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A falta de medicamentos e a qualidade do atendimento oncológico no SUS WhatsApp, e-mail e SMS Oncologistas brasileiros utilizam essas ferramentas no contato com pacientes Real World Data O uso de dados da vida real já começa a se tornar realidade na saúde brasileira Balanço Atual Diretoria da SBOC apresenta realizações do primeiro ano de gestão Perfil: Gustavo Godoy Oncologista pernambucano divide o tempo entre a clínica, a pesquisa e a docência Foto: Pixabay Pág. 22 Pág. 26 Pág. 18 Pág. 24 Pág. 6 ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS A REVISTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA

ONCOLOA OCOOSAS - sboc.org.br · afirma o mastologista André Mattar, membro da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) “O ideal seria a existência de centros de alta resolutividade

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A falta de medicamentos e a qualidade do atendimento oncológico no SUS

WhatsApp, e-mail e SMS

Oncologistas brasileiros utilizam essas ferramentas no contato com pacientes

Real World Data

O uso de dados da vida real já começa a se tornar realidade na saúde brasileira

Balanço

Atual Diretoria da SBOC apresenta realizações do primeiro ano de gestão

Perfil: Gustavo Godoy

Oncologista pernambucano divide o tempo entre a clínica, a pesquisa e a docência

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ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS A REVISTA

DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA

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24Gustavo GodoyOncologista pernambucano está pesquisando a relação entre o Schistosoma mansoni e o câncer de cólon

26Um ano da atual Diretoria da SBOCEleita para a gestão 2015-2017, a atual Diretoria da SBOC mostra as principais realizações de seu primeiro ano

6A Jornada da Paciente com Câncer de Colo UterinoOrganizado pela SBOC, painel debateu sobre o câncer do colo do útero com especialistas de diversas intituições

Congresso Brasileiro de Câncer do Aparelho DigestivoEvento inova ao ser organizado conjuntamente por SBOC e Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO)

II Simpósio Brasileiro de Imuno-OncologiaPromovido pela SBOC, simpósio reuniu oncologistas clínicos do Centro-Oeste, em Brasília (DF)

— Reportagem especial

— Giro SBOC

— Ciência & prática — Perfil

— Balanço

22Tecnologias na interação com pacientes Enquete da SBOC revela que maioria dos oncologistas usa WhatsApp, e-mail e SMS para contato com pacientes

— Vida de médico

A qualidade do atendimento oncológico no SUSUm raio X do atendimento mostra demora para o ínicio do tratamento, falta de equipamentos e de medicamentos

18Real World Data começa a se tornar realidade Instituições de saúde brasileiras dedicadas à oncologia se preparam para utilizar ferramentas de inteligência cognitiva

4 Hora de apresentar resultadosPresidente da SBOC apresenta a revista Oncologia & Oncologistas e os resultados do primeiro ano da gestão 2015-2017

— Carta ao leitor

Índice

— Inovação

10 Campanha de vacinação contra o HPVPromovida pela SBIm, campanha tem apoio da SBOC e tem como objetivo aumentar a adesão à vacina

— Giro SBOC

Força Amiga ganha apoio da SBOC A campanha reúne sociedades médicas, entre elas a SBOC, especialistas e ONGs para promover um debate sobre a doença

11Gincana Virtual da OncologiaDepois de quatro meses e a participação de mais de 220 residentes de oncologia, conheça os vencedores da disputa

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Foto: Macro Photo Z

Foto: Reprodução de vídeo

Fosfoetanolamina em testeIcesp e Universidade Federal do Ceará conduzem pesquisas para avaliar possível efeito antitumoral da substância

14Pesquisa em andamentoProjeto de pesquisa do Hospital de Câncer de Barretos avalia a eficácia de um teste caseiro na urina para identificar o HPV

16 — Eventos SBOC

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4 | ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS

Este é o primeiro número da revista Oncologia & Oncologistas, que chega até você no

momento em que a gestão 2015-2017 da SBOC completa um ano. Um dos textos da

edição apresenta uma prestação de contas, destacando as principais realizações deste

primeiro ano.

Oncologia & Oncologistas é um desdobramento do antigo Boletim SBOC, agora com um

design mais moderno e matérias de interesse geral para os oncologistas clínicos. A

intenção é que ela seja um instrumento para fortalecer o contato entre os associados,

permitindo que profissionais de todo o Brasil se conheçam melhor e troquem mais

informações. Além disso, queremos fornecer insights para o dia a dia do oncologista

clínico, não apenas em relação à ciência, mas também a questões práticas da profissão.

Melhorar a comunicação com os associados é uma das metas da atual Diretoria. Além da

nova revista, a SBOC ganha também um novo site, com navegação que facilita o acesso

aos conteúdos, além de fortalecer a presença nas redes sociais. Incrementamos ainda

nossa presença nos meios de comunicação, promovendo discussões importantes para a

sociedade, como a qualidade do atendimento oncológico no Sistema Único de Saúde (SUS).

Esse é um dos temas que porta-vozes da SBOC vêm debatendo nos meios de

comunicação. Nesta edição, uma reportagem especial trata do assunto. Para fazer

um raio X do atendimento público aos pacientes com câncer, membros de outras

sociedades médicas também foram ouvidos. Na reportagem especial, números e dados

mostram que faltam equipamentos e medicamentos e há demora no atendimento.

Carta ao leitor

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Hora de apresentar resultados

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A adoção de ferramentas capazes de coletar, estruturar e integrar dados médicos

poderia ajudar o sistema público de saúde a se organizar, diminuindo o tempo de

espera e mantendo o histórico dos pacientes sempre atualizado. No Brasil, al-

gumas instituições públicas e privadas já utilizam tecnologias capazes de coletar

dados do mundo real, captando informações importantes sobre o dia a dia de

seus serviços. Um dos destaques da revista é uma matéria que mostra como es-

sas instituições estão implementando o uso do Real World Data.

As tecnologias de comunicação também já fazem parte da rotina dos oncolo-

gistas clínicos no atendimento a seus pacientes. Outra reportagem desta edição

apresenta dados sobre a utilização de WhatsApp, SMS e e-mail no contato com

pacientes e discute os limites dessa relação virtual. A maioria dos oncologistas

clínicos que respondeu à pesquisa exclusiva elaborada pela SBOC diz usar esses

meios de comunicação para falar com os pacientes sobre resultados de exames,

medicamentos, controle de eventos adversos ou para tirar qualquer outra dúvida

do tratamento.

Como você pode ver pelo “cardápio” deste primeiro número, nossa intenção é

que a revista Oncologia & Oncologistas aborde temas atuais, mas sempre sob a

perspectiva do oncologista clínico, atendendo a seus principais dilemas e desa-

fios. Dessa forma, a SBOC espera ser vista cada vez mais como uma facilitadora

do caminho de crescimento profissional do oncologista brasileiro.

Boa leitura!

ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS | Revista da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. Edição n 1. Presidente: Dr. Gustavo dos Santos Fernandes. Diretora executiva: Dra. Cinthya Sternberg. Secretário de Comunicação Social: Dr. Claudio Luiz S. Ferrari. Designer Gráfico: Paulo David Muzel. Produção editorial: Cross Content. Direção: Andréia Peres e Marcelo Bauer. Edição: Simone Costa. Diagramação e infográficos: Douglas Duarte Bandeira. Revisão: Renata Lopes Del Nero. Pré-impressão: Premedia Crop. Contato: Av. dos Andradas, n 2287, sl. 709 - CEP: 30120-010 - Belo Horizonte - MG - Tel. (31) 3241-2920

Dr. Gustavo dos Santos Fernandes, Presidente da SBOC

Nossa intenção é que Oncologia & Oncologistas aborde temas atuais, mas sempre sob a perspectiva do oncologista clínico, atendendo a seus principais dilemas e desafios

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6 | ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS

A qualidade do atendimento oncológico no SUS

Um raio X do atendimento mostra déficit de equipamentos, demora no diagnóstico e no tratamento

Nos últimos 50 anos, doenças infecciosas e parasitárias deram lugar às doenças

cardiovasculares e às neoplasias como as principais causas de morte no Brasil. O

envelhecimento da população — de 1960 para cá, a expectativa de vida do brasileiro

aumentou mais de 25 anos —, a maior exposição a fatores de risco e ganhos de eficiência

no registro fez do conjunto de doenças caracterizadas como câncer a segunda maior causa

de morte no país. Somente no biênio 2016-2017, 600 mil novos casos devem ser notificados,

de acordo com estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), excluindo-se os casos de

câncer de pele não melanoma.

