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Londrina 2018 ALINE FABIANE DE MELO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS UMA ANÁLISE SOBRE A EVASÃO ESCOLAR NO CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO DO SENAI- LONDRINA: PROPOSTA DE AÇÕES INTERVENTIVAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO …€¦ · EM SEGURANÇA DO TRABALHO DO SENAI-LONDRINA: PROPOSTA DE AÇÕES INTERVENTIVAS - UNOPAR, como requisito ção do título

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Londrina 2018

ALINE FABIANE DE MELO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE

LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

UMA ANÁLISE SOBRE A EVASÃO ESCOLAR NO CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO DO SENAI-LONDRINA: PROPOSTA DE AÇÕES INTERVENTIVAS

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Londrina 2018

UMA ANÁLISE SOBRE A EVASÃO ESCOLAR NO CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO DO SENAI-LONDRINA: PROPOSTA DE AÇÕES INTERVENTIVAS

Dissertação apresentada à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Metodologias para o ensino de Linguagens e suas Tecnologias.

Orientador: Prof. Dr. Celso Leopoldo Pagnan

ALINE FABIANE DE MELO

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Londrina, _____de ___________de 20___.

Orientador: Prof. Dr. Celso Leopoldo Pagnan Universidade Norte do Paraná

Profª. Drª Eliza Adriana Sheuer Nantes Universidade Norte do Paraná

Prof. Dr. Régis Garcia Universidade Estadual de Londrina

ALINE FABIANE DE MELO

UMA ANÁLISE SOBRE A EVASÃO ESCOLAR NO CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO DO SENAI-LONDRINA: PROPOSTA DE AÇÕES INTERVENTIVAS

Dissertação apresentada à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como

requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Metodologias para o

Ensino de Linguagens e suas Tecnologias, com nota final igual a _______,

conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores:

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Dedico este trabalho a Deus, pelo dom da vida,

por me amar incondicionalmente e por me dar

forças todos os dias para continuar.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus amados pais, João e Maria, pelo eterno amor, pelos primeiros

ensinamentos e por sempre me incentivarem a buscar novos horizontes.

Às minhas irmãs, Fernanda e Fabrícia, por todo apoio nos momentos de

ausência e por sempre me incentivarem a continuar.

Aos meus sobrinhos, Maria Eduarda e Enzo Miguel, minha fonte de inspiração

em cada sorriso.

Ao meu amado esposo, Christiano Bruno do Nascimento, pelo eterno amor,

cumplicidade, dedicação e companheirismo nesta etapa de ausência e nervosismo.

Ao meu filho, João Davi, não imaginava escrever isso neste momento, mas é

um sentimento único ao saber que gero em meu ventre um amor incondicional.

Ao Prof. Orientador, Dr. Celso Leopoldo Pagnan, por acreditar no meu

potencial e me apoiar nos momentos mais difíceis desta jornada.

À Profª. Drª. Eliza Nantes, por contribuir com seus ensinamentos e sempre

acreditar que tudo é possível.

Ao Prof. Dr. Regis Garcia, que aceitou o convite para participar da banca e

tanto acrescentou neste trabalho.

À Profª. Drª. Samira Fayes Kfouri, por todo direcionamento ao mestrado e

pelo conhecimento transmitido.

Aos professores que contribuíram para minha formação como pessoa e

profissional.

Aos ex-alunos do Curso Técnico em Segurança do Trabalho (SENAI –

Londrina), que cederam seu tempo e seus depoimentos na fase de coleta dos

dados.

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Às minhas amigas de caminhada, Fernanda Tedeshi, Maria Helena

Matosinho, Regiane Soares, Inês pelo apoio e companheirismo nos momentos

difíceis.

Ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Londrina, na

pessoa do Sr. Coordenador da Educação Marcelo Strik, por aceitar a aplicação do

meu projeto e apoiar com as informações necessárias.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes),

pelo apoio institucional e financeiro a esta pesquisa.

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“Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas.

Pessoas transformam o mundo”. Paulo Freire

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MELO, Aline Fabiane de Uma análise sobre a evasão escolar no curso técnico em segurança do trabalho do SENAI-Londrina: proposta de ações interventivas. 2018. 97 f. Dissertação (Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias) – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2018.

RESUMO

A Educação Profissional é uma modalidade de ensino que tem como objetivo atrelar o conhecimento à inserção dos indivíduos no mundo do trabalho, podendo ser desenvolvida nas escolas regulares e instituições especializadas ou no próprio ambiente de trabalho. Este estudo teve como objetivo investigar as principais causas da evasão escolar dos alunos no Curso Técnico em Segurança do Trabalho oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) da cidade de Londrina-PR. A pesquisa é de natureza descritiva analítica e contou com uma amostra de 40 participantes. Os dados foram coletados mediante aplicação de um questionário disponibilizado no Google Docs com perguntas fechadas, enviado por e-mail ou redes sociais (WhatsApp, Facebook) aos alunos das turmas do Curso Técnico em Segurança do Trabalho que iniciaram o referido curso no período de 2011 a 2015. A pesquisa revelou que a grande maioria dos alunos evadidos é composta de jovens de 15 a 20 anos, a maioria do sexo feminino e que 33% dos respondentes relacionaram a evasão escolar à motivações de causa estrutural, econômica, cultural, social, conjuntural e educacional. Reconhecem terem tido dificuldades na convivência e no relacionamento com colegas, professores e coordenador do curso e também destacaram a incompatibilidade com o horário de trabalho; os problemas financeiros; as dificuldades em responder às avaliações dos conteúdos das disciplinas, a mudança de curso ou a matrícula em curso superior. Diante disso, foi proposta uma mediação pedagógica com sugestões de práticas educativas que podem ser incorporadas ao processo de ensino/aprendizagem, visando ao ensino significativo e motivador e que podem ser implantadas de imediato, sem depender de investimentos financeiros elevados, contribuindo, portanto, para a melhoria da qualidade da educação. Ao término desta pesquisa foi possível concluir que, embora a evasão/abandono escolar aconteça a qualquer tempo do ano letivo, é um fenômeno que já está inserido no contexto político, administrativo e social, observado em todas as modalidades de ensino e segmentos educacionais e, valendo-se dessas constatações, sugere-se para trabalhos futuros a investigação da evasão escolar em outros cursos profissionalizantes; a evasão escolar sob a ótica dos professores e o papel da escola perante a evasão escolar. Palavras-chave: Ensino. Educação Profissional. Evasão escolar. Fatores da evasão.

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MELO, Aline Fabiane de. An analysis on the school dropout in the technical course of workplace safety of SENAI Londrina: interventional proposal of actions. 2018. 98 f. Dissertation (Master's on Methodologies for Teaching Languages and their Technologies) – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2018.

ABSTRACT

Professional Education is a form of training that aims to bring job-related insight to individuals in the career field, as its principle is based in the relationship between development and occupation. The objective is to consistently facilitate the exercise of productive activities, which can be developed in regular schools and specialized institutions or in the work environment itself. This research intends to investigate and analyze the causative factors of dropout in the technical course of occupational safety at a specialized institution of Professional Education in the city of Londrina. To achieve the proposed objective, the research was divided into four phases: first, a bibliographic research was carried out to probe the history and importance of Professional Education in Brazil and the concepts of course dropout. Next, a documentary analysis was conducted on the student enrollment and dropout reports in order to measure the number of students who abandoned the course, at the institution and in the period mentioned above. The third phase was based on the information collected through a closed-ended question survey in Google Docs, sent by email or social networks (WhatsApp, Facebook) to students who attended the course of occupational safety, in the period of 2011 to 2015. The survey revealed that the vast majority of students evaded are 15- to 20-year-olds, the majority of them female, and that 33% of respondents linked school dropout to structural, economic, cultural, social, conjunctural and educational. They recognize that they have had difficulties in living together and in relationships with colleagues, teachers and course coordinator, and have also highlighted the incompatibility with working hours; financial problems; the difficulties in responding to the assessments of the contents of the subjects, the change of course or the enrollment in course superior. In view of this, pedagogical mediation was proposed with suggestions of educational practices that can be incorporated into the teaching / learning process, aiming at meaningful and motivating teaching and that can be implemented immediately, without relying on high financial investments, thus contributing to improving the quality of education. Based on the data obtained in the research, the final phase was the development of a strategic proposal for minimizing course dropout rates to be applied by teachers, coordinators and employees of the institution. Keywords: Teaching. Professional Education. Course dropout. Causative factors.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Idade dos participantes da pesquisa ....................................................... 58

Gráfico 2 - Sexo dos participantes da pesquisa ........................................................ 59

Gráfico 3 - Cidade onde residem os respondentes ................................................... 60

Gráfico 4 - Tipo de transporte utilizado ..................................................................... 61

Gráfico 5 - Estado civil dos participantes .................................................................. 62

Gráfico 6 – Escolaridade dos alunos evadidos.......................................................... 62

Gráfico 7 - Tipo de financiamento ao iniciar o curso ................................................. 63

Gráfico 8 - Renda individual mensal .......................................................................... 64

Gráfico 9 - Responsável pela renda da família.......................................................... 65

Gráfico 10 - Motivo que levou o aluno a matricular-se no curso técnico ................... 66

Gráfico 11 - Alunos que trabalhavam ou não na época que iniciaram o curso ......... 68

Gráfico 12 - Fatores que levaram o aluno a abandonar o curso ............................... 69

Gráfico 13 - Interesse em retornar para finalizar o curso .......................................... 73

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Matriz Curricular do Curso Técnico em Segurança do Trabalho ............. 32

Quadro 2 - Fatores e Categorias de Evasão ............................................................. 47

Quadro 3 - Perfil turmas Curso Técnico em Segurança do Trabalho pesquisadas ... 56

Quadro 4 - Alunos evadidos por turma e por semestre ............................................. 57

Quadro 5 - Distribuição por turma e sexo .................................................................. 59

Quadro 6 - Atividade de cada enunciador no processo de ensino-aprendizagem .... 79

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LISTA DE ABREVIATURAS OU SIGLAS

ART

BID

CEFET`s

CEPAL

CNE

CNI

DCN

EBEP

FIC

FIEP

IBGE

IEL

IF

INEP

IPI

LDB

MEC

PR

PRONATEC

SENAC

SENAI

SENAR

SENAT

SESCOP

SEST

SESI

SESU

SETEC

SISUTEC

Artigo

Banco Interamericano de Desenvolvimento

Centro Federal de Educação Tecnológica

Comissão Econômica para a América Latina

Conselho Nacional de Educação

Confederação Nacional da Indústria

Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Profissional

Educação Básica e Educação Profissional

Formação Inicial e Continuada

Federação das Indústrias do Estado do Paraná

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Instituto Euvaldo Lodi

Instituto Federal

Instituto Nacional de Estudos Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

Imposto sobre Produto Industrializado

Lei de Diretrizes e Bases

Ministério da Educação

Paraná

Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte

Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo

Serviço Social de Transporte

Serviço Social da Indústria

Secretaria de Educação Superior

Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica

Sistema de Seleção Unificada da Educação Profissional e Tecnológica

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 14

2 A EDUCAÇÃO NO BRASIL ........................................................................... 17

2.1 A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ..................................................................... 19

2.1.1 Resgatando a história ..................................................................................... 19

2.2 OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ............................................. 23

2.3 A DUALIDADE ESTRUTURAL DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ................ 25

3 O SENAI ..................................................................................................... 28

3.1 SENAI NO PARANÁ ....................................................................................... 28

3.1.1 SENAI em Londrina ........................................................................................ 29

3.2 O CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO ............................. 30

3.2.1 O Curso Técnico em Segurança do Trabalho do SENAI Londrina ................. 31

3.3 CARACTERIZAÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO TÉCNICO EM

SEGURANÇA DO TRABALHO NO PERÍODO DE 2011 A 2015 ................... 34

3.3.1 Alunos originados pelo Pronatec .................................................................... 34

3.3.2 Alunos oriundos do SESI ................................................................................ 35

3.3.3 Alunos Pagantes ............................................................................................. 36

4 A EVASÃO ESCOLAR ................................................................................... 39

4.1 EVASÃO NO CURSO PROFISSIONALIZANTE ............................................. 43

4.2 FATORES QUE INFLUENCIAM NA EVASÃO ESCOLAR ............................. 45

4.2.1 Fatores motivadores de evasão escolar ......................................................... 46

5 METODOLOGIA ............................................................................................. 49

5.1 NATUREZA DA PESQUISA ........................................................................... 49

5.2 ESTUDO DE CASO ........................................................................................ 50

5.2.1 Características do curso pesquisado .............................................................. 50

5.3 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS .......................................... 50

5.3.1 Primeira fase ................................................................................................... 50

5.3.2 Segunda fase .................................................................................................. 51

5.4 LIMITAÇÃO DA PESQUISA ........................................................................... 51

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5.5 INSTRUMENTO DA PESQUISA .................................................................... 52

5.5.1 O Questionário ................................................................................................ 52

5.5.2 O Pré-teste ..................................................................................................... 53

5.5.3 Organização, Análise e Interpretação dos Dados ........................................... 54

6 PERFIL DOS ALUNOS EVADIDOS............................................................... 56

7 ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................................... 58

7.1 DISCUSSÃO ................................................................................................... 74

8 MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA ........................................................................... 77

8.1 AÇÕES PROPOSTAS PARA A DIMINUIÇÃO DA EVASÃO NOS CURSOS

PROFISSIONALIZANTES .............................................................................. 79

8.2 MONITORAMENTO DAS AÇÕES .................................................................. 83

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 84

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 86

APÊNDICE A – . INSTRUMENTO DE PESQUISA UTILIZADO NA COLETA DE

DADOS ..................................................................................................... 95

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1 INTRODUÇÃO

A educação é fundamental para o desenvolvimento pessoal, social,

econômico e cultural dos indivíduos. A Educação Profissional tem como

característica a formação técnica e tecnológica, norteada por políticas educacionais

voltadas à profissionalização e capacitação dos indivíduos para o mercado de

trabalho, atendendo as demandas dos setores produtivos.

O ensino profissionalizante busca atender a demanda profissional de grande

parte da população jovem do país, em consequência de muitos estudantes não

ingressarem nas universidades. O governo brasileiro, através da Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional (LDB), traz em seu artigo 39, legislação sobre os

cursos profissionalizantes, e as instituições de ensino que oferecem este curso

buscam apresentar produtos que vão ao encontro dessa demanda governamental e

da necessidade de profissionais a serem qualificados para o mercado de trabalho.

O SENAI, unidade de Londrina, estado do Paraná, oferece vários cursos

profissionalizantes, e pelo fato de a pesquisadora pertencer ao quadro de

professores desta Instituição, especificamente no Curso Técnico em Segurança do

Trabalho, no qual percebeu que, durante cada semestre de rematrícula havia uma

demanda de evasão escolar.

Com base no que foi exposto, procurou-se responder, neste estudo, quais os

motivos que levaram os alunos a abandonar o curso, através de uma pesquisa com

os estudantes matriculados no período de 2011 a 2015, e a escolha deste recorte de

tempo se deu em virtude da implantação no ano de 2011 do PRONATEC e o

convênio do SESI com o SENAI.

No sistema educacional no Brasil, o tema evasão escolar se configura como

grande problema a ser enfrentado pela sociedade e pelo Estado, já que pode ser

caracterizada como fator que contribui para a redução da eficácia da educação, em

virtude do afastamento do aluno da escola. Este tema possui diferentes olhares e

perspectivas, uma vez que existe uma série de aspectos que precisam ser

identificados em diversos âmbitos que envolvem a família, a escola e a sociedade.

O tema evasão escolar se configura como grande problema a ser enfrentado

pelos sistemas de ensino, pela sociedade e pelo Estado, já que pode ser

caracterizada como fator que contribui para a redução da eficácia da educação, em

virtude do afastamento do aluno da escola.

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Este tema possui diferentes olhares e perspectivas, uma vez que existe uma

série de aspectos que precisam ser identificados em diversos âmbitos que envolvem

a família, a escola e a sociedade.

Assim, tem-se a questão: Quais são os fatores motivadores que levam os

estudantes no âmbito da Educação Profissional Técnica a se evadirem do curso de

Técnico de Segurança no Trabalho interrompendo uma parte de sua vida

acadêmica?

O objetivo geral é investigar as principais causas da evasão escolar dos

alunos no Curso Técnico em Segurança do Trabalho oferecido pelo Serviço Nacional

de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Londrina.

Os objetivos específicos são: a) caracterizar o perfil dos alunos que desistem

do Curso Técnico em Segurança do Trabalho; b) investigar as principais causas que

levam os alunos a desistirem do curso técnico profissionalizante; c) desenvolver

proposta com ações para minimizar os índices de evasão escolar no Curso Técnico

em Segurança do Trabalho do SENAI Londrina.

De acordo com dados do Censo da Educação Básica 2013 (INEP/MEC),

113.798 pessoas se matricularam no Curso Técnico em Segurança do Trabalho

(AFONSO, 2014).

Em 2014, dos brasileiros de 15 anos de idade ou mais, apenas 3,4 milhões

(2,2%) estavam matriculados em cursos de qualificação profissional (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2014). Essas informações constam

do Suplemento Educação Profissional, da Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílios (PNAD) 2014, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE).

No período de 2011 a 2015, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino

Técnico e Emprego (Pronatec) realizou 2,7 milhões de matrículas em cursos técnicos

(38%). Nessas matrículas estão incluídas a participação dos Institutos Federais (IFs),

com 34,6% de alunos matriculados; das Redes Estaduais, com 21,1%, das

instituições privadas que aderiram ao Sistema de Seleção Unificada da Educação

Profissional e Tecnológica (Sisutec), com 20,6%, do SENAI, com 13,9% e do Serviço

Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), com 9,5%. Do total de 6,6 milhões de

matrículas em cursos de qualificação profissional pelo Pronatec, a participação do

SENAI corresponde a 46,2%; a do SENAC perfaz 34,3%, a dos IFs soma 11,4%; a do

Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT) ocupa 3%, a das redes

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estaduais e municipais compreende 2,6% e a do Serviço Nacional de Aprendizagem

Rural (SENAR) totaliza 2,2%.

Para Cassiolato e Garcia (2014), o Pronatec passa a fazer parte de um

conjunto de ações já executadas pela Secretaria de Educação Profissional e

Tecnológica (SETEC/MEC), que possibilita aos estudantes e trabalhadores a elevação

da escolaridade por intermédio da ampliação do acesso à educação profissional, bem

como a inclusão social e a promoção da cidadania.

Presume-se que os resultados de uma pesquisa desta natureza interessem à

instituição, à equipe administrativa e pedagógica, sendo relevantes na implantação

de uma proposta voltada para a permanência dos estudantes. Desse modo, os

professores e os próprios alunos poderão se beneficiar deste estudo.

