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PROJETO CONCEITUAL DE UM
CARRINHO PARA COLETA DE
MATERIAL RECICLADO EM
SUBSTITUIÇÃO ÀS CARROÇAS DE
TRAÇÃO HUMANA
Paulo Gustavo Borges de Oliveira (UNIFEI)
Marina Santos Mello (UNIFEI)
Carlos Henrique Pereira Mello (UNIFEI)
O objetivo desta pesquisa é desenvolver o projeto conceitual de um
carrinho para coleta de material reciclável que não utilize tração
humana como força motora, visando melhorar a qualidade de vida dos
catadores e aumentar a eficiência do prrocesso de coleta. O
desenvolvimento se dará por meio da aplicação do processo de
desenvolvimento de produtos. Através da revisão bibliográfica sobre
coleta seletiva, tratamento de materiais reciclados e processo de
desenvolvimento de produtos, pretende-se elaborar o projeto
conceitual do carrinho para a construção de um protótipo rápido em
escala. Posteriormente, o protótipo será avaliado pelos potenciais
usuários. Com os resultados obtidos destes testes iniciais com o
protótipo rápido serão tomadas decisões para melhoria do projeto
piloto e construção de um protótipo funcional, buscando otimizar os
parâmetros e maximizar sua eficiência. O método de pesquisa adotado
foi a pesquisa-ação.
Palavras-chaves: Desenvolvimento de produtos, Projeto conceitual,
Reciclagem
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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1. Introdução e justificativa
Com o aumento crescente da geração de produtos descartáveis, há um aumento também na
quantidade de resíduos sólidos, cuja destinação causa problemas ao ambiente e à qualidade de
vida da população (ROSA et al., 2005).
A profissão de catador de materiais recicláveis, segundo CEMPRE (2006), cresce de forma
exponencial no Brasil. Maccarini (1998) afirma que um dos principais empecilhos no trabalho
dos catadores é a fadiga destes trabalhadores ao terem que deslocar os carrinhos quando a
carga fica muito elevada. Desta maneira, Dias (1991) considera que deve-se implementar
métodos mecanizados e automatizados para melhorar a logística, desde o sistema de coleta,
até transporte, triagem, enfardamento e a expedição dos materiais. Desta forma, o fluxo de
materiais será o mais coerente e sensato possível, evitando-se perder tempo com operações
que não agregam valor aos produtos triados. Assim, a produtividade e as condições
ergonômicas e de saúde dos trabalhadores envolvidos tendem a melhorar.
Pelo que foi exposto, o presente trabalho de pesquisa visa propor o projeto conceitual de um
carrinho para a coleta de material reciclado que possa substituir os atuais carrinhos de
propulsão humana, propiciando melhor qualidade de vida para os catadores e aumento da
eficiência do processo de coleta seletiva. Para isso, pretende-se lançar mão dos conceitos do
processo de desenvolvimento de produtos.
2. Fundamentação teórica
2.1. Coleta de lixo e material reciclado
A reciclagem de materiais é uma forma possível de se aproveitar recursos, gerar matérias
primas menos dispendiosas, reduzir o consumo de energia, obter menor custo de produção e
evitar emissões gasosas e efluentes líquidos, contribuindo para a preservação de recursos
naturais (CEMPRE, 2004; MACEDO, 2002; RODRIGUES e CAVINATTO, 2000).
Segundo Rosa et al. (2005), a reciclagem é o resultado de uma série de atividades pelas quais
materiais que se tornariam descartáveis, ou estão descartados, são desviados, coletados,
separados e processados para serem usados como matéria prima na manufatura de novos
produtos, e trazer de volta ao ciclo produtivo o que é jogado fora. Esse procedimento
contribui, portanto, para o desenvolvimento sustentável. Ainda segundo esses autores, a coleta
seletiva consiste na separação e acondicionamento de materiais recicláveis em sacos ou
recipientes nos locais onde o resíduo é produzido. Tem por objetivo, inicialmente, separar os
resíduos orgânicos (restos de alimentos, cascas de frutas, legumes etc.) dos resíduos
inorgânicos (papéis, vidros, plásticos, metais etc.), de forma a facilitar a reciclagem, porque os
materiais, estando limpos, têm maior potencial de reaproveitamento e comercialização.
