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Unidade 1 – Introdução à Gestão Operacional 11 Módulo Específico em Gestão Pública U NIFORMIZANDO C ONCEITOS E EXPECTATIVAS Caro estudante, Estamos iniciando uma nova disciplina no Curso de Especialização em Gestão Pública. Nosso trabalho é extenso e, além disso, a especificidade de alguns temas e a utilização de palavras, que podem não ser comuns no seu dia a dia, vão exigir de você certo esforço, mas, certamente, valerá a pena. Nesta seção, vamos abordar ações da Gestão Operacional, no contexto de nossa disciplina, para entender o significado de alguns termos empregados, compreender o escopo, a abrangência e onde são realizadas as atividades operacionais de prestação de serviços públicos. Em paralelo, você participará desenvolvendo algumas atividades de aprendizagem que preparamos para você. Vamos começar? Para início de conversa, vamos pensar: qual o papel da disciplina Gestão Operacional? Você concorda que vivenciando muito tempo um trabalho temos dificuldade para analisá-lo de determinada distância e de desenhar representações ou esquemas que nos mostrem não somente as partes que o compõem, mas também as suas inter- relações e estas com o meio ambiente externo. Como decorrência, temos dificuldade para explicitar o objetivo principal e a serviço de quem ou de que estão sendo dirigidos esforços e energias. Isto é, perdemos a visão sistêmica do trabalho. Isso ocorre quanto mais repetitivo, normatizado e estruturado for esse trabalho, como no caso da Gestão Operacional. Por esse

POSGP GesOper Fasc Sem1

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Gestão Publica

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  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    11Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    UNIFORMIZANDO CONCEITOS EEXPECTATIVAS

    Caro estudante,Estamos iniciando uma nova disciplina no Curso deEspecializao em Gesto Pblica. Nosso trabalho extensoe, alm disso, a especificidade de alguns temas e autilizao de palavras, que podem no ser comuns no seudia a dia, vo exigir de voc certo esforo, mas, certamente,valer a pena.Nesta seo, vamos abordar aes da Gesto Operacional,no contexto de nossa disciplina, para entender o significadode alguns termos empregados, compreender o escopo, aabrangncia e onde so realizadas as atividadesoperacionais de prestao de servios pblicos. Em paralelo,voc participar desenvolvendo algumas atividades deaprendizagem que preparamos para voc.Vamos comear?

    Para incio de conversa, vamos pensar: qual o papel dadisciplina Gesto Operacional? Voc concorda que vivenciando muitotempo um trabalho temos dificuldade para analis-lo de determinadadistncia e de desenhar representaes ou esquemas que nos mostremno somente as partes que o compem, mas tambm as suas inter-relaes e estas com o meio ambiente externo.

    Como decorrncia, temos dificuldade para explicitar oobjetivo principal e a servio de quem ou de que esto sendo dirigidosesforos e energias. Isto , perdemos a viso sistmica do trabalho.

    Isso ocorre quanto mais repetitivo, normatizado e estruturadofor esse trabalho, como no caso da Gesto Operacional. Por esse

  • Gesto Operacional

    12Especializao em Gesto Pblica

    motivo que o modelo pedaggico do Curso de Especializao emGesto Pblica programou um conjunto de disciplinas que visam acolocar o trabalho do gestor pblico em perspectiva mais abrangente,o que facilitar a voc formular crticas e sugestes para melhoriada prestao de servio pblico.

    Nesse contexto, nossa disciplina Gesto Operacional estconfigurada como um espao integrador das competncias que umgestor pblico deve possuir para exercer uma efetiva gesto daprestao de servios pblicos, por um rgo do Estado ou mesmopor uma entidade no estatal.

    Para melhor entendimento dessa discusso, vamos analisar os

    dois termos que compem o ttulo desta disciplina Gesto

    Operacional? Vamos iniciar por gesto?

    Voc pode ainda estar se perguntando qual a diferena entreos termos administrao e gesto; pois saiba que esta dvida muito comum, e sempre levantada, nas literaturas especficasproduzidas nos ltimos 30 anos. Veja o texto a seguir.

    Esgotar qualquer assunto parece impossvel, principalmen-te este dilema Gesto e Administrao. O termo gesto novo, com a fora que possui hoje, at mesmo na acade-mia, ser difcil assumir algumas constataes. (PARRAFILHO; SANTOS, 2000, p. 36).

    Assim, para fins da presente disciplina, o termo gesto sinnimo de administrao e significa um conjunto de princpios,de normas e de funes que tm por fim ordenar os fatores deproduo e controlar a sua produtividade e a sua eficincia, paraobter determinado resultado. A gesto ser ainda representada porum modelo explicativo abrangendo quatro etapas:

    planejamento;

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    13Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    execuo; avaliao; e controle.

    Para ilustrar, vamos usar o ciclo de gesto criado por WalterShewhart e muito empregado por Demin nos programas de gestopela qualidade, conforme Walton (1989). Veja a Figura 1 e procureentender o que significa cada etapa do ciclo.

    Figura 1: Do Ciclo PDCA ao Ciclo PEACFonte: Adaptada de Campos (1990)

    Agora que voc j conhece o ciclo PDCA, vamos explic-locom o entendimento da finalidade principal de cada etapa.

    A etapa de planejamento visa a fornecer orientaesdiretivas, definindo metas ou normativas, mtodos, tcnicas eferramentas para que a prxima etapa de execuo seja realizada.

    A etapa de execuo compreende as at ividadespreparatrias para capacitar as pessoas, educando-as e treinando-as, a fim de que sejam capazes de executar o que foi programadona etapa de planejamento. A etapa de execuo gera produtos,tambm denominados resultados, e sobre esses produtos e o modocomo foram obtidos sero coletados dados relevantes da etapa.Esses dados podem ser coletados de forma sistematizada e contnua,

    (A) Avaliao

    (C) Controle Execuo (E)

    Planejamento (P)A P

    C D

    Coletar

    dados

    Executar

    Educar e treinar

    Definir mtodo

    Definir metaAo:

    Corretiva

    Preventiva

    Melhoria

    Checar

    METAS x RESULTADOS

  • Gesto Operacional

    14Especializao em Gesto Pblica

    isto , monitorados; ou de forma aleatria e pontual, conformenormatizados na etapa de planejamento.

    A etapa de avaliao tem como objetivo fornecer dadospara a prxima etapa, o controle, comparando o que foi planejadocom o que foi realizado; valorando os desvios encontrados eidentificando as respectivas causas; e, at mesmo, sugerindoalternativas de caminhos para que, o que foi planejado, volte a serexecutado e os produtos e os resultados sejam obtidos.

    A ltima etapa, a de controle, tem carter decisrio eexecutivo, pois contempla atividades no somente de tomada dedeciso acerca de como corrigir as disfunes apontadas na etapade avaliao e, s vezes, de como rever o planejamento anterior,papel preventivo, mas, tambm, executando as aes corretivas ede melhorias.

    Fazendo uma correlao entre os processos de abordagemfuncional da administrao (planejamento, organizao, direo,controle PODC) e o modelo de quatro etapas (planejamento,execuo, avaliao, controle PEAC), o qual vamos usar nestadisciplina, temos o Quadro 1.

    vVoc poder encontrarainda a atividade demonitoramento na

    prxima etapa de

    avaliao conforme

    acrescentam alguns

    autores.

    Quadro 1: Etapas da Administrao x GestoFonte: Elaborado pela autora

    Como voc pode notar no Quadro 1, os dois modelos explicativos,de gesto e de administrao, tm perspectivas distintas, mas comovamos usar o modelo PEAC, vamos destacar dois aspectos crticos:

    No modelo PEAC, a funo organizao tantoparticipante do P (planejamento definir mtodos)como do E (execuo educar e treinar).

    Proposta para gesto

    Planejamento Execuo Avaliao Controle

    Planejamento

    Organizao

    Direo

    Controle

    FUNCIONAL

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    15Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    No modelo PEAC, a funo controle tanto participanteda A (avaliao checar metas x resultados) como doC (controle, propriamente dito).

    Outro entendimento importante que, para alguns autores egestores, a funo ou a etapa de planejamento no faz parte da gesto;essa conveno, porm, no ser considerada neste livro-texto.

    Agora que j definimos o termo gesto, vamos ver qual o

    entendimento para o termo operacional, presente no ttulo

    da disciplina.

    Para fins desta disciplina, vamos considerar que o objeto daGesto Operacional o conjunto de todas as aes que foramplanejadas e so executadas no processo direto de prestao deservios pblicos.

    As atividades de Gesto Operacional so realizadas emqualquer organizao estatal de prestao de servios pblicos, nastrs instncias federal, estadual e municipal , e em organizaesno estatais que tm essa atribuio e so realizadas no espao deexecuo do modelo de Mintzberg (2003), conforme mostra a Figura2 a qual voc j analisou na discipl ina ComportamentoOrganizacional.

    vEsse entendimento seresclarecido com odetalhamento dos ciclos

    de gesto da

    Administrao Pblica,

    que ser apresentado na

    prxima seo desta

    Unidade.

    Figura 2: Os cinco espaos organizacionaisFonte: Adaptada de Mintzberg (2003)

  • Gesto Operacional

    16Especializao em Gesto Pblica

    Com essas consideraes podemos compreender melhor osconhecimentos de natureza tcnica instrumental, no mbitoda problemtica do funcionamento operacional deorganizaes prestadoras de servios pblicos, comparticular destaque para as atividades de execuo dos planos,programas e aes. Essas aes podem ser caracterizadas comocontnuas, sazonais ou situacionais.

    Vamos analisar os termos e as expresses, anteriormentecolocados em negrito, para continuarmos nosso processo deuniformizao de conceitos.

    O que significa dotar de conhecimentos de natureza

    tcnica instrumental?

    A Figura 3 apresenta um esquema bastante simplificado paraauxiliar-nos no entendimento desse significado. Observe-a.

