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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NO COTIDIANO DA ESCOLA ESTADUAL MANOEL ALVES GRANDE 1 Vanuza Maria Costa Rodrigues Campos Lindos TO, dezembro/2011 1 - Relatório analítico apresentado ao Curso de Pós-Graduação Latu Sensu em coordenação pedagógica, como exigência parcial para obtenção do título de especialista em Coordenação Pedagógica, sob a orientação da professora Thania Maria F. Aires Dourado.

PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NO COTIDIANO DA ESCOLAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · 3 Escola e família são instituições sociais muito presentes

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM COORDENAÇÃO

PEDAGÓGICA

PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NO COTIDIANO DA ESCOLA

ESTADUAL MANOEL ALVES GRANDE1

Vanuza Maria Costa Rodrigues

Campos Lindos – TO, dezembro/2011

1- Relatório analítico apresentado ao Curso de Pós-Graduação Latu Sensu em coordenação pedagógica,

como exigência parcial para obtenção do título de especialista em Coordenação Pedagógica, sob a

orientação da professora Thania Maria F. Aires Dourado.

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RESUMO

Este trabalho resulta da execução do projeto de intervenção desenvolvido na Escola

Estadual Manoel Alves Grande com o objetivo de envolver os pais nos processos

pedagógicos da escola. Partiu da necessidade de sensibilizar os pais da importância de

participar do dia a dia da escola acompanhando de perto as atividades desenvolvidas por

seus filhos. Para a realização deste trabalho foram aplicados questionários com os pais

com o intuito de conhecer e aproximar a realidade escolar da vivência cotidiana do

discente, bem como se programou ações que trouxeram os pais para dentro da escola

tornando-os parceiros no desenvolvimento da aprendizagem.

PALAVRAS-CHAVE: família, escola, aluno, processos pedagógicos.

1. INTRODUÇÃO

Vivemos uma realidade onde não é possível pensarmos em educação sem o

envolvimento da família nesse processo. A escola sozinha não educa e a família sem a

escola não é capaz de proporcionar aos seus membros uma educação que os qualifique

como cidadãos capazes de conquistar seu espaço na sociedade globalizada que vivemos.

Neste propósito realizou-se este trabalho com o objetivo de envolver um maior

número de pais nas práticas pedagógicas da Escola Estadual Manoel Alves Grande, pois

se entende que no interior da escola não se pode fazer educação significativa sem esta

parceria entre família e escola. Dessa forma buscou-se primeiramente analisar os fatores

que influenciam nessa relação para a partir daí, buscar-se compreender o porquê da

baixa participação dos pais nas reuniões pedagógicas da escola. Procurou-se também

compreender os motivos pelos quais as tarefas dos filhos iam e voltavam sem serem

feitas. Por outro lado tínhamos também a certeza de que a escola deveria assumir uma

postura mais democrática e aberta para que pudéssemos vencer o estigma da rotulação

para com nossos alunos e pais de alunos quando atribuíamos a eles a responsabilidade

pelos maus resultados e quando muito raramente conseguíamos trazê-los pra dentro da

escola, esses ainda eram constrangidos com as cobranças que recebiam a cerca do

comportamento e do baixo rendimento de seus filhos.

Partindo dessa realidade propôs-se este projeto de intervenção na Escola Estadual

Manoel Alves Grande e iniciou-se a execução de ações juntamente com toda a equipe

escolar, que ao ser chamada para a ação não mediu esforços para o engajamento ciente

de que os bons resultados desse projeto serão colhidos por todos.

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Escola e família são instituições sociais muito presentes na vida escolar do

aluno, de forma que só se pode pensar em sucesso educativo se pensarmos também em

trabalho conjunto. Este tem sido um dos desafios da educação. Educar é sem dúvida um

papel que recai sobre a família e a escola. Por isso, quanto mais estreita for essa relação,

melhor será o resultado. Pais e professores têm objetivos comuns e precisam ser o mais

cordiais, coerentes e responsáveis nesse processo.

