Relatório de Contas Estadio de Leiria

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Relatorio de contas

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  • RelatRelatrio nrio n 17/04 17/04 -- 22 SecSecoo

    Relatrio Intercalar

    Auditoria

    Estdio Dr. Magalhes Pessoa- Leirisport -

  • Tribunal de Contas

    Auditoria ao EURO 2004

    PROCESSO N. 18/03 AUDIT

    RELATRIO INTERCALAR DE AUDITORIA

    AO EURO/2004 N. 17/2004 2 SECO

    Estdio Dr. Magalhes Pessoa Leirisport

    Maio 2004

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    ESTRUTURA GERAL DO RELATRIO

    I SUMRIO EXECUTIVO

    Introduo e Concluses

    II CORPO DO RELATRIO

    III DESTINATRIOS, PUBLICIDADE

    E EMOLUMENTOS

    IV ANEXO

    Resposta da entidade auditada

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    FICHA TCNICA

    Equipa de Auditoria Antnio Garcia (Coordenador)

    Isabel Relvas Cacheira

    Antnio Marques do Rosrio

    Carlos Pignatelli (Consultor Jurdico)

    Ricardo Pinheiro

    Consultadoria Externa (rea da Engenharia Civil) Jos Trindade

    Tratamento de texto e arranjo grfico Ana Salina

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    COMPOSIO DA 2 SECO DO TRIBUNAL DE CONTAS QUE APROVOU O RELATRIO

    Relator: Conselheiro Dr. Carlos Moreno

    Adjuntos: Conselheiro Dr. Manuel Henrique de Freitas Pereira

    Conselheiro Dr. Antnio Jos Avrous Mira Crespo

    Conselheira Dr. Lia Olema Ferreira Videira de Jesus Correia

    Conselheiro Dr. Jos Alves Cardoso

    Conselheiro Dr. Ernesto Lus Rosa Laurentino da Cunha

    Conselheiro Dr. Manuel Raminhos Alves de Melo

    Conselheiro Dr. Jos de Castro de Mira Mendes

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    NDICE

    I SUMRIO EXECUTIVO ...................................................... 5

    1 INTRODUO .................................................................5 1.1 Constituio de equipa de projecto e de auditoria para o acompanhamento e

    controlo do Euro 2004......................................................................................................... 5 1.2 Natureza e mbito da auditoria ......................................................................................... 5 1.3 Objectivos da auditoria....................................................................................................... 6 1.4 Procedimentos e metodologias da auditoria ..................................................................... 7 1.5 Condicionalismos da auditoria........................................................................................... 7 1.6 Exerccio do contraditrio.................................................................................................. 8

    2 CONCLUSES..................................................................9

    2.1 Caracterizao Global do Projecto.................................................................................... 9 2.2 Custos do empreendimento .............................................................................................. 10 2.3 Financiamento do empreendimento ................................................................................ 11 2.4 Encargo Pblico com o empreendimento........................................................................ 11 2.5 Concepo/Remodelao do empreendimento ............................................................... 12 2.6 Gesto e rendibilizao do empreendimento na fase ps Euro 2004 ......................... 13

    II CORPO DO RELATRIO .................................................... 15

    3 ESTDIO MUNICIPAL Dr. MAGALHES PESSOA....................... 15 3.1 Caracterizao Global do Projecto.................................................................................. 15

    3.1.1 Candidatura do Estdio ao Euro 2004...................................................................................................15 3.1.2 Constituio da Leirisport e Transmisso da Responsabilidade pela Execuo e Gesto das

    Obras de Reconstruo/Ampliao do Estdio .....................................................................................15 3.1.3 Evoluo do Projecto Global do Estdio...............................................................................................17

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    3.2 Custos do Projecto............................................................................................................. 17

    3.2.1 Identificao dos Custos Iniciais do Projecto Previstos nos Contratos-Programa .............................. 17 3.2.2 Custo Final Estimado do Projecto..................................................................................................... 19 3.2.3 Distribuio do Custo Total Estimado por Componentes .................................................................... 19

    3.3 Fontes e Modelos de Financiamento ................................................................................ 23 3.3.1 Comparticipaes provenientes da Administrao Central e do QCA III ........................................... 23 3.3.2 Financiamento Bancrio ....................................................................................................................... 24 3.3.3 Os custos e o Impacto do Financiamento Bancrio para a Autarquia de Leiria .................................. 25 3.3.4 Condicionalismos associados Obteno dos Financiamentos........................................................... 26

    3.4 Condicionalismos e dificuldades relativos execuo do projecto global .................... 26 3.5 Concepo/Construo e Remodelao do Empreendimento ....................................... 27

    3.5.1 Empreitadas de Construo/Remodelao do Estdio ......................................................................... 27 3.5.2 Desvios Fsicos e Financeiros na construo do Estdio ..................................................................... 33

    3.6 Procedimentos e Mecanismos de Gesto, monitorizao e controlo das Empreitadas....................................................................................................................... 34

    3.6.1 Modelo Organizacional e Recursos Afectos ........................................................................................ 34 3.6.2 Acompanhamento, controlo e fiscalizao do Projecto ....................................................................... 35

    3.7 Gesto das Infra-Estruturas para a Fase Ps Euro 2004............................................... 35 3.7.1 Gesto e Rendibilizao das Infra-Estruturas....................................................................................... 35 3.7.2 Contrato celebrado entre a Leirisport e a Unio Desportiva de Leiria, SAD ...................................... 35

    III DESTINATRIOS, PUBLICIDADE, EMOLUMENTOS.................... 39

    4 DESTINATRIOS ........................................................... 39

    5 PUBLICIDADE................................................................ 39

    6 EMOLUMENTOS ............................................................. 39

    IV ANEXO ...................................................................... 41

    7 Resposta remetida, em sede de contraditrio, pela Leirisport, EM ..... 41

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    Relao de siglas:

    SIGLA DESCRIO CC Cdigo Comercial CM Cmara Municipal

    CML Cmara Municipal de Leiria FEDER Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional

    IEP Instituto das Estradas de Portugal IND Instituto Nacional do Desporto

    PIDDAC Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administrao Central QCA Quadro Comunitrio de Apoio SAD Sociedade Annima Desportiva TCP Tribunal de Contas Portugus UDL Unio Desportiva de Leiria

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    I SUMRIO EXECUTIVO 1 INTRODUO

    1.1 Constituio de equipa de projecto e de auditoria para o acompanhamento e controlo do Euro 2004

    Em sesso de 9 de Janeiro de 2003, o Plenrio da 2. Seco do Tribunal de Contas, considerando a importncia do Euro 2004, quer como evento de dimenso e interesse nacional, quer pelos elevados fluxos financeiros pblicos envolvidos, deliberou que fosse constituda uma equipa de projecto e de auditoria para desenvolver as aces de controlo a este evento. Neste contexto, foi designada uma equipa de projecto e de auditoria, interdisciplinar e interdepartamental, que tem vindo a acompanhar a execuo e o desenvolvimento do Euro/2004, nas suas facetas mais relevantes, designadamente, nas reas de maior risco para os dinheiros pblicos.

    1.2 Natureza e mbito da auditoria

    A auditoria ao Euro 2004 reveste, no essencial, a natureza de uma auditoria de Gesto, a desenvolver em duas etapas distintas, tendo em considerao, por um lado, a fase de concepo/construo das infra-estruturas fundamentais, nomeadamente, os Estdios, os Estacionamentos e as Acessibilidades, parte das quais, sob a responsabilidade e controlo da Sociedade Portugal 2004 e, por outro, a fase correspondente promoo, organizao e explorao do evento, que ter, igualmente, em considerao os mecanismos delineados pelos diversos promotores, tendo em vista a futura rendibilizao daquelas infra-estruturas numa fase Ps-Euro 2004. 1 fase da auditoria corresponde o presente relatrio intercalar, que incide, fundamentalmente, sobre a fase de concepo/construo dos estdios e estacionamentos pelos promotores pblicos. Genericamente, aprecia a gesto do programa de construo das infra-estruturas fundamentais para o Euro 2004. Os resultados desta aco respeitam aos promotores pblicos, designadamente, s autarquias e empresas municipais e intermunicipais com responsabilidades directas no desenvolvimento dos projectos e na construo dos estdios, estacionamentos e acessibilidades.

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    2 fase da auditoria corresponder um relatrio final, que procurar fazer um balano global do evento e englobar, tambm, os aspectos relevantes que no hajam sido includos ou aprofundados no presente relatrio intercalar.

    1.3 Objectivos da auditoria O desenvolvimento desta auditoria visou, em cumprimento de critrios de oportunidade e de custo, dar cobertura ao objectivo global de avaliao da realizao das infra-estruturas essenciais ao Euro 2004, segundo critrios de economia e eficincia, numa ptica de boa aplicao dos recursos pblicos, tendo em conta os objectivos fixados para o evento. Assim, a auditoria, nesta fase, cobriu os seguintes objectivos: 9 Identificao dos grandes objectivos que

    presidiram realizao do Euro 2004 em Portugal;

    9 Identificao dos traos gerais do programa

    da candidatura portuguesa ao Euro 2004; 9 Caracterizao do modelo organizacional de

    desenvolvimento do evento/identificao do ambiente de controlo;

    9 Caracterizao sumria dos projectos

    desenvolvidos por cada promotor pblico, no mbito do Euro 2004;

    9 Anlise da evoluo dos custos estimados por

    cada empreendimento (estdios, estacionamentos, acessibilidades), tendo em considerao os custos iniciais de referncia, os valores adjudicados e o custo final previsto;

    9 Anlise das fontes e modelos de

    financiamento adoptados por cada promotor pblico, nomeadamente, a apreciao das condies de financiamento e dos nveis de endividamento contrados, bem como do impacto do endividamento destinado ao Euro 2004, nas contas de cada promotor pblico;

    9 Identificao e anlise dos principais

    constrangimentos e problemas sentidos, por cada promotor, no mbito de cada projecto (pontos crticos de cada empreendimento);

    9 Aferio do grau de eficincia, eficcia e

    economia dos mecanismos e procedimentos de gesto, controlo e fiscalizao adoptados por cada promotor;

    9 Anlise dos desvios financeiros ocorridos nas

    principais empreitadas de construo dos estdios, tendo em considerao os trabalhos de alterao efectuados ao projecto inicial, os erros e omisses e as revises de preos;

    9 Anlise do modelo organizacional adoptado

    por cada promotor pblico, tendo em vista o desenvolvimento e a gesto do projecto;

    9 Identificao e anlise dos modelos de gesto

    e rendibilizao das infra-estruturas, previstos por cada promotor, para a fase ps Euro 2004;

    9 Identificao e quantificao do encargo

    pblico que concorreu, de forma directa, para o investimento, nomeadamente:

    As comparticipaes pblicas relativas

    aos estdios, estacionamentos e acessibilidades;

    O auto-financiamento dos promotores

    pblicos afecto a cada empreendimento;

    Os custos de endividamento dos promotores pblicos.

