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PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE O SETOR ELÉTRICO RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO DE CONJUNTURA: INTERNACIONAL 1 Abril de 2011 Nivalde J. de Castro Rafael Cattan 1 Participaram da elaboração deste relatório como pesquisadores Roberto Brandão, Bruna de Souza Turques, Rafhael dos Santos Resende, Diogo Chauke de Souza Magalhães, Débora de Melo Cunha e Luciano Análio Ribeiro.

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PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE

O SETOR ELÉTRICO

RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO DE CONJUNTURA:

INTERNACIONAL1 Abril de 2011

Nivalde J. de Castro

Rafael Cattan

1 Participaram da elaboração deste relatório como pesquisadores Roberto Brandão, Bruna de Souza Turques, Rafhael dos Santos Resende, Diogo Chauke de Souza Magalhães, Débora de Melo Cunha e Luciano Análio Ribeiro.

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ÍNDICE

SUMÁRIO...............................................................................................................................................................3

1. INTEGRAÇÃO ENERGÉTICA......................................................................................................................5

1.1- Integração Sulamericana.........................................................................................................................5

2.0 - Conjuntura energética na América Latina......................................................................................9

2.1 – ARGENTINA.................................................................................................................................................9

2.2 – BOLÍVIA ........................................................................................................................................................10

2.3 – CHILE..............................................................................................................................................................12

2.4 - NICARÁGUA...................................................................................................................................................13

2.5 - PARAGUAI ......................................................................................................................................................14

2.6 – PERU.................................................................................................................................................................14

2.7 – VENEZUELA ...................................................................................................................................................15

2.8 – URUGUAI............................................ .......................................................................................................17

3.0 – Energia no Mundo.........................................................................................................................................18

3.1- EUROPA............................................ .............................................................................................................18

3.1.1 - ESPANHA............................................ .....................................................................................................18

3.2 – CHINA..................................................................................................................................................................19

3.3-EUA................................................................. ........................................................................................................20

3.4 – ÍNDIA...................................................................................................................................................................21

3.5- JAPÃO......................................................... ..................................................... .....................................................21

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SUMÁRIO

Apesar do forte crescimento das fontes energéticas alternativas tal como a eólica, solar e os biocombustíveis, a matriz elétrica mundial está menos renovável do que em 1990, aponta relatório da Agência Internacional de Energia (AIE). Segundo dados da instituição, as fontes renováveis cresceram 2,7% ao ano desde então, enquanto a demanda por eletricidade aumentou 3% anualmente. Enquanto 19,5% do consume global era suprido por fontes renováveis em 1990, o percentual caiu para 18,5% em 2008, aponta o relatório Clean Energy Progress Report, da AIE. O principal motivador foi a redução dos projetos de hidreletricidade nos países desenvolvidos. Para alcançar as metas globais de redução de emissões de CO2, a participação das fontes renováveis na matriz elétrica mundial teria de dobrar até 2020. Segundo a AIE, para compensar o baixo crescimento da hidroeletricidade, a energia eólica teria que crescer a uma taxa anual de 17% e a solar a 22%.

Ainda segundo o relatório, a expansão das redes de Smart Grid é fundamental para alcançar a meta de limpeza da matriz energética global. As redes, que são uma forma de monitoramento e gerenciamento inteligente da cadeia produtiva, beneficiam o sistema através de maior segurança, desenvolvimento técnico e econômico além de tornar mais eficiente o sistema elétrico vigente. Vale notar que esses sistemas inteligentes são apenas um exemplo, dentre muitos outros necessário, de instrumento destinado ao aumento da eficiência energética.

Denominado Smart Grids Technology Roadmap, o documento da agência fornece uma visão consensual de mais de 200 representantes de governos, indústria, acadêmicos e consumidores sobre o estado atual das tecnologias de smart grid, e traça um panorama para expandir o uso das redes inteligentes até 2050. De acordo com o relatório, no entanto, os esforços devem ser multiplicados. "Além de financiar projetos piloto, os governos precisam estabelecer políticas claras e consistentes, regulação e planos para os sistemas de eletricidade, que permitirão investimentos inovadores em redes inteligentes", disse o diretor executivo da AIE, Nobuo Tanaka. O relatório destaca que as redes inteligentes desempenham um papel fundamental na implantação de nova infra-estrutura no setor energético nos países em desenvolvimento e nas economias emergentes.

Infelizmente, uma das conclusões do estudo é que os governos atuais, além de investirem maior volume, dão mais subsídios à área de combustíveis fósseis. Por outro lado, um ponto positivo foi o destaque que o Brasil recebeu por desenvolver tecnologias de biocombustíveis, coogeração no setor sucroalcooeiro e ainda ter os recursos hídricos como principal fonte de sua matriz energética.

Já o estudo da New Energy Finance revela um futuro um pouco mais otimista no cenário energético mundial. Segundo a fonte, a instalação de painéis solares deve aumentar nos próximos dois anos. A instalação de sistemas solares fotovoltaicos, por exemplo, quase duplicará, passando dos 18,6 Gw, vigentes, para 32,6 Gw, em 2013. A capacidade de fabricação

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que quadruplicou em todo o mundo desde 2008, deve chegar a 27,5 Gw, do quais 12 Gw agregados ainda em 2011.

Para se ter uma idéia da dificuldade de implementar tais fontes alternativas, a eletricidade gerada a partir do carvão custa em media US$7 centavos por quilowatt hora, enquanto o gás natural custa cerca de US$6 centavos o kWh. A energia Fotovoltaica, por sua vez, tem um custo de aproximadamente US$22,3 centavos o kWh.

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1 – Integração energética

Além dos financiamentos obtidos pela |CAF junto ao banco de desenvolvimento alemão Kfw Entwicklumngsbank, o projeto energético boliviano também está inserido no contexto sulamericano. Em aliança com a Venezuela, acordos de cooperação em matéria energética, como a construção de hidrelétricas, além da produção de alimentos, estão na agenda diplomática dos países. Os convênios vão se estabelecer no marco da visita de Hugo Chávez junto com seus ministros. O Ministério de Hidrocarbonetos e Energia (MHE), por exemplo, participará destes encontros nas mesas de trabalho que incluem “a comercialização de hidrocarbonetos e no setor energético (...)”, anunciou o titular José Gutiérrez.

Segundo o vice-ministro de Petroquímica da Venezuela, 350 mil barris por dia, é quantia mensal de diesel destinada à Bolívia. “Estamos avançando na cooperação com a empresa petrolífera boliviana, desde 2009 formamos uma empresa mista (Petroandina), na qual temos uma participação de 40%, principalmente, na exploração de projetos de gás e de petróleo em território boliviano.” Ele também informou que a Venezuela e a Bolívia tinham um plano para realizar perfurações em abril que serão desenvolvidas no terceiro trimestre deste ano.

