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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · As festas populares e religiosas são constituídas em um campo de estudos ... no corte de cana, no cultivo de mandioca e na

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

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AS FESTAS POPULARES NA DINÂMICA DA PAISAGEM DE ICARAÍMA E A APLICAÇAO NO ENSINO DA GEOGRAFIA

Tania Mara de Araújo Ramos1

Nair Gloria Massoquim2

RESUMO: As festas populares representam momentos de significativa importância sócio-cultural, de

lazer e confraternização. Neste sentido, a pesquisa tem como recorte espacial o município de Icaraíma, localizado na região Noroeste do Paraná e como objeto de estudo as festas populares. No contexto destacam a Festa do Peão de Boiadeiro e Pesca ao Pacu, eventos atrativos da cidade circundada por atividades agropecuárias e pesqueiras. O objetivo foi compreender a importância das festas como acontecimento social que se projeta nas manifestações culturais tradicionais locais e na dinâmica da paisagem, avaliando como os alunos do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Antônio Franco Ferreira da Costa- Ensino Fundamental e Médio perceberam esse evento, como parte da paisagem cultural. As festas culturais no espaço geográfico vêm delineando a paisagem cultural, por isso vimos o compromisso em desenvolver uma pesquisa que as abordassem, contribuindo com o estudo das diferentes dinâmicas na paisagem cultural e no entendimento dos valores dessas, para a educação formal. A Festa do Peão já faz parte da paisagem regional, desde 1977. A Pesca ao Pacu ocorre a duas décadas, valoriza a beleza da paisagem natural no entorno e do rio Paraná bem como a paisagem cultural na atividade dos pescadores proporcionando cultura e lazer. Utilizamos como método a geografia cultural e como procedimentos leituras, entrevistas, questionários, fotografias e imagens e junto com os alunos reverteram em material didático. Considera-se que a partir das próprias manifestações culturais será possível compreender e conhecer os elementos culturais

contidos nelas e socializar nas escolas.

Palavras-chave: Alunos. Manifestações culturais. Ensino.

1. INTRODUÇÃO

As festas populares e religiosas são constituídas em um campo de estudos

bastante explorados por determinadas ciências humanas e sociais, em especial a

Antropologia, a Sociologia e a História. No entanto, na Geografia ela é mais

elaborada nas manifestações culturais, especialmente pela Geografia Cultural,

contudo estudos da espacialidade das festas populares na área da Geografia ainda

são parcas, podendo ser mencionadas, contribuições diretas de alguns estudiosos.

Estudos voltados, especialmente para festas populares, ainda merecem esforços no

1Graduada em Geografia e Pedagogia pela Unipar- Universidade Paranaense. Especialização em Educação Especial- DM e Psicopedagogia. E-mail do autor: [email protected];

2Profª na UNESPAR/FECILCAM. Drª em Geografia pela USP e Mestre em Geografia pela UNESP e em Engenharia de Produção pela UFSCar.

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sentido de se estabelecer a geograficidade das manifestações culturais que têm se

constituído em tradição nas outras ciências.

Para que se relate e compreenda as análises geográficas acerca de festas

populares torna-se mister contextualizar nuances e recortes. Nas discussões

científicas, torna-se ímpar o reconhecimento de que assuntos, ideias, métodos e

questões sejam ou não enaltecidos mediante as relações de poder concernentes à

época (BOURDIEU, 1968).

Neste artigo temos como objetivo compreender a importância das festas

populares como um acontecimento social que se projeta nas manifestações culturais

tradicionais, necessárias para se conhecer os elementos culturais contidos nelas e

identificar qual o papel que as mesmas projetam para a sociedade geral e estudantil,

enquanto atividade cultural e socioeconômica no município de Icaraíma. O

município, localizado na Mesorregião Noroeste do Paraná e possui seus limites com:

Ivaté, Alto Paraíso, Querência do Norte, Umuarama e Naviraí- MS. A área total de

Icaraíma é de 675, 241 km (figura1).

