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POLÍTICAS AMBIENTAIS NO SETOR SIDERÚRGICO E MINERÁRIO COM ÊNFASE NO MINÉRIO DE FERRO 1 Ricardo Dalla Costa 1 Breve relato histórico A essência dessa passagem histórica se faz jus ao desenvolvimento da produção e consumo de minérios no Brasil. Dessa forma, a exploração da natureza é exclusiva do homem em vista do seu desenvolvimento insustentável e a natureza jamais será a mesma e a evolução da humanidade depende desse processo no qual o futuro aguarda. 'O trabalho das minas nunca conheceu interrupcção desde a aurora brumosa em que nosso antepassado pitecântropo destacou um lasca de sílex de um buraco de greda até este dia recente em que um série de pás mecânicas, atividades pelo vapor ou a eletricidade, cavaram rapidamente e com grande ruído uma montanha de rocha cuprífera. A operação se pratica sobre uma escala muito maior, mas o fim é o mesmo; explorar os recursos minerais da natureza em proveito do homem' (RICHARD, s.d. apud GOMES, 1978, p. 3). Mais a frente, o autor também completa sua posição na fabricação de ferro, onde A constituição do processos para extrair o ferro e fabricar suas ligas usuais a partir dos óxidos, e ocasionalmente do carbonato (siderita) só se fez necessário nos tempos históricos. É a evolução dessa indústria primitiva até a grande indústria atual que tornou o ferro o metal da civilização (GOMES, 1978, p. 11) . Quaresma (2001) narra as formações ferríferas como Cerca de 4,2% da litosfera são constituídos de ferro. Os principais minerais que contêm ferro são: hematita, magnetita, geothita e siderita. As formações ferríferas bandadas, denominadas de itabirito, compostas de hematira (Fe 2 O 3 ) e sílica, se constituem nos maiores depósitos de minério de ferro. (...) O minério de ferro, em virtude de suas propriedades químicas e físicas, é, na sua quase totalidade, utilizado na indústria siderúrgica (99%). O restante é utilizado como carga na indústria de ferro-liga, cimento e eventualmente na construção de estradas (QUARESMA, 2001, p. 1). Em relação as jazidas e ao impacto ambiental tem-se:

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POLÍTICAS AMBIENTAIS NO SETOR SIDERÚRGICO E MINERÁRIO

COM ÊNFASE NO MINÉRIO DE FERRO1

Ricardo Dalla Costa

1 Breve relato histórico

A essência dessa passagem histórica se faz jus ao desenvolvimento da produção e

consumo de minérios no Brasil. Dessa forma, a exploração da natureza é exclusiva do homem

em vista do seu desenvolvimento insustentável e a natureza jamais será a mesma e a evolução

da humanidade depende desse processo no qual o futuro aguarda.

'O trabalho das minas nunca conheceu interrupcção desde a aurora brumosa em que nosso antepassado pitecântropo destacou um lasca de sílex de um buraco de greda até este dia recente em que um série de pás mecânicas, atividades pelo vapor ou a eletricidade, cavaram rapidamente e com grande ruído uma montanha de rocha cuprífera. A operação se pratica sobre uma escala muito maior, mas o fim é o mesmo; explorar os recursos minerais da natureza em proveito do homem' (RICHARD, s.d. apud GOMES, 1978, p. 3).

Mais a frente, o autor também completa sua posição na fabricação de ferro, onde

A constituição do processos para extrair o ferro e fabricar suas ligas usuais a partir dos óxidos, e ocasionalmente do carbonato (siderita) só se fez necessário nos tempos históricos. É a evolução dessa indústria primitiva até a grande indústria atual que tornou o ferro o metal da civilização (GOMES, 1978, p. 11) .

Quaresma (2001) narra as formações ferríferas como

Cerca de 4,2% da litosfera são constituídos de ferro. Os principais minerais que contêm ferro são: hematita, magnetita, geothita e siderita. As formações ferríferas bandadas, denominadas de itabirito, compostas de hematira (Fe2O3) e sílica, se constituem nos maiores depósitos de minério de ferro. (...) O minério de ferro, em virtude de suas propriedades químicas e físicas, é, na sua quase totalidade, utilizado na indústria siderúrgica (99%). O restante é utilizado como carga na indústria de ferro-liga, cimento e eventualmente na construção de estradas (QUARESMA, 2001, p. 1).

Em relação as jazidas e ao impacto ambiental tem-se:

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As jazidas de minério de ferro acham-se em diversos Estados, porém as mais importantes localizam-se numa área de Minas Gerais que foi denominada ‘Quadrilátero Ferrífero’, onde estão as cérebres montanhas ferríferas de Itabira do Campo (Pico de Itabirito) e Itabira do Mato (o Pico do Cauê, já muito desgastado pela extração do minério) (MINÉRIO, 1971, vol. 13, p. 65).

Este artigo discute as políticas ambientais da extração e industrialização nacional do

minério de ferro e seus impactos ambientais, inclusive aos padrões vigentes na época, inerente

ao progresso.

2 Os Impactos Ambientais da Mineração

Os danos causados pela extração e industrialização do minério de ferro têm por

conseqüência significativos impactos ao meio ambiente. Tais impactos merecem uma

abordagem mais detalhada, como mostra a Figura 1, onde os possíveis impactos ambientais da

mineração são mencionados. Na mesma, o Meio Ambiente é dividido em Espaço Urbano e

Rural. Este, por sua vez, resulta em impactos que podem ocorrer no Meio Ambiente

Biogeofísico e o Meio Ambiente Sócio-Econômico.

Pela mesma, do lado esquerdo, os impactos no Meio Ambiente Biogeofísico podem

ser dividido em duas partes. A primeira, físico, altera as condições da água, ar e solo, gerando

o impacto físico. A segunda, biológico, altera a fauna e a flora, gerando o impacto biológico.

Do lado direito, tem-se os impactos do Meio Ambiente Sócio-Econômico, também

divididos em duas partes. A primeira, a infra-estrutura material, que impacta a água, ar e solo,

para atender as necessidades físicas como a alimentação, saúde, saneamento e habitação. A

segunda, a super-estrutura social, envolve o institucional, cultural e político para atender as

necessidades da sociedade, como a educação, a participação no trabalho e o bem-estar.

O uso e ocupação do espaço rural ou urbano provocam impactos ambientais, em

particular, na mineração.

1 Este artigo foi elaborado em 2004 e baseia-se em alguns capítulos modificados da dissertação de mestrado do autor.

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FIGURA 1 - DIAGRAMA DO IMPACTO AMBIENTAL

MEIO AMBIENTE|

ESPAÇO|

DESENVOLVIMENTO URBANO E RURAL|

| | |MEIO AMBIENTE | MEIO AMBIENTE BIOGEOFÍSICO | SÓCIO-ECONÔMICO

| | | | | | | |FÍSICO BIOLÓGICO | INFRA-ESTRUTURA SUPER-ESTRUTURAS | | | MATERIAL SOCIAIS | | | | |ÁGUA FLORA | ÁGUA INSTITUCIONALAR FAUNA USO AR CULTURALSOLO | E SOLO POLÍTICO | | OCUPAÇÃO | | | | DO | | | | ESPAÇO NECESSIDADES NECESSIDADES | | | FÍSICAS SOCIAIS | | | | |IMPACTO IMPACTO | ALIMENTAÇÃO EDUCAÇÃO FÍSICO BIOLÓGICO | SAÚDE PARTICIPAÇÃO | | | SANEAMENTO TRABALHO | | | HABITAÇÃO BEM ESTAR

| | | || | |

IMPACTO BIOGEOFÍSICO | IMPACTO SÓCIO-ECONÔMICO| | |

| IMPACTO AMBIENTAL

|CRITÉRIOS

|AIA

FONTE: Adaptado de PERAZZA et al., (1985) apud IMPACTOS, (1992, p. 9)

É interessante frisar que, apesar de todas tecnologias existentes (nacionais ou não),

várias delas ainda não estão disponíveis, seja por causa dos altos custos de investimento, pelas

prioridades de cada empresa em cada setor ou mesmo pela falta de mais incentivo às

pesquisas na área. Também é importante destacar, que muitas empresas ainda agem após

ocorrer o acidente e/ou para atender a uma legislação mínima. Segundo Silva e Souza (2002):

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A atuação da empresa na área ambiental pode ser vista de duas formas: a primeira objetiva adequar o processo industrial ao mínimo exigido pela legislação e, a partir daí, agir preventivamente com ênfase em tecnologias novas e menos poluidoras; outra é a do tipo ‘apagar incêndio’, em que se utilizam equipamentos do tipo 'end of pipe' (SILVA e SOUZA, 2002, p. 15).