Em Itajubá, no sul de Minas Gerais, mais precisamente na Universidade Federal de Itajubá
(Unifei), existe uma Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (INTECOOP). Esta
abriga, como uma de suas incubadas, a Associação dos Catadores Itajubenses de Materiais
Reclicáveis (ACIMAR). A ACIMAR foi criada junto à Prefeitura Municipal de Itajubá, que
cedeu um galpão, um caminhão para coleta, um motorista e um secretário.
2.2. Processo de desenvolvimento de produtos
Desenvolver produtos consiste no conjunto de atividades por meio das quais se busca chegar
às especificações de projeto de um produto e de seu processo de produção, a partir das
necessidades do mercado, das possibilidades e restrições tecnológicas. Segundo Back (1993),
o projeto de um componente ou de um sistema apresenta em cada caso características e
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peculiaridades próprias. Mas, à medida que um projeto é iniciado e desenvolvido, desdobra-se
uma sequência de eventos, numa ordem cronológica, formando um modelo, o qual quase
sempre é comum a todos os projetos.
O modelo de desenvolvimento adotado na presente pesquisa é aquele proposto por Ceryno
(2009), em que se busca selecionar alternativas de concepção para o produto que gerem os
menores níveis de desperdícios, por meio da integração das fases de projeto informacional e
conceitual. A adequação das fases do desenvolvimento de produtos é baseada na metodologia
apresentada por Rosenfeld et al. (2006), por se tratar de um modelo genérico, baseado em
metodologias consagradas, unificando em uma sequência de etapas as melhores práticas de
desenvolvimento.
3. Procedimento metodológico
O método de pesquisa empregado para a realização do presente trabalho é a pesquisa-ação.
Esse método foi o escolhido por permitir a solução de um problema por meio da atuação
coletiva entre o pesquisador e aqueles envolvidos no objeto de estudo. Neste caso, os
envolvidos são a administração da ACIMAR e alguns de seus catadores de materiais
recicláveis. A seguir são descritas brevemente as etapas da sistemática a ser seguida,
conforme proposta adaptada de Ceryno (2009), para facilitar a compreensão e a aplicação do
presente projeto de pesquisa.
3.1. Etapa 1 - Definir equipe e líder de projeto
Escolha da equipe e do líder de projeto que irão atuar durante todo o processo de
desenvolvimento do carrinho para coleta seletiva.
3.2. Etapa 2 - Revisar e atualizar o escopo do produto
Compõe-se das seguintes tarefas: análise do problema de projeto, análise das tecnologias
disponíveis e necessárias, pesquisa de padrões/ normas, patentes e legislação e pesquisa de
produtos concorrentes e similares.
3.3. Etapa 3 - Detalhar ciclo de vida do produto e definir seus clientes
Com as informações levantadas em etapas anteriores, busca-se definir as fases do ciclo de
vida do produto, visando planejá-lo em recursos financeiros associados com os diferentes
estágios do ciclo, além de identificar os clientes em tais estágios.
3.4. Etapa 4 - Levantar as necessidades do cliente final
Para nortear o processo de desenvolvimento de produto, busca-se levantar as necessidades dos
clientes de cada etapa do ciclo de vida, através da pesquisa e compilação das necessidades do
cliente final.
3.5. Etapa 5 - Identificar e hierarquizar os requisitos do cliente final
Deve-se reescrever as necessidades do cliente final na forma de requisitos (forma objetiva,
concreta, sem redundâncias ou ambiguidade) e verificar a importância de cada um deles. Para
tanto, pode-se utilizar o desdobramento da função qualidade (QFD).