    Figura 3: Integrao entre ambiente acadmico e prticoFonte: Elaborada pela autora

    Como voc pde observar, procuramos, neste livro-texto,trazer contedos cuja gnese o exerccio prtico da funo deGesto Pblica, pois nesse espao de trabalho que se constata a

    Contribuies da academia para

    prtica

    a) Ambiente

    acadmico

    b) Ambiente de

    trabalho

    c) Trabalho

    prtico

    interface entre

    ambientes

    Contribuies da prtica para

    academia

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    17Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    necessidade de integrao dos dois tipos de conhecimento e de suaatualizao.

    A Gesto Operacional da prestao de servios pblicos sevaler de tcnicas e de instrumentos de domnio das cincias daAdministrao e da Engenharia de Produo. Mas as aplicaesexigiro uma contextualizao no ambiente especfico dasorganizaes prestadoras de servios pblicos, isso significa queconceitos de Direito Administrativo so imprescindveis.

    Por que restringir o contexto da disciplina ao mbito do

    funcionamento operacional?

    Restringir a disciplina ao mbito do funcionamentooperacional indica que ela ter seu foco limitado organizaoem ao e no s questes ligadas ao desenho de estruturasorganizacionais, por exemplo, uma vez que elas foram tratadas nadisciplina de Comportamento Organizacional e sero consideradascomo pressupostos. Voc tambm observar que no abordaremosa formulao de planos diretores ou plurianuais, que seroentendidos como orientadores prvios de ao operacional erespectiva gesto, pois j foram estudados na disciplina PlanoPlurianual e Oramento Pblico.

    E como entender organizaes de prestao de servios

    pblicos face s denominaes de organizaes pblicas e

    organizaes estatais?

    Embora os termos organizaes pblicas e organizaesestatais sejam usados como sinnimos, apenas as organizaesestatais so integrantes da estrutura do Estado. H outrasorganizaes que prestam servios pblicos alm das organizaesestatais. Elas no so da estrutura do Estado, como as Organizaes

  • Gesto Operacional

    18Especializao em Gesto Pblica

    No Governamentais (ONGs) e as organizaes privadasconcessionrias de servios pblicos. Para melhor compreenso,construmos para voc a Figura 4, analise-a com ateno.

    vEm caso de dvidaretorne ao contedo dadisciplina O Pblico e o

    Privado na Gesto

    Pblica.

    Figura 4: Organizaes: posicionamentos estatal x no estatal e restrito x amploFonte: Elaborada pela autora

    Como voc pode ver, existem, de forma simplificada, pelomenos quatro posicionamentos bsicos de organizaes para osquais apresentamos exemplos nas esferas federais, estaduais emunicipais. Vamos a alguns exemplos:

    Competncia da Ao Estatal com Pblico Restrito(Espao 1)

    Federal: licenciamento ambiental Instituto Brasileirodo Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis(Ibama).

    Estadual: licenciamento de veculos Departamentode Trnsito (Detran) do Estado de Minas Gerais.

    Municipal: pagamento do Imposto sobre a PropriedadePredial e Territorial Urbana (IPTU) Prefeitura deManaus.

    Co

    mp

    et

    nci

    a d

    a A

    o

    Restrito Amplo

    Est

    ata

    lN

    o

    Est

    ata

    l

    Pblico

    2 4

    31

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    19Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Competncia da Ao Estatal com Pblico Amplo(Espao 2)

    Federal: policiamento de rodovias federais. Estadual: manuteno da rede hidroviria estadual

    Estado do Par.

    Municipal: servio de gua e esgoto Prefeitura deOlinda.

    Competncia da Ao no Estatal com Pblico Restrito(Espao 3)

    Federal: atendimento educacional populao indgenax ONG A.

    Estadual: servio de proteo ao consumidor Estadode Santa Catarina.

    Municipal: atendimento ao idoso em situao de riscoda cidade de Xu ONG B.

    Competncia da Ao no Estatal com Pblico Amplo(Espao 4)

    Federal: operao de organizao de tev a cabo Concessionria.

    Estadual: operao da Rodovia Castelo Branco (SoPaulo) Concessionria.

    Municipal: operao da linha amarela (Rio de Janeiro) Concessionria.

    Todas as aes de uma prestao de servio pblico fazem

    parte de um plano? Existe algum motivo para que na expresso

    execuo de planos, programas e aes, o termo aes

    seja considerado como uma atividade distinta? No seria mais

    adequado usar apenas planos e programas de aes?

    Na prtica das organizaes prestadoras de serviospblicos, em qualquer instncia, sejam elas federais, estaduais

  • Gesto Operacional

    20Especializao em Gesto Pblica

    ou municipais, observamos que, mesmo no constando deplanos e programas, um conjunto de aes deve ser executadopor exigncias legais.

    Alm disso, ocorrem aes que, por serem eventuais, noconstam dos planos, exigindo apenas a disponibilidade de recursosoramentrios e financeiros para a execuo. Para melhorentendimento, observe a Figura 5; que foi elaborada para voc como intuito de mostrar os quatro tipos de aes bsicas dasorganizaes prestadoras de servios pblicos.

    Figura 5: Espaos de aes de uma organizao prestadora de serviospblicos

    Fonte: Elaborada pela autora

    Quem exerce o cargo de gestor operacional deve estarpreparado para atuar nessas condies, isto , do trabalho gerencialcom aes discricionrias e legais previstas ou no em planos deao, tendo em mente que existem princpios a serem observados,conforme analisado na disciplina: O Pblico e o Privado naAdministrao Pblica, que voc estudou no mdulo bsico do nossoCurso de Especializao.

    Existe na Figura 5 uma ao de natureza discricionria*,que pode ser uma ao no prescrita em leis e normas, masprevista no arcabouo legal. Esse espao para ao discricionriaest sujeito a questionamentos dos rgos de controle, que sero

    *Discricionria que pro-

    cede, ou se exerce, dis-

    crio, sem restries,

    sem condies; arbitr-

    rio, caprichoso, discri-

    cional. Fonte: Elaborado

    pela autora.

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    21Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    tratados no prximo item desta Unidade. A seguir, so apresentadosexemplos de cada tipo:

    Espao 1 (legal plano de ao) lanamentos deimpostos anuais.

    Espao 2 (legal eventual) fiscalizao a partir dedenncias.

    Espao 3 (discricionrio plano de ao) vacinaesperidicas.

    Espao 4 (discricionrio eventual) aes de defesacivil para eventos no previstos.

    Continuando nossos esclarecimentos, por que estabelecermos

    categorias para aes como contnuas, sazonais ou

    situacionais (pontuais)?

    Observando o funcionamento de uma organizaoprestadora de servios pblicos, estatal ou no, durante umdeterminado perodo, maior que um ano ou na vigncia de um planodiretor ou plurianual, notamos que algumas aes so permanentesno tempo, isto , so contnuas e, a essas, denominamos rotinas.Outras se repetem de tempos em tempos, comportando pequenasvariaes de um perodo de execuo para outro e, nesse caso, sochamadas de aes sazonais.

    Por fim, destacamos aquelas que so executadas apenas umavez para resolver um problema na prestao de servio a fim deatender segmentos dos pblicos-alvo, cujas especificidades devemser respeitadas, e para as demandas eventuais.

    Voc, agora, pode perceber a variedade de aes que podemvir a ser de sua responsabilidade como gestor. Isso vai exigir umconjunto de sistemticas de gerenciamento de processo e de projeto,ou sistemticas hbridas, especialmente desenhadas. Esse assuntoser tratado de modo mais detalhado na Unidade 2 GestesOperacionais Crticas.

  • Gesto Operacional

    22Especializao em Gesto Pblica

    CICLOS DE GESTO NAADMINISTRAO PBLICA

    Para darmos incio a esta seo, apresentamos para suareflexo trs situaes-problema noticiadas com certa frequnciaem diversos veculos de comunicao (jornais, rdios, televises eat internet).

    Hospitais pblicos e postos de sade sem medicamentospara atendimentos de urgncia.

    Estradas e pontes destrudas pelas chuvas com as obrasde recuperao paralisadas.

    Operaes de fiscalizaes ambientais suspensas pordeterminao do poder judicirio.

    Voc pode estar se perguntando: o que essas situaes-

    problema tm em comum?

    Perceba que elas ocorrem no mbito do que denominamos,na Administrao Pblica, de Gesto Operacional. Algumas vezesessas situaes so causadas por um conjunto de fatores sobre osquais os gestores envolvidos podem atuar, mas existem casos ques podem ser resolvidos com decises e recursos externos.

    Os responsveis podem ter elaborado planos de contingnciapara enfrentar diversos imprevistos, mas no foram liberadosrecursos financeiros, ou seja, no houve repasse de valores ou prazo

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    23Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    estabelecido para tal; ou porque na reviso oramentria foramreduzidas as dotaes para essas aes ou, ainda, porque naformulao das polticas pblicas as prioridades podem ter sido outras.

    Por esses fatos, dentre vrios outros, que se torna muitoimportante a compreenso de que a Gesto Operacional semprerealizada no contexto da gesto de polticas pblicas e da gestodos planos e programas, e os resultados decorrentes vo, em grandeparte, depender de condicionantes definidos nessas gestes de nvelsuperior, estudadas em duas disciplinas: Polticas Pblicas e PlanoPlurianual e Oramento Pblico.

    Estudar a gesto das aes operacionais, contextualizadasnas gestes de nvel superior, nosso objetivo nesta Unidade 1; e,para atender a esse desafio, vamos resgatar aspectos importantestrabalhados nas duas disciplinas citadas no pargrafo anterior,analisando-os em conjunto com os temas bsicos da GestoOperacional.

    Como a realidade da Gesto Pblica bastante complexa,vamos buscar um modelo* que nos ajude a compreender o assunto.Escolhemos o modelo denominado ciclo de gesto aplicado aocontexto do trabalho do gestor pblico, quando da prestao deservios pblicos.

    Inicialmente, vamos entender o que um ciclo de gestopara, depois, compreendermos quais as principais caractersticasdele nos trs nveis da Gesto Pblica e, ainda, perceber como elesse interligam na prtica.

