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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Programa de Pós-Graduação em Administração
Adécio Aparecido Martins Moreira
PROFISSIONALIZAÇÃO NA EMPRESA FAMILIAR: Estudo de caso em empresa do
setor supermercadista do interior de Minas Gerais
Belo Horizonte
2015
Adécio Aparecido Martins Moreira
PROFISSIONALIZAÇÃO NA EMPRESA FAMILIAR: Estudo de caso em empresa do
setor supermercadista do interior de Minas Gerais
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Administração da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais e Fundação
Dom Cabral, como requisito para a obtenção do
título de Mestre em Administração.
Orientadora: Profª. Drª. Liliane de Oliveira
Guimarães
Belo Horizonte
2015
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Moreira, Adécio Aparecido Martins
M835p Profissionalização na empresa familiar: estudo de caso em empresa do setor
supermercadista do interior de Minas Gerais / Adécio Aparecido Martins
Moreira. Belo Horizonte, 2015.
130 f. :il.
Orientadora: Liliane de Oliveira Guimarães
Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Programa de Pós-Graduação em Administração.
1. Empresas familiares - Administração. 2. Empresas familiares - Sucessão.
3. Supermercados. 4. Capacitação em serviço. 5. Treinamento. I. Oliveira, Júlio
Aguiar de. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de
Pós-Graduação em Administração. III. Título.
CDU: 658.11
Adécio Aparecido Martins Moreira
PROFISSIONALIZAÇÃO NA EMPRESA FAMILIAR: Estudo de caso em empresa do
setor supermercadista do interior de Minas Gerais
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Administração da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais e Fundação
Dom Cabral, como requisito para a obtenção do
título de Mestre em Administração.
Área de concentração: Administração
___________________________________________________________
Profª. Drª. Liliane de Oliveira Guimarães – PUC Minas (Orientadora)
________________________________________________________
Profª. Drª. Andrea Souza – PUC Minas (Banca Examinadora)
_________________________________________________________
Profª. Drª. Maria Luiza Doyle – PUC Minas (Banca Examinadora)
Belo Horizonte, 17 de dezembro de 2015.
Ao meu pai por tudo e pela frase: “Você não vai desistir”.
AGRADECIMENTOS
A Deus pela saúde, pela força e por todas as provisões que foram necessárias para a
realização deste, permitindo que este sonho se tornasse realidade.
À professora Liliane de Oliveira Guimarães, pelo empenho, pela paciência e por ter
exigido de mim o melhor trabalho possível.
Ao meu amigo Victor Silva Corrêa, pelo incentivo e apoio desmedido.
À Wedmaras Gonçalves, a Raquel Santos, a Renata Petrin, a Rozângela de Cássia e a
Alessandra Honório pela ajuda com pesquisas, revisões e transcrição de entrevistas.
Ao professor Paulo Roberto de Sousa pelas primeiras orientações e atenção na fase
final do trabalho.
Ao meu amigo irmão Renato Afonso Soares pelo incentivo e apoio sempre presentes.
Aos diretores é sócio fundadores da empresa objeto de estudo pela disponibilidade e
apoio a pesquisa.
Enfim, agradeço a todos que ajudaram, oraram e torceram para realização deste.
“A vitória não pertence aos mais fortes, mas sim aos que a perseguem por mais tempo.”
Napoleão Bonaparte
RESUMO
As empresas familiares figuram entre as organizações que mais geram empregos e renda no
mundo. No Brasil não é diferente, onde esse tipo de organização sempre sofreu com a
dificuldade de perpetuar o negócio a partir dos membros das gerações seguintes. Uma das
razões diz respeito às dificuldades no processo sucessório e à falta de profissionalização na
forma de organizar e gerir o negócio. O presente estudo teve como objetivo descrever e
analisar os fatores internos e externos que estimularam o processo de profissionalização de
uma empresa supermercadista. Também buscou descrever as ações que foram adotadas pelo
grupo para lidar com as pressões do contexto e, por fim, analisar e estabelecer as relações de
causa e efeito entre os fatores que estimularam a profissionalização. Foi constatado no caso
estudado, que fatores externos como aumento da concorrência, aliada a mudanças nas
exigências tributárias, somados aos fatores internos como pressão da nova geração para
mudanças na forma de gerir o negócio e a necessidade de se ter melhores informações
gerenciais para embasar tomada de decisão, representaram os principais elementos que
estimularam a profissionalização da empresa em análise.
Palavras-chave: Empresa familiar. Empresa supermercadista. Profissionalização da gestão.
ABSTRACT
Family companies are among the organizations that generate more jobs and income in the
world. In Brazil, it is not different where this type of organization has always suffered with
difficult to perpetuate the business from members of the next generations. One of the reasons
relates to the difficulties in the succession process and the lack of professionalization to
organize and manage the business. The present study is aimed at describing and analyzing the
internal and external factors that stimulated the process of professionalization of a
supermarket company. Also sought to describe the actions that were taken by the group to
deal with the pressures of the context and, finally, analyze and establish cause and effect
relationships between the factors that encouraged the professionalization. It has been found in
the case studied, that external factors such as increased competition, combined with changes
in tax demands, added to internal factors like the new generation pressure for changes in how
to manage the business and the need to have better management information to support
decision making, represented the main elements that motivated the professionalization of the
company.
Keywords: Family business. Supermarket company. Professionalization of management.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Ciclo de vida da empresa familiar ........................................................................ 38
Figura 2. Forças propulsoras e restritivas à profissionalização ........................................... 46
Figura 3. Modelo teórico para análise do processo de profissionalização - referencial ...... 47
Figura 4. Modelo explicativo o processo de profissionalização da empresa estudada. ....... 81
Figura 5. Conclusões quanto às relações de causa e efeito dos fatores que estimularam a
profissionalização e as ações decorrentes ............................................................................ 87
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Síntese das definições teóricas sobre empresa familiar e seus respectivos
autores ..............................................................................................................................28
Quadro 2. O paradigma das empresas familiares e não familiares...................................29
Quadro 3. Gestão profissionalizada versus não profissionalizada ...................................32
Quadro 4. Síntese das proposições teóricas sobre profissionalização de empresas,
associadas aos autores de interesse...................................................................................35
Quadro 5. Perfil dos entrevistados....................................................................................53
Quadro 6. Evolução de treinamento.................................................................................66
Quadro 7. Ações durante processo de profissionalização................................................80
LISTA DE SIGLAS
ABRAS - Associação Brasileira de Supermercados
CLS - Contribuição sobre lucro
CMV – Custo de Mercadorias Vendidas
COFINS – Contribuição para Financiamento da Seguridade Social
CSLL – Contribuição Sobre Lucro Líquido
EFD - Escrituração Fiscal Digital
ERP - Entreprise Resource Planning
FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica
IRRF – Imposto de Renda Retido na Fonte
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego
PCS – Plano de Cargos e Salários
PDD – Provisão de Devedores Duvidosos
PIB - Produto Interno Bruto
PIS – Programa de Integração Social
RH – Recursos Humanos
RM – Relatório Mensal
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SPED - Sistema Público Eletrônico Digital
TI – Tecnologia da Informação
SUMÁRIO
1 Introdução ....................................................................................................................... 13
1.1 O problema de pesquisa e sua justificativa ............................................................... 13
2 Referencial Teórico......................................................................................................... 24
2.1 Empresa Familiar: definições e características ........................................................ 24
2.2 A questão da profissionalização no contexto das empresas familiares ................... 31
3 Metodologia ..................................................................................................................... 49
3.1 Método e natureza da pesquisa .................................................................................. 49
3.2 Procedimentos para coleta e análise de dados .......................................................... 51
4 Descrição e análise dos dados ........................................................................................ 54
4.1 Histórico da empresa ................................................................................................... 54
4.2 Fatores motivadores da profissionalização ............................................................... 58
4.3 Os desafios do processo de profissionalização .......................................................... 69
4.4 Influência da cultura familiar na gestão da empresa ............................................... 74
4.5 O período pós-profissionalização ............................................................................... 77
5 Conclusões e considerações finais ................................................................................. 83
Referências ......................................................................................................................... 90
Apêndice .......................................................................................................................... 120
Anexos .............................................................................................................................. 124
13
1 Introdução
1.1 O problema de pesquisa e sua justificativa
A importância das empresas familiares para a criação de empregos e geração de riqueza
em várias nações no mundo é continuamente ressaltada pela literatura da área (Cerdan &
Hernández, 2013; Ifera, 2003; Tan & Fock, 2001). Na verdade, não existe economia sem
presença de empresas de propriedade e geridas por familiares. Mesmo grandes organizações
que abriram seu capital há décadas, tiveram sua origem em determinada família (Gersick,
Davis, Hampton & Lansberg; Lethbridge, 1997). A presença de empresas familiares de todos
os tipos foram responsáveis e ainda muito contribuem para o crescimento e o
desenvolvimento econômico mundial (Górriz & Fumás, 2011).
Ao contrário do que muitos pensam a empresa familiar não diz respeito apenas às
pequenas e médias empresas. Grandes organizações de âmbito internacional também podem
assumir essa característica. Conforme Vries (1996), as empresas familiares não representam
apenas a padaria da esquina, mas, ao contrário, a firma familiar pode ser uma grande empresa
multinacional tal como: Michelin na França, Tetrapak e Ikea na Suécia, Lego na Dinamarca,
Fiat, Olivetti e Benetton na Itália, C&A e Heineken na Holanda, Caldbury Shweppes, Mars &
Spencer e Guinnes na Inglaterra.
Tagiuri and Davis (1996, p. 201) reiteram dizendo: “Enquanto a maioria das
companhias familiares são pequenas, algumas são relativamente grandes e muitas são
gigantes nas suas respectivas indústrias”.
Aos que ainda olham a empresa familiar com alguma reserva, vale registrar que na
América do Norte e na Europa, mais de 80% das companhias fazem parte do grupo de
empresas familiares, assim como 37% das 500 maiores da revista “Fortune” e 60% de todas
14
as organizações de capital aberto nos Estados Unidos (Bernhoeft, 2012). Quanto ao Brasil, ao
se considerar as pequenas e médias empresas teremos três quartos neste indicador. Para
Oliveira (1999) as empresas familiares além de corresponderem a mais de 80 por cento das
empresas, respondem por mais de 60 por cento da receita e 2/3 dos empregos. Segundo um
levantamento de EXAME PME em parceria com a consultoria Deloitte, 73% das 250
pequenas e médias empresas que mais cresceram no Brasil entre 2010 a 2012 são controladas
por famílias, alcançando uma receita líquida de 14 bilhões de reais (Exame Pme & Deloitte;
2013). Assim sendo, vemos que esse tipo de organização1 atua como um dos principais
elementos propulsores do bem-estar econômico e social dos países.
Por outro lado, Bjuggren and Sund (2000) salienta que, aproximadamente 6,3 milhões
de empregos na Europa estariam ameaçados no futuro, devido à falta de preparação para a
transmissão de negócios e consequentemente a perpetuação da organização. Apesar de toda
sua importância e contribuição econômica no cenário global, o negócio familiar sempre
apresentou dificuldades de perpetuação no mercado. Em 1997 em nível mundial, estimava-se
que, somente 30% das empresas familiares sobreviveriam à primeira geração, apenas 14%
conseguiriam migrar para a segunda geração e menos de 14% alcançariam a terceira geração e
posteriores (Davis & Harveston, 1998; Fleming; Ward, 1997; Handler, 1990, 1992; Matthews,
Moore & Fialko, 1999; Sonnenfeld, 1988;). Quanto a empresas familiares de menor porte,
estima-se que sua longevidade fique entre cinco e dez anos apenas (Perricone, Earle & Taplin,
2001), ou seja, não chegariam a passar nem para a segunda geração.
Continuar utilizando práticas antigas de gestão para lidar com eventos e situações
modernas figuram entre os grandes pontos considerados negativos e que contribuem para a
derrocada de muitas organizações dessa natureza. Dessa forma, quando do envelhecimento do
fundador da empresa e a iminência do comando vir para as mãos de herdeiro da 2ª geração,
1 Neste trabalho, as expressões organização e empresa serão utilizadas como sinônimos.
15
recai sobre este a responsabilidade pela continuidade da empresa, ao mesmo tempo, a certeza
que as coisas têm que mudar (Dadamo, 2013). A necessidade de mudança nos padrões
organizacionais e gerenciais seguramente irá gerar incerteza na equipe, fornecedores e até
clientes, uma vez que a condição de sucessor traz consigo a exigência de uma legitimação, no
sentido de que o sucessor, além de ter sido escolhido, precisa ser reconhecido como tal pelos
demais membros da família e da empresa (Bernhoeft & Galo, 2003).
Quando se trata da 3ª geração assumir o comando dos negócios, a literatura aponta o
aumento nas dificuldades gerenciais. A multiplicação de sócios, os conflitos entre os
membros da família e as disputas de poder ajudam a justificar, nessa transição geracional, o
menor percentual de continuidade do negócio familiar (Chittoor & Das, 2007; Poutziouris,
2003; Vera & Dean, 2005). Um dos problemas que podem ser identificados, segundo
Maccari, Campanário, Almeida & Martins (2006) é a rivalidade entre os filhos, pois é comum
haver competição entre eles em relação aos negócios e à própria sucessão. A falta de
planejamento no processo sucessório é outro elemento dificultador, assim como a entrada de
familiares na empresa apenas pelo critério de parentesco. Esses ingressos são feitos por meio
de convite, sem que o familiar passe por qualquer tipo de processo seletivo que avalie sua real
capacidade para assumir um cargo de gestão (Dyer, 1986; Handler, 1990, 1992, 1994;
Hugron, 1993; Lansberg, 1999; Morris, Williams, Alen & Avila, 1997; Pitts, 2000). A falta de
profissionalização da administração representa outro elemento dificultador para a
sobrevivência da empresa familiar a partir da sucessão geracional. Por fim, Oliveira,
Albuquerque & Pereira (2013) mencionam a ausência, por parte do conselho familiar, de
definição dos direitos e obrigações dos proprietários familiares (Oliveira, Albuquerque &
Pereira, 2013).
Segundo Oro, Beuren e Hein (2009), há de se considerar uma sequência lógica que é
comumente seguida no processo de gestão familiar, por meio da qual a primeira geração deve
16
dar continuidade ao empreendimento, buscando alternativas de perpetuação do negócio com
herdeiros ou profissionais capacitados que reúnam as condições de obter retorno de capital.
Na segunda geração, devem ocorrer mudanças na estrutura organizacional e na condução dos
negócios, uma vez que começa a ocorrer a pulverização do capital e o foco central deixa de
ser o fundador (Garcia 2001). Outro ponto é que novos membros da família passam a fazer
parte da gestão da empresa como sócios (Oro, Beuren & Hein; 2009).
Essas mudanças afetam também o quadro de pessoal, pois até mesmo os empregados
mais antigos, que cultivaram ao longo dos anos uma relação informal e laços de amizade com
o empresário, terão seu desempenho e amplitude de atuação avaliados (Oro, Beuren & Hein,
2009). Já para a terceira geração, pode ser verificada a concentração de primos como
membros da família empresária. Para Bornholdt (2005), a questão da sociedade entre irmãos e
primos é abordada como “laços familiares empresariais” que são construídos ao longo da
história quando a empresa deixa de ser “unipessoal” (um dono) e passa a ser de um grupo de
irmãos, para depois passar a um consórcio de primos, enfim, a uma sociedade de pessoas mais
complexa.
Os laços familiares estão aglutinados em torno de um conjunto de crenças e valores,
características estas que tendem a determinar modelos de gestão específicos a esse tipo de
organização. Além dos objetivos empresariais, as necessidades familiares demandam atenção,
sendo o processo de gestão uma consequência dessa mistura.
Ricca (1998) também aborda a questão quando interpreta que laços familiares em
conjunto com outros elementos determinam o direito de sucessão nos cargos de direção,
ficando esta como uma característica básica que distingue a empresa familiar das demais
organizações empresariais. Enfim, a característica essencial que diferencia a organização
familiar das outras empresas é a influência das relações familiares sobre o negócio. Essas
17
relações influenciam como a organização é regida, estruturada e transferida para a próxima
geração (Aronoff & Ward, 1995; Tagiuri & Davis, 1996).
Em um cenário marcado pelo dinamismo, gestores familiares resistentes a mudanças, a
rever modelos de gestão e a profissionalizar a organização podem representar um empecilho
ao desenvolvimento empresarial e até dificultar a sobrevivência da empresa (Casillas &
Moreno, 2010; Colli, 2013).
De acordo com Kotter (1997), existe uma lista de fatores que dificultam e impedem
que a organização perceba sua real situação de mercado e seu clima interno, podendo
prejudicar a sobrevivência do negócio como, por exemplo, falta de feedback externo acerca
do seu desempenho, sistemas errôneos de avaliação interna, otimismo elevado da alta
administração, ausência de crises visíveis, muito sucesso no passado, além de uma cultura
organizacional que busca evitar conflitos e más notícias. Corroborando com as
considerações acima, temos pesquisas acadêmicas e fóruns empresariais demonstrando
maior preocupação com aspectos relativos à continuidade e ao crescimento da organização
familiar e também como promover a longevidade desse tipo de negócio (Colli, 2013; Dana
& Smyrnios, 2010).
Kwasnicka (1986) ressalta que o crescimento da empresa é importante por dois
principais aspectos:
[...] Cria condições facilitadoras sob o aspecto financeiro, pois leva à demonstração externa
de vitalidade, que repercute favoravelmente no valor das ações, o que facilita a obtenção de
créditos e a gestão da empresa, dando condições para que ela cresça ainda mais; cria
condições facilitadoras sob o aspecto humano, pois é uma fonte de motivações pelo desafio a
enfrentar devido à confiança que os empregados depositam nos administradores (Kwasnicka, 1986, p 23).
Os gestores das organizações entendem que em um cenário de extrema
competitividade, a busca pelo crescimento é apenas uma das formas para se manter no
mercado. Dessa forma, para crescer de forma constante e evitar a estagnação, a organização
18
deve aprender a ampliar e estender seus negócios, alongar sua fase de expansão, organizar e
estruturar suas práticas gerenciais a partir de critérios mais profissionais, acumular e aplicar
novos conhecimentos para novos produtos e mercados mais rápido que os concorrentes
(Krogh & Cusumano, 2001).
Temos visto diversos contextos – sociais, econômicos, políticos e culturais –
experimentarem mudanças constantes (Silva & Rossetto, 2007); a globalização figura como
uma marca perene em nosso cotidiano, além do imediatismo que norteia o comportamento,
inclusive empresarial, culminando em um mercado cada vez mais exigente e mutável
(Oliveira & Papa, 2009). Assim sendo, mesmo as grandes corporações que, na maioria das
vezes foram originadas de pequenos negócios, têm na busca pelo crescimento um dos maiores
objetivos, principalmente, motivados pelo interesse de aumentar seus lucros e ver seu negócio
prosperar como resultado de seus esforços e estratégias (Poza, 1988).
Diante do contexto de necessidade de sobrevivência e crescimento como forma de
consolidação no mercado, não cabe às organizações outra alternativa senão a de iniciar um
processo de adoção de modelos de gestão mais sistemáticos e menos informais, que permitam
aumentar sua sobrevida e sua competitividade (Boyatzis, 1982; Brandão & Guimarães, 2002;
Durand, 1998; Fleury & Fleury, 2001; McLagan, 1997; Ruas, 2003).
