68
ano cinco | nº 28 | março / abril 2012 | R$ 10,00 AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE PANTANAL PRESERVADO ARTIGOS INÉDITOS GELEIRAS FOTO DE LUCIANA TANCREDO - PERITO MORENO - PATAGÔNIA, ARGENTINA ESPECIAL www.plurale.com.br

plurale em revista ed.28

Embed Size (px)

DESCRIPTION

plurale em revista ed.28

Citation preview

ano cinco | nº 28 | março / abril 2012 | R$ 10,00 AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE

PANTANAL PRESERVADO

ARTIGOS INÉDITOS

GELEIRAS

FO

TO

DE

LU

CIA

NA

TA

NC

RE

DO

- P

ER

ITO

MO

RE

NO

- P

ATA

NIA

, A

RG

EN

TIN

A

ESPECIAL

w w w . p l u r a l e . c o m . b r

Página 2/3

3

- Petrobras

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 20124

Editorial

Reflexão plural sobre

a água

PLLP URURURALLALALEEEE E E EMM REREREVIVIVISTSTSTAAAA ||| MaMaMaMaMarçrçrçrçrçooo oo /// / AAAA444444

Ao longo destes cinco anos de trajetória de Plurale em revista e em site temos procurado nos debru-çar sobre temas relevantes para a sobrevivência do planeta. Agora, voltamos a dialogar sobre um tema que tem sido muito frequente em nossas re-

portagens, mas com uma Edição Especial, temática: a água.Não por acaso. Especialistas advertem para a urgência do

debate uma vez que já começa a faltar este insumo essencial não só para os homens, mas para toda a biodiversidade. E a situação poderá se agravar se medidas urgentes não forem pensadas e postas imediatamente em prática.

A entrevista desta edição é com o oceanógrafo David Zee, Coordenador do Mestrado em Meio Ambiente da Uni-versidade Veiga de Almeida, considerado um dos principais especialistas no tema. Ele chama a atenção para oportunida-des e riscos na questão da água e alerta para o impacto ao meio-ambiente por conta da exploração apressada do petró-leo na camada do pré-sal.

Artigos inéditos – de Antônio Carlos Teixeira, Jetro Menezes, Luiz Antônio Gaulia, Marco Simões e Rafae-la Brito – trazem diferentes abordagens sobre esta temática.

Sônia Araripe e Carlos FrancoEditores de Plurale em revista e Plurale em site

AbAbAbAAbriririr ll 22 22 010101222

noos de trajeetóriia dde PPluuraallemoos procuuradoo noos deebrru-anttes paraa a sobrrevvivêênnciaa tammos a diialoggar sobobre uummitoo frequennte eem noossas ree-ssppeecial, temmáticac : a áágguuau .veertem paara a urgrgênccia doaltaar este iinssummu oo oo esesssseseencncciaiaaall tooda a bbiooioodidivveeersrsiididi aadee. EE a diddas uru geentes nnãoo fooremm

emm prática.omm o oceeanóggraafo DDDavviddddm Meio AAmbieentte ddaa UUnii-ddeerado umm doos ppriinccippaiis

a attenção ppara oppporo ttutut nninin ddadaaa-e aalerta parra o o imimmpaactoo aaoo oraaaççãçãoo apaprereeeessadda ddo ppeete róróó-

o CCaCaC rlrlosos TTT Teieixexeexeiriri a,,a JeJetrrrrt ooMaaaMarcrco o SiSimmõm ess ee RRaRaRafafaffafaeee---

daggeens sobre eesta tteme átáticca.a

ale em siteNão é só. Nossos repórteres estiveram em diferentes pontos para contar como é relevante repensar a relação entre o ho-mem e a água. A correspondente Aline Gatto Boueri esteve na Bolívia e nos mostra toda a beleza e importância do Lago Titicaca. Nícia Ribas visitou Galápagos, paraíso que tanto re-volucionou a ciência a partir da visita e das descobertas cien-tíficas de Charles Darwin. Sérgio Lutz conheceu a ecovila de Tamera, em Portugal e nos conta como é o ideal de vida desta comunidade. Os correspondentes Vivian Simonato, de Du-blin, Irlanda, e Wilberto Lima Júnior, dos Estados Unidos, também apresentam novidades sobre este tema.

Da Caatinga, Flamínio Araripe desvenda a exuberância de Quixadá (Ceará), enquanto Lou Fernandes conheceu di-ferentes terapias feitas na água e Letícia Koeler revela como é fashion brindar com este precioso líquido. De Manaus, Isa-bella Araripe acompanhou seminário sobre a Rio + 20 e con-ta a iniciativa de se fazer ouvir e formar rede.

Em suas caminhadas ecológicas, a fotógrafa Luciana Tan-credo esteve em dois opostos: a exuberência aquática do Pan-tanal e ainda a beleza surpreendente das geleiras na Patagônia argentina. Além das colunas de Cinema verde, Estante, Vida saudável, Energia & Carbono, Bazar ético e muito mais.

Propomos um brinde à vida. Com água!

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 20124

32.TENDÊNCIA:

BRINDAR COM ÁGUA

44.

GALÁPAGOS:NO LABORATÓRIO VIVO

DE DARWIN

14.

38.

ARTIGOSINÉDITOS

TERAPIANA ÁGUA

Fo

to N

ícia

Rib

as

GA

Conte xto

PELO BRASIL

24VIDA SAUDÁVEL

37CONEXÕES PLURALE

52ENERGIA & CARBONO

64CINEMA VERDE

65

12. ENTREVISTADAVID ZEE

PELO

24VIDA S

37CONE

52ENERG

64CINEM

65

5

Diretores

Carlos [email protected]

Sônia Araripe [email protected]

Plurale em site:www.plurale.com.br

Plurale em site no twitter:http://twitter.com/pluraleemsite

Comercial

[email protected]

ArteSeeDesign Marcos Gomes e Marcelo Tristão

FotografiaLuciana Tancredo e Eny Miranda (Cia da Foto);

Agência Brasil e Divulgação

Colaboradores nacionaisAna Cecília Vidaurre, Isabel Capaverde,

Isabella Araripe (estagiária), Lou Fernandes,

Nícia Ribas, Paulo Lima

Colaboradores internacionaisAline Gatto Boueri (Buenos Aires),

Ivna Maluly (Bruxelas), Vivian Simonato

(Dublin), Wilberto Lima Jr.(Boston)

Colaboraram nesta ediçãoAntônio Carlos Teixeira, Camilo Malheiros Freire

(Rádio ONU), Fabiano Ávila (Carbono Brasil),

Flamínio Araripe, Jetro Menezes, Letícia Koeler,

Luiz Antônio Gaulia, Marco Simões, Monica Pinho,

Portal EcoD, Rafaela Brito, Sérgio Lutz e Vitor

Abdala (Agência Brasil).

Plurale é a uma publicaçãoda SA Comunicação Ltda(CNPJ 04980792/0001-69)Impressão: WalPrint

Plurale em Revista foi impressa em papel certificado, proveniente de reflorestamentos certificados pelo FSC de acordo com rigorosos padrões sociais e ambientais.

Rio de Janeiro | Rua Etelvino dos Santos 216/202

CEP 21940-500 | Tel.: 0xx21-3904 0932

São Paulo | Alameda Barros, 122/152

CEP 01232-000 | Tel.: 0xx11-9231 0947

Os artigos só poderão ser reproduzidos

com autorização dos editores

© Copyright Plurale em Revista

c a r t a s @ p l u r a l e . c o m . b r

CartasQuem faz

Plurale em revista, Edição 27

Um futebol muito especial

“Como represen-tante da ABFC e do Power soccer no Brasil, fiquei muito honrado e agradeci-do pela oportunidade de divulgar esta nova modalidade paradesportiva em Plurale em revista. A matéria ficou excelente e bem ilustrativa. E, sem dúvida, é uma importante contribuição para a difusão deste esporte em outros estados, principalmente pelo alcance que tem esta publicação.

Ricardo Gonzalez, presidente da Asso-ciação Brasileira de Futebol em Cadei-ra de Rodas (ABFC).”

“É um enorme prazer ver meu trabalho reconhecido como técnica e depois como uma equipe que luta muito pelo sucesso. Agradeço a todos pelo carinho e belíssimo trabalho de Janaína Salles publicado pela Plurale !”

Rosana Castor Técnica do Clube Novo Ser de power soccer, Rio de Janeiro, RJ

Instituto Refazer

Prezada Sônia e amigos da Plurale, “É com grande satisfação e em nome do Instituto Refazer que venho agradecer e cumprimentá-los pelo espaço dedicado ao debate do trabalho voluntariado na edição 27 de Plurale em revista. O Instituto Refazer se sente honrado em participar e contribuir nessa discussão que é de suma importância para o fortalecimento das organizações que trabalham em prol de uma sociedade mais justa. Temos certeza que com esse trabalho a Plurale contribui de forma efetiva para a disseminação da informação e para o engajamento cada vez maior da sociedade. Parabéns pelo belo trabalho!”

Regina Helena Messina Müller Presidente (Voluntária) do Instituto Refazer, Rio de Janeiro, RJ

A força das mulheres

“Ficamos muito contentes de ver o Favela Point e o ELAS na última edição da revista de Plurale em revista, em reportagem de Lou Fernandes. Acreditamos que as

mulheres são as principais agentes de transformação da realidade, pois todos os investimentos feitos nelas retornam em grandes e expressivas mudanças para a sociedade. Esperamos que a reportagem tenha ajudado a estimular ainda mais o protagonismo feminino no mundo.”

Verônica Marques - Gerente de Comunicação e Desenvolvimento do ELAS Fundo de Investimento Social, Rio de Janeiro (RJ)

“Li e reli esta última Edição 27. Plurale em revista, que acompanho desde o seu lançamento, me cativa ainda mais a cada edição. Seus colaboradores são ótimos e os temas abordados relevantes no diálogo atual”

Gilda Vieira de Mello, professora aposentada, Rio de Janeiro, RJ

“Agradecemos a publicação do artigo sobre aveia da Dra. Melícia Cíntia Galdeano, da Embrapa Agroindústria de Alimentos.”

Soraya Pereira, assessora de imprensa da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Rio de Janeiro, RJ

Edição 26

“A Presidenta Dilma Rousseff encarregou-nos de informar-lhe que recebemos o exemplar da Edição número 26 de Plurale em revista e agradece a gentileza”

Cláudio Soares Rocha, Diretor da Diretoria de Documentação Histórica do Gabinete Pessoal da Presidenta da República, Brasília (DF)

Correção:

Na pág.45, Matéria “A força das mulheres”, o nome correto é Chevron Brasil Petróleo.

7

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 20128

Novidades

A próxima edição, de número 29 (maio/ju-nho), será Especial com foco na Rio + 20, circulando nos locais onde ocorrerá a Conferência e também na chamada Cú-pula dos Povos, evento paralelo com par-

ticipação da sociedade, ali representada pro ONGs, institutos e Associações.

Além disso, você também pode acompanhar on-line nossos flashes direto da Rio + 20 pelo portal Plurale em site (www.plurale.com.br) e pelas redes sociais, especial-mente pelo twitter (@pluraleemsite), que, a cada dia, conquista novos seguidores.

Nossa intenção é atuar em rede, com os parceiros de mídia, para que seja possível ter um leque amplo e diver-sificado de abordagens de Conferência tão relevante.

Sempre em movimento, nosso portal apresenta mais uma novidade: um espaço em destaque na home para que o seu comentário ganhe ainda maior destaque. Ao terminar de ler um artigo ou notícia, basta você postar a sua opinião no espaço determinado para que ela possa ser compartilhada com outros leitores. Também temos outro espaço no site chamado “Você é o repórter”. Caso tenha alguma sugestão de pauta ou de ensaio de fotos, mande, por favor, para que nossa equipe de reportagem avalie. Sortearemos brindes para premiar esta participa-ção. Acompanhe pelas redes sociais e pelo portal.

Plurale é assim, plural até no nome. Queremos saber a sua opinião! Lembrando que também temos espaço para cartas e comentários aqui na revista também. Escre-va para nós!

Edição Especial na Rio+20 e mais espaço para sua opinião

Por Sônia Araripe, Editora de Plurale em revista

Selecionamos nesta ediçãofrases memoráveis sobre águaFrases

O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano.

ISAAC NEWTON

As falhas dos homens eternizam-se no bronze. As suas virtudes escrevemos na água.

WILLIAM SHAKESPEARE

Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo.

MAHATMA GANDHI

Sou água que corre entre pedras.Liberdade caça jeito.

MANOEL DE BARROS

Toma conselhos com o vinho, mas toma decisões com a água.

BENJAMIN FRANKLIN

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Quando um homem cava um poço muitas pessoas conseguem água.

PROVÉRBIO CHINÊS

9

Crise financeira global pode afetar a Rio + 20, mas também pode criar cenário de oportunidade, avalia Embaixador Corrêa do LagoPor Por Sônia Araripe,

Editora de Plurale em revista

A crise financeira global pode sim afetar, do ponto-de-vista imediatista, os resultados da Conferência das Nações Unidas sobre De-senvolvimento Sustentável. Por outro lado, avaliou o Embaixador André Corrêa do Lago, negociador-chefe do Governo Brasileiro na Rio + 20, também pode ser uma boa oportu-nidade. Ele falou com jornalistas brasileiros e correspondentes da imprensa estrangeira so-bre a Conferência no último dia 11 de abril.

“É evidente que num período em que os países mais ricos estão precisando de dinhei-ro para resolver seus problemas fica muito difícil que eles assumam compromissos de transferência de recursos para países em de-senvolvimento”, afirmou.

No entanto, sempre mostrando-se oti-mista quanto à negociação, o Embaixador Correa do Lago, respondendo à pergunta feita por Plurale, disse acreditar que a crise social e econômica cria um ambiente mais favorável para se questionar o modelo atual de produção e consumo.

10>“A crise afeta os três pilares do desenvol-

vimento sustentável, o social, o ambiental e o financeiro. Se a ideia é ter um mundo di-ferente, sob novos paradigmas, o efeito da crise contribui para a discussão de mudanças significativas. A crise ajuda a pensar em alter-nativas. ”, frisou.

O auditório do Centro Cultural do Ban-co do Brasil, no Centro do Rio, ficou to-mado por jornalistas brasileiros e também muitos correpondentes de jornais estran-geiros que irão cobrir a Rio + 20, a ser rea-lizada oficialmente de 20 a 22 de junho, no Rio de Janeiro. Antes, acontecerão várias negociações prévias.

A depender da avaliação do negociador-chefe do Brasil na Conferência de Desenvol-vimento Sustentável, o Brasil tem tudo para se destacar nesta Conferência e também no cenário global. Principalmente, segundo ele, diante do forte interesse de outros países em conhecer os avanços aqui ocorridos nos últimos 20 anos na área social. “O Brasil tem todas as chances de ser o campeão do de-senvolvimento sustentável” - avaliou o Em-baixador Corrêa do Lago. Isto não significa, reiterou o diplomata, que hajam soluções únicas para todos os países, que possam, simplesmente ser transferidas de um para o outro. “Cada realidade é diferenciada.”

Ele destacou que a Rio + 20 “não é uma conferência sobre meio-ambiente e sim so-bre desenvolvimento sustentável” e desta-cou que seus efeitos são de longo prazo. Os dois macro”temas em foco na Conferência são a economia verde no contexto do de-senvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza, e o quadro institucional para o desenvolvimento sustentável.

Sempre mostrando-se otimista, o nego-ciador-chefe do Brasil na Conferência da ONU reforçou que a participação da socie-dade civil “será essencial”, anunciando que haverá uma plataforma digital auxiliando neste diálogo. Esta plataforma foi batizada de Rio +20 Dialogues (Diálogos da Rio +20), para tentar atrair a sociedade para os dez temas principais do desenvolvimento sustentável, como oceanos, energia, água e nutrição. Quem quiser participar, deve pedir um convite na página inicial do ser-viço. Depois, haverá votação pela Internet escolhendo as três principais sugestões para cada um dos 10 temas e, com a intermedia-ção de especialistas - acadêmicos, Prêmios Nobel, representantes de ONGs, etc - estas

sugestões serão levadas para os líderes dos países. Mas, destacou o Embaixador, não se-rão sugestões para o Documento e sim para a fase pós-Rio+20.

Corrêa do Lago não divulgou a lista de Chefes de Estado confirmados para o evento, nem mostrou-se surpreso ou de-cepcionado diante da possibilidade cada vez mais real do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, não vir ao Rio de Janeiro em junho, por conta da corrida pela sua reeleição. “A presença de Obama seria bem-vinda. Mas não há analista que não saiba que o presidente dos EUA tem prioridade em tratar da sua reeleição. A reeleição de Obama pode ter um impacto muito grande. Muito mais impactante para a Rio+20 do que a sua vinda”, disse.

Correspondentes internacionais e os jornalistas questionaram sobre a posição do Brasil e sobre como será possível avançar em busca de consensos quando há tantas dúvi-das sobre o cenário global e uma pressão tão forte por mais consumo de trabalhadores que galgam a condição de classe média. O Embaixador foi enfático destacando que “o padrão global precisa ser para todos”, que nem sempre os países desenvolvidos são “os mais bem comportados” em termos ambien-tais. E defendeu tecnologias limpas, como de energia, para auxiliar neste processo, des-tacando que o Brasil já tem 46% da matriz energética de fontes renováveis.

Diante da pergunta sobre a crítica de aca-dêmicos/cientistas por não estarem sendo tão ouvidos como gostariam, o Embaixador assegurou que estão sim - “talvez não o ide-al” - mas que estão participando ativamente e que acredita no crescimento deste diálogo. Sempre muito simpático e cordial com os jornalistas, o negociador-chefe brincou que as negociações prosseguem e que não há de-finição nem mesmo ainda sobre o título do documento prévio já divulgado, o chamado “Draft Zero”. Esta minuta, que inicialmente continha 20 páginas, agora tem 200 páginas. E agradeceu a participação ativa de ativistas de ONGs, que sempre acompanham estas negociações longas - muitas entrando pela madrugada - alertando para mudanças de última hora na redação. “Uma vírgula pode entrar e mudar todo o sentido. Somos muito agradecidos aos representantes da socieda-de civil quando nos alertam”, admitiu.

Edição Especial • Rio+20

Plurale: plural até no nome

www.plurale.com.br

Garanta já seu espaço publicitário na Edição que irá circular na Conferência

Mais informações: (21) 3904-0932

[email protected]

GEFechamento:

21/05

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201212

A paciência herdada dos antepassados orientais tem ajudado a contrabalançar a preocupação constante que tem rondado o dia-a-dia do professor David Zee. Conceituado estudioso da questão da água, especialmente dos oce-

anos, o Coordenador do Mestrado em Meio Ambiente da Universidade Veiga de Almeida (UVA), tem andado muito apreensivo com recentes acidentes, como dois ocorridos em áreas exploradas pela multinacional norte-americana Chevron. Ele alerta que estes vazamentos não só afetam a biodiversidade marinha mas também colocam em xeque a exploração do petróleo em águas profundas.

