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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA CECOP 3 MARIA DO SOCORRO LOPES FREIRE TELES O COORDENADOR(A) PEDAGÓGICO(A) COMO FORMADOR(A) NA UNIDADE ESCOLAR Salvador 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3

MARIA DO SOCORRO LOPES FREIRE TELES

O COORDENADOR(A) PEDAGÓGICO(A) COMO FORMADOR(A) NA UNIDADE ESCOLAR

Salvador 2015

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MARIA DO SOCORRO LOPES FREIRE TELES

O COORDENADOR(A) PEDAGÓGICO(A) COMO FORMADOR(A) NA UNIDADE ESCOLAR

Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica.

Orientador: Prof. Miguel Ângelo Serra Dourado

Salvador

2015

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MARIA DO SOCORRO LOPES FREIRE TELES

O COORDENADOR(A) PEDAGÓGICO(A) COMO FORMADOR(A) NA UNIDADE ESCOLAR

Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de Especialista

em Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola de Gestores,

Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia.

Aprovado em janeiro de 2016.

Banca Examinadora

Primeiro Avaliador (Orientador).__________________________________________

Segundo Avaliador. ___________________________________________________

Terceiro Avaliador. ____________________________________________________

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A

Minhas colegas e amigas Érica Costa e Rosimeire Paixão, que sempre estiveram ao

meu lado, com uma palavra de incentivo durante toda essa caminhada.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me permitir mais esta conquista.

A meus familiares, pelo apoio neste momento, meu muito obrigado.

A meu orientador, Prof. Miguel Ângelo Serra Dourado, pela paciência e competência

ao me auxiliar nesta jornada.

À Faculdade de Educação da UFBA e ao Programa Escola de Gestores, por levarem

a cabo esta iniciativa que beneficia tantos Coordenadores Pedagógicos como eu.

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Coordenar é uma tarefa que canaliza o esforço coletivo das pessoas para os objetivos e metas estabelecidos. (LIBÂNEO, 2004, p. 1).

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Resumo

O presente Projeto Vivencial foi redigido a partir do eixo Relações, dimensões e formas de atuação no ambiente escolar e teve como tema A formação continuada dentro da escola. O grande objetivo deste trabalho foi construir uma proposta de intervenção, voltada para este, para ser aplicada em uma escola de Ensino Fundamental do município de Cipó, Bahia. Em termos metodológicos, para efeitos da pesquisa, foi utilizada a Pesquisa-ação, uma vez que foram utilizados como instrumentos a observação direta e um questionário, respondido pelos professores, no qual eles puderam apresentar opiniões sobre o trabalho do coordenador pedagógico dentro da escola e dar sugestões de temas a serem trabalhados em formação com impacto direto no trabalho da autora deste texto. Os dados coletados a partir dos instrumentos se constituíram em um diagnóstico para elaboração de uma proposta de intervenção que será apresentada e colocada em prática no ano de 2016. Palavras-chave: Formação Continuada. Plano de ação. Questionário. Coordenador

pedagógico. Proposta de intervenção. Resultados.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CECOP Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica

CP Coordenador Pedagógico

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação

UFBA

PNAE

PPP

Universidade Federal da Bahia

Programa Nacional de Alimentação Escola

Projeto Político Pedagógico

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 09

2 O COORDENADOR PEDAGÓGICO E A REFEXÃO DAS MEMÓRIAS... 10

2.1 CONSTRUINDO UMA TRAGETÓRIA NA EDUCÃÇÃO............................ 10

2.2 ENXERGANDO A EDUCAÇÃO POR OUTROS ÂNGULOS...................... 12

2.3 BUSCANDO APERFEIÇOAMENTO........................................................... 14

3

O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA FORMAÇÂO

CONTINUADA NO AMBIENTE ESCOLAR.............................................

16

3.1 FORMAÇÃO CONTINUADA NO ESPAÇO DA ESCOLA........................ 17

4 CONHECER OS PROBLEMAS PARA INTERVIR.................................. 21

4.1 METODOLOGIA.......................................................................................... 21

4.2 CONHECENDO UM POUCO DA ESCOLA................................................ 22

4.3 COLOCANDO EM PRÁTICA O INSTRUMENTO DE PESQUISA............. 23

4.3.1 Análise dos dados.................................................................................... 23

4.4 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO............................................................... 25

4.4.1 Cronograma.............................................................................................. 26

4.5 RESULTADOS ESPERADOS.................................................................... 27

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 28

REFERÊNCIAS........................................................................................... 29

APÊNDICE.................................................................................................. 30

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1 INTRODUÇÃO

Este Projeto Vivencial tem como objeto de estudo o papel do coordenador

pedagógico (CP) como formador, visto que a realidade desse profissional é bastante

diferente do que deveria, uma vez que, por muitas vezes, ele é entendido como fiscal

ou personagem que se faz presente na escola para resolver “todos os tipos de

problemas”. Este desvio de função faz com que as atividades essenciais deste

profissional fiquem em segundo plano.

Neste sentido, este trabalho busca compreender as dificuldades

contemporâneas enfrentadas pelos CP no ambiente escolar para propor intervenções.

O conjunto destas intervenções visam tornar o espaço de atuação do CP em

momentos de comunicação, socialização e, sobretudo, formação.

A implantação de um plano de formação continuada para os docentes de uma

escola de Cipó-Ba, é nosso objetivo principal. Para tanto, ao longo deste texto

identificaremos as expectativas dos mesmos quanto ao trabalho do coordenador

pedagógico no ambiente escolar, para que as práticas sejam cada vez mais eficazes

na busca por melhores resultados no processo ensino e de aprendizagem.