1.1 Integração Sulamericana

Em mais um passo da integração latino americana, Paraguai e Argentina fecham mais um plano energético bilateral. O documento foi assinado pelo Ministro Miguel Angel López Perito, pelo Ministro de Planificação da Argentina, Julio de Vido junto aos diretores da Hidroelétrica de Yacyretá, Miguel Fulgencio Rodriguez do Paraguai e Oscar Thomas da Argentina, na presença dos mandatários de ambos os países.

O texto do tratado ratifica integração de ambos os países, consolidada com a finalização da cota 83 (83 metros acima do nível do mar) da Central Hidroelétrica de Yacyretá. O contrato faz questão de destacar o compromisso de ambos os países em aproveitar o “fluxo ecológico” da região, graças à ampliação do parque de geração da central. Outro ponto importante, presente na décima cláusula, prevê a criação de um “fundo binacional” para a construção e ampliação da infra-estrutura de integração energética de ambos os países.

Além disso, uma delegação argentina encabeçada pelo ministro de Planificação Federal, Investimento Público e Serviços, Julio De Vido, procura estimular, na Venezuela, o avanço de novos acordos na área de energia e habitação. De acordo com o Ministério de Relações Exteriores, a comitiva argentina cumpriu uma intensa agenda, que incluiu o encontro com Chávez no Palácio Miraflores e reuniões com os titulares de Energia e Petróleo, Rafael Ramírez, e habitação, Ricardo Molina. Como se sabe, em finais de março, Chávez esteve em

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Buenos Aires e assinou com a Cristina Fernández de Kirchner diversos acordos bilaterais em áreas estratégicas.

Está previsto para o segundo semestre deste ano o início das operações na usina mexicana de Manzanillo, no destrito de Colima, a partir do fornecimento de cerca de TCF 2,3 de gás Peruano. O negócio faz parte do projeto de gás Camisea, operado pela Repsol YPF, e se tornou das principais fontes do combustível, a partir de uma reserva calculada em TCF 16 (trilhões de pés cúbicos). Interessante relevar que, apesar de Venezuela e Bolívia serem os principais produtores de gás da região, o projeto de gás Camisea no Peru desbancou seus principais concorrentes. ( acredito que esta notícia esteja dentro do conceito de integração ao passo que envolve o projeto de fornecimento de gás intra-países)

Mesmo com os acordos bilaterais, o abastecimento de gás proveniente da Colômbia não solucionará a crise energética venezuelana, afirma o diretor do sindicato dos trabalhadores elétricos, Enzo Rojas. Segundo ele, os problemas internos impossibilitam a melhoria no setor elétrico. Além da usina térmica Centro (Carabobo) estar operando em 20% de sua capacidade, duas unidades da central termoelétrica de Tacoa ainda permanecem paralisadas. A preocupação no setor levou as autoridades da Venezuela a anunciaram que adotarão medidas para reduzir o consumo de eletricidade no país. A iniciativa ocorre na seqüência de uma crise no setor de energia, que começou em 2009 e agravou-se no ano passado devido à seca que afetou o país. O ministro de Energia Elétrica da Venezuela e presidente da Corporação Elétrica Nacional, Alí Rodríguez Araque, afirmou que se o consumo ultrapassar a capacidade de geração e transmissão serão feitos cortes, revelando o caráter emergencial da questão. Sem revelar quais serão as medidas adotadas, Araque disse que elas vão ser aplicadas rapidamente. “Trabalhamos arduamente para a instalação de mais capacidade e geração térmica e hidráulica. É indispensável que se apliquem medidas de eficiência energética porque há desperdício”, disse ele.

Uma doação do governo do Japão permitirá que o “Ministerio de Energía y Minas” da Nicarágua, desenvolva o maior projeto de energia solar da América central. O investimento trará, além de energia elétrica, benefícios econômicos significativos para a comunidade de Trinidad, onde os 534 painéis serão instalados. Além disso, será possível a venda de 900 quilowatts de energia para a Union Fenosa, empresa espanhola distribuidora de gás natural do país. Segundo estudo da Biomass Users Network Centro America, apesar do grande potencial eólico da região, a Costa Rica é o único país a produzir energia elétrica a partir da fonte renovável, com cerca de 200Gw produzidos em 2008, cerca de 20% de toda América latina.

A Weg fechou contratos com as empresas alemães de cerca de € 9 milhões para o desenvolvimento de fornecimento de energia. O acordo foi acertado durante os dois primeiros dias da feira de negócios Hannover Messe, na Alemanha. O Brasil participou da Hannover Messe 2011, com expositores e delegações de empresas apoiadas pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

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Alem das unidades no Brasil, a WEG possui unidades produtivas na Índia, México, Portugal, China e Argentina, além de 23 escritórios vendas.

Contrariando o esperado, o Brasil importou grande quantidade do etanol norte americano neste primeiro trimestre de 2011. A despeito do alto nível de desenvolvimento do setor sucroalcooleiro no Brasil, calcula-se que serão importados cerca de 430 milhões de litros do combustível até agosto. Este fato é conseqüência, principalmente, de dois fatores simultâneos: a entressafra nacional e a cotação elevada do preço açúcar no mercado internacional, levando, assim, à redução da produção do etanol em detrimento da produção do açúcar voltado ao mercado externo. A importação de etanol, portanto, se tornou uma alternativa devido aos preços mais abaixo do praticado no mercado doméstico. Segundo a Datagro, enquanto os preços internos beiravam R$ 3 o litro, o produto dos EUA chega aqui ao custo de R$ 1,60/l.

A norte americana GE, anunciou neste mês de Março, a compra de 90% da empresa francesa Converteam, especializada em conversão de energia para indústrias, por US$ 3,2 bilhões. O negócio deve ser fechado no terceiro trimestre deste ano. Com a aquisição, a GE pretende ampliar seu portfólio e reforçar a posição no segmento de energia, no qual a empresa investiu US$ 11 bilhões em aquisições nos últimos seis meses. Entre as compras da companhia estão Dresser Inc, Wellstream Holdings, Lineage Power Holdings e Well Support. A participação de 90% será comprada de um grupo controlador que inclui o Barclays Private Equity e o LBO France. A GE planeja adquirir o restante da Converteam nos próximos dois ou quatro anos. Além disso, a empresa planeja, também, aumentar sua participação no continente latino americano, que já alcança 5% do faturamento mundial da empresa.

Num passo importante para o cumprimento das metas do governo de reduzir a emissão de carbono nos EUA, as empresas privadas Google e duas parceiras japonesas, Itochu e Sumitomo, irão pagar à General Electric cerca de US$ 500 milhões por uma participação majoritária em um parque eólico já em fase de construção no Oregon, Estados Unidos. O projeto conhecido como Shepherds Flat, orçado em US$ 2 bilhões, deve ser concluído em 2012 e será capaz de gerar cerca de 845 MW, energia suficiente para abastecer 235 mil casas nos Estados Unidos. A energia a ser gerada pelo Shepherds Flat evitará a emissão de cerca de 1,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, o equivalente à quantidade de dióxido de carbono de aproximadamente 260 mil veículos de passageiros - informou a GE, em comunicado.

