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N3E Magazine - 3ª Edição

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Objectivo realizado

Título: N3E Magazine Subtítulo: Engenharia Electrónica

no IST Nº3 • Ano 2012 • Direcção Editorial: César GasparEquipa de redacção: Pedro Pinto,

César Gaspar, Pedro Alves, Francisco Sousa, Ana Margarida

Colaboram neste número: Pro-fessor Ferreira Fernandes, Professor José Teixeira, Professor António Car- valho Fernandes, Tiago Freire, Ricardo Alves, Miguel Almeida, Ruben Abrantes, Tiago Carvalho, Ricardo Silva, Ricardo Correia, Marco Pereira, Pedro Xavier, André Gomes, André Melo, Diogo Aguiam, Rui Costa, Samuel Franco, Francisco Esteves, Dinis Carreira, João Freitas e Ricardo Borges.

Apoios: Universidade Técnica de Lisboa, Taguspark SA, AEIST-Associa-ção dos Estudantes do Instituto Supe-rior Técnico.

Design: César Gaspar e Francisco

SousaTiragem: 1000 Periodicidade: Anual Propriedade: Núcleo de Estu-

dantes de Engenharia Electrónica do Instituto Superior Técnico; Av. Prof. Dr. Aníbal Cavaco Silva, 2744-016 Porto Salvo.

[email protected]

http://n3e.ist.utl.pt

ISSN: 1647-5151

Depósito legal: 326658/11

Impressão e acabamento: SIG - Soc. Ind. Gráfica, Lda

Distribuição gratuita

Ficha técnica

Editorial

3 - N3E 2011/12

“Não há duas sem três!” Foi no lema deste antigo prové-rbio que o N3E abraçou esta terceira edição da N3E-Maga-zine. Tendo nós toda a estrutura que é necessária à criação da revista e reconhecendo o sucesso das edições anteriores; estas foram as premissas que nos deram motivação para concreti-zar novamente este projecto. Projecto este, que vem mais uma vez mostrar a todos os leitores quem somos nós, o que fazemos e para quem trabalhamos. O nosso foco são todos os alunos da Licenciatura em Engenharia Electrónica e do Mestrado em Engen-haria Electrónica. É neles que o N3E se revê e sente o orgulho em divulgar ao mundo o que de melhor os alunos sabem fazer!

Nesta edição, o leitor vai poder ler a descrição de todas as actividades mais importantes que o N3E fez durante o ano lectivo 2011/2012, e dessa forma compreender a dimensão e importân-cia que nós temos junto de todos os alunos da Engenharia Electró- nica. Não deixámos de nos focar no curso e dessa forma é apresentada uma síntese do que é a LEE e o MEE, assim como “o outro lado do espelho na formação oferecida na LEE/MEE”.

Fomos conhecer quais as funções que antigos colegas de curso desempenham no mercado de trabalho actual, trans-mitindo assim conhecimentos para que os mais jovens tracem também os seus próprios caminhos a nível profissional. Durante o curso é possível participarem em programas de internacio-nalização, como os que apresentamos: o Best e o Erasmus.

Demais, como é habitual em todas as nossas edições, fazemos também referência a dois grupos homólogos ao N3E, criados e sus-tentados por alunos do IST: o S3E e a SystemGroup. De seguida, con-tinuamos a viagem para a apresentação do N3E-Robotics, um grupo recente, mas que já deu provas das suas capacidades e ambições.

Este projecto não teria sido realizado se não fosse o espíri-to de equipa e sacrifício que fazem parte de toda a equipa do N3E. Conseguimos superar todas as dificuldades que nos aparecem ao longo do nosso percurso, graças à ambição de querer ver mais um projecto terminado. Projectos como este que não estão directamente relacionados com a nossa área dão às pessoas, que nele trabalham, capacidades extracurricula-res que mais tarde se revelarão úteis no mercado de trabalho.

Destacamos ainda, que esta revista é de distribuição gra-tuita, embora que para a sua impressão necessitemos de apoios financeiros. Apoios esses que foram muito reduzidos, reflectindo assim as dificuldades que o país atravessa. Não teria sido pos-sível a publicação desta edição sem o apoio dos nossos cola- boradores UTL, AEIST e TagusPark SA, a quem agradecemos.

Desejamos que os nossos leitores vivam sentimentos fortes, sejam eles de orgulho para todos os que fazem parte do círculo de estudantes de Engenharia Electrónica, ou sejam eles de esperança de um dia poderem cruzar-se neste percurso único da Engenharia.

N3E 4 História e apresentação5 O que o N3E significa para nós

Actividades N3E6 Actividades desenvolvidas ao longo do ano pelo N3E 8 Workshop de Soldadura

LEE/MEE10 Os cursos de Engenharia Electrónica11 O outro lado do espelho na formação oferecida na LEE/MEE

Projectos do Curso12 Electrocardiograma13 ISeN - Intelligent Sensor Network14 Placa de aquisição alimentada por USB15 Controlador de pH para Aquários

Mercado de trabalho16 Antigos alunos - Testemunhos profissionais

Programas de internacionalização18 Erasmus Versus Athenas

IEEE-IST Academic19 IEEE-IST Academic

Grupos do IST20 S3E21 SystemsGroup

Entrevista com...22 Entrevista com o Prof. José Teixeira - CoreWorks

Artigo de opinião24 “Moral, Denúncia e Eficiência” - Prof. António Carvalho Fernandes

N3E-Robotics26 Um novo grupo com uma dinamica moderna27 Trahalhos que tu podes fazer

Secção cultural28 A arte na Electrónica

Sumário

N3E

N3E

Quem somos:

O Núcleo de Estudantes de Engenharia Electrónica do IST nasceu da vontade que alguns alunos, tanto da Licenciatura em Engenharia Elec-trónica (LEE) como do Mestrado em Engenharia Electrónica (MEE), do Instituto Superior Técnico, possuem em marcar uma posição na sua passagem pelo Ensino Superior, aliado ao desejo de contribuir para o cres-cimento qualitativo e quantitativo da respectiva Licenciatura e Mestrado. Só foi possível através da motivação própria assim como da motivação transmitida pela própria coordenação do curso, direcção do Instituto Superior Técnico - campus Taguspark e dos alunos que constituem o curso.

O que fazemos:

- Incentivar a participação activa dos estudantes na vida académica e as-sociativa, somos pró-activos na organização destas actividades,- Criar um grupo sólido de trabalho com o objectivo de criar e desenvol- ver projectos na área da electrónica e suas vertentes - N3E-Robotics,- Estimular os contactos entre os estudantes e as empresas inseridas nas específicas áreas tecnológicas da LEE e do MEE,- Divulgar o perfil da licenciatura junto dos alunos do ensino secundário,- Publicar notícias relevantes, no site e rede social.

O associado:

Acreditamos que manter uma política de associado no N3E é uma ponte de contacto e proximidade para os alunos que representamos. É para todos aqueles que se tornarem sócios que iremos reforçar e valorizar todas as nossas actividades para que se sejam privilegiados. A quota do associado é revertida ao associado ao longo do anos nas diversas actividades.Apresentamos algumas das vantagens dos sócios:•Prioridade na inscrição e desconto nas nossas actividades (workshops, actividade ar livre, jantares de curso, etc),•Acesso a informação sobre estágios e ofertas de emprego,•Integrar o N3E-Robotics e fazer uso do mesmo,•Encomenda de artigos de electrónica da Farnell com desconto de as-sociação.

4 - N3E 2011/12

Quando assumi o cargo de presi-dente do N3E, sabia que que estava a assumir uma grande responsabi l idade.É uma associa-ção com valores

fortes e vincados, devido às pessoas que já cá passaram ou de alguma forma contribuíram para o que é hoje o N3E.Um ano depois tenho muito orgulho em todo o trabalho desenvolvido, que só foi possível graças à equipa fantástica que me acompanhou ao longo de todo o percurso.Sei que o N3E vai continuar com os mesmos valores e quero deixar os parabéns à nova equipa, que vi darem os primeiros passos no associativismo e ao longo do seu mandato têm demonstrado uma grande capacidade de trabalho e vontade de levar o N3E muito mais além. Prova disso é esta nova edição da N3E Magazine, um projecto arrojado e ambicioso, com dificuldades acrescidas nesta altura de grande dificuldade.Foi um orgulho ter feito parte do N3E e desejo as maiores felicidades para toda a equipa!

Ricardo BorgesPresidente cessante da Direcção do N3E

7 - N3E 09/10

Denys Sorokin - Vogal“O N3E para mim não é simplesmente uma sigla. O Núcleo de Estudantes de Engenharia Electrónica é a entidade que representa o nosso curso com muito esforço e dedicação. É só com bons representantes, que nós somos, é que um curso de excelência consegue alcançar metas cada vez mais ambiciosas. Viva o N3E.”

Miguel Almeida - Colaborador“O N3E representa os estudantes de Engenharia Electrónica, e é para mim um prazer fazer parte da equipa que representa os estudantes deste curso. Esta equipa tenta dignificar o nosso curso e organizar actividades interessantes para os alunos que permitam o convívio mas também algum acréscimo de conhecimento.O N3E possibilitou-me e possibilita-me melhorar a minha capacidade de organização e de trabalho em grupo. Trabalhar em equipa é realmente fantástico e permite o nosso crescimento enquanto pessoas e futuros engenheiros.”

Luís Costa - Colaborador“Na minha opinião, o nosso núcleo é uma excelente “ponte” para além da universidade. Inicia-nos em processos organizacionais maiores, põe-nos em contacto com as empresas e ainda nos possibilita a participação em projetos extra curriculares que nos estimulam dentro da nossa área tais como competições de robótica.”

Patrick Pereira - Vice-Presidente“Inicialmente entrei no N3E no intuito de acrescentar valor no meu curriculum.No entanto, com o passar do tempo fiquei com a certeza que o N3E foi mais do que isso. O facto de cooperar com várias equipas desde que estou inserido neste núcleo permitiu-me aprimorar alguns skills indispensáveis na vida de um Engenheiro, como: trabalho em equipa, criatividade, espirito de liderança, etc. Sem dúvida pertencer ao Núcleo durante estes últimos dois anos foi essencial no meu crescimento profissional e pessoal. “

Dinis Carreira - Colaborador“Para mim é mais uma boa razão para ir para a faculdade, deu-me uma nova perspetiva do que é trabalhar em equipa e pôs-me em contato com muita coisa importante, que até ao momento desconhecia. É uma ferramenta muito poderosa ao dispor dos alunos para que a sua formação académica seja ainda mais completa e uma excelente oportunidade de fazer grandes amizades.”

Pedro Pinto - Tesoureiro“Fazer parte do N3E foi um experiência bastante gratificante. Apesar existirem cargos definidos na equipa do N3E, todos temos uma participação activa em todos os assuntos do grupo, o que permite desenvolver muitas competências, sendo a principal o espírito de trabalho em equipa. Foi sem dúvida um desafio que me levou a aumentar a minha capacidade de organização e a confiança no meu trabalho.”