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Nesse sentido, consideramos a necessidade de estudar as festas populares

para entender se é de cunho sócio cultural e econômico, ou uma expansividade

comemorativa da vida cotidiana; avaliar se as festas populares no município se

originaram para valorizar a cultura e as tradições da população regional e ao mesmo

tempo, averiguar se a festa cultural do Pacu exerce o papel de inclusão social da

classe operária dos pescadores e, por fim entender até que ponto as novas

gerações, classe estudantil se identifica com a festa do peão.

Este estudo foi elaborado como uma proposta didática, um trabalho com

leituras críticas e reflexivas, apresentada à SEED (Secretariado Estado da

Educação) em geografia através da IES (Instituição de Ensino Superior) Unespar,

visando constituir como um instrumento de trabalho para professores e alunos do

Ensino Médio do Colégio Estadual Antônio Franco Ferreira da Costa, município de

Icaraíma.

Na área estudada observamos que as manifestações que atraem milhares

de pessoas, especialmente das duas festas que enfatizamos a festa do “Pacu” e a

do “Peão de Boiadeiro” (Figura 2), deixaram suas marcas implícitas na paisagem

cultural e natural. As pessoas que visitam o município de Icaraíma, na maioria, o

conhecem pela importância desses dois eventos culturais e populares.

Figura 2 – Paisagem das Festas do Pacú e do Peão de Boiadeiro Foto: Ramos, 2014

Portanto realizar este estudo com os alunos no colégio se constituiu em mais

uma desafio como forma de valorizar na prática uma parte da vivência do aluno,

considerando que ele enquanto cidadão icaraímense, que cresceu nesta cidade,

quando as festas populares, do Pacu e do peão de boiadeiro já aconteciam

anualmente, este aluno, sujeito, está inserido nessa história. Neste sentido, o próprio

aluno pôde refletir sobre a importância significativa da mudança na paisagem, tanto

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de forma objetiva quanto subjetivo, nesta pelos valores que a própria sociedade tem

ao fazer parte da paisagem cultural (por meio dos eventos culturais enfatizados).

Nestas festas populares a sociedade se utiliza dos atributos da paisagem natural

para que a cultural seja concretizada.

O artigo se divide em 5 seções, a primeira como parte introdutória, a

segunda, trata da abordagem teórica, utilizando-se de autores que discutem festas,

manifestações populares e paisagem, a terceira que trata do material e método e a

quarta que trata dos resultados, discussões e, considerações finais.

2 - ABORDAGEM TEÓRICAE AS FESTAS POPULARES DE ICARAÍMA

A Geografia enquanto estudo do ambiente é entendida como um processo de

transformação pela melhoria das condições de vida e lazer da comunidade local.

Neste sentido, podem ser discutidas as festas culturais dentro da dinâmica da

paisagem. A paisagem cultural ou geográfica resulta da ação, ao longo do tempo, da

cultura sobre a paisagem natural.

A sociedade é entendida por Santos (1985) como totalidade social. Assim,

para que se compreenda a produção espacial é necessário ir além da aparência,

dos aspectos visíveis, é preciso compreender como os determinantes políticos,

culturais e econômicos se constituem na essência social e produzem as

transformações espaciais. Acredita-se na idéia de que uma paisagem reúne

natureza e cultura, sem as quais não seria mais possível uma análise no mundo

contemporâneo.

Segundo Santos (1985), há uma relação entre a sociedade e um conjunto de

formas materiais e culturais. O espaço pode ser entendido como um produto social

em permanente transformação, ou seja, sempre que a sociedade sofre mudança, as

formas (objetos geográficos) assumem novas funções. Novos elementos, novas

técnicas são incorporados à paisagem e ao espaço, demonstrando a dinâmica

social.

De acordo com Cavalcanti (2005), para analisar a paisagem e atingir o

significado de espaço é necessário que os alunos compreendam que a paisagem

atende a funções sociais diferentes. A paisagem é heterogênea, porque é um

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conjunto de objetos com diferentes datações e está em constante processo de

mudança. Portanto, a análise pedagógica da paisagem deve ser no sentido de sua

aproximação do real estudado, por meio de diferentes linguagens.

Nas palavras de Sauer “A paisagem cultural é modelada a partir de uma

paisagem natural por um grupo cultural. A cultura é o agente, a área natural é o

meio, a paisagem cultural é o resultado (1998, p.9)”.

