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UniSALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Psicologia Jéssica Stefani Lima Miriam Vieira VISÃO DE CUIDADORES PROFISSIONAIS SOBRE O ENVELHECIMENTO EM INSTITUIÇÃO PARTICULAR DE ATENDIMENTO A IDOSOS LINS SP 2017

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UniSALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Psicologia

Jéssica Stefani Lima

Miriam Vieira

VISÃO DE CUIDADORES PROFISSIONAIS SOBRE

O ENVELHECIMENTO EM INSTITUIÇÃO

PARTICULAR DE ATENDIMENTO A IDOSOS

LINS – SP

2017

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JÉSSICA STEFANI LIMA

MIRIAM VIEIRA

VISÃO DE CUIDADORES PROFISSIONAIS SOBRE O ENVELHECIMENTO

EM INSTITUIÇÃO PARTICULAR DE ATENDIMENTO A IDOSOS

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado a banca examinadora do

Centro universitário católico salesiano

auxilium, curso de psicologia, sob a

orientação da Profª. Ma. Gislaine Lima

Silva e orientação técnica da Profª. Ma.

Jovira Maria Sarraceni.

LINS – SP

2017

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Lima, Jessica Stefani; Vieira, Miriam. Visão de cuidadores sobre o envelhecimento em instituição particular de atendimento a idosos / Jessica Stefani Lima; Miriam Vieira. -- -- Lins, 2017.

54p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UniSALESIANO, Lins-SP, para graduação em Psicologia, 2017.

Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Gislaine Lima da Silva

1. Envelhecimento. 2. Cuidador. 3. Idosos. I Título.

CDU 159.9

L698v

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JÉSSICA STEFANI LIMA

MIRIAM VIEIRA

VISÃO DE CUIDADORES PROFISSIONIAS SOBRE O ENVELHECIMENTO

EM INSTITUIÇÃO PARTICULAR DE ATENDIMENTO Á IDOSOS

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de Psicólogo.

Aprovado em: _____/_____/_____

Banca Examinadora:

Prof.(a) Orientador(a): Gislaine Lima da Silva

Titulação: Mestre em Psicologia do Desenvolvimento e aprendizagem. Unesp.

Bauru.

Assinatura:________________________

1º Prof. (a):______________________________________________________

Titulação:_______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura:______________________________

2º Prof. (a):______________________________________________________

Titulação:_______________________________________________________

_____________________________________________

Assinatura:_______________________________

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“O cuidado assim como a vida, é a arte do encontro embora haja

tanto desencontro pela vida. ”

Vinicius de Moraes

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Dedico este trabalho, a Deus primeiramente, a minha Mãe Aparecida,

meu Pai Joaquim Vieira, “in memória”, que tanto me amou e me ensinou, a

minha irmã Jany e meu esposo João Vitor, que sempre me apoiaram em todos

os momentos da minha escolha, em cursar psicologia. Nas horas difíceis em

que eu pensei em desistir, minha mãe sempre estava lá me incentivando e me

lembrando de que um dia toda esta dificuldade acabaria e o tão esperado

diploma chegaria, através de todo meu esforço.

A minha amiga e companheira Jéssica, que tive a honra de conhecer na

faculdade e levarei esta amizade para a vida toda, pois, somente nos duas

sabemos o que passamos nesta trajetória e quantos momentos fomos tanto

felizes como tristes.

Por fim aos meus colegas e professores, que estiveram presentes

nestes cinco anos de faculdade, ao Rafael dos Santos que se mostrou um

grande amigo, conversas, risadas, muito obrigada!

Miriam Vieira

Agradeço ao senhor Deus, por ter me dado forças para chegar até aqui,

por ter realizado ao sonho do meu coração e por essa benção tão preciosa.

Agradeço aos meus familiares que torceu por mim, durante este período

da faculdade e em especial minha mãe Fátima Conceição Lima, “in memória”,

por ter me dado a vida, pelo seu amor e educação que me concedeu, pois devo

a senhora tudo que sou.

Agradeço a minha sobrinha Débora Fernanda pelo apoio e compreensão

e paciência que me dedicou nos últimos anos. A minha amiga e irmã Miriam

Vieira, pela amizade que levarei para o resto da vida, pelas angústias e risadas

divididas nestes cinco anos. As colegas de sala pelos momentos inesquecíveis

e vividos. Muito obrigado a todos!

Jéssica Stefani Lima

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao nosso senhor Deus que nos abençoou, nós dando

sabedoria e discernimento, para que possamos chegar até aqui, a um passo do

tão sonhado diploma.

À nossa orientadora, professora Gislaine,obrigada pelas orientações e

pela disponibilidade conosco.

À Clínica Geriátrica, obrigada pela oportunidade de conhecer os idosos

e alguns cuidadores, a enfermeira chefe, que se mostrou muito atenciosa e

disponível ao que nós precisássemos.

Aos nossos amigos de sala, durante estes cinco anos, tivemos a

oportunidade de conhecer pessoas maravilhosas, que sem duvidas vamos

levar conosco pra vida toda, foram momentos de muitas risadas, conversas e

até mesmo tristezas, pois juntos conseguimos chegar a nossos objetivos,

estando a um passo de finalizar o curso de Psicologia.

À professora Jovira, pelo cuidado conosco para que tudo saísse perfeito,

nos ensinamentos sempre uma palavra amiga, nós acalmando quando algo

não saísse como gostaríamos, pelas risadas.

À professora Elizete Germano, não temos nem palavras para agradece-

la pelo tanto que nos ajudou uma pessoa incrível, com uma calma que até

transmitia para nós, uma pessoa que tem um coração enorme sempre se

dispondo mesmo com tantos compromissos a ajudarmos, pois aprendemos

muito com ela.

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RESUMO

Este estudo apresenta a visão de cuidadores sobre o envelhecimento em instituição particular de atendimento a idosos. O objetivo é avaliar a visão dos cuidadores sobre o envelhecimento. O interesse pelo tema surgiu a partir de um trabalho voluntario realizado numa instituição de atendimento a idosos. Percebeu-se esta modalidade de trabalho como uma oportunidade de aprendizado visto que foi palco de um grande aprendizado para nós A pesquisa de campo foi realizada na Clínica Geriátrica, situada no município de Lins, São Paulo, no mês de outubro de 2017. Trata-se de uma pesquisa descritiva, com caráter exploratório e analise qualitativa, tendo como método a ida a campo. Utilizou-se um questionário estruturado. Participou-se da pesquisa 4 cuidadores e 1 técnico de enfermagem, e todos eles assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Dentre os relatos encontrados percebeu-se que os cuidadores em sua maioria não possuem formação específica e que esta pendência acaba por limitar sua visão do âmbito do cuidado que prestam, visto que não foram relatados pelos participantes nenhuma dificuldade o que nos leva a entender que não apresentam consciência plena das implicações do atendimento que prestam e que pode-se melhorar o atendimento com o adequado preparo que não se limita apenas ao que é dispensado ao idoso mas, também ao próprio cuidador que deve estar consciente da importância do seu exercício profissional. Entende-se que a psicologia, no que tange a sua participação social e contribuição singular as dimensões diversas que tem em seu âmbito o trabalho, ou melhor, o cuidado com tudo que é humano não pode privar-se de procurar contribuir tanto com usuários como também os próprios atores no ofício do cuidado e assim contribuir para uma sociedade mais preocupada com o aspecto humano em seus diversos desdobramentos.

Palavras-chave: Cuidadores profissionais. Envelhecimento. Idosos.

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ABSTRACT

This study shows the view of caregivers about aging in a private care institution for the elderly. The goal is to assess the caregivers' view of aging because it is a period of many physical, psychological, and social changes that bring with them many limitations, fragility, and dependence that need greater care. Due to the increase into the elderly population in our country, the demand for more caregivers has increased even more, since many families can not afford adequate care due to lack of availability of time, financial and emotional conditions, thus making use of long-term care facilities. But the care provided by caregivers of the institution is not always enough for the lack of specialization, which ends up hampering the quality care that must be provided to those elderly who deserve to go through this complex phase with more dignity and satisfaction for life. The field research was carried out at the Geriatric Clinic, located in Lins city , São Paulo, in October 2017. It is a descriptive research, with exploratory character and qualitative analysis, having as a method the going to field. An interview with questionnaire was used. Participants were 5 caregivers, and all of them signed the informed consent form. Among the reports found that caregivers mostly do not have specific training and that this pending ends up limiting their view of the scope of care they provide, since the participants were not reported any difficulty what makes us understand that are fully aware of the implications of the care they provide and can improve care with the appropriate preparation that is not limited only to what is given to the elderly but also to the caregiver himself who must be aware of the importance of his professional practice.

Keywords: Caregivers professionals. Aging. Elderly.