É no Sistema Único de Saúde (SUS) que cerca de 80% desses pacientes fazem ou farão o

tratamento. “O SUS atende, de maneira razoável, um grande número de pessoas, mas faltam

métricas para avaliar esse atendimento”, afirma o oncologista Gustavo Fernandes, presidente

da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Para contribuir nesse sentido, no último

ano, a SBOC vem promovendo um debate sobre a saúde pública, evidenciando a necessidade

de adoção de análises de custo-efetividade pelo Ministério da Saúde.

Desde 2005, o Brasil tem uma política de atenção oncológica. Essa política determina

desde a prevenção do câncer até como devem ser a reabilitação e os cuidados paliativos.

A última avaliação detalhada dessa política foi feita em 2010 por uma auditoria do Tribunal

de Contas da União (TCU). “As análises realizadas evidenciaram que a estrutura da rede de

atenção oncológica não tem possibilitado acesso tempestivo e equitativo ao diagnóstico e ao

tratamento de câncer”, aponta o Relatório de Auditoria Operacional do TCU.

Lentidão para início do tratamento

Um dos pontos destacados no relatório produzido pelo TCU foi a lentidão para início do

tratamento: o tempo médio de espera entre a data do diagnóstico e a primeira sessão de

quimioterapia foi de 76,3 dias, enquanto que a primeira radioterapia aconteceu 113,4 dias depois.

Da lista de remédios considerados essenciais pela OMS, 39 medicamentos oncológicos não estão disponíveis no SUS

Reportagem especial

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Em 2014, dando sequência ao monitoramento do atendimento

oncológico público, o TCU observou que as recomendações

feitas estavam sendo implementadas. Uma das medidas

tomadas pelo governo foi a edição da Lei n 12.732, de 2012,

determinando que o prazo máximo para início do tratamento

— que pode ser cirúrgico, radioterápico ou quimioterápico —

fosse de 60 dias, contados a partir da data do diagnóstico em

laudo patológico.

A lei, que ficou conhecida como “lei dos 60 dias”, no entanto,

não funciona na prática. No Relatório Sistêmico de Fiscalização

de Saúde, o próprio TCU apresenta dado do Inca, de 2014,

segundo o qual 70% dos pacientes levam até 180 dias

para iniciar o tratamento. “É inadmissível que uma paciente

sintomática, que sente um nódulo na mama, leve seis meses

para realizar o diagnóstico e iniciar o tratamento pelo SUS”,

afirma o mastologista André Mattar, membro da Sociedade

Brasileira de Mastologia (SBM) “O ideal seria a existência

de centros de alta resolutividade para que pacientes com

algum sintoma pudessem fazer o diagnóstico e começar o

tratamento imediatamente. Uma mulher com um nódulo

palpável não deveria ser encaminhada para mamografia,

como muitas vezes acontece”, explica o Dr. Mattar.

Baixo número de unidades cirúrgicas

O relatório do TCU apontou também um déficit de 44

unidades de atendimento com capacidade instalada para

cirurgia em 2011. “A situação é a mesma, já que até agora

não houve investimento significativo na capacidade de

atendimento cirúrgico. Dos gastos totais do Ministério da

Saúde em oncologia, somente 10% deles vão para a cirurgia”,

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afirma o cirurgião oncológico Felipe Coimbra, presidente da

Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).

De acordo com o Dr. Coimbra, estima-se que 80% dos pacientes

oncológicos precisem de cirurgia, seja para diagnóstico,

estadiamento, seja para tratamento curativo. “Uma estatística

mundial mostra que somente 25% dos pacientes conseguem

ter acesso à cirurgia no tempo certo com médico capacitado

para cada tipo de tumor. Não temos dados sobre a situação

brasileira, mas não deve ser diferente disso”, explica.

Déficit de aparelhos de radioterapia

A falta de equipamentos de radioterapia já era evidenciada

na auditoria realizada pelo TCU. O documento apresentou

um levantamento do Inca que apontava um déficit de

135 equipamentos no sistema público. Considerando-se a

recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS),

esse déficit é ainda maior. A OMS determina que haja 1

aparelho de megavoltagem para cada 250 mil a 300 mil

habitantes. Atualmente, o SUS conta com 269 equipamentos,

metade do que preconiza a OMS para atender toda a

população brasileira (veja infográfico abaixo).

Há quatro anos, o governo federal lançou o Plano de Expansão

da Radioterapia no SUS, prometendo mais 80 equipamentos

(39 ampliações e 41 novos), mas o Plano ainda não saiu do

papel. A previsão era de que dois desses aparelhos fossem

entregues até o fim deste ano. “Quando alguém chega com

indicação de radioterapia e não há disponibilidade, pode

acontecer de ele ser encaminhado para outro tratamento

para não estourar o prazo definido pela Lei dos 60 dias”,

afirma o radioterapeuta Eduardo Weltman, presidente da

Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT).

Segundo o Dr. Weltman, a dificuldade dos serviços públicos

de radioterapia está também na manutenção dos aparelhos.

“Apenas aqueles que estão em centros de referência mantidos

com algum tipo de subsídio (estadual, federal ou da sociedade

civil) conseguem sobreviver. Os demais não têm meios para

pagar por consertos e manutenção, cobrados em dólar,

e é uma questão de tempo o sucateamento e a parada de

funcionamento desses aparelhos com consequente piora no

atendimento da população”, afirma. O Dr. Weltman lembra

ainda que a remuneração dos serviços de radioterapia que

atendem o SUS está congelada desde 2010. “São seis anos de

perdas por causa da inflação e gastos em dólar para manter

esses equipamentos”, ressalta.

Desigualdades regionais

O país sofre ainda com a desigualdade na distribuição de

aparelhos de radioterapia. Segundo a SBRT, na região Norte,

há 0,19 aparelho para cada 300 mil habitantes, enquanto na

Sul, o índice é 0,71. O mesmo acontece com os aparelhos de

mamografia (veja infográfico na página ao lado).

Um levantamento elaborado pela SBM em parceria com

a Rede Goiana de Pesquisa em Mastologia mostrou que

o número de equipamentos de mamografia do SUS seria

satisfatório para atender toda a população, mas estes estão,

em grande maioria, no eixo Sul-Sudeste. “Além disso, as capitais

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concentram esses mamógrafos, enquanto uma área imensa

no interior fica descoberta”, afirma a mastologista Maira

Caleffi, presidente da Federação Brasileira de Instituições

Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama).

Outro problema é a qualidade dos mamógrafos no país.

Desde 2012, o Brasil tem o Programa Nacional de Qualidade

em Mamografia (PNQM), mas poucos serviços de mamografia

inscreveram-se para serem avaliados. Até agora, somente 234

— a maioria atende o SUS — passaram por avaliação e 218

foram aprovados. “A qualidade das imagens dos mamógrafos

é ruim. No Hospital Pérola Byington, temos de repetir os

exames em cerca de 35% das vezes”, afirma o Dr. Mattar.

Falta de medicamentos

O atendimento oferecido pelo SUS aos pacientes com

câncer é marcado ainda pela falta de medicamentos. “Existe

uma enorme disparidade entre as opções de tratamento

oncológico oferecidas pelo SUS e aquelas consideradas

essenciais pela chamada ‘cesta básica’ da OMS. No total, 39

medicamentos oncológicos presentes na lista da OMS não

estão disponíveis para pacientes com câncer tratados no

sistema público”, alerta a Dra. Maira Caleffi. A mastologista

assinou, junto a oncologistas membros da SBOC, um artigo no

Journal of Global Oncology, em junho deste ano, que mostrou o

impacto da falta de trastuzumabe e pertuzumabe para câncer

de mama metastático HER2-positivo no SUS.