Neste sentido, observando as festas populares e averiguando o

comportamento da sociedade assistida pelas mesmas, percebe-se que há prazer em

seus gestos, considerando-se dessa forma, subjetivamente que também há

sentimento.

Contudo, não podemos perder de vista que o conceito de paisagem, na

discussão da Geografia, segundo as Diretrizes curriculares 2008, começou a ser

sistematizado no final do século XIX, a partir do pensamento naturalista e foi

marcado pela dicotomia entre paisagem natural e paisagem humanizada ou cultural,

sendo palco de conflitos e contradições na popularidade do uso da terminologia.

É na paisagem que se reúnem todos os valores que podem ser considerados

como patrimônio de um povo. Segundo Santos (2006) a paisagem é a realidade

provisória que está sempre por se formar, é um quadro de devir, nunca está pronta e

muda a cada momento.

A comunidade icaraímense, por residir num município de pequeno porte e

com poucos recursos e agentes para fins empregatícios, pertence na sua maioria, à

classe média a baixa, a classe dos trabalhadores.

As atividades básicas, sociais e econômicas da comunidade são

desenvolvidas no setor primário, pelos agricultores, trabalhadores rurais na pecuária,

no corte de cana, no cultivo de mandioca e na pesca, no terciário pelo comércio

local, por comerciantes, funcionários públicos e bancários. As pessoas que atendem

essas atividades básicas são também abertas ao lazer, especialmente das

manifestações populares. As manifestações populares, sejam elas de qualquer

cunho, possuem um caráter ideológico, uma vez que comemorar é, antes de

qualquer coisa, conservar algo que ficou na memória coletiva (PAIVA MOURA,

2001).

As festas de Icaraíma acontecem em lugares públicos e privados, possuem

características próprias, por estarem associadas à civilidade, por reviverem lutas,

batalhas e conquistas, homenageiam pessoas da comunidade que estavam

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próximas dos festejos (figura 3). A festa é um espelho no qual o ser humano se

reflete, buscando, respostas para sua condição de precariedade à vida. Como

descrito por Ikeda; Pellegrini (2008, p. 207).

Figura 3 – Paisagem Natural e Cultural - Comunidade de Icaraíma Foto: Org. Ramos, 2014.

As festas representam momentos da maior importância social. São instantes especiais, da vida coletiva, em que as atividades comuns do dia-a-dia dão lugar às práticas diferenciadas que as transcendem, com múltiplas funções e significados sempre atualizados. As diversas espécies de práticas culturais populares podem ser a ocasião da afirmação ou da crítica de valores e normas sociais; o espaço da diversão coletiva, do repasto integrador, da criação e expressão de expressão artísticas assim como o momento da confirmação dos laços de identidade e solidariedade grupal (IKEDA; PELLEGRINI, 2008, p. 207).

As festas populares são constituídas como um dos variados elementos que

compõem a dimensão simbólica produzida e também reproduzida com base nas

relações e materialidades do espaço geográfico.

Segundo Bourdieu (1989) torna-se essencial ao cientista validar a prática

reflexiva de sua ação, partindo à aproximação de discussões científicas de

diferentes ciências. Conclui-se, portanto a partir desta fala que a complexidade das

discussões relacionadas às festas populares não se restringe apenas à definição

conceitual e ideológica.

As festas e seu lugar: os lugares simbólicos repletos de significados e

significantes não são meramente descobertos, fundados ou construídos, mas, sim,

“reivindicado, possuído e operado pela comunidade (ROSENDAHL, 2003, p.203)”.

No entendimento de Norton (2000 apud TERRA 2010, p. 13) há certo

cuidado à forma como “os grupos culturais podem afirmar sua identidade ao lugar,

intencionalmente ou não, de modo que o lugar tenha uma identidade simbólica,

sendo escolhido, em detrimento de outros, para a prática da festa”. No caso das

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festas populares percebemos que paisagem e lugar têm um vinculo muito estreito e

nas festas citadas, para Icaraíma, a própria paisagem natural e cultural determinou o

lugar.