De acordo com Dessen e Polonia (2007), no seu artigo A família e a escola

como contextos de desenvolvimento humano, elas descrevem a família como a primeira

mediadora entre homem e cultura, a família constitui a unidade dinâmica das relações

de cunho afetivo, social e cognitivo que estão imersas nas condições materiais,

históricas e culturais de um dado grupo social. Ela é a matriz da aprendizagem humana.

Para compreendermos melhor a importância dessa interação entre escola e

família, procurou-se através de questionários conhecer um pouco mais sobre as

condições sócio econômicas das famílias dos nossos alunos, o nível de instrução e a

opinião que têm da escola onde seus filhos estudam aliando ao papel da escola

estabelecer critérios para receber os pais com afetividade, sem o estigma de que eles não

vêm para ajudar e sim para criticar. Para tanto é preciso que a escola assuma

definitivamente uma postura democrática, capaz de ouvir, e principalmente capaz de

construir novos conhecimentos com base na coletividade. Foram distribuídos 130

questionário entre os alunos das turmas do diurno da escola. Dos 130 questionários

enviados para os pais quatro foram extraviados, tendo um retorno de 126 respondidos, o

que corresponde a aproximadamente 15% do total de pais da escola.

Nesta perspectiva, buscou-se inferir sobre os conceitos de gestão democrática, pois num

ambiente onde não houver abertura aos aspectos democráticos, provavelmente haverá

pouca ou nenhuma participação da comunidade escolar. Hora (1994), que estuda a

gestão democrática nas escolas afirma que:

A possibilidade de uma ação administrativa na perspectiva de construção

coletiva exige a participação de toda a comunidade escolar nas decisões do

processo educativo, o que resultará na democratização das relações que se

desenvolvem na escola, contribuindo para o aperfeiçoamento administrativo

pedagógico. (HORA, 1994, p. 49).

Para tanto, torna-se necessário que a comunidade escolar esteja articulada de

forma a atender as chamadas que o processo educativo requer. Esta articulação deve ser

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promovida pela escola, pois, nem sempre os pais estão preparados para ter a iniciativa

de procurar a escola dos filhos e fazer críticas ou dar sugestões. De acordo com

COSER, (2009):

Apesar do conhecimento disponível sobre a importância e as características

do envolvimento parental para o melhor rendimento escolar, a aplicação

deste é pouco observada na prática presente tanto em situações escolares

quanto domésticas, em relação á promoção da aprendizagem. (COSER,

2009,p. ).

Quando falamos na necessidade de estreita relação entre família e escola,

falamos principalmente na possibilidade de compartilhar critérios educativos para que

possam minimizar as possíveis diferenças entre os dois ambientes. A escola é o

ambiente de convívio coletivo e todos que estão presentes nela buscam um interesse

comum: Aprendizagem e prática dos saberes. (Hora, 1994).

Dessa forma, percebe-se que a escola busca ampliar os conhecimentos que já

foram adquiridos no espaço familiar, pois a família é o principal suporte da escola em

relação ao desenvolvimento educacional dos discentes. O convívio escolar sem duvida é

uma troca de experiências, onde exige uma adequação de vida em grupos, pois é

necessário que os membros compreendam e respeitem cada fator que envolve o outro,

facilitando a vida em comum. Para que isso aconteça cabe á família e a escola

direcionar ações e diretrizes onde sejam cumpridas por ambas as partes, pois a partir de

um planejamento é que se pode concretizar o trabalho esperado. Nesse sentido o PPP da

Escola Estadual Manoel Alves Grande contempla ações que viabilizam essa parceria,

pois somente com um PPP articulado onde todos os agentes sejam conscientes da

importância do seu papel como membro da equipe escolar é que o trabalho realmente

poderá ser produtivo.