Outro exemplo negativo da integração energética foi visto no último dia 26/04 no Egito. Uma explosão em um gasoduto na Península do Sinai, no Egito, interrompeu o fornecimento de gás natural para Israel, Jordânia e vários países da região pela segunda vez em três meses. A duração da interrupção ainda é incerta, mas uma paralisação prolongada nas operações do gasoduto poderá forçar os consumidores do gás a buscar óleo combustível ou diesel no mercado à vista. A Jordan Petroleum Refinery, por exemplo, fez uma rara licitação para

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importar 150 mil toneladas de óleo combustível no mercado à vista depois que o gasoduto do Sinai foi fechado.

Segundo a empresa Ampal-American Israel, que possui 12,5% de participação na East Mediterranean Gas, a companhia que fornece gás do Egito para a região, o problema também prejudicou o envio de gás para a Síria e o Líbano.

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2.0 – Conjuntura Energética na América Latina

2.1 - ARGENTINA

Além de avançar em termos de desenvolvimento econômico, o governo argentino também avança em seus compromissos com o meio ambiente. As obras necessárias para que, até 2016, 8% da energia consumida no país provenha de fontes renováveis, além da instalação de linhas de alta tensão para interconectar todo o país, continuam em andamento. Em busca deste objetivo, através de ENARSA (Energía Argentina S.A.), em 2009, foram licitadas e obtidas 22 ofertas para a execução de 49 projetos, que gerariam em conjunto 1.461 Mw, o equivalente a 6,67% da capacidade instalada no país. Esta oferta superou amplamente o objetivo inicial de 1.015 MW que havia sido fixado pelo governo para esta licitação de geração elétrica a partir de fontes renováveis (GENREN).

Comprovando o que foi assinalado acima, o país encabeça a classificação mundial de crescimento anual no uso de tecnologia baixa em carbono, enquanto que a China segue como principal investidor nesta matéria, seguida da Alemanha e EUA. De acordo com o informe da Bloomberg New Energy Finance, os chineses investiram US$ 54,4 bilhões em 2010, frente aos US$ 39,1 bilhões de 2009. Em termos de crescimento anual, a Argentina lidera a classificação, já que aumentou o investimento em 568% em 2010 com relação a 2009. Segundo BBC Mundo, em nível global, o setor atraiu US$ 243 bilhões em investimentos, um aumento de 30% em relação a 2009, o que significa um incremento de 630% desde 2004. O informe ainda indica que os 40 Gwh eólicos e 17 Gwh de energia solar instalados durante o ano passado, elevaram a capacidade energética limpa do planeta em 388 Gwh.

E uma boa notícia parece aquecer ainda mais o mercado de energias alternativas no país. Especialistas do setor energético afirmam que a Argentina tem grandes oportunidades no mercado global de energia fotovoltaica. Segundo eles, além da matéria prima – quartzo – há disponibilidade tecnológica a preços competitivos. Segundo Julio Bragagnolo, especialista em energia fotovoltaica, o país conta com uma abundante disponibilidade de quartzo, que se pode transformar em silício metalúrgico e, posteriormente, em silício solar, que agrega ainda mais valor. Bragagnolo ainda destacou ainda, que “se podemos investir uma quantidade de dinheiro razoável para passar a ter um produto que se vende a US$ 2 dólares a outro que se vende a US$ 70, é um negócio redondo”, indicou.

US$3,852 milhões: foi a quantia dos fundos de Planificação destinados a cobrir as necessidades do sistema energético nacional. Além disso, Segundo ASAP, um instituto especializado na análise das contas públicas, nos últimos três anos do governo de Cristina Kirchner, os chamados subsídios energéticos somaram nada menos que $58, 451 milhões. Neste cálculo, entram os subsídios sobre as tarifas de gás e eletricidade.

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Os investimentos são conseqüência da recente deterioração do setor elétrico do país. Como exemplo do fato, as contas externas também reforçam o cenário crítico do setor: entre 2006 e 2010 as importações saltaram de US$1,740 milhões a US$4,443 milhões.

Em acordo com os incentivos fiscais, a briga na Argentina pela ampliação das centrais Esenada e Brigadier López ficou concentrada entre empresas locais e espanholas. Os três principais grupos concorrentes são formados por representantes da Iecsa e Isolux, da Eletroengenharia e da espanhola Duro Felgueras. Todas elas já apresentaram suas ofertas técnicas e econômicas na licitação das duas usinas que estão sob responsabilidade da ENARSA. As obras em jogo têm um custo oficial de aproximadamente US$ 4 bilhões e caso os prazos de análise sejam cumpridos, o vencedor da licitação será anunciado em não mais de 30 dias. As obras de ciclo combinado, por outro lado, vão fornecer cerca de 420 Mw ao parque de geração nacional e tem um prazo de execução de 30 meses. Além dos incentivos fiscais, novos recursos naturais podem ser importantes fatores na melhora do sistema elétrico argentino. Um informe do Departamento de Estado de Energia calculou que o país argentino tem 774 bilhões de pés cúbicos de gás xisto (TCF). Com a exploração de xisto na Argentina ainda está em desenvolvimento, é cedo determinar quanto gás pode ser explorado economicamente. Neste sentido, o informe coloca as reservas de gás xisto da Argentina muito acima das estimativas de outros grupos no passado, somente atrás da China e dos EUA. A consultoria internacional de energia Advances Resources International (ASI), que preparou o informe, indicou que “na área mais rica da Bacia Neuquina” pelo menos um terço das reservas poderia ser economicamente viáveis baseado nos preços atuais.

2.2 - BOLÍVIA

De acordo com o Anuário Estatístico de 2010 do Ministério de Hidrocarbonetos e Energia do Ministério dos Hidrocarbonetos boliviano, o setor de geração de energia boliviano, composto por termelétricas, requereu, em 2010, 56% do gás natural que a companhia YPFB Corporation destinou ao mercado interno. Segundo o relatório, o setor industrial, de cerâmica e cimento que utilizam o combustível como principal fonte energética, absorveu 24% do total produzido em 2010. O setor comercial, composto por empresas que utilizam gás natural como insumo para prestação de serviços, representou apenas 1%. As residências representaram 2% e os veículos atingiram 17% do consumo de gás natural produzido.

Ainda segundo o Anuário Estatístico, o volume médio de gás natural transportado em 2010 foi de 40,89 milhões de metros cúbicos por dia (FCM). De sua composição, 28,79 MMmcd correspondem à exportação para o Brasil, 4,64 MMmcd à Argentina e 7,46 MCF entregues ao próprio mercado interno. Desde maio de 2010, os volumes transportados mantiveram-se em torno de 40 milhões de metros cúbicos por dia. A produção média nacional de gás natural em 2010 foi de 39,6 MMmcd. Os dados revelam, portanto, a importância crucial do setor externo não apenas no setor de Gás, mas em toda a economia do país que ainda se revela extremamente dependente da sua exportação.