O espaço ocupado pelas festas são inúmeros, dentre os quais destacamos:

estudos comparativos entre festas rurais e urbanas, ou locais, regionais, nacionais e

internacionais na apropriação do espaço.Legitimando seus territórios, criando

paisagens com características das festas em questão e paisagens oficiais,

vinculando ações; passando assim, o espaço se tornando palco e o palco o objeto,

possibilitando diferentes visões.

O estudo das festas populares tem marcado significativamente a produção

cultural brasileira. Há evidências repertoriadas desde o século XVIII, como o clássico

estudo de Calmon (1982). Poucas, no entanto, são as que privilegiam a ótica

comunicacional, entendendo cada festa como processo de comunicação.

A Festa do Peão de Boiadeiro oferece também muitos elementos culturais

que, no decorrer do tempo, foram surgindo paralelamente com as tradições e criam

raízes entre os povos, sendo em seguida, transportados com as emigrações, de

uma região para outro, constituindo assim um rico acervo de tradições, práticas e

costumes decorrentes de experiências ao longo dos anos que passa de geração em

geração.

Por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) e

posteriormente nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) que almejavam

valorizar a cultura regional e local, foram trazidas algumas perspectivas voltadas

para questões sobre patrimônio.

As festas populares visam tratar a comunidade regional e local como agentes

histórico-sociais e como produtores de cultura. Para isso valoriza os artesanatos

locais, peões e pescadores da comunidade (figura 4), os costumes tradicionais, as

expressões de linguagem regional, a gastronomia, os modos das diversas etnias

viverem e se relacionarem com o meio e com as outras culturas que deram origem à

sociedade atual.

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Figura 4 – Paisagem da pescaria e da Montaria Foto: www. ilustrado.com.br. Org. Ramos, 2014.

As festas se renovam a cada ano e como espaços típicos de lazer,

preservando sua natureza e ao mesmo tempo continua respeitando suas raízes

populares, o povo se diverte a seu modo, motivando e modificando seus gaudérios,

mas não deixando cair o prestígio da tradição.

Os festejos merecem destaque por apresentarem mudanças, na dinâmica da

paisagem e no espaço físico que comportam as comunidades. Neste sentido podem

ser discutidas e valorizadas pela comunidade estudantil, especialmente pelos alunos

de ensino médio, nesse caso especificamente os do primeiro ano do colégio já

referenciado, que permaneceram conosco durante um ano, discutindo e

interpretando as festas de Icaraíma como parte de sua vivência na paisagem

cultural.

Para Boada (1991, p. 88). “As festas, como acontecimentos trazem consigo

características próprias que moldam o espaço, transformando-o num lugar único”.

Neste sentido observa-se que, o espaço pode ser humanizado, ou seja,

transformado num lugar diferenciado do restante, basta que para tanto ali sejam

realizados ritos que dêem conta de tal tarefa.

As festas populares, culturais, tanto do peão de boiadeiro, quanto do Pacu,

trazem elementos que enriquecem a pesquisa que ora se desenvolve. Os eventos

representam momentos de identidade do grupo ribeirinho e dos peões, esses

acontecimentos possuem sua própria identidade no modo de ser realizado, refletindo

a maneira pela qual o grupo estabelece sua vida.

2.1 As Festas Populares de Icaraíma

O município de Icaraíma localizado na região Noroeste do Paraná é uma

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cidade pequena circundada por atividades rurais especialmente fazendas com uso

da terra com agropecuária, destacando a pecuária de corte e leite, mesclada a

atividades da pesca, em que circulam pescadores e criadores de bovinos e eqüinos.

Nas fazendas se efetivaram muitos peões, que trabalhavam como domadores e

retireiros, por outro lado há um grupo de pescadores que vivem da atividade

pesqueira.

Nesse sentido são desenvolvidas atividades culturais, especialmente para o

lazer, pertinente aos valores, hábitos e costumes que essas comunidades cultuam

ao longo do tempo. Portanto, as festas culturais no espaço geográfico são

desenvolvidas a partir desse contexto, que também vem delineando a paisagem

cultural.

A produção econômica do município tem como base as atividades do setor

primário. Essas festas culturais vêm se tornando uma atividade de sério

compromisso para o setor público e a comunidade geral no sentido de promover

ações de melhoria para os setores da economia, sem deixar de valorizar a

sociedade promotora no engajamento desse bem social e cultural.