Em caso de uma perspectiva mais ampla, tais resultados podem funcionar

como material de apoio para pesquisadores de outras instituições e também para os

empresários, que sempre buscam qualificação profissional como exigência do

mercado de trabalho.

Esta dissertação está estruturada em oito capítulos. O primeiro – Introdução –

apresenta o tema da pesquisa, seus objetivos, justifica a relevância do estudo e sua

estruturação.

O segundo capítulo contextualiza a Educação no Brasil, ressaltando a

Educação Profissional, sobretudo as mudanças ocorridas nesta modalidade e como

interferem no processo até a atualidade.

O terceiro capítulo retrata a história do SENAI e sua importância como escola

de educação profissional no país e discorre, em especial, sobre o Curso Técnico em

Segurança do Trabalho.

O quarto capítulo aborda o problema da evasão na educação profissional de

nível técnico, e os fatores a ela relacionados.

No quinto capítulo explicitam-se os aspectos metodológicos da pesquisa.

O sexto capítulo trata do perfil dos alunos evadidos trazendo o quadro de

matrículas do período estudado.

O sétimo capítulo apresenta os gráficos e a análise dos resultados.

E, por fim, o oitavo capítulo traz uma proposta com ações para minimizar a

evasão na instituição.

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2 A EDUCAÇÃO NO BRASIL

No Brasil, durante o período colonial, o modelo firmado de agroexportador

predominava com a utilização da mão de obra escrava em atividades manuais e

também com a necessidade de uso da força física para a execução das atividades.

Foi predominante a inserção da mão de obra escrava em atividades manuais

com o uso da força física, as quais eram executadas mormente por negros e mulatos

que eram mantidos sem acesso a qualquer educação que permitisse desenvolver

outras funções, ao passo que os homens livres tinham a oportunidade de aprender

novas profissões por meio das Corporações de Ofício, às quais os negros e

escravos não tinham acesso (FREIRE, 2013).

A partir de 1808, D. João VI autorizou a abertura de novas fábricas e iniciam-

se as novas aprendizagens profissionais. Diante da escassez de mão de obra em

algumas fábricas, “organiza a aprendizagem compulsória de ofícios às crianças e

aos jovens que eram os excluídos naquela época” (SANTOS, 2000 apud BAGGI;

LOPES, 2011, p. 207).

O ensino e a aprendizagem de ofícios e o trabalho passam, então, a ser

desenvolvidos dentro dos estabelecimentos industriais, conhecidos como Escolas de

Fábrica que, posteriormente, serviram de referência para as unidades de ensino

profissional que vieram a se instalar no Brasil anos depois. Ao ensino dos ofícios

acresceu-se, a seguir, o ensino das “primeiras letras”, seguido de todo o ensino

primário (SAVIANI, 2007).

Em meados da década de 30, com a Revolução Industrial, no século XVIII, o

Brasil, que estava subordinado ao grande capital e com produção baseada na mão

de obra escrava e na monocultura, firma a relação entre educação e trabalho,

evidenciando a necessidade econômica de qualificação dos trabalhadores e

excluindo a formação integral do indivíduo. Frigotto (2010) afirma que, somente em

meados do século XX, a sociedade burguesa tomou ciência do analfabetismo,

passando a ter a educação popular como objeto de política de Estado.

Para Saviani (2007), foi com a Revolução Industrial que as funções da

sociedade por intermédio da escola aumentaram o processo produtivo. Com o

ensino básico ou com a qualificação mínima para operar a máquina, os

trabalhadores foram capacitados para participarem do processo produtivo. Para

aquelas atividades que demandavam um conhecimento específico foram criados

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cursos profissionais, no interior das fábricas ou dentro do próprio sistema escolar,

sempre voltados para as demandas de produção, e a escola foi a via para a

generalização dessas funções na sociedade.

Para as tarefas de manutenção, que exigiam qualificação específica, foram

criados os cursos profissionais, no interior das empresas ou dentro do próprio

sistema escolar, dando origem às escolas de formação geral e às escolas

profissionalizantes. Ambas se equivocaram no processo de desenvolvimento de

suas competências definidas e concebidas pela burguesia, tendo como resultado a

proposta dualista de escolas profissionais para os trabalhadores e escola de

ciências e humanidades para os futuros dirigentes (SAVIANI, 2007).

As primeiras décadas da Primeira República foram muito difíceis, pois,

segundo Nosella (1998), a política educacional da época tinha como finalidade

democratizar o ensino primário, tanto que surtiu efeito, que idealizou a ideia de uma

rede de ensino primário, público e laico, porém esse formato foi insuficiente e

insensível ao mundo do trabalho. Diante de todos esses acontecimentos havia,

contudo, poucas escolas e professores, apenas uma parte da população tinha

acesso à educação que, aliás, era privilégio da elite da época, detentora do capital,

controladora do Estado e quem patrocinava um novo sistema capitalista, mediante

valores e modelo de vida burguês e liberal.

Segundo Romanelli (1998, p. 46), “o modelo econômico em emergência

passou, então, a fazer solicitações à escola”. A Primeira República tentou várias

reformas na política educacional, sem êxito, para a solução dos problemas

educacionais mais graves, de maneira que atendesse harmonicamente, tanto à

demanda social por educação, quanto às novas necessidades de formação de

recursos humanos exigidos pela economia em transformação.

Surge então a educação profissional que visa atender esta demanda através

de formação técnica, norteada por políticas educacionais voltadas à

profissionalização e capacitação dos indivíduos para o mercado de trabalho,

atendendo as demandas dos setores produtivos e promovendo o processo de

desenvolvimento econômico-financeiro.

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2.1 A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

Com o objetivo de responder a um dos objetivos desta pesquisa, o estudo

aborda desde a história da Educação Profissional até sua realidade atual, faz-se

necessário promover algumas discussões a respeito desta modalidade de ensino,

sobretudo as referentes ao curso técnico de nível médio.

2.1.1 Resgatando a história

A Educação Profissional foi formada com base em muitas construções e

reconstruções que analisam as lutas políticas em uma sociedade de classes (CRUZ;

JORGE; SILVA, 2012), ainda que essas concepções totalmente arbitrárias no processo

de construção de políticas educacionais no modelo de Educação Profissional não

remetam a algo do passado em relação aos excluídos no Brasil Colônia.

No período colonial, a aprendizagem profissional foi realizada nas

corporações de ofício, um modelo já conhecido e aplicado pelos colonizadores da

época. Essas corporações nasceram na Idade Média a partir do século XII com o

intuito de regularizar o processo de produção artesanal nas cidades. Entende-se por

corporação de ofício as guildas (associações) de pessoas qualificadas para trabalhar

em determinada função, que se uniam em corporações a fim de se defenderem e de

negociarem suas mercadorias de forma mais eficiente. Segundo o regimento, uma

pessoa só poderia trabalhar em determinado ofício se fosse membro de uma

corporação. Em caso de desobediência, a pessoa poderia ser até expulsa da cidade.

A corporação agrupava um ramo específico de trabalho, por essa razão o

nome corporação de ofício. Nas cidades havia várias corporações, entre as 25

principais estavam os artesões, tecelões, ferreiros, carpinteiros, comerciantes,

curtidores, ferreiros, entre outros. Essas corporações eram formadas por mestres,

oficiais e aprendizes. O mestre era o senhor da oficina, o detentor do conhecimento

e das ferramentas, os oficiais eram os profissionais em si, aqueles que sabiam

executar as atividades, eles também auxiliavam o mestre na formação dos

aprendizes. Os aprendizes em geral moravam com o mestre e não recebiam salário

e quase que de costume tinham laços parentais com ele, o mestre era o responsável

pelas provisões e pelo sustento de seus aprendizes. Para evitar o trabalho gratuito e

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também para tornar a aprendizagem mais eficiente, cada mestre poderia ter apenas

um único aprendiz (FONSECA, 1986).

O modelo vindo da Europa tomou formas próprias no Brasil como, por

exemplo, a predominância escrava na execução das tarefas, a indústria caseira, a

escassez de artífices livres e a estrutura do comércio local.

O emprego de escravos como carpinteiros, ferreiros, pedreiros, tecelões etc. afugentava os trabalhadores livres dessas atividades, empenhados todos a se diferenciar dos escravos, o que era da maior importância diante dos senhores/empregadores, que viam todos os trabalhadores como coisa sua. Por isso, entre outras razões, as corporações de ofícios (irmandades ou bandeiras) não tiveram, no Brasil Colônia, o desenvolvimento de outros países. (CUNHA; TUNES; SILVA, 2001, p. 266).

Com a Revolução Industrial, no século XVIII, o Brasil estava subordinado ao

grande capital, com a produção de mão de obra escrava e na monocultura, baseado

na relação entre educação e trabalho, requerendo a qualificação destes

trabalhadores, porém não permitindo a sua formação integral (CRUZ; JORGE;

SILVA, 2012).

Com o falecimento do então presidente do Brasil, Afonso Pena, em 1909, o

presidente Nilo Peçanha tornou-se o “fundador do ensino profissional no Brasil”. Nilo

Peçanha já havia fundado (1906), no estado do Rio de Janeiro, enquanto fora

presidente daquele Estado, quatro escolas profissionais situadas em Campos,

Petrópolis, Niterói e Paraíba do Sul, e as três primeiras eram responsáveis pelo

ensino de ofícios e a última destinada ao ensino agrícola.

Neste contexto, as Ciências Aplicadas começam a fazer parte do ensino mais

regular e normal. Desse modo, as escolas de agricultura, escolas de comércio em

geral e escolas de artes e ofícios se instituíam e se multiplicavam cada vez mais em

favor da indústria e das artes manuais, correspondendo à necessidade de mão de

obra para atender à sociedade emergente daquela época. Para os donos dos meios

de produção, o acesso à escolarização tornou-se um problema, pois os patrões da

época, “achavam que era supérfluo e desnecessário aqueles trabalhadores ter

acesso à leitura, à escrita e às contas, pois seria uma forma de questionamento

pelos seus direitos, salários [...]” (MANACORDA, 1995, p. 287), já que, na visão

deles, possivelmente, se os operários fossem instruídos, poderiam causar uma

revolução, ou seja, poderiam exigir aquilo que lhes era devido: salário justo,

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salubridade dos postos de trabalho, carga de trabalho compatível com sua condição

de humanos. Isto significa que se tornariam indivíduos esclarecidos, com lucidez e

consciência de sua participação e sua função no mundo, sendo capazes de se

avaliarem e refletirem a respeito de sua ação no mundo.

Por consequência da Primeira Guerra Mundial, o país passa por um processo

de dificuldades financeiras. As exportações de café, base da economia, caem

vertiginosamente. Na época, o país importava basicamente todos os produtos

necessários, contudo, diante da dificuldade imposta pela Grande Guerra, os

brasileiros foram forçados a iniciar a produção industrial de artigos de necessidade

básica. Seria o primeiro surto industrial no país e por toda parte surgiam novas

fábricas e indústrias, localizadas sobretudo nas grandes cidades como Rio de

Janeiro e São Paulo.

“Entre 1915 e 1919 surgiram 5.936 novas empresas industriais. Naqueles

cinco, fizera-se quase tanto quanto nos vinte e quatro primeiros anos da República,

período em que se fundaram 6.946 estabelecimentos industriais em todo o Brasil”

(FONSECA, 1986, p. 190).

Com o grande aumento das indústrias, havia necessidade de mais operários

e, posteriormente, maior demanda de ensino profissional.

Naquela época, a educação sofria com um grande problema: a falta de

professores e mestres. Havia uma carência excessiva, tanto no Distrito Federal

quanto nos Estados, de profissionais capacitados e competentes para exercer a

função de professor e mestre, sendo até necessária a contratação de estrangeiros

habilitados para suprir essa escassez. Como premissa de formar tais profissionais,

em 11 de agosto de 1917, é fundada a Escola Normal de Artes e Ofícios Venceslau

Brás, no Distrito Federal, cujo objetivo principal consistia na formação profissional

não somente para o Distrito Federal, mas sim para todos os Estados. Nesse

momento, a escola, que estava sob a tutela do município, passa a ser da União,

sendo vinculada ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio.

Em 1920, foi nomeada uma comissão especializada por técnicos, para irem a

campo examinar e propor mudanças, em busca de maior eficiência. Essa comissão,

conhecida como Serviço de Remodelação do Ensino Profissional Técnico, era

composta por administradores e mestres do então Instituto Parobé, instituição

responsável pelos melhores índices de formação profissional na época.

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O Instituto Parobé não pertencia à União, era uma instituição a princípio

autônoma, ligada à escola de Engenharia de Porto Alegre, atendia menores

carentes e operários no regime de internato, ensinava carpintaria, mecânica, artes

gráficas, entre outros ofícios. Mais tarde, quando é incorporada pelo estado do Rio

Grande do Sul, agrega o título de escola técnica ao seu nome.

Diante de todo esse cenário, o tema educação profissional entrou em vigor

pelo Decreto nº 5.241, em 22 de agosto de 1927, sendo obrigatório em todas as

escolas primárias mantidas pela União e mais outros seis artigos referentes ao tema

da habilitação profissional. A chamada “Lei Fidélis Reis”, mesmo decretada e

sancionada pelo Presidente da República, nunca aconteceu, pois não havia recursos

disponíveis para executá-la (FONSECA, 1986).

De acordo com Manfredi (2002), a década de 30 foi propícia para o

desenvolvimento das iniciativas mistas, entre a esfera privada e estatal. A primeira

foi a Escola Profissional Mecânica, administrada por companhias ferroviárias com

recursos do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Um modelo complexo,

porém eficaz, era o que levava as companhias a financiarem de acordo com o

número de empregados. Mais tarde esse sistema de financiamento seria absorvido

pelo SENAI.

Na década de 40, o ensino técnico industrial passou a ser um sistema

acompanhado pelo MEC, em virtude da expansão da produção de indústrias. O

ensino médio foi dividido em duas fases – 1º e 2º ciclos – subdivididas em cinco

segmentos: secundário (propedêutico ao ensino superior); normal; industrial;

comercial e agrícola. Tais mudanças ficaram conhecidas como Reforma Capanema

ou Leis Orgânicas do Ensino e foram significativas para a história do ensino

profissional, pois foi por intermédio desta reforma que o Estado se engaja na questão

da educação profissional de nível técnico. “Esta reforma organizou o ensino técnico

profissional em três áreas de economia, criando a Lei Orgânica do Ensino Industrial

(Decreto-Lei nº 4.073/42); a do Ensino Comercial (Decreto-lei nº 6.141/43) e a do

Ensino Agrícola (Decreto-lei nº 9.613/46)” (GOMES, 2013, p. 67).

A Reforma Capanema de 1942 e 1943 resultou na criação do SENAI e na

regulação do ensino industrial, secundário e comercial a partir das leis orgânicas.

As Leis Orgânicas de Capanema estabeleceram várias mudanças no ensino

do Brasil:

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A partir do ano de 1942, o Ministro da Educação, Gustavo Capanema, dá início à publicação de vários decretos-lei. Quatro decretos são editados durante o Estado Novo: Decreto-lei 4.703, em 30 de janeiro de 1942 (Lei Orgânica do Ensino Industrial); Decreto-lei 4.048, em 22 de janeiro de 1942, cria o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI); Decreto-lei 4.244, em 9 de abril de 1942 (Lei Orgânica do Ensino Secundário); e Decreto-lei 6.141, em 28 de dezembro de 1943 (Lei Orgânica do Ensino Comercial). (PALMA FILHO, 2010, p. 95).

A Reforma Capanema estruturou a educação brasileira, denominada regular,

em dois níveis: a educação básica e a superior. E também promoveu o ajuste entre

as propostas pedagógicas existentes para a formação de intelectuais e

trabalhadores, segundo as mudanças que ocorriam no mundo do trabalho. No bojo

da Reforma Capanema de 1942 foi incluída uma série de cursos profissionalizantes

para atender diversos ramos profissionais demandados pelo desenvolvimento

crescente dos setores secundário e terciário, por isso escolas e cursos começam a

se multiplicar com essa finalidade, sem que a conclusão desses cursos habilitasse

para o ingresso no ensino superior.

2.2 OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

A Educação Profissional tem como objetivo principal o desenvolvimento e a

formação técnica e tecnológica dos indivíduos, norteada por políticas educacionais

voltadas à profissionalização e capacitação dos indivíduos para o mercado de

trabalho, atendendo as demandas dos setores produtivos e promovendo o processo

de desenvolvimento econômico-financeiro. É considerada como ensino médio

integrado1, que surge como uma preparação técnica para a cidadania e para a

inserção da juventude no mercado de trabalho.

Essa modalidade passou por diversas reformulações, seja por suas diretrizes

curriculares seja pela organização curricular, e foi a partir da década de 1940 que a

Educação Profissional foi investida com o objetivo de inserir os alunos egressos dos

cursos técnicos a ingressar no ensino superior (GULGEMIM, 2015).

Após a queda do presidente Getúlio Vargas, em 1945, foram ainda publicados mais quatro Decretos-lei: Decreto-lei 8.529, em 2 de janeiro de

1 Médio integrado - educação profissional técnica de nível integrado, no mesmo estabelecimento de ensino, contando com matrícula única para cada aluno; concomitante, no mesmo estabelecimento de ensino ou em instituições de ensino distintas, aproveitando as oportunidades educacionais disponíveis, ou mediante convênio de intercomplementaridade; e subsequente, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino médio.

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1946 (Lei Orgânica do Ensino Primário); Decreto-lei 8.530, em 2 de janeiro de 1946 (Lei Orgânica do Ensino Normal); 39 Decreto-lei 8.621, em 10 de janeiro de 1946, cria o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC); Decreto-lei 9.613, em 20 de agosto de 1946 (Lei Orgânica de Ensino Agrícola). (PALMA FILHO, 2010, p. 95).

No início do século XX, com a expansão industrial e do comércio em geral,

surge a necessidade de mão de obra qualificada, e como o sistema educacional não

conseguia atender toda essa demanda, o governo da época decide institucionalizar

escolas profissionalizantes ao sistema oficial.

São criados então os convênios com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o SENAI e o SENAC. O objetivo destes sistemas era capacitar de uma forma rápida e precisa os profissionais, inseri-los no mercado de trabalho e suprir toda a necessidade daquela época. (GOMES, 2013, p. 67-68).

Na década de 1950, com a Lei nº 1.076, que flexibilizava o ingresso dos

alunos que concluíram o primeiro ciclo dos ensinos industrial, comercial e agrícola a

ter a possibilidade de ingressar no curso clássico ou científico conforme as

exigências complementares das disciplinas. A Lei nº 1.826/1953 facultava o direito

de ingresso ao curso superior a todos que tivessem concluído o curso técnico em

quaisquer dos ramos de ensino observando-se exames de adaptação.