Segundo o artigo, das 2008 mulheres que serão diagnosticadas

com a doença neste ano, 808 estarão vivas em dois anos

se tratadas só com quimioterapia. O número subiria para

1.576 se o trastuzumabe e o pertuzumabe fossem associados

à quimioterapia. “Falta clareza nas decisões da Conitec

[Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS].

O trastuzumabe, por exemplo, foi aprovado no país há mais de 17

anos e é eficaz. O SUS não poderá ofertar todas os medicamentos,

mas com uma avaliação de custo-efetividade, selecionaria alguns

que fariam grande diferença para os pacientes em tratamento de

câncer”, afirma o Dr. Fernandes.

Em novembro, a SBOC submeteu à Conitec pedido para incluir

o trastuzumabe e o pertuzumabe na lista de medicamentos

disponíveis no SUS. A submissão ainda está sob análise do

órgão. “Nos próximos meses, entraremos com pedido para a

incorporação do ipilimumabe para melanoma e de uma terapia

para câncer renal”, explica o Dr. Fernandes. “O SUS deve definir

um caminho para evitar a crescente judicialização da saúde, que já

atinge a cifra de R$ 7 bilhões por ano e compromete a distribuição

mais equânime dos recursos do Estado, tirando de pessoas que

têm mais necessidade o direito de serem tratadas”, afirma.

O Relatório Sistêmico de Fiscalização de Saúde do TCU aponta dado do Inca, de 2014, segundo o qual 70% dos pacientes com câncer levam até 180 dias para iniciar o tratamento

Foto: Rhoda Baer

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10 | ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS10 | ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS

Promovida pela SBIm, campanha também é apoiada pela SBOC

A campanha Onda Contra Câncer, realizada pela Sociedade

Brasileira de Imunizações (SBIm), tem o objetivo de

informar sobre a segurança e a eficácia da vacina

contra o HPV. Em sua segunda edição, a campanha

recebeu o apoio da SBOC. “Esta campanha encabeçada

por sociedades médicas é muito bem-vinda porque

ajuda a derrubar mitos e inseguranças sobre a vacina”,

afirma Carla Domingues, coordenadora do Programa

Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.

A vacina quadrivalente (eficaz contra os tipos 6, 11, 16

e 18 do HPV) está disponível em clínicas particulares do

país desde 2007. No calendário do Programa Nacional

de Imunizações, foi incluída em 2014. Além das meninas

a partir dos 9 anos de idade, a campanha Onda Contra

Câncer espera sensibilizar meninos e jovens. “Acreditamos

que nosso apoio possa ajudar a chamar a atenção para o

fato de que esta é uma vacina que previne alguns tipos

de câncer, principalmente o de colo do útero, vencendo

a resistência das pessoas”, diz o Dr. Claudio Ferrari,

oncologista e secretário de Comunicação Social da SBOC.

A campanha promove um debate sobre o câncer do colo do útero

Lançada pela farmacêutica Roche, a campanha Força Amiga

recebeu o apoio de sociedades médicas, especialistas e

ONGs. O objetivo é estimular o apoio às pacientes com

câncer de colo do útero e promover o debate. Estimativas

do Instituto Nacional de Câncer (Inca) preveem 16.340

novos casos da doença neste ano.

O câncer de colo do útero é o terceiro tipo de neoplasia

mais comum entre as brasileiras. O oncologista Gustavo

Fernandes, presidente da SBOC, observa que as taxas

de sobrevivência da doença no Brasil são menores que

as observadas em países desenvolvidos por causa do

diagnóstico tardio e de falhas no tratamento. “A causa

propõe uma verdadeira construção, passo a passo, de um

futuro melhor para as mais de 16 mil mulheres que são

diagnosticadas todos os anos com a doença”, disse.

O movimento Força Amiga tem várias etapas. Uma delas

é a utilização da hashtag #ForçaAmiga nas redes sociais

para divulgar informações sobre formas de prevenção,

como a vacina contra o HPV e o exame de Papanicolau.

Campanha de vacinação

contra o HPV

Giro SBOC

Força Amiga ganha apoio

da SBOC

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Premiados os vencedores da primeira edição da competição on-line

De julho a novembro, mais de 220 residentes de todo

o país participaram da Gincana Virtual da Oncologia,

promovida pela SBOC. A disputa on-line tem o objetivo

de disseminar conhecimento médico em oncologia,

integrando a comunidade de preceptores e residentes

Somente no primeiro mês, o site da Gincana teve mais

de 25 mil acessos. “A iniciativa foi muito bem recebida

pelos residentes. Como escolhemos casos relevantes,

elaborados por oncologistas membros da SBOC, eles

se sentiram estimulados a estudar”, diz a Dra. Clarissa

Mathias, secretária-geral da SBOC.

A premiação aconteceu no dia 12 de novembro, durante

o IX Congresso Franco-Brasileiro de Oncologia, no Rio

de Janeiro. O primeiro colocado da Gincana, Bruno

Pereira, foi premiado com uma semana de preceptorship

em uma instituição internacional de referência, a ser

definida pela SBOC. No segundo lugar, empataram Ana

Cecília Vasconcelos e Gabriel Clemente de Brito Pereira.

Eles ganharam um pacote para a Asco 2017, incluindo

passagem, estadia e inscrição. O quarto colocado, Aaron

Froede Santos, recebeu uma anuidade da SBOC para 2017.

Questões sobre casos clínicos de fase III

A Gincana foi inspirada em uma competição realizada,

em 2015, entre escolas de medicina da Bahia, idealizada

pela Dra. Clarissa. A cada 15 dias, um novo caso clínico foi

publicado no site. Os participantes tinham uma semana para

responder a até cinco perguntas sobre ele. A pontuação

considerou o tempo para a resposta e a alternativa

correta. “Os casos clínicos foram embasados em estudos

de fase III e procuramos abranger diversas especialidades,

algo importante para a formação dos residentes”, explica

Gincana Virtual da Oncologia

a Dra. Clarissa. Além de conhecimentos gerais de oncologia, os

residentes foram testados com questões sobre diagnóstico,

estadiamento, história natural da doença, epidemiologia, biologia

molecular e domínio sobre o tratamento dos principais tumores.

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rg* Com o empate na segunda colocação, não houve terceiro lugar.

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Icesp e Universidade Federal do Ceará avaliam o possível efeito antitumoral da substância

Depois de constatar a segurança da fosfoetanolamina

sintética por meio de testes clínicos com dez pacientes,

o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) deu

início, em outubro, à segunda fase do estudo que vai

avaliar o possível efeito antitumoral da substância.

O estudo pioneiro em humanos incluirá 20 pacientes do

Icesp para cada um dos dez tipos de tumor selecionados:

cabeça e pescoço, pulmão, mama, cólon e reto, colo

uterino, próstata, melanoma, pâncreas, estômago e fígado.

Para participar do estudo, os pacientes foram selecionados

com base numa lista de critérios. “Eles estão de acordo

com todos os critérios de elegibilidade e não têm nenhum

dos de exclusão. Isso torna a seleção bastante adequada

em termos científicos”, diz o oncologista Prof. Dr. Paulo

Hoff, diretor-geral do Icesp.

O Dr. Hoff diz que o teste em seres humanos é importante

para dar uma resposta à sociedade. “Achamos que havia

uma pergunta científica a ser respondida quanto à eficácia

da fosfoetanolamina. Sempre deixo claro que não duvido

que algumas pessoas tenham tido resultados com o uso da

substância. Por isso, concordamos em fazer o estudo”, diz.

