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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE
II
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
Título: EDUCAÇÃO PARA TODOS: PRÁTICAS INCLUSIVAS UMA QUESTÃO DE
CIDADANIA
Autor: Eunice da Silva
Disciplina/Área: Educação Especial
Escola de Implementação do Projeto e sua localização:
CEEBJA- Paranaguá
Município da escola: Paranaguá
Núcleo Regional de Educação: Paranaguá
Professor Orientador: Roseneide Batista Cirino
Instituição de Ensino Superior: UNESPAR Campus Paranaguá
Relação Interdisciplinar: Educação Especial
Resumo: Este projeto objetiva proporcionar aos educandos, professores, funcionários e comunidade escolar vinculados ao CEEBJA estudos sobre a temática: Educação para todos. A realização deste projeto de intervenção no âmbito do CEEBJA surge em função das necessidades de que as equipes docentes e discentes estejam refletindo ações e práticas direcionadas à inclusão. A inclusão é um princípio proclamado na Declaração de Salamanca (1994) que estabelece o direito a todas as pessoas em processo educativo articulado a uma educação de qualidade. A ideia de que a inclusão se refira apenas às pessoas com deficiência tem alijado muitos educandos, mais específico no âmbito do CEEBJA, de práticas que atendam as suas necessidades. Por este motivo o referido projeto propõe-se a discutir o que de fato são as práticas inclusivas e, a quem elas são direcionadas. Parte-se do pressuposto de a que a inclusão é um direito de todos a uma educação de qualidade o que independe da presença de uma deficiência.
Palavras-chave:
Práticas Inclusivas; EJA; Ensino- Aprendizagem
Formato do Material Didático: Caderno Temático
Público: Professores da modalidade EJA, educandos do curso de Pedagogia e a comunidade escolar do CEEBJA
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ..........................................................................................................
UNIDADE I .....................................................................................................................
1INCLUSÃO NA EJA ...................................................................................................
1.1DIMENSÕES DA CRISE EDUCACIONAL NA EJA: TENSÕES ACERCA DA
INTEGRAÇÃO E INCLUSÃO ..........................................................................................
1.2 EJA: DIRETRIZES DA EJA E OS PRINCIPIOS INCLUSIVOS ..............................
UNIDADE II ....................................................................................................................
2 PERFIL DO EDUCANDOS E EDUCADORES DA EJA ...........................................
2.1 ADAPTAÇÃO CURRICULAR ...................................................................
Orientações Metodológicas............................................................................................
Organização dos Dados Coletados na Pesquisa-Ação..................................................
Ações Metodológicas.....................................................................................................
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................
APRESENTAÇÃO
A educação para todos tem sido propagada, através de uma escola inclusiva
de qualidade, que se baseia no direito de todos a aprender. Em um país extenso
como o Brasil, a propagação de políticas inclusivas não garante sua efetivação, pois
nos diversos contextos brasileiros surgem diferentes interpretações do que venha
ser efetivamente inclusão.
A Escola Inclusiva requer uma estrutura organizacional e funcional que haja
em sincronia, satisfazendo as necessidades básicas de aprendizagem de cada um e
de todos os educandos. Partindo de algumas abordagens teóricas que ampliem a
compreensão das questões relacionadas às políticas e às práticas pedagógicas que
visam garantir a inclusão educacional e social. Considerando que a Educação
Especial é uma modalidade que perpassa todos os níveis de ensino (da Educação
Infantil ao Ensino Superior), e as demais modalidades educacionais, propomos uma
interlocução maior com a modalidade EJA, pois a mesma apresenta certas
especificidades no que diz respeito ao perfil dos sujeitos sociais que participam
dessa modalidade de ensino.
Este caderno visa instigar reflexões sobre o trabalho pedagógico na escola,
possibilitando aos professores, direção e equipe pedagógica, reflexões teóricos e
práticas acerca da importância das práticas inclusivas como parte do processo de
ensino aprendizado, além disso, propões reflexões sobre como direcionar as
práticas pedagógicas com vistas ao direito de aprender com igualdade de
oportunidades e condições a todos.
Nesse direcionamento, busca-se aprofundar a discussão sobre o conceito e
exemplos que colaborem na compreensão do que são práticas inclusivas,
objetivando com o objetivo de efetivar a educação para todos. Para tanto, o caderno
está organizado na seguinte sequência: A primeira fundamenta a necessidade de
práticas inclusivas revela as dimensões da crise educacional com as tensões
geradas a cerca da integração e inclusão e apresenta as diretrizes da EJA com seus
princípios inclusivos. Na segunda unidade, focamos o perfil do educando e do
educador da EJA, analisaremos as adaptações curriculares chegando a nosso
objetivo maior as práticas inclusivas numa educação para todos. Por fim, apresenta-
se as orientações metodológicas e algumas sugestões de ações para a
implementação deste projeto.
MATERIAL DIDÁTICO
Este Caderno Temático apresenta subsídios para estudo, discussão, análise
acerca das práticas inclusivas. Tem por objetivo a elaboração de práticas inclusivas
que aproximem a comunidade escolar dos discentes.
É consoante à necessidade apresentada no âmbito do próprio CEEBJA e
visa desenvolver competência em metodologias pautadas na articulação ente teoria
e prática, na resolução de situação-problema, na reflexão sobre a atuação
profissional, em conhecer o perfil do educando do CEEBJA. Inicialmente, convém
ressaltar que a visão distorcida de inclusão articulada à deficiência tem alijado
muitos educandos e educadores da educação de qualidade enquanto possibilidade
de aprendizagem.
Partindo do pressuposto de que todos têm o direito a uma educação de
qualidade. Contudo, a ideia de inclusão, no contexto das práticas, é vista apenas
como algo articulado às pessoas com deficiência o que tem alijado muitos
educandos, especificamente, no âmbito do CEEBJA.
Serão realizadas análises sobre os fatores que envolvem docentes e
discentes no processo de aprender e ensinar direcionam e reflexões sobre as ações
e práticas, bem como a construção coletiva de metodologia diferenciada que
auxiliem o trabalho pedagógico, visando mediação no processo ensino
aprendizagem direcionada à práticas inclusivas foco deste trabalho.
Por fim, sob o tema Educação para todos: práticas inclusivas uma
questão de cidadania serão delineados textos teóricos sobre inclusão, com a
finalidade de discutir a importância de ações e práticas que possam viabilizar uma
educação mais justa e igual a todos os educandos.
5
UNIDADE I
6
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1 INCLUSÃO: PRIMEIRAS REFLEXÕES
Desde que as políticas públicas de educação passaram a observar os
princípios inclusivos com a proposta de Educação para Todos, mudanças estão
ocorrendo em toda estrutura educacional no país; quer seja pela resistência e o
medo frente ao desconhecido quer seja pela necessidade e o vislumbre de uma
educação de qualidade.
A qualidade na educação de uma nação não se refere somente a dados
estatísticos, mas ao respeito em se tratar a diversidade de sua população,
atendendo as especificidades de todos.
É necessário que se reflita sobre o que é inclusão, a quem se destina e onde deve ocorrer, para que esse processo possa tomar seu rumo. As escolas inclusivas são escolas para todos, implicando num sistema educacional que reconheça e atenda as diferenças individuais, respeitando as necessidades de qualquer dos alunos (CARVALHO, 2004, p.26).
Diante do desafio da inclusão cabe a nós, profissionais da educação, buscar
subsídios para trabalhar com as diferenças considerando os limites e possibilidades
inerentes ao ser humano, para que este possa desenvolver-se em todo o seu
potencial. Para tanto, isso só efetiva ao passo que se conheça as necessidades e
especificidades, os diferentes ritmos de aprendizagem, assegurar as modificações
organizacionais, oportunizar um currículo apropriado através de diversas estratégias
de ensino e recursos a todos os educandos.
O CEEBJA/Paranaguá atende um público diverso de características
peculiares educandos marcados, em seu perfil, pela exclusão sofrida por inúmeras
razões e/ou circunstâncias e, apesar de contar com uma equipe de profissionais
dedicados e compromissados a EJA vem sofrendo com as sucessivas alterações em
seu modo de funcionamento, bem como pelo desconhecimento do que venha ser
inclusão, comumente confundida com integração. Outra peculiaridade a se
considerar é a dificuldade na articulação do conhecimento vivido com o
conhecimento científico, pois perduram práticas com conteúdos estanques
7
apresentados de forma descontextualizados e, apesar de travestidas de novas
“roupagens”, efetivamente, pouco acrescenta às necessidades dos educandos.
Ainda, há de se considerar o engano de alguns que acreditam ser somente os
educandos em condição de deficiência que necessitem de uma pratica diferenciada
desconsiderando os benefícios que estas trariam a sua turma.
Além desses fatores há outros que precisam ser considerados em relação à
inclusão na EJA como o ingresso das pessoas com necessidades educativas
especiais, fato que desestruturou a escola em seu cotidiano, pois a presença desses
educandos na EJA requer reflexões permanentes sobre as novas práticas
pedagógicas, na estrutura organizacional da escola, da função de cada componente,
do currículo, da avaliação entre outros. Nesse sentido, cabe ressaltar que,
As pessoas com deficiência têm os mesmos direitos que os demais cidadãos. Sociedade inclusiva para todos. A implementação da nossa visão beneficiará, não apenas as pessoas com deficiência, mas também a sociedade como um todo, (PAULA, 2004, p. 265).
A inclusão perpassa o contexto educacional, pois, considera a função social
da escola transcendendo velhas concepções da educação, vista como um processo
de transformação de valores em ação num sistema e numa estrutura que oferece
práticas e serviços educacionais diferenciados.
A discussão em torno da integração e da inclusão cria ainda inúmeras e infindáveis polêmicas, provocando as corporações de professores e de profissionais da área de saúde que atuam no atendimento às pessoas com deficiência - os para-médicos e outros, que tratam clinicamente de crianças e jovens com problemas escolares e de adaptação social. A inclusão também “mexe” com as associações de pais que adotam paradigmas tradicionais de assistência às suas clientelas. Afeta, e muito, os professores da educação especial temerosos de perder o espaço que conquistaram nas escolas e redes de ensino e envolvem grupos de pesquisa das Universidades (MANTOAN, 2006, p.194).
Para compreender alguns fatores que influenciam no processo de ensino e
aprendizagem na EJA, será preciso buscar fundamentos teóricos e conceitos que
subsidiarão as reflexões a serem realizadas na escola, considerando as práticas
inclusivas como um ponto de partida para iniciar um processo inclusivo, no qual os
8
professores possam conhecer mais profundamente seus fundamentos e princípios.
Desta forma, contribuindo para melhorar o processo de ensino e aprendizagem no
que se refere aos seus resultados.
Sob estas perspectivas, este Caderno Temático tem por objetivo implantar e
implementar práticas inclusivas no CEEBJA/Paranaguá. Para tanto, será necessário
apresentar alguns fundamentos teóricos objetivando um trabalho coletivo
fundamentado na ação-reflexão-ação das práticas pedagógicas desenvolvidas, bem
como sua ausência e ou propagação.
A busca por subsídios teóricos relacionados às dificuldades na
implementação de práticas inclusivas no processo ensino, aprendizagem, assim
também como teorias e práticas que a possibilitem. O ponto inicial e de chegada
busca responder tanto quanto possível a problemática percebida nos processos da
escola, com a seguinte questão: Em que medida o CEEBJA de Paranaguá
oportuniza práticas inclusivas necessárias ao perfil de seus educandos?
A educação para todos, proclamada por Leis, decretos e deliberações
nacionais, além das declarações internacionais como a de Salamanca (1994) se
efetivará quando as práticas educacionais criarem condições para a participação
ativa dos sujeitos da/na escola. Deste modo, optamos por organizar um Caderno
Temático que proporcione aos sujeitos envolvidos do CEEBJA, um material didático
que procure responder, na melhor das hipóteses, a algumas questões relacionadas
às praticas pedagógicas no processo de ensino e aprendizagem, às expectativas e
especificidades de seus educandos, apontando caminhos para a discussão, análise
e a construção de uma nova práxis educativa que corresponda aos anseios da
comunidade escolar.
