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UMA PUBLICAÇÃO DO SINDICATO NACIONAL DOS AUDITORES FISCAIS DO TRABALHO - JANEIRO DE 2012 - Nº 17 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT Encontro Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho 3ª Jornada Iberoamericana de Inspeção do Trabalho

revista 2012

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Page 1: revista 2012

Uma pUblicação do Sindicato nacional doS aUditoreS FiScaiS do trabalho - Janeiro de 2012 - nº 17

REVISTA DO SINAIT

EspEcial 29º ENaFiT Encontro Nacional dos auditores Fiscais do Trabalho3ª Jornada iberoamericana de inspeção do Trabalho

Page 2: revista 2012

Apresentação ................................................................................................04

Carta de Maceió ............................................................................................05

Abertura .........................................................................................................06

Palestra para universitários .........................................................................08

Tecnologia aplicada à Fiscalização do Trabalho ........................................10

Conferência de abertura ..............................................................................13

Campanha institucional...............................................................................15

A Inspeção do Trabalho como instrumento de cidadania ........................16

Entrevista: Peterson de Paula Pereira ........................................................19

Ações da SIT ..................................................................................................20

Mediação nas relações de trabalho ............................................................22

3ª Jornada Iberoamericana de Inspeção do Trabalho ...............................24

Entrevista: Giuseppe Casale ........................................................................27

Oficinas e cursos de aperfeiçoamento .......................................................28

Entrevista: Celso Barros Filho .....................................................................35

Atuação da Auditoria-Fiscal na defesa do trabalho decente ...................36

Espaço jurídico .............................................................................................39

Lançamento do livro de Rubervam Du Nascimento .................................40

Aposentadoria como ponto de mutação....................................................41

Artigos científicos .........................................................................................42

Tribuna livre ..................................................................................................44

Plenária de política de classe ......................................................................45

Sessão Plenária.............................................................................................46

Propostas aprovadas ....................................................................................46

Encerramento ...............................................................................................47

30º Enafit .......................................................................................................49

Programação cultural ...................................................................................50

Repercussão na imprensa............................................................................56

ÍNDICE

NOSSA CAPAVista aérea do litoral

alagoano.Foto: João Prudente

Page 3: revista 2012

Maceió é, sem dúvida, uma cidade abençoada por Deus: praias lindas, aquele

alto astral do Nordeste do Brasil e uma gente boa e hospitaleira. Foi assim, em um

clima de casa da gente, que alagoas recebeu os enafitianos para a 29ª edição do

encontro Nacional dos auditores-Fiscais do Trabalho e a 3ª Jornada iberoamerica-

na de inspeção do Trabalho. Se não é de fato a casa da gente, o estado será para

sempre lembrado como o berço da inspeção do Trabalho, já que foi o alagoano

Marechal Deodoro da Fonseca que assinou o Decreto 1313/1891, instituindo a ati-

vidade no Brasil.

alegria de sobra no reencontro dos amigos e muito trabalho foram os resulta-

dos do evento. Os cursos de aperfeiçoamento, que foram testados em Fortaleza,

em 2010, voltaram este ano com o aval dos participantes e agora entram definiti-

vamente no calendário dos enafits, proporcionando mais conhecimento em áreas

específicas de atuação dos auditores-Fiscais.

a discussão sobre a atribuição do auditor-Fiscal do Trabalho na mediação de

conflitos foi um tema que atraiu bastante a atenção dos auditores. De um lado

profissionais que acreditam poder contribuir para a manutenção desta ferramenta

de melhoria nas relações de trabalho e de outro, a SiT, que entende que a media-

ção não deve ser mais uma atribuição do auditor-Fiscal, entre outras razões, pelo

número pequeno de auditores em atividade, acredita o Sinait.

Mais polêmica na discussão sobre especialização na carreira. É preciso definir

cotas para profissionais de saúde e segurança do trabalho nos próximos concur-

sos? a plenária decidiu que esta pergunta será respondida após a realização de

seminários regionais que terão como pauta a especialização na carreira.

alguns assuntos não se esgotam nunca como o trabalho escravo, trabalho in-

fantil, a chacina de Unaí e o número insuficiente de auditores-Fiscais do Trabalho.

a cada enafit tais problemas voltam ao debate e infelizmente, ainda com dificul-

dades para serem resolvidos. em função da ação da auditoria-Fiscal do Trabalho

condições análogas à escravidão e a exploração de menores vêm sendo combati-

dos com um trabalho difícil, mas eficiente, que tem chegado a diversos lugares do

Brasil. até porque, embora em número reduzido, os auditores não esmorecem e

seguem cumprindo a sua missão. Já a chacina de Unaí chega próximo de comple-

tar oito anos sem que os culpados tenham sido julgados.

Para animar as conversas sobre a pauta do encontro ou outro assunto qual-

quer, nada como fechar a noite na companhia de colegas que algumas vezes aguar-

dam o ano inteiro para se reencontrar. Os enoites cumpriram bem esse papel e

tornaram a estada em Maceió ainda mais agradável.

este foi o clima do enafit que comemorou na terra do Marechal Deodoro os 120

anos da inspeção do Trabalho no Brasil. e aqui um relato de tudo o que aconteceu

para você, auditor-Fiscal do Trabalho, registrar e pesquisar sempre que for preciso.

Comissão Organizadora

APRESENTAÇÃO

ReUNiDOS em Maceió, alagoas, os

participantes do 29º encontro Nacional

dos auditores-Fiscais do Trabalho – enafit

celebram com orgulho os 120 anos da ins-

peção do Trabalho no Brasil, criada pelo

Decreto nº 1.313, de 17 de janeiro de 1891,

assinado pelo então Presidente da Repú-

blica, Marechal Deodoro da Fonseca, ala-

goano ilustre.

Nossa instituição tornou-se, ao longo

destes 120 anos, um baluarte na defesa

dos direitos dos trabalhadores, buscando, incessantemen-

te, modernizar e aperfeiçoar a inspeção do Trabalho para

atender às demandas sociais. impõe-se, assim, manter um

serviço eficaz e eficiente, com os recursos humanos e de in-

fraestrutura preconizados pela convenção 81 da Organização

internacional do Trabalho – OiT, entre os quais se inclui o

número suficiente de auditores-Fiscais do Trabalho, para que

a missão que lhes compete seja efetivada em todo o território

brasileiro.

entre as principais bandeiras do Sindicato Nacional, está

a recomposição do contingente de auditores-Fiscais do Tra-

balho. a redução do quadro traz consequências graves para a

garantia dos direitos fundamentais inscritos na constituição

Federal, que possibilitam o acesso à cidadania a milhões de

pessoas que sequer conhecem os direitos que têm e especial-

mente para a segurança e a saúde do trabalhador.

a Fiscalização do Trabalho, como se encontra hoje, não

chega a todos os lugares onde se faz necessária. Os reflexos

dessa deficiência estão no crescente número de acidentes de

trabalho e de trabalhadores com doenças ocupacionais, além

do alto índice de descumprimento de itens da legislação tra-

balhista, situações que os auditores-Fiscais do Trabalho en-

frentam todos os dias, na luta para estabelecer o necessário

equilíbrio nas relações capital versus trabalho.

O pequeno número de auditores-Fiscais do Trabalho di-

ficulta, mas não impede o cumprimento da nossa missão;

tampouco pode justificar a retirada da categoria de ativida-

des estratégicas como a mediação de conflitos coletivos e

a modernização dos processos, que equivalem, na prática,

a uniformizar procedimentos, simplificar e agilizar as eta-

pas da fiscalização, potencializar e ampliar a capacidade

de cobertura da ação fiscal preventiva e

punitiva.

ao mesmo tempo em que nos orgu-

lhamos de ser modelo para muitos outros

países, não queremos que a inspeção do

Trabalho no Brasil perca os méritos que já

conquistou na defesa do trabalhador. Nos-

sa luta é para que a fiscalização seja dotada

de instrumentos que fortaleçam a atuação

dos auditores-Fiscais do Trabalho, como a

aprovação da Lei Orgânica do Fisco - LOF e

a criação da escola Nacional de inspeção do Trabalho.

É indiscutível que medidas precisam ser tomadas, pois

nem tudo se resolve com o treinamento hoje proporcionado

pelo Ministério do Trabalho e emprego. Há saberes e expe-

riências inerentes à atuação da auditoria Fiscal do Trabalho

que precisam ser compartilhadas, e por isso é necessário cor-

rigir as distorções hoje existentes.

Todas as reivindicações, pedidos e sugestões apresenta-

dos à administração baseiam-se na vivência quotidiana dos

auditores-Fiscais do Trabalho e transcendem questões cor-

porativas – que também são legítimas –, tendo como objeti-

vo primordial evitar o esvaziamento do papel do Ministério

do Trabalho e emprego e de seus servidores. Queremos es-

tar mais próximos dos trabalhadores, mais presentes e cada

vez mais atuantes, na busca de soluções que evitem o trata-

mento desumano e desrespeitoso no ambiente de trabalho.

Lembramos os nossos colegas, mártires da inspeção do

Trabalho, eratóstenes, João Batista e Nelson e o motorista

ailton, vítimas da chacina de Unaí. após quase oito anos,

o julgamento sequer foi marcado e nos sentimos um pouco

assassinados a cada dia. continuaremos lutando para que os

criminosos não fiquem impunes.

Por fim, os auditores-Fiscais do Trabalho reafirmam seu

compromisso com a promoção da cidadania e a proteção dos

direitos dos trabalhadores, em nome da vida e da dignidade

humanas. O trabalho não pode significar sofrimento, doença

e morte. antes, deve concorrer para o desenvolvimento eco-

nômico, a justiça social e a cidadania plena. essa é a nossa

profissão de fé, a nossa missão e a nossa luta.

Maceió, 16 de setembro de 2011

CARTA DE MACEIÓ

04 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 05

Page 4: revista 2012

a PaSSageM pelos 120 anos da inspeção do Tra-

balho no Brasil deu o tom na noite de abertura do 29º

encontro Nacional dos auditores-Fiscais do Trabalho -

enafit. O encontro voltou a acontecer em alagoas, terra

do autor do Decreto que cria a inspeção do Trabalho no

país, o Marechal Deodoro da Fonseca. No início da sole-

nidade foi apresentado um vídeo alusivo aos 120 anos.

O anfitrião José Heleno Barros, presidente da associação

dos auditores-Fiscais do Trabalho de alagoas - afiteal, abriu a

29ª edição do enafit lembrando que o decreto criou as bases

da atividade que evoluiu muito e hoje é imprescindível para o

desenvolvimento do Brasil. Para ele, o enafit, acima de tudo,

é um espaço para troca de informações a respeito da ativi-

dade e a proposta do evento este ano “é debater e continuar

defendendo as ideias de respeito ao trabalhador construídas

há 120 anos pelo Marechal, que é meu conterrâneo”.

De acordo com a secretária de inspeção do Trabalho,

Vera albuquerque, que esteve no evento representando o

Ministro do Trabalho, a comemoração dos 120 anos da ins-

peção do Trabalho tornou o 29º enafit especial: um momen-

to de discutir a evolução e construir o futuro que a categoria

deseja. Vera falou do uso continuado da tecnologia para a

evolução da atividade e lembrou que os auditores-Fiscais

do Trabalho estão capacitados para desenvolver ferramen-

ABERTURA

120 anos de avanços da Inspeção do Trabalhotas que fazem a fiscalização avançar cada vez mais.

a secretária falou ainda de um problema que preo-

cupa tanto o Sinait como toda a categoria: o núme-

ro insuficiente de auditores-Fiscais e a possibilida-

de de realização de novo certame em 2012.

em seguida, foi a vez do representante da Or-

ganização internacional do Trabalho - OiT, giuse-

ppe casali, que afirmou que a Fiscalização do Tra-

balho no Brasil é referência para outros países e

deve ser compartilhada pelos demais países mem-

bros da Organização. “a experiência e a boa práti-

ca brasileira devem ser adotadas por países que

querem assegurar mais respeito e dignidade a seus

trabalhadores”, finalizou.

O frei Xavier Plassat, da comissão Pastoral da Terra –

cPT, falou da sua admiração não só pela categoria como

também pelo ofício de auditor-Fiscal. “a cPT e a auditoria-

-Fiscal do Trabalho têm muita coisa em comum, principal-

mente o compromisso com pessoas mais frágeis nas rela-

ções de trabalho, tentando estabelecer o certo, o justo e o

direito”, observou.

Mudança no quadroO deputado federal e também auditor-Fiscal do Traba-

lho, Taumaturgo Lima, iniciou sua fala com uma homena-

gem a eduardo Valverde, auditor-Fiscal eleito deputado fe-

deral em 2002, falecido em um acidente de carro em março

deste ano. Taumaturgo lembrou que o colega lutou muito

por justiça social como parlamentar e como auditor.

Taumaturgo Lima citou a comemoração pelos 120 anos

da inspeção do Trabalho, lembrando da evolução da fisca-

lização no período e fez duras críticas ao futuro da ativida-

de com o número cada vez mais reduzido de auditores-Fis-

cais e a falta de estrutura administrativa. “Foram muitos

avanços conquistados, inclusive com sangue derramado

de alguns companheiros. O desafio que nos espera é maior

porque o Brasil está crescendo, a economia acelerada, com

baixo índice de desemprego, o que mostra o trabalho do governo, mas também

tem a marca do auditor-Fiscal que atua diariamente em favor dos direitos do

trabalhador. Por isso precisamos de mais auditores, mais apoio administrativo,

mais espaço e mais conforto nas Superintendências Regionais”, cobrou.

O deputado acrescentou que reconhece o avanço conquistado com o uso

da tecnologia, mas cobrou uma mudança de postura do Ministério do Trabalho

em relação à fiscalização. “Precisamos avançar mais. as Superintendências pre-

cisam de mais estrutura, as instalações são antigas e insuficientes para abrigar

o trabalhador. elas devem ter um padrão em todo o Brasil e não ser de um jeito

diferente em cada estado. Os problemas são os mesmos e as necessidades

dos auditores e dos trabalhadores também são as mesmas em todo o país”,

concluiu.

Valorização e respeito ao trabalhadora também deputada federal Rosinha da adefal (PTdoB/aL) falou da impor-

tância do auditor-Fiscal na inclusão da pessoa com deficiência no mercado de

trabalho. ela se disse feliz em saber que o encontro acontece em alagoas no ano

em que a inspeção do Trabalho comemora 120 anos. “com certeza é por meio do

trabalho de vocês que o trabalhador brasileiro tem seus direitos assegurados”.

a presidente do Sinait, Rosângela Rassy, encerrou as falas da noite de aber-

tura com um discurso que contou a trajetória da fiscalização nestes 120 anos,

com seus avanços e suas fragilidades. ela disse que “ao longo da semana o

enafit iria permear as discussões sobre o presente e o futuro da instituição

que a nossa categoria ajudou a construir, e à qual dedicamos todos os nossos

esforços para que seja reconhecida, respeitada pela sociedade e possa cumprir

seu dever com efetividade”. e lembrou a importância do enafit enquanto mo-

mento de confraternizar: “são momentos também de alegria, de encontros e

reencontros, que alimentam o espírito, renovam energias, temperam a vida. e

precisamos deste combustível para enfrentar os desafios pessoais e profissio-

nais que se fazem presentes no dia a dia”.

Rosângela falou da aprovação do novo estatuto do Sinait, construído em con-

junto com a categoria. “No âmbito organizacional, os auditores-Fiscais do Traba-

lho ousaram aprovar uma nova estrutura sindical para integrar a base, fortalecer

a categoria e ampliar os espaços e oportunidades de participação. Significa, tam-

bém, modernização, compartilhamento, democracia. enfim, é um grande passo,

no presente, para garantir um futuro seguro, independente e autônomo”.

Outro assunto tratado pela presidente do Sinait foi a necessidade de

aumentar o quadro de auditores-Fiscais. “O crescimento do mercado de tra-

balho é inversamente proporcional ao que acontece no quadro da auditoria-

-Fiscal do Trabalho. Somos poucos, e a cada dia vemos com um misto de

satisfação e preocupação a publicação das aposentadorias no Diário Oficial

da União”, lamentou.

29º ENAfITDOMINGO.11/09/11

José Heleno Barros

evolução da inspeção do Trabalho no Brasil foi tema das falas na solenidade de abertura

Vera albuquerque

Taumaturgo Lima

Rosângela Rassy

29º ENAfITDOMINGO.11/09/11

06 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 07

Page 5: revista 2012

O PaPeL do auditor-Fiscal do Trabalho foi o tema da

palestra que reuniu aproximadamente 150 universitários

de Maceió no primeiro dia do 29º enafit. ao abrir a pales-

tra “auditoria Fiscal do Trabalho: 120 anos em defesa dos

direitos do trabalhador brasileiro”, a presidente do Sinait,

Rosângela Rassy, deu as boas vindas aos universitários e

apresentou o vídeo “Marechal Deodoro”.

Rosângela explicou que o vídeo justifica porque o estado

de alagoas foi escolhido como sede do 29º enafit: por ser a ter-

ra do Marechal Deodoro da Fonseca, responsável pela assina-

tura do decreto que criou as primeiras regras trabalhistas para

o trabalhador brasileiro, e que este ano completou 120 anos.

a atuação da fiscalização foi trabalhada, para os uni-

versitários, em dois focos: Legislação Trabalhista, apre-

sentada pelo auditor-Fiscal alysson Jorge Lira de amorim,

e Segurança e Saúde no Trabalho, pelo auditor elton Ma-

chado Barbosa costa, ambos da SRTe/aL.

alysson Jorge começou fazendo uma retrospectiva do

surgimento da legislação trabalhista no mundo, em 1831,

com a finalidade de proteger as mulheres, passando pelo

surgimento da limitação da jornada de trabalho de crianças

na inglaterra em 1833, até chegar ao Decreto 1.313 de 1891,

que criou a inspeção do Trabalho no Brasil. Somente, em

1919 é que surgiu a Organização internacional do Traba-

lho – OiT, exigindo que todos os países membros criassem

regras para ampliar as normas de proteção ao trabalhador.

a consolidação das Leis do Trabalho - cLT, no Brasil,

veio mais tarde, em 1943, com a criação de capítulo espe-

cífico para tratar da inspeção do Trabalho. e finalmente em

1988, a constituição Federal, em seu artigo 21, XXiV, atribuiu

à União a tarefa de organizar, manter e executar a inspeção

do Trabalho, ou seja, concretizou grandes direitos sociais.

Outras áreas de atuação do auditor-Fiscal do Trabalho

como a inserção de aprendizes no mercado – que atual-

mente é estendida a jovens com até 24 anos; de pessoas

com deficiência e ainda, o combate ao trabalho infantil e

escravo, foram abordados na palestra.

De acordo com alysson, com o passar dos anos o traba-

lho infantil formal diminuiu bastante, pois o empresariado

está mais consciente da atuação da fiscalização e conse-

quentemente das multas que isso implica. “Hoje, a maior

parte do trabalho infantil é informal”, disse o auditor-Fis-

cal. ao contrário da jornada excessiva de trabalho, que é

apontada por ele como o problema mais frequente encon-

trado pela fiscalização em várias atividades.

alysson também mostrou a atuação dos auditores-Fiscais

do Trabalho no combate ao trabalho escravo em um vídeo so-

bre um resgate feito no amazonas, quando foram fiscalizadas

cinco fazendas e resgatados 51 trabalhadores. O vídeo mostra

o rastreamento terrestre e aéreo feito pela fiscalização e tam-

bém as adversidades encontradas pelos auditores-Fiscais,

como lugares de difícil acesso, com travessia feita em água e

lama, até chegar aos trabalhadores resgatados.

