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Notícias do interior do estado do Rio de Janeiro, Cabo Frio, Búzios,

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Novembro, 2008 Número 31

www.revistacidade.com.br

Capa: Cabo Frio - Vista do Forte São Mateus (Foto de PapiPress)

18História, sol e belezas naturais são os atrativos da Capital da Região dos Lagos

CADERNO ESPECIAL CABO FRIO

DESTINO CABO FRIO

CRAS, uma porta para a emancipação social

CAFÉ DO TRABALHADORsistema delivery e 30 mil kits por mês

O número de turistas que visitam Cabo Frio aumentou em 20% nos últimos três anos

Restaurantes se adequam às novas exigências do mercado

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Panorama ...........................10

Petrobras Cultural destina 42,3 milhões .....11

Assistencialismo a Bandeira que elege ........12

2ª Mostra de Filme Ambiental e Etnográfi co de Rio das Ostras ...........15

Xô mosquitos! ..................42

Empreendedores Musicais .............................43

Troca-troca na ALERJ .....44

FÓRUM UNIVERSITÁRIOMostra faculdade para alunos do Ensino Médio .........................45

Livros ...................................47

A volta dos GarotinhoEx-governadora Rosinha é a primeira prefeita eleita em Campos

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34Bonita por natureza

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ENTREVISTA M a r c o s d a R o c h a M e n d e s

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Niete Martinez

Na vida você colhe o que planta. Nós plantamos o benefício ao cidadão e colhemos dele, nas urnas, 14 mil votos de diferença sobre o segundo colocado

MARCOS MENDESPrefeito de Cabo Frio

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ara o médico cabo-friense Marcos da Rocha Mendes, chamado por todos de Marquinho, reeleito prefei-to de Cabo Frio, este é um momento de superação.

Vivendo, até aqui, quase sempre à sombra de mitos, sendo o pri-meiro deles o próprio pai, Wilson Mendes, político carismático que deixou marcas profundas e um legado de lutas ideológicas e, posteriormente, o deputado estadual Alair Corrêa, de quem foi vice-prefeito, Marquinho nem por isso tem uma história de pro-blemas eleitorais. Pelo contrario, “venci todas as eleições que dis-putei”, afi rma categórico.Mais uma vez vitorioso, atribui sua conquista a Deus e promete governar mantendo os programas sociais que o reelegeram e que também são a causa dos proble-mas jurídicos enfrentados durante o pleito e que lhe renderam até mesmo uma cassação em pri-meira instância, da qual precisou recorrer.Marquinho fala da sua trajetória política e declara ser a geração de emprego o maior desafi o de seu segundo mandato.

P

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M a r c o s d a R o c h a M e n d e sENTREVISTA

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Como o senhor se sente tendo vencido o mito Alair Corrêa?

Eu diria que é um momento histórico para a cidade de Cabo Frio e para mim também. Nós que, há um ano, tínhamos um quadro aparentemente irreversível onde as pesquisas nos colocavam com 12 %, contra 67 % daquele que era considerado um mito na cidade, um político com 35 anos de vida pública, três vezes prefeito, deputado por duas vezes, vereador, e considerado por muitos, e até mesmo por ele próprio, imbatível em qualquer pleito eleitoral. Há um ano nós assumimos a posição de candidato a prefeito com a certeza de que nós poderíamos mostrar à população que não existe candidatura imbatível, existe sim trabalho desenvolvido, e foi isso o que fi zemos. Começamos a mostrar para a população tudo aquilo que realizamos em três anos e meio de mandato, e a população começou a entender e colocar na balança as diferenças administrativas, e pôde notar que o nosso governo se diferenciava em tudo do governo anterior, principalmente em relação ao respeito ao cidadão, na sua totalidade. E quando eu digo cidadão, eu falo da pessoa que mora no centro da cidade e da pessoa que vive na periferia. O povo entendeu que o nosso governo estava, e está, realizando um governo diferenciado, que olha e faz todas as suas ações levando benefício para o cidadão, e mais do que isso, foi o único governo da historia de Cabo Frio que começou a se preocupar com os projetos sociais.

Esses projetos sociais acabaram por ser a sua glória e castigo, já que se transformaram em voto, mas também motivaram muitas ações de seus adversários, que o acusam de uso eleitoral dos mesmos. Quais são, afi nal, esses projetos?

São muitos, a começar pela escola técnica profi ssionalizante, que não existia em um município de mais de 300 anos para qualifi car os seus cidadãos. E agora esta-mos trazendo o CEFET, que é um avanço, e que será inaugurado no mês que vem, e que é um ganho muito grande em termos de qualifi cação, e que vai ser a nossa Uni-versidade Pública Federal, tão sonhada por todos nós. Nós criamos o projeto social revolucionário que é a Passagem a 1 real, levando benefício diretamente ao traba-lhador que pagava R$ 2,10 e hoje paga R$ 1,00. Esse projeto é tão importante que foi utilizado na campanha de segundo turno da

prefeita eleita e ex-governadora Rosinha, que me ligou e disse que esse foi o ponto alto da sua campanha. E o povo entendeu que esse projeto é um projeto desenvolvido pelo nosso governo e que está na realidade favorecendo este cidadão que mais neces-sita do poder público e que foi por anos e anos discriminado. Nós criamos o Café do Trabalhador onde são distribuídos mais de 1.000 cafés diariamente para o trabalhador que ia trabalhar de barriga vazia. Nós cria-mos o projeto Alimentando Cidadão, onde são distribuídas 5.000 cestas básicas de forma criteriosa para a população que ainda

que têm levado o cidadão a entender que o nosso governo é diferenciado.

O povo sabe diferenciar os governos. A prepotência fi cou pra trás, hoje existe um prefeito que é gente, que ouve as as-sociações dos moradores, que atende, que sabe receber críticas, que não é o dono da verdade e que entende que governar é abrir o governo para a participação popular. Eu digo a seguinte: na vida você colhe o que planta. Nós plantamos o benefício ao cidadão e colhemos dele, nas urnas, 14 mil votos de diferença para o segundo coloca-do. Nós tivemos quase 50 % dos votos.

Apesar disso sua vitória está sendo contestada. A que o senhor atribui essa polêmica?

A polêmica criada é choro de perdedor. Eu me lembro muito bem em 1992 onde nós fomos vencedores com José Bonifácio, que ganhou por uma diferença de uns 500 votos do Alair Corrêa, que ele fi cava dizen-do que o Zé Bonifácio não seria diplomado e não seria empossado. A mesma história de agora. O que me deixou surpreso na eleição do Rio, uma metrópole, cuja elei-ção foi decidida com uma diferença de apenas 1% dos votos a favor de Eduardo Paes, foi ver a primeira atitude do Gabeira que ligou para ele e se colocou à disposição para colaborar com o município do Rio de Janeiro. A Marta Suplicy, derrotada, assumiu o mesmo papel. Em Cabo Frio, eu espero que o deputado Alair Corrêa assuma o seu papel de deputado, para ajudar o povo de Cabo Fio e de todo o Estado do Rio. E mais do que isso, que ele entenda que foi derrotado nas urnas, o povo o derrotou. Se juntarmos os nossos votos mais os dos nossos adversários, tirando a candidatura dele, é possível ver que hoje, 70% da popu-lação não quer Alair Corrêa como prefeito de Cabo Frio. Na eleição, ele enganou e mentiu para aqueles que estavam ligados à sua candidatura e para o povo, falando que ele estava na frente nas pesquisas. E ele já sabia que eu ia ganhar a eleição. Então, ele enganou o povo e está enganado novamente de forma irresponsável dizendo que eu não vou assumir. E a posição que ele deveria adotar é a posição de um derrotado de forma digna se colocando a disposição da cidade de Cabo Frio.

Como o senhor se sente com essa situação?Eu me sinto, desculpa a expressão, in-

dignado, com a situação política existente em Cabo Frio hoje, em que o candidato que foi derrotado não reconhece que foi derro-

criado pela secretaria da Agricultura, e que não deixa de ser um projeto social. Tem também os CRAS (Centro de Referencia da Ação Social), que as pessoas pensam que é um projeto do governo federal. Não, este é um projeto em parceria com o governo federal. O governo entra com 1 milhão e a prefeitura de Cabo Frio com 8 milhões. Então, é um projeto municipal, com a ajuda do governo federal. O CRAS, o Programa de Assistência Integral as Famílias (PAIFs) e outros, são programas que nós vamos continuar implantando. São estes projetos

O candidato que foi derrotado não reconhece que foi derrotado por uma diferença de 14 mil votos! Não foram 2 mil ou 5 mil votos, foram 14 mil! É inquestionável a vontade popular. E a vontade popular é soberana.

O grande desafi o, agora, é a questão do emprego

hoje enfrenta o sério problema da fome. Além disso, criamos o projeto Compra Solidária, onde nós absorvemos parte da produção rural do município. Ainda não na sua totalidade, coisa que vamos fazer no próximo mandato. Esta produção é ab-sorvida nas escolas. É um projeto inovador

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tado por uma diferença de 14 mil votos! Não foram 2 mil ou 5 mil votos, foram 14 mil! É inquestionável a vontade popular. E a vontade popular é soberana. Primeiro vieram com a história de vírus nas urnas, haja vírus para 14 mil votos, né? Depois vieram com a história de que nós teríamos a nossa candidatura impugnada, a nossa di-plomação cassada. A minha posição é que nós vamos continuar fazendo o que sempre fi zemos, respeitando, entrando com a nossa defesa, com os nossos recursos, porque é direito do juiz fazer qualquer tipo de ação, e é nosso direito nos defender.

O senhor acha que a justiça está sendo justa?

Eu acho que isso o povo é que tem que julgar e eu tenho que obedecer. Jus-tiça a gente tem que obedecer. Não pode questionar. Eu acho, particularmente, que o processo foi muito tumultuado, nunca ocorreu um processo jurídico tão tumultuado como está ocorrendo hoje em Cabo Frio. Eu tenho 16 anos de vida pública, já fui vereador, presidente da Câmara, vice-prefeito, deputado estadual

e prefeito, e eu nunca presenciei o que eu estou presenciando aqui. Se você for co-locar na balança é de se estranhar ter 100 processos contra Marquinho Mendes e 5 contra os meus adversários. Porque todos utilizaram o espaço da cidade para fazer a propaganda igualmente e eu considero

porque isso não tem fundamento. Eu só acho que as pessoas e a justiça têm que respeitar a vontade popular. Os derrotados têm que respeitar a vontade popular, e está bem clara essa vontade. O deputado derrotado não reconheceu que o povo não quer mais ele como prefeito de Cabo Frio. Ele tem que entender é que agora ele tem que completar o resto do seu mandato de mais dois anos e fazer o que ele não fez nos dois anos iniciais do mandato, que é ajudar a população de Cabo Frio.

Passado o período eleitoral emergem novas lideranças, e o senhor é um delas. Quais as características dessa nova corrente política liderada pelo senhor?

A grande característica da minha lide-rança política é ser descentralizador. É re-conhecer que eu não sou o dono de verdade e que a vitória não pode ser construída por um candidato e sim por um grupo político. Eu nunca perdi uma eleição sequer que te-nha participado. E você pode me perguntar: é mérito seu? Não, é mérito meu também, porque eu sou um trabalhador, mas se eu não tivesse um grupo político e pessoas que

Nunca ocorreu um processo jurídico (eleitoral) tão tumultuado como está ocorrendo hoje em Cabo Frio

que a nossa propaganda eleitoral foi feita de forma regular. Porque o nosso adver-sário fez da mesma forma. Por que só eu estou sendo penalizado? Mas eu não sou advogado, eu sou médico e a gente tem que respeitar a justiça. Nós já entramos com recurso e vamos ganhar no Tribunal Regional Eleitoral, não tenho dúvida,

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acreditam em mim eu não seria vitorioso. E eu vou continuar líder porque eu reconheço que não sou o dono da verdade. O líder é aquele que entende que a liderança deve ser assumida, mas respeitando aqueles que estão ao ser redor.

A sua política seria, então, de cooperação?Sem dúvida, eu sou um político vence-

dor, isso porque eu governo para todos, e já dei demonstração disso no nosso governo. A Bolsa de Estudo e a Bolsa Transporte, por exemplo, no governo passado, era dada para os apadrinhados do prefeito. Muitos deles não precisavam, mas o prefeito dava. Hoje nós damos para quem precisa, eu nem sei pra quem são dadas, só sei que é pra quem necessita. Existe critério, existe uma justiça. Eu tenho colocado como prioridade na minha vida, principalmente, a procura pela justiça social, e vou continuar desta forma.

Qual é a verdadeira história do seu rompimento com o deputado Alair Corrêa? O senhor havia se comprometido a apoiá-lo?

Não, ele queria arrumar uma justifi ca-tiva para a posição dele porque se consi-derava imbatível. Ele já se considerava prefeito, aclamado pela popula-ção e ele falou assim: “eu não tenho adversá-rio”, e me subestimou. Ele tinha certeza da sua vitoria, só esqueceu de contar com o povo. Foi por isso que ele se lançou candidato. Ele estava certo da vitoria só que se esqueceu de combinar com o povo daqui da terra, os cabo-frienses. Nós tínhamos um projeto para a cidade e disso eu não me arrependo. Mas, eu provei, mais uma vez, que tenho luz própria. Provamos nas urnas que so-mos independentes, politicamente. Eu me lembro que as pessoas falavam que em 92 Marquinho foi eleito vereador por que o pai o elegeu. Marquinho foi presidente da Câmara, porque o pai o ajudou, Marquinho foi vice-prefeito, porque Alair venceu as eleições. Marquinho foi deputado, porque Alair foi deputado. Essas pessoas foram importantes? Claro que sim, mas se não tivesse o meu trabalho, o trabalho de um homem determinado, porque eu sou de-terminado e luto pela realização dos meus projetos e sonhos, eu não teria chegado lá. Há um ano atrás as pessoas falavam que eu

era doido em querer disputar uma eleição contra o mito Alair Corrêa, tendo 12 % con-tra 67% da preferência dos votos dele.

Como foi essa virada?A virada foi, respeitando todas as con-

vicções religiosas, uma virada de Deus. Eu estava passando um momento muito difícil na minha vida, de doença, e naquele momento me aproximei muito de Deus e Ele mudou a minha vida em todos os aspectos. Deus me tirou lá do fundo do po ço, me levantou e me deu a vitória. Eu fui o instrumento Dele e fi z a minha parte, trabalhei como ninguém, percorri todos os bairros de Cabo Frio, caminhei todos os dias junto com um grupo de pessoas que acreditaram em mim.

E o que podemos esperar do seu segundo mandato?

Vamos ter que encarar este segundo mandato de uma forma diferente do pri-meiro. Hoje nós vivemos uma crise mun-dial na economia que já esta afetando os nossos recursos. O barril do petróleo que era cotado a R$ 135,00 hoje está R$ 60,00. Conseqüentemente nós vamos ter uma que-da signifi cativa na receita dos royalties do

petróleo. Mas, o gran-de desafi o, agora, é a questão do emprego. Nós vamos entrar num quadro de recessão, onde o desemprego vai aumentar muito e o nosso maior desa-fi o é de implementar uma política capaz de absorver isto com o in-

centivo à iniciativa privada, ter investimen-tos, criar uma nova lei de incentivo fi scal para atrair novos investidores para a cidade para que a gente possa gerar emprego para a nossa população. O grande desafi o se chama geração de empregos.

