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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA CECOP 3 PATRÍCIA GUIMARÃES DE SANTANA ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: REFLEXÕES SOBRE A LEITURA E A ESCRITA NA PRÉ-ESCOLA Caetité 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3

PATRÍCIA GUIMARÃES DE SANTANA

ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: REFLEXÕES SOBRE A LEITURA E A ESCRITA NA PRÉ-ESCOLA

Caetité 2015

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PATRÍCIA GUIMARÃES DE SANTANA

ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

REFLEXÕES SOBRE A LEITURA E A ESCRITA NA PRÉ-ESCOLA

Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica.

Orientadora: Profa. Ma. Adriana Santos de Jesus

Caetité 2015

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PATRÍCIA GUIMARÃES DE SANTANA

ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: REFLEXÕES SOBRE A LEITURA E A ESCRITA NA PRÉ-

ESCOLA

Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia.

Aprovado em janeiro de 2016.

Banca Examinadora

Adriana Santos de Jesus – Orientadora ___________________________________ Mestra em Educação pela Universidade Federal da Bahia Universidade Federal da Bahia

Daniel Silva Pinheiro___________________________________________________ Mestre em Educação pela Universidade Federal da Bahia Universidade Federal da Bahia

Rosemary Lopes Soares da Silva________________________________________ Mestra em Educação pela Universidade Federal da Bahia Universidade do Estado da Bahia

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Ao meu marido Mario Junior e aos

meus filhos Eduardo e Gabriela, por

compreenderem minha ausência

durante a elaboração deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me permitir mais esta conquista.

A meus familiares, pelo apoio neste momento. A todos, meu muito obrigado.

A minha orientadora, Professora Adriana Santos de Jesus, pela paciência e

competência ao me auxiliar nesta jornada.

A nossa tutora Nara Dantas, aquela que esteve presente durante todo o curso,

agradeço pelo apoio e incentivo no momento que mais precisei, a minha admiração

e carinho

À Faculdade de Educação da UFBa e ao Programa Escola de Gestores, por levarem

a cabo esta iniciativa que beneficia tantos Coordenadores Pedagógicos como eu.

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“Não se ensina uma criança a escrever, é ela quem ensina e si

mesma (...) cada criança possui seu caminho próprio; é preciso

que ela viva as situações de aprendizagem que lhe permitam

ao mesmo tempo ter referencias constantes e construir suas

próprias competências. ”

(Jolibert)

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SANTANA, Patrícia Guimarães. Alfabetização na Educação Infantil: reflexões sobre a leitura e escrita na pré-escola. 2015. Projeto Vivencial (Especialização) – Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015.

RESUMO

O presente trabalho tem como tema central a Alfabetização na Educação Infantil: reflexões sobre a leitura e a escrita na pré-escola. Tendo como principal objetivo responder quais as concepções de aprendizagem da leitura e escrita apresentadas pelos professores de Educação Infantil e como acontece o processo de alfabetização e letramento antes do ensino fundamental e no que isso irá repercutir no desenvolvimento dos alunos. Utilizei como metodologia a pesquisa-ação buscando dados reais de aprendizagens através de questionários realizados com as educadoras da escola, onde elas puderam compartilhar suas teorias e experiências. Para a concretização deste estudo, abordei questões sobre a alfabetização, o letramento e a educação infantil, buscando embasamento teórico que definem esses processos. É realizada uma coleta de dados, com o objetivo de identificar quais são os recursos utilizados pelas professoras, que respaldam o processo de alfabetização e letramento. O trabalho traz sugestões de práticas para promover de modo lúdico as competências da leitura e da escrita, concluindo que o processo de alfabetização e letramento já estão presentes nas atividades que permeiam a educação infantil.

Palavras-chave: Alfabetização, Letramento, Educação Infantil.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CECOP Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica

CP Coordenador Pedagógico

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação

UFBA Universidade Federal da Bahia

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11

1 MINHA VIDA E A CONSTRUÇÃO DE UM NOVO SABER ...................... 13

1.1 RELATO HISTÓRICO DA MINHA FORMAÇÃO ESCOLAR E

ACADÊMICA ................................................................................................................... 13

1.2 VIDA PROFISSIONAL E A BUSCA POR ENTENDIMENTO .................. 15

1.3 PERSPECTIVAS DE ESTUDO E PESQUISAS EM RELAÇÃO AO

CURSO ............................................................................................................................... 17

2 REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DA LEITURA E ESCRITA NA

EDUCAÇÃO INFANTIL. ............................................................................................ 18

3 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL..... 23

3.1 O ESPAÇO DA PESQUISA ..................................................................................... 23

3.2 O PERCURSO METODOLÓGICO ....................................................................... 26

3.3 OS DADOS DA PESQUISA: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO ......... 28

3.4 O PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

COMPARTILHANDO EXPERIÊNCIAS .............................................................. 30

3.5 PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO: TRAÇANDO POSSIBILIDADES

DE AÇÃO .......................................................................................................................... 35

3.6 CRONOGRAMA ............................................................................................................. 37

4 TECENDO ALGUMAS CONSIDERAÇÕES .................................................... 39

REFERÊNCIAS. ............................................................................................................ 40

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INTRODUÇÃO

A escolha pelo tema “Alfabetização na Educação Infantil: reflexões sobre a

leitura e a escrita na pré-escola”, deu-se principalmente por ser um assunto no qual

sempre me interessei, pelo menos desde quando atuo nesta área. Sempre ouvi falar

que não se alfabetiza na educação infantil, portanto, por tentar responder às

inquietações dos pais, professores e principalmente as minhas, decidi por

apresentar uma pesquisa com fundamentos teóricos sobre o processo de

alfabetização e as possibilidades de se aprender a ler e escrever nas séries finais da

educação infantil.

Assim procuro no decorrer do desenvolvimento desse trabalho, buscar

pressupostos que respondam quais as concepções de aprendizagem da leitura e

escrita apresentadas pelos professores de Educação Infantil e como acontece o

processo de alfabetização e letramento antes do ensino fundamental e no que isso

irá repercutir no desenvolvimento dos alunos.

Por acreditar que na escola em que atuo como coordenadora pedagógica já

acontece esse processo normalmente onde é oferecido um espaço de acesso à

leitura e escrita, através do Projeto de Leitura, do Material estruturado utilizado pela

escola através do Programa Alfa e Beto e pela mediação das professoras além do

acesso às crianças ao mundo letrado e entre outros meios, busco trazer nesta

pesquisa pressupostos já determinados, os quais confrontam com situações reais de

aprendizagem. Procurei assim, embasamento teórico para explicar que a

alfabetização e o letramento já ocorrem com as crianças da pré-escola do Centro de

Educação Infantil Gente Nova e utilizei como metodologia a pesquisa-ação

buscando dados reais de aprendizagens, além da minha experiência como

coordenadora desta escola há mais de seis anos, foi realizado uma entrevista com

as professoras atuantes a anos na educação Infantil através de um questionário

onde elas puderam compartilhar suas teorias e experiências.

O primeiro capítulo dessa pesquisa apresenta um breve relato sobre a minha

história de vida pessoal, profissional e acadêmica relacionando às minhas

experiências com o objeto de estudo e a temática aqui exposta.

O segundo capítulo, é realizada uma revisão da literatura buscando como

referencial teórico para elucidar questões sobre o processo de leitura e escrita na

Educação Infantil, leituras de Brandão e Silva, Ferreiro, Souza, entre outros

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estudiosos da educação infantil, alfabetização e letramento com o objetivo de

identificar como ocorre o processo de letramento e alfabetização na educação

infantil, mostrando o que foi alcançado.

No terceiro capítulo é apresentado o contexto escolar do Centro de Educação

Infantil Gente Nova, descrevendo um pouco de sua história, sua localização,

estrutura física. É delineado o desenvolvimento metodológico da pesquisa, com a

descrição dos instrumentos de coleta de dados e a verificação de todo o percurso da

investigação, a partir das categorias de análise, que são: as concepções de

educação infantil que as docentes construíram a partir da prática e a relevância

atribuída para a iniciação do processo de alfabetização e do letramento na educação

infantil. Apresento ainda, algumas discussões justificando a metodologia adotada,

bem como a escolha da escola pesquisada e das participantes da pesquisa. Com as

considerações finais foi apresentado algumas sugestões práticas para promover de

forma lúdica a alfabetização e o letramento na educação infantil.