A inclusão supera a centralização do problema no educando, transpõe o
ambiente e transcende o conceito de educação e cidadania e requer mudança no
ambiente, formação continuada dos profissionais e inovações educacionais na
estrutura do sistema de ensino com um todo, pois,
Ensinar, na perspectiva inclusiva, significa ressignificar o papel do professor, da escola, da educação e de práticas pedagógicas que são usuais no contexto excludente do novo ensino, em todos os seus níveis (...) a inclusão não cabe em um paradigma tradicional de educação e, assim sendo, uma preparação do professor nessa direção requer um design diferente das propostas de profissionalização existentes e de uma formação
9
em serviço que também muda, porque as escolas não serão mais as mesmas, se abraçarem esse novo projeto educacional. (MANTOAN, 2003, p.81).
Nesta nova configuração mundial surge a necessidade de uma escola que
emancipe, liberte e humanize o homem trabalhando em seu cotidiano a realidade de
sua comunidade. Daí, a responsabilidade de nossos educadores em desenvolver
práticas pedagógicas que incentivem e valorizem a convivência seguindo princípios
éticos e colaborativos. Conforme Mantoan (1999) a inclusão diz respeito à educação
de todos e não apenas às pessoas com deficiência, a autora assinala ainda que é
fato que muitos educandos que fracassam na escola são educandos que não vieram
do ensino especial.
A necessidade de uma escola para todos respaldam a ideia das adaptações
curriculares a qual já se preconizava na Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994)
aonde as discussões acerca da Escola Inclusiva tomaram outra proporção.
Respaldada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, que
define como dever do Estado o “atendimento educacional especializado aos
educandos com necessidades especiais, preferencialmente, na rede regular de
ensino” o (Artigo n° 4, III) norteia as políticas educacionais desde então e, oferece a
base legal para a propagação da Educação Inclusiva, bem como as ações
subsequentes. Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação
Especial (MEC/SEESP, 1998), o conceito de Escola Inclusiva:
…implica uma nova postura da escola comum, que propõe no projeto político pedagógico, no currículo, na metodologia de ensino, na avaliação e na atitude dos educandos, ações que favoreçam a integração social e sua opção por práticas heterogenias. A escola capacita seus professores, prepara-se, organiza-se e adapta-se para oferecer educação de qualidade para todos, inclusive, para os educandos com necessidades especiais...
Significa que não se aceita mais uma Educação Especial que segregue e
funcione, paralelamente, por isso que a instituição escolar, atualmente, passa por
um período de readaptação, pois a mesma enquanto instituição deve estabelecer
um conjunto de medidas e serviços que se adequem a diversidade de todo o seu
alunado. Os Parâmetros Curriculares Nacionais é o documento onde se explicita o
conceito de adaptações curriculares, consideradas como:
10
…estratégias e critérios de atuação docente, admitindo decisões que oportunizam adequar a ação educativa escolar às maneiras peculiares de aprendizagem dos alunos, considerando que o processo de ensino aprendizagem pressupõe atender à diversificação de necessidades dos alunos na escola (MEC/SEESP/SEB, 1998, p. 15).
Atender as necessidades de aprendizagem dos educandos passa pela
realização de adaptações curriculares, e isto requer modificação nos sistemas
educacionais e sua pratica pedagógica (nas atitudes e expectativas) atendendo as
especificidades de seu alunado. Para fazer Adaptação Curricular: “não há
receituário”, modelo fechado de currículo inclusivo, ou diretriz política imposta “que
possa transformar uma escola tradicional em uma escola inclusiva”. Cada escola,
cada classe, cada professor e, sobretudo cada aluno, representa uma realidade
distinta, e são os próprios atores diretamente envolvidos no processo cotidiano de
inclusão, as pessoas melhor qualificadas para determinar, na prática, o caminho a
ser seguido.
A criação de uma escola realmente inclusiva e fundamentalmente acolhedora
é devido a sua flexibilidade nas adaptações curriculares necessárias, pois, defende
a existência de um currículo único para todos os educandos no momento da
implementação, em vez de uma única estratégia. Essas práticas tem por base uma
prévia avaliação diagnóstica para se verificar os conceitos, previamente construídos
e das motivações que leva o educando a estar na escola.
Com a Inclusão há um envolvimento de toda a escola e de seus gestores, um
redimensionamento do projeto político pedagógico, e, sobretudo, do compromisso
de uma reestruturação das prioridades do sistema escolar (municipal, estadual,
federal ou privado no âmbito político) do qual a escola faz parte, para que ela tenha
as condições materiais e humanas necessárias para realizar a transformação
almejada. Segundo as Diretrizes da Educação Especial para a Construção de
Currículos Inclusivos tem-se,
[...] o desafio da participação e aprendizagem, com qualidade, dos alunos com necessidades especiais, seja em escolas regulares ou em escolas especiais, exige da escola a prática da flexibilização curricular que se concretiza na análise da adequação de objetivos propostos, na adoção de metodologias alternativas de ensino, no uso de recursos humanos, técnicos e materiais específicos, no redimensionamento do tempo e espaço escolar, entre outros aspectos, para que esses alunos exerçam o direito de aprender em igualdade de oportunidades e condições (PARANÁ, 2006, p.09).
11
A escola inclusiva é aquela que oportuniza a apropriação do conhecimento
escolar atendendo de modo geral as especificidades de todos, por isso enfatizamos
a importância fundamental da adoção de adaptação curricular para que os
educandos com necessidades educacionais especiais tenham as mesmas
condições de oportunidades na garantia do direito de aprender.
A flexibilidade é outro fator que contribui para a remoção das barreiras da aprendizagem. Traduz-se pela capacidade do professor de modificar planos e atividades à medida que as reações dos alunos vão oferecendo pistas.” (CARVALHO, 2011, p.67).
A pluralidade das manifestações humanas se revela nas relações cotidianas
da escola, por isso a necessidade de um sistema educacional inclusivos; requer
novas formas de organização e elaboração do trabalho do professor com a garantia
da adoção de práticas necessárias para o acesso ao conhecimento e a participação
de todos; ou seja, com uma pratica pedagógica re-significada no qual todos têm o
direito à educação. Finalizando com Mantoan,
A inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita aos alunos com necessidades educacionais especiais e aos que apresentem dificuldades de aprender, mas a todos os demais, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral. Os alunos com necessidades educacionais especiais constituem uma grande preocupação para os educadores inclusivos, mas todos nós sabemos que a maioria dos que fracassam na escola são alunos que não vem do ensino especial, mas que possivelmente acabarão nele! (MANTOAN, 2006,p.196)
12
2 DIMENSÕES DA CRISE EDUCACIONAL: TENSÕES ACERCA DA
INTEGRAÇÃO E INCLUSÃO
Refletir acerca das tensões integração e inclusão no âmbito da EJA
impossibilita o distanciamento da problemática articulada ao analfabetismo. O
Analfabetismo é um fenômeno de exclusão atrelado à História da Educação no
Brasil. Os reflexos do analfabetismo na vida social são infindáveis, pode se perceber
os problemas decorrentes do analfabetismo articulado à falta de qualificação da mão
de obra necessária ao modo de produção vigente em cada época, a constantes
conformações das massas em relação aos direitos e bens sociais dentre outras
mazelas que contribuem para o aprimoramento econômico e social de uma minoria
e exclui a maioria.
No que se refere às políticas públicas as relações conflituosas entre
integração e inclusão, são delineada segundo as demandas de cada momento
histórico, basta retomar o histórico de consolidação do capitalismo que requeria
apenas os rudimentos da leitura e da escrita ou mesmo o período anterior a esse
que pegar na enxada era suficiente, tratava-se de uma demanda que necessitava
apenas do “homem boi”, mais recentemente, vemos a ideia de apropriação dos
conteúdos escolares articulados ao conceito de cidadania.
Nessa configuração ser cidadão requer, da escola, a doação de algo para
humanos que somente se tornarão cidadãos após passarem pela escola de forma
exitosa. Ocorre que esse modo de articular cidadania aos domínios dos conceitos
escolarizados acaba se tornando num projeto falido e factível de explicitar as
tensões de integração e inclusão, pois se por um lado proclama-se que todos estão
na escola, por outro lado é necessário ressaltar que apenas estão na escola, ou
seja, conforme assinala Arroyo (2004) o distanciamento das práticas disseminadas
na escola das práticas cidadãs do cotidiano configura uma forma integração no meio
escolarizado que vai resultar como consequência numa nova forma de exclusão
escolar. São essas contradições educacionais que possibilitam a compreensão da
crise educacional brasileira, nas análises de Romanelli (2001, p. 19) “a forma como
se origina e evolui uma cultura define bem a evolução do processo educativo”
13
Há uma intrínseca relação entre a educação e a cidadania, pois a educação como
processo permanente de aprendizagem valoriza diversas formas de conhecimento e,
sobretudo, não ocorre somente na escola, por isso na EJA é mais que necessário a
articulação dos contextos existenciais aos contextos escolarizados, pois, esses
jovens e adultos não são cidadãos somente ao adentrar na escola já o são mesmo
antes dela e, o papel social da escola consiste em aprimorar a compreensão de sua
realidade social. Portanto, a articulação mecanizada da educação à cidadania tem
impulsionado uma gama de novos excluídos. Sendo a educação um dos principais
meios e não único para a solução da situação instaurada, estaremos atentando para
a educação formal como uma das tentativas de emancipação e elucidação do
problema. Contudo é necessário esclarecer com Freire (1987, p.40) que,
A educação como prática da liberdade, ao contrário naquela que é prática da dominação, implica na negação do homem abstrato, isolado, solto, desligado do mundo, assim também na negação do mundo como uma realidade ausente dos homens.
A importância da educação na formação de sujeito consciente e atuante
frente às questões sociais contribui para o exercício da cidadania, pois cidadania
não é uma doação da escola, mas um exercício no bojo da história social de homens
e mulheres.
[...] pensar a história enquanto fatalidade ou destino é pensar o passado como algo pré-dado ou imutável, o presente domesticado e bem comportado e o futuro prefixado e inexorável. Nesta concepção, os indivíduos tornam-se espectadores da história, esperando a manutenção do presente e a espera que o futuro já conhecido se instale (FREIRE, 1987, p. 26).
Desde o descobrimento do Brasil a educação oferecida à classe menos
favorecida articulava-se à possibilidade de que o povo se tornasse cidadãos,
portanto ordeiros e articulados à necessidade de progresso. A aquisição da leitura e
escrita era tida como uma forma de ascensão social, pois o analfabetismo era visto
como causa do escasso desenvolvimento do país e não como consequência.
As políticas educacionais de modo geral reafirmam a condição social do oprimido, sufocando suas expectativas de emancipação quando os classificam como repetente, defasado, acelerava candidatos à suplência,
14
empregáveis, marcando assim todo o processo histórico da EJA (ARROYO, 2005, p.224)
A exclusão vem se perpetuando no decorrer da história da educação no Brasil
através de políticas educacionais, consequentemente uma imagem social
estigmatizada dos educandos da EJA. Devemos, no entanto analisar de forma critica
a realidade social brasileira e as políticas educacionais, pois somente através da
educação é que se possibilita a compreensão do papel do sujeito liberto e como ser
ativo na sociedade.
Daí a importância da EJA como modalidade educacional que atende uma especificidade pedagógica, vislumbrando o sentido humano e cultural deste processo, que tem como sujeitos as camadas rurais, os camponeses excluídos da terra e as camadas urbanas marginalizadas, excluídas dos espaços, dos bens das cidades (ARROYO, 2005, p. 230)
Além das mazelas históricas da educação, agora, a escola se depara com
necessidade de incluir pessoas com necessidades educacionais especiais no
sistema regular de ensino, o que aumenta a discussão sobre a estrutura e o
funcionamento do ensino no Brasil. Nesse sentido, Haddad e Di Pierro (2000),
analisam que o desafio da expansão do atendimento na educação de jovens e
adultos já não reside apenas na população que jamais foi à escola, mas se estende
àquela que frequentou os bancos escolares, mas neles, não obteve aprendizagens
suficientes para participar plenamente da vida econômica, política e cultural do país
e seguir aprendendo ao longo da vida. Apesar de não ser foco de análises do autor
é importante destacar que muitos desses educandos são sujeitos com história de
deficiência muitos egressos de Classe especial, pois como o contexto histórico
mostra ao completar 16 anos de idade e não responder mais as demandas de
aprendizagem dos conteúdos formais esses educandos deveriam ser encaminhados
a EJA.