A organização familiar está entre as mais afetadas pela globalização de acordo com
Macedo (2002), pelo fato de possuírem menor condição competitiva em relação aos grandes
conglomerados internacionais que, em muitos casos, obtêm vantagens fiscais, conseguindo
estipular preços que não podem ser praticados por essas empresas (Bueno & Domingues,
2011). Dessa maneira, a busca pela profissionalização da gestão representa um passo
fundamental para a manutenção das organizações no mercado, considerando que rotinas e
processos podem ser melhor operados, levando a uma maior eficiência (Kipper, Frozza,
Mariani & Machado 2013), reduzindo custos com retrabalho, erros fiscais que remetem a
19
ocorrência de multas, além da otimização nos fluxos de trabalho que também impactam nos
custos de colaboradores / horas de trabalho.
Ratificando essa tendência pela busca da profissionalização, muitas organizações que
atuam no segmento de varejo vivenciam atualmente um grande dilema, uma vez que tiveram
início como pequenas empresas, administradas de maneira informal, concentrando o processo
decisório nas mãos dos próprios fundadores e familiares e, mesmo assim, alcançaram níveis
elevados de crescimento e atingiram um patamar em que não é mais possível manter o
tradicional sistema familiar e informal de gestão (Ceribeli, Merlo & Morais; 2010, Dana &
Smyrnios, 2010).
Os desafios tornam-se mais complexos e à medida que essas empresas crescem, a
necessidade de controle de cada atividade operacional perde espaço para a necessidade de
planejamento de médio e longo prazo (Dana & Smyrnios, 2010). A estrutura de gestão
informal não alcança os resultados necessários e, ao mesmo tempo, sobrecarrega os sócios
da empresa ficando clara a necessidade de profissionalização desse segmento (Ceribeli,
Merlo & Morais; 2010).
A administração mais profissionalizada da empresa familiar também é defendida por
Sonfield and Lussier (2004), como forma de tornar e manter esse tipo de organização
competitiva. Para isso, os autores sugerem a contratação de profissionais qualificados e, não
necessariamente, da família. Também demonstraram em suas pesquisas que o crescimento
verificado nesse tipo de empresa tem forte relação com a utilização de consultores,
conselheiros e demais serviços profissionais especializados (Lee, 2006; Sonfield & Lussier,
2004).
Outro aspecto não menos importante para esses empreendedores é o fato de deixarem
um legado (O’Hara, 2004). A ideia de perpetuarem seus nomes e princípios, motivam
empreendedores a buscarem o melhor para o negócio e exigem isso de todos os outros que
20
estão envolvidos. Walsh and Glynn (2008) analisam o legado organizacional e comentam
sobre a importância dos líderes na criação e na sua perpetuação. Esses líderes seriam
responsáveis por dar sentido aos eventos do passado e levá-los a construir o futuro. Para
esses autores, o legado pode ocorrer na forma tangível, como os artefatos ou as
propriedades; e na forma intangível, tais como as tradições, as normas culturais, as crenças
ideológicas ou os atributos de identidade.
Todavia, segundo Barroso (2013), os valores que emergem dos novos gestores que
estejam na organização para favorecer o processo de profissionalização, podem levar a um
embate, mesmo que simbólico, com a imagem e a herança e visão do fundador.
O tema profissionalização nas organizações familiares talvez ainda não tenha merecido,
por parte dos pesquisadores, o interesse de pesquisa necessário para permitir conclusões
definitivas sobre sua importância no processo de crescimento e sobrevivência das empresas
familiares. Em levantamento realizado no mês de agosto de 2015, no Portal de Periódico da
Capes, foram encontrados 212 artigos que abordavam a temática da empresa familiar. A busca
foi realizada por palavra-chave (Empresa Familiar) nos títulos de artigos publicados nos
últimos 20 anos. Destes, contudo, apenas quatro trabalhos associaram, tal como aqui
proposto, às empresas familiares a temática sobre profissionalização (Barroso, 2013; Oliveira
& Papa, 2009; Oliveira, Albuquerque & Pereira, 2010; Uller, 2002). Ainda assim, eles
voltavam-se a contextos distintos ao aqui de interesse. Por exemplo, Oliveira, Albuquerque e
Pereira (2010) abordaram tais temáticas no âmbito da família multigeracional. Barroso
(2013), por sua vez, inseriu-as em análise sobre a influência do fundador no modelo de
gestão. Oliveira e Papa (2009) consideraram-nas no contexto da cultura da organização.
Finalmente, Uller (2002) investigou o modelo de gestão de uma grande indústria do segmento
alimentício.
21
Mesmo no cenário internacional há escassez. Em pesquisa realizada no Web of Science,
somente seis trabalhos associaram profissionalização às empresas familiares (ver: Blasco-
Martel; Dekker , Lybaert, Steijvers & Depaire, 2015; Lien, Li, 2014; Lissoni, Pereira,
Almeida & Serra; Yildirim-Öktem & Üsdiken 2010; Stewart & Hitt, 2012). A busca foi
realizada pela combinação das palavras-chave (professionalization and family businesses) nos
títulos dos artigos. Ainda assim, nenhum deles enfatizou o tema da profissionalização de
empresas familiares sob a perspectiva da necessidade de crescimento e diversificação da
concorrência, situação do país e suas políticas tributárias e membros da segunda geração
assumindo cargos de direção estimulando a adoção de novas práticas de gestão, tal como foi
neste trabalho analisado.
Stewart and Hitt (2012) salientam que as empresas familiares seriam mais eficazes se
gerenciadas de maneira profissional. Diversas razões estão associadas à decisão de
profissionalizar uma empresa. Para Dyer (1989), a mais comum é a falta de talento em gestão
no seio familiar. Às vezes, faltam, nas organizações familiares, competências gerenciais
relacionadas às diferentes áreas funcionais. Ainda, segundo o autor, fatores como necessidade
de mudança na cultura organizacional e os desafios postos pelo processo sucessório devem ser
considerados. Como exemplo, pode-se citar a situação em que o fundador planeja se aposentar
e não identifica, nos sucessores, competências requeridas para gestão do negócio ou
identificar a necessidade de os membros da família precisarem de treinamento adicional para
conduzir os negócios (Dyer, 1989).
De acordo com pesquisa realizada por Motta e Silva (2006), o segmento
supermercadista apresentaria mudanças interessantes que certamente iriam representar uma
nova dinâmica para aquele segmento. Passados alguns anos, essas mudanças se confirmaram,
como: globalização das grandes redes supermercadistas, consolidação das redes de
supermercados, surgimento de novos formatos varejistas, desenvolvimento de marcas
22
próprias, constituição de centrais de negócios por parte de pequenos varejistas, concorrência
entre varejistas de configurações distintas e implementação do varejo on-line.
O ambiente é extremamente competitivo e ao se ter organizações familiares
empenhadas nos desafios da continuidade e perpetuação do negócio, deparam-se com a
necessidade de alterar seus métodos de trabalho e modelos de gestão (Dana & Smyrnios,
2010; Klein, Pieper & Jasciewicz, 2005; Miller & Steier 2003; Zahra, Hayton, & Salvato,
2004). Esses aspectos embasaram os objetivos deste trabalho.
Os desafios relativos à complexidade dos elementos que permeiam as empresas
familiares, além de afirmações que mostram que ainda são poucas as evidências empíricas dos
benefícios da profissionalização (Stewart & Hitt, 2012), a necessidade de mais estudos
empíricos sobre a matéria (Stewart & Hitt, 2012), a fraqueza de evidências relacionadas à
gestão profissional de empresas em crescimento e, por fim, a própria necessidade de mais
estudos para o entendimento do conceito de profissionalização (Dekker, Lybaert, Steijvers,
Depaire & Mercken, 2012) remeteram à seguinte pergunta norteadora do trabalho: Quais são
os principais fatores internos e externos que pressionaram a organização, objeto de estudo
nesse trabalho, em direção à profissionalização?
Dessa forma, o objetivo geral desta pesquisa é analisar o processo de profissionalização
de um grupo supermercadista familiar do interior de Minas Gerais, considerando os fatores
internos e externos que a precederam e as ações delas decorrentes. A partir desse objetivo
geral foram definidos os seguintes objetivos específicos:
1 - Descrever e analisar os fatores internos e externos que estimularam o processo de
profissionalização do grupo.
2 - Descrever as ações que foram adotadas pelo grupo para lidar com as pressões do
contexto.
23
3- Analisar e estabelecer as relações de causa e efeito entre os fatores que estimularam a
profissionalização e as ações adotadas pelo grupo.
No próximo capítulo, será apresentado o referencial teórico que embasou a elaboração
do trabalho, indicando o modelo teórico que norteou a análise dos dados coletados. No
capítulo três, será apresentada a metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho.
No capítulo quatro, será abordada a descrição e análise dos dados e, por fim, serão apontadas
as conclusões e considerações finais, apresentando as limitações do estudo.
24
2 Referencial Teórico
Neste capítulo, serão apresentadas algumas discussões que permeiam a problemática da
profissionalização da empresa familiar. Inicialmente, será descrito o que os autores da área
apontam como características das organizações familiares para, em seguida, abordar a
discussão do processo de profissionalização, privilegiando identificar os elementos internos e
externos que atuam como catalisadores desse processo. Por fim, a partir dos conceitos e
discussões, será elaborada uma moldura teórica que será utilizada para análise dos dados da
pesquisa.
2.1 Empresa Familiar: definições e características
As empresas familiares representam uma forma fundamental de organização econômica
(Beckhard & Dyer, 1983; Shanker & Astrachan, 1996) que responde por representativo
percentual de empregos, receitas e PIB em todo o mundo (Shanker & Astrachan, 1996; Mock,
Strangeland & Yeung; Zacharakis & Meyer, 2000). No Brasil, apesar da dificuldade de se
encontrar dados precisos e mais atuais, estima-se que 90% das empresas sejam negócios
familiares e, especificamente, entre as pequenas e médias empresas esse número seria ainda
maior, 99%. (SEBRAE, 2005). Pesquisa realizada pela PricewaterhouseCoopers em 2012
(https://www.pwc.com.br/pt/publicacoes/setores-atividade/assets/pcs/pesq-emp-familia-
13.pdf, recuperado em 29, outubro, 2015) revela que, entre as empresas classificadas como
familiares, as brasileiras tiveram um crescimento mais expressivo que a média global.
Dificuldades também são encontradas quando da definição de empresa familiar. São várias as
conceituações e abordagens encontradas na literatura sobre o tema. Uma discussão
interessante remete à ideia de que, de modo geral, todas as empresas foram familiares na
25
origem (Vidigal, 1996). Isto é, todas as empresas tiveram um fundador ou pequeno grupo de
fundadores, cujas ações ou cotas seriam provavelmente herdadas por seus filhos. Nesse
sentido, empresa e organização familiar podem ser consideradas formas similares de unidade
econômica. Davel e Colbari (2000) seguem uma linha semelhante ao considerar que a esfera
da vida pública relacionada ao trabalho não é totalmente desatrelada da influência da esfera
privada e da experiência familiar dos indivíduos. Sob esse aspecto, na visão dos autores, a
vida em organização e seus aspectos administrativos sempre serão influenciados pelo
complexo e dinâmico mundo da família.
Ao se tratar da constituição das empresas familiares, constata-se que muitos novos
empreendimentos são criados com o envolvimento da família e por meio da partilha de
recursos financeiros e humanos dos membros. Um estudo de novos empreendimentos que
receberam ajuda do Small Business Development Center, realizado por Chrisman, Chua &
Litz (2003), sugere que, aproximadamente, 80% desses empreendimentos apresentam as
características de empresa familiar. Um dos principais pontos que deve ser considerado
quando do intuito de definir uma organização como empresa familiar é entender que esse tipo
de organização deve abraçar simultaneamente as seguintes características: propriedade parcial
ou integral do capital de determinada família, influência familiar diretivo-estratégica,
influência ou identificação dos valores organizacionais com a família e decisão da família
proprietária sobre o processo sucessório (Silva, Fischer & Davel, 1999). Nesse último aspecto
– influência da família no processo sucessório – Lodi (1998) esclarece que a empresa familiar
“[...] é aquela em que a consideração da sucessão da diretoria está ligada ao fator hereditário e
onde os valores institucionais da firma identificam-se com um sobrenome de família ou com a
figura de um fundador” (1998, p.6).
Floriani and Rodrigues (2000) e Moreira (2006) defendem que a empresa familiar pode
ser percebida como um tipo de instituição social composta por duas outras, sendo seculares e
26
independentes: a família e a empresa. Ao se analisar de forma detalhada, percebe-se, no
entanto, que a empresa familiar é muito mais que essa junção. Consideradas um tipo
específico de organização, as empresas familiares caracterizam-se pela atuação da família na
condução de negócios, com diversos graus de interação entre os seus membros. Nesse sentido,
suas particularidades reforçam a necessidade de compreender a natureza de suas
problemáticas (Borges, Lima & Tavares, 2008; Lambrecht, 2005).
Uma dessas problemáticas relaciona-se ao comportamento grupal. Na empresa familiar,
percebe-se uma força propulsora baseada na manutenção de sua unidade que busca, por
conseguinte, a repressão ou negação do conflito interno. Nesse sentido, torna-se evidente a
importância do consenso para se lograr desenvolvimento. Nas demais organizações, que não
mais são geridas por grupos familiares ou foram profissionalizadas, tem-se a dinâmica
fundamentada na competição. Ou seja, nas organizações familiares prevalece a cultura interna
baseada no consenso e na unidade da família, enquanto a realidade externa é marcada pela
competição (Miller & Rice, 1988).
Gersick et al. (1997) citam algumas características e desafios que são verificados nas
diferentes fases das empresas familiares de acordo com cada um de seus atores, que eles
denominam de: proprietário-controlador, sociedade entre irmãos e consórcio de primos.
Segundo esses autores, pode-se dizer que a fase 1, que envolve o proprietário controlador, é
aquela caracterizada pela administração do fundador principal. Nessa fase, os principais
problemas enfrentados pelo gestor se referem à capacidade de consolidar a organização e
permitir sua longevidade.
A segunda fase, composta pela sociedade entre irmãos, tem como característica
principal o fato de dois ou mais irmãos possuírem o controle do capital e, portanto, da
administração do negócio. Os desafios aqui se referem ao próprio compartilhamento da gestão
e a criação de formas de controle entre os irmãos. O consórcio de primos representa a terceira
27
fase das empresas familiares. Nessa fase, as principais características associam-se ao controle
acionário por muitos primos e a existência entre os acionistas daqueles que possuem funções
na empresa e outros sem cargos específicos.
Segundo Chrisman, Chua and Litz (2003), os primeiros pesquisadores nessa área de
empresas familiares concentraram-se na abordagem dos componentes do envolvimento
familiar, que eram basicamente propriedade, governança, gestão e sucessão dentro da família.
Contudo, recentemente, os pesquisadores chegaram à conclusão de que esses componentes de
envolvimento da família não são suficientes para determinar se uma empresa é familiar ou
não. Se uma organização com os ditos componentes não possui outras características
essenciais, ela não será considerada uma empresa familiar.
Donnelley (1964) elenca exemplos dessas características essenciais como, por exemplo,
a forte valorização da confiança mútua, independente de vínculos familiares (exemplos são os
“velhos de casa” ou ainda “os que começaram com o velho”); a existência de laços afetivos
extremamente fortes influenciando os comportamentos, relacionamentos e decisões da
organização; a valorização da antiguidade como um atributo que supera a exigência de
eficácia ou de competência; a exigência de dedicação (“vestir a camisa”) caracterizada por
atitudes tais como não ter horário para sair, levar trabalho para casa, dispor dos fins de
semana para convivência com pessoas de trabalho; a postura de austeridade seja na forma de
vestir, seja na administração de gastos; a expectativa de alta fidelidade, manifestada por meio
de comportamentos como não ter outras atividades profissionais não relacionadas com a vida
da empresa; a existência de dificuldades na separação entre o que é emocional e racional,
tendendo mais para o emocional; assim como a existência de jogos de poder, em que muitas
vezes mais vale a habilidade política do que a capacidade administrativa.
28
O Quadro 1 abaixo, resgata e sintetiza algumas definições teóricas sobre empresas
familiares e seus respectivos autores.
Definições teóricas Autores de Interesse
A empresa familiar caracteriza-se pela associação de sua
origem e história a de uma família, assim como seu comando
se dá por gerações de membros dessa mesma família.
(Bernhoeft, 1989; Donnelley, 1964, 1967;
Lodi, 1998).
A empresa familiar remete a uma organização cuja
propriedade ou comando pertence a dois ou mais membros
de uma família. Esses membros interferem diretamente no
funcionamento do negócio, o qual passa de uma geração para
outra.
(Longenecker, Moore &Petty, 1998)
Trata-se de uma organização cuja propriedade ou gestão
administrativa é controlada por uma ou mais famílias. Os
membros dessas famílias constituem parte do quadro de
funcionários da empresa, geralmente ocupando cargos de
direção.
(Gélinier & Gaultier, 1975; Petry, 2005)
A empresa familiar refere-se ao negócio em que a
propriedade ou a gestão (controle) pertence a uma família.
(Lee, 2004)
Uma empresa familiar se caracteriza por uma gestão de
caráter burocrático, pouco transparente e centralizada no que
tange ao papel do fundador na tomada de decisão.
(Grzybovski, 2002)
Os negócios familiares são diferentes das demais empresas
na medida em que nelas a família influencia diretamente no
cotidiano e no futuro da organização.
(Steier & Ward, 2006)
Empresas familiares são aquelas em que a família é
proprietária do capital majoritário e que seus membros
ocupam cargos diretivos.
(Gallo & Lacueva, 1993; Gracioso, 1998;
Lanzana & Constanzi, 1999; Tagiuri &
Davis, 1996)
A caracterização de uma empresa como familiar perpassa por
uma série de critérios, tais como: posse familiar da empresa,
gestão por membros da família, envolvimento de membros
na operação do negócio, passagem da propriedade e controle
por gerações.
(Heck & Trent, 1999; Upton & Heck,
1997; Wortman, 1994;)
A empresa familiar tem como base uma família empresária,
ou seja, um grupo de pessoas de mesmo sangue ou não que
oferecem suporte emocional e estratégico ao negócio.
(Tondo, 2008)
Uma empresa familiar se constitui sempre que duas ou mais
pessoas de uma mesma família passam a trabalhar juntas em
um negócio cuja propriedade pertence a pelo menos um
deles.
(Flemming, 2000)
Empresa familiar é aquela que é dirigida ou gerida numa base
de transmissão de geração em geração, sendo propriedade de
uma única família ou de um pequeno número de famílias.
(Chrisman, Chua & Sharma 1999)
Quadro 1: Síntese das definições teóricas sobre empresa familiar e seus respectivos autores.
Fonte: Elaborado pelo autor.
29
Outro ponto a se considerar que favorece um melhor entendimento sobre a empresa
familiar é verificar os aspectos levantados pelos pesquisadores quanto às diferenças entre as
empresas familiares e empresas não familiares. Mesmo apresentando pontos bem próximos
dos já evidenciados, fica mais claro o posicionamento de cada tipo de organização e suas
principais diferenças.
O próximo quadro retrata a compilação de Cunha (2011) das diferenças entre as
empresas familiares e não familiares de acordo com seus paradigmas, suas características e
objetivos.
Empresas familiares Empresas não familiares
1. O seu propósito é a continuidade. 1. O seu propósito é maximizar no curto
prazo o valor das ações.