Eu quero falar para Cabo Frio que a cidade pode contar, e como sempre contou, com o meu esforço, com a minha dedicação e com o meu trabalho cada vez mais. Eu gostaria de lembrar as palavras de uma cantora gospel que se chama Beatriz, que canta um hino que fala que a “glória da segunda casa será maior do que a da primeira”, e eu quero dizer para a população da minha terra que o nosso segundo mandato será infinitamente melhor do que o nosso primeiro, porque os erros cometidos serão corrigidos e os acertos permanecerão.

O povo sabe diferenciar os governos. A prepotência fi cou pra trás.

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V Congresso Estadual das APAEsCerca de 500

representantes de todo o estado es-tiveram em Rio das Ostras entre os dias 17 e 19 de outubro, para o V Congresso Estadual das As-sociações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) do Estado do Rio de Janeiro. O evento, que teve o apoio da Prefeitura de Rio das Ostras, aconteceu no Colégio Municipal América Abdalla, em Nova Esperança, e o tema foi Inclusão Social e Educacional – Desafi os e Superação.

De acordo com a presi-dente da APAE em Rio das Ostras, Débora Dutra, o mu-nicípio foi privilegiado por sediar o encontro. “O evento é muito importante para Rio das Ostras, pois fortalece nosso movimento, que é um dos mais recentes do estado”, conta Débora.

Durante o encontro tam-bém foi realizado o 5º Fórum Estadual de Autodefensores. A aluna da APAE de Rio das Ostras, Cibele Monteo, fi cou entre os quatro alunos que disputaram a vaga para representar o estado como autodefensor.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Na-cional (IPHAN) esteve em Armação dos Búzios no dia 16 de outubro último, para avaliar a possível desco-berta de um sítio arqueoló-gico, feita pelo arqueólogo José Altamirano. O lugar foi denominado como Sítio Arqueológico Pirâmide das Cobras pelo descobridor por causa das formações sinuosas encontradas nas pe dras.

A equipe de técnicos e arqueólogos do Iphan que estiveram vistoriando o lugar concluíram, porém, ter sido precoce intitular o local como um novo sítio arqueológico.

De uma trilha sacrifi cante que sai da Praia da Ferradu-rinha, chega-se a um lugar conhecido pelos buzianos como Ponta das Poças. São aproximadamente 200 metros de rochas de frente para o mar. Altamirano aponta as marcas

nas pedras, que ele acredita terem sido produzidas pelos primeiros habitantes da região, como possíveis desenhos de cobras. Para as arqueólogas Jaqueline de Macedo e Ana Cristina Sampaio, as marcas são obras da natureza. Além disso, alguns dos possíveis registros, segundo as técni-cas, apresentam imagens de animais que não fazem parte da época proposta. Rebeca Bruno

Obra da natureza

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Foi lançado em Cabo Frio no dia 16 de outubro último, na Casa de Cultura José de Dome, Charitas, o livro A Riqueza vem do Fundo do Mar, obra da editora Caringi.

Baseado em pesquisa de Anna Lee, o livro tem texto de Antônio Torres e fotogra-fi as de D. João de Orleans e Bragança.

Sérgio Caringi, editor da obra, conta que o livro, uma encadernação de luxo patrocinada pela Petrobras, foi idealizado para mostrar a riqueza, as belezas naturais e os aspectos culturais das cidades localizadas no en-torno da Bacia de Campos. Para isso, 15 mil km foram percorridos e oito meses de trabalho foram consumidos na sua elaboração.

“O Rio de Janeiro é uma cidade maravilhosa, e o inte-rior do Estado também”, diz Caringi.

Além dos aspectos cul-turais e da riqueza do mar, a obra também é um apelo à conservação do Meio Am-biente. O editor pondera que exite hoje um “dilema cruel” quanto à questão da ocupação de áreas de preservação, e dá a sua receita para o problema:

“Nem resorts, nem favelas. Áreas públicas com projetos ambientais inteligentes, sus-tentáveis e rentáveis. Mas, para isso é preciso ter vontade política”, afi rma.

Sérgio é crítico também quanto a aspectos culturais e considera que a falta de uma identidade é um dos maiores problemas para o desenvolvimento do turismo de qualidade na região. “Cabo Frio não tem uma identidade. Das cidades da região a única que tem é Búzios”, diz.

Os 2.500 exemplares da obra serão distribuidos para todas as bibliotecas públicas e escolas, além das livrarias.Niete Martinez

Livro mostra riqueza do litoral norte do Estado

Marcel Freitas

SÉRGIO CARINGI, editorC

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No sábado, dia 19, foi promovida uma mesa redon-da com o tema “Diferentes Olhares sobre a defi ciência e a política de educação in-clusiva” e três palestras: “60 anos dos Direitos Humanos: Falar de inclusão é reiterar uma idéia sexagenária”, “O olhar da universidade sobre política da educação inclu-siva” e o “Posicionamento do Movimento Apaeano em relação à educação inclu-siva”. À noite, os alunos e representantes das entidades participaram de um baile de comemoração.

No domingo, dia 19, a mesa redonda teve como tema “Com a palavra... a família: dialogando e trocan-do experiências”. Também foram realizadas duas pales-tras: “Família: sentimentos, desafi os, viver e envelhecer com qualidade” e “Refl exões sobre a Autodefensoria e a pessoa com defi ciência”.

P a n o r a m a

I N C L U S Ã O S O C I A L C U L T U R A

A R Q U E O L O G I A

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Petrobras lançou no dia 14 de outubro, na cidade do Rio de Janeiro, a edição 2008/2009 do

Programa Petrobras Cultural (PPC), que engloba os editais de seleção pú-blica para projetos culturais. O PPC é o maior programa de patrocínio cultural já lançado no país e sua verba é a maior já destinada por qualquer empresa a um programa de cultura. Para esta primeira fase será destinada uma verba de R$ 42,3 milhões.

Estiveram no evento, realizado no Museu de Arte Moderna, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli de Azevedo, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, o gerente executivo da Comunicação da Petrobras, Wilson Santarosa, e a gerente de Patrocínios da Petrobras, Eliane Costa.

Durante a cerimônia, Wilson San-tarosa anunciou que a Petrobras poderá lançar, até o fi m do ano, um novo edital de R$ 40 milhões. “Neste momento, a Petrobras assume esse compromisso”, afi rmou Santarosa.

A comissão de seleção do PPC é formada por um grupo de cinco a sete profi ssionais que atuam diretamente nos setores da cultura atendidos pelo programa. Eles são convidados pelo Conselho Petrobras Cultural, formado por representantes da Petrobras, do Ministério da Cultura e da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom). Essas comissões são renovadas a cada ano e sua compo-sição busca atender à maior diversidade possível de perfi s para o julgamento dos projetos. As comissões selecionam os projetos por seu mérito qualitativo.As verbas por EditalAudiovisual - R$ 26,6 milhõesMúsica - R$ 5,6 milhõesArtes Cênicas - R$ 7,3 milhões (R$ 14,6 milhões em dois anos)Literatura - R$ 810 milCultura Digital - R$ 2 milhões

Petrobras Cultural destina 42,3 milhões

JOSÉ SÉRGIO GABRIELLI E JUCA FERREIRA, na cerimônia de lançamento do PPC

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P o l í t i c a

AssistencialismoBandeira que elege

ais do que comprovar a força de um partido ou grupo político, a nova composição da Câmara dos Vereadores de Cabo Frio mostra que o assistencialismo

está em alta com o eleitor da cidade. Candidatos como Braz Enfermeiro (PSC) Fabinho da Saúde (PSC) e Rogério do Laboratório (PP), todos novatos, tiveram sucesso prestando serviços aos eleitores. Este último, por exemplo, fez campanha na casa de pacientes que visitava para coletar sangue gratuitamente e, em troca, pedir o voto da família. Ele teve sucesso na empreitada. Com 1.082 votos, Rogério foi o 12º colocado, conquistando a última vaga de vereador.

O mais votado sob suspeitaO candidato a vereador mais votado foi

Silas Bento (PSDB), com 4.044 votos. Por responder a processo movido pelo Minis-tério Público, no entanto, seus votos ainda aguardam julgamento para serem, ou não, validado. Até o fechamento desta edição, Silas havia ganhado uma primeira batalha no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília, fato que o deixou confi ante. Mas um recurso movido pelo MP à decisão da Corte prolongou a espera pela decisão fi nal. Se os votos de Silas Bento forem computados, o PSDB pode conquistar mais duas vagas na Casa Legislativa (a do próprio Silas e a do primeiro suplente do partido, o veterano Acyr Rocha).

Dentre os vereadores confi rmados no cargo, o mais votado foi Alfredo Gonçal-ves (PPS), com 3.457 votos. Alfredo se destacou por trazer o projeto Viva Vôlei, uma etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, e convocar audiências públicas que discutiram a aplicação da lei que limita

Nova composição da Câmara de Veradores de Cabo Frio mostra que o assistencialismo está em alta e candidatos que levantaram essa bandeira foram eleitos, em detrimento de velhos caciques e novas lideranças, que acabaram fi cando de fora.

Tomás Baggio

Câmara deVereadoresde Cabo Frio

em 30 minutos o tempo máximo de espera por atendimento em uma agência bancária (lei esta que continua sendo descumprida diariamente). Atualmente, ele é o líder da bancada do governo, e está cotado para assumir a presidência da Casa Legislativa, no ano que vem.

Em segundo, fi cou o também reeleito Aires Bessa (PSDB), com 3.323 votos. Na terceira posição fi cou mais um nova-to, Fernando do Comilão (PSDB), com 2.531 votos, seguido de Rui Machado (PSDB), que conquistou novo mandato com 2.395 votos. Na quinta posição, vem o atual presidente da Câmara, o vereador Luis Geraldo (PPS), que teve 2.302 votos. Na sexta posição, o fi lho do candidato a prefeito derrotado Alair Corrêa (PMDB). Marcello Corrêa, iniciante na política, recebeu 1.809 votos.

A sétima posição ficou reservada ao ex-secretário de Esportes do governo municipal, José Ricardo (PP), com 1.685 votos. Ele renunciou ao cargo de secre-

tário no dia 26 de março deste ano, sob acusações de superfaturamento e desvio de verba. Seu sucessor, Fernando Henrique, indicado pelo ex-secretário, não paga há três meses o salário dos jogadores do time de futsal profi ssional, bicampeão carioca da modalidade.

Na oitava posição mais um novato, Silvan Escapini (PSC), com 1.622 votos. Na nona está o médico Taylor (PMDB), regresso do governo Toninho Branco, de Armação dos Búzios, onde foi secretário de Saúde. Durante sua gestão, a Câmara local instaurou uma CPI para apurar possíveis irregularidades no setor. Eleito apoiando Alair Corrêa, teve 1.403 votos. A décima posição é de Fabinho da Saúde, com 1.338 votos. A décima primeira vaga fi cou com Braz Enfermeiro, que recebeu 1.293 votos.

Os mandatos de Braz e do último co-locado, Rogério do Laboratório, ainda dependem da decisão sobre os votos de Silas Bento para serem confi rmados.

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FALA, presidente

Alheio aos comentários de que a Câmara de Vereadores de Cabo Frio, na legislatura que termina em dezembro, teria produzido pouco, o presidente Luis Geraldo garante que a realidade é o oposto.

“Aprovamos muitos projetos de lei, houve muitas indicações e, além disso, demos transparência ao trabalho ao tornar a Câmara mais acessível à população através do nosso site na internet e da transmissão das sessões através da rádio Ave Maria. Fizemos uma gestão diferente”, analisa ele, garantindo que não pretende concorrer ao cargo de presidente em janeiro.

“Logo no primeiro mandato, eu fui líder do governo nos dois primeiros anos e pre-sidente da Câmara nos dois últimos. São grandes responsabilidades e considero que me saí bem nas duas. Mas o presidente não

pode indicar projetos e, além disso, estava atrapalhando um pouco a minha profi ssão. Sem atrapalhar o meu mandato, pretendo me dedicar um pouco mais à odontologia desta vez”, completou Luis Geraldo.

No próximo mandato, o vereador pre-tende levar adiante projetos como o Centro Municipal de Odontologia, que já foi aprovado pelo plenário, e um progra-ma de prevenção a problemas dentários, conscientizando pais e alunos de escolas municipais.

Sobre o atual momento político, com boatos de que o prefeito Marcos Mendes não tomaria posse para novo mandato por problemas na Justiça, o presidente da Câ-mara lamenta que a Justiça Eleitoral não tenha defi nido a situação antes do pleito.

“Eu só lamento que a vontade soberana do povo esteja sendo questionada dessa maneira. Foi a população que quis e deci-diu o resultado das eleições. Acredito, na verdade, que a Justiça Eleitoral tinha que defi nir tudo isso antes da eleição, respei-tando os prazos que ela própria colocou”, opinou.

LUIS GERALDOPresidente da Câmara de Veradores de Cabo Frio

Tatiana Grynberg

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C a r t a s

www.revistacidade.com.brNovembro, 2008

Cartas para o EditorPraia das Palmeiras, 22 - Palmeiras, Cabo Frio/RJ - Cep: 28.912-015E-mail:[email protected]

Publicação Mensal NSMartinez Editora MECNPJ: 08.409.118/0001-80

Redação e AdministraçãoPraia das Palmeiras, nº 22 Palmeiras – Cabo Frio – RJCEP: 28.912-015 [email protected]

Diretora ResponsávelNiete [email protected]

ReportagensGustavo AraújoJuliana VieiraLoisa mavignierMariana RicciRenato SilveiraRosa SchoolTomás Baggio

Fotografi asErnesto GaliottoCezar FernandesFlávio PettinichiMariana RicciPapiPressTatiana Grynberg

ColunistasDanuza LimaOctavio Perelló

Produção Gráfi caAlexandre da [email protected]

ImpressãoEdiouro Gráfi ca e Editora S.A

DistribuiçãoSaquarema, Araruama, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Búzios, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Quissamã, Campos, Macaé, Rio de Janeiro e Brasília.

