source, 2012)

    Tambm podem ser obtidas clulas no tecido do cordo umbilical (TCU), que se

    encontra entre a pele e os vasos sanguneos, e que rico em clulas estaminais

    mesenquimais com propriedades diferentes das clulas do sangue do cordo umbilical

    (Crioestaminal, 2013). A principal diferena entre as clulas mesenquimais do cordo

    umbilical, relativamente s clulas mesenquimais dos tecidos adultos, o facto das

    clulas mesenquimais do cordo umbilical no possurem um Complexo Maior de

    Histocompatibilidade completo, visto que os genes do subgrupo II e um gene do

    subgrupo I esto ausentes. Isto importante quanto compatibilidade entre o dador e o

    recetor para transplantes alognicos, pois a probabilidade de ocorrer uma rejeio do

    transplante por parte do recetor muito baixa mesmo no havendo uma

    histocompatibilidade completa entre ele e o dador (Bragana, Tavares e Belo, 2010).

    O TCU considerado a melhor fonte de obteno das clulas mesenquimais pois

    a encontram-se em grande quantidade incluindo o seu grau de imaturidade (Cardoso et

    al., 2012).

    As clulas mesenquimais tm a capacidade de se autorrenovarem e

    diferenciarem em vrias linhagens, incluindo o tendo, a cartilagem, o msculo, o

    estroma da medula, o osso e o tecido adiposo. Elas so capazes de modelar a resposta

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    18

    imunolgica e podem ser utilizadas em simultneo nos transplantes alognicos de

    clulas estaminais hematopoiticas, com o objetivo de reduzirem as complicaes

    imunolgicas associadas a este tipo de transplantes, o que aumenta a probabilidade de

    sucesso dos mesmos (Cardoso et al., 2012). Outros locais onde podem ser retiradas as

    clulas mesenquimais so: medula ssea, msculo, osso trabecular, derme, tecido

    adiposo, peristeo, pericito, sangue e membrana sinovial (Tuan, Boland e Tuli, 2003).

    As principais fontes de clulas estaminais adultas so a medula ssea, a polpa

    dentria, o sangue perifrico, o crebro, a espinal medula, os vasos sanguneos, os

    msculos esquelticos, o epitlio da pele e do sistema digestivo, a crnea, a retina, o

    fgado e o pncreas, entre outros (Cabeleira et al., 2010). As clulas estaminais adultas

    mais estudadas e utilizadas so as clulas estaminais hematopoiticas, mesenquimais,

    neurais e epiteliais.

    Visto que a cada tipo de tecido corresponde um tipo de clula estaminal adulta e

    apesar de muitas j estarem identificadas, futuramente muitas outras iro ser descobertas

    . A figura 3 ilustra um breve resumo das fontes de clulas estaminais e adultas.

    Figura 3 - Fontes de clulas estaminais e adultas (Bragana, Tavares e Belo, 2010).

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    19

    4- Diferenciao das clulas estaminais

    As clulas estaminais embrionrias formam-se ao longo da embriognese. Este

    processo inicia-se com a formao do zigoto que aps algumas divises celulares da

    mrula, torna-se no blastocisto (esfera oca composta por um conjunto de clulas

    externas trofoblasto - que formam uma cavidade blastoclio), que apresenta um

    conjunto de clulas designadas de boto embrionrio. Aps a formao do blastocisto,

    as clulas comeam a perder a potencialidade inicial de se especializarem em qualquer

    clula do organismo. O trofoblasto s d origem aos tecidos extra-embrionrios, j o

    boto embrionrio d origem ao epiblasto que o percursor do embrio, de onde

    surgem as trs camadas embrionrias que so a mesoderme, ectoderme e endoderme

    (Bragana, Tavares e Belo, 2010).

    Aps o nascimento, as clulas isoladas passam, tal como referido anteriormente,

    a designar-se por clulas estaminais adultas. Elas podem dividir-se por dois tipos de

    diviso celular: a diviso celular simtrica e a diviso celular assimtrica (Correia e

    Bragana, 2010).

    Pela diviso celular simtrica so originadas duas clulas filhas com as mesmas

    propriedades da clula me. Elas sofrem vrios ciclos de diviso celular at receberem

    estmulos pelo microambiente onde esto inseridas para se diferenciarem nas clulas

    necessrias ao organismo naquele momento. As clulas filhas deixam de se dividir

    simetricamente e passam ento a dividir-se assimetricamente o que leva formao de

    clulas mais especializadas. Pensa-se que este fenmeno de passagem de uma diviso

    celular simtrica para uma diviso celular assimtrica acontece pela segregao

    diferencial das protenas membranares entre as clulas filhas (Correia e Bragana, 2010).

    i. Diferenciao das clulas estaminais hematopoiticas

    A diferenciao celular o processo que leva expresso fenotpica das

    caractersticas pertencentes a uma clula madura in vivo, a partir de uma clula

    indiferenciada. Aps a diferenciao, a capacidade de diviso celular diminui (Cruz et

    al., 2009).

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    20

    As clulas estaminais hematopoiticas tm grande importncia pois daro

    origem s duas principais linhagens hematopoiticas (linhagem linfoide e linhagem

    mieloide). Estas clulas encontram-se em fase de repouso na medula ssea e na

    superfcie trabecular do osso onde esto em constante movimento, por exemplo, passam

    do seu compartimento no fmur para o seu compartimento na tbia, o que permite que

    elas se mantenham em vrios locais do corpo. O fgado e o bao tambm contm estas

    clulas no entanto, em condies normais que levam hematopoiese, s ocorre uma

    diferenciao limitada das clulas hematopoiticas. A ocorrncia de estmulos para

    induzir a hematopoiese, que no se limita s ao sistema hematopoitico, pode aumentar

    a formao de clulas sanguneas, indicando que estes rgos so capazes de ativar

    nichos facultativos que ajudam a manuteno das clulas estaminais hematopoiticas e a

    hematopoiese durante muito tempo. Por exemplo, uma leso na pele pode levar

    formao de novos folculos capilares e depois preenchidos por clulas estaminais

    (Bragana, Tavares e Belo, 2010).

    Sob estmulos especficos como as leses do tecido, as clulas estaminais

    hematopoiticas passam do estado de repouso para o estado ativo na medula ssea pois

    controlado por uma rede complexa de fatores de crescimento e de citocinas,

    procedendo sua especializao. Existem sinais de que estas clulas podem participar

    na regenerao dos tecidos perifricos (foram localizadas noutros rgos como na pele,

    no msculo, nos pulmes, no bao, no fgado, nos tecidos do sistema nervoso e

    gastrointestinal), estimulando assim o sistema imunolgico, quer por fuso celular

    adquirindo depois propriedades das clulas com as quais se fundem, quer por

    transdiferenciao (Bragana, Tavares e Belo, 2010) (processo em que uma clula j

    diferenciada induzida a transformar-se num outro tipo de clula) (Mezey et al., 2003)

    em clulas envolvidas na reparao dos tecidos danificados, embora este ltimo

    mecanismo no esteja totalmente comprovado (Bragana, Tavares e Belo, 2010).

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    21

    ii. Diferenciao das clulas estaminais mesenquimais

    As clulas mesenquimais podem ser isoladas de diversas fontes como nos

    tecidos conjuntivos da grande maioria dos rgos, sendo mais utilizadas para fins

    teraputicos as que so retiradas da medula ssea e do sangue do cordo umbilical, que

    apesar de serem morfologicamente semelhantes, so funcionalmente diferentes

    (Bragana, Tavares e Belo, 2010).