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A peculiar importância do gás pode levar, inclusive, ao estrangulamento de outros setores, segundo o ministro de Hidrocarbonetos e energia, José Gutiérrez. De acordo com a autoridade, devido às exportações, sobretudo ao Brasil e à Argentina, e ao consumo interno, 9,94 das 9,7 TCF das reservas atuais já estariam comprometidas. Ao projeto de industrialização vigente, portanto, caberiam somente 0,2 TCF. Levando em consideração, no entanto, 10 % das reservas possíveis (quando há potencial) e 50% das prováveis (probabilidade de exploração) o montante disponível à industrialização seria de 15,5 TCF de gás. Valor este que ultrapassa as necessidades atuais.

Pelos cálculos do governo e da YBPF, os totais das reservas de gás natural provadas, possíveis e prováveis, cerca de 20 TCF, seriam suficientes para abastecer o mercado interno e garantir sua exportação até 2026. “Com este potencial, o consumo do mercado interno e os compromissos de exportação ao Brasil e à Argentina estão 100% garantidos”, afirmou o presidente executivo da YPFB, Carlos Villegas.

Numa evidência da fragilidade do sistema elétrico nacional, o Governo alertou para problemas no abastecimento de eletricidade no Sistema Interconectado Nacional (SIN) se a Usina de Ciclo Combinado da Empresa Elétrica Guaracachi não ingressar no sistema até o primeiro semestre deste ano. Assim informou o vice-ministro de Eletricidade e Energias Alternativas, Roberto Peredo. “No caso de que esta central térmica (de Guaracachi) entre (em operação) não vai haver problemas até a execução da usina Termoelétrica do Sul”, afirmou a autoridade. A empresa, que seria responsável por fornecer 82 MWh através de geração termoelétrica, alegou problemas técnicos pelo atraso que já completa um ano. Apesar disso, novos investimentos estão em pauta. Com um investimento de 150 milhões de dólares, a Empresa Nacional de Eletricidade (ENDE) vai gerar 160 MW adicionais em Carrasco, Valle Hermoso e Kenko, energia que será incluída no Sistema Interconectado Nacional (SIN) para garantir o fornecimento. A estatal elétrica vai comprar “pequenas centrais termoelétricas” para sua montagem nas localidades de Cochabamba e La Paz, segundo informou o gerente da empresa de eletricidade, Nelson Caballero, em um informe do Ministério de Hidrocarbonetos. Os recursos para o investimento serão garantidos pelo Banco Central da Bolívia (BCB).

O projeto energético boliviano inclui, ainda, a ampliação das usinas hidrelétricas de Corani e Santa Isabel no departamento de Cochabamba. Na agenda há, também, a instalação de uma nova usina, San José que em conjunto com os outros projetos acrescentaria cerca de 127Mw ao sistema. Somado a isso, o departamento de Tarija está se preparando para ingressar ao Sistema Interconectado Nacional (SIN) com apoio técnico e supervisão da Autoridade de Fiscalização e Controle Social de Eletricidade (AE). O fato se deve graças ao início dos serviços da linha Punutuma–Tarija, que permitirá injetar ao sistema elétrico 132 MW adicionais. Em uma primeira fase do projeto, que estará pronta até janeiro de 2012, será possível injetar ao Sistema Interconectado Nacional (SIN) entre 40 e 45 MW, segundo os próprios cálculos da AE.

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Vale notar também que estes projetos ocorrem em um momento em que o governo afirma que a oferta de energia elétrica é de 150 a 200 MW superior à demanda, mesmo nos horário de pico, revelando o caráter de longo-prazo do projeto energético nacional.

A partir do segundo trimestre desse ano Brasil e Argentina pagarão mais pelo gás importado da Bolívia. De acordo com um informe, o mercado argentino pagara 15,39% a mais em relação ao preço praticado no primeiro trimestre de 2011, enquanto que no mercado brasileiro haverá uma alta de aproximadamente 13,28%, também no mesmo período. O preço do gás exportado ao mercado argentino, por exemplo, saltara de US$ 7,60 para US$8,77/MMBTU.

Apesar da cautela do governo em anunciar em números, indícios apontam para a maior descoberta de gás natural do governo de Morales. O achado foi da petrolífera francesa Total associada à ítalo-argentina Tecpetrol que exploram o campo de Aquío, no destrito de Santa Cruz, desde fevereiro de 2010. A notícia vem em bom momento ao passo que o governo previa a redução das exportações e, portanto, das receitas públicas. Cabe lembrar que desde a posse em 2006 o governo adotou uma política de nacionalização dos recursos hidrocarbonetos que é fundamental para as contas públicas.

Segundo o próprio governo boliviano, o custo dos subsídios ao setor de combustíveis fósseis corresponderá a quase 57% do déficit público. Cerca de US$ 500 milhões de dólares é o montante financiado pelo governo dos US$ 880 milhões estimado, ou 4,2% do PIB do país. Ressalta-se que o valor depende, ainda, das variações do preço do petróleo que recentemente apresentam volatilidade acima do normal devido aos conflitos no oriente médio.

2.3 CHILE

Em meio aos altos preços de energia e ao debate em torno do futuro da matriz energética, o governo chileno busca melhorar a operação do sistema elétrico. Um dos principais objetivos é incrementar os níveis de competição no segmento de geração, para o qual o Ministério de Energia avalia introduzir mudanças no Centro de Despacho Econômico de Carga (CDEC). “Queremos discutir com as geradoras para definir a conveniência de buscar a forma de lhes dar independência em relação ao CDEC, reduzindo a ingerência que estas empresas possuem nestas instâncias”, assegura o biministro de Mineração e Energia, Laurence Golborne.

A autoridade disse, ainda, que está realizando algumas negociações para “convencer” as geradoras para que apliquem o sistema de prêmios por redução de consumo, mecanismo presente no decreto de racionamento. Junto com isto, reconheceu que os maiores problemas elétricos do SIC se concentram em Santiago. Golborne também se referiu à planificação da matriz energética no longo prazo, admitindo que o Estado tem pouca ingerência. Neste

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sentido, destacou que “se deve revisar alguns instrumentos para que se alcance o objetivo de melhorar o sistema”. Vale lembrar que semanas antes, o empresário brasileiro Eike Batista havia reclamado justamente do mesmo motivo: a ausência do estado na regulação do mercado elétrico, prejudicando a competitividade no setor que em geral necessita da presença de políticas do governo por ser um bem público e pouco eficiente se alocado pelo mercado.

No mercado privado, merece destaque o plano de investimentos da chilena Enersis, controlada pela espanhola Endesa. De acordo com a empresa, as operações na América do sul, até 2015, serão aportadas por um investimento de US$ 6 bilhões. Além do Chile, a empresa possui projetos de distribuição e geração no Brasil, Argentina, Colômbia e Peru. O projeto prevê uma distribuição em torno de 57% a projetos de distribuição e os outros 43% destinados às operações de geração nos países envolvidos.

