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O monstro da crise promete permanecer ainda por algum tempo assombrando a cadeia produtiva da pecuária brasileira. Só em 2010 é que se esperam melhoras. CRISE ATÉ QUANDO? Preço alto: consumidor não é beneficiado pela queda no preço do boi e da carne no atacado O Secretário da Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz, fala como anda a sanidade no mercado de carnes VEJA ENTREVISTA Abrafrigo Revista da ED. Nº 2 | ANO 1 | MAIO DE 2009 SC, RS e PR estão se preparando para tentar uma retomada nas exportações de suínos para os países membros da União Europeia

Revista Abrafrigo02

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Revista da v e j a e n t r e v i s t a O monstro da crise promete permanecer ainda por algum tempo assombrando a cadeia produtiva da pecuária brasileira. Só em 2010 é que se esperam melhoras. › Preço alto: consumidor não é beneficiado pela queda no preço do boi e da carne no atacado › SC, RS e PR estão se preparando para tentar uma retomada nas exportações de suínos para os países membros da União europeia e D. N º 2 | A N O 1 | m A iO D e 2 0 0 9

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O monstro da crise promete permanecer ainda por algum tempo assombrando a cadeia produtiva da pecuária brasileira. Só em 2010 é que se esperam melhoras.

criseAté quAndo?

› Preço alto: consumidor não é beneficiado pela queda no preço do boi e da carne no atacado

O Secretário da Defesa Agropecuária, Inácio

Kroetz, fala como anda a sanidade no mercado de carnes

veja entrevistaAbrafrigoRevista da

eD. N

º 2

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AiO

De

2009

› SC, RS e PR estão se preparando para tentar uma retomada nas exportações de suínos para os países membros da União europeia

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .3

Associação Brasileira de Frigoríficos Av. Cândido de Abreu, 427 - 16º andar - sala 1601/1602 - Centro Cívico - CEP 80530-000

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Expediente

Deflagrada a crise, com maior re-percussão nas grandes empresas, com os pedidos de recuperação judicial contaminando os peque-

nos e médios devido a queda de confiança generalizada por parte dos produtores, e de certo modo absolutamente compreen-

sível, é chegado o momento da união das entidades de classe vinculadas a pecuária de corte. Ao invés de lançar críticas uns aos outros, agora é hora de concentrar esfor-ços, de procurar objetivos comuns e trabalharmos em conjunto visando o interesse maior da cadeia produtiva.

Quando se quebra um elo da corrente, como ocorre hoje com os pedidos de recuperação judicial por parte de alguns frigoríficos, há um efeito cascata ameaçador que atinge a todos, mas de forma direta o produtor e o pequeno e médio frigorífico. O pecuarista por não rece-ber no devido tempo os pagamentos de suas vendas, e as empresas por serem atingidas pelo descrédito dos pro-dutores e do sistema bancário, em especial do BNDES, que imagina haver no país apenas os grandes frigoríficos, esquecendo dos demais que são responsáveis por 70% do abastecimento nacional e que geram, juntas, um número de empregos bem superior àqueles gerados pelas grandes empresas. A atuação do BNDES no setor da indústria frigorífica brasileira deveria ser objeto de uma apreciação mais cuidadosa por parte das autoridades.

A crise também é alimentada pela enorme mar-gem de lucro praticada pelas grandes redes de varejo. A inovação tecnológica no campo e a busca incessante por redução de custos na indústria são anuladas automatica-mente por estas margens. Além do consumidor, todos os demais elos da cadeia são prejudicados. É chegada a hora de se discutir com profundidade este tema.

Boa parte desta crise foi causada pela imprudência de alguns, mas também pela conjuntura econômica mun-dial que retraiu as exportações e o consumo na maioria dos países. Precisamos, imediatamente, de medidas de recuperação do setor, devolvendo ao pecuarista a con-fiança no mercado, fator indispensável para a manutenção da cadeia produtiva da carne, dos negócios no campo e do emprego na cidade. E só trabalhando juntos, e numa mesma direção, elas vão acontecer.

Péricles Pessoa SalazarPresidente

É hora de unir esforços contra a crise

4. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

Queda nas Exportações

O monstro da crise promete permanecer ainda por algum tempo assombrando a cadeia produtiva da pecuária brasileira. A perspectiva é a de que a tão esperada recuperação só virá em 2010, quando começam a desaparecer alguns dos problemas estruturais e os decorrentes da crise no mercado.

CrisE Até quando

Capa

08Pág

Índice

indicadores do trimestre pg 05

De volta ao melhor do mercado: no bojo da recuperação da imagem das questões que envolvem sanidade animal pelo Brasil, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul querem voltar a exportar suínos para União Européia.

Inácio Afonso Kroetz, Secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento fala sobre a situação da sanidade no Brasil e sobre a recuperação da imagem da sanidade animal no país.

Em busca do tempo perdido

entrevista

16Pág

Consumidor não é beneficiado pelo varejo com a queda no preço do boi e da carne no atacado.

Caro para o Consumidorvarejo

30Pág

Produção de Suínos pg 18

A crise econômica mundial e seu efeito sobre a cadeia produtiva da carne acelerou a negociação entre entidades para se promover a esperada solução para as distorções tributárias ocasionadas pelas alíquotas do Pis/Cofins. Segundo o Governo, a solução está tão próxima como nunca esteve.

Pis/Cofins pg 22

Abrafrigo é contra desmatamento ilegal na Amazônia entidade está disposta a somar com o Governo e trabalhar junto para que o meio-ambiente seja preservado.

Pela Preservação pg 27

Exportações de boi vivo caem no país, depois de crescer em ritmo frenético, dobrando ano após ano.

Boi vivo pg 28

Notas pg 36

Principal entidade de apoio a eventos que promovem o comércio exterior brasileiro, a APEX é um canal fechado para os pequenos e médios frigoríficos do país que querem ingressar no mercado internacional.

Comércio exterior pg 35

4. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

O governo está estudando a manutenção ou eliminação do imposto de exportação sobre o couro wet-blue que desde 2006 é de 9%. A Abrafrigo é a favor da manutenção da taxa.

Curtumes pg 32

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .5

indicadores do trimestre

As exporta-ções de carne bovina para a Rússia e para

a União Euro-péia os dois maiores clientes do Brasil vol-taram a aumentar

a partir do mês de março

Boa Notícia

Os números do primeiro trimestre

Para a Rússia, houve um aumento de

1,31% no volume exportado e para a

União Europeia, o volume exportado

cresceu 10,16%.

Aumento

No primeiro trimestre de 2009,

houve um recuo de 17,2% em relação

ao mesmo período de 2008 nas exportações

de carne bovina

Queda nas Exportações março de 2008.

A boa notícia é que as ex-portações de carne bovina para a Rússia e para a União Euro-péia os dois maiores clientes do Brasil voltaram a aumentar a partir do mês de março. Em relação a fevereiro de 2009, o volume de carne bovina expor-tada para a Rússia cresceu 23,5% em março. No mesmo período, as exportações para a União Eu-ropéia cresceram 28,6%. As ex-portações também aumentaram quando comparadas a março de 2008. Para a Rússia, houve um aumento de 1,31% no volume exportado e para a União Euro-peia, o volume exportado cres-ceu 10,16%.

30Pág

As exportações de carne bo-vina tiveram um recuo de 17,2% no primeiro trimestre de 2009 em relação ao mesmo período de 2008, o que já era esperado devi-do aos efeitos da crise econômi-ca mundial que também reduziu o consumo, e a oferta restrita de gado no Brasil, segundo levanta-mento feito pela Abrafrigo, com base em dados do Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa). Segundo o levantamen-to, o país registrou embarques de 284.239 mil toneladas, abaixo das 343.336 mil toneladas expor-tadas entre janeiro e março de 2008. A receita obtida ficou em US$ 862 milhões, o que repre-senta uma queda de 28,3% sobre os US$ 1,171 bilhão registrados nos três primeiros meses do ano passado. As importações de carne bovina ficaram 4,457 mil toneladas, abaixo das 7,891 mil toneladas adquiridas de janeiro a

6. Revista da ABRAFRIGO janeiro de 2009

recuo

Estados

Mato Grosso do sul

São Paulo registrou recuo de 25% na exportação de carne bovina no primeiro trimestre de 2009. Goiás, outro grande exportador, reduziu suas exportações em 29%

No primeiro trimestre de 2008 o Estado não estava liberado para exportar para alguns países em função da aftosa ocorrida em 2005, e com a liberação atingiu uma comercialização 87% maior em 2009.

Devido a situação peculiar provocada pelos surtos de aftosa de 2005 e o proces-so de retorno ao mercado internacional por parte de alguns estados, em algumas unidades da federação as exportações au-mentaram no mesmo período.

São Paulo continua sendo o maior ex-portador de carne bovina do Brasil, em-bora tenha registrado recuo de 25% no primeiro trimestre de 2009. Goiás, outro grande exportador, reduziu suas exporta-ções em 29%, mas ainda representa 11,3% do total.

