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PIS e COFINS não-cumulativos e o direito ao crédito sobre insumos André Henrique Lemos - Bacharel em Direito pela UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí. - Advogado militante em Direito empresarial. -Pós-graduado em administração tributária empresarial pela Fundação ESAG/SC. - Pós-graduado em Direito Processual Civil pela UNIVALI. - Membro da Câmara de Assuntos Tributários e Legislativos da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina FIESC/SC. - Conselheiro suplente do Tribunal Administrativo Tributário de Santa Catarina TAT/SC, representando a FIESC. Blumenau/SC | Rua XV de Novembro, 1.480 | Centro Empresarial Dudalina 9º andar | Centro | CEP 89010-918 | Fone 47 3321 0000 | Fax 47 3321 0040 Florianópolis/SC | Av. Rio Branco, 380 | Centro Executivo Barra Sul | Sala 208 Centro |CEP 88015-200 | Fone 48 3025 1819 | Fax 48 3025 1011 www.hsa.com.br | OAB/SC 544/2000

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PIS e COFINS não-cumulativos

e o direito ao crédito sobre insumos

André Henrique Lemos

- Bacharel em Direito pela UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí.

- Advogado militante em Direito empresarial.

-Pós-graduado em administração tributária empresarial pela Fundação ESAG/SC.

- Pós-graduado em Direito Processual Civil pela UNIVALI.

- Membro da Câmara de Assuntos Tributários e Legislativos da Federação das

Indústrias do Estado de Santa Catarina – FIESC/SC.

- Conselheiro suplente do Tribunal Administrativo Tributário de Santa Catarina –

TAT/SC, representando a FIESC.

Blumenau/SC | Rua XV de Novembro, 1.480 | Centro Empresarial Dudalina

9º andar | Centro | CEP 89010-918 | Fone 47 3321 0000 | Fax 47 3321 0040

Florianópolis/SC | Av. Rio Branco, 380 | Centro Executivo Barra Sul | Sala 208

Centro |CEP 88015-200 | Fone 48 3025 1819 | Fax 48 3025 1011

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• PIS → criado pela LC 7/70 → BC = faturamento (receita de venda de bens e serviços, para os que vendem mercadorias, e o lucro, para os prestadores de serviços).

• COFINS → criada pela LC 70/91 → BC = (receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e serviços de qualquer natureza).

A Constituição da República, até o dia 15 de dezembro de 1998 estabelecia:

• 01) Hipótese de incidência = o ato de faturar;

• 02) Base de cálculo = o valor faturado;

• 03) Contribuinte = o empregador.

A partir da EC 20/98, o art. 195 da CF, ficou da seguinte forma:

• 01) Hipótese de incidência = auferir receita ou faturamento;

• 02) Base de cálculo = receita ou faturamento;

• 03) Contribuinte = o empregador, a empresa e a entidade a ela equiparada.

A EC 42/2003, introduziu o § 12, no art. 195, da CF:

A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na

forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas.

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NÃO-CUMULATIVIDADE PARA O IPI

“será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o

montante cobrado nas anteriores” (art. 153, § 3º, II, CF)

VISOU A DESONERAÇÃO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E CIRCULAÇÃO DE

PRODUTOS → MÉTODO “IMPOSTO CONTRA IMPOSTO”

NÃO-CUMULATIVIDADE PARA O ICMS

“será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à

circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas

anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal;” (art. 155, § 2º, I, CF)

VISOU A DESONERAÇÃO DA CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS → MÉTODO

“IMPOSTO CONTRA IMPOSTO”

NÃO-CUMULATIVIDADE PARA O PIS/COFINS

“A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições

incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não cumulativas.” (Art. 195, §

12, CF)

VISOU A DESONERAÇÃO DO FATURAMENTO DOS CONTRIBUINTES →

MÉTODO “BASE CONTRA BASE”

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Traços principais da não-cumulatividade do PIS (arts. 1º ao 4º, da Lei 10.637/02) e da COFINS (arts. 1º ao 5º, da Lei 10.833/03):

• FG = faturamento mensal = total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil.

• BC = valor do faturamento.

