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Programa Joaquim Nabuco 1

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Programa Joaquim Nabuco 3

PROGRAMA JOAQUIM NABUCO

- SERVIDORES 2º/2011 -

1 SUPERVISORA:

Nayse Hillesheim

Assessoria de Assuntos Internacionais da Presidência

E-mail: [email protected]

Tel.: + 55 XX (61) 3217-4012

2 COORDENADOR:

Erismar Souza Freitas Filho

Assessoria de Assuntos Internacionais da Presidência

E-mail: [email protected]

Tel.: + 55 XX (61) 3217-6505

3 SERVIDORA INTERCAMBISTA

Nome: Viviane Yanagui

Nacionalidade: Brasileira

Tribunal de origem: Supremo Tribunal Federal

Período: desde 12 de outubro ate 23 de outubro

E-mail: [email protected]

Alocação: Corte Suprema de Justicia do Chile

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ÍNDICE

RECEPÇÃO NA CORTE SUPREMA DE CHILE, SESSÃO DE JULGAMENTO DA CORTE DE APELACIONES E REUNIÃO COM RELATOR ...................................................................................................................5

VISITA GUIADA PELO PALACIO DE LOS TRIBUNALES DE JUSTICIA, AUDIÊNCIA COM O PRESIDENTE DA CORTE SUPREMA, MINISTRO MILTON JUICA E REUNIÕES COM RELATORES ...............7

VISITA AO CENTRO DE JUSTICIA E VISITA À UNIDADE DE DETENÇÃO SANTIAGO SUR ......................... 10

AUDIÊNCIA PENAL – 7° JUZGADO DE GARANTIA E VISITA À DEFENSORÍA PÚBLICA ............................. 12

ALEGATO NA TERCERA SALA DA CORTE SUPREMA – SALA CONSTITUCIONAL E REUNIÃO COM A DIRETORIA DE COMUNICAÇÃO DA CORTE SUPREMA ......................................................................... 14

AUDIÊNCIA PENAL – 3° TRIBUNAL DE JUICIO ORAL EN LO PENAL................................................................. 18

RECEPÇÃO NO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL DO CHILE E ESTUDO DE CASO – PINK LADY ................ 20

SESSÃO DE JULGAMENTO NO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL E FUNCIONAMENTO DO TC, ESCLARECIMENTOS E DEBATE ...................................................................................................................................... 22

REDAÇÃO DO INFORME AO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL, VISITA AO GABINETE DA MINISTRA MARISOL PEÑA TORRES E ENCERRAMENTO – TROCA DE IMPRESSÕES COM A SECRETÁRIA ADVOGADA DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL DO CHILE ................................................................................. 24

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RECEPÇÃO NA CORTE SUPREMA DE CHILE, SESSÃO DE JULGAMENTO DA CORTE DE APELACIONES E REUNIÃO COM RELATOR

Chile, 12 de outubro de 2011 Analista Judiciária Viviane Yanagui Corte Suprema de Justicia do Chile

Brasília - Brasil

As duas semanas de estágio foram iniciadas na manhã de 12.9.2011 pela recepção na Corte Suprema de Justicia do Chile.

Criada pela Constituição Política de 1823, a Corte Suprema tem 21 ministros, designados pelo presidente da República. Desses, 16 provêm da carreira judicial e cinco são advogados reconhecidamente destacados em sua atividade profissional ou universitária. Está dividida em quatro Salas temáticas – Sala Penal, Sala Civil, Sala Constitucional e uma quarta que se dedica em geral a matéria laboral e de família – com cinco ministros e um relator em cada uma. À Corte Suprema cabe a direção e correição de todos os tribunais do país, exceto do Tribunal Constitucional, do Tribunal Calificador de Elecciones e dos Tribunales Electorales Regionales.

Fomos recebidos pelo ministro Hugo Dolmestch Urra, responsável pela Comisión Programa Intercambio MERCOSUR, e sua assessora, Mariluz Vargas. Após a audiência com o ministro e uma conversa com a Mariluz, em que nos ambientamos e falamos da programação do estágio, fomos enviados a uma sessão de julgamento da Corte de Apelaciones de Santiago. Tanto a Corte Suprema quanto a Corte de Apelações de Santiago ficam no Palacio de los Tribunales de Justicia, no centro da cidade1.

Ao todo no território do Chile são 17 cortes de apelações, correspondentes à segunda instância do Poder Judicial do país. Cada corte de apelações possui ministros, relatores, fiscais, secretários e outros funcionários administrativos. O tribunal é dirigido por um presidente, cargo que é exercido por um dos ministros da Corte. Os relatores são funcionários encarregados de expor detalhadamente aos ministros o caso em julgamento. Os fiscais judiciais são membros do Ministério Público. A Corte de Apelações de Santiago é dividida em dez Salas, cada uma com três ministros. No total, são 31 ministros, já que o presidente não integra Sala.

A sessão da Corte de Apelações que acompanhamos foi igualmente assistida por cerca de 40 estudantes. Em determinado momento, o ministro presidente da sala assinalou, em relação à sessão, que “quanto mais pública, mais democrática”. Nessa sessão de julgamentos o clima era de bastante informalidade. Os ministros foram extremamente amáveis, em especial Don Manuel Valderrama Rebolledo, de quem tivemos em outro momento a oportunidade de visitar o gabinete.

Havia três ministros e um relator. Após nos darem as boas-vindas e nos apresentarem ao público presente na audiência, os ministros cederam a palavra ao relator da sala, que passou a expor um dos itens da tabla2. Nesse dia acompanhamos o julgamento de três casos relacionados a direito de família. O relator expõe em detalhes o caso e o pedido do

1 Ver Anexo I – Fotos, Foto 1. 2 Pauta.

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Recorrente. Em seguida, quando presente, o advogado procede ao alegato3. Após proferirem seu alegato, os advogados são solicitados a deixar a sala. O público permanece.

Também nesse dia tivemos reunião com o relator da Segunda Sala Alejandro Muñoz4, que nos explicou em linhas gerais a composição e atribuições da Corte Suprema.

Comentários e paralelos com o Brasil

Já no primeiro dia, a partir do que nos foi exposto sobre o funcionamento da Justiça no Chile, chamou a atenção a figura do relator que, diferentemente do que acontece em nosso sistema, não é um ministro ou juiz do colegiado responsável pelo julgamento. Ao relator cabe estudar e expor detalhadamente o caso aos magistrados.