Do ponto de vista estrutural, este Projeto Vivencial, está dividido em três

momentos básicos complementares. No primeiro, estão registradas minhas

experiências, acadêmica e profissional, interligadas ao meu objeto de estudo; trata-se

de um memorial. A fundamentação teórica, que traz sustentação para o trabalho com

o olhar de alguns teóricos com relação ao papel do CP nas escolas, é o segundo. O

terceiro é a Proposta de Intervenção que foi desenvolvida através desta Pesquisa-

ação.

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2 O COORDENADOR PEDAGÓGICO E A REFLEXÃO DAS MEMÓRIAS

Neste memorial registro não só a minha trajetória acadêmica e profissional,

mas, sobretudo, minhas expectativas quanto ao Curso de Especialização em

Coordenação Pedagógica, que foi e está sendo de suma importância para minha

atuação profissional. Assim, neste memorial vou relatar experiências, conhecimentos

construídos durante no tempo e espaço de minha aprendizagem, neste caso

relacionados com o meu objeto de estudo, que é o papel do coordenador como

formador de docentes.

Com a elaboração desse memorial, espero também, falar de angustias e

vitórias, que me possibilitaram avanços pessoais e profissionais, sem esquecer

também os momentos difíceis que muitas vezes me motivou a buscar soluções e

compreensão de algumas realidades através de realização de cursos, inclusive este

de Especialização em Coordenação Pedagógica que tem me proporcionado

conhecimentos e principalmente reflexão sobre minha prática.

2.1 CONSTRUINDO UMA TRAJETÓRIA NA EDUCAÇÃO

Sou graduada em Pedagogia pela Faculdade Educacional da Lapa (FAEL), na

modalidade EAD, com conclusão no ano de 2010. Enfrentei algumas dificuldades

durante o Curso, principalmente pelo longo tempo que levei para concluir o, naquela

época chamado, Segundo Grau em Magistério, que terminei em 1994.

Foi neste período de estudos no Ensino Médio que tive contato, mais próximo,

com a figura do CP na escola, porém assumindo outros papéis que não tinha relação

com formação docente. Só depois pude entender que a coordenadora na época

realizava trabalhos que não faziam parte de suas atribuições, o que não é muito

diferente hoje.

Ao concluir o antigo segundo grau, não pensava em fazer uma graduação

porque a minha cidade não possuía nenhuma Faculdade, porém depois de algum

tempo fui morar em outra cidade e surgiu a necessidade de fazer uma graduação em

Pedagogia.

O início da minha graduação foi em 2007 e, por ser uma modalidade que exigia

habilidade com as tecnologias, também precisei me adaptar a uma nova realidade e

foi mais uma novidade, também um avanço para mim. O preconceito das pessoas

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com relação à graduação nessa modalidade foi outro problema que também precisei

enfrentar.

Como estava cursando uma Faculdade à distância e precisava utilizar

constantemente as tecnologias, no caso o computador, foi necessário relembrar

algumas práticas, pois já fazia algum tempo que tinha realizado um curso de

informática.

Fiz também um curso online pela Instituição de Word e Excel em 2010. Como

algumas obrigações não me permitiam o deslocamento para a realização de cursos

presenciais, decidi fazer outro na mesma modalidade, surgiu o interesse no de

Educação Infantil que cursei na mesma instituição, também em 2010. Esse Curso foi

bastante proveitoso, pois na época lecionava numa turma de alfabetização, hoje

primeiro ano do Ensino Fundamental.

Posteriormente, participei de alguns cursos do FNDE, como Programa Nacional

de Alimentação Escolar (PNAE) e Programas do Livro, todos no ano de 2012, os quais

considerei muito importantes e esclarecedores, que todos da comunidade escolar

deveriam ter acesso, pois nos informa sobre importantes Programas e Políticas

Públicas do nosso Brasil.

Com o PNAE pude compreender melhor a finalidade social e política da

alimentação escolar como direito humano, bem como conhecer os princípios e

diretrizes do Programa. Recordo os tempos de “primário” nos anos 1984 à 1987, que

a merenda escolar nem sempre era de boa qualidade e muitas vezes nem chegava

às escolas, portanto confiro hoje maior importância à alimentação dos alunos.

O curso do Programa do Livro tinha como objetivo principal contribuir para a

melhoria da qualidade de ensino através do incentivo à leitura. Durante o curso foram

realizadas atividades variadas que permitiu perceber a importância da participação

ativa de toda comunidade escolar para o pleno exercício de cidadania.

Hoje, na maioria das escolas, encontramos bibliotecas, ou pelo menos um

cantinho no qual se pode encontrar livros de boa qualidade que possibilita ao aluno

uma prática de leitura. É mais um papel do CP junto com os docentes, elaborar um

projeto de leitura, para que esse acervo seja bem utilizado, de maneira que estimule

a leitura dos alunos.

A partir dos cursos do FNDE sobre o Programa Dinheiro Direto na Escola, pude

compreendê-lo como instrumento de transferência de recursos, inserido na política de

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descentralização para passar para minha comunidade escolar informações básicas

sobre a operacionalização do PDDE, bem como a prestação de conta.

No ano de 2013, participei da formação para a Prova Brasil, obtendo

informações importantes sobre essa ação, que tem como objetivo não só avaliar o

aluno, mas utilizar os resultados para realizar um diagnóstico do ensino no nosso país.