• Alíquota do PIS = 1,65%

• Alíquota da COFINS = 7,6%

• Créditos autorizados: bens de revenda, insumos e despesas relacionados.

• Créditos vedados: mão-de-obra, bens e insumos não submetidos às contribuições,

como regra geral.

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APURAÇÃO DE CRÉDITOS DE INSUMOS NO REGIME DA NÃO-

CUMULATIVIDADE DO PIS/COFINS

BASE LEGAL: Arts. 3º, II, das Leis 10.637/02 (PIS) e 10.833/03 (COFINS):

II - bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de

bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao

pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou

importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições

87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)

ENTENDIMENTO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL

Art. 66, § 5° da Instrução Normativa 247/2002 (para a apuração do PIS) e do art. 8º, §

4° da IN 404/04 (para a apuração da COFINS) = somente quando o insumo seja

utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda; matérias primas,

produtos intermediários, material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram

alterações, desgaste, dano ou perda de propriedades físicas ou químicas; os serviços

prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, desde que aplicados ou consumidos

na produção ou fabricação do produto.

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Conceituação esta diretamente ligada à industrialização de produtos, portanto, aproximando-se à

conceituação e situações do IPI = POSIÇÃO RESTRITIVA.

Solução de Divergência nº. 12/07 (COSIT)

Não se consideram insumos, para fins e desconto de créditos da Contribuição para o Financiamento

da Seguridade Social – COFINS [e PIS], materiais de limpeza de equipamentos e máquinas, graxas,

pinos, tarraxas e ferramentas. Os créditos calculados sobre a aquisição de peças de reposição utilizadas

nas máquinas e equipamentos, que efetivamente respondam pela fabricação dos bens ou produtos

destinados à venda, desde que não façam parte do ativo imobilizado, podem ser utilizados para

desconto da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS [e PIS].

Solução de Divergência nº. 14/07 (COSIT)

Partes e peças de reposição e serviços de manutenção. As despesas efetuadas com aquisição de partes

e peças de reposição e com serviços de manutenção em veículos, máquinas e equipamentos

empregados diretamente na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos

destinados à venda, pagas à pessoa jurídica domiciliada no País, a partir de 1º de dezembro de 2002,

geram direito a créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep, desde que as partes e

peças não estejam incluídas no ativo imobilizado.

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Processo de Consulta nº. 7/2008 (SRRF – 10ª. Região Fiscal)

O sujeito passivo poderá, no cálculo da Cofins, no regime não-cumulativo, descontar

créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos os bens ou

serviços aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens e na

prestação de serviços. A água somente será considerada como insumo quando for utilizada

diretamente na fabricação ou produção de bens destinados à venda; equipamentos de

Proteção Industrial - EPI e fardamento; material de escritório e limpeza das obras, material

de campanhas educacionais e materiais para utilização no ambulatório médico da obra não

são considerados insumos, pois não atendem ao requisito de o desgaste ou dano ter

ocorrido “em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação"; os

serviços de vigilância, telefonia, passagens e hospedagens em hotéis, exames médico-

admissional, cursos e treinamento, serviços de transportes, mesmo que referidos

empregados estejam vinculados à obras, não geram direito a créditos a serem descontados

do PIS/Pasep, por não se enquadrarem no conceito de insumos aplicados ou consumidos

diretamente na produção ou fabricação de produtos; o aluguel de veículos não gera direito

ao crédito por não se enquadrar no art. 3º, inciso IV da Lei 10.833, de 2003.