“Interessa-nos. Se há hidroelétricas interessantes, vamos investir”. Assim, o controlador do grupo brasileiro EBX falou sua intenção de diversificar seus projetos no Chile, onde leva a cabo o complexo termoelétrico Castilla, cujo investimento inicial é estimado em US$ 5 milhões e tem como objetivo produzir 2.227 Mw de energia no país. O empresário qualificou como “fantásticos” os projetos hidráulicos na Patagônia. No entanto, Batista fez questão de destacar que não tinha sido convidado pelos sócios dos projetos existentes, Hidroaysén e Eenergía Austral. A principal razão apontada pelo empresário brasileiro destina-se ao gasto social e ambiental, que representam 30% de seus projetos. “Eu duvido que os sócios (de Hidroaysén) não vão aceitar nossa cultura”. Eike Batista foi, ainda, polêmico ao classificar como “uma loucura” os altos preços de eletricidade no Chile, que estão próximos dos US$200 por Mw/h. Segundo ele, na zona de Atacama estes preços podem se reduzir a US$90 Mw/h com a operação de Castilla. Segundo Batista, as elevadas tarifas elétricas comprometem a competitividade em relação aos outros países, apontando a ausência do estado como elemento responsável pela regulação no setor. O empresário acrescentou também que o “modelo elétrico chileno é questionável”, e que chama atenção a “falta de visão estratégica” do país em matéria energética. “Um país que põe o petróleo em US$45 (com estes preços) é quase comunista”.

A norueguesa SN Power vendeu 80% da usina hidrelétrica Trayenco no Chile à Sentinel, do empresário local Gustavo Pavez, que se tornou controlador absoluto da empresa. Em contrapartida, a SN Power adquiriu 20% de participação na subsidiária eólica Norvind, tabém com operações no Chile, tornando-se proprietária integral do empreendimento. O montante das operações não foi divulgado. A Trayenco detém os projetos hidrelétricos Liquiñe, Pellaifa, Reyehueico Maqueo e tem uma capacidade instalada de 650 MW. A Norvind, por sua vez, opera um parque eólico de 46 MW de capacidade, localizado na região de Coquimbo.

2.4 – Nicarágua

Uma doação do governo do Japão permitirá que o “Ministerio de Energía y Minas” da Nicarágua, desenvolva o maior projeto de energia solar da América central. O investimento

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trará, além de energia elétrica, benefícios econômicos significativos para a comunidade de Trinidad, onde os 534 painéis serão instalados. Além disso, será possível a venda de 900 quilowatts de energia para a Union Fenosa, empresa espanhola distribuidora de gás natural do país. Segundo estudo da Biomass Users Network Centro America, apesar do grande potencial eólico da região, a Costa Rica é o único país a produzir energia elétrica a partir da fonte renovável, com cerca de 200Gw produzidos em 2008, cerca de 20% de toda América latina.

2.5 - PARAGUAI

Apesar das soluções, a integração energética também apresenta malefícios. Exemplo disso foi a falha no sistema de fornecimento elétrico na usina de Itaipu ocorrido em (29/03). O superintendente de operações da hidrelétrica Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu (PR), Celso Torino disse em nota que uma falha no sistema de proteção das linhas de transmissão interrompeu o fornecimento de energia para parte do Paraguai às 10h11. O problema, ocorrido quando uma equipe fazia trabalho de manutenção na subestação no lado paraguaio da usina, foi solucionado 20 minutos depois. De acordo com a nota, a falha deixou 65% das cidades do Paraguai sem luz, mas não teria ocasionado nenhum problema para a usina e nem para o sistema elétrico brasileiro. O problema aconteceu devido a uma falha no sistema de proteção das linhas de transmissão da hidrelétrica. O superintendente explicou, ainda, que as quatros linhas responsáveis pela transmissão da energia de Itaipu para o Paraguai falharam. “É um trabalho de rotina, um autodiagnóstico que verifica constantemente se todas as ações de proteção estão ativadas. É como um disjuntor funcionando numa residência. Ao serem ligados vários aparelhos elétricos, se há sobrecarga, esse interruptor desliga o sistema para proteger as instalações”, explicou Torino.

2.6 - PERU

A produção de energia elétrica no Peru foi de 3.297 Gwh em março deste ano, resultado maior em 8% em relação ao mesmo mês de 2010, informou o Ministério de Energia e Minas (MEM). A geração elétrica através de centrais hidroelétricas representou 63% do total da produção nacional e cresceu 6% em relação ao mês de março do ano passado. A geração termoelétrica cresceu 11,5%, tendo uma participação de 37% do total gerado em todo o país. As empresas com maiores participações na geração elétrica foram a Edgel com 23% do total, Electroperú (19%), Enersur (12%) e Kallpa (8%).

Além disso, o Ministério de Energia e Minas do país anunciou que o rio Marañón tem um potencial de acrescentar aproximadamente 12.430 Mw através de centrais hidrelétricas, o que pode significar a continuidade do ciclo ascendente de produção elétrica. O governo orçou

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os investimentos em aproximadamente 15 milhões de dólares e já estabeleceu um decreto para tornar o projeto de interesse nacional e social de longo prazo. As centrais relacionadas são: Vizcarra (140 Mw), Llata 1 (210 Mw), Llata 2 (200 Mw), Puchca (140 Mw), Yanamayo (160 Mw), Pulpería (220 Mw), Rupac (300 Mw), San Pablo (390 Mw), Patas 1 (320 Mw) e Patas 2 (240 Mw).

O setor de minas e hidrocarbonetos, por sua vez, também cresceu no mês de março, avançando 2,67% frente ao mesmo mês de 2010. Segundo o informe publicado pelo Instituto de Estatística Informática (INEI), os resultados foram puxados pelo setor de gás natural que cresceu aproximadamente 104% no período. O setor de minerais metálicos, por outro lado, foi puxado, sobretudo pelo ferro, que teve alta de cerca de 47% e Molibdênio que subiu aproximadamente 20%, também ante março passado.

E as notícias positivas no setor de gás não são por acaso. As políticas para combustíveis fósseis, adotadas pelo Governo desde 2005 com o objetivo de acompanhar o projeto gás de Camisea, colocaram o Peru como um dos principais atores do cenário energético da região, atraindo grandes investimentos estrangeiros. A produção de gás peruano registrou um incremento de 358% nos últimos 5 anos, passando de 4,2 MMmcd em 2005 a 27,7 MMmcd nos últimos seis meses do ano passado. Com isso, o Peru passou a ocupar o segundo lugar em reservas provadas de gás natural da América Latina, com 16 trilhões de pés cúbicos (TCF), bem atrás da Venezuela, que tem 200 TCF.

2.7 – VENEZUELA

A empresa estatal Electricidad de Caracas teve, no ano passado, um saldo vermelho de 926,8 milhões de bolívares, basicamente pelo incremento que tiveram os gastos de pessoal durante 2010. Apesar do aumento da receita ter sido de 7% , ao aumentar de 2,8 milhões em 2009 a 3 milhões de bolívares no ano passado, a variação não resultou suficiente para garantir um saldo positivo à empresa. Hoje, 38% dos recursos das empresas dependem de subsídios ou transferências que recebem do Governo central e outros organismos do Estado.