A sensibilização ou adoção e respeito pelas normas (seja pressões tecnológicas,

ambientais ou através da legislação) existentes por parte das empresas de extração e nas

indústrias ‘prova’ a importância da qualidade que o meio ambiente vem adquirindo no mundo

e no Brasil.

Citam-se alguns avanços e/ou adoções nas empresas desde a década de 90, com

ressalva a muitos casos onde se usa propaganda ambiental para mostrar compromisso com a

responsabilidade social. A seguir, será abordado os avanços ambientais de várias empresas,

destacando suas inovações tecnológicas e certificações. Estas, como a ISO 9001, que refere-se

ao Sistema de Qualidade, a ISO 14001, ao Meio Ambiente, AS 8000, de Responsabilidade

Social e a OHSAS 18001 e BS 8800 que tratam da Saúde e Segurança Ocupacional, além de

outras certificações.

3 Minerações Brasileiras Reunidas – MBR

A MBR2 já aponta para esse caminho, pois já reformulou seu projeto de forma a

rastrear possíveis incidências impactantes com o meio ambiente.

Ciente de que a mineração apresenta forte potencial de degradação ambiental, a MBR dotou suas unidades operacionais de adequados projetos de instalações industriais, planos racionais de lavra e monitorização permanente de seus parâmetros ambientais, visando-se assegurar a compatibilização do desenvolvimento de suas lavras com o meio ambiente (MBR, 1990, p. 19-20).

Atualmente a MBR faz um monitoramento de suas unidades operacionais (inclui a

CAEMI Mineração e Metalurgia S.A.). Também utiliza técnicas de hidrossemeadura3 assim

como o plantio de árvores para minimizar os impactos causados. Em suas unidades e

comunidades próximas, a Empresa mantém uma série de equipamentos destinados a controlar

as variáveis que podem interferir na qualidade do ar e da água, como poeira, detonações e

ruídos emitidos por suas operações. Em relação a exploração de uma nova mina (Capão

2 Pertence CAEMI, que por sua vez pertence a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD).

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Xavier, Nova Lima - MG), a preocupação ambiental da empresa é expressa da seguinte

forma:

Um dos tópicos mais detalhados do trabalho é o que se refere aos potenciais impactos sobre o sistema hídrico do entorno da mina, que incorpora os mananciais de Mutuca, Fechos, Catarina e Barreiro e produz cerca de 5% do consumo de Belo Horizonte. Sabe-se que o futuro rebaixamento dos lençóis subterrâneos, uma atividade rotineira na atividade mineradora, poderá afetar, porém de maneira pouco significativa, o manancial de Fechos. Ainda que reduzido, esse impacto é considerado importante pela empresa e poderá ser neutralizado com facilidade: parte da água captada nos poços, perfurados para possibilitar o rebaixamento, será aduzida para os mananciais, o que proporcionará, na verdade, um superávit na produção aqüífera, capaz de atender às necessidades operacionais da MBR e de regularizar a vazão dos córregos, minimizando os efeitos dos períodos de estiagem sobre o abastecimento (MBR, 2004).

Assim, a MBR já inicia todo o processo de licenciamento de seu novo projeto de

exploração uma vez que já encaminhou o projeto a Fundação Estadual do Meio Ambiente

(FEAM), anexando um documento denominado de ‘Termo de Referência’, onde consta o

estudo do Impacto Ambiental (EIA) do novo empreendimento.

Em relação aos rejeitos e estéril gerados em Capão Xavier4, os mesmo serão colocados

na forma de recomposição da cava da Mina da Mutuca5. Uma especial atenção também será

dada para as comunidades vizinhas em relação aos ruídos (serão construídas barreiras ao redor

da nova mina devido as detonações), a poeira (devido ao tráfego pesado na estrada) e aos

impactos6 (harmonia com os mananciais, com a fauna e flora da região). Assim:

Na fase inicial, o transporte de estéril e minério de ferro entre Capão Xavier e Mutuca será feito através de uma estrada particular da MBR, pavimentada e exclusiva, paralela à BR-040. Posteriormente será construída uma correia transportadora para levar o minério. O estéril continuará sendo transferido por caminhões (MBR, 2004).

Outra nota a ser destacada pela empresa é com relação ao futuro, quando a mina

chegar a exaustão. “A área de operação, devidamente recuperada, será incorporada ao Parque

Estadual Serra do Rola Moça, vizinho a Capão Xavier (...) e ao sistema de abastecimento de

água da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH)” (Idem, 2004).

3 Plantio de gramíneas. 4 A previsão de operação desta mina é prevista ao longo de 17 anos, segundo a MBR. 5 Esta mina foi desativa em 2001. 6 “Dentro do conceito de colocar toda a tecnologia disponível a serviço da mineração, a MBR já investiu mais de R$ 1 milhão, desde 1993, apenas em pesquisas ambientais e monitoramentos na região do empreendimento, próxima a mananciais. (...) Esse acompanhamento, que será realizado durante toda a fase de operação da mina, já teve os primeiros efeitos: permitiu detectar, no local, a presença de dois gêneros de microcrustáceo, sendo que um deles, o Branchineta sp., era ainda desconhecido”. (SISTEMA MBR, 2004).

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A MBR possui as seguintes certificações: ISO 9001/2000, ISO 14001 e OHSAS

18001.

4 Mannesmam7

Em 1997, a empresa torna pública sua política ambiental, dividindo a responsabilidade

ambiental com a sociedade e governo. A empresa inicia sua política ambiental primeiramente

aos seus funcionários, através de treinamento visando a conscientização com o meio

ambiente. Em seguida destina US$ 500 mil na construção de uma barragem em 1994 para

conter os resíduos e estéreis gerados na industrialização do aço em tubos.

A barragem da Mina Pau Branco, em operação desde 1994, com custos aproximado de US$ 500 mil e o projeto Mata Ciliar são exemplos da preocupação da empresa com a recuperação do meio ambiente. E 1995, os investimentos nesse sentido alcançaram 4% do faturamento e para 1996 a previsão é de que o valor seja o mesmo. (...) Para atender as metas e os mais itens referentes à despoluição industrial, os investimentos na área ambiental deverão totalizar, nos próximos dois anos, aproximadamente R$ 40 milhões, o que corresponde ao montante investido nos últimos 20 anos (MANNESMAMM, 1997, p. 37-38).

