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RELATÓRIOSETOR EUROPEU DO CALÇADO:

ESTRUTURA, DIÁLOGO SOCIAL, FUTURO

WITH THE SUPPORT OF THE EUROPEAN COMMISSION

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Annual Report 20142

Project Consultant: Federico Brugnoli [email protected]

www.spin360.biz

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ÍND

ICE

3.1 SETOR EUROPEU DO CALÇADO: PANORÂMICA

3.1.1 ESTRUTURA DO SETOR EUROPEU DO CALÇADO

3.1.2 SITUAÇÃO DO EMPREGO NO SETOR EUROPEU DO CALÇADO

3.1.3 EVOLUÇÃO DO MERCADO

3.2 DIÁLOGO SOCIAL NO SETOR DO CALÇADO: ANÁLISE POR PAÍS

3.2.1 ANáLISE DA ESTRUTURA DOS DIáLOGOS SOCIAIS NACIONAIS

3.2.2 REUNIõES DE DIáLOGO SOCIAL NACIONAL E RESULTADOS

3.2.3 PRIORIDADES EUROPEIAS DOS PARCEIROS SOCIAIS NACIONAIS

3.3 FUTURO DO SETOR DO CALÇADO: ANÁLISE SWOT

3.3.1 PANORÂMICA QUANTITATIVA E QUALITATIVA

3.3.2 PONTOS FORTES

3.3.2 PONTOS FRACOS

3.3.4 OPORTUNIDADES

3.3.4 AMEAÇAS

1. INTRODUÇÃO POR PARTE DOS PARCEIROS SOCIAIS

2. SUMÁRIO EXECUTIVO

3. RESULTADOS DO PROJETO

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Annual Report 2014 5

O principal objetivo do projeto era identificar a situação atual da indústria do calçado e os sistemas e práticas do diálogo social nacional para, depois, desenvolver as melhores condições possíveis para a renovação e adaptação do diálogo social setorial do setor do calçado a nível da UE às alterações ocorridas e emergentes, no emprego e trabalho.

Alcançou-se este objetivo através do desenvolvimento de informação estrutural setorial e através do reforço da rede de intercâmbio sistemático de informações do diálogo social europeu do setor do calçado, bem como através da promoção de uma abordagem ao diálogo social inovadora, específica do setor e amplamente aceite.

As atividades do projeto têm sido executadas através de uma cooperação ativa, intensa e proveitosa entre os parceiros sociais europeus e entre estes e seus membros nacionais. Esta cooperação renovada e reforçada é um dos mais importantes resultados deste exercício.

O projeto permitiu também: 1) Elaborar uma análise atualizada do setor do calçado, tendo em conta os indicadores relevantes em termos da sua estrutura económica, nos países mais importantes a nível continental;2) Analisar a evolução do diálogo social setorial em cinco países importantes;3) Efetuar uma completa análise setorial SWOT.

O primeiro capítulo deste relatório reúne os últimos dados relativos à situação económica do setor, emprego e principais indicadores de mercado. É fundamentalmente orientado por dados e inclui uma breve descrição e análise da estrutura do setor e dos diferentes fatores de concorrência com impacto na evolução setorial.

O segundo capítulo apresenta uma análise mais qualitativa da evolução das relações laborais em cinco países escolhidos, centrando-se em particular na situação nacional do setor. Foi recolhida informação em primeira mão através de reuniões específicas que tiveram lugar em alguns dos mais importantes países europeus em termos de calçado: França, Itália, Portugal, Roménia e Espanha.

A terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês, para “Pontos fortes, Pontos fracos, Oportunidades, and Ameaças” – pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças), levada a cabo pelos parceiros sociais nacionais e europeus com o intuito de identificar as principais questões a serem abordadas em conjunto a nível europeu, e, assim, reforçar a competitividade e crescimento do setor na UE.

Após 16 meses de execução do projeto, os parceiros sociais europeus estão satisfeitos com a informação reunida. Esta informação permitir-lhes-á definir, numa base fatual, as prioridades de ação no âmbito do diálogo social europeu a fim de dar resposta às necessidades reais expressas pelas associações industriais nacionais e sindicatos.

A coesão reforçada dos parceiros sociais do setor do calçado, alcançada a nível europeu, bem como a atualização da informação disponível, deverão traduzir-se em ações eficazes a nível europeu, com base nas prioridades definidas em conjunto.

1.INTRODUCTION

Carmen Arias CastellanoLuc Triangle

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2.SUMÁRIO EXECUTIVOO título do relatório é SETOR EUROPEU DO CALÇADO: ESTRUTURA, DIÁLOGO SOCIAL E FUTURO. O objetivo era apresentar um panorama atualizado do setor europeu do calçado, algo possível graças a uma estreita interação entre parceiros sociais nacionais e europeus. Foram utilizados dados para definir as futuras prioridades de ação do próprio diálogo social europeu. As informações e dados reunidos e trabalhados ao longo dos 16 meses de projeto foram organizados em três capítulos:

● O SETOR EUROPEU DO CALÇADO: PANORÂMICA● DIÁLOGO SOCIAL NO SETOR DO CALÇADO: ANÁLISE POR PAÍS● O FUTURO DO SETOR DO CALÇADO: ANÁLISE SWOT

Os vários capítulos fornecem aos parceiros sociais a informação necessária para a definição das prioridades do setor, pondo, simultaneamente, em prática a estratégia e objetivos do diálogo social setorial europeu.

O primeiro capítulo, O SETOR EUROPEU DO CALÇADO: PANORÂMICA, apresenta uma análise atualizada do setor do calçado, tendo em conta os indicadores mais relevantes em termos de estrutura económica, dinâmica de mercado e caracterização da mão de obra, dos países europeus mais importantes em termos de produção de calçado. Este capítulo divide-se em quatro subcapítulos.

No capítulo 3.1.1 – Estrutura do setor europeu do calçado, os parceiros sociais trabalharam as estatísticas Eurostat de forma a conseguir as informações estruturais de maior importância sobre o setor (os dados incluem também o fabrico de componentes para calçado, salvo especificação em contrário). As principais conclusões deste capítulo são as seguintes:

● O setor europeu do calçado (incluindo o fabrico de componentes para calçado) integrava mais de 20.000 empresas em 2013. Este número decresceu 18,5% desde 2008 e segue uma tendência atual que se deve à deslocalização e transferência de produção para países de mão de obra barata, bem como aos efeitos gerais da recente recessão económica.

● Em 2013, cinco países (Itália, Espanha, Portugal, Roménia e Polónia) representavam quase 85% das empresas europeias de calçado e componentes para calçado. Nestes países, a maioria das empresas concentra-se em polos industriais e regiões industriais altamente especializadas.

● As pequenas e médias empresas representam quase 95% do total da indústria. Existem diferenças quanto à distribuição das categorias de dimensão. Itália e Polónia contam com uma elevada proporção de micro empresas, enquanto países como a Roménia têm um maior equilíbrio entre todas as categorias de dimensão, incluindo uma maior proporção de grandes empresas.

● Em 2013, o setor do calçado (incluindo componentes) atingiu um volume de negócios de mais de 27 mil milhões de euros, o mais elevado dos últimos seis anos. O setor do calçado conseguiu recuperar e aumentar o volume de negócios em 5 mil milhões de euros num período de cinco anos, graças a um investimento contínuo em produtos inovadores topo de gama e novos mercados.

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● A distribuição geográfica do volume de negócios do calçado (e componentes) não espelha exatamente a distribuição das empresas. Itália é ainda líder de mercado, responsável por mais de metade do total do volume de negócios europeu. ● A contribuição das PMEs para o volume de negócios foi de quase 80% do total em 2011, 76% em 2012 e 77% em 2013.

Recorreu-se à mesma fonte de dados para trabalhar alguns dos dados apresentados no capítulo 3.1.2 Situação do emprego no setor europeu do calçado. , Neste capítulo, analisa-se o emprego no setor numa base geográfica, tendo em conta a distribuição das várias categorias de dimensão de empresas e outros indicadores relevantes, provenientes de um estudo desenvolvido com os parceiros sociais nacionais de França, Itália, Polónia, Portugal e Roménia. A análise da informação permitiu chegar, entre outras, às seguintes constatações:

● Houve um decréscimo constante do emprego no setor entre 2008 e 2009 (de mais de 330.000 para pouco mais de 296.000). Desde então, o emprego no setor tem mantido níveis estáveis. Em 2013, o número de pessoas empregues no fabrico de calçado e componentes ascendia a mais de 288.000.

● Itália é o maior país empregador, representando 28% da mão de obra europeia, a Roménia 18% (mas apenas 4% do volume de negócios), Portugal 15% e Espanha e Polónia, em conjunto, outros 15%. Estes cinco países representam, no total, mais de 75% dos trabalhadores da indústria europeia do calçado.

● Mais de 80% da mão de obra europeia do setor do calçado encontra-se em pequenas e médias empresas.

● Há uma proporção significativamente mais elevada de mulheres a trabalhar no setor do calçado nos países analisados, ou seja, França, Itália, Polónia, Portugal e Roménia.

● Nestes países, a grande maioria dos trabalhadores são cidadãos nacionais. Itália apresenta a percentagem mais elevada de trabalhadores estrangeiros, apesar de os trabalhadores não italianos não representarem proporcionalmente mais de 4,2% da mão de obra.

● A maioria dos trabalhadores encontra-se na faixa etária dos 36-55. Há também uma percentagem relativamente elevada de trabalhadores mais velhos a ponto de abandonar o setor (especialmente em França), bem como uma baixa percentagem de trabalhadores a entrar no setor.

● A distribuição dos postos de trabalho evidencia a predominância de operários (colarinhos azuis) que desempenham tarefas que exigem competências técnicas e orientadas para a produção. As competências técnicas são extremamente importantes para o futuro do setor do calçado, visto a qualidade e mais valia da produção serem uma das vantagens diferenciadoras da Europa no mercado global.

● Os trabalhadores administrativos (colarinhos brancos) têm um papel cada vez mais importante no setor do calçado, testemunhado pela mais elevada proporção de trabalhadores desta categoria em Itália, país com uma das mais altas percentagens de exportações extracomunitárias do continente. Exemplos de profissões com uma importância crescente no setor são as relacionadas com design, marketing, logística e representação de vendas.

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● A esmagadora maioria dos trabalhadores do setor do calçado em França, Itália, Portugal e Roménia beneficia de um contrato de trabalho sem termo.

O capítulo 3.1.3 Evolução do mercado apresenta uma visão atualizada da produção de calçado e dinâmica de exportação e importação, incluindo pormenores sobre o valor dos vários tipos de calçado comercializados na Europa e no mundo. O resultado da análise evidencia que:

● A produção de calçado (incluindo componentes) aumentou, em valor, 24% entre 2009 e 2013.

● As exportações de calçado (incluindo componentes) aumentaram, em valor, 74% entre 2009 e 2013.

● As importações de calçado (incluindo componentes) aumentaram, em valor, 26% entre 2009 e 2013.

● A Europa é um dos maiores mercados mundiais de calçado com um consumo atual de mais de 23,8 mil milhões de euros. A balança comercial é ainda negativa mas o forte aumento das exportações tem vindo a reduzir este défice.

● O calçado europeu tem sofrido um aumento constante em termos de preço unitário e valor acrescentado.

● O calçado de couro (código 152013) representa quase 4/5 do total da produção europeia, confirmando o posicionamento da produção europeia de calçado no setor superior do mercado.

● Os dados relativos às exportações de calçado, em valor e em pares (excluindo componentes para calçado), evidenciam um aumento significativo entre 2009 e 2013, período em que as exportações aumentaram mais de 73% em termos de valor e 46% em número de pares.

● O valor por unidade das exportações europeias de calçado aumentou, no período analisado, de 27,7€ o par, em 2009, para 32,8€ o par, em 2013.

● Os principais destinos extracomunitários das exportações de calçado fabricado na Europa são os EUA, a Rússia1, a Suíça e Hong Kong.

● Existem diferenças significativas entre o preço unitário (€/par) do calçado exportado pela Europa para países não pertencentes à UE e o preço unitário do calçado importado de países extracomunitários para a Europa. Isto mostra como as exportações europeias se baseiam em altos padrões de qualidade, enquanto as importações se baseiam essencialmente no preço.

1 The impact of the crisis in Russia has resulted on a decrease of EU28 exports to Russia of 227.835 million euros

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1 The impact of the crisis in Russia has resulted on a decrease of EU28 exports to Russia of 227.835 million euros

O segundo capítulo do relatório, DIÁLOGO SOCIAL NO SETOR DO CALÇADO: ANÁLISE POR PAÍS apresenta uma análise mais qualitativa da evolução das relações laborais em cinco países de relevância, centrando-se, em particular, nas situações setoriais nacionais. O objetivo deste capítulo é sugerir aos parceiros sociais da UE possíveis estratégias para um apoio conjunto ao setor neste período histórico em concreto. Os parceiros sociais europeus estão cientes de que a adaptação e renovação do diálogo social europeu só serão eficazes se houver um conhecimento aprofundado da atual situação nacional de determinados Estados-Membros. Para tal, reuniu-se informação em primeira mão através de reuniões específicas em alguns dos mais importantes países europeus em termos de calçado: França, Itália, Portugal, Roménia e Espanha. As reuniões foram organizadas de forma a lançar um debate aberto entre representantes nacionais de empregadores e sindicatos e parceiros sociais europeus. A recolha e tratamento da informação foram estruturadas em quatro sessões principais:

● Estrutura e enquadramento do diálogo social nacional

● Especificidades do setor

● Reuniões de diálogo social e resultados

● Prioridades para o diálogo social europeu ESTRUTURA E ENQUADRAMENTO DO DIÁLOGO SOCIAL NACIONALEsta parte do estudo tem como objetivo analisar, em termos gerais, a situação nacional no que diz respeito ao diálogo social e às relações laborais, recolhendo informação dos parceiros sociais e juntando-a a outras fontes, para, assim, criar um quadro nacional atualizado, identificando aspetos comuns e especificidades nacionais. Os resultados descritos no capítulo 3.2.1 apresentam um panorama abrangente e exaustivo dos cinco países analisados, evidenciando as diferenças entre eles. O diálogo social setorial nacional e as relações laborais têm uma longa tradição em Itália, França, Espanha e Portugal, mas ainda apresentam deficiências na Roménia. A evolução da legislação nacional tem sido distinta nos cinco países. O Estado desempenha um papel de maior relevância em França e Espanha, sendo definido um salário mínimo por lei, mas encontra-se menos presente na plataforma de relações laborais em Itália, onde as negociações são quase exclusivamente bipartidas e não há um salário mínimo definido de forma centralizada. Portugal encontra-se num caso particular, face a uma rápida mutação da situação devido à criação, adoção e posterior abolição das medidas adotadas ao abrigo do programa de ajustamento económico, no seguimento do resgate financeiro de 2011. Por último, na Roménia, o quadro legislativo do diálogo social alterou-se fortemente em 2011, com a introdução de novos procedimentos e requisitos para a validade e extensão dos acordos negociados por sindicatos representativos e empregadores.

ESPECIFICIDADES DO SETORA segunda parte da análise apresentada no capítulo 3.2 centra-se nas caraterísticas específicas do diálogo social setorial nacional (sempre que este exista) dos cinco diferentes países. O principal tema investigado foi a relação entre parceiros sociais setoriais nacionais no contexto das várias legislações nacionais. Os resultados apresentaram um quadro muito diversificado, em termos de existência de um diálogo social setorial de facto, frequência das reuniões de diálogo social, condições legislativas de representatividade e extensão da validade dos acordos além das partes signatárias. Segue-se um breve resumo dos principais resultados da análise.

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FRANÇA: Encontra-se estabelecido um diálogo social setorial entre empregadores representados pela FFC – Federation Française de la Chaussure – e sindicatos dos representantes setoriais das cinco organizações nacionais: CGT, CFDT, FO, CFE-CGC, CFTC (válido até 2017). Ambas partes descreveram o diálogo social nacional como imbuído de um espírito de colaboração. As reuniões de diálogo social ocorrem pelo menos uma vez por ano.

ITÁLIA: O diálogo social setorial formal tem lugar na plataforma normalmente definida como “Relazioni Industriali” (relações laborais). Os parceiros sociais são: a associação nacional de empregadores Assocalzaturifici e os representantes dos três sindicatos: FEMCA – CISL, FILCTEM – CGIL e UILTEC-UIL. O diálogo social setorial é bipartido, com uma contribuição muito limitada por parte da administração pública. As reuniões têm lugar pelo menos duas vezes por ano, contando com uma cooperação ativa entre as partes.

PORTUGAL: Este país depara-se com dificuldades estruturais devido às medidas adotadas ao abrigo do programa de ajustamento económico, no seguimento do resgate financeiro de 2011. Recentemente, a associação portuguesa do calçado, APICCAPS, e o sindicato nacional, FESETE, têm-se reunido regularmente, numa base informal. Em outubro de 2014, foi renovada a convenção coletiva, graças aos esforços dos parceiros sociais. Nos últimos anos, a cooperação entre os parceiros sociais tem sido muito positiva.

ROMÉNIA: Existem plataformas oficiais de diálogo social a nível da empresa, mas não a nível nacional ou setorial. O setor do calçado não tem uma associação específica de empregadores que reúna as condições necessárias para representatividade mínima. Como consequência, não foi assinada nenhuma convenção nacional coletiva relativa ao setor do calçado romeno. As condições e evoluções contratuais são essencialmente debatidas a nível da empresa, anualmente. Numa tentativa de relançar o diálogo social, a associação setorial, SFERA FACTOR, que conta com cerca de 65 empresas, lançou uma colaboração com a organização de empregadores.

ESPANHA: Não existe formalmente uma plataforma oficial de diálogo social dedicada ao setor do calçado, em Espanha. O diálogo social tem lugar em reuniões informais entre representantes dos empregadores (FICE – calçado – e AEC – componentes) e os principais sindicatos: FITAG-UGT e FITEQA-CC.OO (desde 2014 FI – CC.OO). A 25 de setembro de 2014, foi publicada uma nova convenção coletiva para o setor do calçado pelo Ministério espanhol do emprego e segurança social.

REUNIÕES DE DIÁLOGO SOCIAL E RESULTADOSUm outro elemento de interesse para os objetivos do projeto foi obter um conhecimento estruturado do diálogo social setorial nacional, ou seja, reuniões regulares e iniciativas conjuntas com projetos bipartidos concretos, resultado do sistema nacional setorial de relações laborais. Como explanado na seção 3.2.2 do relatório, os temas normalmente debatidos nas reuniões de diálogo social, incluem, além de convenções coletivas e salários, por exemplo: condições de trabalho, formação e ensino, situação industrial do setor, evolução de postos de trabalho e profissões. Resumem-se aqui alguns exemplos de boas práticas nas áreas do ensino e formação, podendo encontrar-se mais exemplos no capítulo 3.2.2:

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ENSINO E FORMAÇÃO – FRANÇA: A cooperação entre os parceiros sociais nacionais franceses nas áreas do ensino e formação é particularmente sólida, já que parte do seu papel conjunto se prende com a atribuição de fundos públicos às necessidades de formação. Os parceiros sociais desenvolveram competências na definição de prioridades setoriais a nível do EFP e EFPC, possibilitando a orientação de escolas e instituições de ensino e formação quanto a uma oferta de formação e competências alinhada com as necessidades do setor.

ENSINO E FORMAÇÃO – ITÁLIA: A convenção nacional coletiva estabelece o quadro para a criação de um Observatório nacional bilateral da indústria do calçado (Osservatorio Bilaterale Calzatura - “OBN-C”) que tem como objetivo: identificar a evolução das necessidades de formação, preparar ações de formação adequadas, promover relações positivas entre produtores e centros de formação. Recentemente, o OBN-C tomou firmes medidas para se tornar membro do Conselho Setorial Europeu de Competências do setor dos têxteis, vestuário, couro e calçado (CSEC TVCC) http://europeanskillscouncil.t-c-l.eu/.

