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Nmeros complexos: aplicao em circuitos RLC
Complex numbers: application in RLC circuits
Gilberto Martins Dagostim1 Roberto Pettres2
ResumoO presente trabalho trata de um estudo de pesquisa terica e desenvolvimento de uma metodologia alternativa para o ensino dos Nmeros Complexos. A metodologia proposta faz uso dos aplicativos Geogebra e Multisim e tem sua base em aplicaes de circuitos compostos por resistores, capacitores e indutores (circuitos RLC), tema esse estudado na disciplina de Fsica no mesmo bimestre onde os Nmeros Complexos so estudados na disciplina de Matemtica do terceiro ano do ensino mdio. Aps o desenvolvimento da metodologia, esta foi transmitida para professores da rea de Matemtica do Colgio Estadual do Paran, os quais participaram de aulas expositivas referentes ao tema em tela, cujas opinies e contribuies possibilitaram o aperfeioamento do material desenvolvido. Os resultados do trabalho e consideraes so apresentados ao final do trabalho.
Palavras-chave: Nmeros Complexos. Plano complexo. Geogebra. Multisim.
AbstractThe present work deals with a study of the theoretical research and development of an alternative methodology for the teaching of Complex Numbers. The proposed methodology makes use of Geogebra and Multisim software and is based on application of circuits composed of resistors, capacitors and inductors (RLC circuits), topic studied in the Physics discipline in the same time where the Complex Numbers are studied in the Mathematics discipline of the third year of high scholl. After the development of the methodology, it was transmitted to teachers in the area of Mathematics of the Colgio Estadual do Paran, and teachers participated in lectures on the theme on screen, whose opinions and contributions made possible the improvement of the material developed. The results of the work and considerations are presented at the end of the work.
Keywords: Complex Numbers. Complex Plan. Geogebra. Multisim.
1. Introduo
So inmeros os trabalhos que tratam de aplicaes da Matemtica, seja em reas de
economia e administrao (TAN, 2014), em modelos de inteligncia artificial (PETTRES, JAREK e
LACERDA, 2011), no desenvolvimento de aplicativos (LOPES, SILVA e ARAJO, 2004),
1 Professor Licenciado em Matemtica, Bacharelado em Matemtica, Especialista em Metodologia do Ensino de Matemtica e Especialista em Processo Ensino-Aprendizagem, Colgio Estadual do Paran, Ncleo Curitiba, Curitiba, Paran, Brasil, [email protected]
2 Professor Licenciado em Matemtica e Doutor em Mtodos Numricos em Engenharia, Universidade Federal do Paran, Matinhos, Paran, Brasil, [email protected]
processamento de sinais (TRINDADE, 2009), em simulaes numricas de termodinmica
(PETTRES e LACERDA, 2017), entre outras aplicaes. No caso de aplicaes dos Nmeros
Complexos, registram-se alguns dos principais trabalhos utilizados nesse estudo, entre eles, Neves
(2014) e Mendes (2017) em estudos envolvendo geometria analtica e plana, IGM (2009) em
aplicaes de Engenharia Eltrica, Bastos (2013) em um estudo dos Nmeros Complexos utilizando
o aplicativo Geogebra, Barros (2014) e Arajo (2006) em estudos voltados para o ensino dos
Nmeros Complexos no ensino mdio. No trabalho de Arajo (2006), so apresentados os
resultados de uma pesquisa baseada na anlise de dez dos principais livros didticos utilizados no
ensino mdio na instituio onde deu-se a pesquisa. Arajo (2006) afirma que a atual apresentao
do livro se d de forma pouco contextualizada e que menos de 8% do total de exerccio dessas obras
referem-se ao estudo dos Nmeros Complexos.
Essa uma importante constatao e confirma, de maneira geral, que a Matemtica tratada
no ensino bsico, frequentemente apresentada de forma dissociada de seu real uso e/ou aplicaes,
o que implica, em muitos casos, no desinteresse por parte dos alunos ao querer explorar e entender
essa cincia.