A questão dos resíduos também aponta para outro problema, a emissão de poeira na

atmosfera. Assim, a importância da instalação de equipamentos de desempoeiramento, de

recirculação da água e outras medidas de saneamento ambiental se fazem necessárias, além do

destino com os resíduos industriais, onde levou a Mannesmann a criar um sistema de gestão

para sua destinação ou mesmo transformar em sub-produto rentável. Com isso também foi

possível reduzir o volume do estoque de carvão vegetal o que implica em menor impacto

ambiental.

O pó do coletor (pó do balão) e a lama da lavagem dos Altos-Fornos, resíduos da V & M do BRASIL que podem ser utilizados como aditivos na massa cerâmica, já estão sendo destinados corretamente para a Cerâmicas Minas Brasil. A empresa foi licenciada no primeiro semestre de 2002 pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), autorizando a parceria entre a VMB e a Minas Brasil para reutilização de subproduto da siderúrgica, visando a redução de custos, o aumento de receitas e o atendimento aos requisitos legais. (...) A redução contínua das emissões atmosféricas, geradas pelos processos de produção, em função das melhorias incorporadas aos equipamentos e a eficiência dos filtros, são facilmente observadas

7 A Mannesmam S.A. em 02 de junho de 2000 passou a fazer parte da Vallourec & Mannesmann Tubes, empresa formada em 1997 através de uma ‘joint venture’ (união de empresas do mesmo setor para desenvolverem juntas uma alta tecnologia, ou seja, um sistema de parceria) entre o grupo francês Vallourec (55%) e a alemã Mannesmannrohren-Werke (45%), na fabricação de tubos de aço sem costura.

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pela melhoria da qualidade do ar. Além disso, o estoque interno de carvão vegetal foi reduzido de 300.000 para 30.000 metros cúbicos, demonstrando que técnicas e procedimentos de gerenciamento, de forma integrada, garantem a gestão adequada da matéria prima e reduzem os impactos ambientais (MANNESMAMM, 2004).

Outro grande impacto ambiental são as emissões de gases gerados pela empresa e este

problema pode ser amenizado com a implantação de uma usina termoelétrica utilizando o gás

de Alto Forno e o alcatrão vegetal (subproduto da carbonização da madeira) como

combustíveis.

Para o meio ambiente as vantagens são significativas: uma termelétrica a gás natural do mesmo porte dessa que está sendo construída na VMB, emite cerca de 10 t/h8 de CO2 para a atmosfera. No caso da termelétrica que emprega GAF e alcatrão, o balanço de CO2 pode ser considerado ‘zero’, pois toda emissão é anteriormente fixada na formação da biomassa de madeira de eucalipto, plantada para este fim (MANNESMAMM, 2004).

Embora a empresa apresente como solução o destino dos gases e resíduos, estes ainda

estão longe de uma redução significativa a favor do meio ambiente.

5 S.A. Mineração Trindade - SAMITRI

Em 1992 a SAMITRI9 destacou-se pelo pioneirismo quanto ao controle de material

estéril ou canga, através de reposição controlada por cobertura vegetal com operações de

hidrossemeaduras nas bancadas definitivas, pois segundo a Companhia, “esta técnica não só

aumenta a segurança nas áreas trabalhadas, por meio de proteção contra deslizamentos ou

erosão superficial como, sobretudo, resgatar a paisagem natural que vier a ser trabalhada”

(SAMITRI, 1992, p. 19).

Dando continuidade ao projeto, em 1998 a empresa cria uma sistema de gestão

ambiental, investindo R$ 10,2 milhões, e em 1999, R$ 3 milhões para proteção do meio

ambiente ocasionados pela atividade mineradora (SAMITRI, 1999). O principal destino

destes investimentos são a minimização das áreas degradas, como por exemplo

revegetar 100 hectares por ano. Entre setembro de 1998 e abril de 1999, 150 hectares foram revegetados, sendo 60 hectares na Mina de Alegria, em Mariana, 10 hectares em Córrego do Meio, na região de Sabará e 70 hectares em Morro Agudo, em Rio Piracicaba e 10 hectares na Mina do Andrade, próximo a João Monlevade. O Programa visa a recuperação das áreas degradadas imediatamente após o processo de lavra, evitando a geração de passivos ambientais para as próximas gerações (SAMITRI, 1999).

8 Tonelada por hora.

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A construção de barragens também faz parte do projeto ambiental da S.A. como a

Barragem Campo Grande, em 1998, na Mina de Alegria. “A nova barragem possui um

processo inovador de ciclonagem que envia o rejeito fino para o reservatório e o grosso para

formar o corpo da barragem” (Idem, 1999).

6 Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais SA - USIMINAS

A USIMINAS10 começou sua política ambiental em 1962, sendo alterada em 1973 e

ratificada em 1979 para preservar o meio ambiente através de instalação de equipamentos em

suas unidades de produção.

Em 12/06/1990, foi assinado com o Conselho de Política Ambiental do Estado de Minas Gerais (Copam) um termo de compromisso, visando a adequação das unidades funcionais à legislação ambiental. Com o encerramento dos compromissos, em 04/08/1998, a Usiminas foi convocada pela Fundação Estadual do Meio Ambiente do Estado de Minas Gerais (Feam) a proceder o licenciamento ambiental (USIMINAS, 2004).

Em 1996 a empresa recebe a certificação ISO 14001 reafirmado em 1999 e 2002.

Entre os objetivos e metas da Empresa destacam-se:

- ar: reduzir a emissão específica de material particulado de 1,25 kg/tab11 em 2002 para 0,86

kg/tab até dezembro de 2008;

- gases: avaliar as emissões de gases provenientes do processo produtivo até dezembro de

2004. Está em elaboração as emissões de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs)

provenientes das áreas de coquerias e carboquímicos até dezembro de 2004. Outros gases,

como SO2 e NO2 provenientes da queima de combustíveis até dezembro de 2003;

- Água: captar água do Rio Piracicaba em um volume menor ou igual a 109,2 m³/min12,

obtendo um consumo máximo de 12,8 m³/tab e atingir um índice de recirculação maior ou

igual a 93,3 % até dezembro de 2003. A meta é reduzir o consumo de água no alto forno 2 até

dezembro de 2003. Quanto ao efluente, eliminar este hídrico dos altos-fornos 1 e 2, contendo

contaminação de H2S até dezembro de 2003;

9 Pertence a CVRD. 10 Privatizada em outubro de 1991. 11 Quilo por tonelada. 12 Metro cúbico por tonelada.

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- Solo: reduzir a disposição de resíduos sólidos em aterro controlado para 15.000 t/mês13 em

dezembro de 2003. A meta é comercializar 5.000 toneladas da lama de alto forno no ano de

2003. Para recuperação do Solo, o objetivo é descontaminar a antiga área de disposição de

resíduos (Poço Redondo) até 2012, adequando o teor de benzeno dos efluentes hídricos da

área do Poço Redondo aos padrões da legislação (<0,01 mg/L)14 até 2012. (USIMINAS,

2004).

Analisando os objetivos, as metas propostas e também a preocupação da Empresa,

pode-se adiantar que a política ambiental parece estar presente por trás dos danos causados

por ela.

7 Companhia Siderúrgica Tubarão - CST

A CST15 está localizada no Estado do Espírito Santo, atua na produção de placas de

aço por lingotamento contínuo, conseguindo através de suas políticas ambientais, o certificado

ISO 14001 em 2001, incluindo neste diagnóstico, a co-geração de energia elétrica e o sistema

de transporte interno. A empresa elabora um relatório ambiental onde coloca a público seus

processos, normas e metas através da sua gestão ambiental. O investimento em gestão

ambiental16 foi 1998, US$ 411 mil, US$ 135 mil em 1999, US$ 185 mil em 2000, US$ 360

mil em 2001 e US$ 491 em 2002. A redução do dióxido de carbono17 é uma preocupação

nítida da empresa que leva em consideração as metas traçadas pelo Protocolo de Kyoto, e

mais, busca uma qualidade ambiental semelhante a européia.