3.6. Etapa 6 - Levantar as necessidades dos clientes intermediários e internos
A equipe de projeto realiza um mapeamento que considere as diferentes áreas impactadas pelo
produto, levantando aspectos que, se atendidos, evitam desperdícios durante a cadeia de
produção e de distribuição do produto.
3.7. Etapa 7 - Definir as especificações-meta
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A equipe deve medir a relação das especificações-meta do produto com os requisitos do
cliente final. Para tanto, pode-se utilizar uma matriz de QFD.
3.8. Etapa 8 - Modelagem funcional do produto
A equipe de projeto deve descrever o produto em um nível abstrato, através de suas funções
pouco complexas, permitindo o alcance de melhores soluções.
3.9. Etapa 9 - Identificar núcleos funcionais
A equipe de projeto deve identificar as funções que são comuns e possam ser agrupadas em
núcleos funcionais. Sugere-se a aplicação da matriz proposta por Scalice (2003).
3.10. Etapa 10 - Avaliação do grau de modularidade do produto
Deve-se verificar a possibilidade de criar módulos sob a ótica dos conceitos dos princípios
enxutos. Para tanto, sugere-se a utilização da matriz MIM, proposta por Erixon et al. (1996).
3.11. Etapa 11 - Levantar princípios de solução
Consiste na busca por soluções para as funções levantadas na modelagem funcional e para os
possíveis módulos dos produtos. Sugere-se a aplicação de métodos intuitivos, métodos
sistemáticos e métodos orientados.
3.12. Etapa 12 - Estudo das interfaces
Cada módulo e princípio de solução determinados em etapas anteriores é objeto de um estudo
mais detalhado, para que sejam gerados parâmetros, como formas, materiais, dimensões,
capacidades, entre outros. São avaliados fatores importantes do processo, como
manufaturabilidade, o desempenho, os custos e a qualidade das soluções levantadas.
3.13. Etapa 13 - Selecionar concepção
Cada princípio de solução é julgado de acordo com sua capacidade em atender as
necessidades dos clientes, de gerar menores níveis de desperdícios e de utilizar melhores
cadeias de fornecimento.
3.14. Etapa 14 – Avaliar resultado quanto aos desperdícios
Um protótipo do produto é fabricado, verificando se as especificações definidas são atendidas
e se há identificação de possíveis fontes de desperdícios, baseado nos requisitos dos clientes
finais, intermediário e interno. Esta etapa se mostra mais eficaz para o começo do projeto
detalhado, que é uma parte do projeto que será tratada posteriormente, não sendo foco do
presente trabalho.
4. Resultados e discussão
Estão descritas a seguir as etapas realizadas do modelo de desenvolvimento de produto para o
projeto conceitual do carrinho.
4.1. Etapa 1 - Definir equipe e líder de projeto
Foi atribuída ao pesquisador a liderança do projeto e foram incluídos na equipe alunos do
Programa de Educação Tutorial (PET) da Engenharia de Produção da Unifei. Em paralelo, há
a participação dos catadores da ACIMAR, e de sua diretoria, em entrevistas diretas e pela
observação de seu trabalho nas ruas.
4.2. Etapa 2 - Revisar e atualizar o escopo do produto
Através de uma entrevista informal com o ex-presidente da associação, confirmou-se a
dificuldade que a falta de um transporte para os materiais recicláveis implica na coleta
seletiva.
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Foram pesquisados veículos utilizados para a coleta seletiva, dando prioridade aos que não
utilizavam tração humana para movimentar-se. Para tanto, foi consultado o Instituto Nacional
da Propriedade Industrial (INPI), que é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, responsável por registros de marcas,
concessão de patentes, averbação de contratos de transferência de tecnologia e de franquia
empresarial, e por registros de programas de computador, desenho industrial e indicações
geográficas, de acordo com a Lei da Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96) e a Lei de
Software (Lei nº 9.609/98). Utilizou-se também de pesquisas em reportagens e afins. A busca
por patentes mostrou a existência de alguns modelos para carrinhos. Porém, existia a
oportunidade para incorporação de características inovadoras.
