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PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE O SETOR ELÉTRICO RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO DE CONJUNTURA: PLANEJAMENTO 1 JUNHO DE 2012 Nivalde J. de Castro Kesia da S. Braga

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PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE

O SETOR ELÉTRICO

RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO DE CONJUNTURA:

PLANEJAMENTO1 JUNHO DE 2012

Nivalde J. de Castro

Kesia da S. Braga

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ÍNDICE

SUMÁRIO EXECUTIVO .......................................................................................................................................3

1- PROJEÇÕES PARA DISPONIBILIDADE DE ENERGIA ..................................................................... 4

1.1-CHUVAS E RESERVATÓRIOS..............................................................................................................4

1.2-DEMANDA/CONSUMO..........................................................................................................................6

1.3- OFERTA.......................................................................................................................................................7

2-PLANEJAMENTO E EXPANSÃO .................................................................................................................8

2.1-INVESTIMENTO........................................................................................................................................8

3-LEILÕES............................................................................................................................................................. 10

4-TERMOELÉTRICAS....................................................................................................................................... 12

4.1-ENERGIA NUCLEAR............................................................................................................................. 12

4.2-GÁS NATURAL........................................................................................................................................ 13

4.3-PETROBRAS ............................................................................................................................................ 13

5-OUTROS INSUMOS........................................................................................................................................ 15

5.1-ENERGIA EÓLICA.................................................................................................................................. 15

5.2-SOLAR ........................................................................................................................................................ 15

1 Participaram da elaboração deste relatório como pesquisadores Roberto Brandão, Bruna de Souza Turques, Rafhael dos

Santos Resende, Diogo Chauke de Souza Magalhães, Débora de Melo Cunha e Luciano Análio Ribeiro.

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SUMÁRIO EXECUTIVO

Para contextualizar o leitor que se interessa pelo debate sobre os rumos do setor

elétrico, o GESEL/UFRJ publica mensalmente os relatórios de acompanhamento da conjuntura

referente à área de planejamento do setor elétrico e traz uma breve análise do que ocorreu no

mês, com notícias, publicações e opiniões de especialistas.

O relatório é dividido em seis partes: I – Projeções para Disponibilidade de Energia; II –

Planejamento e Expansão; III – Leilões; IV – Termelétricas; e V - Outros Insumos; todas

consideradas relevantes para o entendimento sobre os rumos do setor elétrico brasileiro.

Neste mês de junho, destacou-se o consumo de energia no Brasil, que alcançou em 2010

o nível mais alto em 20 anos, de acordo com o IBGE. O consumo de energia per capita foi o

maior índice desde o início da série histórica do IBGE, em 1992.

No tópico de leilões, a proposta em estudo na Aneel de impedir empresas com obras em

atraso de participar de leilões de concessão de novos empreendimentos, divide os

especialistas, pois a medida poderia praticamente esvaziar os certames de transmissão. Em

termoelétricas, o destaque é para a licença ambiental de Angra 3 que acaba de fechar suas

últimas etapas de exigências. Outras notícias também se destacaram neste relatório do mês de

junho, como os investimentos da Petrobras em gás e energia que somarão US$ 13,8 bilhões até

2016.

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1- PROJEÇÕES PARA DISPONIBILIDADE DE ENERGIA

1.1-CHUVAS E RESERVATÓRIOS

Em seu Relatório Mensal de Previsão de Vazões e Geração de Cenários de

Afluentes1, relativo ao mês de fevereiro de 2012, foi observado pelo ONS um intenso

aquecimento da temperatura da superfície do mar (TSM) do oceano Pacífico Equatorial,

próximo da costa da América do Sul. Este aquecimento caracterizou um final abrupto do

fenômeno La Niña, ocorrido entre o mês de fevereiro e a primeira quinzena de março. Para os

próximos meses a maior parte dos modelos dinâmicos e estatísticos indica que a TSM do

oceano Pacífico Equatorial permanecerá em uma situação de neutralidade, com a

possibilidade de início de um novo período de El Niño entre junho/julho.

Na tabela 1 é apresentada de forma resumida a previsão de consenso de precipitação

para as bacias hidrográficas e de temperatura para as capitais brasileiras, no trimestre abril-

maio-junho, elaborada pelos Institutos de Meteorologia.

