20
FORMAÇÃO ONLINE DE PROFESSORES CLASSIFICADORES DE EXAMES RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA EM REGIME DE E-LEARNING Maria Manuel Sampaio Gabinete de Avaliação Educacional - Ministério da Educação e Ciência, [email protected] Margarida Amaral Unidade de Novas Tecnologias na Educação - Universidade do Porto, [email protected] Vítor Almeida Gabinete de Avaliação Educacional - Ministério da Educação e Ciência, [email protected] Resumo: No âmbito da missão do Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE) foi criado, em 2011, um programa de formação na área de supervisão e classificação de exames. Em 2012, a formação dos professores classificadores decorreu a distância, em modo e-learning, fruto de uma parceria entre o GAVE e a Universidade do Porto, tendo envolvido 284 formadores do GAVE e cerca de 5500 formandos. Os formadores receberam, previamente, formação em regime de e-learning em Moodle e técnicas de tutoria. Este artigo constitui um relato de uma experiência de formação de 5500 formandos em regime de e-learning. Centra-se nos principais aspetos do processo de formação, nomeadamente, na escala de implementação, no que se refere aos recursos humanos envolvidos, no carácter inovador, atendendo ao recurso à modalidade de formação a distância com tecnologias baseadas na web com aplicação de âmbito nacional, e, ainda na conjugação do conhecimento que as duas instituições parceiras desenvolveram, ao longo de vários anos, no domínio da formação, em geral, e com o recurso ao e-learning, em particular. Palavras-Chave: formação online, e-learning, Moodle, bolsa de professores classificadores, educação a distância. Abstract: In 2011, GAVE - Gabinete de Avaliação Educacional (Board of Educational Assessment), within the scope of its mission, began an in-service teachers training programme which focuses on examinations supervision and marking. In 2012, the teachers training course took

repositorio-aberto.up.pt · Web viewCentra-se nos principais aspetos do processo de formação, nomeadamente, na escala de implementação, no que se refere aos recursos humanos envolvidos,

  • Upload
    dotuong

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: repositorio-aberto.up.pt · Web viewCentra-se nos principais aspetos do processo de formação, nomeadamente, na escala de implementação, no que se refere aos recursos humanos envolvidos,

FORMAÇÃO ONLINE DE PROFESSORES CLASSIFICADORES DE EXAMESRELATO DE UMA EXPERIÊNCIA EM REGIME DE E-LEARNING

Maria Manuel Sampaio

Gabinete de Avaliação Educacional - Ministério da Educação e Ciência, [email protected]

Margarida Amaral

Unidade de Novas Tecnologias na Educação - Universidade do Porto, [email protected]

Vítor Almeida

Gabinete de Avaliação Educacional - Ministério da Educação e Ciência, [email protected]

Resumo: No âmbito da missão do Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE) foi criado, em 2011, um programa de formação na área de supervisão e classificação de exames. Em 2012, a formação dos professores classificadores decorreu a distância, em modo e-learning, fruto de uma parceria entre o GAVE e a Universidade do Porto, tendo envolvido 284 formadores do GAVE e cerca de 5500 formandos. Os formadores receberam, previamente, formação em regime de e-learning em Moodle e técnicas de tutoria.

Este artigo constitui um relato de uma experiência de formação de 5500 formandos em regime de e-learning. Centra-se nos principais aspetos do processo de formação, nomeadamente, na escala de implementação, no que se refere aos recursos humanos envolvidos, no carácter inovador, atendendo ao recurso à modalidade de formação a distância com tecnologias baseadas na web com aplicação de âmbito nacional, e, ainda na conjugação do conhecimento que as duas instituições parceiras desenvolveram, ao longo de vários anos, no domínio da formação, em geral, e com o recurso ao e-learning, em particular.

Palavras-Chave: formação online, e-learning, Moodle, bolsa de professores classificadores, educação a distância.