O outro ponto merecedor de destaque foi a possibilidade de acompanharmos a audiência da Corte de Apelações. Foi possível testemunhar o modo como se dão os trabalhos nessa Corte, o que é uma experiência muito mais reveladora do que simplesmente ler sobre o assunto ou ouvir um relato. Das impressões percebidas, o que mais me causou surpresa foi a oralidade e a informalidade. Após exposto um dos casos pelo relator, os ministros deram a palavra aos estudantes, que opinaram sobre o direito que entendiam deveria prevalecer. Deu-se um verdadeiro debate sobre o caso, e nós também tivemos a oportunidade de nos manifestar para fazer alguns questionamentos e mencionar algumas diferenças em relação ao sistema brasileiro.

Assim, foram extremamente positivas para nossa ambientação e integração as duas atividades previstas no contato inicial, tanto a explanação sobre a Justiça chilena – que foi complementada por uma apresentação escrita que recebemos no dia seguinte5 – quanto à possibilidade de acompanhar a audiência e ver fora do papel, ao vivo, o trabalho dos julgadores chilenos.

3 Sustentação oral. 4 Información Sobre Relatores de la Corte Suprema Segunda Sala o Sala Penal: (...) c) Alejandro Rivera Muñoz. -Relator de tabla de día miércoles. -Oficina ubicada en el tercer piso, frente a las dependencias de la Segunda Sala de la Corte Suprema (costado Morandé). -Horario de atención: martes de 12:00 a 14:00 horas. Disponível em http://www.poderjudicial.cl/modulos/Home/destacados/HOM_contacto_relatores_2010.php?sala=2 5 Ver Anexo II – Minuta Presentación Poder Judicial (Corte Suprema).

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VISITA GUIADA PELO PALACIO DE LOS TRIBUNALES DE JUSTICIA, AUDIÊNCIA COM O PRESIDENTE DA CORTE SUPREMA, MINISTRO

MILTON JUICA E REUNIÕES COM RELATORES

Chile, 13 de outubro de 2011 Analista Judiciária Viviane Yanagui Corte Suprema de Justicia do Chile

Brasília – Brasil

O segundo dia de atividades começou com uma visita guiada pelo Palacio de los Tribunales de Justicia. O palácio foi construído entre 1905 e 1930, tem estilo neoclássico com notável influência francesa, e é monumento histórico nacional.

Durante a visita, alguns detalhes da construção e dos ambientes foram ressaltados pela guia e são dignos de nota: o vitral da Justiça, localizado no setor central do segundo andar6, tem representados a Pátria – a mulher ao centro – e os animais símbolo do Chile: o condor e o huemul, que é o cervo dos Andes. Ao lado da Pátria, a Justiça é representada por um guerreiro que segura uma espada e a balança. À esquerda, a família com os Andes ao fundo; à direita, o comércio, a indústria e a navegação.

A escadaria central do edifício, que dá acesso ao segundo andar, está guardada por cariátides7 que levam espadas em repouso. Segundo nossa guia, as cariátides representam o sentido maternal da Justiça. Nos cantos do teto, as quatro virtudes cardeais enunciadas por Platão: sabedoria, fortaleza, temperança e justiça.

Na porta da sala do Pleno, onde ocorre o juramento semanal dos novos advogados, a personagem mitológica Medusa protege os que adentram8. Depois de seis meses de prática jurídica, um advogado formado recebe da Corte Suprema, após o juramento, a credencial para exercer a profissão, analogamente ao “ritual” que, no Brasil, inclui a aprovação no exame da Ordem dos Advogados. Quarenta e cinco formados juram todas as sextas-feiras na Corte Suprema do Chile.

Não há qualquer símbolo religioso nas dependências da Corte Suprema ou dos outros tribunais chilenos.

Todas as segundas-feiras à tarde se realizam sessões administrativas. Os julgamentos ocorrem diariamente, pela manhã, em sala reservada9.

A Corte Marcial, que julga os casos relacionados às Forças Armadas do Chile, se localiza no piso inferior do Palacio de los Tribunales de Justicia, é formada por cinco ministros e se reúne as segundas, terças e quartas-feiras durante a tarde. Nem todos os julgamentos são públicos. Corresponde ao nosso Superior Tribunal Militar.

6 Ver Anexo I – Fotos, Foto 2. 7 Da arquitetura grega antiga, as cariátides são estátuas de mulheres que fazem as vezes de colunas. Ver Anexo I – Fotos, Foto 3. 8 Ver Anexo I – Fotos, Foto 6. 9 Ver Anexo I – Fotos, Foto 8.

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Depois da visita guiada passou-se à audiência com o presidente da Corte Suprema, ministro Milton Juica10. Ele sublinhou a reforma processual penal e a modernização da Justiça no Chile. Foi possível comentar brevemente sobre a atuação e a abrangência da TV Justiça.

Em seguida, tivemos nova reunião com o relator da Segunda Sala (Sala Penal) Alejandro Muñoz e uma outra com o relator da Terceira Sala (Sala Constitucional) Guillermo de la Barra Dünner. Eles aprofundaram o tema da reforma processual e também falaram um pouco sobre o funcionamento da Corte Suprema.

A reforma processual penal substituiu o sistema inquisitivo escrito pelo sistema acusatório oral que ocorre nos Juzgados de Garantía e nos Tribunales de Juicio Oral en lo Penal, conforme o caso (crimes considerados mais ou menos graves) e o andamento do processo (o processo passa primeiro pelo Tribunal de Garantia).

Comentários e paralelos com o Brasil

1) Sala Constitucional

A Sala Constitucional da Corte Suprema julga, além de recursos de nulidade, ações de proteção e amparo. Estas últimas correspondem aos remédios constitucionais do direito brasileiro.

2) Sistema penal

Impressiona a amplitude da modificação no processo penal chileno e seus resultados em termos de celeridade. Segundo o relator da Segunda Sala, apenas 3% dos casos, em média, chega ao Tribunal Oral, todos os demais sendo concluídos já no Juizado de Garantia. Fala-se em duração média de um processo de quatro meses, desde a queixa (Auto de Apertura de Juicio Oral11) até a condenação ou absolvição.

Neste ponto, um comparativo com o sistema penal brasileiro é inevitável, como é forçoso concluir que nosso sistema carece de reformas urgentes. Estão na pauta no Brasil, como sabido, a questão da morosidade da Justiça e a chamada “PEC dos Recursos” (Proposta de Emenda à Constituição 15/2011), que tramita no Congresso Nacional e tem como maior defensor o presidente do STF, ministro Cezar Peluso. Basicamente, a proposta antecipa a execução da sentença para a segunda instância; em consequência, recursos de reclamação seriam apresentados com o acusado já cumprindo a pena.