Pelo viés de recuperação, o Mato Grosso do Sul é um dos Estados que me-rece destaque. No primeiro trimestre de 2008 o Estado não estava liberado para exportar para alguns países em função da aftosa ocorrida em 2005, e com a liberação atingiu uma comercialização 87% maior em 2009. Situação semelhante aconteceu com o Paraná, que registrou aumento de 156% nas exportações no período, apesar de sua representação no total de exporta-ções do Brasil ainda ser pequena para um estado com rebanho de mais de 10 milhões de cabeças.

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .7

Novos mercados

Principais Mercados

Segundo as informações da Abra-frigo, enquanto ainda há poucas fazen-das brasileiras habilitadas para exportar para a União Européia – 862 no total no primeiro trimestre de 2009 – a Rús-sia continua sendo o principal cliente de carne e derivados de bovinos do país, com compras de 73.586 toneladas no trimestre, equivalentes a US$ 176,8 mi-lhões, com queda de 4% na quantidade e de 27% no valor. Hong Kong ficou na segunda posição, mas com valores crescentes: importou 51,9 mil toneladas a um valor de U$ 146,2 milhões, com crescimento de 7% na quantidade e de 13% no valor. Na terceira posição fi-cou o mercado norte-americano, com importações de 13 mil toneladas a um valor de US$ 67 milhões, queda de 3% na quantidade e de 5% em valor. A Ve-nezuela, outro bom cliente brasileiro, veio na quarta colocação com compras de 9,7 mil toneladas a um valor de US$ 41,5 milhões, com queda de 55% em quantidade e de 43% em volume.

ExportaçãoAngola (foto acima) importou

mais 163% em volume e a receita cresceu 149%

A Jordânia aumentou em 38% suas compras, Israel em 15% e o Líbano em 41%

O Brasil tem con-seguido bons resulta-dos em vendas para novos mercados mas geralmente as quanti-dades ainda são peque-nas e não conseguem compensar os tombos sofridos nos mercados mais tradicionais. Os destaques, neste aspec-to, são vendas para a Argélia, que cresceram 49% em quantidade e

43% em preço – 15,6 mil toneladas e US$ 40,4 milhões em valor, o que colocou aquele país na quinta posição entre os maiores clien-tes brasileiros. Angola importou mais 163% em volume e a receita cresceu 149%. A Jordâ-nia aumentou em 38% suas compras, Israel em 15% e o Líbano em 41%.

8. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .9

A cadeia produtiva da car-ne ainda está no olho do furacão e todos os funda-mentos da crise ainda con-

tinuam. No mês de março passado, houve um pequeno aumento das exportações, o que cria a expecta-tiva de que o mercado externo vai melhorar e elas irão aumentar. Isso pode ajudar o mercado interno como um todo a crescer. O motivo é simples: se os grandes frigoríficos enviam a car-ne para fora do país, dei-xam de vender no merca-do interno e os pequenos e médios que respondem por 70% do abasteci-mento do mercado no país ocupam estes espa-ços e vendem mais. Isso é positivo. É preciso que 30% da produção brasi-leira seja normalmente destinada para o merca-do externo, mas isso hoje em dia ainda está na faixa dos 22%.

A crise está aí e o governo ain-da não se mexeu para valer. Exis-tem várias alternativas para se fazer algo: a distorção tributária do PIS/Cofins ainda continua penalizando a indústria que não exporta. Seria também uma parte da solução da crise recuperar para os frigoríficos exportadores os créditos que eles têm direito junto a Receita Fede-ral, de aproximadamente R$ 600 milhões.

Dar liquidez a estes créditos é

importante porque assim estas em-presas conseguem capital de giro para alavancar seus negócios e aca-ba o receio do produtor de não re-ceber por seu produto como vinha acontecendo em alguns casos. Pre-cisamos também apressar a habili-tação de mais fazendas brasileiras aptas a vender seus animais para a União Européia. Há um projeto em andamento que prevê que pelo

menos 2,5 mil proprieda-des estarão certificadas pela UE até o final de 2009, mas ele está andan-do muito devagar e não atingimos sequer a 900 fazendas habilitadas nes-te início de ano.

A Abrafrigo já se po-sicionou contra a injeção de recursos públicos do BNDES nas empresas que pediram recuperação judicial. O argumento:

enquanto os ventos sopraram a fa-vor estes frigoríficos ganharam di-nheiro e agora não é possível redes-cobrir a velha história brasileira de se privatizar o lucro e se socializar o prejuízo. A entidade entende, e tem defendido isso em Brasília, que o governo não deve socor-rer os grandes frigoríficos a não ser com uma exceção: que este socorro financeiro seja dinhei-ro carimbado para que eles pa-guem suas dívidas com os pro-dutores.

Os pedidos de recuperação

As perspectivas para 2009 não são boas e a tão esperada recuperação mesmo só para 2010, quando começam a desaparecer alguns dos problemas estruturais e os decorrentes da crise no mecado internacional. O jeito é agir com cautela, conservadorismo e criatividade. Afinal, os mais aptos com certeza vão sobreviver.

CrisE, até quando?

"Hove um total de 7 mil demissões nos últimos tempos no setor por conta da ociosidade das plantas que está em 50%"

Capa

Crise por EstadoA maior parte das 50 plantas fechadas

são destinadas a exportação e pertencem a grandes grupos do setor. São 15 plantas do independência, 14 do frigorífico margen, nove unidades do Arantes, oito do Quatro marcos e três do frigo estrela.

A crise no setor da cadeia produtiva da carne atingiu a quase todos os estados brasileiros, uns mais outros menos. O que se sabe porém, é que nunca houve tantos frigoríficos desativados no Brasil e, somente das plantas que possuem inspeção federal, pelo menos 50 estão paralisadas. A seguir um quadro da situação em alguns dos principais estados produtores brasileiros.

mercados que perdemos por falta de animais no passado, mas nem isso irá acontecer”, completa. De um abate em 2006 de 2 milhões e 100 mil animais o estado viu cair o volume para 1 milhão e 350 mil cabeças no ano passado, esperando chegar a 1 milhão e 600 mil cabeças neste ano. Com a falta de animais, o Rio grande do Sul já vinha ajustando o seu parque industrial a uma situação de crise desde 2007 e se esperava que fosse o primeiro estado a retomar o crescimento do setor até o final de 2009. Agora não há previsão de quando isso pode acontecer.

miNAS geRAiS O frigorífico independência anunciou que está retomando as atividades de abate e desossa na unidade de janaúba, em minas gerais. Durante o processo de retomada, a capacidade de abate inicial será de 400 cabeças de bovinos ao dia, com o retorno ao trabalho de 300 funcionários. Agora há somente uma planta parada em minas gerais. O frigorífico Arantes, em Unaí, no Noroeste. Segundo o presidente da Associação dos frigoríficos de minas gerais, espírito Santo e Distrito federal (Afrig), Sílvio Silveira, existe outra planta que também está passando por dificuldades.

mAtO gROSSOesse é o estado que lidera o ranking das unidades paralisadas com 26% do total no país: das 34 plantas existentes, 14 fecharam suas portas demitindo seus 7.800 empregados. Apesar de possuir um rebanho de 26 milhões de cabeças, o maior rebanho comercial do país, ou quase 13% do gado nacional, “não está havendo oferta de boi gordo para abate e nem vemos uma reversão de situação a curto prazo porque além das unidades paradas as que ficaram estão com pelo menos 20% de capacidade ociosa”, conta luiz Antônio freitas, presidente do Sindicato das indústrias frigoríficas de mato grosso (Sindifrigo-mt). Hoje o abate está estacionado na faixa de 3,5 milhões de cabeças anuais no Sif e entre as plantas que fecharam estão as do frigorífico independência (5 plantas), Arantes (2 plantas), Quatro marcos (4 plantas), tatuivi (1 planta) e margem (1 planta).

PARANá Dois frigoríficos fecharam as portas no fim de março. A unidade do torlim localizada em Umuarama, na região Oeste, encerrou as atividades e dispensou 240 empregados. Antes dele, o frigojara, do município de tapejara, demitiu 140 pessoas e parou de funcionar. A terceira empresa a demitir em 2009 foi o frigorífico mercosul, de Nova londrina, região noroeste do Paraná, que mandou embora 400 empregados. em dezembro, pouco antes do Natal, o mercosul fechou a unidade que operava no município de Paiçandu, próxima a maringá, e demitiu 450 empregados. Na ocasião, os abates da região foram transferidos para Nova londrina.

RiO gRANDe DO SUlO estado já vinha sendo afetado pela crise da falta de boi para abate desde 2007 e se esperava que em 2009 se retomasse o crescimento do setor e redução da capacidade ociosa com o aumento das exportações. “Depois de muito tempo, a oferta de bois está crescendo 20% neste ano e esperávamos um crescimento igual, mas a crise econômica mundial do

final do ano passado está reduzindo essa previsão para 10%”, conta

Ronei Alberto lauxen, presidente do Sindicato da indústria de Carne e

Derivados no Rio grande do Sul – Sicadergs. “Nós imaginávamos

que iríamos recuperar alguns

10. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

mAtO gROSSO DO SUlA crise comprometeu o emprego de pelo menos cinco mil trabalhadores do setor segundo o Sindicato dos trabalhadores nas indústrias de Alimentação de Campo grande e Região. Pelo menos 12 abatedouros de carne, incluindo frango e bovinos, estão fechados no estado. entre eles, o independência que anunciou suspensão nos abates em todo o país, incluiu as unidades de Nova Andradina e Anastácio enquanto que o frigorífico torlim, o maior abatedouro de Amambai, deu férias coletivas a 299 empregados.

gOiáS De acordo com a federação da Agricultura de goiás, a crise no setor de carnes atinge várias empresas. Sete dos 32 frigoríficos instalados no estado paralisaram as atividades. todos estão em processo de recuperação judicial ou aguardando que o pedido seja julgado. eles pertencem aos quatro grupos frigoríficos que possuem filiais no estado e entraram com pedido ou já estão em recuperação judicial. Somente o frigorífico independência era responsável por 20% do volume de gado abatido no estado em suas duas unidades fechadas com abate de dois mil bois por dia.