De acordo com Hora (1994, p. 87) a comunidade escolar é constituída por todos

os pais, professores, direção, merendeiras, pessoal de apoio e técnicos da escola e se

constitui na instancia máxima de decisão.

É importante ressaltar o que Silva fala sobre a participação da comunidade

escolar, segundo ele: “Diversas experiências mostram-nos que, participando a

comunidade da gestão escolar, o trabalho realizado torna-se menos estafante para a

equipe de direção e há maiores possibilidades de que se consiga mais organização e

melhor qualidade nas atividades desenvolvidas.” (SILVA, p.04)

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Assim podemos ver que é urgente a necessidade de termos uma gestão

democrática capaz de envolver os demais membros da comunidade escolar nos processos

educacionais de forma participativa, Demo apud Silva, diz que:

A própria comunidade é quem deve abrir espaços para que sua participação

torne-se, a cada dia, mais efetiva. “Dizer que não participamos porque nos

impedem, não seria propriamente o problema, mas precisamente o ponto de

partida. Caso contrário, montaríamos a miragem assistencialista, segundo a

qual somente participamos se nos concederem a possibilidade” (DEMO,

1999, p. 19).

Nessa perspectiva, é preciso que a escola tenha uma organização coletiva para

que possa assim receber esta comunidade consciente da necessidade da sua atuação.

Afinal o que precisamos realmente é estabelecer esta parceria entre a escola e a família,

pois é certo que havendo um interesse comum os resultados serão bem mais

satisfatórios.

Embasado nesta concepção, realizou-se esta pesquisa-ação na Escola Estadual

Manoel Alves grande junto aos pais dos alunos, professores e gestores da escola, e junto

aos alunos de 1º ao 5º ano e do 6º ao 9º e do Ensino Médio Regular. O objetivo deste

projeto foi envolver um maior número de pais nos processos pedagógicos da escola,

criando espaços para que se concretize esta participação, desenvolvemos ações

buscando entender quais fatores interferem na relação entre a escola-família. Para tanto,

aplicamos um questionário aos pais onde pudemos observar o perfil socioeconômico

das famílias de nossos alunos, perceber que importância eles dão á educação escolar de

seus filhos e de que forma eles vêem a escola de seus filhos. O resultado foi satisfatório

uma vez que a partir da consolidação dos dados compreendeu-se que não basta apenas

cobrar dos pais é preciso que a escola também cumpra o seu papel no sentido de

democratizar suas ações para que possa ter os pais presentes escola. A aplicação do

questionário junto aos pais foi orientada para a busca de conhecimento sobre a família

dos nossos alunos e a partir de então realizamos palestras para os pais sobre temáticas

como a importância da participação deles na vida escolar dos seus filhos, valores da

família; realizamos uma oficina onde os pais puderam conhecer o PPP da escola, sua

proposta pedagógica, bem como sugerir ações para o PPP com participação deles;

realizamos reuniões diversificadas e dinâmicas, mudando o horário do diurno para o

noturno, oferecendo lanche, sorteio de prêmios e mensagens em slides, além de

organização e cumprimento de horário; promovemos momentos de formação

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continuada com os professores e equipe pedagógica enfocando a importância da

autoestima elevada.

Todas as ações foram registradas através de fotos, relatórios e atas e ao final de cada

ação realizada a equipe gestora se reunia para analisar se o resultado foi satisfatório e o

que deveria ser mudado.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ESCOLA

A Escola Estadual Manoel Alves Grande criada em 1979, localizada em Campos

Lindos, TO, pertencente a rede estadual de ensino público, atendendo atualmente a

963 alunos matriculados nas séries iniciais (1º ao 5ºano), séries finais (6º ao 9º ano)

do Ensino Fundamental regular Educação de Jovens adultos, Ensino Médio regular

e Educação de Jovens adultos, com nota no Índice de Desenvolvimento da Educação

Básica - IDEB no ano 2009, de 2,5 para o 9º ano do Ensino Fundamental.

2. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A Escola Estadual Manoel Alves Grande conta atualmente com um total de

963 alunos o que dá uma média em torno de 650 famílias, visto que muitos têm

entre duas e três crianças, com casos de famílias que têm até seis crianças que

estudam na escola, os dados obtidos por meio do questionário apontam para:

2.1 Perfil socioeconômico dos alunos da Escola Estadual Manoel Grande

Com base nas informações fornecidas pelos pais no questionário aplicado na

escola, 22% deles nunca frequentaram a escola, 49, 2% não concluíram o ensino

fundamental, apenas 18,2% dos pais entrevistados concluíram o Ensino

Fundamental, somente 6,3% possuem E.M. completo, enquanto apenas 2,3% dos

pais possuem ensino superior.

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Figura 01 – Grau de instrução dos pais

Em relação à moradia 16,4%, possuem casa própria, destes 38% moram em sua

própria residência própria e 45,2% vivem em chácaras, conforme figura 02. Ainda

de acordo com o instrumento de coletas de dados aplicado 51,5% não possui renda

fixa, ao passo que 19 % vivem com menos de um salário mínimo, 12 % vivem com

dois salários mínimos, 15% vivem com mais de dois salários mínimos.

Figura 02 – Condições de moradia

Figura 03 – Renda familiar

Sobre o numero de pessoas nas famílias entrevistadas, 6,3% são compostas por

apenas duas pessoas, enquanto 33,3% são formadas por menos de cinco pessoas, ao

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passo que 52,3% acima de cinco pessoas; em 16,6% das famílias entrevistadas

apenas dois membros freqüentam a escola; por outro lado em 83,3%, mais de duas

pessoas da família estudam.

Figura 04 – Número de pessoas na família

Figura 05 – Número de pessoas que estudaram na família

Os resultados apontam para uma maioria de famílias dos alunos pertencentes à

classe desfavorecida economicamente, com baixo nível de escolaridade, sendo que a

maioria mora em chácaras, sítios e assentamentos de terra. Nesse contexto pode-se

compreender melhor o porquê de muitas vezes a criança não realizar as tarefas de casa.

Assim, deve-se analisar a fala de Rosely Sayão e Julio Gropa Aquino (2004), no artigo

“A escola, a família e suas fronteiras” que abordam a questão da tarefa de casa não

como uma responsabilidade da família que nem sempre está estruturada para isso e sim

dos professores segundo eles, porque o professor não acompanha o aluno passo a passo,

nem explica o motivo e a finalidade das tarefas. (SAYÃO, 2004). Entretanto não se

busca aqui identificar quem são os culpados pelo fracasso mas encontrar junto a um

trabalho coletivo e de parceria entre a escola e a famílias dos alunos estratégias que

possam incluir todos independente da classe social que ocupam. Portanto para que

possamos encontrar esses caminhos é preciso que se reveja também a postura da escola

em relação ao que esperam da família, não delegando a eles responsabilidades suas ou

trazendo para si responsabilidades que são da família. Ainda de acordo com Sayão e

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Aquino a escola imagina que pode se estruturar, para seus alunos, de forma que

compense a falta da família. Como se isso fosse possível... Não é, e ponto final...

querendo ser família a escola deixa de ser escola.

2.2 Relacionamento da família dos alunos com a Escola

Questionados sobre a importância que dão a educação de seus filhos, 28,5%

consideram importante o suficiente, 71,4% disseram que a educação de seus filhos tem

significado satisfatório.

Figura 06 – Importância da educação escolar dos filhos

Sobre a participação do seu filho na escola, 42,4 dos pais vêem como boa, 16,6

consideram excelente e cerca de 40% julgam que a participação dos seus filhos na

escola é insatisfatória, ao mesmo tempo 17,4% dos pais raramente frequentam a escola,

28,5% participam apenas das reuniões e 53,9% só comparecem na escola quando são

convocados.

