156
PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE CONCRETO ARMADO E PROTENDIDO Tales Simões Mattos TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL Aprovada por: ______________________________________________ Prof. Ibrahim Abd El Malik Shehata, Ph.D. ______________________________________________ Prof. Lidia daConceição Domingues Shehata, Ph.D. ______________________________________________ Prof. Giuseppe Barbosa Guimarães, Ph.D. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL NOVEMBRO DE 2001

PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

  • Upload
    others

  • View
    7

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

CONCRETO ARMADO E PROTENDIDO

Tales Simões Mattos

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS

PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL

Aprovada por:

______________________________________________

Prof. Ibrahim Abd El Malik Shehata, Ph.D.

______________________________________________

Prof. Lidia daConceição Domingues Shehata, Ph.D.

______________________________________________

Prof. Giuseppe Barbosa Guimarães, Ph.D.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

NOVEMBRO DE 2001

Page 2: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

MATTOS, TALES SIMÕES

Programa para Análise de Superes-

truturas de Pontes de Concreto Armado e

Protendido [Rio de Janeiro] 2001

XIV, 167 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ,

M.Sc.,Engenharia Civil, 2001)

Tese – Universidade Federal do Rio

de Janeiro, COPPE

1. Pontes de Concreto Protendido

2. Concreto de Alta Resistência

I. COPPE/UFRJ II. Título (série)

2

Page 3: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Aos meus pais, irmãos e à Christiane

Que sempre me apoiaram e incentivaram

para que eu pudesse concluir este trabalho

3

Page 4: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Ibrahim, pela orientação, ensinamentos e profissionalismo.

À Prof ª Lidia, pela orientação, incentivo e ensinamentos.

Ao Prof. Sérgio, pela colaboração, incentivo e ensinamentos.

À Empresa Pontis Consultoria e seus funcionários pela colaboração e incentivo.

Aos funcionários da Secretaria e do Laboratório de Computação pelo auxílio.

Ao CNPQ pelo auxílio financeiro.

Aos meus pais, Osmar e Isabel pelo apoio e incentivo de toda vida.

Aos meus tios e avós Oscar e Isabel pelo apoio e incentivo.

Aos meus irmãos e amigos pelo apoio e incentivo em todos os momentos.

À Christiane pelo apoio, incentivo e paciência.

4

Page 5: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

CONCRETO ARMADO E PROTENDIDO

Tales Simões Mattos

Novembro/2001

Orientador: Ibrahim Abd El Malik Shehata

Programa: Engenharia Civil

Este trabalho apresenta um programa para análise de superestruturas de

pontes de concreto armado e protendido baseado no programa FRAME, que

realiza a análise de estruturas de pórtico plano.

O programa desenvolvido realiza a análise automática do efeito da carga

móvel e da protensão, que pode ser aplicada em até duas etapas, verificando as

tensões normais nas fibras extremas das seções transversais da estrutura em cada

fase de carregamento e protensão. O programa permite a mudança automática da

seção transversal da estrutura, podendo ser usado para a análise de pontes com

vigas pré-moldadas ou pré-fabricadas. Foram anexadas ao programa

desenvolvido as rotinas do programa CONSEC, que faz a análise não-linear de

seções de concreto armado e protendido, considerando concretos de alta

resistência, para a verificação à ruptura.

O programa foi utilizado para a análise de duas pontes com características

distintas e os resultados foram comparados com resultados de programas para a

análise e verificação de pontes como o SALT, VEPRO, PROPONTE E VERRU.

5

Page 6: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

PROGRAM FOR THE ANALYSIS OF PRESTRESSED CONCRETE BRIDGES

SUPERESTRUCTURES

Tales Simões Mattos

November/2001

Advisors: Ibrahim Abd El Malik Shehata

Department: Civil Engineering

This work presents a program named “PÓRTICO” that was developed to

analyses prestressed concrete bridge superstructures using a subroutine for the

analysis of plane frame structures “FRAME”.

This program automates the analysis of the superstructure under the action

of loads (including moving loads) and prestressing forces, which can be applied to

the structure in two stages. In each stage the stresses of the extreme fibers of

bridge sections are checked. The program also allows for the change of cross

sections characteristics that match the construction fases.

For the section analysis the program uses the subroutine “CONSEC” for

the non-linear analysis of reinforced and prestressed concrete sections made with

high and normal strength concretes.

The program was used to analyzes two bridges and the obtained results

were compared with the results of other programs (SALT, VEPRO, PROPONTE

and VERRU).

6

Page 7: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

ÍNDICE

1 – Introdução....................................................................................................................1

2 – Estruturas de Pontes.....................................................................................................4 2.1 – Definição.......................................................................................................4 2.2 – Breve histórico..............................................................................................5 2.3 – Classificação...............................................................................................13

2.4 – Sistemas estruturais.....................................................................................13 2.4.1 – Pontes em lajes.............................................................................13 2.4.2 – Pontes em vigas de alma cheia.....................................................15 2.4.3 – Pontes em vigas de alma vazada (treliça)....................................16 2.4.4 – Pontes em quadro rígido..............................................................17 2.4.5 – Pontes em arco.............................................................................19 2.4.6 – Pontes pênseis..............................................................................21 2.4.7 – Pontes estaiadas............................................................................21 2.4.8 – Coeficiente de dificuldade...........................................................23 2.4.9 – Relação dos maiores vãos para diferentes tipos de estruturas.....24 2.5 – Sistemas construtivos..................................................................................29

2.5.1 – Superestrutura em concreto armado ou protendido moldado no local.............................................................................................29

2.5.2 – Superestruturas com vigas pré-moldadas e pré-fabricadas..........31 2.5.3 – Sistema em balanços sucessivos...................................................32 2.5.4 – Sistema por empurramentos sucessivos........................................37

2.6 – Carregamentos............................................................................................40 3 – Análise de superestruturas de pontes de concreto protendido (pós-tensão)..............41 3.1 – Modelagem de superestruturas de pontes...................................................41 3.2 – Características das seções...........................................................................45 3.3 – Análise dos efeitos da protensão.................................................................47 3.3.1 – Esforços devidos à protensão......................................................47 3.3.2 – Perdas de protensão......................................................................51 3.3.2.1 – Perdas imediatas............................................................51 3.3.2.1.1 – Perda no macaqueamento e nas placas de ancoragem...............................................................52

3.3.2.1.2 – Perda pela retenção do sistema estrutural........52 3.3.2.1.3 – Perda pelo atrito entre a armadura e bainha............53

3.3.2.1.4 – Perda pela acomodação e deformação da ancoragem.. .................................................................................53

3.3.2.1.5 – Perda pela deformação do concreto decorrente da protensão sucessiva.................................................57

3.3.2.2 – Perdas ao longo do tempo............................................58 3.3.2.2.1 – Perda pela retração do concreto......................58 3.3.2.2.2 – Perda pela fluência do concreto......................60 3.3.2.2.3 – Perda por relaxação do aço.............................61

3.3.3 – Concreto.....................................................................................63 3.3.3.1 – Resistência à compressão..............................................63

7

Page 8: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

3.3.3.2 – Resistência à tração.......................................................63 3.3.3.3 – Módulo de elasticidade..................................................64 3.3.3.4 – Relações constitutivas...................................................65

3.3.4 – Aço de armadura passiva.............................................................68 3.3.5 – Aço de armadura ativa.................................................................69 3.4 – Carregamento móvel...................................................................................69 3.5 – Análise não-linear física.............................................................................71 4 – Desenvolvimento do programa..................................................................................75 4.1 – Programa existente......................................................................................75 4.1.1 – Método da rigidez........................................................................75 4.1.2 – Coordenadas locais e globais.......................................................79 4.1.3 – Entrada de dados..........................................................................79 4.1.4 – Fluxograma do programa.............................................................81 4.1.5 – Tela do programa.........................................................................82 4.2 – Programa desenvolvido...............................................................................82

4.2.1 – Mudança das características das seções.......................................83 4.2.2 – Segunda etapa de carregamentos.................................................83 4.2.3 – Implantação da carga móvel........................................................84

4.2.4 – Implantação da protensão............................................................85 4.2.5 – Entrada de dados..........................................................................85

4.2.5.1 – Coordenadas dos nós.....................................................86 4.2.5.2 – Características das seções..............................................87 4.2.5.3 – Características dos materiais.........................................89 4.2.5.4 – Elementos......................................................................89 4.2.5.5 – Condições de contorno..................................................90 4.2.5.6 – Carga móvel..................................................................91 4.2.5.7 – Balanços........................................................................95 4.2.5.8 – Articulações...................................................................95 4.2.5.9 – Carregamentos...............................................................96 4.2.5.10 – Protensão...................................................................100

4.2.6 – Análise da estrutura.................................................................102 4.2.7 – Verificação no estado limite último........................................103

5 –Aplicação do programa.............................................................................................106 5.1 – Análise da superestrutura da Ponte sobre o Igarapé Breu........................106 5.1.2 – Análise da estrutura...................................................................106

5.1.2.1 – Características das seções transversais........................106 5.1.2.2 – Cálculo dos carregamentos atuantes...........................108 5.1.2.2.1 – Peso próprio da estrutura..............................108 5.1.2.2.1.1 – Carga distribuída............................108 5.1.2.2.1.2 – Cargas concentradas......................110 5.1.2.2.2 – Sobrecarga permanente................................111 5.1.2.2.2.1 – Guarda-rodas.................................111 5.1.2.2.2.2 – Pavimentação asfáltica..................111 5.1.2.2.3 – Carga móvel.................................................112

5.1.2.3 – Discretização da cablagem.......................................113 5.1.2.4 – Modelagem da estrutura...........................................115

8

Page 9: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

5.1.2.5 – Coordenadas dos nós...................................................116 5.1.2.6 – Resultados...................................................................117 5.1.2.7 – Verificação à ruptura ..................................................124 5.2 – Análise da superestrutura da Ponte sobre o Rio Arraia............................124 5.2.1 – Análise da estrutura....................................................................125 5.2.1.1 – Características das seções transversais........................126 5.2.1.2 – Cálculo dos carregamentos atuantes...........................126 5.2.1.2.1 – Peso próprio da estrutura..............................126 5.2.1.2.1.1 – Carga distribuída............................126 5.2.1.2.1.2 – Cargas concentradas......................126 5.2.1.2.2 – Laje + transversinas......................................127 5.2.1.2.2.1 – Carga distribuída............................127 5.2.1.2.2.2 – Cargas concentradas......................127 5.2.1.2.3 – Sobrecarga permanente................................128 5.2.1.2.3.1 – Carga distribuída............................128 5.2.1.2.3.2 – Cargas concentradas......................128 5.2.1.2.4 – Carga móvel.................................................129 5.2.1.3 – Discretização da cablagem.........................................129 5.2.1.4 – Modelagem da estrutura.............................................130 5.2.1.5 – Coordenadas dos nós..................................................130 5.2.1.6 – Resultados..................................................................131 5.2.1.7 – Verificação à ruptura .................................................135

6 – Conclusões e sugestões para trabalhos futuros........................................................136

Bibliografia....................................................................................................................138

Apêndice 1 – Desenhos da Ponte sobre o Igarapé Breu Apêndice 2 – Desenhos da Ponte sobre o Rio Arraia

9

Page 10: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

LISTA DE SÍMBOLOS

A área da seção transversal

Ab área da seção da barra que simula o aparelho de apoio

Ac área da seção de concreto

An área em planta do aparelho de apoio

As área da seção da armadura passiva

Apsp área da seção da armadura ativa

A(i) área de cada trapézio i

bs(i) base superior de cada trapézio i

bi(i) base inferior de cada trapézio i

E módulo de elasticidade

ex excentricidade da armadura na seção “S”

Ec módulo de elasticidade secante do concreto aos 28 dias

En módulo de elasticidade longitudinal do aparelho de apoio

Ep módulo de elasticidade do aço da armadura ativa

Ec(t) módulo de elasticidade tangente do concreto na idade de t dias

Ecn módulo de elasticidade nominal do concreto

Ec,t módulo de elasticidade secante do concreto na idade de t dias

Ec,i módulo de elasticidade secante do concreto da camada i

Es,j módulo de elasticidade do aço passivo j

Esp,k módulo de elasticidade do aço ativo k

Fa força axial no aparelho de apoio

Ft força tangencial no aparelho de apoio

Fp força de protensão

fck resistência à compressão do concreto característica

fct resistência à tração direta do concreto

fcm resistência à compressão do concreto média aos 28 dias

fcn resistência à compressão nominal do concreto

fyk tensão de escoamento característica do aço da armadura passiva

fuk tensão de ruptura característica do aço da armadura passiva

10

Page 11: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

fptk tensão de ruptura característica do aço da armadura ativa

fct,sp resistência à tração indireta do concreto

fct,f resistência à tração na flexão do concreto

fck,j resistência à compressão do concreto característica no tempo j

Gn módulo de elasticidade transversal do aparelho de apoio

h altura fictícia da seção transversal

hn altura do aparelho de apoio

h(i) altura de cada trapézio

ht altura da seção transversal

I momento de inércia da seção transversal com relação ao eixo que passa

por seu centróide

Ib momento de inércia da barra que simula o aparelho de apoio com relação

ao eixo que passa pelo seu centróide

j(i) momento de inércia de cada trapézio com relação ao eixo que passa pelo

seu centróide

k perda de tensão por unidade de comprimento devido à curvatura não

intencional entre os pontos de fixação da bainha

K matriz de rigidez da estrutura

L comprimento do elemento

lϕ comprimento básico do vão

Lb comprimento da barra que simula o aparelho de apoio

m carregamento momento distribuído

M1 momento isostático de protensão na seção “S1”

M2 momento isostático de protensão na seção “S2”

Mp momento fletor de protensão na seção “S”

n carregamento distribuído axial

N1 esforço normal isostático de protensão na seção “S1”

N2 esforço normal isostático de protensão na seção “S2”

Np esforço normal de protensão na seção “S”

nc número de etapas de protensão

nd coeficiente de dificuldade

q carga distribuída transversal

11

Page 12: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Q1 esforço cortante isostático de protensão na seção “S1”

Q2 esforço cortante isostático de protensão na seção “S2”

t idade do concreto em dias

t1 constante igual a 1 dia

U perímetro do elemento em contato com o meio ambiente

Vp esforço cortante de protensão na seção “S”

y distância do centróide da camada ao eixo z que passa pelo centróide da

seção

yc distância da fibra de concreto ao eixo z que passa pelo centróide da seção

yi distância da fibra extrema inferior da seção ao eixo z que passa pelo seu

centróide

yp distância do centróide da seção da armadura ativa à fibra inferior da

seção

ys distância da fibra extrema superior da seção ao eixo z que passa pelo seu

centróide

ysa distância do centróide da armadura passiva ao eixo z que passa pelo

centróide da seção

ysp distância do centróide da armadura ativa ao eixo z que passa pelo

centróide da seção

YcgL(i) distância entre o centróide e a base superior de cada trapézio

α ângulo de inclinação entre o cabo e a direção horizontal

αE coeficiente que define a influência do agregado no módulo de

elasticidade do concreto

α(x) soma dos ângulos que determinam cada mudança de direção do cabo

entre a ancoragem e a seção

β(fcm) coeficiente que determina a evolução da fluência com a resistência do

concreto

β(t0) coeficiente que determina a evolução da fluência com o tempo

βRH função que determina a evolução da retração com a umidade relativa do

ar

βs(t-t0) função que determina o desenvolvimento da retração com o tempo

βsc coeficiente que depende do tipo de cimento

12

Page 13: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

βcc(t) coeficiente que define a evolução da resistência do concreto com o tempo

δ deslocamento do cabo durante a operação de cravação

δa deslocamento axial do aparelho de apoio

δt deslocamento tangencial do aparelho de apoio

δL deslocamento axial da barra que simula o aparelho de apoio

δt deslocamento transversal da barra que simula o aparelho de apoio

γ ângulo de distorção do aparelho de apoio

εs deformação específica no aço

εc deformação específica do concreto

εco deformação específica do concreto correspondente à tensão máxima

εcu deformação específica última do concreto

εcn deformação específica nominal do concreto

εs (fcm) função que define a evolução da retração com a resistência do concreto

εcs (t,t0) deformação específica de retração do concreto

εcg deformação específica no nível do centróide da seção

εc,j deformação específica da fibra de concreto a uma distância yc,j do eixo z

que passa pelo centróide da seção

εs,j deformação específica da armadura passiva j a uma distância ys,j do eixo

z que passa pelo centróide da seção

εsp,k deformação específica da armadura ativa k a uma distância ysp,k do eixo z

que passa pelo centróide da seção

φ(t,t0) coeficiente de fluência

φRH coeficiente que determina a evolução da fluência com a umidade

µ coeficiente de atrito entre o cabo e a bainha

ϕ rotação por unidade de comprimento do eixo da viga

ϕi coeficiente de impacto

ρ coeficiente de eficiência geométrica

σc tensão no concreto

σi tensão inicial aplicada à armadura de protensão

σs tensão na armadura passiva

13

Page 14: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

σp tensão no aço de protensão após as perdas de protensão

σx tensão na armadura em uma seção a uma distância “x” da ancoragem

σpi tensão na armadura no ato da protensão após perdas imediatas

σc,i tensão no concreto da camada i

σsp tensão na armadura ativa

σs,j tensão na armadura passiva j

σcp (p+g1) tensão no nível do centróide das armaduras devido à protensão e à

parcela g1 de carga permanente

σc(t0) tensão aplicada ao concreto no tempo t0

σcg tensão no concreto no nível do centróide da armadura devida as cargas

permanentes

σcpo tensão no concreto no nível do centróide da armadura de protensão

devida à força inicial de protensão

η relação entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto

Ωaf área referente à perda no conjunto armadura-ancoragem

∆σpr(t,t0) perda de tensão por relaxação pura do instante t0 ao instante t

∆σp c+s+r perda total de tensão decorrente da interdependência das perdas lentas

ψ(t,t0) coeficiente de relaxação do aço no tempo t

ψ1000 coeficiente de relaxação do aço em 1000 horas

F vetor de carregamentos nodais

U vetor de deslocamentos nodais

[K] matriz de rigidez global da estrutura

[T] matriz de transformação de coordenadas

14

Page 15: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

1 – INTRODUÇÃO

O projeto de uma estrutura envolve algumas etapas que devem ser criteriosamente

realizadas para que o sucesso do projeto possa ser alcançado. Estas etapas são:

1) Concepção Estrutural Nesta etapa devem ser definidos o tipo de estrutura,

os materiais a serem empregados e o processo construtivo, que dependem de

fatores econômicos e técnicos que interferirão direta ou indiretamente na

execução da estrutura. Esta etapa depende da criatividade e experiência do

engenheiro.

2) Análise Estrutural Depois de concluída a etapa de concepção da estrutura

adotando-se o modelo estrutural que melhor represente o comportamento da

estrutura sob os carregamentos atuantes. Faz-se a pré-análise da estrutura

com suas dimensões arbitradas inicialmente, sendo verificados para cada tipo

de ação os esforços solicitantes, as tensões, os deslocamentos e as

deformações nos elementos estruturais.

3) Dimensionamento e ou Verificação Uma vez obtidos os esforços e

tensões na estrutura, faz-se a verificação ou dimensionamento dos elementos

em função dos esforços solicitantes e dos materiais utilizados, devendo ser

obedecidas as prescrições de norma.

4) Detalhamento Nesta etapa, a estrutura é detalhada para que possa ser

executada, devendo ser resolvidos possíveis problemas nas ligações dos

elementos.

A concepção e modelagem da estrutura estão condicionadas às ferramentas disponíveis

para análise de seu comportamento quando sujeita aos carregamentos atuantes.

Antigamente o engenheiro buscava simplificar os sistemas estruturais em função dos

escassos meios disponíveis para solucioná-los. Uma estrutura muito complexa exigia

uma grande quantidade de esforço para resolvê-la e, por vezes, obrigava o engenheiro a

realizar simplificações nem sempre coerentes com o real comportamento da estrutura.

15

Page 16: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

A evolução das ferramentas para o cálculo mudou completamente a forma de realizar

um projeto estrutural. Da régua de cálculo, passou-se para as máquinas de calcular

comuns e programáveis, e chegou-se ao computador pessoal, que efetivamente permitiu

a análise matricial de uma estrutura, e à internet, que possibilita a total iteração do

projetista com toda comunidade técnica envolvida no projeto. Estas foram mudanças

que levaram a modificação no processo de concepção e análise de uma estrutura.

Atualmente, o termo “engenheiro calculista” perdeu completamente o sentido; o cálculo

não é mais tarefa do engenheiro, é uma tarefa do computador. O engenheiro projetista

concentra seus esforços nas tarefas de concepção estrutural, atualmente com muito mais

liberdade, e na verificação dos resultados oriundos dos cálculos realizados pelos

programas de computador. Pela rapidez de obtenção dos resultados, o engenheiro pode

ainda testar várias soluções visando otimizar o projeto estrutural, processo que era

difícil no passado e dependia muito da experiência profissional do projetista.

Mas apesar de toda evolução, é claro que surgiram problemas e dificuldades. A grande

velocidade com que as mudanças ocorreram gerou muitas dificuldades para adaptação e

acompanhamento de todo avanço tecnológico. O grande desafio do engenheiro

estrutural está em adaptar-se aos novos processos e conceitos da engenharia estrutural

decorrentes dessas mudanças. Existe ainda a necessidade de adaptação dos currículos

universitários, uma vez que os cursos de graduação não tiveram condições de

acompanhar, de uma forma geral, todas as mudanças ocorridas na prática da engenharia.

O objetivo deste trabalho é a dar continuidade ao desenvolvimento de um programa de

análise de pórticos planos, que realiza a análise pelo método da rigidez, buscando a

associação das etapas 2 e 3 de forma automática. O programa inicial foi feito pelo

Professor Ibrahim Shehata, tendo sido desenvolvido na linguagem “Visual Basic”. O

programa foi complementado para o uso específico em estruturas de pontes e viadutos

de concreto armado ou protendido, passando a fazer automaticamente o cálculo das

tensões normais devido a cada carregamento, inclusive carga móvel e protensão. O

trem-tipo adotado é o rodoviário simplificado da Norma NBR 7188. O programa realiza

a verificação à ruptura através da análise não-linear permitindo o uso de concretos de

16

Page 17: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

alta resistência, com o uso das curvas tensões de compressão-deformação para o

concreto sugeridas pelas normas NBR 6118-2001, NS3453-92 e CEB-FIP MC90

associado ao CEB-FIP boletim 228. O concreto de alta resistência é um material que

tem sido muito utilizado em estruturas de pontes tanto pelo aumento da resistência

quanto pela sensível melhora na durabilidade da estrutura que normalmente encontra-se

em ambientes agressivos. Em 1949, na ponte Walnut Lane, Filadélfia (Russel, 1997),

foi utilizado um concreto com resistência à compressão aos 28 dias de 37 MPa , que na

época era considerada muito alta. Atualmente, entretanto, concretos com resistências

superiores a 100 MPa (Zia, 1997) já tem sido utilizados e apesar do uso de concretos de

alta resistência ter-se iniciado há décadas, as pesquisas sobre este material foram

intensificadas apenas a partir da década de 80 (Zia, 1997) e alguns países ainda não

possuem normas para projeto de estruturas que abranjam concretos com resistência à

compressão maior que 50 MPa , que é o caso do Brasil.

O programa denominado PÓRTICO, permite mudanças nas características da seção

transversal automaticamente, podendo-se realizar a análise de uma segunda etapa de

carregamento e protensão atuando após a mudança das características da seção (área e

inércia), para o caso da análise de pontes em vigas pré-moldadas ou pré-fabricadas,

onde as características da seção transversal se alteram após a consolidarização da laje

com a viga.

O segundo capítulo deste trabalho ilustra alguns tipos de estruturas de pontes assim

como os métodos construtivos utilizados. No terceiro capítulo está descrito o processo

para análise e verificação da superestrutura de uma ponte de concreto protendido e os

critérios que foram adotados no desenvolvimento do programa; no quarto capítulo está

feito um breve resumo do método da rigidez e a descrição do programa desenvolvido

com a apresentação das telas do programa. O quinto capítulo descreve as analises feitas

com o programa desenvolvido de duas pontes projetadas pela empresa Pontis

Consultoria e Projetos LTDA. Os resultados obtidos são comparados com os resultados

das análises feitas pelos programas utilizados pela empresa. A conclusão deste trabalho

e sugestões para trabalhos futuros estão apresentados no sexto capítulo.