1 Disponível em : http://www.ons.org.br/download/operacao/hidrologia/Relatorio_de_Previsao_de_Vazoes_PMO_Maio_2012.pd

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Tabela 1: Previsão para as Bacias Hidrográficas do SIN

Fonte: ONS

A evolução do nível de energia armazenada no SIN pode ser observada abaixo:

Gráfico 1: Energia Armazenada – 2012

Fonte: Elaborado pelo GESEL-IE-UFRJ com base nos dados do NOS

0

20

40

60

80

100

120

Jan Fev Mar Abr Mai

Meses do Ano

Em

%

SE/CO S N NE

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1.2-DEMANDA/CONSUMO O consumo de energia no Brasil alcançou em 2010 o nível mais alto em 20 anos, de

acordo com o relatório “Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS 2012)”, divulgado

pelo IBGE. O trabalho detalha as dimensões ambiental, social, econômica e institucional do

país em 62 itens. Em 2010, o consumo de energia per capita alcançou 52,9 gigajoules (GJ/hab).

Foi o maior índice desde o início da série histórica do IBGE, em 1992, ultrapassando 2008, até

então o maior (50 GJ/hab), após uma redução para 48,3 GJ/hab, em 2009. O aumento, segundo

o instituto, está relacionado ao grau de desenvolvimento do país e ao maior acesso a bens de

consumo essenciais e a serviços de infraestrutura. A eficiência no uso da energia na economia

brasileira tem se mantido estável, devido ao crescimento quase em paralelo do consumo de

energia e do PIB ao longo dos anos. O IBGE também informou que, em 2010, 45,5% da energia

utilizada no Brasil era gerada por fontes renováveis. A participação das principais fontes

renováveis no total da oferta de energia tem se mantido estável nos últimos anos, com queda

de 2009 para 2010.

A demanda por energia elétrica no País teve uma leve alta este mês. O SIN atingiu uma

carga de 58.404 MW em maio de 2012, o que significa um salto de 3,1% em relação ao mesmo

mês do ano passado. Já na comparação com abril deste ano, houve um recuo de 3,9%. Segundo

o ONS, o comportamento da carga "foi influenciado principalmente pelo menor dinamismo da

atividade industrial da Região SE, onde se concentra a maior parte do parque industrial do

país. O Subsistema SE/CO continua o líder em demanda por energia elétrica no País. A região,

que concentra 60% do consumo industrial, utilizou 35.423 MW em maio, valor 1,2% superior

ao do mesmo mês de 2011. Por outro lado, houve queda na comparação com o mês de abril, de

5,8%.

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1.3- OFERTA O preço da energia elétrica deve subir entre 2013 e 2014, ano em que o Brasil vai sediar

a Copa do Mundo. O evento deve aumentar a demanda por eletricidade no país, sobretudo nos

setores relacionados à prestação de serviços. A Brix lançou seu primeiro indicador de preços

futuros. E o gráfico mostra que os agentes consideram uma elevação das cotações daqui a dois

anos em relação aos valores pagos ao longo do ano que vem. Com base numa fotografia dos

negócios na Brix no dia 11 de junho, os contratos para agosto e setembro deste ano estão

sendo negociados por R$ 132 o MWh. O preço refere-se à energia convencional entregue nas

regiões SE/CO. Os contratos para outubro, novembro e dezembro já sinalizam uma queda de

5% nas cotações, para R$ 125 por MWh. Nos contratos com vencimento em 2013, o mercado

projeta preços ainda mais comportados, de R$ 96 por MWh entre janeiro e julho e de R$ 95 o

MWh entre julho e dezembro. A partir de 2014, porém, o gráfico mostra uma curva de alta. Os

agentes negociam a energia para entrega daqui a dois anos por R$ 100.

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2-PLANEJAMENTO E EXPANSÃO

2.1-INVESTIMENTO

A Eletrobras fechou um memorando de entendimento com a UTE. O documento aborda

a escolha do local em que será implantado um parque eólico de 100MW que as duas empresas

pretendem construir em parceria. O empreendimento deve ser construído no país vizinho, que

vem expandindo a geração eólica e alcançado preços próximos aos praticados no Brasil. No

encontro, também foi discutido o andamento da implantação de uma nova linha de

transmissão que interligará Brasil e Uruguai. As obras já começaram no lado uruguaio do

projeto, enquanto, no Brasil, ainda é esperada a emissão de licença ambiental. A empresa tem

também em carteira projetos de geração de energia eólica que totalizam uma capacidade de 5

mil MW, disse o presidente da estatal, José da Costa Carvalho Neto. Para sair do papel, o

conjunto de projetos precisará de investimentos entre R$ 17,5 bilhões a R$ 20 bilhões.