Abstract:

In 2011, GAVE - Gabinete de Avaliação Educacional (Board of Educational Assessment), within the scope of its mission, began an in-service teachers training programme which focuses on examinations supervision and marking. In 2012, the teachers training course took place in an e-learning environment, as a result of a partnership established between GAVE and the University of Porto. 284 online tutors and 5,500 trainees were involved in this training course. Before conducting the training, the tutors themselves went through an online training programme dedicated to Moodle and online tutoring techniques.

This paper presents an account of the experience of providing training to 5,500 teachers in a virtual learning environment. It focuses on the main aspects of the work developed during the training process, namely the scale of the project, as far as human resources are concerned, its innovative approach at a national level, ICT-based e-learning and the interaction between the two partner institutions, which combined the best of their knowledge and skills both in teacher training and e-learning.

Keywords: online training, e-learning, Moodle, in-service teacher training, online learning environment

Page 2: repositorio-aberto.up.pt · Web viewCentra-se nos principais aspetos do processo de formação, nomeadamente, na escala de implementação, no que se refere aos recursos humanos envolvidos,

1. Introdução

O GAVE – Gabinete de Avaliação Educacional – é um serviço central do Ministério da Educação e

Ciência que tem por missão desempenhar, no âmbito da componente pedagógica e didática do

sistema educativo, funções de planeamento, coordenação, elaboração, validação, aplicação e

controlo de instrumentos de avaliação externa das aprendizagens.

A missão do GAVE consiste em contribuir para a melhoria da qualidade da aprendizagem dos alunos

portugueses através do estudo, desenvolvimento, elaboração, aplicação e divulgação de técnicas e

de instrumentos de avaliação educacional que, pelas suas características de correção, robustez e

fiabilidade, se constituam como: utensílios indispensáveis ao trabalho dos professores, estabelecendo

padrões adequados de qualidade e de inovação para os ensinos básico e secundário; estímulo ao

trabalho dos alunos, pelos desafios que comportam; elemento fundamental para o diagnóstico do

sistema educativo nacional.

No âmbito desta missão, foi criado em 2011 um programa de formação de 4 anos na área de

supervisão e classificação de exames. Este programa tem como principal objetivo “o aprofundamento

dos conhecimentos e das competências profissionais no domínio da avaliação das aprendizagens em

geral e da classificação de provas de avaliação externa em particular” (Despacho n.º 18060/2010, de

3 de dezembro. Diário da República, 2.ª série - N.º 234. Ministério da Educação. Gabinete do

Secretário de Estado Adjunto e da Educação. Lisboa).

O primeiro ano desta formação decorreu em modo presencial. No segundo ano, em 2012, a formação

dos professores classificadores decorreu a distância, em modo e-learning, suportada pela plataforma

Moodle. Estiveram envolvidos nesta formação 284 formadores e cerca de 5500 formandos.

A implementação da ação online, com o título Avaliação: funções e práticas, teve por base um

protocolo de colaboração entre o GAVE e a Universidade do Porto (U.PORTO). O GAVE assumiu o

desenho do curso e o fornecimento dos conteúdos, bem como todo o apoio administrativo e

pedagógico aos formadores e aos formandos. A U.PORTO, numa primeira fase, concebeu e

implementou o curso Treino online em Moodle e técnicas de tutoria, em modo e-learning, no qual

participaram todos os formadores. Este curso tinha como principais objetivos a apresentação das

funcionalidades mais comuns e o tipo de recursos mais relevantes para iniciar o processo de

construção de um módulo/curso online na plataforma Moodle, e a introdução de conceitos sobre

tutoria online. Assim, esta primeira fase de formação de formadores do GAVE visou dotá-los de

conhecimentos e de capacidades específicas para assegurar uma adequada prossecução do

processo de formação, alargando-o ao universo dos classificadores. A identificação de conceitos

como blended-learning, e-learning, tutoria online e da sua relação com o ensino presencial, a

familiarização com métodos de ativação, a compreensão dos papéis e das responsabilidades dos

estudantes online e dos tutores e o desenvolvimento de competências técnicas na utilização da

plataforma Moodle constituíam os principais objetivos desta primeira fase.

