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II ENCONTRO INTERNACIONAL SOBRE REGULAÇÃO E SUPERVISÃO EM MICROFINANÇAS PROMOÇÃO: EM PARCERIA COM: RESUMO DAS PALESTRAS APRESENTADAS Página 1 de 24 Painel I. Microfinanças. O desafio de construir um marco legal e regulatório adequado e em bases sustentáveis. I.1 Robert Peck Christen. Os mais importantes programas de microfinanças do mundo – análise e perspectivas. O intuito de prover serviços financeiros para pessoas mais desfavorecidas não é uma realidade nova. Isso já é uma tentativa que remonta há vários séculos. Na América Latina, saving banks surgiram ainda nos tempos coloniais, com o foco em depósitos, sem que tenham atuado com empréstimos. Dentre as instituições que já existiam há mais de 30 anos atrás, há: Bancos de poupança, bancos postais e “bancos para desenvolvimento” - estão sujeitos ao controle político - não operam de acordo com os padrões bancários Instituições baseadas em comunidades - cooperativas - bancos comunitários - caixas municipais Nos últimos 30 anos, destaca-se, relativamente o movimento de microcrédito: - crescimento expressivo nos últimos 10 anos - busca pela sustentabilidade desde o início - missão: combate à pobreza - não é centrado em depósitos, como as instituições anteriores Entretanto, algumas dificuldades específicas do serviço financeiro voltado para objetivo social: - o fato de não ser voltado apenas para lucro retira a 1ª linha de defesa da saúde financeira; - dificuldade de intervir. Ex: nem sempre há meios para obrigar os capitalistas sociais a uma chamada de capital. - dificuldade para efetuar fusões, porque os ativos só possuem valor em virtude de uma determinada forma de atuação da instituição, diferentemente de uma carteira imobiliária;

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Painel I. Microfinanças. O desafio de construir um marco legal e regulatório adequado e em bases sustentáveis. I.1 Robert Peck Christen. Os mais importantes programas de microfinanças do mundo – análise e perspectivas. O intuito de prover serviços financeiros para pessoas mais desfavorecidas não é uma realidade nova. Isso já é uma tentativa que remonta há vários séculos. Na América Latina, saving banks surgiram ainda nos tempos coloniais, com o foco em depósitos, sem que tenham atuado com empréstimos. Dentre as instituições que já existiam há mais de 30 anos atrás, há:

• Bancos de poupança, bancos postais e “bancos para desenvolvimento” - estão sujeitos ao controle político - não operam de acordo com os padrões bancários

• Instituições baseadas em comunidades - cooperativas - bancos comunitários - caixas municipais

Nos últimos 30 anos, destaca-se, relativamente o movimento de microcrédito:

- crescimento expressivo nos últimos 10 anos - busca pela sustentabilidade desde o início - missão: combate à pobreza - não é centrado em depósitos, como as instituições anteriores

Entretanto, algumas dificuldades específicas do serviço financeiro voltado para objetivo social:

- o fato de não ser voltado apenas para lucro retira a 1ª linha de defesa da saúde financeira;

- dificuldade de intervir. Ex: nem sempre há meios para obrigar os capitalistas sociais a uma chamada de capital.

- dificuldade para efetuar fusões, porque os ativos só possuem valor em virtude de uma determinada forma de atuação da instituição, diferentemente de uma carteira imobiliária;

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O modelo seguido pela Bolívia e Peru (transformação de ONGs em bancos especializados em microfinanças) não serviria para o Brasil, porque depende da pré-existência de ONGs bem estabelecidas. Outro modelo possível: colocar as microfinanças sob o comando de um grande banco centralizador (de cima para baixo), normalmente de capital público. Ex: Banco Rakyat, Indonésia. Para criar condições que permitam aos bancos fazer microfinanças com sucesso, há várias questões importantes a serem consideradas:

1) As regras usuais para limites de empréstimos sem garantia ou para requerimentos de provisão para empréstimos em atraso geram problemas quando aplicadas em instituições especializadas no setor.

2) Deve-se atentar para a necessidade de inovações nas instituições de microfinanças, deve-se buscar uma simplificação nos requisitos de documentação;

3) Questões como horário de trabalho e requisitos de segurança das instalações devem ser adequados à realidade do setor;

4) O patamar de pagamentos de sindicalizados bancários eleva demasiadamente o custo operacional.

5) Facilidade de estruturar a operação, quanto a prazo, taxas etc.

Regras Básicas aplicadas ao formulador de política pública: - não regule o que não pode ser supervisionado; - regulamentação deve responder a uma oportunidade percebida de “fazer dinheiro”.

No caso do Brasil, não há, por enquanto, um modelo empolgante, nem socialmente nem financeiramente. A oportunidade real ainda não foi percebida pelo capital privado ou capitalista social, em decorrência principalmente de:

- Dificuldades no marco regulatório, e poucas fontes de recursos. - Microfinanças vista como programa social, altamente politizada. - Produtos ofertados de baixa atratividade para a clientela e lento crescimento das

instituições de microfinanças tradicionais. Sugestões:

- coleta de dados por tipo de cliente, para entender melhor a clientela atual no setor de microfinanças.

- Procura das pré-condições necessárias para aumentar a atratividade do setor, tanto para investidores sociais, como para capitalistas tradicionais, em busca de favorecer uma abordagem guiada pelo mercado.