Figura 07 – Avaliação dos pais quanto a participação dos filhos na escola

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Figura 08 – Freqüência dos pais na escola

Em relação ao acompanhamento nas tarefas de casa 19,8% dos pais auxiliam

sempre que é necessário, enquanto 69,8% responderam que não acompanham,

justificando que não tem conhecimento suficiente para auxiliar, e 10,3% raramente

acompanha.

Figura 09 – Acompanhamento dos pais nas tarefas dos filhos

Percebe-se assim que os professores não estão exagerando quando relatam que a

maioria dos seus alunos volta à escola sem trazer a tarefa de casa feita. Durante a

execução do Projeto de Intervenção foram estabelecidos diálogos com professores onde

foram registradas as seguintes falas: “o para casa é um complemento das atividades

trabalhadas na aula e servem para consolidar a aprendizagem do aluno e para

desenvolver nele desde cedo, o hábito de estudar em casa.” (Professora 1). A professora

2 colocou que o para casa deve sempre contemplar habilidades que seu aluno necessita,

porém não se pode cobrar do aluno aquilo que ele ainda não domina. Já a professora 3

na sua fala em uma das palestras ministradas por ela, mesmo que a família não entenda

o para casa da criança para ajudá-la a fazer, mas que estabeleçam horários para a criança

cumprir como: hora de almoçar, descansar, fazer tarefas e brincar. Nesse sentido pode-

se entender a fala de Coser (2009):

É importante ainda programar e fixar horários de estudo,

dentro da rotina da criança e da casa, identificando os

períodos de melhor rendimento do filho e de maior

tranquilidade no local selecionado para estudar. É indicado

não definir horários que a criança esteja cansada, com fome

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Raramente frequenta Participo apenas dasreuniões

Vou apenas quando souchamado

Quanto a participação dos pais na escola

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Auxilio sempre queprecisa

Não acompanho por nãoter conhecimento

suficiente

Raramente acompanho

Quanto ao acompanhamento dos pais nas tarefas de casa

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ou que ocorram coisas que ela deseja muito e que estará

deixando por causa do estudo. (como por exemplo , assistir

desenho ou programa que ela mais gosta). O estudar tem que

ser algo agradável e não associado com perdas de privilégios

ou castigo. Para todos esses aspectos é importante identificar

as alternativas e a escolher as melhores. (COSER, 2009, p. 5-

6).

Ainda de acordo com a opinião dos pais 22,2% deles consideram que a escola

oferece oportunidades para que eles frequentem a escola, 9,5% afirmaram que a escola

deve propor mais sugestões a comunidade, 18,2% responderam que a escola os convida

para participarem da tomada de decisões na escola, ao passo que 50% dos entrevistados

concordam que a escola deve melhorar nas atitudes tomadas sem o conhecimento dos

pais.

Figura 10 – Avaliação que os pais fazem da escola

Buscou-se também conhecer a opinião dos pais sobre se consideram que sua

participação pode influenciar no rendimento dos filhos onde 35,7 disseram que com

certeza as idéias seriam colocadas em discussão, 19,8 que seria bom, pois estariam

conhecendo o que e onde a escola pretende chegar, todavia 44,4% pensam que não

contribuiriam porque não entendem do contexto.

Figura 11 – Participação dos pais e melhoria no rendimento do aluno

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Concerteza as idéias serãocolocadas para discussão

Com isso conheço o que eonde a escola pretende

alcançar

Nem tanto, pois acho queisso é apenas para quem

entende do contexto

Quanto ao que considera que sua partipação pode influenciar na maioria dos trabalhos administrativos

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Perguntado a opinião deles sobre o que poderia ser feito para melhorar sua

participação em relação a escola 25,3 responderam que a escola deveria promover

reuniões mensais, 42% que os pais deveriam ser inseridos como amigos da escola, 3,9%

que a escola deveria reunir os pais bimestralmente para discutir o Projeto político

Pedagógico enquanto 28,5% acham que a escola deve determinar as datas para visita

dos pais a escola para que não atrapalhe o trabalho pedagógico.