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1 MINHA VIDA E A CONSTRUÇÃO DE UM NOVO SABER

O presente memorial resulta da análise de minha trajetória educacional, das

minhas perspectivas de estudos e pesquisas em relação ao curso de Pós-

Graduação em Coordenação Pedagógica, CECOP 3, pela Universidade Federal da

Bahia. Visa resgatar parte de fragmentos das experiências e transformações

percebidas e adquiridas na minha experiência profissional e acadêmica, tecendo

uma discussão sobre o processo de alfabetização na educação infantil a partir do

trabalho com as diversas linguagens.

Confesso não ser uma tarefa fácil falar sobre nossas aventuras e

sentimentos, pois assim estaremos delineando um retrato crítico de nós mesmos.

Portanto, ao elaborar o presente memorial levei em conta as condições e situações

que envolveram o desenvolvimento dos meus trabalhos aqui expostos, procurando

destacar os elementos que possibilitaram a construção de minha vida acadêmica e

profissional.

Escrevê-lo é trazer para o presente momentos jamais esquecidos e

vivenciados em diferentes situações e nas diversas etapas da vida. No decorrer

dessa narrativa, pretendo contextualizá-la com as teorias estudadas durante o curso.

1.1 RELATO HISTÓRICO DA FORMAÇÃO ESCOLAR E ACADÊMICA

Desde muito cedo meus pais me estimularam para o mundo da leitura e da

escrita, acredito que esse estímulo aumentou o meu interesse pelo universo das

letras: cada livro infantil que eu ganhava e em cada história contada por eles era um

mundo fascinante para mim. Além disso a minha irmã mais velha sempre me levava

a brincar de escolinha, todas as paredes da casa tinham registros de letras e

desenhos feitos por nós duas.

Comecei a estudar aos cinco anos de idade na Pré-escola na Escola

Estadual Fernando Presídio do ano de 1986. Tenho poucas lembranças dessa fase

da minha vida: recordo-me da sala bem colorida e da minha primeira professora

Maria de Lourdes, uma pessoa muito paciente conosco. Recordo ainda das nossas

atividades que eram voltadas mais para as pinturas em desenhos mimeografados.

Tudo chamava a minha atenção, o primeiro contato com os códigos de escrita, a

cada dia memorizávamos as “familinhas” do alfabeto e aos poucos íamos

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encaixando as sílabas, sem questionamentos, sem uma visão mais ampla do que

significava a leitura e a escrita, só sabia que era algo muito importante para

aprender e eu gostava dessa possibilidade.

Acredito que a leitura frequente de histórias para crianças é, sem dúvida, a

principal e indispensável atividade de letramento na educação infantil. Se

adequadamente desenvolvida, essa atividade conduz a criança a conhecimentos e

habilidades fundamentais para a sua introdução no mundo da escrita. No ano

seguinte, fui para a sala de alfabetização, lembro-me que nessa fase eu aprendi a

ler e escrever, era um estudo delimitado por cartilhas, os professores faziam com

que memorizássemos as sílabas, mas achava tudo aquilo muito prazeroso, pois

enfim eu conseguia decifrar todos aqueles códigos.

Sempre fui muito dedicada aos estudos, e nos anos seguintes, tive o incentivo

de várias professoras em suas diversas disciplinas. Acredito que nenhuma disciplina

torna-se difícil, se trabalhada com estratégias que levem o aluno a aprender de

maneira lúdica, principalmente nas séries iniciais do ensino fundamental, porque

nessa fase a criança tem curiosidade e prazer em aprender.

Quando ingressei no Magistério no Colégio Padre Anchieta em Tauápe/Ba,

percebi que não era bem essa área em que eu gostaria de atuar, mas ao longo do

curso, no processo de formação foram iniciadas reflexões sobre a prática

pedagógica desenvolvida no interior das salas de aula. Começava a se delinear a

minha busca por um novo sentido para a experiência vivida na escola. Conclui assim

o magistério no ano de 1999.

Como a maioria das meninas, possuía sonhos de adolescente, e fazer

faculdade era um deles, o qual parecia tão distante da minha realidade. Anos

depois, em 2001, com o incentivo de minha família pude começar o curso de

Licenciatura Plena em História na UNEB (Universidade do Estado da Bahia) de

Caetité, pois acreditava que das poucas opções, este era o curso com o qual mais

me identificava. Apesar de que, nos tempos do colégio, não tive uma boa

experiência quanto à disciplina de História, pois o ensino se dava como uma

narração de fatos, onde personagens importantes, aquelas pessoas que faziam

parte do poder ou que eram membros dos grupos dominantes, tomavam atitudes

que determinavam os acontecimentos. Aulas totalmente monótonas e tradicionais.

Contudo, me apaixonei pelo estudo da História, achava fascinante a visão dos

variados autores, que agora, passava a conhecer. Tudo era muito diferente e

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instigante: as discussões, as continuidades e descontinuidades históricas, o uso das

tecnologias que cada dia instigava ainda mais o conhecimento e o contato com

novas pessoas. A minha concepção de História transformou-se totalmente, pois a

relação que até então eu tinha com a disciplina era meramente factual.

O curso de História deveria ser obrigado para todo cidadão, devido à

preocupação com o desenvolvimento de uma consciência crítica, levando a uma

compreensão e interpretação dos fatos, especialmente nos dias de hoje em que a

mídia bombardeia as pessoas com informações e análises deturpadas dos

acontecimentos. Nesse sentido, a História pode desempenhar um importante papel,

pois fornece aos seus alunos a capacidade de compreensão da construção do

conhecimento, oferecendo habilidades e competências para o seu aprendizado e o

desenvolvimento e envolvimento em trabalhos que favoreçam sua autonomia para

aprender.

Tive a oportunidade de participar de vários cursos nesse período como: o II

Encontro Estadual de História oferecida pela ANPHU/BA na UEFS (Universidade

Estadual de Feira de Santana) em julho de 2004. Participei ainda do II Encontro

Baiano dos Estudantes de História e III Semana de História - os movimentos Sociais

e suas facetas na História, na UESB (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia)

em novembro de 2005 e do I Encontro de História e Cultura pela UNEB

(Universidade Estadual da Bahia), também em novembro de 2005.

Apesar do vasto conhecimento adquirido na experiência dos anos de

faculdade, não poderia esquecer das dificuldades enfrentadas: a falta de acesso a

internet era um deles, pois mesmo estando já na era digital, ainda tínhamos

dificuldade no manuseio e contato com os mesmos. Entretanto, a minha

persistência, o apoio da família, a força dos colegas e a vontade de concluir mais

uma etapa na vida, foram mais fortes que os obstáculos. Conclui o curso de

Licenciatura em História no ano de 2006.

1.2 VIDA PROFISSIONAL E A BUSCA POR ENTENDIMENTO

Apresentar alguns dos fatos considerados por mim como relevantes na

trajetória de minha atuação profissional me coloca diante de escolhas. A partir

dessas escolhas, passo a abordar acontecimentos que ofereceram as condições

para que os fatos acontecessem como eu os vejo e narro. O meu primeiro contato

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com a sala de aula como professora foi no ano de 2002 para ministrar as aulas de

Biologia para alunos de Ensino Médio no Colégio Estadual Duque de Caxias. Nessa

época eu tinha iniciado o curso de História e mesmo sem trabalhar com a minha

área, conseguia passar os conteúdos de uma forma que os alunos pudessem

entender e assimilar, fazendo com que eu também me identificasse com a área de

ciências naturais.

