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Operação Urbana Consociada - Definição
No Estatuto da Cidade:
“conjunto de intervenções e medidas coordenadas pelo Poder Público municipal, com a
participação dos proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados, com o
objetivo de alcançar em uma área transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais e a
valorização ambiental” (Artigo 32º § 1º).
“a operação urbana deve ser criada através de lei específica, baseada no plano diretor municipal”
e aprovada pelo legislativo, que deve prever (Artigo 33º):
I - perímetro da área a ser atingida;
II - programa básico de ocupação da área;
III - programa de atendimento econômico e social para a população diretamente afetada pela
operação;
IV - finalidades da operação;
V - estudo prévio de impacto de vizinhança;
VI - contrapartida a ser exigida dos proprietários, usuários permanentes e investidores privados
em função da utilização dos benefícios previstos;
VII – forma de controle da operação, obrigatoriamente compartilhado com representantes da
sociedade civil.
Origem e modelos internacionais
Grandes Projetos Urbanos
Alternativa ao planejamento tradicional, modernista e, funcionalista, universal
• crise fiscal do Estado ( Estado mínimo)
• neoliberalismo /globalização
• descentralização
Origem e modelos internacionais
Parcerias Público-Privadas (PPPs):
Docklands (Londres): 1981, a London
Docklands Development Corporation
(LDDC)
• compra terrenos,
• licencia empreendimentos,
• implanta infraestrutura
• acessa recursos do governo central.
• modelo replicou-se nas Urban
Development Corporations,
Estrutu
ra da gestão
do
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)
Origem e modelos internacionais
Puerto Madero
Puerto Madero (Buenos Aires-Argentina):
Área de propriedade estatal /empresa de direito
privado formada pelo Estado nacional e prefeitura /
venda planejada das terras públicas
(acima) Aquário Nacional de Baltimore/(à direita) Perspectiva geral de 1989, mostrando o existente e o projetado para o ano 2000, na área central e no Inner
Harbor de Baltimore/(abaixo) Píer 17. Fonte: http://www.vitruvius.com.br
• Revitalização para turismo e lazer
• Foco no aumento da arrecadação
tributária Special zoning districts .
Origem e modelos internacionais
Estados Unidos: “revitalização” do bairro portuário de Fells Point, em Baltimore e o Píer
17, em Nova York.
Origem e modelos internacionais
Areas de Nueva Centralidad (Barcelona):
• modelo de gestão compartilhada entre o setor público, setor privado e uma
representação da sociedade civil.
• Barcelona buscava ganhar competividade no contexto das cidades europeias e
afirmar poder local (Partido Socialista)
• Grande aporte de recursos públicos no contexto da preparação para Olimpíadas
1992
• empresas municipais de economiamista para a promoção de atividadesde desenvolvimento urbano ecultural
• modelo de planejamento estratégicoonde os segmentos sociais estavamrepresentados (Comitê Executivo,Conselho Geral e ComissõesTécnicas).
Areas de Nueva Centralidad (MALERONKA, 2010)
Origem e modelos internacionais
França: ZAC (Zônes d’Aménagement Concerté ou Zonas de Planejamento Pactuado):
consta do código urbanístico francês desde 1967, e caracteriza-se pelo controle do Estado
que é bem maior. É ele que adquire as terras, faz melhorias de infraestrutura, e decide o
uso de cada lote, realizando inclusive o projeto arquitetônico do edifício, em alguns casos.
Vende as áreas e os projetos à iniciativa privada, cobrando a plus-valia resultante da
valorização da intervenção, para financiar a operação e garantir a oferta de moradias.
Havia semelhança entre as operações urbanas brasileiras e este modelo no final da década
de 70, que se perdeu completamente ao longo dos anos.
ZAC Paris Rive Gauche: 1994 e 2007 (MALERONKA, 2010)
Origem e modelos internacionais
Land Readjustment (kukaku-seiri em japonês):
• Lei do Land Readjustment de 1954
• Lei específica para cada operação
• Reparcelamentos dos terrenos
• Áreas para a construção de novos equipamentos
públicos
• Terrenos reserva, colocados à venda para financiar
o projeto.