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Questionário Realizado Com Cuidadores De Idoso ........................ 35

Tabela 2 - Caracterização Dos Entrevistados ................................................... 36

Tabela 3 - Caracterização Dos Participantes Da Pesquisa .............................. 37

Tabela 4 - Principais Dificuldades No Trabalho ................................................ 37

Tabela 5 - Estratégias De Minimização Dos Efeitos De Estresse No Trabalho 38

Tabela 6 - Número De Idosos Na Instituição ................................................... 38

Tabela 7 - Diagnósticos Dos Idosos ................................................................. 39

Tabela 8 - O Psicológico Dos Cuidadores Com A Morte De Um Idoso ............ 39

Tabela 9 - Se Trabalha Em Outra Instituição .................................................... 40

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 12

CAPÍTULO I ENVELHECIMENTO: ASPECTOS FÍSICOS, PSICOLÓGICOS E

SOCIAIS ........................................................................................................... 15

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 15

1.1Aspectos físicos e cognitivos ....................................................................... 15

1.2 Aspectos psicológicos ................................................................................. 17

1.3 Aspectos sociais ......................................................................................... 18

CAPÍTULO II -O ATO DE CUIDAR NO ÂMBITO FAMILIAR E

INSTITUCIONAL .............................................................................................. 21

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 21

1.1 A Importância do lar .................................................................................... 21

1.2 Aspectos positivos no cuidado ....................... Erro! Indicador não definido.

1.3 Desafios no cuidado familiar com o idoso ................................................... 24

1.4 O Âmbito institucional ................................................................................. 26

1.5 O envelhecimento: uma questão de destaque ............................................ 27

1.6 Considerações acerca dos cuidados com a terceira idade ......................... 28

CAPÍTULO III - METODOLOGIA ..................................................................... 31

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 31

1.1 Caracterização da população do estudo ..................................................... 32

1.2 Objetivo primário ......................................................................................... 32

1.3 Objetivos secundários ................................................................................. 32

1.4 Critérios de inclusão ................................................................................... 32

1.5 Critérios de exclusão .................................................................................. 33

1.6 Coleta de dados .......................................................................................... 33

1.7 Antecedentes científicos e dados que justifiquem a pesquisa .................... 33

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1.8 Histórico da instituição ................................................................................ 34

2 O Roteiro de pesquisa ................................................................................ 35

3 Análise e discussão dos dados ...................................................................... 36

4 Considerações finais ...................................................................................... 40

PLANO DE INTERVENÇÃO ............................................................................ 42

CONCLUSÃO ................................................................................................... 43

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 44

APÊNDICES ..................................................................................................... 50

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INTRODUÇÃO

A sociedade contemporânea nunca se preocupou tanto com a terceira

idade quanto nos dias atuais. Isto torna-se justificável pelo fato de que nunca

houve uma população tão expressiva de idosos também. Foi por meio de um

trabalho voluntário numa instituição particular de atendimento a idosos que se

despertou o interesse em aprofundar os estudos sobre envelhecimento,

considerando a visão dos cuidadores. Apesar de vários avanços fica patente a

necessidade de adequar técnicas e procedimentos em conjunto com a

infraestrutura para oferecer melhores condições de existência para o idoso.

Uma das tarefas que se destacam para este público é a que se refere ao

cuidado. Foi devido à necessidade do cuidado que surge a figura do cuidador,

onde já se encontra até mesmo cursos que buscam oferecer treinamento e

preparo para este profissional. Entretanto há instituições que acolhem o

profissional sem preparo e acaba por formá-lo no dia a dia, muitas vezes sendo

orientado por quem já exerce essa função. Importante então torna-se conhecer

quem é esse profissional, quais suas perspectivas e pensamentos que forma

no exercício de sua função a respeito do idoso, tendo em vista que seus

paradigmas vão nortear a qualidade e o exercício de sua tarefa. Foi pensando

neste profissional, que buscamos compreender como eles percebem o idoso a

quem atendem e como refletem a respeito da função que exercem.

Pergunta-problema: Como é a visão sobre o envelhecimento de

cuidadores de idosos atuantes em instituição particular de atendimento a

idosos?

Hipótese: O profissional cuidador tem uma percepção ou visão

depreciativa quanto ao envelhecimento em instituição particular por associá-lo

a ausência de amor e de suporte familiar, sendo a institucionalização uma

alternativa frente à impossibilidade do idoso permanecer junto a sua família,

seja por motivos sociais ou financeiros.

A partir dessa premissa na qual entende-se que os idosos são vistos de

maneira depreciativa pelo cuidador, já que culturalmente o idoso tem uma

percepção social historicamente marcada por suas limitações, realizou-se uma

pesquisa de campo qualitativa com questionário de entrevista estruturada de

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caráter descritivo, que foi aplicado em uma clínica de longa permanência

particular e, a partir das respostas encontradas, tecemos algumas reflexões.

Orientados pela abordagem cognitiva-comportamental, abordou-se no

primeiro capitulo os aspectos físicos que atingem sistemas específicos do

corpo como a audição que fica comprometida para sons mais altos e na

capacidade para discriminar palavras com maior dificuldade para ouvir em

condições de ruído. No sono dos idosos ocorre uma diminuição do sono REM,

o que os faz acordar mais cedo e com mais frequência durante a noite, no

gosto e no olfato que após os 65 anos de idade também ficam prejudicados

devido ao envelhecimento. Há um aumento da incapacitação física: artrite,

hipertensão e doenças cardíacas e devido às mudanças físicas ocorre uma

desaceleração generalizada em todas as reações.

Nos aspectos psicológicos o período de envelhecimento também traz

consequências ruins, que afetam a autoestima do idoso provocando

desmotivação, ausência de perspectivas de futuro, dificuldades em se adaptar

a novas mudanças e para desempenhar seus papéis sociais. Nos aspectos

sociais abordou-se a naturalidade com que o idoso se sente desvalorizado e

carente pela falta de amor no ambiente em que vive e de compreensão por

parte dos familiares em relação ao envelhecimento que o leva ao isolamento

social. Todos esses aspectos necessitam de muita atenção, estão interligados

e são decorrentes do envelhecimento.

Buscando compreender melhor essa faixa etária no segundo capítulo

abordou-se o ato de cuidar, na instituição particular ou quando ela é realizada

por uma pessoa próxima, geralmente um familiar e as dificuldades que o

cuidado nesta faixa etária tão delicada exige e a importância da capacitação do

cuidador para que seja realizado um cuidado de qualidade. Por fim no terceiro

capítulo apresentou-se as respostas obtidas dos próprios cuidadores em

formas de tabelas e para a coleta de dados foi utilizado um questionário de

perguntas estruturadas, de caráter descritivo, contendo dez perguntas de fácil

entendimento com aspectos relacionados ao dia a dia dos cuidadores,

procurando tecer algumas ideias a respeito dos mesmos.

Considerando as dificuldades e as necessidades de formação

adequada, entendemos que se faz necessário um olhar pormenorizado neste

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profissional que tem diante de si uma tarefa desafiadora na qual tem nas mãos

momentos críticos da vida de uma pessoa muitas vezes limitada no âmbito

físico, social e psíquico e merece ser cuidada de maneira digna e respeitosa.

Este profissional cuidador precisa estar ciente da responsabilidade que assume

no momento no qual opta por exercer esta tarefa e a sociedade também deve

oferecer ao profissional, não apenas desta área entendemos, condições

técnicas, estruturais e econômicas, que certamente contribuirão para melhorias

na tarefa do cuidado.

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CAPÍTULO I

ENVELHECIMENTO: ASPECTOS FÍSICOS, PSICOLÓGICOS E SOCIAIS

1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo o foco está direcionado ao envelhecimento e seus

reflexos na vida do ser humano considerando três setores diferentes, porém

interligados. Inicialmente abordam-se os aspectos físicos e cognitivos

decorrentes do envelhecimento, seguido pelos aspectos psicológicos e seus

reflexos na vida cotidiana do idoso, finalizando com os aspectos sociais

característicos do envelhecer.

O envelhecimento é hoje um fenômeno universal tanto nos países desenvolvidos como nos em desenvolvimento. Nos idosos institucionalizados ou não, vários elementos apontam como indicadores de bem-estar e qualidade de vida na velhice, como longevidade, produtividade, relações com amigos e familiares, saúde biológica e mental, competência social, eficácia cognitiva, lazer etc. (LIMA; LIMA; RIBEIRO, 2010, p.346).

Normalmente, o indivíduo, com o passar dos anos, sofre algumas

alterações de origem fisiológica, genética, ambiental ou emocional, afetando o

seu estilo de vida (BERGER, 2003 apud SAMPAIO, 2011), sendo que nos

idosos estas transformações poderão ocorrer de forma mais severas, atingindo

seu estado funcional, o que torna necessário a presença de outra pessoa para

auxiliá-los em suas atividades.