ENSINO E FORMAÇÃO - PORTUGAL: Em Portugal, o desenvolvimento de competências tem beneficiado de estreita ligação ao diálogo social desde 1965. Um protocolo assinado pela associação de empregadores e pelos representantes sindicais criou o Centro de Formação Profissional da Indústria de Calçado (CFPIC), também conhecido como Academia de design e calçado. A instituição, gerida em conjunto por parceiros sociais e administração portuguesa, também confirmou o seu interesse em integrar o CSEC TVCC.

ENSINO E FORMAÇÃO – ESPANHA: A Fundación Tripartita para la Formación en el Empleo-FTFE (Fundação Tripartida para a Formação no Emprego) é um organismo nacional pertencente ao setor público espanhol. É responsável pela gestão, a nível nacional, dos regimes de formação profissional contínua (FPC) espanhóis, assentando numa base tripartida (agência nacional de emprego, organizações de empregadores e sindicatos) e de diálogo social. Neste complexo sistema, são criados comités setoriais conjuntos. Os peritos dos organizações de empregadores e dos sindicatos espanhóis apresentam, regularmente, propostas para novos cursos de ação, ajudando, assim, na atribuição de fundos por parte da FTP2

ENSINO E FORMAÇÃO – ROMÉNIA: Não existe, na Roménia, nenhuma entidade bipartida ou tripartida reconhecida, responsável pela formação. No entanto, os parceiros sociais do setor do calçado, com o apoio da Universidade Tuiasi, estão a debater a criação de um grupo de trabalho/entidade responsável pelas necessidades dos setores dos têxteis, vestuário, couro e calçado. A formação profissional só recentemente foi formalmente reconhecida pelo governo. Há uma necessidade evidente de investir na formação de competências técnicas, tendo em conta, principalmente, o facto de a Roménia ser o segundo país europeu em termos de trabalhadores e apenas as grandes empresas prestarem formação adequada.

PRIORIDADES PARA O DIÁLOGO SOCIAL EUROPEUDedicou-se uma componente específica da análise à identificação das prioridades para o futuro do diálogo social europeu. Os resultados apresentados no capítulo 3.2.3 mostram que os parceiros sociais nacionais acordaram atribuir um tratamento conjunto no âmbito do diálogo social europeu do setor do calçado aos seguintes temas:

2 A 24 de março de 2015 entrou em vigor um novo regulamento nacional “Real Decreto-ley 4/2015, de 22 de marzo, para la reforma urgente del Sistema de Formación Profesional para el Empleo en el ámbito laboral”. Altera o nome para Fundación Estatal para la Formación en el Empleo e introduz alterações na distribuição de competências entre as partes interessadas. O Estado fica com mais poder e os parceiros sociais deixam de participar na gestão dos fundos e na prestação de formação.

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● Melhorar a atratividade do setor aos olhos dos trabalhadores jovens.● Criar ações coordenadas para favorecer o desenvolvimento de programas e projetos dedicados à identificação das necessidades emergentes em termos de competências e resolução de consequentes desajustamentos em termos de competências. ● Insistir em ações dedicadas a uma aplicação mais eficaz dos controlos aduaneiros e fiscalização de mercado. ● Interagir com os serviços relevantes da Comissão, para se considerar devidamente a reciprocidade quando se abrem mercados e se assinam acordos de comércio livre.● De acordo com os parceiros sociais nacionais, outros temas a serem considerados nas prioridades do diálogo social setorial incluem: ações para favorecer o emprego no setor; rotulagem de origem obrigatória como ferramenta para promover o “savoir faire” europeu e o respeito pelas normas sanitárias, sociais e ambientais; políticas industriais de apoio ao fabrico europeu e à responsabilidade social das empresas; tentar identificar uma abordagem harmonizada na análise e elaboração dos dados estatísticos nacionais e europeus para se conseguirem previsões e prospetivas mais exatas. O FUTURO DO SETOR DO CALÇADO: ANÁLISE SWOTUm dos principais propósitos do projeto foi desenvolver as melhores condições possíveis para a renovação e adaptação do diálogo social europeu do setor do calçado às mudanças ocorridas e emergentes no setor.Assim, era necessário desenvolver, em estreita interação com os parceiros sociais nacionais, informação setorial atualizada relativa a temas relevantes que pudessem ser tratados a nível europeu. Uma nova abordagem “da base para o topo” implicava permitir definir as prioridades de ação do diálogo social europeu numa base factual e assentando nas verdadeiras necessidades transmitidas por associações industriais e sindicatos. Tendo isto como objetivo, os parceiros sociais elegeram a análise SWOT como a mais adequada: um método de planeamento estruturado que avalia os pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças de um determinado caso:

● Pontos fortes: caraterísticas que conferem ao setor europeu do calçado uma vantagem face a outros setores.

● Pontos fracos: caraterísticas que criam uma desvantagem para o setor europeu do calçado.

● Oportunidades: elementos que o setor europeu do calçado pode explorar para seu benefício.

PONTOS FORTES PONTOS FRACOS

OPORTUNIDADES AMEAÇAS

● Um produto que responde tanto às necessidades básicas como à evolução das necessidades dos consumidores

● O fabrico europeu de calçado é reconhecido como produto de alta qualidade e diferenciador

● Longa tradição industrial

● Design europeu

● Mão de obra qualificada

● Proximidade entre mercado e cadeia de abastecimento

● Potencial e capacidade de inovação

● Falta de atratividade do setor aos olhos dos trabalhadores jovens

● Falta de coordenação entre prestadores de EFP e empresas

● Desvalorização geral do trabalho manual

● Falta de coordenação real entre centros de investigação e fábricas

● Dimensão média reduzida das empresas

● Acesso insuficiente a crédito

● Foco em mercados nacionais internos

● Desequilíbrios na aplicação mundial da legislação social e ambiental

● Desvantagens estruturais no ambiente competitivo das empresas

● Novos mercados emergentes

● Melhores condições de acesso ao mercado

● Reforço das infraestruturas de apoio dos polos e PMEs

● Novas tecnologias de produção e venda

● Tendências demográficas e sociais: novas necessidades

● Investigação e desenvolvimento mais centrados

● Sustentabilidade e transparência ambientais/sociais

● Relocalização da produção na Europa

● Marca europeia

● Rotulagem de origem obrigatória

● Decréscimo do consumo local nos Estados-membros da UE

● Protecionismo

● Escassez e custo de matérias primas de qualidade

● Contrafação

● Futura escassez de trabalho qualificado, em particular de competências técnicas

● “Designed in Europe” um modelo de negócio emergente em países de baixo custo

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Annual Report 2014 13

● Ameaças: fatores externos que podem ter um impacto negativo no setor europeu do calçado.

A análise foi levada a cabo em várias etapas. Os parceiros sociais europeus apresentaram às associações nacionais e sindicatos um panorama das propostas para cada uma das categorias SWOT. Os temas analisados e acordados na proposta de panorama foram discutidos em conjunto, de forma aprofundada, numa seminário específico, organizado em Bruxelas.O diagrama abaixo mostra que foi possível identificar e caracterizar 7 pontos fortes do setor, 9 pontos fracos, 10 oportunidades e 6 ameaças.O setor europeu do calçado continua numa posição forte graças à sua longa tradição e herança cultural na produção de calçado, um produto que será sempre necessário a um número cada vez maior de consumidores no mundo. A Europa distingue-se pela sua excelente conceção e qualidade de produto, sendo aqui a mão de obra qualificada uma grande mais valia. O setor europeu do calçado estruturou uma cadeia de abastecimento altamente desenvolvida no território de um dos mais importantes mercados do mundo (a Europa representa 46% das importações mundiais em termos de valor).

Por outro lado, sendo a mão de obra o ativo mais importante do setor europeu do calçado e tendo em conta o envelhecimento progressivo da grande maioria dos trabalhadores, a falta de atratividade do setor aos olhos dos trabalhadores jovens é considerado um dos pontos fracos mais importantes. Alguns fatores estruturais criam dificuldades em particular às pequenas empresas no acesso a crédito, na execução de estratégias de longo prazo e no alcance a mercados internacionais. As principais oportunidades para o setor europeu do calçado encontram-se nos mercados emergentes. Estes podem absorver mais sapatos europeus devido a melhores condições comerciais ou a um poder de compra mais elevado de uma fatia cada vez maior da população (China). A assinatura de acordos comerciais da UE com parceiros estratégicos como os EUA e o Japão continua a ser uma prioridade para o setor.

No que diz respeito à produção, deve haver uma melhor exploração de novas tecnologias e novos materiais no setor do calçado, bem como um reforço dos serviços avançados prestados por polos e outras infraestruturas de apoio. Outras oportunidades para o setor são as relacionadas com atividades de investigação e desenvolvimento, atividades essas que podem ajudar os produtores de calçado a dar resposta à evolução das necessidades de novas categorias de consumidores. Entre estas, a sensibilização ambiental e a responsabilização social são fatores chave para uma porção cada vez maior de consumidores, estando os produtores europeus na linha da frente no que diz respeito à sustentabilidade da produção e das cadeias de abastecimento. Esta é uma das razões por que os fabricantes europeus de calçado veem a rotulagem de origem obrigatória de forma tão positiva: esta representa a resposta natural a uma exigência crescente por parte de consumidores de obter informações completas sobre os produtos, incluindo a localização geográfica da sua origem.

A diminuição do consumo local nos Estados-membros da UE é uma das mais importantes ameaças para o setor europeu do calçado. Alguns Estados-membros europeus (nomeadamente no sul do continente) veem-se ainda fortemente afetados pelas consequências da recessão económica. Por outro lado, vários potenciais mercados de exportação continuam praticamente fechados por causa dos elevados direitos e da persistência de diferentes barreiras não pautais (BNP), que criam um grande desincentivo ao comércio internacional. O constante aumento no preço de algumas matérias primas (sobretudo o couro), necessárias para manter o fosso de qualidade entre produtos europeus e concorrentes internacionais, representa outra ameaça notória. Outra ameaça ainda diz respeito ao problema da contrafação, amplamente reconhecido tanto pelos agentes industriais do setor como pelas partes interessadas institucionais.

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Annual Report 201414

3.1 SETOR EUROPEU DO CALÇADO: PANORÂMICA

Este capítulo do relatório tem como objetivo apresentar uma análise atualizada do setor do calçado em alguns dos mais importantes países europeus, considerando os indicadores mais relevantes em termos de estrutura económica, dinâmica de mercado e caracterização da mão de obra. As imagens 1-11 apresentam o quadro do setor do calçado em termos de número de empresas e volume de negócios, detalhando a distribuição geográfica destas variáveis e a importância das diferentes categorias de dimensão das empresas. Com este intuito, os parceiros sociais trabalharam as estatísticas Eurostat disponíveis (“Fabrico de calçado” códigos NACE Rev. 2, B-E - [sbs_na_ind_r2]). Os dados apresentados incluem também o fabrico de componentes para calçado, salvo especificação em contrário. Recorreu-se à mesma fonte no caso dos dados apresentados nas imagens 12-16. Nestas, analisa-se o emprego no setor numa base geográfica, tendo em conta a distribuição das várias categorias de dimensão de empresas. As imagens 17-24 apresentam dados mais pormenorizados sobre as caraterísticas da mão de obra no setor do calçado (incluindo componentes), provenientes de um estudo levado a cabo com os parceiros sociais nacionais de França, Itália, Polónia, Portugal e Roménia. A análise centrou-se em caraterísticas da mão de obra não consideradas em estatísticas europeias oficiais, como por exemplo, género, origem nacional, idade, antiguidade, grau de instrução, distribuição de postos de trabalho, tipos de contratos e incidência do trabalho a tempo parcial. Por seu lado, os últimos 18 gráficos (imagens 25-42) apresentam um quadro atualizado da produção de calçado e dinâmica de exportação e importação, incluindo pormenores sobre o valor dos vários tipos de calçado comercializados na Europa e no mundo. Para tal, as estatísticas Eurostat foram complementadas com outras fontes oficiais de dados disponibilizadas por serviços da Comissão (Direção-geral Empresa domínio ITI “TEXTILE” SOLD Relatório de produção por ano Nomenclatura NACE – produto: 1520 Fabrico de calçado). Estes dados fornecem informação mais específica sobre questões de interesse. É de assinalar que, em determinados casos, os parceiros sociais nacionais não reconhecem plenamente o quadro do setor descrito pelas estatísticas europeias. É o que acontece, por exemplo, com a distribuição entre as classes de dimensão dos produtores de calçado em Espanha. Nestes casos, introduziram-se nos gráficos notas de rodapé que explicam as diferenças, mas mantêm-se os dados europeus, por questões de uniformidade de apresentação. Esta situação ilustra a necessidade de uma estrutura harmonizada de elaboração de dados entre os vários componentes do setor europeu do calçado, tal como é assinalado no seguinte capítulo (3.2.3) do relatório.

3.RESULTADOS DO PROJETO

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Annual Report 2014 15

2008 2009 2010 2011 2012 2013

24.085

21.97021.185 21.199

20.703 20.206

........................................................................

O setor europeu do calçado (incluindo o fabrico de componentes para calçado) integrava mais de 20.000 empresas em 2013. Este número decresceu 18,5% desde 2008 e segue uma tendência atual. As principais razões para este declínio no número de empresas de calçado são a deslocalização e transferência de produção para países de mão de obra barata, bem como os efeitos gerais da recente recessão económica. Apesar de no período 2008-2009 se ter assistido a um grande declínio em termos de número de empresas de calçado, o declínio foi menos acentuado no período compreendido entre 2010 e 2013. No entanto, mesmo neste “período melhor”, houve cerca de 500 empresas a fechar, por ano, em 2011 e 2012.

IMAgEM 1: NÚMERO TOTAL DE EMPRESAS DE CALÇADO 2008 – 2013

3.1.1 ESTRUTURA DO SETOR EUROPEU DO CALÇADO

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Annual Report 201416

42% Italy

4% Others

1% Czech Republic1% Slovakia

1% Hungary

2% Germany

2% Bulgaria

2% Greece

2% France

8% Poland

6% Romania

15% Spain

14% Portugal

Em 2013, cinco países (Itália, Espanha, Portugal, Roménia e Polónia) representavam quase 85% das empresas europeias de calçado e componentes para calçado. Nestes países, a maioria das empresas concentra-se em polos industriais e regiões com baixa diversidade industrial, muitas vezes dedicadas à produção de categorias específicas de calçado.

IMAgEM 2: 2013 – DISTRIBUIÇÃO gEOgRÁFICA DAS EMPRESAS DE CALÇADO

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Annual Report 2014 17

A análise da evolução do número de empresas de calçado no período entre 2011 e 2013 (imagem 3, incluindo componentes) evidencia que o declínio nas empresas de calçado registou maiores efeitos em Itália, Espanha, Polónia e Grécia do que em outros países europeus. Portugal, pelo contrário, evidenciou, neste período, um crescimento constante do número de empresas, contando com a abertura de 145 novas empresas. Outros países importantes em termos de fabrico de calçado, como a Roménia, França e Alemanha, apresentaram uma situação mais estável.

IMAgEM 3: 2011 - 2013: EMPRESAS DE CALÇADO NOS PAÍSES UE 28

Italy

Spain

Portugal

Poland

Romania

France

Greece

Bulgaria

Germany

Hungary

Slovakia

Czech Republic

United Kingdom

Croatia

Netherlands

Sweden

Austria

Slovenia

Finland

Lithuania

Belgium

Estonia

Cyprus

Latvia

Denmark

Ireland

Luxemburg

Malta

0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 9.000 10.000

2011

2012

2013

8.550

3.052

2.698

1.651

1.207

388

379

362

359

262

223

208

179

120

119

92

81

53

38

27

25

18

17

11

7

0

0

80

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Annual Report 201418

Quase dois terços das empresas emprega menos de 10 pessoas e quase 12% encontra-se na faixa dos 10 a 19 trabalhadores. Assim, as PMEs (incluindo micro, pequenas e médias empresas) representam 95% e 94% do total da indústria. A restante percentagem corresponde a empresas de grandes dimensões (que empregam mais de 250 pessoas).

A análise da percentagem de empresas por número de trabalhadores da imagem 4 demonstra que quase todas as empresas de calçado se integram na definição de pequenas e médias empresas:

IMAgEM 4: 2010 - 2012: % DE EMPRESAS POR CATEgORIA DE DIMENSÃO

74,9 %

2010 2011 2012

11,7 %

8,5 %

4,4 %

0,5 %

73,8 %

12 %

9 %

4,7 %

0,5 %

73,9 %

12,2 %

8,9 %

4,4 %

0,6 %

0-9 PERSONS EMPLOYED

10-19 PERSONS EMPLOYED

20-49 PERSONS EMPLOYED OVER 250 PERSONS EMPLOYED

50-249 PERSONS EMPLOYED

CATEgORIA DE EMPRESA

TRABALHADORESVOLUME DE NEgÓCIOS

OUTOTAL DO BALANÇO

Medium-sized < 250 ≤ € 50 m ≤ € 43 mSmall < 50 ≤ € 10 m ≤ € 10 mMicro < 10 ≤ € 2 m ≤ € 2 m

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Annual Report 2014 19

........................................................................

2008 2009 2010 2011 2012 2013

26.513,2

21.963,824.000

25.305,7 25.246,2

27.097

A imagem 6 ilustra o comportamento do volume de negócios do calçado europeu (e componentes) durante o período 2008-2013. Em 2013, o desempenho do setor foi muito bom, com um volume de negócios gerado superior a 27 mil milhões de euros, o mais elevado dos últimos seis anos. O setor do calçado conseguiu recuperar e aumentar o volume de negócios em 5 mil milhões de euros num período de cinco anos. Isto deveu-se, em grande medida, ao investimento contínuo das indústrias em produtos inovadores topo de gama e desenvolvimento de novos mercados.

IMAgEM 5: CATEgORIAS DE DIMENSÃO DAS PMES POR NÚMERO DE EM-PRESAS NOS PAÍSES DO TOP 53

76%

2%8%14%

ITALY

79%

1%8%12%

SPAIN

0-9 PERSONS EMPLOYED

10-19 PERSONS EMPLOYED

20-49 PERSONS EMPLOYED

50-249 PERSONS EMPLOYED

46%19%

20%

15%

ROMANIA

86%

4%5%6%

POLAND

64%

8%14%

14%PORTUGAL

IMAgEM 6:2008 – 2013: TOTAL DE VOLUME DE NEgÓCIOS DO CALÇADO (Milhões de €)

3 De acordo com a associação espanhola de empregadores FICE: os dados corretos seriam 0-9=49%; 10-19=27%; 20-49=21% e 50-249= 3%.

A imagem 5 representa a distribuição das empresas de calçado (e componentes) por categoria de dimensão nos cinco maiores países produtores de calçado. Em 2012, Itália e Polónia contam com uma elevada proporção de micro empresas, enquanto a Roménia exibe o maior equilíbrio entre todas as categorias de dimensão, incluindo uma maior proporção de grandes empresas.

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Annual Report 201420

54% Italy

4% Hungary

2% Austria2% United kigdom

2% Slovakia

2% Poland

4% Romania

7% Germany

4% France

10% Spain

9% Portugal

IMAgEM 7: 2013 - DISTRIBUIÇÃO gEOgRÁFICA DO VOLUME DE NEgÓCIOS DO CALÇADO

A distribuição geográfica do volume de negócios do calçado (e componentes) não espelha exatamente a distribuição das empresas. Itália é ainda líder de mercado e responsável por mais de metade do total do volume de negócios europeu. Espanha e Portugal ocupam ainda o segundo e terceiro lugares, com volumes de negócios de mais de 2,7 mil milhões de € e 2,2 mil milhões de €, respetivamente. França, que gera mais de 1,8 mil milhões de € em volume de negócios, e Alemanha, com quase 1,1 mil milhões de €, ocupam o quarto e quinto lugar na UE 28.