Em 1961 surge a primeira Lei nº 4.024 de Diretrizes e Bases (LDB), propondo

a equivalência entre a Educação Profissional e o Ensino Médio (FRIGOTTO;

CIAVATTA; RAMOS, 2010).

Na subordinação do Brasil ao capital estrangeiro, vários acordos foram

assinados com organizações estrangeiras, com o objetivo de acelerar a formação de

mão de obra, de acordo com os padrões exigidos pela divisão internacional do

trabalho.

Em 1970, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB) Lei

nº 5.692/71, torna técnico-profissional todo o currículo de ensino médio. Também

foram criados programas de expansão dos cursos técnicos, melhoria nas estruturas

das escolas, aquisição de equipamentos, bibliotecas e capacitação do corpo

docente. Houve, ainda, uma aproximação das escolas com as empresas, promoção

de estudos sobre o diagnóstico econômico, para saber quais as mãos de obra

necessárias para cobrir o mercado produtivo (BRASIL, 1971). “Conforme „a

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educação é tratada, no economicismo tecnocrático, como técnica social ou

formadora de‟ recursos humanos” (FRIGOTTO, 2006, p. 76).

2.3 A DUALIDADE ESTRUTURAL DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

O ano 1971 foi o marco para a conquista da equivalência que se concentra na

superação da dualidade, bandeira das mentes progressistas e dos movimentos de

caráter político-educacional e social. Essas questões fragilizaram-se, pois era

necessário manter as duas redes de ensino no sistema brasileiro. Nesse contexto, a

rede paralela ao sistema se fortalece e confere ao SENAI a possibilidade de instituir

a mesma organização prevista no sistema público de ensino. A partir disso, os

cursos ginasial e técnico industrial, realizados no SENAI facultavam aos seus alunos

ingressarem em qualquer nível superior (CANALI, 2010).

Durante a década de 1990, a educação brasileira é direcionada de acordo

com as recomendações das agências de desenvolvimento internacionais (CEPAL,

BANCO MUNDIAL, BID), que delimitaram objetivos de qualidade como formação de

competências para a competitividade no mundo globalizado. Estas recomendações

tiveram um enfoque maior na Educação Profissional, para que esta focasse a

formação baseada em habilidades e competências para um modelo flexível de

produção. Delphino (2010) ressalta que, segundo o Banco Mundial, a educação

profissional necessita de um modelo flexível e não engessado, que possa ser

rapidamente modificado segundo o movimento econômico.

No ano 1994, a Lei nº 8.948 transforma as escolas técnicas federais

descentralizadas em Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET). Em 1996,

sob a Lei nº 9.394, o Congresso Nacional aprovou um Novo Projeto de Lei de

Diretrizes e Bases (LDB), de autoria do senador Darcy Ribeiro. O referido Projeto foi

reprovado na Câmara e a reforma educacional procedeu-se por meio do Decreto

nº 2.208/97, cujo teor fragmentou a educação integrada e deu ênfase à educação

profissional (RAMOS, 2011).

O Projeto de reforma do ensino médio e profissional “acabou por configurar

um desenho de ensino médio que separa a formação acadêmica da educação

profissional, aproximando-se muito mais dos interesses imediatos dos empresários e

das recomendações dos órgãos internacionais” (MANFREDI, 2002, p. 48).

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A partir destas recomendações a educação sofre uma reformulação por meio da

Lei nº 9.394/96, que retira a obrigatoriedade da formação técnico-profissional do

segundo ensino médio, e instaura apenas a articulação entre educação básica e

educação profissional. Esta LDB está em vigor e regulamenta toda a educação

brasileira atual. Diante desta nova reformulação da educação secundária, é promulgado

o Decreto nº 2.208/97, o qual estabelece a desvinculação da educação profissional da

educação básica, como descrevem a seguir os artigos 2º e 4º do referido decreto.

Art. 2º A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino regular ou em modalidades que contemplem estratégias de educação continuada, podendo ser realizada em escolas do ensino regular, em instituições especializadas ou nos ambientes de trabalho. [...] Art. 4º A educação profissional de nível básico é modalidade de educação não formal e duração variável, destinada a proporcionar ao cidadão trabalhador conhecimentos que lhe permitam reprofissionalizar-se, qualificar-se e atualizar-se para o exercício de funções demandadas pelo mundo do trabalho, compatíveis com a complexidade tecnológica do trabalho, o seu grau de conhecimento técnico e o nível de escolaridade do aluno, não estando sujeita à regulamentação curricular. (BRASIL, 1997, p. 1).

Esta alteração modificou profundamente as diretrizes e os encaminhamentos

da educação profissional, tornando-a uma modalidade de ensino fragmentada,

baseada em habilidades e competências para a execução de tarefas com ênfase na

especialização técnica, não se preocupando com a formação integral dos indivíduos,

bem como delegava a responsabilidade de oferta e manutenção ao setor privado e

não mais ao Estado.

No ano 2000, com a transição política entre os governos de Fernando

Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, “iniciam-se algumas discussões e

seminários acerca da relação entre o ensino médio e a educação profissional”

(MOURA, 2012, p. 55).

Após alguns compromissos firmados com os sindicatos das indústrias e

atendendo ao programa de governo da campanha eleitoral, o presidente Luiz Inácio

Lula da Silva, sanciona o Decreto nº 5.154/04, o qual revoga a proibição de

integração entre o ensino médio e a educação profissional instituído pelo Decreto

nº 2.208/97 (DELPHINO, 2010).

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Em 2004, com as mudanças no panorama político brasileiro, a educação

profissional é retomada, reaparecendo como um elemento de centralidade, no

discurso político e na política pública, para o desenvolvimento socioeconômico do

país. A partir deste ideário ocorre a revogação do Decreto nº 2.208/97 e promulga-se

o Decreto nº 5.154/04, no qual a modalidade de educação profissional é novamente

vinculada à educação básica de nível médio podendo esta ser articulada de três

formas – integrada, concomitante ou subsequente ao ensino médio – como

estabelece o artigo 4º do Decreto nº 5.154/04:

Art. 4º A educação profissional técnica de nível médio, nos termos dispostos no § 2º do art. 36, art. 40 e parágrafo único do art. 41 da Lei nº 9.394, de 1996, será desenvolvida de forma articulada com o ensino médio. § 1º A articulação entre a educação profissional técnica de nível médio e o ensino médio dar-se-á de forma: I- Integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível médio, na mesma instituição de ensino, contando com matrícula única para cada aluno; II- Concomitante, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental ou esteja cursando o ensino médio, na qual a complementaridade entre a educação profissional técnica de nível médio e o ensino médio pressupõe a existência de matrículas distintas para cada curso, podendo ocorrer: na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis; ou em instituições de ensino distintas, mediante convênios de Inter complementaridade, visando o planejamento e o desenvolvimento de projetos pedagógicos unificados; III- Subsequente oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino médio. (BRASIL, 2004, p. 1).

Abre-se, portanto, uma nova perspectiva para a educação profissional,

possibilitando novamente a sua articulação com a educação básica, restabelecendo

uma posição mais abrangente de ofertas – integrada, concomitante, subsequente ao

ensino médio – para a educação profissional anteriormente impedida pela

legislação. O ensino médio integrado trabalha com as disciplinas da base nacional

comum e as disciplinas específicas da área técnica no mesmo currículo, integrando

os conhecimentos, destinado aos alunos egressos do ensino fundamental

(GULGEMIM, 2015).

Diante deste contexto, a Educação Profissional é marcada por um caráter de

formação técnica e tecnológica, norteada por políticas educacionais voltadas a

profissionalização e capacitação dos indivíduos para o mercado de trabalho.

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3 O SENAI

O SENAI foi criado a partir do Decreto-lei nº 4.048, de 22 de janeiro de 1942,

sendo escolhido como uma instituição com o objetivo de organizar e administrar

escolas de aprendizagem industrial em todo o país. Essas escolas desenvolviam um

ensino aligeirado, de formação mínima, de caráter pragmático com a finalidade de

preparar os aprendizes menores dos estabelecimentos industriais. Outros cursos de

formação continuada para os trabalhadores também eram oferecidos pelo sistema

de escolas do SENAI. Com o passar dos anos, esse órgão teve suas atribuições

ampliadas atingindo também o setor dos transportes, das comunicações e da pesca,

e começa a administrar o ensino de continuação, aperfeiçoamento e especialização,

gerando dessa feita uma diversificação de seus cursos.

Posteriormente, foi instituído o Decreto-lei nº 4.984, de 21 de novembro de

1942, que regulamentou a criação de escola ou sistema de escolas de aprendizes

de responsabilidade das empresas que possuíssem mais de 100 trabalhadores e

eram mantidas com recursos das empresas, com a finalidade de dar formação

profissional aos seus aprendizes e o ensino de continuação e de aperfeiçoamento e

especialização de seus demais trabalhadores.

Para efeito de administração desse ensino, essas escolas poderiam articular-

se ao SENAI. A partir daí é que começaram a se organizar as Escolas Técnicas

Federais. Na esteira de regulamentações do ensino profissional, o Decreto-lei

nº 4.073, de 30 de janeiro de 1942 – Lei Orgânica do Ensino Industrial traz alguns

aspectos positivos quanto à organização desse ramo de ensino (BRASIL, 1942).

3.1 SENAI NO PARANÁ

A primeira unidade do SENAI no Paraná instalou-se em Curitiba, em 12 de

março de 1943, sendo denominada Federação das Indústrias do Estado do Paraná

(FIEP) e desde sua criação vem contribuindo com o crescimento da indústria e da

comunidade paranaense, oferecendo cursos de formação de profissionais

qualificados para a incipiente indústria de base.

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3.1.1 SENAI em Londrina

O SENAI Londrina recebeu a doação de um terreno da Companhia de Terras

Norte do Paraná, em 19 de agosto de 1944. Iniciou suas atividades de Formação

Profissional com cursos de Aprendizagem para menores e Qualificação Profissional

para adultos em 11 de agosto de 1950. (SERVIÇO NACIONAL DE

APRENDIZAGEM INDUSTRIAL, 2017).

O centro de Educação Profissional de Londrina possui profissionais capacitados e atua em todos os níveis das organizações da região, do estratégico ao operacional. A filosofia da instituição tem a missão de contribuir para o fortalecimento da indústria e o desenvolvimento pleno e sustentável do país, promovendo a educação para o trabalho e a cidadania, a assistência técnica e tecnológica, a produção e disseminação da informação e a adequação, geração e difusão de tecnologia. (SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL, 2017, p. 2).

O SENAI disponibiliza diversos cursos, tais como: Iniciação profissional -

aborda as funções básicas da profissão; Aprendizagem industrial - qualificação

teórica e prática para quem quer trabalhar como aprendiz nas indústrias;

Qualificação profissional - para desenvolver habilidades específicas de uma

profissão; Cursos técnicos - para quem está cursando ou já terminou o ensino

médio e quer obter um diploma para a área técnica; Graduação tecnológica –

preparação para o mercado de trabalho; Pós-graduação - aprofundamento das

competências da profissão (SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM

INDUSTRIAL, 2017).

Estes cursos correspondem ao:

Nível básico – é o nível de educação não-formal e deverá atender, por meio de programas de qualificação, certificação, requalificação. Nível técnico – é a educação profissional formal. Caminha paralelamente ao Ensino Médio, uma vez que a obtenção do diploma de técnico está vinculada à conclusão desse nível de ensino. Nível tecnológico – constitui-se no nível superior da educação profissional. (DEPRESBITERIS, 2001, p. 25).

Além dos três níveis, a educação profissional compreende, ainda, os

chamados cursos complementares, tais como: especialização, aperfeiçoamento e

atualização. Ademais, a organização curricular da educação profissional ampara-se

na premissa da competência, abordada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para

a Educação Profissional, sempre de forma relacionada à autonomia do trabalhador

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contemporâneo diante da instabilidade do mundo do trabalho e das mudanças nas

relações de produção.

3.2 O CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO

Em meados da década de 70 houve, no Brasil, grande crescimento industrial

levando o país a ser campeão de acidentes de trabalho. Deste cenário originou-se a

função de Inspetor de Segurança, responsável por zelar pela segurança dos

trabalhadores, mas era necessário fazer o curso para desempenhar esta função.

Este curso, no princípio, era ministrado apenas pela Fundacentro, no modelo

presencial com carga horária de 100 horas, no formato de apostila. Posteriormente,

o Ministério do Trabalho autorizou que as instituições de ensino ministrassem o

curso de formação e a Fundacentro tinha a missão de supervisioná-los e também

continuava ministrando o curso.

Em 1975, o sistema Federal de Ensino, a Escola Técnica Federal de

Pernambuco oferecia o Curso de Inspetor de Segurança do Trabalho, sendo a

pioneira. Já em 1976, o Conselho Federal de Educação se articulava a favor da

habilitação de Inspetor de Segurança do Trabalho, acatando a solicitação da

proposta da Fundacentro, por intermédio do Parecer nº 775.

Em 1980, o referido Conselho permitiu que as escolas registrassem os

diplomas no MEC sem serem conveniadas com a Fundacentro. Com incentivo do

governo na época, o Brasil formou muitos profissionais e legalizou o exercício da

profissão Técnico de Segurança do Trabalho apenas aos portadores de certificados

obtidos em sistemas de 2º grau (atual ensino médio), os que foram formados em

caráter prioritário no período de 1972 a 1985, e também os que possuíam registro do

Ministério do Trabalho.

O Decreto nº 92.530, de abril de 1986, foi regulamentado a partir da Lei

nº 7.410, de 27 de novembro de 1985, que dispõe da profissão de Técnico de

Segurança do Trabalho.

No art. 2º, o exercício da profissão de Técnico em Segurança do Trabalho é

permitido, exclusivamente:

I - Ao portador de certificado de conclusão de curso de Técnico de Segurança do Trabalho, ministrado no País em estabelecimento de ensino de 2º grau;

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II - Ao portador de certificado de conclusão de curso de Supervisor de Segurança do Trabalho, realizado em caráter prioritário pelo Ministério do Trabalho; III - Ao possuidor de registro de Supervisor de Segurança do Trabalho, expedido pelo Ministério do Trabalho até 180 dias da extinção do curso referido no item anterior. (BRASIL, 1985, p. 1).

A seguir, será apresentado o Curso Técnico em Segurança do Trabalho do

SENAI Londrina.

3.2.1 O Curso Técnico em Segurança do Trabalho do SENAI Londrina

Em 2003, o SENAI Londrina disponibilizou o Curso Técnico em Segurança do

Trabalho, intitulado como turma número 1, que foi ofertado no período noturno, com

o número de 30 alunos.

O Curso Técnico em Segurança do Trabalho é organizado em formato

modular, com carga horária de 1200 horas, ofertando entre 20 e 35 vagas por sala,

por meio da modalidade presencial. Disponibilizado para os alunos subsequente e

concomitante. É ofertado nos períodos matutino, vespertino e noturno, perfazendo

4 (quatro) horas diárias, de segunda à sexta-feira, totalizando 20 (vinte) horas

semanais (SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL, 2015).

Quanto aos docentes lotados na instituição que atuam diretamente no Curso

Técnico em Segurança do Trabalho, tem-se, atualmente, oito docentes que estão

distribuídos nos três módulos que compõem o curso e todos os professores

possuem formação em Segurança do Trabalho (SERVIÇO NACIONAL DE

APRENDIZAGEM INDUSTRIAL, 2017).

Segundo o Projeto Pedagógico da Instituição, o objetivo geral do Curso

Técnico em Segurança do Trabalho é “capacitar os profissionais, propiciando

formação técnica para uma inserção competente e construtiva junto ao setor

industrial e à sociedade no desenvolvimento de atividades relacionadas à segurança

do trabalho” (SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL, 2015, p. 6).

Os objetivos específicos são: proporcionar à clientela do curso conhecimentos

teóricos amplos para a formação da capacidade de análise crítica e de orientação

das situações de risco dos vários setores da economia; desenvolver a capacidade

de interpretar e de aplicar as normas de segurança do trabalho conforme

determinação em vigor; e criar condições práticas de aprendizado do uso dos

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equipamentos de medição visando equacionar problemas de ambientes nocivos à

saúde. O Quadro 1 mostra a matriz curricular do Curso Técnico em Segurança do

Trabalho.

Quadro 1 - Matriz Curricular do Curso Técnico em Segurança do Trabalho

MÓDULOS UNIDADE CURRICULAR CARGA

HORÁRIA CARGA HORÁRIA

DO MÓDULO

I

Comunicação Oral e Escrita 60h

400h

Ciências Aplicadas 90h

Fundamentos de Segurança do Trabalho

90h

Saúde e Segurança do Trabalho 1 100h

Gestão de Pessoas 60h

II

Ações Educativas em Saúde e Segurança do Trabalho

60h

400h

Saúde e Segurança do Trabalho 2 140h

Gestão em Saúde e Segurança do Trabalho 1

150h

Projetos de Programas de Saúde e Segurança do Trabalho 1

50h

III

Gestão em Saúde e Segurança de Trabalho 2

180h

400h Saúde e Segurança do Trabalho 3 150h

Projetos de Programa de Saúde e Segurança do Trabalho 2

70h

Total 1200h

Fonte: Adaptado pela autora com base no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (2015).

O Módulo I, que é o básico, é formado pelas unidades curriculares e tem

como objetivo desenvolver as competências relacionadas aos fundamentos técnicos

e científicos, e também as competências de gestão, referentes às capacidades

sociais, organizativas e metodológicas. Este Módulo é composto pelas seguintes

unidades curriculares:

Comunicação Oral e Escrita: o aluno desenvolve competências e

habilidades necessárias para o mercado de trabalho e objetiva desenvolver as

capacidades técnicas, sociais, organizativas e metodológicas tendo em vista o

aprimoramento da comunicação oral e escrita;

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Ciências Aplicadas: o aluno desenvolve as capacidades fundamentais de

cálculos aplicados, imprescindíveis para o desenvolvimento de técnicas de

realização de cálculos aplicados à segurança e saúde no trabalho;

Fundamentos de Segurança do Trabalho e Saúde e Segurança do

Trabalho: estudam os fundamentos da saúde e segurança do trabalho. As ações em

segurança do trabalho são fundamentais, pois, a partir dessas unidades os alunos já

iniciam os estudos com os conteúdos específicos do curso;

Gestão de Pessoas: esta unidade é fundamental para o desenvolvimento

do aluno para o mercado de trabalho e tem como objetivo desenvolver as

competências para gerir e desenvolver os indivíduos dentro das organizações.