    Estas clulas podem ser facilmente obtidas em cultura e j foram demonstradas

    as suas capacidades anti-inflamatrias e imunomodeladoras, estando por isso a serem

    testadas para o tratamento de doenas inflamatrias autoimunes. Tm tambm um efeito

    benfico sobre a regenerao de rgos pois promovem um ambiente adequado a esse

    processo. Criando condies especficas no meio de cultura, elas podem transformar-se

    em vrios tipos celulares como cardiomicitos, clulas neuronais, clulas pulmonares

    entre outras. Esta propriedade confere-lhes um grande potencial para o tratamento de

    diversas doenas, no entanto as suas propriedades de diferenciao in vivo ainda no

    esto demonstradas, podendo tambm serem transplantadas de maneira autloga

    (Bragana, Tavares e Belo, 2010).

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    22

    5-Criopreservao

    A criopreservao uma tcnica de conservao das clulas estaminais a

    temperaturas muito baixas (-196C). Aps este procedimento, as clulas podem ser

    utilizadas a qualquer momento e em qualquer lado sem que percam a sua viabilidade

    (Crioestaminal, 2013).

    Segundo um estudo realizado na Tailndia, aps a criopreservao de embries

    humanos durante dezoito anos, a pluripotncia no foi afetada. Os embries mantiveram

    a sua pluripotncia semelhante aos embries frescos mesmo aps todos aqueles anos

    (Pruksananonda et al., 2012).

    O principal motivo de rejeio das amostras a contaminao microbiolgica,

    pois em doentes imunocomprometidos o transplante torna-se num risco, sendo o

    momento de colheita o perodo mais crtico. Uma boa alternativa a profilaxia

    antibitica aquando da realizao do transplante para a preveno de futuras

    complicaes clnicas. Para minimizar o risco de contaminao das amostras de sangue

    do cordo umbilical e tecido do cordo umbilical torna-se muito importante a

    desinfeo do local da puno com iodopovidona e de seguida com lcool, aguardando

    alguns segundos antes da realizao da puno para permitir a atuao dos desinfetantes.

    Em alternativa a este processo existe um segundo processo de desinfeo cutnea que

    passa pelo uso de uma soluo de base alcolica com 2% de cloroexidina. Acima de

    tudo a recolha das clulas estaminais deve ser feita em condies asspticas e o

    operador deve tambm contribuir para isso, atuando com cuidado e profissionalismo

    (Cardoso et al., 2012).

    i. Bancos de criopreservao

    Em Portugal existem apenas 4 bancos privados de recolha de clulas estaminais

    autorizados pela Autoridade para os Servios de Sangue e Transplantao, o que

    significa que preenchem os requisitos da lei n12/2009 de 26 de Maro. So eles a

    Crioestaminal, a Beb Vida, a Criovida e o Instituto Valenciano de Fertilidade (Cabo,

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    23

    2012).

    Existe tambm um banco pblico para a recolha de clulas estaminais em

    Portugal, a LUSOCORD, que j esteve encerrado pois segundo Hlder Trindade, o

    presidente do Instituto Portugus do Sangue e da Transplantao (IPST), o

    encerramento deveu-se a motivos de irregularidades na recolha, transporte e

    conservao das clulas estaminais, contudo estas irregularidades foram corrigidas

    para permitir a sua reabertura (Veludo, 2012). A LUSOCORD foi reaberta para recolher

    clulas estaminais por enquanto s no Hospital de S. Joo no Porto (Rosa, 2014).

    A lei n12/2009 de 26 de Maro estabelece o regime jurdico da qualidade e

    segurana relativa ddiva, colheita, anlise, processamento, preservao,

    armazenamento, distribuio e aplicao de tecidos e clulas de origem humana (Lei

    12/2009).

    No geral, para permitir a recolha das clulas estaminais por um banco, procede-

    se ao ato de inscrio, o consentimento informado, uma entrevista feita me e por fim

    o envio do kit de colheita. Este processo acompanhado por uma equipa de psiclogos

    para esclarecimento de todas as dvidas que possam surgir (Sequeiros e Neves, 2012).

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    24

    6- Aplicaes teraputicas

    As clulas estaminais mesenquimais possuem a capacidade de se transformar em

    vrios tipos de clulas, e podem ser cultivadas e manipuladas in vitro com alguma

    facilidade, esta caracterstica levou a que se gerasse um grande interesse na sua

    utilizao como agentes teraputicos para o tratamento de muitas doenas. Elas podem

    ser isoladas a partir da medula ssea, do tecido adiposo e do sangue do cordo umbilical,

    e possuem a capacidade de autorrenovao e diferenciao em linhagens

    mesenquimatosas osteocticas, condrocticas e adipognicas (Shah, 2012).

    Alguns estudos demonstraram que as clulas mesenquimais migram do stio

    onde esto alojadas, atravs do endotlio para os locais da leso, isquemia e

    microambientes tumorais, no entanto, ainda no so completamente conhecidos os

    mecanismos pelo qual isso acontece, porm esses estudos mostraram que esta migrao

    depende dos diferentes pares de citocinas / recetores (Shah, 2012).

    i. Terapia do cancro

    Uma clula estaminal tumoral uma clula que est presente no tumor e que

    possui como caractersticas principais a capacidade de autorrenovao e de formar

    vrias linhagens de clulas cancergenas heterogneas que fazem parte do tumor. A

    clula estaminal tumoral passa por uma diviso assimtrica para a formao de duas

    clulas filhas idnticas ou ento forma uma clula filha e uma clula progenitora

    diferenciada, provocando assim o aumento do tumor (Han et al., 2013). A transio

    epitelial-mesenquimal um mecanismo que gera clulas estaminais tumorais com um

    fentipo mais hostil e com a capacidade de gerar metstases (Alison, Lim e Nicholson,

    2011).

    Nos ltimos anos tm dado grande importncia s protenas de identificao das

    clulas estaminais cancergenas pois estas regulam os seus vrios fentipos e, devido a

    um grande conhecimento sobre essas protenas, a manipulao farmacolgica torna-se

    num importante investimento no futuro (Lasorella, Benezra e Lavarone, 2014).

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    25

    As clulas estaminais tumorais possuem como caractersticas principais:

    autorrenovao - aps serem transplantadas, renovam-se indefinidamente;

    diferenciao - capacidade de originar clulas filhas tumorais por diviso celular

    simtrica, tambm geram grandes populaes de clulas no tumorais por

    diviso celular assimtrica;

    tumorigenicidade - quando transplantadas em animais, mesmo em pequenas

    quantidades, estas clulas podem formar tumores, j as clulas estaminais

    normais no conseguem;

    marcadores de superfcie especficos podem ser diferenciadas das clulas

    estaminais normais por conterem marcadores especficos como por exemplo o

    CD133, CD24 e CD44 (Han et al., 2013).

    As clulas estaminais tumorais e as clulas estaminais normais possuem

    semelhanas em alguns aspetos tais como na capacidade de autorrenovao, capacidade

    de originar descendncia especializada, expresso de marcadores de superfcie

    especficos, oncogenes, utilizao das vias de sinalizao comuns, importncia dos seus

    nichos e atividade tumoral. Foram realizados alguns ensaios in vitro para identificar as

    clulas estaminais tumorais, como por exemplo: ensaio do corante de excluso Hoechst,

    ensaio da deteo de marcadores de superfcie, entre outros (Han et al., 2013).

    As clulas estaminais de cancro ou tumorais, isoladas a partir de leucemias

    mieloides agudas, apresentam marcadores de superfcie distintos das restantes clulas

    tumorais e encontram-se em pequenas quantidades nos pacientes afetados. Supe-se que

    as clulas leucmicas estaminais resultam da transformao de clulas estaminais

    hematopoiticas em clulas malignas. So resistentes quimioterapia e radioterapia, o

    que explica a recorrncia do cancro bem como a formao das suas metstases

    (Bragana, Tavares e Belo, 2010), por isso se diz que um paciente com cancro, mesmo

    aps uma resposta positiva ao tratamento, no dever ser considerado completamente

    curado (Clevers, 2011).