Este ano mais uma vez estarei participando desse processo que não é tão

simples, pois é uma missão de todos os professores e não só das séries avaliadas, é

preciso que seja realizado um trabalho constante, principalmente de leitura e

interpretação. Percebemos que a maioria não consegue interpretar as questões e

esse é mais um desafio da equipe pedagógica, professores e coordenadores.

Atualmente estou participando da formação do Pacto Pela Educação,

Programa que tem como objetivo alfabetizar todas as crianças até os oito anos de

idade. As dificuldades na alfabetização é um dos grandes problemas enfrentados nas

nossas escolas públicas e o coordenador pedagógico é um personagem muito

importante nesse processo, pois precisa orientar, sugerir e acompanhar o

desenvolvimento da alfabetização dos alunos.

Todos os cursos que participei, com certeza contribuíram para minha

experiência profissional, na mudança de postura e com uma visão mais ampla do

papel de formador do coordenador pedagógico, principalmente no que se refere ao

papel transformador, que tem a missão de refletir as práticas e buscar melhorar o

processo de ensino e de aprendizagem.

Foram muitos obstáculos e continuo encontrando desafios a cada dia e sempre

surge a oportunidade de conhecer novos horizontes e a vontade de melhorar minha

prática é um estímulo para continuar buscando subsídios que colabore nesse sentido.

Passei por mudanças de função em curto tempo, mas serviram para ampliar meu

conhecimento.

2.2 ENXERGANDO A EDUCAÇÃO POR OUTROS ÂNGULOS

A minha trajetória profissional teve início assim que concluí o então segundo

grau em Magistério no ano de 1994, aqui mesmo na minha cidade natal, Ribeira do

Pombal. Comecei lecionando em uma pequena escola particular de Educação Infantil

chamada Escolinha Sonho Encantado, no início de 1995, onde permaneci até 1997.

No início senti algumas dificuldades, que foram normais devido a minha falta de

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experiência e ansiedade de aplicar os conhecimentos adquiridos durante minha vida

de estudante.

Foi lá que dei meus primeiros passos na profissão, coisa que sonhava desde

criança. Foi experiência essencial para minha carreira, pude colocar em prática muitas

teorias aprendidas no Curso de Magistério e perceber que outras não se adaptavam

perfeitamente à prática. Na época nem se falava em coordenador pedagógico, mas

inconscientemente fazíamos esse papel. Tínhamos os momentos de planejamento,

com a colaboração mútua das professoras, as que tinham mais tempo de profissão

passavam suas experiências, discutíamos o desenvolvimento dos alunos e

planejávamos atividades que pudessem ajudar os alunos.

No segundo semestre de 1997 fui morar na cidade de Dias D`Ávila, região

metropolitana de Salvador, e comecei a lecionar em outra escola da rede privada em

1998. Neste período, lecionei no Centro de Responsabilidade em Educação Júnior

(CRED Júnior), numa turma de alfabetização, alunos de seis anos, na época Ensino

Fundamental de oito anos essa turma ainda fazia parte da Educação Infantil e minha

primeira experiência me ajudou bastante. A escola contava com uma coordenadora

pedagógica, porém eram raras as reuniões, na maioria das vezes nos passavam

textos para lermos em casa, porém sem muita cobrança nem objetivos

preestabelecidos. Trabalhei nessa escola durante oito anos, sempre na mesma série.

Até então não tinha feito minha graduação.

Fiquei afastada de sala de aula de 2007 a 2010, período que estava fazendo a

graduação em Pedagogia, mas na verdade estava num período de reflexão sobre a

permanência ou não nessa área. No curso de Pedagogia não foi dada muita ênfase à

coordenação pedagógica, a maioria ou quase todos os conteúdos estavam voltados

para a atuação docente.

De volta à minha terra natal, continuei a carreira de professora, novamente em

uma escola particular, Centro educacional Montessori. Foi outra experiência bastante

enriquecedora, tanto na questão profissional quanto pessoal. Dessa vez tive a

oportunidade de lecionar em turmas de quarto e quinto ano, já no Ensino Fundamental

de nove anos, e pude conhecer na prática o método baseado nas teorias de Maria

Montessori. Permaneci lá até 2011.

Em 2012, tive a oportunidade de assumir o cargo de diretora da Escola Antônio

Bernardo da Costa, da rede municipal de Ribeira do Pombal, situada na zona rural.

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Talvez tenha sido o maior desafio da minha vida profissional e também de

descobertas, de aprendizagem.

Na supracitada escola, acompanhei de perto, pela primeira vez, o trabalho de

coordenação pedagógica e pude ver as dificuldades e necessidade desta área. E mais

uma vez, percebi uma coordenadora sobrecarregada com atividades quem não faziam

parte de suas atribuições. Permaneci nesta escola de março de 2012 à maio de 2013.

Ser gestora foi uma função que nunca tinha imaginado estar, mas foi de grande

valor para minha aprendizagem, pude ver a escola por outro ângulo e perceber os

desafios que precisam ser enfrentados para gerir bem uma instituição escolar e, acima

de tudo, constatei que o bom relacionamento com todos faz a diferença para a

comunidade escolar. A gestão democrática é realmente a engrenagem que faz a

escola funcionar de modo que a aprendizagem realmente se concretize.

Como tinha sido aprovada no concurso público em coordenação pedagógica

na cidade vizinha de Cipó, pedi exoneração do cargo e assumi minha nova função em

maio de 2013. Estava iniciando mais um desafio na minha vida profissional.