Segurança e Saúde no Trabalhoelton Machado Barbo-

sa explicou que no Bra-

sil a primeira referência

à segurança e a saúde

no trabalho começou

com a constituição Fe-

deral de 1988, em seus

artigos 6º, 7º e 170. Se-

gundo ele, essas regras

são fortalecidas por

convenções da OiT, das

quais o Brasil é signatário de muitas delas. elton explicou

como funcionam as regras que regem os trabalhadores

privados, estabelecidas pela cLT, e destacou que o traba-

lhador rural não é regido por esta consolidação. Tem lei

própria, a Lei 5889/73, que regulamenta o trabalho rural.

Quanto à elaboração de normas no Brasil para a área de

saúde e segurança, o auditor-Fiscal informou que sua cons-

trução passa pela comissão Tripartite Paritária Permanente

– cTPP, que reúne representantes do governo, dos traba-

lhadores e dos empregadores. Segundo o auditor-Fiscal do

Trabalho a vantagem disso é que o processo é democrático

e confere mais legitimidade às normas. a desvantagem é

que em decorrência das discussões, o processo torna-se

bastante demorado e pode gerar cortes e impropriedades

em seus preceitos.

ele também elencou os mecanismos que os audito-

res-Fiscais do Trabalho têm à sua disposição para fazer o

empregador cumprir com as regras de saúde e segurança

como as notificações, autos de infração, mesas de enten-

dimento, embargos/interdições, entre outros.

as Normas Regulamentadoras que regem esta área

também foram tratadas uma a uma e explicadas para os

universitários. assim como a responsabilidade civil e crimi-

nal na área de saúde e segurança do trabalho.

atualmente a fiscalização trabalhista dispõe de 34 Normas

Regulamentadoras para subsidiar seu trabalho. Mais duas es-

tão sendo elaboradas. Uma vai estabelecer critérios e exigên-

cias mínimas de proteção para o trabalho em altura e a outra

trata da segurança no setor frigorífico. ambas foram colocadas

em consulta pública para depois serem organizadas

EstatísticasDados estatísticos apresentados por elton, aos univer-

sitários, revelam que o Brasil é o 4º país em acidentes fatais.

em 2009, somente em benefícios acidentários, somados ao

pagamento das aposentadorias especiais, o país gastou o

equivalente a R$ 14,2 bilhões. adicionadas despesas com o

custo operacional do iNSS aos gastos na área da saúde e

afins, este valor chega aos R$ 56,8 bilhões.

Ações regressivas do INSScom base em laudos da auditoria-Fiscal do Trabalho,

elton Machado mostrou que o iNSS tem conseguido reaver

grande parte do dinheiro pago em benefícios a emprega-

dos que se acidentaram por causa da má conduta do em-

pregador. Neste caso, o empregador é obrigado a devolver

ao iNSS o que o instituto pagou em benefício decorrente

de acidente que poderia ter sido evitado pelo empregador.

De 1991 a 2007 foram ajuizadas 223 ações regressivas, uma

média de 18 por ano. De 2008 a 2010 o número cresceu con-

sideravelmente: foram ajuizadas 1.021 ações. a expectativa

de ressarcimento até agora é de R$ 200 milhões.

PALESTRA UNIVERSITARIOS

Universitários conheceram universo da fiscalização

29º ENAfIT2ª fEIRA .12/09/11

29º ENAfIT2ª fEIRA .12/09/11

08 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 09

estudantes alagoanos ouviram sobre diversas formas de atuação dos auditores-Fiscais do Trabalho

elton Machado falou sobre saúde e segurança

Page 6: revista 2012

O PRiMeiRO painel técnico do 29º enafit discutiu a tecnologia aplicada à audito-

ria-Fiscal do Trabalho, enfocando a escrituração Fiscal Digital Social – eFD Social (folha de

pagamento digital e registro eletrônico), a nova versão do Sistema auditor – individualização

do débito do FgTS, o novo sistema de lavratura de auto de infração, fiscalização eletrônica

de cipa e Serviço especializado em Segurança e Medicina do Trabalho – SeSMT.

O primeiro tema foi dividido entre os auditores-Fiscais do Trabalho celso amorim e

José alberto Maia, que estão envolvidos no projeto de desenvolvimento da eFD Social

que, por sua vez, é parte de um projeto maior do governo federal, o Sistema Público de

escrituração Digital, que tenta integrar várias obrigações acessórias das empresas. O eFD

Social é desenvolvido em parceria com a Receita Federal do Brasil e com o iNSS há cerca

de um ano e meio e, em fase avançada, prepara-se para ser implantado. Segundo celso

amorim, foi uma construção conjunta com empresas importantes, que deram contribui-

ções para o sistema.

O novo sistema traz a novidade de que as empresas lançarão todos os eventos da vida

funcional de seus empregados em um banco com validação cujos dados serão capturados

por órgãos autorizados, como o Ministério do Trabalho e emprego, a Receita Federal do

Brasil e o iNSS. Para a Fiscalização do Trabalho o sistema traz a vantagem de manter dados

atualizados - o que hoje não acontece -, em tempo real.

Sistema AuditorO Sistema auditor já com-

pletou dez anos de operação

e agora é objeto de uma mo-

dernização, que parte prin-

cipalmente das mudanças

ocorridas na Fiscalização do

Trabalho e da observação

dos usuários do sistema. iro-

zé Pedro, que desenvolveu

o programa, explica que a

partir das novas exigências

da instrução Normativa 84,

que determinou a individua-

lização dos débitos do FgTS,

por empregado e por empre-

endimento, houve necessi-

dade de fazer modificações.

Os sistemas Notificação Fis-

cal para Recolhimento da contribuição do FgTS – NFgc e a

Notificação Fiscal para Recolhimento Rescisório do FgTS e

das contribuições Sociais - NRFc, que eram separados, se-

rão unificados nesse novo Sistema auditor, pelo qual será

possível emitir apenas uma notificação de débito individu-

alizado, num só documento de débito mensal e rescisório.

Haverá necessidade de adequar a iN 84, pois terá um úni-

co processo administrativo, diminuindo a burocracia. irozé

afirma que a apuração do débito do FgTS será mais prática e

mais segura, pois tudo será analisado num único documento.

No sistema a apuração do débito será mensal, por competên-

cia e em nível de empregado. a previsão é de que a massa de

dados vai aumentar e, por isso, será melhorada a capacidade

de transmissão de dados, que hoje é muito limitada.

em relação ao ambiente físico do programa, houve a

preocupação de conservar a interface original do sistema,

de fácil navegação e operacionalidade, com opções de pro-

cura, para facilitar o aprendizado e o treinamento dos au-

ditores-Fiscais do Trabalho. irozé exibiu as novas telas do

sistema que, em breve, estará sendo usado em todo o país.

Autos de infraçãoVandrei Barreto falou aos enafitianos sobre o novo

sistema de lavratura de autos de infração, modernizado a

partir de um sistema extraoficial de impressão e controle

desenvolvido por irozé Pedro, que é utilizado em todo o

Brasil. O novo sistema significa, sob a ótica do auditor-

-Fiscal do Trabalho, uma mudança no proceder da lavratura

do auto de infração. Hoje, o auto é lavrado em papel, que

é papel moeda, com características especiais para evitar a

falsificação e confirmar a autenticidade e tem alto custo. O

controle de distribuição é feito pelo Sistema Nacional de

inspeção do Trabalho – SFiT. No sistema manual podem

ocorrer muitos e variados erros no preenchimento do for-

mulário. O sistema extraoficial utilizado minimiza os erros,

mas não acaba com a possibilidade de cometê-los.

O novo sistema tornará o processo de lavratura de autos

mais seguro e ágil. O número será gerado on line e a verifica-

ção e validação das informações contidas no auto de infração

serão feitas antes da conclusão do processo, com posterior

confirmação da entrega do documento eletrônico. O sistema

calcula os valores e tempos de tramitação do processo. O pro-

cesso eletrônico terá formas de validação da autenticidade na

internet, via site e código para verificar o auto e sua tramitação.

a conseqüência imediata é que serão gerados autos e

processos sem erros, saneados, diminuindo o tempo de tra-

mitação, dando mais eficiência na função educativa e puniti-

va da fiscalização. Também haverá diminuição do número de

prescrições dos autos e para Vandrei, o maior ganho é que

esse é o primeiro passo, a porta de entrada para tornar os

processos 100% eletrônicos, partindo para o processo digital.

No caso de exceções, em que o auditor-Fiscal não tiver

acesso à internet, haverá a possibilidade de emitir uma nu-

meração off line, que será baixada e a transmissão posterior

será obrigatória, para entrar no processamento de multas e

recursos.

Quanto à navegação, ha-

verá versões para tablets e os

auditores-Fiscais do Traba-

lho terão uma assinatura di-

gital do tipo icP-Brasil, com

chaves públicas que envol-

vem cadeia de segurança,

cujo índice de falhas, até ago-

ra, onde é utilizado, é zero.

PAINEL – A TECNOLOGIA APLICADA À AUDITORIA fISCAL DO TRABALHO

Tecnologia traz mais agilidade às ações fiscais

29º ENAfIT2ª fEIRA .12/09/11

29º ENAfIT2ª fEIRA .12/09/11

10 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 11

Painelistas falaram sobre ferramentas que agilizam o trabalho de fiscalização

irozé Pedro

celso amorim

Vandrei Barreto

Page 7: revista 2012

O sistema permitirá ainda, a assinatura por vários audi-

tores-Fiscais do Trabalho, incorporando o modelo atual de

fiscalização por projetos e equipes. e também poderá con-

templar mais de um empregador, especificidade que atende,

por exemplo, às ações do grupo Móvel. Será possível arma-

zenar anexos como filmes, fotos e planilhas aos autos de

infração. Será, por fim, incorporado ao SFiT-Web, que está

sendo desenvolvido como um up grade do atual sistema.

a previsão de implantação, de acordo com Vandrei, é

janeiro de 2012, com operação inicial para voluntários, con-

comitante com o formulário da casa da Moeda. aos pou-

cos, se tornará obrigatório para toda a categoria.

Fiscalização de Cipa e SESMTÊnio Bezerra apresentou

aos enafitianos um sistema

de fiscalização indireta por

notificação coletiva para

verificar a regularidade de

constituição de comissão

interna de Prevenção de

acidentes – cipa e de Servi-

ço especializado em enge-

nharia de Segurança e Me-

dicina do Trabalho – SeSMT, com o auxílio de ferramentas

eletrônicas já disponíveis. O modelo tem características que

o diferenciam da fiscalização indireta tradicional e na opi-

nião do auditor-Fiscal, está obtendo bons resultados, dando

capilaridade e abrangência ao processo. a cipa e o SeSMT,

para Ênio, ainda são instrumentos importantes de discus-

são, que precisam ser valorizados e, se atuantes, concorrem

para a redução de acidentes de trabalho.

No Paraná, estado de atuação do auditor-Fiscal, foi

constatado que havia altas taxas de irregularidade nas

cipas e SeSMT, ao mesmo tempo em que há carência de

auditores-Fiscais do Trabalho para atender à demanda.

Nas gerências de Londrina e Maringá, por exemplo, que

abrangem mais de 200 municípios, há apenas três audito-

res-Fiscais.

a nova maneira de fiscalização exigiu planejamento para

trabalhar de forma abrangente, potencializando resultados.

Usando dados já disponíveis sobre as empresas (cruzamen-

to de dados do caged, registros de cipa e SeSMT), foram

identificadas as irregularidades e notificadas as empresas,

dando um prazo para que apresentassem documentação

que comprovasse a regularidade ou não, porém, sem data

e hora marcadas, para não prender os auditores-Fiscais na

sede da Superintendência. Ficaram de fora da notificação,

por apresentar especificidades, as transportadoras e as em-

presas de construção civil, e as empresas que tinham um

número de trabalhadores muito próximo do limite, que é

20. Findo o prazo e a empresa não atendendo à notificação,

a Ordem de Serviço que gera a fiscalização é emitida.

Quando a fiscalização tem que ser feita, toda uma lis-

tagem de informações, dados e contatos é fornecida ao

auditor-Fiscal do Trabalho como resultado da apuração

prévia. Nesse processo, segundo Ênio, constatou-se que

os dados do caged, constantemente criticados por esta-

rem desatualizados, mostraram-se, na verdade, bastante

confiáveis, pois 90% das notificações foram comprovada-

mente entregues.

O resultado do trabalho realizado foi de 62% de regu-

larização das empresas no caso das cipas e de 54% rela-

tivos ao SeSMT. essa sistemática constitui-se um projeto

no novo modelo de fiscalização e envolve seis auditores-

-Fiscais do Trabalho, que realizam, em média, 175 ações de

fiscalização por mês. Uma das vantagens é que o projeto

é de baixo custo, abrangente, adequado às restrições or-

çamentárias atuais, com possibilidades de programação e

execução bem precisas. Ênio ressaltou que essa sistemáti-

ca pode ser aplicada a outros projetos, como a de inclusão

de pessoas com deficiência, verificação do FgTS e inclusão

de menores aprendizes.

Portaria CipaPara finalizar, Ênio Bezerra expôs o que considera ser

um problema de redação da Portaria 247, que desobriga as

empresas de comunicar ao MTe a composição da cipa. em

sua opinião isso provoca insegurança jurídica do cipeiro,

perda da competência e da capacidade de planejamento

da fiscalização. Bezerra sugeriu que a alteração de normas

deve ser submetida a consulta pública ou interna e depósi-

to da composição da cipa pela internet de modo mandató-

rio como já é feito para outros documentos.

Na TaRDe do dia 12, auditores-Fiscais do Trabalho assistiram a conferência de abertu-

ra proferida pelo presidente da Ordem dos advogados do Brasil Nacional, Ophir Filgueiras

cavalcante Júnior. com o tema “Direito do Trabalho à luz da constituição Brasileira: efeti-

vidade, eficácia e proteção dos direitos fundamentais”, Ophir falou da relação direta entre

o trabalho da OaB e do Sinait.

a presidente do Sinait, Rosângela Rassy, deu boas vindas ao convidado que, assim como

ela, é paraense. “estar na presidência da OaB é o caminho natural pela sua trajetória em

defesa do trabalho digno no Brasil. Pelo papel que nossa categoria representa, temos muita

relação com o papel da OaB, entidade organizada para a defesa da sociedade”, observou.

Ophir cavalcante disse que, como advogado trabalhista e professor da matéria, vê

com alegria toda a ação desenvolvida pelos auditores-Fiscais em relação ao combate ao

trabalho escravo e trabalho infantil no Brasil. Segundo ele, a partir da constituição de

1988 o homem passou a ser mais importante que o estado, uma lógica correta em sua

opinião. “O artigo 1º da constituição é muito claro quando estabelece como princípios

fundamentais os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, mas temos um grande

desafio: como dar efetividade e conteúdo ético para que isso seja praticado, diminuindo

CONfERÊNCIA DE ABERTURA

29º ENAfIT2ª fEIRA .12/09/11

29º ENAfIT2ª fEIRA .12/09/11

12 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 13

Ênio Bezerra

Ophir cavalcante fez relação entre Direito Trabalhista e Fiscalização do Trabalho: não podem sofrer pressão

Page 8: revista 2012

Na TaRDe da segunda-feira a diretoria do Sinait

apresentou proposta para a próxima campanha institu-

cional do Sindicato, que terá como tema os acidentes

de trabalho. a presidente Rosângela Rassy, justificou a

escolha do tema dizendo que “a categoria está angustia-

da e preocupada com o número cada vez maior de aci-

dentes e o número reduzido de auditores-Fiscais pode

estar contribuindo para isso. Queremos denunciar para

não sermos considerados culpados por esta situação”.

O vice-presidente de Segurança e Medicina do Tra-

balho do Sindicato, Francisco Luis Lima, disse que os

números mais recentes mostram que o Brasil tem 35 mi-

lhões de trabalhadores celetistas – que são considera-

dos na contagem dos acidentes e possui hoje cerca de

743 mil acidentes registrados.

De acordo com Francisco Luis as mortes na constru-

ção civil nos últimos meses apontam a falta de fiscaliza-

ção. “em alguns países já houve desmonte da inspeção

do Trabalho e no Brasil também já está acontecendo,

por isso a campanha terá este tema com o objetivo de

conscientizar a sociedade, que precisa conhecer nossa

necessidade de aumentar o número de auditores-Fis-

cais do Trabalho para realizar o trabalho fiscalizatório

e preventivo”.

as peças da campanha mostram número diário de

acidentes, número de mortes, questiona quem paga o

custo e reforça a necessidade de mais auditores-Fiscais

para combater este mal.

as desigualdades. este desafio se impõe tanto ao Sinait,

quanto à OaB”, disse.

O advogado deixou no ar algumas questões que tam-

bém preocupam os auditores-Fiscais. como se cumpre tal

determinação da constituição quando se tem um país tão

injusto, quando se convive com o trabalho degradante,

quando se tem que comemorar 120 anos da inspeção do

Trabalho e os motivos que levaram à sua criação ainda se

repetem? “apesar de todos os avanços ainda não há com-

promisso dos governos no que tange a dar mais estrutura

à Fiscalização do Trabalho. O auditor precisa de indepen-

dência e autonomia e é necessário que o governo entenda

que a auditoria-Fiscal é uma carreira de estado e não de

governo, que deve ser dirigida por pessoas da área e não

por indicação política”, completou.

ImpunidadeOutro ponto tratado na fala de Ophir foi a precariza-

ção do trabalho, por meio da terceirização. Segundo ele,

este fenômeno é um fato social que precisa ser enfrentado

pela Justiça, mas com critérios. “É importante ficar atento.

essas relações são sensíveis. as grandes grifes existentes

no mundo usam força de trabalho precarizado”. O confe-

rencista contou que esteve na África recentemente e viu

um modelo de escravidão diferente daquele que existiu no

Brasil, quando se explorava negros africanos. “É uma es-

cravidão mais articulada, mais escondida, inclusive no uso

de mão-de-obra chinesa. Os chineses estão construindo a

África com escravidão, um novo mundo sendo construído

ao preço do homem”, lamentou.

O advogado alertou que os auditores-Fiscais não podem

permitir que este modelo chegue ao Brasil e lembrou que

embora tenha havido avanços no combate ao trabalho es-

cravo e infantil, as políticas públicas ainda são tímidas. “O

trabalhador escravizado fica preso a uma dívida que nunca

paga e a situação só não é pior em função do trabalho de

cada um de vocês. O que quero mostrar é que eratóstenes,

João Batista, Nelson e ailton, assassinados brutalmente em

Unaí, se tornaram mártires desta luta por um país mais jus-

to”. Ophir criticou o fato de que passados quase oito anos

do crime, o julgamento ainda não ter sido marcado. “Um dos

acusados foi eleito e reeleito prefeito de Unaí e mais tarde

condecorado pela assembleia de Minas. isso é um escárnio

e o julgamento é o mínimo que o estado pode fazer em re-

conhecimento ao trabalho de vocês”, disse.