No Módulo II são desenvolvidas as unidades curriculares mais específicas

para área de Segurança do Trabalho:

Ações Educativas em Saúde e Segurança do Trabalho: o aluno desenvolve

suas competências de planejamento e execução de ações para área de segurança

do trabalho, com o objetivo de desenvolver as capacidades específicas de

planejamento e execução de ações educativas em saúde e segurança no trabalho;

Saúde e Segurança do Trabalho 2: o aluno tem acesso às ações

preventivas, que serão necessárias para aplicar em suas atividades no mercado de

trabalho;

Gestão em Saúde e Segurança do Trabalho 1. tem a finalidade coordenar

ações prevencionistas nos processos produtivos, de acordo com normas

regulamentadoras e princípios de higiene e saúde do trabalho;

Projetos de Programa de Saúde do Trabalho 1. tem como objetivo planejar

ações prevencionistas nos processos produtivos de acordo com normas

regulamentadoras e princípios de higiene e saúde do trabalho.

No Módulo III, as disciplinas “Gestão em Saúde e Segurança do Trabalho 2”,

“Saúde e Segurança do Trabalho 3” e “Projetos de Programa de Saúde e Segurança

do Trabalho 2” são praticamente as mesmas ofertadas no Módulo II, porém mais

aprofundadas e com o objetivo de desenvolver os projetos específicos da área de

Segurança do Trabalho, sendo desenvolvido também o projeto de conclusão do

curso (SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL, 2015).

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3.3 CARACTERIZAÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA

DO TRABALHO NO PERÍODO DE 2011 A 2015

No período de 2011 a 2015, o SENAI Londrina disponibilizava 40 (quarenta)

vagas a cada início de uma turma do Curso Técnico em Segurança do Trabalho, a

cada início do curso, nos períodos matutino, vespertino e noturno, estabelecendo

convênio com o Serviço Social da Indústria (SESI), o Pronatec e alunos pagantes

subsequentes.

Os alunos do Projeto Pronatec e SESI são matriculados no curso técnico por

meio da categoria concomitante2, integrados ou subsequentes.

Faz-se necessário entender a caracterização dos alunos que se matricularam

no SENAI no período de 2011 a 2015, uma vez que fazem parte do objeto desta

pesquisa.

3.3.1 Alunos originados pelo Pronatec

O Pronatec foi um programa integrador da política educacional para a

educação profissional no país criado no dia 26 de outubro de 2011, com a sanção da

Lei nº 12.513/2011, tendo como objetivo expandir, interiorizar e democratizar a oferta

de cursos de educação profissional tecnológica (BRASIL, 2011).

A expansão do Ensino Técnico e Programas promovidos pelo Governo

Federal, como o Pronatec, surge de uma proposta de educação que procura se

legitimar baseada em discurso que promove uma formação mais articulada com as

necessidades econômicas, sociais e culturais, de modo a compor uma abordagem

mais sistêmica e menos simplista da educação profissionalizante e da qualificação

profissional, que são protagonizadas por diversos agentes.

Os agentes que figuram o Sistema S, que são um conjunto de organizações

das entidades corporativas voltadas para o treinamento profissional, assistência

social, consultoria, pesquisa e assistência técnica, que, além de terem seu nome

iniciado com a letra S, têm raízes comuns e características organizacionais

similares. Sistema S: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI); Serviço

2 Concomitantes: cursos voltados para alunos da rede pública que ainda estão cursando o ensino médio; Integrados: cursos para alunos que anseiam iniciar o ensino médio com articulação ao ensino técnico; e Subsequentes: cursos voltados para alunos que concluíram o ensino médio (BRASIL, 2011)..

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Social do Comércio (SESC); Serviço Social da Indústria (SESI); e Serviço Nacional

de Aprendizagem do Comércio (SENAC). Existem ainda: Serviço Nacional de

Aprendizagem Rural (SENAR); Serviço Nacional de Aprendizagem do

Cooperativismo (SESCOOP); e Serviço Social de Transporte (SEST) (BRASIL,

2016), além de Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs),

Faculdades e Universidades Privadas, por todo o território nacional.

É importante enfatizar que o Pronatec apresenta três modalidades de

educação profissional e tecnológica: “de formação inicial e continuada ou

qualificação profissional; de educação profissional técnica de nível médio, e; de

formação de professores em nível médio na modalidade normal” (BRASIL, 2011).

A modalidade ofertada pelo SENAI que envolveu parte dos alunos que

iniciaram o Curso Técnico em Segurança do Trabalho nas turmas de 2011 a 2015 e

que também constitui objeto desta pesquisa é a educação profissional técnica de

nível médio. Os cursos desta modalidade se submetem às diretrizes curriculares

nacionais definidas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e constam no

catálogo nacional de cursos técnicos, organizado pelo MEC.

Para Cassiolato e Garcia (2014), o Pronatec passa a fazer parte de um

conjunto de ações já executadas pela SETEC/MEC.

Este programa é parte de uma estratégia de desenvolvimento, em escala nacional, que busca integrar a qualificação profissional de trabalhadores com a elevação da sua escolaridade, constituindo-se em um instrumento de fomento ao desenvolvimento profissional, de inclusão social e produtiva e de promoção da cidadania. (CASSIOLATO; GARCIA, 2014, p. 34).

O Pronatec possibilita aos estudantes e trabalhadores a elevação da

escolaridade mediante ampliação do acesso à educação profissional, bem como a

inclusão social e a promoção da cidadania.

3.3.2 Alunos oriundos do SESI

A reforma educacional de 1996 e o Decreto nº 5.154/2004 colocaram em

destaque a proposta de articulação e complementaridade entre educação básica e

educação profissional. Diante disso, o SESI e o SENAI se mobilizaram em torno do

tema, com o intuito de buscar formas de colocar essa articulação em prática,

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surgindo então nacionalmente o Programa Educação Básica e a Educação

Profissional (EBEP), no qual os alunos estudam gratuitamente.

A proposta de articulação entre a educação básica e a educação profissional

constitui uma iniciativa estratégica de caráter sistêmico das entidades SESI e SENAI

com o objetivo oferecer oportunidades educacionais que propiciem uma formação

integral, gerando melhores condições para inserção na vida social e produtiva,

atendendo as demandas da sociedade atual.

A proposta foi implantada a partir da articulação entre SESI e SENAI a fim de

contribuir significativamente para a inovação do sistema educacional, respondendo à

demanda por uma educação de qualidade e conquistando resultados mais

significativos por meio da promoção do trabalhador.

3.3.3 Alunos Pagantes

A instituição fornece cursos técnicos para aquele aluno que concluiu o ensino

médio ou concluirá assim que finalizar o curso técnico para o recebimento do

certificado.

[...] integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. O aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental, médio e superior, bem como o trabalhador em geral, jovem ou adulto, contará com a possibilidade de acesso à educação profissional. (FARIA, 2008 apud MUSSE; MACHADO, 2013, p.1).

Assim, o aluno que tem esse perfil pode iniciar um curso técnico nas

instituições de ensino profissionalizante com o objetivo de concluir mais uma

qualificação e inserir-se no mercado de trabalho com maior qualificação.

A educação profissional para o jovem representa uma política importante para

o país, ao atuar na capacitação de diferentes segmentos da mão de obra nacional

preparando os alunos com conhecimentos diferenciados para serem capazes de

atuar em setores de ponta da economia.

Os alunos pagantes são aqueles que não fazem parte dos projetos citados

anteriormente, ou seja, alunos do SESI, que fazem parte do Projeto EBEP, através

de convênio com o SENAI por intermédio da parceria concebida pela FIEP e do

Pronatec.

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Independentemente da procedência dos alunos matriculados, acredita-se que

as características referentes aos alunos evadidos podem variar de acordo com o

grupo que será estudado e por isso é relevante conhecer esta peculiaridade dos

alunos que não concluíram determinado curso, constituindo importante fonte de

informações para se compreender o fenômeno da evasão escolar.

Para Dore e Lüscher (2011), entender os fatores relacionados às escolhas

desses estudantes ao optarem por abandonar a escola pode possibilitar formas de

prevenir a evasão, seja pela identificação de novas práticas pedagógicas seja

mediante a implementação de políticas públicas adequadas.

Não é possível interpretar o fracasso escolar com um olhar unidimensional em

razão de sua complexidade, é necessária a incorporação de diversos níveis ou

dimensões de análise. Algumas pesquisas indicam que mais da metade das variações

nos resultados de “fracasso escolar são conferidas às diferenças individuais dos

alunos, mas que essas são por sua vez determinadas pelas interações de fatores

sociais, culturais e familiares” (MARCHESI; PÉREZ, 2004, p. 19).

A reprovação e a evasão escolar que levam ao fracasso não dependem

somente da falta de vontade, motivação do próprio aluno ou da família dele,

“[...] mas em grande medida da condição econômica social em que está inserido”

(FORNARI, 2010, p. 113).

Com base nestes pressupostos que envolvem vários fatores influenciadores

do abandono escolar, percebe-se que existem outras razões internas à instituição

que podem contribuir para o abandono escolar como, por exemplo, quando a escola

não atende às expectativas do aluno, ou quando a escolha do curso é errada, ou

quando o discente apresenta dificuldades de aprendizagem em alguns conteúdos e

a escola não oferece suporte para o enfrentamento ou mesmo quando ele não se

sente satisfeito com a estrutura que a escola oferece. Pelissari (2012, p. 33) também

opta pelo termo “abandono escolar” e afirma que:

[...] entendemos, pois, que a categoria que melhor expressa essa caracterização é o abandono escolar. O conceito de evasão tem sido utilizado pela literatura especializada, em alguns casos, ora com o viés subjetivista, responsabilizando única e exclusivamente o aluno pela “evasão” (nesses casos, partindo daquela concepção de juventude enquanto fase de delinquência que precisa ser controlada), ora com a concepção de construção social do fenômeno, porém considerando apenas fatores externos, caindo na armadilha do reprodutivismo das relações sociais na escola.

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Nesse caso, a responsabilidade pelo abandono escolar não é atribuída

diretamente ao aluno ou exclusivamente a fatores externos, como é definido pelo

conceito de evasão. Mas pode até considerar os fatores internos e externos ao

ambiente escolar.

Nessa perspectiva, o perfil do aluno está inserido tanto nos fatores internos

como nos externos, sendo pagante ou concomitante os processos são

definitivamente são os mesmos, pois o que indica que ele vai evadir-se ou

abandonar o curso não é seu perfil e sim fatores influenciadores desta desistência.

O próximo capitulo irá tratar especificamente sobre o objetivo geral desta

pesquisa, ou seja, a evasão escolar.

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4 A EVASÃO ESCOLAR

O presente capítulo aborda os elementos e características que definem o

fenômeno evasão escolar. Inicialmente, são descritos os processos e as dimensões

que caracterizam a evasão escolar, os fatores e suas relações que influenciam a

ocorrência da evasão escolar e como esta tem se configurado na educação

profissional.

De acordo com o MEC, a evasão escolar é tida como “a saída definitiva do

curso de origem sem conclusão, ou a diferença entre ingressantes e concluintes,

após uma geração completa” (BRASIL, 1997, p. 19). Ainda segundo o MEC, a

evasão fica caracterizada quando o estudante se desliga do curso por vários

motivos, entre eles: o abandono (deixar de matricular-se), a desistência (oficial), a

transferência ou re-opção (mudança de curso), o trancamento, a exclusão por norma

institucional.

Segundo Gomes (1998, p. 82), “se considerarmos como aluno evadido

somente aquele que ao final do período máximo não tenha concluído o curso, sem

dúvida perdemos a oportunidade de reverter o fenômeno”. Essa observação

demonstra que o estudo sobre a evasão deve compreender toda a duração do

curso, não se focando apenas na sua conclusão.

Cabe salientar que o abandono escolar ou a evasão escolar relaciona-se com

base em fatores individuais como performance escolar, comportamento do próprio

sujeito e suas atitudes no âmbito escolar; já as questões relacionadas aos fatores

institucionais compreendem a estrutura escolar, a própria escola e a comunidade

(RUMBERGER; LIM, 2008).

Ainda na busca da compreensão da evasão escolar e sua relação com a

atuação das Intuições de Ensino, recomenda-se que novas pesquisas sobre o tema

direcionem o foco nas competências e na atuação das escolas, ao destacar que:

[...] a pesquisa sobre as causas da evasão escolar deve incluir, necessariamente, além das motivações individuais, os fatores associados à esfera de competência e de atuação da instituição escolar; por exemplo: as áreas tecnológicas em que os cursos são ofertados, as práticas pedagógicas, a programação das disciplinas, os programas de estágios e de outras práticas profissionais, os processos de avaliação, a formação docente, dentre outros aspectos [...] (DORE; LÜSCHER, 2011, p. 785).

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Araújo e Santos (2012) analisaram a evasão interligada e associada a

inúmeras causas: estrutural, econômica, cultural, social, conjuntural e educacional,

entretanto, em muitas situações, os discentes evadidos não notificam os motivos

para as Instituições de Ensino.

O tema evasão escolar é recorrente em pesquisas realizadas na educação de

nível fundamental e aparece frequentemente relacionada ao fracasso escolar. O

assunto tem sido foco de pesquisas relativas aos ensinos médio e superior. Ao se

tratar de educação técnica, são poucas as investigações, e o tema assume a cada

dia altos índices (DORE; LÜSCHER, 2011).

As principais causas para a evasão são: estrutural (localização da residência, transporte, estágio); econômica (horário de trabalho, desemprego, problemas financeiros); cultural (influência de crenças e hábitos); social (problemas de relacionamento); conjuntural (saúde, não gostar do curso, não adaptação); educacional (despreparo dos alunos). No entanto, percebe-se que, na maior parte dos casos de abandono, a causa é desconhecida, pois o aluno não sente a necessidade de explicar os motivos. (ARAÚJO; SANTOS, 2012, p. 7).

A situação dos alunos ficarem fora da escola é prejudicial a todos. “O prejuízo

com a saída do aluno do curso é certo: perde o aluno ao não se diplomar, perde o

professor que não se realiza como educador, a universidade, a família e a

sociedade. Perde também o País, que olha para o futuro e espera” (CUNHA;

TUNES; SILVA, 2001, p. 279).

Em relação ao cenário nacional, a quantidade de pessoas fora da escola não

apresentou mudanças significativas nos últimos anos. A situação requer atenção em

relação aos jovens na faixa etária de 15 a 17 anos e apresenta situação alarmante

em relação aos jovens entre 18 e 24 anos, em que 70% deles estão fora de qualquer

processo educacional (BRASIL, 2014a).

A evasão escolar é uma das subjeções do fracasso escolar, na qual os

indivíduos saem do sistema escolar ou terminam a educação obrigatória sem a titulação

correspondente. Desse modo, a evasão também possui uma natureza complexa e

multidimensional condicionada por características pessoais, sociais, econômicas e do

sistema escolar, não podendo ser observada de forma isolada do contexto que a

promove, bem como não deve ser encarada como consequência de uma decisão

individual do educando, mas sim o reflexo de uma série de características ocorridas nos

processos educativo, social e econômico do aluno evadido.

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A evasão (abandono escolar) tem uma natureza multiforme e a escolha de sair da escola é apenas o ato final de um processo que se manifesta de muitas maneiras, visíveis ou não, ao longo da trajetória escolar do indivíduo. As pesquisas indicam que a escolha de abandonar ou permanecer na escola é fortemente condicionada pelas características do processo mental que a precede, por fatores sociais e familiares, por características do sistema escolar e pelo grau de atração que outras modalidades de socialização, fora do ambiente escolar, exercem sobre o estudante. (FINI; DORE; LÜSCHER, 2013, p. 236).

O processo de evasão escolar só pode ser identificado por meio de uma

análise metódica dos fatores que o levaram a ocorrer. Sendo assim, o conceito de

evasão pode ser construído de acordo com as circunstâncias que o precedem, com

as múltiplas dimensões que o afetam. Fini, Dore e Lüscher (2013) apontam que a

caracterização (conceito) do fenômeno evasão escolar ocorre com base na

investigação e análise das suas múltiplas dimensões, a saber:

Níveis de escolarização em que ela ocorre.

Tipos ou situações de evasão.

Perspectiva de análise – do aluno, da instituição, do sistema de ensino.

Fatores que influenciam a sua ocorrência.

Diante desses dados, pode-se analisar o processo de definição da evasão

escolar com a identificação do nível escolar na entidade onde ocorre essa evasão e

também o grau de democratização do acesso e permanência disponibilizados à

população para estes níveis de ensino.

Diversas pesquisas foram realizadas por Fini, Dore e Lüscher (2013),

Gulgelmin (2011), Paixão, Dore e Margiotta (2012) e Marchesi e Pérez (2004), os

quais identificaram que a taxa de evasão em vários níveis de escolaridade, requer

dos profissionais da área de ensino maior abordagem e atenção para que,

posteriormente, possa ser feita uma investigação sobre as causas que geram a

evasão. Sabe-se que a evasão nos níveis de escolarização não obrigatórios, como o

ensino médio e superior, possui impacto negativo muito mais abrangente, uma vez

que afeta de forma significativa o desenvolvimento econômico-social dos indivíduos.

Observa-se que são nestes níveis educacionais que se oportunizam os

conhecimentos para uma qualificação profissional mais elevada e,

consequentemente, a sua melhor inserção ou colocação no mundo do trabalho.

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Por ser a evasão escolar a consequência de um processo que envolve uma

diversidade de elementos e fatores que podem determinar novas escolhas e novos

contextos ao indivíduo, ela pode se referir a diversas situações, como a retenção ou

repetência do aluno, a saída do aluno da instituição de ensino, a saída do aluno do

sistema escolar sem volta, a saída da escola e posterior retorno, a não conclusão de

um determinado nível de ensino (FINI; DORE; LÜSCHER, 2013).

Para elucidar o conceito de retenção ou repetência do aluno, Costa (2004)

assevera que se refere aos alunos de uma mesma geração que não conseguiram

dentro de um mesmo ciclo normal de estudos atingir os créditos mínimos exigidos

pela instituição para concluir um determinado curso. “Portanto, não se pode reduzir o

termo evasão ou abandono escolar apenas para caracterizar o estudante que deixa

a escola sem completar um nível de ensino o qual se matriculou num determinado

momento da sua trajetória escolar” (FINI; DORE; LÜSCHER, 2013, p. 237).

O processo de caracterização da evasão escolar requer a identificação das

perspectivas de análise do fenômeno. Esta análise pode ser feita pela óptica do

aluno, da instituição ou do sistema educacional, pois o que para um dos envolvidos

(aluno, instituição, sistema escolar) pode ser considerado problema não se configura

para os demais. Portanto, no processo de análise é importante ter clareza de qual a

perspectiva considerada como principal e os seus possíveis nexos com as demais

(DORE; LÜSCHER, 2011, p. 775-776).