Realizar esforços e investimentos no desenvolvimento de projetos voltados para a redução das emissões de CO2, é um objetivo de efeito global que coloca a Companhia em sintonia com a estratégia definida pelo protocolo de Kioto. (...) No âmbito interno, o SGA vai buscar atingir níveis de qualidade ambiental equivalentes aos da Comunidade Européia (SISTEMA, 2003).

Como resultado, a empresa consegue através de uma tecnologia desenvolvida no uso

da granulação da escória gerada nos Altos-Fornos como matéria-prima na fabricação de

cimento em substituição ao clínquer, reduzindo a emissão do gás carbono.

13 Tonelada por mês. 14 Miligrama por litro. 15 Privatizada em julho de 1992. 16 Gastos com programa de educação ambiental, campanhas de conscientização, auditorias externas, entre outros. 17 Gás carbônico ou CO2

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O processo permite a utilização desse resíduo como matéria-prima, de menor custo e mais limpa, para a produção de cimento, em substituição ao clínquer, material cuja produção gera emissões de CO2. Para cada tonelada de clínquer substituída evita-se a emissão de 648 kg de CO2. De 1984 até 2002, cerca de 17 milhões de toneladas de escória granulada gerada pelos Altos-Fornos da CST foram destinadas à produção de cimento (DESENVOLVIMENTO, 2003).

Já os investimentos em equipamentos e sistemas de controle ambiental, a Companhia

tem como marco a cifra de US$ 481 milhões no período de 1998 a 2002, conforma mostra o

Gráfico 1 abaixo:

GRÁFICO 1 – INVESTIMENTO DA CST EM EQUIPAMENTOS E SISTEMAS ANTIPOLUENTES

FONTE: INDICADORES, (2003)

No Gráfico 1, as barras verticais indicam os investimentos anuais e a linha indica os

investimentos acumulados. Os investimentos estão centrados na instalação do Terceiro Filtro

de Mangas no sistema secundário da aciaria (US$ 3,7 milhões), na substituição das portas dos

fornos da coqueira18 (US$ 15 milhões), melhorias no sistema de despoeiramento do

desenfornamento do coque, melhorias no Filtro de Mangas do refino secundário e melhorias

na estação de tratamento de água na aciaria.

A CST mantém relações ambientais constantes com o IEMA/SEAMA (Instituto

Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, órgão da Secretaria de Meio Ambiente do

Estado do Espírito Santo) de acordo com a conformidade legal para obter as licenças

requeridas.

Outros índices são os de eco-eficiência, como a relação de emissão de dióxido de

carbono. O Gráfico 2 mostra a quantidade do gás emitido no período de 1998 a 2002. Nesse

período, houve uma redução de 8,16% em kg de CO2/ton19 de aço líquido. Segundo o

18 Fornos movido a queima de coque. 19 Gás carbono por tonelada.

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relatório da Companhia, “foram registradas reduções de 23% em partículas totais em

suspensão (PTS), 18% em dióxido de enxofre (SO2) e 8% em óxidos de nitrogênio (NOX) em

relação ao ano 2001.” (INDICADORES, 2003).

GRÁFICO 2 – EMISSÃO DE CO2 NA CST

FONTE: INDICADORES, (2003)

A CST utiliza 95% da água do mar como fonte na centrais termoelétricas, nas

coqueiras e nas aciarias “como fluído refrigerante sem contato com equipamentos e produtos

e retorna à sua origem através de um canal de longo percurso e bacia de acumulação, no qual

a temperatura é reduzida pela troca de calor com ar” (Idem, 2003).

Quando a água é retornada ao mar, esta é monitorada pela Companhia para verificar o

grau dos efluentes nela contido num de raio de 50 metros a 10 quilômetros. Nesse estudo é

analisado a “salinidade, pH, oxigênio dissolvido, sólidos de suspensão, coliformes fecais,

amônia não ionizada, fósforo solúvel, óleos e graxas, incluindo metais” e a água doce é

também usada no processo, porém sofre contato com matérias poluentes, mas “a empresa

contabiliza 96,6% de recirculação de água doce” (Ibidem, 2003). O gráfico 3 mostra a

redução do consumo de água doce, com redução constante até 2001, quando mantém o

mesmo índice em 2002.

GRÁFICO 3 – CONSUMO DE ÁGUA DOCE PELA CST

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FONTE: INDICADORES, (2003)

Já o Gráfico 4 mostra índice de recirculação de água doce (clorificada), aumentando a

cada ano, ou seja, do patamar de 93% de recirculação em 1998 até 96,6% em 2002. Segundo a

CST, este é o melhor índice das siderurgias brasileiras.

GRÁFICO 4 – ÍNDICE DE RECIRCULAÇÃO DE ÁGUA DOCE

FONTE: INDICADORES, 2003

Um impacto muito agressivo está nos efluentes hídricos (lama) gerado no processo de

limpeza dos gases da ‘coqueira’ onde a amônia é o material nocivo. O Gráfico 5 mostra a

emissão de líquidos em quilos por hora (kg/h) que contém amônia no período de 1998 a 2002,

com percentual de redução de 32,22%, embora o ano de 2002 apresentou um retrocesso aos

anos de 2000 e 2001.

GRÁFICO 5– EMISSÃO DE EFLUENTES LÍQUIDOS CONTENDO AMÔNIA (LAMA)

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FONTE: INDICADORES, (2003)

Com relação ao tratamento de emissão de partículas de aço, o Gráfico 6 mostra a

emissão específica (barras) e a produção de aço (linha).

GRÁFICO 6 – EMISSÃO DE MATERIAL PARTICULADO (KG/T AÇO LÍQUIDO) VERSUS PRODUÇÃO DE AÇO LÍQUIDO (KG.X 1000/ANO)

FONTE: INDICADORES, (2003)

Assim é possível concluir que a implantação de filtros caracterizou numa redução de

mais de 50% na emissão de material particulado (gráfico de barras) em relação ao aumento da

produção (gráfico de linhas).

8 Cia Aços Especiais Itabira - ACESITA

A ACESITA20 foi fundada em 1944 e iniciou suas atividades em 1949. Sua produção é

voltada em aços ao carbono e microligados, aços ao silício de grão orientado (GO) e de grão

20 Privatizada em outubro de 1992. A Acesita detém a participação acionária da CST.

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não orientado (GNO), além dos aços inoxidáveis planos laminados a frio. Em setembro de

1998, incorpora a Usinor, grupo francês considerado um dos maiores produtores de aço do

mundo. Sua produção está voltada para o uso do carvão vegetal, ou seja, segundo Furtado

(2000, p. 176), “a empresa, produtora de aços especiais de alta qualidade, emprega o carvão

vegetal como principal redutor em seus altos-fornos, do mesmo modo que a Belgo-Mineira.”

Sua política ambiental foi implementada em 1992 na Fundação Acesita através do

Oikós, seu Centro de Educação Ambiental. Em 2001 conseguiu a certificação ISO 14001.

Essa certificação equivale a um selo verde já concedido a poucas siderúrgicas no mundo e é fruto de investimentos superiores a US$ 58 milhões, realizados no período pós-privatização. Atualmente, a Acesita faz controles regulares de poluição hídrica, atmosférica e de resíduos industrias; pratica a coleta seletiva e recircula 94% da água usada no processo siderúrgico (ACESITA, 2004).