    A radioterapia e a quimioterapia ajudam a diminuir os tumores pois matam as

    clulas tumorais ativas, no entanto, no eliminam as clulas estaminais tumorais em

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    26

    repouso (Han et al., 2013). Estas clulas mantm-se nos locais metastticos at serem

    ativadas pelos sinais enviados pelo microambiente onde esto inseridas (Cruz et al.,

    2009). Elas podem tambm ir para locais distantes e serem ento responsveis pelas

    metstases e recidivas que podem aparecer anos aps o tratamento do primeiro cancro

    (Clevers, 2011). Estes tratamentos levam toxicidade sistmica ou local, tornando-se

    ento necessrio a criao de novos tratamentos que visam eliminar as clulas

    estaminais tumorais e no as clulas normais, aumentando assim a taxa de

    sobrevivncia e o tempo de vida do paciente (Han et al., 2013).

    Foram tambm identificadas outras clulas estaminais de cancro em tumores

    slidos, como por exemplo no cancro da mama. Supe-se ento que a grande parte das

    clulas num tumor teriam um potencial de proliferao limitado mas apesar da

    populao de clulas estaminais de cancro ser pequena, estas possuem capacidade de

    autorrenovao e de proliferao (Bragana, Tavares e Belo, 2010). As clulas

    estaminais de cancro so responsveis pela iniciao e desenvolvimento do tumor,

    metstases e resistncia teraputica (Han et al., 2013). Assim sendo, o cancro uma

    doena que envolve a desregulao da autorrenovao das clulas estaminais normais

    por mutaes oncognicas e outros defeitos genticos e epigenticos (Bragana, Tavares

    e Belo, 2010), desregulao da proliferao da apoptose e falha dos mecanismos

    reguladores da diferenciao celular. Existe uma relao inversa entre a capacidade de

    diferenciao e o grau de malignidade, o que torna vlida a ideia da aplicao de

    medidas teraputicas que levam as clulas tumorais a diferenciarem-se (Cruz et al.,

    2009).

    O que se tem feito procurar identificar os marcadores de superfcie celular

    especficos das clulas estaminais de cancro, de modo a permitir o seu isolamento e

    expanso em cultura. Assim, torna-se possvel um estudo aprofundado das diferenas

    das vias de sinalizao entre as clulas estaminais tumorais e normais, levando

    formulao de frmacos que tm como alvo a destruio seletiva das clulas tumorais

    sem afetar as normais, esta situao representa um avano importante para terapias

    anticancergenas adaptadas s necessidades especficas de cada paciente (Bragana,

    Tavares e Belo, 2010).

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    27

    As clulas estaminais mesenquimais possuem um futuro promissor como

    agentes anticancergenos pois possuem propriedades migratrias, o que lhes permite

    serem usadas como veculos de distribuio de frmacos no tratamento de tumores

    isolados ou de metstases nos diferentes tipos de cancro. Nos ltimos anos tm vindo a

    ser detetados precocemente alguns tipos de cancro, o que, combinado com o

    desenvolvimento de alguns frmacos especficos para o tratamento, aumentou a taxa de

    sobrevivncia dos doentes. No entanto, o curto tempo de semivida de alguns frmacos e

    a sua distribuio limitada em alguns tipos de tumor juntamente com os seus efeitos

    txicos sobre as clulas no tumorais, impedem a cura (Shah, 2012).

    Quanto ao transplante de clulas estaminais hematopoticas, existem duas

    aplicaes das clulas estaminais mesenquimais. A primeira refere-se a uma melhoria do

    enxerto com clulas estaminais e a acelerao da reconstituio hematopotica com

    base na capacidade de suporte da hematopoiese. A segunda refere-se ao tratamento da

    doena enxerto-versus-hospedeiro, tendo como base a capacidade imunomoduladora

    destas clulas (Ozawa et al., 2008), pois elas atravs da secreo de fatores solveis

    (como por exemplo fatores de crescimento, prostaglandinas e atravs de interaes

    diretas do sistema imunolgico), elas vo suprimir a atividade das clulas T citotxicas,

    das clulas B e das clulas NK (Natural Killers), obtendo por isso propriedades

    imunomoduladoras e anti-inflamatrias (Bragana, Tavares e Belo, 2010). Quanto

    capacidade imunossupressora, o xido ntrico est envolvido na supresso mediada

    pelas clulas estaminais mesenquimais na proliferao de clulas T. As clulas

    estaminais mesenquimais podem ser utilizadas para combater tumores metastticos e

    para distribuir molculas anti-tumorais no local alvo. Por fim, podem tambm servir

    como veculo celular na terapia gnica (Ozawa et al., 2008).

    As clulas estaminais mesenquimais no modificadas tm demonstrado efeitos

    anti-tumorais in vitro e nos diferentes modelos de ratos com cancro. Isto deve-se aos

    fatores libertados por elas que por sua vez possuem propriedades anti-tumorais,

    reduzindo assim a proliferao do glioma, melanoma, cancro do pulmo, hepatoma, e

    clulas do cancro da mama (Shah, 2012).

    As interleucinas, (citocinas que regulam as respostas inflamatrias e imunitrias),

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    28

    possuem efeitos anti-tumorais atravs de efeitos tumoricidas diretos ou atravs da

    modulao positiva do sistema imunitrio (Shah, 2012). Foram utilizadas de forma

    eficiente para serem distribudas pelas clulas estaminais com a finalidade de vigiar o

    sistema imunitrio anti-cancro (Shah, 2013) pela ativao de linfcitos citotxicos e dos

    linfcitos NK (Shah, 2012).

    Os linfcitos NK so uma fonte promissora de linfcitos para a imunoterapia

    antitumoral, eles fazem parte do sistema imunitrio inato e possuem uma grande

    atividade antitumoral sem necessidade de correspondncia ao HLA (Antignio

    Leucocitrio Humano) e sem exposio prvia ao antignio. As clulas NK produzidas a

    partir de clulas estaminais pluripotentes podem proporcionar uma fonte ilimitada de

    linfcitos. Utilizou-se um sistema de cultura em duas fases para produzir as clulas NK

    a partir de clulas estaminais embrionrias e de iPSCs (clulas estaminais pluripotentes

    induzidas) na ausncia de separao de clulas e sem necessidade de clulas

    xenognicas do estroma. Estes mtodos podem ser usados para produzir linhas celulares

    com clulas NK funcionais em quantidades suficientes para tratar um paciente (Knorr et

    al., 2013).

    As clulas estaminais mesenquimais tambm so utilizadas na distribuio do

    interfero (IFN-) para inibir o crescimento do tumor e tem realmente demonstrado

    ter efeitos anti-proliferativos e pr-apoptticos. No entanto, a sua eficcia teraputica in

    vivo tem sido limitada devido toxicidade associada pela administrao sistmica (Shah,

    2012). As clulas estaminais mesenquimais provenientes da medula ssea que segregam

    IFN- obtiveram bons resultados na diminuio de tumores como o melanoma, cancro

    da mama e metstases pulmonares (Shah, 2013).

    Existem mecanismos de ativao de pr-frmacos que converte os pr-frmacos

    no txicos em antimetabolitos txicos, estes mecanismos esto direcionados para a

    morte seletiva das clulas tumorais. A ativao de pr-frmacos que no so txicos

    para as clulas estaminais mesenquimais, so as apropriadas para eliminar o tumor e

    para o uso como "bombas" farmacolgicas (Shah, 2012).

