PARECER MPF - IR TERÇO DE FÉRIAS

MINISTRIO PBLICO FEDERAL

PROCURADORIA GERAL DA REPBLICA

Pet N 10397/AP (2014/0043090-5) 1 SeoRELATOR: Ministra BENEDITO GONALVES

REQUERENTE: Estado do Amap

REQUERIDO: Antnio Jos de Menezes

N 3844/2014 - PARECER - ABCS

TRIBUTRIO. PEDIDO DE UNIFORMIZAO DE JURISPRUDNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS. ACRDO DA TURMA RECURSAL DAS FAZENDAS PBLICAS. TERO CONSTITUCIONAL DE FRIAS GOZADAS. NATUREZA INDENIZATRIA. NO INCIDNCIA DE IMPOSTO DE RENDA.

- A parcela relativa ao tero constitucional de frias no representa acrscimo patrimonial, no se inserindo na concepo de renda ou proventos de qualquer natureza para fins de incidncia do imposto de renda por ostentar natureza indenizatria/compensatria.

- Cuidando-se de parcela indenizatria, o tero de frias no sofre incidncia do imposto de renda, sob pena de violao ao art. 153, inciso III, da Constituio da Repblica, e ao art. 43, inciso I, do Cdigo Tributrio Nacional.

- Parecer pelo conhecimento e indeferimento do pedido de uniformizao.

Egrgia Seo:

01. Tratam os autos de petio por meio da qual se

veicula Incidente de Uniformizao de Jurisprudncia requerido pelo

ESTADO DO AMAP em face de ANTNIO JOS DE MENEZES, contra

(e-STJ Fl.573)STJ-Petio Eletrnica (ParMPF) 00136676/2014 recebida em 28/04/2014 17:08:57Pe

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Documento eletrnico e-Pet n 655658 com assinatura digitalSignatrio(a): ANA BORGES COELHO SANTOS NSrie Certificado: 9085851530753626664Id Carimbo de Tempo: 91491269415974 Data e Hora: 28/04/2014 17:08:57hs

MINISTRIO PBLICO FEDERALPROCURADORIA GERAL DA REPBLICA

acrdo proferido pela Turma Recursal dos Juizados Especiais de

Fazenda Pblica do Estado do Amap, que restou assim ementado (e-

STJ, fls. 112):

JUIZADO DA FAZENDA PBLICA. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. TERO CONSTITUCIONAL DE FRIAS GOZADAS. NATUREZA DA VERBA. INDENIZATRIA. PETIO 7.296 DE 2009/STJ. IMPOSTO DE RENDA. NO INCIDNCIA - ART. 43, DO CTN. ILEGALIDADE NA TRIBUTAO. RESTITUIO DEVIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENA MANTIDA. 1) Em 28 de outubro de 2009, a Ministra Eliana Calmon, em deciso proferida nos autos da Petio 7.296, registrou que a verba referente ao tero constitucional detm natureza indenizatria, seno vejamos: "Realinhamento da jurisprudncia do STJ posio sedimentada no Pretrio Excelso de que a contribuio previdenciria no incide sobre o tero constitucional de frias, verba que detm natureza indenizatria e no se incorpora remunerao do servidor para fins de aposentadoria." (Processo: Pet. 7296 PE 2009/0096173-6; Relator: Ministra Eliana Calmon; J.: 28/10/2009; rgo Julgador: S1 - Primeira Seo; P.: DJe 10/11/2009) (nossos grifos). 2) Com efeito, o imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador os acrscimos patrimoniais, assim entendidos os acrscimos ao patrimnio material do contribuinte, conforme art. 43, II, do CTN: "O imposto, de competncia da Unio, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisio da disponibilidade econmica ou jurdica: II - de proventos de que qualquer natureza, assim entendidos os acrscimos patrimoniais no compreendidos no inciso anterior." 3) Dessa forma, no incide imposto de renda sobre o tero constitucional de frias, por ter tal verba natureza indenizatria, no traduzindo a idia de acrscimo patrimonial de qualquer natureza ou renda a configurar a hiptese de incidncia do Imposto de Renda tipificado no art. 43 do CTN. As verbas recebidas a ttulo de tero de frias no podem ser tributados como se renda fossem. 4) Recurso conhecido e desprovido.