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

CAROS, VENHO POR MEIO DESTA deixar os meus parabéns pelo excelente trabalho de vocês, que só conheci há pouco, e convidá-los para cobrir o nosso evento nos dia 15 e 16 de novembro aqui em Praia Seca. Será uma honra poder contar com vocês para unirmos forças em prol de nossa linda lagoa!!!Leonardo Mulim Rebello (Araruama/RJ)

AO LER O ÚLTIMO NÚMERO DESSA ótima revista dei com uma resenha do meu livro, queria agradecer a publicação e especialmente ao Octavio Perelló pelas palavras amáveis e incentivadoras com que distinguiu o meu trabalho. Com meus votos de contínuo sucesso Bento Ribeiro Dantas (Armação dos Bú-zios/RJ)

TRABALHO COMO CORRETORA DE imóveis, e devido às reportagens de quali-dade da revista me interessei em adquirir uma assinatura da mesma. Aproveito a oportunidade para parabenizá-los pelo modo de redação exercido (imparcial). Com certeza esta é uma revista que faz a diferença em nosso meio! Informação de qualidade! Preservando e buscando uma vida mais responsável, num mundo repleto de desigualdades. Sucesso!! Gisele Sá (Cabo Frio/RJ)

GOSTARIA MUITO DE PODER CON -tar com o apoio desse conceituado perió-dico para divulgar o Distrito de Itaipuaçu, pertencente a Maricá-RJ.Cada vez mais pessoas da cidade do Rio de Janeiro estão transferindo suas residências para Itaipuçu por ser um lugar tranqüilo para viver, com praia e serra e perto da cidade do Rio, fato importante para os que trabalham na capital do Estado. A única queixa que todos nós moradores temos, indubitavel-mente, é com relação às vias públicas que sofrem um total descaso das autoridades. Mas dará uma ótima matéria para a revista a divulgação de Itaipuaçu! Pensem com carinho nisso! Obrigada.Katia Moraes (Itaupuaçu - Maricá/RJ)

PARABÉNS PELO PRECIOSO TRABA-lho jornalístico que tem sido realizado por esta equipe!! Gláucia Quadra (Araruama/RJ)

SOU LEITORA DA REVISTA CIDADE E tomei conhecimento desta revista quando comecei a cursar a Faculdade de Turismo, através de pesquisa para assuntos relacio-nados a turismo. Tenho interesse em assinar a revista fu-turamente e também adquirir os números atrasados. Quero parabenizar a qualidade de informação que oferece ao seu público. Atenciosamente,Sonia Siqueira (Cabo Frio/RJ)

VENHO ATRAVÉS DESTA, PRIMEIRA-mente parabenizar essa digna revista pelo trabalho que vem realizando com a divul-gação das cidades do interior do estado do Rio de Janeiro. Em segundo lugar, queria apresentar uma sugestão para a realização de uma reportagem abordando a questão da violência crescente na cidade de Cabo Frio. Temos assistido cenas chocantes que antes só podíamos pensar que acontecia nas cidades grandes. Como aconteceu recentemente, quando o tráfi co de um bairro impôs um toque de recolher em outro. Em plena Cabo Frio! Dois dias depois, mais uma tragédia: assassinato no bairro Itajuru. Já se comenta, é acerto de contas. Ora, isso é coisa de cidade grande, não de Cabo Frio. Ou é? Onde está a polícia? Elvira Guerra Jacob (Cabo Frio/RJ)

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15CIDADE, Novembro de 2008

e 8 a 23 de novembro acontece a 2ª edição da Mostra do Filme Ambiental e Etnográfi co de

Rio das Ostras. Este ano, serão exibidos 50 fi lmes, entre curtas, mé-dias e longas-metragens, em quatro pontos da cidade: PURO, CineRitz Holiday, Núcleo Artes, Terapias e Ofícios e praça São Pedro. Haverá ainda três debates durante a mostra e uma mesa redonda no dia 20 de novembro, com realizadores do documentário Quilombo, feito em Casimiro de Abreu, e a presidente da Fundação Cultural do município, Sônia Cardoso.

Além de toda a programação gratuita, moradores de Rio das Ostras poderão participar de uma ofi cina de fotografi a. A Ofi cina de Arte e Técnica Papo Fotográfi co, que há 10 anos é desenvolvida pelo fotógrafo Maurício Rocha, em Rio das Ostras, terá uma edição especial – a última do ano – dentro da 2ª Mostra do Filme Ambiental e Etnográfi co de Rio das Ostras.

InscriçõesAs inscrições – gratuitas - serão

feitas no Pólo Universitário de Rio das Ostras (PURO), no dia 10 de novembro. Serão oferecidas 15 vagas.

Pode se inscrever qualquer pes-soa que resida em Rio das Ostras, sem limite de idade. Das 15 vagas, três serão reservadas para jovens que tenham entre 12 e 15 anos de idade. É necessário que os alunos tenham câmera fotográfi ca, digital ou analógica, para uso durante a ofi cina.

A ofi cina terá aulas teóricas e práticas. Os encontros acontecerão nos dias 11, 12, 13 e 14 de novem-bro, no PURO. Como resultado do curso, os participantes organizarão uma exposição com as fotos produ-zidas durante a Ofi cina. Leonor Bianchi

INBOX

2ª Mostra de Filme Ambiental e Etnográfi co de Rio das Ostras

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16 CIDADE, Novembro de 2008

s Garotinho estão de volta à cidade que os projetou politicamente. No dia 1º de janeiro de 2009, exata-mente dois anos depois de deixar o governo do estado, Rosinha

Garotinho (PMDB) assumirá a Prefeitura de Campos. Depois de ter sido a primeira governadora eleita do Rio de Janeiro, ela também entrará para a história como a primeira prefeita da maior cidade do in-terior fl uminense, com uma população de 430 mil habitantes e um orçamento que, para o ano que vem, beira a casa dos R$ 2 bilhões.

A vitória de Rosinha na eleição muni-cipal deste ano começou a ser construída no primeiro turno, quando ela venceu com 118.245 votos (45,82%), enquanto seu principal adversário, o ex-prefeito Arnaldo Vianna (PDT), teve 108.210 votos (41,93%). Os dois partiram para o segundo turno numa campanha com direito a muitas trocas de acusações. Enquanto Arnaldo tentou vincular o nome da adversária ao ex-prefeito e ex-governador Anthony Ga-rotinho, Rosinha fez questão de lembrar que o atual prefeito, Alexandre Mocaiber, teve o apoio de Arnaldo.

Em jogo, estavam principalmente os 30.638 votos dados no primeiro turno à Professora Odete Rocha (PCdoB) e ao ex-deputado federal Paulo Feijó (PSDB). Feijó apoiou Rosinha. Odete se declarou neutra, mas a juventude de seu partido cerrou fi leiras com a peemedebista, que fi cou com a maior fatia e sagrou-se ven-cedora do segundo turno com 135.955 votos (54,47%). Arnaldo Vianna teve

113.638 votos (45,53%). No começo da noite de domingo, 26 de outubro, o bairro da Lapa, onde moram os ex-governadores, foi ocupado por milhares de eleitores com camisas e bandeiras rosa, cor que dominou a campanha vitoriosa.

Professora, radialista, mãe de nove filhos, Rosângela Barros Assed — seu nome de batismo — nasceu em Itaperuna, mas mudou-se para Campos quando tinha apenas 4 anos de idade. Na juventude, fez teatro amador. E foi nos palcos que co-nheceu o líder estudantil Anthony William Matheus de Oliveira, que como radialista, mais tarde adotaria o apelido Garotinho e enveredaria pelo campo da política. Casa-dos, tiveram quatro fi lhos e adotaram ou-tros cinco. Aos 45 anos de idade, Rosinha já tem duas netas — Lyvia e Júlia, fi lhas de Aparecida, sua fi lha mais velha.

“A gente agora tem que botar o pé no chão e começar a trabalhar, porque vamos encontrar muita difi culdade pela frente”, disse a prefeita eleita em sua primeira entrevista, pouco antes de comemorar a vitória num trio elétrico. Segundo ela, a prioridade do novo governo será o combate à corrupção. Rosinha prometeu reduzir os salários dela, do vice-prefeito e dos vereadores. Sobre os milhares de servidores contratados irregularmente no fi nal do governo Arnaldo Vianna, em 2004, e mantidos por Alexandre Mocaiber nos últimos quatro anos, que agora começam a ser demitidos por ordem judicial, Rosinha foi enfática: “Quem trabalha não tem o que temer. Mas a boquinha vai acabar”, disse, referindo-se a supersalários de mais de R$ 9 mil que recheiam a folha de pagamento da prefeitura.

A vitória de Rosinha responde a uma

pergunta recorrente nos meios políticos: Garotinho ainda tem força? Passadas as eleições municipais, a resposta é sim. Contando com o apoio declarado de vários prefeitos — atuais e eleitos — no interior do estado do Rio, o ex-governador mos-trou que continua vivo, mesmo depois de ter sido preterido pelo PMDB na eleição presidencial de 2006, ter perdido a elei-ção passada em Campos (quando apoiou Geraldo Pudim para prefeito) e ver sua popularidade despencar após escândalos de corrupção no governo do estado e uma mal explicada greve de fome. Desta vez, a história foi diferente: Garotinho elegeu a fi lha Clarissa, vereadora mais votada do PMDB na cidade do Rio de Janeiro, e, em-bora tenha aparecido pouco na campanha da mulher, não é difícil supor que ele dará as cartas na Prefeitura de Campos a partir de 1º de janeiro.

Retomar seu reduto eleitoral era uma

Ex-governadora Rosinha é a primeira prefeita eleita em Campos

A VOLTAdos Garotinho

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CAMPOS Maior cidade do interior do Estado espera paz na polítca

C a m p o s d o s G o y t a c a z e s

Gustavo Araújo

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17CIDADE, Novembro de 2008

questão de vida ou morte para os Garo-tinho, que desde 2002 viviam às turras com seu antigo aliado Arnaldo Vianna. Na eleição municipal de 2004, Arnaldo apoiou Carlos Alberto Campista à prefeitura. Cam-pista ganhou, mas teve o registro cassado por crime eleitoral poucos meses depois. Nova eleição marcada, Arnaldo apoiou Alexandre Mocaiber, que está concluindo seu mandato. O que ele não contava era com a fraquíssima atuação de Mocaiber como chefe do Executivo, comprovada por uma recente pesquisa na qual 49% da população consideram seu governo péssi-mo. No começo do ano, Mocaiber fi cou um mês afastado por denúncias de corrupção no seu governo, fruto de um processo que levou à cadeia vários de seus colaborado-res mais diretos (alguns continuam presos até hoje).

Em sua campanha, Arnaldo tentou desvincular-se do afi lhado político. Mas ele

próprio teve seus problemas com a Justiça: algumas das contas de sua administração foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU), o que culminou com a cassação de seu registro três vezes por parte do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), por unanimidade. No primeiro turno, em decorrência deste problema, Arnaldo não teve seus votos computados. Um recurso interposto no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o recolocou de volta na disputa, mas a incerteza sobre se ele assumiria a prefeitura caso vencesse foi fatal na reta fi nal da campanha — fato amplamente explorado por Rosinha em seu programa eleitoral.

Faltando alguns dias para a votação no segundo turno, dois debates entre os candidatos exibiram um Arnaldo Vianna desgastado, mais preocupado em se jus-tifi car, afi rmando que era candidato, do

que em apresentar propostas de governo. No debate da TV Record, sete dias antes do pleito, o ex-prefeito cometeu um erro estratégico, ao criticar a ponte construída em Campos por Rosinha quando ela era governadora. Ao defender que sua locali-zação foi mal escolhida, Arnaldo disse que a ponte liga o nada ao lugar nenhum. O que ele chamou de lugar nenhum é Guarus, o 2º distrito de Campos, região com cerca de 150 mil habitantes. Pegou tão mal que o candidato pedetista gastou mais alguns dias de sua campanha tentando explicar que a tal ponte que liga o nada ao lugar nenhum não fi ca em Campos, e sim em Resende, no Sul Fluminense. Não colou. E foi justamente em Guarus que Arnaldo amargou sua maior derrota nas urnas. Eleição perdida, o ex-prefeito promete continuar fazendo oposição aos Garotinho — para quem, pelo menos desta vez, fi cou tudo cor-de-rosa.

Anto

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ROSINHA Vamos encontrar muita difi culdade pela frente

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18 CIDADE, Novembro de 2008

BERÇO DE UMA CIVILIZAÇÃO

Os milênios e séculos passados em Cabo Frio constituem uma saga fascinante de bandos nômades primitivos, guerreiros tupinambás e navegantes franceses e portugueses que escreveram tanto as honrosas quanto as deploráveis páginas desta história. Resgatar e valorizar tal trajetória requer, acima de tudo, coragem para enfrentar e discernir verdades e mentiras.

ESPECIAL DE CABO FRIO

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CIDADE, Novembro de 2008 19

Marconi Castro

FONTE DO ITAJURUÚnica fonte de água potável na Restinga

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20 CIDADE, Novembro de 2008

ESPECIAL DE CABO FRIO

DUNA BOA VISTAÍndícios de acampamentos indígenas de pesca

s primeiros habitantes de Cabo Frio não poderiam imaginar o seu perfil no futuro. O paraíso que apareceu nos mapas do século XVI teria abrigado povos primitivos

anteriores aos bravos tupinambás. Há cerca de seis mil anos famílias nômades chega-vam e saíam em canoas pelo mar, em busca de pesca, caça e coleta de moluscos.

Os vestígios encontrados em sambaquis na barra da Lagoa de Araruama e em sítios no entorno do Canal do Itajuru indicam sucessivas presenças de povos indígenas nesta região que, possivelmente há 1.800 anos, seria conquistada por guerreiros tupinambás. Alguns relatos tomam estes por selvagens, outros dão conta de que a sua adaptação ao lugar teria sido melhor do que a dos bandos nômades pioneiros, por serem dotados de maior presteza com as artes de domínio à época.

Por essa visão, os tupinambás teriam adquirido grande intimidade com a lagoa e os mares costeiros, tornando os frutos do mar a sua base alimentar e aproveitando a diversidade silvestre para a horticultura. Em especial, prezavam um tipo de pimenta gigante, e sal cristalizado, usados como ricos ingredientes na arte de temperar e conservar alimentos.

Octavio Perelló

O lugar e seus encantos nas denominações dos mais antigos

Apesar da confusão com os nomes tupis-guaranis, estudos etimológicos escla-recem os signifi cados. A autodenominação das tribos se dava com relação aos locais em que viviam. Os tupinambás no Rio de Janeiro, os tupiniquins no Espírito Santo e os tupinaés em São Paulo. Tamoios é um termo que vem depois, como uma denomi-nação dada pelos tupiniquins aos tupinam-bás, signifi cando os mais antigos.

Para os tupinambás a denominação des-ta terra seria Terra de Gecay, numa alusão ao tempero produzido com pimenta e sal. Segundo Abel Beranger, é provável que a denominação de Cabo Frio date da viagem de Gonçalo Coelho em 1504 (a mesma de Américo Vespúcio, em 1503/1504). O nome teria surgido pela primeira vez no mapa de Kunstmann III, em 1506, talvez pelo contraste sentido pelos navegantes - região fria em zona quente.

Outro pesquisador oferece a possibi-lidade de que a corrente fria, que ainda hoje corta o Cabo Frio e o Arraial do Cabo (ex-distrito de Cabo Frio), tenha surpre-endido os navegantes. Segundo Márcio Werneck, esta particularidade, na verdade uma corrente de águas frias que parte das

Malvinas e vem cortando a costa, não teria passado despercebida aos hábeis navegan-tes habituados às variações marítimas e justifi caria melhor a origem do Cabo Frio, notadamente por não se tratar de eminente região fria.