A festa do peão surgiu a partir de conversa informal de alguns pecuaristas da

cidade, que conhecendo a vontade e necessidade do povo por momentos de alegria,

distração e lazer, juntaram seus esforços e com ajuda de amigos e da base

comercial local promoveram a Primeira Festa do Peão de Boiadeiro de Icaraíma

ainda no ano de 1977, hoje é um evento cultural já consolidado e que se repete

todos os anos.

A idéia surgiu e foi se ampliando diante das transformações e das mudanças

de comportamento na sociedade, e das necessidades que vão mudando ao longo do

tempo e no sentido de atender os novos interesses da população, dentre ela, a

população ribeirinha, comunidade (grupo de amigos) e poder público, promoveram

ações que contemplassem essa classe menos favorecida.

O evento começa no dia 25 de julho, dia da Emancipação Política do

Município com a escolha da Rainha do Rodeio, em um baile, que acontece no

recinto da festa onde os organizadores fazem uma retomada da festa anterior e lá é

feito o lançamento da festa atual apresentando a programação que acontecerá em

setembro. Nesta data os peões dão um show à parte na arena e os visitantes curtem

a festa com muita alegria, música, alimentação, barracas com artesanato local e

outras de trajes típicos e um belo parque de diversão, eventos que atingem as várias

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faixas etárias da comunidade. A festa acontece em setembro em três dias (sexta-

feira, sábado e domingo). No domingo durante o dia acontece prova dos três

tambores, prova de laço, pega do garrote, e outras, onde os jovens da cidade são os

participantes.

A Festa do Peão de Icaraíma já se consagrou como um dos eventos mais

prestigiados de toda a região, atraindo aproximadamente 8000 visitantes todos os

anos. Atualmente a festa do peão de boiadeiro é denominada de Expoicaraíma é até

o ano de 2011 foi promovida pelo SIRI (Sindicato Regional Patronal), a partir de

2012 passou a ser de responsabilidade do SORI (Sociedade Rural de Icaraíma).

Com o passar do tempo e as mudanças socioeconômicas, observou-se que

os diferentes hábitos e costumes culturais poderiam ser contemplados também com

as belas paisagens naturais da região de Icaraíma. No distrito de Porto Camargo, já

se contemplava uma atividade pesqueira artesanal e de economia com pescadores

locais, a atividade aos poucos foi se agigantando tornando-se em uma festa cultural

da Pesca ao Pacu. A festa se concretizou a partir da análise e discussão de um

grupo da comunidade icaraímense.

Em entrevista com o professor de história, mentor do “Projeto da Pesca ao

Pacu”, ele relata que a ideia teve origem por meio de um grupo social de amigos

interessados em promover algo que valorizasse ao mesmo tempo a paisagem, a

pesca e o pescador, com o objetivo de proporcionar a cultura e o lazer, valorizando a

atividade dos pescadores e moradores daquela região. Na decisão pensaram um

nome para o evento e decidiram, pelo do peixe, “Pacu” muito comentado pela

importância gastronômica e maior abundância na região. O nome foi sugestivo,

motivou os pescadores locais e atraiu pescadores de outras regiões e estados na

busca da pesca, do lazer e do peixe.

A festa cultural da Pesca ao Pacu acontece no mês de abril, inicia-se no

sábado de manhã com a participação dos alunos das séries iniciais do município de

Icaraíma que vem para pescarem as margens do rio, monitorados por seus

professores e estagiários do curso de pedagogia, depois acompanham a soltura de

alevinos no rio. Ainda no sábado á tarde acontece atividades com os pescadores do

Porto Camargo com sorteio de prêmios. A noite acontece um show para alegrar os

visitantes do evento. Esta festa atrai aproximadamente 3000 visitantes por ano.

No domingo às 06h00min ocorre a largada oficial, onde inúmeros barcos

adentram rio afora em busca do peixe, alunos do curso de educação física

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proporcionam momentos de lazer, com recreações e jogos.

Os pescadores só voltam do rio às 16h00min, onde os peixes são expostos

para a comunidade e juntos com a comissão organizadora faz-se novamente vários

sorteios que vão de simples lanternas á barcos e motores.

