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PEDAGOGIA 7o P - [Unitins] - Universidade Estadual do ... · Sinto-me nascido a cada momento Para a eterna novidade do Mundo. Com base no texto anterior, observamos que o autor entende

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EQUIPE UNITINS

Organização de Conteúdos Acadêmicos1ª e 2ª edição: Walena de Almeida Marçal Magalhães

Revisão Linguístico-Textual Domenico Sturiale

Gerente de Divisão de Material Impresso Rogério Adriano Ferreira da Silva

Revisão Digital Leyciane Lima OliveiraRogério Adriano Ferreira da Silva

Projeto Gráfi co Rogério Adriano Ferreira da Silva

Capas Rogério Adriano Ferreira da Silva

PRODUÇÃO EQUIPE EADCON

Créd

itos

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Caro acadêmico,

Nesta disciplina de Fundamentos e Metodologia para o Ensino de Artes faremos uma refl exão sobre o ensino da arte na escola e sobre quais são os fundamentos necessários para que ele aconteça de forma efi caz.

Para isso, trataremos sobre cultura, uma vez que todos os povos têm uma cultura expressa também por meio das artes. Construiremos uma visão pano-râmica da evolução histórica da arte, já que para entendermos o presente é fundamental o conhecimento de nossa história. Não poderíamos, natu-ralmente, deixar de entender o que é arte, com que linguagens artísticas podemos trabalhar em sala de aula, bem como verifi car sugestões de meto-dologias que podem ser utilizadas a partir das diversas linguagens. Faremos isso baseados nos Parâmetros Curriculares Nacionais em Artes.

Em alguns momentos, provocaremos você com refl exões e aprofunda-mentos. Em outros, traremos dicas, ideias, sugestões e comentários que certa-mente irão enriquecer sua vida. Busque aprofundar seus estudos, utilizando a bibliografi a indicada neste caderno, usando a internet e usufruindo de todas as possibilidades de pesquisa a que você tenha acesso.

Desejo a você um excelente módulo e que você consiga transformar os conhecimentos obtidos em uma aula de arte prazerosa para seus alunos. Bom estudo!

Prof.ª Walena de Almeida Marçal Magalhães Apr

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taçã

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CAPÍTULO 1 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 9

IntroduçãoA arte sempre esteve presente no cotidiano humano por meio de hábitos,

fazeres e conhecimentos, passados direta ou indiretamente de geração a geração. Aí está a relevância dela para a educação. Essa relevância, porém, vai ter diversos focos, a partir das várias fi losofi as de ensino de arte que existem.

Neste capítulo, estudaremos o que é arte e educação, a evolução na nomen-clatura do ensino da arte, consequência das mudanças na fi losofi a da arte, e a arte como objeto de conhecimento humano e poderosa aliada na formação global do ser humano.

1.1 Mudanças na nomenclatura do ensino da arteO ensino da arte, assim como diversas outras áreas de conhecimento, vem

sofrendo mudanças em sua concepção e também em sua nomenclatura. Já foi chamado de educação artística, de arte-educação, de arte e educação e, atual-mente, segundo a proposta de uma das maiores autoras dessa área no Brasil, Ana Mae Barbosa, preferencialmente devem-se usar os termos ensino da arte ou arte/educação, usando a barra (/) para separar as duas palavras tal como é a compreensão na área de informática, mostrando o termo anterior à barra (em nosso caso, arte) como pertencendo ao termo pós-barra (educação). Esse é o objetivo da arte na escola: não a formação de um grande artista ou um virtuoso, mas a formação de um ser humano melhor, mais expressivo, capaz de analisar a si mesmo e o mundo que o cerca. É a educação em arte e pela arte.

Virtuoso é, por exemplo, um músico instrumentista com capacidades acima do normal e que consegue executar seu instrumento de forma admirável. Seria um gênio da música. Um exemplo de virtuoso foi o grande violinista Paganini.

Refl ita

Redija um texto discorrendo sobre as mudanças ocorridas na nomenclatura doensino da arte. Você poderá relembrar que, ao mudar a nomenclatura do ensino da arte, muda-se também sua fi losofi a, ou seja, a forma como o professor de arte vai encarar suas aulas, seu papel e o papel de seus alu-nos no processo de ensino-aprendizagem. Aprofunde esse assunto lendo as

Arte e educação 1

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CAPÍTULO 1 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

10 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

páginas de 11 a 22 do livro Arte/educação contemporânea: consonâncias internacionais, de Ana Mae Barbosa (São Paulo: Cortez, 2005). A autora desse livro é uma das maiores pesquisadoras brasileiras em arte/educação e uma das maiores autoridades no assunto.

1.2 Conceituando arteArte é a expressividade do ser humano. Pode se dar em diversas linguagens

e ultrapassa os limites do tempo. A arte é a unidade do eterno e do novo, que parece impossível, mas que é realizada pelos humanos e para eles.

A esse propósito, Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa, escreveu o seguinte poema:

O meu olhar é nítido como um girassol

Tenho o costume de andar pelas estradas

Olhando para a direita e para a esquerda,

E de vez em quando olhando pra trás...

E o que vejo a cada momento

É aquilo que nunca antes eu tinha visto,

E eu sei dar por isso muito bem...

Sei ter o pasmo essencial

Que tem uma criança se, ao nascer,

Reparasse que nascera deveras...

Sinto-me nascido a cada momento

Para a eterna novidade do Mundo.

Com base no texto anterior, observamos que o autor entende a arte como a expressão do olhar de cada artista. Ela se mostra por meio da obra e assim se eterniza.

Saiba mais

Fernando Pessoa (poeta “desdobrado” nos seus heterônimos Alberto Caei-ro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos) distingue pseudônimo de heterônimo:

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CAPÍTULO 1 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 11

“A obra pseudônima é do autor em sua pessoa, salvo no nome que assina; a heterônima é do autor fora da sua pessoa; é duma individualidade com-pleta fabricada por ele, como seriam os dizeres de qualquer personagem de qualquer drama seu”. Para saber mais, acesse o sítio <http://ocanto.webcindario.com/lexh.htm>.

Há, entre artistas, educadores e filósofos da arte, uma visão de que a obra de arte não se completa quando é finalizada pelo seu autor, mas quando é apre-ciada, porque o observador tira conclusões próprias, que certamente estarão carregadas de conceitos culturais acumulados por ele ao longo de seu desenvol-vimento pessoal e comunitário.

Reflita

Segundo artistas, educadores e filósofos da arte, uma obra de arte se com-pleta quando seu autor acaba seu trabalho naquela obra, quando o públi-co a aprecia e tira suas conclusões estéticas sobre a obra, quando a obra envelhece e ganha valor de mercado ou quando alguém adquire a obra em uma loja ou galeria de arte, atribuindo valor à mesma?

Você, caro estudante, ao ouvir uma música de J. Quest, por exemplo, ou de Roberto Carlos, possivelmente não conhece os sentimentos e as motivações que os levaram a compor, mas, como ouvinte da obra, vai ter suas próprias impres-sões. Essas impressões são chamadas de juízo de valor, que é um julgamento estético envolvendo sentimentos e conhecimentos.

Reflita

Juízo de valor é a impressão que o público tem ao entrar em contato com uma obra, ou a capacidade que o artista desenvolve de criticar sua própria obra, ou o saber e a visão de mundo de cada artista, ou ainda o grau de maturidade atingido pelo artista ao longo dos anos?

O juízo de valor é o julgamento a respeito de uma obra de arte pelo seu apreciador. Ele é carregado de conceitos e pré-conceitos. Nunca temos um juízo de valor isento, pois sempre estará comprometido com aquilo que acreditamos serem as nossas verdades.

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CAPÍTULO 1 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

12 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

Sugerimos que você ouça o texto da canção Pra não dizer que não falei das flores, de Geraldo Vandré, tema de uma propaganda do governo bra-sileiro em 2006.

Podemos dizer que a arte desperta em nós uma curiosidade e um desejo de expressão. O artista é aquele que imprime novas nuances a tópicos velhos. É assim o mito da inspiração, aquilo que motiva o artista a criar.

Do ponto de vista do público, apreciador da obra de arte, surge a ideia do senso estético, do belo, a partir do juízo de valor.

Baseada no tripé artista, obra e público, surgiu uma das disciplinas filosó-ficas ligadas à arte: a estética.

A estética é a parte da filosofia que estuda as relações entre o artista, a obra de arte e o público. Como toda relação que envolve o ser humano, a estética muda, acompanhando as evoluções ocorridas no mundo e na humanidade.

Na virada do século XIX para o século XX, houve uma mudança no conceito da arte. O mito da inspiração genial do artista foi se desfazendo e transformou-se no conceito de arte como forma de expressão criadora, fruto dos demais saberes e da visão de mundo do artista.

Reflita

Escolha um quadro ou uma música. Antes de apreciá-los, procure informa-ções sobre a obra. Depois escreva o nome do autor, aquilo que você sabe sobre ele, sobre a sua obra e sobre o tempo em que viveu, e formule o seu juízo de valor sobre o quadro ou a música escolhida.

1.3 O que significa para a arte ser objeto de conhecimento? A arte é capaz de desenvolver no aluno sua capacidade de expressão,

sua imaginação. Dessa forma, a arte enriquece sua própria vida e desenvolve sua cultura.

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CAPÍTULO 1 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 13

O conhecimento humano é um processo que evolui e é expresso sob várias modalidades: a do senso comum, a religiosa, a filosófica, a científica e a artística.

A arte está presente em todas as modalidades do conhecimento humano e suas manifestações traduzem os valores de cada época. Veremos adiante que, desde a Pré-história, os primeiros homens registraram nas cavernas suas ativi-dades cotidianas.

A arte mais e mais tem se entrelaçado à ciência e à tecnologia, tornando as fronteiras entre o estético e o científico muito próximas. Do ponto de vista acadêmico, arte, hoje, é reconhecidamente um objeto de conhecimento digno de estudo, aperfeiçoamento, dissertações, teses, enfim, há no mundo atual uma grande comunidade científica que se debruça para pesquisar as artes.

Assim, temos hoje novos paradigmas nas artes. Desenvolveram-se nesses últimos tempos novas linguagens e manifestações artísticas, como cinema, foto-grafia, instalações, design. Todas dependem de conceitos científicos para sua criação e apreciação. Exemplos disso são o registro de músicas em formato MP3, e a filmagem digital.

A fim de estar preparado para lidar com esse universo de mudanças e quebra de paradigmas, é necessário que você, futuro pedagogo, busque e entenda por onde temos caminhado em relação ao ensino das artes e como o professor pode contribuir para que seus alunos tenham um renovado interesse em conhecer mais sobre arte.

Reflita

Por que a arte é um objeto de conhecimento? Quem criou o termo arte-edu-cação e quando? Qual a diferença filosófica entre ser arte-educador e ser professor de educação artística?

Lembre-se de que a arte está presente em todas as modalidades de conhe-cimento humano. Ela também está presente em nossas ações do cotidiano. Ao escolhermos, por exemplo, a combinação de cores que vamos usar em nossas roupas, a decoração e a arrumação dos móveis em nossas casas, os acessórios que vão combinar com nosso vestuário, estamos fazendo arte e criando arte. Para aprofundar seus conhecimentos, leia os capítulos sobre o ensino da arte no livro Metodologia do ensino da arte, de Maria F. de Re-sende Fusari e Maria Heloísa C. de T. Ferraz (São Paulo: Cortez, 1999).

1.4 Por que estudar e produzir arte na escola?“A experiência com a arte propicia o exercício contínuo da descoberta, aguça

a curiosidade, abrindo espaço para fluir o pensamento divergente” (FERRAZ;

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CAPÍTULO 1 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

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SIQUEIRA, 1987, p. 53). O ensino da arte na escola propiciará o desenvol-vimento do ser criativo, capaz de argumentar e de tecer soluções novas para problemas existentes ou para novos problemas.

A arte é indispensável na vida individual e social. Com a arte, o ser humano desenvolve maior fluência (capacidade de expressão), originalidade (capaci-dade de desenvolver novas ideias), comunicação (capacidade de comunicar-se por meio de linguagens não-verbais, além da verbal), enfim, uma infinidade de condições para viver (autoconhecimento) e con-viver (conhecimento do outro), melhorando assim seu processo de humanização.

1.5 As filosofias de ensino da arte Definir uma filosofia de ensino é muito importante para fazer as escolhas

teórico-metodológicas que vão conduzir o processo de ensino-aprendizagem.

1.5.1 A arte-educação e a educação artística

Hoje temos duas importantes filosofias a respeito do ensino da arte: a arte-educação e a educação artística.

Por muito tempo, o termo usado para o ensino da arte era educação artística, que se traduzia em ensino de técnicas artísticas, cujo objetivo era a formação de um artista plástico, músico, ator ou dançarino.

Em 1943, surgiu, com Hebert Read, o termo arte-educação, que significa uma educação que tenha a arte como uma das suas principais aliadas. Uma educação que permita uma maior sensibilidade para com o mundo em volta de cada um de nós (DUARTE JR., 1994).

Hebert Read foi um filósofo inglês, autor do livro Educação pela arte, no qual defende o uso da arte para a formação global do ser humano.

O termo arte-educação difere filosoficamente do termo educação artística, porque a educação artística procura o aperfeiçoamento de técnicas artísticas. Na arte-educação, a preocupação é usar a arte em prol da formação de um ser humano melhor.

Pensando nos objetivos do seu curso, é possível que o termo arte-educação seja mesmo o mais apropriado para o que você precisará desenvolver enquanto professor de arte na escola.

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CAPÍTULO 1 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 15

1.5.2 O ensino de arte e a LDB

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece a obrigatoriedade da arte na educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio).

Veja, a seguir, o texto da Lei.

Cap. II, Art. 26, §2: “O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos”.

Como a arte faz parte da cultura de uma sociedade, ao estudá-la na escola, teremos a oportunidade de analisar a cultura de sociedades anteriores e contem-porâneas à nossa.

Pensando nisso, você, ao se tornar um professor de artes, deve aproveitar suas aulas para oportunizar o surgimento de um verdadeiro palco na sala e na escola, onde encontros culturais aconteçam. Esses encontros devem respeitar a multiculturalidade existente na escola e ser um reflexo da própria sociedade que a cerca. As aulas de arte podem ser, então, uma oportunidade de intercul-turalidade, e não um despejar de conhecimentos eruditos sobre os alunos, sem respeitar as diversas culturas ali presentes no espaço escolar e seus entornos.