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    1.4 Procedimentos e metodologias da auditoria

    O desenvolvimento da presente auditoria teve em considerao os procedimentos e normas previstas no Manual de Auditoria do Tribunal de Contas, bem como as normas de Auditoria adoptadas pela INTOSAI, de que o TCP membro, integrando, mesmo, o seu Conselho Directivo. Tendo em vista os objectivos traados, foram desenvolvidos os seguintes procedimentos: 9 Levantamento, anlise e estudo do quadro

    jurdico regulador do Euro 2004; 9 Levantamento, anlise e caracterizao das

    entidades intervenientes no Euro 2004; 9 Anlise do caderno de encargos da candidatura

    Portuguesa ao Euro 2004; 9 Realizao de entrevistas com os diversos

    responsveis dos Promotores Pblicos (Cmaras e empresas municipais e intermunicipais);

    9 Realizao de visitas de trabalho aos Estdios

    de Futebol dos Promotores Pblicos (Braga, Guimares, Aveiro, Coimbra, Leria e Faro/Loul);

    9 Elaborao de questionrios direccionados para

    os Promotores Pblicos e Sociedade Portugal 2004;

    9 Anlise dos contratos-programa de

    desenvolvimento desportivo (Estdios e Estacionamentos) celebrados entre o Estado, as Cmaras e os Clubes de Futebol;

    9 Anlise dos relatrios das visitas de trabalho

    realizadas pela Comisso Eventual para a anlise e fiscalizao dos recursos pblicos envolvidos na organizao do Euro 2004;

    9 Anlise dos relatrios mensais da

    PricewaterhouseCoopers, relativos aos financiamentos pblicos;

    9 Anlise dos relatrios da Inspeco-Geral de

    Finanas relativos ao acompanhamento e controlo financeiro do Projecto;

    9 Anlise dos principais problemas levantados

    pela imprensa; 9 Anlise dos relatrios de actividades e contas

    dos promotores pblicos; 9 Anlise dos contratos de emprstimo e dos

    mapas de servio da dvida dos emprstimos contrados pelos promotores pblicos;

    9 Anlise das estruturas organizacionais, bem

    como dos planos/manuais de procedimentos e normas relativas ao controlo administrativo, financeiro e fsico das empreitadas conduzidas pelos promotores pblicos;

    9 Anlise dos contratos relativos s principais

    empreitadas de construo dos estdios conduzidas pelos promotores pblicos;

    9 Anlise da documentao pertinente relativa s

    diversas componentes dos projectos de construo dos estdios;

    9 Consulta de sites na Internet relativos ao Euro

    2004. No desenvolvimento dos trabalhos em apreo, a equipa de auditoria do Tribunal foi coadjuvada por um consultor externo, perito na rea de engenharia civil.

    1.5 Condicionalismos da auditoria

    Em primeiro lugar, a conduo dos trabalhos da presente aco foi condicionada pela dimenso, pela complexidade organizacional e pela multiplicidade de entidades envolvidas num evento desta natureza. Em segundo lugar, o desenvolvimento da auditoria foi tambm condicionado pelo vasto universo e volume de informao disponvel. Neste sentido, em cumprimento de critrios de oportunidade, custo e eficcia, o desenvolvimento dos trabalhos foi restringido a um universo de anlise mais reduzido, focalizado nas grandes questes temticas de interesse pblico.

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    Por outro lado, os prazos administrativos impostos pela UEFA, bem como as sucessivas visitas de trabalho e inspeces realizadas pelas entidades envolvidas no acompanhamento e controlo do evento geraram presses constantes sobre os diversos promotores, em matria de controlo, pelo que condicionaram a capacidade de resposta destes para satisfazer, adequada e atempadamente, as necessidades de informao dos auditores do TC. Os diferentes modelos organizacionais e sistemas de controlo interno, adoptados por cada promotor, constituram tambm um constrangimento ao trabalho realizado, na medida em que tiveram uma influncia determinante sobre os nveis de uniformizao do contedo e concluses dos relatrios de auditoria. Com efeito, os diferentes nveis de tratamento e pormenorizao de informao, apresentados pelos diversos promotores, no permitiram a plena comparabilidade e uniformizao dos resultados obtidos. Por ltimo, os promotores tambm apresentaram diferentes nveis de colaborao para com o Tribunal. No que diz respeito Leirisport, foi disponibilizada a documentao requerida e prestados os esclarecimentos solicitados e, posteriormente, aps a realizao do trabalho de campo, foram actualizados os custos do Projecto at data de Fevereiro de 2004. A Cmara Municipal de Leiria facultou, igualmente, a documentao e informao relativas ao Endividamento, uma vez que a contratao dos emprstimos no mbito do Euro 2004, foi da responsabilidade desta entidade.

    1.6 Exerccio do contraditrio

    Nos termos dos artigos 13. e 87. da Lei n. 98/97, de 26 de Agosto, o juiz relator remeteu Leirisport, em momento oportuno, o texto e concluses do relato preliminar, no qual, no essencial, se funda este Relatrio do Tribunal, para que, querendo-o, aquela entidade se pronunciasse sobre os mesmos. De forma, alis, eminentemente construtiva pronunciou-se a Leirisport, tendo, neste seu documento, o Tribunal tido em conta tudo o que de pertinente foi alegado pela empresa. No obstante, o TC decidiu, tambm, para total transparncia do processo contraditrio, anexar a este seu relatrio, a resposta integral da Leirisport e dar-lhe idntica publicidade.

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    2 CONCLUSES

    2.1 Caracterizao Global do Projecto

    A escolha da cidade de Leiria para a

    realizao de alguns dos jogos do Campeonato Europeu de Futebol de 2004, levou o Municpio a proceder s obras de remodelao e modernizao do seu Estdio Municipal, de modo a dot-lo das condies exigidas pela UEFA. Em 21 de Setembro de 1998, foi celebrado um Protocolo de Desenvolvimento Desportivo entre o Instituto Nacional de Desporto (IND) e a Cmara Municipal de Leiria (CML), para ampliao/reconstruo do Estdio Municipal, envolvendo a criao de novos lugares sentados e cobertos e a cobertura dos j instalados, bem como a realizao das obras de ampliao ou adaptao das reas de servio e complementares. Na sequncia daquela candidatura, foi, igualmente, celebrado, a 5 de Junho de 2000, um Contrato-Programa de Desenvolvimento Desportivo entre o Instituto Nacional do Desporto, a Euro 2004, SA, e a Cmara Municipal de Leiria, que teve por objecto a execuo da obra do Estdio Municipal, no qual se tomou como custo de referncia o valor de 19.453.117,99 euros, correspondente a 997,6 euros por cada lugar sentado a criar e 349 euros por lugar instalado a cobrir, tendo sido estipulada uma comparticipao financeira at ao valor de 25% daquele custo, que ascendia, assim, a 4.863.279,49 euros. A execuo, fiscalizao e controlo tcnico dos trabalhos objecto deste Contrato-Programa foram assumidos pela autarquia de Leiria, que, por sua vez, se submeteu ao acompanhamento e controlo de todos os actos de execuo do projecto, por parte de representantes da sociedade Euro 2004.

    Em Setembro de 2000, a Cmara Municipal de

    Leiria celebrou um Protocolo de Parceria com o consrcio constitudo pela Parque Expo, SA, Caixa - Banco de Investimentos, SA, FRIE Grupo CGD e o Banco Portugus de Investimento, SA, para o desenvolvimento de um modelo de interveno nas reas do Desporto, Lazer e Turismo para o Concelho de Leiria. Esta parceria entre o Municpio e os membros do consrcio viria a ser consubstanciada atravs da constituio, a 10 de Abril de 2001, de uma Empresa Municipal de Capitais Maioritariamente Pblicos, a LEIRISPORT Desporto, Lazer e Turismo, EM. Entre a autarquia de Leiria e aquele consrcio, foi celebrado, a 3 de Maio de 2001, um Acordo Parassocial, com a finalidade de regular o exerccio dos respectivos direitos societrios e outras questes conexas no mbito da sociedade, bem como um Contrato de Opo de Venda, de acordo com o qual, ao abrigo do disposto no art. 230. do Cdigo Civil, a autarquia apresentou uma proposta de compra aos restantes accionistas da totalidade das respectivas aces no capital social da LEIRISPORT, incluindo aquelas aces que viessem a ser adquiridas em momento posterior data de celebrao do contrato. Na sequncia daquele contrato de Opo de Venda, os parceiros sociais que constituam o consrcio fizeram uso do seu direito de opo de venda da sua posio no capital da empresa, tornando-se o Municpio, o nico detentor do capital social da empresa. Em sesso da CML, datada de 20 de Junho de 2001, foi deliberado, por unanimidade, que, a partir daquela data, a LEIRISPORT assumisse todos os actos e contratos referentes s obras de remodelao do Estdio, tendo-se realizado um aditamento ao j referido Contrato-Programa de Desenvolvimento Desportivo, no qual a LEIRISPORT passou a figurar como 4. outorgante, associando-se ao cumprimento das obrigaes emergentes daquele contrato, assumidas inicialmente pela CM.

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    Para o cumprimento integral daquela actividade, estabeleceu-se um Protocolo entre a CML e a LEIRISPORT, que teve por objecto a cedncia, a esta entidade, dos direitos de gesto e de explorao do Estdio Municipal e a promessa de transmisso do direito de superfcie sobre o referido Estdio, o que se veio a concretizar, a 6 de Maro de 2003, atravs da realizao da escritura pblica de transmisso do direito de superfcie do Estdio para a LEIRISPORT, EM. Foi, igualmente, celebrado, entre a CM e a LEIRISPORT, um Contrato-Programa para definir os termos e condies de atribuio Empresa da responsabilidade na execuo das obras de construo/requalificao das vias envolventes ao estdio Municipal.

    Do Estdio inicial, manteve-se a localizao, a pista de atletismo e a bancada Nascente; as estruturas a Sul e a Poente foram demolidas por no reunirem condies de recuperao, face s actuais exigncias de conforto e segurana. A seco Norte de Bancada do Estdio foi substituda por um edifcio destinado a utilizao diversa da do Estdio. Os lugares eliminados a Norte foram substitudos por uma bancada temporria, desmontvel, com capacidade para 5.600 lugares, situada sobre a pista de atletismo, apenas para o EURO 2004, para satisfazer os requisitos da UEFA, relativamente capacidade do Estdio e segurana. Depois de realizados os jogos, esta bancada ser retirada e restituda a operacionalidade da pista de atletismo. O novo Estdio tem capacidade para 30.000 lugares sentados, encontrando-se os lugares definitivos integralmente cobertos. Est equipado com bares, postos de primeiros socorros e instalaes sanitrias de apoio, de acordo com a regulamentao em vigor. Relativamente ao estacionamento, possui 114 lugares para veculos ligeiros e 2 lugares para autocarros, em parque subterrneo, e 420 lugares para veculos ligeiros e 6 lugares para autocarros, superfcie.