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .11

12. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

Redução das margens "absurdas” dos supermercados para que o produto flua com maior rapidez e aumente e consumo para ajudar a cadeia produtiva da carne.

Medidas preconizadas pela Abrafrigo para atenuar a crise

1 Correção da distorção tributária do PIS/Cofins

2 Dar liquidez aos créditos acumulados pelos frigoríficos exportadores

Linhas de financiamento para frigoríficos pequenos, médios e grandes que puderem dar garantias reais.

35

4

6

Não injeção de recursos públicos do BNDES nas empresas que pediram recuperação judicial . A exceção que a Abrafrigo admite é o financiamento “carimbado” para pagar dívidas junto aos produtores.

Financiamentos e créditos aos pecuaristas para retenção de matrizes e melhoramento genético do plantel.

12. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .13

O lento retorno das exportações

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .13

Hoje a tonelada está cotada a US$

2,6 mil contra preços médios

de US$ 4,5 mil no ano passado

Um dos setores mais afetados pela queda das exporta-ções brasileiras em virtude da crise mun-

dial, a venda de carne bovina só deve voltar aos mesmos patama-res de volume de vendas exter-nas do ano passado a partir do segundo semestre e com preços inferiores aos praticados antes da crise. Hoje a tonelada está cota-da a US$ 2,6 mil contra preços médios de US$ 4,5 mil no ano passado. Contribuem para isso a demora na reabertura do merca-

do chileno e a lenta negociação com a União Europeia, para a habilitação de novas fazendas exportadoras. No primeiro trimestre do ano, o Bra-sil embarcou 284 mil toneladas de carne bovina, 17,2% menos que em igual período de 2008. Os preços médios também recuaram 11% no período para US$ 3,037 mil a tone-lada com alguns cortes de exporta-ção gerando prejuízo e outros mais rentáveis compensando a perda. O que resolve mesmo a manutenção das operações é o dólar valorizado que a sustenta a receita dos frigorífi-cos exportadores.

14. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

judicial destas seis empresas con-taminaram também a imagem dos pequenos e médios frigoríficos. Os produtores ficaram desconfiados, de uma maneira geral, de todos os frigoríficos brasileiros, indepen-dente do seu tamanho. E quando eles estão vendendo boi para os fri-goríficos estão exigindo pagamen-to à vista. Os pequenos e médios não tem capital de giro suficiente para comprar o boi à vista e ven-der a prazo para os supermercados. Para as grandes redes de varejo o que importa é o preço e quanto mais baixo melhor. Com isso, hou-ve uma queda acentuada de preços da carne sem osso no atacado, mas o varejo se aproveitou da situação para melhorar ainda mais suas mar-gens já bastante altas, repassando muito pouco do ajuste para o con-sumidor final. Até a crise, o frigo-rífico comprava boi com 30 dias de prazo e vendia com 30 dias de pra-zo para receber. Esse era o padrão. A indústria agora tem o interesse que, além de pagar a dívida que eles têm com os produtores para restau-rar a confiança no mercado, é pre-ciso que se volte a poder comprar boi a prazo para entrarmos nova-mente na normalidade do mercado. É mais do que urgente restabelecer de novo a confiança do produtor nas empresas. E também fazer com que os preços que são pagos ao produtor se mantenham nos níveis que estão. A exportação ajuda a man-ter o preço em alta para o produtor e a indústria tem interesse que o pro-dutor faça a retenção de matrizes. Uma solução também do governo se-ria dar financiamento aos produtores para reter ma-trizes e melhorar gene-ticamente seu plantel e com isso a indústria terá matéria prima garan-tida. Retenção de matrizes significa

boa oferta de matéria prima no fu-turo. Há estudos que dizem que en-tre 2005 e 2008 o rebanho bovino brasileiro encolheu em 6%, ou seja, quase 12 milhões de cabeças sim-plesmente desapareceram. A ocio-sidade do setor é efeito da crise, há 40% de ociosidade no setor porque não existe oferta adequada às em-

presas. Nós precisamos do rebanho de 170 mi-lhões de cabeças com um desfrute anual de 20%, ou 34 milhões de cabe-ças anuais. Elas precisam ser disponibilizadas para os frigoríficos para a for-mação de escala. Capaci-dade ociosa sempre teve na indústria. Hoje o setor cresceu muito. Houve na verdade um inchaço no setor no número de em-presas. Os exportadores cresceram de forma até

irresponsável, sem olhar para o fu-turo, prejudicando e fazendo dum-ping para prejudicar os pequenos e

Efeitos da crise

estima-se que um total de 50 unidades brasileiras estão com os abates paralisados por conta dos reflexos da crise. De acordo com

o presidente da Abrafrigo, Péricles Salazar, o abate mensal dessas

unidades é de 450 mil cabeças e chega a representar 15 mil postos

de trabalho.

"Neste ano e esperávamos um crescimento igual, mas a crise econômica mundial do final do ano passado está reduzindo essa previsão para 10%"

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .15

médios e depois comprá-los lá na frente. A crise agora vai depurar o mercado. Muitas empresas vão se inviabilizar e isso já está acontecen-do com alguns grandes frigoríficos, mas também vai afetar os peque-nos e médios empreendimentos. O número de empresas vai diminuir por uma seleção natural do merca-do e isso é irreversível.

Nem no Rio Grande do Sul, estado já vinha sendo afetado pela crise da falta de boi para abate des-de 2007 e se esperava que em 2009 se retomasse o crescimento do se-tor e redução da capacidade ociosa com o aumento das exportações, se vê alguma luz no fim do túnel. “Depois de muito tempo, a oferta de bois está crescendo 20% neste ano e esperávamos um crescimento igual, mas a crise econômica mun-dial do final do ano passado está reduzindo essa previsão para 10%”, conta Ronei Alberto Lauxen, presi-dente do Sindicato da Indústria de Carne e Derivados no Rio Grande do Sul – Sicadergs. “Nós imaginá-vamos que iríamos recuperar al-

guns mercados que perdemos por falta de animais no passado, mas nem isso irá acontecer”, completa. De um abate em 2006 de 2 milhões e 100 mil animais o estado viu cair o volume para 1 milhão e 350 mil cabeças no ano passado, esperan-do chegar a 1 milhão e 600 mil cabeças neste ano. Com a falta de animais, o Rio Grande do Sul já vinha ajustando o seu parque in-dustrial a uma situação de crise desde 2007 e se esperava que fos-se o primeiro estado a retomar o crescimento do setor até o final de

2009. Agora não há previsão de quando isso pode acontecer.

A sugestão da Abrafrigo é a de que o governo poderia abrir linhas de crédito para o conjunto dos frigoríficos, para empresas in-dependente do seu tamanho, mas somente para as que possam dar garantias reais. O BNDES não pode dar dinheiro para empresas que não tem mais garantias reais para oferecer. O resto o mercado vai resolver. Em 2010 nós vamos começar numa situação um pou-co diferente. Os efeitos da crise vão perdurar por todo 2009, mas vamos retomar as ofertas de boi para abate em função do proces-so de retenção iniciado em 2008. A recomendação da Abrafrigo é que todos sejam conservadores e cautelosos. Que procurem agre-gar valor ao produto, desossando a carne vendendo cortes pron-tos. É preciso a criatividade neste momento para sair da crise. Mas é preciso também corrigir a dis-torção tributária do PIS Cofins e capitalizar os exportadores com os créditos acumulados na Receita Federal ›‹

O frigorífico Independência (foto) anunciou em março o fechamento de mais três unidades industriais e a demissão de 2,8 mil funcionários, enquanto prossegue com uma reestruturação com o objetivo de continuar operando.

A companhia, que entrou com pedido de recuperação judicial tanto no Brasil como nos Estados Unidos, disse que fechou a unidade de abate e desossa de Confresa, no Mato Grosso, a unidade de charque em Pires do Rio, Goiás, e a de abate em Nova Andradina, no Mato Grosso do Sul, onde apenas o curtume continuará existindo.