Sob essa perspectiva todas as dificuldades da escola deixam de existir dando
lugar ao problema decorrente da presença da deficiência, pois todas as atenções
estão focadas na diferença, na incapacidade. Não se busca os saberes que as
pessoas com deficiência apresentam, pois, seu potencial é pouco ou nada
trabalhado. Nas análises de Vygotsky (1989), trata-se de uma limitação da parte
15
daqueles que atuam com o educando com deficiência, portanto, é uma deficiência
social e não individual.
Há, ainda, um grande contingente de pessoas que por anos fizeram uso de
uma educação segregatória no ensino especial paralelo ao ensino comum, esse
paradigma, também, conhecido como o da integração. Nas análises de Arroyo,
muitos, “descobrem-se excluídos da totalidade de direitos que são conquistas da
condição humana. Excluídos dos direitos humanos mais básicos, onde se jogam as
dimensões mais básicas da vida e da sobrevivência” (ARROYO, 2005, p. 230)
O princípio fundamental da educação inclusiva fundamenta-se na valorização
da diversidade humana, nesse sentido, as dificuldades encontradas no ambiente
escolar, no que se referem a: estrutura física em péssimas e ou precárias condições,
o receio dos profissionais frente ao despreparo configuram-se como desafios e não
empecilho. As marcas da desigualdade e preconceitos para com os educandos que
apresentam condição de deficiência é grande, daí a urgência da garantia de direito e
de fato do convívio e o acesso aos bens e serviços ofertados a todo cidadão
brasileiro, contrapondo o ideário que pensa,
(...) a história enquanto fatalidade ou destino é pensar o passado como algo pré-dado ou imutável, o presente domesticado e bem comportado e o futuro prefixado e inexorável. Nesta concepção, os indivíduos tornam-se espectadores da história, esperando a manutenção do presente e a espera que o futuro já conhecido se instale (FREIRE, 1987, 26)
Romper com essa lógica implica a consolidação de práticas que se
materializam em ações na e da escola com práticas inclusivas que atendam as
especificidades de cada um dos educandos que após anos de exclusão educacional
retornam a escola.
2.1 EJA E OS PRINCÍPIOS INCLUSIVOS
A educação no Brasil teve como público alvo indivíduos na fase adulta, pois o
problema de analfabetismo era grande persistindo até os dias atuais, contudo não
podemos associá-la somente ao analfabetismo. O perfil do alunado da EJA mudou
e não se restringe somente aos analfabetos adultos, pois,
16
Apesar de reconhecer os elevados níveis de analfabetismo na população jovem e adulta em todo o mundo, não se trata apenas de garantir pontualmente a escolarização para aqueles que não tiveram acesso à educação regular ou que são frutos de baixos rendimentos escolares ou ainda evadidos e repetentes, mas compreender que a aprendizagem dessas pessoas ao longo da vida precisa ser valorizada e (re) significada através de percursos sociais aonde se revelam os limites e as possibilidades de ser reconhecidos como sujeitos dos direitos humanos (ARROYO, 2007, p. 23).
Nas palavras do autor a ratificação da necessidade de que a escola
direcionada aos jovens e adultos efetivem práticas significativas, apesar de a EJA ter
beneficiado inúmeras pessoas, não se pode negligenciar que essa modalidade
educacional há muito tem atuado como uma prática compensatória, no sentido, de
compensar o tempo perdido.
(...) função alertar e fazer confluir preocupações, interesses e expor limites e lacunas, especialmente num campo que se encontra em constituição tanto no que tange à própria identidade e finalidades educativas, tensionadas pelas políticas educacionais e complexidade dos contextos em que se concretizam iniciativas de EJA na atualidade, como à produção de “teorias pedagógicas” que busquem compreender fenômenos específicos e extrair princípios e práticas desse universo de processos educativos (VÓVIO, 2010, p.72-73).
Por isso é necessário considerar que um dos fatores que traz de volta as
pessoas para a escola tem sido o avanço da tecnologia e da economia o que faz
com que as pessoas, jovens e adultas, sintam a necessidade de retornar à sala de
aula para aprimorar seus conhecimentos ou mesmo beneficiar-se de um diploma
que lhe garanta a conclusão do ensino fundamental ou médio, pois, grande parte
dos postos de trabalho requer formação completa.
Nesse contexto, contraditório o que se pretende com a educação de jovens e
adultos é garantir oportunidade iguais a todos. Para isso se faz necessário superar a
ideia de que a EJA se esgota na alfabetização. A EJA é uma modalidade que
pressupõe a educação permanente conectada à realidade. Nesse contexto,
(...) o desafio da expansão do atendimento na educação de jovens e adultos já não reside apenas na população que jamais foi à escola, mas se estende àquela que frequentou os bancos escolares, mas neles não obteve aprendizagens suficientes para participar plenamente da vida econômica política e cultural do país e a seguir aprendendo ao longo da vida. (HADDAD; DI PIERRRO, 2000, p. 126).
17
A EJA precisa ser pensada de modo diferente do ensino regular, mas, não
desconectada do sistema de ensino no seu todo, bem como das diversas realidades
sociais, pois o planejamento do trabalho tem como um dos fatores a considerar a
identidade do sujeito. A questão da identidade adentra ao âmbito dos anseios,
necessidades e especificidades, no decorrer do desenvolvimento de seu processo
de escolarização, considerando isso é possível pensar em práticas que atendam às
questões sociais instauradas historicamente no país e, que afetam, diretamente, aos
jovens e adultos. Trata-se de questões que precisam ser resgatas na EJA, uma vez
que, essa modalidade conforme assinala Arroyo (2006) essa modalidade se
estruturou em meio às margens da educação regular, por isso o não estranhamento
de práticas excludentes, como a minimização dos conteúdos, a infantilização do
adulto, a quantidade mínima de aulas efetivas e, o excessivo discurso de qualidade
de vida.
Dessas práticas advém as práticas, políticas e pedagógicas, que não
atribuem à EJA o devido valor social, pois quando uma pessoa retorna à escola
trata-se de uma atitude consciente da importância do conhecimento para a
emancipação do humano. Essa visão, por parte dos educandos é facilmente
percebida quando esses sinalizam nas suas falas como a última e grande
oportunidade de aprender, de melhorar suas condições de vida em relação a sua
profissão ou ainda a possibilidade de emancipação, mudança e de liberdade. Essas
circunstâncias ocorridas na EJA nem sempre são ratificadas pelos profissionais que
lá atuam, pois muitos docentes, ao contrário dos educandos, desconsideram que,
segundo Cury, (2008) a EJA na, atualidade, é uma alternativa viável para que as
pessoas possam retomar seus estudos e garantir uma formação profissional e
intelectual, representando um novo começo.
Contudo, é necessário que a visão compensatória, comum na EJA, advém de
uma ideia difundida na gênese dessa modalidade educacional, ou seja, a EJA traz
em seu contexto histórico uma relação intrínseca com pessoas que não tiveram
acesso aos bancos escolares, por algum motivo, porém uma análise acerca das
Diretrizes Nacionais e Estaduais para a EJA pode-se perceber que essa visão que
articula analfabetismos à EJA já está superada, de modo, que muitos dos
18
educandos que retornam à escola via EJA, já passaram pelos bancos escolares em
algum momento da vida e, além disso, trazem aprendizagem da própria vida, das
suas condições concretas de existência, portanto, não são papéis em branco. Por
isso todos os dispostos legais alertam para essa necessidade, sem, contudo, indicar
processos formativos diferenciados aos docentes. Desse modo, não raro o mesmo
educador que trabalha com crianças irá trabalhar com os adultos e, não raro se
utilizam dos mesmos recursos didáticos e metodologias.
Há uma excessiva preocupação com o analfabetismo e, consequência
articulação EJA a essa condição, diante disso, muitos professores ao se deparar
com educandos que já detém um conhecimento inicial de alfabetização, consideram
que já não há muito por se fazer, pois os seus educandos já conseguem “pegar
ônibus”. Essa visão reduzida de educação levam mitos educandos que retornam à
EJA a passarem por situações constrangedoras seja no cotidiano familiar ou na vida
em sociedade, essas situações são marcadas por preconceito, vergonha,
discriminação, críticas dentre tantos outros, que impulsionam muitos educandos a
uma nova desistência. Por isso é muito importante compreender que é necessário
erradicar o analfabetismo e não o analfabeto.
Preocupar-se apenas com a redução do analfabetismo e atrelar este
problema somente à educação não tem sentido. No entanto oferecer uma escola de
qualidade e extensiva, que repare, qualifique e equalize o ensino, funções
preconizadas nas Diretrizes Nacionais para a EJA (1998), requer ações contínuas
que se utilizem da cultura do educando para a sua humanização e emancipação
social e educacional, essas ideias aparecem explícitas na LDB com o seguinte
pressuposto,
A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social (BRASIL, Lei n. 9394/96, 1996, p.9)
Considera-se que os educandos da EJA não vê só para si a chance de
mudança, percebe-se um esforço e responsabilidade em favor de seu grupo familiar
e ou de seu trabalho. Diante disso, no Estado do Paraná se assume a EJA como a
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possibilidade de inclusão social e educacional de modo que para atender as
especificidades do perfil próprio desses educando, elencou-se como eixos do
trabalho pedagógico: a cultura, o trabalho e o tempo. Cultura porque considera
que esses educandos têm todo um arcabouço de conhecimentos tácitos e que
podem contribuir no processo ensino aprendizagem; trabalho porque leva em
consideração a necessidade de se articular as práticas educacionais às práticas do
mundo do trabalho, o que vai muito além da mera formação técnica que prioriza a
formação para um dado fim.
Formar o educando para o mundo do trabalho implica em possibilitar ao
educando a compreensão mais elaborada da dinâmica social de forma que não veja
a escolaridade apenas como um meio para conseguir diploma, mas como um
processo de humanização. Por fim, o eixo tempo porque considera que a rigidez na
forma de organização tradicional da escola não atende a demanda desses
educandos e, comum, nessa modalidade, educandos que trabalham no período
noturno e precisam frequentar as aulas no período diurno nos diversos períodos,
manhã e tarde. A, além disso, há também educandos que podem frequentar uma
fração de um dos períodos (manhã, tarde e noite) por isso a escola precisa se
organizar para atender a essa demanda.
A questão de tempo se resolveu por alguns anos, no Estado, com a
organização do atendimento individual, mas que devido as conjeturas políticas
atuais vem sendo colocada em xeque. Ao tomar como eixos, cultura, trabalho e
tempo, assume-se a ideia de que a matriz curricular de cada disciplina deve dialogar
com esses eixos e, considerando que esses eixos não são categorias abstratas,
mas, ações de homens e mulheres concretos pode-se afirmar que os conteúdos
serão contextualizados e toma a prática social como ponto de partida e de chegada.
Nesse sentido, Adorno,
Por ser produto da atividade humana, não se pode ignorar sua dimensão histórica. No terreno da formação humana, a cultura é o elemento de mediação entre o indivíduo e a sociedade e, nesse sentido, tem duplo caráter: remete o indivíduo à sociedade e é, também, o intermediário entre a sociedade e a formação do indivíduo (ADORNO, 1996, p. 56).
20
A cultura, processo ordenador da socialização do conhecimento abarca toda
produção humana, inclui, também, o trabalho e todas as relações que ele perpassa,
como não tirar proveito e empregar a cultura de um indivíduo a favor no processo de
escolarização? O Trabalho é a ação pela qual o homem modifica a natureza ao seu
redor e simultaneamente transforma a si mesmo, além disso, o trabalho tem
importante papel na base das relações humanas desenvolvidas ao longo da vida. O
Trabalho é a ação pela qual o homem modifica a natureza ao seu redor e
simultaneamente transforma-se a si mesmo; e que ocupa a base das relações
humanas desenvolvidas ao longo da vida.
Na EJA um currículo integrador e emancipador requer articulação entre o
tempo escolar e o tempo pedagógico. É necessário seguir um calendário para o
cumprimento das exigências burocráticas, mas, também adequar o tempo escolar às
necessidades que surgem durante o processo de formação do educando. Conforme
Soares (1986), o educando passa a ser visto como sujeito sócio-histórico-cultural,
com conhecimentos e experiências acumuladas.