    2.2 Custos

    do empreendimento O Investimento de referncia, previsto inicialmente para a Reformulao/Ampliao do Estdio, incluindo o Estacionamento e as Acessibilidades, totalizou cerca de 49,9 milhes de euros, tendo sido o valor que serviu de base aos Contratos-Programa celebrados com as diferentes entidades intervenientes no processo e, consequentemente, determinao das correspondentes comparticipaes financeiras provenientes da Administrao Central. O Valor total apurado, at Fevereiro de 2004, ascendeu a 73,5 milhes de euros e incluiu os projectos do Estdio, Acessibilidades, Estacionamentos e Arranjos Exteriores (2,4 milhes de euros), os fornecimentos de bens e servios para o Estdio (3,9 milhes de euros), as diversas empreitadas executadas e em execuo, acrescidas dos trabalhos a mais (64,8 milhes de euros), o valor estimado para as expropriaes (953 mil euros) e os trabalhos de fiscalizao (1,4 milhes de euros). A comparao entre o valor do Investimento de referncia e o Valor total apurado, at Fevereiro de 2004, traduz-se num diferencial de cerca de 23,6 milhes de euros, permitindo concluir, que o valor inicial correspondeu apenas a 67,9% do valor total at agora apurado. Com efeito, o investimento inicial foi objecto de vrias alteraes, a partir da aceitao da candidatura portuguesa. As principais alteraes resultaram de modificaes do Projecto de Arquitectura do Estdio, quer para responder s exigncias da nova regulamentao imposta pelo Decreto-Regulamentar n. 10/2001, de 7 de Junho, quer pela transformao do Topo Norte do Estdio, com a insero de um edifcio na sua estrutura.

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    Tribunal de Contas

    2.3 Financiamento do empreendimento

    A comparticipao financeira global do projecto, via QCA III e PIDDAC, totalizou cerca de 11 milhes de euros, representando, aproximadamente, 15% do custo total do projecto, avaliado at ao primeiro trimestre de 2004. A Cmara Municipal de Leiria contraiu quatro emprstimos, no mbito do Euro 2004, que totalizaram o montante de 54,5 milhes de euros, correspondendo a 74% do investimento total estimado para o empreendimento. A opo da Autarquia pela Construo/Remodelao do Estdio implicou um considervel investimento financeiro, que levou a entidade a recorrer ao financiamento bancrio, motivado pela escassez de recursos prprios, o que veio onerar a sua situao de endividamento, uma vez que os emprstimos contrados pela Autarquia, no mbito do Euro 2004, correspondem a 66% do total do capital contratado por esta entidade. O total dos encargos financeiros estimados com os emprstimos ascende, a valores actuais, com base numa taxa de desconto de 5%, a 10,5 milhes de euros. O valor resultante da associao do total daqueles emprstimos (54,5 milhes de euros) com a comparticipao proveniente da Administrao Central (11 milhes de euros), totalizou o montante de 65,5 milhes de euros e corresponde a 89% do investimento estimado para o projecto. O auto-financiamento, que ascendeu a 7,9 milhes de euros, representa, apenas, 11% do total do investimento apurado. Face aos valores apresentados, constata-se que o promotor pblico recorreu ao financiamento bancrio, dado o reduzido auto-financiamento, o que se ir reflectir nos oramentos da autarquia, durante as prximas duas dcadas, e ter como consequncia a limitao da sua capacidade de investimento em reas prioritrias de servio pblico.

    2.4 Encargo Pblico com o empreendimento

    O encargo pblico com a construo/remodelao do Estdio Dr. Magalhes Pessoa, entendido como o conjunto dos dinheiros pblicos da Administrao Central e Local que foram canalizados para o projecto, inclui, para alm das comparticipaes provenientes do Estado/Administrao Central, tambm a parcela do investimento do Promotor Pblico, bem como, pelo menos, os custos de financiamento suportados por este, os quais podem ser visualizados atravs das seguintes componentes de Outflows pblicos: 9 A componente relativa comparticipao do

    Estado/Administrao Central, quer atravs do QCA III/FEDER, quer via PIDDAC, no montante de 11 milhes de euros;

    9 A componente respeitante ao investimento do

    Promotor Pblico, cujo montante, em termos de Projecto Global, totaliza cerca de 62,4 milhes de euros, dos quais 54,5 milhes correspondem a financiamento bancrio e os restantes 7,9 milhes de euros parcela do auto-financiamento;

    9 E os encargos financeiros suportados pelo

    promotor pblico, ao longo de 20 anos, que ascendem, a valores actuais, com base numa taxa de desconto de 5%, a cerca de 10,5 milhes de euros.

    Constata-se, assim, que o encargo pblico com este empreendimento atingir um valor superior a 83,9 milhes de euros. Note-se, no entanto, que no foram aqui includos os encargos do promotor pblico com a gesto, manuteno e conservao das infra-estruturas e equipamentos afectos ao empreendimento. No entanto, de acordo com uma estimativa de custos apresentada pela Leirisport, para o ano em curso, a manuteno e explorao do Estdio Municipal de Leiria ascender a cerca de 3,8 milhes de euros.

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    Tribunal de Contas

    2.5 Concepo/Remodelao do empreendimento

    A estratgia seguida para a execuo das obras do Estdio foi o lanamento de empreitadas especficas, tendo em conta a natureza dos trabalhos. Do conjunto das empreitadas de Construo/Remodelao do Estdio, analisaram-se as seguintes empreitadas: E04/2002 Construo da Estrutura do Estdio

    incluindo a zona enterrada do Topo Norte e fornecimento e montagem da cobertura;

    E06/2002 Acabamentos do Estdio; E07/2002 Redes tcnicas e de Instalaes

    electromecnicas. As empreitadas analisadas foram adjudicadas ao Consrcio constitudo pelas empresas Construtora do Lena, SA, Construtora Abrantina, SA, e Somague Engenharia, SA, segundo o critrio de adjudicao da proposta economicamente mais vantajosa. Constatou-se, que foram lanadas no regime de srie de preos, o que aponta no sentido de falta de confiana do dono da obra na preciso e nvel de pormenorizao do projecto patenteado a concurso. Os trabalhos a mais destas Empreitada foram: E04/2002 4.935.133,06 euros - 24% do valor

    de adjudicao; E06/2002 1.066.830,13 euros - 10,4 % do

    valor de adjudicao; E07/2002 1.117.212,28 euros - 12,5 % do

    valor de adjudicao.

    Quanto eventual responsabilidade do projectista, por Erros e Omisses do projecto, nestes Trabalhos a Mais, de acordo com informao prestada pelos responsveis da Empresa foram sempre colocadas por escrito, ao projectista, todas as dvidas e solicitaes respeitantes a Erros e Omisses do Projecto, quer directamente, quer atravs da Entidade responsvel pela fiscalizao do empreendimento, a Viatec, estando assim documentados todos os aspectos referentes a trabalhos a mais que podero ter da resultado. A Leirisport no exclui a possibilidade de vir a responsabilizar o projectista por estas situaes, estando por isso a efectuar o levantamento de todos aqueles aspectos, a fim de os analisar e avaliar juntamente com a Viatec, para uma eventual tomada de deciso devidamente fundamentada sobre o assunto. A apreciao dos projectos deveria ter sido uma actividade consistente e eficaz, o que teria trazido benefcios acrescidos qualidade dos projectos, com a eliminao de deficincias e lacunas e, por consequncia, a reduo substancial dos trabalhos a mais, com a respectiva reduo de custos. Nos trabalhos a mais, includos nas empreitadas por preo global, importante verificar se o trabalho adicional resultou de um erro ou omisso do projecto, ou se foi, de facto e substancialmente, um trabalho a mais, expressamente solicitado pelo dono da obra ao empreiteiro. De acordo com os elementos facultados, at Fevereiro de 2004, o valor de adjudicao da totalidade das empreitadas de construo/remodelao do Estdio, estacionamentos e acessibilidades, estimava-se em 55.618.671.euros, e o valor dos contratos adicionais em 9.149.936.euros. O valor destes contratos adicionais representava, assim, um desvio de aproximadamente 17% do valor de adjudicao, e dizia apenas respeito a trabalhos a mais.

  • Auditoria ao EURO 2004

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    Tribunal de Contas

    2.6 Gesto e rendibilizao do empreendimento na fase ps Euro 2004

    O Estdio Municipal Dr. Magalhes Pessoa ser gerido pela Leirisport, EM, entidade a quem foi conferida a responsabilidade de assegurar todas as condies e definir todas as regras para a correcta utilizao daquelas instalaes, pelas entidades promotoras de espectculos desportivos, bem como para assegurar a prtica desportiva dos jovens do Concelho. O Estdio ter Clubes/Associaes Residentes, como os Clubes de Atletismo, que utilizaro as instalaes para a prtica regular de treinos e competio, e, a Entidade Residente, que ser a Unio Desportiva de Leiria Futebol SAD, com a qual a Leirisport celebrou um Contrato para a Utilizao do Estdio, Gesto, Explorao e Promoo de Direitos dos Jogos de Futebol. A sua rendibilizao passar pela venda de lugares, explorao dos bares, concesso dos dois restaurantes e da Loja do Clube e pela gesto dos espaos publicitrios. Est prevista, ainda, a abertura do Estdio a um conjunto de espectculos desportivos, recreativos e musicais, ao nvel do Futebol, Atletismo e Concertos de Msica. Aps a realizao do evento, prev-se que as reas do Edifcio do Topo Norte, que se encontrem acima do solo, sejam ocupadas para servios, comrcio, cinemas e outros locais de lazer. A Leirisport celebrou com a Unio Desportiva de Leiria Futebol SAD, em 19 de Novembro de 2003, um Contrato para a Utilizao do Estdio, Gesto, Explorao e Promoo de Direitos dos Jogos de Futebol, que vigorar at 2014, podendo ser renovado por igual perodo ou diferente do inicial, e que pressupe um conjunto de contrapartidas financeiras entre as partes.

    No que diz respeito a este contrato com a UDL-SAD, a questo que se pode colocar a de o acordo visar conceder uma comparticipao financeira, fixada em funo da classificao da equipa e das receitas de bilheteira e de publicidade, a uma sociedade annima com fins lucrativos, ligada ao desporto profissional, o que contrariaria o estipulado no n. 3, do art. 3., do Decreto-Lei n. 432/91, de 6 de Novembro, de acordo com o qual, no pode ser objecto de comparticipao ou patrocnios financeiros, revista a forma que revestir, o desporto profissional, salvo no tocante organizao de competies desportivas de manifesto interesse pblico ou realizao de projectos de construo ou melhoramento de infra-estruturas ou equipamentos desportivos. Este contrato constitui um negcio jurdico que tem por objecto uma dimenso vasta de domnios de incidncia, com as inerentes componentes e contrapartidas de risco, em que a Leirisport, EM, assume a responsabilidade da gesto e manuteno integrada de todo o Estdio, assim como, os respectivos custos e receitas. Em termos financeiros, o citado contrato consubstancia uma partilha de riscos que se afigura desequilibrada, em desfavor da Empresa Municipal e a favor da UDL, SAD, uma vez que a Empresa gere o negcio assumindo todas as incertezas e possveis ocorrncias desfavorveis da decorrentes, dando, em contrapartida pela cedncia dos direitos quanto ao negcio do futebol, prestaes firmes que nada tm de incerto. Trata-se assim, de um negcio jurdico aleatrio para a Leirisport. A compensao financeira a atribuir UDL-SAD traduz-se num encargo anual elevado para a Leirisport, que ser questionvel tambm do ponto de vista de gesto, uma vez que, durante os prximos 10 anos, a empresa ir canalizar parte das suas receitas, provenientes da utilizao do Estdio, para aquela entidade privada. Por outro lado, a confidencialidade atribuda clusula 14. daquele acordo, sobre todas as informaes que decorram da normal execuo do contrato, no se mostra compatvel com o princpio de transparncia que deve estar subjacente elaborao e apreciao das contas das entidades pblicas, nas quais a Leirisport, como empresa municipal que , inequivocamente, se enquadra.