Logo no início percebi que enfrentaria algumas dificuldades devido à falta de

conhecimento sobre a real função do coordenador pedagógico, muitas vezes me

atribuíram funções equivocadas e em outras fui vista como a “Salvadora da Pátria”,

ou um mágico que chegaria com soluções imediatas para todos os problemas.

São quase três anos como coordenadora pedagógica na Escola Evandro de

Araújo Góes, na cidade de Cipó, que possui nove turmas, todas de Ensino

Fundamental, seis de Anos Iniciais e três dos Anos Finais. As dificuldades continuam

sendo inúmeras, desde a falta de orientação por parte da Secretaria de Educação do

Município até a falta de estímulo do corpo docente, o que torna difícil realizar um

trabalho que possa trazer grandes resultados para a melhoria da aprendizagem dos

alunos, principalmente na questão de formação do docente que é um dos papéis do

coordenador pedagógico.

A partir de minha inerência construí a certeza de que a presença do

coordenador pedagógico é de suma importância no ambiente escolar, como figura

mediadora e transformadora, porém necessita de apoio de toda comunidade escolar

para que as teorias sejam colocadas em prática, tornando-as significativas para o

processo de melhoria da aprendizagem dos alunos.

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2.3 BUSCANDO APERFEIÇOAMENTO

Participar do Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica está

sendo uma grande oportunidade de crescimento profissional, visto que não tive uma

preparação para exercer essa função e preciso de orientação para executar meu

papel de formadora e articuladora dentro do ambiente escolar, para que assim possa

obter resultados educacionais e pessoais satisfatórios.

Pretendo ser um elo dentro da escola, instigando o corpo docente a buscar

soluções para tentar solucionar ou minimizar os problemas encontrados em sala de

aula. Dentro desta perspectiva, pretendo usar os conhecimentos e saberes

construídos ao longo do Curso para incentivar o trabalho em equipe, mantendo um

relacionamento cordial com toda comunidade.

A seguir refletiremos sobre os direcionamentos teóricos, em relação ao papel

do coordenador pedagógico no ambiente escolar, que foram essenciais para este

Projeto Vivencial.

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3 O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA FORMAÇÂO

CONTINUADA NO AMBIENTE ESCOLAR

A função do CP dentro da escola nem sempre é compreendida e bem definida,

já que é visto por alguns como um assistente do diretor o auxiliando nas questões

burocráticas, ou como aquele que resolve problemas disciplinares entre alunos e

professores. Infelizmente, a práxis do CP ainda é marcada por ações desordenadas

e imediatistas.

Indo de encontro ao desvio de função, Libâneo (2004) afirma que coordenar é

uma tarefa que canaliza o esforço coletivo das pessoas para os objetivos e metas

estabelecidos. Ele considera a coordenação um aspecto da direção, significando a

articulação e a convergência do esforço de cada integrante de um grupo visando

atingir os objetivos, através da responsabilidade de integrar, liderar, encadear o

trabalho de diversas pessoas.

Dentro desta perspectiva, o trabalho fundamental do CP constitui-se é ser um

agente mediador e formador no processo pedagógico para possibilitar a união da

escola, enquanto todo organizado, com o professor e o aluno. O coordenador

desenvolve suas tarefas respondendo pela viabilização, integração e articulação do

trabalho didático, em função da qualidade do ensino.

Recorrendo mais uma vez as ideias de Libâneo (2004), podemos dizer que a

principal atribuição do CP é a assistência pedagógico-didática aos professores, para

se chegar a uma situação ideal de qualidade de ensino, auxiliando-os a conceber,

construir e administrar situações de aprendizagem adequadas às necessidades tanto

do aluno quanto da escola, propondo a construção e o desenvolvimento de novas

práticas pedagógicas. Nestes termos, o professor é visto como um profissional que

deve sempre aperfeiçoar sua prática, buscando realizar um trabalho que possa

construir e consolidar os conhecimentos.

O coordenador deve constituir seu papel como uma de suas reais funções, o

de formador e parceiro e, de certa forma, corresponsável pela aprendizagem tanto do

aluno quanto do professor. Através de ações organizadas, afirmando sua função

fundamental como a de cuidar da formação e do desenvolvimento profissional dos

professores, pois seu papel “[...] pedagógico, é de monitoração sistemática da prática

pedagógica dos professores, sobretudo mediante procedimentos de reflexão e

investigação”. (LIBÂNEO, 2004, p. 219).

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A formação no espaço escolar deve ser pensada como a superação da

fragmentação entre a teoria e a prática, entre a escola e prática docente, entre a

articulação necessária do trabalho do professor e seu desenvolvimento profissional.

Assim, o CP deve ser o articulador das ações necessárias para esta superação. Ele

deve atuar como um interlocutor capaz de garantir as condições necessárias e o

acompanhamento no processo de organização do projeto de formação do professor,

bem como, para reflexão sobre sua prática.

A coordenação pedagógica

[...] é o conjunto de atividades executadas no sentido de garantir que ocorra a organização docente todos os níveis previstos. Tais atividades implicam desde garantir as condições logísticas até o acompanhamento de cada etapa do processo de organização. Cabe também, a coordenação pedagógica detectar as dificuldades e necessidades dos grupos de professores, na medida em que organiza e orienta a discussão coletiva a respeito do planejamento das práticas pedagógicas, garantindo espaço para que todos explicitem as suas opiniões e sugestões. (LEITE, 2000, p. 63-64).