    Os vrus oncolticos so vrus naturais ou geneticamente modificados que aps

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    29

    infetarem o hospedeiro, replicam-se seletivamente, levando as clulas tumorais morte

    mas preservando as clulas normais (Shah, 2012). As terapias para o cancro utilizando

    os vrus oncolticos, baseiam-se na utilizao de vrus seletivos para o tumor com

    capacidade replicativa, mas com uma toxicidade limitada (Shobana, Samal e

    Elankumaran, 2013). A administrao sistmica de vrus oncolticos muitas vezes

    ineficaz em parte devido sua eliminao pelos mecanismos de defesa do organismo,

    da a necessidade de utilizar as clulas estaminais mesenquimais como clulas

    hospedeiras para a replicao, transporte e libertao no local a qual se destina, de modo

    a proteger o vrus das defesas do organismo e direcion-los para os tumores (Shah,

    2012).

    A angiognese tumoral um meio do tumor crescer e obter as suas necessidades

    energticas por meio de uma rede de vasos sanguneos. A destruio dessa rede

    importante para limitar o crescimento do tumor (Weis e Cheresh, 2011). As clulas

    estaminais mesenquimais tm sido utilizadas para distribuir molculas anti-

    angiognicas, que por si s levam normalizao vascular aumentando assim a resposta

    imune anti-tumoral e a expresso de agentes anti-angiognicos (Shah, 2012).

    Existe uma nova abordagem para a eliminao de clulas tumorais que a

    distribuio de protenas pr-apoptticas atravs de clulas estaminais. Temos o

    exemplo do TRAIL (tumor necrosis factor-related apoptosis induced ligand) (Shah,

    2012), que um membro endgeno pertencente famlia do ligando TNF (tumor

    necrosis factor)). Esta molcula liga-se ao seu domnio de morte que contm os

    receptores DR4 e DR5 (death receptors) (Shah, 2013), induzindo a apoptose atravs da

    ativao de caspases, preferencialmente nas clulas cancergenas, no afetando a

    maioria dos outros tipos de clulas. Atravs de um estudo usando clulas malignas do

    glioma humano, foi demonstrado que a juno das clulas estaminais mesenquimais

    com o S-TRAIL (secretable tumor necrosis factor-related apoptosis induced ligand) que

    uma protena recombinante, migrou em grande escala para os tumores no crebro e

    possui grandes efeitos anti-tumorais in vivo. Isto demonstra a eficcia teraputica de S-

    TRAIL e o potencial das clulas estaminais mesenquimais para serem utilizadas como

    veculos de distribuio tendo como alvo as clulas estaminais do glioblastoma (Shah,

    2012).

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    30

    Quanto aos antagonistas dos fatores de crescimento, existe um nmero limitado

    que podem ser expressos nas clulas estaminais e libertados no meio extracelular. No

    entanto, aps programar as clulas estaminais mesenquimais para expressarem

    determinados antagonistas dos fatores de crescimento tumoral, foi demonstrado um

    efeito anti-metastsico devido inibio da angiognese e linfoangiognese nos tecidos

    tumorais (Shah, 2012).

    Estes tratamentos podem no ser completamente eficazes, mas uma boa

    alternativa ser abranger vrios alvos teraputicos distintos de modo a erradicar

    completamente os diferentes tipos de tumor (Shah, 2012).

    Nos ltimos anos, os novos sistemas teraputicos tm captado a ateno dos

    investigadores e as clulas estaminais mesenquimais tm sido vistas com grande

    potencial para serem utilizadas como um veculo de entrega para a terapia gentica do

    cancro (Hu et al., 2010), pois possuem como principais vantagens o facto de serem

    fceis de isolar e expandir, possuem uma boa capacidade de escape ao sistema

    imunitrio, tm um grande tropismo para os tumores e suas metstases seguindo a via

    sistmica e podem aguentar a amplificao dos vrus oncolticos (Dwyer e Kerin, 2010).

    A tecnologia do encapsulamento de clulas refere-se introduo das clulas no

    interior de membranas semipermeveis e biocompatveis. A vantagem desta

    encapsulao que permite a distribuio de molculas durante um longo perodo de

    tempo pois as clulas libertam as molculas de forma contnua, dando origem a boas

    concentraes fisiolgicas quando comparado com a encapsulao de protenas (Shah,

    2013).

    O encapsulamento das clulas estaminais mesenquimais um bom mtodo para

    a distribuio localizada de frmacos. Foram utilizados hidrogis biodegradveis e

    matrizes extracelulares sintticas devido sua capacidade em fornecer um ambiente

    fisiolgico, o que promove a sobrevivncia celular e previne a resposta imune,

    permitindo uma fcil transplantao in vivo e reteno celular. Existem vrios

    biomateriais que podem ser utilizados para a encapsulao, tais como o alginato,

    agarose (Shah, 2012), cido hialurnico entre outros polmeros. A encapsulao de

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    31

    clulas estaminais terapeuticamente modificadas em hidrogis proporciona uma barreira

    fsica para proteger as clulas das agresses externas melhorando a eficcia da

    teraputica das clulas transplantadas nos diferentes tipos de cancro (Shah, 2013).

    As terapias baseadas nas clulas estaminais mesenquimais necessitam de ser

    monitorizadas de modo a aumentar a eficcia da teraputica (Shah, 2012).

    ii. Terapia cardiovascular

    Na terapia cardiovascular, as clulas estaminais tm tido um grande interesse

    teraputico pela sua grande capacidade de diferenciao em clulas especficas (Lopes

    et al., 2013). O msculo cardaco possui uma capacidade de regenerao limitada, por

    isso tm sido estudadas tcnicas recorrendo a clulas estaminais adultas retiradas do

    prprio paciente como por exemplo da medula ssea ou do tecido adiposo (Cabeleira et

    al., 2010).

    As clulas estaminais mesenquimais podem ser obtidas de diversas fontes e

    possuem como caractersticas uma boa disponibilidade, viabilidade, plasticidade, sendo

    capazes de expressar fentipos similares aos cardiomicitos, em meios mais especficos

    de diferenciao (Carvalho et al., 2012).

    Foi realizado um estudo que comparou trs protocolos distintos de induo da

    diferenciao das clulas estaminais mesenquimais com o objetivo de escolher um

    mtodo vivel para a diferenciao do maior nmero de clulas funcionais que

    expressem o fentipo cardiomiognico. Nos trs protolocos utilizados observou-se a

    formao da protena alfa-actinina sarcomrica no citoesqueleto celular, a expresso do

    marcador de superfcie conexina 43 na membrana nuclear e citoplasmtica e formao

    das junes de gap, necessrias para a propagao do impulso eltrico no miocrdio, no

    entanto, em nenhum protocolo foi observada a contrao espontnea das clulas

    submetidas diferenciao cardiognica (Carvalho et al., 2012).

    As clulas estaminais mesenquimais so consideradas clulas promissoras

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    32

    devido s suas caractersticas intrnsecas. Possuem um potencial imunomodulador, com

    ao anti-inflamatria e antiapopttica, o que fundamental para tratar os mecanismos

    patolgicos envolvidos nas doenas que afetam o sistema cardiovascular e possuem

    tambm um potencial de transdiferenciao em cardiomicitos (Lopes et al., 2013).