“Outros produtos que se apresentem com a mesma proposta

de serem uma panaceia, que resolvem todos os males,

precisam ser vistos com o mesmo olhar científico”, afirma.

Fosfoetanolamina em teste

Estudos pré-clínicos

A síntese da fosfoetanolamina utilizada pelo Icesp foi

feita pelo laboratório PDT Pharma, de Cravinhos (SP).

Já na Universidade de São Paulo, em São Carlos, foi

produzida a amostra enviada ao Núcleo de Pesquisa

e Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade

Federal do Ceará (NPDM/UFC), que faz parte de um

grupo de trabalho organizado pelo Ministério da

Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC)

para realizar testes pré-clínicos da substância.

Nos dois primeiros testes — um carcinoma e um

carcinossarcoma inoculados em camundongos —,

os pesquisadores do NPDM não observaram efeito

significante na inibição do crescimento turmoral. No

último teste, a substância foi injetada em camundongos

inoculados com melanoma B16F10. O resultado

mostrou uma eficácia de redução de 64% sobre

o crescimento do tumor. “Apesar de o efeito ser

bastante inferior a tratamentos convencionais, o

resultado é interessante. Como o melanoma é um tumor

imunogênico, conjecturamos se a pílula pode ter algum

efeito indireto de estimulação do sistema imunológico

em alguns tipos de tumor”, explica o médico Manoel

Odorico de Moraes Filho, professor da Faculdade de

Medicina da UFC e coordenador do estudo.

O NPDM ainda fará um teste em leucemia experimental

— também inoculada em camundongos — e aguarda

o envio da substância pelo MCTIC para iniciar os testes

clínicos em pessoas sadias. O passo seguinte, que será

coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), será

a inclusão de pacientes com câncer nos testes clínicos.

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Ciência & prática

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Teste caseiro para detectar o HPV está sendo desenvolvido pelo Hospital de Câncer de Barretos

Um projeto de pesquisa para determinar a eficácia de um

teste caseiro na urina para identificar o HPV relacionado ao

câncer do colo do útero está sendo conduzido pelo Hospital de

Câncer de Barretos, no estado de São Paulo. Parceria entre a

instituição brasileira e as universidades americanas da Carolina

do Norte e Duke, o projeto inovador foi um dos 43, entre 1400

inscritos, contemplados, em maio, com financiamento de

US$ 100 mil da fundação Bill & Melinda Gates.

O financiamento tem duração de 18 meses e cobre a prova de

conceito do teste. Os pesquisadores estão em fase de obtenção

de autorização do Comitê Nacional de Ética em Pesquisa para

iniciar a coleta de material, que deve começar dentro de três

meses. “Não existe no mercado um teste como este que

pretendemos desenvolver. Se tudo der certo, na próxima fase,

buscaremos uma empresa para poder disponibilizá-lo para

as mulheres”, explica o cirurgião oncológico José Humberto

Tavares Guerreiro Fregnani, diretor executivo do Instituto de

Ensino e Pesquisa do Hospital de Câncer de Barretos.

O teste baseia-se numa faixa de nitrocelulose revestida

em anticorpos capazes de detectar HPV dos tipos 16 e 18,

os mais relacionados ao câncer do colo do útero, terceira

neoplasia que mais mata mulheres no Brasil, e também

ao câncer de vulva, vagina, ânus e em regiões de cabeça

e pescoço. A princípio, não se sabe se o teste poderá ser

utilizado pelos homens. “Já existem evidências de que o

material genético do vírus pode ser identificado na urina,

mas não sabemos ainda se esse material chega até ela

através da filtração renal ou se ocorre alguma descamação

vaginal que a contamina. Também pretendemos detectar

isso na pesquisa”, diz o Dr. Fregnani.

Pesquisa em andamento

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José Humberto Fregnani, diretor executivo do Instituto de Ensino e

Pesquisa do Hospital de Câncer de Barretos

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ZYTIGA® (acetato de abiraterona). FORMA FARMACÊUTICA E APRESENTAÇÃO: comprimidos de 250 mg, frasco com 120 comprimidos. USO ORAL. USO ADULTO. INDICAÇÕES: ZYTIGA® em combinação com prednisona ou prednisolona, é indicado em pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração, assintomáticos ou levemente sintomáticos, após falha à terapia de privação androgênica; pacientes com câncer de próstata avançado metastático resistente à castração e que receberam quimioterapia prévia com docetaxel. CONTRAINDICAÇÕES: mulheres grávidas ou que potencialmente possam estar grávidas. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES: Cautela em pacientes com doença cardiovascular. Cautela em pacientes cujas condições médicas preexistentes possam ser comprometidas por aumento da pressão arterial, hipopotassemia ou retenção hídrica. Hepatotoxicidade: raros relatos de pós-comercialização de insuficiência hepática aguda e hepatite fulminante, alguns com desfecho fatal. Vide posologia. Cautela na retirada dos corticosteroides e cobertura de situações de estresse: se houver necessidade de suspender prednisona ou prednisolona, monitorar sinais de insuficiência adrenocortical. Em pacientes recebendo prednisona ou prednisolona que estão sujeitos a estresse fora do comum, uma dose aumentada de um corticosteroide pode ser indicada antes, durante ou depois da situação de estresse. Segurança e eficácia do uso concomitante de ZYTIGA® e quimioterapia citotóxica não estabelecida. Mulheres grávidas ou que possam estar grávidas não devem manusear ZYTIGA® sem luvas. Uso não indicado durante lactação. REAÇÕES ADVERSAS: Essenciais: hipertensão arterial, hipopotassemia, retenção hídrica, aumento de enzimas hepáticas. Comuns: edema periférico, infecção do trato urinário, dispepsia, hematúria, fraturas, distúrbios cardíacos (insuficiência cardíaca, angina, arritmias), hipertrigliceridemia. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: não tomar com alimentos. Cautela quando ZYTIGA® é administrado com medicamentos ativados ou metabolizados pela CYP2D6, em particular medicamentos com índice terapêutico estreito. Considerar redução da dose de medicamentos com índice terapêutico estreito metabolizados pela CYP2D6. Evitar indutores fortes da CYP3A4 (fenitoína, carbamazepina, rifampicina, rifabutina, rifapentina e fenobarbital) durante tratamento com ZYTIGA®. Coadministração de cetoconazol (forte inibidor da CYP3A4) não teve efeito clínico significativo na farmacocinética da abiraterona. Monitorar pacientes quando ZYTIGA® for combinado com medicamentos predominantemente eliminados via CYP2C8. Não há dados disponíveis sobre a interação de abiraterona e álcool ou nicotina. POSOLOGIA E MODO DE USAR: 1000 mg (quatro comprimidos de 250 mg) em tomada única diária, longe das refeições. Tomar pelo menos 2 horas depois de uma refeição e não ingerir nenhum alimento pelo menos 1 hora após a tomada do medicamento. Deglutir os comprimidos inteiros, com água. Dose máxima diária: 1000 mg. ZYTIGA® é usado com dose baixa de prednisona ou prednisolona (5 mg duas vezes ao dia). Avaliar transaminases séricas e bilirrubina antes de iniciar ZYTIGA® , a cada duas semanas durante os 3 primeiros meses de tratamento e depois mensalmente. Monitorar pressão arterial, potássio sérico e retenção hídrica mensalmente. Recomenda-se manter os pacientes em tratamento até progressão dos níveis de PSA associada à progressão radiográfica ou clínica. Não é necessário ajuste de dose na insuficiência hepática leve. Não usar em pacientes com insuficiência hepática moderada ou grave. Para pacientes que desenvolvem hepatotoxicidade durante o tratamento com ZYTIGA® (aumentos de ALT ou AST ≥5 vezes o limite superior da normalidade ou aumento da bilirrubina ≥3 vezes o limite superior da normalidade), suspender imediatamente até normalização da função hepática. Reiniciar tratamento com dose reduzida de 500 mg uma vez ao dia, após os testes de função hepática retornarem aos níveis basais. Nos pacientes nos quais o tratamento está sendo reintroduzido, monitorar transaminases séricas e a bilirrubina no mínimo a cada duas semanas durante 3 meses e depois mensalmente. Se ocorrer hepatotoxicidade com 500 mg/dia, descontinuar ZYTIGA®. Se os pacientes desenvolverem hepatotoxicidade grave ( ALT ou AST >20 vezes o limite superior da normalidade), descontinuar ZYTIGA® e pacientes não devem ser tratados novamente com o medicamento. Não é necessário ajuste de dose na insuficiência renal. Não partir, abrir ou mastigar o medicamento. SUPERDOSE: em caso de superdosagem, interromper administração e adotar medidas gerais de suporte, incluindo monitoramento para arritmias e função hepática. Conservar em temperatura ambiente (15ºC e 30ºC). Em caso de intoxicação ligue para 0800 722 6001. Venda sob prescrição médica. Janssen-Cilag Farmacêutica. MS- 1.1236.3401. Informações adicionais para prescrição: vide bula completa. INFOC 0800.7013017 – Cód. CCDS 1512. VPS04.