A EJA contempla o mesmo conteúdo das áreas dos conhecimentos, mas um
tempo curricular diferenciado, pois considera a bagagem cultural e os
conhecimentos adquiridos em outras instâncias sociais. Nesse sentido, Freire (1996,
p.38) “a educação emancipatória valoriza “o saber de experiência feito”, o saber
popular, e, parte dele para a construção de um saber que ajude homens e mulheres
na formação de sua consciência”.
Essas ideias também são apresentadas nas Diretrizes da EJA (2010)
ratificando a necessidade de se estabelecer relações entre cultura, conhecimento e
currículo oportunizam uma proposta pedagógica estabelecida a partir de reflexões
sobre a diversidade cultural, tornando-a mais próxima da realidade. Tal valorização
propicia o exercício de sua função socializadora, promotora do acesso ao
conhecimento capaz de ampliar o universo cultural do educando, e sua função
antropológica, que considera e valoriza a produção humana ao longo da história.
É nesse sentido que a EJA apresenta em si princípios inclusivos, pois, ao
tratar com pessoas que historicamente estiveram à margem do processo não se
pode negligenciar a necessidade de práticas inclusiva, no sentido de incluir não
21
apenas fisicamente, mas na elaboração, proposição e soluções de problemas
apresentados nos conteúdos escolares.
As alterações, as lutas e organizações dos movimentos sociais em prol de
uma educação que garanta o acesso ao conhecimento, explicitam em si princípios
inclusivos, uma vez que se materializa na participação ativa dos sujeitos. Além
disso, a história da Educação de Jovens e Adultos (EJA), demonstra estrita ligação
às transformações sociais, econômicas e políticas características dos diferentes
momentos históricos do país. Contudo, mesmo face às mudanças não se pode
desconsiderar que “a educação é essencial e é insubstituível. Dentre todas as
práticas culturais da vida humana e da experiência de sociedades como a nossa,
dificilmente alguma outra será tão insubstituível quanto à educação” (BRANDÃO,
2002, p. 187).
A inclusão pressupõe, sobretudo, uma educação como prática de libertação
do homem na sua totalidade o que implica na negação de um homem abstrato,
isolado, desligado do mundo, um homem criado pela escola, cuja prática social é
totalmente negada, pois,
Os conhecimentos escolares necessários a uma educação de qualidade devem possibilitar ao educando (a) tanto bom desempenho no mundo imediato como análise e a transcendência das tradições culturais do (a) aluno (a). Cabe destacar, no entanto, que definições de relevância que restringem as pessoas às suas origens são equivocadas. Relevância precisa ser definida em termos do potencial que certos conhecimentos e processos educacionais possuem de tornar as pessoas capazes de compreender o papel que devem desempenhar na mudança de seus ambientes e no desenvolvimento de seus países (MOREIRA, 2003, p.20).
Os pressupostos defendidos pelo autor também aparecem na LDB a qual
estabelece que,
(...) a Educação de Jovens e Adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Médio na idade própria’’. É característica dessa Modalidade de Ensino a diversidade do perfil dos educandos, com relação à idade, ao nível de escolarização em que se encontram, à situação sócio econômica e cultural, às ocupações e a motivação pela qual procuram a escola (BRASIL, LDB Nº 9394/96)
22
Orientando-se pelo disposto na LDB a Diretrizes Curriculares Nacionais para
(2010 e p. 27) estabelece como funções dessa modalidade de ensino,
Função reparadora: quando propõem a restauração dos direito negados ao individuo (uma escola de qualidade), mas também ao reconhecimento da igualdade de qualquer ser humano. Função equalizadora: estabelece à igualdade de oportunidades, como possibilidade para novas inserções e participação social. Função qualificadora: de caráter relativo ao desenvolvimento e adequação.
Ao estabelecer essas funções como direcionadoras do trabalho pedagógico
ressalta-se a necessidade de se propiciar a inserção e a inclusão social e
educacional de seus educandos no mundo do trabalho, pois,
Esta modalidade de ensino é ofertada aos jovens, adultos e idosos objetivando desenvolver suas capacidades, enriquecer seus conhecimentos, melhorar suas competências ou orientando-os, a fim de atender suas necessidades e as da sociedade. A EJA compreende a educação formal e permanente, a educação não formal e toda a gama de oportunidades de educação/informal existente em uma sociedade educativa e multicultural, na qual se reconhecem os enfoques baseados na prática (Art. 3º da Declaração de Hamburgo sobre Educação/de Adultos1).
23
UNIDADE II
24
2 PERFIL DOS EDUCANDOS E EDUCADORES DA EJA
As pessoas motivadas por seus desejos, aspirações, necessidades, motivos
e objetivos buscam na educação, de modo geral, sua realização, pois, percebem
que através da educação podem conquistar uma vida melhor e conseguir se articular
melhor no mundo do trabalho diante das inumeráveis mudanças. Principalmente
numa sociedade em desenvolvimento em que há certa possibilidade de crescimento
profissional que requer qualificação, atualização, aprendizagem de novas
habilidades e conhecimentos, para muitas pessoas em específico da EJA é assim
que justificam a necessidade da escolarização. Escola de acordo com Libâneo:
é uma instituição social com objetivo explicito: o desenvolvimento das potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos alunos, por meio da aprendizagem dos conteúdos (conhecimentos, habilidades, procedimentos, atitudes, valores), para tornarem-se cidadãos participativos na sociedade em que vivem (LIBÂNEO, 2003, p. 300).
O contexto brasileiro, para com os jovens e adultos, apresenta uma dívida
social que teve origem com as perdas, políticas e sociais e, nos remetem à reflexão
sobre a necessidade de políticas inclusivas que equalizem e qualifiquem o
atendimento aos jovens e adultos que buscam a escolarização, pois, mesmo com os
avanços na área educacional, estes não foram suficientes para satisfazer
adequadamente as demandas dessa população isso porque com as transformações
tecnológicas as exigências da sociedade mudaram.
Hoje em dia os professores que ainda acreditam que os alunos aprendem repetindo as informações estão reduzindo-se progressivamente. Nós sabemos que os alunos lidam com as informações modificando-as, reorganizando-as reinterpretando-as e atribuindo-lhes sentido (DORNELES, 2005, p. 21).
A aprendizagem devido à diversidade de culturas e, conhecimentos por si só
é conflitante. Por isso, a sala de aula é o campo fértil para disseminação,
transformação e criação de conhecimento e atitudes,
25
Por certo, o olhar do professor precisa acompanhar a trajetória do pensamento do aluno, fazendo-lhe sucessivas e constantes provocações para poder complementar as hipóteses sobre o seu saber e sobre o seu jeito de alcançar o saber (HOFFMANN, 1998, p. 30-31).
A criação de um ambiente propício à aprendizagem que apresente uma
variedade de situações problemas que desafiam o educandos ao mesmo tempo em
que oportuniza subsídios e mediações favoráveis à compreensão e a transformação
de informação em conhecimento, bem como a solução dos mesmos é de
responsabilidade do educador.
É exatamente neste sentido que ensinar não se esgota no “tratamento” do objeto ou do conteúdo, superficialmente feito. Mas se alonga à produção das condições em que aprender criticamente é possível (FREIRE, 1996, p. 26).
O domínio de todo o conhecimento não pode ser visto como de domínio
exclusivo da escola e de seus educadores, tanto a ideia de domínio quanto a
hierarquia do conhecimento precisam ser quebradas.
O mundo está exigindo, cada vez mais, que as pessoas saiam da escola com capacidade para aprender a aprender, a pensar, a resolver problemas, a ser criativo, crítico, autônomo, capaz de interagir com outras pessoas. O mundo precisa de pessoas que tenham condições de se comunicar eficientemente e competência para atuar de maneira consciente, responsável, construtiva e solidária na sociedade (VILLELA, 2006, p. 42).
O conhecimento acadêmico precisa estar articulado à realidade do educando
e, apesar de caber ao professor o inicio do trabalho organizando sua sala de modo a
comportar diferentes modos de ensinar e aprender, instigando a curiosidade do
educando, cabe ao educando processar e estabelecer novas relações e interações
com a realidade, com o conhecimento e de sua comunidade.
a educação baseada, simplesmente na transmissão de informação está com os dias contados, pois não contribui para o desenvolvimento das competências e das habilidades necessárias nem tem condições de repassar o volume de informação que está sendo gerado (VALENTE. 2004, p.13)
26
Com base na citação é possível afirmar que à escola cabe promover
condições para que o educando perceba-se desafiado, relacione o que ele vivencia
cotidianamente com os conteúdos escolares. Esse pressuposto só se faz pela
prática de pesquisa, portanto, ao jovem e adulto, é necessário propor práticas de
pesquisa. A aprendizagem é uma atividade contínua, que se estende ao longo da
vida.
Vale a pena inserir no currículo a aprendizagem não apenas de conhecimentos, mas também das atitudes que são necessárias para a vida, como a cooperação, a ação positiva para a resolução de conflitos e de problemas, a postura firme de resistência e de segurança para a tomada de decisão (MELO, 2005, p.20).
As palavras da autora corroboram a necessidade de se analisar o perfil
identitário do educador e educandos da EJA, pois isso possibilita a compreensão de
como esses sujeitos se constituem no espaço educativo. Como assinalou Freire
(1987), trata-se de um olhar sobre a forma como ocorre a ação e reflexão no mundo
e sobre o mundo.
O perfil do educador da EJA expressa-se com uma ideia equivocada de
técnico do ensino e, ao portar desta forma não contribui para a inclusão de seu
educando no processo de aprender. O professor precisa ser percebido não como
técnico que se limita a cumprir o que outros lhe ditam de fora da escola, mas como
agente ativo do seu próprio desenvolvimento, um profissional que a partir da reflexão
sobre sua prática constrói conhecimento e constrói a si próprio, é isso que o
contexto da educação inclusiva supõe dos sujeitos envolvidos na EJA.
Para tanto, parte-se do pressuposto de que a constituição da identidade se dá
pela possibilidade de se constituir sujeito de aprendizagem no meio em que está
inserido. Contudo, a constituição do sujeito de aprendizagem se dá,
necessariamente pelo reconhecimento do outro. Nessa perspectiva, ocorre então
que o educador de jovens e adultos e os próprios educandos precisam se ver e se
reconhecerem enquanto sujeitos. O perfil identitário do educando, segundo os
fundamentos sócio-históricos se faz pela diferenciação eu-outro, processo no qual a
linguagem desempenha importante papel.
27
Na EJA a linguagem é concebida não apenas enquanto ato da comunicação,
mas, sobretudo, como prática de intervenção no mundo. A possibilidade de
expressar sentimento, desejos e anseios, de dialogar implica também na assunção e
reconhecimento da condição recíproca de sujeitos. Nesse contexto, as práticas
inclusivas se materializam enquanto possibilidades que contrapõe todo um histórico
de exclusão e estigmatização do educandos jovens e adultos.
Ao falar, manifestar suas dúvidas e compreensões sobre conceitos, atividades
de textos e contextos, os educandos e educadores se veem imersos num processo
dialético cuja essência se faz pelo reconhecimento recíproco de sujeitos que
possuem conhecimentos.
Enquanto prática de comunicação e interação imbuída de significado, a
palavra é tomada aqui como elemento expressivo da prática social, configurada pela
ação e interpretação dos sujeitos no mundo através de processos socialmente
partilhados e constituídos em práticas cuja fertilidade, segundo Sáez (1974) se dá
pelas significações da cultura.
A linguagem é função humana primordial, é condição fundamental que
propicia o desenvolvimento. Pela linguagem é possível verbalizarmos o mundo que
nos cerca, e com isso ampliarmos nosso conhecimento e satisfazermos nossas
necessidades.
A linguagem manifestada pela palavra expressa o sentido de pertença
articulado à condição do inacabamento humano, pois a cada palavra novos
conhecimentos, novas necessidades. Essa ideia explicita o que Freire (1987)
chamou de inacabamento humano que se faz ao longo da própria vida por meio das
experiências vividas e partilhadas, considerando-se que “não há homens sem
mundo, sem realidade, o movimento parte das relações homens-mundo” (FREIRE,
1987, p.74).
Os sujeitos da EJA não estão no mundo, de forma passiva, eles acima de
tudo são, e por tal condição estão cheios de palavras interiores, porque a realidade
vivida é o seu mundo. Esse sujeito inacabado que busca pelo conhecimento tem sua
história de vida escolar marcada por situações adversas cujas consequências
sociais acarretam-lhes estigmas e preconceitos.