Reflita

Diferencie a multiculturalidade da interculturalidade. Lembre-se de respeitar a multiculturalidade existente na escola. A diversidade de culturas é papel das aulas de arte, bem como de todas as demais disciplinas, e a interculturalidade é justamente a interação que pode haver entre as várias culturas existentes.

O que você precisa saber sobre o que acabou de estudar? Que o trabalho do arte-educador não é somente despertar o senso estético de seus alunos. Deve, sim, trabalhar com educação em arte a fim de transformar seus alunos em pessoas capazes de analisar o mundo ao seu redor por meio de uma visão crítica. Isso os ajudará a se autoconhecerem e conhecerem o próximo, levando-os a conviver melhor em sociedade, considerando o mundo plural em que vivemos.

Saiba mais

Sobre o ensino de arte na LDB, leia o artigo “O Ensino de arte: em busca de um olhar filosófico”, do Professor Fernando Antônio Gonçalves de Aze-vedo, no sítio <http://www.arteducacao.pro.br/educa/anais.htm>.

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CAPÍTULO 1 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

16 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

Neste capítulo, você viu que entre as diversas filosofias de ensino de arte, existe a arte/educação. Essa filosofia não pretende necessariamente formar um artista, mas ajudar o aluno de arte a ser mais expressivo, criativo e assim encarar os problemas do mundo sendo capaz de buscar para eles soluções novas. Viu também que a arte é uma forma de o indivíduo conhecer e compreender o mundo, tornando-se capaz de transformá-lo e de interagir com ele. Ainda neste capítulo, você viu por que a arte é um objeto de conhecimento e como ela tem se entrelaçado às novas tecnologias e à própria ciência. Estudou também os novos paradigmas da arte e como eles podem se tornar preciosos para a dinamização de sua aula, na escola. Não esqueça o desafio de todo professor na contempo-raneidade: a atualização constante de conteúdos e reflexões para que não corra o risco de perder o “trem da história”.

ReferênciasDUARTE JR., João Francisco. Por que arte-educação? 7. ed. Campinas: Papirus, 1994.

FERRAZ, Maria Heloísa C. de T.; SIQUEIRA, Idmeia Semeghini Próspero. Arte-educação: vivência, experienciação ou livro didático? São Paulo: Loyola, 1987.

Anotações

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CAPÍTULO 2 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 17

Ensino de arte 2Introdução

Quando será que alguém sentiu pela primeira vez a necessidade de repassar seus conhecimentos artísticos a outras pessoas? Quando foi que alguém passou a arte de forma que pudesse ser melhor compreendida pelos seus apreciadores e estudiosos? Por que o ensino foi se modifi cando tanto ao longo do tempo e nos diversos países? Que infl uências o Brasil recebeu no tocante à forma como os conhecimentos e as técnicas artísticas eram passados de uma geração a outra?

Essas e muitas outras perguntas um dia já passaram pela minha cabeça e pela sua. Na verdade, gostaríamos, às vezes, de poder voltar no tempo e saber quem resolveu um dia organizar seus conhecimentos de forma mais elaborada para que outros pudessem utilizá-lo e aperfeiçoá-lo. Pois bem, neste capítulo, trataremos sobre a evolução do ensino da arte, desde a Pré-história até nossos dias. Você verá como os homens das cavernas passavam a seus semelhantes expressões e registros da história. Também verá que, no decorrer dos anos, foram surgindo escolas formais que acabaram por sofrer diversas transforma-ções para suprir a necessidade de cada época.

Ao escolher ensinar arte, você optará por formas de agir, ou seja, apresen-tará uma tendência pedagógica. Neste capítulo, você compreenderá também as diversas tendências pedagógicas desenvolvidas no âmbito do ensino da arte no Brasil e poderá se identifi car com uma delas. Isso deverá levar você a diversas refl exões a respeito de sua práxis.

2.1 Breve histórico do ensino da arteDesde os tempos da Pré-história, quando o homem exprimia seu cotidiano e

suas emoções nas pinturas e nos desenhos das paredes das cavernas, o ensino da arte está presente, de forma indireta e informal.

Mais tarde, com o surgimento da escrita, certamente esses conhecimentos passaram a ser registrados, e o ensino passou a ser feito de forma mais sistemá-tica. Isso aconteceu especialmente nas grandes civilizações do mundo antigo: Assíria, Egito, Grécia e Roma.

Na Idade Média, a Igreja se tornou a grande responsável pela arte. Era o principal patrocinador da arte e dos artistas e, no ambiente eclesiástico,

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CAPÍTULO 2 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

18 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

aconteciam os grandes eventos, tanto no sentido da produção e da apresen-tação artística, quanto no sentido da educação em arte.

Com o retorno às fontes clássicas e o consequente desenvolvimento do pensa-mento humanista, a partir do século XIII, houve a laicização da arte, ou seja, a Igreja perde o domínio exclusivo sobre a arte e os leigos passam a também produzi-la. Nesse contexto, surge a ideia de propriedade intelectual, a relação dos patronos das artes com os artistas (mecenato) e a combinação do conheci-mento humanista com a educação em arte, por meio das oficinas educativas.

Nos séculos seguintes, surgem as academias, que irão ser fundamentais no processo educativo em artes, pois vão desenvolver os diversos estilos estéticos. Passa a haver uma preocupação maior com o ensino da arte no currículo das escolas e multiplicam-se os espaços de fruição artística, como os museus de arte.

Nos séculos XVIII e XIX, com o advento da industrialização, a arte passa a servir à indústria, visando a fins comerciais. A figura do artista/artesão mostra sua impotência perante a grande produção industrial. O ensino das artes passa a ser utilitarista, visando à produção de artistas reprodutores de técnicas e dese-nhos industriais, sem o desenvolvimento da capacidade de livre expressão.

Nos séculos XX e XXI, a arte reconquista sua liberdade com o surgimento de movimentos em prol do artista e de sua criatividade. No Brasil, sente-se isso com a realização de eventos como a Semana de Arte Moderna, em 1922. A partir do século XX, a arte popular começa a adquirir o status de arte.

O ensino de artes tem um percurso relativamente recente, coincide com as transformações educacionais que caracterizam o século XX em várias partes do mundo e recebe as influências ocorridas pelas mudanças de paradigmas na área da educação, da psicologia e de outros saberes.

2.2 O ensino da arte no Brasil do “descobrimento” ao século XIXAo chegarem ao Brasil, os portugueses encontraram aqui os índios, que já

eram donos da terra. Eles tinham sua música própria, mas acabaram por assi-milar, mais tarde, a música europeia religiosa trazida pelos jesuítas.

Em 1804, Napoleão Bonaparte é sagrado imperador da França e, mais tarde, em 1807, envia seus exércitos para invadirem Portugal, o que obrigará Dom João VI, o monarca português, a fugir para o Brasil trazendo consigo a família real e a corte portuguesa (nobres, serviçais e artistas). Com a chegada da corte portu-guesa no Brasil, ficou óbvia a carência de um desenvolvimento cultural maior.

Em 1816, chega ao Brasil um grupo de artistas franceses que ficou conhe-cido como a Missão Francesa, que veio fundar a Escola ou Academia de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Os artistas da Missão Francesa eram pintores, dese-nhistas, escultores e construtores, que obedeciam ao estilo europeu Neoclássico. O objetivo da escola de Belas Artes era o de profissionalização dos artistas.

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CAPÍTULO 2 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 19

Essa tendência de ensino da arte profissionalizante permaneceu até o século XX e é encontrado em alguns espaços atuais.

Segundo o sítio <http://www.historiadaarte.com.br/missaofrancesa.html>, os artistas de maior destaque da Missão Francesa foram:

Nicolas-Antonine Taunay (1775-1830), pintor francês que teve grande destaque na corte e residiu cinco anos no Brasil, retratando a paisagem.

Jean-Baptiste Debret (1768-1848), chamado de “a alma da Missão Francesa”, desenhista, aquarelista, pintor, cenográfico, decorador, professor de pintura e organizador da primeira exposição de arte no Brasil (1829).

2.3 O ensino da arte no Brasil do século XXA Semana de Arte Moderna foi o grande acontecimento artístico do século

XX. A partir dela, a arte no Brasil passou a ter novos rumos, mais ousados e independentes.

Para ter maiores informações sobre a Semana de Arte Moderna, acesse os sítios <http://www.historiadaarte.com.br/semanade22.html> e <http://www.pitoresco.com.br/brasil/textos/semana.htm>.

Além da Semana de 22, no século XX, aconteceu a criação das universi-dades brasileiras (década de 30). Outros eventos culturais importantes foram as Bienais de Arte (desde 1951); os movimentos culturais realizados nas universi-dades brasileiras, como os Festivais da Canção Universitária (décadas de 50 e 60); o Movimento de Contracultura (década de 70); o incentivo à pós-graduação em artes no Brasil (dos anos 70 até nossos dias).

Saiba mais

Vale a pena ver o filme Macunaíma, realizado em 1969 por Joaquim Pedro de Andrade. É baseado no romance modernista homônimo de Mário de Andrade.

2.4 A relação entre história e práticas educativas em arteTodo professor acaba por desenvolver determinadas posturas ou práticas

educativas em sua trajetória de ensino. O conjunto dessas posturas ou práticas educativas é chamado de tendências pedagógicas. As diversas tendências peda-gógicas são fruto do contexto sociocultural. Elas fazem parte de um panorama

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CAPÍTULO 2 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

20 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

histórico sempre mais amplo do que às vezes imaginamos. “As práticas educa-tivas surgem de mobilizações sociais, pedagógicas, filosóficas, e, no caso de arte, também artísticas e estéticas.” (FUSARI; FERRAZ, 1999, p. 27).

2.5 A educação em arteVárias ideias influenciaram a formação das diversas tendências pedagó-

gicas de ensino da arte no Brasil. Vejamos.

Ensino informal para fins de catequese (século XVI): os padres jesuítas ensi-navam artes e ofícios aos índios para ajudar na catequese, o que também ajudava a produzir uma atitude de subserviência dos índios à corte portuguesa.

Ensino profissionalizante (século XIX): o ensino da arte tinha por objetivo dar ao aluno uma possibilidade de profissão. O aprendizado se dava com a repro-dução repetitiva das técnicas aprendidas.

Positivismo e liberalismo (século XX): o ensino é influenciado por duas tendên-cias opostas: a escola tradicional (positivista) e a escola nova (liberal).

LDB n. 5.692/71: implanta a obrigatoriedade da educação artística nas escolas brasileiras.

Elaboração dos PCN em artes (1997): parâmetros para o currículo em artes para as escolas brasileiras.

Debate e pesquisa em arte (desde o século XX): Com a criação das univer-sidades e dos cursos superiores de arte, os artistas e os educadores em arte começaram a se organizar em associações. Surgem os cursos de pós-graduação em arte, o incentivo a publicações na área de artes e a divulgação maior de pesquisas pela ABEM, ANPPOM, entre outras entidades.

Saiba mais

Se quiser visualizar um pouco do trabalho dos jesuítas na América do Sul, assista ao filme A missão (The Mission,1986). Nele você verá como eles desenvolviam artes e ofícios com os índios, para fins de catequese. A di-reção é de Roland Joffé, e o elenco é formado por Robert de Niro, Jeremy Irons, Lian Neeson. Para mais informações, acesse o sítio <http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=107>.

2.6 Tendências pedagógicasA seguir, veremos um resumo das principais tendências pedagógicas que

têm influenciado o ensino das artes no Brasil.

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CAPÍTULO 2 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 21

2.6.1 Pedagogia tradicional

Com a chegada da Missão Francesa e a fundação da escola de Belas Artes no Brasil, houve uma oportunidade de profissionalização em arte. Aos alunos da escola de Belas Artes era oferecido o ensino de técnicas artísticas europeias, cuja base era o desenho industrial e também o desenvolvimento de habilidades e técnicas gráficas.

O desenho era concebido como a base fundamental de todas as artes e tornou-se obrigatório como disciplina introdutória do estudo de artes da Academia Imperial. As filhas das famílias ricas ficavam em casa tendo aulas de música, bordado e diversos trabalhos manuais.

2.6.2 Pedagogia nova

Também conhecida como Escola nova, foi um movimento que surgiu na Europa e nos Estados Unidos, no século XIX. No Brasil, surgiu a partir de 1920 e dava ênfase aos aspectos da experimentação do aluno, sua livre expressão de caráter bem espontâneo.

Nomes de autores como o inglês Victor Lowenfeld e os americanos John Dewey e Hebert Read firmaram a pedagogia nova e deram abertura para a formação do movimento de “Educação pela arte”. No Brasil, foi iniciada por Augusto Rodrigues, que criou a “Escolinha de arte” do Rio de Janeiro.

2.6.3 Pedagogia tecnicista

Originou-se a partir do século XX, no âmbito mundial, e, no Brasil, a partir das décadas de 60 e 70. Essa tendência foi importada dos EUA no período da ditadura militar (1964-1984). Era enfatizado o planejamento técnico da aula e o alcance minucioso dos objetivos colocados nos planos de aula. Não levava em conta o desenvolvimento artístico do aluno e o conhecimento das linguagens artísticas, o que levou ao uso abundante dos livros didáticos e suas tarefas em arte em detrimento de reflexões e conhecimentos mais aprofundados sobre a linguagem a expressão artística.

2.6.4 Pedagogia libertadora

Com o famoso educador e pensador brasileiro Paulo Freire, entre 1961 e 1964, surge um método revolucionário de alfabetização de adultos que influen-ciou toda a educação brasileira. Era a pedagogia libertadora, voltada para o diálogo entre professor e aluno. Levava em consideração o universo cultural do aluno, visando ao desenvolvimento de uma consciência crítica que o ajudaria a se perceber como sujeito que participa do processo construtivo da sociedade.

A trajetória da educação em arte começou com o ensino informal para fins de catequese, no século XVI. Mais tarde, no século XIX, esse ensino tornou-se profis-sionalizante e, no século XX, foi influenciado pelas ideias do positivismo e libera-lismo. Ao longo da história do ensino da arte no Brasil foram se desenvolvendo

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CAPÍTULO 2 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

22 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

diversas tendências pedagógicas do ensino da arte: a pedagogia tradicional, na qual dava-se ênfase ao desenvolvimento técnico e industrial dos alunos; a peda-gogia nova, que tinha um caráter de experimentação; a pedagogia tecnicista, na qual o planejamento técnico era enfatizado, em detrimento da expressivi-dade dos alunos; e a pedagogia libertadora, de Paulo Freire, que se voltava ao diálogo entre professor e aluno.