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    Tribunal de Contas

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    Tribunal de Contas

    II CORPO DO RELATRIO

    3 ESTDIO MUNICIPAL Dr. MAGALHES PESSOA

    3.1 Caracterizao Global do Projecto

    3.1.1 Candidatura do Estdio

    ao Euro 2004 A escolha da cidade de Leiria para a realizao de alguns dos jogos do Campeonato Europeu de Futebol de 2004, levou o municpio a proceder a obras de remodelao e modernizao do seu Estdio Municipal, de modo a dot-lo das condies exigidas pela UEFA, designadamente, quanto lotao, segurana, condies para a comunicao social e estacionamentos. Em 21 de Setembro de 1998, foi celebrado um Protocolo de Desenvolvimento Desportivo entre o Instituto Nacional de Desporto (IND) e a Cmara Municipal de Leiria (CML), para ampliao/reconstruo do Estdio Municipal, envolvendo a criao de novos lugares sentados e cobertos, e, a cobertura dos j instalados, bem como, a realizao das obras de ampliao ou adaptao das reas de servio e complementares. Na sequncia daquela candidatura, foi, igualmente, celebrado a 5 de Junho de 2000, um Contrato-Programa de Desenvolvimento Desportivo entre o Instituto Nacional do Desporto, a Euro 2004, SA, e a Cmara Municipal de Leiria, o qual teve por objecto a execuo da obra de reconstruo e remodelao do Estdio Municipal Dr. Magalhes Pessoa, em cumprimento do projecto aprovado pela CM e tendo em conta os requisitos da UEFA, nos termos do caderno de encargos a que se comprometeu a candidatura portuguesa Fase Final do Campeonato Europeu de Futebol de 2004.

    Para a execuo desta obra foi tomado um custo de referncia de 3 milhes e novecentos mil contos (19.453.117,99 euros), correspondente a 200 contos (997,6 euros) por cada lugar sentado a criar e 70 contos (349 euros) por lugar instalado a cobrir. A comparticipao financeira at ao valor de 25% do custo mximo de referncia, totalizou assim, 975 mil contos (4.863.279,49 euros). A execuo, fiscalizao e controlo tcnico dos trabalhos objecto deste Contrato-Programa foram assumidos pela autarquia de Leiria, que por sua vez, se submeteu ao acompanhamento e controlo de todos os actos de execuo do projecto, por parte de representantes da sociedade Euro 2004. 3.1.2 Constituio da Leirisport

    e Transmisso da Responsabilidade pela Execuo e Gesto das Obras de Reconstruo/Ampliao do Estdio1

    Em Setembro de 2000, a Cmara Municipal de Leiria celebrou um Protocolo de Parceria com o consrcio constitudo pela Parque Expo, SA, Caixa - Banco de Investimentos, SA, FRIE Grupo CGD e o Banco Portugus de Investimento, SA, para o desenvolvimento de um modelo de interveno nas reas do Desporto, Lazer e Turismo para o Concelho de Leiria.

    1 Sobre este ponto veja-se, igualmente, o Relatrio de Auditoria n. 42/2003 2.

    Seco.

  • Auditoria ao EURO 2004 16

    Tribunal de Contas

    Esta parceria entre o Municpio e os membros do consrcio, viria a ser consubstanciada atravs da constituio de uma Empresa Municipal de Capitais Maioritariamente Pblicos. Assim, a 10 de Abril de 2001, foi constituda a LEIRISPORT - Desporto, Lazer e Turismo, EM, - com um capital social de cem mil euros, tendo como accionistas o Municpio de Leiria (com 52%), e o consrcio formado pela Parque Expo 98 SA, a Caixa Geral de Depsitos e o BPI (cada um detendo 16%). Neste contexto, foi celebrado, a 3 de Maio de 2001, um Acordo Parassocial entre a autarquia de Leiria e aquele consrcio, com a finalidade de regular o exerccio dos seus direitos societrios e outras questes conexas no mbito da sociedade. Paralelamente realizao do supracitado Acordo Parassocial, a CML celebrou com os accionistas privados um Contrato de Opo de Venda, ao abrigo do qual e de acordo com o disposto no art. 230. do Cdigo Civil, a autarquia apresentou uma proposta de compra aos restantes accionistas da totalidade das aces de cada um no capital social da Leirisport, incluindo aquelas aces que viessem a ser adquiridas em momento posterior data de celebrao deste contrato. Na sequncia daquele Contrato de Opo de Venda, os parceiros sociais que constituam o consrcio fizeram uso do seu direito de opo de venda da sua posio no capital da empresa, vindo o Municpio a adquirir, faseadamente, as correspondentes partes sociais, tornando-se assim, o nico detentor do capital social. Face a esta nova situao, em que o Municpio de Leiria se tornou o nico accionista da empresa, procedeu-se alterao dos estatutos da entidade, a qual assumiu uma nova natureza jurdica, passando a ser uma Empresa Pblica Municipal. Em sesso da CML, datada de 20 de Junho de 2001, foi deliberado por unanimidade, que a partir daquela data, a Leirisport assumisse todos os actos e contratos referentes s obras de reconstruo do Estdio, incluindo aqueles contratos j iniciados pela autarquia.

    Em face da referida deciso tomada pelo rgo Executivo, foi realizado um aditamento ao Contrato-Programa de Desenvolvimento Desportivo celebrado em 5 de Junho de 2000, no qual a Leirisport passou a figurar como 4. outorgante, associando-se ao cumprimento das obrigaes emergentes daquele contrato, assumidas inicialmente pela CM. Para o cumprimento integral daquela actividade, estabeleceu-se um Protocolo entre a CML e a Leirisport, que teve por objecto a cedncia a esta entidade, dos direitos de gesto e de explorao do Estdio Municipal e a promessa de transmisso do direito de superfcie sobre o referido Estdio. Entre a CM e a Leirisport foi tambm, celebrado, um Contrato-Programa com o objectivo de definir os termos e condies de atribuio Empresa da responsabilidade na execuo das obras de construo/requalificao das vias envolventes ao Estdio Municipal. Posteriormente, a 6 de Maro de 2003, foi realizada a escritura pblica de transmisso do direito de superfcie do Estdio para a Leirisport, EM, feito a ttulo gratuito, por um perodo de 99 anos, podendo ser prorrogado por igual perodo de tempo, tendo ficado salvaguardado o direito de utilizao do Estdio pela Cmara Municipal para a realizao de provas e de outras actividades por si organizadas, ou promovidas por outras entidades com o seu apoio.

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    3.1.3 Evoluo do Projecto Global

    do Estdio O Estdio Municipal Dr. Magalhes Pessoa est implantado no extremo Poente da zona desportiva de Leiria, localizada a Norte do Castelo. O estdio antigo era constitudo por um campo relvado, uma pista de atletismo e por um edifcio a Nascente suportando uma bancada com cerca de 3.000 lugares sentados. A Sul, existiam alguns degraus de peo e a Poente as antigas bancadas do estdio.

    Do projecto inicial, manteve-se a localizao, a pista de atletismo e a bancada Nascente; as estruturas a Sul e a Poente foram demolidas por no reunirem condies de recuperao, face s actuais exigncias de conforto e segurana. A seco Norte de Bancada do Estdio foi substituda por um edifcio destinado a uma utilizao diversa da do Estdio. Os lugares que foram eliminados a Norte foram substitudos por uma bancada temporria, desmontvel, com capacidade para 5.600 lugares, situada sobre a pista de atletismo, apenas para o EURO 2004, para satisfazer os requisitos da UEFA, relativamente capacidade do Estdio e segurana. Depois de realizados os jogos, esta bancada ser retirada, e ser restituda a operacionalidade da pista de atletismo.

    O novo Estdio tem capacidade para 30.000 lugares sentados, encontrando-se os lugares definitivos integralmente cobertos. Est equipado com bares, postos de primeiros socorros e instalaes sanitrias de apoio, de acordo com a regulamentao em vigor.

    As caractersticas gerais do Estdio, aps as obras de reconstruo/remodelao, so as seguintes:

    CARACTERSTICAS DO ESTDIO

    Estdio 30.000

    Superfcie 420 Ligeiros Subterrneo 114 Superfcie 6

    N.

    Luga

    res

    Estacionamentos Autocarros

    Subterrneo 2 Fonte: Contratos-Programa

    3.2 Custos do Projecto 3.2.1 Identificao dos Custos

    Iniciais do Projecto Previstos nos Contratos-Programa

    Estdio Para a execuo da obra de reconstruo e remodelao do Estdio foi celebrado em 05/06/2000, um Contrato-Programa de Desenvolvimento Desportivo entre o IND, a Euro 2004, SA, e a CML, tendo sido considerado um custo de referncia de 19.453.117,99 euros, ao qual correspondeu uma comparticipao financeira, por parte do Estado, at ao valor de 25% daquele custo mximo, isto , 4.863.279,49 euros.

    Fo

    nte:

    Site

    da

    Port

    ugal

    200

    4

    Novo Estdio

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    Tribunal de Contas

    Este Contrato-Programa foi objecto de um aditamento, que teve como nica finalidade a incluso da LEIRISPORT como 4. outorgante, para se associar s obrigaes assumidas pela CML, quanto reconstruo e remodelao do Estdio. Paralelamente, foi celebrado em 28/02/03, o Contrato-Programa de Desenvolvimento Desportivo no mbito do QCA III, baseado num custo total previsto de execuo do projecto de 42.540.061,28 euros, repartido entre um investimento elegvel de 19.453.117,99 euros e um investimento no elegvel de 23.086.943,29 euros, que teve por objecto a concesso de uma comparticipao financeira de 4.863.279,50 euros. Acessibilidades Para a execuo das obras de construo/requalificao das vias de acesso /penetrao ao Estdio Municipal, a CML e o Instituto das Estradas de Portugal celebraram, em 11 de Julho de 2001, um Contrato-Programa no qual aquele Instituto se props contribuir com uma quantia mxima de 5.940.683 euros, correspondente ao custo referente parte rodoviria, incluindo apenas separadores centrais, restabelecimentos e rotundas. Estacionamentos Para cumprimento do programa de construo dos lugares de estacionamento para veculos ligeiros e para autocarros, em parques subterrneos e superfcie, foi celebrado um Contrato-Programa de Desenvolvimento Desportivo, entre o IND, a Portugal 2004, SA, a CML e a Leirisport, em 30 de Janeiro de 2002, atravs do qual foi concedida uma comparticipao financeira de 349.283 euros, correspondente a 25% do montante global elegvel estipulado para os estacionamentos. Este montante global elegvel fixado em 1.397.133,88 euros, correspondeu a 114 lugares de estacionamento para veculos ligeiros e a 2 lugares para autocarros, em parque subterrneo, aos custos unitrios de 8.728,96 euros e de 34.915,85 euros, respectivamente, e a 420 lugares para veculos ligeiros e a 6 lugares para autocarros, superfcie, aos custos unitrios de 748,2 euros e de 2.992,79 euros.