Page 21: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 2014 21

A evolução das empresas de calçado (e componentes) nos países UE 28 no período 2011-2013 (imagem 8) mostra que o bom desempenho de 2013 acima mencionado se aplica aos três países produtores de calçado mais importantes. Nestes países, os anos de 2012 e 2013 mostraram melhorias em termos de volume de negócios, com um aumento do volume de negócios de fabrico de calçado de 2% por ano em Itália, 9% em Espanha e 8% em Portugal. A Alemanha manteve-se numa situação estável, enquanto França sofreu um declínio de 5%. A Polónia e a Roménia, dois países importantes em termos de empresas e volume de negócios, também evidenciaram um bom desempenho nos últimos dois anos, com um crescimento do volume de negócios de 14% e 6%, respetivamente.

IMAgEM 8: 2011 - 2013: VOLUME DE NEgÓCIOS DO CALÇADO NOS PAÍSES UE 28

Italy

Spain

Portugal

Germany

France

Romania

Poland

Slovakia

United Kingdom

Austria

Hungary

Finland

Bulgaria

Slovenia

Croatia

Greece

Czech Republic

Sweden

Belgium

Estonia

Ireland

Lithuania

Denmark

Latvia

Cyprus

Luxemburg

Malta

Netherlands

0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 14.000 16.000

2011

2012

2013

13.891,3

2.738,9

2.228,3

1.828,0

1.091,0

936,5

628,8

502,0

465,7

445,7

224,7

202,5

126,6

115,6

109,9

87,9

60,2

35,4

21,4

16,6

13,2

11,6

2,4

2,3

0

0

0

41,2

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Annual Report 201422

A distribuição de volume de negócios por categoria de dimensão (imagem 9) mostra que as PMEs desempenham um papel importante no desempenho económico do setor. A contribuição das PMEs para o volume de negócios foi de quase 80% do total em 2011, 76% em 2012 e 77% em 2013. As empresas que empregam entre 50 a 249 pessoas representaram quase 35% do volume de negócios europeu em 2013, permitindo-lhes a sua dimensão ultrapassar muitos dos problemas típicos das PMEs. Estes incluem a capacidade de explorar novos mercados e investir em programas de desenvolvimento a médio e longo prazo, o que se reflete no seu desempenho económico. As grandes empresas detêm uma grande fatia do volume de negócios do calçado e componentes, de magnitude semelhante à representada pelas empresas mais pequenas (quase um quinto do total).

IMAGEM 9: 2009 - 2011 - 2012: % % DE VOLUME DE NEGÓCIOS POR CATEGORIA DE DIMENSÃO

35,4 % 33,1 % 34,9 %

20,5 % 24,0 % 23,7 %

21,6 % 18,6 % 19,7 %

10,8 % 10,4 % 11,4 %

11,6 % 13,7 % 10,3 %

20112009 2012

0-9 PERSONS

EMPLOYED

10-19PERSONS

EMPLOYED

20-49PERSONS

EMPLOYED

50-249 PERSONS

EMPLOYED

OVER 250PERSONS

EMPLOYED

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Annual Report 2014 23

A análise da distribuição do volume de negócios por categoria de dimensão de empresa nos quatro maiores países produtores de calçado mostra que há diferentes padrões por país. Itália apresenta uma distribuição mais “equilibrada”, caraterizada por empresas com menos de 20 trabalhadores que geram uma percentagem semelhante do volume de negócios (25%) do que as demais categorias de dimensão. Em Espanha, Portugal e França, as empresas que empregam entre 50 a 249 pessoas são, de longe, a categoria mais importante por volume de negócios. Em França, uma parte significativa do volume de negócios do fabrico de calçado é gerada por grandes empresas.

IMAgEM 10: 2012: VOLUME DE NEgÓCIOS POR CATEgORIA DE DIMENSÃO NOS PAÍSES DO TOP 4

11%

49%

20%

51%

14%

26%

2%

15%

22%

6 %

21%

6%

28%

5 %

19%

9%

25%

13 %

38%

18%

ITALY SPAIN

PORTUGAL FRANCE

0-9 PERSONS EMPLOYED

10-19 PERSONS EMPLOYED

20-49 PERSONS EMPLOYED

50-249 PERSONS EMPLOYED

50-249 PERSONS EMPLOYED

Page 24: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 201424

..................................................................................

0,23

0,17

0-9 EMPLOYED

1,07

1,16

10-19EMPLOYED

2,53

2,75

20-49 EMPLOYED

8,62

9,79

50-249 EMPLOYED

58,2

8

52,1

0

OVER 250 EMPLOYED

2011

2012

A imagem 11 representa a média do volume de negócios por empresa por categoria de dimensão. Estas imagens mostram que o valor de negócios unitário cresce à medida que cresce a dimensão da empresa. As grandes empresas apresentam volumes de negócios entre cinco e seis vezes maiores, em média, do que os apresentados pelas maiores PMEs (50-249 empregados).

IMAgEM 11: 2011 - 2012: VOLUME DE NEgÓCIOS UNITÁRIO POR CATEgORIA DE DIMENSÃO (Milhões de €)

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Annual Report 2014 25

3.1.2 SITUAÇÃO DO EMPREGO NO SETOR EUROPEU DO CALÇADO

2008 2009 2010 2011 2012 2013

331.836

296.339

287.437296.172

288.437 288.682

........................................................................

IMAgEM 12: 2008 - 2013: TOTAL DE PESSOAS EMPREgADAS

Em 2008, o setor europeu do calçado empregou mais de 330.000 pessoas, número que diminuiu, em 2009, para pouco mais de 296.000. A perda de 35.000 postos de trabalho que ocorreu neste período foi a última redução de emprego em grande escala no setor europeu do calçado antes de um período de relativa estabilidade, que permanece. As causas da contração de mão de obra residem, novamente, na deslocalização da indústria para países de mão de obra barata e na recessão económica. Nos últimos anos, por outro lado, tem ocorrido uma revitalização na indústria, evidenciada pelo final do declínio no emprego.

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Annual Report 201426

28% Italy

4% Others

2% United Kingdom

2% Croatia

2% France

3% Hungary

3% Germany

5% Bulgaria

9% Spain

6% Poland

18% Romania15% Portugal

3% Slovakia

A análise da distribuição geográfica do emprego no setor do calçado em 2013 (imagem 13) evidencia que, mesmo mantendo a sua posição como maior nação empregadora, a importância relativa de Itália é menos destacada do que no número de empresas e volume de negócios. Itália representa 28% da mão de obra europeia, a Roménia 18% (mas apenas 4% do volume de negócios), Portugal 15% e Espanha e Polónia em conjunto outros 15%. Estes cinco países representam, no total, mais de 75% do total dos trabalhadores da indústria europeia do calçado.

IMAgEM 13: 2013 - DISTRIBUIÇÃO gEOgRÁFICA DO EMPREgO NO SETOR DO CALÇADO

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Annual Report 2014 27

Se atentarmos na evolução do emprego no setor do calçado europeu nos últimos três anos (imagem 14), chegamos à conclusão que o emprego se manteve relativamente estável neste período em Itália, mas que se verificaram algumas perdas de postos de trabalho na Roménia. Por outro lado, Portugal e Espanha apresentam uma perspetiva encorajadora com um crescimento no número de empregados no último ano. A Polónia e a Bulgária demonstram ambas uma tendência negativa ao longo dos últimos três anos, embora esta não seja suficientemente importante para influenciar o crescimento nos dados europeus agregados..

IMAGEM 14: 2011 - 2013: EMPREGO NO SETOR DO CALÇADO NOS PAÍSES UE 28

0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000 70.000 80.000 90.000 100.000

2012

2013

Italy

Romania

Portugal

Spain

Poland

Bulgaria

Germany

Slovakia

Hungary

France

Croatia

United Kingdom

Czech Republic

Greece

Slovenia

Austria

Finland

Estonia

Netherlands

Lithuania

Sweden

Belgium

Latvia

Ireland

Denmark

Cyprus

Luxemburg

Malta

2011

81.622

53.270

43.821

26.409

17.533

13.326

8.957

8.728

7.451

6.730

5.820

4.295

2.359

1.594

1.369

1.412

1.065

793

526

261

228

226

86

58

46

0

0

697

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Annual Report 201428

Mais de 80% da mão de obra europeia do setor do calçado encontra-se em pequenas e médias empresas. A distribuição da mão de obra é muito semelhante ao padrão apresentado pelos dados relativos ao volume de negócios (imagem 9). As empresas pertencentes à faixa dos 50-249 empregados representam a maior categoria.

A análise da distribuição de emprego por categoria de dimensão nos seis países europeus de relevância demonstra que Itália, desta vez, apresenta uma situação equilibrada, sem predominância particular de uma categoria de dimensão face a outras. Roménia, Portugal e Bulgária, por outro lado, têm uma predominância clara de empresas na categoria dos 50-249 empregados e Espanha na faixa dos 20-49.

IMAGEM 15: 2010 - 2012: % DE EMPREGO POR CATEGORIA DE DIMENSÃO

IMAGEM 16: 2012 - DISTRIBUIÇÃO DO EMPREGO POR CATEGORIAS DE DIMENSÃO NOS SEIS MAIORES PAÍSES EMPREGADORES EUROPEUS

16%

10,3%

21,5%

33,4%

18,7%

16,1%

12,6%

21,8%

34,2%

15,3%

18,6%

11,4%

21,2%

33,4%

15,3%

201220112010

0-9 PERSONS EMPLOYED

10-19 PERSONS EMPLOYED

20-49 PERSONS EMPLOYED

50-249 PERSONS EMPLOYED

50-249 PERSONS EMPLOYED

ITALY

25%20%24%21%10%

3%4%

14%41%37%

ROMANIA

10%12%26%41%11%

PORTUGAL

25%21%40%12%2%

SPAIN

4%6%

16%44%29%

BULGARIA

5,1%4,3%

12,2%49,5%28,8%

HUNGARY

0-9 PERSONS

EMPLOYED

10-19PERSONS

EMPLOYED

20-49PERSONS

EMPLOYED

50-249 PERSONS

EMPLOYED

OVER 250PERSONS

EMPLOYED

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Annual Report 2014 29

Há uma proporção significativamente mais elevada de mulheres a trabalhar no setor do calçado nos países analisados, tal como se pode ver na imagem 17. Na Roménia, o setor é dominado pelas mulheres, com uma proporção de quatro mulheres para cada homem a trabalhar no setor. Em 2012, a proporção em França era de quase dois para um a favor do emprego feminino. Itália, Polónia e Portugal apresentam um quadro mais equilibrado em termos de emprego por género.

IMAgEM 17: 2011 – 2012: EMPREgO E gÉNERO

CAIXA DE INFORMAÇÃO

Caracterização Da Mão De Obra Esta secção do relatório apresenta dados detalhados sobre as caraterísticas da mão de obra no setor do calçado (incluindo componentes). Os dados proveem de um estudo levado a cabo com os parceiros sociais nacionais de cinco países relevantes em termos do calçado. Os países que participaram no estudo foram: França, Itália, Polón-ia, Portugal e Roménia.

2011ITALY 20122011 2012

55,3%

44,7%

55,2%

44,8%

FRANCE

60%

40%

65%

35%

2011 20122011POLAND 2012 PORTOGAL

FEMALES MALES

60,3%

39,7%

60%

40%

54%

46%

54%

46%

2011 2012ROMANIA

80%20%

82%18%

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Annual Report 201430

99%NATIONALS 1%

FOREIGNERS

POLAND

100%NATIONALS 0%

FOREIGNERS

ROMANIA

95,8%NATIONALS 4,2%

FOREIGNERS

ITALY

20122012

20122012

100%NATIONALS 0%

FOREIGNERS

PORTUGAL

Foram apresentados dados relativos à nacionalidade da mão de obra do setor do calçado por parte de Itália, Polónia, Portugal e Roménia. Nestes países, a esmagadora maioria dos trabalhadores é oriunda dos países em que trabalha. Itália apresenta a percentagem mais elevada de trabalhadores estrangeiros, apesar de os trabalhadores não italianos não representarem proporcionalmente mais de 4,2% da mão de obra em qualquer dos dois anos em apreço. Na Roménia e em Portugal, toda a reserva de mão de obra do setor do calçado é constituída por população nacional. Os dados mostram, assim, que a mão de obra do setor do calçado tem uma tradição de raízes firmes no seu território nacional.

IMAGEM 18: 2012: EMPREGO E ORIGEM NACIONAL

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Annual Report 2014 31

França, Polónia, Portugal e Roménia forneceram dados sobre a repartição por escalões etários dos trabalhadores. Nestes países, a maioria dos trabalhadores encontra-se na faixa etária dos 36-55. Verifica-se também uma percentagem relativamente elevada de trabalhadores mais velhos a ponto de abandonar o setor (especialmente em França) e uma baixa percentagem de trabalhadores a entrar no setor. Esta questão merecerá, sem dúvida, reflexão por parte de empregadores e responsáveis políticos. Estes trabalhadores mais velhos vão ser substituídos? Se sim, como?

IMAgEM 19: 2011 – 2012: EMPREgO E IDADE

up to 35 years age 36-55 over 55 years

9,9% - 70% - 20,1%

14,6% - 64,9% - 20,5%

FRANCE 20112012

29% - 65% - 6%

29% - 64% - 7%

POLAND 20112012

33,10% - 60,1% - 6,8%

31,6% - 61,3% - 7,1%

PORTUGAL 20112012

30% - 55% - 15%

45% - 50% - 5%

ROMANIA 20112012

Page 32: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 201432

18% - 28% - 54%

20% - 25% - 55%

FRANCE 20112012

23% - 64% - 13%

26% - 62% - 12%

POLAND 20112012

44% - 44% - 12%

44% - 44% - 12%

PORTUGAL 20112012

30% - 55% - 15%

35% - 50% - 15%

ROMANIA 20112012

up to 5 years 6 - 20 years

over 20 years

A imagem 20 ilustra os resultados do estudo em termos de antiguidade. Os dados de França, Polónia, Portugal e Roménia apresentam uma situação muito diversificada: em França (um país com mais maturidade em termos de tradição de calçado) mais de 50% das pessoas empregadas trabalha no setor do calçado há mais de 20 anos. Por outro lado, a situação é distinta nos países mais jovens e novos, contando estes com uma percentagem significativa de “novos” trabalhadores. Portugal parece ser o país com mais êxito na atração constante de novos trabalhadores para o setor.

IMAgEM 20: 2011 – 2012: EMPREgO E ANTIgUIDADE

Page 33: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 2014 33

Não há dados estatísticos europeus relativos ao grau de instrução das pessoas empregadas no setor do calçado. Os dados fornecidos por Itália, Polónia, Portugal e Roménia mostram que a grande maioria dos trabalhadores tem máximo o nível 4 da CITE, com predominância dos níveis 1 e 2 CITE em Itália e na Polónia e dos níveis 3 e 4 CITE em Portugal e na Roménia.

IMAgEM 21: 2011 – 2012: EMPREgO E gRAU DE INSTRUÇÃO

53% - 41% - 6% 53% - 40% - 7%

91,6% - 6,7% - 1,7% 91,6% - 6,7% - 1,7%

40% - 50% - 10% 30% - 55% - 15%

ITALY

POLAND

PORTUGAL

ROMANIA

59,7% - 33,1% - 7,2% 59,7% - 33,1% - 7,2%

2011 2012

ISCED LEVELS1&2

ISCED LEVELS3&4

ISCED LEVELS5&6

53% - 41% - 6% 53% - 40% - 7%

91,6% - 6,7% - 1,7% 91,6% - 6,7% - 1,7%

40% - 50% - 10% 30% - 55% - 15%

ITALY

POLAND

PORTUGAL

ROMANIA

59,7% - 33,1% - 7,2% 59,7% - 33,1% - 7,2%

2011 2012

ISCED LEVELS1&2

ISCED LEVELS3&4

ISCED LEVELS5&6

CAIXA DE INFORMAÇÃO

Classificação Internacional Tipo da Educação CITE é a Classificação Internacional Tipo da Educação, uma estrutura de classificação para organizar a infor-mação sobre ensino e formação, desenvolvida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Os níveis de ensino, tal como na imagem 22, são descritos da seguinte forma:

NÍVEL 1: Ensino primário ou primeira etapa do ensino básico

NÍVEL 2: Ensino secundário inferior ou segunda etapa do ensino básico

NÍVEL 3: Ensino secundário (superior)

NÍVEL 4: Ensino pós-secundário não superior

NÍVEL 5: Primeira etapa do ensino superior

NÍVEL 6: Programas terciários que levam à obtenção de uma qualificação de investigação avançada, por exemplo, doutoramento.

Page 34: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 201434

FRANCE

4%14%82%3%14%83%

POLAND

2011 20129,2%11%68%6%10%73%

2011 2012

ITALY

2,7%24,3%72,9%2,7%24,3%72,9%

2011 2012

ROMANIA

5%10%85%5%15%80%

2011 2012

A distribuição dos postos de trabalho no setor europeu do calçado evidencia a predominância de operários (colarinhos azuis) que desempenham tarefas que exigem competências técnicas e orientadas para a produção. As competências técnicas são extremamente importantes para o futuro do setor do calçado, visto que a qualidade da produção é uma das vantagens diferenciadoras da Europa no mercado global. Quanto mais produtos do calçado chegarem aos mercados internacionais, mais serão os trabalhadores necessários para desempenhar diferentes funções nas empresas de fabrico. Os trabalhadores administrativos (colarinhos brancos) têm um papel cada vez mais importante no setor do calçado, testemunhado pela elevada proporção de trabalhadores desta categoria em Itália, país com uma das mais elevadas percentagens de exportações extracomunitárias no continente. Exemplos de profissões com uma importância crescente no setor são as relacionadas com design, marketing, logística e representação de vendas.

IMAgEM 22: 2011 – 2012: DISRIBUIÇÃO DOS POSTOS DE TRABALHO

Page 35: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 2014 35

A esmagadora maioria dos trabalhadores do setor do calçado em França, Itália, Portugal e Roménia beneficia de um contrato de trabalho sem termo. Na Roménia e na Polónia, verifica-se uma proporção mais elevada de contratos a termo e uma baixa ocorrência de outras formas de contrato. Incluem-se nestas o trabalho temporário e a aprendizagem, duas formas diferentes de emprego em termos de valorização por parte dos trabalhadores e potenciais benefícios para o futuro do setor.

IMAgEM 23: 2011 – 2012: CONTRATOS

FRANCE

97%

3%

2011

97%

3%

2012

PORTUGAL

80,1%

6,8%

2011

80,1%

6,8%

13,1%13,1%

20122011 2012

ITALY

95,8%

1%3,2%

96,1%

1%2,9%

2011 2012

ROMANIA

2011

70%

30%

2012

80%

20%

POLAND

2011 2012

59%

41%

59%

41%

Permanent employment contract

Fixed-term employment contract

Others

Page 36: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 201436

Recolheram-se dados relativos ao trabalho a tempo parcial em França, Itália, Roménia e Polónia. A situação é semelhantes nestes países, sendo que quase todos os contratos e padrões de trabalho são a tempo inteiro. Apenas uma pequena percentagem da mão de obra de cada um dos países se encontra empregada através das várias formas de trabalho a tempo parcial. .