Em palestra realizada em São Paulo em 31/10/2011, o ministro voltou a defender a proposta com base em estatísticas. Somente no STF, existem 37 possibilidades de recursos. Segundo o ministro, 95% das decisões cíveis que chegam ao Supremo são mantidas; apenas 5% dos recursos são acolhidos. Na esfera criminal, dos 5 mil recursos impetrados no STF no ano passado, apenas 3% foram providos, num total de 145. Desses, apenas 10 questionaram a culpa do réu, e 59 eram para tratar de questões posteriores à data da condenação. E apenas um desses recursos resultou em absolvição12.

Outra consequência direta da reforma processual chilena é a prevalência do princípio da inocência, uma vez que no sistema anterior o acusado, como regra, aguardava preso toda a tramitação de seu processo até seu julgamento. No Brasil, os que se opõem à PEC dos

10

Ver Anexo I – Fotos, Foto 11. 11 Ver Anexo III – Auto de Apertura del Juicio Oral 12 Consultor Jurídico. “Peluso rebate críticas à PEC dos Recursos em São Paulo”, matéria de 1°/11/2011. Disponível em http://www.conjur.com.br/2011-nov-01/ainda-nao-ouvi-criticas-convincentes-pec-recursos-peluso, acesso em 3/11/2011.

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Recursos argumentam justamente que antecipar a execução ofenderia o princípio da presunção da inocência. Sobre esse aspecto, durante a palestra de 31/10/2011, o ministro ressaltou a garantia do tratamento com dignidade, independente do que seja imputado ao réu.

É fato que, enquanto não se avança no tema, vítimas e parentes de vítimas são revitimados com o sentimento de impunidade. Por outro lado, milhares de réus, muitos inocentes, são igualmente vitimados com processos judiciais que se arrastam por anos sem conclusão.

3) Arquitetura do Palacio de los Tribunales

Em relação à arquitetura, é interessante notar como ela comunica características marcantes da Justiça chilena. A ausência de símbolos religiosos denota a coerência em relação ao princípio do Estado laico; a organização e praticidade dos ambientes também chamam a atenção – diante de cada sala fica exposto (em número que se vê a grande distância) o número do processo em julgamento no momento, onde também telas de LCD apresentam as decisões caso a caso, conforme vão ocorrendo nas Salas13. O apreço pela arquitetura neoclássica e por vasta simbologia mitológica e patriótica remete a formalidades simbólicas como a do sino que o ministro presidente da Sala toca para que o secretário a abra. No entanto, por outro lado, nenhum ministro ou juiz no Chile usa toga – a vestimenta símbolo do julgador não existe na Justiça chilena.

4) Comunicação da Justiça

A respeito da comunicação da Justiça chilena, já durante a audiência com o presidente da Corte Suprema foi possível notar que a estrutura daquele país é bastante distinta da comunicação do STF, tribunais superiores e mesmo regionais e estaduais. O próprio ministro afirmou que a Justiça chilena está muito distante, em matéria de comunicação, da brasileira, o que me foi exposto detalhadamente na visita à Direção de Comunicações da Corte Suprema14.

13 Ver Anexo I – Fotos, Foto 8. 14 No link http://www.cnnchile.com/nacional/2011/03/01/el-presidente-de-la-corte-suprema-dio-inicio-al-ano-judicial/, trecho de cobertura ao vivo da abertura do Ano Judiciário 2011 no Chile, com discurso do ministro presidente.

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VISITA AO CENTRO DE JUSTICIA E VISITA À UNIDADE DE DETENÇÃO SANTIAGO SUR

Chile, 14 de outubro de 2011 Analista Judiciária Viviane Yanagui Corte Suprema de Justicia do Chile

Brasília – Brasil

O dia foi dedicado à visita ao Centro de Justicia e à Unidade de Detenção Santiago Sur, também conhecida como Penitenciaría. Recebeu-nos no Centro de Justiça o juiz do 7° Juzgado de Garantía15, Freddy Cubillos, que de imediato nos acompanhou à Penitenciaría, onde percorreu conosco as várias áreas que visitamos. O delegado responsável nos explicou que se trata de uma construção datada inicialmente de 1843 e que, em sua máxima capacidade, já chegou a contar com 7.161 internos, ainda que tenha capacidade para apenas 2.400. Atualmente, a Penitenciaría é responsável por cerca de 5.800 internos.

A arquitetura da Penitenciaría tem como inspiração o modelo do panóptico do filósofo utilitarista inglês Jeremy Bentham. O objetivo desse modelo carcerário que, na concepção filosófica, se estendia a outras instituições, como as educacionais, é permitir a observação total, o poder disciplinador. Assim, a Penitenciaría foi construída em vários pátios distribuídos de maneira circular ao redor de um pátio central, onde ocorrem os banhos de sol.

Um dado bastante curioso é que em Santiago Sur os internos têm acesso à cozinha para preparar o que desejam comer.

Tivemos a oportunidade de observar a quantidade impressionante de armas brancas apreendidas apenas no dia de nossa visita, todas fabricadas com pedaços de cama, grades, encanamentos e outros materiais.

Outro dado merecedor de nota: tanto a defensoria quanto os juízes têm obrigação de visitar semanalmente a prisão e se dispor a ouvir os internos. Por outro lado, o oficial responsável pela segurança de Santiago Sur nos explicou que, embora normas internacionais prevejam a proporção ideal de um agente para cada seis internos, ali a proporção era de 156 internos por gendarme. Assim, além do grave problema de superpopulação carcerária, Santiago Sur enfrenta a questão da gendarmería insuficiente.

Por essa razão, essa penitenciária é, nos dizeres do oficial de segurança, a mais perigosa, a mais conflitiva e ao mesmo tempo a mais inovadora de todo o país, justamente pela necessidade de suprir a falta de pessoal. Ele também fez questão de frisar que há muitos anos Santiago Sur não registra fugas.

Também conhecemos um pouco o perfil dos internos. Segundo o oficial de segurança, no Norte do Chile, a maior parte dos internos é formada de traficantes de drogas. Santiago, por sua vez, tem em maior número pessoas presas por roubo. Setenta por cento dos internos de Santiago são jovens (entre 18 e 28 anos).

No pátio central vimos diversos homens vestidos de maneira mais formal, alguns elegantes, caminhando ao lado de internos. Explicaram-nos que se trata de religiosos em trabalho de evangelização de presos. 15 Ver Anexo I - Fotos, Foto 12.

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Num dos módulos testemunhamos a realização de trabalhos de marcenaria, hortas e pequena criação de aves.

Comentários e paralelos com o Brasil

Foi a primeira vez que visitei uma penitenciária, razão pela qual não me foi possível comparar com propriedade as condições de Santiago Sur e as das penitenciárias brasileiras. Posso afirmar que, durante nossa visita, não testemunhamos condições impróprias de higiene, instalações inadequadas nem nenhum tipo de conflito entre internos ou entre internos e guardas.