Pedro Alves - Colaborador

“Divertimento, convívio e aprendizagem ... Coisas que pude encontrar neste núcleo que à uns anos não imaginava ser possível. Talvez o leitor pergunte se o N3E mudou a minha vida? Mudou e não foi para pior.”

Tiago Freire - Colaborador

“ O N3E é para mim a equipa, o espírito e a motivação por fazer mais e melhor pelo nosso curso.“

2011/12 N3E - 5

O que o N3E significa para nós

8 - N3E 09/10

Arraial do Caloiro IST 2011/2012

Actividades N3E

6 - N3E 2011/12

Desde o habi-tual Quim Barreiros ao espírito académico, o Arraial do Caloiro do IST é uma das maiores festas académicas de Lisboa e o N3E já começou a ser assíduo nesta festa, sempre com novas atracções e um ambiente bastante festivo.

Beber um copo, conviver e divertir são as pala-vras que imperam neste imperdível arraial, onde tudo pode acontecer e mil palavras não conseguem descrever.

É um evento importantíssimo onde se cimentam as amizades entre caloiros e entre caloiros e “mais velhos”.

Esta edição foi terminada a tempo de poder dizer que este ano estivemos mais uma vez representados no Arraial do IST, onde foi mais um sucesso, onde a “comunidade” do Tagus se reuniu.

No final do ano lectivo 2010/2011 o N3E organizou mais uma actividade para promover o convívio entre os alunos dos cursos de Licencia- tura e Mestrado em Engenharia Electrónica. A activi-dade consistiu num churrasco ao ar livre, perto da praia, já que nos encontrávamos no mês de Julho e o tempo era convidativo para este tipo de activi- dade. Logo de manhã encontrámo-nos num parque bastante agradável e com boas condições para se fazer um churrasco com toda a segurança. Entre conversas e brincadeiras, o tempo foi passando e as bifanas foram apurando para a grelhada. Chegou então a hora do almoço, onde todos comeram e beberam à vontade e a boa disposição foi preva- lecendo, animando assim o convívio. Depois do almoço houve um jogo de râguebi na praia, onde todos participaram e muitos aproveitaram para ter o primeiro contacto com esta modalidade. De vez em quando lá ia um mergulho para refres- car e assim passou um dia de grande convívio e animação, propício para fortalecer alguns laços, num ambiente diferente e mais informal. O N3E organizou e forneceu o material, mas o sucesso da actividade deveu-se ao grande espírito de grupo e amizade entre todos os intervenientes, con- solidando assim um facto que se tem verificado ao longo dos anos nestes cursos: “Mais do que um grupo de colegas, somos um grupo de amigos.”

Normalmente estes jantares são sempre a “malta do costume” que não se importa de esquecer, por uma noite, os projectos e os testes para se divertirem e disfrutarem de um jantar entre amigos.

Este ano, contudo, foi diferente. Neste jantar consegui-mos convencer mais pessoas, que anteriormente não foram a nenhum jantar, a participar. Com isto puderam ver o ambiente descontraído do jantar e conhecer melhor os novos colegas que apareceram para o jantar. Pois por entre brindes e con-versa fiada vamos conhecendo melhor alguns colegas que, normalmente, são mais tímidos. Convenci muitos colegas a juntarem-se ao jantar e desta para os conhecer melhor. No final provei-lhes que estas actividades são divertidas, pois recebi um feedback positivo desses mesmos.

Para o ano há mais, e espero continuar a ver caras novas no jantar do N3E pois é um evento que nos deixa conhecer os colegas/amigos melhor e num ambiente descontraído.

Jantar de curso

Convívio final do Semestre

Na edição 2011/2012 do Arraial do Caloiro do IST, o N3E marcou presença pela segunda vez num arraial do IST, contando com o grande apoio da Comissão de Praxe do IST-Taguspark. Tal como era de esperar, a boa disposição e a festa fizeram-se sentir na apelidada “Tasca do Tagus” que foi uma das bancas que teve maior aderência durante todo o arraial.

09/10 - N3E - 9 2011/12 N3E - 7

No final do ano lectivo 2010/2011 o N3E organizou mais uma actividade para promover o convívio entre os alunos dos cursos de Licencia- tura e Mestrado em Engenharia Electrónica. A activi-dade consistiu num churrasco ao ar livre, perto da praia, já que nos encontrávamos no mês de Julho e o tempo era convidativo para este tipo de activi- dade. Logo de manhã encontrámo-nos num parque bastante agradável e com boas condições para se fazer um churrasco com toda a segurança. Entre conversas e brincadeiras, o tempo foi passando e as bifanas foram apurando para a grelhada. Chegou então a hora do almoço, onde todos comeram e beberam à vontade e a boa disposição foi preva- lecendo, animando assim o convívio. Depois do almoço houve um jogo de râguebi na praia, onde todos participaram e muitos aproveitaram para ter o primeiro contacto com esta modalidade. De vez em quando lá ia um mergulho para refres- car e assim passou um dia de grande convívio e animação, propício para fortalecer alguns laços, num ambiente diferente e mais informal. O N3E organizou e forneceu o material, mas o sucesso da actividade deveu-se ao grande espírito de grupo e amizade entre todos os intervenientes, con- solidando assim um facto que se tem verificado ao longo dos anos nestes cursos: “Mais do que um grupo de colegas, somos um grupo de amigos.”

DesportoTem sido muito gratificante a experiência de

fazer parte deste núcleo estudantil e coordenar as partidas dos jogos de futsal que temos orga-nizado semanalmente.

Estes jogos permitem-nos abstrairmos-nos da rotina habitual a que estamos sujeitos durante o ano lectivo. Com estes jogos, creio que muitas pessoas começaram a conhecer-se muito melhor, o que pode vir a ser em muitos casos uma boa ajuda a nível académico.

Além da integração entre as pessoas do mesmo curso, o nosso evento é aberto também as estudantes de outros cursos. Acima de tudo procuramos divertirmo-nos e aliviar algum stress, porque é para isso que estes jogos servem, e leva-nos a alguma prática física.

A adesão a estes eventos tem sido bastante boa, o pessoal tem gostado do formato em que os jogos se desenrolam e estão sempre prontos para nos ajudar a melhorar, deste modo, tenta-mos sempre agradar a toda gente.

Workshop de Instrumentação

IST Career WeekMais uma vez o N3E colaborou activamente na organização da IST Career Week, uma

semana dedicada à apresentação de mais diversas empresas juntos dos alunos. Uma iniciativa que visa aproximar o contacto entre os potenciais empregadores e os alunos.

Tivemos como missão saber que empresas os alunos do nosso curso queriam de ver representadas na CareerWeek. Depois fizemos um primeiro con-tacto de forma a convidar as empresas a deslocarem-se ao IST-TagusPark.

Estiveram presentes, entre muitas a KPMG, Everis, Vodafone, PT, Hitachi Consult-ing e a Synopsys.

O objectivo passou pelas empresas se darem a conhecer aos alunos, prin-cipalmente de Mestrado, e lhes apresentarem o que fazem, em que pro-jectos estão inseridos e o que esperam dos futuros engenheiros do IST.

A instrumentação é nos dias de hoje, uma área da electrónica muito vasta e bastante importante para qualquer engenheiro electrónico. Como tal, o núcleo de estudantes de engenharia electrónica do Taguspark, tomou a iniciativa de realizar um Workshop de instrumentação e medidas que abordasse alguns dos aspectos mais importantes, como por exemplo explicar o princípio de funcionamento de alguns instrumentos de medida mais usados nos laboratórios.

Foi dado ênfase principalmente aos aspectos básicos de medidas eléctricas mediante uma parte inicial mais teórica, seguida de uma parte prática, na qual houve um contacto com os principais instru-mentos de instrumentação, como osciloscópios, multímetros ou geradores de sinal.

Este Workshop foi essencialmente direccionado para alunos dos primeiros anos do curso de engenharia electrónica que ainda têm pouca experiência e também para alunos de outros cursos que tivessem curiosidade por esta área.

Foram preparados uma apresentação e um guia de laboratório para que os alunos pudessem seguir durante a sessão do Workshop. O guião incluía alguns exercícios simples para medição de tensões em resistências de valor conhecido, para além de outros exercícios mais complexos nos quais, através do osciloscópio e de outros instrumentos, os alunos tinham que caracterizar uma impedância que à partida era desconhecida. Para resolver estes exercícios foi também feita uma análise teórica com o intuito de os ajudar a compreender melhor os conceitos.

Apesar de talvez ter sido um pouco longo os alunos presentes no Workshop ficaram a conhecer um pouco melhor os princípios básicos dos instrumentos de laboratório. No final tudo correu bem, apenas houve a lamentar a fraca adesão que ficou aquém do esperado.

10 - N3E 09/10

Actividades N3E

8 - N3E 2011/12

Workshop de Soldadura

Pedro Pinto , aluno do IST

Quais as actividades que o N3E vai organizar? Esta é a questão de ordem nas reuniões de

planeamento do nosso núcleo. Uma das cartas lançadas para a mesa é a organização de workshops, que de alguma forma sejam úteis para os alunos do nosso curso. Desta forma surgiu a ideia de dar aos alunos a oportunidade de soldar uma placa de circuito impresso (PCI). Esta é uma tarefa com a qual os alunos do curso de Engenharia Electrónica se deparam, e à qual chegam, normalmente, sem nenhuma experiência. Voluntários para organizar este workshop? Prontamente me ofereci, uma vez que é uma área da qual gosto muito e também por

ser dos membros do N3E com mais experiência no fabrico de PCI “caseiras”. Formei então equipa com o Denis Sorokin e com o César Gaspar, o nosso presidente, que tanto nos “deu na cabeça” para prepararmos tudo a tempo e horas. Formada a equipa de trabalho era tempo de escolher um circuito que fosse minimamente interessante para os participantes, para que no final pudessem ter algo para mostrar em casa. Pensámos que seria interessante fazer algo que tivesse luzes, leds para ser mais específico. Quem gosta de electrónica gosta sempre de ver luzes a piscar. Depois de discutir as hipóteses chegámos à conclusão que um vuimetro seria uma boa aposta. Numa descrição breve, um vuimetro é um indicador de volume, que

no nosso caso seria indicado através da luz de leds. Tratei então de encontrar esquemas eléctricos de vuimetros digitais e fazer a lista de material

necessário. A principal preocupação, no momento da encomenda de material, foi o preço do kits, que pretendíamos que fosse baixo para que a questão dos €€ não impedisse as pessoas de participar. Tudo sobre rodas e foi tempo de desenhar a PCI. Como era um workshop de iniciação, para pessoas que nunca tinham utilizado um ferro de soldar, utilizei apenas componentes de montagem through-hole. Desenhei então uma placa de dimensões reduzidas e de face simples, sempre mantendo distâncias razoáveis entre os componentes (devido à pouca experiência dos participantes). Já com todo o material na mão (que demorou um eternidade a chegar) e com pouco tempo até à data agendada, montei em breadboard o circuito que tinha desenhado na placa. Funcionou!! Estava pouco sensível, mas era uma questão de ajustar o valor de resistências para que funcionasse na perfeição. Fiz então a PCI que serviria para ter a certeza que tudo estava correcto e que poderia produzir em massa. Também funcionou!! Parti então para a produção final. Apontámos inicialmente para duas sessões, com um número máximo de 18 participantes cada o que somava um total de 36 kits necessários. Contando que algo poderia correr mal, decidimos preparar 40 kits. Tudo preparado

Numa iniciativa que teve como objectivo dar preparação aos alunos para futuros trabalhos relacionados com as cadeiras do curso de Engenharia Electrónica, o N3E decidiu criar um workshop onde os participantes tivessem uma primeira oportuni-dade de soldar.

