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PIS e COFINS não-cumulativos
e o direito ao crédito sobre insumos
André Henrique Lemos
- Bacharel em Direito pela UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí.
- Advogado militante em Direito empresarial.
-Pós-graduado em administração tributária empresarial pela Fundação ESAG/SC.
- Pós-graduado em Direito Processual Civil pela UNIVALI.
- Membro da Câmara de Assuntos Tributários e Legislativos da Federação das
Indústrias do Estado de Santa Catarina – FIESC/SC.
- Conselheiro suplente do Tribunal Administrativo Tributário de Santa Catarina –
TAT/SC, representando a FIESC.
Blumenau/SC | Rua XV de Novembro, 1.480 | Centro Empresarial Dudalina
9º andar | Centro | CEP 89010-918 | Fone 47 3321 0000 | Fax 47 3321 0040
Florianópolis/SC | Av. Rio Branco, 380 | Centro Executivo Barra Sul | Sala 208
Centro |CEP 88015-200 | Fone 48 3025 1819 | Fax 48 3025 1011
www.hsa.com.br | OAB/SC 544/2000
• PIS → criado pela LC 7/70 → BC = faturamento (receita de venda de bens e serviços, para os que vendem mercadorias, e o lucro, para os prestadores de serviços).
• COFINS → criada pela LC 70/91 → BC = (receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e serviços de qualquer natureza).
A Constituição da República, até o dia 15 de dezembro de 1998 estabelecia:
• 01) Hipótese de incidência = o ato de faturar;
• 02) Base de cálculo = o valor faturado;
• 03) Contribuinte = o empregador.
A partir da EC 20/98, o art. 195 da CF, ficou da seguinte forma:
• 01) Hipótese de incidência = auferir receita ou faturamento;
• 02) Base de cálculo = receita ou faturamento;
• 03) Contribuinte = o empregador, a empresa e a entidade a ela equiparada.
A EC 42/2003, introduziu o § 12, no art. 195, da CF:
A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na
forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas.
NÃO-CUMULATIVIDADE PARA O IPI
“será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o
montante cobrado nas anteriores” (art. 153, § 3º, II, CF)
VISOU A DESONERAÇÃO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E CIRCULAÇÃO DE
PRODUTOS → MÉTODO “IMPOSTO CONTRA IMPOSTO”
NÃO-CUMULATIVIDADE PARA O ICMS
“será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à
circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas
anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal;” (art. 155, § 2º, I, CF)
VISOU A DESONERAÇÃO DA CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS → MÉTODO
“IMPOSTO CONTRA IMPOSTO”
NÃO-CUMULATIVIDADE PARA O PIS/COFINS
“A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições
incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não cumulativas.” (Art. 195, §
12, CF)
VISOU A DESONERAÇÃO DO FATURAMENTO DOS CONTRIBUINTES →
MÉTODO “BASE CONTRA BASE”
Traços principais da não-cumulatividade do PIS (arts. 1º ao 4º, da Lei 10.637/02) e da COFINS (arts. 1º ao 5º, da Lei 10.833/03):
• FG = faturamento mensal = total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil.
• BC = valor do faturamento.
• Alíquota do PIS = 1,65%
• Alíquota da COFINS = 7,6%
• Créditos autorizados: bens de revenda, insumos e despesas relacionados.
• Créditos vedados: mão-de-obra, bens e insumos não submetidos às contribuições,
como regra geral.
APURAÇÃO DE CRÉDITOS DE INSUMOS NO REGIME DA NÃO-
CUMULATIVIDADE DO PIS/COFINS
BASE LEGAL: Arts. 3º, II, das Leis 10.637/02 (PIS) e 10.833/03 (COFINS):
II - bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de
bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao
pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou
importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições
87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)
ENTENDIMENTO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Art. 66, § 5° da Instrução Normativa 247/2002 (para a apuração do PIS) e do art. 8º, §
4° da IN 404/04 (para a apuração da COFINS) = somente quando o insumo seja
utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda; matérias primas,
produtos intermediários, material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram
alterações, desgaste, dano ou perda de propriedades físicas ou químicas; os serviços
prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, desde que aplicados ou consumidos
na produção ou fabricação do produto.