17

Page 18: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

2 – ESTRUTURAS DE PONTE

2.1 – Definição

É denominada ponte toda obra elevada destinada a vencer obstáculos que impeçam a

continuidade de uma via. Estes obstáculos podem ser rios, braços de mar, vales e até

outras vias. Quando o obstáculo a ser vencido não é constituído por água, esta obra é

normalmente classificada como um viaduto. Tecnicamente, as pontes e os viadutos são

classificados como Obras de Arte Especiais.

Estruturalmente as pontes podem ser divididas em três partes principais: a

superestrutura, a mesoestrutura e a infraestrutura (Figura 2.1).

Infraestrutura

Mesoestrutura

Superestrutura

Figura 2.1 – Divisão estrutural de uma ponte

A infraestrutura é a parte com a função de transmitir ao terreno os esforços provenientes

da mesoestrutura e composta pelas fundações. A mesoestrutura recebe os esforços da

superestrutura transmitindo-os para a infraestrutura, sendo normalmente composta por

pilares. A superestrutura é constituída pelo tabuleiro da ponte, sendo esta a parte útil da

obra. Existe um elemento denominado encontro, utilizado em algumas estruturas de

ponte com a finalidade de absorver os empuxos dos aterros de acesso, evitando sua

transmissão aos demais elementos da ponte, servindo também como apoio extremo.

Normalmente os encontros são considerados como elementos pertencentes à

infraestrutura.

18

Page 19: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

A grande maioria das pontes é composta por lajes, vigas principais e secundárias,

pilares e as fundações. A laje recebe as cargas dos veículos e pedestres e as transfere

para as vigas, que as transmitem para os pilares. Os pilares recebem as cargas verticais e

horizontais da superestrutura transferindo-as para as fundações, que as transmitem para

o terreno.

2.2 – Breve histórico

Certamente as primeiras formas encontradas para transpor rios e vales foram feitas por

pontes com estruturas simples, realizadas com cordas, madeira e pedras trabalhadas em

forma de chapa, que serviam para integrar desde pequenos vilarejos a cidades (Foto

2.1).

Foto 2.1 – Ponte de pedra em Wycollar, Lancaster (www.argonet.co.uk)

Estas estruturas possuíam limitações, principalmente para vencer grandes vãos e rios

com muita profundidade. A genialidade dos construtores, aqueles que seriam os

primeiros engenheiros, procurando novas formas e técnicas de construção, aliada à

criação de novos materiais permitiu o aumento da capacidade de transpor obstáculos

cada vez maiores e a execução de pontes que representam marcos da evolução da

engenharia moderna.

19

Page 20: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

As primeiras grandes pontes realizadas foram feitas com madeira e pedras.

Oficialmente, a ponte mais antiga de que se tem registro é a ponte de madeira “Sweet

Track”, com 1100 metros de comprimento, feita na Inglaterra em 3806 A.C. (segundo

www.sbi.se/bridges.htm#arch). A forma estrutural mais utilizada em pontes ao longo do

tempo é a de arco. Os simérios parecem ter sido os primeiros a construírem pontes em

arco, antes de 3.200 A.C. (segundo www.argonet.co.uk). Os romanos também fizeram

muito uso deste tipo de estrutura para construção de pontes e aquedutos. Dois exemplos

destas estruturas são a Ponte de Sant´Angelo, originalmente conhecida como “Pons

Aelius”, tendo sido construída pelos romanos em torno de 135 A.C., (Foto 2.2) e o

aqueduto conhecido como “Pont du Gard” (Foto 2.3), localizado próximo de Nímes, na

França, construído pelos romanos há aproximadamente 2000 anos atrás (segundo

www.argonet.co.uk).

Foto 2.2 – “Pons Aelius” (www.absi-assoc.org)

Foto 2.3 – Aqueduto “Pont du Gart” (www.pbs.org)

20

Page 21: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Os materiais predominantemente utilizados na construção destas obras foram as rochas,

até o surgimento do aço, que permitiu a construção de estruturas mais leves com vãos

maiores. A primeira ponte deste material foi feita em 1779 na Inglaterra e tinha 30 m de

comprimento, localizada em Shropshire (Foto 2.4). Esta ponte ficou conhecida como

Ponte de Aço (www.civilengineer.about.com/science/civilengineer).

Foto 2.4 – Ponte de Aço (www.civilengineer.about.com/science/civilengineer.library)

Com a evolução do aço como material de construção e o surgimento do concreto

armado e protendido, as pontes em arco puderam ter vãos cada vez maiores. Como

exemplos mais recentes destas pontes podem ser citadas a ponte “The New River” com

um vão de mais de 500 m (Foto 2.5) e a ponte “Natchez Trace” (Foto 2.6), nos Estados

Unidos da América.

Foto 2.5 – Ponte “The New River”

(www.pbs.org)

Foto 2.6 – Ponte “Natchez Trace”

(www.pbs.org)

21

Page 22: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Um exemplo da evolução do aço como material de construção é a ponte sobre o Rio

“Guadalquivir” em Sevilha (Foto 2.7), uma estrutura muito esbelta que faz a perfeita

associação com uma obra de arte.

Foto 2.7 – Ponte sobre o rio “Guadalquivir” ( fib, 2000 )

Esses materiais propiciaram o surgimento de novos tipos de estruturas de pontes, com

comprimentos e vãos ainda maiores. Além das em arco e em vigas, surgiram as pontes

em treliça, suspensas, estaiadas e mistas. A Foto 2.8 mostra o viaduto “Goethals”, que

exemplifica uma estrutura em treliça metálica. Ele foi aberto ao tráfego em 1928 e tem

2130m de comprimento e vão central de 200m (segundo

www.argonet.co.uk/users/deano/bridges/beam ).

Foto 2.8 – Viaduto Goethals (www.argonet.co.uk)

22

Page 23: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

A ponte Akashi Kaikyo é atualmente a maior ponte suspensa do mundo, com 3922 m de

comprimento e o recorde de 1991m de vão central (Foto 2.9). Construída em 1998, esta

ponte liga as cidades de Kobe e Awaji Island no Japão (segundo www.matsuo-

bridge.co.jp).

Foto 2.9 – Ponte Akashi Kaikyo (www.matsuo-bridge.co.jp)

No Estreito de Messina, Itália, está projetada uma ponte suspensa com 5010m de

comprimento e o maior vão livre com 3300m. Esta ponte fará a ligação entre a Sicília e

Calábria (Figura 2.2).

Figura 2.2 – Esquema da Ponte de Messina (www.estrettodimessina.it)

A Figura 2.3 mostra a seção transversal da ponte. A Foto 2.10 indica a posição da ponte

e as Fotos 2.11 e 2.12 ilustram uma montagem que simula a existência da ponte após

sua conclusão.

23

Page 24: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Figura 2.3 – Esquema da seção transversal Ponte de Messina (www.estrettodimessina.it)

Foto 2.10 – Posição da Ponte de Messina (www.estrettodimessina.it)

Foto 2.11 – Simulação da Ponte de Messina (www.estrettodimessina.it)

24

Page 25: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Foto 2.12 – Simulação da Ponte de Messina (www.estrettodimessina.it)

Na Foto 2.13 vê-se a Ponte da Normadia construída na França em 1995. Ela é uma

ponte estaiada com vão central de 856m, que é o segundo maior vão em pontes

estaiadas.

Foto 2.13 – Ponte da Normandia (www.matsuo-bridge.co.jp)

A ponte “Skarnsundet” na Noruega (Foto 2.14) possui 530 m de vão e o tabuleiro feito

em concreto.

25

Page 26: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Foto 2.14 – Ponte Skarnsundet ( fib, 2000 )

A ponte “Charles River”, que está sendo construída em Boston, nos Estados Unidos da

América (Foto 2.15), com previsão para ser completada entre o final de 2001 e o início

de 2002, será a primeira obra a utilizar a combinação de ponte suspensa com ponte

estaiada. Ao ser completada, terá um comprimento de 444m com um vão central de

227m (segundo www.civilengineer.about.com/science/civil engineer).

Foto 2.15 – Ponte “Charles River” (www.civilengineer.about.com/science)

26

Page 27: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

A Figura 2.4 ilustra a maquete eletrônica de uma ponte estaiada que está sendo

construída sobre o rio Guamá no Pará que terá 582,4m de vão estaiado

(www.setran.pa.gov.br/SIP).

Figura 2.4 – Maquete eletrônica da Ponte sobre o Rio Guamá (www.setran.pa.gov.br/SIP)

2.3 – Classificação

Quanto à utilização, as pontes podem ser classificadas em rodoviárias, ferroviárias, para

pedestres (passarelas), aquedutos, oleodutos, etc.

Elas podem ser de madeira, que atualmente são mais utilizadas como obras provisórias,

de pedra, de concreto armado ou protendido, de aço ou mistas. Estas últimas são

normalmente compostas pela associação do concreto com o aço ou com a madeira. E

quanto ao tipo estrutural, as pontes podem ser em laje, em arcos ou abóbadas, em vigas

retas de alma cheia ou vazada (treliças), em quadros rígidos, pênseis (suspensas) ou

estaiadas.

2.4 – Sistemas Estruturais

2.4.1 – Pontes em Laje

As pontes em laje possuem a seção transversal desprovida de qualquer vigamento,

podendo ter um sistema estrutural simplesmente apoiado ou contínuo. A Figura 2.5

27

Page 28: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

mostra um exemplo desta estrutura em um sistema simplesmente apoiado em encontros

e algumas seções transversais típicas. Este sistema estrutural apresenta algumas

vantagens, como pequena altura de construção, boa resistência à torção e rapidez de

execução, possuindo também boa relação estética. Podem ser moldadas no local ou

constituídas de elementos pré-moldados, e os detalhes de fôrmas e das armaduras e a

concretagem são bastante simples.

As soluções de pontes em laje podem ser de concreto armado ou protendido com a

relação entre a espessura da laje e o vão variando de 1/15 a 1/20 para concreto armado e

até 1/30 para concreto protendido. Quando os vãos são muito grandes, o peso próprio é

muito alto e costuma-se adotar a solução da seção transversal em laje alveolada, onde os

vazios podem ser conseguidos com fôrmas perdidas, através de tubos ou perfilados

retangulares de compensado ou de plástico (Mason, 1977).

28

Figura 2.5 – Esquemas de ponte em laje

tabuleiro

aparelho de apoio

encontro

(a) Elevação

(b) Seção transversal maciça

(c) Seção transversal alveolar

guarda-corpo

NA

alvéolos

Page 29: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

2.4.2 – Pontes em Viga de Alma Cheia

Este sistema estrutural possui vigamentos suportando o tabuleiro. As vigas principais

são denominadas de longarinas e normalmente são introduzidas transversinas para

aumentar a rigidez do conjunto. Quando a seção transversal é feita com vigas sem laje

inferior, pode-se adotar transversinas intermediárias além das transversinas de apoio, e

quando a seção transversal é feita em caixão celular não é necessário ter-se

transversinas intermediárias em função da grande rigidez à torção do conjunto. Quando

a obra não termina em encontros, a transversina extrema possui características

particulares, substuindo o encontro na função de absorver os empuxos dos aterros de

acesso, sendo normalmente denominada de cortina. A Figura 2.6 ilustra algumas

características e seções transversais deste tipo de obra.

29

(c) Seção transversal em caixão

laje inferior

(b) Seção transversal sem laje inferior

guarda rodas

transversina

Figura 2.6 – Pontes com vigas de alma cheia

(d) Seção transversal em vigas pré-moldadas

pré-laje

viga pré-moldada

transversina de apoio laje de transição

aba da cortina

(a) Elevação em corte

cortina

Page 30: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

A Figura 2.6 (a) mostra a laje de transição, que tem a função de evitar que, ao ocorrer

um eventual deslizamento do solo na proximidade da ponte, exista um degrau entre a

estrada e a ponte, o que poderia ocasionar graves acidentes.

2.4.3 – Pontes em Viga de Alma Vazada (Treliças)

Nestas pontes, o tabuleiro com a pista de rolamento pode estar na parte superior ou

inferior da treliça. São comumente feitas de aço e de madeira, possuindo a característica

de ser uma estrutura leve e de rápida execução. Entretanto, podem se tornar estruturas

complexas e de grande porte, apesar de leves.

A Foto 2.16 mostra a ponte “Forth Railway”, completada em 1889, cujo vão de 513m

foi o maior vão construído da sua época (www.civilengineer.about.com).

Foto 2.16 – Ponte “Forth Railway” (www.civilengineer.about.com/science)

As treliças são classificadas pela disposição de suas hastes, sendo as formas mais

representativas a treliça Warren (Figura 2.7(a)), a treliça Pratt (Figura 2.7(b)) e a treliça

Howe (Figura 2.7(c)). A treliça Warren é a forma mais simples, sendo normalmente

utilizada para vãos entre 50 e 100m de comprimento. A treliça Howe, patenteada por

William Howe em 1840 apresentou a inovação de associar hastes de aço verticais com

elementos diagonais de madeira (www.howstuffworks.com).

30

Page 31: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

(c)

(b)

(a)

Figura 2.7 – Esquemas de pontes em treliças (www.matsuo-bridge.co.jp)

2.4.4 – Pontes em Quadro Rígido

Nestas pontes a superestrutura e a mesoestrutura estão monoliticamente ligadas,

eliminando-se o uso de aparelhos de apoio. Isto é conveniente no caso em que há pilares

esbeltos onde existe a necessidade da redução do comprimento de flambagem (o pilar

bi-engastado tem menor comprimento de flambagem), ou quando se deseja ter

manutenção mínima, uma vez que inexistem articulações e aparelhos de apoio. Existem

várias formas de pontes em quadro rígido. A Figura 2.8(a) exemplifica uma forma

muito usada para pontes sobre rios e vales profundos, por dispensar apoios

31

Page 32: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

intermediários e pilares extremos e, a Figura 2.8(b) ilustra uma outra forma em que uma

única fundação é utilizada para dois elementos de apoio do tabuleiro.

(b)

(a)

Figura 2.8 – Esquemas de pontes em quadro rígido (www.matsuo-bridge.co.jp)

A ponte St. Goustan (Foto 2.17), na França, é um exemplo deste tipo de estrutura.

Foto 2.17 – Ponte St. Goustan ( fib, 2000 )

32

Page 33: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

2.4.5 – Pontes em Arco

As estruturas em arco permitem o uso do concreto armado convencional em pontes com

grandes vãos com pequeno consumo de material. O eixo do arco é preferencialmente

projetado coincidindo com a linha de pressões devidas à carga permanente, para tirar

proveito da boa resistência à compressão que o concreto possui. As estruturas em arco

podem ser projetadas com tabuleiro superior, sustentado por montantes, ou com

tabuleiro inferior, sustentado por tirantes ou pendurais. Existe ainda o sistema misto

com o arco intermediário, sustentado lateralmente por montantes e, no centro, por

pendurais (Figura 2.9).

Nas estruturas com arcos inferior e intermediário, ocorrem grandes esforços horizontais

na base do arco, tornando necessária a existência de um excelente terreno de fundação.

Quando a obra for de concreto armado, deve-se prever um plano de concretagem bem

definido para que se possa reduzir os efeitos de retração e deformação lenta do material.

(c) - Ponte em arco com tabuleiro inferior

(b) – Ponte em arco com tabuleiro intermediário

(a) – Ponte em arco com tabuleiro superior

Figura 2.9 – Esquemas de ponte em arco (www.matsuo-bridge.co.jp)

33

Page 34: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

As pontes em arco com tabuleiro inferior são mais indicadas para pequenos vãos e para

grandes vãos utiliza-se a ponte em arco com tabuleiro superior. As pontes em arco com

tabuleiro intermediário são menos utilizadas uma vez que a interseção do arco com o

tabuleiro representa problemas construtivos ( Mason, 1977 ).

A ponte “Bloukrans” (Foto 2.18), localizada na África do Sul, exemplifica uma

estrutura em arco com tabuleiro superior.

Foto 2.18 – Ponte Bloukrans ( fib, 2000 )

A ponte “Bow-string” (Foto 2.19), localizada na Bélgica, é um exemplo de uma ponte

em arco com tabuleiro inferior.

Foto 2.19 – Ponte Bow-string ( fib, 2000 )

34

Page 35: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

2.4.6 – Pontes Pênseis

De todos os tipos estruturais, as pontes pênseis ou suspensas, junto com as estaiadas,

são aquelas que possibilitam os maiores vãos. Nelas o tabuleiro contínuo é sustentado

por vários cabos metálicos atirantados ligados a dois cabos maiores que, por sua vez,

ligam-se às torres de sustentação. A transferência das principais cargas às torres e às

ancoragens em forma de pendurais é feita simplesmente por esforços de tração. Os

cabos comprimem as torres de sustentação, que transferem os esforços de compressão

para as fundações.

A ponte pênsil, quando sujeita a grandes cargas de vento, apresenta movimentos do

tabuleiro que podem tornar o tráfego desconfortável e até perigoso e, por esta razão,

exige-se que o tabuleiro seja projetado com grande rigidez à torção para minimizar este

efeito. A Figura 2.10 exemplifica esta estrutura.

Figura 2.10 – Esquema de ponte pênsil

tabuleiro pendurais

torre de sustentação

2.4.7 – Pontes Estaiadas

As pontes estaiadas diferem das pontes pênseis principalmente na maneira como os

cabos são conectados às torres. Nas pontes pênseis os cabos passam livremente através

das torres e, nas pontes estaiadas os cabos são ancorados nas torres (Morrissey,

35

Page 36: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

www.howstuffworks.com). O sistema estrutural consiste de um vigamento de grande

rigidez à torção que se apóia nos encontros e nas torres de ancoragem e de um sistema

de cabos retos esticados, denominados estais, partindo dos acessos do vigamento,

passando sobre uma ou duas torres de ancoragem e dirigindo-se ao vão central para

ancorá-lo e sustentá-lo.

As torres ou pilones podem ser projetadas com grande esbeltez porque os estais

transmitem apenas pequenas forças provenientes do vento e contribuem em muito para a

segurança contra a flambagem. Com relação às pontes pênseis, as pontes estaiadas

possuem pendurais mais rígidos, menor rigidez à flexão das vigas, maior eficiência com

relação à carga móvel, não apresentam instabilidade aerodinâmica, seu tabuleiro pode

ser de concreto armado ou protendido e apresentam menores flechas. A Figura 2.11

ilustra as principais disposições dos estais.

(b) Leque

Figura 2.11 – Esquemas de pontes estaiadas

(a) Harpa

A Foto 2.20 ilustra a ponte “Sunshine Skyway” localizada na Flórida. Esta ponte foi

uma das primeiras pontes estaiadas em que os cabos são ancorados no centro do

tabuleiro, ao contrário da ponte ilustrada na Foto 2.21, localizada perto de Savanah,

Geórgia, em que o tabuleiro é sustentado por um grupo de cabos em cada extremidade.

36

Page 37: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Foto 2.20 – Ponte “Sunshine Skyway”

(www.pbs.org/wgbh/nova/bridge)

Foto 2.21 – Ponte localizada próximo à

Savanah, Geórgia (www.howstuffworks.com/bridge)

2.4.8 – Coeficiente de dificuldade

A fib (2000) define um coeficiente de dificuldade “nd” para cada tipo de estrutura, que

se baseia nos seguintes critérios:

• Grau de responsabilidade e risco assumidos pelo engenheiro;

• Dificuldade de cálculo e dificuldade técnica para construção;

• Complexidade das tarefas;

• Dificuldade para execução do projeto;

• Condições climáticas, topográficas, geológicas, geo-técnicas e hidrológicas;

• Extensão do trabalho necessário.

A Tabela 2.1 contém a magnitude do índice em função do sistema estrutural da ponte.

37

Page 38: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Tabela 2.1 - Exemplos do coeficiente de dificuldade nd ( fib 2000 )

Pontes 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7 1,8 1,9

Grau de dificuldade n

Estruturas simples como: pontes com vigas; seção constante; lajes curtas

Estruturas complicadas como: Pontes em vigas, em laje e pórticos com Grande variação de seção transversal Variação de largura Grande curvatura Grande rampa

Estruturas especiais e métodos especiais de construção: Pontes em arco Pontes estaiadas Pontes suspensas Pontes em balanço sucessivo Pontes empurradas

Estruturas normais como: pontes em vigas, em laje e pórticos. Pequenas variações de seção transversal Pequena curvatura Pequena rampa

Supervisão de construção Projeto

2.4.9 – Relação dos maiores vãos para diferentes tipos de estrutura

As tabelas 2.2 até 2.8 relacionam as pontes com os maiores vãos de acordo com o tipo

estrutural (www.struct.kth.se e www.sbi.se/bridges.htm).

38

Page 39: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Tabela 2.2 – Pontes Pênseis com Maiores Vãos

Ponte País Vão (m) Ano

Akashi-Kaikyo Japão 1991 1998

Great Belt East Dinamarca 1624 1998

Humber Reino Unido 1410 1981

Jiamgyim China 1385 1998

Tsing Ma China 1377 1997

Verrazano-Narrows Estados Unidos 1298 1964

Golden Gate Estados Unidos 1280 1937

Hoga Kusten Suécia 1210 1997

Mackinac Estados Unidos 1158 1957

Minami Bisan-Seto Japão 1100 1988

Tabela 2.3 – Pontes Estaiadas com Maiores Vãos

Ponte País Vão (m) Ano

Tatara Japão 890 1999

Ponte da Normandia França 856 1995

Second Nanjing China 628 2001

Qingzhou Minjiang China 605 1996

Yangpu China 602 1993

Xupu China 590 1997

Meiko-Chuo Japão 590 1997

Skarnsundet Noruega 530 1991

Queshi China 518 1999

Tsurumi Tsubasa Japão 510 1994

39

Page 40: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Tabela 2.4 – Pontes em Arco de Concreto com Maiores Vãos

Ponte País Vão (m) Ano

Wanxian China 425 1997

Krk-1 Croácia 390 1980

Jiangjiehe China 330 1995

Yongning China 312 1998

Gladesville Austrália 305 1964

Ponte da Amizade Brasil / Paraguai 290 1964

Bloukrans África do Sul 272 1983

Arrábida Portugal 270 1963

Sando Suécia 264 1943

Chateaubriand França 261 1991

Tabela 2.5 – Pontes em Arco de Aço com Maiores Vãos

Ponte País Vão (m) Ano

New River George Estados Unidos 518 1977

Bayonne Estados Unidos 504 1931

Sydney Harbor Austrália 503 1932

Fremont Estados Unidos 383 1973

Port Mann Canadá 366 1964

Yajisha China 360 2000

Thatcher Ferry Panamá 344 1962

Laviolette Canadá 335 1967

Zdákov República Tcheca 330 1967

Runcorn-Widnes Reino Unido 330 1961

40

Page 41: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Tabela 2.6 – Pontes em Concreto Protendido com Maiores Vãos

Ponte País Vão (m) Ano

Stolmasundet Noruega 301 1998

Raftsundet Noruega 298 1998

Humen China 279 1998

Boca Tigris - 2 China 270 1997

Varodd Noruega 260 1994

Gateway Austrália 260 1986

Chongqing Huanghuayuan China 250 1999

Confederação Canadá 250 1997

Skie Reino Unido 250 1995

Ponte São João Portugal 250 1991

Schottwien Austria 250 1989

Tabela 2.7 – Pontes em Caixão Metálico com Maiores Vãos

Ponte País Vão (m) Ano

Costa e Silva Brasil 300 1974

Neckartalbruecke-1 Alemanha 263 1978

Sava-1 Iuguslávia 261 1956

Ponte de Vitória - 3 Brasil 260 1989

Zoobrucke Alemanha 259 1966

Namihaya Japão 250 1994

Kaita Japão 250 1991

Sava-2 Iuguslávia 250 1970

Auckland Harbour Nova Zelândia 244 1969

Trans-Tokyo Bay Japão 240 1996

41

Page 42: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Tabela 2.8 – Pontes em Treliças Metálicas com Maiores Vãos

Ponte País Vão (m) Ano

Québec Canadá 549 1917

Firth of Forth Escócia 521 1890

Minato Japão 510 1975

Commandore Barry Estados Unidos 501 1975

Greater New Orleans - 1 Estados Unidos 480 1958

Greater New Orleans - 2 Estados Unidos 480 1988

Howrah Ìndia 457 1943

Veterans Memorial Estados Unidos 445 1995

Transbay Estados Unidos 427 1936

Ikitsuki Japão 400 1991

O gráfico 2.1 relaciona os vãos das pontes com o ano de construção, de acordo com o

tipo estrutural. O gráfico evidencia que as pontes pênseis possuem os maiores vãos,

seguidas pelas pontes estaiadas.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

Vão

(m)

Suspensas Estaiadas A rco de C oncreto A rco M etálico

C oncreto P rotendido C aixão M etálico Treliça M etálica

Ano

Gráfico 2.1 – Relação dos vãos das pontes com o ano de construção

de acordo com o tipo estrutural

42

Page 43: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

2.5 – Sistemas Construtivos

Muitas vezes a solução do projeto de uma ponte está condicionada ao método

construtivo utilizado para a execução da obra. O método construtivo adotado será

influenciado por diversos fatores como: o comprimento da obra; a altura do

escoramento; regime e profundidade do rio; a velocidade do rio; a capacidade portante

do terreno de fundação, que definirá o custo da infra-estrutura; disponibilidade de

equipamento da construtora; cronograma de execução da obra; economia (Almeida,

2000). A seguir serão apresentados os principais métodos construtivos de pontes e

viadutos.