Este processo de caracterização da evasão escolar refere-se à investigação

de suas possíveis causas ou fatores determinantes que para Fini, Dore e Lüscher

(2013) é o entrelaçamento das diferentes circunstâncias individuais, institucionais e

sociais presentes no fenômeno da evasão escolar que a caracteriza como um

processo complexo e cumulativo de abandono do processo escolar pelo aluno.

Ainda sobre as definições de evasão escolar, entre outros autores, Gaioso

(2005 apud BAGGI; LOPES, 2011, p. 356) caracteriza a evasão como “um fenômeno

social complexo, definido como interrupção no ciclo de estudos”.

[...] a evasão é um fenômeno caracterizado pelo abandono do curso, rompendo com o vínculo jurídico estabelecido, não renovando o compromisso ou sua manifestação de continuar no estabelecimento de ensino. Esta situação de evasão é vista como abandono, sem intenção de voltar, uma vez que não renovando a matrícula rompe-se o vínculo existente entre aluno e escola. (JOHANN, 2012, p. 65).

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A pesquisa nos Indicadores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Anísio Teixeira (INEP), em uma definição bastante funcional, refere-se

a alunos evadidos como “alunos que, estando matriculados na série s no ano m, não

se encontram na matrícula da série s ou s +1 no ano m +1” (BRASIL, 2004, p. 19).

Embora precisa e, portanto, facilitadora dos levantamentos, sobretudo quantitativos,

relacionados à temática, tal definição parece não abranger adequadamente a

Educação Profissional, por ser uma modalidade de ensino não obrigatória, com

diversos cursos de qualificação e aprendizagem de organização semestral, como o

abordado por este estudo.

4.1 EVASÃO NO CURSO PROFISSIONALIZANTE

O problema da evasão escolar acontece em todos os níveis de ensino,

gerando preocupação na sociedade e aos profissionais da educação.

Em todos os níveis escolares e instituições, as taxas de abandono escolar

são elevadas, e são diversos os motivos que levam o estudante a deixar a escola, as

taxas sempre são maiores entre os alunos da rede pública, onde também são mais

frequentes os casos de abandono da escola (SCREMIN, 2008).

Em relação ao número de matrículas da educação profissional e tecnológica,

segundo o MEC, entre 2011 e 2013, foram realizadas 5,5 milhões de matrículas em

cursos técnicos e de formação inicial e continuada. E somente em 2013 foram

realizadas 1,5 milhão de matrículas, das quais 1,2 milhão em cursos de Formação

Inicial e Continuada (FIC), por meio do Pronatec, que contribui para ampliação do

acesso aos cursos (BRASIL, 2014b). Porém, na fase de ajuste na implantação do

programa, um fator agravante foi o elevado índice de abandono, em torno de 50%

nos cursos de qualificação técnica (CASSIOLATO; GARCIA, 2014).

Com relação à evasão na Educação Profissional, existem poucos estudos de

autores que tratam sobre este assunto.

Para Dore e Lüscher (2011), o abandono escolar nos cursos

profissionalizantes vincula-se ao maior ou menor grau de democratização do acesso

da população a esse nível de ensino. O fato de esse nível de ensino não ser

obrigatório traz consequências significativas sobre o fenômeno do abandono.

Para Abramovay e Castro (2003), são vários os fatores apresentados para

abandonar a escola, mas predominam as relacionadas com:

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[..] situações de classe, como a necessidade de trabalhar ou, em algum momento, não ter meios para se manter na escola, questões que bem ilustram os condicionantes socioeconômicos exógenos à escola, que reproduzem exclusões sociais. Contudo, muitos alunos abandonam a escola por ordenações endógenas, o que pode assumir diversas formas, desde as ligadas a indisposições com professores, violências, casos de repetência e reprovação, como frustrações com a qualidade do ensino e da aprendizagem. Há, portanto, que considerar que, em muitos casos, inter-relacionam-se dois processos sociais: o aluno que abandona a escola e a escola que abandona o aluno. (ABRAMOVAY; CASTRO, 2003, p. 521).

Com relação aos fatores motivadores do abandono escolar na educação

profissional, Araújo e Santos (2012) relatam que, quando o aluno começa a estudar,

percebe que as disciplinas curriculares do curso técnico não atendem ao que

esperavam e diante dessa situação acaba desmotivado para dar continuidade no curso.

Dore e Lüscher (2011, p. 152) complementam esta ideia ressaltando que:

[...] o estudante pode, por exemplo, escolher um curso em uma determinada área, interrompê-lo e mudar de curso, mas permanecer na mesma área ou no mesmo eixo tecnológico. Pode também mudar de curso e de área/eixo ou, ainda, permanecer no mesmo curso e mudar apenas a modalidade do curso – integrado, subsequente ou concomitante – e/ou a rede de ensino na qual estuda. Outra situação é a de interromper o curso técnico para ingressar no ensino superior e, até mesmo, abandonar definitivamente qualquer proposta de formação profissional no nível médio.

Araújo e Santos (2012) apontam que a evasão escolar na educação

profissionalizante é um problema que afeta a formação e o desenvolvimento do

jovem ou adulto que pretende se qualificar em busca de melhores empregos e

qualidade de vida e que preocupam muitas instituições de educação profissional. E

Batista;Souza;Oliveira (2009) complementa que o jovem evadido poderá estar

condenado à falta de oportunidades e, assim, tenha que atuar à margem do

mercado de trabalho, desempenhando funções em condições precárias de trabalho

e baixa remuneração, sem registro em carteira profissional, reflexo da informalidade.

Vários fatores podem envolver o processo de abandono escolar no contexto

dos cursos profissionalizantes. A questão da escola não ser atrativa, o mercado de

trabalho, a desvalorização da profissão, o desemprego, entre outros.

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45

4.2 FATORES QUE INFLUENCIAM NA EVASÃO ESCOLAR

Acompanhar e analisar individualmente os fatores que envolvem a evasão

torna possível estabelecer relações e aprofundar as causas e possibilidades de

intervenção no processo de abandono.

De acordo com Paixão, Dore e Margiotta (2012, p. 5), “há processos

complexos envolvidos nos percursos juvenis de permanência ou abandono”. Assim,

é preciso levar em conta todos estes processos para analisar o fenômeno.

Uma explicação de forma mais abrangente do engajamento dos jovens, os

tipos de programas de apoio escolar destinados a eles e o trabalho dos jovens na

escola precisa considerar, entre outros aspectos, os efeitos de alguns fatores como:

1. O background pessoal e social dos estudantes; 2. O contexto distrital e comunitário onde o mesmo vive, cujas normas e políticas afetam muitos aspectos da vida na escola; 3. Cultura escolar, refletida nas crenças e valores dos funcionários e alunos; 4. Organização escolar (tamanho, estrutura, divisão do trabalho); 5. Currículo; 6. Background dos professores e sua competência 7. Interação professor-aluno, dentro e fora da classe. (NEWMANN; WEHLAGE; LAMBORN, 1992, p.14).

Neste contexto, existem diversos elementos que contribuem para a

construção do abandono escolar, como evidenciam Fini, Dore e Lüscher (2013), a

evasão é um processo dinâmico e evolutivo cujo entendimento requer levar em

conta a dimensão temporal em que ele ocorre, bem como a articulação de

sucessivas experiências individuais e institucionais pelas quais o aluno perpassou

até o momento de decidir por abandonar o percurso escolar.

Marchesi e Pérez (2004) salientam que o fracasso escolar não pode ser

explicado apenas por um único fator, mas sim pela observação de níveis ou

dimensões e que, portanto, se faz necessária a adoção de um modelo hierárquico

para interpretar o fracasso escolar. Para os autores, este modelo seria composto por

seis níveis estreitamente relacionados: sociedade, família, sistema educacional,

escolas, ensino em sala de aula e disposição dos alunos. Para se alcançar uma

interpretação mais completa e ajustada sobre o fenômeno foram incluídos alguns

indicadores considerados relevantes para cada uma das dimensões do modelo

proposto.

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4.2.1 Fatores Motivadores de Evasão Escolar

O levantamento dos fatores associados à evasão e à permanência é

fundamental para o desenvolvimento teórico e a base de conhecimento do problema

para subsidiar intervenções que assegurem ao estudante as condições necessárias

para concluir sua formação escolar.

Na visão de Rumberger (2011), existem vários elementos que levam o aluno

a se ausentar da sala de aula, entre eles a própria escola, a família e o trabalho,

podem contribuir para esse fenômeno da evasão. Alguns estudos empíricos

analisados com base nas disciplinas da área de Ciências Sociais têm identificado

dois fatores: os individuais, relacionados aos próprios alunos, suas atitudes,

comportamentos e experiências anteriores; e os fatores do contexto que

compreendem a família, a escola e a sociedade em que vivem.

No âmbito individual, encontram-se as relações de valores, que são os

comportamentos e as atitudes que promovem maior ou menor envolvimento (ou

pertencimento) do estudante na vida escolar. Autores afirmam que existem

diferentes teorias sobre evasão, a maioria delas afirma que são dois tipos o

engajamento escolar: o engajamento acadêmico ou de aprendizagem, e o

engajamento social de convivência do estudante com os colegas, com professores e

com a comunidade escolar. O processo de convivência em que o estudante

desenvolve essas duas dimensões interfere na decisão de evadir ou permanecer na

escola (RUMBERGER, 1987).

A estrutura da escola e sua organização acadêmica e social podem

influenciar sobre a decisão dos alunos permanecerem ou abandonarem os estudos.

(LEE; BURKAM, 2003).

O abandono e a conclusão da etapa da vida escolar estão influenciados por

dois fatores: os individuais, relacionados aos próprios alunos, suas atitudes,

comportamentos e experiências anteriores, e os fatores contextuais que são a

família, a escola e a sociedade em que vivem (RUMBERGER; LIM, 2008).

Os fatores associados a evasão e permanência escolar foram analisados com

base no modelo conceitual de performance estudantil (RUMBERGER; LIM, 2008),

segundo o qual o abandono e a conclusão da escolaridade média são influenciados

por dois tipos de fatores: a) individuais − associados às características individuais

dos estudantes; e b) institucionais − associados aos três principais contextos que

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influenciam os estudantes: famílias; escolas; e comunidades. Esses fatores e suas

respectivas categorias estão representados no Quadro 2.

Quadro 2 - Fatores e Categorias de Evasão

FATORES CATEGORIAS

INDIVIDUAIS

PERFORMANCE ESCOLAR Desempenho Persistência Escolaridade

COMPORTAMENTOS

Empregos Engajamento Aulas frequentadas Desvios Relações com os colegas

ATITUDES Objetivos Valores Autopercepção

BACKGROUND Demografia Saúde

INSTITUCIONAIS

FAMÍLIA Estrutura Recursos Práticas

ESCOLA

Composição Estrutura Recursos Práticas

COMUNIDADE Recursos Composição

Fonte: Baseado em Rumberger e Lim (2008).

Os fatores e categorias podem ser individuais e institucionais.

Os fatores individuais se dividem em quatro categorias: a) performance

escolar – inclui o desempenho acadêmico, a persistência educacional e o nível de

escolaridade alcançado; b) comportamentos – inclui as condutas dos estudantes,

como o engajamento com a vida escolar, as aulas frequentadas, os desvios (mau

comportamento, uso de droga e gravidez), as relações com os colegas e as

situações de emprego; c) atitudes – inclui aspectos psicológicos, como as

expectativas, os objetivos, os valores e a auto percepção; e d) background –

engloba o perfil demográfico, a saúde e as experiências passadas, como a

participação em pré-escola e atividades pós-escolares (RUMBERGER, 2011).

A partir das experiências, as atitudes, os comportamentos e o desempenho

educacional acabam exercendo uma motivação para a conclusão ou o abandono

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escolar. Tais fatores individuais também estão associados aos contextos

institucionais dos quais os estudantes fazem parte.

Os fatores institucionais que podem potencialmente influenciar os resultados

educacionais dos estudantes estão reunidos em três categorias: a) família – abrange

a estrutura (número e tipos de pessoas na família), os recursos familiares

(financeiros e humanos) e as práticas da família (expectativas educacionais, suporte

educativo e envolvimento escolar dos pais); b) escola − inclui a composição social

dos estudantes na escola, a estrutura escolar (localização, tamanho e tipo de

escola), os recursos físicos, humanos e financeiros da escola e as práticas escolares

(administração, ensino e clima escolar); e c) comunidade – refere-se ao papel que as

comunidades realizam no desenvolvimento dos jovens (RUMBERGER; LIM, 2008).

As comunidades exercem influência por meio de: acesso a recursos, como

creches, centros médicos e oportunidades de emprego; relações parentais, que

possibilitam o contato com familiares, amigos e vizinhos; e relações sociais, que

surgem da confiança mútua e dos valores compartilhados e que podem ajudar a

supervisionar e monitorar as atividades dos jovens (RUMBERGER; LIM, 2008).

Tendo discorrido sobre evasão escolar, o próximo capítulo discorrerá sobre a

metodologia utilizada na referida pesquisa.

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5 METODOLOGIA

Serão apresentados, neste capítulo os procedimentos metodológicos

utilizados nesta pesquisa que investigou as causas da evasão escolar dos alunos no

Curso Técnico em Segurança do Trabalho em uma instituição de Educação

Profissional na cidade de Londrina.

5.1 NATUREZA DA PESQUISA

Do ponto de vista de seus objetivos, a pesquisa é descritiva analítica, pois

promove estudo, análise, registro e interpretação dos fatos do mundo físico, sem a

interferência do pesquisador. A pesquisa descritiva analisa e correlaciona fatos sem

manipulá-los, buscando conhecer as situações e as relações do comportamento

humano, tanto no indivíduo isoladamente quanto em grupos (VERGARA, 2007).

Quanto aos procedimentos técnicos, esta pesquisa configura-se como

documental e estudo de caso.

Documental, pois se baseia na coleta de dados de documentos escritos ou

não, por meio de consulta a fontes primárias (realizada em bibliotecas, institutos e

centros de pesquisa) e a documentos públicos (documentos de órgãos oficiais como

ofícios, leis, escrituras) e outros, como as fontes estatísticas. A Pesquisa

Documental se assemelha muito à bibliográfica e se difere na natureza das fontes,

pois esta forma vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento

analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da

pesquisa. Além de analisar os documentos de “primeira mão” (documentos de

arquivos, igrejas, sindicatos, instituições etc.), existem também aqueles que já foram

processados, mas podem receber outras interpretações, como relatórios de

empresas, tabelas, entre outros (GIL, 2008).

O Estudo de Caso, por sua vez, se caracteriza pelo estudo de um grupo

específico, permitindo um amplo e detalhado conhecimento. Para Gil (2008), o

estudo de caso consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos,

de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento.

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5.2 ESTUDO DE CASO

O SENAI de Londrina-Pr oferta o Curso Técnico em Segurança do Trabalho

com duração de 18 meses. Para a realização desta pesquisa escolheu-se os

estudantes matriculados no período de 2011 a 2015 e que não concluíram este

curso. A escolha deste recorte de tempo se deu em virtude da implantação no ano

de 2011 do PRONATEC e o convênio do SESI com o SENAI.

Inicialmente foi realizada uma pesquisa documental com a devida autorização

da instituição de ensino, no qual foram levantados e identificados nos arquivos os

alunos evadidos no referido período no qual foram anotados os respectivos contatos

telefônicos, endereço eletrônico e rede social de cada um deles. Antes de descrever

a população deste estudo, é importante ressaltar que informações relevantes a esse

respeito foram selecionadas e divididas.

5.2.1 Características do curso pesquisado

De posse dos dados dos alunos que se deu por meio de pesquisa com

acesso via sistema acadêmico foi possível identificar as turmas ofertadas do Curso

Técnico em Segurança do Trabalho no período de 2011 a 2015 . A população inicial

destas turmas era composta por 17 turmas de curso técnico, totalizando 538 vagas

ofertadas no período, totalizando 313 alunos evadidos.

Para melhor compreensão, o Quadro 3 apresenta o detalhamento dos cursos

ofertados, o código das turmas, o ano de matrícula e ano de conclusão, a

quantidade de alunos matriculados.

5.3 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada em duas fases, as quais serão descritas a

seguir.

5.3.1 Primeira Fase

Inicialmente, o levantamento dos dados acerca da população-alvo do estudo

foi solicitado à Secretaria Acadêmica da Unidade, que providenciou listagens

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nominais das turmas, distinguindo alunos aprovados, retidos e evadidos, bem como

dados específicos dos alunos evadidos. Esses dados incluíram: data da efetivação

da matrícula da instituição; telefones e e-mails.

Ao acessar as informações de cada turma, foi possível identificar

nominalmente cada um dos alunos evadidos e tabular na planilha do Excel os alunos

matriculados e evadidos por turma e ano.

5.3.2 Segunda Fase

Nesta segunda fase, de posse desses nomes, realizou-se a análise

documental que possibilitou localizar, dentro de cada pasta do aluno, os dados

pessoais. Após este procedimento, os alunos foram contatados, via telefone, pela

autora desta pesquisa, para solicitar um contato de e-mail ou redes sociais

(Facebook ou WhatsApp), a fim de explicar sobre o objetivo da pesquisa e convidá-

los a participar.

Para as pessoas que concordaram em colaborar com a pesquisa, foi

encaminhado o questionário com questões fechadas compostas por dados de

caracterização da população, questões sobre o processo de ingresso no curso,

motivação para escolha do curso, dificuldades para a realização do curso e fatores

relacionados à evasão do curso.

Ficou também esclarecido que o voluntário da pesquisa era livre para

interromper a sua participação em qualquer momento da coleta ou não retornar o

questionário ao pesquisador sem nenhum ônus para ambos.

5.4 LIMITAÇÃO DA PESQUISA

Torna-se interessante ressaltar que a primeira fase do levantamento inicial foi

marcada por obstáculos que revelaram diversas falhas na sistematização e

disposição de informações necessárias ao desenvolvimento da pesquisa.

Notou-se que os dados registrados não estavam atualizados, o que dificultou

o contato com os alunos. Outra falha se referiu ao aluno que, no sistema, constava

como reprovado e, no caso, esse aluno eram infrequentes. Todavia, não estava

registrado como evasão no sistema em virtude da ausência do registro de

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frequência. À medida que o professor, ao final do semestre, em vez de lançar a

infrequência do estudante, optava por zerar a nota final, o sistema classificava o

aluno como reprovado, mas não distinguia o fato de que, na realidade, essa

reprovação havia sido causada por infrequência.

A fim de identificar se esses alunos, entre os reprovados, eram evadidos, foi

preciso realizar consultas individuais, com base nos registros de notas e esta ação

requereu esforços consideráveis por parte da pesquisadora.

Àqueles que não haviam realizado as avaliações ou haviam realizado apenas

algumas, foram enquadrados como participantes desta pesquisa.