1.1Aspectos físicos e cognitivos

De acordo com Bee (1997) ao tratar das mudanças físicas na vida é

importante mencionar a expectativa de vida ativa, ou seja, a quantidade de

anos adicionais sem uma incapacitação que possa interferir na capacidade da

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pessoa em atender as suas necessidades diárias.

As mudanças físicas atingem sistemas específicos do corpo. “Pode

ocorrer uma aceleração do declínio após os 75 ou 80 anos, embora isso não

pareça se aplicar a todos os sistemas” (BEE, 1997, p.518).

Bee explica que as mudanças físicas podem ocorrer no cérebro nos

sentidos (audição, gosto e olfato) e no sono. A partir dos 65 anos percebe-se

no desenvolvimento físico um declínio significativo na audição, na velocidade

de reação, no aumento na incidência de doenças e incapacitações. Dos 75 aos

95 anos ocorre um declínio acelerado da maioria das medidas físicas, com uma

variação individual ampla nessa faixa etária.

Com relação ao desenvolvimento cognitivo, Bee (1997) explica que, em

habilidades cristalizadas há, em geral, pouca perda, mas, ocorre um declínio

gradativo nas habilidades fluidas. Do mesmo modo que no desenvolvimento

físico, dos 70 aos 95 anos há também uma ampla variação individual no

declínio das medidas cognitivas.

Conforme Bee (1997) as mudanças no cérebro associado ao

envelhecimento incluem perda na densidade dendrítica dos neurônios

acarretando o retardo no tempo de reação das tarefas. A perda de audição, em

geral, após os 65 anos, inclui a perda de audição para sons mais altos e na

capacidade para discriminar palavras, com maior dificuldade para ouvir em

condições de ruído. Menos perda de discriminação gustativa do que olfativa.

Além disso, os idosos apresentam padrões diferenciados de sono devido a

menos sono REM, o que os faz acordar mais cedo e com mais frequência

durante a noite. Aumento da incapacitação física: artrite, hipertensão e doenças

cardíacas. Os idosos também podem ser afetados pela doença de Alzheimer,

mas, devem-se considerar os fatores de risco incluindo a história familiar de

demência, doença de Parkinson, entre outros fatores. A depressão apresenta

uma frequência maior após os 70 ou 75 anos.

Devido às mudanças físicas ocorre uma desaceleração generalizada em

todas as reações. Decréscimos nas funções cognitivas são encontrados após

os 70 anos. Além disso, adultos mais velhos parecem menos capazes de

encontrar soluções variadas, mas há muitas diferenças individuais que devem

ser consideradas para compreender a velhice (BEE, 1997).

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O processo de envelhecimento ocorre de forma diferente em cada

pessoa, e isso depende da forma como esta pessoa viveu sua vida, e isso

pode contribuir para acelerar ou retardar sua evolução. (ACSM, 2000 apud LIMA;

DELGADO, 2010).

1.2 Aspectos psicológicos

Não há uma compreensão clara do processo de mudança da

personalidade em adultos mais velhos. Enquanto Erikson sugere a integridade

do ego como a tarefa básica, Neugarten sugere a interioridade, e Cunming e

Henry sugere o descomprometimento.

O envelhecimento não traz somente as mudanças fisiológicas, mas

também as psicológicas que trazem consequências ruins, que afetam a

autoestima do idoso e necessitam de muita atenção. O idoso pode sentir-se

desmotivado, sem perspectiva do futuro, não conseguindo lidar com suas

perdas físicas, emocionais e sociais, alem de não conseguir adaptar-se a

novas mudanças, e aos papéis que é preciso. (ZIMERMAN, 2000 apud LIMA;

DELGADO, 2010.

Bee (1997) explica que, no período de 75 a 95 anos pode ocorrer uma

elevação na incidência de depressão, no entanto isto não parece ser causado

pela idade. Também enfoca a questão da importância do apoio social nesta

idade para enfrentamento de situações estressantes.

Quando o apoio social é oferecido adequadamente para os idosos, ele

atua de forma protetiva, diminuindo o risco de depressão, promovendo

satisfação, capacitando-o para o melhor enfrentamento do estresse do dia a dia

(BEE, 1997). No entanto, ele também é responsável por melhorar a habilidade

cognitiva, e o bem estar na vida dos idosos (NERI, 2005).

De acordo com Bee (1997) os fatores de previsão da satisfação de vida

em adultos mais velhos incluem os fatores demográficos e as qualidades

pessoais.

Estão incluídos nos fatores demográficos: rendimentos (classe social),

educação, sexo, estado civil e raça. Percebe-se que os idosos que possuem

rendimento maior são mais satisfeitos com suas vidas, do mesmo modo que os

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que possuem maior grau de educação. Os adultos mais velhos casados

costumam relatar maior satisfação de vida. As qualidades pessoais incluem:

personalidade, senso de controle interação social, saúde, religião e mudança

negativa de vida. Com relação à personalidade percebe-se que, adultos

extrovertidos e os que possuem baixo índice de neuroses costumam ser mais

satisfeitos com suas vidas. E quanto maior o senso de controle, maior a

satisfação de vida. Nas interações sociais os que mantem contato mais íntimo

e de apoio são mais satisfeitos. Os adultos mais velhos que percebem sua

saúde como melhor e, os que descrevem a si mesmos como mais religiosos

são mais satisfeitos. Quanto mais negativas as mudanças de vida vivenciadas

recentemente por um idoso, mais reduzida é a satisfação de vida.

Apesar de o envelhecimento impor muitos limites, é importante buscar

alternativas que levam ao envelhecimento positivo, isso fortalece a identidade

do idoso sem prejudicar tanto seu psicológico, uma vez que é uma fase

propicia a isso. (OLIVEIRA; PASIAN; JACQUEMIN, 2001).

De acordo com Raz (2000) declínios psicológicos podem estar ligados a

mudanças do sistema nervoso.

(...) alguns declínios psicológicos do envelhecimento estariam ligados há algumas mudanças do sistema nervoso ligado ao plano neuranâtomico (redução da massa cerebral), neurofisiológico (diminuição dos números e do tamanho dos neurônios e perda da eficácia dos contatos sinápticos e neuroquímica (redução da concentração de neurotransmissores, entre eles a dopamina). (apud LIMA; DELGADO, 2010, p. 84-85).

Existem vários aspectos positivos no que diz atributo psicológico do

encadeamento do envelhecimento, sendo ele entendimento, maturidade

emocional e evoluindo com tática de adequação eficaz. (LIGHT apud, LIMA;

DELGADO, 2010).

1.3 Aspectos sociais

Na opinião de Vieira (2004) é frequente o idoso sentir-se marginalizado

pela sociedade.

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A socialização é um fator de grande relevância na velhice, sendo natural

o idoso reconhecer-se como uma pessoa sem valor. Nota-se que é comum o

idoso se fechar com as pessoas conhecidas ou afastar-se delas durante a

velhice, devido à diferença de costume entre ele e as gerações atuais. (VIEIRA

apud LIMA, DELGADO, 2010).

Vono (2007) esclarece questões importantes sobre o isolamento na

velhice, entendendo-o como comum entre esta população e submetidas a

cobranças familiares e sociais que acabam por conduzi-lo ao isolamento.

(VONO apud LIMA; DELGADO, 2010).

É natural o idoso, na velhice, isolar-se das pessoas, por conta da baixa

autoestima e falta de afeto no ambiente em que ele esta inserido. A falta da

compreensão familiar com o envelhecimento contribui para as cobranças

familiares e sociais, fazendo com que o idoso isole-se. (VONO apud LIMA;

DELGADO, 2010).

Em torno dos 65 anos, de acordo com Bee (1997) ocorre uma

permanência de taxa elevada de envolvimento social; sendo o grau de

envolvimento social em geral relacionado com a satisfação de vida. Outro

aspecto percebido nesse período é a chegada da aposentadoria para os

trabalhadores. Dos 75 aos 95, com relação às relações e papéis sociais, ocorre

um declínio no desenvolvimento social para os indivíduos que apresentam

incapacitações físicas, por tornar mais problemática à mobilidade.

Os adultos com mais experiência conseguem adequar-se com maior

facilidade com danos físicos e mentais, pois a realização destes papeis sociais

estão reduzidos. ( BEE, 1997).

Com relação ao risco de doença e depressão devido à carência nas

relações humanas, os idosos que sentem necessidades de um relacionamento

mais profundo com outra pessoa por conta da carência, podem vir a ter

grandes riscos de doenças como a depressão, desencadeada pelo apego de

uma segunda pessoa, encontrando no ser humano suporte intimo e emocional.

A satisfação com a vida é prevista pelos mesmos fatores básicos, incluindo o

apoio social adequado, senso de controle, baixa incidência de mudanças de

vida inesperadas ou não-planejadas e condições financeiras adequadas, a

diferença mais importante percebida entre adultos mais jovens e adultos mais

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velhos é de que para os jovens a satisfação profissional é um dos ingredientes

mais importantes para a satisfação, enquanto que para os mais velhos a saúde

tem maior relevância. (BEE, 1997).