Figura 12 – Sugestões para melhoria na participação dos pais na escola

Após a aplicação do questionário, reuniu-se com a equipe pedagógica para

analisar os resultados; A partir de então iniciamos a realização das palestras para os pais

tendo como tema a importância da participação deles para pleno desenvolvimento da

vida escolar de seus filhos, tendo como palestrante a professora e Orientadora

Educacional. Foram distribuídos inicialmente 100 convites para a palestra,

contemplando as turmas de 4“A”, 5“A”, 6“A” e 6“B”; das 100 cadeiras dispostas para o

assento dos pais, um total de 15 cadeiras ficaram vazias.

Após o início da execução do projeto, a postura da escola e da família mudou.

Os professores e demais funcionários foram fundamentais para o sucesso do projeto.

Após ter sido apresentado a equipe este ganhou adesão de 100 % dos servidores que

empenharam-se em todas as ações propostas desde a organização das reuniões que

passaram a ser realizadas em horário mais flexível com uma pauta que contemplava

sempre uma mensagem em slides que chamava atenção dos pais para a importância que

eles representam para a escola. Foram feitos sorteios de brindes nas reuniões,

premiamos a mães dos alunos campeões de livros lidos e para casa feito. As palestras

também receberam uma atenção especial, pois o convite aos pais foi feito pelos filhos

que se empenharam em trazer seus pais para dentro da sua escola, não para ser cobrado

mas, para sentirem o quanto a equipe escolar, professores, alunos e demais funcionários

sentem-se felizes em tê-los do nosso lado.

01020304050

Promover reuniõesmensais

Inserir os pais comoamigos da escola

Reunir-se bimestralmentepara discutir o projeto

pedagógico

Determinar datas paravisitas dos pais na escola

Quanto a sua opinião sobre o que poderia ser feito para melhorar a participação dos pais em relação a escola

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Dessa forma, finalizamos o projeto reunindo novamente com a equipe para

avaliar os resultados. Percebeu-se que a escola abriu um espaço mais democrático onde

a comunidade aos poucos vai passando a fazer parte da tomada de decisões e dos

processos de aprendizagem a medida que uma mãe de cada sala foi eleita como

madrinha da turma e a cada quinze dias vêm até a escola, conversa com os alunos,

distribui balas e incentivam aqueles que não estão tão bem a melhorarem sempre para

fazerem seus pais felizes. È claro que quando citamos o sucesso das ações do projeto

não estamos falando de cem por cento de sucesso, pois também tivemos resistências.

Mas, ficamos felizes porque se até pouco tempo numa turma de trinta alunos só

compareciam uns cinco ou seis pais quando eram chamados pra reunião, hoje

comparecem em torno de sessenta por cento. Ainda não são todos, mas, já é a maioria.

Tratando-se do rendimento dos alunos tem sido crescente, pois mesmo os pais que não

conseguem ajudar seus filhos a fazerem a tarefa, aprenderam nas palestras que foram

ministradas pela orientadora que é preciso que haja parceria também entre as famílias e

entre os vizinhos.

3. CONCLUSÃO

Ao término da execução do Projeto de Intervenção ficou evidente a importância

de escola e família se aliarem na educação de nossas crianças e jovens. Cabe a escola o

dever de proporcionar aprendizagem significativa e de qualidade a nossos alunos e a

família o dever não só de matricular seus filhos na escola, mas o de acompanhar

cotidianamente a vivencia dessa criança na escola.

Assim a Escola propôs uma nova forma de interagir com os pais, convidando-os

a virem mais vezes, e fazendo com que eles percebessem que a escola trabalha para

estar cada vez mais estreitando a relação existente entre ambos. Não foi fácil, pois

estava enraizada a idéia de que pais dentro da escola só serviam para incomodar, ou a de

que a escola é que se virasse, afinal os professores ganham é para isso. Estas eram

algumas das frases ouvidas quando se falava em acompanhamento dos pais a seus filhos

na escola.