O encontro das civilizaçõesA necessidade de expansão dos cabos

ultramarinos no mundo mercantilista atraiu portugueses, franceses e ingleses em busca do cobiçado pau-brasil. A esta cobiça se contrapuseram os bravos tupinambás que vinham assombrando as naus portuguesas. Segundo pesquisadores a rivalidade indíge-na levou à aliança lusa-tupiniquim contra os tupinambás da região, o que culminaria no massacre destes e no distanciamento

Dos primeiros povos nômades à mitológica presença dos tupinambás

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PapiPress

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PEDRAS SULCADASOrigem desconhecida

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CIDADE, Novembro de 2008 21

IGREJA DE SÃO BENEDITORetrato do Brasil Colônia

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s

de sua memória na segunda metade do século XVI.

A “Confederação dos tamoios” fi xou-se na história colonial da cidade e sobreviveu aos dias atuais. Liderados pelo grande chefe Cunhambebe na região que hoje se localiza entre Ubatuba e Angra dos Reis, e em Cabo Frio sob a batuta do líder local Guaxará, os tupinambás seriam tristes protagonistas da “Guerra de Cabo Frio”, quando mais de dez mil índios teriam sido assassinados e 1,5 mil tornados prisioneiros.

O que revelam os vestígios arqueológicos

O que restou de arquitetura jesuítica é pouco, mas revela a eliminação da cultura tupinambá. Quantos aos vestígios arqueológicos, há na Praia do Forte, mais precisamente no Morro dos Índios e na Duna Boa Vista, ambos próximos ao Forte São Mateus, indícios de acampamentos de pesca e coleta de moluscos.

A Fonte do Itajuru e Morro da Guia se destacam. O primeiro por ter sido a única forma de abastecimento de água potável disponível na restinga, e o segundo por compor o sítio mais importante da região e um dos mais relevantes do Brasil pré-histórico, onde repousa o complexo de blocos de granito, com linhas riscadas e sutis depressões circulares, as pedras sulcadas que dão vida a muitas versões. A lenda o considera santuário da mitologia tupinambá, onde os índios cultuavam his-tórias de heróis feiticeiros que ao morrer se transformavam em estrelas que caíam do

FORTE SÃO MATEUSTestemunha da história recentePa

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céu sob a forma de pedras sagradas para serem venerados pelos povos.

Em “A escrita pré-histórica do Brasil”, Alfredo Brandão supõe se tratar de traços de civilizações primitivas. Koch Gruenberg e Alfredo de Carvalho, como lembra Abel Beranger, acusam linhas sem idéia pre-concebida. Beranger defende que os traços podem signifi car guia, marcos, a exemplo das interpretações de Stradelli sobre certas pedras no alto Uapés e Rio Negro. Um parecer da década de 1980, assinado pelas arqueólogas do Museu Nacional Maria da Conceição Beltrão e Lina Kneip, defende tratar-se o local de ofi cina lítica.

Mas a questão não foi encerrada. A possibilidade das pedras sulcadas originarem-se de chuva de meteoritos, como apontam alguns geólogos e pes-quisadores, pode aproximar o lendário da ciência. Não é difícil imaginar os índios assistindo à queda dos corpos celestes e construindo as suas interpretações aos mistérios da vida, sob um cenário de mar, lagoa e restinga de um lado, e de outro a extensa margem continental. Difícil é compreender como uma história tão rica navegue à deriva, sem que grandes e defi nitivos gestos garantam sua sobrevi-vência no futuro.

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22 CIDADE, Novembro de 2008

A Galope

m Cabo Frio a situação não é diferente. Em 1997 a cidade tinha 90 mil habitantes. Em 2005 eram 159.685 mora-dores, de acordo com dados do IBGE. O ritmo de cres-cimento aumentou muito nos últimos anos. Atualmente a população da cidade é quase o dobro do que era há 11

anos, de acordo com estimativas do governo municipal. Feliz-mente o PIB por habitante tem aumentado, assim como o índice de emprego, mas o êxodo de habitantes das grandes cidades em direção a Cabo Frio cria desafi os que devem ser enfrentados pelo governo municipal. Mais moradores signifi cam necessidade de mais escolas, creches, unidades de saúde, melhor ordenamento no trânsito, mais vagas para carros principalmente no centro da cidade e melhor infra-estrutura nas periferias. Se Cabo Frio não crescer ordenadamente a tendência é que o município passe a enfrentar problemas que não existiam quando a cidade ainda era considerada de pequeno porte.

O próprio secretário municipal de Indústria e Comércio, Ricardo Azevedo, vê com preocupação este crescimento. “Cabo Frio vem crescendo rápido demais. A média de crescimento populacional do Brasil é de 1,5% ao ano. Em Cabo Frio este crescimento é de 6%. A demanda por emprego tem aumentado muito”, informou Ricardo Azevedo. De acordo com o IBGE, em 1999, Cabo Frio ocupava o 226º lugar na classifi cação do PIB por habitante e em 2000 subiu para o 115º lugar. Em 2003, o município já havia saltado para 65º lugar em relação a outros municípios brasileiros.

Com relação ao nível de emprego, a cidade tem fechado os últimos anos com saldos positivos principalmente por conta da expansão no mercado imobiliário, mas vale ressaltar que alguns setores fecharam no negativo. De acordo com o Ministério do Trabalho, até junho de 2008, a construção civil foi o setor da economia que mais empregou no ano e registrou um crescimento de 21% em contratações. O mesmo aconteceu no ano passado quando o número de empregos no setor registrou aumento de 28,55%, seguido pelo comércio com aumento de 9,65% e o se-tor de serviços com 6,57%. O Ministério do Trabalho registrou um aumento total na oferta de empregos formais em 2007 em Cabo Frio de 7,98%, o equivalente a 1.800 novos empregos. Em 2006 o setor que mais empregou foi o de serviços de utilidades públicas com um aumento de 13,01%. O número de empregos no comércio cresceu 5,03%. E em terceiro lugar o setor que mais empregou, há dois anos, foi o de serviços, + 4,96%.

O crescimento populacional nas cidades do interior do estado do Rio de Janeiro tem surpreendido tanto os moradores quanto o Poder Público.

CARLOS VITOR MENDESSecretário de Governo A mola-mestra do nosso governo é investir no cidadãoTa

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DESENVOLVIMENTO

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e como conseqüência, crescimento popu-lacional e desenvolvimento sem planeja-mento, o que transformou Cabo Frio, quase

uma vila há poucos anos, em uma cidade de porte médio (159 mil habitantes segundo estimativa do IBGE/2005), vibrante e com todos os problemas dos aglomerados urbanos modernos. Se em muitos locais se agravam os problemas de ocupação do solo, saneamento, violência, por outro, novas luzes começam a surgir no horizonte.

E agora, parece que muito mais está por vir. Depois do aero-porto, a promessa da construção de um centro de convenções, a vinda do Club Med e a instalação de cursos de pós-graduação da UERJ, cursos do CEFET e da UFRJ são algumas das novidades previstas para os próximos anos que prometem alavancar ainda mais o progresso da cidade.

Qualifi car a mão-de-obra, criar empregos, atrair investimentos e estimular o empreendedorismo são algumas das metas destacadas pelo secretário municipal de Governo, Carlos Vitor da Rocha Men-des, a serem desenvolvidas para estimular a economia municipal. E todo este cenário, se bem aproveitado pelo poder público, pode gerar o maior de todos os benefícios: diminuir a dependência dos royalties do petróleo.

Segundo o secretário Carlos Vitor, a vinda de novos investi-mentos e a abertura de novas empresas signifi cam mais ICMS, ISS e mais receita para o município. De acordo com o secretário de Turismo de Cabo Frio, Gustavo Beranger, o atual governo já conseguiu diminuir em 10% a dependência dos royalties do petróleo com o aumento na arrecadação. Segundo ele, 54% da receita da prefeitura eram de royalties. “Atualmente este percentual baixou para 44%”.

Diminuir a dependência dos RoyaltiesO secretário de Governo vai mais além, e diz que pretende

baixar esta dependência para valores entre 20% e 30%. Como as expectativas apontam para grandes investimentos, a meta pode se tornar possível. O Club Med é um exemplo de empreendimento que deve engordar a receita do município com impostos. De acordo com o presidente do Club Med para a América Latina, Janyck Doudet, “em termos de tributos, o Club Med normalmente se torna um dos maiores recolhedores de impostos da região, além de contribuir na geração de empreendimentos de suporte a operações”. Além disso, o aeroporto internacional de Cabo Frio que já vem gerando receitas com o recebimento de cargas, deverá ter esse potencial ampliado com o projeto que a prefeitura tem de criar um pólo industrial na área.

Carlos Vitor lembra que para estimular pequenos e médios investidores a prefeitura deve criar no fi nal do próximo ano o Fun-decaf (Fundo de Desenvolvimento de Cabo Frio), uma espécie de banco popular para incentivar investimentos em empresas de até R$ 1 milhão. Outra atividade que a prefeitura pretende incentivar é a pesca. Para isso, a indústria da pesca vai ganhar um local específi co que facilite o benefi ciamento e a exportação do pescado.

Segundo o secretário o município está elaborando um novo Plano Diretor em substituição ao antigo de 1970, já inteiramente defasado. Para a periferia, de acordo com Carlos Vitor, a intenção é trabalhar a infra-estrutura básica melhorando a educação, o transporte, a saúde, habitação e o saneamento. “A mola-mestra do nosso governo é investir no cidadão de Cabo Frio. Com emprego, educação e serviços públicos o cidadão de Cabo Frio vai crescer junto com cidade”, afi rma.

Primeiro vieram os royalties do petróleo

RICARDO AZEVEDOSecretário de Indústria e Comércio A média de crescimento populacional do Brasil é de 1,5% ao ano. Em Cabo Frio este crescimento é de 6%

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PRAÇA SANTO ANTÔNIOCentro de Cabo Frio

VISTA AÉREA de Cabo Frio

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desenvolvimento de Cabo Frio tam-bém pode ser percebido no comér-cio. O vice-presidente da Associação Comercial, Industrial e Turística de

Cabo Frio (Acia), Eduardo Rosa, estima

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um aumento de 40% no número de es-tabelecimentos comerciais da cidade nos últimos cinco anos. Este crescimento no comércio de Cabo Frio pode ser percebido também através do aumento no número

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Comércio no centro de Cabo Frio

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CIDADE, Novembro de 2008 25

EDUARDO ROSAVice-presidente da ACIA O empresariado local quer participar mais destes grandes investimentos

de consultas feitas pelos comerciantes ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Em setembro de 2008 foram feitas 4.617 con-sultas ao SPC, 21% a mais que no mesmo período do ano passado.

Apesar dos grandes shoppings ainda não terem chegado ao município, é fácil perceber a mudança no setor, com oferta de serviços e produtos mais diversifi cados e com a instalação de grandes lojas de rede.

“São números positivos que indicam o crescimento no comércio de Cabo Frio. Um exemplo é o meu ramo, o de madeireira. Há cinco anos existiam seis na cidade, hoje são 15 lojas do tipo”, afi rmou Eduardo Rosa. Crescimento na concorrência, ganho para o consumidor. Por outro lado os comer-ciantes vêem com preocupação a chegada de grandes empreendimentos à cidade. Eduardo Rosa acha que a Prefeitura deveria criar mecanismos que incentivassem os grandes empreendedores a consumir os produtos locais. “Estão para ser construí-dos na cidade pelo menos dois shoppings e um grande resort. Já temos grandes cons-trutoras de fora de Cabo Frio trabalhando na cidade. Corremos o risco de não termos

nenhum benefício com estas construções. O empresariado local quer participar mais destes grandes investimentos. A prefeitura poderia, por exemplo, dar descontos no IPTU destes grandes empreendimentos se eles consumirem no nosso comércio”.

Apesar da maré de boas notícias, muitos comerciantes ainda sofrem com a sazonalidade. Na baixa temporada alguns segmentos sofrem queda nas vendas de 40% a 50%, de acordo com a Acia. “Nós percebemos uma grande melhora, mas a prefeitura ainda pode desenvolver mais atividades fora da temporada. Muitos comerciantes ainda dependem da alta tem-porada”, diz ele. Para incrementar ainda mais o comércio o vice-presidente da Acia sugere que sejam criados outros incentivos ao consumo e a criação de cooperativas para desenvolver a mão-de-obra local.

Mariana Ricci

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ESPECIAL DE CABO FRIO

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UM passo à frente Texto e fotos: Loisa Mavignier

RESPONSABILIDADE SOCIAL

s histórias se parecem. Um cotidiano de luta, ne-cessidades materiais, psicológicas e existenciais. Cidadãos brasileiros, castigados pela trajetória socioeconômica, pela falta de capacitação e de oportunidades de trabalho. Perfi l que por si só de-

sequilibra famílias formando uma barreira, supostamente, intransponível para a sobrevivência. Um quadro difícil de mudar sem um árduo trabalho, mas não impossível. É acreditando nessa possibilidade que centenas de pessoas batem à porta do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), em Cabo Frio, à procura do apoio neces-sário para manter de pé a dignidade e encontrar meios para continuar percorrendo a trilha, ainda esburacada, que leva à plena cidadania. Muitos já estão a caminho; outros aprendendo a andar, mas todos querem essa es-trada saneada na Região dos Lagos e no país.

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CIDADE, Novembro de 2008 29

Maria Cristina Julião da Silva, 51 anos, andava depressiva, chorosa e sem perspectiva de vida. Há sete meses decidiu procurar ajuda no CRAS do Jardim Esperança. Fez um curso de sabonete artesanal e depois o de découpage, técnica de colagem, pintura e textura em caixas de madeira ou MDF. Hoje, a produção de caixinhas já garante a compra da “mistura” (carnes) de parte do mês e também serviu para ocupar o marido aposentado, Maro Alencar Almeida, 63 anos. Sem recursos para comprar material, além do fornecido pelo Centro, ele cata restos de madeira nas marcenarias e faz as caixas que ela

pinta e vende. “Procurei o CRAS como terapia para a depressão. Fiz os cursos e aí virou uma coisa para ajudar em casa. Vendo baratinho, mas vendo tudo. Com o dinheiro vou ao mercado e compro a mistura. Quando recebe o dinheiro dele meu marido compra tudo, mas lá pelo dia 20 acaba e é preciso repor. Com o extra das caixas terminamos o mês”, diz Maria Cristina, feliz em não fi car sem a “mistura” que tanto gosta e bem longe da depressão. A fi lha dela de 15 anos freqüenta a ofi cina de dança no mesmo núcleo social desde 2007. “Quero que ela ocupe a mente”, ressalta a artesã.

Três histórias, diferentes destinos, uma mesma realidade

Roberta Bernardo Conceição, 27 anos, se reveza todos os dias com o marido Cristiano Pereira Gomes, 32 anos, para abrir a mini lanchonete no bairro Monte Alegre. Um negócio pequenininho, onde os moradores compram bolos e salgados quentinhos feitos por ela. Com dois fi lhos de 4 e 8 anos, ambos freqüentando escolas municipais – a creche Maria Emília e a Escola Municipal Aquires, no mesmo bairro, o casal, que sobrevivia do verão, vendendo bebidas na praia, está confi ante no micro negócio. Um passo possibilitado pelo curso de Panifi cação

feito por ela no CRAS Monte Alegre. “Abri por intuito porque fora do verão não tenho onde trabalhar. Vendo bem. Com o dinheiro que entra dos salgados já reponho algumas mercadorias, compro frutas para as crianças e o rendimento ajuda na manutenção da casa”, diz Roberta, exibindo um largo sorriso. Ela continua no curso de Panificação para se aprimorar. Antes fez o curso de bordado, mas se identifi cou mais com a produção de pães. Mesmo, mesmo assim, continua bordando peças por encomenda o que lhe rende mais um dinheirinho.