2. O objetivo é preservar os ativos e a reputação
da família.
2. O objetivo é conhecer as expectativas do
investidor institucional.
3. A fé (crença) fundamental tem como
prioridade proteger o risco de declínio.
3. A crença fundamental é que o maior risco
promete maior rendimento.
4. A orientação estratégica é a adaptação. 4. A orientação estratégica é o crescimento
constante.
5. O foco da gestão é a melhoria contínua. 5. O foco da gestão é a inovação.
6. Os mais importantes Stakeholders2 são os
clientes e os empregados.
6. Os mais importantes Stakeholders são os
Stakeholders e a gestão.
7. A empresa é vista como uma instituição
familiar.
7. O negócio é visto como um ativo
disponível.
8. A liderança é proteção. 8. A liderança é carisma pessoal.
Quadro 2 – O paradigma das empresas familiares e não familiares
Fonte: Cunha (2011)
Percebe-se pelo quadro acima que, apesar de haver uma clara inclinação para a
continuidade do negócio, a partir de práticas mais conservadoras como se proteger do risco do
declínio, tanto quanto uma gestão voltada para a melhoria contínua, as empresas familiares se
distanciam das organizações não familiares, uma vez que essas últimas assumem de forma
mais concreta estratégias para a maximização dos valores dos ativos e foco em um modelo de
gestão que privilegia as inovações. De maneira geral, o negócio familiar possui normas,
2Termo em inglês que significa: pessoas, grupos ou organizações que podem impactar ou serem impactados por decisões, atividades ou
entregas do projeto PMBOK (2008).
30
princípios e obrigações que revelam a sobreposição da família ao negócio (Kepner, 1983;
Sonnenfeld & Spence, 1989; Harvey & Evans, 1994). Para Alizadeh (1999), os interesses da
família tendem a ter um forte impacto sobre o funcionamento do negócio e, por isso mesmo,
podem surgir problemas, uma vez que as relações entre os membros desse tipo de organização
nem sempre são tranquilas.
Para Gonçalves (2000), é relativamente fácil observar a existência de valores da família
proprietária na instituição empresa. Para o referido autor, as famílias são grupos sociais que
desenvolvem valores culturais próprios, integrando-se em grupos maiores, que também
constroem suas culturas, tudo isso variando no tempo e no espaço. Consequentemente, deve-
se reconhecer que não existe “família”, mas sim “famílias”, ou seja, não há um único modelo
de organização familiar, mas numerosos modelos específicos e diferentes estilos gerenciais
caracterizados por particularidades culturais da família e do seu contexto sócio-histórico
(Grzybovski, Hoffmann & Muhl, 2006).
Benson, Crego and Drucker (1990) ressaltam que erros cometidos na gestão do negócio
ou das relações internas - as dificuldades de gestão ou de convivência interpessoal em
empresas familiares - são decorrentes da excessiva influência do subsistema família sobre o
negócio. A natureza do negócio pode muitas vezes contradizer a natureza da família. O
relacionamento entre membros de uma mesma família é pautado de relações emocionais e
afetivas, enquanto espera-se que as relações nas organizações sejam caracterizadas pelo
profissionalismo e objetividade (Lee, 2006). As implicações negativas ao desempenho
empresarial das organizações consideradas familiares são amplamente divulgadas na
literatura. Em pesquisa realizada por Cerdan and Hernández (2013) no setor industrial de
Murcia na Espanha, por exemplo, com 581 empresas de pequeno e médio porte, foi
identificado que organizações familiares com gestão familiar são menores, possuem menos
31
recursos e retorno inferior. Em termos empresariais, o tamanho pode ser uma importante
variável para se competir no mercado.
Em resumo, quando analisamos a literatura que discute a empresa familiar, suas
características, peculiaridades, pode-se perceber que alguns temas se sobressaem nas
pesquisas como propriedade e comando por parte de membros de uma mesma família ou
grupo familiar, fronteiras tênues entre os valores familiares e organizacionais, existência de
laços afetivos fortes, importância do processo sucessório geracional, dentre outros. Além das
particularidades desse tipo de organização, a literatura da área também apresenta algumas
problemáticas inerentes a esse tipo de organização. A questão da sua profissionalização é uma
delas, discutida a seguir.
2.2 A questão da profissionalização no contexto das empresas familiares
A literatura sobre profissionalização de empresas não é recente. Trabalhos publicados
por Benedict (1968), Bernhoeft (1987) e Douglass (1992) já salientavam a relevância da
temática. Embora tenha evoluído ao longo dos últimos anos, ainda não se pode dizer que há
consenso sobre o assunto. Existem diversas definições possíveis sobre o que é profissional,
profissionalização e suas implicações. Ricca (2006) chega a considerar essas palavras como
mágicas. Usualmente associado à mudança estrutural, o processo de profissionalização
envolve transformações nas relações de autoridade da empresa, nas normas de legitimidade e
nos incentivos (Gedajlovic, Lubatkin, & Schulze, 2004; Giovannoni, Maraghini & Riccaboni,
2011).
Rocha (2001), por exemplo, considera a profissionalização um processo de evolução
rumo a maior formalidade, expressa no desenvolvimento da estrutura organizacional. Isso
implica critérios mais claros e bem definidos para a capacitação de profissionais, entre outros
32
fatores. A profissionalização presente nos processos de desenvolvimento e crescimento das
empresas as tornam capazes de reagir com maior grau de eficácia e eficiência aos desafios do
ambiente organizacional (Rocha, 2001).
Costa e Batista (2003), Lodi (1989) inserem-se nessa linha de raciocínio. Segundo os
autores, profissionalização é o processo pelo qual uma organização familiar ou tradicional
assume práticas administrativas mais racionais, modernas e profissionais. Isso implica a
adoção de um conjunto de regras e critérios, a troca de métodos intuitivos impessoais e a
substituição de velhas formas de recrutamento e seleção de pessoal. De fato, a
profissionalização refere-se a uma construção mais ampla que envolve mais do que a entrada
na gestão da empresa de um membro não familiar (Flamholtz & Randle, 2007; Hofer &
Charan, 1984). Investigada, principalmente na literatura de negócios, a profissionalização
tende a ser estendida para o contexto de desenvolvimento organizacional (Dekker et al.,
2012). Isso se deve ao fato de o termo acarretar outras dimensões, como a preparação formal,
valores meritocráticos, estruturas formalizadas, ou conselheiros independentes (Chrisman,
Chua & Sharma, 1999; Chua, Chrisman, & Bergiel, 2009; Tsui-Auch, 2004).
O Quadro 3, apresentado a seguir, apresenta cenário comparativo entre a forma de
gestão profissionalizada e a não profissionalizada quanto aos principais tópicos de interesse.
Tópico Gestão Profissionalizada Gestão não Profissionalizada
Desenvolvimento Desenvolvimento planejado baseado na
identificação de oportunidades e ameaças.
Desenvolvimento ad hoc,
principalmente baseado na experiência.
Orçamentos Critérios claros de resultados esperados e
distribuição de recursos.
Não explícitos; normalmente baseados
em sentimentos.
Inovação Privilegia-se a inovação orientada para o
crescimento com disposição a correr riscos
calculados.
Privilegiam-se as principais inovações,
correndo-se riscos desconhecidos.
Liderança Estilos inspirados na participação e na
consulta.
Estilos variados, desde os inspirados
em ordens até a intervenção.
Cultura Bem definida. Vagamente definida e orientada para a
família.
Resultados Lucros são resultados de metas pré-
estabelecidas.
Normalmente é uma consequência da
operação.
Organização Funções claramente descritas e
formalizadas.
Estrutura informal ou com pouca
definição.
Controle Sistema planificado e formal. Controle informal, ad hoc.
Quadro 3. Gestão profissionalizada versus não profissionalizada
Fonte: Cunha (2011)
33
O quadro anterior, em linhas gerais, permite observar que a gestão profissionalizada,
como o próprio nome indica, refere-se a métodos e práticas consolidados, os quais são
ensinados e replicados pelos especialistas na área. Já a gestão não profissionalizada,
caracteriza-se por ser mais empírica, ou seja, baseada na prática cotidiana e no conhecimento
“informal”. Não significa, entretanto, que não sejam esperados resultados concretos, mas a
conduta e as decisões são pautadas, prioritariamente, na percepção, no sentimento e intuição.
(Cunha, 2011).
Em estudo realizado com 523 empresas familiares na Bélgica, Dekker et al. (2015)
constataram-se opiniões distintas quanto à efetividade da profissionalização nos resultados da
empresa e sinalizam que mais deve ser pesquisado para que se alcancem consensos quanto ao
tema. No estudo em questão, grupos distintos pesquisados chegaram a conclusões divergentes
quanto à profissionalização. No caso, um primeiro grupo entende que a contratação de um
gerente externo para a organização tem influência negativa no desempenho da empresa. Um
segundo grupo considera que famílias geridas profissionalmente possuem desempenho
superior do que aquelas geridas por membros familiares. Um terceiro e último grupo de
estudos não encontra diferença significativa de resultado entre empresas familiares geridas
profissionalmente ou por familiares.
Especificamente no âmbito das empresas familiares, Pádua (1998) coloca que a
profissionalização inicia-se quando a organização deixa de ser um “negócio de família” para
se tornar uma empresa profissional, em que a separação entre a propriedade e a gestão torna-
se clara. Na essência das diversas definições, está a ideia da profissionalização como um
processo pelo qual empresas familiares tornam sua gestão mais atual e moderna, permitindo
que seja capaz de reagir com rapidez e eficiência ao movimento de seus concorrentes e ao
dinamismo do ambiente. Conforme definição de Lodi:
34
[...] é o processo pelo qual uma organização familiar ou tradicional assume práticas
administrativas mais racionais, modernas e menos personalizadas; é a adoção de um
determinado código de conduta num grupo de trabalhadores; é a substituição de métodos
intuitivos por métodos impessoais e racionais; é a substituição de formas de contratação de
trabalho arcaicas ou patriarcais por formas assalariadas (Lodi, 1989, p. 25).
Nesse sentido, o conceito de profissionalização da empresa familiar não se limita à entrada de
gestores externos (Dekker et al., 2012). Engloba o estabelecimento de estruturas de gestão
eficazes (Dekker et al., 2012; Flamholtz & Randle, 2007; Songini, 2006; Suáre & Martín,
2004; Yildirim-Öktem & Üsdiken, 2010), a nomeação externa de membros ao conselho
(Lane, Astrachan, Keyt, McMillan & Songini, 2006; Lien, Li, 2014; Stewart & Hitt, 2012;
Whisler, 1988; Yildirim-Öktem & Üsdiken, 2010), a delegação de controle e descentralização
da autoridade (Chua et al., 2009; Hofer & Charan, 1984), o estabelecimento de mecanismos
formais de controle financeiro (Chua et al., 2009; Flamholtz & Randle, 2007; Giovannoni,
Maraghini & Riccaboni, 2011; Perren, Berry & Partridge, 1998; Sonfield & Lussier, 2004;
Songini, 2006), o desenvolvimento de sistemas formais de recursos humanos (Dyer; Kok,
Uhlaner & Thurik, 2006; Flamholtz & Randle, 2007; Kopriva & Bernik, 2009; Tsui-Auch,
2004), entre outros fatores. A profissionalização de uma organização trata-se, portanto, de um
constructo multidimensional conforme podemos verificar na próxima definição.
Profissionalizar não é apenas criar uma estrutura organizacional copiada de algum manual de
administração, nem simplesmente entregar a administração dos negócios a um profissional. O
processo de profissionalização precisa iniciar-se pela família, pois ela detém todo o direito
sobre a vida ou morte da empresa (Martins, Vieira & Moura, 2014, p.123).
O Quadro 4, apresentado a seguir, expande a natureza dessa reflexão, por meio da qual
elencam-se diferentes concepções sobre profissionalização no contexto das empresas
familiares.
35
Proposições teóricas Autores de Interesse
A profissionalização é compreendida aqui como um
processo de governança em que o controle deixa de
ser exercido por membros da família detentora, e
passa às mãos de executivos, nesse processo
predominam, valores meritocráticos, estruturas
formalizadas, independência das decisões.
Gedajlovic et al. (2004) Chittoor and Das (2007),
Zhang and Ma (2009), Stewart and Hitt, (2012)
Barroso (2013).
A profissionalização não é apenas um ato por meio do
qual há uma formalização de uma nova liderança não
pertencente à família fundadora. Mais do que isso,
trata-se de um processo que demanda tempo de
maturação das reais transformações implantadas pelas
novas lideranças.
Vince and Broussine (1996), Barroso (2013)
A profissionalização orienta-se pela formalidade e
pela burocracia dos processos, em que a transparência
e o alinhamento dos perfis aos cargos são
direcionados pela capacitação, “vocação” e,
principalmente, por políticas e critérios menos
personalizados.
Oliveira e Papa (2009).
A profissionalização é o processo por meio do qual
uma organização pode implementar metodologias de
trabalho sistêmico, que permitem estruturar
estratégias coerentes para a realização dos objetivos
de negócios.
Giraldo (2001), Francisco and Galvis (2010)
A profissionalização é o processo pelo qual uma
organização familiar ou tradicional assume práticas
racionais e modernas, menos personificadas.
Freitas e Frezza (2005), Freitas e Barth (2010).
A profissionalização é compreendida, como um
processo em que o poder decisório formal é
transferido, no todo ou em parte, para executivos não
pertencentes à família fundadora, os quais passam a
possuir a incumbência de garantir a perpetuação da
empresa.
Chittoor and Das (2007), Hall and Nordqvist
(2008), Barroso (2012).
Profissionalização geralmente pode ser definida como
o processo por meio do qual os gerentes profissionais
tornam-se parte dos negócios da família em nível de
propriedade e gestão.
Giovannoni, Maraghini and Riccaboni,( 2011)
Quadro 4: Síntese das proposições teóricas sobre profissionalização de empresas, associadas aos autores de
interesse.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Stewart and Hitt (2012) salientam que as empresas familiares seriam mais eficazes se
gerenciadas de maneira profissional. Diversas razões estão associadas à decisão de
profissionalizar uma empresa. Para Dyer (1989), a mais comum é a falta de talento em gestão
no seio familiar. Às vezes, faltam, nas organizações familiares, competências gerenciais
relacionadas a marketing, finanças, contabilidade e outras áreas gerenciais. Ainda segundo o
autor, fatores como necessidade de mudança das normas e valores e desafios associados à
sucessão da liderança devem ser considerados. Alguns exemplos emergem daí. O líder
36
fundador pode querer se aposentar, e identificar a necessidade de os membros da família
precisarem de treinamento adicional ou ainda verificar a inabilidade da família em conduzir
os negócios (Dyer, 1989).
Há estudos que indicam que a sobrevivência de empreendimentos familiares tem forte
relação com um processo sucessório bem sucedido, com a profissionalização do quadro
dirigente e com a atenuação de conflitos entre integrantes da família (Maccari et al., 2006).
Fujioka (2002) corrobora com os pontos acima, além de destacar que tais pontos não estão
ligados ao tamanho da empresa.
Outro aspecto importante ressaltado por Bernhoeft (2004) é o de que o processo de
profissionalização deve abarcar a empresa de um modo geral, não se restringindo ao alto
escalão. Da mesma forma, deve-se começar pela família, já que, para o autor, a
profissionalização significa a introdução da racionalidade nas relações familiares. Em função
das mudanças provenientes do processo sucessório, o autor sugere o acordo societário como
instrumento da administração familiar.
Tomando como ponto o processo sucessório, pode-se verificar que a inclusão da
geração seguinte em escolas de negócios de alta qualidade (Benedict, 1968; Douglass, 1992;
Gilding, 2005; Pérez-González, 2006; Stewart & Hitt, 2012; Tsui-Auch, 2004; Tsui-Auch &
Lee, 2003), permite que haja o aprendizado de práticas de governança mais adequadas, a fim
de gerir as consequências da complexidade e crescimento com êxito, garantir a sobrevivência
e não perder oportunidades de crescimento que em muitas situações só poderiam ser
fomentadas por gestores profissionais (Daily & Dalton 1992).
De acordo com Dadamo (2013), possuir uma gestão profissionalizada é uma das
principais exigências para que as organizações possam se manter competitivas face ao
aumento constante da concorrência de mercado em todos os ramos de atividade. Para tanto, a
adoção, pelas organizações, de técnicas gerenciais científicas é essencial, como também
37
reduzir elementos da gestão relacionados a aspectos afetivos e familiares. Quando o negócio
cresce e se torna mais complexo, um dos elementos de gestão que se apresenta como
fundamental para o futuro da empresa familiar é sua capacidade tanto para manter e promover
os seus familiares mais capazes, como também oferecer opções de carreira atraentes para
selecionar e reter os melhores profissionais de fora da família (Dyer, 1989; Górriz & Fumás,
2011).
Alinhado às considerações acima, Dekker et al. (2012) acentuam que a
profissionalização da empresa e dos processos organizacionais é também decorrente do fato
de as empresas evoluírem ao longo do seu ciclo de vida, a complexidade das operações da
empresa aumentar, assim como a demanda por sistemas organizacionais de gestão mais
sofisticados e, como tal, há uma necessidade em direção à profissionalização da empresa.
Alguns autores tratam a profissionalização das empresas familiares como uma fase de seu
ciclo de vida, o que significa que a redução de gestores simplesmente por pertencerem à
família leva ao amadurecimento e contribui para a longevidade dessas organizações (Oliveira,
Albuquerque & Pereira 2010). Sonfield and Lussier (2004) demonstram em suas pesquisas
que existe uma forte relação entre a utilização de consultores, conselheiros e serviços
profissionais especializados com crescimento e prosperidade das empresas familiares. A
figura 1 apresenta o modelo de ciclo de vida da empresa familiar.
38
Figura 1: Ciclo de vida da empresa familiar
Fonte: Adaptado de Lodi (1989)
Para Lodi (1989), diferentemente de Dyer, (1989) e Górriz and Fumás, (2011) que
defendem que, no processo de crescimento, a empresa, para manter o ritmo, sente-se
pressionada para profissionalizar seus processos, no ciclo de vida da empresa familiar,
conforme figura acima, a decisão pela profissionalização ocorre na fase de declínio da
organização. A adoção de métodos profissionais de gestão, na visão dele, permitiria uma
intervenção estratégica e, dentre outras questões, minimizaria os problemas que levam à
decadência da empresa e permitiria a perpetuação do negócio.
Nesse sentido, profissionalizar a gestão parece ser uma das condições de sobrevivência
para as empresas familiares, uma vez que em um contexto de globalização dos negócios e a
entrada de novos concorrentes em todos os segmentos, a profissionalização parece representar
uma alternativa necessária e importante estratégia para a continuidade e competitividade da
organização (Macedo, 2002). A busca por oferecer respostas rápidas às mudanças e pressões
do ambiente, considerando que o cenário revela-se como de hipercompetição, levam as
organizações a ter que agir de maneira rápida e contínua para obter vantagens e minimizar o
movimento dos seus concorrentes (D’Aveni & MacMillan 1995).
39
Além do cenário citado acima, no caso brasileiro, cumprir exigências fiscais e
tributárias passou a ser um importante e necessário ponto para manter a organização
legalmente funcionando. No âmbito da contabilidade societária, foi publicado o Decreto 6.022
de 22 de janeiro de 2007 que institui o SPED – Sistema Público Eletrônico Digital que dispõe
sobre o envio de arquivos eletrônicos com informações fiscais e contábeis das empresas.