Os aspectos que mais impressionaram foram a arquitetura de Santiago Sur e a liberação para cozinhar. O panóptico (esquema ao lado, concebido por Jeremy Bentham em 1785) acabou se convertendo em símbolo de repressão da sociedade disciplinar – na visão inaugurada por Foucault a partir de “Vigiar e Punir” – e do controle estatal absoluto de todas as instâncias da vida privada – é lembrar o Grande Irmão de Orwell, em “1985”. De fato, ao ser construída, Santiago Sur tornou-se um símbolo do novo sistema punitivo que se impunha no século XIX: a hoje combatida pena privativa de liberdade.

Quanto à possibilidade que os internos em Santiago Sur tinham de cozinhar, cabe mencionar que essa permissão

encontrava-se justamente em discussão na ocasião de nossa estada no Chile, tendo em vista que, segundo os responsáveis por guiar nossa visita, o acesso à cozinha vinha se mostrando arriscado à integridade dos próprios internos e dos gendarmes16. A previsão era anunciar ainda durante o mês de outubro a suspensão do direito de cozinhar, com o que se esperava reações de revolta.

16 Agentes penitenciários.

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AUDIÊNCIA PENAL – 7° JUZGADO DE GARANTIA E VISITA À DEFENSORÍA PÚBLICA

Chile, 15 de outubro de 2011 Analista Judiciária Viviane Yanagui Corte Suprema de Justicia do Chile

Brasília – Brasil

Assistimos a uma audiência penal presidida pelo juiz Freddy Cubillos. Acompanhamos o julgamento, em sede de garantia, de um furto. Houve confissão e acordo, tendo a pena restado fixada em 41 dias, embora houvesse previsão legal para fixação de pena de até três anos para o crime. Explicaram-nos que é bastante comum que, no juízo de garantia, ocorra acordo porque nesse caso o imputado é beneficiado com significativa redução de pena.

Em seguida, visitamos a Defensoría Pública17, onde fomos recebidos pelo defensor jefe local Carlos Mora Jano, que nos explicou o funcionamento da instituição.

O Chile tem um sistema misto de defesa. A Defensoría tem em seu quadro de pessoal funcionários públicos e, ao mesmo tempo, licitam lotes de causas. Por meio das licitações, são contratados advogados particulares que, ao lado dos funcionários públicos, dão conta de 100% da cobertura penal da Justiça chilena. Em outras palavras, segundo o defensor chefe local, nenhum chileno está privado de defesa pública em matéria penal. O sistema foi inaugurado em 2003 e parece ter obtido muito êxito, não apenas em relação ao amplo acesso à defesa que permite, mas também em relação à economia de recursos públicos proporcionada pelas licitações.

Segundo o sítio eletrônico da instituição, “La Defensoría Penal Pública atiende en todo Chile, con una dotación cercana a las 600 personas, de las cuales 145 son defensores (abogados profesionales que prestan asistencia a los usuarios directos). Además, mantiene contrato con unos 300 abogados privados, a través de licitaciones públicas, para el desarrollo de su misión. La institución funciona en alrededor de 100 inmuebles en todo el país”18.

A defesa pública não impede que o imputado, quando queira, contrate advogado particular. Mas o que nos informaram foi que as pessoas não abrem mão dos serviços da Defensoría, em função do alto nível de profissionalização que atingiram. Os defensores públicos contratados por licitação podem atuar em qualquer tipo de causa penal, não havendo reserva para defensores públicos que são funcionários estatais.

Comentários e paralelos com o Brasil

Sem dúvida, é notável o fato de a Defensoria Pública chilena ter alcançado a totalidade das causas penais no país. Ainda mais se considerando que o feito foi atingido em menos de dez

17 Ver Anexo I – Fotos, Foto 13. 18 “A Defensoria Penal Pública atende em todo o Chile, com dotação de cerca de 600 pessoas, das quais 145 são defensores (advogados profissionais que prestam assistência aos usuários diretos). Além disso, mantém contrato com cerca de 300 advogados privados, por meio de licitações públicas, para o cumprimento de sua missão. A instituição funciona em cerca de 100 imóveis em todo o país”. Disponível em http://www.defensoriapenal.cl/defensoria/defensoria.php

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anos – já que o sistema foi inaugurado em 2003. Em 2004, o "Estudo Diagnóstico da Defensoria Pública no Brasil" apontava que o grau de cobertura das defensorias era de apenas 42% das comarcas brasileiras19.

Não nos foi possível obter dados com relação à economia de recursos, porém esse fato foi frisado como outra vantagem desse modelo de administração e garantia do direito de defesa.

A defensoria no Brasil, como assinalado no sítio eletrônico da Defensoria Pública da União (DPU), “é a Instituição que presta assistência jurídica ao cidadão carente. O Defensor Público é o advogado do pobre”. Por outro lado, se a defensoria chilena concentrou-se em cobrir as necessidades de âmbito criminal, no Brasil “o serviço é prestado em matérias previdenciárias, criminais, trabalhistas, de Direitos do Consumidor, Direitos Humanos, Direitos do Estrangeiro, questões tributárias, casos relativos ao Sistema Financeiro de Habitação, alimentação, saúde, renda mínima/Loas, dívidas de cartões de crédito e cheques especiais, por exemplo” 20.

Outra diferença é que no Brasil temos Justiça federal e estadual, o que não ocorre no Chile. Analogamente, aqui ao lado da DPU estão as defensorias públicas estaduais.

19 Associação Nacional dos Defensores Públicos – ANADEP. Diagnóstico da Defensoria Pública no Brasil. Disponível em http://www.anadep.org.br/wtk/pagina/materia?id=1879, acesso em 3/11/2011. 20

Dúvidas Frequentes, disponível em http://www.dpu.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1817&Itemid=269, acesso em 3/11/2011.

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ALEGATO NA TERCERA SALA DA CORTE SUPREMA – SALA CONSTITUCIONAL E REUNIÃO COM A DIRETORIA DE COMUNICAÇÃO DA

CORTE SUPREMA

Chile, 16 de outubro de 2011 Analista Judiciária Viviane Yanagui Corte Suprema de Justicia do Chile

Brasília – Brasil

As atividades foram iniciadas com apresentações aos ministros e funcionários da Tercera Sala – Sala Constitucional da Corte Suprema.