Liberdade e autonomiaa relação entre Direito Trabalhista e auditoria-Fiscal

também foi tratada na conferência. De acordo com Ophir

cavalcante, auditores e advogados não podem trabalhar

sob qualquer tipo de pressão. “Temos que ser livres, limitar

nossa liberdade é limitar a Justiça, as instituições e a pró-

pria constituição. a independência é tão importante para

nós quanto a democracia. a nossa subserviência aplica-se

somente à ética”. ele chamou a atenção para a ausência de

humanidade nas relações de trabalho, como se no lugar de

homens e mulheres só existissem números e relatórios. em

sua opinião é aí que entra o estado Democrático de Direito,

onde o trabalho deve ser instrumento de inserção social e

de inclusão.

Finalmente, Ophir cavalcante parabenizou a categoria

pelos 120 anos da inspeção do Trabalho e disse que o tra-

balho dos auditores-Fiscais os engrandece enquanto cida-

dãos e fortalece o país.

Homenagemao final de sua conferência Ophir cavalcante foi ho-

menageado com um certificado alusivo aos 120 anos da

inspeção do Trabalho e que ressalta o papel da OaB como

guardiã dos princípios democráticos e na defesa da moral e

da dignidade da pessoa humana em nosso país.

CAMPANHA INSTITUCIONAL

29º ENAfIT2ª fEIRA .12/09/11

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14 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 15

Rosângela, Ophir cavalcante, José Heleno e Francisco Luís

ACIDENTE DE TRABALHO será tema de campanha do Sinait

aumentar o número de auditores-Fiscais é fundamental para redução de acidentes de trabalho

Page 9: revista 2012

a “iNSPeçãO DO TRaBaLHO como instrumento de cidadania” foi tema do painel

que reuniu, no 29º enafit, representantes dos ministérios Público Federal e do Trabalho,

da comissão Pastoral da Terra e a deputada Rosinha da adefal (PTdoB/aL), ícone da luta

pelos direitos das pessoas com deficiência em alagoas.

Rosinha, que tem deficiência, abriu a apresentação explicando que chegou ao posto

de deputada, em virtude de seu trabalho na defesa de pessoas com deficiência. ela lem-

brou alguns marcos históricos de sua luta, conquistados em alagoas, como a criação de

centros e escolas especializados para pessoas com deficiência, a exemplo dos surdos.

Depois de contextualizar a história da deficiência desde a grécia antiga, a deputada

disse que hoje as pessoas com deficiência estão vivendo a fase da inclusão. “a sociedade

está se sensibilizando de que todos têm diferenças que precisam ser respeitadas”. Segun-

do Rosinha, a inspeção do Trabalho é indispensável nesta ação de incluir pessoas com

deficiência no mercado de trabalho, pois preserva direitos, fomenta dignidade e cidada-

nia, media conflitos, promove saúde e segurança no trabalho, garante arrecadação para o

estado e combate a discriminação.

a atuação da fiscalização trabalhista ao suprir, também,

lacunas deixadas pela legislação brasileira para a inclusão

das pessoas com deficiência foi destacada pela deputada.

De acordo com Rosinha “os autos de infração lavrados pela

inspeção do Trabalho e as ações civis Públicas/Termos de

compromisso do Ministério Público do Trabalho - MPT são

os meios pelos quais, atualmente, estas distorções são cor-

rigidas, enquanto não há um ajuste nas leis”, explicou.

a deputada apontou a ausência

de previsão de multas para o em-

presariado que deixa de cumprir a

cota de inserção de pessoas com

deficiência no mercado de trabalho

como outra grande falha da legis-

lação brasileira. Rosinha criticou a

pouca quantidade de vagas dispo-

níveis no mercado de trabalho para essas pessoas. Dados

da RaiS, apresentados por ela, revelam que, mesmo que

os 31.939 estabelecimentos com mais de 100 empregados

existentes no Brasil cumprissem a cota determinada pela

lei, seriam gerados 559.511 postos de trabalho. “este total

ainda é insuficiente para empregar os 15,14 milhões de pes-

soas com deficiência em idade e condições de trabalhar”.

Coesãoem sua apresentação o procura-

dor do MPT/Ba e ex-auditor-Fiscal

do Trabalho José adilson Pereira

da costa reverenciou os colegas

auditores-Fiscais aposentados pela

contribuição dada à Fiscalização

Trabalhista. ele pediu a união de

auditores-Fiscais e Procuradores

do Trabalho no combate às irregularidades cometidas con-

tra os trabalhadores brasileiros e os servidores públicos,

neste caso para evitar que crimes como o de Unaí voltem

a acontecer. O procurador enumerou várias ações da audi-

toria-Fiscal do Trabalho que levam cidadania e justiça so-

cial para o trabalhador brasileiro, a exemplo do registro em

carteira de Trabalho em que a formalização contribui com

a arrecadação de tributos para a Previdência Social, a fisca-

lização do ambiente de trabalho, da saúde e segurança do

trabalhador ou o cumprimento da jornada de trabalho e de

sua remuneração. “No momento em que o auditor-Fiscal

confere se os adicionais noturnos e outros estão sendo pa-

gos, ele contribui para o aumento da renda do empregado”,

destacou.

José adilson também citou a atuação da fiscalização no

combate ao assédio moral sofrido pelo trabalhador. Deu

exemplos de situações complexas que sinalizam precon-

ceitos contra empregados, como o de uma chefe que que-

ria que sua empregada fizesse aula de fonoaudiologia para

perder o sotaque nordestino.

além de citar exemplos, o procurador ilustrou com ima-

gens a atuação da fiscalização. Fotos de crianças laborando

em uma pedreira delinearam a ação da fiscalização no com-

bate ao trabalho infantil. a imagem de um trabalhador tor-

turado com ferro quente no Pará porque foi reclamar que

estava sem salário também foi evocada pelo procurador

para sinalizar a ausência do estado.

José adilson defendeu uma atuação conjunta mais mar-

cante do MTe, MPT e da advocacia geral da União - agU

em defesa do trabalhador para que marcas como essas não

apareçam novamente em nenhum trabalhador brasileiro.

Combate ao trabalho escravo integradoPara o Frei Xavier Plassat, da

comissão Pastoral da Terra, a es-

cravidão no mundo contemporâneo

é um sinal estranho do mundo em

desenvolvimento. “Neste contexto,

o próprio auditor-Fiscal do Traba-

lho acaba sendo sinal de contra-

dição: instrumento de um estado

contraditório, defensor e fiscal da lei, esperança do cida-

dão mais vulnerável no acesso ao seu direito por respeito,

dignidade e liberdade. a inspeção do Trabalho, mais que

uma profissão ou uma categoria, é uma missão”, concluiu.

ele apresentou uma pesquisa realizada pela Universi-

dade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, a pedido da Orga-

nização internacional do Trabalho - OiT, que revela o ciclo

vicioso da escravidão. De uma amostra de 10 fiscalizações

e 121 trabalhadores resgatados em 2008, 60% deles respon-

deram que já estiveram em condições de trabalho escravo

antes. Somente 12,6% responderam que estiveram e que

foram resgatados pela fiscalização, o que levou Xavier à

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16 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 17

PAINEL – A INSPEÇÃO DO TRABALHO COMO INSTRUMENTO DE CIDADANIA

Painel ressalta o olhar da sociedade sobre a Inspeção do Trabalho

a inclusão da pessoa com deficiência, fiscalização do trabalho escravo e registro em carteira são exemplos de como a fiscalização leva cidadania ao trabalhador

Rosinha da adefal

José adilson Pereira

Xavier Plassat

Page 10: revista 2012

conclusão de que para esses trabalhadores o trabalho es-

cravo é regra e a libertação é exceção.

Xavier criticou falhas do governo e da justiça trabalhis-

ta que, em seu entendimento, prejudicam a fiscalização.

citou os casos das empresas infinity e cosan como exem-

plos em que a Justiça do Trabalho suspendeu ações do

grupo Móvel durante fiscalizações trabalhistas na área da

cana-de-açúcar para impedir a fiscalização.

ele também questionou o planejamento estratégico

do MTe que acaba provocando a subfiscalização em de-

terminados setores, a exemplo do carvoeiro e canavieiro.

Para mudar esta situação o Frei sugeriu, ainda, um com-

bate integrado da fiscalização trabalhista com as igrejas,

Pastoral da Terra e demais entidades que lutam nesta

causa. Xavier Plassat encerrou sua palestra dizendo que,

como Dom Pedro casaldáliga, acha que o que falta para

acabar com o trabalho escravo é “vergonha na cara e amor

no coração”.

Mais Auditores-FiscaisO procurador da República do

Distrito Federal Peterson de Paula

Pereira fez sua palestra enfocando a

carência de servidores públicos, es-

pecialmente na área da fiscalização

trabalhista que, sob seu ponto de

vista, é causada pela falta de prio-

ridade do governo. ele apresentou

um levantamento do número de servidores públicos nos úl-

timos 15 anos e explicou que em 1996 o quadro de servido-

res era de 708 mil e caiu para 408 mil no governo Fernando

Henrique cardoso, e só voltou a se normalizar no governo

Lula. Mesmo assim, o número atual de servidores ativos,

630.542, continua insuficiente.

“Falta prioridade política para fazer cumprir o artigo 21

da constituição, inciso XXiV, que é organizar, manter e exe-

cutar a inspeção do Trabalho”, atestou o procurador, que foi

muito aplaudido pelos participantes do enafit.

Segundo Peterson, uma investigação feita pelo Minis-

tério Público Federal constatou que o número de autos de

infração que prescreveram em 2006 era maior do que o in-

formado pela Secretaria de inspeção do Trabalho - SiT. Os

atrasos, segundo ele, são decorrentes da falta de recursos

humanos para dar o encaminhamento devido a estas ações

dentro do MTe.

Ação civil cobra concurso públicoO procurador explicou, ainda, que a falta de auditores-

-Fiscais do Trabalho é objeto de ação civil pública ajuizada

na Justiça Federal pelo Ministério Público Federal no Dis-

trito Federal (MPF/DF) contra o MTe. a ação aponta que o

número insuficiente de auditores-Fiscais está prejudican-

do os serviços de inspeção do Trabalho, e cobra do MTe

providências imediatas e a médio prazo para reverter a

situação. atualmente, o número de auditores-Fiscais não

chega a 2.800, quando o recomendado pela Organização

internacional do Trabalho - OiT para o Brasil é 5 mil audi-

tores-Fiscais do Trabalho.

em caráter de urgência, a ação propõe, entre outros pe-

didos, a realização de concurso público para suprir o déficit

de pessoal no cargo de auditor-Fiscal do Trabalho; a ga-

rantia da manutenção, em todas as Superintendências Re-

gionais do Trabalho e emprego e gerências Regionais, de

número de auditores-Fiscais adequado à necessidade do

serviço; a implantação no prazo de um ano e meio, de novo

e unificado sistema informatizado de acompanhamento de

processos; a disponibilização de material necessário para

o trabalho da fiscalização e a execução judicial de multas

administrativas previstas na legislação trabalhista, sempre

que o valor somado das multas, relativamente ao mes-

mo empregador, ou o valor individual delas, ultrapassar a

quantia de R$ 1 mil.

O MPF/DF estabeleceu um prazo de dois anos para o

Ministério ampliar o quadro da inspeção do Trabalho para

o patamar de quatro mil e quinhentos auditores-Fiscais

do Trabalho, sob pena de multa diária de dois mil reais à

União, caso a medida não seja cumprida.

Agradecimento - ao final da palestra a presidente do

Sinait Rosângela Rassy destacou a importância do painel

composto por profissionais que reconhecem o trabalho do

auditor-Fiscal do Trabalho e têm um olhar diferenciado para

a atividade da fiscalização. “Precisamos ter, sim, parceiros

que conheçam a fundo e respeitem o nosso trabalho”, disse

a presidente que, em nome de todos os auditores-Fiscais

do Trabalho, agradeceu a presença dos painelistas.

Sinait - Por que o Ministério Público Federal entrou com uma ação contra o MTE?Procurador - a ação civil pública ajuizada pelo Ministério

Público Federal decorre do inquérito civil público que foi ini-

ciado em Minas gerais, pelo Ministério Público do Trabalho

- MPT. e após um levantamento de muitas informações foi

constatado pelo MPT o total desmonte, o caos na inspeção

de trabalho do Brasil. e essa constatação se deu a partir do

número de auditores-Fiscais do Trabalho insuficiente para a

realidade do país. Deu-se também pela falta de insumos de

equipamentos para desempenho do trabalho. Na nossa ação

civil pública até tonner a gente chega ao cúmulo de pedir.

Faltam equipamentos de informática, os sistemas de infor-

mações estatísticas são totalmente desorganizados, não há

informações confiáveis sobre as infrações praticadas no Bra-

sil. Há também o problema das multas, do cumprimento da

execução das multas. Depois que o auditor-Fiscal do Traba-

lho lavra o auto de infração, via de regra, esses autos de in-

fração acabam prescrevendo, não se cobra mais do infrator.

Todo um trabalho desenvolvido pelos poucos profissionais

que nós já temos se perde em razão da prescrição.

Sinait – Por que esses autos prescrevem?Procurador - isso decorre de um descompasso do aumento

do mercado de trabalho no Brasil e da diminuição do núme-

ro de auditores-Fiscais do Trabalho. inclusive a própria SiT

já conclui que seriam necessários 4.500 auditores-Fiscais no

Brasil e hoje este número não chega a 3 mil. a estimativa do

Sinait é que até 2015, 1800 auditores-Fiscais irão se aposen-

tar. e o ritmo de reposição desta força de trabalho é muito

aquém das necessidades, ela não consegue repor o quadro e

não consegue ampliar para atender o crescimento da popu-

lação economicamente ativa.

Sinait - O que a Procuradoria pretende fazer para che-gar a uma solução para estes problemas?Procurador - O andamento da ação está na fase de informa-

ções da União e é uma matéria basicamente de direito, tem

os relatórios que foram juntados aos autos para preparar a

ação civil Pública, em que um dos pedidos fundamentais é

a realização de concurso público para fazer a reposição dos

auditores-Fiscais do Trabalho que saem em razão de apo-

sentadorias ou de ir para outro cargo público. então cada

vez que chegar a 10% do quantitativo de vagas que tem de

auditor-Fiscal, o MTe já tem que fazer a reposição. O MPF

também pede para realizar concursos para ampliar o qua-

dro, para chegar aos 4.500, num prazo de dois anos. e que

a União dote o MTe e a SiT de condições adequadas de re-

alização de serviço: que haja equipamentos, programas de

computador para informatização dessas informações. Para

que a União saiba quantas autuações ela fez durante o ano,

em que estado, e para que o empresário que é autuado sai-

ba qual a situação do processo administrativo dele e o tra-

balhador também.

Sinait - Isso não está ocorrendo? Procurador - Não. Hoje se lavra o auto de infração e ele

morre nos escaninhos da burocracia, no MTe. Tudo isso de-

vido à falta de estruturação do órgão, à falta de prioridade

do poder público.

Sinait - Falta verba pra tudo isso?Procurador - Não falta verba, falta prioridade política

para assinalar que o sistema de inspeção do trabalho no

Brasil é prioritário. É fundamental para a proteção e dig-

nidade do trabalhador. a constituição da República assim

prescreve. então eu tenho que dotar o órgão de condições

adequadas. Por isso, não é falta de recursos é de priorida-

de política.

Sinait - A procuradoria está dando algum prazo para que tudo seja resolvido?Procurador - a partir do momento em que nós ingressamos

com a ação nós fazemos os pedidos. agora depende do juiz,

da Justiça Federal. a nossa expectativa é que ande logo, mas

o judiciário é de uma lerdeza que assombra. No entanto, o

papel do Ministério Público Federal é ingressar com a ação

devida, cobrar dos órgãos públicos, denunciar este tipo de

coisa, para que as coisas andem.

29º ENAfIT2ª fEIRA .12/09/11

29º ENAfIT2ª fEIRA .12/09/11

18 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 19

ENTREVISTA

Peterson de Paula Pereira Procurador da República do Distrito federal

Peterson de Paula

Page 11: revista 2012

Na SegUNDa-FeiRa, 12,

Vera albuquerque, secretá-

ria de inspeção do Trabalho

do Ministério do Trabalho e

emprego, falou aos enafitia-

nos. ela deu um panorama

geral das ações da Secreta-

ria de inspeção do Traba-

lho – SiT e de como está a

fiscalização hoje, com visão

bastante otimista, destacan-

do resultados positivos, mas

reconhecendo que há o que

melhorar.

Para Vera, o Brasil hoje

é um enorme canteiro de

obras, com crescimento da

geração de empregos, e em

consequência disso, cresceram também as infrações

trabalhistas, os acidentes de trabalho e os adoecimen-

tos. a fiscalização, apesar de ser referência para ou-

tros países e ter “ferramentas eficazes e poderosas”,

sofre com a falta de auditores-Fiscais do Trabalho. em

agosto, segundo a Secretária, eram 2.914 auditores-

-Fiscais do Trabalho em atividade, “número pequeno

para a pujança do Brasil”. ela reiterou que é preciso

realizar concursos e que havia a promessa da nome-

ação dos aprovados no último concurso, o que já foi

feito. após a realização do enafit, os 220 aprovados no

concurso de 2010 foram convocados.

a Fiscalização, de acordo com Vera albuquerque, está

sendo reconhecida pela presidência da República, que

constituiu um grupo que vem discutindo questões da

auditoria-Fiscal do Trabalho desde os acontecimentos

nos canteiros de obras das

usinas de Jirau e Santo an-

tônio. Nesse caso, em parti-

cular, a secretária disse que

foi ouvida pelo secretário

gilberto carvalho, que per-

guntou a ela o que precisava

para fiscalizar grandes obras,

ao que ela respondeu que

são necessárias, no mínimo,

seis equipes. Hoje, outro

assunto está sendo tratado

nesse âmbito, que é a ques-

tão do Registro do Ponto

eletrônico, que tem causado

polêmica no meio empresa-

rial, porém, é necessário, na

visão do Ministério do Tra-

balho e emprego, para evitar fraudes que prejudicam os

trabalhadores e o estado.

ela acredita que essa é uma oportunidade de diá-

logo que favorece a sensibilização do governo sobre a

necessidade de realização de concursos e de promover

melhorias na auditoria-Fiscal do Trabalho. Para isso,

contam também com o apoio das centrais sindicais. a

Secretária ressaltou, entretanto, que não será fácil che-

gar a cinco mil auditores-Fiscais em atividade.

com poucos auditores-Fiscais, Vera afirma que é pre-

ciso trabalhar com criatividade e planejamento e isso

está sendo feito sob a nova metodologia da fiscalização,

alcançando bons resultados. como exemplos ela citou o

aumento da arrecadação do FgTS, da inclusão de meno-

res aprendizes e pessoas com deficiência. No combate

ao trabalho escravo, o número de pessoas resgatadas

29º ENAfIT2ª fEIRA .12/09/11

29º ENAfIT2ª fEIRA .12/09/11

20 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 21

tem diminuído, mas não o número de ações e denúncias.