Pela tica do ensino, importante ressaltar que, durante o exerccio da docncia, muitos
questionamentos vindos dos alunos fazem-se presentes durante as aulas expositivas, principalmente,
sobre a utilidade de determinado contedo matemtico (ARAJO, 2006). Esse fato caracteriza-se
como o problema do trabalho e a alternativa a este, como a principal motivao e justificativa do
presente estudo, o qual almeja, com o desenvolvimento de uma metodologia alternativa, motivar os
alunos aprendizagem em relao aos Nmeros Complexos e aos professores oportunizar uma
ferramenta complementar de ensino.
Para tanto, a metodologia desenvolvida contou com o uso dos aplicativos Geogebra e
Multisim para o ensino dos Nmeros Complexos de forma aplicada, nesse caso, em aplicaes de
circuitos eltricos, tema estudado concomitantemente na disciplina de Fsica do terceiro ano do
ensino mdio, inserindo-se de forma a promover a interdisciplinariedade (dilogo entre as
disciplinas), a transversalidade (o aluno organiza o conhecimento obtido sobre a realidade) e a
transdisciplinaridade (troca de conhecimentos relacionando a teoria com a prtica), alm de ir ao
encontro do Decreto no 6300, de 12 de dezembro de 2007, no seu artigo 1.o Programa Nacional de
Tecnologia Educacional Proinfo, a respeito do incentivo e promoo do uso das tecnologias na
escola.
Aps desenvolvido o estudo, a metodologia foi socializada com professores de Matemtica
do Colgio onde ocorreu a pesquisa. Os professores foram capacitados para o uso dos aplicativos e
fizeram importantes contribuies em relao metodologia proposta. Os resultados desse estudo
de pesquisa e desenvolvimento, a prpria metodologia e demais consideraes so apresentadas ao
final do trabalho.
2. Metodologia de pesquisa
A pesquisa deste trabalho baseia-se em dois tipos: a de campo e a de ao. A primeira,
caracteriza-se pela investigao em que, alm da pesquisa bibliogrfica e/ou documental, realiza-se
a coleta de dados junto a pessoas, com o recurso de diferentes tipos de pesquisa (nesse caso,
pesquisa-ao) (FONSECA, 2002). Na segunda, presume uma participao planejada do
pesquisador na situao problemtica a ser investigada trazendo consigo uma srie de
conhecimentos que sero a essncia para a execuo da sua anlise reflexiva sobre a realidade e os
elementos que a integram, o que implica modificaes no conhecimento do prprio pesquisador
(FONSECA, 2002) que, nesse estudo, pode servir como estratgia e ferramenta de melhoria e
atualizao da prpria prtica docente ao assumir uma postura de pesquisador(a) e no apenas de
transmissor(a) de saberes (MACEDO, 1994).
2.1 Linha de estudo
Esse estudo segue a linha terica de Arajo (2006) e Barros (2014), no que se refere ao
desenvolvimento de tcnicas alternativas para o ensino dos Nmeros Complexos e Bastos (2013)
em relao ao uso do aplicativo Geogebra.
2.2 Local de realizao do estudo e pblico
O estudo foi realizado no Colgio Estadual do Paran, situado na Avenida Joo Gualberto,
250 - Alto da Glria, Curitiba PR. Ao todo, 10 professores participaram da implementao e
quatro estgios foram propostos, entre eles, o 2o e 3o estgios, elaborados com o intuito de deixar as
aulas mais interessantes em relao ao tema Nmeros Complexos. Dois aplicativos livres em
formato open-source, distribudos pela empresa Eletronics Workbench, no caso do Multisim e o
Geogebra, criado pelo professor Dr. Markus Hohenwarter da Flrida Atlantic University, fizeram
parte da metodologia desenvolvida, a qual foi aplicada em formato de interveno pedaggica sob
prvio termo de consentimento livre e esclarecido com o Colgio, professores e alunos.
2.3 Estgios do trabalho
O desenvolvimento do estudo sobre Nmeros Complexos na aplicao de circuitos RLC,
realizado para professores do ensino mdio de terceiros anos do Colgio Estadual do Paran, foi
implementado em quatro estgios, os dois primeiros referem-se interveno pedaggica, o terceiro
aplicao da metodologia em sala de aula e o ltimo estgio em formato de Grupo de Trabalho em
Rede3 (GTR), descritos como segue:
2.3.1 Primeiro estgio
Nesse estgio foi realizada a pesquisa por literaturas, que serviu como subsdio para o
desenvolvimento da metodologia para o ensino dos Nmeros Complexos e do prprio projeto de
interveno pedaggica.
