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Sumário Introdução................................................... 1 1. Conceituação histórica....................................2 2. Origem da psicossomática..................................6 3. Movimentos psicossomáticos................................6 4. Psicossomática no Brasil..................................7 5. De que corpo se trata?....................................7 6. Diferenças entre hipocondria, sistema histérico e fenômeno psicossomático............................................... 9 7. O processo operatório....................................10 8. Pacientes psicossomáticos................................10 9. Psicoterapias - Psicanálise..............................16 10. O estresse e as doenças psicossomáticas.................17 11. Aspectos psicossomáticos na obesidade...................20 Bibliografia................................................ 24

Psicossomática

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material contendo bases explicativas da área de psicossomática de amplo interesse

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Sumrio

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Sumrio

1Introduo

21. Conceituao histrica

62. Origem da psicossomtica

63. Movimentos psicossomticos

74. Psicossomtica no Brasil

75. De que corpo se trata?

96. Diferenas entre hipocondria, sistema histrico e fenmeno psicossomtico

107. O processo operatrio

108. Pacientes psicossomticos

169. Psicoterapias - Psicanlise

1710. O estresse e as doenas psicossomticas

2011. Aspectos psicossomticos na obesidade

24Bibliografia

PSICOSSOMTICA

Introduo

Conforme solicitado pelo nosso orientador da matria este trabalho serve como uma dissertao ou ensaio sobre psicossomtica, onde adotamos o roteiro de aula como o nosso referencial.

O objeto deste trabalho contempla a reflexo do que foi discutido na sala de aula, iniciando pelos conceitos da psicossomtica, reao e fenmenos atravs de uma abordagem romancista.

Veremos as diferenas entre histrico, fenmeno psicossomtico e hipocondria. O tpico que mais me chamou ateno foi o abordado no processo psicanaltico (item 7.2), pela tcnica psicanaltica abordada pelo Professor Joslio e seu questionamento sobre a interpretao psicanaltica clssica, a qual desde j deixaram contribuies para a minha formao profissional. Finalizaremos abordagens de casos pticos e opinies de psicoterapeutas e psicanalistas.

Apesar da orientao de se realizar (de 10 a 15 laudas), considerei que a abordagem sistematizada do trabalho, para a formao deste conceito psicanaltico, agregando opinies diversas tambm teria sua importncia, desde j pedindo desculpas por ter superado o nmero solicitado.

A psicossomtica integra os profissionais ligados rea humana e um recurso indispensvel para que o indivduo construa um sentido para sua vida. O paciente passa por um processo psicossomtico, para que se torne e assim construir um discurso sobre si prprio e sobre tudo o que lhe ocorre. A doena peculiar a cada doente e o processo de cura ser peculiar tambm para cada doente, partindo do princpio que so indivduos diferentes.

Doena e cura so dialticas inseparveis, pois, a doena ausncia de sade e a psicossomtica pode possibilitar o equilbrio do indivduo. A psicossomtica no visa a doena e sim a busca do indivduo para que ele integre o seu pensar, agir e sentir, tornando vivel a cura. O indivduo quando atinge este integrar, torna-se um indivduo autntico, dando importncia s suas vivncias, que adquire com a vida. Quando o indivduo encontra o que h de mais significante em si, quando passa a existir.

A psicossomtica em sua prxis, possibilita o ser humano a tomar conscincia de sua existncia facilitando, no apenas a remoo do sintoma mas sim que o indivduo atravs de sua prpria reflexo, deixe de ser paciente para poder reverter todos os seus sintomas, tornando-se mais flexvel para escolher uma melhor qualidade de vida para si prprio, se responsabilizando por si e no responsabilizando o outro.

Etimologia em grego significa: "O verdadeiro sentido". O verdadeiro sentido do sintoma s o prprio paciente poder nos dizer. Levar o paciente a cura, seria quem sabe coloc-lo diante da sua realidade, do prprio real que vivencia e no se d conta.

A cura um benefcio excedente do tratamento psicanaltico. Lacan

"Todas as coisas, por um poder imortal, prximas ou distantes, ocultamente esto unidas entre si, de tal modo que no podes agitar uma flor sem transformar uma estrela". Francis Thompson.

"O mesmo que nos leva a adoecer o mesmo que nos permite a cura". Jack Lawson.

"No podes encontrar nenhum remdio para o crebro doente, da memria tirar uma tristeza enraizada e com algum antdoto de esquecimento, doce e agradvel, aliviar o peito, que opresso, geme ao peso da matria maldosa que oprime o corao ... " Shakespeare.

1. Conceituao histrica

1.1. Psicossomtica

O termo psicossomtica provem dos vocbulos gregos psyk = alma, e soma =corpo. Logo conclumos de que a psicossomtica refere-se a relao corpo x mente.

Psicossomtica , ao mesmo tempo, uma filosofia porque envolve uma viso de ser humano, uma maneira de definir o ser humano , e uma cincia que tem como objeto os mecanismos de interao entre as dimenses mental e corporal da pessoa. Esta uma definio clssica, sendo que para mim ela j est ampliada, tambm, para a dimenso contextual (relacional ou scio-cultural). Ou seja, como que o fato corporal est integrado no fato psquico que, por sua vez, est integrado no fato relacional e ambiental. Esta integrao biopsicossocial o objeto da Cincia Psicossomtica.

Temos, ainda, a Psicossomtica enquanto postura profissional, que a postura de trabalhar com os fatos objetivos e subjetivos do paciente concomitantemente. Esta difere da postura clssica da Psicologia, que visa o trabalho focalizado nos fatos subjetivos e difere, igualmente, da postura clssica da Medicina, que visa o trabalho focalizados nos fatos objetivos, concretos, palpveis e mensurveis. A postura do profissional que trabalha com Psicossomtica de estar atento ao mesmo tempo s dimenses objetivas e subjetivas da pessoa. De uma certa forma, a Psicossomtica tambm uma prtica clnica cujo conjunto terico muito se aproxima dos contedos das disciplinas de Psicologia Mdica e Psicologia Hospitalar, aplicada atualmente nas faculdades.

A princpio, o conceito mais amplo de psicossomtica obriga a existncia de um referencial terico para o estudo do psiquismo. Pode ser o psicodinmico, o comportamental, o existencial etc. E, um referencial terico que entenda a dinmica grupal e social do indivduo, que pode ser o referencial da antropologia cultural, da sociologia, entre outros.

Se juntarmos o referencial terico de estudo do corpo, com o referencial terico de estudo da mente e com o referencial terico de estudo do grupo, montamos uma viso psicossomtica "senso latu". A partir da, comeamos a ter particularizaes, ou seja, diversas composies de referenciais possveis. Existindo um referencial terico para o fato biolgico, outro para o fato psicolgico e outro para o fato social ou da dinmica grupal, j teremos uma psicossomtica montada.

A proposta da Psicossomtica o exerccio da integrao destes referenciais como um caminho para se atingir um objetivo maior, que a compreenso da pessoa. E esta palavra pessoa tem uma conotao muito profunda e abrangente, o que h de total no ser humano. O ser humano todos os seus pedaos (viso gestltica) s que a pessoa um pouco mais do que a simples somatria destes pedaos. Para alm da simples somatria, existe a dinmica do funcionamento dessas coisas juntas; todas estas partes funcionando de uma maneira dinmica consiste um movimento de transformao ininterrupto em que entram em jogo todos os setores citados anteriormente.

1.2. Medicina psicossomtica

Enquanto a psicossomtica tem como objeto o fenmeno psicossomtico, a psicologia mdica, busca a relao mdico-paciente.

O "pai" da Medicina clssica e convencional foi Hipcrates. Ele, que inventou a profisso do mdico, o mais bem acabado exemplo do mdico psicossomatista. Sua maneira de descrever um quadro de doena, colocava, por exemplo, que determinada lcera costuma ser freqente nas pessoas que tm uma herana familiar semelhante, que fazem uso do lcool, principalmente se manifestando nos perodos que a pessoa encontra-se com uma "turbulncia da alma" e, tambm, sofrendo influncia na sua manifestao dos ventos midos que sopram do noroeste. Ou seja, na concepo hipocrtica de doena encontra-se integrado at um fator meteorolgico, alm de circunstncias psquicas, qumicas e biolgicas. Mais psicossomtico que isso no existe. O que o "pai" da Medicina inventou foi uma Medicina Psicossomtica, que deixou de ser psicossomtica muito tempo depois, a partir do sculo XVI, pelas influencias que sofreu sucessivamente de Galileu, Descartes, Revoluo Industrial, Segunda Guerra Mundial, etc.