Segundo ele, esse portfólio é composto de empreendimentos em construção e de projetos que

ainda serão implementados e em estudo. Apesar dos investimentos previstos nessa fonte,

Costa Neto ressaltou que a prioridade da Eletrobras continua sendo as hidrelétricas.

A Cemig ultrapassou, em 2011, os tetos estabelecidos em estatuto para endividamento

e investimentos de capital e em aquisições. A situação obrigou a companhia a convocar uma

Assembleia Geral Extraordinária, na qual os acionistas aprovaram, por unanimidade, os

indicadores do ano passado. O limite colocado em estatuto é de uma relação consolidada entre

dívida líquida e patrimônio líquido de 40%. Nos aportes, o máximo é o equivalente a 40% da

geração de caixa, medida pelo EBITDA.

A Chesf também tem enfrentado diversos problemas, como o de cumprimento de

cronograma em projetos de transmissão, o que valeu até uma bronca por parte da Aneel.

Atenta para a situação, a estatal foi à agência e apresentou um plano com metas bastante

ousadas. Reduzir os atrasos pela metade até o final deste ano e, já em 2013, zerar os

empreendimentos fora do prazo. Quem revela o encontro e as promessas feitas é o diretor de

Engenharia da companhia, José Aílton de Lima. O executivo reconhece que hoje,

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"seguramente", perto de 70% dos empreendimentos de transmissão da empresa estão

atrasados. O descompasso vai "de meses até mais de um ano" e os motivos também são

diversos. Mas, segundo Lima, o principal entrave é a morosidade do licenciamento ambiental.

2.2 FINANCIAMENTO A Renova Energia, que receberá um aporte milionário do BNDES, vai utilizar os

recursos para apoiar a implantação de seu plano de negócios, o que envolve projetos já em

desenvolvimento e futuras iniciativas "em energia eólica, solar ou em PCHs". A Light, uma das

controladoras da empresa, enviou comunicado ao mercado em que revela que foi assinado um

contrato particular de promessa de investimentos. Pelo documento, o braço de participações

do banco de fomento estatal, BNDESPar, comprará ao menos R$250 mi em ações da Renova.

Também ficou acertado que o BNDESPar poderá indicar um membro para o Conselho de

Administração da Renova. Além disso, o banco terá direito a exercer venda conjunta caso os

controladores decidam vender ações da empresa; e direito de aderir a ofertas públicas

secundárias da companhia.

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3-LEILÕES

O leilão A-3 já foi remarcado duas vezes e o presidente da Suzlon, Arthur Laviere

Lavieri demonstrou preocupação. "Eu tenho uma preocupação muito grande com o A-3 onde,

aparentemente, não existe um interesse muito grande nesse momento do conjunto relevante

de distribuidoras", afirmou. Entretanto, o executivo se mostrou confiante para o leilão A-5,

também marcado para outubro desse ano. Segundo ele, devido às expectativas de crescimento

do país e da ocorrência de grandes eventos como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, "O A-5

não seria capaz de contratar menos de 1 mil MW", avaliou.

Com relação à proposta em estudo na Aneel de impedir empresas com obras em atraso

de participar de leilões de concessão de novos empreendimentos, a medida poderia

praticamente esvaziar os certames de transmissão. A avaliação é do diretor de Engenharia da

Chesf, José Aílton de Lima, que rebate críticas ao desempenho da estatal e aponta que o

problema tem afetado praticamente todos os players do setor. Para o executivo, tal ideia

poderia levar a apenas duas situações. "Ou não ter empresas para disputar os leilões ou

somente os chineses terem condições de disputar, já que eles ainda não têm projeto em

atraso". A conclusão do engenheiro da Chesf não é ignorada pela Aneel. Tanto que o diretor

Edvaldo Santana deixou claro que o órgão regulador está preocupado com o efeito que o veto

aos atrasados poderá ter sobre a competitividade e os deságios nos certames. Santana também

adiantou que a eventual medida não deve punir empreendedores que tiveram problemas no

licenciamento ambiental ou outras etapas que não sejam de sua responsabilidade.

O Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que o governo tomará, ainda

neste ano, uma decisão sobre realizar ou não um leilão para a contratação de energia solar. "O

MME e a Aneel continuam estudando para poder fazer o leilão. Este ano teremos uma

definição. Porém, somente uma definição, não o leilão", explicou o ministro. Os estudos citados

por Lobão levam em conta um material elaborado pela EPE, órgão de planejamento do MME.