    CARACTERSTICAS DOS CICLOS DE GESTO NAADMINISTRAO PBLICA

    O modelo de ciclo de gesto prev que a gesto sejaexecutada em quatro etapas contnuas, quais sejam: o Planejamento(P), a Execuo (E), a Avaliao (A) e o Controle (C). No papel

    *Modelo representa-

    o simplificada de uma

    realidade para uma uti-

    lizao especifica. Fonte:

    Elaborado pela autora.

  • Gesto Operacional

    24Especializao em Gesto Pblica

    proativo, o controle pode rever o que foi planejado definindomedidas que reduzam a possibilidade de ocorrncia de disfunessimilares s identificadas anteriormente.

    Podemos ter em uma Gesto Pblica: um ciclo deGesto PEAC para a gesto de polticas pblicas, outrociclo PEAC para a gesto de planos e programas eainda outro para a gesto das aes operacionais.

    Para mostrar como os ciclos interagem, vamos recorrer a umnovo modelo para trabalhar as gestes mencionadas, considerandoo posicionamento de uma gesto relativamente s outras gestes.

    Inicialmente, com apoio dos modelos hierrquicos, usadosh dcadas na rea da Administrao para a Gesto Pblica,podemos compreend-la em trs nveis:

    Gesto Estratgica: tem como objeto as polticaspblicas.

    Gesto Ttica: enfoca os planos diretores e os planosplurianuais com os respectivos programas.

    Gesto Operacional: objetiva as aes operacionaisde prestao de servios pblicos para seus usurios ebeneficirios.

    Em uma representao piramidal, alocamos na base, agesto de aes (ou operacional); na parte intermediria, a gestodos planos e programas; e, no pice, a gesto de polticas pblicas.Mas esse modelo, embora ainda preponderante na AdministraoPblica, vem sendo substitudo por outros modelos de organizao,a exemplo dos modelos matriciais, processuais e em rede, nos quaisa lgica hierrquica no utilizada.

    Nesse esforo de encontrar modelos no hierrquicos eusando os ciclos PEAC que estamos estudando, construmos parasua anlise a Figura 6.

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    25Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Figura 6: Inter-relacionamento dos ciclos de Gesto PblicaFonte: Elaborada pela autora

    Perceba, por meio desse esquema, que qualquer ao,executada no ciclo operacional, faz parte de um programa, de umplano e de uma poltica pblica. Veja que responsabilidade do gestoroperacional: trabalhar com a parte sem esquecer o todo!

    Assim, as interaes que apresentamos na Figura 6 visamsomente contextualizar o ciclo de Gesto Operacional face aosoutros ciclos, usando o modelo PEAC; porm, precisamoscompreend-lo de forma mais detalhada.

    Tomando como referncia um ciclo de gesto PEACgenrico, podemos ainda imaginar que cada uma das etapas podeser representada tambm por outro ciclo PEAC, e assimsucessivamente. A Figura 7 nos mostra uma forma de representaruma viso mais detalhada da Gesto Operacional.

  • Gesto Operacional

    26Especializao em Gesto Pblica

    Figura 7: Inter-relacionamento das etapas em tempo realFonte: Elaborada pela autora

    Com base na Figura 7, podemos afirmar que cada etapa dociclo operacional pode comportar o planejamento, a execuo, aavaliao e o controle de vrias aes. Isto , em um determinadomomento podemos estar avaliando uma ao a, executando ocontrole de outra ao b, e assim por diante. Conviver com aoperao simultnea de todas essas etapas de vrias aes vai exigirdo gestor operacional um grande senso de prioridade e viso globaldo seu trabalho de gestor.

    Tendo estudado os trs ciclos de gesto PEAC daAdministrao Pblica, conhecido seus focos e o modo comointeragem, sugerimos que voc analise novamente as situaes-problema que apresentamos no incio desta seo, procurandoidentificar como as gestes de nvel superior esto causandoimpactos na Gesto Operacional.

    Para melhor entendimento, vamos examinar as principaiscaractersticas de cada um dos ciclos de gesto (poltica pblica; planos

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    27Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    e programas; aes operacionais) utilizando variveis que permitemuma percepo comparada entre eles. Sero objetos de anlise:

    a importncia relativa das etapas do ciclo; o modelo de gesto especfico preponderante; as metodologias e instrumentos usados como indicativos

    da institucionalizao;

    o modelo de processo decisrio mais praticado; e os sistemas informacionais de apoio mais encontrados.

    O CICLO DE GESTO DAS POLTICAS PBLICAS

    Esse ciclo de gesto foi intensivamente abordado nadisciplina Polticas Pblicas, tema ao qual dedicamos parte daUnidade 1 e a totalidade da Unidade 2.

    No que se refere ao uso do nosso modelo explicativo paraciclos de gesto, as etapas do ciclo de gesto de polticas pblicas,de forma simplificada, podem ser correlacionadas com os estudosdaquela disciplina. Veja a seguir:

    Planejamento (P): construo de agenda; formulaoda poltica e comunicao da poltica das decisesestratgicas.

    Execuo (E): implementao da poltica. Avaliao (A): avaliao das polticas; apreciao

    dos efeitos atribudos ao do governo.

    Controle (C): correo de trajetrias e aes.

    Agora, vamos refletir sobre cada um dos objetos de anlise.

  • Gesto Operacional

    28Especializao em Gesto Pblica

    Importncia Relativa das Etapas

    Nas esferas federal, estadual e municipal, e mesmo nasorganizaes no estatais, os gestores costumam dedicar esforosdiferenciados a cada uma das quatro etapas do ciclo de gesto depolticas pblicas, porm, como voc pode ter observado, a atenomaior dedicada s etapas de formulao e de implementao depolticas pblicas.

    Esse ciclo de gesto bastante longo, no que se refere aotempo decorrido entre a formulao e o controle, e pode abrangermais de um mandato de governo. Ento, em caso de descontinuidadeadministrativa, as etapas de avaliao e de controle podem deixarde ser realizadas, impedindo a retroalimentao do ciclo.

    A avaliao de polticas, pelas prprias organizaes ou poravaliao externa, , naturalmente, dispendiosa; uma das razespela qual no seja realizada de forma to frequente.

    Queremos chamar sua ateno para uma questo que irafetar os ciclos de Gesto Operacional: quando a avaliao depolticas pblicas setoriais indica dficits de implementao, o focodas revises costuma voltar-se para o contedo dos planos e dosprogramas, que so objeto dos prximos ciclos de gesto a seremanalisados, e no para reviso do conjunto de polticas.

    Mesmo quando os objetivos so alcanados importante que a sociedade seja informada quanto aofim ou a suspenso do ciclo poltico, para dartransparncia s aes pblicas e permitir o controlesocial, tema que ser abordado ainda nesta Unidade.

    Voc pde deduzir que as etapas de avaliao e de controleso imprescindveis para a aprendizagem poltica (PRETTWITZ,1994, p. 60), mas como j explicitado, temos dificuldades deexecutar essas etapas; gerando, assim, desgastes para asorganizaes e para seus gestores, responsveis pela execuo dasaes operacionais.

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    29Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Modelo de Gesto

    A gesto de polticas pblicas normalmente adota modelosde gesto pouco prescritivos*, isto , as metodologias usadasprescindem de normas ou de manuais, mas exigem nveissignificativos de participaes de agentes e de intervenientesexternos em todas as etapas do ciclo. Alm desses, so necessriosespecialistas que aportem conhecimentos dos diversos setores e detemas relacionados aos objetos da poltica a ser gerenciada paraque sejam realizadas as etapas de formulao, de avaliao e decorreo de trajetrias.

    Indicativos de Institucionalizao

    Considerando uma perspectiva bastante simples da palavrainstitucionalizao, podemos conceitu-la conforme Oliveira(1991), como um processo atravs do qual so criados e utilizadosinstrumentos para implementao (concepo, difuso econtinuidade) de prticas, que conduzem s mudanas necessriasao processo de desenvolvimento das organizaes prestadoras deservios pblicos.

    Sendo assim, podemos afirmar que essa varivel para o ciclode gesto de polticas pblicas apresenta muita dificuldade paraser viabilizada.

    A descontinuidade administrativa ao longo do ciclo nastrs esferas da federao , as especificidades, a natureza doscontedos e dos processos de gesto de polticas pblicas explicam,em parte, as dificuldades.

    Contar apenas com documentos formais que explicitam ecomunicam decises relativas s gestes de polticas pblicas no garantia de continuidade e de aprendizado poltico. Por isso, aampliao da participao de atores externos interessados tem sidoconsiderada por especialistas como fundamental para melhorar onvel de institucionalizao do ciclo de gesto das polticas pblicas.

    *Prescritivos indica-

    dos com preciso, deter-

    minados e fixos. Fonte:

    Elaborado pela autora.

  • Gesto Operacional

    30Especializao em Gesto Pblica

    Processos Decisrios

    Os processos decisrios do ciclo de gesto de polticaspblicas abordam problemas no estruturados, com poucas rotinase regras, o que direciona os processos decisrios para "modelopoltico" na classificao dos problemas de deciso que adotamosneste livro-texto. Para melhor identificar essa classe face s demais,analise atentamente a Figura 8.

    Figura 8: Classificao dos problemas de decisoFonte: Adaptada de Choo (1998)

    Sistemas Informacionais Usados como Suporte

    Os sistemas de informao de apoio para o ciclo de gestode polticas pblicas precisam disponibilizar uma grande variedadede informaes, normalmente de mltiplas fontes, para anlise decenrios, de contextos diversos e dos impactos da intervenorealizada.

    Voc pode estar se perguntando: onde encontrar as informaes

    necessrias?

    Informaes fundamentais constam de bases de dadosoficiais, conforme voc estudou na disciplina IndicadoresSocioeconmicos na Gesto Pblica. Recentemente, organizaes

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    31Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    no estatais esto produzindo informaes para setores estratgicosde desenvolvimento poltico, social e ambiental, entre outros; einformaes bastante adequadas avaliao e ao controle dagesto do ciclo de polticas pblicas.