Em 2007 fui convocada a assumir o cargo de professora após aprovação no

concurso público que tinha feito na Prefeitura Municipal de Caculé. Lecionaria em

uma turma de 2ª série do Ensino Fundamental, numa escola da zona rural, a 28

quilômetros de casa. Lecionar para crianças de escolas municipais de zona rural por

um período de dois anos foi uma experiência extremamente significativa. Aprendi

muito com esses alunos, sei que deve ser respeitado as individualidades de cada

um, e que no processo de alfabetização deve-se levar em conta as várias

características da criança, o professor deve se comprometer a fazer o melhor pelo

aluno, e pensando na alfabetização deles, vi que a aprendizagem do processo de

escrita implica uma história no interior do desenvolvimento individual, iniciado pela

criança muito antes da primeira vez em que o professor coloca um lápis em sua mão

e lhe mostra como formar letras. Aprendi que ler e escrever não se iniciam na

escola, nem se restringem a ela. Temos que tomar como ponto de partida a

realidade do aluno, tendo o professor a função de criar um ambiente alfabetizador.

Ao conviver com pessoas simples obtive um aprendizado que não é normalmente

passado nos bancos das universidades.

No ano de 2009 fui convidada pela Secretária de Educação Adaílde Teles a

trabalhar como Coordenadora Pedagógica do Centro de Educação Infantil Gente

Nova e do Programa de Alfabetização Alfa e Beto nas escolas municipais de Caculé-

Ba. No decorrer dos anos seguintes trabalhei como elo e mediação entre a

Secretaria Municipal da Educação e Cultura (SMEC) e a equipe escolar, mais

diretamente com os coordenadores pedagógicos e professores de alfabetização. A

partir da minha experiência profissional, bem como o contato com a prática

alfabetizadora, pude delimitar o foco para o meu objeto de estudo que é a

Alfabetização na Educação Infantil. Optei por fazer uma pesquisa sobre aquilo que

mais me instigava no momento: a leitura e escrita na Pré-escola.

Muitos pais e professores tem dúvidas se o ensino e aprendizagem da leitura

e escrita é função dessa etapa de ensino e como coordenadora de uma grande

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rede, tanto de Educação infantil como a de professores de alfabetização, tinha

minhas dúvidas e precisava respondê-las. Acredito ser importante oferecer um

espaço de acesso à leitura e escrita, assim como já acontece na Instituição que

atuo, sem uma cobrança maior. Para isso procuro um embasamento teórico para

explicar que a alfabetização e o letramento já ocorrem normalmente com essas

crianças. As dúvidas, os questionamentos e as cobranças de pais e professores que

já queriam que as crianças saíssem lendo e escrevendo da Educação Infantil me

fazem pesquisar intensamente para poder responder a estas inquietações que me

desafiam a alguns anos.

1.3 PERSPECTIVAS DE ESTUDO E PESQUISAS EM RELAÇÃO AO CURSO

Relembrar a trajetória de formações que tive e que me fizeram chegar neste

ponto é poder apresentar e mostrar as minhas experiências na área da docência e

afirmar que a formação de um profissional para atuação em classes de magistério

ou numa licenciatura obtida através de curso de graduação, deixa claro que não são

os processos formativos que nos colocam a frente das inovações, mas o nosso

desempenho enquanto profissional em assumir aquilo que desejamos alcançar

profissionalmente. De fato, não podemos negar que esses fatores nos elevam a um

patamar de descobertas e inovações. E é na minha trajetória como Coordenadora

Pedagógica no Centro de Educação Infantil Gente Nova que espero responder sobre

como oferecemos um espaço de acesso à leitura e escrita na Educação infantil (pré-

escola), sem que isso prejudique a aprendizagem lúdica das crianças nesta etapa de

ensino.

Estou tendo a oportunidade de participar desse curso de Especialização para

Coordenadores Pedagógicos, curso este, que viabiliza um trabalho de integração e

troca de experiências entre todos os participantes, contribuindo para o aumento dos

conhecimentos e informações, aliada a uma postura crítica que pressupõe

capacitação constante, estudo individual e em grupo, interesse em estar atualizado

para facilitar a prática pedagógica da gestão escolar.

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2 REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DA LEITURA E ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

Sabe-se que a alfabetização é um processo que na maioria das vezes só se

inicia no primeiro ano do ensino fundamental, mas suas bases são lançadas bem

antes disso. Desde que nasce a criança está exposta as práticas sociais da leitura e

da escrita, e a Educação Infantil, apesar de ser uma fase na qual predomina a

oralidade, torna-se uma etapa fundamental para a alfabetização e o letramento.

Antes de aprender a ler e a escrever a criança utiliza conhecimento sobre a

escrita e a leitura na vida cotidiana, derivadas do convívio na sociedade letrada.

Assim ao ingressar na escola de Educação Infantil ou Ensino Fundamental, traz

conhecimentos sobre o mundo da leitura e da escrita, embora ainda possa não

codificar e decodificar a língua. Tais conhecimentos estão relacionados com o

processo de letramento, que, diferentemente da alfabetização, é um processo social,

que não tem início com a entrada da criança na escola, mas sim, é desenvolvido

através de práticas sociais que envolvem a leitura e a escrita.

De acordo com SOUZA (2008), deve-se estimular a criança a participar

ativamente do processo de construção da leitura e da escrita constituinte do seu

meio sociocultural, bem como trabalhar as suas práticas sociais. Por isso, desde que

as crianças chegam à instituição de educação infantil, deve-se trabalhar o

letramento, fazendo que:

As crianças tenham a liberdade de expressão e que possam

experimentar as múltiplas linguagens, como a música, a dança,

artes, leituras da literatura infantil clássica e brasileira, histórias

em quadrinhos, jogos, brinquedos e brincadeiras e tantas outras

(SOUZA, 2008, p. 277).

Assim, entende-se que o letramento, refere à aprendizagem dos usos sociais

das atividades de leitura e escrita, quando assim for exigido em determinadas

situações, de modo a atender às necessidades demandadas por elas. A

alfabetização, por sua vez, pode ser entendida como a aprendizagem da leitura e da

escrita, refere-se ao processo de apropriação e compreensão do sistema de escrita

que leva o aluno a ler e a escrever com autonomia.

Alfabetizar ou não na educação infantil, foi e vem sendo tema para muitas

discussões. Para algumas pessoas, pais e educadores, receiam que esse processo

seja uma antecipação de práticas pedagógicas tradicionais e que de algum modo

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haverá a perda do lúdico. Ensinar ou não as crianças a ler e a escrever é uma

questão polêmica que precisa ser desmistificada na educação infantil e

especialmente ser compreendida neste processo de alfabetização.

Em relação a essa falta de conhecimento, Stemmer (2007, p. 136) afirma que:

Como comumente a aprendizagem da leitura e da escrita não tem

sido sequer considerada na Educação Infantil, o que existe é um

total desconhecimento do assunto. O resultado mais imediato é

que os professores diante de evidente interesse demonstrado

pelas crianças em querer aprender a ler e escrever ficam sem

saber como o que fazer e, em muitos casos, acabam por

reproduzir práticas de ensino que eles próprios estiveram

submetidos em suas experiências escolares, sem, no entanto,

terem o conhecimento necessário para compreender a razão do

que fazem e sem subsídios teórico algum para alicerçar suas

práticas.

Muitos não entendem a alfabetização e o letramento como processos que se

iniciam antes do primeiro ano do ensino fundamental e que se estendem após ele.

Ferreiro (1999) afirma que “a alfabetização não é um estado ao qual se chega, mas

um processo cujo início é na maioria dos casos anterior a escola e que não termina

ao finalizar a escola primária” (p. 47). Sendo assim, e se a criança tem interesse, por

que não iniciar o processo de alfabetização na Educação Infantil? Ferreiro (1993)

nos diz que:

[...] não é obrigatório dar aulas de alfabetização na pré-escola,

porém é possível dar múltiplas oportunidades para ver a professora

ler e escrever: para explorar semelhanças e diferenças entre textos

escritos: para explorar o espaço gráfico e distinguir entre desenho e

escrita: para perguntar e ser respondido: para tentar copiar ou

construir uma escrita: para manifestar sua curiosidade em

compreender essas marcas estranhas que os adultos põem nos

mais diversos objetos.