A atualmente chamada Medicina Psicossomtica representa um foco dentro da sociedade cientfica que, intencionalmente ou no, acaba trabalhando com vistas a um resgate desta viso holstica hipocrtica. Sem abandonar ou ignorar todo o avano tecnolgico da Medicina moderna e suas especializaes. Em nenhum momento faz parte da Medicina Psicossomtica o discurso de menosprezar a importncia da tecnologia mdica convencional.

A Medicina Psicossomtica trabalha na integrao do que h de mais "Hi-Tech" com o que h de mais humano nas profisses da sade.

A Medicina Psicossomtica no pressupe que o mdico seja um especialista de todas as especialidades.

importante entender que existem dois procedimentos bsicos em qualquer profisso ligada sade: o de compreender / diagnosticar, e o de intervir/proceder. A Medicina Psicossomtica , fundamentalmente, algo que amplia a capacidade do primeiro procedimento, ou seja, do diagnstico, do compreender. Por conseqncia, vai acontecer algum grau de ampliao na capacidade do intervir enquanto ser humano profissional, porm no a nvel de tecnologia especializada. Ou seja, o mdico que compreende mais globalmente seu paciente, na hora do intervir, continua habilitado tecnicamente apenas naquela especialidade em que foi treinado, e continua no habilitado tecnicamente na especialidade que no treinou. No que diz respeito necessidade do paciente receber a aplicao de tcnicas, evidente que vai depender do treinamento tcnico que este mdico possui.

Enfim, a abordagem psicossomtica na prtica clinica no vem substituir ou ser uma alternativa abordagem clinica clssica. Pelo contrrio, trata-se de somar conhecimento que ampliem as possibilidades de investigao e interveno do profissional em relao pessoa doente.

1.3. Reao psicossomtica

A reao psicossomtica o modo de responder a uma situao definida que exija um trabalho de simbolizao. Ex.: dor de barriga, febre, dor de cabea.

O contingenciamento scio-cultural inibe a exteriorizao das "fraquezas", da necessidade de ser objeto e de cuidados. Em conseqncia, o sistema nervoso parassimptico, embora ativado, bloqueado. a repetio de bloqueios que cria o desequilbrio neuro vegetativo interno e leva a doenas como asma, diarria, colite lcera, constipao e etc.

Portanto, a incapacidade de expressar, transmitir emoes e sentimentos, inclusive de agressividade, que resulta em importante mecanismo de agresso ao corpo, e, por conseguinte em causa de doenas. O corpo muito mais que um substrato, que reflete as dificuldades scio-psquicas no adequadamente resolvidas do que a origem das doenas. Por isso, a medicina psicossomtica salienta a unidade de interao entre corpo e mente, e, em geral, pressupe-se a importncia de fatores psicolgicos no desenvolvimento de todas as doenas.

importante chamar a ateno para o fato de que todos ns somatizamos, com maior ou menor intensidade ao longo da vida, mesmo que disso no nos demos a menor conta ou no aceitamos. O simples fato de sentir palpitaes e suar frio quando prestes a nos apresentar em pblico, por exemplo, ou as dores de cabea que nos acometem quando algo de desagradvel ocorre ou nos preocupa, so exemplos corriqueiros de somatizao. Existem alguns transtornos psicossomticos bastante conhecidos como acne, reaes alrgicas, vmito, taquicardia, etc. Na verdade, todas as doenas so psicossomticas, inclusive as infecciosas. Um exemplo disso so as pesquisas que mostram que nem todas as pessoas adoecem em poca de epidemias, mesmo em contato com doentes.

A resistncia ou no da pessoa infeco estaria ligada, alm da gentica, ao desenvolvimento por parte dela, de defesas psicolgicas diante de situaes de estresse e sofrimento. Porm, evidente que no caso de infeco macia, como por exemplo, um acidente de laboratrio em que o acidentado tenha a corrente sangnea invadida por uma grande quantidade de micrbios altamente virulentos, a possibilidade de ocorrer doenas grande, e independente do estado psicolgico. J no caso de agresso infecciosa de menor monta, a resistncia do organismo que determinar se haver ou no a doena. Outro exemplo banal foi o vrus da gripe, onde os pesquisadores puderam constatar que as pessoas com alto grau de estresse "griparam" com mais facilidade.

As explicaes para a vinculao entre o estado psicolgico e a baixa das defesas do organismo baseiam-se nas alteraes orgnicas que as situaes de estresse provocam, como a maior produo de cortisona, que levaria destruio maior das clulas de defesa do organismo, como alguns tipos de linfcitos. Porm, esta apenas uma explicao parcial, visto que a relao entre estado psicolgico e susceptibilidade a infeces no ocorre apenas nas situaes de estresse, tambm as de tristeza, e talvez sobretudo estas a proporcionam.

Estudos recentes demonstram que as pessoas que enfrentam os estresses gerais com otimismo, e no pessimismo, esto menos propensas a desenvolverem um transtorno psicossomtico e, se o fazem, conseguem recuperar-se facilmente.

1.4. Fenmeno psicossomtico

uma mudana fsica, causado por um agente psquico, cuja etiologia foge ao conhecimento mdico.

Jaques Lacan contribuiu com a criao da expresso fenmeno psicossomtico que passou a ser o objeto da psicossomtica. Os fenmenos psicossomticos so modificaes causadas no corpo por agentes de ordem psquica.

A psicossomtica uma disciplina cientfica que aborda aspectos da patologia geral, relacionando-os com os psquicos, objetivando encontrar respostas para os fenmenos psicossomticos. O objeto da psicossomtica o fenmeno psicossomtico, dele que a psicossomtica se ocupa, dele que o paciente se queixa, por ele, para ele e em torno dele que todas as articulaes so feitas. Por fenmeno, compreende-se toda e qualquer modificao operada nos corpos pela ao dos agentes fsicos ou qumicos; tudo que percebido pelos sentidos ou pela conscincia; maravilha, raridade etc.

O fenmeno psicossomtico no pe em questo o desejo do Outro, mas sim opera um contornamento do Outro. Da poder-se operar a possvel distino entre fenmeno psicossomtico e sintoma. Esta relao com o outro constitutiva do sintoma, notadamente do histrico, o que no ocorreria com o fenmeno psicossomtico. O fenmeno psicossomtico seria assim a marca do consentimento do sujeito razo que determinou o trauma. Seria a maneira do Sujeito se representar em conseqncia da erupo traumtica.

Sintoma e Histeria: O sintoma em psicanlise formao no inconsciente que tem estrutura de linguagem, supe uma substituio, a qual costuma-se chamar de metfora, retoricamente falando.

A Metfora Subjetiva, seria a ausncia de afnise ou seja, o medo de no se obter satisfao sexual, a extino da sexualidade, o que levaria o indivduo a renunciar ao seu prprio sexo.

A Metfora Paterna, levantar-se-ia a questo em torno do pai, do nome-do-pai, o pai do nome, e assim por diante.

Psicossomtico: O psicossomtico um indivduo que no tem outra forma de viver seno apresentando um modo de resposta permanente ou surtos do tipo psicossomtico. O psicossomtico toca as margens da psicose (borderline). O psicossomtico pode ser um neurtico ou psictico.

2. Origem da psicossomtica

Costuma-se dizer que a psicossomtica no algo novo, que ela sempre existiu. Na Grcia pr-hipocrtica, no se v muita diferena da poca pr-helnica. Hipcrates, fez correlao entre processos scios-culturais e aparecimento de doena. Empdocles chama-nos para a importncia das emoes, Heinroth, psiquiatra alemo, cria expresses psicossomtica, Hilliday liderou o chamado movimento moderno.