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CAPÍTULO II

O ATO DE CUIDAR NO ÂMBITO FAMILIAR E INSTITUCIONAL

1 INTRODUÇÃO

Algumas pesquisas têm apontado que ainda não é adequada a

qualidade do cuidado que os cuidadores de idosos prestam a este público.

Estudos como o de Sampaio (2011) apontam que a falta de preparação é um

dos aspectos de maior relevância na contribuição de um serviço pouco

adequado a quem precisa muitas vezes de cuidados especializados nos quais

a família não pode ou não assume esta tarefa.

Entretanto, o aumento da população idosa tem atraído diversos setores

da sociedade para oferecer maiores serviços e produtos especiais para esta

faixa etária. Surgem também cursos para cuidadores que procuram além de

oferecer oportunidades de trabalho, melhorar a qualidade do cuidado recebido

pelo idoso.

Historicamente, grande parte das instituições de longa permanência possui um perfil assistencialista, no qual, prestar cuidados aos idosos resume-se a oferecer abrigo e alimentação a pessoas em situação de pobreza, com problemas de saúde e sem suporte social. (SAMPAIO, 2011,p. 593).

É fato que, ainda é presente, com determinada força a ideia na qual o

idoso só precisa de alimento e abrigo nas instituições. No entanto é necessário

também pesar a qualidade de vida que não se restringe a alimentação e ao

abrigo somente. Contato com os familiares e amigos, ou mesmo uma rede de

apoio pode significar maiores sentimentos resilientes para suportar as

limitações que a idade avançada acarreta na vida do indivíduo.

1.1 A importância do lar

Muitas famílias assumem o cuidado dos idosos, mas nem todas são

capazes de oferecer os cuidados adequados, visto que não é possível estar

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preparado para todas as ocorrências que a idade e a saúde humana podem

ocasionar. Os limites do corpo físico é apenas um aspecto que por si só já

causa grande influência sobre o ser humano e seu autocuidado. Os idosos, ao

longo do avanço da idade, perdem a força nos membros que sustentam o

corpo e ficam incapazes de realizar coisas simples do cotidiano como tomar

banho, preparar o alimento, realizar atividades. Basta visitarmos uma casa de

repouso para aferir as dificuldades enfrentadas, sendo, portanto, patente a

necessidade de alguém por perto do idoso, por uma boa parte do dia, senão

durante todo o dia. (PEDREIRA; OLIVEIRA, 2012).

É muito difícil para a família, nos dias atuais, ter tempo disponível para

cuidar de pessoas idosas, visto que já possuem trabalho ou mesmo outras

atividades em seu cotidiano diário. E mesmo que haja na família um membro

disponível e disposto, é certo que o cuidado exige mais do que sacrifício

pessoal, exige também alguns cuidados com o idoso. Algumas técnicas são

indicadas para manusear, se podemos assim usar o termo, o idoso que possui

debilitações e muitas vezes enfraquecimento dos ossos e demais órgãos do

corpo. Esse preparo muitas vezes não é feito por parte do familiar que cuida do

idoso, sendo preciso alguma orientação para tanto.

Para os autores Pedreira e Oliveira (2012) o tempo que o idoso precisa

de cuidado caracteriza-se como: O tempo que o idoso precisa de cuidados é

um tempo marcado por cansaço, que gera no cuidador sentimentos de

insegurança e uma sobrecarga muito grande, que pode prejudicar os

cuidadores e seus familiares.

No entanto as famílias de cuidadores de idosos conseguem lidar melhor

com a dependência do idoso, quando acontece de forma mais lenta, como

acontece na demência. No Brasil está concentrado o maior número de idosos

que possuem dificuldades para realizar atividades diárias em relação aos

outros países. Compreende-se a partir destas colocações a grande

complexidade na lida com o idoso com alto ou mesmo moderada nível de

dependência para sobreviver sob os cuidados de um familiar. E não entramos

ainda no mérito do desgaste emocional pelo zelo tão minucioso e caracterizado

sob a égide de sacrifício, já que muitas vezes o familiar abdica-se de seus

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momentos livres para dedicar-se aos cuidados do idoso. (FERRAZ DOS

ANJOS; NARRIMAN;PEREIRA,201400).

1.2 Aspectos positivos no cuidado

É digno de notar que alguns estudos (PEDREIRA E OLIVEIRA, 2012)

também apontam aspectos positivos que podem vir a ocorrer na situação onde

o cuidado do cuidador se faz necessário e este é realizado por membro

familiar. Em muitos casos a situação serve para unir a família em torno deste

desafio que se apresenta.

Quase todas as famílias referiram algum tipo de apoio e união familiar. Mesmo aqueles cuidadores que apontaram mudanças negativas, relataram possuir apoio familiar, sempre que necessário. Os cuidadores trouxeram a união familiar como algo que já estava presente na família e permaneceu após a dependência do idoso, não havendo alterações nos relacionamentos ou havendo de forma positiva. Além disso, observou-se que essa união não se relacionou ao grau de dependência do idoso em AVDs ou AIVDs, como mostra também outro estudo, mesmo que a elevada dependência demandasse maior sobrecarga para o cuidador. (PEDREIRA E OLIVEIRA, 2012, p. 732).

Eventos pré-existentes ao evento do cuidado, como a união familiar, nas

palavras de Pedreira e Oliveira (2012) são contribuintes para tais resultados

que apresentam algumas famílias que se unem ao cuidado de um membro,

demonstrando para nós a importância do cultivo das boas relações para que

mesmo os eventos estressores possam ser encarados de maneira positiva.

Vale frisar que muitas vezes o cuidado fica sob a responsabilidade de

um único membro que se vê muitas vezes sozinho com um “fardo” tão grande,

quanto é o cuidado de um idoso, principalmente daqueles que demandam uma

atenção maior. Esse cuidado dispensado ao idoso, além de ocasionar o

desgaste emocional e físico é também desencadeador de despesas financeiras

que o idoso possa necessitar como remédios ou outros medicamentos ou

recursos terapêuticos. Por isso é importante que mais de um membro da

família apoie este momento da vida do idoso e do membro familiar que se

dispôs, muitas vezes sem alternativas, dedicar-se aos cuidados que o familiar

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idoso necessita. Os autores acima apresentados também relataram em estudo

que muitos cuidadores são também idosos, como acontece no caso do

cônjuge, dispensam cuidados ao parceiro ou parceira.

Existem relatos de casos também que apresentam apoio familiar, mas

este se dá de maneira momentânea, configurando-se nos momentos de

emergência como demonstra os estudos de Pedreira e Oliveira (2012) sobre

cuidadores de idosos, apresentado na bibliografia.

Percebe-se também em muitos relatos que os cuidadores dizem receber

apoio familiar, quando na verdade assumem sozinhos os trabalhos que o

cuidado com o idoso requer. Buscam preservar as relações familiares ao invés

de reclamar ou reivindicar apoio dos outros membros da família.

Certamente, no seio familiar do idoso dependente, a maioria dos

membros familiares trabalha e não possuem tempo para colaborar com as

tarefas diárias, e isso acaba impondo naturalmente para a mulher da família e

aposentada, a tarefa de cuidar do idoso e da casa, sem dar-lhe a opção de

escolha, e isso acaba por muitas vezes gerando um desconforto familiar.

(PEDREIRA; OLIVEIRA, 2012).

A necessidade do cuidado muitas vezes se apresenta de forma inegável,

visto que coloca a vida do idoso nas mãos dos outros membros familiares e

então passa a receber cuidado familiar ou então cuidados no âmbito

institucional.

1.3 Desafios no cuidado familiar com o idoso

Vários estudos que apresentaram o fato do elemento familiar assumir o

cuidado de outro membro da família apontaram com muita clareza o fato do

despreparo como fator importante e de forte relevância na qualidade do

cuidado que o idoso dependente recebe. Outro aspecto também apresentado é

que, alguns cuidadores já realizam esta função profissionalmente e, portanto

mesmo em ambiente familiar está presente o profissional cuidador, habituado à

função de cuidar, assume o cuidado de seu familiar. Pensa-se então que neste

caso estão ou deveriam estar ausentes os acontecimentos que decorrem da

falta de experiência do cuidador familiar. Entretanto, percebe-se que mesmo

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assim a tarefa do cuidado com o idoso apresenta vicissitudes que tornam

únicos cada cuidador inerente ao idoso. (PEDREIRA; OLIVEIRA, 2012).