Ainda nesse estgio foi realizada a apresentao da proposta do trabalho ao Conselho
Escolar onde se deu o estudo, que, aps apreciao, foi aprovado sem ressalvas. A apresentao foi
realizada com o uso de slides contendo o material terico como forma de recapitulao de conceitos
bsicos do tema Nmeros Complexos, alm de uma breve explanao sobre a forma atual de
apresentao desse contedo em sala de aula, com base no material didtico at ento adotado. A
fundamentao terica levou em considerao um dos principais desafios dos matemticos do
Renascimento, nesse caso a resoluo de equaes polinomiais ( a 0 + a 1 x + ... + a n x n = 0 ), cujo
contedo completo apresentado no Anexo 1.
2.3.2 Segundo estgio
Finalizada a etapa de fundamentao terica sobre os Nmeros Complexos, deu-se incio a
apresentao e a capacitao dos professores em relao ao uso dos aplicativos Geogebra e
Multisim no laboratrio didtico de Matemtica/Informtica. Ao todo, seis exerccios foram
resolvidos com o apoio dos aplicativos sendo os procedimentos para tal, parte integrante da
metodologia alternativa desenvolvida.
Com o uso do aplicativo Geogebra foi elaborada uma rotina computacional para
visualizao dos Nmeros Complexos em forma retangular, polar, do mdulo, do argumento e do
Plano de Argand-Gauss. Para concluir esse estgio foi apresentada uma prtica envolvendo um
pequeno circuito eletrnico, com o uso do aplicativo Multisim, com a finalidade de demonstrar a
relao existente entre os Nmeros Complexos e o seu funcionamento. O objetivo desse estgio foi
de capacitar os professores envolvidos no estudo para o uso dos aplicativos. O contedo desse
estgio apresentado em detalhes no Anexo 2.3 GTR O Grupo de Trabalho em Rede constitui uma das atividades do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) e se caracteriza pela interao a distncia entre o professor PDE e os demais professores da rede pblica estadual de ensino.
2.3.3 Terceiro estgio
No terceiro estgio, aps a capacitao dos professores, foi selecionada uma turma do
terceiro ano do ensino mdio, qual foi apresentada a metodologia desenvolvida a fim de observar
e avaliar a receptividade dos alunos perante o contedo de Nmeros Complexos. Esse estgio
tambm teve como objetivo identificar pontos positivos e negativos que poderiam ser revistos,
adequados e/ou ajustados na prpria metodologia.
2.3.4 Quarto estgio
O quarto estgio contou com a participao do primeiro autor como tutor do Grupo de
Trabalho em Rede, realizado no primeiro semestre de 2017, com professores da rede pblica do
Estado do Paran ( 1 de Cianorte, 10 de Curitiba, 1 de Foz do Igua, 3 de Londrina, 1 de Maring,
1 de Pinhais, 1 de So Jos, sendo que dois de Curitiba participaram da Implementao do Projeto
na Escola), cujos objetivos foram apresentar a proposta da metodologia alternativa, levantar dvidas
e sugestes sobre o uso dos aplicativos e disseminar tal conhecimento desenvolvido.
3. A interveno pedaggica, anlise e resultados
A interveno pedaggica iniciou-se de acordo com o item 2.3.1. Nessa etapa foi realizada
busca por literaturas (sob opes estritamente limitadas e escassas) que tratassem de aplicaes dos
Nmeros Complexos e foi construdo o material de apoio contendo o passo-a-passo do uso dos
aplicativos e da prpria metodologia desenvolvida. Porm, o material desenvolvido sofreu diversas
adaptaes at chegar em sua forma atual contando com contribuies e sugestes dos professores
em capacitao no segundo estgio desse trabalho. O objetivo proposto para o segundo estgio foi
alcanado e a principal caracterstica dessa etapa foi a grande participao dos professores
apontando sugestes para melhoria da proposta, assim como, questionamentos sobre o uso dos
aplicativos que fizeram com que o tutor ampliasse as discusses.