Huang Ti, Imperador da China, a 4.500 anos atrs observou que os desejos e as idias do homem deveriam ser investigadas. Anaxgoras ( sculo V a.C.) j acrescentava a inteligncia matria. Na Idade Mdia, apesar da Inquisio, encontraremos novas evidncias dessa relao corpo-mente. Martinho Lutero, vai afirmar que pensamentos soturnos causavam problemas de ordem fsica, e que a alma oprimida contribua para a opresso do corpo.

Claude Bernard, Ivan Petrovitch Pavlov, Cannon deram valiosas contribuies. Helen Flanders Dunbar assume forma de disciplina cientfica.

3. Movimentos psicossomticos

A psicossomtica, numa viso cientfica, nasceu com Freud a partir do sculo passado, principalmente os trabalhos sobre as paralisias, afasia e histeria, onde pe em evidncia a realidade dinmica do inconsciente, que a psicossomtica vais se estruturar.

Jaques Lacan, que alm de dar uma nova linguagem obra de Freud, contribuir com a criao da expresso fenmeno psicossomtico que passar a ser o objeto da psicossomtica. Mas s se consolidou na dcada de 50 quando Franz Alexander colocou que o homem, diante de situaes de perigo, reage de duas maneiras possveis: ataque ou fuga.

E que qualquer uma das duas atitudes resulta da atividade do sistema nervoso autnomo. Com isso, props que quando essas duas tendncias bsicas (ataque ou fuga) so por alguma razo bloqueadas, o resultado ser um desequilbrio do sistema nervoso neurovegetativo.

4. Psicossomtica no Brasil

A psicossomtica proliferou no Brasil, a partir do trabalho de psicanalistas em hospitais de ensino, especialmente no Rio de Janeiro, So Paulo, Porto Alegre e Recife.

Em 1944, Jos Fernandes Pontes reunia-se com os psicanalistas Noemi Rudolfer Silveira e Mrio Yahn, no Instituto Ache de So Paulo, para compreender o comportamento sintomtico de alguns casos de retocolite ulcerativa.

Em 1945 o grupo se organiza para estudos em psicossomtica, agora contando com a participao da psicanalista Virgnia Leone bicudo e do mdico Helldio Francisco Capisano, que vai dirigir o recm-criado Ambulatrio de Medicina Psicossomtica.

Em 1958 Danilo Perestrello publicou a obra intitulada Medicina psicossomtica e em 1974 A medicina da pessoa.

Em 1965 foi fundada a Associao Brasileira de Medicina Psicossomtica, tendo Danilo Perestrello como seu primeiro presidente.

Em 1966 Luiz Miller Paiva publica Medicina Psicossomtica, com vrios textos de Perestrello, Isaac Leon Luchina e Marcelo Blaya.

Em 1986 editada e publicada a revista Psicossomtica, fundada por Samuel Hulak na cidade do Recife.

Em 2000 publicada a 2 edio de Medicina Psicossomtica por Joslio Gomes de Souza psicanalista pela SPOB.

5. De que corpo se trata?

Lacan, no Seminrio 22, diz que o corpo alguma coisa que presumimos ter funes especificadas nos rgos, de tal modo que um automvel, e mesmo um computador, um corpo.

O corpo depende de um molde externo e ao mesmo tempo tem a ver com o desejo do outro.

O corpo de que se trata na psicossomtica, ento, um corpo traumatizado, conseqncia de um foramento externo, objeto de uma demanda do qual o sujeito est ausente.

E, face aos mistrios do corpo, veremos o que o poeta falou:

Meu corpo no meu corpo,

iluso de outro ser,

Sabe a arte de esconder-se

e de tal modo sagaz

que a mim de mim ele oculta.

(Carlos Drummond de Andrade)

5.1. O corpo que fala

Um homem que aps dois anos de sua aposentadoria apresenta um quadro de cncer, uma mulher que no sabendo expressar sua raiva desenvolve um distrbio gastrointestinal, uma criana, que protesta atravs de sua febre. O Corpo Fala atravs de suas doenas, de seus rgos, suas aflies.

Toda angstia psquica pode gerar seu equivalente somtico, sendo ento a doena uma manifestao das dificuldades emocionais, frente as quais o paciente encontra esta forma de expresso. O corpo em suas dores, se transforma em um mapa dos acidentes emocionais do indivduo. No falaremos ento de doenas e sim do Doente, pois nossas dores dizem de quem somos e de nossas aflies.

Um tero de todas as doenas, so de origem exclusivamente Psicossomtica e o outro tero, apesar da existncia de uma determinao orgnica, possui fortemente o fator psquico influenciando em sua evoluo. Apesar da determinao emocional das doenas ter sido quase completamente esquecida, em prol de um mecanismo onde o indivduo no mais era visto de forma sistmica, mas dissecado, repartido, como se as partes funcionassem de forma independente do todo, a tendncia atual da medicina se tornar toda um estudo Psicossomtico, onde a varivel seria o grau de determinao Psquica ou orgnica, envolvida em cada quadro patolgico

O diagnstico da Doena Psicossomtica no deve ser realizado apenas pela excluso da possibilidade orgnica, mas por suas prprias caractersticas. O estudo da personalidade do paciente to importante, quanto todos os exames clnicos e laboratoriais. Podemos ento dividir estas patologias em dois grupos:

Os pacientes sem uma doena fsica definida que justifique a molstia que se apresenta. No ser diagnosticado uma doena orgnica, no significa a inexistncia de doena, e o paciente no deve ser abandonado dentro de sua sintomatologia.

Pacientes com sintomas orgnicos presentes mas influenciados por fatores emocionais (cardiopatias orgnicas p. exemplo) onde o fator psquico j acarretou um dano fsico ou influencia na evoluo e na incidncia do mesmo. Quando fatores emocionais esto associados a doena orgnica atual pouca ateno dispensada os fatores emocionais. Erradamente trata-se os paciente como se seus sintomas fsicos fossem suficientes para explicar a doena.

Assim como no se deve eliminar o tratamento da doena orgnica quando se trata de pacientes com somatizao, no se pode eliminar os fatores psicolgicos envolvidos na evoluo das doenas orgnicas.

Conhecer a capacidade do paciente em se ajustar a determinadas situaes na vida, seu padro de reao, grau de angstias, a natureza e a gravidade de seus conflitos, so conhecimentos indispensveis na elucidao diagnstica e na considerao da estratgia teraputica mais adequada..

As emoes tambm falam atravs do corpo e dos sintomas. No adianta atacar com remdios uma srie de sintomas inespecficos, enquanto o verdadeiro problema se encontrar no Inconsciente do paciente.

E o estudo Psicossomtico exatamente isto, uma possibilidade de se conhecer o paciente de forma integral, onde o sintoma conseqncia de multifatores, inclusive ou talvez, principalmente, emocionais.

6. Diferenas entre hipocondria, sistema histrico e fenmeno psicossomtico

6.1. Hipocondria

O hipocondraco no um paciente psicossomtico. A hipocondria uma monomania distinta caracterizada por uma preocupao especial e exclusiva por doenas. Relaciona-se ao corpo delirante, o corpo inimigo do sujeito, algo assim como um corpo do outro, alheio, estranho. Impem em conseqncia uma alucinao com delrio, j que pertence a um sistema que ultrapassa a realidade.

O hipocondraco sofre de supervalorizao de si mesmo, no se trata de recalcamentos de representaes, mas encarna a dicotomia perseguido-perseguidor.

6.2. Sistema histrico

Por histeria (sintoma de converso) entende-se a neurose caracterizada pelo poliformismo de suas manifestaes clnicas. Freud o chamou de histeria, onde no primeiro momento vislumbrou a possibilidade de energia adquirida, ou seja, a histeria conseqncia de um excesso de excitao.

A histeria sofre de reminiscncias, isto , o afeto correspondente ao incidente causal no sofreu descarga, at porque no havia representao psquica. A lembrana do choque ento age no psiquismo como se fosse um corpo estranho. O recalcamento de uma representao incompatvel com o eu, vai constituir no mecanismo de defesa que contribuir para a formao do sintoma histrico. Esse trauma estar ligado a uma expectativa sexual precoce, vivida no desprazer.