4.3. Etapa 3 – Detalhar ciclo de vida do produto e definir seus clientes
Como o produto desenvolvido é, em um primeiro instante, fruto de uma pesquisa cientifica,
não há a necessidade de se definir um ciclo de vida detalhado em termos comerciais. Mas, o
ciclo de vida deve ser analisado para os componentes dos sistemas e subsistemas do produto.
Isto será feito posteriormente conforme o avanço no estudo de cada componente. Como o
presente trabalho apresenta apenas o modelo conceitual do carrinho, este tópico não será
tratado aqui.
4.4. Etapa 4 - Levantar as necessidades do cliente final
A execução desta etapa foi realizada através de entrevistas com os catadores e com associados
da ACIMAR. Por meio de um protocolo de pesquisa foram levantadas informações sobre o
processo da coleta, suas dificuldades e possíveis características para um carrinho para o
transporte dos materiais recicláveis. Percebeu-se que um carrinho para auxiliar na coleta de
materiais recicláveis é uma real necessidade. Sem um carrinho, os catadores têm que arrastar
o bag (sacola utilizada na coleta que se desgasta com o atrito no asfalto) pelas ruas, o que se
torna difícil se a quantidade de material recolhido for grande.
Foi mencionada a falta de separação dos materiais no lixo das residências e, quanto ao
formato do carrinho, há tendência para a simplicidade, leveza e baixo custo. Quanto ao
tamanho, uma ideia muito citada foi a de ter o tamanho suficiente para comportar 2 bags
cheios, já que essa é a média de coleta por dia de trabalho. Quanto à possibilidade de ter no
próprio carrinho alguns dispositivos para compactação de volume, a opinião ficou dividida.
4.5. Etapa 5 - Identificar e hierarquizar os requisitos do cliente final
O projeto visa atender um requisito principal dos catadores de material reciclado que é
diminuir o esforço físico no transporte desse material. Outros requisitos se desprendem deste
principal. Por meio do contato com os próprios catadores chegou-se a seguinte ordenação dos
requisitos, representada na Tabela 1, em uma escala de 1 a 5, sendo 5 o maior grau de
relevância do requisito.
Tabela 1: Hierarquização dos requisitos do cliente final
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4.6. Etapa 6 - Levantar as necessidades dos clientes intermediários e internos
Foi realizada através de uma reunião com a Secretária de Meio Ambiente da Prefeitura
Municipal de Itajubá. Obteve-se apoio no que diz respeito ao acesso de dados do município
nos quadros de coleta seletiva e ao conhecimento dos aspectos legais sobre responsabilidade
social e ambiental.
4.7. Etapa 7 - Definir as especificações-meta
As especificações-meta do projeto definem quais são os parâmetros dentre os quais as
alternativas de solução devem estar compreendidas. Analisando-se os produtos existentes,
pôde-se chegar às especificações-meta, listadas na Tabela 2.
Tabela 2: Especificações-meta do produto
4.8. Etapa 8 - Modelagem funcional do produto
A finalidade principal do projeto é facilitar o trabalho dos catadores na coleta seletiva,
reduzindo ou até mesmo eliminando a tração humana no deslocamento do carrinho com os
materiais coletados. A modelagem funcional permitiu definir as principais funções dos
principais conjuntos do carrinho.
4.9. Etapa 9 - Identificar núcleos funcionais
O produto foi dividido nas seguintes funções, de acordo com as suas características
construtivas: função de movimentação e função de acomodação de material.
4.10. Etapa 10 - Avaliação do grau de modularidade do produto
Pela relativa simplicidade de modularização do projeto a ser obtido, não foram utilizados
métodos da literatura para esta etapa.