Medidas para continuar operando

Na cadeia produtiva os preços que estão sendo pagos ao produtor ainda são atrativos e incentivam a fazer a re-tenção de matrizes. Não se pode dei-xar que o produtor saia da atividade e

arrende suas terras para a produção de etanol e para isso é preciso preço bom. Os pequenos e médios frigoríficos estão sofrendo pre-juízos primeiro porque há maior oferta de carne no mercado in-terno pela queda das exportações e redirecionamento das vendas e com isso o preço caiu, não remunerando todo os seus custos. Além disso, a capacidade ociosa elevada prejudica a cobertura de custos fixos da empresa que está descapitalizada. O boi representa para a indústria entre 83% a 85% do seu custos, algo muito elevado. Não há como pagar, por exemplo, o PIS Cofins, não há capacidade contributiva. Há um quadro de insolvência geral. As empresa vão pedalando: perde num mês, ganha no outro. Os grandes frigorífi-cos superestimaram suas plantas, cresceram muito e foram preju-dicados pela queda das exportações.

Cadeia Produtiva

16. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

As exportações de aves, suínos e bovinos já representam 19% das exportações totais brasileiras. É possível melhorar isso ainda mais? › Revista da Abrafrigo

Kroetz › Esta claro que sim. A União Europeia, Japão, Estados Unidos e Coreia do Sul são merca-dos exigentes, remuneram melhor o produtor, mas exigem sanidade, qualidade e competitividade. Isso

só é possível com um intenso tra-balho de defesa sanitária. Na área de União Européia, o programa de rastreabilidade e as auditorias do Ministério da Agricultura estão habilitando propriedades cadastra-das no Sisbov para exportar carne in natura para países europeus e até o momento 862 propriedades estão habilitadas. Mas passamos antes disso pelo menos sete anos de ga-rantias não atendidas na questão da identificação individual de bovinos e na rastreabilidade.

E aonde devemos melhorar? › Revista da Abrafrigo

Kroetz › É preciso reestruturar o sistema de defesa sanitária, com mais infra-estrutura, pessoal e tecnologia, melhores sistemas de informação e mais envolvimento do produtor rural. Precisamos me-lhorar o status sanitário brasileiro quanto a doenças como febre afto-sa, encefalopatia, peste suína clás-sica e doença de Newscastle. Hoje, o Brasil luta para ter reconheci-mento internacional de áreas con-tínuas livres de febre aftosa. Temos regiões com áreas livres sem vaci-nação, áreas livres com vacinação, áreas com médio risco, com alto risco, e áreas de risco desconheci-do. Isso dificulta o reconhecimen-to internacional. Estamos refor-çando a vigilância, a investigação e

a produção de provas ativas para que, até o final de 2010, possamos comprovar que não há febre aftosa em parte alguma do País.

Por que isso é tão importante? › Revista da Abrafrigo

Kroetz › O Brasil ainda precisa se livrar do estig-ma da febre aftosa. No momento em que estivermos

Em busca do tempo perdido

entrevista

O MÉDICO VETERINáRIO Inácio Afonso Kroetz, Secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) assumiu em 2007 com a missão de recuperar a imagem da sanidade na pecuária brasileira, atingida pelos golpes da descoberta de focos de febre aftosa no Mato Grosso. É algo que pode impedir o país de se manter como o maior player do mercado internacional no setor, posição conquistada nos últimos anos, porque a sanidade é uma barreira não convencional e pode ser sempre alegada no momento em que um país deseja fechar seu mercado aos produtos de outros. Desde 1985, é pesquisador da área Técnica de Reprodução Animal e Melhoramento do IAPAR em Londrina-PR. Nessa entrevista, Kroetz fala sobre a situação da sanidade no Brasil e sobre a recuperação da imagem da sanidade animal no país.

Inácio Afonso Kroetz,

Secretário de Defesa

Agropecuária do Mapa.

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .17

livres da febre aftosa, mesmo com vacinação, nós vamos alcançar mercados que são mais exigentes, mas que por sua vez pagam melhor. Nas últimas campanhas contra a febre aftosa nós imunizamos cerca de 168 milhões de animais na primeira etapa e 170 milhões na segunda, atingindo uma cobertura de 96% e 97%, respectivamente. No Brasil, a va-cinação contra a febre aftosa é praticada em todos os estados e no Distrito Federal, com exceção de Santa Catarina, que é livre da doença, e não usa a vacinação desde 2000. A campanha de 2009 contra a aftosa começou em fevereiro último. A meta é que o Brasil esteja livre da febre aftosa com vacinação dos animais até o final de 2010 e que, no futuro, a vacinação não seja mais necessária, como ocorre atualmente em Santa Catarina. O Japão, por exemplo, só compra carne de países livres de aftosa sem vacinação e os Estados Unidos estão em processo de análise de risco para importação de carne bovina in natura do Brasil, há pelo menos 9 anos.

E qual é o quadro atualmente? › Revista da Abrafrigo

Kroetz › Desde 2006 o Brasil não re-gistra circulação do vírus da febre aftosa mas, segundo a Organização Internacio-nal de Saúde Animal (OIE) os estados do Amazonas, de Roraima, do Amapá, parte do Pará, do Maranhão, do Piauí, do Ceará, do Rio Grande do Norte, da Paraíba, de Pernambuco e de Alagoas ainda não são considerados livres da doen-ça. Atualmente, Venezuela, Equador e Bolívia são países de risco de febre aftosa na América do Sul e enquanto tivermos no continente sul americano países com risco de aftosa nós não podemos bai-xar a guarda nem no trânsito [de animais] nem na vacinação. A febre aftosa não é letal, mas afeta a produtividade do animal doente e é de fácil difusão.

E isso atrapalha muito os negócios no mercado externo? › Revista da Abrafrigo

Kroetz › Nenhum país quer importar esse vírus de quem exporta carne. É uma doença que mede a eficácia do sistema veterinário nacional, é o termô-metro da saúde animal, essa é a principal conota-ção da aftosa. O Brasil tem o maior rebanho bovino mundial comercial, com cerca de 200 milhões de cabeças, segundo o Mapa, e é o maior exportador mundial de carne bovina, mas passa por uma fase de

declínio nas exportações devido à crise econômica mundial. O Brasil está exportando menos porque não há compra, há escassez de crédito para importa-ção e para exportação. No momento que os bancos fornecerem crédito acessível aos exportadores e aos importadores o Brasil, certamente, vai voltar aos seus patamares anteriores.

E quais as conclusões do Mapa para que o país tenha a imagem de um local sem problemas de sanidade animal? › Revista da Abrafrigo

Kroetz › Os problemas sanitários são usados como principal argumento para restrição ao comércio de

carnes. O sistema de controle veterinário brasileiro precisa integrar as informações de toda a cadeia produtiva. O sistema tem que envolver todos os níveis de governo - federal, estadual e municipal - e o se-tor privado. A conquista e a manutenção da confiança de mercados importadores é fator fundamental para a economia pecu-ária.A abordagem da equivalência de sistemas de controle sanitário é fundamental para resguardar as peculiaridades do sistema de produção nacional. A conciliação dos interesses da cadeia produtiva, principal-mente entre produtores e indústrias, deve ser buscada para permitir convergência no caminho a ser seguido.

Quando o Sr. entrou no Governo o cenário era desalentador na área da carne bovina. Como está agora? › Revista da Abrafrigo

Kroetz › Em janeiro de 2008 se completaram sete anos de garantias não atendidas referentes identifi-cação individual de bovinos / rastreabilidade. Os Estados reconhecidos como livres de febre aftosa pela OIE eram apenas o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Roraima, Acre, Rondônia e o Sul do Pará, além do dois municíos do Amazonas. A área habili-tada para exportação era apenas o território de quatro estados e parte do território de outros dois. Ademais, autoridades veterinárias estavam sem confiança no Brasil.

Hoje há o cumprimento das garantias sobre a identificação individual de bovinos / rastreabilidade, a área reconhecida pela OIE como livre de febre afto-sa conta com 16 estados, o Distrito Federal e 2 muni-cípios do AM. A área habilitada para exportação para a União Europeia tem nove estados e as autoridades veterinárias recuperaram a confiança no Brasil ›‹

"O Brasil está

exportando menos porque não há

compra, há escassez de crédito para importação

e para exportação"

18. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .19

No bojo da recuperação da imagem das questões que envolvem sanidade animal pelo Brasil, Paraná, Santa Catarina e Rio grande do Sul querem voltar a exportar suínos para União européia.

De volta ao melhor do mercado

"A transparência que será

criada será fundamental

para ampliar as exportações. É importante

que a base de dados seja compartilhada

entre o setor público e privado"

Produção de Suínos

O s três maiores produto-res e exportadores de carne suína do país – Santa Catarina,

Rio Grande do Sul e Pa-raná estão começando a preparar suas estruturas para tentar uma reto-mada nas exportações do produto para os paí-ses membros da União Europeia, mercado fe-chado há anos para o Brasil. No segundo se-mestre deste ano uma missão da UE visitará estes estados produto-res de carne suína para verificar as condições de produção, sanidade e rastreabilidade. Fora do grande mercado de exportação de carne suína desde outubro de 2005, quando houve a suspeita de focos de febre aftosa no seu rebanho bovino, o Paraná está antecipando medidas para se habilitar novamente a vender para Europa. Terceiro maior produtor de carne suína do país, o estado exporta menos de 10% da sua produção para Hong Kong, Uruguai e Casaquistão e está fora do grande mercado de exportação de carne suína desde outubro de 2005, quando houve a suspeita de focos de febre afto-sa no seu rebanho bovino.