No terceiro estgio, agora em contato com os alunos, o aplicativo Geogebra foi apresentado
e foi facilmente assimilado sob grande receptividade, principalmente pela possibilidade de interao
constante no aplicativo de forma instantnea construindo e editando a rotina computacional definida
para determinada tarefa e a visualizao dos resultados, alm de ser uma ferramenta que os alunos
j tinham familiaridade (estudo de funes lineares e trigonometria no 1 e 2 anos do ensino
mdio). Ainda nesse estgio, no incio do uso do aplicativo Multisim, foram encontradas maiores
dificuldades em funo dos novos termos e finalidades envolvendo os componentes eletrnicos.
Porm, por mais de uma vez explicada a funcionalidade de determinado circuito RLC fazendo um
gancho com as aulas de Fsica, percebeu-se o interesse e a curiosidade nos alunos, cuja prtica
permitiu que estes entendessem esse tipo de aplicao dos Nmeros Complexos. Ressalta-se, que
apesar da receptividade dos alunos, houve dificuldade na execuo da metodologia em detrimento
do tempo disponvel no laboratrio (previso de trs aulas), em cuja adaptao sugere-se um
nmero maior de aulas. Apesar desse fato, os alunos demonstraram grande interesse na
continuidade do contedo e o objetivo proposto para esse estgio foi atingido.
No quarto estgio ocorreu a tutoria do Grupo de Trabalho em Rede abordando o tema
Nmeros Complexos e a experincia adquirida no contato com os professores e alunos j citada nos
estgios 1, 2 e 3 do presente trabalho. Nesse GTR foram disponibilizadas 20 vagas, das quais 18
foram preenchidas. No grupo de estudo, os professores participantes puderam opinar e comentar
sobre o tema e sobre a proposta metodolgica. Apenas para registro, inmeros professores
elogiaram a iniciativa e teceram comentrios incentivadores, pois demonstraram interesse pela
metodologia de ensino.
Dos professores que participaram do GTR de Nmeros Complexos, 12 concluram as
atividades e relataram que no futuro pretendem utilizar a metodologia proposta em seus planos de
aula. Entre os concluintes, apenas dois sinalizaram dificuldades de replicar a metodologia em outras
escolas devido falta de material e/ou condies insuficientes nos laboratrios de
Matemtica/Informtica.
4 Consideraes Finais
A proposta desse estudo foi o desenvolvimento de uma metodologia alternativa que
contribusse para a melhoria no aprendizado dos alunos do terceiro ano do ensino mdio em relao
aos Nmeros Complexos e que tambm pudesse ser utilizada como ferramenta didtica para
auxiliar nas aulas de Matemtica.
Apesar de existirem determinadas aplicaes com os Nmeros Complexos, optou-se pela
rea eltrica, pois esta pode ser utilizada tanto na Matemtica como na Fsica contribuindo no
aprimoramento desse assunto, alm de promover a interdisciplinaridade entre as duas disciplinas.
Em relao aos estgios, estes podem ser alterados dependendo da disponibilidade da turma
e do professor (a), bem como particularidades que possam estar presentes em futuras aplicaes
dessa metodologia.
Nessa proposta foram utilizados recursos computacionais, os quais foram bem aceitos pelos
professores e alunos participantes do estudo, apresentando-se como uma forma visual atrativa que
pode ser explorada em sala de aula aliando teoria prtica a partir de aplicaes dos Nmeros
Complexos.
Ainda, de maneira relevante nesse trabalho, destaca-se o importante espao de
compartilhamento de informaes com outros professores da rede estadual atravs do GTR, cujo
propsito de melhorar a qualidade de ensino na rede pblica proporcionando aos professores a
oportunidade de aprimorar o conhecimento e efetuar troca de informaes entre seus pares.
Por fim, os resultados desse estudo reforam a necessidade de se adotar metodologias
diversificadas em sala de aula a partir de ferramentas didtica complementares como a aqui
proposta, que nesse trabalho, mostrou-se promissora e que pode ser explorada pelo professor (a), a
fim de despertar no aluno o interesse na Matemtica e o desejo de querer explor-la e compreend-
la.