Embora o material não tenha sido revelado à imprensa, Tolmasquim adiantou que o estudo

sugere a realização de leilões para criar "uma massa crítica" da fonte no País, com a

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construção de usinas. Ao mesmo tempo, são propostos incentivos tributários e financiamentos

para a microgeração, que já é vista como economicamente viável em alguns Estados. Segundo

o presidente de Furnas, Flavio Decat Furnas tem bastante interesse em gerar energia a partir

da fonte solar, que deve ganhar espaço na matriz da estatal nos próximos anos. Decat explicou

também que a ideia para estimular a geração solar no Brasil é repetir modelos usados para

incentivar PCHs e eólicas quando essas fontes ainda eram uma aposta. Decat informou que a

meta da empresa é, nos próximos 10 anos, elevar a participação de energia renovável de um

"percentual atual baixo" para 20% de sua matriz.

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4-TERMOELÉTRICAS

4.1-ENERGIA NUCLEAR

O assistente da presidência da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, afirmou

acreditar que, até dezembro, o consórcio vencedor de licitação - ainda em andamento -, esteja

no canteiro de obra da usina nuclear Angra 3 para a montagem eletromecânica. O prazo inicial

para a montagem era maio. No entanto, as datas foram postergadas devido a recursos

impetrados por empresas participantes da concorrência. A licença ambiental de Angra 3, que

será concedida pelo IBAMA, acaba de fechar suas últimas etapas de exigências. Pelas contas do

instituto, a Eletronuclear, responsável pela construção da usina, terá que desembolsar R$ 40

milhões em compensações ambientais como forma de mitigar os impactos causados pelo

empreendimento. O preço da compensação ambiental de Angra 3 estipulado pelo Ibama

atingiu o pico do permitido por lei. Pelas regras ambientais, a cobrança só pode chegar a, no

máximo, 0,5% do preço da obra. Como o custo total para erguer Angra 3 foi estimado em R$ 8

bilhões, a fatura ambiental ficou em R$ 40 milhões. Esse repasse, no entanto, deverá aumentar,

uma vez que já se admite que a usina deverá consumir R$ 10,4 bilhões em investimentos.

A Eletronuclear decidiu que pegará com o BNDES quase a totalidade dos R$ 10 bilhões

previstos na instalação da usina nuclear Angra 3. O presidente da estatal, Othon Luiz Pinheiro,

disse que 30% desse valor, que seriam financiados por bancos estrangeiros, virão de novos

créditos do banco estatal. A mudança de planos, segundo Pinheiro, foi motivada pelo cenário

econômico de crise global no qual o financiamento estrangeiro deixou de ser vantajoso. "Não

adianta termos uma moeda excessivamente forte e pagarmos juros altos", disse Pinheiro.

Diante da possível necessidade de usinas dessa fonte no Brasil após 2022, a Eletrobras

quer estar preparada para atuar no segmento de geração de energia nuclear, disse o

presidente da estatal, José Carvalho da Costa Neto. Até 2022, não há programação de novas

usinas nucleares no país além de Angra 1, Angra 2 e Angra 3, informou o executivo. "Agora,

acima de 2022, eu acho que é um potencial que tem que ser sempre analisado, com a máxima

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segurança." Ele enfatizou, no entanto, que essa é uma decisão a ser tomada entre o governo e a

sociedade.

4.2-GÁS NATURAL Com a perspectiva de consumir aportes totais de R$ 354 bilhões de crédito até 2015, o

setor de petróleo e gás vê os programas e opções para captação de financiamento se

multiplicar. Só o BNDES prevê desembolsar cerca de R$ 63 bilhões entre 2012 e 2015, 66%

mais que nos últimos quatro anos. Do total previsto, R$ 33 bilhões são de projetos já firmados.

Segundo o superintendente da área de indústria de base, Rodrigo Bacellar, um dos destaques

será a construção local de sondas de perfuração - a Petrobras prevê a construção de 33 sondas

nacionais a partir de 2016 com até 65% de conteúdo local e a Sete Brasil já assinou contratos

com estaleiros brasileiros para construir 28 sondas no valor total de US$ 27 bilhões. O plano

de investimentos da Petrobras, de US$ 236 bilhões até 2016, está à frente do movimento.

Destes, US$ 80 bilhões serão captados no mercado - US$ 15 bilhões são do caixa próprio

existente no início do plano; US$ 136 bilhões do caixa operacional após pagamento de

dividendos a acionistas; e US$ 15 bilhões de desinvestimentos e reestruturações.