A criança, desde pequena, começa a desenvolver a escrita, um exemplo

disso são as garatujas, tentativas de escrita que não devem ser concebidas pelo

professor como simples rabiscos porque nelas há um processo de construção

pessoal (Teberosky e Colomer, 2003). Após as garatujas, a criança, com o estímulo

e interferência do professor, vai aprimorando o conhecimento alfabético e

avançando na escrita, passando por diferentes níveis, até chegar à escrita alfabética

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(Ferreiro e Teberosky identificaram, na pesquisa deu origem ao livro Psicogênese da

Língua Escrita (1999), cinco níveis pelos quais a criança passa para chegar à escrita

alfabética: pré-silábico I; pré-silábico II; silábico; silábico-alfabético e alfabético).

Portanto, independente da visão que a instituição tem sobre o trabalho com a

alfabetização em turmas de pré-escola, sabe-se da importância de desenvolver

práticas de letramento nas atividades que envolvem o trabalho com a linguagem.

De acordo com Ferreiro e Teberosky (1999, p. 5) a alfabetização inicia-se

muito antes do que a escola imagina, transcorrendo por vários caminhos. De acordo

com as autoras, nenhuma criança entra na escola regular sem nada saber sobre a

escrita (ibidem, p.8). Desta forma, pode-se afirmar que a alfabetização não ocorre

isoladamente e em um determinado período da vida escolar do educando, ela é um

processo que acontece antes, durante e depois da vida escolar.

A criança aprende a ler e a escrever da mesma forma que aprende a falar,

dependendo da influência e motivação do meio ambiente em que vive. Segundo

PEREZ (1992, p. 66):

A alfabetização é um processo que, ainda que se inicie formalmente

na escola, começa, de fato, antes de a criança chegar à escola,

através das diversas leituras que vai fazendo do mundo que a cerca,

desde o momento em que nasce e, apesar de se consolidar nas

quatro primeiras séries, continua pela vida a fora. Este processo

continua apesar da escola, fora da escola, paralelamente à escola. A

criança vai construindo conhecimentos sobre o mundo em que vive.

Nesse processo de construção está inserida a escrita, como um objeto

cultural socialmente construído.

Desta forma, pode-se perceber a importância do processo de alfabetização na

Educação Infantil, no entanto, muitos pais e professores tem dúvidas se o ensino e a

aprendizagem da leitura e escrita é função dessa fase de ensino. Mas o que se

analisa é que atualmente a função pedagógica da pré-escola envolve o

favorecimento de novas aprendizagens, considerando as crianças como parte da

totalidade que as envolve. Todas as atividades desenvolvidas nessa etapa de ensino

precedem, de alguma forma, a aprendizagem das técnicas de leitura e escrita e,

sem dúvida, beneficiam o processo de alfabetização.

Brandão e Rosa (2011) na obra Ler e Escrever na Educação Infantil:

discutindo práticas pedagógicas, contribui muito com a ampliação do olhar sobre a

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leitura e a escrita com crianças que ainda não sabem ler e escrever

convencionalmente. Para as autoras,

(...) ler e escrever constituem um patrimônio cultural que deve ser

disponibilizado a todos. Considerando, portanto, que a cultura letrada

faz parte do nosso cotidiano, ainda que se apresente com nuances

específicas para segmentos diferenciados da população, entendemos

que a leitura e a escrita também interessam às crianças, incluindo as

menores de seis anos. (Brandão e Rosa, 2011, p. 7)

Nessa opção, o processo de leitura e escrita se inicia de forma lúdica e

divertida, não negando o direito ao conhecimento nem tampouco o direito de ser

criança. Por isso é preciso um preparo, planejar, pensar em situações de

aprendizagem que abranjam esses interesses, fazendo com que o ensino da língua

escrita esteja em harmonia de maneira a “integrar projetos de trabalho em que as

crianças estão envolvidas, bem como entrar nas atividades de sua rotina no

ambiente educativo, de modo a não quebrar o significado assumido por essas

ferramentas na nossa cultura” (Brandão e Leal, 2011, p. 30).

É através de atividades dinâmicas e construtivas que a criança aprende a ler

o mundo a sua volta. No entanto, faz-se necessário que a criança realmente esteja

motivada e sinta desejo de participar das atividades individualmente e com o grupo

para que se efetive os objetivos propostos.

Nas brincadeiras de ler por exemplo, as crianças aprendem e desenvolvem

atividades que contribuem para o enriquecimento da linguagem oral, ampliação do

repertório textual e comportamento leitor dos educandos. A leitura já faz parte do dia

a dia das crianças pequenas, nos ambientes em que vivem é possível ajudá-las a

imergir ainda mais na cultura escrita, através de brincadeiras. Uma das formas de

contato com a leitura e a escrita de maneira prazerosa, por exemplo, é a roda de

histórias, Brandão e Rosa (2011, p. 33-34) justificam a importância desse momento

para avaliar a qualidade da Educação Infantil, são postos alguns indicadores como:

leitura diária de histórias realizadas pelas professoras, incentivo às crianças para

manusear livros e o incentivo às crianças para que recontem as histórias lidas ou

ouvidas.

Nesse mesmo sentido, pode-se constatar a leitura frequente de histórias para

crianças é a principal e indispensável atividade de letramento na educação infantil,

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uma vez que essa atividade leva a criança a se familiarizar-se com a texto além de

enriquecer o seu vocabulário e proporcionar o desenvolvimento de habilidades de

compreensão da leitura.

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3 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

O presente trabalho se desenvolveu em torno da temática das práticas de

letramento e alfabetização na educação infantil, de modo específico, nos anos finais

dessa etapa de ensino, isto é, na pré-escola. Tendo como objetivo analisar e

apresentar uma pesquisa com fundamentos teóricos sobre o processo de

alfabetização e as diferentes possibilidades de se aprender a ler e escrever na

Educação Infantil. Essa temática faz parte do Trabalho de Conclusão de Curso na

modalidade de Projeto Vivencial - TCC/PV tendo como objeto de estudo

“Alfabetização na Educação Infantil: reflexões sobre a leitura e escrita na pré-escola”,

e tem como base o eixo temático escolhido “A relação entre Aprendizagem Escolar e

Trabalho Pedagógico”. Esse projeto é decorrente do Curso de Especialização em

Coordenação Pedagógica – CECOP 3, oferecido por uma parceria entre a

Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Escola de Gestores do Ministério da

Educação (MEC), tendo como Pólo a cidade de Caetité- Bahia.

3.1 O ESPAÇO DA PESQUISA

O Centro de Educação Infantil Gente Nova é a escola na qual atuo como

Coordenadora Pedagógica, localizada no Município de Caculé – BA, fundado em

2006 como uma instituição da rede pública de Ensino Infantil, devido a necessidade

de atender as crianças na faixa etária de 4 e 5 anos de idade. Tem sua área de

atuação estendida ao centro e todos os bairros da cidade, atendendo atualmente a

uma clientela de duzentos e noventa e três alunos no total, sendo cento e cinquenta e

dois no turno matutino e cento e quarenta e um alunos no turno vespertino,

matriculados no Infantil I e Infantil II, tendo em média de 5% dos alunos residentes na

zona rural.

A instituição conta com uma diretora, vice-diretora, uma coordenadora

pedagógica, secretária, merendeiras, auxiliares de serviços gerais e duas porteiras. O

corpo docente é constituído por dezoito profissionais em educação, em sua maioria

concursada e licenciada ou licenciando em alguma área específica, sendo uma

contratada e tendo o curso de magistério.

Em relação à caracterização socioeconômica e cultural das famílias das

crianças, são de classe média e baixa, predominando famílias onde pais e mães

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trabalham como faxineiras, pedreiros, comerciantes, recepcionistas, lavradores têm

também filhos de professores da nossa escola, crianças de profissionais da área de

saúde e do executivo; uma parte dessas famílias encontra-se desempregados. De

acordo com a Proposta Política Pedagógica da Escola e da coleta de dados para

informações escolares, pode-se perceber que a maioria dos membros da família

dessa instituição tem nível de escolaridade entre o ensino fundamental completo e

incompleto, ensino médio. Apesar dos problemas, como a falta de formação

continuada para as professoras, espaço físico não adaptado inteiramente para essa

faixa etária das crianças, falta de assistência por parte de alguns pais, acreditamos

que com o trabalho em equipe, a parceria com os pais e a Secretaria Municipal da

Educação e Cultura - SMEC, possamos oferecer um ensino de qualidade para as

crianças desta comunidade.