“A pressa e a desproporção dos investimentos entre a exploração e a prevenção com que a indústria do pe-tróleo trata a exploração offshore brasileira produz este clima de insegurança ambiental”, adverte Zee, nesta en-trevista exclusiva à Plurale em revista. Ninguém espere, no entanto, que o especialista condene definitivamente a exploração na camada do pré-sal. O que ele defende são

Por Sônia Araripe, Editora de Plurale em revistaFoto: Divulgação/ UVA

Entrevista

OCEONÓGRAFODavid Zee

regras e padrões ainda mais seguros para uma interven-ção que está apenas no início. “Lembro que o Brasil não pode prescindir desta riqueza natural, contudo deve ser capaz de explorá-lo de forma segura e eficiente”, pondera. Leia a seguir esta entrevista.

Plurale em revista - A questão da água é cada dia mais crucial. Falta o insumo em alguns locais e a escassez pode provocar não só mudanças nos atuais padrões de consumo, mas até mesmo de-finir a permanência de povos em certas regiões ou - quem sabe - lutas e guerras. Como o senhor vê este cenário?

David Zee - Desde os primórdios dos tempos o ho-mem sempre se estabeleceu onde o acesso a água fos-se fácil e abundante. O desenvolvimento humano tem como premissa a existência de água para dessedentação e higiene. Atualmente o uso da água se expandiu para produção de energia, irrigação e produção industrial. A cada dia que passa a água como um recurso natural torna-se questão de segurança nacional para países que tem carência deste bem natural.

Plurale em revista- Como conciliar a questão da água e o desenvolvimento?

Professor, considerado um dos principais especialistas no tema, chama a atenção para oportunidades e riscos na questão da água e alerta para o impacto ao meio ambiente por conta da exploração apressada do petróleo na camada do pré-sal

de Plurale em revista regras e padrões ainda mais seguros para uma interven-ã tá i í i “L b B il ã

ntrevista

erado ualistas nparaiscos ua e acto ao or contaressadamada

m dos no tema,

a a

13

David Zee - O uso da água para o desenvolvimento humano em um planeta com mais de 7 bilhões de ha-bitantes, depende do planejamento e do desenvolvimento de tecnologias que privilegiam a eficiência e o orde-namento do consumo.

Plurale em revista- O Brasil tem mananciais importantíssi-mos. De água doce , salgada e também subterrânea. Como a Ba-cia do Amazonas e do Xingu. Sem falar no Aquífero Guarani. Temos realmente vantagens comparati-vas? Estamos tratando bem destas reservas ou não?

David Zee - O Brasil é considera-do um país privilegiado em água doce acessível. Entretanto a concentração populacional encontra-se em regiões brasileiras com mananciais menos abundantes, em termos de volume d’água. A região norte, onde se encon-tra os maiores mananciais d’água são os menos povoados.

Plurale em revista - Como fica a questão das hidrelétricas na Ama-zônia, na sua opinião?

David Zee - A região amazônica en-contra-se assentada sobre uma enorme planície. Desta forma sua característica de relevo somada a sua biodiversidade vegetal e animal não são favoráveis para a instalação de hidrelétricas.

Plurale em revista - O petróleo agora está em camadas cada vez pro-fundas, no chamado pré-sal. Mas os riscos também são muito maiores. Qual a sua análise destes acidentes/vazamentos recentes e tão reinci-dentes nos últimos meses?

David Zee - A pressa e a despro-porção dos investimentos entre a ex-ploração e a prevenção com que a in-dústria do petróleo trata a exploração offshore brasileira produz este clima de insegurança ambiental.

O atual cenário de acidentes am-bientais provocados pede indústria do petróleo ameaça, tanto a acessibi-lidade quanto à capacidade do Brasil em promover a exploração do pré-sal. Lembro que o Brasil não pode pres-cindir desta riqueza natural, contudo deve ser capaz de explorá-lo de forma segura e eficiente.

Plurale em revista - O sinal de alerta está aceso, como o senhor tem insistido? O que é preciso fazer?

David Zee - É preciso reagir com desenvolvimento de novas normas, estratégias e políticas que privilegiam a precaução, prevenção e segurança da exploração de campos petrolífe-ros marinhos. Cabe a ANP e o IBAMA desenvolver novos instrumentos de controle, fiscalização e licenciamento para a exploração offshore. Um des-tes instrumentos pode ser a Análise de Risco Ambiental, além do estudo de Impacto Ambiental.

Plurale em revista - A Petro-bras é estatal. A ANP, que fiscaliza é também de controle estatal. Os recentes episódios não indicam que falta um controle indepen-dente neste sentido?

David Zee - Sem dúvida, seria muito saudável e prudente, haver observadores de outros segmentos da sociedade, visando potencializar a transparência e a inclusão no proces-so de gestão da produção petrolífera no Brasil. Além de dividir os direitos, dividem-se os deveres de todos os seg-mentos envolvidos no processo.

Plurale em revista - Especialis-tas advertem que o foco tem sido muito mais na punição do que na prevenção. O senhor concorda?

David Zee - Precisamos evoluir

quanto aos procedimentos e instru-mentos que devem auxiliar na condu-ção das ações reativas, ou seja, após a ocorrência do acidente. A multa é um instrumento punitivo e de pouca eficá-cia para mitigar os impactos e a preven-ção de futuros acidentes. Além disso, a multa deve ser revertida para financiar o desenvolvimento de metodologia para prevenção

Plurale em revista - Os riscos destes vazamentos são não só para a biodiversidade local mas para todo o bioma? O que pode ser feito para aumentar a prevenção?

David Zee - Mais investimentos financeiros para equipamentar a Ma-rinha do Brasil no sentido de poder apoiar nos momentos de acidentes. Maior rigor, e estabelecer critérios de investimentos em prevenção para as empresas operadoras e licenciadas para a exploração offshore.

Plurale em revista - A falta de saneamento ainda é um problema gravíssimo no Brasil do século 21. Como resolvê-lo?

David Zee - Políticas públicas voltadas para o saneamento básico e investimentos. Para isso acontecer é preciso mobilização da opinião pública neste sentido.

“A pressa e a desproporção dos investimentos entre a exploração e a prevenção com que a indústria do petróleo trata a exploração offshore

brasileira produz este clima de insegurança ambiental”

Foto

: Gov

erno

do

Esta

do d

o R

io d

e Ja

neiro

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201214

Artigo

Brasil. Somos um país rodeado por água: um fa-buloso litoral de mais de 7.367 Km; pelo menos dois imensos aquíferos (Alter do Chão, com 96 mil quilômetros cúbicos, e Guarani, de 45 mil quilômetros cúbicos); uma fantástica rede fluvial

formada por bacias gigantescas como a dos rios Amazonas, Pa-raná e São Francisco; e um clima equatorial que produz chuva praticamente o ano inteiro. Sim: quando falamos em água no Brasil podemos dizer que esse rico e importantíssimo elemen-to natural está presente não apenas na superfície, mas acima e abaixo das nossas cabeças. Ou seja: no Brasil, lugar de água não é apenas nos rios, lagos e praias: “dá” até na terra e no ar...

Infelizmente esse é um privilégio (quase) brasileiro. No Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos, nunca é demais dizer que a água hoje está valendo muito: antes reco-nhecidamente um elemento vital para a nossa saúde física; es-sencial para a geração de alimentos; fonte geradora de energia elétrica; e fundamental para manter a vida no planeta, a água agora (ou a sua escassez..) está sendo tratada como assunto de segurança nacional por alguns países.

ÁGUA DE PODER?

Disputas pela posse de regiões atravessadas por cursos de rios ou dotadas de nascentes têm gerado conflitos ou no mí-nimo tensão entre países, que se vêem envolvidos numa novo jogo de poder, soberania e sobrevivência: a hidropolítica

Em fevereiro do ano passado, o Senado dos Estados Uni-dos apresentou o relatório

“Avoiding Water Wars: Water Scarcity and Central Asia’s Growing Importance for Stability in Afghanistan and Pakistan” (Evitando Guerras da Água: Escassez de Água e a Crescente Importância da Ásia Central para a Estabilidade no Afeganis-tão e Paquistão).

Antonio CarlosTeixeira

O documento examina a política dos Estados Unidos em relação à escassez e gestão da água na Ásia Central e no sul do continente. “A água desempenha um papel cada vez mais importante na segu-rança, diplomacia e interesses dos Estados Unidos na região. Este relatório fornece um panorama significativo e várias recomenda-ções importantes para avançar a política dos EUA na Ásia Central e no Sul do continente com relação a este vital recurso transfrontei-riço”, diz no texto o senador democrata John Kerry, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.

A crescente demanda por água é diretamente proporcional ao aumento da produção de alimentos e geração de energia elétrica, dois fatores cruciais para o desenvolvimento de qualquer país. No fervente caldeirão hidropolítico do sul e do centro da Ásia, a ques-tão fica ainda mais delicada por causa das inundações que têm sido provocadas pelo derretimento das geleiras da cordilheira do Hima-laia. As causas? Segundo cientistas, o ritmo acelerado das mudanças climáticas no planeta. Os custos para (tentar) reverter no continen-te os estragos previstos pela intensificação do aquecimento global? US$ 40 bilhões, segundo dados do Banco Asiático de Desenvol-vimento, valor nove vezes maior que o disponível atualmente no mundo inteiro para combate e adaptação às alterações no clima.

Numa região de intensa instabilidade de relações, o relató-rio do senado dos EUA classifica a água como um “vital recur-so transfronteiriço”. Não é para menos. Além de Afeganistão e Paquistão, o imbróglio na região envolve também China, Índia, Nepal e Bangladesh.

Esses países estão envolvidos em discórdias a respeito de cons-trução de barragens, posse de terras e regulação de cursos d’água dos principais rios da região, entre eles, o Brahmaputra, Indo, Gan-ges, Tista e seus afluentes. Cerca de 1 bilhão de pessoas vivem pró-ximas às bacias hidrográficas nascedouras no Himalaia, como as do

Água de Beber?

país rodeado por água: um fa-mais de 7.367 Km; pelo menosíf l d h 6

Como a mudança climática, disputas hidropolíticas e inovações energéticas estão levando a água ao topo das discussões sobre segurança, produção de

alimentos, gestão urbana sustentável e sobrevivência das nações

ud

Artigo

dn

Como a mudestão levan

“Água de beber“Água de beber camará

“Água de beber“Água de beber camará...”

(Tom Jobim)

15

Indo e Ganges-Brahmaputra. Se os glaciares do Himalaia desapare-cerem durante as próximas décadas (estimativas científicas apontam para um estado crítico da região em 2035, se persistir o ritmo atual das perdas), todos esses países podem sofrer com severas inundações seguidas por estiagem.

ÁGUA DE SUSTENTAR?

Além das disputas transfronteiriças, a questão da água também está sendo debatida dentro de outra esfera: a das cidades sustentáveis.

Atualmente, 52% das pessoas no planeta (ou 3,640 bilhões de pessoas) vivem no meio urbano. E estes números aumentarão num ritmo acelerado, pois estima-se até 2050 esse percentual alcance 70%. Com um detalhe: até lá, seremos muito mais de sete bilhões de seres humanos consumindo recursos naturais, como a água.

Daí a importância de projetos sustentáveis urbanos que estão sendo realizados hoje em cidades como Amsterdam (Holanda), Es-tocolmo (Suécia), Masdar (Emirados Árabes Unidos) e Cidade de Singapura. Em pelo menos duas delas (Amsterdam e Cidade de Sin-gapura), a gestão da água faz parte da linha de frente dos projetos de eficiência urbana.

De acordo com o estudo “Technologies for Future Cities: Integra-ting Efficiency, Sustainability, and Environmental Concerns” (Tecno-logias das Cidades Futuras: Integrando Eficiência, Sustentabilidade e Preocupações Ambientais), da consultoria Lux Research, a Cidade de Singapura destaca-se como líder mundial em infraestrutura urbana in-teligente pelos seus projetos de cunho sustentável de canalização, dis-tribuição e gestão de água potável. Em Estocolmo, o distrito industrial de Hammarby Sjöstad ganhou a fama de sustentável muito pelas ações na gestão de água, energia e resíduos.

Aliás: não há como falar em gestão de água para projetos de cida-des ecoeficientes sem incluir o tema da energia. Nos Emirados Ára-bes, a energia para dessalinizar, água, transporte, armazenamento e distribuição compreende 70% do custo da água. Tanto Masdar quanto Abu Dhabi tratam destes temas com prioridade máxima dentro dos seus projetos de gestão urbana sustentável. O príncipe herdeiro de Abu Dhabi, sheik Mohamed bin Zayed Al Nahyan, chegou a declarar que, nos Emirados Árabes, “a água é mais crucial do que o petróleo”. A declaração pode até soar um tanto exagerada num primeiro momen-to. Mas quando nos referimos a uma região do planeta com estoques não muito generosos de água comparados a outras áreas do mundo (como o Brasil, por exemplo), não é muito difícil perceber que água no Oriente Médio é encarada como questão de segurança e de sobre-vivência. E petróleo não se bebe...

Água e energia são essenciais para o desenvolvimento da humani-dade. A estratégia de Abu Dhabi é reunir conhecimentos e aprender com experiências de outros países no trato da gestão estratégica des-tes insumos. Tanto que a capital dos Emirados Árabes irá sediar, entre os dias 15 e 17 de janeiro de 2013, as cúpulas internacionais de Água e de Energia do Futuro.

ÁGUA DE TRANSFORMAR?

A geração de resíduos é um dos temas mais presentes dentro das discussões e projetos sobre urbanização sustentável. Quanto mais pessoas morando em cidades, maior será a quantidade de de-jetos a ser descartada e tratada. Além disso, as demandas por água e energia aumentam no mesmo ritmo, ampliando ainda mais as res-ponsabilidades e os desafios na infindável missão de (tentar) equi-librar desenvolvimento tecnológico e sustentabilidade planetária. Mas as soluções estão aparecendo.

Uma pesquisa para reutilização, tratamento e controle de águas residuais está sendo coordenada pela empresa espanhola Adasa Sis-

temas. O projeto, chamado “ITACA” (sigla em espanhol para In-vestigación de Tecnologías de Tratamiento, Reutilización y Con-trol para la Sostenibilidad Futura en la Depuración de Aguas), tem como objetivo investigar novas tecnologias para tratamento de água, utilizando bactérias para transformar a energia química contida nas águas residuais em eletricidade. O projeto foi um dos sete escolhidos pelo Ministério de Ciência e Inovação da Es-panha para fazer parte do programa INNPRONTA, voltado para o financiamento de pesquisas industriais. O consórcio liderado pela Adasa é formado por 10 empresas e 11 universidades e cen-tros tecnológicos, entre eles, o Departamento de Química Ana-lítica e Engenharia Química da Universidade de Alcalá (Madri, Espanha) e a empresa Aqualia.

Se vingar, o projeto marcará três golaços para o time do desen-volvimento sustentável planetário: remoção de matéria orgânica de águas residuais ou efluentes industriais e urbanos; geração de energia elétrica; e purificação de águas cinzas para reutilização.

ÁGUA DE CAPTAR?

Não muito longe dali, no Marrocos, uma outra experiência também está sendo vista como uma forma viável de tratar a segu-rança da água e o bem-estar das pessoas. Pesquisado-res da Uni-versidade de La Laguna, de Tenerife (Espanha) e da Fundação Si Hmad Derhem, do Marrocos, trabalham num projeto conjunto de obtenção de água das nuvens por meio de sistemas artificiais. O objetivo é viabilizar o fornecimento de água potável a populações isoladas do país, beneficiando principalmente mulheres e crian-ças, que atualmente são forçadas a percorrer longas distâncias em busca desse elemento.

A experiência tem se mostrado bastante promissora: entre dezembro de 2010 e junho de 2011, 10 telas de 15 metros qua-drados ficaram expostas para captação de gotículas de água po-tável vindas das nuvens e transportadas pelo vento. A captação diária no período foi registrada em cerca de 10,6 litros por me-tro quadrado. No ano passado, um sistema de dutos construído com cerca de 1.255 metros levou a “água das nuvens” para uma escola e três comunidades rurais, beneficiando quase 300 pesso-as e cerca de 500 animais domésticos.

Por meio de sistema relativamente simples, a água vinda dos céus tornou-se um alento para dezenas de famílias que agora vis-lumbram uma melhor qualidade de vida para adultos, mulheres e crianças, aumento dos níveis de escolaridade infantil e redução de doenças provocadas pela ingestão de água contaminada ou não potável.

E você que é um privilegiado por não fazer parte do univer-so entre 800 mihões e 1 bilhão de pessoas que não têm acesso diário à água no planeta, experimente, pelo menos, passar pelo racionamento desse verdadeiro “ouro líquido do Século 21”, de-safio feito por três ativistas da ONG espanhola ONGAWA, que aceitaram a tarefa de viver com apenas 50 litros de água diários durante 21 dias. Água de beber?

(*) Antonio Carlos Teixeira

([email protected]) é Jornalis-ta, consultor de comunicação, meio ambiente e susten-tabilidade, integrante da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental (RBJA) e da Red de Comunicación Ambiental de América Latina y el Caribe (RedCalc), editor do blog TerraGaia www.terragaia.wordpress.com

hu

sentocSingapde

tinglogPreSintelitribde

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201216

Colunista

Aágua é um dos bens mais preciosos para a hu-manidade e o mais precioso para a Coca-Cola. Nossa meta é de usá-la com absoluta responsa-bilidade, atingindo a neutralidade em seu uso em todo o mundo. No Brasil, já tivemos a felici-

dade de chegar lá, pois, além de ter um trabalho consistente de redução de consumo, conseguimos devolver para a natu-reza toda a água que utilizamos em nossa produção.

A vida neste pequeno planeta que habitamos só surgiu pela existência da água em estado líquido e o uso até a exaus-tão ou o mau uso deste recurso pode eliminar espécies e des-truir ecossistemas, além de inviabilizar a produção alimentícia e a sobrevivência dos povos. Entendemos que a água deve es-tar disponível para consumo de todos, de forma democrática e equilibrada, nos níveis indicados para o desenvolvimento de uma vida saudável. A Coca-Cola quer fazer a diferença, em escala global, na virada da humanidade em direção à susten-tabilidade do uso da água. A plataforma de sustentabilidade da Coca-Cola Brasil, Viva Positivamente, tem entre suas ações prioritárias o uso eficiente e racional da água, de acordo com a estratégia mundial para recursos hídricos definida pela em-presa. Esta estratégia se baseia em três “Rs”: Reduzir a água

usada na produção de bebidas; Reciclar a água residual do processo; e Repor a água às comunidades na natureza.

A Coca-Cola Brasil conseguiu um nível de excelência no uso da água que é replicado mundo afora. Em 2011, nosso índice de uso de água no Brasil foi 1,91 litro para cada litro de bebida produzido, incluindo nesta conta o litro que vai dentro da embalagem. Na indústria de bebi-das brasileira é o índice mais baixo, além de figurar entre as mais eficientes operações de gestão do uso da água em todo o mundo. Isso é ainda mais relevante quando consideramos que, para nossa sorte, o Brasil é um país riquíssimo neste importante recurso natural. Na mentali-dade que imperava na sociedade há não mais de 20 anos, não haveria necessidade de “tanta economia” no Brasil. Mas todo o Sistema Coca-Cola Brasil, integrado pela Co-ca-Cola Brasil e 15 fabricantes autorizados, com quase 50 fábricas, espalhadas pelo País, investe há bastante tempo em recursos e pesquisas que asseguram o devido valor a cada gota de água que entra em suas fábricas.