Muito mais do que ajustes contábeis, porém, ou recursos destinados à tecnologia, o SPED
representa uma mudança estrutural e, consequentemente, exige maior profissionalização das
equipes para melhor operar os processos e controles internos das organizações (Campos;
Oliveira & Gimenez, 2012). A consequência positiva da exigência de inclusão dos sistemas de
controle eletrônico foi que os gestores das organizações passaram a perceber um razoável
aumento do conhecimento sobre os negócios da empresa e melhorias gerais na gestão.
A necessidade de profissionalização nas empresas familiares relaciona-se, também, com
o avanço do estilo gerencial, em que a abordagem paternalista é substituída por um modelo
mais profissional (Sonfield & Lussier, 2004). Os mesmos autores defendem que essa
mudança de abordagem é condição necessária para suportar os eventos de crescimento da
empresa. Em outra consideração, identificada por Daily and Dollinger (1992), foi citado que
as empresas geridas profissionalmente confiavam mais em procedimentos de controle interno
do que as empresas geridas pela família. Considerando também que a gestão da empresa é
percebida pelos colaboradores a partir da sustentabilidade, crescimento e continuidade, a
profissionalização exerce influência significativa no processo de gestão, em que aos gestores
cabe entender a necessidade do processo de profissionalização. (Andrade; Lima & Antonialli,
2011).
Nesse contexto de discussão sobre a necessidade de profissionalização, faz-se
necessário explorar casos de organizações específicas. Tais casos nos permitem identificar os
fatores que desencadearam o processo, sejam eles internos ou externos. Altaf e Troccoli
40
(2010) estudaram o contexto do processo de profissionalização em uma empresa familiar,
Joalheria Meridiano. Como fatores internos que desencadearam esse processo, os autores
identificaram a necessidade de qualificar gerencialmente os herdeiros, de definição de órgãos
de governança corporativa e de definição de participação societária e/ou ingresso dos
herdeiros. Já no que diz respeito aos fatores externos, os autores identificaram como fatores
propulsores a chegada de empresas multinacionais ao país, a abertura do mercado e a
globalização.
Já Barroso (2012), estudou esse processo de profissionalização em uma grande empresa
familiar do segmento de varejo de alimentos. Enquanto internamente foram levantados fatores
associados à necessidade de suportar o crescimento interno, externamente as pressões eram
decorrentes da necessidade de acesso a recursos críticos e melhoria do desempenho
empresarial.
No caso do Grupo Randon, que iniciou um longo projeto de reestruturação nos anos 90,
Oliveira, Albuquerque e Pereira (2010) identificaram que a reformulação da estrutura
patrimonial, o ingresso de novos sócios e a entrada no nível 1 de governança corporativa da
Bovespa foram fatores internos que deflagraram o processo de profissionalização. Quanto aos
externos, os autores identificaram tanto o processo de crescimento de mercado quanto o de
internacionalização das atividades via exportação.
Oliveira e Papa (2009) analisaram o laboratório Hermes Pardini e identificaram que, a
partir do processo de profissionalização, a empresa estaria capacitada a responder com maior
grau de eficácia e eficiência aos desafios impostos pelo ambiente empresarial, cada vez mais
complexo e competitivo. Características similares foram identificadas no estudo de Castro e
Basques (2006) em uma empresa do cluster de Biotecnologia de Minas Gerais. Percebeu-se a
necessidade de inovação em produtos e processos como forma de tornar a empresa mais
41
competitiva. Isso se fez necessário em um contexto de intensa concorrência e da necessidade
de adotar modelos mais modernos de gestão.
Além dessas pesquisas, várias outras foram e continuam a ser desenvolvidas pelos
pesquisadores brasileiros e estrangeiros, com maior ou menor nível de detalhamento e em
organizações de diferentes portes. Eles contribuem para a compreensão sobre o quão
complexo é o processo, bem como as questões que lhes são subjacentes. Não existe uma
forma única de realizá-lo, ainda que similaridades possam ser observadas. A singularidade
dos casos é decorrente dos diferentes contextos, histórias, culturas e estratégias utilizadas por
cada organização.
O processo de profissionalização também é marcado por uma série de dificuldades. A
principal delas é resultado da natureza da organização familiar e decorre da tentativa de
separar os vínculos emocionais de afinidade e consanguinidade e o negócio (Davidoff & Hall,
1987; Fletcher, Helienek, & Zafirova, 2009; Hart, 1975; Watson, 1985). Associada à questão
anterior, está a dificuldade em delegar responsabilidades devido à falta de confiança, por parte
dos fundadores, quanto à condução das rotinas (Gallo & Amat; Urrea 2003; Gómez & López
2004). Miller, Lee, Chang & Le Breton-Miller (2008) enfatizam esse ponto ressaltando o fato
de que a autoridade, na maior parte das empresas familiares, é centrada apenas nos membros
ligados por parentesco, por medo de se perder o controle do negócio.
A dificuldade em identificar mudanças nos cenários externos e no ambiente também é
problemática na medida em que a organização familiar tende a acompanhar apenas seu
cotidiano, acreditando que tudo pode continuar sendo feito da mesma forma (Antognolli,
2008; Serna & Suarez, 2005; Ward, 2006).
A lealdade familiar aos empregados antigos também é outra grande dificuldade ou
impeditivo do processo de profissionalização. Uma vez que vários colaboradores participaram
e contribuíram para o sucesso do negócio, as organizações familiares direcionam esses
42
colaboradores a cargos e atividades que deveriam recair sobre profissionais mais capacitados,
inclusive vindos do mercado (Antognolli, 2008; Fletcher, Helienek & Zafirova, 2009; Serna
& Suarez, 2005; Ward, 2006). Outra questão seria o orçamento limitado que compromete o
investimento em formação e capacitação (Miller et al., 2008), bem como a ausência de um
trabalho alternativo para o proprietário, uma vez que, com o processo de profissionalização,
muito provavelmente haverá a necessidade de mudança geracional e sucessão do comando
(Fletcher, Helienek, & Zafirova, 2009).
Além disso, destaca-se como dificuldade do processo de profissionalização, o medo da
mudança tecnológica, uma vez que sentem, com a tecnologia da informação, perder controle
sobre os negócios da organização. Alguns gerentes e proprietários passam a conviver com o
temor da introdução de novas tecnologias e a decorrente necessidade de treinamento para
enfrentar os desafios organizacionais (Molly, Laveren & Dellof 2010).
Outro ponto relevante observado é que as organizações familiares tendem a se tornar
extensões de seus fundadores (Vera & Dean, 2005). Nesse sentido, o afastamento do fundador
implica abrir mão do poder e controle que possui sobre a organização (Davis & Harveston,
1998; Handler, 1990). Considerado uma das principais razões do fracasso institucional, a
sucessão familiar também se associa a outras dificuldades das empresas familiares rumo a sua
profissionalização.
Dentre essas dificuldades citadas, destacam-se os conflitos entre pais e filhos (Cerdan &
Hernández 2013; Dyer, 1986; Lansberg; Posso, 1999); as brigas entre irmãos (Cerdan &
Hernández 2013; Posso, 1999); os estados críticos de liquidez econômica (Posso, 1999); a
desmotivação dos membros familiares ou empregados (Posso, 1999); as tensões entre
membros da família (Flören, 1998; Kimhi, 1997; Posso, 1999; Vries & Miller, 1984); os
conflitos entre sócios não familiares (Dana & Smyrnios, 2010; Flören, 1998; Posso, 1999); a
comunicação inadequada (Posso, 1999) e a incapacidade de contratar e manter profissionais
43
de alta qualidade (Barnett & Kellermanns, 2006; Beehr, Drexler, & Faulkner, 1997; Stewart,
2003).
Martins, Vieira e Moura (2004, p. 122) chamam a atenção para outro elemento
dificultador do processo de profissionalização. Eles se referem às diferenças culturais entre a
gestão familiar e a nova gestão profissionalizada. Nas palavras dos autores,
De maneira geral, a história de uma organização em um processo de profissionalização da
gestão de uma empresa familiar é possível ocorrer perda de identificação com a empresa e
dificuldades associadas à reconstrução das identidades profissionais se a nova gestão tiver
concepções diferentes das existentes (Martins, Vieira & Moura, 2014, p.122).
Passada a barreira da natural resistência aos processos que desencadeiam mudanças
organizacionais, além das dificuldades e problemas levantados acima, outra consideração
importante no tocante à profissionalização é a dificuldade da organização familiar atrair,
recompensar e manter gerentes capacitados e experientes, uma vez que o mercado tende a
oferecer remuneração que não podem ser bancados pelas organizações familiares pequenas e
até de médio porte. (Barnett & Kellermanns, 2006; Beehr, Drexler, & Faulkner, 1997;
Stewart, 2003).
Lodi (1998) destaca que, por mais cuidadoso que seja o planejamento do processo de
profissionalização, os novos profissionais deverão ser integrados aos poucos e, com atenção,
uma vez que cada erro é uma afirmação que reforça o sistema predecessor, no sentido de
validar que aquele sistema estava correto.
A capacidade do profissional em interpretar uma orientação muito abstrata de seus
superiores será de suma importância no momento de traduzi-la numa linguagem concreta de
objetivos e metas para seus subordinados (Lodi, 1998). Esses profissionais devem saber
também que sua responsabilidade é muito maior que a autoridade que até então lhe foi
conferida. E essa autoridade só virá com o tempo e com o subjetivo conceito de confiança e
44
lealdade. Em suma, os mesmos devem ter consciência da estrutura política do poder dentro da
organização (Donnelley, 1964).
Lodi (1998) defende que parentes mais aptos para condução dos negócios podem e
devem permanecer na empresa. Dessa forma indica-se que a profissionalização da empresa
não significa exclusão completa de membros da família na gestão e no cotidiano de trabalho.
Se a profissionalização passa a ser a alternativa para a perpetuação do negócio, pode incluir
recursos e pessoas da família dirigente e, dessa maneira integrar gestores familiares e não
familiares.
De forma geral, concebe-se que o processo de profissionalização consiste em um
processo de transição em que naturalmente pode haver situações de aceitação, de
envolvimento, de entusiasmo, de rupturas, de resistências, de negações, de convencimentos,
de desligamentos, de reordenamento de grupos de interesse. Enfim, uma série de situações nas
quais os novos valores ainda não se consolidaram (Dana & Smyrnios, 2010). Não há um
período específico de duração desse processo de transição. Dada sua natureza e os processos
simbólicos que o cercam, este irá durar o tempo suficiente para a institucionalização dos
novos valores (Barroso, 2013; Scott, 2001).
Mesmo que os resultados positivos da profissionalização, em termos de
aperfeiçoamentos nos elementos de gestão e mesmo de desempenho organizacional, sejam
largamente difundidos, a possibilidade de insucesso também não pode ser descartada. Vários
são os motivos para a ocorrência de recuos no processo de profissionalizar empresas
familiares. Magretta (1998) Matthews, Moore and Fialko (1999) afirmam que uma das
principais causas do fracasso dessas empresas ao longo das gerações, está justamente na
inabilidade do fundador e, posteriormente, dos sucessores em lidarem com as questões
relacionadas com a família e a empresa.
45
Para Barroso (2013), não somente a competência técnica fará parte do perfil desejável
dos novos líderes. A competência cultural surge como uma importante condição para o
processo, uma vez que os novos líderes encontrarão um sistema simbólico já consolidado, por
meio do qual haverá rituais consagrados e entendidos como aqueles que são satisfatórios para
o grupo e tendo o fundador como referência principal.
Ao buscar elencar quais são os elementos mais comuns que estimulam e que dificultam
a profissionalização de empresas familiares, chegar-se-á aos fatores que foram descritos por
Muchon e Campos (1998). Como fatores estimuladores, os autores consideraram o tamanho
da organização, as mudanças que ocorrem no ambiente externo, o crescimento da família
aliados a conflitos de sucessão, a entrada de novos parceiros e os agentes financeiros. Os
autores ressaltam, também, que a saúde do fundador e a postura do proprietário completam
esse leque básico de fatores que figuram como forças propulsoras determinantes para a
profissionalização.
Na outra ponta desse mesmo contexto, são apresentadas as forças que são restritivas e
que figuram como obstáculos para o processo de profissionalização, conforme seguem:
centralização do poder, a desconfiança quanto aos profissionais que irão ingressar na
organização, fato que também irá levar os atuais sócios e gestores a mudar seu papel dentro da
empresa. Por fim, consideram, também, que os laços e o nome da família além da postura do
proprietário e principal dirigente atuam como forças restritivas ao processo de
profissionalização.
A seguir temos o esquema que ilustra as considerações acima, baseadas nas pesquisas
realizadas por Muchon e Campos (1998).
46
Figura 2 - Forças propulsoras e restritivas à profissionalização
Fonte: Muchon e Campos, (1998)
Uma vez desencadeada a profissionalização, é natural que uma emergente estrutura de
poder seja formada com os novos controladores ou gestores profissionais (Dana & Smyrnios,
2010). Contudo, sabe-se que coesões, anteriormente desenvolvidas e acomodadas no antigo
modelo de gestão, tendem a criar resistências a partir de instrumentos simbólicos e/ou
informais. Dessa forma, opositores ao novo modelo de gestão, muitas vezes não declarados e
silenciosos, poderão boicotar projetos e diretrizes, o que irá exigir estratégias e novas posturas
para lidar com um ambiente de resistência às mudanças (Barroso, 2013).
Nesse sentido, podemos considerar a profissionalização em empresas familiares como
um momento delicado. Uma possível ruptura com os ideais e os valores familiares pode
desencadear trajetórias conturbadas, tanto do ponto de vista econômico-financeiro como no
aspecto comportamental (Barroso, 2012; Miller & Steier, 2004). Portanto, o processo de
profissionalização não pode ser considerado algo simples (Miller & Steier, 2004), na medida
em que, de certa forma, reduz a importância do legado do fundador (Barroso, 2012). Para o
corpo funcional, esse legado foi o que sempre definiu a trajetória organizacional e os
Nível atual de gestão
familiar / profissional
47
comportamentos individuais e coletivos, o que, normalmente, tende a gerar posturas de
rejeição ao novo contexto (Barroso, 2013).
Tendo em vista a literatura sobre empresas familiares e, principalmente, sobre o
processo de profissionalização, foi elaborado um modelo teórico-analítico que orientou a
realização da pesquisa, mais especificamente, a análise de caso estudado.
Figura 3 – Modelo teórico para análise do processo de profissionalização
Fonte: Elaborado pelo autor a partir do referencial teórico.
A moldura teórica busca retratar os elementos que determinam o processo de
profissionalização das organizações, as ações daí decorrentes e os resultados auferidos.
Tomando como base a literatura, buscou-se sintetizar os fatores externos e internos que
podem atuar como estimuladores para a profissionalização da empresa em questão. Quanto
aos fatores externos, é importante citar os avanços tecnológicos uma vez que vêm ao encontro
da necessidade da empresa de otimizar processos e rotinas. Dessa forma, tem-se nas
ferramentas de gestão de cunho tecnológico a possibilidade de alcançar esse objetivo. O
48
aumento da competição é visto por Campos, Oliveira e Gimenez, (2012), Dadamo (2013) e
Macedo (2002), como uma das razões para profissionalizar a gestão e, assim, manter a
empresa competitiva no mercado.
Quanto aos fatores internos, temos a necessidade de preparação dos herdeiros uma vez
que, conforme Dyer (1989), é comum a falta de talento ou formação em gestão de membros
da família. Considerando que as empresas evoluem ao longo do seu ciclo de vida, a
complexidade de suas operações também aumenta. Dekker et al. (2012) concordam que,
assim, há demanda por sistemas organizacionais de gestão mais sofisticados. Por fim, a
reformulação da estrutura patrimonial figura como um dos fatores internos a serem
considerados, uma vez que conforme Magretta (1998); Matthews, Moore and Fialko (1999)
uma das principais causas do fracasso das empresas familiares ao longo das gerações, está
justamente na inabilidade do fundador, e posteriormente, dos sucessores em lidarem com as
questões relacionadas com a família e a empresa A mudança na relação família/empresa
inevitavelmente ocorrerá quando do processo de profissionalização, bem como nos processos
de mudança geracional e sucessão do comando (Fletcher, Helienek, & Zafirova, 2009).
No próximo capítulo, será apresentada a metodologia que norteou a elaboração do
trabalho de pesquisa.
49
Metodologia
3.1 Método e natureza da pesquisa
Conforme exposto na introdução desta dissertação, buscou-se neste trabalho analisar o
processo de profissionalização de um grupo supermercadista familiar do interior de Minas
Gerais, considerando os fatores internos e externos motivadores e as ações decorrentes. Parte-
se do entendimento de que a profissionalização implica, na maior parte das vezes, em
mudanças expressivas para a organização, na medida em que significa a adoção de outras
formas de pensar e organizar os processos, a gestão, a estrutura, dentre outros.
A profissionalização de uma empresa é um processo complexo e peculiar a cada
contexto organizacional (Barros & Prates, 1996; Estol & Ferreira, 2006). Evidências
empíricas sobre os seus benefícios são comprovadas, (Stewart & Hitt, 2012), mas os mesmos
autores destacam que a profissionalização é um processo multidimensional, o que exige mais
investigações e refinamento das conclusões obtidas até o momento. Já Muchon e Campos
(1998), salientam que a profissionalização representa um dos processos de mudança no
modelo de gestão de mais forte impacto na vida de uma empresa. A partir dessas
considerações, dentre outras evidências da importância do processo de profissionalização, faz-
se pertinente investigá-lo mais a fundo.
Inicialmente, foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica em torno de questões que
envolvem a problemática da empresa familiar e os elementos motivadores da sua
profissionalização. Para Gil (2010), a pesquisa bibliográfica é fundamental no trabalho de
pesquisa porque permite ao pesquisador entender o estado da arte sobre a questão, além de
possibilitar o acesso a contribuições de estudos já existentes. Essa construção do estado da
arte permite o estabelecimento de um modelo teórico inicial de referência, auxiliando na
50
determinação das variáveis e a elaboração do plano geral da pesquisa (Marconi & Lakatos,
1999).
O método de pesquisa utilizado neste trabalho foi o estudo de caso, de natureza
qualitativa. Minayo (1999) explica que a pesquisa de caráter qualitativo se caracteriza pela
busca de compreensão, em profundidade, de aspectos inerentes à realidade social que é ao
mesmo tempo individual e coletiva. Trata-se de uma abordagem adequada quando se pretende
investigar uma realidade social complexa que não pode ser expressa numericamente
(Eisenhardt, 1989; Greenwood, 1973; Yin, 2001). Outro pressuposto da pesquisa qualitativa é
obter dados sobre pessoas, lugares e processos, a partir do contato direto do pesquisador
(Godoy, 1995; Selltiz, Jahoda, Deutsch & Cook, 1963; Soy, 1998).
Optou-se por realizar um estudo de caso único (Gil, 2010). Acredita-se que o estudo de
caso seja o mais adequado para essa pesquisa, uma vez que, conforme Godoy (1995) e Yin
(2001), consiste em uma metodologia que permite o aprofundamento sobre um contexto
específico, suas particularidades e relações com o todo que o circunda. Elencou-se como
objeto de estudo uma rede supermercadista de médio porte do interior de MG que possui
origem e controle familiar e está na segunda geração de comando. A empresa possui 08
unidades e irá inaugurar sua nona loja em 2015. A escolha da empresa para o
desenvolvimento da pesquisa deu-se por duas questões principais.