Nessa trajetória do ensino da arte no Brasil, um grande avanço aconteceu com a promulgação da Lei n. 5.692/71, que inseriu o ensino de artes nas escolas e culminou com a elaboração dos PCN em artes, o que trouxe parâme-tros para os professores de arte e sua práxis escolar.

Reflita

Quais as diferenças entre as pedagogias tradicional, nova e tecnicista, no que diz respeito ao ensino de arte? Em que essas pedagogias diferem da pedagogia libertadora de Paulo Freire? Com qual dessas tendências peda-gógicas você se identifica?

Para aprofundar esse assunto, leia o livro Arte na educação escolar, de Ma-ria F. de Resende Fusari e Maria Heloísa C. de T. Ferraz (São Paulo: Cortez, 1992), e o livro Tópicos Utópicos, de Ana Mae Barbosa (Belo Horizonte: C/Arte, 1998).

Neste capítulo, você pôde compreender como aconteceu a trajetória do ensino das artes no mundo e no Brasil. Estudar essa trajetória o ajudará a compreender melhor o porquê dos fatos e poderá torná-lo um ser mais crítico a respeito da história e da educação em arte. Não se esqueça de que o panorama atual do ensino das artes pode ser mais bem compreendido quando voltamos nossos olhos ao passado. Isso nos serve enquanto professores porque nos faz pensar que também somos autores da história e ajudamos a construir os caminhos ou descaminhos da educação em arte. Vimos também que, no decorrer da história, foram surgindo diversas formas de ensinar arte, que acabaram por ser conhe-cidas como tendências pedagógicas em arte: a pedagogia tradicional, a peda-gogia nova, a pedagogia tecnicista e a pedagogia libertadora. Essas tendências são um reflexo das tendências pedagógicas em educação, como, por exemplo, a pedagogia tradicional e a pedagogia libertadora. É muito importante que todo professor as conheça e se posicione diante delas como profissional.

ReferênciaFUSARI, Maria F. de Resende; FERRAZ, Maria Heloísa C. de T. Metodologia do ensino da arte. São Paulo: Cortez, 1999.

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CAPÍTULO 3 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 23

Arte e cotidiano 3Introdução

Preocupa qualquer professor o fato de seu aluno mostrar-se desinteressado por suas aulas. É fundamental que o professor, mesmo lecionando conteúdos históricos, pudesse, de alguma forma, relacioná-los ao presente dos alunos. Colocações das crianças que, às vezes, desprezamos podem se tornar rico mate-rial de exploração e de expressividade artística por toda a classe. O professor estará, assim, fazendo a ponte entre passado e presente e dando mais signifi -cado às aulas de arte.

Neste capítulo, veremos como o processo de aprendizado em arte tem relação direta com a expressividade: a criança aprende ao se expressar e ao se relacionar com os outros.

3.1 Pensando sobre o cotidianoAs coisas do cotidiano são aquelas que fazemos costumeiramente, quase

que diariamente ou com certa periodicidade. Elas refl etem na vivência social dos indivíduos.

As características do cotidiano são, em termos gerais, a multiplicidade, a modifi cação no tempo e a diversidade no interior da mesma sociedade.

Multiplicidade: o cotidiano varia de acordo com as experiências particu-lares de cada indivíduo.

Modifi cação: as gerações estão sempre se renovando. Uma nova geração não vive igual aos avós, embora esteja na mesma localidade e, na maioria das vezes, more na mesma residência.

Diversidade: dentro de uma mesma sociedade, os indivíduos, embora tenham elementos culturais comuns, são diferentes em sua individualidade.

Seus alunos vivenciam artes direta ou indiretamente, por meio do que vestem, de como decoram sua casa, de como suas mães se maquiam, dos programas de rádio e TV a que assistem, dos álbuns de fi gurinhas que compram para cole-cionar etc.

A partir desse cotidiano, você pode puxar fi os para montar a teia do apren-dizado artístico da sua sala de aula.

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CAPÍTULO 3 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

24 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

3.2 Como a aula de arte pode refletir o cotidiano? Aproveite o repertório estético de seus alunos. As experiências dos alunos

com revistas em quadrinhos, músicas de rádio, filmes do cinema ou da tele-visão, danças populares a que assistem nos programas de TV (street dance, por exemplo), roupas da moda, enfim, todas as experiências que os levam a apreciar, fazer, gostar ou desgostar podem ser aproveitadas como elo de provo-cação de experiências semelhantes e novas.

Todas as linguagens da arte podem compor o seu universo de trabalho. Há muitas formas de comparar obras mais populares com obras mais clássicas e transformar o aprendizado em algo interessante e pertinente aos alunos. Para usar um termo bem atual, tudo isso é uma questão de fazer “links”.

É importante ouvir os alunos antes de fechar completamente seu programa de curso, acatando sugestões do que eles gostariam de aprender. O cotidiano de seus alunos se caracteriza pela multiplicidade, pela modificação no tempo e pela diversidade, características que podem ser preciosas para a construção do seu trabalho como professor.

Vimos, neste capítulo, que os seres humanos não aprendem algo que para eles não tem significado. Sem significado, o ensino é vão. Por isso, o professor deve buscar entender melhor o cotidiano de seus alunos e levá-lo em conside-ração em sala de aula, na hora do aprendizado das técnicas artísticas e no desenvolvimento das atividades didáticas. Basta usar esse repertório de ações e situações de seus alunos como meio para um aprendizado prazeroso e eficaz.

Reflita

Você já viu em sua cidade ou pela televisão muros, paredes e prédios pichados com desenhos chamados de grafite? Pesquise a diferença entre pichação e grafitismo. O grafitismo é considerado arte. Ao contrário do grafitismo, a pichação é um ato contra a cidadania, pois danifica prédios públicos e até mesmo casas de cidadãos comuns. Pesquise sobre os afres-cos feitos pelos pintores da Renascença. Faça uma comparação entre afres-cos e grafite. Quais são as semelhanças e as diferenças entre essas artes?

3.3 A capacidade expressiva da criançaA criança está sempre se exprimindo de forma espontânea. Diferentemente

do adulto, a criança não se prende ao medo do julgamento alheio, o que facilita bastante a sua expressividade. Esse desenvolvimento expressivo da criança ocorre por meio de sensações e percepções que são fruto de sua experiência cotidiana.

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CAPÍTULO 3 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 25

A educação da criança em arte deve envolver reciprocidade e nunca ser um processo isolado de produção. As aulas conjuntas (em classes, ao invés de particulares) certamente darão um resultado muito melhor para o apren-dizado infantil.

Dicas para uma aula dinâmica com crianças: use atividades interessantes e linguagem própria; faça atividades curtas, de, no máximo, 15 minutos; use recursos variados, coloridos, atraentes e diversificados; trabalhe em grupo, pois as crianças adoram!

3.4 O trabalho do professor de arteÉ importante que você entenda a expressão de seus alunos como um ato de

criação e valorize a obra criada, como resultado desse ato. É seu papel, como professor, ter a sensibilidade de aproveitar todo e qualquer material expresso em sala de aula pelo seu aluno, utilizando-o como elemento primário para o desenvolvimento de algo maior.

O professor de arte deve conduzir a situações de percepção, apreciação, observação, registro, criação, conscientização do “eu infantil”, bem como do mundo que cerca a criança, quer em casa, na escola ou em qualquer outro ambiente por ela frequentado.

A criança chega à sala de aula com vontade de contar o que aconteceu em casa. Quando sai da escola, faz o mesmo em casa. Isso significa que você deve aproveitar os momentos iniciais e finais da aula enfatizando aquilo que há de mais importante no conteúdo.

3.5 O desenvolvimento do fantástico nas aulas de arteImaginação e fantasia são elementos naturais do mundo infantil. Toda criança

comunica-se em um plano fantástico em que ela dialoga com amigos reais vivos ou inertes (coleguinhas da escola e bichos de pelúcia, por exemplo) e amigos irreais (como os amigos imaginários que as crianças costumam ter).

É importante que, na sala de arte, haja espaço para o desenvolvimento e a ampliação desse repertório de imagens. As aulas de arte podem trazer de volta ao mundo infantil, já que há, na arte, diversos elementos que favorecem o despertar da fantasia.

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CAPÍTULO 3 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

26 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

Saiba mais

Sobre o imaginário infantil, consulte o sítio <http://www.graudez.com.br/litinf/trabalhos/entrevista1.htm>.

3.6 Aspectos a trabalhar no ensino da arteA arte educa por meio do desenvolvimento de características como percepção,

sensibilidade e imaginação. Vamos ver como isso ocorre.

Percepção: para Vigotsky, existe uma “precocidade de percepção de objetos reais, com suas formas e significados.” (FUSARI; FERRAZ, 1999, p. 57). A criança desde cedo percebe que no mundo existem formas diversas, que podem ser utilizadas de várias maneiras. Isso significa que a criança é capaz de perceber diferenças plásticas entre os diversos objetos e seus materiais constitutivos, o que pode e deve ser muito bem explorado pelo professor de arte em sala, pois é mais fácil que ela perceba diferenças do que semelhanças nessa faixa etária.

Sensibilidade: é papel da escola trabalhar com seus alunos as diversas apti-dões e as múltiplas inteligências: a motora, a intelectual, a emocional e a social, entre outras. Os seres humanos não são iguais, não são dotados das mesmas competências e aprendem de formas diversas. Isso deve ser levado em conta no processo ensino-aprendizagem. Ao trabalhar a sensibilidade por meio da arte, o professor de arte estará preparando seus alunos para desenvolverem sensi-bilidade para o enfrentamento do mundo, levando-os a notar as diferentes suti-lezas do cotidiano e preparando-os para ser mais receptivos com as diferenças. Assim, habilidades, como fluência, flexibilidade, originalidade, inconformismo com situações socialmente inaceitáveis (como a miséria, a violência), autocon-fiança, altruísmo, entre outras poderão ser desenvolvidas no ambiente escolar e levadas às relações sociais do entorno escolar.

Imaginação: do ponto de vista da filosofia, bem como da psicologia, é a percepção das imagens que determina os processos da imaginação. Isso quer dizer que só podemos imaginar porque há um repertório de imagens que já vimos e que vêm à mente por meio de lembranças. A imaginação não seria algo fundamentalmente criativo, mas sim a revelação de algo que já pudemos ver ou viver. Você pode desenvolver a capacidade imaginativa de seus alunos levando-os a dar novas soluções a problemas existentes. Isso os ajudará a ser criativos no seu dia a dia, nas soluções dos problemas que eles venham a enfrentar e na melhoria do mundo que os cerca.

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CAPÍTULO 3 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 27

Reflita

Ao trabalhar a arte na sala de aula, o professor precisa estar atento a três características básicas: percepção, sensibilidade e imaginação. De acordo com essas características, a criança deve perceber, entre outras coisas, as diferenças plásticas entre os objetos, o timbre e a altura da música? A sensibilidade por meio da arte precisa ser trabalhada apenas com questões da sala de aula? A imaginação independe da percepção de cada um, ela acontece apenas com a criação de ideias? É melhor o professor utilizar as tendências pedagógicas adequadas à sua realidade na sala de aula e à sua prática?

A “falta de talento” alegada antigamente é um termo inaceitável para os dias de hoje, uma vez que, se o aluno não se identifica com determinada linguagem artística, pode ser que ele se identifique com outra. A arte é uma forma de trabalhar a sensibilidade dos alunos à medida que desperta neles um olhar mais atento, uma escuta mais ativa e os capacita a olhar o mundo ao seu redor de forma mais acurada. Não é papel da escola formar o ar-tista. É papel da escola oportunizar experiências artísticas aos seus alunos. Não cabe ao professor dizer ao aluno se a obra de arte que ele produziu é boa ou ruim, pois isso seria julgá-lo a partir de parâmetros pessoais. O professor pode sim fazer uma análise da obra, procurando sempre jogar para o aluno questões problematizadoras sobre a obra e sobre os procedi-mentos utilizados.

O homem se torna autônomo por meio de sua produção artística. Nela, é possível ter uma aceitação maior do que somos e do que o outro é. Há, nas aulas de arte, uma verdadeira troca e compartilhamento de experiências que podem levar a novas experiências e a uma expressividade cada vez menos constran-gida com críticas. Para o professor que trabalha com crianças, é fundamental entender o universo infantil. Ele deve saber como são elaboradas as ideias da criança, como se dá seu raciocínio, como a criança se expressa e do que ela gosta. Deve lembrar-se também de que crianças logo se entediam com ativi-dades repetitivas demais e muito longas. O professor deve usar criatividade ao elaborar as atividades artísticas para tornar suas aulas atrativas e propícias ao desenvolvimento dos estudantes.

ReferênciaFUSARI, Maria F. de Resende; FERRAZ, Maria Heloísa C. de T. Metodologia do ensino de arte. São Paulo: Cortez, 1999.

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CAPÍTULO 3 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

28 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

Anotações

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CAPÍTULO 4 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 29

Ação pedagógica e avaliação em artes 4

IntroduçãoO conjunto de ideias a respeito do ensino da arte, como já vimos, é bastante

amplo. Todas as mudanças e inovações que vêm acontecendo acabaram por deixar de lado a arte em si, fi cando apenas com aulas de autoajuda, livre expressão, repetições técnicas sem sentido. É urgente que avaliemos o que temos feito em sala de aula e que reorientemos nossa conduta para tratar da aprendi-zagem das artes mais do que do desenvolvimento pessoal de qualidades não necessariamente relacionadas com a arte.

O professor de arte precisa considerar que a escola não pode isolar a aula de arte do conhecimento sobre a produção histórica e social da arte, pois, por meio da análise histórica da arte e da obra de arte, o aluno poderá compreender melhor os caminhos traçados até aqui por aqueles artistas que o antecederam. Ele pode, mesmo nos anos iniciais, usar a linha do tempo com os períodos da história da arte, de forma atraente, aproveitando a visualidade e o colorido da linha para ensinar de forma criativa como foi a evolução das artes. Ao mesmo tempo, cabe ao professor de arte dar liberdade de criação ao seu aluno, inclu-sive incentivá-lo à imaginação e à criação pessoal e grupal, com base nas inte-rações da classe.