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O histórico da EJA marca o quanto os jovens e adultos são estigmatizados no
contexto educacional brasileiro, pois não raro se articula a pobreza material
(trabalhadores que lutam pelo pão de cada dia) à pobreza intelectual que lhes
confere a impossibilidade de situar-se sujeito de aprendizagem e, portanto, de
constituir uma identidade de educando que tem saberes que transforma e contribui
para transformar o meio no qual está inserido.
O processo de inferiorização do educando da EJA é evidenciado nas
constantes solicitações, em sala, de tarefas, cópias, continhas para resolver como
se eles ao ingressar na escola fossem “papéis em branco” que precisam ser
marcados pelo conhecimento realmente verdadeiro, ou seja, o conhecimento a ser
transmitido pelo professor.
É com esse olhar de sensibilidade que a identidade de incapacitado de
inúmeros jovens e adultos vai se constituindo. A cada resposta positiva do educador
às suas solicitações de lições no quadro em detrimento ao diálogo o educador
contribui para reforçar o estereótipo da incapacidade.
A ruptura com essa lógica só se efetiva por meio de um processo dialético
que se dá numa tríade, ou seja, a relação do sujeito com o outro sujeito e a
mediação. Nessa lógica o eu só é sujeito à medida que, constituído como tal, na
relação constitutiva eu-outro no próprio sujeito. Isso implica que o educador não dê
ao educando o conhecimento pronto e acabado, mas que o instigue a pensar
através da problematização. Em outras palavras, implica em propiciar ao educando
que o metro quadrado discutido em sala expressa muito mais que unidades de
medidas, expressa uma história que precisa ser desvelada, tomada para si,
conscientizada. Contudo, o educando precisa perceber nas ações do outro sujeito,
o educador, a afirmação da sua condição de “eu” o sujeito educando.
O sujeito se constitui nas e pelas interações com o outro. É nas inúmeras
possibilidades de relações sociais estabelecidas que os sujeitos vão se constituindo.
Trata-se de um contexto marcado nas análises de Molon (2003) pelo princípio
dialético e evidenciado pela tomada de consciência via linguagem que nesse caso
ocorre reciprocamente, ou seja, o educador de jovens e adultos se constitui como tal
à medida que reconhece no educando a sua condição de sujeito.
29
É nessa linha de raciocínio que a escola deve atuar. O imperativo atual
consiste em que as práticas pedagógicas estejam fundamentadas na prática do
diálogo, práticas inclusivas, da participação ativa e reflexiva de todos os seus
educandos, uma vez que “o alfabetizando já sabe que a língua também é cultura,
que o homem é sujeito: sente-se desafiado a desvelar os segredos de sua
constituição, a partir da construção de suas palavras – também construção de seu
mundo” (FREIRE, 1987, p.12).
Nesse contexto, que a relação dialógica possibilita, ainda, estabelecer nova
relação de formação capaz de incluir o jovem e o adulto trabalhador para um
"saber/cultural sistematizado e torná-lo vivência de consciência crítica”. Por isso, o
diálogo é uma questão determinante para o encontro das vozes do educador e do
educando, isto é, uma condição de ensinar e de aprender e de constituir identidades.
A identidade do educador é constituída dessas relações recíprocas. Contudo,
se o educador posiciona-se como o sujeito encarregado de resgatar da
marginalidade inúmeros analfabetos, um reparador da dívida social, portanto, muito
mais a serviço de outros e pouco de si próprio, sua identidade, seu perfil, não se faz
pela sua própria consciência de reconhecer-se sujeito que pode e deve contribuir
para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, mas pela imposição de
sistemas e programas que na maioria funcionam conforme Arroyo, (2004) como
remendos de borracharia. Embora, a possibilidade de se constituir sujeito passe pelo
reconhecimento do outro é necessário salientar que essa constituição passa
também pela tomada de consciência de si mesmo, porém trata-se de uma
consciência mediada.
Contudo, não se trata de analisar esse processo sob a ótica de vitimização do
sistema, ou seja, de que o professor faz o que faz porque o sistema exige. Ao atuar
sob as imposições de sistemas sem reflexão de seu papel na vida desses
educandos, deixa de se posicionar como sujeito e, como tal, não constitui, segundo
Alves (2003) sua identidade de educador movido pelo diálogo com o mundo e não
rompe com os monólogos da escola. Portanto, reproduz-se, produz e reproduz a
alienação de seus educandos.
Constituir um perfil de educador de jovens e adultos é mais que constituir-se
professor, pois o compromisso com os oprimidos não os permite apenas serem
30
“professores auleiros” senão um agente com a possibilidade de instigar processos
de conscientização que prime pela libertação em detrimento ao aprisionamento junto
aos seus educandos nas mesmas correntes das injustiças sociais. Trata-se de um
posicionar-se que requer, acima de tudo, uma identidade conscientizada. É um
pertencer e agir no mundo, um mundo que é por ele também construído, rompido e
transformado (MARKUS, 1974; FREIRE, 1987; BOFF, 2000).
A educação inclusiva permite também desenvolver hábitos e atitudes
necessárias à vida em sociedade por isso incentiva princípios que valorizam a
diversidade humana.
A escola e seu modo de se organizar constitui um ambiente educativo, isto é, um espaço de formação e de aprendizagem construído por seus componentes, um lugar em que os profissionais podem decidir sobre seu trabalho e aprender mais sobre sua profissão. Acredita se que não são apenas os professores que educam. Todas as pessoas que trabalham na escola realizam ações educativas, embora não tenham as mesmas responsabilidades nem atuem de forma igual (LIBÂNEO, 2000, p. 295).
Nas relações entre educandos e funcionários há cumplicidade, muitos
funcionários retomam os estudos, encorajados pelos esforços e sacrifícios dos
educandos, o contrario também acontece.
O aluno em qualquer modalidade de ensino, nem sempre vai à escola somente para cumprir uma obrigação ou à procura de um diploma. Não podemos esquecer que os professores também sofrem com as más condições da maioria das escolas públicas, com os baixos salários, tanto da rede pública, quanto da rede privada, com turmas lotadas, com a falta de apoio pedagógico e, muitas vezes, com carga horária excessiva. Todos esses fatores devem ser considerados no processo escolar (BRUNEL, 2004, p.33).
O perfil do educando da EJA vem sendo alterado e o perfil dos educadores
que a integram também; principalmente, no que diz respeito às pressões das
determinações legais seguidoras de tendências neoliberais que estrangulam o
magistério; que apesar de reconhecerem ser a melhor modalidade em resposta dos
educandos, procuram outra modalidade que lhes garanta lotação na escola. Pois,
conforme Nogueira( 2004) a redução da atuação do estado nas políticas públicas
sociais bem como as alterações na relação entre o Estado e a sociedade civil se deu
com a reforma do Estado quando este institucionalizou a divisão desigual de
31
responsabilidades entre as esferas administrativas federal, estadual e municipal e
transferiu o encargo estatal de oferta e manutenção da educação para as
organizações sociais. Diante disso, em acordo com Brandão, ressalta-se,
A educação é essencial e é insubstituível. Dentre todas as práticas culturais da vida humana e da experiência de sociedades como a nossa, dificilmente alguma outra será tão insubstituível quanto à educação (BRANDÃO, 2002, p. 187).
Muitas são as inquietações do magistério uma delas é o despreparo para
receber o educando com deficiência, inúmeros são os empecilhos ao trabalho do
professor que vão de barreiras atitudinais, arquitetônicas, o elevado número de
educandos chegando, ao desconhecimento a respeito das limitações, de estratégias
de ensino técnicas e recursos adequados necessários a este educandos. O
professor sente se só, e único responsável por aquele educando, sem
generalizações, mas a ansiedade do professor, não raro não o possibilita visualizar o
educando como seu educando e, que os serviços de apoio estão para complementar
no processo de adaptações e inclusão do educando com deficiência.
Devido à ideia de que os educandos com deficiência vão para EJA quando
completam 16 anos de idade, não raro os educadores, os rebem com a
responsabilidade de, apenas, socializa-los evidenciando a falta de subsídios da
educação especial para atender as especificidades dos educandos, ressaltando a
necessidade de formação continuada. Compreender a especificidade de
aprendizagem do jovem e adulto possibilita entender que esse educando,
é também um excluído da escola, porém geralmente incorporado aos cursos supletivos em fases mais adiantadas da escolaridade, com maiores chances, portanto, de concluir o ensino fundamental ou mesmo o ensino médio. É bem mais ligado ao mundo urbano, envolvido em atividades de trabalho e lazer mais relacionadas com a sociedade letrada, escolarizada e urbana (OLIVEIRA, 2005, p. 60).
O agravante é que agora o excluído da escola não é mais criança, mas sim
um representante de um determinado grupo social com uma cultura paralela e não
aceita. Por isso a necessidade de aproximação entre os saberes historicamente
32
construídos pela humanidade e os saberes vivenciados no cotidiano destes
educandos.
O perfil do educador da EJA deve incorporar as especificidades desses
educandos observando as relações de trabalho de seu educando, pois daí pode
retirar subsídios para desenvolver seu trabalho, colher informações que o ajudarão
nas conexões entre os conteúdos, informações conhecimento informal trazidos pelo
educando e o conhecimento cientifico.
Ao tornar acessível à compreensão do mundo e seus condicionantes
históricos, sociais, políticos, econômicos e culturais e permite que as histórias
humanas em sua singularidade se explicitem no espaço da sala de aula para que
cada um possa perceber-se em sua realidade identificando-se no mundo, permite
assim uma identidade social e cultural respeitada e valorizada, fundamental no
processo de escolarização de um indivíduo. De acordo com Cerqueira (2008)
citando Bourdieu e Champagnhe, analisa que exclusão intra-escolar daqueles de
classe menos abastadas ocorre implicitamente no preenchimento de vagas em
cursos menos disputados, tornando o sistema escolar das profissões de “alto
gabarito” reservado a alguns poucos.
Os educandos da EJA requerem que sua seja considerada e, a partir dela, se
façam as adaptações necessárias. Desse modo, espera-se do educador olhar
diferenciado, acolhedor, mesmo porque para os estudantes da EJA existe uma
articulação entre aprendizagem escolar e o preparo para o mundo do trabalho, uma
vez que, muitos destes jovens e adultos, mesmo com história de deficiência
demonstram condições de participar ativamente das relações de trabalho.
As características da juventude mudaram. Devemos estar atentos a isto.
Cultura, o tempo de duração, o perfil, profissões, estrutura de relação na sociedade,
valores éticos e morais evoluíram-se, perderam-se, mudaram-se, tensionados
inclusive pela educação seja esta formal ou informal. Os jovens que possuem um
histórico de indisciplina escolar, na sala de EJA junto aos demais adultos, na maioria
das vezes, passam a portar-se melhor. O que mostra que a EJA por suas condições
diferenciadas é um espaço adequado à inclusão de todos os educandos, pois, a
inclusão perpassa pela assunção das diversas culturas presentes na sala.
33
No aspecto geral, o público da EJA apresenta um perfil diferenciado com
certas especificidades, mas nem todos são analfabetos, daí a importância de se
pensar o indivíduo da EJA no sentido político considerando o sujeito no contexto
social que se insere. A dificuldade em conciliar estudo e trabalho, a perspectiva em
melhorar sua situação de vida, o gosto por aprender coisas novas e necessárias,
perceber-se não único naquela situação através das relações de amizade que se
promovem nos bancos escolares, o incentivo ou a falta deste pelos familiares e
colegas são questões que se fazem presentes dia a dia para estes estudantes.
Conforme aponta Smith (2008), muitas das pessoas com deficiência intelectual são
capazes de trabalhar, de estabelecer relacionamentos com amigos e família, e
realizadas as atividades desejadas; enquanto outros necessitam de assistência e
apoio constantes. No entanto, a deficiência intelectual, assim como as demais,
desafia muitas escolas comuns no seu objetivo de ensinar, de levar o educando a
aprender o conteúdo curricular, construindo o conhecimento.