O corpo histrico simblico, da no haver leso (pode at ocorrer secundariamente), sua anatomia singular, est relacionada com a histria da sexualidade e a vida do sujeito.

Na histeria, uma excitao psquica utiliza um falso caminho exclusivamente no somtico, enquanto que na neurose atual, uma tenso fsica no consegue passar para o psquico e no deveria ser compreendido como expresses simblicas, mas pelo contrrio, como uma sorte de fracasso do ego.

6.3. Fenmeno psicossomtico

O fenmeno psicossomtico no sintoma de converso (histerismo) nem hipocondraco, conforme explicamos acima. O fenmeno psicossomtico seria assim a marca do consentimento do sujeito razo que determinou o trauma. Seria a maneira do Sujeito se representar em conseqncia da erupo traumtica.

7. O processo operatrio

O pensamento operatrio um tipo de psicossomtico. A caracterstica marcante do Pensamento Operatrio a pobreza de vida fantstica e afetiva, com bloqueios na capacidade de representar ou de elaborar as demandas instintivas que o corpo dirige psique, conotando tambm a noo de pobreza de investimentos libidinais e a ausncia de reaes afetivas, diante de pedras e de outros acontecimentos traumticos.

Pacientes com o perfil coronariano geralmente uma pessoa trabalhadora, com grande controle e persistncia, visando o sucesso e a realizao. Pacientes fraturados so pessoas impulsivas, desorganizadas, ousadas que vivem para o momento presente e no para o futuro.

Contrariamente ao que se passa com os neurticos os pacientes com pensamento operatrio, so desinteressados de suas relaes com o entrevistador e no mostram nenhum sinal de processo associativo. Tem tendncia do sujeito a reconhecer-se no seu interlocutor, como se ele e outro tivessem sido moldados da mesma forma (reduplicao ). A inibio fantasmtica tem a ausncia total de fantasias.

8. Pacientes psicossomticos

H indivduos que vivem em permanente estado de tenso, rivalidade e competio, tais pessoas na maioria das vezes bloqueiam a expresso fsica desses estados. E a repetio dos bloqueios, isto , sua cronificao, com o conseqente e repetido desequilbrio neuro vegetativo interior levaria ou predisporia ocorrncia de uma srie de doenas como a hipertenso arterial, enxaqueca, cardiopatias, diabete, artrite, etc. Por outro lado, as pessoas que se sentem mais frgeis e dependentes possuem um mecanismo que ativa o sistema nervoso parassimptico, isto , aquele responsvel por acalmar o organismo.

8.1. O asmtico

As modificaes no corpo fsico, causado por agentes de ordem psquica, podem causar o mal estar e, por que no dizer, a doena (fenmeno psicossomtico).

Franz Alexander advoga a hiptese do perfil psicodinmico do asmtico. Segundo essa hiptese, existiria um padro emocional peculiar, no qual o ncleo seria um conflito em torno do choro. A crise asmtica seria uma crise de choro reprimido, conseqncia de uma ambivalente percepo da me (sedutora e rejeitadora) e, ao mesmo tempo, da imagem fragilizada do pai, por vezes absorvida pela figura dominadora da me, o que resultaria numa transferncia com outros personagens, inclusive com a figura do mdico, expressando assim uma certa dependncia, comum entre os asmticos.

O paciente portador de asma brnquica, sempre ou quase sempre deixa transparecer a presena de um componente emocional ou psicodinmico. Essa freqncia notria e evidente exige do profissional de sade uma ateno toda especial, pois bem provvel que esteja nessa manifestao a psicognese do seu mal.

Alergia a intolerncia do organismo para com determinados produtos fsicos, qumicos ou biolgicos, aos quais reage-se de forma exagerada. Portanto, trata-se de uma reao anormal uma ou mais substncias aparentemente inocentes que, quando apreendidas pelo organismo (inaladas, ingeridas, ou por contato com a pele) causam irritabilidade. As substncias capazes de desencadear a alergia so chamadas de Alrgenos.

A relao psicossomtica entre asma e a ansiedade, deve-se constatao de que os estados de mobilizao emocional ou de estresse possam acentuar os sintomas da asma, os quais por sua vez, geram mais ansiedade, completando assim uma espcie de crculo vicioso. Isso quer dizer que a asma no um transtorno primrio da ansiedade, mas sim desencadeada e agravada por ela.

Para uma medicina mais mecanicista parece, de fato, no existir uma relao significativa entre os fatores alrgicos presentes na asma brnquica e as diversas variveis psicossociais. Isso porque, numa viso mais estreita, o componente alrgico decorre da presena da Imunoglobulina IgE no se encontram relaes diretas entre a IgE e os transtornos neurticos. Outros estudos procuraram demonstrar que no se observam dados significativos com relao presena de neuroses entre o grupo de asmticos e um grupo de no asmticos.

No obstante, na atualidade sabe-se que nos quadros de alergia podem intervir muitos outros fatores alm da IgE, podem intervir uma srie de outros mecanismos de hipersensibilidade. Na realidade, o objetivo da medicina holstica no mais estabelecer relaes entre a IgE e a alergia, uma vez que est claro como essa relao produz a alergia. O objetivo primeiro saber porque o excesso de IgE e da alergia

A Asma um dos quadros mais associados ao conceito que se tem da psicossomtica.

A fisiopatologia clssica tem atribudo a Asma Brnquica um desequilbrio (constitucional) nos receptores beta-adrenrgicos da mucosa brnquica. Os leuccitos destes pacientes costumam liberar com facilidade certas substncias que acabam produzindo a bronco-constrio como respostas a estmulos (adversos ao paciente) especficos, como por exemplo, odores, mudanas de temperatura, fumo, inalantes ambientais, poluio, plos de animais, drogas, plens, poeira, caros, alimentos, exerccios fsicos, situaes de ansiedade e estresse, etc.

A Asma Brnquica uma doena pulmonar, que pode por a vida em perigo e, com freqncia, trata-se de uma doena crnica. Em outras palavras, a pessoa pode padecer de asma por toda a vida. A asma brnquica causa problemas respiratrios, os quais, quando agudos se chamam Ataques ou Episdios de asma brnquica.

Alguns pesquisadores puderam verificar uma relativa deficincia de esterides e catecolaminas (epinefrina e norepinefrina) nos pacientes com Asma Brnquica, favorecendo assim uma resposta bronco-constrictora aos agentes desencadeantes.

Crianas asmticas produzem menores nveis de epinefrina e norepinefrina (catecolaminas) essenciais para manter a broncodilatao, diante de agentes estressores (materiais ou emocionais). Nesses pacientes os receptores beta-adrenrgicos seriam estimulados de forma anmala, levando assim disfuno do asmtico.

Alm dessas catecolaminas, tem-se demonstrado o envolvimento de alguns neuropeptdeos nas reaes alrgicas. O principal neuropeptdeo identificado at agora a chamada Substncia P, um neuropeptdeo liberado por terminaes nervosas na mucosa brnquica e certamente um dos componentes mais importante nas chamadas reaes asmticas tardias. Um outro neuropeptdeo, a capsaicina, teria um importante papel nas reaes alrgicas caracterizadas por edema e eritema cutneos que ocorrem na urticria.

A sugestionabilidade do paciente asmtico j bastante conhecida, explicando assim o desenvolvimento de crises at por estmulo visual (alguns vem a fumaa de longe e j tm bronco-espasmo) bem como as curas fantsticas por procedimentos alternativos.

No obstante, como em tantos outros quadros psicossomticos, h necessidade da presena simultnea de fatores de ordem psicolgica e biolgica (sensibilidade alrgica) para o desenvolvimento da asma brnquica . Alis esse tema bastante propcio a reflexes sobre a possibilidade dessa tal "hipersensibilidade" ser, holisticamente, tanto fsica quanto afetiva nos pacientes asmticos.