Agradecimentos
Os autores agradecem a Secretaria do Estado de Educao do Paran pelo incentivo
capacitao atravs do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), Direo do Colgio
Estadual do Paran e os professores participantes do estudo, pelo apoio, incentivo e colaborao na
aplicao do Projeto e a Universidade Federal do Paran pela infraestrutura e apoio no
desenvolvimento desse trabalho de pesquisa.
Apenas como registro, o primeiro autor agradece de forma especial as orientaes dadas
pelo Professor Doutor Roberto Pettres nessa verso do PDE (20162017) e pela importante
contribuio na realizao desse trabalho.
Referncias
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6300.htm
Anexo 1
A1.1 Nmeros Complexos: Teoria e Histrico
Dentre os principais estudiosos de equaes polinmiais esto Niccoll Fontana Tartaglia
(Brscia-Itlia, 1500-1557), Girolamo Cardano (Pavia-Itlia,1501-1576) e Rafael Bombelli
(Bolonha-Itlia, 1526-1576).
Niccoll Tartaglia e Girolamo Cardano tm seus nomes ligados resoluo das equaes
cbicas e qurticas (polinmios genricos de 3.o e 4.o graus). A partir dessa resoluo, os Nmeros
Complexos surgiram na Matemtica.
Para a poca, os matemticos ainda contornavam os problemas relacionados com razes
quadradas negativas, afirmando que a equao (1),
x2 + 4=0 (1)
no possua soluo, logo, as equaes do segundo grau, cuja raiz fosse negativa, eram ditas como
sem soluo.
No livro intitulado Histria da Matemtica uma viso crtica, desfazendo mitos e lendas,
est presente a passagem: as razes negativas e imaginrias de equaes eram consideradas quantidades irreais. ...
Todos os nomes utilizados para designar esses nmeros exprimem a dificuldade de admitir
sua existncia ou, melhor dizendo, ... quantidades falsas, fictcias, impossveis ou
imaginrias, para os nmeros negativos e complexos. Isso mostra que eles, alm de no
possurem uma cidadania, no eram, em ltima instncia, sequer admitidos como nmeros
(ROQUE, 2012, p 256).
Contudo, esse fato mudou com o desenvolvimento de uma frmula para a resoluo de
equaes cbicas do tipo x 3 + ax + b = 0 , publicada na obra Ars Magna de Cardano.
Ainda no livro Histria da Matemtica uma viso crtica, desfazendo mitos e lendas,
apresenta uma passagem, referindo-se equao de Cardano:A publicao da frmula que permite determinar o conjunto-soluo de equaes cbicas ocorreu em 1545, na obra Ars Magna, do matemtico Girolamo Cardano, na qual o autor faz referncia a um novo tipo de nmero, que denominou quantidade fictcia. Tais quantidades eram na realidade razes quadradas de nmeros negativos, hoje tratados como nmeros imaginrios (SOUZA, 2010, p 228).
O modelo matemtico idealizado e publicado por Cardano (1545) dada pela equao (2):
(2)
Mesmo que o resultado das razes de uma equao do terceiro grau sejam nmeros reais
diferentes de zero, a frmula idealizada por Niccoll Tartaglia e Girolamo Cardano acaba
envolvendo razes quadradas de nmeros negativos.
Por exemplo, a equao (3) possui uma nica raiz positiva x = 4.
x 3 - 15x 4 = 0 (3)
Entretanto, a resoluo de Cardano para essa equao leva expresso
, o que passou a preocupar os algebristas de como
relacionar a raiz cbica, atravs da frmula de Tartaglia e Cardano, com a raiz obtida por outros
mtodos.
Por um tempo, as razes de nmeros negativos deixaram de chamar ateno e permaneceram
esquecidas at o fim do sculo XVII, quando o matemtico alemo Gottfried Wilhelm Leibniz
(Leipzig-Alemanha,1646-1716) acabou fatorando a expresso representada pela equao (4) em:
x4 + a4 (4)
cuja resoluo , isto , o produto de
quatro nmeros complexos.
J em 1777, Leonhard Euler (BasileiaSua, 1707-1783) introduziu a notao i para
representar 1, a partir da, os Nmeros Complexos passaram a serem escritos na notao que
utilizada hoje, a + bi.