A redução do volume de água utilizada no processo de fabricação obedece metas claras e está alinhada com as dire-trizes da companhia que, desde 1995, vem desenvolvendo

MarcoSimões

Água Usá-la com responsabilidade e de forma sustentável é a única opção inteligente

17

mecanismos para neutralizar o consumo de água na fabricação de bebidas. Entre 2010 e 2011, a redução do uso de água no Brasil foi de 3%. Para se ter uma ideia da evolução que atingimos neste campo, em 2001 eram necessários 2,54 litros de água para pro-duzir um litro de bebida, ou seja, nos últimos dez anos, a utiliza-ção de água pelo Sistema Coca-Cola Brasil teve redução de 23%.

A Coca-Cola estabeleceu para si a meta global de chegar a 1,5 L por litro produzido. A meta para o Brasil é levar o índice de uso de 1,91 L (2011) para 1,5 L em 2020. É uma tarefa difícil, uma meta ambiciosa, pois os índices brasileiros já estão entre os melhores do mundo. Neste nível, fica cada vez mais difícil encontrar as oportunidades para tornar a operação ainda mais eficiente. Mas todo o Sistema Coca-Cola Brasil está confiante de que fará sua parte para que, globalmente, a Coca-Cola possa atingir a meta que se propôs.

Para tornar eficiente o uso da água, o Sistema Coca-Cola Brasil investe continuamente em treinamento e conscientiza-ção ambiental de seus colaboradores, parceiros e fornecedores, medição de consumo e eliminação de desperdícios e, ainda, na criação de novas tecnologias que usam menos água ou simples-mente eliminam o seu uso. Atualmente, por exemplo, 15 de nossas fábricas realizam captação de água da chuva que, tratada, entra no processo produtivo.

Para reciclar este bem, desde a década de 90 adotamos metas como, por exemplo, que toda água que saia das nossas fábricas permita a vida aquática. Para isso, todas elas possuem estações de

tratamento de efluentes que sempre utilizam as mais avança-das tecnologias e, a cada ano, conseguem reciclar mais água e diminuir seu o uso total. A Coca-Cola Brasil também investe na reposição da água, em especial através de programas de plantio, recuperação e manutenção de florestas e matas como o Água das Florestas, do Instituto Coca-Cola Brasil, e do apoio à FAS – Fundação Amazonas Sustentável.

Um exemplo mais específico e atual dentro do nosso Sis-tema é o Projeto Água do Amanhã, da Companhia de Bebidas Ipiranga, de Ribeirão Preto, que acaba de ganhar o Troféu Planeta, um prêmio da Coca-Cola Brasil ao qual concorrem todos os fabricantes e que tem como foco o desenvolvimento de iniciativas sustentáveis no processo produtivo. Depois de feito o “dever de casa”, investindo internamente para atingir suas metas de uso de água, a Ipiranga verificou a necessida-de de estabelecer a conscientização ambiental também entre seus clientes, estimulando a reutilização do uso de água e a redução do consumo. Na primeira fase do projeto, houve a participação de 14 pontos de vendas, que em seis meses al-cançaram a meta global de redução de 20% do consumo de água. A economia alcançada foi de mais de 1,5 milhão de litros de água, representando uma diminuição de 30% no consumo. Na etapa seguinte, mais 40 pontos de venda juntaram-se à ini-ciativa, o que representou mais 1,1 milhão de litros de água economizados.

Também posso citar o exemplo do Grupo Brasal, nosso fabricante no Distrito Federal e em parte de Goiás, que apre-sentou em 2011 o melhor índice de uso de água entre todo o Sistema Coca-Cola Brasil. Com uso de 1,18 L para cada li-tro produzido, o desempenho impressionante da fábrica da Brasal estimula positivamente todos os demais fabricantes a chegar a tal nível de excelência. Para aproveitar este estímulo, promovemos uma visita dos demais fabricantes à fábrica para que aqueles pudessem conhecer as soluções empregadas que fizeram a Brasal atingir um nível que, mesmo em países mais ricos, é raro encontrar. A fábrica desenvolveu iniciativas em todas as fases da produção, apostando nas mais modernas tec-nologias disponíveis para utilizar menos água, o que garantiu retorno imediato na forma do baixíssimo índice de uso. Houve dezenas de melhorias nas áreas de produção, xaroparia e trata-mento de água. E em toda a fábrica foram instalados medido-res de água, exatamente para se verificar em que áreas ainda se poderiam encontrar soluções. Evidentemente, o fabricante não instalou simplesmente equipamentos e deixou que eles fizessem tudo sozinho. Houve um grande investimento em treinamento e em ferramentas de gestão, essenciais para que os investimentos em material dessem o retorno esperado.

Se formos resumir a razão do sucesso da Coca-Cola Brasil na gestão de água, podemos utilizar as palavras que se repe-tem na lista de ações tomadas: recuperação e reúso. Quere-mos levar a experiência da Brasal e da Ipiranga, que encontram paralelos em outros fabricantes, para o Sistema Coca-Cola de forma global.

(*) Marco Simões é Vice-Presidente de Comunicação e de Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil

i li d á f b i ã d

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201218

ColunistaJetro Menezes

São Paulo, a maior cidade da América Latina, deveria servir de modelo de gestão públi-ca para todas as outras cidades brasileiras. Mas, ao menos em relação à forma como preserva e trata sua água, vem mostrando

mau desempenho. Talvez tenha se esquecido de, nas últimas décadas, levantar questões como: de que ma-neira a dinâmica urbana interfere no meio ambiente local, especificamente na gestão das águas? Quem consome mais água no Município? Como essa água é tratada? De onde vem o controle do uso, o tratamento do esgoto e a preservação e minimização dos manan-ciais na Cidade?

Para responder a essas perguntas, que um dia todos os moradores se fazem, fui atrás de pesqui-sas sobre a questão e resolvi expor aqui o material impresso produzido pela Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, em conjunto com o Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT) e o PNUMA[1], deno-minado GEO Cidade de São Paulo: Panorama do Meio Ambiente Urbano, do ano de 2004.

geloEnxugandogugagg llgg

A grande maioria dos bairros da Cidade de São Paulo e mais 10 municípios da Região Metropolita-na (RMSP) são abastecidos pelo Sistema Cantarei-ra, mas a captação das águas deste sistema é feita em outra Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Piracicaba/Capivari/Jundiaí), numa dis-tância de mais de 100 km da capital. Os fatores que levam a essa condição são: a escassez de novas fon-tes, a queda na qualidade das águas dos mananciais e o aumento da população - cerca de 11 milhões de habitantes, somente no município. Ainda existe o fator perda. Muita água se perde pelo caminho, seja por meio de vazamentos e procedimentos operacionais dos órgãos do serviço público; água utilizada, mas não medida (ex.: Bombeiros); erros na medição nos hidrômetros; água entregue às edi-ficações ou áreas ocupadas sem hidrômetros; água furtada e as crescentes formas alternativas de abas-tecimentos sem controle sanitário e outorga para o uso. Esses elementos, agindo em uma cultura vigente de desperdício, geram ainda mais pressão sobre o abastecimento de água potável. Outro pon-

19

to importante do levantamento é a deficiência de informações oficiais e confiáveis sobre o sistema de abastecimento.

Quanto à produção de esgoto, o Plano Municipal de Habitação (SP, 2004), a partir de dados do IBGE de 2000, indica que 87,23% dos domicílios contam com a coleta de esgoto. Já nas favelas e loteamentos irregulares, a realidade é outra. Na Represa Guarapi-ranga, a coleta de esgoto nas favelas é da ordem de 58,24% e nos loteamentos irregulares, de 63,53%. Na Represa Billings, a situação assusta. A coleta é feita em 26,96% das favelas e, no caso dos loteamentos ir-regulares, em 30,42%. Essas comunidades encontra-ram sua “solução” para o esgoto, o lançamento direto nos córregos, lagos e rios. Os dados revelam ainda que todos os córregos e rios da RMSP estão poluídos. Para saber se a situação melhorou desde a época das pesquisas, basta andar por São Paulo e atestar, a olho nu – ou se preferir, apenas respirando -, que a situ-ação dos rios e córregos em trechos de área urbana continua ruim e lembra a de um paciente terminal. São esgotos a céu aberto. Olhe para o Rio Tietê e o Rio Pinheiros e diga o que sente. Alguns pontos do rio carecem de... água. E se tiverem água, falta oxigênio. Pelo menos na capital paulistana.

Mas o que me surpreendeu na pesquisa foi desco-brir que as tubulações que transportam o esgoto co-letado se cruzam com as galerias de águas pluviais e ambos são lançados juntos nos córregos. Estamos “en-xugando gelo”. Por que nunca se ouviu falar sobre este problema de cruzamento de tubulações que levam es-goto e água de chuva, com tudo o que ela encontra pela frente, para os principais rios da Cidade? Trata-se do principal problema de poluição dos rios em São Paulo! Aliás, constatei também que não existe um con-

trato formal entre a Sabesp (Companhia de Saneamen-to Básico do Estado de São Paulo) e a Prefeitura de São Paulo para sanar este problema. A Sabesp realiza o abastecimento público de água no município sob regi-me de concessão informal. Quem fiscaliza o serviço?

Em São Paulo, a água de torneira é tratada pela Sabesp. Não traz problemas para a saúde, salvo nos casos onde a caixa d’água não tem manutenção pe-riódica. Já aquelas captadas em poços profundos e

poços cacimba (rasos) e diretamente nos rios, sem outorga dos órgãos responsáveis e sem tratamento, podem trazer doenças. A OMS (Organização Mundial de Saúde) relata que cerca de 80% de todas as doen-ças que se alastram pelos países em desenvolvimento são provenientes de água de má qualidade. Bebê-la em condições inadequadas gera febre tifóide, salmonelose, disenteria bacilar e amebiana, cólera, diarréia, hepatite infeccional e giardíase. Ingerir água fora dos padrões de qualidade, sem tratamento adequado, pode gerar do-enças graves que podem levar a óbito, sendo a diarréia aguda a mais comum. Em 2003, a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), que analisa e monitora as águas subterrâneas, relatava que, dos 14 pontos monitorados existentes na Cidade, 8 estavam em péssimas condições.

O que fazer para minimizar os impactos negativos na água? Recuperar as áreas degradadas e ampliar a cobertura vegetal em trechos de mananciais é ação básica e obrigatória. Porém, o enfoque central, realizar a desconexão cruzada do sistema coletor de esgoto com o sistema de águas pluviais, depende de uma ação conjunta, necessária e inevitável. É urgente impedir o lançamento de esgoto in natura nos córregos, rios e la-gos na Cidade de São Paulo. O futuro acena para nós cobrando um alto custo por não cuidarmos da água de que tanto necessitamos. Ou pensamos nele ou vamos beber esgoto...

Referência bibliográfica:

(1) GEO Cidade de São Paulo: panorama do meio ambiente urbano/SVMA, IPT. São Paulo: Prefeitura do Município de São Paulo, Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. Brasília : PNUMA, 2004.

(*) Jetro Menezes, 43 anos, é Colunista de Plurale, colaborando com artigos sobre Meio Ambiente. É Gestor e Auditor Ambiental, especialista (Latu Sensu) em Saneamento Ambiental. Responsável pela JetroAmbiental Consultoria (www.jetroam-biental.com.br). Foi coordenador do Programa de Coleta Seletiva da Prefeitura de São Paulo e atual-mente é Diretor de Meio Ambiente da Prefeitura de Franco da Rocha.

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201220

E n s a i o

20>

2121

Fotos:

Luciana Tancredo RPPN SESC Pantanal

Qiuem conhece bem o Pantanal sabe a importância da água para este bioma tão rico em biodiver-sidade. Dizem os pantaneiros que lá só existem duas estações: a alagada, que costuma acontecer entre novembro e abril e a seca, de maio a ou-

tubro, aproximadamente. A ação do clima e, principalmente, do homem tem alterado um pouco não só esta rotina, mas também chega a ameaçar a riqueza natural da região.Nossa editora de Fotografia, Luciana Tancredo, lá esteve no período das águas e trouxe estes verdadeiros cartões postais. Ela passou dias literalmente “imersa” em meio à vida panta-neira, que tanto inspirou o poeta Manoel de Barros. “Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras: liberdade caça jeito”, como bem escreveu o poeta pantaneiro. Luciana visitou a Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) SESC Pantanal, a convite e pode vasculhar a exuberância de cada por do sol, dos animais soltos, enfim, o valor da preservação.Dentro desta RPPN fica um complexo hoteleiro de alta in-fraestrutura, o Hotel SESC Porto Cercado, que dá acesso ao Parque SESC Baía das Pedras, onde o turista pode ter maior contato com a natureza. O empreendimento é especializado em receber não só turistas brasileiros, mas também estrangei-ros interessados em conhecer melhor a região. Dependendo da época, a procura é grande. O ideal é reservar com antece-dência: no portal já há aviso de várias datas com lotação esgo-tada este ano. Mas ainda há outras tantas vagas. Na verdade, o objetivo de Luciana era mesmo se embrenhar pelas terras ala-gadas. Ali, na RPPN, clicou verdadeiras pinturas vivas, como as que ilustram estas duas páginas. Esteve bem perto também de animais típicos da região, com o jacaré, o bando de pássa-ros anus brancos (nas próximas páginas), o casal de ararinhas azuis, o tamanduá e ainda o gavião belo solene, parecendo zelar por toda a área. “Fiquei impressionada não só com a beleza do lugar, mas, principalmente, com a possibilidade dos animais e da natureza seguir seu curso sem ser importuna-da”, conta Luciana. Como a área da reserva é imensa – são 106.644 hectares – há um grupo de atentos guardas-campos para vigiar a área de caçadores e aventureiros. Gente simples da região, como Agno (foto), Manoelzinho, Coelho e outros. Mais informações no portal. http://www.sescpantanal.com.br/

Pantanal alagado e preservado

23>

P elo Brasi l

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201224

Sônia Araripe, Editora de Plurale em revistaDe São PauloFotos: Clarissa Monteiro/ GIFE

CONGRESSO DO GIFE DISCUTE O INVESTIMENTO PRIVADO EM FUNDAÇÕES

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sentado no centro de uma arena, respondendo a perguntas variadas do público, marcou a abertura do 7º Congresso GIFE, em São Paulo, realizado entre os dias 26 e 30 de março. Ele falou sobre a relevância do investimento privado no Ter-ceiro Setor e lembrou a militância de Dona Ruth Cardoso neste campo.Para o ex-presidente, hoje é impossível que o Estado se ocupe de todas as funções a serem exercidas socialmente. ‘Deve delegar”. Mas para essa nova dinâmica funcionar, uma estrutura precisa ser criada para que haja confluência entre o setor privado, o setor público e aqueles que têm a possibili-dade de ajudar e mudar a sociedade. “Isso numa estrutura de financiamento, que não é mais da filantropia, que é um gesto pessoal, Da parte dos que doam, tem que ter um objetivo, passa a ser conceito de responsabilidade social”. Nesse sen-tido, FHC foi categórico ao dizer que o Brasil está atrasado no que diz respeito aos incentivos fiscais à doação. “É terrí-vel pensar que você deve pagar para doar, em geral 25% do montante. Um absurdo”.

Cerca de 1 mil representantes do Terceiro Setor passaram pelas atividades propostas pelo evento. A maior parte, exe-cutivos de Fundações capitaneadas por empresas privadas ou famílias de empresários, mas também participaram ati-vistas de ONGs, especialistas em Sustentabilidade, acadê-micos e jornalistas. Uma novidade foi o “open space”, exa-tamente como indica a tradução, um espaço aberto para o

diálogo e proposições. Sob o tema “Novas fronteiras do Investimento Social”, o 7º Congresso GIFE mostrou – na avaliação dos organizado-res - que o investimento social precisa, cada vez mais, de uma interlocução mais ampla com outros setores e experiências, articulando as dimensões de relacionamento e conheci-mento. “Trata-se de uma nova etapa para o GIFE, em que múltiplos olhares e deman-das tencionam as práticas de investimento quanto ao seu planejamento, alcance, legiti-midade, impacto, conteúdo e articulação com outros seto-res”, disse Denise Aguiar, pre-sidente do Conselho de Go-vernança do GIFE e diretora

da Fundação Bradesco, fundada por seu avô, Amador Aguiar.Um dos destaques do evento foi a participação do professor Ignacy Sachs, ecossocioeconomista francês de origem po-lonesa, um dos mais importantes pensadores sobre o de-senvolvimento sustentável. O professor da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS) de Paris fez uma pa-lestra acompanhada atentamente por um auditório sobre o tema cidades sustentáveis. “Precisamos de cidades sustentáveis, mas não ao preço da exploração do resto do mundo. Cidades sustentáveis fazem parte de países sustentáveis e países sustentáveis fazem parte de um mundo sustentável.” Ignacy Sachs acredita que são necessárias cinco condições para o de-senvolvimento sustentável: contrato social, planejamen-to, segurança alimentar, segurança energética e coopera-ção internacional. “Cooperação internacional quer dizer aprender a trabalhar juntos sobre temas que são comuns. Por exemplo, precisamos de redes de cooperação cienti-fica e técnica organizadas por biomas”. Ele não acha que seria difícil financiar estas pesquisas, porque se os mares e oceanos são patrimônioda humanidade, poderia ser im-plementado um sistema para taxar o uso deles, tal como um pedágio, para financiar redes de cooperação.

(*) A jornalista viajou a convite dos organizadores do evento.

Fernando Henrique Cardoso

Ignacy Sachs

2525

Isabella Araripe, de Plurale em revistaDe Manaus (AM)Fotos Divulgação/ SDS-AM

AMAZÔNIA TERÁ REDE DE COMUNICAÇÃO SOCIOAMBIENTAL

O I Encontro de Comunicação Socioambiental do Amazonas (I ECSA), que aconteceu no dia 21 de março em Manaus, dei-xou como “legado” a criação de uma Rede Amazônica de Co-municação Socioambiental (RACSA), que ainda não tem um nome definido. A RACSA pretende seguir o modelo da Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia) uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, com a missão de demo-cratizar a informação ambiental.O evento que teve como tema “O Amazonas na Rio +20: Econo-mia Verde, Combate à Pobreza e Governança” foi uma iniciativa do Governo do Amazonas por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), em parceria com outros órgãos como Suframa, Ipaam, ADS e FAS. O encontro reu-niu 17 palestrantes que discutiram junto ao público presente os temas da Rio + 20, evento que será realizado no mês de junho, no

Rio de Janeiro. Entre eles o líder do Povo Indígena Paiter Suruí de Rondônia, Almir Narayamoga Suruí. Eleito pela revista americana “Fast Company” como um dos líderes mais criativos do mundo dos negócios, ele afirmou que “nós não podemos deixar o desastre sobre a floresta para as próximas gerações que virão”.O I ECSA contou ainda com a participação do governador do Amazonas, Omar Aziz, que ressaltou a importância do evento. Segundo ele, na Rio+20 o Amazonas tem que dar um recado o mundo.“Todo mundo fala em preserva-ção mas até hoje o Estado do Amazonas não viu um real sequer sobre crédito de carbono, sobre ajuda humanitária ou sobre os problemas que nós enfrentamos dentro de nossas florestas”, disse o governador.(*) A repórter viajou a convite da Organização do evento.