2.5.1 – Superestrutura em concreto armado ou protendido moldado no local

Provavelmente este é o processo mais empregado para execução de pontes, onde as

fôrmas podem estar sobre escoramentos fixos ou móveis. As pontes em concreto

armado ou protendido moldadas no local seguem o sistema tradicional de construção,

sendo executadas com as fôrmas sobre escoramentos e concretadas segundo a técnica

usual. No processo de escoramentos deslizantes é utilizado um sistema de treliças

móveis em estrutura metálica que é deslocado à medida que a concretagem da obra

avança.

Não se recomenda a aplicação deste sistema construtivo quando: altura de escoramento

elevada (H > 15m); obras com grandes comprimentos (L>400m); caixas de rios

profundos e rios sem regimes bem definidos; rios com grandes velocidades (v>3m/s);

cronogramas de execução apertados (Almeida, 1986).

Estas obras exigem um cuidado especial com o projeto de escoramento, devendo este

ser compatível com o tipo de obra e com o plano de concretagem.

O boletim nº 9 da fib (2000) define dois parâmetros que podem servir como orientação

para definição do tipo de seção transversal em pontes de concreto protendido moldado

no local. Estes parâmetros são:

43

Page 44: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

• Coeficiente de eficiência geométrica:

ys yyAI

⋅⋅=ρ

onde:

ρ é o coeficiente de eficiência geométrica

A é a área da seção transversal

ys e yi são as distâncias do centróide da seção às fibras extremas

• Taxa de concretagem da estrutura

A Tabela 2.9 relaciona os valores dos coeficientes com o tipo de seção estrutural.

Tabela 2.9 – Parâmetros para definição da seção transversal ( fib, 2000 )

Seção transversal

Relação

Vão/Hviga

ρ

Taxa de

concretagem

(m3 /hora)

< 12 a 15

0,333

25 - 30

10 a 25

0,33 a 0,36

25 - 30

20 a 35

0,35 a 0,38

25 - 30

30 a 45

0,36 a 0,42

20 - 25

> 40 a 45

0,50 a 0,65

6 - 10

44

Page 45: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

2.5.2 – Superestruturas com Vigas Pré-moldadas e Pré-fabricadas

Nestes sistemas, as vigas são executadas em baias e posicionadas com o auxílio de

treliças de lançamento ou guindastes. Normalmente as vigas são de concreto protendido,

sendo bastante usual a adoção de duas etapas de protensão; a primeira pouco após a

concretagem, ainda na baia, apenas para que a viga suporte o peso próprio e os esforços

decorrentes do lançamento da viga, e a outra após o término da construção da laje. Este

sistema permite a industrialização do processo construtivo, criando-se um canteiro onde

se pode executar as vigas de uma forma muito rápida com o uso de fôrmas metálicas.

Após o lançamento das vigas faz-se a concretagem da laje, sendo seu escoramento

modernamente efetuado com o auxílio das pré-lajes que, além de servirem de

escoramento, também podem conter as armaduras positivas da laje, servindo como

elemento estrutural (Almeida, 1996).

Quando as vigas são executadas com concreto protendido, faz-se necessária a análise da

protensão de acordo com cada fase de carregamento, observando a mudança de

característica da seção transversal ao longo da construção.

Este sistema apresentava a desvantagem de precisar de juntas de dilatação, que

representam uma descontinuidade no tabuleiro da obra e criam um local de futuros

problemas e patologias, além do desconforto para o usuário. Modernamente utilizam-se

as lajes de continuidade ou lajes elásticas que dispensam o uso de juntas de dilatação em

obras de até 150m de comprimento. Este comprimento é limitado para que os efeitos de

temperatura no tabuleiro da ponte não sejam excessivos (Almeida, 1994).

Segundo Almeida (2000), este sistema construtivo é adequado para vãos entre 25 e

45m, sendo sua aplicação muito vantajosa quando ocorrem os seguintes fatores

(isolados ou simultâneos): elevada altura de escoramento; grande comprimento, o que

resulta em grande quantidade de vigas, justificando a instalação de um canteiro de

fabricação; caixa de rio muito profunda e rios sem regimes definidos; cronograma

apertado, exigindo a execução simultânea de superestrutura e mesoestrutura.

45

Page 46: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

As vigas pré-fabricadas diferem das vigas pré-moldadas principalmente quanto ao

canteiro de fabricação. Enquanto as vigas pré-moldadas são executadas em canteiros

temporários e específicos para uma obra, as vigas pré-fabricadas são produzidas em

uma fábrica, onde o canteiro de fabricação possui instalações fixas.

As principais vantagens do uso das vigas pré-fabricadas são: rígido controle de

qualidade das peças; redução do canteiro de obras; rapidez de execução; perfeito

acabamento obtido pelo uso de fôrmas metálicas ou de concreto; uso de mão-de-obra

especializada; uso de protensão aderente, o que dispensa as operações de protensão no

canteiro e injeção das bainhas. Este sistema permite ainda que toda a superestrutura seja

pré-fabricada, uma vez que a fábrica pode produzir as vigas, as lajes e o guarda-rodas.

Normalmente as vigas são feitas de concreto protendido pré-tracionado, (cordoalhas

tracionadas antes da concretagem da viga). O traçado do cabo é retilíneo, e para que não

ocorra o excesso de compressão nas regiões próximas aos apoios costuma-se eliminar a

aderência do concreto com o cabo nestas áreas, que é feita com o revestimento do cabo

com tubos de plástico, permitindo a livre deformação do cabo quando liberado. Uma

das desvantagens deste processo é a necessidade de ajustá-lo aos perfis de vigas

padronizados pelas fábricas, o que pode até inviabilizar o seu uso.

2.5.3 – Sistema em Balanços Sucessivos

Este sistema construtivo foi criado pelo engenheiro brasileiro Emílio Baumgart, para a

construção do vão central da Ponte de Herval sobre o rio Peixe em Santa Catarina, em

1930 (Almeida, 2000).

O processo consiste da construção da obra em segmentos, denominados de aduelas, que

podem ser pré-moldadas ou moldadas no local, constituindo balanços que avançam

sobre o obstáculo a ser vencido. As aduelas pré-moldadas são fabricadas no canteiro e

transportadas por meio de treliças metálicas até a extremidade do balanço, onde são

protendidas longitudinalmente. Entre as aduelas pode-se usar ou não cola à base de

resina epóxi, que serve para lubrificar a superfície, diminuir os efeitos das imperfeições

46

Page 47: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

das juntas entre as aduelas, impermeabilizar a junta e contribuir para a transmissão das

tensões cisalhantes. Quando as aduelas são moldadas no local, a concretagem é

executada com o auxílio de fôrmas deslizantes escoradas nos trechos já construídos e,

na idade apropriada, as aduelas são protendidas. Mesmo no sistema de aduelas pré-

moldadas, o primeiro trecho do balanço, denominado arranque, é moldado no local e o

escoramento de sua fôrma feito sobre o apoio.

O vão é construído em balanços sucessivos, partindo de cada apoio do vão até a metade

do vão, onde é feito o fechamento central evitando articulações que seriam locais de

possíveis patologias futuras. A execução deve ser muito bem controlada, principalmente

com relação às deformações, para que os trechos cheguem ao centro do vão

simultaneamente e coincidentemente. Normalmente, a concretagem do trecho central é

realizada nos períodos com menor variação de temperatura, para que os efeitos térmicos

não provoquem esforços no trecho até o endurecimento do concreto.

Após a concretagem do fechamento central surge um esforço denominado de momento

de restituição ou hiperestático da deformação lenta. Este esforço ocorre em função da

alteração do sistema estrutural que impede a deformação diferida do concreto que

prosseguiria até sua estabilização final. Com a continuidade central o aumento da

rotação diferida na seção é impedido surgindo assim o esforço hiperestático. Este

esforço é nulo no instante da ligação crescendo progressivamente até um limite em

função do fenômeno da relaxação (Mason, 1977).

Sempre que possível, projeta-se a obra para que os balanços sejam feitos simetricamente

em relação ao apoio, evitando grandes desequilíbrios entre as cargas. Quando os

balanços são desiguais ou há balanço em apenas em um vão, pode-se utilizar lastro no

vão anterior ao balanço ou até mesmo estais ajustáveis ao desenvolvimento do vão,

suportados por torres provisórias e ancoradas no apoio anterior. A Foto 2.22 ilustra uma

ponte em arco sendo construída em balanços sucessivos que são sustentados por cabos

ancorados em uma torre provisória.

47

Page 48: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Foto 2.22 – Sistema construtivo em balanços sucessivos (www.civilengineer.about.com)

A Foto 2.23 mostra a execução de um trecho de uma ponte em balanços sucessivos que

avançam simultaneamente para ambos os lados de um único apoio.

Foto 2.23 – Balanços sucessivos moldado no local ( fib, 2000 )

48

Page 49: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

As Fotos 2.24 e 2.25 mostram a execução do trecho em balanços sucessivos da Ponte

sobre o Rio Ribeirão Mosquito, executada em 2001 (arquivo técnico da empresa Pontis

Consultoria e Projetos LTDA).

Foto 2.24 – Balanço sucessivo moldado no local

Foto 2.25 – Balanço sucessivo moldado no local

49

Page 50: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Este sistema construtivo é recomendado quando ocorrerem os seguintes fatores:

existência de dificuldades de escoramento direto (rios profundos, greides elevados);

necessidade de grandes vãos, seja por imposição de gabaritos ou para evitar fundações

muito dispendiosas (vãos entre 60 e 240m); execução de viadutos sem a interdição do

trânsito em zona urbana. O comprimento das aduelas deve ser constante para facilitar a

fôrma, sendo determinado em função da capacidade portante da treliça de escoramento.

Na Foto 2.26 vê-se o içamento de uma aduela pré-moldada.

Foto 2.26 – Aduela pré-moldada ( fib, 2000 )

A execução em aduelas pré-moldadas pode ser por dois processos distintos, o sistema

SHORT-LINE e sistema LONG-LINE. No sistema SHORT-LINE as aduelas são

fabricadas com o uso de apenas uma fôrma metálica, sendo esta fôrma muito sofisticada

e cara, para atender a todas as diferenças e mudanças entre as seções transversais das

aduelas, assim como as conformações em planta e perfil do projeto geométrico da

50

Page 51: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

estrutura. No sistema LONG-LINE é fabricada a fôrma para todo o vão, podendo ela ser

reaproveitada para outros vãos que sejam iguais. A fôrma e a armação são montadas

sobre um escoramento metálico ou sobre uma pista de concreto que poderá servir de

fôrma de fundo. As aduelas são concretadas de maneira a garantir a perfeita acoplagem

entre si, onde cada aduela concretada na etapa anterior serve de forma para a próxima

(Almeida, 2000).

A Figura 2.12 ilustra o método de construção em aduelas pré-moldadas.

2.5.4 – Sistema por Empurramentos Sucessivos

Este método foi desenvolvido em 1961 pelos engenheiros Leonhardt e Andrae, sendo

utilizado pela primeira vez na construção da ponte sobre o Rio Caroni, na Venezuela,

realizada entre 1962 e 1964 (Souza, 1983).

Neste método, a superestrutura é fabricada nas margens e empurrada para sua posição

ao longo dos vãos, funcionando em balanço à medida que vai avançando, até encontrar

Figura 2.12 – Formas de lançamento da aduelas pré-moldadas ( fib, 2000 )

51

Page 52: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

o próximo apoio. Cada segmento é executado sobre fôrmas metálicas fixas, sendo

concretado contra o anterior já concluído, o que permite a continuidade da armadura na

região das juntas. A estrutura é empurrada por macacos hidráulicos e sobre aparelhos de

apoio deslizantes de teflon sobre os pilares, que podem ser permanentes ou provisórios,

dependendo do tamanho do vão. Uma vez que o trecho dianteiro da estrutura fica em

balanço até alcançar os apoios, utiliza-se uma treliça metálica fixada no trecho dianteiro

que alcança o apoio antes da estrutura, diminuindo o balanço e reduzindo o momento

negativo durante a fase construtiva. A Figura 2.13 ilustra o processo de construção por

módulos empurrados sucessivamente.

Este processo apresenta as seguintes vantagens: eliminação do escoramento; redução

das fôrmas; redução de mão de obra; rápida execução da superestrutura; industrialização

da construção. Recomenda-se o uso do método quando existirem os seguintes fatores:

obra com greide elevado; travessia em rios ou vales profundos; obras com grande

extensão; vãos de até 50 metros para evitar a execução de pilares provisórios (Souza,

1983). Recomenda-se, para aplicação do método, modular os vão intermediários com

comprimentos iguais, e os vãos extremos com comprimentos iguais a 75% dos

comprimentos dos vãos intermediários. Este procedimento e a adoção de segmentos

com comprimentos iguais à metade do comprimento dos vãos intermediários assegura

que as emendas dos diversos segmentos coincidam com os quartos do vão, região em

que os esforços internos são menores.

Figura 2.13 – Esquema de construção de pontes por empurramentos sucessivos

aparelhos de apoio teflon

usina de fabricação

elemento sendo fabricado

7 6 5 4 3 2 1

52

Page 53: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

A protensão é aplicada em duas etapas. A primeira na fase construtiva, devendo ser

centrada, em função da alternância das solicitações devidas ao peso próprio durante a

execução da obra, a segunda é realizada após a execução do tabuleiro, para a

complementação da primeira etapa, tendo em vista as solicitações de sobrecarga

permanente e carga móvel (Almeida, 2000).

A Foto 2.27 ilustra uma treliça metálica utilizada como ponteira neste método.

Foto 2.27 – Empurramentos sucessivos ( fib, 2000 )

Na Foto 2.28 pode-se ver toda extensão da construção do viaduto de Meyssiez TGV, na

França.

Foto 2.28 – Viaduto de Meyssiez TGV ( fib, 2000 )

53

Page 54: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

2.6 – Carregamentos

Os carregamentos em estruturas de pontes são constituídos de cargas permanentes,

variáveis e excepcionais. Tão importante quanto o valor dos carregamentos é o

momento e a ordem que os carregamentos atuam, principalmente nas pontes efetuadas

em concreto protendido e nas em vigas pré-fabricadas e pré-moldadas em que ocorrem

mudanças nas características da seção transversal.

Os carregamentos permanentes são aqueles que possuem valores constantes durante

toda a vida útil da obra, compreendendo o peso próprio da estrutura: laje, transversinas,

pavimentação, guarda-rodas, guarda-corpo. As ações variáveis são as que apresentam

variações significativas em sua magnitude durante a vida útil da estrutura: as devidas à

frenagem e à aceleração, à força centrífuga, ao vento, à variação de temperatura, e às

cargas móveis. As ações excepcionais são aquelas com pouca probabilidade de ocorrer e

com pouca duração, mas que devem ser levadas em consideração em função dos efeitos

nocivos que elas provocam ao longo da vida útil da estrutura. Entre elas estão os

choques de veículos nos pilares de viadutos em centros urbanos, esforços provenientes

de abalos sísmicos, choque de veículos no guarda-rodas, choques provenientes de

choques de navios nos pilares das pontes.

54

Page 55: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

3 – ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE CONCRETO

PROTENDIDO (PÓS-TRAÇÃO)

3.1 – Modelagem de superestruturas de pontes

Normalmente a análise da superestrutura, quando realizada em um único plano, é feita

considerando-a como uma viga, principalmente quando ela se encontra apoiada em

aparelhos de apoio, que efetuam o desligamento da superestrutura com a mesoestrutura.

A modelagem da superestrutura para estes casos torna-se muito simples, consistindo

apenas em dividir os vãos da superestrutura para a análise das seções transversais. Esta

divisão, normalmente, é feita em décimos de vãos, podendo até ser feita em vigésimos

de vãos, para vãos muito grandes. A Figura 3.1 exemplifica a modelagem de uma ponte

com dois vãos que foi representada por uma viga contínua.

Quando a estrutura não possui aparelhos de apoio, tendo-se o sistema de quadro rígido,

a modelagem da superestrutura pode ser feita como pórtico plano que permite a análise

dos pilares da mesoestrutura (Figura 3.2).

L L L L L L L L L L LL LL L LLL L L

LLL LL L LLLL L L L LLL LL L L

55

elementos nós Figura 3.1 – Modelagem de uma superestrutura em viga contínua

Figura 3.2 – Modelagem de uma superestrutura em pórtico plano nós elementos

Page 56: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Pode-se realizar a modelagem das estruturas de pontes apoiadas em aparelhos de apoio

de neoprene na forma de pórtico plano. Esta modelagem é empregada para a análise das

superestrutura e mesoestrutura verificando a distribuição dos esforços horizontais

atuantes na superestrutura (Figura 3.3).

LLL L L LLL L LLL LL L LL L LL

Na Figura 3.3, a barra 21 representa o aparelho de apoio de neoprene. As características

geométricas desta barra podem ser obtidas pela igualdade entre a deformação devida à

distorção do neoprene por atuação de um esforço tangencial unitário e a deformação

axial produzida por um esforço normal unitário na barra. A Figura 3.4 ilustra a atuação

de forças unitárias em um aparelho de neoprene e as deformações correspondentes, δ a

e δ t, obtidas pelas equações 3.1a e 3.1b.

Figura 3.3 – Modelagem de uma ponte com apoios de neoprene

elementos nós

n

annn

n

an hA

F δεσ ⋅=⋅== E E

Figura 3.4 – Deformação de um aparelho de apoio de neoprene

δ a hn

Fa = 1

hn

Ft = 1

γ

Ft = 1 δ t

56

Page 57: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

com Fa = 1

E nn

na A

h⋅

=δ (3.1a)

e,

n

tn

n

tt h

GAF δ

τ γ ⋅=⋅== Gn

com Ft = 1

nn

nt AG

h⋅

=δ (3.1b)

A Figura 3.5 mostra a atuação de uma força axial unitária na barra equivalente, que

simula o aparelho de apoio, e a deformação correspondente determinada com a equação

3.2.

Figura 3.5 – Deformação axial da barra

FL = 1

FL = 1

δa

Lb

L

EEAF

b

abb

b

L δεσ ⋅=⋅==

Como FL = 1 :

bb

ba AE

L⋅

=δ (3.2)

57

Page 58: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Igualando-se as equações 3.1a e 3.2, tem-se

bb

b

nn

n

AEL

AEh

⋅=

logo:

nb

nnbb hE

AELA⋅

⋅⋅= (3.3)

onde:

Ab é a área da seção da barra que simula o aparelho de neoprene

Lb é o comprimento da barra que está simulando o aparelho de neoprene

An é a área em planta do aparelho de neoprene

hn é a altura do aparelho de neoprene

En é o módulo de elasticidade longitudinal do aparelho de neoprene

Eb é o módulo de elasticidade do material da barra que simula o aparelho de

neoprene

Considerando-se a barra como bi-engastada (Figura 3.6) obtém-se a flexibilidade da

barra no sentido transversal dada pela equação 3.4.

Figura 3.6 – Deformação lateral da barra

δt F = 1

bb

bt IE

L⋅⋅

=12

3

δ (3.4)

Igualando-se as equações 3.1b e 3.4 chega-se ao momento de inércia da barra que

simula o aparelho de neoprene, dada pela equação 3.5.

nb

nbbb hE

AGLI⋅⋅⋅⋅

=12

3

(3.5)

58

Page 59: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

onde

Gn é o módulo de elasticidade transversal do aparelho de neoprene

Ib é o momento de inércia da barra que simula o aparelho de neoprene

3.2 – Características das seções

Para obtenção das características das seções transversais dos elementos da estrutura faz-

se uso de um procedimento prático que é a divisão da seção em trapézios, retângulos e

triângulos. Este processo permite a automatização do cálculo das características da

seção (Figuras 3.7 e 3.8).

As características de cada trapézio são:

Figura 3.7 – Seção transversal de uma viga pré-moldada

Figura 3.8 – Discretização da seção transversal

(cm)

Z

Y

Ys

Yi

YcgG ( i )

YcgL ( i )

h ( i )

bs ( i )

bi ( i )

( )2

)()()()( ihibiibsiA ⋅+= (3.6)

59

Page 60: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

( )( ))()(3

)(2)()()(ibiibsibiibsihiycgL +⋅

⋅+⋅= , quando bs ( i ) > bi ( i ) (3.7)

( )( )

+⋅⋅+

−⋅=)()(3)(2)(1)()(

ibiibsibiibsihiycgL , quando bs ( i ) < bi ( i ) (3.8)

+

+⋅⋅+⋅=

)()()()()(4)(

36)()(

223

ibiibsibiibiibsibsihij (3.9)

onde:

A ( i ) é a área de cada trapézio

ycgL ( i ) é a distância entre o centróide de cada trapézio e a base superior

j ( i ) é o momento de inércia de cada trapézio com relação ao eixo Zi (paralelo ao eixo Z) que passa pelo seu centróide

bs ( i ) é a base superior de cada trapézio

bi ( i ) é a base inferior de cada trapézio

h( i ) é a altura de cada trapézio

As características da seção são obtidas de:

∑= )(iAA (3.10)

[ ]∑∑ ⋅+= )()()( 2 iyiAijI cgG (3.11)

[ ]∑

∑ ⋅=

)()()(

iAiyiA

y cgGs (3.12)

sti yhy −= (3.13)

onde:

A é a área da seção transversal

ht é a altura da seção transversal

I é o momento de inércia da seção transversal com relação ao eixo Z que passa

pelo seu centróide

ys é a distância do centróide da seção à fibra superior

60

Page 61: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

yi é a distância do centróide da seção à fibra inferior

3.3 – Análise dos efeitos da protensão

3.3.1 – Esforços devidos à protensão

Se Fp for a força de compressão produzida pela armadura protendida em uma dada

seção “S” (Figura 3.9), os esforços seccionais produzidos são os mostrados na Figura

3.9.

onde:

yp é a distância, na seção “S”, do centróide da seção do cabo ao bordo inferior da

seção

ex é a excentridade do cabo com relação ao centróide da seção “S”

Np é o esforço normal de protensão na seção “S”

Vp é o esforço cortante de protensão na seção “S”

Mp é o momento fletor de protensão na seção “S”

61

α

yp

ex

Figura 3.9 – Esforços seccionais devidos à protensão

Mp = Np⋅ex

S

Vp

Np

α Fp

S Mp < 0

Vp > 0

Np > 0 Vp = Fp⋅sen(α)

Np = Fp⋅cos(α)

Page 62: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Estes esforços seccionais representados na Figura 3.9, normalmente denominados de

esforços isostáticos, quando aplicados à estrutura produzem outros esforços que surgem

em função dos vínculos da estrutura que está sendo protendida, que tendem a impedir o

deslocamento da estrutura provocado pelos esforços isostáticos de protensão. A

obtenção desses esforços era feita principalmente pelo método das forças ou pelo

processo de Cross, priorizando as solicitações de flexão, onde os momentos de

engastamento inicialmente utilizados foram propostos por Khachaturiam . Em 1983,

Leonhardt propôs outra forma para obtenção dos momentos de engastamento que

superpunha os efeitos isostáticos e hiperestáticos de protensão (Perlingeiro, 1998).