    Custo total

    previsto nos Contratos-Programa Assim, de acordo com os valores definidos nos supracitados Contratos-Programa, o custo total previsto para as trs componentes - Estdio, Acessibilidades e Estacionamentos - foi de 49.877.878,16 euros, sendo a correspondente comparticipao financeira de 11.153.245,49 euros, como se pode observar no quadro que se segue:

    CUSTO TOTAL PREVISTO NOS CONTRATOS-PROGRAMA

    E CORRESPONDENTES COMPARTICIPAES FINANCEIRAS

    Unid:Euros

    Componentes Custo total previsto Comp.

    Financeiras Estdio 42.540.061,282 4.863.279,49 Acessibilidades 5.940.683 5.940.683 3 Estacionamento 1.397.133,88 349.283 Total 49.877.878,16 11.153.245,49

    Fonte: Contratos-Programa celebrados com as entidades intervenientes no evento.

    2 Deste valor, o montante considerado elegvel foi 19.453.117,99 euros 3 Deste valor, o montante de 3.192.307 euros destina-se LEIRISPORT, e o

    restante CML, visto que a empresa no responsvel pela obra de construo de trs componentes do Contrato-Programa, que so da responsabilidade da CM.

  • Auditoria ao EURO 2004

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    Tribunal de Contas

    3.2.2 Custo Final Estimado do

    Projecto O Investimento inicial foi sofrendo vrias alteraes, desde a data de aceitao pela UEFA da candidatura portuguesa ao Euro 2004. J no decurso dos trabalhos de remodelao, assistiu-se introduo de um conjunto de alteraes, nomeadamente, ao nvel do Projecto de Arquitectura do Estdio, que foi objecto de importantes modificaes, quer para responder s exigncias da nova regulamentao, imposta pelo Decreto-Regulamentar n. 10/2001, de 7 de Junho, quer pela transformao do Topo Norte do Estdio, com a insero de um edifcio na sua estrutura. Os ltimos valores de que se dispe, data de Fevereiro/2004, revelam que o Custo Final Estimado do Projecto ascende a cerca de 73.497.112 euros, de acordo com o mapa seguinte:

    CUSTO TOTAL ESTIMADO DO PROJECTO

    Unid:Euros

    Componentes do Projecto Valores Reconstruo e Remodelao do Estdio 49.559.203 Acessibilidades 9.682.069 Estacionamentos 8.608.990 Construo da Superestrutura do Topo Norte 5.646.850 Total 73.497.112

    Fonte: Servios Financeiros da Leirisport / Diviso Financeira da CM de Leiria

    Constata-se, assim, que este ltimo valor estimado do projecto apresenta um desvio de cerca de 47%, face ao valor previsto inicialmente nos contratos-programa. 3.2.3 Distribuio do Custo Total

    Estimado por Componentes O valor total do Projecto apurado at Fevereiro de 2004, inclui as seguintes componentes: Projectos Esta componente registou o valor de 2.390.430,77 euros, e representa cerca de 3,3% do custo total estimado do projecto, como se evidencia no quadro que se segue:

    PROJECTOS

    Unid:Euros

    Projectos Valor

    da adjudicao

    Contratos adicionais Total

    1- Projecto do Estdio 1.512.799,15 153.300,00 1.666.099,15 2- Projecto de execuo de infra-

    estruturas das acessibilidades/arruamentos, estacionamentos e arranjos exteriores da zona envolvente

    122.704,27 - 122.704,27

    3- Projecto especialidades 220.000,00 - 220.000,00 4- Projecto estruturas 200.000,00 - 200.000,00 5- Projecto de investimento execuo

    das obras de remod. e transf. dos espaos exteriores

    49.630,39 - 49.630,39

    6- Projecto de execuo da ponte rodoviria sobre o Rio Lis 104.996,96 - 104.996,96

    7- Diversos 27.000,00 - 27.000,00 Total 2.237.130,77 153.300,00 2.390.430,77

    Fonte: Servios financeiros da Leirisport/Diviso financeira da CML

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    Tribunal de Contas

    Do conjunto dos projectos realizados para este empreendimento destaca-se o Projecto para a construo/remodelao/ampliao do Estdio Municipal de Leiria e Arranjos Exteriores da rea Envolvente, que foi adjudicado Toms Taveira, Projectos, Estudos Urbanos e Scio-Econmicos, SA, por ajuste directo, ao abrigo do Decreto-Lei n. 15/2000, de 29 de Fevereiro, pelo valor de 1.512.799,15 euros + IVA. Posteriormente, surgiu a necessidade de se efectuarem alteraes aos projectos das especialidades, que no se incluam nas clusulas do contrato inicial, tendo sido celebrado um aditamento ao referido contrato, que teve por objecto a fixao dos honorrios relativos execuo dos projectos de alterao das especialidades, a executar pela Tecnep Estudos e Projectos de Desenvolvimento, Lda., subcontratada da Toms Taveira, SA, no valor de 153.300,00 euros. O Projecto de arquitectura do Estdio Municipal de Leiria sofreu trs importantes alteraes, na sua concepo arquitectnica, desde a sua adjudicao em Setembro de 2000. A sua primeira reformulao esteve ligada aprovao do Regulamento das Condies Tcnicas e de Segurana dos Estdios pelo Decreto Regulamentar n. 10/2001, de 7 de Junho, tendo sido necessrio responder s exigncias da nova regulamentao. Surge depois, em Novembro de 2001, a indicao, por parte da Leirisport, de transformar o Topo Norte do Estdio com a insero de um edifcio na sua estrutura. As alteraes que entretanto se seguiram prenderam-se com o normal desenvolvimento de um projecto com acertos de pormenor, mas em que a concepo global se encontrava estabilizada.

    O Projecto de execuo de infra-estruturas das Acessibilidades/Arruamentos, Infra-estruturas de base, Estacionamento e Arranjos Exteriores da zona envolvente ao Estdio, foi adjudicado Tecnep Estudos e Projectos de Desenvolvimento, Lda., por ajuste directo, ao abrigo do j citado Decreto-Lei n. 15/2000, pelo valor de 122.704,27 euros + IVA, tendo sido celebrado directamente pela Cmara Municipal de Leiria. Foram, igualmente, celebrados directamente pela CM de Leiria, o Projecto de investimento execuo das obras de remodelao e transformao dos espaos exteriores e o Projecto de execuo da ponte rodoviria sobre o Rio Lis.

  • Auditoria ao EURO 2004

    21

    Tribunal de Contas

    Fornecimentos No mbito da construo/remodelao do Estdio Municipal de Leiria foram celebrados fornecimentos que ascenderam a 3.993.677,3 euros, com um peso de aproximadamente, 5,4% face ao total daquele investimento, de acordo com o quadro que a seguir se apresenta:

    FORNECIMENTOS

    Unid:Euros

    Fornecimentos Valor

    da adjudicao

    Contratos adicionais Total

    Fornecimento, Montagem e desmontagem da bancada Norte do Estdio

    930.000,00 76.579,80 1.006.579,80

    Fornecimento e Montagem de cadeiras 829.713,64 14.987,71 844.701,35

    Fornecimento e Montagem de elevadores 265.000,00 - 265.000,00

    Fornecimento e Montagem de equip. p/ o subsistema operacional do sistema integrado de gesto de infra-estruturas desportivas- Torniquetes

    231.366,65 - 231.366,65

    Fornecimento, Montagem, Instalao tcnica e manuteno de painel de Vdeo no Estdio

    998.000,00 - 998.000,00

    Rede de postos fixos para transmisses broadcast 150.000,00 - 150.000,00

    Sinaltica do Estdio 80.450,00 - 80.450,00 Decorao de espaos interiores 334.179,50 - 334.179,50 Fornecimento e montagem de mesas de comentador 83.400 - 83.400

    Total 3.902.109,79 91.567,51 3.993.677,3 Fonte: Servios financeiros da Leirisport/Diviso financeira da CML

  • Auditoria ao EURO 2004 22

    Tribunal de Contas

    Empreitadas A estratgia seguida para a execuo das obras de Reconstruo e Remodelao do Estdio municipal foi o lanamento de empreitadas especficas tendo em conta a natureza dos trabalhos. Esta rubrica regista o valor de 64.768.607,49 euros, correspondente a cerca de 88% do total do investimento e, inclui, as empreitadas j executadas, a executar e os trabalhos a mais, como se evidencia no quadro seguinte:

    EMPREITADAS DO PROJECTO GLOBAL

    Unid:Euros

    Empreitadas Valor

    da adjudicao

    Valor dos Contratos

    adicionais Total

    E01-Demolies e trabalhos preliminares 300.806,18 59.385,78 360.191,96 E02- Movimentao de terras na rea do

    Estdio e de concepo/construo 3.858.200,49 964.502,59 4.822.703,08

    E03- Fundaes indirectas e trabalhos acessrios 1.246.511,52 115.758,78 1.362.270,30

    E04- Construo das estruturas do Estdio, incluindo a Zona Enterrada do Topo Norte e fornecimento e montagem da cobertura

    20.570.000,01 4.935.133,33 25.505.133,34

    E05- Acessibilidades na envolvente ao Estdio e Parques de Estacionamento 2.248.347,00 548.263,30 2.796.610,30

    E06- Acabamentos do Estdio 10.222.010,00 1.066.830,13 11.288.840,13 E07- Redes tcnicas e Instalaes

    electromecnicas do Estdio 8.933.000 1.117.212,28 10.050.212,28

    E08- Empreitada de Construo da Ponte sobre o Rio Lis 2.968.150 - 2.968.150

    E09- Empreitada de construo da superestrutura do Topo Norte 4.884.000 342.850,13 5.226.850,13

    E13- Relvado do Estdio 177.541,44 0 177.541,44 E21- Empreitada de Projecto e Construo

    de dois edifcios p/ postos de transformao EDP

    85.304,53 0 85.304,53

    E22- Empreitada de Demolio do Pavilho Municipal de Leiria 124.800 0 124.800

    Total 55.618.671,17 9.149.936,32 64.768.607,49 Fonte: Servios financeiros da Leirisport/Diviso financeira da CML

  • Auditoria ao EURO 2004

    23

    Tribunal de Contas

    Expropriaes De acordo com informao prestada pela Cmara Municipal de Leiria, ainda no foi efectuado qualquer pagamento por conta das expropriaes de prdios ou parte deles destinados s obras de remodelao/construo do Estdio e respectivas acessibilidades. Est em curso um processo de expropriao de prdio rstico, destinado construo da Ponte sobre o Rio Lis (ligao do IC2 ao Estdio Municipal), que de acordo com o relatrio de avaliao elaborado por perito da lista oficial, se estima pelo valor de 283.319,30 euros. No que diz respeito a aquisies por via do direito privado, embora ainda no tenha sido efectuado qualquer pagamento, prevem-se os seguintes valores: Via envolvente do Estdio 345.000 euros; Acessibilidades 45.000 euros; Reconstrues 280.000 euros. O custo total desta rubrica estima-se, assim, em 953.319 euros, correspondendo a aproximadamente 1,3 % do valor total do projecto. Fiscalizao Atravs de um concurso limitado, a Leirisport contratou as empresas Viaponte e Tecnoplano, que constituram um Consrcio externo, denominado Viatec, com o qual foi celebrado um contrato para prestao de servios de assessoria gesto tcnica e fiscalizao dos trabalhos de remodelao do estdio, dos acessos, estacionamentos, infra-estruturas e espao pblico da rea envolvente do Estdio. O valor deste contrato ascendeu a 1.391.077,52 euros, pelo que a fiscalizao contribuiu com um peso de cerca de 1,9 % para o total dos custos com o empreendimento.