P elo Brasi l

FAKE SHOWER JÁ ESTÁ NO AR

De São Paulo

O Fake Shower, um aplicativo para iPhone criado em par-ceria pelo Instituto Akatu e pela Leo Burnett Tailor Made, já está disponível na Apple Store para ser baixado gratuitamen-te. O aplicativo simula a vazão e o barulho de um chuveiro ou torneira e informa a quantidade de água desperdiçada quando são abertos sem necessidade. O filme promocional do Fake Shower foi apresentado pela parceria no dia 22 de março, em comemoração ao Dia Mundial da Água. Para ver o filme e baixar o Fake Shower, basta acessar o linkhttp://www.akatu.org.br/mobile/fakeshower/

De São Paulo

Estão abertas até 31 de julho as inscrições para o 14° Prêmio ABRASCA Melhor Relatório Anual, nas categorias

ESTÃO ABERTAS AS INSCRIÇÕES PARA O 14° PRÊMIO ABRASCA MELHOR RELATÓRIO ANUAL

Companhia Aberta, Companhia Fechada e Organizações Não-Empresariais. Criado com o objetivo de contribuir com as empresas para a melhora da qualidade das informações apresentadas ao mercado e, assim, aprimorar mecanismos de governança corporativa ao mercado de captais, a premiação homenageia as companhias abertas, fechadas e as organiza-ções não-empresariais que se destacaram no ano anterior. Promovido pela Associação Brasileira das Companhias Aber-tas (ABRASCA), o Prêmio obteve em 2011 recorde de inscri-ções, com 102 organizações concorrendo àquele que é uma espécie de “Oscar do mercado”. As inscrições são gratuitas e deverão ser feitas diretamente pela internet. O Regulamento pode ser acessado através do link http://www.abrasca.org.br/download/ABRASCA_14_Pre-mio_Regulamento.pdf

RIO+20 NÃO DEVE RESULTAR EM AÇÕES CONCRETAS PARA O USO DA ÁGUA, DISSE O PRESIDENTE DO BRASIL PNUMA

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimen-to Sustentável (Rio+20), que será realizada em junho deste ano, não deverá resultar em ações concretas que permitam avanços nas políticas globais sobre o uso da água. A declara-ção é do presidente do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Brasil Pnuma), Harol-do Mattos de Lemos.

Segundo ele, o pré-documento da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Rio+20 aborda apenas “in-tenções”. Para Lemos, se a Rio+20 não discutir ações mais concretas, será uma “oportunidade perdida” para avançar em temas como o acesso da população à água potável e ao esgotamento sanitário.

“Os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio têm pra-zo até 2015. É possível que se faça ainda, até 2015, uma outra reunião para definir metas, mas lamento que não tivéssemos tido tempo, ou que os governos preocupados com as crises econômicas que estamos vendo na Europa já há algum tem-po e nos Estados Unidos não tenham tido espaço para poder aprovar metas mais concretas [para a Rio+20]”, disse.

Vitor Abdala, Repórter da Agência Brasil

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201226

27

PROJETO ARREDORES CUIDA DA ÁGUA NA LAGOA DA TIJUCA

Uma das frentes de atuação do pro-jeto Arredorestem como foco a con-servação do man-guezal localizado na Lagoa da Tijuca. Capitaneado pelo biólogo Mauro Moscatelli, conse-guiu transformar um aterro coberto de lixo em área de proteção ambien-tal. O projeto é patrocinado pela Unimed-Rio.

“Durante as obras para a construção do shopping, recuperamos o mangue que havia nas margens da lagoa da Tijuca, e que estava engolido por um aterro. Realizamos também um

trabalho de replantio no entorno”, conta o biólo-go. Mas o trabalho de cuidar do manguezal é qua-se que diário. Em 2011, foram retirados 275 sacos de 200 litros de resíduos no Complexo Lagunar da Baixada de Jacarepaguá. Por mês, são removidos em média de 20 a 40 sacos de lixo.

Para 2012, uma das primeiras ações, segun-do Moscatelli, será a troca da tela aquática, que não resistiu à quantidade de lixo que ainda é colocada na região, além da ação de vândalos e das fortes chuvas de verão, que danificaram a proteção que impede a entrada de resíduos mais grosseiros no mangue.

O biólogo destaca que logo após a recu-peração do manguezal, sua população original retornou, povoando de carangueijos e aves típicas do ecossistema. “A volta dos animais demonstra que pequenas ações permanentes produzem resultados ambientais fantásticos”, esclarece Moscatelli.

Foto

: C

esa

r Fra

nca -

Agência

Photo

cam

era

djecsgnCbMg

“Durã d h i h

Foto

: C

esa

r Fra

nca -

Agência

Photo

cam

era

PRÊMIO ITAÚ DE FINANÇAS SUSTENTÁVEIS TEM NOVA CATEGORIA PARA TRABALHOS RELACIONADOS À RIO + 20

Realizado a cada dois anos, o Prê-mio Itaú de Finanças Sustentáveis traz uma novidade este ano: uma premiação especial para trabalhos relacionados à Rio+20, Conferência das Nações Uni-das sobre Desenvolvimento Sustentá-vel, além de uma categoria exclusiva para colaboradores e estagiários das empresas Itaú Unibanco.

Para participar do Prêmio Itaú de Finanças Sustentáveis, o autor respon-sável pelo trabalho deverá se inscrever até 6 de julho de 2012. A inscrição é gratuita e deverá ser feita de forma ele-trônica direto no site

http://ww2.itau.com.br/sustenta-bilidade/_/No-itau-unibanco/premio-itau-de-financas-sustentaveis.aspx

27

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201228

Texto e Fotos de Flamínio Araripe, Especial para Plurale em revista

De Quixadá (CE)

Caminhadas por dentro da Caatinga, a mata branca no Ceará

Belezas do sertão encantam

na serra em Juatama, Quixadá

Ecoturismo

29

Os monólitos de Quixa-dá, no sertão central do Ceará, maciços de gra-nito que datam de 600 milhões de anos, da era

Pré-Cambriana, integram a Associação das Montanhas Famosas do Mundo, que congrega notáveis relevos dos cinco continentes. Fica no município a serra do Juá, no distrito de Juatama, 202 Km de Fortaleza, lugar hoje associado ao biodiesel, sede da usina da Petrobras de extração do combustível, ao voo livre e ao turismo ecológico.

O município é frequentado pelos ufologistas – eles asseguram ser visitado pelos ETs -, mas é apreciado também pe-los praticantes de vôo livre, que contam com algumas plataformas de salto e vas-ta planura de vegetação rasa, cortada por estradas. Fica na serra o resort Pedra dos Ventos, um bem tratado conceito de ho-tel com algo mais que inclui trilhas bem sinalizadas abertas na vegetação da caa-tinga que perfuma o ar 24 horas por dia.

O bioma Caatinga é também chamado de mata branca. O nome tem formação do tupi caa (mata) com tinga (branca), uma tradução do aspecto esbranquiçado da vegetação deste bioma na época seca, o único exclusivamente brasileiro. Na paisagem de Quixadá se destacam algu-mas serras e os monólitos.

Quando chove, o verde brota dos galhos secos e o capim nasce do chão. É bonito o sertão na seca ou na época de chuvas, duas expressões da mesma

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201230

Ecoturismo

beleza. O lugar no sopé da serra do Juá (o anti-go nome de Juatama) começou a juntar gente quando nasceu ali um tronco da Rede Viação Cearense em 1891 e a estação ferroviária que deu origem à vila.

Uma caminhada na trilha da Pedra do Vento, a mais longa, é uma forma de conhecer a caatin-ga. São duas horas de subida de ladeiras a partir de 400 metros acima do nível do mar até o platô de 600 m de altitude, por dentro da mata bran-ca, ouvindo o acústico das juritis, rolinhas, can-cão e outros pássaros que ornitólogos visitam a região para ouvir, gravar o canto e fotografar.

Antonio Almeida, engenheiro químico, filho de quixadaense, investiu as economias na ideia de harmonizar hospedagem e 122 hectares de natureza e 22 apartamentos, ao longo de 10 anos da história do equipamento. Surpreende pela organização e simplicidade do atendimen-to dos moradores locais.

A piscina de 15 metros serve para natação que tem um gosto redobrado depois da ca-minhada e ducha demorada para tirar o suor. Água translúcida e com uma temperatura que só a madrugada na serra sabe preparar. Dica de consumo é o mel de abelha com o aroma das flores silvestres do seu Messias, em sua mercearia sortida da pequena vila da Juatama.

Do Brasil, figuram na Associação das Monta-nhas Famosas do Mundo, além dos monólitos de Quixadá, no Ceará, a Chapada do Araripe, que divide o estado de Pernambuco, o maciço da Ibiapaba, na fronteira com o Piauí, e a serra de Guaramiranga. O Alto Camaquã representa o Rio Grande do Sul.

31

Ciência

Texto e foto: Flamínio AraripeEspecial para Plurale em revista,

De Fortaleza

Uso vai desde a inseminação artificial de animais até aplicação

na saúde humana e animal, cosmética, isotônicos e de

suplementos nutricionais

Água de Coco em pó é patenteada

torado elaboram planos de negócios, interagem com empreendedores e já criaram diversas em-presas, assinala.

Exemplos de pro-dutos da Renorbio, de grande impacto eco-nômico e social, foram citados em vídeo entre-gue ao então ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mer-cadante, observa Nunes. Técia Vieira Carvalho, da Universidade Federal do Ceará (UFC), desenvolveu um método de fermentação biológica a partir do isolamento de uma bactéria do queijo, que transforma os resíduos da carapaça do camarão, subpro-duto desperdiçado com impactos poluentes, em quitina, um polissa-carídeo de alto valor comercial.

Adriana Mendonça, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), en-controu um método alternativo de controle de praga da cana de açú-car. Edna Cândido, da Universidade Tiradentes (Unit), desenvolveu um fitofármaco a partir da planta colônia, que resultou no medicamento Ziglaa. Isabel Guedes, da Uece, que pesquisa proteína de interesse da área médica usando sistema vegetal, observa que o principal objetivo da Renorbio é chegar a um produto final com aplicação prática.

Cristiano Feltrin, da Universidade de Fortaleza (Unifor), trabalha na produção de caprinos transgênicos que irão produzir no leite lac-toferrina e lisozima humana para diminuição da mortalidade infantil por diarreia e contra a desnutrição. O idealizador da Renorbio, Luiz Antonio Barreto de Castro, afirma que a Renorbio com biotecnologia é capaz de resolver problemas de grande relevância social.

A patente “Água de coco em pó (ACP) em processos biotecnoló-gicos” tem aplicação na agropecuária, saúde e indústria, assim como a patente “Processo de obtenção de água de coco desidratada e pro-dutos resultantes”. A tecnologia ACP foi licenciada para uma empre-sa de Fortaleza, a Evidence, que desenvolveu bebidas isotônicas em saquinhos com 80% de água de coco em pó e 20% de açaí em pó ou 20% de acerola e ou de chá verde na mesma forma.

Duas outras patentes aditivas possuem aplicação na agrope-cuária. Uma delas é intitulada “Meio de preservação de tecido ani-mal, processo de produção de meio e processo de preservação de tecido animal” e a outra denomina-se “Processo de obtenção de adjuvante para vacinas aviárias”. Segundo Nunes, com o diluente de ACP o tempo de conservação da vacina é de 12 horas, e de no máximo 6 horas no diluente convencional importado. A opção pela ACP significa ganho em dobro no tempo para aplicar a vacina fora do ambiente de conservação.

Tem aplicação industrial a patente registrada como o nome “Processo oxidativo biocatalizado utilizando água de coco de Co-cos nucifera como meio reacional e fonte de peroxidase”. Pos-suem aplicação na área da saúde as patentes “Processo de obten-ção de meio de manutenção e crescimento celular, meio obtido e método de cultivo de células” e “Processo de produção de meio de cultivo e isolamento de bactérias, meio de cultivo e isolamento método de cultivo e isolamento.

O registro da primeira patente biológica do Bra-sil de âmbito internacional, um conservante extraído da água de coco para inseminação artificial, de dezembro de 1993, obtida pelo doutor em veterinária José Ferreira Nunes, da

Universidade Estadual do Ceará (Uece), já gerou sete paten-tes aditivas com aplicações biotecnológicas. O pesquisador, que coordena a Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio), informa que também foi patenteada a água de coco em pó (ACP) com propriedades na saúde humana e animal, cosméti-ca, isotônicos e de suplementos nutricionais.

A água de coco em pó foi usada para diluição do sê-men do macaco-prego louro Cebus (Sapajus) apella, na geração do primeiro embrião de uma espécie de mamífero silvestre no Brasil, com todas as etapas do processo com ocorrência in vitro. O artigo que relata o experimento foi publicado este ano na revista Zygote, da Universidade de Cambridge, Inglaterra, pela doutora em veterinária Sheyla Farhayldes Souza Domingues, da Universidade Federal do Pará, responsável pelo Laboratório e o grupo de pesquisa de Biologia e Medicina de Animais Silvestres da Amazônia (Biomedam) e outros pesquisadores.

A Rede Nordeste de Biotecnologia, criada em 2003, ini-ciou em 2006 a pós-graduação que congrega 36 instituições da região, hoje com 520 doutorandos, formou 176 doutores e seus alunos já depositaram 146 patentes, das quais 40 já homologadas, entre elas as sete aditivas do ACP. O modelo de um consórcio que soma doutores de instituições de edu-cação superior e pesquisa começou com conceito cinco da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Supe-rior (Capes), e inspirou a criação da Rede de Biotecnologia da Amazônia (BioNorte), em setembro de 2011 e da Rede Centro Oeste de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação o Centro Oes-te, em dezembro de 2009.

José Ferreira Nunes informa que, até 2020, a Renorbio irá formar 1 mil doutores em biotecnologia no Nordeste. Segun-do ele, a atenção com o registro de patentes das pesquisas da Renorbio evidencia a preocupação com a geração de produ-tos de inovação e a criação de empresas. Os alunos de dou-

do Ceará (UFC) desenvolveu um método

José Ferreira Nunes

Usoartificia

nac

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201232

Texto: Letícia Koeler, Especial para Plurale em revistaFotos: Divulgação

Tendência

Toda vez que vou a uma pizzaria e peço água sei que algum amigo vai questionar o meu pedido. “Pizza com água?”. Eu já me acostumei. Uma ami-ga afirma que brindar com água dá azar. Mas há anos é a minha bebida preferida. E tenho muita

sorte na vida. Há anos eu ouço esses comentários. Michael Mascha me entenderia perfeitamente. Proibido de beber vinho, o americano decidiu estudar a água mineral e a de-dicação se transformou no site www.finewaters.com e no guia de águas sofisticadas “Fine Water’s – A Connoisseur’s

Bebida ganha status gourmet, invade cartas de restaurantes e passa a ser harmonizada

por sommeliers

águaBrindar com

Guide to the World’s Most Distinctive Bottle Waters”. Em sua página na internet, ele cita centenas de marcas de água de diversos países como Argentina, Austrália, França, Alemanha, Índia, Lituânia, Portugal, África do Sul, Estados Unidos. O autor apresenta uma descrição completa de cada rótulo. Equa (Equa Water Corp.) e FYS (Grupo Schin-cariol) são as marcas que representam o Brasil.

Ok, a adoração pela água pode ser puro recalque por Michael estar proibido de consumir vinho. Mas a ingestão da bebida é cheia de benefícios. Segundo a nutricionista funcional Marina Seidl, a água desempenha papel fun-damental nos processos fisiológicos de digestão, absor-ção e excreção, auxilia na estrutura e função do sistema

33

circulatório, atua como um meio de transporte para os nutrientes e regula a temperatura corporal. “O corpo não é capaz de armazenar água, portanto a quantidade perdida a cada 24 horas deve ser reposta para manter a saúde corporal. Sob circunstâncias normais, a recomendação é de dois a dois litros e meio de água por dia”, explica. A água também é aliada da beleza da pele. “Não existe melhor hidratante, por-que a hidratação acontece de dentro para fora. O resultado é visível quando a pessoa bebe pouca água. Pele seca, problemas intestinais e até mesmo cálculos renais”, destaca a nutróloga Paula Cabral.

Gourmet - Além de todos esses benefícios, a bebida vem conquistan-do espaço entre gourmands e, nos úl-timos anos, ganhou versões gourmet. E essa tendência pode ser comprova-da em alguns restaurantes do Rio de Janeiro. O chef Pedro de Artagão, do Irajá, incluiu no cardápio a água Esti-lo, uma linha da Pouso Alto, a primei-ra empresa brasileira a fabricar água frisante, ou seja, com 20% menos gás. Uma boa opção até para quem não é fã de água com gás. “Deliciosa, bem leve e ainda mais fácil de harmonizar com vinhos, drinques e até com pra-tos.”, comenta Pedro. Já no Salitre, o cliente pode optar entre as italia-nas San Pellegrino e Acqua Panna, a francesa Perrier e a norueguesa Voss, considerada a mais pura de todas, para acompanhar a refeição.

Aliás, harmonização deixou de ser prática exclusiva aos vinhos e cervejas.

Sommeliers também indicam água. Para quem desanimou com a notícia, pode continuar lendo a matéria. A água não ocupa o lugar das bebidas alcoólicas. Pelo contrário, ela funciona como coad-juvante porque unifica o paladar e lim-pa as papilas gustativas. Ou seja, a água garante que os sabores sejam melhor percebidos, tanto da comida quanto da bebida. Para Rodrigo Moura, sommelier do Salitre, o grande truque para uma boa harmonização é avaliar o peso e a estru-tura da água. Para ele, na gastronomia o bom senso é sempre um ótimo aliado. “Combinar pratos leves com água mais leve, menos mineralizada, é o caminho mais certo. Para pratos mais pesados e gordurosos, o ideal é a harmonização com água mais pesada e naturalmente gaseificadas”, finaliza.

Hoje, há cerca de três mil marcas de água em todo mundo. E, assim como os vinhos, alguns rótulos são especiais e podem custar caro. No Brasil, algumas destas garrafas especiais chegam a cus-tar R$ 18. O luxo da marca americana Bling h2O está também na garrafa de vidro onde a logomarca é cravejada em cristais swarovski. A garrafa não sai por menos de U$ 28. Para avaliar a qualidade da água é preciso analisar a sua compo-sição: presença de gás carbônico, pH e concentração de minerais. “Se compa-rarmos a definição com os vinhos, po-deríamos dizer que a água com poucos minerais são neutras e leves como um vinho branco. Já a água com mais mi-nerais são mais encorpadas, como pó tinto”, explica o americano Mascha em entrevista à revista americana Time.

Água na jarra - Como fã de água (gourmet ou não), acho que algumas vezes pago caro por uma garrafa, prin-cipalmente em restaurantes que ofe-recem refil de refrigerante. Pago mais caro bebendo água do que uma pessoa que consumiu dez copos de coca-cola. Mantenho minha saúde, mas a conta fica mais alta para mim. Toda vez que viajo para fora do Brasil, fico contente quando posso optar pela água em jarra, da bica, de graça. Economizo no bolso e não nos goles. A “tap water” ou água da torneira passa por processos rigorosos de tratamento antes de chegarem ao consumidor. A boa notícia é que há um movimento para que essa ação aconteça por aqui também. Criada em 2010 pela ONG Ibtiba, o Água na Jarra tem como

“ O corpo não é capaz de armazenar água, portanto a quantidade perdida a cada 24 horas deve ser reposta para manter a saúde corporal. Sob circunstâncias normais, a recomendação é de dois a dois litros e meio de água por dia ”Marina SeidlNutricionista Funcional

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201234

objetivo incentivar que a água tratada seja servida em jarra em restaurantes, hotéis e empresas. “Acreditamos que o tema do consumo responsável da água é muito importante e tem grande ape-lo na sensibilização das pessoas para as atitudes sustentáveis. Afinal de contas, não há nada mais básico do que o con-sumo da água”, comenta Letycia Janot, uma das criadoras da iniciativa.