Não se pode eliminar o fator humano a título de exemplo, visto que

mesmo tendo um membro familiar da área da saúde, entendemos que isto por

si só não garante a qualidade do atendimento dispendido ao idoso. Bem

sabemos que o profissional da área da saúde que exercita sua função nos

cuidados com o outro, sente os desgastes inerentes a profissão e em seus

momentos de folga, que se dispõem ao cuidar de um membro familiar, o faz

sob o risco de o cansaço prejudicar-lhe o atendimento.

Não se entra no mérito da qualidade da formação dos profissionais da

saúde, que como qualquer outra área, enfrenta em nosso país a precária

formação e também não podemos nos afastar do fato de que a saúde humana

é deveras complexa para existir uma formação abrangente o suficiente a todos

os cuidados necessários a manutenção do corpo em meio a uma enorme

possibilidade de quadros clínicos possíveis. Ora, é bem verdade que até entre

médicos percebe-se a imperícia e a falta de qualidade na formação, o que dizer

dos cuidadores que possuem um diploma de curso de alguns meses de

duração onde aprendem as técnicas mais globais do cuidado.

Outro aspecto relevante quando se fala de cuidadores que assumem

muitas vezes sozinhas todas as tarefas, relativas ao cuidado estão ligadas ao

relacionamento com os outros membros familiares.

Diante do árduo processo que é cuidar de um idoso, o cuidador sente-se

sobrecarregado por causa do cuidado constante e isso acaba por gerar

conflitos com os outros familiares. O cuidador fica estressado e menos

tolerante, e acaba desabafando essa sobrecarga do seu cotidiano, com os

mesmos.

Essa sobrecarga dos cuidadores, seguindo um modelo desenvolvido

acaba contribuindo para a mesma, devido ao comportamento do idoso, a ajuda

com os AVDS e AIVDS, e os apoios recebidos. Tudo isso são fatores de

pressão para o cuidador e de sobrecarga que estão interligados. (PEDREIRA;

OLIVEIRA, 2012).

Neste aspecto aborda-se a dinâmica familiar que certamente modifica-se

quando defronta a situação do cuidado com um membro familiar. Então muitas

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vezes a sobrecarga é um gatilho que desencadeia emoções que poderiam

estar ocultas frente a relação do cuidador com os outros membros da família

que vem à tona e, muitas vezes, podem dificultar o apoio que já apresenta-se

deficiente.

Nota-se que a complexidade das relações humanas e as desavenças

entre membros da própria família muitas vezes podem expressar-se no

contexto de questões simples como um ciúme de objetos como também dos

afetos e desafetos que ao longo da vida cercaram a família que se vê em

momento tão delicado, onde se está diante do sofrimento decorrente da

situação do idoso e também por parte do cuidador que se encontra de tal forma

ligada ao idoso que não o deixa de lado mesmo que custem muitos sacrifícios.

(PEDREIRA; OLIVEIRA, 2012).

1.4 O âmbito institucional

Pensando-se nas instituições especializadas no cuidado com o idoso,

percebe-se uma preocupação com a formação dos envolvidos no tratamento

oferecido às pessoas idosas. São figuras comuns o enfermeiro ou mesmo o

cuidador, além de outros profissionais da área da saúde que se dedicam ou até

se especializam no atendimento à pessoa idosa. Nas instituições de longa

permanência para idosos, não é incomum a transferência destes para os

hospitais, conforme nos apresenta Gorzoni e Pires (2006).

As instituições de longa permanência também são conhecidas como

casa de repouso, asilo ou clinica geriátrica e não é incomum a transferência,

uma vez que os casos agudos precisam ser melhores assistidos pelos

médicos, num ambiente onde existam melhores condições de dar e coordenar

diagnósticos difíceis e de oferecer mais especialidades. (GORZONI; PIRES,

2006).

Torna-se imprescindível, dessa forma, o preparo adequado dos

profissionais que atuam nas instituições que abrigam idosos. É insuficiente o

cuidado apenas com a alimentação e higiene, visto que a saúde destes idosos

encontra-se muitas vezes debilitada pelo avanço da idade que torna o

organismo frágil às investidas das doenças. Porém os autores também

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advertem quanto aos riscos e benefícios destas transferências que ocorrem

entre casas de longa permanência e os hospitais e apontam as principais

razões que levam a esta necessidade:

Entre as causas comuns de hospitalização de asilados, destacam-se doenças cardiocirculatórias, respiratórias, neurológicas, traumas, fraturas e infecções, principalmente urinárias e broncopneumônicas. A permanência média hospitalar tende a ser maior, com maior percentual de complicações e de mortalidade entre asilados hospitalizados. (GORZONI; PIRES, 2006 ,p. 1125).

Além destas causas de internação apontadas, o autor atenta para o fato

da existência dos processos de deterioração física, funcional e psicossocial.

Um destes processos é conhecido como Delirium, que “caracteriza-se por

alterações de início agudo na atenção, cognição e consciência, curso flutuante

e exacerbação da sintomatologia durante a noite.” (GORZONI; PIRES, 2006, p.

1125) A situação assim complica-se, pois é muito delicada a saúde dos internos

idosos e Freitas e Scheicher (2010) nos faz recordar para o fato de que não é

de hoje que as instituições de longa permanência para idosos possuem um

perfil assistencialista, isto é, preocupam-se com o abrigo e a alimentação.

Ainda acrescentam para o fato de que outros fatores contribuem para a baixa

qualidade de vida presente nestas instituições, como a contratação de mão de

obra barata, não habilitada legalmente e a falta de infraestrutura adequada

para atender aos idosos.

1.5 O envelhecimento: uma questão de destaque

Hoje em dia, é fato que muitos estudos têm apontado que a questão do

envelhecimento tem alcançado uma posição de destaque na sociedade, no

qual podemos citar como exemplo o estudo de Freitas e Scheicher (2010). Não

somente pelo aumento significativo da população considerada idosa, mas

também com a preocupação acerca das condições com as quais estes idosos

têm sido tratados, e por fim, fomentado cada vez mais estudos e debates a

respeito.

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A institucionalização é uma das situações estressantes e desencadeadoras de depressão, que levam o ancião a passar por transformações de todos os tipos. Esse isolamento social o leva à perda de identidade, de liberdade, de autoestima, ao estado de solidão e muitas vezes de recusa da própria vida, o que justifica a alta prevalência de doenças mentais nos asilos. Assim sendo, acredita-se que toda essa problemática vivenciada pelo idoso, sobretudo quando institucionalizado, possa comprometer de diferentes maneiras a sua qualidade de vida, tema este que tem ocupado lugar de destaque na discussão sobre envelhecimento. (FREITAS, SCHEICHER, 2010, p. 396).

Entende-se o envelhecimento como uma fase do desenvolvimento

humano que possui grandes estigmas sociais envolvidos, mas não podemos

partir nossas reflexões tendo esta perspectiva. Bem sabemos das limitações e

é justamente por elas que nos debruçamos a buscar formas de apontar à

sociedade as dificuldades enfrentadas por estas pessoas que passaram muitas

vezes a vida trabalhando, e no momento de fragilidade, precisa receber de

volta a contribuição com a qual por anos a fio despendeu para a nação.

1.6 Considerações acerca dos cuidados com a terceira idade

Ao longo do estudo a que nos propôs-se, entrou-se em contato com

uma realidade cheia de desafios e problemas desafiadores como é o caso do

envelhecimento incapacitante que depende do cuidado de terceiros, que

podem ser membros da própria família que se disponibilizam, ou mesmo em

instituições com a finalidade de cuidar dos idosos que se encontrou-se

incapazes de sobreviver sozinhos.

Percebe-se que é uma situação que engloba não somente aspectos

financeiros, mas também emocionais, já que o membro da família que

demanda cuidado nem sempre é assistido de forma adequada ou mesmo é

deixado nas casas de “abrigo permanente” para terem cuidados que se

estendam ao período de vida do qual ainda dispõe. É um desafio aos

profissionais de saúde proporcionar qualidade de vida a estas pessoas e um

desafio ainda maior quando é um membro da família que atende a este

chamado, mesmo sem ter condições técnicas para fazê-lo. Mesmo que hoje

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ainda encontrem-se cursos que esclareçam quanto aos cuidados à pessoa

idosa, ou seja, o curso de cuidadores, percebe-se que são insuficientes para

oferecer adequado preparo para atender a demanda tão complexa quanto o é o

cuidado com uma pessoa debilitada por condições de saúde e também pelo

agravo da idade.

Profissionais e membros da família que precisam de instruções para

atender aos idosos de forma adequada precisa estar consciente do seu papel

como minimizador do sofrimento causado pela dependência e isolamento. O

idoso já está sentindo as grandes perdas no caminho que percorreu e muita

vez sente-se um peso para a família quando ainda em consciência das coisas

que ocorrem ao seu redor, já que muitos idosos institucionalizados já não se

encontram capazes de distinguir ou mesmo entender a realidade que o cerca,

visto que não são raros os casos de doenças degenerativas.