Nem tudo, hoje em dia, está sendo direcionado para

fiscalizações do grupo Móvel, disse. as equipes rurais

das Superintendências têm atuado mais nesse campo,

aumentando o número de fiscalizações e trabalhadores

resgatados.

O pequeno número de auditores-Fiscais foi usado

como justificativa para a retirada da auditoria-Fiscal

do Trabalho da atividade de mediação de conflitos co-

letivos. Vera defende que auditores-Fiscais do Traba-

lho devem se dedicar à fiscalização propriamente dita,

e não à mediação, e que essa posição seria defendida

também pela Organização internacional do Trabalho

– OiT.

O atendimento às demandas do Ministério Público

do Trabalho e da comissão Pastoral da Terra, segundo

a Secretária, é e será feito na medida do possível. Um

parecer está sendo elaborado sobre esse assunto no

âmbito da Secretaria de inspeção do Trabalho e será

apresentado ao MPT.

Capacitação, o nóUm dos maiores problemas da fiscalização, reco-

nhece a Secretária, é a falta de política de capacitação

contínua. ela diz que está procurando formas de suprir

essa falha, remanejando recursos e procurando ampliar

o espectro de assuntos que podem ser tratados com os

recursos destinados à fiscalização pelo conselho cura-

dor do FgTS, por exemplo, para tratar das atualizações

das Normas Regulamentadoras que estão sendo pro-

movidas este ano.

a SiT, disse Vera albuquerque, resgatou todos os

monitores desde 1995 e formou outros 100, totalizan-

do, hoje, 187 monitores capacitados para multiplicar

as boas práticas da fiscalização nos estados, de forma

descentralizada. Vera opina que a Fiscalização do Tra-

balho deveria ter um programa de treinamento próprio,

separado do geral do Ministério do Trabalho.

Outra iniciativa que concorre para auxiliar o traba-

lho dos auditores, informou, é a formação da biblio-

teca digital.

Segurança e saúde“Não há desmonte da área de segurança e saúde”, dis-

se a Secretária, ressaltando que os dois departamentos (de

Fiscalização do Trabalho e de Segurança e Saúde) estão

exatamente no mesmo patamar e têm a mesma importân-

cia. O número de autuações na área cresceu, assim como

o número de embargos e interdições, e de análises de aci-

dentes de trabalho, importantes para evitar a repetição dos

erros que levam à ocorrência de acidentes. Vera e Rinaldo

Marinho, diretor do Departamento de Segurança e Saúde

no Trabalho, disseram que há muitas ações acontecendo

no âmbito do DSST, como o esforço pela atualização das

Normas Regulamentadoras e construção de novas NRs,

como a do setor de carnes e derivados e parcerias foram fir-

madas com a advocacia geral da União - agU no subsídio

para ações regressivas para o iNSS e com a Receita Federal

do Brasil para impedir a entrada de equipamentos e máqui-

nas que não atendam à legislação nacional.

Para 2012 estão previstas cerca de 25 ações do gru-

po de Fiscalização de grandes Obras de infraestrutura,

com o apoio das Superintendências locais que farão o

acompanhamento no intervalo das grandes ações de fis-

calização. Haverá recursos exclusivamente destinados a

essa tarefa.

Para o futuroMesmo com tudo o que a Secretária considera que

são avanços da auditoria-Fiscal do Trabalho em termos

de resultados e de infraestrutura, ela disse que sonha

com muito mais, como a completa modernização e in-

formatização das ferramentas tecnológicas para o tra-

balho dos auditores-Fiscais do Trabalho, a revisão dos

valores das multas trabalhistas e o fortalecimento da

categoria com o aumento do número de auditores.

Vera disse que o concurso a ser realizado em 2012

será direcionado para a área de segurança e saúde, pro-

vavelmente com provas elaboradas pelos próprios au-

ditores-Fiscais do Trabalho. Mas não será um concurso

para contratar médicos e engenheiros. estará aberto à

participação de profissionais de todas as áreas. O dire-

cionamento se dará pelo conteúdo.

PALESTRA – AS AÇÕES DA SIT/MTE

Secretária de Inspeção do Trabalho fala de presente e de futuro

Vera albuquerque destacou evolução da atividade e afirmou que é preciso avançar mais

Page 12: revista 2012

O eSVaziaMeNTO do Mi-

nistério do Trabalho e empre-

go - MTe enquanto mediador

de conflitos foi discutido na

terça-feira, no painel “Mediação

nas relações de trabalho – uma

atribuição do auditor-Fiscal do

Trabalho”. em todas as falas foi

recorrente a necessidade de se

contratar mais auditores e man-

ter o papel de mediador que eles

vêm fazendo ao longo dos anos.

O auditor-Fiscal do Trabalho

(RJ) Luiz Felipe Monsores de as-

sunção ponderou que a questão

não é se o auditor tem ou não competência para a ação, mas

a “desimportância” com que o MTe tem tratado a mediação.

Luiz Felipe criticou a posição da secretária de inspeção do

Trabalho Vera albuquerque, que na segunda-feira, 12, falou

aos enafitianos que os auditores não devem fazer mediação.

“Se o auditor não pode fazer, o administrativo não quer fazer.

conheço Servidores administrativos que fazem um trabalho

sensacional, mas talvez o modelo brasileiro de mediação es-

teja fadado ao fracasso. a me-

diação de conflitos é uma ação

que caracteriza o papel do MTe

quase tão bem quanto a inspe-

ção do Trabalho”, analisou.

Para Luiz Felipe a vocação

do MTe para mediar conflitos

sempre existiu e o Ministério ao

longo dos tempos atuou via au-

29º ENAfIT3ª fEIRA .13/09/11

22 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 23

29º ENAfIT3ª fEIRA .13/09/11

ditor-Fiscal por questão de competência técnica. “a SiT está

acabando com a mediação. com essa experiência a gente vê

o mundo de outra maneira, mas não discuto a competência

e sim se a mediação vai sobreviver”, ponderou. De acordo

com o auditor, a mediação é bem sucedida, mas está em pe-

rigo. “O MTe é a casa do trabalhador, mas o sistema asfixian-

te das relações de trabalho vai permitir a continuidade das

mediações?”, questionou. Luiz Felipe citou os conflitos que

aconteceram em Jirau e Santo antônio (RO) em março deste

ano, quando trabalhadores se revoltaram contra a falta de

estrutura e de fiscalização, e lembrou que mais importan-

te que defender a mediação feita pelo auditor é defendê-la

como instituto para que não desapareça.

Mediação, ferramenta do AFTO advogado Luiz carlos Barbosa de almeida, membro

da câmara arbitral de alagoas, disse que a mediação é uma

PAINEL – MEDIAÇÃO NAS RELAÇÕES DE TRABALHO

UMA ATRIBUIÇÃO DO AUDITOR-fISCAL DO TRABALHO

Mediação é, sim, atribuição do Auditor-fiscal do Trabalho

ferramenta importante para o

trabalho do auditor. em sua opi-

nião, pacificar a relação é mais

importante do que estabelecer

de quem é a competência pela

mediação, que prefere chamar

de conciliação. ele defende que

seja feita uma estatística para

avaliar o efetivo cumprimento

dos acordos. “a mediação é exitosa com a assinatura do

acordo, mas o mais importante é o seu cumprimento, por-

que a solução do conflito não se resume a isso”, esclareceu.

Luiz carlos disse ainda que é importante pensar na ques-

tão da arbitragem e lembrou que a advocacia geral da União

- agU montou a câmara de arbitragem no âmbito do Poder

executivo Federal. “em São Paulo o uso da arbitragem traba-

lhista nas relações individuais tem crescido muito. cerca de

70% dos casos têm sido resolvidos, o que torna as negocia-

ções mais rápidas”, completou.

EquívocoPara Jacy afonso de Melo, secre-

tário de Organização da central

Única dos Trabalhadores - cUT há

um fracionamento da organização

sindical que é preocupante. ele

fez um breve histórico do movi-

mento sindical no país e avaliou

que tanto o governo de Fernando

collor de Melo, quanto o de Fer-

nando Henrique cardoso tinham como eixo a derrota do movi-

mento. “a primeira ação do governo FHc foi denunciar a con-

venção 158 – que trata da garantia contra a dispensa imotivada

-, a partir daí esvaziou o MTe e o governo Lula não recuperou. e

o nosso erro, enquanto movimento, foi acreditar que a reforma

sindical resolveria todos os problemas”, lamentou.

De acordo com o sindicalista, a Secretaria de inspeção

do Trabalho - SiT está cometendo um equívoco ao tirar do

auditor-Fiscal o papel de mediador. ele criticou a pretensão

do MTe de chamar apenas 117 dos 220 aprovados no últi-

mo concurso. “Não podemos ser líderes mundiais ou o país

do futuro com as relações que existem hoje. isso só se faz

com mais auditores, com papel forte da mediação. Do ponto

de vista econômico o país transformou um tsunami em uma

marolinha, mas do ponto de vista da conciliação, houve um

verdadeiro tsunami”, disse. após o enafit foram convocados

todos os 220 candidatos aprovados no concurso.

Dulciane Montenegro aguiar,

auditora-Fiscal do Trabalho

(aL), falou da sua experiência

como a única mediadora oficial

de todo o estado de alagoas.

“O mediador é a ponte entre as

partes e em nenhum lugar está

dizendo que não podemos fa-

zer isso”. ela lembrou a fala da

secretária Vera sobre os auditores não poderem fazer me-

diação. “isso nos entristece. Temos tido muito sucesso nas

mediações. É preciso capacitar os auditores e recuperar o

histórico das mediações porque quem está entrando agora

não tem história para trabalhar com os conflitos”, concluiu.

a auditora defende que as mediações sejam coletivas por-

que “o direito coletivo vem antes do individual, uma vez

que a força do trabalho deve se contrapor ao capital”.

Debateao final do painel a presidente do Sinait, Rosângela Ras-

sy, falou que os auditores-Fiscais do Trabalho querem conti-

nuar participando do engrandecimento e da história do MTe

como propulsores e o que está acontecendo é a retirada do

Ministério das grandes questões. “em Jirau quem negociou

foi o secretário da Presidência da República. esta retirada

política do MTe está nos incomodando. O problema não

está necessariamente em quem faz, mas se a mediação do

MTe vai sobreviver”, observou.

Rosângela falou também que o MTe, citado por Luiz

Felipe Monsores como “a casa do trabalhador”, não se

comporta mais desta forma. “O trabalhador não vai mais lá

porque não há plantões para receber as denúncias e, quan-

do vai, é recebido por um estagiário e não pelo auditor”.

O sindicalista Jacy afonso sugeriu que a fala de Rosângela

sobre o futuro do Ministério seja levada para um seminário

que aprofunde as discussões e discuta o assunto junto com

a sociedade.

auditores questionam a retirada da mediação das suas atribuições e defendem a manutenção da atividade

Luiz Felipe Monsores

Luis carlos Barbosa

Jacy afonso

Dulciane Montenegro

Page 13: revista 2012

a FORMaçãO e a capacitação como elementos de fortalecimento da inspeção do Tra-

balho foram discutidas durante a 3ª jornada iberoamaericana da inspeção do Trabalho,

promovida no segundo dia do enafit, pelo Sinait e pela confederação iberoamericana de

inspetores do Trabalho - ciiT. Dois convidados estrangeiros, da Organização internacional

do Trabalho - OiT, participaram das discussões e relataram as experiências de outros paí-

ses na inspeção trabalhista.

Para o auditor-Fiscal do Trabalho e presidente da ciiT, Francisco Luis Lima, o encontro

propiciou uma discussão maior das questões da inspeção, com a finalidade de buscar

soluções para os problemas que atingem a categoria diariamente. Luis Lima, que abriu

as apresentações nesta 3ª Jornada, disse que é impossível discutir a inspeção do trabalho

sem pensar na especialização na área de segurança e saúde no trabalho. Durante sua apre-

sentação, ele defendeu a especialização e a qualificação para a categoria.

Segundo Luís Lima os países da américa Latina têm ratificado as convenções da OiT

que promovem o trabalho decente, mas ainda não começaram a executar essas práticas,

a exemplo de combate ao trabalho infantil e outros. Somente o Brasil tem efetivado estes

métodos. Mas o país precisa discutir os acidentes de trabalho que têm aumentado com

frequência, o que ele chamou de banalização. De acordo

com o auditor-Fiscal, o custo de acidentes consolidados

para o Brasil é altíssimo, passando de 54 bilhões anuais

em 2009.

Dados apresentados por ele revelam que tanto o qua-

dro de auditores como o de especialistas em saúde e

segurança vem diminuindo com o passar dos anos. atu-

almente são somente 211 médicos e 521 engenheiros, de

um total de 2.800 auditores-Fiscais do Trabalho (número

apurado até a data de realização do encontro).

De acordo com Luís Lima a distribuição de tarefas

entre os auditores-Fiscais deve ser feita em consonân-

cia com suas especialidades, além da área de atuação e

formação.

Lima também criticou a indicação política para a

ocupação de cargos nas Superintendências Regionais

do Trabalho e emprego e elogiou a inclusão digital da

categoria promovida com os esforços dos próprios au-

ditores, que segundo ele se desdobram na criação de

softwares para incrementar o trabalho da fiscalização. ele

disse que continuará motivado a promover o movimento

sindical por um trabalho decente.

Outros paísesO desmonte da fiscalização

em países vizinhos, como o

Paraguai, entre outros, tam-

bém foi tratado pelo presi-

dente da ciiT. O país acabou

com a inspeção do Trabalho

ao reduzir seu quadro de ins-

petores, que já era pequeno:

dos 50 existentes, o núme-

ro passou para 30. Segundo

Luís Lima, naquele país não há combate ao trabalho escravo e

infantil. Já o Uruguai tem problemas sérios, as empresas prefe-

rem pagar multas a investir em saúde e segurança do trabalha-

dor. a argentina tem 23 províncias, cada uma tem sua própria

legislação trabalhista. em resumo, a fragilidade da fiscalização

na américa Latina é gravíssima, chegando a uma média de um

auditor para cada 200 mil trabalhadores. No Brasil a média é

de um auditor para cada 14 mil trabalhadores.

Expectativa dos Auditores-FiscaisDe acordo com a presiden-

te do Sinait, Rosângela

Rassy, a intenção do Sin-

dicato Nacional ao orga-

nizar este painel foi trazer

os convidados da OiT para

que, por meio do diálogo,

os auditores debatam a

questão da capacitação da

categoria e de que forma a

OiT pode contribuir nesta capacitação.

Rosângela Rassy colocou o Sinait à disposição da OiT

para fomentar convênios, treinamentos e capacitação de

auditores-Fiscais em nível internacional. ela disse que

a categoria se preocupa com o caminho que a fiscaliza-

ção está tomando nos últimos anos, o que tem levado à

ineficácia da inspeção do Trabalho no Brasil em muitas

ocasiões.

Segundo a presidente do Sinait todos os auditores-Fis-

cais sempre trabalharam muito, mas a falta de visibilidade

dos resultados tem provocado a reflexão e levado a catego-

ria a pensar e procurar uma nova forma de organização da

inspeção o Trabalho no Brasil.

“Queremos também ouvir a opinião dos convidados

sobre dois questionamentos que neste enafit ganharam

corpo: o retorno da participação dos auditores Fiscais do

Trabalho na mediação coletiva de conflitos trabalhistas e o

concurso público com especialização no quadro da audito-

ria-Fiscal do Trabalho”, informou Rosângela.

A importância da capacitaçãoO diretor do Programa so-

bre administração e ins-

peção do Trabalho da OiT,

giuseppe casale, disse que

a experiência de participar

de um evento de grande im-

portância como este ajuda

a todos, inclusive ele e sua

colega Maria-Luz Vega Ruiz,

especialista do Programa

29º ENAfIT3ª fEIRA .13/09/11

29º ENAfIT3ª fEIRA .13/09/11

3ª JORNADA IBEROAMERICANA DA INSPEÇÃO DO TRABALHO

Capacitação é defendida na 3ª Jornada Iberoamericana de Inspeção do Trabalho

24 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 25

Mesa destaca que apesar de dificuldades o Brasil tem um dos melhores modelos de fiscalização do mundo.

Situação na américa Latina é gravíssima

Sinait quer contribuir com capacitação

OiT pode ajudar na capacitação

Page 14: revista 2012

sobre administração e inspeção do Trabalho, quando vol-

tarem a genebra, na Suíça.

Para o diretor da OiT as colocações feitas pela pre-

sidente do Sinait não são apenas problemas do Brasil,

mas da maioria dos países membros da OiT. ele defen-

deu o treinamento e a capacitação do inspetor do Tra-

balho como sendo a chave para o futuro da inspeção do

Trabalho e que este é também o pensamento da maioria

dos países membros da OiT. giuseppe lembrou que a

capacitação para o inspetor foi defendida pelos parti-

cipantes da conferência mundial realizada pela OiT, em

junho passado em genebra.

Segundo giuseppe as respostas às indagações da pre-

sidente do Sinait estão no site da OiT, pois a instituição

defende que recursos adequados devem estar disponíveis

para os países membros desenharem o mapa da inspeção

do Trabalho com a finalidade de reforçar e garantir a inde-

pendência dos inspetores do Trabalho. “Há uma obrigação

dos países membros que aderiram à convenção 81 da OiT,

de disponibilizar recursos para fortalecer a inspeção do Tra-

balho”, reforçou.

ele também citou outras iniciativas que podem ajudar

a inspeção do Trabalho – primeiro, implantar um méto-

do transparente na seleção dos inspetores, por meio da

realização de concursos. O segundo ponto é perseguir e

desenvolver uma política que atraia os melhores funcio-

nários, os melhores inspetores do mercado de trabalho.

Segundo giuseppe este não é o caso do Brasil, mas de

países vizinhos, como o Paraguai e outros com menos sor-

te no resto do mundo, a exemplo de países da África. “a

OiT pode ajudar a desenhar esta política de capacitação

para os inspetores do trabalho por meio da realização de

workshops, cursos, enfim, várias formas de intercâmbio de

trabalho”.

ele destacou dois tópicos que devem ser aplicados no

mundo inteiro no desenho de uma política de capacitação

de auditores-Fiscais do Trabalho: projetar um programa de

aprendizado a vida inteira com o objetivo de desenvolver

competências e qualificações dos inspetores do trabalho e

a qualificação como a chave para casar a educação com as

necessidades do mercado de trabalho.

Especialização para melhorar o trabalho de fiscalização

Maria-Luz Vega Ruiz, es-

pecialista do Programa

sobre administração e

inspeção do Trabalho da

OiT, defendeu a especia-

lização como garantia da

melhoria da qualidade de

trabalho do inspetor. ela

explicou como funciona

a formação dos inspeto-

res do Trabalho em diversos países da américa Latina,

como a argentina, costa Rica, Honduras, Nicarágua,

Paraguai e Peru, e em países europeus, a exemplo da

França, Dinamarca e outros.