Qualquer restaurante pode aderir à campanha em qualquer cidade do país. “Não existe custo para a adesão, mas existem alguns requisitos básicos necessários, como estar conectado à rede pública de abastecimento de água tratada, ter um filtro de qualida-de certificada e servir a água filtrada em jarras como opção preferencial de consumo”, explica Letycia. O Água na Jarra mantém um “contador de garra-fas economizadas” no site. Desde 2010 a ONG já contabilizou mais de 190 mil unidades. “Percebemos que cada vez mais os empreendedores estão pre-ocupados em conhecer e gerenciar melhor os impactos socioambientais do seu negócio”, comemora.

Mas, servir água de graça poderia causar um rombo no faturamento das casas, por isso, cobrar pela jarra de água é opção do empresário. O Água

na Jarra orienta os restaurantes que desejam implantar a iniciativa a cal-cular qual o impacto na margem fi-nanceira. “Alguns restaurantes que aderiram servem a água como corte-sia, outros incluíram a água servida no couvert, alguns fazem a reposição das jarras de água e outros cobram um valor menor do que o da água engarrafada. Enfim, cada um decide a melhor maneira de fazer isso. Ao importa a forma como fazem, mas sim, que estão deixando de consu-mir centenas de garrafas de plásti-co”, finaliza.

Os ambientalistas aplaudem de pé atitudes como essa, já que ajuda a diminuir o impacto ambiental. O processo de fabricação das garrafas plásticas provoca uma alta quanti-dade de gases prejudiciais ao efeito estufa. Além disso, cada garrafa de plástico leva 200 anos para se decom-por. Mas às vezes, é difícil encontrar lixeiras especiais pela cidade. Quan-tas vezes você quis jogar uma pilha fora e não encontrou um lixo ade-quado? Mas isso já não é desculpa. Para o descarte correto das garrafas de plástico, a Associação Brasileira da indústria do PET lançou o site LevPet. Utilizando o Google Maps, o serviço indica ao internauta o ende-reço mais próximo para a entrega de garrafas. Basta indicar o endereço de casa ou do trabalho para encontrar um ponto mais próximo de coope-rativas de catadores ou ONGs que trabalham com reciclagem.

Segundo a nutricionista espe-cialista em Ciência e Tecnologia de Alimentos e professora de Nutrição da Universidade Veiga de Almeida, Gabriela Samico, precisamos repor a água perdida durante as atividades do dia. “Cerca de 70% do nosso or-ganismo é composto por água, então é necessário que se faça a reposi-ção. Perdemos água normalmente enquanto respiramos, falamos ou suamos”. Quando terminar de ler a revista, reponha o líquido no seu corpo e beba água! Do filtro ou gour-met. Mas se for de garrafa, já sabe onde descartar.

Tendência

SERVIÇOS:

Gabriela Samico: Rua Ibituruna, 108 / Casa 7 / 2º andar – Tijuca Rio de Janeiro(21)2574-8888 (21) 2574-8888 (ramal 369)

Lev Pet: www.abipet.org.br

Marina SeidlNutricionista funcional: (21) 8093-7222 (21) 8093-7222

Paula CabralDiretora médica da Clínica Hagla: www.hagla.com.brIrajá – Rua Conde de Irajá, 109 – Botafogo – Rio de Janeiro(21) 2246-1395(21) 2246-1395

SalitreRua Barão da Torre, 632 – Ipanema – Rio de janeiro (21) 2540-5719 (21) 2540-5719

Av. das Américas, 4.666/ lojas 145 e 146 – Barrashopping (21) 2408-3239 (21) 2408-3239

Água na Jarra: www.aguanajarra.com.br

35

Não basta ser sustentável, tem que comunicar. Participe desta rede e faça a sustentabilidade ir além.

A Aberje acredita na importância da comunicação para a transmissão dos valores de sustentabilidade. Pioneira no Brasil, é uma das poucas instituições no mundo com certificação no Global Report Initiative. Desde 2007, já formou cerca de 400 profissionais no curso de Relatórios de Sustentabilidade GRI. Além de cursos, promove eventos, comitês e premia os melhores projetos de Comunicação da Sustentabilidade todos os anos.

www.aberje.com.br

Bazar éticoTexto e fotos: Nícia Ribas, Repórter de Plurale em revista, De Novo Airão (AM)

foto

: Chr

istin

a R

ufat

to/

Div

ulga

ção

36

Este espaço é destinado à divulgação voluntária de produtos étnicos e de comércio solidário de empresas, cooperativas, instituições e ONGs.

Na margem do Rio Negro,

caboclos viram artesãos

Ao lado da Estação Ecológica das Anavilha-

nas, na cidade de Novo Airão (AM), funciona

o centro artesanal e a escola profissional de

marcenaria e de papel reciclado da Fundação

Almerinda Malaquias. Para permitir a navega-

ção nos rios da Amazônia, os maiores do mundo, existem

na região muitos estaleiros construindo barcos. De tanto

ver resíduos de madeira da construção naval jogados no

lixo, poluindo a água e a atmosfera, o amazonense Miguel

Rocha da Silva, apaixonado pela sua floresta, teve uma

ideia: transformar aquilo em arte, através do trabalho de

artesãos e, ao mesmo tempo, dar um ofício rentável àque-

la população tão carente.

Nos anos 90, Miguel conheceu o marceneiro suíço

Jean Daniel Vallotton, que em visita à Amazônia, também

se apaixonou pela floresta e os dois formaram uma parce-

ria que resultou na Fundação Almerinda Malaquias, home-

nageando a mãe índia e o pai pernambucano de Miguel.

Foi um encontro muito importante para o caboclo, apelido

dos ribeirinhos dos rios amazônicos, e também para o de-

senvolvimento de Novo Airão.

Hoje, a associação de produtores criada pela Funda-

ção, a Nov`Arte, conta com 50 artesãos autônomos, que

conseguem ganhar entre R$ 1,5 mil e R$ 2 mil men-

sais com a venda de seus produtos para todo o Brasil,

garantindo qualidade de vida para suas famílias. A FAM

mantém em seu Centro de Formação Profissional cursos

de escultura de madeira, marchetaria, objetos utilitários e

fabricação de móveis. Mais recentemente, foi montado o

curso de papel reciclado.

“Procuramos adequar a necessidade de gerar renda com

o aprendizado porque essa comunidade ribeirinha não pode

ficar só estudando, eles precisam sobreviver”, diz Jean Daniel.

Contato: [email protected]

Site: www.fam-na-am.com.br

Tel.: 0 (XX) 92 – 3365 1000

oto

a-

na

de

ão

a-

m

to

no

el

ma

de

e-

ço

fo

ção nos rios

fab

curs

o apre

ficar só

C

deia:

rtesã

a pop

N

ean

e apa

a que

agea

oi um

os rib

envo

H

ção, a

R

id

ar

la

Je

se

ria

na

Fo

do

se

s Gs.

37373737

VIDA Saudável Apoio:

O corpo humano é constituído em 70% por água que, em constan-te movimento, hidrata, lubrifica, aquece, transporta nutrientes, elimina toxinas, entre outras utilidades. Beber pelo menos dois litros e meio de líquidos por dia é um hábito recomendado por especialistas que pode melhorar o processo digestivo, facilitar a absorção de nutrientes e diminuir o risco de infecções, além de conferir um aspecto bom aos cabelos e à pele. “Não se deve esperar a sede, pois ela já é considerada um sinal de desidratação”, ensina Dra. Valéria Brion, especialista em Gestão de Medicina Preventiva da Unimed-Rio.

Quem está sempre de olho nas prateleiras das lojas de produtos naturais já percebeu o forte interes-se pelas cápsulas de Óleo de cártamo. O produto é um an-tioxidante natural, produzido a partir do óleo das sementes do Carthamus tinctorius, contendo ácidos graxos monoinsaturados e poli- insaturados tais como, o ácido linoléico (ômega 6). Al-guns especialistas acreditam que o este óleo pode ajudar nas die-tas uma vez que ajudaria na eliminação de gordura. Sem falar que pode ajudar na massa corporal magra. Porém, médicos e nutricio-nistas, alertam, como sempre, que não há milagres e, que depen-dendo da dose e do paciente, há riscos de efeitos colaterais, como aumento da glicose e insulina em jejum e aumento da resistência à insulina. Uma dieta bem balanceada depende não só de ingestão correta de alimentos e muitos líquidos, mas também precisa vir acompanhada da prática de exercícios físicos regulares.

Óleo de Cártamo

Óleo de MaracujáA semente de ma-

racujá, normalmente descartada na produ-ção de sucos e polpas de frutas, é uma ex-celente matéria-prima para produção de óleos que interessam à agroindústria de alimentos e de cosméticos. A produção de óleo a partir da semente de maracujá tem etapas simples: lavagem das sementes, secagem, prensagem, armazenamento e comercializa-ção do óleo.

Há pouco mais de cinco anos, a Embrapa Agroindústria de Ali-mentos, em parceria com uma rede de produtores, empresários, centros de pesquisa como a Universidade Federal do Norte Flumi-nense e a Pesagro, mais a extensão rural, coordena o projeto Ar-ranjo Produtivo Local do Maracujá - APL Maracujá, na região norte do Estado do Rio de Janeiro. A ideia de transformar um resíduo prejudicial ao meio ambiente em produto de alto valor agregado garantiu ao projeto o Prêmio Brasil de Engenharia em 2011 pelo processo e pela instalação de uma fábrica de óleo de maracujá. Uma pequena agroindústria em Bom Jesus de Itabapoana - RJ, a Extrair Óleos Naturais, já está produzindo e comercializando para indústrias de cosméticos e alimentos das regiões Sul e Sudeste do país e para uma rede de hospitais norte-americanos.

s-dean-o as

Al-

mo

Você bebe bastante água por dia? Lembre-se sempre que a quan-tidade de água ideal é de cerca de dois litros por dia ou mais, se você puder. Mas não precisa ficar limita-do apenas aos copos de água tra-dicional. Uma parte desta medida, ensinam os médicos e nutricionis-tas, também pode ser substituída por água de coco, chás leves e sucos naturais (principalmente os de frutas com grande quantidade de água, como melancia e abacaxi). Lembre-se que mais de 60% do corpo humano é constituído por água distribuída em vários órgãos. E, na medida do possível, evite copos e garrafas descartáveis. Sem-pre zelando pelo meio ambiente, procure ter sempre na sua cabeceira do trabalho uma garrafinha refil (ou squeeze, como alguns chamam) ou um copo/caneca (há vários modelos no mercado) que possa ser sempre enchido. Outra dica: não beba muito durante as refeições. E reforce a ingestão quando estiver fazendo exercícios físicos.

Água de Beber

Mantenha-se hidratado

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201238

Saúde

Texto: Lou Fernandes, de Plurale em revista / Fotos: Divulgação

ÁGUA:uma das primeiras terapias que recebemos na vida

Watsu, Aqua Healing e Jahara são técnicas cada vez mais procuradas por clientes

PLURALE EM REVISTA | Marco / Abril 201238

39

Alguns até já sabem que a água tem im-portante participação nos processos de transporte de substâncias em nosso corpo, auxilia a regulação do equilíbrio térmico, elimina as toxinas pelo suor e

pela urina, transporta nutrientes, regulariza o fun-cionamento intestinal, mantém a pele com aspecto saudável, hidratada e mata a sede. Mas poucos co-nhecem os benefícios da água como uma excelente terapeuta. Ela é um dos primeiros contatos que te-mos na vida intrauterina.

Portanto, a água nos dá colo e ainda remete para um tempo de silêncio, conforto, amparo e leveza. Mas esta terapia pode se estender aqui fora. Há milê-nios que o homem sabe disso e estuda os efeitos te-rapêuticos do contato com este elemento de maior quantidade na Terra. Alguns denominam este trata-mento de hidroterapia, que é um pouco diferente de exercícios na água como pilates ou natação. O tratamento terapêutico com água geralmente é in-dicado às pessoas que sofreram algum tipo de lesão, traumas ou as que buscam um momento de paz e equilíbrio em suas vidas.

Um deles é o Watsu, conhecido como shiatsu, na água. O Watsu nasceu nos Estados Unidos pelo seu criador Harold Dull. Trata-se de uma terapia corporal, praticada na água morna. Ela é indicada para qualquer faixa etária. Conforme explica a pro-fessora de educação física, Ana Paula Teixeira Lopes, da Academia Biofisio-Dinâmica do Corpo, o Watsu é desenvolvido em sessões de aproximadamente uma hora, onde o terapeuta apoia e movimenta o paciente à medida que alonga e massageia os pontos de tensão muscular. Segundo Ana Paula, o Watsu se fundamenta na liberdade de movimentos e de tor-

ções realizadas dentro da água. A piscina aquecida aumenta a sensibilidade dos tecidos e favorece o fluxo sanguíneo. Esta terapia aquática promove um estado profundo de relaxamento com mudan-ças no Sistema Nervoso Autônomo. Por aquietar o Sistema Nervoso Simpático e aumentar o Sistema Nervoso Parassimpático, o Watsu tem efeitos pro-fundos no Sistema Neuromuscular que é bastante afetado pelas emoções do dia a dia. A única contra indicação é para pessoas que têm medo de água.

O engenheiro de produção, Tadeu Gomes, 35 anos, conta que o Watsu mudou sua vida. Após ter sofrido um assalto, ele desenvolveu a síndro-me do pânico. Resolveu fazer terapia e foi a sua própria terapeuta que lhe indicou Watsu. Segunda ela, lembra Tadeu, era preciso que voltasse a se entregar de novo à vida. Ele conta que é muito

comum, depois da pessoa sofrer um assalto ou presenciar algum tipo de violência, perder a

confiança nas pessoas. “As sessões de watsu me devolveram a coragem e a fé no outro”, comemora Tadeu.

A ÁGUA COMO CO-TERAPEUTA DO CLIENTE

A fisioterapeuta paulista, Neide Costa, indica para seus clientes a Aqua Healing.

Neide explica se tratar de um tipo de terapia energética corporal, praticada em uma piscina

climatizada a uma temperatura aproximada-mente de 30 a 34 °C. Ela diz que neste trabalho

tem um instrumento poderoso que é a água. “A água é a minha co-terapeuta”, comenta Neide que considera os movimentos feitos na água, os mais na-turais possíveis. Isso dá muita segurança ao terapeu-ta, diminuindo o risco de reviver a experiência dolo-

Watsu: A terapia corporal é praticada na água morna. Ela é indicada para qualquer faixa etária.

De touca azul: professora de educação física Ana Paula, da Biofisio

PLURALE EM REVISTA | Novembro / Dezembro 201140 PLURALE EM REVISTA | Novembro / Dezembro 201140

rosa ou intensificar a dor. “A leveza da água atenua a dor, ajudando a se libertar do trauma, e isso reforça as defesas do organismo”, constata a fisioterapeuta.

TÉCNICA JAHARA: MAIS DO QUE UM MERGULHO NA ÁGUA, UM MERGULHO NA ALMA

A ideia principal da técnica Jahara é criar um sentido total da expansão. A técnica, devido aos seus bons resultados, adquiriu aceitação entre fisioterapeutas e terapeutas corporais nos EUA, Su-íça, Alemanha, Israel e Argentina. Desenvolvida por Mário Jahara, brasileiro radicado na Califórnia, ela é atualmente utilizada no trei-namento de profissionais em esco-las de nível secundário e superior, em clínicas de reabilitação e em SPAs no hotel Village Le Canton e no SPA João Curvo. Segundo explica Mário, o terapeuta de Jaha-ra fornece a sustentação precisa à estrutura do corpo, junto com movimentos delicados da tração, alongando a coluna e trazendo benefícios para o sistema neuro-musculoesquelético. Além de tra-balhar profundamente a harmonia corporal através de pontos especí-ficos em níveis estruturais.

Para Marcelo Bispo, terapeuta de Jahara, trata-se de uma técnica passiva, isto é, o paciente não pre-cisa se movimentar ou responder a qualquer instrução durante a ses-são. O terapeuta flutua o paciente e, com o auxílio de um flutuador

Saúde

especial, executa uma série de movimentos e trações suaves, sempre visando o alinhamento e descompressão da coluna vertebral. Conforme diz Marcelo, a técnica Jahara é multidisciplinar, ou seja, pode ser utilizada por profissio-nais de diversas áreas de atuação. Segundo Marcelo, a pessoa que se propõe a trabalhar com a técnica Jahara precisa se alinhar com a filosofia do método. “Inicialmente, o interessado deve estar em profunda sintonia com a nossa prá-tica de respeito, responsabilidade e gentileza. E posteriormente apresentar condições técnicas para cumprir todo o processo de formação exigido com qualidade”, avisa Marcelo Bispo.

Tecnicamente, a piscina necessita que a temperatura da água esteja a 35 graus. Trata-se de um requisito importantíssimo para os resultados serem significativos e proporcionar uma dimensão capaz de proporcionar a realização de alguns movi-mentos básicos. “O fato de necessitar de uma temperatura elevada acaba limitando os locais onde a técnica Jahara pode ser aplicada”, constata Marcelo.

No entanto, Marcelo comemora o interesse de pessoas em aprender a téc-nica e diz que ela está se espalhando pelo mundo. Jahara que significa “joia” é também o sobrenome dos avós maternos de Mário Jahara, criador da técnica, que imigraram do Líbano para o Brasil no iní-cio do século passado. Mário Jahara dedicou a Jahara Technique a sua avó que, segundo ele, era uma pessoa adorada pela família e por todos que a conheciam. Com sua avó Mário aprendeu que é possível ser, simultaneamente, gentil e firme, e que a delicadeza é uma força poderosa, e esta é a essência do seu trabalho.

SERVIÇO:

JAHARA

[email protected].

www.jahara.com.br

BIOFISIO DINÂMICA DO CORPO

(21)3281-1862

www.biofisio.com

41414141414141

...como a história de Seu

Luiz Gonzaga, na Reserva de

Uatumã, na Floresta Amazônica (AM),

que está aprendendo a escrever graças à

Fundação Amazonas Sustentável e tem

como objetivo defender as

necessidades de sua pequena

comunidade...

Com Plurale é assim: vamos onde a notícia está. Para que cada um apresente sua história, capaz de inspirar tantas outras transformações.

Plurale: plural até no nome.

...ou do jovem Tião Santos, que cresceu no lixão de Jardim Gramacho (Baixada Fluminense), lutou para mudar não só a sua vida, mas a dos catadores: virou estrela da obra do artista plástico de Vik Muniz e de filme com direito a tapete vermelho de Hollywood...

...distâncias percorridas de

barco, de carros fora de estrada e

pequenos aviões. Foi assim para mostrar

a exuberância do Pantanal em projeto

de preservação da ararinha azul e várias outras

espécies, trabalho de profissionais zelosos

como a bióloga Luciana Pinheiro Ferreira, na RPPN SESC Pantanal...