Com o surgimento da lgebra abstrata (sculo XIX), o matemtico William Rown Hamilton
(Dublin-Irlanda, 1805-1865) fez com que o conjunto dos Nmeros Complexos ganhassem uma
estruturao algbrica formal, considerando um Nmero Complexo z = a + bi como um par
ordenado de nmeros reais. Coube ainda a Hamilton a definio das operaes de adio e
multiplicao, obedecendo aos princpios:
(a,b) + (c,d) = (a + c, b + d) e (5) (a,b) . (c,d) = (a c - b d , a d + b c)
Ainda com a colaborao de Hamilton, os complexos passaram a serem definidos como
vetores do plano.
3 32 121 2 121x = + +
( ) ( ) ( ) ( )1 1 1 1x a x a x a x a+ +
A1.2 Conjunto dos Nmeros Complexos
O conjunto dos Nmeros Complexos contm o conjunto dos Nmeros Reais e Irracionais,ou
seja, { ( N Z Q ) ( I ) } = R R C, que tambm pode ser representado pelo diagrama apresentado pela Figura 01, como segue:
Figura 01 - Conjunto dos Nmeros Complexos.
A forma algbrica dos Nmeros Complexos dada por z = a + bi, onde a e b so nmeros
reais e i representa a unidade imaginria, sendo a parte real Re(z) = a e a parte imaginria Im(z) = b
satisfazendo a condio i 2 = -1 (BIANCHINI, 2003).
Esse par ordenado pode ser representado no plano cartesiano, cuja representao
corresponde a um nico ponto denominado de afixo e o Nmero Complexo z = a + bi associado a
um nico vetor, com extremidades na origem e na interseco do par ordenado. O ponto formado
pela interseco denominado de imagem de z (BARROSO, 2010).
Assim, para sua representao grfica, tem-se que, no eixo das abscissas a representao da
parte real, no eixo das ordenadas, a parte imaginria, como ilustrado na Figura 02.
Figura 02 Representao de Nmero Complexo Plano de Argand-Gauss
Na Figura 02, Ox a representao do eixo Real, Oy a representao do eixo Imaginrio, P
o afixo ou imagem geomtrica de z e o argumento.
A1.3 Conjugado de um Nmeros Complexos
O conjugado de um Nmero Complexo z = a + bi ser indicado por z, e ser representado
por z = a bi; observa-se que para obter z trocou-se o sinal da parte imaginria.
A1.4 Operaes com Nmeros Complexos
Os clculos envolvendo Nmeros Complexos apresentam as seguintes caractersticas:
a) Na adio de dois Nmeros Complexos, adicionamos separadamente as partes reais e as partes
imaginrias (SOUZA, 2010, p 233).
Sejam os valores z 1 = a + bi e z 2 = c + di, tem-se:
z 1 + z 2 = (a + c) + (b + d)i
b) Para subtrao adota-se o mesmo procedimento, separando as partes reais e as partes imaginrias,
subtraindo-as.
Sejam os valores z 1 = a + bi e z 2 = c + di, tem-se:
z 1 - z 2 = (a - c) + (b d)i
c) Na multiplicao de Nmeros Complexos aplicada a propriedade distributiva e agrupam-se os
termos das partes reais e os das partes imaginrias e, considerando-se i 2 = -1, tem-se:
z 1 . z 2 = (a + bi) . (c + di)
z 1 . z 2 = ac + adi + bic + bdi 2
z 1 . z 2 = (ac bd) + (ad + bc)i
d) Na operao de diviso, o quociente entre dois Nmeros Complexos z 1 e z 2 , com o valor de z2
0, pode ser determinado multiplicando-se o dividendo e o divisor pelo conjugado do divisor; logo:
Se: z 1 = a + bi e z 2 = c + di
z 1 = z 1 . z 2 = (a + bi) (c di) = ( ac adi + bic bdi 2 ) = (ac + bd) + (bcad)i
z 2 z 2 . z 2 (c + di) (c di) (c 2 cdi + cdi d 2 i 2 ) ( c 2 + d 2 ) e) A potenciao de um Nmero Complexo z com expoentes inteiros definida de modo
semelhante aos das potncias de base real, sabendo-se de que i2 = -1, pode-se calcular os valores de
in, com n N. Observa-se que existem apenas quatro valores para todas as potncias de i com
expoentes inteiros.