O Centro de Educação Infantil Gente Nova é mantido pelo poder público

através da Secretaria Municipal da Educação e Cultura, mantendo parceria com as

Unidades de Saúde, Conselho Tutelar e Secretaria de Assistência Social. Sua

organização é estabelecida de acordo com as normas municipais e pelo regimento

interno, documento este, baseado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

de 1996 (LDBEN), nas resoluções governamentais do município e no Estatuto da

Criança e do Adolescente.

A escola se propõe a um trabalho baseado nas diferenças individuais e na

consideração das peculiaridades das crianças na faixa etária atendida pela Educação

Infantil. Embora as crianças desenvolvam suas capacidades de maneira heterogênea,

a educação proposta pelo Centro de Educação Infantil Gente Nova tem por função

criar condições para o desenvolvimento integral de todas as crianças, considerando,

também, as possibilidades de aprendizagem que apresentam nas diferentes faixas

etárias, através de uma atuação que propicia o desenvolvimento de capacidades

envolvendo aquelas de ordem física, afetiva, cognitiva, ética e no processo da leitura

e escrita dos alunos.

Sendo assim, é importante a formação continuada dos professores e o

compromisso da equipe na educação infantil para atender as mudanças e interferir no

processo ensino-aprendizagem por meio de ações que incentivem e incrementem o

trabalho com as crianças para a melhoria da socialização, afetividade e

aprendizagem dos alunos.

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São cinco dias semanais em horário normal em sala de aula, com três horas e

quarenta e cinco minutos de duração em atendimento em sala de aula. E para a

organização da escola, é utilizado quatro horas para realização do planejamento

quinzenal, socialização entre professores, troca de experiências e estudo juntamente

com a Direção e Coordenadora Pedagógica.

Durante o ano, a escola desenvolve o projeto de leitura que tem como principal

objetivo desenvolver e estimular na criança o prazer pela leitura, incentivando o

hábito através da realização dos contos em livros infantis, proporcionando à criança

momentos de interação com material escrito na perspectiva de ampliação das

experiências de práticas de letramento. As crianças têm a oportunidade de levar para

casa um exemplar do cantinho da leitura, para que no outro dia elas possam fazer a

contação da história lida com seus pais. A instituição não dispunha de uma biblioteca,

no entanto, o acervo da escola fica à disposição das professoras, organizado no

“Cantinho da leitura” nas salas de aula.

Rodas de leitura são feitas num canto específico da sala, onde as crianças

ficam à vontade para ouvir as histórias. Nesse sentido, Faria e Mello (2009, p. 13)

elucidam que “[...] o canto da leitura torna-se um lugar onde o conteúdo é fascinante.

O fato de que a criança pode fantasiar faz de qualquer lugar um espaço fantástico”.

Esse e outros projetos realizados na escola são proporcionados aos alunos

possibilitando situações de leitura e escrita no seu dia a dia. Acredito que ações de

extensão como esta, contribuem não somente para o desenvolvimento linguístico oral

das crianças, mas também para a inovação das práticas pedagógicas realizadas

pelos professores da escola.

Conforme Brandão e Leal (2011), ao brincar de ler as crianças vão

desenvolvendo as competências culturais que as práticas de leitura proporcionam,

apropriando-se da linguagem oral e escrita, a partir do reconhecimento dos textos

literários, apresentando em suas falas a formação do comportamento leitor.

Propomos assim, uma forma de incentivar os futuros leitores, de modo que as

crianças, desde pequenas, possam usufruir prazerosamente desta competência

cultural, que é a leitura.

Os alunos do Centro de Educação Infantil Gente Nova do Pré I (4 anos) ao Pré

II (5 anos) utilizam um material didático estruturado do Programa Alfa e Beto Pré-

escola. O conjunto de materiais inclui livros para alunos e professores, além de

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ferramentas pedagógicas para toda a classe e um Manual para a escola com

orientações para a implementação adequada do Programa.

Todas as crianças recebem cada uma, três livros voltados para o

desenvolvimento de habilidades e competências próprias da idade. Cada classe

ganha ainda um livro gigante, cartazes com letras do alfabeto, materiais para

desenvolver atividades em grupo e um par de Bonecos Alfa e Beto, parceiros

preciosos para ensinar comandos, organizar atividades, promover transições.

Os professores recebem o Manual da Pré-escola, com informações básicas

sobre o programa de ensino, o Manual do Livro Gigante Conte Outra Vez e Chão de

Estrelas, e o Manual da Consciência Fonêmica. Esse por sua vez, apresenta um

conjunto de atividades lúdicas para ajudar as crianças a identificar os fonemas,

grafemas e suas relações, ou seja, os sons que as letras representam. Os bonecos

Alfa e Beto são envolvidos nas brincadeiras que introduzem as atividades e dão o tom

de brincadeira. De acordo com João Batista Araújo e Oliveira, presidente do IAB,

A forma privilegiada da criança aprender é brincando. Mas brincar por

brincar não é suficiente. Seja em casa, com a babá, cuidadores ou em

instituições de Educação Infantil, a criança precisa brincar enfrentando

estímulos e desafios compatíveis com o seu nível de desenvolvimento e

capazes de estimulá-la a ir além.

No Livro de Atividades há 400 atividades para o Pré-I e 480 atividades para o

Pré-II. As atividades são contextualizadas nas leituras do Livro Gigante, integram as

rotinas de cada dia no contexto de uma atividade significativa e contribuem para

desenvolver, a cada semana, um conjunto das 250 competências que integram o

programa da Pré-escola.

Pode-se perceber que este material bem como o acompanhamento que o

programa oferece e contribui de forma significativa para a formação do hábito de

leitura que está fortemente associada ao desenvolvimento cognitivo da linguagem, à

maior facilidade para aprender a ler de forma lúdica, favorecendo assim ao processo

de alfabetização e letramento.

3.2 O PERCURSO METODOLÓGICO

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Na busca por respostas e dados sobre como acontecem as práticas de

alfabetização e letramento, antes do ensino fundamental, mais especificamente na

pré-escola, e no que isso irá repercutir no desenvolvimento da criança, o presente

trabalho foi desenvolvido através da metodologia da pesquisa-ação, buscando dados

reais na escola em que atuo com entrevistas e questionários estruturados. Segundo

Thiollent (1986),

Pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que

é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou

com a resolução de um problema coletivo e no qual os

pesquisadores e os participantes representativos da situação ou

problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo

(1986, p.14).

Com ela é necessário produzir conhecimentos, adquirir experiência, contribuir

para discussão ou fazer avançar o debate acerca das questões abordadas. A

pesquisa-ação pode ser vista como modo de conceber e de organizar uma pesquisa

social de finalidade prática e ·que esteja de acordo com as exigências próprias da

ação e da participação dos atores da situação observada.

O instrumento de coleta de dados escolhido foi o questionário, a partir dele

será possível apresentar algumas concepções analisadas pelas professoras de como

acontece o processo da leitura e escrita na Educação Infantil. Quanto ao uso de

questionário como instrumento de coleta de dados, Thiollent (1986) afirma que, a

partir da observação direta, se estabelece um contato afetivo com as pessoas,

segundo o autor “Questionários, formulários e entrevistas são considerados como

técnicas de observação direta pelo fato de estabelecerem um contato efetivo com as

pessoas implicadas no problema investigado. (p. 32)

A escolha pelo tema “Alfabetização na Educação Infantil: reflexões sobre a

leitura e escrita na pré-escola”, deu-se principalmente por ser um assunto no qual

sempre me interessei, pelo menos desde quando atuo nesta área. Sempre ouvi falar

que não se alfabetiza na educação infantil, portanto, por tentar responder às

inquietações dos pais, professores e principalmente as minhas, decidi por realizar

uma pesquisa com fundamentos teóricos sobre o processo de alfabetização e as

possibilidades de se aprender a ler e escrever nas séries finais da educação infantil.