IMAgEM 24: 2011 – 2012: TRABALHO A TEMPO INTEIRO E A TEMPO PARCIAL

FRANCE

2011

97%

3%

97%

3%part time

full time

part time

full time

ITALY

2011

2012201120122011

91,2%

8,8%

91,5%

8,5%part time

full time

part time

full time

FRANCE

2011

20122011

97%

3%

97%

3%part time

full time

part time

full time

ROMANIA

2011

20122011

95%

5%

95%

5%part time

full time

part time

full time

Page 37: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 2014 37

2004

300,00

250,00

200,00

150,00

100,00

50,00

0,00

2006 2008 2010 2012 2014

2005 2007 2009 2011 2013

IMAGEM 25: 2004 – 2014: ÍNDICE DE VOLUME DA PRODUÇÃO FABRICO DE CALÇADO – DADOS CORRIGIDOS POR DIAS DE TRABALHO – UNIÃO EUROPEIA (28 PAÍSES)

A análise do índice de volume da produção 5 (dados corrigidos por dias de trabalho) de 2004 a 2014 evidencia dois elementos principais. Em primeiro lugar, um declínio constante do fabrico de calçado ao longo da última década, e, em segundo, uma elevada influência das temporadas na atividade do setor. O fabrico de calçado, à semelhança de outras indústrias ligadas à moda, atravessa períodos do ano em que há picos de produção e outros em que a atividade das empresas diminui significativamente. Os picos de produção correspondem aos períodos em que as diferentes coleções já foram aprovadas e as empresas de fabrico de calçado têm de entregar os sapatos aos consumidores e/ou canais de distribuição. Os dados analisados na imagem 25 mostram que o fenómeno da sazonalidade teve um impacto mais reduzido no comportamento da empresa nos últimos cinco anos, uma vez que o mercado continua a evoluir. Antigamente, era comum haver duas temporadas principais (e portanto, coleções), mas agora as empresas lançam até oito coleções por ano. Isto deve-se à expansão geográfica do mercado (agora mais orientado para a exportação) e à constante procura de novos produtos por parte dos consumidores. 5EUROSTAT: O índice de produção industrial (forma abreviada IPI, também chamado índice de volume industrial) é um indicador de ciclo económico que mede as alterações mensais da produção da indústria corrigida de preço.http://ec.europa.eu/eurostat/statistics-explained/index.php/Industrial_production_%28volume%29_index_overview

3.1.2 EVOLUÇÃO DO MERCADO

Page 38: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 201438

A imagem 26 compara o índice de volume de produção do total da indústria transformadora da UE 28 com o desempenho do fabrico de calçado. Nesta imagem, os dados são corrigidos de sazonalidade para se obter uma imagem mais clara do desempenho. É manifesto que o setor do calçado perdeu parte significativa da capacidade de fabrico no período 2004-2010. No entanto, desde 2010, a situação tem sido de maior estabilidade e o setor apresenta um comportamento semelhante ao do indicador de fabrico total da UE 28. .

A imagem 27 apresenta um quadro atualizado da produção de calçado, importações e exportações, no período 2009-2013. Os dados destacam uma imagem cada vez mais positiva do setor, com um aumento dos níveis de produção de 24% entre 2009 e 2013, um aumento de 26% nas importações no mesmo período e um aumento de 74% dos níveis de exportação em 2013 face a 2009. A Europa é um dos maiores mercados mundiais de calçado com um consumo atual de mais de 23,8 mil milhões de euros. A balança comercial é ainda negativa mas o forte aumento das exportações tem vindo a reduzir este défice. O valor do défice do calçado era de quase 8 mil milhões de euros em 2009, mas de 7,7 mil milhões de euros em 2013.

IMAGEM 26: 2004 – 2014: FABRICO TOTAL DA INDÚSTRIA VS. FABRICO DE CALÇADO – ÍNDICE DE VOLUME DE PRODUÇÃO

IMAGEM 27: 2009 - 2013: PRODUÇÃO DE CALÇADO, IMPORTAÇÕES, EXPORTAÇÕES (1.000 €)

2004 2006 2008 2010 2012 20142005 2007 2009 2011 2013

MANUFACTURING OF FOOTWEAR

MANUFACTURING

16.103.328

15.193.891

15.947.816

13.684.321

12.325.545

14.846.968

15.522.210

13.038.164

14.477.600

15.559.591

5.905.461

7.775.4894.878.220

4.296.614

7.146.637

2009 2010 2011 2012 2013

Production Import Export

Page 39: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 2014 39

Os dados da imagem 27 têm em conta os dados de produção de todos os códigos de produto (de acordo com a nomenclatura CPA), incluindo referência a componentes para calçado (código 152040). Os dados da imagem 28 consideram apenas a produção do produto final de calçado. Os dois conjuntos de dados são medidos em valor e em pares produzidos e ilustram um aumento constante de ambos indicadores. No período compreendido entre 2009 e 2013, houve um aumento de 25% em termos de valor e de 11% em termos de número de pares. Os dados evidenciam um dos temas emergentes que tem vindo a definir o setor, o facto de haver um aumento constante do calçado europeu em termos de valor acrescentado.

IMAGEM 28: 2009 - 2013: PRODUÇÃO DE CALÇADO EM VALOR E EM PARES

15.000.000

2009 2010 2011 2012 2019

600.000

500.000

400.000

300.000

200.000

100.000

13.000.000

11.000.000

9.000.000

7.000.000

5.000.000

3.000.000

1.000.000

Production in pairs1.000

Production in value1.000 Mln euros

11.218.193

14.119.302

470.588

526.464

Page 40: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 201440

Os dados de 2009-2013 relativos ao tipo de calçado produzido na Europa, por valor, (imagem 29) mostram que o calçado de couro (código 152013) representa quase 4/5 da produção europeia total. Estes números confirmam o posicionamento da produção europeia de calçado no setor superior do mercado, não apenas devido aos custos de mão de obra mais elevados do que em outras regiões do mundo, mas também devido ao elevado valor acrescentado.

IMAgEM 29: 2009 - 2013: PRODUÇÃO EUROPEIA POR TIPO DE CALÇADO (% COM BASE NO VALOR)

79%

5,9%

5,7%

3,2%

2,4%

1,2%

2,6%

78,6%

5,8%

5,6%

3,5%

2,5%

1,7%

2,3%

5,4%

5,7%

3,1%

2,3%

1,3%

2,8%

5,4%

5,4%

3,0%

2,2%

1,2%

2,5%

4,9%

5,5%

3,1%

2,2%

1,2%

2,3%

79,3% 80,4% 80,7%

2009 2010 2011 2012 2013

Leather152013

Safetyfootwear152031

Rubberor

plastic152012

Otherfootwear152032

Textiles152014

Sportsfootwear152021

+152029

Waterproof152011

Page 41: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 2014 41

62,9

15,4%

4,9%

3,3%

5,4%

3,9%

4,1%

61,5%

15,2%

5,3%

3,7%

5,6%

5,1%

3,6%

14,3%

5,5%

3,7%

6,0%

4,8%

4,7%

14,7%

5,3%

3,4%

5,6%

4,3%

3,7%

13,7%

5,6%

3,3%

7,9%

4,7%

3,4%

61,1% 63,0% 61,4%

2009 2010 2011 2012 2013

Leather152013

Safetyfootwear152031

Rubberor

plastic152012

Otherfootwear152032

Textiles152014

Sportsfootwear152021

+152029

Waterproof152011

A imagem 30 apresenta uma análise semelhante à da imagem 29 com a repartição da produção com base no número de pares fabricados e não no valor. A produção de calçado de couro apresenta o volume mais elevado, mesmo que por pequenas percentagens. Isto justifica-se na medida em que o valor unitário (preço) do fabrico do calçado de couro é significativamente mais elevado do que o preço de produção de outros tipos de calçado.

IMAGEM 30: 2009 - 2013: PRODUÇÃO EUROPEIA POR TIPO DE CALÇADO (% COM BASE NO NÚMERO DE PARES)

Page 42: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 201442

O preço unitário do calçado de couro é o mais elevado entre os vários tipos de calçado produzido na Europa, tendo aumentado significativamente (17,7%) no período 2009-2013. Esta subida de preço dever-se-á, essencialmente, a um aumento nos custos de materiais específicos, podendo também dever-se, no entanto, ao reconhecimento no mercado da mais valia intrínseca do calçado fabricado na UE. Outros tipos importantes de calçado produzido na UE apresentaram um aumento mais moderado do preço por unidade no mesmo período (calçado desportivo, por exemplo) ou mesmo uma redução, como no caso do calçado de segurança (código 152031).

IMAgEM 31: 2009 - 2013: CALÇADO PRODUZIDO NA EUROPA, PREÇO POR UNIDADE (€/PAR)

20092010201120122013

20092010201120122013

20092010201120122013

20092010201120122013

20092010201120122013

20092010201120122013

20092010201120122013

29,92

30,64

33,73

34,36

35,23

14,78

15,67

15,37

17,97

18,31

7,51

7,97

7,14

7,40

6,66

27,55

25,32

27,10

27,26

26,43

10,84

10,70

10,08

10,52

7,58

20,87

20,59

20,25

22,12

22,79

9,04

9,11

9,87

9,82

9,67

Leather152013

Safety footwear152031

Rubber or plastic152012

Other footwear152032

Textiles152014

Sports footwear152021 +152029

Waterproof152011

Page 43: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 2014 43

Os dados (excluindo componentes para calçado – código 152040) relativos a pares e valor mostram um aumento significativo entre 2009 e 2013, um período em que as exportações aumentaram mais de 73% em termos de valor e 46% em número de pares. O valor por unidade das exportações europeias de calçado é relativamente elevado, tendo aumentado, no período analisado, de 27,7€ o par, em 2009, para 32,8€ o par, em 2013, o que representa um aumento de 18,6%. O aumento das exportações evidencia, de forma clara, o reconhecimento internacional da qualidade dos produtos europeus.

IMAGEM 32: 2009 - 2013: EXPORTAÇÕES DE CALÇADO EM VALOR E EM PARES

€ 7.000.000

2009 2010 2011 2012 2019

600.000

500.000

400.000

300.000

200.000

100.000

€ 6.000.000

€ 5.000.000

€ 4.000.000

€ 3.000.000

€ 2.000.000

€ 1.000.000

€ 0

Production in pairs1.000

11.218.193

4.217.329 7.319.082

152.524

223.207

Production in value1.000 Mln euros

Page 44: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 201444

85,7%

2013

4,4% 3,9%

4,5% 1,5%

88,2

4,1% 3,5%

3,2% 1%

2010

4,1%

0,1%3,6%

3,5%

88,6%

2011

4,4% 4,0%

4,2% 1,5%

85,9%

2012

87,0%

87,0%

4,4%

4,4%

3,7%

3,7%

3,4%

3,4%

1,6%

1,6%

2014

EU Russia

Hong KongUSA

Switzerland

Ao examinar os cinco principais mercados de exportação europeus, com uma repartição de % com base no valor (imagem 33), fica claro que as exportações intracomunitárias representam o mercado mais importante para o calçado produzido na UE, apresentando valores superiores a 85% em cada ano do período considerado. Os principais destinos extracomunitários das exportações de calçado fabricado na Europa são EUA, Rússia, Suíça e Hong Kong.

IMAgEM 33: CALÇADO EUROPEU: 5 PRINCIPAIS MERCADOS DE EXPORTAÇÃO (% COM BASE NO VALOR)

Page 45: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 2014 45

76,4%

6,5%

6,0%

2,4%

5,9%

0,8%

2,0%

72,1%

7,0%

5,6%

5,5%

4,8%

0,9%

4,3%

6,9%

5,9%

4,7%

4,3%

0,9%

4,1%

6,5%

5,8%

4,6%

4,6%

0,8%

4,6%

6,2%

5,8%

4,3%

4,5%

0,8%

3,9%

73,3% 73,1% 74,4%

2009 2010 2011 2012 2013

Leather152013

Safetyfootwear152031

Rubberor

plastic152012

Otherfootwear152032

Textiles152014

Sportsfootwear152021

+152029

Waterproof152011

Os dados relativos ao valor das exportações europeias por tipo de calçado (imagem 34) evidenciam que, tal como nas exportações extracomunitárias, o calçado de couro (código 152013) detém a maior fatia do valor exportado, no período 2009-2013. Em 2013, quase três dos quatro euros gerados pelas exportações de calçado correspondia a calçado de couro. O calçado têxtil detém a segunda maior percentagem de exportações europeias, seguindo-se, não muito longe, o calçado de borracha e de plástico.

IMAGEM 34: 2009 - 2013: EXPORTAÇÕES EXTRACOMUNITÁRIAS DE CALÇADO POR TIPO DE CALÇADO (% COM BASE NO VALOR)

Page 46: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 201446

47,6%

14,7%

19,1%

3,1%

5,8%

2,7%

7,0%

43,9%

14,7%

17,7%

5,7%

4,8%

3,0%

10,2%

15,5%

17,9%

5,0%

4,4%

2,9%

9,5%

16,9%

17.5%

5,0%

4,8%

2,4%

9,0%

14,5%

18,8%

4,7%

4,7%

2,5%

8,7%

44,8% 44,3% 46,1%

2009 2010 2011 2012 2013

Leather152013

Safetyfootwear152031

Rubberor

plastic152012

Otherfootwear152032

Textiles152014

Sportsfootwear152021

+152029

Waterproof152011

A imagem 35 apresenta uma análise semelhante à da imagem 34 com a repartição da produção com base no número de pares. Os dados mostram que o calçado de couro representa a maior proporção das exportações, apresentando, no entanto, percentagens mais reduzidas, situadas entre 43,9% e 47,6% no período em apreço.

IMAGEM 35: 2009 - 2013: EXPORTAÇÕES EXTRACOMUNITÁRIAS DE CALÇADO POR TIPO DE CALÇADO (% COM BASE NO NÚMERO DE PARES)

Page 47: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 2014 47

O preço unitário (€/par) do calçado exportado pela Europa para países extracomunitários e o preço unitário do calçado importado de países extracomunitários para a Europa apresentam diferenças significativas. Isto mostra como as exportações europeias se baseiam em altos padrões de qualidade, enquanto as importações se baseiam essencialmente no preço. Em 2009, o preço médio de importação de calçado era de 5,2€ o par, enquanto o preço de exportação era de 27,7€ o par. Os dados de 2013 evidenciam um aumento em valor em ambos casos, ascendendo o preço médio de importação a 6,1€ o par (aumento de 17%) e o preço médio de exportação a 32,8€ (aumento de 18,4%).

IMAgEM 36: 2009 - 2013: IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES EXTRACOMU-NITÁRIAS DE CALÇADO: PREÇO POR UNIDADE

27,728,4

30,3 31,332,8

5,2 5,5 5,56,3

6,1

2009

€ 50

€ 45

€ 40

€ 35

€ 30

€ 25

€ 20

€ 10

€ 5

€ 0

€ 15

2010 2011 2012 2013

Unitaty priceImports

Unitaty priceExports

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Annual Report 201448

O preço unitário do calçado de couro fabricado na UE 28 é o mais elevado entre os vários tipos de produtos de calçado, tendo aumentado significativamente (17,7%) no período 2009-2013. Esta subida de preço dever-se-á, essencialmente, a um aumento nos custos de materiais específicos, podendo também dever-se, no entanto, ao reconhecimento no mercado da mais valia intrínseca deste tipo de calçado fabricado na UE. Outros tipos importantes de calçado apresentaram um aumento mais moderado do preço por unidade no mesmo período (calçado desportivo, por exemplo) ou mesmo uma redução, como no caso do calçado de segurança (código 152031).

IMAgEM 37: 2009 - 2013: CALÇADO EXPORTADO DA EUROPA, PREÇO POR UNIDADE (€/PAR)

20092010201120122013

20092010201120122013

20092010201120122013

20092010 2010201120122013

2009

201120122013

20092010201120122013

20092010201120122013

44,4

46,7

49,4

51,4

52,7

12,3

13,4

13,4

12,0

13,8

7,9

7,5

8,8

13,0

10,6

26,9

27,7

29,5

30,0

32,0

8,7

9,0

10,0

10,2

10,1

21,2

22,0

23,4

23,7

24,5

8,0

8,1

8,9

10,2

11,1

Leather152013

Safety footwear152031

Rubber or plastic152012

Other footwear152032

Textiles152014

Sports footwear152021 +152029

Waterproof152011

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Annual Report 2014 49

Em média, mais de 60% do valor das importações europeias proveio de países extracomunitários no período 2010-2014. A China é o principal fornecedor extracomunitário com importações para a UE que representam mais de um quinto do total do valor de importações europeias. Em segundo lugar, encontra-se o Vietname, com uma importância crescente enquanto fornecedor no período 2011-2014, após uma diminuição da mesma em 2010. Os outros países representados no top 5 incluem a Índia e a Indonésia, confirmando a predominância asiática na produção em massa de calçado.

IMAGEM 38: 2009 - 2013: IMPORTAÇÕES EUROPEIAS: 5 PRINCIPAIS FORNECE-DORES (% COM BASE NO VALOR)

2009 2010 2011 2012 2019

€ 16.000.000. 3.500.000

3.000.000

2.500.000

2.000.000

1.500.000

1.000.000

€ 14.000.000

€ 12.000.000

€ 8.000.000

€ 6.000 .000

€ 4.000.000

€ 2.000.000

€ 0

1.000 pairs

11.704.482

14.439.176

2.241.1112.377.423

Production in value1.000 Mln euros

Page 50: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 201450

64,1%

2013

60,8%

24,9%

7,2% 3,9% 3,2%

23,9%

5,8% 3,9% 3,3%

23,8%

6,4% 3,4% 3,7%

22,5%

6,4% 3,4% 3,5%

21,5%

21,5%

7,1%

7,1%

3,5%

3,5%

3,2%

3,2%

2010

63,1%

2011

62,7%

2012

64,7%

64,7%

2014

EU

India

Indonesia

China

Vietnam

O valor das importações por tipo de calçado evidencia como o calçado de couro continua a ser, proporcionalmente, o principal produto de calçado importado. O calçado de borracha e de plástico representa o segundo tipo de produto mais importante (com valores que se aproximam dos 25% em cada ano do período analisado), e o calçado têxtil o terceiro.

IMAgEM 39: 2009 - 2013: IMPORTAÇÕES EUROPEIAS POR TIPO DE CALÇADO (% COM BASE NO VALOR)

Page 51: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 2014 51

45,4%

14,8%

25,9%

2,7%

9,1%

1,0%

1,0%

39,9%

14,6%

25,4%

6,0%

8,8%

1,1%

4,2%

15,8%

25,6%

5,5%

8,5%

1,4%

4,2%

16,4%

24,2%

5,5%

9,9%

1,1%

3,7%

16,3%

23,6%

5,7%

10,4%

1,1%

3,9%

39,0% 39,1% 39,0%

2009 2010 2011 2012 2013

Leather152013

Safetyfootwear152031

Rubberor

plastic152012

Otherfootwear152032

Textiles152014

Sportsfootwear152021

+152029

Waterproof152011

As importações europeias cresceram substancialmente entre 2009 e 2011, tanto em termos de valor como em termos de pares produzidos. No entanto, assinalam-se diferenças de desempenho entre os dois conceitos, neste período. O valor do calçado importado aumentou de forma mais lenta até 2013, altura em que se registava um valor de 14,4 mil milhões de euros (aumento de 23,3% face a 2009). O número de pares importados aumentou até 2011 antes de diminuir em 2012, aumentou ligeiramente em 2013, representando, assim, um aumento de 6% face a 2009.

IMAGEM 40: 2009 - 2013: IMPORTAÇÕES DE CALÇADO EM VALOR E EM PARES

Page 52: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 201452

19,7%

29,2%

41,7%

1,3%

5,6%

1,,3%

1,1%

17,4%

26,9%

42,6%

3,5%

5,5%

1,5%

2,7%

27,8%

43,9%

3,1%

5,0%

1,8%

2,5%

29,2%

40,8%

3,1%

6,0%

1,6%

2,4%

29,4%

40,8%

3,2%

6,2%

1,6%

2,4%

15,9% 17,0% 16,4%

2009 2010 2011 2012 2013

Leather152013

Safetyfootwear152031

Rubberor

plastic152012

Otherfootwear152032

Textiles152014

Sportsfootwear152021

+152029

Waterproof152011

A imagem 41 (importações de calçado por pares) é substancialmente diferente da imagem 39. Os sapatos de borracha e de plástico são a principal categoria de produto com base no número de pares importados, o calçado têxtil continua a ocupar o segundo lugar, sendo o terceiro lugar ocupado pelo couro

IMAgEM 41: 2009 - 2013: IMPORTAÇÕES EUROPEIAS POR TIPO DE CALÇADO (% COM BASE NO NÚMERO DE PARES)

Page 53: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 2014 53

O calçado de borracha e de plástico, bem como o calçado têxtil, são as categorias de produto com os preços unitários mais baixos das importações, como mostra a imagem 42. Mais uma vez, este dados mostram como o fabrico europeu de calçado assenta na qualidade, sendo o preço por unidade do calçado produzido na Europa bem mais elevado do que o do calçado importado.