i 0 = 1 i 4 = 1 i 8 = 1
i 1 = i i 5 = i i 9 = i
i 2 = -1 i 6 = -1 i 10 = -1
i 3 = - i i 7 = - i i 11 = - i
possvel verificar que os valores de i n repetem-se de 4 em 4 termos, assim, para
determinar outros valores de i n deve-se dividi-los por quatro para a sua determinao, como segue:
Exemplo:
i107 = i3 = - i107 4- 08 26 27 - 24 3
resto
A1.5 Mdulo de um Nmero Complexo
O mdulo ou comprimento de um Nmero Complexo P = (a,b) o Nmero Real, obtido
pela equao (6) ,
(6)
cuja representao geomtrica corresponde ao valor da distncia da origem ao ponto P (a,b),
representado na Figura 03.
Figura 03 Representao geomtrica do Mdulo de z.
Exemplo: Calcular o mdulo do nmero z = 3 + 4i
cuja representao geomtrica ser:
2 2| |z a b = = +
| | 5z =| | 25z =| | 9 16z = +2 2| | 3 4z = +2 2| |z a b = = +
Figura 04 Representao geomtrica do Mdulo de z.
A1.6 Argumento de um Nmero Complexo
Argumento de um Nmero Complexo z no nulo representa a medida do ngulo formado
entre o eixo das abscissas e a reta formada entre a origem e a interseco de um par ordenado P(a,b)
no sentido anti-horrio, conforme representao na Figura 02.
Esse argumento pertencente ao intervalo [0, 2 ] e definido por:
Os valores de e de so as coordenadas polares do ponto P(a,b) que determinam a
posio do ponto no plano.
Exemplo: Determinar o argumento do complexo z = 2 +2 3i
logo:
.. be sen
=
4 (4.3) = +
cos a
=
: cos aonde
=
2cos4
= 1cos2
=
arg( )z =
bsen
=
2 22 (2 3) = +
2 34
sen = 32
sen =3
rad = .. 60ou =
4 =16 =
A1.7 Forma trigonomtrica
Considerando-se um nmero complexo no nulo, representado por z = a + bi, e sendo os
valores de a e b reais, cujo mdulo representado por e o argumento , pode-se obter a forma
trigonomtrica ou polar conforme desenvolvimento a seguir:
Substituindo os valores de a e b na expresso z = a + bi, obtm-se:
Exemplo: Determinar o mdulo, o argumento, a representao trigonomtrica e a representao no
plano de Argand-Gauss para o complexo z = 2 + 2i .
Na Figura 05 observa-se a representao do complexo z = 2 + 2i no plano de Argand-Gauss,
inserido em um ciclo trigonomtrico, atravs do qual pode ser visualizada a defasagem da sua onda.
Figura 05 Representao geomtrica da soluo.
cos a
=
(cos s )z i en = +
2 2a b = +
cos sz i en = +
bsen
= sb en =cosa =
2 22 2 = +
45 =
4 4 = +
2 2(cos 45 45 )z isen= +
8 =
2 2 cos 45 2 2 s 45z i en= +
2 2 =
cos sz i en = +
2,83 ;
22
sen =
cos a
=
12
sen =
2cos2 2
=
22 2
sen =
1cos2
=
bsen
=
2cos2
=
Anexo 2
Geogebra e Multisim: prtica com os Nmeros Complexos:
No segundo e terceiro estgios foram apresentados os aplicativos Geogebra e Multisim, cuja
finalidade era de utiliz-los como forma de demonstrar aplicaes dos Nmeros Complexos na rea
de eltrica.
A2.1 O aplicativo Geogebra pode ser obtido a partir do endereo eletrnico
https://www.geogebra.org/?lang=pt_BR. Esse aplicativo foi criado pelo professor Dr. Markus
Hohenwarter da Flrida Atlantic University e possui recursos de Geometria, lgebra e Clculo.
Para a capacitao realizada, sugeriu-se uma apostila disponvel no endereo eletrnico
http://www.bento.ifrs.edu.br/site/midias/arquivos/20121030155956743apostila_minicurso_geoegra.pdf,
fornecida pelo Instituto Federal do Rio Grande do Sul.