Avaliar todo esse processo de desenvolvimento da sensibilidade artística não é tarefa fácil. É o que veremos ainda neste quarto capítulo. Trata-se, na verdade, de um processo que envolve muitos aspectos subjetivos. Cabe ao professor, a partir de seus objetivos e das experiências cotidianas dos póprios alunos, defi nir como e quando deve ocorrer a avaliação.

4.1 Aprendendo para ensinar arteA ação pedagógica é o conjunto das decisões que o professor toma para si

e que vai orientar sua prática de ensino. Envolve fi losofi a e prática, porque antes de se tornar ação, ela precisa ser pensada enquanto ideia.

A arte requer recursos didáticos próprios e requer também uma ação peda-gógica diferenciada. Um dos primeiros aspectos a considerar na ação pedagó-gica em arte é deixar claro que o domínio das linguagens artísticas por parte do professor é fundamental. Ele deve buscar cursos nas várias linguagens artísticas, que possam ensinar as bases dessas linguagens (música, teatro, dança, pintura

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CAPÍTULO 4 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

30 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

etc.). Para o aluno é importante aprender com prazer e entendimento. Para tal, os conteúdos devem ser trabalhados de forma séria, bem pensada e bem planejada.

4.2 O processo de ensino-aprendizagem em arteVocê deve escolher metodologias e recursos adequados a cada situação e

linguagem artística. Por exemplo, nas suas aulas de música você pode comu-nicar-se com seus alunos com o canto. Cante desde a chamada dos alunos (faça a chamada musical, no momento em que eles chegam à sala de aula) e oportu-nize que eles cantem o máximo possível.

4.3 Por que é importante estudar artes? É esperado que um professor que esteja trabalhando a pintura como

linguagem artística saiba como funcionam as cores, como elas podem ser mistu-radas, quais são as técnicas básicas que podem ser aplicadas (aquarela, pintura a óleo etc.), quais os materiais que estão disponíveis no mercado, enfim, pelo menos os princípios básicos das técnicas de pintura. Esses conhecimentos podem ser adquiridos por meio de oficinas, pesquisas e buscas por parte do professor.

É óbvio que você não terá a obrigação de conhecer e dominar todas as linguagens. Mas sobre as linguagens de fato trabalhadas, você deve buscar aprofundamento para poder repassar fielmente seus conteúdos aos alunos.

4.4 Como selecionar os conteúdos a serem trabalhados?Os PCN são parâmetros curriculares nacionais elaborados pelo MEC, em

2001, com o objetivo de apontar metas de qualidade que ajudem o aluno como cidadão participativo, reflexivo e autônomo, conhecedor de seus direitos e deveres. Eles foram elaborados para ajudar o professor a nortear a seleção de conteúdos a serem dados nas quatro séries (atualmente, 5 anos) do Ensino Fundamental, e são divididos em dez volumes. Você pode acessá-los na internet, no sítio do MEC.

Os conteúdos escolhidos não podem perder de vista a formação do cidadão nem podem deixar de lado princípios como o da igualdade de participação no processo de ensino-aprendizagem, além do princípio da formação de uma visão crítica do panorama artístico nacional e internacional.

Também um maior número possível de linguagens e técnicas artísticas deve ser experimentado, evitando escolhas preconceituosas ou direcionadas pela simples preferência estética do professor.

Esses conteúdos devem estar baseados em três eixos norteadores, segundo os PCN de arte: produção artística (fazer artístico), fruição da arte (apreciação significativa) e reflexão (crítica).

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CAPÍTULO 4 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 31

4.5 Usando os temas transversaisTodos sabem que as linguagens artísticas são excelentes veículos para a

transmissão de diversos conhecimentos. Por causa disso, as artes são uma forma muito eficaz de trabalharmos os temas transversais em sala de aula.

A maioria dos trabalhos em arte expressam questões humanas essenciais que não podem ficar de fora da reflexão no espaço escolar, uma vez que, saindo dali, o aluno levará consigo o que apreender de novo.

Temas como pluralidade cultural e orientação sexual podem e devem ser explo-rados nas aulas de arte, por meio da leitura de obras, do estudo histórico, da produção cultural, enfim, de todos os ângulos pelos quais se pode trabalhar a arte.

4.6 O papel do aluno no processo Os alunos devem ter momentos de observação, criação, percepção, impro-

visação, em que sejam convidados a ver, enxergar, observar, ouvir, atuar, executar, refletir, memorizar, imaginar, enfim, devem ser envolvidos com as práticas artísticas.

4.7 O papel da escola no processoA escola precisa oportunizar aos alunos um aprendizado eficaz no que diz

respeito à arte regional, nacional e mundial. Os alunos precisarão ter contato com vídeo, DVD, televisão, cinema, espetáculos e, para isso, devem ser condu-zidos pela escola e pelo professor.

Um ambiente especial para as aulas de arte pode ser construído ou adap-tado, como, por exemplo, um ateliê ou estúdio de artes, onde haja cavaletes, pincéis, recursos didáticos variados, aparelho de som, CDs, DVDs, instrumentos musicais afinados e em boa manutenção, enfim, recursos que possam mostrar a seriedade com que a escola leva o ensino da arte e sua contribuição na formação do ser humano. E isso se conquista com conversas com a direção da escola, os pais, a comunidade, o governo.

Saiba mais

Sobre o papel que a escola tem de ensinar arte e a importância de mostrar ao aluno que aula de arte é algo prazeroso, procure ler A escola pode ensi-nar as alegrias da música, de Georges Snyders (São Paulo: Cortez, 1992).

Você já sentiu dificuldades em avaliar seus alunos de uma forma mais tranquila sem necessariamente aplicar provas, mas, quem sabe, fazendo uma

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CAPÍTULO 4 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

32 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

avaliação contínua? Pois bem, em artes isso é plenamente possível, já que um acompanhamento avaliativo de cada aula e cada nova etapa de produção do aluno se tornará até mais eficaz do que fazer provas e testes que, em termos artís-ticos, não permitiriam o devido acompanhamento de sua trajetória artística.

4.8 AvaliaçãoA avaliação em artes é um assunto bastante polêmico e tem sido discu-

tido ao longo desses anos de história da educação. É polêmico porque envolve complexidades, já que o trabalho em artes pode ser bastante subjetivo, porque trabalha com sentimentos e expressão.

A avaliação focaliza necessidades e se compromete com sua superação. Em qualquer situação de vida, a questão básica da avaliação é a definição exata daquilo que se está avaliando. Na escola, ela só deve acontecer para haver intervenção no processo de ensino e aprendizagem. Para estabelecer os critérios de avaliação, é importante lembrar-se sempre de qual é o objetivo da disciplina, para tornar esse objetivo claro aos alunos e para que eles saibam sobre o que serão avaliados. A avaliação deve ser um meio e não um fim (LUCKESI citado por FUSARI; FERRAZ, 1999).

Você deve usar a avaliação em artes atribuindo-lhe um caráter transfor-mador. Trata-se de um instrumento que auxiliará você e seus alunos a reverem práticas que não estejam alcançando os objetivos do curso.

Além disso, a avaliação é um instrumento valioso de conversão, porque indi-cará a você e a seus alunos não somente o que fazer, mas como chegar até lá.

Por fim, Luckesi sugere que a avaliação tenha um caráter constitutivo, ou seja, que se apegue aos aspectos verdadeiramente relevantes do processo de ensino-aprendizagem. Mas essa relevância tem de ser compatível com as neces-sidades de todos os envolvidos no processo: a escola, o aluno e o professor, além da sociedade, que será beneficiada por meio da mudança de atitudes, gerada pela educação.

Aplicando-se isso ao ensino de artes, devemos mostrar aos alunos que eles precisam ser avaliados para que eles mesmos possam acompanhar seu progresso. A avaliação nunca deve ser utilizada como instrumento de repressão e para fins de bom comportamento em classe.

Já vimos que os juízos de valor, ou seja, o julgamento que você faz do outro e da sua obra de arte devem ser evitados, no sentido da crítica destrutiva. Em artes tudo que alguém faz pode ser bom e aproveitável para tirar algum conhecimento.

Cabe ao professor, no processo de avaliação em artes, organizar indica-dores que possam norteá-lo no tocante às transformações que ele quer alcançar com seus alunos, sem que isso provoque competição entre eles.

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CAPÍTULO 4 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 33

4.9 Indicadores a considerar na avaliaçãoNa avaliação devem ser levados em conta os seguintes critérios:

Os alunos estão entendendo o que você fala ou sua linguagem está rebuscada e técnica demais para eles?

Eles têm conseguido progredir em conhecimentos a respeito da arte, ou a aula tem sido um mero momento de lazer?

4.10 Comprometimentos com a qualidade na hora da avaliaçãoO polêmico autor Hamilton Werneck escreveu um livro dedicado à avaliação

e aprovação/reprovação com um título bastante sugestivo que diz “se a boa escola é a que reprova, o bom hospital é o que mata”. No livro, ele defende a ideia de que há muito a ser reformulado em nossa práxis pedagógica, especial-mente no tocante à avaliação e à medição do “sucesso” dos alunos.

Ele sugere, com bastante propriedade, que os professores

busquem atividades que desenvolvam a criatividade, o racio-cínio, muito mais que as quantidades de exercícios e matérias lecionadas, preparem atividades que desenvolvam possibilidades de parcerias, do trabalho em equipe e quebrem essa estrutura de que o aprendizado se dá individualmente [...]. Intercalem ativi-dades individuais e de grupo. O aprendizado associativo exige que os alunos aprendam e possam, imediatamente, passar para os outros o que aprenderam (WERNECK, 1998, p. 30).

A nós, professores, cabe estar atentos a esses processos avaliativos em artes. A ideia de solicitar trabalhos em grupo é bastante interessante e casa muito bem com a filosofia de arte/educação. Atividades assim ajudam a preparar os alunos para suas relações humanas, para uma interação maior com o outro e para o aprendizado da valorização do que o outro faz.

Neste capítulo, você viu que o conhecimento e a expressão artística, podem resultar em projetos que despertem a curiosidade dos alunos. Também verificou que os alunos podem ser conduzidos à criação artística de forma natural e prazerosa. Uma reflexão sobre as obras produzidas por outros artistas e pelos próprios alunos aprimora a visão estética dos alunos, processo esse que deve ser encaminhado e facilitado pelo professor.

Vimos ainda que avaliar em artes nunca é fácil por causa da subjetividade da disciplina. Por isso, o professor, ao avaliar, terá de ter os seguintes cuidados:

definir os objetivos do curso, levando em consideração a faixa etária das crianças e suas especificidades;

definir critérios bem claros sobre os quais o aluno será avaliado;

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CAPÍTULO 4 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

34 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

lembrar que a avaliação precisa ter caráter transformador, e ser utili-zada como meio de conversão do processo de ensino-aprendizagem;

levar em conta a relevância dos aspectos avaliados em relação aos objetivos traçados.

ReferênciasFUSARI, Maria F. de Resende; FERRAZ, Maria Heloísa C. de T. Metodologia do ensino da arte. São Paulo: Cortez, 1999.

WERNECK, Hamilton. Se a boa escola é a que reprova, o bom hospital é o que mata. 2. ed. Rio de Janeiro: De Paulo,1998.

Anotações

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CAPÍTULO 5 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 35

Pré-história, Idade Antiga e Idade Média 5

IntroduçãoA ciência histórica tem como objetivo conhecer os processos de formação

da cultura humana e das realidades particulares dentro das sociedades. Assim é que surgem, a partir da história enquanto ciência, subáreas de conhecimento, como a história econômica, a história das religiões, a história da ciência, a história da arte.

Conhecer o processo por meio do qual o homem, ao longo dos anos, concebeu, elaborou, interpretou e usou a arte faz com que se conheça profunda-mente a condição humana, a realidade social e a estrutura do mundo.

Saiba mais

Para compreender melhor a diferença entre estilos, acompanhe as gravuras das obras que estudaremos na História da Arte, nos sítios <http://www.suapesquisa.com/prehistoria/> e <http://www.historiadaarte.com.br/>.

5.1 Arte e históriaAo longo da história, a arte desenvolveu características e fi nalidades

próprias, seguindo as tendências sociais, econômicas e culturais de cada época. Para efeito didático, a história da arte tem sido dividida em períodos. Aqui, optamos por seguir a periodização tradicional: arte pré-histórica, arte antiga, arte medieval, arte moderna e arte contemporânea.

5.2 Arte na Pré-históriaA Pré-história é o momento que antecedeu a formação das primeiras civiliza-

ções que surgiram por volta do ano 4000 a.C. É caracterizada pela ausência de Estado, de escrita e pela menor complexidade social. Em termos de organização social, a sociedade pré-histórica era formada, quando muito, de bandos, tribos e chefi as, e esses grupos eram quase sempre nômades.

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CAPÍTULO 5 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

36 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

O conhecimento sobre a Pré-história é complexo, pois não se dá por meio de relatos objetivos da história, mas sim por meio de achados históricos e arqueológicos.

A Pré-história pode ser dividida culturalmente em Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais. Cada fase tem suas próprias características que influenciam profundamente a produção artística, desde a utilização de materiais diferentes, até o uso de técnicas diversas em sua elaboração.

5.2.1 Arte paleolítica (de 500000 a 30000 a.C.)

O Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada é caracterizado pelo aparecimento dos primeiros hominídeos. Nessa fase, os homens viviam da caça de animais, da pesca e da coleta de grãos, raízes e frutos silvestres, o que influenciou gran-demente sua produção cultural.

No Paleolítico Inferior, cerca de 500000 a.C., o homem conseguiu dominar o uso do fogo e desenvolveu a produção de utensílios de pedra lascada (sílex), madeira e ossos.

Saiba mais

Sobre o Paleolítico Inferior, assista ao filme A guerra do fogo (La Guerre du feu, 81, FRA/CAN). Direção: Jean-Jacques Annaud. Com: Everett McGill, Rae Dawn Chong, Ron.

No Paleolítico Superior, aproximadamente 30000 a.C., o homem continuou produzindo as peças de pedra, ossos e madeira, assim como as de marfim. Com tais materiais, continuaram construindo lanças, facas, machados, mas também flechas e arcos, lançadores de dardos, anzol e linha. É desse período o surgi-mento da pintura das cavernas e da escultura.