Lin (1980), para um trecho genérico do cabo considerado parabólico, transformou os

efeitos de protensão em carga distribuída vertical e obteve os esforços de protensão a

partir desta carga distribuída, conhecido como método das cargas equivalentes. Este

método pode ser aplicado em vigas com inércia variável, mas também não considera a

variação da tensão no cabo ao longo de seu comprimento e o traçado do cabo deve ser

parabólico.

Collins e Mitchel (1991) desenvolveram formulações para os momentos de

engastamento que consideram o efeito dos esforços cortantes. Mas este método, assim

como os outros, não leva em conta a variação da tensão no cabo ao longo do seu

comprimento. As formulações foram desenvolvidas para vigas com inércia constante e a

trajetória do cabo definida por uma parábola.

Perlingeiro (1998) propôs um método para a análise dos esforços de protensão baseado

na transformação dos esforços de protensão em cargas equivalentes, que pode ser usado

para cabos com qualquer posição ao longo da viga. A precisão dos resultados depende

da discretização do cabo; quanto maior a curvatura do cabo maior deve ser sua

discretização. Este processo considera a tensão ao longo do cabo continuamente

variável em cada intervalo, e ao contrário dos outros métodos, e é de fácil

automatização. A seguir é feita breve descrição desse método.

62

Page 63: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Seja um trecho genérico entre duas seções ( Figura 3.10 ), com a posição do cabo

definida pelas excentricidades (e1 e e2) e pelos ângulos que a tangente ao eixo do cabo

faz com a direção horizontal ( α1 e α2 ). É admitido que a força de protensão varia

linearmente de F1 a F2, podendo-se desta forma considerar as perdas de protensão.

.

Figura 3.10 – Trecho genérico de um cabo de protensão

e1

e2F1 α1

α2F2S1 S2

L

As forças de protensão nos extremos e as cargas distribuídas equivalentes de protensão

estão representadas na Figura 3.11. As cargas distribuídas equivalentes são obtidas a

partir das condições de equilíbrio e seus valores são:

LNNn )12( −

= (3.14)

L)2Q1Q( −

=q (3.15)

2)2Q1Q()12( −

+−

=L

MMm (3.16)

onde:

M1 e M2 são os momentos isostáticos de protensão nas seções S1 e S2,

respectivamente;

Q1 e Q2 são os esforços cortantes isostáticos de protensão nas seções S1 e S2,

respectivamente;

N1 e N2 são os esforços normais isostáticos de protensão nas seções S1 e S2,

respectivamente;

63

Page 64: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

n é o carregamento distribuído axial, que representa a variação da força de

protensão devida às perdas entre as seções S1 e S2;

m é o momento distribuído, que representa a variação da excentricidade do cabo

entre as seções S1 e S2;

q é carga distribuída transversal, que representa a variação da inclinação do cabo

entre as seções S1 e S2.

Figura 3.11 – Esforços de protensão e cargas distribuídas equivalentes

N2

M2

Q2 N1

Q1

M1 X = L X = 0

n

q

m

S2S1

Ao carregar cada elemento da estrutura com seus respectivos carregamentos distribuídos

equivalentes obtêm-se os esforços de protensão. Os esforços resultantes serão a soma

dos esforços isostáticos de protensão com os esforços hiperestáticos de protensão (caso

existam).

Outra forma de analisar os esforços devidos à protensão em uma estrutura é a

representação das ações de protensão por esforços solicitantes iniciais (Stucchi, 1993).

Desta forma, para uma estrutura por barras e nós, os esforços iniciais em cada nó são

obtidos conforme mostra a Figura 3.9, e os esforços hiperestáticos podem ser obtidos

aplicando nas extremidades de cada elemento os momentos isostáticos de protensão e os

esforços verticais que equilibram o elemento de acordo com a Figura 3.12

(Almeida,1999).

64

Page 65: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Onde

M1 M2

L

Qe Qd

Figura 3.12 – Momento isostático de protensão

L)21( MMQQ ed

−=−= (3.17)

Os esforços resultantes são apenas os esforços hiperestáticos de protensão (caso

existam).

3.3.2 – Perdas de protensão

A força de protensão aplicada na extremidade do cabo sofre perdas ao longo do

comprimento relacionadas com posição do cabo em cada seção, com o sistema

estrutural, com a fluência e a retração do concreto e com a relaxação do aço ao longo do

tempo. Estas perdas classificam-se em perdas imediatas e lentas.

3.3.2.1 – Perdas imediatas

As perdas imediatas, que ocorrem quando o concreto é protendido, no sistema de pós-

tração são:

65

Page 66: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

- Perda no sistema de macaqueamento e nas placas de ancoragem;

- Perda devido a rigidez do sistema estrutural;

- Perda pelo atrito entre a armadura e a bainha;

- Perda pela acomodação e deformação das ancoragens;

- Perda pela deformação instantânea do concreto decorrente das protensões

sucessivas.

3.3.2.1.1 – Perda no macaqueamento e nas placas de ancoragem

No ato da protensão ocorrem perdas na transmissão da força pelo macaco hidráulico ao

cabo em função da eficiência do equipamento e também pelo atrito na acomodação das

placas de ancoragem. Estas perdas são determinadas por processos empíricos e em

conjunto.

O valor medido varia entre 3,5% e 8,0% da força aplicada ao cabo e faz-se a

compensação desta perda pela majoração da força. Uma vez que esta perda é

compensada no ato da protensão pelo aumento da pressão manométrica aplicada no

macaco hidráulico, ela não interfere no processo de cálculo da distribuição de tensões ao

longo do cabo.

3.3.2.1.2 – Perda pela retenção do sistema estrutural

Esta perda ocorre em função do sistema estrutural e do elemento estrutural que será

protendido, ocorrendo na aplicação da protensão. Para entender sua existência seja o

exemplo de uma viga engastada em um pilar com uma rigidez muito maior que a da

viga. Quando a protensão for aplicada à viga, a força de protensão não será totalmente

transmitida à viga uma vez que esta se encontra impedida de se deslocar, ficando a força

de protensão retida no pilar. A análise da protensão pelo método das cargas equivalentes

é a única forma de considerar essa perda, uma vez que aplica o efeito da protensão

como um carregamento ao sistema estrutural.

66

Page 67: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

3.3.2.1.3 – Perda pelo atrito entre armadura e bainha

Esta perda depende do traçado do cabo por despertar o atrito nos pontos de contato com

a bainha. A tensão σx na armadura em uma seção que se encontra a uma distância “x”

da ancoragem ativa, onde é aplicada a tensão inicial σi ao cabo, levando em

consideração as perdas por atrito entre o cabo e a bainha é dada, segundo o CEB-FIP

MC 90 e a NBR 6118-2001 é dada por: ))(( xkx

ix e ⋅+⋅−⋅= αµσσ (3.18)

onde:

µ é o coeficiente de atrito entre o cabo e a bainha;

α(x) é a soma dos ângulos que determinam cada mudança de direção do cabo,

em radianos, entre a ancoragem ativa e seção considerada;

k é a perda de tensão por unidade de comprimento devido à curvatura não

intencional entre os pontos de fixação da bainha.

Os valores numéricos de µ e k são determinados experimentalmente. Segundo a NBR

6118 – 2001, k = 0,010 m-1 e os valores de µ são:

µ = 0,50 entre cabo e concreto ( sem bainha );

µ = 0,30 entre barras ou fios com mossas e saliências e bainha metálica;

µ = 0,20 entre fios lisos ou cordoalhas e bainha metálica;

µ = 0,10 entre fios lisos ou cordoalhas e bainha metálica lubrificada;

µ = 0,05 entre cordoalhas e bainha de polipropileno lubrificada;

3.3.2.1.4 – Perda pela acomodação e deformação da ancoragem

A extremidade dos cabos que são ancorados por cunhas sofre até a fixação definitiva um

deslizamento δ que provoca uma diminuição do alongamento estabelecido pela

protensão. O valor deste deslizamento é função do tipo de ancoragem e da armadura

67

Page 68: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

usada, sendo fornecido pelos fabricantes de equipamentos de protensão. O valor médio

da perda no conjunto armadura-ancoragem em cordoalhas é de 6mm.

A partir do diagrama de tensões ao longo do cabo (Figura 3.13) calcula-se o

alongamento a ser imposto ao cabo para instalação da força de protensão, que é função

da área Ω, como demonstra-se a seguir.

Figura 3.13 – Diagrama de tensões ao longo do cabo

σi

σ'i

Ω

Ωaf

x = 0 x = Lpdx

σx,i

σ

x

xac

x

Seja o trecho isolado de um cabo, submetido a uma tensão σpx,i (Figura 3.14).

∆(dx) dx

σpx,i σpx,i

Figura 3.14 – Trecho isolado de um cabo

Pela Lei de Hooke:

dxE

dxp

ipx ⋅=∆ ,)(σ

(3.19)

68

Page 69: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Sendo ∆Lp o alongamento imposto ao cabo para produzir a tensão σi na região da

ancoragem, tem-se

∫=

=

∆=∆Lpx

x

dxLp0

)( (3.20)

e com a equação 3.19 em 3.20 tem-se:

∫=

=

=∆Lpx

x p

ipx dxE

Lp0

,σ (3.21)

p

Lpx

xp Ed

ELp Ω

=Ω=∆ ∫=

=0

1 (3.22)

onde Ep é o módulo de elasticidade do aço.

A área Ωaf (Figura 3.13) equivale à perda de tensão devida à acomodação e deformação

da ancoragem, e seu valor é

paf E

δ=Ω (3.23)

O valor desta área e o valor de Xac (Figura 3.13) devem ser determinados para o

conhecimento da influência da perda por acomodação da ancoragem nas tensões ao

longo da armadura. Hecksher (1981) descreve um método analítico para obtenção do

valor de Xac. Seja o diagrama de tensões ao longo da armadura (Figura 3.15) formado

por trechos retilíneos que correspondem as áreas Ω1, Ω2, ..... Ωj-1, Ωj cujos valores

são:

( ) ( )

( ) ( )

( ) ( ))26.3(

2

)25.3(2

)24.3(0,2

11

21211

010

11

jjjjj

i

xx

xx

xondexx

+⋅−=Ω

+⋅−=Ω

=+

⋅−=Ω

−− σσ

σσ

σσ

M

A primeira etapa do cálculo é a pesquisa do trecho j do diagrama tal que (Figura 3.15)

jjj Ω+Ω+Ω+Ω<Ω<Ω++Ω+Ω −− 121*121 LL (3.27)

69

Page 70: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

onde Ω* = Ωaf / 2

Uma vez determinado o trecho j, de acordo com a Figura3.16, determinam-se os valores

de Xaf e de σx,i.

σx

x1

σi σ1Ω1

x

σ2σ3

σ4

σj-1

σj

x2

x3

x4

xj-1

xj

Ω2

Ωj

Figura 3.15 – Diagrama de tensões

Figura 3.16 – Determinação de σx,i

∆Ω*

xac

xj

σx

σj-1

σj

x

σx,i

xj-1 ∆xj

∆σj

70

Page 71: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Assim:

)32.3(

)31.3(

)30.3()(:

)29.3()(

)28.3(2

1

1

121**

,

*21

jjj

jjj

j

j

acjjjix

j

jjac

xxx

onde

xxx

xxx

σσσ

σσσ

σ

−=∆

−=∆

Ω+Ω+Ω−Ω=∆Ω

−⋅∆+=

∆⋅∆Ω⋅+=

L

3.3.2.1.5 – Perda pela deformação instantânea do concreto decorrente da protensão

sucessiva

Ao se protender uma estrutura de concreto, a mesma sofre uma deformação

(encurtamento) que faz com que ocorra um afrouxamento nos cabos previamente

puxados. Desta forma, a perda do alongamento nos cabos devida à não simultaneidade

da protensão provoca uma perda de tensão em cada cabo. E pela ordem de protensão, o

primeiro cabo protendido sofre a maior perda e o último não sofre nenhuma.

Considerando-se que, ao protender o último cabo, não houve a injeção da nata de

cimento na bainha dos demais, admite-se que a perda de tensão é igual para todas as

armaduras que atravessam uma mesma seção da peça, correspondendo a uma fração

(nc – 1) / 2nc da deformação instantânea εc ( p+ g1 ) que sofre na seção a fibra longitudinal

da peça no nível do centróide das armaduras, sob a ação da totalidade da força de

protensão inicial e da parcela g1 de carga permanente da peça que atua no instante da

protensão. Desta forma, a perda de tensão nos cabos pela cravação sucessiva é:

ppcsp E⋅∆=∆ εσ , (3.33)

onde

)1(21

gpcc

cp n

n+⋅

⋅−

=∆ εε (3.34)

71

Page 72: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

com

tc

gpcpgpc E ,

)1()1(

++ =

σε (3.35)

onde nc é o número de etapas de protensão, Ec,t é o módulo de elasticidade ( secante ) do

concreto na idade de t dias em que ocorre a protensão e σcp (p+g1) é a tensão no nível do

centróide das armaduras provocada pela protensão e pela parcela g1 de carga

permanente que atua no instante da protensão (Hecksher, 1981).

3.3.2.2 – Perdas ao longo do tempo

Após a aplicação da protensão, inicia-se, junto com as perdas imediatas, um processo

de perda de protensão estendendo-se por grande parte da vida útil da estrutura, devida à

fluência e retração do concreto e à relaxação do aço. A fluência e a retração do concreto

ocasionam perdas de protensão pelo fato da armadura estar aderida ao concreto (em

cada região a armadura sofre as mesmas deformações que o concreto adjacente). A

perda de protensão pela relaxação do aço de protensão ocorre pelo efeito da variação de

tensão no cabo quando mantido sob deformação constante, não ocorrendo relaxação

pura do cabo por causa da variação de seu comprimento em função das deformações

lentas do concreto.

3.3.2.2.1 – Perda pela retração do concreto

A retração é a diminuição de volume sofrida pelo concreto, que depende basicamente da

umidade relativa e temperatura do ambiente, das dimensões da peça estrutural analisada,

da relação água/cimento do concreto. O valor da deformação específica de retração do

concreto desde o tempo t0 inicial até um determinado tempo t, segundo o CEB-FIP

MC90, é dado pela expressão 3.36. Este método de cálculo está sendo adotado por ser

de mais fácil implementação computacional que a nova NBR 6118-2001, similar ao do

CEB-FIP 78.

( ) )()(; 00 ttftt sRHcmscs −⋅⋅= ββεε (3.36)

72

Page 73: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

onde:

βs é uma função que define o desenvolvimento da retração com o tempo

t é a idade do concreto, em dias

t0 é a idade do concreto no início da retração.

sendo:

6

0

10910160)( −⋅

−⋅+=

cm

cmsccms f

ff βε (3.37)

fcm é a resistência média à compressão do concreto aos 28 dias ( em MPa)

fcm0 = 10 MPa

βsc é um coeficiente que depende do tipo de cimento, assumindo os valores abaixo

βsc = 4 , para cimentos de endurecimento lento ( CP III e CP IV )

βsc = 5 , para cimentos de endurecimento normal e rápido ( CP I e CP II )

βsc = 8 , para cimentos de alta resistência inicial ( CP V )

βRH = -1,55βsRH para 40% < RH < 99%

= 0,25 para RH > 99%

com : 3

0

1

−=

RHRH

sRHβ (3.38)

RH0 = 100%

1

0

2

0

100

350

)()(

ttt

hh

ttttts−

+

−=−β (3.39)

t1 = 1 dia

h0 = 100mm

UAh ⋅

=2 (3.40)

RH é a umidade relativa do ar (%)

A é a área da seção transversal

U é o perímetro do elemento em contato com o meio ambiente

73

Page 74: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

3.3.2.2.2 – Perda pela fluência do concreto

O fenômeno da fluência é definido como o aumento da deformação ao longo do tempo

no concreto quando submetido a um carregamento. A deformação do concreto

provocada pela fluência é estabelecida pelo coeficiente ϕ(t,t0) que depende da umidade

relativa do ambiente, da consistência do concreto e da espessura fictícia da peça

(Hecksher, 1981). A deformação por fluência, segundo o CEB-FIP MC90 é:

),()(),( 00 ttE

tttc

occc φ

σε = (3.41)

onde

σc (t0) é a tensão aplicada ao concreto

Ec é o módulo de elasticidade ( secante ) do concreto aos 28 dias

φ (t,t0) é o coeficiente de fluência

O coeficiente de fluência é calculado pela expressão:

),(),( 000 tttt cβφφ ⋅= (3.42)

com

)()( 00 tfcmRH ββφφ ⋅= ⋅ (3.43)

3/1

0

0

46,0

11

−+=

hh

RHRH

RHφ (3.44)

cmo

cmcm

ff

f 3,5)( =β (3.45)

2,0

1

0

0

1,0

1)(

+

=

tt

tβ (3.46)

3,0

0

00 ),(

−+

−=

tttttt

Hc β

β (3.47)

74

Page 75: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

diashh

RHRH

oH 1500250)(2,11150

0

18 ≤+⋅

⋅+⋅=β (3.48)

3.3.2.2.3 – Perda por relaxação do aço

Este fenômeno equivale à queda de tensão, ao longo do tempo, da resposta elástica das

armaduras alongadas, mantidas sob comprimento constante (relaxação pura). Como as

peças de concreto sofrem um encurtamento pela retração e fluência, uma vez que o cabo

encontra-se aderido ao concreto ele também sofre este encurtamento e,

conseqüentemente, não ocorre a relaxação pura e sim uma relaxação relativa, que

provoca uma perda de tensão de menor intensidade.

A intensidade da relaxação do aço é determinada pelo coeficiente ψ(t,t0), igual a:

pi

pr tttt

σσ

ψ),(

),( 00

∆= (3.49)

onde:

∆σpr(t,t0) é a perda de tensão por relaxação pura do instante t0 até o instante t

σpi é a tensão na armadura no ato da protensão após as perdas imediatas

Os valores da relaxação medidos após 1000 horas sob temperatura de 20ºC, de acordo

com CEB-FIB MC90, estão na Tabela 3.3.

Tabela 3.3 – Valores de ψ1000, em (%)

Cordoalhas Barras

Tensão inicial RN RB

0,5 fptk 0,0 0,0 0,0

0,6 fptk 4,0 1,0 2,0

0,7 fptk 8,0 2,0 4,0

0,8 fptk 12,0 4,8 7,0 RN – aços de relaxação normal RB – aços de baixa relaxação fptk – tensão de ruptura característica do aço

75

Page 76: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Para tempos diferentes de 1000 horas e temperatura de 20ºC, tem-se qttt

⋅=1000

),( 10000 ψψ (3.50)

Onde

)(log 1001000 ψψ≈q (3.51)

com ψ (3.52) 1000100 7,0 ψ⋅=

A perda de tensão provocada pela interdependência dos efeitos de retração, fluência e

relaxação do aço, entre as idades ts e t, pode ser obtida pela expressão 3.53 proposta

pelo CEB-FIP 78 semelhante à expressão proposta pela nova NBR 6118-2001.

+⋅+

+⋅⋅+∆+⋅=∆ ++

2),(11

)(),(),(),(

0

00

ttttttEtt

spo

pi

picgprsscsrsPc φ

σσ

η

σσφησεσ (3.53)

onde

∆σPc+s+r é a perda total de tensão decorrente da interdependência das perdas lentas

c

p

EE

=η (3.54)

σcg é a tensão no concreto devida às cargas permanentes no nível do centróide da

armadura de protensão

σcpo é a tensão no concreto devida à força inicial de protensão (após as perdas

imediatas) no nível do centróide da armadura de protensão

Para o cálculo da relaxação pura ∆σpr (t,t0) é recomendada para o cálculo da tensão no

aço de protensão a expressão (Vasconcelos, 1980)

rsPcpip ++∆⋅−= σσσ 30,0 (3.55)

onde

σp é a tensão no aço de protensão após as perdas de protensão

76

Page 77: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Desta forma, inicialmente deve-se estimar o valor de ∆σPc+s+r e por iterações sucessivas

obter o valor final das perdas diferidas.

3.3.3 – Concreto

3.3.3.1 – Resistência à compressão

A NBR 6118 - 2000 determina que o menor valor para a resistência à compressão seja

de 25 MPa para concretos com armadura ativa. Para tensões de compressão menores

que 0,5fc admite-se uma relação linear entre tensões e deformações, sendo utilizado para

o módulo de elasticidade o valor secante. Segundo o CEB-FIP MC90, a resistência à

compressão do concreto na idade de t dias à temperatura média de 20ºC pode ser

estimada pela expressão 3.56, que é também proposta na nova NBR 6118-2001.

cmcccm fttf ⋅= )()( β (3.56)

com

−⋅

= 128

1

)( tts

cc etβ (3.57)

Onde

s = 0,20 para cimentos de alta resistência inicial ( CP V )

s = 0,25 para cimentos de endurecimento normal e rápido ( CP I e CP II )

s = 0,38 para cimentos de endurecimento lento ( CP III e CP IV )

3.3.3.2 – Resistência à tração

A resistência à tração do concreto normalmente é avaliada a partir da resistência

característica à compressão por expressões empíricas. De acordo com a NBR 6118 –

2001, a resistência à tração direta fct pode ser considerada igual a 0,9fct,sp ou 0,7fct,f ou,

na falta de ensaios para obtenção de fct,sp e fct,f , pode ser avaliada por meio das equações

77

Page 78: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

(3.58) a (3.60), iguais às do CEB-FIP MC90, sendo fct,sp e fct,f a resistência à tração

indireta e a resistência à tração na flexão, respectivamente.

fctm = 0,3fck2/3 fctm e fck em MPa (3.58)

fctk,inf = 0,7fctm (3.59)

fctk,sup = 1,3fctm (3.60)

Estas expressões podem ser usadas para uma idade j diferente de 28 dias desde que fckj >

7 MPa.

3.3.3.3 – Módulo de elasticidade

O módulo de elasticidade inicial do concreto aos 28 dias segundo a NBR 6118-2001

pode ser estimado usando-se a equação:

MPa em f , E com 5600fE ckc1/2

ckc = (3.61)

O módulo de elasticidade inicial numa idade j > 7 dias pode ser avaliado com essa

equação, substituindo fck por fckj. O módulo de elasticidade secante a ser utilizado nas

análises elásticas de projeto, especialmente para determinação de esforços solicitantes e

verificação de Estados Limites de Serviço, deve ser calculado pela equação:

Ec = 0,85Ec (3.62)

Segundo o CEB-FIP MC90, os valores do módulo de elasticidade tangente na origem

pode ser obtido de 1/3

cmo

cmcoc f

fEE

⋅⋅= Eα (3.63)

onde

Eco = 2,15 x 104 MPa

αE = 1,2 para agregados de basalto e calcários densos

αE = 1,0 para agregados de quartzo

αE = 0,9 para agregados de calcário

78

Page 79: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

αE = 0,7 para agregados de arenito

O módulo de elasticidade secante é também obtido pela equação 3.62.

O módulo de elasticidade do concreto em idades diferentes de 28 dias pode ser estimado

a partir de

)t(E(t)E cccc β⋅= (3.64)

onde

βcc (t) é o coeficiente que depende da idade do concreto t dado pela equação

3.57

Ec (t) é o módulo de elasticidade na idade de t dias

3.3.3.4 – Relações constitutivas

Para a análise no estado limite último de elementos de concretos com fck < 50 MPa a

NBR 6118-2001 e o CEB-FIP MC90 adotam o diagrama tensão-deformação parábola-

retângulo cujas expressões são:

Para εc < εco = 2 %o 2

285,0

⋅=

co

c

co

c

ck

c

f εε

εεσ (3.65)

Para 2 %o < εco < εcu = 3,5 %o

185,0

=ck

c

fσ (3.66)

onde as tensões e as deformações de compressão são consideradas positivas.

Para concretos com 50 MPa < fck < 80 MPa o CEB-FIP MC90 muda este diagrama

considerando para deformação última do concreto valores que diminuem como o

aumento de fck:

⋅=

ckcu f

505,3ε %o , fck em MPa (3.67)

79

Page 80: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

A Figura 3.17 mostra os diagramas tensão de compressão-deformação para diferentes

valores de fck.

O CEB-FIP, no boletim 228 (1995) propõe outro tipo de relações tensão-deformações

para concretos com 50 MPa < f < 100 MPa: ck

Para εc < εco n

co

c

ck

c

f

−−=

εεσ 11

85,0 (3.68)

Para εco < εc < εcu

185,0

=ck

c

fσ (3.69)

com:

n = 2 – 0,008 ( fck – 50 ) fck em MPa (3.70)

εco = [ 2 + 0,005 ( fck – 50 ) ] %o fck em MPa (3.71)

−⋅+=

100125,2 ck

cuf

ε %o fck em MPa (3.72)

A Figura 3.18 mostra os diagramas tensão de compressão-deformação para alguns

valores de fck segundo a proposta do boletim 228 (1995).