...neste período também conhecemos diversos projetos inovadores,como o de educação e geração de renda para crianças de comunidade de Serrinha, no sertão baiano, como Itairan

Cardoso.

Nos últimos quatro anos, repórteres e fotógrafos de Plurale em revista cruzaram o Brasil de norte a sul para descobrir boas histórias de transformação. De gente simples e aguerrida, protagonista de mudanças que estão apenas começando...

comunidade...

SESC Pantanal...

Seu Luiz GonzagaReserva do Uatumã, AM

Luciana PinheiroPoconé, RPPN SESC Pantanal, MT

Itairan CardosoSerrinha, BA

Foto

de L

ucia

na T

ancre

do

Foto

de A

ntô

nio

Lim

a (FA

S)

G(FlunvcedodefilmtapHo

Foto

de A

ntô

nio

Bata

lha (

Fir

jan)

Foto

Níc

ia R

ibas

ou do jovem

Tião SantosJardim Gramacho,RJ

P elo MundoÁgua para segurança alimentar

Relatório da ONU sobre água e saneamento aponta melhorias e desafios

Vivian Simonato, Correspondente de Plurale De Dublin, Irlanda

A matemática assusta quando espicha-mos o olhar pra contabilizar quanta água pre-cisa ser gasta para produção dos alimentos que consumimos todos os dia. A produção de uma xícara de chá consome 35 litros de água. Já uma fatia de pão na mesa represen-tam 40 litros de água gastos. Um copo de vi-nho? 120 litros de água.. E, incríveis 185 litros de água são utilizados para produzir um único saco de batatas fritas!

A verdade é que estamos cada vez mais atentos na contabilização do verdadeiro impacto que o consumo de

água tem na produção dos alimentos. No entanto, esse é um assunto ainda mais delicado quando a discussão envolve agricultura de sub-sistência em países em desenvolvimento que já sofrem com escassez de água e alimentos. Pela relevância, a ONG irlandesa Gorta e o ór-gão do governo Irlandês para desenvolvimento humano, Irish Aid, ambos localizados em Dublin, organizaram o simpósio impacto que essa gestão desempenha no reforço dos sistemas alimentares locais o simpósio O Papel da Gestão de Bacias Hidrográficas na Proteção dos Sistemas Alimentares Locais, em atenção ao Dia Mundial da Água.

O objetivo do evento foi aumentar a conscientização sobre o pa-pel crítico de gestão integrada de bacias hidrográficas e o impacto

Camilo Malheiros Freire, da Rádio ONU

em Nova York*

A Organização Mundial da Saúde, OMS, e a agência ONU Água lançaram, no dia 12 de abril, um relatório sobre o estado mundial do acesso à água e ao saneamento básico. O documento inclui informações sobre a situação da infraes-trutura de mais de 70 países em desen-volvimento, entre eles o Brasil.

Segundo o documento, houve um “grande progresso” mundial na área. Mas a agência revela que muitas nações estão atrasadas no cumprimento de seus obje-tivos socioambientais. Mais de 70% dos países analisados correm grande risco de não alcançar as Metas do Milênio até

que essa gestão desempenha no reforço dos sistemas ali-mentares locais e garantir que o assunto esteja sempre em pauta. O Ministro de Estado para Comércio e Desen-volvimento, Joe Costello T.D., abriu o evento ressaltando que um olhar mais amplo considerando água e segurança alimentar é fundamental para melhorar a nutrição e ma-nutenção da saúde das crianças em países em desenvol-vimento. Brian Hanratty, CEO da NGO Gorta destacou a necessidade do uso eficiente dos recursos limitados de água doce com um enfoque particular na garantia do abastecimento alimentar para as gerações atuais e futuras, considerando que estimativas avaliam que em 2025, 1,8 bilhão de pessoas estarão vivendo em países ou regiões com escassez absoluta de água, e dois terços da popu-lação do mundo poderá estar vivendo sob condições de estresse hídrico.

O evento ainda contou com a participação de Thomas Hofer, um dos principais especialistas das Nações Unidas na área da gestão da água, Diretor do Departamento Flo-restal da FAO; Ron Rosen, especialista em Gestão da Água; George Chileya, do Programa Comunitário de Desenvolvi-mento Orientado (CODEP); Tony Simons, Diretor Geral do Centro Agroflorestal Mundial (ICRAF) e Chefe da Força Tarefa da Água da União Internacional das Organizações de Pesquisa Florestal (IUFRO) e Aidan Fitzpatrick, Especialista Senior em Desenvolvimento da Irish Aid.

dátndsa

A v

2015. O relatório inclui informações sobre 74 países em desenvolvimento. E também sobre 24 agências internacionais que co-brem 90% dos investimentos globais para o acesso à água e ao saneamento.

A diretora de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS, Maria Neira, falou à Rádio ONU, de Genebra, sobre a situação do Brasil e os contrastes na infraestrutura do país. “No caso de países como o Brasil, com certeza o nível de acesso à água po-tável aumentou muito, teve muitos bons resultados. Mas a situação continua a ser muito diferente, dependendo de que par-te parte do Brasil se vive. Há diferenças muito grandes, depende se a população é rural ou urbana.”

Quase 80% dos países reconhecem o acesso à água como um direito básico, e um pouco mais da metade o acesso ao saneamento. Segundo a OMS, após 2015, novas metas relativas ao acesso universal à água e o saneamento, precisarão de esforços combinados de vários agentes, e de grandes investimentos. A agência diz que a manutenção eficaz dos serviços pode ser mais importante do que a cons-trução de novas infraestruturas.

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201242

No passado, água movendo moinhos. Agora, turbinas

Wilberto Lima Jr, Correspondente de Pluralenos EUA, De Boston

Água tem movido moinhos através dos séculos, ajudando a termos novos alimentos. Também energizaram a Revolução Industrial, principalmente aqui nos Estados Unidos, na região da Nova Inglaterra.Uma empresa de Boston, a Free Flow Power, no caminho da evolução e na busca do uso de recursos naturais renováveis e não poluentes, na geração de energia, está testando, no leito do Rio Mississipi (Louisiania), uma turbina submersa, movida pela corrente de água. A turbina parece com a de um grande avião a jato, mas a tecnologia de geração é similar à usada nas turbinas eólicas (movidas a vento), gerando energia elétrica.Essas turbinas, movidas pelo fluxo da corrente de água, são chamadas de “hydrokinectics turbines” (turbinas hidrokiné-ticas) e teriam uso no leito de rios com grandes correntes de água. O princípio de geração, na realidade, é o mesmo, tanto para água quanto para vento, partindo da dinâmica dos flui-dos. Recente reportagem no The Boston Globe, destaca, entre-tanto, o fato de que a água é 800 vezes mais densa que o ar e assim, ela se torna uma fonte muito mais possante de geração de energia elétrica que o vento.Note por exemplo, que a corrente (fluxo) média do Rio Mis-sissipi tem uma velocidade de 5 milhas por hora, o que corres-ponderia a uma velocidade de vento de 130 milhas por hora. Os números falam por si: é um tremendo potencial de geração de energia elétrica. Detalhe interessante é que na compara-ção individual da capacidade de geração, uma turbina eóli-ca normal pode produzir 3,2 megawatts enquanto que uma “hidrokinética” produz 40 kilowatts. Daí a necessidade de se estabelecer as chamdas “turbine farms”, literalmente, fazenda de turbinas. Essa ideia também já existe para as eólicas, no estado de Massachussets. Seriam 120 unidades juntas, no leito

Foto

: D

ivul

gaç

ão

Foto

: M

oni

ca P

inho

Trigg Beach: a praia mais bonita de Perth

Por Monica Pinho, de Perth, AustráliaEspecial para Plurale em revista

Sabe que fiz uma descoberta? Nunca soube – apesar de concordar plenamente – que Trigg Beach tinha sido escolhida a praia mais bonita de Perth, com di-reito a placa e tudo. Não podia mesmo ser diferen-te. Trigg é especial, com contornos nas pedras que formam cantinhos deliciosos pra nadar, justamente porque funcionam como um quebra-mar. Sem con-tar o lindo parque que é palco dos picnics que re-únem num mesmo espaço todas as nacionalidades presentes em Perth. Além disso, a praia tem ótimos estacionamentos, excelentes “facilities”(banheiros, chuveiros, bebedouros, lava-pés) e o Trigg Café, onde é possível ver um incomparável por do sol.

de grandes rios, podendo gerar cerca de 4,8 milhões de watts, cada uma dessas “fazendas”.Evidentemente, surgirão as questões relacionadas com o meio ambiente e a navegação fluvial. Segundo a Free Flow Power, as turbinas seriam colocadas no leito central dos rios, fundo o suficiente para permitir a navegação de navios e barcos. Alem disso, seria a área de fluxo de água mais forte, raramente habitada pelos peixes.Considerando que os Estados Unidos restringem a cons-truções de novas hidroelétricas, pois os maiores rios ame-ricanos já tem represas e existem restrições ambientais, a ideia tem sentido e conta com o apoio do Departamento de Energia que já destinou U$1,4 milhão para a empresa. Certamente, uma nova etapa no uso de fontes renováveis de energia, de acordo com as metas estabelecidas pelo Pre-sidente Obama, ou seja, obter através delas, até 80% da ge-ração de energia nacional, até 2035.

43

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201244

Ecoturismo

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201244

No laboratório de Darwin

Poucos brasileiros incluem este incrível arquipélago no seu roteiro de viagens. Local é um verdadeiro laboratório a céu aberto

Texto e fotos: Nícia Ribas, de Plurale em RevistaDe Galápagos

45

Ninguém sabe como ocor-reu a colonização do Arquipélago Galápagos, formado a 1000 km do continente como resulta-do de erupções vulcâni-

cas ocorridas há aproximadamente cinco milhões de anos. Como não havia vida nas 58 ilhas, os cientistas deduzem que as espécies hoje lá existentes sobreviveram a uma perigosa trajetória e enfrentaram um ambiente estranho, conseguindo se reproduzir.

Em 1835, quando o naturalista inglês Charles Darwin chegou lá a bordo do HMS Beagle, ficou perplexo com a quan-tidade de espécies e seus vários graus de mudança evolutiva numa área geográfica tão restrita. Montou ali seu laboratório da evolução, observando e provando cienti-ficamente o processo da seleção natural, que veio revolucionar o conhecimento do homem sobre suas origens.

Pertencente ao Equador e considerado Patrimônio da Humanidade, Galápagos tem suas espécies controladas por duas instituições, o Parque Nacional das Ga-lápagos e a Fundação Charles Darwin. Os turistas são levados por guias naturistas, que alertam o tempo todo sobre a proibi-ção de descartar qualquer vestígio de sua passagem pelas ilhas, ou levar souvenirs, como uma concha ou uma planta.

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201246 PLURALE EM REVISTA | Novembro / Dezembro 201146 M / Ab il 20 2PLURALEPLURALE EM REVISTAEM REVISTA || b 2M / Ab il 20 2M / Ab il

VIDA EM GALÁPAGOS

Metade dos cerca de 30 mil moradores do arquipélago vive na ilha de Santa Cruz, cuja principal cidade é Puerto Ayora, coalhada de lojinhas de souvenirs e restau-rantes. Um mercado de peixe ao ar livre, onde pescadores vendem lagostas vivas por US$ 10, e lim-pam corvinas e pargos em meio a bandos de pelicanos e até leões marinhos mais afoitos atraídos pelos restos dos pescados, atrai a atenção dos turistas.

As espécies mais encontradas no arquipélago são pássaros, rép-teis e mamíferos do mar, como o leão marinho. As iguanas mari-nhas ficam camufladas nas rochas pretas, expostas ao sol, de vez em quando tomando um banho de mar. As iguanas da terra são amare-las. Os leões-marinhos cuidam dos seus filhotes e rugem se pressen-tem algum perigo, mas convivem bem com os grupos de turistas. Al-batrozes bebês aguardam no chão a hora de voar; os adultos sobre-voam as rochas e dão mergulhos espetaculares no mar em busca de alimento.

Cactos gigantes e encostas de pedra da cor marrom avermelhado tornam inesquecível a Ilha Rabida. Ao longo dos séculos, os cactos trataram de crescer para deixar de servir de alimento para tartarugas. Uma paisagem árida, que contras-ta com a praia de águas cristalinas e os bandos de pelicanos e pássa-ros com patas azuis.

Esse paraíso tem atraído tu-ristas do mundo todo, mas ainda poucos brasileiros. Em novem-bro, o navio Galápagos Explorer II tinha entre seus 79 passageiros apenas dois de toda a América do Sul. A administração do Explorer informou que dos oito mil turistas que recebe por ano, apenas 20 são do Brasil.

Ecoturismo

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201146

Por estas peças que o destino vive nos pregando, não foi o primeiro morador de Galápagos, o irlandês Patrick Watkins que entrou para a História. Abandonado por lá em 1807, ele amargou dois anos nas ilhas plantando vegetais e trocava-os por rum com os visitantes que por lá passavam. Em 1809, ele

roubou um barco e fugiu para Guayaquil, no Equador.Um outro visitante muito mais ilustre, Charles Darwin, aportou por

estes lados que viajou no seu navio “H.M.S. Beagle” do capitão Robert Fitz Roy, em 15 de Setembro de 1835, permanecendo até 20 de outubro.

Foi neste grupo de 13 ilhas, das quais apenas quatro são habitadas, que Darwin pode observar espécies tão exóticas quanto relevantes para a história da Ciência. Estas espécies iinspiraram sua revolucionária Teoria da Evolução.

Suas observações nesse arquipélago - distante 1.000 km do litoral equatoriano - foram determinantes na divulgação, duas décadas depois, de sua obra-prima, “A origem das espécies”.

Ali, o cientista inglês descobriu a melhor evidência para postular os princípios da seleção natural e da eficácia reprodutiva, segundo os quais as espécies desenvolvem vantagens adaptativas para melhorar sua reprodução.

Visitando as diferentes ilhas de Galápagos, Darwin percebeu que as condições ambientais variavam pouco entre uma ilha e outra, mas que essas diferenças tinham influência sobre o tamanho dos bicos em pássa-ros da mesma espécie dependendo do tipo de semente que crescesse no local. Com isso, chegou à conclusão de que em um território relati-vamente pequeno pode haver 14 espécies de um mesmo pássaro e que suas variações estão relacionadas com o ambiente onde vivem.

Há três décadas, as Galápagos foram declaradas Patrimônio Natural da Humanidade pela Organização da ONU para a Educação, a Ci-ência e a Comunicação (Unesco), e em 2008 foram incluídas na lista de reservas ameaçadas pela invasão de espécies nocivas e pelo impacto do turismo. Hoje, o turismo é muito mais controlado e monitorado. A região ado-tou o nome das tartarugas gigantes que a habitam e é considerada o laboratório natural de Darwin.

Darwin, o visitantemais ilustre

4747

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201248

Ecoturismo

É impossível não sentir o impacto: a 3.800 metros sobre o nível do mar, ele aparece azul e enorme na pitoresca cidade de Copacabana. O Titicaca, lago navegável mais alto do mundo, não é somente uma paisagem. Para a população que vive dele, essa enorme porção de água que tanto orgulha os bolivianos é a fonte sagrada da vida e o lugar mitológico do nascimento da cultura Inca.

Um dos mais difundidos mitos fundacionais do império Inca tem o Titicaca como palco principal. Segundo a tradição, dele nasceram o pai e a mãe do povo que ocupou Cusco e uniu sob sua administração diversos povos do Altiplano sul-americano.

48 PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 2012

TITICACA, O LAGO SAGRADO

DOS INCASTexto: Aline Gatto Boueri,

Correspondente de Plurale em revista

Da Bolívia

494949994

Como todo símbolo, este mito tem a estreita relação com a realidade da cidade de Copa-cabana e também da Ilha do Sol, lugar onde teriam aparecido os fundadores do império Inca. O lago é fonte de vida para quem vive perto dele, não somente por sua função reguladora de micro-organismos e temperatura, mas porque dele sai seu alimento. “Na cosmovisão andina, o sagrado é o que é natural”, explica Alain Dueñas Huacasi, coordenador do evento “Do Titicaca ao mar”, uma caminhada de 15 dias entre o lago sagrado e o Pacífico peruano.

Alain foi meu companheiro de hospedagem na Casa del Sol, em Copacabana, onde se reuni-ram guias de turismo e pesqui-sadores da cultura andina pré-colombiana antes de sair para a trilha de 400 km que une o lago sagrado e o mar. Ele, Miguel Za-rate, Walter Méndez Milla, Cris-tian Enriquez Garcia e Bertel Es-trada Quispe me contaram que essa caminhada - que tem pon-tos aonde a altura chega a 5.000 metros sobre o nível do mar - tem como objetivo revalorizar os caminhos incaicos, mas também retomar antigos rituais nos quais a água tinha lugar central.

Por isso, parte do projeto é levar água do Titicaca para ofe-recer à Mama Cocha, ou seja, o mar. “Os lugares sagrados de ori-gem da vida são chamados Puca-rina. Para os Incas, o Titicaca é um deles e por isso é daqui que partimos”, explica Alain.

Se em Copacabana basta passear pela feira de alimentos da cidade para entender o lugar do lago na alimentação de quem vive aí - traduzida em peixes frescos e deliciosos -, caminhar pela Ilha do Sol é puro prazer visual. O lago, transparente, por onde quer que se olhe e as mon-tanhas nevadas no fundo dão a dimensão do mito: é impossível não sentir o Titicaca quando para ele se olha com o respeito que merece a água.

Para mais informações sobre esta e outras trilhas e também sobre turismo ecológico e vivencial no Peru e na Bolívia: http://hijosdelsol.weebly.com/ ou pelo e-mail [email protected]

Para mais informações sobre t

A trilha entre o Titicaca e o Pacífico é um primeiro esforço por resgatar os caminhos usados pelos povos que habitavam a região andina antes da chegada dos espanhóis e por valorizar o turismo sustentável, a pé e vivencial.

A trilha entre o Titicaca e o Pacífico é um primeiro esforço por resgatar os

SERVIÇO:

49

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201250

Ecologia

Em todo o planeta diferentes povos enfrentam problemas pare-cidos, a destruição da natureza, a falta de representatividade dos governantes, um sistema econômico e financeiro que gera miséria e desemprego, a exploração do homem pelo homem, e o desrespeito pelos direitos humanos . Estes problemas po-

dem ter uma mesma origem e solução. Todos fazem parte de uma matriz onde o determinante deveria ser a paz e o bem coletivo, mas desvirtuou-se para a guerra, entre os sexos, entre os seres humanos e os animais, entre os povos, generalizada. Em Tamera, um centro de pesquisas para a paz, em Portugal, onde moram 170 pessoas e por onde passam diversos estudantes de todas as partes do mundo, homens e mulheres acreditam na possibili-dade e inevitabilidade da transição da matriz da guerra para a paz, e para isso trabalham e pesquisam.