4.11. Etapa 11 - Levantar princípios de solução
Nesta etapa foram observados os potenciais subsistemas do projeto, e agrupando-os por
funções semelhantes, obteve-se uma divisão funcional do carrinho. Os subsistemas e suas
principais alternativas de solução estão apresentados na forma de matriz morfológica, dada
pelo Quadro 1.
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SISTEMAS
PRINCÍPIOS DE SOLUÇÃO
Propulsão
Motor a
combustão a
diesel
Motor a
combustão a
álcool
Motor a
combustão a
gasolina
Motor
elétrico com
baterias
Motor
elétrico com
células
combustíveis
Motor
híbrido
Tração
Traseira
Dianteira
Nas 4 rodas
Transmissão
Correia-polia
Engrenagens Hidráulica
Suspensão/
Amortecimento
Molas
helicoidais
Feixe de
molas
Coxins
Frenagem
De
motocicleta
(tambor)
A disco
Pneumática
Regenerativa Sistema
mecânico
Rolagem
2 rodas
3 rodas
4 rodas
Tipo de rodas
Pneumáticas
Pneumaciças
Mancais
De
deslizamento
De rolamento
Direção
1 rodízio
traseiro
1 rodízio
dianteiro
2 rodízios
traseiros
2 rodízios
dianteiros
Interação
condutor-
veículo
Acoplável a
bicicleta
Barra de
direção à
frente
Barra de
direção atrás
Hibrido
Compartimento
de carga
Com
modularização
com grades
Com
modularização
de parede
fechada
Não-
modularizado
com grades
Não-
modularizado
de parede
fechada
Híbrido
Chassis
Perfis de Aço
Perfis de
Metalon
Compactação
de material
Amassador
Triturador
Quadro 1: Princípios de solução para o projeto do carrinho de coleta
4.12. Etapa 11 - Estudo das interfaces
Foram feitos esboços simplificados do projeto em software paramétrico que permitiu avaliar
de maneira mais funcional os subsistemas do carrinho e a ligação entre os subsistemas. Foram
utilizadas algumas alternativas que ainda não representavam necessariamente as finais, mas
que se apresentavam, a priori, como as mais prováveis.
O sistema de direção, representado na Figura 1, deve permitir que o condutor do veículo
consiga movimentar-se de forma livre e que consiga acionar os sistemas de freio e controlador
de velocidade da forma mais ergonômica. O direcionamento pode ser feito através de rodízios
giratórios independentes, ou por um sistema mecânico que permita movimentar as rodas pela
barra de direção e controle do veículo. Baseado em relatos dos catadores em entrevista, o
sistema de tração do carrinho, a princípio, deve garantir apenas um sentido de deslocamento,
e, para facilitar a vista, deve ser colocado de modo a se puxar o carrinho.
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Figura 1: Representação do sistema de direção e controle do carrinho
Tendo por base uma propulsão com energia elétrica, um motor e uma bateria são
representados respectivamente pelas Figuras 2 e 3. O esboço traz a ligação de polia e correia
para realizar a transmissão de torque do motor para o eixo, que também poderia ser feita por
engrenagens. Nota-se na Figura 2 que o sistema de propulsão está na parte inferior do
carrinho, o que, a princípio, atrapalharia nas manutenções, recargas e outras operações, visto a
dificuldade de acesso aos componentes. Uma opção mais viável seria posicionar o sistema de
propulsão fora da gaiola do carrinho. Em contrapartida, teria que ser feita uma proteção para o
mesmo, para a segurança do catador e para proteger o próprio equipamento de agentes
externos prejudiciais ao funcionamento do sistema.
Figura 2: Representação simplificada do motor do carrinho
Figura 3: Representação simplificada da bateria do carrinho
4.13. Etapa 12 – Selecionar concepção
Foi realizada uma análise de cada subsistema, a fim de selecionar a melhor opção sob critérios
de melhor atendimento da necessidade do projeto, viabilidade técnica e econômica, utilizando
como base as soluções já utilizadas e catálogos de fabricantes.