Os investimentos nos oito anos seguinte a privatização foram na ordem de US$ 58

milhões, sendo US$ 38,2 milhões na aquisição de equipamentos e US$ 19,8 milhões em

compromissos assumidos com o Conselho de Política Ambiental de Minas Gerais - Copam.

Entre os investimentos, destacam-se o equipamento para “desempoeiramento da casa de

corrida do Alto-Forno 2 e os painéis acústicos para amortecimento ou bloqueio do ruído

gerado na Aciaria” (Idem, 2004).

9 Companhia Siderúrgica Nacional - CSN

A CSN21 em 1993 iniciou uma estratégia de controle ambiental nas suas unidades de

produção, como a “desativação de antigas unidades e a instalação de equipamentos de ponta,

destinados a eliminar cada vez mais os efluentes, resultaram em sensível melhora na

qualidade ambiental de Volta Redonda e no processo produtivo da Companhia. (CSN, 2004).

Entre as políticas ambientais adotadas pela empresa são as iniciais da palavra

SEMPRE, ou seja, Suporte ao negócio, Empresa transparente, Melhoria contínua, Prevenção

da poluição, Respeito à legislação ambiental e Equacionamento das não conformidades.

No que diz respeito aos efluentes gerados na unidade GalvaSud (joint-venture entre a

CSN e a alemã Thyssen Krupp Stahl AG - TKS), na fabricação de aços galvanizados para

21 Privatizada em abril de 1993.

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atender o seguimento automobilístico, a emissão e efluentes com relação aos impactos

ambientais são analisados da seguinte forma:

Todo efluente gerado na fábrica é tratado por intermédio de uma completa estação físico-química totalmente automatizada, ou de sistemas compostos de fossas sépticas e filtros anaeróbicos. Nas atividades operacionais foram instalados queimadores de baixa emissão de NOX, processos de recirculação e reutilização de soluções alcalinas, transformadores secos e lâmpadas de sódio de alta pressão, entre outros (CSN, 2002, p. 24).

Os custos e investimentos ambientais realizados pela CSN e suas controladas (CISA,

GalvaSud e INAL), foram R$ 172,5 milhões em 2000, R$ 150,9 milhões em 2001 e R$ 123,1

milhões em 2002 (CSN, 2002, p. 26). A Cia. dispõe dos certificados ISO 14001/96, ISO

9001/2000 e TS 16949.

No que diz respeito a índices, os dados em relação ao benzeno que influencia na

qualidade do ar sob a forma de quantidade de Partículas Totais de Suspensão (PTS), em Volta

Redonda (RJ), é vista da seguinte forma:

Embora no Brasil não exista padrão legal para a presença de benzeno no ar, o valor registrado em 2002 enquadra-se nos índices de concentração máximos permitidos para áreas residenciais previstos na legislação da Alemanha (2,5 µg/m3), além de ser também inferior ao valor de referência da OMS (Organização Mundial da Saúde), reconhecidamente o mais restritivo (1,0 µg/m3) (CSN, 2002, p. 18).

De acordo com o Gráfico 7, a poeira devido a concentração de benzeno no ar ficou em

71,6 µg/m3 (micro-grama por metro cúbico) entre 1995/96, reduzindo para 22,6 µg/m3 em

1999, 1,5 µg/m3 em 2001 e 0,63 µg/m3 em 2002.

GRÁFICO 7 - EMISSÃO DE BENZENO NA CSN

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FONTE: CSN, (2002)

Na análise de emissão das partículas em quilogramas por toneladas de aço, a CSN

demonstra através do Gráfico 8 uma redução substancial ano a ano. Assim, em 1995 eram

emitidos 5,13 kg/t 22 de aço em forma de partículas e em 2002, 0,43 kg/t. Isso significa, de

certa forma, uma maior oxigenação para a sociedade.

GRÁFICO 8 - EMISSÃO DE MATERIAL PARTICULADO

FONTE: CSN, (2002) NOTA: Em Kg/t de aço.

No que diz respeito a outros gases emitidos, destacam-se, segundo a Cia.,

os produtos carboquímicos oriundos da limpeza do gás de coqueira (alcatrão, naftaleno, antrafem, BTX, amônia e creosoto, entre outros, com ampla utilização em vários segmentos da indústria química), pós e lamas (utilizados como agregados e indutores energéticos na indústria cerâmica) e uma série de resíduos que retornam como matéria-prima às próprias unidades produtivas da usina (CSN, 2002, p. 20).

Entre os produtos carboquímicos, estes são comercializados gerando um acréscimo no

faturamento da CSN de R$ 55.498 em 2002.

22 Quilograma por tonelada.

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10 Companhia Siderúrgica Paulista - Cosipa

A Cosipa23 está localizada em Cubatão, São Paulo. Começou suas atividades em 1963

com a laminação. Atende a política do meio ambiente colocando como meta a segurança e a

saúde. Nesses itens, a empresa efetua os procedimentos através das normas nos processos de

operação e manutenção.

Os Projetos Ambientais Cosipa (PAC) são tratados pelo órgão competente que

centraliza a implementação de equipamentos de controle de poluição (ar, água e solo).

Também concilia o uso da sucata (reciclagem) como matéria-prima, o que reduz de certa

forma os impactos ambientais.

No início de 1989 executou o projeto de despoeiramento do alto-forno 1, etapa final

do processo de fabricação do ferro gusa. A poeira é muito nociva, principalmente quando

resulta da oxidação. Assim, foram instalados 1.344 filtros que tornam o ar mais limpo em

Cubatão, com tecnologia nacional. “A Cosipa já investiu no controle de 70% das emanações

para a atmosfera. (...) Para concluir o programa, a Cosipa necessita de outros US$ 73

milhões” (COSIPA, 1989, p. 32). Com isso, a Companhia conseguiu a certificação ISO

14.001. Ainda assim seus investimentos estão na ordem de US$ 240 milhões.

Esse programa foi iniciado em 1995 e é, sem dúvida, um dos mais amplos já realizados pela siderurgia brasileira, com objetivo eminentemente ambiental. Para a sua execução até 2002, serão utilizados US$ 240 milhões. (...) A atuação desse projeto já resultou na redução de 92% das emissões de material particulado na atmosfera (COSIPA, 2003).

Com isso a Cia. conseguiu a certificação ISO 14001 e OHSAS 18001. O Gráfico 8

apresenta os investimentos passados e futuros, estes, com maior volume no período pós

privatização.

GRÁFICO 8 – INVESTIMENTO DA COSIPA

23 Privatizada em agosto de 1993.

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FONTE: COSIPA, (2003)

Em relação a poluição do ar devido a emissão de partículas, a empresa adota medidas

de cavagem, lavagem, limpeza e umectação das ruas e distribuição de folhetos informativos

aos motoristas. O Gráfico 9 é ilustrado o grau de alerta e o grau de emergência na quantidade

de partículas dispersas no ar. Nota-se que em 1984, o índice de alerta estava em 12,

considerado como alto nível. Nos anos seguintes o indicador oscila mantendo nos anos

seguintes uma trajetória de queda. Já o índice de emergência manteve-se em 1 em 1984, 1985,

1991 e 1994. Após 1995, ambos índices foram considerados nulos.

GRÁFICO 9 – ÍNDICE DE EMISSÃO DE PARTÍCULAS

FONTE: COSIPA, (2003)

O Quadro 1 mostra as conquistas da empresa na redução de seus materiais nocivos ao

meio ambiente.