No Geogebra foram construdas rotinas para representao geomtrica e algbrica dos
Nmeros Complexos, exemplificada no Figura 06, utilizando-se o Geogebra para o nmero
complexo z1 = 2 + 2i.
Figura 06 Representao do Nmero Complexo Plano de Argand-Gauss Geogebra.
Para apresentar os Nmeros Complexos aos professores, montou-se uma rotina no
Geogebra, na qual os alunos poderiam colocar a forma retangular de um Nmero Complexo e o
aplicativo calcularia o mdulo, o argumento e a sua representao no Plano de Argand-Gauss, o que
serviria como reforo ao contedo dado em sala de aula (Figura 07).
http://www.bento.ifrs.edu.br/site/midias/arquivos/20121030155956743apostila_minicurso_geoegra.pdfhttps://www.geogebra.org/?lang=pt_BR
Figura 07 Representao do Nmero Complexo (Retangular / Polar) Plano de Argand-Gauss utilizando recursos do Geogebra.
Na ltima etapa desse estgio foram desenvolvidas atividades com o aplicativo Multisim,
com apoio de uma apostila confeccionada pela Universidade Federal de Uberlndia, disponvel no
link http://www.alan.eng.br/arquivos/multisim_analogica.pdf, bem como com o uso do tutorial que
explica como realizar a montagem e simulao de um circuito eletrnico no link
http://pld.lesc.ufc.br/laboratorio/fileserver/Pratica_05_-_Simulacao_ Usando_Multisim.pdf .
Nesta etapa, tambm atravs de slides, foram apresentados alguns exerccios envolvendo
circuitos compostos por resistores, indutores e capacitores, denominados de Circuitos RLC
explicando a relao que existe entre essas associaes e os Nmeros Complexos, bem como o
clculo da associao entre resistores, capacitores e indutores, no qual identificou-se a parte real e a
parte imaginria positiva e negativa dos circuitos, ilustradas na Figuras 08 e 09.
Figura 08 Circuitos RLC (Associao Paralela / Associao Srie).
Janela de Visualizao
http://pld.lesc.ufc.br/laboratorio/fileserver/Pratica_05_-_Simulacao_Usando_Multisim.pdfhttp://www.alan.eng.br/arquivos/multisim_analogica.pdf
Figura 09 Representao de uma onda com Resistncia Indutor e Capacitor.
Aps explicaes bsicas envolvendo os tipos de associaes e as representaes de
defasagem entre os componentes, passou-se a utilizar o Multisim para efetuar as associaes
verificando as tenses e formas de onda ocasionadas pela defasagem, como observa-se na Figura
10.
A corrente numa resistncia est em fase em relao tenso aos seus terminais.
A corrente no indutor est em atraso 90o em relao tenso aos seus terminais.
A corrente no capacitor est avanada 90o em relao tenso aos seus terminais.
Figura 10 - Circuito RL (Srie Resistor Indutor).
Figura 10 Sinais obtidos no circuito RL (Resistor Indutor), a esquerda medies registradas nos multmetros, acima forma de ondas obtidas no osciloscpio relativas aos componentes (R-L).
Como a disciplina de Fsica trabalha com a associao de resistores, indutores e capacitores
no terceiro ano, pode ser feita uma parceria com os professores, aprofundando mais o assunto,
inclusive facilitar-se- a demonstrao da defasagem que os componentes ocasionam no circuito.
Supondo que o complexo z = 2 + 2i pudesse ser representado diretamente em uma
associao (circuito) conforme Figura 11, onde a parte real o resistor: 2 e a imaginria o
indutor: 2H, pode ser vista a defasagem entre os dois sem a necessidade da aquisio de
equipamentos caros como um osciloscpio (Figura 12).
Figura 11 - Circuito RL (Srie Resistor Indutor).
Figura 12 Sinais obtidos no circuito RL (Resistor Indutor ) - defasagem entre componentes.
Na Figura 11 apresentado um circuito RL onde est sendo medida a forma de onda de cada
componente (resistivo e indutivo), j na Figura 12 pose observar a forma de onda defasada por cada
componente, sendo que a onda de maior amplitude (indutor) est defasada de 90o em relao a onda
de menor amplitude (resistor).