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Neurobiologia das Emoções Isabela Lobo Laboratório de Neurofisiologia do Comportamento

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Neurobiologia das Emoções

Isabela Lobo

Laboratório de Neurofisiologia do Comportamento

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Graduação em Ciências Biológicas: 2008

Mestrado em Neurologia/Neurociências: 2011

Doutorado em Neurologia/Neurociências: 2015

Professora Substituta no Depto de Fisiologia e Farmacologia (MFL): 2013 e 2014

Laboratório de Neurofisiologia do Comportamento (LabNeC) – Instituto Biomédico da UFF – Leticia de Oliveira

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• Consciência• Memória• Atenção• Linguagem• Percepção• Emoção

NEUROBIOLOGIA COMPORTAMENTAL: temas de interesse

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Dolan (2002): “Estados fisiológicos e psicológicos complexos, os quais, em maior ou menor proporção, determinam valor a eventos.”

Damásio (2000): “Conjuntos complexos de reações químicas e neurais... que levam, de um modo ou de outro, à criação de situações favoráveis ao organismo que o manifesta.”

Emoção  A palavra deriva do latim emovere, onde o e- (variante de ex-) significa "fora" e movere significa "movimento"

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• As emoções evoluíram de respostas reflexas simples.

• Os comportamentos observados basicamente derivam de dois tipos de resposta: aproximação ou esquiva.

Aproximação de estímulos apetitivos Esquiva de estímulos aversivos

Contextos de sobrevida e procriação (alimentação, sexo, cuidados com a prole)

Contextos que envolvem ameaça (imobilização, luta, fuga)

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Função biológica das emoções:

Repertório de comportamentos adequados frente as diferentes situações

· Seleção evolutiva mais chances de sobrevivência!

Imagine uma presa sem medo do predador?

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Charles Darwin 1809-1882

“...o homem e os animais superiores têm os mesmos 

sentidos, sensações,  afetos e emoções similares ...embora em 

graus muito diferentes”.

Reações necessárias à sobrevivência que foram mantidas por toda a filogênese.

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Tipos de Emoções

1 - Emoções Primárias

2 - Emoções Secundárias

3 - Emoções de Fundo

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1. Emoções Primárias ou Universais

São inatas

alegriasurpresa

raiva medo nojo

tristeza

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Dalai Lama

1. Emoções Primárias ou Universais

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2. Emoções Secundárias ou Sociais

Mais difíceis de reconhecer por expressões faciais

São influenciadas por aprendizado e contexto social;variam de acordo com a cultura

Ex.: Ciúme, vergonha, inveja, culpa ou orgulho.

Dalai Lama

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Dalai Lama

Estado de “humor” bem ou mal estar, calma ou tensão, fadiga ou energia.

Os indutores são geralmente internos, gerados por processos físicos ou mentais contínuos.

Pode ser avaliada pela postura, grau de contração de alguns músculos, velocidade dos movimentos.

3. Emoções de Fundo

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Estudos sobre lesões

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Amígdala: avaliação rápida de estímulos relevantes, notadamente os que podem proporcionar perigo

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Macaco adulto, com lesão bilateral da amígdala, participando do teste de responsividade a objetos novos. A) Ele imediatamente pega a uva colocada em frente à réplica da cobra.B) Em seguida, explora a cobra sintética.

Animais normalmente não se aproximam da cobra e nunca a manuseiam.

(Amaral et al., 2003)

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Pacientes com lesão na amígdala Pacientes com lesão no hipocampo Controles sem lesão

A Amígdala na Memória Emocional

Estímulo Incondicionado: Som aversivoEstímulo Condicionado: Quadrado Azul

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Bechara et al., 1995

UCS: Estímulo incondicionado => Som AversivoCS: Estímulo condicionado => Quadrado Azul

Lesão na amígdala

Lesão no hipocampo

Controle Relata pareamento e tem condicionamentoRelata pareamento, mas não tem condicionamento

Não relata pareamento, mas tem condicionamento

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Antônio Damásio e colaboradores

Paciente S

Postura extremamente positiva. Excesso de confiança em estranhos (ingenuidade). Não reconhece expressão de medo. Exposição à situações de risco.

Estudos em humanos:Lesão na amígdala Impede o condicionamento

do medo

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Córtex Pré-Frontal

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Phineas GageAntes: calmo, inteligente e bom

trabalhador

Barra de ferro de 6 kg atingindo em cheio o lobo frontal, bilateralmente

Depois: irreverente, teimoso, impaciente, grosseiro...