IMAgEM 42: 2009 - 2013: CALÇADO IMPORTADO NA EUROPA, PREÇO POR UNIDADE (€/PAR)

20092010201120122013

20092010201120122013

20092010201120122013

20092010201120122013

20092010201120122013

20092010201120122013

20092010201120122013

12,0

12,9

13,8

14,9

14,8

4,0

4,2

4,6

4,7

4,1

4,7

4,8

5,6

5,6

5,8

11,1

11,4

11,7

12,8

12,4

3,2

3,3

3,3

3,8

3,6

8,4

8,8

9,2

10,7

10,3

2,6

3,0

3,2

3,6

3,5

Leather152013

Safety footwear152031

Rubber or plastic152012

Other footwear152032

Textiles152014

Sports footwear152021 +152029

Waterproof152011

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Annual Report 201454

3.2 DIÁLOGO SOCIAL NO SETOR DO CALÇADO: ANÁLISE POR PAÍS

Este capítulo do relatório apresenta uma análise mais qualitativa da evolução das relações laborais no setor, centrando-se, em particular, nas situações nacionais e na recolha de elementos que contribuam para futuras iniciativas do diálogo social europeu no setor do calçado. Assim, pretende-se sugerir aos parceiros sociais da UE possíveis estratégias de apoio ao setor neste período histórico em concreto. A CEC e o IndustriAll Europa estão cientes de que a adaptação e renovação do diálogo social europeu só podem ser eficazes se houver um conhecimento aprofundado da atual situação nacional dos Estados-membros. Para tal, reuniu-se informação em primeira mão através de reuniões específicas em alguns dos mais importantes países europeus em termos de calçado: França, Itália, Portugal, Roménia e Espanha. As reuniões foram organizadas de forma a garantir a presença simultânea dos representantes dos empregadores e dos sindicatos e parceiros sociais europeus, lançando um debate aberto entre todos. Foi possível uma recolha estruturada da informação graças à elaboração de um questionário específico, preenchido e debatido in loco durante as reuniões, dividido em 4 partes:

● Estrutura e enquadramento do diálogo social nacional

● Especificidades do setor

● Reuniões de diálogo social e resultados

● Prioridades para o diálogo social europeu

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Annual Report 2014 55

ESTRUTURA E ENQUADRAMENTO DO DIÁLOGO SOCIAL NACIONALO objetivo desta parte era analisar, em termos gerais, a situação nacional no que diz respeito ao diálogo social e às relações laborais, recolhendo informação dos parceiros sociais e juntando-a a outras fontes, para, assim, criar um quadro nacional atualizado, identificando aspetos comuns e especificidades nacionais. Os resultados descritos em baixo apresentam um panorama completo dos cinco países analisados, evidenciando as diferenças entres eles.

ESPECIFICIDADES DO SETORA segunda parte da análise centra-se nas caraterísticas específicas do diálogo social setorial nacional (sempre que este exista) dos diferentes países. O principal tema investigado foi a relação entre parceiros sociais setoriais nacionais no contexto das várias legislações nacionais. Como ficará patente nas próximas páginas, os resultados apresentam um quadro muito diversificado, em termos de existência de um diálogo social setorial de facto, frequência e composição das reuniões de diálogo social, condições legislativas de representatividade setorial e extensão da validade dos acordos além das partes signatárias.

REUNIÕES DE DIÁLOGO SOCIAL E RESULTADOSOutros elementos de interesse para os objetivos do projeto foram: um conhecimento estruturado das reuniões de diálogo social setorial nacional e uma identificação rigorosa de exemplos de projetos bipartidos concretos, resultado do sistema nacional setorial de relações laborais. Como explanado na próxima secção 3.2.2 do relatório, os temas normalmente debatidos nas reuniões de diálogo social, incluem, além de convenções coletivas e salários, por exemplo: condições de trabalho, formação e ensino, situação industrial do setor, evolução de postos de trabalho e profissões. Esta secção apresenta ainda uma lista de exemplos nacionais e de boas práticas, casos em que o debate aberto e a cooperação entre os parceiros sociais levou à definição e execução de ações a favor do desenvolvimento do setor.

PRIORIDADES PARA O DIÁLOGO SOCIAL EUROPEUNas entrevistas, dedicou-se uma componente específica da análise à identificação das prioridades para o futuro do diálogo social europeu. Os resultados apresentados no subcapítulo 3.2.3 mostram que os parceiros sociais nacionais consideram o contributo do diálogo social europeu do setor do calçado particularmente importante nos seguintes temas:

● Tentar melhorar a atratividade do setor aos olhos dos trabalhadores jovens.● Desenvolver uma abordagem harmonizada na análise e elaboração de dados nacionais e europeus para se conseguirem previsões e prospetivas mais exatas.● Criar ações coordenadas para favorecer o desenvolvimento de programas e projetos dedicados à identificação das necessidades emergentes em termos de competências e resolução de consequentes desajustamentos em termos de competências. ● Insistir em ações dedicadas a uma aplicação mas eficaz dos controlos aduaneiros ● Interagir com os serviços relevantes da Comissão, para se considerar devidamente a reciprocidade quando se abrem mercados e se assinam acordos de comércio livre.

De acordo com os parceiros sociais nacionais, outros temas a serem considerados nas prioridades futuras do diálogo social setorial incluem: ações para favorecer o emprego no setor; rotulagem de origem obrigatória; políticas industriais de apoio ao fabrico europeu e à responsabilidade social das empresas.

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Annual Report 201456

FRANÇA SITUAÇÃO NACIONAL GERAL EM TERMOS DE DIÁLOGO SOCIAL E RELAÇÕES LABORAIS6

A posição do diálogo social nacional em França foi reforçada pela legislação de 2007, atribuindo-se um papel mais claro aos parceiros sociais no desenvolvimento legislativo futuro de áreas como as relações laborais, o emprego e a formação. A legislação cria também o quadro para uma interação tripartida significativa no que diz respeito a qualquer alteração legislativa futura relativa às áreas abrangidas pelo acordo existente. Em França, a negociação a nível da indústria é abrangente, abarcando negociações sobre salários, formação, questões processuais, prémios, reforma, contratos de trabalho e igualdade de género. A nível da empresa, os empregadores têm a obrigação de negociar anualmente a remuneração, o tempo de trabalho e outras questões, com a presença de um delegado sindical (em empresas com mais de 50 empregados). A legislação permite também que os acordos a nível da empresa divirjam dos acordos a nível da indústria. Há, no entanto, exceções, como as taxas de salário mínimo. Frequentemente, o governo estende os termos dos acordos a nível da indústria a todos os empregadores, o que significa que a cobertura formal de negociação coletiva é bastante elevada. A nível nacional, os acordos apenas

3.2.1ANáLISE DA ESTRUTURA DOS DIáLOGOS SOCIAIS NACIONAIS

6www.worker-participation.eu

Especificidades Do Setor

Em França, encontra-se estabelecido um diálogo social setorial entre empregadores representados pela FFC – Federation Française de la Chaussure – e sindicatos dos representantes setoriais das cinco organizações nacionais: CGT, CFDT, FO, CFE-CGC, CFTC. Ambas partes descreveram o diálogo social nacional como imbuído de um espírito de grande colaboração. A atual composição de diálogo social é válida até 2017, tendo as reuniões lugar pelo menos uma vez por ano. É o governo francês que define, frequentemente, as questões intersetoriais a serem debatidas pelos parceiros sociais setoriais. Os temas variam, tendo em conta os contributos centralizados e obrigação de chegar a acordo num determinado prazo.

podem ser assinados por sindicatos “representativos”. Há cinco grandes confederações sindicais nacionais que são representativas no país: CGT, CFDT, FO, CFE-CGC e CFTC. A nível da indústria, as organizações responsáveis pela negociação dos direitos do lado sindical são as federações industriais dentro das confederações sindicais representativas em termos nacionais, bem como outros sindicatos que demonstrem ter pelo menos 8% dos votos expressos no comité de empresa ou eleições similares dentro da indústria específica. O Estado desempenha um papel direto e importante, fixando um salário mínimo nacional (SMIC).

Page 57: RELATÓRIO -  · PDF fileA terceira parte do relatório descreve os resultados de uma rigorosa análise setorial SWOT (sigla, em inglês,

Annual Report 2014 57

7www.worker-participation.eu

Especificidades Do Setor

Em Itália, o diálogo social formal do setor do calçado tem lugar na plataforma normalmente definida como “Relazioni Industriali” (relações laborais). Os parceiros sociais que se reúnem são: a associação nacional de empregadores Assocalzaturifici e os representantes dos três sindicatos: FEMCA – CISL, FILCTEM – CGIL e UILTEC-UIL. O diálogo social setorial, em Itália, é essencialmente (e quase exclusivamente) bipartido, com uma contribuição muito limitada por parte da administração pública. As reuniões de diálogo social têm lugar pelo menos duas vezes por ano. Também no caso de Itália, as reuniões contam com uma cooperação ativa de ambas partes. No entanto, nos períodos em que uma convenção coletiva se encontra sujeita a revisão, a frequência das reuniões pode variar substancialmente, sendo mais ou menos frequentes consoante os assuntos sob negociação e sua situação. A última convenção coletiva foi assinada em 2013 e permanecerá válida até 2016. Os parceiros sociais do setor do calçado sublinharam a sua eficaz colaboração quanto aos mais importantes aspetos com impacto no desenvolvimento industrial do setor.

ITÁLIA

SITUAÇÃO NACIONAL GERAL EM TERMOS DE DIÁLOGO SOCIAL E RELAÇÕES LABORAIS7

Em Itália, o diálogo social e a negociação coletiva ocorrem essencialmente a dois níveis: indústria e, sobretudo, empresa. Ocasionalmente, o diálogo vê-se alargado também ao nível regional. As negociações a nível da indústria têm como objetivo garantir que os salários se encontram alinhados com os preços e a inflação. Além disso, tratam de uma miríade de outras questões não relacionadas com os salários, como horas, direitos de informação e organização do trabalho. A nível da empresa, são permitidas negociações salariais, bem como negociações dedicadas a alterações introduzidas pela empresa, como novas práticas de trabalho. À semelhança da negociação a nível da empresa, existe a possibilidade de um nível inferior de negociação ser levado a cabo por vários empregadores numa base distrital ou regional. As negociações a nível da indústria contam com a participação das associações ou federações de empregadores e sindicatos industriais (federações industriais dentro das maiores confederações). Para ter direito a negociar, um sindicato deve demonstrar que conta com o apoio de 5% dos empregados da indústria. Não é necessário um acordo ser assinado por todas as federações para entrar

em vigor. As convenções coletivas italianas abrangem um vasto leque de condições de trabalho, como horas e férias, formação, saúde e segurança, recurso a trabalhadores temporários, bem como alguns aspetos ligados às pensões. A nível da empresa, as negociações têm como objetivo, entre outros, abordar mecanismos de reforço da produtividade e promoção da inovação, bem como analisar a distribuição dos lucros de uma produtividade reforçada. Não existe, em Itália, um sistema de fixação de salário mínimo nacional legal. No entanto, os tribunais recorrem, usualmente, ao salário mínimo estipulado pelos acordos a nível da indústria como base para as suas sentenças. Assim, na realidade, estipulam o salário mínimo dessa determinada indústria.

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Annual Report 201458

8www.worker-participation.eu

PORTUGAL

SITUAÇÃO NACIONAL GERAL EM TERMOS DE DIÁLOGO SOCIAL E RELAÇÕES LABORAIS8

A legislação portuguesa tem criado o quadro para o diálogo social a nível da indústria, prevendo a possibilidade de as convenções coletivas serem assinadas a nível nacional, regional ou local. Também se consideram os acordos a nível da empresa e acordos que abrangem várias empresas. Os acordos a nível da indústria eram tradicionalmente mais importantes, abrangendo mais de metade do total dos empregados em 10 das 15 indústrias. Contudo, a situação sofreu alterações recentes devido às medidas adotadas ao abrigo do programa de ajustamento económico, no seguimento do resgate financeiro de 2011. Como consequência, o número de acordos de indústria assinados sofreu um decréscimo acentuado nos últimos anos. O processo agravou-se com a alteração da política governamental relativa à extensão das convenções coletivas. As novas disposições, publicadas no final de outubro de 2012, estipulam que os acordos apenas podem ser alargados além das partes signatárias se pelo menos um sindicato e uma organização de empregadores o solicitarem. Estipulam ainda que as organizações de empregadores signatárias devem empregar mais de metade de todos os trabalhadores da indústria em causa. Por pressão dos parceiros sociais, em 2014, o quadro para a extensão dos acordos foi alterado, passando a incluir um requisito em termos de

representatividade da organização de empregadores: pelo menos 30% das empresas representadas devem ser PMEs. Em Portugal, continuam a existir acordos sobre questões quadro, como formação ou saúde e segurança. Existe também um diálogo social nacional entre sindicatos (CGTP-IN e UGT), empregadores e governo, num organismo tripartido, a CPCS. A legislação prevê que as partes negociadoras, em Portugal, sejam os sindicatos e os empregadores, a título individual ou em federações de empregadores. Os acordos centram-se nas taxas e aumentos salariais, mas abrangem também outros temas como por exemplo: tempo de trabalho; trabalho noturno; saúde e segurança; horas extraordinárias; transferências temporárias; mobilidade geográfica; formação; taxas de turnos; isenção de horário; disposições de rescisão ou revisão de acordos, flexibilidade e prestações sociais adicionais. Outros temas abrangidos com menos frequência incluem: não descriminação e igualdade; trabalho a tempo parcial; adaptações ao tempo de trabalho; empréstimo ocasional de mão de obra a outros empregadores. Portugal tem um salário mínimo nacional, que costuma ser aumentado todos os anos, em Janeiro. Em 2012, 2013 e 2014, o salário mínimo não foi aumentado como consequência das medidas impostas pelo programa de ajustamento económico, no seguimento do resgate financeiro de 2011.

Especificidades Do Setor

Em Portugal, nos últimos tempos, não têm tido lugar reuniões oficiais de diálogo social setorial e os representantes setoriais não se encontram presentes na CPCS. Apesar destas dificuldades estruturais, a organização nacional de empregadores, APICCAPS, e o sindicato nacional, FESETE, reúnem-se regularmente, numa base informal. Até 2011, não havia negociação coletiva para o setor português do calçado, o que se devia, essencialmente, às dificuldades em chegar a acordo sobre a extensão da validade dos acordos além das partes signatárias. Em outubro de 2014, foi renovada a convenção coletiva, graças aos esforços dos parceiros sociais. Tem havido uma cooperação positiva entre os parceiros sociais nos últimos anos, o que permitiu o desenvolvimento de projetos comuns (ver, em baixo: “Ensino e formação em Portugal”).

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Annual Report 2014 59

9www.worker-participation.eu

ROMÉNIA

SITUAÇÃO NACIONAL GERAL EM TERMOS DE DIÁLOGO SOCIAL E RELAÇÕES LABORAIS9

Na Roménia, o diálogo social tem lugar a vários níveis, uma vez que as convenções coletivas podem ser negociadas a nível da indústria, empresa/organização ou grupo empresarial. A legislação evoluiu em 2011 (Ato de diálogo social) com a abolição dos acordos a nível nacional. Foram também feitas alterações fundamentais relativamente ao facto de grandes partes da economia serem, tradicionalmente, abrangidas por acordos de indústria. As alterações dizem respeito, nomeadamente, ao facto de os acordos de indústria serem agora vinculativos para toda a indústria apenas se: as associações de empregadores que os assinam forem responsáveis pelo emprego de mais de metade dos trabalhadores da indústria em causa e a extensão tiver sido pedida pelas partes signatárias e aprovada pelo Conselho nacional tripartido. Se estas condições não forem reunidas, os acordos são tratados como acordos de grupo de empresas, abrangendo apenas as empresas que pertencem às organizações signatárias. A nível da empresa, as empresas com mais de 21 trabalhadores têm a obrigação jurídica de negociar – mas não de chegar a acordo. O Ato de diálogo social de 2011 alterou também a composição do Conselho económico e social (CES), criando um novo organismo (Conselho nacional tripartido para o diálogo social, CNTDS) que deve

ser consultado quanto à legislação financeira, económica, social e sanitária. O seu papel inclui consultas sobre o salário mínimo e negociação de possíveis pactos sociais. O novo Código do diálogo social modificou as regras relativas aos direitos de negociação a nível da empresa. A nível da indústria, a situação permanece inalterada, devendo os sindicatos representar pelo menos 7% dos trabalhadores da indústria para poder negociar a este nível (as associações de empregadores devem representar 10%). Do mesmo modo, nas negociações que envolvem grupos de empresas, os sindicatos têm direito de negociação se contarem com uma maioria de trabalhadores na composição. Na Roménia, existe um salário mínimo nacional, fixado pelo governo no seguimento de debates com os sindicatos e empregadores no Conselho nacional tripartido para o diálogo social, o CNTDS.

Especificidades Do Setor

No setor do calçado romeno, como consequência daquilo que se expôs em cima, existem plataformas oficiais de diálogo social a nível da empresa, mas não a nível nacional ou setorial. Foram feitas algumas alterações estruturais em termos de representatividade setorial nos últimos tempos, contudo o setor do calçado não tem uma associação específica de empregadores que reúna as condições necessárias para a representatividade mínima (10%). Consequentemente, não foi assinada nenhuma convenção nacional coletiva relativa ao setor do calçado, na Roménia. As condições e evoluções contratuais, bem como outras questões relativas às condições de trabalho, são essencialmente debatidas, anualmente, a nível da empresa. Numa tentativa de relançar o diálogo social, cerca de 65 empresas aderiram a uma associação setorial de nome SFERA FACTOR. Atualmente, esta associação trabalha de forma ativa com os representantes sindicais para revitalizar o diálogo social no setor.

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10www.worker-participation.eu

ESPANHA

SITUAÇÃO NACIONAL GERAL EM TERMOS DE DIÁLOGO SOCIAL E RELAÇÕES LABORAIS10

Em Espanha, o diálogo social e as negociações entre empregadores e sindicatos têm lugar nível nacional, industrial e da empresa/organização. Os principais acordos não salariais são por vezes tripartidos, envolvendo governo, sindicatos e empregadores. Em 2010, últimos dados finais disponíveis, encontravam-se registadas 5,067 convenções coletivas abrangendo 10,794,334 trabalhadores. Três quatros (75%) destes acordos eram acordos a nível da empresa. Os acordos assinados pela indústria nacional representam apenas 1,7%, enquanto os acordos assinados pelas províncias correspondem a um quinto (19,2%). A tendência geral até agora – foram feitas, recentemente, alterações legislativas – tem sido de haver acordos próprios das grandes e médias empresas, por vezes a nível de instalação, sendo os pequenos empregadores cobertos pelos acordos provinciais da sua indústria. O governo tem competências para proceder à extensão das convenções coletivas a áreas nas quais não houve negociações. Atualmente, os acordos de empresa têm precedência em áreas chave, mesmo que haja em vigor acordos a nível de província que abranjam a sua indústria. Os acordos de empresa têm a possibilidade de estabelecer condições relativas a salários, horas, avaliação e outros, como o equilíbrio entre vida privada e vida profissional, independentemente das condições previstas pelos acordos a nível da indústria. Além disto, quando uma empresa atravessa especiais dificuldades financeiras, pode suspender muitos dos termos e condições acordados. As convenções coletivas são juridicamente vinculativas para todos os trabalhadores nas áreas abrangidas, desde que as partes negociadoras tenham direito a assinar a convenção. A nível nacional ou regional, os “sindicatos mais representativos” são apenas aqueles que podem assinar em nome de todos os empregados ou que demonstrem contar com um nível particular de apoio na área abrangida pelas negociações. A legislação prevê condições

específicas relativas à condução das negociações e composição de ambos lados. Prevê ainda que as negociações devem ser levadas a cabo em boa fé, com acordos finais que durem, à partida, dois ou mais anos. O acordo estabelece também os termos relativos à vigência dos acordos após expiração oficial, área que se viu afetada pelas recentes alterações da legislação já que agora se fixa o prazo de um ano, aplicando-se, posteriormente o acordo de nível superior. Os acordos a nível nacional tratam de questões não relacionadas com os salários, como: contratos de trabalho, formação e igualdade. Os acordos de nível inferior abrangem a remuneração e tempo de trabalho, incluindo, frequentemente, uma cláusula relativa a pagamentos adicionais quando a inflação excede um determinado nível. Podem também abranger outros temas como: formação, classificação profissional, disposições relativas a doença e maternidade. Espanha tem um salário mínimo nacional, que costuma ser aumentado pelo governo, anualmente, em Janeiro.