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Solução de Consulta nº. 136/09 (SRRF - 8ª Região Fiscal)

COFINS NÃO-CUMULATIVA. DIREITO DE CRÉDITO. INSUMO. PRESTAÇÃO

DE SERVIÇOS. Consideram-se insumos, para fins de desconto de créditos na apuração

da Cofins não cumulativa, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas, aplicados ou

consumidos diretamente na prestação de serviços. O termo insumo não pode ser

interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para a

atividade da empresa, mas, sim, tão somente, como aqueles, adquiridos de pessoa jurídica,

que efetivamente sejam aplicados ou consumidos diretamente na prestação do serviço da

atividade-fim. DESPESAS NÃO VINCULADAS DIRETAMENTE À PRESTAÇÃO

DE SERVIÇOS . Excluem-se do conceito de insumo as despesas que se reflitam

indiretamente na prestação de serviços, tais como, as despesas relativas aos serviços de

transporte, consultoria e assessoria em informática, serviços gráficos, serviços com

representantes e serviços bancários. (...) SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO DE

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. Os valores referentes a serviços prestados por

pessoa jurídica domiciliada no País, para manutenção das máquinas e equipamentos

empregados na prestação de serviços, podem compor a base de cálculo dos créditos a

serem descontados da Cofins não-cumulativa, desde que respeitados todos os demais

requisitos normativos e legais atinentes à espécie.

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SOLUÇÃO DE CONSULTA No 38, 8/04/2010 (DOU nº 87, 10/05/2010, p. 20)

6ª REGIÃO FISCAL

ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE

SOCIAL – COFINS

EMENTA: NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. PRESTAÇÃO DE

SERVIÇOS DE ATENDIMENTO.

São considerados insumos, para os fins de creditamento na forma do disposto no art. 3º,

inc. II, da Lei No- 10.833/2003, os serviços de atendimento a clientes da consulente

prestados por pessoas jurídicas subcontratadas, domiciliadas no país, desde que respeitados

todos os demais requisitos legais e normativos atinentes à espécie.

Poderão ser aproveitados os créditos ainda não utilizados, referentes aos serviços

prestados pelas empresas subcontratadas, contanto que dentro do prazo prescricional de 5

(cinco) anos.

DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei No- 10.833/2003, art. 3º, com a redação dada pela Lei

No- 10.865/2004; IN SRF No- 404/2004, art. 8º; Decreto No- 20.910/1932, art. 1º.

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Solução de Consulta nº. 39/2010 (SRRF – 7ª Região Fiscal)

Consideram-se insumos, para fins de desconto de créditos na apuração da Cofins não

cumulativa, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas, aplicados ou consumidos na

fabricação de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. O termo “insumo” não

pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária

para a atividade da empresa, mas, sim, tão somente, como aqueles, adquiridos de pessoa

jurídica domiciliada no país, que sejam diretamente aplicados ou consumidos na produção

de bens destinados à venda ou na prestação do serviço da atividade.

SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA Nº 10, 28/04/2011 (D.O.U.: 10.05.2011)

ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins

EMENTA: Cofins não cumulativa. Créditos. Insumos.

As despesas realizadas com serviços de telefonia para a execução de serviços contratados,

por mais necessários que sejam, não geram direito à apuração de créditos a serem

descontados da Cofins, por não se enquadrarem na definição legal de insumos aplicados

ou consumidos diretamente nos serviços prestados.

DISPOSITIVOS LEGAIS: Art. 3º, II da Lei n° 10.833, de 2003; (redação dada pela Lei nº

10.865, de 2004); e IN SRF nº 404, de 2004, arts. 8º e 9º.

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SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA Nº 9, 28/04/2011 (D.O.U.: 10.05.2011)

EMENTA: Cofins não cumulativa. Créditos. Insumos.

Os valores das despesas realizadas com a aquisição de equipamentos de proteção

individual (EPI) tais como: respiradores; óculos; luvas; botas; aventais; capas; calças e

camisas de brim e etc., utilizados por empregados na execução dos serviços prestados de

dedetização, desratização e lavação de carpetes e forrações, não geram direito à apuração

de créditos a serem descontados da Cofins, porque não se enquadram na categoria de

insumos aplicados ou consumidos diretamente nos serviços prestados.

Os gastos realizados com a aquisição de produtos aplicados ou consumidos diretamente

nos serviços prestados de dedetização, desratização e na lavação de carpetes e forrações

contratados com fornecimento de materiais, dentre outros: inseticidas; raticidas;

removedores; sabões; vassouras; escovas; polidores e etc, desde que adquiridos de pessoa

jurídica domiciliada no Brasil ou importados, se enquadram no conceito de insumos

aplicados ou consumidos diretamente nos serviços prestados, gerando, portanto, direito à

apuração de créditos a serem descontados da Cofins.