Nesse sentido, o coordenador pedagógico torna-se um agente tão responsável

pela formação continuada, quanto o próprio professor que tem a oportunidade de

assumir o seu papel de sujeito ativo no processo de sua formação. Como articulador

dessas ações ele, o CP, subsidiará e organizará as ações necessária de formação,

estimulando o processo de decisão e alternativas para práticas do cotidiano escolar.

Com todo o exposto, não podemos perder de vista que lidar com o

desenvolvimento profissional e a formação do educador, com as relações

interpessoais que se estabelecem dentro da escola, não é tarefa fácil, pois,

consequentemente, estamos transformando sujeitos e realidades. E isto acaba por

exigir dos coordenadores, professores e direção da escola, atitudes de mudanças no

cotidiano de seu trabalho, através da reflexão, organização, planejamento,

acompanhamento e avaliação. A maior mudança é fazer com que todos aceitem que

essas transformações, somente acontecerão, efetivamente, quando todos se sentirem

responsáveis de maneira coletiva por elas.

A formação continuada docente é relevante para o coordenador pedagógico

em virtude de sua grande possibilidade de se reverter melhoria metodológica na

pratica do professor.

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3.1 FORMAÇÃO CONTINUADA NO ESPAÇO DA ESCOLA

A formação continuada dos professores é construída no dia a dia escolar, ou

seja, no horário complementar docente, no qual o professor tem um tempo disponível

para a formação continuada com a gestão do coordenador pedagógico.

O coordenador pedagógico, exercendo o seu papel de gestor da formação

continuada docente, é o responsável pela elaboração e desenvolvimento de

atividades formativas com o objetivo de mostrar a importância da formação continuada

para o professor, já que o trabalho docente vai além da sala de aula, seja nos debates

durante as reuniões de horário complementar, na reflexão dos problemas ocorridos

na escola, bem como no planejamento e na avaliação constante do seu trabalho. Em

seu cotidiano o professor enfrenta diversas situações que envolvem a relação entre

ele, seus alunos e o conhecimento.

O coordenador pedagógico é responsável pela formação continuada dos professores na escola, procurando atualizar o corpo docente, buscando refletir constantemente sobre o currículo, atualizando as práticas pedagógicas dos professores estando sempre atento às mudanças existentes no campo educacional. Neste caso, defende Rosa, que o coordenador deve estar em constante processo de autoformação, juntamente com a aprendizagem e constante uso das novas tecnologias, principalmente no campo da informática. (ROSA, 2004, p.142-144).

Os professores devem ser atores do seu processo de formação continuada, a

qual é inerente ao desempenho da função, sob a liderança do coordenador

pedagógico.

Conforme Libâneo (2004, p. 31), o “[...] coordenador como gestor pedagógico

da escola, deve estimular a participação dos professores não só a frequentarem as

reuniões, mas a participarem ativamente das atividades de formação continuada”.

Nessa perspectiva, o coordenador pedagógico deve buscar despertar a motivação

para a utilização dos saberes docentes nas práticas de sala de aula, através de

dinâmicas de grupo.

O CP deve também proporcionar aos professores atividades que possam

promover a elevação da estima. Como formador, ele deve estimular e promover os

espaços de debates dando voz ao professor para que ele possa expor suas ideias,

respeitando sua experiência prática construída no cotidiano da sala de aula.

Para desenvolver o processo de formação continuada docente na escola, os

CP devem utilizar diferentes estratégias de trabalho visando despertar nos docentes

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o interesse por sua formação, bem como outras questões que envolvem as dinâmicas

de trabalho no horário complementar docente.

A convivência diária com o grupo de professores que trabalham na escola

permite ao coordenador pedagógico, no exercício do seu papel de gestor da formação

docente, conhecer bem seus pares, observando seus comportamentos, buscando

conhecer suas necessidades e limitações para, a partir delas, cobrar as

[...] horas remuneradas para a realização de reuniões semanais, seminários de estudo e reflexões coletivas, onde possam compartilhar e refletir sobre a prática com colegas, apresentar seu trabalho publicamente (contar como trabalham, o que funciona, as dificuldades, etc.), reunir-se com os pais e outros membros da comunidade, participar da elaboração do projeto pedagógico curricular. (LIBÂNEO, 2004, p. 230).

Vale salientar que Libâneo (2004) relaciona algumas tarefas que devem ser

desenvolvidas pelo coordenador visando efetivar a formação docente em serviço, a

saber:

Prestar assistência pedagógico-didática aos professores;

Coordenar grupos de estudo;

Supervisionar e dinamizar o projeto pedagógico como referência de

formação continuada;

Trazer propostas inovadoras para utilização de novos recursos

tecnológicos e midiáticos.

A formação continuada atualmente tem tido grande destaque, por se constituir

como parte das condições de trabalho profissional, devido ao fato de que não basta

apenas uma boa formação inicial é de fundamental importância a atualização

constante, visando construir saberes e competências indispensáveis para o exercício

competente da profissão. É preciso haver o prolongamento da formação inicial

objetivando “[...] o aperfeiçoamento profissional teórico e prático no próprio contexto

de trabalho e ao desenvolvimento de uma cultura geral mais ampla, para além do

exercício profissional”. (LIBÂNEO, 2004, p. 227).

Desse modo, a formação continuada constitui-se em um elemento fundamental

para o educador que deseja o aperfeiçoamento constante de sua práxis. Este

processo formativo deve ser articulado a um processo de valorização pessoal,

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profissional e de suas experiências, além, de estimular o trabalho coletivo,

contribuindo para transformações no ambiente da escola.