Conceituação esta diretamente ligada à industrialização de produtos, portanto, aproximando-se à
conceituação e situações do IPI = POSIÇÃO RESTRITIVA.
Solução de Divergência nº. 12/07 (COSIT)
Não se consideram insumos, para fins e desconto de créditos da Contribuição para o Financiamento
da Seguridade Social – COFINS [e PIS], materiais de limpeza de equipamentos e máquinas, graxas,
pinos, tarraxas e ferramentas. Os créditos calculados sobre a aquisição de peças de reposição utilizadas
nas máquinas e equipamentos, que efetivamente respondam pela fabricação dos bens ou produtos
destinados à venda, desde que não façam parte do ativo imobilizado, podem ser utilizados para
desconto da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS [e PIS].
Solução de Divergência nº. 14/07 (COSIT)
Partes e peças de reposição e serviços de manutenção. As despesas efetuadas com aquisição de partes
e peças de reposição e com serviços de manutenção em veículos, máquinas e equipamentos
empregados diretamente na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos
destinados à venda, pagas à pessoa jurídica domiciliada no País, a partir de 1º de dezembro de 2002,
geram direito a créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep, desde que as partes e
peças não estejam incluídas no ativo imobilizado.
Processo de Consulta nº. 7/2008 (SRRF – 10ª. Região Fiscal)
O sujeito passivo poderá, no cálculo da Cofins, no regime não-cumulativo, descontar
créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos os bens ou
serviços aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens e na
prestação de serviços. A água somente será considerada como insumo quando for utilizada
diretamente na fabricação ou produção de bens destinados à venda; equipamentos de
Proteção Industrial - EPI e fardamento; material de escritório e limpeza das obras, material
de campanhas educacionais e materiais para utilização no ambulatório médico da obra não
são considerados insumos, pois não atendem ao requisito de o desgaste ou dano ter
ocorrido “em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação"; os
serviços de vigilância, telefonia, passagens e hospedagens em hotéis, exames médico-
admissional, cursos e treinamento, serviços de transportes, mesmo que referidos
empregados estejam vinculados à obras, não geram direito a créditos a serem descontados
do PIS/Pasep, por não se enquadrarem no conceito de insumos aplicados ou consumidos
diretamente na produção ou fabricação de produtos; o aluguel de veículos não gera direito
ao crédito por não se enquadrar no art. 3º, inciso IV da Lei 10.833, de 2003.
Solução de Consulta nº. 136/09 (SRRF - 8ª Região Fiscal)
COFINS NÃO-CUMULATIVA. DIREITO DE CRÉDITO. INSUMO. PRESTAÇÃO
DE SERVIÇOS. Consideram-se insumos, para fins de desconto de créditos na apuração
da Cofins não cumulativa, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas, aplicados ou
consumidos diretamente na prestação de serviços. O termo insumo não pode ser
interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para a
atividade da empresa, mas, sim, tão somente, como aqueles, adquiridos de pessoa jurídica,
que efetivamente sejam aplicados ou consumidos diretamente na prestação do serviço da
atividade-fim. DESPESAS NÃO VINCULADAS DIRETAMENTE À PRESTAÇÃO
DE SERVIÇOS . Excluem-se do conceito de insumo as despesas que se reflitam
indiretamente na prestação de serviços, tais como, as despesas relativas aos serviços de
transporte, consultoria e assessoria em informática, serviços gráficos, serviços com
representantes e serviços bancários. (...) SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO DE
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. Os valores referentes a serviços prestados por
pessoa jurídica domiciliada no País, para manutenção das máquinas e equipamentos
empregados na prestação de serviços, podem compor a base de cálculo dos créditos a
serem descontados da Cofins não-cumulativa, desde que respeitados todos os demais
requisitos normativos e legais atinentes à espécie.