Material destinado exclusivamente à classe médica. Material impresso e distribuído em Dezembro de 2016. Cód. XXXXXX

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16 | ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS

Evento inova ao ser organizado conjuntamente por SBOC e SBCO

Com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO),

a SBOC promoveu o Congresso, que aconteceu em agosto,

em São Paulo. “O tratamento multidisciplinar dos pacientes

com câncer é um caminho sem volta na busca do melhor

resultado”, disse o Dr. Felipe Coimbra, presidente da SBCO.

“O Congresso mostra que é possível implantar ou melhorar

o trabalho multidisciplinar sem a necessidade de grandes

mudanças nas estruturas já existentes”, avaliou o Dr. Gustavo

Fernandes, presidente da SBOC.

Congresso Brasileiro de

Câncer do Aparelho Digestivo

SBOC leva formação para oncologistas do Centro-Oeste

Em Brasília, cerca de 120 oncologistas brasileiros e

estrangeiros, residentes, estudantes de enfermagem e

medicina participaram do Simpósio de Imuno-Oncologia.

“Todos os grandes eventos estão restritos ao eixo Rio-São

Paulo. Temos serviços importantes aqui no Centro-Oeste, um

volume expressivo de pacientes e especialistas com interesse

em fazer atualizações desse tipo”, disse a Dra. Danielle

Laperche, integrante da Comissão Organizadora do Simpósio.

Painel organizado pela SBOC debate sobre câncer do colo do útero

“A Jornada da Paciente com Câncer de Colo Uterino” foi

parte do 3 Congresso Brasileiro Todos Juntos Contra o

Câncer e reuniu um grupo multidisciplinar de especialistas

para discutir sobre a doença, que causa a morte de 5 mil

mulheres por ano no Brasil, segundo dados do Instituto

Nacional de Câncer (Inca). “O câncer de colo do útero é

passível de ser 100% curado se descoberto nos estágios

iniciais. A despeito disso, temos uma triste realidade.

Quase metade das mulheres morre cinco anos depois de

detectada a doença. Os conhecimentos que temos são

suficientes para mudar esse cenário”, disse Jesus Carvalho,

presidente da Comissão de Ginecologia Oncológica da

Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e

Obstetrícia (Febrasgo).

II Simpósio Brasileiro de

Imuno-Oncologia

A Jornada da Paciente com

Câncer de Colo Uterino

Eventos SBOC

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Real World Data começa a se tornar realidade Instituições de saúde brasileiras dedicadas à oncologia já utilizam dados do mundo real para melhorar o atendimento aos pacientes

18 | ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS

Form

ação

Form

ação

Um paciente com câncer gera cerca de 1 terabyte de informações sobre sua saúde ao longo de apenas um dia. Isso equivale

a 50 celulares com 168 giga de memória. Mas apenas 0,5% desses dados é avaliado. Hoje, nem 5% dos pacientes no mundo

participam de estudos clínicos e a maioria deles tem entre 18 e 65 anos de idade. Se os médicos tivessem acesso aos

prontuários de todos os pacientes do mundo, independentemente da idade, estima-se que seria possível reduzir em 20%

a mortalidade global. Isso é o Real World Data, algo que parece ficção científica, mas que já começa a se tornar realidade.

Inovação

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Form

ação

Empresas como a IBM já apostam em ferramentas capazes

de coletar dados do mundo real. Recentemente, ela lançou o

Watson Oncology, programa com capacidade para acessar todo

o conhecimento existente sobre câncer e cruzar as informações

com o prontuário do paciente, oferecendo ao médico um

ranking dos melhores tratamentos. “Aprenderíamos muito

mais rápido se pudéssemos ter informação de todos. O

cuidado com cada paciente deve gerar conhecimento para

tratarmos outros pacientes”, afirma o oncologista Claudio

Ferrari, secretário de Comunicação Social da SBOC.

Dados para medir qualidade

No Brasil, algumas das principais instituições dedicadas à

oncologia já conseguem ter informações relevantes sobre

o que acontece no dia a dia de seus serviços. O Instituto de

Oncologia do Vale (IOV), clínica do Grupo Oncologia D’Or com

seis unidades em São José dos Campos e Taubaté, envia dados

compilados para o Quality Oncology Practice Initiative (QOPI),

programa da American Society of Clinical Oncology (Asco) que

reconhece a qualidade das práticas oncológicas, desde 2008.

“O envio de dados à Asco não é em tempo real, ele acontece

duas vezes por ano. Ainda assim, esses oito anos de coleta

de dados nos proporcionou informações riquíssimas sobre

nossos processos assistenciais”, explica o oncologista Carlos

Frederico Pinto, diretor executivo do IOV. “A Asco nos envia

um relatório de desempenho, com comparativos com outros

serviços de oncologia”, conta.

Segundo o Dr. Frederico Pinto, alguns aspectos melhoraram

a partir da coleta de dados e da troca de informações com

a Asco. “Por exemplo, mudamos o manejo de complicações

de pacientes em quimioterapia, o manejo da dor, algumas

práticas quanto ao tratamento para câncer de mama

metastático”, explica.

Atualmente, o IOV está em negociação com a Asco para

acessar sua base de dados em tempo real. “Ainda precisamos

resolver como lidar com a legalidade da utilização de dados de

uma instituição estrangeira. Também precisamos desenvolver

uma interface que converse com a da Asco. A perspectiva é

que consigamos isso até o segundo semestre de 2017”, conta

o Dr. Frederico Pinto. “Assim, poderemos acessar uma base

de dados de 1 milhão de pacientes acompanhados em tempo

real nos Estados Unidos, o que pode ajudar na tomada de

decisão sobre determinados tratamentos”, explica.

Foco no paciente

O Grupo COI também coleta e analisa dados de seu

atendimento há oito anos. “Fazemos estudos prospectivos e

retrospectivos para analisar a sobrevida global e a sobrevida

livre de recidiva dos pacientes”, explica o oncologista Nelson

Teich, presidente do grupo. Segundo ele, o que motivou o Grupo

COI a coletar os dados foi a necessidade de entender melhor o

que se passa com os pacientes. “De modo geral, sabe-se muito

pouco o que acontece com eles. As instituições brasileiras não

têm dados de sobrevida e qualidade de vida dos pacientes”, diz.

O Dr. Teich acredita que mapear os dados também é

importante para entender a relação custo-benefício. “Num

mundo em que os custos da saúde crescem mais do que o

sistema consegue suportar, a única forma de se avaliar se o

que está sendo feito é bom ou não é mapeando rotineiramente

os resultados clínicos”, avalia. No Grupo COI, atualmente, o

mapeamento de dados inclui os casos de câncer de pulmão,

próstata, mama e colorretal.

Em busca de parametrização

Desde que foi criado, em 2008, o Instituto do Câncer do

Estado de São Paulo (Icesp) utiliza prontuários eletrônicos.