    Um estudo feito por Dai e colaboradores (2007), mostrou num modelo de rato

    que a injeo de um meio contendo fatores celulares produzidos por clulas estaminais

    mesenquimais, levava regenerao do miocrdio numa situao ps-enfarte, embora

    houvesse uma regenerao menos marcada do que quando acompanhada pela injeo

    das prprias clulas mesenquimais. Aps um enfarte do miocrdio, torna-se complicado

    para as clulas estaminais mesenquimais sobreviverem no ambiente que l existe, o que

    leva morte precoce de muitas das que l so aplicadas. No entanto, alguns estudos

    mostraram que o pr-condicionamento isqumico das clulas pode ajudar a melhorar

    esta situao, melhorando assim o tratamento (Lopes et al., 2013).

    Os vrios estudos realizados sugerem que a terapia celular apresenta bons nveis

    de segurana e viabilidade. Ensaios, como por exemplo o ADVANCE, comparam as

    diferentes doses de clulas estaminais mesenquimais da linhagem adiposa com o efeito

    placebo. Tambm existem ensaios que focam o pr-tratamento das clulas injetadas pelo

    pr-condicionamento isqumico ou por diferentes meios de cultura. Noutros estudos, os

    doentes com cardiopatia isqumica crnica foram submetidos a uma injeo

    intramiocrdica de clulas estaminais mesenquimais pr-tratadas com melatonina, pois

    h dados que demonstram que o pr-tratamento com este composto aumenta a

    sobrevivncia, a atividade parcrina e a eficcia teraputica das clulas estaminais

    mesenquimais em modelos realizados com ratos (Lopes et al., 2013).

    A modificao gentica das clulas estaminais mesenquimais tambm possui um

    grande potencial no sentido de as fazer sobre expressar determinados fatores que

    aumentam a sua migrao para o rgo de origem, diferenciao na linhagem cardaca

    ou eficcia dos efeitos parcrinos, mas fundamental garantir a segurana da tcnica,

    pois a introduo de alteraes genticas pode levar acumulao futura de erros no

    cdigo gentico. No entanto resultados de vrios estudos j realizados e outros ainda em

    realizao, demonstram que a terapia celular apresenta nveis de segurana e viabilidade

    fiveis (Lopes et al., 2013).

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    33

    A medula ssea a fonte mais procurada para a obteno de clulas estaminais

    para a reparao miocrdica, esta contm clulas estaminais hematopoiticas, clulas

    progenitoras adultas multipotenciais e clulas estaminais mesenquimais. O

    procedimento passa pela anestesia, depois procede-se aspirao da medula ssea, as

    clulas retiradas so isoladas nas sub-populaes desejadas e de seguida so

    administradas no corao sem haver uma expanso ex-vivo. As expanses so feitas

    quando algumas sub-populaes de clulas demonstram serem mais vantajosas em

    relao a outras (Gonalves, 2008). As clulas estaminais do SCU tambm so uma boa

    fonte neste contexto, pois possuem potencial cardiomiognico, tal como o demonstrado

    em modelos animais, em que estas clulas contribuem para a angiognese, melhorando

    ento a funo cardaca (Cabeleira et al., 2010).

    A aplicao das clulas estaminais do cordo umbilical pode ser feita atravs da

    infuso direta no miocrdio, na circulao sangunea ou nas coronrias. Ocorre uma

    migrao seletiva das clulas estaminais para o tecido danificado, observando-se um

    aumento da densidade de capilares no local, diminuio da rea do enfarte e melhoria da

    funo cardaca, at na ausncia de miognese. Existem algumas hipteses acerca dos

    mecanismos de regenerao cardaca:

    produo de fatores de crescimento angiognicos, devido hipxia tecidular,

    observando-se in vivo e in vitro a formao de novos vasos sanguneos, bem

    como a migrao de clulas estaminais endgenas do corao, sendo este

    considerado o mecanismo principal;

    as clulas estaminais do SCU diferenciam-se em cardiomicitos, o que no seria

    suficiente para a recuperao da funo cardaca;

    por ltimo, a capacidade de modelao da inflamao que se obtm pelo

    controlo da expresso de molculas que pertencem cadeia da resposta

    inflamatria (Cabeleira et al., 2010).

    Estudos efetuados em animais, verificaram que as clulas estaminais do SCU

    contribuem para a regresso dos efeitos de isqumia dos membros. Em pacientes com a

    doena de Buerger, os resultados sugeriram uma melhoria significativa da circulao

    sangunea perifrica e da cicatrizao de leses do epitlio (Cabeleira et al., 2010).

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    34

    As clulas progenitoras que se encontram na circulao sangunea perifrica

    tambm podem ser utilizadas na reparao do miocrdio ou na terapia angiognica da

    doena vascular perifrica. H um isolamento das clulas a partir das clulas

    mononucleares sanguneas, que so depois cultivadas ex-vivo num meio de cultura

    especfico para as clulas endoteliais e por fim alguns dias depois so injetadas no

    corao (Gonalves, 2008).

    Para alm das clulas estaminais do SCU existem clulas que podero ser boas

    alternativas, como por exemplo as clulas estaminais pluripotenciais derivadas do tecido

    adiposo, pequenas subpopulaes de clulas pluripotenciais da medula ssea e do

    msculo-esqueltico, clulas estaminais somticas e clulas progenitoras que residem

    no corao (Gonalves, 2008).

    Segundo Nascimento e colaboradores (2014), as clulas estaminais

    mesenquimais derivadas do tecido do cordo umbilical humano preservam a funo

    cardaca aps um transplante intramiocrdico como demonstrado num estudo realizado

    em murinos com enfarte do miocrdio. Os efeitos cardioprotetores destas clulas foram

    atribudos a mecanismos parcrinos que aumentam a angiognese, limitam a amplitude

    da apoptose, aumentam a proliferao e ativam um conjunto de clulas cardacas

    progenitoras adultas que residem no corao do murino. Com estes resultados, as

    clulas estaminais mesenquimais derivadas do tecido do cordo umbilical humano

    devem ento ser consideradas como uma boa alternativa para a criao de novas

    abordagens teraputicas no tratamento do enfarte do miocrdio (Nascimento et al.,

    2014).

    iii. Terapia neural

    A ideia de que o crebro no possui capacidade para se regenerar alterou-se nos

    ltimos anos com a descoberta de nichos de clulas estaminais neurais com a

    capacidade de gerar novos neurnios no crebro. Recorrendo a clulas estaminais,

    tornou-se ento possvel pensar em novas estratgias neuroprotetoras, que podem

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    35

    prevenir a morte neuronal resultante da agresso ao crebro, bem como o

    desenvolvimento de tcnicas reparadoras do tecido nervoso que foi previamente afetado

    (Malva e Bernardino, 2010).

    Segundo Malva e Bernardino (2010), no sistema nervoso existem as clulas

    estaminais neurais e as clulas progenitoras com proliferao contnua em nichos

    especficos, o que permite a produo das clulas do sistema nervoso que

    posteriormente se iro colocar nos respetivos circuitos neurais para realizarem a sua

    funo. ento de grande importncia entender o desenvolvimento, diferenciao e

    migrao das clulas imaturas, obtendo assim um processo de substituio de neurnios

    mortos pelas novas clulas e a sua integrao funcional no crebro (Malva e Bernardino,

    2010).

    Existem dados que demonstram que as clulas ependimrias so clulas

    estaminais neurais, do origem a clulas com rpida proliferao que produzem

    neurnios e depois migram para o bolbo olfativo. Em resposta leso medular, a

    proliferao das clulas ependimrias aumenta para produzir clulas que se diferenciam

    em astrcitos e que depois migram, participando tambm na formao da cicatriz,

    havendo ento uma identificao de um novo processo que acontece aquando de uma

    leso no sistema nervoso central (Johansson et al., 1999).

    A neurognese pode tambm ser estimulada em resposta agresso cerebral,

    criando-se na zona lesionada um ambiente que permite que a neurognese acontea, o

    que estimula a produo de novas clulas neurais e facilita a migrao de clulas

    progenitoras para as zonas da leso. Esta neurognese funciona como um processo com

    um grande potencial reparador do crebro (Malva e Bernardino, 2010).