4.13.1. Sistema de propulsão
Para o sistema de propulsão têm-se como opções, principalmente, os motores à combustão
interna e os elétricos, ou ainda os híbridos.
Alternativas como os veículos a tração elétrica possibilitam baixas emissões de poluentes,
destacando-se os veículos elétricos puros, os veículos elétricos híbridos e os veículos a célula
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de combustível. O elevado rendimento dos sistemas de propulsão do veículo elétrico torna-o
mais eficiente que o veículo a motor de combustão interna.
O maior problema dos veículos elétricos está ligado às tecnologias existentes atualmente para
armazenagem de energia a bordo destes, como no caso das baterias, que não alcançaram ainda
níveis de desempenho que os torne competitivos. Isso ocorre devido as relações
peso/potência, aos elevados tempos necessários para o recarregamento, bem como aos custos
associados. Logo, o desenvolvimento de veículos elétricos com níveis de autonomia
satisfatórios e com custos acessíveis é dificultado.
Sendo, portanto, os motores elétricos os mais indicados para a resolução do problema, é
necessário que se escolha o tipo de motor elétrico que melhor se aplique no caso. Dentre os
vários sistemas para controle de velocidade de uma máquina elétrica, os que se mostram como
soluções mais viáveis ao projeto são: acionamento com motor CC e acionamento com motor
CA assíncrono de rotor de gaiola por inversor de tensão.
As comparações entre vantagens e desvantagens de motores elétricos desses dois sistemas,
aliadas aos seus respectivos graus de inovação e compatibilidade, induziram à seleção da
opção de um motor elétrico de corrente contínua. Foi selecionada uma controladora de
velocidade, que deve necessariamente funcionar por corrente contínua, para operar em
conjunto com a máquina elétrica.
Foram analisadas as prováveis fontes de energia para este equipamento. Classicamente optou-
se pela bateria, que consiste em um dispositivo que armazena energia através de um processo
eletroquímico, disponibilizando essa energia para uso através de eletricidade. As baterias
automotivas que apresentaram tecnologia mais adequada ao uso em questão foram as de
chumbo-ácido. Esta classe de baterias se destaca pela facilidade de manutenção e troca e pelo
alto potencial de reciclagem. Por fim, será necessário então um carregador, para carregá-la
após a sua total descarga.
4.13.2. Sistema de tração
Como para a tração é utilizado um motor elétrico, e visando um maior atendimento com
menores custos, opta-se por tração em apenas um eixo do carrinho. Considerando o fato de
que o carrinho deve possuir boa dirigibilidade, decidiu-se por uma tração traseira, deixando a
parte dianteira do veículo apenas para direcionamento.
4.13.3. Sistema de rolagem e direcionamento
Selecionou-se dois rodízios dianteiros para o direcionamento. Quanto às rodas, definidas em
dois pares, selecionou-se as pneumáticas. Estas garantem uma boa absorção das vibrações
induzidas por irregularidades do solo e possuem boa resistência à carga, cerca de 200 a 220
kg, segundo alguns fabricantes. Além disso, optou-se por rodízios giratórios com freio de
pedal, o que auxiliará na frenagem. Para o presente projeto, os mancais de deslizamento não
seriam os mais indicados, pois se trata de uma aplicação com baixa velocidade de rotação.
Portanto, optou-se pelos mancais de rolamento.
4.13.4. Sistema de interação veículo-condutor
A forma mais prática de se direcionar o carrinho com rodízios giratórios dianteiros é através
dos populares “varões”. Estas também devem proporcionar ao condutor uma certa mobilidade
para realizar a coleta de materiais. Para atender a esse fator, optou-se por utilizar uma barra
fixa em uma extremidade, de forma a ter movimentação apenas na direção transversal ao seu
eixo, e encaixada na extremidade oposta, proporcionando ao condutor uma fácil
movimentação entre a direção do carrinho e os pontos de coleta.