Em geral, os sintomas da asma comeam ou so "provocados" por algo que agride os pulmes (ou a pessoa?). Estes agentes so denominados desencadeantes da asma. Existem muitas classes destes desencadeantes, os quais podem ser desde vrus, alergias, at outras partculas do ar. Devido a esta ampla variedade de causas, pode ser muito difcil deduzir o que, exatamente, tem provocado os ataques de asma brnquica. Inclusive pode-se chegar a pensar que estes ataques no acontecem sem que alguma coisa os provoque.

Embora no ocorra com a maioria dos casos, uma vez que se descobre o que provoca a asma, algo poder ser feito para prevenir futuros ataques. Em outras palavras isto pode permitir exercer algum controle nas crises. H casos onde, por exemplo, os exerccios fsicos desencadeiam crises de asma. Nesses casos recomenda-se, no que o asmtico deixe tais exerccios, mas que tome medicamentos antiasmticos antes deles. O mesmo podemos recomendar em relao ao frio, aos frutos do mar, s penas, etc, quando esto relacionados crises de asma.

At hoje no se sabe ao certo como (ou porque) uma pessoa adquire a asma. Sabe-se, entretanto, que uma vez que se a tem, os pulmes podem reagir a estmulos que podem desencadear os Ataque de Asma Brnquica . No asmtico, por exemplo, uma simples secreo gripal, de resfriado ou de infeco poder provocar uma crise asmtica.

Durante a Crise de Asma Brnquica, trs alteraes podem ocorrer nos pulmes:

1 - As clulas das vias respiratrias secretam mais muco que o normal. Este muco muito espesso e tende a obstruir as vias areas.

2 - O neuropeptdeo chamado Substncia P, liberado por terminaes nervosas na mucosa brnquica.

3 - As vias respiratrias tendem a inflamar-se, da mesma maneira que a pele se inflama quando faz um ferimento.

4 - Os receptores beta-adrenrgicos da mucosa brnquica seriam estimulados de forma anmala.

5 - Os msculos das vias respiratrias se contraem, principalmente os esfncteres dos brnquios.

Estas alteraes acabam por causar o estreitamento das vias respiratrias, o qual dificulta a respirao e produz a falta de ar. O ataque de asma brnquica pode comear de repente, ou pode ser paulatina, levando dias para desenvolver-se totalmente. Esses ataques podem ser graves, moderados ou leves.

Ataques Graves. Nesses casos a falta de ar forte o suficiente para causar dificuldade ao paciente para falar. Os msculos do pescoo podem estar muito tensos devido ao esforo para respirar. Tanto os lbios como as mos podem apresentar uma colorao mais azulada (cianose) por falta de oxignio. Em caso de um ataque de asma grave necessrio ajuda mdica de urgncia. Os casos de bito por asma acontecem, na maioria das vezes, porque no se buscou ajuda mdica em tempo hbil.

Ataques moderados e leves. Estes ataques so os mais comuns. Pode comear com tosse ou com expectorao de catarro. Normalmente o paciente fica inquieto ou tem problemas de insnia. Da mesma forma que para os casos graves, medicamentos antiasmticos devem ser usados. No se recomendam medicamentos para a tosse durante essas Crises de Asma Brnquica. Em qualquer tipo de ataque de asma podem estar indicados os medicamentos chamados broncodilatadores, os quais ajudam a interromper os ataques de asma depois de comeados.

Os broncodilatadores aliviam o paciente durante um ataque de asma. Sua funo relaxar os msculos das vias respiratrias facilitando a respirao. Os antiinflamatrios, por sua vez, proporcionam as vias respiratrias desinflamadas e com menor quantidade de muco. Outro grupo de medicamentos usados para a asma so os corticides.

Elementos Emocionais e Psicopatolgicos associados Asma Brnquica. Muitos so os estudos que procuram vincular estado emocional e o desenvolvimento de asma brnquica. Biologicamente, a psico-fisiopatologia da asma tem forte relao com os elementos associados alergia, de um modo geral. As teorias mais aceitas para explicar o broncoespasmo dizem respeito ao efeito hipersensibilidade colinrgica . A ansiedade tem sido apontada por vrios autores como tendo importante ocorrncia entre asmticos.

Testes de avaliao (escalas) de ansiedade demonstram nveis bem mais altos entre os asmticos , mesmo entre episdios agudos de asma ou fora das crises. Outros autores constatam ocorrncia significativa de dificuldades comportamentais e de ajustamento entre crianas portadoras de asma precoce . No Canad alguns pesquisadores comparam a psicopatologia associada asma e aos diabetes em crianas e adolescentes e constatam altos ndices de ansiedade e transtornos comportamentais . Entre esses transtornos comportamentais, a Hiperatividade foi dos mais encontrados em crianas asmticas .

Alguns autores, entretanto, no encontraram aumento de ansiedade nas crianas asmticas to expressivo quanto encontraram nos pais dessas crianas, ou alegam que a ansiedade dos pacientes asmticos ocorreria mais por conseqncia que como causa da asma. Stores entende que as ocorrncias psicopatolgicas dos asmticos poderiam ser decorrentes das noites mal dormidas e do medo da prpria doena. H ainda alguns estudos mostrando o bi-comprometimento de agravo entre a Sndrome do Pnico, piorando crises de asma, e a asma piorando crises de Pnico. De qualquer forma, sempre ressaltando a importncia do componente ansioso.

Alm da ansiedade, Puura entende que a Depresso infantil poderia ter uma correlao somtica, atravs da asma, por exemplo, e um componente comportamental atravs da rebeldia, agressividade e hiperatividade .

8.2. O cardiopata

O sistema nervoso, comanda de forma rpida e precisa as funes do corpo, ao mesmo tempo em que atua no que diz respeito recepo interpretao e s respostas s informaes provenientes do ambiente externo e do interno. composto de sistemas, sendo os principais o central (SNC) e o perifrico (SNP). O primeiro compreende o encfalo (crebro e a medula espinhal), e o segundo composto especialmente de fibras nervosas responsveis pela transmisso e recepo de impulsos do sistema nervoso central (SNC), compreende o sistema nervoso somtico, responsvel pelas aes voluntrias, e o sistema nervoso autnomo, dividido por sua vez em simptico e parassimptico.

O simptico, utilizando do neurotransmissor noradeanalina, tem a funo de preparar ou excitar o organismo para situaes percebidas como ameaadoras; ele acelera e intensifica os batimentos cardacos, aumenta a presso arterial e, atravs da contrao dos vasos sanguneos, redistribui o sangue, canalizando-o em maior quantidade para onde for mais necessrio. J o parassimptico, tambm conhecido por vago, utilizando-se da aceticolina, tem como regra a funo de freio ou seja, a de acalmar.

O sistema lmbico mantm permanente interao ou troca com o crtex cerebral e, atravs dos neurotransmissores , controla a atividade do hipotlamo, que por sua vez passa hipfise as ordens recebidas. O sistema lmbico desempenha o papel preponderante no comportamento emocional do indivduo, funciona como um mecanismo integrador das informaes internas e externas do passado e do presente. Este sistema est relacionado elaborao de atividades somticas precisas e altamente diferenciadas.

O sistema lmbico como sede das emoes e nele se incluindo o hipotlamo, que coordena diversas funes neurovegetativas (inclusive cardiovasculares), encontramos o elo desse processo eminentemente psicossomtico que emocional. Regulando o sistema simptico e parassimptico, compete ao hipotlamo agir sobre as diversas estruturas orgnicas, estimulando-as ou inibindo-as. Situaes de ansiedade (ou estado de tenso interna ante algo que ameaa o indivduo) estimulam, atravs do hipotlamo, a liberao de catecolaminas e corticosterides, seja por ao direta do sistema nervoso simptico, seja por ao indireta sobre as supra-renais. Os efeitos sobre o aparelho cardiovascular podem ser: elevao de frequncia cardaca, elevao de presso arterial, aumento de dbito cardaco, aumento de consumo de oxignio, aumento de excitabilidade cardaca, leso celular por entrada de sdio e sada de potssio de magnsio, injria endosterial, aumento de adesividade plaquetria, vasoconstrio perifrica, reteno de sdio e de gua, hemoconcentrao, aumento de coagulao sangunea, aumento de glicose e do cido ltico, aumento dos cidos graxos e do colesterol.