Neste sentido, não corresponder ao esperado pela escola, pode acontecer
com todo e qualquer educando, mas os educandos com deficiência intelectual
denunciam a impossibilidade de a escola atingir seus objetivos Brasil, (2008). O
contingente de educandos com deficiência que apresenta pouca perspectiva quanto
ao futuro, à profissionalização e ao convívio em sociedade por encontrarem-se
ausentes da escola é grande, mas também deve- se considerar que o futuro em
relação à profissionalização e ao convívio em sociedade já não é tão promissor para
os que não apresentam deficiência. Segundo Rossato e Leonardo (2011, p.84):
(...) se continuarmos acreditando na impossibilidade de o aluno com deficiência intelectual aprender por causa de suas peculiaridades e realizarmos nosso trabalho a partir desta perspectiva, esse aluno certamente continuará por muito tempo submetido à exclusão do saber produzido ao longo das gerações. Tal posicionamento, por outro lado, não nega que existam dificuldades, sendo elas variadas e contextualizadas; no entanto, à medida que nos guiamos pela incapacidade e limitação dessas pessoas como fatores determinantes, negativos e irreversíveis, estamos fortalecendo os processos de sua exclusão.
A ênfase dada à falta de conhecimento sobre a deficiência do educando é
grande, no entanto muito pouco se fala sobre as possibilidades de aprendizagem.
Com isso contraria-se aos pressupostos vygotskyano que as pessoas com
34
deficiência são antes de tudo os homens que a sociedade vê e com os quais se
relacionam.
Quando se trata de educandos jovens e adultos, outros fatores deverão ser
considerados: trabalho, família, filhos, mesmo porque, tardiamente, a maioria desses
ingressou na escola e, em sua trajetória escolar, tem-se o fator social como um dos
motivos do atraso.
Traçar perfil de qualquer ser humano é uma tarefa ousada e, não raro cheia
de subjetivismo, por isso considero importante ratificar que acima de tudo esses
educandos são: cidadãos que constituem família cedo, não receberam incentivos
dos familiares, necessitam contribuir para aumento da renda familiar e /ou próprio
sustento, jovens em situação de risco atraídos pela marginalidade, idosos que se
permitem realizar um velho sonho e a pessoa com deficiência, mulheres que
buscam libertação do sistema patriarcal (do jugo dos pais e irmãos seguido pelo
marido) todos com possibilidades diversas. Além de se posicionarem responsáveis
por seus destinos tentando conciliar os afazeres laborais com os estudos, o que
reforça que eles, os educandos, não se sentem excluídos, mas o são pelas ações do
outro, ou seja, a própria escola.
2.1 ADAPTAÇÃO CURRICULAR
Inicialmente, cumpre destacar que uma adaptação curricular origina-se da
identificação da necessidade e da possibilidade de o educando aprender. Dessa
identificação resulta a formulação do objetivo. Desse objetivo, é elaborada a
estratégia que irá favorecer a aprendizagem do educando. Dessa estratégia, são
escolhidos, os aspectos principais sobre os quais o educando deverá se concentrar.
Vale ressaltar a necessidade de não se confundir a estratégia de adaptação
curricular com uma tarefa palpável. Uma outra linguagem, uma dança, uma figura,
palpáveis ou visíveis. As adaptações são caminhos para viabilizar a aquisição do
conhecimento.
Não se trata de eliminar conteúdos, mas priorizar o que é essencial e ao
mesmo tempo o que pode ser relevante para o educando. Assim, não há
35
necessidade de saturar os educandos com repetições, mas com desafios e
problematização do trabalho, visando a apropriação de conceitos por parte deles.
A abordagem defendida, nesse caderno temático, expressa a compreensão
que se tem da relação intrínseca que há entre Adaptação Inclusão. Como
mencionado ao longo dessa proposta, inclusão implica na possibilidade de
aprendizagem qualitativa. Pensar num ensino de qualidade requer a rejeição do
modelo homogêneo difundido nas práticas pedagógicas. Isso significa assumir uma
educação escolar que valorize as adaptações como garantia de acesso ao
aprendizado.
De modo proposital, inicia-se a abordagem pela relação adaptação-inclusão,
haja vista que todas as pessoas aprendem de forma diferenciada, podendo
apresentar necessidades educacionais em determinadas áreas do conhecimento.
Nesse contexto, é inegável que as aprendizagens possam ter diferentes
manifestações, ou seja, os saberes podem ser manifestados por meio da oralidade,
da dramatização, da escrita, da dança, do canto, do desenho, da arte. Enfim, em se
tratando de pessoas, pressupõe-se que a diferença é a marca positiva no processo
de aprendizagem. Assim, não teria sentido insistir na homogeneização pedagógica,
ou seja, ensinar a todos por meio de uma única maneira. Propõe-se então a
remoção das barreiras atitudinais, institucionais, conceituais e arquitetônicas que
impossibilitam a aprendizagem, no espaço escolar, e por fim, a valorização das
diferenças, compreendendo que Diferente não é sinônimo de deficiência.
Ser diferente é uma qualidade inerente ao ser humano, portanto, todos somos
diferentes. Essas diferenças, podem se apresentar nas atitudes, no comportamento,
no aspecto físico e, biológico, nas escolhas, nas preferências, na manifestação dos
sentimentos e aprendizagens. Assim, sucintamente pretende-se deixar claro que a
diferença não é algo característico apenas das pessoas que apresentam deficiência
física, mental, sensorial ou de comportamento, mas, de todas as pessoas que vivem,
interagem, se comunicam, aprendem, transformam si realidades e contribuem para a
transformação de outras. Incluir é permitir a participação de todos na aula!
Ao partir do pressuposto que todos os educandos possam participar,
ativamente de uma aula significa estar praticando a inclusão, em outras palavras,
pode-se dizer que é a promoção de práticas pedagógicas inclusivas que se
36
materializam em: trabalhos em grupos, pesquisas, enquetes, trabalhos extraescolar
trabalhos cooperativos, ou seja, práticas significativas para todos os educandos.
Assim, propiciar essas estratégias implica no rompimento da homogeneização
praticada no ato pedagógico, quando os professores desenvolvem um plano único,
em geral de forma expositiva, sem relação com as experiências já adquiridas pelos
educandos. Portanto, nessa unidade vamos refletir sobre: Como tornar as aulas
mais inclusivas e menos excludentes?
É comum ouvirmos de professores e equipe pedagógica relatos nos quais os
mesmos afirmam não estarem preparados para a inclusão. Tais relatos, denunciam
ignorância a respeito desse assunto, pois ingenuamente pressupõe que inclusão é
um processo à parte, afirmam que estão preparados para outras questões que não a
inclusão, deixam implícito que para trabalhar com o educando dito "normal" estão
preparados adequadamente.
Partindo do pressuposto que todas as pessoas possam aprender,
independentemente, de as fundições físicas, biológicas, sociais, econômicas,
propõe-se uma reorganização nas escolas e uma nova postura do professor em
relação a não aprendizagem.
Pressupõe o rompimento da linearidade no processo educativo, atrelando a
isso à necessidade de não comparação entre os educandos, uma vez que cada um
deve ser respeitado no seu modo próprio de construir, apropriar-se e manifestar o
conhecimento. Para tanto, as práticas pedagógicas precisam ser ressignificadas em
relação às pessoas que apresentam deficiências.
Esse contexto implica na superação da visão que se tem do espaço escolar
enquanto local para distração, socialização e terapia - no caso da pessoa com
deficiência -, requer, portanto, uma prática escolar eficiente e consistente, de modo a
concretizar a função social da escola que não é "clínica e tampouco, apenas espaço
de lazer".
É importante ressaltar que quando se menciona sobre as práticas inclusivas
supõe-se que o professor na sua prática de aula atue como um mediador, no sentido
de assumir a aprendizagem de todos como objetivo maior de seu fazer pedagógico.
Deve posicionar-se, vencer desafios, ajudar e buscar ajuda sendo consciente de que
o trabalho coletivo é o que mais apresenta resultados positivos nessa trajetória.
37
Assim, a equipe pedagógica deve articular reflexões para que o contexto citado
anteriormente seja o cotidiano educacional.
A articulação do Atendimento Educacional especializado (AEE) pode
evidenciar resultados significativos quando há um trabalho em conjunto entre equipe
de Educação Especial (AEE) e ensino regular. No entanto, é preciso definir papeis e
responsabilidades, uma vez que a situação escolar de cada educando é
responsabilidade de todos os envolvidos com o mesmo. Então, o profissional
especializado deve atuar em conjunto com o professor do ensino regular na
perspectiva de atuar enquanto um apoio na realização de adaptações que auxiliem o
trabalho do professor e o pleno desenvolvimento do educando. Portanto, a prática
do professor especializado deve ser uma prática coletiva e não a única responsável
pela aprendizagem do educando.
Dessa forma, atribui-se também ao professor do ensino regular a
responsabilidade na elaboração de respostas pedagógicas que atendam as
necessidades de cada educando, considerando-se que todos os professores
apresentam condições profissionais de forma que possa atender a todos,
independentemente, de se tratar de educandos com deficiência ou não, sendo
portanto capaz de realizar adaptações, sempre que necessário.
2.1.1 Adaptações Curriculares Adaptações de acesso ao Currículo
Trata-se de um conjunto de modificações no espaço físico e materiais de
ensino, bem corno processos de formação continuada cujo objetivo seja melhorar a
prática pedagógica, com vistas a atender as necessidades educacionais especiais
que se apresentam em sala de aula. No entanto, é válido reforçar: adaptações
devem ser realizadas para toda e qualquer pessoa que necessite desse
procedimento para atingir o sucesso educacional. Assim, algumas medidas
constituem adaptações de acesso ao currículo, tais como:
- Criar condições físicas, ambientais e materiais para o educando na instituição
escolar;
- Propiciar os melhores níveis de comunicação e interação com as pessoas com as
quais convivem na comunidade escolar;
38
- Favorecer a participação de todos os educandos nas atividades escolares;
- Propiciar mobiliário específico que se fizer necessário;
- Adaptar materiais de uso comum em sala de aula;
- Adotar sistema de comunicação alternativa pra os educandos impedidos de
comunicação oral (durante o processo de ensino bem como na avaliação);
- Propiciar ambientes com adequada luminosidade, sonoridade e movimentação;
- Agrupar os educandos de maneira que facilite a realização de atividades em grupo
e incentive a comunicação e as relações interpessoais.
2.1.2 Adaptações Metodológicas e Didáticas
As adaptações metodológicas e didáticas se efetivam por meio de
procedimentos técnicos e metodológicos, de forma a propiciar estratégias adaptadas
de ensino e aprendizagem, bem como nos procedimentos avaliativos. Ressalta-se
ainda, que essas adaptações não devem ser restritas apenas aos educandos com
deficiência, mas a todos aqueles que necessitarem. Para tanto, faz-se necessárias
algumas adaptações gerais como:
- Situar o educando no grupo com os quais melhor possa trabalhar;
- Adotar métodos e técnicas de ensino e aprendizagem específicas para o
educando, com vistas a operacionalização dos conteúdos curriculares;
- Valorizar diversas formas de manifestação da aprendizagem, elementos de outras
linguagens e sistemas de comunicação. Todas estas observações tem por objetivo
alertar para o que Carvalho (2011, p. 78,) ressalta,
Para remover barreiras para a aprendizagem é preciso sacudir as estruturas tradicionais sobre as quais nossa escola está assentada. A lógica da transmissão deve ser substituída por outra lógica, esta, centrada na aprendizagem e em tudo que possa facilitá-la.
As adaptações curriculares, conforme os documentos legais se agrupam em
duas modalidades sendo as de – acesso ao currículo e as adaptações pedagógicas.
As de acesso ao currículo se referem se à eliminação de barreiras arquitetônicas e
metodológicas, (pré-requisito para que o educando possa: frequentar a escola com
autonomia, participar das atividades acadêmicas junto aos demais educandos, são
as “condições físicas, materiais e de comunicação”, exemplo: comunicação
39
alternativa para os educandos com paralisia cerebral ou dificuldades de expressão
na oralidade).
Já as adaptações curriculares são modificações: no planejamento, nos
objetivos, nas atividades e nas formas de avaliação, enfim, no currículo como um
todo, ou em aspectos dele, para atender as necessidades educacionais do
educando. Na sequência apresenta-se em forma de quadros uma breve síntese das
formas de adaptação curricular, segundo as orientações do MEC.
QUADRO 1- Classificação das adaptações curriculares Classificação das Adaptações Curriculares
Tipos Pequeno Porte Grande Porte
Níveis Projeto Político Pedagógico (Currículo Escolar)
Plano de Aula Individual
Categorias De acesso ao currículo nos elementos do currículo
Adaptado MEC (1998)
Atender a todos os educandos requer adaptações no âmbito do currículo e
das práticas, considerando-se que adaptar currículo não implica em minimização de
conteúdos, mas na busca de caminhos diferenciado para atender a todos os
educandos.