Deste modo as duas festas populares do município, atendem um público alvo

de larga escala em que as atividades se estendem por praticamente o ano todo com

o planejamento dos preparativos em razão da dimensão que tomou as festas.

Na medida em que essas festas culturais atendem a um púbico cada vez

mais amplo, de distintas classes sociais, não só do município, viu-se a necessidade

de elaborar um estudo do resgate geo-histórico desses eventos e da sua

importância na organização e espacialização na paisagem geográfica, e também no

sentido de valorizar a cultura regional. Há também necessidade de implementação

de política públicas que visam promover a melhoria na infraestrutura para atender

cada vez mais a comunidade e os visitantes. Hoje a meta é articular cada vez mais e

promover ações mais elaboradas para as festas culturais que atrai todo o povo e já

se constitui em um evento que se prolonga durante o ano.

3. MATERIAIS E MÉTODO

Essa pesquisa se desenvolve em dois momentos, o teórico para entendimento e

suporte das atividades e o aplicado. Para o desenvolvimento da pesquisa houve

todo um processo iniciado por meio de leituras, discussões com a orientadora e

estudo de campo, no qual serviu de base para selecionar materiais bibliográficos

com base em livros, revistas, artigos científicos, que serviram para a

contextualização e direcionamento do projeto final.

As pesquisas bibliográficas foram realizadas a partir de temas definidos que se

considerou importantes, apoiado pela orientadora, de forma com que a junção dos

temas traria uma pesquisa concisa ao tema principal, fundamentando o referido

projeto.

No primeiro momento fez-se necessário o reconhecimento da área de estudo

e para o desenvolvimento da pesquisa faz-se uso de uma abordagem analítica

teórica. Na abordagem teórica o referencial foi elaborado a partir da leitura das

várias literaturas conceituais de paisagem, e festas populares, no intuito de melhor

entender da temática a ser efetivada. Dentre os autores, que abordam a temática

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discutir-se-á: Boada (1991); Bordieu (1968); Correa (1998); Cavalcanti (2005);

Rosendahl (2003); Santos (1985) e (2006).

Para a discussão da paisagem a abordagem foi numa análise comparativa

entre paisagem cultural e festas populares relacionando com a vivência da

comunidade regional,incluindo o aluno nesse contexto, permitindo a ele

compreender e valorizar, a paisagem, as atividades das festas populares e o lugar. A

pesquisa foi aplicada no 1ºano do Ensino Médio do Colégio Estadual Antônio Franco

Ferreira da Costa em Icaraíma Paraná, com envolvimento especial do professor

PDE 2013, direção da escola, equipe pedagogia, demais professores da escola,

sociedade icaraímense, organizadores e participantes das festas populares.

Para que os alunos tivessem essa compreensão, pautou-se a pesquisa

também ao conhecimento e dados empíricos em que foram proposta atividades

como realização de 20 questionários, 10 com peões de boiadeiro e 10 com

pescadores. Após a elaboração e aplicação de questionário a professora PDE e

alunos da turma escolhida fizeram também 4 entrevistas com fundadores,

organizadores das festas populares. Para melhor entender a paisagem os alunos se

organizaram na busca de registros fotográficos de antigos moradores que

participaram das primeiras festas populares e utilizaram ainda fotografias de tiragem

das últimas festas do ano de 2014 para comparar as paisagens recentes com as

antigas, outra atividade consistiu na confecção de cartazes, desenhos e slides.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir das discussões entre Geografia, Festas populares e escola, esta

pesquisa permeia algumas etapas: A do Projeto de Pesquisa sobre “As Festas

populares na Dinâmica da Paisagem de Icaraíma”; O GTR que foi o momento de

discussão, interação, convivência e troca de experiências entre os professores da

Rede Estadual de Ensino e professores das IES; da implementação pedagógica,

com discussão em grupo com os alunos sobre a abordagem da categoria de analise

paisagem na Geografia, mudanças na paisagem com a implementação das festas

populares. Essa discussão possibilitou ao aluno aprimorar os conhecimentos a

acerca da difusão, percepção e organização espacial das festas populares, por sua

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dimensão simbólica e por fim a construção do artigo científico que versa sobre os

resultados da pesquisa.