Exemplo do estado crítico do atual sistema elétrico, dados do governo indicam que cerca de ¼ de Caracas carece de energia elétrica. Tendo isso em vista, o ministro da Energia Elétrica, Alí Rodríguez Araque, assegurou que com as unidades Margarita e Rufina, juntamente com a entrada em funcionamento da usina térmica de Picure, irá garantir a autonomia energética de Caracas, ainda que com níveis de geração distantes da média que registra a capital. Segundo o Centro Nacional de Despacho, a média diária de consumo em Caracas é de 1.424 MW enquanto as usinas geram 1.047 MW, e atendem a cerca de 75% da cidade. Com a incorporação das novas unidades elétricas, o sistema contaria com 476 MW adicionais, alcançando 1.523 MW de geração, garantido a cobertura energética, desde que não ocorra um incremento abrupto na demanda.

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Outro caso ilustrativo da fragilidade do sistema foi o apagão ocorrido no dia (07) deste mês de abril, que obrigou as autoridades a adotar políticas de racionamento de energia. O ministro de Energia da Venezuela, Alí Rodríguez Araque, afirmou que o racionamento foi adotado para evitar o agravamento da situação, acrescentando ainda que a duração dos apagões não seriam superiores a 3 horas. O apagão que deixou sem energia as regiões Central e Oeste do país – afetando, além de Caracas, os estados de Vargas, Miranda, Anzoátegui, Arágua, o que significou prejuízos a praticamente metade do país.

A eficiência energética se demonstra um fator fundamental no caso venezuelano. Segundo o engenheiro elétrico venezuelano Omar Marcano, o objetivo não foi alcançado tendo em vista que “nenhuma autoridade das empresas elétricas mostrou disposição de atacar este sério problema (desperdício)”. Ainda neste sentido, Marcano destaca que os “elevados níveis de perdas de energia elétrica induzem a implementação urgente de um sistema de gestão de auditoria e recuperação de energia, gerenciado por profissionais comprometidos (...)”. Segundo dados publicados, as perdas técnicas da Compañía Anónima de Administración y Fomento Eléctrico (Cadafe) permanecem acima dos 50% e 60% da geração. Consumidores comerciais e residências formais também figuram entre os principais responsáveis pelas perdas técnicas.

E não são apenas as falhas técnicas que prejudicam o setor. Segundo a Coerpoelec (Corporación Eléctrica Nacional) as autoridades apresentam uma grande preocupação com o crescimento do índice de energia bruta não faturada principalmente por falhas não técnicas ou aquelas relacionadas a furto, que nos últimos anos aumentaram 6%. É exatamente por isto que diversos técnicos da empresa advertem sobre a falta de políticas para evitar ou mesmo penalizar as atividades ilegais que afetam o serviço.

Neste cenário, o que foi sucesso de vendas foram produtos para economia de energia. Jorge Botti, diretor do setor de comércio Fedecámaras, afirmou que “pensando que o racionamento duraria mais tempo, os comerciantes importaram quantidades importantes destes equipamentos, que, graças ao apagão, passaram a ter uma grande procura”. Em relação aos preços, César Reyes indicou que em comparação com 2010 subiram cerca de 25%.

A outra boa notícia foi que o governo prometeu não ficar inerte. O Ministro da Eletricidade venezuelano, Rafael Ramirez, anunciou que o plano da PDVSA em relação ao sistema de geração elétrica é fornecer 2.400 megawatts no biênio 2010-2012, e observou que no ano passado, foram adicionados 600 MW. "Este ano vamos acrescentar mais 600 megawatts, no leste do país", disse Ramírez. A autoridade disse, ainda, que a PDVSA está produzindo cerca de 100 mil barris de petróleo, combustível capaz de atender a demanda para a geração térmica que existe no país. Além de planejar, também, a interconexão de projetos para fortalecer a própria integração do sistema.

É importante notar que apesar da mobilização do governo para atender à demanda energética do país, a forma pelo qual o governo pretende fazê-lo não atende aos princípios

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sustentáveis atuais. A Venezuela encontra-se, pois, numa posição desconfortável neste sentido e serve de exemplo para o paradoxo do desenvolvimento sustentável; ao passo que ao mesmo tempo em que está entre os principais produtores de petróleo no mundo, carece de desenvolvimento econômico e depende do combustível em detrimento do seu compromisso ambiental em termos globais.

2.8 – URUGUAI

No Uruguai, a UTE (Administracion Nacional de Usinas y Transmisiones Electricas) fechou o primeiro trimestre do ano com um custo de geração de energia elétrica muito acima do esperado. Ao todo, US$ 263,5 milhões já foram gastos, o que representa 44% dos US4 594 milhões que o governo projetou para todo o ano. Além do verão mais seco que o habitual, o que fez limitar a utilização das represas hidroelétricas sobre o rio Negro, o aumento do preço do petróleo foi outro custo adicional importante. Aos US$ 180 milhões que havia destinado aos meses de janeiro e fevereiro se somaram US$ 83,5 milhões só no mês de março, segundo o último informe mensal publicado pela Administração do Mercado Elétrico. Se for mantida esta tendência de gastos, UTE gastaria em todo 2011 em torno de US$ 1, 050 bilhões para atender a demanda, cerca de US$ 450 milhões a mais que o planejado.

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3.0 – Energia no Mundo

3.1– EUROPA

No que pode ser considerado um aprofundamento de relações econômicas globalizadas aliadas a um projeto de sustentabilidade, a Comissão Européia, autorizou o repasse à Corporação Andina de Fomento (CAF) uma quantia de 2,85 milhões de euros financiados pelo Kfw Entwicklungsbank (banco de desenvolvimento alemão). Destinados à cooperação técnica, eficiência energética e energia renovável, estes recursos formam parte do Programa Climate Change, orçado em € 303 milhões, que foi estruturado pela própria KfW e pela CAF como parceria financeira alemã com a América Latina para benefício dos países acionistas da instituição financeira latino-americana composta por todos os países da América do Sul ( com exceção do Suriname e Guiana), além de alguns países da América central como México e Jamaica e, também, Espanha, Portugal. Enrique García, titular da CAF, destacou o acordo alcançado com KfW que aprofunda o vínculo entre América e Europa. “Ratifica-se o rol articulador da CAF entre a América Latina e a União Européia. E o convênio estabelecido, cujos fundos provém de LAIF, criado recentemente pela Comissão Européia, é prova disso”. Somado a isso, um aporte de US$ 60 bilhões provenientes do BID será destinado à Bolívia para a ampliação da eletrificação rural do país. Segundo o vice-ministro de Eletricidade e Energias Alternativas, Roberto Peredo, o financiamento ampliará as redes de transmissão e facilitará a institucionalização do sistema elétrico.