    Encerrando este item, que tratou das principais caractersticasdo ciclo de gesto de polticas pblicas, devemos, ainda, destacar queas relaes diretas com a Gesto Operacional deveriam ser incentivadas.A Gesto Operacional poderia fornecer insumos importantes paraavaliao e para o controle das polticas pblicas, decorrentes dorelacionamento intensivo com os pblicos-alvo. Essa prtica poderiatambm contribuir para o aprendizado e para a institucionalizao dosprocessos do ciclo de gesto de polticas pblicas.

    O CICLO DE GESTO DOS PLANOS E PROGRAMAS

    Tal como vimos para o ciclo de polticas pblicas, os objetosplanos e programas foram abordados na disciplina Plano Plurianuale Oramento Pblico.

    Usando tambm o ciclo de gesto como modelo explicativo,a correlao de etapas do ciclo com a linguagem de uso comumdos gestores pblicos a seguinte:

    Planejamento (P): formulao de planos diretores eplurianuais; aprovao de leis oramentrias e de leisorganizativas do uso de bens comuns.

    Execuo (E): implementao de planos, programase oramentos.

    Avaliao (A): monitoramento e avaliao dos planos,programas e oramento.

    Controle (C): controle de planos e de oramento.

    vEssa disciplina dedicou aprimeira parte daUnidade 1 ao Sistema

    Brasileiro de

    Planejamento e

    Oramento e ao Plano

    Plurianual (PPA). Em caso

    de dvida, faa uma

    releitura dessa

    disciplina.

  • Gesto Operacional

    32Especializao em Gesto Pblica

    As etapas E, A, C contemplam tambm a gesto dosarcabouos legais oramentrios e a gesto das leis organizativasvigentes.

    Esse ciclo exerce impactos mais diretos na GestoOperacional do que o ciclo de polticas pblicas, por isso fundamental que voc considere o que apresentamos a seguir.

    Participaes Relativas das Etapas do Ciclo de Gesto

    De forma diversa do anotado para o ciclo de gesto depolticas pblicas, os gestores alocados no ciclo de gesto, de formageral, dedicam-se igualmente s quatro etapas nele envolvidas.

    Convm destacar uma categoria de componentes dociclo de gesto para a qual no so executadas deforma sistemtica todas as etapas. Estamos nosreferindo aos instrumentos legais, em particular as leisorganizativas, cujas vigncias transcendem exercciose at mandatos de governos. Esse comportamento nose apresenta com diferenas significativas entre asesferas federais, estaduais e municipais.

    Pelas informaes veiculadas nas mdias de maior circulaocomo o caso do jornal, da televiso e da internet, voc percebeque os rgos de controle: interno, externo e social, comocontroladorias, Tribunais de Contas e procuradorias, em todas asesferas, analisam de forma intensiva os contedos e os instrumentosde gesto desse ciclo.

    O Modelo de Gesto

    Por contemplar o ciclo do oramento pblico nas trsinstncias, e por estar vinculado ao controle financeiro de despesas,

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    33Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    vA disciplina PlanoPlurianual e OramentoPblico procurou

    retratar um nvel de

    institucionalizao

    relativamente grande na

    esfera federal.

    esse ciclo tem um modelo de gesto normativo com alto nvel deprescrio. Porm, a gesto dos planos diretores e plurianuais, aexemplo do ciclo de polticas pblicas, dedica, com frequncia,maior ateno formulao e execuo do que s avaliaes eaos controles.

    Os Indicativos de Institucionalizao

    No que se refere institucionalizao, esse ciclo o queapresenta indicativos formais em maior quantidade, com asmetodologias e as ferramentas preconizadas em dispositivos legais.No entanto, existe uma grande variao no nvel deinstitucionalizao entre as esferas de governo no que tange ainstrumentos implementados para a etapa de planejamento, poisapenas os municpios, por determinao legal, devem apresentarum plano diretor.

    Tambm vimos que os instrumentos oramentrios efinanceiros se apresentam de forma mais detalhada do que osinstrumentos diretivos, a exemplo dos planos diretores e plurianuais.

    Os estados da federao tambm apresentamcomportamento similar ao observado na esfera federal, mas naesfera municipal a situao se mostra bastante diferenciada de ummunicpio para outro.

    Dados atualizados do Instituto Brasileiro de Geografia eEstatstica (IBGE)/Pesquisa de Informaes Bsicas Municipais(MUNIC), mostram frequncia maior dos instrumentos de naturezaoramentria, relativamente aos instrumentos relacionados aoarcabouo legal, em especial para as reas sociais. Porm, asmobil izaes, os movimentos sociais e as atuaes dasprocuradorias municipais tendem a mudar esse comportamento amdio e a longo prazo, exigindo maiores nveis deinstitucionalizao do ciclo de gesto de planos e programas nombito local.

  • Gesto Operacional

    34Especializao em Gesto Pblica

    Os Processos Decisrios do Ciclo

    Por comportar instrumentos formalizados com alto grau dedetalhamento e prescrio, os problemas decisrios do ciclo degesto se enquadram como modelo processual para as questesoramentrias e modelo poltico para os demais instrumentosdiretivos e normativos. Caso julgue necessrio, retorne Figura 8 elocalize esses dois modelos.

    Os Sistemas de Informao de Apoio

    Os rgos de planejamento e de oramento da esfera federal,estadual e dos grandes municpios, contam com alguns sistemas deinformao de apoio bastante elaborados, alm de fazerem uso, deforma sistemtica, de indicadores para planejamento,monitoramento e controle dos planos e programas.

    Voc se lembra das siglas SIAFI (Sistema Integrado de

    Administrao Financeira do Governo Federal), SIAFEM

    (Sistema Integrado de Administrao Financeira de Estados e

    Municpios) e SIGA Brasil, abordadas na disciplina que tratou

    de oramento pblico? E a sigla SIGPLAN (Sistema de

    Informaes Gerenciais e de Planejamento)?

    Esses so alguns exemplos de sistemas de informao queusam as tecnologias de informao e comunicao de formaintensiva; mas voc pode conhecer outros.

    Esperamos que com a anlise de algumas caractersticasdesse ciclo voc tenha compreendido sua importncia como tradutordos contedos das polticas pblicas, sempre muito descritivos, paraorientaes diretivas e normativas, to importantes para as aesdos gestores operacionais.

    O ciclo de Gesto de Planos e Programas, por contar comum nvel de institucionalizao significativo, garante para o ciclo

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    35Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    de Gesto Operacional condies mnimas de trabalho, face sdescontinuidades administrativas comuns nas trs instncias:federal, estadual e municipal.

    Um grande desafio na melhoria da qualidade dos ciclos degesto de planos e programas e do de aes operacionais odesenvolvimento de sistemas de informao integrados quecontemplem no somente informaes oramentrias e financeiras,mas tambm aquelas relativas a aspectos crticos dos processos deprestao de servios pblicos.

    CICLO DE GESTO DE AES: PROJETOS E PROCESSOS

    Esse ciclo Gesto de Aes: Projetos e Processos oobjeto do nosso estudo e ser abordado de forma mais detalhadanas trs Unidades deste livro-texto. Porm, para obtermos umaperspectiva comparada entre os trs ciclos de gesto, vamos analisaras mesmas variveis que selecionamos para sumarizar ascaractersticas dos dois ciclos de gesto anteriores.

    Assim, usando o modelo explicativo de ciclo de gesto dequatro etapas temos:

    Planejamento (P): modelagem das aes operaci-onais e cronogramao dessas aes.

    Execuo (E): execuo de aes operacionais. Avaliao (A): monitoramento e avaliao das aes

    operacionais.

    Controle (C): controle das aes operacionais. importante lembrar que, com a descentralizao prevista

    na Constituio de 1988, grande parte da etapa de execuo dociclo de Gesto Operacional est sendo transferida das estruturasfederais para os Estados e para os municpios.

  • Gesto Operacional

    36Especializao em Gesto Pblica

    A Participao Relativa das Etapas do Ciclo

    A presso sobre a etapa de execuo do ciclo de GestoOperacional sempre crescente, pois quanto mais o cidado usuriopercebe seus direitos relativamente qualidade, pontualidade eaos custos dos servios a ele prestados, mais esse ciclo deve serexecutado com dinmica compatvel com as exigncias dasdemandas da sociedade.

    O ritmo observado para a etapa de execuo deveria sertransmitido as demais etapas, porm temos observado que as etapasde planejamento e de avaliao, muitas vezes, so preteridas faceao deslocamento de recursos, quase sempre insuficientes, paraatendimentos s demandas da fase de execuo. Essa conduta geraum processo de fazer e de refazer contnuos, sem tempo para avaliaese revises, com impactos significativos nos resultados operacionais.

    O Modelo de Gesto

    importante que voc, futuro gestor pblico, tenha sempreem mente que apenas o que estiver escrito ou formalizado pode serexecutado na Administrao Pblica. Assim, a etapa de controle nopode deixar de ser executada, principalmente porque as atividadesde controle so, em grande parte, executadas por rgos e porentidades externas execuo. O modelo de gesto configura-se paraesse ciclo como prescritivo e fortemente centrado nos controles.

    Vamos a algumas questes iniciais sobre o controle,analisando as trs tipologias:

    O controle interno, como habilitador da aprendiza-gem operacional, executado quase de forma auto-mtica no s pela exigncia da prestao de servio,mas por determinaes legais.

    Embora implantado h dcadas, somente a partir daConstituio de 1998, o controle externo foiestruturado para exercer suas atribuies legais, deforma mais efetiva.

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    37Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    A participao da sociedade e o fortalecimento dasprocuradorias esto viabilizando, mesmo de forma lentarelativamente s expectativas dos cidados, o chamadocontrole social.

    A etapa de controle operacional ser tratada com maisdetalhe ainda nesta Unidade 1 no item Controle Operacional e asDemandas do Estado e da Sociedade e voc entender aimportncia relativa dessa etapa no Ciclo de Gesto e como ela irimpactar o seu dia a dia como gestor.

    Os Indicativos de Institucionalizao

    O nvel de institucionalizao, verificado por meio de leis,normas e demais instrumentos que condicionam e apoiam o ciclo, bastante relevante.