Delciana Baptista Ramos, 28 anos, hoje é uma especialista no artesanato com jornal. Há mais de dois anos ela freqüenta a ofi cina do CRAS no Manoel Corrêa. Exemplo de perseverança e de quem sabe aproveitar a “linha e o anzol” para pescar o próprio sustento, uniu forças com o marido trabalhador braçal, e com a venda do artesanato, comprou um terreno à prestação por R$ 1.500. Com quatro fi lhos, eles perceberam a necessidade de ampliar um pouco a casinha onde vivem no alto do bairro Manoel Corrêa. “Vinha para o CRAS durante o dia e ainda levava material para fazer em casa para produzir mais. Não tinha hora para

parar, trabalhava até de madrugada. A vontade de ganhar aquele dinheiro com meu suor era muito grande. Oferecia as peças para as pessoas no bairro. Fomos pagando o terreno por quinzena e, às vezes, ainda dava para pagar a conta de luz e outras coisinhas. Hoje o terreno já está murado”, diz, com orgulho, enquanto as peças secam no pequeno quintal conquistado pela família. Delciana não parou aí. Está trabalhando muito para garantir o Natal para os fi lhos. Além disso, ela recebe R$ 112, 00 do Bolsa Família; a fi lha de 11 anos faz balé no mesmo CRAS, e um dos fi lhos está na creche da Escola Municipal Manoel Mendes.

ROBERTA E CRISTIANO, confi antes na venda dos salgados

DELCIANA no quintal comprado com a venda do artesanato

MARIA CRISTINA com ajuda do marido Maro produz as caixas...

a renda extra garante a “mistura” no fi m do mês

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30 CIDADE, Novembro de 2008

CRASUma porta para a emancipação social

Bijuterias de escamas de peixes

Aulas de dança ampliam o Espaço de Possibilidades para jovens

Tapeçaria em rejeito de lycra

Atividades em grupo, uma terapia para os idosos

Panifi cação, aprendizado sem máquina, onde os usuários possam fazer a massa em casa

As histórias de Roberta, Delciana e Maria Cristina mostram que inclusão e res-ponsabilidade social caminham juntas e, se praticadas, geram resultados. Isso quando o Estado, na fi gura de governos muni-cipal, estadual e federal, se faz presente nas comunidades, não como mera muleta, mas realizando um trabalho integral de recuperação e estímulo da capacidade do ser humano. Com a missão de capacitar e promover a emancipação de pessoas social-mente vulneráveis, de 2005 a 2008, foram criados em Cabo Frio-RJ, seis Centros de Referência de Assistência Social (CRAS). Hoje são 1.800 famílias cadastradas nesses núcleos; e nos últimos quatro anos, cerca de 30 mil pessoas receberam atendimento social emergencial, de acordo com dados do Departamento de Proteção Social Bá-sica (DPSB) do município.

Nas ofi cinas artesanais desenvolvidas nos núcleos de geração de renda, cada um faz a sua parte nos trabalhos em grupo. E o maior valor agregado das peças que nas-cem nos CRAS, além da beleza, do sabor e da utilidade, é ser a mais pura expressão das comunidades cabo-frienses, que em detrimento da dura realidade, têm a chance de redesenhar o seu próprio destino. Nos projetos de assistência social a Prefeitura de Cabo Frio injetou de 2005 para cá mais de R$ 8,1 milhões, com contrapartida do governo federal de R$ 1,1 milhão, segundo informações do DPSB.

A rede deu tão certo que a meta do prefeito de Cabo Frio, Marcos Mendes, é implantar até 2012 mais 10 CRAS nos bairros de maior vulnerabilidade social. “Vamos, inclusive, realizar um censo para quantifi car o número de famílias na faixa de vulnerabilidade social no município”, afirma a diretora do Departamento de Proteção Social Básica, Thereza Christina Cariello Mesquita.

A variedade, qualidade e originalidade dos produtos que saem das ofi cinas surpre-endem. Nelas se produz de tudo um pouco - tapetes de rejeito de lycra, artesanato em feltro, sabonete e velas decorados,

doces e compotas, chocolate, découpage, patchwork, tear, bonecos, pintura e biscuit na cabaça, pintura em tecido, peças custo-mizadas, panifi cação, artesanato em jornal e garrafas PET, marcenaria e carpintaria, pintura country, silk, mosaico, culinária e bijuterias em escama de peixe, enfi m.

É um mundo de cores e formas que dão vida a centenas de vidas. Todo material é fornecido pela prefeitura, que fi nancia a maior parte do programa e seus projetos. “A contrapartida da prefeitura é bem maior do que o governo federal porque aqui os projetos foram sendo ampliados e são mais abrangentes”, enfatiza o secretário de Go-verno da Prefeitura de Cabo Frio, Carlos Victor da Rocha Mendes.

Os moradores das comunidades têm nos CRAS uma extensão de suas casas. Podem sair e voltar quando têm vontade. Alguns entram, fazem os cursos e saem, mas os fi lhos participam de atividades só-cio educativas do ProJovem Adolescente; e os idosos do Feliz Idade. Com o projeto Espaço de Possibilidades, grupos de jovens de 15 a 17 anos freqüentam as ofi cinas socioeducativas.

Atualmente 1.320 freqüentam os núcle-os. Nas palestras e dinâmicas em grupo, as novas gerações das comunidades podem trabalhar melhor sua realidade social e desenvolver potenciais criativos.

Em 2008 a exposição dos produtos do CRAS, foi intitulada “Cabo Frio, minha terra amada”, numa referência não só aos valores e belezas naturais da terra como também à inclusão dos usuários no cotidiano produtivo da cidade. Nesse verão, a mostra, que acontecerá em dezembro, chega com um diferencial: o olhar antenado de designs e estilistas para o mercado consumidor. A novidade da coleção, que declara amor à cidade, é a integração das ofi cinas.

Made in CRASRompendo fronteiras

O cuidado na produção já está rendendo encomendas às ofi cinas. Um empresário de Angra dos Reis viu nas peças dos CRAS um potencial comercial e passará a ven-dê-las para os turistas daquele município. A instrutora de customização e assistente social do CRAS Monte Alegre, Lucia Pinto de Oliveira, está satisfeita em ver sua turma ultrapassando as fronteiras do município. “Um grupo que já se formou está tentando criar uma cooperativa. Incentivamos a as-sociação, pois muitas aprendem, mas não se sentem seguras para caminhar sozinhas. O lojista quer quantidade e, juntas, elas

RESPONSABILIDADE SOCIAL

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CIDADE, Novembro de 2008 31

No tear, usuárias do CRAS traçam os fi os do seu destino

Peças em madeira ‘exportadas’ para loja em Angra dos Reis

Arte com jornal gera renda para muitas usuárias

Uma Fábrica de Presentes será insta-lada na Mostra de Natal que a Secretaria de Assistência Social fará de 10 a 22 de dezembro, na sede do Charitas, no Centro de Cabo Frio. O público poderá comprar tudo que se produz nos CRAS. A renda integral da venda é para os usuários. A meta da prefeitura é estimular a formação de associações e cooperativas para ter um ritmo maior de produção e comercializa-ção. Para isso, já fi rmou convênio com o SEBRAE e já está sondando o Banco do

Brasil, de olho no microcrédito para futuras associações dos alunos. “Além de oferecer a mão-de-obra das ofi cinas para o setor de moda, nossa meta em 2009 é abrir uma loja no Centro de Cabo Frio, criando um espaço permanente para a venda dos produtos que, hoje são comercializados nas mostras ou por encomendas. Isso dará um retorno mais rápido para os usuários e incentivará a formação das associações, que é a nosso objetivo”, ressalta a coordenadora de Ge-ração Trabalho e Renda das ofi cinas dos CRAS, Sigrid Lima.

ganham força e credibilidade no mercado”, explica Lucia.

A cada relato de suas trajetórias, usu-ários dos CRAS levantam uma bandeira simbólica para lembrar que responsabi-lidade social não cabe só ao Estado, mas é dever de todos. A presença efetiva do poder público na vida das comunidades socialmente vulneráveis, não se resume ao assistencial, também é uma ação pre-ventiva que evita maiores riscos sociais, em benefício de toda a sociedade. A prova

disso é o trabalho paralelo do Centro de Atendimento de Referência Especial (CRES), realizado pelo município em parceria com os governos federal e es-tadual. É lá que são atendidos os casos de violência, abuso e exploração sexual, medidas socioeducativas, liberdade assis-tida, prestação de serviços à comunidade, idosos e crianças vítimas de maus tratos e abandono, moradores de rua, risco pessoal e social, violação de direitos, dependência química e vítimas de homofobia.

Fábrica de Presentes

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32 CIDADE, Novembro de 2008

entenas deles começam a chegar de bicicleta, a pé e até em caminhões por volta das 05h30. Praticamente sem reduzir a marcha, pegam o

ticket na entrada, seguem para o balcão super higienizado, onde funcionários uni-formizados entregam gratuitamente o Kit Café do Trabalhador. O ritmo é industrial, e leva cerca de 30 segundos para que os usuários saiam dali levando um pão com manteiga, em saco plástico selado, e uma garrafi nha de café com leite, quente. Uma cena que se repete há cerca de três anos na Av. Wilson Mendes, sentido a ponte

CAFÉ DO TRABALHADORsistema delivery e 30 mil kits por mês

Feliciano Sodré, que leva ao Centro de Cabo Frio.

Implantado e custeado com recursos da Prefeitura de Cabo Frio, o Café do trabalhador atende uma demanda média de 1.520 trabalhadores por dia, das 05h00 às 07h30, de 2ª a 6ª feira. São em média 30 mil kits Café do Trabalhador por mês. E por determinação do prefeito Marcos Mendes, com direito a “Bom Dia” na en-trega do ticket, na porta, e também do kit café, no balcão.

O projeto que hoje custa a prefeitura cerca de R$ 65 a 70 mil mensalmente deu tão certo, que o prefeito já planeja ampliá-lo para atender os trabalhadores de outros conglomerados de bairros de Cabo Frio.

A afi rmação é do secretário municipal de Governo, Carlos Victor da Rocha Men-des. A empresa terceirizada, que presta serviços no Café Municipal, possui sete funcionários, e uma guarda municipal fi ca a postos para dar segurança ao patrimônio público. “A área do Café do Trabalhador foi desapropriada, planejada e construída com recursos do município. Qualquer trabalhador tem acesso ao Café gratuito. É um sistema delivery. Pega e sai”, explica Carlos Victor.

De acordo com Flávio Lages, que junto com Carlos Henrique Silva Guimarães, administra o Café do Trabalhador, antes

Fila começa a se formar a partir das 5 horas da manhã

Tatiana Grynberg

RESPONSABILIDADE SOCIAL

Loisa Mavignier

C

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CIDADE, Novembro de 2008 33

de assumir o gerenciamento do projeto, visitaram um café público semelhante em Bangu-RJ. Mas lá, o café, embora cus-tasse centavos, era pago. “Aqui tem um diferencial, é grátis. E sem burocracia de cadastramento. Eles saem de casa no limite da hora e ninguém quer perder tempo”, ressalta. Segundo dados da gerência, 90% dos trabalhadores benefi ciados pelo projeto são da construção civil e chegam à sede de bicicleta. Mas é comum, caminhões de construtoras, lotados de funcionários, passarem para pegar o kit.

“Muitos fariam a sua primeira refeição no almoço que levam na marmita para o trabalho. O café garante a primeira alimen-tação do dia. Isso é gratifi cante”, diz Flávio

Lages. Ele explica ainda que o trabalhador pode optar apenas pelo café puro, e açúcar ou adoçante. Embora a sede tenha mesas para aqueles que queiram comer ali mes-mo, só os trabalhadores noturnos quando voltam para casa pela manhã utilizam essa estrutura.

O pedreiro Jorge da Silva Rosa, há mais de um ano passa todos dos dias para pegar o café do Trabalhador. “Não dá tem-po de tomar café em casa. Às vezes estou sem dinheiro e o kit ajuda muito”, diz, apressado, na saída do Café do Trabalha-dor, onde, devido à rapidez do sistema, é difícil até para entrevistar alguém.

Ritmo industrial30 segundos para ser atendido

Loisa Mavignier

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34 CIDADE, Novembro de 2008

MEIO AMBIENTE

ompletando 393 anos de fundação e 505 anos de história, Cabo Frio provavelmente trouxe deslumbre aos olhos de seus primeiros visitantes.

Dá pra imaginar a cena. Uma natureza exu-berante, belíssimas praias, seqüenciadas pelo Canal do Itajuru, formando a Laguna de Araruama.

Na década de 60, houve novo “desco-brimento” da cidade, com o “boom” da atividade turística, intensifi cada na déca-da seguinte com a construção da Ponte Rio-Niterói, trazendo um desafi o até hoje não muito bem resolvido: como conciliar desenvolvimento urbano com preserva-ção dos bens naturais, afi nal de contas nossa maior riqueza e fator de atração de visitantes?

Por enquanto, a história parece repetir a de outros “paraísos tropicais”. Alguns “vanguardistas” descobrem o local, que logo vira moda. Em seguida, a especulação imobiliária chega e aos poucos descarac-teriza o cenário. E aqueles primeiros a chegar, trocam de destino, e partem para outras praias.

Beleza ameaçadaDe acordo com o professor Guilherme

Borges Fernandez, doutor em geografi a, e que recentemente esteve na cidade parti-cipando da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, hoje, as belezas naturais de Cabo Frio encontram-se ameaçadas pelo crescimento populacional, que apesar dos esforços governamentais, ainda acontece de forma desordenada.

“A vegetação natural da cidade, que é a restinga, já começa a rarear e é encontrada agora em apenas alguns pontos específi cos. As dunas no caminho para Arraial do Cabo sofrem com a ocupação da Praia do Foguete, as do Peró têm um projeto de ocupação que se encontra em andamento. Felizmente, a duna-mãe, conhecida como duna preta, hoje encontra-se cercada e parece preservada de futuros ataques. As praias não possuem bocas de esgoto, mas o Canal do Itajuru hoje está poluído, causando refl exo na Praia do Forte, de acordo com o fl uxo da maré. Enfi m, as belezas naturais da cidade encon-tram-se ameaçadas”, lamentou.