Na europa os inspetores são, em geral, funcionários

públicos. Na américa Latina existem diferentes situações

e tipos de contratos. a inspeção do trabalho pode ser feita

por inspetores públicos e privados. alguns países na ame-

rica Latina como a argentina e o chile têm mais de 60%

de seus inspetores privados. Mas em 2010, de acordo com

normas do Mercosul, a argentina passou a exigir seleção

por concurso público, com nível superior.

em geral, a maioria dos países exige concurso para ins-

petor. Segundo a especialista, a França foi o primeiro país

a criar uma escola de inspeção do Trabalho. No país, os

agentes de inspeção do Trabalho se dividem em duas cate-

gorias: os inspetores do Trabalho (les inspecteurs) e os fiscais

do trabalho (les controlêurs). Os primeiros são considerados

de categoria a, concursados, e são submetidos, após a con-

tratação, a treinamento obrigatório de 18 meses no institu-

to Nacional do Trabalho, emprego e Formação Profissional.

Já os segundos encarregam-se do controle, investigação e

missões no âmbito da inspeção do trabalho, sob a autori-

dade dos inspetores do Trabalho.

Na Dinamarca, por exemplo, além do concurso, a contra-

tação de inspetores leva em consideração a regra da igual-

dade de gênero. Nos Países Baixos, como a Holanda, cada

novo concurso inclui metas de contratação de mulheres.

independente de concurso, a formação inicial de ins-

petores tem diferentes enfoques nos diversos países. em

29º ENAfIT3ª fEIRA .13/09/11

29º ENAfIT3ª fEIRA .13/09/11

26 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 27

ENTREVISTA

Giuseppe CasaleDiretor do Programa Sobre Administração e Inspeção do Trabalho da OIT

Sinait- Como você vê a experiência da Inspeção do Trabalho brasileira em relação a

outros países da América Latina?

Giuseppe – O Brasil é o país que mais conquistou avanços na américa Latina. Não só na

américa Latina, a inspeção do Trabalho de vocês é uma das melhores do mundo. Penso que po-

deríamos trabalhar no sentido de que essa experiência seja algo como uma autoridade central

na região. aqui os inspetores são bem remunerados e altamente preparados, o que possibilita

ao país ter uma política ativa de fiscalização. O êxito de ações contra o trabalho escravo e infan-

til também são diferenciais do Brasil.

Sinait – De que maneira essa experiência poderia ser compartilhada?

Giuseppe – Um bom exemplo brasileiro é a criação dos sindicatos, que é muito útil para

promover a boa política em outros países, permite que as decisões nacionais sejam aplicadas em

todos os estados. É interessante fazer em países que não têm esse mecanismo de organização.

Sinait – Você falou da situação do Auditor-Fiscal aqui, mas o número atual é insuficien-

te, o que acaba comprometendo os resultados...

Giuseppe – O Brasil tem uma economia em crescimento, há esforço do governo para con-

tratar mais fiscais. É preciso sim, aumentar o número, mas em relação a outros países o Brasil

está muito à frente de tudo o que se vê. No Paraguai, por exemplo, um país com cerca de sete

milhões de habitantes, existem agora 30 inspetores, o que significa um para cada 230 mil habi-

tantes. além disso, no Paraguai é preciso criar uma inspeção autônoma, transparente e profis-

sional, o que vejo que acontece no Brasil. cito o Paraguai porque é o país com mais problemas,

mais dificuldades para uma fiscalização eficiente, o que não significa que nos demais as coisas

estão próximas de chegar ao modelo brasileiro. a experiência brasileira é de fato muito exitosa

em comparação não só com a américa Latina, mas com o resto do mundo.

Honduras, por exemplo, uma vez que entra em serviço, o

inspetor tem sua formação reforçada com teoria e prática.

Na costa Rica eles recebem uma orientação de caráter in-

formal e passam por um treinamento prático de seis meses,

antes de iniciar suas funções oficialmente. No Brasil é mi-

nistrado um curso inicial de formação com duração defini-

da a cada concurso, seguido de dois meses de treinamen-

to. Na Nicarágua é realizado um programa de capacitação

inicial. em el Salvador e Honduras a carreira administrativa

para os inspetores encontra-se em processo de consolida-

ção com o apoio da OiT.

“em alguns países o inspetor tem formação mais ge-

neralista, em outros, mais específica. Mas, em geral, todos

os países membros da OiT têm em comum a carência de

pessoal para a área da inspeção trabalhista”, disse a espe-

cialista da OiT.

Segundo Maria-Luz uma das principais preocupações da

OiT é elaborar um currículo mínimo para uniformizar a for-

mação do inspetor, com a finalidade de aumentar o combate

ao trabalho informal, um dos temas que mais preocupam a

OiT. “Somente com uma inspeção qualificada é que se pode

acabar com os problemas da informalidade”, explicou. Maria Luz Vega

Page 15: revista 2012

28 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 29

OFICINAS

AVALIAÇÃO PARTICIPATIVA DA NOVA METODOLOGIA DE TRABALHO DOS AUDITORES-fISCAIS –

APRESENTAÇÃO DAS PROPOSTAS DOS GRUPOS

Oficinas propõem revisão da nova metodologia da fiscalização

Auditores-Fiscais do Trabalho finalizaram as propostas de revisão da Portaria 546, que instituiu a nova metodologia da fiscalização. Sinait e SIT deverão ter uma reunião técnica para tratar das sugestões

as oficinas que aconteceram nos dias 13 e 14 de setem-

bro foram divididas em cinco temas, dando continuidade

à discussão iniciada de 9 a 12 de agosto com oficinas re-

gionais realizadas pelo Sinait, em Brasília. elas exploraram

os temas: capacitação e participação; gestão de pessoas;

Planejamento e gestão; Organização e procedimentos tra-

balhistas; e avaliação e controle.

Os grupos foram monitorados por uma equipe de con-

sultores especializados em planejamento e avaliação parti-

cipativos da empresa Matres gestão Socioambiental, que

também conduziu a primeira etapa das oficinas, em agosto.

O ponto de partida para os debates foi justamente o relató-

rio gerado pelas oficinas regionais de Brasília. a discussão

neste enafit aprofundou o debate na tarde de terça-feira,

com participação de um grupo maior de auditores-Fiscais

do Trabalho, que analisaram as primeiras propostas e am-

pliaram com novas proposições. Na manhã de quarta-feira,

num segundo momento, todos os grupos se reuniram e as

propostas foram apresentadas e submetidas à apreciação

da plenária.

Conversa com a SIT

O último momento foi uma conversa com o auditor-

-Fiscal do Trabalho Renato Bignami, representante da Se-

cretaria de inspeção do Trabalho – SiT. Rosângela Rassy,

presidente do Sinait, resgatou a memória de como as ofici-

nas foram construídas. Desde a publicação da Portaria 546

o Sinait recebeu muitas reclamações de colegas de todo

o país e constituiu um grupo de trabalho que estudou os

vários aspectos da portaria e enviou sugestões à SiT. a ideia

de ampliar o debate amadureceu e culminou na realização

das oficinas. Primeiro foram feitas oficinas regionais e de-

pois esta grande oficina na programação do enafit.

O Sinait, esclareceu Rosângela, não propõe a revoga-

ção da nova metodologia nem é contra o modelo, por si

só. apenas deu oportunidade à discussão da nova metodo-

logia que, de certa forma, foi imposta a toda a categoria, e

que até o presente momento, não foi objeto de avaliação

por iniciativa da administração. Um rico material foi reco-

lhido e agora será entregue à SiT.

andrea zimmermann, da Matres, explicou a metodolo-

gia utilizada e os resultados obtidos. 219 auditores-Fiscais

do Trabalho participaram das oficinas nos cinco grupos de

trabalho. Foram identificados 79 problemas e 195 soluções.

ela observou que para alguns problemas detectados houve

dificuldades de apontar soluções.

Renato Bignami disse que gostaria de conhecer imedia-

tamente os problemas e soluções apontados. ele acredita

que para muitas questões a SiT já tenha respostas, mesmo

sem conhecer o documento. ele não considera que a me-

todologia utilizada seja uma ruptura com o momento an-

terior, mas uma evolução natural para melhorar a eficácia,

eficiência e efetividade da Fiscalização do Trabalho, para

fazer diferença nas relações do trabalho. Segundo ele, mui-

tos colegas contribuíram para a construção dessa forma de

trabalhar e os projetos já existiam em muitas Superinten-

dências, de forma que a novidade foi uniformizar os proce-

dimentos. O conceito é de uma fiscalização mais preventiva

do que de atendimento a denúncias. a administração, dis-

se ele, quer atingir os principais focos de irregularidades

com planejamento.

Bignami ressaltou que a SiT está investindo e acreditan-

do em capacitação e aproveitando o potencial dos colegas

que desenvolvem os sistemas que estão sendo absorvidos

pela administração. O objetivo é adotar um sistema único

para facilitar o trabalho de todos. a SiT, fez questão de fri-

sar, é uma secretaria técnica, apesar de lidar com questões

políticas também, e está sempre procurando melhorar as

condições de trabalho.

A opinião dos Auditores-fiscais do Trabalho

em seguida às falas de Rosângela e Bignami, repre-

sentantes dos grupos de trabalho expuseram, brevemente,

suas impressões sobre o trabalho e o que esperam da SiT.

Mônica Duailibi disse que percebeu que muitas questões

levantadas como problemas pelos auditores-Fiscais do

Trabalho são, na realidade, particularidades da gestão das

chefias, que podem ser resolvidas em âmbito local. ela afir-

mou que espera que a SiT trate os problemas e soluções

levantados com transparência e diálogo e que, no caso de

não atendimento das demandas, justifique de forma con-

sistente, qualificada e coerente, afastando-se da negativa

apenas baseada na hierarquia e autoridade.

a valorização da base na construção das normas foi a

reivindicação de Humberto Melo, que solicitou o diálogo e

a criação de um espaço regular para discutir metodologia

e metas. Na opinião dele a capacitação deveria ser tratada

como um projeto e também ter metas a cumprir.

capacitação dos gestores foi o destaque de crisóstomo

Basílio, ressaltando que essa carência já foi explicitada an-

tes. ele afirmou que é muito difícil assumir chefias sem fer-

ramentas adequadas de gestão e que isso dificulta o bom

andamento dos projetos.

Ênio Soares sublinhou a dicotomia entre qualidade e

quantidade, cuja questão, em seu entendimento, não é de

fácil solução, nem em curto prazo. O modelo de fiscalização

por projetos, para os auditores-Fiscais do Trabalho da área

de segurança e saúde, disse, não é novidade, pois em mui-

tos estados já se trabalhava assim. O que é preciso agora é

corrigir erros e desperdícios e definir de forma mais clara a

função do coordenador, que considera vaga.

em nome da SiT, Bignami afirmou que a forma de tra-

balho da Secretaria não é centralizada, mas em equipe e

que todos são auditores-Fiscais do Trabalho ocupando

temporariamente cargos internos. Disse que o diálogo

29º ENAfITOfICINAS E CURSOS

29º ENAfITOfICINAS E CURSOS

Representantes dos gTs apresentaram suas impressões

auditores debateram cinco temas nos dois dias de oficina

SiT teve espaço para falar com os participantes das oficinas

Page 16: revista 2012

30 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 31

com os coordenadores é constante, reconheceu que exis-

tem problemas, concordou que a capacitação de gestores

é importante e afirmou que os recursos para isso estão

sendo buscados, por exemplo, na cota dos repasses do

conselho curador do FgTS para treinamento. Nesse pon-

to, em particular, ele frisou que a arrecadação do Fundo

tem crescido com uma ação direcionada e intensificada, e

que é preciso continuar assim, para garantir a contrapar-

tida aos recursos liberados para a fiscalização.

ele discordou que haja dicotomia entre qualidade e

quantidade no atual modelo, ressaltando que ambos são

importantes. as ferramentas de informática, segundo Re-

nato, estão sendo modernizadas justamente para melhorar

essa relação.

Para fechar, Rosângela agradeceu a participação dos

auditores-Fiscais do Trabalho que se envolveram com a

discussão nas oficinas e que compreenderam o objetivo

do Sinait de proporcionar o debate, de elaborar um docu-

mento, registrar e ter um projeto sobre esse tema. “É uma

ferramenta produzida com o esforço de todos, tem valor,

pois representa o pensamento e as necessidades de quem

está na base, colocando em prática a metodologia”, disse

a presidente.

O resultado final das Oficinas já foi apresentado a SiT e

o Sinait está acompanhando e trabalhando pela aplicabili-

dade das propostas. “Nosso objetivo como Sindicato é de-

fender esse trabalho dos filiados”. O relatório completo está

disponível na área restrita do site.

29º ENAfITOfICINAS E CURSOS

29º ENAfITOfICINAS E CURSOS

Descontração no curso sobre técnicas de redação e lavratura de AI

CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO

O cURSO foi um dos destaques da programação

técnica do dia 15 de setembro. Ministrada pelos au-

ditores-Fiscais do Trabalho Monique Moura de Ozeda

ala (gO), celso de Barros Filho (PB), Maria Teresa Pa-

checo Jensen (PR) e alberto de Hollanda Ferreira Filho

(aL), contou com a participação de dezenas de enafi-

tianos que aproveitaram o momento para tirar dúvidas,

acrescentar ideias e fazer exercícios práticos sobre o

tema num clima de descontração e bate-papo.

Na primeira etapa, Monique Moura e alberto de

Hollanda falaram sobre a importância do uso da norma

culta da Língua Portuguesa na redação de relatórios.

“O texto precisa trazer um relato exato, fiel, objetivo,

sem emissão de opiniões ou emoções. Não deve tam-

bém conter palavras imprecisas”, alertou Monique.

Segundo a palestrante, os auditores elaboram os

seguintes tipos de relatórios: gerencial de chefias; de

fiscalização – com a motivação que levou a autuar a

empresa e ao Ministério Público, de duas formas – so-

bre a ação fiscal ou notícia-crime que é dirigido à che-

fia para então ser enviado por meio de ofício ao Minis-

tério Público do Trabalho.

ela explicou que relatórios mal escritos causam

desinteresse. “alguns são de difícil compreensão e fa-

lham quanto à proposta almejada”. Para ela, um bom

exercício para o auditor fazer antes de começar o rela-

tório é pensar no porque de estar escrevendo o docu-

mento. “O relatório é um instrumento de comunicação

com emissor (serviço público), receptor (audiência) e

mensagem (teor do documento)”.

Por isso, esse tipo de texto precisa trazer um conte-

údo claro, conciso, simples, objetivo e formal. De acor-

do com Monique, a estrutura do relatório precisa tra-

zer introdução, desenvolvimento e conclusão. O autor

precisa informar também o tipo de documento, local e

data, vocativo (para quem está sendo dirigido), fecho,

assinatura e identificação.

Monique ressaltou a necessidade dos relatórios se-

rem precedidos de uma introdução. “Sem a introdução,

o leitor quase sempre precisa ter acesso à íntegra do

texto para entender o teor do relatório”. Na conclusão,

o autor pode fazer uma síntese do que foi visto de for-

ma objetiva.

a palestrante deu várias dicas para a elaboração de

um texto adequado. “O leitor não pode ter dúvidas so-

bre o que está escrito”. Para isso ela considera impor-

tante escrever na ordem direta das frases, evitar o uso

da voz passiva, cortar adjetivos desnecessários, usar

frases curtas, sem repetições ou vocabulário rebusca-

do. “escrever menos significa economia processual e

de tempo. com objetividade é possível ir direto ao as-

sunto”, completou Monique. ela ressaltou também a

necessidade de, após concluir o texto, ter o cuidado de

revisá-lo para evitar erros.

Vícios de Linguagem O auditor Fiscal do Trabalho alberto de Hollanda

Ferreira falou sobre o uso de vícios de linguagem nos

textos. “São expressões usadas no cotidiano que acha-

mos que estão certas, mas, na verdade, são erradas ou

não adequadas para a frase”, explicou. Os vícios de lin-

guagem são: cacofonia, repetição, ambiguidade, frases

longas, ordem indireta e voz passiva.

alberto deu exemplos de frases relacionadas a au-

tos de infração com expressões inadequadas como

posto que, a nível de, a grosso modo, em que pese,

haja visto e através de. O palestrante interagiu com os

participantes da oficina para sugerir as expressões cor-

retas. “O objetivo não é usar palavras rebuscadas e sim

dizer o que aconteceu”, concluiu.

alberto manteve a posição de que, apesar da infra-

ção ter sido caracterizada, o emissor não pode descon-

siderar quem vai ler o auto.

Autos de InfraçãoNa segunda etapa do curso, Maria Teresa Jensen e

celso de Barros Filho falaram sobre as técnicas de re-

dação para a lavratura de autos de infração.

celso Barros destacou que o objetivo dessa etapa

da oficina foi sensibilizar os participantes para as técni-Monique ala, auditora-Fiscal do Trabalho (gO), instrutora do curso

Page 17: revista 2012

32 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 33

29º ENAfITOfICINAS E CURSOS

29º ENAfITOfICINAS E CURSOS

OS aUDiTOReS-FiScaiS do Trabalho antônio Pereira

do Nascimento (SP) e Sílvio carlos andrade da Silva (RJ)

ministraram, cursos de aperfeiçoamento sobre os princí-

pios básicos das Normas Regulamentadoras 18 - condições

e Meio ambiente de Trabalho na indústria da construção e

32 - Segurança e Saúde no Trabalho em estabelecimentos

de Saúde, dentro da programação do 29º enafit.

Na área da construção civil, antônio Pereira recorreu a

diversas imagens de acidentes e situações incorretas em

canteiros de obras para mostrar o que está errado e por

que os acidentes de trabalho ocorrem. Segundo o auditor-

-Fiscal, a construção civil é o terceiro setor em que mais

acontecem acidentes no Brasil, mas é o primeiro em óbi-

tos, o que significa que os acidentes são mais graves nesse

setor, que registra muitos eventos de quedas de grandes

alturas. em 2008, de acordo com os dados apresentados,

foram 49.191 acidentes, com 356 óbitos.

O quadro tende a se agravar diante da atual realidade

da construção civil no país, que deve construir mais de

dois milhões de unidades habitacionais até o fim de 2014,

com grandes obras de infraestrutura em andamento e os

projetos em construção para a copa do Mundo de 2014 e

Olimpíadas de 2016. O aquecimento deste mercado requer

mais mão-de-obra (que já está em falta e não é qualifica-

da), estimula a competitividade, exige custos mais baixos,

maior qualidade e prazos mais apertados para a conclusão

das obras. essa combinação é potencial para a ocorrência

de acidentes de trabalho.

Hoje existem vários tipos de processos de construção

e cada qual tem vantagens e desvantagens, especificidades

que exigem cuidados na área de segurança, nem sempre ob-

servados pelas empresas. Os problemas detectados são mui-

cas sobre como tornar o auto de infração inteligível. “É

um documento que precisa ser elaborado com base na

realidade com que o auditor se deparou na empresa”.

Os palestrantes apresentaram os elementos do auto

de infração, a motivação, as qualidades do histórico,

discurso objetivo aplicado ao auto de infração (base-

ado no Heptâmetro, de Quintiliano, com princípios de

investigação) e propuseram exercícios práticos. “a in-

vestigação é uma fase muito importante para o nosso

trabalho porque depois tudo será escrito no auto de

infração”, afirmou Maria Teresa.