Obu-Hantsuki-Japão (Montandon & Souza, 2007)
Origem e modelos internacionais
O Land Readjustment é implementado para :
• provisão de lotes para a habitação em zonas periféricas
• desenvolvimento de infraestrutura urbana em zonas intensamente
urbanizadas.
1.Desenvolvimento de novas cidades
2.Prevenção ao crescimento desordenado
3.Renovação urbana
4.Desenvolvimento de centros urbanos
5.Reconstrução urbana
Origem e modelos internacionais
(REESE, Eduardo )
Objetivo Intervenções públicas setoriais Programa integral comumEstado facilitador / Investimento
privado
Criação de novas Centralidades
Áreas de nova centralidade – Barcelona La Defense – París
Catalinas Norte – Buenos Aires
Potsdamer Platz – BerlimSanta Fé – México
Ex Albergue Warnes – Buenos Aires
Reabilitação / renovação de centros e subcentros
Centro histórico – La HabanaCentro histórico – Quito
Centro histórico – MéxicoCentro histórico – CartagenaCentro histórico – Querétaro
Centro histórico – BarcelonaCentro histórico – Murcia Centro histórico – Bilbao
Centro histórico – Buenos Aires
Abertura de avenidas urbanas Champ Elises – París
Recuperação / Renovação de áreas e bairros degradados
Virreyes Oeste – San FernandoUsme – Bogotá
Forum 2004 – Barcelona Rive Gauche – París Frente – Concepción
Covent Garden – Londres
Abasto – Buenos Aires
Recilcagem de edificios e infra-estruturas obsoletas
Refuncionalización predios ferroviarios – Chascomús
Abandoibarra – Bilbao Kop van Zuid – RótterdamPortal Abasto – Córdoba
Waterfront – Boston
Battery Park – Nueva CorkPuerto Madero – Buenos Aires
Docklands – Londres Scalabrini Ortiz – Rosario Cerrillos – Santiago Chile
La Bicoca – Milán Frente portuario – Santa Fé
Infraestruturas e nós de redes viárias
Transmilenio – BogotáBig Dig – Boston
Corredor del Oeste – Buenos Aires
Porto / Aeroporto / Zonas Logísticas –Kobe
Novo puerto DinamarcaTren de la Costa – Buenos Aires
Grandes equipamentosparques e corredores
ecológicos
Borde costero – Córdoba Borde costero – Bilbao
Moll de la Fusta – Barcelona Mataderos – Buenos Aires
La Villete – París Orla – Rosario
Parc Citroen – París Bercy – París
Abu Dabi
Operações Urbanas em São Paulo
• surgem como ideia nos anos 80 ( Projeto de Lei
de Plano Diretor de 1985 (Mário Covas) não
aprovado
• tentativas: projetos urbanos de renovação dos
entorno das futuras estações de metrô, como o
de Santana, Brás e Bresser (fracassaram)
• todos os planos diretores propostos passaram a
incluir este instrumento, ainda sem
regulamentação federal.
• no Plano Diretor apresentado pelo prefeito Jânio
Quadros, “aprovado” em 1988, aparecem com
destaque .
• primeira operação aprovada – gestão Luiza
Erundina, operação Anhangabahu
Proposta do novo Vale do Anhangabaú. Fonte: Vitruvius
Outorga Onerosa
Modelo de utilização do instrumento de outorga onerosa:
• o município estabelece no Plano Diretor a relação área edificável/área do terreno,
que é o coeficiente de aproveitamento básico (CAB)
• possibilidade de edificar acima do básico mediante contrapartida
Os recursos deverão ser aplicados
na construção de unidades
habitacionais, regularização e
reserva fundiárias, implantação
de equipamentos comunitários,
criação e proteção de áreas
verdes ou de interesse histórico,
cultural ou paisagístico.
Outorga Onerosa no contexto das Operações Urbanas
Certificados de Potencial Adicional de Construção (CEPACs)
• vendidos em leilões públicos
• instrumento financeiro
• podem ser utilizados para a construção adicional em qualquer terreno no perímetro
da OUC, de acordo com as regras da sua lei específica.