    Existe, todavia, um espao significativo para desenvolvimentode mecanismos e de instrumentos relativos aos processos de trabalho.Essa matria ser trabalhada com grande nfase na Unidade 2,quando estudaremos as Gestes Operacionais Crticas.

    nesse ciclo que toda a fora da burocracia se torna visvel,para facilitar ou dificultar a prestao de servios pblicos e observaras dificuldades na Gesto Operacional das aes de naturezadiscricionria.

    Os Processos Decisrios

    No que se refere aos modelos de processos decisrios, emboravariando por causa do tipo de servio pblico prestado, o modeloracional o caracterstico desse ciclo, em que o gestor tem espaosdiscricionrios muito restritos, em especial para aes exclusivasdo Estado. Porm, na prestao de servios pblicos de cartertecnolgico ou social, o modelo processual pode ser encontrado,pois o arcabouo legal e normativo prev situaes em que essestipos de deciso podem ser encontrados.

  • Gesto Operacional

    38Especializao em Gesto Pblica

    Finalmente, importante adiantar o papel fundamental queos mecanismos implementados no relacionamento com os diversospblicos-alvo desempenham para a institucionalizao da prestaode servios pblicos.

    Os Sistemas de Informao

    Podemos observar facilmente nos dias de hoje, apesar doalto grau de prescrio, que as etapas desse ciclo no so atendidaspor sistemas de informao de suporte no mesmo patamar que ociclo de gesto de planos e programas.

    Para a execuo de servios de apoio: financeiros, pessoaise servios globais, existem, porm, sistemas informatizados paraapoio s etapas do ciclo, bastante adequados dinmica exigidapelo alto grau de normatizao, caractersticos dos temasanteriormente citados.

    Outros setores privi legiados, quanto ao suporteinformatizado, so aqueles voltados para a receita dos rgos, isto, cadastros, lanamento de impostos, contas correntes e multas.Tambm so observados, em alguns Estados e em algumasprefeituras, investimentos em sistemas de informao prprios parasade, educao e segurana pblica, mas a grande maioria dosmunicpios brasileiros depende de sistemas informatizados federaispara apoio execuo de prestao de servios nesses setores.

    Essas caractersticas do ciclo de Gesto Operacionalsinalizam que seu maior desafio compatibilizar as demandas deprestao de servios pblicos, no atendimento s solicitaesdiretas dos pblicos-alvo e do controle social, s restries impostaspelos ciclos de gesto de nvel superior.

    Para encerrar esta seo, realize a Atividade 1, Contextualizando

    a Gesto Operacional face s gestes de nvel superior, ao

    final desta Unidade, cujo objetivo analisar o impacto dos

    ciclos de gesto de polticas pblicas e de planos e programas

    no ciclo de Gesto Operacional.

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    39Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    CONTROLE OPERACIONAL EAS DEMANDAS DO ESTADO E

    DA SOCIEDADE

    Considerando nossa discusso at aqui, podemos afirmarque todas as etapas do ciclo de gesto das aes operacionais, isto, da Gesto Operacional, so muito importantes: a etapa deplanejamento a qual gera programaes operacionais com o desafiode atender as demandas crescentes com recursos limitados; a etapade execuo na qual se realizam todas as aes de atendimento,das demandas s ofertas e s entregas; a etapa de avaliao naqual se verificam os eventuais desvios e se identificam as alternativasde ajustes dos cursos de ao; e, finalmente, a etapa de controleem que se decidem e se implementam aes corretivas e preventivasnos processos de prestao de servios pblicos.

    Escolhemos a etapa de controle para iniciar nosso desafiode compreender a Gesto Operacional porque acreditamos ser estaatividade fundamental para que as prestaes de servios pblicossejam operacionalizadas com dinmica e qualidade exigidas pelosusurios e beneficirios desses servios.

    Como vimos, as trs situaes-problema, apresentadas noincio desta Unidade, resultaram na interrupo dos atendimentosaos usurios. Restabelecer os atendimentos e cuidar para que osproblemas no voltem a ocorrer uma das tarefas do controleoperacional.

    Outro motivo que nos levou seleo dessa etapa do ciclode Gesto Operacional para nossos trabalhos iniciais, diz respeito

  • Gesto Operacional

    40Especializao em Gesto Pblica

    importncia dos controles nos ambientes operacionais de prestaode servios pblicos, caracterizados por forte impacto das restrieslegais e normativas e da atuao dos chamados rgos de controle,delimitando os espaos de poder dos gestores pblicos.

    Corroborando com nossa escolha, temos tambm arelevncia do controle quando pensamos em ao do controle estatalque aparece sistematicamente abordada em jornais e em outrosveculos de comunicao, com notcias e anlises sobre paralisaesde obras ou mesmo de contrataes de servios as quais foramidentif icadas como ir regulares por Tribunais de Contas eprocuradorias da Unio, Estados e municpios.

    Assim, vamos iniciar nesta seo os estudos dos tipos decontrole que ocorrem na Administrao Pblica; dos agentesresponsveis pelo exerccio dessa tarefa to importante; das formascom que a sociedade e os Estados podem juntar foras para que osservios pblicos sejam prestados com qualidade; e da relao custoversus benefcio da atuao desses entes para que seja vantajosapara o contribuinte.

    DE QUE CONTROLE ESTAMOS FALANDO?

    Com a anlise do modelo explicativo tratado na seo anterior,voc pde constatar que o controle se caracteriza como uma dasquatro etapas do ciclo e responsvel pelos aprendizados polticos,estratgicos, tticos e operacionais em todos os ciclos de gesto:

    polticas pblicas; planos e programas; e aes operacionais.

    Nesse contexto, podemos definir a etapa de controle como oconjunto de atividades ou de procedimentos que realizado depoisde constatadas irregularidades pela etapa de avaliao e, que, em

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    41Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    princpio, deve reconduzir o objeto de controle ao que foi planejado,viabilizando o aprendizado da gesto.

    O controle, entretanto, pode ser entendido de diversas formas,tanto pelos gestores pblicos e pelos agentes de controle como pelosusurios de servios e pela sociedade em geral. Por esse motivo epara orientar nossos estudos, tentaremos compreend-lo melhor.

    Voc concorda que a etapa de controle traz uma conotao

    bastante pejorativa vinculada ao poder de algum sobre outra

    pessoa ou objeto?

    Na Administrao Pblica, essa caracterstica do controle ainda percebida de forma mais negativa, pois vem associada arestries e a punies. Por exemplo:

    O Tribunal de Contas municipal suspendeu a licitaopara contratao de organizaes do ramo dealimentos para a merenda escolar.

    O governador do Estado dever ressarcir os cofrespblicos por conta de uma obra de manuteno deestrada, sob responsabilidade estadual, avaliada comosuperfaturada.

    Um fiscal foi punido por emitir multas de formainadequada em uma determinada ao fiscal.

    Contudo, na Administrao Pblica, o controle imprescindvel j que os recursos que so usados no soparticulares, e sim pblicos. O controle deve estar comprometidocom os interesses e com os objetivos de toda a nao. Isto , qualquercontrole tem origem na sociedade e a ela que devem se reportartodas as entidades criadas para represent-la.

    Sendo assim, mesmo para os usurios da prestao deservios pblicos, muitas vezes o controle confundido comburocracia no sentido negativo, apenas servindo para emperrar ou

  • Gesto Operacional

    42Especializao em Gesto Pblica

    para dificultar o andamento dos processos de prestao de servios,causando prejuzos aos usurios.

    Aproveitar os pontos positivos do controle e minimizarseus impactos, as consequncias negativas, umdesafio de todos, do Estado e da sociedade, e emespecial do gestor operacional, pois, nesse nvel queas aes de controle so mais efetivamente visveisaos diversos pblicos-alvo.

    Alm do desafio colocado em destaque, trs consideraesprecisam ser feitas quanto a determinadas interpretaesencontradas em publicaes e artigos que tratam do controle sobreorganizaes que prestam servios usando recursos pblicos. Vamosconsider-las como abordagens e descrev-las a seguir.

    Abordagem Centrada nas Etapas Decisrias

    Nessa abordagem, as etapas de controle e as de planejamentoso apresentadas de forma integrada, pois so as duas etapas queagregam valor gesto, uma decide o qu, como quando e ondefazer e a outra decide sobre correes do curso da ao operacional,respondendo a essas questes apenas nos momentos de ajustes.

    Assim, teramos um ciclo com trs etapas: planejamento econtrole, execuo, e avaliao, isto , o Ciclo PEAC seria entendidocomo P/C, E, A. Essa abordagem pode ser usada para cada umdos trs ciclos de gesto: polticas pblicas, planos e programas eaes operacionais.

    Voc concorda que essa abordagem faz mais sentido no ciclo

    de gesto das aes operacionais do que nos outros dois? Por qu?

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    43Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    A principal razo o tempo mais curto do ciclo operacional,s vezes sendo executado em tempo real, ao passo que o controledo ciclo de gesto de planos e programas pode ser executado atum ano aps o planejamento e o controle do ciclo de gesto depolticas pblicas, geralmente, realizado ao termino de mandatosdos governos.

    Abordagem Centrada em apenas Dois Ciclos de Gesto:Estratgico e Operacional

    Essa abordagem apresenta o ciclo de gesto de planos eprogramas como de natureza operacional. Essa perspectiva normalmente utilizada pelos atores estratgicos, em especial osformuladores de polticas pblicas, e considera o controleoperacional englobando, alm do controle das aes operacionais,o controle de planos e programas.

    Abordagens Centradas no Controle Interno

    A terceira abordagem considera uma relao de equivalnciaentre o controle operacional e o controle interno, denominados decontrole administrat ivo; mas, para f ins desta discipl ina,entenderemos controle interno como um tipo de controleoperacional, conforme ser mostrado a seguir.

    Voc pode ter observado, pelas abordagens analisadas, queo sentido da palavra controle assume diversas conotaesdependendo da forma e do contexto em que utilizada, o que nosleva a explicitar um entendimento que ir orientar nossos estudos.Essa abordagem mostrada na Figura 9.