QUADRO 1 – REDUÇÃO DE POLUENTES NA COSIPA Redução / Aumento %

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Redução na Emissão de Material Particulado 98,3 Redução no Lançamento de Óleos e Graxas 99 Redução da Carga Orgânica 80 Redução no Lançamento de manganês Solúvel 79 Redução no Lançamento de Amônia 68 Aumento no Índice de Recirculação de Água 72

FONTE: COSIPA, (2003).

11 Aço Minas Gerais SA - AÇOMINAS

A AÇOMINAS24 está localizada em Ouro Branco, Minas Gerais e investiu em

equipamentos anti-poluentes na ordem de US$ 160 milhões na primeira fase em 1990, para

conservar a fauna, a flora e os mananciais. Na fase II, a empresa expande a produção. Assim,

um dos desafios a que se propôs a Açominas, ao implantar a Usina, foi o de não alterar a qualidade do ar, da água e do solo existentes na região do Alto-Paraopeba. (...) Especial atenção está sendo dada ao Plano de Controle Ambiental, visando, também, à Fase II de expansão da capacidade de produção para 4,5 milhões de toneladas/ano de aço, com investimento de US$ 200 milhões em equipamentos (PRESERVAÇÃO, 1990, p. 28-29).

A empresa possui certificação ISO 9001.

12 Companhia Belgo-Mineira

A Belgo-Mineira foi fundada em 1921 e faz parte do maior grupo siderúrgico do

mundo, a Arcelor, resultado da união da Arbed (Luxemburgo), Usinor (França) e Aceralia

(Espanha). Produz aços longos sob a forma de laminados e trefilados.

No Brasil, a Belgo e sua controlada BMP Siderurgia contam com seis unidades no Brasil: em Monlevade, Sabará, Juiz de Fora e Itaúna, em Minas Gerais, em Piracicaba (SP) e Vitória (ES). Nessas unidades, produzem fio-máquina, vergalhões, barras, perfis e arames para construção civil (BELGO, 2003).

A empresa possui certificados ISO 1400125 e BS 8800. Assim, sua política ambiental

está vinculada a minimização dos impactos gerados por ela.

24 Privatizada em setembro de 1993, sendo o Grupo Gerdau o maior acionista. 25 Cinco das seis unidades do seu setor de Siderurgia.

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Atendendo a diretriz de melhoria contínua, a Empresa implementou uma série de projetos com a finalidade de minimizar a geração de materiais particulados, reduzir consumo de energia elétrica, produtos químicos e outros, reduzir a geração de lamas, disposição e reciclagem adequados de resíduos, melhoria da qualidade do ar, redução da probabilidade de impactos negativos no meio ambiente, eliminação de passivo ambiental, redução do potencial de acidentes e melhoria na organização e limpeza das usinas (BELGO, 2003).

De acordo com a citação a Belgo-Mineira ‘evidencia’ o desenvolvimento sustentável,

adequação à legislação ambiental vigente, avanços técnico-científicos e ênfase no

desenvolvimento industrial.

13 Aços Finos Piratini - AFP

A AFP26 foi fundada em 1961 e em 1975 a Aços Finos Piratini passou a integrar o

Grupo Siderbrás, holding pública do Governo Federal automotiva. Após a privatização, a

empresa foi adquirida pelo Grupo Gerdau, passando a denominar a partir de 1993, como

Gerdau Aços Finos Piratini. Possui certificações ISO 14001, ISO 9002 e QS 9000. “A

siderurgia atua na fabricação e transformação do aço, dispõe de investimentos significativos,

como modernos sistemas de despoeiramento para proteção atmosférica” (AFP, 2004).

Dentro da cultura de sustentabilidade, destaca-se sua posição de liderança na

reciclagem da sucata e pela política de reaproveitamento dos subprodutos decorrentes da

produção do aço.

14 Comercial Gerdau

A Comercial Gerdau atua no ramo de siderurgia e sua política ambiental está enfocada

na eco-eficiência e desenvolvimento sustentável, com destaque ao uso de técnicas que

permitem a reciclagem da sucata. “Hoje, o índice de reciclagem já alcança mais de 85% e o

restante deste total é encaminhado para aterros licenciados externos” (GERDAU, 2004). O

Grupo investe recursos na implantação de novos sistemas de despoeiramento nas usinas

(material particulado dos Fornos Elétricos da Aciaria) de forma a reduzir as emissões

atmosféricas. Assim,

Em todas as unidades, multiplicam-se iniciativas como: adoção de sistemas fechados de recirculação das águas industriais, lagoas de separação dos sólidos dos efluentes

26 Privatizada em fevereiro de 1992.

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líquidos, isolamento acústico de diversos pavilhões e melhoria dos sistemas de tratamento de efluentes líquidos. (...) Somente nos últimos 10 anos, o Grupo Gerdau investiu mais de R$ 360 milhões em tecnologias na área ambiental (Gerdau, 2004).

Para a água, o efluente industrial é tratado e reaproveitado “no processo produtivo,

permanecendo em circuito fechado dentro da usina. Com esta tecnologia, a unidade alcança

um volume de 45 bilhões de litros de água reciclados por ano” (Idem, 2004).

15 SAMARCO

A SAMARCO enfatiza seu trabalho na mineração e no seu processo produtivo, nas

usinas de pelotização, a empresa enfrenta um grande desafio na questão do ar. Assim, “a

Samarco conta com diversos procedimentos de controle de poluição atmosférica, como

lavadores de gases nas torres, filtros de mangas, sistemas de aspersão e umectação de vias

internas” (SAMARCO, 2004). Com isso, a empresa dispõe de certificação 14001 e também

uma tecnologia a nível de

precipitadores eletrostáticos27, que retêm o material particulado proveniente da queima de pelotas no forno e o impedem de atingir a atmosfera. Medidores nas saídas das chaminés de exaustão permitem monitorar, de forma instantânea, o desempenho do equipamento e agir preventivamente, caso qualquer desvio seja detectado. Os dados ficam disponíveis on-line na rede Samarco e alarmes são acionados antes que a concentração atinja os níveis-limite. Além disso, um sistema de câmeras filmadoras monitora os pátios de estocagem em tempo real (SAMARCO, 2004).

O Gráfico 10 mostra a emissão de partículas de forma monitorada ‘on line’.

Considerando o limite de emissão permitido por lei como 100 mg/Nm3 (miligrama por metro

cúbico), a concentração atingiu níveis alarmantes em janeiro de 2003, oscilando de 40 a 80

mg/Nm3.

GRÁFICO 10 – PARTÍCULAS EMITIDAS PELOS FORNOS DA SAMARCO

27 Precipitadores eletrostáticos são filtros que impedem o ar particulado de atingir a atmosfera.

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FONTE: SAMARCO, (2004)

A preocupação ambiental em sua atividade coloca a mesma em situação de nociva

contra o meio ambiente. Assim, a estratégia da empresa é assumir a responsabilidade e

amenizar os danos causados.

No caso da mineração, o processo industrial envolve a remoção da camada vegetal, do solo e das rochas que estão acima dos depósitos minerais. O grande desafio é a reabilitação desse ambiente. Para restaurar o equilíbrio ecológico nas áreas que sofreram o impacto de suas atividades, a Samarco desenvolve um conjunto de estudos e ações ambientais, em parceria com consultores externos e órgãos de ensino e pesquisa (Idem, 2004).