09/10 - N3E - 11

e chegou finalmente a semana do workshop. Tivemos uma boa adesão, contabilizando um total de 23 participantes, a grande maioria do curso de electrónica, mas também contámos com a presença de alunos de informática e rede de computadores. Durante as sessões tive a preocupação de explicar algumas técnicas fundamentais do processo de soldadura, e acompanhei de perto todos os alunos. Tivemos alunos que se mostraram bastante à vontade e que fizeram um excelente trabalho, mas também alguns mais desajeitados que precisaram de ajuda extra. No geral correu tudo como planeado e obtivemos um bom feedback dos participantes.

Com o sucesso que tivemos no workshop e com a actividade de Ciência Viva 2012, organizada pelo INESC, a aproximar-se o Professor Moisés Piedade contactou o N3E demonstrando interes-

se na nossa colaboração. Desta feita teríamos de organizar o Workshop de Soldadura para os 17 participantes da Ciência Viva, para além de ajudar-mos na organização de outras actividades. Fazendo uso da experiência anterior preparámos a activi-dade com mais cuidado para que tudo estivesse à altura do acontecimento, já que iríamos ter mais alunos na mesma sessão. Apesar de alguns alunos terem demonstrado mais dificuldades tudo correu como desejado, ou seja, todos ficaram muito con-tentes com ao ver o seu viumetro a funcionar.

Na parte que me toca, gostei bastante de par-ticipar na organização deste workshop e foi bas-tante gratificante receber os agradecimentos quer da direcção do N3E quer dos participantes.

Antes de terminar quero agradecer ao Professor Moisés Piedade por nos ter disponibilizado material e ao Sr. João Pina dos Santos pela ajuda que nos deu na preparação das salas e durante o workshop.

2011/12 N3E - 9

Participação no “Ciência Viva”

12 - N3E 09/10 10 - N3E 2011/12

LEE/MEE

Os cursos de Engenharia ElectrónicaCarlos Ferreira Fernandes, Coordenador da LEE/MEE

A Engenharia Eletrónica foi criada pelo IST sob proposta do DEEC aprovada por mais de 140

docentes. Foi objetivo criar um curso mais aplicado neste domínio e com uma ligação mais estreita com o mundo empresarial, o que justificou a sua localização. Neste sentido, o curso foi orientado desde o princípio para o projeto, para a conceção e para a criação de sistemas em várias áreas. A Engenharia Eletrónica é por essência uma área transversal à maior parte das engenharias, uma vez que todas estas recorrem cada vez mais a sistemas eletrónicos sofisticados. Uma forte formação interdisciplinar torna-se portanto um dos seus objetivos principais.

A localização da EE no Taguspark tem evi-dentes vantagens. Trata-se de uma área recente, desafogada, que permitiu uma intervenção de raiz na criação dos novos espaços (laboratórios, oficina, biblioteca, anfiteatros) e uma maior proximidade ao sector empresarial. Foram criados laboratórios avan-çados, uma fábrica de circuitos impressos e de mon-tagem de placas eletrónicas. Os laboratórios estão permanentemente abertos, o que cria inúmeras vantagens, nomeadamente, um maior envolvi-mento dos alunos e uma mais forte ligação à escola num ambiente de estudo e de trabalho excelentes.

A inserção dos princípios básicos de uma engenharia aplicada constituem a base e o modus vivendi da LEE. As características próprias do campus obrigam a uma atitude mais emancipada do aluno face ao docente, mantendo-se mesmo assim uma acentuada interação docente-aluno.

A EE está organizada do seguinte modo:1. Licenciatura de 3 anos (LEE) com 31 UCs,

que constitui o 1º ciclo. A LEE é constituída por UCs de formação básica, como as da área da matemática (6 UCs com 37,5 ECTS), da física (3 UCs com 18 ECTS) e da química (1 UC com 6 ECTS). Temas como o desenvolvimento da linguagem oral e escrita do inglês são fundamentais, assim como a apren- dizagem do uso da língua materna, também nas vertentes escrita e oral. Com efeito, a facilidade de expressão, de poder de síntese, de compreensão de textos, elaboração de relatórios claros, concisos revelam-se fundamentais nesta e em qualquer outra área do ensino. Estes temas estão incluídos nas competências transversais, que incluem 4 UCs com 13,5 ECTS. A preocupação em criar uma formação de espetro largo conduz à inclusão no curso de uni-

dades curriculares de outras áreas científicas: Com-putadores (6 UCs com 34,5 ECTS), Energia (1 UC com 6 ECTS), Telecomunicações (2 UCS com 13,5 ECTS) e Controlo (2 UCs com 12 ECTS), além da área científica de Eletrónica (6 UCs com 39 ECTS).

A eficácia da aquisição de conhecimen-tos é muito dependente da sua inserção no processo de aprendizagem, motivo pelo qual se teve a preocupação de inserir os diversos temas de forma ajustada ao longo do curso.

De assinalar também, o fato de se ministrarem aulas laboratoriais desde o 1º semestre do 1º ano, nomeadamente na experiência pedagógica SUBA.

2. Um 2º ciclo de 2 anos (MEE), onde a maioria das UCs são de eletrónica da área avançada. O plano curricular atual contem UCs obrigatórias - nas áreas de Eletrónica (30 ECTS), de Informáti-ca (7,5 ECTS) e de áreas transversais (6 ECTS) - UCs opcionais (34,5 ECTS), além do Projeto de Engenharia Eletrónica (12 ECTS) e da tese Dis-sertação (30 ECTS). Os trabalhos são propos-tos pelos alunos em diálogo com os docentes.

A formação de espetro largo é um garante a uma preparação adequada dos alunos numa engenharia de produtos, quer em software quer em hardware, e não numa engenharia de ser-viços. Esta formação permite a inserção do futuro engenheiro num mercado de trabalho que, embora exigente, não é fortemente especializado.

Uma preparação mais realista, apoiada por uma formação de base sólida, com grandes liga-ções a outros domínios, que cada vez tornam os diversos sectores menos estanques, é a caracte- rística fundamentaldos cursos da EE. A escola IST-TAGUS forma profissionais com capacidade para realizar sistemas, incorporando as tecnologias mais avançadas e facultando condições de realizarem durante o curso diversos protótipos de subsistemas.

Por fim, e não menos importantes, são de assinalar o profissionalismo e dedicação do corpo docente e não docente afeto ao funcionamento da escola. Estas são as verdadeiras chaves do sucesso (traduzido por um preenchimento total das vagas da LEE logo na 1ª fase dos ingressos deste último ano letivo) e onde queremos continuar a apostar para aliciar cada vez mais alunos para os nossos cursos.

13 - N3E 09/10

Carlos Ferreira Fernandes, Coordenador da LEE/MEE

A formação oferecida por uma Escola não se fecha na oferta curricular dos seus cursos. A

Coordenação da LEE/MEE está empenhada em não descurar esse outro lado da vida académica, que deverá incluir os diversos aspetos da inserção do aluno na sociedade. Pensamos que esta atitude da Escola é não só benéfica na formação do aluno, mas essencial. Benéfica, dado que uma formação alargada é cada vez mais justificada num mundo cada vez mais globalizado. Essencial, como nos mostram os recentes acontecimentos numa Europa em crise, que apontam para mudanças profundas numa sociedade, que exige de cada um de nós uma atitude cada vez mais participativa.

Foi na busca de pontes que no ano de 2011 a Coor-denação da LEE/MEE organizou uma visita de estudo a uma Central Solar no Alentejo próxima de Mértola.

Durante a visita, o Engenheiro Miguel Morgado explicou pormenorizadamente o funcionamento da Central nos aspetos envolvidos, tendo-se esta- belecido um diálogo aberto com os alunos. Ficam as fotografias que documentam, de forma inequí-voca, o bom ambiente que se viveu nessa visita.

A Central Solar visitada é constituída por 5808 módulos PV policristalino, com potência unitária de 225 Wattpico , distribuídas por 264 strings (em paralelo) de 22 painéis (em série) cada, ou seja num total de cerca de 1,3MWattpico.

Para dar seguimento a atividades similares,

a Coordenação da LEE/MEE pretende organizar durante este ano letivo uma visita ao Centro de For-mação Militar e Técnico da Força Aérea, na antiga Base Aérea da Ota. Nesse sentido, o Engenheiro José Morgado da Academia da Força Aérea, doutorado no IST, fará uma apresentação nas instalações do IST/Taguspark do Projeto de Investigação e Tecnologia em Veículos Aéreos Não-Tripulados (PITVANT). Este projeto enquadra-se no domínio natural das atividades da Força Aérea, tendo como objetivos essenciais:

i) desenvolver protótipos de sistemas de veículos aéreos autónomos não tripulados (UAV’s), a usar em missões e atividades de natureza quer estritamente militar, quer de natureza civil, inclu-indo naturalmente atividades de investigação;

ii) promover iniciativas de I&T com outras univer-sidades (Universidade do Porto, a Universidade da Califórnia em Berkeley e a Universidade de Munique), institutos de investigação, instituições para a aplica-ção do desenvolvimento tecnológico( a Honeywell, a Agência de Defesa Sueca e o Instituto de Engen-haria Mecânica e Gestão Industrial) e instituições ligadas à fabricação (a Embraer e a Honeywell).

O outro lado do espelho na formação oferecida na LEE/MEE

2011/12 N3E - 11

“Construímos muros demais e pontes de menos”

Isaac Newton (1643-1727)

Ruben Abrantes, aluno do IST

A saúde e a tecnologia são duas áreas da ciência que se misturam cada vez mais nos dias que

correm. Com os avanços tecnológicos ao longo dos séculos, tem sido possível criar novas ferramentas para auxiliar nos tratamentos e diagnósticos, ao mesmo tempo que se melhoram outras, permitindo uma maior qualidade de vida a qualquer paciente.

Na área da cardiologia, é vital ter ferramentas apropriadas para a detecção precoce de problemas cardíacos, uma vez que existem malformações ao nível do coração que não manifestam qualquer tipo de sintoma, mas que podem causar graves problemas de saúde. Assim, com recurso à tecnologia, é possível facilitar a vida a quem trabalha nesta área, disponibi- lizando equipamentos que apresentem em tempo real o traçado PQRST do batimento cardíaco, permitindo o diagnóstico atempado por parte dos especialistas.