A primeira delas refere-se à acessibilidade, tendo em vista ser o pesquisador funcionário
da organização e ter recebido uma resposta positiva da empresa quando da proposta do
estudo. A segunda, refere-se às mudanças vividas pela empresa. A inclusão dos membros da
geração seguinte em escolas de negócios de alta qualidade aliada ao aumento da
complexidade das operações da empresa decorrente do seu crescimento, à pressão da
demanda por sistemas organizacionais de gestão mais sofisticados em virtude, inclusive da
51
necessidade de se atender exigências fiscais e tributárias, tem obrigado a empresa a adotar
métodos mais profissionais de gestão.
3.2 - Procedimentos para coleta e análise dos dados
O levantamento dos dados para se analisar o processo de profissionalização da empresa
em questão se deu a partir de três elementos: análise documental, observação participante e
entrevistas semi-estruturadas.
No que diz respeito à análise documental, o pesquisador foi autorizado a realizar
consultas nos documentos e nos registros de arquivos da organização, principalmente os do
setor de recursos humanos. Tal setor mantém arquivos com informações sobre horas de
treinamento, investimento em reais, relatórios referentes às pesquisas de reação e
aproveitamento das equipes quanto aos treinamentos ministrados – material relevante quando
se pesquisa profissionalização. Acredita-se que essa fonte de evidência contribuiu bastante
para o trabalho, uma vez que conforme Yin (2001), documentos podem proporcionar outros
detalhes específicos de maneira que venham a validar as informações oriundas das outras
fontes de evidência.
No que se refere à observação participante, o pesquisador teve a oportunidade de avaliar
o processo do ponto de vista de alguém “interno”, o que não significou a ausência do
distanciamento necessário para a realização de uma pesquisa científica. A principal vantagem
da observação é a percepção direta dos elementos que permeiam o processo de investigação.
É uma técnica que faz uso dos sentidos para obtenção e avaliação de determinados aspectos
da realidade, ou seja, consiste em ver, ouvir e examinar os fenômenos que o pesquisador
pretende investigar no momento em que estes acontecem (Gil, 2010).
52
Contudo, a principal forma de coleta de dados foram as entrevistas, com roteiros semi-
estruturados. Os roteiros foram elaborados com base no modelo teórico para análise dos dados
apresentado no capítulo de referencial teórico, direcionados aos sócios fundadores, aos filhos
de um dos sócios fundadores que ocupam cargos de gestão na empresa e para duas gerentes
não familiares. As entrevistas foram registradas com um gravador, com permissão dos
entrevistados e transcritas de forma a preservar a integridade dos dados e facilitar a análise do
seu conteúdo.
As entrevistas foram agendadas previamente por meio de contato direto com os
entrevistados, uma vez que estão na empresa todos os dias. Foram entrevistados,
primeiramente, os sócios fundadores, ressaltando que, nesse ínterim, entre os primeiros
contatos para agendamento das entrevistas e a realização destas, ocorreu a morte do sócio-
fundador principal da empresa, pai dos sócios diretores da segunda geração, entrevistados no
segundo momento. Por fim, foram entrevistadas as gerentes de controladoria e gerente geral
da empresa. A primeira, por ter sido uma das principais demandantes do processo de
profissionalização, responsável pelo processo de internalização da contabilidade da empresa,
figurando como coordenadora de todo o setor. Também operacionalizou as exigências do
fisco por meio da implantação do Serviço Público de Escrituração Digital. Já a gerente geral,
devido ao longo tempo na organização e conhecimento de sua cultura e forma de gestão, foi
entrevistada para auxiliar no entendimento de toda trajetória de crescimento da empresa bem
como fornecer elementos para a compreensão dos processos de mudança e profissionalização
adotados na empresa.
O período de realização das entrevistas foi de 13 a 22 de maio de 2015, nas próprias
dependências da empresa. A duração média foi de 30 minutos, algumas passaram de 40
minutos e não houve nenhuma oposição de qualquer entrevistado quanto à gravação. O
quadro a seguir descreve o perfil dos entrevistados.
53
Quadro 5 - O perfil dos entrevistados.
Entrevistado Cargo Formação Tempo de
Empresa
1 Sócio-diretor logística Ensino Fundamental 40 anos
2 Sócio-diretor manutenção e
expansão
Ensino Médio completo 31 anos
3 Sócio-diretor comercial Especialista em marketing 22 anos
4 Sócio-diretor financeiro e TI Mestre em redes de
computadores
9 anos
5
Sócia-diretora de RH Psicóloga especialista em
gestão estratégica de
pessoas
11 anos
6 Sócia-diretora de
Planejamento
MBA em gestão de
negócios
16 anos
7 Gerente de controladoria Especialista em
controladoria
6 anos
8 Gerente Geral Ensino Médio completo 29 anos
Quadro 5: Perfil dos entrevistados
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.
A utilização de múltiplas técnicas de coleta de dados revelou-se um recurso positivo e
necessário, pois, como explicita Yin (2001, p. 144): “Com a triangulação dos dados, os
problemas potenciais de validade do constructo também podem ser abordados, porque as
múltiplas fontes de evidência proporcionam, essencialmente, várias avaliações do mesmo
fenômeno”.
Para o exame dos dados obtidos a partir das técnicas selecionadas, optou-se pela análise
de conteúdo, a qual, segundo Rodrigues e Leopardi (1999), consiste na identificação de
sentidos a partir do conteúdo resultante das diferentes técnicas de pesquisa. Sendo assim, os
dados foram sistematizados por meio da criação de categorias resultantes da elaboração
teórica feita anteriormente, bem como dos objetivos específicos delimitados (Bardin, 2004).
No próximo capítulo serão apresentadas a descrição e a análise dos dados coletados.
54
4 Descrição e Análise dos Dados
Conforme exposto, a partir da realização das entrevistas, buscou-se a compreensão dos
pontos fundamentais que estimularam e ainda estimulam o processo de profissionalização da
empresa familiar, objeto de estudo desta pesquisa. Nesta seção, serão apresentados esses
resultados tendo, como base o modelo de análise apresentado anteriormente.
4.1 Histórico da empresa
A empresa familiar objeto desta pesquisa teve origem em abril de 1974, quando os
irmãos; Vicente, Augusto, Maurício e Rodolfo fundaram, no interior de Minas Gerais, a
Irmãos Oliveira Ltda, uma empresa de comércio atacadista de gêneros alimentícios. O
atendimento de balcão seguia os costumes da época — o cliente ditava para o atendente quais
produtos queria e este os buscava no fundo da loja. Esse tipo de atendimento privilegiava o
contato direto com o cliente, as compras eram realizadas de maneira mais calma, sem a
urgência que o autosserviço oferece nos dias atuais. Os irmãos logo perceberam a
oportunidade de ampliar e modernizar o atendimento, e, ainda no mesmo ano, a Irmãos
Oliveira passou a ser uma empresa de comércio varejista, no sistema de autosserviço, ou seja,
um supermercado. O autosserviço é segmentado em dois formatos de lojas, sendo o varejo
tradicional com apenas um caixa e os supermercados com dois ou mais check-outs, esse
último modelo representa 92,8 % das vendas do setor, segundo pesquisa da associação
brasileira de supermercados ABRAS (Hilário, 2015).
Ainda em 1974, o sócio Vicente deixa a sociedade e dois outros irmãos ingressam,
Alfredo e Teodoro. Esse último possuía uma empresa individual também no segmento
supermercadista, que foi incorporada pela empresa Irmãos Oliveira Ltda. Em 1984, houve a
55
incorporação de mais duas lojas juntamente com a entrada de mais dois sócios, Oséias e
Raimundo. Este ficou na empresa até 1988 e saiu juntamente com os irmãos Maurício e
Rodolfo. Em 2012 saiu o sócio Augusto, cuja participação foi adquirida pelo senhor Teodoro,
que a dividiu entre os filhos que já atuavam na gestão da empresa.
Em 2009, já com seis lojas físicas, os sócios assumiram uma rede que trabalhava com
vendas pela internet, que já operava na cidade e era de propriedade de Vicente, o primeiro
irmão a deixar a sociedade. Pela internet os clientes da rede passaram, também, a realizar suas
compras sem sair de casa. A criação Irmãos Oliveira Express representou prestação de serviço
que trouxe mais comodidade aos clientes da rede. Por telefone, donas de casas, escritórios,
consultórios e consumidores em geral, podem realizar suas compras e recebê-las sem se
deslocar.
Em 2010, mais duas lojas foram inauguradas e, em 2015, encontravam-se em fase de
acabamento as instalações da nona loja da rede. Atualmente, a empresa possui 1.123
funcionários e faturamento anual acima de 170 milhões de reais. Segundo levantamento da
revista Exame e consultoria Delloite (http://exame.abril.com.br/revista-exame-pme/250-pmes-
que-mais-crescem/2013/?t250pme=6, recuperado em 14, outubro, 2014) a empresa esteve
posicionada no triênio 2010, 2011 e 2012 entre as 250 empresas de pequeno e médio porte
que mais cresceram no Brasil.
Quanto aos movimentos que a empresa empreendeu rumo à profissionalização, o
primeiro que se destaca ocorreu a partir de 2006, com a entrada da psicóloga, filha do senhor
Teodoro, para assumir o setor de Recursos Humanos, que até então funcionava a partir de
empresa terceirizada. Em 2009, houve a implantação do setor de controladoria interno. Até
aquele momento, a contabilidade também era terceirizada e, conforme declaração de vários
diretores, não havia como reagir, de maneira tempestiva, aos resultados contábeis e
56
financeiros da empresa, uma vez que estes sempre eram finalizados após 45 dias do exercício
anterior.
A alta administração da organização resolveu, então, contratar contadores profissionais
para realizarem os procedimentos contábeis de maneira mais adequada e municiá-los, mais
rapidamente, de informações para tomada de decisões. Se no modelo de gestão anterior, a
preocupação com os procedimentos contábeis diziam respeito apenas ao cumprimento das
obrigações legais, nesse momento a lógica se alterou para gerar, por meio do maior acesso às
informações financeiras, instrumento fundamental para embasar decisões gerenciais.
Em 2010, houve a contratação dos serviços de um consultor, experiente nas práticas e
estratégias do varejo, para preparar a empresa para a entrada dos novos concorrentes na
cidade. Assim sendo, conforme proposto por esse profissional, para o exercício de 2011,
foram implantados alguns controles e procedimentos que até então nunca haviam sido
considerados para melhorar a gestão da empresa, contemplando-se os seguintes pontos: fluxo
de caixa para acompanhamento mensal (previsto x realizado); plano de ação que envolveria o
setor financeiro, o departamento de Recursos Humanos e a área comercial, por meio de uma
projeção de vendas de acordo com cada unidade de negócio como é chamada cada filial;
criação de indicadores de desempenho para avaliar cumprimento de metas de vendas, para
acompanhar turn over e absenteísmo e, por fim, avaliar em cada unidade a lucratividade e a
rentabilidade.
Entre os anos de 2009 e 2011, houve contratação de vários outros profissionais
qualificados para a organização, selecionados a partir dos critérios de formação acadêmica e
experiência no mercado. Esses profissionais foram alocados nos setores de contabilidade,
financeiro e Recursos Humanos, por serem as áreas que mais demandavam colaboradores
com qualificação diferenciada, de acordo com os propósitos de profissionalização da empresa.
57
Em 2013, iniciou-se pesquisa no mercado para aquisição de um software de gestão
(ERP – Entreprise Resource Planning) que pudesse dar apoio e facilitar o processo
administrativo da nova equipe e que atendesse os anseios da diretoria por maior agilidade nos
procedimentos e maior confiabilidade nos resultados apresentados. Em 2014, a partir de um
grande investimento, ocorreu efetivamente a aquisição do software, com o propósito de
alcançar os objetivos de maior rapidez e maior controle dos resultados. Entre os critérios para
aquisição do ERP em questão, foi levado em consideração o uso desse mesmo programa pelos
maiores concorrentes do setor na cidade e sua utilização por grandes redes nacionais.
Recentemente, antes da morte do sócio Teodoro, conforme apontado anteriormente, a
sociedade já estava dividida também entre os quatro filhos deste, cada um com 1,5% de
participação societária, juntamente com os irmãos Oséias e Alfredo, que ainda permanecem
na sociedade. Uma vez que o processo de inventário e partilha ainda está em andamento, fica
por definir qual será a participação dos filhos na sociedade. Até o falecimento do sócio
Teodoro, este possuía 84% da propriedade da empresa, o sócio Oséias detinha 7,5% e o sócio
Alfredo, 2,5%.
No que diz respeito ao setor, o segmento supermercadista merece considerável atenção
para a economia do país, uma vez que representa 5,3% do PIB, movimentou R$ 294,9 bilhões
em 2014, emprega diretamente 1,765 milhão de funcionários, além de três vezes esse número
em empregos indiretos (Yamada, 2015). O ranking da Associação Brasileira de
Supermercados obteve em 2014, 1107 organizações supermercadistas respondentes de sua
pesquisa, que está em sua 38º edição. Segundo o ranking que avalia as redes supermercadistas
por volume de faturamento, a empresa objeto de estudo está entre as 150 maiores, com 09
unidades em funcionamento. Outros dois concorrentes diretos na mesma cidade ocupam
respectivamente no referido estudo: a 4ª e a 12ª posição. O primeiro está estabelecido na
cidade há 20 anos. Contudo, aproximadamente em 2012, foi adquirido por um grupo
58
internacional. O segundo se estabeleceu na cidade há dois anos. Como concorrente direto há
ainda outro grupo familiar que atua há 50 anos na cidade e possui 02 lojas, ocupando a 185ª
posição do ranking em questão.
O cenário macroeconômico, inevitavelmente também altera comportamentos e práticas
do segmento supermercadista. A desaceleração da produtividade do varejo alimentar que está
sendo vivenciada, já era anunciada há pelo menos dois anos (Tayra, 2015). Embora o
segmento de varejo de alimentos seja o último a sentir os impactos de uma crise e, em
contrapartida ser o primeiro a se recuperar, algumas adaptações têm sido percebidas. Os
empresários têm aumentado investimentos na manutenção de seu patrimônio e contendo a
expansão física que, em cenários mais atraentes, é a opção mais comum a ser feita.
Confirmando isso, temos o dado que, em 2014, após 12 anos seguidos de expansão do número
de lojas, houve queda de 0,4%. (SuperHiper abril 2015).
Para 2015, é entendido pelos especialistas do setor não haver grandes planos para o
varejo alimentar, uma vez que a tendência de desaceleração seguirá neste ano com previsões
de no máximo 2% de crescimento em seu faturamento, sendo necessário também considerar
que o percentual em questão ainda não contemplava a instabilidade política que se iniciava no
país (Tayra, 2015).
Após se resgatar o histórico da empresa e sua trajetória de ações direcionadas à
profissionalização, será apresentada no próximo item, análise sobre os fatores que motivaram
a decisão pela adoção de métodos e critérios mais profissionais de gestão da empresa.
4.2 Fatores motivadores da profissionalização
No que diz respeito ao mercado em que a empresa atua, é consenso entre os
entrevistados a noção de que se trata de um setor altamente competitivo e que, portanto, faz-se
necessário que ela desenvolva diferenciais. No caso da empresa estudada, o principal
59
diferencial identificado é o que o entrevistado chama de “chão de loja”, ou seja, consegue-se
distinção pelo atendimento mais próximo ao cliente. Tendo em vista a existência de
concorrência de grandes redes, em que essa atenção e proximidade é enfraquecida, elementos
como conhecer clientes pelo nome e a oferta de um mix de produtos amplo representam
fontes de vantagem competitiva.
O mercado de supermercado é muito competitivo, especificamente aqui na cidade,
que recebeu muitas empresas grandes nestes últimos anos. Como são empresas de
rede muito grandes, então acaba que o comando dela está externo, não tá aqui na
própria cidade e nós, por sermos uma empresa da cidade, temos uma agilidade
imensa na tomada de decisão. Apareceu um ponto pra se trabalhar, rapidinho essa
solução já estava no chão de loja, então isso é uma vantagem imensa perante os
concorrentes. A Irmãos Oliveira hoje a gente considera ela como uma empresa bem
competitiva no mercado porque ela tem vários diferenciais que o pessoal de grande
rede não consegue manter, que é o atendimento, você conhece o cliente pelo nome,
limpeza, organização, o mix que a gente oferece. (Entrevistado 3)
Nesse sentido, parece que o processo de profissionalização aliado aos pontos que até
então a empresa já possuía como diferencial competitivo representou um passo importante
para facilitar a permanência da organização no mercado. A seguir serão apresentadas as
análises referentes a esse processo sob o ponto de vista dos entrevistados.
De uma forma geral, tanto os diretores quanto os sócios-fundadores concordam quanto
aos fatores que desencadearam o processo de profissionalização da empresa. No que tange aos
fatores externos, ficou evidente que a pressão exercida pelo crescimento e diversificação da
concorrência – entrada, por aquisição de empresa local, de grupo internacional e ingresso, em
2013, de grupo nacional que ocupa a 12ª posição no ranking da ABS - foi preponderante para
a decisão em prol de mudanças tanto de caráter operacional quanto gerencial e estratégico.
Essa questão é evidenciada pelos entrevistados nos depoimentos a seguir.
60
O fator externo foi a concorrência, que aumentou muito, tivemos grandes empresas
vindo pra cidade e diversas empresas já vieram para comprar a própria Irmãos
Oliveira. Se a gente não acompanhar esse crescimento nós vamos perder mercado e
vamos ter que vender um dia. E não éramos a favor de vender uma empresa que tem
quarenta anos aí, então isso foi um grande estímulo. (entrevistado 5)
O externo é basicamente a concorrência, você tem sempre que sair na frente e a
nossa empresa ela tem alguns lemas que a gente tenta levar ao pé da letra, como o
atendimento com excelência. Então, assim, chega o concorrente vemos que o cliente
vai e experimenta, depois acaba voltando pra gente, porque a gente preza pela
limpeza, pelo bom atendimento e isso são alguns diferenciais que a gente tem.
Então, o seguinte: o concorrente ele te faz você sair do seu mundo, sair da sua zona
de conforto, pra você ver o que o outro está fazendo e fazer melhor. (Entrevistado 4)
Essa situação encontrada na empresa vai ao encontro das colocações de Dadamo (2013)
no que se refere à necessidade de lidar com um mercado em constante transformação.
Segundo o autor, essa é uma realidade em diversos setores e demanda, portanto, a adoção de
práticas de gestão e organização mais racionais e profissionais.
Além da questão concorrencial, alguns entrevistados levantaram como fator externo de
estímulo à profissionalização da empresa a situação do país, principalmente no que diz
respeito às políticas tributárias. Isso significa, na visão dos entrevistados, que mudanças na
operação da organização se fazem necessárias para lidar com um cenário que é de pressão
também governamental, principalmente, no que diz respeito aos impostos.
A gente vê que o governo só piora nesse sentido e cada vez mais aperta o cerco com
mais impostos, então você tem que fazer uma gestão muito boa pra permanecer. Eu
acho que já é um caso de sobrevivência, ou seja, ou eu melhoro pegando o cenário
que eu tenho, com um governo que auxilia pouco, então assim se eu não melhorar
minha condição operacional, condição de gestão, eu corro o risco de perder o
mercado. (Entrevistado 6).