“Essa ferramenta já é uma realidade para grande parte dos

hospitais brasileiros, mas falta parametrização dos dados”, diz

o oncologista Prof. Dr. Paulo Hoff, diretor-geral do instituto.

“No Icesp, temos certo grau de parametrização desde que

implantamos o sistema, mas ainda não é suficiente”, afirma.

O Dr. Hoff explica que no Icesp os dados são cruzados de

acordo com idade, sexo, ascendência, diagnóstico. “Consigo

pesquisar, por exemplo, todos os pacientes com câncer

de intestino do lado direito. Ou seja, parametrizamos o

que já sabemos, mas se eu quisesse saber se os pacientes

com melanoma têm olho claro ou escuro, não tenho essa

informação. Ela faz diferença? Talvez”, exemplifica.

Segundo o Dr. Hoff, as instituições de ponta do sistema

público não ficarão atrás das particulares na implantação de

ferramentas para coleta e análise de dados. “Essas instituições

detêm conhecimento. As informações bem armazenadas

terão valor na negociação com as empresas que fabricam as

ferramentas de inteligência artificial”, avalia.

Se os médicos tivessem acesso aos prontuários de todos os pacientes do mundo, independentemente da idade, estima-se que seria possível reduzir em 20% a mortalidade global

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20 | ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS

Feedback e educação continuada

As 34 clínicas do Grupo Oncoclínicas, localizadas em nove

estados do país, realizam em torno de 12 mil ciclos de

tratamento oncológico, incluindo quimioterapia, anticorpos

e medicações orais por mês. Para o oncologista Ricardo

Marques, presidente do Instituto Oncoclínicas — braço

do grupo dedicado a ensino, pesquisa e educação médica

continuada —, coletar informações sobre esse volume de

tratamentos realizados é uma chance de aprendizado com a

experiência gerada pelos próprios pacientes no mundo real,

que pode ser contrastada com dados conhecidos em estudos

clínicos de outros países e instituições. “O primeiro passo para

que isso acontecesse foi a implantação de um prontuário

eletrônico que unirá todas as clínicas. Optamos pelo Cerner,

considerado na atualidade o melhor prontuário eletrônico.

Ele permitirá que a gente saiba quantos pacientes, neste

momento, estão tratando cada tipo de câncer e o resultado

desses tratamentos”, explica o Dr. Marques.

Segundo o oncologista, a implantação do prontuário eletrônico

deve levar dois anos. “A partir daí, poderemos monitorar a taxa

de complicação para a mesma quimioterapia, a mesma doença

e comparar os resultados entre os oncologistas”, avalia o Dr.

Marques. “A ideia é que, a partir disso, possamos dar feedbacks

aos médicos e, se for o caso, indicá-los para nosso programa de

educação continuada”, planeja.

Criação de indicadores

O hematologista Rodrigo Abreu e Lima, diretor executivo

nacional do Grupo Oncologia D’Or, acredita que, no futuro, o Real

World Data possa beneficiar principalmente o paciente. “Hoje,

o sistema de saúde suplementar, área na qual o grupo atua, é

muito fragmentado. O paciente faz o diagnóstico num lugar, o

tratamento em outro, a internação em um terceiro local. Se todos

seus dados nesse percurso estiverem interligados, auxiliarão na

tomada de decisão sobre o tratamento a seguir”, explica.

De acordo com o Dr. Abreu e Lima, a maioria do Grupo

Oncologia D’Or possui um sistema eletrônico que integra

as 34 unidades de atendimento em sete cidades do país.

“O que queremos é construir um banco de dados único, criando

indicadores que gerem comparabilidade do nosso serviço e

indicadores de desfecho dos acompanhamentos”, explica.

Conhecer para cuidar melhor

Sensível à necessidade de conhecer melhor o perfil de seus

pacientes, mapear as opções de tratamento adotadas e

controlar os desfechos clínicos de seus pacientes, o Hospital

Sírio-Libanês optou pelo desenvolvimento interno de um novo

prontuário para o Centro de Oncologia. A nova plataforma de

registro completou dois anos, e segue sendo aprimorada. O

desenvolvimento contemplou a estruturação dos dados mais

relevantes (diagnóstico, tratamentos e resultados — incluindo

os efeitos adversos) e a integração com os demais sistemas

do hospital, especialmente a prescrição eletrônica, conforme

explica o oncologista Gustavo Fernandes, diretor técnico do

Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês em Brasília e

presidente da SBOC. “A adaptação da primeira unidade foi um

pouco difícil. Mas as falhas iniciais foram rapidamente sanadas

e, quando chegou na terceira unidade, não houve estresse”, diz.

“É verdade que o registro ideal de todas as informações exige um

pouco mais de tempo. Por isso, estamos buscando ferramentas

para facilitar esse preenchimento e aprimorar a integração dos

sistemas, de forma a capturar dados já estruturados de outras

plataformas, como a patologia”, completa ele.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2030,

os casos de câncer no mundo terão um aumento de 45%.

O Dr. Claudio Ferrari acredita que as instituições brasileiras

estão conseguindo se preparar para utilizar o que há de mais

moderno em termos de computação cognitiva para ajudar

médicos a tomar melhores decisões e em tempo mais curto,

beneficiando os pacientes. “Este é um momento de mudança.

O trabalho que vem sendo feito, até de maneira competitiva

entre as instituições, vai ajudar a entender, dentro de uma

mesma instituição, como os casos estão sendo conduzidos

pelos diferentes médicos e os resultados de cada opção de

tratamento”, afirma o Dr. Ferrari. “É possível ainda prever

que isso levará a um melhor uso dos recursos diagnósticos e

terapêuticos, em um prazo muito curto”, completa.

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22 | ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS

Maioria dos oncologistas brasileiros utiliza WhatsApp, e-mail e SMS no contato com os pacientes

Tecnologias na interação com pacientes

Uma pesquisa da consultoria inglesa Cello Health Insight mostrou que 87% dos médicos

brasileiros utilizam o WhatsApp para falar com seus pacientes. O resultado é baseado no

uso da ferramenta nos trinta dias anteriores à enquete, realizada no final do ano passado.

O índice brasileiro foi bem mais alto que em outros sete países. Nos Estados Unidos, 4% dos

médicos haviam recorrido ao WhatsApp nesse período com a mesma finalidade, enquanto

no Reino Unido foram somente 2%.

Para saber se os oncologistas clínicos brasileiros também interagem com os pacientes

utilizando WhatsApp, e-mail e SMS, a SBOC fez uma enquete entre seus membros. O resultado

foi similar ao da consultoria inglesa: 87,5% dos que responderam à pesquisa conversam

pelo WhatsApp com seus pacientes sobre resultados de exames, medicamentos, controle

de eventos adversos ou para tirar qualquer outra dúvida do tratamento. Desses, 57,5% o

fazem somente no serviço privado, enquanto 40% usam a ferramenta tanto no atendimento

privado quanto no público.

Já o e-mail é utilizado para os mesmos fins por 83,3% dos oncologistas que participaram

da enquete, enquanto o SMS também é uma opção para 52,1% (veja os dados completos

ao lado). “Acredito que as tecnologias de comunicação venham para somar e possam ser

grandes aliadas no dia a dia com os pacientes, desde que tenhamos a maturidade para usá-

-las, sempre preservando a ética e o cerne da relação médico-paciente”, comentou um dos

participantes da enquete. “A utilização de tecnologias da comunicação é atualmente uma das

questões que mais geram consultas ao Conselho Federal de Medicina (CFM)”, diz o pediatra

José Fernando Vinagre, corregedor do CFM.

Grupos de discussão e acompanhamento

O Dr. Vinagre explica que os médicos podem utilizar as ferramentas, desde que não firam

o Código de Ética Médica. “Os profissionais podem, por exemplo criar grupos para discutir

A enquete da SBOC mostrou que 87,5% dos oncologistas clínicos que responderam à pesquisa conversam pelo WhatsApp com seus pacientes sobre resultados de exames, medicamentos, controle de eventos adversos ou para tirar outras dúvidas do tratamento

Vida de médico

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casos clínicos. Nesses grupos restritos, o cuidado é preservar

completamente a identidade e a privacidade dos pacientes”,

explica o corregedor do CFM.