02. Insurge-se o requerente (e-STJ, fls. 3-23), com

fundamento no art. 18, 3, da Lei n 12.153/2009, sustentando que o

acrdo impugnado diverge do entendimento adotado pela Primeira

Turma Recursal dos Juizados Especiais da Fazenda Pblica do Distrito

Federal, que se firmou no sentido de que incide imposto de renda sobre o

adicional de frias (tero constitucional de frias), quando estas so

gozadas, por se tratar de parcela de natureza remuneratria.

2jc Pet N 10397/AP (2014/0043090-5) - N 3844/2014 - PARECER - ABCS


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Ao final, requer seja confirmada a tese da incidncia

de imposto de renda retido na fonte sobre a parcela de 1/3 de frias

quando a parcela for paga no gozo normal das frias.

03. Houve apresentao de contrarrazes (e-STJ, fls.

80-88) e, em seguida, foi admitido o incidente de uniformizao pelo

Presidente da Turma Recursal do Estado do Amap (e-STJ, fls. 118-119).

04. Nessa Colenda Corte, foi determinada a oitiva do

Presidente do Tribunal de origem e do Presidente da Turma Recursal dos

Juizados Especiais do Estado do Amap, bem como fosse dada cincia

aos interessados sobre a instaurao do presente Incidente de

Uniformizao de Jurisprudncia, a fim de que, querendo, pudessem se

manifestar (e-STJ, fls. 135-136).

05. Foram apresentadas respostas pelo Presidente da

Turma Recursal dos Juizados Especiais e pelo Presidente do TJ/AP (e-

STJ, fls. 141-142 e 145-147).

06. Como interessados, manifestaram-se Alexandre

Carrinho Muniz (e-STJ, fls. 169-176), a Associao dos Juzes Federais

do Brasil AJUFE (e-STJ, fls. 179-184), o Sindicato dos Trabalhadores

do Poder Judicirio Federal no Estado de Minas Gerais SITRAEMG e

Outros (e-STJ, fls. 217-223), a Associao dos Funcionrios do BNDES

AFBNDES (e-STJ, fls. 477-488), o Estado de Sergipe (e-STJ, fls. 513-

521) e a Unio dos Advogados Pblicos Federais do Brasil UNAFE (e-

STJ, fls. 523-536).

07. Vieram, ento, os autos com vista ao Ministrio

Pblico Federal.

o Relatrio.



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II

08. Inicialmente, observa-se que o presente incidente

merece conhecimento, porquanto o requerente mencionou as

circunstncias que identificam os casos confrontados, realizando o

necessrio cotejo analtico da situao ftico-jurdica ensejadora do

acrdo impugnado e a do acrdo divergente, nos moldes do artigo 541

do Cdigo de Processo Civil e do artigo 255, 1 e 2, do Regimento

Interno deste Superior Tribunal de Justia.

Ademais, cuida-se de decises divergentes entre

Turmas Recursais sobre a mesma questo de direito material, cabendo,

portanto, o pedido de uniformizao de interpretao de lei federal, nos

termos do art. 18 da Lei n 12.153/20091.

Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NA RECLAMAO. CASO CONCRETO QUE NO SE AMOLDA A NENHUMA DAS HIPTESES AUTORIZATIVAS DA VIA ELEITA. DECISO RECLAMADA PROFERIDA POR TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS DA FAZENDA PBLICA (LEI N 12.153/2009). REGIME PRPRIO DE SOLUO DE DIVERGNCIA (ARTS. 18 E 19 DA LEI REFERIDA). NO CABIMENTO DA RECLAMAO PREVISTA NA RESOLUO 12/2009 DO STJ. IMPOSSIBILIDADE DE ADITAMENTO DA PETIO. INEXISTNCIA DE SIMILITUDE FTICO-JURDICA ENTRE A DECISO IMPUGNADA E O RESP 1.111.223/SP.1. Nos termos do art. 18 da Lei n 12.153/2009, "caber pedido de uniformizao de interpretao de lei quando houver divergncia entre decises proferidas por Turmas Recursais sobre questes de direito material", sendo o pedido de uniformizao dirigido ao Superior Tribunal de Justia quando Turmas de diferentes Estados interpretam de forma divergente preceitos de lei federal e quando a deciso recorrida estiver em contrariedade com smula do Superior Tribunal de Justia ( 3). Portanto, no cabe reclamao para dirimir eventual

1 Art. 18. Caber pedido de uniformizao de interpretao de lei quando houver divergncia entre decises proferidas por Turmas Recursais sobre questes de direito material. 1o O pedido fundado em divergncia entre Turmas do mesmo Estado ser julgado em reunio conjunta das Turmas em conflito, sob a presidncia de desembargador indicado pelo Tribunal de Justia. 2o No caso do 1o, a reunio de juzes domiciliados em cidades diversas poder ser feita por meio eletrnico. 3o Quando as Turmas de diferentes Estados derem a lei federal interpretaes divergentes, ou quando a deciso proferida estiver em contrariedade com smula do Superior Tribunal de Justia, o pedido ser por este julgado.