As atividades foram realizadas de maneira planejada para que os alunos

fossem assimilando as Festas populares de Icaraíma, como parte integrante da

cultura local em que ele está também inserido nessa paisagem cultural. Isso após a

apresentação da intenção da pesquisa ao corpo docente do Colégio Desembargador

Antônio F. F. da Costa – Ensino Fundamental e Médio. Neste contexto

primeiramente apresentou-se a pesquisa.

Na apresentação da dinâmica, elaborada a partir de diálogo observou-se

que nossos alunos apesar de serem participantes assíduos de tais festas não tinham

conhecimento de sua contextualização histórica e tão pouco sua extorsiva influência

na paisagem geográfica do município. Para isso as atividades contaram com

resultados dos questionários, entrevistas, registros fotográficos, pesquisas históricas

e exposições de trabalhos.

Com relação aos questionários, as respostas mais significativas dentre a

comunidade de peões e pescadores da região, foram com relação ao papel que

essas atividades exercem em suas vidas, profissional, como fonte de renda, lazer e

como mudança na dinâmica da paisagem cultural. Nesses quesitos a maior parte

das repostas tiveram significado como complementação na geração de renda. Outro

ponto significativo foi atribuído à herança cultural nas atividades de peão e pescador,

passados de geração em geração. Quando a relação deles com a paisagem, essa é

de senso comum, a paisagem natural e cultural foi mais comentada pelos

pescadores, em razão de suas atividades com a natureza.

Quanto às entrevistas (figura 5), essas foram elaboradas com os mentores

da origem das festas e com os organizadores das mesmas.

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Figura 5 – Transcrição de trechos da entrevista Org. Ramos, 2014.

Nas entrevistas os alunos questionaram sobre o papel exercido pelos

organizadores, obtendo a seguinte resposta:

Os organizadores dizem que fazem o evento porque gostam, tanto da

atividade como das festas, “fazemos isso com prazer para agradar o povo de

Icaraíma, porque este é um momento da conversa e do encontro com os amigos, às

festas são as únicas atividades que temos, e que todo mundo pode ir, sem levar em

conta o tipo de religião”. Em relação à mudança na paisagem, falam da proporção

que as festas do peão tomaram com pessoas que vem de vários lugares, mudando

os ares da cidade.

A coleta de registros fotográficos surtiu um resultado positivo no entendimento

da paisagem e conceito cultural das festas. Os alunos fizeram coleta de fotografias

antigas, fornecidas por integrantes da comunidade que participam das festas desde

o início, com as fotografias foi elaborado uma análise das diferenças e semelhança

da paisagem inicial e a que é vivenciada hoje na Festa do Peão e na Pesca ao

Pacu. Os resultados dessas análises contribuíram para a construção de material

didático, slides, confecção de cartazes com exposição de fotografias que foram

socializados no pátio do Colégio (figura 6), que ficou aberta ao público contemplando

também visitas de alunos de outras escolas.

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Figura 6: Coletânea de trabalhos dos alunos Org. Ramos, 2014

Com a participação das atividades propostas com os alunos, diálogos

atividades, resultados, constatamos que nos despertou a responsabilidade com a

paisagem local. Ouve participação na discussão dos objetivos da festa, seus êxitos

temáticos, em que cada aluno contribuiu coma produção de um texto sobre o tema.

Consideramos não menos relevante as discussões e diálogos com nossos

alunos sobre as mudanças provocadas pelo homem no espaço geográfico, que com

a realização das festas, repercutindo na paisagem, umas de forma positiva, outras

negativas.

Finalizamos com a idéia de um novo olhar “in loco”,sobre a festa, em que foi

possível perceber as diferenças ocorridas nos locais onde as mesmas acontecem.

Por meio de novos conceitos construídos pelos alunos, as festas populares de

Icaraíma tem hoje para os mesmos, outra visão, não apenas como a de lazer e

consumo, mas com a percepção da necessidade se manter as tradições culturais.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Page 17: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · As festas populares e religiosas são constituídas em um campo de estudos ... no corte de cana, no cultivo de mandioca e na

Entendemos que a paisagem tanto natural quanto cultural está intrínseca as

festas populares no espaço geográfico em que estas se estabelecem.