Dentro do conjunto de elementos obrigatórios do

auto de infração, celso e Maria Teresa destacaram a

descrição da motivação no auto, que é exigida pela Lei

nº 9.784/99, Portaria 148/96 e pelo precedente adminis-

trativo nº 56. “a motivação é a exteriorização das razões

que justificam o ato. Precisa trazer a descrição clara e

precisa da situação e especificação dos elementos de

convicção”, explicou celso. Segundo os palestrantes, a

motivação faz parte dos princípios dos regimes demo-

cráticos republicanos. “Tem a ver com a publicidade e

com a demonstração de presença de interesse público,

além de evitar qualquer tipo de arbitrariedade durante

o processo”, completou celso.

O Precedente administrativo nº 56 trata da presun-

ção de veracidade do auto de infração. essa presunção

não desobriga o auditor-Fiscal de demonstrar os fatos

que o levaram a concluir pela existência do ato ilícito.

“Deve-se relatar no auto tudo que o auditor consta-

tou e não o que terceiros falaram ou denunciaram. a

denúncia não é um elemento de presunção”, informou

celso.

Maria Tereza apontou quais os pontos principais

que precisam constar na descrição da motivação de

acordo com normas da Secretaria de inspeção do Tra-

balho (SiT). “em geral, o texto deve ser impessoal, sem

demonstrações de emoções, não pode conter insinua-

ções, imputações criminosas e termos desconhecidos

pelo público. Os empregados precisam ser correlacio-

nados com a situação irregular. Também não é adequa-

do o uso de abreviaturas e jargões”. ela destacou que

o depoimento do empregado não pode ser o único ele-

mento de convicção.

De acordo com a palestrante, é necessária a atenção

a esses pontos do auto de infração, para não causar o

retardamento da punição. além disso, o processo fica

demorado e mais caro para a administração pública”,

alertou Maria Teresa.

Para fundamentar objetividade na redação dos autos

de infração proposta pelo curso, celso e Maria Tereza ex-

plicaram o que é o Heptâmetro de Quintiliano, uma me-

todologia de Marcus Fabius Quintiliano, reitor romano

do século 1, autor de “instituição Oratória” que traçou

os contornos da retórica para objetivar o discurso. De

acordo com o Heptâmetro, o discurso precisa se basear

nas respostas às perguntas “quem?”, “onde?”, “o que?”,

“quando?”, “como?”, “por que?”, “com que auxílio?”.

Os palestrantes disseram que o Heptâmetro é uma

referência para assegurar que itens fundamentais não

sejam esquecidos. “No caso da redação dos autos,

pode ajudar o auditor-Fiscal a alcançar a clareza e a

amplitude necessárias, assim é possível demonstrar

que infração foi cometida”, completou celso. Baseados

no Heptâmetro, os participantes fizeram vários exercí-

cios práticos ao fim da oficina e demonstraram satisfa-

ção aos palestrantes com a oportunidade de discutir e

ampliar os conhecimentos sobre o tema.

Acesso – Todo o material de exposição usado pelos

palestrantes do curso “Técnicas de redação de relató-

rios e de lavratura de autos de infração” está disponível

na área restrita do site do Sinait (www.sinait.org.br).

Normas Regulamentadoras também são tema de curso

celso de Barros alertou que os autos de infração devem ser elaborados com base na realidade

Page 18: revista 2012

34 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 35

29º ENAfITOfICINAS E CURSOS

29º ENAfITOfICINAS E CURSOS

O aUDiTOR-FiScaL do Trabalho Celso de Barros Filho, que atua no estado da

Paraíba, ministrou o curso Técnicas de Redação de Relatórios e de Lavratura de au-

tos de infração durante o 29º enafit junto com os colegas alberto antônio de Hollan-

da Ferreira Filho (aL), Maria Teresa Pacheco Jensen (PR) e Monique Moura de Ozeda

ala (gO). Nesta entrevista, ele avalia a realização de oficinas de capacitação no even-

to e destaca a importância do debate sobre a redação dos autos para fortalecer ainda

mais a qualidade na atuação dos auditores-Fiscais do Trabalho.

Sinait - Como você vê o espaço que o 29º Enafit destinou para cursos de capacitação?

Celso - eu acho a iniciativa muito válida. contribui para os colegas terem con-

tato com assuntos mais emergentes voltados para a Fiscalização. além disso, os

auditores também podem acessar o material pela internet e têm perspectiva de de-

senvolver o tema.

Sinait - E qual a importância do curso sobre Técnicas de Redação de Autos de Infração para o trabalho dos Auditores-Fiscais?

Celso - É de essencial importância porque o auto de infração coroa, de certa

forma, a ação fiscal. É crucial também porque tem desencadeamento no trabalho

da fiscalização e na etapa seguinte, o

trabalho cartorial, que é o da punição

propriamente dita. Por isso, um auto

de infração mal lavrado vai repercutir

na falta de punição pela insubsistência do auto, e uma das conseqüências é a sensa-

ção de impunidade do empregador. Ou seja, se o auto de infração é bem lavrado, a

punição poderá ser bem fundamentada e aplicada no prazo desejável.

Sinait - Um dos objetivos do curso foi ajudar os Auditores a avaliar o próprio trabalho. Você acha que esse foi o principal motivo que levou os participantes a se mostrarem tão interessados durante as discussões?

Celso - com certeza. Todos nós podemos errar e sabemos que precisamos me-

lhorar, pois ninguém é perfeito. então quando reconhecemos os nossos erros e eles

são projetados e discutidos há perspectivas de revê-los. esse tipo de treinamento

ajuda a reposicionar a postura. Porque com o passar do tempo, nós firmamos po-

sicionamentos, ficamos muito conservadores e não queremos mudar. começamos

a achar que tudo que estamos fazendo é perfeito, não é assim. Precisamos buscar

formas de aperfeiçoar o nosso trabalho.

Sinait - O clima durante a oficina foi bem descontraído como se fosse um bate-papo. Para você, treinamentos com essa metodologia devem fazer parte de eventos como o Enafit?

Celso - Sim, até porque é uma capacitação voluntária, as pessoas escolhem o cur-

so que mais as interessam. Portanto, elas vêm mais abertas para discutir os temas

propostos, estão mais relaxadas e isso também ajuda na assimilação do conteúdo.

tos e diversificados, segundo antônio Pereira. ele observou,

entretanto, que já existem boas práticas nos canteiros de

obra. Para o auditor-Fiscal, fazer fiscalização nessa área re-

quer a presença nos canteiros de obra, não basta verificar se

existem planos adequados, tem que ir lá e conferir.

Segurança nos estabelecimentos de saúde Sobre a Norma Regulamentadora 32 - Segurança e Saúde

no Trabalho em estabelecimentos de Saúde, o auditor-Fiscal

do Trabalho Sílvio andrade abordou as principais caracte-

rísticas do setor, cujo índice de acidentes e adoecimentos

somente é superado pela construção civil e pelo teleatendi-

mento, e no qual há infecção cruzada pela quebra da biosse-

gurança (infecção levada por mãos, pés, comida, lixo).

a complexidade dos ambientes de estabelecimentos de

saúde é grande, envolvendo variados locais e especificida-

des, como postos de enfermagem, quartos de internação,

ambulatórios, laboratórios, unidades de tratamento in-

tensivo, centros cirúrgicos, cozinhas, refeitórios, rouparia,

lavanderia, serviços de limpeza e higienização, caldeiras,

entre outros, em que uma série de itens devem ser obser-

vados para garantir a segurança de empregados e usuários.

Celso de Barros filhoas exigências para os procedimentos vão desde a proibi-

ção de usar adornos como brincos e aneis, sapatos adequa-

dos, uso obrigatório de luvas em todos os procedimentos,

colocação correta de crachás, cabelos presos, até o uso de

roupas especiais para ambientes também especiais e cuida-

dos na manipulação de aparelhos e medicamentos. Um ma-

nual de procedimentos existe e deve ser respeitado. O mé-

dico se valeu de vários exemplos práticos em fiscalizações

realizadas para demonstrar como a NR 32 é aplicada e pode

auxiliar na diminuição dos riscos no ambiente hospitalar.

Temas dos cursos foram escolhidos em função do número de ocorrências na construção civil e na área de saúde

aplicação da NR pode reduzir riscos

ENTREVISTA

Page 19: revista 2012

MUiTOS aVaNçOS foram conquistados, mas a realidade ainda é distante

do ideal. Trabalho escravo e infantil, aliados à privatização que precariza as

relações de trabalho, formam um tripé negativo para o Brasil

a atuação da auditoria Fiscal do Trabalho na Defesa do Trabalho Decente

foi tema de um painel no dia 14. O auditor-Fiscal do Trabalho José gomes da

Silva (aL), que falou sobre trabalho infantil, lembrou que a inspeção do Traba-

lho no Brasil surgiu há 120 anos justamente para coibir o trabalho de menores.

ele citou a criação de diversos instrumentos que contribuem para o avanço da

fiscalização, como o estatuto da criança e do adolescente – eca, a constitui-

ção Federal, a Lei Orgânica da assistência Social, a ratificação das convenções

138 e 182 da Organização internacional do Trabalho - OiT e os conselhos tute-

lares. estes últimos ele considera fundamentais para o sucesso da fiscalização

do trabalho infantil.

“Quem vive o dia a dia da fiscalização sabe a importância dos conselhos tutela-

res. eles são parceiros confiáveis e talvez indispensáveis à fiscalização”, ponderou.

José gomes, que é auditor-Fiscal desde 1983, disse que

uma das piores missões que já recebeu do Ministério do

Trabalho e emprego - MTe foi elaborar lista com relação

das piores formas de trabalho infantil, que são os traba-

lhos prejudiciais à saúde e à segurança e aqueles prejudi-

ciais à moralidade.

De acordo com o auditor-Fiscal, a instrução Norma-

tiva 77, que cria um marco na fiscalização do trabalho

infantil, deu aos auditores a possibilidade de encami-

nhar as crianças para os programas sociais dos governos

federal, estaduais e municipais. “com base na iN 77 fa-

zemos o termo de afastamento para o possível empre-

gador. a instrução nos ajuda muito, pois além do termo

de afastamento, encaminhamos dados sobre a situação

da criança aos órgãos competentes”.

José gomes apresentou dados que mostram o nú-

mero de crianças afastadas em todos os estados bra-

sileiros. a Bahia aparece em primeiro lugar com 640

menores, seguida pelo Mato grosso do Sul, com 503 e

espírito Santo, com 392. No afastamento por gênero,

são 84% do sexo masculino, contra 16% feminino, e

segundo o auditor, isso não significa que há um abis-

mo em relação ao número de meninos trabalhando,

mas é o resultado de não existir ação direcionada para

o trabalho infantil doméstico, que em sua opinião,

reduziria a diferença para 60% de homens e 40% de

mulheres.

Um novo olhar sobre o trabalho escravoO trabalho escravo que ainda persiste no país foi

apresentado de uma forma diferente pelo auditor-Fiscal

do Trabalho Valdiney antônio de arruda. Para ele, qua-

tro componentes são fundamentais para que ocorram

mudanças no olhar pela promoção do trabalho decente:

contexto, instituições, agentes e eventos. e se ateve às

instituições que, se bem organizadas, têm o poder de

promover tais mudanças.

Valdiney recorreu à história para mostrar o início do

processo de escravidão. em 1780, meio milhão de africa-

nos trabalhavam no plantio da cana-de-açúcar em colô-

nias britânicas; mais de 3,5 milhões de africanos foram

traficados para o Brasil e a maioria dos proprietários era

de classe média. em 1999, a OiT sintetizou a sua missão

histórica: promover oportunidades para que homens e

mulheres possam conseguir um trabalho produtivo e de

qualidade em condições de liberdade, equidade, segu-

rança e dignidade humana. apesar de todos os esforços

para a erradicação do trabalho escravo a OiT estima que

exista atualmente 12 milhões de pessoas escravizadas

no mundo.

as práticas brasileiras de combate ao trabalho es-

cravo têm sido referência para vários países. Segundo o

auditor, ninguém falava nesta prática até a fiscalização

do trabalho intensificar suas ações, com a criação do

grupo móvel. “Os poderes constituídos estão se conven-

cendo desta realidade a partir de informações da audi-

29º ENAfIT4ª fEIRA .14/09/11

29º ENAfIT4ª fEIRA .14/09/11

36 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 37

PAINELATUAÇÃO DA AUDITORIA-fISCAL NA DEfESA DO TRABALHO DECENTE

A difícil batalha pelo trabalho decente

Painel discutiu trabalho escravo, trabalho infantil e a terceirização

José gomes apresentou dados sobre trabalho infantil

Fiscalização do trabalho escravo: práticas bem sucedidas

Page 20: revista 2012

O aNDaMeNTO das ações judiciais do Sinait foi tema

do “espaço Jurídico” durante a programação do dia 14 de

setembro. as informações e explicações foram dadas pelo

vice-presidente de Normatização Técnica e assuntos Le-

gais do Sindicato, Sylvio Barone, e pelos advogados anto-

nio Soares Fonseca Júnior, José américo castanheira Bor-

ges e erica azevedo Siqueira.

O tema foi incluído na programação por despertar gran-

de interesse na categoria. Na ocasião foi apresentado um

relatório de cada uma das ações, seus objetos, históricos,

partes interessadas e como está a tramitação do processo

atualmente.

Os advogados que prestam assessoria jurídica ao Si-

nait e fazem parte do escritório dr. amário cassimiro, de

Brasília, destacaram a tramitação de processos como o

referente à ação que visa estender aos auditores-Fiscais

do Trabalho o reajuste percentual de 28,8% concedido aos

militares, funcionários do poderes Legislativo e Judiciário

e do Ministério Público Federal em 1993. Também desta-

caram as ações do PSS sobre 1/3 de férias, adicional de

periculosidade, contagem de tempo especial em atividade

de risco e recomposição da rubrica adicional por tempo de

serviço.

antonio Fonseca Júnior explicou que, em alguns casos, a

burocracia da Justiça, uma das causas da lentidão, emperra

a evolução dos processos.

isso também acontece nas

situações em que o Sinait

apresenta recursos após

sentenças não favoráveis.

“Quando o processo judicial

começa, só depois de dois

meses é que conseguimos

saber qual é o número do

processo”, exemplificou.

29º ENAfIT4ª fEIRA .14/09/11

29º ENAfIT4ª fEIRA .14/09/11

38 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 39

Terceirizaçãoa precarização do trabalho na construção civil foi

apresentada pela auditora Francimary Oliveira (aM).

O fenômeno da terceirização, que cresce a cada dia em

função da globalização, tem ganhado espaço no Brasil,

principalmente na construção civil em função de gran-

des obras que estão sendo feitas para a copa de 2014 e

as Olimpíadas de 2016. “a pejotização vem crescendo e

mascarando a relação empregatícia. Todo esse problema

leva ao aumento do número de acidentes de trabalho no

setor”, disse.

Francimary disse que o entendimento da maioria dou-

trinária e jurisprudencial interpreta a questão à luz dos

requisitos da relação de emprego (artigos 2º e 3º da cLT),

que são: não-eventualidade, pessoalidade, subordinação

e onerosidade; os quais determinam a existência ou não

da relação de emprego diretamente com a empresa toma-

dora dos serviços terceirizados (contrato trilateral).

a auditora falou ainda, que além de terceirização de

trabalho há a quarteirização, em que as empresas repas-

sam para outras a obrigação contratual firmada com a

tomadora dos serviços. essas contratações, irregulares

e ilegais, geram alto índice de informalidade, não obser-

vância das Normas sobre Segurança e Saúde do Trabalho,

excesso de jornada e alta rotatividade da mão-de-obra do

setor.

Terceirização cresce com eventos esportivos

ESPAÇO JURIDICO

Sinait informa Auditores-fiscais do Trabalho sobre andamento de ações judiciais

enafitianos aproveitaram o espaço para tirar dúvidas.

entre elas, se as ações que têm como parte uma pessoa

considerada idosa ou com doença grave têm prioridade na

tramitação. “estamos pedindo preferência nas ações com-

postas por auditores que possuem doença grave. O mes-

mo está acontecendo com os idosos. Para isso é necessá-

ria a prova do fato e exame atestando a doença”, informou

antônio.

Os participantes também perguntaram se, de acordo

com cada situação, o Sinait pode ingressar com ações in-

dividuais. Sylvio Barone respondeu que a entidade ainda

não dispõe de um sistema de ações judiciais individuais.

“como o escritório de advocacia é sediado em Brasília, te-

ríamos que contratar escritórios em outros estados. Mas

estamos atentos a essa questão, queremos avançar nesse

aspecto. Havendo viabilidade jurídica, o Sinait pretende

ingressar com todas as ações em benefício dos associados,

coletivamente”.

Mais informações - a situação de cada processo apre-

sentado durante o “espaço Jurídico” do 29º enafit está dis-

ponível na área restrita do site do Sinait (www.sinait.org.

br), no Boletim de informações Jurídicas.

enafitianos tiraram dúvidas sobre processos

antônio Fonseca Júnior

toria Fiscal do Trabalho. antes o processo de libertação

era apenas ir ao local, autuar, e entregar informações às

autoridades. a partir da criação do grupo móvel nossa

realidade mudou e felizmente a dos trabalhadores tam-

bém”, comemorou. ele citou a Lista Suja, que em sua

opinião, é um belíssimo instrumento de proteção do

trabalhador.

VídeoValdiney abriu espaço para apresentação de um ví-

deo que mostra a situação de trabalhadores resgata-

dos na Região Norte. as diversas situações vividas pe-

los auditores-Fiscais do Trabalho durante as ações do

grupo Móvel foram mostradas: dificuldades de acesso

como alagamentos são as mais comuns na região e

dificultam, mas não impedem o trabalho. afinal é ur-

gente retirar os trabalhadores da situação em que se

encontram.

Rosa Jorge, de goiás, lembrou que em 2008 o Sinait

produziu o vídeo Frente de Trabalho, que também de-

nunciava as condições dos trabalhadores em situação

de escravidão e lamentou que o vídeo apresentado

agora tenha apontado que pouca coisa mudou. “Não se

pode dizer que não tem mais trabalho escravo no Brasil

e que não precisa do grupo móvel. isso não é verdade.

Os auditores-Fiscais do Trabalho fazem e podem fazer

muito mais. Que a gente continue este trabalho, apesar

de todas as dificuldades”, disse.

Page 21: revista 2012

aS MUDaNçaS que ocorrem na vida no momento de se aposentar e os cuidados para que

isso não seja um motivo de adoecimentos e sofrimentos foram o principal ponto da palestra

“aposentadoria como ponto de mutação”, proferida pela psicóloga e consultora empresarial

Vera Pedrosa, no dia 15 de setembro. a palestra aconteceu simultaneamente aos cursos de

aperfeiçoamento sobre as Normas Regulamentadoras 18 e 32 e sobre Técnicas de Redação

de Relatórios e de Lavratura de autos de infração (veja matéria em capítulo específico sobre

oficinas e cursos). a grande maioria dos enafitianos que participou da palestra foi de auditores-

-Fiscais do Trabalho aposentados ou próximos de se aposentar.

Vera afirmou que existem quatro tipos de pessoas, e a mais importante é aquela que

“aceita que o momento atual é o mais importante da história para fazer todas as transfor-

mações necessárias”, seja ele qual for, pois abre portas para um novo mundo. Passar pelo

momento da aposentadoria é uma transformação que pode ser positiva e significar uma

nova vida e não necessariamente o comodismo ou o que ela chamou de “kit aposentadoria”,

representado por uma cadeira de balanço, bengalas, pijama e TV, entre outros objetos que

simbolizam a falta de atividades.