Page 3: repositorio-aberto.up.pt · Web viewCentra-se nos principais aspetos do processo de formação, nomeadamente, na escala de implementação, no que se refere aos recursos humanos envolvidos,

Numa segunda fase, a U.PORTO implementou na sua plataforma Moodle o curso concebido pelo

GAVE e dirigido aos professores classificadores, fornecendo todo o apoio técnico ao longo do

mesmo.

2. A ação de formação

A ação de formação destinou-se a formar os professores classificadores dos exames finais nacionais

do ensino secundário, os quais exercem a sua atividade em todo o território nacional. Esta dispersão

geográfica constitui um constrangimento à modalidade tradicional de formação presencial,

constituindo um dos fatores que mais contribuíram para a promoção de uma formação a distância, a

qual garante uma significativa flexibilidade de todo o processo, suprimindo deslocações e

aumentando as opções dos destinatários no que se refere aos momentos escolhidos para a sua

formação (California Distance Learning Project, 2005). No modelo presencial, os professores

classificadores tinham de se deslocar, durante um ou dois dias, a vários locais de formação, de

acordo com as disciplinas que lecionam. Na componente e-learning, os professores acederam online

à formação a partir de suas casas ou das escolas onde lecionam.

Parte destes formandos já tinha tido contacto com a plataforma Moodle, no âmbito da docência ou

dos vários programas de TIC existentes no ensino, o que facilitou a adaptação ao curso. Os menos

experientes rapidamente ultrapassaram as dificuldades iniciais, contando para isso com diversos

apoios: formadores, colegas, equipa técnica da U.PORTO, equipa pedagógica do GAVE e

coordenadores do Plano Tecnológico da Educação das suas escolas.

A ação de formação online Avaliação: funções e práticas decorreu num período de 11 dias na

plataforma Moodle da U.PORTO, com uma carga horária de 15 horas. Em média, os formandos

deveriam dispor de cerca de 1,5 horas diárias para esta formação.

Os principais objetivos da ação de formação Avaliação: funções e práticas foram:

1. Permitir um enquadramento teórico adequado das práticas avaliativas do professor;

2. Aumentar a fiabilidade na classificação das respostas a itens de construção;

3. Familiarizar os classificadores com técnicas que promovam maior fiabilidade;

4. Promover a convergência de procedimentos na classificação das provas de avaliação externa das

aprendizagens.

2.1 Metodologia de avaliação do curso

Neste artigo, pretendemos dar a conhecer a experiência respeitante à conceção e à implementação

destas ações de formação online e os resultados da avaliação feita pelos formadores e pelos

formandos. Para isso, recorremos a um inquérito, suportado por dois questionários, anónimos e

diferenciados, um para os formandos e, o outro, ligeiramente diferente, para os formadores.

Page 4: repositorio-aberto.up.pt · Web viewCentra-se nos principais aspetos do processo de formação, nomeadamente, na escala de implementação, no que se refere aos recursos humanos envolvidos,

Em ambos os questionários, utilizou-se uma escala de Likert, numa valoração de 1 a 7, em que 1

correspondia a uma avaliação muito negativa e 7 a uma avaliação muito positiva.

O questionário aplicado aos formandos tinha 26 questões, das quais 23 eram fechadas e 3 eram

abertas. As questões fechadas estavam agrupadas nas seguintes áreas: conteúdos e recursos;

desempenho do formador; desempenho dos outros formandos; organização do curso; avaliação

global da ação. Nas três questões abertas, procurava-se saber o que tinha agradado mais e menos

na ação, tendo-se deixado um campo aberto para comentários e sugestões dos formandos. Este

questionário estava disponível na plataforma Moodle, no final da ação, por turma, e era preenchido

online. Do total de 5485 formandos que participaram na ação, responderam 5411.