    No grfico seguinte apresenta-se a distribuio percentual das diferentes componentes constituintes do Projecto global, de acordo com os elementos facultados at data de Fevereiro de 2004:

    Custo Total Estimado por Rubricas

    ProjectosFiscalizaoExpropriaesFornecimentosEmpreitadas

    3.3 Fontes e Modelos de Financiamento

    3.3.1 Comparticipaes

    provenientes da Administrao Central e do QCA III

    A comparticipao financeira global deste projecto, nacional e comunitria, proveniente do Estado/Administrao Central, via QCA III e PIDDAC, definida nos termos dos respectivos Contratos-Programa, j referenciados no ponto 3.2.1 deste relatrio, encontra-se esquematizada no quadro seguinte:

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    Tribunal de Contas

    COMPARTICIPAO FINANCEIRA DO PROJECTO PROVENIENTE DO ESTADO/ADMINISTRAO CENTRAL E CORRESPONDENTES FONTES DE FINANCIAMENTO

    Unid:Euros

    Fontes de Financiamento Aprovadas Componentes QCA III/FEDER IND IEP

    Remodelao e Ampliao do Estdio 4.052.084,484 811.195,02 5 - Estacionamento - 349.283 - Acessibilidades - - 5.940.683 Total 4.052.084,48 1.160.478,02 5.940.683

    Fonte: Contratos-Programa celebrados com as diferentes entidades intervenientes.

    4 Correspondente a 20,83% do custo total elegvel que foi estimado em 19.453.117,99 euros 5 Correspondente a 4,17 % do custo total elegvel

    Verifica-se, assim, que esta comparticipao financeira ligeiramente superior a 11 milhes de euros, correspondendo, aproximadamente a 15% do custo total do projecto, avaliado at ao primeiro trimestre de 2004. 3.3.2 Financiamento Bancrio At Fevereiro de 2004, a Cmara Municipal de Leiria tinha procedido contratao de quatro emprstimos bancrios para financiamento da construo/remodelao do Estdio Municipal Dr. Magalhes Pessoa. No quadro que se segue apresentam-se os emprstimos contrados pela Autarquia no mbito do Euro 2004, e as respectivas condies de financiamento:

    EMPRSTIMOS CONTRADOS NO MBITO DO EURO 2004 Unid: Euros

    Entidade Montante Perodo Taxa de juro Visto do TC

    Banco Dexia 12.644.526 20 anos Euribor a 6 meses

    (3,4910%) +

    Spread 0,50%

    03/10/2002

    BPI 22.460.000 20 anos Euribor 12 meses

    (2,125%) +

    Spread 0,275%

    24/07/2003

    BPI 9.700.000 20 anos Euribor a 6 meses

    (2,243%) +

    Spread 0,60%

    26/12/2003

    Banco Dexia 9.700.000 20 anos Euribor (2,20%)

    + Spread 0,60%

    26/12/2003

    Total 54.504.526 - - - Fonte: Diviso Financeira da CML

  • Auditoria ao EURO 2004

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    Tribunal de Contas

    O valor total dos emprstimos contrados para financiamento do projecto do Estdio ascende, pois, a 54,5 milhes de euros, o que representa cerca de 74% do investimento total estimado para este empreendimento.

    3.3.3 Os custos e o Impacto

    do Financiamento Bancrio para a Autarquia de Leiria

    De acordo com o Mapa dos Emprstimos obtidos a Mdio e Longo Prazos, do Municpio de Leiria, elaborado para o ano de 2003, a situao de endividamento desta entidade, bem como o peso dos emprstimos contrados para o Euro 2004, face ao total dos emprstimos obtidos, podem ser observados no mapa seguinte:

    EMPRSTIMOS TOTAIS CONTRADOS PELA AUTARQUIA/EMPRSTIMOS CONTRADOS NO MBITO DO EURO 2004

    Unid:Euros

    Capital Encargos do Ano 2003 Contratado Utilizado Amortizao Juros Total

    Dvida em 01/01

    Dvida em 31/12

    Total/Emprstimos (1) 82.583.330,19 63.183.330,19 2.077.305,40 971.689,53 3.048.994,93 35.078.629,19 55.510.573,46

    Emprstimos/ Euro 2004

    (2) 54.504.526,00 35.104.526,00 - 424.655,87 424.655,87 12.644.526,00 35.104.526,00

    Percentagem Euro 2004 face ao Total

    (2)/(1) 66% 55,6% - 43,7% 13,9% 36% 63%

    Fonte: Diviso Financeira da CML

    Verifica-se que os emprstimos contrados para a reconstruo do Estdio representam, aproximadamente, 66% do total dos emprstimos contrados pela autarquia. A opo autrquica pela Construo/Remodelao do Estdio implicou um considervel investimento financeiro, que levou a entidade a recorrer ao financiamento bancrio, motivado pela escassez de recursos prprios, o que veio onerar a sua situao de endividamento. O valor actual dos encargos financeiros estimados com os emprstimos contrados para a reconstruo do Estdio, calculado com base numa taxa de desconto de 5%, ascende a cerca de 10,5 milhes de euros, o que um bom indicador das dificuldades que o Municpio ter de suportar. Uma vez que o prazo de contratao destes emprstimos de 20 anos, esta situao no poder deixar de se reflectir nos oramentos da autarquia, durante as prximas duas dcadas, com a consequncia de limitar a respectiva capacidade de investimento em reas prioritrias de servio pblico.

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    Tribunal de Contas

    O valor resultante da associao do total dos emprstimos contrados no mbito do Euro 2004 (54,5 milhes de euros) com a comparticipao proveniente da Administrao Central (11 milhes de euros) totaliza o montante de 65,5 milhes de euros e corresponde a 89% do investimento estimado para este projecto, o que permite concluir que se utilizou o recurso ao financiamento bancrio, no tendo o auto-financiamento assumido relevncia. O auto-financiamento, que ascendeu a aproximadamente 7,9 milhes de euros, representa apenas 11% do total do investimento estimado. 3.3.4 Condicionalismos associados

    Obteno dos Financiamentos

    No foram assinalados quaisquer condicionalismos obteno dos financiamentos por parte da Leirisport, a no ser, que, apesar da Cmara Municipal de Leiria se ter candidatado bonificao de juros dos emprstimos contrados no mbito do Euro 2004, no obteve, ainda, qualquer resposta.

    3.4 Condicionalismos e dificuldades relativos execuo do projecto global

    Durante a execuo do Projecto Global registaram-se determinados condicionalismos, que, nalguns casos, dificultaram e atrasaram a realizao dos trabalhos. As dificuldades surgidas relativamente ao projecto derivaram da condio de manter a Bancada Nascente integrada na estrutura do novo Estdio, o que constituiu uma dificuldade em obra, pela necessidade de compatibilizar o projecto j existente com o novo projecto, nas zonas de ligao, resultando na realizao de trabalhos especializados de interveno em estruturas existentes. Outro aspecto, prendeu-se com o facto de no existirem telas finais de bancada, o que implicou a realizao de sondagens in sittu, para identificao da sua localizao e dimenso.

    Tambm a introduo do edifcio do Topo Norte, j numa fase avanada dos estudos prvios dos projectos, contribuiu para atrasar a respectiva execuo. Surgiram, igualmente, dificuldades de carcter fsico, relacionadas com as caractersticas orogrficas do terreno de implantao do Estdio, que, devido ao facto deste se encontrar na base de duas colinas, colina Poente e colina do Castelo, exigiram a execuo de uma obra de escavao e conteno de terras de considervel capacidade, que se veio traduzir num constrangimento de tempo ao Projecto Global. No desenvolvimento do Projecto Geral da envolvente, aps a introduo do edifcio do Topo Norte, houve necessidade de criar, na zona, uma unidade urbanstica e paisagstica coerente, em termos qualitativos e funcionais, devido s edificaes j existentes, nomeadamente, o edifcio Nerlei, o que originou o aparecimento de uma praa nesta zona, facilitando a circulao pedonal, para acesso ao Estdio e estabelecendo uma relao funcional entre os edifcios Nerlei e Topo Norte. Um dos aspectos mais problemticos da execuo teve a ver com a cobertura, pela sua complexidade tcnica e de execuo, cuja concepo nica e inovadora, em certos aspectos, constituiu uma fonte de dificuldades, tanto para os empreiteiros, como para os projectistas e para a fiscalizao. Constataram-se, tambm, dificuldades com a actividade desportiva, uma vez que devido aos elevados ndices de utilizao do Estdio, por parte do atletismo, houve sempre a preocupao de garantir a actividade dos atletas at ao final da poca 2002. Por isso, apesar da obra se ter formalmente iniciado em Setembro de 2001, os trabalhos executados foram apenas escavaes, muros de conteno ancorados e estacas, uma vez que o incio da construo plena do Estdio s teve lugar em Setembro de 2002, aps o encerramento das actividades desportivas e a transferncia dos servios das associaes e clubes que ocupavam a bancada Nascente.

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    Tribunal de Contas

    3.5 Concepo/Construo e Remodelao do Empreendimento

    3.5.1 Empreitadas

    de Construo/Remodelao do Estdio

    A estratgia seguida para a execuo das obras do Estdio foi o lanamento de empreitadas especficas tendo em conta a natureza dos trabalhos. Do conjunto das empreitadas de Construo/Remodelao do Estdio, analisaram-se as que constam do quadro que se segue:

    EMPREITADAS DE CONSTRUO/REMODELAO DO ESTDIO

    Unidade: Euros

    Designao Modalidade

    de concurso/critrio de adjudicao

    Regime de empreitada

    Entidade adjudicatria Valor Base

    Valor do contrato s/

    IVA

    T. Mais/ Menos/rev.

    Preos/ Erros e

    Omisses

    Valor Final

    E04/2002-Construo da estrutura do Estdio incluindo a zona enterrada do Topo Norte e fornec. e mont da cobertura

    Concurso Pblico Proposta economicamente mais vantajosa: Preo-50% Valor tcnico-40% Prazo-10%

    Srie de Preos

    Construtora do Lena, SA, Construtora Abrantina, SA, Somague Engenharia, SA

    21.000.000 20.570.000 T. a Mais 4.935.133,06 25.505.133,34

    E06/2002 Acabamentos do Estdio

    Concurso Pblico Proposta economicamente mais vantajosa: Preo-50% Valor tcnico-35% Prazo-15%

    Srie de Preos

    Construtora do Lena, SA, Construtora Abrantina, SA, Somague Engenharia, SA

    8.495.000 10.222.010 T. a Mais 1.066.830,13 11.288.840,13

    E07/2002 Redes tcnicas e de Instalaes electromecnicas

    Concurso Pblico Proposta economicamente mais vantajosa: Preo-50% Valor tcnico-35% Prazo-15%

    Srie de Preos

    Construtora do Lena, SA, Construtora Abrantina, SA, Somague Engenharia, SA

    7.895.000 8.933.000 T. a Mais 1.117.212,28 10.050.212,28

    Fonte: Direco de Estudos e Projectos

    3.5.1.1 CONTRATOS DAS EMPREITADAS

    E CRITRIOS DE ADJUDICAO As trs empreitadas analisadas foram adjudicadas ao Consrcio constitudo pelas empresas Construtora do Lena, SA, Construtora Abrantina, SA, e Somague Engenharia, SA, segundo o critrio de adjudicao da proposta economicamente mais vantajosa.