O grande passo é sem dúvida a pesquisa, pois é neste processo que grandes impactos

são revelados assim como um diagnóstico para alertar o grau do estrago. Pode-se destacar

como exemplo de resultado de pesquisa, o mineroduto, onde a água é misturada ao minério

para ser transportada e posteriormente numa estação de bombas a mesma é retirada, reduzindo

de forma significativa o custo do transporte e prováveis impactos decorrentes de acidente

ferroviários. A Figura 2 ilustra o mineroduto da Samarco que atinge 396 quilômetros de

extensão e atravessa 24 municípios com capacidade de bombeamento de 15,5 milhões de

toneladas por ano.

FIGURA 2 - MINERODUTO - KM 0

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FONTE: SAMARCO, (2003) NOTA: Unidade Germano - MG

16 Companhia Vale do Rio Doce – CVRD

A CVRD dispõe de dois sistemas (sul e norte) da qual organiza sua extração,

siderurgia e exportação. Assim,

O Sistema Sul é composto por 3 grandes complexos mineradores: Itabira, Mariana, Minas Centrais e Minas da Região Oeste. (...) A capacidade de produção atual do Sistema Sul é de 90 milhões de toneladas. O Sistema Norte engloba as atividades de extração, beneficiamento, expedição, pelotização, estocagem e embarque de minérios de ferro em Ponta da Madeira. Esse sistema é composto pelo Complexo Minerador Serra dos Carajás e Terminal Marítimo de Ponta da Madeira (TMPM) (COMPANHIA, 2004).

A CVRD emite anualmente um relatório em que divulga as ações sociais e

patrimoniais dos exercícios anteriores. Seus relatórios estão disponíveis para consulta pública

assim como para análise de suas ações. Dentre suas ações sociais, a parte ambiental é a mais

detalhada, uma vez que a empresa é alvo de constantes queixas de diversos atores sociais.

Assim, na década de 70, “a CVRD investiu em qualidade ambiental e, apesar de não

terem especificado dispêndios em atividades ambientais nas estruturas contábeis da época, os

registros mostram que cerca de US$ 236 milhões foram aplicados até 1989” (COMPANHIA,

2001).

No início da década de noventa, “a CVRD contribuiu para a preservação de

1.165.698 ha de floresta tropical no sul do Pará” (COMPANHIA, 1992, p. 26).

No entanto, a preocupação ambiental da CVRD está restrita ao ambiente físico. É

priorizado o recobrimento vegetal aos taludes,28 controle dos rejeitos através da barragem do

Estéril Norte e o plantio de gramíneas, por meio de hidrossemeadura, para evitar erosão e

desabamento das bancadas. Outras medidas em nível de reflorestamento são os cinturões

verdes, as aspersões das minas e vagões com polímero.

Em 2001 foi iniciada a reabilitação de 7 minas, com destaque a Mina de Piçarrão,

onde foram feitos a reconformação de taludes, hidrogeologia, revegetação e monitoramento.

Pela página da empresa, a certificação serve como propaganda, atendimento às

exigências internacionais e diferenciação de mercado.

28 Inclinação do terreno após a terraplanagem.

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A Companhia dispõe da certificação ISO 14001, sendo suas exportações de minério

de ferro certificada na origem (minas) e passam por terminais portuários igualmente

certificados. O mesmo acontece com as usinas de pelotização. “Qualidade ambiental é um

fator fundamental para a competitividade e o crescimento sustentado da Vale no mercado

global. As operações em seus complexos integrados mina-ferrovia-porto, para produção de

minério de ferro e manganês, são referências tanto no Brasil quanto no exterior e são

certificadas pelas Normas ISO 9000 e ISO 14001” (COMPANHIA, 2003).

O Quadro 2 mostra as certificações da Companhia.

QUADRO 2 – CERFICAÇÕES ISO 14001 DA CVRD Unidade Operacional Data Centro de Desenvolvimento Mineral de Santa Luzia – MG 04/1997 Minas de Ferro e Manganês de Carajás – PA 10/1998 Minas de Ferro de Timbopeba, Fazendão e Brucutu – MG 06/2000 Terminal Marítimo de Ponta da Madeira – Maranhão 09/2000 Minas de Ferro de Alegria, Córrego do Meio, Morro Agudo* e Água Limpa* – MG

05/2001

Usina de Ferro-Ligas Rio Doce Manganèse Europe – RDME – Dunquerque/França

09/2001

Complexo Portuário e Industrial de Tubarão – ES 12/2001 Complexo Minerador de Ferro e Ouro de Itabira e Conceição – MG 2002 Minas de Ferro da Ferteco Mineração – MG 2002 Mina de Ferro de Gongo Soco – MG 07/2002 Cais de Rebocadores da Docenave – ES 08/2002 Mina de Manganês da Sociedade Mineira de Mineração – MG 11/2002 Minas de Ferro de Cauê, Conceição – Complexo de Itabira – MG 11/2002 Terminal Vila Velha 10/2003 Terminal Marítimo da Companhia Portuária Baía de Sepetiba – RJ 11/2003 Mina do Córrego do Feijão, Fábrica – MG 11/2003

FONTE: COMPANHIA, (2001-2003) (*) Sistema Integrado de gestão pelas Normas ISO 9002, ISO 14001 e OHSAS 18001.

No final do século XX, a empresa passa a investir também em tecnologias

antipoluentes intensivas em capital.

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25

Em 1994, a CVRD implantou o Programa de Auditorias Ambientais, inclusive

porque visava a certificação, e, no período de 1994 a 2000, setenta projetos absorveram um

investimento de US$ 110 milhões. De acordo com Relatório Social da CVRD, os dispêndios

ambientais29 foram de R$ 60 milhões em 2000, R$ 60 milhões em 2001, R$ 78 milhões em

2002 e R$ 110 milhões em 2003.

A Figura 3 mostra uma mina de minério de ferro explorada pela CVRD.

FIGURA 3 – MINA DE MINÉRIO DE FERRO DA CVRD – CARAJÁS - PA

FONTE: COMPANHIA, (2002)

17 Síntese da ISO 14000 e outras normas ambientais

É interessante frisar que, apesar das tecnologias existentes (nacionais e

internacionais), várias delas ainda não estão amplamente disponíveis por causa dos altos

custos de investimento e pelas prioridades de cada empresa em cada setor. Também é

importante destacar que, muitas empresas ainda agem após ocorrer o acidente e/ou para

atender a uma legislação mínima.

29 Fonte: Relatório Anual 2001, 2002 e 2003. Demonstrações Contábeis - Balanço Social (informativo adicional) – Indicadores sociais - Controladora.

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26

A sensibilização ou adoção das normas (seja por pressões tecnológicas, ambientais

ou através da legislação) existentes por parte das empresas de extração e nas indústrias

mostra a importância que a qualidade do meio ambiente vem adquirindo no mundo e no

Brasil.

Dentre as várias formas de manifestar a incorporação da variável ambiental na

produção está a certificação. Citam-se as empresas certificadas, desde a década de 1990, com

a ressalva que em muitos casos, a responsabilidade social e ambiental é assumida e usada

como propaganda.

O Quadro 3 mostra as certificações de algumas empresas mineradoras e siderúrgicas.

Salienta-se que a ISO 9001 refere-se ao Sistema de Gestão de Qualidade, a ISO 14001 ao

Sistema de Gestão Ambiental, a AS 8000, de Responsabilidade Social e a OHSAS 18001 e

BS 8800 tratam da Saúde e Segurança Ocupacional. Além desses, o SSO, Sistema de Gestão

de Segurança e Saúde Ocupacional, o SGA, Sistema de Gestão Ambiental. Outra certificação

específica é a TS 16949 que substituiu a QS 9000, que é uma norma automotiva mundial,

sendo requisito necessário a qualidade da ISO 9001/2000. Também, o SGI, Sistema de Gestão

Integrado que une Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Qualidade.