0 1 2 3 40

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0fc k = 2 0 M P a

fc k = 3 0 M P a

fc k = 5 0 M P a

fc k = 7 0 M P a

fc k = 8 0 M P a

σ c (M P a )

ε c (% 0 )

M C 9 0

Figura 3.17 – Diagramas tensão de compressão-deformação segundo o

CEB-FIP MC90

80

Page 81: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

0 1 2 3 40

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0fc k = 2 0 M P a

fc k = 3 0 M P a

fc k = 5 0 M P a

fc k = 7 0 M P a

fc k = 9 0 M P a

fc k = 1 0 0 M P a

σ c ( M P a )

ε c ( % 0 )

C E B

Figura 3.18 – Diagramas tensão de compressão-deformação segundo

o boletim 228 do CEB-FIP (1995)

A curva tensão-deformação da norma Norueguesa NS-3473 E (1992) pode ser usada

para concretos com fck < 94 MPa e suas expressões são:

Para 0 < σc < 0,6 fcn

cn

c

cn

c

f εεσ

= (3.73)

Para 0,6 fcn < σc < fcn

α

εεεε

εε

εεσ

−⋅

−−=

6,0

6,01

cn

co

cn

c

cn

co

cn

c

cn

c

f (3.74)

com:

1

6,0

−=

cn

co

cn

c

εε

εε

α (3.75)

cn

cncn E

f=ε (3.76)

Os valores nominais do módulo de elasticidade, da resistência à compressão do

concreto, da deformação do concreto referente ao início do patamar do diagrama e da

deformação última são dados pelas expressões abaixo:

81

Page 82: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

3,01000 cncn fE = (3.77)

8,270,0 += ckcn ff , para fck < 44 MPa (3.78-a)

96,856,0 += ckcn ff , para 44 MPa < fck < 94 MPa (3.78-b)

)004,09,1( cnco f+=ε %o (3.79)

( cncncocu Ef5,15,2 −= εε ) (3.80)

com fcn , Ecn e fck em MPa.

A Figura 3.19 ilustra os diagramas tensão de compressão-deformação, para alguns

valores de fck, dados pelas equações da norma norueguesa NS-3473 E (1992).

0 1 2 3 40

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0fc k = 2 0 M P a

fc k = 3 0 M P a

fc k = 5 0 M P a

fc k = 7 0 M P a

fc k = 9 0 M P a

σ c ( M P a )

ε c ( % 0 )

N S

Figura 3.19 – Diagramas tensão de compressão-deformação segundo

a NS 3473 E

3.3.4 – Aço de armadura passiva

Em cálculos para os estados limites de serviço e último pode-se utilizar o diagrama

simplificado da Figura 3.20 para os aços com ou sem patamar de escoamento, que é

válido para intervalos de temperatura entre –20º e 150º C e pode ser aplicado tanto para

tração quanto para compressão (NBR 6118-2001).

10%o Figura 3.20 – Diagrama tensão-deformação do aço

εs

fyd

fuk

σs

82

Page 83: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Na falta de ensaios ou valores fornecidos pelo fabricante, o módulo de elasticidade do

aço pode ser admitido igual a 210 GPa.

3.3.5 – Aço de armadura ativa

Para o cálculo nos estados limites de serviço e último a NBR 6118-2000 permite utilizar

o diagrama simplificado da Figura 3.21, válido para intervalos de temperatura entre -20º

e 150º C. σs

εuk

fpd

fpk

fpyk

fpyd

εps

Figura 3.21 – Diagrama tensão-deformação para o aço protendido

O módulo de elasticidade deve ser obtido de ensaios ou fornecido pelo fabricante. Na

falta de dados específicos, pode-se considerar o valor de 200 GPa para fios e

cordoalhas, sendo este o valor adotado pelo programa. Os valores das tensões de

escoamento (fpyk e fpyd ), das tensões de ruptura (fpk e fpd ) e da máxima deformação do

aço (εuk ) são dados de entrada do programa.

3.4 – Carregamento de carga móvel

O efeito da carga móvel em estruturas de pontes é analisado carregando o tabuleiro da

ponte com trem-tipo e pesquisando os valores extremos dos esforços na estrutura. As

linhas de influência podem ser obtidas fazendo-se passear pela estrutura uma carga

unitária, computando os esforços correspondentes em cada seção da estrutura

relacionados com a seção de aplicação da carga.

As características do trem-tipo são estabelecidas em normas, sendo diferentes para

passarelas, estruturas rodoviárias e estruturas ferroviárias. A NBR 7188 define três

83

Page 84: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

categorias de trem-tipo rodoviário. A Figura 3.22 apresenta a geometria do trem-tipo

TB-450kN que será detalhado por ser o trem-tipo indicado para o uso em rodovias.

O caminhão tipo possui três eixos, com P = 150ϕi kN em cada um e uma carga de

multidão qm igual a 5ϕi kN/m2 localizada à frente e atrás do caminhão. A norma permite

a simplificação do trem-tipo considerando-se a carga de multidão em todo comprimento

e descontando-se o excesso de carga das cargas concentradas que representam os três

eixos do trem-tipo.

Figura 3.22 – Trem-tipo TB-450 kN segundo a NBR 7188

75ϕi kN / roda

(m)

5ϕi kN/m2

0,50 2,00 0,50 1,50

1,50

1,50

1,50

O coeficiente de impacto ϕi, indicado na Figura 3.22, tem seu valor para pontes

rodoviárias dado pela expressão 3.81 (NBR 7188). Este coeficiente é um fator que

considera a natureza dinâmica da carga móvel considerando as vibrações livres e

forçadas da superestrutura produzidas pela mobilidade das cargas, os efeitos de massa

dos veículos e seu amortecimento elástico e os efeitos de choques ocasionais, devidos a

irregularidades do tabuleiro (Mason, 1977).

84

Page 85: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

00,1007.04,1 ≥⋅−= ϕϕ li (3.81)

onde

lϕ é o comprimento do vão

3.5– Análise não-linear física

Para verificação da resistência da seção de concreto protendido faz-se a análise não-

linear física executando o cálculo das tensões e deformações em camadas da seção

transversal e exprimindo a deformação axial em função da curvatura do eixo do

elemento. São normalmente assumidas as seguintes hipóteses: as seções são planas

antes e depois da deformação das mesmas; a resistência do concreto à tração é nula; há

aderência perfeita entre a armadura e o concreto. Na Figura 3.23 vê-se a seção

transversal discretizada em camadas.

A protensão é considerada como um campo de deformações iniciais. Para a seção de

concreto armado e protendido, em que o concreto resiste apenas às tensões de

compressão e o aço às tensões de tração e de compressão, as equações de equilíbrio,

quando a seção está sujeita a flexão composta, são:

Figura 3.23 – Discretização da seção transversal

C.G.

yc, i

εc, i

ys, j

εC.G.

εs, j

85

Page 86: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

∫∫∫ ⋅+⋅+⋅=spsc A

spspA

ssA

cc dAdAdAN σσσ (3.82)

∫∫∫ ⋅⋅+⋅⋅+⋅⋅=spsc A

spspspA

ssasA

ccc dAydAydAyM σσσ (3.83)

onde:

σ é a tensão no nível do centróide da área (dA),

y é a distância da área (dA) ao centróide da seção,

Ac é a área de concreto da seção resistindo a tensões de compressão,

As é a área de armadura passiva na seção,

Asp é a área de armadura ativa na seção.

As equações 3.82 e 3.83 podem ser substituídas pelas equações 3.84 e 3.85, onde as

integrais são substituídas por somatórios.

∑∑∑ ∆⋅+∆⋅+∆⋅=k

kspkspj

jsjsi

icic AAAN ,,,,,, σσσ (3.84)

∑∑∑ ∆⋅⋅+∆⋅⋅+∆⋅⋅=k

kspkspkspj

jsjsjsi

icicic AyAyAyM ,,,,,,,,, σσσ (3.85)

onde:

i = 1,2, .... , n camadas de concreto submetido a compressão,

j = 1,2, .... , m camadas de armadura passiva,

k = 1,2, ... , l camadas de armadura ativa.

A deformação de qualquer camada da seção é dada pela equação abaixo.

yCG ⋅−= ϕεε (3.86)

onde:

ϕ é a rotação por unidade de comprimento do eixo da viga,

y é a distância do centróide da camada ao centróide da seção,

εCG é a deformação ao nível do centróide da seção.

As relações constitutivas dos materiais fornecem as tensões em cada material, sendo

iguais a:

86

Page 87: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

icicic E ,., εσ ⋅= (3.87)

jsjsjs E ,,, εσ = ⋅

(3.88)

kspkspksp E ,,, εσ ⋅= (3.89)

onde:

Ec,i é o módulo de elasticidade secante do concreto da camada i

Es,j é o módulo de elasticidade secante do aço passivo j

Esp,k é o módulo de elasticidade secante do aço ativo k

Com 3.86 nas equações 3.87 a 3.89 e com estas nas equações 3.84 e 3.85, as equações

de equilíbrio tomam a forma:

ϕε +⋅=− 2,11,1 KKNN CGP (3.90)

ϕε +⋅=+− 2,21,2 KKMM CGP (3.91)

onde:

∑ ∆⋅⋅=k

kspkspkspP AEN ,,, ε (3.92)

kspk

kspkspkspP yAEM ,,,, ⋅∆⋅⋅= ∑ ε (3.93)

∑ ∑ ∑ ∆⋅+∆⋅+∆⋅=i j k

kspkspjsjsicic AEAEAEK ,,,,,,1,1 (3.94)

2,,,

2,,,

2,,,2,2 ksp

i j kkspkspisjsjsicicic yAEyAEyAEK ⋅∆⋅+⋅∆⋅+⋅∆⋅= ∑ ∑ ∑ (3.95)

⋅∆⋅+⋅∆⋅+⋅∆⋅−= ∑ ∑ ∑ kspi j k

kspkspjsjsjsicicic yAEyAEyAEK ,,,,,,,,,2,1 (3.96)

K2,1=K1,2 (3.97)

ou, na forma matricial,

=

+−

−ϕε CG

P

P

KKKK

MMNN

2,21,2

2,11,1

87

Page 88: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

A solução deste sistema de equações é realizada por iterações sucessivas a partir de

valores iniciais do esforço normal e da deformação da fibra extrema do concreto ou do

par de esforços normal e momento. A iteração é feita buscando o equilíbrio da seção,

variando a altura da linha neutra e comparando o resultado obtido com os valores

iniciais.

88

Page 89: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

4 – DESCRIÇÃO DO PROGRAMA DESENVOLVIDO

4.1 – Programa existente

O programa existente, criado pelo Prof. Ibrahim Shehata na linguagem Visual Basic,

efetua a análise de um pórtico plano baseado no método da rigidez, fornecendo os

esforços e deslocamentos na estrutura para cada grupo de carregamentos atuantes. A

seguir são apresentados os fundamentos do método da rigidez e a descrição do

programa.

4.1.1 – Método da rigidez

O método da rigidez faz a análise estrutural através da solução de um sistema linear de n

equações e n incógnitas sendo muito eficiente com a associação de processos

computacionais. As estruturas de barras são constituídas por elementos em que uma de

suas dimensões (comprimento) é muito maior que as outras, podendo ser elas treliça

plana ou espacial, pórtico plano ou espacial, grelha ou viga.

A estrutura é composta por barras e nós, onde cada nó é a interseção de dois ou mais

elementos, podendo ser ou não um dos apoios da estrutura. Cada barra é representa pelo

seu eixo, a estrutura é composta de elementos lineares ligados nos nós, e relaciona-se o

vetor de carregamentos nodais com os seus deslocamentos através da seguinte equação

matricial:

F = [ K ] U (4.1)

onde:

F é o vetor de carregamentos nodais,

U é o vetor de deslocamentos nodais,

[K] é a matriz de rigidez global da estrutura cujo elemento individual kij

representa a força nodal Fi necessária para deslocar a estrutura no seu jéssimo grau

de liberdade com valor unitário (δj = 1).

89

Page 90: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

As incógnitas são os deslocamentos nodais da estrutura, excetuando aqueles definidos

pelas condições de contorno da estrutura, e a solução do problema consiste na obtenção

destes deslocamentos satisfazendo as condições de equilíbrio de cada elemento da

estrutura assim como de toda a estrutura. Um elemento de pórtico plano (Figura 4.1)

possui três incógnitas nodais: duas translações, u e v; e uma rotação θ.

A matriz de rigidez global da estrutura é geralmente montada a partir da matriz

individual de cada elemento [KL], que inicialmente é obtida no sistema de

coordenadas locais (plano XY). Para o caso de elementos de pórticos planos ela

reduz-se a:

y

xu1 u2

θ1 θ2

v1 v2

1 2L

Figura 4.1 – Elemento de pórtico plano

−−−

=

LEI

LEI

LEI

LEI

LEI

LEI

LEI

LEI

LAE

LAE

LEI

LEI

LEI

LEI

LEI

LEI

LEI

LEI

LAE

LAE

KL

460260

61206120

0000

260460

61206120

0000

][

22

2323

22

2323

onde:

A é a área da seção transversal do elemento,

E é o módulo de elasticidade do material do elemento,

I é o momento de inércia do elemento com relação ao seu eixo Z (Figura 4.1),

90

Page 91: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

L é o comprimento do elemento.

A partir da matriz de rigidez de cada elemento, as forças que atuam nas extremidades do

elemento podem ser obtidas por:

Fi = [ Kij ]L Uj (4.2)

Para a montagem da matriz de rigidez global da estrutura, os deslocamentos e a matriz

de rigidez de cada elemento são transformados para o sistema global de coordenadas

usando-se a relação geométrica entre os sistemas de coordenadas (Figura 4.2).

n θx

Y

z

y x

X Z

Figura 4.2 – Sistemas de coordenadas

Pela relação geométrica entre os eixos pode-se definir a matrix de transformação de

coordenadas [T], também definida como matriz de rotação, que transforma as

deformações locais dos elementos em deformações globais pela relação:

[ Uj ]G = [ T ] Uj L (4.3)

A matriz de rigidez global do elemento é:

[ Kij ]G = [ T ]-1 [ Kij ]L [ T ] (4.4)

onde, para pórticos planos, a matriz de transformação [ T ] é igual a:

[ ]

=

1000000cossen0000sencos0000001000000cossen0000sencos

θθθθ

θθθθ

T

91

Page 92: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

A matriz de rigidez da estrutura é formada pela superposição das matrizes de rigidez dos

elementos em função dos elementos que estão conectados entre si. A matriz de rigidez

da estrutura é uma matriz da seguinte forma:

K =

Superposição dos componentes dos elementos conectados entre si

Componentes do elemento 1

Componentes do elemento 2

Componentes do elemento 3

Componentes do elemento 4

Com a matriz de rigidez da estrutura definida e a associação das condições de contorno,

pode-se calcular os esforços e deslocamentos na estrutura para cada carregamento

atuante.

92

Page 93: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

4.1.2 – Coordenadas locais e globais

A convenção de sinais para o elemento de pórtico plano adotada pelo programa é a

indicada na Figura 4.3.

yxR

R

yx

Y

X

4.1.3 – Entrada de dados

A entrada dos dados é feita somente pela forma de arquivo seguindo a ordem abaixo:

1 – Título

2 – N, M, L, E

N = número de nós

M = número de elementos

L = número de restrições nodais

E = módulo de elasticidade do material

3 – AR (1) , i (1) , RH (1) , CON (1)

..............................................

AR (M) , i (M) , RH (M) , CON (M)

AR ( 1 a M ) - área de cada elemento,

Figura 4.3 – Convenção de sinais do elemento

i

j

93

Page 94: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

i ( 1 a M ) – momento de inércia de cada elemento com relação ao eixo que

passa pelo seu centróide,

RH ( 1 a M ) – condições de extremidades dos elementos sendo RR = rígido-rígido, HR = rotulado-rígido e RH = rígido-rotulado,

CON ( 1 a M ) – nó inicial e nó final de cada elemento.

4 – X (1), Y (1), A (1)

.............................

X (N), Y (N), A (N)

X ( 1 a N ) – coordenada nodal com relação ao eixo X global

Y ( 1 a N ) –coordenada nodal com relação ao eixo Y global

A ( 1 a N ) – restrição nodal

5 – Caso existam carregamentos nodais “Y” caso contrário “N”

6 – Caso a etapa 5 seja igual a “N” vai-se para a etapa 9, caso contrário: JN

JN = número do nó carregado

7 – Fx, Fy, M

Fx, Fy, M = vetor de carregamento nodal

8 – Caso haja outro nó carregado “Y” vai-se para a etapa 6, caso contrário “N”

9 – Caso haja carga nos elementos “Y” caso contrário “N”

10 – Caso a etapa 9 seja igual a “N” vai-se para a etapa 15, caso contrário: MembN, NL

MembN = número do elemento carregado

NL = número de tipos de carregamentos no elemento

11 – Fx, Fy, M, Tipo

Fx, Fy, M = vetor de carregamento

Tipo = tipo de carga no elemento:

C – concentrada, U – distribuída uniforme, PU – distribuída parcialmente

uniforme, LT – distribuída triangular para a esquerda, RT – distribuída

triangular para a direita.

12 – A, B

A = distância da carga ao nó inicial

B = comprimento da carga no elemento

13 – Repetem-se as etapas 11 e 12 NL vezes

14 – Caso haja outro elemento carregado “Y” vai-se para a etapa 10, caso contrário “N”

94

Page 95: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

15 – Caso haja outro conjunto de carregamento “Y” vai-se para a etapa 6, caso contrário “N” e encerra-se o bloco de dados.

4.1.4 – Fluxograma do programa

O fluxograma do programa está representado na Figura 4.4.

95

Figura 4.4 – Fluxograma do programa inicial.

ARQUIVO DE ENTRADA DE

DADOS

ROTINA FRMGERA A MATRIZ DE RIGIDEZ

GLOBAL DA ESTRUTURA

VERIFICA ALTURA DA

BANDAh < 45 ?

NÃO ENCERRA O PROGRAMA

SIM

REARRANJA A MATRIZ DE RIGIDEZ

ROTINA INTR

TRIANGULIZA A MATRIZ DE RIGIDEZ

ROTINA TRIANG

EXISTEM CARGAS NODAIS?

LEITURA DOS NÓS CARREGADOS E VETORES DE

CARGA

ROTINA JLOADNÃO

EXISTEM CARGAS NO

ELEMENTOS?SIM

LEITURA DOS ELEMENTOS, VETORES E TIPOS DE CARREGAMENTOS E GERAÇÃO DAS CARGAS NODAIS

ROTINA FEFF

ORDENA O VETOR DE CARREGAMENTOS

ROTINA ORDER

RESOLVE O SISTEMAS DE EQUAÇÕES

ROTINA BKSUB

CALCULA OS ESFORÇOS NOS EXTREMOS DOS ELEMENTOS

ROTINA FMEF

EXISTE OUTRO CARREGAMENTO?

SIM

NÃO

NÃOSIM CONCLUI O ARQUIVO DE RESULTADOS E TERMINA O

PROGRAMA

Page 96: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

4.1.5 – Tela do programa

O programa possui uma tela principal (Figura 4.5) onde são mostradas as principais

características da estrutura analisada como: o nome e localização dos arquivos de

entrada e saída de dados; o título do trabalho; número de nó, elementos e restrições da

estrutura; tempo de execução; um campo de texto com o resultado da análise da

estrutura.

Figura 4.5 – Tela do programa inicial.

4.2 – Programa desenvolvido

O programa “FRAME” foi ampliado, implementando-se a análise para carga móvel,

assim como o cálculo das tensões normais para cada carregamento atuante na estrutura,

orientando o programa para o cálculo de estruturas de pontes protendidas, verificando o

efeito da protensão e também a possibilidade de duas etapas de carregamento e/ou

protensão com a implementação da mudança automática das características das seções.

96

Page 97: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Inicialmente foi feita a construção de telas que permitem a entrada dos dados e em

seguida a implementação da mudança automática das características das seções, da

análise dos carregamentos que atuam após essa mudança e das tensões normais nas

fibras extremas das seções para cada carregamento. A seguir foi feita a implementação

para a análise da carga móvel, e da protensão.

O passo seguinte foi anexar algumas rotinas do programa “CONSEC”, de autoria do

Prof. Ibrahim Shehata e co-autoria dos alunos Tales Simões Mattos e Breno Ferreira

Grossi. O programa faz a análise não-linear e otimização de seções de concreto armado

e protendido. As rotinas anexadas foram apenas as relacionadas à análise não-linear.

4.2.1 – Mudança das características das seções

As seções podem ser discretizadas de duas formas: diretamente por seus valores (área,

inércia, distância do centróide à fibra extrema superior e distância do centróide à fibra

extrema inferior) ou através de trapézios, triângulos e retângulos. Neste último caso, o

programa faz o cálculo automático das características de acordo com as formulações

descritas no item 3.2.

As seções da estrutura podem ser associadas aos elementos ou nós da estrutura. Na

segunda alternativa, o programa considera para área e a inércia de cada elemento a

média aritmética das características das seções nos extremos do elemento. Deve-se

associar as seções que atuam na primeira etapa de carregamento e/ou protensão e as

seções que atuam na segunda etapa (quando houver).

4.2.2 - Segunda etapa de carregamentos

Inicialmente é feito o cálculo das tensões normais para cada carregamento que atua na

estrutura. As tensões normais para os carregamentos que atuam na primeira etapa de

protensão são calculadas nas fibras indicadas na Figura 4.6a e as tensões normais para

os carregamentos que atuam na segunda etapa são calculadas nas fibras indicadas na

97

Page 98: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Figura 4.6b. As seções da segunda etapa de carregamento serão sempre maiores que as

seções da primeira etapa de carregamento.

Inicialmente é feita a análise referente a cada carregamento da primeira etapa estando a

estrutura com as características das seções desta fase, e, em seguida faz-se a mudança

das características das seções da estrutura e a análise para os carregamentos que atuam

nesta fase.

4.2.3 –Carga móvel

Devem ser definidos os elementos que serão analisados e os elementos que serão

solicitados pelo trem-tipo. Em seguida é feito o cálculo da linha de influência nos

elementos a analisar, fazendo-se passar uma carga unitária em cada nó dos elementos

solicitados associando sua posição aos resultados da análise em cada nó dos elementos

analisados. A partir da linha de influência de cada esforço e do trem-tipo adotado (trem-

tipo simplificado definido no ítem 3.4 do Capítulo 3), são obtidos os máximos esforços

devidos à carga móvel assim como as tensões normais.

Figura 4.6 – Posições de cálculo das tensões normais

σ3

σ2σ1

(a) (b)

98

Page 99: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

4.2.4 –Protensão

A consideração da protensão é feita como mostrado no item 3.3, sendo calculados os

esforços isostáticos de protensão após as perdas imediatas e calculados os esforços

hiperestáticos de protensão aplicando os momentos isostáticos nos extremos dos

elementos e os esforços que os equilibram, de acordo com a Figura 3.12. Em seguida

são calculadas as perdas diferidas, obtendo-se os esforços isostáticos de protensão no

tempo t e os esforços hiperestáticos de protensão, assim como as tensões normais.

4.2.5 – Entrada de dados

A entrada de dados é feita de forma iterativa, na tela do computador. A Figura 4.7

mostra a tela inicial do programa.

Figura 4.7 – Tela inicial

Nesta tela são informados ao programa os números de nós, elementos, seções, restrições

e de materiais da estrutura. Deve-se informar se as seções discretizadas referem-se aos

elementos da estrutura ou aos nós e se elas serão discretizadas em trapézios para o

99

Page 100: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

cálculo das características ou serão fornecidos os valores destas. São dados também os

números de fases de protensão e de carregamentos: um ou dois. A partir desta tela pode-

se acessar as outras para conclusão da entrada de dados da estrutura, clicando-se os

botões.