DISPOSITIVOS LEGAIS: Art. 3º da Lei n° 10.833, de 2003; Lei nº 10.865, de 2004; Art.

346 do Decreto nº 3.000, de 1999 (RIR/99); e IN SRF nº 404, de 2004, arts. 8º e 9º.

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ENTENDIMENTOS DO CARF

Constituem insumos para a produção de bens ou serviços não apenas as matérias primas,

os produtos intermediários, os materiais de embalagem e outros bens que sofram

alteração, mas TODOS os custos diretos e indiretos de produção, e assim, aproximando-

se do conceito de custos previsto na legislação do IRPJ (artigo art. 13, § 1°, do DL

1.598/77 e do art. 290 do RIR/99), bem como o de despesas operacionais previstos no

art. 299 do RIR/99, e desta forma, não se limitando apenas ao conceito trazido nas

referidas Instruções Normativas (Processos 11020.001952/2006-22; 11065.101271/2006-

47; 13974.000199/2003-61; 10932.000016/2005-78 e AC 0029040-40.2008.404.7100/RS)

– POSIÇÕES MAIS ABRANGENTES.

“REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. MATERIAIS PARA MANUTENÇÃO

DE MÁQUINAS.

O conceito de insumo dentro da sistemática de apuração de créditos pela não

cumulatividade de PIS e Cofins deve ser entendido como toda e qualquer custo ou despesa

necessária a atividade da empresa, nos termos da legislação do IRPJ, não devendo ser

utilizado o conceito trazido pela legislação do IPI, uma vez que a materialidade de tal

tributo é distinta da materialidade das contribuições em apreço.” (Processo

11020.001952/2006-22 - CARF).

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• Pagamentos referentes à aquisição de serviços de terraplanagem, topografia e outros (CARF 3ª. Seção / 1a. Turma da 3a. Câmara Acórdão 3301-00.661 em 26/08/2010).

• Valores decorrentes da locação de máquinas, equipamentos e veículos, destinados a atividades aplicadas ou consumidas diretamente na produção de bens destinados à venda (CARF 3a. Seção / 1a. Turma da 3a. Câmara / Acórdão 3301-00.661 em 26/08/2010).

• Dispêndios com frete pago pelo adquirente para transportar bens adquiridos para serem utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda (CARF – 3a. Seção – 1a. Turma da 3a. Câmara Decisão CARF 3a. Seção / 1a. Turma da 3a. Câmara / Acórdão 3301-00.424 em 03/02/2010).

• Valores gastos com transporte de bens entre os estabelecimentos industriais da pessoa jurídica, desde que estejam estes em fase de industrialização (CARF – 3a. Seção – 1a. Turma da 3a. Câmara Decisão CARF 3a. Seção / 1a. Turma da 3a. Câmara / Acórdão 3301-00.424 em 03/02/2010).

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ENTENDIMENTOS JUDICIAIS - TRFs

“TRIBUTÁRIO. SISTEMÁTICA NÃO-CUMULATIVA DO PIS E DA

COFINS. CREDITAMENTO DE INSUMO. ARTS. 3º, II, DAS LEIS NºS

10.637/2002 E 10.833/2003. ABRANGÊNCIA.

1. O art. 3º, II, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003 permitem o

aproveitamento de créditos de PIS e de COFINS calculados em relação aos

"insumos" adquiridos pela pessoa jurídica, assim entendidos todos e quaisquer

bens que se aglutinam no processo de transformação da qual resultará a

mercadoria industrializada, diversa dos produtos que inicialmente foram

empregados no processo.

2. É inviável estender o alcance da expressão "insumo" de modo a permitir o

aproveitamento, como créditos de PIS/COFINS, de despesas com marketing,

representação comercial, consultoria, limpeza e vigilância, que são meros custos

despendidos no processo de industrialização e comercialização do produto

fabricado.” (AC 2006.71.04.002013-2/RS, 1ª T, TRF 4ª Região, v. u., DE

16/12/2009).