QUADRO 2 – Adaptação de pequeno porte *Na organização (das atividades de/na sala de aula) - Grupo de educandos - Organização do espaço - Organização didática *Em relação aos objetivos e conteúdos (o que ensinar) - Priorizar unidades ou áreas de conteúdos - Priorizar tipos de conteúdos - Priorizar objetivos - Sequenciar (graduando do simples para o complexo) - Eliminar conteúdos secundários *Na avaliação (como avaliar) - Instrumentos e técnicas adaptados - Instrumentos e técnicas modificados *Nos procedimentos didáticos e nas atividades (como ensinar) - Procedimentos modificados - Introduzir atividades alternativas e/ou complementares às previstas - Modificar o nível de complexidade das atividades - Eliminar componentes - Sequenciar tarefas - Facilitar o plano de ação (passo a passo) - Adaptar materiais *Na temporalidade: - Previsão de ajuste temporal para atividades ou conteúdos com alteração no período para alcançar determinados objetivos.
Adaptado MEC 1998
40
QUADRO 3 – Adaptação de grande porte *Em relação aos objetivos e conteúdos - Eliminar objetivos básicos do currículo -Introduzir objetivos específicos, complementares ou alternativos - Eliminar conteúdos básicos do currículo - Introduzir conteúdos específicos, complementares ou alternativos *Nas avaliações - Introduzir critérios específicos de avaliação - Eliminar critérios gerais de avaliação - Adaptar critérios regulares de avaliação - Modificar critérios de promoção *Na metodologia e organização didática (planejamento e atuação docente com expressiva modificação) - Introduzir previamente atividades, procedimentos complementares e/ou alternativos de ensino e métodos de aprendizagem - Introduzir recursos específicos de acesso ao currículo - Alterar a organização didática Na temporalidade: previsão de ajuste temporal para atividades ou conteúdos com alteração no período para alcançar determinados períodos.
Adaptado MEC 1998
QUADRO 4 – Níveis de Adaptação Curricular NÍVEIS DE ADAPTAÇÃO CURRICULAR
No Projeto Político Pedagógico (Currículo Escolar): medidas de ajuste no currículo em geral (proposta pedagógica para educação inclusiva), foca a organização escolar e serviços de apoio especializados- AEE (Decreto7. 611/11); - AÇÃO ADAPTATIVA INTENCIONAL (AAI)
No Plano de Aula: medidas realizadas pelo professor, visando à programação das atividades em sala de aula. Destacam o “Como fazer”–organização temporal dos componentes e dos conteúdos curriculares (Brasil, 1998)-AAI
No Nível individual: estão ligadas geralmente às adaptações significativas do currículo. Podem ter alterações na titulação do educando– terminalidade específica Terminalidade Escolar Específica em caso de: Comprovação de incapacidade de se apropriar de habilidades básicas estabelecidas, ou seja, para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os super dotados; certificação de escolaridade, amparada na LDB (art.59, inciso II). Aprovação TE para ensino técnico/médio- IFES, parecer CNE/CEB2/2013
Adaptado MEC 1998
41
Ao lançar o documento de adaptações curricular o MEC (1998) preconiza
uma discussão em âmbito nacional no sentido de destacar o papel da escola na
promoção de oportunidades num ambiente democrático, no qual o esforço de todos
os membros do processo educativo é aguçado quanto à participação coletiva da
sociedade transformando-se num atual espaço de trabalho coletivo e de
aprendizagem.
O contexto de adaptações curriculares requer, sobretudo, o repensar da
intervenção pedagógico-didática na prática escolar, em decorrência das mudanças
na sociedade atual que, forçosamente, leva todos os profissionais da educação a
modificar sua atividade docente e a rever a responsabilidade quando procura
trabalhar currículo escolar e assim desenvolver os aspectos: intelectual, físico,
social, político e educacional, articulando currículo-sociedade, homem-natureza,
homem sociedade, escola-trabalho, transpondo os aspectos individuais do educando
para os aspectos políticos e sociais do cidadão.
2.2 PRÁTICAS INCLUSIVAS: O PAPEL DA ESCOLA E DO PROFESSOR
Não basta a escola ter uma proposta inclusiva, pois serão as condições
criadas e oportunizadas que a caracterizarão como inclusivas ou não. O professor
faz e, é a diferença em sua sala de aula tornando-a ambiente propício à inclusão,
uma vez que suas ações funcionam como propulsores que podem e devem
propagar a educação para todos. Nas análise de Coll e colaboradores (2002), a
deficiência passa a ser o lócus do problema e a escola ocupa um lugar privilegiado
na promoção da exclusão de educandos com deficiência.
O papel que o professor desempenha numa escola inclusiva merece
especial atenção, pois inúmeros são os desafios, as dificuldades e a
responsabilidade frente ao processo ensino aprendizagem. A inclusão requer
práticas pedagógicas com novo sentido e significado. O professor é o principal
agente do processo educativo inclusivo, seu papel na educação de jovens e adultos
com história de deficiência é de suma importância, uma vez que atua como
mediador no processo de construção do conhecimento. Como forma de sintetizar
apresenta-se no quadro em sequência algumas atitudes do professor inclusivo.
42
QUADRO 5 – Atitudes do professor inclusivo
Buscar condições para elaboração de material e para organização das atividades a
serem desenvolvidas
Participar de encontros para troca de ideias e sugestões
Ter autonomia para escolher procedimentos e material
Ampliar o olhar para as “diferenças” e não às deficiências
Estabelecer parcerias entre a escola, a família e a comunidade, para desenvolver
seu plano de ação
QUADRO – 6 – Etapas do trabalho do professor (após conhecer e identificar as especificidades de sua turma): -Seleção de conteúdo: escolha dos conceitos e ideias principais que devem ser
assimilados pela turma isto não significa descartar conteúdo.
-Formulação de estratégias: desenvolver uma variedade de estratégias para
apresentação de conceitos e informações a turma, (de fornecer à informação, da
procura pelos educandos, como conduzir a experimentação e experiência até a
conclusão das informações e conceitos explorados)
- Reflexão: oportunizar atividades diversas que levem a turma ao uso das
informações e conceitos (pré-avaliação, detectar falhas, dificuldades e necessidade
de novas intervenções)
- Avaliação: verificação da evolução do educando através de um método
previamente determinado. Comparando o educando com ele mesmo.
Ressaltando...
* Professor deve considerar que na escola há pessoas com o mesmo intuito e que
solicitar e oferecer ajuda é uma prática que deverá tornar-se rotineira em sua escola.
Ajuda e cooperação fazem parte do processo ensino- aprendizagem, não só na vida
do educando.
- Perguntar-se: Fiz a diferença na vida deste educando?
*Lembrar-se que:
43
- O educando é um ser ativo em sua aprendizagem, portanto deve participar da
elaboração do plano de aprendizagem, para ele além de sujeito que participa da
elaboração de consigna, suas opinião conta.
- A aprendizagem cooperativa pode se dar através de trabalho em pequenos grupos.
- São necessários para o educando feedback, demonstração, comentários e
utilização de modelos.
-Na turma muitos gostam de colaborar expondo suas ideias, conclusões; há aqueles
que preferem não expor-se, e o professor deve conhecer a todos, diversificando a
forma de abordagem, mas com a participação de todos.
*Quanto ao conteúdo, o professor deve:
- ter objetivos definidos e explicitados
- contextualizar o conteúdo a realidade do indivíduo
-graduar a complexidade das informações na construção do conhecimento
- ter diferentes formas de trabalho para um conteúdo
- aguçar a curiosidade, despertando atenção da turma
- lançar mão de materiais e atividades que complementares
- estabelecer objetivos de acordo com as especificidades do educando
44
QUADRO – 7 Competências da escola
- Focar na aprendizagem e não no conteúdo, ou melhor, um novo
entendimento do currículo e sua função, propondo a revisão dos conteúdos e
suas prioridades, objetivos, temporalidade, considerando os diferentes ritmos e
estilos de aprendizagem.
- Oportunizar diálogo, cooperação e solidariedade, criatividade, analise crítica
dos papeis desenvolvidos por professores, administradores, funcionários e
educando,
- Elaboração autônoma e participativa no Projeto Político Pedagógico,
diagnosticando a demanda oferecendo subsídios, auxílio da academia e com
tempo hábil.
- O currículo escolar deve refletir o meio social e cultural das escolas,
integrando as áreas do conhecimento, utilizando as disciplinas acadêmicas
como meio e não fins respeitando a realidade do educando,
- Os papeis desempenhado por todos devem mudar assumindo o caráter de
função de apoio e orientação em toda a comunidade escolar.
- Além da interdisciplinaridade, estabelecer parcerias entre grupos de
professores fora à rede de apoio.
45
ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
Partindo do pressuposto que o principio da inclusão é defendido como uma
proposta prática de atuação no campo educacional, considera-se que,
A inclusão é frequentemente vista apenas envolvendo o movimento de alunos das escolas especiais para os contextos das escolas regulares, com a implicação de que eles estão “incluídos”, uma vez que fazem parte daquele contexto. Em contrapartida, eu vejo a inclusão como um processo que nunca termina, pois é mais do que um simples estado de mudança, ele depende de um desenvolvimento organizacional e pedagógico continuo no sistema regular de ensino (AINSCOW, 1999 apud MITTLER, 2003 p.35)
No intuito de refletir sobre a inclusão, discutir práticas educativas efetivamente
inclusivas, após o levantamento dos anseios da comunidade, cujos dados são
apresentado na sequência, elaborou-se o referido Caderno Temático com o fim de
propor aos educadores da EJA a implementação de práticas inclusivas na
elaboração de seus plano de trabalho docente, de modo a atender a todos os
educandos.
Para tanto, será organizado um grupo de estudo, no ano de 2015, envolvendo
professores da modalidade EJA, acadêmicos do curso de Pedagogia da UNESPAR
Campus Paranaguá e a comunidade escolar do CEEBJA em encontros quinzenais.
Além disso, serão utilizados momentos das reuniões pedagógicas coletivas e, ao
longo de 2015, bem como nos momentos de hora-atividade dos professores para
apresentação e implementação do projeto de pesquisa-ação.
O enfoque maior está na ampliação das discussões a respeito da inclusão,
tendo consciência de que este processo não encerra e muito menos é totalmente
conclusivo, ao contrário, é democrático e visa produzir ações educativas que
respondam aos anseios da comunidade escolar. Para tanto, considerando a
necessidade de envolvimento de todos os sujeitos da escola na implementação do
projeto, buscamos, inicialmente, fazer um levantamento dos anseios da realidade
escolar a partir da aplicação de um questionário cujos dados estão sintetizados na
sequência.
Ressalta-se que a organização em síntese dos dados coletados na pesquisa
visou facilitar a compreensão dos pensamentos dos sujeitos envolvidos, e, melhor
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delinear os temas que foram discutidos ao longo deste caderno temático, além de
sinalizar caminhos para esta proposta pedagógica de intervenção escolar. O
questionário está como apêndice ao final desta produção didática.
QUADRO – 8 Síntese dos dados coletados
1- Você sabe o que são Práticas Inclusivas? (16) sim (1) não
2- Já ouviu falar em inclusão para todos? (15) sim (2) não
3- Cite uma pratica inclusiva que já utilizou? - atividades com imagens para interpretação e melhor entendimento sobre o assunto para os educando surdos. - aulas para os portadores de necessidades especiais para que acompanhem o Fundamental regular. - atividades diferenciadas. - estou procurando me aprimorar para atender melhor nossos educandos. Comecei curso de Libras. - digitalização de material, imagens ampliadas para vocabulário em língua inglesa. - interação social Matemática (frações) - inclusão de educandos autistas com deficiência motora e hipercinético em sala de aula regular com atividades diferenciadas e tratamento personalizado. - uso de quebra-cabeça com as partes da flor para o educando montá-lo corretamente. - exercícios com figuras, com colagens, produção do masculino. - trabalhar questões de valores e trazer esses temas sobre Diversidade e Inclusão em sala de aula, se configuram em práticas inclusivas. - abordagens práticas como moldes fabricados em massa de modelar, utilização de desenhos, vídeos autoexplicativos, exercícios mais práticos do que teóricos. - faço curso de Libras aos sábados. - adaptação curricular, produção de material didático diferenciado. - atividades diferenciadas para surdos.