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divergncia entre acrdo prolatado por Turma Recursal dos Juizados Especiais da Fazenda Pblica e precedente jurisprudencial do STJ, haja vista que a reclamao no sucedneo do incidente de uniformizao de jurisprudncia de que tratam o 3 do art. 18 e o art. 19 da Lei n 12.153/2009.2. A reclamao e o incidente de uniformizao de jurisprudncia so modalidades de incidentes processuais que pressupem o atendimento a requisitos especficos para o conhecimento de cada um deles. O incidente de uniformizao de jurisprudncia possui hiptese de cabimento, prazo para instaurao e regras para processamento que lhe so prprias. Assim, at mesmo por fora da precluso, no juridicamente possvel o aditamento da petio desta reclamao e o recebimento do pedido como se se tratasse do incidente de uniformizao de jurisprudncia previsto no 3 do art. 18 e no art. 19 da Lei n 12.153/2009.3. Mesmo que houvesse sido oportunamente instaurado o incidente de uniformizao de jurisprudncia previsto no 3 do art. 18 e no art. 19 da Lei n 12.153/2009, ainda assim tal incidente seria manifestamente inadmissvel, porquanto inexiste similitude ftico-jurdica entre a deciso impugnada e o recurso repetitivo REsp 1.111.223/SP. Isto porque, nos autos do recurso repetitivo REsp 1.111.223/SP, foi decidida a questo relativa ao imposto de renda sobre verbas indenizatrias pagas a ttulo de frias proporcionais e respectivo tero constitucional em decorrncia de resciso de contrato de trabalho. J na deciso impugnada, a Turma Recursal dos Juizados Especiais da Fazenda Pblica do Estado do Amap decidiu a questo relativa ao imposto de renda sobre remunerao adicional de frias gozadas.4. Agravo regimental no provido.2

09. No mrito, no assiste razo ao requerente.

Na espcie, a Turma Recursal dos Juizados

Especiais do Estado do Amap, ao julgar o Recurso Inominado nos autos

do Processo n 0010005-69.2013-8.03.0001, firmou o entendimento de

que no incide imposto de renda sobre o tero constitucional de frias

gozadas, por se tratar de verba de natureza indenizatria.

Em sentido contrrio, a Turma Recursal dos

Juizados Especiais do Distrito Federal assentou, nos autos do Processo

n 20120111456207ACJ, que incide imposto de renda sobre o adicional

de frias (tero constitucional de frias), quando estas so gozadas, por

se tratar de parcela de natureza remuneratria, nos seguintes termos (e-

STJ, fls. 24-25):

2 AgRg na Rcl 15.686/AP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEO, julgado em 26/03/2014, DJe 03/04/2014



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JUIZADOS ESPECIAIS DA FAZENDA PBLICA. SERVIDOR PBLICO (CAESB). DIREITO TRIBUTRIO E CONSTITUCIONAL. ADICIONAL DE FRIAS GOZADAS. VERBA REMUNERATRIA. INCIDNCIA DO IMPOSTO DE RENDA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENA MANTIDA POR SEUS PRPRIOS FUNDAMENTOS.1. Aduz o autor/recorrente que servidor da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal - CAESB e que sofreu descontos indevidos em sua remunerao a ttulo de imposto de Renda sobre o adicional de um tero de frias. Por fim, requer a reforma da sentena vergastada para condenar o Distrito Federal ao pagamento das quantias indevidamente descontadas, indicando como devido o montante de R$ 6.190,44 (seis mil cento e noventa reais e quarenta e quatro centavos), bem como a declarao da inexigibilidade da incidncia do imposto de renda sobre tal adicional.2. Incide imposto de renda sobre o adicional de frias, quando estas so gozadas, por ser ele parcela de natureza remuneratria, e somente nos casos em que se reveste de natureza indenizatria que descabe o desconto. Precedente da 5 Turma Cvel deste Tribunal: (Acrdo n. 579350, 20100111843817APC, Relator LUCIANO MOREIRA VASCONCELLOS, 5 Turma Cvel, julgado em 12/04/2012, DJ 20/04/2012, p 109).3. Recurso conhecido e improvido. Sentena mantida por seus prprios fundamentos. A smula de julgamento servir de acrdo, conforme regra dos arts. 27 da Lei n. 12.153/2009 e 46 da Lei n. 9.099/95. Condenado o recorrente ao pagamento das custas processuais e dos honorrios advocatcios fixados em R$ 200,00 (duzentos reais).