4.2.5.1 – Coordenadas dos nós

Clicando o botão “Coordenadas dos Nós” na tela inicial pode-se acessar a tela para a

entrada das coordenadas dos nós da estrutura (Figura 4.8). Nesta tela informam-se as

coordenadas globais X e Y de cada nó. Caso as seções sejam fornecidas nos nós, deve-

se informar o tipo da seção de cada nó para a primeira fase de carregamento ou

protensão, e para a segunda fase de carregamento ou protensão caso haja mudança de

seção. Se o número de nós for superior a 30, após informar as coordenadas e tipos se

seções até o trigésimo nó, clica-se o botão “Próximo” para continuar a discretização dos

nós, repetindo-se esse procedimento até o final da discretização. Para retornar à tela

inicial deve-se clicar o botão “Voltar”.

Figura 4.8 – Tela de entrada das coordenadas dos nós

100

Page 101: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

4.2.5.2 – Características das seções

As características das seções podem ser informadas de duas formas: pela discretização

da seção em trapézios, triângulos e retângulos ou fornecendo diretamente os valores das

características. Caso seja definido na tela inicial (Figura 4.7) que os valores das

características das seções serão fornecidas diretamente, ao clicar o botão “Seções”

aparece a tela para entrada dos valores de cada seção (Figura 4.9): área, momento de

inércia e as distâncias do centróide às fibras superior e inferior (Ys e Yi ) para cada

seção.

A tela permite que sejam preenchidos os valores de até seis seções; quando existirem

mais de seis seções deve-se clicar o botão “Próximo” e fornecer os valores das demais

seções, repetindo este procedimento até o término das seções. Para retornar à tela inicial

clica-se o botão “Voltar”.

Figura 4.9 – Tela de entrada de dados das características das seções

101

Page 102: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Quando cada seção for discretizada em trapézios, triângulos e retângulos, ao clicar o

botão “Seções” na tela inicial a tela da Figura 4.10 automaticamente surge, permitindo o

preenchimento dos valores da base superior (bs), base inferior (bi) e altura (h) de cada

trapézio que compõe a seção, podendo cada seção conter até doze trapézios. Após o

fornecimento das características de cada seção deve-se clicar o botão “Próxima” para

fornecer os valores dos trapézios da próxima seção, repetindo-se este procedimento até

o término das seções. Os valores das características de cada seção são calculados

automaticamente pelo programa. Para retornar à tela principal deve-se clicar o botão

“Voltar”.

4.10 – Tela de discretização das seções em trapézios

102

Page 103: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

4.2.5.3 – Características dos materiais

Para definir cada material que compõe a estrutura deve-se clicar o botão “Materiais” na

tela inicial para o fornecimento dos valores do módulo de elasticidade de cada material

(Figura 4.11). Permite-se até seis tipos diferentes de materiais. A associação do material

dos elementos é feita na tela “Elementos” mostrada na Figura 4.12. Para retornar à tela

inicial deve-se clicar o botão “Voltar”.

Figura 4.11 – Tela de definição do módulo de elasticidade do material

4.2.5.4 – Elementos

Para a definição de cada elemento que compõe a estrutura clica-se o botão “Elementos”

na tela inicial e surge a tela da Figura 4.12, onde são informadas as características de

cada elemento. Para cada elemento deve-se fornecer os números dos nó inicial e nó

103

Page 104: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

final, sendo que necessariamente o número do nó inicial deve ser menor que o do nó

final, o número correspondente ao tipo de material do elemento e, caso as seções sejam

definidas nos elementos (Figura 4.7), o número correspondente ao tipo de seção do

elemento.

Figura 4.12 – Tela de definição dos elementos

4.2.5.5 – Condições de contorno

As condições de contorno da estrutura são fornecidas clicando o botão “Condições de

Contorno” na tela inicial, fazendo surgir a tela da Figura 4.13. Deve-se fornecer o

número de nós com restrições a movimento e para cada nó as respectivas restrições. O

tipo de restrição do nó é informado na ordem XYR, onde X representa a restrição de

104

Page 105: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

translação na direção X, Y representa a restrição de translação na direção Y e R a

restrição de rotações no plano XY, preenchendo-se com “0” (sem restrição a

movimento) ou “1” (com restrição a movimento). Para retornar a tela inicial deve-se

clicar o botão “Voltar”.

Figura 4.13 – Tela de definição das condições de contorna da estrutura

4.2.5.6 – Carga Móvel

Para entrada dos dados relativos à carga móvel clica-se o botão “Carga Móvel” na tela

inicial para que surja a tela da Figura 4.14. Inicialmente define-se se é para serem feitos

o cálculo dos esforços relativos a carga móvel e a impressão das linhas de influência no

arquivo de resultados, e em seguida são dados os valores da cargas concentradas (P) e

distribuída (qm) do trem-tipo longitudinal. Define-se o número de elementos onde o

trem-tipo é para ser considerado. Clicando o botão “Seqüência de Tráfego” aparece a

tela da Figura 4.15 que permite informar os elementos na seqüência em que o trem-tipo

105

Page 106: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

deve ser deslocado. Esta seqüência pode ser gerada automaticamente caso isto seja

indicado na tela 4.14, necessitando apenas que se definam os números do primeiro e do

último elemento da seqüência ou, caso não seja indicada a geração automática, define-se

ordenadamente cada elemento da seqüência.

Figura 4.14 – Tela para entrada de dados de carga móvel

A quantidade de elementos que serão analisados é definida na tela 4.14 e, clicando o

botão “Elementos Analisados”, definem-se os elementos que serão analisados na tela

4.16. Esta seqüência pode ser gerada automaticamente, sendo definido na tela da Figura

4.14 a geração automática e na tela da Figura 4.16 o primeiro e o último elemento a

serem analisados. Caso a seqüência dos elementos analisados não seja gerada

automaticamente, os campos de texto na tela da Figura 4.16 estarão disponíveis para

que sejam indicados os elementos analisados.

106

Page 107: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Figura 4.15 – Tela de definição da seqüência de tráfego

107

Page 108: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Figura 4.16 – Tela de definição dos elementos analisados na carga móvel

108

Page 109: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

4.2.5.7 – Balanços

Caso a estrutura possua balanços nas extremidades, deve-se clicar o botão “Elementos

em Balanços” na tela inicial (Figura 4.7) para que apareça a tela de definição dos

elementos em balanço (Figura 4.17). Deve-se informar a existência ou não de balanço

nas extremidades esquerda e direita da estrutura e o número dos elementos em balanço.

Figura 4.17 – Tela de definição dos balanços

4.2.5.8 – Articulações

A tela da Figura 4.18 permite a definição dos elementos que têm uma de suas

extremidades ou ambas articuladas. Esta tela é acessada ao clicar o botão “Articulações”

na tela inicial. Define-se a quantidade de elementos articulados e se cada elemento está

articulado em sua extremidade esquerda, direita ou em ambas as extremidades.

109

Page 110: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Figura 4.18 – Tela para definição de articulações na estrutura

4.2.5.9 – Carregamentos

Para definição dos carregamentos atuantes na estrutura clica-se o botão “Carregamento”

na tela inicial (Figura 4.7) para que surja a tela da Figura 4.19, onde se indicam os

números de carregamentos na primeira fase de carregamento e da segunda fase de

carregamento, que são os carregamentos que atuam após a mudança da seção

transversal, caso esta exista. Clicando-se o botão “Cargas” aparece a tela da Figura 4.20.

110

Page 111: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Figura 4.19 – Tela para definição do número de carregamentos

Nela informa-se o título do carregamento, se há cargas nodais e, em caso afirmativo,

clicando-se o botão valores aparece a tela para definição das cargas nodais (Figura

4.21).

Figura 4.20 – Tela para definição dos carregamentos

111

Page 112: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Figura 4.21 – Tela de definição dos valores das cargas nodais

Na tela de entrada de dados das cargas informam-se o número do nó carregado e os

valores das forças atuantes nas direções X e Y e do momento com relação ao eixo Z.

Clicando-se no botão “Voltar” retorna-se à tela da Figura 4.20 e informa-se se há cargas

nos elementos e, caso estas existam, o número de elementos carregados. Clicando-se no

botão “Valores” surge a tela da Figura 4.22, que permite informar para cada elemento

carregado o tipo e os valores das cargas. Para retorna à tela de carregamentos clica-se o

botão “Voltar”.

112

Page 113: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Figura 4.22 – Tela de definição das cargas nos elementos

113

Page 114: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

4.2.5.10 – Protensão

Clicando-se o botão “Protensão” na tela inicial surge a de definição dos números de

cabos das primeira e segunda fase de protensão.

Figura 4.23 – Tela para definição do número de cabos

Nesta tela, são fornecidas a resistência à compressão do concreto, a idade em dias da

aplicação da protensão, a idade em dias da análise da protensão, a umidade relativa do

ar, a área da seção transversal e o perímetro da seção em contato com o meio ambiente.

Para a discretização da cablagem deve-se clicar o botão “Cabos Fase 1” que faz surgir a

tela da Figura 4.24. Nesta tela, informam-se a sigla do cabo, o módulo de elasticidade

do aço, a tensão de aplicação da protensão, a área do cabo, a tensão de ruptura e de

escoamento do aço, a perda por recuo da ancoragem, o coeficiente de atrito do cabo

com a bainha, a perda por unidade de comprimento do cabo devido à curvatura não

intencional, o número de elementos atravessados pelo cabo, a distância entre a

ancoragem inicial e o primeiro nó atravessado pelo cabo, a distância entre a ancoragem

final e o último nó atravessado pelo cabo, o tipo de ancoragem (viva-viva, viva-morta e

morta-viva), o número de cada elemento atravessado pelo cabo, o ângulo α, em graus,

114

Page 115: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

de inclinação do cabo com a direção horizontal em cada seção e a cota (distância do

centróide do cabo à extremidade inferior da seção) do cabo em cada seção.

Figura 4.24 – Tela para descrição da cablagem

Com relação ao primeiro nó atravessado pelo cabo, deve-se considerar que este é o

primeiro nó, a partir da ancoragem inicial, em que a força de protensão está atuando

completamente na seção do nó, após um espraiamento de 45º, devendo ser adotado o

mesmo critério para o último nó atravessado pelo cabo. O sinal do ângulo α de

115

Page 116: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

inclinação do cabo com a direção horizontal deve seguir a convenção mostrada na

Figura 4.25.

4.2.5.11 – Análise da estrutura

Figura 4.25 – Definição do ângulo α

α > 0

α < 0

Após o fornecimento de todos os dados relativos à estrutura, faz-se análise clicando o

botão “Calcular” na tela inicial que abre a tela da Figura 4.26. Clica-se então o botão

“Calcular”. Após o processamento, o programa gera o arquivo de resultados e imprime

no campo de texto da tela o resultado da análise.

Figura 4.26 – Tela de execução do programa

116

Page 117: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

4.2.6 – Verificação no estado limite último

A verificação à ruptura é feita com rotinas do programa “CONSEC” , como mencionado

no Capítulo 3, que fazem a análise não-linear da seção de concreto considerando a

existência ou não de armadura ativa e/ou passiva. O módulo da análise não-linear é

acessado a partir da tela da Figura 4.26. Clica-se o botão “Análise” e a tela da Figura

4.27 surge.

A discretização da seção é feita em trapézios, triângulos e retângulos. Clicando-se o

botão “Discretização” surge a tela da Figura 4.28. Na tela da Figura 4.27 informam-se a

resistência do concreto (que para a análise à ruptura deve ser de projeto), o tipo de curva

tensão de conpressão-deformação a ser adotada na análise, existindo três opções: a

curva da NBR 6118-2001, a do CEB-FIP boletim 228 e a da NS 3473 E, (item 3.3.3.4).

Figura 4.27 – Tela da análise não-linear

117

Page 118: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Figura 4.28 – Tela para discretização da seção em trapézios

Informam-se também as resistências características do aço passivo, do aço ativo e a

deformação última do aço. Clicando-se do botão “Aço” surge a tela da Figura 4.29 e

faz-se a discretização das camadas de aço existentes, informando para cada camada a

área de aço, a altura efetiva (Di), de acordo com a Figura 4.30 e o índice de protensão

γp que é a relação entre a tensão de protensão aplicada ao aço e a tensão de escoamento

do aço.

Figura 4.29 – Tela para discretização das camadas de aço

118

Page 119: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Para retornar à tela da Figura 4.27 clica-se no botão “Voltar”.

A análise pode ser feita de duas maneiras. Fornecendo o par de valores de esforço

normal e momento que atuam na seção, clicando-se o botão “ANÁLISE dado M,N” na

tela da Figura 4.27, que abrirá duas caixas de resposta para fornecimento dos valores. A

outra forma para análise da seção é feita fornecendo o valor do esforço normal que atua

na seção e da máxima deformação do concreto, clicando-se o botão “ANÁLISE dado

eps_c,N”. Para as duas formas de análise, o programa fornecerá como resultado o par de

esforços normal e momento, a altura da linha neutra, a deformação no nível do centróide

da seção, a máxima deformação do concreto e a deformação da primeira e da última

camada de aço. O programa faz a análise da seção segundo o procedimento descrito no

item 3.5, adotando a curva tensão de compressão-deformação do concreto proposta pela

NBR 6118-2001 ou a curva proposta pelo CEB-FIP MC90 para concretos com fck < 50

MPa e ao CEB-FIP boletim 228 para concretos com 50 < fck < 100 MPa ou a curva

proposta pela NS 3473 E, conforme a escolha realizada na Tela 4.27. Para o aço o

programa adota a relação tensão-deformação bi-linear.

Figura 4.30 – Discretização das camadas de aço

• •

119

Page 120: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

5 – APLICAÇÃO DO PROGRAMA PÓRTICO

Com o programa desenvolvido, foram feitas as análises das superestruturas de duas

pontes com características diferentes. As duas estruturas foram projetadas pela empresa

Pontis Consultoria e Projetos LTDA. Uma é a Ponte sobre o Igarapé Breu e a outra é a

Ponte sobre o Rio Arraia.

5.1 – Análise da superestrutura da Ponte sobre o Igarapé Breu

A obra está localizada no trecho Cachoeira Stº Antô-Entr. AP-220/230/310 (P/

Oiapoque) da Rodovia BR-156/AP. A estrutura possui a seção transversal em caixão, e

está dividida em três vãos com 25m, 30m e 25m de comprimento cada um, com a

extensão total de 80m. As extremidades estão apoiadas sobre encontros e os apoios

intermediários são pilares engastados em tubulões. A obra está detalhada nos desenhos

01, 02, 05 e 06 no Apêndice 1, que foram cedidos pela empresa que a projetou.

5.1.2 – Análise da estrutura

5.1.2.1 – Características das seções transversais

Faz-se a divisão da seção transversal em trapézios, triângulos e retângulos como

indicado nas Figuras 5.1 e 5.2, onde bo é a largura da viga e ei é a espessura da laje

inferior.

120

Figura 5.1 – Seção transversal da Ponte sobre o Igarapé Breu

Page 121: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

A Tabela 5.1 mostra as dimensões de cada divisão de cada seção e a Tabela 5.2 mostra

os valores de A, I, ys e yi das seções.

Figura 5.2 – Divisão da seção transversal em trapézios, retângulos e retângulos

93.90-e i

11.8013.204.00

17.10

30.00e i

1180

830.00 + 2 bo

780.70 + 2 bo

700.70 + 2 bo

bo

bo120.00 + 2 bo

610.00 (cm)

Tabela 5.1 – Discretização das seções em trapézios

b0 (m) = 0,700 ei (m) = 0,300 b0 (m) = 0,580 ei (m) = 0,228Bs (m) Bi (m) h (m) A (m2) Bs (m) Bi (m) h (m) A (m2)0,000 11,800 0,118 0,696 0,000 11,800 0,118 0,696

11,800 11,800 0,132 1,558 11,800 11,800 0,132 1,5589,700 9,207 0,040 0,378 9,460 8,967 0,040 0,3698,407 1,400 0,171 0,839 8,167 1,160 0,171 0,7971,400 1,400 0,639 0,895 1,160 1,160 0,711 0,8251,400 2,600 0,300 0,600 1,160 2,360 0,300 0,5286,100 6,100 0,300 1,830 6,100 6,100 0,228 1,391

Área total ( m2 ) = 6,795 Área total ( m2 ) = 6,163

b0 (m) = 0,460 ei (m) = 0,156 b0 (m) = 0,400 ei (m) = 0,120Bs (m) Bi (m) h (m) A (m2) Bs (m) Bi (m) h (m) A (m2)0,000 11,800 0,118 0,696 0,000 11,800 0,118 0,696

11,800 11,800 0,132 1,558 11,800 11,800 0,132 1,5589,220 8,727 0,040 0,359 9,100 8,607 0,040 0,3547,927 0,920 0,171 0,756 7,807 0,800 0,171 0,7360,920 0,920 0,783 0,720 0,800 0,800 0,819 0,6550,920 2,120 0,300 0,456 0,800 2,000 0,300 0,4206,100 6,100 0,156 0,952 6,100 6,100 0,120 0,732

Área total ( m2 ) = 5,497 Área total ( m2 ) = 5,151

Seção S0 = S10 = S20 = S30 S1 = S9 = S11 = S19 = S21 = S29

S3 a S7 = S13 a S17 = S23 a S27 S2 = S8 = S12 = S18 = S22 = S28

121

Page 122: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Tabela 5.2 – Valores das características das seções

S0 6,795 2,414 0,741 0,959S1 6,163 2,215 0,699 1,001S2 5,497 1,924 0,638 1,062S3 5,151 1,731 0,597 1,103S4 5,151 1,731 0,597 1,103S5 5,151 1,731 0,597 1,103S6 5,151 1,731 0,597 1,103S7 5,151 1,731 0,597 1,103S8 5,497 1,924 0,638 1,062S9 6,163 2,215 0,699 1,001S10 6,795 2,414 0,741 0,959S11 6,163 2,215 0,699 1,001S12 5,497 1,924 0,638 1,062S13 5,151 1,731 0,597 1,103S14 5,151 1,731 0,597 1,103S15 5,151 1,731 0,597 1,103

Yi (m)Seção Área (m2)

Inércia (m4)

Ys (m)

5.1.2.2 – Cálculo dos carregamentos atuantes

5.1.2.2.1 – Peso próprio da estrutura (g1)

5.1.2.2.1.1 – Carga distribuída

Como o peso específico do concreto é de 25 kN/m3, o carregamento distribuído devido

ao peso próprio estrutural é

g1 = A ⋅ 25 (kN/m) (5.1)

A Tabela 5.3 mostra os valores do carregamento distribuído em cada seção.

122

Page 123: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Tabela 5.3 – Cargas distribuídas do peso próprio da estrutura em cada seção

S0 6,795 169,9S1 6,163 154,1S2 5,497 137,4S3 5,151 128,8S4 5,151 128,8S5 5,151 128,8S6 5,151 128,8S7 5,151 128,8S8 5,497 137,4S9 6,163 154,1

S10 6,795 169,9S11 6,163 154,1S12 5,497 137,4S13 5,151 128,8S14 5,151 128,8S15 5,151 128,8

Seção Área (m2)g1

(kN/m)

Uma vez que as áreas das seções são variáveis, os carregamentos distribuídos também

são variáveis, e tem-se o carregamento distribuído entre as seções variando linearmente

(Figura 5.3).

123

Figura 5.3 – Carregamento distribuído devido ao peso da estrutura

Page 124: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

5.1.2.2.1.2 – Cargas concentradas

a) Transversina de apoio extremo

A Figura 5.4 mostra a seção transversal da transversina. A área da seção transversal da

transversina é igual a 5,24m2, a espessura é 0,60m e a carga concentrada referente à

transversina é 78,56 kN.

Figura 5.4 – Seção transversal da transversina

(cm)

b) Transversina de apoio intermediário

A seção transversal da transversina do apoio intermediário é a mesma da Figura 5.3. A

espessura desta transversina é igual a 1,00m, e a carga concentrada referente à

transversina é 130,94 kN.

c) Placas de ancoragem

Em cada extremidade da obra existem duas placas de ancoragem que possuem o peso de

10,41 kN cada uma.

O carregamento devido ao peso da estrutura está resumido na Figura 5.5.

124

Page 125: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Figura 5.5 – Resumo do carregamento devido ao peso próprio da estrutura

5.1.2.2.2 – Sobrecarga permanente (g2)

O carregamento devido à sobrecarga permanente é composto pelos guarda-rodas e pela

pavimentação asfáltica, não existindo cargas concentradas.

5.1.2.2.2.1 – Guarda-rodas

O guarda-rodas utilizado na obra possui suas dimensões padronizadas e seu peso por

metro linear é igual a 5,80 kN/m. Como a obra possui dois guarda-rodas o peso total é

de 11,60 kN/m.

5.1.2.2.2.2 – Pavimentação asfáltica

A obra possui um revestimento asfáltico com 0,07m de espessura e 11,00m de largura.

O peso específico do revestimento asfáltico é de 24,00 kN/m3. O peso por metro linear

devido à pavimentação é de 18,48 kN/m.

O carregamento devido à sobrecarga permanente está resumido na Figura 5.6.

125

Page 126: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

5.1.2.2.3 – Carga móvel

Figura 5.6 – Carregamento devido à sobrecarga permanente

Foi adotado o trem-tipo TB 450 kN da NBR 7188. Inicialmente faz-se o cálculo do

coeficiente de impacto para cada vão estrutural, de acordo com a equação 3.81 do

Capítulo 3. Os valor do coeficiente de impacto para cada vão é de:

ϕi = 1,230 para o vão de 24,30m

ϕi = 1,190 para o vão de 30,00m

Para simplificar o cálculo adota-se um único valor para o coeficiente de impacto, igual a

1,230.

A distribuição transversal das cargas do trem-tipo para obter o trem-tipo longitudinal, é

a mostrada na Figura 5.7.

8,50m2,00 m0,50 m 5,00 ϕ kN/m260 ϕ kN 60 ϕ kN

Figura 5.7 – Distribuição transversal do trem-tipo

126

Page 127: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Os valores das cargas do trem-tipo longitudinal estão na Figura 5.8.

5.1.2.3 – Descrição da cablagem

Figura 5.8 – Trem-tipo longitudinal

Foram utilizados 7 cabos compostos por cordoalhas de 12 φ 12,7 mm do tipo CP-190

RB. A área da seção transversal dos cabos é de 11,84 cm2 e a força de protensão

aplicada aos cabos é igual a 1687 kN, que corresponde a uma tensão de 1425 MPa. O

módulo de elasticidade do aço é igual a 195000 MPa e o coeficiente de atrito µ entre o

cabo e a bainha foi adotado igual a 0,25. A cablagem está apresentada nos desenhos 05

e 06 (Apêndice 1) e as Tabelas 5.4 a 5.7 mostram os valores das cotas e dos ângulos α

de inclinação dos cabos em cada seção de metade da ponte.

Tabela 5.4 – Cotas e inclinações dos cabos C1 e C2

Seção Cota (m) α (º) Seção Cota (m) α (º)S1 1,04 -7,50 S1 1,04 -7,50S2 0,70 -7,50 S2 0,70 -7,50S3 0,39 -5,50 S3 0,39 -5,50S4 0,25 0,00 S4 0,25 0,00S5 0,25 2,00 S5 0,25 2,00S6 0,62 14,00 S6 0,58 9,00S7 1,25 12,00 S7 0,95 9,00S8 1,56 3,50 S8 1,32 4,00S9 1,60 0,00 S9 1,58 2,50

S10 1,60 0,00 S10 1,60 0,00S11 1,60 0,00 S11 1,55 -4,00S12 1,39 -8,50 S12 1,07 -10,50S13 0,75 -14,00 S13 0,54 -11,00S14 0,25 -2,00 S14 0,25 0,00S15 0,25 0,00 S15 0,25 0,00

Cabo C1 Cabo C2

127

Page 128: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Tabela 5.5 – Cotas e inclinações dos cabos C3 a C4

Seção Cota (m) α (º) Seção Cota (m) α (º)S1 0,84 -5,50 S1 0,62 -4,00S2 0,59 -5,50 S2 0,43 -4,00S3 0,35 -4,50 S3 0,25 -4,00S4 0,25 0,00 S4 0,10 -1,50S5 0,25 0,00 S5 0,10 0,00S6 0,35 6,50 S6 0,10 1,00S7 0,68 8,00 S7 0,36 10,00S8 1,03 3,50 S8 0,78 5,50S9 1,39 8,50 S9 1,22 9,50S10 1,60 0,00 S10 1,40 0,00S11 1,32 -9,00 S11 1,10 -10,00S12 0,82 -9,50 S12 0,55 -10,00S13 0,37 -6,50 S13 0,17 -3,50S14 0,25 0,00 S14 0,10 0,00S15 0,25 0,00 S15 0,10 0,00

Cabo C3 Cabo C4

Tabela 5.6 – Cotas e inclinações dos cabos C5 e C6

Seção Cota (m) α (º) Seção Cota (m) α (º)S1 0,39 -3,00 S1 0,21 -0,50S2 0,26 -2,50 S2 0,16 -0,50S3 0,15 -2,00 S3 0,10 -0,50S4 0,10 0,00 S4 0,10 0,00S5 0,10 0,00 S5 0,10 0,00S6 0,10 0,00 S6 0,11 0,00S7 0,11 3,00 S7 0,48 3,00S8 0,48 14,00 S8 1,16 14,50S9 1,16 11,50 S9 1,40 11,50S10 1,40 0,00 S10 1,04 0,00S11 1,04 -13,00 S11 0,25 -13,00S12 0,25 -9,50 S12 0,10 -9,50S13 0,10 0,00 S13 0,10 0,00S14 0,10 0,00 S14 0,10 0,00S15 0,10 0,00 S15 0,10 0,00

Cabo C5 Cabo C6

Tabela 5.7 – Cotas e inclinações do cabo C7

7Seção Cota (m) α (º)S11 0,54 -10,00S12 0,10 -3,00S13 0,10 0,00S14 0,10 0,00S15 0,10 0,00

Cabo C

128

Page 129: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

5.1.2.4 – Modelagem da estrutura

A Figura 5.9 mostra a modelagem da estrutura.