    As clulas estaminais do SCU demostraram em vrios estudos, poderem-se

    diferenciar in vitro e utilizando marcadores especficos, em neurnios e

    oligodendrcitos. Foi exposto o caso de uma senhora paraplgica que aps

    transplantada com clulas do SCU, recuperou uma parte da perceo sensorial e da

    mobilidade dos membros inferiores. Em estudos com animais, o tratamento endovenoso

    com clulas estaminais do SCU, demonstraram atrasar a progresso de doenas como o

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    36

    Parkinson e Alzheimer e at mesmo o aparecimento dos sintomas caractersticos das

    doenas, no entanto ainda no so conhecidos os mecanismos moleculares atravs do

    qual essa regenerao acontece. No entanto, estes resultados animadores obtidos com

    modelos animais, s vm favorecer o estudo em humanos (Cabeleira et al, 2010).

    A doena de Parkinson uma doena neurodegenerativa, que resulta da perda

    dos neurnios produtores da dopamina presentes na substncia negra, sendo

    caracterizada por sintomas motores caractersticos tais como o tremor, a rigidez, a

    bradicinesia e a instabilidade postural. O tratamento clssico passa pela administrao

    de levodopa, cirurgia da leso neural e estimulao profunda do crebro, embora estes

    procedimentos tenham sido eficazes na melhoria dos sintomas, o transplante dos

    neurnios produtores de dopamina ou de clulas estaminais neurais tornou-se numa boa

    alternativa para o tratamento desta doena. De entre os vrios tipos de clulas

    estaminais, as iPSCs so as consideradas com maior potencialidade para este tipo de

    terapia, no entanto possuem alguns inconvenientes tal como a necessidade do recurso a

    embries humanos e a possibilidade de haver rejeio pelo sistema imunolgico do

    paciente (Chen et al., 2011).

    Essa rejeio dificulta a aplicao das iPSCs ao nvel do tratamento clnico bem

    como a dificuldade na obteno de neurnios produtores de dopamina, no entanto, estas

    clulas possuem um grande potencial para o estudo da patogenia da doena de

    Parkinson e so tambm uma boa fonte de terapia de substituio. Yamanaka e

    colaboradores (2006, 2007) foram os primeiros a conseguir induzir clulas iPSCs

    atravs da reprogramao de fibroblastos embrionrios e adultos de rato, com quatro

    fatores de transcrio, (Oct4, Sox2, Klf4 e c- Myc) sob condies de cultura das clulas

    estaminais embrionrias. Apesar desta descoberta, ainda no se sabe se estes quatro

    fatores conseguiro formar clulas pluripotentes a partir de clulas somticas humanas

    uma vez que a utilizao do fator c-Myc pode no ser adequada em aplicaes clnicas e

    pode ser necessrio ambientes de cultura especficos (Takahashi e Yamanaka, 2006;

    Okita, Ichisaka e Yamanaka, 2007). Estudos realizados em animais demonstraram que

    as clulas iPSCs derivadas dos fibroblastos poderiam ser transplantadas no interior do

    sistema nervoso central e melhorar os sintomas motores num dos modelos utilizados

    para a doena de Parkinson. As clulas iPSCs especficas do paciente podem ser

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    37

    reprogramadas e posteriormente diferenciadas em neurnios dopaminrgicos, o que

    proporciona um bom modelo in vitro para a patologia da doena, rastreio de drogas e

    terapia com clulas estaminais personalizada. So necessrios realizar estudos futuros

    quanto transformao celular e aos processos de reprogramao para criar as clulas

    iPSCs de doenas especficas para poderem ser utilizadas na medicina personalizada de

    regenerao nos pacientes com a doena de Parkinson, revelando assim mecanismos de

    reprogramao detalhados (Chen et al., 2011).

    A doena de Alzheimer tambm uma doena neurolgica degenerativa cuja

    perda de memria o sintoma mais caracterstico, embora tambm existam outros

    sintomas como depresso, perda de inibio, delrios, agitao, ansiedade e

    agressividade. Atualmente no existe nenhum tratamento atravs do qual os sintomas

    comportamentais sejam tratados e os mais benficos so especficos de um determinado

    sintoma (Shruster e Offen, 2014).

    A terapia com clulas estaminais neurais poder funcionar como um tratamento,

    havendo potencial para substituir os atuais frmacos utilizados, ou at mesmo como

    uma futura cura futura para o Alzheimer. Estudos sobre as clulas iPSCs tm

    demonstrado bons resultados embora o essencial e o mais difcil de controlar seja a

    diferenciao celular. Para o desenvolvimento deste tipo de terapia, existem ainda

    alguns obstculos incluindo questes ticas e tcnicas no controlo da diferenciao

    celular, da terem sido estudados novos mtodos para ajudar a controlar e a

    compreender a diferenciao das clulas estaminais neurais, tal como juntar os sinais

    solveis (fatores de crescimento ou insulina), com os padres da protena presentes na

    matriz extracelular, qualidades micro ambientais in vivo, e substratos de crescimento

    convencionais (Liu e Larson, 2014).

    O professor Daniel Offen e o Dr. Adi Shruster da Universidade de Tel Aviv

    Scackler School of Medicine descobriram que ao restabelecer uma populao de novas

    clulas na parte do crebro que est associada ao comportamento, alguns dos sintomas

    da doena de Alzheimer diminuem significativamente ou at se invertem

    completamente. O estudo teve ratos como modelos, proporcionando um alvo promissor

    para os sintomas da doena em seres humanos. O estudo baseia-se na introduo de

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    38

    clulas estaminais no tecido cerebral de ratos com sintomas da doena de Alzheimer. O

    gene (Wnt3a) foi introduzido na parte do crebro que controla o comportamento, para

    testar a formao de genes que produzem as novas clulas do crebro. O aumento da

    produo de clulas estaminais numa determinada rea do crebro teve um efeito

    benfico sobre os dfices comportamentais da doena de Alzheimer. Entretanto, a

    investigao passou para a rea do crebro que controla a memria, esperando-se

    resultados semelhantes (Shruster e Offen, 2014).

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    39

    7- Clulas estaminais em Portugal

    Em Portugal existe alguma investigao em relao s clulas estaminais, visto

    este tema ter ganho uma grande importncia ao longo dos anos. Existem algumas

    evolues sobre este assunto tal como as notcias abaixo descritas.

    Um grupo de investigadores do Instituto de Medicina Molecular da Faculdade

    de Medicina de Lisboa, identificaram uma protena presente nas clulas estaminais

    hematopoiticas designada de RET (Rearranged During Transfection), a ativao desta

    protena melhora a sobrevivncia das clulas estaminais hematopoiticas, a sua

    expanso e a eficincia in vivo do transplante, contribuindo assim para o xito dos

    transplantes nos doentes com leucemia ou linfomas. Este estudo tambm nos mostra que

    os fatores neurotrficos so os novos componentes presentes do microambiente das

    clulas estaminais hematopoiticas, revelando que as clulas estaminais

    hematopoiticas e os neurnios so reguladas por sinais semelhantes (Fonseca-Pereira et

    al., 2014).