Bonita por Nat u

César Valente

Renato Silveira

CANAL ITAJURU Esgoto ainda é despejado em suas águasPapiPress

DUNAS DO PERÓ Beleza ameaçada pela ocupação imobiliária

C

César Valente

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CIDADE, Novembro de 2008 35

t ureza

GUILHERME BORGES FERNANDEZ, geógrafo As belezas naturais da cidade encontram-se ameaçadas

Papi

Pres

s

DORMITÓRIO DAS GARÇASUm Parque Municipal para preservar o manguezal na Lagoa de Araruama

Lagoa em fase de recuperaçãoMas nem só de dunas, restingas e

praias se resumem as belezas naturais de Cabo Frio. A Laguna de Araruama, chamada erroneamente de lagoa pela quase totalidade de seus habitantes, sofreu com a ocupação imobiliária e todo o esgoto da cidade era (uma parte ainda é) canalizado “in natura” para as suas águas. Hoje, o lado direito do canal Itajuru, em cabo Frio já trata seu esgoto, em tempo seco (quando chove muito, ele é lançado na lagoa de uma vez só, causando problemas como mortandade de peixes), e o lado esquerdo em breve terá seu esgoto recolhido e levado para tratamento na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) que está sendo construída no bairro Jardim Esperança, e que prevê

o lançamento de seus efl uentes não mais na lagoa e sim no Rio Una.

Rio Una Pouco conhecido pela grande maioria

da população, o Rio Una sofre hoje com problemas de perenização (seu curso não é completo, em alguns locais ele não exis-te mais). Descrito no livro “O Homem e a Restinga” de Alberto Lamego, como um rio que apresentava “imensas planícies embrejadas”, sofreu com a drenagem desses brejos pelo DNOS em 1940, o que modifi cou radicalmente seu curso. De acordo com estudos do Consórcio Am-biental Lagos São João, o lançamento dos efl uentes da ETE do Jardim Esperança no seu leito, ao invés de trazer problemas, poderá ser a solução para o rio.Guilherme cita o arquipélago de

Fer nando de Noronha com exemplo de destino turístico com ocupação racional e sugere que políticas semelhantes devam ser adotadas em Cabo Frio, principalmente em locais de APP (Áreas de Preservação Permanente), com dunas.

“As dunas não podem sofrer nenhum tipo de ocupação devido a sua própria natu-reza. Temos em Cabo Frio o cenário perfei-to para a sua formação, ventos constantes na direção nordeste, grande quantidade de areia oriunda do mar e muita área de expan-são. Ocupar área de dunas fere a legislação ambiental e pode ser prejudicial até mesmo para seus ocupantes, pois o movimento de areia é constante”, informou.

Guilherme, que desenvolveu seu proje-to analisando a costa local, de Cabo Frio a Búzios, sugere que, para manter Cabo Frio uma cidade ainda interessante para seus visitantes, que se respeite a lei ambiental vigente no país.

“Não precisa de muita coisa. Basta que sejam respeitadas as leis preservacionistas. Acho que Cabo Frio pode se desenvolver turística e urbanisticamente utilizando áreas degradadas como salinas desativadas, pois não tenho dúvidas que o destino fi nal delas será mesmo a ocupação. Assim, poderemos salvar o que restou da restinga e manter as dunas intactas”, explicou.

César Valente

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DESTINO CABO FRIO

duplicação da RJ-106, estrada que liga a ViaLagos (principal via de acesso a Região dos Lagos) à cidade, a ampliação do aeroporto

municipal e a inclusão de Cabo Frio no roteiro dos transatlânticos são os mais evi-dentes. Mas o governo municipal garante que outras ações ajudaram a trazer mais turistas e a encontrar o caminho para o tão almejado “turismo de qualidade”.

“O que mudou em Cabo Frio foi o conceito de turismo”. A afi rmação é do secretário municipal de Turismo de Cabo Frio, Gustavo Beranger. Para ele, mudar o perfi l do turismo na cidade signifi ca gerar mais renda e emprego para a população

T U R I S M O

local. Combater a sazonalidade foi um desafi o enfrentado por vários governos apesar de muitos prefeitos saberem que a receita poderia estar na criação de um calendário de eventos durante todo o ano, priorizando a baixa temporada.

Cabo Frio como marcaGustavo Beranger acredita que o

pontapé inicial para a mudança foi dado exatamente com o sucesso da primeira Festa Portuguesa em 2005. De lá para cá várias festas foram organizadas nos meses que seriam de fraco movimento de turistas e passaram a fazer parte do calendário mu-nicipal. Além da Festa Portuguesa, estão na quarta edição eventos como o Festival de Dança, o Festival de Mariscos do Peró e o Festival de Camarão da Praia do Siqueira,

todos criados para atrair turistas na baixa temporada. Mas esses eventos

não teriam tanto sucesso se não tivessem sido divulgados. Sabendo da importância da propaganda, a Prefeitura gastou nada menos que seis milhões de reais em três anos e meio com a divulgação da marca Cabo Frio e de todos os atrativos da cida-de em eventos como feiras e congressos. “Divulgamos Cabo Frio em mais de 50 encontros de turismo e negócios”, ressaltou Beranger.

Descentralização das atraçõesOutra ação da prefeitura foi a descen-

tralização dos eventos. A praia do Forte e o centro da cidade deixaram de ser o palco principal para as atrações. “A construção do centro de eventos e da Morada do Samba levaram os grandes eventos para outras áreas da cidade e permitiram que o centro e a Praia do Forte passassem a ter um pouco mais de tranqüilidade no dia-a-dia”, explicou o secretário.

Rosa School

GUSTAVO BERANGERSecretário de Turismo O que mudou em Cabo Frio foi o conceito de turismo

O número de turistas que visitam Cabo Frio aumentou em 20% nos últimos três anos, segundo dados do governo municipal. E não é preciso muito esforço para perceber o desenvolvimento do setor e alguns dos motivos que levaram a esta melhora.

A

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CIDADE, Novembro de 2008 37

PapiPress

Dentro dessa orientação, pela primeira vez um bairro popular foi agraciado com a inclusão de um evento no calendário mu-nicipal: a Festa Nordestina, que é realizada no Jardim Esperança. A prefeitura também investiu na construção de um ginásio polies-portivo em Tamoios, no segundo distrito, para a realização de grandes eventos tam-bém para os moradores da área rural. “A in-tenção é descentralizar as festas e fazer com que os moradores de outros bairros também usufruam dos eventos e dos ganhos que eles proporcionam”, diz o secretário.

“Turismo é tudo”Beranger lembra, entretanto, que “turis-

mo não é só festa, turismo é tudo”. Segundo ele, os turistas gostam de encontrar uma cidade limpa, organizada, com infra-es-trutura e segurança. “Por isso visitam e voltam a Cabo Frio”. De acordo com ele, o governo atual dobrou o efetivo da Guarda Municipal e conta hoje com 750 guardas. “Além disso, devolvemos aos banhistas uma praia do Forte livre de quiosques e protegida”. Segundo o secretário, foram retirados 165 quiosques da

areia de um dos mais bonitos cartões postais da Região dos Lagos.

A melhoria no acesso à cidade através da melhoria das estradas e da ampliação do aeroporto também foi decisiva para o de-senvolvimento. O aeroporto internacional de Cabo Frio se tornou o segundo maior do Estado do Rio de Janeiro e pode receber “qualquer avião de grande porte, inclusive, é claro, vôos internacionais”.

A inclusão de Cabo Frio no roteiro dos transatlânticos é considerada mais uma prova de que o perfi l do turismo na cidade está diferente. Apesar de alguns considera-rem que o visitante que chega a Cabo Frio de navio pouco gasta na cidade, por passar apenas algumas horas em terra, a novidade foi festejada pelo Poder Público. Desde 2005, Cabo Frio, segundo Gustavo Be-ranger, recebe em média 20 transatlânticos durante a alta temporada. Nesta temporada a previsão é de que 14 navios façam escala na cidade trazendo mais de 27 mil pessoas. Calcula-se que cada um destes turistas gaste em média R$200 em cada visita, mas o melhor para o turismo é a expectativa de que este visitante volte à cidade em outra ocasião. “É uma espécie de vitrine. O turista conhece rapidamente, gosta da cidade e volta para fi car mais tempo e até recomenda a amigos. Este é o turista que nos interessa muito”, acredita o secretário, lembrando que a cidade já recebe um dos transatlânticos mais luxuosos do mundo o Splendour of the Seas. A única ressalva feita pelo secretário é a falta de um porto protegido em Cabo Frio. Como os navios

têm que parar em alto mar algumas vezes a parada tem que ser cancelada quando as condições não são boas. “No ano passado três navios tiveram que seguir viagem por causa das condições do mar”, lembrou.

Novas açõesPara incremento ao turismo, o Poder

Público municipal pretende construir, ain-da em 2009, um centro de convenções. O projeto conta com US$ 7,5 milhões vindos do Prodetur (Programa Nacional de De-senvolvimento do Turismo) e uma área às margens da lagoa de Araruama, na estrada dos Passageiros, uma das prin cipais vias de acesso a cidade, já está re ser vada. “A área para a construção já foi desapropriada e paga”, ressalta Gustavo Beranger. Outra novidade é a intenção de transformar Cabo Frio na cidade da Música Popular Brasileira. A idéia é escolher um mês e neste período trazer várias atrações da MPB para a cida-de. Para os amantes do estilo, o secretário adianta que “deve ser em maio”.

Com o aumento no número de turistas a rede hoteleira, que ainda é pequena, pre-cisa também se aperfeiçoar. Atualmente a cidade conta com seis mil leitos em hotéis e pousadas, mas a prefeitura pretende criar incentivos para o incremento do setor. Adequar a lei de incentivos fi scais de 2001 à nova realidade também está nos planos da prefeitura. “A lei incentiva grandes em-preendimentos e vamos passar a estimular os de médio porte, e também a reforma dos estabelecimentos já existentes”, afi rma.

Calçadão da Praia do Forte

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emplo da boemia cabo-friense há algum tempo, o Boulevard Canal tornou-se também o point da gastro-nomia. Traçando uma linha divisória

imaginária, percebe-se nitidamente que a partir do Shopping do Canal até a esquina do ponto de taxi, há uma vocação para as noitadas. Do outro lado, uma série de restaurantes faz a alegria de quem quer apenas desfrutar de um bom prato ao lado da família, parceiro(a) e amigos. Dentro dessa variada gama de opções, a cidade foi premiada com a reforma de dois desses estabelecimentos, os tradicionalíssimos Tia Maluca e Picolino, que vão encarar a alta temporada com cara nova, mas mantendo a excelência de seus serviços.

Com 30 anos de tradição, as mudanças no restaurante Picolino, hoje dirigido pela chef Denise Linhares, a princípio cau-saram polêmica na cidade. Muita gente achou que o prédio, que apesar do estilo colonial, não era tombado por nenhum órgão municipal, estadual ou federal, seria descaracterizado, e o pior, a cozinha passaria por transformações que trariam perda de qualidade.

A nova proprietária não se abateu com as críticas e tocou seu projeto, segundo ela, mais do que necessário para manter o restaurante em funcionamento. De acordo com Denise, a cozinha estava defasada, até mesmo no sentido de atender às normas da Vigilância Sanitária e as instalações em si eram problemáticas, devido ao tempo de construção do prédio.

“Pegamos o Picolino no fi nal do ano passado e trabalhamos nele daquele jeito mesmo, até para vermos aonde tinha que ser mexido. Terminado o verão, iniciamos as reformas mantendo o compromisso com os funcionários de readmiti-los após o término da obra, exatamente o tempo deles receberem o seguro-desemprego e retornarem. Hoje temos uma cozinha mais ampla, mantivemos os pratos que fi zeram a história do restaurante e para quem faz

A estrutura se renova

Picolino e Tia Maluca, de cara nova, se adequam às novas exigências do mercado

TIA MALUCAReforma para fi car com jeito de casa de praia

GASTRONOMIA

Renato SilveiraFotos Tatiana Grynberg

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questão do formato antigo, mantivemos um espaço que chamamos de “salão colonial”. Na parte de cima, tudo novo”, explicou a chef.

Para Denise, o importante é manter a freqüência dos chamados habitués do Pico-lino e, ao mesmo tempo, atrair novos clien-tes de uma Cabo Frio que vem mudando a

PICOLINOMudanças preservaram a beleza do estilo arquitetônico e a qualidade do cardápio

cada dia. Foi também necessário destruir o mito de que ali é um lugar caro.

“Tenho certeza que o preço do Picolino está totalmente dentro dos padrões de um restaurante do seu nível, com atendimento exclusivo e pratos de qualidade, com es-pecialidade em frutos do mar e carnes no-bres. Hoje, estamos trazendo para cá uma

clientela também mais jovem, que olhava o restaurante com olhos de “aí não posso pagar”. Temos o bar, onde o cliente não se sente na obrigação de jantar e muitas vezes ele acaba entrando e comendo. A idéia é ser um lugar onde as pessoas passem a noite e não apenas comam e vão embora”, garante Denise.

RESTAURANTE DO ZESem reformas para servir a picanha mais famosa da cidade

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Segundo ela, o Picolino trabalha

com as mesmas 300 opções de cardápio montado pelos antigos proprietários, mas o menu é bem mais reduzido, dando a oportunidade ao cliente de “montar” seu prato.

“Mantivemos os molhos, mudamos alguns peixes, inserimos novas carnes, ti-ramos a picanha, porque acho que aqui não é o caso desse prato, e na minha avaliação, desde que reabrimos em agosto, estamos tendo sucesso. O restaurante ainda está sendo montado, não temos ainda tudo que idealizamos, mas até o fi nal do ano, quando o movimento vai aumentar bastante, estará tudo pronto”, afi rmou.

Tia Maluca e sua casa de praiaQuando Milton Roberto, o careca mais

famoso do Boulevard Canal e, quem sabe, até de toda Cabo Frio abriu, há dez anos, o seu empreendimento gastronômico cha-mado de Tia Maluca, ele tinha apenas duas portas. Várias reformas vieram até esta última que manteve o restaurante fechado por 51 dias.

De acordo com Milton, que freqüente-mente pode ser visto sentado em uma das mesas ao ar livre montadas no calçadão oposto do Boulevard Canal, a idéia de seu arquiteto foi fazer do Tia Maluca uma espécie de casa de praia. Do lado de fora, pouca mudança, devido a padronização em vigor no local.

“Durante os 51 dias de obra, meu ta-pume expunha uma obra do artista local Torres do Cabo. No lado de dentro do restaurante há uma exposição permanente de arte. Acho que o Tia Maluca é isso, um point etílico-gastronômico-político-artísti-co de Cabo Frio”, festejou.

Em relação à cozinha, nenhuma novi-dade, a não ser no espaço físico. Segundo Milton, seus clientes estranhariam qual-quer novidade ou mudança. O carro-chefe continua sendo a picanha na tábua, mas ele gostaria que isso fosse revisto.

“Tenho uma larga opção de pratos em frutos do mar, mas as pessoas, ao verem o prato de picanha passar, acabam optando por ele”, conta, para em seguida fazer o teste com o repórter, chamando o garçom para responder a pergunta “qual o carro-chefe da casa”. A resposta veio de primeira: picanha.