Com o tempo, a arte das cavernas foi se tornando mais elaborada e assumiu uma função “mágica”: propiciar caça abundante, a fim de que fosse assegurado o sustento do grupo. Os animais eram pintados nas paredes das cavernas sendo caçados pelos homens, ou transpassados por flechas e lanças. No Brasil, há diversos sítios arqueológicos que apresentam pinturas rupestres que datam de longas datas, em estados, como o Piauí, Tocantins e Paraíba, por exemplo.

Outro tipo de arte produzida pelo homem desse período foram as esculturas de pedra e de marfim. Predominavam as figuras femininas, chamadas pelos arqueólogos de Vênus. Por meio do exagero de suas características sexuais, ressaltavam o elemento da fertilidade.

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CAPÍTULO 5 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 37

5.2.2 Arte neolítica (de 10000 a 5000 a.C.)

O Neolítico é a fase da Pré-história marcada pela sedentarização humana. Os bandos deixaram de ser somente caçadores e coletores e se tornaram tribos de pastores e agricultores. Fixaram-se próximos aos grandes rios. Compreendiam a ação das chuvas e das enchentes dos rios, usando-a para o bem da agricultura.

A grande inovação tecnológica do período é o uso da pedra polida, traba-lhada, ornada e transformada em enxadas e teares. Surgiram, nesse contexto, também a cerâmica e os tecidos de linho, lã e algodão.

Aconteceu, também, a divisão do trabalho: as mulheres cuidavam das plantas e da tecelagem, enquanto os homens preparavam os utensílios e cuidavam dos rebanhos. A arte também sofreu transformações. Envolvido com a agricultura, não sendo mais caçador, o homem perdeu o poder de observação acurada e desenvolveu uma visão mais abstrata e simplificada, em especial nos dese-nhos. Os temas dos desenhos também mudaram, retratavam mais a vida coletiva do que a individual. A simplificação dos desenhos, reduzidos a alguns poucos traços, gerou a chamada escrita pictográfica, ou seja, a representação de seres e ideias pelo desenho.

5.2.3 Arte na Idade dos Metais (de 5000 a 3500 a.C.)

A Idade dos Metais é considerada uma fase de transição entre o Neolítico e o surgimento das primeiras civilizações na Idade Antiga. Os metais, especial-mente o cobre, o estanho e o bronze (liga de cobre e estanho), eram utilizados em grande escala como armas e utensílios produtivos.

As esculturas também foram bastante comuns no período e eram feitas na forma de barro com moldes de cera.

Como você viu, desde que o homem existe, a arte esteve presente em sua vida. Veio cumprir papéis primordiais, como: representar a realidade, influen-ciar a sociedade e manifestar o poder criativo e expressar os sentimentos.

Viu também que, na Pré-história, a arte tinha uma função mágica e utili-tária que foi demonstrada em características próprias de cada período da arte pré-histórica, de acordo com o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de novas técnicas e a descoberta de novos materiais.

5.3 Arte pré-histórica no BrasilOs achados arqueológicos mostram a presença do homem no Brasil de cerca

de 40.000 anos atrás. São fósseis e outros vestígios deixados pelos primeiros habitantes dessa terra. As pinturas rupestres mais antigas, entretanto, datam de cerca de 20.000 anos e foram encontradas em sítios arqueológicos no Piauí (São Raimundo Nonato), na Bahia (Toca do Cosmos), em Minas (Lagoa Santa),

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CAPÍTULO 5 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

38 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

na Paraíba (Pedra Lavrada do Ingá) e no Tocantins (Serra do Carmo e Lajeado) (FUSARI; FERRAZ, 2004).

5.4 Arte indígena brasileiraA arte indígena brasileira é essencialmente utilitária. Podemos separá-la

conforme a tabela a seguir.

TIPO DE ARTE FINALIDADEPintura Estética para ocasiões especiais

Cerâmica Uso na culinária, objetos de decoração

Trançados Cestaria, acomodações, abanos, habitações

Adereços Artesanato, ornamentos para caça e pesca, cocares

Os índios também revelam o seu cotidiano por meio das artes. Um exemplo disso é a confecção de modelagens em argila ou madeiras leves, chamadas de licocós, que são representações de pequenas cenas do cotidiano indígena, como barcos de pesca, pessoas deitadas em redes etc.

5.5 Arte mesopotâmicaA arte mesopotâmica se desenvolveu na região próxima aos rios Tigre e

Eufrates (Iraque e Irã na atualidade). Lá floresceram importantes povos, como os sumérios, os babilônios, os acádios, os assírios e os caldeus. Entre os sumérios, surgiu a escrita cuneiforme.

Na arquitetura, o principal tipo de construção era o zigurate, uma espécie de pirâmide, em cujo cume havia um templo. As esculturas foram também outro tipo de arte comum, inclusive as esculturas de alabastro.

Alabastro é uma designação aplicada a dois mineirais istintos: gesso e calcite. O primeiro é o alabastro dos dias atuais; o segundo é geralmente o alabastro dos antigos.

5.6 Arte egípciaA arte egípcia se desenvolveu na civilização próxima ao rio Nilo, no norte

da África, por volta do ano 3000 a.C. A religião era o fio condutor de toda a vida egípcia, inclusive das artes. Assim, a arte egípcia expressava a glorificação dos deuses e do rei morto divinizado.

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CAPÍTULO 5 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 39

Ela pode ser dividida em três tipos mais importantes. Vamos conhecê-los.

5.6.1 Arquitetura egípcia

A arquitetura egípcia tinha três características gerais: solidez e durabilidade; aspecto misterioso e impenetrável; sentimento de eternidade.

Como exemplos, temos a construção de templos suntuosos, como os de Carnac e Luxor, na cidade de Tebas, dedicados ao deus Amon, uma das princi-pais divindades. Outro famoso templo era o de Luxor, colossal, com 275 m de comprimento, muros e colunas. Além dos templos, a arquitetura egípcia criou monumentos grandiosos, como as pirâmides, as mastabas e os hipogeus.

Pirâmides eram construções de pedra, cada uma pesando cerca de 20 tone-ladas, cuja base era quadrangular. Eram túmulos reais destinados aos faraós.

As mastabas eram túmulos destinados à nobreza, construídos em adobe. Eram menores do que as pirâmides, possuindo uma câmara subterrânea onde os corpos sepultados eram colocados.

Os hipogeus eram túmulos destinados ao povo em geral. Eram escavados nas rochas e possuíam duas ou três câmaras, cada um.

5.6.2 Escultura egípcia

Era normalmente de conteúdo religioso e político. Retratava deuses e faraós, fazia uso de baixo-relevo, fazia extensa figuração de animais e usava comu-mente o perfil. As esculturas que representavam os faraós e os deuses eram grandes, robustas e procuravam ressaltar sua força e poder.

5.6.3 Pintura egípcia

Os templos e palácios egípcios eram geralmente decorados com pinturas que relatavam os feitos dos faraós. A pintura egípcia possuía cinco caracterís-ticas: o naturalismo; as figuras apresentadas de perfil, mas com o corpo frontal; o uso da linguagem hieroglífica e de seus símbolos; a ausência de perspectiva (profundidade); a hierarquização social, apresentada por meio do tamanho dos personagens pintados (quanto mais importante o personagem, maior a sua apresentação).

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7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

5.7 Arte gregaA arte grega se desenvolveu a partir do século XIII a.C., mas é com o desen-

volvimento da cultura helenista que ela chegou ao apogeu. A arte grega pode ser dividida em três linguagens básicas.

5.7.1 Arquitetura grega

Era bastante imponente. Suas principais características eram:

presença de construções religiosas (templos);

simetria, ou seja, equivalência entre entrada e fundos da construção;

uso de colunas gregas (nos modelos dórico, jônico e corinto).

Além dos templos, havia outras construções comuns na Grécia, tais como os teatros ao ar livre e os ginásios para a prática de esportes.

5.7.2 Escultura grega

A escultura grega era geralmente antropomórfica, isto é, possuía formas humanas. Suas principais características eram:

o alto padrão atingido para a época;

o equilíbrio e a perfeição das formas;

a ideia de movimento presente nas peças.

No período arcaico, os gregos começaram a esculpir no mármore grandes figuras humanas, inclusive mulheres vestidas. Somente no período helenístico surgiu o nu feminino. Observa-se também o crescente naturalismo, pois os seres humanos eram representados de acordo com a idade, a personalidade, e também segundo as emoções e o estado de espírito do momento, procurando sempre dar a ideia de movimento. A estatuária grega alcançou o mais alto padrão já atingido pelo homem.

5.7.3 Pintura grega

A pintura grega é encontrada nas cerâmicas, nas paredes e nos painéis. Os vasos gregos são mundial-mente conhecidos por sua forma equilibrada e pela harmonia entre desenho, cores e espaço utilizado para a ornamentação e para fins religiosos. As pinturas das ânforas, hydras ou crateras (tipos de vasos) repre-sentavam as pessoas em cenas do cotidiano, ou os deuses e heróis mitológicos em suas empreitadas (CALABRIA; MARTINS, 1997). Usava-se também a pintura em tábuas de madeira, geralmente colocadas nas paredes, como um painel. Exemplo de ânfora grega.

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CAPÍTULO 5 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 41

5.8 Arte romanaA arte romana foi grandemente influenciada pela arte helenista. Apesar de

os romanos serem muito mais práticos e realistas do que os gregos, eles eram seus profundos admiradores, principalmente no que diz respeito à noção de beleza. Além da influência grega, a arte romana sofreu forte influência da arte etrusca popular.

As principais manifestações da arte romana foram a arquitetura, a pintura e a escultura.

5.8.1 Arquitetura romana

A arquitetura romana possuía algumas carcaterís-ticas gerais: a busca do útil e o senso de realismo; a noção de grandeza material, que realçava a ideia de força; a noção de energia e sentimento; o predomínio do caráter sobre a beleza.

Por causa do crescimento da população romana no auge do império, houve necessidade de se cons-truirem grandes prédios públicos para abrigar o maior número de pessoas. Nesses prédios, os romanos usaram recursos como arcos e abóbadas, desconhe-cidos dos gregos e egípcios (CALABRIA; MARTINS, 1997). As principais cons-truções romanas foram de função religiosa, comercial, decorativa, de higiene e de divertimento. Os romanos criaram o urbanismo, as vias de comunicação, os anfiteatros e as termas.

5.8.2 Pintura romana

Era utilizada principalmente para decorar casas e palácios. As pinturas romanas que chegaram até os nossos dias foram encontradas em Pompeia e Herculano, cidades atingidas pela erupção do vulcão Vesúvio, em 789 a.C.

Os mosaicos foram também muito utili-zados pela cultura romana, tendo como finalidade decorar muros e pisos com pedras que formavam os mais diversos desenhos. Ravena, na Itália, é conhecida até hoje pelos seus belos mosaicos.

5.8.3 Escultura romana

A escultura romana foi influenciada pela ideia de representar a realidade, e não de buscar um ideal maior. Assim, a escultura era usada largamente para

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42 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

representar os imperadores e políticos romanos. Eram bustos ou figuras de corpo inteiro esculpidas o mais próximo possível do real, inclusive demonstrando os defeitos originais do modelo esculpido (por exemplo, narigão, boca torta etc.).

Até aqui, observamos que:

as principais fases da arte antiga são a mesopotâmica, a egípcia, a grega e a romana;

a arte mesopotâmica foi gerada entre povos como os sumérios, os babi-lônios, os acádios, os assírios e os caldeus;

o forte da arte egípcia era a religião e a vida após a morte;

a arte grega é certamente uma das mais impressionantes da história, especialmente no tocante à escultura;

apesar de os romanos serem muito mais práticos e realistas do que os gregos, eles eram seus profundos admiradores, principalmente no que diz respeito à noção de beleza;

além da influência grega, a arte romana sofreu forte influência da arte etrusca popular.

Saiba mais

A arte grega é certamente uma das mais impressionantes da história, es-pecialmente no tocante à escultura. Para aprofundar suas características e sua divisão nas diversas linguagens artísticas consulte o sítio <http://www.historiadaarte.com.br/artegrega.html>.

5.9 Arte românica (1000 a 1100)A arte românica se caracteriza em parte pela redescoberta da arte romana.

Sua influência se deu em três áreas: a arquitetura, a pintura e a escultra.

A arquitetura produziu várias construções na Europa da Baixa Idade Média, mas, sem dúvida, sua maior influência foi sobre os templos católicos. As prin-cipais características do estilo arquitetônico românico eram os arcos formados por 180 graus, a utilização de abóbadas em substituição ao telhado das basí-licas, a construção de pilares maciços que sustentavam as paredes, a presença de aberturas estreitas usadas como janelas e as torres no cruzamento das naves ou nas fachadas.

A escultura e a pintura românicas estavam diretamente subordinadas à arqui-tetura e, consequentemente, à religião. Por isso mostravam quase sempre cenas

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CAPÍTULO 5 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 43

do Antigo e Novo Testamento. Suas principais características eram: a deformação (o artista interpretava misticamente a realidade, produzindo desproporcionali-dades nas figuras), o uso de afrescos (pinturas sobre paredes recém-construídas, com reboco ainda úmido), o colorismo, o uso de motivos religiosos (a sociedade medieval não era letrada e por isso os desenhos e esculturas tinham por finali-dade ensinar a religiosidade) e os mosaicos.

5.10 Arte gótica (1100 a 1500)A arte gótica surgiu no século XII. Era a chamada “arte francesa”, que foi

apelidada de gótica pelos italianos renascentistas, que consideravam a Idade Média como a era das trevas. Eles a chamaram assim porque o povo bárbaro mais conhecido na época era o povo dos godos.

A princípio, causou certo desconforto, porque era um pouco diferente da arte românica, que se focalizava na religião mística. A arte gótica focalizava-se no movimento e desenvolvimento das grandes cidades, que começavam a traba-lhar o conceito de Deus mais atrelado à razão do que ao sentimento (mística). Com o tempo encontrou aceitação e tomou o lugar da arte românica, especial-mente na arquitetura.

A arte gótica pode ser dividida em quatro áreas: arquitetura, escultura, ilumi-nuras e pintura.

5.10.1 Arquitetura gótica

Se a arquitetura românica já era considerada suntuosa, a gótica a superou em muito. As características do estilo gótico são as formas agudas e a tendência às linhas verticais. Sua fachada era bem diferenciada, sendo bem mais vertica-lizada do que a românica, resultado dos avanços técnicos. É marcada por uso de arcos ogivais, grandes vitrais coloridos, rosáceas, interiores claros, suportes de apoio nas paredes mais finas.