5.5 INSTRUMENTO DA PESQUISA

Com o instrumento de pesquisa de campo desenvolvido em formato de

questionário, de acordo com a metodologia previamente definida, e de posse deste

questionário procedeu-se o levantamento e a coleta dos dados por meio da

aplicação do questionário online. Para aplicação, os alunos foram contatados por

meio de telefone, e-mail e redes sociais a fim de que eles participassem da pesquisa

e respondessem ao questionário.

Foram encaminhados 180 questionários via e-mail, ou redes sociais, e

registrou-se um retorno de 40 questionários respondidos.

5.5.1 O Questionário

O questionário foi elaborado pela autora desta pesquisa. De acordo com

Lankshear e Knobel (2008, p. 139), os questionários para a coleta de dados da

pesquisa “podem ser instrumentos especificamente desenvolvidos, criados pelos

próprios pesquisadores, segundo necessidades e circunstâncias específicas dos

seus estudos”.

A elaboração das questões exige cuidado do pesquisador. A esse respeito,

Matos (1990) sugere alguns itens que devem ser contemplados: (a) clareza na

linguagem, o vocabulário deve estar de acordo com as habilidades e conhecimentos

dos participantes; (b) conteúdos e situações específicas, objetividade na intenção do

pesquisador, a garantia de que cada questão abranja apenas uma informação;

(d) ausência de suposições, de maneira que nada esteja subentendido para o

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participante; e, finalmente, (e) ausência de sugestões, de maneira que nada na

formulação da questão sugira ao participante que respostas são esperadas ou

desejadas.

Para esta pesquisa, optou-se pelas questões estruturadas com livre opção.

A pesquisadora indicou algumas respostas, nas quais o participante poderia

escolher mais de uma opção para a resposta, como também, uma alternativa livre,

que permitiu ao aluno, acrescentar respostas ou comentários adicionais que não

estavam listados. Ao final de cada questão foi acrescentada uma alternativa que se

apresentava da seguinte forma: Outro(s). Esse tipo de questão tem como finalidade

não restringir as respostas dos participantes, permitindo, com isso, o registro de

outras percepções que não estavam contempladas nas alternativas anteriores.

A montagem do questionário originou-se da leitura e dos estudos de trabalhos

que discutem as causas da evasão escolar e os problemas enfrentados pelos alunos

dos cursos técnicos.

A construção do questionário está relacionada com o alcance dos objetivos da

pesquisa.

Construir um questionário consiste basicamente em traduzir os objetivos da pesquisa em questões específicas. As respostas a essas questões é que irão proporcionar os dados requeridos para testar as hipóteses ou esclarecer o problema da pesquisa. As questões constituem, pois, o elemento fundamental do questionário. (GIL, 2009, p. 129).

O questionário foi composto por 13 questões, sendo oito referentes a dados

de caracterização do sujeito de pesquisa; três sobre o ingresso no Curso Técnico em

Segurança do Trabalho; e duas com informações sobre o processo de evasão do

referido curso.

5.5.2 O Pré-Teste

O pré-teste do instrumento de pesquisa tem por finalidade validá-lo para a

fase de coleta dos dados. Em casos de questionário conduzido por uma sequência,

torna-se necessária a realização de um questionário-piloto que possa nortear o

respondente, com base em alguns aspectos:

a) clareza e precisão dos termos. Os termos adequados são os que não necessitam de explicação. Quando os pesquisados necessitarem de explicações adicionais, será necessário procurar, com eles, termos mais adequados;

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b) quantidade de perguntas. Se os respondentes derem mostra de cansaço ou de impaciência, é provável que o número de perguntas seja excessivo, cabendo reduzi-lo;

c) forma das perguntas. Pode ser conveniente fazer a mesma pergunta sob duas formas diferentes, com o objetivo de sondar a reação dos pesquisados a cada uma delas;

d) ordem das perguntas. No pré-teste pode-se ter uma ideia do possível contágio que uma pergunta exerce sobre outra, bem como acerca do local mais conveniente para incluir uma pergunta delicada etc.;

e) introdução. Mediante a análise das indagações feitas pelo entrevistado, de suas inquietações e de suas resistências, seleciona-se a melhor fórmula de introdução a ser utilizada quando ocorrer a aplicação do instrumento. (GIL, 2009, p. 108-109).

O questionário-piloto foi aplicado a um aluno que fez parte do grupo de alunos

que se evadiram no período estudado e que trouxe suas impressões acerca das

perguntas a serem respondidas. Questionado quanto à clareza das perguntas, o

interlocutor respondeu afirmativamente, alegando não ter tido qualquer tipo de

dificuldade, no que tange ao entendimento de seu significado ou à utilização de

certas expressões. Quanto à quantidade de perguntas e ao tempo disponível, o

respondente afirmou terem sido adequados para responder e não teve nenhuma

dificuldade.

As informações referentes à pesquisa, as considerações quanto ao anonimato

do respondente, sua autorização que consta no próprio questionário para utilização

dos dados, foram informadas no início do contato para a realização da pesquisa.

5.5.3 Organização, Análise e Interpretação dos Dados

A organização, análise e interpretação dos dados constitui uma fase

importante no desenvolvimento de pesquisa descritiva analítica. De acordo com

Barros e Lehfeld (2007), na pesquisa descritiva realiza-se o estudo, a análise, o

registro e a interpretação dos fatos do mundo físico sem a interferência do

pesquisador. Quando se fala em interpretar dados, refere-se, basicamente, ao ato

de “estabelecer a ligação entre os resultados obtidos com outros já conhecidos, quer

sejam derivados de teorias, quer sejam de estudos realizados anteriormente” (GIL,

2010, p. 113). No entanto, a interpretação seria apenas o terceiro momento desse

conjunto de etapas referentes à manipulação dos dados.

Existem muitos métodos para a organização, análise e interpretação de dados

procedentes de pesquisas qualitativas, optou-se por escolher um que, sendo

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selecionado por outros pesquisadores de temáticas semelhantes, atendesse ao

propósito de responder adequadamente à questão geral estabelecida por esta

pesquisa. Partindo do pressuposto de que a evasão apresenta causas múltiplas e

intrincadas, não perceptíveis facilmente por intermédio de uma percepção

puramente objetiva, considerou-se que a técnica de análise qualitativa de conteúdo

poderia contribuir de modo mais eficaz.

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6 PERFIL DOS ALUNOS EVADIDOS

O perfil dos alunos evadidos, como já apresentado anteriormente, considerou

o estudo de caso restrito às turmas do Curso Técnico em Segurança do Trabalho

iniciadas nos anos de 2011 a 2015.

Neste período a instituição teve 16 turmas, com um total de 538 alunos

matriculados e a quantidade de evadidos totalizou 313 alunos, os quais foram o

grupo principal deste estudo. Buscou-se encaminhar o questionário para todos

esses alunos evadidos, mas houve impossibilidade de contato de vários alunos, por

causa da alteração ou inexistência dos números de telefone que estavam

registrados no cadastro da instituição, além de mudança de endereço de residência,

entre outros dados que impossibilitaram a localização desses alunos.

Assim, os dados obtidos de forma direta, por meio da análise documental,

expressam o montante total dos ex-alunos, contudo, cabe salientar que algumas

informações alcançáveis apenas por meio de aplicação desta pesquisa se referem

somente aos alunos evadidos que foram localizados para responderem ao questionário.

Para melhor compreensão, no Quadro 3 encontram-se detalhes como o

código das turmas, ano de matrícula e ano de conclusão da turma, a quantidade de

alunos matriculados e formados.

Quadro 3 - Perfil das turmas do Curso Técnico em Segurança do Trabalho

pesquisadas

Código da turma

Ano matrícula da turma

Ano Conclusão da Turma

Quantidade de alunos

matriculados

Quantidade de alunos

formados

Turma 94 2011/1 2012/1 22 6

Turma 96 2011/1 2012/1 23 17

Turma 200 2011/1 2012/1 21 17

Turma 272 2011/2 2012/2 44 25

Turma 273 2011/2 2012/2 44 25

Turma 32 2012/1 2013/1 36 24

Turma 201 2012/2 2013/2 24 10

Turma 19 2013/1 2014/1 46 38

Turma 21 2013/1 2014/1 29 23

Turma P31 2013/2 2014/2 40 21

Turma P32 2013/2 2014/2 31 17

Turma 39 2013/2 2014/2 25 18

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Código da turma

Ano matrícula da turma

Ano Conclusão da Turma

Quantidade de alunos

matriculados

Quantidade de alunos

formados

Turma 38 2013/2 2014/2 35 12

Turma 86 2014/1 2014/2 44 31

Turma P46 2014/2 2015/2 39 15

Turma P47 2014/2 2015/2 35 14

Fonte: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (2017).

Posteriormente, foi realizado um estudo quantitativo para analisar, com base

nos documentos fornecidos pela instituição quantos alunos evadiram por turma, para

depois promover os contatos e realizar a aplicação do questionário (Quadro 4).

Quadro 4 - Alunos evadidos por turma e por semestre

Código da Turma

1º Semestre 2º Semestre 3º Semestre Total de Alunos

Evadidos

94 0 3 3 6

96 5 4 1 10

200 0 1 0 1

272 8 1 2 11

273 4 3 0 7

T32 9 1 1 11

201 7 2 0 9

19 4 0 2 6

21 4 0 1 5

P31 14 2 0 16

P32 11 4 1 16

39 4 8 0 12

38 12 1 1 14

86 8 1 1 10

P46 15 2 0 17

P47 15 2 0 17

SUB 30184 18 4 0 22

Fonte: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (2017).

Na sequência será apresentada a análise dos resultados.

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7 ANÁLISE DOS RESULTADOS

De posse dos dados pesquisados, provenientes do questionário realizado,

procedeu-se à análise e discussão dos resultados. Foi utilizado o software MS-

Excel® para a construção dos gráficos.

A análise dos dados objetivou organizar e sintetizar os dados coletados e foi

embasada no referencial teórico, a fim de sustentar, segundo os autores

consultados, as discussões desta pesquisa.

O Gráfico 1 expressa a idade dos entrevistados.

Gráfico 1 - Idade dos participantes da pesquisa

Fonte: Autora da pesquisa (2017).

Conforme indicam os dados do Gráfico 1, a maior parte dos respondentes

encontra-se na faixa etária dos 15 aos 20 anos (80%), seguida da faixa etária dos 21

aos 26 anos (8%). Na faixa etária entre 33 e 38 anos, o percentual dos entrevistados

é consideravelmente menor, com 5%, seguido de 3% para a faixa etária acima de 45

anos, e apenas 2% dos respondentes estão na faixa etária de 39 a 44 anos e a

mesma porcentagem foi registrada nos participantes de 27 a 32 anos, do total do

número de respondentes evadidos dos cursos técnicos em Segurança do Trabalho.

Identificou-se que os alunos com idades entre 15 e 20 anos compuseram a

faixa etária que teve maior percentual de evadidos do curso.

A maioria dos alunos que se matricula nos cursos profissionalizantes realiza

sua opção profissional numa faixa etária muito precoce. Pesquisas apontam um alto

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índice de evasão por causa das decisões profissionais imaturas feitas por jovens que

fazem suas escolhas com base em informações mínimas, geralmente distorcidas e

idealizadas sobre o curso (LEVENFUS; NUNES, 2002).

O Gráfico 2 indica o sexo dos entrevistados.

Gráfico 2 - Sexo dos participantes da pesquisa

Fonte Autora da pesquisa (2017).

O Gráfico 2 informa que 63% dos respondentes são do sexo feminino e os

alunos do sexo masculino totalizam 37%. Pelo fato de se ter a maior incidência de

evasão de mulheres, Stearns e Glennie (2006) destacam que estudantes do sexo

feminino têm maior tendência a deixar a escola em razão das responsabilidades

familiares. Percebeu-se, após essa etapa, a necessidade de verificar a quantidade

de alunos matriculados por turma, conforme mostra o Quadro 5.

Quadro 5 - Distribuição por turma e sexo

TURMA SEXO

MASCULINO %

SEXO FEMININO

%

Turma 94 12 57 9 43

Turma 96 16 70 7 30

Turma 200 14 67 7 23

Turma 272 14 32 30 68

Turma 273 19 57 14 43

Turma 32 21 60 15 40

Turma 201 14 58 10 42

(continua)

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(conclusão)

TURMA SEXO

MASCULINO %

SEXO FEMININO

%

Turma 19 15 39 23 61

Turma 21 8 33 16 67

Turma P31 8 20 32 80

Turma P32 13 42 18 58

Turma 39 14 58 10 42

Turma 38 13 37 22 63

Turma 86 20 45 24 55

Turma P46 13 34 25 66

P47 13 38 21 62

SUB 30184 9 28 23 72

Fonte: Elaborado pela autora da pesquisa com base em SENAI (2017).

Os dados do Quadro 5 permitiram constatar que, nas primeiras turmas

analisadas, a maioria dos alunos pertencia ao sexo masculino, pois a profissão de

Técnico em Segurança do Trabalho, neste período, era predominantemente

composta por homens. Com o passar dos anos esse quadro foi mudando, e as

mulheres também passaram a buscar vagas nesta área. O Gráfico 3 traz o local de

moradia dos entrevistados.

Gráfico 3 - Cidade onde residem os respondentes

Fonte: Autora da pesquisa (2017).

De acordo com o Gráfico 3, no tocante ao local de moradia, a grande maioria

(68%) informou residir no município de Londrina e os demais (32%) residem nas

cidades circunvizinhas (Cambé, Ibiporã e Guaravera), que fazem parte da região

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metropolitana. Muitos alunos buscam uma oportunidade de estudo e trabalho na

cidade de Londrina, alguns deles começaram a trabalhar depois do início do estudo

e, como moravam longe da instituição, isso dificultou a possibilidade de

permanecerem no curso.

O Gráfico 4 mostra qual era o transporte utilizado pelos pesquisados.

Gráfico 4 - Tipo de transporte utilizado

Fonte: Autora da pesquisa (2017).

Como se pode verificar, por meio do Gráfico 4, o tipo de transporte mais

utilizado era o ônibus circular (75%), pelo índice de alunos com idade de 15 a 20

anos, o resultado se justifica, por muitos serem menores de idade, não possuindo,

portanto, habilitação para dirigir. Outras variáveis podem interferir como a renda da

família, local da residência, etc.

O Gráfico 5 expressa o estado civil dos respondentes, na época da evasão do

curso.

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Gráfico 5 - Estado civil dos participantes

Fonte: Autora da pesquisa (2017).

O Gráfico 5 informa que 90% dos respondentes eram solteiros, no início do

curso, o que se justifica pelo fato de que a maioria dos evadidos tinha entre 15 e 20

anos no ingresso do curso. Uma minoria de 2% dos alunos morava com

companheiro(a). Os evadidos casados também representam um pequeno percentual

de 8%.

O Gráfico 6 apresenta a escolaridade dos entrevistados, na época da evasão

do curso.

Gráfico 6 – Escolaridade dos alunos evadidos

Fonte: Autora da pesquisa (2017).

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Verificou-se, conforme expressa o Gráfico 6, que 50% dos evadidos já haviam

terminado o ensino médio, esse percentual advém do perfil dos alunos que buscam

o curso técnico, pois a maioria procura inserir-se no mercado de trabalho com menor

tempo, uma vez que os cursos técnicos têm duração de 18 a 24 meses. O

percentual de alunos com o ensino superior completo foi significativo, (30%). Esse

índice se acentua em razão do Projeto Pronatec que surge de uma proposta de

educação que proporcionou nova oportunidade para pessoas que já tinham uma

formação educacional.

O dado que apresenta o nível estudantil dos alunos com o ensino médio

incompleto (15%) também foi significativo em virtude do convênio que o SENAI tinha

com o SESI e também pelos alunos da rede pública que faziam parte do Projeto

Pronatec. Cursando o ensino médio registrou-se apenas 2% e outros cursos com 3%.

O Gráfico 7 apresenta o tipo de financiamento realizado ao iniciar o curso.

Gráfico 7 - Tipo de financiamento ao iniciar o curso

Fonte: Autora da pesquisa (2017).

Como informa o Gráfico 7, 45% dos alunos evadidos que participaram da

pesquisa eram alunos do Projeto Pronatec; 42% tinham Convênio SESI/SENAI;

8% eram bolsistas da instituição e apenas 5% eram alunos pagantes integral direto

da instituição.

O Gráfico 8 indica a renda individual mensal dos alunos.

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Gráfico 8 - Renda individual mensal

Fonte: Autora da pesquisa (2017).

De acordo com o Gráfico 8, 63% dos alunos que participaram da pesquisa

eram dependentes dos pais, responsáveis ou outros. Este número foi expressivo,

uma vez que, esses alunos eram, na época, menores de idade, (cf. Gráfico 1).

O índice de 28% representa os alunos que possuíam renda de 1 a 2 salários

mínimos. Este dado revela como o grupo de amostra representa bem o público-alvo

do Pronatec que, conforme a Lei nº 12.531/2011:

O PRONATEC deverá atender, prioritariamente, os estudantes do ensino médio da rede pública, inclusive da educação de jovens e adultos; trabalhadores; beneficiários dos Programas federais de transferência de renda; e estudantes que tenham cursado o ensino médio completo em escola da rede pública ou em instituições privadas na condição de bolsista integral [...] cursos voltados para públicos específicos em cada região [...]. Algumas turmas são exclusivas para determinados públicos e outras são compartilhadas ou mesmo abertas. Após a mobilização dos públicos específicos pelas redes demandantes, as vagas remanescentes (não ocupadas dentro do prazo de cinco dias após a publicação da abertura da turma pela instituição ofertante do curso), são disponibilizadas no site do PRONATEC, de forma que estejam disponíveis para toda a população interessada. (BRASIL, 2014b, p. 5).

Os respondentes que tinham renda de 3 a 4 salários mínimos somaram 7% e

acima de 6 salários mínimos apenas 2% deles se enquadraram nesta faixa.

O Gráfico 9 apresenta quem era responsável pela renda da família na época

do curso.

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Gráfico 9 - Responsável pela renda da família

Fonte: Autora da pesquisa (2017).

De acordo com o Gráfico 9, em relação aos responsáveis pela renda familiar,

78% dos alunos responderam que são seus pais. Esse índice revela que a grande

maioria dos participantes da pesquisa era menor de idade (cf. Gráfico 1). Em

segundo lugar, com índice de 10%, os próprios alunos informaram que eram os

responsáveis pela renda familiar, dos demais participantes, 5% indicaram os seus

avós; 3% os tios; 2% as mães; e 2% os seus cônjuges.

O Gráfico 10 apresenta os vários motivos que levaram os respondentes a se

matricularem no curso.

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Gráfico 10 - Motivo que levou o aluno a matricular-se no curso técnico

Fonte: Autora da pesquisa (2017).