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I.2 Não houve I.3 Nancy Berry. A experiência global na construção de políticas e estratégias para as microfinanças que realmente funcionem. Há muito a se fazer com relação às microfinanças no Brasil, mas o país não está só. Apesar da economia complexa e do sofisticado sistema financeiro, a realidade brasileira em relação à das microfinanças é semelhante à do Quênia: há pouquíssimo acesso a crédito para pessoas de baixa renda. O panorama de crédito tem mudado e hoje estamos caminhando para a bancarização das classes C, D e E. Os grandes bancos no Brasil estão despertando para esta realidade e, necessariamente, o país como um todo deve pensar e agir grande quando se trata de microfinanças. Há muito potencial para cooperativas de crédito, especialmente na área rural não atendida pelas instituições financeiras tradicionais. [d1] Alguns Elementos na Criação da Microfinanças Varejista:

� os clientes de microcrédito, atualmente, demandam automóveis, casa própria, seguros, financiamento para educação e consumo. Qualquer tentativa de oferta de microcrédito deve levar em conta essa realidade.

� deve-se levar em conta a análise do cliente tomador do empréstimo, com desenvolvimento de sistemas e tecnologia para avaliar e monitorar esse cliente.

� exemplo no México: Banco Asteca que desenvolveu sistema dentro de uma base de dados dos próprios clientes, especializando-se nas classes C, D e E. Esse Banco possuía uma extensa rede de lojas no país, o que possibilitou o contato com o cliente. Aumentou em 8 meses sua rede de prestação de serviços, alcançando 5 milhões de clientes de crédito para consumo e 200 mil clientes de microfinanças. Para isso utilizaram a base de dados já existente.

Há necessidade de se estabelecer:

� Ferramentas para prever o sucesso de instituições de microfinanças novas; � Mudança de Paradigma em Varejo Bancário com os Pobres; � Papel do Governo; � Pilares de Serviços Financeiros Sustentáveis para o Pobre;

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� Políticas, Regulamentação e Estruturas Legais necessárias para operações microfinanceiras;

Tendências na Indústria de Microfinanças no Brasil:

� Iniciativas como as criadas por parte da CEF, Banco do Nordeste. � Setor de Microfinanças – estratégia seletiva. � os Bancos estão tendendo à criação de uma plataforma que atenda a demanda e os

serviços desenvolvidos. Desafios para a década:

� expansão do microcrédito (microfinanças) para milhões de empreendedores de baixa

renda; � ajudar as pessoas pobres na construção de seu patrimônio; � redução dos custos nas transações de microfinanças; � desenvolvimento de uma cultura de microfinanças entre Instituições de Microcrédito,

banqueiros, formuladores de política; � criação de políticas e sistemas financeiros que trabalhem para a maioria pobre.

Observações de Nancy que mereceram destaque:

� Sugestão para a regulação: -suporte ao crescimento; abordagem liderada pelo mercado.

� Em relação ao Brasil: há que se pensar grande, somos um país grande. Estamos muito leigos em relação ao tamanho e às necessidades do país.

� Existência em potencial, particularmente nas zonas rurais. � Políticas e Regulamentações são vitais para o sistema. � Exemplificou países como a Colômbia, México, Índia, Indonésia � Há que se pensar na criação de incentivos para o ingresso dos bancos nesse nicho e

mostrar a eles que esse é um sistema factível. � A função do governo é motivar as instituições e motivar competências. � O governo não deve pensar que existe um modelo único.

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Debate Painel I: Carlos Alberto dos Santos. O painel I foi encerrado após um debate no qual foram explicitadas considerações e indagações sobre o tema. Dois aspectos foram ressaltados inicialmente:

a) não se deve regular o que não se pode supervisionar, sendo de se destacar o exemplo do Banco das Filipinas, que dedicava metade de seu corpo funcional para acompanhar operações de microfinanças, responsáveis por apenas 2% dos ativos do sistema financeiro daquele país;

b) os programas de microfinanças devem responder às possibilidades de negócio,

evitando-se, dessa forma, uma política do tipo “top down”, ou orientada a partir do regulador. Foi destacada, a propósito, a tendência de bancarização das classes C, D e E, que configuram novos compradores de serviços financeiros. Como exemplo, observou-se que o crescimento da renda entre os mais pobres superou a taxa de crescimento nacional.

Quanto às perguntas efetuadas, observou-se que:

a) microfinanças é um serviço amplo, abordando o crédito para consumo, poupança, microcrédito, etc. A preocupação com o uso do crédito, por sua vez, deve ser menos importante do que a tecnologia empregada na concessão, ou seja, a forma utilizada para que o crédito chegue ao usuário. De fato, a tecnologia e os canais empregados podem direcionar o crédito para diferentes modalidades de uso, possibilitando, alternativamente, uma análise mais criteriosa do tomador e de sua realidade ou a vinculação com redes de varejo voltadas ao consumo. Essa questão foi suscitada em função da preocupação de que as instituições financeiras tratam o crédito orientado ao consumo como microcrédito;

b) a qualidade da carteira não significa que se deva atingir um nível ótimo de

inadimplência, que varia em função do tipo de tecnologia utilizada. Foi constatado, porém, que há um ponto a partir do qual a situação se deteriora rapidamente, em especial em função do nível de comunicação social empregado;

c) o microcrédito não está focado apenas no âmbito urbano, sendo de se destacar o

crescimento das operações de microcrédito rural, de maior complexidade em razão do maior índice de pobreza ali localizado e do maior risco envolvido nas operações agro-

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industriais. O microcrédito rural está sendo muito discutido hoje em dia, pois se apresenta como uma ferramenta de combate à pobreza. Ou seja, do ponto de vista brasileiro, o maior número de operações e instituições envolvidas concentram-se na área rural.