• recursos financiam a OUC , aplicados dentro de seu perímetro
• a Prefeitura age como um empresade desenvolvimento, realizandoobras “âncoras”, para atrair o“capital”. Se tudo funcionar ainiciativa privada ganha com avalorização dos empreendimentos,e a Prefeitura recupera os gastos,podendo realizar novosinvestimentos. Mas, se der“prejuízo” quem paga é o Estado.
Operações Urbanas em São Paulo
• Operação Urbana Anhangabaú (1991) – já extinta pelo prazo de sua lei:
Lei 11.090/91, com prazo de 3 anos, visava captar recursos para finalizar as obras do Vale do
Anhangabaú. Não atingiu resultados esperados, arrecadando basicamente recursos resultantes
da regularização de obras irregulares - Bolsa de Valores gerou a maior parte desses recursos;
• Operação Urbana Faria Lima (1995):
Lei 11.732/95, aplicada em uma área já bem valorizada. É a mais antiga em vigor e a que obteve
maior volume de recursos - cerca de R$ 1,3 bilhões (826 milhões pela venda de Cepac’s), até
2009. Do total arrecadado, mais de 25% ainda não havia sido aplicado. Do estoque de 2,25
milhões de metros quadrados adicionais previstos, restam ainda
1,31 milhões de metros quadrados. Calcula-se que a venda do
estoque ainda pode alcançar até R$ 3 bilhões, considerando-se o
aquecimento do mercado e a inauguração de uma estação de
metrô junto ao Largo da Batata.
Faria Lima (Montandon & Souza, 2007)
Operações Urbanas em São Paulo
• Operação Urbana Água Branca (1995):
instituída pela Lei nº 11.774/95, numa área originalmente industrial, de grandes glebas em pleno
centro expandido, que vinha perdendo dinâmica econômica e sem dinâmica imobiliária. Assim como
as demais OU que a antecederam, não contemplava um projeto urbanístico para o conjunto do
perímetro, apenas algumas diretrizes viárias que não estruturam a área. Sua arrecadação foi baixa
(cerca de 78 milhões) e a aplicação não alcançou 4% desse valor.
• Operação Urbana Centro (1997):
instituída pela lei 12.349/97, delimita uma área totalmente urbanizada e consolidada, embora
deteriorada, o centro histórico de São Paulo. Foi concebida partindo do conceito de que era essencial
repovoar o centro para recuperá-lo. A lei prevê muito mais a criação de estímulos do que execução de
Intervenções financiadas com contrapartidas. Teve fraco desempenho (apenas 24 milhões), em que a
prefeitura utilizou apenas 30% do arrecadado.
Um de seus instrumentos, a transferência de potencial construtivo, gerou uma Ação Direta de
Inconstitucionalidade por parte do MPE. Permitia que os proprietários de imóveis tombados, de forma
onerosa, transferissem o potencial adicional para outro lote em outra área da cidade. Esses recursos
deveriam ser obrigatoriamente aplicados em obras de recuperação do imóvel tombado. O MPE
proibiu a utilização desse instrumento, regulamentado, entretanto, no PDE.
Operações Urbanas em São Paulo
Operação Urbana Consorciada Água Espraiada (2001):
• proposta e aprovada em 2001,
• Viabilizada em 2004
• única OU que utilizou desde o início os Cepac’s
• arrecadou R$ 846 milhões, em onze leilões.
• Valor de 300 chegou a R$ 1.100;
• conexão viária entre a Marginal Pinheiros e a Rodovia dos Imigrantes, atual
Avenida Roberto Marinho, removidas milhares de famílias
• a maioria destas famílias utilizou estes recursos para adquirir terrenos ou barracos
na distante área de proteção dos mananciais.