Tamera não pretende ser uma simples ecovila, mas um biótopo de cura. Um modelo holístico para uma nova sociedade, que apresente soluções para todas as instâncias da vida humana. Os principais tópicos são: água, energia, nutrição e amor. Um de seus fundadores, Dieter Duhm, durante os movi-mentos revolucionários de 68 na Europa, enfrentou a polícia, a burocracia estatal e universitária, mas não aprendeu a conviver com seus camaradas. Desde então a vida em harmonia entre os seres humanos é um dos pontos principais de sua pesquisa. Embora em Tamera haja pesquisa e prática sobre enegia solar, permacultura, busca da sustentabilidade ecológica, atividades políticas; o que faz a distinção de outros projetos é o trabalho na convivência entre os seus habitantes, baseada nos três princípios básicos de transparência, apoio mútuo e participação responsável no todo.

Em Tamera, as relações amorosas são baseadas na confiança e na verdade entre homens e mulheres. “Enquanto houver guerra no amor não haverá paz na terra”, pensam e praticam os “tamerianos”. Durante uma das reuniões

No Alentejo, esperança

Em Tamera, ecovila portuguesa ganha fama global

por modelo de desenvolvimento ecológico de convivência harmônica

entre os homens e a natureza

Texto: Sérgio Lutz Barbosa, de Plurale em revista

Fotos de Leila Dregger,

Especial para Plurale em revista

De Tamera (Portugal)

51

da comunidade em que estive presente um jovem estudante questionou: “como um menino de 19 anos pode se matar porque a namorada o abandonou?” Nós estamos acostumados a pensar sobre o amor em um paradigma que leva à violência e não a soluções, precisamos mudar o ponto de vista e descobrir no-vos caminhos. Sabine Lichtenfels, uma das líderes da comunidade, com a aju-da de um grupo de mulheres tentam se aprofundar nos temas religiosidade, es-piritualidade e amor. Amor que inclui os animais e a natureza. Os tamerianos não comem carne ou exploram os animais. Todos os seres vivos são considerados sagrados e parte da criação.

Transformação - A mudança da paisagem em Tamera é notável, com um trabalho de paisagens aquáticas e permacultura, a Vila de Tamera tem conseguido combater a desertificação da terra, e planta boa parte daquilo que consome, várias frutíferas e hortaliças rodeiam os lagos criados por Sepp Hol-zer. Esta transformação também pode ser vista na quantidade de pássaros que passaram a frequentar a região, antes em torno de 20 espécies e agora mais de 90. Os lagos são também áreas de lazer para todos que nadam e se refrescam, especialmente as crianças, com as quais tive o prazer de brincar, mergulhar e aproveitar belos dias ensolarados. Exis-tem soluções locais para um tema glo-bal tão importante como a escassez de água, reflete Leila Dregger, encarregada da parte de comunicação do projeto.

Apesar de dizerem que o Alentejo está condenado a desertificação, a ex-periência de Tamera mostra que a re-versão deste processo é possível. Após

a construção dos primeiros lagos (bura-cos) em Tamera para recolher e arma-zenar a água da chuva, em outros locais não muito distantes a água voltou a bro-tar. Os lençóis freáticos voltaram a fun-cionar, e a água está “bombando”. Um exército de voluntários ou moradores trabalham como formigas em volta dos lagos, regando o solo e aumentando a fertilidade da terra com “massa verde”. E uma coisa puxa a outra: idealismo, comunidade, água, planta, cavalos, ma-téria orgânica, fertilidade, insetos, pás-saros, enfim vida. Reter a água que cai do céu e usá-la com sabedoria na terra é o que se faz em Tamera. Uma solução simples, antiga e adequada.

Campo de testes - Tudo em Tame-ra é uma constante experimentação. Na chamada Aldeia Solar, cinquenta pesso-as tentam viver apenas com energia do sol, e desenvolvem tecnologia para que isso aconteça e seja acessível a todos.

Claro, nem tudo é perfeito, e alguns projetos estão mais evoluídos do que outros. Tamera é um campo de testes. Mas talvez o mais importante seja mos-trar que existem soluções para os pro-blemas que enfrentamos em todos os cantos do planeta. O primeiro passo é acreditar que podemos mudar o mun-do através de pensamentos e atitudes que nos reconectem com o sagrado na Terra, criando assim a filosofia da paz. Isso é uma decisão interna. Se o plane-ta pode ser pensado como um grande organismo doente, Tamera pretende ser um ponto de acupuntura e cura do corpo celeste azul.

Passei apenas cinco dias em Ta-mera, foi pouco para tanta novidade e informação. Para saber mais acesse: www.tamera.org

(*) Revisado por Talita Soares do Valle, da equipe de comunicação do projeto

51

RAFAELABRITO (*)

O MERCOSUL, criado pelo Tratado de As-sunção em 26 de mar-ço de 1991, é o mais importante projeto

internacional da República Argentina, da República Federativa do Brasil, da República do Paraguai e da República Oriental do Uruguai. Os quatro Estados Partes dividem a comunhão de valores que encontra base nas sociedades de-mocráticas, pluralistas, defensoras das liberdades fundamentais, dos direitos humanos, da proteção do meio am-biente e desenvolvimento sustentável, incluindo o compromisso com a con-solidação da democracia, da segurança jurídica, do desenvolvimento social e econômico com equidade e da luta contra a pobreza.

É importante considerar que a re-gião hídrica que compõe os países inte-grantes do MERCOSUL compreende o Aquífero Guarani, maior manancial de água doce subterrânea transfronteiriço do planeta. É tido como reserva estra-tégica pela alta produtividade agrícola que serve ao abastecimento e desen-volvimento das atividades econômicas e de lazer das populações locais, além de proporcionar a captação de água para a irrigação em áreas em risco de desertificação, como o sul de Goiás e o oeste do Rio Grande do Sul. O sítio ele-trônico da Agência Nacional de Águas – ANA- cita o Projeto de Proteção Am-biental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aquífero Guarani. Conheci-do por Sistema Aquífero Guarani-SAG, foi criado com o propósito de apoiar Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai na elaboração e implementação de um

MERCOSUL e o Dia Internacional da Água

marco legal e técnico de gerencia-mento e preservação do manancial subterrâneo de água doce para as ge-rações presentes e futuras .

Ocorre que as legislações de cada país sobre a gestão das águas sub-terrâneas são diferen-tes e assimétricas entre si, o que gera preocupação para as populações locais que se utilizam do manancial e também para os pró-prios governos, no que diz respeito a uma eventual disputa entre “as águas” que saem do Aquífero, haja vista a tendência, no futuro, de aumento no valor econômico desse bem em razão da escassez. Por enquanto, os quatro Estados Membros são guiados por princípios universais que transpõem o individualismo de cada país, visan-do à adoção de medidas para a gestão da proteção do Aquífero Guarani.

O Dia Internacional da Água surgiu como recomendação da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Am-biente e Desenvolvimento de 1992 e ocorre anualmente no dia 22 de março, desde 1993, quando foi designado pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Cada ano é dedicado a um aspecto es-pecífico sobre conservação e gestão. A temática de 2012 é “Água e a Segurança Alimentar”. É o momento singular em que a Organização das Nações Unidas – ONU- convida a comunidade interna-cional a refletir sobre a importância de políticas – governamentais ou não – a serem adotadas com o fito de gerir a sustentabilidade dos recursos hídricos.

CONEXÕES PLURALE

Representantes do MERCOSUL, considerando a importância das ques- tões ambientais e da gestão dos re-cursos hídricos, assinaram o Acordo-Quadro sobre Meio Ambiente em 22 de junho de 2001, em Assunção, sobre medidas regulamentares de proteção e conservação do ambiente. Apesar de não existir legislação específica que abarque o tópico de águas den-tro do MERCOSUL, o Acordo é o mar-co concreto inicial para a atuação do desenvolvimento do meio ambiente e para a possível implementação de legislação comum que regulamente o uso da água no Aquífero.

Por isso, um dos objetivos do Tra-tado de Assunção é a integração entre os quatro Estados Partes, por meio da livre circulação de bens, serviços e fa-tores de produção, o estabelecimento de uma tarifa externa comum e a ado-ção de uma política comercial comum; a coordenação das políticas macroeco-nômicas e setoriais e a harmonização das legislações nos domínios pertinen-tes, para conseguir o fortalecimento do processo de integração. Sem legislação específica para o uso discriminado e racional da água, conta-se apenas com

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201252

marco legal e técnico de gerencia-mento e preservação do manancialsubterrâneo de água doce para as ge-rações presentes e futuras .

Ocorre que as legislaçõesde cada país sobre a gestão das águas sub-terrâneas são diferen-tes e assimétricas entre

5353

os princípios que norteiam a questão em relação às águas dentro do MER-COSUL. É fundamental, contudo, que se dê a devida e real importância – não só no Dia Internacional da Água, que é celebrado em todo mundo, inclusive no Bloco do MERCOSUL – ao bem li-mitado que é a água.

Ademais, interessante seria obser-var a legislação nacional que está avan-çada, no que diz respeito à temática abordada, com a criação desde 1997, da Lei n.9433- Lei das águas- que ins-tituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e regulamentou o inciso XIX do art. 21 da Constituição Republicana de 1988, que definiu a água como bem de do-mínio público. Assim, o Aquífero Gua-rani abarca as águas fronteiriças como bem jurídico, pertencente a todos, ou seja, é interesse difuso de pessoas in-determinadas.

Vale lembrar, porém, que as ações praticadas pelos Estados Partes do Pro-jeto de Proteção Ambiental e Desenvol-vimento Sustentável do Sistema Aquífe-ro Guarani – PSAG, tais como os Planos Nacionais de Recursos Hídricos da Ar-

53

enunciativo e serão desenvolvidas em consonância com a agenda de trabalho ambiental do MERCOSUL.

O direito ambiental posiciona-se na busca constante em dirimir os conflitos no ambiente social e trabalha de manei-ra a preservar e conservar o ambiente natural, reconhecendo a importância desse para a saúde, para a agricultura, para o fornecimento de alimentos para a população diretamente envolvida na gestão das águas do Aquífero, para o repouso e para o bem-estar dos seres humanos. Conclui-se observando que o pensamento do Ministro do Superior Tribunal de Justiça Herman Benjamin de que “em nível de MERCOSUL, não temos muito que festejar do passado recente. O que assistimos e criticamos hoje não é lá diferente do manequim-padrão da nossa evolução histórico-so-cial” , não é de todo correto, haja vista os passos legais, ainda que lentos, da-dos pelos países do MERCOSUL, para gerir o Aquífero Guarani.

Espera-se que este Dia não seja so-mente mais uma data de celebração, mas de conscientização de que os países integrantes do MERCOSUL devem criar normas comuns e, por conseguinte, forte fiscalização, para que sejam imple-mentadas na proteção e na conservação das águas do Aquífero. E sejam utilizadas com o fito de atender aos anseios da po-pulação local, que vivem da agricultura, da irrigação e dos alimentos que provêm do solo acima do Aquífero.

Fonte: tiberiogeo

(*)Rafaela Brito ([email protected]) é Bacharela em Direito com Habili-tação em Direito Agrário e Direito Ambiental pela Universidade da Amazônia - Belém. Advogada, em Fortaleza e em Brasília, atuante no direito e nas relações interna-cionais. Membro da comissão de Direito Ambiental da OAB-DF. Par-ticipante da Comissão de Direitos Humanos da OAB-DF.

gentina, da Lei Geral de Ambiente das Águas n.25.675/2002; a Lei de Gestão Ambiental das águas n.25.688/2002; do Plano Nacional de recurso Hídrico do Brasil; a Lei de Recursos Hídricos do Pa-raguai, aprovada em 2008; e as emendas à Constituição do Uruguai e o Código de Águas n. 14.859/1979, exemplificam o compromisso assumido, no Bloco, para se criarem legislações comuns, eficazes e uniformes sobre a utilização do recurso natural limitado, dotado de valor econômico, como é a água.

É preciso acreditar que Brasil, Ar-gentina, Paraguai, Uruguai estarão com-prometidos moralmente e pautados ao cumprimento da legislação do acordo. A sanção vem com supostas perdas de assinaturas de contratos bilaterais e da própria população, que estarão fazen-do o controle. O Acordo-Quadro sobre Meio Ambiente do MERCOSUL é, na verdade, o marco legal, ainda que inci-piente, da receptividade por todos os Estados Partes para que se concretize a gestão legal integrada do uso da água, já que essa faz parte de uma das áreas temáticas do Acordo, em que os Esta-dos Partes pactuaram pautas de traba-lho que contemplem as áreas de caráter

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201254

GeleirasGeleiras

De acordo com cálculos de

especialistas, cerca de 70%

da água doce no mundo

está armazenada como

gelo na Antártica. Uma boa

parte cobre o continente, mas há também

uma parcela expressiva de gelo no mar.

Recentes estudos da NASA apontam que

o degelo na Antártica – assim como na

Groenlândia - pode acelerar aumento nos

níveis oceânicos. Bem próximo da região

antártica, na Patagônia argentina, Luciana

Tancredo, conferiu de perto a exuberân-

cia de um dos mais famosos paredões de

gelo da região, conhecido como Perito

Moreno. A geleira se estende desde o

Campo de Gelo Patagônico Sul, na fron-

teira entre Argentina e Chile, até o braço

sul do Lago Argentino, possuindo cinco

PLURALE EM REVISTAA | Março / Abril 201254

sul do Lago Argentino, possu

Geleiras: grandes reservas

de água doce

Da Patagônia Argentina

55

quilômetros de largura e 60 me-tros de altura. Seu nome é uma homenagem a Francisco Pasca-sio Moreno, criador da Socieda-de Científica Argentina e um re-nomado pesquisador da região austral daquele país. O glaciar é considerado uma das reservas de água doce mais importantes do mundo. Apesar deste ser considerado o glaciar mais está-vel da região, é possível acom-panhar o efeito do aquecimento global, dependendo da época da visitação, placas de gelo se desprendem, como aconteceu em março deste ano. Luciana apresenta nestas fotos a beleza extraordinária da água congela-da e sua biodiversidade. Ela re-comenda a visita, desde que bem planejada, acompa-nhada de guias espe-cializados, roupas e calçados ade-quados.

do. Apesar deste ser rado o glaciar mais estáconsiderc

-egião, é possível acomvel da rev

-o efeito do aquecimento panhar op

dependendo da época lobal, dgl

ção, placas de gelo se a visitaçda

55

ççãoão,, plplaca as de gada v visisititaçaçdada

dem, como aconteceu esprendde

ço deste ano. Luciana m marçem

a nestas fotos a beleza presentaap

nária da água congelaxtraordinex

-biodiversidade. Ela re

a e sua bda-

a visita, desde que omenda aco

ejada, acompaem planebbe

-guias espehada de nnh -

roupas alizados, ccias adecalçadosee c -

uados.qqu

metros de largura e 60 mequilôm

-de altura. Seu nome é umatros dh

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201256

Geleiras

57

Fotos: Luciana Tancredo

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201258

ColunistasLuiz AntônioGaulia

Comunicação transparente com o empregado: Essencial como a água

A água é um elemento fundamental para a vida. Não fosse ela, nosso planeta seria provavelmen-te muito similar aos desertos de Marte.

Em suas características, a água carrega a fl e-xibilidade e a transparência: não oculta nada (a

não ser que esteja poluída), nem se fi xa a nada (a não ser que esteja congelada). A água se adapta aos relevos dos terrenos, à di-fi culdade do caminho sempre encontrando um meio para fazer-se fl uída, fl exível e transpor barreiras e muros; Não há como uma represa estancar o curso das águas por muito tempo.

Como analogia, a comunicação é “a água da organização” como já escreveu Nádia Rebouças. Não pode ser bloqueada, controlada, eliminada. Numa empresa, diferentes sujeitos conversam, se comunicam, mesmo que sob um ambiente contrário à transparência do diálogo. Em qualquer compa-nhia, se a palavra das lideranças não mata a sede dos empre-gados por mais comunicação, a “rádio corredor” é quem vai canalizar comentários, opiniões e percepções nas conversas paralelas sobre os rumos da empresa.

Discursos mentirosos, desalinhados das ações são, neste sentido, como uma fonte de água poluída. Adoecem o corpo funcional e provocam o desequilíbrio do ambiente de traba-lho e das relações humanas.

Se parece inquestionável que as empresas são atores sociais e ambientais relevantes no contexto da sustentabi-lidade, é essencial inserir a comunicação interna como ele-mento de irrigação das relações entre líderes e equipes. Da fl uidez, do contato e da transparência dessa comunicação depende a vida no interior da organização: seu trabalho, co-operação, aprendizado , conhecimento e engajamento. Nes-se entendimento, cada empregado é uma pequena molécu-la das águas da comunicação. Mistura-se ao conjunto para formar um caudaloso movimento que dá vazão aos objetivos da empresa e cada vez mais recebe os cuidados necessários na busca da sustentabilidade.

A comunicação com os empregados é assim essencial para o cumprimento da missão e dos objetivos dos negó-cios. E inseparável do envolvimento sustentável e sua vivên-cia diária. Para a sustentabilidade então, a comunicação é essencial como a água.

(*) LUIZ ANTÔNIO GAULIA ([email protected]) é Colunista de Plurale, colaborando com artigos sobre Sustentabilidade. É jornalista, publicitário e con-sultor especialista em comunicação interna para asustentabilidade

Revista RI no iPad!Agora você já pode ler a mais importante

revista sobre Relações com Investidorese Mercado de Capitais no seu iPad.

www.revistaRI.com.br

Edição digital também disponível nosformatos para: PC, MAC e ANDROID.

Adquira sua edição digital da Revista RI,fazendo o download através do site:

Revista RI no iPad!Agora você já pode ler a mais importante

revista sobre Relações com Investidorese Mercado de Capitais no seu iPad.

www.revistaRI.com.br

Edição digital também disponível nosformatos para: PC, MAC e ANDROID.

Adquira sua edição digital da Revista RI,fazendo o download através do site:

Revista RI no iPad!Agora você já pode ler a mais importante

revista sobre Relações com Investidorese Mercado de Capitais no seu iPad.

www.revistaRI.com.br

Edição digital também disponível nosformatos para: PC, MAC e ANDROID.

Adquira sua edição digital da Revista RI,fazendo o download através do site:

Revista RI no iPad!Agora você já pode ler a mais importante

revista sobre Relações com Investidorese Mercado de Capitais no seu iPad.

www.revistaRI.com.br

Edição digital também disponível nosformatos para: PC, MAC e ANDROID.

Adquira sua edição digital da Revista RI,fazendo o download através do site:

EstantePLANTAS BRASILEIRAS: A ILUSTRAÇÃO BOTÂNICA DE DULCE NASCIMENTO Por Dulce Nascimento, Editora Batel,176 págs, R$ 84,00

Em seu primeiro livro como autora, Dulce Nascimento mos-tra uma coletânea de sua pro-

dução, em ordem cronológica. Através das pran-chas de plantas coloridas em aquarela, é contada a história de sua vida profissional desde a primei-ra aquarela, passando pelas obras feitas durante a especialização em Londres até diversas espé-cies amazônicas entre elas cipós, bromeliáceas e orquidáceas que ilustrou nas excursões ou foram trazidas da mata por pesquisadores. Através da Ilustração Botânica, esta artista vem conseguindo despertar vocações, quando abre a possibilidade de ensinar de forma simples a técnica da aquare-la. Além disso, vem formando uma nova geração de pintores naturalistas que deixarão registradas espécies por todos os cantos do Brasil.