Na disciplina de Instrumentação e Medidas, surgiu a possibilidade de desenvolver um electrocar-diograma como projecto final. Este consistia, basica-mente, na aquisição dos sinais eléctricos gerados na pele devido ao batimento do coração, sendo assim possível desenhar o traçado cardíaco do utilizador.

Para que fosse possível a aquisição dos sinais eléctricos, na ordem das centenas de micro Volt, foi necessário criar um circuito eléctrico amplifica-dor com recurso a AMPOPs, onde foi também adi-cionado um Programmable Gain Amplifier (PGA) que permitia controlar digitalmente o ganho final do circuito. A aquisição dos sinais e o contro-lo digital foram feitos com recurso a uma placa de aquisição DAQ 6008 da Texas Instruments.

Durante a implementação do projecto, tornou--se evidente a sensibilidade do circuito a perturba-ções externas, nomeadamente devido à rede eléc-trica e aos movimentos respiratórios do utilizador. Estas interferências inseriam muito ruído no sinal adquirido, tornando-se difícil conseguir obter resul-

tados satisfatórios para processamento posterior. Como tal, foi necessária a implementação de um

filtro passa baixo digital com uma frequência de corte a 30Hz, eliminando assim qualquer interferência da rede. Adicionou-se ainda um circuito que anula a com-ponente DC do sinal de entrada, criada pelo contacto dos eléctrodos com a pele, evitando assim qualquer saturação dos AMPOPs aquando a sua amplificação.

Após a aquisição dos dados, o seu processa-mento fica a cargo de um computador com o software LabVIEW, onde seria possível mostrar ao utilizador uma interface com o histórico do seu último minuto de batimentos cardíacos, com e sem filtragem de ruído, ritmo cardíaco e o último batimento detectado.

No final, o circuito do projecto foi implemen-tado numa PCB, cumprindo todos os objectivos já referidos, onde foi também adicionado um LED que acendia sempre que fosse detectado um bati-mento cardíaco. Este trabalho serviu também como exemplo de uma aplicação do nosso conhecimento à vida quotidiana como forma de melhorar a socie-dade. Resta apenas agradecer ao meu colega de grupo Tiago Gabriel e ao professor Pedro Ramos.

Cada vez mais áreas da sociedade convergem e partilham entre si sabedoria e co- nhecimento. Um bom exemplo disso é a saúde e a tecnologia, que com o passar dos anos se tornam cada vez mais inseparáveis. Como tal, nada melhor que aplicar os ensinamentos adquiridos na electrónica à cardiologia e desenvolver um disposi-tivo capaz de apresentar os batimentos cardíacos de um paciente.

Electrocardiograma

Projectos

12 - N3E 2011/12

15 - N3E 09/10

Tiago Carvalho , alunos do IST

As redes de sensores estão a ter cada vez mais utilização para fins práticos, mas a sua aplicação

e implementação é por pessoas com conhecimentos e habilidades técnicas muito específicas. Esta rede de sensores é desenhada para ser flexível na aplicação permitindo a sua utilização por um maior número de pessoas e aplicações via autoconfiguração.

A rede é composta de uma “Base Station” (nó Master) e um conjunto de nós “Slave” que comuni-cam através de um canal comum ANT. Esta topologia confere a vantagem de permitir a entrada à rede de novos nós a qualquer altura sem necessitar configu-ração manual. No momento de entrada de um nó na zona do “Master”, ocorre um processo de registo e o novo nó é atribuído um endereço temporário. Esta topologia também é resiliente a falhas; na perda de comunicação (devido a condições de alimentação ou de rádio), o processo de registo fornece um endereço novo na reentrada do nó. Esta dinâmica não só possibilita uma rede fixa mas também implementações mais interes-santes como redes viajantes entre vários nós “Master” em pontos geograficamente distintos, ou dispositivos de coleção de dados que viajam entre várias nuvens de sen-sores discretas. A rede foi testada num ambiente interior com muito ruído na banda de operação (2,44GHz). Neste ambiente transmissão de dados foi fiável no máximo de 5m com uma parede no meio e intermitente a 7m de distância entre um “Slave” e o “Master”.

O “Master” é ligado a um PC via a porta série. Uma aplicação escrita em Java efetua as funções de gestão da rede como a atribuição de endereços aos nós. As outras funções princi-pais são o registo de dados vindos dos “Slaves” e métodos para interagir com os mesmos.

Um Slave consiste em uma placa principal e uma placa de sensores com condicionamento de sinais (se necessário). O objectivo da placa principal é de fornecer interfaces aos sensores analógicos e digitais mais comuns, mantendo ao mesmo a pos-sibilidade de fácil ligação de suporte para sensores mais complexos. O suporte principal de sensores, do ponto de vista da interface, são de: sensores analógicos de reposta rápida e lenta com sinais dife-renciais ou absolutos, e sensores de I2C, SPI, UART. Existem, adicionalmente, circuitos para a criação de sinais de controlo AC e DC, utilizados para estimu-lar sensores como o LVDT e pontes capacitivas.

O consumo energético do slave é reduzido através do uso extensivo de modos de espera de baixo consumo no Microcontrolador e via um sistema

embebido de gestão ener-gético do módulo RF ANT, que reduz a corrente con-sumida entre períodos de recepção e transmissão de dados. Os circuitos integra-dos externos, como o ADC e o DAC, podem ser des-ligados fora de períodos de utilização. Adicionalmente A placa de sensores é alimen-tada através de um MOSFET, que permite cortar alimen-tação aos sensores entre

instantes de leitura. A corrente instantânea da placa principal atingiu 1mA em modo ocioso, 2,5mA em modo ativo e 16mA durante transmissão de dados.

Este artigo apresenta uma solução de redes de sensores sem fios utilizando o Texas Instruments MSP430 e o protocolo wireless ANT. Esta implementação tem o objectivo de fornecer um sistema dinâmico, robusto, consumo energético reduzido e fácil de utilizar. Adicionalmente este modelo emprega uma interface que permite a inserção de uma grande variedade de sensores na rede.

ISeN – Intelligent Sensor Network

2011/12 N3E -13

Ricardo Silva, aluno do IST

Os diferentes tipos de placas de aquisição existentes podem possuir características apenas

de aquisição (apenas para monitoria), ou também possuir ao mesmo tempo controladores que permitem actuar sobre o sistema que se encontra a ser medido.

O projecto desen-volvido permite apenas efectuar a aquisição de dados, funcionando como uma plataforma de moni-toria, este projecto engloba diferentes áreas, desde o projecto, desenho e fabrico de hardware (Um verda-deiro desafio!), programação de microcontroladores (firmware), e desenvolvimento de software espe-cífico de modo a permitir a utilização do hardware.

A placa de aquisição desenvolvida permite a aquisição simultânea de dados para 4 canais distin-tos a um ritmo máximo de 150 kS/s. O microcontro-lador utilizado é o PIC32MX460F512L, que permite obter um vasto leque de funcionalidades com um baixo consumo energético. Juntamente com o inte-grado FT2232H (FTDI) utilizado na comunicação USB com o computador, tornando a placa de aqui-sição portátil e com um consumo energético redu-zido. Uma das características consiste na aquisição simultânea de dados, ou seja, a aquisição de sinais nos 4 canais não afecta a velocidade máxima do dis-positivo, devido à utilização de componentes inde-pendentes em cada canal (ADC, amplificadores de ganho programável, etc), o que não acontece com os dispositivos de aquisição não simultânea, onde são utilizados os mesmos componentes para o total dos canais disponíveis na placa. Este método faz

com que a velocidade de aquisição seja distribuída pelo número de canais utilizados. Uma outra van-tagem consiste na redução de interferências provo-cadas entre diferentes canais, pois existe hardware dedicado para cada canal da placa de aquisição.

O protótipo desen-volvido é controlado através de uma aplica-ção desenvolvida em LabVIEW©. Este contro-

lador possui um interface simples e configurável que permite ao utilizador a selecção das características pretendidas numa aquisição de sinal (velocidade, número de canais, aquisição contínua, amplificação, etc). Os drivers do dispositivo permitem também desenvolver a aplicação numa outra diferente lingua-gem de programação (C#,C++, entre outras), mas o pretendido seria o desenvolvimento de um controlador que pudesse ser utilizado e integrado em programas desenvolvidos em LabVIEW©. Tal como a maioria dos projectos desenvolvidos no campus do TagusPark, este é também um projecto desenvolvido de raíz, o que permite ao estudante encontrar, resolver e apren-der com os diferentes problemas que lhe aparecem.

O objectivo inicial do projecto consistia no desenvolvimento de um protótipo com objectivo à sua utilização em estabelecimentos de ensino. Com uma placa de aquisição de baixo custo com ca- racterísticas semelhantes aos modelos existentes no mercado, existe assim a possibilidade de poupança de recursos financeiros. Projectos com objectivos similares, são uma mais valia no desenvolvimento tanto do estudante encarregue, como do instituto que o patrocina, pois assim potencia-se o desenvolvi-mento de dispositivos que poderão servir de ponto de partida para projectos mais complexos, ou mesmo vir a ser utilizados dentro da própria instituição.

Atualmente ao ritmo que a tecnologia se desenvolve, é necessário possuir algum tipo de dispositivo que permita a medição e controlo de diferentes variáveis. Para tal utilizam-se placas de aquisição de dados, que integradas com software per-mitem o desenvolvimento de plataformas reconfiguráveis de monitoria e atuação.

Placa de aquisição alimentada por USB

Projectos

14 - N3E 2011/12

“Um projecto desenvolvido de raíz, permitiu encontrar e superar novos

problemas”

17 - N3E 09/10

Pedro Pinto, aluno do IST

A aquariofilia é um hobbie que requer tempo e dedicação, o que nem sempre se tem disponível

(principalmente tempo). Aliando o gosto pela electrónica a este hobbie surgiu a ideia de implementar um controlador de pH para aquários. A ideia era a de projectar um sistema capaz de medir o pH da água e automaticamente regular o seu valor, através da adição de um ácido/base, caso este estivesse fora de um intervalo definido. Apesar de bastante entusiasmante não passou de uma ideia, após alguma investigação, já que os sensores de pH disponíveis no mercado têm preços relativamente elevados.

Na unidade curricular de Sensores e Actuadores Inteligentes, leccionada no primeiro ano do nosso mestrado, o Professor Francisco Alegria permitiu que os alunos apresentassem as suas propostas para o projecto da cadeira. A princípio fiquei um pouco apreensivo em relação à proposta, pois iria tratar-se de um projecto um pouco dispendioso. Após uma conversa com o José Noguei-ra, o meu colega de grupo, decidi-mos fazer então a ideia. O profes-sor gostou bastante e deu-nos luz verde para pôr-mos mãos à obra. O projecto iria ser constituído por um misto de hardware e software capaz de medir e regular o pH da água de um aquário, para além de registar os valores de cada medição, associando-lhe uma marca temporal. Desta forma seria possível fazer a interface do sistema com um computador, trans-ferir todos os registos e representar a evolução temporal do pH do aquário.