• Favela que resistiu: Jardim Edith(ZEIS)
• Até o momento, 90% dos R$ 652 milhões investidos na operação ocorreram na
parte mais valorizada: (ponte estaiada R$ 300 milhões)
Operações Urbanas em São Paulo
PDE 2002
• Criação de mais nove Operações Urbanas: Vila Leopoldina, Diagonal Norte, Norte-
Carandiru/Vila Maria, Celso Garcia, Tiquatira, Rio Verde/Jacu Pêssego, Diagonal
Sul, Santo Amaro e Vila Sônia. Apenas uma foi aprovada em 2004: a Rio Verde
Jacu, que não chegou a ser operacionalizada
• Continuidade: Faria Lima e Águas Espraiadas
• Atual administração: “Nova Luz”, baseada num outro instrumento de parceria
público-privado – a Concessão Urbanística
A prefeitura municipal de São Paulo define a OU Vila Sônia assim:
• Prevista no Plano Diretor Estratégico (PDE), de 2002
• A área da intervenção é de 673 hectares (quatro vezes o tamanho do Parque do Ibirapuera),
distribuindo-se ao longo do traçado da Linha 4 do metrô (Vila Sônia - Luz), desde as proximidades
da Marginal do Rio Pinheiros até o limite com o Município de Taboão da Serra
• A operação dividida em 19 setores, com características e dimensões diferentes
• prevista a arrecadação de aproximadamente R$ 350 milhões com a venda de CEPACs (Certificado
de Potencial Adicional de Construção)
MELHORIAS SOCIAIS
1. Habitação social: implantação de Programa Habitacional de Interesse Social e nas ZEIS do Jardim
Jaqueline, Vale da Esperança e demais favelas situadas na área da operação urbana. O programa prevê
ações de urbanização, construção de novas unidades habitacionais e regularização fundiária (30% dos
recursos arrecadados pela operação urbana serão para essa finalidade)
Operação Urbana Vila Sônia
VALORIZAÇÃO AMBIENTAL
2. Parque Raposo Tavares: melhorias (área de lazer para a população moradora da região);
3. Integração verde: recuperação paisagística dos parques da Previdência e Luis Carlos Prestes,
interligando-os por meio de faixa ao longo à avenida Eliseu de Almeida, configurando um único
conjunto de áreas verdes públicas;
4. Parque linear: ao longo do Córrego do Charque Grande, entre o Parque Raposo Tavares e a avenida
Eliseu de Almeida;
5. Parques Chácara do Jóquei e Chácara da Fonte: aquisição e adequação de áreas particulares para
conversão em parques públicos municipais, ampliando o programa ambiental da operação urbana.
TRANSFORMAÇÕES URBANÍSTICAS ESTRUTURAIS
6. Melhoria viária, das calçadas e mobiliário urbano: av. Profº. Francisco Morato e Eliseu de Almeida. A
av. Eliseu de Almeida será tratada como avenida-parque, recebendo uma ciclovia em sua extensão.
7. Conexão viária norte-sul (túnel): ligação das avenidas Jorge João Saad e Corifeu de Azevedo
Marques. Terminal de integração na estação Morumbi. Seu traçado foi revisto deslocando-se o
emboque norte até a av. Corifeu de Azevedo Marques, preservando a praça Elis Regina.
Operação Urbana Vila Sônia
Operação Urbana Vila Sônia
Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo
Linha 4 do Metrô: elemento indutor de transformações
BONDUKI, N. “As operações urbanas consorciadas como instrumento de financiamento e
planejamento urbano: dilemas e contradições”. Mimeo, 2011.
FIX, M. "A fórmula mágica da parceria público-privada: Operações Urbanas em São Paulo". In: Schicchi,
M. C; Benfatti, D.(Org.). Urbanismo: Dossiê São Paulo - Rio de Janeiro. Urbanismo: Dossiê São Paulo -
Rio de Janeiro. 1ed .Campinas: PUCCAMP/PROURB, 2004, v. , p. 185-198.
GONÇAVES, F. “Operação urbana consorciada Vila Sônia e a possibilidade de diálogo”. Estudos
Avançados, vol.25, no.71. São Paulo Jan./Apr. 2011.
MALERONKA, C. “Projeto e Gestão na Metrópole Contemporânea. Um estudo sobre as
potencialidades do instrumento ‘operação urbana consociada’ à luz da experiência paulista”. São
Paulo, 2010. 212 p.
MONTANDON, D. T.; SOUZA, F. F. “Land Readjustment e Operações Urbanas Consorciadas”. São Paulo-
SP, 2007.
Referências Bibliográficas