5.10.2 Escultura gótica

A escultura gótica estava ligada à arquitetura, usada largamente nas cons-truções, especialmente nas igrejas. Elas alongavam-se para o alto, seguindo a tendência das construções da época. Além disso, utilizavam feições claras. Um bom exemplo é o das esculturas existentes na catedral de Notre Dame de Chartres, na França.

5.10.3 As iluminuras

As iluminuras são desenhos que ilustram livros manuscritos. Foram muito comuns na Baixa Idade Média, antes da invenção da imprensa, por Guttemberg. Geralmente, apresentavam histórias bíblicas e religiosas. Evidenciavam a grande habilidade de desenhistas da época que miniaturizavam grandes histórias em poucas páginas de livros.

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44 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

5.10.4 Pintura gótica

A pintura gótica prenuncia o Renascimento e tem como principal caracterís-tica a busca pelo realismo.

Os principais pintores da época foram os italianos Giovanni Gualteri e Giotto, e os irmãos flamengos Jan e Hubert Van Eyk.

A arte medieval foi dominada pela Igreja, que era sua principal patrocina-dora, e tornou-se, por isso, detentora dos espaços artísticos e culturais. Com isso, muito se perdeu em expressividade livre, por causa da censura imposta pela igreja em relação às artes. Apesar disso, é uma arte rica em detalhes e impor-tantíssima como manifestação das ideias do homem daquele tempo.

As principais manifestações artísticas da Idade Média foram a arte româ-nica e a arte gótica, que, em seus estilos arquitetônicos e nas diversas outras linguagens artísticas (música, escultura etc.), revelaram bem as características obscuras da chamada “Idade das Trevas”.

Muitos elementos que apareceram na arte da Idade Média ressurgem em momentos posteriores e até na arte contemporânea, como, por exemplo, na alta costura, enquanto estilo artístico, que irá se utilizar da verticalidade gótica em muitas de suas produções. Alguns desses elementos são as iluminuras, as pinturas góticas dos santos, a arquitetura românica com seus belos arcos de 180 graus, entre outros.

ReferênciasCALABRIA, Carla P. B.; MARTINS, Raquel V. Arte, história e produção. São Paulo: FTD, 1997.

FUSARI, Maria F. de Resende; FERRAZ, Maria Heloísa C. de T. Arte na educação escolar. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2004.

Anotações

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CAPÍTULO 6 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 45

Idade Moderna e tendências contemporâneas 6

IntroduçãoDesde 1456 d.C., com a queda de Constantinopla, instaurou-se a Idade

Moderna. Ela trouxe profundas modifi cações no tocante à infl uência da Igreja nas artes, à busca do homem pela razão mais do que pela emoção, à explo-ração de novos matizes e materiais plásticos, fatos que irão infl uenciar direta-mente as artes.

No século XIX, iniciou-se a contemporaneidade, cujas características são mais próximas e compreensíveis ao homem de nosso tempo. Veremos, neste capítulo, esses dois períodos da história da arte: a arte moderna e a arte contemporânea.

Às vezes, temos a tendência de pensar que a história do Brasil começa com o descobrimento, em 1500. Isso é um equívoco, pois esquecemo-nos de que aqui residiam inúmeras populações por milhares de anos, antes da chegada de qualquer europeu. O mesmo equívoco podemos cometer quando pensamos em história da arte no Brasil. Há evidências de que esses habitantes pré-históricos da terra brasilis, que já estavam aqui muito antes da chegada das grandes navegações portuguesas, expressavam-se artisticamente, inclusive manifestando traços de sua cultura e de seu cotidiano.

Mais tarde, com a vinda dos portugueses, chegou ao Brasil também a Igreja Católica que, por meio de seus missionários, trouxe a arte europeia, servindo principalmente à catequese. Em 1808, com a chegada da família real e a implan-tação da Corte no Rio de Janeiro, surge a necessidade de se ter aqui artistas requintados, com formação europeia, para satisfazer aos anseios dos nobres. Assim, em 1816, chegou ao Brasil, a convite da Corte, a Missão Francesa, que trouxe grandes artistas europeus. Eles atuavam pintando o cotidiano da Corte, as paisagens brasileiras e os nobres portugueses. Esses artistas trazem consigo as infl uências dos movimentos artísticos europeus e vão infl uenciar a arte brasi-leira, que acaba por se tornar arte europeia feita no Brasil.

No século XX, a Arte Brasileira se moderniza, em especial a partir do movi-mento da Semana de arte de Moderna de São Paulo, em 1922, que foi uma verdadeira revolução e grito de independência dos parâmetros ditados pela Europa. Hoje, vemos no Brasil um grande avanço artístico no que diz respeito a uma arte genuinamente brasileira. Trabalhamos, inclusive, com matérias-primas

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CAPÍTULO 6 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

46 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

de nosso solo, como sementes e outros materiais naturais, redundando em cate-gorias de bioarte, o que possibilita uma vasta gama de criatividade no trabalho dos artistas.

Eventos como a Bienal de Arte de São Paulo e encontros realizados em grandes capitais, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e outras cidades, têm proporcionado a explosão de novos artistas, movimentos e estéticas brasi-leiros. Vamos, então, conhecer um pouco mais a evolução de nossa arte.

6.1 A arte na Idade ModernaA arte moderna chegou como negação da arte medieval. A chamada Idade

das Trevas tinha passado e novas ideias e anseios do homem vinham à tona. A arte moderna se divide em quatro estilos básicos. Vamos conhecê-los.

6.1.1 Arte renascentista (1300 a 1650)

O Renascimento foi um movimento cultural surgido na Itália, no século XIV, que propunha o retorno às fontes clássicas. As principais características da arte renascentista são:

a valorização do homem e da natureza, em uma visão idealis- ta-humanista;

a busca de racionalidade (tudo tinha de ser provado);

a procura da dignidade de todo ser humano;

retorno à arte greco-romana.

O Renascimento se desenvolveu nas seguintes linguagens artísticas: pintura, arquitetura, escultura e música.

6.1.2 Pintura renascentista

Na pintura renascentista, “os mestres italianos redescobriram os tesouros da Antiguidade clássica e conseguiram atingir três grandes realizações: a desco-berta da perspectiva, o conhecimento da anatomia e a representação perfeita do corpo humano” (CALABRIA; MARTINS, 1997, p.99). Tais características são facilmente percebidas nas obras dos pintores que se destacaram no Renascimento: Boticelli, Leonardo Da Vinci, Michelângelo, Rafael, Dürer, Holbein, entre outros.

6.1.3 Arquitetura renascentista

A arquitetura também sofreu muitas mudanças. “Os arquitetos do Renascimento preocupavam-se em criar ambientes que mostrassem o equilíbrio das linhas, a organização matemática dos espaços e os elementos da Antiguidade clássica na decoração” (CALÁBRIA; MARTINS, 1997, p. 102).

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CAPÍTULO 6 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 47

6.1.4 Escultura renascentista

Inspirou-se totalmente nos modelos greco-romanos, exaltando a beleza física masculina e o acabamento detalhado e perfeito de cada peça.

6.1.5 Música renascentista

A música ainda era grandemente influenciada pela Igreja e, na maioria das vezes, feita para ela. O músico de maior destaque da época talvez seja Josquim des Prez.

6.2 Arte missionária brasileiraA principal arte do período colonial é a arte missionária feita em nosso

país com fins catequéticos. Era ensinada, especialmente, pelos padres jesuítas, que aproveitavam o ensino desse ofício para levar os indígenas a construírem igrejas, esculpirem imagens de santos católicos e construirem casas de taipas para moradia dos colonizadores. Algumas construções de taipa são: engenhos de cana-de-açucar, casa da Companhia de Jesus, igrejinhas primitivas em várias localidades (ex.: Nossa Senhora da Ajuda, no Terreiro de Jesus, BA).

Um dos pintores da arte missionária foi o frei alemão Ricardo do Pilar, que atuou no Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro, deixando inúmeros painéis sobre temática religiosa que prenunciam características pictóricas do Barroco.

No século XVII, as construções passam a seguir modelos arquitetônicos euro-peus, sob a influência da estética maneirista (retilínea, rígida e austera), trazida para o Brasil por artistas religiosos europeus (arquitetos, mestres de obras, entalhadores etc.). Além desses artistas, pintores e escultores vieram para atuar pintando o interior das construções religiosas (igrejas, colégios e conventos). Nesse mesmo século, Maurício de Nassau, governador da colônia holandesa no Brasil, trouxe consigo dois dos grandes nomes de destaque na pintura europeia desse período: Frans Post e Albert Eckhout, que foram os primeiros a abordar assuntos não religiosos no Brasil, pintando paisagens brasileiras, figuras humanas, animais brasileiros e naturezas mortas.

6.3 Arte maneirista (1500 a 1650)O Maneirismo foi um movimento que, embora inspirado no Renascimento,

acabou rompendo com “o equilíbrio, a organização espacial, a simetria, a racionalidade e as proporções estabelecidas pela arte renascentista”

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(CALABRIA; MARTINS, 1997, p. 103). Foi um movimento de transição entre o Renascimento e o Barroco. O Maneirismo se desenvolveu mais profundamente na pintura, em especial nas obras do italiano Tintoretto e do grego El Greco.

Maneirismo vem da palavra italiana “maniera”, que quer dizer “estilo ou maneira própria com que cada artista realiza a sua obra” (CALABRIA; MARTINS, 1997, p. 103).

6.4 Arte barroca (1600 a 1750)O Barroco foi um movimento surgido na Itália no século XVII, em um contexto

em que a Igreja Católica Romana tinha o seu poder enfraquecido por causa do Renascimento, da Reforma e do Humanismo. Ele nasceu na construção e na decoração das igrejas que iam sendo erguidas pelo mundo pela recém-criada Companhia de Jesus.

Na arte barroca, os arquitetos, pintores e escultores tinham por obrigação transformar as igrejas em verdadeiras exibições artísticas.

Quanto à pintura, jogos de luz dão intensidade dramática à cena, desta-cando os elementos mais importantes do quadro. Os temas preferidos são os religiosos, os mitológicos e os do cotidiano. A emoção predomina sobre a razão (CALABRIA; MARTINS, 1997). Veja, no quadro a seguir, um resumo sobre as principais manifestações de linguagens artísticas do Barroco e os nomes de destaque desse período da história da arte.

Quadro 1

A PINTURA Luz utilizada para dar vitalidade à cena, destacando um foco no quadro.

PRINCIPAIS NOMES O italiano Caravaggio, o alemão Rubens, o holandês Rembrandt e o espanhol Velázquez.

A ESCULTURA Utiliza linhas curvas, excesso de dobras nas vestes e o dourado.

PRINCIPAL NOME Lorenzo Bernini.

A ARQUITETURA

Ateve-se principalmente à construção de igrejas católicas, com cúpulas altas e imponentes. No interior, pequenas capelas, cada uma com um santo, com altares ricamente decorados. Na França, houve a construção do Palácio de Versalhes.

PRINCIPAIS NOMES Giacomo della Porta e Gian Lorenzo Bernini.

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CAPÍTULO 6 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO

6.5 Arte barroca brasileiraO período barroco traz consigo mudanças na estrutura e forma da arte. A

pintura, por exemplo, usa cores fortes, dramaticidade e contrastes entre claro e escuro. A exuberância nas construções, o excesso de decoração e detalhes são características marcantes das igrejas de estilo barroco no Brasil. A maioria delas é recoberta de ouro e tem em seu teto pinturas com motivos bíblicos, com várias imagens de santos esculpidas, a presença de muitos altares com anjos e detalhes entalhados em madeira. Alguns exemplos são a igreja de Nossa Senhora do Pilar, Ouro Preto – MG e a igreja da Ordem Terceira de São Francisco, Salvador – BA.

Artistas importantes desse período são os portugueses Manuel de Brito e Francisco Xavier de Brito. Esse último foi a inspiração para o Aleijadinho, Antônio Francisco Lisboa, que se tornou o maior expoente do barroco brasileiro.

As principais obras do Aleijadinho são: Os profetas e Os passos da paixão de Cristo. Procure no Google pela referência Aleijadinho e terá oportunida-de de visualizar algumas de suas obras.

6.6 Arte rococó (1650 até 1780)O rococó surgiu na França, em meados do século XVII. É o desdobramento

do barroco e a reação a ele. A palavra rococó deriva do termo francês “rocaille”, que significa “incrustações de conchas, pedrinhas e fragmentos de vidro com que se enfeitam grutas” (CALABRIA; MARTINS, 1997, p.123). Suas principais características são o uso de formas curvas e o excesso de ornamentos, tais como conchas, flores e laços. As cores do rococó eram leves e vivas. O rococó influenciou a arquitetura, a pintura, a escultura e também os objetos de deco-ração, como porcelanas e móveis. Os principais nomes desse movimento foram os pintores franceses Jean-Honoré Fragonard e Nicolas Lancret.

6.7 Idade contemporâneaNunca houve na história tamanho desenvolvimento, em tão curto espaço de

tempo. Quando falamos em desenvolvimento nos últimos 200 anos, a intenção é falar de evolução técnica, tecnológica, educacional, industrial etc.

A Idade Contemporânea começou em 1789, com a Revolução Francesa, e segue até os dias atuais. Hoje se fala até de “Pós-Modernidade”, uma nova fase que teria rompido, em especial, com os ideais iluministas (racionalidade, objetividade etc).

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CAPÍTULO 6 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

50 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

6.8 Arte contemporâneaSegundo Gombrich (1999), a arte contemporânea possui algumas caracterís-

ticas gerais: a necessidade de conhecimento e envolvimento pessoal, o desprendi-mento de preconceitos, o rompimento com a tradição, a abertura para novas expe-riências, a necessidade de revoluções contínuas e a busca de novos padrões.

Quadro 2 Estilos de arte contemporânea, divididos nos dois séculos.

SÉCULO XIX SÉCULO XXNeoclassicismoRomantismoRealismoImpressionismoPós-impressionismoExpressionismo

CubismoFovismoAbstracionismoDadaísmoSurrealismoOp ArtPop ArtTendências contemporâneas

6.9 NeoclassicismoSurgiu no final do século XVIII, mas se consolidou no início do século XIX. Foi

influente na França, na Inglaterra e nos Estados Unidos. Suas principais caracterís-ticas são o retorno ao passado (cultura clássica), o academicismo, a busca de regras rígidas para a arte e a arte vista como imitação da natureza. O estilo neoclássico influenciou a arquitetura (Souflot), a pintura (David) e a escultura (Canova).