  • Gesto Operacional

    44Especializao em Gesto Pblica

    Figura 9: Controle operacional viso globalFonte: Elaborada pela autora

    Com base na Figura 9 e para fins de nossa disciplina,podemos perceber claramente que o controle operacional contemplao controle dos planos e programas e o controle das aesoperacionais, conforme a abordagem centrada em apenas dois ciclosde gesto: estratgico e operacional, e mostra que o controle interno apenas um tipo de controle pelo Estado.

    Vamos ento esclarecer aspectos importantes da relao docontrole operacional, analisando as demandas do Estado e dasociedade para essa etapa do ciclo de gesto.

    Primeiramente, vamos estudar os tipos de controle e asentidades que os implementam, iniciando pelo controle pelo Estadoe, depois, analisaremos o controle pela sociedade.

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    45Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    O CONTROLE PELO ESTADO E SUAS DEMANDAS PARA OCONTROLE OPERACIONAL

    O controle pelo Estado ocorre de vrias formas, com atuaosobre as entidades do mercado, da sociedade e sobre as organizaesdo Estado. Nesse caso, do controle do Estado pelo Estado, essaatuao ampla efetivada pelo ordenamento jurdico brasileiro,definida a separao dos poderes e a sua independncia, conformeprevisto no artigo 2 da Constituio da Repblica Federativa de1988 (CF/88).

    Alm desse controle em sentido amplo, existem diversosdispositivos constitucionais que tm o objetivo de controlar as aesdo Estado e dos gestores pblicos, no exerccio de suas atribuies.Esse controle abrange no apenas os atos do Poder Executivo, mastodos os atos dos Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio quandoatividades administrativas so exercidas.

    Assim, podemos adotar para definio de controle peloEstado, o texto a seguir:

    O poder de fiscalizao que sobre elas (organizaes) exer-cem os rgos do poder judicirio, legislativo e o executivo,com o objetivo de garantir a conformidade de suas atua-es com os princpios que lhe so impostos peloordenamento jurdico. (DI PIETRO, 1998, p. 478).

    Voc, eventualmente, pode ter conhecimento de algumasprticas de controle pelo Estado. Vamos explicitar algumas, nospargrafos seguintes, a ttulo de exemplos.

    No ordenamento jurdico brasileiro, o controle viabilizadopela elaborao do oramento federal, prevista na CF/88, artigo165, Captulo Das Finanas Pblicas.

    Outro instrumento de controle a Lei de Licitaes eContratos da Administrao Pblica, ou Lei n. 8.666, de 21 dejunho de 1993. A CF/88 estabeleceu que obras, servios, compras

    vConhea mais da CF/88acessando .

    Acesso em: 18 nov. 2010.

    v

    A disciplina Plano

    Plurianual e Oramento

    Pblico abordou essa

    discusso com detalhes,

    chamando ateno

    tambm para a Lei de

    Responsabilidade Fiscal.

    Em caso de dvida,

    retorne ao livro-texto

    dessa disciplina e faa

    uma releitura cuidadosa.

  • Gesto Operacional

    46Especializao em Gesto Pblica

    e alienaes fossem contratados mediante processo de licitaopblica (art. 37, XX). Com base nesse artigo foi editada a Lein. 8.666/93 que estabelece normas gerais para esses casos. Essalei busca assegurar, em ltima instncia, a proposta mais vantajosapara a Administrao Pblica, procurando dessa forma maiorcontrole no gasto dos recursos pblicos.

    Como o assunto contempla um grande conjunto deconhecimentos e de prticas, selecionamos alguns tpicosimportantes para o exerccio do controle operacional, definidos paraa Administrao Pblica, quais sejam: os objetivos, as reas deresultados, os tipos de controle do Estado e como eles evoluram aolongo do tempo. Vamos analisar, mesmo que de forma sucinta, cadaum deles.

    Objetivos do Controle pelo Estado

    Com base no conceito de controle, podemos explicitar, a partirdo posicionamento de vrios autores, trs objetivos principais dasaes de controle do Estado sobre as organizaes prestadoras deservios pblicos, a saber:

    Proteger os ativos pblicos: as aes de controledevem estabelecer um conjunto de normas que impeao uso indevido de recursos pblicos ou, pelo menos,assegure a rpida deteco dessas situaes.

    Diminuir o risco de tomadas de decisesincorretas: as aes de controle devem implementarum sistema de informaes que apoie a tomada dedeciso correta nos trs ciclos de gesto: polticaspblicas; planos e programas; e aes operacionais.

    Conseguir adeso s polticas pblicas: as aesde controle devem ser implementadas de modo aindicar, aos diversos nveis da organizao prestadorade servios pblicos, a forma como polticas pblicas,planos e programas e aes operacionais estoalinhados.

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    47Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Relativamente a esses objetivos mencionados, importantevoc lembrar sempre que:

    O conjunto de normas mencionado no primeiro objetivoconsidera os princpios do Direito Pblico e do DireitoAdministrativo e est subordinado s definies daConstituio Federal vigente.

    A deciso correta implica considerar os princpios daAdministrao Pblica, conforme definido na CF/88,no art igo 37, que consiste em: legal idade,impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia.

    O alinhamento dos trs objetivos de controle devetambm ser indicado sociedade, isto , deve visar transparncia dos atos dos gestores pblicos.

    As aes de controle de que tratam os trs objetivosexplicitados so organizadas sob a forma de um sistema, por essemotivo voc pode ter cincia dos chamados sistemas de controle.

    Sobre controle, apresentamos uma definio inicial na

    introduo desta seo. E sobre sistema? Voc sabe defini-lo?

    J ouviu falar desse termo?

    Voc, certamente, j deve ter lido reportagens a respeito dosdesafios relativos aos sistemas de sade, aos sistemas de educao,aos sistemas de segurana etc. Entendemos aqui, numa definiogeral do termo, sistema como um conjunto de objetos com afinidadese atributos que interage com o meio ambiente e se comporta comouma entidade unitria global para a qual a compreenso doproblema depende da visualizao do todo.

    Com base nessa definio, elaboramos um conceito desistemas de controle para uso em nossa disciplina. Desse modo,descrevemos esse conceito como o conjunto integrado deorganizaes, do Estado e da sociedade, e os correspondentes

    vVamos tratar desse

    assunto, de forma

    detalhada, na Unidade 3,

    mas no momento

    importante que

    tenhamos um

    entendimento inicial

    sobre ele.

  • Gesto Operacional

    48Especializao em Gesto Pblica

    mecanismos e ferramentas que orientam e apoiam a realizao deatividades e de procedimentos de ajustes de condutas, dasorientaes e dos gestores pblicos, face aos desvios identificadosentre o que foi previsto e a situao real, no contexto dos trs ciclosde gesto:

    polticas pblicas; planos e programas; e aes operacionais.

    Contudo, no se limite a essa nossa definio. Voc poderter acesso a outras definies ou mesmo construir uma comoreferencial pessoal para seu estudo, mas o importante no esquecerque todo sistema tem um objetivo, no caso presente, os trsexplicitados anteriormente.

    importante tambm destacar que o sistema de controlepode ser visualizado em duas perspectivas, a perspectiva normativaabrangendo o previsto nos arcabouos legais da Unio, Estados emunicpios, e a perspectiva diretiva abrangendo os objetivos e metasestabelecidos nas atividades de planejamento nos trs nveis degesto que temos considerado.

    Voc notou que est faltando explicitar claramente um objetivo

    que trate do aprendizado, da organizao e de todos os atores

    envolvidos, viabilizado pelas aes de controle? Voc seria

    capaz de formul-lo para o controle pelo Estado?

    Os resultados de aprendizado da etapa de controle seroestudados, no contexto das aes operacionais de prestao deservios pblicos, na Unidade 2. Vamos agora abordar um segundoaspecto to importante quanto a necessidade de entendimento dossistemas de controle pelo Estado so os critrios ou as reas deresultados.

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    49Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    reas de Resultados do Controle pelo Estado

    Conforme voc pde observar na leitura dos materiais destecurso, as palavras objetivos e resultados so empregadas, svezes, como sinnimos. Mas, para esta nossa disciplina, os objetivosesto relacionados etapa de planejamento formulao oudefinio de objetivos , e os resultados so relativos aos produtosgerados nas aes implementadas, considerados a partir dosobjetivos planejados.

    Tanto as etapas de avaliao quanto as etapas decontrole do ciclo PEAC relacionam os objetivos aosresultados para identificao de desvios e aconsequente implantao das respectivas aes deajustes.

    Leia o parecer, a seguir, referente anlise de um controle. uma situao fictcia que estamos usando como recurso didticopara esclarecer o entendimento do termo resultados.

    Nos ltimos trs anos, a Autarquia conseguiu cumprir 100%das metas f ixadas para o Programa de Vacinao,apresentando, no entanto, reexecues de 5% dosatendimentos realizados por conta de erros diversos ocorridosnos processos de prestao de servios. Houve, mesmo assim,uma reduo de casos da doena superior a 30% do esperado.Tambm foram observadas implantaes de novas rotinas nosprocessos de trabalho, as quais reduziram as reexecues de20% para os atuais 5%. Sugere-se manter os investimentosno programa de melhoria dos processos de trabalho.

    Perceba que vrios resultados foram alcanados em reasou em segmentos distintos. O primeiro resultado que cumpriu100% das metas fixadas refere-se rea que denominamos deeficcia, em que se relaciona o que foi previsto ou programadocom o que foi executado.

  • Gesto Operacional

    50Especializao em Gesto Pblica

    O segundo resultado reexecuo de 15% dos atendimentos faz referncia rea que denominamos de eficincia e nelarelaciona-se o que foi produzido com os recursos utilizados. Se asreexecues forem reduzidas, a produtividade do uso de recursosaumentar.

    O terceiro resultado reduo superior a 30% dos casos dadoena diz respeito rea que denominamos efetividade, isto ,aos efeitos ou aos impactos das aes de vacinao realizadas.

    J o quarto resultado diminuio de reexecues por contada implementao de novas rotinas refere-se rea de relevnciado aprendizado, ou seja, a organizao aprendeu com seus erros ecom seus acertos.