Painel II. Microfinanças, moedas sociais e economia solidária. II.1 Michael Linton. Comunidades LETS e moedas sociais. Progressivo desenvolvimento das comunidades pobres em bases econômicas adequadas e suas crescentes implicações para governos, entidades reguladoras e para a sociedade. A moeda comunitária circula dentro de uma determinada localidade fechada, e integra a sociedade, ao contrário da moeda convencional que contribui para a sua fragmentação. Não é mercadoria, mas uma moeda virtual que pode facilitar a utilização de capacidades corriqueiramente desperdiçadas. Isso ocorre porque o dinheiro convencional, quando gasto, não tem razões para retornar ao círculo original. Por sua vez, a moeda convencional é associada a questões de poder e privação, enquanto a moeda comunitária é baseada em relacionamento entre os usuários Em um circuito aberto, a energia tende a se desperdiçar. A mesma coisa ocorre com o dinheiro, e, portanto, com os recursos que ele poderia canalizar. A forma mais efetiva é estabelecer uma unidade de medida em relação à moeda legal. Mais de 4000 experiências no mundo mostram que essas economias de circuito fechado são viáveis. A moeda comunitária conecta os indivíduos de forma positiva e promove trocas que geram riquezas. Quando você gasta com os outros, isso significará que outros gastarão com você. A colaboração é enfatizada, e não a competição. O próximo estágio é procurar aumentar a aceitabilidade geral de moedas dessa natureza pelo desenvolvimento de uma rede de dinheiro virtual (funcionando de forma semelhante aos servidores de e-mail). O dinheiro tradicional é uma das maiores forças que atuam para permanência do mundo como ele é atualmente. A transformação do dinheiro poderá transformar a sociedade, combatendo a subutilização das capacidades.

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II.2 James Stodder. Redes de Trocas Recíprocas – Reflexos para a estabilidade macroeconômica. Objetivo: apresentar o sistema de moeda comunitária WIR, na Suíça. O interesse do pesquisador é demonstrar os efeitos macroeconômicos do sistema WIR. O acesso ao crédito não é somente um problema de eficiência microeconômica e de justiça e igualdade, mas é também um problema de estabilidade macroeconômica. Questão da conexão do crédito e da garantia. Como fazer quando a pessoa só tem capital humano (ou seja, não tem garantias a oferecer)?: o WIR é um modelo alternativo. O setor de pequenas e médias empresas é menos estável porque há menor qualificação/educação formal, maior risco de falência, menor acesso ao crédito, maior índice de auto-financiamento e menor capacidade de diminuir seus riscos, implicando custos mais altos. O Switzerland´s Wirtschaftsring – The Swiss WIR Bank foi fundado em 1934, por Silvio Gesel. Wirtschaftsring significa ‘Círculo Econômico’. WIR = We � senso de comunidade. O WIR Bank trabalha com duas moedas, o franco suíço e o WIR. Os clientes WIR só podem negociar dentro da rede WIR. É banco de tamanho médio. Em 1973 houve quebra na estrutura. Até então, quando o PIB crescia, o turnover do WIR acompanhava � correlação positiva. Se o desemprego caía, WIR caía também. A partir de 1973, foi vedada a troca de moeda WIR por francos. Assim, passa a existir um desconto na moeda WIR, não oficial. Segundo Studer, há a sensação de que o WIR vale menos, tem qualidade menor do que o franco. O desconto é tolerado por gerar um faturamento adicional. Depois de 73, o efeito é fraco, a correlação não é significativa. O artigo testa a relação do faturamento WIR (turnover) e a economia suíça = Há relação secular positiva. Há períodos cíclicos a curto prazo, mas a relação é a mesma. Faz ressalvas ao seu estudo: dados que utilizou são amplos.

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A atividade contra-cíclica não é a única meta da política monetária suíça. A grande questão é a relação da recessão e inflação. Como combater a recessão sem gerar inflação? Se suas conclusões forem verdadeiras, as microfinanças podem afetar a economia a partir de medidas de estabilização. Assim, as microfinanças podem ser uma ferramenta potencial de política monetária dos bancos centrais, pois afetam a macroeconomia. O potencial de benefícios é grande. Debate Painel II: Marusa Vasconcelos Freire. Painel III. Crédito Cooperativo e Desenvolvimento – Viabilidade e Sustentabilidade. III.1 Ademar Schardong. O que a experiência internacional aponta como elementos essenciais para a construção de um marco legal que favoreça o sucesso das cooperativas de crédito. Comparação entre os principais modelos mundiais e o caso brasileiro. Os sistemas cooperativistas apresentam particularidades que os diferenciam da legislação aplicada às instituições financeiras em geral, conforme experiências no Brasil e no mundo. As sociedades cooperativas são disciplinadas em leis próprias, nas quais estão presentes os princípios universais que regem os conceitos do cooperativismo. Nos sistemas pesquisados, muitos são os elementos comuns abrangidos pela legislação cooperativista. a) preservação da natureza societária das cooperativas singulares de crédito; b) viabilidade econômica do empreendimento; c) supervisão e autocontrole; d) integração horizontal e vertical sem replicar estruturas; e) fundos garantidores para depósitos e ativos. Características do sistema cooperativista de crédito nos países analisados: a) Alemanha

� estrutura: 1 confederação 2 bancos cooperativos e 8 federações 1.378 cooperativas locais

� a regulação é feita pela Superintendência Federal dos Serviços Financeiros e pelo Banco Central;

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� obrigatoriedade de filiação das cooperativas singulares a uma federação; � auditoria a cargo das federações; � existência de fundos garantidores de depósito.

b) Portugal

� estrutura: FENACAM (federação nacional das caixas de crédito agrícola) e CCCAM (caixa central de crédito agrícola mútuo)