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“TRIBUTÁRIO. PIS. COFINS. LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2003, ART. 3º, INCISO

II. NÃO CUMULATIVIDADE. AUSÊNCIA DE PARALELO COM O IPI.

CREDITAMENTO DE INSUMOS. SERVIÇOS DE LOGÍSTICA DE

ARMAZENAGEM, EXPEDIÇÃO DE PRODUTOS E CONTROLE DE ESTOQUES.

ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF Nº 247/2002 E 404/2004.

CRITÉRIO DE CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS.

1. (....)

2. Não há paralelo entre o regime não cumulativo de IPI/ICMS e o de PIS/COFINS,

justamente porque os fatos tributários que os originam são completamente distintos. O IPI

e o ICMS incidem sobre as operações com produtos industrializados e a circulação de

bens e serviços em inúmeras etapas da cadeia econômica; a não cumulatividade visa evitar

o efeito cascata da tributação, por meio da técnica de compensação de débitos com

créditos. Já o PIS e a COFINS incidem sobre a totalidade das receitas auferidas, não

havendo semelhança com a circulação característica de IPI e ICMS, em que existem várias

operações em uma cadeia produtiva ou circulatória de bens e serviços. Assim, a técnica

empregada para concretizar a não cumulatividade de PIS e COFINS se dá mediante

redução da base de cálculo, com a dedução de créditos relativos às contribuições que

foram recolhidas sobre bens ou serviços objeto de faturamento em momento anterior.

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3. O art. 3º, inciso II, das Leis nº 10.6372/002 e 10.833/2003, ao estabelecer as hipóteses

de creditamento para efeito de dedução dos valores da base de cálculo do PIS e da

COFINS, prevê o aproveitamento de bens e serviços utilizados como insumo na produção

ou na fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou na prestação de serviços,

inclusive combustíveis e lubrificantes.

4. Conquanto o legislador ordinário não tenha definido o que são insumos, os critérios

utilizados para pautar o creditamento, no que se refere ao IPI, não são aplicáveis ao PIS e à

COFINS. É necessário abstrair a concepção de materialidade inerente ao processo

industrial, porque a legislação também considera como insumo os serviços contratados

que se destinam à produção, à fabricação de bens ou produtos ou à execução de outros

serviços. Serviços, nesse contexto, são o resultado de qualquer atividade humana, quer seja

tangível ou intangível, inclusive os que são utilizados para a prestação de outro serviço.

5. As Instruções Normativas SRF nº 247/2002 e 404/2004, que admitem apenas os

serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto como insumos,

não oferecem a melhor interpretação ao art. 3º, inciso II, das Leis nº 10.637/2002 e

10.833/2003. A concepção estrita de insumo não se coaduna com a base econômica de

PIS e COFINS, cujo ciclo de formação não se limita à fabricação de um produto ou à

execução de um serviço, abrangendo outros elementos necessários para a obtenção de

receita com o produto ou o serviço.

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6. O critério que se mostra consentâneo com a noção de receita é o adotado pela legislação

do imposto de renda. Insumos, então, são os gastos que, ligados inseparavelmente aos

elementos produtivos, proporcionam a existência do produto ou serviço, o seu

funcionamento, a sua manutenção ou o seu aprimoramento. Sob essa ótica, o insumo pode

integrar as etapas que resultam no produto ou serviço ou até mesmo as posteriores, desde

que seja imprescindível para o funcionamento do fator de produção.

7. As despesas com serviços de armazenagem, expedição de produtos e controle de

estoques, enquadram-se no conceito de insumos, uma vez que são necessárias e

indispensáveis para o funcionamento da cadeia produtiva.” (AC 0029040-

40.2008.404.7100/RS, 1ª T, TRF 4ª Região, j. 14/07/2011).

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POSICIONAMENTOS DO STJ

“PROCESSUAL CIVIL – TRIBUTÁRIO – PIS/COFINS – NÃO CUMULATIVIDADE –

INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA – POSSIBILIDADE – EMBALAGENS DE

ACONDICIONAMENTO DESTINADAS A PRESERVAR AS CARACTERÍSTICAS DOS BENS

DURANTE O TRANSPORTE, QUANDO O VENDEDOR ARCAR COM ESTE CUSTO – É

INSUMO NOS TERMOS DO ART. 3º, II, DAS LEIS N. 10.637/2002 E 10.833/2003.