3.1.1 Espanha

Num exemlplo de um passo prático do desenvolvimento sustentável, pela primeira vez na história a energia eólica foi a fonte de eletricidade mais usada na Espanha. Em março, os parques eólicos cobriram 21% da demanda no país, que demonstra ter uma das matrizes energéticas mais limpas do continente.

A energia gerada a partir do vento não só estabeleceu um recorde mensal, (e uma boa notícia para o meio ambiente) como contribuiu para a economia de € 250 milhões em importações de petróleo. A geração eólica do mês passado poderia cobrir todo o consumo elétrico mensal de um país do tamanho de Portugal, de acordo coma Red Eléctricade Espanha (REE). O conjunto de tecnologias renováveis na Espanha abrangeu 42,2% da demanda por eletricidade, enquanto que a energia nuclear foi responsável por apenas 19% do total.

A maior companhia de gás e eletricidade da Espanha, Gás Natural Fenosa, informou que a companhia vai cumprir e melhorar os objetivos de sinergia previstos com a operação de compra da União Fenosa. A companhia apresenta a expectativa de que depois de um recuo dos

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mercados em 2009, uma nova fase de crescimento estimule os projetos, no qual a empresa já está se preparando para executar. No momento, a diretoria centra seus esforços em fortalecer a gestão e solidez financeira e, dentre seus objetivos, figura alcançar um lucro líquido na casa de € 1,5 bilhões de euros em 2012 e de € 2 bilhões em 2014. Para 2011 a meta é lucrar € 750 milhões de euros, valor muito superior aos € 300 milhões de euros previstos antes da fusão.

Ao contrário da Gás Fenosa, outra gigante do setor elétrico espanhol, a Iberdrola, anunciou que produziu cerca de 13% a menos no primeiro trimestre de 2011 na comparação com o mesmo período do ano anterior. A principal razão para queda seria a diminuição da geração nos ciclos combinados e nas hidroelétricas. E a queda não foi apenas no país. Segundo a Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV), a produção do grupo, em todo o mundo, caiu 7% até março, com 39.511 GWh produzidos, mesmo com o incremento nos EUA, que não foram capazes de compensar a queda no resto das regiões. No Reino Unido, a Iberdrola produziu 6.642 GWh (queda de 11,2%); na América Latina a produção chegou a 9.540 GWh (redução de 1%); nos EUA, o trimestre fechou com uma produção de 3.863 GWh, o que representou um aumento de 24%, graças às renováveis e hidráulicas. Vale notar que a empresa atua em todas as etapas da cadeia de produção, geração, transmissão, distribuição e comercialização, e desponta como líder mundial na operação de fontes renováveis.

Empresa que atua na distribuição e comércio de gás e eletricidade a empresas, Naturgás, fechou acordo nesse começo de abril, para fornecer energia elétrica por dois anos aos departamentos dependentes do governo basco. Fechado em 16,7 milhões de euros, o acordo tem como objetivo fornecer energia para bens públicos na área de Educação, Justiça, Saúde, Interior, Cultura, Habitação, dentre outras.

3.2 – CHINA

Num reflexo da gradual mudança na geopolítica global, parcerias entre estatais brasileiras e chinesas incluindo a cooperação na área de ciência e tecnologia se tornam cada vez mais comuns e já dominam a lista de acordos a ser assinada durante a visita da presidente Dilma Rousseff à China. A gigante estatal, Sinochem, por exemplo, firmará com a Petrobras acordo para recuperação de petróleo em jazidas terrestres de difícil extração. A Sinopec, que é a maior petrolífera chinesa, assinará memorando de associação com a Petrobras para iniciar exploração ("farm in", no jargão do setor) de dois blocos de petróleo na bacia do Pará e Maranhão.

A Sinopec comprou em outubro 40% do capital da Repsol Brasil, e a Sinochem recentemente comprou ativos da norueguesa Statoil, avaliados em quase US$ 3 bilhões. Em 2010, a State Grid pagou US$ 1,7 bilhão por sete linhas de transmissão de energia. A estatal

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detém, ainda, tecnologia de linhas de transmissão de 1.000 kV, inexistente no Brasil. Todos os acordos vêm sendo mantidos em sigilo, porque ainda estão em negociações finais.

Tratando-se de outra fonte de energia, a suspensão da aprovação de projetos nucleares na China, por outro lado, pode durar até 2012, segundo uma autoridade do setor. O Conselho Estatal suspendeu as aprovações de novos projetos nucleares em 16 de março, poucos dias após o acidente que envolveu a usina nuclear de Fukushima. Apesar da pouca importância da energia nuclear na matriz energética do país hoje (menos de 1%) e do vice-secretário-geral da Associação de Energia Nuclear da China, Feng Yi alertar que "O desenvolvimento nuclear da China irá desacelerar nos próximos dois ou três anos", o país pretende, até 2030, ser o maior gerador da energia, com 200 Gw, segundo a WNA.

3. 3 – EUA

O governo dos EUA anunciou um audacioso plano de limpeza de sua matriz energética. Na agenda está inclusa a redução em 1/3 do atual consumo de petróleo até o fim da década, aumentar a oferta de biocombustíveis em pelo menos 80 milhões de galões nos próximos dois anos e, além disso, fazer das fontes limpas as responsáveis por 80% da geração de eletricidade até 2035. Em quatro anos, 1 milhão de automóveis e caminhões híbridos deverá circular no país. Esses objetivos farão parte do plano (na tradução literal) “Garantir o Futuro da Energia”, antecipado ontem pelo presidente americano, Barack Obama, em discurso aos estudantes da Georgetown University. E o Brasil fará parte dessa estratégia como um futuro fornecedor de petróleo aos EUA, substituindo gradativamente os países do oriente médio e garantindo uma maior segurança energética. Obama também citou o Brasil como exemplo de uso dos bicombustíveis: "Se alguém duvida do potencial desses combustíveis, considere o Brasil", afirmou.

Em consonância com esse discurso político praticado pelo governo, a General Eletric (GE) anunciou no dia sete (07/04) que pretende construir a maior usina de painéis solares nos Estados Unidos, com capacidade para produzir 400 MW por ano, a partir de 2013. Deste total, 60 MW já foram contratados pela geradora NextEra. "Será a maior usina deste tipo nos Estados Unidos", informou o grupo americano em comunicado. A GE tem objetivo de se estabelecer como principal ator no cenário das energias renováveis. A companhia prevê, também, investir US$ 600 milhões em energia solar “complementada pela recente aquisição da empresa de conversão de energia elétrica Converteam”, segundo a nota. Os painéis, envoltos numa película de telureto de cádmio, foram desenvolvidos pela PrimeStar Solar, com sede no Colorado. Vale lembra que a GE adquiriu da fabricante a maior parte do equipamento em 2008.