A gestão de tributos das empresas no Brasil a cada ano que passa torna-se cada vez mais
complexa, dada a quantidade de impostos a serem calculados, informados e recolhidos ao
61
fisco estadual e da União. Em algumas situações, negócios são inviabilizados pelos custos que
oneram as operações empresarias. Com a obrigatoriedade da entrega da EFD (Escrituração
Fiscal Digital) que é um dos subprojetos do SPED3 (Serviço Público de Escrituração Digital),
a partir de 01/01/2014 (http://www5.fazenda.mg.gov.br/spedfiscal/, recuperado em 04,
novembro, 2015), as organizações passam a ser mais rigorosamente acompanhadas sob pena
de multas por perdas de prazos e divergências quanto aos montantes errôneos recolhidos. Isso
posto, não há dúvida de que possuir uma equipe capacitada nos setores contábil e fiscal de
cada organização ajuda a promover maior assertividade quanto as operações que gerarão os
resultados dos valores a serem recolhidas e repassadas aos órgãos arrecadadores. Dessa
forma, outro ponto que figurou como fator externo para a profissionalização foi, segundo o
entrevistado 7, a necessidade de a empresa se adequar para atender a essa exigência, uma vez
que os controles e fiscalização por parte dos órgãos fiscalizadores não iriam permitir erros.
Anterior à pressão governamental citada acima, já havia interesse e preocupação dos sócios da
empresa possuir uma contabilidade gerencial, o que permitiria que a organização tivesse suas
apurações de impostos mais fidedignas e em menor tempo, situação que está sendo alcançada
com o funcionamento do novo software adquirido. Conforme depoimento a seguir,
Foi decidido pela diretoria trazer a contabilidade para dentro da Irmãos Oliveira e
nós começamos esse processo de atender ao fisco e atender também a parte de
direção com a contabilidade gerencial, que até então não existia. Pelo fato da
contabilidade ser terceirizada tinha essa dificuldade e então não tinha informações
gerenciais. Tinha pouco no Excel, mas assim quando a informação chegava já tinha
passado 2 ou 3 meses e não adiantava muito essa informação na tomada de decisão,
pois já tinha passado. (Entrevistado 7).
3 Consiste na modernização da sistemática atual do cumprimento das obrigações acessórias, transmitidas pelos contribuintes às
administrações tributárias e aos órgãos fiscalizadores, utilizando-se da certificação digital para fins de assinatura dos documentos eletrônicos,
garantindo assim a validade jurídica dos mesmos apenas na sua forma digital.
62
Em síntese, a partir das entrevistas, foi possível identificar que o aumento da concorrência
com a entrada de novas organizações supermercadistas na cidade, aliada às exigências
tributárias mais rigorosas e obrigatoriedade de adoção do SPED, representaram os principais
fatores que atuaram como elementos externos de pressão para a profissionalização da
empresa.
Esses fatores externos motivadores da profissionalização da empresa pesquisada são
condizentes com a literatura da área que aponta que a globalização da economia e o aumento
da concorrência têm obrigado às empresas a rever seus processos e torná-los mais racionais e
profissionais, segundo Costa e Batista 2003; D’Aveni and MacMillan, 1995; Dekker et al.,
2012; Flamholtz and Randle, 2007; Lodi 1989; Macedo, 2002; Rocha, 2001; Songini, 2006;
Suáre and Martín, 2004.
Outro fator que pode ser citado como motivador ao processo de profissionalização, mas
que não é considerado diretamente pelos entrevistados, refere-se aos avanços tecnológicos
que podem vir ao encontro do interesse da organização de modernizar suas operações e
melhorar sua competitividade.
No que diz respeito aos fatores internos que motivaram o processo de
profissionalização, destaca-se a entrada da segunda geração em cargos de direção na empresa.
Essa segunda geração apresentava escolaridade maior, experiência profissional em outras
organizações, vivência no exterior, o que os capacitou a perceber as fragilidades do modelo de
gestão da organização e pressionar por mudanças. Ficou claro, por meio das entrevistas, que
foram eles que chamaram a atenção dos sócios-fundadores para as necessidades de mudança e
atualização. Os depoimentos a seguir mostram isso.
Acho que a nossa força de vontade mesmo, a gente querer, aonde a gente queria
chegar, ter objetivo mesmo, oh nós vamos fazer, nós vamos estruturar e aos
pouquinhos a gente foi. Tipo assim, a gente tinha uma parcela pequena de
contribuição e foi só aumentando, ou seja, nós fomos ganhando espaço na empresa.
63
Eu acho que isso ninguém ganhou, falo, eu e meus irmãos de graça não, acho que
cada um conquistou o seu espaço aqui e foi lutando, conseguindo resultado e
mostrando que realmente era o que a gente queria, que a gente tinha compromisso
com a empresa, que até então eu era só uma menina, filha, uma sobrinha e tal. Como
é que você aqui querendo mudar isso então assim não vou puní-los nunca por isso,
eu acho que é uma coisa natural em empresas familiares. (Entrevistado 5)
Na medida em que foi passando os anos a gente foi vendo a necessidade de
profissionalizar a empresa e como eu trabalhei fora, em outra empresa, eu tive
contato com outros profissionais e senti também que estas empresas, elas já estavam
num desenvolvimento muito além Irmãos Oliveira e eu, juntamente com uma irmã,
que veio posteriormente, a gente sentiu necessidade uma adequação ao mercado.
(Entrevistado 3)
O interno foi mesmo por a gente ter essa vivência em uma faculdade, todos nós
quatro irmãos temos faculdade, temos especialização, tem um com mestrado, então
na cabeça a gente pensou, não pode ser, que a gente aprendeu aquilo tudo, teve
aquela experiência toda e não vamos colocar isso aqui em prática. Então, o interno
mesmo foi essa vontade, por termos morado fora, ter convivido com várias pessoas,
com várias empresas, os nossos esposos trabalham em empresas. Então a gente
concluiu, nós não vamos ficar pra trás, somos uma empresa grande com uma cabeça
pequena, então era isso de evoluir a cabeça de todos. (Entrevistado 5)
É interessante observar, pelos depoimentos, que parece ser realmente a nova geração
quem estimulou e introduziu novos padrões organizacionais e de gestão. Dois pontos
importantes foram destacados pelos entrevistados como justificativa para essa realidade: o
conhecimento acadêmico desses herdeiros sucessores e a experiência profissional em outras
organizações. É evidente nos relatos que eles trazem para dentro da empresa a bagagem
reunida nesses dois contextos, os quais fizeram com que eles vislumbrassem as mudanças
possíveis e necessárias para que a empresa se adequasse ao mercado. A inserção de novos
membros e a sua maior qualificação gerando movimentos de mudança e de profissionalização
da gestão já haviam sido discutidos em trabalhos anteriores (Benedict, 1968; Douglass, 1992;
64
Gilding, 2005; Pérez-González, 2006; Stewart & Hitt, 2012; Tsui-Auch, 2004; Tsui-Auch &
Lee, 2003).
Um aspecto relevante, sinalizado ainda no primeiro trecho do depoimento do
entrevistado 5, refere-se a uma questão que será melhor discutida posteriormente, a questão da
resistência dos sócio-fundadores em relação às mudanças propostas pelos filhos e sobrinhos.
O entrevistado utiliza inclusive a palavra “lutando” para destacar as dificuldades enfrentadas
no momento de convencer a primeira geração tanto da importância da mudança quanto da
competência de cada um para promovê-la. Percebe-se, pelo depoimento de um
herdeiro/sucessor, que aos filhos dos fundadores é exigido comprovar competência
profissional para conseguir se legitimar no cargo e a busca pela profissionalização está
pautada na separação entre família e competência profissional.
[...] ah porque ela é filha então é muito mais fácil, então assim, não me enxergava
como uma profissional, enxergava como um filho do sócio e eu vejo que hoje não,
hoje a gente enxerga um ao outro ali como profissional da área, como se cada um
está no seu setor é porque ele é capaz de dar conta, de estar assumindo e não por ser
filho. (Entrevistado 5)
Outro fator interno fundamental que pode ser considerado como tendo sido propulsor da
profissionalização foi a dificuldade de obtenção de informação sobre o desempenho do
negócio. Ficou evidente nas entrevistas que essa falta de informação sobre a empresa
representava uma questão crucial que prejudicava a tomada de decisão e o planejamento
organizacional. Entende-se que ela era resultado de duas situações: o fato de a contabilidade
ser terceirizada e a utilização de um sistema de informação desatualizado e inadequado.
Assim sendo, uma vez que até então a empresa não possuía um sistema capaz de lhe atender
com informações rápidas, menos chance haveria de se atender o fisco dentro dos prazos
exigidos a partir da nova legislação e das atribuições e protocolos a serem cumpridos para
65
entrega da escrituração fiscal digital por meio do SPED. Dessa forma, pode-se entender que
as exigências do governo – fator externo - aliadas à necessidade de maior controle e
informações contábeis – fator interno - pressionaram à profissionalização. Os depoimentos a
seguir exemplificam a dualidade da mudança, premida por exigência externa e necessidade
interna à organização.
Foi a informação que não chegava, a diretoria precisava daquela informação e não
tinha, às vezes quando você tem uma informação da contabilidade terceirizada ela é
muito fechada. A contabilidade terceirizada é muito voltada para o fisco, ela não
consegue ver essa parte gerencial que a direção quer enxergar, então ela é muito
fechada, muito maçante também. (Entrevistado 7)
Se você não acompanhar o ritmo que está o país e ficar com aquele [sistema de
gestão antigo que era utilizado e que não oferecia as informações no tempo
necessário] quando você tentar já é tarde, então se saiu coisa nova vou buscar coisa
nova, então foi onde os dois filhos de Teodoro vestiram a camisa e até hoje estão
fazendo e vai dar certo, acredito que dê certo. (Entrevistado 1)
Em vários momentos, os entrevistados ressaltam que as informações, se não chegam no
tempo certo, perdem o seu valor e com isso várias oportunidades de negócio também podem
ser perdidas ou prejudicadas. Nesse sentido, percebe-se que os entrevistados atribuem muita
importância ao acesso à informação para uma tomada de decisão que seja assertiva para a
organização. A partir dessa constatação, duas atitudes foram tomadas e serão mais detalhadas
posteriormente — a incorporação da contabilidade como uma atividade interna da empresa e a
implantação de um novo sistema de informação.
No sentido de favorecer o processo e fluxo de informação para melhor gerir o negócio, é
ressaltado, pelo entrevistado 4, que um dos fatores internos que estimularam a
profissionalização foi a questão de treinamento e capacitação da equipe, uma vez que a
adoção do novo sistema e novas práticas de trabalho exigiu que os colaboradores estivessem
66
capacitados para operar e extrair o máximo dos recursos que a nova ferramenta poderia
oferecer. Também tem que ser considerado que o investimento realizado para aquisição do
software poderia ser desperdiçado, caso as equipes e os novos colaboradores contratados não
conseguissem operar da melhor forma o novo sistema. Esse aspecto é, de certa maneira,
ressaltado por Hwang and Powell, (2009), que consideram que novos profissionais fazem um
link entre as organizações e seu ambiente, facilitando o fluxo de informações, estabelecendo
novos domínios de trabalho. Para Wagner, (1999), o processo de padronização e treinamento
tem como objetivo assegurar que os funcionários disponham de know-how para executar
eficazmente os seus trabalhos. Abaixo tem-se a declaração de um dos gestores e na sequência
o quadro de evolução de investimento com treinamento feito pela empresa nos últimos anos.
A gente vê assim questão de treinamento, profissionalizar a equipe, de ter pessoas
com mais formação, quando eu entrei aqui assim, acho que eram raros os
funcionários que tinham o nível superior, hoje eu vejo que a cultura da empresa é
totalmente diferente, hoje tem bastante gente que tem nível superior e traz essas
pessoas com visão diferente, com mais ambição, com mais preparo pra lidar com
sistema e em computadores. (Entrevistado 5)
EVOLUÇÃO DE TREINAMENTO ANO QTDE FUNC VALOR TOTAL
2011 112 12.645,22
2012 175 42.855,37
2013 218 38.752,50
2014 95 85.236,20 Quadro 6 – Evolução de treinamento
Elaborado pelo autor com dados da empresa
Pode ser verificada, no quadro, a evolução do dispêndio com treinamento, tendo-se pico
no ano da implantação do novo software, mas teve um público-alvo mais específico, uma vez
que o foco naquele ano era capacitar a maioria dos colaboradores chave dos processos da
organização. Outro ponto explorado pela organização refere-se à multiplicação do
67
aprendizado entre as equipes. Em algumas situações, colaboradores chave, são enviados a
treinamentos e voltam para a empresa para repassar aos grupos o conhecimento adquirido.
Isso se faz necessário, uma vez que nem sempre há disponibilidade para deslocar pessoas para
treinamento sem prejudicar as operações internas e de atendimento da empresa.
Outro fator destacado nas entrevistas foi o impulso dado à profissionalização por
especialistas externos à organização. A decisão pela adoção de métodos mais profissionais de
gestão foi legitimado por agentes externos (especialistas) à organização, o que referendou a
ideia que até então era defendida pelos membros da segunda geração. Na verdade, os
consultores esclareceram aos sócios que, se queriam expandir as operações da empresa,
aumentar seu faturamento, sua atuação no mercado, haveria necessidade, para se alcançar
esses objetivos, de profissionalizar a empresa. Essa questão é evidenciada pelo entrevistado 5.
Um fato também foi importante, apesar da gente não ter contratado o serviço na
época, foi a Fundação Dom Cabral. Ela veio aqui até pra prestar um serviço de
consultoria, dentro do programa que se chama Paex, que trabalha a sucessão
também. Em uma palestra, foram dois ou três encontros com todos os sócios, pouco
tempo que eles ficaram aqui eles viram a necessidade, tipo “até aqui vocês
cresceram, mas pra ir mais vocês vão ter que mudar algumas cabeças de gestão, vão
ter que profissionalizar alguma outra área”. Então isso também com pessoa de fora,
uma instituição de fora falando, acho que foi um grande divisor de águas também
que a gente teve. (Entrevistado 5).
Esse relato confirma o que demonstraram Sonfield and Lussier (2004) em suas
pesquisas sobre a relação positiva entre o papel de consultorias e especialistas e o crescimento
e prosperidade das empresas familiares. Posteriormente, será abordado o papel efetivo de
membros externos nas mudanças promovidas na empresa estudada, mas, pelo relato, pode-se
perceber que houve uma influência favorável e legitimadora da instituição citada.
Também é percebido na organização que a gestão das pessoas parece ter adquirido
importância maior como elemento do modelo de gestão da empresa, mesmo tendo sido
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assumido por filha do dono. Nesse sentido, não fica claro se a internalização da atividade foi
decidida apenas para "integrar" um membro da família.
Então pra mim, foi fácil a entrada aqui, por ser a empresa da família, então eu já fui
inserida automaticamente. E a gente tinha a psicóloga terceirizada, a gente
trabalhava terceirizado, então a partir da minha entrada aqui nós terminamos com
essa terceirização e passou a fazer tudo aqui, na empresa. (Entrevistado 5)
Contudo, com as ações que se deram nos anos seguintes como a contratação de um
analista de treinamento e desenvolvimento, uma analista para recrutamento e seleção e uma
assistente, tornou o setor de Recursos Humanos da empresa mais profissional e preparado
para melhor recrutar e desenvolver talentos. Isso é percebido de forma positiva por
profissionais também de outras áreas, conforme deixa claro o depoimento a seguir.
Olha pra você quantas pessoas tem no RH, já tem uma pessoa que recruta, já tem
uma outra psicóloga que só fica por conta de fazer as análises, a diretora de
Recursos Humanos fica responsável por outra questão, porque antes ela fazia tudo, e
ela não podia fazer tudo, não dá conta não faz bem feito. A visão deles já está
crescendo e reconhecendo que nós precisamos de mais pessoas. (Entrevistado 7).
Dentre os fatores internos identificados pela literatura da área que estimulam a
profissionalização das organizações familiares, mas que não foram considerados pelos
entrevistados, podemos citar a necessidade de qualificar gerencialmente os herdeiros. Talvez
isso não tenha sido mencionado pelos entrevistados porque dos quatro filhos do sócio
majoritário fundador, dois destes já haviam trabalhado em outras organizações e possuíam
qualificação acadêmica para ocupar postos de gestão na empresa. Outras duas filhas desse
69
sócio, também já se encontravam qualificadas em instituições de ensino de primeira linha e
também ocuparam cargos de gestão antes do processo de profissionalização se iniciar.
A necessidade de reformulação patrimonial como elemento propulsor da
profissionalização (Magretta, 1998; Matthews, Moore & Fialko, 1999; Oliveira, Albuquerque
& Pereira, 2010), foi um ponto que não foi diretamente considerado pelos entrevistados,
embora tenha sido um dos tópicos delicados do processo que dificultava a profissionalização.
Quanto a esse ponto, tem-se a fala de um dos entrevistados que relata ter sido necessária uma
dissolução societária pelo fato de um dos sócios fundadores ser resistente às novas propostas
de mudanças, consequentemente, dificultando o processo. Fatores como idade e doença que
são considerados por (Muchon & Campos, 1998) como um dos propulsores à
profissionalização também não figuraram como motivadores internos, uma vez que todos os
sócios fundadores, ainda se encontravam em plena atividade quando do início do processo.
4.3 Os desafios do processo de profissionalização
Como exposto anteriormente, o processo de profissionalização da empresa pesquisada
se iniciou com internalização do setor de Recursos Humanos, que trabalhava com apoio de
empresa terceirizada para recrutamento e seleção. Posteriormente, o mesmo foi feito com o
setor contábil que, anteriormente, tinha todas as suas rotinas totalmente realizadas por uma
empresa terceirizada. De forma geral, os entrevistados compactuam com a percepção de que
essa foi uma ação crucial para as mudanças de gestão na empresa, com maior acesso às
informações e, mais do que isso, com a produção de informações e tomadas de decisão com
mais qualidade. O depoimento do entrevistado 6 ilustra isso.
Primeiro, assim, eu acho que o ponto de partida pra isso tudo, foi trazer a
contabilidade pra dentro da empresa e quando você tem a contabilidade fora pra
atender o fisco, mais ou menos pra isso, então a partir do momento que você trouxe,
70
você começa a analisar seus dados e vê o quê que você tem que melhorar, ou seja aí
a gestão realmente fica dentro da empresa.(Entrevistado 6).
Outro aspecto fundamental correlato foi a utilização de um novo sistema de informação
capaz de dar mais agilidade e possibilitar uma visão mais ampla e estratégica do negócio,
como verbalizado pelo entrevistado 4.
[...] ainda temos assim coisas pra acertar ainda até em função da virada do sistema,
que nós colocamos o operacional todo já rodando, agora a parte de controladoria
ainda falta alguma coisa, principalmente, de análise de resultado que já está sendo
feito. Acredito que até junho ou julho a gente termina isso daí. Terminando isso, nós
vamos ser uma empresa que todo dia 5 vamos ter o resultado do mês anterior, coisa
que a 1 ou 2 anos atrás eu tinha o resultado do mês anterior, por exemplo, o
resultado de abril eu teria no final de julho, agora não, o resultado de maio eu vou
ter sempre dia 5 de junho. Então, assim pra você tomar uma decisão, pra você
acompanhar as metas. (Entrevistado 4)
É importante destacar, que agentes externos foram fundamentais para a realização desse
processo, tanto consultores como novos funcionários que foram contratados com expertises
variadas. Dessa forma, a empresa dava passos rumo à profissionalização, uma vez que na
sequência às contratações foi entendido pelos diretores que caberia investir em um novo
sistema, uma vez que dispunha de novos colaboradores com mais especialização e que
poderiam contribuir para o desenvolvimento da empresa, fato que ajudou a impulsionar o
processo. A série de depoimentos a seguir ilustram a importância da contratação de
profissionais qualificados e aquisição de novos sistemas para o processo de
profissionalização.