O questionário aplicado aos formadores era semelhante ao dos formandos. Tinha 25 questões, das

quais 22 eram fechadas e 3 eram abertas. O agrupamento das temáticas das questões era igual ao

dos formandos. Este questionário estava disponível no Fórum de Formadores, criado na plataforma

Moodle, e era preenchido online no final da ação. Dos 284 formadores que ministraram a ação,

responderam 280.

Neste trabalho, da totalidade dos dados apurados, analisaram-se apenas os valores referentes às

questões fechadas relacionadas com o modo e-learning de formação.

2.2 Estrutura do curso

O curso online desenvolveu-se de acordo com nove tópicos: um consistia na apresentação de todos

os participantes e da documentação informativa e generalista do curso; seis, em conteúdos

programáticos e um, na avaliação e encerramento. Existiu um tópico que esteve sempre oculto

constituído por materiais de apoio ao formador.

Os tópicos foram disponibilizados sequencialmente, para os formandos se concentrarem apenas no

tema em estudo.

As atividades, visando a flexibilidade de tempo e de espaço, privilegiaram as sessões assíncronas

assentes em fóruns de discussão e trabalhos individuais a enviar para o formador.

Page 5: repositorio-aberto.up.pt · Web viewCentra-se nos principais aspetos do processo de formação, nomeadamente, na escala de implementação, no que se refere aos recursos humanos envolvidos,

Figura 1. Captura parcial de ecrã da página do curso Avaliação: funções e práticas

Partindo da leitura de um texto motivador para o debate, os formandos participavam nos fóruns de

discussão. Após o encerramento do debate no fórum, o formador disponibilizava uma síntese final do

tema tratado.

Os trabalhos individuais consistiam na elaboração de pequenos textos temáticos a enviar para o

formador. Posteriormente, este dava um feedback individual ou coletivo.

Com a intenção de um acompanhamento técnico e pedagógico mais próximo, foi criado um espaço

de apoio aos formadores no Moodle, denominado Fórum de Formadores GAVE. Este englobava 15

fóruns distintos, de acordo com as diversas áreas disciplinares dos docentes. Em cada um destes

fóruns, os formadores podiam esclarecer dúvidas técnicas e pedagógicas e trocar informações entre

si. Todos estes fóruns tinham o apoio diário da U.PORTO, para questões técnicas, e do GAVE, para

questões pedagógicas. Nestes fóruns, foram abertos cerca de 1200 temas e colocadas cerca de 3000

respostas, o que ilustra a dinâmica e a interatividade geradas.

2.3 Apoio à formação

Os formandos tinham vários elementos de comunicação de apoio à formação. Assim, podiam

esclarecer dúvidas com o seu formador, através do fórum de dúvidas existente na plataforma ou

através do contacto fornecido por este, com a U.PORTO, através de e-mail ou de telefone, e, na

escola, com o coordenador do Plano Tecnológico da Educação, para eventual apoio informático.

No Fórum de Formadores GAVE criado no Moodle, prevaleceu também uma grande entreajuda entre

os diferentes formadores, criando-se assim uma coesa comunidade virtual com a finalidade de

Page 6: repositorio-aberto.up.pt · Web viewCentra-se nos principais aspetos do processo de formação, nomeadamente, na escala de implementação, no que se refere aos recursos humanos envolvidos,

ultrapassar obstáculos e assegurar uma formação eficaz e bem sucedida aos 5500 formandos

envolvidos no processo.

No que diz respeito à documentação de apoio, para esta ação foram concebidos três documentos

básicos: o Guia da Ação e o Tutorial de Apoio ao Moodle, dirigidos essencialmente para os

formandos, e o Plano de Tutoria, para os formadores.

Antes do início da ação, os formandos receberam do formador um e-mail de boas vindas no qual

encontravam:

Informação de acesso ao curso − pequeno tutorial explicativo do acesso à plataforma

Moodle;

Guia da Ação − do qual constavam vários elementos, nomeadamente: enquadramento,

acreditação, objetivos, pré-requisitos, metodologia, programa, calendário, avaliação e

contactos para apoio técnico e pedagógico.