111 cooperativas locais � possui fundo garantidor de crédito; � a regulação é realizada pelo Banco Central, que incube a Caixa Central da supervisão e

controle das caixas locais, bem como autoriza a participação em outras empresas não cooperativas.

c) Espanha

� estrutura: Associação Espanhola de Caixas Rurais e Banco Cooperativo 74 cooperativas locais

� a regulação é realizada pelo Banco Central; � é o principal operador de crédito rural; � não há obrigatoriedade de filiação a uma federação; � possui seguradora.

d) Canadá

� estrutura: banco e federação caixa central 568 cooperativas locais

� tem sociedade de seguros; � a regulação é feita pelo Banco Central.

d) Estados Unidos

� estrutura: cuna mutual ligas regionais 9.209 cooperativas

� a regulação e fiscalização são realizadas pela Administração das Cooperativas de Crédito Nacionais (CUNA);

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� tem seguro de depósitos. No caso brasileiro: a) a legislação apresenta os seguintes aspectos positivos:

� previsão constitucional; � livre admissão de sócios; � exigência de projeto de viabilidade; � regulação prudencial com relação aos limites operacionais; � autorização para criação dos bancos cooperativos; � centrais com atribuições de auditoria e controle; � segregação da estrutura de supervisão no banco central.

b) algumas questões, no entanto, precisam ser superadas:

� regular a constituição e gestão dos fundos garantidores de depósitos e de ativos; � proteger a natureza societária do empreendimento; � não admitir cooperativas singulares isoladas; � estabelecer requisitos para o exercício de cargos, eleitos e contratados, segregados da

gestão do empreendimento e dos negócios jurídicos da cooperativa; � na estrutura de 3 níveis, segregar as atribuições de fomento e controle das operacionais.

c) características:

� estrutura: 2 bancos cooperativos e 4 confederações 41 centrais regionais 1.457 cooperativas singulares

� regulação do Banco Central; � tem fundo garantidor.

III. 2 Matthias Arzbach. Proteção de depósitos - Melhores práticas para cooperativas ao redor do mundo. Os princípios para a adequada construção do marco legal e regulamentar. Matthias Arzbach tratou do tema da proteção dos depósitos, chamando a atenção para que a questão esteja inserida numa "rede de segurança" para o sistema financeiro que envolva não apenas a proteção para os depósitos como também regulamentação prudencial, fiscalização e também um prestamista de última instância (no caso dos bancos).

Dentre os vários pontos importantes explanados pode-se destacar:

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1) fundos de proteção não podem resolver crises sistêmicas; 2) a proteção pode ser implícita ou explícita, sendo esta última preferível; 3) o momento adequado para a introdução de um fundo é enquanto o sistema está

saudável; 4) a atuação do fundo é mais eficiente quando abrange a avaliação constante do risco

assumido e formas de "intervenção", em comparação à opção de ser uma caixa passiva de pagamentos;

5) recomenda-se a obrigatoriedade de participação como uma forma de evitar a seleção adversa. O caso das cooperativas de crédito é diferente, sendo mais provável um processo de inscrição;

6) o financiamento ex-ante tende a suavizar o custo das contribuições, já o ex-post favorece o monitoramento mútuo dos assegurados. O financiamento ex-ante é mais comum;

7) a contribuição pode incidir sobre os depósitos totais ou sobre os assegurados, mediante uma taxa que pode ser fixa ou variável;

8) é necessária uma campanha de publicidade sobre características da proteção, realizada antes da ocorrência de crise;

9) se o fundo for ativo (não apenas caixa de pagamentos) há a opção de utilizar o princípio do menor custo: ou se saneia a instituição ou se honra os depósitos;

10) deseja-se que as cooperativas de crédito formem sistemas e zelem por uma imagem comum. Assim, um seguro institucional - e não de depósitos - pode ser mais indicado. Um seguro institucional apresenta vantagens como a generalização da confiança já que não haveria cooperativas "inseguras" e pode apresentar desvantagens como uma piora na condução da administração já que não há risco de perdas.

Debate Painel III – Abelardo Duarte Sobrinho Abelardo destacou os seguintes pontos das duas palestras: Schardong:

� O Banco Central tem cobrado a viabilidade das cooperativas: é necessária a sustentabilidade.

� No Brasil, existe lei única para todos os tipos de cooperativas. Há projetos de lei para as cooperativas de crédito, que são uma exceção.

� Na maioria dos países é o Banco Central que fiscaliza as cooperativas. Assim, tem condições de dar proteção aos associados.

Mathias: de que forma podemos maturar um fundo no Brasil para proteger os cooperados?

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Perguntas: 1) Manuel Ferro – Unicred Vale São Francisco: Levando em consideração condições da

economia (taxa de juros nos EUA, no Brasil), o ano eleitoral, o projeto de lei em trâmite e o incentivo que as cooperativas de crédito têm recebido do governo federal, o que vocês vislumbram para as cooperativas de crédito nos próximos três anos?

Resposta: Schardong – o cooperativismo de crédito vive o melhor momento em termos de regulação, pois nada mais é vedado. A queda de juros faz cair a receita das If´s, mas as cooperativas podem desenvolver diversos tipos de atividade. Pode também se transformar em Livre Admissão. Acredita que a demanda é maior que a capacidade de atendimento de produtos e serviços para os próximos 15 anos. 2) Fabiano (Denor): Considerando que o Fundo está ligado à imagem da instituição, qual o

inconveniente de a participação no fundo ser por inscrição (não obrigatório) e de mais de um sistema participar do mesmo fundo?