SOLUÇÃO DE CONSULTA No 38, 8/04/2010 (DOU nº 87, 10/05/2010, p. 20)
6ª REGIÃO FISCAL
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE
SOCIAL – COFINS
EMENTA: NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS DE ATENDIMENTO.
São considerados insumos, para os fins de creditamento na forma do disposto no art. 3º,
inc. II, da Lei No- 10.833/2003, os serviços de atendimento a clientes da consulente
prestados por pessoas jurídicas subcontratadas, domiciliadas no país, desde que respeitados
todos os demais requisitos legais e normativos atinentes à espécie.
Poderão ser aproveitados os créditos ainda não utilizados, referentes aos serviços
prestados pelas empresas subcontratadas, contanto que dentro do prazo prescricional de 5
(cinco) anos.
DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei No- 10.833/2003, art. 3º, com a redação dada pela Lei
No- 10.865/2004; IN SRF No- 404/2004, art. 8º; Decreto No- 20.910/1932, art. 1º.
Solução de Consulta nº. 39/2010 (SRRF – 7ª Região Fiscal)
Consideram-se insumos, para fins de desconto de créditos na apuração da Cofins não
cumulativa, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas, aplicados ou consumidos na
fabricação de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. O termo “insumo” não
pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária
para a atividade da empresa, mas, sim, tão somente, como aqueles, adquiridos de pessoa
jurídica domiciliada no país, que sejam diretamente aplicados ou consumidos na produção
de bens destinados à venda ou na prestação do serviço da atividade.
SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA Nº 10, 28/04/2011 (D.O.U.: 10.05.2011)
ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
EMENTA: Cofins não cumulativa. Créditos. Insumos.
As despesas realizadas com serviços de telefonia para a execução de serviços contratados,
por mais necessários que sejam, não geram direito à apuração de créditos a serem
descontados da Cofins, por não se enquadrarem na definição legal de insumos aplicados
ou consumidos diretamente nos serviços prestados.
DISPOSITIVOS LEGAIS: Art. 3º, II da Lei n° 10.833, de 2003; (redação dada pela Lei nº
10.865, de 2004); e IN SRF nº 404, de 2004, arts. 8º e 9º.
SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA Nº 9, 28/04/2011 (D.O.U.: 10.05.2011)
EMENTA: Cofins não cumulativa. Créditos. Insumos.
Os valores das despesas realizadas com a aquisição de equipamentos de proteção
individual (EPI) tais como: respiradores; óculos; luvas; botas; aventais; capas; calças e
camisas de brim e etc., utilizados por empregados na execução dos serviços prestados de
dedetização, desratização e lavação de carpetes e forrações, não geram direito à apuração
de créditos a serem descontados da Cofins, porque não se enquadram na categoria de
insumos aplicados ou consumidos diretamente nos serviços prestados.
Os gastos realizados com a aquisição de produtos aplicados ou consumidos diretamente
nos serviços prestados de dedetização, desratização e na lavação de carpetes e forrações
contratados com fornecimento de materiais, dentre outros: inseticidas; raticidas;
removedores; sabões; vassouras; escovas; polidores e etc, desde que adquiridos de pessoa
jurídica domiciliada no Brasil ou importados, se enquadram no conceito de insumos
aplicados ou consumidos diretamente nos serviços prestados, gerando, portanto, direito à
apuração de créditos a serem descontados da Cofins.
DISPOSITIVOS LEGAIS: Art. 3º da Lei n° 10.833, de 2003; Lei nº 10.865, de 2004; Art.
346 do Decreto nº 3.000, de 1999 (RIR/99); e IN SRF nº 404, de 2004, arts. 8º e 9º.