Começámos por pesquisar quais os tipos de sensores existentes, para saber qual se adequaria melhor ao fim pretendido. Optou-se por utilizar um sensor de eléctrodos da Vernier. Este tipo de sensor é constituído por um eléctrodo de referência e um eléctrodo capaz de atrair iões de hidrogénio H+. A medição do pH é baseada na diferença de potencial entre os dois eléctrodos. O sensor

já incluí um circuito de condicionamento de sinal, pelo que apenas é necessário ler a tensão de saída através de um conversor analógico digital. O sistema de controlo e processamento de dados foi imple-mentado num microcontrolador PIC PIC18F4550. A interface do com o utilizador é feita de duas formas distintas. A primeira através de um display LCD e três interruptores que permitem a navegação pelos menus e a configuração de parâmetros. A segunda através de um com o computador com ligação USB e software LabVIEW. Esta interface permite também a configuração de parâmetros e a visualização da evolução do pH ao longo do tempo. A marca tem-poral é registada através de um real time clock, que mantém o registo temporal do sistema mesmo quando este não é alimentado. A adição dos líquidos

de regulação do pH é feita através de um sistema gota a gota implementa-do através de duas torneiras ligadas a servomotores (válvulas). Por serem sistemas “artesanais” as válvulas não têm um funcionamento igual, pelo que foram realizados testes ao seu funcionamento e traçada uma recta de aproximação que permite definir o tempo de abertura em função da quantidade de gotas a depositar.

O resultado final do projecto é um sistema capaz de monitorizar e regular o pH de um aquário, permitin-do ainda a visualização dos resulta-dos de cada medição e o ajuste de vários parâmetros do sistema, tais como o intervalo de pH ou o período de monitorização. Este sistema mede o valor do pH numa gama entre 0 e 14 com uma resolução de 0,1 unidades.

Apesar do objectivo do projecto ter sido atingido, existem aperfeiçoa-mentos a fazer, quer o nível de soft-ware, quer de hardware. Por fim quero deixar o meu agradecimento ao Professor Francisco Alegria por me ter dado a oportunidade de concreti-zar este projecto e ao colega José Nogueira por ter aceite o desafio.

Aliando o gosto por duas áreas distintas, a electrónica e a aquariofilia, surgiu a ideia de desenvolver um controlador de pH para aquários. No âmbito da cadeira de Sensores e Actuadores Inteligentes do MEE o Professor Francisco Alegria propor-cionou-me a oportunidade de concretizar este projecto pessoal com sucesso.

Controlador de pH para Aquários

2011/12 N3E - 15

Depois do Mestrado...

Ricardo Correia, aluno do IST

Dia 14 de Novembro de 2011, foi esse o meu último dia no IST. Foi um capítulo longo, mas posso garantir-vos que valeu a pena. Nem sempre foi fácil e por vezes tive

muita vontade de ir pelo caminho mais fácil ou seja, desistir. Nessas alturas agarrava-me a uma certeza, ter um canudo do IST é ter futuro. Sabia que não estava ali a fazer algo em vão ou a cumprir calendário, estava realmente a garantir esse futuro. Entrei no mercado de trabalho em plena crise económica mas mesmo assim e como muitos dos meus colegas do meu ano e de anos anteriores, arranjei trabalho facilmente. Acabei por não ir para muito longe. A bem da verdade atravessei a estrada para ir trabalhar para a Movensis, uma das muitas PMEs que se encontram no Tagus Park. Devo ser honesto, pensei que seria um choque enorme começar a trabalhar, tal como foi o de vir para o IST, mas não foi. O facto é que o IST prepara-nos para o mercado de trabalho de

uma forma excepcional sem que muitas das vezes nos consigamos dar conta disso. Nestes últimos meses tenho apercebido que mais do que electrónica, no IST aprendi a aprender, a contornar problemas e inventar soluções. E é isso mesmo o meu trabalho. Na Movensis sou o único engenheiro electrónico, sendo que os meus restantes colegas são na sua maioria de LEIC e LERC e como tal tenho a responsabilidade de desenvolver o hardware à medida das suas necessidades. Este desenvolvimento passa pelo desenho e assemblagem de PCB, escolha dos componentes necessário para tornar a solução mais competitiva possível e a programação de baixo nível caso a solução possua algum microprocessador. Mais concretamente dei seguimento aos trabalhos de antigos colegas de electrónica que me precederam na Movensis no que toca a soluções de pagamentos móveis para máquinas de venda bem como o desenvolvimento de raiz de soluções com o cartão do cidadão. Todas estas áreas eram-me novas e eu não possuía conhecimento específico para as abordar, mas posso-vos garantir uma coisa, se consegui aprender, desenvolver e implementar todas estas soluções foi por uma única razão, foi porque estudei no IST.

Mercado de trabalho

16 - N3E 2011/12

Pedro Xavier , aluno do IST

Há alguns anos atrás nunca colocaria a hipótese de trabalhar no ramo das telecomunicações e, no entanto, é nessa área que me encontro empregado.

Após várias entrevistas em consultoras e simultaneamente a terminar a tese de mestrado em Engª Electrónica, tive a sorte de ser chamado para uma entrevista na Nokia Siemens Networks (NSN), a conceituada empresa de telecomunicações móveis. Desde cedo me avisaram de que não procuravam um expert em telecomunicações, mas sim de um engenheiro, com as valências e capacidades que normalmente um engenheiro formado no IST tem: conhecimento, capacidade

de trabalho, adaptação a novas circunstâncias, tenacidade, perseverança e inovação. Aliando uma boa proposta, com boas condições de trabalho, à atual crise económica/financeira, não pude dar-me ao luxo de esperar que um emprego na área da eletrónica me viesse parar ao colo. Este foi e continua a ser o meu primeiro emprego “a sério” após a conclusão do mestrado. Sei que não será o último, pois já não existem empregos para a vida. No entanto, quem espera sempre alcança, talvez um dia regresse à eletrónica, que continua a ser a base da minha formação académica e voltar a trabalhar em PCBs, algoritmos e circuitos integrados. Poderão afirmar que andei a desperdiçar 5 anos da minha vida a estudar uma matéria que não me serve para nada. Total engano! A capacidade de trabalho, de esforço e as muitas noites de sacrifício (entenda-se, sacrifício da vida pessoal) passadas no polo do IST no Taguspark, quer a estudar, quer a realizar projetos para esta ou para aquela disciplina deram-me, como se costuma dizer, arcaboiço mental para enfrentar quaisquer dificuldades que possam surgir. No mundo de trabalho há muito mais responsabilidade mas a recompensa é muito maior. Se valeu a pena tamanho esforço e noitadas de projetos? Posso afirmar desde já que sim! É algo que faz parte do percurso académico e que nos faz crescer enquanto colegas e enquanto pessoas. Na NSN valoriza-se o espírito de equipa, a capacidade de debater problemas e estar com a mente aberta a novas soluções. Quando a equipa rema no mesmo sentido, dos resultados advêm avaliações muito positivas. Para finalizar, apenas queria dizer que, apesar das circunstâncias atuais serem tão adversas à procura de um bom emprego, não desmoralizem! Há bastantes oportunidades por aí, mesmo que não seja na vossa área de formação. Um grande abraço e bons projetos!

19 - N3E 09/10 2011/12 N3E - 17

Considero-me um sortudo por ter escolhido fazer a licenciatura e posteriormente o mestrado em Engenharia Electrónica no IST. Dois factores foram preponderantes

durante o meu percurso académico. O primeiro foi o IST que proporcionou condições excepcionais para o ensino de Engenharia Electrónica no campus do TagusPark, nomeadamente laboratórios novos e muito bem equipados. O outro factor e não menos importante foi o bom espírito académico que o curso tradicionalmente vive. Mesmo com algumas dificuldades que me obrigaram a ser trabalhador estudante durante dois anos, o companheirismo e a entre ajuda dos colegas foram fundamentais para ultrapassar todos os obstáculos, fazendo-me crescer como pessoa e como engenheiro electrónico.

Em Setembro de 2011 terminei a tese de mestrado na área de microelectrónica para rádio frequências, e por consequência concluí o mestrado. Recebi algumas propostas de emprego, no entanto, foi o trabalho que até então desenvolvera na tese de mestrado que mais me cativou. Decidi espe-cializar-me ainda mais, entrando para o doutoramento em Engenharia Electrotécnica e Computadores do IST. Neste momento estou a desenvolver uma tese em microelectrónica para radio frequências, mais precisamente em amplificadores de potência CMOS para comunicações sem fios. Poderia ter ido trabalhar nesta mesma área para empresas fora do país, no entanto, a possibilidade de ficar em Portugal, a autonomia que um dou-toramento exige e a possibilidade de criar os meus próprios horários e rotinas, não me fazem arrepender nem um segundo sobre o caminho que tomei. Num futuro próximo acredito que o grau de doutorado irá permitir--me entrar mais facilmente em unidades de investigação das melhores empresas da área de microelectrónica.

Marco Pereira , aluno do IST

Começando com uma breve apresentação, o meu nome é André Melo Coelho e finalizei o Mestrado em Engenharia Electrónica no IST em 2010. A minha

carreira profissional começou bem no berço do IST, mais propriamente no Instituto de Telecomunicações onde também desenvolvi a minha tese de Mestrado. Após discutir a mesma e assim finalizar o curso, decidi juntamente com o meu orientador, Professor João Vaz, dar seguimento ao meu trabalho que era o desenvolvimento de RFICs (Radio Frequency Integrated Circuits). Após 6 meses e com a certeza que queria continuar a trabalhar na área das Telecomunicações, pensei que seria altura de procurar o meu lugar numa empresa do sector e a Ericsson tornou-se uma das minhas prioridades, pela referência que já era para mim.

Tive o privilégio de ver a minha candidatura aceite e numa função pela qual tinha muita curiosidade por estar mais perto do negócio. Fui inserido na equipa de Commercial Management, onde o meu principal trabalho foi preparar propostas de negócio para as principais operadoras de Telecomunicações em Portugal (e.g. Vodafone, Optimus, Zon). O trabalho tinha uma forte componente comercial que envolvia temas como estratégia comercial, pricing, análises de lucro e de risco, mas também na gestão dos deadlines para entregar as propostas de acordo com os timings dos clientes. O curso foi fundamental para entender o tipo de soluções que estávamos a entregar e assim conseguir entrar em debate sobre o hardware, software, ou serviços que fariam parte do projecto em causa.Recentemente comecei a trabalhar na Nokia-Siemens Networks e embora continue nas Telecomunicações, mudei o tipo de funções. Actualmente estou na equipa de Care Enginner que consiste em dar apoio técnico às soluções implementadas nos clientes. No meu caso, estou a trabalhar com a T-Mobile da Alemanha. Considero que um aluno de MEE não tem problema de maior em encontrar emprego. A nossa formação é bem co- nhecida pelo mercado e valorizada o que leva a que mesmo em períodos de aumento do desemprego, continuemos a ter sucesso e a encontrar o nosso espaço. Por isso, sem dúvida que o “selo” MEE/IST é uma grande mais-valia que me leva a dizer que vale a pena levar o curso até ao fim e superar as dificuldades! É isso que nos vai tornar em profissionais de excelência e ter a maturidade necessária para encarar os desafios do mercado de trabalho. Finalizo este meu pequeno contributo dizendo que é extremamente importante a variedade de experiências que se adquiri ao longo do tempo na universidade. São essas que enrique-cem as nossas soft-skills que cada vez mais são valorizadas num contexto profissional e que nos permitem comunicar e relacionar com os colegas de forma mais eficaz e harmoniosa. No meu caso o ter fundado e presidido o N3E, tem-me trazido enormes vantagens e destre-za no mercado de trabalho. Muitas das competências e maturidade que só se adquirem a tra-balhar, eu já tinha dos tempos do N3E o que depois se traduz numa melhor adaptação à realidade das empresas. Colaborar com o N3E é uma experiência que recomendo a qualquer aluno de LEE/MEE.