29º ENAfIT5ª fEIRA .15/09/11

29º ENAfIT4ª fEIRA .14/09/11

40 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 41

Leia a poesia que Rubervam

Du Nascimento recitou durante a

apresentação do livro no

29º Enafit:

Boca de forno

(Rubervam Du Nascimento)

não tinha rosto de criança

mas era uma criança

não tinha braços de criança

mas era uma criança

não tinha mãos de criança

mas era uma criança

não tinha dedos de criança

mas era uma criança

nada que escrevesse nela

a palavra criança

mas era uma criança

dessas que o trabalho come

em lento desespero

MOMENTO CULTURAL – LANÇAMENTO DE LIVRO

Rubervam Du Nascimento lança 2ª edição de livro de poesias

a POeSia tomou conta do

29º enafit com o lançamento

da 2ª edição do livro espólio,

de Rubervam Du Nascimento,

auditor-Fiscal do Trabalho que

atua no Piauí. as experiências

do autor durante as ações de

fiscalização, que ele considera

como uma das matérias-primas

da linguagem poética, estão nos

temas de diversos poemas do

livro. a sessão de autógrafos fez parte do Momento cultural realizado na pro-

gramação do dia 14 de setembro.

“espólio” foi vencedor do Vi Prêmio Literário “Livraria asabeça”, de São Pau-

lo, em 2007, na categoria Poesia. De acordo com Rubervam, a primeira edição do

livro teve sucesso na Bienal de São Paulo do mesmo ano, além de êxito surpre-

endente nas vendas em geral. Por isso, está na segunda edição.

O autor deu um depoimento que emocionou a plateia. contou que a inspi-

ração para “Boca de Forno”, uma de suas poesias, ocorreu durante uma ação do

grupo Móvel de combate ao trabalho escravo em Minas gerais. Segundo ele,

quando a equipe chegou ao local não encontrou ninguém no espaço em que, há

poucos instantes, estariam os trabalhadores.

“em determinado momento descobri que, quem estava utilizando o trabalho

infantil, colocou as crianças dentro dos fornos”. Rubervam afirmou que se espan-

tou com a figura que viu. “Lembro que os olhos da criança eram claros, ela estava

coberta de fuligem, aquela imagem ficou comigo. eu não faria esse poema se não

fosse auditor-Fiscal do Trabalho”, ressaltou emocionado. ele definiu “espólio”

como algo bem abstrato. “É uma tentativa de resgatar alguma coisa nossa que

está aí perdida, que a gente esquece e não busca mais”.

Rubervam Du Nascimento nasceu na ilha de Upaon-açú, no Maranhão. Vive e

trabalha em Teresina. É formado em ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade

Federal do Piauí. compõe a editoria de Literatura da Revista de cultura Pulsar. Já

ganhou vários prêmios literários. além de espólio escreveu três livros individuais:

a Profissão dos Peixes, Marco Lusbel desce do inferno e Os cavalos de Dom Rufino.

PALESTRA - APOSENTADORIA COMO PONTO DE MUTAÇÃO

Preparação para a aposentadoria

Palestrante alertou sobre a importância de se preparar para aposentadoria

“espólio” retrata cotidiano da fiscalização

Page 22: revista 2012

Na TaRDe de quinta-feira, 15, aconteceu a premiação

dos auditores-Fiscais finalistas do concurso de artigos

científicos. ao anunciar os vencedores, a coordenadora da

mesa e membro da comissão julgadora, ana Palmira arru-

da, falou da responsabilidade e da dificuldade de julgar os

trabalhos, uma vez que todos eram consistentes.

O tema do concurso foi os 120 anos da inspeção do

Trabalho e os trabalhos vencedores foram: em primeiro

lugar, “A Inspeção do Trabalho sem números, mas em valores”,

de Marcell Fernandes de Santana (eS); em segundo lu-

gar, “Inspeção do Trabalho no Brasil, uma questão de ideal ao

longo de 120 anos”, de antônio alves Mendonça Júnior

(Mg) e “Auditoria-Fiscal do Trabalho - 120 anos de Inspeção

do Trabalho no Brasil”, de carlos alberto Oliveira (RJ), ven-

cedor do concurso em 2010.

O artigo vencedor, intitulado a inspeção do Trabalho

sem números, mas em valores, tem por objetivo instigar

o leitor a pensar as atividades desenvolvidas pela institui-

29º ENAfIT5ª fEIRA .15/09/11

29º ENAfIT5ª fEIRA .15/09/11

42 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 43

a psicóloga disse que esta passagem é realmente deli-

cada quando a pessoa não se prepara para ela. É o final de

um ciclo e pode representar o início de vários outros ciclos,

altamente positivos, em que outros projetos ainda não reali-

zados terão espaço, como artes, viagens, estudos, esportes,

atividades intelectuais. Quem consegue realizar sonhos e

desejos que até então não puderam ser concretizados passa

por uma etapa de vida muito prazerosa e saudável.

Nos vários estágios que envolvem este processo estão

o sonho, a ruptura com o que vivia até então, a redescober-

ta de novas possibilidades, a reaprendizagem de um novo

modo de viver, a ação para concretizar os sonhos, a ressig-

nificação para dar um novo sentido à vida. Quem passar

por tudo isso estará pronto, então, no caminho de encon-

trar-se consigo mesmo, de forma muito tranqüila.

Muitas empresas hoje se preocupam com o período

pré-aposentadoria e lançam programas de preparação de

seus empregados. Manter atividades e relacionamentos

é uma parte extremamente importante na aposentadoria.

Vera Pedrosa usou algumas técnicas durante sua palestra,

como a de sugerir que os participantes lembrassem de fatos

marcantes das várias fases da vida – infância, adolescência,

juventude e maturidade, e este exercício, explicitado por al-

guns enafitianos, foi surpreendente para muitos deles.

APRESENTAÇÃO E PREMIAÇÃO DOS ARTIGOS CIENTÍfICOS

Auditores-fiscais são premiados por artigos sobre os 120 anos da Inspeção do Trabalho

ção inspeção do Trabalho ao longo dos seus 120 anos de

existência com outro foco, o dos verdadeiros valores es-

condidos por trás de números e estatísticas, assim como

o sentimento dos auditores-Fiscais do Trabalho que a inte-

gram e fazem a sua história. em sua apresentação Marcell

lamentou a aposentadoria, em breve, de vários auditores:

“a inspeção do Trabalho tem que se reinventar para conti-

nuar viva neste mundo de mudanças. em um ano vários co-

legas vão se aposentar e a transferência de conhecimento

tem dia e hora para acabar”, disse.

No artigo “inspeção do Trabalho no Brasil, uma questão

de ideal ao longo de 120 anos”, o autor falou sobre a exis-

tência de um “paradoxo” entre o seu pouco tempo como

auditor-Fiscal do Trabalho e a história da inspeção no país.

ele citou a benevolência dos colegas e o que chamou de a

“imaturidade de quem apresenta” - antônio alves tem ape-

nas 23 anos e foi aprovado no concurso de 2010. O início

da carreira no Brasil, com regras para disciplinar o trabalho

infantil, foi citado no artigo e o autor denunciou a resistên-

cia de alguns setores ao combate ao trabalho infantil hoje.

O auditor emocionou a todos, quando citou a chacina de

Unaí e lembrou que os três auditores-Fiscais do Trabalho

e o motorista do Ministério do Trabalho e emprego foram

mortos fazendo o que ele faz hoje. “Que nossa indignação

não se converta em afrouxamento, mas no ideal de justi-

ça social. Somos um pouco assassinados diariamente pela

impunidade deste crime”, lamentou.

carlos alberto Oliveira descreveu em seu trabalho

uma “senhora” chamada auditoria-Fiscal do Trabalho que

completou 120 anos no dia 17 de janeiro de 2011. O artigo

se resume na importância da ação da inspeção que existe

para garantir a segurança nos locais de trabalho, bem como

combater a exploração do homem pelo seu semelhante,

apontando para a pacificação nas relações, agindo de for-

ma ativa, preservando o cidadão e ajudando no crescimen-

to da pátria. O artigo conta a história da inspeção, desde o

Decreto 1.313, passando por vários instrumentos jurídicos

que fortaleceram a fiscalização ao longo dos anos e tam-

bém lembrou com tristeza as vítimas da chacina de Unaí,

que infelizmente faz parte da história da inspeção. carlos

alberto concluiu dizendo que “não se pode omitir que as

condições ideais para a fiscalização trabalhista que aten-

dam ao princípio da eficiência ainda não existem, sendo

que a falta de recursos humanos e financeiros são a causa

do comprometimento de uma ação plenamente eficaz e de

um profissional altamente capacitado”.

Otimismo foi a mensagem deixada por Vera Pedrosa

Os vencedores do concurso e a comissão Julgadora

ela também valorizou técnicas de respiração abdo-

minal que relaxam, descansam e fortalecem, em qual-

quer idade. alimentação saudável - livre de frituras e

embutidos, condutas e pensamentos do bem, também

foram valorizados pela psicóloga. exercícios de aproxi-

mação entre as pessoas também foram usados, como

o toque das mãos, abraços e bilhetes desejando coisas

boas ao companheiro ao lado. a palestra foi bastante

aplaudida e várias pessoas foram conversar com Vera

Pedrosa ao final, agradecendo a mensagem de otimis-

mo e bons fluidos.

Page 23: revista 2012

a NeceSSiDaDe ou não de

realizar concurso para áreas espe-

cíficas dentro da auditoria-Fiscal

do Trabalho foi tratada na Plenária

de Política de classe no início da

noite de quinta-feira, 15 de setem-

bro. a discussão vem ganhando

corpo por causa da diminuição

dos auditores-Fiscais do Trabalho

na área de Segurança e Saúde do

Trabalho. Hoje, em todo o Brasil,

são 211 médicos e 521 engenhei-

ros, e muitos estão em vias de se

aposentar até o próximo ano.

Os auditores-Fiscais do Tra-

balho Francisco Luis Lima (Pi) e

Marcos Miranda (Pe) fizeram inter-

venções justificando a necessidade

de realizar um concurso específico para a área. Durante as

discussões foram explicitadas insatisfações com a falta de

um auditor que defendesse posição contrária, para garan-

tir a democracia e o contraditório. a mesa corrigiu a falha,

convidando Vítor Filgueiras (Ba) para explicitar seu ponto de

vista, compartilhado por mais auditores-Fiscais presentes à

plenária.

Ficou claro que todos reconhecem a necessidade de

haver especialistas na carreira, porém, não necessariamen-

te apenas médicos e engenheiros, mas também ergono-

mistas, contadores, técnicos em informática, entre outras

profissões, pois a junção de vários saberes fortalece a au-

ditoria-Fiscal do Trabalho.

Não há consenso, entretanto, sobre a realização de

um concurso público para admitir apenas médicos e

engenheiros. Muitos auditores-Fiscais defendem que o

concurso seja direcionado pelo conteúdo e que os títulos

29º ENAfIT5ª fEIRA .15/09/11

a TRaDiciONaL Tribuna Livre, um espaço para os

enafitianos fazerem sugestões, críticas e falar o que

pensam a respeito de assuntos relacionados à inspe-

ção do Trabalho, aconteceu na tarde de quinta-feira, 15

de setembro. alguns temas se repetiram nas falas dos

auditores inscritos, como o sucateamento das insta-

lações das Superintendências Regionais do Trabalho

e emprego - SRTes, que em muitos estados estão em

péssimas condições de trabalho; a fala da secretária de

inspeção do Trabalho Vera albuquerque, que defende

que auditores-Fiscais não façam a mediação; a neces-

sidade de realização de novos concursos e a imediata

convocação dos aprovados em 2010; a regulamentação

para o concurso de remoção e a reserva de vagas para

médicos e engenheiros para atuar na área de seguran-

ça e saúde do trabalho.

Foi feito um chamamento pela auditora-Fiscal do

Trabalho Mônica Duailibi (Ma) para que os colegas par-

ticipem das conferências Regionais do Trabalho Decente

que vão culminar com a conferência nacional, em Brasí-

lia, no próximo mês de maio. De acordo com a auditora-

-Fiscal o objetivo do evento é a promoção de um amplo

PLENÁRIA DE POLITICA DE CLASSE

29º Enafit – Especialização na carreira:um tema em discussão

29º ENAfIT5ª fEIRA .15/09/11

Tribuna Livredebate no território nacional, envolvendo a temática das

políticas públicas de trabalho, emprego e proteção so-

cial, na perspectiva da construção e promoção de uma

política nacional de emprego e trabalho decente.

ainda na Tribuna Livre, foram apresentados os in-

tegrantes da chapa Aperfeiçoando com você, que concor-

reu à eleição para Diretoria executiva e conselho Fiscal

do Sinait para o biênio 2011/2013. a atual presidente

do Sindicato, Rosângela Rassy, que se reelegeu após o

processo de votação realizado em 26 de outubro, falou

que embora seja chapa única é importante que os cole-

gas conheçam as propostas e se envolvam no processo

eleitoral. “escolhemos este nome para a chapa porque

estamos envolvidos em um trabalho que vem sendo

feito há alguns anos. Temos pessoas que já caminham

conosco e colegas novos que vão ingressar na vida sin-

dical. Muitos projetos nossos que foram gestados ao

longo dos anos estão no papel e precisam se tornar

realidade como a Lei Orgânica da Fiscalização - LOF e

a escola Nacional de inspeção do Trabalho”, disse. ela

apresentou o programa da chapa, que também foi dis-

tribuído para todos os presentes.

Rosângela apresentou a chapa para a diretoria do Sinait, que foi eleita posteriormente, em novembro

44 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 45

sejam mais pontuados, o que, naturalmente, favoreceria

os especialistas nas áreas. Quanto à realização de concur-

so por áreas de especialização, há possibilidade legal de

fazê-lo, conforme demonstrou Marcos Miranda e também

é o que aponta parecer jurídico encomendado pelo Sinait.

O debate foi acalorado, mas, conforme disse Rosân-

gela Rassy, presidente do Sinait, está apenas começando

e o Sindicato quer ouvir a categoria. Por isso o tema foi

levado à plenária de política de classe, como um primei-

ro espaço onde fosse formalmente debatido. ela propôs

que o Sinait organize seminários regionais para ampliar o

debate e firmar uma posição da categoria. Os seminários

terão um formato que permita a máxima participação dos

auditores-Fiscais que trabalham em gerências do interior

dos estados e o fechamento, poderá ser em uma plenária

nacional, seguida de assembleia geral, instância soberana

para decisões.

Plenária sobre especialização na carreira gerou discussões calorosas e ricas

Page 24: revista 2012

O eNceRRaMeNTO do 29º enafit, no dia 16 de setembro, foi marcado pelo agradecimento aos

mais de 700 participantes e o destaque sobre a importância da realização do evento para a cate-

goria. Mesmo com a criação do congresso dos auditores-Fiscais do Trabalho, que será realizado a

partir de 2013, prevista na reforma do estatuto do Sinait, o encontro Nacional permanecerá.

Durante o congresso, haverá participação obrigatória de um determinado número de represen-

tantes de cada estado e serão deliberadas questões políticas e organizacionais da categoria. “Mas

não queremos perder esse momento do encontro, que é muito especial”, explicou a presidente do

Sinait, Rosângela Rassy. Para ela, o diferencial do enafit é ser realizado com a contribuição direta

dos auditores-Fiscais do Trabalho que participam ativamente da organização e programação.

Sobre a carta de Maceió, Rosângela avaliou que o texto privilegia preocupações da categoria

como o número reduzido de auditores. “Também firmamos um posicionamento sobre a questão

da mediação e resolvemos ampliar o debate a respeito da especialização para pensarmos uma for-

ma de trabalhar”. De acordo com a presidente, todos os debates e proposições aprovadas durante

o 29º enafit são muito importantes para o Sinait no decorrer do ano. “Temos a certeza que isso foi

tirado de uma parcela significativa da categoria”.

a ReaLizaçãO de seminários regionalizados para am-

pliar o debate sobre a especialização na carreira audito-

ria-Fiscal do Trabalho, fruto da discussão na Plenária de

Política de classe realizada no dia anterior, foi aprovada

durante a Sessão Plenária no dia 16 de setembro. as ou-

tras propostas apreciadas foram resultado de discussão na

Tribuna Livre.

De acordo com a presidente do Sinait, Rosângela Ras-

sy, durante a discussão na Plenária de Política de classe,

ficou claro que a especialização desperta posições diver-

gentes na categoria. “ainda não há consenso, por exemplo,

sobre a realização de concurso para especialista em áreas

como medicina ou saúde e segurança, por isso a importân-

cia da realização dos seminários para a discussão ser mais

ampla”, explicou.

a presidente informou que após os seminários, que se-

rão realizados nos estados, a deliberação da categoria será

submetida a uma plenária nacional e, por fim, a assem-

bleia geral. “Precisamos, como categoria, encontrar uma

proposta sobre este tema para nos fortalecermos perante a

administração”, completou Rosângela.

antes da aprovação, a proposta levantou polêmicas.

alguns participantes questionaram se os auditores que

atuam em cidades do interior não teriam dificuldade em

participar dos seminários nos estados. Outros levantaram

a possibilidade de a plenária final ser realizada durante o

30º enafit, em 2012.

Rosângela esclareceu que o Sinait se compromete a pro-

mover os seminários nos estados de forma que não compro-

meta a participação dos auditores-Fiscais que trabalham no

interior. Sobre a proposta da conclusão do debate ser no pró-

ximo enafit, a presidente afirmou que a categoria não pode

esperar até o ano que vem para se manifestar sobre o assun-

to. “Precisamos correr com essas providências porque o con-

curso está sendo preparado sem sermos ouvidos”, alertou.

Propostasas propostas relacionadas à Portaria 247/11, que altera a

Norma Regulamentadora nº 5, que trata da comissão interna

de Prevenção de acidentes (ciPa) foram aprovadas. a plenária

também aprovou propostas referentes à publicação do edital

para o concurso de artigos científicos, realizado dentro da pro-

gramação do enafit, para que seja lançado com mais antece-

dência e sobre a necessidade de reforma dos espaços físicos

das Superintendências Regionais.

Propostas aprovadas na plenária finalSobre a Portaria 247/2011 que altera a Norma Regulamen-

tadora nº 5 que trata da comissão interna de Prevenção de

acidentes (ciPa):

- alterações das normas deveriam entrar em consulta interna;

- Depósito da composição da comissão interna de Prevenção

de acidentes - ciPa pela internet como já é feito para outros

instrumentos, como por exemplo, o Sistema Mediador;

- Disponibilização à auditoria Fiscal do Trabalho da condição

de regularidade quanto à ciPa do conjunto das empresas;

- Sugerir à SiT a publicação das alterações de normas quando

acompanhada da alteração do ementário.

Demais assuntos:- Que o edital do concurso de artigo científico do enafit (regu-

lamento e tema) seja disponibilizado com antecedência (para

a edição de 2012, até março/2012 e para 2013, logo após o

encerramento do evento).

