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ESCOLA MUNICIPAL PROFESSORA ELZINHA LIZARDO NUNES NOME ______________________________________________________________ 8º ANO _________ AVALIAÇÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA – INTERPRETAÇÃO DE TEXTO TEXTO I A CONSULTA –Sua aparência é saudável, mas as aparências às vezes enganam. Vamos lá ver: Que é que o senhor sente? –O que eu sinto, doutor? Não sei dizer direito. É uma espécie de opressão , de angústia, de ansiedade... –E o senhor pensa que eu também não sinto? Isto é normal. Normalíssimo . Que mais? –Bem, doutor. Eu tenho insônias. –E eu não tenho, por acaso? Pergunte ao seu vizinho se não tem também. –Eu não me dou com meu vizinho. –É isto: não se dá com o vizinho. Eu também não me dou com o meu. Ninguém se dá com ninguém. Mas não precisa perguntar: eu sei. Seu vizinho não consegue dormir. Ninguém consegue. Isto é normal. –Mas, doutor... –Eu sei: o senhor anda nervoso, excitado, angustiado... Diga-me: não sente medo? Um medo sem causa, sem nenhum motivo aparente, medo de qualquer coisa que o senhor não sabe o que é? –Realmente... Eu estava com vergonha de dizer, mas, desde que o senhor falou, é verdade: sinto, sim. –Ótimo! O senhor sente medo. Eu também sinto. Ótimo, torno a dizer. O senhor não tem nada, meu amigo. Está inteiramente são, uma vez que sente medo. Se não sentisse, aí sim, precisaríamos procurar as causas dessa anomalia. Talvez fosse grave. –Sabe, doutor? Ás vezes, tenho a impressão de que estou ficando neurótico. –Claro que está! E eu não estou? E o seu vizinho não está? E todo o mundo não está? E o senhor pensa que vai ficar de fora? Por quê? Mas reflita um pouco, meu caro. O senhor vive, eu vivo, toda a gente vive num mundo anormal, sádico, doente, sanguinário, onde a regra é a falta de regras, um mundo hediondo e tenebroso, onde o homem é cada vez mais – e como nunca foi – o lobo do próprio homem. Um mundo de guerras, de massacres, de hecatombes, alicerçado no ódio, na iniqüidade e na violência. Acrescente a tudo isso a poluição atmosférica, a poluição sonora, a poluição moral, a degradação dos costumes, a falência dos serviços públicos, o colapso do trânsito, a morte da urbanidade, da cordialidade, da solidariedade humanas. O senhor sente angústia. É natural. O senhor tem medo. É normalíssimo. O senhor tem insônias. Como não tê-las? Meu caro cliente, vá tranqüilo: o senhor não tem absolutamente nada. Passe bem. O próximo, por favor?

Prova Interpretativa

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Page 1: Prova Interpretativa

ESCOLA MUNICIPAL PROFESSORA ELZINHA LIZARDO NUNESNOME ______________________________________________________________ 8º ANO _________

AVALIAÇÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA – INTERPRETAÇÃO DE TEXTO TEXTO I

A CONSULTA–Sua aparência é saudável, mas as aparências às vezes enganam. Vamos lá ver: Que é que o senhor sente? –O que eu sinto, doutor? Não sei dizer direito. É uma espécie de opressão, de angústia, de ansiedade... –E o senhor pensa que eu também não sinto? Isto é normal. Normalíssimo . Que mais? –Bem, doutor. Eu tenho insônias. –E eu não tenho, por acaso? Pergunte ao seu vizinho se não tem também. –Eu não me dou com meu vizinho. –É isto: não se dá com o vizinho. Eu também não me dou com o meu. Ninguém se dá com ninguém. Mas não

precisa perguntar: eu sei. Seu vizinho não consegue dormir. Ninguém consegue. Isto é normal. –Mas, doutor... –Eu sei: o senhor anda nervoso, excitado, angustiado... Diga-me: não sente medo? Um medo sem causa, sem

nenhum motivo aparente, medo de qualquer coisa que o senhor não sabe o que é? –Realmente... Eu estava com vergonha de dizer, mas, desde que o senhor falou, é verdade: sinto, sim. –Ótimo! O senhor sente medo. Eu também sinto. Ótimo, torno a dizer. O senhor não tem nada, meu amigo.

Está inteiramente são, uma vez que sente medo. Se não sentisse, aí sim, precisaríamos procurar as causas dessa anomalia. Talvez fosse grave.

–Sabe, doutor? Ás vezes, tenho a impressão de que estou ficando neurótico. –Claro que está! E eu não estou? E o seu vizinho não está? E todo o mundo não está? E o senhor pensa que

vai ficar de fora? Por quê? Mas reflita um pouco, meu caro. O senhor vive, eu vivo, toda a gente vive num mundo anormal, sádico, doente, sanguinário, onde a regra é a falta de regras, um mundo hediondo e tenebroso, onde o homem é cada vez mais – e como nunca foi – o lobo do próprio homem. Um mundo de guerras, de massacres, de hecatombes, alicerçado no ódio, na iniqüidade e na violência. Acrescente a tudo isso a poluição atmosférica, a poluição sonora, a poluição moral, a degradação dos costumes, a falência dos serviços públicos, o colapso do trânsito, a morte da urbanidade, da cordialidade, da solidariedade humanas. O senhor sente angústia. É natural. O senhor tem medo. É normalíssimo. O senhor tem insônias. Como não tê-las? Meu caro cliente, vá tranqüilo: o senhor não tem absolutamente nada. Passe bem. O próximo, por favor?

Luís Martins. Ciranda dos ventos.São Paulo, Moderna, s/d.