Para os formadores, foi concebido um plano de tutoria com todas as ações que deveriam desenvolver

ao longo da formação. A execução deste plano permitiu que as diversas ações (abertura do curso,

abertura sequencial dos temas, abertura dos fóruns, encerramento dos fóruns, disponibilização das

sistematizações, envio de trabalhos para o formador, etc.) a desenvolver pelos formadores

acontecessem no mesmo horário, de forma a que todas as turmas (284 no total) pudessem funcionar

de forma sincronizada.

2.4 Critérios de avaliação

Os Critérios de Avaliação foram dados a conhecer aos formandos no início da formação. Os

formandos foram avaliados quantitativamente, numa escala de 1 a 10 valores, de acordo com os

seguintes parâmetros:

1. Assiduidade aos tópicos online (10%). Considerou-se cumprido o tempo médio previsto para cada

tópico quando realizadas as atividades nele apresentadas. Para cada um dos tópicos foi

considerado um tempo médio de realização, embora o tempo real dependesse da dinâmica de

cada formando;

2. Qualidade da participação nas tarefas online (40%), nomeadamente em termos das intervenções

nos fóruns e dos trabalhos enviados para o formador;

3. A componente online valia 50% da avaliação, sendo os restantes 50% atribuídos à componente

de trabalho autónomo, consubstanciado num relatório final.

Page 7: repositorio-aberto.up.pt · Web viewCentra-se nos principais aspetos do processo de formação, nomeadamente, na escala de implementação, no que se refere aos recursos humanos envolvidos,

2.4.1 Avaliação pelos Formadores

No final da ação, foi disponibilizado, no fórum de formadores do Moodle, um questionário aos

formadores, ao qual responderam 280 dos 284 formadores. Este questionário visou avaliar aspetos

relacionados com os conteúdos, a metodologia, os utilizadores, os recursos e a organização.

Em relação à avaliação dos formadores às questões relacionadas com o e-learning, e considerando

os recursos online e os da plataforma Moodle, o feedback foi bastante positivo, como se pode

verificar pela análise dos gráficos de respostas dadas nas Figuras 2, 3 e 4. Mais de 80% dos

formadores valorizaram positiva ou muito positivamente os recursos online utilizados. O

comportamento da plataforma foi avaliado positivamente pelos formadores, embora se tenha

registado alguma demora no acesso e no envio de trabalhos no início da formação. Este problema

técnico resultou de uma anormal carga do servidor resultante do elevado número de formandos a

entregarem os seus trabalhos no mesmo horário, isto é, muito próximo da hora final para submissão.

O problema foi posteriormente resolvido pela equipa de administração de sistemas da U.PORTO,

permitindo que o elevado fluxo de informação em datas de entrega de trabalhos tivesse uma resposta

ajustada.

A plataforma Moodle foi considerada de fácil utilização. Para isso terá contribuído a frequência prévia,

por partes dos dormadores, da ação de formação online sobre o Moodle (15 horas), assim como o

facto de eles a utilizarem na sua prática docente.

1

2

3

4

5

6

7

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Percentagem de respostas

Valo

raçã

o da

satis

façã

o

Figura 2. Recursos online utilizados

Page 8: repositorio-aberto.up.pt · Web viewCentra-se nos principais aspetos do processo de formação, nomeadamente, na escala de implementação, no que se refere aos recursos humanos envolvidos,

1

2

3

4

5

6

7

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Percentagem de respostas

Valo

raçã

o da

satis

façã

o

Figura 3. Facilidade de utilização da plataforma Moodle

1

2

3

4

5

6

7

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50%

Percentagem de respostas

Valo

raçã

o da

satis

façã

o

Figura 4. Comportamento da plataforma ao longo da ação (velocidade, acessos, etc.)

A Figura 4 representa o grau de satisfação dos utilizadores em relação ao comportamento técnico da

plataforma Moodle da U.PORTO ao longo da ação de formação. Como se pode verificar na figura, a

avaliação foi positiva, o que se prende, sem nos alongarmos em descrições técnicas, que poderiam

sair fora do âmbito deste trabalho, com o facto de a plataforma da U.PORTO responder com elevada

fiabilidade técnica a exigências de utilização elevadas.