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Por acreditar ainda que na escola em que atuo como coordenadora

pedagógica já acontece esse processo normalmente onde é oferecido um espaço de

acesso à leitura e escrita, através do Projeto de Leitura, do Material estruturado

utilizado pela escola do Programa Alfa e Beto e entre outros meios, busco trazer

nesta pesquisa desígnios já determinados, os quais confrontam com situações reais

de aprendizagem. Procurei assim, embasamento teórico para explicar que a

alfabetização e o letramento já ocorrem com as crianças da pré-escola do Centro de

Educação Infantil Gente Nova e para buscar dados reais de aprendizagens, além da

minha experiência como coordenadora dessa escola há mais de seis anos, foi

realizado uma entrevista com as professoras atuantes a anos na educação Infantil

através de um questionário onde elas puderam compartilhar suas teorias e

experiências.

A pesquisa contou com a participação de quatro professoras do Centro de

Educação Infantil Gente Nova para investigar como a educação infantil auxilia no

processo de alfabetização e letramento, buscamos elencar os recursos utilizados pela

docente na sala de aula. Os procedimentos adotados para a coleta de dados foram

os seguintes: • Aplicação de questionário com as professoras da escola, com o objetivo de verificar

a concepção de Alfabetização e de letramento na educação infantil destas

profissionais da educação. • Observação sistemática com objetivo de identificar quais são recursos utilizados

pelas professoras que respalda o processo de alfabetização e letramento. Tendo

como foco da investigação as atividades realizadas que estimulam o desenvolvimento

do letramento infantil. • Análise documental com base no Projeto Político Pedagógico do Centro de

Educação Infantil Gente Nova, bem como o seu regimento, para a caracterização da

instituição.

3.3 OS DADOS DA PESQUISA: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO

A pesquisa de campo nos possibilita observar no contexto escolar, os recursos

pedagógicos mais utilizados no processo de alfabetização e letramento, e

concomitantemente com essas práticas direcionadas à alfabetização vivenciadas na

pré-escola, as crianças estão rodeadas de eventos de letramento nas diversas

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esferas da vida social. Sabemos que nas instituições educativas, essas ações podem

ser vivenciadas em maior ou menor grau, dependendo do trabalho da educadora, isto

é, caso ela considere relevante propiciar condições para a promoção do

desenvolvimento não apenas da alfabetização, mas também do letramento. Assim,

cabe refletir: em que medida, educadoras da pré-escola consideram favorecer o

desenvolvimento dos processos de alfabetização e letramento de seus alunos?

Com o intuito, então, de refletir em torno dessa questão, este estudo foi

direcionado ao desenvolvimento dos processos de letramento e alfabetização de seus

alunos. Dessa forma pode-se confrontar os relatos adquiridos, mediante as

entrevistas com as professoras e as observações realizadas, com a teoria auferindo

reflexões significativas.

Assim, o questionário buscou respostas para as seguintes questões:

1) Qual sua concepção de Educação Infantil? 2) Em sua opinião, a criança deve ser alfabetizada e letrada na educação infantil? E

como isso pode acontecer? 3) De que forma a criança aprende? 4) Para você como se desenvolvem as práticas de alfabetização e letramento na

Educação Infantil? 5) Quais são os recursos que você utiliza para promover o conhecimento de mundo

para as crianças? 6) Qual o espaço da literatura infantil em sua atuação docente? 7) É possível oferecer um espaço de leitura e escrita na sala de aula na Educação

Infantil, sem ser cobrado o processo de alfabetização? Como?

A título de identificação, as envolvidas na investigação foram nomeadas da

seguinte forma: Professora A – Pré I do turno matutino

Professora D – Pré II de ambos os turnos

Professora K – Pré II do turno matutino

Professora V – Pré I do turno vespertino

Observou-se que, das quatro educadoras entrevistadas, três possuem

formação em nível superior e uma estava em formação (concluindo o curso de

Pedagogia). Todas juntavam muita experiência na educação infantil, uma vez que o

tempo de atuação delas nessa modalidade de ensino variava entre 4 e 9 anos.

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Professora Formação Tempo de Tempo de entrevistada atuação como atuação na

Educadora Educação Infantil

Professora A Licenciatura em Pedagogia 4 anos 4 anos

Letras Vernáculas/

Professora D Especialização em

Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e Estrangeira

25 anos 9 anos

Professora K Licenciatura em Biologia

10 anos 8 anos

Professora V Licenciatura em História

9 anos 9 anos

3.4 O PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL: COMPARTILHANDO EXPERIÊNCIAS

Quando indagadas sobre o conceito de Educação Infantil, as respostas das

professoras foram semelhantes, não se distanciaram do que realmente dizem as

teorias sobre educação infantil. Em suas respostas, as professoras passaram a ideia

de que a educação infantil é a base, é quando a criança reúne as informações que

darão o respaldo necessário para os próximos processos escolares. Dando a ideia

de que educação infantil é lugar onde a criança se sinta segura para dar os seus

primeiros passos em direção à vida escolar.

A Professora V diz que ela vê a Educação Infantil como a “porta de entrada

para o mundo da educação. E esta conduzirá a criança a uma educação bem

edificada e motivadora, onde o fascínio pelo aprender seja constante.”

As teorias que reforçam essa ideia da educação vista como a base entendem

o desenvolvimento da criança a partir de suas interações com o meio. Ou seja, é

preciso partir da realidade da criança e do que ela já traz consigo para desenvolver

novas aprendizagens. De acordo com Oliveira (2000):

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O ambiente, com ou sem o conhecimento do educador, envia mensagens e, os que aprendem, respondem a elas. A influência do meio através da interação possibilitada por seus elementos é contínua e penetrante. As crianças e ou os usuários dos espaços são os verdadeiros protagonistas da sua aprendizagem, na vivência ativa com outras pessoas e objetos, que possibilita descobertas pessoais num espaço onde será realizado um trabalho individualmente ou em pequenos grupos. (OLIVEIRA, 2000, p.158)

Quando a professora K responde à questão: Como a criança aprende? Ela traz

o lúdico como principal ferramenta para o desenvolvimento infantil, para ela “os jogos

e brincadeiras são fundamentais para a aprendizagem da criança, principalmente no

aspecto cognitivo pois proporciona criatividade, com o objetivo de desenvolver suas

habilidades (...) garantem divertimento, alegria e aprendizagem”. O brincar como um

dos aspectos citados pela professora é de grande relevância para o desenvolvimento

infantil principalmente se for mediado por um adulto, segundo Leal e Silva (2011):

Assim, entendemos que tanto as brincadeiras livres ou espontâneas quanto aquelas apoiadas pelos adultos podem ter um efeito positivo no desenvolvimento infantil e devem estar presentes na educação de crianças pequenas (Leal e Silva, 2011, p. 54)

Ainda na questão de como a criança aprende, a professora D menciona a

observação como um meio da criança aprender, como afirma o trecho a seguir:

Acredito que a criança aprenda num processo continuo de observar, classificar, encontrar semelhanças e diferenças entre as coisas, os objetos, os fenômenos da natureza, etc. E, sempre podemos observar que as crianças esperam de nós uma opinião a respeito do que elas fazem, dizem ou produzem. (Professora D)

Nessa mesma perspectiva a professora V também responde que “a criança

aprende pelo exemplo, ao observar as pessoas adultas no meio em que vive, na

escola e no grupo social. Aprende ainda experimentando, brincando...”, a esse

respeito Leal e Silva (2011) afirmam que,

ao brincarem, elas vivenciam situações em que imitam o mundo adulto, e, consequentemente, aprendem sobre a sociedade, sobre as relações sociais e sobre o papel da linguagem nas variadas situações.

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Vivenciam experiências em que exercitam a produção de textos diversos, realizando variações decorrentes dos tipos de interação social. (Leal e Silva, 2011, p. 60)

Acredito assim que a criança como um ser ativo necessita ir além dos

conhecimentos teóricos e aprender através dos sentidos, de seus movimentos e de

suas ações, ela aprende vivendo, experimentando, fazendo descobertas, agindo.