Especificidades Do Setor

Não existe formalmente uma plataforma oficial de diálogo social dedicada ao setor do calçado, em Espanha. As reuniões de diálogo social dão-se entre os representantes dos empregadores (FICE e AEC) e os principais sindicatos – FITAG-UGT e FITEQA-CC.OO (desde 2014 FI – CC.OO) –, mas não de forma regular ou formal. A 25 de setembro de 2014, foi publicada uma nova convenção coletiva para o setor do calçado pelo Ministério espanhol do emprego e segurança social. Foi assinada por todos os parceiros sociais mencionados acima. As negociações duraram mais de nove meses e a assinatura da convenção veio representar a renovação da colaboração entre os parceiros sociais. Um dos resultados interessantes desta nova convenção é a disposição relativa ao Observatorio Industrial del Calzado (Observatório industrial do calçado). Trata-se de uma organização informal bipartida, tendo ambas partes acordado desempenhar um papel ativo no seio da mesma. O principal objetivo do observatório é identificar questões e problemas estratégicos com que se deparar o setor, bem como definir ações para os superar. Este foi um dos passos (entre outros) considerado como necessário para relançar o diálogo social nacional e reforçar a cooperação entre os seus membros.

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3.2.2 REUNIõES DE DIáLOGO SOCIAL NACIONAL E RESULTADOS

Como resultado das entrevistas levadas a cabo em 2013 e 2014 com os parceiros sociais dos cinco países envolvidos no estudo, ficou claro que a renovação das convenções coletivas (quando de aplicação) influencia fortemente a frequência das reuniões de diálogo social a nível nacional. Os parceiros sociais inquiridos reúnem-se regularmente pelo menos uma vez por ano, numa base formal ou informal. Tal não acontece na Roménia, país em que é mais difícil organizar reuniões entre os membros representativos. Esta dificuldade prende-se, essencialmente, com a própria estrutura do diálogo social nacional e com a capacidade de atingir o quórum de organismos representativos tanto a nível de empregadores como de sindicatos. Em termos gerais, os parceiros sociais nacionais relatam um ambiente de colaboração ativa, desenvolvida entre si ao longo do tempo. Esta análise leva em linha de conta o papel desempenhado pelas organizações envolvidas nas reuniões de diálogo social.

Na generalidade, verifica-se uma sensibilização global crescente para a necessidade de desenvolver iniciativas conjuntas entre parceiros sociais que tenham como objetivo a promoção do desenvolvimento sustentável no setor. Os vários exemplos de iniciativas conjuntas desenvolvidas nos países inquiridos testemunham a importância das plataformas de diálogo social nacional como meio de identificar problemas setoriais e de conceber e desenvolver soluções. Em termos gerais, os temas debatidos nas reuniões de diálogo social nacional podem enumerar-se como segue:

● Definição e negociação de convenções coletivas● Salários● Condições de trabalho● Conflitos sociais a nível da empresa● Situação industrial do setor● Formação e ensino● Posições conjuntas face às autoridades públicas● Evolução dos postos de trabalho e profissões● Negociações de segundo nível ● Interpretação de convenções coletivas

Se estabelecermos uma classificação dos vários temas identificados com base na importância e frequência com que foram debatidos nas entrevistas (recorrendo às respostas dadas pelos parceiros sociais), podemos concluir que as principais prioridades dos países inquiridos são, sem dúvida, os salários e as condições de trabalho. Um outro tema chave foi o ensino e formação, tema levantado frequentemente no debate. Os parceiros sociais falaram ainda da situação industrial do setor, bem como da identificação de posições a serem acordadas com o governo e/ou autoridades públicas. Além destes assuntos principais, os demais temas enumerados foram debatidos pelos parceiros sociais com menor frequência.

Como anteriormente dito, os parceiros sociais nacionais reconhecem o bom grau de cooperação entre as partes relevantes durante as reuniões de diálogo social nacional, bem como na conceção, desenvolvimento e execução das ações propostas, após se chegar a consenso.

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No entanto, os acordos alcançados a nível nacional são, por vezes, de difícil transposição para semelhantes relações de colaboração e ações concretas a nível local. Isto deve-se, essencialmente, ao facto de, por vezes (em particular nos países em que a produção de calçado se concentra em distritos industriais), as necessidades industriais variarem a nível regional ou de empresa. Esta afirmação leva em conta as especificidades dos vários segmentos de mercado, bem como as particularidades da distribuição de produção e caraterísticas relacionadas com o produto7.

INOVAÇÃO NA CONVENÇÃO COLETIVA: ITÁLIADurante as negociações da última convenção coletiva, os parceiros sociais italianos introduziram vários elementos inovadores para que o acordo atendesse mais facilmente à evolução das necessidades da indústria. Um exemplo disto é o facto de os parceiros sociais italianos terem avançado com uma nova disposição relativa à gestão das férias dos funcionários. Graças à contribuição conjunta dos parceiros sociais, as empresas têm agora mais flexibilidade na gestão das férias dos funcionários durante a pausa estival. Esta disposição era particularmente necessária devido à programação da MICAM (a mais importante feira comercial internacional no mundo do calçado) para final de agosto (um mês em que, tradicionalmente, as empresas italianas encerram pelo menos durante duas semanas).

Tendo em conta o potencial impacto da nova convenção coletiva nas empresas e trabalhadores, os parceiros sociais acordaram uma estratégia de divulgação das inovações incorporadas na convenção. Esta incluiu, nomeadamente, reuniões organizadas nas áreas de grandes fabricantes locais, representantes de trabalhadores e com as empresas. A resposta de todos os representados a esta iniciativa foi positiva. .

ENSINO E FORMAÇÃO: FRANÇAA cooperação entre os parceiros sociais nacionais franceses nas áreas do ensino e formação é particularmente sólida. Para isso contribuiu o facto de os fundos disponíveis para o financiamento do ensino e formação setoriais serem, por um lado, recolhidos diretamente pela FFC (através da “taxe d’apprentissage”) e, por outro lado, geridos pelos parceiros sociais através do OPCALIA (organismo conjunto para recolha de financiamento dedicado a formação, gerido por empregadores e sindicatos, sob supervisão do estado francês). Assim, os parceiros sociais desenvolveram competências na definição de prioridades setoriais a nível do EFP e EFPC, possibilitando a orientação de escolas e instituições de ensino e formação quanto a uma oferta de formação e competências alinhada com as necessidades do setor. Mesmo considerando as rápidas alterações à forma como os fundos destinados à formação são recolhidos e geridos em França (o que levará, possivelmente, a um controlo mais débil por parte dos parceiros sociais setoriais), as relações de cooperação desenvolvidas entre os parceiros sociais certamente permitirão chegar a posições comuns no futuro. Contudo, provavelmente será necessário fortalecer a voz do setor do calçado neste âmbito.

11É evidente que as relações entre parceiros sociais são também algumas vezes conflituosas (faz parte do seu papel). No entanto, a decisão de descrever apenas os exemplos “positivos” e as boas práticas justifica-se na medida em que estes se enquadram melhor no âmbito do relatório e podem ser usados como exemplos a ser replicados e transferidos para outros países europeus.

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ENSINO E FORMAÇÃO: ITÁLIAA convenção nacional coletiva estabelece o quadro para a criação de um Observatório nacional bilateral da indústria do calçado (Osservatorio Bilaterale Calzatura - “OBN-C”). Os objetivos estatutários do Observatório incluem mandato para:

● Identificar e explicitar a evolução das necessidades de formação,● Preparar ações de formação adequadas,● Promover relações positivas entre produtores e sistema de formação.

Um outro objetivo do OBN-C é fornecer informação constante que vise maximizar e promover a qualidade e eficácia da formação e da aprendizagem com base na indústria. O intuito é desenvolver a capacidade de recursos humanos da indústria e reforçar a competitividade através da melhoria de produtividade. O OBN-C conta com um Comité diretor constituído por três sindicatos e três representantes dos empregadores, sendo responsável pela aplicação das várias ações nas áreas do ensino e da formação profissional. Recentemente, o OBN-C tomou firmes medidas para se tornar membro do Conselho Setorial Europeu de Competências do setor dos têxteis, vestuário, couro e calçado (CSEC TVCC).

ENSINO E FORMAÇÃO: PORTUGALEm Portugal, o importante tema do desenvolvimento de competências tem beneficiado de estreita ligação ao diálogo social desde 1965. Um protocolo assinado pela associação de empregadores e pelos representantes sindicais criou o Centro de Formação Profissional da Indústria de Calçado (CFPIC), também conhecido como Academia de design e calçado. A instituição, ainda muito ativa e possível parte integrante futura do CSEC TVCC, é gerida em conjunto por parceiros sociais e estado português. O principal objetivo do CFPIC é dar uma resposta rápida às necessidades de formação profissional da indústria. Os parceiros sociais desempenham um papel chave na identificação das prioridades futuras.

ENSINO E FORMAÇÃO – ROMÉNIANão existe, na Roménia, nenhuma entidade bipartida ou tripartida reconhecida, responsável pela formação. No entanto, os parceiros sociais do setor do calçado, com o apoio da Universidade Tuiasi, estão a debater a criação de um grupo de trabalho/entidade responsável pelas necessidades dos setores dos têxteis, vestuário, couro e calçado. A formação profissional só recentemente foi formalmente reconhecida pelo governo. Há uma necessidade evidente de investir na formação de competências técnicas, tendo em conta, principalmente, o facto de a Roménia ser o segundo país europeu em termos de trabalhadores e apenas as grandes empresas prestarem formação adequada.

ENSINO E FORMAÇÃO: ESPANHAA Fundación Tripartita para la Formación en el Empleo12 -FTFE (Fundação Tripartida para a Formação no Emprego) é um organismo nacional pertencente ao setor público espanhol. É responsável pela gestão, a nível nacional, dos regimes de formação profissional contínua (FPC) espanhóis, assentando numa base tripartida (agência nacional de emprego,

12A 24 de março de 2015 entrou em vigor um novo regulamento nacional “Real Decreto-ley 4/2015, de 22 de marzo, para la reforma urgente del Sistema de Formación Profesional para el Empleo en el ámbito laboral”. Altera o nome para Fundación Estatal para la Formación en el Empleo e introduz alterações na distribuição de competências entre as partes interessadas. .

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organizações de empregadores e sindicatos) e de diálogo social. Encontra-se também envolvida na promoção, divulgação e financiamento dos programas de FPC para trabalhadores empregados, bem como na investigação associada, nomeadamente, necessidades de formação setoriais e de grupos alvo, ferramentas de aprendizagem e metodologias. Neste complexo sistema de formação profissional para o emprego, um dos elementos mais relevantes é a criação de comités setoriais conjuntos. Estes representam organizações de empregadores e sindicatos dentro de cada indústria ou ramo e são constituídos ao abrigo da negociação coletiva. Conferem flexibilidade ao modelo de formação e têm conhecimento em primeira mão do que se passa nas empresas, pelo que podem fornecer informações significativas. Têm competências alargadas, desde decidir que formações devem ser financiadas nos planos de oferta de formação a sugerir estudos necessários e conceber ferramentas de investigação e formação para o setor. Os peritos das organizações de empregadores e dos sindicatos espanhóis apresentam, regularmente, propostas para novos cursos de ação, ajudando, assim, na atribuição de fundos por parte da FTP.

EVOLUÇÃO DO SETOR: FRANÇAA investigação e desenvolvimento é uma das áreas mais importantes para o desenvolvimento futuro do setor do calçado. Nestes domínios, França dá o exemplo no setor europeu do couro. Em França encontra-se uma organização extremamente importante, amplamente reconhecida no mundo: o CTC, centro de investigação com atividade no setor do couro, curtumes e calçado. No conselho do CTC participam membros das associações de empregadores e sindicatos, bem como várias empresas francesas de referência. Assim, os parceiros de diálogo social desempenham também um papel ativo na definição das futuras prioridades de investigação do setor, elemento fundamental para a competitividade de toda a indústria.

EVOLUÇÃO DO SETOR: ITÁLIAA falta de atratividade da indústria aos olhos dos jovens é um problema grave, um fenómeno que os parceiros sociais italianos do setor do calçado tentaram resolver em conjunto através do desenvolvimento de um projeto específico. O projeto contou com a produção de material de promoção que visava apresentar o lado positivo de trabalhar na indústria do calçado, fazendo referência, em particular, ao encorajar e reforçar da transferência de conhecimentos entre as várias gerações.

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3.2.3 PRIORIDADES EUROPEIAS DOS PARCEIROS SOCIAIS NACIONAIS

Durante as entrevistas, foi colocada uma questão específica quanto à identificação de prioridades para o futuro diálogo social europeu. O gráfico em baixo apresenta uma imagem dos resultados obtidos.PRIORIDADES PARA O FUTURO DS DO SETOR DO CALÇADO

Os parceiros sociais nacionais inquiridos consideram ser uma mais valia encetar ações a nível europeu para: ● Tentar melhorar a atratividade do setor aos olhos dos trabalhadores jovens, ativo fundamental para o futuro de todo o setor.● Unir forças para aplicar uma abordagem harmonizada na análise e elaboração de dados europeus e nacionais para se conseguirem previsões e prospetivas mais exatas, necessárias para melhor planear ações estratégicas a nível setorial. ● Criar ações coordenadas para favorecer o desenvolvimento de programas e projetos dedicados à identificação das necessidades emergentes em termos de competências e resolução de consequentes desajustamentos em termos de consequências. ● Insistir em ações dedicadas a uma aplicação mais eficaz dos controlos aduaneiros.● Interagir com os serviços relevantes da Comissão, para se considerar devidamente a reciprocidade quando se abrem mercados e se assinam acordos de comércio livre, nomeadamente, em questões relacionadas com a responsabilidade social das empresas.● Identificar e executar ações para favorecer o emprego no setor.● Apoiar a exigência crescente por parte de consumidores de obter informações completas sobre os produtos (incluindo a localização geográfica da sua origem), através da rotulagem de origem obrigatória.● Valorizar e debater políticas industriais concretas de apoio ao fabrico UE.Todos estes temas serão tidos em devida consideração na definição das futuras prioridades e do futuro programa de trabalho do diálogo social europeu.

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Attractiveness of the Sector toward

young workers

Foresight and forecast

Training and Skills needs, Skills mismatches

Corporate Social Responsability

Actions on more effective implementation of custom

controls

Reciprocity while opening markets and signing Free Trade Agreements (CSR)

Employment

Mandatory origin labelling

Indusrial policies in support of UE manufacturing

PRIORIDADES PARA O FUTURO DS DO SETOR DO CALÇADO

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3.3 O FUTURO DO SETOR DO CALÇADO: ANÁLISE SWOT

Um dos principais propósitos do projeto foi desenvolver as melhores condições possíveis para a renovação e adaptação do diálogo social setorial europeu do setor do calçado às mudanças ocorridas e emergentes no setor.Assim, era necessário conseguir, em estreita interação com os parceiros sociais nacionais, informação setorial atualizada relativa aos temas relevantes que pudessem ser tratados a nível europeu. Uma nova abordagem “da base para o topo” implicava permitir definir as ações prioritária do diálogo social europeu numa base factual e assentando nas verdadeiras necessidades transmitidas pelas associações industriais e sindicatos. Tendo isto como objetivo, os parceiros sociais elegeram a análise SWOT como a mais adequada: um método de planeamento estruturado que avalia os pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças de um determinado caso:

● Pontos fortes: caraterísticas que conferem ao setor europeu do calçado uma vantagem face a outros setores.

● Pontos fracos: caraterísticas que criam uma desvantagem para o setor europeu do calçado face a outros setores.

● Oportunidades: elementos que o setor europeu do calçado pode explorar para seu benefício.

● Ameaças: fatores externos que podem causar problemas para o setor europeu do calçado.

A análise foi levada a cabo em várias etapas. Os parceiros sociais europeus apresentaram às associações nacionais e sindicatos um panorama das propostas para cada uma das categorias SWOT. Os temas analisados e pormenorizados na proposta de panorama foram discutidos em conjunto, de forma aprofundada, numa seminário específico, organizado em Bruxelas, que contou com o envolvimento dos parceiros sociais nacionais. O diagrama abaixo mostra que foi possível identificar e caracterizar 7 pontos fortes do setor, 9 pontos fracos, 10 oportunidades e 6 ameaças.

3.3.1 PANORÂMICA QUANTITATIVA E QUALITATIVA

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Annual Report 201468

STRENGTHS

WEAKNESSES

OPPORTUNITIES

THREATS

ANÁLISE SWOT DO SETOR DO CALÇADO: PANORÂMICA QUANTITATIVA

Este capítulo descreve, em pormenor e de acordo com a metodologia descrita em cima, todos os elementos identificados como os mais importantes pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças no setor europeu do calçado.

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Annual Report 2014 69

Em síntese, podemos dizer que:● O setor europeu do calçado continua numa posição forte graças à sua longa tradição e herança cultural na produção de calçado, um produto que será sempre necessário a um número cada vez maior de consumidores no mundo. A Europa distingue-se pela sua excelente conceção e qualidade de produção, sendo aqui a mão de obra qualificada uma grande mais valia. O setor europeu do calçado estruturou uma cadeia de abastecimento altamente desenvolvida no território de um dos mais importantes mercados do mundo (a Europa representa 46% das importações mundiais em termos de valor). ● Sendo a mão de obra o ativo mais importantes do setor europeu do calçado e tendo em conta o seu envelhecimento progressivo, a falta de atratividade do setor aos olhos dos trabalhadores jovens é considerado um dos pontos fracos mais importantes, a nível continental. Alguns fatores estruturais (nomeadamente a dimensão média reduzida das empresas) criam dificuldades particulares no acesso adequado a crédito, na execução de estratégias de longo prazo e no alcance a mercados internacionais. ● As principais oportunidades para o setor europeu do calçado encontram-se nos mercados emergentes. Estes podem começar a absorver mais sapatos europeus devido a melhores condições comerciais (como no caso dos EUA e Japão, por exemplo) ou devido a melhores condições económicas de uma fatia cada vez maior da população (como no caso da China). No que diz respeito à produção, deve haver uma melhor exploração de novas tecnologias e novos materiais no setor do calçado, bem como reforço dos serviços avançados prestados por polos e outras infraestruturas de apoio. Outras oportunidades para o setor são as relacionadas com atividades de investigação e desenvolvimento, atividades essas que podem ajudar os produtores de calçado a dar resposta à evolução das necessidades de novas categorias de consumidores. Entre estas, a sensibilização ambiental e a responsabilização social são fatores chave para um número cada vez maior de consumidores, estando os produtores europeus na linha da frente no que diz respeito à sustentabilidade da produção e das cadeias de abastecimento. Esta é uma das razões por que os fabricantes europeus de calçado veem a rotulagem de origem obrigatória de forma tão positiva: esta representa a resposta natural a uma exigência crescente por parte dos consumidores de obter informações completas sobre os produtos, incluindo a localização geográfica da sua origem.● A diminuição do consumo local nos Estados-membros da UE é uma das mais importantes ameaças para o setor europeu do calçado. Alguns Estados-membros europeus (nomeadamente no sul do continente) veem-se ainda fortemente afetados pelas consequências da recessão económica. Por outro lado, vários potenciais mercados de exportação continuam praticamente fechados por causa dos elevados direitos e da persistência de diferentes barreiras não pautais (BNP), que criam um grande desincentivo ao comércio internacional. O constante aumento no preço de algumas matérias primas (sobretudo o couro), necessárias para manter o fosso de qualidade entre produtos europeus e concorrentes internacionais, representa outra ameaça significativa. Outra ameaça ainda é o problema da contrafação, amplamente reconhecido tanto pelos agentes industriais do setor como pelas partes interessadas institucionais.