4- Encontra dificuldade na elaboração de atividades inclusivas em sua pratica pedagógica? (13) sim (2) não - às vezes adaptar conteúdos, avaliar diferenciadamente não é fácil, precisa conhecimento. (observação colocada por um professor a esta questão)
5- Conhece pormenores que promove a inclusão? (5) sim (11) não
6- A inclusão contempla todos os educandos? (2) sim (14) não
7- Para você a inclusão diz respeito a: ( ) adolescentes ( ) idosos ( 2 )PNE ( 13 ) todos ( ) trabalhadores
8- Gostaria de participar de um Grupo de Estudo sobre Práticas Inclusivas? ( 15 )sim ( )não
- sim, mas sou PSS Fonte: Professora PDE 2014.
Participaram da pesquisa dezessete (17) docentes. Algumas das questões
não foram respondidas por todos.
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AÇÕES METODOLÓGICAS
Através da reflexão sobre as práticas desenvolvidas pelo professor em seu
cotidiano escolar, na articulação teórico-metodológica, possibilitada a partir do
levantamento dos anseios da comunidade do CEEBJA elaborou-se as ações
contempladas neste caderno.
O caderno será desenvolvido no curso de extensão universitária organizado
em parceria com a UNESPAR campus Paranaguá. O processo ensino-aprendizado
se dá pela interação entre professor e educando através da mediação do
conhecimento de vida do educando com o conhecimento científico.
Sendo assim, este caderno propõe aos educadores, por meio de grupo de
estudo, a análise, discussão, reflexão e elaboração de proposta para efetivação de
práticas inclusiva destinadas a toda à demanda do CEEBJA/Paranaguá. O
desenvolvimento do projeto de intervenção ocorrerá obedecendo a seguinte ordem:
48
UNIDADE I
- Previsto para o 1º e 2º encontros com a abordagem dos temas:
- Fundamentação teórica
- Dimensões da crise educacional: tensões a cerca da integração e inclusão
- EJA: Diretrizes da EJA e os princípios inclusivos
1º ENCONTRO
Tema: Dimensões históricas da crise educacional
Estratégia: vídeo linha do tempo
Fonte: www.youtube.com/watch?v=VoTX8_pPrQE
2º ENCONTRO
Tema: EJA: Diretrizes da EJA e os princípios inclusivos
Estratégia: palestra de Miguel Arroyo sobre EJA
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=fpN1cVkwhZg
Pontos a discutir: A crise educacional brasileira teve sua origem histórica
Problematizando: Questões a serem respondidas
A crise educacional tem razões históricas?
Há elementos que condicionam e influenciam a escola em sua atuação?
O que compete ao poder público fazer para a efetivação de uma educação de
qualidade para todos?
UNIDADE I
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Material de Apoio:
*A crise educacional brasileira
Publicação da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos
Fonte:http://rbep.inep.gov.br/index.php/RBEP/article/viewFile/185/185
2ª Estratégia: Palestra de Miguel Arroyo sobre a EJA
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=fpN1cVkwhZg
Ponto as discutir
Problematizando: Elaboração de cartazes
A escola atua em favor da libertação e cidadania plena?
Quais são os aspectos históricos da exclusão relacionados à cidadania?
Os excluídos têm voz, têm vez e agora?
Que elementos condicionam e influenciam a exclusão social?
Que relação há entre tipos de cidadania e a exclusão social no decorrer da história
do país?
Quais as funções da modalidade EJA e seu objetivo?
Materiais de Apoio:
*A crise educacional brasileira
Publicação da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos
Fonte:http://rbep.inep.gov.br/index.php/RBEP/article/viewFile/185/185
EJA: UMA EDUCAÇÃO POSSÍVEL OU MERA UTOPIA?
Fonte: www.cereja.org.br/pdf/revista_v/revista_SelvaPLopes.pdf
50
A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL
Fonte: https://alfabetizarvirtualtextos.files.wordpress.com/.../porcaro_
historiaejanobrasil.doc
Histórico da Eja.docx - Seduc Fonte: www.seduc.mt.gov.br/.../Educação-de-Jovens-e-Adultos/ Histórico%20da%20Eja.docx
Trajetória da escolarização de jovens e adultos no Brasil: de plataformas de governo a propostas pedagógicas esvaziadas
Fonte: www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104..
51
UNIDADE II
Previsto para o 4º, 5º, 6º, 7º e 8º encontros com a abordagem:
2.1O perfil do educando e educador da EJA
2.2 Adaptação Curricular
2.3 Práticas Inclusiva
3º ENCONTRO e 4º ENCONTRO
Tema: O perfil do educando e educador da EJA
Estratégia: Debate
Pontos a discutir:
Pontos do debate:
EJA atrelado ao analfabetismo
Características do alunado da EJA na atualidade parâmetros da cidadania exercida
As diretrizes da EJA e os princípios inclusivos
Problematizando:
A EJA está atrelada ao analfabetismo?
Quais as características do alunado da EJA na atualidade, estabelecendo qual
cidadania exerce?
UNIDADE II
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As funções da EJA em nossa escola estão se cumprindo?
Qual a freqüência de novas determinações para a EJA?
Qual a visão do educando sobre a EJA?
Material de Apoio:
Texto: O educador de jovens e adultos e sua formação
Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
46982008000100005
Texto: Os sujeitos educandos na EJA
http://www.cereja.org.br/arquivos_upload/saltofuturo_eja_set2004_progr3.pdf
Vídeo:Pedagogia da autonomia
Fonte: www.youtube.com/watch?v=EbnjKDeZW40
A PEDAGOGIA DE PAULO FREIRE
http://didaticaeducacional.com.br/paulofreire.pdf
Vídeo: EJA- Educação de Jovens e Adultos
https://www.youtube.com/watch?v=j1vJQoHnxvc
(localizar em Uma pergunta para Maria Clara di Pierro)
Os desafios da EJA
http://revistaescola.abril.com.br/eja/
http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/modalidades/eja-plano-
618045.shtml
Artigo publicado no site Brasil escola
A EJA e o preparo para o trabalho – Brasil Escola
Fonte:www.adesaf.org.br/site/artigos/eja-e-o-preparo-para-o-trabalho-0
53
5º ENCONTRO e 6º ENCONTRO
Tema: Adaptação Curricular
Estratégia: texto ADAPTAÇÕES/ADEQUAÇÕES CURRICULARES NO
PROCESSO DE INCLUSÃO: DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS ÀS PRÁTICAS
PEDAGÓGICAS
Fonte: http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/3161_1327.pdf
Pontos a discutir:
Segundo as Diretrizes da Educação Especial para a Construção de Currículos
Inclusivos.
Problematização Pesquisa
Toda adaptação curricular é uma pratica inclusiva?
Adaptação curricular serve mais a Integração ou a Inclusão?
Quais as adaptações curriculares necessárias em nossa escola?
Qual a importância das adaptações curriculares no contexto escolar?
Com base nos exemplos disponibilizados, é possível realizar tais adaptações no
contexto de nossas salas de aula? Justifique.
Segundo as Diretrizes da Educação Especial para a Construção de Currículos
Inclusivos.
[... o desafio da participação e aprendizagem, com qualidade, dos alunos com necessidades especiais, seja em escolas regulares ou em escolas especiais, exige da escola a prática da flexibilização curricular que se concretiza na análise da adequação de objetivos propostos, na adoção de metodologias alternativas de ensino, no uso de recursos humanos, técnicos e materiais específicos, no redimensionamento do tempo e espaço escolar, entre outros aspectos, para que esses alunos exerçam o direito de aprender em igualdade de oportunidades e condições]. (PARANÁ, 2006, p.09).
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Especial
(MEC/SEESP, 1998), o conceito de Escola Inclusiva:
...implica uma nova postura da escola comum, que propõe no projeto político pedagógico, no currículo, na metodologia de ensino, na avaliação e na atitude dos educandos, ações que favoreçam a integração social e sua opção por práticas heterogêneas. A escola capacita seus professores, prepara-se, organiza-se e adapta-se para oferecer educação de qualidade para todos, inclusive, para os educandos com necessidades especiais...
54
Como poderíamos estar removendo as barreiras para a aprendizagem em nossas
salas de aula?
As barreiras atitudinais, são bastante significativas frente à diversidade existente em
nossas escolas? Qual a sua opinião diante desta questão?
Conceitue e identifique os tipos de adaptações curriculares.
Relacione algumas adaptações à sua pratica.
As adaptações curriculares são de responsabilidade do professor?
Material de Apoio:
Obra: Adaptação Curricular
Autor: Rosana Glat e Eloiza da Silva Gomes de Oliveira
Fonte: http://www.cnotinfor.pt/inclusiva/pdf/Adaptacao_curricular_pt.pdf
Vídeo: Parte 1 CAMINHOS PARA INCLUSÃO
Fonte:http://centraldemidia.mec.gov.br/index.php?option=com_hwdmediashare&view
=mediaitem&id=9326:parte-1-caminhos-para-
inclusao&Itemid=471?&filter_mediaType=4
7º ENCONTRO e 8º ENCONTRO
Tema: Práticas Inclusivas
Estratégia: Análise dos princípios da inclusão referente à atuação do professor
Fonte:
Pontos a discutir:
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http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/sobama/sobamaorg/TemasemEducacaoFisica
Adaptada.pdf
Fonte: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/experiencias%20inclusivas.pdf
Problematização: Elaboração de portfólio
1. Por que, Toda prática inclusiva é uma adaptação, mas nem toda a adaptação é
uma prática inclusiva?
2. Há diferença adaptação curricular de práticas inclusiva?
3. Os benefícios e beneficiados pelas práticas inclusivas quem são?
Material de Apoio:
O enigma da inclusão: das intenções às práticas pedagógicas
Enfim, sob a bandeira da inclusão são encontrados, na atualidade, práticas e pressupostos bastante distintos, o que garante um consenso apenas aparente e acomoda diferentes posições que podem ser extremamente divergentes. Uma tomada de posição consciente dentro desse conjunto de possibilidades deve começar pelo entendimento que se tem acerca do princípio da inclusão escolar, lembrando que o termo assume atualmente o significado que quem o utiliza deseja. E como se configura a discussão desta temática no Brasil? Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 33 set./dez. 2006
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Autora: Maria Elisa Caputo Ferreira
Fonte: www.scielo.br/pdf/ep/v33n3/a11v33n3
Adaptações/Adequações Curriculares no Processo de Inclusão: das Políticas
Educacionais às Práticas Pedagógicas
PRÁTICAS EDUCATIVAS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA INCLUSIVA
Fonte: cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/.../article/.../5180
Prática pedagógica inclusiva na EJA
Fonte: www.fucamp.edu.br/editora/index.php/cadernos/article/.../304
o
Prática inclusiva requer adaptação curricular
APÊNDICE
QUESTIONÁRIO Pesquisa PDE 2014
1- Você sabe o que são Práticas Inclusivas?
( ) sim ( )não
2- Já ouviu falar em inclusão para todos?
( ) sim ( )não
3- Cite uma pratica inclusiva que já utilizou?
_________________________________________________
4- Encontra dificuldade na elaboração de atividades inclusivas em sua pratica
pedagógica?
( )sim ( )não
5- Conhece pormenores que promove a inclusão?
( )sim ( )não
6- A inclusão contempla todos os alunos?
( )sim ( )não
7- Para você a inclusão diz respeito a:
( ) adolescentes ( ) idosos ( )PNE
( ) todos ( ) trabalhadores
8- Gostaria de participar de um Grupo de Estudo sobre Práticas Inclusivas?
( )sim ( )não
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FINALIZANDO E REFLETINDO!!!!
Quem é deficiente? Se você fracassa em enxergar a pessoa Mas vê somente a deficiência. Então quem é cego? Se você não consegue escutar O grito por justiça do seu irmão Então quem é o surdo? Se você não consegue comunicar-se com Seu irmão, Mas o mantém afastado de você Quem é o deficiente? Se o seu coração ou a sua mente Não se estendem para o seu vizinho Quem então tem deficiência mental? Se você não se levanta pelos Direitos de todas as pessoas Quem então é limitado? (Autor desconhecido)
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REFERÊNCIAS
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