6.10 RomantismoEsse foi outro movimento surgido durante a Revolução Francesa, no século

XVIII, mas que se firmou na primeira metade do século XIX. Sua influência se deu na literatura (Lord Byron e Goethe), na música (Beethoven e Chopin), na arquite-tura (Sir Charles Barry) e pintura (Delacroix e Goya). Sua ênfase estava nos senti-mentos de liberdade e de independência, nas noções de mistério e sobrenatural, na atmosfera de fantasia e heroísmo, valorizando, acima de tudo, o sentimento (CALABRIA; MARTINS, 1997).

6.11 RealismoSurgiu em meados do século XIX, na França. Tinha como objetivo retratar

a vida, os problemas e os costumes das classes menos abastadas, da maneira mais realista possível, e não de forma idealizada, como o faziam o neoclas-sissismo e o romantismo. Valorizava o objeto, usava de sobriedade e minúcia, procurava a descrição. Desenvolveu-se especialmente na pintura, com Millet e Courbert, mas também na arquitetura, com Eiffel.

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CAPÍTULO 6 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 51

6.12 ImpressionismoSurgiu na França, na segunda metade do século XIX. Seus principais nomes

foram Manet, Renoir, Cézanne e Monet na pintura, e Degas e Rodan (para alguns) na escultura. A principal influência do impressionismo foi o interesse pela luminosidade. Os pintores impressionistas usavam cores vibrantes e lumi-nosas, abandonando a técnica de gradação das cores. Além disso, observavam e muitas vezes pintavam o mesmo objeto várias vezes em horários diferentes, para mostrar a diferença da luminosidade. Deu pouca importância aos temas sociais, valorizando a natureza. A pintura impressionista deve ser observada de longe, para que as manchas e contornos ganhem sentido.

6.13 Pós-impressionismoEsse foi um movimento de reação ao impressionismo, considerado um estilo

superficial, por não se interessar por questões sociopolíticas. Seus principais idealizadores foram Cézanne, Toulouse-Lautrec, Gauguin e Van Gogh. Eles acre-ditavam que seus trabalhos eram construções, interpretações e sentimentos sobre a natureza e a realidade, e não simplesmente a realidade em si.

6.14 Arte brasileira do século XIXNa primeira metade do século XIX, o Brasil passou de Colônia de Portugal

para Império. Tudo começou com a chegada da Família Real ao Brasil, em 1808, culminando com a Independência, em 1822, declarada por D. Pedro I. Nesse contexto, chegou ao Brasil a Missão Francesa, em 1816, que muito influenciou a formação dos artistas e a produção artística no Brasil Império. Ela foi

chefiada por Joachin Lebreton. Dela faziam parte, entre outros artistas, Nicolas-Antoine Taunay, Jean-Baptist Debret e August-Henri-Victor Grand-Jean de Montigny. Esse grupo organizou em 1816 a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios. Essa instituição teve seu nome alterado muitas vezes, até ser transformada, em 1826, na Imperial Academia e Escola de Belas-Artes (SANTOS, 2005, p. 211).

A Academia de Belas Artes passou a ser frequentada por pintores brasileiros em busca de aperfeiçoamento de sua arte. Um deles, Pedro Américo (1843-1905), é o autor do famoso quadro “Independência ou Morte”, que se encontra no Museu Paulista da USP e retrata a cena do “Grito da Independência” de D. Pedro I.

Com a Independência do Brasil no século XIX, aconteceram também impor-tantes eventos que influenciaram o contexto socioeconômico e político brasileiro. No final do Segundo Império, especialmente, notamos importantes mudanças, entre as quais podemos destacar os fatores do quadro a seguir.

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CAPÍTULO 6 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

52 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

Quadro 3

ACONTECIMENTO DATAAbolição da escravatura 1888

Proclamação da República 1889

Ciclo do café e da borracha(Belle Époque)

Final do século XIX e início do século XX

Industrialização Início do século XX

Faz-se necessário nos atermos por um momento na Belle Époque (Bela Época), momento de grande euforia para a sociedade brasileira, especialmente nas cidades de São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Belém e Manaus. Essas cidades foram influenciadas pelos ciclos do café e da borracha, que trouxeram consigo grande desenvolvimento econômico e consideráveis mudanças arquitetônicas. As cidades de Belém e Manaus têm ainda hoje vários prédios desse período, como o famoso Mercado do Ver-o-Peso, em Belém, e o Mercado Municipal de Manaus, ambos de ferro fundido, ou forjado, além das belíssimas construções em alvenaria dos Teatros da Paz (Belém) e Amazonas (Manaus).

Alguns artistas plásticos dessa época que retrataram o cotidiano humano de forma bastante realista são: Almeida Júnior (1850-1899), considerado o mais brasileiro dos pintores nacionais; Henrique Bernadelli (1858-1936); Eliseu D´ângelo Visconti (1867-1944), considerado o primeiro designer brasileiro. Entre os estilos da Belle Époque podemos citar as seguintes manifestações artís-ticas: ecletismo, arte nouveau e caricatura.

6.15 ExpressionismoÉ um estilo que prioriza o sentimento do artista diante dos fatos da vida,

permitindo-lhe expressar seus sentimentos por meio da arte. Seu maior artista foi o norueguês Edvard Munch.

6.16 CubismoPablo Picasso e Georges Braque são fortes nomes desse movimento.

Acreditavam que precisavam renunciar às noções tradicionais de perspectiva, além de romper com a ideia de ver a arte como imitação da natureza. Defenderam a geometrização das formas, usaram o colorido sobre as superfícies planas, traba-lharam com cores austeras, desenvolveram uma sensação de pintura escultórica e retrataram objetos como se estivessem partidos sobre uma superfície plana.

6.17 FovismoO fovismo, ou fauvismo, foi desenvolvido por Matisse e Derain. Para eles,

o mais importante na arte é a cor. As linhas, o desenho e a perspectiva ficavam em segundo plano.

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CAPÍTULO 6 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 53

6.18 AbstracionismoSurgiu da constatação de que as cores e formas da obra de arte não são

necessariamente iguais às do objeto retratado. Os maiores pintores desse estilo foram Kandinsky e Mondrian.

6.19 DadaísmoSurgiu durante a Segunda Guerra Mundial, em um contexto de irracionali-

dade, falta de conexão e vazio de significados. A ideia era de a arte também não ter significado. Picabia, Hausmann e Duchamp foram artistas dadaístas.

6.20 SurrealismoSurgiu em Paris em 1924. Era formado por um grupo de artistas que valori-

zavam a psicanálise. As obras surrealistas não seguiam nenhum padrão estético, moral, lógico ou racional (CALABRIA; MARTINS, 1997). Foram seus principais protagonistas Chagall, Miro e Dali.

6.21 Op artA op art era um estilo que tinha por objetivo explorar alguns fenômenos

óticos, com a finalidade de fazer parecer vibrar a obra de arte. A expressão op art é a abreviação da expressão inglesa “optical art”, que quer dizer “arte ótica”. Mondrian e Vasarely foram experts nesse tipo de arte.

6.22 Pop artPop art foi a tendência que procurou aproximar a arte do dia a dia das

pessoas. Tentou também alertar as pessoas sobre a futilidade do consumo e da manipulação realizada pelos meios de comunicação de massa. Seu maior difusor foi Andy Warhol.

6.23 Arte modernista brasileiraO Modernismo brasileiro oficialmente foi iniciado com a Semana de Arte

Moderna de 1922. Segundo Fusari e Ferraz (2004, p. 140),

o estudo da arte no Brasil a partir do modernismo inclui leituras, contextualização e análises das produções artísticas brasileiras do século XX, que detectaram o rompimento com as tradições e regras acadêmicas, provenientes dos séculos anteriores.

Os nomes de maior destaque do modernismo brasileiro são: Villa-Lobos, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Portinari, Di Cavalcanti, Lasar Segall, Oswald de Andrade e Mário de Andrade. A influência do modernismo abre caminho para as gerações seguintes que trabalharão com a possibilidade e a liberdade de demonstrar novas perspectivas e rumos em suas obras. Um destaque deve

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CAPÍTULO 6 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

54 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

ser dado à geração de artistas populares, também chamados artistas primitivos, como Mestre Vitalino (de Caruarú, PE) e Heitor dos Prazeres (pintor e sambista, parceiro de Noel Rosa).

6.24 Tendências contemporâneasEntre as novas tendências da arte, há uma chamada instalação, que permite

que a obra de arte seja montada com os mais diferentes tipos de materiais e nos locais mais inusitados. Essas obras ocupam um ambiente escolhido pelo artista, em que ele pode trabalhar livremente. Um grande artista da instalação é Javacheff Christo.

6.25 Arte contemporânea brasileiraA arte contemporânea brasileria não se diferenciou muito das tendências

artísticas contemporâneas mundiais. Elas se estabeleceram no Brasil especial-mente a partir da década de 50 e puderam entrar em nosso país por meio de exposições realizadas no Museu de Arte de São Paulo (MASP), no Museu de Arte Moderna de São Paulo, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e por meio da Bienal de Artes de São Paulo.

Artistas como Waldemar Cordeiro e Lygia Clark trouxeram para o Brasil novas expressões artísticas, concretas e neo-concretas, seguindo o movimento abstracionista. Em nossos dias, temos as denominadas instalações, arte composta no ambiente, em que o artista trabalha usando materiais variados.

Alguns artistas contemporâneos brasileiros: Oscar Niemeyer (arquiteto), Lina Bo Bardi (arquiteta), Siron Franco (artista plástico), Manabu Mabe (pintor), Tomie Ohtake (pintor), Mário Cravo (escultor), Flo Menezes (músico eletroacústico), Cia baiana de Patifaria (teatro), Antônio e Walter Peticov (artistas plásticos) e o Grupo Corpo (balé). Alguns são estrangeiros, mas residem no Brasil há muitos anos.

Vimos, neste capítulo que a arte brasileira inicialmente era arte europeia feita no Brasil pelos missionários da Companhia de Jesus, entre outros, que ensi-navam artes e ofícios aos indígenas que aqui já viviam. A família real, quando chegou para morar aqui, criou a necessidade de se trazerem artistas europeus para enriquecerem a vida artística, que foi a Missão Francesa.

No barroco brasileiro surgem lindíssimas construções, especialmente igrejas, que mostram riquezas de detalhes e materiais utilizados, como o ouro, por exemplo. Muitas dessas igrejas encontram-se em Minas Gerais e fazem parte do patrimônio artístico do barroco brasileiro.

Mais tarde, após a proclamação da República, um ciclo de grande produ-tividade permite a transformação da arquitetura de diversas cidades, entre elas Belém do Pará, Manaus, Belo Horizonte e São Paulo. A realização da Semana de 22 trouxe profunda abertura para que a arte brasileira se tornasse

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CAPÍTULO 6 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 55

independente dos padrões ditados pela Europa. Hoje, nossos artistas plás-ticos têm ousado no uso e na exploração de novos materiais. Observemos, inclusive, o uso de recursos naturais como a elaboração de “biojoias” – joias brasileiras feitas por designers brasileiros que se debruçam em pesquisa de sementes, pedras e minérios brasileiros para criá-las.

Você pôde ver que, nas artes moderna e contemporânea, muitas escolas diferentes e, algumas vezes, contraditórias foram se desenvolvendo, algumas com o compromisso de retratar os aspectos mais sérios do cotidiano, outras sem qualquer compromisso com a realidade, e sim apenas com a livre expressão dos artistas e de suas inquietações estéticas. Como acreditavam os pensadores da Escola de Frankfurt, a arte é um poderoso instrumento de transformação social, mas também é uma poderosa forma de perpetuar aquilo que você é e suas respostas ao mundo que o cerca.

ReferênciasCALABRIA, Carla P. B.; MARTINS, Raquel V. Arte, história e produção. São Paulo: FTD, 1997.

FUSARI, Maria F. de Resende; FERRAZ, Maria Heloísa C. de T. Arte na educação escolar. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2004.

GOMBRICH, E. H. A história da arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.

SANTOS, Maria das Graças Vieira Proença dos. História da arte. 16. ed. São Paulo: Ática, 2005.

Anotações

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CAPÍTULO 6 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

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CAPÍTULO 7 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 57

Artes visuais, música e artes cênicas 7

IntroduçãoA arte se manifesta de diversas formas em diversas culturas e em dife-

rentes momentos. A cada manifestação, podem-se notar transformações que se realizam em termos estéticos e nos modos de produção artística. É importante que se considere essa variedade de linguagens nas aulas de arte, para que o aluno possa, na medida do possível, experimentá-las, vivenciá-las, criticá-las e refl etir a respeito da expressividade de cada uma delas. Certamente, uns alunos se identifi carão com uma, e outros com outra, não havendo linguagem mais fácil ou mais difícil, mais nobre ou mais pobre. O que há é a diversidade que deve ser trabalhada, inclusive como base para um trabalho social de compreensão e de aceitação daquele que é diferente de mim. Assim, a arte estará cumprindo o seu papel como meio de expressão, mas também de compreensão do homem em sociedade, bem como da história da humanidade.

O trabalho com a música é extremamente apropriado à educação infantil, porque as crianças simplesmente amam essa linguagem. Desde pequeninas, as crianças são capazes de se exprimir pelo canto e pelo uso de instrumentos musi-cais de bandinha (chocalho, ganzá, tamborzinho etc.). Ao trabalhar com música em sala de aula, você deve se lembrar da diversidade cultural ali presente e deve procurar atingir essa diversidade. Traga para o trabalho em sala não somente um repertório de que você, professor, goste, mas trabalhe também músicas de que os seus alunos gostem, para que eles tenham prazer em aprender mais. As canções cantadas ou tocadas devem ser signifi cativas para eles.

As artes cênicas são aquelas, como o próprio nome diz, que exigem do artista uma performance em cena. Têm a expressão corporal e facial como base de seu trabalho. Na escola, elas não são trabalhadas necessariamente para fi ns de espetáculo, mas como ferramentas de desenvolvimento da consciência corporal, de melhoria da expressão, do trabalho criativo e do relacionamento com o grupo. As artes cênicas dividem-se basicamente em dança e teatro, embora alguns autores considerem o canto lírico (ópera, opereta, musicais) uma arte cênica também. Para nosso estudo, vamos nos ater somente aos dois primeiros.