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Teste do Jogo de Cartas

Voluntários controles sem lesão: descobriam que a pilha B era mais segura e a escolhiam mais. Antes de escolherem a pilha A, apresentavam um aumento da sudorese.

Pacientes com lesão pré-frontal: Não escolhiam preferencialmente a pilha menos arriscada (B) e também não apresentavam respostas de sudorese antes da escolha da pilha A.

Curiosamente, ao serem perguntados, os pacientes com lesão diziam que a pilha A era a mais arriscada!

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Segundo o pesquisador Antônio Damásio, nossas decisões são embasadas não apenas na “avaliação racional”, mas também em uma “avaliação emocional” sobre como nos sentiremos após ter tomado um ou outra decisão.

A importância das emoções na tomada de decisões

Os pacientes sabiam “racionalmente” qual era a melhor decisão.

Por que não escolhiam corretamente?

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Como estudar as emoções em laboratório de forma

não invasiva?

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2 desafios:

1- Desencadear emoções2- Medir as respostas

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NIMH Center for the Study of Emotion and Attention, Gainesville, FL

Como desencadear as respostas emocionais?

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Medidas Comportamentais

Medidas Psicométricas

Medidas Fisiológicas

Como “medir” as respostas?

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Medida da atividade elétrica cortical através de eletrodos no escalpo

Eletroencefalografia - EEG

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técnica central não invasiva altíssima resolução temporal

(milissegundos) bem menos custosa que outras técnicas

centrais mais simples de ser implementada em

clínicas e laboratórios não necessita de administração de

contrastes não é claustrofóbica

Vantagens do EEG

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• Maior para estímulos emocionais que para neutras (Schupp et al., 2003; Keil et

al., 2002, Cuthbert et al., 2000; Schupp et al., 2000; Cacioppo et al., 1993) => reatividade emocional

• Indício de maior alocação de recursos de atenção, dada a relevância biológica dos estímulos emocionais (Bradley, 2000).

• Sensível à variabilidade individual (Franken et al., 2003, 2004, 2008; Kolassa et al., 2005; MacNamara & Hajcak, 2009; Miltner et al., 2005; Mocaiber et al., 2010; Stockburger et al., 2009)

EEG em estudos de emoção:

_______ Negativas_______ Neutras

Potencial

Positivo

Tardio - LPP Neutras

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Doutorado: PPG Neurologia/Neurociências

Reatividade Emocional em vítimas de eventos traumáticos:

violência urbana, doméstica ou sexual; perda de entes queridos, vivência de desastres naturais, acidentes automobilísticos...

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Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT):

Exposição a um evento traumático onde a pessoa:

Vivencia diretamente, vive a exposição repetida, testemunha ou descobre que ocorreu com ente querido• Exposição ou ameaça real

de morte, ferimentos graves ou violência sexual

• Apresenta, 4 grupos de sintomas

IntrusãoEvitação

Alterações negativas no humor e na

cogniçãoAlterações na

reatividade(DSM V, American Psychiatric Association, 2013)

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Incorporação de aspectos biológicos na psiquiatria:Research Domain Criteria (RDoC)

Dados empíricos da genética e da neurociência

Variáveis clínicas e biológicas de forma contínua, em um espectro que varie do normal ao anormal

Transtornos como alterações de estrutura e função do cérebro que implicam em domínios específicos do comportamento, da cognição e das emoções

(Cuthbert, 2014; Simmons e Quinn, 2013; Insel et al., 2010).

Proposta de mudança na classificação dos transtornos mentais criada pelo Instituto Nacional de Saúde Mental Americano (NIMH):

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• Avaliar se a gravidade dos sintomas de TEPT está associada à reatividade cerebral para estímulos negativos. 43 estudantes da UFF

20 com gravidade de sintomas de TEPT23 com baixa gravidade de sintomas de TEPT

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Paradigma Experimental:

Negativas: corpos mutilados

Neutras: pessoas em situações cotidianas

Imagem Negativa

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n = 23 n = 20Valência e PCL: F (1,41) = 6.22, p < 0.05 LPP para negativas em relação às neutras foi MAIOR NO GRUPO ALTO que no grupo baixoLPP não difere para as figuras neutras de cada grupo (p = 0.34, n.s.).

Mapas de interpolação

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Conclusão

EEG como medida sensível à gravidade de sintomas de TEPT

Evidência a favor da hiperreatividade emocional no TEPT

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Livros interessantes sobre neurobiologia das emoções

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