Após as boas-vindas, fomos convidados a acompanhar um alegato21 correspondente ao quarto item da tabla22. As sessões de julgamento da Corte Suprema são semelhantes às da Corte de Apelações, com a diferença de que é possível notar um grau maior de formalidade e solenidade. Na sala encontravam-se os cinco ministros sentados lado a lado e de frente para o público, um escrivão, a relatora numa mesa em frente aos ministros, e mais perto do público as duas mesas dos advogados. Após ser chamado o item da pauta, iniciou-se o relatório. Nesse instante, as portas são fechadas e só são abertas quando o ministro presidente da sala toca um sino que fica no balcão dos ministros.

O alegato a que assistimos dizia respeito a uma ação de indenização de prejuízo por não cumprimento de contrato, valor total de 32 milhões de pesos. A municipalidad23 alegava prejuízo por uma obra não concluída: 21 milhões pelos 180 dias que a obra atrasou. Segundo expôs a relatora, a cláusula 12 do contrato dispunha sobre a renúncia do direito do contratante de cobrar indenizações. O fallo24 da instância anterior que concedeu a indenização infringiria o artigo 1.545 do Código Civil25 segundo o qual o contrato é lei entre as partes. Assim, o advogado pedia o acolhimento do recurso de casación en el fondo26.

21 Sustentação oral. 22 Pauta. 23 Prefeitura. 24 Decisão. 25 Art. 1545. Todo contrato legalmente celebrado es una ley para los contratantes, y no puede ser invalidado sino por su consentimiento mutuo o por causas legales.

26 El recurso de casación es un recurso extraordinario que tiene por objeto anular una sentencia judicial que contiene una incorrecta interpretación o aplicación de la ley o que ha sido dictada en un procedimiento que no ha cumplido las solemnidades legales. Su fallo le corresponde a la corte suprema de justicia y, habitualmente al de mayor jerarquía, como el Tribunal Supremo. En Chile se habla de "recurso de casación" sólo en materias civiles, pues dentro de la legislación procesal penal existe el recurso de nulidad.

Existen dos clases de recursos de casación, en la forma y en el fondo. El Art. 764 del Código de Procedimiento Civil (CPC) señala que: "El recurso de casación se concede para invalidar una sentencia en los casos expresamente señalados por la ley". Esta disposición resulta aplicable a ambos recursos, el de casación en la forma y en el fondo.

El recurso de casación se concede, como lo señala el Art. 764 del CPC, para invalidar una sentencia en los casos expresamente señalados por la ley, lo que deja de manifiesto que ya no se concede para obtener la impugnación de una resolución judicial, como ocurriría con el recurso de apelación, sino que solamente para obtener su invalidación o anulación.

Casación en la forma X Casación en el fondo - La casación en el fondo se refiere a infracción de normas sustantivas, de fondo o materiales; en cambio la casación en la forma dice relación con vicios de normas adjetivas, formales o de procedimiento. Fonte: http://es.wikipedia.org/wiki/Recurso_de_casaci%C3%B3n

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Após a exposição do advogado, fomos convidados a deixar a sala para a deliberação dos ministros. Na Corte Suprema do Chile os alegatos são públicos, mas os ministros decidem a portas fechadas. Assim, não foi possível acompanhar a decisão do caso.

A atividade seguinte da qual participei foi uma conversa com a Diretoria de Comunicações, na Corte Suprema. Receberam-me com muita disponibilidade a Lucy Dávila Yévenes, directora de comunicaciones del Poder Judicial, e o Alex Farfán Lobos, sub director de comunicaciones.

Inicialmente, falou-se da reforma processual do Chile e dos avanços proporcionados por ela. Uma das medidas adotadas pelo país foi a construção de estabelecimentos prisionais por meio de concessionários. Um dado que chama a atenção no tocante a esse tema e que foi mencionado na conversa é o aumento da taxa de suicídios em prisões privatizadas. Trata-se de um tema de investigações no Chile no âmbito penal.

Em seguida, passamos a falar da estrutura da comunicação da Justiça chilena, assim como da cobertura da mídia chilena do tema “Justiça” e “Poder Judiciário”.

Como as audiências de primeira instância e os alegatos no Tribunal de Apelações e na Corte Suprema são públicos, os meios de comunicação têm acesso livre. Entretanto, para filmar uma audiência, por exemplo, é preciso ter autorização do juiz. De modo geral, os juízes não falam com a imprensa. Prevalece o entendimento de que os juízes falam por meio de suas sentenças.

A estrutura de comunicação da Justiça chilena se resume a seis jornalistas, cinco dos quais estão na Direção de Comunicações, na Corte Suprema, e um no Centro de Justiça, que também é ligado à Direção de Comunicações. Comemorava-se a chegada de um sétimo profissional, que seria lotado em Valparaiso, a segunda maior cidade do Chile. Essa reduzida equipe é responsável pela comunicação de quase 500 tribunais e juízos espalhados pelo país.

A Justiça chilena somente veio a ter um setor de comunicação em sua estrutura em 2002. Eles não têm recursos para ações de divulgação e publicidade e o Poder Judiciário não tem orçamento próprio. Segundo informações do site, na seção “Prensa y Comunicaciones”, incumbem ao setor as atividades de comunicação interna, comunicação externa, abrangendo institucional, meios de comunicação social e página web do Poder Judicial, cerimonial e protocolo, estudos e capacitação e avaliação27.

Assim, por exemplo, a Direção de Comunicações é responsável por promover a interface entre o Poder Judicial chileno e a mídia geral. Além de atender aos jornalistas, emite comunicados públicos28 quando se deseja divulgar alguma ação ou informação da Justiça. Segundo os responsáveis pela Direção de Comunicações, procura-se, por outro lado, conscientizar os juízes da importância da comunicação institucional.

Duas razões principais ilustraram essa importância. A primeira, o fato de que, segundo eles, há alguns anos a Corte Suprema deixou de aparecer nos jornais, o que seria positivo porque “aparecer” significava protagonizar notícias negativas. A segunda razão, nas palavras do Alex, subdiretor de comunicações: “queremos que as pessoas saibam os direitos que têm”. O papel central da comunicação institucional foi percebido numa ocasião em que se julgava na Corte Suprema um caso ligado a direitos do consumidor frente aos planos de saúde. A partir da divulgação da decisão que assegurava o direito do consumidor, os recursos de proteção em tramitação na Corte Suprema aumentaram de 400 para 3 mil. 27 Extraído de http://www.poderjudicial.cl/modulos/Prensa_Com/DireccionComunicacion/PRE_PrensaComDireccion.php?opc_menu=5&opc_item=1, acesso em 3/11/2011. 28 Press releases ou notas direcionadas ao público em geral.