QUADRO 3 – CERTIFICAÇÕES OBTIDAS PELAS EMPRESAS DE MINERAÇÃO E SIDERURGIA

Empresas Atividade Monitora-mento ambiental na lavra

Equipa-mentos anti-poluição na lavra e/ou indústria

Parceria com órgãos ambientais

Certificações

MBR1

Mineração e Metalurgia

X X X ISO 9001; ISO 14001; OHSAS 18001

Mannesmann2 Siderurgia X X ISO 14001 USIMINAS3 Siderurgia X X ISO 14001 CST4 Siderurgia X X ISO 14001; SGAACESITA5 Siderurgia X X ISO 14001 CSN6 Siderurgia X X ISO 9001;ISO

14001;TS 16949; SGA

COSIPA7 Siderurgia X X ISO 14001 OHSAS 18001 SGA; SSO

AÇOMINAS8 Siderurgia X ISO 9001 CIA. BELGO MINEIRA9

Siderurgia X X ISO 14001; BS 8800

AÇOS FINOS PIRATINI10

Siderurgia X ISO 9002; ISO 14001; QS 9000

COM.GERDAU Siderurgia X X SGA SAMARCO Min. e Sid. X X X ISO 14001 CVRD11 Mineração

e X X X ISO 9001; ISO

9002; ISO 14001

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Siderurgia OHSAS 18001 RTB- Min.Corumb..

Mineração X X X ISO 14001; SGI SSMAQ

FONTE: Sites das respectivas empresas, modificado pelo autor. NOTA: (1) Pertence a CAEMI, que por sua vez pertence a CVRD; (2) Joint venture entre o grupo francês Vallourec e o grupo alemão Mannesmannrohren-Werke; (3) Privatizada out. 1991;(4) Privatizada jul. 1992; (5) Privatizada out. 1992 e detém ações da CST; (6) Privatizada abr. 1993; (7) Privatizada ago. 1993; (8) Privatizada set. 1993 e a Comercial Gerdau é a maior acionista; (9) Pertence Arcelor, união da Arbed (Luxemburgo), Usinor (França) e Aceralia (Espanha); (10) Privatizada em fevereiro de 1992; (11) Privatizada em maio de 1997.

Como se pode observar, todas possuem certificado internacional ISO 14001, com

exceção da Açominas, que possui a ISO 9001. A Companhia Gerdau embora não tenha o

certificado, possui o SGA, formulado nos moldes da norma ISO 14000. Desse modo, as

empresas estão buscando certificações internacionais talvez premidas pelas novas

condicionalidades ou como um diferencial de mercado ou ambos os casos. A obtenção da

certificação não implica necessariamente que as empresas não estão poluindo, apenas indica

que as agressões ambientais estão sendo controladas e mantendo-se, no mínimo, no limite

imposto pela lei.

18 Considerações

O Brasil por ser um país importante na América Latina devido ao seu porte continental

possui uma riqueza em recursos naturais de maneira ímpar e sua inserção está cada vez mais

dinâmica no comércio internacional, pois exporta boa parte do que extrai, em particular do

minério de ferro. Em outras palavras, “as exportações brasileiras têm uma significativa

intensidade de recursos naturais e recursos energéticos, cuja exploração tem influência direta

sobre o meio ambiente” (GONÇALVES, 2000, p. 79).

No que diz respeito aos recursos manufaturados intensivos em energia, como o ferro e

o aço, os impactos ambientais são mais danosos quanto o setor dinamiza o crescimento,

principalmente quando os recursos não-renováveis são exportados em escala.

Os anseios, as expectativas e preocupações da comunidade não são vistas como

prioridade das Companhias, apenas sob a forma de poluição e de acordo a exigência da

legislação (mínima). Estas tem como concepção de que a “a legislação ambiental é extensa e

avançada, porém conflitante, criando dificuldades na sua aplicação, necessitando uma

compatibilização” (FARIAS, 2002, p. 20). Contudo as Cias. quando montaram suas plantas

industriais no Brasil tinham plena consciência de uma a política ambiental branda e que com o

tempo haveria o amadurecimento, sendo comparável a de outras nações. Como exemplo, a

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implantação do Projeto Ferro Carajás (PFC), no Pará pela Companhia Vale do Rio Doce

(CVRD):

A urgência estaria justificada pela necessidade de aproveitar oportunidades sem precedentes: as dificuldades das nações mais ricas em obter energia barata e os rígidos controles de poluição adotados pelos países mais desenvolvidos. Assim, a Amazônia Oriental seria o local ideal para o deslocamento de empreendimentos consumidores de energia e poluidores, caso se ofereça agora e por um longo período, energia barata e garantias de legislação antipoluente menos exigente. Esta atitude imediatista não chega a ser novidade. Ela tem estado presente em outros programas e projetos aprovados pelo governo – inclusive na região amazônica (CARAJÁS,1983, p. 61).

Pode-se considerar uma exceção a essa mitigação a obtenção da certificação ISO

14001 pelas empresas como exigência internacional (mas não reduz os danos, apenas

monitora para agir preventivamente). Algumas empresas adotam essa conduta como

responsabilidade social, internalizando custos para recuperação ambiental, mas o passivo

deixado no passado é alvo de grandes reivindicações do poder público e de diversos atores

sociais, como populações envolvidas, cientistas, imprensa, comunidades indígenas, igreja e

Ongs.

No início dos anos noventa, o governo federal privatizou as empresas e por força de

lei, as Cias. do setor de extração e siderurgia intensificaram a valorização as questões

ambientais30 devido a pressão social que levou a CVRD aos tribunais31. Contudo a política

ambiental é parte do negócio com vínculo a estratégia de crescimento com vistas a

lucratividade e eficiência, onde vai ao encontro de técnicas de reaproveitamento de rejeitos

para comercialização (pelotas, co-produtos e sucatas) visando não somente ações anti-

poluentes, mas como uma oportunidade rentável de negócio (marketing) e como exigências

do comércio32 internacional. Contudo as Cias. estão buscando um mecanismo de auto-defesa

30 A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), no Rio de Janeiro, conhecida como a Rio 92 ou Eco-92, foi um grande avanço nas políticas ambientais das empresas. 31 A CVRD é levada aos tribunais pela população de Itabira (MG) com 3 ações públicas, sendo em 1986 por poluição atmosférica, danos paisagísticos e degradação ambiental, em 1992 pelos projetos que não saíram do papel, pouco abrangia a recuperação topográfica e não previa o preenchimento das cavas e em 1993 por poluição atmosférica em volume excessivo aos níveis da OMS (Organização Mundial da Saúde), SEMA (Secretaria do Meio Ambiente de Minas Gerais) e COPAM (Conselho Ambiental de Política Ambiental) (FERREIRA e BRAGA, 1995, p. 481 ; SILVA e SOUZA, 2002, p. 7 e 11). 32 Em 1999, “existiam 14.106 certificações IS0 14000 em 84 países, sendo que a América Central e do Sul detinham 2,2%, a Europa detinha 52,2%, o Leste Asiático com 30,84% (no qual o Japão detém a maioria das certificações), e América do Norte com 6,9%”. Para adquirir uma ISO “os preços variam de US$ 197,00 (Alemanha) até US$ 1.655,00 (Suécia) (...) a França, por exemplo, para realizar a auditoria cobra US$ 1.090,00 por dia, além da passagem e acomodação” (GODOY e BIAZIN, 2001, p. 9 e 11).

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para mostrar suas ações para a sociedade e ao mesmo tempo silenciar suas ações nocivas e

impactantes deixadas no passado e aquelas que ainda não foram denunciadas.

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