    Recentemente (fevereiro de 2014), a Crioestaminal registou uma patente

    internacional para uma nova aplicao de clulas estaminais do cordo umbilical, na

    regenerao do tecido cardaco aps enfarte do miocrdio. Esta patente resultou de uma

    investigao que permitiu que as clulas estaminais fossem injetadas diretamente no

    msculo cardaco, para que este, aps um enfarte, seja capaz de cicatrizar mais depressa

    e regenerar as suas funes. A metodologia passou pela utilizao de clulas estaminais

    hematopoiticas em conjunto com um lpido bioativo (cido lisofosfatdico), conjugadas

    num gel necessrio para as clulas manterem a sua estabilidade, permitindo-lhes

    aumentar a sua sobrevivncia fora do seu ambiente natural. A investigao decorreu em

    modelos animais, sendo ainda cedo para uma futura utilizao em humanos. A

    Crioestaminal aponta o ano 2015 para a realizao de ensaios clnicos testando assim a

    segurana e eficcia em humanos desta tcnica, bem como de outra patente, centrada

    nas clulas estaminais do cordo umbilical desenvolvida para a cicatrizao de feridas

    relacionadas com o p diabtico, registada em 2012 (Anon, 2014).

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    40

    III-CONCLUSO

    Sabe-se que existe nos ltimos anos um estudo intensivo no sentido de criar

    teraputicas inovadoras com as clulas estaminais, trazendo esperana e at cura para

    muitas doenas. Estas clulas tm uma vasta aplicao clnica, no entanto ainda

    necessrio continuar com os ensaios e estudos de modo a tornar vlidos alguns dos seus

    resultados na prtica clnica.

    Quanto s aplicaes teraputicas existe uma grande lista de alternativas onde

    alguns resultados so positivos como aquelas que esto expostas ao longo da dissertao,

    incluindo outras que esto ainda em fase de estudo e muitas outras aplicaes

    teraputicas que no foram faladas.

    Em Portugal no existe muita investigao acerca deste tema, no entanto a

    Crioestaminal, que um banco privado de criopreservao em Portugal, tem apostado

    na divulgao, investigao e conhecimento das clulas estaminais, contribuindo assim

    para colocar Portugal num local onde se pode desenvolver terapias celulares eficazes.

    Este banco tem tambm alguns projetos em seguimento bem como parcerias com

    instituies importantes nesta rea.

    A recolha de clulas estaminais um processo simples que poder ser muito til

    no futuro, por isso proceda recolha das clulas estaminais no momento do parto e

    guarde num banco sua escolha.

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    41

    IV-BIBLIOGRAFIA

    Alison, M.R., Lim, S.M. e Nicholson, L.J. (2011). Cancer stem cells: problems for thera

    py? Journal of Pathology, 223(2):147-161.

    Anon. (2014). Portugal registou patente para utilizao de clulas estaminais em doente

    s cardacos. Jornal de Notcias, [Em linha]. Disponvel em: [Consultado em 06/09/14].

    Beb. Vida. (2010). Clulas Estaminais. [Em linha]. Disponvel em: [Consultado em 06/09/14].

    The Stem Cell Source: Cord Blood and Beyond. (2012). Animation Illustrates Newborn

    Stem Cells Effect on Spinal Cord Injury. [Em linha]. Disponvel em:

    [Consultado em 06/09/14].

    Bragana, J., Tavares, A. e Belo, J. (2010). Clulas estaminais e medicina regenerativa -

    Um admirvel mundo novo. Revista da Sociedade Portuguesa de Bioqumica, 7:4-17.

    Cabeleira, A., Vieira, M., Matos, T., Gomes, A. e Rivera, D. (2010). O sangue do

    cordo umbilical em medicina regenerativa: uma reviso dos avanos cientficos mais

    recentes. Acta Obsttrica e Ginecolgica Portuguesa, 4(2):81-87.

    Cabo, A. (2012). A falta de legislao foi "inadmissvel". Boletim da Ordem dos

    Advogados, (87):21-23. [Em linha]. Disponvel em: [Consultado em 06/09/14].

    Cardoso, C., Brito, M., Gomes, A. e Machado, A. (2012). Recentes evolues na rea

    das clulas estaminais neonatais do sangue e tecido do cordo umbilical. Revista da

    Associao Portuguesa dos Enfermeiros Obstetras, 12:66-67.

    Carvalho, J. (2007). Transplante de clulas estaminais salva criana. [Em linha].

    http://bebevida.pt/canais.asp?id_canal=109http://bebevida.pt/canais.asp?id_canal=109http://cordblood.net/cc/blog/CBR_SCI_05.jpghttp://www.oa.pt/upl/%7Be72e095f-6640-4531-889b-60121fa7b557%7D.PDFhttp://www.oa.pt/upl/%7Be72e095f-6640-4531-889b-60121fa7b557%7D.PDF

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    42

    Disponvel em: [Consultado em

    06/09/14].

    Carvalho, P., Daibert, A., Monteiro, B., Okano, B., Carvalho, J., Cunha, D., Favarato,

    L., Pereira, V., Augusto, L. e Carlo, R. (2012). Diferenciao de clulas-tronco

    mesenquimais derivadas do tecido adiposo em cardiomicitos. Arquivo Brasileiro de

    Cardiologia, 100(1):82-89.

    Chen, L.W., Kuang, F., Wei, L.C., Ding, Y.X., Yung, K.K. e Chan, Y.S. (2011).

    Potential application of induced pluripotent stem cells in cell replacement therapy for

    Parkinson's disease. CNS & Neurological Disorders Drug Targets, 10(4):449-458.

    Clevers, H. (2011). The cancer stem cell: premises, promises and challenges. Nature

    Medicine, 17(3):313-319.

    Correia, R. e Bragana, J. (2010). Clulas estaminais adultas em medicina. Revista da

    Sociedade Portuguesa de Bioqumica, 7:18-23.

    Crioestaminal. (2013). Dossier Informativo sobre clulas estaminais. [Em linha].

    Disponvel em: [Consultado em 06/09/14].

    Cruz, M., Enes, M., Pereira, M., Dourado, M. e Ribeiro, A. (2009). Modelos

    experimentais em oncologia: O contributo da cultura de clulas para o conhecimento da

    biologia do cancro. Revista Portuguesa de Pneumologia, 15(4):669-682.

    Dai, W., Hale, S. e Kloner, R. (2007). Role of a paracrine action of mesenchymal stem

    cells in the improvement of left ventricular function after coronary artery occlusion in

    rats. Regenerative Medicine, 2(1):63-68.

    Dwyer, R.M., Khan, S., Barry, F.P., O'brien, T. e Kerin, M.J. (2010). Advances in

    mesenchymal stem cell-mediated gene therapy for cancer. Stem Cell Research &

    Theraphy, 1(3):25.

    http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=659661http://www.crioestaminal.pt/

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    43

    Fonseca-Pereira, D., Arroz-Madeira, S., Rodrigues-Campos, M., Barbosa, I.A.,

    Domingues, R.G., Bento, T., Almeida, A.R., Ribeiro, H., Potocnik, A.J., Enomoto, H. e

    Veiga-Fernandes, H. (2014). The neurotrophic factor receptor RET drives

    haematopoietic stem cell survival and function. Nature, In press.

    Fozard, J.A., Kirkham, G.R., Buttery, L.D., King, J.R., Jensen, O.E. e Byrne, H.M.

    (2011). Techniques for analysing pattern formation in populations of stem cells and

    their progeny. BMC Bioinformatics, 12:396.

    Gomes, T. e Pranke, P. (2008). Comparao entre as clulas-tronco de sangue de cordo

    umbilical de neonatos prematuros e nascidos a termo: uma reviso. Revista Brasileira

    de Anlises Clnicas, 40(1):25-30.

    Gonalves, L. (2008). O Regresso ao Passado: Teraputica da Regenerao Miocrdica.

    Revista Portuguesa de Cardiologia, 27(9):1045-1060.