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A direção informou também que tem protagonizado um trabalho de media training pelo país, para sensibilizar magistrados da necessidade de, não somente atender a imprensa, mas também responder a seus questionamentos de maneira clara e objetiva. Não é só isso: o trabalho de sensibilização a respeito da importância da comunicação abrange convencer os funcionários dos tribunais pelo país acerca da importância de atender bem aos jurisdicionados.

Um fato interessante revelado pela Direção de Comunicações é que o sítio eletrônico da Corte Suprema do Chile29 é inspirado no do STF. As semelhanças não são apenas de layout, abrangendo a navegação – organização dos menus e funcionalidades como a busca processual.

A propósito de sítios eletrônicos, cabe acrescentar que, embora possua uma seção denominada “Notícias”, o sítio do Tribunal Constitucional não conta com jornalista para alimentá-lo, ficando essa tarefa a cargo da Secretaria do Tribunal30.

Comentários e paralelos com o Brasil

A conversa na Diretoria de Comunicações foi extremamente proveitosa, pois me permitiu dimensionar com mais propriedade a estrutura de comunicação que possui a Justiça brasileira, em especial traduzida pelas emissoras TV Justiça e Rádio Justiça, refletir sobre os avanços que nossa comunicação pode comemorar e que caminhos se desenham para o futuro.

29 O endereço é www.poderjudicial.cl. 30

A seção pode ser visualizada em http://www.tribunalconstitucional.cl/wp/noticias.

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Toda a história da comunicação da Justiça chilena tem o mesmo tempo que a existência da TV Justiça, inaugurada em 2002. No momento, a TV vive um período de se repensar, frente à realidade da TV digital. Sem mencionar a necessidade de expansão da rede, uma vez que a política de democratização da comunicação da Justiça a consagra, no Brasil, como requisito ao amplo acesso ao Direito e, em consequência, à cidadania. Hoje, a TV Justiça possui canais apenas em Brasília (analógico, canal 53 e digital, canal 52) e São Paulo (digital, canal 64). Possui também multiprogramação: o Ponto Jus é o canal da TV Justiça voltado à educação. Além disso, administra canais no YouTube e um perfil no Twitter.

A Rádio Justiça também possui perfil no Twitter, além de emissoras parceiras em todo o país, que transmitem parte de sua programação. Já recebeu do UNICEF a premiação pela melhor programação infantil do mundo.

Todos os Tribunais de Justiça no Brasil, Regionais do Trabalho, Regionais Eleitorais, Regionais Federais, Seções Judiciárias – se não quase todos – possuem equipes de assessoria de comunicação. Sem contar as estruturas mais robustas dos Tribunais Superiores.

Se não é possível dizer que prevalece no Brasil o conceito “juiz só fala por meio de sentença”, tampouco se pode negar que esse entendimento existe. A resistência à abrangência da comunicação no Poder que é o mais reservado e mais apegado a tradições dos três não poupa nem mesmo a já consolidada TV Justiça, que ocasionalmente enfrenta controvérsias, em especial no tocante à pioneira transmissão ao vivo das sessões plenárias.

Estrutura enxuta não significa pouco trabalho e nem falta de idéias; às vezes, é mesmo um incentivo à inovação. Chamou a atenção no Chile o trabalho de conscientização dos funcionários da Justiça – é uma forma de lidar com a comunicação de um ponto de vista mais sistêmico. Afinal, a construção da boa imagem de uma instituição, que em geral leva anos, pode também ser implodida em cinco minutos – basta um mau atendimento no balcão do cartório judicial.

Outra idéia que pode ser replicada é a investigação estatística das possíveis consequências de se noticiar determinado caso. Não se ignora que comparar Brasil e Chile traz sempre o complicador que é a disparidade de extensão dos dois países, mas, se viável, seria interessante pensar-se em buscar números, por exemplo, de ingresso de ações sobre um tema antes e depois de ter sido amplamente noticiado.

Iniciativa louvável é a abertura de portas que a Corte Suprema patrocina por ocasião do Dia do Patrimônio. Nesse dia, que não é exclusivo da Justiça, o ministro presidente em pessoa dedica seu tempo a explicar para os visitantes o funcionamento do Tribunal, quando também juízes fazem as vezes de guias.

Ainda mais inovadora foi a visita guiada organizada em Puerto Montt e noticiada na revista eletrônica “Puertas Abiertas”, edição n. 56. A revista, editada pela Direção de Comunicações, conta como, num juízo oral, a madrasta da Branca de Neve foi condenada. Com isso, foi possível explicar a crianças de 7 a 9 anos “qué es un tribunal colegiado; cuál es la labor del fiscal y el defensor; que los jueces resuelven en base a lo que ven y oyen en la audiencia, y que la audiencia es oral y pública”31.

31 “o que é um tribunal colegiado, o que fazem o fiscal e o defensor, que os juízes decidem com base no que vêem e ouvem na audiência, e que a audiência é oral e pública”. Disponível em http://www.poderjudicial.cl/PDF/Home/Revistas/Revista56.pdf, acesso em 3/11/2011.

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AUDIÊNCIA PENAL – 3° TRIBUNAL DE JUICIO ORAL EN LO PENAL

Chile, 20 de outubro de 2011 Analista Judiciária Viviane Yanagui Corte Suprema de Justicia do Chile

Brasília – Brasil

As atividades da segunda semana começaram na terça-feira. O dia 19/9 foi feriado nacional, provavelmente o mais importante do Chile, quando se comemora a independência do país. São as chamadas Fiestas Patrias.

Assim, em 20/9 fomos encaminhados novamente ao Centro de Justicia para acompanhar uma audiência de julgamento, agora no 3° Tribunal de Juicio Oral en lo Penal.

Tratou-se de um caso de abuso sexual. Nos juízos orais, são três julgadores, à diferença do Tribunal de Garantia, onde o julgamento é monocrático. Os magistrados ficam voltados para o público, num balcão elevado. Sobre o balcão, um martelo. No mais, a composição é semelhante à do Tribunal de Garantia: réu, Fiscalía (Ministério Público) e Defensoría Pública, que pode ou não estar acompanhada de advogado particular, se posicionam de frente para os juízes. O público fica atrás deles. Neste caso, havia advogado.

A defesa solicitou a suspensão da audiência em função da ausência de duas testemunhas que considerava indispensáveis ao andamento do julgamento. Suscitou também a inabilitação de um dos juízes, em função de já haver julgado outro caso em que um dos dois (vítima ou réu) era parte. A audiência foi suspensa por mais de duas horas. Quando retornou, anunciou-se que a juíza cuja suspeição foi suscitada se declarou inabilitada. Em menos de dois minutos, outro juiz a substituiu e prosseguiu a audiência, mas apenas para informarem que haviam decidido que ela seria suspensa em função da ausência das testemunhas.