Ao responderem se a criança deve ser alfabetizada e letrada na Educação

Infantil e como isso deve acontecer, pode-se perceber uma certa insegurança e

timidez em algumas das docentes entrevistadas em relação a esses processos. Mas

a maioria apresentou definições bastante abrangentes, abarcando não apenas as

habilidades desenvolvidas no processo de alfabetização, mas também do letramento:

Sobre a alfabetização e letramento na educação infantil, penso que a criança não deva ser alfabetizada, o que não a impede de estar inserida em um ambiente alfabetizador, que lhe proporcione meios para que ela possa interagir com o conhecimento e com crianças da mesma faixa etária. Nesse ambiente, o letramento pode acontecer da forma mais natural e lúdica possível, com a prática de atividades que despertem a imaginação, que motive a ação, o ato de criar e recriar; e também com leituras de livros, dramatizações de histórias e afins. (Professora D)

De modo semelhante, a Professora V apresentou uma visão abrangente sobre

esse processo. Para ela, a criança deve ser alfabetizada na Educação Infantil,

Desde que o ato de alfabetizar seja condizente com a fase que se encontra. O ato de alfabetizar deve ser de forma dinâmica, respeitando o ritmo da criança, sem pressão psicológica, para que ela tenha seus primeiros contatos com o mundo letrado enquanto brinca, observa cartazes ou na hora da história. Tendo a consciência que o objetivo não é que a criança leia o que está escrito, mas que desperte nela o desejo de se comunicar através do mundo da leitura. (Professora Vanda)

A professora A em sua resposta demonstra a importância de que esse

processo se dê de forma “gradativa, no qual aconteça no decorrer dos anos de

permanência da criança na escola, sendo que, começa na educação infantil e se

estenda até os primeiros anos do ensino fundamental” (Professora A). Ela ressalta

ainda a oralidade como fator que contribui para os processos de letramento,

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oportunizando as crianças da educação infantil familiarizar-se com a língua escrita em

suas diversas formas.

Ainda por meio do questionário procurei saber como se desenvolvem as

práticas de alfabetização e letramento na Educação Infantil e quais recursos

utilizados por elas para promover um conhecimento de mundo para as crianças. A

professora V afirma que a melhor maneira é “através da leitura de livros infantis,

mostrando as crianças o título, com que letra começa a palavra, etc... com jogos,

brincadeiras envolvendo rimas (sons das letras)”, usando como recursos “livros,

revistas, rótulos, imagens de obras de arte, módulos do Instituto Alfa e Beto.”

Segundo as demais professoras,

Tais práticas de alfabetização e letramento pressupõem-se o fazer de acordo com a maturidade da criança, respeitando-se os limites. Isso implica em uma prévia organização do material a ser disponibilizado ao educando nessa fase (ou fases) e um planejamento bem estudado sobre o que ensinar. Os recursos devem estar de acordo com a idade, com o interesse e, pedagogicamente, devem constituir algo significativo que venha a criar bases para o progresso físico, social e escolar do mesmo. (Professora D)

Fica claro também que na prática do ensino da leitura e escrita realizada pelas

professoras, alfabetização e letramento caminham juntos, o que configura uma

compreensão por parte delas, que os dois processos fazem parte da entrada da

criança no mundo da escrita, embora tenham dificuldade em defini-los.

De acordo com a professora A ela emprega “como estratégia no ensino da

leitura, o uso de quadrinhas, parlendas, músicas, poesias, receitas, rótulos e cartazes

na leitura coletiva de diferentes gêneros, além da leitura compartilhada (roda de

histórias) ” onde a professora lê historias para os alunos.

Observa-se que as educadoras buscam recursos no qual os alunos vivenciem

as funções sociais da leitura e da escrita e os utilizavam em diversas situações de

interação social nos jogos, nas brincadeiras, na construção de livros de parlendas ou

receitas, nos trava-línguas, nas conversas da rodinha etc. Essas situações permitem,

entre outras coisas, a liberdade de expressão e a vivência de diferentes linguagens.

Inclusive a leitura das histórias infantis considerada por Soares (2009) na mais

importante e imprescindível atividade de letramento na educação infantil.

De alguma forma, o trabalho descrito por elas evidencia o desenvolvimento do

letramento, ainda que de maneira não intencional, em razão, principalmente, do

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caráter lúdico característico das atividades da educação infantil. Isso pode ser

observado quando elas citam os recursos que utilizam para trabalhar esses

processos:

São diversos os recursos utilizados, dentre eles posso citar: as músicas, brincadeiras, livros infantis, contação de histórias, conversas informais, objetos concretos. Procuro usar de diversas metodologias e recursos para que eu possa transmitir o conhecimento, atendendo a necessidade das crianças para o desenvolvimento satisfatório. (Professora K)

De acordo com o relato a seguir, a professora D caracteriza sua maneira de

transmitir conhecimentos:

A fim de que a criança seja participante do mundo em que vive, com liberdade para pensar e agir, se apropriando de forma espontânea do conhecimento, procuro disponibilizar os recursos materiais e imateriais, na forma de livros, áudios, vídeos, brinquedos, sucatas, cultura regional, histórias e lendas, apoio afetivo e transmitir também segurança, credibilidade e incentivos positivos. Na sala de aula, todas as atividades a serem desenvolvidas devem estar relacionadas ao desenvolvimento psicomotor, afetivo e cognitivo. De forma que não acredito na existência de um livro que cumpra todas as necessidades educacionais. Há muito mais o que se fazer e esse pensamento nos deixa com aquela sensação de ansiedade e despreparo para lidar com determinadas situações em sala de aula. No entanto, a cada descoberta feita pela criança, nos reanimamos e recomeçamos com um novo olhar e a esperança de que podemos transformar vidas. Isso é mágico!

Através da observação feita em sala de aula, é possível constatar a aplicação

de atividades variadas, utilizando a Literatura Infantil no desenvolvimento de

linguagens das crianças. Além da contação de histórias com o uso do livro, foi

possível observar em outros momentos o uso de fantoches, figuras com sequência de

cenas, como também cantigas populares, parlendas e poesias, havendo grande

interesse das crianças por estas atividades

De uma forma ou de outra, as descrições das educadoras em relação à suas

práticas pedagógicas evidenciam que elas favorecem o desenvolvimento das

habilidades da alfabetização e do letramento dos alunos, embora o trabalho da

maioria voltado para o desenvolvimento desses dois processos não seja intencional.

Acabam promovendo o desenvolvimento das habilidades do letramento com

atividades voltadas para a alfabetização, principalmente pelo caráter lúdico

característico das atividades da pré-escola.

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3.5 PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO: TRAÇANDO POSSIBILIDADES DE AÇÃO

A partir dos resultados encontrados na análise de dados e do Projeto Político-

Pedagógico, junto a observação do cotidiano na sala de aula, do planejamento que se

dá enquanto coordenadora pedagógica dentre outros, pode-se afirmar que o

letramento e a alfabetização estão presentes nas atividades que permeiam toda a

educação infantil de modo específico na pré-escola. Cabe à educadora infantil

conscientizar-se e perceber a complexidade desses processos, de modo a refletir em

sua prática pedagógica sobre a presença desses instrumentos.

Diante disso, faz-se necessário a construção de estratégias metodológicas que

viabilizem o desenvolvimento significativo da alfabetização, a partir de aspectos

teóricos que subsidiem as ações inovadoras e que orientem para a superação de

problemas identificados no processo de ensino e aprendizagem das crianças.

O desafio é repensar a alfabetização e letramento, a partir dos dados coletados

e analisados, com o propósito de contribuir com a construção de metodologias que

levem à formação de leitores e escritores e não apenas sujeitos que possam

“decifrar” o sistema da escrita. Essa tomada de decisão justifica-se em razão da

alfabetização ser muitas vezes compreendida como abordagem mecânica do

ler/escrever, limitando-se a uma mera decodificação dos sinais gráficos.

Assim, tendo em vista a falta de uma formação continuada na qual o professor

possa analisar e compreender teoricamente o processo de letramento e

alfabetização, decorrentes dos vários estudos sobre a psicogênese da língua escrita,

propõe-se a organização de um grupo de estudo sobre tal temática, recorrendo as

pesquisas desenvolvidas na área. Deste modo, a questão não é simplesmente

discutir se deve ou não alfabetizar já na educação infantil, mas sim como fazê-lo,

considerando as especificidades da criança na faixa etária de 4 e 5 anos, ampliando

essa discussão com vistas a compreender melhor a dinâmica desse processo dentro

das salas de educação infantil.