André Melo , aluno do IST

O programa Athens (www.athensprogramme.com) é uma parceria entre várias universidades europeias que organizam cursos de uma semana sobre uma variedade de temas duas vezes por ano. Os cursos são grátis e

para alunos a partir do 4º ano, no entanto a viagem, estadia e alimentação são financiadas pelo mesmo. O Athens começa com um evento de dimensão Europeia obrigatório, que dura o fim de semana, onde se visita a cidade com guias, por exemplo. Durante a semana o aluno assiste às aulas na universidade num horário completo com aulas teóricas e práticas, e acaba na sexta-feira com uma avaliação final.

Em Novembro de 2011 participei no curso de Nanotecnologias em Paris onde recebi aulas de nanofísica, electrónica molecular, photónica, nanomagnetismo e nanofabricação e visitei laboratórios de investigação na área. Os professores são investigadores reconhecidos e activos e a matéria leccionada incide bastante nas últimas inovações científicas. A avaliação final consistiu num relatório em forma de artigo sobre o Single Electron Transistor realizado com outro aluno do curso.

A universidade ParisTech é a que organiza mais cursos Athens e participam, normalmente, mais de 1000 estudantes, desde engenharia e gestão a biologia e ciências políticas. Esta diversidade implica que cada conversa com cada pessoa nova seja diferente e interessante. Os grupos que se formam fora das aulas são multiculturais e multiáreas onde o Inglês predomina, mas também se ouve o Francês, o Alemão e o raramente sóbrio Polaco.

No Athens ganha-se perspectiva e carácter. Durante uma semana ficamos por nossa conta e vivemos verdadeiramente naquela cidade. As aulas são sérias e não devem ser menosprezadas, mas a comu-nidade Athens e o ambiente festivo permitem-nos voltar com boas memórias para além do que se aprendeu. Um conselho de quem já foi: escolham um curso de interesse e vão com espírito aberto.

Erasmus

N3E

18 - N3E 2011/12

O Programa Erasmus é um desafio cheio de obstáculos, os quais nos fazem crescer, ganhar e viver muitas experiências. Fui colocado em Bolonha (Itália) durante um ano. Os primeiros obstáculos com os quais me deparei

foram dificuldades económicas, pois as despesas eram bem mais altas do que eram em Lisboa, ainda a acrescer o custo das viagens. A UTL atribui uma bolsa a todos os estudantes Erasmus, mas esta só é paga, em geral, vários meses depois do inicio do programa. Ao chegar ao país de acolhimento, deparei-me com uma série de novos desafios,

desde arranjar casa até estudar em inglês e italiano, integrar-me na sociedade e adaptar-me a um estilo de vida algo diferente.

Alguém que tenha um Programa Erasmus no currí-culo é visto como alguém com iniciativa e experiência em adaptar-se a novos meios, mais sociável e com maior fa- cilidade de comunicação, o que é altamente valorizado.

Pessoalmente, a parte mais importante da experiência são as pessoas que conhecemos, vindas de culturas dife-

rentes e que têm ideias distintas, que acabam por mudar a forma como encaramos o mundo e o dia-a-dia.

Aconselho a todos que partam para uma aventura destas o quanto antes!

Athenas

André Gomes, aluno do IST

Diogo Aguiam, aluno do IST

21 - N3E 09/10

Várias mudanças estão a acontecer no ensino a cada dia que passa. O recurso ao ensino tradicional,

no qual um professor explica um dado conteúdo numa aula para um vasto número de alunos, começa a cair em desuso devido a sua reduzida eficácia na formação dos mesmos. Tendo isso em conta, novos paradigmas de educação estão a aparecer, e com eles, novos recursos para a apresentação das matérias, tirando partido de várias técnologias como por exemplo, o video. O recurso ao video permite um melhoramento da forma como são explicados determinados tópicos, podendo ser adicionados à explicação do professor, várias animações gráficas,

explicações mais detalhadas ou outros elementos visuais que não poderiam ser usados numa aula com uma configuração tradicional. O projecto IEEE-IST Academic contribui activamente para oferecer novos recursos académicos que podem ser usados tanto nos novos paradigmas de ensino como para estudo complementar por parte dos alunos. No Academic é possível visualizar vários módulos video onde são explicados vários tópicos, por professores do IST, tirando partido de elementos visuais que ajudem à percepção dos mesmos. Todos os conteúdos são de livre acesso no site do Academic em:

http://academic.ieee-ist.org

O IEEE-IST Academic é um projecto que oferece a todos alunos, professores e en-tusiastas um novo ponto de acesso à educação, com recurso a meios audiovisuais que tiram proveito das mais recentes tecnologias, podendo aceder aos mesmos a qualquer hora e em qualquer lugar. O projecto é uma iniciativa do Student Branch do IEEE no Instituto Superior Técnico que procura ir de encontro às necessidades dos estudantes, facilitando assim o acesso a conteúdos académicos, trabalhados em conjunto com professores de qualidade reconhecida do IST.

Rui Costa, Vice-Chair IEEE-IST

IEEE-IST ACADEMIC, um passo à frente na educação

IST-ACADEMIC

2011/12 N3E - 19

22 - N3E 09/1020 - N3E 2011/12

Grupos do IST

A S3A – Secção Autónoma de Aeronáutica Apli-cada – é uma secção autónoma da AEIST, composta por alunos de Engenharia Aeroespacial, Mecânica e Electrotécnica. Esta secção foi inicialmente criada com o intuito de estabelecer um elo de ligação entre os diferentes anos do curso de Engenharia Aeroespa-cial, onde a partilha de experiências e conhecimentos fosse o denominador comum. O grande motivo impul-sionador desta secção autónoma foi a participação de duas equipas do Técnico no Air Cargo Challenge 2009, uma competição europeia de engenharia, onde os alunos que nela participaram temiam que todo o trabalho e experiência adquirida até então fosse “arrumada numa prateleira” e que nenhum deste co- nhecimento fosse transmit-ido aos alunos mais novos.

Foi desta forma que nasceu a S3A, que funcio-na actualmente como um núcleo aglutinador de estu-dantes altamente motivados e empenhados em elevar o bom nome do Instituto Supe-rior Técnico bem como da própria S3A, por intermédio de actividades e projectos directamente ligados às principais áreas de engenha- ria do curso de Aeroespacial. O número de colaborado- res tem vindo a aumentar exponencialmente, contan-do no momento com cerca de 45 membros efectivos, consequência dos bons projectos levados a cabo pela S3A que estimulam e motivam muito, quer os alunos de Aeroespacial, quer os alunos de outros cursos.

Uma vez que o curso de Engenha-ria Aeroespacial possui uma forte com-ponente nas áreas da mecânica e da electrotecnia, os projectos da secção assentam sobre-tudo nestas duas áreas. Os projectos em curso são:

• Air Cargo Challenge 2013: Já se forma-ram duas equipas dentro da S3A com o intuito de participar nesta já tão conhecida competição de

engenharia europeia, onde os participantes dos vários países constroem um aeromodelo com a capacidade de elevar a maior carga possível.

• Balão de Arquitectura: Alguns dos membros da S3A estão actualmente a desenvolver uma estrutura para um balão de observação, cujo objec-tivo é estudar os movimentos das pessoas na calçada da Alameda, o qual faz parte de um pro-jecto do Departamento de Civil e Arquitectura.

• Asas DEM: Este projecto consiste na cons- trução de um par de asas que servirão para renovar a actividade laboratorial da cadeira de Aerodinâmica I.

• Lusitânia: Construção de um UAV (veículo aéreo não tripulado) para mapeamento de território, em conjunto com o Instituto de Sistemas e Robótica.

• Mini-curso de Aeromodelismo: A S3A é a entidade responsá- vel pela organização dos cursos de aermodelismo no IST, onde os alunos para além de construírem o seu aeromodelo, adquirem também conhecimentos sobre materiais compósi-

tos, aerodinâmica e electrónica de um aeromo- delo, bem como a trabalhar com máquinas de labo-ratório como a CNC fresadora e CNC de espuma.

• Revista Aeroespacial: A S3A tem a sua própria revista, a Revista Aeroespacial, contando já com a sua 3ª edição e com um objectivo de tra-balho semestral, isto é, um novo número da revista no início de cada semestre. Este é um projecto ini-ciado na S3A mas aberto a toda a comunidade IST e aeroespacial com vontade de contribuir para este.

Tal como o N3E, a S3A é um núcleo de estudantes que se preocupa não só com o curso, mas também com o seu currículo e actividades extra-curriculares, e em adquirir experiência e conhecimentos fundamentais para um mercado de trabalho cada vez mais exigente!

S3A em ascensão

Samuel Franco, aluno do IST

A S3A é um núcleo de estudantes de engenharia Aeroespacial, Mecânica e Elec-trotécnica, que trabalham num conjunto de projectos altamente desafiantes e que põe à prova diariamente não só os conhecimentos adquiridos em sala de aula, como também a capacidade de criar, inovar e superar desafios.

23 - N3E 09/10

João Freitas, aluno do IST

Quando em 2009 esta Júnior Empresa foi fundada, a sua principal missão era possibilitar uma

aproximação dos estudantes ao mercado de trabalho. Três anos passaram e o objectivo mantém-se, sendo a elevada taxa de empregabilidade de antigos membros a prova desta fórmula de sucesso. Desde cedo que a SystemsGroup procurou destacar-se das restantes empresas do sector fazendo da sua estrutura e x t r e m a m e n t e dinâmica o principal ponto de diferenciação. Com uma equipa em constante evolução, a empresa procura fazer uso do talento e qualidade dos estudantes do Instituto Superior Técnico para prestar o melhor e mais personalizado serviço ao cliente. Tendo em conta o estado da arte neste sector e o skill set disponível no seu universo de recrutamento, a SystemsGroup definiu quatro vértices estruturantes e nos quais se baseia para o desenvolvimento de produtos e serviços: ClowdComputing & SoftwareDevelopment, MobileApps, Webdesign e Management & Information Systems Consulting.