Quanto ao atendimento aos pacientes, o Dr. Vinagre enfatiza

que consultas só podem ser feitas presencialmente. “Por

WhatsApp — assim como há décadas ocorre com o telefone —

o médico pode orientar em alguma emergência, ressaltando

que o paciente deve ser encaminhado imediatamente a

um hospital, se for o caso, ou deve ir até o consultório

para uma avaliação clínica”, diz. “O médico também pode

pedir ao paciente que informe sobre adaptação a novos

medicamentos, se está tudo indo bem ou não. Mas consulta a

distância não é permitido”, destaca.

Cobrança

A enquete feita pela SBOC mostrou que 60,4% dos oncologis-

tas clínicos entendem que essas interações com os pacien-

tes por meio de tecnologias de comunicação deveriam ser

cobradas no atendimento privado ou consideradas como um

retorno de consulta. “O Código de Ética Médica deixa bem

claro que consultas são presenciais, quando o profissional

faz a anamnese e observa o quadro clínico do paciente”, diz

a advogada Lúcia Freitas, gerente do Departamento Jurídico

da SBOC. “Por isso, contatos por meio de mídias sociais e fer-

ramentas de comunicação, que podem ser utilizadas para dar

alguma orientação pontual ou emergencial, não podem ser

remuneradas”, completa.

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24 | ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS

O oncologista Gustavo Godoy (foto), de 40 anos de idade, atendeu

dois pacientes no Hospital das Clínicas da Universidade Federal

de Pernambuco (UFPE) que lhe chamaram a atenção por terem

sido diagnosticados com câncer de cólon antes dos 50 anos de

idade. Ao analisar o exame anatomopatológico da peça cirúrgica

dos pacientes, o oncologista percebeu a descrição da presença de

ovos de Shistosoma mansoni e teve um insight. “Decidi investigar

se poderia haver alguma relação entre Shistosoma e o câncer do

cólon”, afirma o Dr. Godoy, membro da SBOC.

A curiosidade do oncologista deu origem a um projeto de

iniciação científica de alunos de medicina da UFPE. Eles estão

fazendo um levantamento dos pacientes com câncer de cólon

operados no Hospital das Clínicas nos últimos dez anos e, para

isso, contam com o apoio dos serviços de Gastroenterologia e

Patologia do hospital. O objetivo é buscar mais casos de câncer

de cólon associados ao Schistosoma.

Em artigo recente no Journal of Global Oncology, publicação

de prestígio da American Society of Clinical Oncology

(Asco), o Dr. Godoy apresentou uma revisão da literatura

em que mostra que ovos da espécie Schistosoma japonicum,

comum na Ásia, já foram relacionados ao desenvolvimento

de câncer colorretal e de fígado, enquanto os ovos de

Gustavo Godoy: busca por descoberta inédita sobre a epidemiologia do câncer de cólon

No Hospital das Clínicas do Recife, o Dr. Godoy está estudando a relação entre o Schistosoma mansoni e o câncer de cólon

Projeto de iniciação científica da UFPE orientado pelo Dr. Godoy busca mais casos de câncer de cólon associados ao Shistosoma

Perfil

Schistosoma haematobium, presente na África Subsaariana,

induziriam tumores na bexiga.

No Brasil, aproximadamente 25 milhões de pessoas

vivem sob o risco de infestação pelo Shistosoma mansoni.

“Estamos nos perguntando se é coincidência ou se

realmente há uma relação entre esse parasita e o câncer

de cólon. Se a hipótese for verdadeira, precisaremos

mudar políticas públicas de combate tanto ao câncer de

cólon quanto ao parasita”, diz.

Interesse pela pesquisa

O Dr. Godoy formou-se em medicina na UFPE e fez a

residência em clínica médica no Hospital das Clínicas

da instituição. Prosseguiu a formação na residência em

oncologia clínica no Hospital das Clínicas da Universidade de

São Paulo (USP). “Escolhi o HC da USP para essa residência

porque queria estar num ambiente que estimulasse tanto

a carreira acadêmica quanto a pesquisa clínica. Desde o

princípio, senti esse incentivo lá”, conta.

Na sequência, o Dr. Godoy fez doutorado em oncologia na

mesma universidade. Entre 2010, após defender a tese, e

2014, o oncologista ficou afastado das pesquisas, atuando

na saúde suplementar e particular. A volta se deu quando

ele passou no concurso para trabalhar no Hospital das

Clínicas da UFPE. “Esse hiato longe do meio acadêmico

me fez muita falta”, diz ele. “Logo depois que comecei a

trabalhar no HC aqui no Recife, foi aberta a residência

em oncologia clínica. Com isso, há mais discussão sobre

os casos, reuniões clínicas e científicas e o incentivo

para produzir trabalhos para congressos. Só no último

realizado pela SBOC, dos nove artigos que enviamos, sete

foram aprovados”, afirma.

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Atuação como professor

Desde o ano passado, o Dr. Godoy tem dividido o tempo

entre a pesquisa, o atendimento no consultório particular e as

disciplinas de clínica médica e oncologia do curso de medicina

da Uninassal. “Lecionar é algo que realmente gosto de fazer,

especialmente quando se trata da disciplina de oncologia.

Poucas faculdades têm esse curso na grade e sempre digo

a meus alunos que eles são privilegiados por isso, já que o

câncer é a segunda doença que mais mata no mundo”, afirma.

“O aluno de medicina não pode sair da faculdade sem estar

familiarizado com o tema. Mesmo o médico generalista

precisa saber sobre rastreamento e diagnóstico precoce

do câncer para conseguir encaminhar adequadamente um

paciente para o especialista”, explica.

SAIBA MAIS

Leia a íntegra do artigo “DNA Repair Defect and RAS

Mutation in Two Patients With Schistosoma mansoni

– Associated Colorectal Cancer: Carcinogenesis Steps

or Mere Coincidence?”, publicado pelo Dr. Gustavo

Godoy no Journal of Global Oncology em:

<http://jgo.ascopubs.org/content/early/2016/08/20/

JGO.2016.006254>

Para entrar em contato com o oncologista,

utilize o e-mail: [email protected]

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26 | ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS

Realizações incluem ações de formação, eventos e a profissionalização da gestão

Um ano da atual Diretoria da SBOC

Eleita para a gestão 2015-2017, a atual Diretoria da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC)

completa um ano à frente da entidade. Durante esse período, foram realizadas ações para

integrar seus associados, contribuir com sua formação continuada, construir um calendário

de eventos atendendo a interesses regionais, estimular o debate sobre a incorporação de

novas tecnologias e tratamentos no Sistema Único de Saúde (SUS), entre outras, que foram

a base de seu programa. “O destaque deste primeiro ano foi a profissionalização da gestão

da SBOC com a contratação de uma diretoria executiva e a organização de vários processos

internos. Também está em curso uma relação mais transparente com os associados”, afirma

o oncologista Volney Soares Lima, tesoureiro da SBOC.

Formação

Para melhorar a comunicação com oncologistas e residentes, a atual Diretoria da SBOC

lança, em dezembro, um novo site com uma navegabilidade que favorecerá, entre outros

aspectos, o acesso à biblioteca, também reformulada recentemente. “Havia jornais, revistas

e plataformas de pesquisa que não eram acessados e oneravam a SBOC. Agora temos uma

biblioteca mais enxuta, com material que é de real interesse dos oncologistas”, explica o Dr.

João Soares Nunes, vice-presidente para Ensino da SBOC. “A reorganização da biblioteca é

um ganho importante dessa gestão, que é marcada pela profissionalização”, diz o Dr. Jacques

Tabacof, vice-presidente para Relações Nacionais e Internacionais da SBOC.