A título exemplificativo, num semestre letivo regular (aproximadamente 7 meses), a U.PORTO tem

mais de 14000 utilizadores ativos e cerca de 54000 acessos. A média de download por mês é de 265

GB (~9 GB por dia). Outros números relevantes, e visto que o modelo desta ação de formação

assenta em grande parte numa forte componente comunicacional entre os utilizadores, são os que se

Page 9: repositorio-aberto.up.pt · Web viewCentra-se nos principais aspetos do processo de formação, nomeadamente, na escala de implementação, no que se refere aos recursos humanos envolvidos,

prendem com a comunicação entre estudantes e entre estudantes e docentes, assim como a

realização de tarefas de avaliação:

Comentários em fóruns: 7297

Submissões de trabalhos: 11104

Mensagens de Chat trocadas: 9886

Testes/Exames efetuados: 248

Esta larga escala de utilização permitiu ao GAVE e à equipa de Novas Tecnologias na Educação da

U.PORTO uma confiança na arquitetura técnica do sistema que assegurasse uma formação com

5500 utilizadores online em simultâneo e em paralelo com as regulares atividades letivas da

Universidade do Porto.

A Figura 5 representa a avaliação da adequação do modo de formação a distância/e-learning aos

objetivos da ação, observando-se que mais de 75% dos formadores consideraram como muito

positiva essa adequação.

1

2

3

4

5

6

7

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%

Percentagem de respostas

Valo

raçã

o da

satis

façã

o

Figura 5. Adequação do modo de formação a distância/e-learning aos objetivos da ação

Os formadores, na sua quase totalidade, valorizaram muito positivamente o plano de tutoria,

considerando-o um instrumento muito útil para o seu desempenho ao longo da formação, conforme

se observa na Figura 6.

Page 10: repositorio-aberto.up.pt · Web viewCentra-se nos principais aspetos do processo de formação, nomeadamente, na escala de implementação, no que se refere aos recursos humanos envolvidos,

1

2

3

4

5

6

7

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Percentagem de respostas

Valo

raçã

o da

satis

façã

o

Figura 6. Utilidade do plano de tutoria

Um aspeto relevante na planificação da ação de formação foi o apoio técnico e pedagógico.

Acreditou-se que um apoio eficaz e presente seria a chave do sucesso da ação de formação.

Da análise das Figuras 7, 8 e 9 conclui-se que os formadores consideraram igualmente importante a

abordagem de apoio próximo estabelecida pelo GAVE e pela U.PORTO, nomeadamente através da

criação de um espaço exclusivo para formadores, o Fórum de Formadores GAVE, que permitiu o

esclarecimento de dúvidas, não só pelas instituições organizadoras, como entre os pares (Salmon,

2003).

O apoio da U.PORTO na resolução de problemas técnicos foi valorizado muito positivamente por 75%

dos formadores. O apoio pedagógico prestado pelo GAVE, através de e-mail e dos vários fóruns

existentes no Fórum de Formadores GAVE, foi avaliado como muito positivo por mais de 75% dos

formadores.

Os formadores, na sua quase totalidade, avaliaram positivamente este fórum e reconheceram a sua

importância para esclarecimento de dúvidas e apoio ao longo da formação.

Page 11: repositorio-aberto.up.pt · Web viewCentra-se nos principais aspetos do processo de formação, nomeadamente, na escala de implementação, no que se refere aos recursos humanos envolvidos,

1

2

3

4

5

6

7

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Percentagem de respostas

Valo

raçã

o da

satis

façã

o

Figura 7. Apoio técnico da U.PORTO

1

2

3

4

5

6

7

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Percentagem de respostas

Valo

raçã

o da

satis

façã

o

Figura 8. Apoio pedagógico do GAVE

1

2

3

4

5

6

7

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Percentagem de respostas

Valo

riaçã

o da

satis

façã

o

Figura 9. Importância do fórum de formadores para troca de informação

Page 12: repositorio-aberto.up.pt · Web viewCentra-se nos principais aspetos do processo de formação, nomeadamente, na escala de implementação, no que se refere aos recursos humanos envolvidos,

Por fim, em termos globais (Figura 10), mais de 80% dos formadores avaliaram positiva ou muito

positivamente a ação de formação na sua globalidade.