Estando a sociedade a caminhar para um mundo global, torna-se urgente centralizar a informação e disponibilizá-la rapidamente e em diferentes forma-tos. É nesta premissa que o trabalho desenvolvido pela SystemsGroup se baseia e é com as áreas de actuação mencionadas atrás que se procura fazer face às exigências e desafios do mercado.

É na área de ClowdComputing & SoftwareDe-velopment que a maioria dos projectos têm surgido, quer pela actualidade e resposta às necessidades das empresas que o conceito de “computação em nuvem”

tem, quer também pela facilidade que a empresa tem demostrado na materialização de problemas abstractos em soluções tecnológicas concretas.

Na área das Aplicações Móveis, e um bocado à semelhança das recentes evoluções na indús-tria, a aposta feita tem sido grande. De entre os projectos desenvolvidos, a aplicação que merece

mais destaque é o “Live&Feel”, que é uma plataforma inter-activa de serviços con-cebida especialmente para hotéis de luxo.

Apesar da forte aposta nas novas tendências, a System-sGroup não deixa de realizar projectos em áreas mais tradicio- nais como o Webde-sign e a Consultoria. Ao contar com cola- boradores que aliam excelentes capacida-

des técnicas a conhecimentos de design avançados, é sempre possível criar ou reformular a imagem de um cliente usando as melhores práticas de mercado. Na área da Consultoria a SystemsGroup faz uso, mais uma vez, quer da excelente formação académica, quer do poder criativo e do pensamento out-of-the-box dos seus jovens membros, para apresentar soluções inovadoras e que acrescentem valor aos clientes.

O crescimento da empresa tem sido bastan-te acentuado desde a sua formação e, cada vez mais, são precisas pessoas com valências varia-das para fazer face à procura pelos serviços que a SystemsGroup presta. É agora preciso que os estu-dantes universitários se consciencializem que são este tipo de experiências que os vão fazer desta-car da “concorrência” da sua vida futura e que é uma oportunidade que não devem deixar escapar.

A SystemsGroup é uma Empresa formada e dirigida por Estudantes. O nosso objec-tivo é proporcionar aos colaboradores a possibilidade de, num contexto empre-sarial, aplicar e aprofundar os conhecimentos adquiridos no IST. O principal foco da SystemsGroup são os Sistemas de Informação, porém, é a diversidade das nossas competências que nos torna num autêntico “Canivete Português” empresarial.

SystemsGroup, Junior Enterprise

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Entrevista com o Prof. José Teixeira

César Gaspar , aluno do IST

Num pequeno parágrafo descreva o que a Core-Works faz e a sua relação com a empresa? A Coreworks faz sistemas com multi-processa-dores para a aplicações de áudio. Estou a falar de codificadores e descodificadores de áudio no formato MP3, AAC (MP4), Dolby Digital, para citar os mais conhecidos.Fui co-fundador da empresa, com o Prof. Fernando Gonçalves, e tenho sido o seu presidente. As minhas funções são as de originador da tecnologia, direcção técnica e direcção comercial, ao passo que o Fer-nando trata da gestão admnistrativa, finanças e ope-rações.

Como tem sido o percurso da CoreWorks desde o seu início de actividade? O percurso da Coreworks caracteriza-se por duas fases: a fase pré-capital-de-risco e a fase pós-capi-tal-de-risco. Na fase pré-capital-de-risco atingimos a dimensão de 5 pessoas pelos nossos próprios meios. Depois escrevemos um plano de negócios e para o executar fomos financiados em 2006 pela Espírito--Santo Ventures (ESV). Com o tempo percebemos que podíamos ser muito mais ambiciosos do que o plano inicial. Nunca pensámos que viríamos a vender a multinacionais japonesas sistemas com 6 proces-sadores desenvolvidos por nós, a correr os codifica-dores e descodificadores de áudio mais eficientes do mercado.

De que forma foi e continua a ser importante a ligação da CoreWorks com a universidade e em particular com o INESC-ID? A ligação com a universidade permite que pessoas com conhecimentos técnicos avançados criem

empresas altamente inovadoras. Os EUA continuam a ser o país com melhor tradição de inovação. Muitos empresários tecnológicos “americanos” (note-se que muitos não têm a nacionalidade americana) saem de universidades ou laboratórios de investigação bem conhecidos, ou de outras empresas de tecnologia. Aqui como não temos muitas empresas de tecnolo-gia, estes empresários saem maioritariamente das universidades e unidades de investigação.

A realidade portuguesa é muito diferente e a ligação com a universidade e com centros como o INESC-ID é uma espécie de cordão umbilical. Infelizmente em Portugal as empresas estão sujeitas a riscos acres-cidos o que na melhor das hipóteses atrasa ainda mais o crescimento. Falo da inexistência de legis-lação que enquadre os professores/investigadores/empresários de tecnologia, a inexistência de capitais de risco que assumam riscos, a rigidez laboral que mesmo com a recente revisão laboral não serve para startups de tecnologia (é como andar num carro sem travões), e a ineficácia do sistema judicial (é como viver na selva). Uma empresa com uma tecnologia com a complexidade da nossa precisa de um período de gestação longo, e daí que seja vantajoso a ligação à universidade ou a um centro de investigação.

Sendo o presidente e CEO da CoreWorks, que perspectivas futuras de expansão existem na área de IP? A área de propriedade intelectual para semicon-dutores (IP) é a área que mais cresce na indústria electrónica. Segundo o último relatório da Gartner o mercado de IP tem uma dimensão de 2 mil milhões

Mercado de trabalho

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José Teixeira de Sousa – Gestor

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de dólares e cresceu 12.7% (!) em 2007, contra apenas 1.6% da indústria de semicondutores em geral. Em época de crise isto é notável. A indústria de semicondutores está a passar por uma transforma-ção de fase semelhante à que ocorreu na indústria do vestuário, em que se evolui do fazer por medida ao pronto-a-vestir. Num passado recente, as grandes empresas de semicondutores (Philips, Toshiba, etc) tinham legiões de engenheiros para desenharem os seus chips. Agora compram desenhos já feitos e provados a centenas de empresas como nós, o que é equivalente a dispor de uma força de trabalho ainda maior, sem ter de empregar ninguém e evitando os riscos de o desenvolvimento correr mal ou atrasar-se demasiado.

A CoreWorks tem alguma estratégia de expansão para outros países? A Coreworks tem clientes em todo o mundo. Com a internet, a necessidade de operar fisicamente em diferentes países reduziu-se. Mesmo assim poderá ser necessário abrir escritórios em certos países para localmente dar apoio comercial e suporte técnico pré e pós venda. A seu tempo daremos esses passos sendo que neste momento utilizamos empresas locais que se encarregam da distribuição.

Outra razão que pode levar à nossa deslocalização é a escassez de engenheiros. Muitos engenheiros, recém formados ou com experiência, não recon-hecem a oportunidade que é trabalhar em empre-sas como a nossa. Não é raro sermos preteridos a favor de grandes multi-nacionais, porque os candi-datos pensam que é melhor para os seus currículos e oferece mais segurança. Nada poderia estar mais longe da verdade. As oportunidades aparecem na proporção dos desafios: temos pessoas que já traba- lham connosco há vários anos e progrediram mais rápido do que colegas que foram para empresas dessas, onde muitas vezes fazem trabalhos repeti-tivos e intelectualmente pouco estimulantes. Se tivermos muitas dificuldades em recrutar pessoas de qualidade seremos forçados, como muitas outras empresas tecnológicas, a procurar os engenheiros nos países BRIC, especialmente na Índia e na China.

Quais são as características que procuram num aluno da LEE/MEE para que estes tenham pos-sibilidades de trabalhar na CoreWorks? Procuramos os melhores estudantes que consiga-mos recrutar. A nossa tecnologia é complexa e pre-cisamos de gente com muitas capacidades técnicas, bom espírito de equipa e vontade de vencer. A média de curso é importante, mesmo as notas a discipli-nas básicas como matemática e física, dado que o rigor teórico é importante. Igualmente importante é o raciocínio rápido, a facilidade em organizar

o trabalho de modo a maximizar a produtividade, e a fluência em programação. Conseguimos avaliar muitas dessas características pedindo aos candi-datos que realizem um teste de programação com duração de 3 horas e com consulta. Preferimos não recrutar do que recrutar alguém não tenha as capaci-dades que pretendemos.

Que mensagem transmitiria aos alunos de LEE/MEE para que estes se interessem mais pelo estudo na área de IP e Audio&Voice?Os alunos normalmente pensam que a Electrónica é uma área sobretudo prática, onde se elaboram esquemas eléctricos, fazem-se montagens de com-ponentes físicos e realizam-se testes. Essa ideia não representa bem a realidade. Hoje em dia fazem-se sistemas completos num único chip, e tanto o projec-to como o teste são realizados com auxílio de com-putadores. Matemática e programação são as pala-vras de ordem. Eu, além de cadeiras de electrónica, lecciono também Algoritmos e Estruturas de Dados, que surprendentemente tem tudo a ver. Os próprios sistemas electrónicos incluem processadores como blocos básicos, os quais também precisam de ser programados. Para além de conhecimentos de Elec-trónica é necessário saber C, C++ ou Java, Verilog ou VHDL, e linguagens de scripting tipo Ruby ou Python. Para além de conhecimentos técnicos é preciso saber pensar e organizar processos efi- cientes de desenvolvimento e trabalho de equipas. É preciso comunicar bem e rápido, tanto verbal como por escrito, elaborando documentação extensa e complexa. Sobretudo, a mensagem que queria deixar é que se preparem para uma vida profissional onde vão ter de aprender ao longo da vida e onde terão vários empregos. Vão ter de continuar a estudar e a fazer o trabalho de casa se querem trazer ideias novas para o trabalho e serem valorizados por isso.

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Projecto de um sistema com 6 processadores numa FPGA

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António S. Carvalho Fernandes, professor do IST

Numa perspectiva filosófica, a eficiência constitui um princípio ético e a sua aplicação é uma norma moral ou deontológica. Aproveito para esclarecer

uma confusão comum sobre as diferenças entre ética e moral e de que trata a deontologia. A cultura americana ignora por vezes as suas raízes, mesmo na academia, talvez por se ter formado com uma transplantada há poucos séculos. Por lá, a palavra ética é comum e usada indiscriminadamente como sinónimo de moral. Além disso, a influência americana na cultura global é importante, especialmente no mundo dos negócios, o que tem levado ao uso generalizado da palavra ethics e da expressão business ethics quando se trata de códigos de conduta. Na verdade, e tomando o todo da civilização ocidental, a ética era e continua a ser uma parte da filosofia, a qual estuda o que somos e como devemos ser (what we ought to be); já a moral trata do que devemos fazer (what we ought to do) no sentido da coerência com as prescrições éticas. A deontologia trata dos deveres e portanto é uma moral, normalmente circunscrita a um universo mais restrito como, por exemplo, uma profissão. Sendo assim, posso dizer que as normas morais e a deontologia dos engenheiros mandam-nos ser eficientes. Porque que é que não somos?