De acordo ainda com o autor supramencionado, numa profissão onde a

transmissão e internalização de saberes e a formação humana estão presentes, num

período em que se renovam os currículos, surgem novas tecnologias, os modos de

viver e aprender estão sempre se modificando, um aprendizado contínuo torna-se

indispensável para o desenvolvimento de suas atividades profissionais.

Assim, numa escola na qual o trabalho docente acontece através de uma

organização democrática e participativa, a formação continuada é um meio capaz de

melhorar a aprendizagem dos alunos, uma vez que os professores, a partir deste

processo, terão novas oportunidades de qualificação profissional e construção de

novas competências técnicas.

Nesse sentido, Libâneo (2004) ressalta que a formação continuada ganha

destaque, pois, proporciona ao exercício do trabalho do professor a oportunidade de

refletir sobre as dificuldades que fazem parte das ações que envolvem a profissão

docente. Para o autor, sendo a escola um local de aprendizagem da profissão do

professor, a formação significa compreender que é na escola que ele desenvolve seus

saberes e competências de ensinar, através de um processo ao mesmo tempo

individual e coletivo; e que o professor precisa reconhecer-se como agente dessa

formação permanente, para uma construção de uma formação contínua e coletiva.

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4 CONHECER OS PROBLEMAS PARA INTERVIR

A partir do eixo escolhido, Relações, Dimensões e Formas de Atuação no

Ambiente Escolar, no Curso de Pós-graduação em Coordenação pedagógica

(CECOP-3), oferecido pela parceria da Faculdade de Educação da Universidade

Federal da Bahia (UFBA) com a Escola de Gestores da Educação Básica Pública do

Ministério da Educação (MEC), foi possível repensar minha prática como

coordenadora pedagógica e, através de dados obtidos pela aplicação de um

questionário de pesquisa, identificar alguns problemas que impossibilitam o bom

andamento da aprendizagem no ambiente escolar do qual faço parte. Partindo dessa

constatação, apresentaremos agora uma proposta de intervenção que pretende

oferecer subsídios para minimizar o problema da formação continuada na escola em

que atuo.

4.1 METODOLOGIA

A pesquisa é uma atividade humana cujo propósito é descobrir respostas para

as indagações que são propostas, ou seja, é um processo de construção do

conhecimento que tem como intuito principal gerar novos conhecimentos ou

corroborar algum conhecimento pré-existente.

A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a solução de um problema coletivo no qual os pesquisadores e os participantes da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 1986, p.14).

A pesquisa-ação tem estreita relação com a resolução de um problema coletivo

e o pesquisador está inserido no processo e os critérios são qualitativos e tem o

objetivo de agir, ou seja, intervir sobre a realidade imediata.

O tema de uma pesquisa é considerado relevante quando faz parte da real

necessidade dos envolvidos, portanto, falar do coordenador pedagógico como

formador, apresentou-se como uma questão relevante para a Unidade Escolar.

Nenhum tema pode ser tratado se não for um problema, de forma que toda ação volta-

se à solução de dificuldades. Nem sempre é fácil localizar onde estão os problemas,

portanto devemos procurar nas práticas vivenciadas no cotidiano. Com essa pesquisa,

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pretende-se descobrir como implementar um plano de ação para a formação do

docente dentro da escola em questão.

A criatividade e a metodologia são muito importantes no desenvolvimento da

pesquisa, bem como a postura crítica, pois demonstra uma inquietação e busca uma

mudança. Para encontrarmos o problema é preciso imaginarmos o que pesquisar em

torno e dentro de uma realidade. Assim, foi elaborado um questionário com o objetivo

de identificar as reais necessidades relacionadas ao trabalho pedagógico na escola

que possam servir de base para contribuir um processo de melhoria da aprendizagem,

implementando um plano de formação continuada dentro do ambiente escolar.

4.2 CONHECENDO UM POUCO DA ESCOLA PESQUISADA

A Escola, na qual será implementada esta proposta, é de responsabilidade do

município e está situada em sua sede, no centro da cidade de Cipó/BA e compreende

apenas uma Coordenadora pedagógica, encarregada de realizar o trabalho com

professores do Ensino Fundamental, tanto dos anos iniciais quanto dos anos finais.

Este ano a escola atende do segundo ao sétimo ano, assumindo a

responsabilidade por cerca de duzentos alunos, que em sua maioria são de famílias

carentes, que tem como principal atividade econômica a confecção de artesanato que

é vendido por preços irrisórios para serem revendidos em outros estados ou

comercializados pelas próprias famílias, que se deslocam no final do ano para fazerem

esse trabalho em outros estados, principalmente da região Sudeste e Sul. Essa

situação muitas vezes atrapalha o andamento da aprendizagem de alunos que

precisam viajar com a família.

Atualmente a escola possui quinze professores, a maioria com Graduação e

Pós-graduação, os quais enfrentam problemas quanto ao comportamento dos alunos

e a falta de acompanhamento da família, o que prejudica visivelmente a aprendizagem

dos alunos.

O município de Cipó tinha uma meta no Índice de Desenvolvimento da

Educação Básica (IDEB), em 2013, de 4,0 e alcançou 4,7. A Escola em questão possui

atualmente o IDEB de 3,9, obteve também crescimento, no entanto ainda precisa

melhorar. A alfabetização dos alunos é uma preocupação constante na instituição.