1

2

3

4

5

6

7

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Percentagem de respostas

Valo

raçã

o da

satis

façã

o

Figura 10. Avaliação global da ação

2.4.2. Avaliação pelos Formandos

À semelhança do que aconteceu com os formadores, no final da ação foi disponibilizado também um

questionário de avaliação aos cerca de 5500 formandos, visando avaliar o seu grau de satisfação

com a formação, nomeadamente em itens relacionados com os conteúdos, a metodologia, os

utilizadores, os recursos e a organização. Este questionário, anónimo, foi aplicado por turma.

A avaliação dos formandos no que se refere às questões relacionadas com o e-learning está

representada nas Figuras 11 e 12. Como se pode observara, ao nível dos recursos online e da

plataforma Moodle (predomínio dos fóruns e do envio de trabalhos para o formador) a avaliação foi

muito positiva. A quase totalidade dos formandos, tal como os formadores, considerou a plataforma

Moodle muito fácil de utilizar.

Page 13: repositorio-aberto.up.pt · Web viewCentra-se nos principais aspetos do processo de formação, nomeadamente, na escala de implementação, no que se refere aos recursos humanos envolvidos,

1

2

3

4

5

6

7

0% 10% 20% 30%

Percentagem de respostas

Valo

raçã

o da

satis

façã

o

Figura 11. Recursos Online Utilizados

1

2

3

4

5

6

7

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%

Percentagem de respostas

Valo

raçã

o da

satis

façã

o

Figura 12. Facilidade de utilização da plataforma

No início da formação, registou-se uma elevada resistência ao modo escolhido para a ação. A grande

maioria dos docentes estava apreensiva com o facto de a formação ser em regime de e-learning, o

que não acontecera no 1.º ano de formação, a qual decorrera presencialmente, pelo que considerava

que o objetivo final ficaria mais comprometido e mais empobrecido.

Além desta desconfiança, muitos docentes confessavam a existência da barreira tecnológica,

duvidando da sua capacidade para acompanhar os trabalhos na plataforma. Pareceu-nos, pois,

importante analisar o grau de satisfação em relação ao modo online de formação a distância, no final

da formação. Foram menos de 30% os formandos que discordaram deste modo de aprendizagem a

distância, como se pode verificar pela análise do gráfico apresentado na Figura 13.

Page 14: repositorio-aberto.up.pt · Web viewCentra-se nos principais aspetos do processo de formação, nomeadamente, na escala de implementação, no que se refere aos recursos humanos envolvidos,

1

2

3

4

5

6

7

0% 10% 20% 30%

Percentagem de respostas

Valo

raçã

o da

satis

façã

o

Figura 13. Grau de satisfação com o modo de formação a distância/e-learning

A Figura 14 mostra que os formandos, na sua maioria, avaliaram positivamente a ação de formação.

1

2

3

4

5

6

7

0% 10% 20% 30%

Percentagem de respostas

Valo

raçã

o da

satis

façã

o

Figura 14. Avaliação global da ação

3. Conclusão

O modo e-learning utilizado no 2.º ano da formação dos professores classificadores de exames

permitiu:

formar, num curto espaço de tempo, um número elevado de professores (cerca de 5500)

cujos locais de residência ou de trabalho apresentavam uma elevada dispersão geográfica;

flexibilizar e facilitar a vida diária dos formandos, permitindo a sua participar na ação sem a

necessidade de qualquer deslocação a uma sala de formação, por vezes localizada a

centenas de quilómetros do seu local de residência ou de trabalho;

Page 15: repositorio-aberto.up.pt · Web viewCentra-se nos principais aspetos do processo de formação, nomeadamente, na escala de implementação, no que se refere aos recursos humanos envolvidos,

criar um grande espaço (Fórum de Formadores GAVE) de partilha de informação entre os

formadores, com apoio técnico e pedagógico das instituições envolvidas;

reduzir os custos de organização e de produção da formação;

criar uma parceria inovadora entre duas entidades com objetivos e missões diferentes;

aprofundar a literacia digital dos participantes, inerente a esta modalidade de formação a

distância.