Figura 5.9 – Modelagem da estrutura

129

Page 130: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

5.1.2.5 – Coordenadas dos nós

As coordenadas dos nós da estrutura estão mostradas na Tabela 5.8.

Tabela 5.8 – Coordenadas dos nós

0,000

Nó x (m) y (m)1 0,000 0,0002 2,435 0,0003 4,870 0,0004 7,305 0,0005 9,740 0,0006 12,175 0,0007 14,610 0,0008 17,045 0,0009 19,480 0,00010 21,915 0,00011 24,350 0,00012 27,350 0,00013 30,350 0,00014 33,350 0,00015 36,350 0,00016 39,350 0,00017 42,350 0,00018 45,350 0,00019 48,350 0,00020 51,350 0,00021 54,350 0,00022 56,785 0,00023 59,220 0,00024 61,655 0,00025 64,090 0,00026 66,525 0,00027 68,960 0,00028 71,395 0,00029 73,830 0,00030 76,265 0,00031 78,700

130

Page 131: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

5.1.2.6 – Resultados

A Tabela 5.9 mostra os valores dos esforços obtidos pelo programa PÓRTICO e os

esforços obtidos com o uso do programa SALT, desenvolvido pelo Departamento de

Mecânica Aplicada e Estruturas da Universidade Federal do Rio de Janeiro

(acd.ufrj.br/~salt).

Tabela 5.9 – Esforços devido ao carregamento de peso próprio

1 0,0 1267,8 0,0 0,0 1305,8 0,02 0,0 873,4 2599,1 0,0 892,1 2690,63 0,0 518,5 4285,5 0,0 516,9 4421,94 0,0 194,4 5149,1 0,0 182,2 5281,75 0,0 -119,2 5240,7 0,0 -131,3 5343,76 0,0 -432,7 4568,7 0,0 -444,9 4642,27 0,0 -746,3 3133,2 0,0 -758,5 3177,28 0,0 -1059,9 934,2 0,0 -1072,0 948,69 0,0 -1384,0 -2036,9 0,0 -1406,7 -2077,710 0,0 -1738,9 -5830,8 0,0 -1781,9 -5976,2

11 esq 0,0 -2133,3 -10537,3 0,0 -2195,6 -10834,311 dir 0,0 2095,1 -10537,3 0,0 2157,7 -10834,3

12 0,0 1609,2 -4992,7 0,0 1648,1 -5102,013 0,0 1172,0 -833,5 0,0 1185,8 -826,314 0,0 772,7 2077,0 0,0 773,5 2125,515 0,0 386,3 3815,4 0,0 387,2 3866,516 0,0 0,0 4394,9 0,0 0,0 4448,4

Programa SALT Programa PórticoNó

Carregamento Peso Próprio ( g1 )

Normal (kN)

Cortante (kN)

Momento (kN.m)

Normal (kN)

Cortante (kN)

Momento (kN.m)

A Tabela 5.10 mostra os valores dos esforços devido ao carregamento de sobrecarga

permanente obtidos pelo programa PÓRTICO e pelo programa SALT. A Tabela 5.11

mostra a diferença percentual dos valores dos esforços obtidos pelos programas para

cada nó.

131

Page 132: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Tabela 5.10 – Esforços devido ao carregamento de sobrecarga permanente

1 0,0 268,9 0,0 0,0 268,8 0,02 0,0 195,7 565,6 0,0 195,5 565,33 0,0 122,4 952,9 0,0 122,3 952,34 0,0 49,2 1161,9 0,0 49,1 1160,95 0,0 -24,1 1192,5 0,0 -24,2 1191,16 0,0 -97,3 1044,7 0,0 -97,4 1043,07 0,0 -170,6 718,6 0,0 -170,7 716,68 0,0 -243,8 214,1 0,0 -243,9 211,89 0,0 -317,0 -468,7 0,0 -317,2 -471,310 0,0 -390,3 -1329,9 0,0 -390,4 -1332,8

11 esq 0,0 -463,5 -2369,4 0,0 -463,7 -2372,711 dir 0,0 451,2 -2369,4 0,0 451,2 -2372,7

12 0,0 361,0 -1151,2 0,0 361,0 -1154,413 0,0 270,7 -203,6 0,0 270,7 -206,914 0,0 180,5 473,2 0,0 180,5 469,915 0,0 90,2 879,3 0,0 90,2 876,016 0,0 0,0 1014,6 0,0 0,0 1011,3

Programa SALT Programa PórticoNormal

(kN)Cortante

(kN)Momento

(kN.m)Normal

(kN)Cortante

(kN)Momento

(kN.m)

Carregamento Sobrecarga Permanente ( g2 )

Tabela 5.11 – Diferença entre os valores dos programas PÓRTICO e SALT

1 2,9 0,0 0,0 0,02 2,1 3,4 0,1 0,13 0,3 3,1 0,1 0,14 6,7 2,5 0,2 0,15 9,2 1,9 0,6 0,16 2,7 1,6 0,1 0,27 1,6 1,4 0,1 0,38 1,1 1,5 0,0 1,19 1,6 2,0 0,1 0,5

10 2,4 2,4 0,0 0,211 esq 2,8 2,7 0,0 0,111 dir 2,9 2,7 0,0 0,1

12 2,4 2,1 0,0 0,313 1,2 0,9 0,0 1,614 0,1 2,3 0,0 0,715 0,2 1,3 0,0 0,416 0,0 1,2 0,0 0,3

Momento

Peso Próprio SobrecargaNó

Diferença (%)

Cortante Momento Cortante

132

Page 133: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

A Tabela 5.12 mostra os valores dos esforços devidos a carga móvel obtidos pelo

programa PÓRTICO e a Tabela 5.13 mostra os respectivos valores gerados pelo

programa SALT, enquanto a Tabela 5.14 mostra a diferença percentual dos valores dos

esforços obtidos pelos programas para cada nó.

. Tabela 5.12 – Esforços de carga móvel obtidos pelo programa PÓRTICO

1 1154,6 -192,9 0,0 0,02 945,9 -177,9 2478,2 -463,93 757,8 -263,1 4290,2 -927,94 591,9 -367,5 5462,8 -1391,85 448,3 -491,7 6052,1 -1855,76 326,9 -632,1 6024,4 -2319,67 227,1 -786,9 5412,3 -2783,58 148,1 -953,6 4254,8 -3247,59 88,4 -1129,9 2601,6 -3717,2

10 46,4 -1313,5 1282,5 -4952,511 esq 45,3 -1502,1 1100,5 -7280,411 dir 1555,8 -160,9 1100,5 -7280,4

12 1323,9 -168,0 1214,0 -4292,413 1101,7 -196,7 2578,9 -2793,814 893,7 -282,9 4445,6 -2517,115 704,5 -396,8 5674,4 -2370,216 537,9 -537,9 6087,9 -2223,4

Cortante Máximo

(kN)

Cortante Mínimo

(kN)

Momento Máximo

(kN)Nó

PÓRTICOMomento Mínimo

(kN)

Tabela 5.13 – Esforços de carga móvel obtidos pelo programa SALT

1 1156,5 -190,8 0,0 0,02 946,8 -201,2 2480,0 -464,73 758,7 -259,2 4295,7 -929,34 592,8 -365,2 5471,9 -1394,05 449,2 -489,1 6064,9 -1858,66 327,6 -629,3 6041,6 -2323,37 227,7 -783,8 5433,9 -2788,08 148,4 -950,3 4280,5 -3252,69 88,5 -1126,5 2628,2 -3721,610 49,1 -1309,8 1289,7 -4965,7

11 esq 44,3 -1498,8 1079,7 -7249,511 dir 1553,6 -158,6 1079,7 -7249,5

12 1322,0 -166,0 1234,1 -4248,713 1100,1 -195,4 2620,2 -2766,114 892,5 -281,8 4496,0 -2497,315 703,6 -395,6 5724,2 -2358,116 537,2 -536,6 6138,1 -2219,0

SALT

NóCortante Máximo

(kN)

Cortante Mínimo

(kN)

Momento Máximo

(kN)

Momento Mínimo

(kN)

133

Page 134: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Tabela 5.14 – Diferença entre os valores dos programas PÓRTICO e SALT

1 0,2 1,1 0,0 0,02 0,1 11,6 0,1 0,23 0,1 1,5 0,1 0,24 0,2 0,6 0,2 0,25 0,2 0,5 0,2 0,26 0,2 0,4 0,3 0,27 0,2 0,4 0,4 0,28 0,2 0,3 0,6 0,29 0,1 0,3 1,0 0,1

10 5,4 0,3 0,6 0,311 esq 2,2 0,2 1,9 0,411 dir 0,1 1,4 1,9 0,4

12 0,1 1,2 1,6 1,013 0,1 0,7 1,6 1,014 0,1 0,4 1,1 0,815 0,1 0,3 0,9 0,516 0,1 0,2 0,8 0,2

Diferença (%)

Cortante Máximo

Cortante Mínimo

Momento Máximo

Momento Mínimo

As Tabelas 5.15 e 5.16 mostram os valores dos esforços de protensão obtidos pelo

programa PÓRTICO na idade de 7 e 100000 dias respectivamente e as Tabelas 5.17 e

5.18 os valores dos esforços de protensão obtidos com o uso do programa VEPRO, que

realiza a análise e verificação da protensão em vigas de ponte, desenvolvido por Jairo

Campos. Existem duas diferenças significativas entre o programa VEPRO e o programa

PÓRTICO, que são:

- O programa VEPRO faz a análise da cablagem considerando um único cabo

resultante e sua trajetória é oriunda da média ponderada das cotas e inclinações

da cablagem em cada seção, enquanto o programa PÓRTICO faz a análise da

cablagem calculando e acumulando os efeitos de protensão provocados por cada

cabo;

- O programa VEPRO calcula cada perda de tensão provocada pelos efeitos de

retração e fluência do concreto e relaxação do aço sem considerar a

interdependência entre eles, enquanto o programa PÓRTICO calcula a perda de

tensão considerando a interdependência que ocorre entre os efeitos.

134

Page 135: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Tabela 5.15 – Esforços de protensão no tempo t = 7 dias – programa PÓRTICO

1 0,0 0,0 0,0 1 0,0 0,0 0,02 -17853,7 -1450,2 -5621,2 2 0,0 386,4 941,03 -17983,6 -1434,1 -10633,5 3 0,0 386,4 1881,94 -18212,3 -1163,7 -15063,8 4 0,0 386,4 2822,95 -18667,3 -81,1 -17318,9 5 0,0 386,4 3763,86 -18684,9 215,3 -17346,1 6 0,0 386,4 4704,87 -18178,6 1565,5 -14605,2 7 0,0 386,4 5645,88 -17834,5 2317,7 -9643,3 8 0,0 386,4 6586,79 -17092,1 2295,5 -2120,2 9 0,0 386,4 7527,710 -16762,1 2160,0 5846,2 10 0,0 386,4 8468,7

11 esq -16308,3 0,0 8824,1 11 esq 0,0 386,4 9409,611 dir -16303,8 0,0 8824,1 11 dir 0,0 0,5 9409,6

12 -18162,9 -2673,2 3056,2 12 0,0 0,5 9411,013 -17944,6 -2690,7 -7858,8 13 0,0 0,5 9412,414 -17594,1 -1520,1 -14140,4 14 0,0 0,5 9413,815 -17286,9 -80,3 -16263,9 15 0,0 0,5 9415,216 -17182,6 0,0 -16170,3 16 0,0 0,5 9416,7

Normal (kN)

Cortante (kN)

Momento (kN.m)

Normal (kN)

Cortante (kN)

Momento (kN.m)

Tempo t = 7 diasNó

Esforços Isostáticos Esforços Hiperestáticos

NóTempo t = 7 dias

Tabela 5.16 – Esforços de protensão no tempo t = 100000 dias – programa PÓRTICO

1 0,0 0,0 0,0 1 0,0 296,2 0,02 -14827,0 -1203,1 -4676,8 2 0,0 296,2 721,33 -14731,8 1173,4 -8717,0 3 0,0 296,2 1442,54 -14598,1 -932,1 -12076,6 4 0,0 296,2 2163,85 -14819,5 -64,3 -13748,2 5 0,0 296,2 2885,06 -14775,9 169,8 -13718,5 6 0,0 296,2 3606,37 -14470,6 1236,0 -11650,6 7 0,0 296,2 4327,68 -14438,1 1870,6 -7846,7 8 0,0 296,2 5048,89 -14069,0 1893,5 -1770,7 9 0,0 296,2 5770,110 -13863,3 1791,2 4825,4 10 0,0 296,2 6491,3

11 esq -13530,9 0,0 7321,5 11 esq 0,0 296,2 7212,611 dir -13530,9 0,0 7321,5 11 dir 0,0 0,4 7212,6

12 -14764,5 -2169,8 2474,7 12 0,0 0,4 7213,913 -14145,0 -2113,4 -6225,2 13 0,0 0,4 7215,114 -13305,9 -1145,4 -10704,3 14 0,0 0,4 7216,415 -12883,7 -58,4 -12130,5 15 0,0 0,4 7217,716 -12848,1 0,0 -12101,4 16 0,0 0,4 7218,9

Normal (kN)

Cortante (kN)

Momento (kN.m)

Normal (kN)

Esforços Isostáticos Esforços Hiperestáticos

NóTempo t = 100000 dias

NóTempo t = 100000 dias

Cortante (kN)

Momento (kN.m)

135

Page 136: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Tabela 5.17 – Esforços de protensão no tempo t = 7 dias – programa VEPRO

1 0,0 0,0 0,0 1 - - 0,02 17250,0 1012,0 -5449,0 2 - - 941,03 17379,0 997,0 -10288,0 3 - - 1882,04 17607,0 737,0 -14564,0 4 - - 2824,05 18061,0 307,0 -16759,0 5 - - 3765,06 18251,0 602,0 -16934,0 6 - - 4706,07 18002,0 1954,0 -14417,0 7 - - 5647,08 17844,0 2706,0 -9637,0 8 - - 6589,09 17102,0 2683,0 -2116,0 9 - - 7530,010 16772,0 2547,0 5852,0 10 - - 8471,0

11 esq 16318,0 387,0 8834,0 11 esq - - 9412,011 dir 16318,0 0,0 8834,0 11 dir - - 9412,0

12 18171,0 2675,0 3062,0 12 - - 9411,013 17953,0 2694,0 7855,0 13 - - 9409,014 17603,0 1522,0 14138,0 14 - - 9407,015 17295,0 81,0 16263,0 15 - - 9405,016 17191,0 0,0 16170,0 16 - - 9403,0

NóTempo t = 7 dias

NóTempo t = 7 dias

Normal (kN)

Cortante (kN)

Momento (kN.m)

Normal (kN)

Cortante (kN)

Momento (kN.m)

Esforços Isostáticos Esforços Hiperestáticos

Tabela 5.18 – Esforços de protensão no tempo t = 100000 dias – programa VEPRO

1 0,0 0,0 0,0 1 - - 0,02 15025,0 -909,0 -4747,0 2 - - 752,03 14896,0 -877,0 -8818,0 3 - - 1505,04 14717,0 -630,0 -12174,0 4 - - 2257,05 14907,0 243,0 -13833,0 5 - - 3009,06 14995,0 486,0 -13913,0 6 - - 3762,07 14926,0 1608,0 -11953,0 7 - - 4514,08 15105,0 2272,0 -8158,0 8 - - 5266,09 14830,0 2300,0 -1835,0 9 - - 6019,010 14685,0 2201,0 5124,0 10 - - 6771,0

11 esq 14434,0 309,0 7814,0 11 esq - - 7523,011 dir 14434,0 0,0 7814,0 11 dir - - 7523,0

12 15692,0 -2310,0 2644,0 12 - - 7522,013 14932,0 -2240,0 -6533,0 13 - - 7521,014 13985,0 -1209,0 -11232,0 14 - - 7519,015 13570,0 -64,0 -12760,0 15 - - 7518,016 13559,0 0,0 -12753,0 16 - - 7517,0

Momento (kN.m)

Esforços Hiperestáticos

NóTempo t = 100000 dias

NóTempo t = 100000 dias

Normal (kN)

Cortante (kN)

Momento (kN.m)

Normal (kN)

Cortante (kN)

Esforços Isostáticos

136

Page 137: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

5.19 – Diferença percentual entre os valores dos programas PÓRTICO e VEPRO

1 0,0 0,0 0,0 1 - - 0,02 3,5 43,3 3,2 2 - - 0,03 3,5 43,8 3,4 3 - - 0,04 3,4 57,9 3,4 4 - - 0,05 3,4 73,6 3,3 5 - - 0,06 2,4 64,2 2,4 6 - - 0,07 1,0 19,9 1,3 7 - - 0,08 0,1 14,3 0,1 8 - - 0,09 0,1 14,4 0,2 9 - - 0,010 0,1 15,2 0,1 10 - - 0,0

11 esq 0,1 100,0 0,1 11 esq - - 0,011 dir 0,1 0,0 0,1 11 dir - - 0,0

12 0,0 0,1 0,2 12 - - 0,013 0,0 0,1 0,0 13 - - 0,014 0,1 0,1 0,0 14 - - 0,115 0,0 0,9 0,0 15 - - 0,116 0,0 0,0 0,0 16 - - 0,1

Isostáticos t = 7 diasNó MomentoNormal Cortante Nó

Hiperestáticos t = 7 dias

Normal Cortante Momento

5.20 – Diferença percentual entre os valores dos programas PÓRTICO e VEPRO

1 0,0 0,0 0,0 1 - - 0,02 1,3 32,4 1,5 2 - - 4,13 1,1 33,8 1,1 3 - - 4,24 0,8 48,0 0,8 4 - - 4,15 0,6 73,5 0,6 5 - - 4,16 1,5 65,1 1,4 6 - - 4,17 3,1 23,1 2,5 7 - - 4,18 4,4 17,7 3,8 8 - - 4,19 5,1 17,7 3,5 9 - - 4,110 5,6 18,6 5,8 10 - - 4,1

11 esq 6,3 100,0 6,3 11 esq - - 4,111 dir 6,3 0,0 6,3 11 dir - - 4,1

12 5,9 6,1 6,4 12 - - 4,113 5,3 5,7 4,7 13 - - 4,114 4,9 5,3 4,7 14 - - 4,015 5,1 8,8 4,9 15 - - 4,016 5,2 0,0 5,1 16 - - 4,0

Nó Cortante Momento

Isostáticos t = 100000 diasNó

Hiperestáticos t = 100000 dias

Normal NormalMomentoCortante

137

Page 138: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

5.1.2.7 – Verificação à ruptura

A verificação à ruptura é feita apenas nas seções mais solicitadas que são a S4, S10 e

S15. A Tabela 5.21 mostra os valores dos resultados da análise feita com o uso do

programa PÓRTICO e também os valores dos resultados da análise feita com o uso do

programa VERRU, desenvolvido por Jairo Campos. O programa VERRU faz a

verificação à ruptura em seções de concreto protendido adotando o diagrama tensão-

deformação do concreto parábola-retângulo e a relação bi-linear de tensão-deformação

do aço. Os momentos de projeto Md comparados com os momentos resistentes Mu

foram obtidos majorando os momentos atuantes dos seguintes fatores: 1,35 para o peso

próprio da estrutura; 1,50 para a carga móvel; 0,9 quando o momento hiperestático de

protensão alivia os momentos atuantes ou 1,1 quando o momento hiperestático de

protensão é desfavorável.

Tabela 5.21 – Verificação à ruptura pelos programas PÓRTICO e VERRU

)S4 28700 20648,0 1,39 30660 20648,0 1,48S10 -29100 -21132,0 1,38 -29670 -21132,0 1,40S15 32900 23653,6 1,39 35930 23653,6 1,52

PÓRTICO VERRUMd

(kN.m)Mu / Md

(kN.m)Mu / Md

(kN.m)Mu

(kN.m)Md

(kN.m)SeçãoMu

(kN.m

5.2 – Análise da superestrutura da Ponte sobre o Rio Arraia

A obra está localizada no trecho Boa Vista/Normandia da Rodovia BR-401/RR. A

estrutura é composta por três vãos isostáticos em vigas protendidas pré-moldadas de

40,0m cada um com a extensão total de 120,0m. As vigas serão protendidas em duas

etapas, uma no canteiro de fabricação e a outra após a concretagem e cura da laje. As

extremidades são encontros e os apoios intermediários são travessas que estão apoiadas

sobre um par de pilares. A obra está detalhada nos desenhos 01, 02, 03, 04 e 09 no

Apêndice 2.

138

Page 139: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

5.2.1 – Análise da estrutura

5.2.1.1 – Características das seções transversais

Inicialmente foi feita a divisão das seções transversais em trapézios, triângulos e

retângulos como indicado na Figura 5.10.

1,200

0,150

0,500 0,500

0,100

1,4500,200

0,200

0,700

0,250

1,200

0,150

0,050

0,700

1,950

(b) seção apoio (a) seção corrente

(m)

Figura 5.10 – Seção transversal da Ponte sobre o Igarapé Breu

A Tabela 5.22 mostra as características das seções transversais da viga isolada e da viga

com a mesa de contribuição da laje que possui uma largura de 2,60m.

Tabela 5.22 – Características das seções transversais

A (m2) 0,805 1,593 1,295 2,083J (m4) 0,496 0,661 0,885 1,133Ys (m) - - 0,801 0,957Ys` (m) 1,028 1,021 -1,549 -1,393Yi (m) 1,122 1,129 1,549 1,393

Seção Corrente

Seção Apoio

Viga ConjuntoViga IsoladaSeção

CorrenteSeção Apoio

139

Page 140: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

5.2.1.2 – Cálculo dos carregamentos atuantes

5.2.1.2.1 – Peso próprio da estrutura (g1)

5.2.1.2.1.1 – Carga distribuída

A carga distribuída é obtida apenas pela seção corrente e o alargamento do apoio é

considerado como carga concentrada. O valor da carga distribuída g1 = 20,12 kN/m.

5.2.1.2.1.2 – Cargas concentradas

a) Alargamento da viga

O alargamento da viga é transformado em carga concentrada e seu valor é igual a (1,593

– 0,805)x25,00x4,00x0,50 = 39,40 kN.

b) Placa de ancoragem

A viga possui uma placa de ancoragem em cada extremidade que representa uma carga

concentrada igual a 7,9 kN.

c) Seção fora do vão de cálculo

O vão de cálculo está compreendido entre os aparelhos de apoio e a extensão da viga

fora deste vão é considerada como uma carga concentrada com o valor igual a

20,12x0,45 = 9,06 kN.

d) Alargamento do apoio

O alargamento do apoio fora do vão de cálculo é considerado como uma carga

concentrada cujo valor é igual a (1,593 – 0,805)x25,00x0,55 = 10,84 kN.

140

Page 141: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

O carregamento devido ao peso estrutural está resumido na Figura 5.11.