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Outra forma de interação veículo-condutor é a parte de acionamento elétrico, responsável por
comandar a tração do carrinho. Visto que o motor elétrico de corrente contínua tem a
possibilidade de controle de velocidade, através de uma placa eletrônica inversora de tensão,
um potenciômetro é a melhor opção para se ter acesso ao controle de velocidade e torque do
motor. Optou-se por um acelerador ligado a um potenciômetro angular. O condutor ajusta a
velocidade do motor através de pequenas chaves que são colocadas na barra de
direcionamento do veiculo (varão).
4.13.5. Sistema de transmissão
Analisou-se o rendimento do acoplamento de uma máquina elétrica, representado na Tabela 3.
Tipo de acoplamento Faixa de rendimento (%)
Direto 100
Embreagem eletromagnética 87-98
Polia com correia plana 95-98
Polia com correia V 97-99
Engrenagem 96-99
Roda dentada (Correia) 97-98
Cardã 25-100
Acoplamento hidráulico 100
Tabela 3: Faixa de rendimento de acoplamentos
Visando-se uma maior economia de tempo e recursos, optou-se por acoplamento por
engrenagens.
4.13.6. Sistema de suspensão e amortecimento
Os mecanismos de suspensão e amortecimento têm por objetivo reduzir as vibrações
induzidas pelas irregularidades do solo. Como o carrinho estará a uma velocidade média
prevista baixa, as forças resultantes aplicadas no veículo não serão de grande proporção. Por
essa razão, o sistema de suspensão e amortecimento não fará parte do conceito do carrinho.
4.13.7. Sistema de frenagem
Optou-se por utilizar um freio mecânico com sapatas. Esta escolha garante um menor custo
associado, principalmente à manutenção. O sistema de freio liga-se ao freio do rodízio
pneumático por uma alavanca, facilitando a frenagem.
4.13.8. Chassis
Para o projeto do chassis, utilizou-se cantoneiras de abas iguais de várias bitolas, procurando
fazer uma estrutura rígida para suportar toda a carga coletada e o peso próprio do carrinho.
Este é um subsistema que deverá sofrer testes em um software para determinar os esforços
predominantes na estrutura, a fim de que seja obtida a eficiência desse subsistema.
4.13.9. Compactação de material
Entrou-se em contato com a empresa que recebe as coletas da ACIMAR e foi informado que a
compactação ou o picotamento do material coletado não seria uma boa operação a ser
realizada, pois nestas condições o rótulo se misturaria com o plástico e as máquinas
não conseguiriam retirar o rótulo. Portanto, não foi utilizado nenhum sistema redutor de
volume no projeto conceitual.
4.13.10. Dispositivos de segurança
Optou-se por um retrovisor no lado esquerdo do carrinho, uma vez que se trata de um veículo
de baixa velocidade irá circular no lado direito da via. Deve-se ter equipamentos devidamente
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instalados que não ofereçam risco a integridade física do catador.
4.13.11. Compartimento de carga
A proposta foi projetar um compartimento de carga que permitisse ao catador separar os
materiais recolhidos já no ato da coleta, diminuindo assim o tempo de triagem e possibilitando
uma melhora no processo. Foram desenvolvidas duas soluções que atendem a esses
propósitos.
Na primeira alternativa, foram desenvolvidos compartimentos independentes para serem
encaixados no compartimento principal do carrinho. Cada compartimento permanece fixo
para que seja realizada a coleta e tem a liberdade de ser movido por alguns rodízios fixos na
parte inferior dos mesmos, correndo sobre um trilho no assoalho do carrinho até uma
plataforma que se estende até o chão. Com esse movimento, o compartimento irá deslocar-se
angularmente até certo ponto mecanicamente possível. Como consequência dessa posição, o
próprio peso do material coletado irá abrir uma grade, que é fixa apenas na sua parte superior,
e será depositado abaixo, conforme ilustra a Figura 4.