Feita a ligação da moral com a eficiência, aponto agora ao cerne desta crónica: a denúncia, a qual tem impli-cações importantes tanto morais como de eficiência. Tema muito sensível, quase proibido, tem de ser tratado com muito cuidado. Talvez não saibam porquê. A minha geração tem-lhe horror porque foi o alvo da sua prática política no tempo de Salazar. A denúncia política em ditadura é uma arma poderosa, a qual, no caso do nosso país, destruiu vidas e famílias. A geração seguinte, educada pela minha, mantém o mesmo estigma e apenas na terceira geração há esperança de uma desafectada compreensão da denúncia e dos seus variados contextos.

Mas afinal porquê este tema difícil? Porque a pobreza moral da sociedade portuguesa é generalizada e ainda não se nota que a situação vá mudar. Penso que há apenas uma maneira de o fazer: de baixo para cima, a partir das novas gerações. Como se sabe, as iniciativas de baixo para cima têm pres-supostos e métodos radicalmente diferentes das de cima para baixo, tendo os mesmos objectivos. Portan-to, só vocês conseguirão impor normas de conduta que impeçam a corrupção de continuar a alastrar pelas nossas organizações atrapalhando a lógica do progresso e destruindo a eficiência a que estamos obrigados.

A palavra denúncia é demasiado pesada e assim vou substituí-la por uma mais leve e, veremos, mais interessante e apropriada. De facto, há um leque variadíssimo de sinónimos cobrindo as suas variantes: delação, acusação, condenação, divulgação, revelação, participação, publicação, etc.. A minha preferida é participação, no sentido de aviso, cooperação e contribuição (se consultarem um dicionário de sinónimos verão como lá cheguei). Com este jogo de palavras quero chamar a atenção para as faces positivas do conceito que estão encerradas nesta palavra maldita.

Esta questão prende-se com os equilíbrios entre responsabilidade individual e social, o que é matéria da ética. Para perceber algumas implicações observemos outros horizontes. Apresento apenas quadros típicos porque a realidade tem muitas matizes. No Extremo Oriente, nomeadamente no Confucionismo, o amor filial era a primeira virtude, enquanto no mundo clássico ocidental vinha em quarto lugar, atrás da reverência aos deuses,

No número anterior desta revista, que o Núcleo de Estudantes de Engenharia Elec-trónica teve a feliz iniciativa de criar, escrevi sobre a eficiência apresentando-a como um imperativo categórico, sugerindo aos novos engenheiros que lhe atribuís-sem a máxima importância.

Moral, Denúncia e Eficiência

Artigo de opinião

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ao espírito dos mortos e à nação. Era assim mais fácil um filho participar dum pai na Grécia Antiga que no Império do Meio. No islamismo há uma permanente atenção social às normas de conduta implicando, como a religião se confunde com o estado, uma pressão cívica que impõe a sua prática e mantém o individualismo muito controlado. No Norte da Europa, as nações protestantes protegem o individualismo, o que, parecendo paradoxal mas não sendo, implica uma grande atenção às normas para impedir a concorrência desleal. Os latinos contemporâneos são uma mistura complexa de indígenas e muitos outros povos - godos, semitas, beduínos…- cuja amálgama resultou num individualismo gerado na desconfiança e às vezes no ódio o que se traduz em dificuldades de responsabilidade em comunidade. De facto, estudando um pouco a evolução dos sistemas socio-éticos, verifi-ca-se rapidamente que ainda há muitos povos que não perceberam as virtudes extraordinárias da democracia, que assenta num certo equilíbrio entre o individual e o social.

Mas voltemos ao nosso tema para concluir. A eficiência depende de vários factores mas, falando deste em particular, qual é a sua contribuição? Para responder, faço outra pergunta: O que é mais eficiente numa comunidade? Haver uma entidade específica que verifique e fiscalize o cumprimento das normas ou estar essa responsabilidade distribuída por todos? A resposta é um pouco das duas mas temos de compreender e aceitar que a segunda é imprescindível. A participação de todos para o cum-primento das normas tem de estar distribuída assegurando uma melhor eficiência da organização. É como qualquer outro tipo de responsabilidade: deve ser individual e verificável por todos!

Na universidade e na engenharia como estamos? No início de um caminho a percorrer. Faço votos para que saibam fazê-lo.

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N3E - Robotics

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Foi em Dezembro de 2011, que nasceu o N3E-Robotics. Um grupo que prima por colocar os alunos de engenharia em contacto com a engenharia electrónica e suas vertentes em ambiente de associativismo e em competições desta área.

O N3E-Robotics é um projecto que tem como principal objectivo permitir aos alunos

mais novos adquirirem novos conhecimentos e experiência prática das engenharias, e aos alunos com maior grau de conhecimento, desenvolver um projecto multidisciplinar.

Desta forma este grupo trabalha para que se possa proporcionar a todos os alunos a possibilidade de desenvolverem projectos extracurriculares com o nosso apoio. Nós por sua vez damos apoio a nível de conhecimentos, ferramentas de trabalho, contactos e instalações. Parte de nós também a iniciativa de iniciar novos projectos inovadores na área da electrónica.

Este grupo conta com um ano de experiência e desenvolvimento de actividades. Destaca-se a orga-nização de dois workshops, um de Instrumentação Electrónica e outro de Soldadura de componentes electrónicos, bem como a participação no festival Nacional de Robotica 2012 onde obteve um presti-giado segundo lugar na categoria Robot@Factory. Dentro do grupo existem ainda outros trabalhos de menor dimensão da autoria dos colaboradores do grupo que se encontram na nossa página web.

Este grupo pretende dar continuidade aos projectos existentes e dar um passo em frente com dois projectos de elevado grau de interes-se a nível académico. São eles a construção de raiz de uma impressora 3D e a construção de um stand com várias demonstrações tecno-práti-cas relacionadas com a engenharia Electróni-ca, destinado aos alunos do ensino secundário.

Estes e outros projectos podem ser consultados em www.n3e.info.

A Competição

No passado mês de Abril, participarmos no Fes-tival de Robotica2012 na competição robot@factory, na qual alcançámos o 2º lugar da classificação.

A 9 de Abril, dois dias antes da abertura do Festival, partimos em direcção a Guimarães onde a competição teve lugar. Foi uma das experiências mais enriquecedoras no nosso percurso académico. Apesar de estarmos num ambiente de competição a trocas de ideias, aparelhos e material não foi um pro- blema, antes pelo contrário, e isso permitiu-nos resol-ver alguns problemas de última hora . O pequeno almoço, almoço e jantar estavam incluídos no preço de inscrição. A dormida foi em cima de colchões de ginástica dentro do pavilhão onde as competições estavam a decorrer, um verdadeiro ambiente campal.

No próximo ano iremos novamente à competição com o objectivo de alcançar o primeiro lugar. Ainda está em aberto se iremos participar noutras competições dentro do próximo Festival Nacional de Robótica.

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Trabalhos que tu podes fazer

Lista de Material:

Lápis de carvão ou tinta condutora-Bare Paint,Resistência de 1kOhm,Dois condensadores electrolíticos de 0.68uF,Um pequeno speaker,Um temporizador 555 IC,Alguns fios e alguns clips, Folhas de papel ou material não condutor, Uma bateria de 9V.

O princípio de funcionamento deste trabalho é que um material condutor pode ser utilizado como potenciómentro variando o seu comprimento.

Desta forma começa por desenhar numa folha uma régua, semelhante a um piano como ilustra a figura anterior.

Piano de papel com rador 555 IC

Monta o circuito na breadboard conforme o esquema anterior.

Este é um trabalho muito simples que podes fazer no teu próprio espaço e desenvolveres as tuas capacidades de análise de circuitos e semicondu-tores.

Por fim, une o fio solto ao teu dedo e desliza o dedo ao longo da linha pintada. Ao deslizares o dedo pela linha verificarás que a frequência do som varia conforme o comprimento da linha, produzindo dife-rentes sons

A imagem seguinte representa a visão geral de como deve estar montado o circuito para procederes aos testes.

555 Noise Maker Schematic

www.bareconductive.com

0.68uF

0.68uF 1k

Speaker

Battery

Bare Paint Potentiometer

555

Move wire along paint to change pitch

+9V

555 Timer

3

8 4

2

6

1

7

Ground

+

-

1k resistor

0.68uF electrolyticcapacitor

0.68uF ceramiccapacitor

Bare PaintPotentiometer

Slide to change resistance

Speaker

Fix to paint

555 Noise Maker Circuit Diagram

www.bareconductive.com

30 - N3E 09/10

A arte na ElectrónicaSecção cultural

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Robots PintoresUm outra forma de expressão da arte na electrónica foi feita pelo portugês, Leonel Moura que desenvolveu

vários robots pintores. São pequenos robots que recorrem às suas cargas de canetas de filtro para criarem as suas pinturas, desde as mais abstractas às pinturas geométricas.

“Os robots pintores foram especificamente criados como uma nova forma de vida dedicada à produção de pinturas. Nem mais, nem menos.” - Leonel Moura.

Certamente já tiveste a possibilidade de visualizar uma PCB - Printed Circuit Board, (placa de circuito impresso), que estão em todos os dispositivos electrónicos e que lhes conferem as suas capacidades electrónicas. Estas placas apresentam ca- racteristicas próprias de imagem, as linhas geométricamente alinhadas, os inúmeros pontos de união, o verde característico, a solda brilhante e os componentes coloridos .

Para os artistas plásticos, estas são recursos únicos para os seus trabalhos que as aproveitam para criarem verdadeiras obras de arte plástica, como as que apre-sentamos nas figuras seguintes.

Há pequenos artistas que criam esculturas com com-ponentes electrónicos ligados por solda entre si, criando figuras e estruturas muito interessantes e criativas.

Por todo mundo têm sido desenvolvidos robots dedicados à pintura. O mais recente robot foi desenvolvido para pintar o sonho dos ospedes da cadeia de hotéis Ibis. Numa campanha publicitaria foram selecciona-dos cerca de 40 participantes para fazerem parte desta experiência. Várias camas dos hotéis Ibis foram equipadas com sensores que recolhiam dados como a temperatura corporal, respiração, movimentação que depois eram convertidos em traços de pintura numa tela por este robot pintor.

- Servo-braço retrartista- Carrinho Grafiter

34 - N3E 2011/12

Passatempos

Sudoku HexadecimalSudoku hexadecimal é uma versão maior do Sudoku regular que apresenta uma matriz de 16 x 16 e 16 dígitos hexadecimais. Cada bloco de linha, coluna e 4x4 contém todos os dígitos de 0 a F.

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- LEDS- SOLDADURA- ACADEMIC- SYSTEMSGROUP- ROBOTICS- ARTE- ATHENAS- ERASMUS- CIENCIA VIVA- ENGENHARIA

Completa o caminho do labirinto anterior pelos intervalos brancos de modo a completares o circuito que liga o LED, Resistência e o VCC.

Sopa de letras

Labirinto