MILTON ROBERTO O Tia Maluca é um point etílico-gastronômico-político-artístico de Cabo Frio

Para quem faz questão do formato antigo, mantivemos um espaço que chamamos de “salão colonial”. Na parte de cima, tudo novo

LABADEEUma das referências gastronômicas do Boulevard Canal, investiu em 2007 numa adega com vinhos fi nos para uma clientela requintada

DENISE LINHARES

GASTRONOMIA

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G e n t e

JORGE FURTADO, o popular Jorginho Piranha, leva a vida a cantar, por puro prazer.Aposentado da Cerj, Jorginho é fi gura bastante conhecida e querida nos bares da cidade. O músico conta que nunca ganhou a vida cantando. “Canto por prazer”, diz. Levou a afi rmação tão a sério que se ca-sou, há 26 anos, com a acordoenista Rute, e sua fi lha Ivy Furtado segue a trilha dos pais e já canta na noite de Cabo Frio.

DRA LUCY CONVOCA

Fotos: PapiPress

A médica infectologista Lucy Helena Sanchez Pires já fez de quase tudo nas secretarias de Saúde da Região dos La-gos. Responsável pela implantação do programa DST/AIDS em Cabo Frio, em 1991, passou a se dedicar ao programa desde então. No Hospital Dia, núcleo da prefeitura criado exclusivamente para atender pacientes com a doença, a médica explica que o programa atende hoje 300 pessoas que usam a estrutura para receberem tratamento. “O tratamento é complexo, são várias aplicações com hora marcada e todo o pessoal é treinado. Todos passam por aqui em algum momento”, conta.Este ano, uma novidade na luta contra a doença: aproveitando o Dia Mundial de Combate à AIDS, que acontece no dia 01 de dezembro, com atividades de dis-

tribuição de folhetos e preservativos nas praças, a prefeitura vai lançar uma cam-panha paralela. O “Fique Sabendo”, que vai se estender por uma semana em todas as unidades de saúde do município.“Estamos dectectando pacientes com a doença em fase avançada da infecção, o que difi culta muito o tratamento. Então, com essa campanha queremos poder antecipar o diagnóstico”, diz . Lucy expli-ca que a campanha será de conscien-tização, para que a pessoa queira fazer os exames. “Todo o esquema é sempre acompamhado de aconselhamento tanto para a para realização de pré-teste como na fase pós-teste”. Feliz e realizada com o que faz, Lucy declara: “O que mais gosto na vida é lidar como o ser humano, é ajudá-lo a se cuidar”.

de Cabo Frio

O Prazer de Cantar

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XÔ MOSQUITOS!

população do Rio de Janeiro, às vésperas da chegada do verão, anda assustada com a possível volta de uma epidemia que para-

lisou a rede pública de Saúde do Estado na última temporada, causando centenas de mortes e milhares de internações.

Transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o dengue volta a ser tema de reuniões, conversas de esquina e o melhor, de ino-vações tecnológicas prontas para combater a doença que tanto apavora fl uminenses e cariocas.

Os números são para deixar mesmo qualquer um de cabelos em pé. Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado

do Rio de Janeiro, somente até setembro aconteceram 240.411 casos de dengue em todo nosso território, sendo que 81% deles foram concentrados nas cidades de Angra dos Reis, Campos dos Goytacazes, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, São João de Meriti, Niterói, Magé, Belfort Roxo, São Gonçalo e Rio de Janeiro. Deste to-tal, houveram 310 óbitos, sendo que 169 tiveram a causa mortis confi rmada como oriundas da doença.

Embora a Região dos Lagos e boa parte do restante do Estado (ou seja, a maioria das cidades) ocupassem os 19% restantes, ou sejam em absoluta minoria na estatísti-ca, a situação por aqui não foi menos grave. Mais próxima do Rio de Janeiro, Ararua-ma, segundo números da Secretaria, foi a recordista, com 1882 casos, seguida por Cabo Frio, com 546; São Pedro da Aldeia, com 546; Búzios, com 81 e Arraial do Cabo com 79 ocorrências registradas.

Talvez os números estejam abaixo da realidade, já que muita gente pode ser portadora e não ter a doença manifestada de forma tão violenta e alguns nem chegam a procurar socorro médico, tratando-se em casa mesmo com paracetamol e hidratação. Mas o fato é que todos estão de olho na chegada da estação das chuvas criando a ambiência favorável para a proliferação do indesejável mosquito.

A cor que repele o dengueFoi-se o tempo em que velas

de citronela, misturas caseiras, repelentes corporais e consumo de nhame eram as receitas repassadas de mão em mão pela população numa tentativa de evitar a expan-são do dengue. Hoje, pensa-se em soluções mais inteligentes, e que podem estar ao alcance de todos. O

Casos de dengue lotaram o Hospital de São Pedro da Aldeia em 2007

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Renato Silveira

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43CIDADE, Novembro de 2008

simples ato de pintar a casa pode ser uma delas. A multinacional do ramo de tintas, Sherwin Williams, lançou a novidade na sua linha Metalatex: uma tinta que repele os insetos.

Segundo o gerente técnico da empresa no Brasil, José Humberto de Souza, a nova tinta, que tem todas as vantagens ambien-tais de um produto à base de água, e não de solventes químicos, tem como elemento diferencial um aditivo vegetal que repele insetos como baratas, aranhas, mosquitos e outros.

“O produto foi lançado no Chile, onde havia um sério problema com aranhas ve-nenosas. A sua capacidade de ação repele os insetos não através do odor, mas de uma substância que os irrita e impede que eles permaneçam no ambiente”, explicou.

De acordo com José Humberto, as vendas do produto no Brasil começam a obter sucesso, representando no momento apenas um pequeno nicho de mercado, mas encontra-se em franca expansão.

“A relação custo-benefício para quem adquire o produto é muito positiva e vale lembrar que ela não faz mal à saúde huma-na e também não mata o inseto, apenas tem o poder de repeli-lo” afi rmou, lembrando que a durabilidade do efeito repelente da tinta é de um ano. Custo-benefício

Em Cabo Frio a novidade pode ser encontrada na loja de tintas Lagotintas. Para o empresário Cláudio Viviani, pro-prietário da loja, o preço da Metalatex Repelente é totalmente compatível com o mercado e as vendas já começaram a acontecer. “o custo é o equivalente a qualquer produto de qualidade similar, só que com a vantagem de espantar os mosquitos. E só isso já representa uma economia além da melhoria na qualidade de vida, já que não é mais necessário usar inseticidas que muitas vezes fazem mal à saúde”, explica.

“Eu moro no último andar de um prédio que são dois apartamentos por andar. Apliquei a tinta no meu e não so-fro mais com mosquitos, enquanto meu vizinho continua com esse problema. Posso afi rmar que o produto funciona mesmo”, explicou.

Apesar das previsões da secretaria de Saúde do Estado sejam de que não haja nova epidemia neste verão, manter os mosquitos longe de nossas vidas com certeza pode ser um bom negócio.

CLAUDIO VIVIANI O custo é o equivalente a qualquer produto de qualidade similar

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FOTO CABO FRIO TROFEUS

Escola de Musica do Rio de Ja-neiro, dentro do projeto Música no Museu, realizou no dia 7 de

novembro na Escola de Música da UFRJ, o II Encontro de Empreende-dorismo no Meio Musical. Além de discutir os vários aspectos da música a partir do enfoque econômico, como intercâmbios, ensino obrigatório e até patrocínios, o encontro mostrou as experiências vitoriosas de empreende-dorismo musical realizadas no interior do Rio de Janeiro.

O maestro Ângelo Budega, foi convidado a participar de um painel do encontro relatando sua experiência com grupo Apanhei-te Cavaquinho, criado por ele e que trabalha com crianças carentes em Cabo Frio, apre-sentando a música como instrumento de inclusão social.

Segundo o Ministro da Cultura, Juca Ferreira, “A cultura constitui, inegavelmente, uma fonte econômica poderosa sendo hoje um dos setores que mais cresce no mundo. Gera em-pregos, paga bons salários e não esgota a natureza”.

Empreendedores Musicais

Budega leva a experiência do grupo Apanhei-te Cavaquinho para II Encontro de Empreendedorismo na Área Musical

Marconi Castro

MÚSICA

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uase 190 deputados estaduais foram candidatos nas eleições municipais em todo País. Um levantamento feito nas 26 Assembléias Legislativas do

Brasil apontou que 186 dos 1.035 deputa-dos estaduais foram candidatos a prefeito ou a vice-prefeito. Apenas o Legislativo de Roraima não teve nenhum candidato.

O maior número percentual de depu-tados-candidatos aconteceu no Estado do Espírito Santo, onde 12 dos 30 parlamen-tares foram candidatos. Já no Rio, 23 dos 70 parlamentares concorreram nas eleições municipais.

Depois do pleito uma nova ALERJ foi composta. Com a vitória de alguns depu-tados suas vagas serão ocupadas a partir de 2009 por seus suplentes que ainda terão dois anos de trabalho pela frente.

O Estado do Rio de Janeiro conta com 92 municípios, mas em apenas 10 deles — com mais de 200 mil eleitores — pode-ria haver segundo turno. O fato só ocorreu nas cidades de Petrópolis, Campos dos Goytacazes e Rio de Janeiro.

Independente disso, o quadro político-partidário do Estado está desenhado. O PMDB foi o partido que mais elegeu pre-feitos neste ano. O PSDB, que administra

Troca-troca na ALERJ

três municípios no Estado, em 2009 vai comandar oito.

De acordo com a Agência Brasil (órgão vinculado ao Governo Federal), o PMDB se manteve no topo do ranking, ao saltar de 1.053 prefeitos eleitos no primeiro turno de 2004 para 1.195 em 2008. É o partido com maior presença nos municípios. O segundo lugar continua sendo ocupado pelo PSDB que, no entanto, caiu de 861 prefeituras em 2004, para 783 na última eleição.

Mandatos PerdidosDois dias após o primeiro turno das

eleições, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro decretou, por unani-midade, a perda do mandato do deputado estadual Nilton Salomão por infi delidade partidária. Ele assumiu a cadeira em abril de 2008, em decorrência da cassação de Jane Cozzolino.

No dia 08 de outubro, sob a acusação de suposta compra de votos na eleição de 2006, o deputado estadual Alcebíades Sa-bino (PSC) teve seu mandato cassado pelo ministro Eros Graus, do TSE (Tribunal Su-perior Eleitoral). A acusação, de acordo com o TSE, teve como base a apreensão, no dia do pleito, no município de Silva Jardim, de listas com nomes de eleitores, santinhos dos candidatos e a quantia de R$ 3 mil. O TRE

também o condenou ao pagamento de multa de 50 mil Ufi rs (cerca de R$ 53 mil).

Depois de comemorar a vitória nas ur-nas em Itaboraí o deputado estadual Audir Santana (PSC) perdeu o cargo de prefeito eleito para Sérgio Alberto Soares (PP). A candidatura de Soares havia sido impug-nada porque teve suas contas rejeitadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União) na época em que havia sido prefeito de Itaboraí — entre 1989 e 1992.

Quem entra e quem saiEleito prefeito de Belford Roxo, Alci-

des Rolim (PT) sairá e deixará a vaga para Caetano Amado (PR). Já a deputada Sheila Gama (PDT), eleita vice-prefeita em Nova Iguaçu, será substituída pelo missionário Marcos Bezerra Ribeiro Soares (PDT).

Pela terceira vez José Camilo Zito (PSDB) foi eleito prefeito de Duque de Caxias, sairá e deixará a vaga para Ademir Alves de Melo.

Um outro caso de substituição. Com a cassação de Alcebíades Sabino (PSC), Antônio Pedregal pode retornar à Alerj por ser o primeiro suplente do partido.

Outra chegada prevista na Assembléia é a de Paulo Souto, ex-subsecretário do Governo Rosinha, suplente de Nilton Sa-lomão (PMDB).

Juliana Vieira

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P o l í t i c a

PALÁCIO TIRADENTESAbriga a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro

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EDUCAÇÃO

urismo, Serviço Social, Pedagogia e Fisioterapia. Estes foram alguns dos 12 cursos apresentados a alunos

do Ensino Médio, da Região dos Lagos, durante o primeiro Fórum Universitário realizado no Campus da Estácio de Sá, em Cabo Frio.

Durante os três dias de atividades, os visitantes fi zeram teste voca-cional e tiveram a chance de descobrir, ou comprovar, o que a profi ssão desejada tem a oferecer. Além disso, em todas as salas onde temáticas voltadas para cada curso foram montadas, o aluno era informado de como é merca-do de trabalho na região para a área escolhida.

A coordenadora admi-nistrativa do campus, Líbia Almeida, conta que o Fórum é um desejo antigo da Uni-versidade.

“Antes, nós é que íamos às escolas para apresentar a faculdade. Mas não tinha sentido, pois o aluno con-tinuava sentado na mesma cadeira, imaginando o que e como poderia ser a faculdade que ele gostaria de estudar. Com o Fórum, matamos a curiosidade deles e os fazemos interagir com aquilo que querem”, explicou.

As perspectivas de cada um sobre o que fazer depois do colégio fi cou mais clara. Foi o que a aluna do terceiro ano do Colégio Municipal Renato Azevedo,

Laboratório de Anatonia

FÓRUM UNIVERSITÁRIOMostra faculdade para alunos do Ensino Médio

Patrícia Barcelos, de 19 anos, explicou:“Eu quero fazer Educação Física e

adorei os laboratórios e as aulas. Ago-ra tenho certeza mesmo do que quero fazer”.

Nas palestras, os professores simula-ram o cotidiano profi ssional, como júris e audiências, para aspirantes ao curso de Direito, ou explicaram a diferença de um peixe macho para um peixe fêmea, para

os interessados em estudar Engenharia da Pesca.

“Ensinamos o bási-co do básico. Mostramos quais disciplinas eles terão e porque elas estão na gra-de de matérias do curso. Existem casos de alunos que ingressam para a fa-culdade e, quando vêem determinada matéria, não entendem porque ela esta na grade e abandonam o curso”, explicou o coorde-nador do curso de Enge-nharia de Pesca, professor Modesto Guedes.

Os estudantes que pas-saram a tarde no Cam-pus sentiam-se quase que universitários. A aluna do segundo ano do Colégio Municipal Renato Azeve-do, Gabriela Pinheiro, de 16 anos, teve um resultado

no teste vocacional para a área de saúde, mas não era o que ela esperava.

“Quero fazer Petróleo e Gás, mas como no teste deu Educação Física ou Fisioterapia, fui para as salas ver como é”, disse.

Texto e fotos Mariana Ricci

MODESTO GUEDES,professor Mostramos quais disciplinas eles terão e porque elas estão na grade de matérias do curso

GABRIELA PINHEIRO Fui para as salas ver como é

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Ernesto Galiotto é empresário

A r t i g o

Manoel Vieira (*)

(*) Manoel Vieira é arquiteto e chefe do Escritório Técnico do Iphan em Cabo Frio

Anos de descaso...

ode parecer redundante dizer que “a Praia do Forte é o cartão pos-tal de Cabo Frio”. As suas águas

cristalinas, suas areais imaculadamente brancas a refl etir quase como um espe-lho a luz do sol, o forte vento nordeste constante e a areia a rangir ao caminhar dos seus visitantes... Tudo isso por si bastaria para que a praia fosse cuidada como a um talismã. Mas a sua importân-cia vai além...