ENTENDIMENTOS DO CARF
Constituem insumos para a produção de bens ou serviços não apenas as matérias primas,
os produtos intermediários, os materiais de embalagem e outros bens que sofram
alteração, mas TODOS os custos diretos e indiretos de produção, e assim, aproximando-
se do conceito de custos previsto na legislação do IRPJ (artigo art. 13, § 1°, do DL
1.598/77 e do art. 290 do RIR/99), bem como o de despesas operacionais previstos no
art. 299 do RIR/99, e desta forma, não se limitando apenas ao conceito trazido nas
referidas Instruções Normativas (Processos 11020.001952/2006-22; 11065.101271/2006-
47; 13974.000199/2003-61; 10932.000016/2005-78 e AC 0029040-40.2008.404.7100/RS)
– POSIÇÕES MAIS ABRANGENTES.
“REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. MATERIAIS PARA MANUTENÇÃO
DE MÁQUINAS.
O conceito de insumo dentro da sistemática de apuração de créditos pela não
cumulatividade de PIS e Cofins deve ser entendido como toda e qualquer custo ou despesa
necessária a atividade da empresa, nos termos da legislação do IRPJ, não devendo ser
utilizado o conceito trazido pela legislação do IPI, uma vez que a materialidade de tal
tributo é distinta da materialidade das contribuições em apreço.” (Processo
11020.001952/2006-22 - CARF).
• Pagamentos referentes à aquisição de serviços de terraplanagem, topografia e outros (CARF 3ª. Seção / 1a. Turma da 3a. Câmara Acórdão 3301-00.661 em 26/08/2010).
• Valores decorrentes da locação de máquinas, equipamentos e veículos, destinados a atividades aplicadas ou consumidas diretamente na produção de bens destinados à venda (CARF 3a. Seção / 1a. Turma da 3a. Câmara / Acórdão 3301-00.661 em 26/08/2010).
• Dispêndios com frete pago pelo adquirente para transportar bens adquiridos para serem utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda (CARF – 3a. Seção – 1a. Turma da 3a. Câmara Decisão CARF 3a. Seção / 1a. Turma da 3a. Câmara / Acórdão 3301-00.424 em 03/02/2010).
• Valores gastos com transporte de bens entre os estabelecimentos industriais da pessoa jurídica, desde que estejam estes em fase de industrialização (CARF – 3a. Seção – 1a. Turma da 3a. Câmara Decisão CARF 3a. Seção / 1a. Turma da 3a. Câmara / Acórdão 3301-00.424 em 03/02/2010).
ENTENDIMENTOS JUDICIAIS - TRFs
“TRIBUTÁRIO. SISTEMÁTICA NÃO-CUMULATIVA DO PIS E DA
COFINS. CREDITAMENTO DE INSUMO. ARTS. 3º, II, DAS LEIS NºS
10.637/2002 E 10.833/2003. ABRANGÊNCIA.
1. O art. 3º, II, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003 permitem o
aproveitamento de créditos de PIS e de COFINS calculados em relação aos
"insumos" adquiridos pela pessoa jurídica, assim entendidos todos e quaisquer
bens que se aglutinam no processo de transformação da qual resultará a
mercadoria industrializada, diversa dos produtos que inicialmente foram
empregados no processo.
2. É inviável estender o alcance da expressão "insumo" de modo a permitir o
aproveitamento, como créditos de PIS/COFINS, de despesas com marketing,
representação comercial, consultoria, limpeza e vigilância, que são meros custos
despendidos no processo de industrialização e comercialização do produto
fabricado.” (AC 2006.71.04.002013-2/RS, 1ª T, TRF 4ª Região, v. u., DE
16/12/2009).
“TRIBUTÁRIO. PIS. COFINS. LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2003, ART. 3º, INCISO
II. NÃO CUMULATIVIDADE. AUSÊNCIA DE PARALELO COM O IPI.
CREDITAMENTO DE INSUMOS. SERVIÇOS DE LOGÍSTICA DE
ARMAZENAGEM, EXPEDIÇÃO DE PRODUTOS E CONTROLE DE ESTOQUES.
ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF Nº 247/2002 E 404/2004.
CRITÉRIO DE CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS.
1. (....)
2. Não há paralelo entre o regime não cumulativo de IPI/ICMS e o de PIS/COFINS,
justamente porque os fatos tributários que os originam são completamente distintos. O IPI
e o ICMS incidem sobre as operações com produtos industrializados e a circulação de
bens e serviços em inúmeras etapas da cadeia econômica; a não cumulatividade visa evitar
o efeito cascata da tributação, por meio da técnica de compensação de débitos com
créditos. Já o PIS e a COFINS incidem sobre a totalidade das receitas auferidas, não
havendo semelhança com a circulação característica de IPI e ICMS, em que existem várias
operações em uma cadeia produtiva ou circulatória de bens e serviços. Assim, a técnica
empregada para concretizar a não cumulatividade de PIS e COFINS se dá mediante
redução da base de cálculo, com a dedução de créditos relativos às contribuições que
foram recolhidas sobre bens ou serviços objeto de faturamento em momento anterior.
3. O art. 3º, inciso II, das Leis nº 10.6372/002 e 10.833/2003, ao estabelecer as hipóteses
de creditamento para efeito de dedução dos valores da base de cálculo do PIS e da
COFINS, prevê o aproveitamento de bens e serviços utilizados como insumo na produção
ou na fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou na prestação de serviços,
inclusive combustíveis e lubrificantes.
4. Conquanto o legislador ordinário não tenha definido o que são insumos, os critérios
utilizados para pautar o creditamento, no que se refere ao IPI, não são aplicáveis ao PIS e à
COFINS. É necessário abstrair a concepção de materialidade inerente ao processo
industrial, porque a legislação também considera como insumo os serviços contratados
que se destinam à produção, à fabricação de bens ou produtos ou à execução de outros
serviços. Serviços, nesse contexto, são o resultado de qualquer atividade humana, quer seja
tangível ou intangível, inclusive os que são utilizados para a prestação de outro serviço.
5. As Instruções Normativas SRF nº 247/2002 e 404/2004, que admitem apenas os
serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto como insumos,
não oferecem a melhor interpretação ao art. 3º, inciso II, das Leis nº 10.637/2002 e
10.833/2003. A concepção estrita de insumo não se coaduna com a base econômica de
PIS e COFINS, cujo ciclo de formação não se limita à fabricação de um produto ou à
execução de um serviço, abrangendo outros elementos necessários para a obtenção de
receita com o produto ou o serviço.
6. O critério que se mostra consentâneo com a noção de receita é o adotado pela legislação
do imposto de renda. Insumos, então, são os gastos que, ligados inseparavelmente aos
elementos produtivos, proporcionam a existência do produto ou serviço, o seu
funcionamento, a sua manutenção ou o seu aprimoramento. Sob essa ótica, o insumo pode
integrar as etapas que resultam no produto ou serviço ou até mesmo as posteriores, desde
que seja imprescindível para o funcionamento do fator de produção.
7. As despesas com serviços de armazenagem, expedição de produtos e controle de
estoques, enquadram-se no conceito de insumos, uma vez que são necessárias e
indispensáveis para o funcionamento da cadeia produtiva.” (AC 0029040-
40.2008.404.7100/RS, 1ª T, TRF 4ª Região, j. 14/07/2011).
POSICIONAMENTOS DO STJ
“PROCESSUAL CIVIL – TRIBUTÁRIO – PIS/COFINS – NÃO CUMULATIVIDADE –
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA – POSSIBILIDADE – EMBALAGENS DE
ACONDICIONAMENTO DESTINADAS A PRESERVAR AS CARACTERÍSTICAS DOS BENS
DURANTE O TRANSPORTE, QUANDO O VENDEDOR ARCAR COM ESTE CUSTO – É
INSUMO NOS TERMOS DO ART. 3º, II, DAS LEIS N. 10.637/2002 E 10.833/2003.