Espero que este contribua para melhor responder sobre como oferecermos um

espaço de acesso à leitura e escrita na Educação infantil (pré-escola), sem que isso

prejudique a aprendizagem lúdica das crianças nesta etapa de ensino e como

acontece a alfabetização e letramento, antes do ensino fundamental e no que isso irá

repercutir no desenvolvimento dos alunos.

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Acredito que é possível delimitar algumas ações que viabilizem o processo de

reflexão e problematização sistemática sobre as práticas de alfabetização e as

diferentes possibilidades de se aprender a ler e escrever na Educação Infantil.

As ações abaixo foram pensadas no intuito de organizar um grupo de estudo

sobre o processo de construção da leitura e escrita pelas crianças, onde alguns

conhecimentos serão acrescidos dos saberes que as educadoras do Centro de

Educação Infantil Gente Nova foram construindo por meio de suas experiências.

Dentre elas estão:

1. Reunião de conscientização: Discutir as ações para formação do grupo de

estudos voltados para a temática onde possa atender as necessidades dos

participantes, tendo como eixo principal dessa formação, os processos de

alfabetização e letramento presentes na Educação Infantil e nos Anos

Iniciais do Ensino Fundamental.

2. Relatos construtivos das práticas vivenciadas: Construção dos relatórios

parciais pelas professoras, coordenadora e a gestão escolar.

3. Socialização das práticas: Pretende-se produzir textos escritos que

subsidiarão os relatórios parciais e finais além de propiciar momentos de

pesquisa e reflexão sobre questões pertinentes à docência. Os resultados

desta produção escrita poderão se constituir em artigos que possibilitem a

participação de todos.

4. Construção de materiais didáticos para o trabalho com classes de

alfabetização: construção de jogos didático pedagógicos para auxiliarem na

prática pedagógica da sala de aula, despertando a curiosidade e

promovendo o prazer ao aprender. Pode-se aproveitar as sugestões dos

livros do Programa Alfa e Beto já utilizados em sala de aula pelos

professores de Pré-escola do Centro de Educação Infantil Gente Nova.

5. Inserção de práticas pedagógicas lúdicas: Resgate das brincadeiras

infantis, estimulando o gosto e o interesse pela leitura como fonte de

informação e recreação, através de atividades lúdicas.

Remetendo este pensamento ao contexto da Educação Infantil, isto implica em

oportunizar aos profissionais espaços de avaliação e discussão entre as demais

atividades desenvolvidas nas instituições, para que a formação aconteça como um

processo contínuo e integrado ao cotidiano, configurada não somente como

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necessidade, mas como direito e premissa para a oferta de uma Educação Infantil de

qualidade.

A formação é necessária não apenas para aprimorar a ação do profissional ou melhorar a prática pedagógica. A formação é direito de todos os professores, é conquista e direito da população, por uma escola pública de qualidade. Podem os processos de formação desencadear mudanças? Sim, se as práticas concretas feitas nas creches, pré-escolas e escolas e aquilo que sobre elas falam seus profissionais forem o ponto de partida para as mudanças que se pretende implementar (KRAMER, 2005, p. 224)

Assim é preciso pensar num paradigma de formação para os

professores em que a relação da teoria e da prática esteja presente desde o

início de forma que eles possam, em sala de aula, reconstruir as teorias

aprendidas, reformular e melhorar a sua prática. Uma formação que instrua

esses profissionais a refletir antes, durante e depois das ações realizadas e

trazer para o contexto de sala de aula a criança pequena em todas as suas

dimensões. É preciso que esses professores promovam um aprendizado que

transforme a criança em um usuário competente da língua sem esquecer o

caráter lúdico e prazeroso que deve conter as atividades desenvolvidas na

educação infantil.

3.6 CRONOGRAMA

DATA AÇÃO PÚBLICO-ALVO RESPONSÁVEL

Reunião para Professores e gestão Coordenação

Janeiro apresentação das escolar Pedagógica ações

Relatos construtivos da Coordenação

Janeiro Práticas vivenciadas Professores e gestão

Pedagógica, professores

escolar e gestão escolar

Socialização das Professores e gestão Coordenação

Janeiro práticas escolar Pedagógica

Construção de Secretaria municipal da

Fevereiro materiais didáticos

para Professores e gestão Educação e Cultura de

(Semana o trabalho com classes escolar Caculé, Coordenação

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Pedagógica) de alfabetização

Pedagógica do Centro de

Educação Infantil Gente Nova

Inserção de práticas Coordenação

Fevereiro a pedagógicas lúdicas Professores e gestão

Pedagógica, professores

Dezembro escolar e gestão escolar

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4 TECENDO ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Ao finalizar o trabalho, busco apresentar algumas considerações que

responde como acontece o processo de alfabetização e letramento antes do ensino

fundamental e no que isso irá repercutir no desenvolvimento dos alunos. Através do

embasamento teórico, da realização da análise de dados, bem como a observação

constante em sala de aula, posso considerar que, embora a alfabetização não seja o

objetivo dessa etapa de ensino, é importante que a leitura e a escrita façam parte do

processo de ensino e aprendizagem na Educação Infantil, mais especificamente na

pré-escola, uma vez que a criança já chega na escola com habilidades e um

conhecimento preestabelecido de acordo com o mundo em que vive.

É importante que o educador tenha maior conhecimento e consciência do

trabalho com alfabetização, levando em conta os detalhes referentes ao processo.

Consciente de seu papel no processo de alfabetização, o educador pode realizar um

trabalho de ação pedagógica com enfoque no desenvolvimento e construção da

linguagem, cuja prática pedagógica se apresente em forma de propostas de jogos e

atividades que permitam à criança pensar e dialogar com a linguagem.

Ao se tratar do processo de alfabetização e letramento, pode-se concluir que

estes estão presentes nas atividades que permeiam toda a educação infantil, de

modo específico na pré-escola. Cabe à educadora infantil perceber a complexidade

desses processos, de modo a refletir em sua prática pedagógica sobre a presença

desses instrumentos. E, ainda, compreender o trabalho a ser desenvolvido em torno

desses processos nessa modalidade de ensino.

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BRANDÃO, Ana Carolina Perussi; ROSA, Ester Calland de Sousa. Brincando, as crianças aprendem a falar e a pensar sobre a língua. In: BRANDÃO, Ana Carolina Perussi; ROSA Ester Calland de Sousa (org). Ler e escrever na Educação Infantil: discutindo práticas pedagógicas. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011.

FARIA, Ana Lúcia Goulart de; MELLO, Suely Amaral (orgs.). Linguagens Infantis: outras formas de leitura. 2º ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2009.

FERREIRO. Emília. Com todas as letras. São Paulo: Cortez, 1993.

FERREIRO Emilia e TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. KRAMER, Sonia. Profissionais de Educação Infantil: Gestão e Formação. São Paulo: Ática, 2005.

OLIVEIRA, Vera Barros de. O brincar e a criança do nascimento aos seis anos. Petrópolis: Vozes, 2000

PEREZ, Carmen Lúcia Vidal. O prazer de descobrir e conhecer. IN: GARCIA, Regina Leite (org.). Alfabetização dos alunos das classes populares, ainda um desafio. São Paulo: Cortez, 1992.

SOUZA, Regina A. M. de. Letramento na educação infantil: quem tem medo do lobo mal. Inter-Ação: Rev. Fac. Educ. UFG, Goiás, n. 33, p. 265-279, jul./dez. 2008.

STEMMER, Márcia Regina G. S. A educação infantil e a alfabetização. In: ARCE, Alessandra; MARTINS, Lígia Maria (orgs). Quem tem medo de ensinar na Educação Infantil? Em defesa do ato de ensinar. São Paulo: Alínea, 2007.

TEBEROSKY, Ana; COLOMER, Teresa. Aprender a ler e a escrever: uma proposta construtivista. Porto Alegre: Artmed, 2003.

THIOLLENT, M. Crítica metodológica, investigação social e enquête operária. 3. ed. São Paulo: Polis, 1982.