Toda a audiência é gravada. Os expedientes escritos são mínimos. Tanto é que, havendo recurso, o “processo” é um CD rom, que contém tanto esses expedientes quanto os áudios.

O juiz Juan Poblete Mendez, que nos recebeu no Tribunal e que compunha a mesa de julgadores, nos deu uma aula sobre a reforma penal depois do fim da audiência. No intervalo em que ela ficou suspensa para a decisão sobre a inabilitação da juíza, assessores do Tribunal explicaram sobre o funcionamento do juízo oral.

Aprendemos que o Código de Procedimiento Penal, que regia o antigo sistema, datava de 1906 e foi substituído pelo Código Procesal Penal. Tramita no momento um projeto para que a esfera civil também passe a ser oral. A reforma penal iniciou-se em 2000 e foi concluída em 2005. A figura do juiz que acumulava os papéis inquisidor e acusatório foi substituída pelos institutos da Fiscalía, Juzgados de Garantía e Juicio Oral en lo Penal.

No juízo oral há, no momento, 13 juízas e 3 juízes. Ao contrário da Corte Suprema e do Tribunal Constitucional, onde a predominância absoluta é de homens.

Comentários e paralelos com o Brasil

O sistema penal chileno, ao desvincular funções inquisitiva e acusatorial, se aproximou do nosso. Por outro lado, a presença do Tribunal de Garantia, onde a grande maioria dos casos se

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encerra, e não raro em acordo, aliada à oralidade do sistema, parecem ser as causas da mudança radical no panorama da Justiça chilena.

Não parece ser por acaso que todos com quem tivemos a oportunidade de conversar demonstraram verdadeiro entusiasmo diante de sua reforma processual.

Hoje, segundo o juiz Juan Poblete, o tema da autonomia orçamentária do Poder Judicial é um dos grandes objetos de discussão política no Chile: as implicações do fato de o Judiciário não manejar seus recursos diante da autonomia dos Poderes.

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RECEPÇÃO NO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL DO CHILE E ESTUDO DE CASO – PINK LADY

Chile, 21 de outubro de 2011 Analista Judiciária Viviane Yanagui Corte Suprema de Justicia do Chile

Brasília – Brasil

Foi iniciado o estágio no Tribunal Constitucional do Chile32. Fomos recebidos pela Jaana Braz, advogada Analista da Direção de Estudos do Tribunal, e por Cristián García, Diretor de Estudos, que nos explicaram o funcionamento do Tribunal.

Informaram-nos que 80% a 85% das causas julgadas no TC são recursos de inaplicabilidade, precisamente o tipo de ação que foi objeto de nosso estudo de caso.

Tanto a parte quanto o juiz que esteja julgando um caso, ao deparar-se com uma questão constitucional, pode suscitar ao TC que declare um dispositivo legal inconstitucional e, portanto, inaplicável para o caso.

O TC foi criado em 1970, instalado em 71, suprimido em 73 e reativado em 81. É composto por dez ministros e se divide em duas Salas, cada uma com cinco julgadores.

Suas sentenças produzem coisa julgada, uma vez que é a única instância constitucional. O TC não é outra instância do Poder Judicial; como já nos haviam esclarecido, ele não integra o Judiciário.

Após a reunião com o pessoal da Direção de Estudos, recebemos a inicial do caso que seria julgado no dia seguinte, a ser objeto de nosso estudo33.

O recurso de inaplicabilidade, cujo tema era propriedade industrial, ingressou no TC em 12 de novembro de 2010. Em breves linhas, Apple and Pear Australia Limited questionava a recusa do instituto de propriedade intelectual chileno (INAPI) de registrara sua suposta marca de maçãs, a “Pink Lady”. Alegou a ofensa de direitos constitucionais, especialmente os relacionados a propriedade e criação.

Além de conhecer o caso, estudamos cada etapa da tramitação do recurso de inaplicabilidade. No caso, após ser despachado à Segunda Sala, foi solicitado o certificado de gestión pendiente, ou seja, a prova de que há ação pendente em tramitação no momento no Poder Judicial e à espera da decisão do TC sobre o incidente de constitucionalidade. Em seguida, o caso foi admitido a trâmite e considerado admissível com a consequente suspensão da gestão pendente. Em 23 de junho de 2011, os autos estavam en relación para la vista, ou seja, na pauta de julgamentos.

Comentários e paralelos com o Brasil

A surpresa imediata de um brasileiro ao conhecer o Tribunal Constitucional do Chile é descobrir que essa instituição não integra o Poder Judiciário do país. Assim como ocorre com o Ministério Público no Brasil e também no Chile, o TC é institucionalmente independente.

32 Ver Anexo I – Fotos, Fotos 16 e 17. 33 Ver Anexo IV - Acción de Inaplicabilidad por Inconstitucionalidad.

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Esse tribunal concentra atribuições relacionadas ao controle de constitucionalidade de preceitos legais. Remédios constitucionais (recursos de amparo), no entanto, são processados e julgados na Corte Suprema, que é também um Tribunal de Cassação. No Brasil, como sabido, o STF acumula a competência de julgar tanto ações do tipo habeas corpus e mandado de segurança quanto ação direta de inconstitucionalidade, esta de competência exclusiva do STF.

Uma ação de inconstitucionalidade no Chile só pode ser incidir sobre preceitos legais previamente declarados inaplicáveis. A ação de inaplicabilidade tem efeitos concretos, enquanto a ação de inconstitucionalidade tem efeitos abstratos e erga omnes. O recurso de inaplicabilidade é, portanto, análogo ao Recurso Extraordinário do direito brasileiro. Uma distinção fundamental em relação ao sistema brasileiro é que essa ação pode ser iniciada de ofício pelo TC.

Outra diferença importante é que o cargo de ministro do TC não é vitalício: eles são nomeados para um mandato de nove anos. Eles contam com a presença de um relator, que estuda o caso e o “relata” aos ministros para que decidam. Aqui, como sabido, o relator de um caso num órgão colegiado é sempre um integrante desse órgão: assim, no STF, o relator é sempre um ministro.

Ainda mais um ponto de comparação: o TC realiza controle repressivo e preventivo de constitucionalidade. Lei orgânica, por exemplo, o equivalente terminológico da lei complementar no Brasil, tem controle preventivo de constitucionalidade obrigatório.

Finalmente: o TC tem número par de julgadores (dez), à diferença de qualquer órgão colegiado da Justiça brasileira. Não nos foi apresentada uma razão para essa determinação, mas sim a possibilidade de haver cisão de entendimentos.