Resposta: Mathias – há processo de inscrição em alguns países. Em caso de sistemas com número não muito elevado de cooperativas, Sicredi, por exemplo, que tem forte marca, o interessante seria reunir todas as cooperativas, pois há problema forte de contágio, então, convém unificar. Na Alemanha, somente o fundo garantidor é que pode intervir nas cooperativas. É viável a meta do BC de possuir um fundo único para todos os sistemas/ diversas marcas. 3) Abelardo (Deorf): Por que não houve o crescimento tão grande da participação das

cooperativas no mercado, em decorrência da Resolução 3106? Resposta: Schardong: houve aumento do volume, mas em relação ao SFN é pequeno. As cooperativas de Livre Admissão foram permitidas em 2003, em 2004 iniciaram as primeiras autorizações, e só depois puderam montar a infra-estrutura necessária para atingir o novo público. Acredita que em 2006 vão crescer. 4) Douglas (Unicred Brasil): Se há a questão da cota capital e dos resultados, que podem ser

negativos, o que leva uma pessoa a se associar a uma cooperativa? Resposta: Schardong: Disse que as pessoas só deveriam se associar se querem criar mais um negócio ou agregar renda ao negócio. A cooperativa é diferente de um banco, mas não é conhecida como organização econômica, é preciso divulgar.

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Painel IV: Microfinanças para bancos - a abordagem dos bancos para os mercados microfinanceiros. IV. 1 Terence Liam Gallagher. Microfinanças e bancos - diferentes abordagens das experiências internacionais. Lições aprendidas. Iniciou dizendo que cada evento desse é uma grande comemoração. Quando entrou para o setor, todos eram considerados bandidos para o Bacen. Levaram-se anos para organizar e convencer o Bacen a regulamentar. Foi criada a Política Nacional de Microcrédito. Hoje, o Banco Central do Brasil é um grande parceiro. “Um terço dos clientes de nosso mercado alvo atualmente não possui sequer um par de sapatos. Temos que repensar completamente o pacote de serviços financeiros que oferecemos para alcançar esse segmento” (Diretor do Citibank, 1995) Uma reportagem recente na Revista dos Banqueiros, relata que os Banqueiros do Mundo estão abrindo seus olhos para microfinanças. -225 instituições no mundo inteiro estão trabalhando neste setor- Incentivos que estão trazendo os bancos para este setor:

� diversificação (novos clientes, desenvolvimento de novos produtos, diversificação dos riscos, receitas);

� imagem pública; � acesso às linhas de crédito de instituições internacionais (possibilidade de repassá-las

ao público no país); � assistência técnica (novas tecnologias e processos); � obrigações governamentais para atuar em microfinanças; � lucros de IMF’s (cinco exemplos internacionais de rentabilidade de 12 a 27% sobre o

patrimônio); � entidades regulamentadas, com acesso a capital e que conseguem crescer e desenvolver

serviços mais rápido que as instituições filantrópicas. Elementos Positivos

� regulação reforça a gestão responsável; � acesso ao capital; � independência de doadores;

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� infra-estrutura física (rede de agências, caixas eletrônicos e correspondentes bancários); � leque abrangente de produtos e serviços financeiros, favorecendo a bancarização; � sistemas administrativos e contábeis existentes.

Estratégias I – Bancos que trabalham via correspondentes bancários:

� terceirizam atendimento ao cliente -correspondente contrata micro-empréstimo; -risco compartilhado entre a instituição e o correspondente.

� empréstimos comerciais para IMF’s II – Bancos que operam direto com clientes de baixa renda (três situações diferentes)

� unidade interna (departamento de microfinanças); � IF especializada (nova logomarca); � criação de uma empresa de serviços financeiros (montam sua própria instituição que

terceirizam contatos com clientes). Problemas

� Regulamentação não apropriada para microfinanças; � Estrutura hierárquica pesada; � Metodologia de empréstimos não leva em conta especificidades do microcrédito; � Treinamento de funcionários não é apropriado para atender essa clientela; � Estrutura de custos; � Falta de compromisso com microfinanças e sua clientela

- Assim, bancarizar o cliente de IMF é torná-lo cliente a longo prazo e não fazer uma operação com altas margens de lucro que tendem a prejudicar o cliente, comprometendo seu nome. Conclusão - Três Grandes Ondas:

� primeira: microfinanças de 20/30 anos atrás estavam relacionadas a instituições comerciais;

� segunda: criação de instituições sem fins lucrativos � terceira (provocação do autor): será que no futuro teremos bancos se transformando em

instituições de microfinanças?

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IV. 2 Mathew Titus. Como as microfinanças podem ser direcionadas para um crescimento seguro. A experiência indiana. A experiência dos trabalhos realizados na Índia para prover créditos aos excluídos possibilitou a obtenção de conhecimentos gerais que podem subsidiar a adoção de programas de microfinanças em outros lugares do mundo. Particularmente, as semelhanças do processo histórico de desenvolvimento econômico do Brasil e da Índia reforçam as lições de política pública destinada a programas dessa natureza, e que levam em conta a necessidade de inovação, integração entre os participantes desse mercado e sistematização das etapas a serem adotadas. A necessidade de inovação representa uma tentativa de refinamento dos produtos a serem oferecidos e processos a serem executados, tornando o sistema mais eficiente. A intervenção dos governos representa uma etapa primordial na tentativa de se criar oportunidades de mercado aos agentes econômicos com efetiva participação em um plano nacional de microfinanças. No caso da Índia, tais agentes (ou “stakeholders”) são o próprio governo (incluindo o Banco Central), os bancos de desenvolvimento, os bancos de varejo, as instituições focadas em microcrédito e demais participantes, tais como auditores, agências de rating, etc.. Cada agente deve ter um papel importante em um determinado momento, atuando em cooperação entre si. No caso do governo, este deve assegurar que bens públicos (infra-estrutura, conhecimento, etc.) cheguem aos mais pobres. Assim como o Brasil, a Índia apresenta problema estrutural no tocante à distribuição de renda. Vários excluídos do sistema produtivo habitam regiões de diferentes topografias e aptidões econômicas, cabendo ao governo prover infra-estrutura básica para promover a exploração sustentada das potencialidades de cada local, com base nos recursos providos pelos produtos ligados a microfinanças. Além disso, os governos e os bancos centrais devem perceber a natureza das instituições que potencialmente possam atuar neste mercado, avaliando assim as oportunidades que se configuram e os custos de transação envolvidos nas operações de microfinanças em cada região. A circularização de informações relacionadas a risco e a criação de uma estrutura institucional de garantias, dentre outras medidas, podem ser adotadas em benefício dos demais stakeholders, por intermédio da criação de um ambiente institucional favorável. No caso dos agentes financeiros, bancos, instituições e associações de microcrédito, estes devem fazer uso da infra-estrutura pública provida pelos governos e buscar especialização em relação a dois aspectos fundamentais a serem considerados em tais operações: o tipo de serviço