    Sendo assim, podemos definir o Sistema de Controle a partirdos pressupostos que os resultados devem ser obtidos internamente eexternamente organizao (dimenses intrnseca e extrnseca) edevem abordar os aspectos das dimenses substantivas e da dimensoinstrumental, o que de certa forma contemplaria as quatro reas deresultados que abordamos, conforme mostramos na Figura 10.

    Figura 10: reas de resultados critriosFonte: Adaptada de Sander (1982)

    Para avanar na compreenso da Figura 10, leia comateno as definies, a seguir, para algumas palavras que no sode uso comum.

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    51Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Intrnseca interna. Extrnseca externa. Substantiva essencial, fundamental, bsica. Instrumental meio, recurso para uma utilidade.

    Quanto ao melhor entendimento dos resultados de eficincia,de eficcia, de efetividade e de relevncia, esses sero obtidos apartir de estudos mais aprofundados que sero realizados naUnidade 3.

    Voc deve estar achando o tema controle importante ouinteressante, mas, com certeza, muito complexo. Concordamoscomo voc e, por esse motivo, o assunto continuar sendo estudadonas Unidades 2 e 3 desta disciplina.

    Vamos continuar com o que programamos para esta seo,abordando os tipos de controle operacional pelo Estado.

    Tipos de Controle Operacional pelo Estado

    Os rgos do Estado que exercem o controle dos recursospblicos por meio de f iscalizaes contbeis, f inanceiras,oramentrias e patrimoniais, esto determinados nos artigos 70 a74 da CF/88.

    Esto previstos, expressamente, dois nveis de controlepelo Estado: o controle interno de cada Poder e ocontrole de carter externo realizado pelo PoderLegislativo e pelo Poder Judicirio.

    Existem, todavia, outras tipologias para o controle operacionalna Administrao Pblica; algumas mais abrangentes, outras maisprofundas. A que vamos utilizar prev o exerccio de trs tipos decontrole: o controle interno ou administrativo; e, os controles externos,legislativo e judicial, que so de uso mais frequente.

  • Gesto Operacional

    52Especializao em Gesto Pblica

    Controle Interno ou Controle Administrativo

    De acordo com Meirel les (1998, p. 548) o controleadministrativo:

    [...] todo aquele que o Executivo e os rgos de adminis-trao dos demais Poderes exercem sobre suas prpriasatividades, visando mant-las dentro da lei, segundo asnecessidades do servio e as exigncias tcnicas e econ-micas de sua realizao.

    Na esfera do Poder Executivo federal, esse controle denominado superviso ministerial e se processa por meio daorientao, coordenao e controle das atividades dos rgossubordinados ou vinculados ao ministrio.

    Os meios pelos quais o controle administrativo se efetivaso predominantemente de dois tipos:

    a fiscalizao hierrquica, que [...] exercida pelosrgos superiores sobre os inferiores da mesmaAdministrao, visando a ordenar, coordenar, orientare corrigir suas atividades e agentes (MEIRELLES,1998, p. 549); e

    o controle dos recursos administrativos, que so [...]todos os meios que podem utilizar os administradorespara provocar o reexame do ato pela prpriaAdministrao Pblica (DI PIETRO, 1998, p. 589).

    A Constituio de 1988 previu, em seu artigo 74, Ttulo IV,Captulo I, Seo IX, que os trs Poderes deveriam manter, de formaintegrada, um Sistema de Controle Interno com as seguintesfinalidades:

    I avaliar o cumprimento das metas previstas no planoplurianual, a execuo dos programas de governo e dosoramentos da Unio;

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    53Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    II comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto eficcia e eficincia, da gesto oramentria, financeirae patrimonial nos rgos e entidades da administrao fe-deral, bem como da aplicao de recursos pblicos porentidades de direito privado;

    III exercer o controle das operaes de crdito, avais egarantias, bem como dos direitos e haveres da Unio;

    IV Apoiar o controle externo no exerccio de sua missoinstitucional. (BRASIL, 1988).

    No mbito do Poder Executivo federal, o Sistema de ControleInterno foi inicialmente regulamentado pela Lei n. 10.180, de 6 defevereiro de 2001, sendo integrado Secretaria Federal de ControleInterno, como rgo central, e pelos rgos setoriais vinculados aoMinistrio das Relaes Exteriores, ao Ministrio da Defesa, Advocacia-Geral da Unio e Casa Civil. Vrios ajustes legaisesto sendo realizados desde ento para adequar o sistema sdemandas do Estado.

    Os Estados e municpios podem implementar os respectivossistemas de controle interno, mas esse processo ainda se mostracom evoluo mais lenta e desigual nessas esferas de governo.

    Controle Externo Legislativo

    Segundo Meirel les (1998), o controle legislativo ouparlamentar caracteriza aquele exercido pelos rgos legislativos(Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Cmaras deVereadores) ou por comisses parlamentares sobre determinadosatos do Poder Executivo, na dupla linha da legalidade e daconvenincia pblica, caracterizando-se como um controleeminentemente poltico, indiferente aos direitos individuais dosadministrados, mas objetivando os superiores interesses do Estadoe da comunidade.

  • Gesto Operacional

    54Especializao em Gesto Pblica

    No campo do controle legislativo, duas instnciasassumem posio de relevo pelo potencial que suasaes tm de favorecer o controle da administrao:as Comisses Parlamentares de Inqurito (CPIs) e osTribunais de Contas, nas trs esferas.

    Nos termos do artigo 71 da Constituio Federal, Ttulo IV,Captulo I, Seo IX, o Congresso Nacional exerce parte dessecontrole [...] com o auxlio do Tribunal de Contas da Unio. Poressa singularidade, muitos autores dividem o controle legislativoem duas vertentes: o controle poltico, realizado pelas casaslegislativas; e o controle tcnico, que compreende as fiscalizaesfinanceiras, patrimoniais, oramentrias, contbeis e operacionaisrealizada com apoio dos Tribunais de Contas, e tendo por finalidadeapreciar os atos pblicos de gesto quanto aos aspectos dalegalidade, da legitimidade, da economicidade, da eficincia e daeficcia.

    Controle Externo Judicial

    O controle judicial ou judicirio aquele [...] exercidoprivativamente pelos rgos do Poder Judicirio sobre os atosadministrativos do Executivo, do Legislativo e do prprio Judicirioquando realiza atividade administrativa (MEIRELLES, 1998, p. 576).

    No direito brasileiro adotado o sistema de jurisdio una,segundo o qual o Judicirio detm o monoplio da funojurisdicional. O fundamento desse sistema est no artigo 5, incisoXXXV, da Constituio Federal, ao determinar [...] que veda leiexcluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito[...] (BRASIL, 1988). Portanto, [...] qualquer que seja o autor daleso, mesmo o poder pblico, poder o prejudicado ir s viasjudiciais (DI PIETRO, 1998, p. 603).

    Podem ser usados, para reparao ou anulao de atos daadministrao, os vrios tipos de ao previstos na LegislaoOrdinria. Entretanto, a Constituio prev as seguintes [...] aesespecficas de controle da Administrao Pblica, s quais a

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    55Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    doutrina se refere com a denominao de remdios constitucionais(DI PIETRO, 1998, p. 612): o habeas corpus, o habeas data, osmandatos e as aes.

    Como voc pode concluir, as especificidades do controle peloEstado e a utilizao de conhecimentos dos preceitos legais exigirodos gestores pblicos, em particular daqueles que atuam no nveloperacional, competncias que nem todos, individualmente, possuem.

    Para apoiar os responsveis pela execuo, asorganizaes pblicas, sempre que possvel, instalamreas de assessoramento jurdico, que devem seracionadas pelos gestores de forma sistemtica, paraevitar problemas futuros.

    Evoluo Histrica dos Controles

    Convm destacar que existem outras tipologias para ocontrole, a exemplo daquela que considera a origem doscontroladores, assim teramos:

    Controle parlamentar exercido pelos polticos. Controle processual exercido pelos burocratas. Controle social exercido pela sociedade.

    Essa classificao se torna til quando a inteno analisara evoluo histrica dos controles, conforme a seguir.

    O primeiro controle da ao do governo foi o controleparlamentar e seu principal desafio era, e continua sendo, obterum tipo de sistema de governo que equilibre os Poderes.

    Essa forma de controle pode ficar prejudicada casohaja um exagerado predomnio do Executivo, o quepoderia exigir o fortalecimento dos instrumentos decontrole do Legislativo e do Judicirio.

  • Gesto Operacional

    56Especializao em Gesto Pblica

    Em seguida, vemos crescer o espao do poder dos burocratascom o controle processual, que fundamental na fiscalizao dosgovernos com: o controle das constitucionalidades das decises edas garantias dos direitos dos cidados frente aos governantes, afiscalizao e as auditorias das contas pblicas e a ao depromotores no controle da polt ica. Os controladores sohabitualmente burocratas do Executivo e com status diferenciadodos controladores do Legislativo e do Judicirio.

    Apesar de ter sua existncia garantida h dcadas, o controlepela sociedade ganha espao com a Constituio Federal de 1988 A Constituio Cidad.

    O controle social exercido por mecanismos de participaopopular independe dos poderes pblicos; faz dos cidadoscontroladores dos governantes, no apenas em perodos eleitoraiscomo, tambm, ao longo do mandato dos representantes eleitos.Trataremos a seguir desse tipo de controle, com algum detalhamentoe, desse modo, iremos conhec-lo melhor.

    CONTROLE PELA SOCIEDADE E SUAS DEMANDAS PARA OCONTROLE OPERACIONAL

    O controle pela sociedade ou controle social, de forma ampla,deve ser entendido como uma parte do processo administrativo,pois partindo da concepo de democracia representativa, oprocesso de planejamento, de execuo e de controle administrativodo Estado poderia ser examinado com a seguinte sequncia deetapas: anseios da sociedade; proposta do candidato/gestor pblico;eleio/designao; planejamento (PPA, LDO, LDA); execuo;controle e atuao por vias democrticas (SILVA, 2002).

