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PROCESSO SAÚDE-DOENÇA E MODELOS DE CAUSALIDADE M.Sc. Helen Lima M.Sc. Helen Lima Novembro 2009 Novembro 2009

PROCESSO SAÚDE-DOENÇA E MODELOS DE CAUSALIDADE · trabalho o processo saúde-doença, em sua complexidade e abrangência, e seus determinantes das condições de saúde da população

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PROCESSO SAÚDE-DOENÇA E

MODELOS DE CAUSALIDADE

M.Sc. Helen LimaM.Sc. Helen LimaNovembro 2009 Novembro 2009

Estrutura

Trata-se, aqui, de discutir um sistema de saúde, que tem como objeto de trabalho o processo saúde-doença, em sua complexidade e abrangência, e seus determinantes das condições de saúde da população.

Entendida em sentido mais amplo, como componente da qualidade de vida e não é um "bem de troca", mas um "bem comum", um bem e um direito social, no sentido de que cada um e todos possam ter assegurados o exercício e a prática deste direito à saúde, a partir da aplicação e utilização de toda a riqueza disponível, conhecimentos e tecnologia que a sociedade desenvolveu e vem desenvolvendo neste campo, adequados às suas necessidades, envolvendo promoção e proteção da saúde, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação de doenças.

SAÚDE

O que significa esse processo "saúde-doença" e quais suas relações com a saúde e com o sistema de serviços de saúde?

Em termos de sua determinação causal, ele representa o conjunto de relações e variáveis que produzem e condicionam o estado de saúde e doença de uma população, que varia nos diversos momentos históricos e do desenvolvimento científico da humanidade.

A teoria mística sobre a doença, que os antepassados a julgavam como um fenômeno "sobrenatural",

Teoria da Unicausalidade, com a descoberta dos micróbios (vírus e bactérias) e, portanto, do AGENTE ETIOLÓGICO, ou seja, aquele que causa a doença.

Conhecimentos produzidos pela epidemiologia, que evidencia a multicausalidade na determinação da doença e não apenas a presença exclusiva de um agente.

Outros estudos e conhecimentos provindos principalmente da epidemiologia social nos meados do século XX, que veio esclarecer melhor a determinação e a ocorrência das doenças nos indivíduos e, principalmente, das populações, do coletivo e entre as classes sociais.

Recente e acelerado avanço que se assiste no campo da engenharia genética e da biologia molecular com suas implicações, tanto na perspectiva da ocorrência como da prevenção e terapêutica de muitos agravos.

Atualmente considera-se saúde e doença como estados de um mesmo processo, composto por fatores biológicos, econômicos, culturais e sociais.

Modelo epidemiológico: baseado nos três componentes - agente, hospedeiro e meio, considerados como "fatores causais" -, evoluindo para modelos mais abrangentes, como o do "campo de saúde", envolvendo ambiente (não apenas o ambiente físico), estilo de vida, biologia humana e sistema/serviços de saúde, numa permanente inter-relação e interdependência.

PROMOÇÃO DA SAÚDE

Histórico A forma como os serviços e ações de saúde

organizam-se para prestar cuidado à saúde da população, mesmo com os 20 anos de construção do Sistema Único de Saúde (SUS), caracteriza-se por uma centralidade nas ações curativistas, individuais, médico-centradas e com grande demanda para a utilização de métodos diagnósticos e terapêuticos que utilizam tecnologias de custo elevado.

Vários movimentos internacionais e nacionais, desde os anos 70, questionam as concepções biomédicas do processo saúde-adoecimento-cuidado, fortalecendo-se a perspectiva de que a saúde refere-se a uma complexa rede de inter-relações e interdependências.

No Brasil, o movimento da reforma sanitária e as conclusões da 8a Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, são exemplos de compreensão da saúde como resultante de um processo de produção social que expressa a qualidade de vida, sendo condicionada e/ou determinada por fatores políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais, comportamentais e biológicos.

O movimento de questionamento da saúde centrada no modelo biomédico intensificou-se no cenário internacional por meio da perspectiva da Promoção da Saúde. Esta centra-se na obtenção da eqüidade sanitária, visando assegurar a igualdade de oportunidades e os meios que permitam a toda a população desenvolver ao máximo seu potencial de saúde.

Assim, produzir saúde numa perspectiva de construção de qualidade de vida e de emancipação dos sujeitos implica em rever os modos de organização dos serviços de atenção à saúde e na articulação com outros serviços e políticas sociais de forma a interferir nos determinantes sociais da saúde, nas condições de vida e nos comportamentos e modos de vida dos indivíduos e coletivos que podem propiciar saúde e bem-estar ou processos de dor e sofrimento que deterioram a saúde.

PNPS

A política objetiva "promover a qualidade de vida e reduzir a vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes" (BRASIL, 2006)

Promoção da Saúde na Atenção Básica

A carta de Ottawa (1986), marco referencial da Promoção da Saúde, define que as principais estratégias da ação promotora da saúde são: o desenvolvimento de habilidades pessoais, a criação de ambientes favoráveis à saúde, o reforço da ação comunitária, a reorientação dos serviços de saúde sob o marco da Promoção da Saúde e a construção de políticas públicas saudáveis (BRASIL, 2002).

No SUS, e a partir dele, tem-se investido na consolidação de estratégias que possam operar nesses diferentes níveis.

PNAB

À Política Nacional de Atenção Básica, é conferido um papel importante à Promoção da Saúde no conjunto de ações sobre a responsabilidade da Atenção Básica e, em especial, da estratégia Saúde da Família.

Fundamentando-se na garantia de acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade com base num território adstrito, na efetivação da integralidade e no desenvolvimento de relações de vínculo e responsabilização entre equipes (ESF) e população, a PNAB aponta que as ações de promoção da saúde compõem as linhas de cuidado individuais e coletivas.

Assim, as ações de Promoção da Saúde no âmbito da Atenção Básica devem estar voltadas para os indivíduos e suas famílias, para os grupos vulneráveis que vivem no território de abrangência das ESF e para o ambiente físico e social do território.

Indivíduos e suas famílias

A promoção da saúde é um componente fundamental dos projetos terapêuticos e das linhas de cuidado de patologias ou ciclos de vida.

No enfoque individual ou familiar, a promoção da saúde atua no sentido de proporcionar autonomia aos sujeitos fornecendo-lhes informações, habilidades e instrumentos que os tornem aptos para escolhas de comportamentos, atitudes e relacionamentos interpessoais produtores de saúde.

Ambiente físico e social do território

No contexto local, um primeiro aspecto é recuperar a concepção de território como espaço produzido socialmente, onde se estabelecem relações sociais que determinam a forma como as pessoas moram, circulam, se divertem, se apropriam e transformam as características físicas e geográficas do território.

Conclusões A Política Nacional de Promoção da Saúde

propõe-se a ser “um modelo pensar e de operar articulado às demais políticas e tecnologias desenvolvidas no sistema de saúde brasileiro” (BRASIL, 2006a), contribuindo para a melhoria das respostas do SUS às necessidades de saúde da população.

Nesta direção, é fundamental o trabalho integrado à Política Nacional de Atenção Básica, uma vez que é no território de adstrição das Equipes Saúde da Família que necessidades de saúde, vulnerabilidades, soluções, fatores de risco e de proteção existem e acontecem.