RELAÇÃO ENTRE DIREITO ADMINISTRATIVO E DIREITO COMUNITÁRIO

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  • 8/6/2019 RELAO ENTRE DIREITO ADMINISTRATIVO E DIREITO COMUNITRIO

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    RELAO ENTRE DIREITO ADMINISTRATIVO E DIREITOCOMUNITRIO1

    Trs fases da relao entre Direito Administrativo e DireitoComunitrio

    o 1. O Direito Administrativo contribui para a criao doDireito Comunitrio

    Importa salientar o contributo dos ordenamentos jurdicos italiano, alemo e, em especial, francs, esteltimo considerado mais desenvolvido;

    Aplicao de mecanismos e procedimentos importados

    pelo Direito Comunitrio; Associao do Direito Administrativo ideia de Direito

    de Poder , em detrimento do Direito Privado; Direito Comunitrio de criao jurisprudencial pelo

    Tribunal de Justia da Unio Europeia.

    o 2 . O Direito Comunitrio contribui para oaprofundamento dogmtico (conformao) do Direito

    Administrativo (europeizao ou comunitarizao doDireito Administrativo)

    Direito Comunitrio e Direito Administrativo ainda sodois plos distintos;

    O processo de europeizao desenvolve-se atravsdos princpios e sub-princpios de origem jurisprudencial.

    o 3 . Direito Administrativo Comunitrio / Europeu, quesubstitui os Direitos Administrativos nacionais

    Falta uma teoria geral e uma dogmtica jurdica quesustente esta realidade.

    1 Os apontamentos apresentados foram recolhidos em aulas prticas de Direito Administrativo I,ministradas pela Exma. Professora Doutora Juliana Coutinho, na Faculdade de Direito da Universidadedo Porto (FDUP), no ano lectivo 2010/2011.

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    Em terceiro lugar, o princpio da interpretaoconforme : segundo este princpio, os Estados-Membros devero utilizar, como mtodos deinterpretao das normas de Direito nacional, aqueles

    que, no caso, se revelem mais ajustados com o sentidoposto pelo Direito Comunitrio. Este princpio foidesenvolvido pelo TJUE, no acrdoMarleasing (1992);

    Em ltimo lugar, o princpio da aplicao uniforme :este princpio procura salvaguardar, atravs doinstituto do reenvio prejudicial, previsto pelo artigo234. do Tratado 3, a possibilidade de a ltima palavra,em termos de interpretao e aplicao do DireitoComunitrio, caber ao TJUE.

    o Estes sub-princpios explicam a conformao do DireitoAdministrativo pelo Direito Comunitrio. Da falar-se emDireito Administrativo Comunitarizado ou Europeizado . Naverdade, esta conformao/harmonizao dos DireitosAdministrativos Nacionais traduz-se num processo dinmicode inter-legalidades entre dois plos distintos: a UnioEuropeia e o Direito Comunitrio, por um lado, e osordenamentos jurdicos nacionais dos Estados-Membros e osseus Direitos Administrativos, por outro;

    o Ora, esta comunitarizao do Direito Administrativo temparticular incidncia no domnio das fontes, ondeencontramos, para alm das habituais, o Direito Comunitrio,e no domnio dos interesses e direitos dos particulares erespectivas garantias, nomeadamente no que respeita sprovidncias cautelares, ao regime da Responsabilidade Civil

    Extracontratual do Estado e os princpios gerais da actividadeadministrativa.

    3 Importante: O artigo apresentado no corresponde s alteraes introduzidas pelo Tratado de Lisboa.No presente caso, refere-se o artigo 267. T FUE (de acordo com o Tratado de Lisboa).