    Relativamente empreitada E04/2002, o critrio de adjudicao privilegiou, adequadamente, o respectivo valor tcnico, no que diz respeito qualidade do Programa de Trabalhos; qualidade e adequao de meios humanos e materiais utilizados; qualidade dos Sistemas de Gesto, bem como dos meios humanos a afectar quelas funes; e, ainda, qualidade dos sub-empreiteiros propostos, tendo em conta as suas experincias, qualificaes e capacidades.

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    Tribunal de Contas

    Nas empreitadas E06/2002 e E07/2002, o factor de ponderao de 35% atribudo valia tcnica das propostas adaptou-se, convenientemente, aos correspondentes objectivos. Constatou-se, porm, que as trs empreitadas foram lanadas no regime de srie de preos, o que denota falta de confiana do dono da obra na preciso e nvel de pormenorizao do projecto apresentado a concurso. A Entidade esclareceu que a opo pelo regime de srie de preos nas empreitadas analisadas se ficou a dever a um conjunto de factores, dos quais se destacam os curtos perodos de tempo de maturao de alguns dos projectos, as situaes em que os projectos foram a concurso em fase de Estudo Prvio e em que as deficincias de coordenao embora identificadas, j no podiam ser corrigidas em projecto, e, ainda, a insegurana na preciso dos mapas de quantidades pelo facto da verificao dos clculos ter sido feita por amostragem. No tocante s empreitadas em que existia confiana foram lanadas em regime de preo global. 3.5.1.2 TRABALHOS ADICIONAIS Empreitada E04/2002 Os Trabalhos a Mais desta empreitada totalizaram o montante de 4.935.133,06 euros + IVA, correspondente a 24% do valor de adjudicao, tendo sido distribudos por trs contratos adicionais. 9 No 1. Contrato adicional de 1.160.614,16

    euros + IVA, destacam-se os trabalhos referentes ao Movimento de terras, escavao e aterro no montante de 345.328,80 euros e a Cortina de estacas a Poente, no valor de 778.446,65 euros.

    9 O 2. Contrato adicional ascendeu a

    1.291.327,88 euros + IVA.

    Destacaram-se, tambm, neste adicional as seguintes situaes que resultaram de erros e omisses do projecto:

    A omisso do pormenor e da quantificao

    da estrutura do pavimento trreo originou um trabalho a mais de considervel valor, que ascendeu a 414.202,20 euros + IVA;

    A necessidade de conteno provisria na zona Sul, para construo de reservatrios enterrados para incndios e rega, resultou do facto do projectista s ter fornecido a estrutura destes elementos com a obra j em curso e de tal situao no ter sido detectada durante a reviso do projecto pelo dono da obra, o que gerou um custo adicional de 150.000 euros + IVA;

    O empreiteiro props um trabalho a mais de execuo de uma rede de drenagem provisria a Sul e a Poente, para evitar danos na obra, tais como o deslizamento de terras e de muros, que ascendeu a 330.827,94 euros + IVA, e que foi uma consequncia da omisso no projecto da drenagem da zona da encosta, situao que tambm no foi detectada pelo dono da obra;

  • Auditoria ao EURO 2004

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    Tribunal de Contas

    A alterao pelo projectista da

    implantao das estacas na zona tcnica, j em fase de ocupao, teve como resultado que a furao executada e no betonada tivesse um custo de 16.783,43 euros + IVA.

    Assim, pode-se concluir que, dos trabalhos a mais apresentados, s os trabalhos em estacas, que tiveram origem na natureza do terreno encontrado, avaliados em 258.457,85 euros, constituram de facto uma circunstncia imprevista.

    9 O 3. Contrato adicional desta empreitada, no valor de 2.483.191,02 euros + IVA, correspondeu aos seguintes sub-totais:

    Valor dos trabalhos a mais a preos de

    contrato 2.384.042,21 euros Valor dos trabalhos a mais a preos no

    contratuais 946.588,82 euros Valor dos trabalhos a menos 847.440,01

    euros. A anlise da natureza destes trabalhos adicionais permitiu constatar que:

    Os trabalhos a mais, nos montantes de

    363.955,82 euros e de 480.417,50 euros, correspondentes a quantidades que foram excedidas, no podiam ser facturadas sem que tivesse sido celebrado um contrato adicional. Os servios da empresa informaram que, as correspondentes facturas foram indevidamente emitidas pelo empreiteiro por corresponderem a trabalhos a mais no devidamente contratados e, igualmente, indevidamente aceites pela Leirisport, por falha de controlo dos respectivos servios administrativos e financeiros. O contrato veio a ser celebrado, posteriormente, em 29 de Agosto de 2003, por motivos que se prendem com anlises e acordos sobre trabalhos a mais no contratuais, que tambm integraram o contrato adicional.

    Aqueles servios informaram, igualmente, que apesar da ocorrncia desta falha, os referidos trabalhos foram devidamente verificados e confirmados pela empresa responsvel pela Fiscalizao e pela Assessoria Gesto do Empreendimento.

    Os trabalhos a mais no Estdio, na

    cofragem das vigas/degrau de bancadas betonadas in situ (307.682,79 euros), em beto em sapatas, macios de fundao e vigas de fundao (200.956,06), e em ao (430.797,83 euros), assim como os que foram realizados no Topo Norte, na parede moldada (180.954,76 euros), em beto (94.341,28 euros) e em ao (335.869,82 euros), consideraram-se elevados, apesar da obra ter sido lanada por srie de preos, e significam que houve pouco cuidado com a elaborao das medies do projecto.

    Outras situaes apresentadas resultaram de omisses e de erros do projecto: A construo de dois novos

    vomitrios centrais e a adaptao dos dois j existentes, que se traduziu num custo de 37.804,76 euros, resultou do facto de se ter ignorado a Bancada Nascente e desta situao no ter sido detectada, aquando da apreciao do projecto;

    Embora constitusse uma imposio legal, o projecto no contemplou o fornecimento e instalao de uma cmara de reteno de gorduras a Nascente, o que se traduziu num custo de 4.889,12 euros;

    O projecto tambm no contemplou a drenagem dos muretes que circundam a pista de atletismo e a laje de cobertura do bloco de escadas E4 (sul), cujos valores totalizaram 7.209,60 euros e 4.138,50 euros, respectivamente;

  • Auditoria ao EURO 2004 30

    Tribunal de Contas

    A incompatibilidade geomtrica que

    anulou a visibilidade dos lugares dos camarotes subjacentes, levou a que se procedesse supresso dos primeiros trs degraus da bancada do 2. anel a Nascente a todo o comprimento, que se traduziu num custo de 24.641,41 euros;

    O rebaixamento de sapatas no acesso cave Poente e demolio de parte da parede moldada na zona de ligao desta com a bancada, bem assim, como a drenagem dos muretes que circundam a pista de atletismo, originaram custos nos montantes de 23.532,69 euros e 7.209,60 euros, respectivamente.

    O trabalho a mais proveniente da substituio dos painis da cobertura em policarbonato por painis metlicos Ziplock , que ascendeu a 792.990 euros, de que resultou uma maior valia de 310.230 euros, foi uma melhoria de projecto, o que no contemplado pela legislao em vigor.

    Empreitada E06/2002

    Os trabalhos a mais desta empreitada totalizaram 1.066.830,13 euros + IVA, correspondente a 10,4% do valor de adjudicao, e subdividiram-se nos seguintes tipos de trabalhos:

    Trabalhos a mais a preos acordados 3.572.244,37euros

    Trabalhos a mais a preos contratuais 1.050.093,22euros

    Trabalhos a menos 3.555.507,45 euros

    Total trabalhos a Mais 1.066.830,13 euros

    A anlise efectuada aos trabalhos a mais a preos acordados permitiu constatar algumas situaes, que seguidamente se discriminam, e que resultaram de erros e omisses de projecto e de melhorias, que no foram detectados durante a apreciao do projecto pelo dono da obra:

    9 Substituio de materiais para pavimentos, a

    um custo de 60.546,66 euros; 9 Alterao, por proposta do empreiteiro, do

    sistema de montagem de alvenaria de tijolo de vidro incolor, por ser incompatvel com as condies e solicitaes a que estaria submetido, que incorreu em 141.964,23 euros;

    9 Substituio da betonilha acabada com

    endurecedores de superfcie em quartzo, projectada para os pavimentos gerais, por micro-beto, originando um trabalho a mais de 146.708,79 euros;

    9 Impermeabilizao do pavimento dos

    balnerios, por proposta do empreiteiro, visto que no foi prevista no projecto, e que resultou num custo de 167.491,88 euros;

    9 Trabalhos que resultaram de

    incompatibilidades com a bancada existente: Demolio/construo de alvenarias, demolio/criao de vigas de fundao e substituio de portas que no respeitavam o projecto, e que totalizaram 93.956,88 euros;

    9 Introduo dos degraus intermdios de

    passagem das bancadas que se encontravam omissos das medies, no valor de 131.041,98 euros;

    9 Alterao da rea em tectos, decidida pelo

    dono da obra, para tecto falso amovvel em placas em gesso cartonado, que gerou um custo de 126.646,74 euros, e que se traduziu numa melhoria de projecto;

    9 Introduo de banheiras de hidromassagem nos

    balnerios Poente e Nascente, bem como, de novas piscinas e de um deck em madeira, que no estavam contempladas no projecto, tratando-se, tambm, de uma melhoria, que ascendeu a 143.413,21 euros;

  • Auditoria ao EURO 2004

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    Tribunal de Contas

    9 Substituio dos painis de fachada em beto

    armado por painis em GRC, beto reforado com fibra de vidro, que melhoraram o isolamento trmico-acstico, esttica final e manuteno, resultando numa maior valia de 38.520,85 euros, correspondente a uma melhoria de projecto, que no se integra na categoria de trabalhos a mais.