Na Unidade Escolar, tanto o Projeto Político Pedagógico (PPP) quanto o

Regimento Escolar são documentos considerados puramente burocráticos, não

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existindo um trabalho baseado nos mesmos que são desconhecidos de muitos

funcionários. O PPP necessita de revisão e atualização, mas para isso é preciso, antes

de mais nada, um trabalho de sensibilização para a importância desse documentos

nas ações da escola, visando melhor aprendizagem dos alunos.

Infelizmente, a estrutura física da escola não atende às necessidades dos

alunos e funcionários, são seis salas de aula; uma sala que funciona como secretaria,

diretoria e sala de coordenação pedagógica, muitas vezes dificultando o bom

andamento dos trabalhos; sanitários masculino e feminino; uma cozinha e uma área

descoberta e sem pavimentação.

4.3 COLOCANDO EM PRÁTICA O INSTRUMENTO DE PESQUISA

A partir da observação da realidade nesta Unidade Escolar, foi aplicado um

questionário com cinco perguntas para os professores, com o objetivo de diagnosticar

a importância do coordenador pedagógico na escola, principalmente no que se refere

ao seu papel de formador, bem como os problemas enfrentados, visto que a formação

precisa ser significativa, para que os estudos realizados possam ser aplicados no

cotidiano, com o intuito de solucionar ou minimizar os problemas do dia a dia. As

perguntas foram as seguintes:

Como você percebe o trabalho da coordenação pedagógica na escola?

Na sua opinião, qual a principal atribuição do coordenador pedagógico no

ambiente escolar?

Atualmente, quais os principais problemas que você enfrenta dentro da

escola?

Quais os assuntos que você gostaria que fossem tratados nos Cursos de

Formação Continuada?

Dê algumas sugestões de metodologias que poderiam ser utilizadas nas

formações.

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4.3.1 Análise dos dados

A partir das perguntas acima, o questionário foi aplicado de forma tranquila e a

maioria dos professores disseram que estariam dispostos a colaborar, porém a, logo

de início, podemos dizer que os questionários devolvidos não comprovam que o

coordenador pedagógico tem a importância que os mesmos relataram oralmente, pois

dos quinze professores que lecionam na escola em questão, oito atenderam

prontamente a solicitação e responderam o questionário com rapidez e presteza, os

outros sete não devolveram.

Em resposta à primeira pergunta, foi unânime o reconhecimento da importância

do coordenador pedagógico na escola, considerando-o como um parceiro disposto

pra ajudar nas resoluções de questões que dizem respeito à melhoria da qualidade

do ensino dentro da escola, enfatizaram:

O coordenador pedagógico é um aliado, um suporte às necessidades do professor. É um parceiro, parte importante para o aperfeiçoamento do professor em sala de aula, sempre visando a melhoria na qualidade do ensino e aprendizagem. (PROFESSOR 4).

Todos os professores em questão, relataram que o trabalho do coordenador,

dentro do ambiente escolar, é parte relevante, porém inúmeras vezes o CP sente-se

sozinho, tentando realizar projetos que não saem do papel por falta de parceria por

parte dos professores e de outros profissionais da escola.

Em relação à atribuição do coordenador, os professores veem esse profissional

como um mediador, ou um apoio para o trabalho dos docentes em sala de aula, dando

suporte, ideias, auxiliando na elaboração de projetos e até mesmo como um

motivador, lutando por uma participação coletiva.

Os professores não apontaram a formação continuada como atribuição do

coordenador, talvez por serem vistas como trabalhos cansativos e muitas vezes com

conteúdos fora da realidade escolar. O que vemos sempre é a aplicação de uma

mesma metodologia e professores ao final da “formação”, dobrando os textos, os

colocando na bolsa, muitas vezes por não saberem como utilizá-los na prática.

Quanto aos problemas enfrentados na sala de aula, a falta de interesse e a

dificuldade na leitura, foram apontados como fatores determinantes que tem impacto

direto no desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem.

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Os relatos nos levaram a pensar uma proposta de intervenção diferenciada em

termos de formação, pois imaginamos que as estratégias utilizadas não estão

correspondendo às expectativas dos professores e, por tabela, de seus alunos o que

leva à falta de interesse e consequentemente à indisciplina que foi um problema citado

pelo professor 6. Por outro lado, os professores também precisam de uma “injeção de

ânimo”.

Como sugestão para temas a serem trabalhados em Formação Continuada na

escola, o professor 1 sugeriu temas que possam despertar o interesse do aluno dentro

da sala de aula.

Gostaria que fosse trabalhado nas formações, metodologias para despertar o interesse do aluno em sala de aula, pois os alunos estão sempre inquietos. (PROFESSOR 1).

Os professores 2 e 3 seguiram na mesma linha, porém os professores 5 e 6

especificaram melhor dizendo que os conteúdos precisam estar ligados ao processo

de leitura que é um grande problema na escola.

Precisamos de formações que nos possibilite trabalhar com inovações para despertar o interesse do aluno, principalmente métodos que possam levar a criança a despertar para a leitura. (PROFESSOR 5)

Os professores 4 e 7 consideram importante a utilização das tecnologias dentro

da sala de aula, sugerindo assim formações que possam contribuir para esse uso

pedagógico, porém esse tema pode esbarrar nas dificuldades de acesso a tais

tecnologias, visto que a escola não dispõe de recursos suficientes.

As sugestões de metodologias de como os temas podem ser trabalhados nas

formações, evidenciam a necessidade de utilização de oficinas, ou seja, eles querem

que a formação aborde os conteúdos na prática, o como fazer realmente.