Em relação aos motivos que levaram os alunos a escolher o curso técnico,

31% informaram que foi o mercado de trabalho. Pode-se destacar aqui que as

turmas analisadas nesta pesquisa foram do período de 2011 a 2015 e, nesta época,

o setor de construção civil crescia em todo o território nacional, e em Londrina não

foi diferente. De acordo com o IBGE, em 2012, a indústria da construção civil foi

influenciada positivamente por maior oferta de crédito imobiliário, crescimento do

emprego e da renda no Brasil, a despeito da crise mundial, e a desoneração dos

Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI) para diversos insumos. Também

influíram os programas do governo de investimento em infraestrutura e moradias

populares (BRASIL, 2014a).

Assim, muitos destes alunos encontraram no Curso Técnico em Segurança

do Trabalho uma forma de se inserir no mercado de trabalho que era promissor para

essa área.

Dando prosseguimento às informações da pesquisa, o Gráfico 10 aponta que

28% dos entrevistados responderam que o fator motivador foi a busca pelo

aperfeiçoamento profissional, muitos deles eram pessoas que já estavam no

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mercado de trabalho e buscavam aperfeiçoamento nesta área e também havia os

que buscavam seu primeiro emprego.

Uma pequena parcela (12%) respondeu que se matriculou no curso porque

era oferecida uma bolsa estudantil. O art. 7º da Portaria nº 817, de 13 de agosto de

2015 esclarece que:

A Bolsa-Formação corresponde: I - ao custeio de todas as despesas relacionadas ao curso por estudante, incluindo eventual assistência estudantil e os insumos necessários para a participação nos cursos, no caso de cursos ofertados pelas instituições públicas e pelos Serviços Nacionais de Aprendizagem. (BRASIL, 2015).

No caso eram alunos que faziam parte do Projeto Pronatec. Sobre o motivo

que os levou a efetuar a matrícula no Curso Técnico em Segurança do Trabalho,

10% responderam que foi por influência de amigos e/ou alunos da instituição, o que

demonstra a falta de maturidade para escolha de um curso técnico, revelada nas

justificativas apresentadas por eles.

Nos demais resultados apontados, somando-se os percentuais, 13%

disseram que se matricularam apenas por serem bolsistas do SESI/SENAI,

destacando que foi citada a obrigatoriedade em fazê-lo. Nos demais resultados, 2%

informaram gostar da área, 2% já trabalhavam na área e outros 2% responderam

que estavam desempregados.

O Gráfico 11 expressa o percentual de pessoas que trabalhavam na época do

curso.

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Gráfico 11 - Alunos que trabalhavam ou não na época em que iniciaram o curso

Fonte: Autora da pesquisa (2017).

Ao analisar o Gráfico 11, nota-se um índice significativo de respondentes que

não trabalhavam na época em que iniciaram o curso (85%), por terem idade entre 15

e 20 anos (cf. Gráfico 1).

De acordo com Cintia Agostinho, analista do IBGE, os jovens representam

28,2% da população com mais de 16 anos no país, e respondem por 54,9% do total

de desempregados e muitos são os fatores que interferem nesta situação como, a

dificuldade de se inserirem no primeiro trabalho, ou mesmo de conciliar os estudos

com uma ocupação profissional. (SILVEIRA, 2017).

O gráfico 12 traz os fatores que levaram os alunos a abandonar o curso.

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Gráfico 12 - Fatores que levaram o aluno a abandonar o curso

Fonte: Autora da pesquisa (2017).

Os dados do Gráfico 12 permitiram entender que (18%) dos respondentes

desistiram do curso porque não tinha interesse ou afinidade com o curso. Assim,

percebe-se que os fatores vinculados à atratividade e ao interesse pelo curso,

quando presentes na trajetória escolar da vida do estudante, exercem influência

considerável para o abandono da escola, mas não constituem seus determinantes.

(MOREIRA, 2012).

Dore et al. (2014) verificaram que, em quase todos os estudos apresentados

em sua análise, os alunos justificaram não se identificar com o contexto de escola

técnica, expressando preferência pelo ensino médio regular, alegaram também falta

de vocação ou gosto pela área, falta de motivação, interesse ou compromisso com o

curso. Segundo a autora, isso pode estar relacionado à escolha precoce da carreira

profissional.

Grande parte dos alunos das escolas federais frequenta o curso técnico

integrado, e a idade prevista para começar o curso é de 15 anos de idade, o que

implica que, muitas vezes, os alunos escolhem um campo de estudo sem

informações suficientes sobre o curso e a profissão a ele relacionada.

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Do total de alunos entrevistados, 15% desistiram por estarem desmotivados e

foram perdendo o interesse para continuar o curso. Marchesi e Pérez (2004)

apontam que um dos fatores que mais preocupa, em relação ao fracasso ou

abandono escolar, é a escassa motivação, a falta ou perda de interesse e dedicação

para com os estudos. Os autores ainda sugerem que é preciso compreender onde

está a origem dessa falta de interesse pela aprendizagem para que possam ser

traçadas estratégias de intervenção, conforme se propõe esta pesquisa.

Assim, 33% dos respondentes relacionaram a evasão escolar através de

causas estruturais, econômica, cultural, social, conjuntural e educacional. Com

relação aos fatores motivadores do abandono escolar na educação profissional, é que,

quando o aluno começa a estudar, percebe que as disciplinas curriculares do curso

técnico não atendem ao que esperavam e diante dessa situação acaba desmotivado

para dar continuidade no curso. (ARAÚJO; SANTOS, 2012).

À vista do exposto, observa-se que os aspectos de afinidade e motivação com

a formação profissional exercem uma relevante influência na decisão de

permanência ou abandono dos cursos técnicos.

Com relação ao abandono do curso, (10%) desta desistência ocorreu em

razão de novos objetivos por parte dos alunos, que ingressaram no curso superior e

(3%) mudaram para outro curso técnico. Dore e Lucher (2011) relatam que, muitas

vezes, a evasão na educação profissionalizante pode representar tanto

oportunidades de experimentação profissional, como também estar atrelada à

instabilidade, ou seja, o aluno pode escolher um curso em determinada área

interrompê-lo e mudar de curso após amadurecer sua opção profissional e, assim,

permanecer no mesmo nível de ensino ou eixo tecnológico, como interromper o

curso técnico e ingressar no curso superior.

Esse dado pode ser considerado como positivo, pois mesmo tendo se

evadido do curso técnico, esses alunos retomaram os estudos. A esse respeito,

Ristoff (1995, p. 25) relata que “não é fracasso – nem do aluno nem do professor,

nem do curso ou da instituição – mas tentativa de buscar o sucesso, aproveitando as

revelações que o processo natural do crescimento dos indivíduos faz sobre suas

reais potencialidades”.

Quanto aos procedimentos de avaliação das disciplinas do curso, 9% dos

alunos apontaram dificuldades. Libâneo (2000, p. 196) define avaliação escolar

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“como um componente do processo de ensino que visa, através da verificação e

qualificação dos resultados obtidos, determinar a correspondência destes com os

objetivos propostos das disciplinas”.

A falta de base e as deficiências em sua formação escolar geram um

sentimento de incapacidade e frustração quando os estudantes se veem diante de

dificuldades que, muitas vezes, parecem intransponíveis (MACHADO, 2009).

Outros 7% dos ex-alunos disseram que tiveram dificuldades de conciliar o

horário de trabalho com o estudo. Relacionado a isso, Meksenas (1992) afirma que,

pela necessidade de trabalhar para obter renda, eles acabam encontrando

dificuldades em conciliar estudo e trabalho, principalmente para aqueles que

frequentam cursos noturnos, por causa da exaustão provocada por um longo dia de

trabalho, podendo acarretar baixo rendimento e culminar na evasão escolar.

Também totalizando 7% dos respondentes da pesquisa estão os que

informaram que tiveram dificuldades financeiras para realizar o curso. Calcula-se

que o curso técnico tem mensalidades em torno de meio salário mínimo e, com a

crise econômica, muitos acabaram perdendo o emprego, desistindo do curso.

Ainda com relação aos entrevistados, 6% informaram que tiveram dificuldades

de relacionamento com colegas. Geralmente, as maiores dificuldades das pessoas

em se relacionar estão na interação social, no reconhecimento de emoções,

desenvolvimento de relações com outros, no ajuste com a proximidade física, entre

outros. Muitas pessoas não se sentem confortáveis com o convívio social e podem

isolar-se e apresentar dificuldades em fazer amigos.

Segundo Mosquera e Stobäus (2004, p. 92), “grande parte dos problemas que

as pessoas têm, provêm de sua própria pessoa ou da relação que estabelecem com

as outras pessoas”. Uma boa relação entre professor e aluno é fundamental para

garantir uma vida saudável nas aulas e quando as relações entre as pessoas são

positivas, forma-se um ambiente motivador, de interação e de troca.

Para 5% dos ex-alunos, o motivo da desistência foi por ter sido reprovado.

Um aluno fracassa quando não consegue aprender. Se não aprende, não “passa de

ano” e só tem duas opções: desistir de estudar, saindo da escola, ou repetir tudo de

novo no ano seguinte, em outra turma, com outros colegas e, às vezes, em outra

escola (OLIVEIRA, 2016).

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No tocante ao relacionamento com professores, 3% dos respondentes

relataram ter dificuldade de se relacionar com os docentes. Observa-se, conforme

Gadotti (2003, p. 4), que:

[...] a formação inicial e continuada do(a) professor(a) supõem uma nova cultura profissional. O maior desafio desta profissão está na mudança de mentalidade que precisa ocorrer tanto no profissional da educação quanto na sociedade e, principalmente, nos sistemas de ensino. A noção de qualidade precisa mudar profundamente: a competência profissional deve ser medida muito mais pela capacidade do docente estabelecer relações com seus alunos e seus pares, pelo exercício da liderança profissional e pela atuação comunitária, do que na sua capacidade de passar conteúdo.

Para uma convivência agradável, as relações interpessoais positivas entre

professor e aluno são fundamentais no processo de aprendizagem.

De acordo com Newmann, Wehlange e Lamborn (1992), a interação

professor-aluno é fundamental para a diminuição da evasão escolar.

Com relação aos resultados, 3% apontaram para a falta acompanhamento do

coordenador do curso; 1% manifestou insatisfação com o coordenador, até se

sentiam perseguidos; outro 1% relatou que os professores desmotivavam mediante

julgamentos ríspidos. Sabe-se que as atitudes do professor para com os seus alunos

são fundamentais para que ele obtenha sucesso ou não em sua atuação como

profissional da educação. De acordo com Gómez (2000), a função do professor é ser

um facilitador, e buscar a compreensão comum no processo de construção do

conhecimento compartilhado, que se dá somente pela interação.

Interagir é um ponto estratégico para que haja um bom desenvolvimento do

trabalho cotidiano e se isso não ocorre, o aluno se sente distanciado do professor,

ficando inseguro, desmotivado e com tendência a não concluir o curso.

Verificou-se, também, que 3% dos alunos justificaram o abandono porque a

escola era distante de casa ou trabalho; outros 3% indicaram a falta de um programa

de apoio financeiro ao estudante; mais 3% apontaram para a insatisfação no

mercado de trabalho; 1% informou que o falecimento do pai o levou a abandonar o

curso; e 1% evadiu porque saiu do colégio SESI. Estes fatores talvez tenham sido a

causa do abandono escolar, em virtude das dificuldades encontradas no decorrer do

curso por causa das situações alheias à vontade dos alunos, mas que os levaram a

se sentir desmotivados e impossibilitados de prosseguir.

Outro motivo da evasão escolar mencionado por 1% dos alunos entrevistados

foi o bullying, que é um tipo específico de agressão de forma verbal, física ou

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“psicológica”, sendo reconhecido como problema crônico nas escolas e que pode

trazer consequências sérias. Lins (2010, p. 11) “caracteriza o bullying pelo medo

intenso de frequentar a escola, o que resulta em repetências por faltas, dificuldades

de aprendizagem e evasão escolar”.

O Gráfico 13 traz informações sobre o interesse em retornar para finalizar o

Curso Técnico em Segurança do Trabalho.

Gráfico 13 - Interesse em retornar para finalizar o curso

Fonte: Autora da pesquisa (2017).

De acordo com o Gráfico 13, ao serem questionados sobre a possibilidade de

completar a formação profissional e obter o diploma de técnico, a resposta positiva a

essa pergunta alcançou o percentual de 40,%. Percebe-se que, mesmo tendo se

evadido do curso, os ex-alunos pretendem voltar para terminar o que foi iniciado,

para “encerrar o ciclo” ampliar os conhecimentos, e obter uma formação técnica.

Os dados indicam que mais da metade (60%) dos respondentes não tem

interesse em retornar ao curso para viabilizar a obtenção do diploma. Em face do

alto índice, acredita-se que estes respondentes não visualizaram qualquer benefício

profissional e, com isso, a evasão foi imediata.

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7.1 DISCUSSÃO

Muitas foram os fatores que contribuíram para a evasão no Curso Técnico em

Segurança do Trabalho. Do vasto e intrincado conjunto de aspectos psicológicos,

institucionais e sociais presentes na análise da evasão, destaca-se a explicação de

que a evasão é um processo complexo, dinâmico e cumulativo de desengajamento

do estudante da vida da escola. A saída do estudante da escola é apenas o estágio

final desse processo (RUMBERGER, 2004; NEWMANN; WEHLAGE; LAMBORN,

1992; WEHLAGE et al., 1989; FINN, 1989).

Os fatores relativos ao contexto dos estudantes que podem influenciar a

evasão escolar, para além dos aspectos individuais, são a escola, a comunidade,

grupos de colegas, composição do corpo discente, recursos escolares,

características estruturais da escola e os processos e as práticas escolares e

pedagógicas. “Cada um desses fatores desdobra-se em muitos outros e, no seu

conjunto, compõem o quadro escolar que pode favorecer a evasão ou a

permanência do estudante” (LÜSCHER; DORE, 2011, p. 152).

A evasão escolar é um fenômeno muito preocupante e o papel da família

neste contexto é muito importante, pois ela é a base para que o aluno possa concluir

seus estudos. Por outro lado, conflitos familiares atrapalham o rendimento escolar

dos alunos e aumentam os índices da evasão escolar. No processo de ensino e

aprendizagem a participação da família tem sido de suma importância, uma vez que

o aluno oriundo de uma família que incentiva e valoriza a educação tem o gosto

pelos estudos despertado e, assim, participará de todas as atividades escolares. A

parceria entre escola e família é crucial para o êxito da educação no âmbito escolar.

Nota-se que, entre os problemas ou fatores relatados pelos discentes, que

foram determinantes na sua evasão, evidencia-se o desinteresse pela área e

profissão. Eles estavam sem motivação para dar continuidade ao curso e

manifestaram estar com dificuldades em responder as avaliações dos conteúdos das

disciplinas.

A pesquisa revelou que 80% dos alunos participantes são jovens de 15 a 20

anos. Os jovens vivem em profundas transformações influenciando

significativamente sua passagem para a vida adulta, pois nesta fase não é mais

infância, mas também ainda não é um adulto. Verifica-se, porém, o prolongamento

desta condição de jovem, em virtude de vários fatores, como a ampliação do tempo

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de escolarização, as dificuldades e incertezas do mercado de trabalho e o

consequente adiamento na decisão de sair da casa dos pais (DINIZ, 2015).

Talvez, por ainda esses jovens não saberem o que querem, e o leque de

opções ser enorme diante da responsabilidade de definir o que será sua principal

atividade em boa parte do tempo no futuro, eles se inscreveram no Curso Técnico

em Segurança do Trabalho sem ter uma ideia formada sobre o conteúdo curricular, e

ao se depararem com essas informações, 18% dos alunos não tiveram mais

interesse em continuar o curso.

Nessa esteira de reflexões, Charlot (2000) assevera que os alunos não

conseguem acompanhar os estudos no ensino médio porque, muitas vezes, a sala

de aula é vista como um local pouco estimulante, onde há pouca interação,

caracterizada pelo silêncio, pela rigidez dos horários, pela privação da

espontaneidade e por conteúdos carentes de sentido, dificultando a compreensão

dos assuntos abordados em sala pela falta de conectividade com o cotidiano.

Essas circunstâncias geram a desmotivação, que foi outro fator apresentado

por 15% dos entrevistados. A motivação no contexto escolar é complexa, envolvendo

um conjunto de fatores capazes de alterar as situações de aprendizagem, para melhor

ou para pior. A sala de aula é destinada ao desenvolvimento da aprendizagem, onde

estão inseridos o professor e o aluno, e é por meio da interação entre estes atores que

se desenvolve um relacionamento pessoal.

Nesse contexto, Tapia e Fita (2000, p. 8) ressaltam que:

A motivação está ligada à interação dinâmica entre as características pessoais e o contexto em que as tarefas escolares se desenvolvem. Isto quer dizer que o desempenho do professor é tão importante quanto o do aluno, para proporcionar a motivação para a aprendizagem.

Assim, o processo motivacional dos alunos é um fator preponderante e

decisivo, que poderá contribuir ou não para a motivação da aprendizagem e deverá

proporcionar a ambos condições para desempenhar seus papéis em função de um

projeto de vida e de educação para sua realização pessoal e profissional.

Outro fato que chamou a atenção foi que mais da metade (60%) dos

respondentes não tem interesse em retornar ao curso para concluí-lo. Acredita-se

que este fato se deu por não visualizarem qualquer benefício profissional ao se deparar

com uma realidade diferente de suas expectativas.

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76

Portanto, a evasão nas redes de ensino públicas e privadas brasileiras ainda

constitui-se um desafio, pois os seus determinantes estão ligados a fatores sociais,

culturais, políticos e econômicos.

O próximo capítulo apresentará uma mediação pedagógica, com propostas de

ações preventivas para a instituição de ensino, na prevenção da evasão escolar nos

cursos profissionalizantes.

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8 MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA

A evasão escolar é um problema que aflige todos os níveis da educação, quer

por razões econômicas e sociais, ou mesmo por dificuldades do aluno acompanhar o

conteúdo apresentado. Para Dore e Lüscher (2011), a compreensão dos fatores

relacionados às escolhas desses estudantes ao optarem por abandonar a escola

pode possibilitar formas de prevenir a evasão, seja pela identificação de novas

práticas pedagógicas seja com a implementação de políticas públicas adequadas.

Dessa forma, verifica-se que a maior parte dos estudos propõe a prevenção do

fenômeno da evasão mediante a identificação precoce do problema e o

acompanhamento individual daqueles que estão em situação de risco de evadir.

Assim, se propõe fazer uma proposta de mediação pedagógica para

minimizar este problema no Curso de Técnico de Segurança do Trabalho do SENAI

de Londrina, uma vez que, a autora desta pesquisa, através de frequentes visitas e

conversas com a coordenação pedagógica, a gerente da instituição e a secretária

acadêmica possibilitou perceber que não possuíam estratégias definidas para o

acompanhamento das turmas e também sobre a quantidade de alunos concluintes e

evadidos dos cursos técnicos.