Então, nós começamos a focar na contabilidade para atender o fisco e também
colocar a contabilidade gerencial dentro da empresa. Com isso, nós contratamos um
consultor que é o Erasmo que veio nos ajudar em 2010 e nós começamos a fazer
isso, implantamos a contabilidade para o fisco e a contabilidade gerencial.
71
Colocando a contabilidade gerencial em 2011 e 2012, nós vimos que os programas
que a gente tinha aqui não estavam atendendo mais a Irmãos Oliveira naquilo que
ela buscava. Aí o quê que nós fizemos, resolvemos colocar mais pessoal capacitado
e também investir em equipamento. Os equipamentos que a gente tinha também
eram de uma empresa terceirizada, mas ela não tinha a bagagem que a Irmãos
Oliveira necessitava e veio a troca do sistema e com essa troca que já tem mais ou
menos um ano agora, nós vamos focar mais na contabilidade gerencial.
(Entrevistado 7)
[...] então, eu implantei esse setor, lógico eu não tinha experiência, eu só tinha a
teoria. Então, eu pedi a permissão pra contratar uma pessoa pra me ajudar com o
serviço, que na época era uma psicóloga organizacional de uma multinacional que
possuía unidade aqui na cidade, que me ajudou muito a colocar as diretrizes da
empresa nesse setor. Então, assim, foi uma revolução na empresa, porque ninguém
tinha hábito de fazer um curso, ninguém tinha o hábito de ir pra uma sala de reunião,
as contratações eram tipo assim no laço, chegou, pediu emprego, olhava pra sua
carinha e já estava contratado. (Entrevistado 6)
É fundamental pra gente (os consultores), pra nosso desenvolvimento é fundamental,
reuniu a equipe, fez diagnóstico do mercado, nossa isso foi muito importante para
esclarecer a cabeça dos gestores, o bom dos diretores que eles têm a cabeça aberta,
facilita muito. (Entrevistado 8)
Fomos tendo necessidade de chamar mais pessoas, profissionais ligados ao mercado
pra que a gente ganhasse agilidade e competir de igual pra igual com estas outras
empresas externas, então o setor comercial desenvolveu muito, depois disto nós
passamos a ter informações fidedignas de custos, de faturamentos, de resultado final
mesmo, pra gente poder ter uma visão da saúde da empresa, porque no sistema
antigo a gente só conseguia visualizar o resultado 45 dias depois do acontecido e
num setor tão dinâmico como é o setor de supermercado, a gente precisa do
resultado é dia a dia. (Entrevistado 3).
Como era de se esperar em função do que representa o processo de profissionalização
para as empresas familiares (Miller & Steier, 2004), este também se mostrou um desafio para
a empresa estudada. Um dos entrevistados deixa claro que não foi e ainda não está sendo
fácil. Salienta o entrevistado 5 que entre os mais resistentes foram um sócio fundador e sua
filha que também figurava no quadro societário da empresa. Essa última possuía apenas o
72
Ensino Médio e era a responsável por uma das áreas mais importantes da empresa que era o
setor financeiro. Dessa forma, quanto a esse ponto, a única alternativa foi a proposta de
comprar a parte societária daquele sócio fundador e remanejar sua filha para outra função,
permitindo, então, que o setor financeiro viesse a ser assumido por outro colaborador melhor
preparado, conforme era demandado para o processo de profissionalização. Em suas palavras,
“Sim, tivemos muita dificuldade, foi muito sofrido, não foi fácil, foi sofrido de
várias vezes a gente querer desistir. Eu já tive várias vezes para sair, como meus
irmãos também, porque a gente não estava aqui pra brincar, a gente estava aqui pra
mostrar serviço e fazer a empresa crescer, enquanto outros por vaidade ou, às vezes,
por sentimento de inferioridade, ah não estudou porque, eu tive pessoas que
assumiram cargos aqui importantes mas tinham mal mal o segundo grau completo e
era muito resistente a cursos, quanto também resistentes a novas ideias também, a
gente vê quanto menos estudo mais a cabeça fechada pra novas ideias, então foi
muito sofrido, tivemos muita resistência, inclusive teve até uma dissolução
societária no meio desse caminho aí, dessa conquista por profissionalização”.
(Entrevistado 5)
Percebe-se pelo relato do entrevistado que realmente o processo de profissionalização
não aconteceu de forma totalmente tranquila na organização, utilizando até mesmo a palavra
“sofrido” para descrevê-lo. Um dos aspectos mais comuns nos processos de
profissionalização de empresas familiares apresentados na literatura é a resistência à mudança
(Antognolli, 2008; Serna & Suarez, 2005; Ward, 2006), posto que as pessoas tendem a
considerar que o melhor é que as coisas continuem a serem feitas da mesma forma. É nesse
sentido que o entrevistado ressalta a presença de pessoas com “a cabeça fechada pra novas
ideias”, no caso, fundadores. Interessante destacar que o próprio entrevistado sugere que essa
resistência pode ter se dado por vaidade ou mesmo por um sentimento de inferioridade em
função do menor nível de formação acadêmica desses sujeitos resistentes.
No que diz respeito ao desligamento de um sócio em função do processo de
profissionalização, apenas um entrevistado comentou a questão, o que não permite maior
73
esclarecimento ou até mesmo pode sinalizar tratar-se de um assunto não muito bem resolvido
entre os familiares, como se encontra relatado em casos na literatura sobre o tema (Cerdan &
Hernández 2013; Posso, 1999).
Na verdade, apesar de não dito de forma explícita pelos entrevistados, sabe-se, de
maneira informal, que um dos sócios, possuía personalidade mais forte e sendo o mais velho
dos irmãos sócio-fundadores, gozava de maior respeito por parte destes. Aliada a essa questão
do respeito que impunha por ser o primogênito, apoiava-se na filha e confiava nela como
sendo apta para gerir o setor financeiro da empresa, mesmo ela não possuindo formação e
especialização na área. Os demais irmãos sócios não questionavam para evitar desavenças.
Por outro lado, tal fato causava desagrado aos filhos do sócio majoritário, uma vez que estes
todos, conforme relatado nas entrevistas, tinham graduação e especialização, além de dois
destes terem optado, primeiramente, por trabalhar em outras empresas antes de vir a ocupar
cargos estratégicos no negócio do pai. As situações acima configuram verdadeiros pontos de
tensão entre membros da família quando do processo de profissionalização e que também
representaram dificultadores às mudanças (Flören, 1998; Kimhi, 1997; Posso, 1999; Vries &
Miller, 1984).
O próximo item discorre sobre a influência da cultura familiar na gestão da empresa,
uma vez que mesmo não sendo objetivo afastar membros da família da gestão da organização,
vimos que foi inevitável. Contudo, a cultura e apelo aos valores da família se mantiveram na
gestão da empresa, apesar da morte do sócio fundador principal. A questão dos valores
familiares e de sua influência na gestão da organização foram elementos recorrentes,
mencionados pelos entrevistados.
74
4.4 Influência da cultura familiar na gestão da empresa
Quando questionados sobre a influência da cultura familiar na gestão da empresa, os
entrevistados chamaram a atenção para o fato de que, no caso da organização estudada, a
profissionalização não significou o afastamento da família da gestão, mas a adoção de práticas
e ferramentas mais adequadas para a atuação no mercado e enfrentamento da concorrência,
conforme explicita D’Aveni and MacMillan (1995). Lodi (1998) argumenta que a
permanência de familiares na gestão profissionalizada é possível e desejável desde que eles
estejam aptos para condução dos negócios. O entrevistado 7 chama atenção para os conflitos
entre parentes naturalmente existentes no contexto das empresas familiares, mas argumenta
que eles buscam neutralizá-los no ambiente de trabalho por meio da prevalência dos aspectos
profissionais.
A empresa familiar tende a ter mais soluções mais caseiras, [...] No nosso caso, ela é
empresa familiar e de gestão familiar, mas com visão executiva, entendeu? Às vezes,
a empresa familiar peca um pouco porque um quer mais que o outro, um tem isso o
outro não tem. É claro que temos conflitos aqui, mas assim a gente nunca leva para o
lado pessoal, é profissional. Dentro da empresa eu não sou irmão de ninguém, não
sou filho de ninguém, então a gente enxerga dessa forma. (entrevistado 4)
O entrevistado 7 reforça a relação positiva entre as relações familiares e profissionais,
ressaltando que, no caso em questão, a união entre os fundadores é benéfica para os negócios,
já que o relacionamento dos gestores/proprietários está pautada no respeito e no
compartilhamento das decisões da empresa. O entrevistado 8, que também não é um membro
da família, reconhece que os conflitos existem, mas que é necessário e natural lidar com essas
diferenças. Por outro lado, o entrevistado chama a atenção para o lado positivo da dimensão
familiar na gestão do negócio, já que há um envolvimento maior desses familiares, como ele
mesmo coloca “todo mundo agarrou com unhas e dentes”. Os depoimentos a seguir ilustram
75
a visão positiva dos entrevistados sobre a interseção entre aspectos familiares e a
administração da empresa.
Eu acredito ser muito boa (influência da família na gestão), primeiro porque os
irmãos são muito unidos, a gente percebe isso e o respeito que um tem pelo outro
isso é importante, sempre um quer tomar uma decisão, ele não toma sozinho
pergunta o outro [...] Então, assim essa visão familiar deles é muito boa, a gente
percebe que precisa lapidar um pouco mais. (entrevistado 7)
Existem pontos positivos e pontos negativos (a gestão familiar), os pontos negativos
que eu encontro por ser família é que às vezes existe a divergência e o conflito, aí a
gente tem que ficar administrando no meio deles. Agora, por outro lado, o pessoal
agarrou isso com unhas e dentes até mesmo pelo gestor que tínhamos né, muito
exigente, então todo mundo agarrou com unhas e dentes, então fica mais fácil de
trabalhar porque tem o dono junto. (entrevistado 8)
Quanto à forma de inserção de membros da família, foi dito pelo entrevistado 5 que a
experiência passada, principalmente, com a saída de um dos irmãos, levou os demais sócios
fundadores a adotarem o princípio de aceitarem apenas membros de sangue e seus
descendentes, de forma a evitarem conflitos, uma vez que estes possuem uma relação fraterna,
fato que poderia não ocorrer com os demais agregados. O depoimento a seguir ilustra esse
princípio.
Na Irmãos Oliveira, são bem vindos os irmãos fundadores e os seus descendentes.
Sogros, noras, genros nós nunca toleramos fazer parte da sociedade, então são só os
fundadores e seus descendentes de 1º grau e acho que isso foi uma decisão muito
acertada, porque querendo ou não, assim como nós somos da mesma família, nós
temos além da relação de respeito, a relação fraterna. Os agregados, eles podem ter o
respeito, mas não têm a relação fraterna e isso é um fator acho assim muito grande
de potencializar a geração de conflitos. A experiência que eles tiveram foi
exatamente essa, a partir da esposa de um dos irmãos que fazia parte da sociedade e
que causou conflito temporário na gestão da empresa. (entrevistado 5).
76
Sobre a mudança de cultura a partir do processo de profissionalização, um dos
entrevistados argumenta que os valores e posturas se mantêm. Ele coloca, inclusive, que a
permanência desses pilares é um desejo dos gestores, até mesmo porque seriam esses valores
os responsáveis pela tradição e permanência da empresa no mercado há 40 anos.
As mudanças empreendidas, portanto, tiveram o objetivo de melhorar os processos e
tornar a empresa mais ágil e competitiva, (Barroso, 2012; Casillas, Díaz & Vazquez, 2007;
Dadamo, 2013; Filardi, Angeloni & Cozzatt, 2011; Habbershon, Williams & MacMillan,
2003), mas não de alterar radicalmente a cultura familiar da organização. Nas palavras do
entrevistado 5:
A cultura mantém, a essência da empresa se mantém, que é uma empresa que quer
fazer tudo muito correto, tudo muito em dia, cumprir com as obrigações com os
funcionários, com as obrigações legais, em questão de organização, de processo de
trabalho, de tudo em si [...] a essência em si a gente não quis mudar, a gente quis
mudar a maneira de se perder menos, de alcançar os objetivos muito mais rápido, de
melhorar os processos, mas não a finalidade em si que a gente já tinha que é a
excelência no atendimento, é a organização, a ética, essa como é que fala, esse
comprometimento com a sociedade, a responsabilidade com a sociedade, então isso
não, isso é a essência dos fundadores e a gente quer manter sempre, a gente não tem
a pretensão de mudar essa cultura. (entrevistado 5)
Esses elementos culturais se fazem ainda mais importantes no contexto atual da empresa
que, recentemente – durante a realização dessa pesquisa – vivenciou o falecimento de um dos
sócio-fundadores até então presidente da empresa. Um dos irmãos comentou a tristeza e o
impacto que a perda do irmão teve sobre a empresa, tendo em vista ter sido uma pessoa
sempre muito importante no direcionamento dos negócios. Um dos sócios afirma, inclusive,
que a ideia é que eles deem continuidade ao projeto de expansão planejado. Quanto à figura
do novo sucessor para a presidência do grupo, nada ainda foi definido. A gestão ficará
77
compartilhada nas mãos dos quatro filhos do sócio fundador, conforme declaração de um dos
filhos deste.
Era ideia dele, nós não podemos deixar é uma grande falta é uma perda muito
grande, mas nós baquearmos com essa perda... tentar superá-lo não tem como, fazer
o que ele fazia jamais, mas vamos tentar nem que seja a pé. (entrevistado 1)
Não deu tempo de pensar nisso ainda, nós somos quatro irmãos, cada um no setor
estratégico da empresa, vamos permanecer nele, mas ainda não chegamos a discutir
se vai ter uma figura de uma pessoa que vai dar a palavra final, isso aí nós não
chegamos nesse ponto, nessa discussão. A princípio nós vamos ficar eu no setor
comercial, meu irmão no setor de TI e Financeiro, e cada uma de minhas irmãs nos
setores de RH e na controladoria, ficaria dessa forma, porque foi muito recente e
ainda não conversamos. (entrevistado 4).
4.5 O período pós-profissionalização
É consenso entre os entrevistados que o processo de profissionalização da empresa
estudada ainda não está finalizado e que, portanto, ainda há questões que precisam ser
trabalhadas. Entretanto, prevalece entre eles uma percepção positiva no que diz respeito ao
que foi concretizado até o momento. Os depoimentos a seguir confirmam isso.
Eu acho que nós estamos profissionalizando, mas acho que ainda por inteiro não,
mas acho, acredito assim que uns 90%. (Entrevistado 6)
Considero, apesar que ainda tem muitos passos pra se dar, eu considero, hoje, uma
empresa profissionalizada. Ela pensa profissionalmente, antes não era assim, hoje a
gente percebe que, nós estamos, nós temos pessoas em cada departamento
respondendo por ele e responsável por ele, então eu considero que a empresa está
profissionalizada. Tem pessoas competentes que entendem, só que ainda tem alguns
passos pra se dar. (Entrevistado 3)
78
Dentre os aspectos positivos oriundos do processo de profissionalização que já podem
ser percebidos pelos entrevistados, está a utilização de ferramentas de gestão consolidadas e
que permitem o planejamento e o acompanhamento do desempenho da organização. Para
alcançar esse objetivo, foi fundamental o papel da consultoria externa que ajudou a implantar
os controles e ferramentas necessárias para a melhoria da gestão e dos controles, iniciando
com a criação do escopo do projeto de implantação da contabilidade gerencial e gestão de
finanças, foram criados também: fluxo de caixa, plano de ação por áreas, proposta de centros
de custo, relatórios analíticos por unidades operacionais de negócio, contemplando as
despesas, os centros de custo e os resultados. Por fim, buscando ajudar a organização a se
posicionar e traçar metas para seu futuro, foram desenvolvidos a visão, a missão e os valores
da empresa. Todos os documentos citados puderam ser verificados na empresa e encontram-se
anexos a este trabalho.
A partir dos elementos citados acima, a empresa consegue perceber de uma forma mais
clara e objetiva quais decisões foram acertadas e ter apoio nos relatórios para definir os
próximos passos para a realização das expectativas em longo prazo, conforme relato dos
entrevistados abaixo.
Então, a gente todo setembro, outubro assim a diretoria senta pra traçar os novos
objetivos, quais serão as metas pro ano seguinte e até então a gente está traçando e
estamos cumprindo tudo que é traçado, então assim, toda mudança de sistema,
profissionalização em várias áreas, então a gente está tirando um pouco esse, como é
que fala, essa visão mesmo de empresa familiar. (Entrevistado 5)
Contratamos o Erasmo, que fez um trabalho muito bom, não chegou a ser o
programa de excelência proposto pela Fundação Dom Cabral, mas que nos ajudou
em quase que em uns oitenta, noventa por cento.
(Entrevistado 5)
[...] então, a gente começou a trazer esses profissionais pra gente mesmo nos policiar
e disciplinar, que teria que parar em certo momento, reunir, decidir, pensar a longo
79
prazo, planejar e isso nos ajudou bastante, porque era muito mecânico, a gente sentia
necessidade de mudança [...] a gente não tinha como planejar e esse planejamento
ele é muito importante, então esses profissionais externos forçaram a ter uma
agenda, a ter uma disciplina pra gente pensar, precisava reunir pra traçar o destino
da empresa. (Entrevistado 3)
Outra questão fundamental advinda da profissionalização corresponde à
disponibilização de informações que são essenciais para a tomada de decisão. Esse ponto foi
tratado anteriormente durante o relato sobre a implantação do sistema de informação, mas é
fortemente ressaltada pelos entrevistados como uma conquista importante de todo esse
processo. Um entrevistado exemplifica no seu relato o tipo de informação que agora tem
disponível e em tempo real.
[...] como eu vou fazer pra eu poder crescer? O açougue tem 5 pessoas, com essas 5
pessoas no açougue eu gasto isso e isso, eu estou tendo prejuízo ou lucro com esse
açougue? A contabilidade terceirizada não tem essa informação e a partir do
momento que você tem uma contabilidade interna você tem aquela informação
rápida, você pode fazer uma conta rápida, tem 5 funcionários gasto tanto com INSS,
FGTS tanto e então o que esse açougue está me gerando? Então, essa informação
que você precisava não estava chegando. (Entrevistado 7)
Por fim, destaca-se que o processo de profissionalização tem contribuído para o alcance
de um dos mais importantes objetivos da organização que está associado aos benefícios já
apontados: o aumento da sua competitividade. Como afirmou o entrevistado 3“,[...] essa
competitividade, a gente conseguiu aumentá-la mediante essa profissionalização e esses
profissionais novos que estão com a gente aqui na empresa”.
É interessante observar nos relatos dos sócio-fundadores um reconhecimento pelo
trabalho que está sendo realizado pela nova geração, o que demonstra a consolidação de
novos valores e a possibilidade de ocorrer, quando julgarem necessário, um processo de
sucessão mais natural.
80
[...] se tem coisa nova você tem que buscar coisa nova e nós temos pessoas
competentes para ir buscar e resolver. (Entrevistado 1)
[...] eu não posso te contar muito porque eu não estou muito por dentro, mais a
minha idade também já estou meio cansado, esses meninos estão mais novo aí é que
eles estão tocando isso e está dando certo. (Entrevistado 2)
De uma forma geral, o processo de profissionalização é percebido como bem sucedido e
trouxe consequências muito positivas para a empresa. Apresentamos a seguir um quadro com
as ações em ordem cronológica do processo de profissionalização adotado pela empresa.