Contudo, deve prevalecer o entendimento esposado no acrdo

impugnado.

No julgamento da PET 7.296, de relatoria da ento

Ministra ELIANA CALMON, esse Colendo Superior Tribunal de Justia,

realinhando a sua jurisprudncia com a do Supremo Tribunal Federal,

passou a entender que o tero constitucional de frias possui natureza

indenizatria, de sorte que sobre essa verba no incide a contribuio

previdenciria, o que restou sintetizado na seguinte ementa:

TRIBUTRIO E PREVIDENCIRIO - INCIDENTE DE UNIFORMIZAO DE JURISPRUDNCIA DAS TURMAS RECURSAIS DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS - CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA - TERO CONSTITUCIONAL DE FRIAS - NATUREZA JURDICA - NO-INCIDNCIA DA CONTRIBUIO - ADEQUAO DA JURISPRUDNCIA DO STJ AO ENTENDIMENTO FIRMADO NO PRETRIO EXCELSO. 1. A Turma Nacional de Uniformizao de Jurisprudncia dos Juizados Especiais Federais firmou entendimento, com base em precedentes do Pretrio Excelso, de que no incide



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contribuio previdenciria sobre o tero constitucional de frias. 2. A Primeira Seo do STJ considera legtima a incidncia da contribuio previdenciria sobre o tero constitucional de frias. 3. Realinhamento da jurisprudncia do STJ posio sedimentada no Pretrio Excelso de que a contribuio previdenciria no incide sobre o tero constitucional de frias, verba que detm natureza indenizatria e que no se incorpora remunerao do servidor para fins de aposentadoria. 4. Incidente de uniformizao acolhido, para manter o entendimento da Turma Nacional de Uniformizao de Jurisprudncia dos Juizados Especiais Federais, nos termos acima explicitados.3 (gn)

Aps muitas discusses sobre o tema em inmeros

recursos, a Egrgia Primeira Seo decidiu, recentemente, em recurso

sob o rito previsto no art. 543-C do CPC, que o adicional de frias

concernente s frias gozadas possui natureza

indenizatria/compensatria e no constitui ganho habitual do

empregado, razo pela qual sobre ela no possvel a incidncia de

contribuio previdenciria.

Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSOS ESPECIAIS. TRIBUTRIO. CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA A CARGO DA EMPRESA. REGIME GERAL DA PREVIDNCIA SOCIAL. DISCUSSO A RESPEITO DA INCIDNCIA OU NO SOBRE AS SEGUINTES VERBAS: TERO CONSTITUCIONAL DE FRIAS; SALRIO MATERNIDADE; SALRIO PATERNIDADE; AVISO PRVIO INDENIZADO; IMPORTNCIA PAGA NOS QUINZE DIAS QUE ANTECEDEM O AUXLIO-DOENA.1. Recurso especial de HIDRO JET EQUIPAMENTOS HIDRULICOS LTDA.1.1 Prescrio.O Supremo Tribunal Federal ao apreciar o RE 566.621/RS, Tribunal Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJe de 11.10.2011), no regime dos arts. 543-A e 543-B do CPC (repercusso geral), pacificou entendimento no sentido de que, "reconhecida a inconstitucionalidade art. 4, segunda parte, da LC 118/05, considerando-se vlida a aplicao do novo prazo de 5 anos to-somente s aes ajuizadas aps o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005". No mbito desta Corte, a questo em comento foi apreciada no REsp 1.269.570/MG (1 Seo, Rel. Min. Mauro Campbell