AMÉRICA DO SUL, UMA VIAGEM PARA BRASILEIROSPor Márcia Carmo, Editora DBA, 151 págs, R$ 38,00

Este é um livro de via-gens por oito países da região. Endereços de pai-sagens únicas no mundo. Patagônia, Machu Picchu,

Caribe. E cidades como Buenos Aires, Santia-go, Bogotá, Punta del Este.

O guia, escrito pela jornalista Márcia Car-mo, correspondente há anos em Buenos Aires, reúne reportagens sobre o compor-tamento dos nossos vizinhos, gastronomia, vinhos, pisco e mostra que é fácil derrapar no portunhol. Inclui ainda receitas culinárias e um glossário para o viajante já desembarcar bombando no espanhol e sabendo os códigos de convivência nestes destinos. Beijar ou não beijar? Que música tocam? E como adoram os brasileiros.

JACQUES COUSTEAU – REI DOS MARESpor Brad Matsen, Editora Cultura Sub, 278 págs, R$ 39,90

Com a colaboração de ami-gos e familiares, Brad Matsen nos dá a primeira imagem completa da vida notável, em “Jacques Cousteau – Rei do Mares”, livro edi-tado em português pela Editora Cultura Sub. Matsen pinta um retrato luminoso de um homem que mudou profundamente a nossa forma de ver e tratar o nosso planeta. Presidente da Ocean Futures Society, Jean Michel Cousteau, filho do famoso oceanógrafo Jacques Cousteau, viaja ao redor do mundo se reunindo com líderes e formadores de opinião a fim de apoiar o fortale-cimento e alianças pela proteção ambiental. Pro-duziu mais de 75 filmes, ganhou vários prêmios, entre eles: Emmy, Peabody, 7 d’Or e CableACE.

“ÁGUAS DO BRASIL - ANÁLISES ESTRATÉGICAS”.

Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Rede Interamericana de Academias de Ciências (IANAS)

Esta publicação apresenta uma síntese das discussões iniciais desenvolvidas no âmbito do Grupo de Estudos da ABC sobre Recursos Hídri-cos no Brasil. Com este documento, o grupo bus-ca aprofundar o conhecimento científico sobre o funcionamento e gestão dos sistemas hídricos no país, promover novas ideias e mecanismos de gestão e oferecer aos governos e à sociedade brasileira um conjunto de informações que po-dem contribuir com o processo de formulação de políticas públicas. Disponível para download gratuito no link:http://www.abc.org.br/article.php3?id_article=1437

ÁGUAS DO BRASILANÁLISES ESTRATÉGICAS

São PauloInstituto de Botânica

2010

Organizadores:

Carlos E. de M. Bicudo José Galizia Tundisi Marcos C. Barnsley Scheuenstuhl

2010

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201260

61

Um estudo holandês alerta para o consu-mo de água existente na agricultura atu-al, que chega a utilizar 92% da água doce no planeta, transformando a produção de alimentos e outros produtos em algo

insustentável. O autor do estudo é o pesquisador Arjen Y. Hoekstra, criador da pegada hídrica - indica-dor que mede o uso direto e indireto da água doce para produzir um bem consumível.

O estudo, publicado no periódico científico Pro-ceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), ressalta que uma pessoa consome em média 4 mil li-tros de água por dia, incluindo o necessário para a produção de alimentos e bens de consumo.

O consumo do bem natural, entretanto, varia muito de país para país. Um americano, por exem-plo, consome mais do que o dobro da média global, enquanto que habitantes da China e Índia consomem pouco mais de mil litros. O Brasil é o quarto maior consumidor de água (em média, 3.780 litros de água diários por pessoa), e também o quarto exportador de bens que mais necessitam de água.

A pegada hídrica do consumidor médio é determi-nada principalmente pelo consumo de cereais (27%),

Consumo

Por Redação Portal EcoD www.ecodesenvolvimento.org.br

carne (22%) e produtos lácteos (7%). Há ainda a importação e exportação virtual da água. Um consumidor holandês, por exem-plo, ao comprar uma camisa feita com algodão e produzida fora da Holanda, usa a água do país de produção.

Os pesquisadores também esperam ver uma mudança drástica no consumo na China, que depende cada vez mais de terras agrícolas fora do seu território, acarretando no aumento da importação do recurso. O estudo salienta que a escassez de água não é um problema local e deve ser visto de uma pers-pectiva global.

Arjen Y. Hoekstra, criador da pegada hídrica

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201262

ISABELLA ARARIPEP elas Empr esaspp

PLURALE EM REVISTAA | Março / Abril 201262

ppUnimed-Rio apoia visitas da Associação Repartir

A associação Repartir atua há quase 10 anos dando suporte e qualidade de vida para as crianças em tratamento no Hospital Jesus, em Vila Isabel, zona norte do Rio de Janeiro. Desde 2004, a Unimed-Rio apoia o projeto Visita domicilar, no qual uma assis-tente social acompanha a família da criança internada e levanta informações sobre as condições de vida. A cooperativa também patrocina a colocação de estandes para venda de produtos com a logomarca do projeto e coleta de bens doados por colaboradores e médicos cooperados.

Em 2011, cerca de 300 visitas foram realizadas, atendendo a cinco mil famílias. Além de avaliar as condições da moradia, a assistente social direciona pais e filhos para cursos profissionali-

zantes, doações de materiais de construção, eletrodomésticos e móveis. Com este tipo de atendimento, afirma a presidente da associação, Esther Pontes, as crianças podem ter uma recuperação eficaz em casa, junto a família.

Prêmio para inovação educativa

Entre 9 de abril e 20 de maio, professores de todo o mundo poderão se inscrever no Prêmio Fundação Telefônica de Inovação Educativa. O ob-jetivo é reconhecer educadores que trabalham de forma inovadora com as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) junto a alunos com idades entre 3 e 17 anos. Os trabalhos podem ser apresentados em espa-nhol, português ou inglês.

O Prêmio pretende identificar, reconhecer, valorizar e divulgar as me-lhores iniciativas de uso das tecnologias nos processos de ensino. “Desta forma, acreditamos que poderemos contribuir para mobilizar a sociedade para ações de aprendizagem com tecnologias e aumentar a percepção do

valor e potencial educacional das TIC”, afirma Gabriella Bighetti, diretora de Programas Sociais da Fundação Telefônica|Vivo. Serão aceitos trabalhos desenvolvidos entre abril de 2011 e abril de 2012 em três categorias, separadas por faixa etária: a primeira

englobará trabalhos direcionados a alunos com idades entre 3 e 8 anos; a segunda, para alunos entre 9 e 14 anos; e a terceira, para jovens entre 15 e 17 anos de idade. Inscrições pelo site www.educarede.org.br/premiointernacional.

sjain

lfp

l l d l d fi b ll h

Fundação Boticário: resultados do Projeto OásisNo contexto de necessidade de proteção de mananciais, a

Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza comemora os resultados do Projeto Oásis, lançado em 2006, que valoriza quem realmente protege a natureza, por meio da implantação de um mecanismo inovador de pagamento por serviços ambien-tais (PSA). Serviços ambientais são os benefícios obtidos pelo funcionamento dos ecossistemas naturais, como a produção de água e de oxigênio, proteção do solo e regulação do clima.

“Em linhas gerais, PSA é uma forma de pagar e recompensar aqueles que ajudam a garantir um serviço ambiental e a manter o bem-estar das pessoas que dele se beneficiam”, ressalta André Ferretti, coordenador de Estratégias de Conservação da Funda-ção Grupo Boticário.

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 20126262

Foto

: Mar

cos

Que

iroz

/ Ph

otoc

amer

aFo

to: A

cerv

o Pr

efei

tura

de

Apu

cara

na

63

ESTE ESPAÇO É DESTINADO A NOTÍCIAS DE EMPRESAS.

ENVIE NOTÍCIAS E FOTOS PARA [email protected]

63

Daniela Mercury é madrinha da Bolsa de Valores Socioambientais

Daniela Mercury abriu simbolicamente o pregão de 28 de março da BM&FBOVESPA, durante evento que marcou a nomeação da can-tora como madrinha da Bolsa de Valores Socioambientais (BVSA), programa de captação de recursos financeiros para projetos de ONGs brasileiras. Os recursos podem ser doados pelo site www.bvsa.org.br, com valores a partir de R$ 20,00.

A BVSA abriu inscrições para projetos com foco nos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU): erradicar a extrema pobreza e a fome; atingir o ensino básico universal; promover a igualdade de gênero e a auto-nomia das mulheres; reduzir a mortalidade infantil; melhorar a saúde materna; combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças; garantir a sustentabilidade ambiental estabelecer uma parceria mundial para

o desenvolvimento. A BVSA é inspirada no funcionamento de uma Bolsa de Valores e oferece um ambiente virtual seguro, prático e transparente para doações (www.bvsa.org.br). Desde sua criação, em 2003, a BVSA já arrecadou mais de R$12 milhões, destina-dos a 119 projetos. Atualmente, estão disponíveis para doações no portal 16 projetos.

63

Da esquerda para direita: Jorge Chediek, coordenador residente do Sistema ONU no Brasil; Daniela Mercury; Raymundo Magliano Filho, representante das corretoras; e Edemir Pinto, diretor presidente da BM&FBOVESPA.

Foto

: D

ivul

gaç

ão

Entre 22 e 30 de março, para marcar o Dia Mundial da Água, a SABB Coca-Cola en-volveu os funcionários de suas unidades em uma gincana educativa, com o objetivo de promover o uso consciente e a preservação da qualidade da água. Os mais de dois mil colaboradores da empresa participaram da ação, que contou com metas de eficiência no uso da água e de coleta e descarte apropriado de resíduos, como medicamentos e óleo de cozinha, fatores de contaminação da água. Como a funcionária Shirley Wunsch (foto), que participou ativamente da gincana. “Uma das premissas da SABB Coca-Cola é atuar

Gincana em favor da água

DvupdcaudcCqd

como parceira da comunidade e do meio am-biente e uma das várias formas que fazemos isso é ajudando a preservá-lo, bem como seus recursos naturais, dos quais a água é um dos mais importantes. Desde que a Sucos Mais, a Del Valle e a Matte Leão passaram a ser ope-radas pela SABB, vários investimentos foram feitos para melhorar cada vez mais o nível do nosso cuidado com o meio ambiente. E inicia-tivas como esta ajudam a assegurar que esta prática esteja presente no dia a dia de todos os nossos funcionários e parceiros”, explicou o diretor de relações institucionais da SABB, Mauro Ribeiro. As fábricas e CDs (cen

racional e eficiente da água em suas uni-dades. Em 2011, o volume economizado pela Companhia foi superior a 20 bilhões de litros, o que representa 10% da quanti-dade de água necessária às suas operações. A meta é chegar a 2013 com economia de 31 bilhões de litros por ano.

A Petrobras participou pela primeira vez como um dos patrocinadores do Pavi-lhão Brasi do VI Fórum Mundial da Água, realizado em Marselha (França), organi-zado pelo governo federal, por meio da Agência Nacional de Águas (ANA), onde apresenta programas e projetos de uso

Petrobras no VI Fórum Mundial da Água

velhrezaAgap

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201264

s o n i a a r a r i p e @ p l u r a l e . c o m . b r

ENERGIA & CARBONO

O Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alterna-tivas na América Latina (IDEAL), sediado em Florianópolis, lançou oficialmente em 3 de abril uma cartilha educativa so-

bre Eletricidade Solar. O objetivo é difundir o uso da energia fotovoltaica junto a instituições, escolas, meios públicos e empresariais e empresas de energia elétrica. Além de estar disponível no site da organização (www.americadosol.org), a Cartilha será enviada para as instituições interessadas e poderá ser reim-pressa e distribuída pelas próprias instituições aos seus públicos. O livreto de 20 páginas, editado em Português e Espanhol, explica em linguagem simples e prática o funcionamento da energia, seu processo de transformação em eletri-cidade, as diferentes tecnologias e possíveis locais de implantação.

IDEAL LANÇA CARTILHA SOBRE ELETRICIDADE SOLARDe Florianópolis

Com a presença de auto-ridades, foi inaugurado no dia 10 de março o Estádio de Futebol Roberto Santos, mais conhecido como Pitu-açu, em Salvador (BA), com sistema solar fotovoltaico. Conforme a Edição 27 de Plurale em revista adian-tou, o projeto foi concebido em uma parceria da Compa-

nhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), empresa do Grupo Neo-energia, com o Governo do Estado da Bahia e apoio técnico do Programa Energia do Governo Alemão (GIZ) e do Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina (Ideal), sob a coordenação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Por meio da captação da luz do sol, a arena se transformará numa usina de geração de energia elétrica, passando a ser auto-suficiente no seu consumo e ainda fornecendo o exce-dente para outro prédio público pela rede de distribuição da Coelba.

ESTÁDIO PITUAÇU FOI INAUGURADO TEMPERATURAS PODEM SUBIR 3°C JÁ EM 2050, DIZ ESTUDO

Atualmente, os dados do Painel In-tergovernamental de Mudanças Climáti-cas (IPCC) são os mais adotados para a projeção do aumento das temperaturas médias. A entidade afirma que até o fim do século veremos uma alta entre 1,8°C e 4°C, o que já causaria uma maior fre-quência de desastres climáticos e pro-vocaria consequências como o aumento no nível do mar, queda na produção de alimentos e migrações em massa.

Porém, mesmo a previsão do IPCC pode ser muito conservadora e existe a chance de estarmos vivendo um aque-cimento global bem mais acelerado do que pensamos.

Quem afirma isso é um estudo pu-blicado em março no periódico Nature Geoscience, que apresenta dados das mais de 10 mil modelagens climáticas realizadas com a ajuda de computadores domésticos dos voluntários do projeto climateprediction.net.

Por Fabiano Ávila - Fonte: Instituto CarbonoBrasil/Agências Internacionais

O secretário nacional de Planejamento e Desenvolvimento Energético, Altino Ventura, afirmou que, em quatro ou cinco anos, a energia solar deverá ter um custo competitivo e passará a integrar a matriz energética brasileira. Segundo ele, hoje o custo de geração desse tipo de energia é três a quatro vezes maior do que o de outras fontes, o que impede que ele seja competitivo.

No entanto, como o custo desse tipo de energia cai, em média, de 15% a 20% ao ano, Ventura acredita que, em no máximo cinco anos, seja possível vislumbrar plantas de geração fotovoltaica (energia solar) voltadas para a distribuição em grande escala e leilões de compra e venda de energia, assim como ocorre hoje com a eólica (gerada a partir da força dos ventos).

EM CINCO ANOS, ENERGIA SOLAR DEVERÁ SER COMPETITIVA E INTEGRARÁ MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA DIZ SECRETÁRIO

Vitor Abdala, Repórter da Agência Brasil

tila

IED

i s a b e l c a p a v e r d e @ p l u r a l e . c o m . b r

CINEMA Verde ISABEL CAPAVERDE

Vem aí o 2º filmambiental

As inscrições para a segunda edição do Festival Internacional do Audiovisual Ambiental, que este ano acontece de 31 de agosto a 6 de setembro no Rio de Janeiro e em Salvador, estão abertas até 31 de maio. Serão selecionados e conhecidos somente em junho filmes e vídeos – curtas, animações, longas, documentá-rios e ficções - de temática ambiental. O júri do festival premiará os melhores longas e curtas internacionais e os melhores curtas nacionais com o Prêmio Tainá (estrela, em Tupi), que vai também para o melhor filme do festival segundo o público do Rio e Salva-dor. A programação do festival vai além da semana oficial graças a parceria fechada pela organização com o Centro Cultural do Poder Judiciário e com o Brasil Pnuma, para que de março a no-vembro sejam exibidos filmes sobre diferentes questões ambien-tais, sempre seguidos de debates. Inscrições informações sobre o festival pelo www.filmambiente.com.

Água à venda

Às vésperas da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável que será realizada em ju-nho no Rio de Janeiro, a água é uma das questões que mais pre-ocupa os líderes mundiais. O documentário Life for Sale feito pelo grego Yorgos Avgeropoulos, investiga como seria a vida se todos os recursos hídricos, como rios, lagos e geleiras, perten-cessem ao setor privado. O filme examina o maior mercado de água do mundo, no Chile, onde a água não pertence ao Estado e sim à iniciativa privada. Trechos do Life for Sale podem ser vistos no You Tube.

Na Vila Madalena, na cidade de São Paulo, funciona um cineclube diferente. Em parceria com o Instituto 5 Elementos, uma OSCIP que semeia conceitos e práticas sustentáveis e o Greenpeace, o Cineclube Sociambiental Crisantempo exibe filmes e promove debates apresentando caminhos possíveis para as questões complexas que envolvem o meio ambiente, a sociedade e a economia. Neste primeiro semestre as sessões acontecem sempre às quintas-feiras, às 20hs, com entrada franca e solidária, ou seja, você pode doar alimentos e/ou pro-dutos de higiene pessoal. Entre os filmes programados estão À Margem do Lixo, de Evaldo Mocarzel, documentário que acompanha a rotina dos catadores de materiais recicláveis da capital paulista e Milho, produção portuguesa sobre a influên-cia da tecnologia na nossa maneira de viver. Para saber mais sobre o cineclube e sua programação visite www.cineclubeso-cioambiental.org.br.

Cineclube dedicado a consciência socioambiental

Pano de fundo para triângulo amoroso

O desmatamento da Amazônia é o cenário do filme Eu Re-ceberia as Piores Notícias de seus Lindos Lábios, dos diretores Beto Brant e Renato Ciasca, que conta a história de um triângulo amoroso vivido por Camila Pitanga, Zecarlos Machado e Gustavo Machado. Mesmo antes de chegar ao circuito comercial o filme arrebatou, entre outros, os prêmios de melhor atriz no Festival do Rio 2011, melhor longa de ficção brasileiro na 35ª Mostra Internacional de São Paulo, melhor ator (Zecarlos Machado) e melhor atriz no Amazonas Film festival 2011. A natureza é um ele-mento importante na trama, baseada no livro homônimo de Mar-çal Aquino. O escritor é parceiro dos diretores desde o primeiro longa (Os Matadores, 1997), sempre presente como roteirista. Se no livro a história se passa no Pará e a destruição provocada pela mineração do ouro, no filme os diretores optaram pelo desmata-mento ilegal na Amazônia.

65

p

Foto

: Div

ulga

ção

Foto

: Div

ulga

ção

PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201266

O uem já esteve no Rio Negro, que banha Manaus e esconde tesouros nas suas praias fluviais incríveis, jamais se esquece. Nossa repórter, Nícia Ribas, singrou de barco, em um passeio incrível, as águas do Rio Negro e nos trouxe esta imagem singular para ser compartilhada com os leitores. Como aprendemos desde os tempos da escola

primária, o Rio Negro é o maior afluente do Rio Amazonas da margem esquerda. É o mais extenso rio de águas negras do mundo e o segundo maior em volume de água, perdendo somente, claro, para o Amazonas, banhando três países e percorre 1.700 quilômetros. O rio Negro Rio Negro apresenta um elevado grau de acidez, com PH 3,8 a 4,9 devido à grande quantidade de ácidos orgânicos provenientes da decomposição da vegetação. Por isso, a água apresenta uma coloração escura, parecida com a do chá preto. Nas proximidades de Manaus, o Rio Negro encontra-se com o Rio Solimões, formando o Encontro das águas, onde as águas barrentas do Solimões não se misturam com as águas do Rio Negro.

I m a g e m

Rio Negro, Foto: Nícia Ribas

67