A excessiva ou prolongada de catecolaminas e corticosterides provoca arritmias, hipertenso arterial, arteriosclerose coronria, esquemias ou necrose miocrdica (insuficincia cardaca). As pessoas reagem de diversas forma e relaciona-se histria de vida de cada um, realidade psquica de cada um, s pulses reprimidas, aos significantes congelados, no verbalizao de discursos que por sua natureza desprazerosa permanecem inexpresos, repercutindo no soma, parte do todo do indivduo.

9. Psicoterapias - Psicanlise

9.1. Aspectos psicoteraputicos do paciente somtico

No pensamento operatrio o paciente psicossomtico no neurtico nem psictico, tem dificuldade em fantasiar e transferir. O fato da analisabilidade independe da condio do paciente ser somtico ou no, depende da sua estrutura, sua capacidade de associar livremente, de fantasiar e de transferir. O analista dever avaliar cada caso.

Vrias psicoterapias foram utilizadas como: terapia em grupo, psicoterapias breves (metapsicologia freudiana). O objetivo inicial da psicoterapia psicanaltica minimizar as manifestaes sobre o sujeito e a reabilitao ao trabalho, retorno vida, famlia e reestruturao da imagem corporal.

No fenmeno psicossomtico um fato, um acontecimento, vai marcar a vida do paciente. Esta marca da ordem de um trauma vai contribuir para marcar um rgo e, porque no dizer, o corpo. O corpo do somatizante um corpo marcado, fsica e psicologicamente, da o fenmeno.

O fenmeno psicossomtico surge onde no h elaborao psquica. Por exemplo, quando uma pessoa diante de um grande problema ou uma perda prefere esquecer (recalcar) e no elabora (resolve/aceita) psiquicamente. Esse acontecimento recalcado e esquecido, gera um afeto negativo que vai se juntar a outro (s) ocorridos num tempo mais remoto, at na infncia, e este desafeto reflete no corpo atravs de doenas psicossomticas. O paciente somtico por ter esta carncia na elaborao psquica, utiliza o corpo como via mais rpida para livrar-se da dor psquica. O corpo biolgico reage frente ameaa de dor psquica como se estivesse diante de um perigo fsico. Em geral os pacientes somticos somente procuram o psicanalista quando encaminhados pelos especialistas aos quais se submeteram aps a constatao do mal fsico.

O beb no pode pensar (elaborar psiquicamente) , nem reconhecer os prprios sentimentos dolorosos, logo ele compensa com uma enfermidade, evitando-se assim algo tipo de loucura ou morte.

9.2. O processo psicanaltico conduzido pelo analista

Entrevista preliminar, onde perguntas objetivas podem ser feitas acerca das razes que levaram o paciente clnica.

Como terapias breves, o analista contribuir pontuando e questionando, pois se ficar em silncio esperando brotar alguma coisa, poder decepcionar-se verificando que nada brota. Se o analista fica em silncio esperando o sentido brotar das associaes livres, tem uma amarga surpresa. No brota sentido. H tambm silncio, forma-se um clima de incompreenso, de surpresa, de decepo e comumente interrompe-se o tratamento.

Admitida essa presena viva, falante, questionadora e ativa do analista como algo necessrio, fcil imaginar que esta psicoterapia deva ser conduzida face a face e no com o paciente na posio deitada. A viso permanente do analista, de suas expresses, de uma presena fsica, concreta, permite uma relao pessoal fundamental.

O paciente psicossomtico no est espera de uma decifrao. Ele est em busca de uma relao humana, interpessoal, que possa ajud-lo a constituir-se mais plenamente como sujeito, e quem sabe, um dia possa at desejar buscar uma decifrao.

O estabelecimento de uma relao coloquial e viva com o analista o objetivo buscado e deve ser secretamente festejado.

As manifestaes, transferncias so bem-vindas, e devem ser vividas e no interpretadas. A interpretao, quando houver, deve tratar de promover a aproximao do paciente e estas vivncias que surgem, mesmo muito idealizadas.

O analista buscar cuidadosamente a reconstituio histrica dos acontecimentos; isso motivar o paciente a falar, e tenha conscincia da relao da sua enfermidade com a sua vida psicolgica e a importncia do tratamento.

O psicanalista no visa interpretar. O seu trabalho dar condies ao analisando de associar livremente, para que este possa trabalhar as suas prprias angstias.

O fato que precisa ocorrer na anlise, seja em quaisquer pacientes, o processo de transferncia. Isto acontecendo, e estabelecendo-se essa confiana no analista, sem dvida o processo teraputico ser bem sucedido.

10. O estresse e as doenas psicossomticas

As doenas psicossomticas aparecem como conseqncia dos processos psicolgicos de pessoas desajustadas nas funes corporais e vice-versa. Essas doenas podem levar a distrbios de funo e as leses nos rgos do corpo humano. Problemas de ordem emocionais tm papel preponderante no desencadeamento dos sintomas, das recorrncias e dos agravamentos do quadro clnico, o que a torna distintas das doenas orgnicas. As doenas psicossomticas podem-se transformar em crnicas ou evoluir por episdios, mas tambm podem ocorrer em qualquer poca da vida de uma pessoa, afetando homens e mulheres.

O conceito de estresse: Estresse uma nominalizao em PNL, ou seja o verbo foi transformado em substantivo. Na palavra estresse esto embutidos os verbos "pressionar", ou "tencionar". Estressado significa estar pressionado por algo. O estresse como termo mdico significa desgaste corporal e mental que pode levar a alteraes orgnicas, porm nem sempre doena.

O estresse que ocorre nas atividades laborativas e esportivas e pode ser benfico. Quando algum sai de frias do trabalho e vai para praia, muda o tipo de estresse. Depois de certo tempo na praia, a pessoa passa a ficar cansada de no fazer nada e geralmente quer retornar para suas atividades.

Doena de adaptao: O corpo humano a todo momento est se ajustando s mais variadas exigncias da vida, tanto externa com internamente. Selye (1936) demonstrou que o organismo, quando exposto a um estmulo percebido como ameaador homeostase, seja ele fsico, qumico, biolgico ou mesmo psicossocial, apresenta a tendncia de responder de forma uniforme e inespecfica, anatmica e fisiologicamente. A esse conjunto de reaes inespecficas na qual o organismo participa de modo integral, ele chamou de Sndrome Geral de Adaptao, que constituda de reao de alarme, fase de resistncia e fase de exausto. A sndrome no precisa ter todas essas fases e somente nas situaes mais graves chega-se a exausto. A reao de alarme ocorre quando algum esta sob estmulos ameaadores como medo ou dor. Isso a leva ao aumento dos batimentos cardacos e ao aumento da presso arterial, que diminui o fluxo sangneo da pele e vsceras e aumenta para os msculos e o crebro. Aumenta tambm a glicose no sangue, liberada pelo fgado. Ocorre ainda aumento da freqncia respiratria para melhorar a oxigenao do organismo. O organismo entra em estado de alerta. H descarga de adrenalina. Diversas liberaes hormonais ocorrem no eixo hipotlamo-hipfise-suparrenal, levando o organismo adaptao ao estmulo a que esta sendo submetido. Se o agente estressor desaparece, as reaes regridem. Se no, entra na fase de resistncia, que se caracteriza basicamente pela reao de hiperatividade crtico-supra-renal devido hipertrofia do crtex da supra-renal. Se os estmulos se tornarem crnicos e repetitivos, a resposta se mantm, porm diminui a amplitude e antecipa as respostas, o que acarreta falhas nos mecanismos de defesa e leva fase de exausto, dificultando os mecanismos de adaptao, leva perda das reservas energticas e finalmente morte.

O estresse um esforo de adaptao, porm se a reao for intensa e/ou prolongada, a maior conseqncia a predisposio ao aparecimento de doenas. Quando o estresse ultrapassa sua finalidade, comeam a aparecer os efeitos indesejveis como alteraes orgnicas e diminuio da atividade do sistema imune. As doenas mais freqentemente caracterizadas ao esforo de adaptao so as alteraes digestivas (lceras, irritao gstrica, sangramentos digestivos), a hipertenso arterial, as crises hemorroidrias, etc.