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a ser provido e o custo fixo envolvido. No primeiro caso, o serviço deve ser efetivo de acordo com o público alvo. No caso dos custos fixos, que são altos em portfolios do gênero, a utilização dos bens públicos providos pelo governo e a escala operacional podem colaborar para sua mitigação, além de permitir a formação de cadastros de informações que poderão ser continuamente alimentados. Em paralelo, é importante utilizar a tecnologia apropriada para cada operação. O principal desafio observado no caso indiano foi a obtenção de escala para que grande parte dos excluídos tenha acesso às ferramentas adequadas, no seu devido tempo. Observou-se que uma grande instituição não resolve o problema, pois carece de especialização no atendimento a determinadas comunidades com características particulares. Por sua vez, a atuação individual de um stakeholder, ou a ausência de cooperação, não é suficiente. Por meio de uma atuação conjunta, criam-se oportunidades de mercado que favorecem a especialização e o refinamento de produtos e processos, tornando robusto o mercado de microfinanças. Debate IV. Felisberto Bonfim Pereira. O moderador agradeceu aos palestrantes, observando que o Sr. Terence Gallagher nos lembrou do histórico das microfinanças e que a experiência indiana, trazida pelo Sr. Mathew Titus, nos dá a dimensão extraordinária do que é feito por lá. O Sr. Felisberto ressaltou, por fim, que a segmentação da supervisão do Banco Central, criando um departamento especializado, aumentou a atenção sobre as microfinanças o que contribuirá para o aumento da credibilidade dessas instituições à disposição da sociedade, que é, em sentido amplo, a missão da supervisão.

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Painel V. Microfinanças e Bancos - Experiência brasileira. Realizações e perspectivas. V. 1. Cleofas Salviano Junior. As mais importantes experiências brasileiras de bancos atuando nas microfinanças. Correspondentes no país, controle de SCM e bancarização. A visão do regulador.

� Indústrias que operam com microcrédito: � bancos � SCM � Cooperativas de crédito � Oscips � ONG � Fundos públicos.

Com base no entendimento de que a atuação dos bancos era muito limitada, o governo federal lançou mão de coerção. Há lei determinando o direcionamento obrigatório de 2% dos depósitos a vista em microcrédito "lato sensu" Formas de atuação dos bancos em microfinanças

� atuação direta, utilizando suas agências � por meio de correspondentes bancários � por meio de instituição especializada em microcrédito

Atuação por meio de correspondentes bancários cresceu muito: 90.000 pontos de atendimento O que estimulou esse movimento dos bancos:

� altos custos fixos dos bancos � grande território e distribuição heterogênea da população � significativas barreiras de entrada no sistema bancário

Pontos positivos da atuação por meio de correspondentes: � ganho de escala dos bancos � tecnologia que permite a conexão imediata dos pontos de atendimento � redução do custo de prestação de serviço para o usuário � aproveitamento de recursos ociosos, aumenta o movimento e usa a marca do banco

Atuação por meio de instituição especializadas em microcrédito

� parcerias c/ Oscips ou SCM: BNB, BB, Bank Boston etc. � constituição de instituição especializada própria: Unibanco

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� compra de carteira Conclusão:

� instituições vocacionadas para o microcrédito têm metodologia, mas não têm escala � bancos têm escala, mas não têm contato com o cliente de microcrédito

O desafio é unir os dois interesses (das instituições especializadas e dos bancos) V. 2 Stélio Gama Lyra Junior. Banco público federal com departamento especializado em microcrédito. O caso Crediamigo. Nordeste:

� 28% da população brasileira � 13% do PIB � IDH corresponde a 70% do IDH médio do restante do Brasil � Índice de analfabetismo é o dobro da média nacional � 2,7 milhões de pessoas no setor informal

Onde o crédito tradicional não chega, este é o nicho de atuação do Crediamigo. 3 modelos:

� Intervencionista (estatal) � Mercantilista (setor informal composto pelos verdadeiros empreendedores) � Co-partícipe (levar em conta a realidade local)

BNB – situação em 1998

1. Decisão estratégica/visão e objetivos bem definidos 2. Flexibilização organizacional (banco público com área específica de MF) 3. Benchmark & Consultoria (1997 – Bolívia, Brasil, Chile, Peru e Indonésia) 4. Parcerias de operacionalização (adoção do modelo OSCIPS)

a. Responsabilidades do Banco i. Estabelecimento de estratégias

ii. Elaboração de metas iii. Definição de produtos e serviços iv. Estabelece e atualiza processos