Desestimulados pelo baixos

preços recebidos, produtores

venderam suas matrizes, que

por sua vez não geraram bezerros

e bois prontos terminados para o

abate hoje.

No Paraná, a primeira me-dida para atender as possíveis exigências dos visitantes será a

formação de um ca-dastro completo da suinocultura em todo o Estado, passo fun-damental para avançar na política de sanida-de animal. O cadastro poderá ser acessado on-line pelo setor pú-blico e pelas indústrias que processam suínos, com controle eletrôni-co da movimentação do rebanho, como a origem e o destino dos animais. Para atender o mercado importa-

PRiNCiPAiS meRCADOS 2008 (mil toneladas)

Fonte: fonte Abipecs

Rússia 225,7Hong Kong 108,1Ucrânia 49,36

20. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

"As receitas com as vendas ao exterior, no entanto, subiram 20%, alcançando US$ 1,48 bilhão, numa valorização de preços devido à ajustes de oferta"

dor, a Secretaria da Agricultura paranaense, em parceria com o setor privado, já fez o trabalho com a pecuária bovina, quando foram cadastradas mais de 200 mil propriedades em todo o Es-tado e realizou o georreferencia-mento da avicultura, que per-mite acessar on-line onde estão localizadas as granjas avícolas. Agora chegou a vez da suino-cultura local ter maior rastreabilidade.

Em 2008, o Paraná exportou 31,4 mil to-neladas de carne suína, com faturamento de US$ 74,9 milhões, se-gundo o Departamen-to de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura. Nesse mesmo ano, a produ-ção foi de 454 mil to-neladas, com o abate de 4,6 milhões de ca-beças.

No ano passado as exporta-ções brasileiras de carne suína diminuíram em 77 mil toneladas, ficando no patamar de 529,4 mil toneladas. Com a crise financei-ra internacional, por sinal, o que se registrou foi um aumento do consumo no mercado doméstico devido a maior disponibilida-de interna. As receitas com as vendas ao exterior, no entanto, subiram 20%, alcançando US$ 1,48 bilhão, numa valorização de preços devido à ajustes de oferta. No primeiro bimestre de 2009, as exportações chegaram a 83.793 toneladas e renderam

US$ 169,1 milhões, num cresci-mento de 22,5% e 5,7%, respec-tivamente, sobre o mesmo perí-odo de 2008.

Para o presidente da Abra-frigo e do Sindicato da Indústria da Carne do Paraná (Sindicar-ne), Péricles Salazar, a adoção de procedimentos únicos nos esta-dos produtores de suínos será uma demonstração à missão da

UE de que há estrutu-ra e entendimento en-tre os estados e isso é muito importante para a abertura de mercado. Segundo ele, o que falta para atender os requi-sitos europeus nos três estados é um sistema de emissão de guias GTA eletrônica, uma boa gestão no sistema de rastreabilidade como também uma estrutura eficiente de defesa sani-tária animal – estrutura

nas secretarias de agricultura com técnicos, veículos e acom-panhamento e também esta questão do cadastro.

Segundo o Secretário de Agricultura, Valter Bianchini, o Paraná já adotou procedimento único de vacinação contra febre aftosa e recentemente tomou a decisão de caminhar para área livre de febre aftosa sem vacina-ção.

O diretor da Associação Brasileira da Indústria Produto-ra e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Jurandi Soares Ma-chado Machado informou que

o Paraná sedia empresas im-portantes no setor como Sadia, Perdigão e Frimesa. Ele não vê dificuldades para o setor priva-do formalizar a parceria com o governo estadual para a criação do cadastro. “A transparência que será criada será fundamental para ampliar as exportações. É importante que a base de dados seja compartilhada entre o setor público e privado”, concluiu ›‹

exPORtAçõeS De SUÍNOS

2007 2008US$1,23 bilhão US$ 1,48 bilhão606,5 mil toneladas 529,4 mil toneladas

Fonte: fonte Abipecs

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .21

Embora se saiba que não há qualquer problema em consumir a carne suína e que não existe nenhuma relação entre a gripe mexicana e o rebanho de suínos no Brasil ou em qualquer parte do mundo ainda nãos e sabe ao certo se o país pode ganhar ou perder com a doença. O país pode ganhar novos mercados, por exemplo, com a decisão de China, Coreia do Sul, Indonésia, Filipinas, Líbano e Rússia de suspenderem a importação de carne suína e derivados do México e de três estados norte-americanos: Texas, Kansas e Califórnia. Por outro lado, pode haver uma leve retração mundial

Gripe mexicana: os efeitos na economia

no consumo do produto devido ao noticiário. Os Estados Unidos são o primeiro exportador mundial de carne suína e, segundo o Departamento de Agricultura do país (USDA), no ano passado, os norte-americanos exportaram 2,313 milhões de toneladas de carne suína - quase 40% do comércio internacional.

No dia 19, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva parte para a China para destravar as negociações para a ampliação da cota brasileira de carne suína junto ao país asiático. O Brasil também discute junto à Rússia o aumento de venda de carne suína e de frango.

22. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

Numa audiência pública realizada na Câmara dos Deputados em 15 de abril passado, o ministro da

Fazenda, Guido Mantega, revelou oficialmente que o governo está es-tudando uma mudança na estrutu-ra tributária dos frigoríficos, com vistas à eliminação dos impostos também para quem vende ao merca-do interno. Segundo o ministro, existem inte-resses dos grandes e dos pequenos frigoríficos e o governo precisa olhar os dois lados. "Mas estamos quase lá", assegurou.

Há quatro anos a Abrafrigo luta para cor-rigir a distorção tributá-ria do PIS/Cofins e seus efeitos danosos para o setor. De certa forma, a crise e a queda nas ex-portações estão auxilian-do neste processo porque os grandes frigoríficos exportado-res que antes relutavam em abrir negociações tiveram que vender necessariamente ao mercado inter-no. E quando eles foram ao mer-cado interno sentiram na carne o problema que o pequeno e médio industrial do setor enfrenta que é o pagamento de 4,5 % de impostos

A crise econômica mundial e seu efeito sobre a cadeia produtiva da carne acelerou a negociação entre entidades para se promover a esperada solução para as distorções tributárias ocasionadas pelas alíquotas do Pis/Cofins. Segundo o governo, a solução está tão próxima como nunca esteve.

"Estamos quase lá"

"estamos tentando de todas as formas acelerar as negociação porque achamos que este assunto já chegou à beira da exaustão de todas as pessoas envolvidas"

Pis/Cofins

sobre o faturamento, mesmo que não tenha capacidade contributiva. Por causa disso os exportadores, através da Abiec concordaram com a Abrafrigo em sentar a mesa e pro-por uma solução negociada conjun-ta ao governo.

A partir disso, o processo pas-sou a andar mais cele-remente no Ministério da Fazenda. No entanto, no atual momento há um jogo de braço entre a Abiec e o governo con-forme é possível deduzir as próprias palavras do ministro Mantega. Já está decidido pelo governo que haverá desoneração no mercado interno, ou seja: o PIS/Cofins vai ze-rar. Só que para seja as-sinado o decreto que faz isso valer é preciso que exista uma solução para outro problema: qual é o montante de crédito pre-

sumido que será dado aos grandes exportadores? Atualmente eles re-cebem 60% de créditos, como os demais produtores recebem. Com a desoneração no mercado interno, os produtores que não exportam dei-xarão de receber auto-maticamente os 60%

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .23Adri Felden/Argosfoto

porque estarão desonerados do PIS/Cofins. Esta medida também impõe imediatamente uma redução do crédito presumido aos exporta-dores e eles não querem diminuir os 60% que recebem atualmente. O governo ofereceu 19% mas eles querem continuar nos 60%. Como com qualquer desacordo com o go-verno tudo anda devagar, criou-se certo impasse. “Estamos tentando de todas as formas acelerar as ne-gociação porque achamos que este assunto já chegou à beira da exaus-tão de todas as pessoas envolvidas”, é a posição oficial da Abrafrigo.

Hoje, no modelo atual do PIS/Cofins, para que o frigorífico ex-portador empate, ou seja: não pa-gue o PIS/Cofins e nem acumule créditos é preciso que ele destine 43% de sua produção para o mer-cado externo. Como as grandes empresas exportavam entre 60% a 80% da sua produção acumularam créditos que a Abrafrigo inclusive reconheceu. E fez mais: solicitou que o governo devolva e libere es-tes recursos rapidamente para que os grandes frigoríficos melhorem sua estrutura de capital de giro e

Capital de GiroOs créditos acumulados pelos

grandes frigoríficos expor-tadores com o Pis/Cofins somavam R$ 600 milhões ao final de 2008, segundo

a ABIEC. Calcula-se que o setor, como um todo, tenha a receber do Governo perto de R$ 1,2 bilhão. Normalmente,

o prazo de recebimento destes créditos na Receita Federal é de 5 anos, mas se o Governo apressasse estes pagamentos, eles serviriam principalmente para o pagamento das dívidas

com pecuaristas.

quitem dívidas que mantém junto aos produtores.