1. Hipótese de aplicação de interpretação extensiva de que resulta a simples inclusão de situação fática
em hipótese legalmente prevista, que não ofende a legalidade estrita. Precedentes.
2. As embalagens de acondicionamento, utilizadas para a preservação das características dos bens
durante o transporte, deverão ser consideradas como insumos nos termos definidos no art. 3º, II, das
Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003 sempre que a operação de venda incluir o transporte das
mercadorias e o vendedor arque com estes custos.
Agravo regimental improvido.” (AgRg no REsp. 1.125.253-SC, 2ª T, STJ, v. u., DJE 27.04.2010).
REsp. 1.246.317/MG (2ª T, STJ) = “critério da inerência” (Marco Aurélio Greco) = “critério da
essencialidade” (Min. Mauro Campbell) = bens e serviços ao mesmo tempo úteis e necessários ao
processo produtivo e à prestação de serviços geram direito ao crédito.
Resultado de julgamento parcial (16.06.2011): assegurou o direito da empresa se aproveitar os créditos
do PIS/COFINS não-cumulativos decorrentes da aquisição de materiais de limpeza e desinfecção,
bem como serviços de dedetização aplicados no ambiente produtivo. Pediu vista do processo, o Min.
Herman Benjamin.
ALGUMAS REFLEXÕES
- NÃO-CUMULATIVIDADE DO PIS/COFINS = É ESPECIAL – É ESPECÍFICA
PARA ESTES TRIBUTOS
- INSUMOS SE APROXIMA AO CONCEITO DE CUSTO DE PRODUÇÃO – vide
custo de aquisição (valor pago para obtenção da propriedade de um determinado bem –
Pronunciamento “XIV – Receitas e Despesas – Resultados” – IBRACON); custo (todos os
gastos incorridos para a aquisição e/ou produção de um bem (item 08 da NPC n. 02 do
IBRACON); Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC 16.
- A MATERIALIDADE TRIBUTÁVEL DO PIS E DA COFINS NÃO É APENAS A
PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO DE UM BEM, MAS SIM A UNIVERSALIDADE
DAS RECEITAS AUFERIDAS PELA PJ, P. EX., COMERCIALIZAÇÃO E
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.
Tributos sobre o consumo = crédito físico (IPI e ICMS)
Tributos sobre a renda e o lucro = crédito contábil (custos e despesas necessários)
PIS e COFINS → impropriedade das regras dos tributos sobre o consumo
ALGUMAS CONCLUSÕES
01. Geração da receita tributável = DIREITO AO CRÉDITO
02. Vinculação com a atividade-fim = DIREITO AO CRÉDITO
03. Gastos necessários à geração da receita vinculados a atividade-fim = DIREITO AO
CRÉDITO
03. INSUMO na prestação de serviços ou na produção ou fabricação de bens destinados à
venda → componente utilizado era indispensável = DIREITO AO CRÉDITO.
04. PONTO NEBULOSO: QUAL É O NÍVEL DE VINCULAÇÃO? (ALTO GRAU
DE SUBJETIVIDADE) → ANÁLISE DE CADA CASO → REUNIÃO DE PROVAS
→ MAIS UMA VEZ SENDO IMPORTANTE A PROVA PARA UM EXITOSO
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
05. CUIDADO: SE A INTENÇÃO DO LEGISLADOR FOSSE O
APROVEITAMENTO AMPLO E IRRESTRITO, O TERMO NÃO SERIA
“INSUMOS”, MAS SIM “GASTOS COM A AQUISIÇÃO DE BENS OU SERVIÇOS”
CENÁRIO ATUAL: MAIS OTIMISTA PARA O CONTRIBUINTE
CAUTELA: ACOMPANHAR AS DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS
RISCO: REVIRAVOLTA POR RAZÕES NÃO JURÍDICAS
OBRIGADO!
André Henrique Lemos
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