Figura 4: Compartimento aberto para depósito de material
Na segunda alternativa, pode-se optar por dividir o carrinho em compartimentos ou não. Fez-
se uma estrutura única que serve como um compartimento de coleta e que é encaixada no
assoalho do carrinho, dividindo-o automaticamente em três partes. Para fechamento dos
compartimentos, selecionou-se uma solução de uma grade única para um compartimento, e,
para os dois restantes, uma grade com duas partes, sendo uma fixa na gaiola e a outra parte
presa na extremidade oposta da primeira, conforme representa a Figura 5. Isso evita que, ao
abrir uma grade de um compartimento para o despejo do material coletado, o material do
compartimento adjacente seja também despejado.
Figura 5: Desenho representativo do fechamento das grades frontais
Vale ressaltar que, por se tratar de modelos conceituais, algumas simplificações foram feitas
no projeto a fim de ter uma melhor compreensão do layout e das formas do carrinho.
Para avaliar se os conceitos desenvolvidos atendem às especificações-meta de massa (máximo
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de 400 kg), foram montadas três tabelas. A primeira a respeito da massa dos componentes
iguais aos dois conceitos, a segunda com relação aos componentes específicos do conceito 1 e
a terceira com relação aos componentes específicos do conceito 2. Em seguida foram somadas
as massas dos componentes dos conceitos, obtendo uma estimativa para a massa de cada um
(Tabela 4). Como são valores estimados, e alguns componentes foram omitidos no projeto
conceitual, como fiação elétrica e elementos de fixação, os valores foram acrescidos de um
fator de 20%.
Conceito 1 Conceito 2
Massa (kg) 421,14 294,57
Massa corrigida (kg) 505,37 353,48
Tabela 4: Estimativa de massa dos conceitos
Observa-se que o conceito 1 resultou em um valor de massa cerca de 20% maior que a
especificação-meta. Logo, se esta solução for realmente adotada para dar origem ao produto
final, devem ser realizadas análises a fim de redução de peso. Lembrando-se que, quanto
maior o peso próprio do carrinho, menor será a capacidade do sistema de tração para a coleta.
5. Conclusões
Esta pesquisa tem contribuição social, proporcionando condições de trabalho mais dignas aos
catadores de material reciclável e impulsionando diretamente a coleta seletiva e a reciclagem
de materiais, fatores de grande importância para a redução da degradação ambiental.
O modelo de Ceryno (2009) mostrou-se eficaz para esta pesquisa. Isso mostra que a adoção
de um modelo de referência para o desenvolvimento de um produto é eficaz no sentido de
redução de tempo e eficácia no atendimento aos requisitos dos clientes.
O projeto detalhado do carrinho será realizado posteriormente partindo das concepções
desenvolvidas e apresentadas no presente trabalho. Nessa etapa serão abordados com maiores
detalhes todos os componentes do carrinho, para a escolha do melhor conceito e fabricação de
seu protótipo funcional. Será importante no caráter técnico e financeiro. Serão realizados
testes computacionais preliminares, para constatar se os componentes estruturais do carrinho
suportarão o peso próprio dos componentes somados à carga dos materiais coletados e se será
necessária a inserção de um subsistema de suspensão e amortecimento, omitido no projeto
conceitual.
É importante que se conheça o comportamento do carrinho em situações de irregularidades
nas vias e elevações do terreno, realidades típicas da cidade de Itajubá, onde está instalada a
ACIMAR. Além disso, deverá ser especificada a potência do motor elétrico e a sua forma de
excitação (pela tensão ou corrente), bem como as cargas das baterias.
Agradecimentos
Os autores agradecem à Fapemig pela bolsa de iniciação científica e ao SESu/MEC pela bolsa
do Programa de Educação Tutorial do Grupo PET Engenharia de Produção da UNIFEI.
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