PONTOS FORTES PONTOS FRACOS

OPORTUNIDADES AMEAÇAS

● Um produto que responde tanto às necessidades básicas como à evolução das necessidades dos consumidores● O fabrico europeu de calçado é reconhecido como produto de alta qualidade e diferenciador

● Longa tradição industrial

● Design europeu

● Mão de obra qualificada

● Proximidade entre mercado e cadeia de abastecimento

● Potencial e capacidade de inovação

● Falta de atratividade do setor aos olhos dos trabalhadores jovens● Falta de coordenação entre prestadores de EFP e empresas ● Desvalorização geral do trabalho manual ● Falta de coordenação real entre centros de investigação e fábricas ● Dimensão média reduzida das empresas● Acesso insuficiente a crédito● Foco em mercados nacionais internos ● Desequilíbrios na aplicação mundial da legislação social e ambiental ● Desvantagens estruturais no ambiente competitivo das empresas

● Novos mercados emergentes● Melhores condições de acesso ao mercado ● Reforço das infraestruturas de apoio dos polos e PMEs● Novas tecnologias de produção e venda ● Tendências demográficas e sociais: novas necessidades● Investigação e desenvolvimento mais centrados ● Sustentabilidade e transparência ambientais/sociais ● Relocalização da produção na Europa ● Marca europeia● Rotulagem de origem obrigatória

● Decréscimo do consumo local nos Estados-membros da UE● Protecionismo● Escassez e custo de matérias primas de qualidade● Contrafação● Futura escassez de trabalho qualificado, em particular de com-petências técnicas● “Designed in Europe” um modelo de negócio emergente em países de baixo custo

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Annual Report 201470

O setor do calçado tem um importante ponto forte com que contam poucos outros setores de fabrico de bens de consumo: fornece um produto que será sempre necessário a um número cada vez maior de consumidores no mundo. O calçado apresenta a resposta a uma necessidade básica que não se irá alterar no futuro: caminhar com os pés protegidos. Haverá sempre mercado para o calçado. A evolução das necessidades dos consumidores encontra-se também relacionada com emoções e funcionalidades. À semelhança daquilo que acontece com outros produtos ligados à moda, o calçado de moda pode criar uma ligação emocional com os consumidores, em particular na gama alta do mercado, onde se situa o setor europeu de fabrico. A especialização surge como forma de satisfazer outra evolução das necessidades dos consumidores, estreitamente relacionada com as funcionalidades técnicas e propriedades do produto. Exemplos disto são: o conforto, a durabilidade, o peso, a absorção de choque. Os fabricantes europeus ajudam a garantir o futuro da indústria ao ter em conta este fatores quando respondem às novas necessidades dos consumidores mundiais.

A Europa representa aproximadamente 4% da produção mundial de calçado, em termos de quantidade. Há outros continentes que desempenham, no mercado internacional, um papel de maior domínio em termos de números de produção. A Ásia é o maior produtor, encontrando-se numa situação de preponderância com mais de 87% da percentagem mundial de produção, seguindo-se a América do Sul, em segundo lugar, com 5%. No entanto, as estatísticas ilustram que as exportações de calçado europeu estão a aumentar consideravelmente devido ao interesse mostrado pelo valor acrescentado europeu. Entre 2009 e 2013, as exportações de calçado para países terceiros aumentaram 46% em número de pares e 73% em valor. Além disso, nove dos 15 mais importantes países em termos de valor de exportação são países europeus. O preço médio de exportação dos principais países europeus é consideravelmente mais elevado do que a média mundial, o que evidencia de forma clara o elevado valor por unidade do calçado europeu. Este não se deve apenas aos custos de produção, significativamente mais elevados na UE do que noutros grandes atores de mercado mundiais, mas também ao valor intrínseco dos produtos fabricados na Europa, caraterizados pela qualidade, design e tradição de fabrico. Os elevados padrões de qualidade do fabrico de calçado europeu dão resposta à criatividade do design, usando materiais seguros e de bom desempenho e produzindo produtos de qualidade duradouros, fabricados em condições sustentáveis.

A Europa tem uma longa tradição industrial no fabrico de calçado. Esta reflete-se também na especialização geográfica em determinados produtos de várias regiões e polos europeus. Esta longa tradição europeia levou mesmo à criação de museus, conservando o património cultural da produção de calçado. Podem encontrar-se exemplos em França, Itália, Espanha e Reino Unido. A herança cultural do setor tem desempenhado um papel muito importante na evolução história do setor europeu do calçado. Permitiu o desenvolvimento de uma série de caraterísticas distintivas, como o cultivo do talento criativo, inovações nos métodos de fabrico tradicionais e a conservação e desenvolvimento de uma reserva de mão de obra qualificada que possibilita a liderança em termos de qualidade do calçado europeu. A existência, na Europa, de mais de 40 escolas e centros de formação especializados é outro indicador importante, demonstrando a solidez das raízes culturais do setor do calçado europeu. A especialização geográfica de várias regiões da Europa tem sido acompanhada pelo crescimento paralelo de fornecedores europeus de matérias primas, acessórios e componentes. Estes contribuem também para a manutenção da posição europeia no setor do calçado na linha da frente da qualidade, estilo, tecnologia e design.

UM PRODUTO qUE RESPONDE TANTO àS NECESSIDADES bÁSICAS COMO à EVOLUÇÃO DAS NECESSIDADES DOS CONSUMIDORES

O CALÇADO EUROPEU RECONHECIDO COMO PRODUTO DE ALTA QUALIDADE E DIFERENCIADOR

LONgA TRADIÇÃO INDUSTRIAL

3.3.2 PONTOS FORTES

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Annual Report 2014 71

3.3.2 PONTOS FORTES

O design desempenha um papel fundamental na atual rápida evolução do mercado mundial do calçado e constantes pedidos dos consumidores. É determinante na diferenciação do calçado europeu face aos seus concorrentes. O design é tido em conta em todas as etapas de desenvolvimento de produto, tendo impacto na velocidade da resposta e na evolução das necessidades dos consumidores. Assim, nos processos de inovação de materiais, acessórios e produção é fundamental haver uma estreita interação entre criadores e outras funções das empresas do calçado. As empresas europeias desenvolvem novas coleções e designs de calçado internamente ou através de uma estreita interação com criadores externos, sendo este último caso mais frequente nas PMEs. O design de calçado evoluiu nas últimas décadas, passando da proposta de novos modelos, materiais e acessórios à rápida resposta a uma necessidade do consumidor, tanto do ponto de vista do desempenho do produto como da sustentabilidade. Os fabricantes europeus de calçado têm conseguido, desta forma, favorecer o crescimento quantitativo e qualitativo no âmbito das suas competências específicas de design, algo que se vê reforçado pelo facto de muitas das atuais ferramentas avançadas de CAD terem sido desenvolvidas na Europa.

Como anteriormente dito, a longa e sólida herança cultural do setor europeu do calçado foi possível graças a uma mão de obra especializada, apoiada pelo desenvolvimento e atualização constante dos programas de formação e EFP. As aptidões e competências da mão de obra são dos mais importantes fatores de competitividade dos fabricantes europeus de calçado, permitindo-lhes manter uma vantagem competitiva na produção de calçado de gama alta. Como tal, o desenvolvimento de competências é essencial para que as empresas de fabrico fortaleçam a sua posição no mercado europeu e outros. O setor já investe substancialmente neste tema, havendo, contudo, ainda muito mais a fazer, já que persistem vários desafios chave em matéria de emprego e competências.

A Europa representa 46% das importações mundiais em termos de valor, correspondendo quase um terço do comércio mundial a importações intracomunitárias. Um dos mais importantes pontos fortes do setor europeu do calçado é o facto de contar com uma cadeia de abastecimento bem estrutura e altamente desenvolvida, em território europeu. Os fabricantes europeus de calçado contam com uma estreita cooperação com os fornecedores de materiais e acessórios, tendo fácil acesso a importantes infraestruturas e partes interessadas, como associações industriais, sindicatos, centros de investigação e desenvolvimento e institutos de formação. A concentração de uma porção significativa da produção de calçado da UE em polos regionais permite fortes parcerias entre partes interessadas, disponibilidade de serviços de apoio, mais flexibilidade na produção e uma infraestrutura eficaz de mercado e inovação de produto. Numa indústria em que se caminha para a personalização do produto, uma cadeia de abastecimento próxima representa uma vantagem competitiva para os retalhistas, que têm de dar resposta imediata às exigências dos consumidores.

A competitividade internacional do setor europeu do calçado encontra-se também relacionada com a sua capacidade geral de inovar constantemente. Há três níveis de inovação nos quais os fabricantes de calçado investem tempo e recursos. O primeira centra-se na moda, estilo e aspeto do produto. Exige um esforço significativo por parte das empresas, que interagem constantemente com criadores e fornecedores de materiais e componentes para desenvolver novas propostas de produtos para o mercado. O segundo nível, ainda relacionado com o produto, encontra-se mais associado a atribuir ao calçado funcionalidades ou serviços novos e avançados (como a personalização) para responder às necessidades de um número cada vez maior de consumidores. É o que acontece, nomeadamente, com o calçado ortopédico, de proteção e desportivo. Neste segundo nível de inovação trabalha-se com uma perspetiva de médio prazo, sendo necessário mais tempo e uma interação mais estreita com outros agentes da cadeia de abastecimento intelectual, como universidades e centros de investigação. O terceiro nível de inovação, no qual os fabricantes europeus de calçado mostraram capacidade de atingir resultados relevantes, encontra-se vinculado à eficácia e eficiência das fábricas e cadeias de abastecimento. Os processos, inovações e desenvolvimentos relacionados com o produto podem facilitar novos modelos de negócio e oportunidades de comercialização.

DESIgN EUROPEU

MÃO DE OBRA QUALIFICADA

PROXIMIDADE ENTRE MERCADO E CADEIA DE ABASTECIMENTO

POTENCIAL E CAPACIDADE DE INOVAÇÃO

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Annual Report 201472

O principal ativo do calçado europeu é a mão de obra. No entanto, as empresas têm dificuldades em atrair gente nova devido à falta de atratividade do setor. Este assunto assumiu uma importância crescente na última década, à medida que a mão de obra envelhece progressivamente. Como tal, é necessário abordar a questão do recrutamento de jovens trabalhadores, bem como definir estratégias a médio prazo para atrair, formar e contratar estes trabalhadores, apresentando-lhes as necessárias oportunidades para conseguirem empregos de qualidade na indústria do calçado. O processo de recrutamento de novos e jovens trabalhadores pode ser iniciado em dois contextos distintos: quando decidem inscrever-se em programas de EFP e quando decidem candidatar-se a um posto de trabalho. Em ambos casos, é fundamental haver uma orientação dos jovens para o setor. Assim, o setor enfrenta um desafio duplo: tem de atrair uma nova geração para o setor, mas também garantir que são levados a cabo os estudos necessários de EFP para assegurar que os novos trabalhadores adquirem as tão necessárias competências técnicas. Para conseguir melhores resultados no recrutamento de jovens, o setor deveria tentar transmitir uma imagem mais atrativa, apresentando uma indústria mais dinâmica em que se juntam design, tecnologia e TIC para satisfazer a procura do consumidor. É também necessário trabalhar, rapidamente, em campanhas de comunicação e no desenvolvimento de pacotes de informação dirigidos a escolas, serviços de orientação e centros de formação. Trabalhar com estes grupos pode aumentar a eficácia da mensagem, se houver apoio de medidas adequadas envolvendo as diferentes partes interessadas. Incluem-se aqui a elaboração de casos e o apoio dos meios de comunicação social a nível regional, nacional e europeu.

A falta de uma comunicação e coordenação adequadas entre prestadores de EFP e empresas afeta fortemente o necessário recrutamento de trabalhadores para o setor do calçado. As necessidades das empresas e trabalhadores evoluem rapidamente: como evidenciado pelo trabalho do Conselho setorial europeu de competências TVCC 13, a globalização, a tecnologia e as exigências dos consumidores são responsáveis por mudanças fundamentais no setor. As profissões existentes veem os seus perfis radicalmente alterados e há novas profissões que surgem. Esta rápida evolução raras vezes é acompanhada por um desenvolvimento coerente dos programas propostos pelos prestadores de EFP. Por outras palavras, há uma diferença estrutural entre a velocidade de evolução das competências exigidas pelas empresas e as oferecidas pelos programas de formação.

13ESSC TCLF - report 2014, page 101 - www.europeanskillscouncil.t-c-l.eu

O fabrico de calçado é um processo industrial que conta com uma ocorrência particular de trabalho manual. Como afirmado no capítulo anterior, a mão de obra qualificada e competente é um dos mais importantes fatores competitivos do setor. Os operários (colarinhos azuis) são, desta forma, essenciais, tanto de um ponto vista de produção como de qualidade. A desvalorização do trabalho manual, um problema partilhado por vários setores industriais na Europa, afeta, assim, consideravelmente as empresas de fabrico de calçado. Mais uma vez, é prioritário lançar uma campanha de comunicação que mostre a relevância do trabalho manual e sua contribuição para a construção da reputação cultural e industrial europeia.

FALTA DE ATRATIVIDADE DO SETOR AOS OLHOS DOS TRABALHADORES JOVENS

FALTA DE COORDENAÇÃO ENTRE PRESTADORES DE EFP E EMPRESAS

DESVALORIZAÇÃO gERAL DO TRABALHO MANUAL NA EUROPA

3.3.2 PONTOS FRACOS

O fabrico de calçado é um setor dominado pelas PMEs. Os últimos dados do Eurostat apresentam-no de forma clara, indicando que 9699% (página 47) das empresas de calçado são PMEs e quase 74% emprega menos de 10 pessoas. O volume de negócios do calçado europeu gerado pelas PMEs ascende a mais de 65% do total. Apesar de as atuais condições de mercado do calçado também poderem oferecer oportunidades para as PMEs (mercados de nicho globalizados, respostas rápidas às tendências emergentes), as reduzidas dimensões destas empresas podem representar dificuldades de desenvolvimento estrutural. Estas dificuldades prendem-se com a possibilidade de reagir adequadamente, nas suas empresas, a fatores externos atuais e emergentes e a desenvolvimentos estratégicos a médio prazo. As PMEs têm mais dificuldade em identificar e reagir adequadamente à evolução da regulamentação internacional, além de enfrentarem mais obstáculos na implementação organizacional dos programas de formação. Têm ainda um menor acesso a projetos de I&D e, por último mas não menos importante, dispõem de menos recursos para explorar novos mercados.

DIMENSÃO MÉDIA REDUZIDA DAS EMPRESAS

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Annual Report 2014 73

3.3.2 PONTOS FRACOS

À semelhança do que acontece com outros setores de fabrico de moda, a necessidade de crédito no setor do calçado é estrutural. Esta advém da própria estrutura e funcionamento da cadeia de abastecimento: as empresas têm de, numa primeira fase, financiar e obter as matérias primas, para só depois as transformar e entregar aos clientes. Quer isto dizer que, em condições de pagamento normais, grandes porções do capital operacional das empresas ficam imobilizadas durante longos períodos. Nos últimos anos, tem aumentado a necessidade de crédito externo devido à geral recessão económica e aos atrasos generalizados nos pagamentos ao longo da cadeia de valor. O acesso ao crédito é muito mais difícil para as PMEs, pelo que as principais fontes de financiamento são os produtos bancários relacionados (empréstimos e descobertos bancários)14 . O crédito é também de difícil obtenção uma vez que os bancos exigem cada vez mais garantias, aplicando rígidos procedimentos de avaliação de risco que têm um impacto negativo nas taxas de êxito dos pedidos de crédito e tornam o procedimento de obter fundos cada vez mais dispendioso. Todas estas questões representam graves problemas para as PMEs do setor do calçado e limitam as suas possibilidade de executarem investimentos a médio prazo e planos de desenvolvimento.

14European Central Bank: Survey on the access to finance of enterprises in the euro area – Nov 2014

À semelhança do que acontece com muitos outros setores da produção industrial, o setor do calçado enfrenta uma forte concorrência por parte de países terceiros. Tendo em conta a importância do trabalho manual para o processo de fabrico de calçado, o setor viu-se mais afetado do que outros com a transferência das unidades de produção para países extracomunitários, onde as normas laborais, sociais e ambientais são inferiores. Esta tendência tem sido um fator crítico na perda de postos de trabalho na Europa. A política comercial da UE e os acordos de comércio livre tentam ainda criar igualdade de condições para os fabricantes europeus de calçado face aos parceiros comerciais fora da Europa. As empresas que funcionam em países não pertencentes à UE têm acesso a determinadas vantagens, como podem ser a fraca legislação geral em termos de trabalho ou a falta de controlos à aplicação da legislação social e ambiental relativa à produção industrial. Como consequência, estas empresas gozam de vantagens desleais em termos de produtividade, custos e flexibilidade, o que tem vindo a deteriorar consideravelmente a competitividade dos fabricantes

As exportações intra e extracomunitárias representam uma percentagem significativa do volume de negócios dos fabricantes europeus de calçado, estando os valores de exportação em ascensão contínua. Em muitos casos, a exportação é ainda a solução mais óbvia à contração dos mercados internos UE devido à crise económica. No entanto, esta é uma solução que não se encontra acessível a todos os fabricantes de calçado. Grande parte das empresas, em particular PMEs, depende ainda dos mercados nacionais para uma elevada proporção do seu volume de negócios (85% ou mais). Tal encontra-se relacionado essencialmente com a falta de experiência, o que significa que, muitas vezes, as empresas podem nem tentar explorar os mercados externos, mesmo tendo à sua disposição incentivos e apoio estruturado. O facto de não poder depender de mercados externos (especialmente, extracomunitários) significa que as empresas não conseguem diversificar os seus fluxos de volume de negócios, sendo, assim, incapazes de diversificar o risco de uma futura contração dos mercados europeus.

ACESSO INSUFICIENTE A CRÉDITO

DESEQUILÍBRIOS NA APLICAÇÃO MUNDIAL DA LEgISLAÇÃO SOCIAL E AMBIENTAL

FOCO EM MERCADOS NACIONAIS INTERNOS

A produção de calçado concentra-se geograficamente em determinadas regiões da Europa, estruturalmente mais débeis do que outras regiões do continente e do mundo. Para uma melhor análise desta constatação, tomou-se como referência o índice de competitividade regional da UE15. Este mostra como as regiões centrais e meridionais europeias de Itália, Espanha e Portugal, bem como várias regiões francesas têm tido um fraco desempenho competitivo. Atualmente, não é possível estabelecer uma comparação com outros países não europeus, com base no mesmo índice.

15http://ec.europa.eu/regional_policy/sources/docgener/studies/pdf/6th_report/rci_2013_report_final.pdf. Calcula o índice de competitividade regional através da junção de 11 indicadores: os principais pilares representam as forças motrizes de base das economias. Incluem: (1) qualidade das instituições; (2) estabilidade macroeconómica; (3) infraestruturas; (4) saúde e ambiente; (5) qualidade do ensino primário e secundário; (6) ensino superior e aprendizagem ao longo da vida; (7) eficiência do mercado de trabalho; (8) dimensão de mercado; (9) disposição tecnológica; (10) sofisticação das empresas e (11) inovação.