Como a mente e o corpo funcionam com um sistema, o estresse pode ser fsico, psicolgico e misto. O estresse fsico provocados por cirurgias, traumatismos ou perdas sangneas, que tambm levam a estados emocionais de intensidade varivel. O estresse emocional resultado de acontecimentos que afetam a pessoa emocionalmente sem que haja relao primria com as leses orgnicas. O estresse misto se estabelece quando uma leso fsica (ex.: psorase) leva ao comprometimento psquico (emocional) ou vice-versa. Vrios acontecimentos podem ser estressantes: os que ocorrem eventualmente (morte de ente querido, perda do emprego, priso), os "probleminhas da vida" (os mais freqentes) e os que levam a conflitos continuados (brigas entre o casal, desemprego prolongado, famlias disfuncionais).

As doenas mais freqentemente relacionadas com estresse so:

- Aparelho digestivo. O aparelho gastrointestinal especialmente sensvel ao estresse geral. Comea com perda de apetite. Em caso de problemas emocionais mais intensos pode evoluir para vmitos, constipao e diarria. As lceras gstricas (sangrantes ou no) aparecem com maior freqncia nas pessoas que so desajustadas em seu trabalho e sofrem de tenso e frustrao constantes.

- Cncer. As pesquisadores O. Carl Simonton, Stephanie Matthews-Simonton e James L. Creighton ao tratarem de pacientes com cncer, observaram que a vontade de viver influenciava na expectativa de vida. Assim, aqueles pacientes que, por qualquer motivao, achavam que viveriam mais tempo do que o previsto pelos mdicos, realmente vivia, provando que tinham certa influncia na evoluo da prpria doena. Isso mostra que uma doena no somente um fato fsico, mas envolve a pessoa inteira, corpo e mente (emoes). O cncer pode surgir como uma indicao de problemas em outras reas da vida da pessoa, agravados por uma srie de "estresses" que surgem de 6 a 18 meses antes do aparecimento da doena. As pessoas que reagiram a esses estresses com a sensao de falta de esperana, desespero e impotncia desistem de lutar por uma vida melhor.

Geralmente quem se julga sadio pode achar que quem manifesta uma doena psicossomtica uma pessoa fraca e que os sintomas que apresenta so uma grande "frescura". Estas distores geralmente levam o prprio portador e seus familiares a retardarem a procura de ajuda mdica. Pode parecer porm que as doenas psicossomticas paream menos reais, o que puro engano. Hoje em dia se sabe que existe uma ligao evidente entre estresse e cncer. Os profissionais que trabalham na rea de oncologia j atribuem ao cncer uma conexo psicossomtica. Descobertas recentes mostram que as conseqncias dos efeitos do estresse emocional negativo crnico so a depresso do sistema imune. Assim, ocorre a diminuio das defesas naturais contra o cncer e outras doenas.

O estresse tambm varia de pessoa para pessoa. Assim, cada uma vai agir de maneira diferente diante das situaes. Fatores de natureza psicossocial podem alterar a resistncia de muitas doenas infecciosas e cancerosas. Existem, porm aquelas pessoas que se mantm saudveis mesmo quando submetidas a muito estresse.

A personalidade de cada um um forte diferenciador. Algumas pessoas podem ter maior ou menor suscetibilidade doenas. A identidade de cada um de ns gera as crenas pessoais sobre ns mesmos, os outros e o mundo. Os significados que so gerados de certa forma determinam nossas qualidades e a maneira de como nos comportamos em relao vida, que podem ou no estar associadas a certas doenas.

Dependendo da pessoa, a quantidade de estresse sofrida por ela no dia-a-dia da vida pode levar ao aparecimento do aumento da presso arterial, desencadear ataques do corao, provocar dores de cabea alucinantes (enxaqueca), doenas da pele (principalmente aquelas cujas as causas no se consegue determinar), azia e m digesto (gastrite), etc.

Quando ocorrem acontecimentos altamente estressantes, existem maiores possibilidades de ocorrncia de doenas psicossomticas. As emoes negativas intensas (dissabores emocionais) levam a um aumento de patologias susceptvel influencia emocional as lceras, ao aumento da presso sangnea, doenas cardacas, dores de cabea, s doenas infecciosas, s dores lombares e at a acidentes.

Quando falamos em estresse, a impresso que fica que estamos lidando sempre com a mesma "coisa". Ledo engano! Na realidade estamos lidando com algo que diferente de pessoa a pessoa completamente. Cada pessoa, por meio de seu sistema mente-corpo, desenvolve vrios nveis de estruturao das informaes. Segundo Dilts, o primeiro nvel ambiente, onde desenrolam os mais diferentes contextos. O segundo so os nossos comportamentos, com os quais agimos dentro desses contextos. O terceiro so as nossas capacidades e habilidades, que estruturam os comportamentos. As emoes so capacidades humanas, sejam positivas ou negativas. O quarto nvel envolve o nosso sistema de crenas pessoais, que permite que as nossas capacidades e habilidades aflorem e dirijam nossos comportamos. O quinto nvel envolve a nossa identidade e ela que influencia toda a estrutura abaixo. O sexto envolve os nveis espirituais, que em PNL representa quem mais est envolvido com voc.

Os surtos de estresse provocados pelos nveis mais altos so muito mais intensos do que os de nveis abaixo. Se o barulho de um motor irrita algum, basta deslig-lo que o problema se resolve (ambiente) . Portanto, cada nvel exige uma abordagem diferente para se alcanar a "cura". A Programao Neurolingstica oferece meios para lidar com os vrios tipos de estresses.

11. Aspectos psicossomticos na obesidade

Antes de entrarmos nas questes especficas que os fenmenos da obesidade propem observao de uma escuta, e de uma interveno psicossomtica, necessrio situarmos um pouco o prprio campo da psicossomtica , cuja definio atualmente to problemtica como o da prpria obesidade.

Devemos nos perguntar, primeiramente, a que definio de psicossomtica iremos recorrer, se aquela que concebe esta como devendo estar restrita aos fenmenos cuja etiologia psquica e que resultam numa patologia somtica (ou at mesmo numa sndrome que concorre para sua instalao ). Ou se, ao contrrio, pela definio de que a etiologia somtica e a sua conseqncia patolgica que psquica.

No primeiro caso, tomando j a obesidade como parmetro, poderamos chegar mesmo a cogitar a existncia um psiquismo obeso, e isto no seria de todo um despropsito, e que nos levaria a repensar muitas das coisas que temos como certas sobre a obesidade. Da segunda proposio ,todavia, deveramos esperar ento que, uma vez eliminada a causa (somtica), o seu efeito psquico patolgico desaparecesse conseqentemente, mas no o que se relata.

Ao contrrio, o que se constata nas situaes de acompanhamento dos tratamentos da obesidade, a permanncia de um quadro que vai desde a euforia manaca pela "magreza" recm conquistada, seguida de uma obsessiva vigilncia dos parmetros pondero-alimentares, at a aterrorizante e paranide ameaa de retorno ao estado anterior, que acompanham sempre os ex-obesos como seqelas, e que parecem desdizer esta concepo.

Por fim, poderamos inferir que fossem fenmenos mutuamente interativos e concordantes, entre um e outro sistemas, o psquico e o somtico, o que configuraria ento, de modo definitivo, a obesidade como um fenmeno psicossomtico mesmo, dado suas inegveis caractersticas, tanto psquicas como somticas. Isto nos remeter ento, de novo, a questo primeira que a de definir qual a psicossomtica de que falamos? E sendo assim, por extenso, perguntar: ela existe mesmo, e com que "corpo", terico e funcional ela se apresenta ? E sobretudo, qual sua eficcia na resoluo dos problemas que lhe so dispostos, bem como, qual a natureza dos seus procedimentos especficos, se que existem ?