Com a reformulação, o acesso à biblioteca cresceu nos últimos meses. A criação da SBOC

Review, newsletter encaminhada quinzenalmente aos associados com os principais

destaques dos periódicos disponíveis, contribuiu para aumentar o acesso. “O objetivo é

facilitar a atualização dos oncologistas alertando sobre os artigos mais relevantes”, explica

o Dr. Romualdo Barroso-Souza, editor da SBOC Review. A cada edição, oncologistas são

convidados a escrever algumas das resenhas. “É uma forma importante de ter a opinião de

colegas de diferentes áreas, grupos e regiões distintas do país”, explica.

Para ampliar o calendário de eventos e atender as necessidades regionais, a SBOC realizou,

em 2016, as duas primeiras edições do Simpósio Brasileiro de Imuno-Oncologia, um em

Salvador e outro em Brasília, abrangendo associados das regiões Norte, Nordeste e Centro-

-Oeste, respectivamente. A ideia é que o simpósio seja levado às demais regiões do país.

“Esta gestão tem um importante foco na educação e na atualização médica”, diz o Dr.

Francisco Pereira Borges Filho, membro do Conselho Fiscal da SBOC.

Ações da atual Diretoria da SBOC buscaram desde integrar seus associados e contribuir para sua formação continuada até estimular debates importantes para a população em geral, como a incorporação de medicamentos pelo SUS

Balanço

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Também com foco na formação, a SBOC lançou em julho a Gincana

Virtual da Oncologia para residentes da área. A disputa on-line

recebeu a inscrição de mais de 220 residentes de 71 instituições

em 16 estados. “A ideia foi muito bem recebida. Já pensamos em

ajustes para conseguir atrair ainda mais participantes na próxima

edição”, diz a Dra. Clarissa Mathias, secretária-geral da SBOC.

Outra iniciativa foi o endosso da SBOC à nova recomendação de

currículo global para o oncologista clínico feita pela European Society

for Medical Oncology (Esmo) e pela American Society of Clinical

Oncology (Asco). A SBOC foi a única sociedade latino-americana

a endossar o currículo até agora. “A iniciativa da SBOC de integrar

nossa proposta de currículo com a recomendação global é muito

salutar. Isso mostra que os oncologistas clínicos brasileiros não

estão isolados”, afirma o Dr. Markus Gifoni, vice-tesoureiro da SBOC.

Integração com outras especialidades

Em 2016, a SBOC empreendeu várias ações conjuntas com outras

especialidades. Uma delas foi o Congresso Brasileiro de Câncer

do Aparelho Digestivo, iniciativa inédita organizada em parceria

com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).

Em 2017, acontecerá a I Semana Brasileira da Oncologia.

“Pela primeira vez, o congresso da SBOC será realizado

em paralelo com os eventos das Sociedades Brasileiras de

Radioterapia e de Cirurgia Oncológica, marcando o período

como a primeira semana dedicada à oncologia no Brasil. Esse

esforço merece destaque”, afirma o Dr. Jorge Sabbaga, vice-

-presidente de Organização, Planejamento e Administração

da SBOC. As três sociedades médicas se uniram também em

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outra iniciativa, a revista Brazilian Journal of Oncology, que

será lançada em janeiro. “Ao se unirem, as três sociedades

farão uma revista que englobará a oncologia brasileira

como um todo. A publicação está sendo preparada para

que possa ser indexada, algo importante para os autores”,

afirma a Dra. Cinthya Sternberg, diretora executiva da SBOC.

“A reformulação da revista é uma das principais realizações

deste ano”, completa a Dra. Clarissa Baldotto, membro da

Comissão de Ética da SBOC.

Acesso a terapias no SUS Durante este ano, membros da atual Diretoria da SBOC

também participaram de debates sobre a qualidade do

atendimento oncológico no SUS e alertaram sobre a demora

da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS

(Conitec) em incluir novos medicamentos no sistema público.

Um passo incisivo foi dado em novembro, quando a Diretoria

fez a primeira submissão ao órgão para a incorporação de dois

medicamentos, trastuzumabe e pertuzumabe, para câncer de

mama metastático.

“Nos próximos três meses, faremos outras duas submissões

à Conitec. Há cerca de 40 indicações para tratamento

do câncer que não estão disponíveis no Sistema Único

de Saúde. A incorporação de poucas dessas terapias

traria grande impacto”, afirma o Dr. Gustavo Fernandes,

presidente da SBOC.

Oncologia clínica como especialidade

Outra pauta da atual Diretoria que está prestes a ser cumprida

é o reconhecimento da oncologia clínica como especialidade.

O Comitê Científico da Associação Médica Brasileira (AMB)

já votou, unanimemente, a favor. Agora, a SBOC aguarda

a decisão final da Comissão Mista de Especialidades do

Conselho Federal de Medicina (CFM).

O oncologista Carlos Gil Moreira Ferreira, vice-presidente para

Pesquisa Clínica e Estudos Cooperativos da SBOC, aponta

esse resultado como a principal conquista desta gestão.

Trata-se, segundo o Dr. Antonio Dal Pizzol Júnior, vice-

-presidente de Assistência Médica e Defesa Profissional da

SBOC, de um exemplo de como a atual Diretoria tem buscado

responder às necessidades dos associados. “Num futuro

próximo teremos assento em órgãos colegiados importantes

e poderemos emitir nosso título de especialista”, comemora o

Dr. Gilberto Amorim, membro da Comissão de Ética da SBOC.

O Dr. Álvaro Machado, também membro da Comissão de

Ética da SBOC, lembra ainda que a entidade está voltada

para a solução de problemas relacionados à remuneração

dos oncologistas. “Nossas reivindicações estão sendo ouvidas

pela Comissão de Honorários Médicos da AMB”, afirma. “A

SBOC, neste primeiro ano da gestão 2015-2017, concretizou

várias ações que lhe permitirão, em breve, desempenhar suas

tarefas em um novo patamar”, resume o Dr. Machado.

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Outra novidade é a publicação das diretrizes da SBOC. As

primeiras dez, voltadas para os principais tipos de câncer

que acometem os brasileiros, serão publicadas no novo

site. “A diretrizes estarão num espaço interativo para que os

associados da SBOC possam opinar sobre elas, ajudando a

SBOC a fazer ajustes necessários”, afirma o Dr. Fernandes. O Dr. Claudio Ferrari, secretário de Comunicação Social da SBOC, comenta iniciativas desenvolvidas na área de comunicação. “Temos buscado promover, na imprensa, discussões importantes para a sociedade. Dessa forma, temas como fatores de risco, vacinação, exames preventivos e impacto de medicamentos modernos na sobrevida de pacientes, aos poucos, substituíram a fosfoetanolamina nos noticiários”, explica. “Além disso, buscamos conhecer melhor as iniciativas dos oncologistas de todo o Brasil para divulgá-las em nossas mídias próprias. E o lançamento do novo site da SBOC completa a tríade de iniciativas em comunicação deste primeiro ano de diretoria”, avalia o secretário de Comunicação Social.

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anúncioSOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA ONCOLÓGICA

SOCIEDADE BRASILEIRA DE RADIOTERAPIA

20º Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica13º Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica19º Congresso da Sociedade Brasileira de Radioterapia. Reserve a data!

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA ONCOLÓGICA

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20º Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica13º Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica19º Congresso da Sociedade Brasileira de Radioterapia. Reserve a data!

A BRISTOL TORNOU A IMUNO-ONCOLOGIA UMA

REALIDADE NO BRASIL

Na Bristol-Myers Squibb, os pacientes estão no centro de tudo o que fazemos.

Nossa visão para o futuro do tratamento do câncer está focada no investimento

em pesquisa e desenvolvimento de uma nova classe de medicamentos biológicos

que tem como foco estimular o sistema imunológico do próprio organismo para

ajudar a combater a doença.

A Bristol-Myers Squibb é pioneira nessa inovadora abordagem, oferecendo uma

nova esperança aos pacientes com câncer.

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