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    57Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Integrao: Controle pelo Estado e Controle pela Sociedade

    O entendimento anterior traz a ideia de que os controles peloEstado e pela sociedade no somente so complementares, masdevem atuar de forma integrada. Silva (2002) mostra essa visopor meio da Figura 11, a qual apresentamos para sua anlise.

    Figura 11: Esquema de controle social na Administrao PblicaFonte: Adaptada de Silva (2002)

    Observe no modelo esquemtico da Figura 11 a execuoe veja o carter central e o papel estratgico da Gesto Operacional,que estamos estudando.

  • Gesto Operacional

    58Especializao em Gesto Pblica

    Controle Social: Transparncia e Accountability

    Desde 1988, tem se mostrado cada vez mais claro, e sobreisso h certo consenso, que um dos princpios bsicos que nortearo Estado Futuro implica a exigncia de que o segmento polticopreste contas de suas aes ao pblico, garantindo maiortransparncia dos atos dos governantes e de suas estruturasburocrticas.

    Em outros termos, as instituies estatais e as demaisorganizaes que operam com recursos pblicos teriam umdesempenho melhor se suas aes fossem acompanhadas econtroladas. A utilizao efetiva de diferentes formas de avaliaoe de monitoramento das polticas e dos decorrentes planos eprogramas e das aes operacionais seriam ampliadas, transparentese garantiriam o surgimento de formas alternativas de controle.

    O conceito de accountability foi inicialmente estudado porFrederic Mosher, citado por Campos (1990), nos anos de 1980,como sinnimo de responsabilidade objetiva ou a obrigao de umapessoa ou de uma organizao de responder perante outra pessoapor alguma coisa. Seria, numa verso l ivre da ideia, aresponsabilidade tica de prestar contas.

    E o conceito de transparncia em princpio constitui partedessa responsabilidade tica de prestar contas, mediante afacilitao do acesso informaes para que a tomada de contaspossa ser efetiva.

    Transparncia e Accountability so conceitosinterdependentes, pois o exerccio do controle socialsomente pode ocorrer quando forem implementados, deforma ampla, instrumentos informacionais de divulgaodas aes de governo e estruturas para receber e paraprocessar as reclamaes da populao.

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    59Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Sendo assim, podemos perceber que o controle social, atransparncia e a accountability no podem ser consideradasquestes totalmente equacionadas, pois as discusses sobreestratgias, oportunidades e custos envolvidos nas suasimplementaes continuaro em discusso por longo tempo.

    Para encerrar esta Unidade e verificar seu entendimento desta

    seo, realize a Atividade 2. Nela, voc ter que identificar os

    fluxos de recursos fsicos informacionais ou organizacionais

    mais crticos no Sistema de Controle Pblico, disponvel no

    final desta Unidade, cujo objetivo analisar a forma mais efetiva

    de alocar recursos escassos no Sistema de Controle Pblico.

  • Gesto Operacional

    60Especializao em Gesto Pblica

    ResumindoConsiderando o que apresentamos at aqui, espera-

    mos que o entendimento, a identificao e a caracterizao

    dos trs ciclos de gesto estejam mais claros para voc. Va-

    mos deixar registrado, no Quadro 2, um resumo dos princi-

    pais aspectos das variveis analisadas para cada um dos trs

    ciclos de gesto.

    1. Importncia re-lativa das etapasno ciclo.

    2. Modelo de ges-to preponderante.

    3. Indicativos deinstitucionalizao.

    4. Modelo dos pro-cessos decisrios.

    5. Sistemasinformacionais deapoio.

    POLTICAS PBLICAS

    Formulao e Im-plantao.

    Descritivo eParticipativo.

    Documentos legaise de Divulgao.

    Poltico.

    Sistemas de Monito-ramento do Ambien-te e Indicadores deBases Pblicas, Es-tatais e ONGs.

    VARI

    VEI

    S

    PLANOS E PROGRAMAS

    Todas as Etapas.

    Prescritivo eParticipativo.

    Mltiplos e Variados:- Arcabouo legal enormativo.- Planos e programas.

    Processual e Poltico.

    - Sistemas para ora-mento e finanas.- Sistemas de acompa-nhamento de planos.

    AES OPERACIONAIS

    Execuo.

    Prescritivo.

    Leis, Normas, Ma-nuais.

    Racional e Proces-sual .

    - Sistemas para asreas de apoioadministrativo efinanceiro.- Sistemas para areceita pblica.

    CICLO DE GESTO DE:

    Perceba que o ciclo de gesto das aes operacionais

    obrigatrio, pois sem ele no se concretiza a prestao de ser-

    vios pblicos em qualquer esfera do Estado e nas organiza-

    Quadro 2: Variveis dos ciclos de gestoFonte: Elaborado pela autora

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    61Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    es no estatais, mas sua interdependncia dos ciclos de ges-

    to de nvel superior exige dos gestores operacionais habilida-

    des importantes para acompanhar e atuar junto aos gestores

    de outras instncias, com seus modelos de gesto prprios.

    Sendo proativos, os gestores operacionais podem con-

    tribuir para que as situaes-problema, as quais mostramos

    na introduo desta Unidade, sejam minimizadas. Voc con-

    corda?

    V imos tambm nesta Unidade que o controle

    operacional na prestao de servios pblicos tema estra-

    tgico pelo seu papel no alcance dos resultados de eficin-

    cia, de eficcia e de efetividade das organizaes que pres-

    tam esses servios. Essas organizaes, por usarem recursos

    pblicos, esto sujeitas s restries definidas em

    arcabouos legais e normativos prprios, o que torna a lega-

    lidade tambm uma rea de resultados crtica, monitorada

    e avaliada continuamente pelos sistemas de controle.

    Evidenciamos ainda que dos vrios tipos de controle

    operacional praticados pelo Estado, ganha espao, com a Cons-

    tituio Federal de 1998, o controle pela sociedade, colocando

    como reas de resultado a transparncia e o accountability, esta

    ltima indicando a necessidade de prestar contas.

    Por fim, vimos que a etapa de controle operacional,

    para as organizaes e para os gestores pblicos, pode ca-

    racterizar uma oportunidade de aprendizado importante para

    o desenvolvimento e a institucionalizao da prestao de

    servios pblicos; transcendendo, assim, o tradicional pa-

    pel repressivo e, s vezes, punitivo das aes de controle.

  • Gesto Operacional

    62Especializao em Gesto Pblica

    Atividades de aprendizagem

    Para verificar seu entendimento, procure realizar asatividades que foram elaboradas com o objetivo dereforar os contedos expostos nesta Unidade; de apoiarsua participao nos processos de construo conjuntado conhecimento que planejamos; e de ajud-lo naaproximao das situaes prticas de Gesto Pblica noque se refere ao tema: Gesto Operacional. Em caso dedvidas, no hesite em consultar seu tutor.

    Para realizar as atividades, siga as orientaes a seguir:

    Valide e ajuste estas atividades de aprendizagem comseu tutor ou professor.

    Estas atividades foram previstas para serem executadas medida que forem assinaladas na leitura das sees

    Uniformizando Conceitos e Expectativas, Ciclos de Ges-

    to na Administrao Pblica, e Controle Operacional e

    as Demandas do Estado e da Sociedade. Se voc preci-

    sar de aprofundamentos ou de conhecimentos adicio-

    nais, consulte as Referncias.

    Escolha as aes-alvo considerando a facilidade que voctem para coletar informaes sobre elas; por exemplo:

    entrevistas, leituras de documentos legais, planos e

    relatrios e acesso a sites especficos etc.

  • Unidade 1 Introduo Gesto Operacional

    63Mdulo Especfico em Gesto Pblica

    Lembre-se de que todas as atividades so simulaesde anlises iniciais para verificar sua compreenso ge-

    ral dos temas abordados, empregadas em situaes reais.

    Todas as atividades tm respostas abertas, no existeapenas uma resposta considerada verdadeira ou corre-

    ta. Os resultados dos trabalhos devem ser entendidos

    como percepes, e no como diagnsticos aprofundados.

    1. Nesta atividade vamos contextualizar a Gesto Operacional face

    s gestes de nvel superior. O objetivo analisar o impacto dos

    ciclos de gesto de polticas pblicas e de planos e programas no

    ciclo de Gesto Operacional.

    Orientaes especficas

    Responda s questes a seguir. Em caso de dvida, faa uma releitura da primeira seo

    Uniformizando Conceitos e Expectativas.

    Para complementar sua pesquisa, busque pelo tema:Campanhas de Vacinao contra Poliomielite,

    acessando sites de sade: federal, estadual e munici-

    pal; jornais ou revistas.

    Registre suas respostas para discuti-las com seu tutor,ou mesmo com seus colegas.

    a) Qual poltica pblica de nvel federal trata do tema?

    b) Qual programa do PPA contempla a ao nacional?

    c) Quais papis dos Estados e dos municpios na prestao

    desse servio pblico tm a caracterstica de nacional?

  • Gesto Operacional

    64Especializao em Gesto Pblica

    2. Vamos agora identificar os fluxos de recursos fsicos informacionais

    ou organizacionais mais crticos no sistema de controle pblico.

    O objetivo desta atividade analisar a forma mais efetiva de alocar

    recursos escassos no Sistema de Controle Pblico.

    Orientaes especficas

    Em caso de dvida, faa uma releitura da seo ControleOperacional e as Demandas do Estado e da Sociedade,

    na Unidade 1.

    Analise novamente a Figura 9, Controle Operacional viso global.

    Identifique trs fluxos crticos para o Sistema de Con-trole Pblico: um fsico, um informacional e um

    organizacional.

    Responda s proposies elencadas a seguir. Registre suas respostas no AVEA a fim de discuti-las com

    seu tutor, ou mesmo com seus colegas.

    a) Por que o recurso fsico selecionado crtico? Se insufi-

    ciente, qual o impacto?

    b) Por que o recurso informacional selecionado crtico?

    Se insuficiente, qual o impacto?

    c) Por que o recurso organizacional selecionado crtico?

    Se insuficiente, qual o impacto?