Como visto acima, muitos so os modos como podemos compreender o de que se trata quando falamos de psicossomtica, e se no esclarecermos de sada o que queremos dizer com isto, a confuso poder progredir em escalada geomtrica. Devemos, ento, para produzirmos um mnimo de ordenao necessria ao encaminhamento das questes da surgidas, persistir em requerer uma definio mais precisa do campo onde queremos estar situados em posio de oferecer auxlio teraputico eficaz.

Usualmente compreende-se como psicossomtico, em medicina, os fenmenos somticos cujas causas seriam psquicas, mas tal compreenso nos levaria a considerar como tal, desde os graves efeitos orgnicos produzidos pela neurose, a at, para sermos coerentes, com ela a inocente lgrima derramada na face de uma adolescente romntica, causada por uma nada ingnua emoo, como uma paixo no correspondida. E porque no a obesidade ?

Mas as coisas no parecem ser to simples assim...

Podemos tentar compreend-la tambm, no sentido inverso e menos aceito, como fenmenos psquicos ocasionados por uma condio somtica , e ai teramos de considerar situaes tais como uma inibio decorrente de um defeito congnito, ou uma situao depressiva oriunda da menos valia amorosa atribuvel a uma vulgar e transitria acne juvenil, por exemplo. E porque no a obesidade ?

Mas as coisas no parecem ser to simples assim...

Resta-nos concluir pelo ciclo integrado e vicioso em que causa e efeito se confundem e se retroalimentam. Tal definio parece ser senso comum, em particular, no que tange a obesidade, e o que parece ser correto, mas infelizmente as coisas no so to simples assim...

Todas as proposies anteriores, se aceitas, revelam em comum o dualismo explcito no termo quase que imprprio de Psicossomtica.

H um psiquismo, h um soma. No mximo, o que o bom senso nos indica optarmos por uma posio interacionista, onde no haja a primazia de nenhum. Mas ser que assim ?

Seria o caso ento de dizermos que h um "corpo" psquico, isto j foi concebido e de certa forma recebe seu estatuto de validao pelo esquema corporal demonstrado, representado e presente nas funes superiores da crtex. Isto, entretanto, no encerra a questo que o termo psquico envolve e de suas inmeras leituras e repercusses. Cada uma das disciplinas que com ele trabalham, o definir de acordo com suas posies doutrinrias, havendo por isto uma grande confuso conceitual visto que o mesmo termo guarda, e usado em, suas inmeras acepes.

H um corpo somtico, indiscutivelmente, e que suporta o primeiro e por intermdio do qual eles se manifestam e se relacionam com outros corpos. o corpo propriamente dito, que determinado pelas cargas genticas que o formaram e que condicionam a maior parte de seu destino. E h um "corpo" relacional que se apresenta como resultante das operaes efetuadas pelos anteriores e que objeto de estudos da Etologia. Tero eles, os trs superficialmente citados acima, a mesma "fisiologia", quer dizer, a mesma lgica operando seus sistemas? O que vale para um ser vlido para os outros ? Mesmo sabendo que o que acontece com um repercute nos outros ? Como ser a traduo das informaes que circulam entre estes sistemas?

Tais questes, se no se mostram ainda em ponto de serem respondidas a contento, nem por isso devem ser negligenciadas, nem relegadas a um local secundrio da nossa ateno, por mais incmodas que sejam. Esto somente indicadas no contexto do assunto proposto, e num futuro imediato devero implicar em estudo e pesquisa, que possam esclarecer os inmeros pontos que permanecem obscuros e enigmticos, ante a nossa atual ignorncia.

Quanto a psicoterapia especifica, no pretendemos ser to esotricos, mas somos levados a reconhecer que diante do universo dos fenmenos da obesidade, s uma particularizao de cada situao, nos permitir socorrer aqueles que solicitam, por nossos prstimos, por nossos conhecimentos, sejam eles farmacolgicos, dietticos, desportivos, ou ditos psicolgicos.

Todos sabemos os mecanismos envolvidos na trama fisiopatolgica que subjaz ao soma biolgico afetado pela obesidade : excessiva ingesto de alimentos de alto teor calrico, pouca ou nenhuma atividade de queima e gasto destas reservas, acmulo de adipcitos de distribuio topogrfica varivel, seja homem ou mulher, e a conseqente sobrecarga dos demais sistemas orgnicos, como o ap. circulatrio, endcrino, muscular, articular, etc.

A viciosa roleta do arco; distenso gstrica-taxa glicdica, em escalada crescente, e tantas outras informaes que aqui no cabe estender, mas que no so de menor importncia e que j devem ter sido abordadas ou ainda sero, no decorrer deste dia de trabalho.

De certa forma todos sabemos que da trama psicopatolgica comum a quase todos os obesos: compulso ao emagrecimento, fantasias de um corpo apolneo irresistvel, adoo de uma dieta, ou de um tratamento ainda no tentado de carter quase sempre miraculoso, e que de preferncia seja efetuado da forma mais rpida e com menor solicitao de trabalho e renncia de seus viciados hbitos alimentares. Obsesso por quantificaes ponderais (o vcio da balana-espelho) e das comidas miligramticas, anseio pelo paraso da, por fim, boca livre, culpa recorrente e motivante das pequenas transgresses, responsabilizao deceptiva com seus patronos teraputicos, depresso, fadiga psquica, assuno rebelde e eufrica de seu estado obeso, enfim aceito como perdido, e mesmo o exuberante humor autodepreciativo da resultante, etc.

Tambm conhecemos a trama envolvente que as relaes sempre perigosas, do obeso, produzem: perda do amor prprio, isolamento, inibio de atividades onde seu corpo se exponha, sentimento de ser constantemente observado, criticado e ridicularizado, reduzida ou nenhuma atividade ertica, infantilismo, dependncia, tirania passiva do carente e etc. Mas, e da, como subverter esta ordem to fortemente constituda ?

um clich extenuado dizer que a abordagem da obesidade deve ser multidisciplinar, mas nem por isso, isto deixa de ter sua razo. Em primeiro lugar, obvio que no conseguiremos nenhum resultado satisfatrio se no nos ativermos ao binmio bsico: ingesto (quantitativa e qualitativamente) X consumo. Tambm, a abordagem e pesquisa das condies etiolgicas endcrinas envolvidas, mesmo que isto na maior parte das vezes se apresente como libi, e a conseqente ao farmacolgica, seja como teraputica causal, seja como teraputica coadjuvante, se incluiro no rol dos procedimentos adequados e cuja avaliao se encontram na dependncia da sensibilidade clinica daquele que trata. Quanto a estes aspectos, quanto mais evoluir nossa tecnologia, melhor. Mas, ser que s isto basta ? Certamente que num grande nmero de situaes, sim. Ento, como poder contribuir um dito Psi?

Por ora, infelizmente, reduz-se quase que somente no suscitar e embasar aquela sensibilidade citada e que ser fator decisivo no curso de qualquer teraputica, convenhamos entretanto, que isto muito pouco, mas ser sempre assim ?

Acredito que a Psicossomtica dever no futuro vir a se constituir no mais em apenas uma psicologia mal especializada em medicina e destinada somente a dar suporte psicoterpico com fundamentao imprecisa aos pacientes em tratamento mdico, mas sim numa disciplina ambiciosa que aprofunde as relaes intrnsecas entre o ap. psquico com sua lgica e a funcionalidade mutante do biolgico com suas normas, a ponto de neste limiar, vir a auxiliar a circunscrever o operador, que faz as transcries da emoo, em seu cdigo prprio, para os neurotransmissores, em sua prpria linguagem. Poder ento, contribuir mais do que pode agora, onde resta envolta nos pr-conceitos mticos de uma teoria hipermetforica.

Devemos nos conformar agora, em relatar o que possa servir de auxlio, uma vez que ainda somos confinados a posio de relatores dos dramas e tragdias que nos so confiados, e que mesmo por ignorante que sejamos dos mecanismos envolvidos, nossos procedimentos, revelam uma margem razovel de eficcia.

Bibliografia

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O que Psicossomtica?

Jos Carlos Riechelmann

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Voc sabe o que psicossomtica?

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Aspectos psicossomticos na obesidade

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O Corpo que Fala

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