O que ocorre, porém, é que, com a desoneração do mercado, qualquer percentual de crédito pre-sumido é bom para quem exporta mais de 43% de sua produção. Isso explica porque os grandes expor-tadores querem continuar com os 60% mas, segundo o Ministério da Fazenda, haveria um excesso de créditos não compatível com a rea-lidade. Os frigoríficos do mercado interno desejam que o volume de créditos a ser concedido aos expor-tadores possa compatibilizar o in-centivo às exportações e a não ge-

ração de uma concorrência desleal aos pequenos e médio frigoríficos nos mercados do boi e da carne.

Esse é o impasse que está ocor-rendo hoje nas negociações. A Abrafrigo defende um meio termo entre o que oferece o Ministério da Fazenda e o que a ABIEC pre-tende. Este assunto já era para ter sido resolvido em fevereiro, mas há agora este impasse. E que con-ta com mais um componente de dificuldade: para ajudar a indústria automobilística e bancos, o gover-no é rápido, mas para incentivar o agronegócio caminha a passos de tartaruga ›‹

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .25

O s cortes de traseiro, co-nhecidos pelo consumi-dor como o coxão mole,

patinho, contrafilé, posta branca, pos-ta vermelha, os mais consumidos pela grande massa da po-pulação brasileira junto com músculo e costela, estão sus-tentando preços altos para a carne bovina na ponta do consumidor, enquanto o preço do boi cai no campo e o preço da carne cai no atacado.

Segundo levan-tamento feito pela Abrafrigo, com dados do acompanhamento de preços em São Paulo da Scot Consultoria, o que está aconte-cendo há praticamente mais de seis meses é que os supermerca-dos ou as cinco grandes redes de varejo que dominam este setor aproveitaram a situação para am-pliar suas margens de comerciali-zação, ao invés de reduzir preços, beneficiando o grande público consumidor.

Este tipo de canal de venda é responsável por 70% da co-mercialização da carne desossa-da produzida no Brasil e os cin-co maiores grupos respondem por 50% dessa comercialização.

“Os contratos que estes grupos impõem aos seus fornecedores,

principalmente da ca-deia do agronegócio, massacram o produtor e impedem o desenvolvi-mento das cadeias pro-dutivas. Fornecedores pequenos e médios não têm como enfrentar este tipo de negociação Às margens praticadas pelo varejo são estupidamen-te altas, prejudicam o consumidor que tem de pagar preços mais altos e acaba prejudicando a todos os que estão para trás na cadeia produti-va. Todas as inovações

tecnológicas que se fazem tan-

Consumidor não é beneficiado pelo varejo com a queda no preço do boi e da carne no atacado. Atualmente, a comercialização no mercado interno é feita quase em 70% pelas redes de supermercados que nos últimos tempos só aumentaram suas margens.

Caro para o consumidor

"Os contratos que estes grupos impõem aos seus

fornecedores, principalmente

da cadeia do agronegócio, massacram o produtor e impedem o

desenvolvimento das cadeias produtivas"

varejo

supermercadoseste tipo de canal de

venda, os supermercados, é responsável por 70% da comercialização da carne

desossada produzida no Brasil e os cinco maiores grupos

respondem por 50% dessa comercialização.

26. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

to no campo como na indústria para tentar amortizar os efeitos da crise são anulados na ponta do varejo. Eles vendem muito caro e o consumidor não compra o que prejudica a indústria que aumenta sua capacidade ociosa. A verda-de é que os supermercados não deixam a carne girar mais rapida-mente, o que agrava a crise”, diz o presidente da Abrafrigo, Péri-cles Salazar.

Segundo um levantamento do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultu-ra do Paraná, por exemplo, desde outubro de 2008 até meados de fevereiro de 2009 a arroba do boi paga ao produtor caiu 10,53%, passando de uma média de R$ 85,10 para R$ 76,14. No mes-mo período, os preços do dian-teiro (carnes menos valorizadas no mercado) no atacado caíram 25,6%. Em outubro o dianteiro era vendido em média por R$ 5,19 o quilo no atacado e em me-

ados de fevereiro estava cotado a R$ 3,86 o quilo. Nos supermerca-dos, a maioria destes cortes subiu de preço, num comportamento oposto.

O presidente da Associação Brasileira de Supermercados, Su-sumu Honda, discorda destes da-dos justificando que a concorrên-

cia é alta e que, por isso, não há condições de aumentar margens, mas na verdade, há algum tempo o setor de varejo mantém seus lu-cros em patamares altíssimos en-quanto no campo e na indústria a cadeia da carne sofre dobrado com a crise e com esse compor-tamento ›‹

Fonte: Scot Consultoria

lUCRO AltO margens do varejo praticadas em fevereiro de 2009 em São Paulo.

Filé Mignon 96%Contrafilé 69%Alcatra(miolo) 64%Coxão Duro 75%Coxão Mole 70%Patinho 83%Acém 71%Paleta 65%Peito 60%

Ao divulgar em 14 de abril o resultado do monito-ramento da produção de soja na Região Amazôni-

ca, o ministro do meio ambiente, Carlos Minc afirmou que buscaria acordo semelhante com os frigo-ríficos, no sentido de decretar mo-ratória na compra de carne produ-zida em áreas de desmatamento ilegal na Amazônia.

Sobre este tema a Abrafrigo possui uma posição bem definida e não concorda com o desmata-mento ilegal para a exploração pe-cuária na região. “Caso o Ministé-rio do Meio-Ambiente procure a entidade com o objetivo de firmar compromisso no sentido de que os nossos frigoríficos deixem de adquirir animais estabelecidos em áreas proibidas, estaremos dispos-tos a firmar referido compromisso e trabalhar para que seja respeita-

Abrafrigo é contra desmatamento ilegal na Amazônia entidade está disposta a somar com o governo e trabalhar junto para que o meio-ambiente seja preservado.

Pela preservação

meio Ambiente

da a legislação ambiental”, disse o presidente Péricles Salazar.

Segundo ele, a entidade está disposta a somar com o Gover-no e trabalhar juntos para que o meio-ambiente seja preservado. “Evidentemente que o esforço unilateral de nossa parte será in-suficiente para conter o desmata-mento. Deve ser também priori-zada a participação das entidades representantes dos pecuaristas e o exercício de uma severa fiscaliza-ção por parte das autoridades go-vernamentais”, completou.

A região já abriga por 40% do rebanho bovino do país e é res-ponsável por boa parte das ex-portações brasileiras de carne - o rebanho nos estados da Amazônia Legal atingiu recentemente a 70 milhões de cabeças, O ministro Carlos Minc, inclusive, confirmou que está negociando com a equi-

pe econômica condicionar o so-corro financeiro aos frigoríficos a restrições ao gado de origem ilegal.

Ao rastrear áreas desmata-das na Amazônia nos últimos dois anos e nove meses, o moni-toramento da moratória da soja apontou a pecuária como a principal forma de uso do solo após a derrubada. Das 620 áreas de desma-tamento recente pesqui-sadas, 32% são ocupadas por pastagens. "A pecu-ária está atrasada em relação à soja, cuja moratória é um su-cesso", comentou o ministro Car-los Minc ao divulgar os dados em Brasília ›‹

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .27

28. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

Exportação de bois para

o Líbano: retrocesso

para a cadeia produtiva

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .29

D iferente do que era pre-visto – e temido -, o co-mércio de boi em pé, que vinha registrando altas

consecutivas, duplican-do a saída de animais do país a cada ano, caiu, se-gundo dados do portal do Ministério do Desen-volvimento, Indústria e Comércio Exterior. O país fechou 2008 com 414.353 cabeças de boi vivo exportadas, contra 438.426 em 2007, uma queda pequena, mas que é muito bem vinda para a cadeia produti-va, que é, assim, menos onerada, já que as ex-portações vinham du-plicando a cada ano, com 246.176 cabeças em 2006 e 113.205 em 2005. A Abrafrigo considera esse tipo de negócio um retrocesso

para o país porque não agrega va-lor algum a economia regional e a exportação é isenta de qualquer tipo de taxa ou imposto, além do

que “já está havendo fal-ta de matéria-prima em estados como o Pará e o Rio Grande do Sul”, segundo o presidente da Abrafrigo, Péricles Pes-soa Salazar.

A redução das exportações está ligada a fatores de embarque e de preço. Do porto de Belém, de onde era realizada a maior par-te das exportações do país, está proibido o em-barque de boi vivo por questões ambientais, fi-

cando viável a venda do “boi em pé” apenas pelo porto de Vila do Conde, em Barcerana, a 40 qui-lômetros da cidade. Outro fator

exportações de boi vivo caem no país, depois de crescer em ritmo frenético, dobrando ano após ano. Com isso, a cadeia produtiva respira um pouco mais aliviada num momento em que faltam animais para abate no país e pelos danos que esta prática traz ao setor.

Mais alento

"esta prática não atinge

apenas a indústria

frigorífica, mas também

outros setores como o

coureiro-calçadista e de limpeza

(sabão)"

Boi vivo

sem Trabalho

Respondendo por mais de 95% da exportação de boi vivo no país, o Pará está com mais

de 40% dos frigoríficos com capacidade ociosa, resultando

no aumento de custos de produção, no aumento de

desemprego no setor e retração de investimentos.