4.4 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

A primeira etapa da proposta e a sensibilização para a importância da formação

continuada como suporte para melhoria da qualidade do processo de ensino e de

aprendizagem, que deve ser iniciada com dinâmicas que façam o professor refletir

sobre sua prática em sala de aula.

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As formações apresentarão conteúdos de acordo com as necessidades da

escola, portanto serão trabalhados os temas sugeridos pelos professores no

questionário durante a fase diagnóstica da proposta de intervenção.

A indisciplina, a falta de interesse, as dificuldades de leitura e escrita e a falta

de participação da família foram os problemas apontados pelos professores.

Durante todo o ano serão realizadas formações, oficinas com sugestões de

atividades lúdicas para despertar o interesse dos alunos e elaboração de projetos que

possam contribuir para a minimizar os problemas como projetos de leitura e trabalhos

que os alunos possam demostrar suas habilidades, além da sensibilização da família,

mostrando sua importância no processo de desenvolvimento e aprendizagem do

aluno.

4.4.1 Cronograma

Quadro 1 – Plano de ação - 2016

AÇÕES RESPONSÁVEL EXECUÇÃO

Reunião para socialização do diagnóstico dos

problemas apontados pelos professores dentro

da unidade escolar.

Toda a equipe

escolar

Fevereiro

Elaboração do planejamento para as formações

(escolha de temas, estratégias e objetivos).

Coordenador

pedagógico

Fevereiro

Reunião com a direção para levantamento dos

matérias necessários para as formações.

Coord.

Pedagógico e

diretora

Fevereiro

Apresentação da proposta de formações para a

comunidade escolar.

Coordenador

pedagógico Março

Reuniões quinzenais para elaboração do

planejamento e reflexão da prática em sala de

aula e autoavalição.

Coord.

Pedagógico e

professores

Março a

dezembro

Reuniões mensais para estudos (embasamento

teórico) relacionados aos problemas do cotidiano

escolar.

Coord.

Pedagógico e

professores

Março a

dezembro

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Reuniões com a família a cada trimestre para

discussão sobre o desenvolvimento dos alunos,

discussão sobre os trabalhos realizados.

Equipe gestora,

Coord.

Pedagógico,

professores e

pais

Março a

dezembro

Realização de oficinas com os temas solicitados

pelos professores.

Coord.

Pedagógico e

professores

Abril a

dezembro

Reunião para reflexão dos trabalhos realizados

durante o ano e as perspectivas para o ano

seguinte, avaliado os pontos positivos e

negativos.

Equipe gestora,

Coord.

Pedagógico,

professores.

Dezembro

Fonte: Autoria nossa.

4.5 RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se que essa proposta de intervenção venha colaborar e dar subsídios

para melhoria das metodologias de trabalho com as classes e, consequentemente,

elevar a aprendizagem dos alunos, visto que suas atividades estão pautadas nas

necessidades reais da escola.

A proposta buscará trabalhar de forma dinâmica, necessitando da participação

de todos os envolvidos, fazendo sempre uma autoavaliação para não perder os

objetivos do foco.

Espera-se que ao final do ano letivo 2016 possamos colher bons frutos, com

resultados positivos, tanto em relação ao desenvolvimento do profissional como do

aluno.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É perfeitamente possível perceber a importância do coordenador pedagógico

no ambiente escolar, ele é um aliado do professor, dando suporte nas atividades,

estabelecendo um trabalho de parceria para o aperfeiçoamento dos docentes, para a

melhoria de sua prática em sala de aula. Portanto, o trabalho de formação realizado

pelo CP, dentro do ambiente escolar, é imprescindível para o bom andamento dos

trabalhos na escola, visando o desenvolvimento do aluno, pois a formação se dá

enquanto acontece na prática docente.

A preocupação com a formação continuada é justamente para que as práticas

sejam aperfeiçoadas e, constantemente refletida, tornando-as significativas e capazes

de despertar o interesse do educando.

Durante a fase de diagnóstico da proposta de intervenção, aplicada no corrente

ano, foram citadas pelos professores algumas atribuições do coordenador, porém não

foi sinalizada com clareza a função de formador, contudo, falar em aperfeiçoamento e

qualidade do ensino, sem dúvida, remete ao trabalho do CP junto e com o corpo

docente e equipe gestora.

Por fim, fica a certeza da importância da parceria com toda a comunidade

escolar e, sobretudo, com os professores para que a proposta de intervenção se torne

uma realidade em 2016.

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REFERÊNCIAS LEITE, S. A. S. Desenvolvimento profissional do professor: desafios institucionais. In: AZZI, R. G.; BATISTA, S. H. S. S.; SADALLA, A. M .F. A. (Org.). Formação de professores: discutindo o ensino de Psicologia. Campinas: Alínea, 2000. LIBÂNEO, José C. Organização e Gestão da escola: teoria e prática. 5. ed. Goiânia: MF livros, 2004. ROSA, C. Gestão estratégica escolar. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2004. THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-ação. São Paulo: Cortez; Autores Associados, 1986.

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APÊNDICE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3

Escola Municipal Evandro de Araújo Góes

Questionário para professores

1. Como você vê o trabalho de coordenação pedagógica na escola? ______________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Em sua opinião, qual a principal atribuição do coordenador pedagógico no ambiente escolar?

______________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________

3. Quais os principais problemas enfrentados atualmente dentro da escola?

______________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Quais os assuntos que você gostaria de tratar nos Cursos de Formação Continuada?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Dê algumas sugestões de metodologias que poderiam ser utilizadas nas

formações.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________