A mediação pedagógica consiste em ampliar a cultura do indivíduo, com o

intuito de intervir de modo crítico e atuante em sua realidade para que, por meio da

interação com outros indivíduos, consiga refletir e transformar seu cotidiano. De

acordo com Gasparin (2007, p.115) “a mediação implica, portanto, em releitura,

reinterpretação e ressignificação do conhecimento.”

Na mediação pedagógica, como se pode observar, na Figura 1, cada

enunciador tem um papel específico no processo ensino-aprendizagem.

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Figura 1 - Mediação Pedagógica

Fonte: Autora da Pesquisa (2017).

Na posição 1 estão os Alunos, que foram o foco deste estudo e que estão

vinculados a todas as demais imagens. Na posição 2 está o Coordenador do Curso,

responsável pelo bom andamento do curso, juntamente com a posição 3 está

representada pelos professores. Na posição 4 tem-se a figura do Apoio Pedagógico

e a posição 5 apresenta a Coordenadora Pedagógica que fecha o ciclo, sendo a

mediadora pedagógica da instituição, referentes aos cursos profissionalizantes da

instituição.

O Quadro 6 descreve o papel de cada enunciador no processo de ensino-

aprendizagem.

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Quadro 6 - Atividade de cada enunciador no processo de ensino-aprendizagem

Enunciador Atividade

Coordenador do Curso Responsável pela Coordenação Geral do Curso e atua com a equipe de professores no atendimento ao aluno.

Coordenadora Pedagógica dos Cursos Técnicos

Responsável pelas práticas pedagógicas e acompanhamento da situação dos alunos do ensino-aprendizagem, dos professores e do coordenador.

Professores

- Estrutura os planos de aula e ministra as aulas teóricas e práticas; - Corrige trabalhos e avaliações; - Identifica dificuldades técnicas, administrativas e pedagógicas e as encaminha para os setores responsáveis.

Apoio Pedagógico

- Acompanha o processo ensino-aprendizagem; - Orienta o aluno; - Esclarece dúvidas; - Acompanha a frequência do aluno nas aulas

Aluno

- Assiste e participa das aulas teóricas e práticas e realiza as atividades escolares - Realiza avaliações periódicas - Faz as provas bimestrais - Lê todo o material disponibilizado pelo professor

Fonte: Autora da Pesquisa (2017).

A partir do conhecimento do papel de cada enunciador nas atividades de

ensino aprendizagem, sugere-se desenvolver ações na instituição com o objetivo de

minimizar a questão da evasão escolar, podendo implantar alguns projetos

pedagógicos voltados para solucionar a situação levantada na pesquisa.

8.1 AÇÕES PROPOSTAS PARA A DIMINUIÇÃO DA EVASÃO NOS CURSOS

PROFISSIONALIZANTES

Como já discutido anteriormente, a evasão escolar é um fenômeno

considerado multi causal e complexo, não podendo ser analisado individualmente,

portanto, para compreendê-lo, é necessário analisá-lo pela perspectiva de diferentes

grupos e atores sociais a fim buscar a identificação precoce e a prevenção do

problema (LÜCHER; DORE, 2011; KIPNIS, 2000). No caso da instituição pesquisada

(SENAI Londrina), pode-se perceber que todos os setores estão dispostos a fazer

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um trabalho em conjunto com o objetivo de diminuir a evasão escolar a partir de

ações propostas por esta pesquisa.

Desse modo, a seguir serão sugeridas algumas estratégias para que haja um

acompanhamento aos alunos.

Para a captação de novos alunos:

A instituição poderá realizar um teste vocacional para os ingressantes nos

cursos técnicos, a fim de direcioná-los ao curso que mais se aproxima das suas

habilidades e competências.

Criar um panfleto específico com a descrição de cada curso

profissionalizante, constando várias informações, como grade curricular e carga

horária de cada uma das disciplinas, objetivo e duração do curso.

Após a matrícula efetuada, no primeiro dia de aula, os alunos serão

convidados a participar de uma palestra específica com um técnico profissional do

curso oferecido, para esclarecimentos mais relevantes e comentários sobre as novas

oportunidades e tendências do mercado de trabalho.

Divulgar com frequência sobre as vagas de estágios ofertadas pelo

Instituto Euvaldo Lodi (IEL) que se localiza dentro da própria Instituição, como forma

de incentivo aos alunos.

Desenvolver núcleo de apoio para acompanhamento pedagógico e apoio aos

alunos

De acordo com Rumberger (2011), existem vários elementos que levam o

aluno a se ausentar da sala de aula, entre eles a própria escola, a família e o

trabalho podem contribuir para esse fenômeno da evasão. Diante disso,

desenvolveu-se uma proposta de apoio pedagógico com o objetivo de dar suporte a

esse aluno nas dificuldades para que ele se sinta acolhido pela instituição e, com

isso, possa finalizar o curso nesta instituição.

Resolução de conflitos

Lee e Burkam (2003) destacam o fato de que aos alunos permanecem nas

escolas quando as relações que mantêm com os professores são positivas. Diante

desta afirmação, propõe-se maior interação entre os envolvidos no processo de

ensino-aprendizagem.

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Interação de professor-aluno.

Aplicar avaliação do clima escolar.

Fazer sugestões de melhoria das aulas.

Fazer contato com os alunos que tiverem faltas consecutivas durante a

semana.

Acompanhar se foram efetuadas as rematrículas para o próximo semestre.

De acordo com Oliveira (2001), existem algumas relações com os motivos

que levam o aluno a evadir-se do curso, não isoladamente, mas um ponto crucial

são alunos com situação de defasagem escolar. Desse modo, sugere-se o

desenvolvimento de programas de auxílio e reforço escolar.

Disponibilizar programas de reforço escolar para contribuir na recuperação

dos alunos na compreensão dos conteúdos, sendo importante para o bom

andamento do curso e a redução da evasão.

Desenvolver núcleo de apoio para acompanhamento para o professor

Reunião mensal com os professores e o coordenador para discussão e

verificação da situação de cada turma, com vistas a analisar o andamento das

atividades e a frequência dos alunos.

Disponibilizar horários específicos para que o aluno possa, caso queira,

conversar com o professor.

De acordo com Masseto (2013), o professor exerce papel fundamental na

aplicação e utilização das ferramentas que possam auxiliar na difusão do

conhecimento, do novo, do inexplorado. Diante disso, o objetivo desta ação é

desenvolver uma capacitação sobre a importância de utilização de ferramentas para

o melhor planejamento e desenvolvimento das aulas.

Proporcionar ao professor, cursos de capacitação para aprimoramento da sua

disciplina, como por exemplo, uso de Novas Tecnologias da Informação e

Comunicação (NTIC) para ministrar aulas mais interativas com os alunos.

Desenvolver núcleo para os pais e responsáveis e a comunidade

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Como sugere Rumberger (2011), não somente a própria escola e o trabalho

contribuem para que ocorra a evasão escolar, mas também a ausência da própria

família como fonte de apoio e inspiração para o aluno.

Envolvimento familiar - pais devem conhecer a escola, seus desafios e

benefícios, assim serão aliados da escola contra o abandono escolar.

Dia da família, em que o aluno pode trazer seus familiares para conhecer a

instituição e até mesmo participar de uma aula.

Desenvolver atividades festivas com a família, como festa caipira, gincana

e até feiras relacionadas ao curso.

Núcleo de apoio financeiro aos alunos

De acordo com Neri (2010), se os pais enfrentam dificuldades relacionadas à

renda, a trajetória de longo prazo prevista pelo modelo poderá sofrer desvios, já que

esse tipo de restrição aumenta a probabilidade de abandono escolar. Diante desta

constatação, criou-se um núcleo de apoio financeiro aos estudantes pagantes com a

finalidade de desenvolver ações de acolhimento deste aluno.

Aplicar desconto para alunos pagantes até o dia 1º de cada mês.

Presentear por semestre alguma bolsa estudantil de 50% a 100% para

alunos que confirmarem baixa renda ou estarem desempregados.

Desenvolver parcerias com seguradoras com o objetivo de trazer maior

segurança ao aluno ou responsável no caso de perda de emprego ou doença que

impeça de cumprir com os seus compromissos financeiros.

Estratégias de motivação para diminuir a evasão

De acordo com Rumberger (1987), a interação acadêmica com o processo de

aprendizagem e o engajamento social de convivência do estudante com os colegas,

com professores e com a comunidade escolar é fundamental para a decisão de

evadir ou permanecer na escola. Por esta razão desenvolveu-se estratégias

baseadas nesta visão.

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Envolvimento familiar - pais devem conhecer a escola, seus desafios e

benefícios, assim serão aliados da escola contra o abandono escolar.

Serviços comunitários - atividades de interesse da comunidade por meio

da escola, criando maior envolvimento e compromisso social, formando um

cidadão.

Proporcionar visita técnica no início do curso para motivá-los.

Envolver os alunos na organização de eventos da escola, criando

momentos de interação, tendo o compromisso de fazer os alunos participarem

mais da comunidade estudantil.

Incentivar os alunos em projeto extraclasses, como Olimpíadas do

Conhecimento, projetos educativos, congressos e eventos.

8.2 MONITORAMENTO DAS AÇÕES

A importância do monitoramento das ações dos profissionais que estão

ligados à instituição é fundamental para a efetividade da proposta sugerida pela

instituição. Para Condé (2012), monitorar é uma ação necessária para acompanhar,

analisar e avaliar uma política pública para verificar o cumprimento e corrigir

possíveis erros. Diante desse monitoramento, todos os envolvidos participarão

dessa ação, tais como: a coordenação adjunta, o orientador e o supervisor de curso,

a equipe de apoio administrativo e acadêmico e os professores, que se reunirão

para fazer uma avaliação das ações que estão sendo desenvolvidas para o

enfrentamento da evasão escolar atualmente tão presente nos cursos técnicos. Essa

é uma ação a ser realizada em curto prazo e esse momento acontecerá a cada

quinze dias, de forma que se busque identificar quais procedimentos da equipe

estão adequados e quais serão os ajustes necessários para que sejam sanadas

possíveis dificuldades enfrentadas.

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9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa realizada buscou investigar as principais causas da evasão

escolar dos alunos no Curso Técnico em Segurança do Trabalho no SENAI de

Londrina, no período de 2011 a 2015, tendo em vista desenvolver uma proposta com

ações para minimizar os índices de evasão escolar, com o intuito de auxiliar no

processo de ensino/aprendizagem, propiciando um ensino significativo e motivador

que possa, portanto, colaborar para a diminuição dos referidos índices.

De acordo com Diniz (2015) e com dados desta pesquisa revelou-se que a

grande maioria dos alunos evadidos é composta de jovens de 15 a 20 anos, a

maioria do sexo feminino e que, 33% dos respondentes relacionaram a evasão

escolar à motivações de causa estrutural, econômica, cultural, social, conjuntural e

educacional. Reconhecem terem tido dificuldades na convivência e no

relacionamento com colegas, professores e coordenador do curso e também

destacaram como principais motivos do abandono: a incompatibilidade com o horário

de trabalho; os problemas financeiros; as dificuldades em responder às avaliações

dos conteúdos das disciplinas, a mudança de curso ou a matrícula em curso

superior.

Também é possível afirmar que a motivação é também extrínseca ao desejo

do aluno, pois existem condicionantes que estão fora do indivíduo, tais como o

“currículo”, organização das disciplinas, comportamento e formação do professor,

entre outras situações contextuais que interferem na maneira como o aluno se

relaciona e percebe o curso que realiza.

Com o intuito de garantir a conclusão dos alunos em cursos

profissionalizantes na Instituição, é preciso rever algumas estratégias que valorizem

a ampliação dos momentos de socialização, aulas diversificadas, atrativas e que

permitam ao jovem perceber a utilidade dos conhecimentos aplicados com o mundo

fora da escola.

Diante disso, foi proposta uma mediação pedagógica com sugestões de

práticas educativas que podem ser incorporadas ao processo de ensino/

aprendizagem, visando ao ensino significativo e motivador e que podem ser

implantadas de imediato, sem depender de investimentos financeiros elevados,

contribuindo, portanto, para a melhoria da qualidade da educação.

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Com o estudo pode-se constatar que a evasão escolar têm inúmeras causas

desde da parte estrutural como localização da residência, transporte, econômica

(horário de trabalho, desemprego, problemas financeiros, cultural (hábitos, crenças),

social (problemas de relacionamentos), e também educacional (falta de maturidade

dos alunos), motivos pelos quais o aluno pode desistir de finalizar um etapa do

curso.

Ao término desta pesquisa foi possível concluir que, embora a evasão/

abandono escolar aconteça a qualquer tempo do ano letivo, é um fenômeno que já

está inserido no contexto político, administrativo e social, observado em todas as

modalidades de ensino e segmentos educacionais e, valendo-se dessas

constatações, sugere-se para trabalhos futuros a investigação da evasão escolar em

outros cursos profissionalizantes; a evasão escolar sob a ótica dos professores e o

papel da escola perante a evasão escolar.

Ainda na busca da compreensão da evasão escolar e sua relação com a

atuação das Intuições de Ensino, recomenda-se que se faça novas pesquisas sobre

o tema, que direcionem o foco nas competências e na atuação das escolas e sua

importância diante de um problema relacionado a todos os níveis estudantis.

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APÊNDICE A – INSTRUMENTO DE PESQUISA UTILIZADO NA COLETA DE

DADOS

Questionário para pesquisa de mestrado.

Você está sendo convidado(a) a participar da pesquisa A EVASÃO ESCOLAR

NO CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO NO SENAI LONDRINA

sob responsabilidade da pesquisadora Aline Fabiane de Melo. O objetivo dessa

pesquisa é investigar quais os fatores causadores da evasão escolar dos alunos do

Curso Técnico em Segurança do Trabalho numa escola de Educação Profissional

em Londrina.

Você foi selecionado porque atende ao critério de seleção dos participantes

da pesquisa: 1) ser aluno evadido do Curso Técnico em Segurança do Trabalho de

uma instituição escolar de educação profissional de Londrina.

Sua participação não é obrigatória e a qualquer momento você poderá desistir

de participar e retirar seu consentimento por desconforto ou por qualquer outro

motivo. A sua recusa na participação não trará nenhum prejuízo à sua relação com a

pesquisadora ou com a escola.

Sua participação consistirá em responder algumas questões sobre com os

motivos que levaram a evadir do Curso Técnico em Segurança do Trabalho.

O questionário terá duração de aproximadamente de 10 minutos.

Os resultados serão utilizados para a conclusão da pesquisa acima citada,

sob minha responsabilidade e orientador professor Dr. Celso Leopoldo Pagnan. Os

dados coletados durante o estudo serão analisados para dar embasamento nos

objetivos propostos na dissertação deste mestrado.

Você concorda em participar desta pesquisa?

( ) Sim ( ) Não

1- Qual sua idade quando iniciou o Curso Técnico em Segurança do Trabalho?

( ) 15-20 ( ) 21-26 ( ) 27-32 ( ) 33-38 ( ) 39-44 ( ) acima de 45

2- Qual seu sexo ?

( ) Feminino ( ) Masculino

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3- Qual cidade você morava quando fazia o curso técnico em Segurança do

Trabalho?

( ) Londrina ( ) Cambé ( ) Ibiporã ( ) Outro:

4- Informe qual o meio de transporte você utilizava para ir e voltar de casa até a

escola quando frequentava o curso?

( ) carro ou moto ( ) ônibus circular ( ) os pais levavam e buscavam ( ) ia com colegas da escola de carro ( ) usa o transporte escolar ( ) a pé ( ) van

5- Qual era seu estado civil quando iniciou o Curso Técnico em Segurança do

Trabalho?

( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Mora com um(a) companheiro(a) ( ) Viúvo(a) ( ) Divorciado(a)

6- Qual o seu nível de escolaridade atual?

( ) Ensino Médio Completo ( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Superior ( ) Pós-graduação ( ) Outro: ________________________________

7- Qual era a forma do financiamento do curso?

( ) aluno pagante integral direto à instituição ( ) aluno pagante desconto direto à instituição ( ) aluno convênio SESI/SENAI ( ) aluno Pronatec ( ) Outro: _________________________________

8- Qual era a sua renda individual mensal na época em que você frequentava o

curso? Considerar renda formal e informal.

( ) dependente dos pais, responsáveis ou outros ( ) 1 a 2 salários mínimos ( ) 3 a 4 salários mínimos

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( ) 5 a 6 salários mínimos ( ) acima de 6 salários mínimos

9- Nessa época, quem era o principal responsável pelo sustento da sua família?

( ) Eu ( ) Meus pais ( ) Meu cônjuge ( ) Meus avós ( ) Meus filhos ( ) Meus irmãos ( ) Outro:_________________________

10- Quais o(s) motivo(s) que o(a) levou(aram) a matricular-se no Curso Técnico?

Pode assinalar mais que uma opção.

( ) Mercado de trabalho ( ) Já trabalhava na área ( ) Aperfeiçoamento profissional ou aquisição de novos conhecimentos e habilidades ( ) Exigência da empresa ( ) Por saber que o curso oferecia bolsa estudantil ( ) Por influência de amigos e/ou alunos que estudaram nesta instituição ( ) Outro:_________________________

11- Você trabalhava na época que fez o curso?

( ) Sim ( ) Não

12- Quais os fatores que contribuíram decisivamente para o abandono do curso?

Pode assinalar mais que uma opção.

( ) Tive dificuldades de conciliar horário de trabalho e estudo ( ) Não tinha interesse, afinidade ou gosto pela área/profissão ( ) Tive a possibilidade de fazer um curso superior ( ) Não sentia motivação para continuar os estudos ( ) Tive dificuldades com os procedimentos de avaliação do curso ( ) Fui reprovado ( )Tive dificuldades financeiras para realizar o curso: transporte, alimentação, material, etc ( ) A instituição era distante da minha casa e/ou do trabalho ( ) Insatisfação com as perspectivas do mercado de trabalho do curso ( ) Problemas de saúde ( ) Fiquei grávida ( ) Tive dificuldades de relacionamento com os colegas ( ) Tive problemas de relacionamento com o professor ( ) Falta de acompanhamento por parte do coordenador do curso e da instituição ( ) Falta de acesso à coordenação pedagógica ( ) Falta de programa de apoio financeiro ao estudante (vale transporte, refeição) ( ) Falta de infraestrutura física adequada (sala de aula, biblioteca, laboratório, etc.)

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( ) Medo de violência urbana ( ) Outro:_________________________

13- Você tem interesse em retornar à instituição para finalizar o Curso Técnico em

Segurança do Trabalho?

( ) Sim ( ) Não