Sem CReSCeR total de cabeças de gado exportadas em todo o Brasil.

15.501

113.205

246.176

438.426 414.353

2004 2005 2006 2007 2008

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

30. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

que prejudicou a venda foi a criação da taxa do Certificado de Embarque de Bovídeos para o Exterior, que fixou o pagamento de aproximadamente R$ 23,00 por cabeça exportada.

Somam-se essas ques-tões o aumento do preço do boi no mercado interno, que foi su-perior a 70% em 2008, mais o aumento do preço do barril de petróleo, que até outubro do ano passado estava a US$145,00, fa-zendo o frete marítimo encare-cer mais de 30% e a desvaloriza-ção do dólar frente ao real, já se

MercadoOs principais

países compradores são a venezuela, irã,

Rússia e o líbano, com as operações

de comercialização realizadas a partir do Pará e do Rio grande

do Sul.

tem um pouco a medida do que ocasionou o freio no crescimen-to acelerado das exportações em relação aos anos anteriores.

Os principais países compra-dores são a Venezuela, Irã, Rús-sia e o Líbano, com as operações de comercialização realizadas a partir do Pará e do Rio Grande do Sul. Só em 2007, quando as exportações atingiram o ápice, o Pará exportou 418.190 cabeças, respondendo por mais de 95% dessas operações.

Desde 2006 a indústria vem sofrendo com a redução do gado

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .31

No ano passado a Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA) lançou a campanha

'Trate com cuidado', relatando as condições precárias em que animais vivos são transpor-

tados por longas distâncias, por estradas ou pelo mar. A campanha chamou a atenção para quatro das piores rotas, dentre elas o caminho da exportação de gado vivo - ou “boi em pé”

- do Brasil para o Líbano. Além de expor o so-frimento animal nessa trajetória, a campanha

ressalta também que esse tipo de comércio faz os países exportadores deixarem de arrecadar

tributos e gerar empregos, enfraquecendo suas agroindústrias. “É preciso substituir essa

atividade pelo comércio somente de carne industrializada", destacou Antonio Augusto

Silva, diretor regional da WSPA Brasil.

Maus tratos sem necessidade

ocorrer, a exportação de gado em pé pelo porto de Rio Grande foi retomada no dia 30 de março. Nesta operação, foram em-barcadas 9,4 mil ca-beças de gado, com destino a Beirute, ca-pital do Líbano, onde

o gado passa por confinamento para engorda e posterior abate. Representantes das indústrias já se manifestam contrários às ope-rações, que classificam como sa-

ída de matéria-prima sem valor agregado do Estado e sugerem uma taxação sobre os negócios com gado em pé. “O que tem se defendido é que esta prática não atinge apenas a indústria frigorí-fica, mas também outros setores como o coureiro-calçadista e de limpeza (sabão), por exemplo, pois todos precisam desta maté-ria-prima para se viabilizarem”, diz Ronei Lauxen, presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sicadergs)›‹

ReCeitAS COm exPORtAçãO De BOiS vivOS mesmo diminuindo o número de embarques, os bons preços do mercado internacional aumentaram a receita do produtor.

2005 31.467.667 US$

2006 73.406.610 US$

2007 265.242.409 US$

2008 389.865.867 US$

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

disponível para o abate. Este ano, os frigoríficos paraenses estão com mais de 40% de sua capacidade ociosa. O que resulta no aumento de custos de produ-ção, no aumento de desemprego no setor e retração de investi-mentos. Os frigoríficos locais não se colocam contra a expor-tação de bovinos vivos, desde que haja igualdade de condições e com os mesmos rigores da le-gislação fiscal, ambiental e sani-tária.

Já no Rio Grande do Sul, depois de quase um ano sem

32. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .33

D esde dezembro de 2006 o governo federal, atra-vés da reso-lução 42 da

Camex – Câmara de Co-mércio Exterior, adota a alíquota de 9% para a exportação de couros do tipo wet-bue. A me-dida faz sentido porque, enquanto outros países incentivam o beneficia-mento e a transforma-ção deste produto para agregar maior valor, o Brasil continua sendo um grande exportador desta matéria-prima, favorecendo inclusive seus grandes concor-rentes no mercado de calçados, mobiliário e dos bancos de couro para automóveis. Para se ter uma idéia, em 2008 o país exportou US$ 1,9 bilhão em cou-ros e a exportação do produto no estágio wet-blue atingiu R$ 500 milhões. A exportação foi de 21 milhões de couros, ou 60% do total movimentado, mas a receita só correspondeu a 26% do valor global.

A Abrafrigo é a favor da mu-dança deste quadro e, por isso, posicionou-se a favor da manu-tenção desta alíquota de exporta-ção. No entanto, como esta mo-vimentação gera cerca de R$ 70 milhões em impostos para o país,

a entidade acredita que a melhor destinação para estes recursos se-

ria a criação de um Fun-do para a melhoria da qualidade e a agregação de valor ao couro bra-sileiro. Foi esta posição que a entidade levou a uma reunião na Fede-ração das Indústrias de São Paulo no começo de maio, encontro realiza-do a pedido do minis-tro da Agricultura, Rei-nhold Stephanes, que solicitou as entidades de classe uma posição de consenso sobre a taxa-ção nas exportações de couros.

É importante que o Brasil avance nes-ta questão porque, se-gundo um estudo do

Sindicouro(SP), um produto no estágio wet-blue é exportado por US$ 31 enquanto que um couro acabado é comercializado por US$ 90. Se for transformado em sapatos, este mesmo couro alcança a US$ 400 no mercado ex-terno. É por isso que a maioria dos países produtores restrin-ge ou mesmo proí-be integralmente a

O governo está estudando a manutenção ou eliminação do imposto de exportação sobre o couro wet-blue que desde 2006 é de 9%. A Abrafrigo é a favor da manutenção da taxa.

Wet blue: imposto deve ser mantido

Curtumes

receitaem 2008 o país

exportou US$ 1,9 bilhão em couros e a

exportação do produto no estágio wet-blue

atingiu R$ 500 milhões. A exportação foi de

21 milhões de couros, ou 60% do total

movimentado, mas a receita só correspondeu

a 26% do valor global.

A melhor destinação para estes

recursos seria a criação de

um fundo para a melhoria da qualidade e a agregação de valor ao couro

brasileiro

34. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

saída deste produto. E o Brasil acaba facilitando as coisas para seus concorrentes porque o wet-blue chega no exterior a um custo entre 20% a 30% mais baixo do que para o próprio produtor bra-sileiro, alcançado pelos impostos e tarifas vigentes no mercado in-terno como o ICMS, PIS/Cofins e CSSL.

Segundo este mesmo estudo, com a taxação a partir de 2006, as vendas externas de wet-blue estagnaram num primeiro mo-mento e depois passaram a cair, enquanto que as exportações de couro com maior valor agregado cresceram, principalmente as de couros semi-acabados, mesmo num cenário adverso na época, devido a valorização do Real.

Segundo um estudo do Sindicouro(SP), um produto

no estágio wet-blue é exporta-do por US$ 31 enquanto que um couro acabado é comer-cializado por US$ 90. Se for

transformado em sapatos, este mesmo couro alcança a

US$ 400 no mercado externo. É por isso que a maioria dos

países produtores restringe ou mesmo proíbe integralmente a

saída deste produto.

Aumento nos ganhos

Depois, há oferta internacional em declínio e o Brasil é uma ex-ceção porque tem aumentado o abate de bovinos no país nos ul-timos anos. A China, por exem-plo, produz 40 milhões de couros anuais mas precisa de 80 milhões. No novo cenário internacio-nal de profunda crise, evidentemente, houve redução na demanda e com isso queda nos preços. Assim, mesmo que esta taxa seja eli-minada, não haveria aumento nas exporta-ções brasileiras já que o problema no momento não é preço e sim de-manda reduzida ›‹

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .35

A maioria dos empresários que lida com comércio exterior sabe o quanto é difícil abrir novos merca-

dos, conquistar e manter espaço no aguerrido mercado internacional. A Abrafri-go vem desenvolvendo um trabalho com vistas a ampliar o número de pequenos e médios fri-goríficos exportadores e, de fato, algumas plantas entre os seus mais de 700 associados de todo o país já conseguem vender para clientes de outros países. No ano passado, inclusi-ve, a entidade enviou uma missão à Rússia que deu ótimos resultados no sen-tido de trazer novas alter-nativas de fornecedores para aquele mercado.

Neste esforço, a Abrafrigo tem procurado a Agência de Promoção das Exportações do Brasil (Apex), ligada ao Ministé-rio do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Ex-terior, para buscar apoio a iniciativa de introduzir também as pequenas e médias empresas que hoje só pro-duzem para o mercado interno no rol de exportadores brasileiro de carne. No entanto, este canal está fechado e a Apex tem se recusado a atender a Abrafrigo em qualquer uma das suas reivindicações e na defesa do interesse dos pequenos e médios frigoríficos. Para a Apex,

no setor de carnes, exportador só pode ser grande.