1. Hipótese de aplicação de interpretação extensiva de que resulta a simples inclusão de situação fática

em hipótese legalmente prevista, que não ofende a legalidade estrita. Precedentes.

2. As embalagens de acondicionamento, utilizadas para a preservação das características dos bens

durante o transporte, deverão ser consideradas como insumos nos termos definidos no art. 3º, II, das

Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003 sempre que a operação de venda incluir o transporte das

mercadorias e o vendedor arque com estes custos.

Agravo regimental improvido.” (AgRg no REsp. 1.125.253-SC, 2ª T, STJ, v. u., DJE 27.04.2010).

REsp. 1.246.317/MG (2ª T, STJ) = “critério da inerência” (Marco Aurélio Greco) = “critério da

essencialidade” (Min. Mauro Campbell) = bens e serviços ao mesmo tempo úteis e necessários ao

processo produtivo e à prestação de serviços geram direito ao crédito.

Resultado de julgamento parcial (16.06.2011): assegurou o direito da empresa se aproveitar os créditos

do PIS/COFINS não-cumulativos decorrentes da aquisição de materiais de limpeza e desinfecção,

bem como serviços de dedetização aplicados no ambiente produtivo. Pediu vista do processo, o Min.

Herman Benjamin.

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ALGUMAS REFLEXÕES

- NÃO-CUMULATIVIDADE DO PIS/COFINS = É ESPECIAL – É ESPECÍFICA

PARA ESTES TRIBUTOS

- INSUMOS SE APROXIMA AO CONCEITO DE CUSTO DE PRODUÇÃO – vide

custo de aquisição (valor pago para obtenção da propriedade de um determinado bem –

Pronunciamento “XIV – Receitas e Despesas – Resultados” – IBRACON); custo (todos os

gastos incorridos para a aquisição e/ou produção de um bem (item 08 da NPC n. 02 do

IBRACON); Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC 16.

- A MATERIALIDADE TRIBUTÁVEL DO PIS E DA COFINS NÃO É APENAS A

PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO DE UM BEM, MAS SIM A UNIVERSALIDADE

DAS RECEITAS AUFERIDAS PELA PJ, P. EX., COMERCIALIZAÇÃO E

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.

Tributos sobre o consumo = crédito físico (IPI e ICMS)

Tributos sobre a renda e o lucro = crédito contábil (custos e despesas necessários)

PIS e COFINS → impropriedade das regras dos tributos sobre o consumo

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ALGUMAS CONCLUSÕES

01. Geração da receita tributável = DIREITO AO CRÉDITO

02. Vinculação com a atividade-fim = DIREITO AO CRÉDITO

03. Gastos necessários à geração da receita vinculados a atividade-fim = DIREITO AO

CRÉDITO

03. INSUMO na prestação de serviços ou na produção ou fabricação de bens destinados à

venda → componente utilizado era indispensável = DIREITO AO CRÉDITO.

04. PONTO NEBULOSO: QUAL É O NÍVEL DE VINCULAÇÃO? (ALTO GRAU

DE SUBJETIVIDADE) → ANÁLISE DE CADA CASO → REUNIÃO DE PROVAS

→ MAIS UMA VEZ SENDO IMPORTANTE A PROVA PARA UM EXITOSO

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

05. CUIDADO: SE A INTENÇÃO DO LEGISLADOR FOSSE O

APROVEITAMENTO AMPLO E IRRESTRITO, O TERMO NÃO SERIA

“INSUMOS”, MAS SIM “GASTOS COM A AQUISIÇÃO DE BENS OU SERVIÇOS”

CENÁRIO ATUAL: MAIS OTIMISTA PARA O CONTRIBUINTE

CAUTELA: ACOMPANHAR AS DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS

RISCO: REVIRAVOLTA POR RAZÕES NÃO JURÍDICAS

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André Henrique Lemos

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