As tarefas mais simples como a alimentação e a higiene corporal são

desafios que demandam grande esforço para os cuidadores e estes sozinhos

muitas vezes sentem suas energias exauridas e quando não podem contar

com outros membros da família, encontram-se diante de sentimentos de

abandono também, além da raiva e muitos tem as relações dificultadas com os

outros membros da família que não estão colaborando, ou se dispõe apenas

em momentos difíceis, se é que podemos classificar um momento para um

idoso que demanda cuidado fora da acepção do termo dificuldade, visto que

nem mesmo alimentar-se sozinho é capaz nos casos mais severos.

Os membros familiares que cultivaram ao longo dos anos boas relações

apresentam maiores chances de se ajudarem mutuamente, já que a relação,

ou melhor, sua qualidade proporcionou que houvesse abertura para as

situações difíceis.

Sejam profissionais ou membros da família, os cuidadores devem estar

conscientes de seu papel, devem buscar aperfeiçoar-se nas técnicas de

cuidado visto que tudo que podem fazer é amenizar o sofrimento alheio e não

cabe ao profissional da saúde a negligência ao seu trabalho, sendo a questão

ética preponderante na determinação da qualidade do serviço prestado ao

idoso que está impossibilitado de realizar sozinho as atividades cotidianas mais

simples.

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Entende-se que o trabalho do cuidado é estressante e muitas vezes

exigem sacrifícios que são pesados para um membro da família assumir

sozinho e por isso somos defensores da ideia de que devemos prezar as

relações familiares que são as que de fato vão levar a minimizar os sofrimentos

inerentes à condição humana, pois é bem mais fácil lidar com problemas

quando dispomos de auxilio de um membro da família ou mesmo um amigo.

(GROSSE; SANTOS, 2016).

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CAPÍTULO III

METODOLOGIA

1 INTRODUÇÃO

A pesquisa teve como objetivo conhecer a visão sobre o envelhecimento

que cuidadores de idosos em instituição particular de atendimento possuem a

respeito da terceira idade, caracterizando o perfil sócio-demográfico dos

cuidadores, verificar a visão que possuem a respeito do envelhecimento, suas

dificuldades no trabalho e conhecer a maneira como lidam com ela.

A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis), sem manipulá-los; estuda fatos e fenômenos do mundo físico e, especialmente, do mundo humano, sem a interferência do pesquisador. A pesquisa descritiva procura, pois, descobrir, com precisão possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e sua conexão com outros, sua natureza e suas características. Busca conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na vida social, política e econômica e demais aspectos do comportamento humano, tanto do indivíduo tomado isoladamente como de grupos e comunidades mais complexas (RAMPAZZO; LINO, 2005, p.53).

Neste contexto, procurou-se, por meio de questionário estruturado,

conhecer descritivamente algumas questões relacionadas ao dia a dia dos

cuidadores, tendo como aporte teórico alguns autores de abordagem cognitiva

comportamental que embasem esta pesquisa de caráter qualitativo, tendo em

vista que partiu-se do pressuposto que a visão dos cuidadores a respeito da

terceira idade apresenta uma depreciação conforme nos aponta Sampaio

(2011)

Segundo Trentini, Chachamovich, Figueiredo, Hirakata e Fleck (2006), os cuidadores de idosos têm uma percepção deturpada em relação ao processo de envelhecimento. Os autores também ressaltam a tendência que esse profissional tem em

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enxergar de forma mais negativa a velhice do que o próprio idoso (SAMPAIO et al., 2011, p.606).

Entende-se, portanto, que apenas confrontando-se os atores do

processo de cuidado prestado ao idoso podemos chegar a uma conclusão que

confirme ou refute nossa hipótese inicial.

1.1Caracterização da população do estudo

Aceitaram participar da pesquisa 5 participantes, sendo 1 deles técnico

de enfermagem e 4 cuidadores, 2 deles possui idade entre 20 a 24 anos e 2

entre 30 a 39 anos. E somente 4 são cuidadores de idosos.

1.2 Objetivo primário

Conhecer a visão sobre o envelhecimento que cuidadores de idosos em

instituição particular de atendimento a idosos possuem sobre esse período da

vida.

1.3 Objetivos secundários

a. Caracterizar o perfil sócio-demográfico dos cuidadores;

b) Investigar a visão que possuem sobre o envelhecimento;

c) Verificar quais são as dificuldades encontradas no desenvolvimento

do trabalho;

d) Conhecer como lidam com as dificuldades encontradas no

atendimento à clientela idosa;

1.4 Critérios de inclusão

Trabalhar na instituição e estar presente no período de visita dos

pesquisadores assistentes, aceitarem participar da pesquisa e assinar o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

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1.5 Critérios de exclusão

Não ser profissional da instituição e não aceitar participar.

1.6 Coleta de dados

Utilizou-se o seguinte instrumento: Questionário de perguntas

estruturado, contendo 10 perguntas de fácil entendimento.

Pergunta-problema: Qual a visão sobre o envelhecimento de cuidadores

de idosos atuantes em instituição particular de atendimento a idosos?

Hipótese: O profissional cuidador tem uma percepção ou visão

depreciativa quanto ao envelhecimento em instituição particular por associá-lo

a ausência de amor e de suporte familiar, sendo a institucionalização uma

alternativa frente à impossibilidade do idoso permanecer junto a sua família,

seja por motivos sociais ou financeiros.

Segundo Trentini, Chachamovich, Figueiredo, Hirakata e Fleck (2006), os cuidadores de idosos têm uma percepção deturpada em relação ao processo de envelhecimento. Os autores também ressaltam a tendência que esse profissional tem em enxergar de forma mais negativa a velhice do que o próprio idoso (apud SAMPAIO et al., 2011, p.606).

1.7Antecedentes científicos e dados que justifiquem a pesquisa

Durante a formação no curso de Psicologia, foi possível participar de um

trabalho voluntário em instituição particular de atendimento aos idosos da

cidade de Lins, o que despertou interesse em aprofundar os estudos sobre

envelhecimento, considerando a visão dos cuidadores.

É grande o número de idosos no Brasil, e também os fatores que os

impedem de permanecer com seus familiares.

Diante da realidade inquestionável das transformações demográficas iniciadas no último século e que nos fazem observar uma população cada vez mais envelhecida,

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evidencia-se a importância de garantir aos idosos não só uma sobrevida maior, mas também uma boa qualidade de vida (VECCHIA et al., 2005, p. 247).

Hoje em dia, os relacionamentos familiares estão cada vez mais frágeis,

prejudicados e complexos, aumentando assim a dificuldade de cuidar do idoso

por parte de algumas famílias, sendo necessária a sua institucionalização.

“As instituições asilares desempenham as funções de guarda, proteção

e alimentação, abrigando idosos rejeitados” (CORTELLETTI; CASARA;

HERÉDIA, 2004, p.18).

1.8 Histórico da instituição

A clínica Geriátrica surgiu da iniciativa de dois empresários linenses, que

tinham por objetivo desenvolver um ambiente para cuidado com idosos,

inicialmente pequeno e com vagas limitadas, porém oferecendo um serviço de

qualidade e com a missão de aperfeiçoá-lo constantemente e tornar-se

referência no ramo.

Em fevereiro de 2014 a clínica, iniciou suas atividades ainda como casa

de repouso, oferecendo seus serviços para seis famílias. Com muito trabalho e

aperfeiçoamento hoje se evolui para novas categorias profissionais, tendo na

frente do seu trabalho uma equipe multiprofissional.

Em abril deste ano a clínica geriátrica ampliou suas atividades. de uma

clínica moderna, compacta, com uma equipe de profissionais capacitados e

com um pacote de serviços mais acessível financeiramente para as famílias.

Atualmente a clínica tem uma estrutura completa para atender os 40 idosos,

sendo um referencial para Lins e região.

A equipe de profissionais é composta por: Médico responsável técnico

com clínica geral e cirurgia geral, enfermaria, técnicos em enfermagem

cuidadores, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, educação física

especializada reabilitação de idosos, nutricionista, psicóloga, equipe

terceirizada de manutenção conforme a necessidade, cozinheira, auxiliar de

cozinha, auxiliares de limpeza, jardineiro e auxiliar de manutenção.

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Na modalidade de manutenção de atendimento tem-se: moradia

assistência ao idoso 24 horas, dividindo o plano de moradia com apartamento

individual, apartamento coletivo, mediante o cronograma de visitas, o idoso

também pode receber visitas de seus familiares autorizados pelo responsável.

A clínica disponibiliza de “hotel”, uma assistência temporária ao idoso,

sendo uma opção para familiar que precisa instalar o idoso por um curto

período.