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SESSÃO DE JULGAMENTO NO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL E FUNCIONAMENTO DO TC, ESCLARECIMENTOS E DEBATE

Chile, 22 de outubro de 2011

Analista Judiciária Viviane Yanagui Corte Suprema de Justicia do Chile

Brasília – Brasil

Neste dia assistimos à audiência de julgamento do caso Pink Lady no Tribunal Constitucional34. De imediato, o relator dá início a sua explanação. Em seguida, falam o advogado do Requerente e o advogado do Requerido, no caso, duas advogadas.

A advogada do Requerente assinalou a importância do julgamento do caso para o Chile, uma vez que a produção de maçãs tem grande peso na economia do país. Depois de defender a possibilidade de registro da marca, lembrando que a Pink Lady já está registrada na Europa e nos Estados Unidos, falou a advogada do INAPI. O instituto considerou que a palavra “pink lady” era genérica, designava um tipo de maçã e por isso não poderia ser registrada como marca.

Depois de falarem, os ministros fizeram perguntas a ambas as advogadas.

Encerrou-se a sessão quando os ministros não tinham mais perguntas a fazer. Todos foram convidados a se retirar. A decisão é tomada a portas fechadas e normalmente não sai no dia da audiência. Foi o caso.

No período da tarde, fomos convidados pela Mónica Sanches, Oficial Primeira Advogada e pelo Sr. Leopoldo Núñez, Secretário do Comitê de Relações Internacionais, a participar de outra reunião, para falar de nossas impressões sobre a audiência, receber mais informações sobre o funcionamento do TC e ações que tramitam nesse tribunal35 e discutir nossas opiniões não apenas sobre o caso acompanhado, mas também sobre os paralelos entre os sistemas constitucionais chileno e brasileiro.

Informaram-nos que o TC recebe em média apenas 400 expedientes por ano.

Ainda que não possuam assessoria de comunicação, há cerca de dois anos começaram a elaborar “resumos didáticos” das decisões para a imprensa. Como a sentença não sai no dia do julgamento, um tema com que se depararam foi o “vazamento” da decisão no interstício entre o julgamento e a sentença. Em casos de grande repercussão, nos explicaram que a solução para evitar rumores foi adiantar a decisão publicamente antes de sair a sentença, o que fica a cargo da Secretaria.

Comentários e paralelos com o Brasil

É digno de nota o interrogatório a que procedem os ministros quando os advogados das partes concluem suas defesas. As perguntas são diretas e, no caso que acompanhamos, pareceram desestabilizar uma das advogadas que, inclusive, trouxe no momento do julgamento informações e argumentos que não constavam no processo, o que fez com que os ministros

34 Ver Anexo I – Fotos, Foto 18. 35 Ver Anexo V - Principales resoluciones dictadas en los procedimientos que se tramitan en Tribunal Constitucional.

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interrogassem relator sobre o que havia acontecido. Ele confirmou que de fato se tratava de dados novos.

É distinção fundamental o volume de ações ingressantes no TC e no STF. Segundo Joaquim Falcão, diretor da FGV Direito Rio e ex-conselheiro do Conselho Nacional de Justiça, no último ano os ministros do STF proferiram 3.728 decisões36.

O principal foco do debate foi a figura do relator como pessoa distinta dos julgadores. Segundo nos esclareceram, essa tradição se fundamenta na necessidade de independência ao julgar, como se o contato prolongado e a fundo de um juiz com um caso pudesse resultar em julgamentos preconcebidos. Colocamos nosso ponto de vista, explicando que no Brasil não há essa figura. De fato, em teoria, parece-me que igualmente pode o relator trazer para seu relatório, por mais isento que seja, indícios de tendências. A própria escolha das palavras não é imune a tendências; aliás, toda atividade humana está impregnada de história. Assim, a questão ficou em aberto.

36 Consultor Jurídico. “Peluso rebate críticas à PEC dos Recursos em São Paulo”, matéria de 1°/11/2011. Disponível em http://www.conjur.com.br/2011-nov-01/ainda-nao-ouvi-criticas-convincentes-pec-recursos-peluso, acesso em 3/11/2011.

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REDAÇÃO DO INFORME AO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL, VISITA AO GABINETE DA MINISTRA MARISOL PEÑA TORRES E ENCERRAMENTO – TROCA DE IMPRESSÕES COM A SECRETÁRIA ADVOGADA DO TRIBUNAL

CONSTITUCIONAL DO CHILE

Chile, 23 de outubro de 2011 Analista Judiciária Viviane Yanagui Corte Suprema de Justicia do Chile

Brasília – Brasil

A manhã foi dedicada à redação do informe solicitado pelo Tribunal Constitucional, em que devíamos relatar o caso que acompanhamos, tecer comparações em relação ao sistema brasileiro e expor nossa opinião sobre a pasantía37. Após a entrega do informe, tivemos audiência com a ministra Marisol Peña Torres, única mulher do total dos dez integrantes do Tribunal. A ministra nos recebeu em seu gabinete, onde é assessorada por apenas uma advogada. A sala é pequena, porém acolhedora.

Em seguida fomos recebidos pela secretária advogada do Tribunal Constitucional do Chile, Marta de la Fuente Olguín. Nessa reunião recebemos certificado da pasantía e falamos de nossas impressões a partir dos três dias de trabalhos no Tribunal Constitucional. Por fim, houve um almoço de confraternização e despedida.

Comentários e paralelos com o Brasil

Chamou muito a atenção, durante a visita ao gabinete da ministra do Tribunal Constitucional, o quão singela é a estrutura a sua disposição. Os ministros do TC são assessorados por apenas um advogado. Assim como ocorre com a comunicação, nesse sentido – e em comparação com a realidade chilena – o modo de operar brasileiro parece primar por grandes estruturas.

Durante a audiência com a ministra, falamos sobre nossa experiência no estágio, ressaltando que, apesar de demasiadamente breve, foi de extrema valia para nossa compreensão não só do sistema de controle constitucional chileno, mas também do nosso. Isso porque, havia ficado muito claro nos últimos dias, o contato com o outro proporciona uma reflexão que parte do que conhecemos e acaba por se voltar a isso que conhecemos, porém sempre sob a forma de um olhar renovado.

O Chile é um país admirável em inúmeros sentidos. Sua gente é politizada e muito cortês. Sua burocracia é enxuta e sua Justiça dá exemplo de celeridade. O Brasil, por sua vez, tem o sério problema da morosidade ainda por ser resolvido. A comunicação da Justiça brasileira, no entanto, com seu pioneirismo e busca de transparência, confirmou-se como experiência a ser exportada.

37 Estágio.