Isso parece contrariar uma das principais premissas da própria criação da Apex em fevereiro de

2003, como uma enti-dade capaz de diminuir a distância entre o produtor brasileiro e o consumidor final no exterior, desen-volvendo eventos que auxiliam a incrementar as vendas brasileiras. Não deve haver, aí, distinção entre pequenos e gran-des empreendimentos até porque, por sua própria estrutura, são exatamen-te os grandes que menos precisam de ajuda estatal. “Desde o início do ano tentamos por diversas ve-zes mostrar a Agência o que somos e o nosso po-tencial de comércio exte-rior, mas as portas estão fechadas”, informou o presidente da Abrafrigo, Péricles Salazar.

Em 2008, a Apex in-formou que as empresas por ela apoiadas eleva-ram em 18,74% o valor de suas exportações du-

rante este ano. Foram quase 5,5 mil empresas apoiadas pela agência de fomento, de 67 segmentos da eco-nomia, que exportaram US$ 19,3 bilhões, contra US$ 16,3 bilhões no mesmo período de 2007. Para os pequenos e médios frigoríficos, no entanto, entrar neste rol, parece ser um sonho distante ›‹

De portas fechadas

Comércio exterior

"Desde o início do ano tentamos por

diversas vezes mostrar a

Agência o que somos e o

nosso potencial de comércio exterior, mas

as portas estão fechadas"

Principal entidade de apoio a eventos que promovem o comércio exterior brasileiro, a APex é um canal fechado para os pequenos e médios frigoríficos do país que querem ingressar no mercado internacional.

APOiO àS exPORtAçõeS. elevação do crescimento das exportações de empresas dos mesmos setores apoiadas e não-apoidas pela ApexBrasil

Apoiadas 18,74%

Não-apoiadas 8,62%

36. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

Notas

Os preços do couro no mercado internacional conti-nuam ruins para as empresas brasileiras e, com isso, se mantém a tendência de queda na comercialização externa. Em março de 2008 o Brasil fechou o mês 25,8 mil toneladas de couro exportadas, contra 24,7 mil toneladas em março 2009, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A redu-ção de quantidade foi de 4,3% mas o pior está na queda de 53,7% registrada para o faturamento no período. O maior preço pago pelo couro brasi-leiro ocorreu em fevereiro de 2008, chegando a US$6,81/kg. Em março de 2008 ele estava cotado em US$6,68/kg. Agora, em março de 2009, caiu para US$3,23/kg.

Os 21 maio-res frigoríficos do País, entre eles os sete que já pediram recuperação judicial, demitiram 52 mil tra-balhadores em con-sequência da crise, e se forem incluídos os 15 mil funcionários dispensados pelas empresas filiadas à Associação Brasileira de Frigoríficos (Abra-frigo), as demissões nas empresas ligadas ao setor pode chegar

Pesquisa realizada com 56 confinamen-tos aponta para um crescimento do sistema variando entre 5,7% e 3%. A informação é da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon). O levantamento ouviu a opinião de pecuaristas nos estados de GO, MT, MG, SP, MS e PR, a fim de saber qual o real interesse para investir no confinamento em 2009. A ex-pectativa é de que os integrantes da Assocon confinem, já a partir de maio, 498.146 cabeças, montante 5,7% maior que as 471.389 cabeças de gado abatidas ano passado.

O número de gado confinado no país tende a crescer em 2009

Confinamento

Couro em baixaQueda na comercialização

Quadro assustador na maior parte do país

Demissões

a 100 mil pessoas. No ano passado, os 750 frigoríficos com ins-peção federal proces-saram 38,5 milhões de bovinos e o Estado com maior número de frigoríficos fechados é Mato Grosso do Sul, com 22 das suas 36 empresas paralisadas. Em Mato Grosso, pelo menos 14 fri-goríficos de médio e grande portes estão com as operações suspensas.

Como o Brasil é o único país que sofre a exigência de certificação de cada propriedade, e não de território no caso das exportações para os países integrantes da União Européia, o país vem tentando flexibilizar estas regras que impedem um aumento no volume das vendas já que apenas 862 fazendas estão habilitadas a vender a UE e este número cresce muito lentamente, o que fez com que as exportações do país em um ano caíssem de US$ 1 bilhão para US$ 270 milhões. Agora, o diretor de Saúde Animal da UE, Bernard Van Goethem, admitiu pela primeira

vez que a demanda brasileira pela flexibilização desta regra poderá ser atendida, o que deverá dar

novo ânimo para as exporta-ções nacionais. A razão é que

o bloco precisa da carne brasileira, já que previsões indicam um déficit de 400 mil toneladas do produto até 2015.

União européia

Flexibilização das regras

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .37

O Governo Federal está prometen-do que a liberação de recursos do pacote de ajuda anunciado para as agroindús-trias sairá em 30 a 60 dias. No dia 16 de março passado, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou uma linha de financiamento de capital de giro de R$ 10 bilhões para socorrer agroindústrias, principalmente frigoríficos, fabricantes de máquinas e implementos agrícolas e cooperativas agropecuárias. O pacote do governo tem como alvo os frigoríficos de carnes bovina, aves e suínas, que vêm en-frentando dificuldades por conta da queda das exportações, e necessitam urgente-mente de capital de giro num momento de crédito escasso e caro.

Enquanto muitos estão demitindo e fechando plantas, a JBS Friboi está contra-tando 685 novos funcionários para ampliar a produção em Barra dos Garças, em Mato Grosso, de acordo com nota da empresa. A capacidade de abate da unidade deve passar de 1,5 mil cabeças de bovinos por dia a 2,5 mil cabeças ao dia, para atender o mercado interno e clientes na Europa, Argélia, Egito, Irã, Arábia, Rússia, áfrica e Hong Kong. Isso demonstra que companhias que estão em boas condições financeiras estão ampliando a capacidade de abate, a fim de atender a demanda que deixou de ser atendida por seus concorrentes. Em março, o Friboi comunicou a contratação de 887 emprega-dos em Barretos (SP) e no início deste mês infor-mou que outros 214 funcionários estavam sendo admitidos para trabalhar na unidade de Vilhena, em Rondônia.

Governo quer liberar recursos para os frigoríficos em até 60 dias

financiamento

sthepanes quer aumento nas cotas de carne

Rumo a moscou

Enquanto todos demitem, Friboi contrata

Na Contramão

que elas sejam abertas a todos os países e não geograficamente. Isso favoreceria os mais compe-titivos como o Brasil, ao invés de manter cartórios para certos produtores americanos e euro-peus, como acontece atualmente. O país está negociando também uma troca de carne pelo trigo russo como maneira de aumentar as vendas para aquele mercado.

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, decidiu ir a

Moscou nos dias 3 e 4 de junho para insistir com os russos pelo au-

mento das cotas de carne expor-tadas pelo Brasil em 2009 e

na cobrança de apenas tarifas, sem limite de volume, em 2010. Ele defende que se for para manter cotas em 2010,

38. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

Notas internacionais

O Ministério da Agricultura, através do Secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz, solicitou a Abrafrigo, no iní-cio de maio, uma reunião com todos os associados habilitados a exportação de carne bovina “in natura” para o mercado da Rússia.

rússia volta ao mercado brasileiro da carne “in natura”

De volta ao mercado

O rebanho bovino da Argentina perderá esse ano 40% de sua safra de bezerros, o que significa que nascerão entre 3 e 4 milhões de bezerros a menos que no ano passado, devido à seca, ao baixo índice de pre-nhes e ao desânimo dos produtores diante do futuro incerto da pecuária. Além de perder parte da Conta Hilton, o panorama também leva a uma redução de 10% no rebanho com relação ao maior nível registra-do em 2007, com 57 milhões de cabeças – que hoje baixaria para 52 milhões.

Argentina

As exportações de carne bovina da Austrália em março aumentaram em 11% com relação ao mesmo período do ano anterior, para 88.660 toneladas, de acordo com dados do Departamento de Agricultura, Silvicultura e Pesca do país. Apoiando o crescimento estiveram os grandes aumentos das vendas aos Estados Unidos e Sudes-te da ásia, principalmente Indonésia e Taiwan, enquanto os volumes exportados ao Japão e à Coreia declinaram com relação ao ano anterior. Os EUA foi o maior mercado de exportação para a carne bovina australiana em termos de volume durante o mês de março, com as exportações aumentando em 66% com relação ao ano anterior, para 31.821 toneladas.

Perda de 40% da safra de bezerros

AustráliaAumento nas exportações

As exportações de carne bovina do Uruguai caíram em 21% em volume peso carcaça e 28% em valor até março, de acordo com dados do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC), com relação ao mesmo período do ano anterior. Foram exportadas 82.108 toneladas

UruguaiQueda nas exportações

O encontro foi para tratar dos requisitos sanitários e de procedi-mentos nos portos para exporta-ção àquele país. Participaram da reunião, além dos frigoríficos, os representantes da DIPOA e da Coordenação Geral de Vigilância Agropecuária – Vigiagro.

(peso com osso) e os principais compradores foram União Eu-ropeia (UE), países do NAFTA (Estados Unidos, Canadá e Mé-xico), Rússia, Venezuela e Israel. Em valor, as exportações foram de US$ 202 milhões. Os abates de bovinos no período baixaram em 12%.

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .39

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