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v. Assume o risco de crédito vi. Gerencia a qualidade do portfólio

b. Responsabilidades da OSCIP

i. Selecionar, contratar e treinar ii. Operacionalizar os produtos

iii. Monitorar o processo metodológico

5. Definição e acompanhamento do mercado-alvo a. Pesquisa de mercado b. Plano piloto c. Lançamento oficial do programa d. Pesquisas do IBGE (PNAD, POF) e. Segmentação de clientes

i. Subsistência (até 1 mil reais – não são os “mais pobres dos pobres”) ii. Crescimento (de 1 a 5 mil reais/mês)

iii. Expansão (de 5 a 36 mil reais/mês – com recursos não do PNPO e o grupo com recursos do PNPO até 60 mil reais de faturamento anual)

6. Principais características

a. Atuação no primeiro piso b. Assessor de crédito c. Metodologia específica para microcrédito d. Urbano e. Crédito produtivo, orientado, adequado ao ciclo do negócio

Atualmente 1.112 pessoas atuam na área, sendo 43 funcionários do Banco. O Crediamigo está presente em 1.200 municípios.

7. Principais Características

a. Crédito produtivo e orientado b. Auto-sustentável c. Garantias em grupo (solidária) d. Assessores (capacitação permanente e remuneração por incentivo) e. Diversos produtos f. Trâmite ágil e oportuno das propostas de crédito g. Risco baseado no caráter solidariedade

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8. Produtos e serviços a. Capital de giro

i. Crédito para grupo solidário (3 a 10 pessoas) ii. Crédito individual

b. Crediamigo comunidade (capital de giro) i. Grupos solidários de 15 a 30 pessoas (inclusive pessoas com restrições

cadastrais) c. Crédito para investimento fixo (maquinas, equipamentos, reforma no negocio e

na casa) d. Conta corrente

i. Simplificada e normal ii. Normal – com limite de credito

9. Metodologia X gestão operacional

a. Agente de crédito i. Obsessão pelo cumprimento da metodologia

ii. Acompanhamento diário da inadimplência iii. Agenda de visitas automatizada

10. Características

a. Complementar ao crédito b. Melhora a capacidade de gerenciamento dos clientes

11. Resultados

a. 2006 – 211 mil operações com R$ 196 milhões b. valor médio de R$ 928,00 c. 68% mulheres

12. Fontes de sucesso

a. Confiança na presença local b. Assessor de crédito c. Profissionalismo d. Imagem e credito institucional e. Ações antecedentes e subseqüentes à concessão do credito

13. Desafios

a. Definição e acompanhamento do mercado alvo b. Precificação X taxas de juros

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c. Sistema de acompanhamento rigoroso de custos d. Marco regulatório e. Flexibilização organizacional (parcerias – novo modelo) f. Capacitação e manutenção do assessor de crédito

V.3 Roberto Luís Troster. O desafio das microfinanças para os bancos brasileiros. A visão dos bancos. Os países que estão na ponta do crescimento, não estão por acaso, pois há muito decidiram investir em seu crescimento. O Brasil é um país de renda média alta, com um sistema financeiro sofisticado, entretanto a sua relação CRÉDITO/PIB está abaixo do seu nível de renda. Quais os motivos disso? Será que os bancos não gostam de emprestar? O Brasil tem um modelo concentrador para o nível de renda. Para o país desenvolver, deve haver investimento em educação, aumentando a produtividade da economia. Nos países ricos em que isso aconteceu, houve por conseqüência aumento na produtividade e na economia. As microfinanças são importantes porque refletem questões inerentes à cidadania, permitindo ao cidadão produzir e alavancar. Têm impacto distributivo, reduzem também as desigualdades regionais e diminuem a agiotagem. É uma questão de desenvolvimento econômico. É um grande desafio para os bancos brasileiros. Objetivos a serem alcançados:

� inserção econômica da base social; � impacto distributivo; � redução de desigualdades regionais; � eliminação da agiotagem; � serviços de pagamento e cobrança; � seguros; � alavancagem para micro-empreendedores; � cidadania; � desenvolvimento econômico.

Os desafios das microfinanças no Brasil são: a) Capilaridade O Brasil tem uma boa rede com quase 800 habitantes por terminal, demonstrando o grau de investimentos realizados neste setor. Em 2005, o país atingiu 124 mil postos de atendimento, incluindo nesse montante agências e correspondentes.

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b) Custos (quanto mais barato mais demanda vai haver) Alguns são inerentes a qualquer operação, mas outros são institucionais. Estes podem e devem ser mudados. A alta taxa de juros é um entrave ao crescimento. A brasileira é alta. O custo fixo médio é o mesmo tanto para empréstimos grandes como para microcrédito. Os custos de contratação, monitoramento, acompanhamento e cobrança são bastante elevados. Há entraves legais tais como segurança jurídica de contratos, estrutura normativa defasada, competência de órgãos sub-nacionais, morosidade e politização das decisões, descasamentos (leasing, FCVS), expedientes protelatórios, excesso de formalismo, custos dissipados e diferenças entre os que não podem e os que não querem. Enfim, o custo da justiça no Brasil é muito alto. Na tributação, percebe-se o alto custo da operação, o que vem a gerar spreads altos. No exemplo de uma operação onde os itens referentes à taxa básica, investidor, custo do banco, lucro do banco e inadimplência sejam "zero", tem-se como resultado um "custo dessa operação de 29,4%", devido à incidência de PIS, Cofins, CPMF, compulsório, IRF, IOF e FGC. Há também subsídios cruzados. O governo subsidia de um lado, mas cobra muito na outra ponta. Alguém sempre paga a conta. A margem líquida dos bancos, de 8,9%, está abaixo da média, 10,4%, quando comparada com os setores de Agricultura, Bebidas e Fumo, Energia Elétrica, Farmacêutica e Cosméticos e Mineração. Sempre se reclama muito dos lucros dos bancos. O que falta, na verdade, é os bancos exercerem a legitimidade dos empréstimos. Por que subsidiar alguns programas e taxar alto outros? Como baixar preços se os custos aumentam? c) Política A existência de subsídios e tributos simultaneamente gera ambigüidade fiscal. A elevação do PIS-Cofins, o aumento de compulsório e os subsídios cruzados caracterizam um retrocesso. Em contrapartida, houve avanços com a implantação de crédito em consignação, dos correspondentes, das contas simplificadas e da cédula de crédito bancário. Faz-se necessário a elaboração de uma agenda com o objetivo de transpor os principais obstáculos identificados. Devemos, portanto, implementar ações com vistas a:

� investir para ampliar e melhorar a rede de atendimento; � adotar políticas macroeconômicas consistentes; � reduzir custos das operações, simplificar e desburocratizar; � ter amparo legal eficiente; � racionalizar e desonerar a tributação; � eliminar os subsídios e ter mais transparência;

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� adotar uma política de fazer acontecer, melhorando a distribuição de renda. Debate Painel V. Gilson Alceu Bittencourt. O moderador, Gilson, assinalou os seguintes pontos sobre cada palestra:

� Cleofas - forma de atuação dos bancos, destacando correspondentes bancários, o papel central que vêm cumprindo na democratização do crédito e o incremento deste segmento no mercado. Mais experiência e mais confiança por parte da população: mais serviços chegando de forma mais fácil, recebendo benefícios sociais mais próximo de casa, por exemplo. É um caminho, sem volta, que tende a se ampliar.

� Stélio - importância do debate do papel do Estado nas microfinanças, fornecedor de funding etc. Esse debate nem sempre é feito de forma aberta. É preciso unificar o debate, para ver a forma de o Estado trabalhar as microfinanças. Destacou que o Crediamigo está se desenvolvendo, operando de diferentes formas, buscando adaptar-se ao momento e ao público-alvo, desenvolvendo produtos e serviços de acordo com níveis de riqueza/renda. Grande questão: fatores de sucesso e desafios.

� Troster. desafios para acesso ao crédito: custo, capilaridade e tributação. Perguntas: Para Stélio: Como está o debate sobre taxa de juros no BNB? Resposta: As taxas praticadas pelo BNB têm diminuído pois o banco opera com recursos da exigibilidade, cujas taxas diminuíram. A redução não foi significativa, apenas a TAC se reduziu. Para Troster: Quais as principais dificuldades dos bancos privados para operar o microcrédito? Resposta: Bancos têm acionistas e depositantes e têm que repor o dinheiro dos depositantes. O crédito para consumo pode ser utilizado também para o microempreendedor, pois formalizar a atividade é muito complicado. Para Cleofas: O Banco Central consegue diferenciar os tipos de correspondentes bancários, ou seja, o tipicamente financeiro e aquele em que sua atividade é completamente diversa? Resposta: O BC não tem preocupação em fazer esta diferença, pois seu foco está na instituição financeira e não na empresa contratada. Para todos os integrantes da mesa: Quais os fatores/obstáculos para a expansão das microfinanças? (Camila).

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Para Cleofas: Rubens, da Socialcred, diz que as SCM parecem ser um caso de insucesso e uma das causas seriam os limites, com destaque para o de R$ 10mil por cliente. Qual a base para fixação deste limite? Respostas: Troster: Tem-se exclusão de crédito, e não financeira. É necessário tornar a cobrança mais eficiente e montar uma equipe para discussão (BC, Min Faz, BNB, Febraban). É preciso ter uma agenda. Stélio: Uma pessoa quando faz compras nas Casas Bahia acha que tem crédito na loja. Quando vai a um banco, acha ruim. É importante então, tirar uma agenda e desmistificar. Em complementação, o sr. Euds Furtado pergunta se o Brasil está satisfeito com o número de SCM. Cleofas: Fundos públicos são limitados, mas a participação do Governo é meritória por fornecer experiência para o setor privado. Governo deve alinhar incentivos para que a provisão de serviços financeiros para a população de baixa renda se dê em bases lucrativas. Há muitos problemas práticos a serem superados, principalmente para os bancos que fazem microcrédito. Um deles é um sistema de contas confiável. Não saberia dizer por que foram criadas certas limitações, mas acredita que as SCM não são um caso de insucesso. Não evoluíram em função das limitações regulamentares. Como técnico do BC vê necessidade de revisão na regulamentação. Por fim, o sr. Gilson concluiu: O BC, em discussão com o Ministério da Fazenda, fez grandes alterações na regulamentação das cooperativas de crédito. O programa de microcrédito também deve sofrer alguma alteração. Sugeriu que juntos avaliassem as principais dificuldades, inclusive sob o aspecto do limite de crédito para as SCM. Citou como principais ações/dificuldades em relação à inclusão financeira: educação, produtos, canais de acesso e “expertise”. A respeito, teceu os seguintes comentários:

a) não se pode considerar que os cartões de débito do “Bolsa Família” sejam uma forma de inclusão bancária;

b) não adianta ter acesso ao banco e não poder utilizá-lo em toda a sua plenitude; c) o tempo que a CEF e o BB estão levando para desenvolver produtos é elevado. Só

agora estas instituições estão desenvolvendo sistemas de risco de crédito. Assim, vê-se que o período de aprendizagem é elevado.