A BP afirmou que todas as unidades de processamento na refinaria americana de Texas City, a maior da companhia, foram fechadas devido a uma falha no fornecimento de energia. Na noite de ontem (26/04), a usina pegou fogo, provocando a intensa queima de gases

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industriais nocivos ao ambiente. A causa da falta de energia ainda não foi identificada e não há previsões de quando a usina voltará a operar, afirmou o porta-voz da BP, Scott Dean, acrescentando que ninguém ficou ferido no incidente. A falta de energia afetou, também, a refinaria da Marathon Oil, que produzia cerca de 76 mil barris por dia, e a refinaria da Valero Energy Corp, com capacidade de produção de 214 mil barris por dia.

3.4 – Índia

Ao contrário de países como Alemanha, Itália e até a China que anunciaram a possível suspensão de seus projetos de energia nuclear, a Índia promete apostar na fonte para os próximos anos e não anunciou a construção da maior usina nuclear do mundo. "O governo está satisfeito com os aspectos de segurança", afirmou V. Narayanswamy, membro do gabinete do primeiro-ministro Manmohan Singh. O projeto da usina, com capacidade de 9.900 megawatts, prevê seis reatores, construídos em parceria com a estatal francesa Areva. "Cada reator terá um sistema de segurança independente", disse o ministro do Meio Ambiente, Jairam Ramesh, procurando eliminar os temores de uma repetição do acidente na usina de Fukushima, no Japão. O país está apostando na energia nuclear para suprir, principalmente, o aumento da demanda das indústrias por eletricidade. Atualmente, sua capacidade nuclear é de 4.780 megawatts, ou 2,8% do total da matriz energética. Se os planos forem levados adiante, em 2030 a produção nuclear poderá atingir 60 GW.

3.5 – Japão

Na sequência do acidente de Fukushima, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Yukiya Amano, disse nesta última segunda-feira (04/03) que mais ações precisam ser tomadas para reforçar a segurança das usinas nucleares, de modo que o risco de um acidente no futuro seja significativamente reduzido. “A adesão rigorosa para a segurança internacional inclui normas mais robustas e total transparência, em bons e maus momentos. Isto é vital para restaurar e manter a confiança do público na energia nuclear”, disse. Quando a situação melhorar em Fukushima, a AIEA vai enviar uma missão internacional com especialistas para realizar uma avaliação do acidente.

É importante lembrar que um terremoto atingiu novamente o país, acarretando no vazamento de água das piscinas de resfriamento da Usina nuclear da Tohoku Eletric Power Company, e derrubando linhas de transmissão elétrica da usina de Onagawa.

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Nesse contexto emergencial, e em meio a protestos anti-energia nuclear, o governo do Japão estuda a possibilidade de impor um regime de racionamento de energia para tentar compensar a queda repentina da capacidade de geração que afeta o país desde o terremoto do mês passado. "Queremos pedir às empresas que reduzam seu consumo de eletricidade, especialmente durante o período de pico [em meados do ano, no verão] de um modo que não afete seus negócios", afirmou o ministro chefe do governo, Yukio Edano. "Antes de recorrermos a medidas impositivas, precisamos primeiro, pedir cooperação...”

Após a Convenção de Segurança Nuclear realizada em Viena, na Áustria, os países membros concluíram que importantes lições devem ser tiradas do acidente com a usina nuclear de Fukushima, no Japão. 'As partes se comprometem a tirar conclusões e a agir a partir das lições do acidente de Fukushima', diz o documento. Deve ser levado em conta, por exemplo, que a biodiversidade da região foi atingida pela radiação: água, ar e plantas. No dia 04/04, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), Yukiya Amano, afirmou que a indústria nuclear não pode fechar os olhos para o ocorrido no Japão. Recentemente, o acidente do Nordeste do país foi elevado ao grau 7, igualando-se portanto, ao ocorrido na usina de Chernobyl, na Ucrânia.

Em compasso com o contexto global, o governo da Itália também se posicionou contra o projeto nuclear. No último dia 20/04, foi proposto o cancelamento da retomada do seu programa nuclear, mês após o desastre nuclear na usina japonesa de Daiichi, em Fukushima. A emenda afirma que o governo estabelecerá uma nova estratégia para a energia. A estatal Enel (Ente Nazionale per L'Energia Elettrica) planejava construir quatro usinas nucleares em parceria com os franceses, com um investimento de 16 bilhões de euros.

Uma análise do tamanho da empresa TEPCO alerta para o tamanho proporcional do problema. Responsável pelos vazamentos de radioatividade, a Tokyo Electric Power fornece cerca de 30% da eletricidade do Japão, atendendo a mais de 2 milhões de empresas e aproximadamente 26 milhões de residências só na região metropolitana de Tóquio.

Dos 17 reatores nucleares da empresa, 13 foram paralisados, assim como metade de suas 20 usinas termelétricas, alimentadas a petróleo, e suas 2 termelétricas a carvão. A redução na geração de energia pela empresa - cerca de 25% de sua produção normal - tem, portanto, impacto profundo na economia do país. A expectativa é de que o governo faça uso de uma provisão legal para restringir o uso de eletricidade neste verão a apenas 75% do nível registrado em 2010. Das alternativas de racionamento estudadas pelo governo merecem destaque as férias coletivas antecipadas e a mudança do horário do expediente.

Apesar disso foi anunciado pela própria firma que os planos para restabelecer o fornecimento ainda vão demorar cerca de 9 meses. Segundo a empresa, o plano consiste em duas etapas: a primeira, que deve levar três meses, consiste no resfriamento dos reatores e das piscinas onde são armazenadas as barras de combustível usado, além da redução dos níveis de vazamento radioativo. Em seguida, a Tepco tentará reduzir a contaminação do solo,

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da água e da atmosfera. Na segunda etapa do plano, de até seis meses de duração, os técnicos controlarão a liberação de material radioativo e atingirão o "desligamento frio" dos seis reatores da usina - um estado no qual a água que resfria as barras de combustível fica abaixo de 100º C. Depois de estabilizá-los, a Tepco pretende selar suas estruturas de contenção e transferir o combustível nuclear para um local de armazenamento seguro.

Uma análise mais aguçada do problema nos permite compará-lo a outros análogos na questão do status de empresa. A Tepco, por sua enorme importância no mercado tanto em termos financeiros quanto estruturais, recebeu um poder, comparável a alguns bancos, cuja filosofia segue a máxima: “too big to fail”. E Os riscos morais proporcionados por um agente econômico desse status tendem a ser desastrosos. As críticas à empresa, de todo modo, não residem apenas na negligência aos riscos por ela incorridos, mas também aos problemas financeiros que vinham se agravando, e ao sistema conhecido como “Amakudari” (descendo do paraíso). Esta prática significa a facilidade de entrada de ex agentes fiscalizadores do setor nas empresas público-privadas.

Por fim, casos como esse tem dois desfechos possíveis: o primeiro (e mais provável) é a socialização do prejuízo e riscos que a empresa se permitiu incorrer, a exemplo de alguns bancos americanos na crise em 2008 socorridos pelo governo (leia-se: contribuintes). O segundo é a falência da empresa e os possíveis e maiores malefícios que tal fato traria: extensa demora de suprimento energético e ineficiência do mercado em prover o bem público.