Tendo em consideração os resultados dos questionários de avaliação da ação, podemos concluir que

a iniciativa decorrente da parceria entre o GAVE e a Universidade do Porto foi globalmente muito

positiva. A passagem do modo presencial para o modo a distância (e-learning) contou com uma forte

adesão dos formadores e dos formandos, para o que terá contribuído uma avaliação muito positiva

dos apoios técnico e pedagógico prestado pelas duas entidades.

No primeiro semestre de 2013 foi realizada nova ação de formação, que teve por base esta

experiência em formato de e-learning. Será interessante continuar a estudar o impacto desta

modalidade de formação, no sentido de confirmar a tendência positiva agora evidenciada, sendo

igualmente pertinente observar em que medida alguns dos aspetos avaliados menos

satisfatoriamente, em 2012, terão sido melhorados.

Agradecimentos

Agradecemos a todos os tutores da unidade de Novas Tecnologias na Educação o trabalho

desenvolvido na ação de formação Treino online em Moodle e técnicas de tutoria, bem como a todos

os colaboradores do GAVE envolvidos na logística administrativa desta ação de formação e no

esclarecimento dos formandos a nível pedagógico. Agradecemos também o relevante esforço dos

formadores do GAVE, que desempenharam a função de tutores online exemplarmente, contribuindo

de forma decisiva para o sucesso do programa de formação na área de supervisão e classificação de

exames.

Referências

California Distance Learning Project (2005). Adult Learning Services: California Distance Learning

Project. Consultado em janeiro de 2013 http://www.cdlponline.org/index.cfm?

fuseaction=whatis

Centre for Educational Research and Innovation (CERI) (2005). E-learning in tertiary education.

Where do we stand? Paris: Organisation for Economic Cooperation and Development (OECD)

Publishing.

Page 16: repositorio-aberto.up.pt · Web viewCentra-se nos principais aspetos do processo de formação, nomeadamente, na escala de implementação, no que se refere aos recursos humanos envolvidos,

Conole, G. (2008). Capturing practice: the role of mediating artefacts in learning design. In L. Lockyer,

S. Bennett, S. Agostinho, e B Harper (Eds.), Handbook of Research on Learning Design and

Learning Objects: Issues, Applications and Technologies. pp. 187-207, Hersey PA: IGI Global.

Conole, G. and Fill, K. (2005). «A learning design toolkit to create pedagogically effective learning

activities». Journal of Interactive Multimedia Education, Special issue on learning design,

Tattersall, C. (ed).

Dyke, M., Conole, G., Ravenscroft, A. e de Freitas, S. (2007). Learning theories and their application

to e-learning. In G. Conole e M. Oliver (ed.), Contemporary perspectives in e-learning

research: themes, methods and impact on practice, part of the Open and Distance Learning

Series. F. Lockwood, (ed.), RoutledgeFalmer.

Kanuka, Heather (2006). «Instructional Design and eLearning: A Discussion of Pedagogical Content

Knowledge as a Missing Construct». Journal of Instructional Science and Technology (e-

JIST), Vol. 9, n.º 2, setembro.

Mason, R. (1998). «Models of online courses». Institute of Educational Technology, The Open

University, ALN Magazine, Vol. 2, n.º 2.

Online Tutoring e-Book, (2000). Heriot-Watt University and The Robert Gordon University. Consultado

em novembro de 2011 http://otis.scotcit.ac.uk/onlinebook/

Salmon, G. (2003). E-moderating: the key to teaching and learning online. Londres: Kogan Press.