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    Direito Administrativo Europeu (3. Fase)o Unio Europeia como centro de produo jurdica e seus

    institutos, com aplicao directa; Ordenamento jurdico de fins gerais, sendo o ltimo

    historicamente (e no o Estado, que o penltimo); As Comunidades Europeias apresentavam finsespecficos, ao abrigo do artigo 5. do Tratado (esteartigo j foi substitudo)4;

    Desde o Acto nico Europeu, datado de 1986,verificamos uma ampliao de atribuies da UnioEuropeia, a consagrao da cidadania europeia e dointeresse pblico comunitrio ;

    Controlo da actividade comunitria (AdministraoComunitria) e da Administrao Perifrica (dosEstados-Membros) pelo TJUE;

    Substituio (efeito de substituio) da legislaonacional pelo Direito Comunitrio (por exemplo: noque concerne aos contratos pblicos);

    No uniforme, dado o exerccio do poder legislativopelos Estados, que podem no acatar os princpiosanteriormente referidos;

    Ausncia de uma dogmtica jurdica para a plenaconcretizao do Direito Administrativo Europeu;

    Temos um procedimento composto, no mbito de umordenamento compsito;

    Importa salientar o trabalho jurisprudencial do TJUE.

    Ao contrrio do Direito Administrativo Comunitarizado ,conformado pelo Direito Comunitrio, quando falamos

    em Direito Administrativo Europeu, referimo-nos a umDireito Administrativo de carcter essencialmentelegislativo e que procura substituir o DireitoAdministrativo Nacional (por exemplo: directivas

    4 4 Importante: O artigo apresentado no corresponde s alteraes introduzidas pelo Tratado deLisboa. No presente caso, refere-se o artigo 5 TUE (de acordo com o Tratado de Lisboa).

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    17/2004 e 18/2004 e o Decreto-Lei 18/2008, de 29 deJaneiro que aprova o Cdigo dos Contratos Pblicos).A existncia deste Direito Administrativo sem Estado pressupe a considerao da Unio Europeia como

    ordenamento jurdico de fins gerais, o que s foipossvel a partir do Acto nico Europeu (1986), doTratado de Maastricht (1992), do Tratado deAmesterdo (1997), do Tratado de Nice (2003) e doTratado de Lisboa (2009), que conduziram:

    y ampliao das atribuies da Unio Europeia;y consagrao, nos artigos 17. a 22. do

    Tratado 5, da cidadania europeia, qual j sereferia o acrdo V an Gend & Loos;

    y consagrao do interesse pblico europeu ,critrio e limite da actuao da AdministraoComunitria e dos Estados-Membros e forma decontrolo pelo TJUE6.

    Este Direito Administrativo Europeu engloba normassubstantivas aplicveis directamente AdministraoComunitria na relao com os Estados-Membros eseus cidados e s relaes entre Estados-Membros eseus cidados; e normas orgnicas , relativas organizao e funcionamento da Administraocomunitria. So ainda caractersticas deste DireitoAdministrativo Europeu:

    y O facto de se caracterizar como um DireitoAdministrativo sem Estado , uma vez que tempor referncia a Unio Europeia, como

    ordenamento jurdico de fins gerais;y O seu carcter no homogneo , considerando a

    produo legislativa dos Estados-Membros e adesconsiderao frequente pelo Direito

    5 Importante: Os artigos apresentados no correspondem s alteraes introduzidas pelo Tratado deLisboa. No presente caso, referem-se os artigos 20. a 25. T FUE (de acordo com o Tratado de Lisboa).6 Ver Acrdo Les V erts (Partido Ecologista "Les Verts" contra Parlamento Europeu).

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    Comunitrio (por exemplo: limites deindemnizao por acidentes de viao maisbaixos do que os previstos pelo DireitoComunitrio);

    y O facto de privilegiar os sistemas de execuoconjunta quer no que respeita aosprocedimentos administrativos, onde podemosencontrar elementos de Direito Comunitrio e deDireito Nacional, bem como a interveno deentidades comunitrias e nacionais, como aindano que respeita organizao com a constituiode agncias e comits 7, constitudos porentidades comunitrias e nacionais;

    y A existncia do Direito Administrativo Europeuest condicionada pela inexistncia de umadogmtica jurdica e de uma teoria geral .

    7 Por exemplo: Comit Econmico e Social, Comit Regional.