DESVANTAgENS ESTRUTURAIS NO AMBIENTE COMPETITIVO DAS EMPRESAS

Só será possível manter a vantagem competitiva do setor europeu do calçado se o desenvolvimento industrial for acompanhado de criação e transferência adequadas e efetivas de conhecimentos novos e úteis. Nos principais países produtores europeus existem centros de investigação altamente especializados no setor do calçado. A maioria destes conta com funcionários com elevados conhecimentos, no entanto, é difícil resolver o problema da interação entre centros e empresas. Como resultado, verifica-se, por vezes, uma falta de coerência entre os objetivos e necessidades reais das empresas e o conhecimento gerado. Há, assim, uma transferência não eficaz dos resultados da investigação ao mercado, abrandando o ritmo da inovação europeia e aumentando o risco de perda de competitividade.

FALTA DE UMA COORDENAÇÃO REAL ENTRE CENTROS DE INVESTIgAÇÃO E FÁBRICAS

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Annual Report 201474

As exportações de calçado têm, historicamente, sido fortemente afetadas pelas políticas protecionistas dos países produtores de calçado não pertencentes à UE. No entanto, alguns destes países poderão estar agora a abrir novos e interessantes mercados para as exportações europeias de calçado. Por outro lado, o potencial de exportação do calçado europeu continua a ser elevado, incluindo em países terceiros desenvolvidos que já absorvem parte significativa da produção europeia. Devem ser adotadas várias medidas para explorar este potencial de desenvolvimento de mercado. Entre estas, o desenvolvimento de acordos de comércio livre, que criem igualdade de condições com determinados países, poderá certamente contribuir para o aumento da exportação de calçado e facilitar o crescimento futuro do setor do calçado da UE. Sublinha-se que (como também será mencionado posteriormente no documento) os parceiros sociais do setor do calçado reconhecem a importância de incluir cláusulas dedicadas às questões sociais e ambientais nos acordos de comércio livre. O objetivo é promover melhores relações comerciais com os países que adotam, implementam e aplicam normas elevadas (à semelhança da Europa), para assim evitar uma “concorrência liberalizada desleal” que afete negativamente o setor do calçado, bem como muitas outras indústrias de fabrico da UE. A palavra chave a ser considerada é “reciprocidade”.

MELHORES CONDIÇÕES DE ACESSO AO MERCADO

Os fatores de êxito da indústria do calçado incluem um posicionamento na gama de qualidade superior do mercado, longe da produção em massa, e um enfoque adicional nas exportações. Neste sentido, vários países do mundo apresentam potencial de maior absorção das exportações europeias de calçado de qualidade, produzido na Europa. Espera-se que os principais mercados históricos de sapatos europeus (incluindo Rússia, Suíça e Turquia) mantenham as suas quotas, à exceção da Rússia, pelo menos a curto prazo. Deve ser dedicada atenção especial aos EUA, uma vez que se espera um aumento drástico das exportações de calçado para este país com a satisfatória assinatura da Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento. O mesmo se aplica ao Japão, com quem a UE também negoceia um ACL. Há outros mercados importantes que se abrem e apresentam níveis de consumo cada vez mais elevados de calçado europeu, com um grupo cada vez maior de consumidores mais abastados que procuram qualidade, durabilidade e produtos distintivos. É o caso de alguns Estados-membros orientais da UE, bem como de países não pertencentes à UE. Entre estes últimos, a China poderá ser muito promissora, desde que os fabricantes europeus de calçado sejam capazes de adaptar o seu atual modelo de negócio com distribuidores e retalhistas à situação singular do país. Curiosamente, a China é o país que paga o preço médio mais elevado entre os principais importadores mundiais16 . Por outro lado, o modelo de distribuição na China é substancialmente diferente do modelo tradicional a que estão habituados os fabricantes europeus de calçado. O modelo chinês possibilita diferentes acordos com agentes locais do mercado, orientando-se mais para a partilha do risco do aluguer e gestão das lojas. No entanto, este modelo encontra-se menos orientado para a distribuição multimarcas. Atualmente, existem poucos distribuidores aptos para comprar calçado europeu e depois vendê-lo, uma vez que tal significa assumir os riscos associados à compra de stock e possível fraco desempenho retalhista. Este exemplo ilustra como, para explorar possíveis oportunidades associadas a novos mercados, a indústria europeia do calçado necessita de uma ação coletiva e estrutural, dando apoio aos esforços de empresas individuais que operam em diferentes contextos. 16Relatório mundial do calçado – APICAPPS 2013

NOVOS MERCADOS EMERgENTES

3.3.3 OPORTUNIDADES

Como já constatado, as PMEs dominam o setor europeu do calçado. Como resposta às dificuldades estruturais que enfrentam, muitas PMEs europeias do setor do calçado puseram em prática uma série de estratégias de negócio, apoiadas por atividades externas de organizações coletivas e partes interessadas como polos, associações industriais e feiras. Os serviços de apoio a que as PMEs recorrem com maior frequência incluem: assistência à exportação e procura de parceiros internacionais, campanhas de comunicação internacional e comercialização, desenvolvimento de programas de formação e projetos de investigação e desenvolvimento. Um reforço adicional da cooperação entre empresas individuais e entre empresas e infraestruturas externas setoriais poderá levar a estratégias de desenvolvimento mais coerentes e eficazes, otimizando a utilização de recursos disponíveis rumo a um objetivo comum.

REFORÇO DAS INFRAESTRUTURAS DE APOIO DOS POLOS E PMES

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Annual Report 2014 75

3.3.3 OPORTUNIDADES

Tradicionalmente, a Europa tem estado na linha da frente do desenvolvimento de tecnologias de fabrico de calçado. O constante crescimento do setor rumo à sua atual posição de liderança em termos de qualidade e reputação apenas foi possível graças ao desenvolvimento paralelo de tecnologias de produção, design e TI. Os fornecedores europeus de tecnologia de calçado desenvolvem constantemente soluções novas e inovadoras nestas áreas, permitindo a concretização de produtos com maior teor tecnológico que abordam a personalização, a antecipação de novas necessidades dos consumidores e o desenvolvimento paralelo de serviços ao consumidor mais avançados. São desenvolvidos novos materiais e são utilizadas novas tecnologias de produção (por exemplo, o fabrico aditivo) pelas empresas de calçado, à medida que um software novo e em evolução permite uma conceção melhor e mais rápida dos sapatos, bem como a sua personalização nas próprias lojas de retalho. Hoje em dia, os fabricantes de calçado podem também contar com plataformas comerciais bem estabelecidas que permitem explorar novas estratégias de comercialização, orientadas tanto para consumidores como para outros negócios. O comércio eletrónico representa, assim, uma excelente oportunidade de facilitação do acesso ao mercado global, apesar de certas empresas mostrarem alguma relutância por preocupações de concorrência com os seus atuais clientes retalhistas. Os fabricantes europeus têm possibilidades reais de explorar vários resultados inovadores da investigação tecnológica do setor e tecnologias de ponta de comércio eletrónico para, assim, garantir que os seus produtos são visíveis ao longo de um processo de compra cada vez mais fragmentado. Contudo, é necessária uma ação mais concertada para se atingir este objetivo, tanto a nível europeu como local.

NOVAS TECNOLOgIAS DE PRODUÇÃO E VENDA

Os desenvolvimentos no fabrico europeu de calçado a médio e longo prazo devem também ter em conta a evolução contínua da população mundial. Os principais indicadores evidenciam que uma grande percentagem dos consumidores futuros terá necessidades específicas, que terão de ser consideradas aquando do desenvolvimento de novos sapatos e serviços relacionados com o produto. Por exemplo, espera-se que uma elevada proporção dos futuros consumidores de mercados maduros (como a América do Norte e a Europa, por exemplo) tenha uma esperança de vida ativa mais longa. Como consequência, será necessário desenvolver produtos novos e especializados, que integrem um design exclusivo, materiais que promovam o conforto e propriedades especializadas. Por outro lado, grande parte dos consumidores de mercados emergentes será mais jovem e terá um elevado potencial de consumo, sendo sensível ao conhecimento do produto. Isto poderá levar estes consumidores a passar de produtos de moda “de marca” para outros com qualidade e valores intrínsecos mais elevados (embora menos reconhecidos no mercado global), como os produzidos pelas PMEs europeias de calçado. Assim, os fabricantes europeus de calçado terão de ter em conta estes desenvolvimentos quando definirem e evolução dos produtos e suas estratégias de comercialização.

A investigação e desenvolvimento têm uma importância estratégica para a competitividade da indústria europeia do calçado. A importância da I&D é reconhecida como fator chave para o crescimento sustentável e económico do setor. Permite aliar desenvolvimentos de produto a melhores modelos de negócio e inovações de comercialização. Para maximizar o impacto dos resultados da I&D no desenvolvimento industrial do setor é essencial um reforço do diálogo entre indústria e prestadores de I&D. Este diálogo deve ocorrer tanto quando se identificam as prioridades para futuras investigações (abordagem da base para o topo) como quando se definem as estratégias para explorar os resultados de investigação. Como tal, é necessária uma ação concertada no futuro, para que haja um diálogo reforçado e a criação de canais de comunicação eficazes e eficientes.

TENDêNCIAS DEMOgRÁFICAS E SOCIAIS: NOVAS NECESSIDADES

INVESTIgAÇÃO E DESENVOLVIMENTO MAIS CENTRADOS

Há um número cada vez maior de consumidores no mundo mais exigente quanto à sustentabilidade dos produtos e serviços. Este assunto é ainda mais relevante no caso das empresas ligadas à moda. Na dimensão económica do fabrico de calçado 17 (bem como de outras indústrias), a sustentabilidade do produto pode ser avaliada tendo em conta três fatores principais: adequação das condições sociais nas fábricas e cadeias de abastecimento; desempenho ambiental de processos e produtos; segurança do consumidor. A Europa tem a mais avançada (e em vigor) legislação social, ambiental e de consumidor do mundo. Embora esta afete a produção industrial, colocando novos desafios e deveres aos fabricantes europeus, cria também uma oportunidade significativa, permitindo que a sustentabilidade se torne um fator estratégico chave para o desenvolvimento de produtos e processos e permitindo a exploração do potencial de comercialização a ela associado. A execução de estratégias comuns que tenham como objetivo a garantia e comunicação dos valores sustentáveis do calçado europeu, com o apoio dos parceiros sociais da UE, pode ajudar o setor a aumentar ainda mais a sua reputação distintiva no mercado global.

17Our Common Future (WCED - 1987): Concept of Sustainable development

SUSTENTABILIDADE E TRANSPARêNCIA

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Annual Report 201476

Nas últimas duas décadas, a Europa sofreu profundas reestruturações, com a deslocalização da produção de empresas para países terceiros de mão de obra barata, nomeadamente na Ásia. Fabricar calçado na Europa continua a ser uma opção favorável sob diversos pontos de vista. Entre estes contam-se: proximidade ao mercado mais importante do mundo; controlo bem organizado, curto e mais fácil das cadeias de abastecimento; entrega rápida de produtos; disponibilidade de materiais de alta qualidade; serviços de apoio avançados; bons sistemas de ensino; desenvolvimento de conhecimentos; transporte mais barato. Tem-se verificado uma significativa relocalização da produção na Europa que envolve, essencialmente, países da Europa oriental, como a Roménia, Polónia ou Hungria. Estes países desenvolveram uma boa base de conhecimentos no que diz respeito ao fabrico de calçado. Nos próximos anos, esta será reforçada graças à cooperação com várias partes interessadas europeias que poderão transmitir os seus conhecimentos de tradição, ensino e experiência. A evolução do mercado leva a uma necessidade crescente de melhorar controlar os produtos e cadeias de abastecimento, já que o fabrico europeu se move constantemente no sentido de sapatos de valor mais elevado e preço mais elevado, à medida que aumentam os cursos energéticos e sociais em países terceiros. Como tal, há grande potencial de uma relocalização adicional do fabrico de calçado dentro das fronteiras europeias.

Como já mencionado, as exportações tornaram-se um elemento chave para o setor europeu do calçado, cumprindo as marcas europeias um papel fundamental no desempenho do setor, particularmente face aos mercados externos. As maiores e mais prestigiadas marcas europeias de calçado têm capacidade e recursos para construir e consolidar a sua imagem e reputação de marca. No entanto, esse não é o caso da maioria das PMEs, que ainda representam mais de 96% das empresas que geram mais de 65% do volume de negócios de calçado europeu. Por conseguinte, é necessário apoiar estas empresas no desenvolvimento de uma imagem reconhecida mundialmente e na sua comunicação ao mercado. A reputação mundial da produção europeia possibilita a ligação da origem do calçado a elevados valores de qualidade, design, inovação e respeito pelas normas. Neste contexto, reconhecer o calçado como “Made in xxx” ou “”Made in Europe” representa uma oportunidade para as PMEs europeias de fabrico conseguirem resultados lucrativos com poucos recursos.

A rotulagem de origem obrigatória é vista pelos fabricantes europeus de calçado como a resposta natural a uma procura crescente por parte dos consumidores de obter informações completas sobre um produto, incluindo a localização geográfica da sua origem. Os consumidores têm o direito de decidir as suas compras com base em valores ou fatores que considerem relevantes (preço, qualidade, marca, origem, sustentabilidade dos materiais, segurança, respeito pelas normas, etc.). A rotulagem de origem obrigatória é, consequentemente, uma ferramenta essencial para a transparência face aos consumidores. Uma iniciativa deste tipo iria premiar as estratégias de produção local europeia, bem como auxiliar o crescimento e desenvolvimento futuro do fabrico europeu.

RELOCALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO NA EUROPA

MARCA EUROPEIA

ROTULAgEM DE ORIgEM OBRIgATÓRIA

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Annual Report 2014 77

Tendo em conta o quadro apresentado acima, torna-se cada vez mais estratégico aumentar o acesso a mercados emergentes com uma classe média em crescimento, tendo estes um consumo preocupado com a qualidade e uma procura de produtos “Made in Europe”. Por outro lado, muitos potenciais mercados de exportação continuam praticamente fechados por causa dos elevados direitos e da persistência de diferentes barreiras não pautais (BNPs), que criam um grande desincentivo ao comércio internacional. Neste contexto, é essencial para a indústria europeia do calçado conseguir um acesso reforçado aos mercados mais estratégicos através da negociação de acordos comerciais com base na reciprocidade, como já explicado.

A importância do setor europeu do calçado tem uma maior dimensão na gama alta do mercado. Como mencionado anteriormente, um dos fatores diferenciadores da elevada reputação do calçado fabricado na Europa é a sua utilização de matérias primas de alta qualidade. Entre as várias matérias primas usadas no calçado, o couro é aquela que apresenta um maior valor acrescentado aos sapatos. O couro europeu atravessa um período de problemas estruturais em termos de custos e disponibilidade, problemas esses que influenciam também o setor do calçado. Alguns dos fatores que influenciam este fenómeno são: barreiras à exportação de matérias primas em alguns dos principais mercados extracomunitários; menor disponibilidade de peles e couro europeus, em bruto (devido a um declínio contínuo da produção interna e concomitante aumento das exportações extracomunitárias); desenvolvimento da capacidade de curtimento de alguns países não pertencentes à UE nas gamas de produto média a baixa.

PROTECIONISMO

ESCASSEZ E CUSTO DE MATÉRIAS PRIMAS DE QUALIDADE

Como anteriormente constatado, a Europa representa 46% das importações mundiais em termos de valor, com quase um terço do comércio mundial de calçado a nível de importações intraeuropeias. Além disso, muitas PMEs dependem ainda dos seus mercados nacionais como destino principal para os seus produtos. Alguns Estados-membros europeus (em particular no sul do continente) veem-se ainda fortemente afetados pelas consequências da recessão económica. Isto significa que uma porção substancial do mercado do calçado está a sofrer as consequências da diminuição do poder de compra dos consumidores nos últimos anos. Neste contexto, as compras dos consumidores orientar-se-ão, provavelmente, para produtos e serviços essenciais e não tanto para produtos ligados à moda, como o calçado, mesmo que estes correspondam a uma necessidade de base. Quando se adquire sapatos (ou roupas, por exemplo), a limitação de recursos e de poder de compra tem como consequência a redução do número de produtos adquiridos e uma importância crescente do preço nas decisões tomadas pelo consumidor. Atualmente, não estão em vigor medidas significativas ou concretas para relançar o consumo interno de calçado. Isto pode levar a uma perda adicional de postos de trabalho no futuro, nomeadamente nas PMEs, se o mercado não for revitalizado.

DECRÉSCIMO DO CONSUMO LOCAL NOS ESTADOS-MEMBROS DA UE

3.3.4 AMEAÇAS

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Annual Report 201478

Este relatório já reconheceu que há, no mercado internacional, uma mais valia clara associada ao nome da Europa (ou dos principais países europeus fabricantes de calçado) num sapato. Este valor encontra-se relacionado com a elevada perceção dos consumidores face à tradição europeia e sua reputação de fabrico. O rápido desenvolvimento de capacidades ligadas à moda em países de mão de obra barata (sobretudo a China) e as melhorias gerais em termos de eficiência e qualidade de produção estão a facilitar o fabrico de sapatos totalmente concebidos na Europa, produzidos com materiais de alta qualidade escolhidos por criadores europeus. Estes produtos irão, potencialmente, concorrer no mesmo segmento de mercado dos sapatos fabricados na Europa. Um futuro desenvolvimento deste modelo de negócio poderá levar a uma redução adicional da base de fabrico europeia e aumentar a concorrência.

Como delineado nos capítulos anteriores, a mão de obra altamente qualificada do setor europeu do calçado está a envelhecer progressivamente, sendo necessárias estratégias urgentes a médio prazo para atrair, formar e contratar jovens. Caso não se consiga atrair trabalhadores jovens novos e especializados, as consequências para o futuro da indústria serão significativamente negativas. O problema é ainda mais relevante tendo em conta as especificidades do fabrico de calçado, sendo necessário incutir na mão de obra as relevantes competências técnicas e de produção.

“DESIgNED IN EUROPE” UM MODELO DE NEgÓCIO EMERgENTE EM PAÍSES DE BAIXO CUSTO

FUTURA ESCASSEZ DE TRABALHO QUALIFICADO, EM PARTICULAR DE COMPETêNCIAS TÉCNICAS

O problema da contrafação é amplamente reconhecido tanto pelos agentes industriais do setor como pelas partes interessadas institucionais. “A contrafação representa um desafio substancial para as indústrias da moda e de gama alta, nas quais a criatividade se encontra no âmago do processo de produção”18 . Para os produtores europeus de calçado, entre os fatores industriais sujeitos a contrafação encontram-se as marcas, designs e indicações geográficas. Assim sendo, esta ameaça afeta não apenas o setor do calçado, mas toda a indústria da moda, sendo que 50% dos produtos detidos pelos funcionários aduaneiros europeus em 2013 eram produtos ligados à moda 19. A ascensão do comércio electrónico permitiu também que a venda de produtos contrafeitos no mercado internacional fosse mais fácil, mais rápida e mais difícil de combater. Mais uma vez, as PMEs encontram-se numa situação difícil, dado que não tem meios e recursos adequados para implementar as necessárias atividades de proteção de DPI. Apesar de a Comissão já ter lançado várias iniciativas e projetos, as autoridades nacionais e as partes interessadas da indústria têm de sensibilizar os consumidores para os potenciais perigos associados aos produtos falsificados e promover os valores reais do fabrico europeu. O consumo internacional de produtos falsificados é ainda significativo e cria prejuízos importantes para a indústria europeia do calçado.

18http://ec.europa.eu/growth/sectors/fashion/high-end-industries/eu-support/index_en.htm19http://ec.europa.eu/growth/sectors/fashion/high-end-industries/eu-support/index_en.htm

CONTRAFAÇÃO

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Annual Report 2014 79

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Annual Report 201480

EUROPEAN CONFEDERATION OF THE FOOTWEAR INDUSTRY

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