Cabo Frio, na época em que assim era chamada uma área muito mais extensa que o seu atual município, foi indicada em Mapas antes mesmos que o famoso Rio de Janeiro. “Essa língua de terra, ao mar lançada” (Teixeira e Sousa – “Os Três Dias de Um Noivado), pela suas idiossincrasias geográfi cas que a confi guram como península e ponto de infl exão do Sul para o Oeste, era uma das principais referências a guiar as naus que assediavam a costa brasileira nos primeiros momentos da Conquista.

Antes disso, devi-do principalmente a abundância de alimen-tos que se destacam nessa região costeira principalmente em ra-zão do fenômeno da ressurgência, foi um dos trechos do litoral fl uminense mais densamente ocupados pelos grupamentos humanos de ca-çadores e coletores conhecidos como “sambaquianos” que antecederam aos tupinambás a cerca de 4 mil anos atrás, como vemos na Duna Boa Vista e no Morro do Índio.

O Forte São Matheus a guardar a Boca da Barra, entrada do Canal do Itaju-rú, construído em 1616 por Constantino Menelau para proteger essa região que era intensamente visitada por franceses e holandeses, ícone arquitetônico da paisagem da Praia do Forte, parece estar ali ainda fazendo sentinela, em favor dessa memória.

Mesmo com tudo isso, o Forte São Mateus está hoje abandonado. Parte de

Psuas dependências serve de alojamento à Guarda Marítima e Ambiental. Outra parte está vazia. O prédio carece de reparos. A Praia do Forte está com suas areias, até pouco tempo atrás alvas, amarronzada e acinzentada. A quanti-dade de microlixo, ou seja, pontas de ci-garro, lacres de latas, tampas de garrafas, vidros quebrados, entre outros e restos das demolições dos antigos quiosques manifestam a falta de cuidado das auto-ridades competentes com a praia. Vale destacar que o descaso com a Praia do Forte não é de hoje, possui cerca de vinte anos, tendo como marco o início do uso da praia como palco para grandes shows na década de 1990.

Nenhuma providência efetiva foi to-mada por parte do Município no sentido de se ordenar os usos e ocupações, ainda que temporárias, na Praia do Forte, mes-mo com a Recomendação feita conjun-tamente pelo Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual em 10 de outubro de 2004, como desdobramento do Procedimento Administrativo MPF nº 1.30.009.000047/2004-31 e do Inquérito

Civil MPE nº 018/03. Hoje se completam 4 (quatro) anos de tal Recomendação e a municipalidade segue em fl agrante ignorân-cia ao recomendado e desrespeito à legisla-ção em vigor.

Mas hoje há o princípio da respon-sabilidade solidária, de modo que o descaso não pode ser atribuído somente às autoridades: é também do cidadão. É necessária uma mudança no com-portamento dos usuários da Praia do Forte, sejam eles turistas, moradores ou comerciantes, para que esta volte a ter o brilho afetado por anos de uso inadequa-do. Imprescindível também é que, nesse momento pós eleição, sensibilizemos as novas e antigas autoridades locais eleitas e cobremos delas a devida atenção ao assunto. É preciso que, assim como o Forte, guardemos a nossa praia.

Vale destacar que o descaso com a Praia do Forte não é de hoje, possui cerca de vinte anos...

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Livros

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Octavio Perelló

CABO FRIO: NOSSA TERRA, NOSSA GENTE (Hilton Massa, Flumitur, 1967). Escrita por outro autor-personagem da história da cidade, este livro que passeia pela prosa é também referência para pesquisadores e demais interessados no tema.

AMÉRICA DE AMÉRICO – O desencontro de dois mundos em Cabo Frio (1503 – c.1512), incluindo o naufrágio da capitânia de Gonçalo Coelho em Fernando de Noronha (Márcio Werneck, Editora Ágama, 2004, 288 páginas). Fru-to de mais de vinte anos de pesquisa, resultou em obra fundamental ao preenchimento de lacunas existentes sobre o período.

A LONGA MARCHA – A dominação política da oposição em Cabo Frio após o Golpe de 1964 (José Correia Baptista, Jornal de Sábado, 2007, 172 páginas). Analisa o processo de sucessão de lideranças que governaram a cidade nas últimas décadas, a partir de 1964, apresentando 109 imagens, entre fotos de época e curiosidades como charges e santinhos de campanhas eleitorais. CABO FRIO CONTANDO SUA HISTÓRIA (Célio Mendes Guimarães, Edição do Autor, 2008, 252 páginas). Tendo como embrião de sua formação humana o ambiente musical da Sociedade Musical Santa Helena, o autor vai a seu modo contando a história do município e ajudando na compilação dos seus monu-mentos históricos.

CRÔNICAS (Antônio Terra, PMCF, 2003, 275 páginas). Re-úne pérolas da crônica regional escritas por este que tinha um olhar especial sobre a sua gente. Com qualidade para ser universal – pois retrata, acima de tudo, o comportamento de um povo –, o texto do autor é um primor de objetividade, somada a boas pitadas de humor, certa melancolia poética e frases originais e até desconcertantes.

O OUTRO CABO FRIO (Luiz Carlos da Cunha Silveira, PMCF, 2006, 264 páginas). Escrito por um carioca freqüenta-dor de Cabo Frio há mais de cinqüenta anos e agora residente na cidade, este livro propõe um olhar diferenciado sobre o lugar, seus aspectos geográfi cos, históricos e econômicos. Em linguagem dire-ta e original, toca na auto-estima da cidade, diminuída por visões desencontradas no tempo.

Mesmo com o advento de novas e modernas mídias o livro ainda é um nobre registro de sobrevivência dos aspectos relevantes da vida de um lugar. Felizmente Cabo Frio teve a atenção de persistentes escribas que lhe fi zeram jus a uma história que remonta a do próprio país, assim como a do con-tato do Novo e Velho Mundo. Para comemorar os 393 anos de fundação deste município, recomendamos hoje e sempre a leitura dos seguintes livros:

DADOS HISTÓRICOS DE CABO FRIO (Abel Beranger, PMCF, 2003, 103 páginas). Trata-se de uma obra pioneira que inspirou tantas outras e ain-da hoje não se diminuiu dado o trabalho meticuloso de seu autor, um médico de tradicional família da cidade que se tornou também personagem de sua história.

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ERNESTO LINDGREN é sociólogo

Med-Breezes mete bronca

Ernesto Lindgren

P o n t o d e V i s t a

Pai”, perguntou o indiozinho, “te machucaram?”. “Não meu fi lho”, respondeu o indiozão. “Explica-

ram que vieram nas canoas grandes de um lugar que fi ca onde termina o mar. Se a gente remar até lá, cai. Aqueles panos grandes ajudaram a subir”. “Mas pai”, continuou o indiozinho, olhos arrega-lados, “e agora?”. “Agora nada”, fi lho. “Fica tranqüilo e vai ajudar seu irmão a terminar nossas fl echas. E olha só. Aquele gran-dalhão com pés duros me disse que de agora em diante nossa terra é imexível. Garantiu que nunca mais passaremos necessidades. Que vai fazer um monte de ocas grandalhonas, que outras canoas grandes deles irão chegar, que vai ter muito trabalho, que vai mandar uma mensagem para o chefe dele dizendo que vai criar um ambiente de empregabilidade para muitos de nós. Aquele vagabundo Me-Dá-Um-Dinheiro-Ai que está de olho na sua irmã vai ter que trabalhar”.

O indiozinho ouviu o pai e começou a se afastar, cabisbaixo, por um mo-mento voltando sua atenção para uma Maria Farinha que espreitava a praia. Bateu o pé e o bichinho sumiu dentro do buraco na areia. Passou-lhe, então, uma grande dúvida. Parou, voltou-se para o pai e indagou: “Pai, você é em-pregabilizável?”.

A pergunta pegou o indiozão de surpresa. “Aquele grandalhão disse que nossa terra vai se tornar imexível e protegida dos malucos chefiados por Garoto-Pequeno casado com Flôr-Pequena. Tarados. Disse que haverá empregabilidade, mas é necessário descobrir quem é empregabilizável”. E seguiu a trilha deixada na areia pelos pequenos pés de seu fi lho. Pisava nas impressões, o sentimento de proteção paterna invadindo-o. “Boa pergunta”,

refl etiu. “Será que sou empregatizável? E se eu não for?”. E fez as contas. “Ao todo somos uns 100 mil. É o que deu quando houve aquele churrasco quando pegamos um cabra do bando do Garoto-Pequeno. O grandalhão garantiu que haverá empregabilidade para uns 400 na área da boca do canal da Lagoa Rasa do Camarão. E mais para 2600 na cons-trução das ocas grandes e servir água de coco e camarão frito para os nossos no-vos protetores”. E tem mais, relembrou:

“Será como lá naquela área que uma vez visitei e que chamam de SUAPE”. Ih! O indiozão parou, olhou na direção de SUAPE e gritou: “É mentira!”. E saiu correndo em busca do fi lho, dos demais membros da tribo.

Quase uma hora se passou até que se explicasse. “Conheço SUAPE. De fato é tudo muito bonito, gente fi na, excelentes restaurantes, etc., etc. Tudo como aparece na Internet e nas revistas dos pássaros de ferro. Mas quer saber de uma coisa? O que mais vi foram bandos de indiozinhos barrugudinhos que em dia de chuva pedem esmolas nas ruas com a palma da mão pra baixo. É pra não molhar a nota de dois reais que alguém num carro importado dá pra eles fazendo cara feia e dizendo palavrão. Quando construíram SUAPE disseram para os pais deles o que estão dizendo para nós”.

Empregabilidade? Uma ova.

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Bom RelacionamentoA Unidade de Negócio de Exploração e Produção da Petrobras na Bacia de Campos (UN-BC) foi a vencedora nacional do Prêmio Aberje 2008 – a mais tradicional premiação na área de Comunicação Empresarial no Brasil – na categoria “Comunicação e Relacionamento com a Imprensa”. A vitória do trabalho “Bacia de Campos 30 Anos: Uma Oportunidade de Relacionamento com a Imprensa”, elaborado e coordenado pela equipe de Assessoria de Imprensa da gerência de Comunicação da Unidade, foi anunciada na noite do dia 08 de outubro, na cidade de São Paulo, durante a cerimônia de premiação.O trabalho vencedor apresentou ações de relacionamento desenvolvidas pela Petrobras junto à imprensa da Bacia de Campos ao longo de 2007. Entre os concorrentes na premiação estavam a Embrapa, a Bayer Pharma e a Univale (Universidade do Vale do Paraná).Ao todo, a edição 2008 do prêmio Aberje - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial - teve 450 trabalhos inscritos, os quais destacavam ações estratégicas de comunicação de 178 corporações instaladas em todo o país, nas áreas de Gestão de Comunicação e Relacionamento, Gestão de Mídias e Pequenas e Médias Empresas.

Evelyn, Marjorie e Ana Paula: profi ssionalismo premiado

Quebra de DecoroA Mesa Diretora da Alerj vai receber a análise da quebra de decoro parlamentar do deputado Natalino Guimarães logo depois do segundo turno das eleições municipais. Quem garante é a Corregedoria da Casa que já examina provas contra Natalino, suspeito de comandar milícia no bairro de Campo Grande, na cidade do Rio.

Tribal em Mar del PlataO artista plástico, curador e Coordenador da mostra Cine Tribal, Flavio Pettinichi foi convidado pelos responsáveis do 23° Festival Internacional de cine Mar del Plata, Argentina, para participar do evento.O convite acontece graças ao trabalho que vem sendo realizado pela entidade TRIBAL ( Tributo à Arte e à Liberdade) onde Flavio participa, exibindo curtas metragens há mais de 2 anos. O evento acontece entre os dias 7 e 17 de novembro.

Quinta-Feira 13/11PALCO SHOWS21h - Carlinhos Bor-ges23h 30min - Ricky VallenPALCO DANÇA19h Grupo de Dança de Cabo Frio19:30 – Jeff e Karina

Sexta-Feira 14/11PALCO SHOWS21h 30min - Assunção Beranger23h – Roberta Mossi24h - Michael Sulli-vanPALCO DANÇA19h Grupo de Dança de Cabo Frio

Sábado 15/11PALCO SHOWS21h 30min - Oswaldo Guimarães23h - Stella24h - Alyrio MelloPALCO DANÇA19h - Grupo de Dança de Cabo Frio20h - Ranchos Fol-clóricos - Vasco da Gama21h - Vinícius Santa Rosa

Domingo 16/11PALCO DANÇA19h - Grupo de Dança de Cabo Frio20h - Ranchos Fol-clóricos

Quinta-Feira 20/11PALCO SHOWS

21h 30min - Nome-now23h – Mário Simões24h - Guilherme Aran-tesPALCO DANÇA19h - Grupo de Dança de Cabo Frio

Sexta-Feira 21/11PALCO SHOWS21h - Paulinho Kz23h - Fanfarra24h - DNAPALCO DANÇA19h - Grupo de Dança de Cabo Frio

Sábado 22/11PALCO SHOWS21h 30min - Balaio Fino23h - Típicos da Bei-ra24h - Dr. LowPALCO DANÇA19h - Grupo de Dança de Cabo Frio20h - Ranchos Fol-clóricos - Almeida Garret21h - Budega

Domingo 23/11PALCO SHOWS20h - Fanfarra21h - Orquestra Tro-picalPALCO DANÇA19h - Grupo de Dança de Cabo Frio20h - Ranchos Fol-clóricos - Armando Lessa21h - Grupo de Dança de Cabo Frio

V FESTA PORTUGUESA

Os shows acontecem no Boulevard Canal, no centro.

Regularização no Sistema DOFAs empresas e pessoas físicas que comercializam produtos e subprodutos fl orestais no Estado do Rio, e que estão com pendências no Sistema DOF (Documento de Origem Florestal), terão um prazo de 90 dias para se regularizar. A determinação do presidente do Instituto Estadual de Florestas (IEF/RJ), André Ilha, consta da Portaria IEF nº 256, publicada no Diário Ofi cial do Estado no dia 16 de outubro. Depois deste prazo, quem não estiver em dia com o sistema poderá ser multado pela fi scalização.A medida atinge empresas como serrarias, madeireiras, lojas de materiais de construção e fábricas de móveis, entre outras.

Pesca ParalizadaO IBAMA publicou Instrução Normativa de n° 220, em 22 de Outubro de 2008, proibindo a pesca na Lagoa de Araruama no período de 15 de outubro a 15 de dezembro. A medida foi tomada considerando a necessidade de um período de paralização em função do recrutamento das espécies de peixes e crustáceos.

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R E S U M O

Programação:

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Galeria

Fotos de Flávio Pettinichi

“Portas“ - 52x33 cm - Óleo sobre Tela - 1985

LUCIANO MARTINS é natural do Estado do Rio. Começou seus estu-dos de Arte no ano de 1967 na Asso-ciação Fluminense de Belas Artes, sob a orientação da Pro-fessora Palmira.Participa de expo-sições individuais e coletivas e possui obras expostas em quase todo o Brasil, nos Estados Unidos, Inglaterra, Japão. Suíça, Espanha, Ar-gentina entre ou-tros.Em Cabo Frio, man-tém um curso de de-senho e pintura em seu atelier no Parque Riviera.

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