7.1 Artes visuaisTrabalhar com crianças em artes visuais é muito rico e promissor, porque

por meio das artes visuais a obra está ali, pronta para ser vista. Isso agrada

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CAPÍTULO 7 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

58 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

bastante a criança, pois o resultado da sua atividade é palpável e passível de maior compreensão.

As artes visuais são aquelas que lidam com a imagem e a visualidade. Algumas delas são pintura, desenho, gravura, escultura, arquitetura e desenho industrial, fotografia, artefato, artes gráficas, cinema, televisão, computação, performance, entre outras.

Para trabalhar com artes visuais, é fundamental que o professor esteja cons-tantentemente atualizado no que diz respeito aos materiais e às técnicas exis-tentes, bem como quanto à descoberta e à utilização de materiais plásticos novos. Para os alunos será importante a oportunidade de passar por experi-ências diversas para desenvolverem a capacidade de perceber visualmente, produzir obras novas, experimentar as texturas e as diferenças entre as diversas matérias-primas (tintas, papéis, telas etc.).

A consistência da educação em artes visuais se dá na tentativa constante de levar os alunos a novos modos de combinar velhos materiais e, também, à criação de novos materiais. Segundo os PCN de artes, “criar e perceber formas visuais implica trabalhar frequentemente com as relações entre os elementos que as compõem, tais como ponto, linha, plano, cor, luz, movimento e ritmo” (1997, p. 61).

O professor deve incentivar seus alunos a lerem e relerem obras de arte, dando uma atenção especial aos contextos nos quais essas obras foram produ-zidas e despertando-os para vê-las como signos de uma geração, de um grupo ou de um autor específico.

Os conteúdos que devem ser considerados no ensino das artes visuais são as técnicas, os procedimentos, as informações históricas, os produtores de arte (artistas) e as relações culturais e sociais.

7.2 Objetivos do trabalho com artes visuaisHá diversos objetivos na exploração do trabalho com artes visuais.

Destacamos: despertar o interesse das crianças por diversos espaços artísticos (museus, galerias de arte etc.); fazer exploração de materiais colhidos da natu-reza (folhas velhas, sementes, pedrinhas de praia); demonstrar a importância de reciclar material, inclusive do ponto de vista econômico e ambiental.

7.3 Quais artes visuais que você pode trabalhar?Muitas são as opções, como falamos anteriormente. Citaremos a seguir as

mais comuns.

7.3.1 Desenho

É um dos instrumentos básicos de trabalho em artes visuais. Pode ser utili-zado para expressar ideias, emoções, para fazer planejamentos (por exemplo, em obras de construção ou design) e também como registro.

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CAPÍTULO 7 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO

É preciso lembrar que o desenho equivale a uma forma poética e que, de acordo com as preferências individuais, admite uma grande variedade de recursos estéticos.

Na aula de arte, ao invés de o professor trazer seus desenhos fotoco-piados, mimeografados (como acontece ainda em muitas escolas brasileiras) ou impressos, seria uma interessante experiência levar as próprias crianças a desenharem. Pode-se até fazer cópias para os outros alunos, como forma de socializar a arte produzida em sala de aula.

Na hora do desenho pronto, você, professor, jamais deverá induzir a criança quanto à escolha do material ou da cor que ela usará. O que você deve fazer é mostar os diversos materiais e explorar a técnica que você pretende ensinar naquela determinada aula. Mas a cor e o material devem ser escolhidos pela criança.

Sempre é bom, antes de conduzir os alunos à prática do desenho, mostrar algo da história da arte, ou ler com eles uma obra, apreciando-a em sua técnica, contando a história daquele autor, do país dele, do contexto em que a obra veio a surgir. Só depois dessa exploração, o professor dará a oportunidade de seus alunos criarem suas próprias obras.

7.3.2 Gravura

A gravura é outra linguagem das artes visuais. Ela é usada para reproduzir uma imagem muitas vezes. Esse mecanismo é chamado de reprodução de imagens.

“Na história da arte ocidental, a primeira forma de se reproduzir uma imagem foi a xilogravura. Xilo, em grego, quer dizer ‘madeira’” (BRIOSCHI, 2003, p. 36). Mais tarde, foram criadas outras formas de gravura, como na pedra (litogravura), no metal e a famosa serigrafia, bastante usada em nossos dias. Com a matriz da gravura feita em um dos materiais citados, faz-se a tiragem, que é uma reprodução em escala maior. O carimbo comum, por exemplo, usa o princípio da gravura.

7.3.3 Carimbo

Utilizando legumes, como a batata, mande que os alunos desenhem nas rodelas e depois esculpa com eles o desenho, de forma que fiquem em alto relevo. Após isso, é só mergulhar na tinta e sair carimbando a folha em branco. Pode e deve haver troca de desenhos entre os alunos, de forma que se monte um quadro completo, com vários elementos, como a seguir:

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CAPÍTULO 7 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

60 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

Não poderemos abranger aqui todas as linguagens contidas nas artes visuais. Procuramos selecionar três menos trabalhadas nos livros, para auxiliá-lo, pois certamente você encontrará maior facilidade em pesquisar material sobre pintura, escultura, artefato, cinema, televisão, fotografia etc.

O trabalho com artes na escola nos traz uma gama enorme de possibilidades pela diversidade de manifestações artísticas existentes no Brasil e no mundo. As artes podem se manifestar em diversas linguagens, cada uma com suas parti-cularidades de expressividade, uso de materiais e grau de complexidade. Entre essas linguagens, as artes visuais encantam as crianças pela sua variedade e leque de possibilidades em desenhos, formas, cores e texturas, que são somente alguns dos muitos aspectos que podem ser explorados. Qualquer ser humano é capaz de expressar-se por meio de uma ou várias artes visuais, desde que quebre paradigmas e seja orientado no uso e na descoberta de técnicas e mate-riais. Cabe ao professor de arte se debruçar sobre as artes visuais e fazer delas aliadas em seu processo de ensino-aprendizagem.

7.4 O que é música afinal?Um dos conceitos mais fáceis e tradicionais que se tem é que música é a arte

do som. Isso significa, então, que a matéria-prima da música é o som.

Ao trabalharmos com o som, precisamos mostrar também o que é o silêncio e como ele é importante. O primeiro passo é sensibilizar seus alunos aos sons que existem dentro do seu corpo (as batidas do coração, por exemplo), no ambiente de sala e no cotidiano. Para isso, você deve partir de elementos que eles já conhecem para explorar situações novas. Todos os tipos de som podem ser aproveitados para o ensino.

Em música se trabalha o tempo todo com o fenômeno sonoro, que deverá ser explorado com experiências envolvendo os sons do corpo, do ambiente, do cotidiano, dos instrumentos musicais e de materiais diversos (copos descartáveis, folha de papel, plástico, bolha etc.).

O fenômeno sonoro é o acontecer do som. Em quase todos os fatos do cotidiano ocorre o fenômeno sonoro.

7.5 O que trabalhar no som?Você deve mostrar aos seus alunos que o som tem diversas características,

chamadas propriedades do som. Elas são características que a maioria dos sons apresenta. Vejamos.

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CAPÍTULO 7 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

UNITINS • PEDAGOGIA • 7º PERÍODO 6

Altura: permite sabermos se um som é agudo ou grave. As sete notas musicais se diferem pela altura que em cada uma é diferente. Lembre-se de que as sete notas são dó, ré, mi, fá, sol, lá, si.

Duração: permite sabermos se um som é longo ou curto. Quem descreve isso na música são as figuras musicais (semibreve, mínima, semínima, colcheia etc.) e as pausas musicais, que representam o silêncio na música. Cada figura tem uma duração determinada pelo compasso da música e tem uma pausa que recebe seu nome e que dura o mesmo que a figura naquele compasso, mas é executada como silêncio.

Timbre: permite sabermos a . É a “digital” de cada som, que permite diferenciá-lo dos outros. Por exemplo: o miado do gato é diferente do latido do cachorro, poque cada um tem seu timbre próprio. As pessoas têm cada uma seu timbre individual ao falar e cantar.

: permite sabermos que tipo de grupo está tocando ou cantando (quantidade de músicos e instrumentos).

: permite sabermos se um som é forte ou . É o volume do som.

Você pode ensinar muitos conceitos pela música. Por exemplo, você pode explorar a música folclórica e aplicar conceitos simples de geografia, com cada canção típica de cada região. Temos por exemplo: carimbó, do Pará (Norte); fandango, do Rio Grande do Sul (Sul); música de viola, de Goiás (Centro-Oeste); cateretê, de São Paulo (Sudeste); bumba-meu-boi, do Maranhão (Nordeste).

Nas suas aulas de música, você deve explorar com seus alunos o som, sua aplicação e a combinação dele com outros sons, que compõem o universo sonoro que cerca sua sala de aula e o mundo. Para isso, será necessário estudar o som em suas diversas propriedades e ver que elas podem ser representadas graficamente na linguagem musical por meio das claves, das notas musicais (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si) e das figuras musicais (semibreve, mínima, semínima, colcheia, semicolcheia e suas pausas).

Procure aprender um pouco mais sobre música com um professor de música, em livros de teoria musical ou até mesmo em sítios da internet que ofereçam esse tipo de conhecimento.

Cuide especialmente da voz da criança, não exagerando em volume e altura quando fizer atividades de canto com ela.

7.6 A dançaA dança faz parte de praticamente todas as culturas e sempre acom-

panhou momentos do cotidiano de toda a humanidade. Toda ação humana envolve o corpo e os movimentos desse corpo. A ação de dançar é uma

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CAPÍTULO 7 • FUNDAMENTOS E METODOLOGIA PARA O ENSINO DE ARTES

62 7º PERÍODO • PEDAGOGIA • UNITINS

ótima oportunidade para as crianças desenvolverem coordenação motora, cognição, afetividade e expressão.

Trabalhar com dança na escola vai favorecer na criança o desenvolvimento do seu potencial corporal. Ela vai aprender como seu corpo funciona e poderá explorar seus movimentos com maior inteligência e harmonia.

Ao utilizar a dança como linguagem artística, o professor deve possibilitar ao aluno apreciar outros dançarinos e desenvolver seus próprios movimentos, quer sozinho, quer em grupo. A dança envolve intuição, emoção, imaginação e comunicação.

Do lado do trabalho corporal, a dança mexe com a inteligência, a afeti-vidade, a comunicação e a expressividade. Do lado do trabalho mental, a dança mexe com a memória, a interpretação, a análise, a síntese e a avaliação crítica.

A dança aplicada à escola não deve pretender formar bailarinos, mas sim seres humanos capazes de se expressarem pelo corpo, redescobrindo o valor do movimento corporal, as possibilidades de movimento que existem, o caráter lúdico de dançar, a destreza, a agilidade e a autonomia do corpo e as capaci-dades técnicas básicas.

Quanto aos conteúdos, o professor poderá trabalhar alguns conceitos histó-ricos sobre a dança e a diferenciação entre os diversos tipos de dança que temos, como: danças de diversão (bailes, salão etc.), danças cênicas (balés, jazz etc.) e danças folclóricas (quadrilha, danças circulares etc.).

Para trabalhar com dança na educação infantil, você deve partir de passos mais simples para mais complexos, de passos independentes para a combi-nação de movimentos (coreografias), e do mais lento para o mais rápido.

7.7 O teatroQual é a intenção de se trabalhar com o teatro na educação escolar? Com

certeza, não é de formar atores e atrizes, cenógrafos, sonoplastas etc. A intenção é desenvolver no aluno habilidades que o transformarão em um homem melhor, capaz de expressar-se mais abertamente, relacionando-se melhor com o outro.

É preciso ter bastante seriedade para trabalhar o teatro na escola, porque como ele é uma atividade em que se representa sempre para alguém, torna-se também uma oportunidade de exposição muito grande a críticas, gozações, risadas etc.

O teatro na escola é uma excelente oportunidade de trabalho conjunto, construção coletiva, vivência de grupo, parceria. Para isso, é preciso que o professor busque conhecer o teatro como arte, frequente teatros, assista a peças,

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observe os detalhes, leia e pesquise sobre o assunto. Não necessariamente o professor precisará ser um ator, mas deve conhecer e reconhecer o teatro como arte. Além disso, ele deve ser um incentivador, no ambiente escolar, da frequência dos alunos ao teatro, buscando espetáculos que possam ser trazidos à escola ou montar caravanas para levar as crianças ao teatro.

7.7.1 A escolha de um texto

O professor pode utilizar-se de textos já adaptados para o teatro ou montar, até com a contribuição da turma, pequenas cenas que possam ser trabalhadas. Há também livros da literatura que podem ser transformados em peças.

7.7.2 O trabalho corporal

O preparo do corpo para o teatro é semelhante ao aquecimento vocal para o cantor. Os alunos nas aulas de teatro devem usar roupas leves e ser aquecidos corporalmente. Exercícios como o espreguiçar, bocejar, movimentar de forma leve as articulações são bem-vindos e ajudam não somente no aquecimento corporal, mas na concentração do aluno-ator. Outros exercícios de expressão corporal devem ser trabalhados.

Vimos, neste capítulo, que as artes cênicas são fundamentais para o desen-volvimento expressivo dos alunos, ajudando-os a superarem a timidez, a difi-culdade de relacionamento e interdependência com o outro e a expressão de seus sentimentos. Isso pode ser feito na escola por meio de danças e jogos teatrais. Lembre-se de que na escola não será nossa função formarmos artistas performáticos, ou seja, músicos, artistas plásticos, dançarinos e atores profissio-nais. Nosso papel, ao ensinar artes em suas diversas linguagens, é usufruir das habilidades que cada uma delas proporciona para desenvolvê-las em nossos alunos. Para tal, você que é professor deve buscar um aprofundamento maior em cada linguagem, para saber o que está fazendo e como deve ser feito. Busque conhecer um pouco mais sobre música, artes visuais, fotografia, teatro, dança e demais linguagens artísticas. Você deve perceber, inclusive, as que estão surgindo a cada dia, para que possa dominar suas técnicas e aplicá-las em suas atividades com os alunos, podendo, assim, orientá-los melhor. No entanto, deve ter consciência de que você é um professor e não necessariamente um artista e que, por isso, terá limitações. Isso, porém, não deverá impedi-lo de trabalhar com as artes nas suas diversas manifestações, procurando especialmente observar, ouvir, assistir para aprender melhor.

ReferênciaBRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacio-nais: arte. Brasília: MEC/SEF, 1997.

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