Na rotina de atendimentos os idosos têm uma frequência diariamente

como: cuidados de higiene pessoal e higiene intima, checagem de sinais vitais,

temperatura, glicemia, batimentos cardíacos, apoio ao idoso para suas rotinas

diárias e para aqueles idosos que têm dificuldade de locomoção, coleta de

exames laboratoriais, atendimentos emergencial, os idosos também participam

de atividades na horta, passeios alternativos, atividades religiosas, jogos de

raciocínio e estimulo, hidroginástica e organização de festas de aniversário de

cada idoso.

A estrutura física da clínica possui: sala ampla de TV, área verde com

varandas para as atividades, refeitório, cozinha industrial, lavanderia industrial,

consultório médico, piscina aquecida, horta, praça particular com pistas de

caminhada, jardins e todo ambiente monitorado por câmera.

2 O ROTEIRO DE PESQUISA

Nesta pesquisa utilizou-se o roteiro de entrevista abaixo descrito:

Tabela 1: Questionário realizado com cuidadores de idosos

Perguntas constantes no questionário

1- Tempo que trabalha com idosos

2- Tempo na instituição atual

3- Horas de trabalho diárias na instituição

4- Que tipo de trabalho realiza na instituição atual?

5- Quais as dificuldades que enfrenta no trabalho que desenvolve?

6- Que estratégias utilizam para minimizar os efeitos causados pelo trabalho?

7- No momento quantos pacientes estão na instituição?

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8- Qual diagnóstico dos pacientes na instituição?

9- Qual impacto psicológico ocorre com você diante do falecimento de um idoso?

10- Trabalha em outra instituição? (_) não (_) sim. Em caso afirmativo, responda:

a) Trabalha com idosos?

b) Há quanto tempo trabalha nesta outra instituição?

FONTE: Elaborada pelas autoras, 2017.

Procurou-se com as questões apresentadas na tabela acima abordar

aspectos relacionados ao dia a dia dos cuidadores (FREITAS, 2017),

abrangendo desde questões como horário de trabalho quanto às dificuldades e

percepções que os cuidadores possuem.

3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

A tabela 2 descreve a caracterização dos entrevistados avaliados nesta

pesquisa. Iniciou-se primeiramente com um contato pessoal na Clínica

Geriátrica, foi na instituição da cidade de Lins que permitiu que fosse realizada

a pesquisa. Cabe ressaltar que dos dez funcionários da instituição, apenas

cinco aceitaram participar da pesquisa.

Tabela 2: Caracterização dos entrevistados

Nome Idade Tempo de trabalho

na Instituição

Escolaridade Tempo de trabalho

com idosos

A 21 3 Meses Téc.Enfermagem 4 Meses

B 39 2 Anos Ensino Médio 6 anos

C 24 3 Anos Ensino Médio 3 anos

D 33 7 Meses Ensino Médio 9 meses

E Não

respondeu

1 Semana Não respondeu 1 Semana

FONTE: Elaborada pelas autoras, 2017.

Percebe-se a grande diferença de tempo de experiência apresentada

pelos cuidadores e destaca-se também que apenas 1 possui o curso de

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Técnico em enfermagem, corroborando a fala de autores como Gorzoni e Pires

(2006) que tratam desta temática de forma singular, atentando para o fato de

que a formação é aspecto que impacta diretamente na qualidade do

atendimento prestado ao idoso.

Tabela 3: Caracterização dos participantes da pesquisa

Identificação Horário de trabalho

Atividade / Função

A 07:00 às 17:00 Cuidador de Idosos B 08:00 às 19:00 Cuidador de Idosos C 11 horas diárias Cuidador de Idosos D 07:00 às 18:00 Cuidador de Idosos E 08:00 às 18:00 Cuidador de Idosos

FONTE: Elaborada pelas autoras, 2017.

Percebe-se, com a tabela 3 que a jornada de trabalho dos cuidadores

que aceitaram participar da pesquisa está concentrada e um dos participantes

chegou a relatar que trabalha 11 horas diárias, no entanto sem especificar

intervalos ou tempo para descanso. É relevante para a instituição que trabalha

com idosos, planejar a jornada de trabalho bem como revezamentos que

contemplem adequado descanso para que os profissionais possam refazer as

forças e assim prestar com mais disposição o atendimento adequado aos

idosos.

Uma sobrecarga de trabalho pode trazer consequências físicas e

mentais para o cuidador, prejudicando assim o autocuidado com o idoso.

(TERRA et al., 2015).

Tabela 4: Principais dificuldades no trabalho

Identificação Dificuldades enfrentadas no trabalho

A Nenhuma B Nenhuma, todas as atividades desenvolvidas com sucesso C Pressão Psicológica e estresse D Nenhuma dificuldade, todas as tarefas realizadas com sucesso E Nenhuma, todas as atividades realizadas com sucesso

FONTE: Elaborada pelas autoras, 2017.

.

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Abordou-se a respeito das dificuldades de trabalho, é possível perceber

que apenas 1 entrevistado relatou dificuldades, o que nos leva a entender que

a questão foi recebida de forma invasiva, visto que mesmo o cuidador com

menor tempo de experiência não apresentou na resposta escrita ter

dificuldades, resposta na qual nos faz levantar várias indagações (ARAÚJO,

2013) que poderão ser elucidadas por pesquisas futuras.

Tabela 5: Estratégias de minimização dos efeitos do estresse no trabalho

Identificação Que estratégia utiliza para minimizar os efeitos causados pelo trabalho?

A Paciência B Aproveitar todos os momentos de descanso C Entender a doença do paciente, ter paciência e lazer D Aproveitar o máximo do momento de descanso E Aproveitar tempo de descanso ao máximo

FONTE: Elaborada pelas autoras, 2017.

Procurou-se também conhecer as estratégias de refazimento dos

cuidadores, visto que é de fundamental importância o bem estar do profissional

do cuidado (MIRANDA; BANHATO, 2008), pois não pode realizar bem a tarefa

de cuidar do outro sem ter também a visibilidade do próprio bem estar como

um aspecto relevante do trabalho como um todo.

É de extrema importância que o cuidador cuide de sua saúde, e busque

alternativas que contribua para a manutenção da mesma, para que seu

trabalho seja desempenhado adequadamente, (TERRA et al., 2015).

Tabela 6: Números de idosos na instituição

Identificação No momento, quantos pacientes estão na instituição?

A 16 B 50 C 41 D 50 E 50

FONTE: Elaborada pelas autoras, 2017.

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Questionou-se quanto ao número de pacientes na instituição e

percebeu-se certa discrepância nas respostas apresentadas onde o

participante da pesquisa A relata 16, o participante C 41 pacientes e os

participantes seguintes B, D e E relataram 50 pacientes na instituição.

Tabela 7: Diagnósticos dos idosos

Identificação Qual o diagnóstico dos pacientes na instituição

A Alzheimer B Diabetes, hipertensão, Alzheimer. C Alzheimer e Depressão. D Alzheimer, Hipertensão, Diabéticos, Acamados, Artrose E Pressão alta e Alzheimer

FONTE: Elaborada pelas autoras, 2017.

. Quanto às enfermidades presentes, foram relatadas Alzheimer,

diabetes, hipertensão, depressão e artrose. As doenças crônicas fazem parte

do envelhecimento, existindo modificações morfológicas, funcionais e

bioquímicas, provocando mudanças no processo do organismo (TERRA,

2017).

Tabela 8: O impacto psicológico dos cuidadores com a morte dos idosos.

Identificação Qual o impacto psicológico ocorre com você diante do falecimento de um idoso?

A Nenhum B Tristeza e choque da perda de uma pessoa querida C Tristeza, mas acaba virando um processo normal da nossa

rotina. D Impacto de tristeza como sentimento de alguém que vai fazer

falta.

E Tristeza e choque pela perda.

FONTE: Elaborada pelas autoras, 2017.

.

Questionou-se também quanto ao impacto psicológico e apenas um

participante da pesquisa relata que não sente impacto algum e os quatro

demais participantes relataram o sentimento de tristeza como elemento

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presente nas situações de luto pela perda do interno. Um dos relatos também

apontou que tal fato, a perda de um interno ser um elemento presente na rotina

de trabalho que empreende. É indispensável o cuidador saber que estas

doenças crônicas citadas na tabela acima, principalmente a doença de

Alzheimer, em alguns casos agravam rapidamente. Alguns cuidadores sentem

angústia em ver o idoso no seu leito apático, sendo importante o cuidador

buscar técnicas de enfrentamento, para lidar com estas questões, para que não

interfira na sua saúde, (TERRA, 2017).

Tabela 9: Se trabalha em outra instituição.

Identificação Trabalha em outra instituição sim ou não e a quanto tempo trabalha na outra ?

A Não. B Não. C Não. D Sim. 16 anos. E Não.

FONTE: Elaborada pelas autoras, 2017..