3 Pet 7296/PE, Relatora: Ministra ELIANA CALMON, 1 Seo, julgada em 28/10/2009, DJe 10/11/2009



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Marques, DJe de 4.6.2012), submetido ao regime do art. 543-C do CPC, ficando consignado que, "para as aes ajuizadas a partir de 9.6.2005, aplica-se o art. 3, da Lei Complementar n. 118/2005, contando-se o prazo prescricional dos tributos sujeitos a lanamento por homologao em cinco anos a partir do pagamento antecipado de que trata o art. 150, 1, do CTN".1.2 Tero constitucional de frias.No que se refere ao adicional de frias relativo s frias indenizadas, a no incidncia de contribuio previdenciria decorre de expressa previso legal (art. 28, 9, "d", da Lei 8.212/91 - redao dada pela Lei 9.528/97).Em relao ao adicional de frias concernente s frias gozadas, tal importncia possui natureza indenizatria/compensatria, e no constitui ganho habitual do empregado, razo pela qual sobre ela no possvel a incidncia de contribuio previdenciria (a cargo da empresa). A Primeira Seo/STJ, no julgamento do AgRg nos EREsp 957.719/SC (Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJe de 16.11.2010), ratificando entendimento das Turmas de Direito Pblico deste Tribunal, adotou a seguinte orientao: "Jurisprudncia das Turmas que compem a Primeira Seo desta Corte consolidada no sentido de afastar a contribuio previdenciria do tero de frias tambm de empregados celetistas contratados por empresas privadas".[...]3. Concluso.Recurso especial de HIDRO JET EQUIPAMENTOS HIDRULICOS LTDA parcialmente provido, apenas para afastar a incidncia de contribuio previdenciria sobre o adicional de frias (tero constitucional) concernente s frias gozadas.Recurso especial da Fazenda Nacional no provido.Acrdo sujeito ao regime previsto no art. 543-C do CPC, c/c a Resoluo 8/2008 - Presidncia/STJ.4

Restou assentada, portanto, a natureza indenizatria

do parcela do tero constitucional das frias gozadas.

Com efeito, embora se tenha analisado acerca da

incluso do tero constitucional de frias no salrio de contribuio, base

de clculo da contribuio previdenciria, a no incidncia de imposto de

renda sobre referida verba da consequncia lgica.

Nos termos do art. 153, inciso III, da Constituio

Federal, Unio compete instituir Impostos sobre Renda e proventos de

qualquer natureza. Nesse sentido, conforme dispe o art. 43, I, do CTN, o

fato gerador do Imposto de Renda consiste na aquisio da

4 REsp 1230957/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEO, julgado em 26/02/2014, DJe 18/03/2014



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disponibilidade econmica ou jurdica de renda, assim entendido o

produto do capital, do trabalho ou da combinao de ambos.

Desse modo, a incidncia do imposto sobre a renda

ou proventos de qualquer natureza decorre da ocorrncia de um

acrscimo patrimonial retributivo.

Por bvio, o pagamento de valores que no o

produto do capital ou do trabalho, nem acrscimo patrimonial

desvinculado de uma compensao financeira, distancia-se do alcance

do fato gerador do imposto de renda, conforme definido no art. 43, I, do

CTN.

Essa a hiptese presente, porquanto a parcela

relativa ao tero constitucional de frias no representa acrscimo

patrimonial, no se inserindo na concepo de renda ou proventos de

qualquer natureza para fins de incidncia do imposto de renda, mas

ostenta natureza indenizatria/compensatria, como j reconhecido pela

jurisprudncia.

Em razo disso, tratando-se de parcela

indenizatria, o tero de frias no sofre incidncia do imposto de renda,

sob pena de violao ao art. 153, inciso III, da Constituio Federal e ao

art. 43, inciso I, do Cdigo Tributrio Nacional.

Portanto, entender diferentemente seria possibilitar

que a fico jurdica criada para a definio dos institutos negasse a

realidade, porquanto seria, sem qualquer razoabilidade, atribuir dupla

natureza jurdica ao mesmo bem para finalidades distintas - natureza

indenizatria quando se tratar de contribuio previdenciria e natureza

remuneratria quando se tratar de imposto de renda.

Ressalte-se, ainda, que a existncia de diploma

legal prevendo a no incidncia da contribuio previdenciria sobre o

tero de frias apenas confirma que, diante de sua natureza indenizatria,

no poderia sobre referida parcela incidir a contribuio previdenciria.

Do mesmo modo, diante de sua natureza

indenizatria, no incidente sobre ela o imposto de renda.



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III

10. Posto isso, opina o Ministrio Pblico Federal pelo

conhecimento e indeferimento do pedido de uniformizao.

o Parecer, s.m.j.

Braslia, 28 de abril de 2014.

ANA BORGES COLHO SANTOS

Subprocuradora-Geral da Repblica



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Petio ParMPF 00136676/2014

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