    Verificaram-se, ainda, as seguintes situaes, que no deveriam ter sido consideradas como trabalhos a mais: 9 Montagem e desmontagem de andaimes para

    execuo de rebocos em alvenarias, que ascendeu a 56.585,54 euros, e que deveriam estar contemplados no artigo de execuo de reboco em alvenaria, alm de constituir um trabalho preparatrio, e, como tal, estaria sempre includo no preo daquele artigo;

    9 Indemnizao pela diminuio da rea de tecto

    falso a executar, inferior contratualizada, que resultou num trabalho a mais de 28.027,36 euros, mas que no se enquadra no art. 35. - Indemnizao por reduo do valor total dos trabalhos, do Decreto-Lei n. 59/99, de 2 de Maro, uma vez que o volume total de trabalhos tem um valor largamente superior aos que foram objecto do contrato;

    9 Proteco mecnica das lajes de

    estacionamento do Topo Norte com areia do rio e manta geotxtil, por se ter dado incio empreitada de execuo da estrutura do Edifcio do Topo Norte, que foi contabilizado como trabalho a mais e totalizou 43.387,71 euros, quando poderia ter sido includo naquela empreitada, ou ento, sujeito a um concurso separado.

    No conjunto dos trabalhos a mais a preos contratuais, destacaram-se as seguintes situaes de erros e omisses do projecto: 9 O projecto de arquitectura assumiu que

    algumas caixas de escada eram integralmente em beto, no tendo por isso sido previsto o seu fecho em alvenaria. Porm, com a definio dos acabamentos das escadas nos pisos enterrados no topo Norte foi executado o seu enclausuramento, que teve um custo de 80.000 euros;

    9 No se previu o fecho das fachadas no Edifcio

    do Topo Norte, que teve de ser realizado com alvenaria, para assegurar as condies de impermeabilidade ao vento do recinto do Estdio e, portanto, a estabilidade da cobertura, o que incorreu num custo de 312.355,09 euros;

    9 Relativamente aos revestimentos de paredes e

    bares, o projecto previa revestimentos com estereotomia a definir sem apresentar pormenores. No entanto, a estereotomia indicada pelo projectista, conjugava azulejos de diferentes dimenses, o que resultou em inerentes acrscimos de custos de mo-de-obra, com um valor adicional de 50.180,55 euros;

    9 Foram, igualmente, apresentados trabalhos que

    resultaram do facto do projecto de arquitectura ter deixado por definir os acabamentos e comparticipao interior do espao onde ficava a Unidade de Gesto do Estdio e as salas de controlo e animao, o que originou um custo acrescido de 51.334,15 euros. Houve, igualmente, alteraes de carcter tcnico, nomeadamente, de instalaes na sala de imprensa e um novo layout, cujo resultado foi um trabalho a mais de 58.536 euros.

    Os trabalhos a menos registados resultaram, fundamentalmente, de substituies de materiais ou da eliminao de trabalhos que no diminuram a qualidade da obra nem comprometeram o objecto da empreitada. Empreitada E07/2002 Os trabalhos a mais da empreitada E07/2002 ascenderam a 1.117.212,28 euros + IVA, representando 12,5 % do valor de adjudicao, e constaram basicamente das seguintes situaes: 9 Melhoria do sistema de som, com o objectivo

    de dotar o Estdio de maior nvel de qualidade sonora no recinto. Este trabalho que ascendeu a 167.500,79 euros, no se pode considerar um trabalho imprevisto.

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    Tribunal de Contas

    9 O projecto inicial respeitante electricidade

    previa, inicialmente, a colocao de um Posto de Transformao EDP no piso 0 do edifcio do Topo Norte para alimentao do Estdio e do Edifcio Nerlei e, posteriormente, a criao de outra rea para o Edifcio do Topo Norte. Quando se realizou o estudo prvio do edifcio do Topo Norte, surgiu a necessidade de instalar maior potncia no PT EDP para a zona desportiva, criando-se dois PT nas extremidades opostas do Estdio, pelo que houve necessidade de adquirir e instalar mais equipamentos. Estes trabalhos rondaram os 162.000 euros e resultaram da falta de estudos e de avaliao da potncia necessria antes do lanamento do concurso.

    9 Introduo de novos equipamentos para o

    abastecimento de gua, que se consubstanciaram na aquisio de oito cisternas para gua de consumo, duas centrais hidropressoras e quatro depsitos acumuladores, que ascenderam a 190.349,51 euros, o que resultou do facto dos SMAS da CM de Leiria no terem apreciado o projecto da rede de guas, aquando do lanamento do concurso da empreitada. No h qualquer situao imprevisvel neste trabalho, que deveria antes, ter sido objecto de uma empreitada especfica.

    9 Ultrapassagem das medies do projecto em

    cabos e calhas tcnicas da instalao elctrica, cujo erro, com um desvio de 1,60% do valor de adjudicao, ascendeu a 143.207,45 euros, excedendo largamente os valores aceitveis.

    9 Erros na quantificao das condutas e tubagens

    da rede de AVAC, que originaram um custo de 216.585,97 euros, representando 2,42 % do valor de adjudicao, o que denota que as medies do projecto foram elaboradas com pouco rigor e no foram revistas.

    9 Na tubagem em ao para a rede de extino de

    incndios foram excedidas as medies do projecto, com um custo de 99.741,26 euros, correspondente a 1,12 % do valor de adjudicao, traduzindo, assim, uma situao de pouco rigor e competncia na elaborao das medies.

    3.5.1.3 APRECIAO DOS PROJECTOS

    E CONTROLO DOS TRABALHOS ADICIONAIS

    A anlise efectuada aos trabalhos adicionais destas trs empreitadas permitiu concluir que grande parte dos trabalhos a mais resultaram de erros e omisses de projecto, nalguns casos, com valores significativos. Nos trabalhos a mais, includos nas empreitadas por preo global, importante verificar se o trabalho adicional resulta de um erro ou omisso do projecto, ou se , de facto, um trabalho a mais, expressamente solicitado pelo dono da obra ao empreiteiro. Constatou-se que a actividade de controlo de custos das empreitadas se havia concentrado, quase exclusivamente, na vertente tcnica, tendo sido descurada a aprovao dos trabalhos a mais, nos termos do disposto no art. 26. do Decreto-Lei n. 59/99, de 2 de Maro. Convm ter em ateno que trabalhos que no resultem de qualquer circunstncia imprevista execuo da obra devero ser postos a concurso e, no, ser considerados como trabalhos a mais, dando cumprimento ao preceituado no art. 26. do Decreto-Lei n. 59/99, j citado. A apreciao dos projectos deveria ter sido uma actividade consistente e eficaz (que at poderia ter passado pela contratao, no exterior, de uma equipa competente, o que teria trazido benefcios acrescidos qualidade dos projectos), com eliminao de deficincias e lacunas e com coordenao entre a arquitectura e as instalaes tcnicas, o que certamente teria tido como resultado a reduo substancial dos trabalhos a mais, com a correspondente reduo de custos. Relativamente a esta questo os responsveis da Empresa referiram que quer directamente, quer atravs da Entidade responsvel pela fiscalizao do empreendimento, a Viatec, foram sempre colocadas por escrito, ao projectista, todas as dvidas e solicitaes respeitantes a Erros e Omisses do Projecto, estando assim documentados todos os aspectos referentes a trabalhos a mais que podero ter da resultado.

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    Tribunal de Contas

    A Leirisport no exclui a possibilidade de vir a responsabilizar o projectista por estas situaes, estando por isso a efectuar o levantamento de todos aqueles aspectos, a fim de os analisar e avaliar juntamente com a Viatec, para uma eventual tomada de deciso devidamente fundamentada sobre o assunto. No entanto, para aqueles responsveis, sero objecto de responsabilizao do projectista, visto que tero condies para accionar um seguro de projecto, apenas aqueles trabalhos que resultaram de correces em obra e que no teriam existido se no tivesse havido deficincias de projecto. Por outro lado, defendem ainda, que excepo dos trabalhos que no existiriam caso no houvesse erro, todos os restantes trabalhos a mais que resultaram de alteraes por deficincia do projecto tm uma correspondncia fsica na obra, ou seja, correspondem a uma real melhoria da mesma ou uma optimizao de processos construtivos, que constitui um benefcio efectivo, visvel e quantificvel. Face aos esclarecimentos disponibilizados, constata-se que a Entidade ainda no accionou qualquer mecanismo para responsabilizao do projectista, encontrando-se numa fase de avaliao das questes em anlise, uma vez que esta situao, segundo informao igualmente prestada, se tem vindo a revestir de alguma dificuldade, quer pelo elevado volume de documentao a analisar, quer ainda, pelo cuidado que exige uma apreciao deste tipo. Apesar de se concordar com o facto de que os trabalhos a mais que resultaram de alteraes por deficincia do projecto constituem uma melhoria efectiva da obra, no pode deixar de se referir que aqueles trabalhos decorreram de uma deficincia do projecto, que teve como consequncia um custo acrescido.

    3.5.2 Desvios Fsicos e Financeiros

    na construo do Estdio 3.5.2.1 DESVIOS FSICOS No Contrato-Programa de Desenvolvimento Desportivo celebrado a 5 de Junho de 2000, a Cmara Municipal de Leiria comprometeu-se a concluir integralmente a obra de reconstruo/remodelao do Estdio at ao ltimo dia til do ms de Julho de 2003. Porm, este prazo no veio a ser cumprido, sabendo-se que em Fevereiro de 2004, das 12 empreitadas que constituem o Projecto Global, apenas 6 se encontravam concludas. Os principais atrasos dizem respeito s acessibilidades, o que dever ser acautelado, visto que, o Contrato-Programa celebrado entre a CML e o IEP, prev o pagamento das facturas que sejam apresentadas apenas, at 31/08/2004. A partir dessa data, no haver lugar a qualquer pagamento, ainda que no tenha sido esgotado o montante mximo da contribuio daquele Instituto. 3.5.2.2 DESVIOS FINANCEIROS

    FACE AOS VALORES DE ADJUDICAO DAS EMPREITADAS

    De acordo com os elementos facultados pela Leirisport, at ao primeiro trimestre de 2004, o valor de adjudicao das diferentes empreitadas de construo/remodelao do Estdio, estacionamentos e acessibilidades, foi estimado em 55.618.671 euros, enquanto o valor dos contratos adicionais totalizou 9.149.936 euros. Estes encargos adicionais com as empreitadas, que representam um desvio de cerca de 17 % dos valores de adjudicao, dizem apenas respeito a Trabalhos a Mais, uma vez que no foram referidos quaisquer encargos com indemnizaes ou juros de mora.

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    Tribunal de Contas

    No grfico que se segue evidencia-se o valor dos trabalhos a mais, face ao total dos valores de adjudicao das diversas empreitadas do Projecto:

    Empreitadas

    83%

    17%

    Valor de Adjudicao Trabalhos a Mais

    3.6 Procedimentos e Mecanismos de Gesto, monitorizao e controlo das Empreitadas

    3.6.1 Modelo Organizacional

    e Recursos Afectos O processo de reconstruo e ampliao do Estdio Municipal Dr. Magalhes Pessoa, com vista realizao de alguns dos jogos do Campeonato Europeu de Futebol de 2004, foi iniciado pela CML, tendo passado, a partir da constituio da Leirisport, em Abril de 2001, a ser da competncia desta entidade. Para o efeito, foi deliberado, por unanimidade, em sesso da CML, datada de 20 de Junho de 2001, que, a partir daquela data, a empresa municipal assumisse todos os actos e contratos referentes quelas obras, incluindo os contratos entretanto iniciados pela autarquia. Para a execuo das funes que lhe foram atribudas, nomeada