4.3-PETROBRAS Os investimentos da Petrobras em gás e energia somarão US$ 13,8 bilhões até 2016, de

acordo com plano de negócios divulgado pela companhia. Na área de petroquímica, a empresa

aplicará US$ 5 bilhões no mesmo período. Os segmentos de distribuição e de biocombustíveis

receberão recursos de US$ 3,6 bilhões e US$ 3,8 bilhões, respectivamente. Na área corporativa,

serão aplicados US$ 3 bilhões. A área de logística será um dos focos do segmento de

distribuição. De acordo com a companhia, isso será feito com o intuito de acompanhar o

crescimento do mercado doméstico e assegurar a posição de liderança da Petrobras no setor.

Em biocombustíveis, US$ 1,9 bilhão será investido em projetos em implantação e aquisições.

Segundo a empresa, a maior parte dos recursos será voltada aos projetos de etanol

desenvolvidos pela subsidiária Petrobras Biocombustíveis.

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De acordo com o gerente-executivo de finanças da Petrobras, Gustavo Tardin, que para

cumprir o plano de negócios 2012/2016, a companhia vai precisar captar US$ 80 bilhões e

gerar US$ 136 bilhões de caixa nos próximos cinco anos. Tardin mostrou-se tranquilo com a

meta, afirmando que a estatal tem uma geração de caixa anual de US$ 35 bilhões. O plano de

negócios da Petrobras prevê investimentos de ao menos US$ 208,7 bilhões no período.

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5-OUTROS INSUMOS

5.1-ENERGIA EÓLICA Após ter fechado contratos para fornecer mais de 800MW em aerogeradores de 1,5 MW

e 1,6 MW no Brasil, a GE Energy calcula que deve chegar às 700 máquinas instaladas no País

até o próximo ano. As encomendas, que atendem a demanda gerada pelos leilões de energia

eólica promovidos pelo governo em 2009 e 2010, incluem usinas que já estão em operação,

como as da Bioenergy no RN. A Eletrobrás, por sua vez, José da Costa Carvalho Neto, afirmou

que a empresa tem um portfólio de projetos eólicos de 5 mil MW. A maior parte desse total

ainda está em estudo. O presidente da Eletrobras não arriscou um valor total de investimentos

para esse portfólio. Segundo ele, parte desse potencial ainda terá que ser analisado. Para

Carvalho Neto, o custo eólico no Brasil hoje é de R$ 3,5 mil a R$ 4 mil por kW instalado. O

executivo explicou que o Brasil tem um potencial eólico total de cerca de 340 mil MW,

superior ao potencial hidrelétrico do país, de aproximadamente 260 mil MW. Apesar da

diferença, porém, ele explicou que a fonte hidrelétrica continuará sendo o carro-chefe do país

e que a fonte eólica, por sua característica de intermitência e inviabilidade de armazenar

energia, será complementar.

5.2-SOLAR O Brasil tem agora 13 Estados aptos a explorar em residências a energia solar. Embora

o custo de produção continue alto, as elevadas tarifas pagas pelo consumidor de algumas

regiões compensam a instalação de um microparque gerador de energia nas residências. A

energia solar custa cerca de R$ 500 o MWh no Brasil, valor quase quatro vezes superior à

média dos leilões de energia entre 2004 e 2011, de R$ 122 o MWh. O valor efetivamente pago

pelo consumidor residencial, no entanto, está próximo do da solar, por causa dos custos de

transmissão, distribuição e impostos, que não incidem sobre essa fonte. O preço cobrado hoje

nas contas de luz é fator mais importante quando se analisa a competitividade da energia

solar em relação às fontes tradicionais, diz Rafael Kelman, sócio da PSR Consultoria. A PSR

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desenvolveu o estudo que mostra em que áreas de 13 Estados vale a pena investir na geração

de energia solar.

O estudo da Abinee apresentado em Brasília sobre a matriz solar no Brasil aponta que,

no final de 2011, havia cerca de 69 GW solares instalados no mundo. No Brasil, seria cerca de

31,5 MWp, sendo 30MWp em sistemas não conectados à rede. Em contribuição ao PDE, a

Abinee sugere que sejam contratados 2GW da fonte no País até 2020, como meio de dar início

ao desenvolvimento do setor. Já a líder mundial na produção de aquecedor solar para água, a

chinesa Himin planeja abrir 50 mil lojas no mundo em cinco anos, sendo 10% -5.000 lojas- no

Brasil. Chamadas de "climate marts", as lojas venderão equipamentos, como aquecedor e ar-

condicionado, e produtos de uso pessoal, como rádios, luminárias e brinquedos, movidos a luz

solar. Para o presidente da empresa, Huang Ming, esse é o caminho para aproximar a energia

solar do usuário final e, dessa forma, ampliar o uso dessa fonte alternativa.