Contudo, após realizarmos as ações que foram planejadas no Projeto de

Intervenção percebe-se que os objetivos propostos foram alcançados, pois é visível que

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agora os pais sentem-se mais a vontade para freqüentar a escola, e que esta por sua vez,

tem procurado cumprir seu papel de entidade democrática de gestão pública.

O Conselho de classe passou a contar com a participação de pais e alunos

representantes das turmas, professores e demais componentes da equipe gestora

participando de forma construtiva desse importante processo da educação escolar. Outra

evidencia de que não foi em vão o esforço da equipe, trata da forma dos professores

receberem os pais que vem visitar a escola, pedir informações sobre o desempenho do

seu filho. Já não há mais tantas rotulações negativas, percebe-se que os docentes estão

mais tranqüilos para falarem sobre suas dificuldades com os pais, sem atribuir-lhes a

culpabilidade pelo fracasso, mas sugerindo formas do pai estar dando sua contribuição

com a aprendizagem de seu filho. Trabalha-se dia a dia para crescermos como uma

instituição onde a participação democrática da comunidade alcance um novo patamar e

que realmente venha contribuir com o processo do ensino-aprendizagem da escola, onde

se busca constantemente por um ensino de qualidade para nossa clientela.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSER, Daniela Secolim. A importância da família na vida escolar dos filhos.

Texto baseado na dissertação para mestrado. Universidade Federal de São Carlos, 2009

acessado em: 05/03/2011, disponível em:

<http://www.neteducacao.com.br/portal_novo/?pg=artigo&cod=807>

DEMO, Pedro. Participação é conquista: noções de política social participativa. São

Paulo, Cortez, 1999. In: DIAZ BORDENAVE, Juan. O que é participação. 8 ed. São

Paulo, Brasiliense, 1994. - (Coleção primeiros passos, 95).

DESSEN, Maria Auxiliadora; POLONIA, Ana da costa. A família e a escola como

contextos de desenvolvimento humano. Universidade de Brasília, Distrito Federal,

s/d.

HORA, Dinair Leal. Gestão democrática na escola: artes e ofícios de participação

coletiva. Campinas, SP: Papirus, 1994.

SAYÃO, Rosely; AQUINO, Júlio Groppa. A família a escola e suas fronteiras. In Em

defesa da escola. Campinas-SP: Papirus, 2004.

SILVA, Nilson Robson Guedes. A participação da comunidade na gestão escolar:

dádiva ou conquista? - Doutorado em Educação - Universidade Estadual de Campinas –

UNICAMP, s/d; acessado em 01/03/2011, disponível em:

<http://sare.unianhanguera.edu.br/index.php/reduc/article/viewFile/195/192>

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ANEXO A – IDENTIFICAÇÃO DOS PROFESSORES QUE DERAM

DEPOIMENTO

Professora 1 – Lucimar Maria Dos Santos – Professora do 1° ano do Ensino

Fundamental de nove anos da Escola Estadual Manoel Alves Grande em Campos

Lindos; Licenciada em Pedagogia pela Faculdade Integrada de Osasco- SP.

Professora 2 - Mariza Aparecida dos Santos de Sousa – Professora do 4° ano do Ensino

Fundamental de nove anos da Escola Estadual Manoel Alves Grande em Campos

Lindos – TO; Licenciada em Pedagogia pela Fundação Universidade do Tocantins –

UNITINS/EDUCON.

Professora 3 – Mirella Costa Corado – Professora do 5° ano do Ensino Fundamental de

nove anos, com complementação de carga horária com disciplinas de Arte e Filosofia no

Ensino Médio regular, licenciada em Pedagogia pela Fundação Universidade do

Tocantins/UNITIN, especialista em Orientação Educacional pela Faculdade de

Tecnologia Equipe Darwin.