- Pleitear junto à Secretaria executiva do Ministério do Tra-

balho e emprego (MTe) prioridade de atendimento para re-

formas e adequação física nas unidades descentralizadas que

delas necessitam, incluído dotação orçamentária exclusiva

para este fim.

- Que sejam realizados seminários que possibilitem a partici-

pação de toda a categoria com vistas à discussão da especia-

lização da carreira.

ESPECIAL 29º ENAFIT 47

29º ENAfIT6ª fEIRA .16/09/11

29º ENAfIT6ª fEIRA .16/09/11

46 REVISTA DO SINAIT

SESSÃO PLENÁRIA

Plenária aprova realização de seminários sobre especialização na carreira

ENCERRAMENTO

Encerramento destaca importância do Enafit para os Auditores-fiscais do Trabalho

enafit continuará existindo, apesar da criação do congresso

Page 25: revista 2012

Rosângela agradeceu o oferecimento da Bahia como

sede do 30º enafit. “Os preparativos já começam na sema-

na que vem”, disse. ela aproveitou para pedir aos partici-

pantes que colaborem com sugestões sobre a programação

técnica para o próximo evento.

a presidente agrade-

ceu aos integrantes da co-

missão Organizadora do

29º enafit e a hospitalida-

de dos auditores-Fiscais

do Trabalho de Maceió.

“Todos sabemos das di-

ficuldades e a dedicação

que se exige para aque-

les que se propõem a re-

cepcionar os colegas do

Brasil todo”. ela comple-

tou que o ano foi de de-

dicação para realizar um

encontro que proporcio-

nasse a discussão de assuntos técnicos da categoria com

a participação de auditores-Fiscais em painéis e palestras.

“É gratificante para todos nós aplaudir a participação de

um colega que se preparou e vem ao encontro dividir um

pouco da sua experiência”.

Rosângela agradeceu também à empresa MeP eventos

que participou da organização do 29º enafit. “Nos últimos

anos, nosso encontro cresceu e sentimos a necessidade de

buscar a participação de parceiros profissionais”, disse.

O presidente da associação dos auditores Fiscais do

Trabalho de alagoas (afiteal), José Heleno Barros, além

de agradecer a presença dos colegas, ressaltou que o 29º

enafit foi realizado com muito carinho e vontade. “Falamos

sobre melhores condições de trabalho, dificuldades, injus-

tiças e desigualdade. Porém, acima de tudo, estivemos jun-

tos. essa união vai nos fazer crescer e construir um futuro

melhor para a categoria”.

O presidente da confederação iberoamericana de ins-

petores do Trabalho (ciiT), Francisco Luís Lima (Pi), afir-

mou que a 3ª Jornada iberoamericana da inspeção do Tra-

balho, parte da programação do 29º enafit, comprovou o

reconhecimento de que a inspeção do Trabalho no Brasil

é uma das mais bem estruturadas e fortes do mundo. ele

exemplificou que na França a auditoria-Fiscal do Trabalho

está à beira da extinção. “apesar de problemas que preci-

sam ser solucionados na auditoria-Fiscal do Trabalho do

país, a união da nossa categoria vai torná-la cada vez mais

forte”, concluiu.

Auditora-Fiscal do Trabalho de Alagoas é homenageada

a auditora-Fiscal do Trabalho aposentada, gedalva

Toledo (aL), foi homenageada pelos colegas durante o en-

cerramento do 29º enafit. ela recebeu um certificado das

mãos da presidente do Sinait, Rosângela Rassy e da vice-

-presidente de Relações internacionais da entidade, Rosa

campos Jorge. O momento foi marcado por muita emoção

e aplausos.

ao anunciar a homenagem, Rosângela destacou que

gedalva exerceu o cargo de Delegada Regional do Traba-

lho em alagoas e é uma referência entre os auditores. “ela

sempre foi respeitadíssima pela sua atuação e tem uma

vida particular marcada por grandes desafios”.

a presidente contou que gedalva ficou viúva aos 30

anos de idade, quando era uma jovem dona-de-casa e

mãe de nove filhos. “ela precisou enfrentar o desafio de

criar seus filhos, voltou aos bancos escolares e tornou-se,

na época, inspetora do Trabalho”. Bastante emocionada,

gedalva, que compõe a diretoria do Sinait e fez parte da

comissão Organizadora do 29º enafit, agradeceu o cari-

nho dos colegas. “Vocês são todos meus filhos agrega-

dos”, disse.

a ciDaDe de Salvador, capital da Bahia, foi eleita por

unanimidade pela Plenária Final do 29º encontro para sediar

o 30º encontro Nacional dos auditores-Fiscais do Trabalho

– enafit. Pela segunda vez Salvador receberá enafitianos. a

primeira foi em 1987.

a candidatura única de Salvador

foi apresentada pelo presiden-

te do Sindicato dos auditores-

-Fiscais do Trabalho da Bahia

- Safiteba, carlos Roberto Dias,

e precedida por uma verdadeira

campanha, com stand no saguão

do evento, distribuição da tradi-

cional fita de Nosso Senhor do Bonfim. ele disse que a Bahia

se oferece com convicção e entregou à presidente do Sinait o

“caderno de candidatura da Bahia”, um trabalho feito em par-

ceria com o convention & Visitors Bureau, cuja representante,

Vanessa, apresentou os aspectos principais da capital baiana,

destacando as opções para realização do evento e as atrações

turísticas, além de informações sobre gastronomia e cultura.

carlos Dias disse que todo o esforço será feito para realizar

um enafit à altura dos que vêm sendo realizados anteriormente,

avançando na organização para continuar man-

tendo a excelência da qualidade técnica, otimizar

o aproveitamento do tempo e distribuir melhor a

programação, ampliando os espaços de debate.

Os auditores-Fiscais do Trabalho da Bahia re-

ceberão os colegas de todo o Brasil com braços

abertos e com muita disposição para o trabalho.

A cidadeSalvador nasceu com o nome de São Salva-

dor da Bahia de Todos os Santos e foi uma das

primeiras cidades fundadas no Brasil, em 1549,

já que os colonizadores portugueses aqui chega-

ram pelo seu deslumbrante litoral, nas proximi-

dades de Porto Seguro.

29º ENAfIT6ª fEIRA .16/09/11

29º ENAfIT6ª fEIRA .16/09/11

48 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 49

30º ENAfIT

Salvador receberá o próximo EncontroÉ um dos destinos mais procurados por turistas bra-

sileiros e estrangeiros, conhecida como “capital cultural

do país”, berço de grandes artistas como Jorge amado,

caetano Veloso, gilberto gil, João gilberto, Maria Betâ-

nia, gal costa, Moraes Moreira, Dodô e Osmar, Daniela

Mercury e ivete Sangalo, só para ficar nos nomes mais

conhecidos. Manifestações culturais como o afoxé, os

grupos Olodum e Timbalada, entre outros, conservam ca-

racterísticas da ascendência africana, presente também

no sincretismo religioso que mistura o catolicismo com

o candomblé.

a época colonial está preservada no casario do centro His-

tórico, na parte alta da cidade, onde está o Pelourinho, consi-

derado Patrimônio Histórico da Humanidade. a palavra Pelou-

rinho refere-se a uma coluna de pedra no centro de uma praça

que, no Brasil era usada para castigar escravos. a área sofreu

grande degradação, mas graças a um projeto de recuperação

tornou-se um grande centro de cultura.

No carnaval a cidade recebe milhões de foliões e a festa é

registrada como o maior carnaval do Planeta. Os trios elétricos

e blocos se dividem em áreas da cidade e se juntam no último

dia, fazendo um verdadeiro duelo de canções.

Salvador já se prepara para sediar 30º enafit

carlos Dias apresentou a Bahia

Rosângela: encontro é gratificante

Sinait presta justa homenagem à história de gedalva

Page 26: revista 2012

29º ENAfITEVENTOS CULTURAIS

29º ENAfITEVENTOS CULTURAIS

50 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 51

OS TRaDiciONaiS eNOiTeS fizeram a alegria

dos enafitianos desde o primeiro dia.

Os enafitianos, ao entrar no saguão do cen-

tro de convenções, para a abertura do 29º

enafit puderam conferir os paineis da expo-

sição fotográfica organizada pelo Sinait para

marcar os 120 anos da inspeção do Trabalho

no Brasil, tema do encontro. a exposição foi

originalmente concebida para a câmara dos

Deputados, em maio, quando houve uma

Sessão Solene em homenagem à data.

O Hino Nacional e o Hino de alagoas foram

entoados em um curioso arranjo do artista

eliezer Setton, que mesclou as duas compo-

sições, com arranjo e melodia semelhantes,

em voz e violão. Depois da solenidade, a con-

fraternização foi no “Baile do Marechal”, ao

som da Banda conexão Latina, com repertó-

rio variado que agradou todas as gerações.

PROGRAMAÇÃOCULTURAL

Orquestra Santa cecília, da cidade de Marechal Deodoro, recebeu os enafitianos naabertura do encontro

Banda conexãoLatina animou

o Baile do Marechal

Hino Nacional com licença poética de eliezer Setton

exposição marcou 120 anos da inspeção do Trabalho

Trabalho foi possível...

...graças ao apoio de auditores-Fiscais do Trabalho de todo o país

Page 27: revista 2012

29º ENAfITEVENTOS CULTURAIS

29º ENAfITEVENTOS CULTURAIS

52 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 53

Na SegUNDa-FeiRa, uma noite de cultura com show do maior

imitador do Brasil, Marlon Rossy, eleito em concurso nacional.

além disso, na noite do dia 12 houve uma belíssima apresenta-

ção do Ballet Folclórico das alagoas, com o grupo Transart. O

evento aconteceu no Teatro Deodoro, uma bela construção do

início do século passado.

Plateia animada ... ... com o show do imitador Marlon Rossy

Balé Folclórico das alagoas foi apresentado pelo grupo Transart

...com o grupo alagoano

Dança regional...

a performance do imitador agradou bastante os enafitianos

Page 28: revista 2012

29º ENAfITEVENTOS CULTURAIS

29º ENAfITEVENTOS CULTURAIS

54 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 55

Uma programação diferente de tudo o que já se

viu nos enafits, aconteceu na noite de quarta-

-feira. Um luau nos jardins do Hotel Jatiuca,

com atividades esportivas para os auditores-

-atletas e música de boa qualidade, além de

comidinhas alagoanas.

a quinta-feira coroou o último enoite. O Forró

do Marechal, realizado no armazém Uzina, pos-

sibilitou um fechamento pra lá de agradável.

Situado num edifício histórico, com aproxima-

damente 150 anos, o estabelecimento é deno-

minado hoje de complexo cultural, por abrigar,

além das apresentações, diversas festas e expo-

sições de arte.

Na noite de 14/09 um luau com muita energia...

Na TeRça-FeiRa, como em todos os anos, a noite foi

dedicada aos auditores-Fiscais que fazem mais do que

fiscalizar, aqueles que têm talento natural para música

e outras artes. Na programação Aqui o artista é você, foi

dado espaço para que eles exercitassem seus dons, por

meio de um karaokê pra lá de animado. a choperia Ho-

raculo foi o palco deste enoite especial.

Sobrou animação na noite de 13/09

com o tema aqui o artista é você...

...a noite na choperia Horaculo...

...foi dos “Pratas da casa

... e animação embalou os enafitianos......nos jardins de um hotel com vista para o mar

Page 29: revista 2012

a auditora Rosa Jorge também concedeu entrevista, desta vez à Rádio cBN, quando falou da importân-

cia de alagoas sediar o encontro da categoria no ano em que a inspeção do Trabalho completa 120 anos.

Rosa falou ainda das ações de combate ao trabalho escravo e infantil e do crescimento dos acidentes de

trabalho no país.

O Sinait e a Afiteal agradecem a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para a realização do 29º Enafit.

À comissão Organizadora

Jose Heleno Vieira Barros - Presidente da afiteal

Rosângela Silva Rassy – Presidente do SiNaiT

Pelo Sinaitana Palmira arruda camargo

Fábio Ubirajara de campos Lantmann

Francisco Luís Lima

Hugo carvalho Moreira

Hugo Tallon Filho

Nilza Murari

Orlando Vilanova

Rosa Maria campos Jorge

Pela Afitealalex alexandre de Oliveira

andré Luiz Tavares Sarmento

José augusto da Silva costa

Jose Pulquerio Filho

Luciana Batista

Maria augusta Vergetti cardoso

Maria gedalva Toledo

Maria Salete de calazans Pacifico

Martha cavalcanti Leão da Fonseca

Railene cunha gomes

Rejane canuto de andrade

Sandra Maria cavalcante de cerqueira

aos auditores-Fiscais do Trabalho que aceitaram com alegria participar como palestrantes, paine-

listas, coordenadores ou mediadores das mesas. aos representantes da OiT e de países da améri-

ca Latina que compartilharam suas experiências, durante a 3ª Jornada iberoameticana de inspeção

do Trabalho. À SiT que sempre nos honra com sua presença nos enafits. aos acompanhantes que

nos brindaram com sua participação alegre. À MeP eventos pelo profissionalismo com que orga-

nizou um evento de tão grande porte. À imprensa alagoana, por dar espaço para a Fiscalização do

Trabalho mostrar o seu papel e sua contribuição para o desenvolvimento justo do Brasil e, por fim,

agradecemos aos alagoanos por nos receberem tão bem durante os seis dias do evento.

REPERCUSSÃO NA IMPRENSA

Enafit repercute na imprensa alagoanaRosângela Rassy fala ao Bom Dia Alagoas

a importância da auditoria-Fiscal do Trabalho tem sido reconhecida e pautou a imprensa de alagoas

durante a semana de realização do enafit. O evento foi assunto do Bom Dia alagoas, da TV gazeta, afiliada

da Rede globo em alagoas, na segunda-feira, 12 de setembro. Rosângela Rassy, presidente do Sinait, foi

entrevistada pelos âncoras do jornal local matutino para falar do evento e das atividades dos auditores-

-Fiscais do Trabalho. ela ressaltou alguns assuntos que foram discutidos no encontro, como o papel do

auditor-Fiscal do Trabalho na mediação de conflitos coletivos e os acidentes de trabalho que vêm aumen-

tando muito em razão do não cumprimento das normas de segurança. ela falou da possibilidade de os

trabalhadores e sindicatos denunciarem ao Ministério do Trabalho e emprego as práticas que ameaçam a

segurança nos locais de trabalho, nos plantões fiscais dos órgãos do MTe.

a presidente falou também do pequeno número de auditores-Fiscais do Trabalho que está contrariando

a convenção 81 da Organização internacional do Trabalho e da necessidade urgente de realizar um grande

concurso público.

acesse o link e veja a entrevista: http://gazetaweb.globo.com/v2/videos/video.php?c=12136

Entrevista com Valdiney Arruda sobre trabalho escravoNo dia 15 de setembro a TV gazeta, afiliada da Rede globo, deu espaço ao evento em uma entrevista

com o auditor-Fiscal Valdiney de arruda, no programa Bom dia alagoas.

Valdiney falou sobre trabalho escravo, uma prática que teoricamente foi erradicada no Brasil há mais de

cem anos, mas ainda persiste sob nova roupagem. Na entrevista ele destacou que em função de uma ação

de fiscalização realizada em 2008, 650 trabalhadores foram resgatados em alagoas.

Logo depois da entrevista na TV, Valdiney falou à Radio gazeta sobre o papel do auditor-Fiscal, a luta

para assegurar trabalho decente aos brasileiros e as dificuldades enfrentadas pela categoria, inclusive as

ameaças recebidas em função da sua atividade.

acompanhe as entrevistas de Valdiney arruda aqui:

http://www.radiogazetaweb.com/podcast.php?q=Waldiney&p=10#1

http://gazetaweb.globo.com/v2/videos/video.php?c=12186

Rádio CBN destaca 29º Enafit em sua programação

AGRADECIMENTOS

56 REVISTA DO SINAIT ESPECIAL 29º ENAFIT 57

Page 30: revista 2012

EXPEDIENTE

DIRETORIA (biênio 2009/2011)Presidente: ROSÂNGELA SILVA RASSY - PAVice-Presidente de Política de Classe: CARLOS ALBERTO TEIXEIRA NUNES - RJAdjunto: JOSÉ AUGUSTO DE PAULA FREITAS - MGVice-Presidente de Administração: ANTÔNIO CARLOS COSTA - SCAdjunto: FRANKLIM RABÊLO DE ARAUJO - CEVice-Presidente de Patrimônio e Execução Financeira: HUGO CARVALHO MOREIRA - CEAdjunto: LUIZ CARLOS SCHAWRTZ - DFVice-Presidente de Planejamento: ÊNIO CESAR TAVARES DA SILVA - RJAdjunto: HUGO TALLON FILHO - ESVice-Presidente de Comunicação e Divulgação: FÁBIO UBIRAJARA DE CAMPOS LANTMANN - PRAdjunto: CARMEM CENIRA PINTO LOURENA MELO - SP Vice-Presidente de Cultura e Aperfeiçoamento Técnico Profissional: CARLOS ROBERTO DIAS - BAAdjunto: JOSÉ SÉRGIO FERREIRA DA TRINDADE - SEVice-Presidente de Normatização Técnica e Assuntos Legais: SYLVIO GERALDO COUTO BARONE - RSAdjunto: BENVINDO COUTINHO SOARES - MAVice-Presidente de Inativos e Atividades Assistenciais: MARCO AURÉLIO GONSALVES - DFAdjunta: NAHIA KHALIL SAAD SAYEGH - MSVice-Presidente de Relações Públicas: ALBERLITA MARIA DA SILVA - PEAdjunto: ANTÔNIO MARCELO MENEZES - PBVice-Presidente de Segurança e Medicina do Trabalho: FRANCISCO LUÍS LIMA - PIAdjunto: RICARDO FLEURY BARCELLOS - MGVice-Presidente de Inspeção do Trabalho: ANA PALMIRA ARRUDA CAMARGO - SPAdjunto: VagoVice-Presidente de Relações Internacionais: ROSA MARIA CAMPOS JORGE - GOAdjunto: WLAUDECIR ANTONIO GOULART - MT

CONSELHO FISCAL Titulares:MILTON DE VASCONCELOS BATISTA - RNMARIA GEDALVA TOLEDO - ALMARIA IMACULADA VERAS SIQUEIRA - PESuplentes:MARGUS FIGUEIREDO ZOCH - RSCREUZA FERREIRA BARBOSA - AMJALSON JÁCOMO DO COUTO - TO

Jornalistas responsáveis: Cláudia Machado (MG 06093JP) e Nilza Murari (MG 04352JP)Edição: Cláudia Machado(MG 06093JP)Redação: Aletheia Vieira, Claúdia Machado, Lourdes Marinho e Nilza Murari.Revisão: Cláudia MachadoProjeto gráfico e editoração eletrônica: Viralata Design (31) 3421-1738Impressão: Gráfica CharbelTiragem: 6.000 exemplaresAs matérias podem ser reproduzidas, desde que citada a fonte.

Revista do Sinait – especial 29º enafit

Janeiro/2012 – Nº 17

Publicação do Sindicato Nacional dos auditores-Fiscais do Trabalho - Sinait

ScN Quadra i, bloco c no 85 – ed. Brasília Trade center – Brasília/DF – ceP: 70.710-092

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SINDICATO NACIONAL DOS AUDITORES fISCAIS DO TRABALHO