1. É uma afirmação verdadeira a respeito do texto: A. No último parágrafo o médico caracteriza o mundo atual. B. O segundo parágrafo expressa os problemas físicos do paciente. C. O sétimo parágrafo deixa clara a idéia de que o médico acredita nas relações amistosas entre as pessoas. D. O médico conclui que o paciente sofre de uma doença rara. E. O médico tem uma visão positiva do mundo atual.

2. Em “Sua aparência é saudável, mas as aparências às vezes enganam.”( . 1 e 2), pode-se inferir que: A. O médico acredita que algo não está bem no paciente. B. O médico decide não examinar o paciente naquele momento. C. O médico é cauteloso ao dar o diagnóstico. D. O paciente já sabe que está doente. E. O paciente e o médico já sabem o diagnóstico.

3. Entre os vocábulos abaixo, aquele que pode ser considerado um neologismo é: A. tucanistas; B. oportunistas;

C. fascistas; D. petistas;

E. comunistas.

4. Quais são as grandes queixas do paciente?

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5. Trata-se de problemas de ordem física ou psíquica? Explique.______________________________________________________________________

6. Como o médico caracteriza o mundo atual?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7. Para o médico, “o homem é cada vez mais – e nunca foi – o lobo do próprio homem”. O que isso significa?

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TEXTO IIPOR QUE OS ADOLESCENTES SE DROGAM?

(...)Outro fator que pode induzir um jovem a se drogar é a incapacidade de enfrentar problemas. Principalmente

aqueles que sempre tiveram tudo e nunca passaram por frustrações e tristeza mais sérias.Muitos desses adolescentes, quando surgem os problemas, acabam recorrendo às drogas, achando que assim

os afastarão ou terminarão com eles. Na verdade, só se afastam, porque nenhuma drogas resolve nada. Ao contrário, quando passa o seu efeito, o conflito ainda existe e acrescido de mais um: o próprio envolvimento com a droga.

A importância juvenil (mania de Deus do adolescente) também pode motivar um jovem a se drogar. Acreditando que nada de ruim vai lhe acontecer, ele abusa de tudo: velocidade, sexo, drogas, etc. Mas é justamente esse excesso de confiança em si mesmo que acarreta acidentes automobilísticos, gravidez indesejada, o vício nas drogas.É comum ainda o jovem usar drogas para ser aceito pelo grupo que as usa. Outros querendo mudar seus jeito de ser, recorrem às drogas, pois eles mesmos não se aceitam e acreditam ser esse o caminho para mudarem. Enganam-se. Assim como se enganam aqueles que acham que as drogas acabarão com a solidão, ou que preencherão o tempo quando não houver nada que fazer.

Içami Tiba

8. O que acontece com as pessoas quando passa o efeito das drogas?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

9. A que leva o excesso de confiança que muitos jovens têm em si mesmos?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

10. No seu entender, as drogas conseguem tirar alguém da solidão?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

11. Será que as drogas realmente libertam as pessoas?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

12. Na sua opinião, por que a sociedade discrimina os usuários de drogas?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

TEXTO III

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Aquisição à vista. A Bauducco, maior fabricante de panetones do país, está negociando a compra de sua maior concorrente, a Visconti, subsidiária brasileira da italiana Visagis. O negócio vem sendo mantido sob sigilo pelas duas empresas em razão da proximidade do Natal. Seus controladores temem que o anúncio dessa união - resultando numa espécie de AmBev dos panetones - melindre os varejistas. (Cláudia Vassallo, na Exame, dez./99)

13. As duas empresas de que fala o texto são: A. Bauducco e Visagis B. Visconti e Visagis

C. AmBev e Bauducco D. Bauducco e Visconti

E. Visagis e AmBev

14. A aproximação do Natal é a causa: A. da compra da Visconti B. do sigilo do negócio

C. do negócio da Bauducco D. do melindre dos varejistas

E. do anúncio da união

15. Uma outra causa para esse fato seria: A. a primeira colocação da Bauducco na fabricação de panetones B. o fato de a Visconti ser uma multinacional C. o fato de a AmBev entrar no mercado de panetones D. o possível melindre dos varejistas E. o fato de a Visconti ser concorrente da Bauducco

16. Por “aquisição à vista” entende-se, no texto: A. que a negociação é provável. B. que a negociação está distante, mas vai acontecer. C. que o pagamento da negociação será feito em uma única parcela. D. que a negociação dificilmente ocorrerá. E. que a negociação está próxima.

TEXTO IV Toda saudade  é  a  presença  da  ausência de alguém, de algum lugar, de algo enfim. Súbito  o  não  toma  forma   de   sim como se a escuridão se pusesse a luzir. Da própria ausência de luz o clarão se produz, o sol na solidão. Toda saudade é um capuz transparente que veda e ao mesmo tempo traz a visão do que não se pode ver porque se deixou pra trás mas que se guardou no coração. (Gilberto Gil)

17. Por “presença da ausência” pode-se entender: A. ausência difícil B. ausência amarga

C. ausência sentida D. ausência indiferente

E. ausência enriquecedora

18. Para o autor, a saudade é algo: A. que leva ao desespero. B. que só se suporta com fé.

C. que ninguém deseja. D. que transmite coisas boas.

E. que ilude as pessoas.

19. O texto se estrutura a partir de situações contrárias. O par de palavras ou expressões que não apresenta situações contrárias é:

A. presença  / ausência B. não / sim

C. ausência de luz  / clarão D. sol / solidão

E. que veda  / traz a visão 

20. O que se guarda no coração é: A. a saudade B. o clarão

C. o que se deixou para traz D. a visão

E. o que não se pode ver