27,8 kN 27,8 kN20,12 kN/m

39,10 m

39,4 kN 39,4 kN

1,33 m 1,33m

19,55 m

Figura 5.11 – Carregamento de peso próprio da estrutura

5.2.1.2.2 – Laje e transversina (g2)

5.2.1.2.2.1 – Carga distribuída

O carregamento devido à laje é igual a 0,20x2,45x25,00 = 12,25 kN/m

5.2.1.2.2.2 – Cargas concentradas

a) Transversina de apoio

O valor da carga concentrada devido à transversina de apoio é igual à 11,00 kN.

b) Transversina intermediária

O valor da carga concentrada devido à transversina intermediária é igual à 12,90 kN.

c) Seção fora do vão de cálculo

A extensão da laje fora do vão de cálculo é considerada como uma carga concentrada

com valor igual a 0,45x12,25 = 5,51 kN.

O carregamento devido ao peso da laje e às transversinas está resumido na Figura 5.12.

141

Page 142: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

16,6 kN 16,6 kN12,25 kN/m

12,9 kN

39,10 m19,55 m

Figura 5.12 – Resumo do carregamento devido à laje e às transversinas

5.2.1.2.3 – Sobrecarga permanente (g3)

O carregamento devido à sobrecarga permanente é composto pelos guarda-rodas e pela

pavimentação asfáltica, e a carga concentrada é representada pelo valor da carga

distribuída fora do vão de cálculo.

5.2.1.2.3.1 – Carga distribuída

a) guarda-rodas

O guarda-rodas utilizado na obra possui suas dimensões padronizadas e seu peso por

metro linear é igual a 5,80 kN/m.

b) pavimentação asfáltica

A obra possui um revestimento asfáltico com 0,07m de espessura e 2,05m de largura. O

peso específico do revestimento asfáltico é de 24,00 kN/m3. O peso por metro linear

devido à pavimentação é de 3,44 kN/m.

5.2.1.2.3.2 – Carga concentrada

A extensão da carga distribuída fora do vão de cálculo é considerada como uma carga

concentrada com valor igual a 0,45x9,24 = 4,16 kN.

142

Page 143: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

O carregamento devido à sobrecarga permanente está resumido na Figura 5.13.

4,2 kN 4,2 kN

9,24 kN/m

39,10 m

Figura 5.13 – Resumo do carregamento de sobrecarga permanente

5.2.1.2.4 – Carga móvel

Os valores das cargas concentradas e distribuída do trem-tipo longitudinal são iguais a

73,08 kN e 16,15 kN/m, respectivamente.

5.2.1.3 – Descrição da cablagem

Foram utilizados 6 cabos compostos por cordoalhas de 12 φ 12,7 mm do tipo CP-190

RB. A área da seção transversal dos cabos é de 11,84 cm2 e a força de protensão

aplicada aos cabos é igual a 1687 kN, que corresponde a uma tensão de 1425 MPa. O

módulo de elasticidade do aço é igual a 195000 MPa e o coeficiente de atrito entre o

cabo e a bainha foi adotado igual a 0,25. A cablagem está apresentada no desenho 09

(Apêndice 2). Os cabos foram protendidos em duas etapas, a primeira etapa os cabos C1

a C4 e na segunda etapa os cabos C5 e C6. As Tabelas 5.23 a 5.25 mostram os valores

das cotas e dos ângulos α de inclinação dos cabos em cada seção da metade da ponte.

Tabela 5.23 – Cotas e inclinações dos cabos C1 e C2

1

S1 1,05 -7,50 S1 0,75 -6,00S2 0,55 -5,50 S2 0,35 -5,00S3 0,24 0,00 S3 0,24 0,00S4 0,24 0,00 S4 0,24 0,00S5 0,24 0,00 S5 0,24 0,00

Cabo C2

Seção Cota (m) α ( º )Cota (m) α ( º )Seção

Cabo C

143

Page 144: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Tabela 5.24 – Cotas e inclinações dos cabos C3 e C4

S1 0,45 -3,50 S1 0,15 -2,00S2 0,18 -3,00 S2 0,10 0,00S3 0,10 0,00 S3 0,10 0,00S4 0,10 0,00 S4 0,10 0,00S5 0,10 0,00 S5 0,10 0,00

Cabo C3 Cabo C4

Seção Cota (m) α ( º ) Seção Cota (m) α ( º )

Tabela 5.25 – Cotas e inclinações dos cabos C5 e C6

S3 0,16 -6,50 S3 0,60 -19,00S4 0,10 0,00 S4 0,24 0,00S5 0,10 0,00 S5 0,24 0,00

Cabo C5 Cabo C6

Seção Cota (m) α ( º ) Seção Cota (m) α ( º )

5.2.1.4 – Modelagem da estrutura

A Figura 5.14 mostra a modelagem da estrutura.

Figura 5.14 – Modelagem da estrutura

144

Page 145: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

5.2.1.5 – Coordenadas dos nós

A Tabela 5.26 mostra as coordenadas nodais da estrutura.

Tabela 5.26 – Coordenadas nodais

nó x (m) y (m)1 0,00 0,002 3,91 0,003 7,82 0,004 11,73 0,005 15,64 0,006 19,55 0,007 23,46 0,008 27,37 0,009 31,28 0,00

10 35,19 0,0011 39,10 0,00

5.2.1.6 – Resultados

A Tabela 5.27 mostra os valores dos esforços obtidos pelo programa PÓRTICO e os

esforços para os carregamentos de peso próprio (g1) e laje + transversina (g2) obtidos

com o uso do programa PROPONTE, desenvolvido por Jairo Campos. O programa

PROPONTE calcula os esforços e as tensões normais nas fibras extremas em cada seção

em uma viga isostática.. Os valores dos resultados de ambos os programas são idênticos.

145

Page 146: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Tabela 5.27 – Esforços de peso próprio e laje + transversina

omento (kN.m)

1 0,0 434,9 0,0 0,0 434,9 0,02 0,0 316,8 1445,1 0,0 316,8 1434,03 0,0 238,1 2530,0 0,0 238,1 2519,04 0,0 159,4 3307,2 0,0 159,4 3296,25 0,0 80,7 3776,7 0,0 80,7 3765,66 0,0 2,0 3938,4 0,0 2,0 3927,3

1 0,0 245,9 0,0 0,0 245,9 0,02 0,0 198,0 868,0 0,0 198,0 868,03 0,0 150,1 1548,7 0,0 150,1 1548,74 0,0 102,2 2042,1 0,0 102,2 2042,15 0,0 54,3 2348,2 0,0 54,3 2348,26 0,0 6,5 2467,1 0,0 6,4 2467,1

Carregamento Laje + Transversina ( g2 )Programa PROPONTE Programa Pórtico

Normal (kN)

Cortante (kN)

Momento (kN.m)

Normal (kN)

Cortante (kN)

Momento (kN.m)

Carregamento Peso Próprio ( g1 )Programa PROPONTE Programa Pórtico

Normal (kN)

Cortante (kN)

Momento (kN.m)

Normal (kN)

Cortante (kN)

M

A Tabela 5.28 mostra os valores dos esforços dos carregamentos de sobrecarga

permanente (g3) e carga móvel. Os valores dos resultados de ambos os programas são

idênticos.

A Tabela 5.29 mostra os valores dos esforços da primeira etapa de protensão obtidos

pelo programa PÓRTICO nas idades de 7 e 100000 dias. A Tabela 5.30 mostra os

valores dos esforços da primeira etapa de protensão obtidos com o uso do programa

VEPRO.

146

Page 147: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Tabela 5.28 – Esforços devidos à sobrecarga permanente e carga móvel

1 0,0 180,6 0,0 0,0 180,6 0,02 0,0 144,5 635,7 0,0 144,5 635,73 0,0 108,4 1130,1 0,0 108,4 1130,14 0,0 72,3 1483,3 0,0 72,3 1483,35 0,0 36,1 1695,1 0,0 36,1 1695,16 0,0 0,0 1765,8 0,0 0,0 1765,8

1 526,6 0,0 0,0 526,6 0,0 0,02 444,7 -16,7 1849,9 444,6 -16,4 1849,93 369,1 -48,1 3281,3 369,1 -48,1 3281,04 299,8 -85,8 4294,4 299,8 -85,8 4294,05 236,8 -129,8 4911,0 236,8 -129,8 4910,66 180,2 -180,2 5120,2 180,2 -180,2 5119,7

Carga MóvelPrograma PROPONTE Programa Pórtico

Cortante Máx. (kN)

Cortante Mín. (kN)

Momento (kN.m)

Cortante Máx. (kN)

Cortante Mín. (kN)

Momento (kN.m)

Carregamento Sobrecarga Permanente ( g3 )Programa PROPONTE Programa Pórtico

Normal (kN)

Cortante (kN)

Momento (kN.m)

Normal (kN)

Cortante (kN)

Momento (kN.m)

Tabela 5.29 – Esforços da primeira etapa de protensão - PÓRTICO

)1 0,0 0,0 0,0 1 0,0 0,0 0,02 5909,5 489,5 -3104,9 2 4739,7 392,3 -2492,93 6023,4 353,8 -4990,1 3 4776,6 290,2 -3958,44 6176,1 0,0 -5880,3 4 4904,7 0,0 -4669,85 6114,8 0,0 -5875,3 5 4941,4 0,0 -4708,46 6167,0 0,0 -5826,3 6 4912,5 0,0 -4681,5

NóTempo t = 100000 dias

Normal (kN)

Cortante (kN)

Momento (kN.m)

Esforços IsostáticosEsforços Isostáticos

NóTempo t = 7 dias

Normal (kN)

Cortante (kN)

Momento (kN.m

147

Page 148: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Tabela 5.30 – Esforços da primeira etapa de protensão - VEPRO

1 0,0 0,0 0,0 1 0,0 0,0 0,02 5836,0 -484,0 -3063,0 2 4834,0 -401,0 -2537,03 5952,0 -350,0 -4930,0 3 4945,0 -291,0 -4096,04 6126,0 0,0 -5831,0 4 5155,0 0,0 -4907,05 6126,0 0,0 -5836,0 5 5238,0 0,0 -4989,06 6095,0 0,0 -5808,0 6 5243,0 0,0 -4995,0

NóTempo t = 100000 dias

Normal (kN)

Cortante (kN)

Momento (kN.m)

Esforços IsostáticosEsforços Isostáticos

NóTempo t = 7 dias

Normal (kN)

Cortante (kN)

Momento (kN.m)

A Tabela 5.31 mostra as diferenças percentuais entre os valores dos esforços obtidos

com os uso dos dois programas para os esforços de protensão da primeira etapa de

protensão.

Tabela 5.31 – Diferença percentual entre os resultados dos programas

1 0,0 0,0 0,0 1 0,0 0,0 0,02 1,3 1,1 1,4 2 2,0 2,2 1,73 1,2 1,1 1,2 3 3,4 0,3 3,44 0,8 0,0 0,8 4 4,9 0,0 4,85 0,2 0,0 0,7 5 5,7 0,0 5,66 1,2 0,0 0,3 6 6,3 0,0 6,3

Diferença (%) Diferença (%)

NóIsostáticos t = 100000 dias

Normal Cortante MomentoNóIsostáticos t = 7 dias

Normal Cortante Momento

A Tabela 5.32 mostra os valores dos esforços da segunda etapa de protensão obtidos

pelo programa PÓRTICO nas idades de 7 e 100000 dias e, a Tabela 5.33 os obtidos pelo

programa VEPRO.

Tabela 5.32 - Esforços da segunda etapa de protensão - PÓRTICO

)1 0,0 0,0 0,0 1 0,0 0,0 0,02 0,0 0,0 0,0 2 0,0 0,0 0,03 0,0 0,0 0,0 3 0,0 0,0 0,04 2768,6 -620,0 -3262,8 4 2342,0 -523,8 -2761,95 2935,0 0,0 -4046,4 5 2469,1 0,0 -3404,06 2906,2 0,0 -4006,7 6 2444,9 0,0 -3370,7

NóTempo t = 100000 dias

Normal (kN)

Cortante (kN)

Momento (kN.m)

Cortante (kN)

Momento (kN.m)

Esforços IsostáticosEsforços Isostáticos

NóTempo t = 7 dias

Normal (kN

148

Page 149: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

Tabela 5.33 – Esforços da segunda etapa de protensão - VEPRO

1 0,0 0,0 0,0 1 0,0 0,0 0,02 0,0 0,0 0,0 2 0,0 0,0 0,03 0,0 0,0 0,0 3 0,0 0,0 0,04 2662,0 -594,0 -3138,0 4 2067,0 -461,0 -2437,05 2946,0 0,0 -4056,0 5 2304,0 0,0 -3173,06 2916,0 0,0 -4016,0 6 2302,0 0,0 -3170,0

NóTempo t = 100000 dias

Normal (kN)

Cortante (kN)

Momento (kN.m)

Cortante (kN)

Momento (kN.m)

Esforços HiperestáticosEsforços Hiperestáticos

NóTempo t = 7 dias

Normal (kN)

A Tabela 5.34 mostra as diferenças percentuais entre os valores dos esforços obtidos

com os uso dos dois programas para os esforços de protensão da segunda etapa de

protensão.

Tabela 5.34 – Diferença percentual entre os resultados dos programas

1 0,0 0,0 0,0 1 0,0 0,0 0,02 0,0 0,0 0,0 2 0,0 0,0 0,03 0,0 0,0 0,0 3 0,0 0,0 0,04 4,0 4,4 4,0 4 13,3 13,6 13,35 0,4 0,0 0,2 5 7,2 0,0 7,36 0,3 0,0 0,2 6 6,2 0,0 6,3

NóIsostáticos t = 7 dias

NóIsostáticos t = 100000 dias

Normal Cortante Momento Normal Cortante Momento

Diferença (%) Diferença (%)

5.2.1.7 – Verificação à ruptura

A verificação à ruptura é feita apenas na seção mais solicitada que é a S5. A Tabela 5.35

mostra os valores dos resultados da análise feita com o programa PÓRTICO e também

os valores dos resultados da análise feita com o programa VERRU.

Tabela 5.35 – Verificação à ruptura pelos programas PÓRTICO e VERRU

S5 24500 18695,8 1,31 21960 18695,8 1,17

PÓRTICO VERRU

SeçãoMu

(kN.m)Md

(kN.m)Mu / Md

(kN.m)Mu

(kN.m)Md

(kN.m)Mu / Md

(kN.m)

149

Page 150: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

6 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Este trabalho teve como principal objetivo a ampliação de um programa de análise de

pórticos planos, orientando-o para a análise e verificação de estruturas de pontes de

concreto protendido. De acordo com os resultados apresentados no Capítulo 5, conclui-

se que o programa é uma eficiente ferramenta tanto para a análise de pontes com seção

transversal em caixão quanto para a análise de pontes em vigas pré-moldadas ou pré-

fabricadas, onde ocorre a mudança das características das seções transversais da

estrutura, permitindo até duas etapas de carregamentos e/ou protensão.

A aplicação do programa foi feita para duas pontes projetadas pela Empresa Pontis

Consultoria LTDA, que forneceu os resultados das análises das estruturas obtidos por

programas de computador de seu arquivo técnico. Foi analisada uma ponte que tem a

estrutura em viga contínua de três vãos e seção transversal em viga caixão, com 80,0m

de extensão. A outra ponte analisada é composta por três vãos isostáticos de vigas

protendidas pré-moldadas com a extensão de 120,0m.

A verificação à ruptura das seções de concreto foi feita com o uso de um programa de

análise não-linear de seções de concreto protendido, e pode-se considerar tanto aços

ativos quanto passivos, realizando a análise da protensão parcial. O programa permite a

análise em elementos de concreto de alta resistência e os resultados apresentados no

Capítulo 5 demonstram a eficiência do programa de verificação à ruptura.

Os resultados da análise e verificação obtidos pela empresa foram comparados com os

resultados obtidos pelo programa desenvolvido (PÓRTICO) e pelo programa de

verificação à ruptura (CONSEC). A comparação mostrou e existência de divergências

muito pequenas entre os resultados, demonstrando a eficácia do programa desenvolvido.

As diferenças existentes podem ser caracterizadas como conseqüências de

aproximações numéricas realizadas por cada programa e pelas divergências entre as

metodologias adotadas nos dois processos de análise e verificação.

150

Page 151: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

O programa desenvolvido possui grande valor prático uma vez que, atualmente, os

programas comerciais disponíveis não realizam a análise dos efeitos da protensão em

estruturas de pórtico plano, que são a grande maioria das estruturas de pontes, não

permitem a mudança das características da estrutura de acordo com a fase construtiva e

não permitem o uso de concretos de alta resistência, que tem sido muito utilizado em

estruturas de pontes tanto pelo aumento da resistência quanto pelo sensível aumento da

durabilidade da estrutura,que normalmente encontra-se em ambientes agressivos.

Para pesquisas futuras são sugeridos os seguintes tópicos:

• Estudo da otimização da estrutura;

• Estudo do fluxo de tensões normais após a mudança das características das

seções transversais da estrutura;

• Estudo da otimização do posicionamento dos cabos ao longo da estrutura, e da

força a ser aplicada neles;

• Automatização da verificação do cisalhamento e da fadiga nas armaduras.

151

Page 152: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

BIBLIOGRAFIA

- ALMEIDA, SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE, SOARES, PAULO

SÉRGIO, Superestruturas de Pontes Rodoviárias, 1ª ed. Niterói, EDUFF, 1986.

- ALMEIDA, SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE, SOUZA, VICENTE

CUSTÓDIO MOREIRA DE,., “Ligações de vigas pré-fabricadas por lajes de

continuidade”, I Congresso de Engenharia Civil da Universidade de Juiz de

Fora, Juiz de Fora, pp. 123-133, 1994

- ALMEIDA, SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE, SOUZA, VICENTE

CUSTÓDIO MOREIRA DE, “Ligações em estruturas pré-fabricadas

influenciadas pelo comportamento reológico do concreto”, Revista de

Engenharia – Estudo e Pesquisa, Juiz de Fora, v.2, p.55-76, 1999

- ALMEIDA, SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE, SOUZA, VICENTE

CUSTÓDIO MOREIRA DE, CORDEIRO, THOMAS JOSÉ RIPPER,

“Processos construtivos de pontes e viadutos pré-moldados no Brasil”, 1

Congresso Nacional da Indústria de Pré-fabricação em Betão, Porto-Portugal,

v.1, p.139-154, 2000

- ALMEIDA, SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE, SOUZA, VICENTE

CUSTÓDIO MOREIRA DE, “Execução de lajes em duas etapas – as pré-lajes”,

I Semana de Engenharia da Região Sul Fluminense, Volta Redonda, 1996

- ASSAN, ALOISIO ERNESTO, Método dos Elementos Finitos – Primeiros

Passos, 1ª ed., São Paulo, Unicamp, 1999

- COMITÉ EURO-INTERNATIONAL DU BETÓN CEB-FIB MC90, Buletin

d´Information nº 231/214, Lausanne, Switzerland, 1993

152

Page 153: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

- COMITÉ EURO-INTERNATIONAL DU BETÓN, High Performance

Concrete, Bulletin d´Informatiion nº 228, Lausanne, Switzerland, 1995

- COMITÉ EURO-INTERNATIONAL DU BETÓN, Contributions to the Design

of Prestressed Concrete Structures, Buletin d´Information nº 212, Lausanne,

Switzerland, 1992

- DELYANNIS, LEONIDAS T., “Past and Future in the Design and Construction

of Concrete Bridges”, Concrete Bridge Design SP-23 – First International

Symposium ACI, pp. 1-5, Michigam, 1969.

- DIRETORIA DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO – IPR/DNER,

Manual de Projeto de Obras de Arte Especiais, Rio de Janeiro, 1996

- FIB BULLETIN 9, Guidance for Good Bridge Design , 2000.

- HECKSHER, MAGNO JOSÉ, Concreto Protendido – Teoria Elementar, Curso

de Concreto Protendido Vol. 1 e 2 – Curso de Engenharia Civil, Departamento

de Engenharia Civil, UFF, Niterói, 1981

- IBRAHIM, A. E. M. SHEHATA, LIDIA, C. D. SHEHATA, MATTOS, TALES

S.., “Stress-strain Curve for the Design of High-strength Concrete Elements”,

Materials and Structures/Matériaux et Constructions, Vol 33, pp. 411-418,

August-September 2000

- LEONHARDT, FRITZ, Construções de Concreto – Princípios Básicos da

Construção de Pontes de Concreto, Vol. 6 Rio de Janeiro, Interciência, 1979.

- LEONHARDT, FRITZ, Construções de Concreto – Concreto Protendido, Rio

de Janeiro, Interciência, 1983.

153

Page 154: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

- LEITÃO, MARCÍLIO DE ALENCAR SÁ, “Avaliação das Perdas de

Protensão”, Terceira Jornada Ibero-Latina-Americana de Concreto Protendido,

pp. 45-56, 1994.

- LIBBY, JAMES R., Modern Prestressed Concrete, 3ª ed. New York, VNRC,

1983.

- MASON, JAYME, Pontes em Concreto Armado e Protendido, 1ª ed. Rio de

Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 1977.

- NAWY, EDGWARD G., Prestressed Concrete – A Fundamental Approach, 2ª

ed. New Jersey, Prentice Hall, 1995.

- NORWEGIAN COUNCIL FOR BUILDING STANDARDIZATION, NS3473

E’, Concrete Estructures Design Rules, 78p, Stockholm, 1992

- O’CONNOR, COLIN, Design of Bridge Superstructures, New York, Wiley-

Interscience, 1971.

- PERLINGEIRO, MAYRA SOARES PEREIRA LIMA, Análise Tridimensional

de Vigas Protendidas, Tese de Mestrado, UFF, Niterói, RJ, 1988

- PFEIL, WALTER, Pontes – Curso Básico, 2ª ed. Rio de Janeiro, Editora

Campus, 1983.

- PFEIL, WALTER, Pontes em Concreto Armado, 3ª ed. Rio de Janeiro, Livros

Técnicos e Científicos, 1983.

- PFEIL, WALTER, Concreto Protendido, Uma Introdução, 2ª ed. Rio de

Janeiro, Livros Técnicos e Científicos Ltda, 1988

154

Page 155: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

- POTYONDY, JULIUS G., “Aesthetic Problems in Contemporary Concrete

Bridge Design”, Concrete Bridge Design SP-23 – First International

Symposium ACI, pp. 7-18, Michigan, 1969.

- PROJETO DE REVISÃO DA NBR 6118, Janeiro de 2001 – ABNT – CB-02

- RUSSEL, HENRY G., “High-strengh concrete in bridges – history and

challenges”, International Symposium on High Performance Concrete, New

Orleans, p.27-37, 1997

- SCHMID, MANFRED T., “A Construção e o Lançamento de Pontes pelo

Processo dos Segmentos Empurrados”, Terceira Jornada Ibero Latino

Americana de Concreto Protendido – ABPT, São Paulo, 1994

- SKAF, KALIL J. E STUCCHI, FERNANDO R., “Alternativas de

Representação da Protensão no Projeto de Estruturas de Concreto”, Terceira

Jornada Ibero-Latina-Americana de Concreto Protendido, pp. 85-104, 1994

- STUCCHI, FRENANDO R., MARTINS, ANTÔNIO R., “Ações nas Estruturas

de Concreto”, III Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto, pp. 91-125,

1993

- SOUZA, SÉRGIO MARQUES DE, “Pontes de Concreto Protendido Executadas

por Empurramentos Sucessivos”, Anais do Seminário sobre Concreto

Protendido - Associação Brasileira de Pontes e Estruturas, vol. 1, pp. 5-15, Rio

de Janeiro, 1983.

- VASCONCELOS, AUGUSTO CARLOS DE, Manual Prático para a Correta

Utilização dos Aços no Concreto Protendido, Rio de Janeiro, Livros Técnicos e

Científicos, Belo Horizonte, Companhia Siderúrgica Nacional, 1980.

155

Page 156: PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES DE

- ZIA, PAUL, “State os the art of HPC: an international perspective”,

International Symposium on High Performance Concrete, New Orleans, p.49-

58, 1997

SITES

- www.argonet.co.uk - www.sbi.se/bridges.thm#arch - www.absi-assoc.org - www.pbs.org - www.civilengineer.about.com/science/civilengineer - www.matsuo-bridge.co.jp - www.estrettodimessina.it - www.setran.pa.gov.br/SIP - www.howstuffworks.com - www.struct.kth.se - www.acd.ufrj.br/~salt/

156