Entre os participantes pesquisados apenas um relata trabalhar em outra

instituição e os demais relatam apenas trabalhar na instituição na qual se

realizou esta pesquisa.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao decorrer da pesquisa percebeu-se que entre os cuidadores

participantes, muitos não possuíam adequada formação e não apresentaram

respostas que atentassem compreender a complexidade que o cuidado com o

idoso requer, visto que a dependência se expressa desde a alimentação até a

higiene pessoal. Embora exista um técnico em enfermagem, percebeu-se

também uma diferença expressiva no tempo de permanência de trabalho na

instituição, revelando uma possível alta rotatividade de trabalhadores. Fato este

oriundo de uma rotina estressante de trabalho ou mesmo uma remuneração

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pouco atraente que poderia ser estudada em posteriores estudos.

Os cuidadores de idosos realizam um trabalho fundamental no cuidado e

na manutenção da vida dos moradores de instituições de longa permanência

mas também precisam estar atentos ao stress que o trabalho acarreta, sendo

necessário tomar medidas que lhes seja possível renovar as energias,

buscando também qualidade de vida para não levarem ao trabalho os

problemas acarretados pelas jornadas longas ou mesmo a necessidade de

manter dois empregos devido a remuneração não ser atrativa, provocando a

necessidade de busca de renda complementar.

A teoria cognitvo-comportamental nos atenta para o fato de que os

pensamentos geram sentimentos e, portanto é fundamental conhecer a

respeito das cognições que os cuidadores possuem sobre os indivíduos que

cuidam, visto que necessitam não apenas de cuidados de higiene e com a

alimentação mas também precisam ocupar-se de atividades e outras práticas

como exercícios para garantirem o mínimo de qualidade de vida nesta fase tão

delicada como é a terceira idade, cheia de desafios e limitações que acabam

por gerar maiores empecilhos para a qualidade de vida ser efetiva nas

instituições de longa permanência. Conforme Miranda e Banhato nos sugere

para a qualidade de vida é preciso “aceitar mudanças, prevenir doenças,

estabelecer relações sociais e familiares positivas e consistentes, manter um

senso de humor elevado, ter autonomia e um efetivo suporte social”.

(MIRANDA; BANHATO, 2008, p. 73)

Percebe-se fundamental que estejamos atentos às práticas que se

realizam dentro das instituições por parte dos cuidadores e que também as

instituições ofereçam condições adequadas não apenas para os idosos, mas

também para estes profissionais que também demandam por respeito, lazer,

ao rendimento condizente com a manutenção de suas vidas e famílias já que

nenhuma profissão pode ofertar qualidade de vida se não levar em

consideração o elemento humano, que tanto a exerce quanto a recebe do

outro, a quem lhe presta serviço, os cuidados que vão ser importantes para a

manutenção da vida e muitas vezes serão, no caso dos idosos, seus últimos

momentos vividos.

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PLANO DE INTERVENÇÃO

Diante das explorações realizadas ao longo da pesquisa, na qual

estivemos em contato com o tema do cuidado na perspectiva dos cuidadores

de idosos assim como o fruto das pesquisas de artigos e livros que versam

sobre o tema e afim propõe algumas medidas que podem favorecer alguns

aspectos da realidade encontrada.

Se por um lado percebemos a falta de qualificação técnica como

elemento presente e por outro vemos certo aparecimento de cursos que

aproveitam esse nicho, entendemos que é importante as instituições de

acolhimento permanente apoiarem a qualificação de seus cuidadores, tendo

em vista que o salário não apresentar uma quantia que permita esta face se

desdobrar em uma sociedade desigual como a nossa e também percebe-se

que o profissional também deve e pode buscar meios para profissionalizar-se,

mas para isso não basta que ele vislumbre a tarefa do cuidado como mero

trabalho mas sim uma forma de contribuir com a sociedade, que por sua vez

também pode melhorar a atenção não somente a formação mas oferecer

melhores oportunidades que não se limitem ao âmbito técnico mas também

oferecer ao cuidador reflexões a respeito do próprio refazimento de suas

forças, vistas pelo lado físico e psicológico. Neste item a psicologia pode

desempenhar o papel que torne o profissional da saúde em suas diversas

dimensões, mais consciente do cuidado consigo ser essencial para o cuidado

com o outro.

Espera-se que com este trabalho possa-se contribuir para despertar

novos interesses pela área do cuidado na terceira idade e também seja

estímulo para uma preocupação dos próprios profissionais consigo mesmos na

medida em que são fundamentais na manutenção da saúde de muitas

pessoas.

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CONCLUSÃO

A pesquisa com cuidadores, profissionais da área da saúde nos

oportunizou refletir a respeito da importância do próprio cuidado quando

lidamos com a saúde e a qualidade de vida do ser humano. Percebeu-se que

as diversas contribuições que a psicologia pode oferecer no quesito da

conscientização da importância do trabalho na saúde e o quanto impacta a

própria saúde daquele que cuida, visto que existe reflexo desta para a saúde

daquele de quem se cuida.

O cuidado como um todo nos oportunizou compreender melhor o quanto

estamos ligados, seja pela dependência uns dos outros, não apenas na fase

final da vida humana, mas também desde o nosso nascimento estamos sendo

cuidados ou cuidamos de alguém. E cada um de nós apresenta uma

dificuldade, cada um de nós está em uma fase distinta e com características

singulares, o que torna a nosso ver, ser fascinante tudo que se relaciona ao

humano.

Podemos ter a experiência de uma vida inteira ao trabalho e ainda

encontraremos algo a aprender com o outro que nos cerca a existência. No que

se refere ao cuidador, estamos cientes dos grandes desafios que a limitação

física e psíquica causa nas pessoas e do quanto precisamos de profissionais

capacitados e envolvidos no constante aperfeiçoamento que o aspecto do

cuidado exige dos profissionais da saúde como um todo e não apenas dos

cuidadores.

Esperamos que esta pesquisa possa estimular e motivar novas

pesquisas nesta fascinante experiência que é o cuidado com o outro. Temática

que a psicologia muito tem a contribuir e muito mais a aprender a cada dia.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A- Roteiro de entrevistas

Questionário I – Perfil sócio-demográfico dos participantes: Idade: Estado civil: Nº de filhos: Escolaridade: Formação acadêmica: II – Perguntas específicas: 1 - Tempo que trabalha com idosos: 2 - Tempo na instituição atual: 3 - Horas diárias de trabalho na instituição atual: 4 - Que tipo de trabalho realiza na instituição atual: 5 - Quais as dificuldades que enfrenta no trabalho que desenvolve? 6 - Que estratégias utiliza para minimizar os efeitos causados pelo trabalho? 7 - No momento quantos pacientes estão na instituição? 8 - Qual o diagnóstico dos pacientes da instituição? 9 - Qual impacto psicológico ocorre com você diante do falecimento de um idoso? 10 - Trabalha em outra instituição: ( ) Não ( ) Sim. Em acaso afirmativo, responda:

a) Trabalha com idosos: b) A quanto tempo trabalha nesta outra instituição:

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APÊNDICE B- Carta de informação ao participante da pesquisa CARTA DE INFORMAÇÃO AO PARTICIPANTE DA PESQUISA

Nossa pesquisa tem por objetivo vivenciar a eficácia dos cuidadores em

instituição particular de idosos. Para tanto, utilizamos um questionário com

perguntas estruturadas. Espera-se avaliar a visão dos cuidadores sobre o

envelhecimento.

Entendemos a preocupação em realizarmos um trabalho bonito ou

correto, mas não devem preocupar-se o que irão responder, pois o importante

é a experiência de vivenciar o desenvolvimento do trabalho e não o produto

final. As respostas do questionário irá nos ajudar a compreender a sua visão

sobre o envelhecimento.

Clínica Geriátrica Villa Vida, 29 de junho de 2017

___________________________________________

Assinatura do Participante da Pesquisa

___________________________________________

Pesquisador Responsável

Gislaine Lima Silva

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ANEXOS

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ANEXO A- Termo de consentimento livre e esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu,____________________________ portador do RG:

_______________________, atualmente com_____ anos, residindo na

rua:__________________,____após leitura da CARTA DE INFORMAÇÃO AO

PARTICIPANTE DA PESQUISA, devidamente explicada pela equipe de

pesquisadores , apresento meu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

em participar da pesquisa proposta, e concordo com os procedimentos a serem

realizados para alcançar os objetivos da pesquisa.

Concordo também com o uso científico e didático dos dados,

preservando a minha identidade.

Fui informado sobre e tenho acesso a Resolução 466/2012 e, estou

ciente de que todo trabalho realizado torna-se informação confidencial

guardada por força do sigilo profissional e que a qualquer momento, posso

solicitar a minha exclusão da pesquisa.

Ciente do conteúdo assina o presente termo.

Clínica geriátrica Villa Vida, 29 de junho de 2017.

______________________________

Assinatura do Participante da Pesquisa

_____________________________

Pesquisador Responsável

Gislaine Lima Silva

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ANEXO B- Parecer consubstanciado do CEP