    Han, L., Shi, S., Gong, T., Zhang, Z. e Sun, X. (2013). Cancer stem cells: therapeutic

    implications and perspectives in cancer therapy. Acta Pharmaceutica Sinica B, 3(2):65-

    75.

    Hu, Y.L., Fu, Y.H., Tabata, Y. e Gao, J.Q. (2010). Mesenchymal stem cells: a

    promising targeted-delivery vehicle in cancer gene therapy. Journal of Controlled

    Release, 147(2):154-162.

    Johansson, C.B., Momma, S., Clarke, D.L., Risling, M., Lendahl, U. e Frisen, J. (1999).

    Identification of a neural stem cell in the adult mammalian central nervous system. Cell,

    96(1):25-34.

    Knorr, D.A., Ni, Z., Hermanson, D., Hexum, M.K., Bendzick, L., Cooper, L.J., Lee,

    D.A. e Kaufman, D.S. (2013). Clinical-scale derivation of natural killer cells from

    human pluripotent stem cells for cancer therapy. Stem Cells Translational Medicine,

    2(4):274-283.

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    44

    Lasorella, A., Benezra, R. e Iavarone, A. (2014). The ID proteins: master regulators of

    cancer stem cells and tumour aggressiveness. Nature Reviews Cancer, 14(2):77-91.

    Lei n.12/2009. Dirio da Repblica. 1 Srie. N. 60. 26 de Maro. (2009). Estabelece o

    regime jurdico da qualidade e segurana relativa ddiva, colheita, anlise,

    processamento, preservao, armazenamento, distribuio e aplicao de tecidos e

    clulas de origem humana, transpondo para a ordem jurdica interna as Directivas n.os

    2004/23/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Maro, 2006/17/CE, da

    Comisso, de 8 de Fevereiro, e 2006/86/CE, da Comisso, de 24 de Outubro.

    Lim, W.F., Inoue-Yokoo, T., Tan, K.S., Lai, M.I. e Sugiyama, D. (2013).

    Hematopoietic cell differentiation from embryonic and induced pluripotent stem cells.

    Stem Cell Research & Therapy, 4(3):71.

    Liu, J. e Larson, K. (2014). Neural stem cell therapy: The potential and practicality for

    sustainably treating Alzheimer's Disease. Fourteenth Annual Freshman Engineering

    Conference. Pittsburgh. [Em linha]. Disponvel em:

    [Consultado em 06/09/14].

    Lopes, J., Fiarresga, A., Cunha, P., Feliciano, J. e Ferreira, R. (2013). Terapia celular

    cardaca com clulas mesenquimatosas. Revista Portuguesa de Cardiologia, 32(1):43-

    47.

    Lu, T.Y., Lin, B., Kim, J., Sullivan, M., Tobita, K., Salama, G. e Yang, L. (2013).

    Repopulation of decellularized mouse heart with human induced pluripotent stem cell-

    derived cardiovascular progenitor cells. Nature Communications, 4:2307.

    Malva, J. e Bernardino, L. (2010). Clulas estaminais neurais: A caminho da reparao

    cerebral? Revista da Sociedade Portuguesa de Bioqumica, 7:24-29.

    Mezey, . (2003). On the Origin of Newly Made Neural Cells in the Adult Organism:

    Does Transdifferentiation Occur?. In: Bottenstein, J.E. (Ed.). Neural Stem Cells. Nova

    Iorque, Springer, pp. 181-206.

    http://136.142.82.187/eng12/Chair/pdf/4050.pdf

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    45

    Nascimento, D.S., Mosqueira, D., Sousa, L.M., Teixeira, M., Filipe, M., Resende, T.P.,

    Araujo, A.F., Valente, M., Almeida, J., Martins, J.P., Santos, J.M., Barcia, R.N., Cruz,

    P., Cruz, H. e Pinto-Do, O.P. (2014). Human umbilical cord tissue-derived

    mesenchymal stromal cells attenuate remodeling after myocardial infarction by

    proangiogenic, antiapoptotic, and endogenous cell-activation mechanisms. Stem Cell

    Research & Therapy, 5(1):5.

    Okita, K., Ichisaka, T. e Yamanaka, S. (2007). Generation of germline-competent

    induced pluripotent stem cells. Nature, 448(7151):313-317.

    Ozawa, K., Sato, K., Oh, I., Ozaki, K., Uchibori, R., Obara, Y., Kikuchi, Y., Ito, T.,

    Okada, T., Urabe, M., Mizukami, H. e Kume, A. (2008). Cell and gene therapy using

    mesenchymal stem cells (MSCs). Journal of Autoimmunity, 30(3):121-127.

    Pruksananonda, K., Rungsiwiwut, R., Numchaisrika, P., Ahnonkitpanit, V., Isarasena,

    N. e Virutamasen, P. (2012). Eighteen-year cryopreservation does not negatively affect

    the pluripotency of human embryos: evidence from embryonic stem cell derivation.

    Bioresearch Open Access, 1(4):166-173.

    Rosa, C. (2014). Doar para salvar. Notcias Magazine, [Em linha]. Disponvel em:

    [Consultado em

    06/09/14].

    Sequeiros, J. e Neves, M. (2012). Relatrio sobre os bancos de sangue do cordo

    umbilical, tecido do cordo umbilical e placenta. Conselho Nacional de tica para as

    Cincias da Vida, 67:1-35

    Serro, D. (2004). Clulas Estaminais provenientes de Seres Humanos. [Em linha].

    Disponvel em: [Consultado em

    06/09/14].

    Shah, K. (2012). Mesenchymal stem cells engineered for cancer therapy. Advanced

    Drug Delivery Reviews, 64(8):739-748.

    http://www.jn.pt/revistas/nm/interior.aspx?content_id=2990742http://www.danielserrao.com/gca/index.php?id=107

  • Aplicaes teraputicas das clulas estaminais

    46

    Shah, K. (2013). Encapsulated stem cells for cancer therapy. Biomatter, 3(1):1-7.

    Shobana, R., Samal, S.K. e Elankumaran, S. (2013). Prostate-specific antigen-retargeted

    recombinant newcastle disease virus for prostate cancer virotherapy. Journal of

    Virology, 87(7):3792-3800.

    Shruster, A. e Offen, D. (2014). Targeting neurogenesis ameliorates danger assessment

    in a mouse model of Alzheimer's disease. Behavioural Brain Research, 261:193-201.

    Souza, V., Lima, L., Reis, S., Ramalho, L. e Santos, J. (2003). Clulas-tronco: uma

    breve reviso. Revista de Cincias Mdicas e Biolgicas, 2(2):251-256.

    Takahashi, K. e Yamanaka, S. (2006). Induction of pluripotent stem cells from mouse

    embryonic and adult fibroblast cultures by defined factors. Cell, 126(4):663-676.

    Tuan, R.S., Boland, G. e Tuli, R. (2003). Adult mesenchymal stem cells and cell-based

    tissue engineering. Arthritis Research & Therapy, 5(1):32-45.

    Veludo, F. (2012). Banco pblico de clulas estaminais vai ser reaberto. Pblico, [Em

    linha]. Disponvel em: [Consultado em 06/09/14].

    Watt, F.M. e Driskell, R.R. (2010). The therapeutic potential of stem cells.

    Philosophical Transactions of the Royal Society of London - Biological Sciences,

    365(1537):155-163.

    Weis, S.M. e Cheresh, D.A. (2011). Tumor angiogenesis: molecular pathways and

    therapeutic targets. Nature Medicine, 17(11):1359-1370.

    http://www.publico.pt/sociedade/noticia/banco-publico-de-celulas-estaminais-vai-ser-reaberto-1576335http://www.publico.pt/sociedade/noticia/banco-publico-de-celulas-estaminais-vai-ser-reaberto-1576335