Entendemos que a Geografia traz para a análise da festa um grande acervo

de possibilidades. E estas pensadas como objeto central, em sua dimensão

simbólica, econômica e política, e também como reboque das transformações

espaciais de temporalidades definidas.

Na proposta buscou-se apresentar, mesmo que de forma ainda introdutória,

algumas das impressões do diálogo entre a geografia e a dinâmica das festas.

Observou-se no decorrer de toda a implementação da pesquisa, na

convivência diferenciada com os alunos por um único objetivo, e mesmo na

convivência com a comunidade que, na verdade esses tinham apenas um

conhecimento prévio das festas. Entendemos que algumas informações históricas

de nossas festas não eram de conhecimento da comunidade escolar e dos colegas

de sala, sendo assim, o diálogo informativo foi importante e produtivo.

Esperamos, portanto, que com a prática proposta e aplicada com nosso

aluno, na comunidade geral e escolar, esta venha permitir a compreensão acerca

deste diálogo e possibilitar novos caminhos no entendimento e socialização desses

estudos, e também como parte integrante da paisagem regional.

Concluímos o presente artigo, parte integrante de uma das etapas do

Programa PDE, com a convicção de que contribuímos para nossa comunidade

escolar de maneira construtiva, na formação de novos conceitos e

responsabilidades, com o aluno enquanto cidadão, acreditando ainda que esta

participação na vida de nossos educandos, tenha um prosseguimento após a

participação dos mesmos nesta pesquisa.

O PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional), para formação

continuada nos trouxe momentos de reflexão para uma melhor visão do ensino da

Geografia e nossa prática diária como educador.

6. REFERÊNCIAS

BOADA, Luis. O espaço recriado. São Paulo: Nobel, 1991.

BOURDIEU, P.Campo Intelectual e projeto criador. In: Jean Pouillon. Problemas do Estruturalismo. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1968.

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________.Introdução a uma sociologia reflexiva In: ________.O poder simbólico.

Lisboa: Bertrand, RJ: Difel, 1989. BRASIL. LDB. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 9.394/1996. Promulgada em 20/12/1996. Editora do Brasil S/A ________. Ministério de Educação e Cultura. Parâmetros curriculares nacionais - história e geografia. Brasília, 1997. CALMON, Francisco. Relação das Faustíssimas Festas. Rio de Janeiro, MEC-SEC/Funarte, 1982. Fac-similar da edição de 1762. CAVALCANTI, L. de S. Cotidiano, Mediação pedagógica e formação de conceitos: uma contribuição de Vygotsky ao ensino de Geografia. CEDES, v. 24, n. 66, Campinas, mai/ago, 2005 Secretaria de Estado da Educação do Paraná 88. DCE – Diretrizes Curriculares de Geografia para a Educação Básica do Paraná.

Curitiba: SEED/SUED, 2008. IKEDA, Alberto Tsuyoshi; PELLEGRINI FILHO, Américo. Celebrações populares: do sagrado ao profano. In: Centro de Estudos e Pesquisas em Educação e Ação Comunitária. Terra Paulista: Histórias, artes, costumes, v. 3, Manifestações artísticas e celebrações populares no Estado de São Paulo. São Paulo: Imprensa Oficial; CENPEC, 2008, p.207. PAIVA MOURA, A. Turismo e Festas Folclóricas no Brasil. Turismo e Patrimônio Cultural. São Paulo: Editora Contexto. 2001.

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Janeiro, Bertrand Brasil, 2003. SANTOS, Milton. Espaço e Método - São Paulo- Nobel, 1985. _________. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. . Ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006. - (Coleção Milton Santos; 1). SAUER, C. O. A morfologia da paisagem. 1925. In: ROSENDAHL, Z.; CORRÊA,

Roberto Lobat. 1998. TERRA, Ana Carolina Lobo.Festas populares: simbolismo, trajetória e possibilidades na geografia cultural. Brazilian Geographical Journal: Geosciences

and Humanities research medium, Uberlandia, v. 1, n. 2, p. 211-227, jul./dec. 2010. p.13. Disponível em: http://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/3638705.pdf. Acesso em 09 set.2014.

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