Ação Ano
Internalização do setor de Recursos Humanos 2006
Internalização do setor contábil 2009
Mudança de layout das lojas 2009
Alteração de logo 2009
Contratação de consultor com experiência em varejo 2010
Criação de visão, missão e política 2011
Criação de parcerias com instituições de ensino para capacitação dos colaboradores 2011
Reorganização societária 2012
Aquisição do Software RMS Totvs 2014
Envio de colaboradores para treinamento e capacitação 2014
Criação de sala específica para treinamentos 2014
Criação de cargo de Analista de Treinamento e desenvolvimento 2014
Criação de cargo de analista de recrutamento e seleção 2015
Criação de cargo de assistente de RH 2015
Quadro 7: Ações durante processo de profissionalização
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.
Retomando o quadro teórico-analítico apresentado ao final do referencial teórico, e que
embasou a análise dos dados coletados, tem-se a seguinte síntese:
81
Figura 4 – Modelo explicativo do processo de profissionalização da empresa estudada.
Fonte: Elaborado pelo autor.
A análise do caso da organização Irmãos Oliveira permitiu identificar que os fatores
externos pressão exercida pelo crescimento e diversificação da concorrência, além das
políticas tributárias que exigiram que a organização tivesse uma gestão mais eficiente, foram
os mais significativos para estimular a profissionalização da organização. Quanto aos fatores
internos, foi destacado, pelos entrevistados, que a entrada da segunda geração em cargos de
direção na empresa refletiu em pressão por mudanças e atualização, estimulando a adoção de
um modelo de gestão com novas práticas e processos.
Dentre as ações para o processo de profissionalização, um dos primeiros passos foi a
internalização do setor de Recursos Humanos e na sequência do setor contábil, uma vez que
até então todo o serviço dessas áreas era feito em empresa terceirizada, fora das dependências
da empresa. Na sequência, a organização passou a renovar seu quadro de colaboradores com
82
profissionais mais capacitados e também investiu em um novo software de gestão, produto
este idêntico ao utilizado pelos principais concorrentes de nível nacional que operam na
cidade.
Como pontos positivos decorrentes do processo de profissionalização da empresa
estudada, podem ser identificadas as decisões mais assertivas baseadas nas informações já
produto da adoção do ERP. A organização passa a trabalhar seus setores estratégicos com
ferramentas de gestão, que recebem e dão suporte à tomada de decisão. A empresa adquire
maior competitividade, na medida em que tem em mãos informações cada vez mais rápidas e
precisas, principalmente, quanto a ações da concorrência, pesquisas e comparações de preços,
poder de barganha com representantes e fornecedores, além de ter todo um fluxo otimizado
que pode ajudar a reduzir custos e destinar recursos para outros investimentos.
Por fim, vale ressaltar que, até o momento, gestores e proprietários da organização não
identificaram resultados negativos oriundos do processo de profissionalização da organização.
No próximo capítulo, serão apresentadas as considerações finais e limitações do trabalho, bem
como sugestões para estudos futuros.
83
5 Conclusões e Considerações Finais
Conforme apontado na introdução deste trabalho, as empresas familiares são
reconhecidas, nos mais diferentes países, por sua importância econômica e social. Isso não
significa, no entanto, que as organizações familiares não se defrontem com desafios nas suas
práticas de gestão, com dificuldades nos processos sucessórios e de profissionalização dos
métodos e padrões gerenciais e das relações interpessoais (Andrade, Lima & Antonialli, 2011;
Daily & Dollinger, 1992; Sonfield & Lussier, 2004).
Nesse sentido, com vistas a contribuir para uma maior compreensão sobre a questão da
profissionalização desse tipo de organização, estabeleceu-se como objetivo para este trabalho
analisar o processo de profissionalização de uma empresa familiar do interior de Minas
Gerais, que atua há 40 anos no segmento supermercadista. De maneira geral, nosso intuito foi
identificar e analisar os fatores internos e externos que a levaram a empenhar-se nesse
processo.
O trabalho foi desenvolvido com estudo de caso único com base em pesquisa de
natureza qualitativa, por meio da qual, inicialmente, foi desenvolvida uma pesquisa
bibliográfica em torno de questões que envolviam a problemática da empresa familiar e dos
desafios da profissionalização. O levantamento dos dados ocorreu a partir de análise
documental, observação participante e entrevistas semiestruturadas.
A pesquisa bibliográfica antes de tratar, especificamente, do tema profissionalização,
buscou apresentar definições para empresa familiar e foi constatado que são várias as
conceituações e abordagens encontradas sobre o tema. Contudo, uma interessante análise é
feita por Vidigal (1996) quando assinala que, de modo geral, todas as empresas foram
familiares na sua origem. Partindo para o entendimento da profissionalização, foi visto que é
um processo pelo qual uma organização familiar ou tradicional, assume práticas
84
administrativas mais racionais, modernas e profissionais (Costa & Batista, 2003; Lodi,1989).
Ainda é destacado que profissionalizar uma organização envolve mais que a entrada de
membro não familiar na empresa (Flamholtz & Randle, 2007; Hofer & Charan, 1984).
Envolve, também, uma preparação formal, a adoção de valores meritocráticos, a criação de
estruturas formalizadas ou conselheiros independentes. (Chrisman, Chua & Sharma, 1999;
Chua, Chrisman & Bergiel, 2009; Tsui-Auch, 2004).
Para as entrevistas semiestruturadas foram utilizados três roteiros orientadores
direcionados a cada grupo de respondentes, que no caso foram: os fundadores da primeira
geração do negócio; os filhos dos fundadores que assumiram cargos de gestão na empresa e
gerentes não familiares. Vale ressaltar que, no processo de desenvolvimento deste trabalho,
ocorreu, em abril deste ano, a morte prematura do sócio-fundador da empresa, de forma
inesperada e era bastante ativo na condução do negócio, podendo ser visto todos os dias no
“chão de loja” e dando a palavra final quanto aos temas mais relevantes da empresa.
O segmento em que a empresa está inserido possui grande relevância para a economia
do país, dada a quantidade de empregos que são gerados e valores que são movimentados. Na
região onde estão estabelecidas todas as unidades da empresa, são empregados diretamente
quase novecentos funcionários, já considerando as admissões concluídas de colaboradores
para a próxima filial a ser inaugurada.
Já está no sexto ano o processo de profissionalização da empresa, para o qual,
cronologicamente, pode-se destacar a internalização do setor de recursos humanos, a
implantação do setor de contabilidade interna, tornando-se um setor de controladoria, a
contratação dos serviços de consultoria especializada e também a contratação de novos
colaboradores com mais experiência de mercado e melhor formação, a criação de rotinas,
controles e procedimentos, preparando a empresa para a efetiva implantação do ERP citado.
85
O processo de profissionalização exigiu perseverança dos filhos do fundador, uma vez
que muitas foram as resistências, principalmente, partindo de um dos sócios que mais gozava
de respeito e capacidade de formar opinião entre os irmãos da primeira geração, inclusive
exercia profunda influência sobre o sócio fundador. Dessa forma, muito houve que ser
negociado até que ocorreu a alteração do quadro social da empresa, ocasionando a saída do
sócio-irmão resistente. A saída desse sócio permitiu que o processo de convencimento para
adoção de melhores práticas de gestão pudessem ocorrer de forma mais rápida.
De maneira unânime, os filhos dos fundadores, hoje ocupantes de cargos de direção na
empresa, viam a necessidade de se ter um fluxo de operações que permitisse maior celeridade
no fluxo das informações contábil-financeiras, de forma a extrair resultados e observações que
permitissem que a empresa pudesse reagir mais rapidamente às mudanças no mercado e
transformações no segmento varejista (Dadamo, 2013).
Retomando os objetivos, no que diz respeito ao primeiro objetivo neste trabalho -
descrever os fatores internos e externos que estimularam o processo de profissionalização do
grupo -, pôde-se verificar, que no caso da organização investigada, foi consensual entre os
entrevistados que a pressão exercida pelo crescimento e diversificação da concorrência foi o
principal fator externo que desencadeou o processo de profissionalização na empresa.
Também, conforme amplamente mencionado, as mudanças nos critérios de prestação de
contas ao fisco e a necessidade de acompanhar, de maneira mais célere, o desempenho da
empresa, estimulou mudanças e a adoção de instrumentos para maior acompanhamento
contábil-financeiro, o que significou maior profissionalização dessa área da organização.
Como fator interno, foi destacado que a entrada da segunda geração em cargos de
direção na empresa estimulou a revisão nos procedimentos da organização, uma vez que esses
herdeiros ingressaram com maior formação acadêmica e experiência em outras organizações.
86
O segundo objetivo buscava descrever as ações que foram adotadas pelo grupo para
lidar com as pressões do contexto. A resistência dos sócios fundadores em aceitar e implantar
mudanças consideradas necessárias pelos membros da segunda geração para o bom
desempenho do negócio somada à pressão competitiva com a entrada de novos concorrentes
na cidade foram superadas pela persistência dos herdeiros e suas ações no sentido de contratar
pessoas especializadas em determinados processos administrativos como recrutamento e
seleção de pessoas, contabilidade, dentre outros. Essas ações desencadearam a saída, da
sociedade, de um dos irmãos, o que parece ter permitido que a empresa seguisse em seu
processo de profissionalização, que já se iniciava, tomando, também, como partida o aumento
gradativo em investimentos em treinamentos, aquisição do novo software de gestão e
informatização de mais setores, que até então trabalhavam com controles mais primários.
Quanto ao terceiro objetivo que visava analisar e estabelecer as relações de causa e
efeito entre os fatores que estimularam a profissionalização as ações adotadas pelo grupo, foi
visto que o avanço da concorrência levou os novos gestores a buscar tecnologia e ferramentas
de gestão que pudessem redundar em aumento de competitividade. Essas ações também se
mostraram para atender à legislação e ao fisco quanto à tempestividade e à confiabilidade dos
resultados apurados. A entrada dos filhos da segunda geração ocupando cargos de direção,
figurou como um fator que levou os antigos gestores a não se acomodarem e entenderem que
a bagagem trazida por esses gestores, embasada por formação acadêmica em instituições de
primeira linha e experiência anterior em outras organizações, legitimava as sugestões postas
por estes quanto aos novos rumos que a organização deveria buscar.
Pode-se concluir que o aumento e diversificação da concorrência, aliada à entrada de
gestores da segunda geração ocupando cargos de direção na empresa, forçaram a organização,
na figura do principal sócio proprietário, a aceitar as propostas de mudanças, principalmente,
porque as idéias e argumentos dos herdeiros eram legitimados nas experiências e formação
87
acadêmica de cada um. Sendo assim, as mudanças e adoção de práticas mais racionais de
organização e gestão do trabalho passaram a ocorrer em um ritmo maior, de forma a evitar
que a organização perdesse mercado e seu desempenho fosse prejudicado. A figura a seguir
ilustra as conclusões referentes ao terceiro objetivo do trabalho.
Figura 5 – Conclusões quanto às relações de causa e efeito dos fatores que estimularam a profissionalização e as
ações decorrentes.
Todos os entrevistados têm consciência de que o processo de profissionalização ainda
não está concluído, embora haja alguns que o consideram bastante avançado. Contudo no
período que sucede essas ações de profissionalização, podem ser identificados, conforme
relato dos entrevistados, resultados positivos como decisões mais assertivas baseadas em
informações mais fidedignas; adoção de ferramentas de gestão, permitindo um melhor
88
gerenciamento do negócio; aumento da competitividade, uma vez que a empresa pode reagir
às ações adotadas pela concorrência e profissionalização e amadurecimento da equipe. Por
outro lado, não foram identificados, conforme opinião dos próprios gestores e proprietários da
organização, resultados negativos oriundos do processo de profissionalização.
Quanto ao aspecto da cultura familiar, foi identificado que o processo de
profissionalização não significou o afastamento da família da gestão, tampouco rejeição aos
elementos da cultura da empresa originados das características da família proprietária. Na
verdade, ocorreu a adoção de práticas e ferramentas mais adequadas para a atuação no
mercado, visando ao enfrentamento da concorrência. A permanência dos familiares na gestão
profissionalizada foi possível e desejável, uma vez que os critérios de formação e
competência para condução dos negócios estavam plenamente presentes nos perfis dos
gestores da segunda geração, conforme visto (Belardinelli, 2002; Chua, Chrisman, & Bergiel,
2009; Lodi, 1998). Apesar do choque da morte repentina do patriarca da empresa, não houve
desestabilização na condução da empresa, nem houve divergências quanto aos objetivos da
organização. O que parece ter ocorrido foi maior união em prol da manutenção e perpetuação
do legado do fundador.
As conclusões obtidas com a realização desta pesquisa reforçou o conhecimento sobre
os fatores que estimulam o processo de profissionalização das organizações familiares, ao
identificar que a necessidade de crescimento organizacional e aumento da concorrência, o
ingresso de membros da segunda geração em cargos de direção, mudanças na legislação
governamental são realmente elementos importantes nessa dinâmica.
Reconhecemos, no entanto, que as discussões a respeito do processo de
profissionalização em organizações familiares não estão esgotadas.
De maneira geral, trabalhos de pesquisa levantam mais questionamentos do que
conseguem responder. Dessa forma, temos a limitação de se trabalhar com o estudo de caso
89
único, o que não permite generalizações dos dados, ou seja, os resultados não nos permitem
afirmar que as características e situações vividas por essa organização no seu processo de
profissionalização são as mesmas vivenciadas pelas demais empresas familiares. Outra
limitação diz respeito à resistência dos entrevistados em abordar assuntos delicados da relação
familiar, o que pode ter restringido a compreensão sobre as dificuldades de relacionamento na
família, principalmente, em virtude da dificuldade em separar os vínculos emocionais de
afinidade e consanguinidade e o negócio em si conforme já assinalado por (Davidoff & Hall,
1987; Fletcher, Helienek, & Zafirova, 2009; Hart, 1975; Watson, 1985).
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120
APÊNDICE
ROTEIROS DE ENTREVISTAS – Fundadores
1. Conte-me sobre a história da empresa, desde o momento da fundação.
2. Quais são os grandes objetivos da empresa para os próximos anos?
3. Como você avalia a posição atual da empresa em relação a esses objetivos?
4. Como você avalia o mercado em que a empresa atua (competividade, concorrentes,
perspectivas)?
5. Quais são os pontos fortes da empresa em relação a esse mercado?
6. Quais são os pontos fracos da empresa em relação a esse mercado?
7. Como você percebe a influência da característica familiar na gestão e cultura da empresa?
8. Atualmente, quais integrantes da família participam da gestão da empresa?
9. Como ocorre o processo de inserção dos membros da família na empresa?
10. Você considera que a gestão da empresa é profissionalizada? Por quê?
11. Na sua avaliação, o que estimulou o processo de profissionalização da empresa?
12. Quais fatores internos pesaram nessa decisão?
13. Quais fatores externos pesaram nessa decisão?
14. Conte-me, em detalhes, como ocorreu o processo de profissionalização — quais ações
foram adotadas.
15. Quais as principais mudanças observadas a partir da realização do processo de
profissionalização?
16. Como os demais funcionários e familiares receberam essa profissionalização?
17. Quais fatores você acredita terem facilitado o processo de profissionalização?
18. E quais você percebe como dificultadores?
121
19.Tendo em vista o processo de profissionalização, como ele tem sido feito, qual a
avaliação? O que faria diferente?
20. Qual a sua avaliação sobre o apoio da consultoria no processo de profissionalização da
empresa?
ROTEIROS DE ENTREVISTAS – Filhos do Fundador
1. Conte-me sobre a história da empresa, desde o momento da fundação.
2. Conte-me sua trajetória na empresa.
3. Quais são os grandes objetivos da empresa para os próximos anos?
4. Como você avalia a posição atual da empresa em relação a esses objetivos?
5. Como você avalia o mercado em que a empresa atua (competividade, concorrentes,
perspectivas).
6. Quais são os pontos fortes da empresa em relação a esse mercado?
7. Quais são os pontos fracos da empresa em relação a esse mercado?
8. Como você percebe a influência da característica familiar na gestão e cultura da empresa?
9. Atualmente, quais integrantes da família participam da gestão da empresa?
10. Como ocorre o processo de inserção dos membros da família na empresa?
11. Houve incentivos ou pressões para sua entrada na empresa? Como foi esse processo?
12. Você percebe algum planejamento com vistas à sucessão?
13. Você considera que a gestão da empresa é profissionalizada? Por quê?
14. Na sua avaliação, o que estimulou o processo de profissionalização da empresa?
15. Quais fatores internos pesaram nessa decisão?
16. Quais fatores externos pesaram nessa decisão?
122
17. Conte-me, em detalhes, como ocorreu o processo de profissionalização. — quais ações
foram adotadas.
18. Quais as principais mudanças observadas a partir da realização do processo de
profissionalização?
19. Como os demais funcionários e familiares receberam essa profissionalização?
20. Quais fatores você acredita terem facilitado o processo de profissionalização?
21. E quais você percebe como dificultadores?
22. Tendo em vista o processo de profissionalização, como ele tem sido feito, qual a
avaliação? O que você faria de diferente?
23. Qual a sua avaliação sobre o apoio da consultoria no processo de profissionalização da
empresa?
ROTEIROS DE ENTREVISTAS – Gerente (não familiar)
1. Conte-me sua trajetória na empresa.
2. Quais são os grandes objetivos da empresa para os próximos anos?
3. Como você avalia a posição atual da empresa em relação a esses objetivos?
4. Como você avalia o mercado em que a empresa atua (competividade, concorrentes,
perspectivas)?
5. Quais são os pontos fortes da empresa em relação a esse mercado?
6. Quais são os pontos fracos da empresa em relação a esse mercado?
7. Como você percebe a influência da característica familiar na gestão e cultura da empresa?
8. Você considera que a gestão da empresa é profissionalizada? Por quê?
9. Na sua avaliação, o que estimulou o processo de profissionalização da empresa?
10. Quais fatores internos pesaram nessa decisão?
123
11. Quais fatores externos pesaram nessa decisão?
12. Conte-me, em detalhes, como ocorreu o processo de profissionalização — quais ações
foram adotadas.
13. Quais as principais mudanças observadas a partir da realização do processo de
profissionalização?
14. Quais foram os impactos da profissionalização no seu trabalho/área/equipe?
15. Quais fatores você acredita terem facilitado o processo de profissionalização?
16. E quais você percebe como dificultadores?
17. Tendo em vista o processo de profissionalização, como ele tem sido feito, qual a
avaliação? O que você faria de diferente?
18. Qual a sua avaliação sobre o apoio da consultoria no processo de profissionalização da
empresa?
124
ANEXOS
ANEXO A – APRESENTAÇÃO DE PROJETO PARA IMPLANTAÇÃO DE
CONTABILIDADE GERENCIAL E GESTÃO DE FINANÇAS
125
126
ANEXO B – PROPOSTA DE FLUXO DE CAIXA PARA O EXERCÍCIO DE 2011.
127
ANEXO C – PLANO DE AÇÃO PARA 2011
128
129
ANEXO D – PROPOSTA DE CENTROS DE CUSTOS PARA 2011
130
ANEXO E – RELATÓRIOS ANALÍTICOS